Equaç˜oes de Navier-Stokes e turbulência Ricardo - DMA
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Equaç˜oes de Navier-Stokes e turbulência Ricardo - DMA
Equações de Navier-Stokes e turbulência Ricardo M. S. Rosa Instituto de Matemática Universidade Federal do Rio de Janeiro (IM-UFRJ) 24 a 27 de fevereiro de 2003 Programa de Verão do LNCC 1 Tı́tulo alternativo: Métodos matemáticos em dinâmica dos fluidos Tópicos: • Teoria estatı́stica convencional de turbulência • Sistemas dinâmicos • Teoria matemática das equações de Navier-Stokes • Formulação matemática da teoria convencional de turbulência 2 1. Conceitos básicos da teoria convencional de turbulência – Ordem e médias estatı́sticas – Turbulência homogênea e isotrópica – Espectro de energia – Cascata de energia – A teoria homogêna isotrópica local de Kolmogorov – estruturas coerentes e intermitência – Graus de liberdade – Lei de dissipação de energia – Número de Reynolds, lei de Moore e DNS – Cascata de enstrofia e espectro de Kraichnan em 2D 3 2. Algumas aplicações de sistemas dinâmicos – imprevisibilidade determinı́stica – ligações homoclı́nicas e intermitência – turbulência fraca × plenamente desenvolvida – bifurcações e transição para turbulência – dinâmica de lóbulos e transporte lagrangiano – ENS como sistema dinâmico em dimensão infinita – atratores, dimensão e graus de liberdade – variedades inerciais/lentas e o problema da inicialização em previsões 4 3. Teoria matemática das equações de Navier-Stokes – O prêmio de US$ 1, 00 × 106 da Fundação Clay – Formulação matemática das ENS segundo Leray – Existência global de solução fraca – Unicidade local de solução forte – Singularidades no tempo – Dimensão de Hausdorff das singularidades temporais – Singularidades no tempo e no espaço – Dimensão de Hausdorff das singularidades espaço-temporais – Regularidade eventual e regularidade assintótica 5 4. Formulação matemática da teoria convencional de turbulência – Soluções estatı́sticas e equação de Liouville-Foias – As equações de Reynolds para soluções estatı́sticas – Equações de fluxo de energia – Cascata de energia – Estimativas de quantidades fı́sicas – Cascata de enstrofia em duas dimensões – Condições para turbulência forçada – Turbulência homogênea em decaimento – Leis de potência 6 Escoamentos turbulentos: várias escalas presentes, se movendo de maneira imprevisı́vel, mas bem comportadas em um sentido estatı́stico. 7 Reynolds (1895): Decomposição do escoamento em escoamento médio + flutuações 1.2 1.2 0.8 0.8 0.4 0.4 0 0 −0.4 −0.4 −0.8 −0.8 −1.2 −1.2 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 0 Escoamento médio previsı́vel? 8 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 Tipos de média: 1 Média temporal: U(x) ≈ T Z T u(t, x) dt 0 N 1 X (n) u (t, x) Média experimental: U(x) ≈ N n=1 Hipótese ergódica: Os valores médios independem do tipo de média considerada Reynolds: Operação formal de média, satisfazendo propriedades de linearidade. 9 Quantidades médias - notação N 1 X ϕ(u(n) ) ϕ(u) ou hϕ(u)i = N n=1 onde u = u(t, x) e ϕ = ϕ(u). Exemplos: u1 (t, x), hu1 (t, x)i, ρ0 h|u(t, x)|2 i 2 Linearidade: ∂u3 ∂u3 = , ∂x2 ∂x2 h Z u(t, y) dyi = Ω Z hu(t, y)i dy, Ω hu1 (x)u2 (y)i 6= hu1 (x)i hu2 (y)i 10 Pausa para a notação • Região Ω ⊂ R3 ocupada pelo fluido • Variáveis espacial x = (x1 , x2 , x3 ) ∈ Ω e temporal t ≥ 0 • Campo de velocidades u = u(t, x) = (u1 , u2 , u3 ) ∈ R3 • Pressão p = p(t, x) ∈ R e força de volume f = (f1 , f2 , f3 ) • Equações de Navier-Stokes (ENS) para um escoamento incompressı́vel e homogêneo, viscosidade cinemática ν : 3 3 X X forma ∂ui ∂ui ∂p ∂ui + + = ν∆ui + fi , =0 uj ∂x ∂x ∂x j i i escalar ∂t j=1 i=1 forma vetorial ∂u + (u · ∇)u + ∇p = ν∆u + f , ∂t ∇·u=0 11 • Escoamento médio N 1 X (n) U (x, t) = hu(t, x)i = u (t, x) N n=1 • Energia cinética média por unidade de massa: N 1 1 X 1 (n) 2 e(t, x) = h|u(t, x)| i = |u (t, x)|2 2 N n=1 2 • Razão de dissipação viscosa de energia por unidade de tempo e unidade de massa: N 3 ν X X 2 (t, x) = νh|∇ ⊗ u(t, x)| i = N n=1 i,j=1 12 (n) ∂ui ∂xj !2 Equação de energia • Equações de Navier-Stokes: ∂u − ν∆u + (u · ∇)u + ∇p = f , ∂t ∇ · u = 0, • Multiplicando as ENS por u e integrando no domı́nio: Z (ENS) · u dx = 0 Ω • Usando as condição de incompressibilidade: Z Z 1 d 2 |u| + ν |∇ ⊗ u|2 + (termos no bordo) = 0 2 dt Ω Ω Fora os termos de produção de energia. 13 Equações de Reynolds para o escoamento médio • Equações de Navier-Stokes: ∂u − ν∆u + (u · ∇)u + ∇p = 0, ∂t ∇ · u = 0. • Substituindo u = U + u0 e tomando a média: ∂U − ν∆U + (U · ∇)U + ∇P = −∇ · (u0 ⊗ u0 ), ∂t ∇ · U = 0. • ρ0 (u0 ⊗ u0 ) = ρ0 (u0i u0j )3i,j=1 = tensor de Reynolds. 14 Escoamentos turbulentos médios Em canais: camadas Várias camadas com diferentes perfis de velocidade média (simplificação do tensor de Reynolds via simetrias, análise dimensional, argumentos fenomenológicos, ...) Analogamente para outras geometrias (canos, etc.) 15 Correlações e métodos estatı́sticos - Taylor (1921,35) Correlações (2-pontos): hui (x)uj (x + `)i PSfrag replacements u(x) u(x + `) • u(n) (x + `) e u(n) (x) apontam freqüentemente na mesma direção e mesmo sentido ⇒ hui (x)ui (x + `)i > 0 e as velocidades estão correlacionadas. • u(n) (x + `) e u(n) (x) apontam em direções arbitrariamente diferentes ⇒ hui (x)ui (x + `)i = 0 e as velocidades não estão correlacionadas. 16 Turbulência homogênea - Taylor (1935) Em certos escoamentos, correlações são homogêneas: hui (x)uj (x + `)i = função apenas de `, independe de x 17 Comprimento de Taylor (1921,1935) Correlação lateral de segunda ordem normalizada: g(`) = hu1 (x)u1 (x + `e2 )i , hu1 (x)2 i ` ∈ R. • g(0) = 1 • Homogeneidade implica em g(−`) = g(`), logo g 0 (0) = g 000 (0) = . . . = 0. 2 4 ` +O • g(`) = 1 − ``T `0 T • `T = comprimento de Taylor 1h ∂u1 (x) ∂x2 2 i 1 − g(`) 1 1 00 • 2 = lim = g (0) = `→0 `T `2 2 2 hu1 (x)2 i 18 rag replacements Comprimento de Taylor - verificação experimental hu1 (x)u1 (x + `e2 )i g(`) = =1− hu1 (x)2 i ` `T 2 +O ` `0T 4 ! `T = “comprimento médio dos menores turbilhões responsáveis pela dissipação de energia pela viscosidade” 19 Turbulência homogênea isotrópica - Taylor (1935) Em certos escoamentos turbulentos, em particular quando o escoamento médio é desprezı́vel, as correlações são homogêneas e isotrópicas no espaço, isto é independentes de translações e rotações do conjunto de pontos. função apenas do módulo ` = |`|, hui (x)uj (x + `)i = ` independe de x e da direção |`| u2 (x + `e2 ) u1 (x − `e1 ) ` u2 (x) u1 (x) ` 20 Conseqüências da isotropia Kármán e Howarth (1937) mostraram que em escoamentos homogêneos isotrópicos, correlações de segunda ordem podem ser escritas em termos de apenas uma correlação hui (x)uj (x + `)i hu(x)2 i 3 = i,j=1 f (`) − g(`) ` ⊗ ` + g(`)δi,j , `2 onde f (`) = hu1 (x)u1 (x + `e1 )i , hu(x)2 i g(`) = hu1 (x)u1 (x + `e2 )i hu(x)2 i e, da condição de incompressibilidade, ` f (`) + f 0 (`) = g(`). 2 Verificado experimentalmente por Taylor (1937). 21 Espectro de energia e correlações - Taylor (1938) • Traço do tensor de correlações Tr R(`) = R11 (`) + R22 (`) + R33 (`), Rij = hui (x)uj (x + `)i • Transformada de Fourier Q(κ) de Tr R(`) Z 1 Tr R(`) = Q(κ)ei`·κ dκ 3/2 (2π) R3 • Espectro de energia (segundo Batchelor (1953)) Z 1 1 Q(κ) dΣ(κ) S(κ) = 2 (2π)3/2 |κ|=κ Z ∞ 1 1 =⇒ e = h|u(x)|2 i = Tr R(0) = S(κ) dκ 2 2 0 22 Cascata de energia - Richardson (1922) rag replacements injeção de energia transferência/cascata de energia dissipação de energia 23 Teoria de Kolmogorov • Produção de energia nas grandes escalas ` ∼ `0 • No intervalo de equilı́brio, ` `0 , o escoamento tem um comportamento universal, independente das caracterı́sticas de produção de energia e dependentes apenas de ν e . • A viscosidade se torna importante apenas a partir de escalas muito menores, da ordem do comprimento de Kolmogorov, ` = (ν 3 /)1/4 . • No intervalo inercial, `0 ` ` , a viscosidade é desprezı́vel em relação às forças de inercia (cinéticas), com o espectro de energia S(κ) ∼ 2/3 κ−5/3 . 24 Teoria de turbulência homogênea isotrópica local Kolmogorov (1941) • Correlações de diferenças de velocidades são homogêneas e isotrópicas no espaço e em equilı́brio estatı́stico (homogêneas) no tempo. • (Homogeneidade) = ν2 h|∇ ⊗ u(t, x)|2 i independe de t, x. • 1.a hipótese de similaridade: correlações dependem apenas de e ν (nas escalas suficientemente menores que as de produção de energia, `0 ) • 2.a hipótese de similaridade: Há um subintervalo de escalas no qual as correlações dependem apenas de 25 Comprimento de Kolmogorov (1941) É o comprimento ` para o qual os efeitos de viscosidade e inércia são comparáveis e significativos. Pela transformação `0 = `/λ, t0 = t/τ , temos τ3 = 2 . λ τ ν = 2 ν, λ 0 0 Logo, 0 ν =1= 0 1/4 ` = λ = . ν3 ⇐⇒ 26 A lei de potência 2/3 de Kolmogorov (1941) Pela segunda hipótese de similaridade, as correlações para ` ` `0 só dependem de . 2 ` i = g(`, ). S2 (`) = h (u(x + `) − u(x)) · |`| Pela similaridade, S20 (`0 ) = g(`0 , 0 ), logo ` τ3 τ2 S (`) = g( , ). 2 λ2 λ λ2 Tomando τ3 = 1, λ2 ` = 1, λ =⇒ S2 (`) = g(1, 1) `2 λ2 = g(1, 1) = const. (`)2/3 . τ2 (`2/3 /1/3 )2 27 O espectro −5/3 de Kolmogorov L3 • S(κ) = espectro de energia ⇒ dimensão = T L2 • = razão de dissipação de energia no tempo = 3 T • Hipótese de similaridade ⇒ S(κ) depende de e κ (no intervalo inercial) −1 • Intervalo inercial: κ0 κ κ , κ0 = `−1 0 , κ = ` • Análise dimensional ⇒ S(κ) = const. 2/3 κ−5/3 , 28 κ0 κ κ Espectro de energia - mecanismo de Oboukhof (1941) • Energia cinética média para os turbilhões de comprimento ` = 1/κ: eκ = S(κ)κ • Tempo caracterı́stico para esses turbilhões: τκ = (S(κ)κ3 )1/2 • No intervalo inercial, energia cinética é transferida para as escalas menores, à razão temporal da ordem da eκ razão de dissipação de energia: ∼ τκ • Logo, S(κ)κ ∼ (S(κ)κ3 )1/2 =⇒ S(κ) ∼ 2/3 κ−5/3 29 Teoria de Kolmogorov • Produção de energia nas grandes escalas ` ∼ `0 • No intervalo de equilı́brio, ` `0 , o escoamento tem um comportamento universal, independente das caracterı́sticas de produção de energia e dependentes apenas de ν e . • A viscosidade se torna importante apenas a partir de escalas muito menores, da ordem do comprimento de Kolmogorov, ` = (ν 3 /)1/4 . • No intervalo inercial, `0 ` ` , a viscosidade é desprezı́vel em relação às forças de inercia (cinéticas), com o espectro de energia S(κ) ∼ 2/3 κ−5/3 . 30 rag replacements Diagrama da teoria de Kolmogorov Os espectros de energia e de dissipação de energia S(κ)κ/e κ0 νκ2 S(κ)κ/ intervalo inercial intervalo de dissipação κ intervalo de equilı́brio 31 Espectro de energia 32 κ Estruturas coerentes e intermitência • Universalidade questionada devido a variações intermitentes na dissipação de energia • Estruturas coerentes: filamentos de vórtices com baixa dissipação de energia, diâmetro da ordem do comprimento de Kolmogorov e comprimento variando entre comprimento de Taylor e escala integral. 33 34 Graus de liberdade - Landau e Lifchitz (1971) • Teoria de Kolmogorov: escalas ` ` são dominadas pela dissipação e irrelevantes para o movimento • Basta representarmos as escalas de ordem até ` • Basta uma malha de espaçamento ∼ `0 /` • Graus de liberdade: (`0 /` )3 `0 PSfrag replacements ` 35 Número de Reynolds • Escala de comprimento: L • Escala de velocidade: U U2 • Dimensão fı́sica do termo inercial: (u · ∇)u ∼ L • Dimensão fı́sica do termo viscoso: ν∆u ∼ • Razão entre os dois termos: Re = inercial LU = viscoso ν • Re >> 1 ⇒ termo inercial domina • Re << 1 ⇒ viscosidade domina 36 νU L2 Lei de dissipação de energia • Comprimento das grandes escalas: `0 • Velocidade das grandes escalas: U0 • Energia cinética das grandes escalas: e0 = U02 /2 • Tempo de circulação das grandes escalas: τ0 = `0 /U0 • Razão de dissipação de energia por unidade de tempo (escoamentos em equilı́brio estatı́stico): e0 ∼ τ0 ⇒ U03 ∼ (lei de dissipação de energia) `0 • Mais precisamente, lei considerada para escala integral Z ∞ 1 0 hu1 (x)u1 (x + `e1)i d` `0 = 2 hu1 i 0 e velocidade turbulenta U00 = hu1 (x)2 i1/2 37 Graus de liberdade em termos do número de Reynolds • Número de Reynolds das grandes escalas: Re = `0 U0 /ν • Comprimento de Kolmogorov: ` = (ν 3 /)1/4 • Lei de dissipação de energia: ∼ U03 /`0 • Logo, `0 /` ∼ Re3/4 • Graus de liberdade: N∼ `0 ` 38 3 ∼ Re9/4 Exemplos de números de Reynolds de escoamentos • Túnel de vento `0 ∼ 2m, U0 ∼ 5m/s, ν ∼ 10−5 m2 /s ⇒ Re ∼ 106 , N ∼ 1013 , ` ∼ 0.1mm • Escoamentos geofı́sicos `0 ∼ 10000km, U0 ∼ 100km/h, ⇒ Re ∼ 1012 , N ∼ 1027 , ` ∼ 1cm Obs: estimativas aproximadas, pois não estamos considerando a escala integral e a intensidade turbulenta. 39 Número de Reynolds e CFD • Para a representação espacial apropriada do escoamento: N ∼ Re9/4 graus de liberdade. • Para escoamentos periódicos 3D (via fft): N ln N operações de ponto flutuante (flop) por iteração. • Como a escala de tempo dos menores turbilhões é τ = (`2 /)1/3 = (ν/)2 , precisamos (usando ∼ U0 /`0 ), de τ0 /τ = (`0 U0 /ν)1/2 = Re1/2 iterações para integração em um ciclo de circulação das grandes escalas, logo N 11/9 ln N ∼ Re11/4 ln Re flop para cada ciclo. • Com os supercomputadores teraflop (1012 flop/s), podemos chegar a aproximadamente Re ∼ 104 . • Para escoamentos com simetria: Re ∼ 105 , 106 . 40 • Lei de Moore: performance ×1.58 por ano. • Mudanças na arquitetura: performance ×1.82 por ano. 41 Previsão para DNS: Re= 1013 em 2100? • Para simulação DNS homogênea: P ∼ Re3 flop/s. • Como a “performance” P ∼ Re4/11 se multiplica por 1.82 por ano, temos Re se multiplica por (1.82)4/11 ≈ 1.243. 14 10 13 10 12 10 11 10 10 10 9 10 8 10 7 10 6 10 5 10 4 10 2000 2010 2020 2030 2040 2050 42 2060 2070 2080 2090 2100 rag replacementsTurbulência em duas dimensões Z 1 |ω(x)|2 dx • Conservação de enstrofia: 2 Ω • Cascata de enstrofia para as escalas menores • Cascata inversa de energia para as escalas maiores S(κ)κ/e νκ2 S(κ)κ/ produção cascata cascata de enstrofia de enstrofia inversa de energia νκ4 S(κ)κ/η dissipação de enstrofia κ 43 O espectro de Kraichnan (1967) • Injeção de enstrofia nas escalas κ ∼ κf • Razão de dissipação de enstrofia η • Comprimento de Kraichnan κη = (η/ν 3 )1/6 • Dissipação de enstrofia nas escalas κ & κη • Cascata de enstrofia em κf κ κη • Espectro de Kraichnan S(κ) ∼ η 2/3 κ−3 em κf κ κη • Cascata inversa de energia em κ0 κ κf • Espectro de Kolmogorov S(κ) ∼ 2/3 κ−5/3 em κ0 κ κ f 44 Equações de Navier-Stokes e turbulência Ricardo M. S. Rosa Instituto de Matemática Universidade Federal do Rio de Janeiro (IM-UFRJ) 24 a 27 de fevereiro de 2003 Programa de Verão do LNCC 1 Tı́tulo alternativo: Métodos matemáticos em dinâmica dos fluidos Tópicos: • Teoria estatı́stica convencional de turbulência • Sistemas dinâmicos • Teoria matemática das equações de Navier-Stokes • Formulação matemática da teoria convencional de turbulência 2 Algumas aplicações de sistemas dinâmicos: • imprevisibilidade determinı́stica • ligações homoclı́nicas e intermitência • turbulência fraca × plenamente desenvolvida • bifurcações e transição para turbulência • dinâmica de lóbulos e transporte lagrangiano • NSE como sistema dinâmico em dimensão infinita • atratores, dimensão e graus de liberdade • variedades inerciais/lentas e o problema da inicialização em previsões 3 Sistema de Lorenz (1963) Sistema obtido a partir de equações de convecção térmica, de um fluido aquecido por baixo, truncando bruscamente as equações em apenas três modos de Fourier (um para a velocidade e dois para a temperatura), representando perturbações das células de convecção de Bénard (dois modos de Fourier) 0 x = −σx − σy y 0 = rx − y − xz z 0 = xy − bz Parâmetros clássicos: σ = 10, r = 28, b = 8/3 4 rag replacements Atrator de Lorenz (1963) E a série temporal de x(t) Z 21 44.8 17 13 9 5 25.2 1 −3 −7 5.6 22 −11 −15 −1 Y −24 −0.5 X −18.0 −19 17.1 0 4 8 12 16 20 24 28 32 5 Imprevisibilidade I x(0) = −3, y(0) = −6, z(0) = 12 21 17 13 9 5 1 −3 −7 −11 −15 −19 19 0 4 8 12 x(0) = −3.01, 16 20 24 y(0) = −6, 28 32 36 40 36 40 z(0) = 12 15 11 7 3 −1 −5 −9 −13 −17 0 4 8 12 16 20 24 6 28 32 36 40 rag replacements Imprevisibilidade II x(0) = −3, y(0) = −6, z(0) = 12 21 17 13 9 5 1 −3 −7 −11 −15 −19 18 0 4 8 12 16 x(0) = −3 + 10−12 , 20 24 28 y(0) = −6, 32 36 40 z(0) = 12 14 10 6 2 −2 −6 −10 −14 −18 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 7 Sistemas dinâmicos • Poincaré já havia observado, no inı́cio do século XX, a imprevisibilidade e a riqueza da dinâmica de sistemas determinı́sticos, estudando o problema da estabilidade do sistema solar (e extrapolando para a meteorologia); • Sistemas autônomos de duas equações diferenciais ordinárias são bem comportados; • Sistemas autônomos de mais de duas equações podem exibir comportamento caótico; • Sistemas não-autônomos de duas equações e mapeamentos (sistemas dinâmicos discretos) de uma ou mais dimensões também podem exibir comportamento caótico. 8 Crescimento exponencial Um dos mecanismos responsáveis pela imprevisibilidade (quando associado a não-linearidade, etc.) Se x2 (t) − x1 (t) = eλt (x2 (0) − x1 (0)) e λ = 3, então em t = 10, erro é amplificado por e30 ≈ 1013 . x x2 (t) PSfrag replacements x1 (t) x2 (0) x1 (0) t 9 Quebra de ligação homoclı́nica 10 Ligações heteroclı́nicas 11 Ciclos homocı́nicos e intermitência x 12 Transporte de temperatura na Corrente do Golfo 13 Transporte Lagrangiano - escoamento de Rossby • Campo de velocidades do escoamento u(t, x) • Transporte Lagrangiano: dx(t) = u(t, x(t)) dt • Escoamento de Rossby: 14 Transporte Lagrangiano - perturbação do Rossby • Quebra da ligações heterocı́nicas • Aproximação de variedades invariantes 15 Método de Melnikov e dinâmica de lóbulos 16 Turbulência fraca × plenamente desenvolvida • Teoria estatı́stica convencial trata de turbulência plenamente desenvolvida • Teoria geométrica de sistemas dinâmicos tem sido útil em turbulência fraca • Aplicação da teoria de bifurcações em transição para turbulência • DNS (Simulação numérica direta): auxı́lio fundamental nos métodos de sistemas dinâmicos 17 Transição para turbulência 18 O problema de Couette-Taylor Couette: ωi = 0, ωe 6= 0 Mallock, Taylor: ωi 6= 0, ωe = 0 ωe ωi re ri PSfrag replacements 19 Couette-Taylor - bifurcações, ωe = 0, ωi > 0 escoamento de Couette escoamento de Taylor ponto fixo ponto fixo escoamento "wavy vortex" ondas moduladas órbita quasi−periódica (toro T^2) órbita quasi−periódica (toro T^n) 20 Bifurcações Couette-Taylor - 2 parâmetros Reynolds Rei = ri (re − ri )ωi , ν Ree = re (re − ri )ωe . ν 21 Bifurcações e transição para turbulência • Bifurcações para outros pontos fixos, órbitas periódicas, toros T 2 , T 3 , T 4 , . . ., do tipo Ruelle-Takens-Sell de T 2 para um atrator estranho, etc.; • Bifurcações: em um certo sentido, extensão não-linear do método de linearização - procuramos reduzir a equação para x0 = λx, com λ 6= 0, mas se λ = 0, precisamos dos termos de ordem mais alta; • Bifurcações locais e globais 22 Bifurcações unidimensionais - “pitchfork” • x0 = λx − x3 , λ∈R √ • pontos fixos: x̄ = 0 (se λ ≤ 0), x̄ = 0, ± λ (se λ > 0) • λ ≤ 0 ⇒ todas soluções x(t) → 0 t−→∞ √ • λ > 0 ⇒ x(t) → ± λ t−→∞ • λ = 0 ⇒ derivada de F (x) = λx − x3 se anula em x = 0 x x2 = λ PSfrag replacements λ 23 Bifurcações unidimensionais - sela-nó e transcrı́tica • x0 = λ − x 2 x x2 = λ PSfrag replacements λ PSfrag replacements • x0 = λx − λx2 x x x=λ x2 = λ λ 24 Bifurcação de Hopf • Em coordenadas cartesianas • Em coordenadas polares ( ( x0 = λx − y − x3 − xy 2 y 0 = x + λy − x2 y − y 3 r 0 = λr − r 3 θ0 = 1 y PSfrag replacements x λ 25 Mapas de Poincaré e bifurcações dinâmicas Bifurcações a partir de órbitas periódicas, homoclı́nicas, etc., podem ser estudadas construindo-se mapeamentos dentro do espaço de fase de sistemas contı́nuos 26 Duplicação de perı́odo Através de bifurcação tipo “flip” (“multiplicação por −1”) no mapeamento de Poincaré 27 Bifurcação de Hopf de órbita periódica para toro Através de bifurcação de Hopf no mapa de Poincaré 28 Redução de dimensão • Variedade central • Em x0 = F (x), multiplicidade algébrica n do autovalor zero de DF (x̄) ⇒ redução para sistema de dimensão n • Redução de Liapunov-Schmidt para x0 = F (x, λ) • Formas normais, teoria de singularidades, etc. 29 Equação funcional para ENS • Equações de Navier-Stokes: ∂u − ν∆u + (u · ∇)u + ∇p = f , ∂t ∇ · u = 0. • Tomando divergente da ENS obtemos equação para pressão (assumindo ∇ · f = 0), como função de u −∆p = ∂xi uj ∂xj ui (condições de Neumann no bordo) • No espaço das funções de divergente nulo, equação apenas para o campo de velocidades u: du = F(u), dt F(u) = f − νAu − B(u, u) 30 ENS como sistema dinâmico de dimensão infinita • ENS funcional em espaços de divergente nulo du = F(u), dt F(u) = f − νAu − B(u, u) • Existência e unicidade de solução global (ENS 2D): ∀u0 , ∃u(t), ∀t ≥ 0, u(0) = u0 • Sistema dinâmico: S(t)u0 = u(t), t ≥ 0 PSfrag replacements S(t)u0 = u(t) u0 • Vários conceitos se aplicam em 3D, apesar de faltar existência/unicidade global (no tempo) 31 PSfrag Atrator replacements global órbita Exemplo 1 A • Conjunto compacto A • Invariante: S(t)A = A, ∀t ∈ R • Atrai todas as órbitas, uniformemente para condições PSfrag replacements iniciais limitadas A órbita Exemplo 1A órbita Exemplo 2 32 Existência de atrator global • Existência de um conjunto absorvente limitado B (n) {u0 }n limitado ⇒ ∃T, S(t)u0 ∈ B, ∀t ≥ T • Compacidade assintótica para conjuntos limitados de condições iniciais (n ) ∃ subseqüência convergente S(tnj )u0 j , ∀tn → ∞ PSfrag replacements n o (nj ) • A = ω(B) = v = limt→∞ S(tnj )u0 , {u0 (nj )} ⊂ B (1) (2) u0 u0 (4) u0 B (3) u0 (3) ω(u0 ) 33 Dimensão do atrator global • Sendo compacto, A pode ser aproximado por subespaços afins de dimensão finita • Na maioria dos casos, A tem dimensão fractal finita • Nesses casos, A pode ser imerso em variedades euclidianas de dimensão finita • Possibilidade de se obter sistemas finitos de EDOs com o mesmo comportamento assintótico diminuição de volumes para dimensão fractal finita 34 Dimensão do atrator das ENS • dimf A . graus de liberdade Landau-Lifchitz 2 1/3 `0 `0 • ENS 2D periódico: dimf A . 1 + ln `η̄ `η̄ 2 `0 • ENS 2D com aderência na fronteira: dimf A . `¯0 • ENS 3D, para conjuntos invariantes regulares V : 3 `0 dimf A . `¯ • onde η̄ e ¯0 similares a 1 ¯ = ν lim sup sup T →∞ u0 ∈V T Z 0 T Z Ω |∇ ⊗ u(t, x)|2 dxdt 35 Variedade inercial • Variedade Lipschitz de dimensão finita • Positivamente invariante, i.e. S(t)M ⊂ M, ∀t ≥ 0 • Atrai todas as órbitas exponencialmente e uniformemente para condições iniciais limitadas u0 u = u(t) M rag replacements A 36 Completude assintótica de variedades inerciais • Em geral, para toda solução u = u(t), existe solução v = v(t) ∈ M com o mesmo comportamento assintótico lim |u(t) − v(t)| = 0 e t→∞ ω(u) = ω(v) • Atração exponencial ⇒ M captura boa parte do comportamento transiente u PSfrag replacements v M 37 Existência de variedades inerciais • Requer forte dissipação (contração uniforme de volumes) • Existência demonstrada para várias equações em uma dimensão espacial e em casos especiais em 2D • Em aberto para NSE 2D e 3D • Transformada de Kwak ainda incompleta • Relação com variedades lentas em meteorologia dados atmosféricos variedade inercial inicializações 38 Aproximação de variedades inerciais • Métodos numéricos mais precisos baseados em aproximações de variedades inerciais • Eficiência depende da regularidade das soluções e do objetivo do estudo • Apropriado para estudos da dinâmica (e.g. captura de ligações heteroclı́nicas) variedade inercial aproximada variedade inercial aproximação de Galerkin 39 Controle de dimensão finita • Variedade inercial ⇒ dinâmica de dimensão finita • Possibilidade de controle de dimensão finita, para aumentar ou diminuir comportamento caótico • Resultados teóricos positivos • Controle distribuido × controle no bordo • Viabilidade dos métodos? • Utilização de aproximações de variedades invariantes 40 Atrator exponencial • Intermediário entre atrator global e variedade inercial • Aproxima exponencialmente as órbitas mas não é variedade euclidiana • Existência para várias equações, inclusive ENS 2D • Parametrização por mapeamentos Hölder-contı́nuos • Resultados parciais sobre existência de sistemas de dimensão finita com dinâmica equivalente atrator exponencial parametrização do atrator exponencial 41 Atratores locais e teoria ergódica 42 Equações de Navier-Stokes e turbulência Ricardo M. S. Rosa Instituto de Matemática Universidade Federal do Rio de Janeiro (IM-UFRJ) 24 a 27 de fevereiro de 2003 Programa de Verão do LNCC 1 Tı́tulo alternativo: Métodos matemáticos em dinâmica dos fluidos Tópicos: • Teoria estatı́stica convencional de turbulência • Sistemas dinâmicos • Teoria matemática das equações de Navier-Stokes • Formulação matemática da teoria convencional de turbulência 2 Teoria matemática das equações de Navier-Stokes • O prêmio de US$ 1, 00 × 106 da Fundação Clay • Formulação matemática das ENS segundo Leray • Existência global de solução fraca • Unicidade local de solução forte • Singularidades no tempo • Dimensão de Hausdorff das singularidades temporais • Singularidades no tempo e no espaço • Dimensão de Hausdorff das singularidades espaço-temporais • Regularidade eventual e regularidade assintótica 3 Equações de Navier-Stokes • Região Ω ⊂ R3 ocupada pelo fluido • Variáveis espacial x = (x1 , x2 , x3 ) ∈ Ω e temporal t ≥ 0 • Campo de velocidades u = u(t, x) = (u1 , u2 , u3 ) ∈ R3 • Pressão p = p(t, x) ∈ R e força de volume f = (f1 , f2 , f3 ) • Equações de Navier-Stokes (ENS) para um escoamento incompressı́vel e homogêneo, viscosidade cinemática ν : 3 3 ∂u X X ∂ui ∂p ∂ui forma i uj + = ν∆ui + fi , =0 + ∂x ∂x ∂x escalar ∂t j i i i=1 j=1 ∂u forma + (u · ∇)u + ∇p = ν∆u + f , ∇ · u = 0 vetorial ∂t 4 Prêmio: US$ 1, 00 × 106 da Clay Foundation Problema A: (Solução global) Dado u0 suave, com ∇ · u0 = 0 e |∂xki u0 (x)| ≤ ckm (1 + |x|)−m , k, m ∈ N, x ∈ R3 , achar soluções suaves u = u(t, x), p = p(t, x) das ENS em Ω = R3 , R com u, p ∈ C ∞ ([0, ∞) × R3 ), Ω |u(t, x)|2 dx ≤ C, ∀t ≥ 0, e u(0, x) = u0 (x). Problema B: (explosão em tempo finito) Mostrar existência de u0 e f suaves, com ∇ · u0 = 0 e |∂xki u0 (x)| ≤ ckm (1 + |x|)−m , |∂tr ∂xki u0 (x)| ≤ crkm (1 + t + |x|)−m , r, k, m ∈ N, t ≥ 0, x ∈ R3 , tais que que não existam soluções das ENS em R3 como acima. Problemas A’, B’: versões com condições periódicas de contorno. 5 Resultados conhecidos • Existência global (no tempo) de soluções fracas (não necessariamente regulares) • Existência por tempo finito de soluções suaves • Um pouco de regularidade (e.g. H 1 (Ω)) implica em soluções suaves • Existência global de soluções regulares em duas dimensões • Soluções fracas não são necessariamente únicas (para cada condição inicial dada) • Um pouco de regularidade implica em unicidade 6 Uma formulação matemática das ENS • Primeiro passo: eliminar a pressão considerando espaços de divergente nulo • Condição natural para o campo de velocidades: Z |u(x)|2 dx < ∞ ⇔ energia cinética finita Ω • Espaço de partida: Z 2 2 3 2 def |u(x)| dx < ∞ L (Ω) = u : Ω → R , |u| = Ω • Subespaço de divergente nulo: H = u ∈ L2 (Ω); ∇ · u = 0 + (condições de contorno) 7 • H é um subespaço vetorial fechado de L2 PSfrag replacements H⊥ • Decomposição ortogonal L2 = H ⊕ H ⊥ H • Projeção ortogonal PLH : L2 → H e QLH = I − PLH • Decomposição das ENS (assumindo PLH f = f ): ∂u PLH ∂t + (u · ∇)u − ν∆u + ∇p − f = 0 ∂u QLH + (u · ∇)u − ν∆u + ∇p − f = 0 ∂t ∂u + P (u · ∇)u − νP ∆u = f (eq. evolução para LH LH =⇒ ∂t QLH (u · ∇)u − νQLH ∆u + ∇p = 0 (eq. p = p(u)) 8 u) Espaço de enstrofia finita • Para o tratamento do termo inercial: V = u ∈ H1 (Ω); ∇ · u = 0 + (condições de contorno) , Z def H1 (Ω) = u ∈ L2 (Ω), kuk2 = |∇ ⊗ u|2 dx < ∞ , Ω 3 onde ∇ ⊗ u = (∂xi uj )i,j=1 . • Com condições de contorno de aderência (u|∂Ω = 0) ou periódicas: Z Z 1 def 1 2 enstrofia = |ω| dx = |∇ ⊗ u|2 dx, 2 Ω 2 Ω onde ω = ∇ × u = curl u. 9 Formulação funcional das ENS • ∂u + PLH (u · ∇)u − νPLH ∆u = f ∂t • Operador de Stokes Au = −νPLH ∆u • Termo inercial B(u, u) = PLH (u · ∇)u • Espaço dual V ⊂ H ⊂ V 0 : Z def (u, v) = u(x) · v(x) dx −→ Ω • A : V → V 0, B :V ×V →V0 =⇒ du + νAu + B(u, u) = f dt 10 hu, viV 0 ,V . Formulação variacional (fraca) das ENS • Multiplicar ENS por função teste v de divergente nulo e suporte compacto em Ω e integrar em Ω: Z ∂u + (u · ∇)u − ν∆u + ∇p · v dx = 0; ∂t Ω • Integrando por partes e usando que ∇ · v = 0, Z Z Z d u·v dx+ [((u·∇)u)·v)] dx+ν ∇⊕u : ∇⊕v dx = 0; dt Ω Ω Ω • Ou, para funcionais apropriados, e incluindo f , d (u, v) + b(u, u, v) + a(u, v) = (f , v), dt ∀v ∈ V. 11 Existência de solução fraca • Via aproximação de Galerkin, obter aproximações u(n) em espações de Galerkin Vn de dimensão finita, d (n) (u , v) + b(u(n) , u(n) , v) + a(u(n) , v) = (f , v), dt ∀v ∈ Vn . • Obter estimativas de energia, tomando v = u(n) : 1 d (n) 2 |u | + νku(n) k2 = (f , v) 2 dt • Usando Cauchy-Schwarz e Young no último termo, 1 d (n) 2 |f |2 , |u | + νku(n) k2 ≤ dt νλ1 onde λ1 > 0 primeiro autovalor do operador de Stokes 12 Estimativas globais • Assumindo f independente de t, 1 |u(n) (t)|2 ≤ |u0 |2 e−νλ1 t + 2 2 |f |2 (1 − e−νλ1 t ) ν λ1 • Para a enstrofia, ν T Z T ku(n) (t)k2 dt ≤ 0 1 1 |u0 |2 + |f |2 T νλ1 • Para a derivada temporal de u(n) , 1 T Z T 0 4/3 k∂t u(n) (t)kV 0 dt ≤ C • Por um teorema de compacidade (Aubin), temos convergência (forte) em H , suficiente para a passagem ao limite 13 Solução fraca de Leray-Hopf Após a passagem ao limite, obtemos solução fraca satisfazendo • u ∈ L∞ (0, ∞; H) ∩ L2loc (0, ∞; V ); 4/3 • ∂t u ∈ Lloc (0, ∞; V 0 ); • u ∈ C([0, ∞); Hw ), onde Hw : topologia fraca; • u(t) → u0 , quando t → 0; • u é solução das ENS no sentido das distribuições • u satisfaz a desigualdade de energia no sentido das distribuições em t > 0: 1 d |u(t)|2 + νku(t)k2 ≤ (f , u(t)) 2 dt 14 Regularidade • Para a regularidade, estimar enstrofia • Solução fraca satisfaz d (u, v) + b(u, u, v) + a(u, v) = (f , v), dt ∀v ∈ V. • Tomando v = Au(n) , d (n) (u , Au(n) ) + b(u(n) , u(n) , Au(n) ) + a(u(n) , Au(n) ) dt = (f , Au(n) ), =⇒ 1 1 d (n) 2 ν ku k + |Au(n) |2 + b(u(n) , u(n) , Au(n) ) = |f |2 2 dt 2 2 15 • Para estimar o termo b(u(n) , u(n) , Au(n) ), fazemos |b(u(n) , u(n) , Au(n) )| ≤ |u(n) |L6 ku(n) kL3 |Au(n) | (n) (n) 1/2 (n) 1/2 ≤ ku k ku k |Au | |Au(n) |1/2 ≤ ku(n) k3/2 |Au(n) |3/2 ≤ Cku(n) k6 + • Assim, ν |Au(n) |2 . 4 d ν ku(n) k2 + |Au(n) |2 ≤ Cku(n) k6 + |f |2 . dt 2 • Utilizando λ1 kuk2 ≤ |Au|2 , chegamos a λ1 ν (n) 2 d ku(n) k2 + ku k ≤ Cku(n) k6 + |f |2 , dt 2 que é da forma r 0 + r ≤ r 3 + k , para r = ku(n) k2 . 16 • A solução de r 0 + r = r 3 + k explode em tempo finito, se r > r ∗ , e é limitada, se 0 ≤ r ≤ r ∗ , onde r ∗ é a maior raiz de r 3 − r + k . PSfrag replacements r r∗ r3 − r − k r∗ r t • Conclusão: – existência de soluções regulares locais; – existência de soluções regulares globais para forças externas e dados iniciais pequenos. 17 Singularidades no tempo • As estimativas anteriores indicam a possibilidade de explosão em tempo finito de soluções regulares; • Possibilidade de perda de regularidade das soluções fracas em certos instantes de tempo (singularidades temporais - a enstrofia/vorticidade deixa de ser limitada): r PSfrag replacements u(t) singularidades t • Segundo Leray, essas singularidades estariam associadas a escoamentos turbulentos. 18 Estimativa da “quantidade” de singularidades temporais • Considere solução fraca u = u(t), t ≥ 0, e o conjunto de singularidades temporais S = {t ≥ 0; ku(t)k = ∞}; RT • Como 0 ku(t)k2 dt < ∞, temos S de medida nula; • Mas quão grande ou pequeno é S ? S é denso na reta, como os números racionais? S é discreto? • S não é denso: pela existência local de soluções regulares, o conjunto de instantes regulares (ku(t)k < ∞) é união de intervalos semi-abertos e de medida cheia • Como podemos medir o “tamanho” de S ? 19 Dimensão de Hausdorff • Quantificar o tamanho de S pela dimensão de Hausdorff • Medida de dimensão D de Hausdorff de S µD (S) = lim µD, (S) = sup µD, (S), &0 onde µD, = inf + ∪j (t− j ,tj )⊃S, >0 − |t+ j −tj |≤ X − D (t+ j − tj ) ; j • Dimensão de Hausdorff dimH (S) = inf{D; µD (S) = 0}; • dimH pode ser definida em várias dimensões e coincide PSfrag replacements com a dimensão euclidiana de subvariedades euclidianas cobertura: 7→ /2 n.o de “bolas”: n 7→ 2d n d = dimensão euclidiana µD,/2j = 2j(d−D) µD, 20 Dimensão de Hausdorff das singularidades temporais Leray (1934), Scheffer (1976) • Da inequação r 0 + r ≤ r 3 + k para enstrofia r = 21 kuk2 considere r 0 = r 3 , cuja solução positiva é r(t) = (r0−2 − 2(t − t0 ))−1/2 , 0 ≤ t − t0 < 1/2r02 , r0 = r(t0 ); • Em cada intervalo (t− , t+ ) de regularidade, 1 1 ⇒ ≤ 2ku(t)k2 ; t+ − t ≥ 4 + 1/2 2ku(t)k (t − t) Z t+ + − 1/2 ku(t)k2 dt; • Integrando no tempo: (t − t ) ≤ t− • X (t+ j − 1/2 t− j ) intervalos regulares ≤ Z T ku(t)k2 dt < ∞; 0 • No conjunto complementar (singular) ... dimH (S) ≤ 1/2. 21 Singularidades espaço-temporais - Scheffer (1976), Caffareli, Khon, Nirenberg (1982), ... • Análise mais precisa no conjunto E de singularidades espaço-temporais (de “suitable weak solutions”): {(t∗ , x∗ ), u(t, x) ilimitado em vizinhanças de (t∗ , x∗ )}; R • ∃ > 0, lim supR→0 R−1 QR (t,x) |∇⊗u|2 < ⇒ (t, x) regular; • P1 (E) = 0, onde PD é uma versão parabólica da medida de Hausdorff (com cilindros parabólicos Q = I2 × B ao invés de bolas); • @ singularidade tipo folha de vórtice em nenhum instante de tempo (singularidade de dimensão dois); • @ singularidade tipo vórtice pontual existindo em um intervalo de tempo (tb. dimensão dois devido a I2 ). 22 • Vários condições para a regularidade ou explosão foram obtidas e têm sido refinadas; • Condições geométricas sobre o alinhamento de vórtices são particularmente interessantes: (∂t + u · ∇ − ν∆)|ω| + ν|ω||∇ ⊗ ξ|2 = α|ω|, Z 3 α(x) = P.V. D(y/|y|, ξ(x + y), ξ(x))|ω(x + y)| dy/|y|3 4π ξ = ω/|ω|, D(s1 , s2 , s3 ) = (s1 · s3 ) det(s1 , s2 , s3 ), ∀|si | = 1; • ϕ = ângulo entre ξ(x + y) e ξ(x), então |D| ≤ | sin ϕ| e ângulo local pequeno reduz α, associado ao PSfrag replacements crescimento de singularidades; ξ(x) ξ(x + y) ϕ 23 Um resultado condicional de regularidade | sin ϕ(y)| ≤ c|y|1/2 em {(t, x); |ω(t, x)| ≥ M, 0 < t < T } ⇒ @ explosão em t = T (Beirão da Veiga-Berselli (2002)). 24 Regularidade eventual de Leray • Considere o caso sem força externa, f = 0; Z T • Nesse caso 2ν ku(t)k2 dt ≤ |u0 |2 , ∀T > 0; 0 • Então, lim inf t→∞ ku(t)k = 0, i.e. a solução assume valores arbitrariamente pequenos de enstrofia; • Pelo resultado de regularidade global para dados iniciais com enstrofia suficientemente pequena, segue que a solução u é regular a partir de algum tempo t ≥ TL suficientemente grande. PSfrag replacements r u(t) TL t 25 Regularidade assintótica? • Para f 6= 0, não há, necessariamente, regularidade eventual; • Um possı́vel resultado intermediário de regularidade é o conjunto ω -limite fraco ter enstrofia limitada; • Outro, mais fraco, seria o suporte de medidas invariantes (“soluções estatı́sticas” em 3D) ter enstrofia limitada; • Este último resultado tem relação com o esperado decaimento exponencial do espectro, na teoria estatı́stica de turbulência, associado ao espectro de funções analı́ticas. 26 Atrator global fraco • As estimativas a priori obtidas na teoria de existência das ENS são suficientes para mostrar a existência de um atrator global na topologia fraca: Aw = {u0 ∈ H; ∃ solução global, sup |u(t)| < ∞, u(0) = u0 }; t∈R • Pelas estimativas Aw é limitado em H e atrai todas as soluções na topologia fraca, uniformemte para condições iniciais limitadas. • Se Aw ⊂ V (regularidade assintótica), então todas as soluções são atraı́das na topologia forte. 27 Equações de Navier-Stokes e turbulência Ricardo M. S. Rosa Instituto de Matemática Universidade Federal do Rio de Janeiro (IM-UFRJ) 24 a 27 de fevereiro de 2003 Programa de Verão do LNCC 1 Tı́tulo alternativo: Métodos matemáticos em dinâmica dos fluidos Tópicos: • Teoria estatı́stica convencional de turbulência • Sistemas dinâmicos • Teoria matemática das equações de Navier-Stokes • Formulação matemática da teoria convencional de turbulência 2 Formulação matemática da teoria convencional de turbulência • Soluções estatı́sticas e equação de Liouville-Foias • Equações de Reynolds para soluções estatı́sticas • Equações de fluxo de energia • Cascata de energia e condições para sua ∃ forçada • Estimativas de quantidades fı́sicas • Cascata de enstrofia em duas dimensões • Condições para “turbulência” 2D forçada • Turbulência homogênea em decaimento • Leis de potência 3 Formalização do conceito de médias amostrais • As médias amostrais são definidas a partir de N escoamentos u(n) (t, x), n = 1, . . . , N : N 1 X ϕ(u(n) ) hϕ(u)i = N n=1 • Em termos probabilı́sticos: N escoamentos considerados, cada um com peso 1/N . PSfrag replacements u u(2) u(médio) u(1) t 4 • Mais geralmente: podemos ter escoamentos com pesos P diferentes θn , com n θn = 1, hϕ(u)i = N X ϕ(u(n) )θn n=1 • Ou uma infinidade de escoamentos u(ω) , com densidade de probabilidade dρ(ω), Z hϕ(u)i = ϕ(u(ω) ) dρ(ω) u(ω) dρ(ω) PSfrag replacements u (médio) ω 5 • Podemos usar probabilidades ρ = ρ(ω) em um espaço de probabilidades (P, Σ, ρ) e considerar variáveis aleatórias u = u(ω) para representar os possı́veis escoamentos. • Ou podemos usar medidas de probabilidade µ em algum espaço “natural” para escoamentos, e.g. H da teoria de Leray (campos de velocidades de energia finita, divergente zero e com as condições de contorno): Z hϕ(u)i = ϕ(v) dµ(v). H Nesse caso, v é uma variável de integração, como s em 2 hu i = Z π/2 s2 sin(s) ds = π + 2. 0 • P = H, Σ = borelianos de H , µ = medida de Borel em H 6 Medidas relevantes • As medidas µ podem depender do tempo (µ = µt , e.g. turbulência em decaimento), ou não (turbulência estatisticamente estacionária) • As informações estatı́sticas do escoamento estão contidas em µ. Os momentos generalizados, são as expressões Z hϕ(u)i = ϕ(v) dµ(v) H de onde podemos tirar os momentos clássicos, para funções polinomiais apropriadas, e.g. ϕ(u) = (u − hui)k . • Quais são as medidas relevantes para um escoamento? • Equação para µ ou µt ? 7 • Se pensarmos na média amostral de N escoamentos com peso, os momentos generalizados ϕ : H → R satisfazem N N X d d d X (n) θn ϕ(u(n) (t)) hϕ(u(t))i = θn ϕ(u (t)) = dt dt dt n=1 n=1 = N X θn ϕ0 (u(n) (t)) ◦ N X θn ϕ0 (u(n) (t))) ◦ F(u(n) (t)) n=1 = n=1 = N X n=1 θn F(u 8 (n) d (n) u (t) dt 0 (t)), ϕ (u (n) (t)) V 0 ,V • Em termos de medida de probabilidade em H , podemos escrever N X µt = θn δu(n) (t) , n=1 onde δu = medida de Dirac em u. Dessa forma, hϕ(u(t))i = N X θn ϕ(u n=1 (n) (t)) = Z ϕ(v) dµt (v) H • Assim, podemos reescrever a equação anterior: N X d (n) 0 (n) hϕ(u(t))i = θn F(u (t)), ϕ (u (t)) dt n=1 Z Z d ⇐⇒ ϕ(v) dµt (v) = (F(v), ϕ0 (v)) dµt (v) dt H H 9 • A formulação obtida elimina a dependência explı́cita na solução das ENS, introduzindo uma variável de integração v e a incógnita µt : Z Z d ϕ(v) dµt (v) = (F(v), ϕ0 (v)) dµt (v) dt H H • Essa equação para µt é em termos dos momentos generalizados (a regra para medidas) e é linear(!) em µt • É uma equação do tipo Liouville da mecânica estatı́stica e pode ser chamada de equação de Liouville-Foias ou equação de Navier-Stokes estatı́stica • O termo F(u) = f − νAu − B(u, u) “mora” no espaço dual V 0 , logo só os momentos com ϕ0 (v) em V podem ser considerados 10 Soluções estatı́sticas das ENS Famı́lia {µt }t≥0 de medidas de probabilidade de Borel: R • [0, ∞) 3 t 7→ H ϕ(v) dµt (v) contı́nuo, ∀ϕ ∈ C(Hw ) limitado R • t 7→ H |v|2 dµt (v) em L∞ (0, ∞) e contı́nuo em t = 0 R • t 7→ H kvk2 dµt (v) em L1loc (0, ∞) • Inequação de energia no sentido das distribuições em (0, ∞): Z Z Z 1 d 2 2 |v| dµt (v) + ν kvk dµt (v) ≤ (f , v) dµt (v); 2 dt H H H • Satisfaz as ENS estatı́sticas no sentido das distribuições em (0, ∞), para todo momento generalizado apropriado ϕ (suficientemente regulares em um certo sentido). 11 Existência de soluções estatı́sticas Dada uma medida de Borel de probabilidade µ0 em H , com R energia cinética média finita H |v|2 dµ0 (v) < ∞ (µ0 representando a distribuição de probabilidades do campo inicial de velocidades) • Existência via método de Galerkin, passando ao limite (n) as medidas definidas por µt (t)(E) = µ0 (S (n) (−t)E), para qualquer boreliano E ⊂ H , onde {S (n) (t)}t≥0 é o operador solução associado à aproximação de Galerkin • Ou ... 12 • Existência pelo Teorema de Krein-Milman: aproximar µ0 por combinação convexa de pontos extremos, que são deltas de Dirac δu(n) , n = 1, . . . , N , considerar 0 (N ) µt definidas como as combinações aproximações convexas das deltas de Dirac δu(n) (t) , nas soluções PSfrag replacementsfracas correspondes das ENS, e passar ao limite quando N →∞ H suporte da medida µ0 H soluções fracas suporte da medida µt t 13 • As soluções estatı́sticas acima são importantes para o tratamento de turbulência em decaimento ou sem ser em equilı́brio estatı́stico no tempo (estatisticamente estacionária) • Soluções estatı́sticas homogêneas e isotrópicas podem ser definidas em Ω = R3 • Soluções auto-semelhantes podem ser definidas e que satisfazem as leis de estrutura de Kolmogorov 14 Solução estatı́stica estacionária Medida de probabilidade de Borel µ em H , satisfazendo R • Energia cinética média finita: H |v|2 dµ(v) < ∞ R • Enstrofia média finita: H kvk2 dµ(v) < ∞ • Inequação de energia Z {e1 ≤ 12 |v|2 <e2 } νkvk2 − (f , v) dµ(v) ≤ 0, para todos os nı́veis de energia 0 ≤ e1 ≤ e2 ≤ ∞ • Equação de NS estatı́stica estacionária: Z (F(v), ϕ0 (v)) dµ(v) = 0, H para momentos generalizados apropriados (regulares) 15 Limite generalizado • Para o tratamento das médias temporais e para evitar a hipótese ergódica, utilizamos o limite generalizado, que estende, via Teorema de Hahn-Banach, o conceito de limite para qualquer função limitada (é um funcional linear no espaço linear das funções limitadas) • Limite generalizado não satisfaz propriedade do limite de produto ser o produto dos limites e não é único • Para funções periódicas, é a média dos valores assumidos, ponderada pelo número de vezes assumido PSfrag replacements 1, 2, 1, 2, 1, 2, · · · → 1.5 1, 2, 3, 2, 3, 1, 2, 3, 2, 3, · · · → 2.2 16 Existência de soluções estatı́sticas estacionárias e médias temporais • Dada uma solução fraca u = u(t), t ≥ 0, e um momento generalizado ϕ (contı́nuo de Hw em R) as médias temporais são limitadas uniformemente em T > 0 • O limite generalizado das médias temporais define uma medida de probabilidade que é uma solução estatı́stica estacionária das ENS: Z Z 1 T ϕ(u(t)) dt = ϕ(v) dµu (v) Lim T →∞ T 0 H • Essa solução estatı́stica estacionária depende, em princı́pio, da solução fraca u = u(t), pois não estamos assumindo nenhuma hipótese ergódica 17 Turbulência em equilı́brio estatı́stico • As médias amostrais associadas a escoamentos turbulentos em equilı́brio estatı́stico (equilı́brio no tempo, i.e. estatisticamente estacionária) são, agora, interpretadas como médias em relação a soluções estatı́sticas estacionárias • As soluções estatı́sticas estacionárias das ENS colocam as médias amostrais em um contexto rigoroso • A partir desse conceito, são consideradas rigorosamente as equações médias de Reynolds, as equações de energia média, as cascatas de energia, o espectro de energia, etc. 18 O escomento médio e outras quantidades médias • Até agora, as médias que fazem sentido são as de momentos escalares ϕ : Hw → R, contı́nuos e limitados • Pela regularidade de µ (suporte limitado em H e de enstrofia finita), as médias podem ser estendidas para 2 |ϕ(u)| ≤ C(|u|)(1 + ν −2 κ−1 0 kuk ), ∀u ∈ V, • Por dualidade, podemos definir as médias do campo de velocidades, hui, do termo bilinear, hB(u, u)i, etc. etc. Z (hui, w) = (v, w) dµ(v), H Z (hB(u, u)i, w) = (B(v, v), w) dµ(v) H 19 As equações médias de Reynolds • As soluções estatı́sticas estacionárias satisfazem Z (F(v), ϕ0 (v)) dµ(v) (∀ϕ apropriado) H • Tomando ϕ(u) = ψ((u, Pm , w)), onde w ∈ V e ψ é C 1 e de suporte compacto, fazendo, primeiro, ψ 0 → 1 e, depois, m → ∞, onde Pm = projeção de Galerkin, Z (F(v), w) dµ(v) = 0 H que é a versão fraca das equações médias de Reynolds: νAhui + hB(u, u)i = f com hui ∈ V , hB(u, u)i ∈ D(A−3/8 ) 20 (em V 0 ) • A versão clássica pode, então, ser recuperada: −ν∆hui + (hui · ∇)hui + ∇P = f − ∇ · hu0 ⊗ u0 i, ∇ · hui = 0. onde u0 = u − hui (passa para a variável de integração) • A equação de Hopf (para a função caracterı́stica de µ – sua transformada de Fourier) também pode ser feita rigorosa 21 Decomposição espectral do escoamento • Consideramos um escoamento em um domı́nio limitado suave Ω ⊂ Rd , d = 2, 3, para simplificar • Consideramos condições de aderência com fronteira fixa e/ou condições periódicas, e.g. um canal periódico • Decomposição espectral em autofunções do operador de Stokes, Awj = λj wj , 0 < λ1 ≤ . . . u= ∞ X j=0 22 ûj wj Decomposição em número de onda • Para cada autovalor λ, que tem dimensão 1/L2 , onde L = comprimento, associamos número de onda κ = λ1/2 • Para um número de onda κ, a componente uκ com esse número de onda é X ûj wj uκ = λj =κ2 • E o componente uκ0 ,κ00 com os números de onda (κ0 , κ00 ]: u κ0 ,κ00 = X uκ κ0 <κ≤κ00 23 Números caracterı́sticos • Comprimento macroscópico `0 > 0 dado (tipicamente −1/2 da ordem de λ1 , com número de onda κ0 = 1/`0 • ρ0 = densidade de massa (uniforme) do fluido • unidade de massa ρ0 `30 = ρ0 /κ30 • Energia cinética média por unidade de massa e= κ30 h|u|2 i 2 • Razão média de dissipação de energia por unidade de tempo, por unidade de massa = νκ30 hkuk2 i 24 • Velocidade média caracterı́stica U = 2e1/2 • Número de Reynolds 1/2 κ h|u|2 i1/2 `0 U = 0 Re = ν ν • Número de onda de Kolmogorov κ = (/ν 3 )1/4 • Número de onda de Taylor κτ = hkuk2 i h|u|2 i 1/2 1/2 = 2νe Não é exatamento o número de Taylor original, κT = 1/`T , mas assumindo homogeneidade e isotropia, √ κτ = 15κT 25 Equações de fluxo de energia • Analogamente ao feito para a equação de Reynolds, Z (f , uκ0 ,κ00 ) − νkuκ0 ,κ00 k2 − b(u, u, uκ0 ,κ00 ) dµ(u) = 0 H onde b(u, u, v) = (B(u, u), v) = Z Ω (u · ∇)u · v dx • Logo (para todo 0 ≤ κ0 < κ00 < ∞) νhkuκ0 ,κ00 k2 i + hb(u, u, uκ0 ,κ00 )i = h(f , uκ0 ,κ00 )i • Para interpretação fı́sica correta, multiplicamos por κ30 νκ30 hkuκ0 ,κ00 k2 i + κ30 hb(u, u, uκ0 ,κ00 )i = κ30 h(f , uκ0 ,κ00 )i equação de fluxo de energia nos modos (κ0 , κ00 ], κ00 < ∞ 26 • Pela condição de ortogonalidade (ou conservação de energia pelo termo inercial) b(u, v, v) = 0, obtemos −κ30 hb(u, u, uκ0 ,κ00 )i = heκ0 (u)i − heκ00 (u)i, onde heκ (u)i = −κ30 b(u0,κ , u0,κ , uκ,∞ ) + κ30 b(uκ,∞ , uκ,∞ , u0,κ ) é o fluxo médio por unidade de tempo de energia cinética por unidade de massa transferida para os modos altos uκ,∞ pelos efeitos de inércia • E a equação de fluxo de energia se escreve νκ30 hkuκ0 ,κ00 k2 i = κ30 h(fκ0 ,κ00 , uκ0 ,κ00 )i + heκ0 (u)i − heκ00 (u)i. 27 • No caso κ0 = 0 and κ00 = κ, νκ30 hku0,κ k2 i = κ30 h(f0,κ , u0,κ )i − heκ (u)i • A inequação de energia total é νκ30 hkuk2 i ≤ κ30 h(f , u)i • Subtraindo, νκ30 hkuκ,∞ k2 i ≤ κ30 h(fκ,∞ , uκ,∞ )i + heκ (u)i. que estende para o caso κ00 = ∞, mas com desigualdade (possı́vel “vazamento” de energia cinética para κ00 = ∞ devido a potencial falta de regularidade da solução estatı́stica, similar a potencial perda de regularidade das soluções fracas) 28 Fluxo de energia restrito • Observe que os seguintes limites existem (MCT e LDCT) lim hku0,κ k2 i = hkuk2 i, lim h(f0,κ , u0,κ )i = h(f , u)i. κ→∞ κ→∞ • Defina def he(u)i∞ = lim heκ (u)i κ→∞ = lim κ30 h(f0,κ , u0,κ )i − νκ30 hku0,κ k2 i = κ→∞ κ30 h(f , u)i − νκ30 hkuk2 i ≥ 0. • Fluxo de energia restrito: e∗κ (u) = eκ (u) − he(u)i∞ , 29 Equação de fluxo de energia “com modos altos” • Da equação do fluxo de energia para κ00 < ∞, νκ30 hkuκ0 ,κ00 k2 i = κ30 h(fκ0 ,κ00 , uκ0 ,κ00 )i + heκ0 (u)i − heκ00 (u)i • Tomamos κ0 = κ e fazemos κ00 → ∞: PSfrag replacements νκ30 hkuκ,∞ k2 i = κ30 h(f , uκ,∞ )i + he∗κ (u)i. heκ0 (u)i −heκ00 (u)i κ00 κ0 30 Cascata de energia frag replacements • Como lim κ30 h(f , uκ,∞ )i = 0, κ→∞ νκ30 hkuκ,∞ k2 i % νκ30 hkuk2 i = , (κ&0) podemos definir números de onda κ e κ como o menor e, respectivamente, o maior, tais que 3 κ0 h(f , uκ,∞ )i , ∀κ ≥ κ , κ injeção de energia abaixo de κ e νκ30 hkuκ ,∞ k2 i ≈ , κ κ dissipação de energia acima de κ • Mas em geral nada garante que κ < κ 31 • Podemos quantificar as relações anteriores com a ajuda de um parâmetro adimensional δ pequeno, representando a ordem de precisão nas relações • Assim, κ é o maior número de onda tal que νκ30 hkuκ ,∞ k2 i ≥ (1 − δ), • E κ é o menor número de onda tal que 3 κ0 h(f , uκ,∞ )i ≤ δ, 32 ∀κ ≥ κ • Uma base para a teoria de Kolmogorov é a separação entre as escalas de injeção e de dissipação de energia • Se κ < κ , então para κ ≤ κ ≤ κ , segue de νκ30 hkuκ,∞ k2 i = κ30 h(f , uκ,∞ )i + he∗κ (u)i, ≥ (1 − 2δ), 2 3 3 ∗ que heκ (u)i = νκ0 hkuκ,∞ k i − κ0 h(f , uκ,∞ )i ≤ (1 + δ). he∗κ (u)i ≤ 2δ. ou seja, no intervalo [κ , κ ], vale a cascata de energia: • Logo, −δ ≤ 1 − he∗κ (u)i ≈ . • Quanto maior [κ , κ ], mais significativa a cascata 33 Condições suficientes para existência da cascata • Para qualquer número de onda κ > 0, νκ30 hku0,κ k2 i ≤ νκ30 κ2 h|u0,κ |2 i ≤ νκ30 κ2 h|u|2 i ≤ κ κτ 2 . Se κ2 κ2τ , então νκ30 hku0,κ k2 i , logo, κ ≥ δ 1/2 κτ . • Se κ2τ κ2 , então κ ≥ κ , com um pequeno intervalo de cascata 1/2 1/2 • Se κτ κ , então δ ≥ κ /κτ , e κ ≥ κ κτ , e uma cascata existe com κ2 κ2 . 2/3 2/3 2/3 2/3 1/3 2/3 • Se κτ κ , então δ ≥ κ /κτ , logo κ ≥ κ κτ , e uma ampla cascata de energia existe, com κ κ . 34 Confirmação parcial de estimativas heurı́sticas • Para f em V , considere o número de onda caracterı́stico κf = (|A1/2 f |/|A−1/2 f |)1/2 • Para κf ≤ Cκ0 , e para Reynolds suficientemente grande, 1/3 1/2 , ≤ cκ0 U 3 , κ ≤ cκ0 Re3/4 , κτ ≤ cκ0 κ2/3 , κτ ≤ cκ0 Re confirmando parcialmente (e com quantidades definidas de maneira precisa) as estimativas heurı́sticas da teoria de Kolmogorov: 1/3 1/2 ∼ κ0 U 3 , κ /κ0 ∼ Re3/4 , κτ ∼ κ0 κ2/3 . , κτ /κ0 ∼ Re 35 • Em 3D, transferência inversa de energia das escalas de injeção para as escalas maiores também pode ser provada • Em 2D, condições similares para a existência de cascata direta de enstrofia e de cascata inversa de energia • Em 2D, o número de onda que faz o papel do de Taylor é 1/2 h|Au|2 i ν 1/2 κσ = = hkuk2 i • Em 2D, há estimativas mais precisas para a existência da cascata de enstrofia e do espectro de Kraichnan 36 • Em 2D, pode-se mostrar que a transferência de energia para os modos mais altos é muito mais “fraca” que a de enstrofia, justificando a existência da cascata de enstrofia ao invés da de energia • Em 2D, vale r+ = κ20 κ2σ X r+ κ2+ − r− κ2− = , r+ − r− h(fκ , uκ )i+ , r− = κ20 κ>0 κ2+ = P 2 κ0 κ>0 κ 2 h(fκ , uκ )i+ r+ X h(fκ , uκ )i− , κ>0 , κ2− = P 2 κ0 κ>0 κ • Se r− = 0, é possı́vel mostrar que κ2σ . κ2η , comprometendo a cascata de enstrofia 37 2 h(fκ , uκ )i− r− ,
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