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SOM NAS IGREJAS
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Sumário
Ano. 18 - junho / 2012 - Nº 211
Rádio Digital
102
Falta de definição para escolha do sistema que será adotado no Brasil impede a melhora na qualidade do rádio.
“
58
Há algum tempo os musicais da
Broadway vêm ganhando
versões brasileiras, adaptadas
aos nossos teatros. Nesta edição,
entramos na produção de
Cabaret, que já passou por Rio e
São Paulo, sendo indicada ao
prêmio Shell de iluminação, e
conferimos tudo o que é
necessário para se produzir um
espetáculo deste porte com luz e
áudio de qualidade. Veja
também neste mês, uma matéria
sobre rádio digital e saiba
porque essa ideia ainda não
decolou no País.
Danielli Marinho
Coordenadora de redação
NESTA EDIÇÃO
18
Vitrine
48
Saiba as características do mais
novo processador de áudio: o
UX-8800, da EAW, e o novo
moving head PLS 600.
28
Rápidas e rasteiras
Músicos aprendem a transformar
arte em lucro e a Sennheiser tem
novo presidente para a América
Latina.
38
Gustavo Victorino
Mais três nomes são indicados
para homenagem na Festa
Nacional da Música de 2012.
40
Play-rec
A banda Cachorro Grande lança
o sexto álbum pela Trama e
coloca músicas disponíveis para
download.
42
Gramophone
Além Paraíso, disco que foi
marco na carreira da banda
mineira 14 Bis completa 30 anos.
A CASA Estúdio
Pensado para atender gravações clássicas, o espaço na zona norte do RJ
hoje atende a diversos estilos.
54
Liebe Paradiso
O velho que se transforma no novo. Assim pode ser definida a regravação de Paradiso, o segundo
disco da trilogia de Celso Fonseca
e Ronaldo Bastos.
120 Novo Line Série V
A Decomac e d&b audiotechnik
apresentam a nova série V, de line
array. Evento de demonstração foi
durante a AES 2012.
124 Boas Novas
O cantor Edu Porto abraça a causa
contra o crack e a banda Êxodos
volta com novo video clipe, sucesso absoluto no You Tube.
128 Vida de artista
No terceiro capítulo Vai de Van,
finalmente a banda chega a seu
destino, não sem antes passar por
mais algumas provações.
Iluminação para Repertório
Como dar conta de tantas produções diferentes
em um mesmo teatro, por exemplo? A resposta
pode estar no Repertory Plot, método que permite planejar uma iluminação geral no palco.
112
CADERNO TECNOLOGIA
70
Nesta edição, explore o
sintetizador ES1, disponível no
pacote Logic Pro.
74
Cubase
Como manipular bem uma
workstation e conseguir tirar
um grande som.
78
66
Logic
Sibelius
Este mês, confira a entrevista
com James Humberstone,
autor do livro Sibelius Essentials.
Fast Track C400 e C600
Conheça as duas novas interfaces que vieram se juntar à família da M-Audio.
84
Expediente
Diretor
Nelson Cardoso
[email protected]
Gerente administrativa
Stella Walliter
[email protected]
Financeiro
Lucimara Silva Rodrigues
[email protected]
Coordenadora de redação
Danielli Marinho
[email protected]
Revisão
Heloisa Brum
Revisão Técnica
José Anselmo (Paulista)
Tradução
Fernando Castro
Colunistas
Cristiano Moura, Elcio Cáfaro, Gustavo Victorino,
Jorge Pescara, Jamile Tormann, Julio Hammerschlag, Luciano Freitas, Luiz Carlos Sá, Marcello
Dalla, Nilton Valle, Ricardo Mendes, Sergio
Izecksohn, Silvia Gadelha e Vera Medina
Colaboraram nesta edição
Alexandre Coelho, Luiz Urjais, Miguel Sá,
Rodrigo Bertollucci e Victor Bello
Edição de Arte / Diagramação
Leandro J. Nazário
[email protected]
Projeto Gráfico / Capa
Leandro J. Nazário
Foto: Caio Gallucci / Divulgação
Publicidade:
Hélder Brito da Silva
PABX: (21) 3627-7945
[email protected]
Internet
[email protected]
Assinaturas
Maristella Alves
PABX: (21) 3627-7945
[email protected]
Circulação
Adilson Santiago, Ernani Matos
[email protected]
Crítica
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Backstage é uma publicação da editora
H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda.
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Distribuição exclusiva para todo o Brasil pela
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Jardim Belmonte - Osasco - SP
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Disk-banca: A Distribuidora Fernando Chinaglia atenderá aos
pedidos de números atrasados enquanto houver estoque, através do
seu jornaleiro.
Produção Musical
O colunista Ricardo Mendes dá
dicas de como trabalhar e
escolher os inputs de acordo com
o tamanho do seu estúdio.
Os artigos e matérias
assinadas são de responsabilidade dos autores.
É permitida a reprodução
desde que seja citada a
fonte e que nos seja enviada cópia do material. A
revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos
anúncios veiculados.
16
CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br
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O Futuro é agora
N
o mês de maio, aconteceu a 16ª Convenção Nacional da AES Brasil,
juntamente com o 10º Congresso de Engenharia de Áudio, em São
Paulo. A presença de centenas de participantes, muitos deles jovens estudantes em busca de conhecimento, mostra que o Brasil, embora esteja
sofrendo com a falta de mão-de-obra, anda ávido por educação.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) divulgou, recentemente, que as taxas de rendimento escolar pioraram a
partir do 6º ano do ensino fundamental, no entanto, outras estatísticas
mostram que o número de pessoas que ingressam no ensino superior
aumentou. Esse fato evidencia que a educação vem sendo a escolha dos
nossos jovens, seja no ensino técnico profissionalizante ou superior.
Na edição de 2012 da AES pudemos, de certa forma, confirmar positivamente essa afirmativa. Com a maioria das palestras lotadas não apenas por profissionais já conhecidos no mercado, mas também por muita
“cara nova” e que, com certeza, serão os futuros profissionais do mercado, o encontro anual dos profissionais de áudio do Brasil já faz parte do
currículo acadêmico do estudante.
Neste caso, ponto para a qualidade da mão-de-obra dos profissionais
que vem se formando aqui no País e ponto para a própria nação, que se
coloca entre as melhores do mundo nesse segmento, haja vista o grande
número de palestrantes estrangeiros que participaram da AES 2012,
promovendo um intercâmbio de informações notadamente nunca visto nas duas últimas décadas.
Um exemplo desse intercâmbio de informações que acaba também elevando a competência dos nossos técnicos brasileiros são as megaproduções trazidas ou produzidas por aqui mesmo, entre elas os musicais da
Broadway, os megashows de Madonna, U2 e Roger Waters e o próprio
Rock in Rio, que empregam profissionais brasileiros.
Sabemos que ainda há uma grande jornada na esfera educacional, mas a
torcida é para que o Brasil tenha finalmente acordado e se levantado do
seu berço esplêndido e que comece a caminhar junto com o mundo desenvolvido. Eventos, publicações e escolas que ajudam a construir essa
próspera etapa do país devem andar de mãos dadas.
Boa leitura,
Danielli Marinho
siga: twitter.com/BackstageBr
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www.proshows.com.br
A Klark Teknik, distribuída pela Proshows aqui no Brasil, criou o DN-540, um compressor
compacto e de interface amigável num pacote de processamento dinâmico, condensado e
com latência zero. Dentre suas principais aplicações, podemos citar: proteção contra picos
de sinal e compressão consciente de frequência para remover ruídos tonais indesejados.
HERCULES
www.jptech.com.br
A JP Tech trouxe ao Brasil os headphones da Hercules. Com
excelente qualidade de áudio, são ideais para DJ’s e produtores
de som. Dentre os modelos, podemos citar o HDP DJ-PRO
M1001. Esse modelo forma uma curva de uma orelha à outra e
é feito com tecido preto, estrutura fosca com linhas azuis ou
preta brilhante com linhas verdes e ligamento revestido com
uma camada brilhante.
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KLARK TEKNIK
CSR
ROLAND
roland.com.br/roland/produtos/783
A Roland traz para o Brasil o mais novo lançamento, o R-Mix, um
software de edição musical, que permite selecionar os componentes
na mixagem, alterar o volume, adicionar efeitos, controlar afinação,
alterar a velocidade da música e realizar limpeza de áudios. Outra
novidade é a versão reduzida para iPad, o “R-MIX Tab”, disponível
para compra na App Store.
www.csr.com.br
A CSR lançou no mercado brasileiro
a caixa acústica ativa tipo trapézio
3000A. O equipamento possui excelentes características dentre as quais
podemos destacar: Woofer de 12”,
Corneta com drive de titânio de 1”,
Sistema Bass-Reflex de duas vias e
Potência de 200W RMS.
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www.sonotec.com.br/takamine
A Sonotec, distribuidora da marca Takamine no Brasil
há mais de 20 anos, apresenta o novo modelo EG50TH,
série exclusiva em comemoração aos 50 anos da Takamine, produzido com tampo sólido de Spruce, corpo
em Mogno, escala em Rosewood e com marcações
estilizadas em formato de videiras no braço e no escudo.
STEINBERG
br.yamaha.com/pt/news_events/music_production/cubase-v6-5
A Steinberg, marca controlada pela Yamaha Musical, lançou a nova
versão de seu sistema avançado de produção musical, o Cubase 6.5. O
software conta com novas funções, novos VSTis, Retrologue, Padshop,
Morphfilter, DJ-EQ, melhorias no VST Amp Rack, Comping e suporte
à SoundCloud, FLAC, Rewire em 64 bits e muito mais.
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TAKAMINE
NORD
www.quanta.com.br/web/quanta-music
O Nord Piano 88 é um piano digital de alta qualidade
sonora, teclas pesadas com hammer-action, porém o
teclado é leve e fácil de transportar. Foi desenvolvido
visando a melhor performance do músico sem comprometer a qualidade. Timbres de pianos acústicos,
elétricos, vintage e contemporâneos estão todos no
equipamento e com características únicas, como ressonância das cordas, sons completamente organizáveis pelo usuário, etc.
EAW
www.proshows.com.br
A Proshows divulgou no Brasil um dos equipamentos mais avançados em tecnologia de
processamento de áudio: é o gerenciador de transdutores UX-8800 da EAW. Com uma real capacidade tipo “dual-mode”, esta unidade de quatro entradas e oito saídas adapta-se facilmente para
ser utilizada como um processador de uma única caixa ou de um sistema inteiro.
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DIGITECH
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www.digitech.com/en-US/product_families/combo-amps
A Harman apresentou a nova linha de amplificadores Digitech, com
três modelos: DG15, DG15R e DB15 (para contrabaixo). Modernos e
compactos, os produtos foram desenvolvidos para proporcionar qualidade e versatilidade. Os equipamentos
possuem 15 Watts RMS, canal Clean e Over Drive,
equalização em três vias
(grave, médio e agudo) e saída para fone de ouvido. Os falantes JBL Selenium de 8” garantem a fidelidade sonora
em diferentes sons e estilos.
LINE 6
www.habro.com.br/habro
A guitarra modeladora James
Tyler Variax 59 da Line 6, marca
distribuída no Brasil pela Habro, possui excelentes características físicas dentre as quais
corpo em mogno, top em maple,
braço em mogno (colado), escala em rosewood, 22 trastes, marcação dot, 2 captadores humbucker, ponte James Tyler com
captadores Piezo, 25 modelos de
guitarra e 12 afinações.
CONDOR MUSIC
www.condormusic.com.br
A Condor Music traz ao mercado o novo afinador / metrônomo CMT
40. O equipamento possui controle de volume, entrada para fone de
ouvido e os tipos de afinação são: cromático, guitarra, baixo, violino e
ukulele. Também apresenta modos de afinação em microfone ou clip. O
alcance de afinação é A(27.50Hz) – C(4186 Hz).
B&C SPEAKERS
www.bcspeakers.com
O novo subwoofer 18TBW100 da B&C eleva a performance
dos subwoofers de 18” com imã em ferrite a níveis nunca conseguidos antes. Isto ocorre graças a uma bobina de 100
milimetros, que utiliza a tecnologia split-wound cooper coile, e
é a mais alta bobina em uso na linha de subwoofer cerâmico.
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LINE 6
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AKG
www.habro.com.br
A StageScape M20D é o primeiro produto do
mercado pensado para produções ao vivo. As
operações são feitas a partir de tela com
tecnologia touchscreen. Com design moderno
e prático, a mesa possui ainda a opção de controlar o que foi mixado a partir de um iPad via
adaptador Wi-Fi. A StageScape M20d possui
16 canais, formato WAV de 24 bits para cartão
SD e entradas USB.
TASCAM
www.quanta.com.br/web/quanta-music
O iXZ da TASCAM é uma interface de gravação especialmente
desenvolvida para usuários de iPhone/iPad/iPod Touch transformando estes equipamentos em estúdios de gravação. Ele permite ligar microfones, inclusive os que dependam de phantom,
guitarras e baixos interagindo com os Apps feitos para iPhone/
iPad/iPod Touch. Esta pequena interface conta com controle de
volume de entrada, seleção entre microfone e instrumento e
acionamento de phantom, além de saída de fone de ouvido.
www.akg.com
A Harman divulgou ao mercado nacional o microfone sem fio AKG WMS 40 mini, da AKG.
De fácil manuseio, o produto se destaca pela
versatilidade e excelente relação custo-benefício. Desenvolvido com a tecnologia HDAP
(Performance de Áudio de Alta Definição) oferece um som de qualidade e alta performance.
YAMAHA
br.yamaha.com/pt/products/musical-instruments
O PSR-S650, lançamento da Yamaha, tem o novo sistema ampliado para reprodução de “Styles”, com tecnologia
“MegaVoice” para reprodução de acompanhamento instrumental ultrarrealista - especialmente para sons de guitarra. Tem ainda o recurso “Voice Expansion”, que permite acrescentar Audio Samples, Voices, Drum Kits e
Styles para aumentar as possibilidades de criação.
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PRG OHM
www.telem.com.br
A luminária OHM, da PRG, é uma fonte de luz com alto nível de
saída, correção de cor e maciez e foi projetada para uso em cinema e televisão, onde se requer um grande volume de luz ambiente. Sua lâmpada de LED tem nível de saída similar a uma de
tungstênio. O aparelho conta com controle de temperatura de
cor sem igual, é equipado com um display LCD e um painel de
comando para total flexibilidade e tem a carcaça construída em
alumínio e aço.
PLS
ROBE
www.proshows.com.br
Chegou o moving head PLS 600.
A PLS apresentou aos iluminadores brasileiros uma renovada
proposta do seu já consagrado portfólio de moving heads com a chegada do novo PLS 600. Uma máquina totalmente remodelada, que
oferece ainda mais luz com sua lâmpada NSD 575W e movimentos rápidos e silenciosos, tornando-se o
equipamento perfeito para inúmeras aplicações de shows, palcos e até
mesmo teatros.
www.robe.cz/products/article/
robin-1200-ledwash
O super-slim ROBIN 1200 apresenta o LEDWash de 61 RGBW e
multichip LEDs com saída de cores que vão desde tons suaves até
a mais rica saturação. Organizado em 4 anéis concêntricos, esses LEDs oferecem possibilidades únicas para a criação de cores deslumbrante e padrão de
efeitos de audiência.
PLS
www.proshows.com.br
O Fan V-60 da PLS é um ventilador especial para uso com
máquinas de fumaça. Sua grande vantagem é o duplo sistema de turbilhonamento que espalha a fumaça em múltiplas
direções, permitindo ainda o controle de velocidade e direção do vento. Tudo operável via controle sem fio W-2 que já
acompanha o ventilador.
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SESC LANÇA PORTAL DE PARTITURAS
No dia 14 de abril foi lançado o
Sesc Partituras, um portal de
acervos que inclui obras brasilei-
ras contemporâneas e do período
colonial, além de raras composições de artistas consagrados como Francisco Mignone, GuerraPeixe e Glauco Velásquez. O
Sesc Partituras é uma biblioteca
virtual e sem fins lucrativos,
que foi criada com o objetivo de
preservar e difundir o patrimônio cultural brasileiro. O
objetivo do portal é democrati-
zar o acesso a partituras digitalizadas, além de funcionar como
uma importante ferramenta para
músicos, estudantes e pesquisadores da área.
As pesquisas podem ser realizadas de várias maneiras: título da obra, nome do autor,
formação do grupo ou instrumentos ou obras de relevância histórico-patrimonial.
As obras presentes no acervo
do SESC Partituras pertencem ao domínio público ou
possuem licença para sua inclusão no catálogo, inclusive com
autorização para impressão. No
entanto, para o caso de gravação
fonográfica das obras, adaptação
e outras formas de uso não previstas, é necessário realizar negociação direta com cada compositor
ou representante legal da obra. O
acervo pode ser consultado em
www.sesc.com.br/sescpartituras
Fenac abre inscrições
Festival de música distribuirá R$200 mil em prêmios
A próxima edição do
42º Festival Nacional da Canção (Fenac) acontecerá de
agosto a setembro em
seis cidades mineiras.
Com o objetivo de
valorizar e divulgar a
cultura nacional, o
evento é dividido em
cinco etapas eliminatórias, começando pela cidade de Extrema, nos dias 3 e 4
de agosto; e passando por Pouso
Alegre, nos dias 10 e 11 de agosto;
Formiga, nos dias 17 e 18 de agosto; Guapé, 24 e 25 de agosto;
Varginha, entre 31 de agosto e 1
de setembro; e Boa Esperança, entre os dias 6 e 8 de setembro,
quando acontecem as semifinais e
a final. Não existem restrições a
gêneros musicais, e obrigatoriamente as letras dos participantes
devem ser em português. Mais informações pelo site www.festivalnacionaldacancao.com.br
POLYSOM LANÇA A
DISCOGRAFIA COMPLETA DO
LOS HERMANOS EM VINIL
Uma das bandas mais criativas e festejadas do Brasil, o Los Hermanos terá sua
discografia completa lançada em vinil
pela Polysom. Com supervisão do próprio grupo, o projeto constará do lançamento dos quatro álbuns de estúdio e
de uma caixa de luxe contendo os quatro discos e mais um item exclusivo: o
álbum Ao Vivo na Fundição. Tudo em
LPs de 180 gramas, com prensagem
premium de alta qualidade. Serão três
discos duplos - Bloco do Eu Sozinho,
Ventura e Ao Vivo na Fundição - e dois
simples - Los Hermanos e 4.
ENQUETE
Com qual frequência você
utiliza fones in-ears durante
os shows?
Apenas em gigs. (66,67 %)
Utilizo com muita frequencia, mas não
gosto. (33,33 %)
Nunca utilizo in-ears. (0,00 %)
Sempre utilizo, porque gosto. (0,00 %)
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Allen & Heath
TRINTA ANOS
DO CONSERVATÓRIO
SOUZA LIMA
no Qatar
O Conservatório Musical Souza Lima
comemorou 30 anos com uma sessão
solene na Câmara Municipal de São
Paulo. O evento foi no dia 27 de abril.
A AVTech, distribuidora da Paxt
Ltd.’s para a Allen & Heath no
Qatar, instalou uma solução amigável no hotel cinco estrelas Torch of Doha, no
Qatar. Para fornecer gerenciamento de áudio e
controle separados, optou
pelo sistema integrado QSys, desenvolvido pela QSC,
e pela matrix mixer da Allen
& Heath iDR-8, instaladas
nas sete salas de conferência
do hotel.
CAIXA ATIVA NASHVILLE
SANTOS JAZZ FESTIVAL
De 14 a 17 de junho acontece o
Santos Jazz Festival, primeiro
grande evento do gênero no litoral
paulista. O compositor, arranjador
e multi-instrumentista Hermeto
Pascoal será o patrono do evento e
apresentará uma canção inédita
no show de abertura, Do Brasil
Para o Mundo, feita especialmente
para a ocasião.
Para os músicos da região e de fora
estão programados workshops com
Hermeto Pascoal, Michel Leme,
Luis do Monte e Mauro Hector.
Toda a programação é gratuita e
contará ainda com as participações
de André Christovam, Heraldo do
Monte, Delicatessen, Yamandu
Costa, Filó Machado, Roberto
Sion e Arismar Espírito Santo. O
festival acontecerá em ruas e boulevares do centro histórico do município, Bolsa Oficial do Café e
nos teatros Coliseu e Guarany.
Outro projeto acústico do Professor
Homero Sette, em conjunto com os
engenheiros Francisco e Ruy Monteiro, é a caixa Nash 1244. Entre as
novidades, controle remoto sem fio,
player mp3 e WMA com entrada
para cartão SD e USB, rádio AM/
FM integrado, mixer com 2 entradas para microfone ou linha balanceadas XLR e P10, mais entrada estéreo P2. As caixas ainda possuem
equalizador de 3 bandas, saída
mixada e fonte bivolt de seleção automática. A Nash 1244 possui ainda
falante de 12" mais driver de titânio
acompanhados de biamplificação
processada classe AB e classe D
de ventilação passiva e silenciosa
com potência combinada de 640
watts. Tudo isso em um gabinete
com sistema para fly PA integrado,
angulação para uso como monitor
de palco e suporte para pedestal.
O melhor de tudo? O preço, que
fica na faixa dos R$ 1.500.
JBL Selenium apresenta
linhas de Caixas JS
Disponíveis em quatro modelos, a
nova linha combina portabilidade
e alto desempenho.
A JBL Selenium lança a linha de
Caixas JS, que oferece a potência já
consagrada das Caixas S, aliada à
versatilidade de tamanhos. Antes
disponíveis apenas em 12 e 15 polegadas, as novas caixas JS agora contam com as opções em 8 e 10 polegadas. Os modelos JS081A, JS101A,
JS121A e JS151A são amplificados e
vêm com entrada para MP3, no melhor estilo “plug and play”. Basta
ligá-los na tomada, conectar um pendrive
com suas músicas favoritas, apertar o play
e fazer a festa.
Mesmo sendo as menores entre as caixas da linha (com apenas 13,3 Kg), a
JS081A e a JS101A têm potência de
saída de 4 x 3500W e quatro canais
com a tecnologia DriveCore, que
garante uma eficiência até 90% superior, sem comprometer o desempenho. Já os modelos JS121A e
JS151A também apresentam entrada para microfone, controle de ganho mic e linha independente, além
de equalizador cinco bandas. Para
conhecer a linha de Caixas JS, visite
o site www.jblselenium.com.br
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32
Empresa gaúcha
adquire Vertec
A gaúcha Impacto/Vento Norte Sonorização recentemente adquiriu um
Vertec VT 4889 ADP DA, sistema
produzido pela JBL e que já foi utiliza-
do em eventos como o Rock in Rio
e as Olimpíadas de Pequim. Praticidade e ótima resposta de frequências foram alguns dos motivos
que levaram Ricardo Salomão a adquirir o sistema. “Escolhi o Vertec
por sua grande pressão sonora. Ele é
amplificado, pertence a uma marca
aceita no mundo inteiro e oferece um
excelente serviço de pós-venda, o que
é um diferencial muito importante. E
todos técnicos de som já conhecem
sua sonoridade”, explica Ricardo.
Entre os eventos realizados pela
Impacto/Vento Norte com o VT
4889 ADP DA está o show da cantora Maria Rita, que homenageou
sua mãe Elis Regina, no dia 24 de
março, no Anfiteatro Por do Sol,
em Porto Alegre. O show da banda
Sorriso Maroto, no dia 7 de março,
durante o Pepsi on Stage, e a festa da
Rede Record RS, que reuniu 50 mil
pessoas no Anfiteatro Por do Sol
no dia 25 de março, também tiveram a qualidade de som proporcionada pelo VT 4889, da JBL. Mais
informações sobre a linha Vertec,
visite o site www.jblaudio.com.br.
Músicos aprendem
a transformar arte em lucro
Com o objetivo de orientar músicos sobre as oportunidades e tendências do setor, o Sebrae-MG
promoveu no dia 25 de abril o seminário Cenário da Música Brasileira: Oportunidades e Ameaças. O
evento foi realizado em Belo Horizonte e contou com a participação de três especialistas que falaram sobre a necessidade da gestão
na produção musical, a importância das parcerias e estratégias de
relacionamento e em como am-
pliar a comercialização. De acordo
com levantamento do Sebrae,
aproximadamente 80% da produção nacional de música está nas
mãos dos independentes, o que
representa cerca de 25% do total
vendido no País.
Desde 2010 o Sebrae-MG realiza
o projeto Comercialização da Produção Musical na RMBH nos Mercados Nacional e Internacional. O
projeto abrange a gestão dos empreendimentos musicais, do mar-
SENNHEISER NA NAB
Especialistas de áudio da Sennheiser realizaram uma série de
apresentações no estande do
Intel NAB Show Theater, durante a
NAB Show, nos EUA. A exibição
destacou os diferenciais do uso
dos microfones Sennheiser e
Neumann na área de broadcast.
Joe Claudelli, diretor de projetos
avançados e serviços de engenharia da Sennheiser, e Dave Missal, responsável pelo desenvolvimento da marca nos mercados
norte-americanos de broadcast
e cinema, falaram sobre a melhoria de qualidade de broadcast e a possibilidade de controle
remoto de ajustes de áudio proporcionadas pelos microfones
Shotgun Sennheiser MKH 8060/
8070 (acoplado ao módulo MZD
8000), o Shotgun Neumann KM
184D e o microfone TLM 103D
com condensador, o preferido
dos locutores de rádio. Dentre
as muitas vantagens, a tecnologia dos equipamentos melhora a dinâmica, diminui drasticamente os ruídos e reduz as
despesas com cabeamento.
keting e do acesso a mercados. A
primeira ação do projeto é uma
capacitação para desenvolver as
competências fundamentais na
gestão da carreira de artistas e
grupos musicais. Os participantes aprendem a planejar shows,
controlar gastos e participam de
missões técnicas. A intenção é
aumentar a comercialização da
música independente a partir de
um modelo de gestão voltado
para a busca de novos mercados.
“A música é uma ‘empresa’. Saber
planejar, administrar a carreira e
identificar problemas e solucioná-los são fundamentais para o
sucesso”, explica a analista técnica de projetos do Sebrae-MG
Kennya Barboza.
33
A empresa SXS Events utilizou
seu recém-adquirido console digital iLive da Allen&Heath para
uma turnê mundial com a instituição de ajuda Islamic Relief. A
tour, chamada Noite de Inspiração
foi no início de abril e uniu alguns artistas na área de entretenimento da cultura islâmica, incluindo nomes como Outlandish, Zain Bhikha, Junaid Jamshed, Native Deen e o comediante Preacher Moss. “Como adqui-
VANGUARDA PAULISTA
rimos ano passado tanto a iLiveT80 como o sistema T112, pressentimos que era perfeita para a
turnê”, disse o gerente de projetos
Johnny Palmer. “O show foi em
variados formatos, o que significou mudanças consideráveis na
arquitetura entre cada apresentação, e a iLive foi a escolha perfeita
para isso”. Toda a arrecadação ao
projeto Islamic Relief foi doada
em benefício às crianças e órfãos
em mais de 40 países do mundo.
LIVRO RETRATA CENA MUSICAL DOS ANOS 90
O livro Niterói rock underground, que mostra a transição da música no Brasil
durante o início dos anos 1990 até 2012 e seus reflexos em Niterói - RJ, foi lançado
na Livraria Cultura, na cidade de Guará (DF), no dia 5 de maio. A obra foi produzida pelo gestor cultural Pedro de Luna, que conta essa parte da história do ponto
de vista de quem vivenciou aquele momento.
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SHOW BENEFICENTE
Novo vice-presidente da
Sennheiser na América Latina
A Sennheiser anunciou que Alexander Schek será o novo vice-presidente de vendas para a América
Latina. Nessa nova posição, Schek
também será responsável pelas estratégias de vendas dentro de cada
linha de negócios bem como fará o
gerenciamento da área de vendas da
companhia na América Latina.
Schek começou sua carreira na
Seinnheiser em 2009 como gerente
da área de vendas para a América
Central e Caribe.
Embora seja cidadão alemão, Schek
foi criado entre Brasil e Chile, possui
formação em marketing pela Universidade de las Américas, Chile,
tem experiência como executivo de
vendas na indústria de áudio e eletrônicos, e conhece bem o mercado e
a cultura Latino Americanos. Como
vice-presidente de vendas, Schek
substituirá Oliver Baumann, que
deixou a Seinnheiser em março. O
novo vice-presidente vai se reportar
diretamente a Markus Warlitz, gerente geral para a América Latina.
Alexander ficará lotado em Miami,
na Florida, e viajará para a America
Latina com bastante frequência.
De 7 de maio a 25 de junho acontece o projeto Esporte Clube Lira Contemporânea, no Espaço Zé Presidente. Durante o festival, o local abrigará shows com nomes que fizeram
parte do movimento Vanguarda
Paulista e da nova cena musical
paulistana. Realizado às segundasfeiras, a partir das 23h, a ideia do
evento é ser ponto de encontro dos
mais diversos ritmos, arranjos, estilos e tradições que fazem parte da
cena cultural paulistana. Sobem ao
palco do Espaço Zé Presidente representantes da cena paulistana
como Pélico, Trupe Chá de Boldo,
Arrigo Barnabé, Metá Metá e outros
nomes que fazem de São Paulo uma
cidade referência. Endereço: Rua
Cardeal Arcoverde, 1585, São Paulo.
MÚSICA PARA GAMES
Em 2012 acontece a segunda edição
do Game Music Brasil Festival, o maior festival de composição de música
para games e desenvolvimento de
jogos do país. Os interessados podem se inscrever gratuitamente pelo
site www.gamemusicbrasil.com.br,
do dia 14 de maio a 9 de setembro. O
Game Music Brasil Festival, organizado pela Conexão Cultural, vai premiar em quatro categorias: melhor trilha
sonora, melhor jogo indie, melhor
chip tune e melhor remix. A apresentação dos vencedores acontece no
dia 14 de outubro, durante o concerto Video Games Live, em São Paulo.
CURSOS INTENSIVOS DE
FÉRIAS NO HOME STUDIO
A escola está com inscrições abertas
para as turmas intensivas de Home
Studio (Produção Musical). As aulas
acontecem entre os dias 18 e 22 de
junho, das 11h às 18h30min, e aos sábados, começando em 21 de julho,
das 14h às 18h30. Outras opções são
as especializações em Ableton Live
(de 9 a 13 de julho) e Sonar (de 16 a
20 de Julho), sempre de segunda a
sexta das 10h às 16h. Mais informações em www.homestudio.com.br e
pelo telefone (21) 2558-0300.
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Durante a AES 2012 foi inaugurada a nova loja da Vitória
Som. O coquetel, realizado
no novo espaço da empresa,
contou com a presença de
centenas pazeiros e nomes ligados ao áudio. O novo endereço passa a ser na Rua dos
Andradas, 456, São Paulo.
AUDIO-TECHNICA ANUNCIA ALIANÇA COM PROSHOWS
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RÁPIDAS & RASTEIRAS | www.backstage.com.br
Nova loja Vitória Som
Vladimir de Souza, CEO da ProShows
No ano da comemoração de seu 50º aniversário de fundação, a Audio-Technica
anuncia a sua aliança estratégica com a
ProShows, empresa baseada em Sapucaia do Sul, RS, que será sua distribuidora
exclusiva para o Brasil e o Paraguai. O
anúncio foi durante a AES Expo 2012. A
partir de agora, as duas empresas têm
como objetivo encarar, juntas, os novos
desafios e realizar as novas oportunidades
dos mercados de áudio profissional e de
eletrônicos de consumo. Para isso o foco
será em eficiência logística, educação e
inteligência de mercado e suporte pósvenda para toda a região.
Alexandre Algranti, Diretor de Vendas e
Marketing para o Brasil da AudioTechnica; Roger dos Santos, Gerente de
Marketing da ProShows; e Carlos Santos, Gerente Nacional de Vendas da
ProShows, são os nomes que estarão à
frente deste novo desafio. Para Phil
Cajka, CEO da Audio-Technica US, Inc,
a parceria com a ProShows trará um alto
nível de satisfação aos clientes e usuário
finais dos produtos Audio-Technica, além
de contribuir para o desenvolvimento da
marca nesses dois mercados da América
Latina. “Estamos muito contentes em ter
a ProShows como nosso distribuidor exclusivo para o Brasil e o Paraguai”, afirmou o CEO.
A ProShows irá distribuir a linha completa
de produtos da Audio-Technica, que inclui
os microfones de estúdio da Série 4000,
os microfones com interface USB da Série
2000, os microfones com fio e sem fio de
alto desempenho da Série Artist Elite, os
fones de ouvido da Série ATH e os fones
com cancelamento ativo de ruído da Série
ATH-ANC. “Estamos orgulhosos de poder
distribuir no Brasil e Paraguai esta
prestigiada marca, que complementará
de forma brilhante nosso portfólio de produtos”, completou Vladimir de Souza,
CEO da ProShows. Fundada em 2003 em
São Leopoldo, RS, a ProShows é a empresa líder na distribuição de equipamentos de áudio profissional, iluminação profissional e instrumentos musicais no Brasil.
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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br
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BOLA DA VEZ
O forró tecno brega paraense virou
moda. Tendo como puxadores a indefectível banda Calypso e a cantora Gaby
Amarantos, o gênero começa a pegar.
Como a maioria dos modismos no nosso país, a proposta é musicalmente pobre e revela o natural desespero dos
divulgadores dessas coisas em alavancar
popularidade e arrancar dinheiro das
classes mais baixas da população. A
onda já decolou, mas ainda não é possível avaliar o tamanho do estrago e a dimensão de sua sobrevivência.
O Rio das Ostras
Jazz & Blues terá
na sua décima e
festiva edição um
componente
onipresente, mas
amplificado. A
conquista do título
de um dos maiores
festivais do gênero
no mundo vai
sacudir corações.
Nesse ano,
certamente a festa
terá como marca e
principal presença,
a emoção.
Lágrimas serão
inevitáveis. No
palco e fora dele...
VOZ
DÓLAR A 2 X 1
A reviravolta no câmbio vem agitando
o mercado e lançando algumas questões
interessantes. A principal delas é testar
a agilidade daqueles que lidam diretamente com o mercado internacional,
notadamente os importadores, na sua
capacidade de adaptação aos novos
parâmetros de cotação da moeda nacional. Essa oscilação, que tem na retórica
governamental um fator de absoluto
descrédito, não é rara e volta e meia
inferniza a vida de quem sonha se planejar a médio e longo prazo em nosso
bagunçado país.
RECADO REDONDO
Em entrevista a um canal a cabo brasileiro, a cantora inglesa Adele disse pouco se importar com os comentários sobre sua forma física e afirmou que faz
música para ouvir e não para ver. Recado direto às enganações que se escondem atrás de megaproduções entupidas
de tecnologia que dispensam até voz.
Ganhou um fã...
A morte da cantora Donna Summer fez
alguns jovens descobrirem seu trabalho
pela mídia que a noticiou. Dona de uma
das mais belas e potentes vozes da disco
music e, quem sabe, de todos os tempos,
depois de morta, a americana volta a ser
tocada em bares da moda e eventos seletivos. Tem meninada agora que está pensando duas vezes antes de chamar Rihanna, Byoncé e Lady Gaga de “cantoras”.
RECLAMAÇÃO RECORRENTE
Os programas de edição de áudio andam
pecando nas informações contidas nos
seus manuais, sejam eles físicos ou virtuais. Operadores, técnicos e usuários
comuns vivem quebrando a cabeça na
busca de soluções para procedimentos
que deveriam ser simples. Com uma sofisticação desnecessária e na busca de
novos recursos também de necessidade
questionável, a coisa vem desandando e
lembra bem a fase dos super relógios de
pulso que faziam tudo, menos mostrar a
hora com destaque.
AINDA IMPOPULAR
A moda do earphone custa a pegar no
Brasil e o motivo parece ser de fácil
detecção. O equipamento com uma
qualidade mínima é caro e os acessíveis
GUSTAVO VICTORINO | [email protected]
têm desempenho sofrível. Pura
maldade mercadológica, afinal o
sistema não tem nada que justifique custar três a quatro vezes o valor de um bom transmissor sem fio
para instrumentos. O princípio é o
mesmo, porém de forma reversa e
ainda mais simples. Parece que o
componente da ganância foi inserido na novidade.
PLÁGIO
Aumentam os casos de acusação
por plágio no mundo neo sertanejo.
Como a ruindade melódica do segmento criou um padrão uniforme
para o sucesso, dezenas de casos
começam a pipocar nos tribunais e
vão virar dor de cabeça para magistrados que diante da obrigatoriedade de analisar o caso ouvindo
tudo atentamente deveriam pedir
adicional de insalubridade. Até os
refrãos vêm sendo também substituídos por grunhidos e gritinhos
indecifráveis e fico imaginando o
que passará na cabeça de um juiz de
direito na hora de sentenciar essas
lides. Não custa lembrar que tortura ainda é proibida no Brasil.
ECAD
Parece que os políticos deram um
tempo na pressão sobre o Ecad.
Mesmo longe de ser unanimidade, o
órgão é defendido pela classe artística que logo percebeu o olho grande das quadrilhas engravatadas de
Brasília nos milhões arrecadados
mensalmente pelo órgão. Concluíram que se ainda é ruim com ele,
muito pior será sem ele...
RACISMO
A acusação de racismo que virou
uma investigação por parte do Ministério Público contra o cantor
Alexandre Pires beira ao ridículo.
O cantor notadamente usou bom
humor no clipe que gerou o mau
humor da turma que há muito vem
transformando o odioso racismo
que ainda existe em nosso país
numa indústria de interesses políticos e midiáticos. No Brasil, chamar um afro-descendente de negro ou crioulo tá virando crime,
mas o pior é saber que tem gente faturando com isso. Não seria igualmente ridículo reagir se me chamassem de branquelo?
PARCERIA
Eventos culturais de todos os segmentos começam a descobrir na
música a parceira ideal para captar
mídia e frequentadores. Lançar livros com um pocket show no programa não é novidade, mas o hábito se
populariza e mostra bons resultados
na frequência desses eventos. Exposições de fotografias, artes plásticas e
até recitais de leitura abrem espaço
para apresentações de músicos como
forma de criar uma ambiência ainda
mais atrativa. A moda pegou e virou
mais uma vitrine para a música de
qualidade, afinal, quem lançaria um
livro ao som do Michel Teló?
LANDSCAPE
Caso raro de empresa nacional que
se transformou em referência de
mercado, a Landscape praticamente travou a entrada de pedal boards
importados no país. Com a qualidade do seu produto, infinitamente
superior aos similares orientais, e
um custo final acessível ao consumidor, a marca mostrou como enfrentar concorrência com talento e
competência. É líder e praticamente hegemônica no mercado. Ponto
para a galera de Lençóis Paulista.
SANTA ESMERALDA
O grupo que fez estrondoso sucesso nos anos 70 e 80 está a caminho
do Brasil. Criadores da iconoclasta Don’t Let Me Be Misunderstood, a
banda está de malas prontas para
o nosso país. O grupo vai se apresentar a partir da segunda quinzena de setembro em várias cidades
brasileiras. Conduzida pelo seu
cantor original, Jimmy Goings, e
mais cinco integrantes da formação inicial, a banda terá na produção o empresário Sérgio Lopes,
criador do Vijazz, evento que nesse ano acontece em duas cidades,
Viçosa e Ponte Nova, entre os dias
29 de agosto e 02 de setembro.
HOMENAGEADOS
Mais três nomes são divulgados
na lista de homenageados da
Festa Nacional da Música 2012.
João Bosco, George Israel e Leoni receberão o troféu pela contribuição à música brasileira nas
últimas décadas. Somados, os
três artistas tem quase uma centena de sucessos radiofônicos e
clássicos da MPB.
BOM E BARATO
Os pequenos pedais da Danelectro
precisam ser descobertos pelo mercado. No formato mini, o produto é
de qualidade surpreendente pelo
preço. Praticamente todos os modelos ficam bem abaixo de 200 reais
ao consumidor final, e com desempenho de gente grande. Na relação
custo-benefício são imbatíveis.
CALOTEIRO
Artista famoso com cheque devolvido por falta de fundos é constrangedor. O rapaz já é bem conhecido na praça. E reincidente...
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PLAY REC | www.backstage.com.br
DANIELLI MARINHO | [email protected]
DORMINDO EM CAMA DE PREGOS
Patrulha do Espaço
A banda lança mais
um trabalho, que
soa como uma impressão digital da
formação da Patrulha, com músicas
que dizem algo para
cada um dos integrantes. A ideia é
que cada faixa do
CD tivesse uma mensagem própria e que
viesse do fundo da alma de cada integrante, sem esquecer
o conceito grupal e sonoro da banda. O resultado pode
ser conferido nas faixas Rolando Rock, canção autobiográfica do baterista Rolando Castello, Estrelas Dirão,
Máquina do Tempo, que expressa momentos e sentimentos do guitarrista Danilo Zanite, e Riff Matador, uma colaboração conjunta na composição, que expressa o espírito que dirige os caminhos da Patrulha. O álbum totalmente de estrada ainda inclui dois bônus: Rock com Roll,
capturada ao vivo no Centro Cultual São Paulo; e Quatro Cordas e um Vocal, uma homenagem a dois queridos e
saudosos heróis do rock brasileiro.
BAIXO AUGUSTA
Cachorro Grande
Gravado nos Estúdios da Trama, em
São Paulo, Baixo
Augusta é o sexto
álbum do grupo e
está disponível para download no site www.cachorrogrande.com.br . O
CD apresenta 11
faixas com destaque para o single
Difícil de Segurar, que ganhou uma versão em clipe. O
videoclipe foi dirigido por Ricardo Spencer e pode
ser assistido nos canais de internet ou no próprio
site da banda.
PLAY AGAIN
Cristiano Crochemore
Gravado ao vivo em
oito canais, com os
músicos na mesma
sala do estúdio, o
que se ouve é exatamente da forma
que foi tocado. Os
efeitos colocados
na mixagem foram
apenas para realçar
o que já havia sido
gravado. O resultado é um som cru, sem efeitos, exatamente como os antigos discos de blues eram feitos, o que agradou muito à
banda, indo ao encontro do que o grupo buscava em
relação à sonoridade, à ambiência e à maneira de tocar
as músicas.
CANTAR PARA VIVER
Christina Paz
A cantora presenteia os fãs de Guadalupe da Vila com
este tributo memorável. E àqueles que
ainda não conhecem o músico, ícone da MPB brasileira, o álbum acaba
por apresentar da
melhor forma possível as obras do
compositor, que foi integrante da velha guarda da escola de samba Vila Isabel. Christina, que é sobrinha de
Guadalupe, interpreta neste CD músicas que, só agora,
seis anos depois da morte do compositor, chega ao conhecimento do grande público. Com exceção de Por
Aí, em que divide a autoria com Dunga, as demais 11
canções são de Guadalupe da Vila. O CD conta ainda
com Marcilio Lopes no bandolim, Fernando Carvalho
no violão acústico, Higor Nunes no cavaquinho,
André Dantas, no baixo, e Alberto Farah, no piano, e
Jimmy Santa Cruz no baixo.
[email protected] | DANIELLI MARINHO
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SEÇÃO GRAMOPHONE | www.backstage.com.br
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Disco Além Paraíso,
marco na trajetória do
grupo 14 Bis,
completa 30 anos.
Victor Bello
[email protected]
Fotos: Internet / divulgação
O
voo
inspirado
das melodias
‘T
anto pelo nível de composições
como pela inovação em termos
de novos equipamentos de avançada tecnologia, este foi um disco
marcante na carreira do 14 Bis’ diz
o tecladista Vermelho. Gravado
depois de uma viagem feita aos Estados Unidos, o disco Além Paraíso
foi um marco na discografia da
banda mineira 14 Bis. O grupo formado por Vermelho (piano, teclado, violão e vocal), Flávio Venturini (teclado, violão e vocal), Claudio Venturini (guitarra, violão e
vocal), Hely Rodrigues (bateria e
vocal) e Sérgio Magrão (baixo e
vocal) desenvolveu um rock melódico com sofisticadas harmonias
vocais que procurou compreender
a música brasileira aliada ao rock e
construir um som próprio, moderno, lírico e de alcance popular.
Antes da fundação do conjunto, os
músicos absorveram toda uma bagagem em passagens anteriores por
bailes, festivais e bandas, como
Flávio Venturini, que desempenhou forte papel em composições
do grupo O Terço participando dos
dois primeiros discos da banda e
participando também do antológico álbum do Clube da Esquina
juntamente com Vermelho. A célula inicial se deu em uma garagem
na cidade dos músicos, Belo Horizonte, e de lá saiu o núcleo que viria a formar o 14 Bis tempos depois
em São Paulo, em 1979, com a incorporação do carioca Magrão.
Nesse mesmo ano sai o primeiro
disco do 14, produzido por Milton
Nascimento. Em 1982, a banda
lança seu aclamado quarto
disco que rendeu sucessos como Linda Juventude e Uma Velha Canção Rock’n’Roll.
Em conversa com a Backstage,
o tecladista Vermelho conta
detalhes do disco que, segundo
ele, foi elaborado em um período em que a banda se encontrava no auge, realizando um
trabalho maduro e experimental ao mesmo tempo.
primeiros estúdios no Rio a oferecer gravação em 24 canais, a guitarra utilizada foi uma GR-300 da
Roland, que se acoplava a um módulo-sintetizador e produzia sons
incríveis. Um Prophet-5 - um poderoso synth polifônico, teclado
digital Sinergy e um Poly-6 considerado o antecessor do atual Kronos, da Korg (esse modelo possuía
um arpeggiator que deu praticidade
e flexibilidade do ponto de vista
musical e foi usado no fim de Uma
A GRAVAÇÃO
Gravado no estúdio da SiGLA (Som Livre), um dos
Gravado depois de uma viagem aos Estados Unidos, Além Paraíso foi um marco na discografia do 14 Bis
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SEÇÃO GRAMOPHONE | www.backstage.com.br
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“
No álbum
encontram-se
canções de
estruturas
melódicas bem
estruturadas,
orquestra,
sintetizadores,
guitarra
distorcidas, bateria
e baixo pesados
convivendo com
melodias serenas e
vocais elaborados.
”
velha canção rock ‘n ‘roll) - foi outro instrumento incorporado às gravações. Um
piano CP-70, eletro-acústico da Yamaha; baixo Alembic, um modelo raríssimo (também usado pelo baixista do
The Who); violão Ovation, que reproduzia de maneira inédita na época o som
acústico: como o sinal podia ser processado, deu o som característico, por exemplo,
no inicio de Linda Juventude.
Além Paraíso foi gravado depois de uma
viagem da banda feita aos EUA. Em
Nova Iorque os músicos tiveram contato
com muitos equipamentos novos que
despontavam em termos tecnológicos
na época. Em Los Angeles visitaram a
Capitol Tower, sede da EMI nos Estados
Unidos, conhecendo os incríveis estúdios onde gravaram tantos artistas famosos, inclusive os Beatles, grande influência do grupo mineiro.
Ao voltar, o grupo começou uma série de
ensaios que percorreram meses a fio. “Estávamos fascinados pelos sons novos, tocávamos dia e noite, a hora que dava
vontade, ou seja, quase toda hora.
Ideias fluíam muito rápido e, principalmente eu e Flávio, fizemos boas
parcerias como Uma velha canção
rock’n’roll, Passeio pelo Interior, Além
Paraiso, etc... O tom abstrato de vermelho da capa reflete bem a energia
deste disco, o entusiasmo que tínhamos tanto pelos novos equipamentos como por sentir que estávamos
num momento muito criativo na
banda”, observa Vermelho.
EXPERIMENTAÇÃO
A SERVIÇO DA
RIQUEZA MELÓDICA
No álbum encontram-se canções
de estruturas melódicas bem delineadas, orquestra, sintetizadores, guitarra
distorcidas, bateria e baixo pesados
convivendo com melodias serenas e
vocais elaborados. Até canto de passarinhos está presente nesse disco. Passeio
pelo interior, por exemplo, é uma música
bem rural que exalta uma paisagem do
campo. A música começou com um riff
tocado pelo Flávio no Prophet-5 e me-
lodia tocada no piano Yamaha pelo Vermelho com letra de Murilo Antunes
que, segundo o pianista, valorizou a canção e deu a ela um clima meio bucólico e
rural. “Eu nasci numa pequena cidade
do interior de Minas. Belo Horizonte
por muito tempo teve este ar um pouco
interiorano. E todo mineiro gosta sempre de um passeio pelo interior, ainda
mais em Minas, onde cada cidadezinha
tem sua própria história bem delineada
e culturalmente rica”, fala.
Pequenas Coisas é uma música do Magrão e possui uma linha melódica bem
delineada e lírica. A letra é do Cesar de
Mercês, que também fez parte do grupo
O Terço, numa formação anterior a de
Flávio e Magrão. Além Paraíso, faixa que
dá nome ao disco, é uma canção bem pop,
ideia melódica do Flávio Venturini inspirada no som do violão Ovation, que caminhou para um vocal bem típico do 14,
sobre uma base bem firme de baixo - batera, seguido por um solo de synth do
Além Paraíso (1982)
Linda Juventude
Passeio Pelo Interior
Pequenas Coisas
Além Paraiso
Retrato Na Praça
Querer Bem (Birmingham)
Uma Velha Canção Rock’N’Roll
Pele De Verão
Beijo Sideral
Não Tá Com Essa Bola
Romance De Amor
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Poly-6 Korg. “Esse grande synth,
que tinha coisas interessantíssimas, como seu incomparável Arpeggiator, usado também no final de
Uma velha canção... tinha recursos
de muita riqueza musical. Infelizmente foram descartados pelas fábricas de instrumentos, muitas vezes com modelos novos que atraíam mais atenção do consumidor
comum. Outros até desapareceram,
a empresa que fabricou fechou, sei
lá. É o caso do Sinergy, primeiro teclado que trazia um gravador digital
de 4 canais, coisa que descobri por
acaso, já que o manual era péssimo.
O Flávio o comprou meio que ‘no
escuro’, por um preço bem alto (eu
comprei o PH-5), mas tinha sons
inigualáveis” observa Vermelho.
Romance de Amor foi uma melodia
composta pelo Flávio com um som
tipo Hammond, do Sinergy, com a
letra romântica da poeta Suzana
Nunes. No final contém um belo
solo de guitarra, acordes bem cheios com o som incomparável do
Prophet-5, baixo acentuando e
harmonia junto com marcação firme da bateria. Uma velha canção
rock’n’roll evoca os velhos clássicos
do rock, parceria de Vermelho com
o Flaávio. “O som da guitarra, que
aparece em todo o disco, é na maioria das vezes, e acho que aqui também, da GR-300 Synth-guitar, da
Roland, talvez a melhor guitarra
synth que já tenha sido lançada.
Parece-me que tinha um sistema
próprio e meio complicado (um
“
tou algumas horas de conversas
num bar foi convencer o Marcinho
que o nome da musica tinha de ser
Linda Juventude” observa Vermelho.
Em 2012, a banda continua na ativa fazendo shows por todo o país e
divulgando o atual CD e DVD 14
Bis ao vivo. “Acho o 14 Bis um grupo que, de forma discreta e sem
grande alarde, construiu uma discografia consistente e repleta de
canções bacanas, conseguindo a
façanha de soar como rock and roll
e MPB ao mesmo tempo e transitando bem nesses dois cenários
musicais com desenvoltura. Suas
harmonias vocais e as ótimas canções que gravou, especialmente
entre 1979 e 1983, reservaram a
eles um lugar importante no rock
brasileiro. Esse requinte vocal tem
a ver com Beatles e Crosby, Stills
& Nash, que os influenciaram bastante. O grupo conseguiu criar um
“
Fabio Chacur
sistema da Roland que evoluiu
para o midi) que conectava a um
modulo JX-300, da linha dos Jupiter-8 e outros do mesmo nível, ou
seja, você podia processar o som da
guitarra via sons sintetizados, e
com isto mexer em afinação, envelopes, filtros, cutoff, ADSR e todas
estas coisinhas fantásticas que
nós, que programamos sintetizadores, sabemos como é. Somado a
isto, o próprio som da guitarra tradicional fica um instrumento muito poderoso e expressivo; coisa que
um guitarrista igual ao Claudio, que
tem ótima técnica e veia melódica,
sabe explorar bem” conta o pianista.
Pele de Verão é uma música leve,
alegre e descontraída, bem a cara
da cidade do Rio de Janeiro, onde
foram morar em seguida à fundação da banda e por lá permaneceram durante os seis primeiros discos. Linda Juventude, o grande car-
Acho o 14 Bis um grupo que, de
forma discreta e sem grande alarde,
construiu uma discografia consistente e
repleta de canções bacanas (Fabio)
ro- chefe do disco e música de
grande sucesso, com letra de Márcio Borges, foi trabalhada em cima
de uma ideia em homenagem ao
célebre Milton Nascimento. Seu
título e letra expressam bem o que
é parte do público da banda e exalta um sentimento interior dentro
do próprio conjunto. “A última
música a ser incluída no disco.
Gravamos um pouco mais rápido e
mais pesado, com som dos equipamentos novos, começando com o
ótimo som do Ovation em stereo.
O que deu mais trabalho e me cus-
estilo próprio, facilmente reconhecível logo nos primeiros segundos de cada uma de suas músicas. É
uma de suas marcas registradas.
Eles certamente também ouviram
com atenção grupos vocais brasileiros como Os Cariocas e o MPB-4,
pois possuem uma pitada da tradição desses grupos” salienta o jornalista Fabian Chacur. A banda sustenta sua longevidade atraindo não
só publico de sua geração, como a
moçada mais nova, a linda juventude que cada vez mais percorre seus
shows por todo o país.
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ESTÚDIO| www.backstage.com.br
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Locado em um casarão
do século passado, na
Zona Norte do Rio de
Janeiro, o ‘A Casa
Estúdio’ talvez possa
ser considerado o
resultado de um
trabalho no começo
despretensioso e
experimental que deu
certo. Desde o nome do
lugar – que
inicialmente servia de
ponto de referência
para os donos – até a
aquisição dos
equipamentos, o local
foi evoluindo conforme
a demanda de serviços
e, atualmente, não
responde apenas por
uma sala de gravação,
mas é sede de uma
produtora e homônimo
de um selo fonográfico.
Luiz Urjais
[email protected]
Fotos: Ernani Matos /
Divulgação
AEstúdio
CASA
N
omes de peso como Quarteto Radamés Gnatalli, Duo Santoro, Armildo Uzeda, Elodie Bounie e Luiz
Carlos Barbieri já passaram por lá. Reconhecido no meio musical como um
dos principais polos para gravação de
música erudita, ‘A Casa’ é dirigido pelo
produtor e compositor Sergio Roberto
de Oliveira que, ano passado, representou o Brasil na disputa pelo Grammy
Latino na categoria “Melhor composição clássica contemporânea”.
O ESTÚDIO
Com cerca de 80 metros quadrados, o estúdio possui uma sala de gravação reves-
tida em vidro e madeira, com espelho e
rebatedores. Abriu as portas em 1998, fruto de uma parceria entre o produtor e o
guitarrista Marcelo Cotta. Sergio conta
que tudo começou em 1995, a convite de
Cotta, quando participou da gravação de
um jingle para um carro de som.
“Na época, eu usava um software chamado
“Cakewalk” e ele tinha um microfone
SM-58. Criamos a trilha usando os timbres de uma placa Turtle Beach. Gravamos
através de uma mesinha de som Staner, de
8 canais, emprestada, ligada a um Tape
Deck Technics. A cantora ficou no banheiro de empregada da minha casa, e a
dependência serviu de “técnica”. Mi-
xagem em tempo real!”, recorda. “A
partir deste trabalho, montamos um
home studio. E, com o aumento da
procura, passamos a alugar um estúdio de ensaio para fazer as gravações,
até, enfim, comprar A Casa”, diz.
Apesar do reconhecimento pelos
trabalhos no gênero erudito, de
acordo com o produtor – que desde
2008 atua em parceria com o técnico de áudio Matheus Dias – o estúdio tem a preocupação de ser
“bilíngue”. Isso significa não atender apenas a um estilo em específico, principalmente em meio à crise
do mercado fonográfico mundial.
“A música clássica ocupa 5%, ou
menos, do nicho de mercado. Reparei que, apesar deste segmento
não ter sido tão diretamente afetado com o momento, não dá para
ter um estúdio apenas para isso.
Acredito que a versatilidade seja a
alma do negócio, desde que você
disponha de profissionais específicos para trabalhar nas áreas desejadas. Acredito que a associação com
a música clássica se deva aos meus
projetos como compositor. Talvez
por isso a demanda. Em contrapartida, o Matheus é técnico de PA de
vários artistas e traz a experiência
da música popular”, avalia.
Sergio explica que a proporção de
gravações entre os gêneros popular
e clássico está de “dois para um”,
respectivamente. “Tenho, em mé-
Diversidade de equipamentos permite atender a vários estilos musicais, incluindo o clássico
dia, duas seções de música brasileira por semana. Houve época em
que a música gospel era o grande
filão do estúdio. Varia bastante.
Por isso as portas abertas para ensaios. Acaba sendo entrada de uma
potencial gravação. Uma forma de
atrair clientes e, alternativamente, ganhar dinheiro. O dia a dia daqui não é música clássica, apesar
das referências. Por isso, a criação
da produtora e do selo. Com o mercado volátil, temos que estar atentos”, afirma.
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ESTÚDIO| www.backstage.com.br
50
“
Geralmente o
músico popular
está acostumado a
ouvir seus
instrumentos
amplificados, o
erudito, desde
sempre, se
acostuma com o
som acústico. Cabe
ao profissional ter
essa sensibilidade e
tentar ouvir, de
outra forma, a
questão do timbre,
como ele funciona
naquele gênero.
”
Piano meia cauda
Com relação às peculiaridades de se trabalhar com gêneros opostos da música,
Sergio confere ao engenheiro de áudio a
responsabilidade de entender a cabeça
do músico em questão, para obter bons
resultados nas seções. “Geralmente o
músico popular está acostumado a ou-
vir seus instrumentos amplificados, o
erudito, desde sempre, se acostuma com
o som acústico. Cabe ao profissional ter
essa sensibilidade e tentar ouvir, de outra forma, a questão do timbre, como ele
funciona naquele gênero. Entender a
sonoridade é o maior desafio. Além do
Lista de Equipamentos
Equipamentos
1 Bateria Tama Super Star (bumbo 20, caixa
14, tons 10, 12, surdo 14 - Peles para gravação: Evans G2)
1 Amplificador de Baixo Hartke LH1000 Caixa VX 410; 1 Amplificador MG Fillmore
(Modelo Fender Jazzbass 69);
1 Amplificador de Guitarra Laney LV 300; 1
Amplificador de Guitarra Roland Jazz
Chorus 55 e 1 Amplificador de Guitarra
Marshal MG 100
1 Piano meia cauda Yamaha C6
1 Piano digital Roland FP-1
1 Controlador Roland A-800 Pro (61 teclas)
Equipamentos de Gravação:
Mac Pro rodando Pro Tools 9 HD 2
Interface Apogee Symphony 24/8 I/O
Avalon 737 (1 ch)
Amek Neve 8093 (2 ch)
TL Audio 5001 (4 ch)
Drawmer DL 441
DBX 160A
Mesa Presonus Studio Live 24.4.2
20 Fones para Gravação
Monitoração:
Yamaha NS10M
KRK 13000B
Sub Resolv 120A
Microfones:
1 Neumann U87
1 Neumann U89
2 AKG C 414 ULS
3 Sennheiser MD 421
2 AKG C 391
2 AKG C 2000B
1 AKG C 3000
1 AKG D 112
1 Crown PZM
2 Shure SM 57
1 Sub Kick Yamaha
Equipamentos de Ensaio:
2 Caixas Mackie S 225
2 Caixas Mackie C 200
1 Subwoofer Samsom DB 1500A
1 DBX Drive Rack PA
8 vias independentes de fone
1 Kit Microfones Bateria Shure ( 1PG 52, 2
PG 81, 3 PG 56)
Observação:
Cabeamento Moogami.
Conectores Neutrik Gold.
Pianos acústico e digital são alugados à parte
ACÚSTICA
Estúdio possui sala de gravação revestida em vidro e madeira
processo criativo, que é diferente.
Por exemplo, no popular tudo é
feito em partes separadas; no erudito, todos de uma só vez. Confesso que, como produtor, gosto de
gravar tudo junto. Penso que o registro musical é um retrato que
você até pode retocar e adicionar
elementos – desde que tenha uma
boa foto inicial”, enfatiza.
O projeto acústico é de curadoria do
engenheiro de áudio John Patrick
Sullivan. Sergio explica que a estrutura
do casarão, de 1945, ajudou na questão
do isolamento sonoro. “A intenção
era aproveitar da melhor forma o espaço. Tanto que, no projeto, a escada foi
considerada importante, por separar a
gravação da técnica. Depois alteramos
a acústica, usando placas de madeira e
posicionando oito rebatedores de dupla face. O revestimento é de vidro e
madeira. Há um grande espelho, para
melhorar o campo de reverberação, e
três colunas de tijolo de vidro no interior da sala, para favorecer a claridade
natural”, comenta o produtor, que
afirma caber uma orquestra, de até 20
pessoas, no interior do estúdio.
SELO
Com 11 títulos lançados, Sergio
afirma que o enfoque do selo está,
51
ESTÚDIO| www.backstage.com.br
52
“
Gravamos sete obras
no ‘A Casa’. É
estranhamente
positivo gravar lá.
Em diversos
estúdios, muitos são
os engenheiros de
som que acabam
atrapalhando o
músico no processo.
Digo isso, pois
justamente naquele
take valioso, ele se
esquece de fazer a
sua parte
”
Mesa Pre Sonus Studio Live
sobretudo, no segmento erudito. Entre os
artistas no catálogo, além de títulos do
próprio, figuram nomes como Luiz Carlos
Barbieri, Armildo Uzeda e Elodie Bounie.
Sergio que, neste ano em que celebra 15
anos de carreira, lançará, em setembro,
um box de quatro CDs com obras suas e
do compositor americano Mark Hagerty.
PARCERIAS
Parceiro do selo A Casa, o violinista
Luis Carlos Barbieri conta que conheceu Sergio através de uma mostra em
que trabalhou como curador, em 2009.
Junto com o selo ‘A Casa’, o músico está
preparando o lançamento do seu segundo CD pela produtora, chamado Violão
Urbano. “O gerenciamento feito por
um compositor com a abrangência do
Sergio, que atua em vários tipos de formações camerísticas, dá peso a qualquer
material. Além deste, estamos trabalhando juntos no Box comemorativo de
sua carreira, e criamos o grupo Oitiz, de
música de câmara”, frisa.
Integrante do Quarteto Radamés Gnatalli, a musicista Carla Rincón elogia o
nível de profissionalismo do estúdio. Segundo ela, o fator mais complicado de gravação é se expressar dentro de quatro paredes cinza, sem a troca humana, proporcionada com a plateia num concerto, por
exemplo. “Gravamos sete obras no ‘A
Caixas Mackie podem ser usadas para os ensaios
Casa’. É estranhamente positivo gravar lá.
Em diversos estúdios, muitos são os engenheiros de som que acabam atrapalhando
o músico no processo. Digo isso, pois justamente naquele take valioso, ele se esquece de fazer a sua parte, seja apertando o
botão de ‘rec’, seja na microfonação”, opina. “É importante que o técnico esteja
acompanhando o músico no trabalho de
execução. O Sergio tem a sensibilidade do
ouvido musical. Afinal, é outro músico
atuando junto ao quarteto”, completa.
53
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
54
Leonel Pereda e
Duda Mello
Revisitando o paraíso em
Duda Melo e
Leonel Pereda
falam sobre
como a
tecnologia
renova a arte de
construir um
álbum.
Miguel Sá
[email protected]
Fotos: Divulgação
Liebe
Paradiso
N
o cinema, muitas vezes se pega
um filme antigo e faz- se uma
nova versão, uma refilmagem. Talvez
esta situação seja a que chegue mais
perto quando se tenta explicar o álbum Liebe Paradiso, inspirado no
Paradiso, segundo disco de uma trilogia de Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, lançado em 1998. Os outros álbuns foram Sorte, de 1994, e Juventude/Slow Motion Bossa Nova, de
2001, todos lançados pela Dubas.
Além do Paradiso no nome, Liebe
tem, com duas exceções, as mesmas canções de Ronaldo Bastos e
Celso Fonseca. No entanto, é outro disco. Um novo álbum motivado por novas escolhas artísticas e
pelas limitações e possibilidades
da tecnologia. O disco foi produzido por Duda Mello – técnico de
som e produtor que começou a carreira no antigo AR Studio – e Leonel Pereda, da Dubas. A direção artística foi de Ronaldo Bastos, que
deu toda a liberdade para que eles
desenvolvessem o trabalho. O diretor artístico elogiou o desempenho técnico e artístico dos produtores. “O Duda é produtor mesmo.
Ele e o Leonel Pereda”.
O disco original não foi muito difundido. A música Polaroides ainda
teve boa execução em rádios segmentadas de MPB, mas, fora isto, o
álbum ficou praticamente desconhecido do grande público. Bastante aquém, por exemplo, do terceiro CD da trilogia, que ficou conhecido devido à entrada da música Slow Motion Bossa Nova em um
comercial. O produtor musical
uruguaio Leonel Pereda ficava intrigado: como um disco de qualidade como aquele não acontecia no
mercado brasileiro? “Foi um dos
primeiros discos de música brasileira que eu curti, mas não tocava no
rádio e as pessoas não o conheciam.
Um dia tive a ideia de abrir o disco e
tentar algo novo com aquelas canções para aproximá-las das pessoas.
Não era para melhorar nada, o disco
original é muito bonito, era mais
para fazer com que as canções chegassem a mais gente”, reflete.
“
A IDEIA
“
Um dia tive a ideia de abrir o disco
e tentar algo novo com aquelas canções
para aproximá-las das pessoas. Não era
para melhorar nada
na época. “Não quis fazer upsample,
já que a ideia era que não entrassem tantas coisas novas”, comenta
o produtor.
As mixes foram abertas há cerca de
três anos. Elas estavam arquivadas
em fitas DDS, o que quase chegou a
ser um problema, porque os programas deste tipo de backup e os
players das fitas praticamente não
existem mais. Na época, o AR
Studio ainda estava aberto e era
Hammond do estúdio Rock It usado por Jorjão
“VELHA ERA” DIGITAL
Paradiso é um disco já da era do Pro
Tools. Bem de quando ele começou
a ser mais usado no Brasil. Foi gravado em 24 bits / 44.1 kHz no estúdio Gorila Mix, como era o usual
Neve 8816 usado para a soma dos canais
Prés Neve 1081
55
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
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“
Toda a gravação
passou por
equipamentos
analógicos. Dos
prés Neve 1084 até
os Urei 1776
passando pelos
Summit. Já os
efeitos, como reverb,
foram todos
construídos a partir
de plug-ins. O
Outverb simula
legal algumas
coisas, mas não é
igual ao som real.
”
um dos poucos lugares onde o arquivo
ainda poderia ser aberto. “Fizemos a
transcrição das fitas para um HD meu.
São umas fitinhas tipo as de DAT, mas
que armazenam dados. Depois trouxemos para o estúdio (Rock It) e abrimos
aqui. Tinha um mapa dos canais antigos,
tudo guardado, aí a gente começou o
processo de ouvir e ver que caminho seguir”, relembra o técnico de som.
Toda a gravação passou por equipamentos analógicos. Dos prés Neve 1084 até
os Urei 1776 passando pelos Summit. Já
os efeitos, como reverb, foram todos
construídos a partir de plug-ins. No formato plug-in, Duda Melo gosta de usar
o sistema TC 6000. “Tem efeitos externos que ainda não ficaram bons no formato plug-in. O Outverb simula legal
algumas coisas, mas não é igual ao som
real. O que sempre uso é o da TC, o
VSS3”. A soma dos canais na mixagem
foi feita por meio do amplificador Neve
8816, o que melhora a qualidade da soma
em relação à que é feita pelo Pro Tools.
DESAFIOS
As limitações técnicas acabaram ajudando a fazer surgir a ideia de um novo
álbum. Neste momento, o “espírito”
Liebe Paradiso – um disco de produtor
– começava definitivamente a substituir a ideia do original, um álbum
intimista em que os compositores são os
personagens principais. Logo de cara,
foi constatado um “problema”: Celso
Fonseca havia gravado as vozes junto
com os violões em todas as músicas. Não
daria para utilizá-las, a não ser que se
usasse o violão junto. Ainda que a intenção inicial não fosse mudar muito o
disco, tampouco os produtores queriam
manter o clima intimista-acústico da
primeira versão do álbum em todas as
faixas. “Para algumas músicas estava
OK, mas para outras, não. Para estas, decidimos chamar o Celso e colocar de
novo a voz”, explica Duda. No entanto,
os produtores perceberam que o novo
disco com as antigas canções pediam
algo diferente. Apenas Paradiso ficou
com a nova voz de Celso. As outras, ou
mantiveram a voz antiga com violão, ou
ganharam novos intérpretes.
Em Flor da Noite, Nana Caymmi queria
que o arranjo original das cordas estivesse presente. Eduardo Souto Neto –
arranjador do primeiro disco – ficou
com a missão de transcrever o arranjo
para o tom de Nana Caymmi, mais baixo que o original. Foi necessário reescrever algumas passagens para que o
naipe de cordas pudesse soar bem no
novo tom. Já em Polaroides, Duda Mello
teve que se esmerar na edição do baixo
de Arthur Maia, que ele quis preservar
Um disco de produtor
Duda e Leonel “pintaram” o disco como se
fosse um quadro, usando várias texturas e
cores diferentes, aproveitando as gravações originais e as características dos intérpretes e músicos convidados para a nova
gravação. A ordem das músicas foi completamente alterada. Nana Caymmi entrou por
sugestão direta de Ronaldo Bastos, que
sempre quis que ela gravasse a canção Flor
da Noite. Sandra de Sá gravou o sucesso da
primeira versão do álbum, Polaroides. Com
a voz dobrada em oitavas diferentes Paulo
Miklos gravou Você Não Sacou acompanhado pela cozinha do Pharaphernalia, Renato
Massa e Alberto Continentino, e do bom gosto roquenrol da guitarra de Pedro Sá. Candeeiro foi a que mais preservou o clima acústico intimista do álbum original, baseada na
percussão “suingada” e nos efeitos sonoros
de Robertinho Silva.
Adriana Calcanhoto trouxe a música O Tempo Não Passou, originalmente gravada no
primeiro álbum da trilogia, para o Liebe
Paradiso. Esta foi inteiramente regravada
sem uso de nada da versão original, assim
como A Thing Of Beauty/Juventude, que teve
a participação de João Donato.
Os timbres e acordes do tecladista Sacha
Amback tiveram participação importante na
construção da sonoridade do disco. Vale
ainda destacar as participações de Jorjão,
dando o toque samba jazz no Hammond;
com Leslie na música Denise Bandeira, de
Marcos Valle, tocando o Fender Rohdes em
Ela Vai Pro Mar, e a de Jota Moraes no
vibrafone de Out of the Blues.
com Milton Nascimento, por incontáveis clássicos da
MPB – com o guitarrista e compositor Celso Fonseca. A
mixagem cristalina de Duda Mello ajuda a valorizar o
desempenho dos intérpretes que, por sua vez, foram
muito bem escalados para cada uma das músicas. Na Era
dos Singles, Liebe Paradiso mostra que, com belas canções e um trabalho apurado de produção, ainda é possível criar um disco com personalidade.
Para saber online
na música. O andamento era um pouco diferente do
original e era preciso fazer a edição de forma que o baixo não soasse artificial.
O ÁLBUM NA ERA DOS SINGLES
O resultado final é um álbum com “A” maiúsculo, onde
os arranjos, efeitos e interpretações estão a serviço das
ótimas canções de Ronaldo Bastos – responsável, junto
www.dubas.net
57
CABARET | CAPA | www.backstage.com.br
58
A versão brasileira do musical
da Broadway, assinada pelo
ator, diretor e autor Miguel
Falabella e estrelada por
Claudia Raia, já é sucesso de
públicos.
Rodrigo Ber tollucci
[email protected]
Fotos: Caio Gallucci e
Rodrigo Bertollucci / Divulgação
UM ESPETÁCULO À PARTE
S
ão 80 profissionais envolvidos
(entre artistas e técnicos), 150
figurinos, 18 músicas e um cenário
de sete toneladas - tudo isso, para
deixar o espetáculo Cabaret, estrelado pela atriz Claudia Raia - no
papel da cantora Sally Bowles -,
sob os holofotes dos principais
palcos nacionais. Em cartaz no Rio
de Janeiro desde o dia 30 de março,
no Teatro Oi Casa Grande, no
Leblon, a megamontagem já é sucesso absoluto de público, com
cinco meses de lotação esgotada
desde sua estreia, no mês de outubro, na capital paulista.
Vinte e um atores compõem o elenco do musical, que conta também
com uma orquestra de 14 músicos,
regida em cena pela maestrina Bea-
triz de Luca. Cabaret, que é uma versão brasileira de Miguel Falabella,
direção de José Possi Neto e produção de Sandro Chaim – em parceria com Claudia Raia, foi encenado
pela primeira vez há 45 anos, com texto de Joe Masteroff, música de John
Kander e letras de Fred Ebb. A direção musical e vocal ficou sob a responsabilidade do maestro Marconi
59
CABARET | CAPA | www.backstage.com.br
60
“
A luz de um
musical ajuda a
trazer climas de
toda sorte,
possibilitando
conduzir o público
de forma sutil e
subjetiva para
diferentes
linguagens de
encenação (Paulo
Cesar Medeiros)
”
Paulo Cesar Medeiros: indicação ao prêmio Shell
Silnei Marcondes é o técnico de monitor e microfonista
Araújo, a coreografia é de Alonso Barros, cenários de Chris Aizner e Renato Theobaldo
e figurinos de Fábio Namatame.
O brilho dos figurinos, o cenário impecável e as músicas alegres dão o tom audacioso ao espetáculo, orçado em R$ 6
milhões para montar e circular nas principais capitais brasileiras. “Estou cercada
de profissionais fantásticos que admiro
muito e a versão das músicas e do texto
eu tinha certeza que seriam de Miguel”,
garante Claudia Raia, se referindo ao seu
grande amigo, o ator, produtor e dramaturgo Miguel Falabella. “Nós temos um
amor comum por este musical e dentre
todas as adaptações maravilhosas dele,
esta é a melhor”, considera.
Cabaret foi indicado a dois prêmios Shell
na temporada paulista: Melhor Ator
Coadjuvante, Jarbas Homem de Mello, e
Melhor Iluminação, Paulo Cesar Medeiros. “Trabalhar em Cabaret, para mim, é
Tocko é o responsável pela parte de áudio
uma conquista muito grande, principalmente em São Paulo, onde existe realmente uma visão diferenciada
sobre as grandes produções e dificilmente esses trabalhos são indicados
a prêmios de teatro”, enfatiza o responsável pela iluminação.
O especialista, que reúne uma vasta experiência na área, garante que
os musicais com estrutura de reprodução dos musicais da Broad-
way, ou seja, que são cópias
fiéis das produções americanas ou inglesas, usam
uma quantidade muito
superior às utilizadas nas
produções nacionais e os
moving lights são mais
fortes e de melhor qualidade. “Mesmo assim, com
menos equipamentos, tentamos fazer luzes tão criativas e bonitas como as
deles”, enfatiza Medeiros, justificando que os
equipamentos usados
são materiais básicos
para uma luz atual de
musicais: os movings,
por sua enorme flexibilidade, e os LEDs
por permitirem encontrar diversas gamas de cores com os
mesmos aparelhos.
Mesmo com os cenários fixos,
como é o caso do musical, as luzes
criam um ambiente especial à
montagem. Para Medeiros, a iluminação de uma megaprodução
como esta é de extrema importân-
Lista de equipamentos de áudio
PA - Loudness Sonorização
01 Cadac J-Type
16 Meyer Sound M’elodie c/ acessórios
e sistema de rigging (Main)
02 Meyer Sound UPA-2P c/ Yoke (Dfill)
03 Meyer Sound CQ 2 c/ Yoke (Inner,FX)
08 Meyer Sound MM-4XP (Frontfill,
Foldback piso)
06 Meyer Sound UPM-1P c/ bracket
(Surround)
06 Meyer Sound UPA-1P c/ Yoke (Palco)
02 Meyer Sound 650 P (Sub)
01 Meyer Sound UM-1P (Bateria)
Processadores e efeitos
02 Meyer Sound Galilleo 616
01 Klark DN 540
(quadra compressor)
01 Klark DN 530 (quadra gate)
02 Lexicon PCM 80 reverb
01 Lexicon PCM 81
(multi-effects processor)
Microfones
01 Shure SM 91 (Bb) e 01 SM B57 (Cx Top)
10 Neuman KM 184 (Cx B, HH, OH,
Reeds, Violins)
03 Shure SM 98 com clamp (T1,T2,Sd)
01 Sennheiser E 609 (Pete I, II)
01 Neuman U 87 (Bass)
01 AKG C 414 (Cello)
07 DPA 4099 com acessórios (Violino,Clarinete,3 Sax,Banjo,Bone)
06 Radial J48 DirectBox
02 Shure SM 58 c/ chave on/off
Microfones sem fio
16 Sennheiser EM 3732 UHF Receivers
(04 Protag,22 Elenco,06 instr)
04 Sennheiser SK 5212 UHF Transmiters
28 Sennheiser SK 50 UHF Transmiters
02 Sistemas UHF Hand Held VOG
Senheiser/Shure
04 Sennheiser MKE1 (Protagonistas)
16 Sennheiser MKE2 Gold (Elenco)
cia. “A luz de um musical ajuda a
trazer climas de toda sorte, possibilitando conduzir o público de
forma sutil e subjetiva para diferentes linguagens de encenação”,
reforça. No caso de Cabaret, de
acordo com Paulo, existem as cenas dramáticas, sem glamour e ligadas a uma estética de simplicidade e tristeza andando lado a lado
com uma iluminação totalmente
feérica e grandiosa para os números musicais.
Paulo Cesar Medeiros já iluminou
intérpretes como Maria Bethânia,
Ivan Lins, Edson Cordeiro, Paulinho da Viola e diversos outros
nomes, além de ter atuado ao lado
de diretores consagrados como
Bibi Ferreira, André Monteiro,
Marília Pêra, José Possi Neto,
Marco Nanini e Amir Haddad.
“Tivemos duas indicações e isso é
muito válido, pois, já que não temos uma premiação específica
para espetáculos musicais, é muito importante que se olhe para es-
61
CABARET | CAPA | www.backstage.com.br
62
PA principal no Oi Casa Grande: L´Acoustics KUDO
Rigging de iluminação
sas grandes produções com um olhar
sem preconceitos”, almeja.
Para a montagem nacional de Cabaret,
de acordo com Paulo Medeiros, foram
utilizados os seguintes equipamentos
de iluminação: Moving Lights NEO
700 da American Pró, DTS 700, Pares
LED RGBW, Ribaltas de LED RGB da
I-Led, Elipsoidais ETC, Pares 64, FresCaixas de som do balcão
Caixa da primeira fileira
néis e Canhões de 1500W, além de
Mesa Avolite Pérola 2010.
A SONORIDADE DO MUSICAL
Microfones usados por Claudia Raia no espetáculo
O design de som Tocko Michelazzo, responsável por toda a parte de áudio do
63
CABARET | CAPA | www.backstage.com.br
64
Musical conta com os melhores equipamentos de áudio e vídeo
Mesa de PA Souncraft Vi6 - 96 canais
musical, enfatiza que trabalhar
com Claudia Raia é muito bom,
pois, além de ótima atriz, bailarina
e cantora, ela é uma excelente produtora e muito exigente quanto à
qualidade. “Tive total liberdade
para pedir o melhor equipamento para atender o espetáculo, áudio intercomunicação e vídeo”, garante.
Segundo Michelazzo, foram utilizados dois tipos
de equipamentos no espetáculo. Na primeira
fase, em São Paulo, ele usou
um line array M’elodie, da
Meyer Sound, pois se adequava mais ao projeto
(cenário, tamanho do
teatro e proposta musical). A console Cadac JType analógica com automação dupla com dois
frames e 86 canais - usadas nos maiores musicais da Broadway como
Miss Saigon, Rei Leão entre outros -; 32 canais de microfones sem fio Sennheiser série
3000 com cápsulas Sennheiser
MKE 2 gold e processador Galileo 616 Meyer Sound. Na orquestra, foram utilizados micro-
fones Neumann, AKG, Shure e
monitoração Yamaha MSP5.
Já para a turnê e temporada do Rio
de Janeiro, conforme Tocko, foram trocados o sistema de PA por
um L’Acoustic KUDO e console
digital Soundcraft Vi6, de 96 canais. “A troca dos equipamentos
foi devido à diferença entre os teatros que encontraríamos pela
turnê e a console digital facilitou
tanto na montagem como na programação”, explica.
A qualidade das duas consoles, conforme o especialista, são ótimas e
atenderam muito bem às necessidades do operador do musical Gabriel
Boccuti. “Foi a primeira vez que usei
a Soundcraft em musicais e fiquei
surpreso pelo número de recursos
dedicados a teatro como automação,
endereçamentos e gravações de cenas”, avalia Tocko, destacando que o
sistema Sennheiser é muito robusto
e confiável, necessário para os números de dança e movimento, e as
cápsulas MKE 2 têm um timbre mui-
Mesa de iluminação Avolites Pérola 2010
to natural. A empresa locadora foi a
Loudness Sonorização, de Campinas.
Entusiasmado com o musical, o designer de som, que já esteve à frente do departamento de som do Teatro Abril realizando musicais de sucesso como A
Bela e a Fera, Chicago, O Fantasma da
Ópera, Miss Saigon, Castelo Rá-tim-bum,
Cats e Mamma Mia, frisa que foi muito
bom buscar a sonoridade do ambiente
de Cabaret criados pelo diretor José
Possi Neto e o diretor musical Marconi
Araújo. “Há dificuldade de reproduzi-lo
em teatros tão diferentes em construção e acústica, mas foi compensador
pelo resultado e mostra que as produções nacionais estão cada vez mais preocupadas com a qualidade do áudio e investindo em equipamento e operadores
e microfonistas experientes para suas
produções”, ressalta.
Magon. Paralelamente ao romance entre os personagens principais há ainda
a relação entre uma alemã tolerante,
Fräulein Schneider (vivida pela atriz Liane
Maya), e um judeu, Herr Schultz (interpretado por Marcos Tumura).
A versão original de Cabaret, em 1966,
foi escrita pelo dramaturgo Joe Masteroff,
que se baseou na peça Eu Sou uma Câmera, de John Van Druten, inspirada, por
sua vez, no livro Adeus, Berlim, de Christopher Isherwood. O espetáculo teve
1.165 apresentações na Broadway e depois recebeu uma versão londrina, onde a
protagonista era interpretada por ninguém menos que Dame Judi Dench.
CARTAZ
Depois da temporada no Rio de Janeiro,
onde fica em cartaz até 10 de junho,
Cabaret segue para Porto Alegre e Curitiba e depois volta para São Paulo.
A HISTÓRIA
Ambientada no Kit Kat Club, uma decadente casa noturna em Berlim, em
1931, a trama, baseada no livro de
Christopher Isherwood, gira em torno
do relacionamento da inglesa Sally
com o escritor americano Cliff Bradshaw, encarnado pelo ator Guilherme
CURIOSIDADE
A primeira e única produção nacional
do musical foi realizada em 1989, com
direção de Jorge Takla. A protagonista
foi interpretada por Beth Goulart e o
Mestre de Cerimônias foi vivido por
Diogo Vilela.
“
Foi a primeira vez
que usei a
Soundcraft em
musicais e fiquei
surpreso pelo
número de recursos
dedicados a teatro
como automação,
endereçamentos e
gravações de cenas.
(Tocko)
”
65
TECNOLOGIA |SINTETIZADOR| www.backstage.com.br
66
Fast Track C400
e Fast Track C600
a nova geração de
interfaces da M-Audio
Luciano Freitas é técnico de áudio da
Pro Studio americana com formação
em ‘full mastering’ e piano erudito
No final de 2010, a Avid lança o Pro Tools 9.
Mais uma quebra de paradigma do que realmente
uma nova versão do software considerado o
padrão da indústria do áudio profissional, a
partir daquele momento seria possível executar o
Pro Tools com praticamente qualquer placa de
áudio existente no mercado.
F
oi então que muitos profissionais se
questionaram sobre como ficaria o
mercado de interfaces da Avid e da MAudio perante esta “bem-vinda” liber-
dade exposta a um mercado repleto de
maravilhosas opções.
Um ano após, a Avid apresenta o Pro
Tools 10. Recheado de novidades, ainda
ficaram de fora desta nova versão as requisitadas funções off line bounce (bounce
mais rápido que em tempo real) e freeze
track (renderiza o processamento do canal, liberando o processamento do computador), presentes em grande parte dos
seus principais concorrentes.
No entanto, com a intenção de prestigiar
os usuários da M-Audio, a Avid realizou
no início de 2012 uma readequação de
preços do Pro Tools MP (atualmente em
sua versão 9), o qual não possui
toda a robustez da versão 10, porém oferece ferramentas capazes
de suprir todas as necessidades de
qualquer home studio.
Novos bundles (pacote contendo
uma interface + Pro Tools MP) foram disponibilizados no mercado,
tornando a relação custo-benefício ainda mais atrativa, além do
lançamento de duas novas interfaces, elevando a família Fast Track
da M-Audio (agora com seis diferentes modelos) a um novo patamar de produtos.
Conheçamos um pouco sobre as
novas interfaces Fast Track C400 e
Fast Track C600.
COMPONENTES
METICULOSAMENTE
SELECIONADOS
Com o objetivo de oferecer a melhor
qualidade sonora disponível nas
interfaces da M-Audio, a Avid empregou na C400 e na C600 tecno-
logia derivada da sua atual família
Mbox (3ª geração), com um fluxo
de sinal reduzido e novos pré-amplificadores de microfones muito mais
transparentes, utilizando componentes high-end a fim de garantir a
mais fiel reprodução das fontes sonoras. Operando em amostragens
de até 96 kHz/24 bits, seus novos
conversores (A/D - D/A) respondem de 20 Hz a 20 kHz, com +/- 0,2
dB, nas entradas de microfones, linha e instrumentos e de 20 Hz a 20
kHz, com +/- 0,1 dB, nas saídas
analógicas (margem dinâmica de
106 dBs e 104 dBs, respectivamente,
para entradas e saídas analógicas).
Fast Track C600, o “Big Brother”
Oferecendo seis canais de entrada
(sendo dois desses digitais) e oito
canais de saída (sendo dois desses
digitais) em sua seção I/O, a C600
apresenta-se como o modelo mais
completo da linha. Seus dois primeiros canais permitem ao usuário
acessar as entradas de alta impedân-
cia (Hi-Z) existentes na parte
frontal do equipamento, as quais
se mostram dedicadas à conexão
de guitarras e contrabaixos. Já as
conexões analógicas existentes na
parte traseira (quatro, com conectores XLR combo) permitem ao
usuário conectar microfones (disponível Phantom Power e Pad com
-20 dBs) e equipamentos musicais
com sinal de linha (teclados, baterias eletrônicas, samplers etc.), proporcionando áudio balanceado. A
interface ainda conta com duas saídas de fones de ouvido (com controle de volume e mixagens independentes) e com um par de conexões Midi (16 canais bilaterais).
Sua alimentação de energia pode se
dar via A/C externa (alimentador
incluso) ou diretamente pela porta
USB (neste caso a quantidade de canais de áudio se apresenta reduzida).
Uma novidade nesta categoria de
interfaces é a existência de um
processador de efeitos dedicado
67
TECNOLOGIA |SINTETIZADOR| www.backstage.com.br
68
“
Os novos
controles de
condução
(transport
controls)
permitem ao
usuário navegar
facilmente pelo
projeto musical
através dos
tradicionais
comandos Play,
Stop, Rec, Rew
e Fw
”
(MX Core DSP) para a monitoração nos
fones de ouvido (recurso também disponível nos modelos Fast Track Ultra e Fast
Track Ultra 8R). Este processador, que
possui oito algoritmos entre reverbs e
delays, possibilita ao usuário ouvir o sinal
processado nas saídas dos fones de ouvido
sem que este efeito seja registrado (gravado) na pista do software de gravação
(DAW). Ou seja, o usuário não precisará
utilizar plug-ins de reverb (os quais, geralmente, consomem boa parte do processamento do computador) no momento da captação, permitindo trabalhar com
menores valores de buffer, o que representará menor latência no sistema, fator
crucial nesta etapa da produção musical.
Outra novidade da C600 é a sua seção
de gerenciamento de monitoração.
Graças às suas seis saídas de áudio
analógicas, aliadas a três seletores de
monitoração existentes em seu painel
(A = seleciona as saídas 1 e 2 / B = seleciona as saídas 3 e 4 / C = seleciona as
saídas 5 e 6), o usuário pode conectar a
interface, bem como gerenciar, em tempo real, três diferentes pares de monitores de áudio (sistemas de monitoração). Deste modo, sem a aquisição de
outros equipamentos auxiliares, será
possível ouvir sua mixagem em três diferentes sistemas de alto falantes (possibilita diferentes perspectivas), analisando
como esta soará em diferentes sistemas
de monitoração. Como alternativa, o
usuário poderá substituir os três pares de
monitoração individuais por um sistema
surround 5.1 (ou 7.1, quando também
utilizadas as saídas digitais S/PDif).
Os novos controles de condução (transport controls) permitem ao usuário navegar facilmente pelo projeto musical
através dos tradicionais comandos Play,
Stop, Rec, Rew e Fw. Como alternativa, o
usuário poderá definir outras funções
(comandos ASC II) a esses botões individualmente, permitindo personalizar
suas ações às reais necessidades de cada
projeto. Além desses cinco botões de
condução personalizáveis, encontra-se
disponível na C600 um botão “curinga” denominado
“Multi”. Este botão permite estabelecer (criar) um fluxo
de ações com até oito comandos disparados sequencialmente. Em um rápido exemplo, imagine que você repete comumente a uma determinada sequência de comandos: (1º) iniciar a gravação; (2º) parar a gravação; (3º) salvar o projeto; (4º) retornar ao início da música; (5º) iniciar
a reprodução da música. No software de comando da
interface, estas cinco (poderiam ser até oito) ações são
registradas de forma sequencial. Finalizada a configuração,
a cada vez que o botão Multi é pressionado, uma das cinco
ações (chamadas pelo software de “passos”) referidas é executada conforme a sequência pré-determinada. Executada a
última função (iniciar a reprodução da música), a sequência
retorna novamente à primeira função (iniciar a gravação) e
assim sucessivamente. Com um pouco de planejamento na
configuração do comando Multi é possível reduzir significantemente a necessidade de acessar o teclado e o mouse
do computador na etapa de gravação.
FAST TRACK C400,
QUALIDADE SONORA POR PREÇO ATRATIVO
A grande diferença entre a C600 e a C400 está na quantidade de conexões de áudio analógicas. Com quatro canais
de entrada (sendo dois desses digitais) e seis canais de saída
(sendo dois desses digitais) em sua seção I/O, a C400 mantém a mesma qualidade sonora da C600 por utilizar os
mesmos componentes, pré-amplificadores e conversores.
Em virtude da redução na quantidade de canais de saídas
analógicas, estão disponíveis apenas dois seletores de sistemas de monitoração (A e B) e uma saída de fones de ouvido. Outra perda são os controles de condução, porém, o
controlador Multi foi mantido no projeto.
Para saber on-line
www.quanta.com.br
Para saber mais
[email protected]
69
TECNOLOGIA| LOGIC | www.backstage.com.br
70
Este mês vamos
abordar o
sintetizador ES1
que vem dentro
do pacote Logic
Pro. É um dos
sintetizadores
mais versáteis do
pacote e vale a
pena entender
como programar
novos sons, uma
vez que podem ser
criados de pads e
cordas até baixos
bem definidos.
Sintentizador
ES1
Vera Medina é produtora, cantora,
compositora e professora de canto e
produção de áudio
E
S1
Com o ES1, a Emagic introduziu em
1999 na versão 4 do Logic o seu primeiro desenvolvimento no campo de instrumentos virtuais com base em síntese
subtrativa e oferecendo tudo que um
sintetizador análogo possui.
Um sintetizador análogo trabalha com
um fluxo de sinal análogo, ou seja, sinais
elétricos que podem ser mensurados em
volts. No contexto em que estamos trabalhando, a síntese pode ser definida
como a reprodução de um som que emula ou sintetiza o som de outro instrumento ou de sons que não são naturais.
Um sintetizador virtual análogo, tal
qual o ES1, trabalha com um fluxo de
sinal digital, simulando a arquitetura e
características de um sintetizador análogo, inclusive os controles que permitem
acesso aos parâmetros de geração de som.
O ES1 é totalmente programável, pode
ser automatizado, polifônico com até 16
notas simultâneas e sensível à intensidade (key velocity). Possui um oscilador e
um sub-oscilador que gera formas de ondas ricas. Assim é possível subtrair ou filtrar partes destas formas de onda e
reformatá-las para criar novos sons. O
ES1 tem alguns pontos em comum com o
ES-M, mas é bem mais flexível.
Podemos dividir a janela do ES1 em 6
regiões específicas, conforme a figura 1:
•Osciladores
•Filtros
•Amplificador
•Modulação
•Envelope
•Parâmetros gerais
dos órgãos e assim permaneceu
nestes sintetizadores.
Temos então as formas de ondas
dos osciladores, as quais serão responsáveis pelo timbre do instru-
Temos as seguintes opções de suboscilador, além de desligado (off) :
•Uma onda Square que soa uma ou
duas oitavas abaixo da frequência
do oscilador principal.
•Uma onda Pulse que soa duas oitavas abaixo da frequência do oscilador principal.
•Variações destas formas de onda
com diferentes relacionamentos
entre mixagem e fases.
Para entender como as formas de
onda soam, teste primeiro o primeiro oscilador e depois o suboscilador. Para ouvir um de cada
vez, mova o botão deslizante Mix
para as extremidades.
2)FILTRO
Figura 1 – ES1 – Parâmetros
Vamos abordar cada um desses
grupos nos próximos itens:
1)OSCILADORES DO ES1
O ES1 possui um oscilador e um
sub-oscilador que se encontram à
esquerda do painel e são responsáveis por gerar as ondas de som básicas que formam o som. O oscilador
principal gera uma forma de onda
que é enviada para outras partes do
sintetizador para processamento.
O sub-oscilador gera uma forma
de onda secundária que se caracteriza por estar uma ou duas oitavas
abaixo da forma de onda gerada
pelo oscilador principal.
Totalmente à esquerda temos um
painel com as opções 2, 4, 8, 16 e
32. Estes botões permitem escolher a oitava onde se quer trabalhar, sendo o mais grave 32 pés e o
mais alto 2 pés.
•2 – duas oitavas acima
•4 – uma oitava acima
•8 – valor original
•16 – uma oitava abaixo
•32 – duas oitavas abaixo
Essa medida em pés está baseada
em termos utilizados para tubos
mento. Podemos classificar rapidamente as principais (considere
os parâmetros da direita para a esquerda no seletor Wave):
Forma de onda: Timbre básico
Triangle: Mais leve que a sawtooth e
útil para construção de flautas e pads.
Sawtooth: Mais pesada. Pode ser
utilizada na construção de cordas,
pads, baixos e sons de metais.
Square: útil para construção de
metais, clarinetas e oboés
Pulse: Som nasal, útil para baixos, efeitos
O seletor Sub gera formas de onda
Square, Pulse e White Noise e desligado (off). Também permite rotear um sinal em side chain através
do sintetizador ES1: basta colocálo em off e escolher um sinal de entrada no menu Side Chain da janela
(visualizado no Logic).
No slider de Mix, é possível definir
a porção de cada um dos sinais a
serem utilizados. Se o sub-oscilador estiver em off, o Mix representará somente o oscilador principal
(Wave). O Sub dá um peso maior
ao oscilador principal, portanto, é
bastante utilizado.
Os parâmetros de filtro delineiam as formas de onda enviadas
pelos osciladores.
•Cutoff: Controla a frequência de
corte (cutoff frequency) do filtro
passa baixa do ES1.
•Resonance: diminui ou aumenta
a porção do sinal que circunda a
frequência definida no parâmetro
Cutoff. Se o Boost é muito intenso,
o filtro pode oscilar por si mesmo.
Tanto o parâmetro Cutoff quanto
o Resonance podem ser alterados
simultaneamente arrastando o
mouse sobre a palavra Filter, bem
no centro da tela.
•Slope: O filtro passa baixa oferece 4 tipos de curvas de rejeição de
banda acima da frequência cutoff.
Os quatro parâmetros da esquerda para a direita são:
•24 dB classic: imita a conduta
de um filtro Moog. Aumentando a
ressonância, gera uma redução dos
graves do sinal.
•24 dB fat: compensa pela redução
de frequências graves causada por
valores altos de ressonância. Imita a
conduta de um filtro Oberheim.
•12 dB: gera um som mais doce, relembrando o filtro do Oberheim SEM.
71
TECNOLOGIA| LOGIC | www.backstage.com.br
72
“
O gerador de
envelope modula
o filtro de
frequência cutoff
de acordo com a
duração de uma
nota. A
intensidade desta
modulação,
assim como a
resposta à
informação de
intensidade
(velocity), é
definida pelas
setas ADSR via
Vel (na seção de
Filtro)
”
• 1 8 d B : imita o filtro da TB-303
da Roland.
•Drive: Um controle de nível de entrada que permite sobrecarregar o filtro.
Utilizado para alterar a conduta da ressonância, distorcendo o som.
•Key: controla como a altura do teclado
(número da nota) modula o filtro de
frequência cutoff. Se utilizado 0 (zero), a
frequência cutoff não se altera, não importa a nota que seja tocada no teclado. Faz
com que as notas mais graves soem mais
brilhantes do que as mais altas. Se utilizado
o nível máximo, o filtro segue a altura das
notas, resultando em um constante relacionamento entre altura e frequência de corte. Espelha as propriedades de alguns instrumentos acústicos, onde notas mais altas
soam mais brilhantes.
•ADSR via Vel slider: Define como a intensidade da nota (velocity) afeta a modulação do filtro de frequência de corte.
3)AMPLIFICADOR
Os parâmetros desta seção permitem
ajustar a conduta do nível de saída. Estão separados do parâmetro geral de saída (Out Level), o qual atua como um
volume master.
•Level via Vel slider: Define como a intensidade da nota afeta o nível do sintetizador através da saída Out Level
(parâmetro geral). A seta superior indica
o nível quando se toca com grande intensidade (fortíssimo). A seta inferior indica
o nível quando se toca com menor intensidade (pianíssimo – velocity =1). Quanto maior a distância entre as setas, mais o
volume é afetado pelas mensagens de intensidade (velocity) recebidas. É possível
arrastar o cursor do mouse sobre a barra
intermediária entre as setas para ajustes.
•Seletor de Amplifier Envelope: definem quais dos controles do ADSR têm
um efeito sobre o amplificador.
4) ENVELOPE
O ES1 tem um envelope ADSR (attack,
decay, sustain, release) que modela a frequência de corte e o nível do amplificador.
•Attack: define o tempo que leva para o
envelope alcançar o nível desejado.
•Decay: define quanto tempo leva para
o envelope cair no nível de sustentação,
após o tempo de ataque inicial.
•Sustain: define o nível de sustentação
até que a nota do teclado seja liberada.
•Release: define o tempo que leva para
o envelope cair do nível de sustentação
para zero.
O gerador de envelope modula o filtro de
frequência cutoff de acordo com a duração
de uma nota. A intensidade desta modulação, assim como a resposta à informação
de intensidade (velocity), é definida pelas
setas ADSR via Vel (na seção de Filtro).
A faixa de modulação é definida pelas
duas setas que já vimos. A modulação
mínima está representada pela seta inferior e a máxima pela seta superior.
Já definimos a sigla ADSR. Gate se refere ao sinal de controle utilizado em
sintetizadores análogos para informar
ao gerador de envelope que uma tecla
está sendo pressionada. Enquanto a tecla está pressionada, o sinal de gate
mantém uma voltagem constante.
No ES1, o seletor Amplifier Envelope tem
o seguinte efeito sobre as notas tocadas:
•AGateR: Os botões deslizantes do
Attack e Release do Envelope ADSR
controlam as fases de ataque e release do
som. Entre estas fases, o controle do sinal
Gate é utilizado para manter um nível
constante, enquanto a nota é pressionada. Assim que a nota é liberada, a fase de
release começa. Os botões deslizantes de
Decay e Sustain do Envelope ADSR não
têm impacto no nível do áudio.
•ADSR: este é o modo padrão de operação
da maioria dos sintetizadores, onde o nível
do áudio no decorrer do tempo é totalmente controlado pelo Envelope ADSR.
•GateR: O controle de sinal Gate é utilizado para manter um nível constante,
enquanto a nota é pressionada. Assim
que a nota é liberada, a fase de release se
inicia. Os botões deslizantes de Attack,
Decay e Sustain do Envelope ADSR
não têm impacto no nível do áudio.
Ainda temos que falar sobre modulação
e parâmetros gerais, mas estes serão
abordados na próxima edição.
onda Square para sub-oscilador.
3)Regule o Envelope ADSR para
A, D e R próximos ou iguais a zero
e S no máximo.
4)ADSR via Vel e demais parâmetros, conforme figura 2.
5)Pronto, você já pode testar seu
primeiro som programado.
Teste o impacto de alterações nos parâmetros para ir se acostumando com
este tipo de programação de sons.
Para saber online
Figura 2 - Programação Lead
Para não ficar com água na boca,
seguem dicas para construir um
som de lead no ES1.
1)Primeiro, dê um reset no ES1. Vá
no menu do sintetizador e onde está
#default procure na lista Reset.
2)Nas oitavas, escolha 8’. Escolha em Wave a forma de onda Saw
(a segunda do lado esquerdo)
para o oscilador principal e uma
[email protected]
www.veramedina.com.br
73
TECNOLOGIA| CUBASE | www.backstage.com.br
74
Olá amigos.
Um dos
principais objetivos
em se manipular
bem uma
workstation é
conseguir tirar um
grande som. Seja
uma produção com
instrumentos
virtuais ou a
gravação de uma
banda, no final das
contas o que
queremos é que tudo
soe bem,
equilibrado e com
transparência. É aí
que mora a maioria
dos problemas,
sofrimentos,
alegrias e o senso
artístico do que se
produz. Tenho
falado de vários
recursos do Cubase,
ferramentas,
funções etc, mas
sempre retorno a
conceitos
fundamentais e
essenciais que
podem servir a
todos os níveis de
usuários.
Mistura
e manda
Marcello Dalla é engenheiro, produtor musical e instrutor
A
mixagem é o que vai definir a função de cada canal no contexto
artistico do que se deseja como “produto final”. Na verdade é uma delicada “cirurgia” onde procuramos equilibrar o
que temos de material. Tenho observado
discussões calorosas sob plug-ins e toda a
sorte de acessórios que se usam na empreitada da mix, mas muitas vezes percebo que o desconhecimento de funções
básicas do mixer compromete resultados. Por este motivo resolvi dar uma pas-
Figura 1
sada geral em coisas básicas e importantes dentro do mixer do Cubase.
Niveis de medição de sinal – clicando
sobre qualquer campo vazio do mixer com
o botão auxiliar temos um menu de varias
opções, dentre eles o que determina o
ponto de medida do sinal, o que é importantíssimo. A figura 1 mostra esse menu.
Meter Input – Mede o sinal na entrada
do software antes dos slots de inserts, ou
seja, antes de serem processados por
qualquer plug-in inserido em série. Nas
Figura 2
edições anteriores da Backstage temos dois artigos completos sobre
roteamento. Recomendo que voltem
lá e deem uma olhada nos diagramas.
Meter Post Fader – Medição do sinal após os
inserts e após o fader.
Acompanhe a medição
do sinal antes e depois
dos slots de inserts. Equalizadores e compressores
podem introduzir ganho de sinal e clipar ou
distorcer, então é uma
boa prática verificar o
sinal a cada etapa do
seu caminho.
Meter Post Panner – Mede o sinal
após o controle de pan.
Até aí começamos bem com uma das
coisas mais importantes: monitora-
mento do sinal. Observar o
nível de sinal de cada canal
é básico e indispensável.
Para visualizar melhor estes níveis, podemos trabalhar com o mixer estendido como mostra a figura 2.
À esquerda do mixer selecionamos a visualização
das funções na parte superior. Temos neste painel a
possibilidade de escolher o
que queremos visualizar e
controlar: Níveis de sinal,
equalizadores, mandadas
em paralelo, mandadas de
monitoração, inserts etc.
À medida que passamos o mouse
sobre os ícones, observamos o
nome de cada painel a ser visualizado (Figura 3). Dominando essas
Figura 3
Figura 4
visualizações, temos controle sobre tudo que está relacionado ao mixer. O ideal
é que se trabalhe com 2
monitores no computador
onde teremos a tela principal de projeto em um monitor e o mixer em outro.
Outra dica importante é
saber utilizar as diferentes
apresentações do mixer do
Cubase. No menu Devices
temos as opções Mixer,
75
TECNOLOGIA| CUBASE | www.backstage.com.br
76
“
Todas as
configurações do
mixer podem ser
salvas num
formato próprio
de arquivo para
ser aproveitado
em outros
projetos. Isto
pode ser feito no
mixer como um
todo ou em
canais
selecionados.
”
Figura 5
Mixer 2 e Mixer 3 (Figura 4). Isso não quer
dizer que o Cubase tenha 3 mixers. O que
temos aqui são apresentações diferentes
do mixer mostrando funções diferentes.
Na figura 4 podemos ver as mandadas auxiliares no Mixer e os equalizadores no
Mixer 2 referentes aos mesmos canais.
Poderiamos ter ainda o Mixer 3 mostrando, por exemplo, as mandadas de
monitoração em estúdio. São apenas
telas separadas de comandos, referentes aos mesmos canais. Mais uma vez
compensa o trabalho com 2 monitores
de video para o computador. Nada impede de termos um só monitor com
campo visual maior, como uma TV
LCD ou LED.
A título de exemplo: uma das minhas
máquinas no estúdio tem saída para 4
monitores em sistema SLI ( 2 placas de
vídeo idênticas em paralelo). Posso
visualizar a janela principal da sessão de
trabalho numa tela para edições, 2 telas
dedicadas a Mixer/ Mixer2/ Mixer3 e
uma tela específica para edição de parâmetros dos plug-ins. Para edição e
mixagem simultâneas, é a Disneylândia.
Todas as configurações do mixer podem
ser salvas num formato próprio de arquivo para ser aproveitado em outros
projetos. Isto pode ser feito no mixer
como um todo ou em canais selecionados. Clicando numa área vazia do mixer
com o botão auxiliar abrimos novamente nosso menu de comandos. A fi-
gura 5 mostra as opções de salvar as
configurações do mixer em “Save All
Mixer Settings”.
Temos ainda outras funções disponíveis e muito úteis no mixer do Cubase.
Sugiro que explorem o que falamos
aqui e que façam uso prático. Já abordamos em nossos artigos o conceito de
“Somador” que o software atribui ao
mixer. Conhecer o básico desta ferramenta e utilizá-la como paleta de cores
que desejamos para nosso resultado sonoro final, é um ótimo começo no
complexo trabalho de mixagem.
O assunto “mixagem “ é amplo e sempre
estaremos voltando a ele em nossos artigos. Abraço a todos e até a próxima.
Para saber online
[email protected]
www.ateliedosom.com.br
Facebook: ateliedosom
Twitter:@ateliedosom
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78
SIBELIUS| www.backstage.com.br
Entrevista com
James
Neste mês, tive a
oportunidade de
conversar com James
Humberstone.
Compositor e
arranjador que vêm
desenvolvendo
métodos de ensino
para o Sibelius há
muitos anos na
Austrália e que me
ajudou a desenvolver
o mesmo treinamento
no Brasil. Seu
trabalho foi coroado
neste ano, em que
lançou o sensacional
livro Sibelius
Essentials, pela
editora Cengage e
adotado pela Avid
como seu material
didático para seus
cursos oficiais.
Humberstone
Autor do livro de treinamento oficial
da Avid “Sibelius Essentials”
Cristiano Moura é produtor, engenheiro de som e ministra cursos de Sibelius na ProClass-RJ
C
ristiano Moura: Fale mais sobre sua
história com o Sibelius. Sei que você
chegou até a trabalhar na Sibelius antes
dela ser comprada pela Avid.
James Humbertone: Depois de completar meu bacharelado em Composição, pela universidade de Exeter,
Inglaterra, eu me mudei para a Austrália. Descobri como era difícil viver apenas como compositor ou até
mesmo como copista para editoras,
e por isso, fui trabalhar para uma
loja e editora em Sydney. Rapidamente ficou claro para mim que
música era um mercado em expansão, não apenas em vender
livros e arranjos, mas que existia um público interessado em
aprender software.
Então comecei a dar demonstrações de
como o Sibelius poderia ser usado como
recurso de ensino, e comecei a trabalhar
como “o cara que en-
“
“
tende de Sibelius” para um distribuidor australiano. Alguns anos depois, a
Sibelius (empresa) comprou este distribuidor e assim nasceu a divisão da
Sibelius na Austrália da qual,fui diretor de aplicativos e educação.
Isto também gerou uma oportunidade
em colaborar com a equipe de desen-
maioria das grandes editoras como a
Warner Chappell, ajustando seus livros por mais de 7 anos.
Em 2002, completei meu mestrado em
composição na universidade de Sidney e comecei a dividir meu tempo
como compositor-residente da escola
MLC, que tem uma bela tradição no
ensino de composição e dando suporte
à música contemporânea australiana.
Então, durante todo este tempo, fui
refinando meus métodos não apenas
de como ensinar Sibelius mas também de como ensinar usando Sibelius. Em 2010, conclui meu mestrado
em educação e venho lecionando
composição e tecnologia musical em
muitas universidades de Sidney por
mais de 5 anos. Em 2008 me tornei
compositor-residente da MLC School
em tempo integral, o que na prática,
me obrigou a deixar a Sibelius (empresa), mas foi um passo muito importante para minha carreira como compositor. Atualmente, estou quase termi-
Além de trabalhar para a empresa,
Sibelius sempre foi minha ferramenta
profissional. Comecei com um computador
Acorn usando Sibelius 7
volvimento da Inglaterra, com a qual
hoje ainda mantenho contato como
grandes amigos.
Além de trabalhar para a empresa,
Sibelius sempre foi minha ferramenta
profissional. Comecei com um computador Acorn usando Sibelius 7 (a
versão original! Não a versão atual –
em 1996). Eu criava minhas composições no Sibelius, mas também trabalhava como copista para o compositor-residente da Halle Orquestra em
Manchester, na época, Camden Reeves. Na Austrália, trabalhei para a
nando meu doutorado em composição
na universidade de New South Wales,
escrevi uma ópera para crianças, uma
sinfonia e outros pequenos trabalhos,
além de desenvolver este curso e livro
sobre Sibelius pela Cengage.
CM: Há quanto tempo você ensina Sibelius?
JH: Comecei a ensinar Sibelius desde a
primeira versão para Windows, em
1998. Também fui aprendendo conforme eu ia usando. Peguei um trabalho na
Warner no primeiro dia em que cheguei!
79
SIBELIUS| www.backstage.com.br
80
“
Basicamente,
acredito que se você
nunca usou
nenhum dos dois
softwares, é nítido
que o Sibelius é
muito mais
intuitivo para
aprender. Também
vale ressaltar que
nos últimos anos, o
software ganhou
funções incríveis –
onde Magnetic
Layout talvez seja
a principal – que
usuários de Finale
ainda não têm
”
Assim que comecei a trabalhar na Sibelius, desenvolvi uma rede “training
partners”, escolas que tinham o mesmo
objetivo de realizar treinamentos em
Sibelius. Juntamente com Peter e Katie
Wardrobe, criamos um sistema-padrão
de treinamento e material de ensino.
Neste momento, tínhamos o segundo
maior número de usuários de Sibelius
per capita do mundo, logo atrás da Islândia. Certamente nosso treinamento
teve influência nisso, e virou um ciclo.
Treinamento de qualidade gerou 85% de
usuários e acabou recebendo mais investimento e todos ficavam cada vez
mais animados. Enfim, treinamento é
bom para todo mundo – usuários de todos os tipos e para a própria empresa.
CM: Eu comecei escrevendo música no
computador com o Encore 4.5. Depois,
fiz algumas tentativas com o Finale e
por último acabei “me achando” no
Sibelius. E você, tem experiências com
outros softwares de notação musical?
JH: Comecei lá atrás com Steinberg Pro
16. Depois o Pro 24, e, naquele tempo,
queria saber porque alguém precisaria
de mais tracks do que o protocolo MIDI
comportava. Na universidade, tínhamos o Score, mas por mais que eu gostasse de computadores (comecei a programar por diversão quando eu tinha 10
anos), eu realmente odiava aquele software. Tudo era difícil nele!
Consegui minha primeira cópia do Sibelius em 1996. Eu também consegui licenças de Encore e Finale quando trabalhava em lojas, e até cheguei a fazer alguns
trabalhos em que precisavam que o resultado final fosse entregue no Finale, mas eu
os achava tão lentos e não-intuitivos que
cobrava o dobro do preço nestes casos.
Apesar disso, eu nunca fiz questão de dar
atenção a todo esse debate de “Sibelius
vs. Finale”. O que eu sei é que, de fato,
todos os dois softwares são capazes de
produzir resultados excelentes e usuários
experientes de Finale têm dificuldade de
sequer pensar em mudar para o Sibelius,
pois isso significa que eles teriam que
“desaprender” a maneira do Finale rea-
lizar as tarefas. A verdade é que existem
coisas que o Sibelius faz melhor que o
Finale, e vice-versa.
CM: Depois de utilizar outros softwares,
qual motivo fez você entender que o
Sibelius era o software ideal para você?
Existe alguma função que só exista no
Sibelius que você não pode viver sem?
JH: Posso dizer que realizei trabalhos
bem complicados no Sibelius, apesar de
não achar que minha música seja complicada. Basicamente, acredito que se
você nunca usou nenhum dos dois
softwares, é nítido que o Sibelius é muito mais intuitivo para aprender. Também vale ressaltar que nos últimos anos,
o software ganhou funções incríveis –
onde Magnetic Layout talvez seja a principal – que usuários de Finale ainda não
têm. Eu realmente não poderia mais viver sem essa função.
Existem muitas ótimas funções que
uso o tempo todo. Me considero muito
rápido usando o alphabetic layout, e a
tempos atrás, quando eu tinha que
terminar uma partitura grande, me
custava alguns dias para realizar os últimos ajustes na partitura e parts.
Hoje não gasto mais do que uma hora
para realizar o mesmo trabalho.
Então no final das contas, essas funções representam um ganho de produtividade e de dinheiro por conse quência. Qualquer compositor profissional que esteja lendo isso e ainda não
usa Sibelius, precisa conhecer o software, pelo menos por esta função. É tão
bem implementada que ela não simplesmente evita colisões, mas também
leva em consideração a posição de outros objetivos similares na partitura
para manter uma consistência.
CM: Agora vou pegar pesado. E para
vocês, existe alguma função em outros
softwares que você sente falta no Sibelius?
JH: Não agora, com a implementação
do Rewire. Obviamente não existe nenhuma função avançada de sequenciamento, apesar de ser possível fazer muita coisa com o Live Playback. No final, se
é isso que se procura, é o caso de fazer
Rewire para um Sequencer mais sério.
CM: Vamos falar do seu livro. Já dei
uma olhada e não é apenas “um livro”. Eu diria que é “O livro”. Gostei
muito da maneira como você o dividiu. Ele tem lições, capítulos, exercícios e vídeos. Fale mais sobre isso.
JH: Muito obrigado. Bem, se a Avid
não tivesse me dito que gostaria que
todas as suas publicações tivessem que
ter projetos para o aprendizado, provavelmente eu não teria feito. Mas eu
adorei a ideia de escrever o livro –
Daniel e Tom da Sibelius em Londres e
eu na verdade planejamos algo parecido em 2007, e alguns dos projetos do
Tom foram baseados nisso.
Então, desenvolvi 15 projetos, onde
será possível aprender função por
função do Sibelius (é sério! Eu mapeei
isso!), e este livro contém os cinco
primeiros projetos. Se tudo der certo,
vou dar continuidade em mais dois livros com os outros 10 projetos, onde
usuários poderão aprender Sibelius
num nível extremamente elevado.
Cada projeto aparece no livro como
uma “lição” (é a nomenclatura que a
Avid adotou). Cada lição é subdividida numa série de passos, e para cada
passo, eu fiz um vídeo de 10 minutos
explicando. No final de cada projeto
existe um exercício, como se fosse um
“dever de casa”, para que o aluno tenha oportunidade de praticar o que
foi aprendido. E, novamente, existe
um passo a passo para consulta.
Os vídeos não são apenas um “extra”
do curso. Você pode, efetivamente,
ver todo o curso apenas em vídeo e
usar o livro apenas como revisão ou
obter mais informações. Eu imaginei
que seria realmente importante possibilitar estes dois métodos porque
cada um aprende melhor de uma maneira. Atualmente, o YouTube já está
enraizado na nossa cultura, e as pessoas esperam que informações estejam colocadas lindamente e prontas
para o uso, então, é exatamente isso
que você obterá ao comprar este livro
– 31 vídeos e todos os recursos necessários para realizar os projetos. Se
você compra a versão eBook, também
recebe um link para download de
todo o material.
CM: Com este livro, você e a Avid
estão trazendo uma coisa nova para o
mercado da música. Este livro será
material didático para o programa de
certificação internacional da Avid
em Sibelius. Você pode explicar um
pouco mais o que isso significa?
81
SIBELIUS| www.backstage.com.br
JH: O exame de certificação ainda
não está terminado, mas essencialmente o que significa é que ao concluir o curso, você poderá procurar
“
ficação em Sibelius, que é voltada
mais para o mercado musical?
JH: Sibelius é uma grande ferramenta de ensino, então eu vejo
CM: Algum plano para tradução?
O Brasil carece de material como
este na sua língua local, e o público sente muita falta.
JH: Esta é uma questão a ser levada para a Cengage ou Avid. Sem
dúvida eu gostaria muito de ver
isso, mas não tenho muita certeza se existe demanda suficiente que justificasse o custo para eles.
“
82
JH: Eu projetei para três livros, com
cinco projetos em cada livro. Então,
sim, se tudo der certo, existe uma boa
chance disto acontecer. Mas é importante entender que nestes primeiros
cinco projetos eu ensino tudo que
você precisa para fazer partituras e
parts e provavelmente é o que mais da
metade dos usuários de Sibelius precisam saber. É uma questão de observamos qual a demanda para usuários
em busca de conhecimentos mais
elevados do que já existe neste livro.
Este sistema já existe para Pro Tools e Media
Composer faz algum tempo e atesta a legitimidade de
seus conhecimentos perante o mercado
uma escola credenciada da Avid na
sua região e realizar um exame de
proficiência em Sibelius. Se aprovado, você será reconhecido pela Avid
como um “Sibelius Certified User”.
Este sistema já existe para Pro Tools
e Media Composer faz algum tempo
e atesta a legitimidade de seus conhecimentos perante o mercado.
CM: Certificação é algo já bem
conhecido em áreas tecnológicas.
Além da Avid temos a Adobe,
Oracle, Apple, Cisco e Microsoft
como algumas empresas que levam seus treinamentos e certificação a sério. A pergunta é: por
que alguém deveria tentar a certi-
professores sendo muito beneficiados com essa certificação. Também arranjadores e compositores
em busca de colocar um diferencial
em seu currículo. E como hoje em
dia o Sibelius é o software padrão
para editoras e produção de filmes,
acho que dizer que você atingiu um
nível de reconhecimento e competência pela própria Avid, sem
dúvida, pode contar a favor num
possível emprego ou trabalho.
CM: Vamos voltar ao livro. A
Cengage (editora do livro), diz que
ele faz parte da Avid Learning Series.
Podemos então esperar um novo
módulo mais avançado no futuro?
CM: Muito obrigado
pela entrevista e pela
sua atenção. Se quiser,
fique à vontade e deixe
a sua mensagem para
os usuários brasileiros
do Sibelius.
JH: Eu que agradeço por
prestigiar meu livro e pelas suas
palavras de incentivo. Eu estou
torcendo para que seja muito útil
ao público brasileiro.
Para saber online
[email protected]
http://cristianomoura.com
83
PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br
O tamanho
do seu
84
Estúdio
PARTE 2
Ricardo Mendes é produtor,
professor e autor de ‘Guitarra:
harmonia, técnica e improvisação’
Como vimos no
último artigo, ao
se falar de um
estúdio de médio
porte, não
podemos falar de
menos de 16
inputs. No
entanto existem
interfaces
baratinhas que
oferecem até
mais do que isso
por menos de
700 dólares...
A
questão é: que tipo de inputs são
esses? Bem, toda interface é um
conversor AD, DA ou ADDA (o A quer
dizer analógico e o D quer dizer digital).
Não adianta ter um bom microfone, um
bom pré-amplificador, se quando este
sinal for transformado em 0 e 1 esta
conversão não for feita com uma boa
qualidade. Ou seja, para você poder chamar um estúdio de “médio”, com certeza
você terá de ter um conversor topo de linha. Os nomes mais conhecidos são
Apogee, RME, Great River, Lynx, Lavryl.
Lembre-se de que cada conversor também é um word-clock (relógio digital usado
para sincronizar interfaces).
Se você estiver utilizando mais de uma
interface, você terá que escolher uma
delas para ser a master e as outras as
slaves. Caso as suas interfaces não sejam
da mesma marca ou do mesmo modelo,
você deve utilizar a melhor delas como a
master, pois o seu word-clock será utilizado para o cálculo da taxa de amostragem
das outras interfaces, o que irá aumentar a qualidade do áudio. Em caso de sistemas com múltiplas interfaces pode ser
recomendável a utilização de um relógio
dedicado, como o Big Ben, da Apogee,
que permite a conexão direta de várias
interfaces ADDA a uma mesma interface que sincronizará todas elas através
de conexão BNC, também considerada
a mais segura para o propósito de sincronismo de word-clock. Normalmente
a conexão feita em “cascata” entre várias interfaces pode começar a apresentar
problemas de jitter (clicks e pops no
áudio) após a terceira conexão no sistema. Com um relógio dedicado isto não
ocorrerá, pois todas as conexões serão
diretas. Em minha opinião, um relógio
dedicado só é necessário em um sistema
com mais de três interfaces.
“
em consideração nos nossos planos,
mas que, com certeza, custam bem
mais do que imaginamos. Mais uma
vez, não caia na tentação do xing-
“
Uma vez vista a questão ADDA e
word-clock, temos que pensar no próximo ponto: se temos um sistema que
irá registrar o áudio impecavelmente,
Normalmente a conexão feita em
“cascata” entre várias interfaces pode
começar a apresentar problemas de jitter
(clicks e pops no áudio)
temos que nos preocupar em como
vamos alimentá-lo. Como esse áudio
chega até os conversores? Através de
cabos e conectores. É uma parte que
normalmente costumamos não levar
ling. Existem conectores XLR que
podem custar de R$ 3 a R$ 30 a unidade. E não é uma questão de grife.
Conectores são feitos de metais
condutivos e a condutividade de um
85
PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br
86
“
Com certeza
comprar uma lunchbox de 10 unidades
será mais barato que
comprar 10 préamplificadores do
mesmo nível
separados. A lunchbox da API aceita
módulos de outros
fabricantes
”
material é ligada diretamente à composição química do mesmo. Por isso,
alguns conectores são mais caros do
que outros.
Uma boa dica: normalmente um conector mais pesado costuma ser melhor do
que um mais leve. Existem marcas conhecidas tanto de cabos como de conectores como Neutrik, Switchcraft, Amphenol, Planet Waves, Mogami, Monster Cable, Santo Angelo, Sparflex. Não
se esqueça também de que a solda que irá
unir estes cabos também tem que ser de
boa qualidade. Soldas ruins podem ter
uma condutividade mais baixa, o que
causa perda de sinal e também podem se
partir ou se soltar gerando maus contatos
no sistema.
Ok. Interfaces “topo de linha” com cabos escolhidos a dedo e soldados com
maestria, vamos talvez para a parte mais
cara do estúdio. É muito comum os
home studios terem um ou dois pré-amplificadores topo de linha. No entanto,
quando falamos de um estúdio de médio
porte, existirão algumas situações onde
teremos que gravar vários inputs de
uma só vez com qualidade máxima. O
ideal é que um estúdio de médio porte
possa gravar pelo menos uma banda
(bateria, baixo e guitarra) ao vivo, em
canais separados e passando por bons
pré-amplificadores. Se você já tem uma
noção de quanto custa um bom pré-amplificador, já deve estar suando frio, pois
esse custo será multiplicado por, no mínimo, dezesseis.
Apesar de ainda ser caro, felizmente alguns pré-amplificadores topo de linha
vêm oferecendo modelos em rack de
um, dois ou quatro canais que permitem
irmos passando gradativamente o nosso
estúdio de home para médio. Alguns deles na faixa entre 2.000 e 3.000 dólares
são o Universal Audio 2-610, o Neve
1073 DPA, o Avalon 737, o API 3124,
entre vários outros. Outra grande opção
é o formato lunch-box, como a 500 VPR,
da API, que é um rack que permite
alocar dentro dele de 6 a 10 pré-amplificadores da série 500. Normalmente
cada módulo fica abaixo de mil dólares,
por que o power-supply já fica na própria lunch-box alimentando todas as
unidades que nela forem colocadas.
Com certeza comprar uma lunch-box de
10 unidades será mais barato que comprar
10 pré-amplificadores do mesmo nível
separados. A lunch-box da API aceita
módulos de outros fabricantes. Os préamplificadores da série 500 são: 512c da
API, Neve 1073 LB 500, Chandler, Great
River, Empirical Labs, SSL etc.
Alguns desses pré-amplificadores também possuem compressores e equalizadores como o Avalon 737. Na verdade,
esses pré-amplificadores são mais do
que justamente isso. Eles são conhecidos como channel strips, ou seja, um canal inteiro. Novamente, em minha
opinião, acho desnecessário que todos
os pré-amplificadores do seu estúdio
sejam channel strips. Muito dificilmente você estará gravando, comprimindo e equalizando todos os inputs de
uma mesma sessão. Para um estúdio
médio, ter um par de channel strips já é
o suficiente. Uma outra boa alternativa é ter compressores e equalizadores
separados para utilizá-los após o préamplificador quando for necessário.
Mais uma vez a série 500 (lunch-box)
é uma ótima opção com equalizadores
como o Neve 1073 LBEQ, o API 550b
entre outros e compressores como o
API 527, ou o Portico 543. As escolhas são muitas.
Mês que vem falaremos sobre os microfones que um estúdio médio deveria ter.
Abraços.
Para saber mais
[email protected]
87
Jorge Pescara é baixista, artista da
Jazz Station e autor do ‘Dicionário
brasileiro de contrabaixo elétrico’
C
88
BAIXO ELÉTRICO| www.backstage.com.br
Pawnshops
Neste mês damos
início à nova saga
de artigos na bass
setup, onde teremos
bate-papos e
entrevistas com gente
interessante do meio
baixístico, reviews e
análises de
equipamentos, dicas
e conceitos sobre
estudos, gravação e
performance ao vivo
nas cordas graves.
hega uma hora em que precisamos
trocar ou adquirir novos equipamentos para nosso setup. Mas podemos
nos deparar, volta e meia, com uma realidade que aflige muitos de nós, ou seja, a
falta de verba naquele momento específico, para a compra tão desejada e necessária. Qual a solução possível? Lojas,
Krocodille, em São Paulo
sites e publicações de troca e venda de
equipamentos usados!
Novos equipamentos podem ter-nos
despertado o interesse apenas por sonho de consumo, ou mesmo por um investimento. Quem sabe até por uma necessidade real do momento, como, por
exemplo, entrar para uma gig onde o
baixolão seja insubstituível, e você
não tenha um naquele instante. Pode
ser também um upgrade do setup,
pensando em, num futuro próximo,
ter mais opções na palheta sonora.
Ok, tudo isto é justificável, aqui ou
ali, mas se não tivermos a verba necessária para um equipamento novo,
ou mesmo usado, que esteja acima de
nossas posses momentâneas, teremos
que buscar opções:
1 - venda de algum equipamento que
não esteja mais nos planos… o famoso
jargão futebolístico: ‘negociação do jogador que não está mais sendo usado na
equipe’.
2 - troca simples e direta, por vezes com
alguma compensação financeira por
causa de uma possível diferença de valores entre si. Equipamento não mais
utilizado x equipamento desejado!
Para todas as opções acima temos que
recorrer a alguns artifícios, para além
do ‘boca a boca’ de divulgar entre
nossos colegas músicos. Vejamos, então, cada caso.
WORD OF MOUTH
As revistas especializadas, tais como
nossa querida Backstage aqui, ou mesmo
as amigas concorrentes (M&T, Guitar
Player, Modern Drummer, GuitarLoad
etc.) possuem um mural nas páginas finais onde se pode anunciar a venda/troca de instrumentos e equipamentos que
se deseja. Estas mesmas publicações, atualmente, também oferecem um serviço
online onde há espaços para estas finalidades. Então… tá esperando o que?
Acesse http://www.backstage.com.br/
classificados e veja!
Podemos colar anúncios e cartazes de
compra/venda/troca de instrumentos
e equipamentos nos murais das escolas de música, conservatórios e faculdades das artes musicais, ou mesmo
nas lojas de instrumentos, livros de
música e/ou lojas de discos.
Outra forma são os famosos jornais e
portais da web que disponibilizam es-
paços para compra e venda de usados, sendo os mais famosos o Balcão
(www.anunciouvendeu.com), Primeira Mão (www.primeiramao.com.br) e,
o mais usado atualmente pela comunidade musical, o Mercado Livre
(www.mercadolivre.com.br).
Porém, a maneira que, por vezes, se
mostra mais eficaz e cômoda fica por
conta das lojas especializadas em venda e troca de equipamentos e instrumentos usados. Para isto temos algumas opções interessantes, mas vou
centrar em descrever duas em São
Paulo e outra no Rio de Janeiro. Claro
que existe uma ou outra opção extra
em outras cidades, mas estas são as
que, por uma razão óbvia, possuem mais
oferta (e também mais procura) e variedade. O famoso: “é fresquinho porque
vende mais, ou vende mais porque é
mais fresquinho?” Nestas lojas é possível garimpar usados tais como: efeitos,
amps, caixas acústicas, racks, instrumentos, enfim, quase tudo que se possa
interessar na área musical.
PAWNSHOPS
Uma prática iniciada na Europa e
EUA desde há muito tempo, os pawnshops, ou melhor, as lojas de usados,
aqui chamadas de sebos (de livros,
discos, roupas, calçados, móveis etc),
também migraram para os instrumentos musicais!
Em São Paulo temos a conhecida
Krocodille. Localizada na badalada
rua Teodoro Sampaio, esta loja tem
uma interessante possibilidade de
‘comprar’ instrumentos usados, além
das trocas e venda direta. Rua Teodoro Sampaio, 826 Jardim América São Paulo - Tel: (11) 3064-1617
Outra opção interessante fica no ABC
paulista, mais precisamente em Santo
André, onde está situada a Ponto de
Troca. Aqui se pode também ‘locar’
equipamentos de áudio e iluminação,
para além das, também, troca e venda
direta de instrumentos. Rua Prefeito
Justino Paixão, 266 Centro - Santo
André (SP) tel: (11) 4990-7033
89
BAIXO ELÉTRICO| www.backstage.com.br
90
Ponto de troca em Santo André
“
Portanto fique
atento aos preços,
marque sempre as
trocas de
instrumento e/ou
equipamento com
pessoas
desconhecidas em
locais públicos
”
Já no Rio de Janeiro temos a conhecida
ProMusic Rio. No segundo andar de um
antigo prédio da Rua Barata Ribeiro, em
Copacabana, estão dispostos os mais
variados artigos que podem seduzir
qualquer músico. Nela temos sessões específicas para a área de sopros, cordas
etc, contando com luthieria. Rua Barata
Ribeiro, 391 - Copacabana - Rio de Janeiro (RJ) tel.: (21) 2236 0394.
Claro que temos que ter critério e certos
cuidados quando anunciamos a troca e
venda de equipamentos, hoje em dia.
Portanto fique atento aos preços, marque sempre as trocas de instrumento e/
ou equipamento com pessoas desconhecidas em locais públicos onde se
possa eventualmente ter uma sensação
maior de segurança. Pesquise sempre
sobre a origem e o uso do equipamento
já usado, obtenha manuais de usuário
para melhor compreender o modus
operandi de tudo que venha a ser trocado
e, principalmente, tente testar muito
bem os instrumentos e equipamentos
usados que venham a ser trocados, ou
mesmo comprados, tanto em lojas como
diretamente com seus antigos proprietários. Nunca é demais atentar para cheques, transferências bancárias etc, que
sejam necessárias por conta das já citadas
possíveis diferenças de valores entre os
equipamentos, pois todo cuidado é válido, quando se envolve dinheiro!
Além do mais, a finalidade deste artigo é
como uma dica. Não devemos encarar
este texto como um comprovante de que
as coisas sairão 100% corretas numa troca ou aquisição de usado, se não tomarmos as devidas precauções por nós próprios. E olha que podemos até nos encontrar em algum momento num Pawnshop destes para comprar ou trocar equipamentos.
Hasta la vista, babe…
Paz Profunda .:.
Para saber online
[email protected]
http://jorgepescara.com.br
91
Elcio Cáfaro é baterista e professor. Já
gravou com Chico Buarque, Ivan Lins e
92
BATERIA| www.backstage.com.br
outros, e toca com a cantora Roberta Sá
Oi pessoal.
Estava assistindo na
TV o Foo Fighters (sou
fã total!!) no festival
Lollapalooza, em SP, e
achei interessante o set
de bateria do Taylor
Hawkins. Ele usa uma
Gretsch e todos os
tambores, inclusive os
surdos, são single head
(sem pele de resposta)
com direito a 3 tons
menores (6x6”, 8x6” e
10x7”) à esquerda
acima do hihat. Isso
me fez lembrar dos sets
usados na década de
70/80, quando a
música progressiva
estava em alta com
bandas como Yes,
Genesis, Emerson,
Lake and Palmer e
muitas outras.
Sets de
bateria
O
próprio Phill Collins usava uma
Gretsch com tambores single head
também. Tudo é cíclico mesmo, o que é
moda hoje, deixa de ser amanhã e o que
era há um tempo atrás (ou muito tempo)
acaba voltando. Isso acontece em tudo, e
não seria diferente no mundo da bateria.
Refletindo sobre isso, resolvi falar um
pouco sobre sets de bateria e suas peculiaridades. Não vou contar a história da
bateria desde o início, mas vou fazer observações sobre os sets que tenho visto
desde que me entendo como baterista,
nos idos dos anos 70/80. Nessa época os
sets eram enormes agregando alguns
intrumentos de percussão como tímpanos e gongos. Usava-se uma variedade
grande de pratos de vários tamanhos e
timbres. A música progressiva possibilitava o uso desse set poderoso.
Na época tive muita influência desse
gênero, meu sonho era ter a maior bateria possível, coisa que não era muito fácil naqueles tempos aqui no Brasil. Em
Mike Portnoy
1981 acabei dando sorte de conseguir comprar de um amigo uma
Pearl de maple por um preço justo,
bateria que tenho até hoje. Proporcionalmente aos “gringos”,
meu set era pequeno, mas cheguei
a usar um com 4 tons, 1 surdo e 2
caixas - e me diverti bastante!
É claro que o tamanho de um set
depende do gênero de música que
se quer tocar. Não tem sentido por
exemplo o Charlie Watts ter um
kit grande lá nos Stones, pois seria
carregar peso à toa. As levadas são
bem econômicas e básicas e é assim
que tem que ser, tudo se encaixa, é
o estilo deles, gosto muito da banda e adoro tocar as músicas.
No dia a dia do baterista freelancer
no Brasil, os sets tem que ser flexíveis de acordo com o trabalho e as
condições de infraestrutura e também do local onde se toca. Eu toquei um bom tempo num quiosque
na Lagoa Rodrigo de Freitas, no
Rio, e foi nessa época que meu sur-
do de 16” foi “promovido” a bumbo - para se chegar ao quiosque eu
tinha que andar uns 100 metros do
estacionamento até o local, então
montei um set o menor possível
para facilitar. Era o bumbo/surdo
de 16x16”, ton de 10” e outro ton
de 14” como surdo, um crash de
16” como ride, outro crash de 14” e
hihat de 13”. Esse kit ficou tão gostoso de tocar, e tão prático de
transportar, que acabei usando em
outros shows maiores e até mesmo
Bateras estranhas
93
BATERIA| www.backstage.com.br
94
Terry Bozzio
em teatros grandes. Esse “bumbinho” bem microfonado e equalizado, com um reforço no grave,
fala como gente
grande. Nessa época vi muita gente
usando aquele
modelo da Pearl,
o Rhythm Traveler, que realmente é bem pequeno e prático de carregar. Cheguei a testá-lo, mas
não gostei muito da sonoridade - para
meu gosto pessoal achei que falta som e
um certo peso, principalmente no bumbo.
Temos também os sets que chamam de
“percuteria”, um set onde se misturam
elementos de percussão e bateria. Às vezes com um bumbo pequeno e bongôs, às
vezes com um cajon e um hihat, é um
universo ilimitado e funciona muito
bem abrangendo diversos estilos.
Uma coisa que eu nunca mais usei foi um
segundo ton, hoje em dia eu prefiro ter 2
surdos a ter 2 tons e pelo que vi por aí tem
muitos bateras nessa mesma onda, tanto
aqui como lá fora. Muitos gostam de usar
um ride exatamente na posição dele, mas
eu uso um segundo hihat nesse lugar.
Aqui no Brasil acho que é muito mais
difícil você se especializar só num gênero musical como freelancer, pois temos
que ter um grande leque de opções para
conseguirmos sobreviver, e isso acaba
refletindo nas opções do instrumento.
É importante estarmos preparados para
compor um set de acordo com o trabalho
que aparecer. O ideal seria ter um bumbo
de 20” para cima e um outro menor de
16” ou 18”, além de alguns tambores entre 10” e 14”, o que vai te deixar confortável e apto a tocar em muitas gigs. O
mesmo se aplica aos pratos: mesmo que
você tenha um prato que em princípio
será pouco usado, é bom tê-lo ali na case
para essa ou aquela ocasião.
Já os bateras que fazem parte de bandas
tem uma situação mais confortável,
pois em princípio tocam um estilo só e
em geral a banda toma todo o seu tem-
Taylor Hawkins
po, então o set
seria mais fixo, salvo mudanças de
acordo com a evolução do próprio
instrumento e da renovação musical
da banda. A infraestrutura com roadies e transporte também facilita
muito, é muito bom poder tocar sempre com sua própria batera onde quer
que você vá.
Um estilo onde não houve muitas mudanças com o passar dos anos foi o metal. Os sets continuam grandes, como
exemplificado nos ícones do Big Four:
Slayer, Megadeth, Metallica e Anthrax, e outros. Talvez também porque
o estilo segue sem grandes mudanças:
ele é o que é e, no meu entender, é assim que deve continuar; se mudar, perde a identidade.
Temos bateras que usam quase sempre
seus sets enormes, como Neil Peart e
seu kit 360º (esse cai na categoria
banda) e Mike Portnoy, dentre outros. Fico impressionado com a capacidade desses bateras “polvo” - olhar
o set por trás e ver aquele mundo de
pedais é impressionante!!
Um dos ícones dessa categoria é Terry
Bozzio, um capítulo à parte, um dos
maiores e mais bizarros sets que já vi,
com um mundo de tambores, pratos,
pads eletrônicos, marimba, etc... Ele é
artista solo hoje em dia e já fez parte
da banda do Frank Zappa e Missing
Persons (nessa época ele tinha um kit
eletrônico super inovador para aqueles tempos). A bateria não é só ritmo,
ele elevou o instrumento a outro nível. Só tenho pena mesmo é do roadie
dele, imagino quanto tempo leva para
montar tudo e quantos caminhões são
necessários para o transporte... Brincadeiras à parte, Terry é um músico excepcional com técnica, musicalidade e
coordenação impressionantes e está
sempre à frente do seu tempo.
Para terminar vemos uns sets estranhos e bizarros. Alguns são feitos
apenas como brincadeira e outros
para serem tocados realmente, entrando no terreno do (mau) gosto...
Mas aí é cada um na sua, o importante
é ser feliz e se divertir e, sobretudo,
manter a música rolando!
Abraços e até a próxima.
Para saber online
http://www.myspace.com/elciocafaro
95
HOME STUDIO| www.backstage.com.br
Como fizemos
A REVOLUÇÃO
Sergio Izecksohn, músico, é dire-
tor e coordenador pedagógico da
escola de produção musical Home
96
Studio. www.homestudio.com.br
É
Quando ligamos
o computador ou
o iPad e
assistimos a um
clipe no YouTube
nem nos passa
pela cabeça a
verdadeira guerra
que vêm sendo
travada nas
relações entre a
produção e o
consumo de
música, e a
sonorização da
internet.
sensacional podermos criar uma
música e, em minutos, podermos
gravá-la em múltiplos detalhes, com
inúmeros recursos equivalentes aos dos
maiores estúdios. Em seguida, pegamos
uma câmera, gravamos algumas cenas e
as editamos com outros tantos recursos.
Mais alguns minutos e nossa obra-prima está sendo vista por milhares de pessoas no YouTube.
Hoje, gravar e publicar se tornou banal
Hoje, temos todas as ferramentas para
produzir nossos sons e imagens com a
mesma qualidade das grandes produtoras de áudio e vídeo. Só não usa esses recursos quem não quer ou quem ainda
não teve como obter conhecimentos
suficientes para isso.
Esta é uma situação recente, ainda vivenciando profundas transformações.
Há alguns anos, a produção de gravações
Estúdio nos anos 1990
era toda realizada em estúdios comerciais. Os equipamentos
analógicos eram muito caros, e ainda são. Até os cabos para
conectá-los tinham preço proibitivo para a maioria.
Todo estúdio tinha um gravador multipista. Os estúdios
comerciais usavam gravadores de fita de rolo com 24 pistas
de áudio. As pequenas produtoras usavam gravadores de
rolo com oito ou 16 pistas e os home studios, na maioria,
“porta-estúdios” com quatro pistas em fita cassete. Quanto mais barato, mais o gravador gerava ruídos.
“
“
Há alguns anos, a produção de gravações era toda realizada em estúdios comerciais
Além desse gravador multipista, os estúdios tinham um
gravador estéreo (rolo, cassete deck ou DAT), uma mesa
com o dobro de canais, mais quantos processadores de efeitos pudessem comprar.
As produtoras e os músicos usavam incontáveis teclados
sintetizadores e samplers. Os estúdios tinham muitos racks
de efeitos e de instrumentos. E cabos. Muitos cabos. Sem a
opção das bibliotecas dos instrumentos virtuais, a sonoridade era obtida com a acústica tratada de grandes salas de
gravação e ótimos microfones.
É fácil imaginar que esses recursos ficavam nas mãos de uma
ínfima minoria que tinha poder aquisitivo suficiente para
investir na sua montagem e manutenção. Os músicos criavam suas obras e alugavam os estúdios para registrar o som
em fitas de demonstração e partir em busca de um contrato.
97
HOME STUDIO| www.backstage.com.br
98
Gravar custava caro
“
Estrategicamente
falando, as grandes
gravadoras tinham
o controle do
processo porque
seguravam as duas
pontas: a
qualidade da
gravação e a
capacidade de
comercialização
dos CDs.
”
Nesse período, toda a divulgação musical e todo o comércio de gravações estavam a cargo das gravadoras. Essas empresas mantinham grandes estúdios e se
encarregavam de definir todos os aspectos da carreira musical de seus contratados, também chamados de “artistas”.
Assim, o artista podia gravar com arranjador, banda, orquestra, produtor musical
e todo o conforto, desde que fosse lucrativo para a gravadora. Sem nenhuma
despesa. Em troca, deixava por lá bem
mais de 90% do que era arrecadado com
as vendas de cópias da sua criação.
Com o tempo, a estratégia de marketing
dessa indústria passou a ser o pagamento
regular em dinheiro a programadores de
rádio e TV, prática conhecida como
“jabá”. A partir daí, só as produções musicais que pagassem jabá seriam tocadas
pelas emissoras, criando-se um verdadeiro latifúndio ou monopólio musical.
Sem ganhar tanto, mas com toda essa
divulgação, sobrava para artistas e bandas o sustento através de apresentações
em público. A mentalidade que justificava toda essa relação entre artistas,
gravadoras e a mídia era a de que “o artista vive de shows”.
E não era pouco sustento. Quando a
gravadora trabalhava um artista razoável, ele ganhava bem. Mas os artistas
lançados por gravadoras sempre foram
uma ínfima minoria no meio musical.
Os raríssimos privilegiados que conseguiam um contrato que fosse posto em
prática pela gravadora realmente ganhavam bem. Alguns estão riquíssimos.
As gravadoras tinham total poder sobre
os seus contratados, como a escolha de
músicas, de músicos, de arranjos, da sonoridade, das estratégias publicitárias e
até da aparência do “artista”.
Muitas vezes, essa indústria recorria a
práticas comerciais e trabalhistas abomináveis, como os “contratos de geladeira”, em que o disco não era lançado,
mas o incauto ficava preso a cláusulas
contratuais que praticamente encerravam a sua carreira, sem poder assinar
com outra gravadora por anos, nem lançar o disco de forma independente.
Isto ocorria com frequência, sempre que
uma gravadora temia que um artista novo,
concorrente de um contratado seu, fosse
lançado por outra “coirmã”. O contrato
não previa lançamento de disco (!), só as
obrigações do artista, como a exclusividade por alguns anos. A geladeira. Muitos
músicos assinaram sorrindo.
Ninguém chamou a polícia. Aliás, só o
Tim Maia. Depois, Lobão botou a boca
no mundo e denunciou o jabá, mas ficou
por isso mesmo e ele vendeu cem mil
cópias do CD no jornaleiro.
Mas isso, quando a maioria das pessoas
compravam CDs.
As coisas começaram a mudar para valer quando apareceram os arquivos
mp3, os gravadores de CD-R e as novas
interfaces de áudio ou placas de som, no
final dos anos 1990.
Discos de platina e os sem-gravadora
CD), elas tiveram a pior reação
possível, buscando censurar a novidade. Criaram a campanha de
marketing antipirataria e deram
outros tiros no pé, como a destruição do Napster e as tentativas de
proibir o mp3.
“
em que apresentávamos aos leitores
uma novidade: uma placa de som
com interface separada que custava
999 dólares. Leia em http://homestudio.com.br/artigos/Layla.htm.
Ela tinha oito canais de entrada e
saída de áudio em conectores ba-
“
Estrategicamente falando, as grandes
gravadoras tinham o controle do processo porque seguravam as duas pontas: a qualidade da gravação e a capacidade de comercialização dos CDs.
As placas de som eram caras como os
gravadores de rolo, chegando a custar dezenas de milhares de dólares.
São elas que garantem a qualidade do
material gravado, pois contêm os
conversores de áudio analógico-digital (AD) e digital-analógico (DA),
os principais responsáveis pela fidelidade do som no computador.
As interfaces mais baratas adicionavam ruídos e distorções consideráveis, inviabilizando o seu uso para
fins comerciais ou profissionais. E
levar os CDs aos quatro cantos do
país ou do mundo era prática impensável fora da indústria.
E a internet? Naquele tempo, com
os modems telefônicos de 14,4 ou
28,8 kbps, arquivos WAV com
qualidade de CD consumiam horas
de conexão para serem enviados.
O surgimento do mp3 levou a um
fenômeno que foi chamado de “áudio líquido”, ou sem suporte físico.
Como as gravadoras estavam acostumadas ao monopólio da venda de
músicas baseadas em suporte (vinil,
Para um músico, a distância
entre ele e as gravações de alta
qualidade passou a ser o preço de uma
placa de som.
O objetivo não era só afugentar o
ouvinte de música da prática incipiente dos downloads. O temor das
majors, como essas empresas gostavam de ser chamadas, era que a
classe musical percebesse que não
precisaria mais delas.
FOI AÍ QUE
APARECEU A LAYLA
No final de 1997, a Revista Backstage publicou uma matéria minha
lanceados, conversores AD/DA de
alta qualidade e um processador
DSP igualzinho ao Mac da época.
Essa joia era compatível com quase
todos os programas, ao contrário
das concorrentes, muito mais caras e cada qual compatível somente com seu software proprietário.
Anunciadas antes de ficarem prontas, Layla e suas acessíveis irmãs
Gina e Darla, também de alta qualidade, só com menos canais, foram
tão assediadas pelo público consumidor que quase a fábrica quebrou
devido ao inchaço. Empresas melhor estruturadas como a M-Audio,
a MOTU, a Edirol (Roland) e a
RME souberam rapidamente ocupar este mercado, com larga vantagem para a primeira.
A partir daí, para um músico, a distância entre ele e as gravações de alta
qualidade passou a ser de poucas
centenas de dólares, o equivalente a
um dia de aluguel de um bom estúdio. O preço de uma placa de som.
Os programas e os computadores
continuaram evoluindo, permitindo aos poucos usarmos uma quantidade crescente de efeitos em tempo
real, viabilizando a mixagem no
computador, até, finalmente, subs-
99
HOME STUDIO| www.backstage.com.br
100
Layla, Gina e
Darla, as irmãs Echo
em 1997
Layla e Gina
“
Com produções bem
trabalhadas,
milhões de músicos
independentes
passaram a
divulgar seu
material na
internet e a vender
seus próprios CDs.
”
tituirmos os instrumentos por outros
programas, os instrumentos virtuais.
O gravador de CD já era uma realidade,
porém logo ofuscada pelo MP3 e o frenético compartilhamento de arquivos que
os sucedeu. Com produções bem trabalhadas, milhões de músicos independentes passaram a divulgar seu material na
internet e a vender seus próprios CDs.
Em outras palavras, cada músico passou
a ser a sua gravadora. Exatamente o que
as gravadoras mais temiam quando partiram para a luta armada mandando
prender internautas e camelôs.
E sem esquecer que o artista vive é de
shows. Ou do trabalho de sua produtora.
Hoje, as placas ou interfaces de som usam,
na maioria, conexões USB e ficam fora do
computador. Têm conversores de 24 bits e
de 96 kHz ou conexões digitais. Elas têm
ficado mais bonitas e vistosas, mas não são
tão diferentes assim das velhas Layla ou
Delta 1010. Placas e programas com problemas de compatibilidade foram dando
lugar a modelos que facilitam a nossa vida.
Principal fábrica de placas de som para
home studios, a M-Audio acabou sendo
comprada pela principal fábrica de produtos para grandes estúdios, a Avid. Em
vez de eliminar a compatibilidade das MAudio, a necessidade fez prevalecer o bom
senso: hoje é o Pro Tools, carro-chefe da
Avid, que se abre à compatibilidade com
quase todas as placas do mercado.
A internet vive uma explosão de compartilhamento de músicas e clipes. Especialmente os vídeos produzidos e colocados pelo próprio público no YouTube e divulgados pelo Facebook, o
Twitter e outras redes sociais têm alcançado um grau antes impensável de democratização do acesso às obras artísticas e de
proliferação de gostos e tendências.
Essa foi uma revolução em que os vencedores não chegaram a se articular.
Não houve reuniões, conspirações ou
atos públicos. Ao contrário. Cada produtor musical e cada ouvinte de música,
no aconchego de seu computador, mudou para sempre o som do mundo da
maneira mais individual possível. E o
mundo ficou mais musical.
Falta ainda a etapa superior desta revolução,
que é a superação artística. Quando os criadores de obras musicais superarem a influência do que foi a indústria fonográfica e
aproveitarem toda a multiplicidade de tendências que soam na internet para se inspirar, então teremos colhido os frutos de toda
esta luta pela liberdade musical.
A liberdade de expressão na internet
deve ser sempre defendida pelos produtores musicais, já que ela é que garante o
livre tráfego do áudio na rede.
Com uma boa conexão, uma placa de som
muito bem escolhida, conhecimento técnico e musical e um bocado de inspiração,
o mundo dos sons agora é nosso. Cada um
de nós é a sua gravadora e a sua emissora de
rádio e TV. É só querer e estudar.
Para saber online
www.homestudio.com.br
101
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
102
Demora na
escolha do sistema
a ser adotado
adia a
implantação no
país de um rádio
com mais
qualidade de
áudio e inúmeras
possibilidades
comerciais.
Alexandre Coelho
[email protected]
Fotos: Divulgação
RÁDIO
DIGITAL
UMA O
M
L
I
S
A
R
B
O
N
R
A
O
D
NDA AINDA FORA
uito se fala sobre a TV digital, mas
o que pouca gente sabe é que, desde 2005, especula-se sobre a implantação do rádio digital no Brasil. Enquanto, por um lado, se discute qual o me-
lhor modelo técnico a ser adotado no
País, por outro, os profissionais que atuam nesse meio de comunicação projetam as melhorias passíveis de serem
implementadas nas transmissões e es-
boçam como será o rádio brasileiro
em um futuro próximo. Por ora, no
entanto, o rádio digital no Brasil
ainda é apenas um plano que não
saiu do papel.
Entre as novidades do rádio digital, duas melhorias se apresentam
como as principais mudanças, na
comparação com o atual sistema
analógico. A primeira é a maior qualidade do áudio. Simples assim. A segunda é a possibilidade de ampliar
enormemente a quantidade de estações e retransmissoras no dial de determinada região, o que significa
mais diversidade, mais opções para o
ouvinte e a solução do problema da
falta de espaço no dial para novas rádios em algumas localidades.
“As principais capitais do País já
têm dificuldade para colocar mais
uma rádio no sistema analógico. O
sistema digital resolverá isso, pois
dará a possibilidade de, para cada
espaço utilizado com uma rádio
analógica, você ter no mínimo
quatro diferentes rádios ou então
quatro diferentes programações”,
explica o secretário de Comunicação Eletrônica do Ministério das
Comunicações, Genildo Lins.
Para Marcson Muller, DJ e diretor
artístico da rádio FM O Dia, do Rio
de Janeiro, outra importante aquisição da rádio digital diz respeito à
quantidade e à qualidade da infor-
Genildo Lins: ampliação de emissoras
Marcson Muller: mais informação aos ouvintes
mação que poderá ser passada.
“Com a possibilidade de transmissão
de dados, poderemos dar informações
como o nome da música, o intérprete, uma foto ou até mesmo exibir o
clipe simultaneamente, dependendo do tamanho da banda e das características do receptor. A publicidade
se tornará mais eficaz e também poderemos enviar notas sobre trânsito
Lentidão na frequência habitual
Como acontece em vários setores do
país, a introdução do rádio digital por
aqui tem sido lenta, arrastada. O Ministério das Comunicações justifica afirmando que se trata de um processo
que não é simples. Segundo Genildo
Lins, para se definir qual será o sistema
adotado, é preciso testar as tecnologias disponíveis considerando aspectos que vão de questões tecnológicas a socioeconômicas. Também é
preciso observar detalhes como o fato
de o padrão ter que atender tanto às
rádios FM quanto AM.
“Há muitos elementos que precisamos
levar em conta, pois a escolha terá impactos diretos tanto para os radiodifusores quanto para a população.
Não podemos ter, por exemplo, um
equipamento receptor que seja muito
caro e se torne inacessível à população. Ou que não funcione em uma
grande cidade como São Paulo. A escolha deve ser rigidamente fundamentada, seguindo os preceitos que constam na portaria de criação do rádio digital no Brasil”, esclarece.
No momento, os testes com as duas
tecnologias candidatas a atenderem
ao rádio digital no Brasil estão sendo
realizados em quatro capitais: Brasília,
São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O objetivo é observar como o
sinal se comporta em cidades com características distintas, tanto de relevo
quanto de população. As avaliações
feitas pelo Ministério das Comunicações levam em conta critérios relacionados à área de cobertura, condições
de propagação nas diferentes regiões
do país, qualidade do sinal e adequação do sistema à portaria que criou o
sistema brasileiro de rádio digital.
Para Marco Antonio Grivet, contudo, a
lentidão não se justifica. O professor
lembra que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em 2006,
acompanhou testes de transmissão em
rádios digitais e, em 2007, lançou um
esboço do que seria a rádio digital no
Brasil, mas que, desde então, nada
mais foi falado a respeito. “É difícil saber que razões levaram a Anatel a não
priorizar este serviço”, pondera.
103
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
104
e jornalísticas, e até mesmo transmitir
mais de uma programação em uma mesma frequência”, ressalta.
INTERATIVIDADE
“
Você vê um produto,
clica em um botão no
seu controle remoto e
aparecem
informações em sua
TV sobre onde o
produto pode ser
adquirido. Ao ouvir
uma orquestra, você
pode, também pelos
botões do seu
controle remoto,
ouvir apenas os
violinos, as
trombetas ou o
piano. (Marco
Antonio Grivet)
”
Marco Antonio Grivet, professor associado do Centro de Estudos em Telecomunicações da PUC-Rio, destaca como um
dos principais ganhos do sistema digital a
interatividade. Ele frisa que essa atuação
do ouvinte poderá ser maior ou menor,
dependendo do tipo de receptor (aparelho de rádio) usado. E dá o exemplo da TV
digital como forma de comparação.
“Você vê um produto, clica em um botão
no seu controle remoto e aparecem informações em sua TV sobre onde o produto
pode ser adquirido. Ao ouvir uma orquestra, você pode, também pelos botões do seu
controle remoto, ouvir apenas os violinos,
as trombetas ou o piano. Ou ainda você
pode votar em programas ao vivo, também
pelo controle remoto. Todas essas aplicações podem, com maior ou menor sucesso,
ser levadas para o rádio. Elas vão depender
da capacitação das rádios transmissoras
para suportar a interatividade e da imaginação de seus agentes”, observa.
Assim como aconteceu em outras mídias, também os aparelhos de rádio, ou
receptores, passarão por mudanças, a fim
de atender à nova tecnologia. Grivet
acredita, no entanto, que essas adaptações serão sutis, com os novos aparelhos
sendo bastante semelhantes aos modelos atuais do rádio convencional, apenas acrescido de um controle remoto
para facilitar a interatividade.
Os aspectos técnicos do sinal digital
Tecnicamente falando, de acordo com Marco Antonio Grivet, o rádio digital é a
tecnologia de rádio que utiliza dígitos binários
para transmissão da informação através do
processo de modulação. Ele propõe uma
analogia: os toca-discos de antigamente tinham sulcos impressos no acetato de modo
que uma agulha, ao passar por este sulco,
gerava um sinal elétrico que, quando amplificado e conectado a um alto-falante, produzia
sons audíveis. Este processo é chamado de
analógico. O rádio dito “analógico”, formado
por transmissões denominadas de AM e FM,
obedece a uma lógica semelhante.
Ainda segundo Grivet, no processo chamado “digital”, o sinal elétrico é convertido em
outro, cujos valores possíveis são discretos
e, por consequência, podem ser logicamente associados a uma sequência de 0s e
1s. Este processo recebe o nome de
“digitalização do sinal analógico”.
“Esta sequência é o que é fisicamente transmitido e, na recepção, ela é reconvertida no
sinal elétrico capaz de ativar um alto-falante.
A analogia agora é com o CD, que é uma
superfície que contém uma sequência de
‘furos’, simulando a sequência de 0s e 1s
mencionada”, elucida Grivet.
Mas como funciona uma rádio digital? O
professor explica que o som captado por
um microfone (ou qualquer outro elemento
sensor) é convertido em um sinal analógico
de natureza elétrica, na qual sua intensidade
em um determinado instante é diretamente
proporcional à intensidade sonora no mesmo momento. No rádio analógico ou convencional, este sinal é transmitido pelo ar e recebido no receptor. Este o converte novamente em uma forma acústica, capaz de ser ouvido pelo ser humano. No rádio digital, há
uma etapa intermediária, na qual o sinal elétrico é convertido em outro, apenas com níveis discretos. Este processo é desfeito no
receptor, de modo a recuperar a informação sonora original.
Se do lado do ouvinte as mudanças
técnicas serão pequenas, para quem
pensa e faz o rádio no Brasil será
necessária uma complexa adaptação. Segundo Marcson Muller, as
rádios terão que rever seus conceitos de qualidade, uma vez que a possibilidade de oferecer um áudio melhor pode ter um efeito negativo, se
não houver cuidados com níveis de
gravação, compressão e processamento de som. Mais uma vez, vale
a comparação com a TV digital.
“No caso da TV, trocaram as câmeras, mas não prepararam a iluminação, a maquiagem e o cenário.
Durante muito tempo, assistimos a
artistas, apresentadores e repórteres expostos, parecendo fantasmas,
por falta de um trabalho preventivo. Para esta migração, são necessários muitos testes antes de colocarmos em prática”, adverte.
DIVERSIDADE
NA PROGRAMAÇÃO
O diretor da FM O Dia, entretanto,
não tem dúvida de que esse upgrade
é necessário e que trará boas novidades para o ouvinte. “O mais interessante é a possibilidade de uma
mesma rádio transmitir programações diferentes. Assim, a FM O
Dia poderá transmitir, no mesmo
dial, por exemplo, uma programação de pagode, outra de esportes,
outra gospel etc”, ilustra.
Para que essa nova rádio se torne, enfim, uma realidade no Brasil, falta o
Ministério das Comunicações concluir os testes com os dois sistemas
que estão sendo avaliados: o europeu
(Digital Radio Mondiale, ou DRM) e
o americano (In-Band on-Channel,
ou IBOC). De acordo com o Ministério das Comunicações, os testes com
o DRM estão praticamente concluí-
dos e os com o IBOC já começaram. A
previsão era de que a etapa de avaliações fosse concluída ao final do primeiro semestre desse ano.
“Após a análise técnica dos resultados de ambos os sistemas, terão
início as discussões de indústria e
relações internacionais para, somente então, definirmos o modelo
a ser adotado. Além da questão
tecnológica, esses fatores também
serão levados em conta na decisão”, avisa Genildo Lins.
Enquanto o gigante brasileiro permanece deitado eternamente em
berço esplêndido também na questão do rádio digital, essa nova forma
de comunicação já é uma realidade
em 35 países e atinge 280 milhões
de pessoas, com uma programação
produzida por mais de 400 emissoras, além da já contar com receptores fabricados por 22 marcas.
105
ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br
106
Lighting
+
+Building
2012
Jamile Tormann é Projetista de Ilu-
Os LED
inovadores e
os OLED:
soluções
orientadas
para o design
com eficiência
energética
certamente
serão o grande
acontecimento
dos próximos
anos.
minação, arquiteta,especialista em
iluminação e design de interiores e
coordenadora Pedagógica dos
Cursos de Pós-Graduação em Iluminação e Design de Interiores e
Master em Arquitetura do IPOG.
N
os 240 mil metros quadrados do Fair
and Exhibition Centre, 2.100 expositores de 52 países representados em
grande harmonia participaram da sétima edição da LIGHT + BUILDING –
Feira Bienal Internacional para Arquitetura e Engenharia em Frankfurt –
Alemanha, que ocorreu de 15 a 20 de
abril de 2012. O tema conversado e
visto foi eficiência energética.
Os mais de 180 mil participantes que
percorreram a maratona de expositores
e palestrantes foram de arquitetos e engenheiros, coordenadores e donos de
empresas de iluminação, representantes
de lojas, estudantes e negociantes. Depois da Alemanha, as dez principais nações dos visitantes são os Países Baixos,
Itália, Áustria, França, Suíça, Grã-
Bretanha, China, Espanha, Bélgica e
Suécia. Um desfile de sacolas e bolsas
que promoviam marcas alertava que se
sairia de lá com as mãos carregadas de
informações e os olhos cheios de novidades... a mente repleta de ideias e vontade de criar...
Dentre os diversos segmentos de iluminação representados, citam-se: sistema
de computadores, automação e controle,
materiais elétricos, iluminação residencial, comercial, industrial, decorativa e
pública, LED’s, tecnologias de rede, sistemas de segurança, instrumentação
(equipamentos de teste e medição). Dentre as empresas presentes destacaram-se:
Philips, Osram, Siemens, Siteco, Thorn,
Zumtobel, Ledon, Space Cannon, Trilux,
Ludwig Leughten, Brumberg, Highlite,
Delta light, Lighttech, TrolLighting,
Belux, Target, Tridonic. Atco, o genial e colorido stand da Spectral, LitePuter, Havell’s, Bega, Beckhoff, Erco
com o conceito de iluminação e cenografia integrada, a Phoenix Contac com sua automação e controles, a
Cezos Led, o designer ousado da italiana Nova Luci, a Martin com projetores arquiteturais e moving head
de LEDs com o princípio do RGB, a
Arri, com equipamentos de iluminação cênica e de televisão; e Highlite International, embora estivessem com o seu foco comercial voltado para a arquitetura e construção,
razão de ser da Feira; além do Comitê Espanhol de Iluminacion e a Itália
com suas luminárias e designers inovadores e ousados.
Entretanto, percebe-se que o mundo da arquitetura rendeu-se aos
conceitos da iluminação cênica.
Automação e controle, mesas e computadores controlados por DMX e
“wireless” (rede sem fio) são uma
amostra do que se pode ter em casa,
desde que se possa pagar pelo projeto. Ambientes com várias cenas
programadas, uma para cada dia,
situação ou função; persianas e
portas que se abrem e se fecham ao
toque de um botão no controle remoto; cores criadas a partir do
conceito do RGB para todas as situações do dia, as emoções do momento, o evento... o luxo. É o conceito de ter uma casa onde tudo
muda, tudo é possível, tudo é eficiente. Aliás, o que conta é a criatividade e os LEDs facilitam ousar no
designer das luminárias e nas mais
variadas possibilidades que o criador tem. Controle de temperatura
de cor, por exemplo, já não parece
mais ser problema, aliás as vedetes
eram os O LED’s e LED’s com troca
de “Kelvin.”
Uma das principais razões para
esta mudança é a Diretiva EU
2009/125/EC, ‘Requisitos de EcoDesign para Produtos relaciona-
dos com Energia’ (ErP), que suprime progressivamente a iluminação pouco eficiente como as lâmpadas incandescentes e pretende
promover reduções significativas
nos ciclos de inovação e desenvolvimento, bem como nas fases de
produção e o desenvolvimento de
produtos alternativos. A principal
força impulsionadora desta mudança tecnológica é o Díodo Emissor de Luz (LED). Os fatores preponderantes incluem o grande
progresso feito na qualidade da luz,
bem como a redução de preços em
cerca de 50% nos últimos três
anos. Este assunto reflete-se na
variedade de produtos presentes
na Light+Building 2012.
Quanto aos softwares, havia um
andar inteiro com Autodesk –
Autocad, 3D Studio, Relux, Dialux e outros. Expositores com um
grande banco de dados IES e DWG
disponibilizando catálogos dos
principais fabricantes de luminári-
107
ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br
108
as. Fica a dica para empresas de iluminação cênica e “moving-head”: financiar a pesquisa de softwares para apresentação de projetos e distribuir gratuitamente as especificações de seus
refletores, como: abertura de grau,
peso, temperatura de cor, horas vida da
lâmpada e consumo em ampére. Hoje
contamos com poucos e muitas vezes
demoram para renderizar.
Dentre as personalidades que fizeram
nosso encontro ter “aquele toque brasileiro” muitos estudantes brasileiros
do curso de Pós-Graduação em iluminação e design de interiores do IPOG
estavam presentes e com os quais
pude trocar ideias acerca do evento e
suas novidades. Seus principais interesses eram encontrar expositores internacionais, parceiros e fornecedores; procurar novos fornecedores; conhecer as tendências da iluminação e
ver novos produtos bem como ampliar o network e encontrar os colegas de
mercado profissional.
Na Feira, tudo estava representado,
da tecnologia LED, a fotovoltaica (painéis que captam a luz do sol e transformam em energia) e eletro-mobilidade, tecnologia com uso de eletricidade inteligente combinada com o
sistema de redes de comunicação internet, demonstrando que o mercado mundial de iluminação está em
grande processo de mudança.
No “Congress Center”, os debates e
palestras giravam em torno dos temas
sobre iluminação, construção, sistemas de computador para construção e
iluminação e crescimento de energia
eficiente em edifícios comerciais,
para um público de aproximadamente 800 pessoas. Ouviu-se uma preocupação com a eficiência energética e o
consumo de energia por parte dos
equipamentos de iluminação e o descarte de lâmpadas atendendo às exigências do mercado atual.
Uma mostra paralela de iluminação, o
Luminale, ocorreu no mesmo período
da feira, em que era possível ver expostos projetos de iluminação de exteriores assinados por diversos lighting
designers, em 120 pontos da cidade, criando uma atmosfera luminotécnicaturística, transformando Frankfurt
numa espécie de cidade da luz.
Fruto das latentes necessidades e, sobretudo, da crescente demanda de
mercado, nasce uma Iluminação mais
flexível, dinâmica e adaptada; um
novo modelo que integra forma e fun-
Os OLED - Organic Light-Emitting Diodes
São uma solução orientada para o futuro.
Irradiam uma luz suave e difusa e complementam perfeitamente os LEDs. Ainda
numa fase inicial do seu desenvolvimento,
o nível mais alto de eficiência é de 87 lm/W
atingido por testes de laboratório em junho de 2011.
No entanto, apesar de estarem com um
nível superior em 40% desde a última medição, estes representam apenas 50%
dos produtos de iluminação de LED convencionais na feira. À semelhança dos
LED, os OLED são baseados em tecnologia semicondutora com a eletricidade a
ser transmitida por uma ou mais camadas
semicondutora extremamente finas encaixadas entre dois elétrodos.
A cor da luz pode ser influenciada utilizando diferentes químicos produzidos a partir de materiais orgânicos, para obteremse resultados como luzes brancas agra-
dáveis. Sendo este um dos principais problemas para a iluminação cênica - baixos
níveis de IRC (85). Os OLED têm um grande potencial em diversas áreas de aplicação. São extremamente finos e podem ser
produzidos em praticamente qualquer
forma. Este elevado nível de flexibilidade
torna a aplicação muito atrativa para
designers, fabricantes e também para o
consumidor final, pois a base plana de luz
adéqua-se bem à iluminação, ao mobiliário e também serve para criar ambientes
arquiteturais.
As primeiras impressões podem ser vistas
através do trabalho de designers como
Ingo Maurer, Dietmar Fissl, do estúdio
2DoDesign, o designer britânico Tom
Dixon, os artistas da Random International e
o estúdio de design Jason Bruges. Todos
eles tentam dar uma ideia do potencial criativo dos OLED.
ção, técnica e emoção controlado
pelos sistemas automatizados. O
conceito de mudança de cenas, já
utilizado pelos iluminadores de espetáculos há anos, agora integra o
projeto dos lighting designers de
interiores e, porque não, de iluminação de fachadas e monumentos
históricos. A iluminação como
conceito está presente nas casas,
nos jardins, nas fachadas de edifícios, por toda parte. O principal atributo é a personalização dos projetos
que combinam distintos elementos
de técnica, cor e forma, compreendendo o ser humano contemporâneo como um ser dinâmico e sempre atualizado.
EXPOLUX 2012
Design, funcionalidade, sustentabilidade e tecnologia em um só produto
A 13ª Expolux - Feira Internacional
da Indústria da Iluminação, ocorrido
de 24 a 28 de abril de 2012 nos pavilhões Branco e Verde do Expo Center Norte, em São Paulo, recebeu
aproximadamente um público de
200 mil visitantes formado por industriais, compradores, comerciantes nacionais e internacionais, incorporadores, arquitetos, engenheiros, projetistas, construtores, designers de interiores, revendedores,
decoradores, lojistas e balconistas de
materiais para construção.
Participaram da Expolux os setores
de lâmpadas e starters; Reatores,
Ignitores e Transformadores; Iluminação de Emergência, Iluminação
Industrial e Comercial; Iluminação
Pública, Iluminação Residencial e
Decorativa com foco na tecnologia
LED, de baixo consumo de energia,
sistemas integrados, sustentabilidade e design. Os LED’s realmente
vieram para ficar, mas não apenas
para economizar energia ou pro-
109
ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br
110
“
Está ocorrendo
uma grande
movimentação no
mercado de
iluminação, com a
viabilização dos
custos com
equipamentos,
lâmpadas e
luminárias com
tecnologia LED
”
mover uma iluminação com maior rendimento lúmen/watts, mas porque possibilita formatos variados e abre para
um mercado mais imaginativo e cenográfico que brinca com os espaços arquiteturais, nos quais o LED se mostra a
alternativa mais viável em virtude do
seu tamanho e flexibilidade em relação ao
formato das lâmpadas fluorescentes e
incandescentes. De acordo com o designer
de luminárias da Phillips, Paulo Torniziello, além do apelo pela sustentabilidade ambiental, as empresas estão vislumbrando a sustentabilidade econômica e financeira em seus projetos. “Está
ocorrendo uma grande movimentação
no mercado de iluminação, com a viabilização dos custos com equipamentos,
lâmpadas e luminárias com tecnologia
LED. As consultas e cotações com soluções do tipo já representam um terço do
mercado de iluminação e a tendência
desse percentual é aumentar”, destaca o
gerente comercial da Ledstar, Jin Ho
Chung, expositora da Expolux.
Em um clima de otimismo, o diretor da
Feira, José Dagnhesi, ressaltou os investimentos realizados e a expectativa do
crescimento no setor. “O Brasil vive um
grande momento e os investimentos realizados na feira têm mostrado a capacidade de se expandir os negócios de iluminação no país”. Para a ABILUX o setor
espera um crescimento de 12% durante
todo o ano de 2012. Um dos fatores que
deve contribuir para o desenvolvimento
é a redução do IPI de 15% para 5% para
luminárias e lustres anunciada pelo Governo Federal a partir de junho de 2012.
Outra solução interessante apresentada
este ano no Brasil e no ano passado na
Euroluce e Feira de Milão são os LEDS que
mudam a temperatura de cor e dimerizáveis.
Meu destaque este ano ficaria para a
Lumicenter, com 23 anos de profissão e
uns 10 anos de Feira. Foi sem dúvida no
estande deles que recebi a melhor exposição “conceito” de seus produtos
genuinamente brasileiros. A paixão
com que Jair Jarek e Rafael Asme apresentaram o processo de criação e as características técnicas dos produtos foram de empolgar e me fazer sair de lá
com vontade de especificar para as residências e comércios, pois os produtos
conseguiram conjugar de forma inovadora design, funcionalidade, sustentabilidade e tecnologia em um só produto. É isto que esperamos da indústria
brasileira, de seus designers e projetistas. Espero ainda que em 2014, a Expolux apresente um programa complementar de congressos, workshops,
fórum de tendências e mostras especiais
como o Brasil merece. O que significa
que em termos de pesquisa e estudo o
segmento de iluminação no Brasil está
engatinhando. Mesmo com o tímido
prêmio de design promovido pela ABILUX e exposto durante a Feira, o que vi
foi muita ideia copiada e pouca inovação
tecnológica, com raríssimas exceções.
Lamentável, pois o Brasil é original e
possui grandes nomes e mentes que o
mercado internacional está de olho.
Para saber mais
[email protected]
111
ARTIGO | ILUMINAÇÃO | www.backstage.com.br
112
Iluminação
para Repertório
David Bosboom
[email protected]
Fotos: Internet / Divulgação
A Inglaterra tem uma tradição de apresentar uma
variedade de peças encenadas que vai desde
Shakespeare até George Bernard Shaw. Muitas vezes
essas produções realizam espetáculos em noites
alternadas, no mesmo teatro, como parte de seu
repertório da temporada. Eles podem ter Hamlet em
uma noite, seguido de Pygmaleão na noite seguinte. Nos
EUA não é diferente. Companhias de teatro e
companhias de dança regularmente apresentam
diferentes programas em dias e noites alternados durante
a semana na época de alta temporada. Como pode então
cada produção dar conta adequadamente da
iluminação em tantas produções em apenas um teatro?
A
resposta é fazer uma Iluminação
para Repertório. Para aqueles que
nunca ouviram falar, o termo é conhecido como “Repertory Plot”. Com muitos
anos de existência, esse método oferece
uma iluminação geral no palco para
cada temporada. A iluminação para repertório divide em segmentos o palco,
como que em áreas, criando “color
washes” para a iluminação na frente, lateral e contra-luz em cada área. A essa
técnica soma-se o controle do ambiente
emocional “mood” e a intensidade em
todos os espaços no palco.
Nesta minha amostragem de luz ou
Light Plot, eu poderia iluminar uma
companhia de dança ou igualmente, de
forma bem feita, uma peça de teatro. Eu
teria no meu exemplo de iluminação
para repertório um circuito de luz
quente (luz rosa claro) e um circuito
luz fria (luz azul clara) para cada uma
das seis áreas iluminadas juntamente
com as laterais e a contra-luz. Ainda
assim, cada peça de teatro ou dança,
teria a sua marcação individual a que
chamamos “specials”, ou seja, esse
tipo de design de iluminação agregaria também aspectos individuais de
cada produção.
Um efeito “especial” é simplesmente
uma luz, às vezes mais do que uma luz,
necessária para um momento específico na dança ou peça de teatro, que
será adicionada à sua iluminação para
repertório. Em um ballet essa luz especial pode ser um feixe de luz que corta
o palco de forma diagonal. Na peça de
teatro essa luz especial pode ser, por
exemplo, o destacar de uma cadeira
com um feixe de luz que entra pela janela em uma noite de luar.
ILUMINANDO O INESPERADO
Um designer experiente em iluminação para repertório irá adicionar circuitos extras de reposição apenas
para essa finalidade, claro que tudo
vai depender do seu orçamento. Em
grandes produções sempre se colocam circuitos extras no repertório. A
vantagem não passa pela questão financeira imediata, mas para se ganhar tempo quando o diretor precisa
de uma única luz para a sua “nova
ideia”. Planejar todas as necessidades
de luz já conhecidas para a produção
de um espetáculo é um fato, isso faz
sentido para qualquer designer. Mas
iluminar o inesperado acontece com
os circuitos extras e com uma boa Iluminação de Repertório.
Posso até ouvir você dizendo que as
cores quentes e frias funcionaram
muito bem ontem à noite com a companhia de dança, mas não tem nada a
ver com a peça dramática da companhia de teatro de amanhã. E você está
certo, mas a solução é simples. Vou
explicar. Em vez de pendurar uma
nova iluminação para a companhia
de teatro, apenas mude as cores quentes e frias dos circuitos pelas cores
adequadas. Instantaneamente, você
tem um novo projeto sem a necessidade de reinventar completamente a
sua Iluminação para Repertório. Pode
fazer a mesma coisa com a iluminação
lateral e de contra-luz.
Outra questão que pode surgir é que
companhias de teatro e espetáculos
no Brasil tem geralmente um orçamento pequeno para a iluminação.
Diria que essa seria mais uma razão
para que os teatros trabalhem com
uma “Iluminação para Repertório”,
que nada mais é do que o combinar de
ideias, instrumentos e mais possibilidades para os diversos espetáculos.
Existe uma profissão que resolve parte desse problema nos Estados Unidos, chama-se “Head Eletrician”.
Essa função é padrão em todos os teatros, o “eletricista mestre” faz a triagem adequando o repertório do teatro
para receber as diversas produções.
Essa mesma ideia poderia ser implementada aqui no Brasil. Isso é feito
através da cooperação entre o teatro,
produtores e designers dividindo o uso
da iluminação, espaço nas varas, custos do aluguel de equipamentos, uma
economia que gera mais opções para
todos. Produtores gostam de economizar dinheiro e designers podem usar
mais instrumentos em seus designs de
iluminação. Todo mundo ganha, cooperando e compartilhando equipamentos e ideias.
Vamos supor que você tenha três
shows rodando “back-to-back”, um
atrás do outro, em seu teatro. Usando
o sistema de Iluminação para Repertório você coloca as cores corretas nos
instrumentos de luz geral, adapta as
informações com os lighting designers
de cada espetáculo e grava em pastas
separadas todos os cues na mesa de
luz. Agora você tem três espetáculos
gravados para a sua temporada. No
dia da apresentação, você simplesmente recarrega o design do espetá-
113
ARTIGO | ILUMINAÇÃO | www.backstage.com.br
114
Fig. 1
“
Sempre digo e
repito, não
importa qual
ferramenta você
utiliza, o importante
é ter um registro
no papel. Caso
você não tenha
acesso a
computadores
e programas use a
forma antiga,
bloco de papel e
lápis, mas faça
o seu registro
culo já gravado na mesa de luz e, simplesmente, coloca em cada instrumento as cores corretas da apresentação daquele espetáculo. Sugiro que tenha separado envelopes com as cores de cada
show para facilitar o seu serviço. Garanto que isso vai lhe poupar tempo. O que
você quer evitar é, no troca-troca, ter
que ir à caça de mais um corte da gelatina que se perdeu.
Quanto a salvar as três produções no
disco da mesa de controle, um ponto
importante é que deve-se ter mais do
que uma cópia dos movimentos e cues.
Não dá para confiar apenas na mesa
para gravar toda a programação. Seria
um desastre descobrir que sua marcação
misteriosamente sumiu ou que seu arquivo se corrompeu no HD da sua mesa
de luz. Meu conselho é: sempre faça um
backup do seu trabalho no pen drive,
fazendo sempre uma cópia também impressa. Pode ser que nunca vá precisar,
mas se você precisar, e não tiver, vai
sentir-se um mau profissional com os
acontecimentos que poderiam ter sidos
evitados com uma simples cópia extra
de segurança.
Cópias impressas de todos os circuitos,
dimmers, canais, posições e cores facilitam
encontrar a informação de até uma única
luz no palco. Dê uma olhada na primeira
página do meu channel hook-up. (Fig.1)
Lendo a primeira linha superior do canal
número 1 você verá que o paperwork mostra um tipo de luz, a sua posição, cor, além
do dimmer que é controlado por este canal
(lembre-se que um canal pode controlar
muitos dimmers, mas um dimmer pode
apenas ser endereçado a um canal).
ORGANIZANDO A INFORMAÇÃO
Existem muitos programas que podem
ajudar a organizar esta informação. Eu gosto do Lightwright, porque verifica possíveis erros de cálculo no seu paperwork.
Mas pode-se também usar WYSIWYG ou
um arquivo em Excel para registrar informações. Sempre digo e repito, não importa qual ferramenta você utiliza, o importante é ter um registro no papel. Caso
você não tenha acesso a computadores e
programas use a forma antiga, bloco de
papel e lápis, mas faça o seu registro.
No meu exemplo de iluminação para
Repertório (Fig.2), dividi o palco em
seis áreas, mas a ideia de luzes quentes e
frias adaptei do conceito de Stanley
McCandless, no livro Syllabus de Iluminação Cênica. Note que no design de Ilu-
115
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116
Fig. 2
minação para Repertório apenas
aponto a posição da luz e um número de referência do instrumento, mas não incluo nenhuma outra
informação. Isso porque a Iluminação para Repertório será usada para
uma variedade de espetáculos. Você
pode imprimir uma cópia da sua ilu-
Fig. 3
minação para repertório no papel e
depois marcar todas as luzes especiais para cada produção em cores diferentes. Todos os outros detalhes,
como cor do gel, canal, dimmer,
gobos, e a finalidade de cada luz
deve ser impressa no seu papel
chamado “Chanel hook-up” e na
sua lista de instrumentos, ou “Instrument Schedule”, como se pode
ler no programa Lightright.
Outro papel importante que deve ser
feito é uma lista completa de sua afinação. (Fig.3). Ou seja, um registro completo de todos os instrumentos de luz
afinados no palco. O chão do palco
transforma-se em uma grade matriz.
Normalmente, a linha da cortina é o
marco zero na sua primeira linha de
grade. O zero absoluto é marcado no
meio dessa primeira linha, que é o centro do palco. A posição zero seria então
o centro, onde teremos números do
centro para a esquerda e números do
centro para a direita. Depois, é necessário traçar do ponto zero uma segunda linha perpendicular à linha da cortina: essa é a linha do centro do palco.
Marque traçados em incrementos de
um metro em ambas as linhas da cortina e do centro do palco. (fig.)
Se você tiver instrumentos de iluminação que ultrapassem a linha da
cortina para a frente, usa-se um número negativo até alcançar a borda
do palco. Com uma simples grade
X-Y você pode mostrar a posição
exata de qualquer instrumento de
117
ARTIGO | ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br
118
Fig. 4
luz sobre o palco. Você também pode marcar na sua grade de afinação outro tipo de informação, tal como o ângulo do
filamento do seu PAR64, se você usa uma faca no seu elipsoidal
para afastar uma luz de um local específico (cortina, cenário), ou
qual o tipo de gobo usado naquele instrumento de luz.
Como exemplo, (Fig.4), tenho a luz número 1 na posição P-E
(plateia esquerda) iluminando a área “A” que está à frente do palco direito. As coordenadas na grade X-Y para esta luz seria 3D+1.
Ou seja, três metros à direita do centro e um metro acima da linha
da cortina. Como eu cheguei nessa coordenada e localização na
grade? Fiquei em pé no palco, acendi a luz específica e me coloquei
na frente do ponto mais brilhante. Olhando direto para a luz, veja
o filamento da lente, esse é o centro da luz. Depois olhe para o
chão e anote o número das coordenadas na grade X-Y.
Com prática é possível anotar todas as coordenadas enquanto você afina sua luzes no palco, mas caso não disponha de tempo ou de um assistente, sugiro que ache o tempo
necessário para criar esse registro da afinação de todo o espetáculo. Com esses dados anotados você pode reafinar
qualquer instrumento de luz em qualquer circunstância.
No caso da Iluminação para Repertório, luzes são às vezes empurradas nas movimentações de cenário ou por ajudantes menos experientes. Esse registro é permanente e importante
caso seu espetáculo mude para outro teatro ou faça uma turnê.
Este processo de paperwork elimina adivinhações, você sabe
com exatidão aonde a sua luz deve ficar.
Agora você sabe que uma Iluminação para Repertório serve
como base para vários espetáculos e eventos. Você criou uma
iluminação específica para cada um desses espetáculos, seus
pontos especiais, bem como um paperwork específico para
cada apresentação. Todos os seus movimentos de luz foram
criados, salvos na mesa de luz e você tem um back-up de tudo.
Além de ter toda a informação nas mãos para eventuais afinações rápidas que se façam necessárias.
Finalmente posso acrescentar que uma Iluminação para Repertório é uma grande ferramenta de economia de tempo para
o lighting designer sem comprometer a criatividade. Arte é o
que o lighting designer cria no palco. A criatividade vem no
uso de cores, ângulos, intensidades e a capacidade de se criar
um ambiente com todas as transições necessárias, de momento a momento, usando todos os recursos disponíveis no palco.
A Iluminação para Repertório é a gestão da tecnologia que é
logicamente organizada e criada por você.
119
LEITURA DINÂMICA| www.backstage.com.br
120
Demonstração
impecável, com
direito a
especialista vindo
direto da
Alemanha, o evento
promovido pela
Decomac Pro e
pela d&B
Audiotechnik, no
dia 9 de maio, em
São Paulo, quando
foi apresentada a
Série V de line
array e subwoofer
d&b audioteknik,
contou com a
presença de
importantes nomes
do áudio.
[email protected]
Fotos: Divulgação
Série
V
é apresentada
EM SÃO PAULO
C
entenas de pessoas, entre pazeiros, donos de locadoras e imprensa especializada, lotatam um dos salões nobres do Hotel
Holiday Inn, no Anhembi, não apenas para
ouvir as especificações técnicas, mas também para comparar in loco a potência que
cada sistema das linhas Q, J e V produz.
O encontro, que foi seguido de coquetel, contou com as explicações técnicas
do especialista alemão Stefan Goertz,
gerente de projeto e educação da d&b
audiotechnik, sobre o funcionamento
da série V. Além das especificações,
Stefan falou sobre os rigging de sustentação do sistema.
Um dos pontos altos do encontro foi o
momento da demonstraçao da linha V,
que se junta a outras linhas já comercializadas pela empresa como a “Q” e “J”.
A nova linha conta com duas caixas com
resposta de frequência entre 67 Hz e 18
kHz, sendo que o modelo V8 tem uma dis-
Ao centro, Guillermo e Macaio
Em um primeiro momento foram
comparadas 5 caixas J8 com dois
subs. Logo em seguida, foi a vez
Evento foi prestigiado por empresários e técnicos do setor de áudio
de o sistema V5,
com seis caixas e
persão nominal de 80 graus
dois subs, ser deenquanto o modelo V12 conmonstrado.
ta com uma dispersão de 120
A cada momento
graus. A linha ainda tem o Vem que os sistemas
Sub, um subwoofer cuja reseram colocados em
posta de frequência abrange
evidência, um faentre 37 a 115 Hz.
cho de luz iluminava aquele que estava em execução, de
forma que nao desse margem de dúvida sobre qual som
Stefan fala sobre as especificações técnicas da Série V
estava sendo reproduzido, apenas mais um detalhe para
Para comparar a eficiência, os
compor a impecável apresentação.
presentes puderam ouvir literalStefan ainda aproveitou a demente e comparar o som dos sismonstração para falar do software
temas. Stefan, após explanar sode simulação de cálculo da d&b.
bre as qualidades de cada linha,
Embora os sistemas “falem” basdeu início a uma série de exe tante e tenham impressionado,
cuçoes musicais, contemplando
não foi possível, no entanto, oudiversos estilos, e pediu para que
vi-los na melhor performance,
cada um, em vez de ficar em apecomo enfatizou Stefan. Isso pornas um lugar do salão, se desloque, como a demonstração foi
casse para outros pontos. O objedentro de um local fechado, o
tivo era que, a partir de ângulos
som ficou limitado.
diferentes, os participantes tiO evento contou com a presenvessem a ideia real do som produça de Guillermo Distefano, da
zido pelo sistema que estava senDecomac Pro.
do executado.
Técnico opera mesa de som na demonstração
121
MARCHA PARA
JESUS NO RIO
DE JANEIRO
O evento aconteceu no
dia 19 de maio, reunindo artistas evangélicos
nacionais e internacionais na Central do Brasil.
A marcha, que teve trios
elétricos, seguiu até a
Cinelândia onde aconteceu a concentração e
ministração de pastores,
além de shows evangélicos. O evento foi coordenado pelo Conselho de Ministros Evangélicos do Estado do Rio
de Janeiro.
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BOAS NOVAS | www.backstage.com.br
[email protected]
EDU PORTO
CONTRA O
CRACK
O cantor Edu Porto
participou, em abril, do
evento Crack, tire essa
pedra do seu caminho,
em Minas Gerais. Além
de shows gospel do
cantor no local, o evento ofereceu serviços de
ação social, como inscrição gratuita em cursos profissionalizantes,
encaminhamento para
o mercado de trabalho
e cadastramento nas
atividades esportivas
oferecidas pelo movimento de jovens da
Igreja Universal do Reino de Deus.
Para a Nossa Alegria
traz Êxodos de volta
Os mais de 15 milhões de acessos alcançados
pelo vídeo caseiro Para a Nossa Alegria, produzido
pelos irmãos Jefferson e Suellen Barbosa, que
aparecem cantando a música Galhos Secos – sucesso nos anos 70 da banda Êxodos –, colocou o
grupo novamente em evidência. Considerada
vanguardista ao extremo, e por isso discriminada
no segmento gospel nacional naquela época, a
banda viu um de seus maiores hits mantendo-se
ao longo dos anos através de mais de trinta
regravações de cantores diversos. Além de Galhos Secos (dos autores e membros da banda
Osnyr e Osvayr Agreste), canções como Maravilhas, Fim da Viagem e Jesus é a resposta
também fizeram sucesso entre o público gospel, a despeito da resistência das denominações evangélicas mais conservadoras.
Agora, com o estouro do vídeo no Youtube, a banda, que costumava receber no
máximo dois emails por semana, viu o correio eletrônico travar com mais de duas
mil solicitações a serem respondidas. “Estamos felizes com a evidência súbita,
pois apesar de termos o CD master com 13 músicas disponível para venda, um convite de gravadora seria bemvindo”, diz o baterista da banda, Edson Donizetti.
Já os irmãos Jefferson e Suellen
Barbosa, que produziram o vídeo
caseiro cantando Galhos Secos e
atraíram milhões de acessos no
Youtube, foram contratados pela
gravadora paulista Salluz. Dirigida pelo músico Paulo Cesar
Baruk, a gravadora resolveu convidar os jovens para a gravação de
um CD, que deverá ser lançado
ainda em junho deste ano.
Jars of Clay
Aline Barros
A banda cristã Jars of Clay lançou para
download gratuito um EP contendo seis
músicas. As canções são uma amostra
da nova turnê que a banda realizará
juntamente com Matthew Perryman
Jones e a banda Leagues. Para celebrar a tour, o EP contém duas músicas
de cada artista. Junto do download, os
fãs podem realizar doações, que serão
revertidas integralmente para a Missão
Blood:Water, que auxilia pessoas em locais da África onde a água é escassa.
Disco de Diamante
A faixa Ressuscitame, que faz parte do
repertório do CD Extraordinário Amor
de Deus, da cantora
Aline Barros, atingiu a
marca de um milhão e
meio de visualizações
no Youtube. A música, que já superou a
marca de 300 mil cópias, rendeu à cantora um Disco de Diamante.
ROBINSON MONTEIRO TEM NOVO PROJETO
Depois de assinar seu contrato com a Sony Music, o cantor Robinson Monteiro já começou a
trabalhar na seleção de repertório para seu novo trabalho. Em parceria com o produtor
Paulo César Baruk, o cantor começou a ouvir as composições para seu novo projeto. O CD
deverá ter umas duas canções românticas, muita música pop pentecostal, um pouquinho de
black music e mais umas músicas pop no melhor estilo Whitney Houston.
SHIRLEY CARVALHAES EM FASE FINAL DE PRODUÇÃO
A cantora Shirley Carvalhaes finalizou a sessão de fotos para o projeto gráfico de seu novo
CD, o primeiro pela Sony Music. Shirley também gravou uma faixa romântica exclusiva para
a versão do iTunes de seu novo trabalho.
SAXOFONISTA ESDRAS GALLO LANÇA TRABALHO SOLO
Reconhecido por participar e produzir trabalhos ao lado de grandes nomes da música
gospel nacional e internacional, o saxofonista Esdras Gallo lançará disco solo pela gravadora
Canzion Brasil, de Marcos Witt. Esdras também participou da formação do coral Renascer,
onde atua como produtor e arranjador há vários anos.
DIANTE DO TRONO, BÍBLIA E HOTSITE
Durante o 13º Congresso de Louvor e Adoração, em abril, o grupo de louvor Diante do Trono
anunciou que lançaria uma bíblia comemorativa dos quinze anos do Ministério, além de um
hotsite com informações sobre a trajetória do grupo e a evolução do Ministério. A data ainda
não foi confirmada.
EM FAMÍLIA
O programa Aline Barros Em Família estreou
dia 21 de abril na rádio
93 FM e contou com a
participação especial
do pastor Gilmar. Com
assuntos que focam
desde a infância até a
terceira idade, o programa pretende ser um
agregador de valores à
família e vai ao ar todos
os sábados, às 20h, e
também pela internet
através do site da emissora: radio93.com.br
123
BOAS NOVAS | www.backstage.com.br
124
Lançamentos
Inesquecível
Estevam Hernandes
O CD e DVD contam
com 13 músicas que marcaram a vida e o ministério do apóstolo e de toda uma geração, como
Sepulcro Caiado, Cristo
ou Barrabás e Grito de
Alerta. Com o pré-lançamento realizado no
iTunes, chegou a figurar entre os 10
álbuns mais baixados (top 100 nacional/internacional), chegando ao
sexto lugar no ranking.
Reconstruindo os muros
Conexão ZL
Utilizando elementos
da cultura hip hop, street
dance e rap para atrair
jovens da periferia que
não frequentam igrejas,
o Conexão iniciou um
projeto de distribuição
de CDs evangelísticos,
de forma gratuita, intitulado Reconstruindo os Muros. Inicialmente, a
quantidade de CD’s distribuídos foi de cinco
mil exemplares, porém a meta para 2012 é
mais ambiciosa: 30 mil CDs ao longo do ano.
Hinos da Harpa Cristã
Marcelo Santos
Em comemoração aos
90 anos da Harpa Cristã, a gravadora Patmos
Music lança o CD Hinos da Harpa Cristã Acústico na voz de Marcelo Santos. O CD terá
onze músicas e produção de Melk Carvalhedo. É o sétimo álbum do cantor Marcelo
Santos, que traz o jazz como ritmo.
[email protected]
Pra te adorar
Moisés Nazareth
O repertório foi composto por sucessos do
Diante do Trono para que
o músico trompetista
Moises Nazaré lançasse
seu primeiro CD solo,
com participações especiais de André Valadão, Israel Salazar e
Ana Paula Valadão, com destaque
para a faixa Salvar. Já a faixa Pra Te
adorar está disponível para download em sites de música gospel.
Glória e honra
Nivea Soares
O CD foi gravado ao vivo na Igreja Batista Central em Belo Horizonte,
Minas Gerais, com mixagem de Gustavo Soares e masterização de
Chris Athens, no Sterling Sound, de Nova
Iorque. As canções deste novo trabalho enfatizam as
obras de Jesus durante sua passagem no mundo.
Boas Notícias
Sérgio Marques & Marquinhos
O título do álbum é a
música de trabalho que
transmite mensagem de
fé e esperança. “Queremos dizer aos irmãos
que Deus sempre tem
Boas Notícias”, afirmou
a dupla. Com 14 canções,
o trabalho está bem diversificado e tem uma linha sertanejo universitário.
125
OFERTAS IMPERDÍVEIS - BONS NEGÓCIOS
::::::::::::::::::::::: PREÇOS VÁLIDOS ATÉ 10/07/12 OU ENQUANTO DURAR O ESTOQUE ::::::::::::::::::::::::::::::::
BONS NEGÓCIOS - OFERTAS IMPERDÍVEIS
::::::::::::::::::::: PARA ANUNCIAR: [email protected] - PABX.: (21) 3627-7945 :::::::::::::::::
LUIZ CARLOS SÁ | www.backstage.com.br
128
Betão, percussionista, corpo de MMA e cabeça de
zen-budista
Denise Boca Divina, vocal e ombro de apoio do canário
Diego, o tecladista gozador
Serginho-quero-o-meu, vocalista mercenário
Humberto, o saxofonista fanho por vício profissional
Nelson Bozó, o baixista-tiete
Carlinhos Távora, o canário própriamente dito
Bebel Távora, cara metade de infinita paciência,
zelo e ferocidade
E mais os outros que virão...
Em meio à poeira levantada pela freada do ônibus no
acostamento, nossos amigos assistem, incrédulos, a figura antes imaculadamente branca e negra – agora
também com tons marrons – de irmã Maria (muito a
propósito) do Socorro emergir do caos como uma san-
Vai de Van
CAPÍTULO 3
P
ra quem não leu os dois capítulos anteriores: numa
gig chefiada pelo veterano e experiente empresário
Romildo de Paula, a caquética van de Everaldo dos Santos leva a banda do quase-que-muito-famoso Carlinhos Távora para um show a mais de quatrocentos quilômetros de distância. Mesmo precisando da merreca, a
banda está irada e desconhece que nosso distinto canário, que se pela de medo de asas em geral, foi de avião de
carreira e não de teco-teco, como o imaginoso Romildo
fez crer a todos. Romildo recebe então um telefonema
do nosso astro dizendo que o show foi cancelado em virtude da morte da sogra do prefeito, fulminada pela emoção de ter sido beijada pelo “famoso”. Piorando a coisa, a
van enguiça. Um ônibus colegial com freiras e suas alunas vem socorrer os músicos.
Facilitando a vida dos leitores, cá fica a lista de personagens, por desordem de entrada:
Romildo, o empresário
Everaldo, o motorista
Cordélio Graça, o guitarrista – magro, alto e de
voz finiiinha...
Toninho Franciosa, o baterista mal humorado
ta levitada. Denise Boca Divina tem uma epifania
imediata e cai de joelhos diante da freira:
- Caraca! Uma santa!
- Que é isso, menina! Levanta daí! – a irmã, uma toupeira de míope, mas cheia de modernidade, ergue Denise enquanto dirige a ela um olhar desconfiado:
– Você fumou o quê?
Diego rompe numa gargalhada incontida:
- Ela não fuma não, dona freira, ela é assim mesmo de
nascença!
- Cala essa boca, Diego! – interrompe Romildo – Desculpe, irmã...
- ...Maria do Socorro.
- Estamos aqui numa situação catastrófica...
Romildo, só mesmo da sua
cabeça poderia sair essa
ideia: pegar uma
[email protected] | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM
carona até Guacapitanga, convencer o prefeito a voltar atrás no cancelamento e agraciar a cidade com mais
uma fabulosa exibição do inimitável Carlinhos
Távora, agora em homenagem à saudosa memória de
D. Pinguinha, quer dizer, dona Beatriz Alvarenga, a fã
número 1! E visto que pra você, Romildo, ex-entregador de pizza, servente do INSS e camelô (isso
tudo, claro, fica entre nós!) o impossível é apenas mais
uma polissilábica paroxítona, o ônibus do SacréCoeur ruma agora para Guacapitanga, fazendo um pequeno desvio de cento e cinquenta quilômetros do
destino original, desvio esse concedido em troca de
uma jam session a bordo com a inclusão da popular
“Dominique”, sucesso mundial em 1963 da freira belga
Soeur Sourire, como lembrou a míope, idosa, porém extremamente lúcida irmã Socorro, tão lúcida ela que
lembrava da letra no original francês, aprendido e apreendido rapidamente por Boca Divina. O que não impediu a banda de tocar também “Sympathy For the Devil”
dos Stones num fantástico arranjo acústico feito na
hora e conforme as possibilidades instrumentais à mão.
Enquanto a banda, as freiras e a garotada se divertiam
à vera, você, Romildo, prosseguia com seu plano: trancado no banheiro do sacro ônibus ligou para o celular
do prefeito:
- Doutor Silas, é o Romildo Braga, empresário do
Carlinhos Távora... Antes de qualquer coisa, meus
sentimentos...
- Sentimentos do quê, seu Romildo... – a voz do doutor
Silas soava um pouco embargada, no meio de uma zoeira de gente. (Um bar, Romildo? O prefeito estava tomando umas?) – a velha já foi tarde! Aquilo era uma
onça enjaulada, seu Romildo, uma onça! Ela só sossegava quando ouvia os discos do seu Carlinhos!
Às vezes a gente não acredita nas oportunidades que a
vida nos proporciona. Mas Romildo, não. Romildo era
um crente, um oportunista, um otimista que acreditava
nos atalhos, nas veredas, nas entradas ocultas, nas réstias luminosas que apareciam por baixo de portas esquecidas. Entre ouvir o desabafo do prefeito e convencê-lo de
que o cancelamento seria um atentado à memória da
odiada sogra que dona Verbena, primeira dama do município, encararia como grave desfeita de
corpo presente foi coisa de poucos
minutos. E em menos minutos
ainda, doutor Silas voltava com a resposta:
- Ô seu Romildo, falei com a patroa. O senhor é
porreta, seu Romildo! Foi como o senhor disse: uma
homenagem à memória da bagaça véia! Não acredito,
seu Romildo! A patroa até chorou no telefone! Aquilo não chora nem em enterro de anjinho!
Naquela noite Guacapitanga parou, o que não era muito difícil visto que a cidade não chegava aos vinte mil
habitantes... Mas parou com alma. Carlos Távora fez o
show da sua vida, apoiado por uma banda renovada
pela agradável tarde musical com as freiras e os préadôs. O público foi ao delírio, embalado não só pelo
espetáculo impecável, mas também pelas emocionadas palavras do doutor Silas na abertura do show, por
sua vez emolduradas por uma tremenda queima de fogos que fizeram a alma de Dona Pinguinha subir com
mais força ainda ao Céu das velhinhas pinguças. Doutor Silas foi à forra da sogra ali mesmo, garantindo uma
reeleição precoce.
O voo de Carlinhos partiria no dia seguinte de Pedra
Grande, a metrópole mais próxima, para onde o canário sairia depois do almoço. Mas às nove da manhã, ele
foi acordado por enérgicas batidas na porta do quarto.
Ainda estremunhado pela farra que varara a madrugada e com as costas doendo por força dos vigorosos tapas de aprovação que o doutor Silas não cansara de
pregar em suas costelas noite adentro, Távora abriu
uma fresta da porta. Surpresa: a banda toda estava ali
fora. E antes que Carlinhos pudesse pensar, como normalmente pensaria, que se tratava de uma homenagem
a ele pelo grande show da véspera, o mal humorado
Toninho Franciosa falou:
- Ou nós no voo...
E Beto Percussionista rosnou, sério como nunca:
- Ou você na van...
E da boca divina de Denise ele ouviu o inesperado restante do ultimato:
- Ou arranja outra banda.
Romildo, você pode até ser um pouco doido, mas não
rasga dinheiro. De Pedra Grande pra São Paulo de
avião é um bom pedaço de céu, fora o excesso de peso
do equipamento. E essa banda, Carlinhos, não é de se
jogar fora. Talvez seja a última banda decente que você
vai conseguir para acompanhar o assim honroso e digno final de sua longa carreira. Então, olhe bem para a
velha Besta do Everaldo, ressuscitada pelas mágicas
mãos de um mecânico de estrada, estacionada ali bem
em frente ao hotel e ouça o conselho do seu empresário de tantos anos:
- Vai de van, Carlinhos. Vai de van.
O único ruído que se ouviu naquele quarto depois das
sábias palavras de Romildo foi o de duas passagens de
avião sendo rasgadas.
129
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Audio Precision ...................................................................... www.ap.com/br ........................................................................................ 41
Audio Premier ....................................................................... www.audiopremier.com.br ........................................................................ 37
Bass Player ................................... (11) 3721-9554 .................................................................................................................................. 36
Big System .................................... (21) 3217-7690 .............. www.bigsystem.com.br ............................................................................ 03
CSR .............................................. (11) 2711-3244 .............. www.csr.com.br ............................................................................... 27 e 29
Decomac ..................................... (11) 3333-3174 .............. www.decomac.com.br .................................. 05, 11, 21, 45, 77, 87 e 117
EM&T ........................................... (11) 5012-2777 .............. www.territoriodamusica.com/emt/ ........................................................... 04
Expomusic .................................... (11) 2226-3100 .............. www.expomusic.com.br ........................................................................... 06
130
Gigplace ................................................................................ www.gigplace.com.br ................................................................................ 85
Gobos do Brasil ............................ (11) 4368-8291 .............. www.gobos.com.br ........................................................................ 69 e 101
Guitar Player ................................ (11) 3721-9554 .............. www.guitarplayer.com.br .......................................................................... 81
Gang Music ................................... (11) 3061-5000 .............. www.gangmusic.com.br ............................................................................ 25
Harman ................................................................................. www.harman.com ....................................................................... 19, 23 e 53
Anunciantes Backstage / junho 2012
Habro ........................................... (11) 2787-0300 .............. www.habro.com.br ................................................................................... 35
Hot Machine ................................ (11) 2909-7844 .............. www.hotmachine.ind.br .......................................................................... 125
Home Stúdio ................................ (21) 2558-0300 .............. www.homestudio.com.br ......................................................................... 12
IATEC .......................................... (21) 2493-9628 .............. www.iatec.com.br ..................................................................................... 08
João Américo Sonorização ........... (71) 3394-1510 .............. www.joao-americo.com.br ..................................................................... 113
Jamile Tormann ............................. (61) 3208-4444 .............. www.jamiletormann.com .......................................................................... 89
LL Audio ...................................... 0800-0141918 ............... www.llaudio.com.br .................................................................................. 07
Leac's ........................................... (11) 4891-1000 .............. www.leacs.com.br ................................................................................... 109
Lighting Week Brasil .............................................................. www.lwbr.com.br ...................................................................................... 10
Machine Amplificadores ............... (11) 4486-4967 .............. www.amplificadoresmachine.com.br ...................................................... 115
Metal Fecho ................................. (11) 2967-0699 .............. www.metalfecho.com.br ........................................................................ 118
Modern Drummer ........................ (11) 3721-9554 .................................................................................................................................. 95
Oneal ............................................ (43) 3420-7800 .............. www.oneal.com.br .......................................................................... 33 e 111
Projet Gobos ............................... (11) 3672-0882 .............. www.projetgobos.com.br ......................................................................... 79
Pro Shows .................................... (51) 3589-1303 .............. www.proshows.com.br .............................................................. 13, 17 e 83
Penn-Elcom .................................. (11) 5678-2000 .............. www.penn-elcom.com.br .......................................................................... 31
Powerclick .................................... (21) 2722-7908 .............. www.powerclick.com.br ........................................................................... 73
Quanta ......................................... (19) 3741-4644 .............. www.quanta.com.br ........................................................................ 2ª capa
QVS ............................................. (19) 3872-3585 .............. www.qvsaudio.com.br ............................................................................ 105
Robe ...................................................................................... www.robe.cz ............................................................................................. 47
Sonotec ........................................ (18) 3941-2022 .............. www.sonotec.com.br ................................................................................ 09
Sparflex ................................................................................. www.sparflex.com.br ........................................................................ 4ª capa
Spott ............................................ (31) 3271-5608 .............. www.spott.com.br .................................................................................... 57
Star .............................................. (19) 3864-1007 .............. www.star.ind.br ....................................................................................... 119
Starcase ....................................... (11) 3522-7713 .............. www.starcase.com.br ............................................................................. 123
Studio R ....................................... (11) 5031-3600 .............. www.studior.com.br ......................................................................... 3ª capa
Sonex ............................................ (11) 4072-8200 .............. www.owa.com.br ...................................................................................... 51
Taigar ........................................... (49) 3536-0209 .............. www.taigar.com.br ................................................................................... 91
Trio Concremassa ........................ (71) 8726-0777 .............. www.trioconcremassa.com.br .................................................................. 63
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