ESPECIAL Medicina Dentária
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ESPECIAL Medicina Dentária
Cadernos de Saúde NÚMERO E S P E C I A L Medicina Dentária VOLUME 1, 2008 Publicação Semestral Caderno s de Saúde Vol u m e 1 Nú m er o es p ec i al d e M ed i c i n a D e n tá r ia Índice Editorial 7 Alexandre Castro Caldas Jorge Leitão Adaptação marginal de coroas provisórias de implantes colocados imediatamente após exodontias 8 Borges T., Carvalho A., Carvalho C., Carvalho V. Autotransplante dentário para preservação óssea com posterior colocação de implante dentário. Caso clínico 10 Carvalho V., Carvalho C., Carvalho A., Borges T., Afonso A. Carvalho V. Tratamento do Herpes Labial: penciclovir vs. aciclovir 12 Rocha, S., Lopes, P., Filipe, M., Ribeiro, A., Veiga, N. Restauração de um dente extensamente destruído. Caso clínico 14 Duarte, A., Outeiro, R., Espírito Santo, J. Restauração de um dente anterior fracturado e encerramento de diastemas. Caso clínico 16 Outeiro, R., Duarte, A., Espírito Santo, J. Abordagem cirúrgica de um extravasamento canalar num incisivo com lesão apical. Caso clínico 18 Veiga, N., Traesel, T., Silva, O., Pais, C., Martins, M. Alterações da postura corporal e disfunção da articulação temporomandibular Filipe, M., Lopes, P., Louro, T., Veiga, N., Ribeiro, O. 20 Casuística da Consulta de Prostodontia Fixa da Clínica Universitária da Universidade Católica Portuguesa 22 Esteves, H., Correia, A., Araújo, F., Silva, A. M. Grau de satisfação dos pacientes reabilitados em Prostodontia Fixa na Clínica Universitária da Universidade Católica Portuguesa – estudo preliminar 24 Correia, A., Esteves, H., Araújo F., Silva, A. M. Acção de sensibilização na Escola Secundária Alves Martins, Viseu 26 Gonçalves, J-C., Bogalheiro, M., Melo, J., Alves, M., Figueiredo, A., Veiga, N. Avaliação da saúde oral numa população rural 28 Barata, C., Veiga, N., Figueiredo, A., Santos, L. Exérese de odontoma complexo. Caso clínico 30 Lopes, J., Araújo, S., Lopes, J., Silva, A., Almeida, B., Silva, S. Mesiodentes – diagnóstico clínico e radiológico 32 Cardoso, A., Lima, T., Morais, J., Dias, R., Borges, T., Carvalho, A. Indução cirúrgica de caninos maxilares retidos 34 Frazão, S., Dias, R., Dias, V., Silva, S., Almeida, B., Silva, A. Critérios de selecção de brocas de osteotomia em cirurgia oral 36 Silva, M.., Taveira, J., Monteiro, J., Pinto, F., Figueiredo, C., Policarpo, F. Próteses fixas dento-implanto-suportadas – o estado actual 38 Silva, A. M., Araújo, F., Correia, A., Esteves, H. Ecologia microbiana do biofilme oral e pH 40 Lopes P., Filipe M., Sequeira S., Veiga N., Correia M. J. Parâmetros de diagnóstico de dentes extensamente destruídos em prostodontia fixa 42 Matos, C., Silva, A. M., Araújo, F., Correia, A., Esteves, H. Amputação radicular da raiz mesio-vestibular do dente 16. Caso clínico 44 Pinho I., Fernandes S., Macedo J., Silva O., Martins M. Será a Internet útil para a prática clínica de Medicina Dentária? 46 Vilaça L., Santos J. e Correia André A Utilização de Computadores na Prática Clínica. Estudo Prévio 48 Marques A., Sequeira S., Correia A. Sonda periodontal computorizada. A sua aplicação na prática clínica Fernandes S., Andrade D., Lopes P., Macedo J. e Correia A. 50 Ferulização de dentes periodontalmente comprometidos. Protocolo clínico 52 Santos, B. M., Sousa, M. C. Diagnóstico radiológico pré-cirúrgico de sisos inclusos. Caso clínico 54 Costa, P., Filipe, M., Silva, A., Frias, C., Almeida, B., Almeida, R. Prevalência de sisos inclusos na clínica universitária da UCP-CRB 56 Dias R., Dias V., Morais J., Lima T., Cardoso Á., Correia A. Cavidade óssea de Stafne 58 Araújo, F., Marques, T., Santos, T., Marques, R., Frias, C., Rufino, A., Silva, A., Costa, M., Lopes, J. Solução protética para correcção de defeito gengival com prótese fixa. Caso clínico 60 Araújo, F., Marques, T., Correia, A., Esteves, H. Fractura do terço médio radicular. Controlo de caso clínico Oliveira, A., Vilaça, L., Silva, O., Martins, M. 62 Editorial Alexandre Castro Caldas Jorge Leitão O Instituto de Ciências da Saúde (ICS) foi a primeira preocupação. Neste sentido, o hábito criado na Universidade Católica Portuguesa de registar e reportar informação começa a há quatro anos. Foi intenção da Universidade ser treinado desde o início; os alunos têm organizar este domínio do saber, de que se anualmente o seu Congresso onde apresen- ocupava já há algum tempo em acções disper- tam resultados das suas perguntas científicas sas pelos diversos Centros Regionais. Assim, em forma de “poster”. Tendo sido iniciada a o ICS é hoje a reunião dessas acções, ampliado publicação dos Cadernos de Saúde no corrente pelo grande desenvolvimento que foi tendo, ano, entendeu-se ser importante divulgar os sobretudo no domínio da enfermagem. trabalhos desses alunos num número suple- A Medicina Dentária sediada em Viseu (Cen- mentar da Revista entre os Médicos Dentistas tro Regional das Beiras) foi incorporada no reunidos no Congresso Nacional, a quem ICS e sofreu no último ano uma transformação desde já convidamos também a submeter aos profunda. Está hoje apoiada por um corpo Cadernos de Saúde os textos científicos que docente muito empenhado na formação pré e queiram publicar. pós-graduada, mais virado para os problemas Agradece-se o apoio ao Laboratório Pierre da clínica do que no passado e entrando pro- Fabre, Oral Care que tornou possível esta gressivamente na vida da população de Viseu, iniciativa que contamos repetir nos próximos onde começa a ter uma imagem assistencial anos. importante. A formação dos alunos em todas as competências que importam à profissão é sem dúvida 8 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Adaptação marginal de coroas provisórias de implantes colocados imediatamente após exodontias Borges T.,1 Carvalho A.,2 Carvalho C.,2 Carvalho V.3 1 Assistant Professor, Department of Oral Surgery 2 Department of Dentistry, CMEB, Private Medical Center, Bragança, Portugal Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional das Beiras 3 Chairman, Department of Prosthodontics. Portuguese Catholic University, Viseu, Portugal Resumo A literatura científica descreve bons resultados de osteointegração em implantes dentários colocados em carga imediata através da utilização de coroas provisórias. As diferenças verificadas entre as taxas de sucesso relativas a este tipo de procedimentos estão relacionadas com factores anatómicos (locais de colocação), tipo de soluções protéticas utilizadas, tipo de fixação das soluções protéticas e procedimentos complementares à colocação do implante, como regenerações ósseas ou de tecidos moles. Com este trabalho pretendemos optimizar uma técnica de adaptação marginal de coroas provisórias imediatas após a colocação de implantes dentários unitários no sector anterior. Descreve-se um método de adaptação marginal de coroas provisórias aparafusadas sobre implantes unitários, colocados após extracções dentárias, através da utilização de um pilar provisório em plástico, coroas em vinil, resina auto-polimerizável e um modelo em silicone putty, utilizado para a adaptação final com compósito flow. Esta técnica possibilita uma boa adaptação dos tecidos moles peri-implantares, uma redução do tempo de tratamento e melhoria na satisfação dos pacientes em relação ao tratamento realizado. Bibliografia 1. Sato N, Periodontal Surgery: A Clinical Atlas; 2000 Quint. Book 2. Sclar A. Soft Tissue and Esthetic Considerations in Implant Therapy. Quintessence Books 2003 3. Funato A, Salama M, Ishikawa T, Garber DA, Salama H. Timing, positioning and sequential staging in esthetic implant therapy: a four-dimensional perspective. Int J Periodontics Restorative Dent 2007 Aug;27(4):313-323 4. Mark R. Ryser, Michael S. Block, and Donald E. Mercante, Correlation of Papilla to Crestal Bone Levels Around Single Tooth Implants in Immediate or Delayed Crown Protocols. © 2005 American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons 5. J Oral Maxillofac Surg 63:1184-1195, 2005 6. Immediate Loading Versus Immediate Provisionalization of Maxillary Single-Tooth Replacements: A Prospective Randomized Study With BioComp Implants 7. Jerome A. Lindeboom, Joost W. Frenken, Leander Dubois, Michael Frank, Ingmar Abbink, and Frans H. Kroon, J Oral Maxillofac Surg 64:936-942, 2006 Nota Poster 95 Premiado no EAO 17th Annual Scientific Meeting – Warsaw 2008 publicado no Clinical Oral Implants Research Vol 19. Issue No.9. 867 September 2008. Solicitada a autorização de publicação ao Editor-in-Chief Prof. Dr. H.C. Niklaus P. Lang, MS para a sua publicação na revista Cadernos de Saúde. 9 Marginal adaptation in immediate single tooth implants provisional crowns Background Clinical Report Literature describes good osseointegration outcomes following provisionalization of single tooth immediate implants in extraction sites (1,2,3,4,5). Good aesthetics results on the same day of the surgical procedures and maintenance of the soft tissue contours are the main advantages of this protocol. Cemented retained, screw retained and friction retained crowns can be used for the provisional restorations (5). The marginal adaptation of the provisional crowns next to the soft tissues margin can be achieved by different ways, always conditioned by the type of chosen provisional restoration (3,4,5). Fig. 1. Initial intra-oral view. We describe a method for improving marginal adaptation of screw retained provisional crowns in immediate implants. It was used a temporary implant abutment, a polycarbonate crown (Fig. 6) and final adaptation with flow composite was achieved by an indirect placement using a silicon putty model, a copy of the zirconia abutment, used for the final restoration. (Fig. 8). The marginal adaptation of the provisional crowns next to the soft tissues margin was achieved by the curing of the flow composite (Fig. 9). Same day provisional crown stayed in mouth during 12 weeks (Fig. 12). The final restoration was achieved by the use of a ceramic crown and a zirconia abutment. Fig. 2. Initial Fig. 3. Extraction Socket. x-Ray With fractured tooth. Fig. 11. Implant with provisional crown. Fig. 4. Implant Placement. Fig. 5. Adaptation of the temporary abutment. Fig. 12. Same day provisional crown. Fig. 13. Soft tissue adaptation (12 weeks after placement). Fig. 6. Plastic crown and plastic temporary abutment. Fig. 14 and 15. Implant with zirconia abutment. Fig. 16. Final Retorations 1 year after placement. Conclusions Fig. 7. Provisional crown before marginal adaptation. Fig. 8. Silicone putty Model. Fig. 9. Adaptation With flow composite. Fig. 10. Marginal Adaptation of provisinal crown. This technique offers a good soft tissue adaptation, a reduction of treatment time and an improved degree of satisfaction for the patients. 10 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Autotransplante dentário para preservação óssea com posterior colocação de implante dentário. Caso clínico Carvalho V.,1 Carvalho C.,2 Carvalho A.,3 Borges T.,4 Afonso A.,5 Carvalho V.6 1 Chairman of Prosthodontics. Portuguese Catholic University, Viseu, Portugal 2 CMEC, Private Medical Center, Chaves, Portugal 3 CMEB, Private Medical Center, Bragança, Portugal 4 Assistant Professor of Oral Surgery; Portuguese Catholic University, Viseu, Portugal 5 PhD, Associated Professor , Dentistry Medicine Faculty of Oporto University, Oporto, Portugal 6 Medical Student, Faculty Medicine, Oporto University, Portugal Introdução Os Pacientes jovens e adolescentes podem beneficiar da autotransplantação dentária para substituir dentes perdidos precocemente. Estudos recentes demonstraram que este procedimento é uma opção viável para a substituição de dentes em pacientes rigorosamente seleccionados. Este caso clínico refere-se a uma paciente de 15 anos de idade com um canino incluso, apresentando a rizogénese concluída. Procedeu-se à exodontia do canino incluso, e à sua transplantação para um alvéolo receptor preparado para o efeito. Quando a paciente completou 23 anos de idade e como o dente 23 apresentava uma reabsorção radicular de substituição decidimos substituir o dente 23 transplantado por um implante dentário em função imediata. As imagens radiográficas mostraram uma anquilose do dente 23, assim como os estudos histológicos dos tecidos dentários/ ósseos recolhidos. A realização de transplantes dentários pode substituir dentes perdidos e assegurar a preservação óssea e dos tecidos gengivais em pacientes jovens até o crescimento estar terminado, para que este paciente seja um candidato à colocação de implantes dentários na idade adulta. Bibliografia 1. Andreasen, J.O: Atlas of Replantation and Transplantation Teeth, Mediglobe, 1991. 2. Sang, S. e Col.: Transalveolar Transplantation of Maxillary Canines a Follow up Study .Europ.J.Orthod. 1998 May 1242:48 3. Thomas S; Turner-SR; Sandy Jr.: Autotr. of teeth, Br-J-Orth. 1998;25(4):275-82. 4. Carl E. Misch.: Contemporary Dental Implants, Mosby Corp, 2000.J. Oral Maxilary 5. Block S. M., Casadaban C. M.: Implant Restoration of External Resorption Teeth in Esthetic Zone. J Oral Maxillofac Surg 63:1653-1661, 2005 6. Andreasen, J.O. Traumatic Injuries of the Teeth. 4th Ed. Blackwell Munskgard 2007 Observação Poster 247 EAO 17th Annual Scientific Meeting – Warsaw 2008 publicado no Clinical Oral Implants Research Vol 19. Issue No.9. 917 September 2008. Solicitada a autorização ao Editor-in-Chief Prof. Dr. H.C. Niklaus P. Lang, MS para a sua publicação na revista Cadernos de Saúde da UCP. 11 Tooth auto transplantation for bone preservation and implant placement. Case report Background Paediatric and adolescent could benefit from auto transplantation to replace early missing teeth. Auto transplantation of teeth is viable treatment option in carefully chosen patients, as recent studies show. Fig. 1. Initial Panoramic x-Ray Fig. 4. Suture and Splint of the transplanted tooth. Fig. 2. Extraction of the Impacted canine. Fig. 3. Placement of the tooth in a prepared recipient socket Fig. 5. Final Panoramic X-Ray. Fig. 6. Ankylosis of the transplanted canine. Fig. 11. Provisional crown. Fig. 12. and 13. Protetic abutment for final restoration. Fig. 14. Final ceramic restoration. Fig. 15. Intra-oral view of the ceramic crown. Fig. 16. Final x-Ray. Discussion Case Report A 15 year-old female patient, diagnosed with an impacted canine was referred to an auto transplant procedure. At the age of 23, the patient came to our appointment. The radiographic examination showed a replacement resorption (ankylosis) of the transplanted tooth (Fig. 6). Fig. 7. Histological examination showing bone deposition over dentin. After the tooth extraction and before the dental implant placement, a bone threfine colected a bone sample of the transplantation area, for a histological analisis (Fig. 7 e 8). It was then placed a dental implant in the same day and same place of the extracted tooth (Fig. 8, 9 and 10), as well as a provisional restoration (Fig. 11). Final restoration was completed 12 months after placement. Fig. 8, 9 and 10. Immediate implant placement. The auto transplants can replace missing teeth to ensure preservation of bone until growth as ceased, so the patient can become ready to receive dental implants. 12 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Tratamento do herpes labial: penciclovir vs. aciclovir Rocha, S.,1 Lopes, P.,1 Filipe, M.,1 Ribeiro, A.,1 Veiga, N.2 1 Alunos do curso de Medicina Dentária 2 Docente do Mestrado Integrado em Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução O herpes labial é uma patologia frequente caracterizada pela erupção de múltiplas vesículas nos lábios e tecidos periorais, acompanhada de rubor, edema, dor e sensação de queimadura. É causado pelo herpes simplex vírus 1. Comummente são utilizados análogos de nucleótidos como o Penciclovir e Aciclovir em cremes de aplicação tópica. A evolução típica destas lesões varia entre os 7 e os 10 dias. Com a terapêutica existente tende-se a atenuar os sintomas e a acelerar a cicatrização da lesão. Objectivo Este trabalho consiste num estudo comparativo do tratamento por fármacos (penciclovir e aciclovir) do herpes labial, nomeadamente no que concerne à redução dos sintomas prodrómicos, tempo de cicatrização e extensão da lesão. Conclusão Apesar destes dois fármacos terem espectros e mecanismo de acção similiares, o Penciclovir é mais efectivo, mesmo em fases tardias da evolução da lesão. O Aciclovir é mais eficaz na profilaxia. Bibliografia 1. Arduino P.G, Porter S.R, Herpes Simplex Virus Type 1 infection: overview on relevant clinico-pathological features J Oral Pathol Med (2008) 37: 107–121. 2. Fatahzadeh M, Schwartz R.A. Human herpes simplex labialis. Clinical and Experimental Dermatology (2007) 32, 625–630. 3. Bruce A.J, et al. Diagnosis and management of oral viral infections. Dermatologic Therapy (2002) 15, 270-286. 4. Raborn G.W. Effective treatment of herpes simplex labialis with penciclovir cream. JADA (2002) Vol. 133, 303-309. 5. Femiano F, Gombos F, Scully C. Recurrent herpes labialis: efficacy of topical therapy with penciclovir compared with acyclovir (aciclovir). Oral Diseases (2001) 7, 31–33. 6. Pielop J, Wood A.C, Hsu S. Update on antiviral therapy for herpes simplex virus infection. Dermatologic Therapy (2000) Vol 13, 235-257. 7. Lamey P.H, Hyland P.S. Changing Epidemiology of Herpes Simplex Virus Type 1 Infections. Herpes (1999) 6:1. 13 Tratamento do herpes labial: penciclovir vs. aciclovir à redução dos sintomas prodrómicos, tempo de cicatrização e extensão da lesão. Introdução herpes simplex vírus 1 (HSV1) Discussão Guanina Herpes labialis Fig. 1: Estrutura molecular do HSV-1 Doença viral recorrente benigna(1) { Erupção de múltiplas vesículas Rubor Edema Dor Sensação de queimadura Fig. 2: Estrutura molecular do penciclovir. Fonte: Human herpes simplex labialis (2) O HSV1 vai invadir os terminais dos neurónios dos nervos sensitivos, infectando latentemente os corpos celulares no gânglio nervoso trigeminal. O sistema imunitário elimina o vírus da mucosa oral, contudo, não consegue detectar o vírus presente a nível neuronal. (1,3) Em períodos de maior susceptibilidade (1, 3, 4) Stress Trauma Imunosupressão Infecções Fig. 3: Estrutura molecular do aciclovir. Reactivação Migração do vírus para a mucosa oral novo episódio de herpes labial A evolução típica destas lesões varia entre os 7 e os 10 dias. Com a terapêutica existente tende-se a atenuar os sintomas e acelerar a cicatrização da lesão. Comummente são utilizados análogos de nucleótidos como o penciclovir e aciclovir em cremes de aplicação tópica que apresentam um espectro antiviral semelhante. (2, 4) Objectivo Este trabalho consiste num estudo comparativo do tratamento por fármacos (penciclovir e aciclovir) do herpes labial, nomeadamente no que concerne O penciclovir e o aciclovir são moléculas sintéticas similares, derivadas da guanina com espectros de acção antiviral semelhantes. As diferenças surgem ao nível da biodisponibilidade e tempo de semivida. O penciclovir apresenta uma biodisponibilidade 77% superior ao aciclovir e um tempo de semivida 10 a 20 vezes superior, o que sugere uma maior eficácia clínica.(2,4,5,6) De acordo com os ensaios clínicos encontrados na literatura pesquisada, verificamos que o tratamento com Penciclovir é mais efectivo na fase aguda da patologia comparativamente ao aciclovir havendo redução do tempo de cicatrização, da sintomatologia dolorosa, área da lesão, sensação de queimadura e prurido. Isto acontece porque o penciclovir, ao contrário do aciclovir, vai alterar a evolução do herpes labial. (1,3,6,7) Conclusão Apesar destes dois fármacos terem espectros e mecanismo de acção similiares, o Penciclovir é mais efectivo no tratamento do herpes labial recorrente, mesmo em fases tardias da evolução da lesão. O aciclovir é mais eficaz na profilaxia. 14 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Restauração de um dente extensamente destruído. Caso clínico Duarte, A.,1 Outeiro, R.,1 Espírito Santo, J.2 1 Alunos do 6.º ano da Licenciatura em Medicina 2 Médico Dentista. Docente de Dentisteria da Licenciatura em Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução A restauração de dentes extensamente destruídos é um problema actual que requer por parte dos profissionais um conhecimento das técnicas que permitem reconstruir estes dentes com os melhores resultados estéticos e funcionais. Uma dessas técnicas é a dos espigões pré-fabricados. É necessária a utilização de meios auxiliares que permitam a retenção do material restaurador, aumentando a longevidade da restauração. Os espigões pré-fabricados, usados em tratamentos restauradores directos, são de fácil manipulação, apresentam baixos custos e requerem pouco “tempo de cadeira”. Objectivo Descrever um caso clínico e realizar uma breve revisão da literatura sobre o caso exposto. Conclusão A utilização dos espigões pré-fabricados é uma opção de tratamento viável, que aumenta a ancoragem e fortalece a restauração. Bibliografia 1. Asmussen E, Peutzfeldt A, Sahafi A. Finite element analysis of stresses in endodonticallytreated, dowel-restored teeth. J ProsthetDent 2005; 94(4):321-329. 2. Blanco C F, Oyague R C, Turrión A S, Lozano J F L. Revisióny análisiscomparativo de los distintos sistemas de pernos radiculares. Gaceta dental 2007; ISSN 1135-2949, Nº. 177: 92-115 3. Cheung W. A review of the management of endodontically treated teeth –Post, core and the final restoration. JADA 2005; 136: 611-619. 4. Fernandes A S, Dessai G S. Factors affecting the fracture resistance of post-core reconstructed teeth: a review. IntJ Prosthodont2001; 14(4): 355-363. 5. Goto Y, Nicholls J, Phillips KM, Junge T. Fatigue resistance of endodontically treated teeth restored with three doweland-core systems. J ProsthetDent 2005; 87(4):431-437. 6. Ricketts DNJ, Tait CME, Higgins AJ. Post and core systems, refinements to tooth preparation and cementation. British Dental Journal 2005; 198 (9):533-541. 7. Silva CL, Correia A, Fernandes JCS, Pinho A. Resistência à fractura de espigões falsos cotos imediatos. Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial 2006; 47(1): 15-23. 8. Yang HS, Lang LA, Molina A, Felton DA. The effects of dowel design and load direction on dowel-and-core restorations. J Prosthet Dent 2005; 85(6):558-567 15 Restauração de um dente extensamente destruído. Caso clínico Introdução Os dentes tratados endodonticamente são problemáticos devido à perda de estrutura dentária, por cárie, trauma, ou ambos e pelo próprio tratamento endodôntico. Isto resulta num aumento da susceptibilidade à fractura durante a função (1,2). Devem ser utilizados espigões quando existe insuficiência de tecido dentário remanescente para suportar a restauração final. A técnica que faz uso dos espigões pré-fabricados apresenta como vantagem, uma maior preservação de estrutura dentária, baixo custo, menor tempo de cadeira, boa resistência e dispensa de procedimentos laboratoriais (7) . Material e Métodos: Paciente do sexo feminino, 24 anos, apresentando o dente 45 com tratamento endodôntico e restaurado provisoriamente a IRM (cavidade classe II e L). Foi utilizado um espigão pré-fabricado em fibra de vidro cilíndrico-cónico e efectuada uma restauração a compósito. Descrição detalhada do procedimento – Radiografia periapical inicial; – Isolamento relativo, uma vez que a cavidade era infragengival na face lingual; – Remoção da gutta com brocas de Gates e Peeso à ODM de 15 mm uma vez, que a ODMt do tratamento endodôntico foi de 19 mm (Fig. 1); – Selecção do espigão, colocação no canal e verificação da adaptação (Fig. 2); – Radiografia periapical com o espigão no interior do canal; – Aplicação de adesivo no interior do canal e no espigão; – Fotopolimerização do adesivo colocado no espigão durante 20 segundos; – Aplicação do cimento dual no interior do canal com lêntulo (Fig. 3); – Colocação do espigão no interior do canal e fotopolimerização durante 20 segundos (Fig. 4 e 5); – Corte do excesso do espigão com broca de cilíndrica diamantada; – Colocação de matriz e cunha (Fig. 6); – Condicionamento ácido com ácido fosfórico 38% durante 15 segundos na dentina e 30 segundos no esmalte (Fig. 7); – Lavagem da cavidade com jacto de água durante 10 segundos (Fig. 8); – Secagem da cavidade com bola de algodão (Fig. 9); – Aplicação do sistema adesivo com pincel (Fig. 10); – Selecção da cor com base na escala do kit Enamel Plus HFO da Micerium e restauração do remanescente dentário, cavidade de classe II (MO e L infragengival) pela técnica incremental (Fig. 11); – Radiografia periapical final. Resultados Na radiografia periapical final (Fig. 13) verificou-se selamento apical (a ≈ 4mm do ápex) e uma boa adaptação do espigão ao canal. Foi restabelecida a função do dente, tendo sido obtida uma anatomia correcta. Esteticamente a cor obtida foi satisfatória (Fig. 12). Fig. 13 Discussão O material deve ter um módulo de elasticidade semelhante ao do dente, sendo que a fibra de vidro é o material onde este é mais próximo ao da dentina. Tem também como vantagem a coloração, sendo mais estéticos (6,7). Estes espigões são cimentados com cimentos de resina os quais têm aderência à dentina e ao espigão (acção dual) ocorrendo uma reacção imediata e completa. Em relação à forma, os cilíndricos são mais retentivos que os cónicos que exercem efeito de cunha. Para o comprimento do espigão é aceite que os 3 a 6 mm de guta-percha devem ser preservados para manter o selamento apical. Em relação à espessura, considera-se que o diâmetro do espigão tem pouca influência na sua retenção. De um modo geral, a espessura do espigão não deve ser superior a 1/3 da largura da raiz na sua zona mais estreita. A parede em contacto com o espigão deve ter como mínimo 1 mm de espessura(4). Conclusão A utilização dos espigões pré-fabricados é uma opção de tratamento viável, em dentes submetidos a tratamento endodôntico, que aumenta a ancoragem e fortalece restauração contra as forças de cisalhamento. 16 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Restauração de um dente anterior fracturado e encerramento de diastemas. Caso clínico Outeiro, R.,1 Duarte, A.,1 Espírito Santo, J.2 1 Alunos do 6.º ano da Licenciatura em Medicina Dentária 2 Médico Dentista. Docente de Dentisteria da Licenciatura em Medicina Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução É grande a preocupação da sociedade actual em relação à estética. Os dentes antero-superiores assumem particular importância na estética. Possuir dentes alinhados, contornados e brancos passou a ser uma exigência, não bastando apenas devolver a função perdida ao elemento dentário mas também dar um tratamento que o torne belo, com base no padrão estabelecido pela sociedade. É particularmente marcante nas lesões classes III, IV e V em dentes anteriores. Objectivo Descrever os procedimentos clínicos e a fundamentação para a realização de restauração estética em dentes anteriores fracturados (2.1) e encerramento de diastemas (2.2, 2.3) com recurso a matriz de silicone e resinas compostas. Conclusão É importante estabelecer um correcto plano de tratamento e execução das tarefas, em várias etapas, desde a realização do diagnóstico correcto até à selecção e utilização do material restaurador mais adequado, para se obter uma restauração o mais estética possível. Bibliografia 1. Cordeiro N, Martins LRM, De GoesMF, CahnDCN. Conservative technique for closing diastema and recontouring pegshaped teeth. ContempEsthetRestorPract2001; 5:16–22 2. Hirata, R., Ampessan, R.L., Liu, J. Reconstruction of Anterior Teethwith Composite Resin-Sequence of Choice and Application, JBC –Jornal Brasileiro de Clínica & estética em Odontologia, Vol. 5, N.º 25, Jan/Fev–2001 3. Georgia M., Vishnu R., Ritter, A. Longevity of a anterior composite restorations, J Esthetic Dent–Vol. 18, N.º 6, 2006 4. Soares, CJ., Pizi, E., Fonseca, RB., Martins, L.RM, Neto, A. Direct restoration of worn maxillary snterior teeth with a combination of composite resin materials: a case report, Journal of Esthetic and Restorative Dentistry, Vol.17, N.º2, 2005 5. Soares CJ, Fonseca RB, Martins LRM, Giannini M. Esthetic rehabilitation of anterior teeth affected by enamel hypoplasia: A case report. J EsthetRestorDent2002; 14:340–348. 6. Lopes, O., Silva, MJ. Caso Clínico de encerramento de diastemas superiores com recurso a um enceramento de prognóstico, Dentsply, Setembro 2003 7. Ramos, J,C., Vinagre, A., Chambino, A., Faustino, A. Coronoplastias de dentes anteriores com resinas compostas microhíbridas, Dentsply, Maio 2003 17 Restauração de dente anterior e encerramento de diastemas. Caso clínico Introdução A reprodução de características dos dentes naturais, mais especificamente de cor e forma, é uma das intenções das técnicas e materiais restauradores(2). A resina composta é o material de escolha para restaurações conservativas em dentes anteriores, modificações estéticas e funcionais, e encerramento de diastemas (3). Propriedades como a resistência à fractura, capacidade de polimento e a existência de uma gama de cores e opacos aceitável, são condições indispensáveis na procura da excelência do tratamento (5). Fig. 7 Fig. 8 Fig. 9 Fig. 10 Objectivos Fundamentar e descrever os procedimentos clínicos para a realização de restauração estética em dentes anteriores fracturados (21) e encerramento de diastemas (22, 23) com recurso a matriz de silicone e resinas compostas. Material e Métodos – Paciente do sexo feminino, 38 anos, apresentando o dente 21 fracturado no terço médio e incisal diincluindo o bordo incisal distal e diastema entre os dentes 21, 22 e 23 (fig. 11). – Enceramento de agnóstico em modelo de estudo e execução de matriz de silicone. – Selecção da cor com base na escala do kit Enamel HFO Plus da Micerium. – Compósito microhíbrido Enamel HFO Plus Dentina UD3 e Esmalte GE2. – Descrição detalhada do procedimento: – Enceramento de diagnóstico e execução de matriz de silicone (fig. 1 e 2); – Polimento prévio dos dentes envolvidos, com uma escova e pasta profilática sem flúor; – Selecção da cor (Dentina UD3 e Esmalte GE2); – Isolamento do campo operatório com rolos de algodão e aspiração de alto débito; – Bisel a 45º do bordo fracturado no dente 21 com broca tronco-cónica diamantada (fig. 3); – Condicionamento do esmalte pelo ácido ortofosfórico 37% durante 30 seg do dente 21 e simultaneamente em dois dentes contíguos para o encerramento dos diastemas (superfícies distal do 21 e 22 e mesial do 22 e 23) (fig. 4); Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3 Fig. 4 – Depois de lavar e secar as superfícies, aplicou-se um adesivo fotopolimerizável (Prime & Bond NT), de acordo com as instruções do fabricante e respectiva fotopolimerização (fig. 5); – Colocação da guia palatina; – Aplicação e fotopolimerização pela técnica incremental da resina composta no ecrã posterior de cada superfície – cor UD3 – respeitando a forma atómica previamente definida (fig. 6 e 7); – Aplicação e fotopolimerização pela técnica incremental da resina composta na face vestibular das superfícies – cor GE2 (fig. 8 e 9); – Após os acertos oclusais, procedeu-se ao acabamento e polimento das superfícies com taças de polimento (fig. 10); Resultados Esteticamente a cor final obtida foi satisfatória, tendo-se obtido uma restauração imperceptível (fig.12 e 13). Após 1 ano, notase uma ligeira descoloração do compósito no dente 21 (fig.14). Fig. 12 Fig. 11 Fig. 13 Discussão A utilização de resinas compostas para a realização de coronoplastias nos dentes anteriores constitui o método mais rápido e económico para a resolução de determinados tipos de problemas relacionados com a forma, cor, posição ou estrutura do dente. O encerramento de diastemas é um dos exemplos deste tipo de terapêutica (6). O estudo através de um enceramento de diagnóstico, permite ao Médico Dentista antever o resultado final do tratamento. Optámos pelo isolamento do campo operatório com rolos de algodão e aspiração de alto débito, de modo a aprender a fazer isolamentos relativos de elevada qualidade em detrimento de isolamentos absolutos. O resultado estético correspondeu muito às expectativas da paciente. Conclusão Fig. 5 Fig. 6 É importante estabelecer um correcto plano de tratamento e execução das tarefas, em várias etapas, desde a realização de um correcto diagnóstico até à selecção e utilização do material restaurador mais adequado, para se obter uma restauração o mais estética possível. 18 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Abordagem cirúrgica de um extravasamento canalar num incisivo com lesão apical. Caso clínico Veiga, N.,1 Traesel, T.,2 Silva, O.,1 Pais, C.,1 Martins, M.1 1 Docentes do Mestrado Integrado em Medicina Dentária 2 Aluno do curso de Mestrado Integrado em Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução São frequentes as situações clínicas com patologia inflamatória periapical cuja persistência leva à formação de um granuloma e posterior diferenciação em lesão quística. Estas lesões podem induzir sintomatologia dolorosa acompanhada de tumefacção e edema. Este caso clínico consiste na realização de uma cirurgia apical para a resolução de um extravasamento apical e remoção de lesão de aspecto quístico, para a qual foi pedida análise histopatológica, seguida de apicectomia da raiz do dente 21 a qual apresentava uma sobreobturação. Discussão O dente 21 encontrava-se com sintomatologia, em fase avançada de necrose pulpar. Após realização de estudo radiológico verificou-se a existência de lesão compatível com entidade quística envolvendo o ápex dos dentes 21 e 22. Realizou-se o tratamento endodôntico prévio dos dentes em questão. O dente 21 apresentava uma constrição apical insuficiente o que contribuiu para a ocorrência de uma sobreobturação. Atendendo à persistência das manifestações clínicas da paciente e à inviabilidade de uma nova intervenção endodôntica convencional, a qual seria incapaz de remover o extenso material de obturação extravasado, os autores determinaram a abordagem cirúrgica como sendo a mais indicada. Conclusões A cirurgia apical é o tratamento de eleição nestes casos podendo ser considerada como uma alternativa obrigatória na remoção de processos radiculares persistentes ou de grandes dimensões em que a abordagem endodôntica convencional é insuficiente. A indicação cirúrgica nestes casos deve ser pautada por critérios endodônticos, de clínica e avaliação radiológica. Bibliografia 1. Ingle J, Bakland K, Baumgartner J. Ingle´s Endodontics. 5th edition. B.C.Decker Inc., 2002. 2. Bramante C, Bebert A. Cirurgia paraendodontica. 1.ª Ed. Livraria Santos Editora, 2000. 3. Sundqvist G, Figdor D, et al. Microbiologic analysis of teeth with failed endodontic treatment and the outcome of conservative re-treatment. Oral Surg, Oral Med, Oral Pathol, Oral Radiol Endod (1998) 85(1):86-93. 19 Caso clínico: abordagem cirúrgica de um extravasamento canalar num incisivo com lesão apical da lesão resultou uma loca óssea que foi devidamente curetada. Foi efectuada regularização óssea e minuciosa inspecção e lavagem com soro fisiológico. O retalho foi de seguida reposicionado e suturado com seda 3/0 (Fig. 10). Identificação Paciente F.M.B., 25 anos, do sexo feminino, raça caucasiana, saudável, sem alergias e sem medicação. Apresentou-se na clínica com sintomatologia referida ao dente 21. Após realização de estudo radiológico verificou-se a existência de lesão compatível com entidade quística envolvendo o ápex dos dentes 21 e 22 (Fig. 1). Tratamento Realizou-se o tratamento endodôntico prévio dos dentes em questão. O dente 21 apresentava uma constrição apical insuficiente o que contribuiu para a ocorrência de uma sobreobturação. Atendendo à persistência das manifestações clínicas da paciente e à inviabilidade de uma nova intervenção endodôntica convencional, a qual seria incompatível com a remoção do extenso material de obturação extravasado, os autores determinaram a abordagem cirúrgica como sendo a mais indicada. Atendendo à proximidade do ápex do 22 relativamente à imagem radiológica, optou-se por efectuar a endodontia prévia e profiláctica deste dente, o qual também apresentava um ligeiro extravasamento de pasta (Fig. 2). Fig. 1 Endodontia do dente 21. Fig. 6 Fig. 7 Fig. 8 Fig. 9 Fig. 10 Fig. 2 Endodontia do dente 22. Conclusões Procedimento cirúrgico Após anestesia local, foi executado um retalho com incisão intra-sulcular associada a duas incisões de descarga, uma em distal do incisivo central contra-lateral e outra em mesial do segundo pré-molar ipsilateral (Fig. 5). No descolamento muco-periósteo foi possível visualizar a lesão, devido ao envolvimento da tábua óssea vestibular (Fig. 6). De seguida, a lesão foi cuidadosamente individualizada e excisionada em bloco, tendo sido imersa em formol a 10% para posterior análise histopatológica (Fig. 7 e 8). Procedeu-se à ressecção do terço apical radicular (Fig. 9). Da remoção Fig. 5 Fig. 3 Exame radiológico final. Fig. 4 Aspecto e mensuração da lesão. A cirurgia apical é o tratamento de eleição na remoção de processos radiculares persistentes ou de grandes dimensões em que a abordagem endodôntica convencional é insuficiente. A indicação cirúrgica nestes casos deve ser pautada por critérios endodônticos, de clínica e avaliação radiológica, associada à conveniente experiência cirúrgica do médico dentista. Tendo a cirurgia decorrido dentro dos parâmetros determinados no planeamento pré-operatório, e atendendo ao aspecto clínico e radiológico deste caso, pode-se arriscar, salvaguardando os resultados do estudo histológico, um prognóstico aparentemente favorável. 20 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Alterações da postura corporal e disfunção da articulação temporomandibular Filipe, M.,1 Lopes, P.,1 Louro, T.,2 Veiga, N.,2 Ribeiro, O.2 1 Alunos do curso de Medicina Dentária da UCP-CRB 2 Docentes do Mestrado Integrado em Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução Durante vários anos, o estudo dos distúrbios temporomandibulares encontrava-se associado sempre a factores oclusais. Actualmente existem outros factores relacionados com o aparecimento de distúrbios temporomandibulares (DTM) havendo a necessidade de diagnosticar e tratar a patologia com base numa organização multidisciplinar. A postura corporal pode ser considerada como sendo um dos factores causais da patologia da articulação temporomandibular (ATM). Objectivos Pretende-se estudar a associação entre alterações da postura corporal, DTM e dor orofacial. Conclusão As complexas interrelações do sistema estomatognático, regulação neuromuscular e a problemática postural corporal apontam cada vez mais para uma interrelação causal destes factores no problema da disfunção temporomandibular. Bibliografia 1. Ioi H, Matsumoto R, et al. Relationship of TMJ osteoarthritis/ osteoarthrosis to head posture and dentofacial morphology. Orthod Craniofac Res (2008) 11: 8-16. 21 Alterações da postura corporal e disfunção da articulação temporomandibular Introdução Discussão Durante vários anos, o estudo dos distúrbios temporomandibulares (DTM) encontrava-se associado sempre a factores oclusais. Actualmente, existem outros factores relacionados com o aparecimento de DTM, havendo a necessidade de diagnosticar e tratar a patologia com base numa organização multidisciplinar. A postura corporal pode ser considerada como sendo um dos factores causais da patologia da articulação temporomandibular (ATM). Postura ideal Segundo a literatura actual pesquisada, verificou-se que pacientes portadores de DTM apresentam alterações importantes na postura corporal. Hiperlordose cervical Consiste na curvatura aumentada da coluna vertebral a nível cervical, podendo ser considerado como sendo um sinal importante associado a DTM. Alguns estudos comprovam uma maiorr prevalência de hiperlordose cervical em pacientes diagnosticados com DTM (2,6). Anteriorização da cabeça A anteriorização da cabeça também se encontra associada à hiperlordose cervical (1). Posicionamento anormal dos ombros Induz hiperactividade da musculatura cervical e mastigatória. Um desequilíbrio na sinergia entre os músculos mastigatórios e cervicais leva a alterações da posição de repouso mandibular (3,5). Causa alterações do posicionamento e funcionamento mandibular Tensão na musculatura mastigatória DTM Postura durante o sono Um desequilíbrio destas estruturas leva a alterações na postura e consequente patologia, nomeadamente, ao nível da ATM (1,5). Objectivo Neste trabalho pretende-se estudar a associação entre alterações da postura corporal, DTM e dor orofacial. Estudos comprovam que o lado da postura do paciente durante o sono é ipsilateral à ATM com deslocamento anterior do disco. Esta associação deve ser mais profundamente estudada de modo a verificar uma associação mais consistente entre a postura durante o sono e o surgimento de DTM (4). Conclusão As complexas interrelações do sistema estomatognático, regulação neuromuscular e a problemática postural corporal apontam cada vez mais para uma interrelação causal destes factores no problema da DTM. 22 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Casuística da Consulta de Prostodontia Fixa da Clínica Universitária da Universidade Católica Portuguesa Esteves, H.,1 Correia, A.,2 Araújo, F.,2 Silva, A. M.2 1 Médico Dentista, Regente de Prostodontia Fixa do Curso de Medicina Dentária 2 Médico Dentista, Assistente Convidado de Prostodontia Fixa do Curso de Medicina Dentária 3 Médico Dentista, Assistente Estagiário do Curso de Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução A Prostodontia Fixa visa a substituição ou restauração de peças dentárias por análogos artificiais que não são facilmente removíveis da boca do paciente (1). Dada a exigência técnica desta Área Disciplinar, é necessário um treino com elevado número de horas clínicas na formação do Médico Dentista. Objectivos Avaliar o desempenho clínico da área disciplinar de Prostodontia Fixa na Clínica Universitária da Universidade Católica Portuguesa entre 2005 e o final do primeiro semestre de 2008. Discussão/Conclusões A casuística apresentada não é muito elevada mas é nossa intenção continuar a análise sistemática dos casos tratados nesta área disciplinar. Apesar de resolvidas em tempo adequado, importa também determinar os factores etiológicos das complicações encontradas. Bibliografia 1. Rosenstiel SF, Lans MF, Fujimoto J, Contemporary Fixed Prosthodontics, 3 ed Missouri: Mosby; 2001 23 Casuística da Consulta de Prostodontia Fixa da Clínica Universitária da Universidade Católica Introdução A Prostodontia Fixa visa a substituição ou restauração de peças dentárias por análogos artificiais que não são facilmente removíveis da boca do paciente (1). Dada a exigência técnica desta Área Disciplinar, é necessário um treino com elevado número de horas clínicas na formação do Médico Dentista. Fizeram-se 44 próteses fixas metalo-cerâmicas e 2 metálicas – Figura 3. Objectivos Figura 3 Avaliar o desempenho clínico da área disciplinar de Prostodontia Fixa na Clínica Universitária da Universidade Católica Portuguesa entre 2005 e o final do primeiro semestre de 2008. Dos 63 dentes preparados, 37 eram vitais – Figura 4. Nos 26 pacientes que compareceram à consulta de controlo (correspondendo a 59% dos tratados em Prostodontia Fixa) encontrámos duas complicações Materiais e Métodos Revisão dos casos clínicos tratados pelos alunos do 6º ano no âmbito do ensino de Prostodontia Fixa do Curso de Medicina Dentária Fixa da Universidade Católica Portuguesa, Centro Regional das Beiras, no período 2005 e o final do primeiro semestre de 2008. Figura 4 Resultados Entre 2005 e o final do 1º semestre 2008 foram observados 110 pacientes (Figura 1) dos quais 50% não tinham indicação clínica para esta área disciplinar, 10% só compareceram à primeira consulta e 40% foram oficialmente reabilitados com recurso a prótese fixa. após cimentação definitiva (prematuridades oclusais) e 4 complicações sentidas durante o tempo da reabilitação provisória (hipersensibilidade dentária). Ambas as complicações foram atempadamente resolvidas – Figura 5. Figura 1 - Número e percentagem de pacientes de cada grupo. Figura 5 Dos tipos de trabalhos efectuados (Figura 2) 48% foram próteses fixas com substituição de peças dentárias completas e 52% foram restaurações dentárias parciais. Figura 2 - Número e percentagem de cada tipo de prótese fixa efectuado. Discussão/Conclusões A casuística apresentada não é muito elevada. A análise sistemática será continuada nos anos lectivos seguintes, para se poderem extrair dados conclusivos. Relativamente às complicações encontradas, e apesar de resolvidas em tempo adequado, importa determinar os seus factores etiológicos. 24 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Grau de satisfação dos pacientes reabilitados em Prostodontia Fixa na Clínica Universitária da Universidade Católica Portuguesa. Estudo preliminar Correia, A.,1 Esteves, H.,2 Araújo, F.,3 Silva, A. M.3 1 Médico Dentista. Assistente Convidado de Prostodontia Fixa do Curso de Medicina Dentária 2 Médico Dentista. Regente de Prostodontia Fixa do Curso de Medicina Dentária 3 Médico Dentista. Assistente Estagiário do Curso de Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução A reabilitação oral em Prostodontia Fixa tem por objectivo proporcionar o restabelecimento das funções mastigatória, fonética e estética do paciente. Como estas reabilitações implicam processos morosos e geram grandes expectativas para o paciente, é importante para o Médico Dentista verificar se o esforço e gastos dispendidos correspondem efectivamente a essas expectativas. Objectivos Medir o grau de satisfação dos pacientes reabilitados em Prostodontia Fixa na Clínica Universitária da Universidade Católica Portuguesa, Centro Regional das Beiras. Discussão/Conclusões De acordo com os resultados, notou-se uma tendência que poderá indicar uma avaliação positiva em relação à satisfação dos pacientes reabilitados com próteses fixas, sobretudo nos factores estéticos (cor e forma). Bibliografia 1. Pinelli LAP, Fais lmo, Marra j, Tavares da Silva rhbt, Guaglianoni DG. Grau de satisfação de pacientes portadores de prótese parcial fixa. Revista de odontologia da UNESP 2004;33(2):87-93. 25 Grau de satisfação dos pacientes reabilitados em Prostodontia Fixa numa Clínica Universitária. Estudo preliminar Introdução “Já se acostumou aos seus novos dentes?” “Notou alguma alteração na alimentação?” “Está mais fácil de comer com os novos dentes?” “Recebeu informações suficientes sobre o tratamento?” “Cor – acha que os seus dentes…” “Comprimento – acha que os seus dentes…” “Acha que os seus dentes têm a forma e a posição certas?” “Acha que o tratamento afectou os seus relacionamentos sociais?” A reabilitação oral em Prostodontia Fixa tem por objectivo proporcionar o restabelecimento das funções mastigatória, fonética e estética do paciente. Como estas reabilitações implicam processos morosos e geram grandes expectativas para o paciente, é importante para o Médico Dentista verificar se o esforço e gastos dispendidos correspondem efectivamente a essas expectativas. Fig. 1 – Prótese Parcial Fixa efectuada em aulas clínicas de Prostodontia Fixa na Clínica Universitária da UCP-CRB Objectivos Medir o grau de satisfação dos pacientes reabilitados em Prostodontia Fixa na Clínica Universitária da Universidade Católica Portuguesa, Centro Regional das Beiras. Material e Métodos Revisão dos casos clínicos tratados pelos alunos do ciclo clínico de Prostodontia Fixa (2005-2008). Em 2007-2008 foram efectuadas consultas de controlo, nas quais foi realizado um inquérito de satisfação, adaptado de Pinelli (1). Resultados Dos 26 pacientes sujeitos a controlo, 17 responderam ao inquérito (65,4%). Discussão e Conclusão Dentro das limitações do nosso estudo, notou-se uma tendência que poderá indicar uma avaliação positiva em relação à satisfação dos pacientes reabilitados com próteses fixas, sobretudo nos factores estéticos (cor, forma e posição). 26 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Acção de sensibilização na Escola Secundária Alves Martins, Viseu Gonçalves, J.-C.,1 Bogalheiro, M.,1 Melo, J.,1 Alves, M.,1 Figueiredo, A.,2 Veiga, N.2 1 Alunos do curso de Medicina Dentária da UCP-CRB 2 Docentes do Mestrado Integrado em Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução A implementação de programas de promoção de saúde oral nas escolas é cada vez mais importante para instruir e motivar a comunidade para a prática de comportamentos de saúde oral correctos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que um maior conhecimento por parte das populações de cuidados de saúde oral preventivos leva a alterações importantes nos comportamentos de saúde oral. Objectivos O nosso objectivo foi promover uma acção de sensibilização sobre cuidados de saúde oral a alunos do 12º ano da Escola Secundária Alves Martins, em Viseu, que solicitaram a nossa intervenção no âmbito da Área de Projecto “Semana da Saúde”. Conclusões Os resultados obtidos confirmam uma prevalência de cárie dentária moderada. Os alunos demonstraram interesse sobre os assuntos abordados, contudo esta avaliação pode apenas ser realizada com posteriores acções de sensibilização de modo a verificar se há uma maior ou menor adesão e motivação por parte destes. Bibliografia 1. Watt RG, Marinho VC. Does oral health promotion improve oral hygiene and gingival health? Periodontology 2000 (2005) 37: 35–47. 2. Harnett ET, Catherine S. Oral health promotion evaluation – time for development. Community Dent Oral Epidemiol (2001) 29: 161–6. 3. Kwan S, Petersen PE, et al. Health-promoting schools: an opportunity for oral health promotion. Bulletin of the World Health Organization (2005) 83(9): 677-85. 4. Petersen PE, Torres AM. Preventive oral health care and health promotion provided for children and adolescents by the Municipal Dental Health Service in Denmark. International Journal of Paediatric Dentistry (1999) 9: 81-91. 5. Campus G, Lumbau A, Lai S, et al. Socio-economic and Behavioural Factors Related to Caries in Twelve-Year-Old Sardinian Children. Caries Res (2001) 35: 427 – 434. 6. Pine CM, Curnow MM, et al. Caries Prevalence Four Years after the End of Randomised Controlled Trial. Caries Res (2007) 41: 431 – 436. 27 Acção de sensibilização na Escola Secundária Alves Martins, Viseu Introdução A implementação de programas de promoção de saúde oral para a instrução e motivação da comunidade escolar é fundamental para a prática correcta de comportamentos de saúde oral. Resultados Não deixa de ser importante referirmos que o pedido veio por parte dos alunos da Escola Secundária Alves Martins de Viseu, o que revela interesse pelos próprios na instrução/motivação pela área da saúde oral. O índice de CPOD total foi de 3,48 (cariados 2,32; perdidos 0,25; obturados 0,9), num total de 139 dentes cariados, perdidos e obturados. Os dentes mais afectados pela cárie dentária são os primeiros molares permanentes. Esta situação indica que esta amostra tem um índice de CPOD superior ao recomendado pela OMS (CPOD igual ou inferior a 3) para 2000. Objectivo O nosso objectivo foi promover uma acção de sensibilização sobre cuidados de saúde oral aos alunos do 12º ano da Escola Secundária Alves Martins, em Viseu, que solicitaram a nossa intervenção no âmbito da Área de Projecto “Prevenção, uma solução a longo prazo?” na campanha escolar “Semana da Saúde”. Material e Métodos Realizámos uma acção de sensibilização para 40 alunos que frequentavam o 12º ano na Escola Secundária Alves Martins (65,9% do sexo feminino). Inicialmente, os alunos assistiram a uma apresentação sobre cuidados e comportamentos de saúde oral. Seguidamente, foi avaliado o índice de CPOD de modo a dar a conhecer aos alunos o seu estado de saúde oral. A observação intra-oral foi realizada por alunos do curso de Mestrado Integrado em Medicina Dentária da UCP, Viseu, com recurso ao espelho bucal e sonda WHO probe. No final cada aluno recebeu um kit composto por escova de dentes, pastas, colutórios e um panfleto informativo sobre saúde oral. Conclusões Os resultados obtidos nesta sensibilização confirmam uma prevalência de cárie dentária moderada. Os alunos demonstraram interesse sobre os assuntos abordados, contudo esta avaliação pode apenas ser realizada com posteriores acções de sensibilização de modo a verificar se há uma maior ou menor adesão e motivação por parte destes. 28 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Avaliação da saúde oral numa população rural Barata, C.,1 Veiga, N.,2 Figueiredo, A.,2 Santos, L.2 1 Aluna do curso de Medicina Dentária da UCP-CRB 2 Docentes do Mestrado Integrado em Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução Existem em Portugal deficiências ao nível da saúde oral nas nossas populações, o que demonstra a necessidade de existirem programas de promoção de saúde oral entre a comunidade escolar. Objectivos Os objectivos definidos para esta acção de sensibilização foram os seguintes: ajudar a modificar as práticas/hábitos de higiene oral; alertar para a importância de hábitos de higiene oral com o intuito de prevenir doenças orais; alertar para a importância de efectuar uma correcta higiene oral desde cedo; fomentar hábitos alimentares saudáveis; incentivar a ida ao médico dentista com periodicidade; fazer dos filhos pontes privilegiadas de mudança de atitudes junto do seu núcleo familiar e avaliar o nível de saúde oral em crianças dos 6 aos 12 anos. Conclusões Torna-se imprescindível a implementação de programas de promoção de saúde oral nas escolas de modo a permitir uma melhoria dos níveis de saúde oral das crianças. Este tipo de acção de sensibilização permite melhorar a motivação da comunidade para a saúde oral e realizar a incrementação dos níveis de conhecimentos acerca de cuidados higiénicos, quer nas crianças, quer nos seus encarregados de educação. Bibliografia 1. Bratthall D, Ansel Gp. (2005). Cariogram – a multifactorial risk assessment model for a multifactorial disease. Community Dentistry and Oral Epidemiology (2005). 2. Gushi Ll, Soares Mc. Forni Tb, Vieira V, Wada Rs, Sousa M. Relathionship between dental cáries and sócio-economic factors in adolescents. Journal of Applied Oral Science (2005). Brasil. 3. Petersen Pe, Peng B, Tai B, Bian Z, Fan M. Effect of a schoolbased oral health education programme in Wuhan City, Peoples Republic of China. International Dental Journal (2004). China. 4. Petersen Pe, Kwan S. Evaluation of community – based oral health promotion and oral disease prevention – WHO recommendations for improved evidence in public health practice. Community Dental Health (2004). Suíça. 5. Almeida Cm, Petersen Pe, André Sj. Toscano A. Changing oral health status of 6- and 12-year-old schoolchildren in Portugal, in Community Dental Health (2003) 20: 211216. 6. Petersen Pe, Esheng Z. Dental caries and oral health behaviour situation of children, mothers and schoolteachers in Wuhan, People’s Republic of China. International Dental Journal (1998). China 29 Avaliação da saúde oral numa população rural Introdução A escola é um local ideal para a promoção da saúde oral. Na idade escolar passa-se de criança para adolescente e estes são os estágios que mais influenciam a vida das pessoas, no que respeita aos comportamentos relacionados com a saúde oral. As crianças estão particularmente receptivas durante este período e quanto mais cedo forem estabelecidos os hábitos, por mais tempo se prolonga o seu impacto. No âmbito da escolaridade obrigatória, pareceu-nos importante ter a família e a escola implicados neste projecto, pois são as principais instituições de socialização das crianças. Figura 2: Algumas das passagens na sessão para os pais. Objectivos • Realçar as potencialidades da relação Escola-Família; • Ajudar a modificar as práticas/hábitos de higiene oral; • Alertar para a importância de hábitos de higiene oral para a prevenção de doenças orais; • Alertar para a importância de efectuar uma correcta higiene oral desde cedo; • Fomentar hábitos alimentares saudáveis; • Incentivar a ida ao Médico Dentista com periodicidade; • Fazer dos filhos pontes privilegiadas de mudança de atitudes junto do seu núcleo familiar. Material e Métodos A implementação e aplicação do inquérito com antecedência à população escolar foi preponderante para a concepção das sessões dinamizadas, pois, através dele, pudemos direccionar as sessões de acordo com as dúvidas apresentadas, desde cronologia de erupção de dentes decíduos e permanentes, a técnicas de escovagem e manuseamento do fio dentário, passando por algumas sugestões acerca de alimentação saudável. Foram efectuadas duas sessões diferentes, uma em horário escolar com as crianças e outra em horário pós-laboral com os encarregados de educação. O estudo efectuado foi um estudo piloto, com uma amostra de 32 crianças, de um total de 41 (19 do sexo feminino e 22 do sexo masculino), da Escola do 1º Ciclo de Ensino Básico (CEB) de Sarzedo, com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos. Foram avaliados o Índice CPOD, cpod e o Índice de placa de O’Leary. A cada criança foram distribuídas uma escova de dentes, pasta dentífrica, raspadores de língua e os folhetos com os tópicos essenciais para uma correcta higiene oral. Resultados O índice CPOD foi de 0,5 e o índice cpod foi de 2,05. O índice de placa de O’Leary apresentou um valor médio de 16,5%. Houve uma óptima adesão por parte de todas as pessoas envolvidas: inicialmente havíamo-nos autoproposto para fazer esta acção (no passado ano lectivo) e este ano foram os professores que nos solicitaram a continuação do trabalho; os pais aderiram de forma mais consistente este ano comparativamente ao ano passado, quer no âmbito do preenchimento dos inquéritos (80% contra os 61% em 2007) quer também da procura de cuidados de saúde oral. Figura 3: Gráficos sobre a adesão dos pais ao projecto em 2007 e 2008, respectivamente. Conclusões Figura 1: Algumas passagens na sessão com as crianças. Torna-se imprescindível a implementação de programas de promoção de saúde oral nas escolas de modo a permitir uma melhoria dos níveis de saúde oral das crianças. Este tipo de acção de sensibilização permite melhorar a motivação da comunidade para a saúde oral e realizar a incrementação dos níveis de conhecimentos acerca de cuidados higiénicos, quer nas crianças, quer nos seus encarregados de educação. 30 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Exérese de odontoma complexo. Caso clínico Lopes, J.,1 Araújo, S.,1 Lopes, J.,2 Silva, A.,3 Almeida, B.,4 Silva, S.1 1 Alunos do Curso de Medicina Dentária 2 Professor Regente das áreas de Medicina Oral e Patologia Oncológica do Curso de Medicina Dentária 3 Professor Regente da área de Cirurgia Oral do Curso de Medicina Dentária 4 Assistente Convidado da área de Cirurgia Oral do Curso de Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução O odontoma é um tumor de origem odontogénica constituído por todos os tecidos dentários: esmalte, dentina, cemento e polpa formando uma massa que, morfologicamente se assemelha a um dente ou não, denominando-se respectivamente odontoma composto ou odontoma complexo. Ocorrem normalmente antes dos 20 anos de idade estando associados a dente(s) não erupcionado(s). O odontoma complexo é mais comum na região posterior da mandíbula, assintomático e radiograficamente identifica-se uma massa volumosa calcificada, circundada por estreita linha radiopaca com espaços radiotranslúcidos no seu interior. O odontoma composto apresenta-se mais frequentemente na região anterior do maxilar superior, sob a forma de dente ou dentículos. Objectivos Os autores propõem-se a apresentar um caso clínico, raro pela sua dimensão, de uma paciente saudável da Clínica Universitária, de 47 anos, apresentando pontualmente sintomatologia dolorosa na região mandibular esquerda. Conclusão O diagnóstico clínico e imagiológico, seguido de intervenção cirúrgica e exame anátomo-patológico sistemático da peça, constitui a adequada atitude terapêutica neste tipo de patologia. 31 Exérese de odontoma complexo. Caso clínico Procedimento Cirúrgico e Follow up: Introdução O odontoma é um tumor de origem odontogénica constituído por todos os tecidos dentários: esmalte, dentina, cemento e polpa formando uma massa que, morfologicamente se assemelha a um dente ou não, denominando-se respectivamente odontoma composto ou odontoma complexo1,2 . Ocorrem normalmente nas duas primeiras décadas de vida estando associados a dente(s) não erupcionado(s)3. O odontoma complexo é mais comum na região posterior da mandíbula, assintomático e radiograficamente identifica-se uma massa volumosa calcificada, circundada por estreita linha radiopaca com espaços radiotranslúcidos no seu interior 4,5,6,7,. O odontoma composto apresenta-se mais frequentemente na região anterior do maxilar superior, sob a forma de dente ou dentículos5,6,7,8. Fig. 1 Fig. 2 • • • • • • • • • • • Anestesia loco-regional; Retalho muco-periósteo com descarga distal; Osteotomia com exposição do odontoma (Fig. 8); Osteotomia circular conservadora das corticais, com remoção de estrutura periférica do odontoma; Secção do odontoma; Luxação do odontoma; Exérese do odontoma (Fig. 9) e envio para exame anátomopatológico; Regularização do bordo ósseo e irrigação da cavidade cirúrgica (Fig.10); Sutura simples 2.0; Ortopantomografia de controlo imediato (Fig. 11); Controlo pós-operatório após uma semana e após um mês, com presença de comunicação com a cavidade oral, em consequência da ruptura da sutura (Fig. 12). Fig. 8 Fig. 3 Fig. 9 Fig. 4 Fig. 11 Fig. 5 Fig. 6 Fig. 7 Fig. 10 Discussão e Conclusão Objectivo Apresentação de um caso clínico, raro pela sua dimensão e localização5,6,7,8, de uma paciente saudável da Clínica Universitária, de 47 anos com sintomatologia dolorosa pontual na região posterior esquerda da mandíbula.. Metodologia O diagnóstico foi realizado através de exame clínico, ortopantomografia, radiografia periapical, T.A.C. e exame anátomopatológico. Exérese da lesão no bloco operatório da Clínica Universitária, pelos docentes, sob anestesia local. Pela dimensão, localização (Figs. 2, 3) e sintomatologia consideramos a remoção cirúrgica a melhor terapêutica. O diagnóstico diferencial entre odontoma composto e odontoma complexo deverá ser feito com outras lesões odontogénicas mistas, nomeadamente o quisto odontogénico calcificante, fibro-odontoma ameloblástico e odontoameloblastoma. O caso clínico, identificava-se como odontoma complexo no que diz respeito à imagiologia (Figs. 3, 4, 5, 6, 7) e anatomia, no entanto o exame anátomo-patológico (Figs. 13, 14) veio confirmar a aparência macroscópica de odontoma composto (Figs. 8, 9). O diagnóstico clínico e imagiológico, seguido da exérese do tumor e exame anátomo-patológico sistemático da peça, constitui a adequada atitude terapêutica neste tipo de patologia7, 8, 9. Fig. 12 Fig. 13 Fig. 14 32 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Mesiodentes. Diagnóstico clínico e radiológico Cardoso, Á.,1 Lima, T.,1 Morais, J.,1 Dias, R.,1 Borges, T.,2 Carvalho, Á.3 1 Aluno do 3.º Ano do Mestrado Integrado em Medicina Dentária 2 Assistente Convidado da Área Disciplinar de Cirurgia Oral do Mestrado Integrado em Medicina Dentária 3 Assistente Convidada da Área Disciplinar de Ortodontia Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução Os dentes supranumerários são dentes suplementares da dentição. A prevalência de dentes supranumerários situa-se entre 0,15 e 3,9% (1). O mesiodente constitui mais de 50% dos dentes supranumerários, localiza-se na região interincisiva maxilar, apresentando-se na forma individual ou múltipla (2). O trajecto eruptivo destes dentes pode estar invertido, com uma direcção de erupção em relação à cavidade nasal ou aos seios maxilares (1-4). Os mesiodentes podem ser classificados com base na sua ocorrência na dentição permanente (mesiodentes rudimentares), que apresentam forma anormal e dimensões reduzidas em relação aos dentes normais; ou na dentição decídua (mesiodentes suplementares), que se assemelham aos dentes naturais e também de acordo com a sua morfologia (cónica, tuberculada e molariforme) (3). Objectivos Com este trabalho pretendeu-se realizar uma revisão bibliográfica sobre o tema, corroborada com a apresentação de um caso clínico relacionado. Conclusão Apesar dos dentes supranumerários permanecerem frequentemente assintomáticos, podem estar associados a complicações diversas. Na tentativa de as evitar ou minimizar, um diagnóstico diferencial precoce assume uma importância crucial. Os exames de diagnóstico radiográfico são, neste tipo de patologias, uma ferramenta fundamental para uma avaliação correcta das alterações descritas e complicações associadas. Bibliografia 1. Van Buggenhout G, Bailleul-Forestier I. Mesiodens. Eur J Med Genet. 2008 2. Kim SG, Lee SH. Mesiodens: a clinical and radiographic study. J Dent Child (Chic). 2003 Jan-Apr;70(1):58-60. 3. Russell KA, Folwarczna MA. Mesiodens--diagnosis and management of a common supernumerary tooth. J Can Dent Assoc. 2003 Jun;69(6):362-6. Review. 4. Asaumi JI, Shibata Y, Yanagi Y, Hisatomi M, Matsuzaki H, Konouchi H, Kishi K. Radiographic examination of mesiodens and their associated complications. Dentomaxillofac Radiol. 2004 Mar;33(2):125-7. 5. Ersin NK, Candan U, Alpoz AR, Akay C. Mesiodens in primary, mixed and permanent dentitions: a clinical and radiographic study. J Clin Pediatr Dent. 2004 Summer;28(4):295-8. 6. Costa Pinho TM, Figueiredo Pollmann MC. Study of the frequency and the features of supranumerary teeth found in one Portuguese population. Bull Group Int Rech Sci Stomatol Odontol. 2004 May-Dec;46(2-3):52-62. 33 Mesiodentes. Diagnóstico clínico e radiográfico Introdução Os dentes supranumerários são dentes suplementares da dentição. A prevalência de dentes supranumerários situa-se entre 0,15 e 3,9% (1). O mesiodente constitui mais de 50% dos dentes supranumerários, localiza-se na região interincisiva maxilar, apresentando-se na forma individual ou múltipla (2). O trajecto eruptivo destes dentes pode estar invertido, com uma direcção de erupção em relação à cavidade nasal ou aos seios maxilares (1-4). Os mesiodentes podem ser classificados com base na sua ocorrência na dentição permanente (mesiodentes rudimentares), que apresentam forma anormal e dimensões reduzidas em relação aos dentes normais; ou na dentição decídua (mesiodentes suplementares), que se assemelham aos dentes naturais e também de acordo com a sua morfologia (cónica, tuberculada e molariforme) (3). A radiografia panorâmica, a radiografia oclusal e a radiografia periapical são exames complementares de diagnóstico imprescindíveis no estabelecimento desta anomalia (3). A utilização da tomografia computorizada, baseada em cortes axiais e coronais constitui uma outra modalidade válida de diagnóstico complementar,4 facultando imagens tridimensionais das estruturas anatómicas. Fig. 1. Alteração do trajecto eruptivo do dente 21. Fig. 2. Radiografia Panorâmica inicial. Objectivos Com este trabalho pretendeu-se realizar uma revisão bibliográfica sobre o tema, corroborada com a apresentação de um caso clínico relacionado. Fig. 3. Radiografia periapical Fig. 4. Radiografia oclusal Material e Métodos Pesquisa na Medline® com as seguintes palavras-chave: “mesiodens”, “incisor abnormalities” e “supernumerary AND diagnosis”, limitada a publicações de Medicina Dentária, língua Inglesa, indexadas, entre o ano de 2003 a 2008. Discussão O diagnóstico do mesiodente reside fundamentalmente no exame clínico e no exame radiográfico. A presença de alterações no trajecto eruptivo dos incisivos maxilares (Fig. 1.), a presença de rotações e inclinações dentárias na região incisiva maxilar exige a pesquisa da eventual presença de dentes supranumerários na pré-maxila (3,5,6). A palpação na região interincisiva e a inspecção visual são também procedimentos elementares. Fig. 5. Corte Axial da Tomografia Computorizada. Fig. 6. Cortes Coronais da Tomografia Computorizada. Conclusão Apesar dos dentes supranumerários permanecerem frequentemente assintomáticos, podem estar associados a complicações diversas. Na tentativa de as evitar ou minimizar, um diagnóstico diferencial precoce assume uma importância crucial. Os exames de diagnóstico radiográfico são, neste tipo de patologias, uma ferramenta fundamental para uma avaliação correcta das alterações descritas e complicações associadas. 34 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Indução cirúrgica de caninos maxilares retidos Frazão, S.,1 Dias, R.,1 Dias, V.,1 Silva, S.,1 Almeida, B.,2 Silva, A.3 1 Aluno(a) do 3.º ano do Curso de Medicina Dentária 2 Assistente Convidado da área de Cirurgia Oral 3 Professor Regente da área de Cirurgia Oral do Curso de Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução A exploração radiológica com predictibilidade de possível retenção de caninos maxilares deve ser realizada depois dos 10-11 anos. Posteriormente devemos realizar exame clínico com palpação da possível saliência vestibular. Caso não se identifique, será indicador de possível retenção ou desvio da trajectória de erupção. Depois de confirmada a indicação para indução cirúrgica excisa-se um anel de mucosa (ou o decíduo caso exista) e realiza-se osteotomia (caso exista recobrimento ósseo) com exposição da coroa do canino, com colocação ou não de cimento cirúrgico, de forma a permitir erupção espontânea. Os factores determinantes do sucesso desta intervenção são: ápice incompletamente formado, inclinação do eixo do dente, idade e espaço na arcada dentária. Objectivos Os autores propõem-se a abordar o diagnóstico, a técnica cirúrgica e o prognóstico da indução cirúrgica de caninos maxilares retidos. Conclusão A indução cirúrgica suportada por um diagnóstico e procedimento cirúrgico correcto, se no timing certo permite a erupção espontânea do dente retido. Bibliografia 1. Abron A., Mendro Ryan L., Kaplan S. Impacted Permanent maxillary canines: diagnosis and treatment. Columbia Dental Review 2004: 9: 15-22 2. Patrick F., Mcsherry B.A. The ectopic maxillary canine: A Review. British Journal of Orthodontics. Vol. 25/3/1998, p. 209-216. 3. Jarjoura K. Crespo P. Fine JB. Maxillary canine impactions: orthodontic and surgical management. Compedium of Continuing Education in Dentistry 2002. 23(1):23-26. 4. Richerdson G RK. A review of impacted permanent maxillary cuspids. Diagnosis and prevention. Journal of the Canadian Dental Association 2000. 66(9):497-501. 5. Felsenfeld AL, Aghaloo T. Surgical exposure of impacted teeth. Oral Maxillofac Surg Clin North Am. 2002 May;14(2):187-99. 6. Cooke J, Wang HL. Canine impactions: incidence and management. Int J Periodontics Restorative Dent. 2006 Oct;26(5):483-91. 7. Abron A, Mendro RL, Kaplan S. Impacted permanent maxillary canines: diagnosis and treatment. N Y State Dent J. 2004 Dec;70(9):24-8. 35 Indução Cirúrgica de Caninos Maxilares Retidos Caso Clínico Introdução A retenção de caninos permanentes maxilares afecta 1 a 2% da população em geral, sendo o segundo tipo de retenção mais frequente. Um diagnóstico precoce permite reduzir possíveis complicações. É conveniente determinar o grau de retenção com o auxílio da a história clínica, inspecção visual, palpação e exame radiológico. 1,2 Existem essencialmente três métodos de exposição e alinhamento do canino:2 Paciente do sexo feminino, com 16 anos; presença dos dentes 53 e 63 na arcada dentária; mobilidade no dente 63 e retenção dos dentes 13, 23 e 43. Exposição cirúrgica do dente e erupção espontânea Exposição cirúrgica do dente e tracção Exposição cirúrgica do dente com recobrimento da coroa com mucosa e tracção Esta apresentação tem como objectivos abordar o diagnóstico e técnica cirúrgica aplicados à indução cirúrgica de caninos maxilares retidos. Material e Métodos Pesquisa na Medline® com as palavras-chave “impacted canine management”,“surgical exposure AND impacted canines” e “spontaneous eruption AND impacted canines”, limitada a revistas de Medicina Dentária, língua Inglesa; complementada com apresentação de um caso clínico. Fig. 3 – Raio-x Panorâmico. Fig. 4 – Raio-x Periapical, dente 13. Fig. 5– Raio-x Periapical, dente 23. Ápice quase completamente formado Indução cirúrgica dos dentes 13 e 23: Anestesia por bloqueio loco-regional; Extracção dos dentes 53 e 63; Retalho em envelope; 3. Osteotomia com broca esférica em peça de mão com exposição da coroa do dente 13; no dente 23 remoção do septo ósseo com exposição; 4. Luxação dos dentes 13 e 23; 5. Colocação de cimento cirúrgico no dente 13; 6. Encerramento com sutura. Discussão O médico dentista deve suspeitar de uma possível retenção quando o canino permanente não o respeita o timing normal de erupção ou se a palpação indica uma assimetria do padrão eruptivo (2). A avaliação radiológica deve ser implementada sempre que a palpação é inconclusiva (1,3-5). No entanto, há que ter em conta que o exame radiológico realizado antes dos 10/11 anos tem um baixo valor de diagnóstico (2). A decisão terapêutica deve ser tomada tendo em conta vários aspectos (1-6): • Estado de formação do ápice; • Idade do paciente; • Causa da retenção; • Inclinação do eixo do dente; • Presença ou não de reabsorção radicular dos incisivos adjacentes; • Existência de espaço na arcada ou a possibilidade de o obter; • Existência de patologia associada (local, regional ou geral); • Estado geral da dentição. Fig. 4 – Fotografia Intra-Oral Fig. 5 – Extracção do dente 13. Fig. 6 – Luxação do dente 13. Fig. 7 – Colocação do cimento cirúrgico no dente 13. Fig. 8– Extracção do dente 23. Fig. 9 – Luxação do dente 23. Factores Desfavoráveis 1-6 • • • • • Ápice completamente formado; Inclinação superior a 45o; Anquilose; Dilaceração; Proximidade à linha média. Factores Favoráveis 1-6 • Ápice incompletamente formado; • Idade jovem (10-13 anos); • Direcção e inclinação de erupção correctas . Fig. 2 – Factores determinantes no sucesso ou fracasso da indução cirúrgica. Fig. 10 – Dentes 53 e 63. Conclusão A indução cirúrgica suportada por um diagnóstico e procedimento cirúrgico correcto, se no timing certo, permite a erupção espontânea do dente retido. Caso não se verifique, deverá ficar sempre em aberto a possível tracção ortodôntica. 36 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Critérios de selecção de brocas de osteotomia em cirurgia oral Silva, M.,1 Taveira, J.,1 Monteiro, J.,1 Pinto, F.,1 Figueiredo, C.,1 Policarpo, F.1 1 Aluno (a) do 4.º ano do Curso de Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução Nas intervenções de Cirurgia Oral pode ser necessário eliminar tecido ósseo com o objectivo de aceder à área patológica como, por exemplo, um quisto intra-ósseo ou elemento dentário incluso. Este procedimento chamado osteotomia, deve ser realizado minimizando o traumatismo do tecido ósseo circundante. Objectivos Os autores propõem uma selecção de brocas de osteotomia adequadas à cirurgia oral. Conclusão A selecção adequada das brocas de osteotomia em Cirurgia Oral permite uma intervenção atraumáutica, selectiva e conservadora evitando complicações intra e pós-operatórias. Bibliografia 1. Peterson, Larry J. et al, Contemporary Oral and Maxillofacial Surgery, Mosby – Year Book Inc., 2005; 2. Donoff, R. Bruce et al, Manual of Oral and Maxillofacial Surgery, Mosby - Year Book Inc., 2005; 3. Donado, M.et al, Cirurgia Bucal - Patologia e técnica, Masson; 4. Escoda, Cosme Gay, et al Odontologia - Tratado de Cirurgia Bucal – Tomo 1, Ergon Ediciones, 2006. 37 Critérios de selecção de brocas de osteotomia em cirurgia oral Introdução Nas intervenções de Cirurgia Oral pode ser necessário remover tecido ósseo com o objectivo de aceder à área patológica (1) como, por exemplo, um quisto intra-ósseo ou elemento dentário incluso. Este procedimento designado osteotomia, deve ser selectivo, conservador e atraumático para o tecido ósseo circundante. Em Cirurgia Oral a osteotomia pode ser realizada de forma isolada ou associada a odontosecção, logo a escolha do material rotatório a utilizar depende do acto clínico. Actualmente, utilizam-se na prática clínica brocas de aço, tungsténio e cerâmica. As brocas em cerâmica, consideradas inovadoras pelas suas propriedades físico-químicas apresentam as seguintes características (8): • Biocompatibilidade; • Não contêm metal; • Não sofrem corrosão; • Alta capacidade de corte; • Boas propriedades de perfuração; • Desenho especial das ranhuras da ponta activa, permitindo uma osteotomia com pouca vibração e condução exacta do movimento de corte; • Redução conservadora e suave do osso a cortar; Apesar das vantagens das brocas cerâmicas, a relação custo-benefício bem como a limitação de oferta permitem que as brocas de tungsténio continuem a ser as mais utilizadas na prática clínica. A B C FIG.1 A/B/C – Brocas esféricas de tungsténio (1,5; 3 e 5 mm de Ø) D E FIG.2 D/E – Brocas esféricas de cerâmica (2,3 e 3,1 mm de Ø) FIG.3 – Brocas fissuradas de cerâmica e tungsténio FIG.4 – Osteotomia com brocas de peça de mão Contra-Ângulo: Instrumento com alto torque, baixa rotação (20.000 rpm) para utilizar sempre que não exista acessibilidade para a peça de mão (1,2,3,4,5,6,7). Objectivos Os autores baseando-se na experiência clínica dos docentes de Cirurgia Oral do Curso de Medicina Dentária da Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional das Beiras, apresentam um grupo restrito de brocas a utilizar na osteotomia para cada instrumento rotativo. Discussão São vários os critérios a ter em conta na selecção de brocas de osteotomia em Cirurgia Oral (3): CRITÉRIOS • • • • • • Qualidade/Quantidade de osso Experiência do Operador Material da ponta activa Instrumento rotativo Tamanho/diâmetro da broca Estrutura dentária Peça de Mão Instrumento de eleição em Cirurgia Oral, devido ao seu elevado torque e baixa rotação (20.000 rpm) (1,2,3,4,5,6,7) FIG.5 – Broca fissurada de tungsténio FIG.6 – Brocas esféricas de tungsténio FIG.7 – Broca esférica de cerâmica FIG.8 – Broca fissurada de cerâmica Brocas de Turbina: Instrumento rotativo de alta rotação (300000-400000 rpm), e baixo torque; apenas deverá ser utilizado por profissionais com experiência cirúrgica, em casos de odontosecção/osteotomia. FIG.9 – Brocas fissuradas de tungsténio para odontosecção e osteotomia Conclusão Respeitando os critérios de selecção, é possível obter um broqueiro cirúrgico selectivo com capacidade para fazer face às intervenções de Cirurgia Oral. As brocas apresentadas traduzem a experiência clínica dos docentes de Cirurgia Oral, sendo suficientes para a resolução de todas as intervenções de osteotomia, no consultório dentário. 38 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Próteses fixas dento-implanto-suportadas. O estado actual Silva, A. M.,1, Araújo, F.,1 Correia, A.,2 Esteves, H.1 1 Médico Dentista, Docente Colaborador da Área Disciplinar de Prostodontia Fixa 2 Médico Dentista, Docente Responsável da Área Disciplinar de Prostodontia Fixa Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução Actualmente, a reabilitação oral de pacientes com edentulismo parcial, pode ser efectuada com recurso a próteses fixas suportadas por dentes naturais e implantes. Objectivos Neste trabalho pretende-se efectuar uma revisão da literatura científica sobre o estado actual das próteses fixas dento-implanto-suportadas. Bibliografia 1. Kronström M, Trulsson M, Söderfeldt, B; Patient Evaluation of treatment with fixed prostheses supported by implants or a combination of teeth and implants – Journal of Prosthodontics, Vol. 13, N.º 3, 2004,160-165; 2. Naert I, Duyck J, Hosny M, van Steenberghe D; Freestanding and tooth-implant connected prostheses in the treatement of partially edentulous patients. Part I: An up to 15-years clinical evaluation – Clin. Oral Impl. Res. 12, 2001, 237-244; 3 Lin C-L, Chang S-H, Wang J-C; Finite element analysis of biomechanical interactions of a tooth-implant splinting system for various bone qualities – Chang Gung Med J, 29, 2006, 143-153; 4 Lin C-L, Wang J-C, Chang W-J; Biomechanical interactions in tooth-implant-supported fixed partial dentures with variations in the number of splinted teeth and connector type: a finite element analysis – Clin. Oral Impl. Res. , 2007; 5 Ochiai K T, Ozawa S, Caputo A, Nishimura R D; Photoelastic stress analysis of implant-tooth connected prostheses with segmented and nonsegmented abutments – The Journal of Prosthetic Dentistry, Volume 89, Number 5, 2003, 495-502; 6 Pjetursson B E, Brägger U, Lang N P, Zwahlen M; Comparison of survival and complication rates of tooth-supportes fixed dental prostheses (FDPs) and implant-supported FDPs and singlr crowns (SCs) – Clin. Oral Impl. Res. 18 (Suppl. 3), 2007, 97-113; 7 Lindh T, Bäck T, Nyström E, Gunne J; Implant versus toothimplant supported prostheses in the posterior maxilla: a 2-year report – Clin. Oral Impl. Res. 12, 2001, 441-449; 8 Gross M, Laufer B-Z; Splinting osseointegrated implants and natural teeth in rehabilitation of partially edentulous patients. Part I: Laboratory and clinical studies – Journal of Oral Rehabilitation 24, 1997, 863-870; 9 Nickenig H-J, Schäfer C, Spiekermann H; Survival and complications rates of combinated tooth-implant-supported fixed partial dentures - Clin. Oral Impl. Res. 17, 2006, 506-511. Conclusão A combinação de implantes e dentes naturais numa reabilitação protética parece ser um tratamento seguro e com prognóstico favorável desde que sejam correctamente avaliadas as condições intra-orais existentes. Da bibliografia consultada não se verificaram diferenças significativas entre a taxa de sucesso clínico das prótese implanto-suportadas e as implanto-dento-suportadas. No entanto, até serem determinadas objectivamente essas condições orais, algumas reservas devem ser tomadas no emprego deste tipo de tratamento. 39 Próteses Fixas Dento-Implanto-Suportadas. O Estado Actual Introdução Actualmente, a reabilitação oral de pacientes com edentulismo parcial, pode ser efectuada com recurso a próteses fixas suportadas por dentes naturais, implantes ou dentes e implantes, constituindo neste último caso as próteses fixas dento-implanto-suportadas (1). Discussão As próteses fixas dento-implanto-suportadas providenciam um aumento da capacidade mastigatória, melhor conforto oral, e principalmente um aumento na satisfação e qualidade de vida dos pacientes com edentulismo parcial. Todavia, a complexidade das interacções biomecânicas estabelecidas entre dente pilar e implante exige uma avaliação cuidada de vários factores: saúde periodontal, distância implante – dente pilar, tipo de osso presente, configuração da infra-estrutura a utilizar, distribuição oclusal e tipo de conexão dente-implante (1,5). Fig. 1 – Prótese Fixa Dento-Implanto Suportada no Maxilar Superior. Estrutura Metalo-Cerâmica suportada por quatro dentes naturais e dois implantes. (imagem gentilmente cedida pelo Dr. Manuel Neves) Desde o aparecimento dos implantes dentários que a sua combinação com dentes naturais gerou uma certa relutância, devido à anatomo-fisiologia das estruturas envolventes: enquanto um dente natural apresenta ligamento periodontal com receptores proprioceptivos que providenciam informação acerca das forças que atingem individualmente o dente, um implante estabelece uma relação de anquilose com o osso alveolar (1,2). Estas diferenças podem causar sérios problemas numa prótese fixa, tais como perda da retenção do pilar do implante, intrusão do dente natural, fractura do implante ou da prótese, perda de osteointegração ou perda de osso na zona peri-implantar, devido à sobrecarga sentida no implante (3,4). Objectivos Neste trabalho pretende-se efectuar uma revisão da literatura científica (Medline®) sobre o estado actual das próteses fixas dento-implanto-suportadas. Material e Métodos 1. Palavras-Chave: "Dental Implants"[Mesh] AND "Tooth"[Mesh]) AND "Denture, Partial, Fixed"[Mesh]. 2. Limites: Dental Journals, desde 1990. Foram selecionados artigos de revisão, estudos clínicos e estudos “in vitro”. Realizou-se um levantamento do número total de próteses dento-implanto-suportadas efectuadas, verificando se a opinião dos estudos é favorável ou desfavorável a este tipo de tratamento. Fig. 2 – Prótese Fixa Dento-Implanto-Suportada. Estrutura MetaloCerâmica suportada por quatro dentes naturais e dois implantes. (imagens gentilmente cedida pelo Dr. Manuel Neves) AUTORES ESTUDO Kronström LongituM et al. dinal Naert I Cohort et al. Nickenig H-J et al. Lindh T Longituet al. dinal Pjetursson BE et al. Revisão de literatura N.º PAC. N.º PROT. 21 21 123 123 83 84 26 52 2 anos – – ≥5 anos FOLLOW-UP 8,1 anos (média) 6,5 anos (média) 4,73 anos (média) TAXAS DE SUCESSO Resultados similares para PDIS e PIS PDIS: 94,9%; PIS: 98,4% PDIS: 90% (5 anos); 87% (8 anos) PDIS: 96% ; PIS: 95% 5 anos: PDIS: 95,5%; PIS: 95,2% 10 anos: PDIS: 77,8%; PIS: 86,7% Discussão e Conclusão Em função dos resultados apresentados na Tabela 1, a combinação de implantes e dentes naturais numa reabilitação protética parece ser um tratamento seguro, e com prognóstico favorável, desde que sejam correctamente avaliadas as condições intra-orais existentes. Da bibliografia consultada (1-9) não se verificaram diferenças significativas entre a taxa de sucesso clínico das prótese implanto-suportadas e as implanto-dento-suportadas. Dado o seu carácter multifactorial, importa determinar objectivamente que factores influenciam o sucesso clínico, pelo que algumas reservas devem ser tomadas nestes tratamentos. 40 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Ecologia microbiana do biofilme oral e pH Lopes P.1, Filipe M.1, Sequeira S.1, Veiga N.2, Correia M. J.3 1 Ciclo Clínico, Centro Regional das Beiras, UCP, Viseu 2 Médico dentista licenciado pela UCP-Viseu 3 Ciclo de Estudos Biomédicos Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução A cavidade oral é um complexo ecossistema onde co-habita uma microflora extremamente diversificada que se organiza numa comunidade de biofilmes. Estes são definidos como comunidades de microrganismos aderidos a uma superfície e envoltos numa matriz de exopolissacarídeos autoproduzida. Como em todas as comunidades de seres vivos há factores que controlam a abundância relativa de cada uma das espécies que compõem o biofilme oral. As perturbações no equilíbrio estabelecido entre as várias espécies que compõem o biofilme oral estão na base de patologias como a cárie e a periodontite (Hipótese ecológica da placa bacteriana). Um dos factores amplamente documentado como tendo efeitos drásticos no equilíbrio entre os vários componentes do biofilme oral é o pH. mutans e Lactobacillus. Enquanto se verifica um aumento 4-10 vezes superior na quantidade de Lactobacillus, o Streptococus mutans não aumenta significativamente, sugerindo que as alterações estruturais provocadas por este são causadas, não pela quantidade, mas sim por aumento dos factores de virulência. As alterações que ocorrem dependem da frequência da exposição, da concentração e do tipo de glúcido. Bibliografia 1 Garcia-Godoy, F., Hicks, J., Maintaining the integrity of the enamel surface – the role of dental biofilm, saliva and preventive agents in enamel demineralization and remineralization (2008) JADA; 139; 25-34 2 Cury, J.A., Marques, A. S., Tabchoury, C. M., Del Bel Cury, A. A., Composition of dental plaque formed in the presence of sucrose and after its interruption (2003) Braz Dent J; 14 (3): 147-152 3 Welin-Neilands J., Svensäter G., Acid tolerance of biofilm cells of Streptococcus mutans (2007) Applied and Environmental Microbiology; 5633-5638 4 McNeill, K., Hamilton, I.R., Effect of acid stress on the physiology of biofilm cells os Streptococcus mutans (2004) Microbiology, 150, 735-742 5 Cury, J. A. et al, Ca, Pi, and F in the fluid of biofilm formed under sucrose (2006) J Dent Res; 85(9):834-838 6 Cury , J. A. et al, Effect of frequency of sucrose exposure on dental biofilm composition and enamel demineralization in the presence of fluoride (2006) Caries Res; 473 7 Arthur, R. A. et al, Genotypic diversity of S. mutans in dental biofilm formed in situ under sugar stress exposure (2007) Braz Dent J; 18(3): 185-191 8 Cury, J. A. et al, Effect of sucrose on the selection of mutans Streptococci and Lactobacilli in dental biofilm formed in situ (2006) Caries Res; 460 9 Cury, J. A. et al; The role of sucrose in cariogenic dental biofilm formation – New insight (2006) J Dent Res; 85 (10): 878-887 Objectivos O objectivo deste trabalho é fazer um levantamento dos dados mais recentes que mostram os efeitos das variações deste parâmetro na composição relativa da microflora do biofilme oral e dos mecanismos moleculares utilizados pelos microrganismos acidogénicos em presença de açúcares que permitem por um lado a resistência à acidificação do meio, ao mesmo tempo que contribuem para essa mesma acidificação. Conclusão A exposição frequente a glúcidos do biofilme oral promove alterações na sua composição, seleccionando bactérias acidogénicas, como Streptococcus 41 Ecologia microbiana do biofilme e pH Hipótese ecológica do biofilme oral As perturbações do equilíbrio estabelecido entre os vários componentes do ecossistema oral está na base de patologias como cárie e periodontite. Através de estudos de proteómica, verificou-se que 20% das proteínas detectáveis eram expressas de forma diferente quando organizadas em biofilmes do que no estado livre. A diminuição de pH, cria um movimento dos iões de cálcio, flúor e fósforo inorgânico do esmalte para o biofilme, ficando estes retidos em reservatórios de iões por ligação a proteínas ou bactérias. O processo de remineralização ocorre quando estes iões voltam ao esmalte. A placa dentária formada na presença de sacarose apresenta baixas concentrações de flúor, cálcio e fósforo inorgânico, devido a alterações na estrutura do biofilme, como por exemplo a porosidade, que permite a difusão destes para o exterior. Sacarose ácidos orgânicos Perda dos reservatórios por quebra das ligações às proteínas aniónicas e bactérias. Os iões, devido à maior porosidade do biofilme, são libertados para o meio oral e o processo de remineralização fica comprometido. Uma vez restabelecido o pH as ligações anteriormente quebradas não são restabelecidas levando a cada vez menores concentrações dos iões. Novas ligações só serão formadas com novas bactérias ou proteínas entretanto expressas. Acção do flúor • Inibe a enolase, uma enzima envolvida na via glicolítica • Diminuição na produção de ATP e de produtos ácidos • Inibe a bomba de protões ATPase Concentração de flúor mínima: 0.5 M Nos biofilmes mais cariogénicos a quantidade de Streptococus mutans não aumenta significativamente as alterações ao biofilme são mais determindas pelo aumento da expressão dos factores de virulência que pelo aumento do número de células. Lactobacilus não estão implicados na iniciação do processo de cáries mas sim na progressão da lesão uma vez que são encontrados em elevado número nas lesões cariosas. S. mutans → tem uma alta capacidade de degradar rapidamente os carbohidratos e uma grande capacidade de adaptação a ambientes acídicos. A adesão dos Streptococcus a superfícies orais resulta em complexas alterações na fisiologia celular em que os mecanismos de “quorum-sensing” influenciam todas as características do biofilme resultante. Estas alterações na expressão proteica sugerem a capacidade adaptativa das bactérias aos diferentes nichos ecológicos. } afecta a capacidade dos S. mutans para manter o pH intracelular inalterado apresentam membranas danificadas diminuindo o número de células viáveis; Resistência ao stress acídico e a agentes antimicrobianos: Biofilmes Elevada densidade celular Comunidade madura Baixa densidade celular Comunidade recém-formada Células Livres Conclusão • A exposição frequente a glúcidos do biofilme oral promove alterações na sua composição, seleccionando bactérias acidogénicas, como Streptococcus mutans e Lactobacillus e diminuindo espécies que contribuem para a regulação do pH como S. sanguinis. • Os Streptococci do grupo mutans além de manterem o pH da cavidade oral baixo pela produção de ácido, expressam enzimas como as glicotransferases e fructosiltransferases responsáveis por alterações do biofilme a nível estrutural (porosidade e adesão) e diminuem a concentração de iões inorgânicos livres (Ca2+, Pi e F) contribuindo para a desmineralização do esmalte. • Os efeitos descritos no ponto anterior devem-se à produção de ácido láctico, EPS, IPS, e adaptações específicas à sobrevivência no biofilme oral maduro características dos S. mutans. • O efeito da cariogénico da sacarose quando comparado com o amido e glicose + frutose é maior (há maior alteração das concentrações de iões no biofilme). 42 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Parâmetros de diagnóstico de dentes extensamente destruídos em prostodontia fixa Matos, C.,1 Silva, A. M.,2 Araújo, F.,2 Correia, A.,2 Esteves, H.3 1 Aluno do 6.º ano do Curso de Medicina Dentária 2 Médico Dentista, Docente da Área Disciplinar de Prostodontia Fixa 3 Médico Dentista, Docente Responsável da Área Disciplinar de Prostodontia Fixa do Curso de Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução Numa altura em que o sucesso comprovado dos implantes dentários é uma evidência, o aproveitamento do remanescente dentário deve obedecer a uma avaliação criteriosa, no sentido de garantir o sucesso clínico da reabilitação a longo prazo. Dentes endodonciados com mais de 50% da sua coroa clínica destruída, devem ser restaurados com restaurações indirectas que conservem e protejam o remanescente da estrutura dentária (1-3). Estudos de meta-análise demonstraram que cerca de 10% dos dentes restaurados com espigões radiculares apresentavam complicações (4). Para o sucesso deste tipo de tratamento, a quantidade de remanescente dentário parece ser mais importante do que o material restaurador utilizado (5). Os parâmetros de avaliação do remanescente dentário resultam de estudos tendo em vista o sucesso terapêutico. Esses parâmetros foram: selamento apical, anel de reforço e relação coroa-raiz (5;6). Objectivos Demonstração da aplicação dos parâmetros de avaliação do remanescente dentário em dentes endodonciados, na educação clínica do aluno de Medicina Dentária na área disciplinar de Prostodontia Fixa da Universidade Católica Portuguesa, Centro Regional das Beiras, com majoração do valor pedagógico na metodologia de ensino. Discussão/Conclusões A utilização desta metodologia de ensino procura facilitar e simplificar o diagnóstico criando-se condições para aumento do sucesso terapêutico. Bibliografia 1. Aquilino SA, Caplan DJ. Relationship between crown placement and the survival of endodontically treated teeth. J Prosthet Dent 2002 Mar;87(3):256-63. 2. Sorensen JA, Martinoff JT. Clinically significant factors in dowel design. J Prosthet Dent 1984 Jul;52(1):28-35. 3. Sorensen JA, Martinoff JT. Endodontically treated teeth as abutments. J Prosthet Dent 1985 May;53(5):631-6. 4. Goodacre CJ, Bernal G, Rungcharassaeng K, Kan JY. Clinical complications in fixed prosthodontics. J Prosthet Dent 2003 Jul;90(1):31-41. 5. Morgano SM, Rodriguez AHC, Sabrosa CE. Restoration of endodontically treated teeth. Dent Clin N Am 2004;48:397416. 6. Heydecke G, Peters MC. The restoration of endodontically treated, single-rooted teeth with cast or direct posts and cores: a systematic review. J Prosthet Dent 2002 Apr;87(4):380-6. 43 Parâmetros de diagnóstico de dentes extensamente destruídos em prostodontia fixa Introdução Numa altura em que o sucesso comprovado dos implantes dentários é uma evidência, o aproveitamento do remanescente dentário deve obedecer a uma avaliação criteriosa, no sentido de garantir o sucesso clínico da reabilitação a longo prazo (5). Dentes endodonciados com mais de 50% da sua coroa clínica destruída, devem ser restaurados com restaurações indirectas que conservem e protejam o remanescente da estrutura dentária (1-3). Estudos de meta-análise demonstraram que cerca de 10% dos dentes restaurados com espigões radiculares apresentavam complicações (4). Para o sucesso deste tipo de tratamento, a quantidade de remanescente dentário parece ser mais importante do que o material restaurador utilizado (5). Os parâmetros de avaliação do remanescente dentário resultam de estudos tendo em vista o sucesso terapêutico. Esses parâmetros foram: selamento apical, anel de reforço e relação coroa/raiz (5;6). Objectivos Demonstração da aplicação dos parâmetros de avaliação do remanescente dentário em dentes endodonciados, na educação clínica do aluno de Medicina Dentária na área disciplinar de Prostodontia Fixa da Universidade Católica Portuguesa, Centro Regional das Beiras, com majoração do valor pedagógico na metodologia de ensino. Figura 1 – Esquema representando as dimensões mínimas do remanescente dentário. Figura 2 e 3 – Demonstração clínica da avaliação do remanescente dentário. Figura 4 – Radiografia para ajuda na avaliação remanescente dentário – alturas nas zonas proximais. Selamento Apical – Consegue-se deixando pelo menos 5 mm de material de obturação canalar na extremidade apical da raiz (Figuras 6 e 7). Relação Coroa/Raiz – A raiz clínica deve ter um comprimento igual ou maior do que a altura da futura coroa adicionado de 5 mm (Figuras 5, 6, 7). Materiais e Métodos Neste estudo utilizaram-se modelos de trabalho, registos radiográficos, fotográficos e clínicos (com o auxilio de um espessímetro e de uma sonda periodontal) no processo educativo na etapa de formação das boas práticas clínica pretendendo demonstrar a forma de aplicação do protocolo a incluir. Apresentação dos Resultados Anel de Reforço – Dimensões recomendadas para o remanescente dentário (Figuras 1-4): altura – 4 a 4,5 mm acima do rebordo alveolar (corresponde a 2,5 mm para o espaço biológico e 1,5 a 2 mm acima da margem gengival; largura – 1 mm adicionado à largura da margem que vier a ser definida. A porção mais coronal do anel de reforço deve ser perpendicular ao eixo de inserção do espigão radicular. Figura 5 – Demonstração clínica da determinação da altura da coroa dentária. Figura 6 – Radiografia para ajuda da determinação do selamento apical e relação coroa/raiz. Figura 7 – Esquema da relação coroa/raiz e selamento aplical. Legenda: CC → Comprimento da Coroa; CE → Comprimento do Espigão radicular; SA → Selamento Apical; CR → Comprimento Radicular. Discussão/Conclusão A utilização desta metodologia de ensino procura facilitar e simplificar o diagnóstico criando-se condições para aumento do sucesso terapêutico. 44 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Amputação radicular da raiz mesio-vestibular do dente 16. Caso clínico Pinho I.1, Fernandes S.1, Macedo J.1, Silva O.2, Martins M.3 1 Aluno da Licenciatura em Medicina Dentária 2 Assistente da cadeira de Endodoncia da Licenciatura em Medicina Dentária 3 Regente da cadeira de Endodoncia Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução São frequentes os casos em que o profissional se depara com anatomias radiculares que dificultam a cateterização canalar, bem como a globalidade de procedimento endodôntico. Neste caso clínico, os autores depararam-se com uma acentuada curvatura no sentido distal, a nível do 1/3 médio, a qual se revelou impossível de permeabilizar com técnica manual. O recurso à instrumentação e permeabilização com o sistema ProFile provocou uma perfuração a nível do 1/3 médio. Discussão A remoção de um instrumento de preparo canalar mecanizado, uma vez fracturado no decurso da instrumentação, torna-se de difícil execução. Neste caso, a situação revelou-se particularmente agravada pelo diagnóstico de necrose associado à impossibilidade de progressão desde o início do tratamento, estando a preparação e obturação canalar limitada apenas ao 1/3 médio. Clinicamente, a paciente passou a apresentar queixas à mastigação, relacionadas, provavelmente, com o instrumento fracturado. Esta condição associada à impossibilidade de remover por via endodôntica convencional o instrumento fracturado, bem como o elevado comprimento canalar não instrumentado nem obturado, justificaram para os autores o recurso a uma rizectomia da raiz MV como solução para a preservação do órgão dentário. Conclusões Os procedimentos endodônticos devem preceder a atitude cirúrgica. Contudo, neste caso, a remoção do instrumento, sendo de difícil abordagem endodôntica, além da impossibilidade de progressão canalar, justificou o recurso a uma técnica cirúrgica – Rizectomia. A indicação cirúrgica deve ser pautada por critérios endodônticos, de clínica e avaliação radiológica. Bibliografia 1. Castrisos T, Abbott PV. A survey of methods used for post removal in specialist endodontic practice. Int Endod J 2002 Feb;35(2):172-80; 2. Suter B, Lussi A, Sequeira P. Probability of removing fractured instruments from root canals. Int Endod J 2005 Feb;38(2):112-23; 3. Bouillaguet S, Wataha JC, Lockwood PE, Galgano C, Golay A, Krejci I. Cytotoxicity and sealing properties of four classes of endodontic sealers evaluated by succinic dehydrogenase activity and confocal laser scanning microscopy. Eur J Oral Sci 2004 Apr;112(2):182-7; 4. Sundqvist G, Figdor D, Persson S, Sjogren U. Microbiologic analysis of teeth with failed endodontic treatment and the outcome of conservative re-treatment. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 1998 Jan;85(1):86-93; 5. Lindhe J., karring T., Lang N. P.; Tratado de Periodontologia Clínica e Implantologia Oral; 4.ª Edição; Guanabara Koogan; 2005; 6. Bramante C.; Bebert A.- Cirurgia paraendodontica. 1.ª Ed. Livraria Santos Editora, 2000; 7. Carranza F. , Takei H., Newman M.; Clinical Periodontology; 9.ª Ed., W.B. Saunders 45 Amputação radicular da raiz mv do dente 16. Caso clínico Introdução Paciente do sexo feminino com 33 anos de idade. Apresenta tendência para hipertiroidismo que não requer tratamento farmacológico. Medicada com Forticol® e anticoncepcional. 10 No decorrer do tratamento endodôntico, deparámo-nos com uma acentuada curvatura da raiz MV no sentido distal, a nível do 1/3 médio, na qual o canal se revelou impossível de cateterizar com técnica manual. O recurso à instrumentação e permeabilização com o sistema ProFile® provocou uma perfuração a nível do 1/3 médio e fractura do instrumento mecânico. Clinicamente, a paciente passou a apresentar queixas à mastigação além de uma palpação vestibular com dor, relacionadas, provavelmente, com o instrumento fracturado. Procedimento 1 2 5 3-4 6-7 8-9 11 12 1. Raio-x de diagnóstico com incidência ortogonal 2. Anestesia Nervo Alveolar Superior Posterior, Médio e Palatino Anterior 3. Incisão intra-sulcular com descarga mesial 4. Descolamento mucoperiósseo 5. Encravamento de uma lima a nível da raiz MV e realização de raio-x periapical ortogonal 6. Trepanação alveolar (distalmente ao local onde foi colocada a lima) 7. Amputação radicular da raiz 8. Luxação e remoção da raiz 9. Curetagem e regularização dos rebordos ósseos 10. Verificação da Obturação 11. Rebatimento do retalho e sutura com pontos simples (fio sutura não reabsorvível 3/0) 12. Realização raio-x periapical pós-operatório com incidência ortogonal Conclusão/Discussão Os procedimentos endodônticos devem preceder a atitude cirúrgica. Contudo, a impossibilidade de remover por via convencional o instrumento fracturado, a dificuldade de progressão canalar, além de se tratar de um dente pilar de prótese removível, legitimou a resolução cirúrgica deste caso com o recurso à amputação radicular. A indicação cirúrgica deve ser pautada por critérios endodônticos, de clínica e avaliação radiológica: a paciente apresentava sintomatologia clínica positiva quer à mastigação quer à palpação além de se começar a tornar evidente uma imagem radiotransparente em mesial da raiz MV do dente em questão, cuja etiologia, aparentemente se relaciona como o instrumento mecânico fracturado. O prognóstico deste procedimento apresenta-se favorável, quer no que concerne à vertente endodôntica, quer no que diz respeito à sua componente periodontal. As raízes remanescentes garantem só por si a carga oclusal. Neste caso em concreto, este critério apresenta ainda melhor prognóstico porque paciente não apresenta dentes antagonistas. 46 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Será a internet útil para a prática clínica de Medicina Dentária? Vilaça L.1, Santos J.1 e Correia André2 1 Aluno Finalista da Licenciatura em Medicina Dentária. 2 Regente de Informática Médico-Dentária do Mestrado Integrado de Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução Desde o aparecimento nos anos ’90, a internet tem modificado o acesso à informação e a forma como as pessoas comunicam. Os Médicos Dentistas fazem parte dos utilizadores da Internet. Face à introdução destas novas tecnologias em Medicina Dentária, vários autores têm desenvolvido trabalhos de investigação sobre a utilização da Internet na prática clínica de Medicina Dentária (1-6). Objectivos Avaliar o grau de utilização da internet na Clínica, numa amostra de Médicos Dentistas Portugueses. Conclusões Dentro dos limites deste estudo, é possível concluir que apesar de se verificar um crescimento da utilização da internet, o seu uso em Medicina Dentária ainda permanece limitado. Bibliografia 1. Schleyer et al. Clinical Computing in General Dentistry. J Am Med Inform Assoc 2006; 13(3): 344-352 2. Flores-Mir C, Palmer N, Northcott HC, Huston C, Major P. Computer and Internet usage by Canadian Dentists. J Can Dent Assoc 2006; 72(3): 145 3. Chestnutt IG e Reynolds K. How has the internet affected Dentistry? Br Dent J 2006; 200: 161-165 4. John J, Thomas D, Richards D. Questionnaire survey on the use of computerization in dental practices across the Thames Valley Region. Br Dent J 2003; 195(10): 585-590. 5. Schleyer T. Dental Informatics. A cornerstone of dental practice. J Am Dental Assoc 2001; 132: 605-613 6. Schleyer T, Forrest J, Kenney R, Dodell D, Dovgy N. Is the internet useful for clinical practice? J Am Dent Assoc 1999; 130: 1501-1511. 47 Será a internet útil para a prática clínica? EXPERIÊNCIA COM COMPUTADORES Introdução Face à introdução das novas tecnologias de informação em Medicina Dentária, vários autores têm desenvolvido trabalhos de investigação sobre a utilização da Internet na prática clínica de Medicina Dentária (1-6). UTILIZAÇÃO DE E-MAILS Objectivos Avaliar o grau de utilização da internet na clínica de Medicina Dentária, numa amostra de Médicos Dentistas Portugueses, e comparar com os resultados obtidos por Schleyer, numa amostra dos EUA, em 1999 (1). Material e Métodos A INTERNET É IMPORTANTE PARA… A utilização da internet na prática clínica foi avaliada recorrendo a um inquérito composto por 19 perguntas, adaptado de Schleyer et al (1). O inquérito foi distribuído aos Médicos Dentistas/Docentes do Mestrado Integrado de Medicina Dentária do CRB-UCP (n=30). Resultados CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA - Sexo Masculino = 14 - Sexo Feminino = 11 - Idade (média) = 31 A - Médicos Dentistas Generalistas (n=18) 25 inquéritos foram preenchidos e devolvidos. A maioria dos inquiridos (13) iniciou a utilização da internet entre 1995-2000. 15 Médicos Dentistas referem um aumento da sua utilização desde o início. Apenas 4 Médicos Dentistas consideram que a internet modificou a forma como exercem clínica. 6 Médicos Dentistas consideram a internet uma ferramenta essencial para a prática clínica e 17 apenas moderadamente importante. LOCAIS DE ACESSO À INTERNET FREQUÊNCIA QU NC DE UTILIZAÇÃO U Ç O / ÁREAS S Discussão e Conclusão Dentro das limitações do nosso estudo, concluímos que os resultados foram diferentes dos obtidos por Schleyer et al. (1999). Ainda são poucos os profissionais que utilizam a internet como ferramenta de pesquisa ou na comunicação com os seus pacientes. Verifica-se uma tendência para aumentar a aplicação da Internet na prática clínica. A existência de uma disciplina de Informática Médico-Dentária pode contribuir para a sua integração na prática clínica. 48 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária A utilização de computadores na prática clínica Marques A.,1 Sequeira S.,1 Correia A.2 1 Aluno Finalista da Licenciatura em Medicina Dentária 2 Regente de Informática Médico-Dentária do Mestrado Integrado de Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução A utilização de meios informáticos na prática clínica de Medicina Dentária aumentou de forma significativa nas últimas duas décadas. Estes sistemas, que podem ser aplicados numa vertente clínica e numa vertente administrativa, abrem novas perspectivas no desempenho clínico do Médico Dentista, com repercussões directas na eficácia do tratamento (1-5). Objectivos Identificar os principais tipos de aplicação dos computadores na prática clínica, pelos Médicos Dentistas e restante equipa de trabalho (Assistentes Dentários, Higienistas Orais e Recepcionistas), bem como as limitações e/ou mais-valias que esta lhes oferece. Discussão e Conclusões Dentro das limitações deste estudo, verificamos que as principais vantagens da utilização destas tecnologias prendem-se nas características de acessibilidade e na capacidade de relação com o paciente. Confidencialidade, custos, tempo e contaminação cruzada são as principais preocupações. Embora reconheçam notórias vantagens na utilização do computador na clínica, os Médicos Dentistas encontram-se ainda resistentes ao abandono do registo clínico em papel. A principal aplicação referida desta tecnologia é a visualização de imagens clínicas. Bibliografia 1. Schleyer et al. Clinical Computing in General Dentistry. J Am Med Inform Assoc 2006; 13(3): 344-352 2. Flores-Mir C, Palmer N, Northcott HC, Huston C, Major P. Computer and Internet usage by Canadian Dentists. J Can Dent Assoc 2006; 72(3): 145 3. Schleyer T. Why integration is key for dental office technology. J Am Dental Assoc 2004; 135(S): 4-9 4. John J, Thomas D, Richards D. Questionnaire survey on the use of computerization in dental practices across the Thames Valley Region. Br Dent J 2003; 195(10): 585-590. 5. Schleyer T. Dental Informatics. A cornerstone of dental practice. J Am Dental Assoc 2001; 132: 605-613 49 A utilização de computadores na prática clínica Introdução A utilização de meios informáticos na prática clínica de Medicina Dentária aumentou de forma significativa nas últimas duas décadas. Objectivos Identificar as principais aplicações do computador na prática clínica, bem como as limitações e/ou mais-valias que esta lhes oferece. Material e Métodos Foi distribuído um questionário (adaptado do questionário “Computer use in Clinical Dental Care Questionnaire V. 7.0.” do Centro de Informática Dentária da Universidade de Pittsburgh) a 30 Médicos Dentistas/Docentes Universitários, da Universidade Católica Portuguesa (UCP). Fig. 1 e 2 – Sistemas de gestão clínica e aplicações complementares mais utilizados Resultados Dos inquéritos distribuídos (n=30), 20 (66,7%) foram preenchidos e devolvidos. 84 elementos das equipas de trabalho dos Médicos Dentistas inquiridos (total=96) têm acesso a um computador. 80% dos inquiridos (n=16) utilizam o computador para a educação do paciente, utilizando para tal, um software educacional (n=6) ou o software clínico básico (n=7). No entanto, apenas 1 permite que o paciente interaja directamente com o computador. Apenas 2 dos inquiridos afirmam utilizar o Touch Screen, contrastando com os restantes, que não utilizam outro meio de introdução de dados além do teclado e do rato. Fig. 3 – Vantagens e desvantagens do uso do computador na cadeira dentária Barreiras ao uso do computador na cadeira dentária: Assépsia TABELA N.º 1 TIPO DE INFORMAÇÃO Queixas Principais P C N 12 9 0 TABELA N.º 2 MD AD R ➧ 15 2 1 História Médica Geral 11 10 0 ➧ 13 3 3 História Médica Dentária 10 11 0 ➧ 14 2 1 Notas 9 12 1 ➧ 15 1 0 Lista de problemas/diagnóstico 11 9 0 ➧ 14 2 0 Plano de tratamento 11 7 0 ➧ 13 3 0 Tratamento efectuado 12 9 0 ➧ 14 3 0 Odontograma 10 11 1 ➧ 12 6 0 Radiografias 3 16 0 ➧ 10 5 1 Imagens extra-orais 5 13 1 ➧ 11 4 1 Imagens intra-orais 4 17 1 ➧ 11 4 1 Marcações 8 11 1 ➧ 2 11 10 Tabela 1 – N.º de informação registada em papel (P), no computador (C) ou em nenhum. Tabela 2 – N.º de informação introduzida pelo médico dentista (MD), assistente (AD) ou recepcionista (R) Custos Tempo despendido Como melhorar os computadores para se tornarem mais úteis: Novos meios de introdução de dados (30% - n=7) Maior fiabilidade (9% - n=2) Menor espaço (9% - n=2) Discussão A grande maioria dos Médicos Dentistas/Docentes, e respectiva equipa, têm acesso a computadores. É notória a preferência pelo computador para as imagens radiográficas e fotografias intra e extra-orais. As principais vantagens da utilização desta tecnologia prendem-se nas características de acessibilidade e na capacidade de relação com o paciente. Confidencialidade, custo e tempo despendidos, e a assépsia (Ex. introdução de dados) são os principais receios dos Médicos Dentistas. Conclusão Os Médicos Dentistas encontram-se ainda resistentes ao abandono do registo clínico em papel. A principal aplicação referida desta tecnologia é a visualização de imagens clínicas. 50 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Sonda periodontal computorizada. A sua aplicação na prática clínica. Fernandes S.,1 Andrade D.,1 Lopes P.,1 Macedo J.,1Correia A.2 Curso de Medicina Dentária. Área de Informática Médico-Dentária 1 Aluno Finalista da Licenciatura em Medicina Dentária. 2 Regente de Informática Médico-Dentária do Mestrado Integrado de Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução A medição do nível de inserção das fibras periodontais através da sondagem tem como objectivo localizá-las em relação a um ponto fixo de referência, em geral a junção amelo-cementária. Esta medida pode ser avaliada através de sondas periodontais convencionais ou, mais recentemente, das computorizadas (Ex. Florida Probe® e Jonker probe®), que têm vindo a ser desenvolvidas com o objectivo de melhorar o rigor destas medições (1-6). Objectivo Pretende-se demonstrar o funcionamento das sondas periodontais computorizadas de pressão constante e revelar o seu desempenho clínico. Discussão e Conclusões Nas últimas décadas várias sondas automatizadas têm sido desenvolvidas de forma a reduzir a subjectividade das sondas manuais, alcançando o objectivo de obter medições reproduzíveis, com uma pressão constante, mesmo com operadores diferentes. Porém, o custo destes aparelhos tem limitado a sua aplicação. Dentro das limitações deste estudo, concluímos que o desenvolvimento de sondas periodontais computorizadas permite a obtenção de resultados mais fiáveis, mesmo com diferentes operadores. Para além disso permite avaliar outros parâmetros como o índice de placa, índice gengival, presença de supuração, hemorragia à sondagem, mobilidade e envolvimento de furca. Apresenta ainda como vantagens o registo automático dos dados no computador e o consequente reforço educacional para o tratamento das patologias periodontais (1-6). Bibliografia 1. Araújo M et al. Reproductibility of probing depth measurements using a constant-force electronic probe: analysis of inter- and intraexaminer variability. J Periodontol 2003; 74(12): 1736-1740. 2. Armitage GC; Research, Science and Therapy Committee of the American Academy of Periodontology. Diagnosis of periodontal diseases. J Periodontol. 2003 Aug;74(8):123747. 3. Barendregt DS, Van der Velden U, Timmerman MF, van der Weijden GA. Comparision of two automated periodontal probes and two probes with a conventional readout in periodontal maintenance patients. J Clin Periodontol 2006; 33: 276-282 4. Bergenholtz A, al-Harbi N, al-Hummayani FM, Anton P, al-Kahtani S. The accuracy of the Vivacare true pressuresensitive periodontal probe system in terms of probing force. J Clin Periodontol. 2000 Feb;27(2):93-8. 5. Hefti A. Periodontal Probing. Crit Rev Oral Biol Med 1997; 8(3): 336-356 6. Reddy MS, Palcanis KG, Geurs NC. A comparison of manual and controlled-force attachment-level measurements. J Clin Periodontol. 1997 Dec;24(12):920-6. 51 Sonda periodontal computorizada a sua aplicação na prática clínica Introdução A medição do nível de inserção das fibras periodontais através da sondagem tem como objectivo localizá-las em relação a um ponto fixo de referência, em geral a junção amelo-cementária. Esta medida pode ser avaliada através de sondas periodontais convencionais ou, mais recentemente, das computorizadas (Ex. Florida Probe® e Jonker probe®), que têm vindo a ser desenvolvidas com o objectivo de melhorar o rigor destas medições (1-6). Objectivos Pretende-se demonstrar o funcionamento das sondas periodontais computorizadas de pressão constante e revelar o seu desempenho clínico. Material e Métodos Efectuou-se uma pesquisa na Medline® com os termos de pesquisa livre "Computerized Periodontal Probes" OR "Electronic Periodontal Probes" OR "Force Controlled Probes" OR "Automated Controlled Probes". Resultados Dos resultados da pesquisa (22) foram seleccionados e obtidos 6 artigos para este trabalho. A sonda mais frequentemente referida é a Florida Probe®. FLORIDA PROBE - Componentes O kit Florida Probe® é constituído por: • Hardware: sonda periodontal de pressão constante (Fig. 1) • Software: programa de instalação e registo de dados clínicos Ima Im magem re reti tir ti i ada ad d do d sí s tio • Interface USB e cabos (Fig. 2) Fig. 1 - Ima www ww w.fl flori orid idap dap probe rob ob be.c e com e.com om© Esta sonda, de força constante (15g), tem uma precisão de 0,2 mm e uma profundidade de sondagem de 0 a 11 mm. O valor de sondagem é gravado quando é accionado o pedal. A ponta da sonda é de titânio escalonada em 3, 6 e 9 mm com marcação de cor azul para orientação do clínico. Cada ponta possui um diâmetro de 0,45 mm na sua extremidade, com forma arredondada para maior conforto do paciente e maior precisão. Apresenta ainda Fig. 2 - Imagem retirada do sítio alguma flexibilidade, facilitando www.floridaprobe.com© o acesso às zonas mais profundas das bolsas. FLORIDA PROBE – Integração no Exame Clínico A Floribe Probe situa-se no 1º-3º nível de integração definidos por Schleyer7: hardware com hardware, hardware com software e software software. Esta sonda integra-se facilmente em ambiente clínico, sendo possível a sua integração com os registos clínicos electrónicos e respectivos programas de gestão. Esta sonda funciona da seguinte forma: 1. Introdução da sonda no sulco gengival. 2. Quando a manga azul contacta com a margem gengival o pedal deve ser activado (emite sinal sonoro). O resultado da sondagem é gravado no programa informático sob a forma de um periograma. 3. É possível registar dados como índice de placa, índice gengival, supuração, grau de sangramento e mobilidade dentária. Fig. 3 - Imagem gentilmente cedida pela 4. Cor vermelha – Dr.ª Célia Alves valores patológicos (incluindo mobilidade e envolvimento de furca) 5. Cor laranja – dentes periodontalmente comprometidos Comparação com Sondas Convencionais Os métodos actuais de sondagem são muito subjectivos uma vez que dependem de vários factores: experiência do clínico, espessura e forma da sonda, da anatomia radicular, superfície dentária, profundidade das bolsas, presença de inflamação, angulação das sondas, visualização das marcações, sensibilidade táctil e força utilizada a nível da sondagem. A penetração da sonda no tecido parece estar relacionada com a pressão exercida, o que sugere que uma força padronizada e constante é a mais indicada para o exame de sondagem. Discussão e Conclusão Dentro das limitações deste estudo, concluímos que o desenvolvimento de sondas periodontais de pressão constante permite obtenção de resultados mais fiáveis, mesmo com diferentes operadores. A sua integração em ambiente clínico permite também melhorar a educação para a saúde oral do paciente e aumentar a sua motivação, tornando-o assim consciente do seu estado periodontal (1-6). 52 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Ferulização de dentes periodontalmente comprometidos. Protocolo clínico Malta Santos, B.,1 Sousa, M. C.2 1 Docente da área de Periodontologia 2 Regente da área de Periodontologia Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução As férulas são dispositivos, confeccionados directa ou indirectamente, que ligam vários dentes entre si. Podem ser utilizados como contenção ortodôntica (1-3), fixação pós-traumática (4-6), ou para estabilização de dentes periodontalmente comprometidos (7-9). Uma férula periodontal, de acordo com o glossário de termos periodontais da Academia Norte Americana de Periodontologia (1986), “é um aparelho destinado à estabilização de dentes com mobilidade” (10). No entanto, em termos de terapia periodontal, a hiper-mobilidade, per se, não justifica a ferulização. Objectivos O trabalho pretende fazer uma sistematização dos procedimentos clínicos na realização de férulas periodontais directas, utilizando compósito e fibras de reforço. Conclusão O seguimento de um protocolo clínico permite maximizar os resultados obtidos, em termos de produtividade, longevidade e estética, ajudando os pacientes a manter as peças dentárias comprometidas com custos reduzidos. Bibliografia 1. Giancotti, A., G. Mampieri, and A. Caleffi, Maxillary tooth splinting in periodontally compromised patients using fiber-reinforced composite: the Targis-Vectris method. World J Orthod, 2005. 6(3): p. 281-8. 2. Saravanamuttu, R., Post-orthodontic splinting of periodontally-involved teeth. Br J Orthod, 1990. 17(1): p. 29-32. 3. Watkins, S.J. and K.W. Hemmings, Periodontal splinting in general dental practice. Dent Update, 2000. 27(6): p. 278-85. 4. Yildirim Oz, G., et al., An alternative method for splinting of traumatized teeth: case reports. Dent Traumatol, 2006. 22(6): p. 345-9. 5. Oikarinen, K., Tooth splinting: a review of the literature and consideration of the versatility of a wire-composite splint. Dental Traumatology, 1990. 6(6): p. 237-250. 6. Andreasen, J.O., Buonocore memorial lecture. Adhesive dentistry applied to the treatment of traumatic dental injuries. Oper Dent, 2001. 26(4): p. 328-35. 7. Serio, F.G., Clinical rationale for tooth stabilization and splinting. Dent Clin North Am, 1999. 43(1): p. 1-6, v. 8. Ritter, A.V., Periodontal splinting. J Esthet Restor Dent, 2004. 16(5): p. 329-30. 9. Forabosco, A., T. Grandi, and B. Cotti, The importance of splinting of teeth in the therapy of periodontitis. Minerva Stomatol, 2006. 55(3): p. 87-97. 10. Lindhe, J.N., S., Oclusal therapy, in Clinical Periodontology and Implant Dentistry, J.K. Lindhe, T; Lang, N.P., Editor. 2003, Blackwell Munksgaard. 53 Ferulização de dentes periodontalmente comprometidos. Protocolo Clínico Fig. 1 – Avaliação, planeamento e selecção do material Fig. 7 – Aplicação do adesivo e impregnação da fibra Fig. 2 – Isolamento absoluto com dique de borracha Fig. 3 - Preparação dos dentes para adesão com jacto de bicarbonato Fig. 4 – Colocação de fio dental nos espaços anterproximais Fig. 5 – Medição do comprimento necessário para a férula com matriz metálica e corte da fibra Fig. 6 – Ataque ácido com ácido ortofosfórico durante 15 s Fig. 8 – A aplicação de compósito fluido nas superfícies palatinas Fig. 9 – Colocação da fibra de reforço Fig. 10 – Adaptação da fibra de reforço nos espaços interproximais Fig. 11 – Polimerização de cada dente por 40 s Fig. 12 – Adição de compósito fluido sobre a férula para homogeneização da superfície palatina conforto dos pacientes, sendo susceptíveis de possibilitar um aumento da força máxima de mordida. Prevenção de trauma secundário. Fig. 13 – Regularização das superfícies para possibilitar a passagem de escovilhão interdentário Fig. 14 – Verificação oclusal Fig. 15 – Polimento com discos de acabamento Indicações Perda de função mastigatória ou desconforto do doente decorrente da hiper-mobilidade. Em pacientes com perda de suporte, e controlados periodontalmente, o aumento de mobilidade pode contribuir para a instabilidade oclusal e o desconforto do paciente. Nestas situações, as férulas melhoraram o Em situação de perda periodontal extrema, as forças oclusais, outrora com parâmetros fisiológicos, podem exceder o limiar tolerado pelo periodonto, entrando em situação de trauma secundário com mobilidade progressiva. Nestes casos, a única alternativa para a manutenção destes dentes é a ferulização. Deve-se, contudo, ponderar a relação custo/benefício, relativamente a terapias alternativas, como a extracção desses dentes e colocação de implantes. Prevenção de migração dentária. A diminuição da área de suporte periodontal faz com que os dentes apresentem maior susceptibilidade para a movimentação dentária. Mediante a execução de férulas periodontais, aumenta-se o limiar do valor de forças necessário para a movimentação dentária. 54 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Diagnóstico radiológico pré-cirúrgico de sisos inclusos. Caso clínico Costa, P.,1 Filipe, M.,1 Silva, A.,2 Frias, C.,3 Almeida, B.,3 Almeida, R.3 1 Aluna do 6.º ano 2 Professor de Cirurgia Oral; 3 Assistente Conv. de Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução As relações anatómicas entre um terceiro molar inferior e o conduto mandibular devem analisar-se na fase de pré-operatório, através de uma exaustiva análise radiográfica. São quatro os quadros radiológicos possíveis na relação de proximidade entre os sisos inferiores e o nervo dentário inferior: 1. Independência das estruturas. 2. Interrupção da lâmina dura do conduto mandibular e/ou halo radiotranslúcido que atravessa a raiz. 3. Estreitamento ou mudança de direcção do conduto mandibular numa relação de proximidade com os ápices do 3º Molar inferior. 4. Mudança de direcção das raízes na relação com o conduto mandibular. Os métodos imagiológicos convencionais (periapicais, oclusais e panorâmicas), no consultório de Medicina Dentária juntamente com um planeamento pré-cirúrgico adequado, são suficientes para realizar este tipo de intervenções. Caso as estruturas anatómicas o exijam deve-se recorrer à T.A.C. para salvaguardar as boas práticas cirúrgicas. Objectivos Demonstrar que não existe obrigatoriedade de T.A.C. nos casos em que existe independência radiográfica das estruturas nas técnicas radiográficas habituais (Raio-x periapical e panorâmico), desmistificando a utilização abusiva de T.A.C. no diagnóstico e planeamento cirúrgico. Discussão e Conclusões Os autores consideram, neste caso, que a informação radiológica convencional permitiu o estabelecimento do diagnóstico e planeamento pré-cirúrgico adequado. Bibliografia 1. Gomes AC, Vasconcelos B, Silva E, Albert D, Identification of the most frequent radiographic signs of the relationship between the lower third molar and the mandibular canal, Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial 2004 out/dez, v.4, n.4, p. 252 – 257; 2. Kim EK, Comparison of different radiographic methods for the detection of the mandibular canal, Korean Journal of Oral and Maxillofacial Radiology 2003; 33 : 199-205; 3. Koong B, Pharoah MJ, Bulsara M, Tennant M, Methods of determining the relationship of the mandibular canal and third molars: a survey of Australian oral and maxillofacial surgeons, Australian Dental Journal 2006;51:(1):64-68; 4. Monaco G et al, Reliability of panoramic radiography in evaluating the topographic relationship between the mandibular canal and impacted third molars, JADA March 2004, Vol. 135. 5. Ohman A, Kivijarvi K, Blomback U, Flygare L, Pre-operative radiographic evaluation of lower third molars with computed tomography, Dentomaxillofacial Radiol. (2006) 35, 30–35; 6. Smith AC et all, Inferior alveolar nerve damage following removal of mandibular third molar teeth. A prospective study using panoramic radiography, Australian Dental Journal 1997;42:(3):149-52; 7. Yu SK, Lee J, Kim K, Koh K, Positional relationship between mandibular third molar and mandibular canal in cone beam computed tomographs, Korean Journal of Oral and Maxillofacial Radiology 2007; 37 : 197-203. 55 Diagnóstico radiológico pré-cirúrgico de sisos inclusos. Caso clínico Introdução A extracção dos 3ºs molares inclusos é uma das cirurgias orais mais comuns. Este tipo de cirurgia apresenta várias possíveis complicações, sendo uma delas, apesar de rara, a lesão do nervo dentário inferior (1, 3, 5, 6, 7). De forma a evitar complicações é indispensável um estudo radiográfico pré-cirúrgico exaustivo e rigoroso, de forma a definir um diagnóstico e estabelecer o melhor planeamento pré-cirúrgico (3, 4, 5). Apesar da TAC apresentar bons resultados, a ortopantomografia surge como o método radiológico mais frequentemente utilizado pelos clínicos (1, 2, 3, 4, 6, 7). Mesmo apresentando algumas limitações (ex.: imagem bidimensional), a radiografia panorâmica tem-se revelado útil para identificar a presença/ausência de íntima relação das raízes de 3ºs molares inferiores com o nervo dentário inferior (1, 7). São vários os critérios radiológicos, indicadores de proximidade, utilizados pelos clínicos durante o estudo da ortopantomografia (1, 3, 4, 7, 5). No entanto, está demonstrado que aqueles que indicam com maior probabilidade uma verdadeira relação de proximidade são a ausência de individualização da porção apical das raízes, estreitamento e desvios do canal mandibular e interrupção das corticais (1, 4, 6, 7). Nos casos onde esta avaliação é positiva, é necessário confirmar o tipo de relação, sendo a TAC o melhor método e o mais exacto na identificação anatómica do canal mandibular. Quando não forem observados sinais de íntima relação, considera-se que a informação anatómica obtida pela ortopantomografia é suficiente para planear a técnica cirúrgica (1, 4, 6). Objectivos Demonstrar que não existe obrigatoriedade de TAC nos casos em que há uma independência radiográfica das estruturas nas técnicas radiográficas habituais (Radiografia periapical, oclusal e panorâmica), desmistificando a utilização abusiva de TAC no diagnóstico e planeamento cirúrgico. Metodologia Paciente do sexo masculino, fumador crónico com 37 anos, apresentou-se com o dente 38 incluso, horizontal, classe III C (classificação Pell & Gregory), com processo infeccioso crónico peri-coronário. A exodontia realizou-se na Clínica Universitária, pelos docentes, sob anestesia local. Figura 1 – Relação do 38 com o conduto mandibular Figura 2 – Processo infeccioso crónico peri-coronário e relação com o conduto mandibular Figura 3 – Integridade radicular do 37 Procedimento Cirúrgico Figura 4 – Exposição do dente incluso com osteotomia Figura 7 – Integridade da porção radicular do 37 Figura 5 – Porção radicular após odontosecção e remoção do fragmento coronário Figura 6 – Curetagem do processo infeccioso crónico pericoronário Figura 8 – Irrigação da cavidade cirúrgica após curetagem e regularização Conclusão Não existem estudos que demonstrem a TAC como um exame pré-operatório fundamental e que contribua significativamente para a diminuição da morbilidade e aumento da efectividade das cirurgias de 3ºs molares (3, 5). A maioria dos clínicos utiliza a radiografia panorâmica como primeiro método na determinação da relação entre o canal mandibular e os ápices do 3º molar, uma vez que este está facilmente acessível e implica baixas doses de radiação para o paciente, sendo muito útil na triagem e planeamento pré-operatório do procedimento cirúrgico (3). No entanto, devemos ter em mente que a panorâmica é um método válido e útil, mas não é infalível (6). Os métodos imagiológicos convencionais, no consultório de Medicina Dentária, juntamente com um planeamento pré-cirúrgico adequado, são suficientes para realizar este tipo de intervenções, no entanto, em caso de dúvida e sempre que as estruturas anatómicas o exijam deve-se recorrer à TAC para salvaguardar as boas práticas cirúrgicas. Assim, não se pode recomendar o uso rotineiro da TAC, devendo ser usada apenas em casos seleccionados, quando o estudo da ortopantomografia se revela inconclusivo (1, 3, 4, 5, 6). Neste caso considerou-se que a informação radiológica convencional permitiu o estabelecimento do diagnóstico e planeamento pré-cirúrgico adequado, não se justificando a exposição do paciente à radiação da TAC. 56 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Prevalência de sisos inclusos na Clínica Universitária da UCP-CRB Dias R.,1 Dias V.,1 Morais J.,1 Lima T.,1 Cardoso Á.,1 Correia A.2 1 Aluno do 3º ano do Mestrado Integrado de Medicina Dentária 2 Regente de Informática do Mestrado Integrado de Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução Os terceiros molares são os dentes mais frequentemente inclusos, com valores situados entre os 18 e os 32% (1-2). O factor inclusão pode estar relacionado com o tipo de população e sexo, e pode ser caracterizado pelo seu grau, localização e angulação (3-4). Objectivos Estudo da prevalência de sisos inclusos, e sua caracterização, na população adulta da Clínica Universitária da U.C.P. em Viseu. Conclusão Dentro dos limites deste estudo, verificou-se uma maior prevalência de sisos inclusos na mandíbula (62,6%) e uma predisponibilidade sexual feminina. 47,3% dos sisos inclusos mandibulares e 59,1% maxilares encontravam-se verticalizados. Bibliografia 1. Andreansen JO. Epidemiology of third molar impactions. In: Andreasen JO, Petersen JK, Laskin DM, eds: Textbook and Color Atlas of Tooth Impactions. Copenhagen: Munksgaard 1997: 222–223. 2. Mollaoglu N, Cetiner S, GunGor K. Patterns of third molar impactation in a group of volunteers in Turkey. Clin Oral Investig 2002; 6:109-113. 3. S. L. Quek, C. K. Tay, K. H. Tay, S. L. Toh, K. C. Lim: Pattern of third molar impaction in a Singapore Chinese population: a retrospective radiographic survey. Int. J. Oral Maxillofac. Surg. 2003; 32: 548–552. 4. Venta I, Turtola L, Ylipaavalniemi P. Radiographic follow-up of impacted third molars from age 20 to 32 years. IntJ Oral Maxillofac Surgery 2001: 30:54–57. 5. Winter GB. Principles of Exodontia as Applied to the Impacted Third Molar. St. Louis: American Medical Books 1926. 57 Prevalência de sisos inclusos na Clínica Universitária da UCP-CRB Introdução Os terceiros molares são os dentes mais frequentemente inclusos, com valores situados entre os 18 e os 32% (1-2). O factor inclusão pode estar relacionado com o tipo de população e sexo, e pode ser caracterizado pelo seu grau, localização e angulação (3-4). Objectivos Estudo da prevalência de sisos inclusos em pacientes adultos da Clínica Universitária da U.C.P. em Viseu, e sua classificação de acordo com Winter (ângulo resulta da comparação dos eixos longos do terceiro molar e segundo molar adjacente) (5). Continuação do estudo preliminar iniciado em 2007 (6). Material e Métodos Amostra: n=302 (Selecção aleatória de Pacientes da Clínica Universitária de Viseu). Idade: 20 a 87 anos. Critérios de exclusão: paciente com terceiros molares com formação incompleta da raiz e/ou patologia e/ou trauma que afecte o alinhamento dentário. Indivíduos do sexo masculino apresentavam uma maior percentagem de dentes do siso mandibulares inclusos (parcial e completamente) comparativamente ao sexo feminino (dente 38: 17.9% vs 12.3%, p<0,05; dente 48: 20.7% vs 13.6%, p<0,05). A maioria dos sisos inclusos encontravam-se verticalizados (59,1% sisos maxilares; 47,2% sisos mandibulares). 12.6% dos dentes 18 e 28 encontravam-se disto-angulados, enquanto que 17,5% e 14,2% dos dentes 38 e 48, respectivamente, encontravam-se mesio-angulados. Discussão e Conclusões Dentro dos limites deste estudo, verificou-se uma maior prevalência de sisos inclusos na mandíbula (62,6%) e uma predisponibilidade sexual feminina. 47,3% dos sisos inclusos mandibulares e 59,1% maxilares encontravam-se verticalizados. Em relação ao estudo preliminar de 2007 os resultados foram semelhantes, verificando-se no entanto aumento da predisponibilidade feminina. Os dados recolhidos foram estatisticamente analisados através do teste do Qui-quadrado no programa SPSS 14.0®. Resultados Das 302 ortopantomografias analisadas, 43,4% apresentavam terceiros molares inclusos: 48,0% sexo masculino e 52,0% sexo feminino (Fig.1), com a seguinte distribuição: 7,9% (dente 18), 7,9% (dente 28), 14,9% (dente 38) e 16,9% (dente 48) (Fig.2). Fig. 3 – Tabela de distribuição de sisos inclusos encontrados, por arcada e por sexo Fig. 1 – Distribuição por sexos de pacientes com pelo menos um siso incluso. Fig. 2 – Distribuição de pacientes estudados pelo n.º de sisos inclusos apresentados. Fig. 4 –Distribuição do nível de inclusão dos sisos no maxilar. Fig. 5 – Distribuição do nível de inclusão dos sisos na mandíbula. Fig. 6 – Distribuição da angulação de sisos inclusos no maxilar. Fig. 7 – Distribuição da angulação de sisos inclusos na mandíbula. 58 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Cavidade óssea de Stafne Araújo, F.,1 Marques, T.,1 Santos, T.,1 Marques, R.,1 Frias, C.,2 Rufino, A.,2 Silva, A.,3 Costa, M.,2 Lopes, J.4 1 Aluno(a) do 6.º ano de Medicina Dentária 2 Médico Dentista. Assistente Convidado de Medicina Dentária 3 Médico Dentista. Regente da Disciplina de Cirurgia Oral 4 Médico Estomatologista. Regente da Disciplina de Medicina Oral e Patologia Oncológica Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução Em 1942, Stafne descreveu 35 “cavidades ósseas” localizadas no ângulo da mandíbula. Eram cavidades uniloculares, bem circunscritas, de forma redonda ou elíptica radiolucentes situadas abaixo do canal dentário inferior e entre o ângulo da mandíbula e o 1º molar. No interior destas cavidades podemos encontrar tecido glandular, ou outros tecidos tais como adenoma pleomórfico, músculo estriado, tecido linfóide, tecido adiposo, vasos sanguíneos, e tecido conjuntivo fibroso. Algumas cavidades podem no entanto encontrar-se vazias (4). Detectadas em imagiologia de rotina, a maior parte das cavidades ósseas de Stafne são assintomáticas. A presença de dor pode por vezes indicar patologia subjacente (sialoadenite, adenoma pleomórfico). Por vezes a palpação da cortical mandibular pode revelar a depressão côncava. O estudo radiológico revela uma imagem unilocular oval ou elíptica bem delimitada por margens ósseas espessas. Em raras situações estas radiolucências podem ser biloculadas ou até mesmo multiloculadas. Esta radiolucência está localizada entre o ângulo mandibular e o primeiro molar inferior, sem contacto com dentes, caracteristicamente situada abaixo do canal dentário inferior (3, 5, 6). Referências 1. Apruzzese, D. and S. Longoni, Stafne cyst in an anterior location. J Oral Maxillofac Surg, 1999. 57(3): p. 333-8.; + 2. de Courten, A., et al., Anterior lingual mandibular salivary gland defect (Stafne defect) presenting as a residual cyst. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod, 2002. 94(4): p. 460-4.; 3. Quesada-Gomez, C., et al., Stafne bone cavity: a retrospective study of 11 cases. Med Oral Patol Oral Cir Bucal, 2006. 11(3): p. E277-80.; 4. Katz, J., G. Chaushu, and I. Rotstein, Stafne’s bone cavity in the anterior mandible: a possible diagnostic challenge. J Endod, 2001. 27(4): p. 304-7.; 5. Segev, Y., M. Puterman, and L. Bodner, Stafne bone cavity-magnetic resonance imaging. Med Oral Patol Oral Cir Bucal, 2006. 11(4): p. E345-7. 6. Shimizu, M., et al., CT analysis of the Stafne’s bone defects of the mandible. Dentomaxillofac Radiol, 2006. 35(2): p. 95-102.; 7. Slasky, B.S. and J. Bar-Ziv, Lingual mandibular bony defects: CT in the buccolingual plane. J Comput Assist Tomogr, 1996. 20(3): p. 439-43.; 8. Ariji, E., et al., Stafne’s bone cavity. Classification based on outline and content determined by computed tomography. Oral Surg Oral Med Oral Pathol, 1993. 76(3): p. 375-80.; 9. Scholl, R.J., et al., Cysts and cystic lesions of the mandible: clinical and radiologic-histopathologic review. Radiographics, 1999. 19(5): p. 1107-24. 59 Cavidade óssea de Stafne Introdução Em 1942, Stafne descreveu 35 “cavidades ósseas” localizadas no ângulo da mandíbula, uniloculares, bem circunscritas, de forma redonda ou elíptica radiolucentes situadas abaixo do canal dentário inferior e entre o ângulo da mandíbula e o 1º molar. Usualmente assintomáticas, e com predilecção por indivíduos do sexo masculino (70 – 90% dos casos) na 5ª e 7ª década de vida, sendo na maioria dos casos unilaterais (1-3,5). Detectadas em imagiologia de rotina, a maior parte das cavidades ósseos de Stafne são assintomáticas. A presença de dor pode por vezes indicar patologia subjacente (sialoadenite, adenoma pleomórfico). Por vezes a palpação da cortical mandibular pode revelar a depressão côncava. O estudo radiológico revela uma imagem unilocular oval ou elíptica bem delimitada por margens ósseas espessas. Em raras situações estas radiolucências podem ser biloculadas ou até mesmo multiloculadas. Esta radiolucência está localizada entre o ângulo mandibular e o primeiro molar inferior, sem contacto com dentes, caracteristícamente situada abaixo do canal dentário inferior (3, 5, 6). A forma de apresentação unilateral é a mais frequente, existindo casos de apresentação bilateral. Um dos aspectos mais importantes na confirmação deste diagnóstico é demonstrar a abertura da concavidade na face lingual da mandíbula, delimitada por uma cortical (8) em cortes axiais de tc ou rm. Fig. 2 – Corte Axial (cavidade com 11.5 mm no seu maior diâmetro cervico-facial, e 9.5 mm no seu menor diâmetro) Fig. 3 – Corte Coronal (cavidade com 8,4 mm no seu diâmetro cefalocaudal, observando-se a invaginação da glândula sub-mandibular) Fig. 4 – Corte Sagital Tratamento Fig. 5 – Reconstrução multiplanar, evidenciando a proximidade com o nervo dentário inferior Não existe indicação cirúrgica para a Cavidade óssea de Stafne. Em casos raros de desenvolvimento acentuado, procede-se à extirpação de parte ou da totalidade da glândula submandibular ou do tecido causal. Nestas situações poderão estar subjacentes patologias da própria glândula, como adenoma pleomórfico ou sialoadenite crónica. O controlo (radiográfico) periódico destas situações está recomendado (3). Caso Clínico Doente do sexo masculino, 71 anos de idade, raça caucasiana, recorreu à Clínica Universitária para tratamentos dentários. Verificou-se a presença de uma lesão bilateral na mucosa jugal, esbranquiçada e linear diagnosticada como linha alba angularis ou linha de mordisqueio da mucosa jugal, assim como cáries dentárias, e periodontite crónica. O exame imagiológico detectou uma imagem radiolucente, unilocular de bordos bem definidos, no ramo horizontal da hemimandíbula esquerda, zona posterior junto ao ângulo mandibular, abaixo do canal dentário. Foi pedida uma Tomografia Assistida por Computador (TC) para esclarecer natureza, dimensões e relações com estruturas anatómicas adjacentes. Fig. 6 – Reconstrução tridimensional Fig. 8 – Reconstrução tridimensional, hemisecção da mandíbula Fig. 7 – Reconstrução tridimensional, visão posterior Fig. 9 – Reconstrução tridimensional, pormenor da cavidade óssea Conclusões Fig. 1 – Ortopantomografia Podemos concluir que existe um defeito ósseo no lado esquerdo do ramo horizontal da mandíbula do doente, na zona do ângulo mandibular, abaixo do canal dentário. A TC mostra-se um meio de extrema utilidade na confirmação deste tipo de alterações ósseas. A evidência da abertura lingual definida por uma cortical íntegra é um elemento chave na confirmação da Cavidade óssea de Stafne. O reconhecimento do diagnóstico destas lesões é importante, diferenciando com outros tipos de alterações como ameloblastomas, queratoquistos, quistos ósseos solitários, para os quais deveremos pensar em intervenção cirúrgica. 60 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Solução protética para correcção de defeito gengival com prótese fixa. Caso clínico Araújo, F.,1 Marques, T.,1 Correia, A.,2 Esteves, H.3 1 Assistente do Mestrado Integrado de Medicina Dentária 2 Assistente de Prostodontia Fixa do Mestrado Integrado de Medicina Dentária 3 Responsável pela Área de Prostodontia Fixa Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução A perda de peças dentárias associa-se normalmente a uma reabsorção óssea da apófise alveolar. Estas situações comprometem a função, fonética e estética da reabilitação por prótese fixa. As soluções disponíveis para repor o volume da apófise alveolar perdida podem ser cirúrgicas e/ ou protéticas (1). As primeiras apresentam algumas limitações quanto ao volume conseguido, principalmente nas Classes II e III de Siebert (2) mais extensas. Em determinados casos clínicos, as soluções protéticas, por serem simples e rápidas, podem ser a melhor solução. Objectivos da Apresentação Reabilitação de um espaço edêntulo Classe III de Siebert com recurso a uma prótese fixa de seis elementos caracterizada com cerâmica rosa simulando a gengiva. Descrição Caso Clínico Paciente do sexo masculino, 56 anos, dirigiu-se à Clínica Universitária apresentando como queixa principal o diastema entre os incisivos centrais inferiores, com lesão lingual relacionada, e estética deficiente. Dada a recusa do paciente em efectuar cirurgia periodontal, foi sugerida e elaborada uma prótese fixa (metalo-cerâmica) de seis elementos com aplicação de cerâmica rosa simulando a gengiva na região cervical. Conclusão Uma prótese parcial fixa, cuidadosamente caracterizada com cerâmica rosa simulando a gengiva pode constituir uma alternativa válida de tratamento para pacientes que não possam ser submetidos a cirurgia para correcção dos tecidos periodontais. Bibliografia 1. Capa N: An alternative treatment approach to gingival recession: gingiva-colored partial porcelain veneers: a clinical report. J Prosthet Dent 2007;98(2):82-84. 2. Kamalakidis S, Paniz G, Kang K-H, Hirayama H: Nonsurgical management of soft tissue deficiencies for anterior single implant-supported restorations: a clinical report. The Journal of Prosthetic Dentistry 2007;97(1):1-5 3. Carvalho W, Barboza EP, Gouvea CV: The use of porcelain laminate veneers and a removable gingival prosthesis for a periodontally compromised patient: a clinical report. The Journal of Prosthetic Dentistry 2005;93(4):315-317; 4. Priest GF, Lindke L: Gingival-colored porcelain for implantsupported prostheses in the aesthetic zone. Pract Periodontics Aesthet Dent 998;10(9):1231-1240; quiz 1242.; 5. Botha PJ, Gluckman HL: The gingival prosthesis--a literature review. SADJ: Journal of the South African Dental Association = Tydskrif Van Die Suid-Afrikaanse Tandheelkundige Vereniging 1999;54(7):288-290; 6. Friedman MJ: Gingival masks: a simple prosthesis to improve the appearance of teeth. Compendium of Continuing Education in Dentistry (Jamesburg, N.J.: 1995) 2000;21(11):1008-1010, 1012-1004, 1016; 7. Polack MA, Mahn DH: The aesthetic replacement of mandibular incisors using an implant-supported fixed partial denture with gingival-colored ceramics. Practical Procedures & Aesthetic Dentistry: PPAD 2007;19(10):597603; quiz 604 8. Everhart RJ, Cavazos E: Evaluation of a fixed removable partial denture: Andrews Bridge System. The Journal of Prosthetic Dentistry 1983;50(2):180-184; 9. Barzilay I, Tamblyn, I.: Gingival Prostheses - A Review. J Can Dent Assoc 2003; 69(2):74–8 2003;69(2):5.; 10. Zalkind M, Hochman N: Alternative method of conservative esthetic treatment for gingival recession. J Prosthet Dent 1997;77(6):561-563 61 Solução protética para correcção de defeito gengival com prótese parcial fixa. Caso clínico Introdução Na reabilitação oral do paciente parcialmente desdentado, a selecção do melhor tratamento protético para espaços edêntulos com recessão ou lesão gengival é uma situação difícil (3). Níveis óptimos de estética são por vezes alcançados apenas com recurso a cirurgia, pré-protética. No entanto alguns pacientes, por várias razões, não são candidatos ou não toleram essas cirurgias (4). A substituição dos tecidos moles e duros com recurso a prótese gengival é uma alternativa válida nestes casos (1, 2, 4-7). Várias técnicas foram descritas como soluções protéticas para a perda de tecido alveolo-dentário, com materiais do tipo resinas acrílicas ou cerâmicas (3,4,7-10). Fig. 3 Enceramento de diagnóstico. Fig. 4 Preparo dentário do 43. Fig. 5 e 6 – infraestrutura metálica (vistas vestibular e lingual). Descrição do Caso Clínico Paciente: sexo masculino, caucasiano, 56 anos de idade. Motivo da Consulta: Problema estético (abertura nos incisivos centrais inferiores) e lesão lingual. Diagnóstico: Periodontite crónica localizada nos dentes 31 e 41 (Fig. 1 e 2). Plano de Tratamento: Enceramento de diagnóstico (Fig. 3) e construção de matriz transparente; extracção do 41 e 31, preparos dentários mantendo a vitalidade dos dentes pilares (Fig. 4) e cimentação de prótese parcial fixa provisória; impressões definitivas dois meses após extracções do dente 31 e 41; prova de infraestrutura (Fig. 5 e 6) e determinação da cor das estruturas dentárias e da gengiva; cimentação definitiva (Fig. 9); consultas de controlo (Fig. 10) regulares reforçando a importância do controlo da placa bacteriana, diária, para o sucesso da reabilitação. Prognóstico: Favorável com manutenção da vitalidade dos dentes pilares e espaço suficiente para a higienização. Fig. 1 – Foto intra-oral inicial Fig. 2 – Radiografias pré-operatórias do 5.º sextante. Fig. 7 e 8 – ppf concluída no modelo de trabalho (vistas vestibular e lingual). Fig. 9 – Prótese Parcial Fixa finalizada e cimentada em boca. Fig. 10 – Prótese Parcial Fixa 1 ano depois de ser cimentada. Discussão e Conclusão As prótese gengivais como extensão dos pônticos das próteses fixas, podem ser utilizadas desde que não interfiram na higienização dos tecidos periodontais adjacentes (5). Em pacientes que não podem, ou não desejam, ser submetidos a intervenções cirúrgicas pré-protéticas, estas próteses podem ser alternativas de tratamento a considerar, por serem de execução simples, rápida, não invasiva e apresentando resultados clínicos bastante satisfatórios (2,7). 62 Cadern o s d e S aúd e Vo l . 1 Número especial de Medicina D entária Fractura do terço médio radicular. Controlo de caso clínico Oliveira, A.,1 Vilaça, L.,1 Silva, O.,2 Martins, M.3 1 Aluno da Licenciatura em Medicina Dentária 2 Médico Dentista, Assistente Convidado de Endodoncia de Medicina Dentária 3 Médico Estomatologista, Regente de Endodoncia de Medicina Dentária Mestrado Integrado de Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa Introdução As fracturas radiculares por trauma são lesões relativamente pouco frequentes na prática clínica, ocorrendo em 0,5 a 7% dos casos (1). Podem ser únicas ou múltiplas e completas ou incompletas (2). Apresentam maior frequência na faixa etária dos 11 aos 20 anos, estando eventualmente associadas a fracturas do processo alveolar. Os incisivos centrais maxilares são os dentes mais expostos a este tipo de lesões em pacientes do sexo masculino, envolvendo mais usualmente o terço médio radicular (1). Trata-se de um caso clínico em que o paciente E. P. R., do sexo masculino com 40 anos, foi observado na consulta de Endodoncia da Clínica Universitária no dia 06 de Março de 2007, referindo ter sofrido um trauma na região inferior da face. A radiografia periapical mostrou-nos uma dupla fractura horizontal no terço médio da raiz do dente 21. O tratamento efectuado consistiu na ferulização imediata do dente 21 aos adjacentes e criação de um núcleo rígido intracanalar, com obturação dos dois segmentos por técnica mista, conseguido com o encravamento de uma Orifice Shapener 2 (.06/30) com Top Seal® no canal, de modo a cumprir com os requisitos estéticos e funcionais acordados com o paciente (1,2,3). Discussão/Conclusão O sucesso dos procedimentos clínicos foi alcançado, com manutenção da peça dentária na cavidade oral, comprovado através dos controlos radiográficos e clínicos efectuados até à data. Dado não ter sido possível por enquanto obter regeneração periodontal, o paciente está orientado na área de Periodontologia. Bibliografia 1. Çaliskan, M., Pehlivan, Y.; Prognosis of root-fractured permanent incisors; Endod Dent Traumatol 1996; 12: 129-136; 2. Ingle, J., Bakland, L.; Endodontics; Fifth Edition; 15: Endodontic considerations in dental trauma 795-844; BC Decker; 2002; 3. Oikarinen, K.; Tooth splinting: a review of the literature and consideration of the versatility of a wire-composite splint; Endod Dent Traumatol 1990; 6: 237-250. 63 Fractura do terço médio radicular. Controlo de caso clínico Introdução As fracturas radiculares por trauma são lesões relativamente pouco frequentes na prática clínica, ocorrendo em 0,5 a 7% dos casos (1). Podem ser únicas ou múltiplas e completas ou incompletas (2). Apresentam maior frequência na faixa etária dos 11 aos 20 anos, estando eventualmente associadas a fracturas do processo alveolar. Os incisivos centrais maxilares são os dentes mais expostos a este tipo de lesões em pacientes do sexo masculino, envolvendo mais usualmente o terço médio radicular (1). Trata-se de um caso clínico em que o paciente E. P. R., do sexo masculino com 40 anos, foi observado na consulta de Endodoncia da Clínica Universitária no dia 06 de Março de 2007, referindo ter sofrido um trauma na região inferior da face. A radiografia periapical mostrou-nos uma dupla fractura horizontal no terço médio da raiz do dente 21. O tratamento efectuado consistiu na ferulização imediata do dente 21 aos adjacentes e criação de um núcleo rígido intracanalar, com obturação dos dois segmentos por técnica mista, conseguido com o encravamento de uma Orifice Shapener 2 (.06/30) com Top Seal® no canal, de modo a cumprir com os requisitos estéticos e funcionais acordados com o paciente (1,2,3). semanas e 7 e 13 meses foi efectuado um exame clínico e registo radiográfico do tratamento. Fig. 5 – Rx 1 Fig. 6 – Rx 5 Fig. 7 – Rx 2 semanas Fig. 8 – Rx 5 semanas Fig. 9 – Rx 9 semanas Fig. 10 – Rx 7 meses Material e Métodos O paciente foi colocado num plano de visitas de controlo, visando a avaliação da eficácia do tratamento. Nestas consultas de controlo, realizadas às 2, 6, 9 Figura 11 – Rx 13 meses Fig. 1 – Ortopantomografia Fig. 2 – Rx1 Discussão/Conclusão Fig. 3 – Ferulização do dente 21 Fig. 4 – Obturação com lima Profile® e Top Seal® O sucesso dos procedimentos clínicos foi alcançado, com manutenção da peça dentária na cavidade oral, comprovado através dos controlos radiográficos e clínicos efectuados até à data. Dado não ter sido possível por enquanto obter regeneração periodontal, o paciente está orientado na área de Periodontologia. INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Produção científica do ICS Área de Medicina Dentária 1. Artigos Publicados 1. Roberts MC, Leroux BG, Sampson J, Luis HS, Bernardo M, Leitão J. Dental amalgam and antibiotic- and/or mercuryresistant bacteria. J Dent Res. 2008 May;87(5):475-9. PMID: 18434580 [PubMed – indexed for MEDLINE] 2. Ojo KK, Ruehlen NL, Close NS, Luis H, Bernardo M, Leitao J, Roberts MC. The presence of a conjugative Gram-positive Tn2009 in Gram-negative commensal bacteria. J Antimicrob Chemother. 2006 Jun;57(6):1065-9. Epub 2006 Mar 21. PMID: 16551693 [PubMed – indexed for MEDLINE] 3. Ojo KK, Striplin MJ, Ulep CC, Close NS, Zittle J, Luis H, Bernardo M, Leitao J, Roberts MC. Staphylococcus efflux msr(A) gene characterized in Streptococcus, Enterococcus, Corynebacterium, and Pseudomonas isolates. Antimicrob Agents Chemother. 2006 Mar;50(3):1089-91. PMID: 16495276 [PubMed - indexed for MEDLINE] 4. Ojo KK, Tung D, Luis H, Bernardo M, Leitao J, Roberts MC. Gram-positive merA gene in gram-negative oral and urine bacteria. FEMS Microbiol Lett. 2004 Sep 15;238(2):411-6. PMID: 15358427 [PubMed - indexed for MEDLINE] 5. Ojo KK, Ulep C, Van Kirk N, Luis H, Bernardo M, Leitao J, Roberts MC. The mef(A) gene predominates among seven macrolide resistance genes identified in gram-negative strains representing 13 genera, isolated from healthy Portuguese children. Antimicrob Agents Chemother. 2004 Sep; 48(9):34516. PMID: 15328110 [PubMed - indexed for MEDLINE]