Medida da cavidade glenoidal de ombros normais e com
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Medida da cavidade glenoidal de ombros normais e com
ROBERTO YUKIO IKEMOTO Medida da cavidade glenoidal de ombros normais e com instabilidade por meio da tomografia axial computadorizada com reconstrução tridimensional Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Medicina São Paulo 2010 ROBERTO YUKIO IKEMOTO Medida da cavidade glenoidal de ombros normais e com instabilidade por meio da tomografia axial computadorizada com reconstrução tridimensional Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Medicina Área de Concentração em Ciências da Saúde Orientador: Prof. Dr. Sérgio Luiz Checchia São Paulo 2010 Dedico este trabalho aos meus pais, pelos seus ensinamentos e formação que me propiciaram as grandes oportunidades na minha carreira. À minha esposa Celina e aos meus filhos, Renan, Henry e Mauren, que são a razão e inspiração da minha vida, pelo tempo que abdicaram de minha companhia para que eu pudesse concretizar este trabalho. O importante é continuar aprendendo, desfrutar os desafios e tolerar a ambiguidade pois, em definitivo, não existem certezas. Marina Horner AGRADECIMENTOS À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na pessoa do seu DD. Provedor Dr. Kalil Rocha Abdalla, por ter proporcionado os meios indispensáveis na execução deste trabalho. À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, na pessoa de seu DD. Diretor Prof. Dr. Ernani Geraldo Rolin, pela oportunidade de participar no curso de pósgraduação. Ao Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Pavilhão “Fernandinho Simonsen” representado pelo seu DD. Diretor Prof. Dr. Osmar Avanzi, onde tive minha formação em ortopedia e traumatologia. À coordenação do curso de pós-graduação em Ciências da Saúde Prof. Dra. Yvoty Alves dos Santos Sens, pela oportunidade concedida de participar deste curso. Aos Profs. Drs. Waldemar de Carvalho Pinto Filho e José Soares Hungria Filho, in memorian, pelas suas personalidades marcantes e de liderança que tive como exemplo na minha formação. Ao Prof. Dr. Sérgio Luiz Checchia, orientador desta tese, que permitiu total liberdade em conduzi-la, pela sua orientação, credibilidade, toda a minha admiração e gratidão. Ao Prof. Dr. Carlo Milani, Titular da Disciplina de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina do ABC, que sempre compartilha com nosso progresso e é um constante incentivador de nossas publicações. Ao Prof. Dr. Edison Noboru Fujiki, Professor Adjunto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina do ABC, pelos seus conselhos e apoio na minha carreira acadêmica. Ao Prof. Dr. Joel Murachovsky e aos Drs. Luis Gustavo Prata Nascimento, Rogério Serpone Bueno, Luiz Henrique Oliveira Almeida e Eric Strose, Assistentes do Grupo do Ombro e Cotovelo da Faculdade de Medicina do ABC pela amizade e coesão que mantemos no grupo. À Sra. Sheila Solla, pela sua paciência e pelo intenso trabalho despendido em toda revisão deste manuscrito. À Sra. Mirtes Dias de Souza, Secretária do Curso de Pós-Graduação, pela presteza na busca de informações e soluções referentes à conclusão do curso. À Dra Ting Hi Ghing, Professora Assistente de Bioestatística do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pelas orientações indispensáveis para a realização deste estudo. Ao Dr. Rogério Ruscitto do Prado, Estatístico do Departamento de Moléstias Infecciosas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, pela organização, análise e finalização dos dados estatísticos. À Prof.ª Débora Cardoso, pela tradução, revisão e correção do texto em inglês. Às Bibliotecárias Sônia Regina Fernandes Arevalo e Sadia Hussein Mustafá pela preciosa ajuda na pesquisa bibliográfica. Aos Estagiários do Grupo de Ombro e aos Residentes da Faculdade de Medicina do ABC e do Hospital Ipiranga, que são um estímulo constante do meu desenvolvimento médico e científico. ABREVIATURAS ABREVIATURAS cm Centímetro D Direito Dp Desvio padrão E Esquerdo F Feminino Fig Figura gl Grau de liberdade IC Intervalo de confiança IN Intervalo de normalidade mm Milímetro M Masculino n Número de amostra No Número p Probabilidade r Coeficiente de correlação RMN Ressonância magnética nuclear Rx Radiografia Seg Segmento SV Segmento vertical Tab Tabela TAC Tomografia axial computadorizada TAC3D Tomografia axial computadorizada com reconstrução tridimensional Vmax Valor máximo Vmin Valor mínimo SUMÁRIO SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO........................................................................................................ 1 1-1 - Revisão da literatura......................................................................................... 5 2 - OBJETIVO................................................................................................................ 33 3 - CASUÍSTICA E MÉTODOS.................................................................................... 35 3.1 - Exame tomográfico.......................................................................................... 37 3.2 - Análises estatísticas.......................................................................................... 39 4 - RESULTADOS......................................................................................................... 43 5 - DISCUSSÃO............................................................................................................. 56 6 - CONCLUSÕES......................................................................................................... 70 7 - ANEXOS................................................................................................................... 72 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 87 FONTES CONSULTADAS.......................................................................................... 93 RESUMO....................................................................................................................... 95 ABSTRACT................................................................................................................... 97 LISTAS............................................................................................................................ 99 1- INTRODUÇÃO Introdução 2 A instabilidade do ombro pode ser considerada como uma das mais desafiadoras afecções dentre todas que acometem a articulação do ombro, pela sua freqüência, variedade de alterações anatomopatológicas e, principalmente, pela possibilidade de suceder a sua recidiva, mesmo após o tratamento cirúrgico. Este índice de falha cirúrgica pela via de acesso aberta (“via aberta”), devido à recidiva da instabilidade do ombro, que até há pouco tempo era considerada como o “padrão ouro” para o tratamento desta afecção, varia entre 2% e 11%, nas diferentes publicações, segundo descrição de Tauber et al (2004). Com o objetivo de minimizar a morbidade da cirurgia por “via aberta” e melhorar os resultados funcionais do tratamento, desenvolveu-se a técnica cirúrgica por “visão artroscópica”. Este método foi realizado inicialmente por Johnson em 1982 que utilizava grampos metálicos para a realização da reinserção do complexo cápsulo-labial, contudo seus resultados apresentavam índices maiores de recidiva (Johnson, 1993). Posteriormente, com o desenvolvimento de novos materiais e instrumentais, conjuntamente com novas técnicas cirúrgicas artroscópicas, houve uma evolução e melhora destes resultados com a diminuição das recidivas, equiparando-se ao tratamento por “via aberta”. Porém, o tratamento cirúrgico, tanto por “via aberta” como por “visão artroscópica”, é um procedimento que ainda não deixa o cirurgião totalmente confortável com os seus resultados, pela possibilidade de ocorrer recidiva da instabilidade, apesar do seu baixo índice. Introdução 3 Isto é o que motiva os cirurgiões a buscarem os fatores que propiciam a falha do tratamento cirúrgico (Tauber et al, 2004; Boileau et al, 2006). Com os estudos biomecânicos de Turkel et al (1981), o tratamento da instabilidade do ombro passa a ser baseado na reconstrução dos mecanismos estabilizadores. A restauração destes fatores de equilíbrio da articulação do ombro e do seu arco de movimento é um aspecto importante para o retorno das atividades funcionais, principalmente nos pacientes jovens que praticam atividades esportivas (Chen et al, 2005). Dentre as alterações anatomopatológicas na instabilidade do ombro temos: destacamento do lábio glenoidal, denominado lesão de Bankart (1923); lesão na porção póstero-lateral da cabeça do úmero, conhecida como lesão de Hill-Sacks (1940); lesão ou frouxidão do complexo cápsulo-ligamentar; fraturas e erosões da borda anterior da cavidade glenoidal que, pelos sucessivos episódios de luxação do ombro, levam à incongruência articular e contribuem para a instabilidade do anterior ombro (Turkel et al, 1981; Levine, Flatow, 2000). Portanto, a erosão da borda anterior da cavidade glenoidal é considerada como um dos fatores de recorrência da instabilidade do ombro e deve ser diagnosticada e tratada adequadamente, segundo Bigliani et al (1998). Para a correção desta lesão, utiliza-se o enxerto ósseo que pode ser retirado tanto do processo coracóide, técnica de Bristow, descrita por Helfet (1958) e de Latarjet (1954), quanto do osso ilíaco, técnica de Eden (1918) e Hybbinette (1932). Estes procedimentos foram inicialmente descritos para o tratamento das instabilidades do ombro. Passaram a ser utilizados para o tratamento das instabilidades associadas à erosão da borda ântero-inferior da cavidade glenoidal, utilizando-se do enxerto ósseo para o preenchimento desta falha (Neer, 1990). Introdução 4 Entretanto, não há um consenso, entre os autores, com relação a um método para mensurar estas falhas ósseas e nem quanto às dimensões que a erosão deve ter para justificar a sua correção com a utilização de enxerto ósseo (Chiang et al, 1995; Bigliani et al, 1998; Gerber, Nyffeler, 2002; Burkhart et al, 2002; Itoi et al, 2003, Sugaya et al, 2003). Na literatura, encontramos diferentes índices e valores para a indicação do tratamento da erosão da borda anterior da cavidade glenoidal, baseado no seu tamanho, indicado em percentual, tomando-se como referência a área da superfície articular, a largura ou a altura da cavidade glenoidal (Chiang et al, 1995; Ungersböck et al 1995; Bigliani et al, 1998; Burkhart, De Beer, 2000; Itoi et al, 2000, Gerber, Nyffeler, 2002). Na realidade, temos dificuldade em avaliar e quantificar o grau de erosão da cavidade glenoidal, de forma visual e direta (Miyazaki et al, 2002), ou mesmo por visão por “visão artroscópica” (Aigner et al, 2004; Kralinger et al, 2006; Huijsmans et al, 2007). O que nos motivou a realizar este trabalho foi a inexistência de um padrão único para medir e avaliar a erosão da borda anterior da cavidade glenoidal, previamente ao procedimento cirúrgico. Na tentativa de auxiliar no estudo das falhas ósseas, utilizamos o método descrito em trabalho anterior, realizado em peças anatômicas de escápulas desidratadas (Ikemoto et al, 2005) e, seguindo esta mesma linha de pesquisa, determinamos o valor da aplicação das medidas e cálculos, por meio da tomografia axial computadorizada com reconstrução tridimensional. Revisão da literatura 5 1.1 - Revisão da literatura Eden (1918) é um dos primeiros autores que apresentam um método para o tratamento da instabilidade do ombro abordando a região anterior da cavidade glenoidal. Descreve sua técnica utilizando um bloco ósseo cortico-esponjoso da tíbia. A técnica consiste na aposição de um enxerto ósseo laminar na face anterior do colo da escápula com a finalidade de preencher o espaço vazio criado nesta região devido aos sucessivos deslocamentos da cabeça do úmero e de construir um obstáculo ao seu deslocamento anterior. Hybbinette (1932) expõe a sua técnica cirúrgica para o tratamento da instabilidade do ombro, à semelhança do método de Eden (1918). Na sua série de 22 pacientes operados durante o período de 1915 a 1930, encontra alterações no lábio glenoidal, destacamento da cápsula do rebordo glenoidal e a presença de uma falsa cavidade na região anterior e ânteroinferior da cavidade glenoidal. O procedimento foi inicialmente descrita com a colocação de enxerto ósseo da tíbia e posteriormente a utilização da crista ilíaca dentro da bolsa periosteal, anterior à borda da cavidade glenoidal. O enxerto é posicionado nesta bolsa anterior e fixado com o fechamento da cápsula contra a parede anterior da cavidade glenoidal. Latarjet (1954) propõe uma técnica cirúrgica para o tratamento da instabilidade anterior do ombro, com o propósito de suprimir o espaço vazio subperiostal do colo da escápula, à semelhança da técnica e do conceito de Eden (1918) e Hybbinette (1932). Nesta técnica utiliza-se o processo coracóide que é transposto juntamente com os tendões da cabeça curta do bíceps braquial e do músculo coracobraquial, posicionado na borda anterior da Revisão da literatura 6 cavidade glenoidal e fixado com um parafuso. Destaca a vantagem da utilização deste enxerto por ser pediculado e com uma boa vascularização, o que facilita a sua consolidação. Helfet (1958) publica a técnica idealizada por Bristow1, 19 anos antes, e que, desde então, a utiliza para o tratamento da instabilidade do ombro. A técnica consiste na transferência do processo coracóide para a borda anterior da cavidade glenoidal fixando-o juntamente com a sutura do tendão do músculo subescapular. Descreve-a como sendo um procedimento lógico e de fácil execução, com a vantagem de ser mais efetiva na posição em abdução e rotação lateral, quando o enxerto ósseo e o tendão conjunto reforçam a parte deficiente da articulação. Dos 30 pacientes operados por esta técnica, somente um deles apresenta recidiva da luxação devido à avulsão do enxerto ósseo. D’Angelo (1970) mostra os resultados obtidos com a técnica por ele denominada de “Bristow-Latarjet” para o tratamento da instabilidade do ombro, à qual acrescenta a transferência do músculo subescapular para a borda externa do sulco intertubercular juntamente com o tendão do músculo peitoral maior. Atribui a esta técnica uma ação dinâmica da musculatura no bloqueio do deslocamento anterior da cabeça do úmero e também a capacidade de ampliação da cavidade glenoidal. A freqüência encontrada de erosões da borda anterior da cavidade glenoidal nesta série de 29 pacientes é de 31%, mas não cita a dimensão destas lesões. Kummel (1970) relata dois casos de luxação anterior do ombro em que as fraturas da borda anterior da cavidade glenoidal não são diagnosticadas no primeiro atendimento, pois, 1 Bristol WR apud Helfet AJ. Coracoid transplantation for recurring dislocation of the shoulder. J Bone Joint Surg Br. 1958;40(2):198-202. Revisão da literatura 7 no exame radiográfico, a cabeça do úmero sobreposta sobre a borda anterior da cavidade glenoidal dificulta a sua visibilização. Após a redução, persistindo a instabilidade devido à fratura, o ombro re-luxa, tornando-se uma luxação inveterada. Portanto, recomenda a incidência em “perfil axilar” para uma melhor avaliação desta região, pois, na incidência ântero-posterior, devido à sobreposição com a cabeça do úmero, e na incidência transtorácica, pela sobreposição com as costelas, a fratura da borda anterior da cavidade glenoidal pode passar despercebida. Rokous et al (1972) descrevem uma incidência radiográfica denominada “perfil axilar” modificada (popularizada como incidência de “West Point”, pelo local em que foi criada) que visibiliza tangencialmente a borda anterior da cavidade glenoidal. Ressaltam a frequência com que as alterações ósseas da borda anterior da cavidade glenoidal podem ser demonstradas em pacientes com instabilidade do ombro, por meio de uma incidência radiográfica apropriada para abordar esta região. Em 53 dos 63 pacientes com subluxação recorrente encontram anormalidades ósseas na borda anterior da cavidade glenoidal. Cinquenta e um destes pacientes são submetidos ao tratamento cirúrgico. Com exceção de um caso, em todos os outros, confirmam a presença das alterações na área da borda da cavidade glenoidal. Consideram que estas alterações são sinais patognomônicos da instabilidade anterior do ombro e auxiliam no seu diagnóstico. Rowe et al (1978) estudam 161 pacientes (162 ombros) operados com instabilidade do ombro com a reparação da lesão de Bankart. Encontram em 85% dos casos separação da cápsula da borda anterior da cavidade glenoidal; lesão de Hill-Sacks na cabeça do úmero em 77% e lesões na borda anterior da cavidade glenoidal em 73%. São os primeiros a quantificar Revisão da literatura 8 o tamanho das erosões da borda anterior da cavidade glenoidal, das quais 56% com aspecto ebúrneo ou com erosão e 44% com fraturas. Este último grupo apresenta comprometimento da cavidade glenoidal em proporções diferentes: 35% têm 1/6 de sua cavidade afetada, 51% têm 1/4 e os restantes 14% com perda de 1/3 da cavidade. Referem recidiva da instabilidade em cinco pacientes (3,5%), sendo que um destes encontra-se entre aqueles com comprometimento de 1/4 da cavidade glenoidal. Em nenhum de seus casos mencionados, utilizam enxerto ósseo. Inferem que a fratura da borda anterior da cavidade glenoidal não aumenta o risco de recidivas da instabilidade. Turkel et al (1981) estudam, com detalhes, a anatomia do ombro a fim de identificar quais estruturas e de que forma contribuem para a sua estabilidade. Utilizam, em 36 ombros de cadáveres, marcadores radiopacos posicionados em vários pontos no ombro, para demonstrar, radiograficamente, a posição, a tensão e frouxidão do músculo subescapular, do ligamento glenoumeral médio e inferior durante a posição em abdução e em vários graus de rotação do membro superior. Referem que, a 0º e a 45º de abdução, o deslocamento é prevenido pela combinação de efeitos do músculo subescapular, do ligamento glenoumeral médio e das fibras superiores do ligamento glenoumeral inferior. Em 90º de abdução, é o ligamento glenoumeral inferior que bloqueia o deslocamento. Seus achados sugerem que, no tratamento da instabilidade do ombro, é possível identificar o defeito com mais precisão e realizar a reparação de forma mais seletiva, sacrificando menos a rotação lateral, diminuindo, em muito, a morbidade pós-operatória. Ferreira Filho (1984) verifica, em sua casuística de 37 ombros operados com a técnica, por ele denominada de “Bristow-Latarjet”, graus variados de eburneação do colo anterior da Revisão da literatura 9 escápula e erosão da borda anterior da cavidade glenoidal em maior ou menor extensão. A incidência destas lesões, de origem traumática, guarda relação com o número de recidivas, pois 36 pacientes apresentam cinco ou mais episódios. Relata, ainda, que em dois casos encontrou uma fratura da borda anterior da cavidade glenoidal. Os seus resultados em longo prazo mostram 63% de pacientes com limitação da rotação lateral, em média de 15º. Vinte e quatro por cento dos pacientes apresentam artrose leve e 2% artrose moderada. Considera que a presença da artrose seja, provavelmente, consequente à limitação da rotação lateral. Hawkins, Hawkins (1985) avaliam 46 pacientes nos quais houve falhas no tratamento cirúrgico da instabilidade do ombro, considerando estas como: recidiva da instabilidade, dor pós-operatória ou perda da amplitude articular. Trinta e um casos apresentam recidiva da instabilidade do ombro. Em 11, não há uma correção adequada da lesão o que leva à recidiva. Dentre as lesões constatadas nas reoperações encontram: destacamento da cápsula da borda anterior da cavidade glenoidal, frouxidão da cápsula articular anterior e deficiência da borda anterior da cavidade glenoidal. Ressaltam a importância de identificar as alterações anatômicas e corrigi-las. Pavlov et al (1985), em um estudo retrospectivo de 83 pacientes com instabilidade do ombro, avaliam as projeções radiográficas e as correlacionam com as lesões ósseas encontradas. Verificam a presença da “lesão óssea de Bankart” (fratura ou formação ectópica óssea na borda anterior da cavidade glenoidal), isolada em quatro casos (5%) e a presença de lesão conjunta de Bankart e Hill-Sacks em 13 casos (16%). Concluem que as melhores Revisão da literatura 10 incidências radiográficas para visibilizar a lesão óssea da borda anterior da cavidade glenoidal são as de “West Point” e “Didiee”2. Howell, Galinat (1989), em estudo anatômico de 25 peças anatômicas de ombros obtidas de cadáveres de indivíduos adultos, avaliam o efeito da superfície articular e do lábio glenoidal na profundidade da cavidade glenoidal. Observam que a superfície articular da cavidade e o lábio glenoidal se combinam para dar profundidade à cavidade glenoidal. No sentido súpero-inferior conferem uma profundidade de aproximadamente 9mm e, no sentido ântero-posterior, de aproximadamente 5mm. Na secção súpero-inferior e na secção ânteroposterior inferior, a superfície óssea contribui em 50% e o lábio nos outros 50% da profundidade da cavidade. Portanto, a superfície articular juntamente com o lábio glenoidal formam o soquete da articulação do ombro, importante fator para a estabilidade articular. Concluem que a perda do lábio ou de parte da superfície articular seria uma causa importante na instabilidade anterior do ombro. Neer (1990), em seu livro texto, descreve a técnica para o tratamento da instabilidade anterior do ombro denominada de reparo capsular com reforço cruciforme associada à reinserção do lábio, quando necessário. Recomenda que, em raras situações em que haja um desgaste e uma inclinação da borda anterior da cavidade glenoidal, seja realizada a transferência do processo coracóide abaixo do tendão do músculo subescapular com a reinserção do enxerto fora da cápsula articular. 2 Incidência de Didiee para visibilizar a lesão da cabeça do úmero e da borda da cavidade glenoidal, descrita por Didiee J. (1938) apud Pavlov H, Warren RF, Weiss CB Jr, Dines DM. The roentgenographic evaluation of anterior shoulder instability. Clin Orthop Relat Res. 1985;(194):153-8. Revisão da literatura 11 Iannotti et al (1992) estudam a anatomia de 140 ombros normais, sendo 96 ombros de 49 cadáveres conservados e 44 ombros de 44 pacientes submetidos à ressonância magnética nuclear. Mensuram as dimensões súpero-inferior e ântero-posterior da porção superior e inferior da cavidade glenoidal. Não constatam diferença estatisticamente significante entre os valores mensurados nas peças de ombros de cadáveres e nas ressonâncias magnéticas nucleares. A média do segmento súpero-inferior é de 39 ± 3,7mm, com variação de 30 a 49mm, e a média do segmento ântero-posterior da porção inferior é de 29 ± 3,1mm, variando de 21 a 35mm O segmento ântero-posterior superior tem como média 23 ± 2,7mm, com variação de 19 a 30mm. Verificam a razão entre o segmento ântero-posterior da porção inferior e da superior que é de 1/0,8 ± 0,01, a razão do segmento súpero-inferior com o segmento ântero-posterior da porção inferior da cavidade que foi de 1/0,7 ± 0,02 e, em última análise, a razão do segmento súpero-inferior com o segmento ântero-posterior da porção superior que é de 1/06 ± 0,06. Mallon et al (1992) realizam um estudo radiográfico em peças anatômicas de escápulas, a fim de mensurar as dimensões exatas da escápula e definir a sua geometria, pois, consideram ser a anatomia geométrica da escápula um fator importante na etiologia de várias afecções do ombro como: lesões do manguito rotador, artrose e instabilidade do ombro. Realizam radiografias na incidência de frente absoluta, perfil e perfil axilar. Encontram, dentre as várias dimensões mensuradas da cavidade glenoidal, valores da altura correspondentes a 35 ± 4,1mm, variando entre 28,5 e 43,2 mm sendo a maior largura anteroposterior de 24 ± 3,3mm com variação de 16 a 29,9mm. Revisão da literatura 12 Lippitt et al (1993), em sua investigação sobre o efeito estabilizador da “CompressãoConcavidade” na articulação do ombro, desenham um estudo no qual produzem uma força de compressão da cabeça do úmero contra a cavidade glenoidal. Avaliam a força necessária para deslocar a cabeça do úmero anteriormente em ombros com a presença do lábio e após a sua ressecção. Demonstram que, com uma força de compressão de 50 Newtons, a força necessária para o deslocamento anterior é de 32 Newtons e, quando aplicam uma força de 100 Newtons, a força necessária para o deslocamento passa para 56 Newtons. Após a retirada do lábio, observam que a efetividade da estabilidade dada pela força de compressão diminui aproximadamente 20%. Concluem que a concavidade da cavidade glenoidal é um fator importante na estabilidade articular e que a sua perda, como ocorre nos casos com lesão de Bankart ou nas perdas ósseas da borda anterior da cavidade, pode estar associada à instabilidade do ombro. Chiang et al (1995) descrevem dois casos de pacientes com instabilidade do ombro com lesão da borda anterior da cavidade glenoidal maior que 30% da superfície articular, tratados com enxerto do osso ilíaco e reinserção dos ligamentos e cápsula a este enxerto. Os pacientes evoluem sem dor e sem apreensão, porém com uma limitação de 5º a 10º na rotação lateral do ombro em 90º de abdução. Os autores indicam a reconstrução com enxerto ósseo em pacientes com lesões superiores a 30% da superfície articular. Hutchinson et al (1995) relatam a experiência adquirida no tratamento de 14 pacientes (17 ombros) epiléticos, portadores de instabilidade anterior do ombro, associada a defeito ósseo da borda anterior da cavidade glenoidal e à fratura compressão da cabeça do úmero causadas por uma vigorosa força de contração muscular durante as crises convulsivas. Estes Revisão da literatura 13 pacientes são submetidos à cirurgia com a utilização de enxerto óssea tri-cortical retirado do ilíaco com 4cm de largura e 3cm de profundidade. O intuito é aumentar a superfície articular, pois as radiografias pré-operatórias mostram que, em todos os casos, há uma diminuição de 1/3 ou mais no tamanho da cavidade glenoidal. Apontam ser este defeito ósseo a causa da recidiva da instabilidade. Todos os pacientes evoluem sem recidiva da instabilidade, apesar de terem sofrido novas crises convulsivas, sem dor, porém com perda da rotação lateral de 16º com o membro superior aduzido e 26º em 90º de abdução. Ungersböck et al (1995), com o objetivo de correlacionar os achados anatômicos com os resultados clínicos dos pacientes com instabilidade do ombro, avaliam 42 ombros de 40 pacientes tratados pela “técnica de Bankart modificada”. Classificam as lesões da borda anterior da cavidade glenoidal em menores ou maiores e iguais a 3mm. Nesta série de casos, encontram 29 pacientes com alteração da borda anterior da cavidade glenoidal, dentre os quais três com lesões maiores que 3mm. Um destes casos com erosão maior que 3mm evolui com recidiva da instabilidade. Concluem que, embora exista um pequeno número de pacientes com lesões da borda anterior da cavidade glenoidal maiores que 3mm, a integridade da borda anterior da cavidade glenoidal tem um papel importante na estabilidade do ombro. Bigliani (1996) refere que, na patogênese da instabilidade do ombro, deve-se incluir, como uma das causas, a deficiência óssea da borda anterior da cavidade glenoidal decorrente de fraturas ou de desgaste, consequente aos repetidos episódios de instabilidade. A necessidade da reparação desta lesão depende da sua localização e do seu tamanho. Indica a sutura do lábio glenoidal na borda da cavidade em lesões menores que 20% da superfície articular e, se a lesão for maior que 20%, recomenda a reparação com a reinserção do Revisão da literatura 14 fragmento ósseo, caso este esteja presente, ou com enxertia do processo coracóide. Menciona que o enxerto deve ser posicionado na borda articular, evitando formar um degrau maior que 2mm, o que pode ocasionar uma sub-luxação. Ressalta, ainda, que os procedimentos para o tratamento da instabilidade do ombro devem ser versáteis para corrigir as possíveis alterações encontradas durante o ato operatório. Lazarus et al (1996) realizam um estudo biomecânico com cinco ombros de cadáveres frescos e congelados. As peças são montadas em um equipamento acoplado a um transdutor de força e movimento. A cabeça do úmero é submetida a uma força de compressão contra a cavidade glenoidal de 50 Newtons e a uma força perpendicular gradativa, com o intuito de transladar a cabeça do úmero nos vários sentidos. Os testes são realizados em ombros normais, após a criação de um defeito na região da borda anterior da cavidade glenoidal e após a sua reparação. As lesões são criadas na posição entre três horas e seis horas, considerando a cavidade glenoidal direita. Mensuram a força necessária para transladar a cabeça do úmero sobre a cavidade glenoidal e a correlacionam com o seu grau de deslocamento. Relatam que, com a criação do defeito anterior, há a perda da altura da cavidade em 80% e a diminuição da relação de estabilidade em 65% e observam que, após a reconstrução, há a restauração da estabilidade articular. Concluem que defeitos do lábio, da cartilagem articular ou do rebordo ósseo levam à perda da concavidade da cavidade glenoidal e podem ser responsáveis pela instabilidade do ombro. Doneux et al (1997) mostram os resultados obtidos em 13 pacientes com instabilidade do ombro associada à erosão da borda anterior da cavidade glenoidal. Em três dos casos, o enxerto foi tri-cortical do ilíaco e o restante, do processo coracóide. Após um seguimento Revisão da literatura 15 médio de 22,6 meses, todos evoluem com resultado satisfatório, entretanto com uma limitação na rotação lateral, em média de 15º. Referem que, somente em 41% dos casos, as incidências radiográficas para avaliação da erosão da borda anterior da cavidade glenoidal mostram, com clareza, a lesão encontrada durante a cirurgia, porém a indefinição da borda da cavidade, achado frequente no exame radiográfico, não é decisão para utilização do enxerto no momento da cirurgia. Inferem que a indicação da utilização do enxerto é baseada na experiência do cirurgião, pois não há uma padronização na literatura para tal indicação. McPherson et al (1997), em um estudo antropométrico de ombros normais, realizam exames radiográficos com aparelhos de alta resolução em 93 peças anatômicas de ombros de cadáveres, na incidência “ântero-posterior” e “perfil axilar”. As imagens dos exames são digitalizadas e, com a utilização de um programa de computação, mensuram várias dimensões da cabeça do úmero e da cavidade glenoidal com o objetivo de estabelecer os valores de normalidade destas estruturas ósseas. Na incidência ântero-posterior, encontram valores de 33,9 ± 3,9mm para a altura da cavidade glenoidal e, na incidência em perfil axilar, verificam valores de 28,6 ± 3,8mm para a dimensão da largura da cavidade glenoidal. Todos os parâmetros encontrados apresentam uma distribuição normal do tipo Gaussiana e, segundo os autores, dados coincidentes com os descritos na literatura. Prescher, Klümpen (1997) estudam a prevalência da incisura acetabuli3 na margem anterior da cavidade glenoidal. Avaliam 236 peças anatômicas de escápulas coletadas no laboratório de anatomia da sua instituição. O estudo mostra que 129 peças (55%) tinham esta 3 A incisura da cavidade glenoidal denominada Incisura Acetabuli por Von Langer (1882) (apud Prescher A, Klümpen T. The glenoid notch and its relation to the shape of glenoid cavity of the scapula. J Anat. 1997;190(Pt 3):457-60) não está descrita na nomenclatura anatômica da Sociedade Brasileira de Anatomia filiada à Federative Committee on Anatomical Terminology Revisão da literatura 16 incisura, o que dá uma conformação de uma pera à cavidade glenoidal. Em 107 peças (45%) a incisura está ausente, o que dá uma forma oval à cavidade. Não observam diferença estatisticamente significante quanto à presença da incisura, quando correlacionaram os gêneros, porém constatam que 77 pares de escápulas (65%) apresentam simetria da cavidade entre os lados direito e esquerdo e que, em 41 pares (35%), elas eram assimétricas. Bigliani et al (1998) descrevem a lesão da borda anterior da cavidade glenoidal como sendo uma fratura aguda ou uma erosão óssea da borda da cavidade associada à instabilidade crônica. Com o objetivo de desenvolver um sistema de classificação das lesões da borda anterior da cavidade glenoidal, avaliar as técnicas radiográficas para o diagnóstico destas lesões e analisar os resultados do tratamento cirúrgico, estudam 25 ombros de pacientes com instabilidade associada a lesões da borda anterior da cavidade, onde utilizam enxerto do processo coracóide. Indicam a cirurgia com enxerto nos casos em que ocorre uma erosão acima de 25% da superfície articular. Propõem uma classificação com três tipos: tipo I, com um fragmento não consolidado e fixo ao lábio glenoidal destacado; tipo II, com o fragmento não consolidado e destacado do lábio glenoidal; tipo IIIA, com deficiência da cavidade glenoidal inferior a 25%; e tipo IIIB, com deficiência da cavidade glenoidal acima de 25%. Conseguem identificar com precisão o tipo de lesão em 12 casos em que utilizam a artrotomografia. Relatam que em 88% dos casos o resultado é satisfatório sem recidiva da instabilidade. Burkhart, De Beer (2000) analisam 194 reparações da lesão de Bankart por “visão artroscópica” em pacientes com instabilidade anterior do ombro traumática. Observam 21 recidivas das luxações, das quais 14 apresentam defeito ósseo significante. Destas lesões, três Revisão da literatura 17 são as de Hill-Sacks (lesões que se encaixam na borda anterior da cavidade glenoidal em abdução e rotação lateral) e as restantes, 11 lesões da borda anterior da cavidade glenoidal (com aspecto de “pera invertida4” da cavidade glenoidal, na visibilização artroscópica). Os autores concluem que, nos pacientes que apresentam uma lesão importante da borda da cavidade, ou seja, com a conformação em “pera invertida”, há a necessidade do uso de enxerto ósseo, para o qual adotam a técnica de Latarjet. Checchia et al (2000) analisam 19 ombros operados por instabilidade em pacientes convulsivos e avaliam os resultados do seu tratamento. Encontram, na sua casuística, erosões da borda anterior da cavidade glenoidal em 21% dos casos. Citam que não existe uma padronização na literatura quanto ao tamanho da lesão óssea a partir da qual o uso do enxerto ósseo estaria indicado. Os autores referem que têm dúvida quanto à colocação rotineira do enxerto nos pacientes convulsivos com instabilidade anterior do ombro, pois a sua colocação pode evoluir para degeneração articular, em longo prazo. Porém citam um caso em que não foi utilizado, em um paciente com uma “lesão importante”, e que evoluiu para uma subluxação fixa e consequente artrose. Ebraheim et al (2000) realizam um trabalho para avaliar a anatomia quantitativa da escápula. Utilizam 30 peças anatômicas para mensurar com detalhes as suas várias dimensões. Os parâmetros avaliados da cavidade glenoidal são a sua altura e os comprimentos ânteroposteriores no ápice, no quarto superior, no meio e nos três quartos da base, e na base. Encontram valores de 34,4 ± 3,4mm na altura, 10,2 ± 1,9mm no ápice, 16,5 ± 1,8mm no 4 O aspecto em “pera invertida” ocorre quando a largura da porção inferior da cavidade glenoidal torna-se menor que a da porção superior. Revisão da literatura 18 quarto superior, 23,6 ±2,3mm no meio, 23,3 ±2,7mm nos três quartos e 15,3 ± 2,9mm na sua base. Descrevem que seus achados são semelhantes aos descritos na literatura. Itoi et al (2000), em estudo biomecânico de ombros de cadáveres congelados, reproduzem defeitos de 9%, 21%, 34% e 46% na porção ântero-inferior da cavidade glenoidal e testam a resistência à translação da cabeça do úmero. Observam que a estabilidade diminui quanto maior o defeito na cavidade glenoidal e que ocorre uma limitação na rotação lateral em 25º a cada 1cm de defeito ósseo com a reparação da lesão cápsulo-labial. Concluem que defeitos maiores que 21% do comprimento vertical da cavidade glenoidal (6,8mm) podem causar instabilidade e limitam o arco de movimento, quando reparada a lesão de Bankart na borda da erosão. Levine, Flatow (2000) realizam uma revisão da literatura sobre a anatomia do ombro normal e da anatomia patológica encontrada no ombro instável. Descrevem que houve uma evolução na compreensão das estruturas anatômicas responsáveis pela estabilidade desta articulação e que pesquisas em ciências básicas direcionadas para estudos dos ligamentos glenoumerais, assim como avaliações dos resultados clínicos, proporcionam avanços significativos na identificação dos fatores etiológicos da instabilidade do ombro. Com o advento da cirurgia artroscópica, houve, também, uma melhora na avaliação e no tratamento da instabilidade do ombro. Bühler, Gerber (2002), com o intuito de caracterizar melhor as instabilidades e as lesões estruturais causadas nos ombros devido a crises convulsivas em pacientes epiléticos, revisam 34 ombros de 26 pacientes, das quais 17 ombros (13 pacientes) com instabilidade Revisão da literatura 19 anterior. Consideram lesões importantes quando o comprometimento da borda anterior da cavidade glenoidal é maior que 1cm no sentido crânio-caudal. Nos pacientes com instabilidade anterior, encontram cinco casos com lesões importantes da borda anterior da cavidade glenoidal e 12 casos com lesões sem relevâncias ou ausentes. Observam 47% de recidiva da instabilidade nos pacientes com instabilidade anterior, porém não correlacionam o tipo de tratamento realizado com índice de recidiva. Concluem que as lesões ósseas são características em ombros de pacientes convulsivos e está indicada a sua reconstrução para restabelecer a estabilidade articular. Burkhart et al (2002), com o objetivo de estabelecer uma metodologia consistente para se quantificar a perda óssea da borda anterior da cavidade glenoidal durante o procedimento artroscópico, avaliam 56 ombros de sujeitos sem instabilidade e dez peças de ombros de cadáveres frescos. Relatam que a distância da borda anterior ao ponto central varia de 9 a 12mm e do ponto central à borda posterior de 9 a 12mm. O mesmo ocorre na mensuração das peças cadavéricas. Demonstram que a área denominada bare spot, isto é, a região central da cavidade glenoidal, sem cobertura de cartilagem, pode ser utilizada como ponto de referência para quantificar a perda óssea e ser considerada como o centro do círculo que é definido pelas bordas articulares abaixo da incisura acetabuli. Gerber, Nyffeler (2002) descrevem um sistema de classificação para as instabilidades do ombro dividindo-as em: instabilidades estáticas, dinâmicas e voluntárias. Referem que as instabilidades dinâmicas podem estar associadas à perda óssea da borda anterior da cavidade glenoidal, porém a avaliação do tamanho de tais lesões é difícil de ser determinada. Citam um estudo biomecânico, realizado em sua instituição, no qual demonstram que, quando a Revisão da literatura 20 extensão do tamanho desta perda óssea é maior que a metade do comprimento ânteroposterior da cavidade, há uma perda da resistência ao deslocamento da cabeça do úmero com relação à cavidade glenoidal, maior que 30%, quando comparado a uma articulação normal. Nestas condições, somente o reparo de partes moles não compensa esta perda óssea, que é um fator de instabilidade do ombro. Dividem as instabilidades dinâmicas em: a) com lesão óssea, quando o comprimento da borda da perda óssea é maior que a metade do comprimento ânteroposterior da cavidade glenoidal e b) sem lesão óssea, quando não alcança este valor, definindo, assim, um método para indicar a utilização do enxerto ósseo nos casos de instabilidade com erosões da borda anterior da cavidade glenoidal. Greis et al (2002) investigam o efeito da perda progressiva do lábio glenoidal e da borda óssea ântero-inferior da cavidade glenoidal, com relação à área de contato e à pressão entre a cabeça do úmero e a cavidade glenoidal. Realizam testes biomecânicos em oito peças anatômicas de ombros com progressivas ressecções do lábio, de 10%, 20% e 30% do diâmetro do quadrante ântero-inferior da cavidade glenoidal. As áreas de contato e as pressões com cabeça do úmero são avaliadas com o sensor tátil e flexível Tekscan®. Observam que a área de contato diminui e a pressão de contato aumenta com a perda progressiva da porção ântero-inferior da cavidade e estes valores são substanciais a partir de 20% de perda óssea. Também mostram que a pressão de contato aumenta principalmente no quadrante ânteroinferior. Concluem que estas informações são importantes para delinear o papel das lesões na borda ântero-inferior da cavidade glenoidal, tanto como causa da instabilidade, como causa da artrose do ombro. Revisão da literatura 21 Miyazaki et al (2002) analisam a capacidade do ortopedista de definir o grau de erosão da borda anterior da cavidade glenoidal. Confeccionam moldes de escápulas em gesso, com diferentes graus de erosão da sua borda anterior e realizam uma pesquisa de opinião em dois grupos de ortopedistas, um especializado e outro não especializado em cirurgia de ombro e cotovelo. Concluem que tanto os cirurgiões especializados em ombro como os especializados em outras articulações não são capazes de definir, com precisão, o grau de erosão da borda anterior da cavidade glenoidal nos modelos de gesso. Referem, em seu trabalho, que a cavidade glenoidal possui um formato geométrico irregular, o que dificulta o cálculo da área de erosão existente na superfície articular. Griffith et al (2003) realizam um estudo para quantificar a perda óssea da cavidade glenoidal em pacientes com instabilidade anterior do ombro. Utilizam a tomografia axial computadorizada com reconstrução tridimensional em 80 ombros de 40 pacientes com instabilidade do ombro. Realizam, também, exames tomográficos em dez sujeitos sem história prévia de instabilidade, dor crônica ou sintomas no ombro, totalizando, com isto, 100 ombros examinados, sendo 46 com instabilidade e 54 sem alterações prévias de instabilidade. Mensuram a largura da cavidade glenoidal no corte axial e a altura, a largura e a área total no plano sagital. Os resultados mostram que não há diferença estatisticamente significante entre os lados nos ombros dos dez indivíduos considerados saudáveis e que há uma diminuição do tamanho ântero-posterior, no corte sagital, nos ombros com instabilidade, em relação ao lado normal. A medida do aplanamento da borda anterior da cavidade glenoidal mostra uma correlação entre freqüência de episódios de instabilidade com o aplanamento da borda anterior da cavidade glenoidal. Concluem que a comparação da largura da cavidade glenoidal do ombro com instabilidade com a do ombro contralateral, quando a instabilidade é unilateral, Revisão da literatura 22 apesar de não ser precisa, pode constituir um método para avaliar o grau da erosão da borda anterior da cavidade glenoidal. Itoi et al (2003) realizam um estudo experimental e comparativo em peças anatômicas entre as incidências radiográficas em “perfil axilar”, de “West Point” e da tomografia axial computadorizada. Realizam osteotomias simulando os defeitos ósseos com 9%, 21%, 34% e 46% do comprimento da cavidade glenoidal, baseados em seu trabalho publicado previamente. Notam que lesões de 21% do comprimento vertical da cavidade são visibilizadas na incidência de “perfil axilar” como 2,5%, na incidência “West Point” como sendo de 20% e na tomografia axial computadorizada como 51% do comprimento ântero-posterior. Concluem que a incidência de “West Point” é uma boa forma para a avaliação pré-operatória de defeitos ósseos da borda anterior da cavidade glenoidal e a tomografia deve ser adicionada a esta incidência quando existe dificuldade em realizá-la. Sugaya et al (2003) estudam a morfologia da cavidade glenoidal em pacientes com instabilidade anterior do ombro. Avaliam 100 ombros de pacientes com esta afecção e 20 ombros de indivíduos sadios, por meio da tomografia axial computadorizada com reconstrução tridimensional, sobrepondo o desenho de um círculo sobre a borda da cavidade glenoidal na sua porção inferior e calculam a razão entre a área total deste círculo e a área do fragmento ósseo da fratura da sua borda ou da área de erosão. Classificam os defeitos em: grandes (maiores que 20% da superfície total do círculo inferior); médios (entre 5% e 20%) e pequenos (menores que 5%). Observam que a configuração morfológica das cavidades glenoidais dos ombros dos indivíduos normais não apresenta diferenças entre os lados. Nos pacientes com instabilidade observam: 50% com presença de fragmento ósseo de tamanho Revisão da literatura 23 variável; 40% com erosões ou fratura compressão; e 10% sem alterações. Durante o tratamento cirúrgico por “visão artroscópica” encontram o fragmento ósseo em 45 casos dentre os 50 casos diagnosticados previamente pela tomografia axial computadorizada. Nas lesões pequenas, não conseguem visibilizar os fragmentos, pois elas ficam encobertas por partes moles. Concluem que a avaliação da morfologia da cavidade glenoidal e a quantificação do defeito ósseo por meio da tomografia axial computadorizada com a reconstrução tridimensional, apesar de não ser precisas, por ser parcialmente “operador dependente”, fornecem informações úteis para definir a melhor conduta pré-operatória para o tratamento das instabilidades do ombro. Aigner et al (2004) fotografam 20 peças anatômicas de escápulas no plano da face da cavidade glenoidal e transferem estas imagens para um micro-computador. Localizam a área da bare spot e mensuram as distâncias entre bordas anterior, posterior e inferior da cavidade glenoidal e centro desta área. Verificam que a distância do centro da bare spot à margem anterior da cavidade glenoidal é de 10,88 ± 1,23mm, variando entre 9,13 e 13,79mm, à margem posterior é de 13,71 ± 1,85mm, variando entre 11,30 e 19,60mm e à margem inferior é de 9,70 ± 1,64mm, variando entre 6,51 e 13,73mm Todos estes valores apresentam diferenças estatisticamente significantes. Concluem que a área bare spot não pode ser considerada como o centro da porção inferior da cavidade glenoidal e esta, na grande maioria dos casos, apresenta um formato oval. De Wilde et al (2004), em seu estudo, fotografam 98 escápulas na sua face sagital e com um programa gráfico, desenham coordenadas verticais e horizontais e 11 pontos na borda da cavidade glenoidal que definem um semicírculo sobre os quadrantes inferiores da cavidade Revisão da literatura glenoidal. 24 Observam que as bordas periféricas dos quadrantes inferiores da superfície articular da cavidade glenoidal estão localizadas em um semicírculo com raio de curvatura de 12,8mm. A média da distância do ponto mais cranial e mais inferior é de 35,6mm e a média da distância do ponto mais posterior ao ponto mais anterior é de 25,8mm. Neste mesmo estudo, avaliam, por meio de tomografia computadorizada, dez peças anatômicas formalizadas, onde projetam um círculo na porção inferior da cavidade glenoidal e em cortes sucessivos localizam o tubérculo de Assaki5 e encontram que o centro do círculo está localizado na área deste tubérculo. Lo et al (2004), com o objetivo de determinar a perda óssea da borda anterior da cavidade glenoidal necessária para produzir a configuração em “pera invertida”, avaliam este déficit em 53 pacientes submetidos à cirurgia artroscópica para o tratamento da instabilidade do ombro e em seis peças de cadáveres frescos e congelados. Constatam a presença de sinais de alguma perda óssea em 72% dos pacientes com instabilidade. Observam nas peças de cadáveres que a largura normal da cavidade glenoidal na sua parte inferior é de 26mm ± 2,4mm. Durante o procedimento artroscópico, verificam que ocorre perda de 8,6mm, ou 36% do comprimento ântero-posterior, para que haja a configuração em “pera invertida”. Nas escápulas de cadáveres frescos e congelados, essa perda é de 7,5mm ou 28,8% da largura da cavidade glenoidal. Tauber et al (2004), com o objetivo de analisar as causas de falha do reparo cirúrgico da instabilidade anterior do ombro, avaliam 41 sujeitos com recidiva da instabilidade após o 5 Tubérculo de Assaki é um espessamento do osso sub-condral da cavidade glenoidal, descrito por Paturet (1951) apud De Wilde LF, Berghs BM, Audenaert E, Sys G, Van Maele GO, Barbaix E. About the variability of the shape of the glenoid cavity. Surg Radiol Anat. 2004; 26(1):54-9. Revisão da literatura 25 procedimento cirúrgico. Nas cirurgias de revisão, encontram defeito ósseo na borda anterior da cavidade glenoidal em 56%, cápsula redundante em 22% e lesão lateral na cápsula em 5% dos casos. Nos casos em que há defeito ósseo, realizam a reconstrução com enxerto ósseo do ilíaco e obtiveram, em todos os casos, a estabilização do ombro. Relatam que, pela incidência de aproximadamente 50% de defeitos na borda anterior da cavidade glenoidal, a falta da reconstrução da falha óssea é um fator importante na recidiva da instabilidade do ombro. Chen et al (2005), em um artigo de atualização do tratamento da instabilidade do ombro associada à erosão óssea da cavidade glenoidal, afirmam que este continua a ser um desafio para aqueles que tratam este tipo de afecção. Os objetivos atuais incluem o retorno às atividades habituais, esportivas ou competitivas semelhantes ao estado anterior à lesão. O planejamento cirúrgico deve enfatizar a restauração da mobilidade, força e retorno funcional das atividades. Para tal, devem-se reconhecer as alterações anatômicas e conhecer todas as opções terapêuticas disponíveis. Ikemoto et al (2005), a fim de estabelecer parâmetros para mensurar erosões da cavidade glenoidal que ocorrem nas instabilidades traumáticas do ombro, analisam 93 peças anatômicas de escápulas humanas. A face da cavidade glenoidal das peças é fotografada e as imagens são transferidas para um computador. Mensuram as áreas, segmentos lineares préestabelecidos para o estudo e as razões dos valores encontrados. O valor observado do segmento superior da cavidade é de 18,27mm; os do segmento médio e inferior são de 23,97 mm e 23,96mm, respectivamente. A razão entre o segmento superior e o inferior é de 0,76 e a razão entre as áreas total e parcial é de 0,08. Concluem que a razão verificada de 0,76 entre o Revisão da literatura 26 segmento superior e o inferior pode ser considerada como um padrão de normalidade e pode ser utilizada para mensurar as erosões da cavidade glenoidal. Kwon et al (2005), com o objetivo de comprovar a hipótese de que a tomografia computadorizada com reconstrução tridimensional reproduz a anatomia da escápula de uma forma precisa, obtêm as mensurações morfométricas do ângulo de versão da cavidade glenoidal, o seu maior comprimento e a sua maior largura, de 12 peças anatômicas de ombros de cadáveres e de seus respectivos exames tomográficos com a reconstrução tridimensional. A média da medida do seu maior comprimento na peça é de 37,8 ± 5,3mm e no exame tomográfico é de 39,1±5,7mm e com o limite de 95% de confiança das diferenças menor que 2,12mm. A média do máximo valor da largura é de 26,8 ± 5mm nas peças e de 25,2 ± 4,7mm no exame tomográfico e com o limite de confiança de 95% das diferenças menor que 2,51mm. Constatam que os valores encontrados na mensuração correspondem àqueles descritos na literatura e que não há diferença estatisticamente significante entre os valores medidos nas peças e os obtidos pelo exame tomográfico, mostrando que a tomografia computadorizada tridimensional representa a real anatomia da escápula. Montgomery et al (2005), em um estudo anatômico com quatro peças de ombros de cadáveres frescos, criam defeitos ósseos na porção ântero-inferior da cavidade glenoidal de 21% de sua altura. Realizam a reconstrução do defeito com enxertos ósseos de 8mm de espessura com e sem reconstituição do contorno da cavidade glenoidal, com 6mm, 4 mm e 2mm, estes últimos três, com reconstituição do contorno da cavidade. Testam a estabilidade de deslocamento de uma esfera colocada sobre a superfície da cavidade glenoidal, estabilidade esta denominada “Balanço de Estabilidade Angular”. Observam que a melhor Revisão da literatura 27 estabilidade é encontrada com a utilização do enxerto de 8mm com reconstrução do contorno da cavidade. Concluem que a criação do defeito, de 21% da altura da cavidade glenoidal, da borda ântero-inferior resulta em uma significante perda da estabilidade e que ela pode ser reestabelecida com a utilização de um apropriado enxerto ósseo que também preserva a posição central da cabeça do úmero na fossa da cavidade glenoidal. Saito et al (2005), em um estudo retrospectivo para avaliar a localização e a extensão do defeito ósseo da borda anterior da cavidade glenoidal, revisam as imagens de tomografias axiais computadorizadas com reconstrução tridimensional de 123 pacientes com instabilidade anterior traumática do ombro e que apresentam defeito ósseo na cavidade glenoidal. Nas imagens do corte sagital da cavidade glenoidal e tomando como referência um círculo que passa pelo ponto mais superior e mais inferior da cavidade glenoidal, observam que o defeito ósseo apresenta em média uma extensão de 106,7º ± 27,1º, e a sua orientação, em 80% das vezes, é entre as duas horas e trinta minutos e as quatro horas e vinte minutos. Huysmans et al (2006) estudam a anatomia da porção inferior da cavidade glenoidal em 40 peças anatômicas das quais é fotografada a face da cavidade glenoidal e mensurada a distância entre a área central, denominada bare spot, e a borda cartilaginosa anterior, posterior e inferior. Não conseguem identificar a bare spot em cinco das 40 escápulas (12,5%); em dois casos, pela degeneração da cartilagem e, em três, pela própria ausência desta área. Encontram diferença estatisticamente significante nas mensurações entre a distância posterior e a anterior e a posterior e a inferior. Em todos os casos, exceto em um, o círculo inferior preenche a porção inferior da cavidade glenoidal, com falhas menores que 1%. Apesar de os valores encontrados apresentarem diferenças estatisticamente significantes, consideram a bare spot o Revisão da literatura 28 centro do círculo da porção inferior da cavidade glenoidal, pois as diferenças entre as distâncias são pequenas, entre 1 e 2mm. Concluem, porém, que ela não pode ser usada como uma medida exata. Kralinger et al (2006) dissecam 20 articulações de ombros de cadáveres frescos com média de idade de 81,6 anos. As peças são fotografadas na face da cavidade glenoidal com demarcação da área central denominada bare spot para as mensurações diretas. Realizam, também, tomografias computadorizadas com demarcação da área central com pino de titânio. Mensuram as distâncias entre a área central e a borda anterior, borda posterior e inferior da cavidade glenoidal para confirmar se esta área central é equidistante das bordas da cavidade glenoidal. Encontram que, na mensuração direta, a distância à borda anterior é de 9,7mm, à borda posterior é de 13,7mm e à borda inferior é de 10,9mm. Na tomografia computadorizada, a distância à borda anterior é de 15,1mm, à posterior é de 16,4mm e, à inferior, de 13,9mm. Todos os valores apresentam diferenças estatisticamente significantes. Ressaltam, também, que, em muitas das articulações dissecadas, não é possível determinar esta área central. Concluem que a área central denominada bare spot não pode ser considerada como centro do semicírculo formado pela borda inferior da cavidade glenoidal. Boileau et al (2006) avaliam o resultado do tratamento da instabilidade traumática anterior e recidivante do ombro com a reparação da lesão de Bankart pela “visão artroscópica” em 91 pacientes. Quatorze (15,3%) apresentam recidiva da instabilidade, em média, após 17,6 meses. A recidiva está relacionada principalmente com a presença da erosão da borda anterior da cavidade glenoidal (definida como perda de 25% da superfície articular) Revisão da literatura 29 e com a frouxidão capsular inferior. Estes fatores associados são responsáveis por um índice de recidiva de 75%. Warner et al (2006) utilizam o enxerto ósseo da crista ilíaca para reconstrução da cavidade glenoidal em 11 pacientes com instabilidades anteriores recidivantes do ombro e grande perda óssea. No período de três anos, encontram uma incidência de 4% de erosões da cavidade glenoidal numa população de 262 indivíduos com instabilidade. A suspeita de erosões importantes da cavidade glenoidal é levantada quando: ocorre um alto número de recidivas; uma diminuição da força necessária para luxar o ombro e quando acontecem falhas nos reparos de partes moles. Para quantificar o grau de erosão, baseiam-se na tomografia computadorizada com reconstrução tridimensional, utilizando-se do método descrito por Gerber, Nyffeler (2002). Indicam a utilização do enxerto ósseo quando o comprimento da lesão ultrapassa a metade do comprimento ântero-posterior. O comprimento das erosões varia entre 18 a 35mm e as mensurações realizadas na tomografia computadorizada com reconstrução tridimensional, correspondem às realizadas no momento da cirurgia. Consideram que o método para quantificar a erosão é de grande utilidade clínica para a indicação do uso do enxerto ósseo no pré-operatório e para a orientação do paciente. Burkhart et al (2007) aplicam a técnica de Latarjet modificada nos casos de instabilidade do ombro com importante erosão óssea da cabeça do úmero e/ou da borda anterior da cavidade glenoidal, baseados no fato da ocorrência de altos índices de recidiva, quando submetidos à reparação da lesão de Bankart, por “visão artroscópica” (Burkhart, De Beer, 2000). Realizam 102 cirurgias, porém o seguimento pós-operatório com exame físico é feito em somente 47 casos. A quantificação da erosão óssea é realizada por visibilização Revisão da literatura 30 artroscópica, previamente ao procedimento aberto. A superfície inferior do processo coracóide é alinhada com a superfície da cavidade glenoidal e a cápsula é reinserida na borda da erosão com a utilização de mini-âncoras. Observam um ganho na elevação de 2,4º e uma perda de 5,1º na rotação lateral com o braço ao lado do tronco. Não é constatado caso de recidiva da instabilidade, dentre os 47 casos analisados. Concluem que a técnica é eficiente para restaurar a estabilidade nos casos de lesões ósseas significantes (cavidade glenoidal em forma de “pera invertida” e lesão de Hill-Sacks “encaixada” na borda anterior da cavidade glenoidal). Griffith et al (2007) investigam a acurácia da tomografia axial computadorizada para avaliar as erosões da borda anterior da cavidade glenoidal. Utilizam a mensuração da cavidade glenoidal durante o procedimento por visão artroscópica como “padrão ouro” para estudar a sensibilidade, a especificidade e os valores preditivos para o exame da tomografia para determinar a presença e o grau da erosão da borda anterior da cavidade glenoidal. Analisam o exame tomográfico de 50 indivíduos com instabilidade traumática previamente ao procedimento cirúrgico. Referem que a tomografia axial computadorizada tem uma alta sensibilidade e especificidade no diagnóstico destas lesões. Comentam que este método, como é comparativo com o lado contralateral, não pode ser utilizado em pacientes com instabilidade bilateral e, também, pode levar a erros, pois existe uma diferença natural entre os lados na dimensão da largura da cavidade. Consideram, também, que a cirurgia por visão artroscópica não é o padrão ideal para mensurar estas lesões, pois toma como base a bare spot que, eventualmente, não é bem evidente; os portais, por onde se introduzem as réguas para mensuração, podem não estar angulados perpendicularmente ao maior eixo da cavidade; e a mensuração é visual e pode ser distorcida pelo ângulo de visibilização da ótica. Revisão da literatura 31 Huijsmans et al (2007) avaliam 14 peças anatômicas para quantificar o defeito da cavidade glenoidal pela tomografia axial computadorizada tridimensional e pela ressonância magnética nuclear. Produzem um defeito na porção anterior e ântero-inferior da cavidade glenoidal e as peças são fotografadas no plano sagital da escápula e submetidas ao exame de tomografia computadorizada tridimensional e à ressonância magnética nuclear. Para calcular a perda óssea, utilizam o método preconizado por Sugaya et al (2003) que sobrepõe um círculo na porção inferior da cavidade glenoidal e utiliza a seguinte fórmula: área da falha/ área total do círculo x 100%. Observam que não há diferença estatisticamente significante entre as duas técnicas de imagens utilizadas e que ambas podem ser realizadas com o método proposto por Sugaya et al (2003). Também relatam que o método de mensuração utilizado é simples e o defeito da cavidade glenoidal pode ser determinado no período preoperatório, sem a necessidade de utilizar o ombro contralateral para comparação. Pagnani (2008) avalia 112 pacientes com instabilidade traumática do ombro, tratados com reparação capsular, com seguimento mínimo de dois anos. Estes indivíduos são submetidos, previamente ao procedimento cirúrgico aberto, a uma avaliação artroscópica para investigar a presença de lesões ósseas, tanto da cabeça do úmero, como da borda anterior da cavidade glenoidal. A mensuração da erosão é realizada pelo método descrito por Burkhart et al (2002). Refere que a tomografia axial computadorizada é dispensável para análise, conduta e reabilitação destes casos de instabilidade do ombro. Nesta série, 14% apresentam erosão da borda anterior da cavidade glenoidal, dentre os quais em 4% o defeito é maior que 20%, classificados como graves, e o maior defeito não ultrapassa a 30% do comprimento ânteroposterior da cavidade glenoidal. Não observa recidiva, porém encontra limitação na rotação lateral, em média de 7º, nos pacientes com erosão da borda anterior da cavidade glenoidal. Revisão da literatura 32 Naqueles casos com lesão maior que 20% a perda foi em média de 12º. Conclui que os pacientes submetidos à capsuloplastia não apresentam recidivas na série apresentada e considera desnecessária a utilização de enxertos ósseos nestes casos. Yamamoto e al (2009), baseados em publicações recentes que demonstram ser a erosão da borda da cavidade glenoidal localizada na região anterior e não na região ânteroinferior (Griffith et al, 2003; Saito et al, 2005), estudam o efeito de lesões nesta região com relação à estabilidade do ombro. Realizam osteotomias na borda anterior da cavidade glenoidal, paralelas ao seu maior eixo, de 2mm, 4mm, 6mm e 8mm. Estudam a razão da estabilidade (Força de Translação / Força de Compressão x 100) e as correlacionam com as diferentes lesões produzidas. Referem que a menor razão de estabilidade se encontra entre 80º e 100º, considerando a face da cavidade glenoidal direita. Os defeitos maiores que 6mm, que correspondem a 20% do comprimento ou 26% da largura da cavidade glenoidal, levam a um aumento da razão da estabilidade, isto é, a uma maior instabilidade, com valores estatisticamente significantes. 2 - OBJETIVOS Objetivos 34 Baseados nos dados de estudo anterior (Ikemoto et al, 2005), tivemos como objetivos aplicar o método descrito em ombros de sujeitos sem afecções prévias da articulação do ombro e em sujeitos com instabilidade anterior e traumática, pelo exame de tomografia axial computadorizada com reconstrução tridimensional, a fim de verificar a confiabilidade das medidas e dos cálculos realizados e descrever os valores de normalidade para quantificar o tamanho da erosão da borda anterior da cavidade glenoidal nos pacientes com ombros instáveis. 3 – CASUÍSTICA E MÉTODOS Casuística e Métodos 36 A mensuração da cavidade glenoidal por meio da tomografia axial computadorizada, com reconstrução tridimensional, foi realizada em dois grupos distintos, provenientes do Ambulatório de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Ipiranga. O primeiro grupo, denominado Grupo I, foi composto de 50 sujeitos (100 ombros). Os sujeitos incluídos neste grupo não apresentavam afecções prévias na articulação do ombro. A média da idade foi de 28,58 anos, variando de 18 a 44 anos. Trinta e quatro sujeitos eram do gênero masculino e 16 do gênero feminino. Quarenta eram destros e 10 sinistros (Tab. 1). O segundo grupo, denominado Grupo II, foi composto de 23 sujeitos (23 ombros) com diagnóstico de instabilidade anterior traumática, o qual foi estabelecido pela história clínica com um primeiro episódio traumático e com exame clínico sem sinais de frouxidão cápsuloligamentar, com dados e exames realizados pelo autor. Realizamos exames radiográficos na incidência de “frente corrigida”, “perfil de escápula”, “perfil axilar” e de “Bernageau” (Bernageau et al, 1976), não sendo identificadas, por meio destas incidências, fraturas ou erosões na borda anterior da cavidade glenoidal. A média da idade deste grupo foi de 23 anos, variando de 19 a 51 anos. Vinte e um sujeitos eram do gênero masculino e dois do feminino. Vinte e um eram destros e dois sinistros. Em oito sujeitos, o ombro comprometido foi o do lado direito e, em 15, o comprometimento foi do lado esquerdo. Somente em seis casos, o lado comprometido foi do lado dominante direito. Apresentavam, no momento da avaliação, em média 9,9 episódios de instabilidade, variando de dois a 40 episódios (Tab. 1). Casuística e Métodos 37 TABELA 1. Distribuição dos grupos I e II com relação à idade, gênero e dominância Grupo I Grupo II D: E: F: M: n: No: n 50 23 Média da idade 28,58 (18-44) 23,00 (19-51) Gênero M/F 38M/16F 21M/02F Dominância D/E 40D/10E 21D/02E Lado Acometido D/E No. Episódios 08D/15E 9,9 (2-40) Direito Esquerdo Feminino Masculino Número da amostra Número 3.1 - Exame tomográfico Realizamos os exames tomográficos dos ombros direito e esquerdo de todos os sujeitos, tanto daqueles com ombros normais, como daqueles com instabilidade. Os indivíduos foram posicionados em decúbito dorsal horizontal, com os membros superiores junto ao tronco e em rotação neutra do braço. O aparelho de tomografia utilizado em todos os exames foi o da marca Toshiba®, modelo Asteion TSX – 021B (2K201065E*B). O programa usado para a reconstrução e mensuração dos dados foi o A series V1.76*R002, Alato – STD, CTO 10ª, Option key Realview. (Fig. 1). Casuística e Métodos 38 FIGURA 1. Aparelho Toshiba®, modelo Asteion TSX – 021B (2K201065E*B). Os cortes axiais foram realizados com intervalos de 0,3mm para se reconstruir, tridimensionalmente e de forma volumétrica, nos planos coronais e sagitais. As reconstruções foram realizadas com intervalos de 1,5mm. A cabeça do úmero foi suprimida para melhor visibilização de toda superfície articular da cavidade glenoidal no plano sagital. Após a reconstrução da superfície glenoidal no plano sagital, realizamos a sua mensuração com o programa A series V1. 76*R002, Alato – STD, CTO 10ª, Option key – Realview. Inicialmente traçamos um segmento de reta, do tubérculo supraglenoidal ao tubérculo infraglenoidal, denominado Segmento Vertical (SV). Este segmento de reta foi dividido em sete partes e, a partir de cada um dos sete pontos da divisão do segmento vertical, foi traçada uma linha perpendicular da borda anterior à borda posterior da cavidade glenoidal (denominadas segmentos 1, 2, 3, 4, 5, 6,7) sendo, então, mensurados seus valores (Fig. 2). Casuística e Métodos 39 FIGURA 2. Imagem do corte sagital e coronal da escápula mostrando os segmentos traçados e as mensurações na face da cavidade glenoidal. Após a mensuração dos dados, calculamos o valor da razão entre o segmento 2 e o segmento 6, pois consideramos que a porção superior, considerada como sendo o segmento 2, seria uma constante, porção que não está comprometida nas instabilidades e que o segmento 6 representaria a porção onde frequentemente ocorre a lesão. Todos os exames da tomografia axial computadorizada com reconstrução tridimensional e as mensurações dos dados, nas imagens reconstruídas, foram realizados por um único técnico experiente na utilização do aparelho. 3.2 - Análises estatísticas Os dados foram tabulados no programa Microsoft Office Excel 2003 (Microsoft Corp.®). Analisamos estatisticamente os valores encontrados com o software SPSS 13.0 for Windows (Statistical Package for Social Sciences). Casuística e Métodos 40 Utilizamos os testes t-Student pareado para comparar: a) nos indivíduos do grupo I, o lado direito com o esquerdo e o ombro dominante com o não dominante; b) nos indivíduos do grupo II, o ombro com instabilidade com o ombro normal. A matriz de correlações de Pearson foi utilizada para verificar se havia relação entre a idade e as medidas da cavidade glenoidal nos sujeitos do grupo I. No grupo II, foi usada para relacionar o número de luxações com a medida do segmento inferior. Também, criamos os intervalos com 95% de confiança para a média de cada medida e os intervalos com 95% de normalidade. As correlações intra-classe avaliaram se, para cada medida, havia concordância entre o lado (direito; esquerdo), as medidas e o percentual da erosão calculados pela tomografia. O teste t-Student não pareado foi utilizado para comparar as medidas entre o ombro normal dos indivíduos com instabilidade com os valores dos ombros dos indivíduos do grupo I. Aplicamos o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnorv a fim de avaliar como se comporta a distribuição dos valores da razão 2/6. Todos os sujeitos da pesquisa foram esclarecidos sobre o objetivo do estudo e orientados com relação ao exame a que seriam submetidos. A todos foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e solicitada a sua assinatura (Anexo 1). O projeto de pesquisa foi apresentado e aprovado previamente pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina do ABC (Anexo 2). 4 - RESULTADOS Resultados 44 A análise descritiva do grupo I (ombros normais) mostrou que, no ombro direito, a altura média da cavidade glenoidal, isto é, a distância entre o tubérculo supraglenoidal e o tubérculo infraglenoidal, denominado segmento vertical (SV) foi de 40,97 ± 5,13mm, com variação de 27,50mm a 53,30mm e com a mediana de 41,65mm. A média do segmento 1 foi de 13,99 ± 2mm e a mediana de 13,85mm, com variação de 10,70 a 19,20mm. Na sequência, a média do segmento 2 foi de 17,94 ± 1,99mm, com variação de 14,10 a 22,80mm e com a mediana de 17,60mm O segmento 3 apresentou uma média de 22,24 ± 2,84mm com variação de 17,80 a 29,20mm e com uma mediana de 22,35mm. O segmento 4 teve como média 26,62 ± 2,68mm, com variação de 22,70mm a 34,10mm A mediana deste segmento foi de 25,60mm. O segmento 5 teve uma média de 26,85 ± 1,96mm, com variação de 22,00mm a 31.30mm e com a mediana de 27,00mm. A média do segmento 6 foi de 22,75 ± 2,64mm, com variação de 18,50mm a 30,50mm e a mediana de 21,85mm. O segmento 7 teve como média 17,59 ± 2,78mm, com variação de 10,70mm a 29,10mm e a mediana de 17,10mm. Calculando a razão entre o segmento 2 e o segmento 6, encontramos uma média de 0,79 ± 0,09, a mediana de 0,80 e com uma variação entre 0,64 e 0,96 (Tab. 2; Tab.19 - Anexo 3). Resultados 45 TABELA 2. Valores obtidos no ombro direito (n=50) – Grupo I. Média Mediana Vmin Vmax Dp SV 40,97 41,65 27,50 53,30 5,13 Seg 1 13,99 13,85 10,70 19,20 2,00 Seg2 17,94 17,60 14,10 22,80 1,99 Seg 3 22,24 22,35 17,80 29,20 2,84 Seg 4 26,62 25,60 22,70 34,10 2,68 Seg 5 26,85 27,00 22,00 31,30 1,96 Seg 6 22,75 21,85 18,50 30,50 2,64 Seg 7 17,59 17,10 10,70 29,10 2,78 Razão 2/6 0,79 0,80 0,64 0,96 0,09 Dp: Desvio padrão n: Número da amostra Razão 2/6: Razão entre o segmento 2 e 6 Seg: Segmento SV : Segmento vertical Vmax: Valor máximo Vmin: Valor mínimo No ombro esquerdo, a média do segmento vertical foi de 40,77 ± 5,12mm, com variação de 27,10 a 53,30mm e com a mediana de 41,70mm. O segmento 1 teve uma média de 13,75 ± 1,96mm, mediana de 13,05mm, com variação entre 10,60mm e 19,70mm. O segmento 2 apresentou uma média de 17,77 ± 2,00mm, uma mediana de 17,10mm e uma variação entre 13,60mm e 24,10mm O terceiro segmento teve a média de 22,19 ± 2,26mm, uma mediana de 22,35mm e uma variação entre 17,10mm e 27,70mm. O segmento 4 teve uma média de 26,38 ± 2,71mm com uma mediana de 25,80mm e uma variação entre 22,40mm e 33,40mm. A média do segmento 5 foi de 26,59 ± 1,93mm, uma mediana de 26,85mm e uma variação entre 22,70mm e 32,00mm. O segmento 6 teve uma média de 22,97 ± 2,28mm, uma mediana de 23,25mm e uma variação entre 18,10mm e 27,70mm. O último segmento, segmento 7, apresentou uma média de 17,69 ± 2,42mm, uma mediana de 17,80mm e a variação entre 13,00mm e 25,30mm. Encontramos que a razão entre o segmento 2 e o segmento 6, no ombro esquerdo, foi em média de 0,78 ± 0,10, com uma mediana de 0,80 e com variação de 0,62 a 0,96 (Tab. 3; Tab. 20 - Anexo 3). Resultados 46 TABELA 3. Valores obtidos no ombro esquerdo (n=50) - Grupo I. Média Mediana Vmin Vmax Dp Dp: n: Razão 2/6: Seg: SV : Vmax: Vmin: SV 40,77 41,70 27,10 53,30 5,12 Seg 1 13,75 13,05 10,60 19,70 1,96 Seg2 17,77 17,10 13,60 24,10 2,00 Seg 3 22,19 22,35 17,10 27,70 2,26 Seg 4 26,38 25,80 22,40 33,40 2,71 Seg 5 26,59 26,85 22,70 32,00 1,93 Seg 6 22,97 23,25 18,10 27,70 2,28 Seg 7 17,69 17,80 13,00 25,30 2,42 Razão 2/6 0,78 0,80 0,62 0,96 0,10 Desvio padrão Número da amostra Razão entre o segmento 2 e 6 Segmento Segmento vertical Valor máximo Valor mínimo Quando analisamos os dados conjuntamente, do lado direito e esquerdo, encontramos uma média do segmento vertical de 40,87 ± 5,10mm, com a mediana de 41,70mm e variação entre 27,10mm e 53,30mm O segmento 1 teve a média de 15,79 ± 3,01mm, variação entre 10,70mm e 29,10 mm e uma mediana de 16,00mm. O segmento 2 apresentou a média de 17,86 ± 1,98mm, mediana de 17,20mm e uma variação de 13,60mm a 24,10mm. O terceiro segmento teve a média de 22,22 ± 2,56mm, mediana de 22,3mm e variação entre 17,10mm e 29,20mm. A média do quarto segmento foi de 26,50 ± 2,69mm com a mediana de 25,75mm e variação de 22,40mm a 34,10mm. O segmento 5 teve a média de 26,72 ± 1,94mm, mediana de 27,00mm e variação de 22,00mm a 32,00mm. O sexto segmento apresentou a média de 22,86 ± 2,46mm, variação entre 18,10mm e 30,50mm e mediana de 22,70mm. O último segmento teve a média de 15,72 ± 2,95mm, mediana de 15,65mm e variação de 10,60mm a 25,30mm. A razão entre o segundo e sexto segmentos foi em média 0,79 ± 0,09, mediana de 0,80 e variação de 0,62 a 0,96 (Tab. 4). Resultados 47 TABELA 4. Valores obtidos no ombro direito e esquerdo (n=100) - Grupo I. Média Mediana Vmin Vmax Dp Dp: n: Razão 2/6: Seg: SV : Vmax: Vmin: SV 40,87 41,70 27,10 53,30 5,10 Seg 1 15,79 16,00 10,70 29,10 3,01 Seg2 17,86 17,20 13,60 24,10 1,98 Seg 3 22,22 22,35 17,10 29,20 2,56 Seg 4 26,50 25,75 22,40 34,10 2,69 Seg 5 26,72 27,00 22,00 32,00 1,94 Seg 6 22,86 22,70 18,10 30,50 2,46 Seg 7 15,72 15,65 10,60 25,30 2,95 Razão 2/6 0,79 0,80 0,62 0,96 0,09 Desvio padrão Número da amostra Razão entre o segmento 2 e 6 Segmento Segmento vertical Valor máximo Valor mínimo No lado dominante encontramos que no Segmento Vertical a média foi de 41,4 ± 4,45mm, mediana de 41,70mm e variação entre 31,80 e 53,30. O segmento 1 teve uma média de 14,00 ± 2,09mm e uma mediana de 14,00mm. O segmento 2 apresentou uma média de 17,90 ± 1,89mm e mediana de 17,55 e uma variação de 14,10mm a 21,30. A média do segmento 3 foi de 22,28 ± 2,78mm, mediana de 22,30mm e variação entre 17,80mm a 29,20mm. No segmento 4, a média foi de 26,60 ± 2,82mm, mediana de 25,60 e variação entre 22,70mm a34,10. O segmento 5 teve a média de 26,82 ± 1,90mm, mediana de 27,00mm e variação entre 22,00mm e 27,70mm. O segmento 6 teve a média de 22,70 ± 2,30mm, mediana de 21,85mm e variação de 18,50mm a 27,70mm. A média do segmento 7 foi de 17,55 ± 2,83mm, mediana de 17,10mm e variação entre 12,70mm e 29,10mm. A razão 2/6 teve uma média de 0,79 ± 0,09, mediana de 0,80 e variação de 0,64 a 0,96 (Tab. 5). Resultados 48 TABELA 5. Valores obtidos no ombro dominante (n=50) - Grupo I. Média Mediana Dp Vmínimo Vmáximo SV 41,42 41,70 4,54 31,80 53,30 Seg 1 14,00 14,00 2,09 10,70 19,70 Dp: n: Desvio padrão Número da amostra Seg : Segmento SV : Segmento Vertical Seg 2 17,90 17,55 1,89 14,10 21,30 Seg 3 22,28 22,30 2,78 17,80 29,20 Seg 4 26,60 25,60 2,82 22,70 34,10 Seg 5 26,82 27,00 1,90 22,00 31,30 Seg 6 22,70 21,85 2,30 18,50 27,70 Seg 7 17,55 17,10 2,83 12,70 29,10 Razão 2/6 0,79 0,80 0,09 0,64 0,96 Vmáximo: Valor máximo Vmínimo: Valor mínimo No ombro não dominante encontramos que o Segmento Vertical teve a média de 41,13 ± 4,34mm, mediana de 41,70 e variação entre 30,40mm a 53,30mm. O segmento 1 apresentou média de 13,74 ± 1,87mm, mediana de 13,35mm e variação entre 10,60mm a 18,50mm. O segmento 2 teve a média de 17,73 ± 1,97mm, mediana de 17,10mm e variação de 13,60mm a 24,10mm. O segmento 3 teve a média de 22,15± 2,33mm, mediana de 22,35mm e variação entre 17,10mm a 27,70mm. O segmento 4 teve a média de 26,40 ± 2,57mm, mediana de 25,95mm e variação entre 22,40mm a 33,40mm. No segmento 5, a média foi de 26,62 ± 21,98mm, mediana de 26,85mm e variação de 22,70mm a 32,00mm. A média do segmento 6 foi de 22,91 ± 2,42mm, mediana de 23,35mm e variação entre 18,10mm e 27,10mm. O segmento 7 teve a média de 17,73 ± 2,36mm, mediana 17,89mm e variação entre 10,70mm e 25,30mm. A razão 2/6 teve média de 0,78 ± 0,10, mediana de 0,79 e variação entre 0,62 e 0,96 (Tab. 6). Resultados 49 TABELA 6. Valores obtidos no ombro não dominante (n=50) - Grupo I. Média Mediana Dp Vmáximo Vmínimo SV 41,13 41,70 4,34 30,40 53,30 Dp: n: Desvio padrão Número da amostra Seg : Segmento SV : Segmento vertical Seg 1 13,74 13,35 1,87 10,60 18,50 Seg 2 17,73 17,10 1,97 13,60 24,10 Seg 3 22,15 22,35 2,33 17,10 27,70 Seg 4 26,40 25,95 2,57 22,40 33,40 Seg 5 26,62 26,85 1,98 22,70 32,00 Seg 6 22,91 23,35 2,42 18,10 27,70 Seg 7 17,73 17,80 2,36 10,70 25,30 Razão 2/6 0,78 0,79 0,10 0,62 0,96 Vmáximo:Valor máximo Vmínimo: Valor mínimo A mensuração dos ombros contralateral ao lado comprometido dos sujeitos com instabilidade (lado sem instabilidade) apresentou os valores médios do segmento vertical de 35,57 ± 3,13mm, uma mediana de 37,10mm e variação de 31,10mm a 41,60mm. O segmento 1 teve uma média de 15,07 ± 1,32mm, uma mediana de 14,80mm e uma variação de 13,40mm a 18,70mm. O segmento 2 teve a média de 19,90 ± 1,71mm, mediana de 19,60mm e variação de 17,20mm a 23,00mm. O segmento 3 apresentou uma média de 23,47 ± 2,69mm, mediana de 23,10mm e uma variação de 17,80mm a 29,40mm. O quarto segmento mostrou uma média de 25,84 ± 2,79mm, uma mediana de 25,70mm e variação entre 20,70mm e 31,60mm. A média do segmento 5 foi de 26,77 ± 2,53mm, mediana de 26,90mm e variação de 22,60mm a 31,80mm. O sexto segmento teve a média de 25,02 ± 2,73mm, mediana de 24,60mm e variação de 20,00mm a 31,00mm. O segmento 7 teve a média de 20,27 ± 3,03mm, variação de 15,10mm a 26,40mm e a mediana de 19,50mm. A razão entre os segmentos 2 e 6 foi em média 0,80 ± 0,05, mediana de 0,79 e variação entre 0,70 a 0,93 (Tab. 7; Tab. 21 - Anexo 3). Resultados 50 TABELA 7. Valores obtidos no ombro normal (n=23) - Grupo II. Média Mediana Vmin Vmax Dp SV 36,57 37,10 31,10 41,60 3,13 Seg 1 15,07 14,80 13,40 18,70 1,32 Seg 2 19,90 19,60 17,20 23,00 1,71 Seg 3 23,47 23,10 17,80 29,40 2,69 Seg 4 25,84 25,70 20,70 31,60 2,79 Seg 5 26,77 26,90 22,60 31,80 2,53 Seg 6 25,02 24,60 20,00 31,00 2,73 Seg 7 20,27 19,50 15,10 26,40 3,03 Razão 2/6 0,80 0,79 0,70 0,93 0,05 Dp: Desvio padrão n: Número da amostra Razão 2/6: Razão entre o segmento 2 e 6 Seg: Segmento SV: Segmento vertical Vmax: Valor máximo Vmin: Valor mínimo A mensuração do ombro comprometido nos sujeitos com instabilidade do ombro mostrou o segmento vertical com uma média de 37,33 ± 3,59mm, mediana de 38,20mm e variação de 29,60mm a 42,30mm. O segmento 1 teve uma média de 17,01 ± 2,05mm, mediana de 17,10mm e variação de 13,10mm a 20,90mm. O segmento 2 teve a média de 20,83 ±1,89mm, mediana de 21,00mm e variação de 17,10mm a 24,60mm. O terceiro segmento apresentou a média de 23,07 ± 2,49mm, mediana de 22,60mm e variação de 18,60mm a 30,30mm. A média do quarto segmento foi de 24,68 ± 2,66mm, com mediana de 24,40 mm e variação de 19,10mm a 31,70mm. O segmento 5 teve a média de 24,61 ± 2,95mm, mediana de 24,60mm e variação de 17,80mm a 31,70mm. O segmento 6 apresentou a média de 23,07 ± 2,96mm, mediana de 23,10mm e variação de 17,80mm a 29,90mm. O segmento mais inferior, o sétimo, mostrou uma média de 19,05 ± 3,14mm, mediana de 19,30mm e variação de 13,70mm a 24,60mm. A razão entre os segmentos 2 e 6 destes ombros teve como média 0,91 ± 0,10, mediana de 0,91 e variação de 0,78 a 1,07 (Tab. 8; Tab. 22 Anexo 3). Resultados 51 TABELA 8. Valores mensurados pela tomografia nos ombros com instabilidade (n=23) - Grupo II. Média Mediana Vmin Vmáx. Dp SV 37,33 38,20 29,60 42,30 3,59 Seg 1 17,01 17,10 13,10 20,90 2,05 Seg 2 20,83 21,00 17,10 24,60 1,89 Seg 3 23,07 22,60 18,60 30,30 2,49 Seg 4 24,68 24,40 19,10 31,70 2,66 Seg 5 24,61 24,60 17,80 31,70 2,95 Seg 6 23,07 23,10 17,80 29,90 2,96 Seg 7 19,05 19,30 13,70 24,60 3,14 Razão 2/6 0,91 0,91 0,78 1,07 0,10 Dp: Desvio padrão n: Número da amostra Razão 2/6: Razão entre o segmento 2 e 6 Seg: Segmento SV: Segmento vertical Vmax: Valor máximo Vmin: Valor mínimo Para o estudo estatístico, utilizamos somente os valores do segmento vertical, segmento 2, segmento 6 e da razão entre o segmento 2 e 6, que foram os dados de interesse para o cálculo da razão a ser estabelecida e os dados correlacionados para bases comparativas com a literatura. A fim de avaliar se houve diferença entre o lado direito e esquerdo e entre o lado dominante e não dominante dos dados mensurados, utilizamos o teste t-Student não pareado. Não encontramos diferença estatisticamente significante nas médias das mensurações, tanto entre o ombro direito e esquerdo (p>0,05) (Tab. 9), como também entre o lado dominante e não dominante dos sujeitos normais (p>0,05) (Tab. 10). Resultados 52 TABELA 9. Teste t-Student para comparação entre os ombros direito e esquerdo – Grupo I. Medida Segmento Vertical Segmento 2 Segmento 6 Razão 2/6 Dp: gl: n: Lado Direito Esquerdo Direito Esquerdo Direito Esquerdo Direito Esquerdo Média 40,97 40,77 17,94 17,77 22,75 22,97 0,79 0,78 Dp 5,13 5,12 1,99 2,00 2,64 2,28 0,09 0,10 n 50 50 50 50 50 50 50 50 Valor t 1,19 gl 49 p 0,241 0,73 49 0,469 -0,87 49 0,389 1,33 49 0,190 Desvio padrão grau de liberdade Número da amostra TABELA 10. Teste t - Student para comparação do ombro dominante com o não dominante Grupo I. Medida Segmento Vertical Segmento 2 Segmento 6 Razão 2/6 Dp: gl: n: Dominância Dominante Não Dominante Dominante Não Dominante Dominante Não Dominante Dominante Não Dominante Média 41,02 40,73 17,98 17,73 22,80 22,91 0,79 0,78 Dp 5,19 5,06 2,01 1,97 2,52 2,42 0,09 0,10 n Valor t 50 1,78 50 1,11 50 50 50 -0,43 50 50 1,13 50 gl 49 p 0,082 49 0,272 49 0,667 49 0,262 Desvio padrão grau de liberdade Número da amostra Por meio da matriz de correlações de Pearson observamos que não existe correlação entre a idade e os valores mensurados nem com o cálculo da razão entre o segmento 2 e o segmento 6 (razão 2/6). Este cálculo também mostrou que as medidas entre: o segmento 2 e segmento 6; segmento 2 e a razão 2/6 estão diretamente correlacionadas (Tab. 11). Resultados 53 TABELA 11. Matriz de correlação de Pearson entre os segmentos vertical, segmento 2, segmento 6, razão 2/6 e idade – Grupo I. Segmento 2 Segmento vertical Segmento 2 Segmento 6 Razão 2/6 -0,065 0,523 -0,005 0,957 -0,045 0,660 0,164 0,103 0,416 <0,001 0,548 <0,001 -0,183 0,068 -0,527 <0,001 0,035 0,732 -0,184 0,066 r p r p r p r p Segmento 6 Razão 2/6 Idade p: probabilidade r : coeficiente de correlação Calculamos as correlações intraclasses para avaliar a coincidência, para cada mensuração, entre os lados direito e esquerdo. Neste teste, encontramos que não existem concordâncias altas entre os lados (correlação intraclasse < 0,75), com exceção ao valor do segmento vertical que apresentou uma alta concordância entre os lados (correlação intraclasse = 0,97) (Tab. 12). TABELA 12. Correlação intra-classe dos segmentos vertical, segmento 2, segmento 6 e a razão 2/6 entre os lados direito e esquerdo. Medida Segmento vertical Segmento 2 Segmento 6 Razão 2/6 IC: Intervalo de confiança Correlação intraclasse 0,97 0,66 0,73 0,62 IC (95%) Inferior Superior 0,95 0,99 0,50 0,81 0,57 0,84 0,41 0,76 Resultados 54 Criamos o intervalo de confiança (95%) e o intervalo de normalidade (95%) para a razão 2/6. Encontramos que o intervalo de confiança com 95% variou entre 0,77 a 0,80 e que a variação com 95% de normalidade foi entre 0,60 a 0,97 (Tab. 13). TABELA 13. Intervalo de confiança e normalidade para as medidas aferidas nos ombros normais - Grupo I. Medida Média Segmento vertical Dp: IC: IN: n: Dp n Inferior IC (95%) Superior IN (95%) Inferior Superior 40,87 5,1 100 38,87 41,87 30,87 50,87 Segmento 2 17,86 1,98 100 17,47 18,24 13,97 21,74 Segmento 6 22,86 2,46 100 22,38 23,34 18,04 27,68 Razão 2/6 0,79 0,09 100 0,77 0,80 0,60 0,97 Desvio padrão Intervalo de confiança Intervalo de normalidade Número da amostra Apesar da aparência do histograma não seguir uma distribuição normal, a aplicação do teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnorv, o valor da razão 2/6 apresenta uma distribuição normal (p= 0,185) (Fig. 3). Freqüência 15 10 5 0 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 SHS/SHI razão 2/6 FIGURA 3. Representação gráfica da distribuição dos valores da razão 2/6. Resultados 55 No estudo comparativo entre os valores do ombro normal e do ombro com instabilidade, pelo teste t-Student pareado, encontramos que a medida do segmento vertical é, em média, igual em ambos os ombros (p=0,07) e as demais medidas diferem nas duas amostras. A medida do segmento 2 e a razão 2/6 são, em média, estatisticamente maiores nos ombros com instabilidade (p=0,001 e p <0,001, respectivamente). A medida do segmento 6 é, em média, estatisticamente menor no ombro com instabilidade (p = 0,001) (Tab. 14). TABELA 14. Análise comparativa entre o lado normal e o lado com instabilidade - Grupo II. Medida Segmento vertical Segmento 2 Segmento 6 Razão 2/6 Lado Normal Instabilidade Normal Instabilidade Normal Instabilidade Normal Instabilidade Média 37,33 36,57 20,83 19,90 23,07 25,02 0,91 0,80 Dp 3,5 3,13 1,89 1,71 2,96 2,73 0,1 0,05 n 23 23 23 23 23 23 23 23 Valor t gl 1,91 22 p 0,07 4,04 22 0,001 -3,72 22 0,001 6,32 22 <0,001 Dp: Desvio Padrão gl: Grau de liberdade n: Número da amostra p: Probabilidade Correlacionamos o número de luxações com as mensurações do segmento 6 pela tomografia. Observamos que não houve diferença estatisticamente significativa nestas mensurações (p >0,05) (Tab. 15). TABELA 15. Correlação de Pearson entre mensuração do segmento 6 pela tomografia e o número de luxações - Grupo II. Correlação Número de Luxações r -0,106 p 0,632 Mensuração do Segmento 6 pela tomografia p: probabilidade r: coeficiente de correlação 5 - DISCUSSÃO Discussão 57 O objetivo básico do tratamento cirúrgico da instabilidade do ombro é alcançar uma articulação estável e prevenir as recidivas de deslocamentos. Para atender às expectativas dos pacientes, principalmente dos indivíduos jovens, praticantes de atividades esportivas, o método cirúrgico deve, não só corrigir as alterações anatomopatológicas que causam a instabilidade, como também restaurar o arco de movimento e a força muscular para o retorno das atividades funcionais (Hawkins, Hawkins, 1985; Chen et al, 2005). A instabilidade traumática anterior do ombro comumente está associada à lesão de Bankart, que pode ser corrigida, tanto por métodos cirúrgicos abertos como artroscópicos. Quando ocorre a associação com uma erosão da borda anterior da cavidade glenoidal, em alguns casos deve-se utilizar o enxerto ósseo. Apesar da possibilidade de realizar este procedimento por meio da técnica artroscópica, a literatura não apresenta resultados em longo prazo e este método está associado a uma longa curva de aprendizado e à habilidade do cirurgião. Assim sendo, a utilização do enxerto ósseo é realizada com maior frequência, por “via aberta”. As alterações, como a presença de uma fratura impacção da cabeça do úmero ou uma “extensa” erosão da borda anterior da cavidade glenoidal, levam a um maior índice de recidiva quando não devidamente abordadas durante o seu tratamento (Burkhart, De Beer, 2000). São situações que limitam a indicação do método de tratamento por “visão artroscópica” e o cirurgião deve estar atento para diagnosticar e corrigi-las, quando indicadas (Boileau et al, 2006). Discussão 58 Estes fatores é que tornam a instabilidade do ombro uma afecção de difícil escolha do método de tratamento, devido ao grande número de procedimentos existentes e à variedade de causas que, apesar de uma lógica escolha do método, pode levar a um mau resultado. A evolução da cirurgia do ombro, com a colaboração de cirurgiões, engenheiros, biomecânicos, anatomistas e profissionais de outras ciências básicas, juntamente com o surgimento da cirurgia por visão artroscópica do ombro, trouxe uma melhor compreensão das estruturas estabilizadoras desta articulação (Bigliani, 1996). O estudo da anatomia e da biomecânica do ombro, nos trabalhos que objetivam esclarecer as causas da recidiva da instabilidade, nos fez compreender melhor os fatores estabilizadores desta articulação (Lippitt et al, 1993; Lazarus et al, 1996; Itoi et al, 2000). Isto nos permite uma cuidadosa e apropriada escolha da melhor técnica cirúrgica a ser utilizada para a correção das distorções e defeitos que ocorrem na instabilidade do ombro (Turkel et al, 1981; Levine, Flatow, 2000). Um destes estudos demonstra que a contenção da cabeça do úmero na cavidade glenoidal é o resultado de duas variáveis geométricas: a primeira é a profundidade da cavidade glenoidal que, juntamente com a força de compressão exercida pela musculatura, atua no mecanismo de concavidade compressão, resultante da compressão de um objeto convexo sobre uma superfície côncava. Ocorre uma diminuição de 20% da resistência à translação, quando ocorre a perda deste mecanismo. A segunda variável que afeta a contenção da cabeça do úmero é o comprimento do arco da cavidade glenoidal, a qual resiste à força axial do úmero até que o vetor da força ultrapasse a sua borda. Assim, quando ocorre a erosão da borda anterior da cavidade glenoidal, naturalmente a superfície glenoidal perde a sua profundidade e tem uma menor resistência à força de cisalhamento, tendendo, assim, ao deslocamento (Lippitt et al, 1993). Discussão 59 A perda da concavidade da cavidade glenoidal pode ser devida a uma perda óssea, cartilagínea, labial ou a uma combinação destas situações. Isto reduz em aproximadamente 80% da altura da cavidade. Tal fato, por sua vez, conduz à perda de 65% da estabilidade do ombro na direção do defeito, o que revela sua interferência no mecanismo de “Compressão Concavidade”. Assim, recomenda-se a reconstrução desta concavidade, a fim de se restaurar efetivamente a sua estabilidade (Howell, Galinat, 1989; Lazarus et al, 1996). Vários outros estudos também demonstram que as lesões da borda anterior da cavidade glenoidal comprometem a estabilidade do ombro (Itoi et al, 2000; Montgomery et al, 2005; Greis et al, 2002; Yamamoto et al, 2009). Estes trabalhos anatômicos e biomecânicos mostram a importância destes fatores na estabilidade do ombro o que também pode ser confirmado pelos estudos clínicos realizados por Burkhart, De Beer (2000) que demonstram como estas variações geométricas afetam a contenção da cabeça do úmero na cavidade glenoidal, podendo, quando alterados, acarretar a instabilidade anterior do ombro e, quando não corrigidos durante o tratamento cirúrgico, levar à recidiva do quadro (Tauber et al, 2004). Relato de casos em que fratura da borda anterior da cavidade glenoidal não é diagnosticada mostram que eles podem evoluir para uma instabilidade persistente, após a sua redução, por reluxação do ombro e evoluir com uma luxação inveterada (Kummel, 1970). Esta perda óssea ocorre na instabilidade anterior do ombro por fraturas da sua borda ou por erosão, devido a sucessivos episódios de luxação do ombro, comprometendo assim um dos mecanismos estabilizadores desta articulação e deve ser corrigida para evitar recidivas da instabilidade. A incidência das erosões da borda anterior da cavidade glenoidal não é tão rara como cita Neer (1990), em seu livro texto. Quando nos reportamos à literatura sobre estas lesões, Discussão 60 observamos uma grande variação na sua frequência, segundo os diferentes autores (D’Angelo, 1970; Rowe et al,1978; Itoi et al, 2000; Warner et al, 2006). Em nossa série de casos de pacientes com instabilidade do ombro, observamos uma incidência de 91,30% de sujeitos com erosão da cavidade glenoidal, de tamanhos variados, semelhante ao encontrado por Sugaya et al (2003), porém estes autores relatam que metade dos casos apresenta um fragmento ósseo (lesão de Bankart óssea), não detectado em nosso estudo. Estas variações na incidência podem ser decorrentes de fatores como o número de luxações ocorridas, pois a presença e o tamanho da lesão guardam relação com o número de recidivas (Ferreira Filho, 1984). Esta correlação não foi encontrada em nossa série, talvez pelo pequeno número de sujeitos com instabilidade incluídos neste estudo (Tab. 15). A presença de uma maior frequência e de um maior grau destas lesões pode ser constatada em pacientes epiléticos, nos quais o número de luxações e a intensidade das contrações da musculatura do ombro, devido às convulsões, levam à erosão da borda anterior da cavidade glenoidal, juntamente com a fratura impacção da cabeça do úmero (Hutchinson et al , 1995; Checchia et al, 2000; Bühler, Gerber, 2002) Outro fator que justifica a variação na incidência das lesões nas diversas publicações é que, muitas vezes, o diagnóstico das erosões da borda anterior da cavidade glenoidal não é feito, pois o exame radiográfico é dificultado pela irregularidade da escápula, pela sobreposição de imagens e pela dificuldade de um posicionamento adequado do paciente para se realizar incidências específicas (Kummel, 1970; Pavlov et al, 1985; Bigliani et al, 1998). As incidências radiográficas de “West Point” (Rokous et al, 1972) e a de Didiee, assim como a tomografia axial computadorizada podem melhorar a percentagem de acerto no diagnóstico destas erosões, como também das fraturas da borda anterior da cavidade glenoidal (Pavlov et al, 1985; Itoi et al, 2003). Discussão É 61 recomendável a tomografia axial computadorizada, e até mesmo a pneumoartrotomografia, para os pacientes que apresentam uma suspeita de uma erosão óssea e o exame radiográfico não constata alterações. Igualmente, devemos incluir estes exames para os pacientes que apresentam um quadro de instabilidade bem definido, múltiplos episódios de recidiva, luxações durante o sono, pacientes sem frouxidão capsular ao exame clínico e com o “teste da apreensão” realizada em abdução do braço a 90° associado à rotação lateral menor que 90º (Bigliani et al, 1998). Com o advento de novos métodos diagnósticos, um maior índice de erosões pode ser constatado como demonstram Sugaya et al (2003) que descrevem erosões da borda anterior da cavidade glenoidal em 90% dos pacientes estudados que são submetidos ao exame de tomografia computadorizada tridimensional, revelando um índice de diagnóstico de erosões bem superior aos estudos clínicos apresentados na literatura, incidência similar ao que encontramos neste trabalho (91,30%). Estes novos métodos também propiciaram maior precisão nos resultados e podemos observar que os trabalhos encontrados na literatura demonstram a eficácia da tomografia axial computadorizada, com alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico das erosões ósseas da borda da cavidade glenoidal e com resultados de mensuração consistentes comparados com os apresentados em outras publicações que se baseiam em medidas de peças anatômicas (Kwon et al, 2005; Griffith et al, 2007). Isto demonstra que os exames radiográficos e mesmo a visibilização direta da lesão são imprecisos no diagnóstico destas erosões. A utilização do enxerto para o tratamento da instabilidade do ombro foi descrita inicialmente por Eden (1918) e Hybbinette (1932) que usavam um bloco ósseo da tíbia e da crista ilíaca, respectivamente. Posteriormente, Latarjet (1954) e Helfet (1958) apresentam a técnica com o uso do processo coracóide como enxerto. Discussão 62 Estes autores não tinham como objetivo a correção da erosão da cavidade glenoidal com o uso do enxerto. O conceito da reconstrução da anatomia da cavidade vem, posteriormente, com os estudos anatômicos e biomecânicos (Howell, Galinat, 1989; Lazarus et al, 1996; Itoi et al, 2000). Porém, ainda não há um consenso quanto à exata indicação da utilização do enxerto ósseo nos casos com erosão da borda anterior da cavidade glenoidal. Podemos observar, na literatura, a existência de diferentes índices e graus de erosão óssea que os autores utilizam para a indicação de tal procedimento (Neer, 1990; Chiang et al, 1995; Bigliani et al, 1998; Burkhart, De Beer, 2000; Bühler, Gerber, 2002; Sugaya et al, 2003; Lo et al, 2004). Neste estudo, para a análise estatística dos dados mensurados utilizamos o n (casuística) de 100 ombros (50 sujeitos de pesquisa) visto que, apesar de não encontrarmos diferença estatisticamente significante entre os lados estudados (direito, esquerdo; dominante, não dominante) pelo teste t de student, observamos que a correlação intra-classe foi menor que 0,75, não mostrando uma alta concordância entre os lados, com relação à mensuração dos segmentos horizontais, dado concordante ao achado por Griffith et al (2003). Podemos comparar os valores mensurados de vários trabalhos na literatura com resultados similares. Mallon et al (1992), em estudo de radiografia das peças anatômicas, mostram valores do segmento vertical 35 ± 4,1mm, com variação entre 28,5 e 43,2mm e do segmento 6 de 24,33mm variando entre 16mm e 29,5mm. Iannotti e al (1992) relatam medida do segmento vertical de 39 ± 3,7mm com variação de 30 a 49mm O segmento superior e o inferior foram respectivamente de 23 ± 2,7mm e 29 ± 3,1mm. Outros estudos também apresentam resultados da mensuração da cavidade glenoidal com variados métodos (McPherson et al, 1997; Ebraheim et al, 2000; De Wilde et al, 2004). Na mensuração pela tomografia axial computadorizada com reconstrução tridimensional, encontramos valores do segmento vertical, do segmento 2 e do segmento 6 Discussão 63 que são correspondentes com os dados apresentados na literatura. Isto pode nos sugerir que este exame fornece informações confiáveis quanto à mensuração da cavidade glenoidal (Kwon et al, 2005) (Quadro 1; Fig. 4 - Anexo 4). QUADRO 1. Mensuração dos valores segundo diversos autores. Autores Malllon et al Ano 1992 Forma de Mensurar SV 35 ± 4,1 (28,5-43,2) Seg 2 Seg 6 24 ± 3,3 (16-29,5) Iannotti et al 1992 Peça anatômica e RMN(Sujeitos) 39 ± 3,7 (30 - 49) 23 ± 2,7 (19 -30) 29 ± 3,1 (21 - 35) RX (Peça anantômica) McPherson et al 1997 RX(Peça anatômica) 33,9 ± 3,9 Ebrahein et al 2000 Peça anatômica 34,4 ± 3,4 (26 -39) Wilde et al 2004 TAC(Peça anatômica) 35,6 ± 3,3 25,8 ± 2,6 Kwon et al 2005 TAC 3 D(Peça anatômica) 39,1 ± 5,7 (31 -48) 25,2 ± 4,7 (21-34) Kwon et al 2005 Peça anatômica 37,8 ± 5,3 (30-47) 26,8 ± 5 (22-35) Ikemoto et al 2005 Peça anatômica 37,9 ± 3,9 18,3 ± 2,24 (28,4 -56,4) (13,5-24,7) 24,2 ± 2,57 (18,0333,31) 40,8 ± 5,1 (27,1-53,3) 17,8 ± 1,9 (13,6-24,1) 22,8 ± 2,4 (18,1-30,5) Ikemoto RMN: RX: Seg 2: Seg 6: SV: TAC: TAC 3D: 2009 TAC 3 D(Sujeitos) Ressonância magnética nuclear Radiografia Segmento 2 Segmento 6 Segmento vertical Tomografia axial computadorizada Tomografia axial computadorizada tridimensional 28,6 ± 3,8 16,5 ± 1,8 (14 -22) 23,3 ± 2,7 (16-29) Discussão 64 Segundo os estudos anatômicos, temos parâmetros definidos para estudos controle e também para mensurar as dimensões da cavidade glenoidal normal (Iannotti et al, 1992; McPherson et al, 1997; Ebraheim et al, 2000). Entretanto, quando se trata de estudos de lesão óssea in vivo não temos um padrão definido para dimensioná-la com precisão e avaliar a presença de erosões ósseas. Quando realizamos procedimento por “via aberta”, mesmo com a visão direta da cavidade glenoidal temos dificuldade em visibilizar toda a extensão da cavidade, devido à presença da cabeça do úmero, inserção do lábio glenoidal e o tendão da cabeça longa do bíceps. A dificuldade em visibilizar a cavidade glenoidal é também devido à sua conformação elíptica e à visão praticamente em perfil que temos durante o ato cirúrgico (Doneux et al, 1997). A avaliação da extensão da erosão é feita de maneira intuitiva e sujeita a falhas. Miyazaki et al (2002) demonstram, em seu trabalho, que o médico ortopedista não é capaz de mensurar com exatidão a erosão da borda anterior da cavidade glenoidal. Mesmo por visibilização direta por vista artroscópica, com o método descrito por Burkhart et al (2002), utilizando a bare spot como referência, esta não pode ser considerada como uma medida exata para avaliar a erosão da borda anterior da cavidade glenoidal (Aigner et al, 2004; Kralinger et al 2006; Huysmans et al, 2006). Griffith et al (2007) utilizam o método descrito por Burkhart et al (2002) como “padrão ouro” para comparar com o exame tomográfico, porém encontram limitações como: dificuldade de visibilizar a área central, utilização de um portal posterior não alinhado com o maior eixo súpero-inferior da cavidade e mensuração pela peça milimetrada feita por uma por outra angulação, de outro portal, o que pode distorcer a visibilização. Até o momento, na literatura, não existe uma padronização ou forma para mensurar, com exatidão, o tamanho da lesão óssea. Os parâmetros utilizados para avaliar a erosão da borda anterior da cavidade glenoidal também variam segundo os diferentes autores e não há Discussão 65 um método único e confiável para esta mensuração (Ungersböck et al, 1995; Burkhart, De Beer, 2000; Griffith et al, 2003; Sugaya et al, 2003; Huijsmans et al, 2007) Devido à dificuldade de mensurar a erosão da cavidade glenoidal, apesar da existência de várias formas para avaliar esta lesão, descrevemos um novo método para quantificar a perda óssea previamente ao procedimento cirúrgico. Baseados no estudo anterior em que se realizaram mensurações em peças anatômicas, procuramos utilizar os dados encontrados naquele estudo e aplicá-los no exame de tomografia computadorizada em sujeitos normais e portadores de instabilidade do ombro (Ikemoto et al, 2005). Ao mensurar linearmente a cavidade glenoidal, estabelecemos um parâmetro de normalidade para, assim, possibilitar a avaliação de forma mais consistente e reprodutível das lesões da borda anterior da cavidade glenoidal. Utilizamos o segmento 2 como medida de referência e constância, pois é a região onde não ocorre alteração do seu comprimento na instabilidade do ombro com comprometimento da cavidade glenoidal e o segmento 6, onde ocorre a erosão. Apesar de utilizarmos somente três mensurações (segmento vertical, segmento 2, e segmento 6), que foram de nosso interesse, o segmento 6 representa o local e direção frequente da lesão (Saito et al, 2005,); durante o exame tomográfico mensuramos oito parâmetros para demonstrar a homogeneidade dos dados obtidos (Fig. 5 - Anexo 4). Pudemos observar que os valores mensurados neste trabalho foram similares a valores apresentados na literatura (Quadro 1; Fig.4 - Anexo 4). O valor encontrado da razão 2/6 de 0,79, segundo o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnorv, apresenta uma distribuição normal (p=0,185) e com intervalo de confiança de 95% variando de 0,77 a 0,80 (Fig. 6 - Anexo 4). Este valor foi exatamente igual ao encontrado por Iannotti et al (1992), em seu artigo, onde os autores calcularam a razão do Discussão 66 segmento inferior com o segmento superior que resultou no valor de 1,08 ± 0,01, (29 ± 3,1mm /23 ± 2,7mm), que é o mesmo valor de 0,79 quando invertemos esta relação. Podemos, ainda, notar a presença de uma diferença entre as razões quando comparamos o lado normal com o lado comprometido, na avaliação do Grupo II, maiores no lado com instabilidade, e que o segmento 6 tinha valores menores quando comparados com o lado normal, correspondendo à erosão da borda anterior da cavidade glenoidal (Tab. 14; Fig. 7 - Anexo 4). Desta forma, podemos utilizar esta relação como valor de normalidade e calcular o a razão do segmento 2/segmento 6 com a variação do percentual pelo cálculo: Razão 2/6 = 79/ 100 – Percentual. (Tab. 16). TABELA 16. Variação da razão 2/6 com o percentual da lesão da borda anterior da cavidade glenoidal. Percentual 20% 22% 24% 26% 28% 30% Razão 2/6 0,98 1,01 1,03 1,06 1,09 1,12 Também, podemos calcular a erosão baseado na média do valor de segmento 6 (22,86mm): Tamanho da erosão = % da erosão X 22,86 (Tab. 17). TABELA 17. Variação do percentual da lesão da borda anterior da cavidade glenoidal com o seu tamanho. Percentual Média Variação Dp 20% 22% 24% 4,57 5,02 5,48 3,62 - 6,10 3,90 – 6,71 4,34 - 7,32 0,55 0,61 0,66 Tamanho das erosões em milímetros Dp – Desvio padrão 26% 28% 5,94 6,40 4,70 – 7,90 5,06 – 8,54 0,72 0,78 30% 6,85 5,43 - 9,15 0,83 Discussão 67 Devido às diferentes formas de calcular a erosão óssea, temos uma dificuldade em comparar o tamanho da falha entre os diferentes métodos. Quando calculamos o valor do comprimento da erosão de 9%, 21%, 34% e 46%, percentuais estes baseados no trabalho biomecânico de Itoi e al (2000), obtivemos valores de 2,05; 4,80; 7,76 e 10,51, respectivamente, diferentes dos valores encontrados por Itoi et al (2000), 2,08; 6,80; 10,80 e 14,80. Com estes cortes, que correspondem a cordas de um círculo, e tendo como referência o segmento vertical, os valores diferem com aqueles, quando utilizamos o comprimento anteroposterior da cavidade (Tab. 18). TABELA 18. Comprimento da erosão em diferentes percentuais neste trabalho e descrito por Itoi et al (2000). Percentual Ikemoto Itoi et al 9% 2,05 2,08 21% 4,8 6,8 34% 7,76 10,8 46% 10,51 14,8 As mensurações mostram que o segmento 2 apresenta um valor menor que o do segmento 6 o que confere à cavidade glenoidal a conformação de uma pera (Iannotti et al, 1992). Quando a erosão compromete o comprimento do segmento 6 a ponto de ser menor que o segmento 2, ocorre a inversão da configuração da cavidade glenoidal em “pera invertida”, ou seja, a diferença entre o segmento 2 e o segmento 6 corresponde ao comprimento da perda óssea que leva à inversão da configuração da cavidade glenoidal. Média do segmento 2 (17,86mm) - Média do segmento 6 (22,86mm) = 5mm que correspondem a 21,90% do segmento 6 e não como descreve Lo et al (2004), com valores entre 25% e 27%. Já os dados de Yamamoto et al (2009) demonstram que erosões de 6mm que, segundo estes autores, correspondem a 26% do comprimento da cavidade glenoidal, diminuem Discussão 68 consideravelmente a estabilidade articular, percentuais estes coincidentes com nossos dados (100 X 6 mm / 22,86 = 26,20%). Verificamos que a variação das mensurações lineares das erosões é muito ampla, quando tomadas entre 20% e 30% do comprimento da cavidade glenoidal. A faixa em que os autores indicam a reconstrução da cavidade glenoidal com enxertia óssea foi de 3,62mm a 9,15mm (Tab. 17). A literatura fornece dados que nos direcionam a indicar a utilização do enxerto ósseo numa faixa entre 22% e 30% e são recomendáveis estudos clínicos estabelecendo objetivamente o método de mensuração e o grau de lesão para a indicação do enxerto e um seguimento em longo prazo dos pacientes (Neer, 1990; Chiang et al, 1995; Bigliani et al, 1998; Itoi et al, 2000; Burkhart, De Beer, 2000; Bühler, Gerber, 2002; Sugaya et al, 2003; Lo et al, 2004). Portanto, o percentual em que se deve indicar o uso do enxerto deve ser mais preciso visto que seu uso acarreta complicações como a limitação da mobilidade do ombro, principalmente quanto à rotação lateral (Burkhart et al, 2007), complicações decorrentes da consolidação ou absorção do enxerto (Doneux et al, 1997). Por outro lado, a sua não utilização pode acarretar recidivas da luxação, ou uma subluxação, por não ser corrigida a falha do mecanismo estabilizador do ombro (Checchia et al, 2000). Pelos riscos de complicações com o enxerto ósseo, citados por estes autores, seria aconselhável a sua utilização com uma indicação mais exata sobre até qual percentual de erosão poderíamos realizar a reparação ou por “visão artroscópica” ou mesmo a reparação por “via aberta”, sem o uso do enxerto, pois como Pagnani (2008) refere, lesões com até 30% do comprimento da cavidade glenoidal tratadas com capsuloplastia por “via aberta” não aumentam o risco de recidiva da instabilidade. Discussão 69 É importante o diagnóstico prévio à cirurgia das erosões da borda anterior da cavidade glenoidal, pois este permite uma programação cirúrgica e uma previsão do prognóstico da instabilidade. A limitação do nosso estudo foi não termos um método de mensuração da cavidade glenoidal que seja considerado “padrão ouro” o qual pudéssemos ter como referência, porém constatamos que as nossas mensurações foram similares às apresentadas na literatura. Seguindo esta linha de pesquisa, propomos estabelecer em estudo subsequente um valor de erosão da borda anterior da cavidade glenoidal o qual seria indicativo da utilização do enxerto ósseo, mensurado, por este método, na tomografia axial computadorizada com reconstrução tridimensional, e, também, avaliar a sua eficácia na indicação do tratamento. 6 - CONCLUSÕES Conclusões 71 1. As mensurações da cavidade glenoidal pela tomografia computadorizada com reconstrução tridimensional apresentam valores dentro de um padrão de distribuição normal, com média do segmento vertical de 40,87mm, do segmento 2 de 17,86mm, do segmento 6 de 22,86. 2. O valor da razão entre o segmento 2 e o segmento 6 da cavidade glenoidal foi de 0,79, e este valor pode ser tomado como um índice de normalidade para a avaliação do grau de erosão da borda anterior da cavidade glenoidal. 3. A razão entre o segmento 2 e o segmento 6 é maior nos sujeitos com instabilidade pela diminuição proporcional do segmento 6 nas erosões da borda inferior da cavidade glenoidal. 7 – ANEXOS Anexos 73 ANEXO 1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE COORDENADORIA DE SERVIÇO DE SAÚDE UGA II – HOSPITAL IPIRANGA Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Você está sendo para participar da pesquisa “Mensuração da cavidade glenoidal com instabilidade por meio da tomografia axial computadorizada. Você foi selecionado dentre os pacientes que procuraram atendimento em nosso ambulatório de ortopedia e traumatologia do Hospital Ipiranga e sua participação não é obrigatória. A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição. O objetivo deste estudo é medir o tamanho da escápula, que é um osso que faz parte do ombro, a fim de estabelecer valores de normalidade que vai ajudar a diagnosticar problemas em pacientes com problemas no ombro. Sua participação nesta pesquisa consistirá em permitir a realização do exame de tomografia computadorizada do ombro. Não haverá riscos relacionados à realização do exame. As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidenciais e asseguramos o sigilo sobre sua participação. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua identificação Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço institucional do pesquisador principal e do CEP, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. _________________________________________ Dr. Roberto Yukio Ikemoto. Investigador Principal Hospital Ipiranga . Departamento de Ortopedia e Traumatologia. Avenida Nazare 28, 5o. andar. Telefone. 2067-7835 CEP da Fac Medicina do ABC. Av. Principe de Gales,821. Telefone: 4993-5453. Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa e concordo em participar. _________________________________________ Sujeito da pesquisa Anexos 74 ANEXO 2. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da FMABC. RC MA ML LT HMS LC GP PCCP IKJ LF CM MAS JC AG MAA RS LT PST AD PAS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Nome (n= 50) 18 29 29 26 27 27 30 28 30 31 29 25 29 28 27 27 25 35 33 27 Idade F M M M M M F M F F F M M F M M M F F F E D D D D D D D D D D D D D D D E D E D Sexo Dominância 27,50 29,90 53,30 47,60 46,20 42,60 42,60 50,50 41,20 42,60 41,20 42,20 36,00 44,20 39,80 43,66 45,00 40,20 42,60 47,60 SV 18,10 19,20 14,20 15,60 14,90 14,20 10,70 15,60 14,20 12,10 12,80 11,60 12,40 14,20 14,20 14,20 13,80 12,00 13,50 16,40 Seg 1 Tabela 19. Mensurações da cavidade glenoidal direita (Grupo I) 19,70 22,80 18,50 21,30 19,90 18,50 15,60 21,30 17,80 19,20 17,80 14,70 16,90 17,10 18,50 21,30 17,00 20,20 17,80 19,40 Seg 2 22,80 23,40 21,30 23,40 25,60 24,90 19,20 29,20 22,70 23,40 19,90 18,50 19,80 25,30 22,10 26,30 22,20 22,50 24,10 23,40 Seg 3 26,40 27,70 26,30 27,00 29,80 28,40 22,70 34,10 24,10 25,60 24,20 25,20 23,80 31,20 27,00 28,40 27,00 25,60 27,00 28,40 Seg 4 25,90 29,10 31,30 25,60 27,70 27,00 22,00 29,80 23,40 26,30 27,00 28,30 25,10 28,10 25,60 26,30 29,70 27,20 24,90 27,00 Seg 5 24,90 30,50 25,60 22,70 24,20 21,30 18,50 27,70 18,60 20,60 22,70 21,70 20,90 25,40 24,10 24,10 24,90 24,70 18,50 20,50 Seg 6 21,80 29,10 19,30 19,10 18,50 17,60 13,20 23,00 12,70 17,10 18,70 17,00 16,20 19,10 19,20 14,30 16,90 15,50 10,70 13,50 Seg 7 Continua 0,79 0,75 0,72 0,94 0,82 0,87 0,84 0,77 0,96 0,93 0,78 0,68 0,81 0,67 0,77 0,88 0,68 0,82 0,96 0,95 Razão(2/6) Anexos 75 ANEXO 3. Tabelas. DGP ID DF FB DSS JOJ RB LC CLA ARB COA FMB MJ LO NH RP CCO ALC FCA VHM MFS JRC 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 Nome 43 28 33 22 18 26 32 22 26 28 29 24 22 29 25 23 36 37 27 23 29 31 Idade M F M M M F M M M M M M M M F F M M F M M M D D E E D E D D D D D D E D D E E D D D D D Sexo Dominância 48,10 36,40 40,80 43,00 43,80 37,70 45,00 44,00 41,30 35,30 32,60 35,40 42,50 43,00 36,20 32,40 42,70 42,80 32,00 42,80 49,20 36,80 SV 12,00 12,20 15,00 12,80 12,80 11,70 14,60 13,80 12,40 16,60 15,70 17,20 12,30 13,00 13,10 12,70 11,90 11,80 18,10 16,20 14,20 18,00 Seg 1 14,90 17,00 16,70 17,10 17,00 16,30 17,30 16,90 14,10 20,40 19,80 20,60 16,50 17,10 18,00 17,80 17,00 16,80 20,30 17,20 19,40 20,10 Seg 2 17,80 19,60 25,00 20,30 20,60 19,10 25,20 24,10 17,90 23,30 23,00 24,90 19,10 20,20 21,40 20,00 19,80 19,30 22,00 20,70 27,50 25,00 Seg 3 25,00 23,70 26,50 25,00 25,00 24,00 31,40 30,60 24,90 27,00 25,20 27,00 24,10 23,60 25,60 24,90 24,50 24,00 25,60 25,10 30,60 26,40 Seg 4 28,60 26,20 28,20 24,80 24,90 23,50 29,70 28,20 27,50 28,50 24,70 28,50 24,80 25,00 27,10 25,60 25,50 25,10 27,00 23,60 26,10 27,00 Seg 5 22,00 20,60 26,00 21,20 21,40 20,20 26,80 25,00 20,20 23,20 21,00 26,40 20,20 21,90 20,50 21,20 20,80 20,20 24,10 20,70 20,20 25,70 Seg 6 16,80 16,40 19,20 17,30 17,80 16,10 19,00 18,30 16,10 18,40 17,10 19,80 16,60 16,10 15,90 16,10 17,00 16,80 20,00 17,80 15,00 20,10 Seg 7 Continua 0,68 0,83 0,64 0,81 0,79 0,81 0,65 0,68 0,70 0,88 0,94 0,78 0,82 0,78 0,88 0,84 0,82 0,83 0,84 0,83 0,96 0,78 Razão(2/6) Continuação Anexos 76 ECL CAM 49 50 33 27 22 M M M M D D D D D 41,20 38,40 42,00 38,40 38,80 40,20 12,00 15,10 12,60 12,20 11,60 13,90 15,90 Segmento Vertical CWSJ 48 44 M E 40,40 14,30 SV. PSC 47 29 M D 38,80 Seg 1 Segmento RL 46 35 F D SV Seg . DSC 45 36 F Sexo Dominância Razão entre o Segmento 2 e Segmento 6 RA 44 30 Idade Razão(2/¨6). MPF 43 Nome 16,60 19,30 15,60 14,80 14,20 17,40 18,30 17,10 Seg 2 19,20 25,60 18,00 18,70 18,60 25,40 26,40 24,20 Seg 3 23,70 31,40 25,00 25,40 25,00 31,80 32,20 27,00 Seg 4 25,20 28,50 28,20 28,30 27,90 28,60 29,30 29,00 Seg 5 20,60 25,50 21,60 21,60 21,80 25,00 26,80 22,80 Seg 6 16,30 19,20 16,90 16,80 16,80 19,30 20,00 18,10 Seg 7 0,81 0,76 0,72 0,69 0,65 0,70 0,68 0,75 Razão(2/6) Continuação Anexos 77 RC MA ML LT HMS LC GP PCCP IKJ LF CM MAS JC AG MAA RS LT PST AD PAS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Nome (n=50) 18 29 29 26 27 27 30 28 30 31 29 25 29 28 27 27 25 35 33 27 idade F M M M M M F M F F F M M F M M M F F F E D D D D D D D D D D D D D D D E D E D Sexo Dominância 27,10 27,80 53,30 46,90 45,50 42,70 41,20 49,00 40,60 41,90 42,00 43,00 34,80 43,80 40,00 40,50 44,20 40,20 45,50 45,50 SV 19,70 16,40 11,40 14,20 12,80 12,10 11,40 17,80 15,60 12,90 15,60 12,90 11,80 13,40 12,80 18,50 12,90 10,60 14,20 14,90 Seg 1 20,20 19,90 19,20 17,80 21,30 17,00 17,10 24,10 16,40 17,10 19,20 15,80 16,40 16,80 19,20 22,70 18,30 15,40 19,20 19,90 Seg 2 Tabela 20. Mensurações da cavidade glenoidal esquerda(Grupo I) 23,50 19,90 20,60 23,40 22,70 24,20 19,20 27,70 21,30 19,20 23,40 23,90 19,10 24,80 22,00 24,90 22,70 20,10 21,30 23,50 Seg 3 25,70 24,90 29,20 28,40 29,80 26,30 23,40 33,40 24,10 22,70 24,90 29,00 22,90 30,40 25,60 26,30 26,90 23,80 24,10 25,60 Seg 4 26,20 25,60 32,00 28,40 29,10 25,60 23,40 29,10 27,00 23,40 22,70 27,80 24,90 27,30 27,00 27,70 27,90 26,00 24,90 25,60 Seg 5 25,10 25,60 27,70 24,90 24,10 20,60 22,80 26,20 21,30 18,10 19,90 23,20 20,00 24,60 24,10 25,60 21,60 24,90 22,70 24,20 Seg 6 23,50 20,60 21,20 20,60 19,00 16,90 15,60 22,00 16,60 16,00 16,00 17,90 16,10 18,30 16,40 17,80 13,50 14,30 15,00 17,80 Seg 7 Continua 0,80 0,78 0,69 0,71 0,88 0,83 0,75 0,92 0,77 0,94 0,96 0,68 0,82 0,68 0,80 0,89 0,85 0,62 0,85 0,82 Razão(2/6) Anexos 78 DGP ID DF FB DSS JOJ RB LC CLA ARB COA FMB MJ LO NH RP CCO ALC FCA VHM MFS JRC 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 Nome 43 28 33 22 18 26 32 22 26 28 29 24 22 29 25 23 36 37 27 23 29 31 idade M F M M M F M M M M M M M M F F M M F M M M D D E E D E D D D D D D E D D E E D D D D D Sexo Dominância 46,70 35,20 41,40 43,10 44,10 38,60 43,80 43,20 42,40 34,00 30,40 36,20 42,20 43,20 35,60 31,80 42,80 42,60 33,10 42,30 48,30 39,30 SV 13,40 12,60 14,80 12,60 12,70 11,50 14,10 12,80 12,10 17,00 14,40 16,40 12,50 12,30 13,40 12,30 12,90 12,80 17,60 15,70 12,90 13,30 Seg 1 16,00 16,80 16,40 17,00 16,90 16,20 16,90 15,90 13,60 19,20 17,60 20,30 17,00 17,40 17,80 16,80 17,30 17,20 19,80 20,90 19,10 17,10 Seg 2 23,80 18,60 25,20 20,60 20,80 19,50 25,00 19,60 17,10 22,40 22,30 23,90 19,80 20,00 20,80 22,10 20,00 20,10 22,20 25,20 23,50 22,70 Seg 3 28,70 22,40 31,90 25,20 25,90 24,10 29,70 26,00 23,70 25,00 24,80 25,80 23,20 24,10 24,90 24,10 23,90 23,70 25,80 28,00 28,40 26,50 Seg 4 28,10 24,80 28,00 24,70 24,40 23,70 28,10 29,60 27,20 29,10 23,00 28,10 25,00 25,80 26,60 26,20 25,00 25,20 26,70 26,60 25,30 27,20 Seg 5 23,50 20,40 25,70 21,00 22,00 20,80 25,60 23,90 21,20 24,20 20,10 27,20 21,30 20,20 19,70 21,10 21,60 21,50 23,30 22,80 19,90 27,20 Seg 6 18,20 16,10 19,40 17,50 18,10 16,20 18,60 18,00 16,70 19,00 15,30 20,30 16,00 18,10 14,70 13,00 16,00 16,20 19,70 19,10 13,60 25,30 Seg 7 Continua 0,68 0,82 0,64 0,81 0,77 0,78 0,66 0,67 0,64 0,79 0,88 0,75 0,80 0,86 0,90 0,80 0,80 0,80 0,85 0,92 0,96 0,63 Razão(2/6) Continuação Anexos 79 ECL CAM 49 50 33 27 22 M M M M D D D D D 40,80 39,20 41,80 39,80 39,60 40,00 11,60 13,60 13,90 13,20 12,40 12,90 14,20 Segmento Vertical CWSJ 48 44 M E 41,60 13,80 SV. PSC 47 29 M D 40,10 Seg 1 Segmento RL 46 35 F D SV Seg . DSC 45 36 F Sexo Dominância Razão entre o Segmento 2 e Segmento 6 RA 44 30 idade Razão(2/¨6). MPF 43 Nome 16,50 16,20 15,60 15,90 15,20 17,00 17,20 18,90 Seg 2 19,20 24,60 23,80 23,90 23,20 25,00 25,30 22,00 Seg 3 22,90 30,20 29,00 26,40 28,80 31,10 30,90 26,60 Seg 4 24,50 27,00 27,40 27,80 27,40 28,40 28,00 29,20 Seg 5 20,10 24,00 23,40 23,60 23,80 24,80 25,00 22,40 Seg 6 16,40 18,20 17,80 17,80 17,80 18,80 19,40 18,20 Seg 7 0,82 0,68 0,67 0,67 0,64 0,69 0,69 0,84 Razão(2/6) Continuação Anexos 80 27 23 25 33 23 22 32 15 RL 16 NFS 17 ECO 18 JBF 19 AS 20 JY 31 14 PP MJC 9 19 27 JC 8 24 13 RP FP 7 31 20 WN 6 22 12 TWG RFJ 5 24 31 MM 4 31 11 GPL LCS 3 39 32 JAS 2 33 10 MR AP 1 M M M M M M M M M F M M F M M M M M M M Nome idade Sexo (n=23) D D D D D D D D D D D D D D D D E D E D Dominância D D E D D D E D D E E E D E D D E D E D Lado 37,8 37,1 37,8 36,8 38,3 41,6 37,7 40,8 32,8 33,7 33,0 33,9 31,1 32,4 36,5 39,3 41,0 41,6 38,2 37,3 SV 14,60 14,70 13,90 15,80 18,70 13,60 14,20 16,60 15,90 15,30 16,50 15,80 14,80 13,60 14,80 16,20 15,50 16,40 13,50 13,50 Seg 1 18,80 19,60 17,60 19,00 21,80 18,80 18,60 23,00 21,10 18,20 19,70 18,10 20,30 20,90 17,20 22,60 22,90 21,90 20,80 19,50 Seg 2 23,40 23,80 21,90 23,70 26,80 22,80 20,80 26,60 24,50 22,20 25,40 21,50 24,80 23,10 17,80 25,90 29,40 28,00 21,00 22,00 Seg 3 26,50 26,30 24,50 26,10 31,60 26,70 23,00 28,80 28,70 23,50 26,50 23,40 25,70 24,80 21,30 28,90 30,10 29,40 25,20 24,70 Seg 4 Tabela 21. Mensuração pela tomografia da cavidade glenoidal (Grupo II) . Lado normal 27,10 25,90 25,20 26,90 31,80 27,10 23,00 28,80 28,30 24,90 26,50 24,80 27,50 26,80 22,60 30,10 30,30 29,80 28,90 27,40 Seg 5 24,00 23,30 24,10 23,30 31,00 24,60 20,00 27,00 27,60 24,10 23,90 23,40 25,80 26,10 21,50 28,90 28,90 25,80 27,50 26,70 Seg 6 18,00 17,30 17,60 17,00 26,40 18,80 15,10 23,50 23,80 19,50 21,70 20,50 21,30 20,50 18,50 22,60 25,10 18,10 22,90 23,80 Seg 7 Continua 0,78 0,84 0,73 0,82 0,70 0,76 0,93 0,85 0,76 0,76 0,82 0,77 0,79 0,80 0,80 0,78 0,79 0,85 0,76 0,73 Razão(2/6) Anexos 81 Segmento Vertical D SV. D D Segmento M D D Seg 30 23 SL M D Lado Razão entre o Segmento 2 e 6 51 22 WM M Dominância Razão(2/6) 28 21 MAS Nome idade Sexo 33,2 35,0 34,2 SV 14,00 15,30 13,40 Seg 1 18,50 20,10 18,70 Seg 2 20,80 22,50 21,10 Seg 3 23,10 24,90 20,70 Seg 4 23,50 25,90 22,60 Seg 5 22,30 24,90 20,70 Seg 6 18,90 19,20 16,00 Seg 7 0,83 0,81 0,90 Razão(2/6) Continuação Anexos 82 27 23 25 33 23 22 32 15 RL 16 NFS 17 ECO 18 JBF 19 AS 20 JY 31 14 PP MJC 9 19 27 JC 8 24 13 RP FP 7 31 20 WN 6 22 12 TWG RFJ 5 24 31 MM 4 31 11 GPL LCS 3 39 32 JAS 2 33 10 MR AP 1 M M M M M M M M M F M M F M M M M M M M D D D D D D D D D D D D D D D D E D E D E E D E E E D E E D D D E D E E D E D E 2 4 9 3 4 2 4 5 2 3 20 8 2 10 30 13 3 40 30 10 Nome idade Sexo Dominância Lado No. Lux (n=23) 38,2 38,3 37,8 37,2 37,8 42,3 37,7 41,7 32,2 33,7 33,0 33,9 29,6 32,4 36,6 39,7 41,0 41,3 38,2 40,8 SV 16,10 17,10 15,90 17,80 20,10 17,10 17,30 17,70 19,30 18,20 15,60 17,50 14,50 18,30 16,90 19,50 20,90 18,90 14,40 13,10 Seg 1 21,30 21,20 18,50 21,00 24,60 20,20 20,40 22,20 22,80 19,90 20,50 18,90 21,40 21,30 19,40 23,40 23,80 23,10 21,20 18,50 Seg 2 21,90 23,00 21,50 22,50 25,20 22,60 21,20 25,60 24,80 23,00 21,00 22,50 23,00 24,40 22,40 25,50 30,30 25,10 24,80 19,80 Seg 3 21,50 23,50 24,10 23,70 29,10 25,10 22,60 25,60 25,90 25,30 23,40 24,30 26,80 24,90 26,50 24,40 31,70 25,70 27,10 21,60 Seg 4 21,10 23,40 24,10 23,30 29,70 24,90 22,20 24,40 25,70 26,60 24,90 26,40 26,50 23,90 25,60 24,90 31,70 24,10 27,80 20,90 Seg 5 Tabela 22. Mensuração pela tomografia da cavidade glenoidal (Grupo II) . Lado com instabilidade 20,20 22,30 21,50 23,10 28,70 21,50 20,40 20,80 24,40 24,80 22,90 24,30 26,20 23,10 23,30 22,90 29,90 23,20 27,20 18,60 Seg 6 17,60 19,70 15,00 15,90 23,60 20,60 14,20 13,70 20,90 22,60 19,50 19,30 22,00 20,00 23,30 16,50 24,60 18,80 21,80 19,30 Seg 7 Continua 1,05 0,95 0,86 0,91 0,86 0,94 1,00 1,07 0,93 0,80 0,90 0,78 0,82 0,92 0,83 1,02 0,80 1,00 0,78 0,99 Razão(2/6) Anexos 83 Segmento Vertical SV. 8 Segmento E 10 Seg D E 5 Razão entre o Segmento 2 e 6 M D E Razão(2/6) 30 23 SL M D Número de episódios de luxações 51 22 WM M No. Lux. 28 21 MAS Nome idade Sexo Dominância Lado 33,5 36,5 33,9 SV 13,40 16,10 15,60 Seg 1 17,10 19,40 19,10 Seg 2 19,70 22,30 18,60 Seg 3 21,60 24,20 19,10 Seg 4 21,60 24,60 17,80 Seg 5 20,40 23,20 17,80 Seg 6 16,00 18,00 15,30 Seg 7 0,84 0,84 1,07 Razão(2/6) Continuação Anexos 84 Anexos 85 ANEXOS 4. Figuras FIGURA 4. Mensuração do segmento vertical e segmento 6 nos diferentes trabalhos. Segmento V= Segmento vertical FIGURA 5. Distribuição dos segmentos 1 a 7. Seg : Segmento Anexos FIGURA 6. Distribuição da razão 2/6 no ombro direito e esquerdo - Grupo I. FIGURA 7. Distribuição das razões do ombro normal e com instabilidade - Grupo II. 86 8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Referências Bibliográficas 88 Aigner F, Longato S, Fritsch H, Kralinger F. Anatomical considerations regarding the "bare spot" of the glenoid cavity. Surg Radiol Anat. 2004;2(4):308-11. Bernageau J, Patte D, Debeyre J, Ferrane J. Intérêt du profil glénoïdien dans les luxations récidivantes de l´epaule. Rev Chir Orthop Reparatrice Appar Mot. 1976;62 (2 suppl):142-7. Bigliani LU. Recurrent anterior instability: open surgical repair. In: Bigliani LU. The unstable shoulder. Rosemont (Illinois): American Academy of Orthopaedic Surgeons; 1996. p. 59-67. Bigliani LU, Newton PM, Steinmann SP, Connor PM, Mcllveen SJ. 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Objetivo: estabelecer valores e parâmetros pela tomografia axial computadorizada com a reconstrução tridimensional para quantificar a erosão da cavidade glenoidal na instabilidade do ombro. Método: estudamos dois grupos de sujeitos, grupo I (normais) e grupo II (com instabilidade). Mensuramos os valores do segmento vertical, segmento horizontal superior, médio e inferior e a razão do segmento horizontal superior e inferior da cavidade glenoidal em sujeitos normais e com instabilidade por meio da tomografia computadorizada. Resultados: O valor médio destes dados foi de 40,87mm, 17,86mm, 22,86mm e 0,79, para io segmento vertical, segmento 2, segmento 6 e razão 2/6 respectivamente nos sujeitos normais. Nos ombros com instabilidade, as medidas foram de 37,33mm, 20,83mm, 23,07mm e 0,91. Conclusões: as mensurações da cavidade glenoidal pela tomografia computadorizada com reconstrução tridimensional apresentam valores confiáveis coincidentes com os dados da literatura. O valor da razão entre o segmento 2 e o segmento 6 da cavidade glenoidal foi de 0,79, e este valor pode ser tomado como um índice de normalidade para a avaliação do grau de erosão da borda anterior da cavidade glenoidal. Palavras chaves: Articulação do ombro; Instabilidade articular; Tomografia computadorizada por raios X; Processamento de imagem assistida por computador; Artroscopia. ABSTRACT Abstract 98 Ikemoto RY. Measure of the glenoid in normal and unstable shoulders through 3D computed axial tomography. Thesis. São Paulo: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; 2010. Objective: To establish criteria to quantify the glenoid cavity erosion associated with recurrent anterior dislocation of the shoulder through 3D computerized axial tomography. Method: we studied two groups of individuals. Group one (normal shoulders) and group two (unstable shoulders). The dimensions of the glenoid cavity: length, superior, inferior anterior – posterior dimension and superior – inferior rate were calculated by computed tomography in normal and unstable shoulders. Results: The average values of normal shoulders were: 40.87mm superior /inferior length; 17.86mm anterior /posterior (superior half); 22.86mm (inferior half) and 0.79 superior, inferior rate. For unstable shoulders the average values were: 37.33mm, 20.83mm, 23.07mm, e 0.91 respectively. Conclusions: measurements of the glenoid cavity through 3D computed tomography give us a good estimation of bone loss amount using the superior /inferior anterior/posterior rate (0.79). Key words: Shoulder joint; Joint instability; Tomography, X-ray computed; Image processing, computer assisted; Arthroscopy. LISTAS Listas 100 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Aparelho Toshiba®, modelo Asteion TSX – 021B (2K201065E*B).................... 38 Figura 2 Imagem do corte sagital e coronal da escápula mostrando os segmentos traçados e as mensurações na face da cavidade glenoidal ............................... 39 Figura 3 Representação gráfica da distribuição dos valores da razão 2/6 ............................ 54 Figura 4 Mensuração do segmento vertical e segmento 6 nos diferentes trabalhos ............. 85 Figura 5 Distribuição dos segmentos de 1 a 7 ...................................................................... 85 Figura 6 Distribuição da razão 2/6 no ombro direito e esquerdo - Grupo I ......................... 86 Figura 7 Distribuição das razões do ombro normal e com instabilidade – Grupo II............ 86 Listas 101 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Distribuição dos grupos I e II com relação à idade, gênero e dominância .......... 37 Tabela 2 Valores obtidos no ombro direito (n=50) – Grupo1............................................45 Tabela 3 Valores obtidos no ombro esquerdo (n=50) – Grupo I ....................................... 46 Tabela 4 Valores obtidos no ombro direito e esquerdo (=100) – Grupo I .................. ..... 47 Tabela 5 Valores obtidos no ombro dominante (n=50) - Grupo I...................................... 48 Tabela 6 Valores obtidos no ombro não dominante (n=50) – Grupo I .............................. 49 Tabela 7 Valores obtidos no ombro normal (n=23)– Grupo II .......................................... 50 Tabela 8 Valores mensurados pela tomografia nos ombros com instabilidade (n=23) Grupo II .................................................................................................. 51 Tabela 9 Teste t-Student para comparação entre os ombros direito e esquerdo Grupo I................................................................................................................ 52 Tabela 10 Teste t-Student para comparação do ombro dominante com o não dominante Grupo I................................................................................................................ 52 Tabela 11 Matriz de correlação de Pearson entre os segmentos vertical, segmento 2, segmento 6, razão 2/6 e idade – Grupo I ......................................................... 53 Tabela 12 Correlação intra-classe dos segmentos vertical, segmento 2, segmento 6, e a razão 2/6 entre os lados direito e esquerdo ......................................................... 53 Listas Tabela 13 102 Intervalo de confiança e normalidade para as medidas aferidas nos ombros normais – Grupo I ................................................................................................ 54 Tabela 14 Análise comparativa entre o lado normal e o lado com instabilidade Grupo II ............................................................................................................... 55 Tabela 15 Correlação de Pearson entre a mensuração do segmento 6 pela tomografia e o número de luxações – Grupo II ........................................................................... 55 Tabela 16 Variação da razão 2/6 com o percentual da lesão da borda anterior da cavidade glenoidal .............................................................................................. 66 Tabela 17 Variação do percentual da lesão da borda anterior da cavidade glenoidal com o seu tamanho ........................................................................................................ 66 Tabela 18 Comprimento da erosão em diferentes percentuais neste trabalho e descrito por Itoi et al (2000) .............................................................................................. 67 Tabela 19 Mensurações da cavidade glenoidal direita – Grupo I ........................................ 75 Tabela 20 Mensurações da cavidade glenoidal esquerda – Grupo I .................................... 78 Tabela 21 Mensurações pela tomografia da cavidade glenoidal (Grupo II) – Lado normal (n=23) ..................................................................................................... 81 Tabela 22 Mensuração pela tomografia da cavidade glenoidal (Grupo II) - Lado com Instabilidade(n=23).............................................................................................. 83 Listas 103 FICHA CATALOGRÁFICA Preparada pela Biblioteca Central da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Ikemoto, Roberto Yukio Medida da cavidade glenoidal de ombros normais e com instabilidade por meio da tomografia axial computadorizada com reconstrução tridimensional./ Roberto Yukio Ikemoto. São Paulo, 2010. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Medicina. Área de Concentração: Ciências da Saúde Orientador: Sérgio Luiz Checchia 1. Articulação do ombro 2. Instabilidade articular 3. Tomografia computadorizada por raios X 4. Processamento de imagem assistida por computador 5. Artroscopia BC-FCMSCSP/50-10