NO PARAíSO DOS VINHOS DOCES E FORTIFICADOS

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NO PARAíSO DOS VINHOS DOCES E FORTIFICADOS
especial
Vinoble
no paraíso dos vinhos
doces e fortificados
Tendo como
cenário a histórica
Jerez de La Frontera,
a edição 2010
da Vinoble, a mais
i m p o r ta n t e f e i r a
de vinhos doces
e fortificados
do mundo,
apresentou
vinhos de sonho
e m d e g u s ta ç õ e s
inesquecíveis,
a q u e W i n e St y l e ,
mais uma vez,
esteve presente
com exclusividade
por arth ur a zevedo ,
de Jerez de La Frontera, Espanha
fotos Arthur Azevedo /
di vulga çã o
Um dos mais esperados acontecimentos no mundo do vinho, a tradi-
que discutiram em profundidade as diferentes nuances e técnicas de vinificação
cional Vinoble – Feira de Vinhos Doces e Fortificados –, que acontece a
dos vinhos apresentados, o que deu ao evento um caráter técnico muito distinto
cada dois anos desde 1998 em Jerez de La Frontera, na Espanha, teve em
de outras feiras de vinhos e também das edições anteriores da própria Vinoble.
2010 uma edição mais do que especial. Organizada pelo Ayuntamento de Je-
Além disso, a presença de alguns dos mais importantes enólogos especializados
rez de La Frontera, com apoio da The Wine Academy of Spain, sob a orienta-
em vinhos doces e fortificados, como Sandrine Garbay, chef de cave do Château
ção técnica e operacional de Pancho Campo, o único Master of Wine da
d´Yquem (ver matéria a seguir nesta edição), também contribuiu para que se ti-
Espanha, a mostra contou com a presença de dezenas de produtores de
vesse uma visão única sobre os mais diversos aspectos desses nobres vinhos.
25 regiões vinícolas de todo o mundo. Para os apreciadores desses vinhos
muito especiais, a Vinoble se firma a cada edição como absolutamente
tem no seu interior o Palácio de Villavecencio, totalmente restaurado, é uma
obrigatória, visto não existir em outro país uma feira nos mesmos moldes.
atração a mais. Os diversos stands da Vinoble se distribuem tanto pelas salas do
palácio, como pelos magníficos jardins do Alcázar. As degustações aconteceram
A grande atração da Vinoble 2010 foi a presença de oito Masters of Wine,
O local do evento, o famoso Alcázar de Jerez, fortaleza árabe do século 11, que
Ciprestes em perfeito
contraponto às videiras
de Palomino Fino, nos
amplos horizontes de Jerez;
o Seppeltfield 100 1909,
australiano que roubou a
cena na Vinoble; o clássico
serviço do Jerez com o uso
da venencia, instrumento
usado para retirar o vinho
das “botas”, nome que se
dá às barricas em Jerez;
estátua Bodeguera com o
Alcázar de Jerez ao fundo;
interior de uma antiga
bodega em Jerez
nos diversos prédios do Alcázar, com destaque para
20.000 euros, o que motivou Pancho a comentar que
a antiga mesquita, a única que se conservou após o
“no momento de crise pelo qual a Espanha está pas-
fim da ocupação da região pelos mouros.
sando, abrir essa garrafa talvez possa parecer inade-
Duas novidades muito interessantes deram nova
quado, mas sem dúvida serve para dar um toque de
dimensão ao evento: as seções de enogastronomia
prestígio e distinção, tornando a Vinoble 2010 ainda
e as degustações populares realizadas em Jerez, na
mais especial”. Outro destaque da cerimônia de aber-
Plaza del Arenal. As seções de harmonização foram
tura foi a presença da delegação de Portugal, país ho-
comandadas pela Real Academia Española de Gas-
menageado em 2010, que se fez representar por uma
tronomia, abrangendo a culinária do estrelado res-
delegação da Confraria do Vinho do Porto, liderada
taurante Celler de Can Roca, além da participação
por George Sandeman. Para marcar a inauguração,
do grupo de Sommeliers da Dinamarca, da Asso-
todos brindaram com Jerez Fino Tio Pepe, bem ge-
ciação de Produtores de Alimentos da Cantábria e
lado, que se constituiu num bem vindo alívio para o
da Escuela de Hosteleria de Jerez.
forte calor do sul da Espanha.
A cerimônia de abertura da Vinoble 2010, presidi-
por um ato de grande significado. Na oportunidade,
Tokaji Renaissance abriu
a espetacular série de degustações
Pancho Campo abriu um Jerez Palo Cortado com mais
de 100 anos, uma relíquia denominada Gran Señor
quita do Alcázar, deu o tom de o que viria a aconte-
de Urium, que foi posteriormente transferido para
cer durante toda a feira. Ela reuniu quatro grandes
uma garrafa de cristal tcheco, fechada com uma tampa
produtores de Tokaji, a joia da Hungria, integrantes
de ouro 24 quilates. O valor da preciosidade? Apenas
da associação Tokaji Renaissance. Fundada em 1995
da pela alcaideza de Jerez, Pilar Sánchez, foi marcada
A primeira das degustações magistrais, na mes-
e composta por 15 produtores, a associação
e deliciosa explosão de sabores, mostrando
nasceu com a missão de restaurar a reputa-
ainda perfeito equilíbrio, com doçura ade-
ção do Tokaji, um tanto arranhada após anos
quada, textura untuosa e persistência na casa
e anos de controle estatal. Pelo nível dos vi-
dos minutos. Uma obra de arte. Seu irmão
nhos degustados, podemos assegurar que o
gêmeo, o Disznóko Tokaji Aszú 6 Put-
objetivo foi plenamente alcançado, pois ficou
tonyos 1999 esteve quase no mesmo nível,
patente que a qualidade dos vinhos dessa
mas sem a mesma riqueza e complexidade.
nova fase de Tokaji está muito acima da mé-
Num estilo mais contido e menos exuberante,
dia, com vinhos marcantes e representativos
mas nem por isso menos interessante, o Pa-
da apelação. Entre todos, merece destaque
tricius Tokaji Aszú 5 Puttonyos 2002
o espetacular Disznóko Tokaji Aszú 5
destacou-se pelo intrigante perfil aromáti-
Puttonyos 2000, um vinho extraordinário
co, que além dos habituais aromas de fru-
baseado principalmente na uva Furmint, que
tas em compota e mel, mostrou delicadas
emocionou a todos pelos seus inebriantes aro-
notas florais e de ervas aromáticas, que lhe
mas de frutas caramelizadas (abacaxi), mel e
conferem final de boca fresco e agradável.
tostado, emoldurados por elegantes notas oxi-
dativas. Na boca, revelou uma indescritível
nhos doces de Bordeaux, mostrados por
Outra atração da Vinoble foram os vi-
Na página oposta, a
sala de bandeiras das
Bodegas Garvey;
Pancho Campo
(Master of Wine) e a
alcaideza de Jerez,
Pilar Sánches, na
cerimônia de abertura; o
manto de leveduras, a
flor, recobrindo o vinho
dentro da barrica de
demonstração. Abaixo,
a antiga mesquita serve
de abrigo para as nobres
Soleras, os deliciosos
Tokaji e a famosa
Torre Octogonal do
Alcázar de Jerez
Acima, as bandeiras
da Vinoble em frente
do Alcázar; jornalistas
de todo o mundo na vertical
de Yquem e os interessantes
vinhos do “Universo
da Crianza Biológica”
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diversos produtores de regiões clássicas como Sauternes e Cadillac. Entre
tato com a “flor” e passagem pelo sistema de solera
Wine de diferentes nacionalidades: Sarah Jane Evans
os bons exemplares apresentados, merecem citação o Château La Ber-
(idêntico ao usado em Jerez). O resultado é surpreen-
(Inglaterra), Mai Tjemsland (Noruega), Ulf Sjödin
trand 2005, um delicado vinho de uvas Sémillon botritizadas e o Château
dente, especialmente pelos deliciosos aromas de frutas
(Suécia), Peter Koff (EUA), Collin Gent (França) e
Saint-Vincent 2005, um Sauternes de muito boa qualidade e expressão.
caramelizadas e mel, mescladas a toques claros de oxi-
Pancho Campo (Espanha). Sarah deu a partida, afir-
dação, num vinho com ótima expressão no paladar,
mando que “os vinhos nobres são os mais excitantes
O apaixonante universo da Crianza Biológica
muito macio, equilibrado, saboroso e longo, com final
do mundo”. Em seguida, Peter conclamou a todos
redondo e complexo. No
para a tarefa de “tornar
para uma incursão no fascinante mundo da “flor”, o véu natural de leveduras
mínimo
surpreendente.
os vinhos doces e fortifi-
que confere caráter e distinção a alguns estilos de Jerez como o Fino, o Amon-
Representando o país
cados mais conhecidos e,
tillado e a Manzanilla; e também a outros vinhos, de diferentes partes do mundo,
anfitrião veio o Valdes-
como consequência, mais
como o Jura na França e a Califórnia, nos Estados Unidos. Talvez uma das
pino Tio Diego Amon-
consumidos”.
mais interessantes e didáticas degustações da Vinoble, pela expertise do ex-
tillado, um Jerez de vi-
chamou a atenção para
positor e a diversidade dos vinhos, a abordagem de Barquim permitiu que se
nhedo único e alta classe.
as “dificuldades inerentes
Esse foi o tema escolhido por Jesús Barquim, grande especialista em Jerez,
conhecessem alguns vinhos muito raros e exóticos, como o Condado Palido,
E
ainda
à produção desses vinhos,
Barquero Gran Barquero Fino, um vinho não fortificado de Montilla-
Masters of Wine
esbanjam
categoria em prova
antológica
Morilles, elaborado em estilo seco com a uva Pedro Ximenes, habitualmente
Um dos momentos mais esperados da Vinoble
tou a versatilidade dos vinhos fortificados, que são
vinificada em doce. Aqui novamente o caráter da levedura domina a cena,
2010, a Cata Magistral dos Masters of Wine foi
produzidos em diferentes estilos, do seco ao muito
mascarando a tipicidade do vinho. Vale destacar que o resultado é muito in-
realmente um espetáculo à parte. Primeiro, pela rara
doce, o que, segundo ela, facilita sua utilização na
teressante, pois o vinho é agradável, com notas amanteigadas e cítricas, além
oportunidade de se reunir, num mesmo painel, um
enogastronomia. Aliás, esse último ponto ficou mais
de equilibrado e longo. Ainda na linha dos vinhos excêntricos, o californiano
grupo muito seleto de especialistas; segundo, pelo
do que comprovado em várias oportunidades du-
Quady Palomino Fino é quase imbatível. Poderia até, num ato de heresia,
privilégio de se conhecer um pouco mais de perto
rante a Vinoble, em inúmeras sessões de harmoniza-
ser chamado de “sherry norte-americano”. Não é jerez, mas que parece, parece.
a refinada técnica de degustação e análise de vi-
ção de Jerez com diferentes tapas e pratos variados.
Trata-se de um vinho elaborado exclusivamente com a uva Palomino Fino (a
nhos pelos poucos portadores desse cobiçado título.
mesma com a qual são elaborados os vinhos de Jerez), com dois anos de con-
O painel foi formado por uma seleção de Masters of
de que “somente a educação em Jerez poderá fazer
produzido com a uva Zalema (Moscatel) em Condado de Huelva, sob a influência da “flor”. Absolutamente intrigante, com o toque pungente da levedura
sobrepondo-se ao caráter varietal da Moscatel. Outra curiosidade foi o Perez
o que os torna ainda mais
especiais”.
Os Masters of Wine: Mai, Sarah Jane, Pancho Campo (em pé),
Ulf, Peter e Collin, minutos antes da Cata Magistral
Mai Tjems-
land, que está envolvida
com gastronomia, ressal-
Por fim, Ulf também reafirmou sua convicção
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interminável e lembrando chocolate amargo com
na degustação, disse ser um vinho capaz de trazer
notas de laranja e torrefação. Inesquecível!
“dead people back to life” – em bom português e na
linguagem de nossos avós – “de levantar defunto”.
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com que as pessoas conheçam, e consumam, mais
pela primeira vez em degustação aberta ao públi-
esses sofisticados vinhos espanhóis”. A degustação
co, um dos trunfos da Espanha, um vinho doce que
que se seguiu foi muito especial. De início, um raro
recebeu 100 pontos do crítico Robert Parker, de
e complexo Oloroso Garvey Jerez 1989, safrado,
quem, por sinal, é amigo. O Esencia Jorge Or-
o que não é habitual nesse estilo de vinho. Intenso
doñez 2004 é puro Moscatel de Alexandria, da DO
e potente, agradou pelos aromas incisivos e pelos
Málaga. Com nada menos que 553 gramas de açú-
deliciosos e persistentes sabores. Na ala dos doces,
car residual natural, sete gramas de acidez tartá-
grandes vinhos deixaram saudade. O canadense
rica e quatro graus de álcool, passa dois anos em
Inniskilin Icewine Vidal Oak Aged 2006 re-
barricas novas de carvalho francês. Com consistên-
presentou muito bem a tradição do país nesse esti-
cia semelhante a de um “mingau”, o vinho tem ex-
lo quase inigualável de vinho. Aromas de damasco
plosivos aromas de doce de laranja e de marmelo,
caramelizado, abacaxi em compota, mel, especia-
com doçura intensa, acidez encoberta pelo açúcar,
rias e tostado serviram de abre-alas para um vi-
corpo pleno, imensa concentração e persistência
nho de rara concentração, sabores plenos, perfeito
interminável. Deveria vir com uma tarja preta para
equilíbrio e excepcional persistência. Foi o melhor
diabéticos... Depois dessa “overdose” de doçura,
icewine degustado na Vinoble. No mesmo nível,
chegou um dos momentos mais aguardados da Vi-
o austríaco Nittnaus Trockenbeerenauslese
noble: a degustação do mítico Toro Albalá Pedro
2002, um pouco usual corte de Chardonnay (70%) e
Ximenes Ginés Liébana 1910, vinho fortificado
Weissburgunder, a versão local da Pinot Blanc (30%),
com 27 anos de amadurecimento em bota (barrica
deliciosamente hedonístico e luxuriante, com 24
de 600 litros) de carvalho. A espera valeu a pena.
meses de estágio em carvalho francês novo. Na se-
O vinho mostrou-se de cor âmbar/iodo, escuro e
quência, novamente um Disznóko Tokaji Aszu
com aromas de rara complexidade, remetendo a fi-
6 Puttonyos, agora de 1993, uma feliz conjuga-
gos turcos secos, café torrado, tâmaras e chocolate.
ção de aromas e sabores celestiais. Um vinho de
Estupendo! Na boca é desconcertante, como bem
rara delicadeza e expressão, em estilo moderno e
definiu Mai Tjemsland. Com imensa concentração
praticamente sem resquício de aromas oxidativos.
e untuosidade, é muito intenso e com intrigante
Absolutamente inesquecível.
contraste entre a doçura e um leve amargor. O
retro-olfato é seu ponto forte, com duração quase
Fechando o painel, Pancho Campo apresentou,
Novo Mundo mostrou que também
produz vinhos doces de alta gama
A Vinoble também permitiu comprovar a tese de
enólogos da vinícola selecionam algumas barricas do
que o Novo Mundo também produz vinhos doces de
Noble One e o vinho, que originalmente já é total-
altíssima qualidade. Merecem ser destacados os de
mente produzido com uvas acometidas pela Botrytis
pelo menos duas vinícolas muito interessantes: De
cinérea. A amostra selecionada é então fortificada a
Bortoli, da Austrália e Quady, da Califórnia. A De
17 graus e colocada em pequenas barricas novas
Bortoli há muito tem seu nome associado aos vinhos
(110 litros) de carvalho francês, onde permanece
Ainda da De Bortoli foi apresentado o Black No-
ble, um vinho no mínimo curioso. A cada ano, os
doces, por conta do espeta-
intocada por nove anos, em
cular Noble One, vinho de
lento processo de oxidação.
uvas botritizadas que é con-
O resultado é um vinho de
siderado um dos melhores do
cor âmbar escuro, com aro-
mundo. Quatro safras foram
mas de figo ramy e tâmaras,
mostradas, sendo que a mais
sabores exuberantes e gran-
antiga, 1985, foi produzida
de untuosidade. Encorpado,
num estilo totalmente dife-
concentrado, longo, expan-
rente das outras três, a sa-
sivo e sedutor, é outro que
ber, 1990, 2001 e 2006. Uma
entra na categoria dos “im-
curiosidade sobre esse vinho
perdíveis” da Vinoble 2010.
é que a partir de 1990 os
Outro líquido no mínimo in-
enólogos da De Bortoli pas-
trigante, porque nem parece
saram a usar barricas produ-
vinho, foi mostrado no stand
zidas pela mesma toneleria
da Austrália. Trata-se do Se-
do Yquem e introduziram
ppeltsfield 100 PARA 1909
mudanças radicais no pro-
– um corte das uvas Mataro,
cesso de vinificação. Por con-
Shiraz e Grenache –, elaborado
ta dessas mudanças, o Noble One tornou-se muito
na histórica vinícola australiana do Barossa Valley.
parecido, pelo menos em estilo, com o mítico francês,
Quase no final da fermentação os vinhos, de forma in-
o que lhe valeu o honroso título de “Yquem da Aus-
dividual, são fortificados a 17 graus. Após a assemblage,
trália”. Dos quatro vinhos degustados, todos, diga-se
o lote final é colocado em barris de 500 litros (os cha-
de passagem, muito bons, o que mais impressionou
mados “puncheons”) onde permanecem intocados por
foi o De Bortoli Noble One 2001, um grande vinho
100 anos! Servido em minúsculas taças, o líquido negro
por qualquer ângulo que se analise. De intensa cor
tem aromas exóticos de bala toffee queimada, uva pas-
ouro, tendendo ao âmbar, exibe intensos aromas de
sa, chocolate amargo e café expresso. Na boca é doce,
mel, verniz, frutas secas e frutas caramelizadas, com
concentrado, viscoso, muito longo e com retro-olfato
toques minerais e notas de tostado. Potente e exube-
potente. Um “bicho estranho”, mas muito saboroso.
rante, caracteriza-se pelo grande equilíbrio, untuo-
sidade extrema, sabores deliciosos e persistência de
xe, entre outros, para a Vinoble, o delicioso Quady
minutos. O Master of Wine Collin Gent, presente
Essencia 2008 e o aromatizado Deviation 2008.
Já a especialista Quady Winery, da Califórnia, trou-
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A Vinoble 2010 em números
_10.000 visitantes
_8 Masters of Wine
_30 conferencistas de todas
as partes do mundo
_25 nacionalidades representadas
por seus produtores
_100 jornalistas especializados
_65 expositores e 125 vinícolas
_4.000 garrafas de vinhos degustadas
_1910 é o ano do vinho mais
antigo degustado
_20.000 euros é o preço do vinho
mais caro degustado
_10.000 taças e 150 saca-rolhas
utilizados
A delegação da Confraria do Vinho do Porto, de Portugal, país homenageado este ano na Vinoble, com George Sandeman ao
centro, ladeado por António Vasconcelos (à esquerda) e Manuel Ferreira
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O primeiro é um delicioso, untuoso e longo na boca
do Porto e conduzida por George Sandeman. Entre as
Moscatel, marcado pelos aromas de mel de laranjeira
preciosidades especialmente trazidas de Portugal para
e doce de casca de laranja. Já o Quady Deviation
a ocasião estavam o Sandeman Vintage 2007, um
2008 é também um Moscatel, só que aromatizado com
jovem e incrivelmente acessível Porto e um delicioso
pétalas de Rose Geranium e Damiana, duas flores mui-
Offley Forrester Tawny 30 anos, um vinho que
to aromáticas. Diferente de tudo o que se conhece,
impressionou pela sutileza e pela elegância.
destaca-se, obviamente, pelos intensos aromas flo-
rais e sabores de especiarias, com doçura agradável
ve tempo para se falar de negócios. Várias conferên-
e acidez equilibrada. Diz-se que também teria po-
cias sobre o mercado internacional de vinhos doces e
deres afrodisíacos, qualidade que, se comprovada,
fortificados aconteceram durante a mostra. O autor
seria um grande trunfo a favor dos vinhos doces...
deste texto teve o privilégio de representar o Brasil na
Em meio a tantos vinhos espetaculares, ainda hou-
mesa-redonda sobre o mercado dos países emergentes,
Espumantes doces e Portos especiais
marcaram presença na Vinoble
conclusão a que se chegou é que o mercado desses qua-
Mostrando que os espumantes doces também
tro países ainda está engatinhando quando se trata de
podem ser muito interessantes, uma degustação des-
vinhos doces e fortificados. Mas o interesse no mercado
se estilo de vinho atraiu a atenção de boa parte dos
brasileiro, demonstrado pela quase interminável bate-
participantes da Vinoble. Os mais exóticos exem-
ria de perguntas vindas da plateia, deixou bem claro
plares apresentados foram o Gramona Gewür-
que, dentre todos, pelo menos no mundo do vinho, o
ztraminer Frisant de Gel 2008, um delicado,
Brasil é o que mais atrai a atenção dos produtores.
aromático, doce e leve espumante dessa clássica uva
alemã, de sabor sutil e insinuante; e o personalíssi-
Academy of Spain, em particular a Pancho Campo MW,
mo Inniskillin Vidal Sparkling, um icewine espu-
Paulina Campo, Rony Bacqué, Javier Arauz e Wendy Vallaster,
mante doce, muito agradável no nariz e no paladar.
pelo suporte e assistência durante a Vinoble 2010. Wine
Style é “Media Partner” da The Wine Academy of Spain.
Outra degustação bastante concorrida foi a de Vi-
nhos do Porto, apresentada pela Confraria do Vinho
os chamados BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China. A
Agradecimentos especiais a todo o pessoal de The Wine
[email protected]