Status oxidativo e inflamatório em mulheres
Transcription
Status oxidativo e inflamatório em mulheres
FRANCINE RONCOLETA STATUS OXIDATIVO E INFLAMATÓRIO EM MULHERES OBESAS: RELAÇÃO COM VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS, LIPÍDICAS E CLÍNICAS Belo Horizonte Hospital Santa Casa de Misericórdia 2012 FRANCINE RONCOLETA STATUS OXIDATIVO E INFLAMATÓRIO EM MULHERES OBESAS: RELAÇÃO COM VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS, LIPÍDICAS E CLÍNICAS Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Medicina/Biomedicina do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, como requisito parcial para a obtenção do título de mestre em Biomedicina. Orientadora: Profª Drª Valéria Cristina Sandrim Belo Horizonte Hospital Santa Casa de Misericórdia 2012 R769s Roncoleta, Francine Status oxidativo e inflamatório em mulheres obesas: relação com variáveis antropométricas, lipídicas e clínicas. / Francine Roncoleta. – 2012. 112 f. Orientadora: Valéria Cristina Sandrim. Dissertação (mestrado) - Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte. 1. Obesidade. 2. Estresse oxidativo. 3. Interleucina-6. 4. Antropo- AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela sempre presença e conforto nos momentos de fraqueza, por me suprir em todas as minhas necessidades e me abençoar para tudo aquilo que Ele me destina. À minha orientadora querida Valéria Sandrim, meu sincero muito obrigada pela disponibilidade, competência, paciência e amizade. Sempre me lembrarei com carinho de seus conselhos. Aos meus pais, meus exemplos de força e luta, que em todos os momentos e decisões me apoiaram de forma incondicinal e com muito amor, dedico essa vitória a vocês. Ao hospital Santa Casa, pela oportunidade de ingressar no mestrado e por me apresentar pessoas que foram fundamentais para meu aprendizado e caminhada. À Vanessa Andrade, pela disponibilidade com as análises no laboratório e pela companhia e risadas na sala de aula. Ao Adriano, meu amor, pela compreensão nos momentos de ausência, carinho e paciência nos momentos de incerteza. Obrigada por dividir e vencer tudo isso comigo. À Carla Vaz de Lima, minha querida futura mestra, pela amizade, apoio e companhia em todos os momentos. A todos que, direta ou indiretamente, contribuiram para realização deste trabalho e também aqueles que conviveram comigo nestes dois últimos anos. Compartilho com todos essa minha alegria. “Para todas as coisas tenho força em virtude daquele que me confere poder´´ (Filipenses 4:13) LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Desequilíbrio entre espécies antioxidantes e pró-oxidantes --------- 08 Figura 2 - Mecanismos de estresse oxidativo induzido pela disfunção endotelial nas doenças cardiovasculares -------------------------------------------------------------- 11 Figura 3 - Sistemas enzimáticos envolvidos na geração e inativação de ROS ------------------------------------------------------------------------------------------------ 16 Figura 4 - Critérios utilizados para avaliar o status oxidativo ----------------------- 21 Figura 5 - Níveis plasmáticos de TBARS-MDA (µM) do grupo controle e dos grupos Ob e Ob-Ht. * p < 0,001 comparado ao grupo controle. Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: ANOVA seguida de teste de Bonferroni ---------------------------------------------------------------------------------------- 50 Figura 6 - Níveis plasmáticos de FRAP (μM) dos grupos controle, obesas e obesas hipertensas. Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: ANOVA seguida de teste de Bonferroni. p > 0,05-------------------------------------- 51 Figura 7- Níveis plasmáticos de GSH (mM) dos grupos Ct, Ob e Ob-Ht. * p < 0,001 comparado ao grupo controle. Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: ANOVA seguida de teste de Bonferroni ------------------------ 52 Figura 8 - Níveis plasmáticos de Vit E (μM) dos grupos controle, obesas e obesas hipertensas. Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: ANOVA seguida de teste de Bonferroni. p > 0,05 ------------------------------------- 53 Figura 09 - Correlação entre IMC (kg/m2) e níveis plasmáticos de TBARS-MDA (µM) do grupo total de obesas. * p= 0,004; r= coeficiente de correlação de Pearson -------------------------------------------------------------------------------------------- 55 Figura 10 - Níveis plasmáticos de TBARS-MDA (µM) de acordo com IMC (kg/m2) do grupo controle e total de obesas. * p < 0,05 comparado ao grupo Ct. Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: ANOVA seguida de teste de Bonferroni ----------------------------------------------------------------------------- 56 Figura 11 - Níveis plasmáticos de TBARS-MDA (µM) das participantes do estudo de acordo com níveis lipídicos analisados (mg/dL). * p < 0,05 comparado ao < 150. Análise estatística: Teste t de Student ---------------------- 58 Figura 12 - Correlação entre níveis plasmáticos de TBARS-MDA (µM) e parâmetros lipídicos (mg/dL) de todas as participantes do estudo ---------------- 59 Figura 13 - Níveis plasmáticos de FRAP (µM) das participantes do estudo separados de acordo com os pontos de corte dos níveis lipídicos analisados (mg/dL). p > 0,05. Análise estatística: Teste t de Student -------------------------- 61 Figura 14 - Correlação entre níveis plasmáticos de FRAP (µM) e HDL (mg/dL) de todos as participantes do estudo. * p < 0,05; r = coeficiente de correlação de Pearson ------------------------------------------------------------------------------------------- 62 Figura 15 - Níveis plasmáticos de GSH (mM) das participantes do estudo de acordo com níveis lipídicos analisados (mg/dL). * p < 0,05. Análise estatística: Teste t de Student ------------------------------------------------------------------------------ 64 Figura 16 - Correlação entre níveis plasmáticos de GSH (µM) e parâmetros lipídicos (mg/dL) de todas as participantes do estudo ------------------------------- 65 Figura 17- Níveis plasmáticos de vitamina E (µM) das participantes do estudo de acordo com níveis lipídicos analisados (mg/dL). * p < 0,05 comparado ao < 50. Análise estatística: Teste t de Student ---------------------------------------------- 67 Figura 18 - Correlação entre níveis plasmáticos de vitamina E (µM) e HDL (mg/dL) de todas as participantes do estudo. * p < 0,05; r = coeficiente de correlação de Pearson------------------------------------------------------------------------- 68 Figura 19 - Correlação entre níveis plasmáticos de parâmetros de status oxidativo e idade (anos) de todas as participantes do estudo ---------------------- 69 Figura 20 - Níveis plasmáticos de TBARS-MDA (µM) e GSH (mM) de acordo com idade ---------------------------------------------------------------------------------------- 70 Figura 21 - Porcentagem de amostras detectáveis e não detectáveis de IL-6 após quantificação plasmática dos grupos controle e total de obesos ---------- 72 Figura 22 - Níveis plasmáticos de IL-6 (pg/mL) dos grupos controle, obesos e obesos hipertensos. Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: ANOVA seguida de teste de Bonferroni. p > 0,05 ------------------------------------- 72 Figura 23 - Níveis plasmáticos de TBARS-MDA, FRAP, GSH e Vitamina E divididos de acordo com a mediana inferior e superior de IL-6 do grupo total de obesos. (p > 0,05). Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: Teste t de Student ----------------------------------------------------------------------------- 73 Figura 24 - Níveis plasmáticos de IL-6 divididos de acordo com a mediana inferior e superior de TBARS-MDA do grupo total de obesos. (p > 0,05). Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: Teste t de Student --- 74 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Classificação de peso através do IMC e risco de comorbidades em adultos -----------------------------------------------------------------------------------------------4 Tabela 2 - Circunferência abdominal e risco de complicações metabólicas associadas à obesidade ------------------------------------------------------------------------5 Tabela 3 - Concentrações usadas para curva de calibração, teste TBARSMDA ------------------------------------------------------------------------------------------------ 37 Tabela 4 - Escala de diluições usadas para definir curva padrão, teste FRAP ----------------------------------------------------------------------------------------------- 38 Tabela 5 - Escala de diluições usadas para definir curva padrão, teste GSH ------------------------------------------------------------------------------------------------ 40 Tabela 6 - Escala de diluições usadas para definir curva padrão, kit IL-6 EASIA ---------------------------------------------------------------------------------------------- 42 Tabela 7- - Classificação do estado nutricional de acordo com IMC (OMS/WHO-2000) ------------------------------------------------------------------------------ 43 Tabela 8 - Perfil dos grupos estudados --------------------------------------------------- 49 Tabela 9 - Avaliação da correlação entre TBARS-MDA, FRAP, GSH e Vitamina E nos grupos controle (Ct) e todos os obesos ------------------------------------------ 54 Tabela 10 - Avaliação da correlação entre TBARS-MDA, FRAP, GSH, Vitamina E e parâmetros antropométricos IMC, CA e RCQ nos grupos controle (Ct) e total de obesos ---------------------------------------------------------------------------------- 55 Tabela 11 - Correlações entre níveis de FRAP e parâmetros lipídicos ---------- 60 Tabela 12 - Correlações entre níveis de vitamina E e parâmetros lipídicos ---- 66 Tabela 13 - Correlações entre níveis de biomarcadores de status oxidativo e parâmetros clínicos ----------------------------------------------------------------------------- 71 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABESO Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica ANOVA Análise de variância AP-1 Proteína ativadora-1 BH4 Tetraidrobiopterina CA Circunferência abdominal CAT Catalase CEM Centro de Especialidade Médica CEP Comitê de Ética em Pesquisa DCV Doença cardiovascular DM Diabetes Mellitus DNA Ácido desoxirribonucleico EDRF Endothelium-derived relaxing factor EDTA Ácido etilenodiaminotetracético ELISA Enzyme Linked Immunosorbent Assay EP Erro padrão eNOS Óxido nítrico sintase endotelial EO Estresse oxidativo EROS Espécies reativas de oxigênio FAD Flavina adenina dinucleotídeo FMN Flavina monucleotídeo FRAP Ferric Reducing Antioxidant Power GPx Glutationa peroxidase GSH Glutationa reduzida GSSGG Glutationa oxidada HAS Hipertensão arterial sistêmica HDL Lipoproteína de alta densidade IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IL-6 Interleucina-6 IMC Índice de massa corporal IRC Insuficiência renal crônica Kg/m2 Quilogramas por metro quadrado LDL Lipoproteína de baixa densidade LPL Lipase lipoprotéica MDA Malondialdeído M-I Mediana inferior mg/dL Miligrama por decilitro MS Ministério da Saúde M-S Mediana superior NCEP National Cholesterol Education Program NF-κB Fator nuclear kappa B ng/dL Nanograma por decilitro NO Óxido nítrico NS Não significante OMS Organização Mundial de Saúde PAD Pressão arterial diastólica PAS Pressão arterial sistólica PCR Proteína C reativa pg/mL Picograma por mililitro POF Pesquisa de orçamentos familiares RCQ Relação cintura quadril RL Radicais livres RNAm RNA mensageiro RNM Ressonância nuclear magnética ROS Reactive oxygen species SM Síndrome metabólica SOD Superóxido dismutase TBARS Thiobarbituric acid-reactive substances TC Tomografia computadorizada TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido TMP Tetrametoxipropano TNF- α Fator de necrose tumoral – afa US Ultrassonografia WHO World Health Organization RESUMO A epidemia global de obesidade está se tornando um grave problema de saúde pública em virtude de sua intensidade e velocidade de evolução. O prognóstico de saúde relaciona-se aos graus de obesidade e padrão de distribuição de gordura corporal, sendo o excesso de gordura visceral associado à morbidade e mortalidade cardiovascular, desarranjos oxidativos e inflamatórios. O presente estudo buscou avaliar a relação entre biomarcadores de status oxidativo e de inflamação com variáveis antropométricas, lipídicas e clínicas em mulheres obesas. O estudo incluiu 91 participantes distribuídas em 3 grupos: controle com 21 mulheres sadias eutróficas (Ct), 33 mulheres obesas sem comorbidades (Ob) e 37 mulheres obesas hipertensas sem tratamento anti hipertensivo (Ob-Ht), com média de idade de 39,05 ± 11,28 anos. Os grupos Ob e Ob-Ht apresentaram aumento significativo dos níveis de TBARS-MDA e redução significativa dos níveis de GSH em relação ao grupo Ct. Níveis de TBARS-MDA nas mulheres obesas correlacionaram-se positiva e significantemente com o IMC, inversamente com os níveis de HDL e diretamente com os níveis de LDL, triglicérides e colesterol total. FRAP, GSH e vitamina E apresentaram correlação positiva com os níveis de HDL, e níveis de GSH mostraram correlação negativa com LDL e colesterol total. A idade correlacionou-se com TBARS-MDA e GSH de forma positiva e negativa significativa, respectivamente. Em relação à IL-6 e considerando-se o tamanho amostral do estudo, não foi encontrada diferença de níveis plasmáticos de IL-6 entre os três grupos estudados e não se observou diferença entre os níveis dos biomarcadores de status oxidativo analisados quando separados de acordo com a mediana superior e inferior dos níveis de IL-6. Esses resultados demonstraram que, em relação ao grupo controle, mulheres obesas tendem a ter níveis estatisticamente diferentes de TBARS-MDA e GSH, observou-se a presença de correlação entre todos os marcadores de status oxidativo e parâmetros lipídicos, destacando-se o HDL, sugerindo que o estado de obesidade é suficiente para o desenvolvimento de estresse oxidativo. Palavras-chave: antropométricos. obesidade, estresse oxidativo, interleucina-6, índices ABSTRACT The global epidemic of obesity is becoming a serious public health problem because of its intensity and speed of evolution. The prognosis of health relates to the degree of obesity, as well as the pattern of body fat distribution, and the excess visceral fat is associated with cardiovascular morbidity and mortality, also oxidative disorders, metabolic, hemodynamic, inflammatory and hormonal. This study sought to evaluate the relationship between oxidative status and inflammation biomarkers with clinical, lipids and anthropometric variables in obese women. The study included 91 participants distributed into three groups: control group with 21 non-obese healthy women (Ct), 33 obese women without comorbidities (Ob) and 37 hypertensive obese women (Ob-Ht), mean age of 39.05 ± 11.28. The groups Ob and Ob-HT showed significantly increased levels of TBARS-MDA and significant reduction in levels of GSH when compared to Ct. Levels of TBARS-MDA in obese women, correlated directly and significantly with the parameters BMI. Regarding to lipid parameters, levels of TBARS-MDA correlated indirectly and significantly with the HDL levels, and directly with levels of LDL, triglycerides and total cholesterol. Values of FRAP, GSH and vitamin E were positively correlated with HDL levels, while levels of GSH correlated negatively with LDL and total cholesterol. In relation to clinical parameters, age was not correlated with plasma levels of FRAP and vitamin E, whereas for the TBARS-MDA and GSH observed significant positive and negative correlation, respectively. In relation to inflammation biomarker IL-6 and considering the sample size the study, was observed no difference in plasma levels of IL-6 among the three groups studied and no difference was observed between the levels of biomarkers of oxidative status, when analyzed separated according to the median upper and lower levels of IL-6. These results demonstrated that in the control group, obese women tend to have significantly different levels of TBARS, MDA and GSH, in relation to lipid parameters, observed correlation between all the markers of oxidative status, especially HDL, suggesting that the obese state is sufficient for the development of oxidative stress. Keywords: obesity, oxidative stress, interleukin-6, anthropometric indexes. SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------- 1 1.1.- OBESIDADE ---------------------------------------------------------------------------------------------------2 1.1.1.- DISTRIBUIÇÃO DA GORDURA CORPORAL---------------------------------------------------------------- 5 1.2.- ESTRESSE OXIDATIVO -------------------------------------------------------------------------------------- 7 1.2.1- FONTES DE ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO ---------------- ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. NADPH OXIDASE ------------------------------------------------- ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. XANTINA OXIDASE -------------------------------------------------- ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. NOS ENDOTELIAL DESACOPLADA --------------------------------------------------------------------- 13 ENZIMAS DA CADEIRA RESPIRATÓRIA MITOCONDRIAL --------------------------------------------- 15 1.2.2.- ANTIOXIDANTES ENZIMÁTICOS ------------------------------------------------------------------------- 15 SUPERÓXIDO DISMUTASE (SOD) --------------------------------------------------------------------- 16 GLUTATIONA PEROXIDASE (GPX) --------------------------------------------------------------------- 17 CATALASE ---------------------------------------------------------- ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.2.3.- MEDIDASDE AVALIAÇÃO DO ESTRESSE OXIDATIVO ----------- ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ISOPROSTANOS ---------------------------------------------------- ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. MALONDIALDEÍDO (MDA) ------------------------------------------------------------------------------ 22 FRAP (FERRIC REDUCING ANTIOXIDANT POWER) ---------- ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. GLUTATIONA -------------------------------------------------------- ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.3.- INTERLEUCINA-6 ------------------------------------------------------------------------------------------- 24 2 - OBJETIVOS ----------------------------------------------------------------- 28 2.1.- OBJETIVO GERAL ------------------------------------------------------------------------------------------- 29 2.2.- OBJETIVOS ESPECÍFICOS ---------------------------------------------------------------------------------- 29 3 - MATERIAL E MÉTODOS ------------------------------------------------ 31 3.1.- CASUÍSTICA-------------------------------------------------------------------------------------------------- 32 3.1.1.- SELEÇÃO DAS PARTICIPANTES DO ESTUDO---------------------------------------------------------- 32 3.2.- CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ---------------------------------------------------------------------------------- 33 3.3.- CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------------- 33 3.4.- AMOSTRAS BIOLÓGICAS ----------------------------------------------------------------------------------- 34 3.5.- DELINEAMENTO EXPERIMENTAL -------------------------------------------------------------------------- 34 3.5.1.- PARÂMETROS BIOQUÍMICOS---------------------------------------------------------------------------- 34 3.5.2.- PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS ------------------------------------------------------------------- 34 3.5.3.- PARÂMETROS LIPÍDICOS -------------------------------------------------------------------------------- 34 3.5.5.- PARÂMETROS CLÍNICOS -------------------------------------------------------------------------------- 35 3.6.- MÉTODOS ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 36 3.7- ANÁLISE ESTATÍSTICA --------------------------------------------------------------------------------------- 44 4 - RESULTADOS ------------------------------------------------------------- 46 4.1.- CARACTERIZAÇÃO DAS PARTICIPANTES DO ESTUDO -------------------------------------------------- 47 4.2.- AVALIAÇÃO DE MARCADORES PLASMÁTICOS DE STATUS OXIDATIVO ------------------------------- 50 4.3.- CORRELAÇÃO ENTRE MARCADORES DE STATUS OXIDATIVO ----------------------------------------- 53 4.4.- CORRELAÇÃO ENTRE PARÂMETROS LIPÍDICOS E DE STATUS OXIDATIVO - ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 4.5.- CORRELAÇÃO ENTRE PARÂMETROS CLÍNICOS E DE STATUS OXIDATIVO -- ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 4.6.- AVALIAÇÃO DE MARCADORE IMUNOLÓGICO DE INFLAMAÇÃO ---------------------------------------- 71 5 - DISCUSSÃO ---------------------------------------------------------------- 74 5.1.- CARACTERIZAÇÃO DOS GRUPOS ESTUDADOS ------------------- ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 5.2.- AVALIAÇÃO DE MARCADORES PLASMÁTICOS DE STATUS OXIDATIVO ------------------------------- 78 5.3.- CORRELAÇÃO ENTRE MARCADORES DE STATUS OXIDATIVO -- ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 5.4.- CORRELAÇÃO ENTRE MARCADORES DE STATUS OXIDATIVO E PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS -------------------------------------------------------- ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 5.5.- CORRELAÇÃO ENTRE MARCADORES DE STATUS OXIDATIVO E PARÂMETROS LIPÍDICOS --- ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 5.6.- CORRELAÇÃO ENTRE PARÂMETROS CLÍNICOS E DE STATUS OXIDATIVO -- ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 5.7.- AVALIAÇÃO DO MARCADOR BIOQUÍMICO DE INFLAMAÇÃO IL-6 ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 6 - CONCLUSÕES ------------------------------------------------------------- 88 7 - REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------- 90 8- ANEXOS ------------------------------------------------------------------- 109 1 1. INTRODUÇÃO 2 1.1. Obesidade A obesidade pode ser compreendida como um agravo de caráter multifatorial que envolve desde questões biológicas às históricas, econômicas, políticas, sociais, ambientais e culturais (Ministério da Saúde - MS, 2006). É definida como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal que pode ser prejudicial à saúde devido as suas várias complicações metabólicas (World Health Organization – WHO, 2011). O balanço energético positivo é o determinante mais imediato da obesidade devido à geração e ao acúmulo de gordura. Ocorre quando a ingestão de calorias na alimentação excede o somatório das despesas exigidas para as funções vitais do organismo, crescimento e atividades em geral (COUTINHO, 1999; MS, 2006). A obesidade relaciona-se às condições efetivas de vida e saúde e às maneiras de viver de sociedades, classes, grupos e indivíduos. Destaca-se o atual papel feminino na sociedade associado a sua inserção no mercado de trabalho, à crescente industrialização de alimentos, à concentração das populações no meio urbano e à diminuição do esforço físico que condicionam ao declínio do gasto energético associado ao aumento do consumo de calorias via alimentação (MOTTA et al., 2004). A obesidade tem sido diagnosticada como uma pandemia em virtude de sua intensidade e velocidade de evolução em vários países do mundo (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2004). Nas últimas duas décadas a evolução nutricional da população brasileira vem apresentando mudanças em seu padrão, caracterizando-se pelo declínio da ocorrência de desnutrição em adultos e crianças associado à prevalência de sobrepeso e obesidade (BATISTA FILHO, 2003). Atualmente no Brasil, a desnutrição, nos primeiros anos de vida, e o excesso de peso e a obesidade, em todas as demais idades, são problemas de grande relevância para a saúde pública (IBGE, 2010). 3 Tanto em países de alta como de baixa renda, a prevalência de obesidade tem se mostrado aumentada em todas as faixas etárias (GIGANTE, 2009). A obesidade atinge principalmente a população menos privilegiada em países desenvolvidos (SOBAL, 2003), e em países em desenvolvimento essa prevalência está aumentada na população de maior renda, enquanto que na população brasileira, no período de 1975 a 2003, foi observada maior ocorrência de obesidade entre aqueles mais pobres (MONTEIRO, 2007). Entretanto, de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF – de 2008/2009, as prevalências de excesso de peso e de obesidade aumentaram com a renda em todas as faixas etárias. No Brasil, o excesso de peso foi identificado em cerca de 33% das crianças de ambos os sexos entre 5 e 9 anos, sendo que a obesidade correspondeu a aproximadamente metade dos casos de excesso de peso no sexo masculino e cerca de um terço no sexo feminino. Na população entre 10 e 19 anos o excesso de peso foi cerca de 20% em ambos os sexos e a obesidade foi identificada em aproximadamente 25% do total de casos de excesso de peso também nos dois sexos. Entre adultos acima de 20 anos o sobrepeso foi encontrado em 48% das mulheres e 50,1% dos homens, sendo que o diagnóstico de obesidade foi dado em 12,5% dos homens e em 16,9% das mulheres. O sobrepeso e a obesidade aumentaram proporcionalmente à faixa etária, declinando nas idades subseqüentes a 54 anos em homens e 64 anos em mulheres (IBGE, 2010). O excesso de peso poderá alcançar, em cerca de dez anos, dois terços da população adulta no Brasil, magnitude semelhante à encontrada na população dos Estados Unidos (VIGITEL, 2010). As medidas antropométricas têm sido muito utilizadas para avaliar a massa corporal e distribuição de gordura, apesar de não apresentar a mesma acurácia de métodos mais dispendiosos como a ultrassonografia (US), tomografia computadorizada (TC), bioimpedância e ressonância nuclear magnética (RNM) (RIBEIRO et al., 2001; ABESO, 2009). Uma forma simples, barata e de fácil obtenção para o diagnóstico da obesidade em pessoas não atletas é o uso do Índice de Massa Corporal (IMC), que é obtido através da divisão do peso, em quilogramas, pelo quadrado da altura, em metros. Os valores de referência 4 adotados no Brasil baseiam-se em uma classificação adaptada em padrões internacionais desenvolvidos para pessoas adultas descendentes de europeus (Tabela 1) (WHO, 2000). Tabela 1 - Classificação de peso através do IMC e risco de comorbidades em adultos Classificação IMC (kg/m2) Risco de comorbidades Baixo peso < 18,5 Baixo Peso normal 18,5-24,9 Médio Sobrepeso ≥ 25,0 - Pré-obeso 25,0 a 29,9 Moderado Obeso I 30,0 a 34,9 Aumentado Obeso II 35,0 a 39,9 Grave Obeso III ≥ 40,0 Muito grave Fonte: World Health Organization (2000). A medida da circunferência abdominal (CA) pode refletir a quantidade de gordura abdominal. De acordo com a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (2004), as medidas da CA relacionadas ao risco cardiovascular aumentado são: maior ou igual a 80 cm para mulheres e maior ou igual a 94 cm para homens caucasianos (Tabela 2). O risco de complicações metabólicas aumenta substancialmente quando os valores de CA ultrapassam 88 cm para mulheres e 102 cm para homens (National Cholesterol Education Program – NCEP, 2000). 5 Tabela 2 - Circunferência abdominal e risco de complicações metabólicas associadas à obesidade Risco de complicações metabólicas Homem Mulher Aumentado ≥ 94 ≥ 80 Aumentado substancialmente ≥ 102 ≥ 88 Fonte: I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (2004). A circunferência abdominal tem se mostrado como um eficiente índice para avaliação do risco de doenças cardiovasculares. Entretanto, na obesidade grave (IMC maior que 40 kg/m2), a CA não é um bom marcador clínico para avaliar a prevalência de síndrome metabólica ou um perfil metabólico alterado (DRAPEAU et al., 2007) 1.1.1. Distribuição da gordura corporal A mortalidade aumenta de forma aguda quando o IMC é maior que 30 kg/m 2 e especialmente quando aparece associado à distribuição central de gordura. Dessa forma, o prognóstico de saúde também está relacionado ao padrão de distribuição de gordura corporal e não somente ao grau de obesidade. (RANKINEN et al., 1999; MONTAGUE & O`RAHILLY, 2000; MANCINI, 2001; ASCASO et al., 2002). Apesar do IMC ser um bom indicador de obesidade, individualmente este índice não pode ser totalmente correlacionado à gordura corporal, visto que pode superestimar a gordura corporal em sujeitos musculosos, pois não distingue massa gordurosa da massa muscular, que pesa mais que a gordura, além de não fornecer informações sobre o padrão de distribuição corporal, pois sujeitos com mesmo IMC podem apresentar diferentes distribuições de massa gordurosa. Dessa forma, para a identificação do padrão de distribuição de 6 gordura corporal, são utilizados em estudos epidemiológicos, o IMC, a circunferência da cintura (CA) e a relação cintura quadril (RCQ) (DOBBELSTEYN, 2001; SEIDELL et al. 2001; LI, 2006). Deve-se considerar que a CA e a RCQ não representam avaliação da adiposidade visceral, embora possam fornecer uma estimativa da quantidade de gordura abdominal, que por sua vez, está correlacionada ao conteúdo de tecido adiposo visceral (MARTINS & MARINHO, 2003) O padrão de distribuição de gordura corporal do tipo andróide, em que maior quantidade de gordura concentra-se ao nível do tronco, na região intraabdominal visceral, com depósitos de gordura ao redor de estruturas anatômicas encontradas na região do retroperitônio e espaços mesentéricos (KANNEL et al., 1991; MANCINI, 2001) está independentemente associado à morbidade e mortalidade cardiovascular, assim como desarranjos metabólicos, hemodinâmicos, inflamatórios e hormonais (BROOK et al., 2001; ABDULRAHIM, 2001; WOO et al., 2002; CARNEIRO et al., 2003; DALTON et al., 2003). Já no padrão de distribuição de gordura corporal do tipo ginecóide, maior quantidade de gordura tende a se acumular na parte inferior do corpo, compreendendo coxas, nádegas e quadris. Os tecidos adiposo subcutâneo e visceral apresentam diferentes capacidades metabólicas, podendo portanto, de acordo com sua localização, contribuir de formas diferentes com a secreção de adipocinas (DUSSERRE, 2000; LINDER et al., 2004). De acordo com Fried (1998), o tecido adiposo visceral produz e secreta interleucina-6 em concentrações três vezes maiores que o tecido subcutâneo. A obesidade abdominal está associada à disfunção endotelial e resistência à insulina devido à gênese de citocinas, hormônios e produtos metabólicos derivados de lipídios, já que os ácidos graxos incitam a geração de superóxido por células vasculares e endoteliais via NADPH oxidase (CARVALHO, 2006). 7 1.2. Estresse Oxidativo Radicais livres (RL) são moléculas ou átomos altamente reativos e instáveis, que possuem elétrons de valência desemparelhados que se ligam de forma rápida e inespecífica a moléculas próximas. O processo de transferência de elétrons, ou a absorção de energia, pode levar o oxigênio a gerar espécies reativas de oxigênio ou ROS (reactive oxygen species). Este é um termo coletivo freqüentemente usado para incluir não apenas radicais livres de oxigênio, mas também alguns não radicais derivados do O2 capazes de gerar radicais livres (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 2000). Em condições fisiológicas, os radicais livres formam-se em proporções controladas pelos mecanismos defensivos celulares. Entretanto, em situações patológicas e de estresse, essa produção pode aumentar substancialmente (SALVADOR, 2004), sendo que nestas condições ocorre uma redução de eficiência do sistema antioxidante em que se desencadeia o estresse oxidativo (ROBERTS & SINDHU, 2009). O estresse oxidativo é o resultado de um desequilíbrio entre espécies reativas de oxigênio, radicais livres e antioxidantes. Portanto pode resultar de uma situação em que há uma elevada velocidade de produção de ROS, uma diminuição nos níveis de antioxidantes ou uma combinação de ambas as condições (Figura 1). 8 Figura 1 - Desequilíbrio entre espécies antioxidantes e pró-oxidantes resultando na geração de estresse oxidativo. A presença de baixas concentrações de radicais livres, ROS e outras espécies relacionadas são importantes para o status redox normal da célula, para a função tecidual e processos de sinalização intracelular. Geralmente, concentrações normais de antioxidantes são suficientes para combater o processo oxidativo e proteger o tecido. Níveis elevados de radicais livres e ROS podem ser responsáveis por danos a várias estruturas biológicas, entre elas os lipídios, com modificação das características das membranas biológicas, as proteínas e o DNA (VINCENT, 2007) Há evidências de que a obesidade humana é acompanhada por um estado de inflamação e estresse oxidativo crônicos. A inflamação é fonte de estresse oxidativo, e este pode ser um dos principais mecanismos subjacentes relacionadas às co-morbidades associadas à obesidade. (HIGDON, 2003). As defesas antioxidantes dos tecidos estão diminuídas na obesidade. O consumo inadequado de antioxidantes provenientes da dieta pode ser um dos fatores contribuintes para a alteração da capacidade antioxidante dos tecidos em obesos. Alguns estudos indicam que indivíduos obesos consomem menos alimentos antioxidantes e fitoquímicos, favorecendo dessa forma o estresse oxidativo (TAYLOR et al., 2006; VINCENT et al., 2007). 9 As modificações nos níveis de lipoproteínas e em sua composição estão provavelmente relacionadas ao maior risco de doenças cardiovasculares associadas à obesidade. Estudos têm demonstrado modificações no metabolismo lipídico e de lipoproteínas em indivíduos obesos, com aumento do estresse oxidativo e maior susceptibilidade à peroxidação lipídica de LDL em comparação com indivíduos saudáveis (FERRETI et al., 2005; MYARA, et al., 2003; MUTLU-TÜRKOĞLU, et al., 2003). A obesidade aumenta as cargas mecânicas e metabólicas sobre o miocárdio, aumentando assim seu consumo de oxigênio e consequentemente a produção de espécies reativas de oxigênio. Um segundo mecanismo pelo qual a obesidade pode, de forma independente, causar o aumento da peroxidação lipídica, é atraves da lesão celular progressiva e cumulativa resultante da pressão da grande massa corporal, visto que a lesão corporal promove a liberação de citocinas que geram ROS a partir dos tecidos (OLUSI, 2002). São mecanismos que geram estresse oxidativo na obesidade: hiperglicemia (MENON, 2004), elevados níveis lipídicos (FURUKAWA et al., 2004), defesa antioxidante inadequada (VINCENT, 2001), inflamação crônica (FERNANDEZREAL, 2003), excessiva infiltração e ativação leucocitária (FURUKAWA et al., 2004; KULLO, 2003), produção de ROS endotelial (WHEATCROFT, 2003), produção excessiva do hormônio do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SCHIFFRIN, 2002) e hiperleptinemia (HUCKSHORN, 2004). A obesidade pode envolver alguns ou até todos esses fatores contribuidores para o estresse oxidativo. O aumento da produção de espécies reativas de oxigênio também pode aumentar a resposta inflamatória através da ativação de fatores de transcrição nuclear redox-sensíveis, como AP-1 e NF-κB. Esses fatores de transcrição são essenciais para a expressão indutível de genes associados a respostas imunes e inflamatórias, incluindo citocinas, moléculas de adesão celular e indução da enzima NO sintase (LAVROVSKY, 2000). 10 Em estudo realizado por Olusi (2002), pode-se afirmar que a obesidade grave por si só, sem fatores de confusão como hiperlipidemia, diabetes, hipertensão e tabagismo, é causa significativa de peroxidação lipídica. A estreita associação da obesidade com outras condições que, potencialmente, aumentam o estresse oxidativo, deixa em aberto a possibilidade de confusão residual, pois a associação entre estresse oxidativo e obesidade pode estar relacionada a outras variáveis não medidas (HIGDON, 2003). A magnitude relativa com que fatores de risco individuais para aterosclerose contribuem com marcadores de estresse oxidativo ainda é desconhecida, assim, a contribuição de forma independente da hipertensão, diabetes e fumo para o estresse oxidativo sistêmico ainda é também desconhecida (KEANEY, 2003). 1.2.1. Fontes de espécies reativas de oxigênio As fontes potencialmente produtoras de ROS em mamíferos incluem o citocromo P450, lipoxigenase, ciclooxigenase e outras hemoproteínas. Entretanto, as mais estudadas no sistema cardiovascular são NADPH oxidases, xantina oxigenase, óxido nítrico sintase endotelial (eNOS) e enzimas da cadeia respiratória mitocondrial (CAI, 2000; FÖRSTERMANN, 2008) (Figura 2). 11 Figura 2 - Mecanismos de estresse oxidativo induzido pela disfunção endotelial nas doenças cardiovasculares. Figura adaptada Cai & Harrison, 2000. NADPH oxidase NADPH oxidases são enzimas presentes nas membranas das células endoteliais vasculares, células musculares lisas e fibroblastos (FÖRSTERMANN, 2006). Apresentam produção predominante do radical superóxido. A atividade da NADPH oxidase é regulada por citocinas, hormônios e forças mecânicas que são conhecidas por estarem envolvidas na patogênese da doença vascular. Diabetes e hipercolesterolemia estão associados com o 12 aumento da produção de superóxido dependente de NADH (CAI & HARRISON, 2000). Experimentos com NADPH oxidase em animais têm indicado que essa enzima é uma importante fonte primária de ROS, contribuindo para a formação de peroxinitrito e assim desencadeando o desacoplamento da eNOS (LANDMESSER, 2003). Furukawa e colaboradores (2004) em seus estudos sugerem que a NADPH oxidase é a principal fonte de ROS nos adipócitos, e que o aumento da concentração dessa enzima parece contribuir para o aumento da produção de ROS no tecido adiposo na obesidade. Xantina oxidase A xantina oxido-redutase predomina nos endotélios e catalisa a oxidação de hipoxantina e xantina no processo do metabolismo de purinas. Essa enzima rapidamente doa elétrons ao oxigênio molecular e a atividade combinada da xantina oxidase e xantina desidrogenase produz, respectivamente, O2- e H2O2 (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 2000). Em células endoteliais, a expressão da atividade da xantina oxidase é aumentada pelo interferon-γ. (CAI, 2000) A fonte biológica da xantina oxidase não está totalmente clara, mas tem-se associado o aumento dos níveis de colesterol ao maior estímulo de liberação dessa enzima para a circulação a partir do fígado (FÖRSTERMANN, 2008). Evidências experimentais indicam que as próprias células endoteliais podem expressar xantina desidrogenase, que é convertida a xantina oxidase, sendo esta expressão regulada por uma via redox-sensível, dependente da atividade da NADPH oxidase endotelial (MCNALLY, 2003). Em humanos com hipercolesterolemia, a administração de oxipurinol, um inibidor da xantina oxidase, melhorou a vasodilatação prejudicada nesses 13 pacientes (CARDILLO, 1997; BUTLER, 2002). No entanto, outros testes não conseguiram mostrar esse efeito (O’DRISCOLL, 1999). NOS endotelial (eNOS) desacoplada A eNOS é uma proteína homodimérica que necessita de oxigênio, flavina adenina dinucleotídeo (FAD), flavina monucleotídeo (FMN), uma tetraidrobiopterina (BH4) e um Fe (III)-heme para sintetizar NO.. Na carência de L-arginina ou BH4, a eNOS pode produzir superóxido e água, sendo referida nessa situação como eNOS desacoplada. (CAI, 2000) Dessa forma, se o fluxo de elétrons dentro da NOS é perturbado, a redução de oxigênio e geração de NO. são desacoplados e o superóxido é gerado (FÖRSTERMANN, 2008). Portanto, o desacoplamento da eNOS no endotélio leva ao estresse oxidativo e disfunção endotelial pela diminuição da produção enzimática de NO. e aumento do radical O2-. A expressão da NOS é principalmente estimulada por respostas imunológicas, e portanto várias condições inflamatórias estão associadas à presença de NO.. Em condições inflamatórias, o óxido nítrico pode reagir com O2- e ser convertido em espécies reativas como peroxinitrito (ONOO-) e dióxido de nitrogênio (NO.2), que potencializam o dano inflamatório e aumentam o estresse oxidativo. As moléculas de ONOO- causam dano direto ao DNA celular e induzem o desacoplamento da eNOS, fato que determina uma produção adicional de superóxido e perpetuação do dano endotelial (BAHIA et al., 2006). Os mecanismos pelos quais eNOS pode tornar-se desacoplada in vivo ainda não estão claros. Estudos têm sugerido que o peroxinitrito pode oxidar o BH4 e deste modo levar ao desacoplamento da eNOS in vivo (WERNER, 2003). Suplementação de BH4 tem melhorado a vasodilatação dependente do endotélio em fumantes crônicos (HEITZERa, 2000), hipercolesterolêmicos (STROES, 1997), hipertensos (HIGASHI, 2002) e diabéticos (HEITZERb, 2000) 14 sugerindo que a depleção de BH4 possa ter impacto na transformação de eNOS em uma enzima geradora de superóxido em humanos. A diminuição da biodisponibilidade de NO- pode ser causada pela diminuição da expressão de células endoteliais NO sintase (eNOS), pela falta de substrato ou co-fatores para eNOS, alterações na sinalização celular com a inapropriada ativação de eNOS, além da acelerada degradação de eNOS pelas espécies reativas de oxigênio. O termo disfunção endotelial refere-se à alteração do relaxamento vascular devido à diminuição da biodisponibilidade de fatores de relaxamento derivados do endotélio (EDRF - endothelium-derived relaxing factor), principalmente o óxido nítrico (NO). Essas respostas vasomotoras anormais ocorrem na presença de inúmeros fatores de risco para a aterosclerose (BEHRENDT & GANZ, 2002). Os primeiros estudos sobre esse assunto mostraram que o fator de relaxamento derivado do endotélio (EDRF) poderia ser inativado pelo superóxido e estabilizado pela enzima superóxido dismutase (SOD). Como a interação entre NO- e O2- é três vezes mais rápida que a taxa de reação entre O2- e SOD, é provável que exista sempre algum O2 reagindo com NO- nas células e no espaço extracelular. Em condições fisiológicas, antioxidantes endógenos minimizam essa interação e mantém um equilíbrio tênue entre as duas substâncias (CAI, 2002). A ação da SOD, em condições fisiológicas, mostra-se favorecida em baixas concentrações de O2-, podendo talvez explicar os fenômenos pró-oxidantes que ocorrem na hipertensão (GRIENDLING & FITZGERALD, 2003). Na presença de fatores de risco cardíaco ou doença cardiovascular, a função endotelial está comprometida. Evidências indicam que o estresse oxidativo contribui fortemente com a disfunção endotelial (FÖRSTERMANN, 2008). 15 Enzimas da cadeia respiratória mitocondrial Nas mitocôndrias de mamíferos, o metabolismo oxidativo envolve a redução do oxigênio molecular por quatro elétrons. Entretanto, aproximadamente 1% do oxigênio consumido pela mitocôndria é reduzido em apenas um único elétron, formando dessa forma o radical superóxido. Este O2- pode ser produzido em pelo menos dois locais na cadeia respiratória: no complexo I, pelo NADH dehidro oxigenase e no complexo III pela ubiquinona-citocromo b-c1 (NICHOLLS & FERGUSON, 2001). Deve-se levar em consideração que a quantidade real de superóxido liberado pela mitocôndria, depende da atividade da enzima antioxidante superóxido dismutase 2 (SOD2), localizada na matriz mitocondrial, que dismuta o radical superóxido a peróxido de hidrogênio, visto que as mitocôndrias são uma constante fonte de radical superóxido (FÖRSTERMANN, 2008). Através de uma NOS cálcio dependente localizada na membrana interna da mitocôndria, essa organela também é capaz de produzir óxido nítrico, que pode atuar na forma de um mensageiro fisiológico que controla a velocidade do fluxo de elétrons em condições como a hipóxia. Entretando, o óxido nítrico pode também reagir com superóxido e formar o peroxinitrito, reagindo dessa forma, diretamente com hemoproteínas da cadeia respiratória e assim inibindo a capacidade de transporte de elétrons, o que leva ao aumento da produção de superóxido, e consequentemente de peroxinitrito e peróxido de hidrogênio. Como resultado ocorre a oxidação de proteínas e a liberação do citocromo c para o citoplasma, ocasionando o início da apoptose celular (GHAFOURIFAR et al., 1999). 1.2.2. Antioxidantes enzimáticos O sistema de defesa antioxidante enzimático apresenta regulação dependente, principalmente, de seu substrato, da afinidade, seletividade e especificidade por esse substrato (SIES, 1993). Em seres humanos, entre as enzimas que são 16 envolvidas com a proteção antioxidante estão: superóxido dismutase (SOD), glutationa peroxidase (GPx), catalase (CAT), entre outras (Figura 3). Em estágios precoces da obesidade pode haver uma elevação inicial das enzimas antioxidantes para combater o estresse oxidativo (ERDEVE et al., 2004). Com a obesidade crônica essas fontes são depletadas ao longo do tempo (OLUSI, 2002). Figura 3 - Sistemas enzimáticos envolvidos na geração e inativação de ROS. Adaptado de FÖRSTERMANN, 2008. Superóxido dismutase (SOD) A SOD é a mais importante enzima antioxidante. Trata-se de uma metaloenzima abundante em células aeróbias, que dismuta o superóxido a peróxido de hidrogênio, que é menos reativo e pode ser degradado por outras enzimas. 17 SOD 2 O2- + 2 H+ H2O2 + O2 Existem quatro tipos de enzimas superóxido dismutase que estão bioquímica e molecularmente caracterizadas, sendo que em humanos encontram-se três dessas formas: SOD1 ou SODCuZn (homodímero de cobre e zinco localizado quase que exclusivamente no espaço citoplasmático intracelular); SOD2 ou SODMn (tetrâmero que contém manganês em seu sítio ativo, encontrada na mitocôndria) e SOD3 ou ECSOD (tetrâmero que contém cobre e zinco, é a forma extracelular da SOD1). No sistema cardiovascular, a SOD3 reduz as concentrações de superóxido e mantém os níveis de NO. vascular (JUNGO et al., 2007). Glutationa peroxidase (GPx) As principais peroxidases em mamíferos são as glutationa dependentes (GPx). A função bioquímica da enzima glutationa peroxidase (GPx) é reduzir hidroperóxidos lipídicos aos seus álcoois correspondentes, e reduzir o peróxido de hidrogênio livre à água (FÖRSTERMANN, 2008). Há GPx especializadas que agem sobre peróxidos e compartimentos celulares específicos como citosol, mitocôndrias ou associadas a membranas. A GPx1 é a versão mais abundante e encontrada no citoplasma de quase todos os tecidos dos mamíferos. Já na mitocôndria de mamíferos é a principal defesa contra H2O2, visto que essas organelas, de maneira geral, não apresentam catalase (FERNANDEZ-CHECA et al., 1998). A GPx é uma enzima que utiliza selênio como co-fator e tem ação baseada na oxidação da glutationa (GSH) ao dissulfeto correspondente (GSSG). Em células normais, a razão entre a glutationa reduzida e oxidada (GSH/GSSGG) é alta devido a um mecanismo utilizado pela enzima glutationa-redutase (GR) 18 para reduzir GSSG novamente em GSH. Esta reação é catalisada com gasto de NADPH. Desse modo o ciclo redox é formado. Em condições de estresse oxidativo severo, a habilidade da célula de reduzir glutationa oxidada para glutationa pode estar ultrapassada, havendo o acúmulo de glutationa oxidada dentro do citosol. Assim, para que não ocorra uma alteração no equilíbrio redox, a glutationa oxidada pode ser ativamente transportada para fora da célula ou ainda reagir com uma proteína com grupo sulfidril (DICKNSON & FORMAN, 2002). Para a redução da glutationa oxidada é necessária a presença de NADPH, cujos níveis são mantidos pela enzima glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) (FRIDOVICH, 1998). GPx H2O2 + 2 GSH GSSG + 2 H2O GR GSSG + NADPH + H + 2 GSH + NADP+ A atuação de GPx está limitada quando os peróxidos de moléculas de ácidos graxos estiverem esterificados em moléculas de lipídios, em lipoproteínas ou membranas. Para que a ação da enzima ocorra, aquelas devem ser primeiramente liberadas pela ação das lípases (MAXWELL, 1995). Em pacientes com doença arterial coronariana, a atividade da GPx1 eritrocitária é inversamente associada ao risco de eventos cardiovasculares (BLANKENBERG, 2003) Três reservatórios principais de glutationa estão presentes nas células eucarióticas, sendo que a maior parte está no citosol (onde é sintetizada nas células de mamíferos), e menores quantidades são encontradas no retículo endoplasmático e nas mitocôndrias (LU, 1999). 19 Catalase A catalase é uma ferrihemoenzima que promove a decomposição do peróxido de hidrogênio em água e oxigênio molecular, na presença de NADPH para que ocorra ativação dos tetrâmeros da enzima. Cat 2 H2O2 2 H2O + O2 Retículo endoplasmático e mitocôndrias contêm pouca ou nenhuma catalase. A atividade dessa enzima em animais está presente nos peroxissomos, podendo agir como enzima antioxidante anteriormente à difusão H2O2 para outras células (NETO & DE PAULA, 2011). Em animais, a catalase está presente em todos os órgãos principais do corpo, principalmente no fígado. Aqueles órgãos que não possuem peroxissomos (coração, pulmões e cérebro) estão mais expostos aos danos provocados pelas ROS. Dessa forma, nesses órgãos pode acontecer a difusão do H 2O2 para o sangue, onde reage com a catalase eritrocitária, que é altamente específica e possui atividade apenas para peróxido de hidrogênio e hidroperóxido de metila e etila (SALVADOR, 2004). Em estudo realizado com 30 voluntários em Campinas/SP por Neto & De Paula (2011) observou-se que indivíduos sedentários e com IMC elevado apresentaram valores de catalase estatisticamente mais baixos (p < 0,05) em relação a indivíduos eutróficos e sedentários, sugerindo que a atividade da catalase pode estar diminuída ou prejudicada na obesidade. Outros estudos revelam que em obesos a atividade da catalase pode estar aumentada devido a um ajuste regulador transitório, em que a enzima sofre modulação para reestabelecer o status oxidativo desses indivíduos (BAUSENWEIN et al., 2010). 20 1.2.3. Medidas de avaliação do estresse oxidativo Radicais livres e ROS estão associados a condições relacionadas com a obesidade, tais como aterosclerose (SCHULZE, 2005) e diabetes tipo 2 (CERIELLO, 2004). Estabelecer seu papel exato requer a capacidade de sua quantificação e dos danos oxidativos que causam. A análise em fluidos e tecidos biológicos de biomarcadores de estresse oxidativo permite a localização e identificação de seus efeitos. Técnicas que mensuram biomarcadores e produtos finais do processo oxidativo mediado por radicais livres são usados frequentemente para estimar o estresse oxidativo, visto que medidas diretas de radicais livres e ROS são tecnicamente muito difíceis e caras (HALLIWEL & WHITEMAN, 2004). As espécies reativas de oxigênio são geralmente muito instáveis e/ou tem uma meia-vida muito curta para que possam ser medidas e avaliadas diretamente in vivo. Já os produtos formados da reação de ROS com biomoléculas são, em geral, mais estáveis e os produtos finais de reações redox podem ser usados na medição indireta de EO (DALLE-DONNE, et al, 2005; HIMMELFARB, 2009). Biomarcadores podem ser definidos como características que podem ser objetivamente medidas e avaliadas como indicadores de processos biológicos normais e patogênicos ou respostas farmacológicas a uma intervenção terapêutica. Vários marcadores de estresse oxidativo in vitro estão disponíveis, mas a maioria apresenta valor limitado in vivo devido à falta de sensibilidade e/ou especificidade (TARPEY, 2004; GIUSTARINIa, 2004). Para que biomarcadores identifiquem de forma adequada as modificações oxidativas, possam ser usados como ferramenta de diagnóstico e para entendimento de processos fisiopatológicos é de suma importância que os produtos da oxidação se acumulem em concentrações detectáveis, se correlacionem com a gravidade da doença e reflitam as vias de oxidação específicas (DALLE-DONNE, et al, 2006). Medidas de oxidação de proteínas e peroxidação lipídica são largamente utilizadas como indicadores de estresse oxidativo. Lipídios e proteínas 21 oxidados têm propriedades citotóxicas e mutagênicas e podem causar disfunção enzimática, rompimento de cascatas de sinalização, ativar processos de doença como a inflamação, danos à membrana celular, aos receptores de membrana, ao DNA e ácidos nucléicos e causar a morte celular. (CAI, 2000; MARITIM et al., 2003, HEALTLHER, 2007). A peroxidação lipídica gera uma variedade de produtos finais relativamente estáveis, principalmente aldeídos reativos α,β-insaturados, tais como malondialdeído (MDA), 4-hidroxi-2-nonenal (HNE), e 2-propenal (acroleína) e isoprostanos (MONTUSCHI, 2004). A Figura 4 demonstra alguns critérios utilizados para avaliar o status oxidativo, considerando-se espécies pró e antioxidantes. Figura 4 - Critérios utilizados para avaliar o status oxidativo. Adaptado de DOTAN et al., 2004. 22 Isoprostanos A caracterização de marcadores de peroxidação lipídica derivados do ácido aracdônico apresentou importante progresso nos últimos anos. Essa classe de componentes, conhecida como isoprostanos, foi estabelecida como marcador de estresse oxidativo em vários estudos. Alguns estudos correlacionaram o índice de massa corporal (IMC) com isoprostanos plasmáticos e outros marcadores de estresse oxidativo como a glutationa redutase dos eritrócitos e a glutationa peroxidase (KEANEY, 2003). Entre todos os biomarcadores para a peroxidação lipídica, a família dos isoprostanos é considerada a melhor e mais válida disponível (HALLIWEL, 2004). A classe mais estudada dos isoprostanos é a F2-IsoPs devido a sua estabilidade e capacidade de proporcionar mensuração mais precisa do estresse oxidativo. (DALLE- DONNE et al., 2006) Malondialdeído (MDA) Malondialdeído (MDA) é um aldeído produto final formado em quantidade significativa pela via de peroxidação lipídica tecidual e de biomembranas, principalmente de ácido araquidônico, eicosapentaenóico e docosahexaenóico (DOTAN et al., 2004; VINCENT & TAYLOR et al., 2006). A quantificação de MDA em sistemas biológicos é um parâmetro extensamente utilizado na avaliação de EO (SIM et al., 2003). O método mais antigo e utilizado para medir a peroxidação de membranas, ácidos graxos e alimentos é o teste do ácido tiobarbitúrico (TBARS - thiobarbituric acid-reactive substances) que foi introduzido por Yagi em 1976. Nele o MDA, que se forma durante a peroxidação lipídica, reage com o ácido tiobarbitúrico para gerar um composto colorido (SALVADOR, 2004). 23 Embora a decomposição de lipídios peroxidados seja a principal fonte de malondialdeído, esses podem se originar de outras fontes e, portanto, a crítica ao teste de TBARS está relacionada ao número de substâncias que podem formar um complexo com essa substância e interferir na reação e posterior análise (STEGHENS et al., 2001). Concentrações de MDA e F2-isoprostano estão diretamente relacionadas com IMC, área de gordura visceral e área de gordura total (FURUKAWA et al., 2004). Olusi (2002) avaliou os níveis plasmáticos de MDA em indivíduos obesos e eutróficos e seus achados sugerem que a obesidade por si só é um fator de risco independente para a peroxidação lipídica. FRAP (Ferric Reducing Antioxidant Power) Trata-se do potencial antioxidante redutor do ferro em que se usa ferro férrico na redução em íon ferroso para detectar a capacidade antioxidante in vitro de agentes antioxidantes que contenham a ligação S-H. Dessa forma, o FRAP fornece uma estimativa global de moléculas antioxidantes, ou seja, estima a capacidade antioxidante total (VINCENT, 2007). O método FRAP analisa a redução do ferro através de método colorimétrico, em que um oxidante reduzido é aplicado para avaliar o poder antioxidante (BENZIE & STRAIN, 1996). Em estudo realizado com homens do oriente médio, os valores de FRAP foram inversamente associados ao IMC (SHARIFIAN, 2004), sugerindo que o aumento do tecido adiposo possa estar relacioando com a redução de agentes antioxidantes e consequente indução do estresse oxidativo. Glutationa Na mensuração do marcador bioquímico glutationa faz-se necessária a medição sanguínea da glutationa reduzida (GSH) e seu dissulfeto 24 correspondente (GSSG) para que as concentrações de glutationa no sangue possam refletir seu status em outros tecidos que estão menos acessíveis. Dessa forma, esse marcador bioquímico tem sido considerado um indicador útil do estado de estresse oxidativo em humanos e a queda de sua concentração pode ser indício de níveis elevados de estresse oxidativo (DALLE-DONNE, 2006). A glutationa é um poderoso antioxidante não enzimático que recicla a vitamina E e reduz moléculas oxidadas, como hidroperóxidos lipídicos (YU, 1994). Diminuições nas concentraçãos de GSH podem ser associadas ao envelhecimento, artrite reumatóide, AIDS, doença hepática alcoólica e doença cardiovascular (DCV) (PASTORE et al., 2003). Entretanto, informações sobre como algumas condições fisiopatológicas podem alterar e/ou serem influenciadas pela homeostase do GSH / GSSG do sangue ainda precisam ser confirmadas. 1.3. Interleucina-6 (IL-6) O aumento de marcadores inflamatórios na obesidade pode ser dar através da secreção de fatores que são estimuladores da produção desses marcadores pelo tecido adiposo e outros órgãos, como fígado e células imunes, e também pela produção imediata de um ou mais marcadores pelos próprios adipócitos (TRAYHURN & WOOD, 2004). Evidências recentes indicam que a obesidade está associada a um processo inflamatório subclínico, ou seja, é caracterizada por um baixo grau de inflamação crônica no tecido adiposo (TRAYHURN & WOOD, 2004). O tecido adiposo é mais do que um isolante térmico e reservatório de energia. Trata-se de um órgão endócrino metabolicamente ativo que expressa proteínas de fase aguda e citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral - afa (TNF-α) e proteína C reativa (PCR) (ECKEL et al., 2002; BULLO et al., 2003). 25 A importância de se reconhecer a obesidade como um estado inflamatório deve-se à possibilidade da inflamação ser uma das ligações entre a resistência à insulina e a obesidade, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e a doença cardiovascular (CARVALHO, 2006; BORGES et al., 2007). O aumento das citocinas e células inflamatórias associadas à obesidade provoca uma superprodução de ROS que podem alterar proteínas reparadoras do DNA e induzir mutações. A IL-6 é secretada por adipócitos, preferencialmente pelo tecido adiposo visceral, quando em estados não inflamatórios, mas também pode ser produzida e secretada por monócitos, macrófagos, células musculares lisas e células endoteliais, podendo assim contribuir para o desenvolvimento da lesão aterosclerótica pelo seu efeito endócrino, autócrino e parácrino (FANTUZZI , 2005; FRANCISCO et al., 2006). Essa citocina está envolvida no desenvolvimento da hiperinsulinemia, suprimindo a expressão de adiponectina e de receptores e sinalizadores de insulina, além de exercer importante papel no metabolismo de lipídios e carboidratos ao inibir a lipase lipoprotéica (LPL), aumentar a lipólise, aumentar a liberação de glicerol e ácidos graxos livres e dessa forma contribuir para a progressão da placa de ateroma, e também está relacionada à supressão de leptina, reduzindo a expressão do substrato do receptor de insulina-1 (IRS-1) e o transportador de glicose GLUT-4 nos tecidos hepático e muscular (REXRODE et al., 2003; LYON, 2003). Trata-se de uma citocina com papel em um conjunto de funções nos processos imunes humorais e celulares relacionados à inflamação, ao dano tecidual e à defesa do hospedeiro (FRANCISCO et al., 2006). Entretanto, apesar da IL-6 ser uma citocina altamente pleiotrópica, com efeitos hormonais em muitos tecidos, os efeitos sobre o endotélio, medula óssea e fígado são os mais significativos na contribuição para os efeitos metabólicos da obesidade (WISE, 2004). A IL-6 é mediadora central da resposta de fase aguda, além de ser a principal citocina pró-coagulante devido à produção e à elevação das concentrações 26 plasmáticas de fibrinogênio estimuladas pelo fígado, proteína amilóide A e em especial, de PCR. (WILLERSON & RIDKER, 2004). Em estudos realizados por FONTANA et al. (2007), as concentrações plasmáticas de IL-6 encontradas na veia porta de pacientes obesos submetidos à cirurgia de obesidade, foram diretamente correlacionadas com concentrações sistêmicas de PCR, sugerindo que a IL-6 que chega ao fígado contribui para a regulação da produção de PCR. Tal observação sustenta a possibilidade de que a gordura visceral esteja envolvida na regulação da produção hepática de reagentes de fase aguda que ativam as vias inflamatórias. Elevações modestas dos níveis de PCR também estão presentes em situações inflamatórias crônicas, como a aterosclerose (FRANCISCO et al., 2006) e elevadas concentrações séricas dessa proteína estão consistentemente associadas ao aumento da incidência de doenças cardiovasculares, sugerindo um importante papel da inflamação na patologia cardiovascular (DE FERRANTI & RIFAI, 2002; ABDELLAOUI & AL-KHAFFAF, 2007). Embora o aumento de PCR seja o mais reconhecido marcador de ação da IL-6, vários outros fatores dependentes dessa citocina podem contribuir para o risco cardiovascular, tais como o fibrinogênio, além das células endoteliais e células musculares lisas que são alvos de ação da IL-6 (WISE, 2004). Em estudo realizado por Rauchhaus e colaboradores (2000), pacientes portadores de falência cardíaca crônica, com níveis séricos de IL-6 superiores a 29,71 pg/mL apresentaram risco relativo de 2,11 para óbito dentro de um período de 24 meses. Portanto, níveis desta citocina podem predizer morbidade em pessoas saudáveis e mortalidade naquelas que já apresentaram algum evento cardiovascular (FRANCISCO et al., 2006). O tecido adiposo ativamente secreta diversas citocinas pró-inflamatórias e dessa forma, a associação entre a inflamação e o grau da obesidade é esperada. Wood et al. (2009) sugerem que a hipertrofia e hiperplasia do tecido adiposo provoquem um compressão dos vasos sanguíneos que irrigam esse 27 tecido e dessa forma se instale um processo de hipóxia local, desencadeando o início da angiogênese e da cascata de resposta inflamatória. 28 2. OBJETIVOS 29 2.1. Objetivo geral Avaliar biomarcadores de status oxidativo e do processo inflamatório em mulheres obesas atendidas no Ambulatório de Endocrinologia da Santa Casa de Belo Horizonte e correlacioná-los com variáveis antropométricas, lipídicas e clínicas. 2.2. Objetivos específicos • Avaliar os níveis plasmáticos de Malondialdeído (MDA) através da detecção de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) entre mulheres eutróficas sadias, obesas sem comorbidades e obesas hipertensas; • Avaliar os níveis do poder antioxidante do plasma pelo método Ferric Reducing Antioxidant Power (FRAP) entre mulheres eutróficas sadias, obesas sem comorbidades e obesas hipertensas; • Avaliar os níveis plasmáticos de Glutationa reduzida (GSH) entre mulheres eutróficas sadias, obesas sem comorbidades e obesas hipertensas; • Avaliar os níveis plasmáticos de Vitamina E entre mulheres eutróficas sadias, obesas sem comorbidades e obesas hipertensas; • Avaliar os níveis plasmáticos de Interleucina-6 (IL-6) entre mulheres eutróficas sadias, obesas sem comorbidades e obesas hipertensas; • Quantificar os índices antropométricos IMC, CA e RCQ e correlacioná-los com os biomarcadores de status oxidativo TBARS-MDA, FRAP, GSH e vitamina E e de inflamação IL-6; 30 • Quantificar os níveis lipídicos HDL, LDL, triglicérides e colesterol total e correlacioná-los aos biomarcadores de status oxidativo TBARS-MDA, FRAP, GSH e vitamina E e de inflamação IL-6; • Avaliar os parâmetros clínicos idade e pressão arterial e correlacioná-los a os biomarcadores de status oxidativo TBARS-MDA, FRAP, GSH e vitamina E e de inflamação IL-6; • Avaliar os níveis de Interleucina-6 em relação aos biomarcadores de status oxidativo MDA, FRAP, GSH e Vitamina E. 31 3. MATERIAL E MÉTODOS 32 3.1. Casuística O presente estudo é parte integrante de um projeto maior sobre o tema obesidade: Comparação do status inflamatório entre os pacientes obesos grau lII portadores de alteração metabólica e os "metabolicamente saudáveis" e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte (Anexo 1). Esclarecimentos sobre os objetivos da pesquisa foram feitos aos indivíduos selecionados e aqueles que se mostraram de acordo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo 2). Os participantes obesos do estudo foram selecionados no serviço público do Ambulatório de Obesidade do Centro de Especialidade Médica (CEM) de Belo Horizonte, Minas Gerais, após a realização de consulta com endocrinologista. Uma ficha clínica contendo informações do participante foi preenchida de forma cuidadosa durante a abordagem do paciente que em seguida era encaminhado a um local adequado, para realização de coleta de sangue por um profissional capacitado. Os participantes do grupo controle foram selecionados a partir da comunidade em geral e em locais de fácil acesso ao pesquisador, de maneira que atendessem aos critérios de inclusão do estudo. O grupo foi selecionado com o objetivo de homogeneidade em relação às variáveis idade, sexo e índice de massa corporal (IMC). 3.1.1. Seleção das participantes do estudo O perfil de pacientes que frequentam o Ambulatório de Obesidade do CEM é predominantemente feminino. Devido a essa particularidade, o presente estudo se propôs a pesquisar exclusivamente mulheres. As participantes foram selecionadas no período entre setembro de 2010 e março de 2011. Após validarem sua participação assinando o TCLE, foram 33 incluídas no estudo um total de 91 mulheres, com faixa etária entre 18 e 60 anos de idade, as quais foram distribuídas em 3 grupos: Grupo Ct (n= 21): grupo controle com mulheres sadias não obesas; Grupo Ob (n= 33): grupo de mulheres obesas sem comorbidades; Grupo Ob-Ht (n =37): grupo de mulheres obesas hipertensas sem tratamento anti hipertensivo. 3.2. Critérios de inclusão Sexo feminino Obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2) para o grupo caso Eutrofia (IMC ≥ 18,5 kg/m2 e < 25 kg/m2) para o grupo controle Faixa etária entre 18 e 60 anos Concordância em participar do estudo e assinatura do TCLE 3.3. Critérios de exclusão Sexo masculino Idade inferior a 18 anos e superior a 60 Existência de gravidez Mulheres com IMC < 30 kg/m2 para o grupo caso Mulheres abaixo do peso (IMC < 18,5 Kg/m 2) ou em sobrepeso (IMC ≥ 25 kg/m2 e < 30 kg/m2) para o grupo controle 34 Terapia de reposição hormonal para ambos os grupos Portadoras de neoplasias, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM), insuficiência renal crônica (IRC) ou insuficiência hepática para o grupo controle. Portadoras de neoplasias, Diabetes Mellitus, doença auto-imune, insuficiência renal crônica ou insuficiência hepática para os grupos das obesas. Observação: a exclusão de participantes portadoras de DM fez-se através da identificação da resistência à insulina utilizando-se valores de glicemia de jejum e teste de tolerância à glicose. 3.4. Amostras biológicas As amostras de sangue foram coletadas em 4,5 mL de anticoagulante ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) para obtenção do plasma. A coleta dessas amostras foi efetuada com o auxílio de tubos do sistema Vacuette®, sendo rapidamente centrifugadas a 3.000 g por 10 minutos para separação das amostras de plasma. Em seguida, foram distribuídas em várias alíquotas, armazenadas em tubos eppendorfs e imediatamente estocadas à - 80º C até o momento da realização dos testes. 3.5. Delineamento experimental Os parâmetros avaliados neste estudo foram: 3.5.1. Parâmetros Bioquímicos Malondialdeído (MDA-TBARS) Ferric Reducing Antioxidant Power (FRAP) 35 Glutationa reduzida (GSH) Vitamina E Interleucina-6 (IL-6) 3.5.2. Parâmetros Antropométricos Índice de massa corporal (IMC) Circunferência abdominal (CA) Relação circunferência quadril (RCQ) 3.5.3. Parâmetros Lipídicos Lipoproteína de alta densidade (HDL) Lipoproteína de baixa densidade (LDL) Colesterol total Triglicérides 3.5.4. Parâmetros Clínicos Idade Pressão arterial sistólica (PAS) Pressão arterial diastólica (PAD) 36 3.6. Métodos 3.6.1. Fatores de risco Os participantes foram entrevistados em uma sala de espera do ambulatório de obesidade, onde foi aplicado um questionário para preenchimento de informações relacionadas ao estudo: idade, peso, altura. A avaliação dos fatores de risco foi baseada nas recomendações das III Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias e Prevenção de Aterosclerose (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2007). Os critérios seguem abaixo: Hipertensão: pressão arterial sistólica ≥ 140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica ≥ 90 mmHg, ou indivíduos com diagnóstico prévio de hipertensão arterial em uso regular de medicamentos anti-hipertensivos; Obesidade: índice de massa corporal (IMC) ≥ 30 kg/m2. Indivíduos com IMC < 18,5 kg/m2 foram considerados abaixo do peso e IMC entre 2529,9 kg/m2 foram considerados acima do peso ou sobrepeso (REZENDE et al., 2006). 3.6.2. Parâmetros bioquímicos 3.6.2.1. Malondialdeído (MDA) O teste de determinação de MDA no plasma baseia-se na detecção de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico – teste TBARS-MDA (COSTA et al., 2006). Esse método consiste na medida de um cromógeno róseo formado através da reação do MDA com duas moléculas de ácido tiobarbitúrico, em meio ácido e em alta temperatura, sendo essa reação chamada de “teste de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico” (TBARS – thio barbituric acid-reactive substances). 37 Em tubos de ensaio marcados, foram pipetados 100 µL de plasma homogeneizado em vórtex, branco e padrão. Em cada tubo, foi adicionado 1mL de reagente de cor TBA-TCA-HCl (TBA: 0,375%,TCA:15%, HCL: 0,25N). As amostras foram aquecidas a 100º C em banho-maria durante 30 minutos, em seguida, submetidas a resfriamento através de banho de gelo por 5 minutos e centrifugadas a 3000 g durante 10minutos. Para a curva de calibração, foram pipetados em duplicata 200 µL dos padrões de solução TMP (tetrametoxipropano), de acordo com a Tabela 3 e o branco. Tabela 3 - Concentrações usadas para a curva de calibração, teste TBARSMDA Ponto da curva Concentração (µM) P1 250,00 P2 125,00 P3 62,50 P4 31,25 P5 15,62 P6 7,82 Para as amostras, foram pipetados 200 µL do sobrenadante em placa de 96 poços. A análise foi feita através de leitura em espectrofotômetro a 535 nm. Os resultados foram plotados em planilha Excel com os valores de TMP (µM) no eixo X e as respectivas medidas de absorbância no eixo Y. Foi calculada a equação da reta da curva padrão e a partir dela, foram calculados os valores de MDA de cada amostra, expressos em µM (ou µmol/L). 38 3.6.2.2. Ferric Reducing Antioxidant Power (FRAP) O teste de determinação da atividade antioxidante total do plasma baseia-se no método de detecção do poder antioxidante de redução do ferro – teste FRAP (BENZIE et al., 1996) O ensaio FRAP identifica a capacidade dos antioxidantes da amostra em reduzir, em meio ácido, o complexo 2,4,6-tripyridyl-s-triazine férrico ([Fe(III)(TPTZ)2]3+ no complexo ferroso de cor azul intensa [Fe(II)-(TPTZ)2]2+. Previamente, foram preparadas as seguintes soluções: A - Tampão Acetato 0,3 M, pH 3,6; B - Solução de TPTZ (2,4,6-tripyridyl-s-triazine, Sigma, nº cat T1253-5G, PM= 312,34 g/mol) a 10 mM; C - Solução de cloreto férrico 20 mM (0,02 M); D - Solução de reagente FRAP, que consiste na mistura das soluções A, B, C na razão 10:1:1, preparada, exatamente no dia da análise. Para a curva padrão foi preparada, no dia da análise, uma solução padrão 0,05M de sulfato ferroso em tampão acetato [0,0695 g sulfato ferroso (FeSO4.7H2O) em 5 mL de tampão acetato 0,3M]. Os pontos da curva padrão seguiram as diluições demonstradas na Tabela 4. Tabela 4 - Escala de diluições usadas para definir a curva padrão, teste FRAP Ponto da curva Concentração final (µM) P1 1000,0 P2 500,0 P3 250,0 P4 125,0 P5 62,5 39 Na placa de 96 poços foram pipetados 10 µL de água miliQ e 300 µL de solução FRAP para o preparado branco; 10 µL em duplicata de cada ponto da curva padrão adicionados de 300 uL de solução FRAP e 10 µL de plasma adicionados de 300 uL de solução FRAP. A placa foi incubada em espectrofotômetro a 37º C por 4 minutos e a leitura realizada a 593 nm. Para o cálculo dos resultados foram plotadas em planilha Excel, no eixo X do gráfico, as concentrações da curva padrão realizada com sulfato ferroso (µM) e no eixo Y foram dispostas as respectivas médias da duplicata das absorbâncias. Dessa forma, a equação da reta da curva padrão foi calculada e partir dela foram extraídos os valores de FRAP da amostra expressos em µM. 3.6.2.3. Glutationa Reduzida (GSH) O ensaio de determinação da GSH é baseado na reação da glutationa com o DTNB [5, 5`- dithiobis-(2-nitrobenzoic acid)] produzindo TNB (glutathioneadductof GSH), um reagente de cor amarela. A taxa de formação do reagente TNB é proporcional à quantidade de glutationa da amostra (COSTA, 2006). Previamente, foram preparadas as seguintes soluções: A - Tampão Tris 0,25 mM – EDTA 20 mM, pH 8,2 B - Solução de DTNB 10 nM (0,01M) Para a curva padrão foi preparada uma solução glutationa (forma reduzida) a 2M. Os pontos da curva padrão seguiram as diluições demonstradas na Tabela 5. 40 Tabela 5 - Escala de diluições usadas para definir a curva padrão, teste GSH Ponto da curva Concentração final (µM) P1 2000 P2 1000 P3 500 P4 250 P5 125 P6 62,5 Foram pipetados no tubo de ensaio 25 µL de água miliq e 1000 µL de tampão Tris-EDTA para fazer o branco; 25 µL em duplicata no tubo de ensaio de cada ponto da curva padrão adicionado de 1000 µL de tampão Tris-EDTA e pipetados na placa 200 µL da solução existente no tubo de ensaio. A placa teve a leitura realizada a 412 nm e posteriormente em cada tubo de ensaio, inclusive o branco, foi adicionado 25 µL da solução DTNB. Os tubos de ensaio foram incubados em temperatura ambiente por 30 minutos e em seguida foi realizada a leitura a 412 nm. Para o cálculo dos resultados foram plotadas em planilha Excel, no eixo X do gráfico, as concentrações da curva padrão realizada com GSH (forma reduzida) e no eixo Y foram dispostas as respectivas médias da duplicata das absorbâncias. Dessa forma, a equação da reta da curva padrão foi calculada e partir dela foram extraídos valores expressos em mM. 3.6.2.4. Vitamina E Para a determinação da vitamina E (alfa-tocoferol) plasmática (ARNAUD et al, 1991) foram pipetados 0,5 mL de plasma em 1 mL de etanol absoluto. Após 41 agitação em vórtex, foram pipetados 1 mL de n-hexano e novamente agitados por 2 minutos. A seguir o conteúdo é centrifugado por 10 minutos a 3000 g e 0,5 mL do sobrenadante (n-hexano) é retirado e seco cuidadosamente sob nitrogênio. A amostra foi resuspensa em 0,5 mL de fase móvel, agitada e injetada no HPLC. Dados em µM. 3.6.2.5. Interleucina-6 (IL-6) Para a medição quantitativa de IL-6 plasmática foi realizado um ensaio imunoenzimático (ELISA) usando o kit IL-6 EASIA (Biosource Technologies, Inc.). Previamente, foram preparadas as soluções: Padrão (plasma humano), controle (plasma humano com conservantes), solução B (tampão com conservantes), solução de lavagem, cromógeno (TMB) e solução de parada. Foram pipetados 50 μL da solução B nos poços da placa referentes às amostras padrão e controle. Em seguida foram pipetados 100 μL de cada controle, padrão e amostra com posterior incubação em temperatura ambiente durante um hora em agitador horizontal a 700 rpm. Após esse período, o conteúdo de cada poço foi aspirado e a placa lavada por três vezes com a solução de lavagem. Foram pipetados 200 μL de cromógeno em cada poço e a placa foi incubada por 15 minutos em temperatura ambiente em agitador horizontal a 700 rpm. Posteriormente foram pipetados 100 μL de solução de parada em cada poço e realizada a leitura de absorbância em 450 nm. Os pontos da curva padrão seguiram as diluições demonstradas na Tabela 6. 42 Tabela 6 - Escala de diluições usadas para definir a curva padrão, kit IL-6 EASIA Padrão (pg/mL) Densidade Óptica 0 0,036 16 0,102 45 0,241 147 0,744 462 2,237 1690 3,878 Para o cálculo dos resultados foram plotadas em planilha Excel, no eixo X do gráfico, as concentrações da curva padrão e no eixo Y foram dispostos os valores das absorbâncias. Dessa forma, a equação da reta da curva padrão foi calculada e partir dela foram extraídos os valores de IL-6 expressos em pg/mL. 3.6.3. Parâmetros Antropométricos 3.6.3.1. Índice de Massa Corporal (IMC) Peso e altura dos participantes foram aferidos para a determinação dos respectivos IMCs. A aferição do peso foi feita através de balança portátil com precisão de 0,1 kg e a altura através de um estadiômetro graduado em centímetros. Todas as medidas antropométricas foram realizadas com os participantes trajando roupas leves e sem calçados, na posição ortostática e com os pés juntos. O IMC foi calculado aplicando-se a seguinte fórmula: IMC =.. peso (kg)___ (altura)2 (m2) 43 A partir dos valores de IMC encontrados, os participantes foram separados em grupos de acordo com a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS) (2000) (Tabela 7): Tabela 7 - Classificação do estado nutricional de acordo com IMC (OMS/WHO2000) Classificação Baixo peso IMC (kg/m2) < 18,5 Peso normal 18,5 a 24,9 Sobrepeso 25,0 a 29,9 Obeso I 30,0 a 34,9 Obeso II 35,0 a 39,9 Obeso III ≥ 40 3.6.3.2. Circunferência Abdominal (CA) Para a aferição da circunferência abdominal foi utilizada uma fita métrica de material inextensível graduada em centímetros, tendo como localização padrão para a mensuração o ponto entre a última costela e a crista ilíaca, segundo recomendações da OMS. No momento da aferição os participantes foram colocados em posição ortostática, com abdômen relaxado, pés unidos e braços levemente afastados do corpo. Os valores de circunferência abdominal estabelecidos pela OMS como ponto de corte para o aumento do risco cardiovascular e complicações metabólicas são de 80 cm ou mais para mulheres e 94 cm ou mais para homens. 44 3.6.3.3. Relação Cintura Quadril (RCQ) RCQ é a razão entre a circunferência abdominal e a circunferência do quadril: RCQ = _circunferência abdominal_ circunferência do quadril De acordo com o pontos de corte estabelecidos pela OMS, considera-se como risco para doenças cardiovasculares valores de RCQ ≥ 1 para homens e ≥ 0,85 para mulheres. 3.6.4. Parâmetros lipídicos Os resultados dos parâmetros lipídicos triglicérides, colesterol total e suas frações lipoproteína de alta densidade (HDL) e lipoproteína de baixa densidade (LDL) foram obtidos através de busca aos prontuários e suas dosagens foram realizadas pelo Serviço de Patologia Clínica que atende o Hospital Santa Casa de Belo Horizonte. 3.6.5. Parâmetros clínicos A idade das participantes foi obtida através de um questionário realizado para o levantamento de informações pertinentes ao estudo. Os valores de PAS e PAD foram obtidos através de consulta ao prontuário. 3.7. Análise estatística A análise estatística dos dados e confecções de gráficos foram realizadas através do programa estatístico PRISM GraphPad Versão 3.0. Os parâmetros bioquímicos, clínicos, antropométricos e lipídicos foram primeiramente submetidos ao teste de normalidade. Quando a distribuição se apresentou normal, foi aplicada estatística paramétrica com realização do teste 45 t de Student; quando os dados não apresentaram distribuição normal foram utilizados testes estatísticos não paramétricos de Mann- Whitney. Para realizar a comparação entre três ou mais grupos estudados, em que os parâmetros apresentaram distribuição normal, foi aplicado o teste de análise de variância (ANOVA) seguido do teste de Bonferroni. O teste de Kruskal-Wallis foi empregado em parâmetros que não apresentaram distribuição normal. A avaliação das correlações entre os diversos parâmetros foi realizada utilizando Pearson ou Spearman se o teste apresentasse distribuição normal ou não paramétrica, respectivamente. Foram consideradas como diferenças significativas valores de p < 0,05. 46 4. RESULTADOS 47 Foram selecionadas, no período entre setembro de 2010 e março de 2011, um total de 91 mulheres que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão para este estudo e concordaram em participar assinando o TCLE para validar sua aceitação. 4.1. Caracterização das participantes do estudo As participantes do estudo foram reunidas em 3 grupos: a) mulhere eutróficas e sem comorbidades, correspondendo ao grupo controle (Ct) (n= 21), b) mulheres obesas sem co-morbidades (Ob) (n=33) e c) mulheres obesas hipertensas (Ob-Ht) (n= 37). Na Tabela 8 estão apresentadas as informações sobre o perfil clínico das participantes dos grupos estudados. Não foi observada diferença estatística entre a idade dos grupos estudados (p > 0,05). Em relação aos parâmetros antropométricos, a média dos valores de IMC dos grupos Ob e Ob-Ht apresentou diferença significativa em relação ao grupo Ct (p < 0,001) e os valores aferidos da circunferência abdominal (CA) e da relação cintura-quadril (RCQ) dos grupos Ob e Ob-Ht foram significativamente mais altos que aqueles do grupo Ct (p < 0,001). Como era de se esperar, os valores de pressão arterial sistólica (PAS) mostraram-se significativamente diferentes em Ob-Ht (p < 0,001) em relação ao grupo Ct, além, de apresentar diferença quando comparado ao grupo Ob (p < 0,01), não sendo observada diferença estatística entre os grupos Ct e Ob. Os valores de pressão arterial diastólica (PAD) apresentaram diferença em relação aos grupos Ct e Ob-Ht (p < 0,05 e p < 0,01 respectivamente). Não foram encontradas diferenças estatísticas de PAS e PAD entre os grupos Ct e Ob. Em relação aos parâmetros lipídicos, houve diferença significativa entre os níveis de colesterol dos grupos Ob e Ob-Ht em relação ao grupo Ct (p < 0,001). Observam-se valores significativamente diferentes (p < 0,001) de níveis de HDL nos grupos Ob e Ob-Ht em relação ao grupo Ct, além de diferença (p < 0,01) entre os níveis de LDL dos grupos Ob e Ob-Ht quando comparado ao grupo Ct. Quanto aos níveis de glicemia, 48 observa-se que apenas o grupo Ob-Ht apresentou valores significativamente mais altos que o grupo Ct (p < 0,05). 49 Tabela 8 - Perfil dos grupos estudados Parâmetros Ct (n=21) Ob (n=33) Ob-Ht (n=37) Idade (anos) 35,38 ± 9,73 40,06 ± 10,40 42,25 ± 10,28 IMC (kg/m2) 21,11 ± 2,11 42,26 ± 6,71* 46,29 ± 9,43* Circunferência Abdominal (cm) 67,24 ± 3,78 120,90 ± 15,50* 122,30 ± 12,87* RCQ (cm) 0,74 ± 0,03 0,93 ± 0,10* 0,93 ± 0,08* PAS (mmHg) 113,57 ± 8,52 123,8 ± 13,07 138,9 ± 24,19*# PAD (mmHg) 77,14 ± 9,51 77,45 ± 8,55 87,45 ± 13,91*# Colesterol Total (mg/dL) 122,47 ± 17,29 179,70 ± 40,21* 179,6 ± 39,90* HDL (mg/dL) 61,60 ± 10,42 46,87 ± 7,65* 48,06 ± 11,78* LDL (mg/dL) 75,33 ± 9,49 113,10 ± 31,89* 109,70 ± 36,47* Triglicérides (mg/dL) 92,37 ± 14,14 111,80 ± 63,78 114,10 ± 55,56 Glicemia (mg/dL) 73,26 ± 19,12 85,85 ± 9,28 96,29 ± 21,41* IMC (índice de massa corporal); RCQ (relação cintura-quadril); PAS (pressão arterial sistólica); PAD (pressão arterial diastólica); HDL (lipoproteína de alta densidade); LDL (lipoproteína de baixa densidade). Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: ANOVA seguida do teste de Bonferroni. * p < 0,05 quando comparados ao grupo controle. # p < 0,05 quando comparado ao grupo Ob. 50 4.2. Avaliação de marcadores plasmáticos de status oxidativo Na avaliação dos marcadores plasmáticos de status oxidativo foram realizadas as quantificações plasmáticas de Malondialdeído (TBARS-MDA), Ferric Reducing Antioxidant Power (FRAP), Glutationa reduzida (GSH) e Vitamina E. 4.2.1. Malondialdeído (MDA-TBARS) Diferenças significativas foram observadas nos níveis de TBARS-MDA entre os grupos das participantes obesas em relação ao grupo controle. Os resultados demonstraram aumento significativo (p < 0,001) dos níveis de TBARS-MDA nos grupos Ob (15,33 ± 3,30 μM) e Ob-Ht (14,63 ± 2,86 μM) quando comparados ao grupo Ct (10,63 ± 2,56 μM). Não houve diferença estatística entre os grupos Ob e Ob-Ht (p > 0,05) (Figura 5). T B A R S -M D A (uM ) 20 * * 10 0 Ct Ob Ob-Ht Figura 5 - Níveis plasmáticos de TBARS-MDA (µM) do grupo controle e dos grupos Ob e Ob-Ht. * p < 0,001 comparado ao grupo controle. Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: ANOVA seguida de teste de Bonferroni. 51 4.2.2. – Ferric Reducing Antioxidant Power (FRAP) Os níveis de FRAP não apresentaram diferença estatística (p > 0,05) entre os três grupos estudados (Figura 6). F R A P (u M ) 750 500 250 0 Ct Ob Ob-Ht Figura 6 - Níveis plasmáticos de FRAP (μM) dos grupos controle, obesas e obesas hipertensas. Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: ANOVA seguida de teste de Bonferroni. p > 0,05 4.2.3. - Glutationa reduzida (GSH) Os níveis de GSH apresentaram diferença significativa entre os grupos das participantes obesas e o grupo controle (p < 0,001). Observa-se que ocorre diminuição significante dos níveis de GSH (mM) nos grupos Ob (0,21 ± 0,07mM) e Ob-Ht (0,23 ± 0,09 mM) em relação ao grupo controle (0,54 ± 0,01 mM) (Figura 7). 52 G S H (m M ) 0 .7 5 0 .5 0 0 .2 5 * * Ob Ob-Ht 0 .0 0 Ct Figura 7 - Níveis plasmáticos de GSH (mM) dos grupos Ct, Ob e Ob-Ht. * p < 0,001 comparado ao grupo controle. Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: ANOVA seguida de teste de Bonferroni. 4.2.4. - Vitamina E Não foi observada diferença estatística entre os níveis de Vitamina E dos três grupos estudados (Figura 8). 53 V itam in a E (u M ) 30 20 10 0 Ct Ob Ob-Ht Figura 8 - Níveis plasmáticos de Vit E (μM) dos grupos controle, obesas e obesas hipertensas. Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: ANOVA seguida de teste de Bonferroni. p > 0,05 4.3. Correlação entre marcadores de status oxidativo Nesse estudo foram avaliadas as possíveis correlações existentes entre os marcadores de status oxidativo analisados. Em relação aos níveis de TBARSMDA, FRAP, GSH e vitamina E, a análise estatística realizada pelo teste de Bonferroni demonstrou que os grupos Ob e Ob-Ht não apresentaram diferença estatística entre si, portanto, foi possível reuní-los em um único grupo de obesos para avaliar as correlações entre os marcadores de status oxidativo. Dessa forma os grupos foram divididos em grupo controle e grupo incluindo todos os obesos. Nos dois grupos não foi observada correlação significante (p > 0,05) entre nenhum dos marcadores avaliados (Tabela 9). Todas as análises apresentaram distribuição normal e foi aplicado o teste de Pearson para as correlações. 54 Tabela 9 - Avaliação da correlação entre TBARS-MDA, FRAP, GSH e Vitamina E nos grupos controle (Ct) e todos os obesos TBARS-MDA FRAP GSH Ct Todos Ob Ct Todos Ob Ct Todos Ob - - - - - - FRAP (µM) NS NS - - - - GSH (mM) NS NS NS NS - - Vit E (µM) NS NS NS NS NS NS TBARS-MDA (μM) NS – não significante (p > 0,05). 4.3.1. Correlação entre marcadores de status oxidativo e parâmetros antropométricos Foram avaliadas as possíveis correlações existentes entre marcadores de status oxidativo e parâmetros antropométricos dos grupos controle e total de obesos. Apenas entre TBARS-MDA e IMC do grupo de obesos foi encontrada correlação positiva significativa (r = 0,43 e p = 0,0004). Todas as análises apresentaram distribuição normal seguidado teste de Pearson (Tabela 10 e Figura 9). 55 Tabela 10 - Avaliação da correlação entre TBARS-MDA, FRAP, GSH, Vitamina E e parâmetros antropométricos IMC, CA e RCQ nos grupos controle (Ct) e total de obesos TBARS-MDA FRAP GSH Vit E (µM) (µM) (mM) (µM) Ct 2 IMC (kg/m ) NS Todos Ob r = 0,43 Ct Todos Ob Ct Todos Ob Ct Todos Ob NS NS NS NS NS NS p= 0,004 CA (cm) NS NS NS NS NS NS NS NS RCQ NS NS NS NS NS NS NS NS NS – não significante (p > 0,05); r= coeficiente de correlação de Pearson p = 0 ,0 0 0 4 * r = 0 ,4 3 2 I M C ( k g /m ) 100 75 50 25 0 0 10 20 30 M D A (uM ) Figura 9 - Correlação entre IMC (kg/m2) e níveis plasmáticos de TBARS-MDA (µM) do grupo total de obesas. * p = 0,004; r = coeficiente de correlação de Pearson. 56 A Figura 10 apresenta os valores de TBARS-MDA estratificados pelos valores de IMC. Houve diferença significativa das médias de IMC dos obesos pertencentes aos grupos IMC 40-49,9 kg/m2 (14,62 ± 2,58 µM) e IMC > 50 kg/m2 (15,19 ± 4,39µM) quando comparados ao grupo controle (10,63 ± 2,56 µM), apresentando (p < 0,001) e (p < 0,01), respectivamente. Não foi encontrada diferença estatística entre as categorias de IMC dos obesos hipertensos e sem hipertensão, quando comparados entre si (p > 0,05). 20 T B A R S -M D A ( u M ) * * 10 0 Ct 30-39,9 40-49,9 > 50 2 IM C ( k g /m ) Figura 10 - Níveis plasmáticos de TBARS-MDA (µM) de acordo com IMC (kg/m2) do grupo controle e total de obesas. * p < 0,05 comparado ao grupo Ct. Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: ANOVA seguida de teste de Bonferroni. 57 4.4. Correlação entre parâmetros lipídicos e de status oxidativo Foram avaliadas as possíveis correlações existentes entre os parâmetros lipídicos e de estresse oxidativo. As seguintes variáveis bioquímicas foram consideradas para o estudo: HDL (lipoproteína de alta densidade), LDL (lipoproteína de baixa densidade), triglicérides e colesterol total. Em todas as análises foram observadas distribuição normal com aplicação do teste de Pearson para as correlações e teste t de Student ou ANOVA para as comparações entres as variáveis. 4.4.1. Correlação entre níveis plasmáticos de Malondialdeído e parâmetros lipídicos Os resultados das análises entre os níveis de TBARS-MDA e parâmetros lipídicos estão apresentados de uma forma geral na Figura 11, de acordo com seus respectivos valores de referência. Foi observada diferença quando os valores de TBARS-MDA foram agrupados em triglicérides abaixo de 150 mg/dL (14,52 ± 2,35µM) e acima de 150 mg/dL (16,65 ± 3,74µM) (p < 0,05). Os parâmetros lipídicos HDL, LDL e colesterol total não apresentaram diferença estatística entre as médias dos resultados de TBARS-MDA agrupados segundo seu valor de referência (p > 0,05). Todos os valores citados apresentaram distribuição normal. 58 20 T B A R S -M D A (uM ) * 10 0 <50 >50 HDL <100 LDL >100 <150 >150 T r ig lic é r id e s < 200 > 200 C o le s t e r o l m g /d L Figura 11 – Níveis plasmáticos de TBARS-MDA (µM) das participantes do estudo de acordo com níveis lipídicos analisados (mg/dL). * p < 0,05 comparado ao < 150. Análise estatística: Teste t de Student. 59 A Figura 12 apresenta as correlações entre TBARS-MDA e os parâmetros lipídicos avaliados no estudo de todos os participantes. Observa-se correlação negativa com diferença significativa entre os níveis plasmáticos de TBARSMDA e HDL (r = - 0,34 e p = 0,0038). Já a correlação entre TBARS-MDA e os parâmetros lipídicos LDL, triglicérides e colesterol total apresentaram diferença significativa positiva (r = 0,29 e p = 0,01), (r = 0,37 e p = 0,0026) e (r = 0,46 e p < 0,0001), respectivamente. B A 30 r = - 0 ,3 4 M D A -TB A R S (uM ) 30 20 10 M D A -TB A R S (uM ) p = 0 ,0 0 3 8 * p = 0 ,0 1 * r = 0 ,2 9 20 10 0 0 0 25 50 75 0 100 C 100 150 200 250 D p = 0,0026* 30 20 10 0 p < 0 ,0 0 0 1 * 30 r = 0,37 r = 0 ,4 6 M D A -T B A R S (u M ) M D A -TB A R S (uM ) 50 L D L (m g /d L ) H D L (m g /d L ) 20 10 0 0 100 200 T r ig lic é r id e s ( m g / d L ) 300 0 100 200 300 C o le s t e r o l t o t a l ( m g / d L ) Figura 12 – Correlação entre níveis plasmáticos de TBARS-MDA (µM) e parâmetros lipídicos (mg/dL) de todas as participantes do estudo. A. correlação entre TBARS-MDA e HDL (* p < 0,05). B. correlação entre TBARS-MDA e LDL (* p < 0,05). C. correlação entre TBARS-MDA e triglicérides (* p < 0,05). D. correlação entre TBARS-MDA e colesterol total (* p < 0,0001). r = coeficiente de correlação de Pearson. 60 4.4.2. Correlação entre níveis plasmáticos de FRAP (Ferric Reducing Antioxidant Power) e parâmetros lipídicos As análises entre níveis plasmáticos de FRAP e parâmetros lipídicos de acordo com seus respectivos valores de referência de todas as participantes do estudo estão apresentadas de uma forma geral na Figura 13. Nenhum parâmetro lipídico apresentou diferença estatística entre as médias dos resultados (p > 0,05). Todas as análises apresentaram distribuição normal. A Tabela 11 apresenta as correlações entre os níveis de FRAP e os parâmetros lipídicos de todas as participantes do estudo. Não houve correlação entre FRAP e triglicérides, colesterol total e LDL (p > 0,05). Observou-se correlação com diferença positiva entre FRAP e HDL (* p < 0,05 e r = 0,32) (Figura 14) e uma tendência à correlação positiva entre FRAP e LDL. Tabela 11 - Correlações entre níveis de FRAP e parâmetros lipídicos FRAP (µM) Parâmetros lipídicos p r HDL (mg/dL) 0,029* 0,32 LDL(mg/dL) 0,057 - 0,26 Triglicérides (mg/dL) 0,236 - 0,18 Colesterol total (mg/dL) 0,187 - 0,18 61 F R A P (u M ) 900 600 300 0 < 50 > 50 HDL <100 LDL >100 <150 >150 T r ig lic é r id e s < 200 > 200 C o le s t e r o l m g /d L Figura 13 – Níveis plasmáticos de FRAP (µM) das participantes do estudo separados de acordo com os pontos de corte dos níveis lipídicos analisados (mg/dL). p > 0,05. Análise estatística: Teste t de Studen 62 1250 p = 0 ,0 2 9 * r = 0 ,3 2 FR A P (uM ) 1000 750 500 250 0 0 25 50 75 100 H D L (m g /d L ) Figura 14 - Correlação entre níveis plasmáticos de FRAP (µM) e HDL (mg/dL) de todos as participantes do estudo. * p < 0,05; r = coeficiente de correlação de Pearson. 4.4.3. Correlação entre níveis plasmáticos de Glutationa Reduzida (GSH) e parâmetros lipídicos Os resultados observados a partir das análises entre os níveis de GSH e os parâmetros lipídicos separados de acordo com seus valores de referência, estão representados de uma forma geral na Figura 15. Foi encontrada diferença estatística quando os níveis de GSH foram separados de acordo com os valores de HDL abaixo de 50 mg/dL (0,26 ± 0,14 µM) e acima de 50 mg/dL (0,39 ± 0,17 µM). Também foi observada diferença estatística nos valores de GSH quando estes foram agrupados de acordo com níveis de LDL menores que 100 mg/dL (0,40 ± 0,18 µM) e maiores que 100 mg/dL (0,23 ± 0,06 µM). Já entre os parâmetros lipídicos triglicérides e colesterol total não foi observada diferença estatística entre as médias dos valores de GSH agrupados segundo seus valores de referência (p > 0,05). Todas as análises apresentaram distribuição normal. 63 0 .5 * * >50 <100 G S H (m M ) 0 .4 0 .3 0 .2 0 .1 0 .0 <50 HDL LDL >100 <150 >150 T r ig lic é r id e s < 200 > 200 C o le s t e r o l m g /d L Figura 15 - Níveis plasmáticos de GSH (mM) das participantes do estudo de acordo com níveis lipídicos analisados (mg/dL). * p < 0,05. Análise estatística: Teste t de Student. 64 A Figura 16 demonstra as correlações entre GSH e os parâmetros lipídicos de todas as participantes do estudo. Observa-se correlação positiva com diferença significativa entre os níveis plasmáticos de GSH e HDL (r = 0,52 e p = 0,0003). Também foi observada correlação negativa com diferença significativa entre GSH e os parâmetros lipídicos LDL e colesterol total (r = - 0,41 e p = 0,0029; r = - 0,56 e p = 0,0003, respectivamente). Não foi observada correlação entre GSH e triglicérides (p > 0,05). B A p = 0 ,0 0 0 3 * 0 .7 5 r = 0 ,5 2 0 .7 5 p = 0 ,0 0 2 9 * G S H (uM ) G S H (uM ) r = - 0 ,4 1 0 .5 0 0 .5 0 0 .2 5 0 .2 5 0 .0 0 - 0 .2 5 0 .0 0 0 25 50 75 0 100 50 100 150 200 L D L (m g /d L ) H D L (m g /d L ) C D p > 0,05 0 .7 5 p = 0 ,0 0 0 3 * 0 .7 5 0 .5 0 G S H (uM ) G S H (uM ) r = - 0 ,5 6 0 .2 5 0 .5 0 0 .2 5 0 .0 0 0 .0 0 - 0 .2 5 0 100 200 T r ig lic é r id e s ( m g / d L ) 300 0 100 200 300 C o le s t e r o l t o t a l ( m g / d L ) Figura 16 - Correlação entre níveis plasmáticos de GSH (µM) e parâmetros lipídicos (mg/dL) de todas as participantes do estudo. A. correlação entre GSH e HDL (* p < 0,05). B. correlação entre GSH e LDL (* p < 0,05). C. correlação entre GSH e triglicérides (p > 0,05). D. correlação entre GSH e colesterol total (* p < 0,05). r = coeficiente de correlação de Pearson. 65 4.4.4. Correlação entre níveis plasmáticos de vitamina E e parâmetros lipídicos As análises entre níveis plasmáticos de vitamina E e parâmetros lipídicos, de acordo com seus respectivos valores de referência, de todas as participantes do estudo, estão apresentadas de uma forma geral na Figura 17. Foi encontrada diferença estatística quando os níveis de vitamina E foram separados de acordo com os valores de HDL abaixo de 50 mg/dL (18,77 ± 1,23 µM) e acima de 50 mg/dL (22,78 ± 0,77 µM). Entre os outros parâmetros lipídicos não foi encontrada diferença estatística entre as médias dos resultados (p > 0,05). Todas as análises apresentaram distribuição normal. A Tabela 12 apresenta as correlações entre os níveis de vitamina E e os parâmetros lipídicos de todas as participantes do estudo. Não foi observada correlação entre vitamine E e LDL, triglicérides e colesterol total (p > 0,05). Entre vitamina E e HDL observou-se correlação com diferença positiva (* p < 0,05 e r = 0,46) (Figura 18). Tabela 12 - Correlações entre níveis de vitamina E e parâmetros lipídicos Vitamina E (uM) Parâmetros lipídicos p r HDL (mg/dL) 0,001* 0,46 LDL (mg/dL) 0,664 0,06 Triglicérides (mg/dL) 0,642 - 0,07 Colestero total (mg/dL) 0,972 - 0,004 66 V itam in a E (u M ) 30 * 20 10 0 <50 >50 HDL <100 LDL >100 <150 >150 T r ig lic é r id e s < 200 > 200 C o le s t e r o l m g /d L Figura 17 – Níveis plasmáticos de vitamina E (µM) das participantes do estudo de acordo com níveis lipídicos analisados (mg/dL). * p < 0,05 comparado ao < 50. Análise estatística: Teste t de Student. 67 p = 0 ,0 0 1 * r = 0 ,4 6 V itam in a E (µ M ) 40 30 20 10 0 0 25 50 75 100 H D L (m g /d L ) Figura 18 - Correlação entre níveis plasmáticos de vitamina E (µM) e HDL (mg/dL) de todas as participantes do estudo. * p < 0,05; r = coeficiente de correlação de Pearson. 4.5. Correlação entre parâmetros clínicos e de status oxidativo 4.5.1. Correlação entre parâmetros de status oxidativo e idade Foram avaliadas as correlações entre a idade e os níveis de TBARS-MDA, FRAP, GSH e vitamina E de todas as participantes do estudo (Figura 19). A análise demonstra que os níveis plasmáticos de FRAP e vitamina E não apresentaram correlação com a idade. Foi observada correlação positiva significativa entre TBARS-MDA e idade (r = 0,29 e p = 0,0068) e correlação negativa significativa entre GSH e idade (r = - 0,54 e p < 0,0001). A "Teoria do estresse oxidativo" do envelhecimento afirma que o aumento de espécies reativas de oxigênio acompanha o envelhecimento, levando a alterações funcionais, condições patológicas e até mesmo a morte (HAGEN, 2003). 68 B A p = 0 ,0 0 6 8 * FR A P (uM ) M D A (u M ) 1500 r = 0 ,2 9 30 20 p > 0 ,0 5 1000 10 500 0 0 0 10 20 30 40 50 60 0 70 10 20 40 50 60 70 Id a d e ( a n o s ) Id a d e ( a n o s ) C D p < 0 ,0 0 0 1 * 0 .7 5 0 .5 0 0 .2 5 0 .0 0 p > 0 ,0 5 40 r = - 0 ,5 4 V itam in a E (u M ) G S H (m M ) 30 30 20 10 0 0 10 20 30 40 Id a d e ( a n o s ) 50 60 70 0 10 20 30 40 50 60 70 Id a d e ( a n o s ) Figura 19 - Correlação entre níveis plasmáticos de parâmetros de status oxidativo e idade (anos) de todas as participantes do estudo. A. correlação entre TBARS-MDA (µM) e idade (* p < 0,05). B. correlação entre FRAP (µM) e idade (p > 0,05). C. correlação entre GSH (mM) e idade (* p < 0,05). D. correlação entre vitamina E (µM) e idade (p > 0,05). r = coeficiente de correlação de Pearson. De acordo com o período que é estimado para o início do climatério, estabelecemos um ponto de corte com a finalidade de auxiliar na compreensão dos limites de idade estabelecidos pelo estudo. Verificamos que há correlação significativa entre a idade e os níveis de TBARS-MDA e GSH. A partir disso, verificamos se existe diferença entre os níveis desses biomarcadores quando dividimos as participantes em grupos com idade superior e inferior a 40 anos (Figura 20). A análise mostrou que os valores de TBARS-MDA no grupo com idade inferior a 40 anos apresentaram média mais baixa (13,30 ± 0,47 µM) que o grupo com idade superior a 40 anos (14,92± 0,58 µM), revelando 69 diferença estatística (p < 0,05). O mesmo observou-se na análise de GSH, em que o grupo com mais de 40 anos apresentou média superior (0,38 ± 0,02 µM) ao grupo com idade maior que 40 anos (0,24 ± 0,02 µM), apresentando diferença estatística (p < 0,05). B A 0 .5 * 0 .4 G S H (m M ) TB A R S -M D A (uM ) 20 10 * 0 .3 0 .2 0 .1 0 0 .0 < 40 > 40 Id a d e ( a n o s ) < 40 > 40 Id a d e ( a n o s ) Figura 20 - A. Níveis plasmáticos de TBARS-MDA (µM) de acordo com idade. B. Níveis plasmáticos de GSH (mM) de acordo com idade. * (p < 0,05). Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: Teste t de Student. 4.5.2. Correlação entre parâmetros de status oxidativo e pressão arterial Foram avaliadas as correlações existentes entre os biomarcadores de status oxidativo e os dados clínicos referentes aos níveis de pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) de todas as participantes do estudo. Não foi observada correlação (p > 0,05) entre os resultados de todos os biomarcadores avaliados no estudo, apesar de se observar uma tendência entre PAS e TBARSMDA (Tabela 13). 70 Tabela 13 - Correlações entre níveis de biomarcadores de status oxidativo e parâmetros clínicos Parâmetros clínicos TBARS- FRAP (µM) GSH (mM) Vit E (µM) p = 0,06 p = 0,66 p = 0,69 p = 0,34 r = 0,21 r = 0,63 r = - 0,25 r = 0,14 p = 0,97 p = 0,24 p = 0,56 p = 0,70 r = - 0,003 r = 0, 17 r = - 0,08 r = - 0,05 MDA (µM) PAS (mmHg) PAD (mmHg) 4.6. Avaliação de marcador imunológico de inflamação Na avaliação dos marcadores de inflamação foi realizada a quantificação plasmática de interleucina-6 (IL-6). 4.6.1. Interleucina-6 Houve um grande número de amostras com valores de IL-6 que não foram detectáveis através de nossa análise (85% para grupo controle e 64% para o grupo total de obesos) (Figura 21). Entre as amostras com valores detectáveis da citocina não foi identificada diferença significativa entre os grupos Ct, Ob e Ob-Ht (p > 0,05) (Figura 22). Devido ao número de amostras com valores não detectáveis de IL-6, optamos por trabalhar com os níveis de IL-6 das medianas superior e inferior do grupo total de obesos em relação aos marcadores bioquímicos de status oxidativo TBARS-MDA, FRAP, GSH e Vitamina E. Entre os parâmetros analisados, não foi encontrada diferença significativa (p > 0,05) entre as medianas superior e inferior (Figura 23). 71 ND 64% O besos Det 36% ND 85% C o n t r o le Det 15% 0 25 50 75 100 (% ) Figura 21 - Porcentagem de amostras detectáveis e não detectáveis de IL-6 após quantificação plasmática dos grupos controle e total de obesos. ND – não detectável; Det – detectável. IL -6 (p g /m L ) 1 0 .0 7 .5 5 .0 2 .5 0 .0 Ct Ob Ob-Ht Figura 22 - Níveis plasmáticos de IL-6 (pg/mL) dos grupos controle, obesos e obesos hipertensos. Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: ANOVA seguida de teste de Bonferroni. p > 0,05. 72 1000 F R A P ( M ) 15 (u M ) M D A -T B A R S 20 10 5 800 600 400 200 0 0 M-I M-I M-S 30 V it E (u M ) 0 .5 G S H (m M ) M-S 0 .4 0 .3 0 .2 20 10 0 .1 0 0 .0 M-I M-S M-I M-S Figura 23 – Níveis plasmáticos de TBARS-MDA, FRAP, GSH e Vitamina E divididos de acordo com a mediana inferior e superior de IL-6 do grupo total de obesos. M-I – mediana inferior; M-S – mediana superior. (p > 0,05). Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: Teste t de Student. Como é possível que o estresse oxidativo regule a inflamação, optou-se por separar a mediana superior e inferior de TBARS-MDA do grupo total de obesos e avaliar os níveis de IL-6 (Figura 24). Não foi encontrada diferença significativa entre as duas medianas inferior e superior (4,95 ± 1,14 pg/mL) e (4,51 ± 0,95 pg/mL), respectivamente (p > 0,05). 73 IL -6 (p g /m L ) 7 .5 5 .0 2 .5 0 .0 MI MS Figura 24 - Níveis plasmáticos de IL-6 divididos de acordo com a mediana inferior e superior de TBARS-MDA do grupo total de obesos. M-I – mediana inferior; M-S – mediana superior. (p > 0,05). Valores expressos em média ± EP. Análise estatística: Teste t de Student. 74 5- DISCUSSÃO 75 5.1. Caracterização dos grupos estudados O presente trabalho é um estudo caso-controle envolvendo mulheres obesas e eutróficas. Baseado no efeito do estresse oxidativo sobre o sistema cardiovascular foram estudados marcadores de estresse oxidativo através da avaliação de fatores bioquímicos de status oxidativo e inflamação, antropométricos, lipídicos e clínicos. A estratificação das participantes nos três grupos Ct, Ob e Ob-Ht foi realizada devido ao interesse em realizar uma análise mais minuciosa dos grupos em relação à presença de hipertensão arterial nos parâmetros avaliados. A Tabela 8 demonstra o perfil dos grupos estudados em relação aos fatores de risco, não sendo observada diferença significativa entre a idade dos grupos Ct, Ob e Ob-Ht (p > 0,05). A associação entre hipertensão e obesidade está bem esclarecida, sendo que o indivíduo obeso tem um risco aumentado de desenvolver hiperglicemia, elevados níveis lipídicos e pressóricos, inflamação e estresse oxidativo crônicos. Entretanto, em nosso grupo estudado a presença da hipertensão não parece ser relevante, visto que as médias dos valores de índice de massa corporal dos grupos Ob e Ob-Ht não revelaram diferença entre si (p > 0,05). Tal indiferença pode ser devido ao fato dos pacientes do grupo Ob-Ht não apresentarem médias de PAS e PAD superiores às estipuladas como limítrofe, identificando que esse grupo de hipertensos provavelmente apresenta bom controle e manutenção pressóricos. Destaca-se que 75,71% das mulheres obesas estudadas são classificadas como obesas graves (obesidade grau III). No grupo Ob a obesidade grau III é representada por 66,66% das participantes, enquanto que no grupo Ob-Ht esse valor aumenta para 83,78%. A suscetibilidade de indivíduos obesos desenvolveram HAS relaciona-se com a resistência à insulina e hiperinsulinemia, retenção de sódio e consequente aumento do volume plasmático e débito cardíaco (PORTO, 1998). A obesidade grave é fator de risco para várias doenças e/ou comorbidades, entre elas: diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doença arterial coronariana, doença vascular periférica, hipercolesterolemia, hiperlipidemia, apnéia do sono, insuficiência respiratória, alguns tipos de neoplasias, distúrbios hormonais, osteoartrite, entre outras (MELISSA et al., 1998). 76 RCQ e CA são procedimentos antropométricos utilizados na verificação da distribuição de gordura corporal, porém estudos mostraram que a determinação da adiposidade central está mais fortemente associada à medida isolada da circunferência abdominal, tanto em adultos, crianças e adolescentes (MOLARIUS et al., 1999; TAYLOR et al., 2000) . Em relação aos parâmetros lipídicos, observou-se que as médias dos níveis de colesterol total e triglicérides de todos os grupos apresentaram-se em níveis normais, apesar de haver diferença entre os grupos de obesas e controle em relação aos níveis de colesterol total. Em outros estudos com obesos também foram encontrados valores médios normais para colesterol total e triglicérides, além de LDL e HDL (SILVA & SANCHES, 2006; CARVALHO et al., 2007). Os valores de HDL dos grupos Ob e Ob-Ht encontraram-se abaixo do valor de referência, correspondendo a 59,10% e 37,84%, respectivamente, do total de participantes de cada grupo. Já os valores de LDL nos grupos Ob e Ob-Ht apresentaram, respectivamente, 73,91% e 52,94% acima dos valores de referência preconizados pela III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia, ou seja, HDL > 50 mg/dL, LDL < 100 mg/dL, triglicérides < 150 mg/dL e colesterol total < 200 mg/dL. Comparando os dados obtidos do nosso trabalho com um estudo realizado por Araújo et al. (2005), que avaliaram o perfil sérico de lipídios de 684 indivíduos (sendo 389 mulheres) sem evidências de cardiopatia, verificaram-se resultados similares em relação ao HDL, com diferença significante entre eutróficas e obesas (p < 0,01 ) e LDL com valor de p < 0,05 entre os dois grupos, enquanto que as médias dos níveis plasmáticos de triglicerídeos de obesas apresentaram-se maiores e estatisticamente diferentes em relação às mulheres com peso normal, nosso estudo não encontrou diferença estatística entre esses grupos. Em estudo com 75 participantes obesos, Myara et al. (2003) não observaram diferença estatística entre esses indivíduos e o grupo controle com relação a níveis plasmáticos de colesterol total, triglicérides e LDL, havendo diferença significante (p = 0,0003) quando avaliados os níveis plasmáticos de HDL. 77 Davi et al. (2002) compararam níveis lipídicos de colesterol total, triglicérides, HDL e LDL de mulheres eutróficas e com obesidade andróide e ginecóide, encontrando diferença estatística (p < 0,05) dos níveis de HDL apenas entre o grupo de eutróficas e obesas com padrão andróide. Notadamente, 70,69% das obesas do estudo apresentaram níveis de colesterol total abaixo de 200 mg/dL, sendo que no grupo Ob esse dado foi observado em 72% das participantes e no grupo Ob-Ht foi representado por 69,70 % das participantes. Em relação aos níveis de triglicérides, valores abaixo de 150 mg/dL foram observados em 68,52% do total de obesas, representado por 70,83% das participantes do grupo Ob e 66,66% das participantes do grupo Ob-Ht. Uma das justificativas para esse achado talvez esteja no fato de que as participantes obesas do estudo são acompanhadas por uma equipe multidisciplinar do laboratório de obesidade do Centro de Especialidades Médicas de Belo Horizonte, sendo orientadas quanto à reeducação alimentar, hábitos de vida saudáveis, compreensão de seu estado de saúde, além de receberem apoio psicológico. Vale lembrar que entre obesos graves a alteração dos valores séricos de lipídios é muito variável, podendo ser justificado em função de diferentes hábitos alimentares e grupos raciais (SILVA & SANCHES, 2006). 5.2. Avaliação de marcadores plasmáticos de status oxidativo O acúmulo de gordura está estreitamente relacionado com o estresse oxidativo e é o principal fator de desenvolvimento de síndrome metabólica (SM), apesar de ainda não terem sido completamente elucidados os mecanismos pelos quais o excesso de tecido adiposo leva à expressão desregulada de adipocitocinas e à SM (FURUKAWA et al. 2004). Cabrera et al. (2010) realizaram um estudo com 20 pacientes obesos e observaram que, no período pré-operatório da cirurgia de obesidade, esses indivíduos apresentaram níveis mais elevados de marcadores inflamatórios e de estresse oxidativo, além de índices de defesa antioxidante mais baixos quando comparados à sujeitos com peso normal. Valezi et al. (2011) avaliaram indicadores de estresse oxidativo em obesos pré e pós derivação gástrica em Y-de-Roux e observaram que 78 o marcador MDA estava significativamente aumentado (p < 0,001) entre os obesos em pré-operatório quando comparados ao grupo controle . Todas as participantes obesas apresentaram aumento significativo (p < 0,001) dos níveis de TBARS-MDA (Figura 5) e redução significante (p < 0,001) dos níveis de GSH (Figura 7) quando comparadas ao grupo controle, não havendo diferença estatística entre os dois grupos de obesas (p > 0,05) e não sendo obsevada diferença em relação aos níveis de FRAP (Figura 6) e de vitamina E (Figura 8). Em trabalho realizado por Olusi em 2002, foram encontradas concentrações de MDA significativamente mais baixas (p < 0,001) em indivíduos com IMC saudável em comparação com aqueles com IMC acima de 40 kg/m2. Lopes et al. (2003) compararam os níveis de FRAP entre doze obesos hipertensos e doze eutróficos normotensos e observaram diferença estatística (p < 0,05) entre os dois grupos. Após quatro semanas da introdução de uma dieta rica em antioxidantes, os autores observaram que os níveis de FRAP aumentaram em média 18% no grupo de obesos hipertensos. Em outro estudo, indivíduos obesos apresentaram níveis estatisticamente mais baixos de FRAP (p < 0,001) em relação ao grupo controle e após 12 meses de cirurgia gástrica esses níveis não apresentaram mais diferença significativa entre os dois grupos, possivelmente indicando que o aumento dos níveis desse biomarcador esteja relacionado à melhor atividade de agentes antioxidantes e diminuição de marcadores inflamatórios (VALEZI et al., 2011). Vale relembrar que as participantes obesas deste estudo foram selecionadas no Ambulatório de Obesidade do Centro de Especialidade Médicaa (CEM), onde recebem acompanhamento nutricional visando reeducação alimentar, portanto uma possível explicação para a não observação de diferença entre os grupos em relação ao FRAP e vitamina E pode estar relacionada a um maior consumo de alimentos antioxidantes devido à reeducação alimentar, acompanhamento e orientação nutricionais periódicos. Foram observados níveis de GSH mais baixos (p < 0,001) em obesos no préoperatório de derivação gástrica em relação ao grupo controle, sendo que após a intervenção cirúrgica esses níveis apresentaram aumento significativo (VALEZI et 79 al., 2011). Nesse mesmo estudo observou-se correlação inversa entre os níveis de GSH e FRAP (r = - 0,484 e p < 0,05), evidenciando que quanto mais altos os níveis de FRAP, menores são os níveis de GSH. A vitamina E é encontrada em lipoproteínas, membranas celulares e fluidos extracelulares. Essa vitamina lipofílica com ação antioxidante converte O2- e OH- em formas menos reativas, limitando o processo de peroxidação lipídica (VINCENT & TAYLOR, 2006). Myara et al. (2003) encontraram concentrações mais baixas de vitamina E (μM) em sujeitos com IMC acima de 35 kg/m 2 em relação ao grupo controle com indivíduos eutróficos, sendo p = 0,005 quando comparados ao grupo com IMC entre 35 e 39,9 kg/m2, p = 0,002 quando comparados aos indivíduos com IMC entre 40 e 50 kg/m2 e p = 0,003 quando o IMC fosse maior que 50 kg/m2. Em um estudo que avaliou as concentrações séricas de tocoferol em 906 indivíduos suecos foi encontrada correlação inversamente significativa entre α-tocoferol e a circunferência abdominal (r = - 0,24 e p = 0,0001) (OHRVALL. 1993). Os resultados obtidos em nosso estudo demostraram que a presença de hipertensão arterial, como fator isolado, não influenciou nos níveis plasmáticos dos marcadores de status oxidativo estudados, visto que a análise estatística revelou que os grupos Ob e Ob-Ht não apresentaram diferença estatística entre si em relação aos níveis de MDA, FRAP, GSH e vitamina E. Uma vez que a HAS por si só pode gerar estresse oxidativo, esperava-se encontrar resultados contrários aos que foram achados, uma vez que no grupo Ob-Ht os obesos com IMC acima de 40 kg/m2 representam 83,78% dos participantes do grupo. Em um estudo com 130 indivíduos eutróficos e obesos normotensos e hipertensos, observou-se que níveis plasmáticos de TBARS estavam significativamente aumentados nos participantes eutróficos hipertensos quando comparados aos eutróficos normotensos (p < 0,001) e entre obesos com e sem hipertensão essa diferença foi de p < 0,01 (KONUKOĞLU, et al., 2003). Uma das limitações da maioria dos biomarcadores de status oxidativo é seu valor limitado in vivo devido à falta de sensibilidade e/ou especificidade, sendo que in vitro podem-se encontrar melhores resultados (TARPEY, 2004; GIUSTARINI, 2004). Além disso, para que os biomarcadores identifiquem de forma eficaz as alterações 80 oxidativas é imprescindível que o acúmulo dos produtos da oxidação esteja em concentrações que tornem possível sua detecção (DALLE-DONNE, et al, 2006). 5.3. Correlação entre marcadores de status oxidativo As participantes pertencentes ao grupo Ob e Ob-Ht foram reunidas em um único grupo de obesas para se avaliar o efeito dos índices antropométricos sobre os níveis dos marcadores de status oxidativo. Nos grupos Ct e total de obesos não foi observada correlação significante (p > 0,05) entre nenhum dos marcadores avaliados (Tabela 9). Esperava-se encontrar aumento da atividade antioxidante entre as obesas avaliadas, visto que os níveis de TBARS-MDA nesse grupo estão aumentados. Entretanto isso não foi observado, sugerindo que possa ter ocorrido uma possível falência que poderia reequilibrar os níveis de estresse oxidativo. Block et al. (2002) avaliaram 298 adultos saudáveis, sendo 177 mulheres, e não encontraram associação entre vitamina E plasmática (α-tocoferol) e MDA. A atividade antioxidante da vitamina E plasmática está relacionada à prevenção da peroxidação lipídica induzida por radicais livres, íons férricos e cúpricos ou outros oxidantes (DEMIRKAYA & KADIOGLU, 2007). 5.4. Correlação entre marcadores de status oxidativo e parâmetros antropométricos Foram avaliadas as possíveis correlações existentes entre esses marcadores e parâmetros antropométricos e apenas entre TBARS-MDA e IMC do grupo de obesos foi encontrada correlação positiva significativa (r = 0,43 e p = 0,004) (Tabela 10 e Figura 9). Devido à correlação positiva significativa encontrada entre TBARS-MDA e IMC, optou-se por estratificar os valores desse biomarcador de acordo com grupos de IMC separados em controle (IMC < 25 kg/m2), IMC entre 30-39,9 kg/m2, IMC entre 40 e 49,9 kg/m2 e IMC maior que 50 kg/m2 (Figura 10), observando-se níveis estatisticamente aumentados de TBARS-MDA entre os pacientes com IMC acima de 40 kg/m2. Achados semelhantes foram encontrados por Olusi (2002) em um estudo 81 com 300 participantes, em que se encontraram diferentes concentrações de MDA entre indivíduos com peso corporal saudável e aqueles com diferentes graus de obesidade, em que os participantes com IMC normal apresentaram níveis de MDA estatisticamente mais baixos que aqueles com IMC entre 35 e 39 kg/m 2, 40 e 44 kg/m2, 45 e 49 kg/m2 e IMC maior que 50 kg/m2, com p < 0,05; p < 0,001; p < 0,001 e p < 0,001, respectivamente. Nesse mesmo estudo observou-se associação positiva entre IMC e MDA com r = 0,34 e p = 0,01, sugerindo que quanto maior o IMC, maior é a peroxidação lipídica, visto que o malondialdeído é um produto final da via de peroxidação lipídica tecidual e de biomembranas. Furukawa e colaboradores (2004) avaliaram a peroxidação de lipídeos no plasma de humanos através do marcador MDA e verificaram correlação positiva significante com IMC (r = 0,31 e p < 0,003) e CA (r = 0,39 e p < 0,001). Em estudo realizado com 35 indivíduos obesos no período pré-operatório de cirurgia de obesidade, foi observada uma tendência de correlação negativa entre IMC e FRAP, porém sem diferença estatística (r = - 0,33 e p = 0,06) (NEVES, 2010). Esses achados indicam que o aumento do tecido adiposo, representado pela obesidade, relaciona-se com o estresse oxidativo através do aumento da peroxidação lipídica e redução de agentes antioxidantes. 5.5. Correlação entre marcadores de status oxidativo e parâmetros lipídicos Observou-se que as participantes com triglicérides acima de 150 mg/dL apresentaram 14,67% de aumento significativo dos níveis de MDA quando comparadas ao grupo com valores menores que 150 mg/dL (Figura 11). Houve correlação significativa positiva entre MDA e os parâmetros lipídicos LDL, triglicérides e colesterol total (Figura 12). Entre MDA e HDL a correlação apresentou diferença significativa negativa. Block et al. (2002) em seus estudos observaram correlação significativamente positiva entre colesterol plasmático e MDA. De acordo com Lee & Prasad (2003), um aumento na síntese de prostaglandinas através da via das ciclooxigenases, pode ser induzido por elevados níveis de 82 colesterol, resultando na liberação de O2- pelas células musculares lisas e endoteliais com consequente desregulação do status oxidativo. Houve correlação com diferença positiva entre FRAP e HDL (Tabela 11 e Figura 14), não se observando correlação com outros parâmentros lipídicos estudados. Entretanto, Ferrari (2010) ressalta que os resultados podem ser variáveis dependendo da fase em que o FRAP é mensurado, visto que este biomarcador pode estar aumentado em situações de hiperlipidemia, sugerindo um mecanismo de defesa contra o estresse oxidativo, ressaltando-se que essa situação não se mantém em longo prazo. As participantes com valores de HDL acima de 50 mg/dL apresentaram 50,75% de aumento significativo dos níveis de GSH comparados ao grupo com valores de HDL abaixo de 50 mg/dL. As participantes com níveis de LDL menor que 100 mg/dL demonstraram aumento significativo de 72,58% dos valores de GSH quando comparado ao grupo com índices maiores que 100 mg/dL (Figura 15). A queda de concentração de GSH em humanos pode ser indício de níveis elevados de estresse oxidativo (DALLE-DONNE, 2006). Houve correlação positiva com diferença significativa entre os níveis plasmáticos de GSH e HDL, além de correlação negativa com diferença significativa entre GSH e os parâmetros lipídicos LDL e colesterol total (Figura 16). A Tabela 12 apresenta as correlações entre níveis de vitamina E e parâmetros lipídicos de todas as participantes do estudo. Não foi observada correlação entre vitamine E e LDL, triglicérides e colesterol total. Entre vitamina E e HDL observou-se correlação com diferença positiva (Figura 18). Dessa forma com nossos achados podemos sugerir que níveis aumentados de HDL estão relacionados com fatores protetores do estresse oxidativo e diminuição da peroxidação lipídica, enquanto que níveis aumentados de lipídicos circulantes relacionam-se com uma maior taxa de peroxidação lipídica e também maior predisposição ao EO. 83 5.6. Correlação entre parâmetros clínicos e de status oxidativo 5.6.1. Correlação entre parâmetros de status oxidativo e idade Na Figura 19 observam-se as correlações entre idade e os níveis de MDA, FRAP, GSH e vitamina E de todas as participantes do estudo, com correlação positiva significativa entre MDA e correlação negativa significativa entre GSH e idade. A partir desta observação, verificou-se a existência de diferença entre os níveis desses biomarcadores quando dividimos as participantes em grupos com idade superior e inferior a 40 anos, utilizando-se como ponto de corte o período estimado para o início do climatério (Figura 20). A observação do efeito da idade em relação aos parâmetros de status oxidativo MDA e GSH é consistente com a hipótese de que, enquanto o estresse oxidativo e o dano ao DNA podem acumular-se com a idade, o dano oxidativo a lipídios não está relacionado à idade, mas às condições fisiológicas simultâneas ao envelhecimento como o aumento da gordura corporal e inflamação. Entretanto, a associação entre a produção de ROS e o envelhecimento ainda não está claramente estabelecida (KREGEL & ZHANG, 2007). Diminuições nas concentraçãos de GSH podem ser associadas com o envelhecimento, AIDS, doença hepática alcoólica e doença cardiovascular (DCV) (PASTORE et al., 2003). Ratos com envelhecimento acelerado apresentaram, aos treze meses de idade, concentrações 29% mais baixas de GSH em relação à outra espécie de mesma idade que apresenta tempo de vida mais prolongado (REBRIN & SOHAL, 2004). Block et al. (2002) avaliaram 298 adultos saudáveis com idades entre 19 e 78 anos e nenhuma associação entre idade e MDA foi observada. Em estudo com 140 indivíduos saudáveis, a idade foi positivamente correlacionada com colesterol, LDL e MDA (BALKAN et al. 2002). 84 5.6.2. Correlação entre parâmetros de status oxidativo e pressão arterial Não foi observada correlação entre pressão arterial e todos os biomarcadores de status oxidativo avaliados no estudo (Tabela 13). O estresse oxidativo pode ser responsável pelo comprometimento da vasodilatação dependente do endotélio, causado pela perda de óxido nítrico bioativo na parede do vaso. Entretanto, maiores níveis de pressão arterial também predispõem ao EO e, portanto, cada entidade tem capacidade para causar a outra (VAZIRI, 2008). Dessa forma, a obesidade pode aumentar a pressão arterial (PA) através de mecanismos sensíveis ao estresse oxidativo ou vice-versa e a adoção de uma dieta equilibrada pode auxiliar na redução da PA por aumentar a capacidade antioxidante através do aumento do consumo de antioxidantes dietéticos (LOPES et al., 2003). Vasconcelos et al. (2011), em estudo realizado com pacientes hipertensos em uma comunidade na região nordeste do Brasil, observaram que os níveis plasmáticos de MDA e GSH estavam diminuídos nos indivíduos hipertensos e revelaram correlação positiva entre PAS e MDA (r = 0,44 e p < 0,05). 5.7. Avaliação do marcador de inflamação IL-6 Não foi observada diferença significativa entre os grupos Ct, Ob e Ob-Ht (Figura 22). Deve-se levar em consideração que houve um grande número de amostras com valores de IL-6 que não foram detectáveis através de nosso método (85% para grupo controle e 64% para o grupo total de obesos). O tecido adiposo ativamente secreta diversas citocinas pró-inflamatórias e uma importante fonte de secreção de IL-6 em indivíduos obesos é a gordura visceral (FONTANA et al. 2007). Dessa forma, a associação entre a inflamação e o grau da obesidade é esperada. Em mulheres e homens saudáveis, a concentração de IL-6 aumenta com a adiposidade (YUDKIN, 2000). Rexrode et al. (2003) avaliaram mulheres com IMC superior 28,3 kg/m2 e os níveis encontrados desse marcador se apresentaram quatro vezes mais altos que os de mulheres com valor inferior de IMC, que tanto em medidas de adiposidade total quanto adiposidade abdominal estiveram fortemente 85 associadas ao aumento significante dos níveis de IL-6 e PCR. Além disso, a circunferência da cintura e os valores séricos de IL-6 foram fortemente associados, apontando que pessoas portadoras de obesidade central possuem maiores chances de desenvolver doenças cardiovasculares e síndrome metabólica. Em estudo realizado por Neves (2010), com 35 indivíduos obesos no período préoperatório de cirurgia de obesidade, foi observada uma tendência de correlação positiva entre IMC e massa gorda com a IL-6 sérica, porém sem diferença estatística (r = 0,339 e p = 0,067) e (r = 0,344 e p = 0,058), respectivamente. Solá et al. (2009) avaliaram 67 pacientes portadores de obesidade mórbida e severa e observaram que seus níveis de IL-6 estavam significativamente mais altos (p < 0,001) que aqueles do grupo controle. Além disso, nos pacientes obesos, os parâmetros inflamatórios avaliados foram significativamente correlacionados com os parâmetros antropométricos, não sendo observada diferença entre os pacientes com e sem síndrome metabólica, sugerindo que a obesidade está associada a um estado inflamatório crônico não relacionado com a presença de SM. Optou-se por trabalhar com os níveis de IL-6 das medianas superior e inferior do grupo total de obesos em relação aos marcadores bioquímicos de status oxidativo MDA, FRAP, GSH e Vitamina E, não sendo encontrada diferença significativa entre as duas medianas em nenhum dos parâmetros analisados (Figura 23). Em cultura de adipócitos, o estresse oxidativo parece suprimir a secreção de adiponectina e a expressão de RNAm, além de aumentar a expressão de IL-6. Tratamentos utilizando inibidores da produção de ROS e antioxidantes parecem restaurar este sistema em modelos animais (FURUKAWA et al. 2004). Esse estudo conclui que um aumento local do estresse oxidativo no tecido adiposo acumulado provoca uma produção desregulada de adipocinas e o que o aumento seletivo na produção de ROS no tecido adiposo leva ao aumento do estresse oxidativo sistêmico. Dessa forma, partindo da hipótese de que é possível que o estresse oxidativo regule a inflamação, optou-se por separar a mediana superior e inferior de MDA do grupo total de obesos e avaliar os níveis de IL-6 (Figura 24), entretanto, não foi encontrada diferença significativa entre as duas medianas. 86 A obesidade juntamente com a inflamação sistêmica pode apresentar relevante papel na produção de espécies reativas de oxigênio. Essa afirmação pode ser justificada através do impacto metabólico gerado pela expressão aumentada de interleucina-6 na obesidade, que está relacionada com o estímulo da síntese hepática de triacilglicerois e dessa forma contribuindo para a instalação de hipertrigliceridemia (NONOGAKI et al. 1995). Associando essas informações com os achados de Vasconcelos (2007) que sugerem que, em pacientes hiperlipidêmicos primários, a geração de espécies reativas de oxigênio mitocondrial através de monócitos circulantes pode contribuir para o aumento do estresse oxidativo nesses indivíduos. 87 6. CONCLUSÕES 88 Os resultados obtidos com o desenvolvimento desse estudo refletem o perfil dos biomarcadores de status oxidativo e do processo inflamatório em mulheres obesas e suas correlações com os parâmetros clínicos, lipídicos e antropométricos. Dentre os processos estudados, fica evidente que as mulheres obesas hipertensas não apresentaram diferença significativamente estatística (p < 0,05) entre os níveis de TBARS-MDA, FRAP, GSH, e Vitamina E quando comparadas às obesas sem comorbidades, lembrando que 66,66% e 83,78% das participantes do grupo Ob e Ob-Ht, respectivamente, foram classificadas com obesidade grau III. Dessa forma podemos concluir que: - Níveis de TBARS-MDA estão aumentados em indivíduos obesos quando comparados aos eutróficos, enquanto que níveis de GSH estão reduzidos; - Níveis de TBARS-MDA, FRAP, GSH e vitamina E não se alteraram em condições de obesidade associadas à hipertensão; - Não foi observada correlação entre os biomarcadores de status oxidativo estudados, sugerindo a possibilidade de um reequilíbrio entre os níveis de estresse oxidativo; - Níveis de TBARS-MDA do grupo total de obesos correlacionaram-se positivamente com parâmetro antropométrico IMC e parâmetro clínico idade; - Níveis de TBARS-MDA correlacionaram-se com todos os parâmetros lipídicos HDL, LDL, triglicérides e colesterol total; - Níveis de FRAP não apresentaram diferença entre os três grupos estudados e não tiveram correlação com parâmetros antropométricos e com o parâmetro clínico idade; - Níveis de FRAP se correlacionaram positivamente com níveis de HDL; - Níveis de GSH não apresentaram correlação com parâmetros antropométricos; - Níveis de GSH correlacionaram-se negativamente com o parâmetro clínico idade e correlacionaram-se com todos os parâmetros lipídicos analisados, exceto com os níveis de triglicérides; 89 - Níveis de vitamina E não apresentaram diferença entre os três grupos estudados e não tiveram correlação com parâmetros antropométricos e com o parâmetro clínico idade; - Níveis de vitamina E se correlacionaram negativamente com níveis de HDL; - Portanto correlacionaram-se com HDL os marcadores TBARS-MDA, FRAP, GSH e vitamina E, com LDL correlacionaram-se os marcadores TBARS-MDA, GSH, enquanto que com colesterol total foram TBARS-MDA e GSH, e em relação aos triglicérides somente observou-se correlação com TBARS-MDA. - Não se observou diferença entre os níveis dos biomarcadores de status oxidativo analisados quando separados de acordo com a mediana superior e inferior dos níveis de IL-6. 90 7- REFERÊNCIAS 91 ABDELLAOUI, A.; AL-KHAFFAF, H. C-reactive protein (CRP) as a markerbin peripheral vascular disease. Eur J Vasc Endovasc Surg, v. 34, p. 18-22, 2007. ABDUL-RAHIM, H. F.; ABU-REMEILEH, N. M.; HUSSEINE, N. M. et al. Obesity and selected co-morbidity in urban Palestinian population. Int J Obes Rel Metabol Disord, v. 25, n.11, p. 1736-1740, 2001. ANTUNES, M. V.; LAZZARETTI, C.; GAMARO, G. D.; LINDEN, R. Preanalytical and validation studies for the determination of malondialdehyde in human plasma through high performance liquid chromatography after derivatization with 2,4- dinitrophenylhydrazine. Rev Bras Cienc Farm, 2008, v. 44, n. 2, p. 279-287, 2008. ARNAUD, J.; FORTIS, I.; BLACHIER, S.; KIA, D.; FAVIER, A. Simultaneous determination of retinol, α-tocopherol and β-carotene in serum by isocratic high perfomance liquid chromatography. J Chromatogr, v. 572, p.103-116, 1991. ASCASO, J. F.; ROMEROB, J. P. T.; REALA, R. I.; LORENTEA, J.; MART´INEZVALLSA, J.; CARMENA, R. Abdominal obesity, insulin resistance, and metabolic syndrome in a southern European population. Eur J Intern Med, v. 14, n. 2, p. 101103, 2002. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Diretrizes brasileiras de obesidade 2009/2010 / ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. - 3.ed., p. 11, - Itapevi, SP: AC Farmacêutica, 2009. BAHIA, L. et al. O endotélio na síndrome metabólica. Arq Bras Endocrinol Metab, v. 50, n. 2, p. 291-303, 2006. BALKAN, J.; KANBAĞLI, O.; MEHMETCÇIK, G.; MUTLU-TÜRKOĞLU, U.; AYKAÇTOKER, G.; UYSAL, M. Increased lipid peroxidation in sérum and low-density lipoproteins associated with aging in humans. Int J Vitam Nutr Res, v. 75, n. 5, p. 315-320, 2002. BATISTA FILHO, M.; RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cadernos de Saúde Pública, v. 19, Suplemento1, p. S181S191, 2003. 92 BAISENWEIN, J.; SERKE, H.; EBERLE, K. et al. Elevated levels of oxidized lowdensity lipoprotein and of catalase activity in follicular fluid of obese women. Mol Hum Repr, v. 1, n. 3, p. 117-124, 2010. BEHRENDT, D.; GANZ, P. Endothelial function: from vascular biology to clinical applications. Am J Cardiol, v. 90, p. 40L-48L, 2002. BENZIE, I. F. F.; STRAIN, J. J. The ferric reducing ability of plasma (FRAP) as a measure of “antioxidant power”: the FRAP assay. Anal Bioch, v. 239, p. 70-76, 1996. BERGMAN, R. N.; STEFANOVSKI, D.; BUCHANAN, T. A. et al. A better index of body adiposity. Obes, v. 19, p. 1083-1089, 2011. BLANKENBERG, S., RUPPRECHT, H. J.; TORZEWSKI, M.; HAFNER, G. et al. Glutathione peroxidase 1 activity and cardiovascular events in patients with coronary artery disease. N Engl J Med, v. 349, n. 17, p.1605–1613, 2003. BLOCK, G.; DIETRICH, N.; NORKUS, E. P.; MORROW, J. D.; HUDES, M.; CAAN, B.; PACKER,L. Factors associated with oxidative stress in human populations. Am J Epidemiol. v. 156, n. 3, p. 274-285, 2002. BORGES, R. L.; RIBEIRO-FILHO, F. F.; CARVALHO, M. B.; ZANELLA, M. T. Impact of Weight Loss on Adipocytokines, C-Reactive Protein and Insulin Sensitivity in Hypertensive Women with Central Obesity. Arq Bras Cardiol, v. 89, n. 6, p. 409414, 2007. BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009 - Antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Editora IBGE, 1° edição, 2010. BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de orçamentos familiares 2002-2003 – Análise da disponibilidade de alimentos e do estado nutricional no Brasil, 2004. 93 BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de atenção à saúde, Departamento de atenção básica. Obesidade. Cadernos de atenção básica, n. 12, Série A. Normas e Manuais Técnicos, Brasília – DF, p. 09-21, 2006. BRASIL, VIGITEL 2009: Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/ pdf/vigitel2009_220610.pdf>. Acesso em: 18 de junho de 2011. BROOK, R. D.; BARD, R. L.; RUBENFIRE, M.; RIDKER, P. M.; RAJAGOPALAN, S. Usefulness of visceral obesity (waist/hip ratio) in predicting vascular endothelial function in healthy overweight adults. Am J Cardiol, v. 88, p. 1264-1269, 2001. BUTLER, R.; MORRIS, A. D.; BELCH, J. J. F.; HILL, A.; STRUTHERS, A. D. Allopurinol normalizes endothelialdysfunction in type 2 diabetics with mild hypertension. Hypertension, v. 35, p.746–751, 2000. BULLÓ, M.; LORDA, P. G.; MEGIAS, I.; SAVADÓ, J. S. Systemic inflammation, adipose tissue tumor necrosis factor, and leptin expression. Obesity Res, v. 11, p. 525-531, 2003. CABRERA, E. J.; VALEZI, A. C.; DELFINO, V. D. A.; LAVADO, E. L.; BARBOSA, D. S. Reduction in plasma levels of inflammatory and oxidative stress indicators after roux-en-Y gastric by-pass. Obes Surg, v. 20, n. 1, p. 42-49, 2010. CAI, H.; HARRISON, D.G. Endothelial dysfunction in cardiovascular diseases: the role of oxidant stress. Circ Res. v. 87, p. 840–844, 2000. CANTOS, G. A.; DUARTE, M. F. S.; DUTRA, R. L. D. et al. Prevalence of risk factors of coronary artery disease in university hospital employees and the correlation with psychological stress. J Bras Patol Med Lab, v. 40, n. 4, p. 240-247, 2004. CARDILLO, C.; KILCOYNE, C. M.; CANNON, R. O.; QUYYUMI, A. A.; PANZA, J. A. Xanthine oxidase inhibition with oxypurinol improves endothelial vasodilator function in hypercholesterolemic but not in hypertensive patients. Hypertension, v. 30, p. 57– 63, 1997. 94 CARNEIRO, G.; FARIA, A. N.; RIBEIRO, F. F. F.;, LERARIO, D.; FERREIRA, S. R.; ZANELLA, M. T. Influence of body fat distribution on the prevalence of arterial hypertension and other cardiovascualr risk factors in obese patients. Rev Assoc Med Bras, v. 49, n. 3, p. 306-311, 2003. CARVALHO, P. S.; MOREIRA, C. L. C. B.; BARELLI, M. C. B.; OLIVEIRA, F. H. et al. Can bariatric surgery cure metabolic syndrome? Arq Bras Endocrinol Metab, v. 51, n. 1, p. 79-85, 2007. CARVALHO, M. H. C.; COLACO, A. L.; FORTES, Z. B. Cytokines, endothelial dysfunction, and insulin resistance. Arq Bras Endocrinol Metab. v. 50, n. 2, p. 304312, 2006. CERIELLO, A.; MOTZ, E. Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying insulin resistance, diabetes, and cardiovascular disease? The common soil hypothesis revisited. Arterioscler Thromb Vasc Biol, v. 24, p. 816–823, 2004. COSTA, C. M.; SANTOS, R. C. C.; LIMA, E. S. A simple automated procedure for thiol measurement in human serum samples. J Bras Patol Med Lab, v. 42, n. 5, p. 345-350, 2006. COUILLARD, C.; RUEL, G.; ARCHER, R.; POMERLEAU, S.; BERGERON, J. et al. Circulating levels of oxidative stress markers and endothelial adhesion molecules in men with abdominal obesity. J Clin Endocrinol Metab, v. 90, n. 12, p. 6454-6459, 2005. COUTINHO, Walmir. Consenso latino-americano de obesidade. Arq Bras Endocrinol Metab [online]. v. 43, n.1, p. 21-67, 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-27301999000100006&script=sci_arttext Acesso em: 18 de junho de 2011. CRACOWSKI, J. L.; DURAND, T.; BESSARD, G. Isoprostanes as a biomarker of lipid peroxidation in humans: physiology, pharcacology and clinical implications. Trenns Pharmacol Sci, v. 23, n. 8, p. 360-366, 2002. 95 DAVI, G.; GUAGNANO, M. T.; CIABATTONI, G. et al. Platelet activation in obese women: role of inflammation and oxidant stress. J Am Med Assoc, v. 288, n. 16, p. 2080-2014, 2002. DE FERRANTI, S.; RIFAI, N. C-reactive protein and cardiovascular disease: a review of risk prediction and interventions. Clin Chim Acta, v. 317, p. 1–15, 2002. DEMIRKAYA, F.; KADIOGLU, Y. Simple GC-FID method development and validation for determination of alpha-tocopherol (vitamin E) in human plasma. J Biochem Biophys Methods, v. 70, n. 3, p. 363-368, 2007. DICKINSON, A. D.; FORMAN, J. H. Glutathione in defense and signaling lessons from a small thiol. Ann N Y Acad Sci, v. 973, p. 488-504, 2002. DALLE-DONNE, I.; SCALONI, A.; GIUSTARINI, D.; CAVARRA, E.; et al. Proteins as biomarkers of oxidative/nitrosative stress in diseases: the contribution of redox proteomics. Mass Spectrom Rev, v. 24, p. 55–99, 2005. DALLE-DONNE, I.; ROSSI, R.; COLOMBO, R.; GIUSTARINI, D.; MILZANI, A. Biomarkers of oxidative damage in human disease. Clinical Chemistry, v. 52, n. 4, p. 601-623, 2006. DALTON, M.; CAMERON, A. J.; ZIMMET, P. Z.; SHAW, J. E.; JOLLEY, D.; DUNSTAN, D. W. et al. Waist circumference, waist-hip ratio and body mass index and their correlation with cardiovascualr disease risk factors in Australian adults. J Intern Med, v. 254, n. 6, p. 555-563, 2003. Diretrizes Brasileiras de Obesidade. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica - ABESO. 3 ed. Itapevi, SP: AC Farmacêutica, 2009. DOBBELSTEYN, C. J.; JOFFRES, M. R.; MACLAEN, D. R.;, FLOW- ERDEW, G. A comparative evaluation of waist circumference, waist-to-hip ratio and body mass index as indicators of cardiovascular risk factors. Int J Obes Relat Metab Disord, v. 25, p. 652-661, 2001. 96 DOTAN, Y.; LICHTENBERG, D.; PINCHUK, I. Lipid peroxidation cannot be used as a universal criterion of oxidative stress. Progr Lipid Res. v. 43, n. 3, p. 200–227, 2004. DRAPEAU, V.; LEMIEUX, I.; RICHARD, D.; BERGERON, J.; TREMBLAY, A.; BIRON, S.; MARCEAU, P.; MAURIÈGE, P. Waist circumference is useless to assess the prevalence of metabolic abnormalities in severely obese women. Obes Surg, v.17, n. 7, p. 905-909, 2007. DUSSERRE, E.; MOULIN, P.; VIDAL, H. Differences in mRNA expression of the proteins secreted by the adipocytes in human subcutaneous and visceral adipose tissues. Biochim Bioiphys Act, v. 1500, n. 1, p. 88-96, 2000. ECKEL, R. H.; BAROUCH, W. W.; ERSHOW, A. G. Report of the National Heart, Lung, and Blood Institute-National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases Working Group on the pathophysiology of obesityassociated cardiovascular disease. Circulation, v. 105, p. 2923-2928, 2002. FANG, Y. Z.; YANG, S.; WU, G. Free radicals, antioxidants and nutrition. Nutrition, v. 18, n. 10, p. 872-879, 2002. ERDEVE, O.; SIKLAR, Z.; KOCATURK, P. A. et al. Antioxidant superoxide dismutase activity in obese children. Biol Trace Elem Res. v. 98, n. 3, p. 219–227, 2004. FANTUZZI, G. Adipose tissue, adipokines, and inflammation. J Allergy Clin Immuno, v. 115, n. 5, p. 911-919, 2005. FERRAI, C. K. B. Total antioxidant capacity (TAC) in clinical, experimental and nutritional studies. J Health Sci Inst, v. 28, n. 4, p. 307-310, 2010. FERRETTI, G.; BACCHETTI, T.; MORONI, C.; SAVINO, S.; LIUZZI, F.; BALZOLA, F.; BICCHIEGA, V. Paraoxonase activity in high-density lipoproteins: a comparison between healthy and obese females. J Clin Endocrinol Metab, v. 90, p. 1728–1733, 2005. FERNANDEZ-CHECA, J. C.; RUIZ, C. G.; COLLEL, A.; MORALES, A.; MARÍ, M.; MIRANDA, M.; ARDITE, E. et al. Oxidative stress: role of mitochondria and protection by glutatione. Biofacto, v. 8, p. 7-11, 1998 in SALVADOR, M.; HENRIQUES, J. A. 97 Radicais livres e a resposta celular ao estresse oxidativo. Canoas: Ed. ULBRA, 2004. FERNANDEZ-REAL, J. M.; BROCH, M.; VENDRELL, J.; RICART, W. Insulin resistance, inflammation, and serum fatty acid composition. Diabetes Care. v. 26, p. 1362–1368, 2003. FONTANA, L.; EAGON, C.; TRUJILLO, M. E.; SHCERER, P. E.; KLEIN, S. Visceral fat adipokine secretion is associated with systemic inflammation in obese humans. Diabetes, v. 56, n. 4, p. 1010-1013, 2007. FÖRSTERMANN, U.; MÜNZEL, T. Endothelial nitric oxide synthase in vascular disease: from marvel to menace. Circulation, v. 113, p. 1708–1714, 2006. FÖRSTERMANN, U. Oxidative stress in vascular disease: causes, defense mechanisms and potential therapies. Cardiovascular Medicine, v. 5, n. 6, p. 338349, 2008. FRANCISCO, G.; HERNÁNDEZ, C.; SIMÓ, R. Serum markers of vascular inflammation in dyslipidemia. Clin Chim Acta, v. 369, p.1-16, 2006. FRIED, S. K.; BUNKIN, D. A.; GRENNBERG, A. S. Omental and subcutaneous adipose tissues of obese subjects release interleukin-6: depot difference and regulation by glucocorticoid. J Clin Endocrinol Metab, v. 83, n. 3, p. 847-850, 1998. FRIDOVICH, I. Oxygen toxicity: a radical explanation. J Exp Biol, v. 201, p. 12031209, 1998. FURUKAWA, S.; FUJITA, T.; SHIMABUKURO, M. et al. Increased oxidative stress in obesity and its impact on metabolic syndrome. J ClinInvest, v. 114, p. 1752–1761, 2004. MOTTA, D. G.; PERES, M. T. M.; CALÇADA, M. L. M. et al. Food intake in low income families in Piracicaba/SP. Saúde em revista: Seg Alim Nutr, v. 6, n. 13, 2004. 98 GIGANTE, D. P.; MOURA, E. C.; SARDINHA, L. M. V. Prevalence of overweight and obesity and associated factors, Brazil, 2006. Rev Saúde Pública, v. 43, p. 83-89, Suplemento 2, 2009. GIUSTARINI a, D.; DALLE-DONNE, I.; COLOMBO, R.; MILZANI, A.; ROSSI, R. Adaptation of the Griess reaction for detection of nitrite in human plasma. Free Radic Res, v. 38, p. 1235–40, 2004. GIUSTARINI b, D.; DALLE-DONNE, I.; COLOMBO, R.; MILZANI, A.; ROSSI, R. Interference of plasmatic reduced glutathione and hemolysis on glutathione disulfide levels in human blood. Free Radic Res, v. 38, p. 1101–1106, 2004. GRIENDLING, K. K.; FITZGERALD, G. A. Oxidative stress and cardiovascular injury – Part I: basic mechanisms and in vivio monitoring of ROS. Circul, v. 108, n. 16, p. 1912-1916, 2003. HADJIGOGOS, K. The role of free radicals in the pathogenesis of rheumatoid arthritis. Panminerva Med. v. 45, n. 1, p. 7–13, 2003 in Heather K. Vincent, Kim E. Innes, Kevin R. Vincent. Oxidative stress and potential interventions to reduce oxidative stress in overweight and obesity. Diab, Obes Metabol, v. 9, p. 813–839, 2007. HALLIWELL, B.; GUTTERIDGEM J. C. Free radicals in biology and medicine. New York: 2000. 3° edição, Oxford. HALLIWEL, B.; WHITEMAN, M. Measuring reactive species and oxidative damage in vivo and in cell culture: how should you do it and what do the results mean? Br J Pharmacol, v. 142, p. 231–255, 2004. HEITZER, T. et al.Tetrahydrobiopterin improves endothelium-dependent vasodilation in chronic smokers: evidence for a dysfunctional nitric oxide synthase. Circ Res, v. 86, p. 36–41, 2000. HEITZER T et al. Tetrahydrobiopterin improves endothelium-dependent vasodilation by increasing nitric oxide activity in patients with type II diabetes mellitus. Diabetologia, v. 43, p. 1435–1438, 2000. 99 HIGASHI, Y; SASAKI, S.; NAKAGAWA, K.; FUKUDA, Y. et al. Tetrahydrobiopterin enhances forearm vascular response to acetylcholine in both normotensive and hypertensive individuals. Am J Hypertens, v. 15, p. 326–332, 2002. HIGASHI, Y.; NOMA, K.; YOSHIZUMI, M.; KIHARA, Y. Endothelial function and oxidative stress in cardiovascular deseases. Circ J, v. 73, n.3, p. 411-418, 2009. HIGDON, J. V.; FREI, B. Obesity and oxidative stress: a direct link to CVD? Arterioscler Thromb Vasc Biol, v. 23, p. 365–367, 2003. HIMMELFARB, J. Uremic toxicity, oxidative stress, and hemodialysis as renal replacement therapy. Semin Dial, v. 22, n. 6, p. 636-643, 2009. HUCKSHORN, C. J.; LINDEMAN, J. H.; TOET, K. H. et al. Leptin and the proinflammatory state associated with obesity. J Clin Endocrinol Metab, v. 89, p. 1773–1778, 2004. I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. Ver Soc Bras Hipert, v. 17, n. 4, 2004 in Diretrizes Brasileiras de Obesidade. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. 3 ed. Itapevi, SP: AC Farmacêutica, 2009. III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol, v. 77, p. 1-48, Suplemento 3, 2001. JUNGO, O.; MARKLUND, S. L.; XIA, N.; BUSSE, R.; BRANDES, R. P. Inactivation of extracellular superoxide dismutase contributes to the development of high-volume hypertension. Arterioscler Thromb Vasc Biol, v. 27, p. 470–477, 2007. KANNEL, W. B.; CUPPLES, L. A.; RAMASWAMI, R.; STOKES, I. I. I. J.; KREGER, B. E.; HIGGINS, M. Regional obesity and risk of cardiovascular disease; the Framingham Study. J Clin Epidemiol, v. 44, p.183–190, 1991. KEANEY, J. F. Jr.; LARSON, M. G.; VASAN, R. S. et al. Obesity and systemic oxidative stress: clinical correlates of oxidative stress in the Framingham Study. Arterioscler Thromb Vasc Biol, v. 23, p. 434–439, 2003. 100 KONUKOĞLU, D., SERIN, O.; ERCAN, M.; TURHAN, M. S. Plasma homocysteine levels in obese and non-obese subjects with or without hypertension; its relationship with oxidative stress and copper. Clin Biochem, v. 36, n. 5, p. 405-408, 2003 KREGEL, K. C.; ZHANG. H. J. An integrated view of oxidative stress in aging: basic mechanisms, functional effects, and pathological considerations. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol, v. 292, p. R18-R36, 2007. KULLO, I. J.; HENSRUDE, D. D.; ALLISON, T. G. Comparison of numbers of circulating blood monocytes in men grouped by body mass index (<25, 25 to <30, > or = 30). Am J Cardiol. v. 89, p. 1441–1443, 2002. LANDMESSER, U.; DIKALOV, S.; PRICE, R. et al. Oxidation of tetrahydrobiopterin leads to uncoupling of endothelial cell nitric oxide synthase in hypertension. J Clin Invest, v. 111, n. 8, p. 1201-1209, 2003. LAVROVSKY, Y.; CHATTERJEE, B.; CLARK, R. A.; ROY, A. K. Role of redoxregulated transcription factors in inflammation, aging and age-related diseases. Exp Gerontol, v. 35, p. 521–532, 2000. LEE, P.; PRASAD, K. Suppression of oxidative stress as a mechanism of reduction of hypercholesterolemic atherosclerosis by cyclooxygenase inhibitors. Int J Ang, v. 12, n. 1, p. 13-12, 2003. LI, C.; FORD, E. S..; MOKDAD, A. H.; COOK, S. Recent trends in waist circumference and waist-height ratio among US children and adolescents. Pediatrics, v. 118, p. 1390-1398, 2006. LINDER, K.; ARNER, P.; FLORES-MORALES, A.; TOLLET-EGNELL, P.; NORSTEDT, G. Differentially expressed genes in visceral or subcutaneous adipose tissue of obese men and women. J Lip Res, v. 45, p. 148-154, 2004. LOPES, H. F.; MARTIN, K. L.; NASHAR, K.; MORROW, J. D.; GOODFRIEND, T. L.; EGAN, B. M. DASH diet lowers blood pressure and lipid-induced oxidative stress in obesity. Hipert J Am Heart Assoc. v. 41, p. 422-430, 2003. 101 LU, S. C. Regulation of hepatic glutathione synthesis: current concepts and controversies. FASEB J, v. 13, n. 10, p. 1169-1183, 1999 in SALVADOR, M.; HENRIQUES, J. A. Radicais livres e a resposta celular ao estresse oxidativo. Canoas: Ed. ULBRA, 2004. LYON, C. J.; LAW, R. E.; HSUEH, W. Minireview: adiposity, inflammation, and atherogenesis. Endocrinology, v. 144, n. 6, p. 2195-2200, 2003. MANCINI, M. C. Diagnostic obstacles and therapeutic challenges in obese patient. Arq Bras Endocrinol Metab, v. 45, p. 584-608, 2001. MARITIM, A. C.; SANDERS, R. A.; WATKINS, J. B. Diabetes, oxidative stress, and antioxidants: a review. J Biochem Mol Toxicol,v. 17, n. 1, p. 24–38, 2003. MARTINS, I. S.; MARINHO, S. P. The potencial of central obesity anthropometric indicators as diagnostic tool. Rev Saúde Pública, v. 37, n. 6, p. 760-767, 2003. MAXWELL, S. R. Prospects for the use of antioxidant therapies. Drugs, v. 49, n. 3, p. 345-361, 1995. MCNALLY J. S.; DAVIS, M. E.; GIDDENS, D. P. et al. Role of xanthine oxidoreductase and NAD(P)H oxidase in endothelial superoxide production in response to oscillatory shear stress. Am J Physiol Heart CircPhysiol, v. 285, n. 6, p. H2290-h2297, 2003. MELISSAS, J.; CRISTODOULAKIS, M.; SPYRIDAKIS, M. et al. Disorders associated with clinically severe obesity: Significant improvement after surgical weight reduction. South Med J, v. 91, p. 1143-1148, 1998. Menon, V.; Ram, M.; Dorn, J. et al. Oxidative stress and glucose levels in a population-based sample. Diabetes Med, v. 21, p. 1346–1352, 2004. MOLARIUS, A.; SEIDELL, J. C.; SANS, S.; TUOMILEHTO, J.; KUULAS, M. A. A. K. Waist and hip circumferences, and waist-hip ratio in 19 populations of the WHO MONICA Project. Int J Obes Relat Metab Disord, v. 23, n. 2, p. 116-125, 1999. 102 MONTAGUE, C. T.; O’RAHILLY, S. Perspectives in Diabetes. The Perils of Portliness Causes and Consequences of Visceral Adiposity. Diabetes, v. 49, p. 883888, 2000. MONTEIRO, C. A.; CONDE, W. L.; POPKIN, B. M. Income-Specific Trends in Obesity in Brazil: 1975–2003. Am J Public Health, v. 97, n. 10, p. 1808-1812, 2007. MONTUSCHI, P.; BARNES, P. J.;, ROBERTIS, L. J. Isoprostanes: markers and mediators of oxidative stress. J Feder Am Soc Exper Biol, v. 18, n. 15, p. 17911800, 2004. MUTLU-TÜRKOĞLU, U.; OZTEZCAN, S.; TELCI, A.; ORHAN, Y.; AYKAC-TOKER, G.; SIVAS, A.; UYSAL, M. An increase in lipoprotein oxidation and endogenous lipid peroxides in serum of obese women. Clin Exp Med, v. 2, n.4, p.171-174, 2003. MYARA, I.; ALAMOWITHC, C.; MICHEL, O., HEUDES, D.; BARIETY, J., GUYGRAND, B.; CHEVALIER, J. Lipoprotein oxidation and plasma vitamin E in nondiabetic normotensive obese patients. Obes Res, v.11, n. 1, p.112–120, 2003. NETO, J. M. F. A.; DE PAULA, L. B. Indices of oxidative stress in subjects with diferente levels of body composition and tack the practice of physical activity. Brazil J Biomotri, v.5, n. 2, p. 117-131, 2011. NEVES, C. F. Avaliação de biomarcadores de estresse oxidativo e estado inflamatório em pacientes no pré e pós-operatório de cirurgia de obesidade: 2009-2009. 2010. 94f. Dissertação (Mestrado em Nutrição Humana) – Universidade de Brasília, Brasília-DF. NICHOLS, D. G.; FERGUSON, S. J. Bioenergetics 3. 4. ed. San Diego: Academic Express, 2001, p. 127-129. NONOGAKI, K.; FULLER, G. M.; FUENTES, N. L.; MOSER, A. H.; STAPRANS, I.; GRUNFELD, C. et al. Interleukin-6 stimulates hepatic triglyceride secretion in rats. Endocrinol, v. 136, n. 5, p. 2143-2149, 1995 ÖHRVALL, M.; TENGBLAD, S.; VESSBY, B. Lower tocopherol serum levels in subjects with abdominal adiposity. J Intern Med, v. 234, n. 1, p. 53-60, 1993. 103 OLUSI, S. O. Obesity is an independent risk factor for plasma lipid peroxidation and depletion of erythrocyte cytoprotectic enzymes in humans. Int J Obes Relat Metab Disord, v. 26, p. 1159–1164, 2002. O’DRISCOLL, J. G.; GREEN, D. J.; RANKIN, J. M.; TAYLOR, R. R. Nitric oxidedependent endothelial function is unaffected by allopurinol in hypercholesterolaemic subjects. Clin Exp Pharmacol Physiol, v. 26, n. 10, p. 779–783, 1999. PORTO, C. C. Doenças do Coração: Prevenção e Tratamento. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 1998 in CANTOS, G. A.; DUARTE, M. F. S.; DUTRA, R. L. D. et al. Prevalence of risk factors of coronary artery disease in university hospital employees and the correlation with psychological stress. J Bras Patol Med Lab, v. 40, n. 4, p. 240-247, 2004. RANKINEN, T.; KIM, S. Y.; PERUSSE, L.; DESPRES, J. P.; BOUCHARD, C. The prediction of abdominal visceral fat level from body composition and anthropometry: ROC analysis. Int J Obes Relat Metab Disord, v. 23, p. 801-809, 1999. RICE-EVANS, C. Measurement of total antioxidant activity as a marker of antioxidant status in vivo: procedures and limitations. Free Radic Res, v. 33, p. S59-S66, 2000 in FERRAI, C. K. B. Total antioxidant capacity (TAC) in clinical, experimental and nutritional studies. J Health Sci Inst, v. 28, n. 4, p. 307-310, 2010. REBRIN, I.; SOHAL, R.S. Comparison of thiol redox state of mitochondria and homogenates of various tissues between two strains of mice with different longevities. Exp Gerontol, v. 39, n. 10, p. 1513–1519, 2004. REXRODE, K. M.; PRADHAN, A.; MANSONS, J. E.; BURING, .J. E.; RIDKER, P. M. Relationship of total and abdominal adiposity with CRP and IL-6 in women. Ann Epidemiol, v. 13, n. 10, p. 1-9, 2003. RIBEIRO, F. F.; FARIA, N. A.; KOHLMANN, O. J.; AJZEN, S.;, RIBEIRO, A. B.; ZANELLA, M.; et al. Ultrassonography for the evaluation of visceral fat and cardiovascular risk. Hypertension, v. 38, p. 713-717, 2001. ROBERTIS, C. K.; SINDHU, R. K. Oxidative stress and metabolic syndrome. Life Sciences, v.84, p. 705-712, 2009. 104 ROSA, E. C.; ZANELLA, M. T.; RIBEIRO, A. B.; KOHLMANN, J. O. Visceral obesity, hypertension and cardio-renal risk: a review . Arq Bras Endocrinol Metab, v. 49, n.2, p. 196-204, 2005. SALVADOR, M.; HENRIQUES, J. A. Radicais livres e a resposta celular ao estresse oxidativo. Canoas: Ed. ULBRA, 2004. SCULZE, P. C.;, LEE, R. T. Oxidative stress and atherosclerosis. Curr Atheroscler Rep, v. 7, p. 242–248, 2005. SCHIFFRIN, E. L. Beyond blood pressure: the endothelium and atherosclerosis progression. Am J Hypertens, v. 15, p. 115S–122S, 2002. SEIDELL, J. C.;, PERUSSE, L.; DESPRES, J. P.; BOUCHARD, C. Waist and hip circumferences have independent and opposite effects on cardiovascular disease risk factors: the Quebec Family Study. Am J Clin Nutr, v. 74, p. 315-321, 2001. SHARIFIAN, A.; FARAHANI, S.; PASALAR, P. et al. Shift work as an oxidative stressor. J Circadian Rhythms, v.3, 2005. SIES, H. Strategies of antioxidant defese. Eur J Biochem, v. 215, p. 213-219, 1993. in SALVADOR, M.; HENRIQUES, J. A. Radicais livres e a resposta celular ao estresse oxidativo. Canoas: Ed. ULBRA, 2004. SILVA, E. N.; SANCHES, M. D. Lipid profile of obese before and after Fobi-Capella gastric bypass. Rev Col Bras Cir, v. 33, n. 2, p. 91-98, 2006. SIM, A. S.; SALONIKAS, C.; NAIDOO, D.; WILCKEN, D. E. L. Improved method for plasma malondialdehyde measurement by high-performance liquid chromatography using methyl malondialdehyde as an internal standard. J Chromatogr B Anal Technol Biomed Life Sci, v. 785, n. 2, p. 337-344, 2003. SOBAL, J.; RAUSCHENBACH, B.; FRONGILLO, E. A. Marital status changes and body weight changes: a US longitudinal analysis. Soc Sci Med, v. 56, n. 7, p. 15431555, 2003 in GIGANTE, D. P.; MOURA, E. C.; SARDINHA, L. M. V. Prevalence of overweight and obesity and associated factors, Brazil, 2006. Rev Saúde Pública, n.4, p. 83-89, 2009. 105 OLÁ, E.; JOVER, A.; LÓPEZ-RUIZ, A. et al. Parameters of inflammation in morbid obesity: lack of effect of moderate weight loss. Obes Surg. v. 19, n. 5, p. 571-576, 2009. STEGHENS, J. P.; KAPPEL, A. L. V.; DENIS, I.; COLLOMBEL, C. Diaminonaphtalene, a new highly specific reagent for HPLC-UV measurement of total and free malondialdehyde in human plasma or serum. Free Radical Biol Med, v. 31, n. 2, p. 242-249, 2001. STROES, E. et al. Tetrahydrobiopterin restores endothelial function in hypercholesterolemia. J ClinInvest, v. 99, p. 41-46, 1997. TARPEY, M. M.; WINK, D. A.; GRISHAM, M. B. Methods for detection of reactive metabolites of oxygen and nitrogen: in vitro and in vivo considerations. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol, v. 286. p. R431–R444, 2004. TAYLOR, A. G. et al. Inflammation and oxidative stress are associated with a novel dietary “Phytochemical Index” in obese young adults. North American Research Conference on Complementary and Alternative Medicine May, 24-27, 2006. Edmonton, AB Canada. TAYLOR, R. W.; JONES, I. E.; WILLIAMS, S. M.; GOULDING, A. Evaluation of waist circumference, waist-to-hip ratio, and conicity index as screening tools for high trunk fat mass, as measures by dual-energy by dual-energy X-ray absorptiometry, in children aged 3-19 y. Am J ClinNutr, v.72, n. 2, p, 490-495, 2000. Third Report of Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III). NIH publication n. 1-3670, 2000 in Diretrizes Brasileiras de Obesidade. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. 3 ed. Itapevi, SP: AC Farmacêutica, 2009. TOTH, M.J.; TCHERNOF, A.; SITES, C. K.; POEHLMAN, E. T. Effect of menopausal status on body composition and abdominal fat distribution. Int J Obes Relat Metab Disord, v. 24, n. 2, p. 226-231, 2000. 106 TRAYHURN, P.; WOOD, I. S. Adipokines: inflammation and the pleiotropic role of white adipose tissue. Br J Nutr, v. 92, p. 347-355, 2004. URUKAWA, H.; KATSUKI, A.; SUMIDA, Y.; GAGAZZA, E. C. et al. Oxidative stress is associated with adiposity and insulin resistance in men. J Clin Endocrinol Metab, v. 88, p. 4673-4676, 2003. VALEZI, A. C.; CABRERA, E. J.; DELFINO, D. A. et al. Roux-en-Y gastric bypass and inflammatory activity of the adipose tissue. Rev Col Bras Cir, v. 38, n. 3, p. 161166, 2011. VALKO, M.; MORRIS, H.; CRONIN, M. T. D. Metals, toxicity and oxidative stress. Curr Med Chem, v. 12, p. 1161– 1208, 2005. VASCONCELOS, E. M. A. Avaliação do estresse oxidativo e dos marcadores inflamatórios em pacientes hiperlipidêmicos. 2007. 91f. (Doutorado em Ciências Médicas) – Universidade de Campinas, Campinas-SP. VASCONCELOS, S. M. L.; GOULART, M. O. F.; SILVA, M. A. M. et al. Markers of Redox Imbalance in the Blood of Hypertensive Patients of a Community in Northeastern Brazil. Arq Bras Cardiol, v. 97, n. 2, p. 141-147, 2011. VAZIRI, N. D. Causal link between oxidative stress, inflammation, and hypertension. Iran J KidneyDis, v. 2, n. 1, p. 1-10, 2008. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão – DBH VI. Diagnóstico e classificação. Rev Bras Hipertens, v. 17, n. 1, p. 11-17, 2010. VINCENT, H. K.; TAYLOR, A. G. Biomarkers and potential mechanisms of obesityinduced oxidant stress in humans. Int J Ob, v. 30, p. 400-418, 2006. VINCENT, H. K. et al. Oxidative stress and potential interventions to reduce oxidative stress in overweight and obesity. Diab, Obes and Metabol, v. 9, p. 813–839, 2007 VINCENT, H. K.; INNES, K. E.; VINCENT. K. R. Mechanism for obesity-induced increase in myocardial lipid peroxidation. Int J Obes Relat Metab Disord, n. 25, p. 378–388, 2001. 107 VOLP, A. C. P.; BRESSAN, J.; HERMSDORFF, H. H. M. et al. Selenium antioxidant effects and its link with inflammation and metabolic syndrome. Rev Nutr, v. 23, n.4, p. 581-590, 2010. WERNER, E. R.; GORREN, A. C. F.; HELLER, R. et al. Tetrahydrobiopterin and nitric oxide: mechanistic and pharmacological aspects. Exp Biol Med, v. 228, p. 1291–1302, 2003. WILLERSON, J. T.; RIDKER, P. M. Inflammation as a cardiovascular risk factor. Circulat, n. 109, p. 2-10, 2004 in VOLP, A. C. P. et al. Selenium antioxidant effects and its link with inflammation and metabolic syndrome. Rev Nutr, v. 23, n. 4, p. 581590, 2010. WISE, B. E. The inflammatory syndrome: the role of adipose tissue cytokines in metabolic disorders linked to obesity. J Am Soc Nephrol, v. 15, p. 2792-2800, 2004. WHEATCROFT, S. B.; WILLIAMS, I. L.; SHAH, A. M.; KEARNEY. M. T. Pathophysiological implications of insulin resistance on vascular endothelial function. Diabet Med, v. 20, p. 255–268, 2003. WOO, J.; HO, S. C.; YU, A. L.; SHAM, A. Is waist circumference a useful measure in predicting health outcomes in the elderly? Intern J Obes Relat Metab Disord, v. 26, p. 1349-1355, 2002. WOOD, I. S.; HEREDIA, F. P.; WANG, B.; TRAYHURN, P. Cellular hypoxia and adipose tissue dysfunction in obesity. Proc Nutr Soc, v. 68, n. 4, p. 370-377, 2009. World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a World Health Organization Consultation. Geneva: World Health Organization, 2000. p. 256. WHO Obesity Technical Report Series, n. 284. World Health Organization (WHO).Ficha n° 13. Março, 2011. Disponível em http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/es/index.html. Acesso em: 18 de junho de 2011. YAGI, K. A simple fluorometric assay for lipoperoxide in blood plasma. Biochem Med, n.15, p. 212-216, 1976. 108 YU, B. P. Cellular defense against damage from reactive oxygen species. Physiol Rev, v. 74, p. 139-162, 1994 in VINCENT, H. K.; TAYLOR, A. G. Biomarkers and potential mechanisms of obesity-induced oxidant stress in humans. Int J Ob, v. 30, p. 400-418, 2006. YUDKIN, J. S.; KUMARI, M.; HUMPHRIES, S.; MOHAMED-ALI, V. Inflammation, obesity, stress and coronary heart disease: is interleukin-6 the link? Atheroscl, v. 148, p. 209–214, 2000. 109 8- ANEXOS 110 ANEXO 1 111 ANEXO 2 112 113