UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO GLÁUCIA APARECIDA DOMINGOS RESENDE REPRODUTIBILIDADE INTRA E INTEROBSERVACIONAL DOS DIAGNÓSTICOS MORFOLÓGICOS E CITOQUÍMICOS DAS LEUCEMIAS AGUDAS FRENTE À IMUNOFENOTIPAGEM UBERABA – MG 2013 GLÁUCIA APARECIDA DOMINGOS RESENDE REPRODUTIBILIDADE INTRAO E INTEROBSERVACIONAL DOS DIAGNÓSTICOS MORFOLÓGICOS E CITOQUÍMICOS DAS LEUCEMIAS AGUDAS FRENTE À IMUNOFENOTIPAGEM Dissertação apresentada ao curso de pósgraduação em “Ciências da Saúde-Patologia Humana” da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, como requisito parcial para obtenção de Título de Mestre em Ciências da SaúdePatologia – Humana. Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Juliano Martins Co-orientador: Prof. Dr. Hélio Moraes de Souza UBERABA – MG 2013 II Catalogação na fonte: Biblioteca da Universidade Federal do Triângulo Mineiro Resende, Gláucia Aparecida Domingos 00000 Reprodutibilidade intra e interobservacional dos diagnósticos morfológicos e citoquímicos das Leucemias agudas frente á imunofenotipagem /Glaucia Aparecida Domingos Resende. – 2013. 000 f. : tab. ; graf. ; fig. Tese (Mestrado em Ciências da saúde-Patologia Humana) - Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, 2013. Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Juliano Martins 1. Leucemia. 2. Diagnóstico citológico. 3. Citoquímica. 4. Imunofenotipagem. I. Martins, Paulo Roberto Juliano. II. Universidade Federal do Triângulo Mineiro. III. Título. CDU 000.00-000.000.0 III GÁUCIA APARECIDA DOMINGOS RESENDE REPRODUTIBILIDADE INTRA E INTEROBSERVACIONAL DOS DIAGNÓSTICOS MORFOLÓGICOS E CITOQUÍMICOS DAS LEUCEMIAS AGUDAS FRENTE À IMUNOFENOTIPAGEM BANCA EXAMINADORA Data da aprovação: Profa Dr Miriane da Costa Gileno Prof. Dr Antonio Carlos Oliveira de Menezes Prof. Dr Paulo Roberto Juliano Martins IV 5 Dedicatória V Aos meus pais, Vardelício Resende e Vera Lúcia Domingos Resende. Dedico este trabalho aos meus amados pais, com muito amor e gratidão, por tudo que fizeram por mim ao longo de minha vida, pelos ensinamentos, por estarem ao meu lado durante todos os momentos difíceis, quando não apenas me amparam, mas suportaram comigo todas as venceram obstáculos. “Eu tenho tanto pra lhe falar Mas com palavras não sei dizer Como é grande o meu amor por você E não ha nada pra comparar Para poder lhe explicar Como é grande o meu amor por você”... (Roberto Carlos) VI dores e Ao meu irmão, Glauber Aparecido Domingos Resende. Dedico esta dissertação ao meu irmão, com muita gratidão pelo seu gesto de amor e total desprendimento. Hoje carrego comigo muito mais do que um pedacinho de você, um órgão, mas acima de tudo a sua demonstração de eterno amor. Obrigada, Te amo! VII A minha irmã, Glaucimara Aparecida Domingos Resende. Dedico esta dissertação a minha irmã, pelo companheirismo, amor, incentivo e pela presença em todos os momentos que necessitei. “Uma declaração de amor, eu quero te oferecer Duas palavras podem expressar... Te Amo! Tudo o que eu sinto por ti É um sentimento de Deus Talvez num gesto possa demonstrar... Se eu somasse as estrelas às águas do mar”... (Cassiane) VIII A minha sobrinha e cunhada, Larissa Domingos Resende e Luciney O S Resende. Dedico esta dissertação a minha sobrinha por trazer tantos momentos de alegria, pelo seu sorriso que acalma e aconchego nos momentos de angústia. A minha cunhada Luciney pelo apoio, incentivo e carinho. Obrigada. IX Agradecimentos X Agradecimentos Agradeço a Deus, que nos fortalece e ampara quando acreditamos não mais conseguir. Ao meu orientador, Dr Paulo Roberto Juliano Martins, pelo apoio, pela dedicação e pela presteza no auxílio às atividades e discussões, colocando a disposição todos os quesitos necessários para que este trabalho fosse concluído. Ao Dr Hélio Moraes de Souza, pela confiança em oferecer oportunidades que permitiram meu crescimento profissional. Ao Dr Leonardo, pela colaboração e pela em realizar as coletas de medula e ceder o material para que este trabalho fosse realizado, pelo auxílio em fotografar as lâminas e por acreditar que seria possível incentivando sempre. Ao funcionário Carlos Humberto Lima, que prontamente cedeu seu espaço, para que eu pudesse realizar os experimentos, me auxiliando e me dando suporte sempre que necessário, meu carinho e respeito. A Dr Rita Cleide Amorim Coelho do Hemorio, que prontamente nos forneceu protocolos e orientações, permitindo o aprimoramento de nossas técnicas. A Dr Silvia do Hemorio que propiciou o nosso contato com a Dr Rita. XI Ao professor Gilberto de Araújo Pereira, pelas orientações e por ter realizado a análise dos resultados. Ao professor Sebastião Tostes pela colaboração e correções do artigo. As funcionárias Marise Carvalho Silveira e Maria Célia Bento de Freitas, que ao longo desta jornada tornaram-se grandes amigas e companheiras. As minhas queridas amigas Aline Meneses, Valéria Zeferino e Alexandra Leal, que ao longo desta jornada compartilharam sorrisos, lágrimas e angústias, fortalecendo nossos laços de amizade, tornandonos companheiras e parceiras. Obrigada por fazerem parte desta história. Ao meu cunhado Eber Alves dos Santos pelo carinho e incentivo. A amiga Fernanda, Bernadelli pela colaboração e pelas palavras de apoio e incentivo. Aos pós-graduandos do grupo de hematologia, Bruna Bereta, Ranata Volpe, Vitor, Márcia Ferreira, Aline Aparecida, Andreza, Milena e Ricardo Olivo por compartilharem seus conhecimentos. A toda equipe da Central de Quimioterapia, Denise Silva da Cunha, Ana Carolina Rodrigues da Silva, Guaraciaba Silva Pereira e Tatiana Penhalver, pela gentileza, prestatividade e pela forma carinhosa com que sempre fui recebida no setor. A Dr Polliana Valize e Laura Cardoso, pelo carinho, pela presteza e por contribuírem encaminhando oncohematologia pediátrica. amostras dos pacientes da XII As doutoras Thais Camargo e Luzia Zago, pela colaboração. Ao Dr Marcel Mendes, por colaborar cedendo amostras e dados de seus pacientes, sempre com muita gentileza. Aos funcionários dos setores técnicos, administrativos, recepção, vigilância e limpeza do Hemocentro Regional de Uberaba, pela gentileza e pela colaboração sempre que se fez necessário. Aos hematologistas do serviço de hematologia e hemotrapia da Universidade Federal de Uberaba/Hemocentro Regional de Uberaba, pela colaboração. Agradeço ao fotógrafo Edmundo Alves por colaborar na edição das fotos. Enfim, Agradeço a todos aqueles que de alguma contribuído para que este trabalho fosse concluído. XIII forma tenham Epigráfe “O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis”. José de Alencar XIV SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS ABREVIATURAS E SÍMBOLOS 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 25 1.1 Leucemia Mieloide Aguda...............................................................................27 1.2 Leucemia Linfoide Aguda ...............................................................................33 1.3 Leucemia Aguda Bifenotípica .........................................................................35 1.4 Diagnóstico ......................................................................................................36 1.4.1 Diagnóstico Morfológico e Citoquímica ........................................................36 1.4.2 Imunofenotipagem ..........................................................................................41 2 OBJETIVOS.....................................................................................................46 2.1 Objetivos geral .................................................................................................46 2.2 Objetivos específicos ........................................................................................46 3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................48 4 MATERIAL E MÉTODO ................................................................................50 4.1 Apectos Éticos ..................................................................................................50 4.2 Critérios de inclusão ........................................................................................50 4.3 Critérios de exclusão ........................................................................................50 4.4 Amostra populacional......................................................................................50 4.5 Coleta das Amostras ........................................................................................51 4.6 Materiais e Preparo dos Reagentes ................................................................ 51 4.6.1 Mieloperoxidase................................................................................................ 52 4.6.2 Coloração de Sudan Black ...............................................................................52 4.6.3 Reação de Ácido Periódico de Schiff (PAS) ....................................................52 4.6.4 Alfa naftil acetato esterase ................................................................................53 4.7 Estudo do sangue periférico e medula óssea .................................................53 XV 4.7.1Estudo das Reações citoquímicas ......................................................................54 4.7.2Imunofenotipagem .............................................................................................54 4.8 Dados clínico-epidemiológicos ........................................................................55 4.9 Análise dos Dados ............................................................................................55 4.10 Normas utilizadas na confecção do manuscrito ...........................................55 5.0 RESULTADOS ................................................................................................ 57 5.1 Distribuições dos pacientes conforme gênero e idade...................................57 5.2 Resultados dos achados clínicos......................................................................57 5.3 Resultados por linhagem .................................................................................59 5.3.1 Concordância intraobservador A ......................................................................59 5.3.2 Concordância intraobservador B ......................................................................59 5.3.3 Avaliação interobservador ................................................................................60 5.3.4 Análise Descritiva intraobservador por subtipo baseada na classificação FAB ...........................................................................................................................61 5.3.4.1Resultado do observador A .............................................................................61 5.3.4.2Resultado do observador B .............................................................................62 6. Discussão ...............................................................................................................65 6.1 Caracterização clico-epidemiológica ................................................................ 65 6.2 Avaliação intraobservador e interobservador ................................................66 7 CONCLUSÃO .....................................................................................................72 REFERÊNCIAS ..................................................................................................74 ANEXOS ..............................................................................................................81 XVI LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 LMA-M0 ....................................................................................................... 28 FIGURA 2 LMA-M1 ....................................................................................................... 28 FIGURA 3 LMA-M2 ....................................................................................................... 29 FIGURA 4 LMA-M3 ....................................................................................................... 30 FIGURA 5 LMA-M4 ....................................................................................................... 30 FIGURA 6 LMA- M4-Eo ................................................................................................ 30 FIGURA 7 LMA- M5 ...................................................................................................... 31 FIGURA 8 - LMA- M6...................................................................................................... 32 FIGURA 9 - LMA- M7...................................................................................................... 32 FIGURA 10 - LLA-1 ......................................................................................................... 34 FIGURA 11- LLA-2 .......................................................................................................... 34 FIGURA 12 - LLA-3 ......................................................................................................... 34 FIGURA 13 – Leucemia Aguda Bifenotípica ................................................................... 36 FIGURA 14 – Coloração de mieloperoxidase ................................................................... 38 FIGURA 15 – Coloração de Sudan Black ......................................................................... 40 FIGURA 16 – Coloração de PAS(padrão difuso).............................................................. 40 FIGURA 17 - Coloração de esterase ................................................................................. 40 FIGURA 18 - Acordo intraobservador A de seis categorias, usando a análise morfológica no primeiro tempo t1. ......................................................................................................... 61 FIGURA 19 -Acordo intraobservador A de seis categorias, usando a análise morfológica no primeiro tempo t2. .......................................................................................................... 62 FIGURA 20 - Acordo intraobservador A de seis categorias, usando a análise morfológica no primeiro tempo t3 (morfologia e citoquímica) ............................................................... 62 FIGURA 21- Acordo intraobservador B de seis categorias, usando a análise morfológica no primeiro tempo t1 ........................................................................................................... 62 XVII FIGURA 22 -Acordo intraobservador B de seis categorias, usando a análise morfológica no primeiro tempo t2 ......................................................................................................... 63 FIGURA 23 - Acordo intraobservador B de seis categorias, usando a análise morfológica no primeiro tempo t3 (Morfologia E Citoquímica) ............................................................. 63 XVIII LISTA DE TABELAS TABELA 1: Perfil citoquímico das leucemias agudas quanto a linhagem ...................... 37 TABELA 2: Perfil imunofenotípico das leucemias mieloides agudas ............................ 42 TABELA 3: Perfil imunofenotípico das leucemias linfoides agudas .............................. 43 TABELA 4: Reagentes usados nas colorações citoquímicas .......................................... 51 TABELA 5: Perfil epidemiológico das leucemias agudas .............................................. 57 TABELA 6: Achados clínicos das leucemias agudas .............................................. 58 TABELA 7: Concordância intraobservador A dos casos de leucemias agudas selecionados no Serviço de Hematologia/UFTM de agosto de 2009 à fevereiro de 2013 .59 TABELA 8: Concordância intraobservador B dos casos de leucemias agudas selecionados no Serviço de Hematologia/UFTM de agosto de 2009 à fevereiro de 2013....................... 60 TABELA 9: Concordância interbservador dos casos de leucemias agudas selecionados no Serviço de Hematologia/UFTM de agosto de 2009 à fevereiro de 2013....................... 60 XIX LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS LMA: Leucemia mieloide aguda LLA: Leucemia linfoide aguda BAL: Leucemia aguda bifenotípica PAS: Ácido Periódico de Shiff SBB: Sudan Black M MPO: Mieoperoxidase FAB: Franco Americano Britânico WHO: World Health Organization Classification of Tumores LMA-M0: Leucemia mieloblástica minimamente diferenciada LMA-M1: Leucemia mieloblástica sem maturação LMA-M2: Leucemia mieloblástica com maturação LMA-M3: Leucemia promielocítica aguda LMA-M3v: Leucemia promielocítica aguda (variante microgranular) LMA-M4: Leucemia mielomonocítica LMA-M4 Eo: Leucemia mielomonocítica com eosinófilos anormais LMA- M5a: Leucemia monocítica aguda pouco diferenciada LMA-M5b: Leucemia monocítica diferenciada LMA-M6: Eritroleucemia aguda LMA-M7:Leucemia megacarioblástica aguda OMS: Organização Mundial de Saúde NSE: Esterase não específica A-EST: α-Naftil Acetato Esteras PMTs: Fotomultiplicadores NL: Não linfoide L: Linfoide XX RESUMO XXI RESUMO Introdução e objetivo: As leucemias agudas são doenças clonais do tecido hematopóetico, caracterizadas pela proliferação de células imaturas na medula óssea. A adequada caracterização dos tipos linfoides e mieloide é de fundamental importância para um diagnóstico preciso. Embora apresentem limitações, a morfologia e as reações citoquímicas são úteis de baixo custo e contribuem para o diagnóstico diferencial entre as linhagens linfoide e mieloide, imprescindível para o planejamento terapêutico e prognóstico. O objetivo deste trabalho foi verificar a reprodutibilidade intra e interobservacional citológica e citoquímica frente à imunofenotípica no diagnóstico das leucemias agudas em um Hospital Universitário. Materiais e métodos: Foram analisadas amostras de 70 portadores de leucemias agudas, com idade entre 2 e 93 anos, usando critérios morfológicos, citoquímicos e imunofenotípicos atendidos no Serviço de Hematologia/Hemoterapia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, entre agosto de 2009 a fevereiro de 2013. A reprodutibilidade intra e interobservador foi realizada por dois hematologistas separadamente, sem conhecimento de informações clínicas. Foram realizadas análise morfológicas nos tempos t1 e t2 com intervalo de duas semanas e posteriormente uma terceira análise associada à citoquímica t3. Os resultados foram confrontados com a imunofenotipagem. Para análise da reprodutibilidade intraobservador e interobservador das linhagens linfoide e não linfoide foi utilizado o teste de kappa e para os subtipos apenas a análise descritiva. Resultados: A concordância por linhagem (linfoide e não linfoide) intraobservador A foi de 94,37% no tempo t1, 91,43% no t2 e 88,57% t3 quando foi incluído a citoquímica com kappa médio de 0,80 (variação de 0,77 a 0,88). A concordância intraobservador B foi de 90% e 81,43 nos tempos (t1 e t2) e 91,43% t3 quando incluído a citoquímica, com kappa médio de 0,74 (variação 0,62 a 0,82). A reprodutibilidade interobservador A e B mostraram concordantes em 88,57 % e 81,43% nos tempos (t1 e t2) respectivamente com coeficiente de kappa de 0,70 e 0,62 respectivamente. Quando associado a citoquímica, a concordância foi de 87,14 % com coeficiente kappa de 0,82. XXII Conclusão: A concordância substancial entre os achados morfológicos e citoquímicos frente à imunofenotipagem e a identificação de mais de 80% na diferenciação entre as linhagens linfoides e mieloide agudas, neste estudo evidenciaram a importância da morfologia e da citoquímica, se não para o diagnóstico definitivo, pelo menos, seguramente, como medida de triagem e orientação na escolha dos anticorpos a serem empregados na imunofenotipagem. Fica claro, portanto, que cada metodologia apresenta suas contribuições e limitações, entretanto acreditamos que estas reações podem ser utilizadas como métodos de primeira linha em conjunto com imunofenotipagem, citogenética e estudos moleculares, viabilizando o diagnóstico, a terapêutica e o prognóstico, consolidando a importância da morfologia e citoquímica de grande valia na diferenciação das leucemias agudas de linhagem linfoide e não linfoides. Palavras-chave: Leucemia; diagnóstico; morfologia; citoquímica; imunofenotipagem XXIII INTRODUÇÃO XXIV 25 1. INTRODUÇÃO Velpeau em 1827 relatou o primeiro caso de leucemia em uma florista de 63 anos com quadro clínico de febre, de esplenomegalia e de hepatomegalia, que no sangue apresentava características diferentes, assemelhando-se em consistência e cor à levedura do vinho tinto (SCHUMACHER et al, 2002). Bennett em 1845 descreveu casos de pacientes que foram a óbito e apresentavam aumento do baço e sangue alterado. Virchow em 1856 criou o termo leucemia para descrever o aumento de glóbulos brancos em pacientes com estas síndromes. (SCHUMACHER et al, 2002). Ehrlich em 1877 desenvolveu uma coloração citológica que permitiu a distinção de glóbulos brancos normais e anormais. Ebstein em 1889 obeservou que as leucemias expressavam progressões diferenciadas com evoluções rapidamente fatais, denominando-as leucemias agudas. Naegel em 1900 confirmou a obsevação de Ehrlich, caracterizando o mieloblasto e dividindo a leucemia em mieloide e linfoide (SCHUMACHER et al, 2002). A leucemia é a uma neoplasia de células hematopoéticas da medula óssea que, na maioria dos casos, extravasam para o sangue periférico, podendo infiltrar o fígado, o baço, os linfonodos e outros órgãos, com predileção por tecidos mais vascularizados (HAMERSCHLAK, 2005; LORENZI, 2005; LIESNER et al, 1997). Geralmente estão associadas a fatores ambientais que atuam sobre indivíduos com maior suscetibilidade (CONKRITE et al, 1987). As radiações, a exposição ao benzeno, as substâncias tóxicas, as infecções principalmente virais, as condições sócio– econômicas são consideradas fatores carcinogênicos. As alterações hereditárias e as influências do meio ambiente, podem também criar condições predisponentes para o desenvolvimento das leucemias (OLIVEIRA e NETO, 2004 a; LORENZI, 2005; SILVEIRA et al, 2008). A hematopoiese é controlada por genes estimuladores e inibidores em constante equilíbrio. Em determinadas situações pode haver a ruptura deste equilíbrio ocasionando duas rotas mutacionais que levam ao descontrole do crescimento das células hematopoiéticas: na primeira o gene está hiperativo e na segunda o gene supressor está inativo (VIDEIRA et al, 2002). 26 Os fatores carcinogênicos podem causar lesões nos cromossomos, como quebras, translocações, inversões ou perdas e muitas vezes alterações na sequência de aminoácidos, com perda do código genético normal. Consequentemente os genes apresentarão suas funções modificadas, promovendo crescimento celular anormal e dando origem às leucemias (OLIVEIRA e NETO, 2004 b; LORENZI, 2005). Elas são classificadas quanto ao tipo celular em mieloide e/ou linfoide e ao tempo de evolução em agudas e crônicas. Acometem crianças e adultos e são de progressões rápidas com predomínio de células imaturas, constituindo 20% ou mais da celularidade medular no diagnóstico, ocasionando anemia, neutropenia e trombocitopenia (SILVA et al, 2006; LORENZI, 2005). As leucemias agudas são classificadas em mieloides (LMA), linfoides (LLA) e bifenotípicas (BAL) (SILVA et al , 2006). A morfologia e citoquímica (Ácido Periódico de Shiff (PAS), Sudan Black (SBB), mieloperoxidase (MPO), esterase inespecífica e específica) do sangue periférico e medula óssea foram a base da classificação FAB (Franco Americano Britânico) em 1976, que reconheceu três tipos linfoides (L1,L2 e L3), e seis mieloides (M1 a M6) (BENNETTE et al, 1976, 1985, 1991; KRAUSE, 2000). Com o surgimento da imunofenotipagem, a classificação FAB foi revisada em 1985, incluindo os subtipos M0 e M7, até então não identificáveis (SILVA et al, 2006). Em 1986 e 1988 surgiu uma nova classificação denominada MIC (Morfologic, Immunologic e Cytogenetic), ressaltando as correlações morfológicas, imunológicas e citogenéticas, com grande valor clínico-prognóstico. (VAN DEN BERGHE, 1988; CATOVISK et al, 1991). Posteriormente, buscando maior uniformidade no diagnóstico e classificação, a WHO (World Health Organization Classification of Tumores) publicou em 2001 uma nova classificação (JAFFE et al 2001) que baseava em critérios morfológicos e na fundamentação biológica, incluindo a genética molecular, em especial informações clínicas (PAES et al,2002). 27 1.1 Leucemia Mieloide Aguda A leucemia mieloide aguda (LMA) é uma doença clonal do tecido hematopoiético que se caracteriza pela proliferação anormal de células progenitoras de linhagem mieloide (LOWENBERG et al, 1999; LIESNER et al, 1997). As manifestações clínicas decorrem da proliferação neoplásica de blastos na medula óssea, ocasionando anemia, neutropenia e trombocitopenia (SILVA et al, 2006). A maioria dos pacientes mostram-se sintomáticos ao diagnóstico. Em geral apresentam anemia normocítica normocrômica, as plaquetas e hemoglobina geralmente são baixas e a contagem de leucócitos pode variar de < 1000/µl á 200.000/µl (SILVA et al, 2006). Ocorrem na infância, na adolescência, nos adultos e nos idosos. Sua incidência varia de 1/150.000 na adolescência, 1/100.000 entre 30 e 40 anos e aos 70 chega a 1/10.000 (HAMERSCHLAK, 2005; LOWENBERG, 1999). O processo neoplásico pode ocorrer nas linhagens: eritrocítica, granulocítica, monocítica e megacariocítica. Nesta leucemia o bloqueio maturativo das células se dá em diferentes etapas, permitindo a classificação em subtipos (LIESNER et al, 1997; HAMERSCHLAK, 2005; OLIVEIRA e NETO, 2004 b). Estas leucemias são classificadas em 8 subtipos, cada qual com características peculiares, conforme grau de maturação. A seguir são descritos os diferentes tipos de leucemias mieloides agudas: LMA-M0 - Leucemia indiferenciada - blastos indiferenciados, cromatina frouxa e nucléolo evidente, citoplasma agranular, sem bastonete de Auer; sua morfologia é similar aos blastos linfoides L2. Citoquímica e marcadores imunológicos linfoides são negativos. O estudo imunofenotípico é positivo para CD13, CD33 e/ou CD11b. A mieloperoxidase (MPO) por método imunológico e quimioluminescência é positiva (BENNETT et al, 1976, BENNETT et al, 1981; OLIVEIRA e NETO, 2004b; OLIVEIRA e NETO, 2004c; KRAUSE, 2000; SILVA et al, 2008). 28 Figura 1: Distensão de medula óssea, Leucemia Mieloide Aguda -M0. Fonte: VIVAS, 2008. LMA-M1- Leucemia minimamente diferenciada - Os blastos são pouco diferenciados, cromatina frouxa e nucléolos proeminentes, os bastonetes de Auer são frequentes; menos de 10% amadurecem até ou além da fase de promielócitos; a mieloperoxidase e Sudan Black B são positivos em mais de 3% dos blastos. Apresentam positividade para HLA-DR, CD13, CD33, CD34 (BENNETT et al, 1976; BENNETT et al, 1981; KRAUSE, 2000; ABDUL-HAMIDE, SILVA et al, 2008). Figura 2: Distensão de medula óssea, Leucemia Mieloide Aguda –M1 Fonte: Pathology outline.com.br LMA-M2 - Os blastos são de tamanhos variados, cromatina frouxa, relação núcleo citoplasma variada com grande quantidade de grânulos azurófilos, os bastonetes 29 de Auer são frequentes; a diferenciação pode ir até promielócitos; existem até 20% de células monocitoides; amieloperoxidase e o Sudan Black são fortemente positivos; a reação de cloroacetatoesterase é positiva. Os marcadores HLA-DR, CD13, CD33 e CD34 são positivos, o CD15 é positivo ou negativo (BENNETT et al, 1976; BENNETT et al, 1981; KRAUSE, 2000; OLIVEIRA e NETO 2004c; SILVA et al, 2006). Figura 3: Distensão de medula óssea, Leucemia Mieloide Aguda – M2. Fonte: o próprio autor LMA-M3 - Leucemia Aguda Promielocítica - Os blastos apresentam núcleo excêntrico, reniforme ou bilobulado, citoplasma basofílico com intensa granulação e numerosos bastonetes de Auer. Na variante hipogranular, o núcleo é volumoso e o citoplasma possui uma granulação escassa; este subtipo é confirmado quando mais de 50% das células blásticas são hipogranulares. As reações de mieloperoxidase e Sudan Black B são fortemente positivas; a relação FSC/SSC no estudo imunofenotípico é alta; os CD13 e CD33 são positivos (BENNETT et al, 1976; BENNETT et al, 1981; KRAUSE, 2000; SILVA et al, 2006, LORENZI, 2005; BASI e REGO, 2012). 30 Figura 4: Distensão de medula óssea, Leucemia Mieloide Aguda – M3. Fonte: o próprio autor LMA-M4 - Leucemia mielomonocítica - Os componentes granulocíticos e monocíticos estão presentes e pelo menos 20% dos blastos são precursores de monócitos que predominam no sangue periférico e os bastonetes de Auer podem estar presentes. A variante M4 – Eo (eosinofílica) apresenta proliferação de eosinófilos em vários estágios de maturação, constituindo 5 a 30% das células medulares; a reações de mieloperoxidase e Sudan Black são positivas para a linhagem granulocítica, a esterase é positiva para os componentes butirato e cloroacetato. Os CD13, CD33, CD14, CD15 e CD11b geralmente são positivos e também pode ocorrer expressão anômala do antígeno linfoide CD2 (BENNETT et al, 1976; BENNETT et al, 1981; KRAUSE, 2000; MARTINS e FALCÃO, 2000). . Figura 5: Distensão de medula óssea, Leucemia Mieloide Aguda M4 Fonte: o próprio autor Figura 6: Distensão de medula óssea, Leucemia Mieloide Aguda M4 - Eo Fonte:VIVAS, 2008 31 LMA-M5-Leucemia monocítica - as células leucêmicas são predominantemente monoblastos (M5a) ou promonócitos (M5b); na M5a as células são grandes, o citoplasma é intensamente basofílico com finos grânulos azurófilos; o núcleo é redondo, com cromatina frouxa e nucléolos proeminentes; na M5b o núcleo é convoluto e irregular; o citoplasma é menos basofílico, podendo apresentar grânulos e vacúolos; A reação de esterase dupla somente é positiva para o componente butirato inibida pelo fluoreto. Os CD33, CD14 e CD15 são positivos, podendo ocorrer a expressão fraca de CD4 (BENNETT et al, 1976; KRAUSE, 2000; OLIVEIRA e NETO, 2004a; SILVA et al, 2006). Figura 7: Distensão de medula óssea, Leucemia Mieloide Aguda – M5. Fonte: www.pathologyoutlines.com LMA-M6 Leucemia eritrocítica - Caracteriza-se por mais de 50% de eritroblastos com características morfológicas bizarras, de tamanhos grandes, multilobular ou multinucleados e mais de 30 % de mieloblastos tipo I (agranular) e tipo II (grânulos azurófilos). Outras características são: fragmentação, corpos de Howell Jolly, sideroblastos em anel, alterações megalobláticas e deseritropoese são comuns (PARK et al, 2002; ABDUL-HAMID,2011). As reações citoquímicas são as usuais para LMA e os mieloblastos podem apresentar bastonetes de Auer. O PAS pode ser difusamente positivo ou positivo em bloco. O CD13, CD33, glicoforina A, CD34, 32 CD117 e HLA-DR são positivos (LUSIS, 2000; KRAUSE, 2000; PARK et al 2002; SILVA et al, 2006). Figura 8: Distensão de medula óssea, Leucemia Mieloide aguda - M6. Fonte: o próprio autor LMA-M7 - Leucemia megacariocítica - Morfologia variada desde blastos L1 até muito grandes, indiferenciados, com citoplasma abundante e projeções citoplasmáticas. As reações citoquímicas são geralmente negativas e os antígenos CD41 e CD42 são frequentemente positivos; (BENNETT et al, 1976; BENNETT et al, 1981; KRAUSE, 2000; MARTINS e FALCÃO, 2000; SILVA et al, 2006; FARIAS e BIERMANN, 2007). Figura 9: Distensão de medula óssea, Leucemia Mieloide Aguda - M7. Fonte: o próprio autor 33 1.2 Leucemias Linfoide Aguda É uma proliferação das células linfoides indiferenciadas na medula óssea, timo e tecidos linfoides, com predomínio da linhagem B em 85% dos casos (BÉNÉ et al, 1995; FARIAS e CASTRO, 2004). Aproximadamente 70% destas leucemias ocorrem na infância, entre dois a quatro anos, diminuindo na adolescência, nos adultos jovens e aumentando a partir dos 40 anos, predominante no sexo masculino de cor branca (EMERECIANO et al, 2004; OLIVEIRA et al, 2004). O diagnóstico e classificação são realizados de acordo com as características citológicas, citoquímicas, fenotípicas e cariotípicas (EMERECIANO et al, 2004; FARIAS e CASTRO, 2004). O hemograma geralmente revela anemia, neutropenia e trombocitopenia. A contagem de leucócitos encontra-se habitualmente elevada com nítido predomíneo de blastos. A medula óssea apresenta-se com infiltração maciça de linfoblastos e intensa hipoplasia eritrocítica, granulocítica e megacariocítica (FARIAS e CASTRO, 2004) O grupo FAB distinguiu os subtipos de LLA em L1, L2, L3 (Figuras 10, 11, 12). A identificação da L3 tem maior importância devido ao seu pior prognóstico (LOFFLER et al, 1994). Na L1 predominam blastos pequenos, homogêneos, cromatina condensada, nucléolo visível ou pouco evidente, citoplasma moderadamente basofílico e raros vacúolos (Figura 10). Na L2 os blastos são maiores e heterogêneos, o núcleo é irregular com um ou mais nucléolos grandes e proeminentes, a relação núcleo-citoplasma é variável, podendo apresentar clivagem, dobras ou indentações, cromatina variável e o citoplasma é abundante e basofílico (Figura 11). O subtipo L3 predominam células grandes, núcleo regular, nucléolos proeminentes e cromatina nuclear fina, o citoplasma é abundante, vacuolizado e com intensa basofilia (Figura 12) (BENNETT et al,1976, 1981; ARROYO, et al, 1983, FARIAS e BIERMANN, 2007). 34 Figura 10: Distensão de medula, Linfoide Aguda – L1. Leucemia Fonte: o próprio autor Figura 12: Distensão de medula, Aguda – L3. Figura 11: Distensão de medula, Linfoide Aguda – L2. Leucemia Fonte: o próprio autor Leucemia Linfoide Fonte:www.pathologyoutline.com.br Os linfoblastos geralmente apresentam reação citoquímica de PAS fortemente positiva, com evidente coloração granular em forma de anéis concêntricos, unipolar ou em blocos. Esta reação é mais frequentemente negativa em LLA -T do que na LLA -B (OLIVEIRA et al, 2004; FARIAS e CASTRO, 2004). Quanto à imunofenotipagem, 80% dos casos expressam marcadores de células B e 15% a 20% T. 35 O tipo B é classificado em: pró-B, pré-B e B maduro. Na LLA pró-B, as células expressam HLA-DR Terminal Desoxinucleotidil Transferase (TdT), CD34 , CD19 e CD22. A LLA do tipo comum (Calla) expressa CD10, CD22, CD19, e/ou CD20 (OLIVEIRA et al, 2004; LORENZI, 2005). A pré-B expressa cadeia μ citoplasmática, CD19, CD20, e CD10 positivos.. O tipo B-maduro apresenta CD19, CD20, CD22 e CD24 intensamente positivos, expressão de cadeias leves de imunoglobulina na superfície da membrana (SmIg), que confirma o diagnóstico e o pior prognóstico (BENNETT et al, 1976, 1981; OLIVEIRA et al, 2004; FARIAS e CASTRO, 2004; FARIAS e BIERMANN, 2007). As LLAs T são classificadas em: pré-T, T - intermediária e T - maduro. Na pré-T expressam CD3 no citoplasma, CD7, CD2, CD5 e TdT. O tipo T intermediário é fortemente positivo para CD3c, CD2, CD1a, podendo co–expressar CD4 e CD8. A LLA T maduro expressa CD2, CD5, CD7, CD3 e duplamente positiva para CD4 e CD8 (FARIAS e CASTRO, 2004). 1.3 Leucemia Aguda Bifenotípica/Híbrida Representa aproximadamente 7% das leucemias agudas, podendo ser de novo ou secundária a terapias citotóxicas (BATINIC et al, 2008). A clínica não difere das demais leucemias agudas, acomete em indivíduos nas diferentes faixas etárias, com maior incidência em adultos (BATINIC et al, 2008; KILLICK et al, 1999) . Caracteriza-se por dupla população ou a co-expressão de marcadores linfoides e mieloides simultaneamente. A morfologia não fornece dados consistentes, podendo apresentar características tipicamente mieloide, como grânulos azurófilos e bastonetes de Auer sendo comum os subtipos M1 e M5, concomitante a linfoblatos indiferenciados (KILLIKC et al, 1999, KILLICK et al, 2002; BATINIC et al, 2008; ZHAO et al, 2010). O diagnóstico definitivo é possível somente através de estudos imunofenotípicos, citogenéticos e moleculares. (KILLIKC et al, 1999). O PAS é negativo para a linhagem linfoide aguda com marcador mieloide. A mieloperoxidase é negativa ou positiva em menos de três por cento dos blastos, onde poucos destes apresentam Sudam Black positivo para leucemia linfoide com marcador mieloide (ORNELLAS, 2002; SOUZA, 2006; YAMAMOTO, 2000c). 36 A partir de 2008, a OMS definiu uma nova classificação para leucemias bifenotípicas, categorizando-as como "leucemias de linhagem ambígua (BENÉ et al, 2012; WEIER et al, 2007; BATINIC et al, 2008; NAGHASHPOUR et al, 2010). Os principais marcadores da OMS 2008 são a mieloperoxidase, CD19 e CD3, sendo necessário um amplo painel para confirmação da co–expressão de marcadores específicos de linhagem ambígua ou dupla população (KILLIKC et al, 1999, KILLICK et al, 2002; BATINIC et al, 2008; BENÉ et al, 2012)). O estudo citogenético e molecular definem a leucemia ambígua pela presença da t(9;22) envolvendo o gene BCR-ABL e alterações no gene MLL (NAGHASHPOUR et al 2010; BENÉ et al, 1995; BENÉ et al, 2012; ZHAO et al 2010). Figura 13: Distensão de medula, Leucemia Aguda Bifenotípica Fonte: o próprio autor 1.4 Diagnóstico 1.4.1 Morfologia e Citoquímica A Citologia, denominada na atualidade de Biologia Celular é um dos ramos das ciências naturais. Sua história está intimamente relacionada com o desenvolvimento das lentes ópticas e à combinação destas para construir o microscópio composto (do grego mikros, pequeno; skopein, ato de ver, examinar). 37 Atanásio Kircher em (1601-1680) foi o primeiro a usar a palavra microscopium. Muitos denotam a descoberta do microscópio a Galileu, mas a história relata que foi Antonie van Leeuwenhoenk em 1632 que aperfeiçoou o instrumento observando as primeiras células animais que são: os glóbulos vermelhos do sangue e constatando também a existência dos espermatozóides (BEHE, 1996). Robert Hooke, em 1665 fez a observação da primeira célula, descreveu o microscópio e a descoberta sobre a circulação nos peixes. Schwann e Matthias Jakob Schleiden em 1839 propuseram que todos os seres vivos eram formados de células e estas eram os blocos básicos construtores da vida. Rudolf Virchow, dando continuidade aos trabalhos de Schwann e Matthias, postulou que todas as células eram geradas por células pré-existentes. A teoria celular clássica foi aceita em 1858(BEHE, 1996). Anteriormente ao que havia sido proposto por Schwann, Schleiden e Virchow, a teoria celular moderna postulou que além de serem unidades estruturais, as células eram também unidades de reprodução, hereditariedade e função. Todas possuem a mesma composição química (BEHE, 1996). Em 1891, Ehrlich descreveu técnicas de coloração das células no sangue periférico, com intuito de classificar as leucemias. Posteriormente foram desenvolvidas técnicas de coloração baseadas na composição química destas células, propiciando a distinção de diferentes linhagens (PAS, Sudan Black, peroxidase, fosfatase ácida e esterases (HONRUBIA, 2001). ( Ver Tabela 1). Nos anos 20 foram utilizadas em amostras da medula óssea, nascendo a citoquímica, permitindo que suas composições químicas celulares específicas fossem evidenciadas sem alterar suas características morfológicas ( HONRUBIA, 2001). Tabela 1: Perfil citoquímico das leucemias agudas quanto à linhagem COLORAÇÕES LMA LLA PAS - + Peroxidase + - Sudan Black + - Fosfatase ácida - + Alfa-naftil-esterase - ou + (CD34) - Fonte: Adaptado de Teixeira. (2004). 38 As citoquímicas que representam importância no diagnóstico das leucemias agudas são: mieloperoxidase (MPO), Sudan Black (SBB), reação de Ácido Periódico de Schif (PAS), esterases não específicas (NSE) (α natal acetato esterase , α- naftil butirato esterase) e específica α-naftil AS-D cloroacetato esterase. A mieloperoxidase é específica da linhagem mieloide, localiza-se em grânulos azurófilos primários de neutrófilos e monócitos (BELL et al, 1981; SCOTT et al 1993). As células granulocíticas expressam positividade crescente conforme maturação, enquanto as monocíticas expressam granulações menos intensas, apresentando grânulos finos, dispersos por toda célula. Pode também ser positiva em grânulos específicos de eosinófilos e basófilos (NAUSEEF et al, 1988; MATSUO et al, 2003). Os blastos da linhagem mieloide demonstram atividade em áreas como retículo endoplasmático e região de Golgi (BELL et al, 1981). A MPO promove a clivagem do peróxido de hidrogênio liberando oxigênio, que reage com a benzidina, formando um composto de cor castanho esverdeado (Figura 14) (BELL et al, 1981). Esta reação é útil na diferenciação entre leucemias mieloide e linfoide aguda que frequentemente acompanha o Sudan. BELL et al, 1981 (NAUSEEF et al, 1988) OLIVEIRA e NETO, 2004 a; OLIVEIRA e NETO, 2004 c). Figura 14: Distensão de medula óssea, reação de mieloperoxidase Fonte: o próprio autor 39 O Sudan Black (Figura 15) cora lipídios, gorduras neutras, fosfolipídios e ésteres. É específico para células mieloides, geralmente acompanha a MPO. (KLOBUSICKÁ, 1994; SCHUMACHER et al 2002). A partir dos promielócitos a coloração é fortemente positiva, aumentando com a maturação (OLIVEIRA e NETO, 2004 a; OLIVEIRA e NETO, 2004 c). Figura 15: Distensão de medula óssea, reação de sudan black B Fonte: o próprio autor O PAS (Figura 16) é importante na citoquímica de carboidratos, o ácido periódico oxida compostos com grupos hidroxilas livres vicinais que combinam com o reativo de Schiff obtendo a coloração rósea. Os mieloblastos possuem pouco glicogênio, aumentando seu teor a partir do promielócito e consequentemente sua positividade, evidenciando um padrão difuso em todo o citoplasma. Esta reação é intensamente positiva de 40 – 70% das LLAs, com formação de anéis, unipolar ou blocos (PEREZ CHACÓN et al, 1998; ; SCHUMACHER et al, 2002; OLIVEIRA e NETO, 2004 a; OLIVEIRA e NETO, 2004c). 40 Figura 16: Distensão de medula óssea, reação de PAS positiva (granular) Fonte: o próprio autor As esterases (Figura 17) são enzimas que hidrolisam ligações éster de álcoois, fenóis e naftóis. As reações positivas podem ser encontradas na linhagem granulocítica, nos promonócitos e nos monócitos maduros. As esterases não específicas são usadas para identificar células de origem monocitica, sendo inibida pelo fluoreto de sódio (LI et al, 1973; UPHOFF et al, 2000). A reação é fortemente positiva nos monócitos, negativa em monoblastos e fracamente positiva ou negativa nos granulócitos (UPHOFF et al, 2000; OLIVEIRA e NETO, 2004 a; OLIVEIRA e NETO, 2004 b). Figura 18: Distensão de medula óssea, reação de Esterase positiva Fonte: www.pathologyoutline.com.br 41 1.4.2 Imunofenotipagem Moldavan em 1934 desenvolveu o primeiro contador automático com um capilar sob um microscópio dotado de um detector fotoelétrico de células. Crosland e Taylor em 1953 desenvolveram uma câmara de fluxo que permitia a passagem das células no centro da mesma, caracterizando importante avanço para o desenvolvimento da citometria de fluxo (BERTHO, 2004). Katmentsky em 1965 aprimorou a citometria de fluxo, fazendo o uso de espectrofotometria (luz absorvida) na quantificação de DNA e o uso da medida multiparamétrica de luz dispersada (BERTHO, 2004). Os citômetros foram descritos por Van Dila em 1967-69, usando a câmara descrita por Crosland e Taylor. Desde então várias técnicas foram desenvolvidas no aprimoramento da citometria de fluxo (MARTINS e FALCÃO, 2000; BERTHO, 2004; OLIVEIRA R. A. G, 2004). Os citômetros consistem no emprego de radiação a laser, do fluxo hidrodinâmico, da ótica, das substâncias fluorescentes e dos recursos de informática que permitem determinação das características estruturais e funcionais das células (MARTINS e FALCÃO, 2000; BERTHO, 2004). O princípio baseia-se na aspiração de células ou partículas de uma suspensão que passam por uma câmara especial (flow cell) e ficam centralizadas num fluxo contínuo de líquido (sheath fluid), saindo continuamente uma atrás da outra, onde uma única célula seja interceptada pelo laser ocorrendo dois tipos de fenômenos físicos que registram informações específicas das células (BERTHO, 2004). Ao ser interceptada pelo laser, uma parte da luz é espalhada (scatter) de acordo com as características morfológicas e estruturais das células. O forwad sacatter (FS) se relaciona com o tamanho e o side sacatter (SS) com a granularidade da célula ou partícula (MARTINS e FALCÃO, 2000; BERTHO, 2004; OLIVEIRA et al, 2004). Em um segundo momento as células coradas com fluorocromos, excitadas pelo laser, emitem luz compatíveis com seus aspectos bioquímicos, biofísicos e moleculares (MARTINS e FALCÃO, 2000; BERTHO,2004). A luz dispersa capitada por lentes é enviada para os tubos fotomultiplicadores (PMTs), convertendo o sinal luminoso em pulsos elétricos proporcionais à quantidade 42 de luz dispersada ou fluorescente, estes sinais posteriormente são selecionados por filtros óticos, passando somente a luz de comprimento de onda desejado (MARTINS e FALCÃO, 2000; BERTHO, 2004). Os sinais elétricos são amplificados e convertidos em sinais digitais enviados a um computador, onde através de softwares específicos é realizada a análise de seis parâmetros específicos como: tamanho celular (FS); granularidade interna das células; fluorescência verde (FL1); fluorescência amarela (FL2); fluorescência laranja (FL3); fluorescência vermelha (FL4); fluorescência roxa (FL5) (BERTHO, 2004). As informações são armazenadas em formas de histogramas monoparamétricas (256 ou 1024 canais), biparamétricos (64X64) ou em List mode Na hematologia a citometria de fluxo é realizada com o objetivo voltado para a contagem celular, para a forma leucocitária, para a análise da medula óssea (BERTHO, 2004; OLIVEIRA et al, 2004), para as alterações de sínteses de linfócitos T e B, CD4+ e CD8+, na seleção de doadores para transplante, para o monitoramento de transplantados e imprescindível para a classificação das leucemias (Tabelas 3 e 4) através de marcadores de superfícies específicos (BERTHO, 2004). Tabela 2: Perfil imunofenotípico das Leucemias Mieloides Agudas Marcadores LMA-M0/M1/M2 LMA-M3 LMA-M4/ LMA-M6 LMA-M7 M5a/M5b CD13/CD33 ++ ++ ++ + ++ CD65 ±/+/++ + ++ ± ± MPO -/+/++ ++ ++ + - CD11c - ou ± - ++ - - CD14 - - +/+/++ - - CD15 ±/±/++ ± - - - CD36 - - + ++ + Glicoforina A - - - + - CD41/CD61 - - - - ++ CD42 - - - - + CD34 ++/++/+ ±/+/± ±/+/± + ++ 43 Marcadores LMA-M0/M1/M2 LMA-M3 LMA-M4/ LMA-M6 LMA-M7 M5a/M5b CD117 ++ + + + - HLA-DR ++/++/+ ++ ++ + ++ TdT + + + + ± -: <10% das leucemias são positivas; ±: 10% - 25% das leucemias são positivas; +: 25 - 75% das leucemias são positivas; ++: >75% das leucemias são positivas. Fonte: Silva et al (2006). Tabela 3: Perfil imunofenotípico das Leucemias Mieloides Agudas Linhagem B Linhagem T Marcador Pró-B Comum Pré-B B Pré-T Intermediário T HLA-DR + + + + +/TdT + + + +/+ + + CD19 + + + + CD22(c) -/+ + + + CD10 + + -/+ -/+ -/+ +/CD20 -/+ + + Cµ + SmIg + CD7 + + + CD2 + + CD3(c) +/+ + CD1a +/CD3 + CD4/CD8 +/+ TdT= Terminal desoxinucleotidil transferase; CD2(c)= CD22 intracitoplasmático; Cµ= cadeia µ citoplasmática; SmIg= imunoglobulina de superfície; +: expressão do antígeno; +/-: expressão variável, freqüentemente positiva; -: ausência de expressão do antígeno; -/+: expressão variável, freqüentemente negativa. Farias et AL (6). Fonte: Silva et al (2006). A imunofenotipagem é atualmente indispensável para o diagnóstico específico dos diferentes subtipos de LMA, principalmente as M0, M7 e bifenotípicas (LUSIS, 2000; YAMAMOTO, 2000). Nesta diferenciação de LMA os marcadores CD13 e CD33 são de grande importância, principalmente nas leucemias indiferenciadas, o CD41, CD42 e CD61 são marcadores megacariocíticos, o CD14 é específico para linhagem monocítica e o CD15 é expresso na maioria das leucemias M2 e M4 (BENÉ, 1999). A M3 pode co-expressar os antígenos CD9 e CD68. A pesquisa de mieloperoxidase associada aos CD13/CD33 (mieloide), ao CD79 e/ou CD19 (células B), e ao CD3 com CD7 (células T) podem identificar até 98% das leucemias agudas (SILVEIRA et al, 1998; REGO et al, 2009). 44 A imunofenotipagem é importante não apenas no diagnóstico, mas também para o prognóstico, pois permite a identificação de leucemias de pior prognóstico como as indiferenciadas e bifenotípicas (DREXLER et al, 1988; BENÉ et al, 1999; REGO et al 2009). 45 OBJETIVO 46 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivos Gerais Verificar a reprodutibilidade intra e interobservacional citológica e citoquímica frente à imunofenotipagem para diagnóstico das leucemias agudas. Realizar a análise da reprodutibilidade intra e interobservacional citológica, citoquímica e imunofenotípica para diagnóstico das leucemias agudas. 2.2 Objetivos Específicos 1. Descrever o perfil clínico–epidemiológico e laboratorial dos pacientes com leucemia aguda diagnosticada no Hospital de Clínicas da UFTM. 2. Verificar o perfil de concordância intraobservacional das análises citológicas (com intervalo de 2 semanas: (Morfologia t1 e Morfologia t2) e morfologia/citoquímicas t3 com a imunofenotipagem considerando a linhagem; 3. Comparar o grau de concordância citológica, citoquímica entre observadores A e B 4. Descrever o perfil dos subtipos segundo as análises citológicas (com intervalo de 2 semanas: Morfologia t1 e Morfologia t2), e morfologia/citoquímicas t3 e imunofenotipagem, 47 JUSTIFICATIVA 48 3. JUSTIFICATIVA O diagnóstico das doenças hematológicas tem evoluído de forma a trazer grandes avanços na elucidação das leucemias agudas. A inclusão dos estudos imunológicos, citogenéticos e moleculares tem se tornado cada vez mais acessível, no entanto a morfologia e citoquímica, bases estas que direcionam para estes novos recursos, tem sido subestimadas ou mesmo vistas de forma pouco peculiar. Assim, acreditamos que a morfologia e a citoquímica ainda são métodos úteis, de baixo custo e que podem contribuir substancialmente na diferenciação entre as linhagens linfoide e mieloide, importantes para o diagnóstico, terapêutica e para o prognóstico destas doenças. 49 MATERIAIS E MÉTODOS 50 4. MATERIAL E MÉTODOS Foi realizado um estudo retrospectivo, prospectivo e observacional de 70 casos de leucemias agudas atendidos no Serviço de Hematologia/Hemoterapia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro/UFTM. As análises citológicas e citoquímicas foram realizadas por dois hematologistas em tempos distintos. 4.1 Aspectos éticos O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da UFTM, conforme parecer aprovado em reunião do dia 27 de agosto de 2010, protocolo 1696. (Anexo II) e os casos retrospectivos aprovados pelo comitê de ética do Centro Universitário de Araraquara, parecer 916/09 (AnexoIII). 4.2 Critérios de inclusão Todos os casos de leucemia aguda de novo, independente do tipo morfológico, gênero, idade e cor dos pacientes. Todos os participantes foram submetidos ao termo de consentimento livre e esclarecido. 4.3 Critérios de exclusão Os pacientes submetidos ao tratamento quimioterápico, com leucemia aguda secundária e em recaída. 4.4 Amostra populacional A amostra foi constituída de 70 pacientes de ambos os sexos com idade entre 0 a 99 anos, atendidos no Serviço de Hematologia da UFTM/Hemocentro Regional de Uberaba, sendo que destes, 19 eram casos retrospectivos. 51 4.5 Coleta das Amostras As amostras de sangue periférico foram coletadas em tubo vacutainer através da punção venosa, por técnicos do laboratório, sendo realizados os esfregaços secos ao ar e encaminhados para o setor técnico com a finalidade da realização das colorações de leishaman e citoquímica. As amostras de medula óssea foram coletadas por médicos hematologistas do serviço de hematologia da UFTM. O procedimento da coleta foi realizado com o paciente deitado ou sentado. A antissepsia foi realizada com álcool 70% no local escolhido para coleta, sendo porção superior do esterno, ou crista ilíaca superior posterior e ou face externa do terço superior da tíbia em crianças. Foi aplicado o anestésico (lidocaína 2%) no local da coleta. A agulha para a coleta do mielograma foi introduzida na pele até a perfuração do periósteo chegando à cavidade medular (menor consistência ao tato), quando atingido este local foi colocado uma seringa na parte posterior da agulha e foram aspirados de 0,5 a 1 mL do material para realização do mielograma. Após o procedimento foi realizado curativo compressivo e confecção dos esfregaços que foram secos ao ar imediatamente e encaminhados ao setor técnico, sendo realizadas as colorações de citoquímicas e Leishman. Todo o procedimento de coleta foi realizado com material descartável e esterilizado. Foi coletado ainda de 2 a 5 mL para imunofenotipagem com/EDTA, encaminhados para o laboratório de apoio da UFTM. 4.6. Materiais e Preparo dos Reagentes Tabela 4: Reagentes usados nas colorações citoquímicas Coloração Reagente Peroxidase Reagentes Kit Coloração Coloração de Leishman Sudan Fixador Vapor de formol 40% a 37º C Regente Solução estoque: Sudan Black B e metanol Contra colaração Safranina 52 Coloração PAS Fixador Reagentes Contra coloração Esterase Reagente Reagente Solução formol:metanol (1:9) Ácido períodico 1% Reatio de Shiff: Fuccina básica Leishman e água destilada (1:9) kit Alfa - Naphthyl Acetate (Non Specific Esterase) – Sigma Aldrich Fonte: o próprio autor 4.6.1 Miloperoxidase (MPO) A mieloperoxidase foi realizada com o uso do kit DAB Líquido (DBS – Cód. K047). O esfregaço foi fixado em álcool 70% por 10 minutos, seco ao ar e em seguida coberto com o reagente de DAB diluído 1:1(DAB+ Tampão) por 7 minutos, depois foi lavado em água deionizada, secado e contra corado com corante de leishman (a contra coloração foi realizada cobrindo o esfregaço com 20 gotas do corante por 4 minutos, foi acrescentada 20 gotas de água destilada e corada por 14 minutos), escorrido o corante, foi lavado em água corrente e secado em posição vertical. (Diagnostic Biosotems, Barcelona, 2009). 4.6.2 Coloração de Sudan Black (SBB) A técnica de Sudan Black B foi realizada pela técnica de Sheehan-Storey modificada, o esfregaço foi fixado em vapor de formol por 10 minutos e após evaporado foi incubado em solução de sudan previamente filtrada por uma hora, lavado em água corrente, secado ao ar e contracorado com safranina por 30 segundos. 4.6.3 Reação de Ácido Periódico de Schiff (PAS) A técnica foi realizada fixando o esfregaço por imersão em solução de etanolformaldeído (9:1) por 10 minutos, lavado rapidamente em água corrente e mantido imerso em ácido periódico a 1% por 10 minutos, na jarra de Coplin foi imerso a lâmina em Reativo de Schiff por 30 minutos, lavado em água sulfurosa por 2 a 3 minutos e 53 após em água corrente por 5 a 10 minutos e deixado secar, sendo realizada a contra coloração com hematoxilina por 10 minutos. A reação positiva é indicada por cor que varia de púrpura a magenta brilhante, nos sítios onde se encontram os carboidratos oxidáveis, seguindo os padrões de interpretação (BELL et al, 1981). 4.6.4 α-Naftil Acetato Esterase (A-EST) A técnica foi realizada utilizando o kit Alfa - Naphthyl Acetate (Non Specific Esterase) – Sigma Aldrich. O procedimento consistiu em fixar as lâminas em fixador de citrato, acetona e metanol durante 1 minuto à temperatura ambiente (18–26°C), lavada abundantemente com água desionizada e secada ao ar durante, pelo menos, 20 minutos, foi identificado dois erlenmeyer como (A e B), em cada um foi adicionado 50 mL de solução de tampão diluído TRIZMALTM 7,6 PRÉ-AQUECIDA A 37°C, mexido constantemente, o conteúdo de 1 cápsula de sal RR de azul permanente, N.º de Catálogo 91-7, foi dissolvido no tampão e adicionado 2 mL de solução de α-naftil acetato, quando a solução apresentou uma cor amarela e uma ligeira turvação continuou-se a homogeneização durante 15 a 20 segundos e em um dos frascos foi adicionado 2 mL de fluoreto de sódio (não foi filtrado), as amostras foram colocadas na solução de coloração do passo anterior e incubadas a 37°C durante 30 minutos; NOTA: PROTEGIDAS DA LUZ; as lâminas foram retiradas da solução de coloração, lavadas em água deionizada durante 3 minutos eliminando a solução de coloração sendo realizada a contra coloração com hematoxilina de Mayer. (SIGMA ALDRICH CHEMIE. Procedimento 90: Alemanha, 2005). 4.7 Estudo do sangue periférico e medula óssea O estudo citológico do sangue periférico e da medula óssea no tempo t1 foi realizado por dois hematologistas a partir de esfregaços corados por Leishman sem o conhecimento prévio dos dados clínico-epidemiológicos. O diagnóstico de leucemia aguda foi confirmado pela presença de mais de 20% de blastos no sangue periférico e/ou na medula. A análise morfológica foi utilizada para classificar em LMA (M1–M2– M3–M4–M5–M6) e LLA (L1/ L2 e L3) e LA (leucemia aguda) para aqueles casos em 54 que apenas a morfologia não permitiu diferenciar a linhagem envolvida (mieloide o linfoide). Após duas semanas os observadores realizaram um novo estudo citológico t2 leitura. 4.7.1 Estudo das reações citoquímicas Em um terceiro momento no tempo t3 foi fornecido aos observadores, além da citologia convencional, as reações citoquímicas. Foram classificadas como LMA e LLA, de acordo com as reações citoquímicas, quando 3% ou mais de blastos na medula óssea ou sangue periférico forem positivos para estas reações, conforme critérios adotados pelo Grupo Franco Americano Britânico (FAB) (LUSIS, 2000; MMARTINS e FALCÃO et al, 2000; do RÊGO, 2000. Para a mieloperoxidase a positividade foi definida como presença de grânulos amarelos-pardo presentes em 3% ou mais de blastos na medula óssea ou sangue periférico (PEFFAULT DE LATOUR et al, 2003). Para o PAS, a positividade foi definida como presença de grânulos grosseiros e finos (cor púrpura ou magenta), representando padrão granular e/ou difuso em blastos na medula óssea ou sangue periférico (FARIAS E CASTRO, 2004). Para Sudan Black a positividade foi definida como presença de grânulos negros no citoplasma das células e para a esterase inespecífica foi considerada positiva a presença de grânulos na cor marrom no citoplasma das células. 4.7.2 Imunofenotipagem Os resultados citológicos e citoquímicos nos tempos t1, t2 e t3 realizados pelos dois observadores foram comparados aos perfis imunofenotípicos, considerados padrão ouro. 55 4.7.3. Dados clínico-epidemiológicos Os dados clínico-epidemiológicos dos pacientes foram obtidos através de informações contidas nos prontuários, sendo analisadas as seguintes variáveis: gênero (masculino e feminino), cor (branca e não branca), idade (0 a 9; 10 a 19; 20 a 29; 30 a 39; 40 a 49; 50 a 59; 60 a 69 e maiores de 70), presença ou ausência de anemia, febre, hemorragia, infecção, adenomegalia e esplenomegalia, valor da hemoglobina, contagem das plaquetas, número de leucócitos e neutrófilos, laudos de mielograma e imunofenotipagem no diagnóstico inicial. 4.8 Análise dos dados Foi utilizada a análise do grau de concordância entre os resultados dos achados morfológicos e citoquímicos frente a imnofenotipagem obtidos pelo cálculo do coeficiente kappa (k) (VIEIRA et al, 2005). Valores de k iguais ou superiores a 0,6 indicam que as metodologias avaliadas possuem boa e muito boa concordância. Para a análise de associação dos subtipos entre os observadores foram excluídos 13 casos, sendo seis de leucemias agudas indiferenciadas, três que não foram realizados por imunofenotipagem e quatro, cujos subtipos não foram identificados pela imunofenotipagem. A análise dos subtipos mieloides foi realizada apenas de forma descritiva, devido ao pequeno número de amostras e quantidade de variáveis para realização dos testes de concordância. 4.9 Normas utilizadas na confecção do manuscrito Foram consultadas as normas técnicas ABNT-NBR14724:2011 e as recomendações disponibilizadas pelo Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. 56 RESULTADOS 57 5. RESULTADOS 5.1 Distribuições dos pacientes conforme gênero e idade A idade dos 70 pacientes variou de dois a 93 anos, mediana de 35,5 com maior ocorrência entre maiores de 20 anos, havendo predomínio de adultos (72,07%), do gênero masculino (61,42 %) e de cor branca (62,85%). (Tabela 5). Tabela 5: Perfil epidemiológico das leucemias agudas entre agosto de 2009 a fevereiro de 2013. FAIXA ETÁRIA No. % 0 -9 10-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 > 70 TOTAL GÊNERO Masculino Feminino COR Não branca Branca 16 12 5 5 8 9 7 8 70 (22,86) (17,14) (7,14) (7,14) (11,43) (12,85) (10,00) (11,43) 100 43 27 (61,43) (38,57) 44 26 (62,85) (37,14) 5.2 Resultados dos achados clínicos No diagnóstico, 67 (95,71%) apresentavam anemia, 52 (74,28%) febre, 21 (30,0%) infecção, 19 (27,1%) esplenomegalia, 15 (21,42%) adenomegalia e 16 (22,85%) hemorragia. Tabela 6. 58 Tabela 6: Achados clínicos das leucemias agudas, entre agosto de 2009 a fevereiro de 2013. Parâmetros Anemia Febre Infecção Adenomegalia Esplenomegalia Hemorragia Pacientes (n=70) No. % 67 52 21 19 15 16 95,71 (74,28) (30,00) (27,1) (21,42) (22,85) Em relação aos achados laboratoriais (tabela 7) dos 36 pacientes com leucemia mieloide, a taxa de hemoglobina variou de 2.9 a 15.2 g/%, mediana de 7.7 g/%, a contagem de leucócitos de 670 a 112.000/mm3, mediana de 20.500/mm3 e a contagem de plaquetas de 6.000 a 150.000 com mediana de 20.500. A leucocitose foi observada em 28/36 (77,77%), a leucopenia em 8/36 (22,22%), 36/36 (100%) apresentaram plaquetopenia e 1/37 (2,77%) evidenciou a contagem dentro dos parâmetros normais. Entre os 31 pacientes com leucemia linfoide aguda a taxa de hemoglobina variou de 3.96 a 14.40 g/% com mediana de 8.2 g/%, a contagem de leucócitos de 1.000/mm3 a 200.000/mm3 mediana de 15.100/mm3 e as plaquetas de 6 mil/mm3 a 413 mil/mm3 com mediana de 27 mil/mm3, 22/31 (70.96%) apresentaram leucocitose, 9/31 (29.03%) leucopenia, a plaquetopenia foi observada em 26/31 (83,87), em 1/31 3,22%) a contagem foi maior que 400.000, caracterizando trombocitemia e 4/31 (12,90%) encontrava-se dentro dos valores de normalidade. Quanto àqueles que apresentaram leucemia aguda do tipo bifenotípica, a taxa de hemoglobina variou de 5.4 a 14.10 g/%, a contagem de leucócitos de 4.400/mm3 a 31.000/mm3 com mediana de 31.000/mm3, as plaquetas de 70 mil/mm3 a 269 mil/mm3 com mediana de 70 mil/mm3. A leucocitose esteve presente em 1/3 (33,33%) e a plaquetopenia em 2/3 (66, 7%). 59 5.3 Resultados por linhagem 5.3.1 Concordância intraobservador A Os resultados morfológicos (t1 e t2) por linhagem (NL e L) do observador A em relação a imunofenotipagem apresentaram concordância no primeiro tempo de 94,37%, com coeficiente kappa de 0,88 e no segundo tempo a concordância foi de 91,43%, apresentando coeficiente kappa de 0,77. Associando a morfologia e a citoquímica o grau de concordância foi de 88,57% e valor do coeficiente kappa de 0,77 (Tabela 7). Tabela 7: Concordância intraobservador A dos 70 casos de leucemias agudas selecionados no Serviço de Hematologia/UFTM de agosto de 2009 à fevereiro de 2013. OBSERVADOR A MORFOLOGIA t1 L NL TOTAL No. 32 1 33 IMUNOFENOTIPAGEM NL TOTAL No. No. % % % 96,97 3 8,11 35 100 3,03 34 91,9 35 100 100 37 100 70 100 MORFOLOGIA t2 L NL TOTAL 30 3 33 90,9 9,1 100 L 3 34 37 8,11 91,89 100 33 37 70 100 100 100 Concordância % Kappa 94,37 0,88 91.43 0,77 MORFOLOGIA/ CITOQUÍMICA t3 84,85 3 8,11 31 100 88.57 0,77 L 28 15,15 34 91,89 39 100 NL 5 100 37 100 70 100 TOTAL 33 L: linfoide; NL: não linfoide; A: observador A; B: observador B; t1, t2, t3 ( Tempos de leitura nos tempos 0 após 15 e 30 dias). 5.3.2 Concordância intraobservador B A concordância dos resultados morfológicos (t1 e t2) por linhagem (NL e L) do observador B frente à imunofenotipagem no primeiro tempo foi de 90% apresentando coeficiente kappa de 0,79 e no segundo tempo a concordância foi de 81,43% apresentando coeficiente kappa de 0,62. Associando a morfologia e a citoquímica o grau de concordância foi de 91,43 % e o valor do coeficiente kappa de 0,82 (Tabela 8). 60 Tabela 8: Concordância intraobservador B dos 70 casos de leucemias agudas selecionados no Serviço de Hematologia/UFTM de agosto de 2009 à fevereiro de 2013. OBSERVADOR B L MORFOLOGIA t1 L NL TOTAL No. 26 6 32 MORFOLOGIA t2 L NL TOTAL 22 11 33 IMUNOFENOTIPAGEM NL TOTAL No. No. % % % 81,25 1 2,63 27 100 18,75 37 97,37 43 100 100 38 100 70 100 66,67 33,33 100 2 35 37 5,41 94,59 100 24 46 70 100 100 100 Concordância % Kappa 90 0.79 81.43 0.62 MORFOLOGIA CITOQUÍMICA t3 87,5 2 5,26 30 100 91.43 0.82 L 28 12,5 36 94,74 40 100 NL 4 100 TOTAL 33 L: linfoide; NL: não linfoide; A: observador A; B: observador B; t1, t2, t3 ( Tempos de leitura nos tempos 0 após 15 e 30 dias). 5.3.3 Concordância interobservador Os resultados morfológicos (t1 e t2) entre os observadores A e B foram concordantes em 88,57 % no primeiro tempo e 81,43% no segundo, apresentando coeficiente kappa de 0,70 e 0,62 respectivamente. Quando oferecido a citoquímica associado à morfologia, a concordância foi de 87,14 % com coeficiente de kappa 0,82 (Tabela 9). Tabela 9: Concordância interobservador dos 70 casos de leucemias agudas selecionados no Serviço de Hematologia/UFTM de agosto de 2009 à fevereiro de 2013 B OBSERVADOR No. 27 0 27 MORFOLOGIA t1 NL % No. % 100 8 18,6 0 35 81,4 100 43 100 TOTAL No. % 35 100 35 100 70 100 Concordância % Kappa 88.57 0.77 22 3 25 MORFOLOGIA 2 88 10 22,22 12 35 77,78 100 45 100 32 38 70 81.43 A MORFOLOGIA t1 L NL TOTAL L MORFOLOGIA t2 L NL TOTAL 100 100 100 MORFOLOGIA+CITOQUÍMICA MORFOLOGIA L 26 87,67 5 12,5 31 100 87.14 CITOQUÍMICA t3 NL 4 13,33 35 87,5 39 100 TOTAL 30 100 40 100 70 100 L: linfoide; NL: não linfoide; A: observador A; B: observador B; t1, t2, t3 ( Tempos de leitura nos tempos 0 após 15 e 30 dias). 0.62 0.74 61 5.3.4 Análise descritiva intraobservador por subtipos baseada na classificação FAB. Entre os 70 pacientes selecionados a análise intraobservador dos 36 subtipos mieloides foi realizada em 30, por razões descritas acima. Os resultados estão demonstrados conforme acerto obtido/número total de cada subtipo. 5.3.4.1 Resultados do observador A Baseando-se na morfologia no tempo t1 o observador A identificou o subtipo em 4 (13,33%) dos casos, sendo 1/2 M1, 1/7 M2, 1/8 M3 e 1/1 M6 (Figura 18). Morfologia t1 A M1 M2 M3 M4 M5 M6 OUTROS M1 1 0 0 0 0 0 1 Imunofenotipagem M2 M3 M4 2 1 2 1 2 1 2 1 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 2 3 4 M5 0 0 0 0 0 0 0 M6 0 0 0 0 0 1 0 OUTROS 0 0 0 0 0 0 0 Figura 18: Acertos em destaque do observador A na análise morfológica no tempo (t1). No tempo t2, novamente utilizando a morfologia, o observador A identificou 7 (23,33%) subtipos sendo 1/2 M1, 3/7 M2, 2/8 M3 e 1/1 M6 e quando associadas a morfologia à citoquímica o subtipo foi identificado em 5 (16,16 %) onde 1/7 M2 e 4/8 M3 (Figura 19 e 20). 62 Morfologia t2 A M1 M1 M2 M3 M4 M5 M6 OUTROS M2 1 0 0 0 0 0 1 1 3 1 0 0 0 0 Imunofenotipagem M3 M4 M5 M6 OUTROS 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 Morfologia +Citoquímica t3 Figura 19: Acertos em destaque do observador A na análise morfológica no tempo (t2). A M1 M2 M3 M4 M5 M6 OUTROS M1 0 0 0 0 0 1 0 Imunofenotipagem M2 M3 M4 1 3 2 1 2 2 1 4 0 2 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 1 M5 0 0 0 0 0 0 0 M6 1 0 0 0 0 0 0 OUTROS 0 0 0 0 0 0 0 Figura 20: Acertos em destaque do observador A da morfologia e citoquímica tempo (t3). 5.3.4.2 Resultados do observador B O observador B identificou os subtipos em 10 (33,33%) casos nos tempos (t1, t2 e t3), destes no t1 3/7 eram M2, 4/8 M3, 2/7 M4 e 1/1 M6 (Figura 21), no t2 1/1 eram M1, 4/7 M2, 2/8 M3, 2/7 M4 e 1/1 M6 (Figura 22) e no t3 4/7 eram M2, 3/8 M3, 1/7 M4 e Morfologia t1 1/1 M6 (Figura 23). Imunofenotipagem M3 M4 M5 0 0 0 3 2 0 4 2 0 1 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 B M1 M2 M6 OUTROS M1 0 1 0 0 M2 0 3 0 0 M3 1 1 0 0 M4 0 1 0 0 M5 0 0 0 0 M6 0 0 1 0 OUTROS 0 0 0 0 Figura 21: Acertos em destaque do observador B da morfologia e citoquímica tempo (t 3). 63 Morfologia t2 B M1 1 0 0 0 0 0 1 M2 1 4 2 0 0 0 0 Imunofenotipagem M3 M4 M5 0 0 0 3 5 0 2 1 0 1 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 M6 0 0 0 0 0 1 0 OUTROS 0 0 0 0 0 0 0 M6 0 0 0 0 0 1 0 OUTROS 0 0 0 0 0 0 0 M1 M2 M3 M4 M5 M6 OUTROS Figura 22: Acertos em destaque do observador A da morfologia e citoquímica tempo (t 3). Morfologia + citoquímica t3 Imunofenotipagem B M1 1 0 0 0 0 0 1 M2 1 4 2 0 0 0 0 M3 0 3 3 1 1 0 0 M4 0 3 2 1 0 0 1 M5 0 0 0 0 0 0 0 M1 M2 M3 M4 M5 M6 OUTROS Figura 23: Acertos em destaque do observador A da morfologia e citoquímica tempo (t 3). O percentual de acertos entre os observadores A e B nos diferentes tempos foram pequenos, variando de 13,33 a 33,33%, não sendo possível uma análise mais apurada pelo pequeno tamanho da amostra e heterogeneidade dos diferentes subtipos mieloides da classificação FAB de M1 a M6 adotados por nós. As leucemias linfoides foram agrupadas em L1/L2 e L3, não sendo possível a diferenciação dos subtipos conforme o grau de maturação. Baseado neste critério, dos 31casos o observador A acertou em 22 (70,96%) nos tempos (t1, t2) e 20 (64,61%) no tempo t3. O observador B acertou em 23 (74,19%) no t1, 20 (64,61%) no t2 e 26 no t3 (83,87%). O percentual dos acertos entre os observadores A e B foram bons e similares nos diferentes tempos do estudo, variando de 64,61% a 83,87%. 64 DISCUSSÃO 65 6. DISCUSSÃO 6.1 Caracterização clinico-epidemiológica e laboratorial Em relação ao perfil epidemiológico, houve maior frequência de indivíduos entre as duas primeiras décadas de vida (39,94%), das quais a LLA representou 44,28%, sendo comum em crianças e adolescentes neste grupo. Estes dados estão de acordo com outros estudos que demonstraram que este é o tipo mais comum entre crianças LIESNER et al, 1997; FARIAS e CASTRO, 2004; COUTO et al, 2010) e em relação à LMA observamos uma maior frequência em indivíduos acima da quinta década de vida (57,70%), dados estes que corroboram com a literatura, onde segundo o National Cancer Institute, em um estudo de 2006 a 2010, demoustrou que a média de idade ao diagnóstico de leucemia mieloide aguda foi de 67 anos (LIENER et al, 1997; ESTEY, 2011; HOWLADER et al, 2012). Quanto ao gênero, houve predomínio do sexo masculino (61,43%), semelhante a outros relatos (FARIAS e CASTRO, 2004), assim como da cor branca (CHAUFFAILLE et al, 2004). Quanto aos achados clínicos, a anemia foi o dado mais frequente (95,71%), seguido de febre (74,28%), na sua quase totalidade os pacientes apresentaram anemia ao diagnóstico, que se justifica pela substituição maciça de células imaturas na medula óssea, ocasionado pela citopenia que compromete a produção de glóbulos vermelhos também observada por (LOWEMBERG et al, 1999). A frequente presença da febre pode ser creditada principalmente a neutropenia, tornando o indivíduo susceptível às infecções, tendo em vista que 30,0% dos pacientes apresentaram algum tipo de infecção ao diagnóstico, não podendo, contudo, afastar a pirexia relacionada à liberação de citocinas pelas células leucêmicas, assim como em outros relatos (PEING et al, 1999; FARIAS e CASTRO, 2004). O encontro de adenomegalia em 21,1% e esplenomegalia em 21,42 % com maior ocorrência na LLA, são também concordantes com os encontrados por Cortes e kantarjian (1995). As taxas de hemoglobina na LMA foram baixas com mediana de 7.7g/% e na LLA de 8.2%, assim como a contagem de plaquetas, estes achados são concordantes com relatos de outros estudos que também demonstraram baixos níveis de hemoglobina 66 e contagem de plaquetas variável, podendo ser de normal a baixa (FARIAS E CASTRO, 2004). O perfil hematológico dos pacientes com LLA foram compatíveis com os descritos por Farias e Castro (2004); Cortes e Kantarjian (1995), onde a presença de leucocitose e palquetopenia são comuns, embora possa ocorrer a presença de leucopenia ou contagem normal de leucócitos e plaquetas ocasionalmente (LIESNER et al,1997; SCHUMACHER, 2002). Os pacientes portadores do tipo bifenotípica, assim como os demais com leucemia aguda apresentaram elevada contagem de leucócitos bem como plaquetas variando de baixa a normal. Os achados laboratoriais encontrados neste estudo são semelhantes aos vários encontrados na literatura, tendo em vista que todas as alterações são decorrentes da proliferação maciça de blastos na medula óssea, ocasionando citopenia, e também infiltração de órgãos e tecidos. 6.2 Concordância intraobservador e interobservador É de extrema relevância a distinção das leucemias agudas conforme o tipo de linhagem, tendo em vista o impacto no prognóstico e escolha terapêutica em primeira instância. Há anos a classificação morfológica FAB tem sido o sistema de escolha, fornecendo juntamente com a citoquímica critérios para o diagnóstico diferencial destas doenças (SILVEIRA et al, 2008). A avaliação intraobservador A revelou a concordância de 94,37% no tempo t1, com kappa de 0,88, 91,43% no t2 com kappa de 0.77 e 88,57% com kappa de 0,77 quando foi incluído a citoquímica em t3, havendo discreto aumento do percentual das análises morfológicas nos tempos t1 e t2 do que quando disponibilizado a citoquímica, contrário aos encontrados por Browman et al (1986); Chundgar et al (1992) e Kheire et al (1998), que encontraram maior concordância com a associação da citoquímica. A concordância intraobservador B foi de 90% com kappa de 0,79 no tempo t1 e 81,43% com kappa de 0,62 no tempo t2, quando incluído a citoquímica a cordordâcia foi de 91,43%, com kappa de 0,82 evidenciando a maior contribuição da citoquímica do que os encontrados pelo observador A, similares aos encontrados por Kheire et al (1998) e Kurien et al (2013) . 67 Quando analisamos os resultados da concordância interobservadores a concordância foi de 88,57% com kappa de 0,77 e 81,43% com kappa de 0,62 nos tempos t1 et2 respectivamente, quando associados à citoquímica no tempo t3 a concordância foi de 87,14% com kappa de 0,74. Estes achados estão de acordo com aqueles encontrados por Kurien et al (2013); Kheire et al (1998) e Chundgar et al (1992). Embora as analises tanto intraobservador quanto interobservador tenham demonstrado discretas divergências, o estudo morfológico e citoquímico demonstraram concordância substancial na diferenciação entre as linhagens NL e L, similares aos encontrados por Chundgar et al (1992), que demonstraram uma concordância intraobservador e interobservador de 76% no estudo morfológico, que aumentou substancialmente para 91% quando associado à citoquímica, evidenciando que a morfologia e a citoquímica na grande maioria dos casos podem distinguir leucemias biologicamente diferentes. Os resultados por linhagem, pelos critérios adotados por nós, demonstraram que a distinção entre os tipos L1/L2, L3 e mieloide foram relevantes e ofereceram subsídios suficientes para o diagnóstico provável, que foram confirmados pela imunofenotipagem. A distinção da LLA tem implicações terapêuticas importantes principalmente nas leucemias pediátricas, onde a morfologia evidenciada por blastos pequenos e homogêneos do tipo L1, citoquímica característica e faixa etária, praticamente, fornecem um diagnóstico provável, uma vez que os blastos L2 são mais comuns em adultos, a probabilidade de erro é mínima (SENGAR et al, 1999, ANGELESCU et al, 2012). A caracterização morfológica dos mieloblastos, com ou sem bastonetes de Auer, e a presença de MPO e/ou SBB positiva definem a linhagem mieloide, se fazendo necessária a distinção da M3, uma vez que a terapêutica e o prognóstico são específicos e também nos casos de leucemia indiferenciadas com morfologia inespecífica e citoquímica negativas onde o diagnóstico é confirmado apenas com a imunofenotipagem (ANGELESCU et al, 2012, KURIEN et al, 2013). Quanto à classificação por subtipos os observadores identificaram apenas em um pequeno número de acertos casos mieloides, diferentes daqueles observados por Browman et al (1986) e kurien et al (2013). Já os subtipos linfoides foram 68 caracterizados somente por imunofenotipagem assim como os outros estudos evidenciaram que a classificação por subtipos linfoides somente é possível através de marcadores monoclonais (KURIEN et al 2013). Entretanto, usando os critérios citados por linhagem L1/L2 e L3, como determinado mais recentemente pela OMS (Foa e Vitale (2000), foi possível aumentar substancialmente o percentual de acerto dos observadores A e B, apesar do pequeno tamanho da amostra. Não encontramos na literatura estudos que tenham agrupado os tipos linfoides baseado nestes critérios. Alguns fatores podem ser creditados ao fato de termos encontrado menor concordância das análises de um observador quando a citoquímica foi associada à morfologia, isto pode ser justificado talvez pela habilidade do observador em realizar as análises citoquímicas, uma vez que estas não faziam parte da rotina. Durante o período de avaliação morfológica e citoquímica, os observadores foram monitorados e foi observada com relativa frequência que a interrupção por quaisquer fatores, tempo de leitura e critérios adotados, seguramente interferiram na decisão final de cada observador. Não foi encontrado na literatura nenhum trabalho demonstrando o monitoramento do comportamento dos observadores durante período o da análise. Acreditamos também que o ambiente, a disponibilidade de tempo, juntamente com a adoção de critérios pré-estabelecidos, podem contribuir ainda mais para a reprodutibilidade dos testes no diagnóstico das leucemias agudas. Outro aspecto é que a classificação morfológica e a citoquímica são dependentes da interpretação humana sendo portanto sujeitas à variações, podendo predispor ao erro, também observado por Browman et al (1986) , além dos fatores pré-análíticos, analíticos e pós-analíticos como a qualidade do esfregaço, coloração e decisão do observador. Podemos, portanto, assegurar que estas divergências não invalidam este estudo, visto que, tanto as análises intraobservador como interobservador demonstraram concordância substancial na identificação das linhagens NL e L, não contribuindo em apenas seis casos, que foram definidos pela imunofenotipagem como leucemias indiferenciadas, sendo duas M0, uma M7 e três bifenotípicas. O diagnóstico das leucemias agudas indiferenciadas permanece ainda um problema em decorrência da insuficiência dos achados morfológicos e citoquímicos 69 para a caracterização final desta doença. Com a disponibilidade da imunofenotipagem as dificuldades têm diminuído substancialmente, no entanto Stasi et al (1995) e Silveira et al, 2008 relatam que estes métodos não são totalmente suficientes para determinar os subtipos, o uso de anticorpos monoclonais tem sido questionado, pois sua reatividade não é restrita a uma única linhagem. Em aproximadamente 3% dos casos de leucemias agudas em adultos e 1% em crianças, mesmo com o emprego de um amplo painel de marcadores, ainda não é possível determinar a linhagem celular específica (STASI et al, 1995; SILVEIRA et al, 2008), em nosso estudo este fato foi documentado em quatro casos de leucemias mieloides agudas, confirmados pela morfologia e citoquímica, em que a imunofenotipagem não contribuiu para a definição do subtipo específico. Segundo klobusická (2000) em determinadas situações a reação de mileoperoxidase é superior aos marcadores CD13 e CD33 na identificação da linhagem mieloide, como em alguns casos de LMA-M2 com t(8:21)(q22:q22) em que os marcadores CD13 e CD33 são negativos, no entanto a reação de MPO foi fortemente positiva. Neste mesmo período foi realizado, por nós, um outro trabalho utilizando a mesma amostra, associando os diagnósticos morfológicos e citoquímicos, com o prévio conhecimento dos achados clínicos encontramos uma forte contribuição para o diagnóstico desta doença, onde o estudo morfológico permitiu a identificação da linhagem em 83,58%, enquanto a citoquímica em 83,80% da linhagem mieloide e 100% da linhagem linfoide (RESENDE et al, 2013 comunicação verbal). Os dados clínicos prévios são classicamente valiosos para o diagnóstico laboratorial, foi documentado por Browman et al (1986) que demonstrou que as informações clínicas associadas à morfologia e a citoquímica elevam substancialmente o nível de acordo entre os observadores, fato este, também decrito por Koran et al em 1975. Estes dados confirmam a importância destes testes, podendo ser instituídos com segurança na rotina, principalmente em locais onde não há disponibilidade de recursos financeiros e de imunofenotipagem. Uma vez que os critérios morfológicos e citoquímicos estejam bem definidos, o tratamento pode ser iniciado principalmente em algumas circunstâncias, como urgências em que o quadro clínico exige rápida 70 intervenção terapêutica, sem prejuízos para o paciente até a confirmação diagnóstica definitiva pela imunofenotipagem (SENGAR et al, 2009). Neste contexto, a concordância substancial entre os achados morfológicos e citoquímicos frente à imunofenotipagem e a possibilidade de identificar mais que 80% das leucemias linfoides e mieloides agudas, evidenciaram a importância destes recursos, se não para o diagnóstico definitivo, pelo menos, seguramente, como medida de triagem na escolha dos anticorpos a serem empregados na imunofenotipagem e principalmente no início da terapêutica específica, crucial mediante circunstâncias de urgências que o quadro clínico exige. Este trabalho seguramente tem também implicações pedagógicas, uma vez que a partir destas conclusões outros critérios têm sido adotados. Sugerimos também o incentivo ao estudo morfológico, uma vez que este constitui a base do diagnóstico, contribuindo de forma efetiva na elucidação destas leucemias. Fica nosso questionamento: podemos abandonar a morfologia? 71 CONCLUSÃO 72 7. CONCLUSÃO A concordância substancial entre os diagnósticos morfológicos e citoquímicos frente à imunofenotipagem e a identificação de mais de 80% na diferenciação entre as linhagens linfoides e mieloides agudas neste estudo evidenciam a importância da morfologia e da citoquímica, se não para o diagnóstico definitivo, pelo menos, seguramente, como medida de triagem e orientação na escolha dos anticorpos a serem empregados na imunofenotipagem. Por outro lado, este estudo corrobora a idéia de que a imunofenotipagem é um procedimento indispensável ao diagnóstico, especialmente na caracterização dos subtipos, das leucemias indiferenciadas como M0, M7 e bifenotípicas, documentadas por nós em 9% dos casos, em que a morfologia e citoquímica não contribuíram. Acreditamos que o estudo morfológico e citoquímico no presente trabalho, embora subestimado por muitos, ainda são de contribuição relevante, principalmente em determinados serviços, que não dispõem de um amplo painel de anticorpos monoclonais e início precoce do tratamento específico em algumas emergências clínicas, até a confirmação definitiva pela imunofenotipagem. Fica claro, portanto, que cada metodologia apresenta suas contribuições e limitações, entretanto acreditamos que estas reações podem ser utilizadas como métodos de primeira linha em conjunto com a imunofenotipagem, a citogenética e os estudos moleculares, viabilizando o diagnóstico, a terapêutica e o prognóstico, consolidando o valor da morfologia e citoquímica ainda que como método diagnóstico de triagem, útil e de grande valia na diferenciação das leucemias agudas de linhagem linfoide e não linfoides. 73 REFERÊNCIAS 74 REFERÊNCIAS 1. Abdul-Hamid, G. Classification of Acute Leukemia. 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O objetivo deste trabalho foi realizar a análise da reprodutibilidade intra e interobservacional citológica, citoquímica e imunofenotípica no diagnóstico das leucemias agudas em um Hospital Universitário. e caso você participe, não será necessário nenhum procedimento além do previsto, tendo em vista que a coleta de sangue periférico e punção de medula óssea fazem parte do diagnóstico e condutas de rotina. Não será feito nenhum procedimento que lhe traga qualquer desconforto ou risco à sua vida, além do desconforto ocasionado pela coleta de sangue e medula óssea, fundamentais para diagnóstico de sua doença. Você poderá obter todas as informações que quiser e poderá não participar da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela sua participação no estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade. Seu nome não aparecerá em qualquer momento do estudo, pois você será identificado com um número. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO Título do Projeto: Contribuição das Reações Citoquímicas para o Diagnóstico Final das Leucemias Agudas. Eu, (__________________________________________), li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento a que serei submetido. A explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão e que isso não afetará meu tratamento. Sei que meu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro por participar do estudo. Eu concordo em participar do estudo. Uberaba, ............./ ................../................ __________________________________________ Assinatura do voluntário ou seu responsável legal ______________________________ Assinatura do pesquisador responsável _______________________ Documento de identidade _________________________________ Assinatura do pesquisador orientador Telefone de contato dos pesquisadores: Gláucia Aparecida Domingos Resende: (034) 3321-8254 Paulo Roberto Juliano Martins: (034) 3312-507 83 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO - Uberaba-MG Comitê de Ética em Pesquisa- CEP Título do Projeto: Contribuição das Reações Citoquímicas para o Diagnóstico Final das Leucemias Agudas. TERMO DE ESCLARECIMENTO Seu filho(a) tem um tipo de “anemia”denomina Leucemia aguda e está sendo convidado(a) a participar do estudo “Contribuição das Reações Citoquímicas para o Diagnóstico Final das Leucemias Agudas”. Os avanços na área da saúde ocorrem através de estudos como este, por isso a participação de seu filho é importante. O objetivo deste trabalho foi realizar a análise da reprodutibilidade intra e interobservacional citológica, citoquímica e imunofenotípica no diagnóstico das leucemias agudas em um Hospital Universitário e caso ele participe, não será necessário nenhum procedimento além do previsto, tendo em vista que a coleta de sangue periférico e punção de medula óssea fazem parte do diagnóstico e condutas de rotina. Não será feito nenhum procedimento que traga a ele qualquer desconforto ou risco à sua vida, além do desconforto ocasionado pela coleta de sangue e medula óssea, fundamentais para diagnóstico de sua doença. Você poderá obter todas as informações que quiser e poderá não permitir a participação de seu filho(a) da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela participação no estudo, seu filho(a) não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade. O nome dele não aparecerá em qualquer momento do estudo, pois ele será identificado com um número. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO Título do Projeto: Contribuição das Reações Citoquímicas para o Diagnóstico Final das Leucemias Agudas. Eu, (__________________________________________), li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento o meu filho(a) será submetido. A explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para interromper sua participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão e que isso não afetará seu tratamento. Sei que seu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro por participar do estudo. Eu concordo que meu filho(a) participe do estudo. Uberaba, ............./ ................../................ __________________________________________ Assinatura do voluntário ou seu responsável legal ______________________________ Assinatura do pesquisador responsável _______________________ Documento de identidade _________________________________ Assinatura do pesquisador orientador Telefone de contato dos pesquisadores: Gláucia Aparecida Domingos Resende: (034) 3321-8254 Paulo Roberto Juliano Martins: (034) 3312-5077 84 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO - Uberaba-MG Comitê de Ética em Pesquisa- CEP Título do Projeto: Contribuição das Reações Citoquímicas para o Diagnóstico Final das Leucemias Agudas. TERMO DE ESCLARECIMENTO O senhor(a)_____________________________________________ que se encontra sob sua curatela tem um tipo de “anemia” denominada Leucemia aguda e está sendo convidado(a) a participar do estudo “Contribuição das Reações Citoquímicas para o Diagnóstico Final das Leucemias Agudas.”. Os avanços na área da saúde ocorrem através de estudos como este, por isso a participação dele(a) é importante. O objetivo deste trabalho foi realizar a análise da reprodutibilidade intra e interobservacional citológica, citoquímica e imunofenotípica no diagnóstico das leucemias agudas em um Hospital Universitário e caso ele participe, não será necessário nenhum procedimento além do previsto, tendo em vista que a coleta de sangue periférico e punção de medula óssea fazem parte do diagnóstico e condutas de rotina. Não será feito nenhum procedimento que traga a ele(a) qualquer desconforto ou risco à sua vida, além do desconforto ocasionado pela coleta de sangue e medula óssea, fundamentais para diagnóstico de sua doença. Você poderá obter todas as informações que quiser e poderá não permitir a participação de dele(a) da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela participação no estudo, seu filho(a) não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade.O nome dele não aparecerá em qualquer momento do estudo, pois ele será identificado com um número. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO Título do Projeto: Contribuição das Reações Citoquímicas para o Diagnóstico Final das Leucemias Agudas. Eu, (__________________________________________), li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento o curatelado(a) será submetido. A explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para interromper sua participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão e que isso não afetará seu tratamento. Sei que seu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro por participar do estudo. Eu concordo que meu curatelado(a) participe do estudo. Uberaba, ............./ ................../................ __________________________________________ Assinatura do voluntário ou seu curador legal ______________________________ Assinatura do pesquisador responsável _______________________ Documento de identidade _________________________________ Assinatura do pesquisador orientador Telefone de contato dos pesquisadores: Gláucia Aparecida Domingos Resende: (034) 3321-8254 Paulo Roberto Juliano Martins: (034) 3312-5077 85 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO - Uberaba-MG Comitê de Ética em Pesquisa- CEP ANEXO 2 TERMO DE APROVAÇÃO DO CÔMITE DE ÉTICA EM PESQUISA-UFTM MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO - Uberaba-MG 86 Comitê de Ética em Pesquisa- CEP ANEXO 3: TERMO DE APROVAÇÃO DO CÔMITE DE ÉTICA EM PESQUISA DE ARARAQUARA – REFERENTE AOS CASOS RETROSPECTIVOS