ferramentas, percursos e estratégias de tradução no universo digital

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ferramentas, percursos e estratégias de tradução no universo digital
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE LETRAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
FERRAMENTAS, PERCURSOS E ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO NO
UNIVERSO DIGITAL NO PAR LINGUÍSTICO FRANCÊS-PORTUGUÊS
DIOGO NEVES DA COSTA
2011/1
FERRAMENTAS, PERCURSOS E ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO NO
UNIVERSO DIGITAL NO PAR LINGUÍSTICO FRANCÊS-PORTUGUÊS
Diogo Neves da Costa
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade
Federal do Rio de Janeiro como parte dos quesitos
necessários para a obtenção do Título de Mestre em
Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos;
opção língua francesa)
Orientadora: Profa. Doutora Angela Maria da Silva
Corrêa.
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2011
Costa, Diogo Neves da
As Ferramentas, os percursos e as estratégias de tradução no
universo digital no par lingüístico francês-português/ Diogo Neves
da Costa. – 2010.
xi, 143f.: il. Color.; 31cm.
Orientador: Profª Draª: Angela Maria da Silva Corrêa
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Faculdade de Letras, 2010.
Referências Bibliográficas: f. 139-143.
1. Tradução com ferramentas digitais. 2. Protocolos Verbais. I.
Corrêa, Angela Maria da Silva II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Faculdade de Letras, Programa de Pós-graduação em Letras
Neolatinas. III. Título.
1. Tradução com ferramentas digitais. 2. Protocolos Verbais.I.
Corrêa,. Angela Maria da Silva II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas. III. Título.
Ferramentas, percursos e estratégias de tradução no universo digital no par
linguístico francês-português
Diogo Neves da Costa
Orientadora: Professora Doutora Angela Maria da Silva Corrêa
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas
(opção língua francesa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Neolatinas.
Aprovado por:
_________________________________________________
Presidente, Profa. Doutora Angela Maria da Silva Corrêa – NEOLATINAS - UFRJ
_________________________________________________
Prof. Doutora Kátia Cristina do Amaral Tavares – PIPGLA - UFRJ
_________________________________________________
Profa. Doutora Maria Lizete dos Santos – NEOLATINAS - UFRJ
_________________________________________________
Prof. Doutora Cristina Jasbinschek Haguenauer – PIPGLA – UFRJ, Suplente
_________________________________________________
Prof. Doutor Pierre François Georges Guisan – NEOLATINAS - UFRJ, Suplente
________________________________________________
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2011
Agradecimentos
Agradeço a minha mãe e ao seu beijo de boa noite na testa, ainda na infância, antes de
me colocar para dormir, e, agora, ao seu beijo antes de ir dormir, enquanto bem sabia que eu
viraria a noite em frente a dados, áudios e frases.
Agradeço a meu pai que, apesar de ainda hoje acreditar que vou me dar conta da
verdade universal e fazer Direito, aceitou que eu desse um rumo diferente daquele que me foi
planejado.
Agradeço a minha irmã por ter me ajudado a sair, por várias vezes, da frente do
computador e descansar a vista, graças as suas necessidades pessoais, acadêmicas, e por que
não, egoístas.
Agradeço à Beatriz que ouviu minhas lamúrias e, ainda que em tom jocoso, por muitas
vezes, tenha conseguido me convencer a abandonar tudo por uma noite ou um dia, e a
agradeço muito por isso também, entendeu que não teríamos mais do que os “bons dias” e as
“boas noites” de uma possível ligação.
E uso como desculpa meu jeito bem brasileiro, sempre fazendo novos “amigos de
infância”, para agradecer a minha orientadora, dizendo que, ao longo dos dois anos, ela foi
minha família e espero que esse vínculo jamais se rompa, pois não o seria sem dor.
Agradeço às professoras Cristinas (Tavares e Haguenauer), pois sem elas jamais teria
conhecido, e me desesperado com, o vasto mundo virtual que aguarda o pesquisador.
Agradeço ao professor Pedro Paulo, pois, ainda na graduação, foi ele, que num
momento singelo, soube dizer: Você não vai desistir! Você vai estudar! E agradeço ao Thiago
Motta que por muitas vezes me fez ver de forma clara, estruturas que me eram labirintos.
Agradeço, então, à noite, que se fez, muitas vezes, um pouco mais longa que o dia.
Agradeço à gula, que me deu o prazer mais doce, durante os momentos mais
agonizantes deste parto. Sendo assim, agradeço ao café, que me manteve acordado, fazendo
descobrir que a invenção mais importante da humanidade é a cafeteira, pois sem ela não
teríamos tanta força para continuar evoluindo.
Agradeço, não com orgulho, à soberba que me fez desejoso de um título. Importante
nesse jogo da vida. Tento, contudo, mais que o título, adquirir os conhecimentos que me
foram ofertados e assim acalmar minha consciência.
Agradeço à Academia que permitiu antes mesmo de me conhecer que eu a mudasse,
rompendo os padrões objetivos desses agradecimentos. Prova disso é o fato de que, se nesse
momento um leitor estiver lendo, seja em PDF, seja na biblioteca, a minha dissertação, é
porque hoje finalmente tenho o soberbo título que almejei. E agradeço, finalmente, a você,
que folheia essas páginas, pois, nesse momento enquanto lê, realizo meu sonho. Estou escritor!
RESUMO
AS FERRAMENTAS, OS PERCURSOS E AS ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO NO UNIVERSO DIGITAL NO
PAR LINGUÍSTICO FRANCÊS-PORTUGUÊS
Diogo Neves da Costa
Orientadora: Profa. Doutora Angela Maria da Silva Corrêa
Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Letras
Neolatinas, Faculdade de Letras e Artes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Letras Neolatinas.
A presente pesquisa, de caráter exploratório, tem o intuito de determinar as possíveis
ferramentas digitais on-line e off-line, assim como suas formas de uso, que podem auxiliar o tradutor
durante o processo tradutório. Sendo assim, ao final da pesquisa foi possível realizar uma
sistematização dessas ferramentas e suas motivações de uso. A pesquisa tem como método de coleta
de dados os protocolos verbais e como alicerce teórico a análise do discurso, mais precisamente os
atos de linguagem de Patrick Charaudeau. Desta forma consideramos a tradução como um duplo ato
comunicativo. E, finalmente, a pesquisa pretendeu ainda, determinar as estratégias de busca de
subsídios externos utilizadas pelos tradutores para resolver seus problemas tradutórios e as motivações
de suas escolhas quando têm em mãos possibilidades de uso de materiais impresso e digitais, on-line e
off-line.
TRADUÇÃO – FERRAMENTAS DIGITAIS DE TRADUÇÃO – PROTOCOLOS
VERBAIS
RESUMÉ
La présente recherche, exploratoire, a pour but de déterminer les manières d´utilisation des
outils numériques on-line et off-line, qui peuvent aider les traducteurs pendant le processus traductoire.
A la fin de cette recherche il a été possible de réaliser une systématisation des outils examinés et leurs
motivations d´usage. La recherche a comme méthode de collecte de données les protocoles verbaux, et
comme fondement théorique l´analyse du discours de Patrick Charaudeau, plus précisément sa théorie
des actes de langage. De cette façon on considère la traduction comme un acte communicatif. Et,
finalement, la recherche se propose, encore, de déterminer les stratégies de recherche de données
externes utilisées par les traducteurs pour résoudre leurs problèmes traductoires et les motivations de
leurs choix quand ils ont la possibilité d´utiliser les matériaux imprimés et numériques, on-line et
offline.
TRADUCTION – OUTILS NUMÉRIQUES DE TRADUCTION – PROTOCOLES
VERBAUX
Lista de Ilustrações
Figura I – Circuitos que compõem os atos de linguagem
47
Figura II – O duplo ato comunicativo durante a tradução
48
Figura III – O uso de computadores e internet em domicílios familiares
51
Figura IV – A linha do tempo da Web 1.0 e Web 2.0
56
Figura V – Chamada explicativa do curso de tradução Daniel Brilhante de Brito
61
Figura VI – Chamada explicativa do curso de tradução da PUC-Rio
62
Figura VII – DMOZ: site de busca por diretório
64
Figura VIII - Google - Site de busca por palavra-chave
65
Figura I - Exemplo de ferramenta de “tradução assistida por computador
73
Figura II - Ferramenta de tradução assistida do Google
76
Figura III - Exemplo de busca realizado através do "Google Imagem"
80
Figura IV - Exemplo de busca realizada no Youtube
81
Figura V - Uso do Wikipédia como ferramenta de busca de termos equivalentes
82
Figura VI - Exemplo de discussão realizada em fóruns para solução de problema 83
de tradução
Tabela I - Total de problemas de natureza linguística observados e como foram
resolvidos
118
Tabela II - Total de problemas de natureza discursivo-textual observados e como 125
foram resolvidos
Tabela III - Total de problemas de natureza de conhecimento de mundo 131
observados e como foram resolvidos
CONVENÇÕES DE TRANSCRIÇÃO
[aaa] – Pensamentos oralizados
aaaa – Falas do elicitador
*aaa* - Observações não oralizadas feitas pelo elicitador durante a pesquisa
[...] – Pausa longa ou curta
“aaaa” – leitura do texto de partida
„aaaa‟ – leitura do texto traduzido
aaaa - texto traduzido em forma escrita
??? – incompreensível
/aaaa/comentários do tradutor sobre problemas
– Consulta ao dicionário francês/francês digital
– Consulta ao dicionário português/francês digital
– Consulta ao dicionário português/português digital
Consulta ao dicionário francês/francês impresso
Consulta ao dicionário português/francês impresso
Consulta ao dicionário português/francês impresso
@ – Consulta à internet
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Texto língua de origem
TLO
Texto língua de chegada
TLT
Sujeito Comunicante
EUc
Sujeito Enunciador
EUe
Sujeito interpretante
EUi
Sujeito Destinatário
EUd
Computer aided translations
CAT
Traduction assistée par ordinateur
TAO
Tradução assistida por computador
TAC
Tradutor iniciante
TI
Tradutor estagiário
TE
Tradutor Profissional
TP
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
12
1.0 PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS E TEÓRICOS
18
1.1 Princípios Metodológicos
18
1.1.1 Os Modelos Introspectivos
19
1.1.2 Problemas e estratégias tradutórias
28
1.1.3 Análise do TLO da pesquisa e questionários aplicados
34
1.2 – Princípios teóricos: a tradução como ato comunicativo
41
2.0 O UNIVERSO DIGITAL E O TRADUTOR
50
2.1 Formas de navegação e obtenção da informação na web
63
2.1.1 O Google
67
2.2 Algumas ferramentas digitais de tradução e suas possibilidades de uso
70
2.2.1 Ferramentas específicas de tradução
71
2.2.2 Ferramentas potenciais de tradução
79
3.0 ANÁLISE DOS CORPORA
87
3.1 Estratégias globais de tradução
88
3.2 Estratégias locais, problemas e percursos de solução
104
3.2.1 Problemas de natureza linguística
105
3.2.2 Problemas de natureza discursivo-textual
119
3.2.3 Problemas relacionados ao conhecimento de mundo
125
CONSIDERAÇÕES FINAIS
134
REFERÊNCIAS
139
ANEXOS
I
APÊNDICES
Ix
12
INTRODUÇÃO
Durante os quatro anos que compuseram a formação acadêmica no bacharelado do
presente pesquisador, a tradução sempre se mostrou como área de interesse, assim como a
área de ensino e da informática, e foi no estudo da tradução que todos esses universos
começaram a se unificar.
Ao longo de minha formação, observei que indivíduos no mesmo período acadêmico
apresentavam, em sala de aula, traduções mais bem sucedidas que outros, deixando uma
indagação ao pesquisador sobre os conhecimentos prévios que levavam esse sujeito a realizar
uma tradução bem sucedida e atingir, ao longo do período, maior coeficiente de rendimento
que outro sujeito.
Ao ter aulas com diversos professores, também tradutores, observava através de seus
relatos pessoais, que a experiência não ensejava ao tradutor dispensar a utilização de
ferramentas que o ajudassem, que não era obrigação do tradutor saber traduzir qualquer tipo
de texto sem realizar consultas externas e que textos que pertencessem a um campo do saber
diferente daquele conhecido do tradutor demandariam um estudo e um esforço maior.
Percebi que a bibliografia na área de tradução apresentava pesquisas sobre estratégias
de tradução (e de leitura) utilizadas pelo tradutor, visando ajudá-lo, através de uma
conscientização do processo tradutório, a compreender o texto de origem (TLO), buscar
equivalências para o texto na língua traduzida (TLT), e ainda, ajudá-lo, no momento de
refinar a texto, a torná-lo mais “fluente” ao leitor final.
Começavam, então, questionamentos sobre a natureza da tradução aceitável e quais
seriam os conhecimentos necessários aos sujeitos para que realizassem uma “boa” tradução.
Como obter os diferentes conhecimentos referenciais que esta prática demanda? Quais seriam
as estratégias que levariam o sujeito a resolver seus problemas tradutórios?
Assim sendo, determinar essas estratégias parecia o ponto de partida para definir uma
metodologia para o ensino de tradução, ponto de convergência encontrado entre a tradução e o
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ensino. Defende-se aqui que o aluno de Letras deveria, ao longo de sua graduação, ter
matérias que o colocassem em contato com essa possibilidade de carreira.
Mas a pesquisa necessitava de um recorte maior, pois ao estudar o fenômeno
tradutório, percebeu-se que a tradução permitia estudos interdisciplinares, sendo assim, muitas
possibilidades de análise se abriam diante do pesquisador.
Poder-se-ia optar por trabalhar o produto ou o processo tradutório, e a partir dessa
escolha, estudar a aceitação de determinada tradução e sua influência na cultura de um
determinado país, fazer um estudo comparativo entre as traduções, definir os “erros”
tradutórios, estudar as estratégias usadas pelos sujeitos, o ritmo cognitivo da tradução, entre
diversas outras possibilidades. E algumas teorias poderiam ser escolhidas para alicerçar a
pesquisa: Semiótica, Análise do Discurso, Sociologia, Psicologia etc.
Comecei então um estudo sobre a história da tradução e, assim, foi percebido um
início recente da relação desta prática com as teorias da Análise do Discurso, final da década
de 80 segundo Cunha. (2002, p.29).
E notou-se ainda certa carência de trabalhos sobre tradução que contemplassem a
análise do processo tradutório voltado para o par linguístico Francês-Português na
Universidade Federal do Rio de Janeiro, instituição na qual foi realizada a presente pesquisa.
Podemos citar, dentre alguns outros trabalhos, além de Cunha (2002): Martins (1996),
Sacramento (2001), Santos (2002) e Mendes (2010).
E, finalmente, percebeu-se que ainda não há trabalhos, no âmbito das Letras
Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que relacionem a tradução
com o “universo digital” (computadores, internet e Web). O que deu início, então, a um
questionamento sobre o lugar do “universo digital” na vida do tradutor, realidade que já
parecia ao presente pesquisador algo natural, mas sem pesquisas específicas que procurassem
responder a minha indagação.
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Foi feito então um recorte, de forma a observar as estratégias e os percursos realizados
por tradutores de diversos níveis de proficiência durante o processo tradutório. E foi, a partir
de toda esta reflexão, que se chegou ao tema deste trabalho: percursos e estratégias de solução
de problemas de tradução em meio digital no par linguístico Português-Francês.
Para investigar, tanto os percursos, quanto as estratégias de solução de problemas,
decidiu-se trabalhar com o processo e não com o produto das traduções, ou seja, observar a
tradução enquanto é realizada, dando foco ao tradutor em ação e não à tradução pronta.
Podemos, contudo, se for relevante aos objetivos da pesquisa, explorar, brevemente, algum
dado do produto final das traduções.
Escolheu-se trabalhar, então, com três grupos de sujeitos durante a pesquisa. O
primeiro grupo seria composto por estudantes de Letras, nos últimos períodos da graduação
em Português-Francês e um aluno de Mestrado, recém-formado em Letras, habilitação
Português-Francês, que nunca tiveram contato com a área da tradução, a não ser em aulas de
francês voltadas para essa prática. Nessas, entretanto, a tradução era utilizada como
ferramenta de ensino, visando à aquisição de novas estruturas da língua francesa.
Essas aulas, geralmente ministradas ao longo do 7° e 8° períodos da graduação, como
já foi dito acima, tinham como objetivo o ensino da língua, mesmo quando o exercício ia além
da frase e adentrava no texto. Exercícios de traduções ou versões de artigos, dentro daquele
contexto, não refletiam a realidade do tradutor. Era o professor o público-alvo, que avaliava e
dava nota às traduções, e que era capaz de interagir ativamente durante o processo tradutório,
alguns alunos (não poderia afirmar todos), não viam a tradução como um ato comunicativo,
mas sim como um exercício dentre as várias tarefas da graduação que tinham como objetivo a
formação e obtenção do diploma de bacharel.
Cada texto que precisava ser traduzido, devido à segurança que a sala de aula trazia,
ainda que houvesse o risco de reprovação da disciplina, era feito da forma mais rápida
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possível, muita vezes sem passar pela terceira fase do processo de traduzir que seria o
“refinamento do texto”.
Esse primeiro grupo permitiu ao pesquisador observar quais seriam as maiores
dificuldades de tradutores inexperientes, como eles compreendem o ato de traduzir e, a partir
desta observação, começar uma reflexão sobre uma metodologia de ensino da tradução e se o
universo digital poderia auxiliar esses tradutores a desenvolverem suas habilidades em direção
ao profissionalismo.
O segundo grupo é composto por 2 tradutores, que chamamos aqui de “estagiários”.
Eles recebem este nome devido ao fato de serem ou terem sido, na época, estagiários de uma
empresa de tradução, concomitantemente à Graduação de Letras nos últimos períodos da
Faculdade.
Neste grupo, teríamos sujeitos que, acreditava-se, já compreendiam a tradução como
um ato comunicativo, pois na empresa em que estagiaram o ato de traduzir já não era mais um
exercício de aquisição de estruturas e vocabulário, mas sim uma situação real de tradução que
tinha como objetivo, acima de tudo, comunicar-se com seu público alvo. Além disso, esses
tradutores teriam experiência de tradução no mercado de tradução e já dominariam algumas
ferramentas digitais para a realização de seu trabalho, ajudando o pesquisador a investigá-las
– um dos objetivos deste trabalho.
Sendo assim, este grupo permitiu ao pesquisador observar o processo tradutório
realizado por sujeitos que se encontravam no mercado atual de tradução e determinar o quão,
para estes indivíduos, as ferramentas digitais faziam parte do seu cotidiano, além de suas
possibilidades de uso.
No último grupo de estudo, composto por dois participantes, temos tradutores
profissionais, ou seja, que possuem obras devidamente reconhecidas no mercado editorial.
Ambos professores, também, de uma Universidade Federal.
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Esse grupo permitiu estimar o quanto o universo digital está presente ou não na vida
de tradutores profissionais, de que forma e quais são as motivações que os levam a utilizarem
essas ferramentas.
A pesquisa está dividida em três grandes momentos, que se subdividem em outros
menores: O primeiro momento é composto pela exposição da metodologia e do referencial
teórico da pesquisa, ou seja, visamos explicitar e justificar as escolhas feitas para a coleta de
dados e sua forma de análise. Nesta parte, procuramos expor, ainda, a perspectiva teórica que
alicerça nosso olhar sobre tradução.
Na segunda parte discorremos sobre o universo digital e o cotidiano do tradutor
observado através de pesquisa em fontes bibliográficas. Delineia-se, dentro do mercado de
tradução atual, as possíveis necessidades de o tradutor conhecer e dominar o uso de
equipamentos digitais. Busca-se observar, ainda que brevemente, através da análise dos
discursos vinculados a alguns cursos de tradução, o lugar do computador e seu universo
dentro da formação prática do tradutor.
E finalmente, ainda nesta parte da pesquisa, analisamos possíveis ferramentas digitais
que poderiam ser utilizadas por tradutores para auxiliá-los durante o processo tradutório,
classificando-as a partir de um paradigma observado.
Ao fim, antes das considerações finais da pesquisa, temos seu terceiro momento, no
qual analisamos os dados coletados, ou seja, os protocolos verbais (PV), ao todo 8 protocolos,
e os questionários, para determinar as estratégias desses tradutores, e, uma vez em posse de
ferramentas digitais, os percursos traçados dentro deste universo para resolver seus problemas
tradutórios, determinando, assim, quais as competências necessárias ao tradutor para que ele
tenha desenvoltura na solução de seus problemas tradutórios dentro do universo digital. Sendo
que, nesse momento, a pesquisa toma um caráter empírico, e a partir dele pudemos refutar,
aceitar, justificar e levantar hipóteses sobre as observações realizadas no capítulo anterior.
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Passado o terceiro momento, apresentamos as considerações finais desta pesquisa, na
qual determinamos um possível lugar do universo digital na realidade do tradutor
contemporâneo, além dos futuros rumos da pesquisa.
E devemos, antes de adentrar nos princípios metodológicos e teóricos, explicitar que a
pesquisa tem como objetivo primeiro, seu caráter exploratório, surgido da observação de uma
carência em pesquisas nessa área que contemplam a utilização de ferramentas digitais para
traduzir na Universidade Federal do Rio de Janeiro, mais especificamente na área de letras
Neolatinas.
18
1. PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS E TEÓRICOS
1.1 Princípios Metodológicos
A metodologia deste trabalho tem como base o conceito de triangulação, que seria na
sua origem: “um método geodésico e topográfico que permite determinar a localização de um
ponto a partir de sua visualização de outros dois pontos, realizando a formação de um
“triângulo” (SILVA, 2005, p.31).
Ainda segundo Silva (2005, p.31), essa metáfora da triangulação é utilizada na área
das Ciências Sociais quando temos múltiplos instrumentos de coleta e análise de dados que
dialogam entre si. Desta forma, pretender-se-ia diminuir a possibilidade de dados artificiais
gerados pelo próprio método de coleta de dados.
Jakobsen (1999, p.1; 2002 p.3-4) chama a atenção para o fato de que essa metodologia
permite um aperfeiçoamento da análise e, por consequência, torna a investigação mais
abrangente e mais confiável. Sendo assim, a presente pesquisa usará três instrumentos para
coleta de dados: (1) Questionários, (2) a introspecção simultânea e a (3) retrospecção imediata.
É necessário, então, justificar a motivação do uso dos modelos introspectivos, dos
quais fazem parte tanto a introspecção simultânea quanto a retrospecção imediata e os
questionários, justificados por utilizarmos uma perspectiva interpretativista.
Em relação às pesquisas interpretativistas cabe dizer que esse paradigma tem seu
início na década de 1920 quando alguns pesquisadores (Theodor Adorno, Jürgen Habermas),
dentro da chamada “Escola de Frankfurt”, apresentaram as primeiras críticas sistemáticas ao
modelo positivista (BORTONI-RICARDO, 2008, p.31).
A principal crítica ao modelo positivista, sistematizado pelo filósofo Comte, se deve
ao fato de que o paradigma positivista pretendia usar os mesmos princípios epistemológicos
das ciências exatas nas ciências humanas.
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Os críticos à visão positivista acreditam não ser possível negligenciar a realidade
sócio-histórica nas suas pesquisas:
Segundo o paradigma, surgido como uma alternativa ao positivismo, não há como
observar o mundo independentemente das práticas sociais e dos significados
vigentes. Ademais, e principalmente, a capacidade de compreensão do observador
está enraizada em seus próprios significados, pois ele (ou ela) não é um relator
passivo, mas um agente ativo. (Bortoni-Ricardo, 2008, p.32)
Ou seja, não se entende a verdade como algo único e nem se tem por objetivo a
generalização dos dados, visa-se entender e interpretar os fenômenos dentro de um contexto.
Os questionários foram aplicados, então, para determinar as contingências sócio-históricoculturais dos sujeitos de pesquisa, podendo assim chegar-se a conclusões sobre a realidade
recortada.
Em relação aos modelos introspectivos, é necessário ir mais fundo nas explicações,
pois diferentes autores, por vezes, dão a mesma denominação para métodos de coletas de
dados diferentes ou podem dar nomes diferentes para formas de coletas similares. Assim
sendo, é necessário deixar claro qual autor serve de base para a pesquisa e a motivação dessa
escolha.
1.1.1 Os Modelos Introspectivos
Dentre as possibilidades dos métodos introspectivos pretende-se utilizar a técnica
intitulada “falar alto” proposta por Ericsson e Simon (1987, p.32-35), ou seja, durante o
processo tradutório o sujeito oralizou o que lhe veio à cabeça. Entretanto, o elicitador, durante
a realização do processo, pôde questionar o informante sobre suas ações quando necessário
para atingir os objetivos da pesquisa.
Em relação aos modelos introspectivos aliados à tradução, observamos que seu início
se dá na década 1980, na Europa. Anteriormente a esses modelos, os estudos tradutórios se
20
baseavam no que a tradução “deveria ser” ou no que “teria acontecido”, de forma dedutiva,
durante a tradução. (KUSSMAUL E TIRKKONEN-CONDIT, 1995, p.177)
Os modelos introspectivos permitiram trabalhar o processo tradutório de forma
empírica e indutiva. E, apesar de manter características comuns, alguns autores classificaram
os métodos introspectivos a partir de pontos de vista diferentes, vejamos daqui em diante as
perspectivas dos seguintes autores: Faerch e Kasper (1987, p.10-20), Ericsson e Simon (1987,
p.31-39), Cohen (1987, p.83-90), Cavalcanti (1987, p.230-250).
Para Faerch e Kasper (1987, p.10-20) os modelos introspectivos são classificados com
base em seis critérios observáveis no momento da coleta de dados e não em sua fase de
análise: (A) A natureza do objeto de introspecção (o objeto para esses autores seria a
aquisição de uma segunda língua), (B) o grau de relação dos métodos introspectivos com a
tarefa a ser realizada (Se é concreta ou não), (C) a relação temporal com a tarefa em questão,
(D) o grau de treinamento do informante, (E) o procedimento de elicitação de dados e (F) o
grau de combinação de métodos.
O primeiro critério (A) é classificado a partir de quatro outros aspectos: (1) Cognitivos
(conhecimento linguístico e sua ativação durante o processo), afetivos (motivações e escolhas
dos sujeitos) ou sociais (a identidade e história do sujeito).
(2) Se o conhecimento é declarativo ou processual, ou seja, se no momento de
aquisição, recepção e produção da interlíngua (língua de contato entre a língua de origem e a
língua alvo que, aqui, o sujeito adquiriria antes da aquisição da segunda língua almejada) são
mobilizadas regras e estruturas linguísticas dessa interlíngua (declarativa) ou se há ativação de
processos cognitivos e interacionais (processual)
(3) Qual a modalidade da língua em uso (escrita versus oral, receptiva versus
produtiva ou a combinação de ambas).
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(4) Se há um processo contínuo ou específico, se os dados são obtidos através do
informante sem a intervenção do elicitador ou o elicitador questiona em relação a determinado
fato observado durante a tarefa.
O segundo critério (B) é caracterizado pelo maior ou menor grau de relação dos
métodos introspectivos com a tarefa a ser realizada, ou seja, se os métodos estão relacionados
a uma tarefa que se aproxima de uma situação real ou não.
O terceiro critério diz respeito à (C) relação de tempo com a tarefa executada, se
ocorre no momento da execução da tarefa teríamos a “introspecção simultânea”, se decorridos
menos de 30 minutos teríamos a “retrospecção imediata” e se a retrospecção for realizada
depois de 30 minutos teríamos a “retrospecção protelada”.
O quarto critério (D) chama a atenção para o grau de treinamento do informante.
Faerch e Kasper (1987, p.15-16) chamam a atenção para a importância de o informante estar
habituado com o modelo introspectivo adotado.
O quinto critério (E) diz respeito ao processo de elicitação, que se subdivide em seis
critérios: (1) o grau de estruturação do instrumento de coleta de dados (pouco, mediano ou
fortemente estruturados), (2) o suporte de memória à tarefa realizada (possibilidade de
retomar contato com a situação da realização da tarefa ou não), (3) a identificação do
iniciador do relato (pelo informante, por outro, ou pelos dois), (4) grau de interação entre
informante e elicitador, (5) integração com ação (verbalização e ação integradas ou separadas)
e (6) o grau de interferência da introspecção na realização da tarefa (a verbalização influencia
na realização ou não da tarefa pedida).
E o sexto critério (F) diz respeito à combinação dos métodos. Se há a utilização de
somente um instrumento para elicitação ou vários instrumentos.
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Para Cohen (1987, p.86-88), em relação à caracterização dos dados introspectivos há
seis fatores que os caracterizam e, estes, por vezes, se assemelham a alguns critérios de
Faerch e Kasper (1987, p.15-16).
O primeiro fator (A) seria o número de participantes no momento da execução da
tarefa, referente ao critério de interação entre informante e elicitador de Faerch e Kasper
(Critério E4).
O segundo fator (B) é o contexto de pesquisa, relativo ao lugar e momento de coleta
de dados e não há ligação direta com “um critério específico” de Faerch e Kasper.
O terceiro fator (C) diz respeito à recentidade do evento, que é relativo à relação de
tempo com a tarefa executada de Faerch e Kasper (Critério C).
O quarto fator (D) é a modalidade de elicitação e resposta e não há referência a
nenhum critério de Faerch e Kasper. E os dois últimos fatores: (E) A formalidade de
elicitação e (F) o grau de intervenção externa que são bastante semelhantes aos critérios de
relação de tempo com a tarefa executada de Faerch e Kasper (Critério E1 e Ed
respectivamente).
Cohen (1987, p.83-90), visando o estudo do ensino-aprendizagem das línguas, propõe
três categorias de relatos verbais do aluno: (A) Auto-relato, (B) Auto-observação e (C) Autorevelação.
O primeiro (A) diz respeito à forma como o informante vê a si e seus processos de
aprendizagem, já o segundo (B) tem forte relação com o critério de tempo de Faerch e Kasper
(1987, p.15) e os critérios de processo e pós-processo de Ericsson e Simon (1987, p.31-39),
que será visto adiante, ou seja, envolve a observação do comportamento quando a tarefa é
executada. Se executada logo em seguida à tarefa, até 1 hora depois, teríamos uma
retrospecção imediata, se executada depois de 1 hora, teríamos a retrospecção protelada.
23
E o terceiro critério (C) diz respeito aos relatos que acontecem enquanto a informação
está sendo processada, ou seja, o informante não os analisa, não há uma organização do
processo cognitivo ocorrido antes de proferi-lo. Denominado “Pensar-Alto” (Mesma
definição de Faerch e Kasper, 1987, p.16-17).
Ao analisarmos a proposta de Ericsson e Simon (1987, p.25-26) notamos que esses
autores chamam a atenção para os diferentes tipos de memórias existentes. Segundo os
autores haveria alguns depósitos sensoriais de muito curta duração, que seria uma memória de
“curto-prazo”, com capacidade limitada de armazenamento e capacidade de retenção média,
mas de rápido acesso. (É esta a memória selecionada durante a técnica de “retrospecção
imediata”)
E ainda uma memória de “longo-prazo”, esta teria grande capacidade de
armazenamento, retenção permanente, mas com acesso demorado, e com uma fase prévia de
seleção e análise de dados antes do armazenamento.
Para Ericsson e Simon (1987, p.31-39) há três critérios para registro de observações
dos dados coletados, em relação aos processos cognitivos envolvidos, durante a execução de
uma tarefa específica: o da Performance (A), o do Processo (B) e do Pós-processo (C).
Em relação às observações do processo cognitivo da Performance (A) dever-se-ia
observar o tempo de reação ao se deparar com um problema e a precisão da resposta
apresentada.
Cabe dizer, em relação à observação do processo (B), que são Ericsson e Simon (1987,
p.32-35) que diferenciam a técnica de “Pensar-Alto” (na qual o falante reflete sobre os seus
processos cognitivos durante a execução da tarefa) e a técnica de “Falar-Alto” (na qual o
falante fala aquilo que lhe vem à cabeça durante o processo tradutório). Sendo assim, a
técnica de “Falar-Alto” de Ericsson e Simon se assemelha a técnica de “Pensar-Alto” de
Cohen (1987, p.84-86) e Faerch e Kasper (1987, p16-17).
24
Já no que diz respeito ao Pós-processo, os autores não diferenciam a retrospecção em
relação ao tempo no qual ela foi realizada, mas os autores afirmam que a retrospecção ideal
seria aquela realizada logo em seguida à tarefa (1987, p.32-35). Ou seja, a retrospecção
imediata a partir da perspectiva de Faerch e Kasper (1987, p.15) e Cohen (1987, p.54)
E, finalmente, Cavalcanti (1987, p.137-143) tendo como objetivo investigar a leitura
em língua estrangeira classifica os modelos introspectivos a partir da obra de 1974 1 de
Radfort e Burton. A autora apresenta três grupos de técnicas de introspecção que se
assemelham as de Cohen (1987, p.83-90): Auto-observação, Auto-relato e Pensar alto.
Na Auto-observação o informante observa e analisa seu próprio comportamento e
analisa seus eventos mentais. Ou seja, equivale à técnica de “Pensar-alto” de Ericsson e
Simon (1987, p.32-35).
No Auto-Relato o informante dá seu parecer, apenas, sobre seu próprio
comportamento para o pesquisador, e no “Pensar alto” os informantes devem relatar tudo que
lhe vem à mente enquanto executam a tarefa que se realiza, ou seja, está ligado a AutoRevelação de Cohen (1987, P.54-56), além da técnica de “Pensar-alto” de Faerch e Kasper
(1987, p16-17) e “Falar-Alto” de Ericsson e Simon (1987, p.32-35).
Deve-se frisar que é Cavalcanti que introduz nos modelos introspectivos o “Protocolo
de Pausa”, no qual o informante, para se aproximar da situação real de leitura, deve ler o texto
em silêncio, pronunciando-se apenas quando se depara com uma pausa na leitura (problema
potencial) (1987, p.238-239). E, caso o informante passe muito tempo sem se pronunciar,
cabe ao elicitador interromper o processo e fazer perguntas sobre o que ocorre naquele
momento.
1
RADFORD, J., BURTON, A. Thinking: its nature and development. Jonh Wiley & Sons, 1974
25
Cabe dizer ainda que todos os autores apresentados atribuem importância à fase de
aquecimento anterior à execução da tarefa que geraria o protocolo verbal (PV), pois esta é a
fase que leva o sujeito a se acostumar com os modelos introspectivos de coletas de dados.
Revisando a literatura sobre os modelos introspectivos, nota-se que não houve novos
modelos teóricos propostos, mas sim uma reflexão crítica sobre a validação dos dados obtidos
para a investigação do processo tradutório e uma tentativa cada vez maior de controle das
variantes durante a pesquisa, além da triangulação dos dados obtidos.
Para Krings (1987, p.163-167), por exemplo, há uma crítica aos modelos
retrospectivos, pois segundo o autor esses modelos resgatariam informações da “Memória de
Longo Prazo”, ou seja, que já sofreram elaboração, abstração, redução ou avaliação do
processo ocorrido, sendo assim, restringem o acesso aos processos cognitivos da execução da
tarefa proposta.
Para Krings (1987, p.163-167) a técnica de “retrospecção imediata” seria ideal para
recolher os dados, pois esses não foram ainda alterados pelo processo que antecede o
armazenamento na memória.
Krings critica, então, o que chamamos de “Retrospecção Protelada”, mas não a
“Retrospecção Imediata”. A presente pesquisa contou apenas com a retrospecção imediata,
parte por estarmos de acordo com Krings, e parte devido à dificuldade de encontrar sujeitos
que se dispusessem a cooperar com a pesquisa a ponto de retornar para uma nova fase de
coleta de dados após ter terminado a tradução.
Como há divergência entre o que seria “retrospecção imediata”, pois para Faerch e
Kasper seria aquela realizada até 30 minutos depois da execução da tarefa tradutória e para
Cohen até 1 hora depois da execução da tarefa, usaremos a perspectiva de Faerch e Kasper,
pois esta abarca também a definição de Cohen.
26
Ericsson e Simon (1987, p.24-25) afirmam que um problema da coleta de dados ocorre
quando há uma artificialidade da situação, ou seja, quando a tarefa pedida é diferente da
variante da mesma tarefa no momento real de sua execução. Sendo assim, durante a pesquisa,
será proporcionada aos informantes uma situação, o mais próxima possível do real do tradutor,
em relação tanto ao objetivo da tradução (público-alvo), quanto às ferramentas disponíveis
para a tradução.
Toury (1991, p.59-60) chama a atenção para o fato de que a interferência de mais de
uma atividade durante a execução da tarefa tradutória (oralizar o processo) poderia alterar os
dados, entretanto, nos apoiamos em Krings (1987, p.166) quando ele afirma que a toda a
tarefa tradutória é acompanhada de um “inner speech” (fala interior), sendo assim, os
tradutores já estariam habituados a um monólogo interior. E ao adotarmos uma fase de
“aquecimento”, na qual os informantes se acostumam com o método, haveria uma redução
maior dessa artificialidade (CAVALCANTI, 1989, p.141).
Se por um lado Jakobsen (2003, p.69-95) afirma que os modelos introspectivos geram
sobrecarga cognitiva, por outro, o próprio autor, na mesma obra, afirma que isso não impede o
uso desses modelos.
Pretende-se, aqui, adotar a técnica de “falar-alto” de Ericsson e Simon. Entretanto o
elicitador, durante a pesquisa, pôde fazer questões pontuais sobre as estratégias para a solução
de problemas que não ficassem claras após observação do pesquisador e a elicitação do
informante.
Em seguida à “introspecção simultânea” houve a “retrospecção imediata”. Nesta,
buscou-se esclarecer pontos ainda obscuros para o pesquisador sobre as estratégias e, ainda, a
visão do informante sobre seu próprio processo tradutório.
Houve ainda uma fase de aquecimento com o objetivo de que o informante se
familiarizasse com o modelo introspectivo adotado, e, por acreditar nessa “fala-interior” do
27
tradutor, acreditamos que a verbalização não causou alterações que comprometessem os
dados.
Apesar de concordar que haja uma maior carga cognitiva quando o falante é obrigado
a oralizar sua tradução. Estamos de acordo com Cunha (2002, p.69), ao afirmar que a
introspecção é até o momento o que permite uma aproximação maior do que ocorre na mente
do tradutor durante o momento da atividade tradutória. Sendo assim, não é possível abandonála quando realizamos uma pesquisa de caráter qualitativo, como é o caso da presente pesquisa.
Resta ainda dizer que ao final da pesquisa contamos com sete protocolos verbais,
gerados a partir da aplicação do modelo introspectivo junto a sete sujeitos divididos em três
grupos (tradutores iniciantes sem experiência prática e teórica em tradução usando
ferramentas digitais, tradutores iniciantes sem experiência teórica em tradução, mas com
“saber como” em relação a ferramentas digitais e tradutores profissionais).
A partir dos protocolos foi possível analisar as estratégias locais e globais (CORRÊA
E NEIVA, 2000) adotadas por esses sujeitos de pesquisa durante o processo tradutório e os
percursos traçados na Web para solucionar seus problemas de tradução.
Para dar maior validade ao processo, além da gravação do áudio, foi utilizado um
programa (Camtasia) que permitiu gravar o ocorrido na tela do computador, inclusive para
facilitar a investigação dos percursos realizados pelo tradutor e a transcrição do áudio para
geração do PV.
Sobre esse programa é importante ressaltar que ele foi de extrema utilidade durante a
criação dos protocolos verbais, pois permitiu, em momentos de silêncio do sujeito de pesquisa,
seja por sobrecarga cognitiva, deixando-o absorto com o problema deparado ou desatenção,
que o pesquisador verificasse o que ocorreu e não inferisse o ocorrido (que poderia gerar um
equívoco por parte do pesquisador).
28
Ao procurar uma bibliografia que validasse a escolha dos programas que auxiliaram na
coleta de dados, encontramos Lauffer (2003, p.57-75) que sugere o uso do programa Camtasia
para gravar os percursos dos tradutores, uso justificado, também, pelo fato de que não foi
encontrado no mercado outro programa útil para esse fim.
Uma vez que, através deste método, pretendíamos determinar as estratégias para
solução de problemas de tradução, é importante, antes de adentrar no corpus da pesquisa e sua
revisão bibliográfica, definir como são classificados na presente pesquisa problemas e
estratégias de tradução.
1.1.2 Problemas e estratégias tradutórias
Faerch e Kasper (1983, p.30-36) explicitam que problema seria uma insuficiência de
conhecimento, momentânea ou não, que impede o sujeito de atingir determinado fim
comunicativo. E, a partir desta concepção, Corrêa e Neiva (2000, p.36) afirmam ser possível
observar um problema tradutório no momento que ocorre uma interrupção do “fluxo
tradutório”.2
Entretanto, as autoras deixam claro que o problema tradutório não é apenas
proveniente de uma insuficiência de conhecimento, mas também de uma insuficiência de
meios para escolher a melhor opção para determinado segmento textual. (CORRÊA E NEIVA,
2000 p.36). E, ainda, segundo as autoras o processo tradutório possui três momentos distintos:
o da leitura (1), o da busca por equivalentes (2) e o de refinamento textual (3).
O primeiro momento é aquele em que o tradutor interpreta o texto (tradutor-leitor), no
segundo há uma busca dos equivalentes semânticos, pragmáticos, socioculturais e, por vezes,
formais do TLT para o TLO (tradutor-escrevente), e o último momento é aquele no qual,
tendo produzido uma primeira versão do TLT, o tradutor refina seu texto para que ele se
2
“Segmentos de processamento textual, durante o ato tradutório, em que o tradutor produz o texto de
chegada sem pausas ou hesitações.” (Corrêa e Neiva, 2000, p.52)
29
aproxime mais de um texto produzido originalmente na língua de tradução (LT) e que
produza ao público-alvo os efeitos desejados (chamaremos essa fase de “Tradutor-editor”).
Sendo assim, os problemas tradutórios, como demonstram as autoras (CORRÊA E NEIVA,
2000, P.34-52) podem ocorrer durante esses três momentos da tradução.
Em relação às estratégias tradutórias Pagano afirma que:
Estabelecendo uma analogia com outras áreas da linguística aplicada, como
ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras, podemos dizer que, assim como
existem estratégias de aprendizagem que o aprendiz bem-sucedido de línguas
estrangeiras utiliza, também existem estratégias de tradução que o tradutor
experiente utiliza para atingir suas metas e produzir um texto traduzido bem
sucedido. (PAGANO, 2000, p.19-20)
Essa citação mostra que Pagano relaciona as estratégias às metas do tradutor e ao
atingir estas metas o tradutor alcançaria o “sucesso”. Desta forma, é possível entender que
diferentes metas exigem do tradutor diferentes estratégias. Motivo pelo qual, antes de pedir ao
tradutor, durante a pesquisa, para traduzir, se fez necessário definir os objetivos e algumas
características, tais quais: prazo para entrega, meio em que será entregue (digital ou físico),
lugar onde será publicada a tradução. Diferentes variantes poderiam gerar diferentes
estratégias.
Deve-se chamar a atenção ainda que Pagano relaciona o “aprendiz bem-sucedido” ao
“tradutor experiente”. Segundo Pagano o “aprendiz bem-sucedido” usaria estratégias de
aprendizagem, enquanto o tradutor experiente usaria estratégias de tradução.
Porém, ressaltamos que tanto o “aprendiz mal-sucedido, quanto o “tradutor
inexperiente” também utilizam estratégias, com a diferença de que o tradutor “inexperiente” e
o aprendiz “mal-sucedido” realizariam estratégias não tão bem sucedidas.
No mercado de tradução atual, há uma exigência de que o tradutor possua “eficiência”
e “eficácia”. Podemos falar então de eficiência e eficácia da tradução. Baseando-nos no
dicionário eletrônico Houaiss (2007), eficaz está ligado ao “como” fazer, enquanto que a
eficiência estaria ligada a “o que fazer”. Sendo assim, eficaz seria o tradutor que realiza a
30
tradução através dos percursos menos tortuosos. E o tradutor eficiente seria aquele que realiza
uma tradução que atinge da melhor forma possível os objetivos pré-estabelecidos para a
mesma.
Ou seja, tanto o tradutor experiente quanto o inexperiente selecionam as estratégias
que consideram mais eficazes para alcançar os objetivos da tradução, e o quanto mais
próximo dos seus objetivos o tradutor chegar, mais eficiente ele será. Lembrando que esse
objetivo está intimamente ligado, além dos objetivos pessoais do tradutor, ao contrato de
fidelidade entre o autor, texto e público-alvo.
Em suma, uma das diferenças entre um tradutor inexperiente e o experiente é o fato de
que as estratégias dos tradutores experientes são mais eficazes e, por isso, há uma maior
probabilidade de realizar uma tradução bem-sucedida (eficiente). A hipótese que levantamos
aqui é que mesmo tradutores inexperientes podem alcançar traduções bem sucedidas
(eficientes), ainda que através de percursos mais complexos (com menos eficácia) se tiverem
conhecimento em relação às ferramentas que podem ajudá-lo a solucionar seus problemas
tradutórios.
E sobre as estratégias, a presente pesquisa chama a atenção para o fato de que existem
tanto estratégias globais, quanto estratégias locais. Lörscher (1991, p.96) diz que estratégias
seriam “procedimentos utilizados pelos sujeitos para resolverem problemas de tradução”.
Sendo assim, a visão de Lörscher evidencia as estratégias locais, escolhidas para solucionar
problemas tradutórios.
E Jääskeläinen (1993, p.116) afirma que estratégia é “um conjunto de regras ou
princípios (vagamente formulados) que um tradutor utiliza para alcançar os objetivos
determinados pela situação de tradução de maneira mais eficaz”, ou seja, a estratégia não está
diretamente ligada ao problema e os princípios e regras vagamente formulados seriam os
indícios que nos levam a pensar na estratégia global selecionada. Tanto Jääskeläinen, quanto
31
Lörscher não se contradizem, apenas observam de prismas diferentes as características das
estratégias.
Em relação às classificações das estratégias, estamos de acordo com Cunha (2002,
p.104), que através de uma revisão bibliográfica: Van Dijk e Kintsch (1983), Faerch e Kasper
(1983 e 1984), Corrêa e Neiva (2000), Coste (1978 e 1988), Moirand (1982) e Kleiman
(1989), chega à conclusão de que todas as estratégias, por mobilizarem atos mentais e
atualização de conhecimentos armazenados nas estruturas de memória, são de caráter
cognitivo.
E a partir desta constatação Cunha (2002, p.104) propõe uma classificação dos
problemas tradutórios. Adaptando as categorias de Kleiman (1989), Coste (1978 e 1988) e
Moirand (1982), de forma que, segundo a autora, haveria cinco classificações para os
problemas tradutórios: (1) linguístico, (2) discursivo, (3) textual, (4) referencial e (5) sóciocultural.
Para selecionar e justificar a classificação dos problemas tradutórios dentro da
presente pesquisa. Consultamos, então, os seguintes autores, bases de Cunha (2002). Moirand
(1982, p.20), Kleiman (1989, p.13) e Coste (1978, p.15-16).
Os três autores chamam a atenção para o componente linguístico (1) que envolveria o
conhecimento e a apropriação de modelos fonéticos, lexicais, gramaticais e textuais do
sistema a língua.
O componente discursivo (2) é mencionado apenas por Moirand (1982, p.20) e diz
respeito ao conhecimento e apropriação de diferentes tipos de discursos e sua organização em
função da situação de comunicação da qual sua produção e interpretação fazem parte.
Em relação ao componente (3) textual, este é abordado por Kleiman (1989, p.13) e
Coste (1978, p.15-16), correspondendo aos conjuntos de noções e conceitos que o leitor
possui sobre o texto, envolvendo os reconhecimentos dos tipos de textos e as formas de
32
discursos. Não foram percebidos, no entanto, distinções claras entre o componente textual (2)
e discursivo (3). Sendo assim, na presente pesquisa eles serão considerados complementares
sob a nomenclatura de componente “discursivo-textual”.
Já o componente (4) referencial e (5) sócio-cultural varia um pouco para cada autor.
Coste (1978, p.15-16) divide esse componente em (1) referencial, (2) relacional e (3)
situacional. Moirand (1982, p. 20) é a autora que utiliza tanto componente referencial, quanto
o sócio-cultural e Kleiman (1989, P.13) engloba esses componentes a partir da categoria de
“conhecimento de mundo”.
O componente referencial (4) envolve o conhecimento prévio e apropriação do
conhecimento de mundo, enquanto o componente (5) sócio-cultural faz referência ao
conhecimento e apropriação das regras sociais e das normas de interação entre os indivíduos e
as instituições. Optamos na pesquisa utilizar a categoria de Kleiman (1989, p.13), pois
englobaria os demais, chamando-os então de “conhecimento de mundo”
Sendo assim, na presente pesquisa temos as seguintes categorias: (1) componente
linguístico, (2) componente discursivo-textual e (3) componente de conhecimento de mundo.
Notamos, ainda, que esses componentes são explicitados pelos autores acima como
“um conhecimento ou uma apropriação de conhecimento”, sendo assim, o tradutor pode, no
momento em que se depara com um problema, já ter o conhecimento em sua memória ou ter a
necessidade de se apropriar, através de ferramentas externas, desse conhecimento. De forma
que a solução desse problema pode ser de: (1) busca externa ou (2) busca interna.
Nomenclatura utilizada tanto por Corrêa e Neiva (2000) quanto Cunha (2002) e que também
será utilizada no presente trabalho.
Segundo Alves (2000, p.57) as estratégias de busca de subsídios internos são as
estratégias cognitivas que servem de apoio interno ao longo do processo tradutório, este apoio
dado por meio do conhecimento de mundo.
33
Deve-se chamar a atenção, contudo, que “conhecimento de mundo” para Alves (2000,
p.57) é diferente da classificação dada para as estratégias de solução de problemas de tradução,
pois Alves afirma que o conhecimento de mundo é a “junção da bagagem cultural e o
conhecimento procedimental”. É possível interpretar que para Alves todos os conhecimentos
adquiridos pelo ser humano durante sua vida, incluindo o linguístico, textual e discursivo
fazem parte deste conhecimento de mundo.
Em relação às buscas de subsídios externos, essas ocorreriam quando o tradutor busca
em fontes de consulta externa apropriar-se de conhecimentos que não possuía até então, seja
esta busca, inclusive, dentro do próprio texto a ser traduzido.
Estamos de acordo com Silva (2005, p.38) que sugere que há uma ordem sobre o uso
das buscas de subsídios internos e externos. Segundo a autora, primeiramente o tradutor
mobiliza estrategicamente recursos dentro de sua mente, seja do campo linguístico, seja seu
conhecimento de mundo, e caso não encontre solução ou não fique satisfeito com a solução
encontrada, recorre às buscas externas:
Ao executar uma tarefa de tradução, o tradutor se depara com vários tipos de
problemas. Para alguns deles, a solução depende apenas de mobilização estratégica
de recursos que se encontram dentro da própria mente do tradutor, seja no campo do
conhecimento linguístico, seja no de seu conhecimento de mundo. Entretanto,
algumas vezes esses recursos internos são insuficientes para resolver o problema ou,
então, após encontrada uma solução, permanece algumas dúvida ou insegurança.
Quando isso acontece, o tradutor pode recorrer ao uso da chamada estratégia de
busca de subsídios externos. (SILVA, 2005, p.38)
Cabe ainda chamar a atenção que Cunha (2002, p.105-106) afirma, baseando-se em
Lörscher (1991) e Faerch e Kasper (1983 e 1984), que essa busca externa ou interna pode
gerar uma solução (quando o tradutor encontra um equivalente para o TLT) ou um abandono
(quando o tradutor não encontra uma solução e opta por apagar do TLT aquela referência, ou
a mantém na mesma forma do TLO).
Na presente pesquisa se fez mais interessante observar os problemas que forem
solucionados a partir de busca externa, uma vez que se pretendeu relacioná-los aos percursos
34
traçados pelos sujeitos. Sendo assim, observamos uma possível padronização entre natureza
do problema, estratégia e percurso traçado de solução.
Uma vez determinada a metodologia da pesquisa, se faz importante debruçar-se sobre
o TLO que serviu de base para a coleta de dados e formação do corpus da pesquisa. E, deste
momento em diante, nos dedicaremos a analisá-lo.
1.1.3 Análise do TLO da pesquisa e questionários aplicados
A presente pesquisa teve como base um texto pragmático, que diferente do literário e
do técnico, tem por objetivo informar ao leitor fatos do cotidiano. Esse texto foi publicado no
jornal “Le monde” no dia 11 de Agosto de 2008, retirado da versão on-line do jornal
(www.lemonde.fr), intitulado de “Les nageurs tricolores ne digerent pas l´incroyable final du
4x100m” (Os nadadores tricolores não digerem a inacreditável final do 4x100m) e estava
contido na seção “sports” (esportes) do jornal.
Esse texto foi escolhido por apresentar diversas estruturas que dependem, para serem
compreendidas, de um conhecimento do universo cultural francês e, além disso, durante o
texto, há um jogo constante de palavras que remetem ao campo semântico da água
dificultando ao tradutor, caso o desejasse, mantê-lo no TLT. De forma que, se fez interessante
observar, na tradução, as escolhas que permitiriam, ou não, manter esse jogo de palavras e
como se deu o processo tradutório durante as alusões ao universo cultural francês. Esse texto
foi escolhido, também, por ser consideravelmente curto, 455 palavras, quatro parágrafos.
No intuito de esclarecer, devemos explicitar que chamamos, aqui, de texto pragmático,
aquele texto que tem como objetivo principal informar sobre um fato do cotidiano, sob um
“contrato” com o leitor de que esse fato informado é real, ao contrário do literário, que não
tem por obrigação relatar fatos reais, apesar de poder se inspirar nestes. E os textos técnicos,
35
acreditamos, teriam por característica básica discorrer sobre temas de áreas de conhecimento
específicos (engenharia, direito, administração etc).
O texto escolhido fala sobre os jogos olímpicos de Pequim, mais precisamente sobre a
derrota dos franceses para os americanos por 8 milésimos, mesmo após terem liderado quase
toda a prova de natação do revezamento 4x100 metros. É importante ressaltar que o texto
pode ser lido na integra nos anexos desta dissertação.
Foi esperado que certas estruturas, para que fossem compreendidas e solucionadas,
caso se tornassem um problema tradutório, dependessem de um grau de proficiência e/ou um
“saber-como” sobre ferramentas digitais mais elevados por parte dos tradutores.
É o caso de expressões como “Baiser la gueule” (Sacanear), “combler le retard”
(Recuperar o atraso), “verre à moitié plein” (copo cheio pela metade) e “On a fait avec”
(fizemos o melhor). Para estas, os tradutores deveriam ter um conhecimento de mundo ou um
“saber-como3” maior, pois simplesmente a consulta ao dicionário não supriria essa carência.
Há ainda o uso, durante o texto, do “ne”, dito expletivo, que não forma uma negação
simples (ne pas), e que requer do tradutor um conhecimento linguístico para evitar que seja
dito exatamente o oposto do que é proposto. Ou seja, evitar que a frase “d'éviter qu' Alain
Bernard ne soit non seulement touché, mais aussi coulé” seja traduzida por “de evitar que
Alain Bernard não fique somente abalado, mas também naufrague” e sim por “de evitar que
Alain Bernard fique somente abalado, mas não naufrague”.
E, ao definirmos aos tradutores seu público-alvo (leitores do jornal o globo), previmos
momentos em que seria necessário um conhecimento discursivo-textual para não fossem
criadas estruturas que transgredissem as normas discursivas, como o caso de “Il nous a un peu
3
“Saber-como” na presente pesquisa, nada mais é do que a tradução do inglês “Know-how” ou do francês
“Savoir-faire” e diz respeito ao conhecimento necessário para execução de determinada tarefa.
36
baisé la gueule”, que significa: “ele nos ferrou um pouco4”, não cabendo no discurso de um
jornal de grande circulação como “O Globo” utilizar expressões chulas, uma das
possibilidades de tradução deste sintagma.
O texto de aquecimento, também nos anexos desta pesquisa, se intitula “Les „Quatre
Jumelles‟, opéra chic et show” (“Quatro gêmeas”, Ópera chique e show), apesar de ser um
texto maior, 280 palavras divididos em 6 parágrafos, pedimos ao tradutores para traduzi-lo até
o fim da primeira parte, que é constituída pelo chapéu do artigo e seus dois primeiros
parágrafos:
‟Les Quatre Jumelles‟, opéra chic et show
L'enfer en version féminine, ça existe : dans un coin de l'Alaska. C'est là que Copi
situe l'action de sa pièce Les Quatre Jumelles, qui a inspiré au compositeur Régis
Campo un opéra de chambre donné en création par l'Arcal, samedi 10 janvier, à la
Maison de la musique de Nanterre (Hauts-de-Seine).
Quatre jumelles s'y déchirent, dans toutes les combinaisons, de un à quatre, sur fond
d'or, drogue et mort. Les soeurs Smith, riches et accro à la cocaïne, reçoivent la
visite des soeurs Goldwashing (campées par deux hommes), pauvres et acculées au
crime. On complote, on tue, on ressuscite, et on recommence. "
A cet argument développé en boucle correspond une musique à base d'échelles
répétitives et de pulsations mécaniques, qui évoquent celles de Rimski-Korsakov et
de Boulez. Et si le ton est outrancier chez Copi, il est neutre avec Campo.
O texto foi retirado, também, da versão on-line do jornal “Le Monde”, seção
“spectacles” (espetáculos), e foi publicado em 13 de janeiro de 2009. Entretanto, por ser o
texto de aquecimento, tendo como objetivo principal os sujeitos permitir que os sujeitos se
acostumassem com a técnica de “falar alto” de Ericsson e Simon, não nos determos neste.
Sendo assim, retornando ao texto usado para coleta de dados, com base na teoria de
“coesão e coerência textual”5 exposta por Corrêa e Cunha (2006), podemos dizer que a idéia
principal do texto é que os franceses, tanto os nadadores, quanto a população, não se
4
A tradução literal seria relativa ao ato de possuir sexualmente o outro, estando esse outro no papel simbólico de
submissão durante a relação sexual.
No momento em que se observa se tradutores iniciantes com maior “saber-como” geram traduções mais bemsucedidas, se faz importante demonstrar nossa análise do texto de coleta de dados, pois é esta que guiará as
conclusões a esse respeito. Acreditamos, aqui, que o sucesso de uma tradução está intimamente ligado a
manutenção dos elementos de coesão e coerência presentes do TLO no TLT, permitindo, assim, manter o sentido
global no TLT.
37
conformam com o resultado da prova de revezamento 4x100m. Essas informações são dadas
logo no título da reportagem.
O autor faz alusão aos franceses através da palavra “tricolores” (referência às cores da
bandeira francesa). Logo em seguida traz o sintagma verbal “Ne digerent pas l'incroyable
final du 4 × 100m” (não digerem a inacreditável final do 4x100m) que faz alusão a idéia de
má digestão e há, ainda, a informação que essa indigestão ocorreu na prova 4x100m livres.
Logo na primeira frase o autor traz como nova informação a conquista da prata
(segundo lugar) e o lugar da prova (Beijim 6), assim como o dia, logo em seguida através de
uma “anáfora nominal de repetição” o autor retoma os nadadores franceses através do termo
“tricolore”, assim como repete o estilo da prova “4 x 100m”, mas usa o substantivo “désarroi”
(confusão) para fazer alusão à final não digerida.
Em seguida há uma “anáfora por substituição”, na qual o termo “tricolores” é
substituído por “relayeurs” (revezadores) e a nova informação seria de que os revezadores se
questionam sobre o fato ocorrido.
Na sequência, o autor traz o substantivo “amertume” (amargura) para aludir mais uma
vez à indigestão da derrota, e através do sintagma “eaux bleues” (águas azuis), alude tanto aos
franceses, conhecidos culturalmente na frança pelo termo “les Bleus” (os Azuis), quanto ao
campo semântico da água.
No parágrafo seguinte o autor utiliza uma “anáfora por substituição”, trocando desta
vez a referência dos nadadores tricolores por “français” (franceses), trazendo como nova
informação, entretanto, que a medalha de ouro parecia ganha até o momento no qual Lezak
ultrapassou Bernad.
6
Escolhemos utilizar o nome “Beijim” e não o tradicional “Pequim” em respeito diplomático ao sistema
“Pinyin”, criado pelo governo chinês, que regulamenta a transcrição fonética da língua chinesa (válido para o
mandarim padrão) para o alfabeto romano.
38
Na frase seguinte a nova informação seria que Leveaux abriu mão das suas provas
individuais para se dedicar somente ao revezamento, fato que gerou mal estar maior aos
franceses pela derrota. E, através de uma “anáfora nominal” por substituição, a referência aos
franceses é retomada no texto através de um dos seus representantes no revezamento,
Leveaux. E há ainda uma “anáfora nominal por repetição”, prova 4 x 100m.
Em seguida, o referente Leveaux é retomado através de uma “anáfora nominal de
substituição”, pois ele é mencionado como o “grand blond” (loiro alto) e a nova informação é
a perspectiva de Leveaux sobre o ocorrido na prova, quando ele afirma que a federação os
“sacaneou” um pouco (un peu baisé la gueule).
O título da segunda parte da reportagem diz que Bernard não saiu ileso. Sendo assim,
o leitor já pode inferir o assunto que será abordado, pois já fora dito que Bernad havia sido o
último competidor dentre os revezadores franceses.
Logo no início da segunda parte, o autor repete o nome de Alain Bernad
(acrescentando seu primeiro nome) e acrescenta que a ordem dos competidores foi alterada na
última hora. E após há uma “anáfora nominal por substituição”, no qual Bernad é evocado
como ex-recordista (ex-recordman) e acrescenta-se que ele ficou 10 minutos agachado no
banheiro do Cubo d água, em choque devido à derrota (mais uma vez trazendo a idéia da
decepção francesa).
A nova informação trazida em seguida é que os franceses lideravam a prova até o
momento em que Bernad entrou na água e por isso, ao terem perdido a prova, Alain foi o mais
“touché”7 (atingido) devido à derrota. Entretanto há uma referência ao nadador através do uso
somente do seu primeiro nome (Alain).
7
Touché é uma expressão que remete ao jogo de batalha naval, pois quando parte de um navio é acertado sem,
contudo, afundá-lo ele é “touché” (tocado).
39
Em seguida, o autor retoma a idéia da alteração da ordem dos nadadores que já havia
sido exposta, acrescentando, através do comentário de Marc Begotti (treinador), responsável
do revezamento, que é fácil refletir sobre a melhor ordem depois da prova realizada.
No ultimo parágrafo do texto, os nadadores franceses, através de uma “anáfora
nominal de substituição”, são evocados através do termo “gars” (rapazes) e a nova informação
é que, apesar da derrota, ouve uma superação da equipe em relação ao seu tempo na prova e
há a conclusão de que não é desonra ser vice-campeão olímpico.
Em seguida, os “rapazes” são substituídos por “nageurs” (nadadores) e acrescenta-se
que os treinadores franceses precisam fazê-los acreditar que o vice-campeonato é algo bom,
de tal forma que eles se sintam motivados a continuar a competir nas provas individuais, e,
mais uma vez, o autor menciona Alain para dizer que se deve evitar que ele afunde (coulé)8.
Feita está análise do texto foi possível tirar conclusões, guiadas pela nossa análise,
sobre o sucesso das estratégias e seus percursos escolhidos pelos tradutores.
Cabe ainda, então, expor algumas características sobre os instrumentos utilizados para
a coleta de dados, compostos pela gravação da tela do computador durante o processo
tradutório e captura de áudio através do mesmo programa e gravador, além da aplicação de
questionários. Fica claro que a gravação da tela e o áudio é justificado para criação posterior
do protocolo verbal.
E em relação aos questionários, esses serviram como base para determinar as
contingências sócio-histórico-culturais dos tradutores, a fim de podermos encontrar possíveis
explicações sobre as motivações de determinadas escolhas de estratégias e percursos durante
o processo tradutório.
8
Novamente há uma imagem da batalha naval. Se todas as partes do barco são “touchées” (tocadas) ele “coule”
(afunda).
40
O questionário é composto por perguntas abertas e fechadas e as perguntas foram
feitas pelo pesquisador, podendo o pesquisador ampliar o número de perguntas, caso não
fique clara alguma informação necessária à pesquisa. Esses questionários foram aplicados
antes de entregar ao sujeito os textos para traduzir.
O questionário básico foi composto pelas seguintes questões: (1) Nome Completo, (2)
Idade, (3) Escolaridade, lugar de formação, ano de ingresso, (4) Forma de entrada na UFRJ:
vestibular interno, externo, (5) Uma vez aluno do curso de Letras: Português-Francês. Foi
primeira opção? (6) Tem costume de ler em francês? Com que freqüência? (7) Tem costume
de ler em português? Com que freqüência? (8) Faz uso de internet? Com que fins? (9) Já
traduziu antes? Se sim, quais ferramentas você utiliza na hora de traduzir, (10) Qual seria o
seu conceito de tradução? (11) Qual seria o conceito de um bom tradutor?
Podemos notar que as perguntas de (1) a (5) são questões fechadas que visam definir o
perfil do tradutor. Já as perguntas (6) e (7) têm como objetivo levantar hipóteses sobre sua
competência linguística. A pergunta (8) pretende levantar hipóteses sobre seu “saber como” e
as perguntas de (9) a (11) sua perspectiva de tradução, que poderá nos ajudar a compreender
suas estratégias adotadas durante o processo tradutório. E, uma vez que os sujeitos deverão
ser todos, a não ser o tradutor experiente em língua francesa, alunos da UFRJ, há perguntas
direcionadas para esse perfil (4 e 5).
Acredita-se que, através dessas formas de coletas de dados: (1) Protocolos verbais
gerados através de técnicas de introspecção: introspecção simultânea e retrospecção imediata.
(2) entrevistas tendo um questionário base e (3) o registro filmado do processo tradutório
através do programa Camtasia, foi possível delimitar as estratégias globais e locais dos
sujeitos, seus percursos e possíveis motivações para os mesmos.
41
E cabe finalmente afirmar que estamos de acordo com Cavalcanti (1989, p.141),
quando a autora diferencia “Introspecção” de “Protocolo verbal”. A Introspecção seria a
técnica e o Protocolo o registro gerado através desta técnica.
Em suma, a pesquisa ocorria da seguinte forma. Primeiramente aplicávamos o
questionário ao sujeito, em seguida dávamos ao sujeito as diretrizes que guiariam seus
objetivos tradutório, tais quais o prazo de entrega (o tempo que achar necessário), públicoalvo (leitores do globo).
Tão logo disto isto, era explicitado a técnica de “falar-alto” (onde era explicado que o
sujeito deveria oralizar tudo que lhe vinha a cabeça durante a tradução) e para ficar mais claro,
dávamos um texto (texto de aquecimento) para que houvesse uma familiarização da técnica.
Em seguida dávamos o texto que seria utilizado para coleta de dados. Tanto o texto de
aqueciemento, quanto o texto principal tinha o áudio e a tela do computador gravado. E,
finalmente, após terminado a tradução do texto principal, questionávamos ao tradutor suas
impressões sobre o processo realizado: Maiores problemas, se estava satisfeito com a tradução,
além de outras questões que não ficassem clara ao elicitador (motivação de determinada
escolha).
Uma vez explicitadas a metodologia de análise e coleta de dados e o corpus utilizado.
Devemos, daqui em diante, através de uma revisão bibliográfica, explicar e justificar a teoria
tradutória que servirá de base na pesquisa e definiu nossa forma de observar e considerar o
processo tradutório.
1.2 – Princípios Teóricos: A tradução como ato comunicativo
Ao longo da história, a tradução é uma atividade ligada a diferentes objetivos e
diversas possibilidades de forma de estudo. Na antiguidade romana o ato de traduzir era visto
42
como um exercício para aumentar a eloquência, enquanto que na França da Idade Média e dos
séculos XVII e XVIII a tradução era uma forma de aprimorar o domínio de uma língua.
(Larose, 1989, p.4-10).
Nos séculos seguintes, mas sem caráter científico, começa-se a discutir o conceito de
fidelidade na tradução, para somente no final século XVIII aparecer, sob a autoria de
Alexander Fraser Tytler (1791), um ensaio sobre o que seria uma boa tradução (Larose, 1989,
p.4-10).
É somente no século XX, mais precisamente no final da década de 50, que surgem as
primeiras teorias sobre a tradução, mas de cunho estruturalista: Vinay e darbelnet (1958,
1977), Mounin 1963. Entretanto, uma vez que essas teorias se baseavam na teoria
estruturalista, não demonstravam interesse quanto às questões textuais ou discursivas da
tradução (Id, Ibidem. p.11-74).
Foi então na década de 1980 que surgem estudos pautados na Análise do Discurso e,
por ter a tradução um caráter interdisciplinar, surgem, também, metodologias auxiliares para
sua análise (CUNHA, 2002, p.30)
Segundo Cunha (2002, p.30) em julho de 2001, no VIII Encontro Nacional de
Tradutores e II Encontro Internacional de Tradutores, realizado no Brasil, havia as seguintes
subáreas temáticas da tradução: (1) Abordagens cognitivas, (2) estudos de corpora, (3)
historiografia, (4) interpretação, (5) pós-estruturalismo, (6) terminologia, (7) tradução e mídia:
TV, cinema e teatro, (8) tradução literária.
Acrescentamos, aqui, que, no X Encontro Nacional de Tradutores e IV Encontro
Internacional de Tradutores, realizado do dia 7 a 10 de setembro de 2009, em Minas Gerais,
Brasil, o número de subáreas temáticas teve um aumento de quase 100%: (1) Historiografia,
(2) Tradução Audiovisual, (3) Tecnologias da Tradução, (4) Ensino, Avaliação e Acreditação,
(5) Tradução e Psicanálise, (6) Estudos de Corpora, (7) Modelagem da Tradução, Processo
43
Tradutório e Desempenho Experto, (8) Tradução Juramentada e Técnica/Especializada (9)
Terminologia, (10) Tradução Literária, (11) Tradução e Análise Textual (12) Tradução de
Língua de Sinais, (13) Estudos sobre Interpretação, (14) Tradução de Textos Sensíveis,
(15) Ética na Tradução.
É importante ressaltar também a importância de se escolher entre, ou seja, as traduções
propriamente ditas ou se vamos nos deter sobre o processo, ou seja, o momento no qual a
produção está sendo realizada. Escolhemos durante a pesquisa, como já foi dito, nos deter
sobre o processo. Entretanto, se for relevante à pesquisa algum dado observado no produto
podemos sim explorá-lo.
E, finalmente, sendo a Análise do Discurso bastante ampla, com diversos pensadores,
é necessário escolher os que guiam à forma de se observar a tradução nesta pesquisa. Assim
sendo, esta pesquisa está de acordo com a teoria da Análise do Discurso de Patrick
Charaudeau, mais precisamente na teoria dos “atos de fala”, e sua aplicação no campo da
tradução proposta por Corrêa em sua tese (1991).
Segundo Patrick Charaudeau (2008, p.52-63) os atos de linguagem participam de dois
circuitos: (1) o externo (à fala configurada) e (2) o interno (da fala configurada). O primeiro
seria composto pelos “seres agentes” (CHARAUDEAU, 2008, p.53), ou seja, o Sujeito
Comunicante (EUc) e o Sujeito Interpretante (TUi), ligados por um contrato de comunicação.
Estes possuem um saber ligado ao conhecimento da organização do real que sobredetermina a
ação desses sujeitos.
O segundo seria constituído pelos “seres de fala”, ou seja, o Sujeito Enunciador (EUe)
e o Sujeito Destinatário (TUd). Estes sujeitos se constroem pelo discurso, a partir de um saber
ligado às representações linguageiras das práticas sociais.
O contrato de comunicação, pelo qual os seres agentes estão ligados, seria um “acordo
prévio” em que os sujeitos participantes do ato de linguagem estão inseridos, este contrato é
44
composto pelas permissões e restrições que cada ato de linguagem demanda. Segundo
Chaureadeau (2006, p. 68), sobre o que seria o contrato de comunicação, ele expõe:
O necessário reconhecimento recíproco das restrições da situação pelos parceiros da
troca linguageira nos leva a dizer que eles estão ligados por uma espécie de acordo
prévio sobre os dados desse quadro de referência.
Sendo assim, estas permissões e restrições, de natureza socio-historico-cultural,
precisam ser análogas entre EUc e TUi para que ocorra sucesso na interação entre estes
indivíduos. Cabe dizer ainda que é a partir dos pressupostos que EUc possui de TUi que ele
cria um Tud (podendo ou não ser aceito por TUi). Pois segundo Charaudeau (2008, p.56):
A noção de contrato pressupõe que os indivíduos pertencentes a um mesmo corpo
de práticas sociais estejam suscetíveis de chegar a um acordo sobre as
representações linguageiras destas práticas sociais. Em decorrência disso, o sujeito
comunicante sempre pode supor que o outro possui uma competência linguageira
análoga a sua. Nesta perspectiva, o ato de linguagem torna-se uma proposição que o
EU faz ao TU e da qual ele espera uma contrapartida de conivência.
Para exemplificar essa proposta podemos imaginar uma festa na qual temos dois
Sujeitos: A e B. Do ponto de vista comunicativo eles detêm o status de convidados da mesma
festa. Mas o sujeito A sabe que B mora perto de sua casa e que B está de carro, assim, deseja
que B lhe ofereça uma carona. A, a partir de seu conhecimento de mundo, sabe que, sendo os
dois vizinhos, não seria errado pedir carona a B.
Entretanto, sabe que se dirigir de uma forma objetiva demais, como: “Você mora perto
de mim, então me dê uma carona!”, pode soar de forma rude e B poderia interpretá-lo como
um aproveitador. A considera, ainda, um ato de educação e natural B oferecer uma carona a
ele, uma vez que isto não demandaria a B nenhum custo financeiro extra. Todas essas
pressuposições de A estão no chamado circuito externo à fala.
A, ao acreditar que B (TUi) possui esses mesmos conhecimentos prévios, ou seja, B
sabe que A mora na mesma rua que ele e que é educado e natural oferecer uma carona, cria
45
uma imagem de B. Essa imagem seria, então, TUd. E, a partir da criação desta imagem, A
determina a melhor forma de enunciar seu discurso.
O circuito da “fala configurada” de um novo contrato começa no momento em que A
enuncia seu discurso para B. Digamos que A, ao perceber que B saía da festa, pressupõe que
este é o melhor momento de abordá-lo e diz: - Já vai? Você também mora na rua X, né?
Na verdade A não deseja saber se B mora na rua X, pois ele já tem esse conhecimento
prévio, mas sim que B entenda o pedido de oferta de carona embutido na frase. A partir disto
temos algumas possibilidades.
1 – B pode, de fato, entender que A pede uma carona, e também achar educado, uma
vez que são vizinhos, a oferecer. Sendo assim, B aceita a imagem de TUd criada por A (EUc),
Essa imagem feita por A foi depreendida por B no momento que B interpreta o discurso
enunciado por A. Durante o momento da enunciação A passa a ser considerado o sujeito
enunciador (EUe). E B tomando sua vez de enunciar um discurso responde: Sim! Quer uma
carona?
2 – B (TUi) pode não aceitar a imagem (TUd) criada por eu EUc, pois acredita, ao
contrário de A, que A ao pedir uma carona, mesmo que de forma indireta, está querendo se
aproveitar da situação e decide, então, não oferecer a carona, podendo negar o pedido de
várias formas a partir do seu objetivo com o seu enunciado (Ofender A, mentir para A e evitar
mal-estar entre os sujeitos, seja dizendo que vai a outro lugar seja fingindo não ter entendido o
pedido embutido na pergunta de A ou ser sincero, dizendo o motivo de não lhe oferecer
carona).
Essa interpretação feita por B só é possível devido aos demais fatores externos à fala:
cenário (uma festa), situação (momento em que B vai embora), conhecimento prévio (B sabe
que A mora perto dele). Todos esses fatores fazem parte, também, do circuito Externo à Fala.
46
Entretanto B poderia de fato não entender o pedido de A e interpretar que A não sabia,
de fato, que B morava na mesma rua que ele e descobriu durante a festa, querendo, então, só
confirmar a informação. Sendo assim, B simplesmente responderia que morava sim naquela
mesma rua e se despediria de A, de forma que A não teria alcançado o objetivo esperado com
seu enunciado.
É importante ressaltar também que esses circuitos, durante o diálogo, estão em
constante atualização, pois no momento em que B enuncia sua resposta, ela é pautada no seu
conhecimento prévio, ou seja, ele, sendo EUc, cria uma imagem de A (TUd).
Charaudeau (1984, p.44) chama a atenção, também, que esses dois sujeitos estão
ligados por um contrato composto por três componentes: (1) comunicacional, (2) psicossocial
e (3) intencional.
O primeiro diz respeito ao canal físico (lugar onde o discurso é proferido), o segundo
diz respeito ao status social reconhecido pelo outro dentro do discurso (dois amigos,
empregado e chefe, dois desconhecidos etc) e o terceiro diz respeito aos objetivos almejados
pelos participantes do discurso (conseguir uma carona, por exemplo, como no caso citado
acima).
Esses circuitos são interdependentes, vejamos o quadro abaixo que exemplifica o que
foi dito (CHARAUDEAU, 2008, p.52).
47
Figura VII - Observamos aqui os dois circuitos, e sua relação de interdependência, que compõem o ato
de linguagem
E, ainda sobre a teoria de Charaudeau, deve-se lembrar que os atos de linguagem
existem tanto no discurso oral quanto escrito, mas, segundo Corrêa (1991, p29), no ato de
linguagem escrito é a distância espacial e temporal o principal componente comunicacional.
No texto escrito, o EUc produz seu enunciado sem que o TUi esteja presente, ou seja,
as reações observáveis durante o discurso oral, que podem modificar a produção do EUc, não
existem. E por sua vez o TUi, dentro do discurso escrito, pode retornar e interpretar o discurso
por diversas vezes, mudar a ordem da leitura e se ater a seus objetivos particulares.
Uma vez que Corrêa (1991, p.14) acredita que a tradução é o resultado de um duplo
ato comunicativo, no qual o tradutor é em um primeiro momento um receptor (ao ler o texto a
ser traduzido) e num segundo momento emissor (ao produzir uma tradução para um
destinatário), A autora começa a desenvolver a aplicação da teoria dos atos de linguagem para
a tradução.
No primeiro momento, no qual o leitor é o receptor, chamado por Corrêa de tradutorleitor, ele será (TUi) interpretando o enunciado (configurado por EUe) do autor (EUc). Sendo
assim, será tarefa desse tradutor-leitor:
48
Ser capaz de identificar-se à imagem de destinatário mais abrangente, devendo
mesmo entregar-se à tarefa de analisar os efeitos discursivos produzidos, num
esforço de reconstruir hipoteticamente a intencionalidade do texto. As decisões que
o tradutor tiver de tomar ao produzir o texto na língua de tradução (em LT) terão
obrigatoriamente como ponto de referência o resultado dessa atividade analisante.
(CORRÊA, 1991, p.31)
Adentraríamos, então, no plano discursivo-pragmático, numa tentativa de determinar a
“intenção da obra”, quando a autora afirma que o tradutor tem de analisar, inclusive, os
efeitos discursivos produzidos. Pois ao fazer essa afirmação a autora chama a atenção para os
três componentes já citados: (1) comunicacional, (2) psicossocial e (3) intencional.
Passado esse momento de interpretação, tem-se o momento no qual o tradutor deixa de
ser leitor e passa a ser “escrevente”, nesse momento o tradutor passa a ser o “Sujeito
Enunciador” (EUe) de um discurso, este dirigido a um destinatário (TUd) que será
responsável pelo processo de interpretação (TUi) do discurso enunciado pelo sujeito (EUc),
como demonstra o gráfico retirado da dissertação de Corrêa (P.43):
Figura VIII - Essa imagem demonstra o duplo ato comunicativo no qual o tradutor está inserido durante
o processo tradutório
Podemos abordar, ainda, o conceito de “contrato de fidelidade”. Este diz respeito à
“necessidade de” o tradutor ser fiel, não ao autor, mas ao texto original, à interpretação mais
abrangente possível feita pelo tradutor (CORRÊA, p.39), ou seja, o tradutor deveria, no
49
momento que produzir o novo discurso, estar sempre de acordo com o texto original,
produzindo um texto equivalente na língua de tradução (TLT).
Corrêa, em seu artigo de 2000, realizado em co-autoria com Neiva, deixa mais claro
qual seria essa obrigação do tradutor: “Passar um texto numa língua para uma outra
procurando estabelecer, no texto de chegada, uma relação de equivalência semântica,
pragmática, sociocultural e, em alguns casos, também formal, com o texto de partida.”
(CORRÊA E NEIVA, 2000, p.36)
Corrêa conclui que não há uma única tradução fiel, pois diferentes tradutores, assim
como leitores de um texto, podem ter diferentes interpretações, e podem escolher determinado
objetivo comunicativo em detrimento de outro, por acreditar que o primeiro é mais fiel ao
discurso do TLO que o segundo (caso não seja possível manter os dois no TLT). Há, então,
contratos de fidelidade (CORRÊA, 1991, p.25).
E essas escolhas serão justificadas em favor do público-alvo (destinatários) escolhido,
ao se responder a pergunta: Qual forma deverá ter meu enunciado para determinado públicoalvo para que este experimente o mesmo efeito discursivo que o texto original proporciona?
Sendo assim, a presente pesquisa vê a tradução como um ato comunicativo, de forma
que, antes dos tradutores começarem a traduzir, é informado seu público alvo, leitores do
jornal o globo, com o intuito de possibilitar a criação de uma imagem desses leitores pelos
tradutores. E para que tenhamos uma base para analisarmos as motivações das escolhas feitas
pelos tradutores durante o processo tradutório.
Podemos, então, adentrar no universo digital e, logo em seguida, na aplicação desta
realidade ao universo do tradutor.
50
2.0 O UNIVERSO DIGITAL E O TRADUTOR
A “World Wilde Web” (Web), criada em Genebra, mais precisamente nos laboratórios
do CERN (European Organization for Nuclear Research – Organização Européia para
pesquisa nuclear), chamado aqui somente de Web, surgiu no final da década de 80 e se
caracteriza por ser um sistema de hipermídia, conjuntos de várias mídias em suporte
computacional para acessar informações através da internet, ou seja, conjunto de
computadores conectados de forma física.
Foi na década de 1990 que pesquisadores da Universidade de Illinois conseguiram
criar um programa com características simples que permitiam aos textos, até então
monocromáticos, ganharem cores e ainda, ao seu lado, exibir fotos, sons e movimentos: O
navegador “Mosaic” (PÓVOA, 2000, p.12). Foi a partir de então que se deu início à
popularização do acesso ao universo on-line.
No Brasil, segundo pesquisas realizadas e divulgadas pelo Centro de estudos sobre
Tecnologias da Informação e Comunicação (CETIC), desde 2005, o número de famílias com
computadores em seus domicílios vem aumentando gradualmente, assim como o número de
famílias com acesso à internet em suas residências, ainda que em escala menor.
As pesquisas chamam a atenção também para o número de usuários que têm acesso
à Web, e fazem uso de computadores através de Lan-Houses e Cibercafés. E devemos
lembrar, ainda, dos usuários que acessam a Web através de roteadores ligados em uma
residência, que permitem dividir a conexão de rede com o vizinho, sendo em uma escala
maior a propagação da pirataria do ponto de acesso à rede (“gato-net”).
Há, também, usuários que acessam a Web e usam o computador em seus ambientes de
trabalho e, nestes últimos anos, houve uma expansão e popularização do serviço Wireless
(internet sem fio) que chegam às localidades, nas quais a conexão ADSL não chegava, e
51
permite que aparelhos, diferentes dos computadores, acessem a Web (celulares
principalmente).
Vejamos um quadro que demonstra esse aumento gradual de usuários desde 2005 até
20099:
Figura IX - No lado esquerdo observa-se o aumento anual gradual do número de usuários com
computadores em suas residências, no lado direito observa-se o aumento gradual de usuários com acesso à
internet em suas residências
Apesar do aumento progressivo de usuários não é possível afirmar que a grande maioria
dos brasileiros tem acesso à internet. Entretanto, não parece ser possível imaginar um tradutor
em meio a livros em sua escrivaninha, sob a luz fraca de um abajur e que faz sua tradução
através da sua “potente” maquina de escrever, se falamos, obviamente, de um tradutor
inserido no mercado de trabalho atual de tradução.
Isso fica mais claro quando, ao chegar ao local onde seria feita a coleta de dados para a
criação do protocolo, e se deparar com diversos dicionários impressos, um dos tradutores
experientes pergunta, ligeiramente incrédulo, se não haveria dicionários na memória do
computador, pois ele só usava o computador (e suas ferramentas) para traduzir. Sendo assim,
9
Pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil. Disponível em:
<http://www.cetic.br/usuarios/tic/index.htm>. Acesso em: 26 abr. 2010.
52
se não podemos afirmar que o universo digital se tornou algo do cotidiano dos brasileiros,
podemos, ao menos, supor e, muito possivelmente, afirmar, que esse universo digital e a Web,
já se tornaram algo do cotidiano dos tradutores que atuam no mercado.
De tal forma que Pagano já havia observado essa tendência em 2000, como a autora
demonstra nesta passagem:
Na realidade, podemos dizer que a Internet vem progressivamente tornando o lugar
dos dicionários e glossários especializados, não só porque ela abriga inúmeros
dicionários desse tipo, com opções de atualização permanente, mas também porque
ela própria é, de certa forma, um grande dicionário ou enciclopédia, que
pesquisamos por meio de palavras-chaves que operam como uma nova espécie de
verbete.
O auxílio da Internet não se aplica apenas a buscas de terminologia especializada,
como no caso de artigos acadêmicos ou textos dirigidos a um público-alvo
especialista. Ela também auxilia o tradutor em sua procura de significados de termos
de uso cotidiano, porém ainda não incorporados aos dicionários disponíveis.
(PAGANO, p.51)
Sobre essa afirmação devem-se tomar certos cuidados, pois quando a autora afirma
que a internet, de certa forma, é um grande dicionário ou enciclopédia, a autora,
possivelmente, se referia à forma de navegar relativa à primeira fase da Web, na qual o
usuário era passivo em relação ao conhecimento contido na Web.
Atualmente podemos dizer que a Web é um grande dicionário ou enciclopédia em
potencial, mas não mais só isso. Sites de relacionamento (Orkut, Facebook) seriam um
exemplo de lugar virtual no qual a Web não funciona como dicionário ou enciclopédia, pois
esses sites têm como objetivo principal a interação entre indivíduos. 10
Como já foi dito, a internet é um conjunto de computadores conectados de forma
física, diferentemente da Web que seria um sistema de hipermídia para recuperação da
informação através da internet. Para exemplificar a diferença podemos dizer que os programas
de mensagens instantâneas como o MSN, ICQ e Yahoo Messenger não estão contidos na
Web, mas se utilizam da internet para poderem funcionar.
10
Deve-se ressaltar que o Orkut foi criado em 2001 e o Facebook em 2004, sendo assim a autora não poderia
prever esses fatos durante o seu trabalho datado de 2000.
53
Sendo assim, para fins didáticos, chamamos a atenção para essa diferença entre
internet, rede física, e Web serviço de acesso de dados desta rede, através da citação de
Oliveira (2010 p.10) que deixa clara a diferença entre internet e Web:
A internet é uma rede mundial composta por inúmeras redes conectadas. O usuário
tem a impressão de trabalhar com uma única rede graças a um sistema de
comunicação uniforme para todos os computadores conectados.
A internet oferece uma série de serviços para o armazenamento e para a recuperação
de informações tais como a transferência de arquivos (FTP) e o acesso através da
Web. A Web é, portanto, um serviço de acesso a páginas codificadas em uma
linguagem chamada HTML (HyperText Markup Language) e que permite o acesso
por meio de navegadores ou browsers em inglês, de páginas armazenadas em
servidores remotos. (OLIVEIRA, 2010, p.10)
E, Costa, tradutor de Pierre Lévy no Brasil, faz, no apêndice de sua tradução do livro
Cibercultura (1999), uma analogia que permite compreender melhor a diferença entre Web e
Internet:
O nome Internet vem de internetworking (ligação entre redes). Embora seja
geralmente pensada como sendo uma rede, a Internet na verdade é o conjunto de
todas as redes e gateways que usam protocolos TCP/IP. Note-se que a Internet é o
conjunto de meios físicos (linhas digitais de alta capacidade, computadores,
roteadores etc.) e programas (protocolos TCP/IP) usados para transporte da
informação. A Web (WWW) é apenas um dos diversos serviços disponíveis através
da Internet, e as duas palavras não significam a mesma coisa. Fazendo uma
comparação simplificada, a Internet seria o equivalente à rede telefônica, com seus
cabos, sistemas de discagem e encaminhamento de chamadas. A Web seria similar a
usar um telefone para comunicações de voz, embora o mesmo sistema também
11
possa ser usado para transmissões de fax ou dados.
Outro fato que merece uma reflexão cuidadosa é a afirmação de Silva (2005), pois a
autora diz que a internet é uma fonte de subsídios externos: “Uma das tendências mais
perceptíveis hoje em dia é o predomínio da Internet em relação a outras fontes de subsídios
externos mais tradicionais” (2005, p.38).
O que se pretende chamar a atenção é que a internet só se torna uma fonte de subsídios
externos no momento exato em que está sendo usada para tal fim, visto que ela possui apenas
uma potencialidade e, devido a sua enorme gama de possibilidades de uso, não devemos
11
Retirado do Apêndice escrito por Carlos Irineu da Costa, tradutor da obra de Pierre Lévy In: LÉVY, Pierre.
Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999. P.255
54
simplesmente falar de internet como fonte de subsídios externos, há a necessidade de sermos
mais específicos, dizendo em quais lugares dessa vasta rede o tradutor encontrará fontes para
buscas de subsídios externos.
Acreditamos, ainda, que a desenvoltura para recuperação de dados através da Web
exige um maior “saber-como” que exigiriam os dicionários e enciclopédias 12 , por vezes
dentro da rede, motivo pela qual se faz tão importante que sejam estudados suas formas de
uso no auxilio da tradução.
Outro indício dessa realidade sobre tradução e computadores, se encontra na afirmação
de Said (2010, p.125) quando o autor discute sobre as características do tradutor que deseja
montar um escritório de tradução em sua casa:
Destaco também as ferramentas de informática que são imprescindíveis para o bom
andamento do projeto de tradução. É verdade que para ser um bom tradutor não é
preciso usar OCR, nem memória de tradução, nem mesmo computador. Mas
estamos no século XXI e hoje tudo é urgente, tudo é para ontem. E como você
pretende traduzir com rapidez se não tiver as ferramentas tecnológicas
imprescindíveis para que se entre neste ritmo desenfreado do mercado? As questões
de qualidade não se discutem, porque qualidade é algo óbvio em qualquer lugar freelance, enquanto a rapidez e a urgência na prestação do serviço podem ser
diferenciais
Escolhemos pensar na tradução dentro deste contexto, do atual mercado de tradução,
no qual há prazos de entrega e pensamos num tradutor profissional que, apesar de ter a
obrigação de realizar um trabalho de qualidade, precisa “produzir” o máximo possível, uma
vez que o produto das suas traduções é responsável pela manutenção do seu orçamento
mensal.
Estamos de acordo com a afirmação de Said, apesar do conhecimento de uso das
ferramentas digitais não serem indícios para diferenciar o bom do mau tradutor, seus usos se
fazem necessários para que faça parte do mercado de trabalho atual da tradução.
12
Entretanto deixamos claro que dicionários e enciclopédias também necessitam de um “saber como”, um
tradutor iniciante que não entenda como usar o dicionário com suas diversas siglas, por exemplo, poderá não
encontrar determinadas soluções que ele possibilitaria.
55
Em relação à Web, podemos dizer que há duas fases, a primeira fase é intitulada de
somente de Web (BONFIM & SAMPAIO, 2008, p.1), nesta os usuários eram meros
receptores e pouco interagiam na construção do conteúdo da página. Ou seja, os usuários
digitavam ou selecionavam aquilo que desejavam dentro de uma estrutura pré-definida e a
Web lhes fornecia a resposta sem possibilidade de mudança, assim como tradutores que
buscam respostas em dicionários durante o processo tradutório, pois a informação é dada de
forma pronta, sem a possibilidade de alteração ou adequação à realidade contextual do
discurso traduzido.
Atualmente a Web é intitulada de Web 2.0, na qual os sujeitos são ativos no processo
de produção do conteúdo (BONFIM & SAMPAIO, 2008, p.1), o usuário é, além de
navegante, um “construtor”. Não é mais necessário saber programar para criar conteúdo online. Um usuário pode navegar por entre Blogs e, no momento que deseje, criar seu próprio
Blog a sua imagem e semelhança. Em sites como o Youtube é permitido ao usuário assistir
diversos vídeos (O usuário define a programação da sua televisão virtual) e, se desejar,
colocar seus próprios vídeos. Enciclopédias Wikis permitem aos usuários realizarem consultas
e, também, alterar seu conteúdo, sob um “contrato oculto” de melhorar o texto.
Há ainda redes de relacionamento como o Orkut, Facebook, MySpace, SkyRock, Ning
etc. E o podcasting, no qual os usuários podem publicar seus áudios na internet e definir o que
escutar na sua rádio virtual. Todas estas ferramentas citadas são provenientes da Web 2.0.
56
O quadro abaixo deixa clara a linha do tempo que vem da Web até a Web 2.013:
Figura X – Essa imagem demonstra uma linha do tempo na qual pode-se observar os recursos
pertencentes a Web 1.0 e Web 2.0
Em relação à influência da Web 2.0 na vida do tradutor, observamos um número
crescente de blogs sobre tradução e sobre tradutores que desejam se promover dentro do
mercado, além de sites. Alguns destes se tornaram, de certa forma, redes de relacionamento
de tradutores, tais quais: Proz.com14, Translatorscafé.com15 e o Fidusintrepres.com16. Nestes
sites podemos observar a interação entre tradutores, de forma que um estudo sobre elas nestas
comunidades poderia ser interessante, sendo assim, fica uma proposta para pesquisas
próximas.
13
Imagem retirada da apresentação de PowerPoint realizada por Bohn em 2009, mestranda da UFMG, para
apresentação no IV Evidosol/I Ciltec-online. Disponível em: <http://www.vanessarodrigues.net/evidosol_2009/>.
Ultimo acesso em: 22 mar. 2010.
14
www.proz.com
15
www.translatorcafé.com
16
www.fidusinterpres.com
57
Atualmente nasce a noção de “Web Semântica”, termo criado em 2001 por Tim
Berners Lee, James Hendler e Ora Lassila através de um artigo publicado na revista
“Scientific American” intulado: The semantic Web. De forma simples, a Web Semântica seria
caracterizada por uma Web capaz de entender o conteúdo das páginas da Web.
Atualmente quando o usuário deseja uma informação e utiliza um site de busca, os
resultados são baseados em diversos fatores, entre ele a recorrência das palavras buscadas nas
páginas e o lugar no qual as palavras buscadas se encontram (Título, corpo do texto, tags etc).
Sendo assim, muitas vezes, durante a procura da informação, as ferramentas de busca
trazem páginas que não são interessantes ao sujeito, por diversos fatores: (1) Apesar do título
da página conter a expressão procurada, esse título não remete ao assunto desejado, (2) os
proprietários das páginas, para tornar suas páginas mais acessadas inserem diversas palavraschaves (tags) na sua página, ainda que não tenha muito a ver com o assunto abordado na
página, (3) a ferramenta de busca não consegue diferenciar parônimos: ao buscar “manga”
desejando aprender a costurar uma camisa, a ferramenta de busca pode retornar uma página
que fale da manga fruta por ter encontrado nesta página diversas menções a essa palavra
buscada.
Em suma, uma página que contenha exatamente a informação que o usuário desejava
pode ficar no final da lista das páginas indexadas, muitas vezes composta por centenas ou
milhares de páginas, devido ao fato da ferramenta de busca utilizar, entre outras, as regras
descritas acima para a ordem de indexação das páginas.
Deve-se chamar a atenção que a Web 2.0 e a Web Semântica não são excludentes
entre si, na verdade, a Web Semântica manteria as propriedades da Web adquiridas na versão
2.0, ou seja, a capacidade de qualquer usuário publicar conteúdos na rede e ser ativo na
construção do conhecimento em rede, o que diverge a Web 2.0 da Web semântica diz respeito
58
à forma como essa Web interpreta os dados inseridos pelos usuários, pois ela seria capaz de
identificar o sentido “semântico” inclusos nos dados inseridos pelos usuários.
Em suma, temos desde o início a mesma Web que vai evoluindo, adquirindo novas
características. Na Web tínhamos informações na rede que só podiam ser criadas por
programadores (pessoas com conhecimentos de programação) e não havia a possibilidade de
interação entre usuário e conteúdo. Tínhamos então um usuário “navegador”, como um
marinheiro que não pode mudar o mar, mas pode adquirir conhecimentos necessários para
navegá-lo da melhor forma possível.
Na segunda fase, Web 2.0, as informações criadas na rede são fornecidas por qualquer
usuário, sem que seja necessário um amplo conhecimento de programação, e, em geral, o
conteúdo das páginas pode ser editado, modificado ou sofrer complementação por outros
usuários. Sendo assim, o usuário passaria a ser um “construtor”, como um pedreiro, que
apesar de ter de respeita as leis da física pré-dispostas no seu universo, pode, a seu bel-prazer,
construir seus imóveis da forma que achar mais proveitoso.
Na terceira fase, Web semântica, a mudança não está na forma de como o usuário
manipula os dados, mas de como a Web entende os dados fornecidos pelos usuários, ou seja,
continuamos tendo um usuário “construtor”, mas passamos a ter uma Web “inteligente”, ou
seja, a Web passa a ser capaz de entender o objetivo do usuário.
Sendo assim, simplificando, imaginemos que esse usuário “construtor” resolva pintar
seu imóvel recém-construído. Na Web 2.0, esse “construtor” teria que dizer claramente qual a
marca, cor e textura da tinta desejada, já na Web semântica bastaria dizer que gostaria de uma
tinta para pintar o lado externo da casa e seria fornecida a melhor tinta para tal fim.
Em suma, a Web semântica entenderia o conteúdo “semântico” das páginas indexadas
na sua rede, fornecendo ao usuário as páginas que realmente são relevantes para que ele
obtenha a informação desejada de forma mais precisa. Enquanto a Web 2.0 revolucionou a
59
forma como o usuário cria na Web, a Web Semântica revolucionaria a forma como a Web
fornece a informação ao usuário.
O fato, entretanto, indiferente de estarmos na Web 2.0 ou Semântica é que o uso da
Web, seja para a comunicação entre tradutores, seja para realizar traduções, seja para discutir
sobre assuntos cotidianos do seu ofício, já se tornou um fenômeno usual ao tradutor que atua
no mercado.
Em relação às pesquisas sobre Web e tradução, citamos a pesquisa de Araújo (2005),
na qual o autor analisa os percursos que um tradutor realiza dentro do site de busca Google
para resolver problemas tradutórios a partir da observação de um tradutor durante o processo
tradutório.
Entretanto, nessa pesquisa, o tradutor traduz um texto da sua língua materna para uma
língua estrangeira, ou seja, o tradutor, falante de português, verte um texto para o inglês.
Possivelmente o caminho inverso geraria estratégias diferentes de busca, além de utilizarmos,
aqui, pares linguísticos diferentes que também podem levar a estratégias diferentes.
Há, ainda, o trabalho de Silva (2005) no qual a autora analisa o uso de buscas externas
no momento da tradução. Sobre este trabalho é importante fazer algumas considerações.
Primeiramente a autora inclui no seu trabalho o universo digital e a Web, mas a autora utiliza,
durante parte de sua pesquisa, uma conexão discada máxima de 56kbps, velocidade,
atualmente, considerada baixa, principalmente para acessar alguns recursos da Web 2.0. E a
tradutora traduzia textos de temas religiosos. Sendo assim, já havia em seu computador
enciclopédias específicas para este fim.
Um tradutor que traduza textos de áreas do conhecimento diversas não poderia fazer o
mesmo, sendo obrigado a recorrer a outras ferramentas, possivelmente utilizando mais as
ferramentas on-line que a tradutora da pesquisa de Silva (2005), pois necessitaria atualizar seu
60
conhecimento de mundo sobre diversos assuntos, tendo a necessidade, possivelmente, de ter
um número maior de enciclopédias especializadas.
Outro fator que se deve levar em conta é que ambas as pesquisas trabalham com o par
linguístico inglês-português, enquanto que a presente pesquisa trabalha com o par linguístico
francês-português o que gera outro diferencial à pesquisa.
E finalmente, em relação às pesquisas realizadas na própria faculdade de letras da
UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que visavam analisar as estratégias
tradutórias (CUNHA, 2002 e PORTELA, 2002), não se aborda essa nova realidade do
tradutor, possivelmente por não ser algo, na época da pesquisa, relevante.
Os tradutores realizavam as traduções através de consultas aos dicionários impressos e
usavam papel e caneta durante a tradução. Acreditamos que seja interessante, então, fornecer
ao tradutor como ferramenta para traduzir o computador com acesso à Web.
Fator interessante, também, é que mesmo em cursos de tradução em nível de
especialização, não se dá importância ao universo digital que pode ser utilizado pelo tradutor
com o intuito de auxiliá-lo na busca de soluções de problemas de tradução17:
17
DANIEL de Brito: Curso de especialização de tradutores. Disponível em: <http://www.dbb.com.br/>. Acesso
em: 3 maio 2010.
61
Figura XI - Chamada explicativa do curso de tradução Daniel Brilhante de Brito.
O curso Daniel Brito, bem referenciado como curso de tradução do Português-Francês
no Rio de janeiro, como podemos perceber na chamada acima, não destina um momento para
familiarizar os novos tradutores com possíveis ferramentas digitais de tradução.
O curso de especialização da PUC-Rio, em tradução do par linguístico inglêsportuguês, também não destina em momento algum, ao menos não é demonstrado de forma
clara durante sua chamada para o curso, um módulo que vise aprimorar o “saber-como” em
relação às ferramentas digitais utilizadas para traduzir18:
18
TRADUÇÃO Inglês-Português: Curso de especialização.
rio.br/letras/esptraducao.htm>. Acesso em: 14 dezembro 2010.
Disponível
em:
<http://www.cce.puc-
62
Figura XII – Chamada explicativa do curso de tradução da PUC-Rio
Sobre a imagem acima, observamos que a chamada, ao longo dos “objetivos do
curso”, cita o desenvolvimento de uma metodologia de pesquisa, deixando claro, inclusive,
que ela é de natureza terminológica e temática, mas, aparentemente, não tem a ver com
questões que envolvem a busca na Web. De forma que o programa do curso não discorre em
momento algum sobre a questão da tradução e tecnologias.
Baseados em Evans e Nation (1993), acreditamos que é necessário que o usuário, aqui
o tradutor, tenha um “saber-como” (know How) em relação às ferramentas digitais, do oposto
elas são apenas “coisas digitais”.
“technology” is a form of knowledge.... Technological “things” are meaningless
without the “know-how” to use them, repair them, design them and make then. That
63
know-how often cannot be captured in words. It is visual, even tactile, as in the
various disciplines of engineering. 19 (EVANS E NATIONS, 1993, p.14-15)
Um tradutor é um usuário, pessoa que precisa desse “saber-como” operar o
computador e seus periféricos (mouse, teclado) e, uma vez dentro da web, "saber-como"
recuperar as informações necessárias para resolver seus problemas, aqui problemas
tradutórios. De tal forma que um curso que proponha ensinar a traduzir deveria, também, dar
conta do ensinar esse “saber-como”, ajudar o aluno a adquirir essa técnica.
Por ora, entretanto, deixemos de lado a questão do domínio dos periféricos, e adentremos
na questão relacionada, mais especificamente, às formas de obtenção de informações na rede
e quais seriam essas ferramentas de solução de problemas de tradução na Web.
2.1. Formas de navegação e obtenção da informação na web
Imaginemos um usuário sem nenhuma experiência na internet. Este não teria outra
opção a não ser, a partir da página inicial do navegador que utiliza, clicar nos diversos links,
navegando em diversas direções em busca da informação desejada.
Não dificilmente, esse usuário encontraria diversas informações, mas caso seu objetivo
fosse adquirir uma informação muito específica, haveria uma grande possibilidade de ele ter
sua navegação interrompida antes de alcançá-la, desde que, obviamente, essa página inicial
não fosse um site de busca ou de diretórios.
Segundo Batista (2007, p.10-11), além dessa forma de busca, que seria apenas "livre
navegação", há duas outras formas de obter informação na rede: (1) o usuário poderia utilizar
um guia de assuntos, conhecidos como diretórios, onde as informações são organizadas em
categorias e subcategorias, ou seja, o usuário passa a fazer uma “navegação” direcionada
(BATISTA, 2007, p.14).
19
“tecnologia” é a forma de conhecimento... Coisas tecnológicas não possuem sentidos sem o “saber como” usálas, repará-las, projetá-las e produzi-las. Esse saber-como, freqüentemente, não pode ser apreendido com
palavras. Ele é visual, até mesmo palpável, assim como em diversos campos da tecnologia. (tradução minha)
64
A partir de grandes temas, o usuário clicaria nos links e seria direcionado a subáreas
deste tema, tendo assim, maior possibilidade de encontrar uma informação mais específica. A
imagem abaixo pode demonstrar melhor o que foi explicitado20:
Figura XIII – Dmoz: site de busca por diretórios
Ainda segundo Batista (2007, p.11), o usuário que optasse por não utilizar nem a
navegação livre, nem a busca por diretórios, poderia recorrer a sites de busca (segunda forma
de obter informação na rede), no qual o usuário digita, em um espaço do site, uma ou mais
palavras, que considere crucial (palavras-chaves) dentro do assunto que busca. Em suma,
palavras que têm uma grande possibilidade de estarem contidas nas páginas sobre o assunto
procurado.
20
Figura retirada do site http://www.dmoz.org/. Esse site é um projeto de diretório aberto, onde qualquer usuário
poderia catalogar páginas dentro do site, com intuito de torná-lo um diretório o mais completo possível.
65
O site de busca irá, então, listar todos os sites, ou melhor, um grande número de sites,
que possuam essas palavras. Dentre os sites de busca citamos: Yahoo Search21, MSN Search22,
Alta Vista 23 e o Google 24 , sendo este ultimo o mais popular, tendo 64% das pesquisas
realizadas na Web25:26
Figura XIV - Google - Site de busca por palavra-chave
De uma forma geral, ainda segundo Batista (2007, p.20), os sites de buscas funcionam
a partir de três etapas básicas: (1) Primeiramente há um programa específico, chamados, entre
outras nomenclaturas, de “robôs”. Esse programa coleta informações sobre as páginas da web
criando uma base de dados para o mecanismo de busca. (2) Em seguida, uma vez que as
informações já foram indexadas na base de dados do site de busca, é feito o cruzamento dos
dados armazenados com os dados digitados pelo usuário. E, finalmente, (3) os dados são
apresentados ao usuário para que ele possa escolher os que lhe são mais relevantes.
De acordo com Batista (2007, p.16), nos diretórios temos uma indexação humana, o
que permitiria um maior controle do conteúdo apresentado, enquanto que nos buscadores, por
terem sua indexação feita de forma automática, há menos controle do conteúdo, mas
apresentam um maior número de opções aos usuários.
21
www.yahoo.com
www.msn.com
23
www.altavista.com
24
www.google.com
25
Fonte: http://en-us.nielsen.com/main/news/news_releases/2009/may/Nielsen_Online_Search_Data
_April_2009 Consultado em 7 de abril de 2010.
26
www.google.com.br
22
66
Contudo, é importante ressaltar que, mesmo sendo feitos de forma automática, os
“robôs” não conseguem indexar, segundo estudos de Lawrence e Gilles, mais do que 42% de
800 milhões de páginas disponíveis, estudos realizados em 199927, ou seja, 11 anos atrás.
Atualmente, segundo uma reportagem publicada no site “news.com.au” há mais de um
trilhão de páginas e o Google já cadastrou mais de um trilhão de endereços eletrônicos. Em
suma, mais endereços eletrônicos do que pessoas no mundo, cerca de 6,7 bilhões28.
Oliveira (2010, p.19-20) sugere que um usuário que deseje aumentar suas chances de
encontrar uma informação, deveria utilizar diversas ferramentas de buscas, pois as ordens de
apresentação das páginas variam de ferramenta para ferramenta. O autor cita dez ferramentas
de busca diferentes que poderiam ser usadas durante a pesquisa: Ask.com 29 , Google 30 ,
Microsoft31, Yahoo32, BuscaUol33, AltaVista34, HotBol35, Netscape36, MSN37 e Sapo38:
Além disso, a forma de ordenar os resultados obtidos varia de serviço para serviço.
Isto quer dizer que, mesmo que os serviços tenham indexado as mesmas páginas
Web, é possível que os primeiros resultados apresentados por eles sejam muito
diferentes. Isto é importante, pois a maioria das pessoas ao estudar as respostas dos
sistemas de busca não passa da primeira página de resultados, se for utilizado apenas
um serviço de busca é possível que não sejam recuperadas páginas interessantes.
Lembre-se sempre que a diversidade é um elemento essencial. (OLIVEIRA, 2010,
p.19)
Concordamos com a afirmação de Oliveira sobre as diferentes formas de apresentação
das páginas indexadas pelas ferramentas de busca, porém parece ser muito desgastante ao
tradutor consultar tantas ferramentas de busca. Sendo assim, a opção de buscar em tantas
ferramentas diferentes parece ser viável apenas depois de outras estratégias que se apresentem
sem sucesso.
27
Para maiores informações verificar referências: INTRONA, Lucas D.; NISSENBAUM, Helen
Para maiores informações verificar referências: HOW big is the internet? News.com.au.
29
www.search.ask.com
30
www.google.com.br
31
www.bing.com
32
www.yahoo.com.br
33
www.buscauol.com.br
34
www.altavista.com
35
www.hotbot.lycos.com
36
www.search.netscape.com
37
www.search.msn.com
38
www.sapo.pt
28
67
Como observamos, há três formas de obtenção informação na Web. Mas ao realizar as
pesquisas com os tradutores, notamos que todos preferem realizar suas buscas através de sites
de buscas e todos preferiram utilizar o Google como ferramenta de busca inicial. Sendo assim,
nos deteremos neste buscador com maior ênfase.
2.1.1 O Google
Segundo o livro “Google: o guia definitivo” (2009, p.9), compilado por Freitas, Picolo
e Rizzos, o Google surgiu em 2006, caracterizado por ser um projeto de doutorado dos
estudantes Larry Page e Sergey Brin. A idéia original era apresentar um buscador que
possuísse uma publicidade discreta de tal forma que não se detivesse nela por muito tempo,
possivelmente para dar ao usuário um ambiente menos poluído visualmente e por
consequência mais agradável.
E, ainda, segundo esse mesmo livro, o Google apresenta aos usuários, além de
ferramenta de busca: fóruns de discussão, calculadora, blocos de notas, agenda, blogs
(blogger), site de relacionamento (Orkut), serviço de mensagens instantâneas (Talk), email
(Gmail), sítios para armazenar vídeos (Youtube), fotos (Picasa), textos (Google Docs) e
dicionários (Google dicionário)..
Em relação às buscas propriamente ditas, elas podem ser feitas, não só por palavras,
mas também por imagens (Google imagem), mapas (Google maps ou Google earth e Street),
trabalhos acadêmicos e blogs, e, ainda, há a possibilidade de fazer pesquisa utilizando a opção
de diretórios.
Além desta vasta gama de opções, o que também diferencia o Google dos demais
buscadores seria o método utilizado para apresentação das páginas da Web. Segundo Freitas,
Picolo e Rizzos (2009, p.69) as páginas são organizadas a partir de um “ranking de páginas”,
conhecido por PageRank, segundo os autores, uma página sobe no ranking, se tornando uma
68
página respeitada e confiável, ao ter links que levam a outras páginas consideradas
respeitadas.
Não há especificações se há outros critérios para a ordenação das páginas e
determinação da nota da página no PageRank, por exemplo, número de vezes que a palavra
desejada aparece na página, proximidade entre as palavras pesquisadas, local da página onde a
palavra aparece. Sendo assim, podemos concordar com a afirmação de Batista (2007, p.29)
quando o autor afirma que há uma obscuridade em relação à implementação e a combinação
dos critérios, e, normalmente, ele, como mostra Batista (2007) ao longo de sua dissertação,
está direcionado aos interesses específicos da empresa.
Além da história do Google e seu funcionamento, Freitas, Picolo e Rizzos demonstram
certos caracteres, chamados de “operadores”, que vão definir a ordem da apresentação dos
dados, por exemplo:

Colocar um sinal de “+” entre as palavras pesquisadas gerará páginas
que apresentem todos os termos presentes na pesquisa.

Em contrapartida, colocar o sinal de “-“ excluirá da pesquisa as páginas
que contenham esses termos anteriores ao sinal.

Utilizar “or” ou “/” entre as palavras pesquisadas fará com que sejam
apresentadas páginas que contenham um ou outro termo pesquisado

Colocar uma expressão entre “aspas” levará o Google a buscar páginas
que contenham a expressão exata daquilo que foi procurado.

Os “três pontos” entre números trarão páginas que contenham os
números presentes dentro desta escala numérica.

O asterisco funciona como um curinga, sendo assim o Google irá
apresentar qualquer expressão que o substitua. Ex: “assessoria * imprensa” gerará
buscas com palavras como “assessoria de imprensa”, “assessoria para a imprensa” etc.
69
Vejamos abaixo uma tabela transcrita desse livro (Google, o guia definitivo):
Notações
Resultado encontrado
Exemplo
termo1 termo2
Tanto o termo1 quanto o termo2
[ chocolate
cacau ]
Termo1 OR termo2
O termo1 ou o termo2 ou os dois termos
[ Taiti OR Havaí ]
Termo1  termo2
[ Taiti  Havaí ]
+termo
Com o termo (o operador + é normalmente
utilizado a frente de stop words que o Google de
outra forma as ignoraria ou quando você quiser
que o Google retorne apenas páginas compatíveis
com o seu termo de forma exata. Entretanto, o
operador + pode ser usado em qualquer termo)
[ +O Dia ]
-termo
Sem o termo
[ Clube Santos –
futebol ]
~termo
Com o termo ou um de seus sintomas
[ ~carro ]
Número1..número2
Um número específico variando entre outros dois
números
[ bicicleta
reclinada
$250..$1000 ]
“termos1 * termos2
Com uma frase (entre aspas) e o * substituindo
uma ou mais palavras
[ “Google * minha
vida” ]
“frase”
Com a frase, nome próprio ou série de palavras de
forma exata numa ordem específica
[ “filmes
favoritos” ]
[ “Rio de
Janeiro” ]
(FREITAS, PICOLO e RIZZOS, 2009, p.28-29)
Cabe, entretanto. lembra que o Google permite a opção de realizar uma “pesquisa
avançada”, evitando que o usuário seja obrigado a saber os operadores do Google caso deseje
um informação mais específica.
Após tudo o que foi exposto, podemos observar que, para que haja uma pesquisa bem
sucedida, há a necessidade de um conhecimento do tradutor sobre as possibilidades de uso da
ferramenta de busca, de tal forma que, quanto mais específica for a informação desejada,
70
maior competência para uso da ferramenta o tradutor deverá possuir. Exporemos então quais
seriam essas diversas ferramentas que auxiliam o tradutor durante o processo tradutório.
2.2. Algumas ferramentas digitais de tradução e suas possibilidades de uso
Ao analisarmos as ferramentas que podem auxiliar durante o processo tradutório,
observamos que poderíamos dividi-las com base em dois paradigmas distintos. O primeiro
diria respeito ao “on-line” e “off-line”, ou seja, as ferramentas que só podem ser utilizadas
quando o computador está conectado à internet e o segundo seriam ferramentas que estão
operantes, sendo indiferente se computador está conectado ou não. Essas ferramentas estão
instaladas na memória do computador ou outras mídias físicas, como discos, Pen Drivers e
outras formas de armazenamento externo ao computador.
Entretanto, essa diferenciação não parece ser muito proveitosa, pois teríamos de
colocar em lugares diferentes, por exemplo, dicionários similares, uma vez que podemos têlos, tanto na memória do computador, quanto na Web. Parece, então, ser mais útil dividir as
ferramentas em relação as suas possibilidades de uso.
Classificamos então as ferramentas tradutórias em “específicas” e “potenciais”. As
“ferramentas específicas de tradução” seriam aquelas ferramentas tradutórias que têm como
único fim a realização de traduções. Seria o caso dos “tradutores automáticos” e dos
“Computer Aided translations” (CATs - Traduções assistidas por computador) que incluem
suas ferramentas, tais quais: gestão de terminologia, memória de tradução, alinhamento e
linguagem controlada.
O segundo grupo seria composto por ferramentas que auxiliam o tradutor durante o
processo tradutório, mas não tem como finalidade “específica” a tradução, podendo ou não
71
serem utilizadas para tal fim. Temos, então, “ferramentas de tradução em potencial”, tais
como: Dicionários, enciclopédias, sites buscadores e fóruns.
Devemos chamar a atenção ao fato de que a lista não se fecha nas possibilidades
descritas acima, principalmente no que diz respeito às ferramentas “potenciais”, pois estas
exigem, além do domínio do tradutor em relação à forma de uso, uma criatividade para
adaptação da ferramenta como ferramenta de tradução. Algumas menos, como no caso do
dicionário, algumas mais como no caso de uso de sites de busca para criação de corpora, ou
utilizar a opção “outros idiomas” do Wikipédia para busca de termos específicos. Em suma,
pode haver formas de usos e ferramentas que não foram observadas na pesquisa.
Discorreremos, então, primeiramente, sobre as ferramentas específicas de tradução e
em seguida falaremos das ferramentas potenciais.
2.2.1 Ferramentas específicas de tradução
Ao digitarmos no Google a palavra CAT, observaremos que há uma grande tendência
a associar essa ferramenta à memória de tradução, fato compreensível uma vez que toda
ferramenta CAT apresenta este recurso. Entretanto, escolhemos, no presente trabalho,
diferenciá-los, pois acreditamos que o CAT é um software que é composto por esse recurso,
além de outros.
Os recursos, segundo Said (2010, p.135) seriam: alinhamento, gestão de terminologia,
controle de qualidade e a capacidade de manipular formatos geralmente não editáveis através
de processadores de textos comuns.
E, ao pesquisarmos sobre as ferramentas CATs na literatura francesa, observamos que
há uma tendência a se referir as mesmas através da sigla TAO (traduction assistée par
ordinateur). Escolhemos neste trabalho, então, adotar como relativa a este programa, a sigla
72
TAC, que será utilizada daqui por diante, fazendo referência a sua possível tradução para o
português (Tradução Assistida por Computador)
De forma sucinta podemos dizer que os TACs são softwares que segmentam o texto
em pequenas partes (frases ou períodos 39 ) visando facilitar o trabalho do tradutor. Cada
segmento da tradução realizado é salvo ao lado do TLO respectivo, facilitando a comparação
entre ambos.
Esses segmentos são salvos em uma base de dados, que seria a memória de tradução,
de forma que, conforme o tradutor for utilizando o TAC, o programa vai criando uma base de
dados cada vez mais extensa, que permitirá ao tradutor reutilizar essas estruturas seja no
mesmo texto, ou em textos diferentes.
Alguns TACs permitem, ainda, realizar buscas de segmentos que não tenham uma
similaridade 100% com o segmento a ser traduzido. Essas consultas à base de dados são feitas
automaticamente. Sendo assim, cabe ao tradutor ter bom senso, selecionando as passagens
que podem ser traduzidas da mesma forma ou não. Abaixo um exemplo de uma interface de
TAC40:
39
Não entraremos na discussão sobre o que esses programas consideram como “unidade mínima de tradução” e
se de fato essa segmentação não prejudica a análise do contexto do texto como um todo. O que poderá vir a ser
outra pesquisa nesta área.
40
Retirado do site oficial do software WordBee: http://www.wordbee.com/Tour/Screenshots.aspx?screen=.
Visitado em 18 de maio de 2010.
73
Figura XV - Exemplo de ferramenta de “tradução assistida por computador”
Ainda segundo Said (2010, p.35) agências de tradução, ao encomendarem uma
tradução, têm uma tendência de enviar o arquivo a ser traduzido já segmentado a partir de
algum programa TAC. Existe certa gama de programas TACs, dois deles, entretanto, se
apresentam como sendo mais populares: Tradus e Wordfast.
Segundo o site oficial do Trados41, o Trados seria um software criado na Alemanha e
sua primeira versão data de 1984. Seu nome é a abreviatura de “Translation &
Documentation Software”. Este software conta com três tecnologias básicas para auxílio do
tradutor: Memória de tradução, Gestão de terminologia e Localização de Software 42. Esse
programa, ainda segundo o site oficial do Trados, custa $445, convertidos para reais, hoje,
custaria aproximadamente R$ 800,00.
41
42
www.trados.com. Visitado em 18 de maio de 2010.
A gestão de Software é uma ferramenta que auxilia na tradução da interface de softwares
74
Já o Wordfast teve sua primeira versão em 1999 e criado na França segundo seu site
oficial43, se popularizou, possivelmente, devido ao fato de que sua primeira versão, intitulada
atualmente de “WordFast Classic”, era uma extensão do Word, motivo do seu nome “Word
Fast”.
Esse TAC era gratuito até 2002, atualmente ele custa 330€, ou seja, aproximadamente
750 reais. O WordFast, assim como o Trados, apresenta uma memória de tradução e Gestão
de terminologia, além da possibilidade de “Fuzzy Searching”, ou seja, buscar segmentos que
não são 100% similares ao que se deseja traduzir.
Atualmente parece haver uma tendência a migração para TACs on-line, de forma a
poderem ser utilizados em qualquer computador. O tradutor teria uma conta de acesso e não
ficaria preso ao seu ambiente de trabalho para utilizar tal programa. Um exemplo disto é o
WordBee. Neste, o tradutor paga uma assinatura de 290€ ao ano44, 660 reais aproximados ou
24€ por mês, 55 reais aproximados.
Esse TAC apresenta as mesmas funções básicas dos demais, que serão detalhadas mais
adiante, TACs: memória de tradução, Gestão de terminologia e “Fuzzy Searching”, e,
segundo o site oficial do software, esse TAC ajuda o tradutor a calcular os preços da tradução
e apresenta uma característica muito comum na Web 2.0, a possibilidade de produção e
edição de textos em grupos. Ou seja, o tradutor daria acesso ao texto a ser traduzido a outros
tradutores e todos poderiam editar e traduzir esse texto.
Como podemos observar, as ferramentas TACs, em geral, são pagas, o que exigira um
investimento inicial do tradutor. Sendo assim, estas ferramentas seriam mais utilizadas por
empresas de tradução, ou tradutores profissionais, ainda que free-lancers, que possuam uma
alta demanda de traduções a serem realizadas, de tal forma a justificar o investimento.
43
44
www.wordfast.net. Visitado em 18 de maio de 2010
Site oficial: www.wordbee.com/Prices.aspx. Visitado em 18 de maio de 2010.
75
Em geral as ferramentas TACs permitem ao usuário uma fase de teste, como é o caso
do Trados que permite uma fase de teste por 30 dias e o WordBee que permite a inscrição e
utilização do seu serviço por 21 dias, ou ainda, a ferramenta é liberada pela empresa com
restrições de uso, como a Wordfast que permite seu uso, mas apresentará uma taxa máxima de
armazenamento de 500 “unidades de tradução”.
Entretanto, atualmente, o Google apresenta uma possibilidade de ferramenta TAC
totalmente gratuita, intitulada Google Translator ToolKit. Este TAC apresenta, assim como o
WordBee a possibilidade de compartilhamento dos textos com outros usuários, basta ter uma
conta no Google que o tradutor tem a permissão de utilizar esta ferramenta.
O Google Translator ToolKit também divide o texto em segmentos, tem a opção de
gestão de terminologia e memória de tradução e ao fazer o carregamento do arquivo a ser
traduzido (sendo que este arquivo pode ter no máximo 1MegaBite) o Google apresenta
inicialmente uma tradução automática do texto, esta que será editada pelo(s) tradutor(es).
Abaixo temos um exemplo do corpus trabalhado nesta pesquisa quando aberto pelo Google
ToolKit Translator:
76
Figura XVI - Ferramenta de tradução assistida do Google
E antes de adentrar nos tradutores automáticos, vejamos de forma didática, algumas
funções que podem ser apresentadas pelos TACs:
Segmentação: É a característica de dividir o texto a ser traduzido em pequenos
segmentos, como frases ou orações com o intuito de facilitar a tradução.
Memória de tradução: É a característica do programa de memorizar cada segmento
traduzido ao lado do TLO facilitando a comparação entre ambos e criando, conforme seu uso,
um glossário.
Alinhamento: É o recurso de abastecer o banco de dados com outros textos não
traduzidos pelo TACs, e utilizar seus segmentos posteriormente para auxiliar nos textos a
serem traduzidos nessa ferramenta.
Gestão de terminologia: É o glossário criado pelo programa TAC, este glossário
permitira o controle e a uniformidade dos termos traduzidos.
77
Controle de qualidade: É um recurso que permite um controle da uniformidade do
texto, evitando erros, segundo Said (2010, p.137): espaçamento duplo, numeração diferente
do original, pontuação problemática e marcas de formatação ausente ou em locais estranhos.
E cabe finalmente lembrar que os TACs permitem trabalhar com formatos de arquivos
diversos, além do DOC (Word) como o XML (Excel), TXT (Bloco de notas), PPS (Power
Point) entre outros.
Depois de tudo que foi exposto não é difícil entender a diferença entre tradutores
automáticos e os TACs. É verdade que após um glossário extenso na memória dos TACs, eles
podem vir a traduzir um texto automaticamente, entretanto, esta não é sua função original. No
caso dos tradutores automáticos, eles já possuem desde sua instalação um glossário, de forma
que ao inserirmos um texto eles são obrigados a vertê-lo totalmente para a língua traduzida.
Outro fator que diferencia as duas ferramentas é que os TACs aceitam um grande
número de idiomas, ao contrário do tradutor automático que, apesar de uma vasta gama de
possibilidades, não aceita idiomas além dos que foram programados.
No mercado de tradutores automáticos podemos citar pelo menos três tradutores
conhecidos no mercado: o PowerTranslator, Systran e Google Tradutor. Em relação ao
funcionamento dos tradutores automáticos não há muito a ser dito: O usuário insere o texto a
ser traduzido e o tradutor automático dá uma versão traduzida do texto.
Talvez o que chame a atenção de fato é a tentativa de gerar tradutores automáticos
capazes de aprender, através de “inteligência artificial”. O PowerTranslator, talvez o que
possui menor nível de aprendizado dentre os citados acima, permite ao usuário editar seus
dicionários, acrescentando novas traduções e, quando acoplados a um editor de texto (como o
Word), o PowerTranslator permite que o usuário modifique a forma de traduzir determinada
expressão fornecida pelo programa.
78
Já o Systran, segundo seu site oficial45, trabalha com a tecnologia de comparação de
traduções, ou seja, o usuário insere traduções nos bancos de dados do software (similar a
ferramenta de alinhamento dos TACs) e ele tem o trabalho de internalizar essas estruturas.
E, não muito diferente dos sistemas mencionados acima, temos o Google Tradutor,
com uma diferença crucial, ao invés de termos um usuário que alimenta o sistema, temos uma
rede de usuários que alimentam esse sistema.
E devemos lembrar que o Google tradutor é capaz de comparar as páginas indexadas
no Google entre si com o intuito de expandir e atualizar seu banco de dados. Esses fatores
permitem ao Google Tradutor, além de ser gratuito e totalmente on-line (não precisa ser
instalado), ser, atualmente, um tradutor automático de grande repercussão.
Segundo uma reportagem publicada na revista VEJA, intitulada “A língua do
Google”46 de 2006 para 2010 o Google passou a traduzir de 3 idiomas para 52 idiomas e
pretende em 2020 traduzir em pelo menos 250 idiomas.
E, ainda segundo a revista, o nível de tradução do Google seria de satisfatório a bom,
dependendo do idioma, sendo a noção de bom e satisfatório, segundo a revista a seguinte:
Ruim – Embora apresente todas as palavras do trecho traduzido, mais se parece com
uma “salada de palavras”.
Satisfatória – Permite a compreensão do texto, mas traz falhas facilmente
perceptíveis que, por vezes, atrapalham o andamento da leitura
Boa – Surpreende o leitor, embora ainda contenha erros evidentes
Muito Boa – O leitor tem a impressão de que a tradução foi feita por alguém que é
fluente na língua. É o alvo dos principais tradutores automáticos
Perfeição – Ninguém espera alcançá-la. Como já sabiam os romanos, o tradutor é
sempre um traidor.
45
http://www.systransoft.com. Visitado em 18 de maio de 2010
Disponível em: <http://clippings-artigos.blogspot.com/2010/05/lingua-do-google.html>. Acesso em: 18 maio
2010.
46
79
Sobre a passagem acima o presente trabalho se posiciona discordando da afirmação de
que o “tradutor é um traidor”, pois o tradutor, durante o processo de tradução deve sempre
negociar com o texto os termos equivalentes do TLO para o TLT, e se não for possível
recuperar todas as propriedades do termo no TLO, terá como objetivo recuperar os mais
relevantes para aquela tradução, sempre respeitando, como diz Eco (2001, p.76), a Intentio
Operis, ou seja, a “Intenção da Obra”.
Voltando ao Google translator, ainda segundo a mesma reportagem, esse tradutor
pretende seguir dois caminhos básicos: (1) inclusão cada vez maior de textos na sua base de
dados e (2) inclusão das regras gramaticais de diversos idiomas, visando gerar cada vez uma
tradução mais fluente.
Dito isto, cabe, antes de adentrarmos na análise dos protocolos, verificarmos algumas
ferramentas tradutórias potenciais.
2.2.2 Ferramentas potenciais de tradução
Sobre as ferramentas potenciais comecemos a discorrer sobre o Google, ferramenta
mais observada durante os protocolos. Como já foi explicitado anteriormente, o buscador do
Google47 se mostrou a ferramenta mais utilizada para busca de subsídios externos. Através
dele o tradutor pode buscar dicionários especializados, além de sites sobre determinado
assunto, utilizando-o para atualizar seu conhecimento de mundo.
O Google web permite, ainda, ao tradutor, realizar uma busca paradigmática, ou seja,
ver o uso do sintagma em foco em diferentes contextos e, a partir do paradigma apresentado,
encontrar o melhor equivalente para o texto de chegada, permitindo a criação e comparação
de corpus.
47
www.google.com.br. É possível, ainda, pesquisar no Google de outros idiomas:
Francês: www.google.fr
Inglês: www.google.com
80
O Google imagem é outra importante ferramenta na busca de soluções de problemas
de tradução, pois essa ferramenta do Google permite ao tradutor buscar o referente ao qual o
signo remete. Imaginemos o grupo nominal francês “pâte brisée”, separadamente, ao
consultarmos um dicionário bilíngüe, teríamos as palavras “massa" e "quebrada”.
Entretanto, ao consultarmos o mesmo grupo nominal no Google imagem, obteremos
diversas fotos de uma “pâte brisée” e através da imagem um tradutor poderia determinar que o
equivalente em português para “patê brisée” seria “massa de torta”:
Figura XVII - Exemplo de busca realizado através do "Google Imagem" 48
O Youtube 49 é um compartilhador de vídeos que permite ao tradutor, por vezes,
vivenciar a situação narrada no texto de origem, principalmente no caso de textos
pragmáticos, ou seja, que tem como principal objetivo informar sobre um evento.
Um tradutor americano que tivesse que traduzir um texto brasileiro sobre a enchente
no Rio de Janeiro do dia 6 de abril de 2010, poderia com facilidade ver o que ocorreu através
48
49
Imagem retirada do Google imagem em 10 de fevereiro de 2010
www.youtube.com
81
dos vídeos, de forma a adquirir conhecimento de mundo sobre o assunto até então
desconhecido:
Figura XVIII - Exemplo de busca realizada no Youtube50
A enciclopédia Wikipédia 51 , digital, multilíngue e totalmente gratuita é uma
enciclopédia aberta (qualquer pessoa pode editá-la). Por ser multilíngue o tradutor pode
buscar o assunto em francês, por exemplo, e logo em seguida na opção de idiomas (canto
esquerdo inferior) pode pedir uma versão do artigo em português. O tradutor não encontrará
uma tradução, mas sim um texto sobre o mesmo assunto na língua desejada. Isto pode ajudar
o tradutor a definir qual é o equivalente do sintagma a ser traduzido, uma vez que textos sobre
os mesmos assuntos terão, possivelmente, os mesmos campos semânticos abordados:
50
51
Imagem retirada de: www.youtube.com, consultado no dia 10 de abril de 2010
www.wikipedia.com
82
Figura XIX - Uso do Wikipédia como ferramenta de busca de termos equivalentes 52
O Wordreference 53 é uma ferramenta que, além de dicionário, tem a opção fórum,
onde o tradutor pode fazer consultas a nativos ou especialistas sobre o assunto pesquisado e
52
53
Imagem retirada de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tropismo e consultada em 5 de maio de 2010
http://fórum.wordreference.com/
83
através de uma construção coletiva do conhecimento o tradutor pode chegar às suas
conclusões.
Outro fator interessante é que esse site deixa uma memória, ou seja, um tradutor que
venha buscar o mesmo assunto poderá verificar a discussão e reiniciá-la, caso não concorde
com a conclusão alcançada anteriormente, ou determinar a solução do seu problema:
Figura XX - Exemplo de discussão realizada em fóruns para solução de problema de tradução 54
Existe ainda o fórum “Proz.com” feito especialmente para tradutores.
E sobre dicionários on-line há uma extensa gama:
Trésor de la langue française55 – Dicionário monolíngue de francês. O Trésor de la
langue française é o dicionário on-line mais completo de língua francesa (100.000 palavras e
suas histórias, 270.000 definições, e 430.000 exemplos)
54
55
Retirado de http://fórum.wordreference.com/showthread.php?t=1311476 e consultado em 4 de abril de 2009
http://atilf.atilf.fr/tlf.htm
84
IATI (InterActive Terminology for Europe)56 – Dicionário especializado multilíngue.
Esse dicionário possui termos técnicos em diversas áreas de conhecimento: Educação, direito,
economia, entre muitas outras.
Há ainda sites, dependendo do par linguístico a ser traduzido, que podem ajudar o
tradutor a fazer uma análise comparativa de corpus como o Linguatools57 , par linguístico
alemão e diversos idiomas e o Mymemory58, diversos idiomas disponíveis, esses sites são, na
verdade, “bancos de dados” bidirecionais onde se pode colocar um sintagma e ele vai se
ocupar de encontrar na língua escolhida estruturas que seriam suas “possíveis” traduções.
59
Ainda sobre os sites de bancos de dados, mas para o português, temos o Compara , inglêsportuguês. E há, ainda, bancos de dados monolíngues como é o caso do WebCorp
National Corpus
61
60
e do British
ambos de língua inglesa, mas o primeiro na versão americana e o segundo na
versão britânica.
Há ainda a ferramenta intelliWebSearch 62 que realiza o trabalho de procurar em
diversos dicionários de corpora a expressão desejada. Em relação à língua francesa, durante
busca exaustiva, encontramos o wortschatz que é um site da Universidade de Lepzig que
afirma possuir uma base de dados de 37 milhões de frases63.
Notamos, durante a pesquisa, uma carência de pesquisa sobre a validade do uso destes
bancos de dados para tradução, principalmente no tocante ao par Português-Francês. Citamos,
somente, a pesquisa de Nilson Roberto Barros da Silva, mestre pela Universidade Estadual do
Rio Grande do Norte (UERN), apresentada no Colóquio Nacional de Estudos Línguísticos e
literários, realizado em Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte, intitulada: Tradução de
56
iate.europa.eu
http://www.linguatools.de/
58
http://mymemory.translated.net/
59
http://www.linguateca.pt/COMPARA/
60
http://www.webcorp.org.uk/
61
http://www.natcorp.ox.ac.uk/
62
http://www.intelliwebsearch.com/
63
http://wortschatz.uni-leipzig.de/ws_fra/
57
85
expressões idiomáticas com o auxílio de corpus on line. Pesquisa realizada, contudo, no par
linguístico Inglês-Português64.
Como já foi exposto, o tradutor, para realizar uma tradução, ao buscar na internet
alguma informação, precisa de um domínio das ferramentas utilizadas de forma a agilizar o
processo, encontrando, assim, a informação de forma satisfatória, e, devido ao extenso
número de possibilidades, o tradutor deverá escolher aquelas que satisfaçam melhor suas
necessidades. Um bom tradutor, levando em consideração o mercado atual, seria aquele que
escolhe os percursos que levem à melhor solução no menor tempo possível.
E, antes de concluir este capítulo, cabe chamar a atenção que o computador e suas
ferramentas não trazem, ao tradutor, somente benefícios. Segundo Said (2010, p.17), temos
pelo menos duas práticas contemporâneas que podem desvalorizar a prática tradutória de um
ponto de vista mercadológico: o “leilão às avessas” e o “crowdsourcing”.
A primeira seria a prática que visa oferecer a diversos tradutores o mesmo texto para
ser traduzido e aquele tradutor que fizer o menor orçamento seria o escolhido. Não seria esta
uma prática nova, mas, com a Web, esta prática pode ser feita em dimensão muitas vezes
maior.
A segunda prática teria surgido, principalmente, com o advento da Web 2.0, que
permite que textos sejam editados ao mesmo tempo por diversos usuários. Segundo Said, o
“crowdsourcing” seria uma contratação em massa de pessoas voluntárias em prol de uma
tradução de um texto, e, uma vez que cada usuário fica responsável por pequenos fragmentos,
nenhum deles se importa em realizar essa tarefa de forma gratuita:
Mas a mesma internet que favorece a criação dessa comunidade e o estabelecimento
de contato entre tradutores e clientes localizados a milhares de quilômetros de
distância uns dos outros, responsável também por fenômenos como o
“crowdsourcing”, forma de contratação em massa de força de trabalho on-line, quase
64
O Colóquio Nacional de Estudos Línguísticos e literários (CNELL) ocorreu entre os dias 6 e 8 de setermbro
em Pau do Ferros, Rio grande do Sul: http://www.uern.br/eventos/sellp/index.html ultima visita em 17 de
novembro de 2010.
86
sempre com base em exploração de voluntariado. Ou então pela proliferação do
fenômeno do “leilão as avessas”, a prática que tem derrubado os preços de traduções
em todo mundo. Alguns dizem que o futuro da tradução é um retorno ao
amadorismo, com mais pessoas sem treinamento tradutório entrando no mercado de
trabalho profissional e assumindo tarefas que hoje são realizadas por tradutores
profissionais com qualificação formal. (SAID, 2010, p.17)
Não é possível analisar fatos que estão além do nosso presente, sendo assim, não é
possível fazer afirmações sobre o futuro do tradutor ou os rumos da tradução no Brasil e
muito menos em escala global, entretanto, estamos de acordo com a afirmação de Barbosa
(2003) quando questionada sobre o futuro dos tradutores e sua possível substituição por
máquinas:
O que poderá vir a acontecer é uma total modificação do papel da função do
tradutor: em vez de trabalhador solitário que digita um texto em seu teclado, letra
por letra, o tradutor passa a ser aquela mente poderosa que será responsável por
fazer a interface entre o mundo e o computador. O tradutor será e, num certo
sentido, já é, programador, revisor, atualizador, pesquisador, localizador. Portanto
será preciso que os tradutores saibam se reinventar, reinventar sua profissão para
atender ao futuro. Mas o tradutor não se tornará obsoleto porque não é somente no
texto literário, criativo, que ele é essencial. (BARBOSA, 2003, p.67)
Cabe então, por hora, analisar os protocolos verbais para que possamos refletir sobre
os percursos, estratégias e as motivações de suas escolhas realizadas pelos tradutores.
87
3.0 ANÁLISE DOS CORPORA
Uma vez que já explicitamos o referencial teórico e metodológico da pesquisa e
discorremos sobre a questão dos mecanismos digitais relacionados ao universo do tradutor,
cabe, finalmente, adentrarmos na análise dos protocolos verbais, e, através desses, observar as
ferramentas digitais em uso.
Primeiramente deixamos claro que devido à vastidão de dados que os protocolos
verbais oferecem, torna-se impossível em uma escala de tempo que não seja “muito” grande
trabalhar todos, sem contar que certos dados se revelam irrelevantes a esta pesquisa.
Entretanto, seja para validar os dados demonstrados durante a pesquisa, seja para o uso por
outros pesquisadores posteriormente, transcrevemos os protocolos completos nos anexos
deste trabalho.
O presente trabalho se deterá então nos problemas de tradução resolvidos através de
recursos digitais, de forma a compreender a natureza deste problema, observar o percurso
traçado pelo tradutor e a motivação que o levou a escolher determinada ferramenta,
observando, assim, se problemas de mesma natureza são resolvidos da mesma forma.
Como já explicitamos anteriormente, recolhemos, ao todo, sete protocolos verbais, e
os sujeitos que contribuíram com o processo foram divididos em três grupos definidos a partir
da sua experiência anterior em tradução.
O primeiro grupo, chamado de tradutores inexperientes, tem essa denominação devido
ao fato destes tradutores não terem passado por experiências tradutórias anteriores que
visassem traduzir um texto tendo como intuito principal “o ato comunicativo” e por não
possuírem conhecimento teórico sobre tradução. Esses tradutores serão de agora em diante o
tradutor TI1, TI2 e TI3 (tradutores inexperientes 1, 2 e 3).
88
Tanto o tradutor TI1, quanto o tradutor TI2, ao serem questionados sobre terem tido
experiências anteriores de tradução as negaram e o tradutor TI2 disse “odiar” traduzir, pois a
tradução seria para ele algo impossível e complexo.
Entretanto o tradutor TI3 disse que havia, durante sua graduação, tido um semestre no
qual o professor que ministrava a disciplina de francês pedia a cada semana que fosse
traduzido um texto. Esse texto, em geral, era um artigo de alguma revista. Mas disse que não
houve teorização sobre processo tradutório.
E sobre o tempo gasto na tradução e o protocolo verbal, podemos afirmar que o
protocolo de TI1 durou cerca de 2h20 minutos e rendeu 6 páginas de transcrição, foi realizado
em dois momentos distintos, ambos na casa da orientadora desta pesquisa, devido ao fato de
TI1 não ter um computador capaz de suportar as características mínimas requeridas para que
fossem instalados os programas necessários à pesquisa.
O protocolo realizado com TI2 durou cerca de 1h42min e gerou 6 páginas de
transcrição. O protocolo foi realizado também em dois momentos, o primeiro no mesmo dia
de TI1 e o segundo na casa de TI2, a mudança de ambiente foi justificada devido ao fato de
TI2 ter sofrido um acidente de trânsito semanas após o primeiro momento do protocolo e,
uma vez restabelecida, meses depois, afirmava não ter tempo para retornar ao local onde
realizou a primeira parte do protocolo.
Em relação ao protocolo de TI3, ele gerou 7 páginas de transcrição e foi realizado em
2h25 minutos em um único momento, tendo sido realizado na casa do sujeito. Por ser um dos
três primeiros protocolos realizados para a pesquisa e o pesquisador não ter, na época,
conhecimento do programa Camtasia, o programa não foi usado para a realização deste
protocolo.
89
No segundo grupo temos dois tradutores que trabalhavam como estagiários numa
empresa de tradução e já haviam trabalhado para um site de crítica de filmes, traduzindo,
tanto na empresa quanto para um site, textos do inglês para o português, e também do francês
para o português. Chamaremos esses tradutores de tradutor TE1 e TE2 (tradutores estagiários).
Tanto o tradutor TE1 quanto o tradutor TE2 disseram nunca terem feito estudos
teóricos sobre a tradução e que na empresa na qual estagiavam 4 horas por dia, de segunda a
sábado, tinham como tarefa realizar uma tradução primária de diversos textos, e esses textos
eram, em seguida, passados para as mãos de um revisor experiente.
Esse revisor estava à disposição para tirar dúvidas de ambos quando estas surgissem.
Sendo assim, os tradutores tinham à disposição, além de dicionários na memória do
computador e internet, um especialista para auxiliá-los. O estagiário TE1 estagiava na
empresa há 3 meses e o estagiário TE2 estagiava na empresa há 6 meses.
Ao serem questionados sobre as ferramentas que utilizavam para traduzir, ambos os
estagiários disseram utilizar, sobretudo, internet e os dicionários que a empresa oferecia na
memória do computador, e, ao serem questionados sobre as ferramentas TACs, o sujeito TE1
disse não as conhecer, enquanto que TE2 disse saber da sua existência, mas que ainda não
tinha contato com elas. Atualmente TE2, que continua atuando na área de tradução, diz que
as utiliza e as possui instaladas em seu computador, sendo a sua preferida o WordFast.
Sobre os protocolos, o protocolo de TE1 gerou 10 páginas de transcrição e levou cerca
de 2h25min de áudio gravado, realizado também na casa do sujeito da pesquisa, preservando
assim sua ecologia de trabalho. O protocolo foi gerado também em dois momentos distintos,
mas ambos no mesmo dia, de tal forma que houve um primeiro momento de 1h, seguido de
2h de pausa e um segundo momento de 1h25min.
90
TE2 realizou o processo tradutório em 3h7min, gerando 11 páginas de transcrição,
protocolo realizado na casa do sujeito, sem o programa Camtasia e feito de uma única vez.
O último grupo, composto também por 2 sujeitos, denominado de tradutores
profissionais, tem essa denominação por serem compostos por sujeitos que trabalham com
tradução e possuem obras devidamente publicadas no mercado. Esses tradutores, TP1 e TP2
(tradutores profissionais), são, também, professores de uma universidade federal.
Ao serem questionados sobre as ferramentas que utilizavam para traduzir, foi afirmado
que utilizavam, principalmente, o dicionário de francês-francês digital como o Petit-Robert.
Ambos afirmaram que não utilizam dicionários impressos, somente digitais.
Em relação às ferramentas on-line, os tradutores TP1 e TP2 disseram utilizar, em geral,
o Google para determinar se determinada expressão era usual na língua de origem ou de
partida ou comparar determinada estrutura com outras em outros textos, ou seja, TP1 e TP2
afirmaram que utilizavam a internet para “criação de corpora” para resolver alguns de seus
problemas tradutórios. E, ao serem questionados sobre as ferramentas TACs, eles disseram
não as conhecer.
Sobre as traduções automáticas TP1 disse que as ferramentas são úteis para que
sujeitos que não dominem o idioma de origem possam ter uma noção de qual o sentido do
texto, mas não são úteis ao tradutor, enquanto que TP2 afirma que é algo horrível, pois o
tradutor tem mais trabalho revisando o texto do que se tivesse simplesmente traduzido.
Tanto TP1, quanto TP2 realizaram a tradução dentro da própria UFRJ em uma sala na
qual foi montado um pequeno laboratório para a pesquisa. O local foi escolhido por se tratar
de um ambiente de fácil acesso aos tradutores. TP1 gerou 1h20min de gravação e 8 páginas de
transcrição, enquanto que TP2 gerou 1h de gravação e 5 páginas de transcrição.
91
E cabe dizer que todos os tradutores dispunham das mesmas ferramentas para a
pesquisa: o dicionário Petit-Robert, monolíngue e digital; o dicionário Larousse-Oui, bilíngue
e digital; um computador ligado à internet com os navegadores Firefox e Internet Explorer
instalados; o dicionário Petit-Robert impresso e o dicionário escolar Português-Francês
produzido pelo ministério da educação de 1972 (e que não se encontra mais disponível no
mercado). Única exceção foi TE1 que resolveu utilizar seu dicionário pessoal de bolso “Olim
Marote” ao longo da tradução.
Uma vez que já foram feitas apresentações iniciais de cada um dos sujeitos
participantes da pesquisa, a partir da proposta de Corrêa e Neiva (2000), na qual as autoras
sistematizam as noções de estratégias globais e locais e concluem que é possível que haja,
durante o processo tradutório, esses dois tipos de estratégias, decidimos, então, separar a
análise do corpus a partir dessa divisão: (1) Estratégias Globais e (2) Estratégias locais
E, ainda, complementaremos essa análise discorrendo sobre os percursos dos
tradutores para solucionar seus problemas tradutórios dentro do universo digital, objetivo de
maior interesse da pesquisa, tentado relacionar os percursos aos tipos de problemas
apresentados. Comecemos então com as estratégias globais e em seguida as estratégias locais
de tradução.
3.1 Estratégias Globais de tradução
Entendemos estratégia global, aqui, na perspectiva de Jääskeläinen (1993, p.116) que
segundo tradução de Corrêa e Neiva (2000, p.35) seria:
Um conjunto de regras ou princípio (vagamente formulados) que um tradutor utiliza
para alcançar os objetivos determinados pela situação de tradução da maneira mais
eficaz
92
O que nos chamou a atenção no início dos protocolos, e que podem justificar as
estratégias globais e locais escolhidas pelos sujeitos, foi a postura dos sujeitos ao se deparar
com a atividade proposta pelo pesquisador.
Alguns sujeitos não conseguiram se ver no papel de tradutor, como veremos adiante,
outros pareciam não encarar o artigo a ser traduzido como um ato comunicativo, não
atentando para a proposta do elicitador, na qual havia sido sugerido que o tradutor imaginasse
que a reportagem traduzida deveria ter a estrutura de uma reportagem do jornal “O Globo”,
como se a reportagem fosse de fato ser publicada nesse jornal.
Tanto TI1, TE1, TP1 e TP2 não pareceram ter problemas em se considerarem no papel
do tradutor. Entretanto TI2, TI3, TE2 não conseguiram, de forma plena, se ver nesse papel ou
encarar a atividade como um processo “real” de tradução.
Em outras palavras, fazendo alusão à teoria dos atos de linguagem de Charaudeau
aplicada à tradução, observamos que TI2, TI3 e TE2 tiveram problemas em assumir seu papel
de tradutor dentro do ato comunicativo que deveriam produzir – ao produzirem tanto o
discurso sobre a tarefa quanto o texto em sua versão escrita (o TLT).
Como já foi exposto (Cf. p.42), a tradução é um duplo ato comunicativo, onde o
tradutor é num primeiro momento leitor de um texto e num segundo momento um escrevente.
Momentos interdependentes e ligados por um “contrato de fidelidade”, no qual o tradutor
compromete-se, no momento que se torna “tradutor-escrevente”, a gerar um TLT que
contemple a sua melhor leitura realizada do TLO, visando recuperar, através de uma constante
negociação, as potencialidades de significações que o TLO possui. E, quando não for possível
recuperar todos os sentidos contidos no TLO, cabe ao tradutor, levando em consideração seu
público-alvo, selecionar os sentidos mais relevantes a esse leitor idealizado.
93
E, devemos ressaltar que é papel, também, do tradutor respeitar as normas que regem
o discurso a ser traduzido, pois é através dessas restrições socialmente pré-estabelecidas,
respeitadas pelo tradutor, que temos, de fato, um tradutor e um leitor dialogando entre si,
dentro de um contrato comunicativo. Permitindo, assim, ao tradutor “sujeito comunicante”
(EUc) que sua imagem criada do leitor (TUd), tenha maior possibilidade de ser aceita por esse
mesmo leitor (TUi) no momento da tradução realizada, enunciado que faz do tradutor um
“sujeito enunciador” (EUe) diferente do enunciador do TLO.
Entretanto, como veremos, TI2, TI3 e TE2 assumiram, durante momentos, ou durante
todo o protocolo, papéis diversos do que se espera do tradutor, fato que caracterizou sua
estratégia global e influenciou as estratégias locais de tradução.
Dentre os tradutores iniciantes, TI1 foi o único que sentiu a necessidade de ler o texto
todo antes de começar a traduzir e tanto TI2 quanto TI3 começaram a escrever um texto na
TLT tão logo receberam o TLO em mãos.
Observamos durante o protocolo que TI1 tinha como objetivo principal gerar um texto
que tivesse uma estrutura “natural” no TLT, ou seja, que não fosse percebido ao leitor que era
uma tradução. Houve ainda uma preocupação com o tipo de discurso a ser traduzido durante
as escolhas e foi o tradutor que mais utilizou o dicionário de português, sob o argumento de:
“descobrir se em português o verbo podia ser usado assim”.
Como podemos observar nos dois exemplos abaixo, o tradutor está preocupado com as
regras de criação do discurso jornalístico em português. No primeiro exemplo TI1 se
questiona sobre a possibilidade de figuras de linguagem ou não no texto jornalístico em
português. E no segundo, se determinado verbo daria o mesmo valor semântico que havia no
TLO, apesar de TI1 aceitar que era possível traduzir “fierté” por orgulho:
94
Passer devant? Tá no sentido figurativo. Mas eu não sei se tá no sentido conotativo
ou denotativo. Mas pode ser os dois. O jornal não impede de usar o conotativo.
As horas passam. O orgulho do trabalho[...] [É, isso aqui fica engraçado porque... Eu
sei que aqui é orgulho, mas como colocar aqui. Deixa só orgulho ou tem que colocar
outra coisa. Entende?]
Eu vou no Houaiss ver isso.
...
...
O orgulho do trabalho cumprido. Deve ter uma expressão para dizer isso em
português [...] O orgulho. Uma sensação de alívio. Uma sensação de alívio não vai
dar [...] O trabalho cumprido?
Em suma, podemos dizer que TI1 assume o papel de tradutor, pois se preocupa em
compreender o TLO, durante a primeira fase na qual ele seria leitor, e, se preocupa, também,
em gerar um texto equivalente e fluente ao seu público-alvo no TLT.
O sujeito TI2, ao longo do seu processo, deixa claro que seu objetivo é traduzir o texto
o mais rápido possível e segundo esse mesmo sujeito o texto deveria ficar o mais “natural”
possível, sendo que a perspectiva de “natural” do sujeito seria manter, ao longo da tradução, a
intuição dos sentidos depreendidos por ele.
Ainda segundo TI2, o uso constante de dicionários poderia retirar esta “naturalidade”
do texto. Essa postura pode ser confirmada, primeiramente, devido ao fato de que o sujeito, ao
se deparar com problemas relativos a sintagmas nominais, em geral, optava por resolvê-los
através de uma solução de abandono, apagando do TLT aquela referência, ou a mantendo na
mesma forma do TLO, como no caso do sintagma “Cube d´eau”:
Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças no último
momento, antes de acrescentar sibyllin, a gente vai falar disso novamente. O ex
recorde do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10 minutos
acocorado nos banheiros “du cube d´eau” (...) nos banheiro, a cabeça entre as mãos,
parecia ainda em choque. Alain se sensibilizou. Partir em último...
Sendo assim, seu produto final foi:
Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças no último
momento”, antes de acrescentar sibyllin, “a gente vai falar disso novamente”. O ex
95
recorde do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10 minutos
acocorado nos banheiros
E ainda, ao longo do protocolo, o sujeito, apesar de não pronunciar palavras, talvez
para evitar que seja gravado, usa de comunicação não verbal para indicar sua preocupação
com o tempo levado na tarefa:
“No caso ai. Qual é o problema?
É achar a melhor tradução...
Ah tá! Relais. Eu tenho aqui essa palavra como cavalo
Qual?
Relayeurs, como fornecedor de cavalos nas paragens.
Mas tem outros dicionários. (TI2 ri e aponta para o relógio)
Ah! Tá.”
Sendo assim, se torna muito claro que TI2 não assumiu a postura de tradutor, suas
estratégias estavam ligadas ao objetivo de terminar o texto o mais rápido possível e, não
estando inserido dentro de um contrato de fidelidade, sua noção de tradução aceitável era
realizar uma tradução na qual fossem encontrados termos equivalentes para todos os
sintagmas do TLO, sem respeitar, contudo, o sentido global do texto ou se preocupar com o
público-alvo.
Podemos levantar a hipótese que TI2 assumiu um papel de aluno, inserido em um
discurso de sala de aula, no qual o professor, neste caso o pesquisador, pede um exercício que
precisa ser realizado. Entretanto, esse exercício não “vale nota”, de forma que este aluno não
precisa fazê-lo com muita dedicação, caso ele tenha, apenas, como objetivo final, ter um boa
média e não aprender o conteúdo sugerido pelo professor.
Sendo assim, temos apenas um ato comunicativo entre professor e aluno. Pois,
primeiro temos um professor (EUc) que pede ao aluno (TUd) um exercício, acreditando que o
aluno, dentro do contexto de sala de aula, o fará, mesmo que não valha nota, para adquirir
conhecimento sobre a matéria. Esse aluno (TUi), por saber das restrições e expectativas do
96
discurso no qual está inserido realiza a tarefa a ser entregue e acredita satisfazer a expectativa
do professor.
O sujeito TI3 também opta por não realizar uma leitura prévia do texto antes de
começar a traduzir, entretanto, assim como o TI1, ele demonstra durante o protocolo uma
preocupação em traduzir um discurso aceitável no TLT:
O sentimento [...] [é acho q é isso. Tem outra palavra que eu não to lembrando
agora.]
O sentimento do trabalho realizado [...]
[Realizado. Não fica bem em português, mas vou deixar isso por enquanto.]
Foi observado sobre TI3 que ele teve problemas para se aceitar a situação proposta
como uma situação real de tradução. Como já foi explicitado, foi dito aos tradutores que a
reportagem traduzida deveria ser realizada como se fosse publicada no jornal “O Globo”, que
o tradutor era livre para traduzir com as ferramentas que lhe aprouvessem e ao fim da
tradução ela deveria estar em condições de ser entregues a um possível editor
Contudo, em alguns momentos TI3 questiona, devido ao fato de surgirem alguns
problemas tradutórios que não foram resolvidos depois de busca inicial, sobre a necessidade
de traduzir o texto todo:
Pode deixar em branco?
Pensa que você vai entregar ao editor do jornal
Hum
Ao fim da tradução TI3 entrega ao pesquisador um texto completamente traduzido,
mas deixa ao pesquisador uma dúvida sobre seu grau de imersão em relação a realização da
tarefa. Acreditamos que assim como TI2, TI3 também se viu no papel de aluno e não
conseguiu se inserir dentro do contrato de fidelidade do qual o tradutor faz parte, mas sim de
um contrato de comunicação entre professor e aluno, emboea TI3 tenha se mostrado mais
dedicado à tarefa proposta do que TI2 (como pode ocorrer em sala de aula).
97
Outro fator muito interessante, voltando a TI2, foi observado durante sua entrevista.
Pois, apesar de ter uma idéia do papel do tradutor durante a entrevista, não a aplicou durante o
protocolo e, de fato, concluímos que TI2 não se considerou um tradutor durante a coleta de
dados para realização do protocolo verbal:
Interessante essa questão do dicionário perder um pouco da naturalidade, fala
um pouco mais disso.
O que acontece, por exemplo? Para mim que trabalho com francês FLE, com francês
como língua estrangeira. Que eu to ensinando francês para nativos de língua
portuguesa, o que eu trabalho é justamente o oposto do que você tá procurando. O
que que eu trabalho? A intuição. O que eu trabalho? Me mato nas aulas? Não
traduzir.
Então! É o caminho oposto do seu. Você vai trabalhar mais sozinho, procurando a
palavra certa, para trabalhar no que você tá querendo e eu justamente não trabalho
sozinha, eu trabalho com uma turma de 30 alunos as vezes que eu tenho que,
justamente, partir da intuição e tentar evitar a tradução o máximo possível que eu
posso.
Você já deu aula no CLAC. Você vê que é o caminho inverso dessa tua tese,
entendeu? Então eu acho que o dicionário é um trabalho que perde um pouco a
naturalidade sim, a não ser quando você trabalha isolado no campo da tradução, ai
você vai trabalhar o tempo todo com o dicionário.
Porque, por exemplo, às vezes, eu trabalho com dicionário, mas quando eu to
escrevendo em francês. Ai eu penso será que essa frase é assim que se diz? Ai você
vai lá no Google para ver se aparece a frase escrita, mas ai a frase está com a
estrutura em francês.
Essa passagem deixa muito claras algumas características de TI2. Primeiramente
observamos que ele demonstra entender que o dicionário é útil durante a tradução, mas não o
usa. E, em seguida, notamos, ainda, que o sujeito, mesmo dentro do discurso tradutório, foi
influenciado pela sua identidade de professor que julga não ter permissão de traduzir e usar
dicionários65.
O que chama a atenção, também, é o fim desta passagem transcrita, quando o sujeito
fala do momento em que usa dicionário e que vai ao “Google”. Supomos que ao dizer “a
estrutura está em francês” ele se refere, muito possivelmente, ao uso do dicionário sim, mas
no par linguístico francês-francês e a busca da estrutura em francês, ou seja, mantendo, para
esse sujeito, sua idéia de nunca traduzir.
65
Apenas gostaríamos de chamar a atenção que a opinião sobre o professor não poder usar dicionários e não
poder traduzir jamais de TI2 não reflete nosso parecer sobre o assunto.
98
Sobre os tradutores estagiários, TE2 apresentou uma postura, em relação à execução
da tarefa, no mínimo curiosa, mas a princípio falemos de TE1.
TE1 também não realizou nenhuma leitura prévia do texto e visava traduzir o mais
rápido possível. Como estratégia global, tudo aquilo que fosse um problema de tradução era
deixado na língua original e marcado em vermelho para ser analisado depois. Esse fato já o
diferencia dos tradutores iniciantes que, ao encontrarem um problema de tradução, sem
exceção, escolhiam um vocábulo que parecia o melhor naquele momento, ainda que não
estivessem satisfeitos e diziam que, mas não necessariamente o faziam, voltariam mais tarde
ao texto:
TI1
Chegar ao fundo da questão é sobre a forma [...] /O problema é que não faz nenhum
sentido com o que vem antes [...] Que os revezadores [...]/ Depois eu volto[...]
TI3
[Aqui no lugar do sentimento posso colocar orgulho(...)] O orgulho do trabalho
realizado e recompensado por uma linda medalha de prata. [Bom, vou colocar algo
aqui. Só para (...) e volto depois].
TE1, apesar de nos relatar que essa postura (de não ler o texto e deixar os espaços com
problemas momentaneamente em branco) seria justificada como uma forma de agilizar o
processo tradutório, foi o sujeito que mais demorou a realizar a tradução. Acredita-se que,
apesar de querer fazer a tradução o mais rápido possível (assim como TI2), sua preocupação
com a qualidade, ou seja, sua expectativa de uma tradução aceitável era mais alta que a de TI2,
e houve um alto grau de imersão deste sujeito para a realização do processo.
TE1, dentre todos os demais tradutores, era o que mais tinha saber como em relação às
ferramentas tradutórias digitais. Ele, de fato, assumiu a postura do tradutor, sendo no primeiro
momento leitor do TLO e no segundo momento de escrevente no TLE. Entretanto
observamos que, apesar de buscas exaustivas, TE1 não tinha segurança para se afastar do
TLO, muitas vezes entendendo o sentido presente no TLO, mas, com receio de se afastar do
99
TLO, não procurava manter o sentido global depreendido. Podemos observar o explicitado no
momento que o tradutor fica em dúvida sobre a expressão “faire forfait”.
@
[Faire forfait. Forfait no Sensagent. Humm].
[Forfait no mini dicionário. Crime enorme. Multa. Fraude, né? Crime enorme.]
@
[Deixa eu ver se no Google.fr eu acho. Ahhhhh! Não é isso não. Aqui tem forfait
como multa que se paga se o cavalo não correr. Declarer forfait, declarer forfait.
Tinha feito forfait. Sabe por quê? Porque ele desistiu da prova individual para dar
tudo no 4x100. Eu até colocaria desistiu.]
No produto final, apesar de concluir que ele poderia colocar “desistiu”, prefere não se
afastar do TLO:
“Ainda seduzidos por este ouro que lhes parecia oferecido antes do retorno
miraculoso de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram entender. Fala-se,
principalmente do lado de Amaury Leveaux, que tinha feito forfait sobre sua prova
individual – os 200 m nado livre – para dar tudo nos 4 x 100.”
Sendo assim, TEI assume o seu papel de tradutor, mas com características de tradutor
iniciante. Esse fato se deve, possivelmente, por, apesar de possuir conhecimentos práticos
sobre tradução, não ter conhecimento teórico sobre o traduzir.
Através do protocolo de TE1, tradutor com maior saber-como, começamos observar
que o saber-como não é condição suficiente para uma tradução bem sucedida e que se faz
necessário ser integrada a um conhecimento teórico sobre a postura do tradutor.
Já TE2 fez uma leitura prévia antes de começar a traduzir, e antes de começar a
traduzir cada parágrafo, ele fazia um resumo daquilo que havia entendido, ou seja, ele
apresentou claramente utilizar uma estratégia de leitura que visava à compreensão global do
texto a ser traduzido:
100
[Primeiramente vou fazer uma leitura de texto para uma compreensão geral do que
se trata e depois eu retomo para fazer uma tradução.]
(...)
“les heures passent” [Bom a primeira parte do texto vem falando sobre a competição
dos nadadores que eles não ficaram satisfeitos (...) com o resultado porque eles
conseguiram uma medalha de prata, né?, no revezamento, só isso!]
[Bom vamos lá].
Entretanto, o que mais chamou a atenção foi o papel assumido por TE2 durante a
tradução. TE2 ao se deparar com um problema de tradução para o qual não encontrava
solução depois de uma busca, deixava uma lacuna em branco, mesmo em sua versão final.
Sendo assim, alguns trechos do seu produto final têm passagens não traduzidas:
Sobre a ordem dos competidores [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernad] a federação
nous a un peu baisé la gueule, explicou sem rodeios le grand blond a AFP. Alain
( Bernard) e Fred (Bousquet) deviam partir num outro sentido. Isto não é grave, nós
fizemos juntos.
E:
Partir dernier relayeur en tête et se faire battre, a gente não sai ileso”,
reconheceu o diretor técnico nacional , Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem
dos nadadores, a DTN admitiu que devia falar com Marc Begotti, responsável pela
prova. “ É preciso ver com ele. Não fui eu [quem tomou a decisão], ele comentou,
precisando simplesmente que era “ fácil de refazer as corridas” Após corte.
Segundo TE2, uma vez que o pesquisador disse que ele deveria traduzir como estava
acostumado a fazer na empresa que estagiava, não era necessário traduzir o texto
completamente, pois na empresa tudo aquilo que ele não conseguia traduzir era deixado em
branco para que mais tarde o tradutor experiente completasse o que faltava no texto.
Sendo assim, TE2 assim como TI2 manteve, durante o processo tradutório, sua
identidade pessoal. TE2 assumiu seu papel de tradutor estagiário, de forma que do ponto de
vista dos atos de linguagem, temos um lugar discursivo no qual as regras e normas permitem
a TE2 deixar esses espaços não traduzidos.66
66
Do ponto de vista da análise, a partir do ato de linguagem sugerido a TE2, poderíamos dizer que o fato de
deixar passagens do TLO idêntico no TLT seria uma solução de abandono, mas ao considerarmos os fatores
externos ao processo tradutório concluímos que, de fato, para TE2 foram passagens não traduzidas.
101
Teríamos um sujeito (EUc), que seria a empresa de tradução na qual TE2 trabalha, que
cria uma imagem (TUd) de TE2 (TUi), na qual TE2 tem a obrigação de realizar apenas uma
primeira versão do texto a ser traduzido e caberia ao tradutor experiente realizar o produto
final das traduções. TE2 sabendo que não há a expectativa que seja traduzido o texto todo não
o faz, aceitando a imagem criada por EUc.
Em relação aos tradutores profissionais, tanto TP1, quanto TP2 fizeram uma leitura
prévia do texto, entretanto, TP2 esclarece ao pesquisador que sua escolha de ler o texto todo
se dava pelo fato de que o texto não era longo e que, apesar de considerar importante esse
momento prévio de leitura, essa leitura poderia ser de trechos menores, dependendo do texto a
ser traduzido:
Bom! Eu dei uma olhada... Eu acho sempre importante ler pelo menos a frase
inteira. Não necessariamente o parágrafo, às vezes o parágrafo é muito grande, mas
dá uma lida na frase, para ver como é que ela fica até melhor. As vezes tem que
mudar a ordem de certas coisa.
TP1 também afirma sobre a importância da leitura prévia do texto que será traduzido:
“Eu vou dar uma lida nele só para ter uma noção do contexto geral do texto, inclusive porque
o título depende muito do contexto.”
Em suma, tanto TP1, quanto TP2 deixam claro que sua estratégia global era entender o
contexto geral do texto e, a partir desse contexto depreendido, guiar suas escolhas durante o
processo tradutório. E, tanto TP1, quanto TP2 demonstram claramente que suas escolhas
levam em consideração o discurso traduzido e o seu público alvo idealizado. TP1 afirma:
Então, o texto é cheio de jogos de palavras, que alguns vão desaparecer na tradução,
até porque o leitor brasileiro não necessariamente identificaria. Por exemplo, o
“Bleu” e o “tricolor” que são referência da França, mas que passam despercebidos a
um leitor brasileiro, na tradução literal
Enquanto que TP2: “Não sei se o leitor brasileiro entenderia esta imagem, porque tem
a ver com os otimistas verem o copo cheio até a metade e os pessimistas vazios até a metade”
102
Uma vez que esses sujeitos possuem uma identidade pessoal de tradutor não foi difícil
para eles assumirem um papel de tradutor durante a tarefa e de fato se inserirem, dentro do
contrato de fidelidade, no duplo ato comunicativo relativo à tradução.
Em suma, TI1, TE2, TP1 e TP2 optaram, num primeiro momento, depreender o
sentido global do texto antes de começarem a buscar os equivalentes no TLT. E TP2 deixa
claro que esse sentido global pode ser do texto todo, mas poderia ser do parágrafo.
Já TI2, TI3, TE1 escolheram, ao menos num primeiro momento, não considerar o
sentido global do texto, traduzindo palavra por palavra. Podemos observar durante o
protocolo que TE1, mesmo após ter traduzido boa parte do texto, ainda não compreendia o
assunto abordado no texto. TE1 afirma:
„Na ordem dos‟ “relayeurs.” [Tá.] „[Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard], a
Federação nos‟ “baisé la gueule.” ‟explicou sem‟ “détour” „o loiro,‟ „o loiro alto à
AFP. „Alain (Bernard) e Fred (Bousquet) deveriam.‟ „deviam partir num outro
sentido.‟ [Et alors?,] “on a fait avec.” „A gente faz juntos.‟
[(risos) Ainda não entendi o texto. Ainda não entendi o que aconteceu. Eles
perderam?]
Já TI3 demonstra traduzir palavra por palavra no momento que ele indica ter feito a
escolha de um equivalente, mesmo sem saber seu significado dentro do texto.
[Tricolores?]
Os nadadores tricolores não digerem a inacreditável final dos 4 por 100.
[Ainda estou pra descobri o que são esses tricolores]
É importante ressaltar os três momentos da tradução propostos por Corrêa (1990) ao
longo do primeiro capítulo de sua tese: num primeiro momento o tradutor é um leitor, no
segundo escrevente e no terceiro revisor são momentos que se intercalam ao longo do
processo tradutório, afirmado, inclusive, por Corrêa durante sua comunicação coordenada no
“II Fórum Internacional de Análise do Discurso67”.
67
Esse fórum ocorreu no Rio de Janeiro, em 2010, durante os dias 8 e 10 de setembro. Sua comunicação foi
realizada durante a mesa-redonda: Enunciação e projeto de influência, que teve início às 11h e durou até ao
12h30.
103
Ainda sobre as estratégias globais dos sujeitos, podemos mencionar a questão da
forma dos tradutores agirem ao se depararem com seus problemas tradutórios.
Tanto TI1 quanto TI2, ao se depararem com um problema tradutório, só continuavam
o processo após resolvê-lo da forma que consideravam satisfatórias.
Já TI3, TE1 e TP1, apesar de também tentarem resolver o problema tão logo o
encontravam, quando se deparavam com um problema tradutório cuja solução não foi
encontrada através de uma busca externa rápida, preferiam retornar ao problema mais tarde. E
TE2 e TP2 preferiram solucionar os problemas encontrados somente após realizarem a
primeira versão do texto traduzido.
Sobre essa primeira fase observamos que nem todos os sujeitos, por não assumirem o
papel do tradutor, passaram pelas três fases da tradução. Em geral, havia um momento inicial
de leitura e um momento de equivalência, mas a fase de refinamento do texto, muitas vezes,
tinha relação à expectativa pessoal e subjetiva do sujeito em relação à forma do TLT, sem
considerar o público-alvo em questão.
Em relação às estratégias globais, os níveis de saber-como em relação aos
equipamentos digitais não se mostraram úteis para auxiliar o tradutor, pois as estratégias
globais estão intimamente ligadas à noção do “que é o traduzir” para o sujeito, a partir do seu
papel social dentro do discurso tradutório que vai influenciar diretamente no “como traduzir”.
Uma vez explicitadas às estratégias globais desses tradutores, faz-se importante
observarmos, então, as estratégias locais mais relevantes de cada tradutor, sendo esta,
motivação da próxima seção.
104
3.2 Estratégias locais, problemas e percursos de solução
Utilizamos aqui a idéia de estratégia local na perspectiva de Lörscher (1991, p.96) que,
segundo Corrêa e Neiva (2000, p.35), subordina estratégia à solução de problemas. Lörscher,
segundo a tradução das autoras, afirma que estratégias são: “Procedimentos utilizados pelos
sujeitos para resolverem problemas de tradução”.
No quadro de estratégias locais, com base na obra de Alves, Magalhães e Pagano
(2000), teríamos estratégias de buscas internas ou externas, e dentro da busca externa (o que
interessa mais à pesquisa) teríamos apenas três possibilidades: (1) consulta a dicionários
(monolíngues, bilíngues ou especializados) e enciclopédias, (2) consulta a especialistas, (3)
consultas a textos paralelos, ou seja, pertencentes ao mesmo gênero textual (PAGANO, 2000,
p.47).
Entende-se aqui que o advento da internet não modifica os subsídios de buscas
externas, mas o que interessa à pesquisa, é onde os autores os encontram, de forma que, mais
interessante do que determinar as estratégias locais, é relacionar essas estratégias aos tipos de
problemas tradutórios (linguístico, discursivo-textual ou de conhecimento de mundo) e, em
seguida observar os percursos traçados pelos sujeitos no universo digital. Ao final,
concluiremos se é possível depreender percursos semelhantes para problemas de natureza
semelhante.
Dividimos, então, as estratégias locais a partir dos tipos de problemas tradutórios
(linguístico, discursivo-textual ou de conhecimento de mundo) e observamos cada percurso
realizado por estes sujeitos para resolver seus problemas de cada natureza.
Entretanto, para não tornar a pesquisa repetitiva e exaustiva ao leitor, apresentaremos
exemplos que se mostraram mais relevantes à pesquisa, comparando sua solução entre os
tradutores e todos os percursos diferentes observados para resolução de problemas de mesma
105
natureza. Evita-se, por exemplo, citar e comentar amplamente cada vez que um tradutor
utiliza um dicionário digital para resolver um problema linguístico. Comecemos, justamente,
pelos problemas de natureza linguística.
3.2.1 Problemas de natureza linguística.
Como já ressaltamos anteriormente (Cf. p.16), consideramos que problemas
linguísticos são os que envolvem a insuficiência de conhecimento em relação à apropriação de
modelos fonéticos, lexicais e gramaticais do sistema da língua.
O que observamos em relação aos problemas desta natureza é que, quando realizadas
buscas externas para solucioná-los, os tradutores utilizam como fonte principal de busca o
dicionário, podendo variar entre o dicionário monolíngue referente ao TLO ou TLT ou o
dicionário bilíngue.
Observemos, por exemplo, a busca pela equivalência da palavra “dénouement”,
problema de tradução da maioria dos sujeitos, na seguinte passagem:
Les heures passent, la fierté du travail accompli et récompensé d'une belle médaille
d'argent prend doucement le pas sur la déception, mais le désarroi reste palpable
dans le camp tricolore après l'incroyable dénouement du relais 4×100m disputé lundi
matin à Pékin.
TI1 utiliza o “Petit Robert” para solucionar esse problema sem maiores dificuldades:
EXEMPLO 1
Mas a desordem permanece palpável no campo tricolor, após (...)
...
...
“Dénouement”(...)
/Nossa, mas que palavra hein! Solution, terme, conclusion.
Eu gosto de ir onde vem do latim que as vezes (...)
O desfecho/
Após o desfecho no (...) “Relais” /pra gente é revezamento/
TI2, assim como TI1, utiliza o dicionário, entretanto prefere o bilíngue:
106
EXEMPLO 2
Mas a confusão(...) Mas a confusão (...) fica palpável no campo tricolor após a
incrível (...) Após a incrível. Acho que é dedicação, mas depois eu vou confirmar.
Qual a palavra?
Dénouement.
/Não! É desfecho./
Após o incrível desfecho do resultado(...) Fica palpável no campo tricolor após o
incrível desfecho do(...)
Tem alguma coisa errada com essa palavra.
Qual?
Relais 4×100m
O incrível desfecho do “relais”.
TI3, ao se deparar com problemas de natureza linguística, preferia acessar a Web na
busca de uma solução, entretanto, dentro da rede ele vai até um dicionário monolíngue, neste
caso o Tresor de la langue française:
EXEMPLO 3
No campo tricolor depois da inacreditável...
“Dénouement” /Tresor de la langue/
@Tresor de la langue française @
(...)
[Desfazer. A tá! Desfez (...) desfecho do]
/relais é outra coisa que eu não sei/
@ Tresor de la langue française @
(...)
[Ah tá, revezamento...] /o nome da prova é revezamento/
TE1, assim como TI2, utiliza o dicionário bilíngue, mas opta por um dicionário on-line,
neste caso o Sensagent:
EXEMPLO 4
Após o inacreditável
“Dénouement du relais 4 x 100m.”
[Que isso cara?]
@ Sensagent @ [Catástrofe]
TE2 opta utilizar o dicionário bilíngue instalado na memória do computador,
entretanto, por não encontrar a resposta, escolhe ir ao dicionário monolíngue também
instalado na memória e reveza entre esses dois dicionários:
EXEMPLO 5
Uma confusão permanece palpável sobre o campo tricolor após a inacreditável (...)
Dénouement. [Vamos ver no Português-Francês]
[Mais uma vez não achei. Então a gente procura no Robert.]
107
/Dénouement (...) Ce qui termine, dénoue une intrigue/
[Vamos ver o que é dénoue].
/Agora eu procuro no Português-Francês, no Larousse/
[Desfazer]
/Realmente é uma palavra que não existe correspondente direta no português, é
como se fosse um advérbio da palavra desfazer, desfazer alguma coisa/
Relais que que é relais?
/De repente para dénouement acho que nesse contexto caberia bem o “fracasso”/
Após o inacreditável fracasso do revezamento 4x100.
TP1 apresentou apenas uma pequena pausa, mas através de busca interna pode
resolver o problema:
EXEMPLO 6
O inacreditável desenlace (...)Desenlace do revezamento, do revezamento quatro por
cem metros disputado segunda feira pela manhã em Pequim. Sem tampouco tocar o
fundo da questão.
E TP2 não interrompeu seu fluxo tradutório durante esta passagem. Sendo assim,
observamos ao longo dos protocolos que os tradutores, na maioria dos casos, resolvem seus
problemas de natureza linguística a partir da consulta de dicionário, mas em relação ao
manuseio e formas da WEB para resolver esse tipo de problema, observamos alguns dados
interessantes.
Em certo momento TI3 se depara com o sintagma “faire surface” e não sabendo seu
significado resolve acessar a internet para buscar alguma ferramenta que poderia ajudar a
resolver este problema. Sendo assim, através do buscador Google TI3, chega ao dicionário
Internaute:
EXEMPLO 7
[L´ameurtume?]
[É a amargura... Isso aqui é uma expressão... Faire surface. Pior que eu não sei onde
procurar expressões.]
@ Google (Faire surface entre aspas) @
/Achei um dicionário, tipo enciclopédia. L ´internaute/
[Emerger.... A amargura de voltar a.. Na verdade não seria tão expressão]
108
A amargura de voltar à superfície para assombrar as águas azuis.
/Não sei o que que é isso (...) Éblouis?/
@ internaute @
O que essa passagem demonstra é que a Web foi utilizada para encontrar as
ferramentas que suprissem as carências de conhecimento do tradutor. E TI3, após encontrar o
dicionário Internaute, passa a deixá-lo aberto e utilizá-lo com frequência.
Ainda sobre TI3 observamos que o sujeito utiliza o Google para resolver seus
problemas linguísticos, mas o utiliza como se fosse um dicionário:
EXEMPLO 8
As horas passam (...)
“Fierté”
(...)
@ TI3 digita “fierté” no Google e encontra um site que explica seu significado
@
[O sentimento (...) É acho q é isso. Tem outra palavra que eu não to lembrando
agora]
O sentimento do trabalho realizado (...)
[Realizado (...) Não fica bem em português, mas vou deixar isso por enquanto.]
E recompensado por uma linda medalha de prata guarda (...) “Prendre doucement le
pas sur la déception?”
(...)
[Aqui no lugar do sentimento posso colocar orgulho.] (...) O orgulho do trabalho
realizado e recompensado por uma linda medalha de prata. [Bom, vou colocar algo
aqui. Só para, e volto depois]
Essa passagem deixa clara a importância do domínio das ferramentas a serem
escolhidas pelo tradutor, pois, aparentemente, essa passagem demonstra que TI3 desconhecia
o comando “Define:”, que busca sites com a definição da palavra ou do sintagma após os dois
pontos, do Google, que poderia facilitar sua busca.
Sobre a importância de ter esse domínio das ferramentas pôde ser observada, também,
quando examinamos o protocolo de TI1 que prefere, por diversas vezes, utilizar o Petit Robert,
mas, por vezes, vai além do que digitar no espaço de busca o que deseja, utilizando os demais
recursos de busca desse dicionário digital, como por exemplo, buscar por locuções, caso do
sintagma “se faire battre”:
EXEMPLO 9
Sair (...) “Partir dernier relayeur en tête”(...) “Partir dernier relayeur en tête et se
faire battre”(...)
/Eu tenho dificuldade com essas expressões com faire/ (...) “Faire battre”
109
TI1 realiza um busca no Petit-Robert por locuções
[Deixar bater] (...) [Deixar passar] (...) /Vou mudar um pouco essa frase/(...)
Sair como ultimo revezador e se deixar ultrapassar (...) Não dá para sair ileso disse
(...) Reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet
E, sobre os percursos possíveis para a resolução de problemas de natureza linguística,
se faz interessante ainda observar o caso da tradução de “combler” no sintagma: “on a comblé
notre retard sur les États-Unis”, principalmente sobre o percurso traçado para sua resolução
por TE1, transcrito a seguir.
EXEMPLO 10
“On a comblé”
@ busca no dicionário bilíngue Sensagent @
/Vou ver no meu dicionário de bolso. /
/Combler. Encher. Atulhiar. Cavar. Figurativo. Preencher suprir. Outro. 3. Cumular,
satisfazer plenamente. /
/Satisfazer plenamente o atraso? O atraso sobre os estados unidos? Nossa que
esquisito./
@
/Vou no Wordreference. Combler. Francês inglês.
Preencher? Humm. Relatar. Relatar./
/Bom? Posso fazer o que eu normalmente faria? Pode?/
/Vou deixar uma pergunta no fórum. É o que eu realmente faria. Eles ajudam.
Vamos perguntar. Geralmente eles respondem rápido. Cadê? Vou escolher o em
francês mesmo (fórum em francês). Depois eu vejo/
@
(…)
/Vou ver combler./
@
(...)
/Hum legal! Olha! On a rattrapé. On a réduit à zéro. Un coureur A se trouve une
minute derrière un coureur B. A accélère et, une heure plus tard, A et B courent côte
à côte. A a comblé son retard sur B.
Eu tava achando que era a chegada de avião aos estados unidos (risos). Só que agora
eu entendi. Tavam nadando. Quer dizer os nadadores da França ont comblé les
États-Unis/
[Ah tá! Eu colocaria. Nós alcançamos a equipe americana... Alcançamos notre retard.
Reduzindo de perto... Reduzindo a distância.]
„Reduzindo a nossa distância em relação aos estados unidos.‟
Como pudemos observar TI1, apesar de encontrar no dicionário o significado do termo
“combler”, não acredita que dentro do contexto a ser traduzido o significado dado pelo
dicionário é o mesmo usado no texto. Sendo assim ele utiliza, dentro do universo on-line, o
110
recurso do fórum, e, neste, pudemos acompanhar uma consulta, de forma simples, a
“especialistas”, algo que seria muito complexo fora do universo on-line.
Apesar de “combler” ter sido problema para os demais tradutores não houve percursos
diferentes dos já apresentados para os problemas de natureza linguística.
TI1, por exemplo, consultou o Petit Robert e através de uma busca por locuções pôde
resolver seu problema:
EXEMPLO 11
Combler?
...
...
Que que houve?
To pensando no combler? On a comblé notre retard sur les Etats-Unis. Meu Deus..
Diminuímos nosso atraso em relação aos Estados Unidos. Não é desonroso ser vice
campeão olímpico”, concluiu.
TI2 consulta seu conhecimento prévio da palavra para solucionar o problema:
EXEMPLO 12
On a comblé notre retard sur les Etats-Unis (…) On a comblé (…) je crois que il n´y
a pas de traduction (…) Combler? (…)
On a comblé notre retard.
Nós tivemos o cúmulo de atraso sobre os Estados Unidos. Não é desonroso ser vicecampeão olímpico, ele concluiu.
TI3, assim como TI1, consulta um dicionário monolíngue:
EXEMPLO 13
“Combler” (...)
Internaute.
…@...
„Estamos‟(...) „Ficamos felizes com a diferença para os‟. Com diferença de tempo
com os Estado unidos
TE2 segue o mesmo caminho de TI1 e TI3 e consulta o dicionário monolíngue Petit
Robert.
EXEMPLO 14
“On a comblé notre retard sur les Etats-Unis.”
/Nós combler. Que que é combler ?/
combler no caso do português tá satisfazer.
„Nós tiramos nosso atraso sobre os Estados-Unidos.‟
111
TP1 também utilizou o dicionário Petit Robert e TP2 não teve problemas com este
termo:
EXEMPLO 15
“Combler le retard.” [Quer dizer. A gente (...) Não estou entendendo este Combler.
Comblé notre retard sur les Etats-Unis.]
...
...
[Preencher uma lacuna. Combler uma diferença]. „Eles teriam achado graça‟ “on a
comblé notre retard.” [Quer dizer. Compensar nosso atraso (...) Não!] “Combler le
retard.”
[Nos não estamos mais (...) compensamos, superamos. (...) Isso!.] Superamos nosso
atraso em relação aos Estados Unidos. Não. Não é nenhuma desonra ser vicecampeão olímpico.
TP2:
EXEMPLO 16
On a comblé notre retard sur les Etats-Unis.
/Como tem o agente vou manter/
A gente compensou o atraso com relação aos Estados Unidos.
E finalmente, outro problema de natureza linguística interessante, foi a tradução do
termo “relais” e “relayeurs”. Mais uma vez TE1 realizou o percurso mais longo, de tal forma
que nos deteremos um pouco nesta passagem, por se mostrar interessante do ponto de vista do
uso das ferramentas digitais:
EXEMPLO 17
“Partir dernier relayeur en tête.
Partir? Largar, né?
É. Largar.
Les relayeurs, relayeur en tête et se faire battre.
Vou ver o que que é relayeurs.
[To curioso. Ele apareceu várias vezes.]
Sensagent...
Aqui não achei relayeurs, mas de repente eu acho no Wikipédia francês. Ai eu
consigo uma tradução para ele (...)
@
No Wikipédia não achei. Vou no IATE...
Nele não acho. Então vou tentar no mini dicionário(...)
Relayeur não acho aqui.
Tem nageurs. Nadadores.
Vou tentar sabe em qual? Tresor de la langue. Para achar uma definição.
Francês/Francês (...)
Relayeurs. Course de relais. Relais?
Course de relais.(wikipedia) Humm.
O que você achou ai?
O que que eu achei? A imagem de corredores. Tem o link para português. Deixa eu
ver! Atletismo! Revezamento. Humm. E relayeurs?
O mais engraçado é que tem nageurs. Eu traduzi como nadadores. Agora eu to com
dúvida. Vamos ver (...)
TE1 vai ao dicionário eletrônico Sensagent
112
Nadadores!
Atletistas? Agora vamos ao Google Brasil para ver. Atletistas. Atletistas não. Atletas
To procurando para ver se existe atleta. Atletista. Vê se existe (...)
Relayeurs. Os atletas. De repente corredor. Corredor. Atletista.
Ah tá! Vou no Wikipédia português. Atletista. Para ver o que vai dar (...)
Ah! De repente maratonista.(...) Bom! Atletismo. Atleta.
Em relação às ferramentas utilizadas nesta passagem notamos um número elevado de
ferramentas utilizadas. O TEI começa, como de costume, durante seus problemas tradutórios
de natureza linguística, por fazer uma busca no dicionário on-line Sensagent. Entretanto não
obtendo êxito ele recorre à enciclopédia Wikipédia na versão francesa.
Ainda sem obter êxito, ele resolve, sem sucesso, recorrer a um dicionário de termos
técnicos chamado IATE (InterActive Terminology for Europe).
Somente após todo esse percurso TE1 resolve recorrer ao dicionário Francês/Francês,
mas ainda assim on-line (Tresor de la Langue Française). Neste, ele descobre um sintagma
que faz parte do mesmo campo semântico de “Relayeurs”. “Course de Relais”. Sendo assim
ele retorna ao Wikipédia versão francesa, onde descobre um artigo sobre essa modalidade.
Uma vez que ele apresenta um domínio das possibilidades do Wikipédia, ele procura
uma opção que permita encontrar um arquivo sobre o mesmo assunto no seu idioma e, então,
chega ao termo “Atletismo” e “Revezamento”
E, devido a uma carência de componentes de competências comunicativas
relacionados ao conhecimento de mundo, o sujeito desconhece a possibilidade de uma prova
de natação ser também de revezamento. De forma que, não tendo ainda certeza do conteúdo
da reportagem, coloca em xeque sua tradução de “nageurs” por nadadores, reconfirmada pela
busca no dicionário Sensagent.
Essa dúvida surge devido ao fato de TE1 ter percebido que “nageurs” são retomados
no texto por “relayeurs”, supondo, então, que deveria haver uma relação entre um termo e
113
outro, que deveria ser mantida na TLT. E, acabando por decidir traduzir “relayerus” pelo
termo “atletas”, após verificar no Google versão brasileira se existe essa palavra.
O que observamos nesta passagem é que o seu domínio nas ferramentas on-line
permitiu com que TE1 atualizasse de forma satisfatória suas competências deficientes. Ou
seja, as ferramentas digitais, quando o usuário possui saber-como operá-las, podem, de fato,
auxiliar o tradutor. Sendo assim, seu domínio parece ser muito útil, principalmente ao tradutor
iniciante que ainda não tem ampla proficiência no seu par linguístico, podendo auxiliá-lo a
suprir suas carências. Apesar de não garantir, por si só, uma tradução bem-sucedida, pois o
tradutor depende de uma consciência do seu lugar dentro do contrato tradutório, a partir da
compreensão do seu papel dentro deste ato comunicativo.
Em relação aos demais tradutores TI1 faz apenas uma consulta interna para solucionar
o problema, TI2, TP2 consulta o dicionário francês-português Larousse, TI3 e TP2 consultam
o dicionário monolíngue Tresor de la langue Française e Petit Robert respectivamente. E
TP1 não teve problemas nesta passagem:
EXEMPLO
18 - TI1:
Após o desfecho no (...) relais pra gente é revezamento (...) depois do desfecho do
Relais (...) vou pôr revezamento (...) Me confundi até em português (...) Vou colocar
revezamento. No revezamento 4x100 disputado segunda de manhã em Pequim.
EXEMPLO 19 - TI2:
/Relais 4×100m/
[O incrível desfecho do relais (...) Nadadores de reserva. No desfecho dos(...)]
[Nadadores(...) Eu vou botar nadadores.]
Disputado segunda-feira. Disputado na manhã de segunda-feira em Pequim.
EXEMPLO
20 - TI3:
[“relais” é outra coisa que eu não sei(...) Tresor de la langue.
@
114
[Ah tá, revezamento... o nome da prova é revezamento]
EXEMPLO
21 - TE2:
Relais que que é relais?
[De repente para dénouement acho que nesse contexto caberia bem o “fracasso”].
„Após o inacreditável fracasso do revezamento 4x100. Disputado segunda em
Pequim.‟ (...)
„Disputada segunda de manhã em Pequim,‟ [pronto!]
EXEMPLO
22 - TP1:
O inacreditável desenlace (...) desenlace do revezamento, do revezamento quatro
por cem metros disputado segunda feira pela manhã em Pequim. Sem tampouco
tocar o fundo da questão.
EXEMPLO 23
- TP2:
”Sur l'ordre des relayeurs [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard], la Fédération nous a
un peu baisé la gueule", a expliqué sans détour le grand blond à l'AFP. Seguindo as
ordens dos (...)
Eu não to lembrando (...) Relayeurs.. São os nadadores, mas (...) dos nadadores
Leveux, Gilot, Bousquet, Bernard a federação (...)
Como já é a terceira vez que aparece relayeurs...
No caso tem tradução?
Português-Francês é ali
Pior que eu não sei se tem revezadores em português.
O que pudemos observar em relação aos problemas de natureza linguística é o fato de
que ele é resolvido, prioritariamente, através de consultas a dicionários e que a escolha do
dicionário está ligada à segurança e domínio que o sujeito tradutor tem em relação à
ferramenta, pois apesar de todos os sujeitos terem a disponibilidade das mesmas ferramentas,
suas escolhas foram motivadas por razões, aparentemente, de natureza pessoal.
Sobre o dito acima, concluímos que é importante que haja um momento, anterior ao
processo tradutório, de reflexão sobre a melhor ferramenta a ser utilizada, ou a melhor ordem
possível para uso das ferramentas para cada tipo de problema, deixando de ser uma escolha
115
subjetiva e pessoal e passando a ser uma motivação realizada a partir de uma reflexão crítica,
evitando que o tradutor “perca” seu tempo. Sendo assim, um curso sobre tradução deveria
conscientizar o aluno sobre esse momento de reflexão sobre equipamentos a serem utilizados.
Em relação ao fórum, ele se mostrou muito útil para este tipo de problema, mas é
passível de utilização em problemas referentes a todos os tipos de natureza tradutória
exemplificados nesta dissertação.
Tanto o Google, quanto o Wikipédia, ao serem utilizados para resolver problemas de
natureza lingüística, foram tomados como dicionários. E o uso do Google, com outra
finalidade, se deu como ferramenta de busca para encontrar dicionários que resolvessem tal
problema.
Outra possibilidade de uso das ferramentas para solução de problemas de natureza
linguística encontrada durante os protocolos envolveu a utilização do Google para geração de
um corpus para análise, esta técnica foi utilizada por TE2:
EXEMPLO 24
“Sans non plus toucher le fond, c'est sur la forme que les relayeurs commencent”.
/Toucher le fond ?/
[Vamos ver se eu acho alguma coisa no Larousse. Vou procurar pelo verbo toucher.]
[Não to achando] /Toucher le fond é uma expressão. Acredito que tocar o assunto.
Mas é melhor confirmar./
[Toucher no Robert já que no português não deu muita coisa.]
[Procurando pelas acepções. O verbo toucher parece que não existe referência a essa
expressão.]
[Procurar ‟le fond‟]
(...)
[É parece que não faz nenhuma referência também a essa expressão.]
[Então vou dar uma olhada agora na internet. No Google, para saber se as
ocorrências dessa expressão, mais eu acredito que seja algo relacionado a não tocar
muito no assunto ou algo do gênero.]
(...)
[Vamos lá. „toucher le fond‟. Ai eu coloco entre aspas.]
... @...
Você está no Google né ?
116
[É. Vou fazer uma pesquisa no Google colocando a expressão entre aspas para saber
as recorrências] (...) [e é bem corrente. Bom! To dando uma lida nas ocorrências
para saber se existe uma semelhança de sentido com o que a gente tava considerando
aqui, que era essa expressão.]
(...)
[Bom! Pelas referências que apareceram no Google eu acredito que seja isso que eu
estava pensando, então eu vou traduzir assim.]
O que observamos nesta passagem é que após busca dispendiosa TE2 utiliza o Google
para validar sua hipótese e ajudá-lo a inferir o significado do sintagma, uma vez que os
dicionários não lhe deram certeza da melhor tradução possível.
Neste caso a resolução de um problema linguístico não está intimamente ligada ao uso
de um dicionário ou de uma ferramenta que funcione como tal. E o mesmo tipo de busca foi
utilizado por TP1 para solucionar a expressão “baiser la gueule”:
EXEMPLO 25
[Bom ! Tem que ver o que é “Baiser la gueule”, que eu não sei o que é baiser la
gueule, vou ver se eu acho algum (...) algum (...) no Robert (...) Baiser (...) Sur
l'ordre des relayeurs (...) Humm! Baiser la gueule]
@ TP1 escreve o sintagma no Google
(...)
[Me sacaneou. Baiser la gueule (...) (???) (...) To procurando aqui, baiser la gueule.
Fuck you mesmo,né?
Se por um lado TE2 utiliza essa forma de busca após outros recursos infrutíferos, TP1
demonstra uma noção, ainda que inconsciente, sobre a melhor ferramenta a ser utilizada
naquela situação. Podemos supor que TP1 já tinha uma idéia prévia do sentido da expressão e
concluiu que o dicionário monolíngue que usava até aquele momento não daria resultados
satisfatórios por ser um termo chulo.
Outras possibilidades para uso do Google neste sentido de criação de corpus
comparativo, mas não observadas nesta pesquisa, seria usar o Google para criar um corpus no
TLT, numa tentativa de observar se determinado sintagma é recorrente.
Sendo assim, concluímos que para solução de problemas de natureza lingüística os
tradutores usam principalmente dicionários monolíngues ou bilíngues. O Google utilizado,
ora como dicionário, ora para encontrar dicionários e páginas, ou seja, no seu propósito inicial
117
de buscador e ora para criar um corpus que permita comparação. Resumindo a solução de
problemas linguísticos se deu da seguinte forma:
1 - Através de Dicionário monolíngue na memória do computador (Francês).
2 - Através de Dicionário monolíngue na memória do computador (Português)
3 - Através de Dicionário monolíngue on-line (Francês)
4 - Através de Dicionário bilíngue na memória do computador
5 - Através de Dicionário bilíngue on-line
6 - Através de Google usado como dicionário
7 - Através de Google como buscador de páginas
8 - Através de Google para criação de corpus
9 - Através de Wikipédia e enciclopédias
10 - Através de Fóruns
Apresentamos abaixo uma tabela com o número total de problemas linguísticos de
cada sujeito e a forma como foi resolvido através das ferramentas digitais.68
68
Com o intuito de validar os dados, os problemas considerados de natureza linguística foram marcados nos
Protocolos Verbais, junto aos anexos, com o número “1” sobrescrito (¹).
118
TRADUTORES
TI1
Problema
linguístico
resolvido
através de
Dicionário monolíngue
na memória do
computador (Francês)
7
Dicionário monolíngue
na memória do
computador (Português)
4
TI2
TI3
TE2
TP1
3
5
1
Dicionário monolíngue
on-line (Francês)
TP2
1
21
Dicionário bilíngue na
memória do computador
6
18
Dicionário bilíngue online
16
Google como dicionário
1
Google como buscador
de páginas
1
Google para criação de
corpus
1
1
Wikipédia e
enciclopédias
1
Fóruns
Total de problemas de
natureza linguística
TE1
1
2
1
2
11
6
24
21
23
7
Tabela IV - Total de problemas de natureza linguística observados e como foram resolvidos
1
119
Cabe lembrar que o número maior ou menor de problemas identificados pelos sujeitos,
em nada reflete o sucesso ou não da tradução. Primeiramente devido ao fato que problema,
aqui, foi considerado como a identificação de uma dificuldade que causou a interrupção do
fluxo tradutório. Sendo assim, é possível um tradutor não ter problemas tradutórios, inclusive
por não ter percebido que determinada passagem do texto demandava uma maior reflexão por
sua parte, e ter sido mal sucedido ao longo de algumas passagens de sua tradução.
Uma vez observadas as soluções de problemas de natureza linguística vejamos, a
partir de então, os problemas de natureza discursivo-textual, suas estratégias de solução e os
percursos traçados pelos tradutores.
3.2.2 Problemas de natureza discursivo-textual
Como já foi exposto o componente discursivo-textual é a reunião (CF. p 20) da
definição de componentes discursivos de Moirand (1982, p.20), que seria relativo ao
conhecimento e apropriação de diferentes tipos de discursos e sua organização em função da
situação de comunicação da qual sua produção/ interpretação fazem parte, e a definição de
componente textual de Kleiman (1989, p.13) e Coste (1978, p.15-16), relativo aos conjuntos
de noções e conceitos que o leitor possui sobre o texto, envolvendo os reconhecimentos dos
tipos de textos e as formas de discursos. Englobados pela nomenclatura “discursivo-textual”.
Em relação a esse tipo de problema, o que se observou foi que os tradutores, a
princípio, utilizam buscas internas para resolvê-los, possivelmente devido ao fato da natureza
do texto em questão (jornalístico) ser bem recorrente no cotidiano de todos os tradutores
observados.
Discursos menos recorrentes, como o jurídico, ou seja, discursos que possuam
estruturas bem diferentes entre si no TLO e no TLT, possivelmente, gerarão maiores
problemas discursivo-textuais. O texto jornalístico, devido à proximidade da sua estrutura
120
entre o texto em francês e o em português não apresentou muitos problemas desta natureza,
mas vejamo-los.
TI1, através de busca interna, questiona a possibilidade do uso de palavras em sentido
conotativo ou denotativo:
EXEMPLO 26
[Eu entendo agora que eu li. Mas porque que fica tão difícil (...) Passer devant? Tá
no sentido figurativo. Mas eu não sei se tá no sentido conotativo ou denotativo. Mas
pode ser os dois. O jornal não impede de usar o conotativo.
Eu não sei se dá lugar a decepção (...) Precede? É (...) Precede]
TI1 questiona, também, o uso da palavra “revezadores” em um jornal:
EXEMPLO 27
Engraçado (...) Aqui tá o revezador como o atleta de bastão, mas não lembro de
revezador como uma notícia de jornal (...) tá, mas eu to lá (...)
Entretanto TI1, mais tarde, opta por manter revezadores, sem realização de busca
externa. Já TI2 e TE2 em nenhum momento do protocolo demonstraram qualquer
preocupação, consciente, com a estrutura do discurso na TLT do texto traduzido.
Isso se deve, pelo fato já discutido no tópico 3.1 (Estratégias Globais de tradução),
tanto TI2 quanto TE2 não assumiram a postura de um tradutor profissional, ou seja, não se
inseriram dentro do duplo ato comunicativo do qual o tradutor faz parte ao longo do processo
tradutório. Sendo assim, TI2 e TE2, não se preocuparam com o público-alvo idealizado.
TI3, em um momento do texto, se questiona sobre o uso da palavra “revezadores” no
texto e, através de busca interna, julga ser mais prudente traduzir por nadadores:
EXEMPLO 28
[Relais é outra coisa que eu não sei.. Tresor de la langue.]
@
[Ah tá, revezamento... o nome da prova é revezamento]...
Quatro por cem. Disputado em Pequim... Segunda de manhã em Pequim. Sem nem
tocar o fundo é clara a forma como os “relayeurs”...
[acho que não dá pra dizer revezadores, então nadadores mesmo,]
121
Em outro momento ele demonstra levar em consideração, durante suas escolhas, a
natureza discursiva do TLT, justificando sua postura de tirar o artigo do título da reportagem
do TLO no TLT, sob o argumento de que em português, manchetes não possuem artigos:
EXEMPLO 29
[Agora vamos aos problemas. Tirei o artigo porque geralmente manchete aqui a
gente não coloca artigo]
TP2 se questiona sobre a tradução de “relayeurs” por “revezadores” dentro do discurso
e explica como solucioná-lo:
EXEMPLO 30
Mas aí eu acho. Eu acho aí que seria o caso de procurar, por exemplo, em textos da
imprensa que vai falar de revezadores ou não, mas eu diria mais nadadores de
qualquer forma então eu vou deixar nadadores, mas seria uma coisa de na ultima
revisão procurar não em dicionários, mas em sites em que se fala da notícia ou de
esportes em geral se seriam os revezadores.
Mas tarde, durante o protocolo, na sua fase de revisão, TP2 encontra o termo
“revezadores” através de busca na internet e opta pela troca de “nadadores” por “revezadores”:
EXEMPLO 31
“@
GOOGLE
[Competição revezamento revezadores]
/Eu to querendo ver se chama os nadadores de revezadores, mas na verdade.../
/Então, tem os revezadores... Então pode... Então pode ser usado/
O sintagma mais interessante a ser observado, problema discursivo-textual para TI1,
TE1, TP1 e TP2 foi “Baiser la gueule” na passagem do texto: "„la Fédération nous a un peu baisé la
gueule‟, a expliqué sans détour le grand blond à l'AFP”.
TI2 não interrompeu seu fluxo tradutório. Para TI3 esse foi um problema de natureza
linguística, pois ele não sabia seu significado, mas não houve questionamento sobre a
possibilidade de uso ou não dentro da reportagem e TE2 deixou essa passagem na mesma
forma do TLO.
122
Em português a tradução de “baiser la gueule” seria um “palavrão”69 e ao perceber isto
os tradutores se questionaram sobre seu uso no discurso jornalístico do TLT, vejamos como
traduz essa expressão TI1, TE1, TP1.
EXEMPLO 32 - TI1:
[La federation... Baiser la gueule deve ser uma expressão]
/É não achei aqui... Deixa eu fazer uma baixaria... Deixa eu procurar na internet. A
gente pode usar o tradutor bizarro que tem aqui... Do Google?
Pode usar o que quiser
@ (...)
/É não ficou nem um pouco bonita essa expressão aqui/
(...)
TI1 realiza uma leitura do texto
[Meu Deus.. Será que é o que eu to pensando (...) Mas como é que eu vou colocar?
Posso colocar a federação nos prejudicou, mas fica um pouco confuso...]
/Vou colocar a federação nos prejudicou, mas no sentido do palavrão (...). O jornal
deles pode. Será que o nosso pode? Nos ferrou.”
EXEMPLO 33 - TE1:
“Na ordem dos revezadores [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard]...
„nous a un peu baisé la gueule‟ no mini dicionário.
/Não tem aqui não, mas olha só que coisa estranha. Avoir la gueule de bois. Porque
La gueule pode ser boca. Goela de animal, boca humana, cara. Familiar, pode ser
aparência, estética, abertura, boca. Avoir la gueule de bois. Estar com gosto de cabo
de guarda-chuva na boca.
Ah. Baiser la gueule? Vou procurar no wikidicionário.
@
To achando não! baiser la gueule no “Word reference”.
@
[Humm. Enganado! Acho que tem a ver com Judas? Baiser la gueule? Porque ele
traiu, ne? E a federação nos traiu um pouco. (risos).]
@
Google
TE1 lê o sintagma em diversos textos através do Google
[Ele colocou um palavrão no texto formal assim? Ta entre aspas né? Vou colocar
palavrão na minha tradução não. Eles nos fudeu um pouco pô. Baiser la geule no
Tresor de La langue. Procurar por “gueule”. Procurar por baisé.]
Ah! Vou colocar assim oh! Nos ferrou. Fica melhor!”
69
Diz respeito à expressão chula que expressa a idéia de possuir o outro sexualmente .
123
Como percebemos, ao identificar o que significaria o sintagma, TE1 repudia a
possibilidade de colocar em um texto formal o “palavrão” e encontra outra solução. E,
finalmente TP1 e TP2
EXEMPLO 34 - TP1:
“Sur l'ordre des relayeurs la Fédération nous a un peu baisé la gueule.”
[Bom ! Tem que ver o que é “Baiser la gueule”, que eu não sei o que é baiser la
gueule, vou ver se eu acho algum... algum.. no Robert... Baiser... Sur l'ordre des
relayeurs… Humm! Baiser la gueule…]
@
Google
[Me sacaneou. Baiser la gueule… (???)… To procurando aqui, baiser la gueule.
Fuck you mesmo, Né? Mas vou mudando aqui meu registro, porque é um registro...
É uma frase, né?... Um pouco chula, não sei se o leitor do globo vai gostar (risos).]
Em relação... [Eu acho que “Sur l'ordre de” é em relação à ordem do mergulho, né?...
É! Em relação à ordem dos nadadores. Exatamente!]
A ordem dos nadadores do revezamento Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard. A
federação. [É... Literalmente fudeu com a gente. Então vou colocar uma palavra
menos chula, vou botar nos sacaneou, até porque o editor frequentemente muda a
tradução, se fosse eu, eu teria mudado,].
EEMPLO 35 – TP2
Quanto à ordem dos nadadores a federação nos sacaneou(...) [É até gentil em
relação ao que está dito, mas como isso não é muito sério em francês não precisa
baixar tanto o nível.]
Em suma, observamos que TI1 encontra a solução de seu problema através de busca
externa ao próprio texto, enquanto que TE2 e TP1 recorrem ao Google, fazendo-o criar um
corpus para comparação e tentativa de depreender o significado do sintagma e para TP2 não
ouve problema de tradução.
Como foi dito anteriormente, não foram observados muitos problemas de natureza
discursivo-textual, mas dois fatores podem explicar esse fato. O primeiro fator diz respeito à
natureza do tipo de texto escolhido (Jornalístico). Uma vez que os sujeitos já sabiam seu
modelo de organização, não houve muitos problemas desta natureza e mesmo problemas,
observados no momento de interrupção do fluxo tradutório, foram rapidamente solucionados
através de busca interna.
O segundo fator foi a dificuldade que alguns sujeitos apresentaram em assumir o papel
do tradutor, sem, muitas vezes, se preocupar com o público-alvo idealizado (leitores do jornal
124
o Globo), sugerido pelo elicitador. Sendo assim, ainda que não tenham ocorrido muitos
problemas de tradução, isso não significa, necessariamente, que os tradutores não
transgrediram as normas de organização deste discurso.70
Em relação à solução de problemas através dos meios digitais. TP2 faz um comentário
importante, segundo TP2 uma possibilidade de solução desses problemas através de
ferramentas de buscas externas seria o uso de ferramentas de buscas para encontrar texto no
TLT que possuam as mesmas características discursivas, de forma a observar sua estrutura e
confirmar as possibilidades dos equivalentes escolhidos:
Eu acho ai que seria o caso de procurar, por exemplo, em textos da imprensa que vai
falar de revezadores ou não, mas eu diria mais nadadores de qualquer forma, então
eu vou deixar nadadores, mas seria uma coisa de na ultima revisão procurar não em
dicionários, mas em sites em que se fala da notícia ou de esportes em geral se seriam
os revezadores.
E, ainda em relação aos problemas discursivo-textuais resolvidos através de busca
externa, todos apresentaram o mesmo percurso: Ir ao Google e através de uma criação de
corpus verificar se no discurso homólogo ao do TLO no TLT era possível encontrar o
equivalente que o tradutor suspeitava ser o mais indicado.
Acreditamos então na necessidade de trabalhar em futuras pesquisas com textos que
possuam menores similaridades discursivas no TLO em relação ao TLT, com intuito de
observar se outras ferramentas externas surgiriam para solução de problemas desta natureza.
Vejamos a tabela com base nos problemas discursivo-textuais observados. Incluímos na
tabela, também, os problemas resolvidos através de buscas internas71.
70
Essa afirmação visa a deixar claro que há possibilidade de haver problemas tradutórios mesmo sem a
interrupção do fluxo tradutório. Entretanto, obviamente, não há estratégias de solução de problemas se o tradutor
não percebeu um problema. E não cabe à presente pesquisa apresentar exemplos de “erros” tradutórios nos
produtos finais da tradução, motivo pelo qual não exporemos exemplos sobre essa questão.
71
Os problemas de natureza discursivo-textual foram marcados nos protocolos verbais através do numeral “2”
sobrescrito (²) e se encontram nos anexos da dissertação
125
TRADUTORES
TI1
Problema
discursivo
-textual
resolvido
através de
TI2
TI3
TE1
TE2
TP1
TP2
Busca
3
1
1
Interna
Google para
criação de
corpus
TOTAL
3
1
1
1
1
2
Tabela V - Total de problemas de natureza discursivo-textual observados e como foram resolvidos
E, finalmente, vejamos como se deu a solução e os percursos para solução de
problemas relacionados ao conhecimento de mundo.
3.2.3 Problemas relacionados ao conhecimento de mundo
Na presente pesquisa, consideramos problemas de conhecimento de mundo quando há
uma ausência relacionada aos conhecimentos prévios que os sujeitos deveriam ter de mundo
para compreensão do texto traduzido, assim como as regras sociais e as normas de interação
entre os indivíduos e as instituições permeadas no texto.
Em relação a problemas dessa natureza, assim como de natureza discursivo-textual,
não foram numerosos, pois o assunto abordado pelo texto era de conhecimento, ainda que não
de forma plena, dos sujeitos da pesquisa.
TI1, apesar de apresentar em um momento do seu protocolo um problema de
conhecimento de mundo, a partir do próprio texto foi capaz de resolver a dúvida que lhe havia
ocorrido:
126
EXEMPLO 36
Explicou sem meias palavras... Le grand blond. (Risos). [Isso aqui é com certeza]...
...
...
/Ih me dei mal.. Me parece óbvio... Le grand blond... O grande... Não parece nada.
...
...
É ... Le grand blond não é o loiro alto é?
[Vou procurar saber quem é essa pessoa na vida. Le grand blond é Amaury, mas o
Loiro alto?]
[Me parece que é alguém importante de lá... Tá... O loiro alto à AFP... Alain Bernad
e Fred Bousquet]
Nesta passagem observamos que o tradutor sabe o que significa “Le grand blond” (O
loiro alto), mas não sabe quem ele é. Sendo assim, ele deixa entender que procuraria mais
sobre essa pessoa referida na reportagem. Entretanto, através de busca no próprio texto, ele
conclui que “Le gland blond” é Alain Bernad.
Ao ser questionado sobre seu conhecimento do assunto, TI1 afirmou ter visto a prova
de natação descrita na reportagem e ter lido outras reportagens sobre esse assunto na época do
ocorrido.
TI2, assim como em relação aos problemas discursivo-textuais, não demonstrou ter a
necessidade de atualizar seu conhecimento de mundo em momento algum. Nomes próprios
como “Cube d´eau” (cubo d´água), nome dado ao estádio, em francês, no qual a prova foi
realizada, foram mantidos no momento da busca de equivalentes e em seguida retirados no
período de refinamento, representando uma solução de abandono.
EXEMPLO 37
Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças no último
momento, antes de acrescentar sibyllin, a gente vai falar disso novamente. O ex
recorde do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10 minutos
acocorado nos banheiros du cube d´eau
Entretanto, observemos a versão final:
EXEMPLO 38
Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças no último
momento”, antes de acrescentar sibyllin, “a gente vai falar disso novamente”. O ex
127
recorde do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10 minutos
acocorado nos banheiros.
TI3, por sua vez, conclui sobre a necessidade de atualizar seu conhecimento de mundo
para a solução de um problema encontrado na passagem abaixo:
EXEMPLO 39
Marc Begotti, responsable du relais. "Il faut que je voie avec lui. Ce n'est pas moi
[qui ai pris la décision]", a-t-il commenté, précisant simplement qu'il était "facile de
refaire les courses" après coup. "Avec 8 centièmes de mieux, on n'aurait plus jamais
rediscuté de l'ordre", a-t-il souligné.72
TI3 conclui que, para traduzir de forma mais eficiente, era necessário descobrir quem
era Marc Begotti, pois havia uma dúvida se ele era responsável pela ordem dos revezadores
franceses ou se pela prova de revezamento como um todo:
EXEMPLO 40
[Não sei se o Marc é responsável pela ordem ou pela prova]...
Olhar no Google (...)
@
[Marc Begotti, Wikipédia.]
[Google... Ah!... Marc Begotti é o treinador... ah! é o diretor (Claude Fauquet) e o
Begotti é o treinador (...) Então ele é responsável pela prova mesmo]
Essa passagem demonstra que a atualização do conhecimento de mundo auxilia o
tradutor na tomada de decisões em relação à manutenção do sentido global no TLT. E, como
foi, também, observado, TI3 usa o Google para encontrar uma página que contenha a
informação desejada, no exemplo acima a Wikipédia.
E assim como TI2, TI3 opta por não traduzir “Cube d´eau”, mas ao contrário de TI2,
prefere manter o termo no texto final;
EXEMPLO 41
O ex- recordista do mundo da especialidade, que passou próximo de 10 min
envergonhado nos toilettes do Cube d‟eau
Essa passagem se mostrou interessante no sentido que observamos que TI3 mantém,
inclusive, a palavra “toilettes” em francês, considerando “toilettes do Cube d´eau” uma
72
Marc Begotti, responsável pelo revezamento: Preciso ver com ele. A decisão não foi tomada por mim,
comentou, precisando simplesmente que seria fácil refazer as provas depois de já realizadas. “Com 8 centésimos
a menos, não teríamos jamais rediscutido a ordem”, ressaltou.
128
unidade de tradução, deixando ao pesquisador um questionamento sobre a real compreensão
desta passagem pelo TI3.
TE1 demonstrou ter problemas em relação às modalidades possíveis em relação às
provas de natação:
EXEMPLO 42
/Vou ver o que que é relayeurs. To curioso. Ele apareceu várias vezes. Sensagent./
@
/Aqui não achei relayeurs, mas de repente eu acho no Wikipédia francês. Ai eu
consigo uma tradução para ele./
@
/No Wikipédia não achei. Vou no Iate./
@
/Ele não acho. Então vou tentar no mini dicionário./
/ Relayeur não acho aqui. Tem nageurs. Nadadores. Vou tentar sabe em qual? Tresor
de la langue. Para achar uma definição. Francês/Francês./
@
[Relayeurs. Course de relais. Relais?] /Course de relais(...)/
@ Wikipédia @
Humm…
O que você achou ai ?
/O que que eu achei? A imagem de corredores. Tem o link para português. Deixa eu
ver! Atletismo! Revezamento(...) humm. E relayeurs?
O mais engraçado é que tem nageurs. Eu traduzi como nadadores. Agora eu to com
dúvida. Vamos ver.
@ Sensagent@
/Nadadores! Atletistas? Agora vamos ao Google Brasil para ver. Atletistas.
Atletistas não. Atletas./
@
/To procurando para ver se existe atleta. Atletista. Vê se existe. Relayeurs. Os atletas.
De repente corredor. Corredor. Atletista(...)
Ah lá! Vou no Wikipédia Português. Atletista para ver o que vai dar. Ah! De repente
maratonista.((...))
@
/Bom! Atletismo. Atleta. Deixa eu ver esse Indemne. To no Sensagent, procurar a
palavra Indemne./
@
/Ileso. Tá!
„Não saiu ileso. Reconheceu o diretor técnico nacional Claude Fauquet(...) ‟
/Nageurs! De novo. Nadador/
@ Sensagent @
Nageurs. Ai ó! Nadador. A tá, né?
„Sobre a questão da ordem dos nadadores, o DTN admitia que deveria(...) devia falar
com Marc Begotti, reponsável do‟
“relais.”
[Será que é competição. Atletismo? Evento!]
Vou no Sensagent ver a tradução de relais. Acho que é revezamento. Só que é
natação também. Eu não sei nada de natação. Vou ver aqui. Natação revezamento.
129
@
Fui no Google ele me mandou para o Wikipédia(...) Prova de revezamento! 4x100,
4x200
Nesta extensa passagem notamos que TE1 tem um problema de natureza linguística no
momento que precisa traduzir “relais”, “relayeurs” e “nageurs”, entretanto, ao entender que
“relais” era uma das formas de se referir a “nageurs”, surge uma necessidade de atualizar seus
conhecimentos de mundo, pois não parecia viável ao tradutor associar revezamento e
revezadores às provas de natação.
Sendo assim, através de busca externa realizada na internet, o tradutor chega ao
Wikipédia, direcionado pelo Google, onde há uma matéria em português sobre natação e uma
descrição das modalidades possíveis da natação.
E, ainda, em relação ao sintagma “cube d´eau” TE1 também utiliza buscas externas
para resolver esse problema de tradução:
EXEMPLO 43
[No Cube d´eau?] /Cube d´eau no Wikipédia./
@ TE1 clica em outros idiomas opção inglês @
/Water cube. Ah viu! Calma ai. Não entendi. Eles traduzem. Será cubo de água?
Odeio traduzir nome assim. Eles traduzem né?/
Sendo assim, após observar que os artigos sobre o assunto encontrados na internet
traduzem o sintagma, ele opta, também por fazê-lo. Na versão final o tradutor decide,
entretanto, deixar a tradução entre parênteses, mantendo o original, pois como ele deixa claro
acima, não é a favor da tradução de nomes próprios:
EXEMPLO 44
Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava “mudanças no último
momento”, antes de acrescentar, misterioso, “nós falaremos sobre isso novamente”.
O ex-recordista do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10
minutos agachado no banheiro do Cube d‟eau (“Cubo de Água”)
Devemos chamar a atenção que TE1 não percebeu que “Cube d´eau” já era uma
tradução, pois a prova ocorreu durante os jogos olímpicos de Beijim. Sendo assim, os nomes
dos estádios, originalmente, estavam em mandarim.
130
TE2 não demonstra em nenhum momento a necessidade de atualizar seus
conhecimentos de mundo para solução de problemas que surjam, e em relação ao sintagma
“cube d´eau” ele prefere manter o termo:
EXEMPLO 45
“O ex- recordista do mundo da especialidade, que passou próximo de 10 min
envergonhado nos toilettes do Cube d‟eau”
Assim como TI3, TE2 considera como unidade de tradução “toilettes do Cube d´eau”
e não desconfia da necessidade de atualizar seu conhecimento de mundo para buscar o
equivalente no TLT.
Em relação aos tradutores profissionais, TP1 teve também um problema em relação ao
seu conhecimento de mundo, resolvido através das ferramentas on-line:
EXEMPLO 46
Garantido antes “le retour de Lezak sur Bernard”… [Fico a me perguntar... Será que
é?... Acho que é o nadador que ganhou o outro da equipe eu acho]... “retour
miraculeux”... [Será a passagem? Eu não sei quem é o Lezak...]
Que houve?
[Ah? Nada é uma coisa do texto... É uma coisa do texto, tem um nome próprio que
eu não sei se é o nadador francês ou... Bom! Normalmente eu iria buscar na internet.
Eu acho que esse jogo. Essa prova. Vamos ver! Vou acabar achando essa matéria do
jornal.]
Não. Já saiu do ar.
[Bom! Vamos lá. Eu to buscando para ver se eu acho, para ver se esse nome aqui é o
nadador adversário que levou o ouro, porque eu também não sei... Ah! Olha aqui. Eu
já to percebendo que foi o Lezak que ganhou do Bernad, que virou no final... Achei
um site. O melhor da natação mundial...]
Como pudemos observar nesta passagem, o tradutor já tinha uma hipótese sobre quem
seria Lezak, mas através da internet ele pôde ter certeza da sua escolha. Em relação ao
percurso para solução de problemas de conhecimento de mundo o tradutor vai ao Google e
encontra outro site que contém a informação desejada.
E finalmente, TP2 teve problemas em traduzir “cube d´eau”, pois não sabia como era
chamado pela mídia brasileira, sendo assim, recorreu à internet para resolver esse problema:
EXEMPLO 47
“Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava “mudanças de última
hora”, antes de acrescentar, sibilino, “vamos voltar a falar nisso”. O ex-recordista
mundial da categoria, que passou quase 10 minutos agachado no banheiro do..
Aqui eu vou ter que olhar na internet
Google
Ah! Olha chamam isso mesmo de cubo d´água
131
Em português eu colocaria em letra maíscula
Cubo d‟Água, com as mãos na cabeça, ainda parecia em estado de choque.
Assim como os demais tradutores que tiverem que atualizar seus conhecimentos de
mundo, TP2 usou o Google para buscar um site que tivesse a informação desejada.
O que observamos em relação aos problemas relacionados ao conhecimento de mundo,
durante a pesquisa, é que eles são resolvidos, geralmente, através de buscas externas a partir
de um site de busca que leve o sujeito à informação desejada.
Também parece ser interessante no caso de conhecimentos de mundo, trabalhar em
futuras pesquisas outros textos, para que possamos averiguar se há outras formas de
resolverem problemas dessa natureza.
Em suma, podemos supor que problemas de natureza de conhecimento de mundo são
resolvidos, no universo digital, através de um site buscador. Podemos dizer também, em
contexto mais amplo, focando as buscas externas, que esse tipo de problema também pode ser
resolvido através de busca no próprio TLO. Vejamos abaixo a tabela que demonstra os dados
obtidos73:
TRADUTORES
TI1
Problema de
conheciment
o de mundo
resolvido
através de
Busca interna
Solução de
abandono
Google como
site de busca
73
TI2
TI3
TE1
1
2
TE2
TP1
TP2
1
1
1
1
Os problemas de natureza de conhecimento de mundo foram marcados nos protocolos verbais através do
numeral “3” sobrescrito (³) e se encontram nos anexos da dissertação.
132
Busca no TLO
1
TOTAL
2
1
1
1
1
1
Tabela VI - Total de problemas de natureza de conhecimento de mundo observados e como foram resolvidos
E, antes de adentrar nas considerações finais, é de extrema importância fazer
considerações acerca do que foi observado nesta seção.
Primeiramente percebemos que o domínio do equipamento não influencia no
desempenho do tradutor iniciante, pois de nada adianta saber resolver um problema tradutório,
como, por exemplo, buscar um site para resolver problemas de conhecimento de mundo, ou
criar corpus para comparar e resolver conhecimentos de natureza discursivo-textual, se o
tradutor não for capaz de identificar seus problemas tradutórios ao longo do processo.
Observamos que problemas de natureza linguística, por estar intimamente ligados à
leitura e compreensão do TLO, mas não somente, são percebidos com mais facilidade pelos
tradutores na pesquisa.
Por sua vez, somente percebê-los não garante uma tradução bem-sucedida, pois é
necessário ter uma consciência de que o ato de traduzir, sendo um duplo processo
comunicativo, necessita que o tradutor, mais do que entenda o TLO, escreva, também, um
texto fluente ao seu público-alvo, mantendo as mesmas propriedades, ou ao menos as mais
relevantes, caso seja impossível manter todas, no TLT.
Tradutores iniciantes, ainda que tenham saber-como, continuam com problemas de
manutenção do sentido global do TLO no TLT, prendendo-se ao TLO. Nas palavras de
Barbosa e Neiva (1997, p.19): “o tradutor iniciante aborda sua tarefa de uma maneira
133
estritamente micro-textual e linear e que estabelece uma relação quase biunívoca entre o texto
de partida e o texto que ele próprio está gerando em sua língua materna.”
Contudo, as ferramentas digitais se mostram úteis, pois agilizam o processo de busca e
potencializam as chances de encontrar a informação necessária para solucionar os problemas.
E cabe ao tradutor refletir sobre os melhores percursos a serem traçados dentro do universo
digital e as melhores ferramentas, uma vez que devido à imensa gama de possibilidades, não
as definir pode gerar um processo desgastante e desnecessário de busca. Neste sentido,
observar tradutores experientes que tenham como profissão principal traduzir pode ser
interessante para mapear essas ferramentas. Podemos, agora, finalmente, adentrar nas
considerações finais deste trabalho.
134
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo desta pesquisa, observamos que a Web de fato auxilia o tradutor durante o
seu processo tradutório e que dentro da rede há uma vasta gama de possibilidades de
ferramentas, de tal forma que algumas vezes a única justificativa para um tradutor escolher
usar uma em detrimento de outra seria sua identificação pessoal para com a ferramenta e,
obviamente, sua habilidade em manipulá-la.
Sendo assim, ao se propor um curso que vise ensinar o aluno a traduzir, se faz
importante incluir um módulo que permita aos alunos terem contato com as diversas
possibilidades de ferramentas digitais, de forma que eles possam manipulá-las e escolher as
que lhe parecem mais úteis de acordo com seus objetivos.
As estratégias de busca de subsídios externos não foram modificadas com o advento
dos mecanismos digitais. O que ocorre, na verdade, é uma maior facilidade de acesso a essas
fontes de buscas externas: Dicionários e enciclopédias, textos paralelos e especialistas.
Os dicionários impressos se mostraram em desuso dentro desta pesquisa, pois mesmo
fornecendo-os ao tradutor, não houve motivação em nenhum momento para seu manuseio.
Notamos que, em relação aos dicionários na memória do computador e os on-line, há uma
preferência de uso do primeiro grupo. Seria interessante propor uma pesquisa que analisasse,
a partir de comparação de diversas estruturas diferentes, se há uma diferença qualitativa entre
dicionários, on-line, digitais e, talvez, impressos.
O que também chama a atenção em relação ao manuseio das ferramentas digitais é a
necessidade de criatividade por parte do traduto - pois algumas ferramentas têm um desvio da
sua função original, como usar um site de busca para criação de corpus ou uma enciclopédia
Wiki para encontrar textos paralelos do TLO no TLT,.
135
Sobre o percurso traçado para solucionar problemas tradutórios em meios digitais, a
partir da natureza do problema, observamos uma relação entre natureza do problema e
percurso traçado. Sendo assim podemos resumir que:
(1) Problemas de natureza linguística são resolvidos, em meio digital, a partir de
consulta a dicionários, enciclopédias, fóruns e comparação em corpus.
(2) Problemas de natureza discursivo-textual são resolvidos, em meio digital a partir
de comparação em corpus.
(3) Problemas de natureza de conhecimento de mundo são resolvidos, em meio digital,
a partir do uso de sites de busca para encontrar uma página que contenha a
informação necessária para suprir a carência do tradutor.
Obviamente o observado na pesquisa não é definitivo, nem visa criar um quadro
fechado de possibilidades, de forma que novas pesquisas, tanto com textos jornalísticos,
quanto com textos de gêneros discursivos diferentes, poderia ajudar a reformular ou reforçar a
sistematização observada nesta pesquisa.
As ferramentas digitais se apresentam, de fato, como uma poderosa fonte de busca de
subsídios externos e para isso é necessário que o tradutor possua um saber-como manuseá-las.
Entretanto, tais ferramentas não foram capazes de garantir ao tradutor iniciante traduções
bem-sucedidas, uma vez que seu uso, não modifica em nada as características já observadas
anteriormente em tradutores iniciantes durante o processo tradutório.
O fato de ser capaz de realizar uma busca devido a um saber-como operar
determinadas ferramentas, ,mostrou-se ineficaz para esses tradutores iniciantes. Acreditamos
que este fato ocorre porque toda busca começa na conscientização da carência de algo. Assim,
mesmo o tradutor iniciante estagiário com maior saber-como, inclusive maior que os
136
tradutores profissionais, nem sempre foi capaz de perceber a sua necessidade de atualização
do conhecimento com relação ao assunto do texto, o que o levou a buscas infrutíferas de
termos isolados.
Nossa hipótese inicial, na qual um tradutor iniciante que possuísse saber-como geraria
uma tradução mais bem sucedida, precisa ser complexificada, pois concluímos que: um
tradutor iniciante, que possua um saber como em relação às ferramentas digitais, terá maior
“possibilidade” de realizar uma tradução bem-sucedida, ainda que por caminhos mais
tortuosos que o profissional, se, acoplado a esse conhecimento, o tradutor iniciante tiver uma
consciência do que é “o traduzir” e mantenha durante o processo tradutório uma identidade de
tradutor.
Ou seja, acreditamos que, caso o tradutor iniciante tenha consciência do duplo ato
comunicativo no qual a tradução está inserida, assumindo ao longo do processo tradutório seu
papel discursivo dentro desses atos de linguagem, mesmo que ele ainda não tenha ampla
proficiência no TLO e no TLT, ele terá maior possibilidade de realizar uma tradução bem
sucedida se dominar as ferramentas digitais, pois estas agilizam e amplificam as
possibilidades de aquisição de uma informação.
É importante lembrar ainda que a atualização das competências do tradutor não se faz
somente ao longo do processo tradutório. Neste sentido, a internet é uma forte aliada ao
tradutor iniciante, pois permite a esse tradutor acesso a diversas fontes de estudo para
atualização de suas competências.
Uma vez que não foi objetivo deste trabalho ir além do momento da tradução, não
podemos tirar maiores conclusões, mas observamos ao longo da análise bibliográfica que a
Web traz novas práticas, ou pelo menos amplia os horizontes de práticas antigas, ao tradutor,
como a possibilidade da tradução em massa (grupos).
137
Observamos que a Web modifica a forma como os tradutores se organizam e
interagem entre si, através de fóruns e blogs, e observamos que durante a pesquisa é possível
ao tradutor deixar “resíduos” on-line de suas buscas, de forma que esses resíduos da busca
possam gerar uma memória passível de resgate por outros tradutores que realizarem percursos
similares ao primeiro tradutor. Como no caso dos fóruns. Fazem-se interessante, então,
pesquisas que observem a forma de interação entre tradutores dentro de fóruns e blogs.
Como expusemos no início dessa dissertação, nosso objetivo era iluminar, através de
uma pesquisa exploratória, uma área que parecia escura, e, ao fazermos isso, como esperado,
são encontradas mais perguntas do que respostas. Entretanto, segundo Cristina Haguenauer,
professora doutora da Escola de Comunicação da UFRJ, com quem o pesquisador teve
imenso prazer em cursar uma disciplina do mestrado: a cada pergunta respondida o
pesquisador encontra, ao menos, o dobro de outras questões, o que, por ventura, garante seu
emprego. Sendo assim, esperamos, além de ter contribuído com o desenvolvimento da
pesquisa na área de Letras Neolatinas da UFRJ, termos criado diversos novos postos de
trabalhos para novos pesquisadores.
São, então, direcionados, principalmente, aos novos pesquisadores, que pretendam dar
prosseguimento a pesquisa sobre o universo digital os quatro parágrafos subsequentes.
Primeiramente, o programa Camtasia, de fato, é um grande aliado na hora da
transcrição do protocolo verbal e auxilia muito o pesquisador a compreender o que ocorreu
durante o processo tradutório. Entretanto, deve-se lembrar que ele não é gratuito, custando em
média 500 reais para ser adquirido e seu uso para teste dura 30 dias.
Trabalhar com o universo digital e principalmente com protocolos verbais exige do
pesquisador a montagem de um pequeno laboratório, sendo o ideal, para que a pesquisa seja
138
feita em qualquer lugar, um notebook com capacidade para rodar os programas necessários e
uma conexão de banda larga. O que gera mais um custo ao pesquisador.
Na presente pesquisa contamos com a compreensão dos tradutores e, em cada
residência, caso o computador tivesse as características mínimas necessárias, instalávamos os
programas, assim como na casa da orientadora, que a cedeu como laboratório.
Em relação à classificação das ferramentas, na qual foi sugerida a divisão entre
“ferramentas potenciais” e “ferramentas específicas”, até o presente momento essa
classificação parece satisfatória e pode ser empregada em pesquisas futuras.
E concluímos falando sobre os rumos dessa pesquisa, dizendo que, daqui em diante,
pretendemos nos aprofundar na análise do universo tradutório que rodeia o tradutor
profissional e que vai além, do momento específico da produção do texto traduzido, Indo ao
encontro do mercado de tradução, da interação entre tradutores, da identidade tradutória e de
tudo o mais que rodeia o tradutor contemporâneo, poderemos, ao entender sua realidade, nos
tornarmos cada vez mais apto a criar uma metodologia para o ensino de tradução.
139
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SUMÁRIO
ANEXOS
I
Texto principal da pesquisa
I
Texto de aquecimento da pesquisa
III
Produtos das traduções
IV
Tradutor Iniciante 1
IV
Tradutor Iniciante 2
V
Tradutor Iniciante 3
VI
Tradutor Estagiário 1
VII
Tradutor Estagiário 2
VIII
Tradutor Profissional 1
IX
Tradutor Profissional 2
X
APÊNDICES
XI
1 - Questões feitas antes da atividade tradutória
XI
2 – Protocolos verbais
XII
Convenções de transcrição dos protocolos verbais
XII
Tradutor Iniciante 1
XIII
Tradutor Iniciante 2
XIX
Tradutor Iniciante 3
XXV
Tradutor Estagiário 1
XXXII
Tradutor Estagiário 2
XLII
Tradutor Profissional 1
LIII
Tradutor Profissional 2
LXII
I
ANEXO 1 – TEXTO DA PESQUISA
REPORTAGE
Les nageurs tricolores ne digèrent pas l'incroyable final du 4 × 100m
LE MONDE.FR | 11.08.08 | 16h15 • Mis à jour le 11.08.08 | 17h26
LES NAGEURS TRICOLORES NE DIGERENT PAS L'INCROYABLE FINAL DU 4
× 100M
Les heures passent, la fierté du travail accompli et récompensé d'une belle médaille
d'argent prend doucement le pas sur la déception, mais le désarroi reste palpable dans le
camp tricolore après l'incroyable dénouement du relais 4×100m disputé lundi matin à
Pékin. Sans non plus toucher le fond, c'est sur la forme que les relayeurs commencent à
se poser quelques questions. Et l'amertume de faire surface pour assombrir les eaux
bleues.
Encore éblouis par cet or qui leur semblait offert avant le retour miraculeux de Lezak
sur Bernard, les Français cherchent à comprendre. Les langues se délient, notamment du
côté d'Amaury Leveaux, qui avait déclaré forfait sur son épreuve individuelle – le 200
m nage libre – pour tout donner dans le 4 × 100. "Sur l'ordre des relayeurs [Leveaux,
Gilot, Bousquet, Bernard], la Fédération nous a un peu baisé la gueule", a expliqué sans
détour le grand blond à l'AFP. "Alain (Bernard) et Fred (Bousquet) devaient partir dans
un autre sens. Ce n'est pas grave, on a fait avec."
BERNARD "N'EN SORT PAS INDEMNE"
Une information confirmée par Alain Bernard, qui évoquait "des changements au
dernier moment", avant d'ajouter, sibyllin, "on en reparlera". L'ex-recordman du monde
de la spécialité, qui a passé près de 10 minutes accroupi dans les toilettes du Cube d'eau,
la tête dans les mains, semblait encore sous le choc. "Alain est touché. Partir dernier
relayeur en tête et se faire battre, on n'en sort pas indemne", a reconnu le directeur
technique national, Claude Fauquet. Sur la question de l'ordre des nageurs, le DTN
admettait qu'il devait en parler avec Marc Begotti, responsable du relais. "Il faut que je
voie avec lui. Ce n'est pas moi [qui ai pris la décision]", a-t-il commenté, précisant
simplement qu'il était "facile de refaire les courses" après coup. "Avec 8 centièmes de
mieux, on n'aurait plus jamais rediscuté de l'ordre", a-t-il souligné.
Une position partagée par Denis Auguin, l'entraîneur d'Alain Bernard. "Jusqu'aux 380
mètres, c'était la meilleure composition qui soit", a relativisé le technicien. "En
septembre, si on avait dit aux gars : 'vous allez nager en 3 min 08', ils auraient tous
rigolé. On a comblé notre retard sur les Etats-Unis. Ce n'est pas déshonorant d'être vicechampions olympiques", a-t-il conclu. Tout le travail des entraîneurs tricolores sera
désormais de convaincre leurs nageurs que le verre est effectivement à moitié plein.
Afin d'évacuer la frustration d'une course aussi cruelle que magnifique, de les relancer
dans les épreuves individuelles, et d'éviter qu'Alain Bernard ne soit non seulement
touché, mais aussi coulé.
II
Erwan Le Duc, avec AFP
Article paru dans l'édition du 12.08.09
III
ANEXO 2 – TEXTO DE AQUECIMENTO
"Les Quatre Jumelles", opéra chic et show
L'enfer en version féminine, ça existe : dans un coin de l'Alaska. C'est là que Copi
situe l'action de sa pièce Les Quatre Jumelles, qui a inspiré au compositeur Régis
Campo un opéra de chambre donné en création par l'Arcal, samedi 10 janvier, à la
Maison de la musique de Nanterre (Hauts-de-Seine).
Quatre jumelles s'y déchirent, dans toutes les combinaisons, de un à quatre, sur fond
d'or, drogue et mort. Les soeurs Smith, riches et accro à la cocaïne, reçoivent la visite
des soeurs Goldwashing (campées par deux hommes), pauvres et acculées au crime. On
complote, on tue, on ressuscite, et on recommence.
A cet argument développé en boucle correspond une musique à base d'échelles
répétitives et de pulsations mécaniques, qui évoquent celles de Rimski-Korsakov et de
Boulez. Et si le ton est outrancier chez Copi, il est neutre avec Campo.
Poupées de sons
Difficile pour Jean-Philippe Saïs, qui effectue sa première mise en scène d'opéra, de
servir l'un sans trahir l'autre ! Il y parvient dans un travail sophistiqué, avec des gestes
souvent au ralenti, qui colle à chaque détail d'une musique retenue sans négliger les
perspectives comiques.
Le résultat permet aux quatre jumelles d'atteindre une certaine grandeur, ne serait-ce
que par la projection de leurs ombres sur les écrans géants qui encadrent un décor
minimaliste.
Cet opéra chic repose sur les épaules des interprètes. Les deux hommes aux voix
élevées (le contre-ténor Robert Expert et le sopraniste Fabrice Di Falco) offrent aux
soeurs Goldwashing un large éventail d'intonations efféminées tandis que les deux
femmes (Julie Robard-Gendre et Sylvia Vadimova, mezzo-sopranos) apparentent les
soeurs Smith à de simples poupées de sons. Irrésistibles par leurs postures décalées, ils
réalisent un show qui ressemble à une partie de catch à quatre pour soirée branchée.
Les Quatre Jumelles. Opéra-bouffe de Régis Campo d'après la pièce de Copi. Mise en
scène : Jean-Philippe Saïs. Lumières : Jean Tartaroli. Costumes : Montserrat Casanova.
Robert Expert (Joséphine), Fabrice Di Falco (Fougère), Julie Robard-Gendre (Maria),
Sylvia Vadimova (Leïla), ensemble TM +, Laurent Cuniot (direction). Durée : 1 heure.
Prochaines représentations : le 16 janvier à Reims (Marne), le 24 à Beynes (Yvelines),
le 30 à Mâcon (Saône-et-Loire)(...) Tél. : 01-43-37-94-21 (Arcal).
Mardi 13 Janvier 2009 - 10:56
Le Monde.fr/Pierre Gervasoni
IV
ANEXO 3 - PRODUTOS DAS TRADUÇÕES
TRADUTOR INICIANTE 1
OS NADADORES TRICOLORES NÃO DIGEREM A INCRÍVEL FINAL
DO 4 X 100M
As horas passam, a decepção dá aos poucos lugar ao orgulho do dever
cumprido e recompensado por uma bela medalha de prata, mas a agonia permanece
palpável no campo tricolor após o desfecho do revezamento 4 x 100m disputado
segunda de manhã em Pequim. Sem chegar ao fundo da questão, é sobre a forma que os
revezadores começam a se fazer algumas questões. E a amargura de emergir para
entristecer as águas azuis.
Ainda cegos por este ouro que lhes parecia dado antes do retorno miraculoso
de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram entender. As línguas travam, sobretudo
da parte de Amaury Leveaux, que tinha jogado a toalha em sua prova individual – os
200m nado livre – para se dedicar aos 4 x 100. “Pela ordem dos revezadores [Leveaux,
Gilot, Bousquet, Bernard], a Federação nos ferrou”, explicou sem meias-palavras o loiro
alto da AFP. “Alain (Bernard) e Fred (Bousquet) deveriam partir noutro sentido. Não é
grave o que fizeram com ele.”
Bernard não sai ileso
Uma informação confirmada por Alain Bernard que mencionava “mudanças no
último momento” antes de completar, enigmático, “voltaremos a falar sobre isso”. O exrecordista mundial da especialidade, que passou quase 10 minutos sentado nos
banheiros do Cubo d‟água, cabeça entre as mãos, parecia ainda em choque. “Alain está
abalado. Sair como último revezador e se deixar ultrapassar, não dá para sair ileso
dessa”, reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. Sobre a questão da
ordem dos nadadores, a DTN admitiu que devia ter falado sobre o assunto com Marc
Begotti, responsável pelo revezamento. “Precisamos ver com ele. Não fui eu [que tomei
a decisão]”, comentou ele, acrescentado depois que “era mais fácil refazer a prova”.
Com 8 centésimos a menos, jamais teríamos rediscutido a ordem”, destacou ele.
Uma posição compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard.
“Até os 380 metros, era a melhor composição que havia”, relativizou o técnico. “Em
setembro, se tívessemos dito aos rapazes “vocês vão nadar em 3 min 08‟, eles teriam
rido. Diminuímos nosso atraso em relação aos Estados Unidos. Não é desonroso ser
vice campeão olímpico”, concluiu. Todo o trabalho dos treinadores tricolores no futuro
será de convencer seus nadadores que o copo está metade cheio. Afim de eliminar a
frustração de uma prova tão cruel quanto magnífica, de os relançar nas provas
individuais, e de evitar que Alain Bernard fique não só abalado, mas também que
naufrague.
V
TRADUTOR INICIANTE 2
Os nadadores tricolores não digerem a incrível final dos 4 x 100M
As horas passam, o orgulho do trabalho cumprido e recompensado por uma
bela medalha de prata toma suavemente o passo sobre a decepção, mas a confusão fica
palpável no campo tricolor após o incrível desfecho dos nadadores de revezamento 4 x
100m disputado na manhã de segunda-feira em Pékin. Sem querer se aprofundar no
assunto, é sobre a forma que os nadadores começam a se questionar. E a amargura de
nadar superficialmente para entristecer as águas azuis.
Ainda ofuscados por esse ouro que lhes parecia oferecido antes do retorno
miraculoso de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram compreender o que
aconteceu. As pessoas se isentam, do lado d´Amaury Leveaux, que tinha declarado não
ter dado o melhor de si na sua prova individual – os 200 m nado livre – para dar o
melhor de si na prova de 4 x 100M. Segundo as ordens dos nadadores (Leveaux, Gilot,
Bousquet, Bernard), a Federação nos tirou um pouco do entusiasmo. explicou sem
prêambulos o grande louro à AFP. Alain (Bernard) e Fred (Bousquet) deveriam ir em
outro sentido. Isso não é grave, eles fizeram da melhor maneira possível.
BERNARD NÃO SAI ILESO
Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças no
último momento”, antes de acrescentar sibyllin, “a gente vai falar disso novamente”. O
ex recorde do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10 minutos
acocorado nos banheiros, a cabeça entre as mãos, parecia ainda em choque. “Alain se
sensibilizou. Partir em último no revezamento e ser vencido, é um fato do qual não se
pode sair ileso., reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. Em relação ao
problema da ordem dos nadadores, o DTN admitia que ele deveria falar com Marc
Begotti, responsável do revezamento. “É preciso que eu resolva isso com ele. Não fui eu
quem tomou a decisão”, comentou ele, precisando simplesmente que era fácil de refazer
a corrida após o golpe. Com 8 centésimos a mais, não se poderia nunca reconsiderar a
ordem, ele acrescentou.
Uma posição compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard.
“Até os 380 metros era a melhor composição que havia, relativisou o técnico. “ Em
setembro, se tivéssemos dito aos caras : vocês vão nadar em 3 minutos e 8 segundos,
todos eles teriam rido.Nós tivemos o cúmulo de atraso sobre os Estados Unidos. Não é
desonroso ser vice-campeão olimpico, ele concluiu.
Todo o trabalho dos treinadores tricolores será de hoje em diante convencer
seus nadadores que devemos lutar até o último minuto. Assim, com esse intuito liberar
a frustração de uma corrida tão cruel quanto magnífica, de os relançarem nas provas
individuais, e evitar que Alain Bernard não se sinta somente tocado mas também
arrasado.
VI
TRADUTOR INICIANTE 3
Nadadores tricolores não digerem a inacreditável final do 4x100.
As horas passam, o orgulho do trabalho realizado e recompensado por uma
linda medalha de prata esconde um passo sobre a descepção, mas a desordem continua
visível no lado tricolor depois do inacreditável desfecho do revezamento 4x100
disputado na manhã desta segunda-feira em Pequin. Sem sequer tocar o fundo, é clara a
forma como os nadadores começam a se questionar. E a amargura de voltar á superfície
para assombrar as águas azuis.
Ainda impressionados pelo ouro que lhes parecia conquistado antes da
ultrapassagem milagrosa de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram explicações.
As opiniões se dividem do lado de Amaury Leveaux, que renunciou sua prova
individual – o 200m nado livre –para se focar no 4x100. “Sobre a ordem dos nadadores
[Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard], a Federação nos ferrou um pouco”, explicou sem
rodeios o grande loiro à l‟AFP. “Alain (Bernanrd) et Fred (Bousquet) deveriam olhar
por um outro ponto de vista. Não foi grave, e nós o fizemos juntos”.
Bernard não sai ileso
Uma informação confirmada por Alain Bernard, que fez “mudanças de última
hora”, antes de completar, misteriosamente: “depois nós conversamos sobre isso”. O
recordista mundial da modalidade que passou cerca de 10 minutos sentado nos
banheiros do Cube d‟eau, de cabeça baixa, parecia ainda em estado de choque. “Alain
está decepcionado, último do revezamento, partiu na ponta e foi ultrapassado, não tem
como não se abater”, reconheceu o diretor-técnico nacional, Claude Fauquet. Sobre a
questão da ordem dos nadadores, a DTN admite que ele deveria falar com Marc Begotti,
(treinador) responsável pelo revezamento. “É preciso conversar com ele, não fui eu
quem tomou esta decisão”. Ele comentou, dizendo simplesmente que era “fácil refazer
o percurso” depois do duro golpe “com 8 centésimos a menos não teria mais a
necessidade de discutir sobre a ordem”, ele destaca.
Posição que é compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard.
Até os 380 metros, tínhamos o melhor desempenho na prova, relativizou o técnico.
“Em setembro, se nós tivéssemos dito ao garoto: „você vai nadar 3m08s‟, todos teriam
feito piadas”. Ficamos felizes com diferença de tempo com os Estados Unidos. Não é
vergonha ser vice-campeão olímpico”, conclui.
O maior trabalho dos treinadores tricolores a partir de agora será o de
convencer os seus nadadores de que o copo está metade cheio. Afim de aliviar a
frustração desta prova tão cruel quanto magnífica, de os relançar nas provas individuais,
e de evitar que Alain Bernard fique não apenas tocado mas também satisfeito.
VII
TRADUTOR ESTAGIÁRIO 1
Os nadadores tricolores não digerem o incrível final do 4x100m
As horas passam, o orgulho do trabalho realizado e recompensado de uma bela
medalha de prata suavemente começa a dar passos sobre a decepção, mas o transtorno
continua palpável no campo tricolor após a inacreditável catástrofe do revezamento 4 x
100m disputado na manhã de segunda-feira em Pequim. Sem também ir mais a fundo, é
sobre a forma que os nadadores começam a se questionar. E a amargura de emergir para
obscurecer as águas azuis.
Ainda seduzidos por este ouro que lhes parecia oferecido antes do retorno
miraculoso de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram entender. Fala-se,
principalmente do lado de Amaury Leveaux, que tinha feito forfait sobre sua prova
individual – os 200 m nado livre – para dar tudo nos 4 x 100. “Na ordem dos
revezadores [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard], a Federação nos ferrou um pouco”,
explicou sem rodeio o loiro alto à AFP. “Alain (Bernard) e Fred (Bousquet) deviam
partir num outro sentido. Não é grave, a gente se contenta com o que tem.”
Bernard “não sai ileso”
Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava “mudanças no
último momento”, antes de acrescentar, misterioso, “nós falaremos sobre isso
novamente”. O ex-recordista do mundo da especialidade, que passou aproximadamente
10 minutos agachado no banheiro do Cube d‟eau (“Cubo de Água”), com a cabeça nas
mãos, parecia ainda estar em choque. “Alain está aflito. Largar sendo o último
revezador na frente e lutar, não se sai ileso”, reconheceu o diretor técnico nacional,
Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos nadadores, o DTN admitia que devia
falar com Marc Begotti, responsável pelo evento. “Tenho que ver com ele. Não fui eu
[que tomei a decisão]”, comentou, especificando simplesmente que era “fácil de refazer
as corridas” após o golpe. “Com 8 milésimos de vantagem, não teríamos nunca mais
rediscutido a ordem”, sublinhou.
Uma posição partilhada por Denis Auguin, o treinador de Alain Bernard. “Até
os 380 metros, era a melhor composição feita”, relativizou o técnico. “Em setembro, se
tivéssemos dito aos rapazes: „você vai nadar em 3 min 08‟, eles teriam todos achado
graça. Reduzimos a nossa distância em relação aos Estados Unidos. Não é vergonhoso
sermos vice-campeões olímpicos”, concluiu. Todo o trabalho dos treinadores tricolores
será daqui para frente convencer seus nadadores de que a taça está efetivamente pela
metade. Com o objetivo de evacuar a frustração de uma corrida tão cruel quanto
magnífica, de relançá-los nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard nem
fique abalado e nem afunde.
VIII
TRADUTOR ESTAGIÁRIO 2
Os nadadores tricolores não digerem a inacreditável final de 4 X 100.
As horas passam, o orgulho do trabalho concluído e recompensado na forma de
uma bela medalha de prata, toma pouco a pouco um ar de decepção, mas a confusão
permanece palpável sobre o campo tricolor, após o inacreditável fracasso do
revezamento 4X100m disputado segunda de manhã em Pequim. Não tocar no assunto, é
a forma com a qual competidores começam a se questionar. Na tristeza de se afundar e
escurecer as águas azuis.
Ainda deslumbrados por quem lhes pareciam oferecer anteriormente o
miraculoso retorno de Lezak em Bernard, os franceses tentam compreender. As línguas
se soltam, particularmente a de Amaury Leveaux, que havia desistido de sua prova
individual – Os 200 metros nado livre – para dar o seu melhor nos 4X 100. “Sobre a
ordem dos competidores [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernad] a federação nous a un peu
baisé la gueule, explicou sem rodeios le grand blond a AFP. “ Alain ( Bernard) e Fred
(Bousquet) deviam partir num outro sentido. Isto não é grave, nós fizemos juntos.´
Bernard “Não saiu Ileso”
Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava “as mudanças
nos últimos momentos”, antes de acrescentar, nas entrelinhas, “nós retomaremos isso
posteriormente”. O ex- recordista do mundo da especialidade, que passou próximo de
10 min envergonhado nos toilettes do Cube d‟eau, a cabeça entre as mãos, parecia ainda
em choque. “Alain esta abalado. Partir dernier relayeur en tête et se faire battre, a gente
não sai ileso”, reconheceu o diretor técnico nacional , Claude Fauquet. Sobre a questão
da ordem dos nadadores, a DTN admitiu que devia falar com Marc Begotti, responsável
pela prova. “ É preciso ver com ele. Não fui eu [quem tomou a decisão], ele comentou,
precisando simplismente que era “ fácil de refazer as corridas” Após corte. “ Com 8
centésimos de vantagem, nós não poderíamos jamais tornar a discutir a ordem”,
ressaltou ele.
Uma posição partilhada por Denis Auguin, o instrutor de Alain Bernard. “ Até
os 380 metros, era a melhor composição que poderia” , disse o técnico. “Em setembro,
se houvéssemos dito aos companheiros: vocês vão nadar em 3 min 08‟, eles teriam
todos rido. Nós tiramos o nosso atraso sobre os Estados Unidos. Não é desonroso ser
vice campeão olímpico “, concluiu ele. Daqui em diante, todo o trabalho dos treinadores
tricolores será de convencer os seus nadadores que o copo está efetivamente pela
metade. A fim de se livrar de uma frustração de uma corrida tão cruel quanto magnífica,
de lançá-los novamente nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard não fique
simplesmente envergonhado, mas também que ele continue sem interrupções.
IX
TRADUTOR PROFISSIONAL 1
OS NADADORES FRANCESES NÃO DIGEREM A INACREDITÁVEL
FINAL DO 4 X 100 M
As horas passam, o orgulho do dever cumprido e recompensado por uma bela
medalha de prata substitui aos poucos a decepção, mas o desconsolo permanece
palpável no campo francês após o inacreditável desenlace do revezamento 4 x 100 m
disputado segunda-feira pela manhã em Pequim. Sem tocar o fundo da questão, é
quanto à forma que os nadadores começam a se colocar algumas questões. E a amargura
vem à superfície para turvar as águas azuis.
Ainda ofuscados pelo ouro que lhes parecia garantido antes da ultrapassagem
miraculosa de Bernard por Lezak, os franceses tentam compreender. As línguas se
soltam, especialmente do lado de Amaury Leveaux, que havia desistido de sua prova
individual – os 200 m nado livre – para dar tudo no 4 x 100. “Em relação à ordem dos
nadadores [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard], a Federação nos sacaneou”, explicou
sem rodeios o louro alto à AFP. “Alain (Bernard) e Fred (Bousquet) deviam partir num
outro sentido. Não é grave, a gente fez o que pôde.”
BERNARD “NÃO SAI ILESO”
Essa informação foi confirmada por Alain Bernard, que evocou “mudanças no
último momento”, antes de acrescentar, sibilino, “ainda se vai falar disso”. O exrecordista mundial da especialidade, que passou cerca de 10 minutos agachado no
banheiro do Cubo d‟água, com a cabeça entre as mãos, parecia ainda em estado de
choque. “Alain está abalado. Ser o último nadador, sair na frente e se deixar bater,
ninguém sai ileso disso”, reconheceu Claude Fauquet, o diretor técnico francês. Em
relação à questão da ordem dos nadadores, Fauquet admitiu que devia conversar com
Marc Begotti, responsável pelo revezamento. “Tenho que ver com ele. Não fui eu
[quem tomou a decisão]”, comentou, precisando simplesmente que era “fácil refazer a
prova” a posteriori. “Com oito centésimos a menos, jamais se teria rediscutido a ordem”,
ressaltou.
Uma posição compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard.
“Até os 380 metros, era a melhor composição possível”, relativizou o técnico. “Em
setembro, se tivéssemos dito aos caras: „vocês vão nadar em 3 min 08‟, eles teriam
achado graça. Superamos nosso atraso em relação aos Estados Unidos. Não é nenhuma
desonra ser vice-campeão olímpico”, concluiu. Daqui por diante, todo o trabalho dos
treinadores franceses será o de convencer os nadadores de que metade do caminho foi
percorrida. No intuito de afastar a frustração de uma prova tão cruel quanto magnífica,
de relançá-los nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard, mais do que ficar
abalado, naufrague.
X
TRADUTOR PROFISSIONAL 2
OS NADADORES TRICOLORES NÃO DIGEREM A INCRÍVEL FINAL
DOS 4 X 100M.
As horas passam, o orgulho do trabalho feito e recompensado por uma bela
medalha de prata predomina sobre a decepção, mas o desencanto permanece palpável
no campo tricolor depois do incrível desenlace do revezamento 4 x 100m disputado na
manhã de segunda-feira, em Pequim. Sem irem ao fundo da questão, os revezadores
começam a se questionar sobre problemas de forma. Enquanto isso, a amargura vem à
tona para turvar as águas azuis.
Ainda obnubilados pelo ouro que lhes parecia possível antes da recuperação
milagrosa de Lesak sobre Bernard, os franceses tentam entender. As línguas se soltam,
sobretudo a de Amaury Leveux, que havia abandonado sua competição individual – os
200m de nado livre – para dar tudo de si nos 4 X 100m. “Quanto à ordem dos
revezadores [Leveux, Gilot, Bousquet, Bernard] a Federação nos sacaneou”, explicou
sem rodeios o grande louro da AFP. “Alain (Bernard) e Fred (Bousquet) partiriam
noutra direção: tudo bem, é assim mesmo”.
Bernard “não sai ileso”
Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava “mudanças de
última hora”, antes de acrescentar, sibilino, “vamos voltar a falar nisso”. O ex-recordista
mundial da categoria, que passou quase 10 minutos agachado no banheiro do Cubo
d‟Água, com as mãos na cabeça, ainda parecia em estado de choque. “Alain ficou
abalado. Começar como último revezador, na dianteira, e perder, não se sai ileso disso”,
reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos
nadadores, o diretor admitiu que deveria falar com Marc Begotti, responsável pelo
revezamento. “Tenho que ver com ele. Não fui eu [quem tomou a decisão]”, comentou,
especificando simplesmente que era “fácil ganhar a competição”, depois de acabada.
“Com 8 centésimos a mais, não se teria mais discutido a ordem”, ressaltou.
Posição partilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. “Até os
380m, era a melhor dentre as composições”, contemporizou o técnico. “Em setembro, se
a gente tivesse dito pra eles: vocês vão nadar em 3 min 08‟, eles teriam rido. A gente
recuperou o atraso quanto aos Estados Unidos. Não é desonra ser vice-campeão
olímpico”, concluiu. O grande trabalho dos treinadores tricolores agora será o de
convencer os nadadores de que o copo está, sim, cheio até a metade. A fim de esquecer
a frustração de uma competição tão cruel quanto magnífica, de relançá-los em provas
individuais, e de evitar que Alain Bernard continue abalado, e que ele afunde.
XI
APÊNDICES
1 - QUESTÕES FEITAS ANTES DA ATIVIDADE TRADUTÓRIA
1 - Nome completo?
2 – Idade?
3. - Língua materna?
4 - Ano e semestre que ingressou no curso de letras. Vestibular? Reingresso? 1º
opção?
5) Universidade que cursou a graduação ou pós graduação?
6 - Nível escolar?
7 – Profissão?
8 – A aprendizagem de francês teve seu início na graduação ou fora dela?
Quando?
9 - Porque optou pelo curso de francês?
10. - Você faz uso da língua fora da faculdade?
11) Tem domínio em outros idiomas? Quais?
12) Você tem hábito de ler jornais e revistas em língua estrangeira ou português?
13 - Qual sua definição de tradução?
14) Qual sua definição de boa tradução?
15) O que seria um bom tradutor?
16) Quais recursos você utiliza para traduzir?
17) Você tem alguma experiência anterior de tradução?
QUESTÕES FEITAS APÓS A ATIVIDADE TRADUTÓRIA
1 – Está satisfeito com o seu produto final?
2 – Quais foram os maiores problemas encontrados durante o ato tradutório?
XII
2 – PROTOCOLOS VERBAIS
CONVENÇÕES DE TRANSCRIÇÃO DOS PROTOCOLOS VERBAIS
[aaa] – Pensamentos oralizados
aaa - Observações e falas do elicitador
(...) – Pausa longa ou curta
“aaaa” – leitura do texto de partida
„aaaa‟ – leitura do texto traduzido
aaaa - texto traduzido
??? – incompreensível
/aaaa/ - comentários do tradutor
– Consulta dicionário francês/francês digital
– Consulta dicionário português/francês digital
– Consulta dicionário português/português digital “ ”
- Consulta dicionário francês/francês impresso
- Consulta dicionário português/francês impresso
Consulta dicionário português/francês impresso
@ - Consulta a internet
XIII
TRADUTOR INICIANTE 1
Os nadadores tricolores não digerem a incrível final do 4 x 100m. As horas
passam. O orgulho do trabalho(...) [É, isso aqui fica engraçado porque(...) Eu sei que
aqui é orgulho, mas como colocar aqui. Deixa só orgulho ou tem que colocar outra coisa.
Entende?]
/Eu vou no Houaiss ver isso./
[O orgulho do trabalho cumprido. Deve ter uma expressão para dizer isso em
português (...) O orgulho. Uma sensação de alívio. Uma sensação de alívio não vai dar
(...) O trabalho cumprido? Vou deixar orgulho por enquanto (...) O trabalho (...) O alívio
do trabalho cumprido (...) Do dever cumprido (...) Alcançado por uma bela medalha de
prata (...) “Prends le pas” (...) provavelmente (...) “Prend le pas sur”¹]
[Ah! Nem eu sabia. Houaiss cadê?]
[Eu entendo agora que eu li. Mas porque que fica tão difícil (...) “Passer
devant?” Tá no sentido figurativo. Mas eu não sei se tá no sentido conotativo ou
denotativo. Mas pode ser os dois. O jornal não impede de usar o conotativo². Eu não sei
se dá lugar à decepção (...) Precede. É (...) Precede. Ah entendi (...) Toma lugar da
decepção (...) Não (...) Complicado traduzir (...) Toma lugar (...) quer dizer a decepção
cede lugar. Acho que vou inverter esta frase. A decepção cede lugar ao orgulho(...)
Ceder alguma coisa(...)]
[Dá lugar(...) Vou colocar(...) A decepção dá lugar(...) Dá aos poucos lugar(...)
Vou tirar “doucement” por (...) “Mas le dessaroi”]
„Mas a desordem permanece palpável no campo tricolor, após‟(...) [Dicionário]
XIV
[Dénoument, não Dénouement¹]
/Nossa, mas que palavra hein! Solution, terme, conclusion. Eu gosto de ir onde
vem do latim que as vezes(...) O desfecho/
„Após o desfecho no‟(...) [Relais pra gente é revezamento (...) Depois do
desfecho do Relais (...) Vou pôr revezamento (...) Me confundi até em português (...)
Vou colocar revezamento.] „No revezamento 4x100 disputado segunda de manhã em
Pequim.‟
[Isso aqui deve ser uma expressão (...) Toucher le fond¹]
[Prend le plus bas moralement, physiquement. Não me disse muita coisa não]
“C´est sur la forme”(...)
/Engraçado(...) Aqui tá o revezador como o atleta de bastão, mas não lembro de
revezador como uma notícia de jornal²(...) Tá mas eu to lá(...) Bom! Eu vou pular para
ver se eu entendo a frase da frente./
[A amertume (...) A amargura (...) Meu Deus!]
/Olha eu não to entendendo muito não viu! “Faire Surface”(...) To
completamente enrolado na ultima frase do texto (...) Porque para mim não faz sentido
com nada que está escrito aqui (...)/
O que você tá fazendo agora?
“C'est sur la forme que les relayeurs commencent à se poser quelques questions”
[Perai! Chegar ao fundo do poço? É! Como é que eu não consigo ver as claras
(...) Chegar ao fundo da questão (...) Sem chegar ao fundo da questão é sobre a forma
que os atletas (...) Chegar ao fundo da questão é sobre a forma (...) /O problema é que
não faz nenhum sentido com o que vem antes (...) Que os revezadores (...) Depois eu
volto/ (...) Começam a se fazer (...) A amargura(...) “Faire surface” (...) Muito
esquisito(...)]
[Assombrir? Assombrar (...) E a amargura vem assombrar as águas azuis(...)
Pelo amor de Deus (...) E amargura faire surface (...) ahhhhhh (...) E a amargura de (...)
Emergir? Sei lá (...) A amargura de assombrar as águas.
XV
„Ainda cegos por este ouro que lhes parecia dado antes do retorno miraculoso de
Lezak sobre Bernad (...) Os franceses procuram entender‟(...) [As línguas(...) Delyer¹?]
[As línguas se desatam?] /Tá muito esquisito este texto hein/
Por que?
/Tem coisas que parecem não ter sentido no texto/
Sobretudo da parte de Amaury Neveau que tinha declarado forfait. [Que que é
forfait?]
¹
[Crime enorme?] /Posso fazer o que eu quiser, né?/
Pode.
TE1 acessa a WEB
/Não achei(...) Eu pensei que a reportagem original podia ter sido mudada. Que
vocês colocaram outras palavras nela. Podia ser uma pegadinha sabe (...) Algo colocado
para não fazer sentido./
[Ah(...) Tem outras forfait aqui. Eu que não procurei direito. Tem a expressão.
Declarer forfait, se retirar, jogar a toalha! Que tinha jogado a toalha(...) A expressão em
francês é Jetter le ponge. Deve ser a mesma contraparte.]
Que tinha jogado a toalha em sua prova individual. Os 200 metros nado livre
por(...) Para se dedicar aos 400(...) “Sur l´ordre”. Pela ordem dos revezadores. Leveaux,
Gilot Bousquet, Bernad. “La federation”(...) [Baiser la gueule deve ser uma expressão]
[É não achei aqui. Deixa eu fazer uma baixaria. Deixa eu procurar na internet.]
/A gente pode usar o tradutor bizarro que tem aqui. Do Google?/
Pode usar o que quiser
XVI
[É não ficou nem um pouco bonita essa expressão aqui (...) ]
TI1 realiza uma leitura do texto
[Meu Deus (...) Será que é o que eu to pensando(...) mas como é que eu vou
colocar²? Posso colocar a federação nos prejudicou, mas fica um pouco confuso(...) Vou
colocar a federação nos prejudicou, mas no sentido do palavrão(...) O jornal deles pode.
Será que o nosso pode? Nos ferrou. Explicou (...) Détour¹?]
Explicou sem maias palavras(...) “Le grand blond¹”. [Ahah. Isso aqui é com
certeza (...)]
[Ih me dei mal. Me parece óbvio. Le grand blond. O grande. Não parece nada(...)]
.
[É. Le grand blond não é o loiro alto é? Vou procurar saber quem é essa pessoa
na vida³.
Le grand Blod é Amaury, mas o Loiro alto? Me parece que é alguém importante
de lá (...) Tá (...) O loiro alto à AFP. Alain Bernad e Fred Bousquet]
“Devaient partir dans un autre sens”(...) [É to na dúvida aqui (...) Deveriam
partir em outro sentido(...)] “Ce n'est pas grave, on a fait avec." [Tá faltando um ce
qu´on aqui ? Ce n´est pas grave ce qu´on a faire avec… Ce n'est pas grave, on a fait
avec… Indemne.. Ileso]
Bernad não sai ileso
/Eu vou ler tudo até o final. Acho que vai ajudar (...)/
„Uma informação confirmada pelo ex-recordista (...) Ex-recordista mundial da
especialidade(...) Passou quase dez minutos‟ “acoupli¹”
[Ah é sentado(...) mas é tão difícil. É sentado numa posição específica. Como a
estátua do Louvre. L´accroupi, Mas em português é o escriba sentado. Dez minutos
sentado(...) Sentado assim oh. Naquela posição. Como se tivesse com os dois pés assim.
O escriba sentado. O nome daquela famosa escultura egípcia(...)]
XVII
No banheiro do cubo d´água, cabeça entre as mãos parecia ainda em choque (...)
“Alain est touché”. [Não está tocado (...) Está(...) Consternado? Deixa eu ver o que que
é consternado aqui (...) Desolado.. Abalado.. Abalado.]
[Sair (…) “Partir dernier relayeur en tête”… “Partir dernier relayeur en tête et se
faire battre”(…) Eu tenho dificuldade com essas expressões com faire.. Faire battre¹.]
TI1 realiza um busca no Petit-Robert por locuções
[Deixar bater(...) Deixar passar(...) Vou mudar um pouco essa frase(...)] Sair
como ultimo revezador e se deixar ultrapassar. Não dá para sair ileso disso.
Reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet.
Sobre a questão da ordem dos nadadores a DTN admitiu que devia ter falado
sobre o assunto com Marc Begotti, responsável pelo revezamento. Precisamos ver com
ele.‟ “Ce n'est pas moi qui ai pris la décision.
„Não fui eu que tomou a decisão‟(...) Não fui eu que tomei a decisão. Comentou
ele, acrescentado depois que era mais fácil(...) “refaire les courses?”
[Refaire les couses deve ser… Mais fácil refazer courses(...) Que não é a
corrida(...) É a corrida. mas como é a corrida do nado³? Refazendo a prova(...) “après
tout”(...) ahhhhh. Sempre é um expressão¹.]
[Ahh. Depois(...) Destacando simplesmente que(...)] /tirei o simplement/(...)
“De mieux”. “de mieux”.
/Eu não entendo algumas coisas que ele tá falando aqui. Eu não sei do que ele tá
falando. “Centime”?/
[Não oito centímetros(...) É oito centésimos(...) Aqui tá oito centésimos de
mieux(...) a menos(...)] Com oito centésimos a menos jamais teríamos rediscustido a
ordem de destacou ele. Uma posição compartilhada por Denis Auguin, treinador de
Alain Bernard. Até os 380 metros(...) “c'était la meilleure composition qui soit”(...) [Que
existia] Era a melhor composição que havia relativizou. Em setembro, se tivéssemos
dito [aux(...) aos rapazes, garotos, competidores(...) Ah, garçon, rapazes, não são os
meninos] Vocês vão nadar em 3 minutos 8, eles teriam rido(...) “Combler¹?”
Que que houve?
XVIII
/pensando no combler/ “On a comblé notre retard sur les Etats-Unis. [Meu Deus
(...)]
Diminuímos nosso atraso em relação aos Estados Unidos. Não é desonroso ser
vice-campeão olímpico, concluiu. Todo o trabalho dos treinadores tricolores(...) Será
de convencer seus nadadores que o copo está metade cheio(...) [Afim de espantar.
Evacuar]
Afim de eliminar a frustração de uma prova tão cruel quanto magnífica, de os
relançar nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard(...).
/Não sei se isso é um trocadilho com o francês. Não consegui pegar. Aqui tá
dizendo que ele ficou touché. Coloquei ficou triste./ “Ne soit non seulement touché,
mais aussi coulé ”(...) /Me parece um jogo de palavras com touché e coule² (...) tem
haver com água./
[Ah entendi. Afundar de naufragar. Ne pas pouvoir rester à la surface de
l´eau(...)]
Alain Bernard fique não só abalado, mas também que naufrague
/Acho que acabei./
XIX
TRADUTOR INICIANTE 2
Os nadadores tricolores não digerem a incrível final dos 4 x 100M. As horas
passam. „La fierté du travail accompli et récompensé d'une belle médaille d'argent.‟ [O
orgulho](...) O orgulho do trabalho cumprido e recompensado por uma bela medalha
de prata.
„As horas passam, o orgulho do trabalho cumprido e recompensado por uma bela
medalha de prata.‟ /Ah! Esse verbo em francês é intraduzível./ “Prend doucement le
pas.”
Por que?
/Porque eu não gosto de traduzir ele. Vou traduzir toma./ [Toma(...)] Toma
suavemente o passo sobre a decepção.
„As horas passam, o orgulho do trabalho cumprido e recompensado por uma bela
medalha de prata.‟ [Não é toma. Perai!]
„As horas passam, o orgulho do trabalho cumprido e recompensado por uma bela
medalha de prata.‟ [Não é toma suavemente o passo sobre a decepção] “Mais le désarroi
reste palpable dans le camp tricolore”.
[Mas o (...) Isso aqui(...)]
Mas no caso, no désarroi. Qual é o problema?
/Qual o problema? Eu esqueci o que quer dizer. Esqueci¹ o que quer dizer
désarroi./
[Ah!]
Mas a confusão, mas a confusão fica palpável no campo tricolor após a
incrível(...) Após a incrível. [Acho que é dedicação, mas depois eu vou confirmar.]
Qual a palavra?
Dénouement¹
[Não! É desfecho.]
Após o incrível desfecho do resultado.
XX
„Fica palpável no campo tricolor após o incrível desfecho do‟. [Tem alguma
coisa errada com essa palavra.]
Qual?
/Relais 4×100m/
[O incrível desfecho do relais (...) Nadadores de reserva. No desfecho dos(...)]
[Nadadores (...) Eu vou botar nadadores.]
Disputado segunda-feira. Disputado na manhã de segunda-feira em Pequim.
“Sans non plus toucher le fond, c'est sur la forme que les relayeurs commencent
à se poser quelques questions. Et l'amertume de faire surface pour assombrir les eaux
bleues.”
[Bem !]
Sem tocar. Sem entrar em detalhes. [Não! C´est une expression que pour moi il
y a du sens en français, mais en portugais c´est plus difficile.]
Pourquoi ?
[Sans non plus toucher le fond… Sans non plus toucher le fond… sem entrar em
detalhes?]
No caso ai. Qual é o problema?
/É achar a melhor tradução(...)/
/Ah tá! Relais. Eu tenho aqui essa palavra como cavalo/
Qual?
/Relayeurs como fornecedor de cavalos nas paragens./
Mas tem outros dicionários.
(TI2 ri e aponta para o relógio)
Ah! Tá.
XXI
„Disputado na manhã de segunda-feira em Pequim.‟ Sem(...) Querer se
aprofundar no assunto. É a forma que os nadadores. [É sobre a forma que os
nadadores, né?]
„As horas passam, o orgulho do trabalho cumprido e recompensado por uma bela
medalha de prata toma suavemente o passo sobre a decepção, mas a confusão fica
palpável no campo tricolor após o incrível desfecho dos nadadores de reserva‟(...) [de
revezamento]
„Disputado na manhã de segunda-feira em Pequim. Sem querer se aprofundar no
assunto, é sobre a forma que os nadadores‟(...) Começam a se questionar. [Bom!]
“Et l'amertume de faire surface pour assombrir les eaux bleues.”
E no caso, você está procurando?
[Amargura!¹ E a amargura de(...) Humm!]
/Sou péssima em tradução não te falei? E a amargura (...)/
Qual o problema?
/O problema que aqui é superfície. Só que não vai encaixar./
[Aparência talvez]
/Aqui eu não sei o que que é. Eu vou deixar em francês. E a amargura de faire
surface para entristecer as águas azuis./
„As horas passam, o orgulho do trabalho cumprido e recompensado por uma bela
medalha de prata toma suavemente o passo sobre a decepção, mas a confusão fica
palpável no campo tricolor após o incrível desfecho dos nadadores de revezamento 4 x
100m disputado na manhã de segunda-feira em Pequim. Sem querer se aprofundar no
assunto, é sobre a forma que os nadadores começam a se questionar. E a amargura de
faire surface para entristecer as águas azuis.‟
[Humm(...)]
XXII
Ainda ofuscados, ainda ofuscados, por esse ouro que lhes parecia, lhes parecia,
oferecido antes do retorno miraculoso de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram
compreender.
[Tem que acrescentar alguma coisa aqui porque parece sem sentido.]
Ainda ofuscados por esse ouro que lhes parecia, lhes parecia, oferecido antes
do retorno miraculoso de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram compreender o
que aconteceu.
“Les langues se délient”(...)
Que que houve?
/Délier¹. É que délier é desligar, desamarrar, desobrigar, se isentar./
[Acho que aqui. Mas a línguas isentam? Não. Les langues délient(...) Os
pareceres(...) Os pareceres não. As pessoas(...) Os júris se isentam. Acha que o langue
aqui não tem nada a ver.]
As pessoas se isentam do lado d´Amaury Leveaux, que tinha declarado(...) [Ah?
Forfait.]
/Cadê aqui?/
Aperta aqui.
/Forfait eu entendo como contrato. Aqui tá como multa. Que tinha declarado.
Não. Forfait para mim é contrato. Quando você tem: mon forfait téléphonique. Ça veut
dire que tu paies quelque chose à moi pour avoir un forfait. Mais il n´y n‟a pas de sens
pour moi/
XXIII
“Les langues se délient, notamment du côté d'Amaury Leveaux, qui avait déclaré
forfait sur son épreuve individuelle.” /Forfait pode ser multa também. Declarer forfait¹.
Desdizer/
[Ah! perai. Que tinha mudado (...)] que tinha mudado de opinião na prova
individual, os 200 m nado livre para dar o melhor de si na prova de 4 x 100M .
Segundo as ordens dos nadadores Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard, a
Federação nos(...) „A federação‟ “nous a un peu baisé la gueule, nous a un peu baisé la
gueule.”
[Não conheço essa expressão] “Nous a un peu baisé la gueule”
Segundo as ordens dos nadadores Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard, a
Federação nos táran táran explicou sem(...) Explicou sem preâmbulos o grande louro à
AFP. Alain Bernard e Fred Bousquet. Devaient partir dans un autre sens. Deveriam ir
em outro sentido. Isso não é grave. “On a fait avec.” [ Eles fizeram(...)]
Que que houve?
/On a fait avec eu entendo, mas não consigo traduzir para português. Por
exemplo : C´est pas grave. On a fait avec. On a fait comme ça, mais on a fait de la
meilleure façon possible/
Deveriam ir em outro sentido. Isso não é grave da melhor maneira possível.
“Bernad ne sort pas indemne. Une information confirmée par Alain Bernard”
Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças no
último momento, antes de acrescentar sibyllin, a gente vai falar disso novamente. O ex
recorde do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10 minutos
acocorado nos banheiros “du cube d´eau”
(...)
Nos banheiro³, a cabeça entre as mãos, parecia ainda em choque. Alain se
sensibilizou. Partir em último (...) [Relayeur? Qu´est c´est relayeurs¹?]
Partir em último no revezamento e ser vencido, é um fato do qual não se pode
sair ileso reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. Em relação ao
XXIV
problema da ordem dos nadadores, o DTN admitia que ele deveria falar com Marc
Begotti, responsável do revezamento
“Il faut que je voie avec lui. Ce n'est pas moi qui ai pris la décision”
É preciso que eu resolva isso com ele. Não fui eu quem tomou a decisão (...)
[Coment je dis ça? Il n´ y a pas de solution]
Precisando simplesmente que era fácil de refazer a corrida após o golpe. Com 8
centésimos a mais, não se poderia nunca reconsiderar a ordem, ele acrescentou. Uma
posição compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. Até os 380
metros era a melhor composição que havia, relativizou o técnico. Em setembro, se
tivéssemos dito
“aux gars”(...) [Aos caras, aos homens](...) Aos caras: vocês vão nadar em 3
minutos e 8 segundos, todos eles teriam
“Tous rigolé” [Rido… Debochado…] Rido
“On a comblé notre retard sur les Etats-Unis”(...) [On a comblé je crois qu´ il n´y
a pas de traduction… Combler?] “On a comblé notre retard.”
Nós tivemos o cúmulo de atraso sobre os Estados Unidos. Não é desonroso ser
vice-campeão olímpico, ele concluiu.
“Tout le travail des entraîneurs tricolores sera désormais de convaincre leurs
nageurs que le verre est effectivement à moitié plein. ”
[Quand un français dit que le verre est a moitié plein la personne pessimiste va
regarder le verre presque vide et la personne optimiste va regarder le verre plein. mais il
faut traduire en portugais(...) Todo o trabalho dos treinadores tricolores será de hoje em
diante convencer seus nadadores que](...)
Todo o trabalho dos treinadores tricolores será de hoje em diante convencer
seus nadadores que a batalha nunca(...) A batalha nunca é ganha [près d´avance](...)
De véspera(...) Que devemos lutar até o último minuto. Assim, com esse intuito liberar a
frustração de uma corrida tão cruel quanto magnífica, de os relançarem nas provas
individuais, e evitar que Alain Bernard não se sinta somente tocado, mas também
arrasado.
XXV
TRADUTOR INICIANTE 3
[Tricolores? Então]
Os nadadores tricolores não digerem a inacreditável final dos 4 por 100.
[Ainda estou pra descobri o que são esses tricolores]
As horas passam.
“Fierté”
@ TI3 digita “fierté” no Google¹
[O sentimento (...) É acho q é isso. Tem outra palavra que eu não to lembrando
agora.]
O sentimento do trabalho realizado(...)
[Realizado. Não fica bem em português, mas vou deixar isso por enquanto.]
E recompensado por uma linda medalha de prata guarda. “Prendre doucement
le pas sur la déception”
[Aqui no lugar do sentimento posso colocar orgulho (...)] O orgulho do trabalho
realizado e recompensado por uma linda medalha de prata. [Bom, vou colocar algo
aqui. Só para (...) e volto depois].
Guarda docemente o passo sobre a decepção, “mais le désarroi”(...)
[Désarroi tresor de la langue¹]…
@ Tradutor acessa o dicionário “Tresor de la langue française”
Mas a desordem continua palpável no campo. [Dessaroi é desordem acho que
não é bem isso, mas depois eu vou voltar ai.] No campo tricolor depois da inacreditável.
“Dénouement¹” [tresor de la langue.]
@ Tradutor acessa o dicionário “Tresor de la langue française”
[Desfazer. Ah tá. Desfez(...) Desfecho do(...) “relais¹” é outra coisa que eu não
sei(...) Tresor de la langue.
@ Tradutor acessa o dicionário “Tresor de la langue française”
XXVI
[Ah tá, revezamento (...) o nome da prova é revezamento] (...)
4 por 100. Disputado em Pequim(...) Segunda de manhã em Pequim. Sem nem
tocar o fundo é clara a forma como os “relayeur” [acho que não dá pra dizer
revezadores, então nadadores mesmo²] Começam a se questionar (...) “ameurtume¹?”
[É a amargura. Isso aqui é uma expressão (...) Faire surface. Pior que eu não sei
onde procurar expressões. Google. Faire surface entre aspas.]
@.
/Achei um dicionário, tipo enciclopédia, l ´internaute(...) Emerger(...). A
armargura de voltar a(...) Na verdade não seria tão expressão./
A amargura de voltar à superfície para assombrar as águas azuis.
[Não sei o que que é isso(...) éblouis?(...) Internaute]
@.
[Impressionado (...) Acho q não tá legal, mas dá para entender]
Ainda impressionado por este ouro que lhe parecia ofertado antes do retorno
milagroso de Lezak sobre Bernand(...) [esse retorno acho que pode ser ultrapassagem,
colocar entre parênteses]
Os franceses procuram entender. As línguas “de”(...) “délient?¹”(...) [Internaut]
(...)
@
[Não! é outra coisa. Délirer. Acho que não é esse verbo não. Délier? Existe?
Pode ser (...) Separam (...) mas(...)] As línguas se separam, distinguem(...) [alguma
coisa nesse sentido] (...) Só para ter certeza(...)
“Notamment”(...) Notavelmente mesmo do lado de Amaury Levaux, que
declarou. “Forfait¹?” [Intenaute.]
@
XXVII
[Renonce quelque chose(...) Então!] Que renunciou sua prova individual.
[Renunciou, abandonou, se bem que abandonou só se for depois. Então!]
Sua prova individual o 200 metros nado livre. “pour tout Donner”. Para se
focar no 4x100. “baiser la gueule?” [Internaute]
@
[Nada! Isso aqui parece ser algo mais informal]. “Baiser la gueule” [Google]
@
/Coloquei baiser la gueule mais expression. Eu vou dar uma lida. Depois eu
volto aqui. Anotar as palavras que eu já vi que não sei: Indemne, sibilyn, acroppi./
Sobre a ordem dos nadadores leveaux, gilot, bouquet bernad, a federação “nos
a un peu baiser la gueule” explicou “sans détour¹?” [Sem rodeios?¹]
[Internaute]
@
[É, sem rodeios]
O grande loiro a AFP(...) [Ou isso é uma expressão ou eles tem um jeito muito
esquisito de se referir as pessoas, mas acho q é um jeito esquisito mesmo.]
Alain Bernad e Fred bousquet deveriam partir em um outro sentido. Não foi
grave, nos fizemos juntos.
[Ah tá! Esse indemne¹(...) eu sei(...) Só não consigo tirar a palavra em português
da cabeça](...)
[Internaute]
@
[É isso mesmo(...) só falta tirar isso da cabeça(...)]
„Bernad não sai‟ “indemne”(...) [Ileso ou algo assim, mas ileso dá impressão de
acidente. Mas]
XXVIII
Uma informação confirmada por Alain Bernand, que “evoquait”? Evocar
[é que a gente usa essa palavra em português na pesquisa, mas, acho eu, não
cabe aqui², o sentido em português é um pouco diferente que provocar (...)]
Uma informação provocou mudanças de ultima hora, antes. “Avant d´ajouter
sibilyn”, nós falaremos novamente sobre isso. “O ex-recordman” [ah, tá no passé. É
isso.]
O ex-recordista mundial da modalidade que passou mais de dez minutos (...)
Cerca de dez minutos. “Accroupi¹?”
[Internaut]
@
[Accroupi barra agachado ou sentado] Nos banheiros do Cube d´eau, a testa nas
mãos(...) E com a testa nas mãos, parecia ainda em choque. Alain está chateado,
tocado(...)
“Partir dernier” (...) “se faire battre”(...)
[A tá(...) Ele partiu como o ultimo dos revezadores na frente, mas se deixou
vencer… Ele partiu. Ele era o ultimo do, como eu vou disser isso, ele pegou. Tá difícil
pensar numa frase.]
Mas ele era o ultimo do revezamento, partiu em primeiro e se deixou vencer, a
gente(...) Não se sai ileso, reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet.
Sobre a questão da ordem dos nadadores, a DTN admite que ele deveria falar com
Marc Begotti, reposnsável pelo revezamento pela prova. É preciso que eu veja com ele.
[“vois” eu tava em dúvida se era de voir.] Não fui eu quem tomou esta decisão.
[É que vois parece. Ah tá! Eu tenho que ver alguma coisa com ele (...) Tá muito
português mesmo. Mas faz sentido assim, por enquanto fica.]
Ele comentou, precisando.
[Engraçado é que tem isso em português também, que é precisar, mas em outro
sentido e não de ter necessidade (...)
Precisando simplesmente que estava “facile de refaire les courses”.
XXIX
[Acho que não era bem o que eu tava pensando. Acho que é sim (...) Ele estava
fácil de refazer? A não ser que seja causativo. Não sei. Ah! não tá(...) esse il não é ele.]
Era fácil refazer o percurso ”Coup¹”
[Intenaute]
@
Depois do golpe. “Centième¹?”
[Internaut]
@
Até(...) Centésimo, oito centésimos melhor não se poderia mais(...) Teria mais a
necessidade de discutir a ordem(...) [Tem outra palavra mais(...)]
Ele destaca uma posição dividida por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard.
[Posição dividida não] Compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard.
Até os trezentos e oitenta metros, era a melhor “compositon qui soit”, relativizou o
técnico. Em setembro, se nós tivéssemos(...) “Dire aux gars?”
[Gars intenaute]
@
Dito ao garoto: você vai nadar três minutos e oito, eles iriam(...) Todos iriam
fazer piadas. Teriam feito piada(...) “combler?”
Internaute
(...)@(...)
“On a comblé” Nosso atraso sobre os Estados Unidos. Não é “desonorant”(...)
desonrante(...) [mas acho que não existe em português (...) ah! Vergonha.]
Não é vergonha ser vice-campeão olímpico, conclui. Todo trabalho dos
treinadores tricolores “desormais¹”(...) [Sempre esqueço que que é isso](...)
[Internaut]
@
XXX
Será de convencer os seus nadadores de que o copo(...) [“verre” é garrafa, mas
aqui a gente conhece essa expressão assim.]
O copo está de fato metade cheio(...) afim de(...) [evacuar as frustrações não dá
certo(...) Aliviar. Acho que dá certo](...) Aliviar a frustração de um “course¹”(...)
[Intenaute]
@
/não entendi essa palavra nesse contexto/(...) /essa corrida né? Acho que é
prova/(...) Frustração desta prova tão cruel quanto magnífica, de os relançar nas
provas individuais, e de evitar que alain bernand não seja(...) “coulé¹?”
Internaute
@
Se não apenas (...) Fique não apenas tocado, mas também “coulé”(...)
[Agora vamos aos problemas. Tirei o artigo porque geralmente manchete aqui a
gente não coloca artigo²]
Esconde (...) “prend doucement¹”(...) [Pas aqui]
[Internaute]
@
[Tresor de la langue]
@
„Passos. Se esconde docemente‟(...) [Sei lá não ficou muito legal.] Esconde um
passo sobre a decepção. [Visível no lugar de palpável,] „no lado tricolor‟. [Segundafeira no lugar de segunda]
„Ainda impressionado pelo ouro eu lhes parecia sem entender‟(...) [Explicações]
“Sibilyn¹”(...) [Internaute]
@
„Misteriosamente‟… “avant d´ajouter?” [Tem outra palavra melhor que
misteriosamente]…
„Provocou‟(...) Fez mudanças
XXXI
Antes de completar misteriosamente (...) [Sentado é melhor. Acho que isso é
uma expressão deles também(...) testas nas mãos(...) Deve ter outra forma de disser isso
em português. De cabeça baixa(...) É, isso serve](...) „Em estado de choque‟(...) „Alain
está decepcionado. Ultimo do revezamento, partiu na ponta e foi ultrapassado. Não tem
como não se abater. ‟
[Não sei se o Marc é responsável pela ordem ou pela prova (...) Olhar no
Google³(...)
@
[Marc Begotti, Wikipédia.]
[Google(...) Ah!(...) Marc Begotti é o treinador(...) ah!(...) É o diretor e o Begotti
é o treinador(...) Então ele é responsável pela ordem mesmo]
„É preciso conversar com ele. Depois do golpe. Com oito‟(...) [Duro golpe(...)
Colocando um adjetivo fica melhor] „Centésimos a menos. Posição que é
compartilhada‟“Qui soit¹? Composition »
[Internaute]
@
[Acho q ele tá querendo dizer o desempenho dele na prova.] Tinhamos o melhor
desempenho na prova. “Combler¹”
[Internaute]
@
„Estamos‟(...) Ficamos felizes com a diferença para os. Com diferença de tempo
com os Estado-Unidos (...) „Não apenas tocados, mas também satisfeitos‟(...) „As
opiniões se dividem. Deveriam ver isso por outro ponto de vista‟
[Baiser la gueule?¹]
@
[Baiser la gueule signification]
ferrou um pouco.
XXXII
TRADUTOR ESTAGIÁRIO 1
/Vou abrir o Mozilla. Vou abrir os dicionários que gostos/
On-line?
/É! Gosto muito do wikipedia/
É português francês?
/Sim. Na verdade não é um dicionário. Eu uso uma enciclopédia. Ai quando não
sei uma palavra eu digito no Wikipédia francês, depois eu clico no link de português, as
vezes funciona. Abre uma página igualzinha. Só que. Entendeu?
Eu também gosto do Yati. Que é técnico. Agora vou abrir os Sensagent também.
Tem outro dicionário também que é o grammaire. Não! é o grand dictionnaire de la
langue./
O incrível final do 4x100metros. As horas passam(...)
Que que houve?
@ TE1 vai até o dicionário Sensagent
/To procurando fierté¹ no dicionário. Orgulho!/
O orgulho do trabalho realizado e recompensado de uma bela medalha de
prata.“Prend doucement le pas sur la déception”, toma docemente espaço(...) [Vamos
ver aqui]
“La fierté du travail accompli et récompensé d'une belle médaille d'argent
prend” [Prend. Vamos tentar. Docemente. Docemente fica esquisito. Cuidadosamente
seria]. Cuidadosamente sobre o passo da decepção. Mas o “dessaroi”
/Para agilizar eu deixo o que eu não sei entre aspas entendeu?/
[Continua ou apaga no campo tricolor?] Após o inacreditável “Dénouement. du
relais 4 x 100m.” [Que isso cara?]
Disputado na segunda e (...) Na manhã de segunda-feira em Pequim. Sem
também tocar no fundo. É sobre a forma que os “Relayeurs” começam a se questionar.
E a amargura de “faire surface”. “Faire surface pour assombrir.”
[Ai vamos ver] “Éblouir” Ainda seduzidos por este ouro que lhes parecia
oferecido antes do retorno miraculoso de Lezak sobre Bernard, os franceses
procuram(...) [buscam a compreensão, buscam entender. Procuram entender. Ah ta!]
XXXIII
As línguas “se délient” principalmente do lado de Amaury Leveaux. Que
declarou. Que tinha declarado forfait sobre prova individual os 200 metros nado livre
para “tout Donner”. Para dar tudo nos 4x 100.
“Sur l'ordre des relayeurs” [Les relayeurs]. Na ordem dos “relayeurs.” [Tá]
Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard, a Federação nos “baisé la gueule.” explicou sem
“détour” o loiro, o loiro alto à AFP. Alain Bernard e Fred Bousquet deveriam. Deviam
partir num outro sentido. [Et alors?], “on a fait avec.” A gente faz juntos.
[(risos) Ainda não entendi o texto. Ainda não entendi o que aconteceu. Eles
perderam?]
“Bernard n'en sort pas indemne”. Uma informação confirmada por Alain
Bernard, que evocava mudanças no último momento, antes de(...)
[Ajouter¹? Vou procurar no dicionário. Perai!]
@ TE1 vai até o dicionário Sensagent
/Texto difícil!/
Por que?
/Muita palavra que não conheço. Mas é bom!/
/Achei! Ajouter. Pode ser acrescentar./
Antes de acrescentar, misterioso, nós falaremos sobre isso novamente. O exrecordista do mundo da especialidade que passou aproximadamente 10 minutos
“Accroupi” no banheiro “ do Cube d‟eau, la tête dans les mains”. Parecia ainda ser em
choque. Estar em choque. “Alain est touché.” [Está tocado?]
“Partir dernier relayeur en tête.” ´[Partir? largar né? É. Largar.] “Les relayeurs,
relayeur en tête et se faire battre.”
@
“Partir dernier relayeur en tête” [Partir? Largar, né? É. Largar.] “Les relayeurs
relayeur en tête et se faire battre¹.”
/Vou ver o que que é relayeurs. To curioso. Ele apareceu várias vezes./
[Sensagent](...)
/Aqui não achei relayeurs, mas de repente eu acho no Wikipédia francês. Ai eu
consigo uma tradução para ele/(...) No Wikipédia não achei. Vou no IATE(...) Nele não
acho. Então vou tentar no mini dicionário (...) Relayeur não acho aqui. Tem nageurs.
Nadadores.
Vou tentar sabe em qual? Tresor de la langue. Para achar uma definição.
Francês/Francês/…
[Relayeurs. Course de relais. Relais? Course de relais. (wikipedia) Humm.]
XXXIV
O que você achou ai?
/O que que eu achei? A imagem de corredores. Tem o link para português. Deixa
eu ver! Atletismo! Revezamento./ [Humm. E relayeurs?]
/O mais engraçado é que tem nageurs¹. Eu traduzi como nadadores. Agora eu to
com dúvida. Vamos ver/(...)
TE1 vai ao dicionário eletrônico Sensagent
[Nadadores. Atletistas? Agora vamos ao Google Brasil para ver. Atletistas.
Atletistas não. Atletas](...) /To procurando para ver se existe atleta. Atletista. Vê se
existe(...) Relayeurs. Os atletas. De repente corredor. Corredor. Atletista./
[Ah tá. Vou no Wikipédia português. Atletista. Para ver o que vai dar. Ah! De
repente maratonista(...) Bom! Atletismo. Atleta. Deixa eu ver esse Indemne¹. To no
Sensagent, procurar a palavra Indemne(...) Ileso. Tá.
Não saiu ileso. Reconheceu o diretor técnico nacional Claude Fauquet(...)
/Nageurs! De novo. Nadador/
@
/Sensagent Nageurs. Ai ó! Nadador. A tá né?/
Sobre a questão da ordem dos nadadores, o DTN admitia que deveria, devia
falar com Marc Begotti, reponsável do “relais.” [Será que é competição. Atletismo?
Evento!]
@
/Vou no Sensagent ver a tradução de relais¹. Acho que é revezamento. Só que é
natação também. Eu não sei nada de natação. Vou ver aqui. Natação revezamento (...)
Fui no Google ele me mandou para o Wikipédia. Prova de revezamento! 4x100, 4x200
(???)/
Tenho que ver com ele. Não fui eu que tomei a decisão comentou, especificando
simplesmente que era fácil de refazer as corridas após o golpe. Com 8 milésimos de.
Vantagem? Não teríamos nunca mais rediscutido a ordem. Não teríamos nunca mais
rediscutido a ordem. sublinhou. Uma posição compartilhada por Denis Auguin.
Partilhada. Uma posição partilhada por Denis Auguin o treinador de Alain Bernard.
Até os 380 metros era a melhor posição.
[Não! era a melhor composição] “qui soit”. [Era a melhor composição que pode?
Não! Era a melhor composição feita né? Bem! Vou botar isso.] Relativizou o técnico.
@
[Relativizé no Sensagent. Relativizar.]
XXXV
Em setembro se tivéssemos ditos aos rapazes você vai nadar em 3 minutos e 8.
Eles teriam todos achado graça. “On a comblé¹”.
@
[Combler no Sensagent. Encher. Satifaire.] /Tipo! Combler no Iate. (risos) Pá
mecânica para aterrar valas./ [Combler? Combler no wikidicionário. Caramba!]
/Vou ver no meu dicionário de bolso./
[Combler. Encher. Atulhiar. Cavar. Figurativo. Preencher suprir. Outro. 3.
Cumular satisfazer plenamente. Satisfazer plenamente o atraso? O atraso sobre os
estados unidos? Nossa que esquisito.]
@
[Vou no wordreference. Combler. Francês inglês. Preencher? Humm. Relatar.
Relatar.]
/Bom? Posso fazer o que eu normalmente faria. Pode?/
@
/Vou deixar uma pergunta no fórum. É o que eu realmente faria. Eles ajudam.
Vamos perguntar. Geralmente eles respondem rápido. Cadê? Vou escolher o em francês
mesmo. Depois eu vejo/
Não é vergonhoso sermos vice-campeões olímpicos, concluiu. Todo o trabalho
dos treinadores tricolores será daqui para frente convencer seus nadadores de que a
taça está efetivamente pela metade. Afim. Com o objetivo de evacuar a frustração.
[Evacuar fica feio.] De uma corrida tão cruel quanto magnífica. [de relançá-las?]
Relançá-los nas provas individuais e de evitar que [Alain Bernad não seja
tocado somente? Être touché?]
@
/Toucher¹ no Sensagent. Bom! Depois eu volto./
@
/Vou ver combler. Hum legal! Olha! on a rattrapé(...) On a réduit à zéro. Un
coureur A se trouve une minute derrière un coureur B. A accélère et, une heure plus tard,
A et B courent côte à côte = A a comblé son retard sur B. Eu tava achando que era a
XXXVI
chegada de avião aos estados unidos (risos). Só que agora eu entendi. Tavam nadando.
Quer dizer os nadadores da frança ont comblé les Etates Unis./
[Ah tá. eu colocaria.]
Nós alcançamos a equipe americana. [Alcançamos notre retard.] Reduzindo de
perto. Reduzindo a distancia. Reduzindo a nossa distância em relação aos estados
Unidos.
“d'éviter qu'Alain Bernard ne soit non seulement touché, mais aussi coulé.”
@
[Coulé¹ nos Sensagent.]
Bom! Vou olhar no dicionário de bolso.
Você acha que ele é melhor que o dicionário on-line?
/Melhor? Melhor não. Tudo é válido! É que eu não gosto de papel também. Se
tivesse ele on-line./
/Olha só. Com o objetivo de evacuar a frustração de uma corrida tão cruel
quanto magnífica./(...) [Perai] Com o objetivo de evacuar a frustração de uma corrida
tão cruel quanto magnífica, de relançá-los nas provas individuais, e de evitar que Alain
Bernard não seja tocado, mas também não afunde.
[Mas também arruinado. Desacreditado. Não seja somente tocado, mas também
desacreditado. Esse aqui é um ne expletivo, né? Acho que é. Não tem valor negativo.
Evitar que não seja tocado e nem. Não fique tocado? E nem seja tocado e nem fique
desacreditado. Eu acho que ele não deseja o mal. Eu estou escrevendo aqui e fica
parecendo que ele deseja o mal.]
„De evitar que Alain seja‟(...)
@ TE1 vai ao Fórum
/Vou deixar essa frase também lá. O pessoal trabalha aqui. Só pode ser. Vou
perguntar o que significa a estrutura¹ toda. d'éviter qu'Alain Bernard ne soit non
seulement touché, mais aussi coulé. E também a palavra coulé. Eu vou fazendo uma
revisão do texto entendeu ?/
[Désarroi. Désarroi¹?]
@
XXXVII
[Eu vou no dicionário Sensagent(...) Confusão. Desordem, transtorno.
Transtorno. Continua palpável o campo tricolor. No caso não é legal, né? Campo
tricolor. O que que é camp?]
@
[Camp no Sensagent. Acho que é campo(...) Vou trocar o tricolor por francês.
Não. Vou deixar assim.]
@
[Dénouement¹ no Sensagent. Catástrofe!] „Sem também tocar o fundo é sobre a
forma que,‟ [sobre a forma? Não é competição aqui não. É do revezamento]
[E também tocar o fundo. Toucher le fond. Toucher le fond.]
@
[Fond¹ no Sensagent. Ah! Sem averiguar, ne?]
[Sem averiguar, com mais certeza, sem examinar. O que o detetive faz? ah! Sem
invstigar. Isso!]
„Sem investigar. É sobre as formas que os nadadores começam a se questionar e
o‟ “amertume”.
@
[Amertume¹ no Sensagent. Amargor. Amargura. Amargura.] „E a amargura de‟
“faire surface¹”?
@
[Surface no Sensagent. Vir à tona! Legal!] „E a amargura de vir a tona para‟
“assombrir¹”. [Escurecer].
@
[Vamos ver. No Sensagent: Escurecer, obscurecer. Obscurer!] „Sem também o
investigar.‟ [Se bem que fond tem haver com piscina. Tem que achar uma palavra que
tem a ver com piscina. Sem também muito mais a fundo. Tocar o fundo.]
„Mais a fundo. É sobre a forma de amargura.‟ “De l´amertume de faire.” „Sem
também tocar o fundo é sobre a forma que os nadadores.‟
@
[Éblouir¹ no Sensagent].
XXXVIII
[Surface nos mini dicionário. Ah! Olha aqui. Faire surface: emergir. (Risos). É
sinônimo. Cego, ofuscado, fascinado.]
[Éblouir no mini dicionário! Seduzir pode ser. As línguas se? Será que é fraude?]
@
[Delyer¹ no Sensagent. Desamarrar, Desatar. Tá]. As línguas se desamarram. As
línguas se desatam.
[Délier no mini dicionário. Desatar, soltar, desamarrar (...) Ah! Fazer a língua
falar. (risos). Les langues se delient: fala-se. Fala-se.]
@
[Faire forfait. Forfait no Sensagent. Humm].
[Forfait no mini dicionário. Crime enorme. Multa. Fraude, né? Crime enorme.]
@
[Deixa eu ver se no Google.fr eu acho. Ahhhhh! Não é isso não. Aqui tem forfait
como multa que se paga se o cavalo não correr. Declarer forfait, declarer forfait. Tinha
feito forfait. Sabe por quê? Porque ele desistiu da prova individual para dar tudo no
4x100. Eu até colocaria desistiu.]
@
[Vou no Google Brasil para ver ser existe a expressão fazer forfait. (risos). Olha
aqui! Tem sim. Nesse já é outra história. Forfait de empreitada porque tem a ver com
construção. Vou colocar aqui forfait.]
„Na ordem dos revezadores Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard‟(...) “nous a un
peu baisé la gueule” [mini dicionário.]
XXXIX
/Não tem aqui não, mas olha só que coisa estranha. Avoir la gueule de bois.
Porque La gueule pode ser boca. Goela de animal, boca humana, cara. Familiar, pode
ser aparência, estética, abertura, boca. Avoir la gueule de bois. Estar com gosto de cabo
de guarda-chuva na boca. /
[Ah. Baisé la gueule? Vou procurar no wikidicionário.]
@
[To achando não! baiser la gueule no “Wordreference”.]
@
[Humm. Enganado! Acho que tem a ver com Judas? Baiser la gueule? Porque
ele traiu, ne? E a federação nos traiu um pouco. (risos).]
@
TEI lê o sintagma em diversos textos através do Google
[Ele colocou um palavrão no texto formal assim? Tá entre aspas né? Vou colocar
palavrão na minha tradução não². Eles nos fudeu um pouco pô. Baiser la geule no
Tresor de La langue. Procurar por “gueule”. Procurar por baisé(...) Ah! Vou colocar
assim oh! Nos ferrou. Fica melhor!]
[Sem détour. Détour¹ seria sem, sem dar voltinha né?]
@
[Vou ver no dicionário Sensagent. Sem rodeio. Sem rodeio.] „Ficou sem rodeio o
grande loiro a AFP.‟
@
[On fait avec¹ no Word reference. Tem que ficar satisfeito? On fait avec?
Faire?… Ta! On fait avec. Faire avec no Iate. Bom! Não é grave a gente tem que se
contentar com o que tem. Faire avec é isso.]
@
[Ajouter no Sensagent. Ah. Acrescentar. Sybilin¹? Sibilinham? Sybilin no
Wikipédia. Vamos ver. Não tem! Vê se tem no Iate. Também não. Então vamos tentar
no wordreference (...). Ah. Misterioso. Simbólico. Misterioso né? Acrescentar,
misterioso.]
XL
@
[Accroupi no Sensagent. Acocorado! No Cube d´eau. Cube d´eau no Wikipédia.
Water cube. Ah viu! Calma ai. Não entendi. Eles traduzem. Será cubo de água? Odeio
traduzir nome assim. Eles traduzem né? Ficou chocado. Amargurado. Emocionado.
Comovido né?]
[Relayeurs? Reve. Revezador?]
@
Revezador no Google².
[Vou procurar aqui no Houaiss. E no Google. Revezador natação. É. Houaiss.
Que ou quem reveza, então existe!
@
[Parcours? Bateria? Vou procurar natação no Wikipédia³. Ele usa course. Mas
corrida fica tão estranho. A gente chama de bateria ou largada. Não. vê o que eu acho
em corrida] (...)
@
[Vou colocar bateria.]
@
[Le touché no Sensagent. Vou colocar aqui para eles responderem
(wordreference) (...) Ah entendi! C'est une image empruntée à la bataille navale. Tu
touches un bateau, tu l'affaiblis. Quand tu as touché tout le bateau, il coule, il est
anéanti(...) é bom porque eles respondem rápido. Abalado. Destruido.]
@
[Coulé no Google France(...) Então! Evitar que Alain Bernad não seja somente
abalado, tá vendo como fica estranho. Mas também que afunde.]
“Afin d'évacuer la frustration d'une course aussi cruelle que magnifique, de les
relancer dans les épreuves individuelles, et d'éviter qu'Alain Bernard ne soit non
seulement touché.”
„E não somente fique abalado e nem‟. [Eu acho que é aquele ne. Eu não sei
direito isso. Evitar que Alain não somente não fique abalado. Acho que eu vou fazer
assim. Não fique abalado e nem afunde. Melhor colocar nem nem, né?]
XLI
„Nem fique abalado nem afunde.‟
„As horas passam, o orgulho do trabalho realizado e recompensado de uma bela
medalha de prata suavemente começa a dar passos sobre a decepção‟. [Não. Caminho.
Não. Melhor passos mesmo.]
XLII
TRADUTOR ESTAGIÁRIO 2
Quais dicionários você usa?
/Aurélio - Houaiss, o Petit Robert e o Larousse/
No caso um de português, um de francês e um de português francês?(...)
/Exato!/
[Deixa eu abrir o Word! Vamos lá!]
“Les nageurs tricolores ne digerent pas l'incroyable final du 4 × 100m”
[Nageurs¹?]
[ Deixa eu confirmar(...)]
[Nadadores mesmo]
Os nadadores não digerem a inacreditável final de 4 por 100
/Primeiramente vou fazer uma leitura de texto para uma compreensão geral do
que se trata e depois eu retomo para fazer uma tradução/ ((...))
“Les heures passent” /Bom a primeira parte do texto vem falando sobre a
competição dos nadadores que eles não ficaram satisfeitos com o resultado porque eles
conseguiram uma medalha de prata, né?, no revezamento, só isso!/. [Bom vamos lá].
“Le heures passent”. As horas passão. “la fierté du travail accompli et
récompensé d'une belle médaille d'argent prend doucement le pas sur la déception“. O
orgulho do trabalho acabado(...) Terminado!
Acabado ou terminado e recompensado na forma de uma bela medalha de ouro.
[Oh! de prata]. De prata. “ Prend doucement le pas sur la déception“ [Prend
doucement?]
[que que a gente pode achar para doucement¹?]
Agora você foi no dicionário português francês, né?
XLIII
/ É, no caso agora eu estou dando uma olhada no dicionário português francês do
Larousse o que a gente acha pra doucement. A gente pode achar baixo. Baixinho no
caso. Ou lentamente, devagar. Que é o que eu acredito que seja o caso aqui/
„Recompensado em forma de numa bela medalha de prata‟ “prend doucement le
pas sur la déception” /No caso, pende lentamente. Toma pouco a pouco um ar de
decepção. “mais le désarroi.” [Qu´est ce que c‟est le désarroi¹? Bom! vamos ver no
Larousse português-francês./
[Bom não achei no Larousse. Vamos ver no Petit Robert.]
[Desarroi, desogarnização completa.]
“Mais le désarroi reste palpable dans le camp tricolore” [A gente pode traduzir
por confusão]. Uma confusão permanece palpável sobre o campo tricolor após a
inacreditável “dénouement¹”. [Vamos ver no português-francês].
[Mais uma vez não achei. Então a gente procura no Robert.]
Dénouement ((...)) Ce qui termine, dénoue une intrigue.
[Vamos ver o que é dénouer.] /Agora eu procuro no português/francês, no
Larousse/.
[Desfazer. Realmente é uma palavra que não existe correspondente direta no
português, é como se fosse um advérbio da palavra desfazer, desfazer alguma coisa.
Relais que que é relais?]
[De repente para Dénouement acho que nesse contesto caberia bem o “fracasso”].
XLIV
Após o inacreditável fracasso do revezamento 4x100. Disputado segunda em
Pequim. Disputada segunda de manhã em Pequim, [pronto!]
“Sans non plus toucher le fond, c'est sur la forme que les relayeurs commencent”.
[Toucher le fond? Vamos ver se eu acho alguma coisa no Larousse. Vou procurar pelo
verbo toucher¹.]
[Não tô achando. Toucher le fond é uma expressão. Acredito que tocar o assunto.
Mas é melhor confirmar. Toucher no Robert já que no português não deu muita coisa.]
/Procurando pelas acepções. O verbo toucher parece que não existe referência a
essa expressão./ [Procurar le fond]
[É parece que não faz nenhuma referencia também a essa expressão.]
/Então, vou dar uma olhada agora na internet. No Google para saber se as
ocorrências dessa expressão, mais eu acredito que seja algo relacionado a não tocar
muito no assunto ou algo do gênero./ (...) [Vamos lá. Toucher le fond. Ai eu coloco
entre aspas.]
@
Você está no Google né?
/É. Vou fazer uma pesquisa no Google colocando a expressão entre aspas para
saber as recorrências(...) E é bem corrente. Bom! To dando uma lida nas ocorrências
para saber se existe uma semelhança de sentido com o que a gente tava considerando
aqui, que era essa expressão(...) Bom! Pelas referências que apareceram no Google eu
acredito que seja isso que eu estava pensando, então eu vou traduzir assim./
Sem tocar no assunto é a forma com a qual. [Só confirmar Relayeur¹. Pra ver se
é competidores.]
[Bom no francês português não existe essa referência, então vou tentar no Petit
Robert.]
XLV
[É. Relayeur participante de le course de relais. Isso mesmo. Competidores. Um
atleta especialista]
„Sem tocar no assunto é a forma com a qual os competidores começam a se
questionar‟. “Et l'amertume de faire surface pour assombrir les eaux bleues”.
[Bom vou ver o que que é l´amertume¹.]
[Surpreendentemente no francês português a gente acha um acepção que é como
se fosse, eu acredito que é o caso. Na amargura, na tristeza. Agora a expressão]
“faire surface¹” [deixa eu ver seu eu acho alguma coisa mais direta para essa
expressão. Vou procurar no francês /português.]
[Bom! Não achei então vou procurar no Petit Robert. Vou procurar em Surface.]
[Surface(...) Faire surface eu achei como sinônimo de emergir no Petit Robert.
Então eu vou procurar no português-francês por emerger]
[Era emergir mesmo. Então a gente pode traduzir como se aprofundar. Então na
tristeza, na amargura, no caso tristeza,] Na tristeza de se aprofundar “pour assombrir les
eaux bleues”. [Que que é assombrir¹?](...) [Bom. Procurando]
[Ao pé da letra gente acha escurecer.] Se aprofundar(...) Para escurecer as
águas azuis. [Pronto!]. “Encore éblouis par cet or qui leur semblait offert avant le retour
miraculeux de Lezak sur Bernard”. [Vamos ver o significado de éblouir¹]
XLVI
[A gente achou no português/francês como ofuscado, deslumbrado](...) Ainda
ofuscados(...) deslumbrados por este o quem lhes parecia oferecer anteriormente um
miraculoso retorno de Lezac em Bernand. [Vou tirar aquele por este. Melhor deixa só
por quem. Então fica.] „Ainda deslumbrados por quem lhes parecia oferecer
anteriormente um miraculoso retorno de Lezac em Bernand. Os franceses tentam
compreender.‟
“Les langues se délient” [Que que é delier? Delier¹]
[Bom! No português francês nós achamos competição (...) No Robert](...)
[Denier. Hum. Sinômino de decacher]
[Então.] “Les langues se délient, notamment du côté d'Amaury Leveaux, qui
avait déclaré forfait sur son épreuve individuelle“ [Eu pensei em destacar, mas eu não
to achando que está combinando muito com o contexto. Bom! a gente acha também
délier como sinônimo de liberer, dénouer. Vamos ver!(...) Denouer. Que que é denouer?]
[Denouer é desfazer, isso no dicionário de português-francês(...) Então, deixa eu
continuar com a leitura para ver se eu compreendo melhor o que a frase ta querendo
dizer, ai a gente acha a acepção correta para traduzir délier(...) Então] “Les langues se
délient, notamment du côté d'Amaury Leveaux, qui avait déclaré forfait sur son épreuve
individuelle” [Que é fortait?]
[Déclarer forfait é uma expressão que significa desistir, a gente encontra isso no
português francês Larousse¹] “Les langues se délient”(...) [Bom! Eu vou traduzir o mais
próximo do literal]. As línguas se libertam.
“Notamment”(...) “Notamment.” [Agora eu não sei uma boa palavra para
traduzir notamment. Não sei. Deixa eu ver se existe em português alguma coisa.
Notadamente alguma coisa assim.] “Notamment¹ du cote”. [Vamos ver se no Larousse
português-francês aparece alguma coisa.]
XLVII
[Ele traduz notamment como particulamente. Vamos lá. É possível.]
Particulamente do lado de Amaury Neveau que havia desistido de sua prova individual
dos 200m nado livre. “Pour tout donner dans le 4 pour 100”… [Pour tout Donner¹.
Como é que eu vou traduzir isso? Vou procurar no português francês por acepções
Donner e Tout.]
(...)
/Olha! não achei uma tradução no Larousse e o Petit Robert não me oferece uma
tradução, então eu pensei em Pour tout Donner para dar o seu melhor, algo do gênero,
nos 4 por 100./
Sobre a ordem dos competidores Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard “la
Fédération nous a un peu baisé la gueule"… A federação. [Ai tem que ver o que é a
expressão baiser la gueule¹.]
[Baiser não acho nada no francês português. Agora a gente procura por gueule.]
[Também não achei referencia a essa expressão. Vamos procurar no Robert por
gueule. Procurar entre as acepções para ver se eu acho uma referência para baiser la
gueule](...)
[Não, no Robert também não acho nenhuma referencia para a acepção de gueule
ou baiser la gueule. Então vou procurar no Robert pela palavra baiser no Robert.]
[É também não achei referencias. Então a gente procura no Google por essa
expressão por essa expressão.]
@
[Baiser la gueule tem 32000 acepções. Bem corrente. Vou dar uma olhada nos
resultados para ver se eu consigo deduzir alguma coisa(...) Bom, agora eu to dando
buscas pela acepção. Por alguma que possa ajudar a descobri o que é “baiser la
XLVIII
gueule”(...) Bom! Não achei o que significa e não faço idéia do que possa ser. Então vou
deixar um espaço marcado no texto em branco. Que é pra depois tentar consultar
alguma coisa ou procurar com mais calma, o que possa ser essa expressão. Ai a gente
continua.]
“A expliqué sans détour le grand blond à l'AFP”. Explicou sem… “détour” [O
que que é détour¹?].
[Détour pelo Larousse é sem fazer desvios. Então!]. Explicou sem rodeios “le
grand blond¹”. /Le grand blond. Acredito que seja alguma coisa. Algum nome técnico
relacionado ao esporte./
[Mas perai. Deixa eu tentar confirmar. Procurar no Robert le grand depois por
blond e por fim no Google.]
@ TE2 vai direto ao Google
/Coloquei entre aspas também. Apareceu várias acepções para le grand blond.
Faz referência a uma música ou várias coisa de internet/(...) [Le grand blond et avec un
chaussure noir. Bom! não faço a mínima idéia do que seja, mais uma expressão que
precisa ser procurada depois.
Alan Bernard e Fred Bousquet deviam partir em um outro senso(...) Num outro
sentido. Isto não é grave. Nós fizemos juntos.
[Bom!] “Bernard "n'en sort pas indemne ". [Que é indemne¹?]
[Ah tá. O Larousse francês português a gente acha indemne como ileso.]
Bernand não saiu ileso. Uma informação confirmada por Alain Bernad que
evocava as mudanças nos últimos momentos antes de acrescentar. [sibyllin? Que que é
sibyllin?]
[No Larousse não tem nada. Vamos ver no Petit Robert.]
XLIX
[Sibyllin. De uma fila. Banco. Ah ta! No caso da segunda acepção onde o
sentido está escondindo. Nas entrelinhas neste caso. Então a gente pode colocar nas
entrelinhas.] Nos retomaremos isso posteriormente. O ex recordista do mundo desta
especialidade se passou próximo de dez minutos. [accroupi¹? que que é accroupi ?
Cocorar? Deixa eu ver no dicionário de português]
[co-co-rar. Ficar de cócoras. Agachado. Agachado ou humilhado? Vamos ver o
contexto. A gente pode colocar no sentido de envergonhado. Acredito eu]
Envergonhado nos “toilets du Cube d'eau” a cabeça entre as mãos parecia
ainda em choque‟. “Alain est touché.” [Deixa eu ver esse touché. Aqui não é o sentido
de tocado.]
[Toucher. Vamos ver no Robert. Toucher(...) Eu achei como. Pode ser no
sentido de emouvoir. Emocionado. Que é o que eu acredito que seja aqui.] Alain está
emocionado. [Em vez de emocionado de repente abalado. Ficaria melhor.]
“Partir… Dernier relayeur en tête et se faire battre, on n'en sort pas indemne".
“Partir”… “Partir dernier relayeur en tête et se faire battre, on n'en sort pas indemne.”…
“Partir dernier relayeur en tête et se faire battre, on n'en sort pas indemne.”
[ Vou procurar relayeur¹ de novo no Robert]
[Bom! Eu acredito que seja alguma coisa relaciona a partir do ultimo lugar]. “Et
se faire battre.” [Que que é faire battre mesmo¹?]
[Pode ser lutar, combater. Faire battre pode ser completamente diferente. Battre
no Robert]
[Se faire battre. Bom! Não saquei. Vou pular. Depois a gente continua.] A gente
não sai ileso reconheceu o diretor técnico nacional(...) Re-co-nhe-ceu o diretor técnico
nacional Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos nadadores da DTN admitiu
que devia falar com Marc Begotti, responsável pela prova. É preciso ver com ele, não
fui quem tomou a decisão ele comentou precisando simplesmente que era. “facile”.
L
Fácil. “de refaire les courses.” “Refaire les courses¹”. [eu conheço como fazer compras.
Deixa eu ver no Larousse português francês]
[Nada em faire. Deixa eu procurar refaire.]
[Nada. Deixa eu continuar lendo para ver se o contexto me diz alguma coisa(...)
Bom! Vamos ver no Robert. Faire. Faire les courses. Perai. Agora eu me perdi. To
procurando aqui que que é (???) faire le courses me perdi].
[Então eu vou colocar o que eu acho. Pelo que eu entendi. No caso refaire le
courses é refazer as tarefas. Algo do gênero. Vou colocar tarefas que é uma palavra
mais genérica.]
Após corte com 8 centimetros.“Centième.” [Não, perai! Centésimo.] Após 8
centésimos de vantagem. Nos não poderíamos jamais tornar a discutir a ordem,
ressaltou ele. Uma posição partilhada por Denis Auguin, o instrutor de Alan Bernad
até os 380 metros‟. “C'était la meilleure composition qui soit”(...) foi(...) era a melhor
composição que poderia, relativizou o técnico em setembro se houvéssemos dito aos
“gars”. [Que que é gars¹?](...)
[Aos companheiros. Gars segundo o Larousse é alguma coisa familiar. Típico.
Traduzi como alguma coisa como amigos. Como se gars fosse um grupo de pessoas].
Vocês vão nadar em 3 minutos e 8 segundos eles teriam todos [que que é rigoler¹?
Procurar no France português.]
[Rigoler o verbo rir, divertir.] Eles teriam todos ridos. “On a comblé notre retard
sur les Etats-Unis.” [Que que é combler¹?]
LI
[Combler no caso do português tá satisfazer]. Nós tiramos nosso atraso sobre os
Estados Unidos. “Ce n'est pas déshonorant d'être vice-champions olympiques.” Não é
desonroso ser vice-campeão olímpico concluiu ele. Todo o trabalho dos treinadores
tricolores será. [Desormais¹?]
[Uma tradução boa para desormais.] Daqui em diante. Todo o trabalho. [Vamos
mudar então.] Daqui em diante, todo trabalho dos treinadores tricolores será de
convencer os seus nadadores que o vidro. “Est effectivement à moitié plein.” [Procurar
uma outra acepção para verre¹.]
Que o copo está efetivamente pela metade. [É, vai funcionar.] O copo estava
efetivamente pela metade. “Afin d'évacuer.” Afim de se livrar de uma frustração de um
“course.” [Então! De uma corrida.]
Afim de se livrar de uma frustração de uma corrida tão cruel quanto magnífica.
“De les relancer dans les épreuves individuelles”. De lançá-los novamente nas provas
individuais e de e de evitar que Alain Bernard não fique simplesmente(...) Ehhh(...)
envergonhado, mas também “coulé.” [Couler¹? um verbo intransitivo.]
[ Achei. Correr. Afundar-se. Deixa eu ver no Robert. Couler.]
Mas também que ele continue sem interrupções. Erwan Le Duc, avec AFP.
[Agora umas pequenas correções e uma releitura para eliminar alguns erros, o que ficou
muito estranho.]
„As horas passam, o orgulho do trabalho concluído e recompensado na forma de
uma bela medalha de prata, toma pouco a pouco um ar de decepção, mas a confusão
permanece palpável sobre o campo tricolor, após o inacreditável fracasso do
revezamento 4X100m disputado segunda de manhã em Pequim. Sem tocar no assunto.‟
[Colocar aqui em vez de sem tocar no assunto. Não tocar o assunto.] „Não tocar no
assunto, é a forma com a qual competidores começam a se questionar. Na tristeza de se
afundar e escurecer as águas azuis.‟
LII
[Essa frase ficou estranha Na tristeza de se afundar e escurecer as águas azuis.
Só se for uma linguagem metafórica. Porque traduzir isso fica complicado. Colocar
afundar-se em vez de se afundar. Afundar-se e escurecer as águas azuis.]
„Ainda deslumbrados por quem lhes pareciam oferecer anteriormente o
miraculoso retorno de Lezak de Bernard, em Bernad. Os franceses tentam compreender.
As línguas se libertam.‟ [Ah ta. Então nesse caso que a gente viu les langues se delyents
é no caso das pessoas começarem a falar. As línguas começam a falar. As línguas se
soltam.]
„Particulamente a de Amaury Leveaux, que havia desistido de sua prova
individual, os 200 metros nado livre para dar o seu melhor nos 4X 100. Sobre a ordem
dos competidores Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernad a federação‟ [ai vem a expressão
que eu não sei]. Explicou sem rodeios a AFP. Alain Bernard e Fred Bousquet deviam
partir num outro sentido. Isto não é grave, nós fizemos juntos.´
„Bernard Não saiu Ileso. Uma informação confirmada por Alain Bernard, que
evocava as mudanças nos últimos momentos, antes de acrescentar, nas entrelinhas, nós
retomaremos isso posteriormente. O ex- recordista do mundo da especialidade, que
passou próximo de 10 minutos envergonhado nos toilettes do Cube d‟eau, a cabeça
entre as mãos, parecia ainda em choque.‟
„Alain esta abalado(...) A gente não sai ileso, reconheceu o diretor técnico
nacional, Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos nadadores, a DTN admitiu
que devia falar com Marc Begotti, responsável pela prova. É preciso ver com ele. Não
fui eu quem tomou a decisão, ele comentou, precisando simplesmente que era fácil de
refazer as tarefas‟(...) Refazer as corridas‟. [Refazer as corridas aqui]. Após corte, com 8
centésimos de vantagem, nós não poderíamos jamais tornar a discutir a ordem, ressaltou
ele.‟
„Uma posição partilhada por Denis Auguin, o instrutor de Alain Bernard. Até os
380 metros, era a melhor composição que poderia, relativizou o técnico. [Existe esse
verbo? Relativizou? pode substituir por só disse o técnico]
„Em setembro, se houvéssemos dito aos companheiros: vocês vão nadar em 3
minutos 8, eles teriam todos rido. Nós tiramos o nosso atraso sobre os Estados Unidos.
Não é desonroso ser vice-campeão olímpico, concluiu ele. Daqui em diante, todo o
trabalho dos treinadores tricolores será de convencer os seus nadadores que o copo está
efetivamente pela metade. A fim de se livrar de uma frustração de uma corrida tão cruel
quanto magnífica, de lançá-los novamente nas provas individuais, e de evitar que Alain
Bernard não fique simplesmente envergonhado, mas que(...) Mas também que ele
continue sem interrupções. „
LIII
TRADUTOR PROFISSIONAL 1
/Eu vou dar uma lida nele só para ter uma noção do contexto geral do texto,
inclusive porque o título depende muito do contexto. O texto jornalístico tem uma
marca as vezes que é mais difícil que os literários. Bom! Esse por exemplo. Se é para
ser publicado no jornal o globo, por exemplo, os nadadores tricolores. Faz muito sentido
em francês, para um francês que lê, mas eu já diria os nadadores franceses, para ficar
claro para o leitor brasileiro que lê. Tendo o dado que se trata de um texto jornalístico
então, eu vou mudar o título, por exemplo, de tricolores eu passo para franceses²,
porque se trata de um texto jornalístico./
Os nadadores franceses não digerem a inacreditável final do quatro por cem,
quatro por cem metros. As horas passam. O orgulho do “travail accompli”, [do trabalho
cumprido ou do dever realizado, cumprido pode soar (...) acho que soa mais fluente em
português]
E recompensado de uma(...) [recompensado por, né?](...) [A preposição é
sempre alguma coisa que às vezes a gente sempre se distrai.]
Recompensado por uma bela medalha de prata é(...) “Prend doucement le pas
sur la deception”… [É uma expressão idiomática eu vou traduzindo (???)]. Toma. [Eu
vou substituir por aos poucos. A decepção mais o désárroi(...) désarroi(...) désarroi. Ver
o que é désaroi, cadê o Robert?]
Fica ali!
[Bom! Pode ser o Larousse português/Francês¹ mesmo.]
As horas passam. O orgulho(...) [Bom! Vou colocar aqui o desvarío, mas vou
deixar marcado aqui, porque depois eu volto com certeza para essa palavra,] Mas o
desvarío permanece palpável, no campo [retoma a coisa do tricolor.] No campo
tricolor(...) [fico em dúvida se os brasileiros(...) Vou manter no campo Francês.]
Após a inacreditável. [Aliais aqui retoma os termos do título né.] O
inacreditável desenlace(...) Desenlace do revezamento, do revezamento quatro por cem
metros disputado segunda feira pela manhã em Pequim. Sem tampouco tocar o fundo
da questão. [Aqui ficou meio elíptico os franceses, esclareço em português.]
Sem tampouco tocar o fundo é quanto à forma que os(...) [ai, os revezadores(...)
os nadadores. Porque os nadadores se revezaram. Meio óbvio né.] Começam a(...) Se
colocar algumas questões. [Tem todo o campo metafórico da natação, do fundo, da
água, da superfície, que é também uma remissão aos “bleues” que são os franceses.
Então, o texto é cheio de jogos de palavras, que alguns vão desaparecer na tradução, até
LIV
porque o leitor brasileiro não necessariamente identificaria. Por exemplo, o “Bleu” e o
“tricolor” que são referência da França, mas que passam despercebidos a um leitor
brasileiro, na tradução literal. O azul e o tricolor. Bom! Vamos lá.]
É a forma que começam a colocar algumas questões. E a amargura(...) [Fica
um pouco estranho(...)] “de faire surface(...)” [Fica um pouco estranho(...) E a amargura,
vem á superfície. E a amargura(...) vem à superfície para assombrar. Aqui, por exemplo,
as águas azuis. Me parece(...) não vai fazer nenhum sentido ao leitor brasileiro, mas
você empobrece o texto quando você traduz simplesmente(...) Assombrar o que? Os
nadadores por exemplo, assombrar as águas azuis, as águas azuis remetem às águas
azuis da frança, tem todo um jogo aqui, mas a marca forte é a coisa do “Bleue” que é
muito ligado à França no domínio do esporte. Então é uma decisão do tradutor meio
complicada, mas eu acho que, como mais uma vez se trata de um texto jornalístico, tem
de haver uma compreensão de um leitor mediano, não necessariamente informado
naquele domínio, então eu estou empobrecendo o texto substituindo de imediato toda a
dimensão das águas azuis por nadadores, ou assombrá-los, mas ao mesmo tempo eu
perco o jogo todo da frase. “Surface” que é superfície da água, mas uma coisa que vem
a superfície tem toda a dimensão do vem à mente. Depois tem que ler o texto para ver se
funciona. De qualquer maneira eu tenho a plena consciência aqui que eu estou num
processo de empobrecimento do texto, mas que para mim, na minha opinião, num texto
jornalístico, para um leitor brasileiro isso se perderia. Mas de qualquer maneira eu vou
marcar isso aqui para depois pensar no final se eu vou manter mesmo essa..]
Ainda ofuscados(...) Pelo ouro que lhes parecia dado, “offert”(...) [garantido
talvez(...) garantido.] “C´est pas donné.” Garantido antes “le retour de Lezak sur
Bernard”… [Fico a me perguntar(...) Será que é?(...) Acho que é o nadador que ganhou
o outro da equipe eu acho](...) “retour miraculeux”(...) [Será a passagem? Eu não sei
quem é o Lezak(...)]
Que houve?
[Ah? Nada! É uma coisa do texto (...) É uma coisa do texto, tem um nome
próprio que eu não sei se é o nadador francês ou(...) Bom! Normalmente eu iria buscar
na internet³. Eu acho que esse jogo. Essa prova. Vamos ver! Vou acabar achando essa
matéria do jornal.]
Não. Já saiu do ar.
[Bom! Vamos lá. Eu to buscando para ver se eu acho, para ver se esse nome
aqui é o nadador adversário que levou o ouro, porque eu também não sei (...) Ah! Olha
aqui. Eu já to percebendo que foi o Lezak que ganhou do Bernad, que virou no final(...)
Achei um site. O melhor da natação mundial(...)]
LV
“Retour miraculeux” [eu to achando que é(...) Quando um passa o outro(...)
deixa acabar de carregar aqui.] Antes da passagem miraculosa de Lezak por Bernad.
[Aqui tem que mexer na preposição.] De Bernad por Lezak. Ainda ofuscados pelo ouro
que lhes parecia garantido(...) Os franceses tentam compreender.
@ TP1 entra no Google
[Deixa eu ver(...) É o Lezak é o americano(...) (???)(...) Ah é aqui, eu achei na
internet.. Ele levou 43 centésimos.. Exatamente isso.. Lezak ultrapassou Bernad.]
As línguas se soltam. [Né? Quer dizer. É também uma metáfora, mas eu acho
que funciona.] Especialmente do lado de Amauri Leveaux, [que são os nadadores.]
Leveaux que havia desistido de sua prova individual 200 metros nado livre, dos 200
metros nado livre para dar tudo dele, [literalmente, para dar tudo (...) Na (...) Na
prova(...) Na quatro por cem metros. vou botar na prova(...) Aqui tem uma dificuldade
também, no quatro por cem, na quatro por cem, na prova quatro por cem. Elimino meu
problema colocando a prova, a prova quatro por cem, mas aqui tem duas provas na
verdade.]
„Que havia desistido de sua prova individual para dar tudo‟(...) No quatro por
cem. [Vamos ver.]. “Sur l'ordre des relayeurs la Fédération nous a un peu baisé la
gueule.”
[Bom ! Tem que ver o que é “Baiser la gueule”, que eu não sei o que é baiser la
gueule, vou ver se eu acho algum(...) algum.. no Robert(...) Baisser(...) Sur l'ordre des
relayeurs… Humm ! Baiser la gueule…]
@ TP1 escreve o sintagma no Google
(...)
[Me sacaneou. Baisser la gueule (...)
(???) (...) To procurando aqui, baiser la gueule. Fuck you mesmo, Né? Mas
vou mudando aqui meu registro, porque é um registro²(...) É uma frase, né?(...) É um
pouco chula, não sei se o leitor do globo vai gostar (risos).]
Em relação(...) [Eu acho que “Sur l'ordre de” É em relação à ordem do
mergulho, né?(...) É, em relação à ordem dos nadadores. Exatamente.]
A ordem dos nadadores do revezamento Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard. A
federação. [É(...) Literalmente fudeu com a gente. Então vou colocar uma palavra
menos chula, vou botar nos sacaneou, até porque o editor frequentemente muda a
tradução, se fosse eu, eu teria mudado,]
LVI
Explicou sem rodeios(...) o loiro(...) [a AFP é Association de presse
française(...) o grande loiro. Vou manter aqui a sigla da associação francesa de
imprensa.] „Explicou‟(...) [Loiro é uma coisa também estranha de deixar(...) O loiro alto
é certamente uma pessoa bem conhecida para o leitor francês(...) mas fica(...) O loiro(...)
Eu talvez pesquisasse quem é ele. né? Para poder informar na tradução de quem se trata,
porque talvez para o leitor francês seja claro, mas para o leitor brasileiro não é. Ah
não(...) Claro! Leveaux é um dos nadadores. Então eu vou deixar mesmo loiro alto(...)]
À AFP. Alain Bernard e Fred Bousquet. [Deviam partir né? Como é que se fala
isso? Deviam dar a partida(...) Nadar num outro sentido. Eu diria que(...) Saltar. Será?]
Deviam partir(...) [Partir mesmo.] Num outro sentido. “Ce n'est pas grave, on a
fait avec. ” [On a fait avec? É bem idiomático.] „Não é grave.‟ “On a fait avec”(...) [É
uma expressão difícil de se traduzir.] “On a fait avec”(...) [Foi possível. Deixa eu ver no
Robert. Se acho uma pista(...) Não é grave(...) Foi do jeito que deu](...) “On a fait avec.”
Qual o problema com o “On a fait avec¹”?
[Ah? Não é que é uma expressão. Uma expressão idiomática assim né? On a
fait avec. Quer dizer. É preciso. Quero ver se ele me dá uma pista. Assim de uma
expressão. Não. Não. É facilmente compreensível. Quer dizer. É o que é possível. Neste
sentido. Quer dizer. On a fait avec. A gente vai fazer o que é possível dentro das
circunstâncias, mas, não dá para traduzir literalmente. Tem que arrumar um jeito de
dizer.]
„Não é grave.‟ A gente. “On a fait avec”. [Foi assim que foi possível. Foi
assim que deu. Fizemos o. É. Fizemos o possível. Fizemos o possível nas circunstâncias.
Fizemos assim mesmo. Depois eu vejo. Vou saltar. Quando eu começo a ficar muito
tempo numa coisa só eu pulo e volto depois]
“Bernand não sai indenne.” [Ileso eu diria.] “Indenne.” [Ileso. Isso.] Bernand
não sai ileso. Uma informação foi confirmada por Alain Bernad que abordava
mudanças de ultima ora(...) [na ultima hora. É. Ultimo momento, porque não?]
De ultimo momento, antes de acrescentar subilino, voltaremos a falar disso.
„Voltaremos a falar disso.‟ [Sublino não. Tá errado.] Sibilino. Voltaremos a falar disso.
“On reparlera”. [Que é voltaremos ou é mais genérico. Vamos ver aqui.]
„O ex-recordista mundial da especialidade, que passou cerca de dez minutos
agachado, agachado no banheiro do Cubo d´água, com a cabeça entre as mãos, parecia
ainda “sur choc.” Em estado de choque. Alain(...) [Ah é. A passagem da oralidade é
sempre mais difícil.]
LVII
Parece. Parecia ainda, parecia em estado de choque. Alain está “touché.
[Quer dizer(...) Mas. É mais do que tocado, está afetado, abalado.] Está abalado.
Abalado. [Então]. Partir. [Ai! Uma frase no infinitivo. Sair por ultimo. Então. Partir por
ultimo, na frente. Ser o ultimo nadador e sair. Ser o ultimo nadador e sair na frente. Sair
na frente. E se deixar bater-se, né? Se deixar bater. Se deixar bater. É. Acho que sim. Se
deixar bater. Isso é uma construção bem francesa que tem que](...) Alain está abalado(...)
Ninguém(...) [Esse “on” eu vou mudar um pouquinho para ficar mais brasileiro.]
Ninguém sai ileso, [virgula], reconheceu o diretor técnico nacional Claude
Fouquet. [Isso por exemplo. O jornal brasileiro. Esse nacional, talvez pudesse colocar
francês, né? Porque um nadador nacional para o leitor brasileiro é o Brasil, né? Isso é
uma coisa que fica mais imediata.]
Em relação à questão da ordem dos nadadores. Em relação à questão da
ordem dos nadadores. O DPN [que é o diretor técnico. Ai eu boto o sobrenome dele que
é que essa sigla não(...) Monsieur Claude Fouquet. Colocar só Fouquet. Só para ficar
mais distante um nome do outro. Sobrenome. Fouquet. Depois eu vejo.]
Fouquet admitia. “Admetait”. Admitiu. [Eu vou mudar o tempo do verbo aqui.]
Que devia conversar. Com Marc Begotti, responsável pelo revezamento. [Mas uma
citação em discurso direto.] Tenho que ver com ele. Não fui eu quem tomou a decisão,
comentou, precisando, [precisando assim fica uma coisa ruim para o português, melhor
como necessitar, né?]. Precisando simplesmente que era fácil. Era fácil. [Refazer as
corridas? Refazer as corridas? Percursos?](...)
Tenho que ver com ele. Não fui eu quem tomou a decisão, comentou,‟
precisando simplesmente que era fácil refazer as corridas. [Refazer as corridas eu to
achando um pouco estranho.]
“Après coup.” À posteriore. [A posteriore que fica uma coisa meio formal. Em
português fica um pouco estranho, mas o Après coup. É uma palavra difícil. Quer dizer.
Bem coloquial aqui. Nem sempre a gente encontra uma maneira interessante de dizer.]
Com oito centésimos a mais, “on n'aurait plus jamais.” [Não. a mais não.]
„Com oito centésimos de‟ “mieux”. [Acho que esse de mieux. É a menos, né? Porque.
Quer dizer. Com oito centésimos melhor. Quer dizer. Natação é a menos, né?] Jamais(...)
Se teria discutido, rediscutido, rediscutido a ordem, ressaltou.
[Ultimo parágrafo.] Uma posição compartilhada por Denis Auguin, treinador
de Alain Bernard. [Vamos ver se com essa nova opinião fica mais claro o que que o
outro disse antes.]
Até os 380 metros, era a melhor composição possível. [Porque era o 400.] Era
a melhor posição possível. Relativizou o técnico. [Ele mudou a palavra treinador e
técnico, eu mudei também.] Em setembro, se tivéssemos dito aos. “Au gars.” Aos caras.
LVIII
[Bom, é um discurso direto.] vocês vão nadar em 3 minutos e 8 segundos. Eles teriam
achado graça. “On a comblé notre retard”.
“Combler le retard¹.” [Quer dizer. A gente. Não estou entendendo este Comblé.
comblé notre retard sur les Etats-Unis.]
[Preencher uma lacuna. Combler uma diferença]. „Eles teriam achado graça‟
“on a comblé notre retard.” [Quer dizer. Compensar nosso atraso. Não.] “Combler le
retard.”[Nos não estamos mais. Compensamos. Superamos. Isso.] Superamos nosso
atraso em relação aos Estados Unidos. Não é nenhuma desonra ser vice-campeão
olímpico. [Vou botar uma coisa mais oral.] Não é uma desonra ser vice-campeão
olímpico. [Não gostei desse superar o atraso. Vamos ver se acho alguma coisa melhor.]
Concluiu. Todo o trabalho. Todo o trabalho dos treinadores tricolores. Dos
treinadores franceses. Se(...) [Tem desormais, vou colocar no inicio a frase.] Daqui por
diante. Todo o trabalho dos treinadores franceses. Será o de convencer os nadadores,
convencer os nadadores, que “le verre est effectivement à moitié plein.”
[Que o copo está(...) cheio pela metade. É isso?] “Que le verre est à moitié
plein”. [Estamos na metade do caminho(...) De que o copo está cheio pela metade. Será
que é isso? Significa que estamos na metade do caminho](...) “Que le verre est à moitié
plein.”
[Deixa eu ver se eu acho uma expressão genérica](...) No intuito de evacuar.
[Evacuar. Uma expressão. Evacuar é horrível.] De afastar a frustração de uma corrida
tão(...) [corrida aqui eu não sei se](...) Tão magnífica. [Talvez se eu colocasse disputa.]
De relançá-los nas provas individuais e de evitar que Alain Bernad(...)
“À moitié plein¹.” [To procurando aqui a moitié plein para ver o quanto isso é
uma expressão idiomática.]
[Verre a moitié plein. Verre à moitié chemin. Exatamente. No meio do
caminho. Justamente o que eu tinha pensado.] De que estão no meio do caminho. [Eu
diria que a metade do caminho já foi percorrida, talvez seja melhor assim. Para dar uma
expressão mais positiva.] De que a metade do caminho foi percorrido. No intuito de
afastar a frustração de uma. [De uma corrida não, né? De uma prova, né? Acho que não
se diz numa prova de natação, né?]
LIX
De relançá-los nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard(...) Que
fique mais que abalado [virgula], “couler”. [Couler¹ é naufragado. Deixa eu ver se tem
um adjetivo aqui.]
[Ele não dá como adjetivo. Que é naufragar. Fique mais que abalado. E ai? É
um texto bem francês, que tem todas essas metáforas aquáticas aqui para falar da
natação. ] Não somente, mas também(...) Afogado. [Mas eu acho que fica meio estranho
em português. Funciona? Vamos ver. Quer dizer. A princípio eu acabei. Agora vou reler
o texto em português, para ver o que está funcionando, quando ele para de funcionar eu
retomo aqui. Vamos ver.]
„Os nadadores franceses,‟ [o título], „não digerem a inacreditável final do
quatro por cem metros. As horas passam, o orgulho do dever cumprido e recompensado
por uma bela medalha,‟ [Faltou aqui, de prata,] medalha de prata. “prend doucement le
pas”. [Quer dizer.] Substitui aos poucos a decepção, „mas o desvarío‟ [Esse desvarío
não é muito bom.] „O‟ “desárroi¹”
.
[O Desconsolo talvez(...) Deixa eu ver aqui.] O desconsolo „permanece
palpável no campo francês após o inacreditável desenlace do revezamento quatro por
cem metros. Disputado segunda-feira pela manhã em Pequim. Sem tampouco‟(...)
[Sem(...) Esse tampouco também é artificial. É. Não tem tampouco porque não tem
nenhuma referencia anterior. Acho que isso é um problema no próprio original.] (???)
[Esse non plus aqui eu não encontro uma referencia a algo que teria se silenciado. Não
se entende muito bem, então tira.]
„Sem tocar o fundo da questão, é quanto à forma que os nadadores começam a
se colocar algumas questões. E a amargura vem a superfície‟
[aqui não é assombrar os nadadores, mas é para assombrá-los. Essa aqui tá
complicada. As águas francesas. As águas azuis. Para assombrar. Eu vou dizer aqui. A
amargura(...) Para escurecer as águas. Ah! Como é que a gente fala isso? Para. Para
turvar as águas. Vamos colocar assim. Eu vou deixar as águas azuis. Quem conhecer a
metáfora dos franceses com os azuis entende, quem não conhecer lê como uma metáfora.
As águas azuis. Ou será que eu coloco as águas azuis. As águas azuis. A amargura de
assombrar as águas azuis. Dos franceses? Será que vou colocar assim? É; Isso é uma
decisão sempre difícil. As águas azuis. As águas azuis. É, difícil, não há tradução
certeira.]
LX
„Ainda ofuscados pelo ouro que lhes parecia garantido antes da ultrapassagem
miraculosa de Bernard por Lezak, os franceses tentam compreender (...) As línguas se
soltam, especialmente do lado de Amaury Leveaux, que havia desistido de sua prova
individual os 200 metros nado livre para dar tudo no quatro por cem. Em relação à
ordem dos nadadores, a Federação nos sacaneou, explicou sem rodeios o louro alto à
AFP‟
„Alain Bernard, Alain, deviam partir num outro sentido. Não é grave, a,‟ “on a
fait avec.” „Não é grave‟(...) [Não é bem isso. A gente fez o que pode(...) A gente fez
assim mesmo?](...) “on a fait avec”. A gente fez o que pode.
„Uma informação confirmada por Alain Bernard. Que evocava mudanças no
ultimo momento‟ [Uma informação? Ah, sim. É. Essa informação. Essa frase fica uma
frase nominal. Eu vou melhorar essa frase aqui.] „Essa informação foi confirmada por
Alain Bernard, que evocava‟ Que evocou. „Mudanças no último momento, „antes de
acrescentar, sibilino, ainda se vai falar disso.‟ [Porque isso é ambíguo. On reparlera. Se
é voltaremos ou se é, muitos ainda se vai falar disso. Eu vou botar assim que fica
ambíguo também.]
Ainda se vai falar disso.„O ex-recordista mundial da especialidade, que passou
cerca de 10 minutos agachado no banheiro do Cubo d‟água, com a cabeça entre as mãos,
parecia ainda em estado de choque. Alain está abalado. Ser o último nadador, sair na
frente e se deixar bater, ninguém sai ileso. Ninguém sai ileso disso. Reconheceu Claude
Fauquet, o diretor técnico francês. Em relação à questão da ordem dos nadadores,
Fauquet admitiu que devia conversar com Marc Begotti, responsável pelo revezamento.
Tenho que ver com ele. Não fui eu quem tomou a decisão, comentou, precisando
simplesmente que era fácil refazer a prova.‟ [A prova, Oh!] „A posteriori. Com oito
centésimos a menos, jamais se teria rediscutido a ordem, ressaltou‟
„Uma posição compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard.
Até os 380 metros, era a melhor composição possível, relativizou o técnico. Em
setembro, se tivéssemos dito aos caras: vocês vão nadar em 3 minutos e 8, eles teriam
achado graça. Superamos nosso atraso em relação aos Estados Unidos. Não é nenhuma
desonra ser vice-campeão olímpico, concluiu. Daqui por diante. Daqui por diante todo o
trabalho dos treinadores franceses será o de convencer os nadadores de que metade do
caminho foi percorrido.‟ [Acho que metade do caminho foi percorrida. A metade foi
percorrido ou metade foi percorrida?]
„Metade do caminho foi percorrido¹. No intuito de‟(...) [Metade do caminho foi
percorrida? Deixa eu ver aqui.]
„No intuito de afastar a frustração de uma prova tão cruel quanto magnífica, de
relançá-los nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard fique.‟ [Esse final tá
LXI
meio uma frase nominal, né?] „Afim de‟(...) [Esse afogado não funcionou(...) Mais do
que ficar. Mas não dá pra não(...) deixar essa metáfora no final. O naufrágio no final
aqui. Agora! Metade do caminho foi percorrido ou percorrida? Metade do caminho foi
percorrido ou percorrida? Acho que tem que concordar com a metade. Não gostei não.
Metade do caminho foi percorrida(...)]
[ Então tá bom. Entrego ao editor.]
LXII
TRADUTOR PROFISSIONAL 2
[Vamos lá!] Os nadadores tricolores não digerem a incrível final dos 4 por
100 (...)
/Bom! Eu dei uma olhada(...) Eu acho sempre importante ler pelo menos a
frase inteira(...) Não necessariamente o parágrafo, às vezes o parágrafo é muito grande,
mas dá uma lida na frase, para ver como é que ela fica até melhor. As vezes tem que
mudar a ordem de certas coisa. Então!/
As horas passam o orgulho do trabalho realizado é recompensado por uma
bela medalha de prata(...) [humm](...) Predomina a sobre a decepção no campo
tricolor [Eu imagino que sejam os italiano, mas eu não acompanho muito(...) En
passant(...) Então eu to meio por fora]
Depois do incrível resultado do (...) [Ih agora? Como é que se fala isso?] “Du
relais 4 x100” [Bom, eu vou deixar em francês para procurar depois. Porque as vezes é
uma expressão que você acaba até lembrando.]
4 por 100 disputado na manhã de segunda feira em Pequim [Sou contra falar
Beijim. Por que quando eu era criança Pequim era Pequim e Beijim era em inglês e eu
me recuso a usar a palavras que a globo usa.]
“Sans non plus toucher Le fond est sur La forme que”(...) [Ai por exemplo… É
um jogo de palavras com o tocar no fundo, por exemplo, da piscina já que são
nadadores, então não tem](...) [já que eu não to lembrando de relayeurs vou colocar
nadadores]. Começam a se questionar sobre problemas de forma. “Et l´amertume de
faire surface.”
Enquanto isso, a amargura vem à tona para turvar as águas azuis [Ele tá
fazendo metáfora em torno da água da piscina.] Ainda obnubilados pelo brilho. [Ah
não.] Pelo ouro lhes parecia possível antes do retorno miraculoso de Lesak sobre
Bernard. Os franceses tentam entender.
“Les langues se délient, notamment du côté d'Amaury Leveaux.” As línguas se
soltam, sobretudo a de Amaury Leveux, que havia abandonado sua competição
individual, os 200 metros de nado livre para dar tudo de si [acho que aqui tá faltando
tudo de si] nos 4 por 100 metros.
"Sur l'ordre des relayeurs Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard, la Fédération
nous a un peu baisé la gueule, a expliqué sans détour le grand blond à l'AFP.” Seguindo
as ordens dos(...) [Eu não to lembrando(...) Relayeurs(...) São os nadadores, mas(...) dos
nadadores Leveux, Gilot, Bousquet, Bernard a federação. Como já é a terceira vez que
aparece relayer¹]
LXIII
No caso tem tradução?
Português-Francês é ali. Larousse!
[Pior que eu não sei se tem revezadores em português. Então o que eu tinha
deixado em vermelho(...) Revezamento 4x100. Mas ai eu acho. Eu acho ai que seria o
caso de procurar, por exemplo, em textos da imprensa que vai falar de revezadores ou
não, mas eu diria mais nadadores de qualquer forma, então eu vou deixar nadadores,
mas seria uma coisa de na ultima revisão procurar não em dicionários, mas em sites em
que se fala da notícia ou de esportes em geral se seriam os revezadores.]
Quanto à ordem dos nadadores a federação nos sacaneou (...) [É até gentil em
relação ao que está dito, mas como isso não é muito sério em francês não precisa baixar
tanto o nível.] Explicou sem rodeios o grande louro da AFP. Alain Bernard e Fred
Bousquet(...) [Iriam num outro sentido? Não. Deixa eu ver]
Partiriam em outra direção [ai eu colocaria dois pontos] “Ce n'est pas grave,
on a fait avec” [é muito utilizado em francês eu diria. Tudo bem! On a fait avec é a
gente tem que lhe dar com a situação, é assim mesmo. Então. É assim mesmo. O
problema é que eu não to acostumado com esse teclado(...) Ele é mais durinho(...) O
meu não é assim.]
Bernard não sai ileso. Uma informação confirmada por Alain Bernard, que
evocava mudanças de última hora, antes de acrescentar, sibilino, vamos voltar a falar
nisso. “L'ex-recordman du monde de la spécialité, qui a passé près de 10 minutes
accroupi dans les toilettes du Cube d'eau, la tête dans les mains, semblait encore sous le
choc.” [Então!]
O ex-recordista mundial da especialidade.. Eu acho que da categoria, que
passou quase 10 minutos agachado no banheiro do(...) [Ai eu não sei(...) Deve ser
como as pessoas chamam o cubo, mas eu não sei(...) Ai eu vou deixar em vermelho,
porque como eu não sei o que é isso, se refere a alguma, um clube ou um lugar que
tenha piscina que eles estão.]
Com as mãos na cabeça, ainda parecia em estado de choque. "Alain est touché.
Partir dernier relayeur en tête et se faire battre, on n'en sort pas indemne" Alain foi
afetado. Sair. Acabar em ultimo. [Não. Ele é o ultimo dos revezadores.] Começar como
ultimo dos revezadores. [Agora vai ser difícil. Perai!]
Tem que diminuir
/Ah é?/
LXIV
Aqui(...) Diminuir aqui também(...) Vai aparecer no Desktop
/Internet? Tá aqui! É isso?/
É
Ah tá
TP2 vai ao Google.
(...)
[Competição, revezamento, revezadores. Eu to querendo ver se chama os
nadadores de revezadores, mas na verdade (...) Então tem os revezadores(...) Então pode
(...) Então pode ser usado².] Começar como últimos dos revezadores. [Com vantagem?
Com dianteira talvez. Na dianteira. O problema é que como eu nunca li nada sobre
esportes eu não sei termos mais específicos para natação.]
Começar como ultimo nadador na dianteira e perder não se sai ileso disso
reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. ”Sur la question de l'ordre des
nageurs, le DTN admettait qu'il devait en parler avec Marc Begotti, responsable du
relais”.
Sobre a questão da ordem dos nadadores, o diretor admitiu que deveria falar
com Marc Begotti, responsável pelo revezamento. Tenho que ver com ele. Não fui eu
quem tomou a decisão, comentou,”précisant simplement qu'il était facile de refaire les
courses après coup”. [Especificando simplesmente que seria facial refazer as corridas?
Não é uma corrida é uma competição, uma disputa. Après coup? Acho que é depois de
tudo, né? Acho que “se necessário”, apesar de não ser exatamente isto que ele está
dizendo.]
Com 8 centésimos a mais, não se teria mais discutido a ordem, ressaltou(...)
fácil ganhar a competição, depois de acabada. Com 8 centésimos a mais, não se teria
mais discutido a ordem, ressaltou. “Une position partagée par Denis Auguin,
l'entraîneur d'Alain Bernard” Posição partilhada por Denis Auguin, treinador de Alain
Bernard. Até os 380 metros era a melhor dentre as composições. [que relativizou?
Contemporizou]
Contemporizou o técnico. "En septembre, si on avait dit aux gars: vous allez
nager en 3 minutes 8”. Em setembro, se a gente tivesse dito pra eles vocês vão nadar em
3 minutos 8, eles teriam rido. “On a comblé notre retard sur les Etats-Unis.” [Como tem
o a gente vou manter.] A gente compensou o atraso com relação aos Estados Unidos.
Não é desonra ser vice-campeão olímpico.
“Tout le travail des entraîneurs tricolores sera désormais de convaincre leurs
nageurs que le verre est effectivement à moitié plein” [Eu não sabia que eles usavam o
tricolores para o próprio francês, enfim!] Todo o trabalho com os nadadores
LXV
tricolores(...) [Não é todo o trabalho](...) O grande trabalho dos treinadores tricolores
agora será o de convencer os nadadores de que o copo está, de fato, cheio pela
metade.[Não sei se o leitor brasileiro entenderia está imagem, porque tem a ver com os
otimistas verem o copo cheio até a metade e os pessimistas vazios até a metade. (???)]
“Afin d'évacuer la frustration d'une course aussi cruelle que magnifique, de les
relancer dans les épreuves individuelles, et d'éviter qu'Alain Bernard ne soit non
seulement touché, mais aussi coulé.”
A fim de evacuar a frustração de uma competição tão cruel quanto magnífica,
de relançá-los em provas individuais, e de evitar que Alain Bernard continue afetado.
[Esse afetado eu vou ver porque em português tem esse sentido duplo, mas ai quando eu
reler eu vou ter que manter esse toucher igual o toucher anterior.] Continue afetado, e
que ele afunde(...)
/Ai então eu teria que reler tudo(...) Dá tempo né?/
Dá
“C´est sur la forme”, “c'est sur la forme” [Não é bem assim! Tá, mas vai ficar.]
„Ainda obnubilados pelo ouro que lhes parecia possível antes do retorno milagroso de
Lesak sobre Bernard, os franceses tentam entender‟ [Acho que esse retorno não dá
mesmo. Não é retorno(...)] Da recuperação. „Da recuperação milagrosa de Alain
Bernad‟
„As línguas se soltam, sobretudo a de Amaury Leveux, que havia abandonado
sua competição individual os 200 metros de nado livre para dar tudo de si nos 4 por 100
metros. Quanto à ordem dos revezadores Leveux, Gilot, Bousquet, Bernard a Federação
nos sacaneou, explicou sem rodeios o grande louro da AFP. Alain Bernard e Fred
Bousquet partiriam noutra direção: tudo bem, é assim mesmo.‟
„Bernard não sai ileso. Uma informação confirmada por Alain Bernard, que
evocava mudanças de última hora, antes de acrescentar, sibilino, vamos voltar a falar
nisso. O ex-recordista mundial da categoria, que passou quase 10 minutos agachado no
banheiro do‟(...) [Aqui eu vou ter que olhar na internet³]
Google
[Ah! Olha chamam isso mesmo de cubo d´água. Em português eu colocaria em
letra maíscula.] Cubo d‟Água, „com as mãos na cabeça, ainda parecia em estado de
choque. Alain foi afetado‟(...) [Isso aqui tem que ver]
„Começar como último revezador, na dianteira, e perder, não se sai ileso disso,
reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos
nadadores, o diretor admitiu que deveria falar com Marc Begotti, responsável pelo
LXVI
revezamento. Tenho que ver com ele. Não fui eu quem tomou a decisão, comentou,
especificando simplesmente que era fácil ganhar a competição‟
[As vezes só relendo que a gente entende. Isso aqui é uma expressão como
(???). que dizer. Depois, quando todo mundo tem certeza, depois que o Brasil perdeu
que o Dunga tava errado, mas até o Dunga perder ele talvez tivesse razão. Então
simplesmente era fácil. Era fácil(...) Refaire les cours. Avaliar. Analisar(...) Eu acredito
que pode ficar assim, não é exatamente o que ele diz, é um pouco mais forte, mas a
idéia é essa, de recriar a história depois não adianta mais.]
que era fácil ganhar a competição, depois de acabada. Com 8 centésimos a
mais, não se teria mais discutido a ordem, ressaltou. “Sur l'ordre des relayeurs”. [Eu
tinha entendido inicialmente que tinha sido dado aos revezadores, mas é ordem de
disputa de competição. De quem entra primeiro. E aqui esse nos sacaneiou acho até que
tá certo, mas se ele fosse brasileiro teria dito sacaneou a gente.. Mas vou deixar,]
„Posição partilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. Até os 380
metros era a melhor dentre as composições, contemporizou o técnico. Em setembro, se a
gente tivesse dito pra eles: vocês vão nadar em 3 min 08‟, eles teriam rido‟
[Compensar?] „A gente‟(...) Recuperou o atraso quanto os estados unidos.
„Não é desonra ser vice-campeão olímpico, concluiu. O grande trabalho dos treinadores
tricolores agora será o de convencer os nadadores de que o copo está, sim, cheio até a
metade. A fim de evacuar a frustração de uma competição tão cruel quanto magnífica‟
“Afim de”(...) “Afin d'évacuer la frustration”(...) „Afim de‟(...) [O que que a
gente faz com a frustação. A gente não vai falar esvaziar uma frustação. Afim de?
Esquecer, né? Não tá escrito esquecer, mas a gente não vai falar assim.]
„A fim de esquecer a frustração de uma competição tão cruel quanto magnífica,
de relançá-los em provas individuais, e de evitar que Alain Bernard continue‟ [Afetado?
Até faria uma terceira revisão, mas só fica essa palavra que fica em dúvida. Abalado né.
Porque aqui não tem uma ambigüidade. Ai então eu mantenho mesma palavra porque
ela foi usada antes.]
„O grande trabalho dos treinadores tricolores agora será o de convencer os
nadadores de que o copo está, sim, cheio pela metade. A fim de esquecer a frustração de
uma competição tão cruel quanto magnífica, de relançá-los em provas individuais, e de
evitar que Alain Bernard continue abalado, e que ele afunde‟ [Em princípio eu deixaria
assim!]