Biotecnologia
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Biotecnologia Iniciativa Nacional de Inovação Panorama da Biotecnologia no Mundo e no Brasil Biotecnologia Iniciativa Nacional de Inovação Panorama da Biotecnologia Panorama da Biotecnologia no Mundo e no Brasil Resumo Executivo Introdução ii 1. Produção científica iv 2. Propriedade intelectual v 3. Mercado vi 4. Experiências internacionais de iniciativas de suporte à inovação em biotecnologia xii 5. Dimensões da INI – Biotecnologia: foco Brasil xx 6. Considerações finais xxvii Referências Bibliográficas xxviii Introdução 1 1. Produção científica 2 2. Propriedade intelectual 35 3. Mercado 70 4. Experiências internacionais de iniciativas de suporte à inovação em biotecnologia 94 5. Dimensões da INI – Biotecnologia: foco Brasil 117 Conclusões 132 Referências Bibliográficas 133 i Resumo Executivo A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI e o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE, com o objetivo de subsidiar a Iniciativa Nacional de Inovação em Biotecnologia – INI-Biotecnologia, desenvolveram o estudo “Panorama da Biotecnologia”. No documento, apresenta-se um levantamento da biotecnologia no mundo e no Brasil, consolidando-se informações oriundas de trabalhos de prospecção previamente realizados pelo CGEE e estudos de instituições e pesquisadores nacionais e internacionais, com ênfase nas áreas de fronteira da biotecnologia. O Panorama Inclui ainda um estudo bibliométrico sobre a evolução da produção científica e da propriedade intelectual nas áreas de fronteira selecionadas, abrangendo os últimos 10 anos. Esse estudo foi conduzido pelo CGEE, em complementação aos resultados obtidos na Oficina de Trabalho INI-Biotecnologia, realizada em julho de 2008. O Panorama está organizado em cinco seções, a saber: (i) produção científica; (ii) propriedade intelectual; (iii) mercado mundial e nacional; (iv) experiências internacionais de sistemas de inovação em biotecnologia; e (v) desafios atuais e gargalos em relação às seis dimensões da INI-Biotecnologia, com foco no Brasil. As duas primeiras seções foram elaboradas a partir de levantamento direto em duas bases de dados internacionais de referência para estudos bibliométricos: (i) Web of Science1, para o levantamento da produção científica; e (ii) Web of Science e Derwent Innovations Index2, para o levantamento de patentes. Esses levantamentos abrangeram quatorze itens, compreendendo as onze áreas de fronteira definidas na Oficina de Trabalho INI-Biotecnologia, 1 2 • Genômica, pós-genômica e proteômica; • Função gênica, elementos regulatórios e terapia gênica; • Clonagem e função heteróloga de proteínas; • Engenharia tecidual; • Células-tronco; • Nanobiotecnologia; • Reprodução animal e vegetal; ISI Web of Science. Disponível em: < http://go5.isiknowledge.com>. Acesso em: dez 2008. Derwent Innovations Index. Disponível em: < http://go5.isiknowledge.com>. Acesso em: dez 2008. ii • Conversão de biomassa; • Biotecnologia agrícola; • Bioinformática; • Biodiversidade; e acrescidas dos temas bioremediação, pelo seu impacto no estudo de aplicações para o meio ambiente, e farmacogenética, por revelar informações importantes para o setor de biofármacos. Cabe ainda ressaltar que a área definida como biotecnologia agrícola, pela sua abrangência e resultados insuficientes em uma busca inicial pelo CGEE, foi desdobrada em dois temas: “organismos geneticamente modificados e transgênicos” e “controle biológico em agricultura”, perfazendo um total de quatorze áreas levantadas. Ao abordar a problemática da delimitação em bases de dados de áreas multidisciplinares como a biotecnologia e suas áreas de fronteira, faz-se necessário descrever os passos seguidos na recuperação dos dados e os recursos que as bases de dados selecionadas oferecem. As bases acima mencionadas compõem a ISI Web of Knowledge e foram escolhidas pela sua abrangência e reconhecida qualidade, atribuídas aos rigorosos critérios adotados pela Thompson Scientific Information, órgão responsável por sua criação, manutenção e alimentação. Para a caracterização da atividade científica internacional em áreas de fronteira da biotecnologia e a elaboração dos filtros, foi fundamental efetuar a delimitação do objeto deste estudo bibliométrico, selecionando-se os documentos a analisar, identificando as áreas de conhecimento e o período a ser contemplado. Considerou-se que um horizonte temporal de 10 anos (1998 – 2007) seria suficiente para estudar a atividade científica e a propriedade intelectual em áreas de fronteira e caracterizar suas tendências.. Procurou-se construir as estratégias de busca na modalidade “SCI – General Search”, usando-se palavras-chave da literatura disponível e descritores presentes na Plataforma-Lattes e no Portal Inovação referentes a grupos de pesquisa e pesquisas em curso nas chamadas áreas de fronteira3. 3 MENDONÇA, M. A. A. e FREITAS, R. E. (2008). Biotecnologia: perfil dos grupos de pesquisa no Brasil. IPEA. In: Anais do XLVI Congresso da Sociedade Brasileira e Sociologia Rural. Rio Branco, Acre, 20 a 23 de jul 2008. Disponível em <http://www.sober.org.br/palestra/9/185.pdf>. Acesso em 08 de setembro de 2009 iii 1. Produção científica Os resultados da análise bibliométrica dos artigos publicados e indexados na base de dados Web of Science apresentados no Panorama cobrem o período de 1998 a 2007 e consideram somente as publicações indexadas na categoria “articles”. Essa análise abrange os quatorze itens referidos na seção anterior e está organizada segundo os itens selecionados. Para cada item, identificam-se: (i) a evolução do número de artigos no período considerado; (ii) o posicionamento dos países de origem dos autores, em termos de sua produção científica, permitindo situar o Brasil em todos os casos; (iii) as principais áreas de especialização associadas ao conjunto de artigos de cada área de fronteira (critério “top 10”), conforme indexação das especializações pela própria base de dados; (iv) o posicionamento das instituições, as quais os autores estão vinculados (critério “top 25”). Tabela RE-1: Produção científica brasileira por área de fronteira no período 1998-2007 Produção científica Período 1998-2007 País líder 14.178 2006 EUA (43,3%) 21 Farmacogenética 1.103 2007 EUA (44,2%) 18 Função gênica, elementos regulatórios e terapia gênica; 3.879 2007 EUA (49,7%) 24 Células-tronco; 14.984 2007 EUA (38,4%) 29 Clonagem e função heteróloga de proteínas; 18.804 1998 EUA (35,0%) 19 Nanobiotecnologia; 2.232 2007 EUA (33,2%) 26 Engenharia tecidual; 2.011 2006 EUA (41,9%) 25 Reprodução animal e vegetal; 1.032 2005 EUA (28,4%) 8 11.896 2004 EUA (45,9%) 24 Controle biológico em agricultura 2.129 2006 EUA (33,0%) 12 UFV (24a.) Conversão de biomassa; 3.111 2007 EUA (29,1%) 13 USP (11a.) Biodiversidade e bioprospecção 2.361 2007 EUA (30,5%) 15 Bioremediação 771 2005 EUA (29,8%) 17 Bioinformática; 1.257 2006 EUA (48,1%) 17 Genômica, pós-genômica e proteômica; Organismos geneticamente modificados e transgênicos Quantidade Universidades Posição Brasileiras no Top do Brasil 25 Ano de maior quantidade Áreas UFRGS (14a.) e UFMG (19a.) A Tabela RE-1 apresenta um resumo da produção científica por área de fronteira, com a posição do Brasil e das universidades brasileiras que foram identificadas entre as “top 25” de cada área. Constata-se que a produção científica brasileira em reprodução animal e vegetal, controle biológico em agricultura, conversão de biomassa e biodiversidade e bioprospecção é importante (do 8º. ao 15º. iv lugares), embora a posição brasileira no ranking ainda seja secundária em muitas das outras áreas avaliadas. 2. Propriedade intelectual Os resultados da análise bibliométrica de patentes depositadas e indexadas nas bases de dados Derwent Innovations Index e Web of Science apresentados no Panorama cobrem o período de 1998 a 2007. Essa análise abrange os quatorze itens referidos anteriormente e está organizada segundo os itens selecionados. Para cada item, identificam-se: (i) a evolução do número de patentes no período considerado; (ii) as principais áreas de especialização associadas ao conjunto de patentes (critério “top 10”), conforme indexação das áreas pelas próprias bases de dados consultadas; (iii) o número de depositantes e os destaques, enfatizando-se a presença de empresas (critério “top 25”); e (iv) uma análise por código da International Patent Classification (ICP). Tabela RE-2: Quantidade de patentes por área de fronteira no período 1998-2007 Propriedade Intelectual Período 1998-2007 Áreas Genômica, pós-genômica e proteômica; Ano de maior quantidade Empresas líderes 159 2005 Zyomix Inc; Agilent; Intel Corp Quantidade 80 2003 AstraZeneca; BASF; Millennium Pharm Função gênica, elementos regulatórios e terapia gênica; 3.297 2003 Genentech; Bayer AG; Transgene SA Células-tronco; 2.521 2007 Clonagem e função heteróloga de proteínas; 3.125 2003 Nanobiotecnologia; 4.236 2007 Alza Corp; Medtronic; Becton Dickinson Engenharia tecidual; 506 2004 Isotis NV; Isotis BV; Gen Hospital Corp Reprodução animal e vegetal; 295 2002 XY Inc; IMV Techn; Minitub Abfuell Organismos geneticamente modificados e transgênicos 3.611 2003 Du Pont; Deltagen; Pionneer Hi-Bred Controle biológico em agricultura 2.146 2007 Olympus Optical; Matsushita Denki; Rohm & Haas 576 2007 Degussa AG; Ebara; Cargill 69 2003 Hyseq Inc; Nuvelo Inc; Dinasa Corp Bioremediação 213 2004 Biosaint Co; Geovation; Marcopolo Eng Bioinformática; 127 2004 Affymetrix Inc; Kunming; Agilent Farmacogenética Conversão de biomassa; Biodiversidade e bioprospecção v Osiris Therap; Olympus Optical; Geron Corp Isis Pharm; Applera Corp; Incyte Genomics A Tabela RE-2 apresenta um resumo dos resultados da análise elaborada no Panorama para a propriedade intelectual em biotecnologia nas áreas selecionadas, indicando quantidade de patentes e as três principais empresas depositantes em cada área. As áreas de nanobiotecnologia, organismos geneticamente modificados e transgênicos, terapia gênica, clonagem e função heteróloga de proteínas, células tronco, e controle biológico em agricultura são as que apresentam maior quantidade de patentes no período na base de dados Web of Science. Não foram indicadas empresas ou outras instituições brasileiras entre as principais depositantes. 3.. Mercado Esta seção apresenta uma visão geral sobre o mercado da biotecnologia no mundo, conforme discutido no Panorama. As análises foram realizadas com base em dados e informações de duas consagradas fontes internacionais nesta área4,5 e artigos publicados por uma empresa européia de inteligência de negócios6. A síntese do mercado da biotecnologia no Brasil foi elaborada com base em pesquisa realizada pela Fundação Biominas em 20077, complementada com informações de um artigo publicado na revista Nature Biotechnology8 sobre o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil, com foco no desenvolvimento de aplicações na área de saúde humana. Mercado da biotecnologia no mundo O mercado global de biotecnologia cresceu no período 2002-2006 a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 13,4%9 e gerou receitas de US$ 153,7 bilhões no ano de 2006, para uma base de U$ 92,9 bilhões em 2002. As Américas lideram o mercado global de biotecnologia, respondendo por 58,3% das receitas geradas em 2006. Em segundo lugar, situa-se a região da Ásia e Pacífico que gerou 23,9% das receitas globais no ano de 2006. 4 GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC (2007). DATAMONITOR (2007b). Global Biotechnology: industry profile. Reference Code: 0199-0695. Aug 2007. 26 p. 6 CBDM.T. (2008).Custom Business Development & Management Technology. Paris, France. Netanya, Israel. Vários artigos disponíveis em: <http://www.cbdmt.com/index.php?id=4>. Acesso em dez 2008. 7 FUNDAÇÃO BIOMINAS (2007). Estudo de Empresas de Biotecnologia do Brasil. Belo Horizonte: Fundação Biominas, 2007. 5 8 REZAIE et al. Brazilian health biotech: fostering crosstalk between public and private sectors. Nature Biotechnology. Vol. 26, n. 6, jun (2008). 9 DATAMONITOR (2007B),.Ibid. p.3. vi Atualmente existem 139 setores distintos que utilizam a biotecnologia em seus produtos ou serviços. Em 2006, o setor de medicina e saúde humana foi o que mais se destacou, gerando receitas de US$96,2 bilhões, equivalentes a 62,5% do valor do mercado global de biotecnologia. Os setores de agricultura e alimentos contribuíram com receitas de US$ 17,7 bilhões nesse mesmo ano, correspondendo a uma participação de 11,5% do mercado de biotecnologia. A Figura RE-1 apresenta o posicionamento de 35 países em termos do número de suas empresas, públicas ou privadas, que atuam em biotecnologia e biociências. Deve-se ressaltar que foram analisados 35 países e que os EUA e a Argentina não foram incluídos nesse estudo10. Fonte: GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC (2006). Figura RE-1: Posicionamento dos países em termos do número de empresas de biotecnologia Como pode ser observado na Figura RE-1, o país que atualmente concentra o maior número de empresas em biotecnologia é a Índia. Na seqüência do ranking, 10 GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC (2007). Global Hubs and Global Nodes of Biotechnology: an international scan of biotechnology strategies, initiatives and institutional capacity. 3rd ed. Washington: Global Bioeconomy Consulting LLC. Ago 2007. 203 p. vii situam-se em destaque a Coréia do Sul, o Canadá, a Alemanha e a China. O Brasil aparece nesse ranking em 11° lugar. Com potencial de criação de cerca de 1 milhão de novos empregos até 2010, a indústria biofarmacêutica da Índia poderá gerar US$ 2 bilhões naquele ano, por meio do desenvolvimento de vacinas e biogenéricos, sendo que o desenvolvimento de serviços clínicos naquele país pode alcançar um montante de aproximadamente US$ 1,5 bilhões, considerando-se o mesmo horizonte temporal 11. Esses dados colocam a Índia em uma posição de destaque no cenário de biotecnologia mundial. Dentre os aspectos mais relevantes que contribuem para o posicionamento favorável da Índia, destaca-se a oferta de mão-de-obra altamente qualificada. A Índia possui mais de 300 instituições educacionais de alto nível que oferecem cursos em biotecnologia, bioinformática e ciências biológicas, formando cerca de 500.000 estudantes por ano. Possui ainda, mais de 100 universidades de medicina, que formam cerca de 17.000 profissionais por ano. Mais de 300.000 pósgraduandos e PhDs são qualificados anualmente nas áreas de biociências e engenharia. A participação do governo em incentivos para esse setor é muito determinante. O Estado contribui para a qualificação da mão-de-obra, provê infraestrutura laboratorial apropriada para o desenvolvimento de pesquisa na área, incentiva a criação de ambientes propícios à inovação (incubadoras de empresas e parques tecnológicos) e cria mecanismos (marcos regulatórios) que viabilizam a consolidação da biotecnologia em diversas áreas. O Brasil ocupa o 5º lugar entre os países que mais empregam no setor de biotecnologia, seja em empresas privadas, públicas ou em institutos de pesquisas, após China, Suécia, Japão e Dinamarca (Figura RE-2). Embora tenha grande potencial em termos de desenvolvimento e pesquisa na área de biotecnologia, o Brasil ainda não apresentou indicadores significativos no que se refere à incorporação desse conhecimento em produtos e processos, em escala industrial. De fato, as informações apresentadas nas seções anteriores mostraram que, no período 1998-2007, o Brasil situou-se em posições bastante favoráveis em relação à produção científica mundial nos 14 temas de áreas de fronteira abordados, situação que não se repetiu quando foram pesquisados os indicadores de propriedade intelectual no mesmo período. 11 Global Bioeconomy Consulting LLC (2007). Global Hubs and Global Nodes of Biotechnology: an international scan of biotechnology strategies, initiatives and institutional capacity. 3rd ed. Washington: Global Bioeconomy Consulting LLC. Ago 2007. p. 85-92. viii Fonte: GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC (2006). Figura RE-2: Posicionamento dos países em relação ao número de empregados em empresas e instituições ligadas à biotecnologia Os EUA sempre se mantiveram em primeiro lugar no desenvolvimento e consolidação da biotecnologia em relação a quase todos os quesitos. O país lidera em investimentos em P&D, chegando a US$ 285 bilhões, comparados a US$ 211 bilhões pela União Européia, US$ 114 bilhões investidos pelo Japão e US$ 85 bilhões pela China12. Esse alto apoio financeiro provoca impactos diretos na capacidade do país em associar as atividades de pesquisa em biociências às indústrias. Mercado da biotecnologia no Brasil O Panorama apresenta o mercado da biotecnologia no Brasil com base em pesquisa realizada pela Fundação Biominas em 200713, e complementa o quadro 12 GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC (2007). Global Hubs and Global Nodes of Biotechnology: an international scan of biotechnology strategies, initiatives and institutional capacity. 3ª edição, Agosto 2007. 13 FUNDAÇÃO BIOMINAS (2007). Estudo de Empresas de Biotecnologia do Brasil. Belo Horizonte: Fundação Biominas. . Disponível em http://win.biominas.org.br/estudobio/estudo/. Acesso em outubro de 2008.. ix fornecido por esse estudo com informações de um artigo recente publicado na revista Nature Biotechnology14 sobre o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil, focalizando a área de saúde humana. A pesquisa realizada pela Fundação Biominas em 2007 define uma empresa de biotecnologia como aquela que tem como atividade comercial principal a aplicação tecnológica que utilize organismos vivos, sistemas ou processos biológicos, na pesquisa e desenvolvimento, na manufatura ou na provisão de serviços especializados15. No total, identificaram-se 181 empresas de biociências (ou ciências da vida), 71 das quais formam o conjunto de empresas de biotecnologia. Essas 71 empresas foram classificadas em sete categorias setoriais: saúde humana, saúde animal, agricultura, meio ambiente, bioenergia, insumos e misto. A pesquisa indicou que 78,8% das empresas pesquisadas atuam em quatro áreas principais, a saber: agricultura (22,5%), insumos (21,1%), saúde animal (18,3%) e saúde humana (16,9%). Deve-se destacar um importante subgrupo de empresas que é formado por micro e pequenas empresas incubadas, as quais por serem nascentes, start-ups, encontram-se em uma situação especial do ponto de vista de suas relações com o mercado, universidades e centros de pesquisa científica, os quais em sua maioria abrigam as incubadoras. Do universo estudado de 71 empresas atuantes em biotecnologia, 25 são incubadas e representam 35,2% do conjunto total. Sua distribuição geográfica mantém o padrão de concentração na Região Sudeste, porém podem ser identificadas significativas diferenças em relação ao conjunto como um todo: o predomínio absoluto de São Paulo, que concentra quase metade do total de empresas incubadas no país (48%) e Minas Gerais em segundo lugar (24%). Convém também destacar que as empresas incubadas estão localizadas em apenas seis estados, revelando-se um expressivo grau de concentração. O estudo da Fundação Biominas é complementado com informações de um artigo recente publicado na revista Nature Biotechnology16 sobre o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil, focalizando especificamente o desenvolvimento de aplicações 14 15 16 REZAIE, R. et al. Brazilian health biotech: fostering crosstalk between public and private sectors. Nature Biotechnology. Vol. 26, n. 6, junho de 2008(2008). Essa definição baseia-se em dois trabalhos publicados no periódico Nature Biotechnology: HODGSON (2006), e . Private biotech 2004: the numbers. Nature Biotechnology, v. 24, p. 635-641 e LAHTEENMAKI e LAWRENCE (2006). Public biotechnology 2005: the numbers. Nature Biotechnology, v. 24, p. 625-634. REZAIE, R. et al. Brazilian health biotech: fostering crosstalk between public and private sectors. Nature Biotechnology. Vol. 26, n. 6, jun (2008). x na área de saúde humana17. Na visão dos autores desse artigo, o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil nessa área tem logrado êxito nos últimos anos, com progressos consideráveis e soluções inovadoras. Este mercado compreende tanto empresas privadas, multinacionais ou locais, quanto institutos de pesquisa públicos que atuam no desenvolvimento, produção e distribuição de produtos e serviços voltados para a saúde humana. O governo brasileiro tem adotado medidas concretas, legislativas e de fomento, para fortalecer a capacidade nacional de inovação em biotecnologia voltada para a área de saúde humana, especialmente para dar acesso à população de baixa renda a medicamentos e serviços de saúde com qualidade, considerando-se que da população brasileira de 189,6 milhões de habitantes, 30% vivem com até meio salário mínimo per capita ao mês18. Outro aspecto apontado pelo estudo refere-se aos investimentos por parte do governo versus investimentos pelo setor privado. Em anos recentes, observou-se também que o país tem buscado enfatizar o papel das empresas privadas como atores importantes do sistema nacional de inovação em biotecnologia, complementando os esforços do setor público no desenvolvimento e produção de aplicações da biotecnologia moderna nessa área. Especificamente, o trabalho descreve a atuação de 19 empresas brasileiras e quatro institutos de pesquisa públicos, considerados de especial interesse, pela diversidade de informações cobrindo um amplo espectro de produtos e serviços da área de saúde humana (Tabela RE-3)19. Para as 19 empresas cobertas pela pesquisa, o trabalho apresenta informações referentes a: portfólio de produtos e serviços; faturamento e situação financeira; formação de alianças com instituições locais e entidades estrangeiras; portfólio de patentes e aspectos mercadológicos relevantes. Quatro das 19 empresas analisadas foram destacadas como estudos de casos, a saber: Silvestre Laboratórios, COINFAR, Eurofarma Laboratórios e Pele Nova Biotecnologia. 17 Correspondem aos setores de biofármacos e medicina e saúde, conforme classificação adotada. IBGE (2008). Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. 285 p. 19 REZAIE (2008). Brazilian health biotech: fostering crosstalk between public and private sectors. Nature Biotechnology. Vol. 26, n. 6, jun 2008 18 xi Tabela RE-3: Empresas brasileiras e institutos de pesquisa públicos atuantes em biotecnologia na área de saúde humana Item Descrição Pequenas e médias empresas inovadoras Aché Laboratórios Farmacêuticos; Biogene; Biolab Sanus Farmacêutica; COINFAR; Eurofarma Laboratórios; FK Biotecnologia; Hebron Farmacêutica; KATAL Biotecnológica; Labtest Diagnóstica; Nortec Química; Pele Nova Biotecnologia; Recepta Biopharma; Silvestre Laboratórios; União Química Farmacêutica Nacional. Biocancer; BIOMM; Criopax Criobiologia; Intrials Clinical Research; Scylla Bioinformática. Instituto Butantan ; Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (BioManguinhos); Instituto de Tecnologia em Fármacos (Far-Manguinhos), Instituto Oswaldo Cruz (IOC). 19 empresas e quatro institutos de pesquisa públicos Empresas de serviços Institutos públicos de Total pesquisa Fonte: REZAIE et al. (2008). 4. Experiências internacionais de iniciativas de suporte à inovação em biotecnologia As experiências internacionais voltadas para o apoio à biotecnologia revelam muitos aspectos em comum nas estratégias de suporte ao seu desenvolvimento em diversos países. Diferenciam-se, entretanto, quanto à adaptação ao contexto e às perspectivas de cada país, condicionando-se desse modo as prioridades definidas nas respectivas agendas nacionais de inovação voltadas para essa área. As experiências relatadas no Panorama têm como base diversos artigos levantados na literatura especializada cobrindo o período de 2003 a 2008, uma pesquisa realizada em 200520 sobre experiências internacionais, que se mostra ainda atual, e um estudo seminal sobre sistemas nacionais de inovação em biotecnologia, publicado em 1997 21. Nos Estados Unidos, o conhecimento científico de fronteira, desenvolvido principalmente nas universidades, e o ambiente institucional e cultural mais favorável ao empreendedorismo, foram elementos fundamentais para o surgimento de novas empresas no campo da biotecnologia. Enfatiza-se nesse país a orientação comercial para negócios por parte das instituições de pesquisa, pois esse fator tem sido considerado primordial na difusão das inovações biotecnológicas, especialmente as biotecnologias de fronteira. Constatam-se poucas barreiras culturais em relação ao relacionamento entre pesquisadores e empreendedores. 20 VALLE, M. G. (2005). O Sistema Nacional de Inovação em Biotecnologia no Brasil: possíveis cenários. Tese de doutorado. DPCT/IG/Unicamp, 2005, 214 p. 21 BARTHOLOMEW, S. (1997). National Systems of Biotechnology Innovation: complex interdependence in the global system. J. Int. Business Studies 28 (2), p. 241. xii Uma característica importante na experiência dos EUA é o surgimento de pequenas empresas especializadas em biotecnologia, sejam spin-offs provenientes de universidades, ou spin outs, oriundos de empresas de setores mais tradicionais, como o farmacêutico, o químico e o de alimentos. Adicionalmente, ressalta-se a importância do papel das start-ups, financiadas por capital de risco, na difusão do conhecimento científico das instituições de pesquisa para a indústria. Nos Estados Unidos, a existência de um mercado de capitais bem desenvolvido propiciou o acesso mais fácil ao capital-semente (seed money) e ao capital de risco, com possibilidades de uso de recursos financeiros por prazos mais longos. É importante observar que as participações de empresas de capital de risco também trazem para as empresas de base biotecnológica o acesso a técnicas modernas de gestão e o apoio na definição de modelos de negócios viáveis. Também é importante ressaltar o papel das doações realizadas por empresas e fundações privadas. Grandes volumes de recursos públicos foram disponibilizados para o desenvolvimento científico e tecnológico em biotecnologia, complementando a existência de capitais privados e apoiando, não somente o desenvolvimento, como também a própria pesquisa. O volume de recursos públicos para a pesquisa básica transformou os Estados Unidos em um centro-chave para as instalações de pesquisas de empresas estrangeiras 22. Outro aspecto relevante é que os Estados Unidos têm uma forte indústria farmacêutica, com elevados dispêndios em pesquisa e desenvolvimento. Essa característica levou à formação de muitos relacionamentos entre grandes empresas do setor farmacêutico com as novas empresas na área de biotecnologia, em busca de acesso aos novos desenvolvimentos científicos. Adicionalmente, a mudança no ambiente institucional, gerada pelo Bayh Dole Act, do início dos anos 80, estabeleceu um conjunto de incentivos para estimular as universidades aproveitarem comercialmente as descobertas que empreendiam no campo científico. A União Européia tem conseguido imprimir nos últimos anos um forte caráter normativo e prescritivo na organização e regulamentação da biotecnologia, o que permite discutir as experiências dos países europeus de forma agregada. A Comissão da Comunidade Européia, um órgão supranacional, tem incorporado 22 BARTHOLOMEW (1997), National Systems of Biotechnology Innovation: complex interdependence in the global system. J. Int. Business Studies 28 (2), p. 253. xiii gradualmente determinadas funções e atribuições e é responsável por elementos essenciais de coordenação no âmbito dos sistemas nacionais de inovação, formulando e discutindo programas e estratégias cooperativas para o desenvolvimento científico e tecnológico nos países que compõem o referido bloco. Uma das transformações de maior expressão remonta ao rápido surgimento de muitas empresas especializadas a partir de ações deliberadas dos governos nacionais com o objetivo de promover o desenvolvimento da biotecnologia, em termos quantitativos e qualitativos. A Alemanha lidera o ranking das empresas de biotecnologia na União Européia, com 350 firmas, dentre públicas e privadas, número levemente superior à Grã-Bretanha, com 334 empresas. As empresas de capital aberto representam apenas 5% do total. Em termos institucionais, as empresas européias também têm buscado se organizar sob a forma de arranjos de pesquisa e clusters, em que se destacam as regiões de Berlim e Munique, na Alemanha, Londres, Oxford, Cambridge e Escócia, no Reino Unido; Paris e Strasbourg, na França, assim como arranjos cooperativos crescentes, envolvendo os países bálticos (Finlândia, Dinamarca e Suécia), Irlanda e Milão. No entanto, é apropriado destacar que os arranjos constituídos na União Européia são de menor porte e escala, em comparação aos dos EUA e que muitas universidades e institutos de pesquisa europeus, de uma forma geral, aproveitam menos as oportunidades comerciais e empreendedoras, quando comparadas às empresas e instituições americanas23. Em janeiro de 2002, a Comissão Européia instituiu o documento “Life Sciences and Biotechnology: a strategy for Europe” que consiste em um amplo programa de ação que sinaliza a tentativa de superar as dificuldades apontadas e, de uma certa forma, ultrapassar os Estados Unidos na condição de principal potência mundial até o ano de 2010. Evidenciam-se, dentre suas ações, o investimento na formação e qualificação de mão-de-obra, a perenização e incremento dos dispêndios em atividades de pesquisa voltadas ao desenvolvimento tecnológico, o fortalecimento da base de recursos humanos e financeiros, a provisão de condições simplificadas 23 COMMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES (2002a). Life Sciences and Biotechnology: a strategy for Europe. Disponível em: < http://ec.europa.eu/biotechnology/pdf/com2002-27_en.pdf>. Acesso em out 2008. xiv para sua mobilidade no âmbito europeu, o fortalecimento do mercado de capitais e propriedade intelectual24. Dentre os países da Ásia e Pacífico, o Japão é o mais desenvolvido nos campos da biociência e da biotecnologia, seguido por Cingapura, Taiwan, China, Índia e Austrália. Destacam-se nesta seção, os relatos das experiências de desenvolvimento da biotecnologia no Japão, pelo seu estágio de desenvolvimento, e das experiências da China e da Índia, pelo potencial de desenvolvimento tecnológico e de mercado desses países. No Japão, a grande tradição em pesquisa biotecnológica em processos bioquímicos e fermentativos, aliada à eficiente coordenação do desenvolvimento da biotecnologia moderna pelo governo japonês, refletida nos investimentos em P&D e incentivos por parte do Estado na última década, vem pautando o crescimento de sua bioindústria. A presença estatal foi reforçada pela limitada ação empreendedora de cientistas e pesquisadores, pela baixa articulação destes com a indústria e por um mercado de capitais pouco voltado às empresas de biotecnologia. Com o objetivo de reduzir essas barreiras, o governo instituiu em 1999 o Programa “Basic Policy Towards Creation of a Biotechnology Industry”25. Esse programa conferia maior autonomia para universidades e institutos de pesquisa em relação a contratos de parcerias, transferência e licenciamento de novos produtos e processos a empresas. Estabelecia também um conjunto de incentivos e condições que facilitavam o ingresso de cientistas e pesquisadores em novas empresas de biotecnologia, com afastamento de suas atividades acadêmicas por um período de até três anos e retorno previsto ao fim desse período ao exercício de suas funções regulares. Além de promover a comercialização de aplicações da biotecnologia principalmente na área de saúde e biofármacos, o Programa buscou promover melhorias na base científica e tecnológica do país, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. Quantitativamente, o Programa financiou mais pesquisas competitivas, a criação de novos institutos de bioinformática e ampliou a oferta de bolsas de doutorado em biotecnologia. Em termos qualitativos, buscou articular a formação de redes de cooperação entre a indústria, os círculos acadêmicos 24 KÜTT et al. (2003). The role of the European Commission in fostering innovation in the life sciences and biotechnology, Journal of Commercial Biotechnology, Vol. 10, nº 1, set 2003. 25 LEHRER e ASAKAWA (2004). Rethinking the public sector: idiosyncrasies of biotechnology commercialization as motors of national R&D reform in Germany and Japan. Research Policy, v. 33, p. 921- 938. xv e o governo, pretendendo intensificar o fluxo de informação sobre os resultados de P&D e impulsionar o desenvolvimento da produção até a comercialização. Três anos depois da criação do programa, o governo japonês institucionalizou o fórum “Biotechnology Strategy Council”, constituído pelo Primeiro Ministro, seis ministros de Estado, representantes da indústria, da academia e do governo, além de especialistas da área médica. Esse fórum foi criado com o objetivo de acompanhar sistematicamente a implementação do referido Programa, tendo sido estabelecido na ocasião um plano de ação até 2010, focalizando principalmente o desenvolvimento de competências tecnológicas associadas a aplicações da engenharia genética no setor de alimentos. Quanto ao desenvolvimento de empresas, além da concessão que permitiu que cientistas e pesquisadores integrassem os quadros de novas empresas de base biotecnológica ou constituíssem empreendimentos próprios, foram criadas ainda linhas de crédito preferenciais e equalização das taxas de juros para empresas de biotecnologia. A adoção desses mecanismos pelo governo japonês foi de extrema relevância para o desenvolvimento de novos empreendimentos no país. Em decorrência, observou-se um significativo aumento do número de empresas de biotecnologia, que passou de 60 empresas em 1995 para 334 no final de 2002, exatamente um terço da meta de 1000 empresas em 2010, definida no Programa “Policy Towards Creation of a Biotechnology Industry”26. Destaca-se também na experiência do Japão, a emergência de clusters e arranjos locais de inovação em diversas áreas de aplicação da biotecnologia. Particularmente, os pólos de Kanto, na região de Tóquio, que concentra 51% das empresas do país, Kinki, Kyoto e Kobe, na região de Osaka, com 14,2% das empresas e Hokkaido, com 11,6% das empresas de biotecnologia do país27. Na China, o sistema nacional de inovação em biotecnologia tem experimentado vigoroso crescimento nos últimos 10 anos, acompanhando a evolução da capacidade científica e tecnológica do país como um todo e respondendo por parcela significativa dos investimentos chineses em C&T&I. Os investimentos em C&T&I, expressos em termos percentuais do PIB chinês, saltaram de 0,64% em 1997 para 1,35% em 2004. Espera-se que em 2010 cheguem a 2,0% do PIB. Do total 26 JAPAN BIOINDUSTRY ASSOCIATION (2003). Statistical Analysis of Japanese Bioventures. Japan Bioindustry Letters, n. 20, p. 1-3. 27 SUMIDA (2004). Recent Developments of Japan’s Bioindustry, Asia Pacific Biotech, vol. 8, nº 9. 2004. xvi desses investimentos, cerca de 20% refere-se às áreas de biociências e biotecnologia28. Os esforços de P&D em biotecnologia e biociências se iniciaram somente em meados da década de 70 e, hoje, a China conta com uma sólida infra-estrutura de pesquisa que envolve institutos e uma infra-estrutura laboratorial afiliados à Academia Chinesa de Ciências (CAS); universidades e unidades de pesquisas afiliadas a instituições setoriais. Em termos de investimentos, o suporte do “Department of Life Sciences” da Fundação Nacional de Ciências Naturais (NSFC) constitui um terço do orçamento total da Fundação, em termos do número de projetos financiados e da magnitude dos recursos. O orçamento destinado às áreas de biociências e biotecnologia da Academia Chinesa de Ciências (CAS) responde por 15,6% de sua dotação orçamentária. Com alguns anos de prática, consolidou-se um sistema de financiamento para C&T&I na China, que contempla diversas fontes de recursos para o desenvolvimento da biotecnologia e das biociências e também para a industrialização dos resultados de P&D nessas áreas. Além da ênfase nos investimentos, considera-se a atração e retenção de talentos como fatores chave para o desenvolvimento da biotecnologia na China. Para atrair talentos, especialmente jovens, várias iniciativas vêm sendo implementadas. Vários projetos oferecem recursos e garantia de continuidade dos esforços de P&D para cientistas chineses atuantes em biotecnologia e em biociências, ao mesmo tempo em que têm atraído muitos cientistas a retornarem ao país depois de terem se capacitado no exterior. Buscando reduzir os hiatos identificados, em fevereiro de 2006, o governo chinês lançou um conjunto de diretrizes para o desenvolvimento científico e tecnológico que integram o documento “National Guidelines for Medium and Long-term Plans for Science and Technology Development: from 2006 to 2020” 29 . As diretrizes estratégicas enfatizavam mudanças consideradas fundamentais em relação ao posicionamento tecnológico do país e seu modelo de inovação no sentido de: (i) passar da posição de país seguidor para inovador; (ii) evoluir da geração de inovações específicas e individuais baseadas em P&D para inovações integradas de produtos e processos chave de indústrias 28 29 CHEN, Z. et al. (2007). Life sciences and biotechnology in China. Phil. Trans. R. Soc. B, v. 362, n. 1482, p.954. STATE COUNCIL PEOPLE’S REPUBLIC OF CHINA (2006). Guidelines on national medium- and long-term program for science and technology development: 2006–2020. Disponível em: <http://gh.most.gov.cn>. Acesso em dezembro de 2008. xvii emergentes; e (iii) construir um sistema nacional de inovação, ao invés de realizar uma reforma baseada apenas na consolidação da infra-estrutura para P&D. Foram definidos 11 setores prioritários, que incluíam energia, recursos hídricos, meio ambiente, agricultura e saúde humana, considerando-se um horizonte temporal de 15 anos 30. Com o vigoroso desenvolvimento da biotecnologia e biociências na China, o governo chinês vem dando muita atenção às questões de regulamentação quanto ao uso de recursos genéticos, à biosegurança e à bioética. Com referência à propriedade intelectual, a China apóia atividades de inovação por meio de programas de C&T&I e envida esforços para a proteção dos direitos de propriedade intelectual, buscando aperfeiçoar seu atual sistema de proteção intelectual e as regulamentações e legislação associadas. Patentes de outros países e os direitos de propriedade intelectual são reconhecidos e respeitados na China com base nas normas internacionais e acordos da Organização Mundial do Comércio. Na Índia, o desenvolvimento do sistema de inovação em biotecnologia teve seu início em meados dos anos 80, com a criação do National Technology Board (NTB) e de um departamento específico no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia – Department of Biotechnology (DBT), mais precisamente em 1986 31. Em mais de uma década de existência, o DBT tem promovido e acelerado a trajetória de desenvolvimento da biotecnologia na Índia, compreendendo o suporte a diversos projetos de P&D com resultados promissores em setores como agroindústria, saúde humana, meio ambiente, energia e indústria, em geral, além de melhorias significativas em infra-estrutura física de suporte às atividades de P,D&I. Adicionalmente, o DBT tem interagido com mais de 5.000 cientistas por ano, com o objetivo de aproveitar melhor a expertise existente nas universidades e em laboratórios públicos e vem desenvolvendo mecanismos efetivos de monitoramento de sua produção científica e patenteamento. Observa-se na Índia uma boa interação entre o DBT e os governos estaduais, particularmente nos respectivos Conselhos de C&T para o desenvolvimento de projetos de aplicações da biotecnologia, assim como demonstrações de tecnologias provadas viáveis e capacitação de recursos humanos nos estados e territórios da União. 30 ZHENZHEN, L. et al. (2004). Health biotechnology in China: reawakening a giant. Nature Biotechnology, v. 22, (Suppl.):DC13-DC18. 31 PATEL (2006). Shaping the Indian biotech sector. In: BioAsia 2006 Special. Disponível em: <http://www.expresspharmaonline.com/20060215/bioasia2006special03.shtmll>. Acesso em dezembro de 2008. xviii Com relação às ações implementadas pelo National Technology Board (NTB), citam-se programas de pesquisa básica e pesquisa aplicada nas áreas de saúde, genética, agricultura e alimentos32. Mais especificamente nos últimos anos, a continuidade de projetos de P&D voltados para o aproveitamento e a exploração responsável da biodiversidade da fauna e flora nacionais vem ganhando cada vez mais importância. Em 2005-2006, a bioindústria indiana gerou uma receita da ordem de US$ 1,07 bilhão, com um taxa de crescimento anual acumulada de 36,55% em relação a 2001. A meta traçada pelo governo indiano para 2010 é atingir US $ 5,0 bilhões de receita e gerar 1,0 milhão de empregos33. Com metas tão desafiadoras, o governo indiano passou a implementar medidas e iniciativas para promover inovações biotecnológicas, como, por exemplo, a “Small Business Innovation Research Initiative” (SBIRI), voltada para a formação de parcerias público-privadas, particularmente com pequenas e médias empresas34. Outra iniciativa igualmente importante referia-se ao financiamento de P&D de tecnologias embrionárias ou de fronteira consideradas promissoras do ponto de vista de geração de inovações, com a perspectiva de alavancar capital de risco com certa agilidade, logo após as aplicações das áreas de fronteira se provarem tecnicamente viáveis35. Integrar a estratégia nacional de desenvolvimento da biotecnologia à política educacional, à mobilização social e à regulamentação constitui pré-requisito essencial para o contínuo progresso do setor de biotecnologia na Índia, tanto na visão do governo indiano, quanto dos demais setores envolvidos. Partindo desse pressuposto básico, em 13 de novembro de 2007, o DBT lançou a “National Biotechnology Development Strategy”, ocasião na qual foram apresentados o arcabouço geral da política e o direcionamento estratégico a ser seguido por diversos setores para acelerar o ritmo do desenvolvimento da biotecnologia na Índia, em horizonte de curto, médio e longo prazos36. 32 BAGCHI-SEN e SMITH (2008). Science, institutions, and markets: developments in the Indian biotechnology sector. Regional Studies, v. 42, n. 7, Aug 2008, p. 961-975. 33 GOVERNMENT OF INDIA. DEPARTMENT OF BIOTECHNOLOGY (2007a). DBT Annual Report 2005-2006. Disponível em: <http://dbtindia.nic.in/uniquepage.asp?ID_PK=293>. Acesso em dezembro de 2008. 80 KONDE (2008). Biotechnology in India: public-private partnerships. Journal of Commercial Biotechnology, v. 14, n.1, p. 43-55. 81 GOVERNMENT OF INDIA. DEPARTMENT OF BIOTECHNOLOGY (2007a). Ibid. 82 GOVERNMENT OF INDIA. DEPARTMENT OF BIOTECHNOLOGY (2007b). National Biotechnology Development Strategy. Disponível em: <http://dbtindia.nic.in/biotech_strategy.htm >. Acesso em dezembro de 2008. xix Diversas novas iniciativas relacionadas a recursos humanos científicos e técnicos compreenderam: (i) aumento do número de doutores e pós-doutores, incluindo bolsistas estrangeiros; (ii) suporte a universidades de primeira linha que integram biociências e biotecnologia nas suas grades curriculares; (iii) oferta de bolsas de iniciação científica para estudantes de graduação. Além do suporte à formação e capacitação de recursos humanos, o governo indiano vem investindo substancialmente no fortalecimento da infra-estrutura física, integrada por laboratórios públicos de P&D e instituições acadêmicas. Quanto à atuação das empresas indianas de biotecnologia, destacam-se tanto estratégias tecnológicas baseadas em inovações, especialmente quando as tecnologias são embrionárias, quanto as baseadas em imitações, no caso de tecnologias situadas no meio da curva de desenvolvimento. Outra estratégia que vem sendo bastante adotada é a realização de pesquisas clínicas sob contrato com multinacionais. Em síntese, constata-se pelos relatos das experiências da China e da Índia que esses dois países têm alcançado bons resultados em diversas áreas da biotecnologia, adotando estratégias complementares que poderão ser pensadas para outros países em desenvolvimento, a saber: (i) patenteamento em áreas de fronteira com potencial para atrair capital de risco estrangeiro; (ii) formação de clusters e identificação de nichos de mercado em aplicações da biotecnologia; (iii) desenvolvimento da cultura de empreendedorismo; e (iv) formação de alianças estratégicas internacionais. 5. Dimensões INI- Biotecnologia: foco Brasil O quadro atual no Brasil das dimensões da INI-Biotecnologia, compreende dados e informações sobre recursos humanos, infra-estrutura, investimentos, marco regulatório, aspectos éticos e de aceitação da sociedade, e aspectos mercadológicos, com destaque para pontos críticos e gargalos. Recursos humanos O Panorama apresenta a situação atual dos grupos de pesquisa de biotecnologia no Brasil, baseada em pesquisa realizada por pesquisadores do IPEA em 200837, a partir de informações do Portal Inovação, do Ministério da Ciência e Tecnologia. Na seqüência, complementa o quadro atual da dimensão “recursos humanos” com informações sobre os programas de pós-graduação em biotecnologia 37 MENDONÇA, M.A.A.; e FREITAS, R. E. (2008). Biotecnologia: perfil dos grupos de pesquisa no Brasil. IPEA. In: Anais do XLVI Congresso da Sociedade Brasileira e Sociologia Rural. Rio Branco, AC, 20 a 23 de jul 2008. xx recomendados e reconhecidos pela Capes, de acordo com levantamento recente realizado pelo CGEE diretamente na base de dados do Portal da Capes38. Inicialmente, foram identificados 2.717 grupos de pesquisa que apontaram o termo “biotecnologia” como uma das palavras-chave de seus respectivos temas de pesquisa. Um exame mais profundo detectou, porém, que nem todos os grupos, especialmente aqueles ligados às Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Lingüística, guardavam estreita ligação com as áreas científicas e tecnológicas abordadas pelo estudo. Desse exame, resultou a retirada criteriosa de 290 grupos, permitindo-se obter uma visão mais rigorosa acerca dos 2.427 grupos realmente ligados às atividades de P&D&I em biotecnologia. As ciências agrárias, biológicas e da saúde são as mais relevantes, respondendo por 79% do total de grupos identificados. As principais aplicações biotecnológicas listadas pelos grupos de pesquisa são agricultura, pecuária, saúde humana e saúde animal. A região Sudeste é responsável por quase metade do total da pesquisa em biotecnologia nacional. Em contraste, a região Norte é a que possui menor parcela do total nacional (5%), investindo prioritariamente em pesquisas relacionadas às Ciências Agrárias e Biológicas. Na região Nordeste, a participação nacional é um pouco maior que a da região Norte (15,6%). A região Sul do país detém 23,5% da pesquisa e supera o Sudeste com relação à diversificação de temas estudados. A região concentra um montante de 43,6% e 27,7% dos grupos relacionados, respectivamente, às Ciências Agrárias e Biológicas, percentuais superiores àqueles registrados para o país como um todo. Ademais, há significativa presença das Ciências Exatas e da Terra (8,6%); Ciências da Saúde (8,4%); e Engenharias (6%). Comparativamente aos percentuais para o país como um todo, destacam-se elevadas participações das Ciências Agrárias no Centro-Oeste e Norte, das Ciências Biológicas no Sudeste, Norte e Centro-Oeste, das Engenharias no Nordeste e Sudeste, das Ciências da Saúde no Sudeste, e das Ciências Exatas e da Terra no Nordeste. Os dados do Portal Inovação indicaram também que 57% das pesquisas são financiadas diretamente pelo Governo Federal, sendo que 46 % do total estão ligadas às 38 CAPES (2008). Mestrados e doutorados reconhecidos na grande área “multidisciplinar”. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/cursos-recomendados>. Data de atualização: 30/12/2008. Acesso em dezembro de 2008. xxi universidades federais. Os Estados respondem por aproximadamente 31%, sendo 26% oriundas das universidades. O governo tem fomentado, nos anos mais recentes, uma maior participação de empresas e instituições de ensino privado na pesquisa e desenvolvimento de aplicações da biotecnologia. Na prática, o que se observa é um campo promissor e repleto de oportunidades ainda pouco explorado pelo capital privado. Esse fenômeno pode ser parcialmente explicado pela multidisciplinaridade, complexidade e pervasividade das aplicações da biotecnologia nos mais diversos setores de atividade produtiva, implicando na capacitação em vários ramos do conhecimento. Dada a impossibilidade de apenas um agente (no caso, o governo) dominar todo o arsenal científico envolvido, as atividades biotecnológicas pressupõem o desenvolvimento de redes de relações entre firmas estabelecidas, novas empresas, universidades e centros de pesquisa públicos39. A consolidação dessas redes de atividades e instituições depende de um arcabouço legal transparente e aceito socialmente, o que ainda não é o caso dos marcos regulatórios para as atividades de biotecnologia no Brasil. Um diagnóstico conduzido pelo CGEE, no âmbito do Projeto INIBiotecnologia, envolvendo participantes das áreas do governo, academia e da indústria, apontou diversos gargalos da cena atual em relação à dimensão “recursos humanos”. Os gargalos e dificuldades foram classificados em duas áreas: (i) capacitação; e (ii) fixação e atração de talentos. Com relação à capacitação, foram apontados os seguintes gargalos: formação interdisciplinar e multidisciplinar deficiente; formação incipiente em inovação (gestão, empreendedorismo, projetos, patentes, etc.) deficiente dos graduandos, dos pós-graduandos e dos formadores atuais. No que tange à fixação e atração de talentos, destacam-se: baixa remuneração; incentivos fiscais e tributários pouco disseminados e ainda incipientes para apoiar as empresas na fixação e atração de talentos. Infra-estrutura Um diagnóstico conduzido pelo CGEE, no âmbito do Projeto INIBiotecnologia, envolvendo participantes das áreas do governo, academia e da 39 SILVEIRA, J.; e BORGES, I. (2004). Um panorama da biotecnologia moderna. In: SILVEIRA, J.; POZ, M.; ASSAD, A. Biotecnologia e recursos genéticos: desafios e oportunidades para o Brasil. Campinas: Unicamp, 2004. xxii indústria, apontou diversos gargalos da cena atual em relação à dimensão “infraestrutura”. Os gargalos e dificuldades foram classificados em três áreas: (i) interação academia-indústria; (ii) estruturas de apoio tecnológico; e (iii) serviços tecnológicos. Com relação à interação academia-indústria, foram apontados os seguintes gargalos: mecanismos incipientes que ainda não permitem as indústrias se beneficiarem da infra-estrutura das ICTs por demandas da indústria; falta de conhecimento dos mecanismos de transferência e comercialização de tecnologias; falta de indução de plataformas tecnológicas (projetos induzidos pelo mercado); grande dependência da importação de insumos e equipamentos básicos. No que tange às estruturas de apoio tecnológico, foram identificados as seguintes dificuldades: ausência de centros de referência (ensaios pré-clínicos, imagem, coleções biológicas, biotérios, entre outros); ausência de estruturação de “Arranjos Produtivos Locais” (APLs) e parques tecnológicos para promoção do desenvolvimento regional e nacional. E, finalmente, em relação aos serviços tecnológicos: falta de serviços em metrologia, normalização e avaliação de conformidade. falta de outros serviços técnicos especializados Os gargalos apontados pelo diagnóstico prévio do CGEE poderão vir a ser supridos e equacionados conforme as proposições que integram o Estudo Prospectivo da Biotecnologia, mais especificamente os itens nos quais são elencadas ações para o curto, médio e longo prazos referentes à consolidação da infra-estrutura para o desenvolvimento das aplicações das áreas de fronteira da biotecnologia nos cinco setores analisados. Investimentos e aspectos mercadológicos Os investimentos governamentais para o desenvolvimento da biotecnologia tiveram início em 1980, com o Programa Integrado de Genética40, que contou com a participação da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Já em 1981, o governo 40 SANTANNA, M.F. E. et al. (2006). Perfil da Biotecnologia no Brasil: Investimentos, Recursos Humanos e a Indústria de Biotecnologia. In: Gestão de biotecnologia. Rio de Janeiro: E-papers, 2006. xxiii federal lançava o Programa Nacional de Biotecnologia, o PRONAB, que com o apoio e coordenação do CNPq, visava manter os grupos de pesquisa em áreas correlatas da biotecnologia e das biociências. Três anos depois, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) criou um programa para desenvolver ações estratégicas para o país, denominado de Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (PADCT). Outro marco institucional importante foi o Fundo Verde Amarelo, dividido em áreas estratégicas da economia, dentre elas a biotecnologia. Em 2004, a instauração do Fórum de Competitividade em Biotecnologia teve por objetivo identificar as melhores estratégias para definição de uma política industrial voltada ao desenvolvimento deste setor, com o foco na bioindústria. Os resultados alcançados pelo Fórum de Competitividade em Biotecnologia decorreram da interação do Governo Federal com o setor empresarial, academia, laboratórios públicos e institutos de pesquisa, o que permitiu identificar gargalos e oportunidades para os diversos setores que utilizam a biotecnologia no Brasil. Os trabalhos do Fórum resultaram em um documento denominado “Estratégia Nacional de Biotecnologia”41 que constituiu a base para a formulação da Política de Desenvolvimento da Biotecnologia42, em consonância com a PITCE (Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior). No âmbito da Política de Desenvolvimento da Biotecnologia, o Comitê Nacional de Biotecnologia (CNB) apresentou a Agenda de Ação da Política de Desenvolvimento Produtivo em Biotecnologia (PDP-Biotec) e os principais desafios do Comitê para 2009. O orçamento para a execução da Agenda de Ação da PDP-Biotec, no biênio 2009-2010 será de R$ 1,1 bilhão do orçamento federal e R$ 1,2 bilhão dos recursos do Profarma-BNDES. O BNDES apresentou cinco possibilidades de apoio ao desenvolvimento da biotecnologia no Brasil, principalmente para a abertura de pequenas e médias empresas do segmento: Profarma (financiamento e capital de risco), Linha de Inovação (Financiamento), Capital de Risco (Fundos), Criatec (capital semente) e Funtec (Financiamento Não-Reembolsável). 41 MDIC (2006). Estratégia Nacional de Biotecnologia: Política de Desenvolvimento da Bioindústria. Brasília, Julho de 2006. 42 BRASIL (2007).Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 6.041, de 8 de fevereiro de 2007. Institui a Política de Desenvolvimento da Biotecnologia, cria o Comitê Nacional de Biotecnologia e dá outras providências. xxiv Com relação aos investimentos privados para biotecnologia, pode-se afirmar que ainda são bem menores do que o esperado. Existem iniciativas públicas para amenizar este quadro e tem-se buscado estimular a ação do capital de risco para a C&T&I. Dentro desses programas, destacam-se o Programa Inovar, empreendido pelo MCT e FINEP e o Programa de Capacitação de Empresas de Base Tecnológica, mantido pelo BNDES. Outras iniciativas se destacam no estado de São Paulo, como por exemplo, o Programa “Pesquisa Inovativa na Pequena e Micro Empresa” (PIPE) da FAPESP que é destinado às pequenas empresas de todas as áreas do conhecimento e que impulsiona o estabelecimento das empresas nos respectivos mercados. Estão surgindo no Brasil alguns fundos privados, como por exemplo, a JBPartners (Jardim Botânico Partners) que é uma gestora independente de recursos, especializada em investimento em empresas e atua fortemente junto a empresas de biotecnologia; o Instituto Inovação, empresa privada que atua em atividades de gestão da inovação e tecnologia, com o objetivo de promover a aproximação entre o conhecimento científico gerado no Brasil e o mercado; o Grupo Votorantim que investiu aproximadamente U$ 300 milhões em biotecnologia; a FIR Capital Partners investiu U$ 45 milhões; e a Rio Bravo que investiu aproximadamente U$10 milhões em biotecnologia, entre outros43. Não obstante os investimentos realizados até o momento para o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil e os resultados promissores já alcançados, um diagnóstico conduzido pelo CGEE, no âmbito do Projeto INIBiotecnologia, envolvendo participantes das áreas do governo, academia e da indústria, apontou diversos gargalos da cena atual em relação à dimensão “investimentos” para o desenvolvimento das biotecnologias de fronteira. Os gargalos e dificuldades foram classificados em duas áreas consideradas críticas: (i) financiamento; e (ii) investimentos em P&D&I. Com relação a financiamento, foram apontados os seguintes gargalos: 43 irregularidade, descontinuidade, baixo volume e pulverização de recursos; PRESTES (2008). Redes inter-organizacionais: estudo de políticas de cooperação em biotecnologia no Brasil. Ribeirão Preto, 2008. Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Administração de Organizações. 93 p. Disponível em <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/96/96132/tde-28042008170855/publico/NorbertoHonoratoPrestesJunior.pdf>; acesso em dezembro de 2008. xxv falta de foco no desenvolvimento de produtos/processos em projetos das áreas de fronteira; participação incipiente da iniciativa privada; avaliação e monitoramento inadequados da aplicação dos recursos, não permitem a verificação da aderência (objetivos versus resultados). No que tange aos investimentos em P&D&I, foram identificados as seguintes dificuldades: inexistência de desoneração tributária aplicada em inovação na área de biotecnologia; custos elevados de importação de bens, produtos e serviços; ausência de investimentos privados e de capital empreendedor para a inovação em biotecnologia; necessidade de investimento contínuo em infra-estrutura física e de equipamentos nas áreas de fronteira. O diagnóstico apontou também diversos gargalos em relação à dimensão “aspectos de mercado” para o desenvolvimento das áreas de fronteira. Os gargalos e dificuldades dessa dimensão foram classificados em três áreas consideradas críticas: (i) poder de compra governamental; (ii) conhecimento dos mercados das áreas de fronteira da biotecnologia; e (iii) desenvolvimento das estratégias de mercado. Marcos regulatórios, aspectos éticos e de aceitação pela sociedade O modelo normativo para a biotecnologia desenvolvido no país foi estruturado a partir da criação de duas grandes Comissões: (i) a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio, cuja competência abrange as atividades envolvendo a vida humana e extra-humana no campo da engenharia genética; e (ii) a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP, cuja competência, por sua vez, abrange as atividades de pesquisa envolvendo seres humanos na área da saúde. Embora os princípios e idéias contidas no modelo normativo propiciem um bom sistema para a análise bioética dos procedimentos das pesquisas no âmbito das biociências, o trabalho de construção da legislação necessária para fundamentar uma xxvi atuação plena do Poder Público não foi desenvolvido com a excelência de qualidade que a importância da biotecnologia e biociências exigem44. Como conseqüência, os marcos regulatórios se colocam como um dos maiores gargalos do sistema nacional de inovação em biotecnologia, particularmente para as áreas biofarmacêutica e de alimentos45. Com relação à transferência de tecnologia e à proteção intelectual dos produtos biotecnológicos, reconhece-se que ainda há sérios gargalos que deverão ser abordados e tratados no âmbito da Agenda INI-Biotecnologia para subsidiar a implementação da Política de Desenvolvimento da Biotecnologia. No que se refere ao debate atual sobre os aspectos éticos e socioculturais na dimensão da inovação relacionados à incorporação de novas tecnologias em produtos, serviços e processos e sua aceitação pela sociedade, destacam-se: a criação de programas e projetos de informação da sociedade brasileira com relação aos produtos biotecnológicos de fronteira; na implementação da PDB deve ter um projeto que trate da percepção pública, pois isso se constitui em um dos grandes gargalos do desenvolvimento da biotecnologia na Alemanha e na China; desenvolvimento de parcerias entre Governo e empresas em torno de um grande projeto voltado para o esclarecimento da opinião pública. Mostrar a importância e as potencialidades da biotecnologia, através de programas de divulgação e de educação na escola básica. 6. Considerações finais O Panorama da Biotecnologia indica uma participação crescente do Brasil nas publicações científicas em áreas de fronteira da biotecnologia. Ela é mais forte nas áreas de reprodução animal e vegetal, controle biológico em agricultura, conversão de biomassa e biodiversidade e bioprospecção (do 8º. ao 15º. lugares nos respectivos rankings), embora a posição brasileira ainda seja secundária em muitas das outras áreas avaliadas. 44 MINARÉ, R. (2008). Bioética e biodireito. Disponível em:<http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20080605112236778>. Publicado em 05 junho 2008. Acesso em dez 2008. 45 MARQUES, R.; e GONÇALVES NETO, C. (2007). The brazilian system of innovation in biotechnology: preliminary study. Journal of Technology Management & Innovation. 2007, Volume 2, Issue 1. xxvii Nas patentes, as áreas de nanobiotecnologia, organismos geneticamente modificados e transgênicos, terapia gênica, clonagem e função heteróloga de proteínas, células tronco, e controle biológico em agricultura são as que apresentam maior quantidade de patentes no período 1998-2007 na base de dados Web of Science. A participação brasileira nas áreas de fronteira avaliadas é secundária: não foram indicadas empresas ou outras instituições brasileiras entre as principais depositantes. As experiências da China e da Índia, que têm alcançado bons resultados em diversas áreas da biotecnologia ao buscar compensar as diferenças ainda existentes em relação aos países mais avançados na biotecnologia, indicam a importância da adoção de algumas estratégias complementares, a saber: (i) patenteamento em áreas de fronteira com potencial para atrair capital de risco estrangeiro; (ii) formação de clusters e identificação de nichos de mercado em aplicações da biotecnologia; (iii) desenvolvimento da cultura de empreendedorismo; e (iv) formação de alianças estratégicas internacionais. Referências bibliográficas BAGCHI-SEN, S. e SMITH, H.L. (2008). Science, institutions, and markets: developments in the Indian biotechnology sector. Regional Studies, v. 42, n. 7, Aug 2008, p. 961-975. BARTHOLOMEW, S. (1997). 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Inclui ainda um estudo bibliométrico sobre a evolução da produção científica e da propriedade intelectual nas áreas de fronteira selecionadas, abrangendo os últimos 10 anos. Esse estudo foi conduzido pelo CGEE, em complementação aos resultados obtidos na Oficina de Trabalho INI-Biotecnologia, realizada em julho de 2008. O Panorama está organizado em cinco seções, a saber: (i) produção científica; (ii) propriedade intelectual; (iii) mercado mundial e nacional; (iv) experiências internacionais de sistemas de inovação em biotecnologia; (v) desafios atuais e gargalos em relação às seis dimensões da INI-Biotecnologia, com foco no Brasil. Cabe destacar que as duas primeiras seções foram elaboradas a partir de levantamento direto em duas bases de dados internacionais de referência para estudos bibliométricos: (i) Web of Science46, para o levantamento da produção científica; e (ii) Web of Science e Derwent Innovations Index47, para o levantamento de patentes. Esses levantamentos abrangeram quatorze itens, compreendendo as onze áreas de fronteira • Genômica, pós-genômica e proteômica; • Função gênica, elementos regulatórios e terapia gênica; • Clonagem e função heteróloga de proteínas; • Engenharia tecidual; • Células-tronco; • Nanobiotecnologia; • Reprodução animal e vegetal; • Conversão de biomassa; 46 ISI WEB OF SCIENCE. Disponível em: <http://apps.isiknowledge.com/UA_GeneralSearch_input.do?product=UA&search_mode=GeneralSearch&SID=2F@ 132mm9dmc@Lmc8Ba&preferencesSaved=>. Acesso em: dez 2008. 47 DERWENT INNOVATIONS INDEX. Disponível em: <http://apps.isiknowledge.com/UA_GeneralSearch_input.do?product=UA&search_mode=GeneralSearch&SID=2Da6 PpENaOLodpFCoc4&preferencesSaved=>. Acesso em: dez 2008. 1 • Biotecnologia agrícola; • Bioinformática; e • Biodiversidade, acrescidas dos temas bioremediação, pelo seu impacto no estudo de aplicações para o meio ambiente, e farmacogenética, por revelar informações importantes para o setor de biofármacos. Cabe ainda ressaltar que a área definida como biotecnologia agrícola, pela sua abrangência e resultados insuficientes em uma busca inicial pelo CGEE, foi desdobrada em dois temas: “organismos geneticamente modificados e transgênicos” e “controle biológico em agricultura”, perfazendo um total de quatorze áreas levantadas. Ao abordar a problemática da delimitação em bases de dados de áreas multidisciplinares como a biotecnologia e suas áreas de fronteira, faz-se necessário descrever os passos seguidos na recuperação dos dados e os recursos que as bases de dados selecionadas oferecem. As bases acima mencionadas compõem a ISI Web of Knowledge e foram escolhidas pela sua abrangência e reconhecida qualidade, atribuídas aos rigorosos critérios adotados pela Thompson Scientific Information, órgão responsável por sua criação, manutenção e alimentação. Para a construção dos gráficos apresentados em ambas as seções, utilizou-se a ferramenta estatística interna das bases consultadas, denominada “Analyze Results”. Para a caracterização da atividade científica internacional em áreas de fronteira da biotecnologia e a elaboração dos filtros, foi fundamental efetuar a delimitação do objeto deste estudo bibliométrico, selecionando-se os documentos a analisar, identificando as áreas de conhecimento e o período a ser contemplado. Considerou-se que um horizonte temporal de 10 anos (1998 – 2007) seria suficiente para estudar a atividade científica e a propriedade intelectual em áreas de fronteira e caracterizar suas tendências.. Procurou-se construir as estratégias de busca na modalidade “SCI – General Search”, usando-se palavras-chave da literatura disponível e descritores presentes na Plataforma-Lattes e no Portal Inovação referentes a grupos de pesquisa e pesquisas em curso nas chamadas áreas de fronteira48. 48 MENDONÇA, M.A.A. e FREITAS, R. E. Biotecnologia: perfil dos grupos de pesquisa no Brasil. IPEA. In: Anais do XLVI Congresso da Sociedade Brasileira e Sociologia Rural. Rio Branco, AC, 20 a 23 de jul (2008). 2 1. Produção científica Nesta seção, descrevem-se os resultados da análise bibliométrica dos artigos publicados e indexados na base de dados Web of Science, cobrindo-se o período de 1998 a 2007 e considerando-se somente as publicações indexadas na categoria “articles”. Essa análise abrange os quatorze itens referidos na seção anterior. A seção está organizada segundo os itens selecionados e para cada item, identificam-se: (i) a evolução do número de artigos no período considerado; (ii) o posicionamento dos países de origem dos autores, em termos de sua produção científica, permitindo situar o Brasil em todos os casos; (iii) as principais áreas de especialização associadas ao conjunto de artigos de cada área de fronteira (critério “top 10”), conforme indexação das especializações pela própria base de dados; (iv) o posicionamento das instituições, as quais os autores estão vinculados (critério “top 25”). 1.1 Genômica, pós-genômica e proteômica Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “genomics”, “post-genomics” e “proteomics”, foram localizados 14.178 artigos, segundo a busca delimitada pelos campos “title” e “publication year”. A Figura 1.1 mostra a evolução do número de artigos no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2006 e 2005, com 2.168 e 1.901 artigos, respectivamente. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.1: Evolução do nº de artigos em genômica, pós-genômica e proteômica: 1998 – 2007 3 A Figura 1.2 mostra os resultados da análise dos 14.178 artigos classificados por país de origem dos autores. Observa-se que os EUA lideram o ranking, com 6.137 artigos. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.2: Artigos em genômica, pós-genômica e proteômica, classificados por país: 1998 – 2007 (critério “top 10”) Nas próximas posições vêm Alemanha, Japão, Inglaterra e França com 1.358, 1.335, 1.178 e 1.003 artigos, respectivamente. Ampliando-se o critério para “top 25”, observa-se a presença do Brasil na 21ª posição deste ranking, com 145 artigos publicados no período de 1998-2007. Na seqüência, a Figura 1.3 apresenta o conjunto dos 14.178 artigos classificados por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008 Figura 1.3: Artigos em genômica, pós-genômica e proteômica, classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) 4 Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de genética e hereditariedade (87,43%); bioquímica e biologia molecular (82,37%); e biologia celular (36,92%), sendo todas essas áreas convergentes com as áreas de fronteira abordadas no presente estudo prospectivo. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.4: Artigos em genômica, pós-genômica e proteômica, classificados por instituição: 1998- 2007 (critério “top 10”) Ao se analisar o mesmo conjunto de artigos em relação a instituições de origem de seus autores, observa-se que a instituição líder é Harvard University com 304 artigos, seguidas da NCI e da University of Texas, com 238 e 229 artigos, respectivamente, em um total de 6.912 instituições. 1.2 Farmacogenética Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “genet*”, “pharma*” e “pharmacogenetic*”, foram localizados 1.103 artigos, segundo a busca delimitada pelos campos “title” e “publication year”. A Figura 1.5 mostra a evolução do número de artigos no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2007 e 2006, com 199 e 154 artigos, respectivamente. 5 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.5: Evolução do nº de artigos em farmacogenética: 1998 – 2007 A Figura 1.6 mostra os resultados da análise dos 1.103 artigos por país de origem dos autores. Observa-se que os EUA lideram o ranking com 488 artigos, seguido da Inglaterra, Alemanha, Japão e França com 118, 80, 75 e 66 artigos, respectivamente. Ampliando-se o critério para “top 25”, observa-se a presença do Brasil na 23ª posição deste ranking, com 7 artigos publicados no período de 1998-2007. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.6: Artigos em farmacogenética por país: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 6 Na seqüência, a Figura 1.7 apresenta o conjunto dos artigos levantados, classificados por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.7: Artigos em farmacogenética, classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de farmacologia e farmácia (42,52%), seguida de genética e hereditariedade (12,87%), tendo sido observada baixa concentração em áreas específicas. Ao se analisar o mesmo conjunto de artigos em relação às instituições de origem de seus autores, observa-se que as instituições líderes são Harvard University e Washington University, ambas com 23 artigos, seguidas de Mayo Clin & Mayo Foundation e da University of Pennsylvania, com 19 e 17 artigos, respectivamente, em um total de 1.320 instituições. 7 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.8: Artigos em farmacogenética por instituição: 1998- 2007 (critério “top 10”) 1.3 Terapia Gênica Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se o termo “gene therap*”, foram localizados 3.879 artigos, segundo a busca delimitada pelos campos “title” e “publication year”. A Figura 1.9 mostra a evolução do número de artigos no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2000 e 2002, com 453 e 444 artigos, respectivamente. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.9: Evolução do nº de artigos em terapia gênica: 1998 – 2007 A Figura 1.10 mostra os resultados da análise dos 3.879 artigos por país. Observa-se que os EUA lideram o ranking, com 1.926 artigos, seguido do Japão, Inglaterra, Alemanha e França com 542, 316, 313 e 235 artigos, respectivamente. O Brasil ocupa a 24ª posição do ranking mundial em publicações científicas nesta área, com 15 artigos publicados no período de 1998-2007, ao se ampliar o critério de seleção para “top 25”. 8 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.10: Artigos em terapia gênica, classificados por país: 1998 – 2007 (critério “top 10”) Na seqüência, a Figura 1.11 apresenta o conjunto dos 3.879 artigos classificados por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.11: Artigos em terapia gênica, classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de medicina, pesquisa e desenvolvimento experimental (32,14%); biotecnologia e microbiologia aplicada (30,75%), genética e hereditariedade (27,71%). A Figura 1.12 mostra as principais instituições de origem dos autores do mesmo conjunto de artigos, adotando-se o critério “top 10”. 9 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.12: Artigos em terapia gênica, classificados por instituição: 1998- 2007 (critério “top 10”) Observa-se na Figura 1.12 que a instituição líder é a University of Texas, com 142 artigos, seguidas da University of Pittsburgh e da Harvard University, com 129 e 94 artigos, respectivamente, em um total de 2.417 instituições. 1.4 Células – tronco Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se o termo “stem cell*”, foram localizados 14.984 artigos, segundo a busca delimitada pelos campos “title” e “publication year”. A Figura 1.13 mostra a evolução do número de artigos no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2007 e 2006, com a ocorrência de 2.926 e 2.514 artigos, respectivamente. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.13: Evolução do nº de artigos em células-tronco: 1998 – 2007 10 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.14: Artigos em células-tronco, classificados por país: 1998 – 2007 (critério “top 10”) A Figura 1.14 mostra os resultados da análise por país dos 14.984 artigos. Observa-se que os EUA lideram o ranking com 5.748 artigos, seguido de Japão, Alemanha, Inglaterra e Itália com 1.869, 1.570, 1.032 e 882 artigos, respectivamente. Ao se ampliar o critério de seleção para “top 50”, verifica-se que o Brasil ocupa a 29ª posição no ranking mundial em publicações científicas nesta área, com 63 artigos publicados no período de 1998-2007. Na seqüência, a Figura 1.15 apresenta o conjunto dos 14.984 artigos, classificados por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.15: Artigos em células-tronco, classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) 11 Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de hematologia (37%); oncologia (22,84%); biologia celular (16,15%) e imunologia (15,79%). Fonte: Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.16: Artigos em células-tronco, classificados por instituição: 1998- 2007 (critério “top 10”) Analisando-se o mesmo conjunto de artigos em relação às instituições de origem de seus autores, observa-se que a instituição líder é a Harvard University, com 439 artigos, seguidas da University of Texas e da University of Washington, com 314 e 243 artigos, respectivamente, em um total de 7.069 instituições (Figura 1.16). 1.5 Clonagem e função heteróloga de proteínas Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “gene cloning” e “protein express*”, foram localizados 18.804 artigos, segundo a busca delimitada pelos campos “title” e “publication year”. A Figura 1.17 mostra a evolução do número de artigos no período 1998-2007, destacando-se os anos de 1998 e 2000, com 1.989 e 1.979 artigos, respectivamente. país. A Figura 1.18 mostra os resultados da análise dos 18.804 artigos por Observa-se que o país USA é o líder no ranking com 6570 artigos, seguido de Japão, Alemanha, China e Inglaterra com 3.103, 1.624, 1.553 e 1.037 artigos publicados, respectivamente. O Brasil ocupa a 19ª posição do ranking mundial em publicações científicas nesta área, com 243 artigos publicados no período de 1998-2007, ao se ampliar o critério de seleção para “top 25”. Na seqüência, a Figura 12 1.19 apresenta o conjunto dos artigos publicados no período 1998-2007, classificados por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.17: Evolução do nº de artigos publicados sobre clonagem e expressão heteróloga de proteínas: 1998 – 2007 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008 Figura 1.18: Artigos em clonagem e expressão heteróloga de proteínas, classificados por país: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 13 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.19: Artigos em clonagem e expressão heteróloga de proteínas, classificadas por área de especialização: 1998-2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de bioquímica e biologia molecular (27,70%); biologia celular (10,60%) e biotecnologia e microbiologia aplicada (10,28%). Analisando-se o mesmo conjunto de artigos em relação a instituições de origem de seus autores, observa-se que a instituição líder é a University of Texas com 370 artigos, seguidas da University of Tokyo e da Harvard University, com 348 e 302 artigos, respectivamente, em um total de 7.418 instituições. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.20: Artigos em clonagem e expressão heteróloga de proteínas, classificados por instituição: 1998- 2007 (critério “top 10”) 14 1.6 Nanobiotecnologia Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “nanobio*”, “biocompatible material*” e “drug deliver*”, foram localizados 2.232 artigos, segundo a busca delimitada pelos campos “title” e “publication year”. A Figura 1.21 mostra a evolução do número de artigos no período 19982007, destacando-se os anos de 2007 e 2006 com 358 e 353 artigos, respectivamente. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.21: Evolução do nº de artigos em nanobiotecnologia: 1998 – 2007 A Figura 1.22 mostra os resultados da análise dos 2.232 artigos por país. Observa-se que o país USA é o líder no ranking com 741 artigos, seguido de Japão, Alemanha, China e Inglaterra com 188, 172, 144 e 141 artigos, respectivamente. O Brasil ocupa a 26ª posição do ranking mundial em publicações científicas nesta área, com 17 artigos publicados no período de 1998-2007, ao se ampliar o critério de seleção para “top 50”. 15 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.22: Artigos em nanobiotecnologia, classificados por país: 1998 – 2007 (critério “top 10”) Na seqüência, a Figura 1.23 apresenta o conjunto dos artigos levantados, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.23: Artigos em nanobiotecnologia, classificadas por área de especialização: 1998 - 2007 (critério “top 10”) Observa-se que os percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de farmacologia e farmácia (42,78%); química e área multidisciplinar (19,84%), as restantes apresentam baixa concentração com percentuais abaixo de 10%. Ao se analisar o mesmo conjunto de artigos em relação a instituições de origem de seus autores, observa-se que a instituição líder é a Harvard University com 16 37 artigos, seguidas da Chinese Academy of Science e do MIT, com 32 e 28 artigos, respectivamente, em um total de 1709 instituições. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.24: Artigos em nanobiotecnologia, classificados por instituição: 1998- 2007 (critério “top 10”) 1.7 Engenharia Tecidual Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se o termo “tissue engineer*”, foram localizados 2.011 artigos, segundo a busca delimitada pelos campos “title” e “publication year”. A Figura 1.25 mostra a evolução do número de artigos no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2006 e 2007, com 365 e 356 artigos, respectivamente. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.25: Evolução do nº de artigos em engenharia tecidual: 1998 – 2007 17 A Figura 1.26 mostra os resultados da análise dos 2.011 artigos classificados por país de origem de seus autores. Observa-se que os EUA lideram o ranking, com 842 artigos, seguido da Alemanha, Japão, Inglaterra e China, com 240, 207, 178 e 142 artigos, respectivamente. O Brasil ocupa a 25ª posição do ranking mundial em publicações científicas nesta área, com 8 artigos publicados no período de 1998-2007, ao se ampliar o critério de seleção para “top 25”. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.26: Artigos em engenharia tecidual, classificados por país: 1998 – 2007 Na seqüência, a Figura 1.27 apresenta o conjunto dos artigos levantados, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.27: Artigos em engenharia tecidual, classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) 18 Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de engenharia biomédica (31,5%); ciência dos materiais e biomateriais (27%); e biotecnologia e microbiologia aplicada (20%). Ao se analisar o mesmo conjunto de artigos em relação a instituições de origem de seus autores, observa-se que a instituição líder é a Harvard University, com 125 artigos, seguidas da University of Michigan e do MIT, com 71 e 49 artigos, respectivamente, em um total de 1.269 instituições (Figura 1.28). Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.28: Artigos em engenharia tecidual, classificados por instituição: 1998- 2007 (critério “top 10”) 1.8 Reprodução assistida de animais e vegetais Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “animal reproduc*”, “vegetal reproduc*” e “insemin*”, foram localizados 1.032 artigos, segundo a busca delimitada pelos campos “title” e “publication year”. A Figura 1.29 mostra a evolução do número de artigos no período 19982007, destacando-se os anos de 2005 e 2003, ambos com 119 artigos. 19 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.29: Evolução do nº de artigos em reprodução animal, reprodução vegetal e inseminação: 1998 – 2007 A Figura 1.30 mostra os resultados da análise dos 1.032 artigos por país. Observa-se que os EUA lideram o ranking com 293 artigos, seguidos de Inglaterra, Japão, Alemanha e Espanha com 73, 71, 58 e 55 artigos, respectivamente. Destacase nesse ranking a presença do Brasil na 8ª posição, com 43 artigos publicados no período de 1998-2007. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.30: Artigos em reprodução animal e vegetal assistida, classificados por país: 1998 – 2007 (critério “top 10”) Na seqüência, a Figura 1.31 apresenta o conjunto dos 1.032 artigos classificados por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. 20 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.31: Artigos em reprodução animal e vegetal assistida, classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de biologia reprodutiva (42,34%); ciências veterinárias (35,76%); e agricultura e pecuária (25,68%). Ao se analisar o mesmo conjunto de artigos em relação a instituições de origem de seus autores, observa-se que a instituição líder é Swedish University Agricultural Science com 27 artigos, seguidas da University of Florida e da Texas A&M University, com 26 e 18 artigos, respectivamente, em um total de 974 instituições. Cabe destacar que duas universidades brasileiras aparecem no ranking das 20 instituições que mais publicaram no período 1998-2007: a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 14ª lugar e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na 19ª posição (Figura 1.32). Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.32: Artigos em reprodução animal, reprodução vegetal e inseminação, classificados por instituição: 1998- 2007 (critério “top 10”) 1.9 Organismos geneticamente modificados e transgênicos Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “transgenic*”, “genetically modified organism*”, “genetically engineered organism*” e “genetically enhanced organism*”, foram localizados 11.896 artigos, segundo a busca 21 delimitada pelos campos “title” e “publication year”. A Figura 1.33 mostra a evolução do número de artigos no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2004 e 2003, com 1.300 e 1.245 artigos, respectivamente. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.33: Evolução do nº de artigos em organismos modificados e transgênicos: 1998 – 2007 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.34: Artigos em organismos modificados e transgênicos, classificados por país: 1998 – 2007 (critério “top 10”) A Figura 1.34 mostra os resultados da análise dos 11.896 artigos por país. Observa-se que os EUA lideram o ranking com 5.457 artigos, seguidos do Japão, Alemanha, França e Inglaterra com 1.435, 1.058, 773 e 746 artigos, respectivamente. O Brasil ocupa a 20ª posição do ranking mundial em publicações científicas nesta 22 área, com 106 artigos publicados no período de 1998-2007, ao se ampliar o critério de seleção para “top 25”. Na seqüência, a Figura 1.35 apresenta o conjunto dos 11.896, classificados por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.35: Artigos em organismos modificados e transgênicos, classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais mais significativos referem-se diretamente às áreas bioquímica e biologia molecular (19,93%); ciências botânicas (16,47%) e neurociências (11,71%), sendo todas essas áreas convergentes com as abordadas no presente estudo prospectivo. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.36: Artigos em organismos modificados e transgênicos, classificados por instituição: 1998- 2007 (critério “top 10”) Ao se analisar o mesmo conjunto de artigos em relação a instituições de origem de seus autores, observa-se que a instituição líder é Harvard University, com 23 280 artigos, seguidas da University of Texas e da University of Tokyo, com 206 e 196 artigos, respectivamente, em um total de 5.444 instituições. 1.10 Controle biológico em agricultura Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “biocide”, “biological control”, “bioinseticide” e “biofungicide”, foram localizados 2.129 artigos, segundo a busca delimitada pelos campos “title” e “publication year”. A Figura 1.37 mostra a evolução do número de artigos no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2006 e 2004, com 253 e 252 artigos, respectivamente. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.37: Evolução do nº de artigos em controle biológico em agricultura: 1998 – 2007 A Figura 1.38 mostra os resultados da análise dos 2.129 artigos por país. Observa-se que os EUA lideram o ranking com 703 artigos, seguido da Inglaterra, Austrália, Canadá e Alemanha com 197, 168, 133 e 118 artigos, respectivamente. O Brasil ocupa a 12ª posição do ranking mundial em publicações científicas nesta área, com 57 artigos publicados no período de 1998-2007, ao se ampliar o critério de seleção para “top 25”. Na seqüência, a Figura 1.39 apresenta o conjunto dos artigos levantados, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. 24 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.38: Artigos em controle biológico em agricultura, classificados por país: 1998 – 2007 (critério “top 10”) Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.39: Artigos em controle biológico em agricultura, classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de entomologia (36,26%); biotecnologia e microbiologia aplicada (25,7%) e ciências botânicas (11,23%). Analisando-se o mesmo conjunto de artigos em relação a instituições de origem de seus autores, observa-se que a instituição líder é USDA Ars com 116 artigos, seguidas da University of Florida e da Agr & Agri Food Canada, com 52 e 45 artigos, respectivamente. Cabe destacar que a Universidade Federal de Viçosa encontra-se na 24ª posição do ranking mundial, com 16 artigos publicados no período, em um total de 1.714 instituições (Figura 1.40). 25 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.40: Artigos em controle biológico em agricultura, classificados por instituição: 1998- 2007 (critério “top 10”) 1.11 Conversão de Biomassa Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se o termo “biomass conver*”, foram localizados 3.111 artigos, segundo a busca delimitada pelos campos “publication year” e “topic”, esse último recomendado pela abrangência do tema. A Figura 1.41 mostra a evolução do número de artigos no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2007 e 2006 com 496 e 439 artigos, respectivamente. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.41: Evolução do nº de artigos em conversão de biomassa: 1998 – 2007 A Figura 1.42 mostra os resultados da análise dos 3.111 artigos por país. Observa-se que os EUA lideram o ranking mundial com 904 artigos, seguido de Japão, Alemanha, China e França com 199, 197, 176 e 172 artigos, respectivamente. O Brasil ocupa a 13ª posição deste ranking, com 114 artigos publicados no período de 19982007, ao se ampliar o critério de seleção para “top 25”. 26 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.42: Artigos em conversão de biomassa, classificados por país: 1998 – 2007 (critério “top 10”) Na seqüência, a Figura 1.43 apresenta o conjunto dos 3.111 artigos classificados por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.43: Artigos em conversão de biomassa, classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de energia e combustíveis (19,54%); biotecnologia e microbiologia aplicada (18,87%); engenharia química (17%); ciências ambientais (12,95%); e ecologia (11,3%). O mesmo conjunto de artigos foi analisado em relação a instituições de origem de seus autores (Figura 1.44). 27 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.44: Artigos em conversão de biomassa, classificados por instituição: 19982007 (critério “top 10”) Observando-se que a instituição líder é a Chinese Academy of Science com 64 artigos, seguidas da Usda Ars e da NASA, com 41 e 40 artigos, respectivamente, em um total de 2.247 instituições. A Universidade de São Paulo (USP) aparece em 11º lugar, com 24 artigos, quando se considera o critério “top 25”. 1.12 Biodiversidade e bioprospecção Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “biodiversity”, “bioprospec*” e “germoplasm bank”, foram localizados 2.361 artigos, segundo a busca delimitada pelos campos “publication year” e “topic”, esse último recomendado pela abrangência dos dois temas. A Figura 1.45 mostra a evolução do número de artigos no período 19982007, destacando-se os anos de 2007 e 2006, com 325 e 321 artigos, respectivamente. Na seqüência, a Figura 1.46 mostra os resultados da análise dos 2.361 artigos por país. Observa-se que os EUA lideram o ranking com 719 artigos, seguido da Inglaterra, França, Austrália e Canadá com 293, 185, 167 e 160 artigos, respectivamente. O Brasil ocupa a 15ª posição deste ranking, com 55 artigos publicados no período de 1998-2007, ao se ampliar o critério de seleção para “top 25”. 28 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.45: Evolução do nº de artigos em biodiversidade e bioprospecção: 1998 – 2007 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.46: Artigos em biodiversidade e bioprospecção, classificados por país: 1998 – 2007 (critério “top 10”) A Figura 1.47 apresenta o conjunto dos 2.361 artigos classificados por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de ecologia (38,7%); ciências ambientais (26,72%); e conservação da biodiversidade (17,36%). 29 Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.47: Artigos em biodiversidade e bioprospecção, classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) Ao se analisar o mesmo conjunto de artigos em relação a instituições de origem de seus autores, observa-se que a instituição líder é o Nature Hist. Museum com 37 artigos, seguidas da Colorado State University e da Russian Academy of Science, com 29 e 27 artigos, respectivamente, em um total de 2.047 instituições. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.48: Artigos em biodiversidade e bioprospecção, classificados por instituição: 1998- 2007 (critério “top 25”) 30 1.13 Bioremediação Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “bioremediation”, “biosensor” e “environment*”, foram localizados 771 artigos, segundo a busca pelo filtro “título”. A Figura 1.49 mostra a evolução do número de artigos no período 1998 -2007, destacando-se os anos de 2005 e 2007, com 103 e 92 artigos, respectivamente. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.49: Evolução do nº de artigos em bioremediação: 1998 – 2007 A Figura 1.50 mostra os resultados da análise dos 771 artigos classificados por país. Observa-se que os EUA lideram o ranking com 230 artigos, seguidos do Canadá, Inglaterra, Índia e Itália com 68, 62, 61 e 39 artigos, respectivamente. O Brasil ocupa a 17ª posição, com 10 artigos publicados, em um total de 64 países. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.50: Artigos em bioremediação, classificados por país: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 31 Na seqüência, a Figura 1.51 apresenta o conjunto dos artigos levantados, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.51: Artigos em bioremediação, classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de ciências ambientais (45,63%); biotecnologia e microbiologia aplicada (29,49%) e engenharia ambiental (18,91%).. Ao se analisar o mesmo conjunto de artigos em relação a instituições de origem de seus autores, observa-se que as instituições líderes são a Chinese Academy of Science, CNR e Univ Illinois, todas com 12 artigos, seguidas de Stanford University e da agência americana US EPA, ambas com 11 artigos, em um total de 798 instituições (Figura 1.52). Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez 2008. Figura 1.52: Artigos em bioremediação, classificados por instituição: 1998- 2007 (critério “top 10”) 32 1.14 Bioinformática Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “bioinformatic*”, “bio*” e “informatic*”, foram localizados 5.993 artigos, segundo a busca pelo filtro “topic”, recomendado neste caso pela abrangência do tema. A Figura 1.53 mostra a evolução do número de artigos no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2006 e 2007, com 1243 e 1172 artigos, respectivamente. Campo: Ano Contagem de Registro Grá Gráfico de % de 5993 Barras Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez de 2008. Figura 1.53: Evolução do nº de artigos em bioinformática: 1998- 2007 A Figura 1.54 mostra os resultados da análise do total de 5.998 artigos por país. Observa-se que os EUA lideram o ranking com 2.564 artigos, seguidos da Inglaterra, Alemanha e República da China com 648, 538 e 513 artigos, respectivamente. O Brasil publicou 85 artigos no período, ocupando a 19ª posição deste ranking. Campo: Paí País Contagem de Registro % de 5993 Grá Gráfico de Barras EUA INGLATERRA REPÚBLICA DA CHINA ALEMANHA JAPÃO FRANÇA CANADÁ ITÁLIA AUSTRÁLIA SUÉCIA Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez de 2008. Figura 1.54: Artigos em bioinformática classificados por país: 1998- 2007 (critério “top 10”) 33 Na seqüência, a Figura 1.55 apresenta o conjunto dos 5.993 artigos classificados por área de especialização, conforme sistema de indexação da base consultada. Campo: Área Temá Temática Contagem de Registro % de 5993 Grá Gráfico de Barras BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR BIOTECNOLOGIA E MICROBIOLOGIA APLICADA MÉTODOS DE PESQUISA BIOQUÍMICOS GENÉTICA E HEREDITARIEDADE BIOLOGIA MATEMÁTICA E COMPUTACIONAL CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO E APLICAÇÕES INTERDISCIPLINARES BIOFÍSICA ESTATÍSTICA E PROBABILIDADE BIOLOGIA CELULAR MICROBIOLOGIA Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez de 2008. Figura 1.55: Artigos em bioinformática classificados por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de bioquímica e biologia molecular (31,26%), biotecnologia e microbiologia aplicada (17,76%) e métodos de pesquisa bioquímicos (15,15%). Os resultados da análise do mesmo conjunto de artigos em relação a instituições de origem de seus autores são apresentados na Figura 1.56. Grááfico de Contagem % de 5993 Gr Campo: Nome da Instituiç Instituição de Registro Barras Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science. Acesso em dez de 2008. Figura 1.56: Artigos em bioinformática classificados por instituições: 1998- 2007 (critério “top 10”) Embora o gráfico da Figura 1.56 indique a primeira posição para o National Cancer Centre, constatou-se, pelo cruzamento posterior desta informação com 34 informações dos 166 artigos, que são de fato duas instituições distintas: o National Cancer Centre de Cingapura e o National Cancer Centre do Japão. Após essa análise, a Harvard University destaca-se como instituição líder em publicações sobre bioinformática, com 131 artigos, que no gráfico se encontra na segunda posição. Não se observou ocorrência de instituições brasileiras neste ranking, mesmo quando se ampliou o critério de seleção para as instituições “top 50”. Buscou-se mostrar indicadores bibliométricos da produção científica mundial associados às áreas de fronteira da biotecnologia, foco deste estudo prospectivo. Para todas as áreas analisadas, buscou-se evidenciar a posição do Brasil em relação aos critérios selecionados e, quando disponíveis os dados, apontaram-se ainda as instituições brasileiras de destaque nos respectivos rankings. Ressalta-se, porém, que quaisquer resultados de análises bibliométricas têm caráter apenas indicativo, recomendando-se seu cruzamento posterior com outras informações e análises referentes aos temas e tópicos pesquisados. 2 Propriedade intelectual Nesta Seção, descrevem-se os resultados da análise bibliométrica de patentes depositadas no período de 1998 a 2007 e indexadas nas bases de dados Derwent Innovations Index e Web of Science. A Seção está organizada em 14 itens referentes às onze áreas de fronteira, acrescidas dos temas bioremediação, pelo seu impacto no estudo de aplicações para o meio ambiente, e farmacogenética, por revelar informações importantes em biofármacos. Cabe ainda ressaltar que a área de fronteira definida como biotecnologia agrícola, pela sua abrangência e resultados insuficientes em uma busca inicial, foi desdobrada em dois temas: “organismos geneticamente modificados e transgênicos” e “controle biológico em agricultura”. Para cada item, identificam-se: (i) a evolução do número de patentes no período considerado; (ii) as principais áreas de especialização associadas ao conjunto de patentes (critério “top 10”), conforme indexação das áreas pelas próprias bases de dados consultadas; (iii) o número de depositantes e os destaques, enfatizando-se a presença de empresas (critério “top 25”); e (iv) uma análise por código da International Patent Classification (ICP), que permite revelar as subclasses ICP de maior representatividade em cada área de fronteira para posterior monitoramento da evolução da propriedade intelectual na área nos próximos anos. 35 2.1 Genômica, pós-genômica e proteômica Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “genomics”, “post-genomics” e “proteomics”, foram localizadas somente 159 patentes, segundo a busca pelo filtro “título”, recomendado pela abrangência do tema. A Figura 2.1 mostra a evolução do número de patentes no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2005 e 2004 com 34 e 26 patentes, respectivamente. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.1: Evolução do nº de patentes em genômica e proteômica: 1998 – 2007 A Figura 2.2 apresenta o conjunto das patentes levantadas, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação das referidas bases. Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de química (93,08%); farmacologia e farmácia (89,93%), biotecnologia e microbiologia aplicada (78,61%); medicina geral e interna (8,17%) e agricultura (5,03%), sendo todas essas áreas convergentes com as abordadas no presente estudo. Ao se analisar o mesmo conjunto de patentes em relação a seus depositantes, observa-se que a empresa líder é a Zyomyx Inc. com oito patentes, seguida da Agilent Technologies Inc. e da Intel Corp., com sete e seis patentes, respectivamente, em um total de 346 depositantes (Figura 2.2). 36 Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.2: Patentes em genômica e proteômica, classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) Outras empresas depositantes que se encontram entre as 25 melhores colocadas, segundo esse critério, são: Toray Ind. Inc., Affymetrix Inc., Intrinsic Bioprobes Inc., Sru Biosystems Inc. e Amersham Biosciences AB e Health Discovery Corp. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.3: Patentes em genômica, pós-genômica e proteômica, classificadas por depositante: 1998- 2007 (critério “top 25”) 37 Na seqüência, a Figura 2.4 mostra os resultados da análise das 159 patentes pelo critério dos códigos da International Patent Classification (ICP). Constata-se que as subclasses ICP de maior representatividade são: C12Q, G01N, C12M, G06F, C12N e C12P. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.4: Patentes em genômica, pós-genômica e proteômica, classificadas por código ICP: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 2.2 Farmacogenética Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “genet*”, “pharma*” e “pharmacogenetic*”, foram localizadas somente 80 patentes, segundo a busca pelo filtro “título”, recomendado pela abrangência do tema. A Figura 2.5 mostra a evolução do número de patentes no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2003 e 2002 com 16 e 15 patentes, respectivamente. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.5: Evolução do nº de patentes em farmacogenética: 1998 – 2007 38 A Figura 2.6 apresenta o conjunto das patentes levantadas, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação das referidas bases. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.6: Patentes em farmacogenética classificadas por área de especialização: 1998 – 2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de química (95,00%); farmacologia e farmácia (87,50%), biotecnologia e microbiologia aplicada (81,25%); agricultura (23,75%);e medicina geral e interna (6,25%). Na seqüência, a Figura 2.7 apresenta o mesmo conjunto de patentes analisado em função de seus depositantes. Observa-se que a empresa líder é a Astrazeneca AB com 7 patentes, seguida da Astrazeneca UK Ltd e da Basf AG, com 4 e 3 patentes, respectivamente, em um total de 210 depositantes. Outras empresas depositantes que se encontram entre as 25 melhores colocadas, segundo esse critério, são: Millennium Pharm Inc.; Gen Hospital Corp.; Martek Biosciences Corp.; Medtronic Inc.; Ntu Ventures Pte Ltd.; Quantum Dot Corp.; Active Pass Pharm Inc. e Amunix Inc. Na seqüência, a Figura 2.8 mostra os resultados da análise das 80 patentes pelo critério dos códigos da International Patent Classification (ICP). Constata-se que as subclasses ICP de maior representatividade são: C12Q, C12N, C07H, A01H e G01N. 39 Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.7: Patentes em farmacogenética por depositante: 1998 – 2007 (critério “top 25”) Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.8: Patentes em farmacogenética por código ICP: 1998 – 2007 40 2.3 Terapia Gênica Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se o termo “gene therap*”, foram localizadas 3.297 patentes, segundo a busca pelo filtro “título”, recomendado pela abrangência do tema. A Figura 2.9 mostra a evolução do número de patentes no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2003 e 2004 com 740 e 496 patentes, respectivamente. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.9: Evolução do nº de patentes em terapia gênica: 1998 – 2007 Fontes: Adaptada da Bases de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.10: Patentes em terapia gênica, classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) 41 A Figura 2.10 apresenta o conjunto das patentes levantadas, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação das referidas bases. Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de química (99,72%); farmacologia e farmácia (99,30%); biotecnologia e microbiologia aplicada (96,75%); agricultura (12,82%); medicina geral e interna (3,88%), sendo todas essas áreas convergentes com as abordadas no presente estudo. Ao se analisar o mesmo conjunto de patentes em relação a seus depositantes, observa-se que a empresa líder é a Genentech Inc., com 575 patentes, seguida da Bayer AG e da Transgene SA, com 43 e 38 patentes, respectivamente, em um total de 4145 depositantes. Outras empresas depositantes que se encontram entre as 25 melhores colocadas, segundo esse critério, são: Aventis Pharma SA.; Dnavec Res Inc.; Kagaku Gijutsu Shinko Jigyodan; Genzyme Corp.; Genaissance Pharm Inc.; Novartis AG.; Bayer Healthcare AG; Chiron Corp.; Lexicon Genetics Inc.; Takeda Chem Ind. Ltd.; Gen Hospital Corp. e Japan Sci & Technology Corp. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.11: Patentes em terapia gênica, classificadas por depositante: 1998 - 2007 (critério “top 25”) 42 Na seqüência, a Figura 2.12 mostra os resultados da análise das 80 patentes pelo critério dos códigos da International Patent Classification (ICP). Constata-se que as subclasses ICP de maior representatividade são: A61K, C07H, C12N, C12P, C12Q e C07K. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.12: Patentes em terapia gênica, classificadas por código ICP: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 2.4 Células – tronco Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se o termo “stem cell*”, foram localizadas 2.521 patentes, segundo a busca pelo filtro “título”, recomendado pela abrangência do tema (Figura 2.13). Destacam-se os anos de 2007 e 2005, com 474 e 420 patentes, respectivamente. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.13: Evolução do nº de patentes em células-tronco: 1998 – 2007 43 Na seqüência, a Figura 2.14 apresenta o conjunto das patentes levantadas, segundo uma classificação por área de especialização. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.14: Patentes em células-tronco, classificadas por área de especialização: 1998 - 2007 (critério “top 10”) Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.15: Patentes em células-tronco, classificadas por depositante: 1998-2007 (critério “top 25”) 44 Na seqüência, a Figura 2.16 mostra os resultados da análise das 69 patentes pelo critério dos códigos da International Patent Classification (ICP). Constata-se que as subclasses ICP de maior representatividade são: C12N, A61K e A61P. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.16: Patentes em células-tronco, classificadas por CIP: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 2.5 Clonagem e função heteróloga de proteínas Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “gene cloning” e “protein expression”, foram localizadas 3.125 patentes, segundo a busca pelo critério “título”, recomendado pela abrangência do tema. A Figura 2.17 mostra a evolução do número de patentes no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2003 e 2004 com 497 e 449 patentes, respectivamente. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.17: Evolução do nº de patentes em clonagem e expressão heteróloga de proteínas: 1998 - 2007 45 A Figura 2.18 apresenta o conjunto das patentes levantadas, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação das referidas bases. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.18: Patentes em clonagem e expressão heteróloga de proteínas, classificadas por área de especialização: 1998 - 2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de química (99,42%); biotecnologia e microbiologia aplicada (95,36%); farmacologia e farmácia (90,56%) e agricultura (22,01%), sendo todas essas áreas convergentes com as abordadas no presente estudo. Ao se analisar o mesmo conjunto de patentes em relação a seus depositantes, constata-se que as empresas líderes nesse campo são: Isis Pharm Inc. com 75 patentes; Applera Corp. com 66 patentes; Incyte Corp com 37; Incyte Genomics Inc. com 36; PE Corp NY com 33 e Genaissance Pharm Inc. com 30 patentes, em um total de 4.226 depositantes (Figura 2.19). Outras empresas depositantes que se encontram entre as 25 melhores colocadas são: Invitrogen Corp; New England Biolabs Inc.; Incyte Pharm Inc.; Sangamo Bioscinces Inc.; Zymogenetics Inc.; Chiron Corp.; Wyeth; Kagaku Gijutsu Shinko Jigyodan; Pioneer Hi-bred Int Inc. e Cropdesign NV. Os demais depositantes nessa mesma faixa são instituições de pesquisa ou pesquisadores individuais. 46 Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.19: Patentes em clonagem e expressão heteróloga de proteínas, classificadas por depositante: 1998- 2007 (critério “top 25”) Na seqüência, a Figura 2.20 mostra os resultados da análise das 69 patentes pelo critério dos códigos da International Patent Classification (ICP). Constata-se que as subclasses ICP de maior representatividade são: C12N, C12Q, C07H, C12P e A61K. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.20: Patentes em clonagem e expressão heteróloga de proteínas, classificadas por código ICP: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 47 2.6 Nanobiotecnologia Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “nanobio*”, “biocompatible material*” e “drug deliver*”, foram localizadas 4236 patentes, segundo a busca pelo filtro “título”, recomendado pela abrangência do tema. A Figura 2.21 mostra a evolução do número de patentes no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2007 e 2003 com 582 e 533 patentes, respectivamente. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.21: Evolução do nº de patentes em nanobiotecnologia: 1998 - 2007 A Figura 2.22 apresenta o conjunto das patentes levantadas, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.22: Patentes em nanobiotecnologia classificadas por área de especialização: 1998 - 2007 (critério “top 10”) Observa-se que os percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de química (93,20%); farmacologia e farmácia (84,01%); medicina geral e 48 interna (62,72%); e biotecnologia e microbiologia aplicada (13,45%), sendo todas essas áreas convergentes com as abordadas no presente estudo. A Figura 2.23, a seguir, apresenta os principais depositantes no período 1998- 2007, classificados pelo número de patentes em nanobiotecnologia. Ao se analisar o mesmo conjunto de patentes em relação a seus depositantes, observa-se que a empresa líder é a Alza Corp., com 107 patentes, seguida da Medtronic Inc. e da Becton Dickison & Co., com 100 e 47 patentes, respectivamente, em um total de 6.228 depositantes. Outras empresas depositantes que se destacam entre as 25 melhores colocadas são: Novo Nordisk AS; Codis Corp.; Bausch & Lomb Inc.; Scimed Life Systems Inc.; 3M Innovative Properties Co.; Johnson & Johnson; Boston Sci Ltd.; Terumo Corp.; Samyang Corp.; Dokuritsu Gyosei Hojin Sangyo Gijutsu So.; Durect Corp.; Aradigm Corp.; Alexza Molecular Delivery Corp.; Medtronic Vascular Inc. e Sun Pharm Ind Ltd. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.23: Patentes em nanobiotecnologia classificadas por depositante: 1998- 2007 (critério “top 25”) 49 Na seqüência, a Figura 2.24 mostra os resultados da análise das 4.236 patentes pelo critério dos códigos da International Patent Classification (ICP), revelando-se que as subclasses ICP de maior representatividade são: A61K, A61M, A61L e A61F. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.24: Patentes em nanobiotecnologia, materiais biocompatíveis e liberação controlada de drogas, classificadas por código ICP: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 2.7 Engenharia Tecidual Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se o termo “tissue engineering”, foram localizadas 506 patentes, segundo a busca pelo filtro “título”, recomendado pela abrangência do tema. A Figura 2.25 mostra a evolução do número de patentes no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2004 e 2007 com 85 e 81 patentes, respectivamente. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.25: Evolução do nº de patentes em engenharia tecidual: 1998 - 2007 50 A Figura 2.26 apresenta o conjunto das patentes levantadas, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação das referidas bases. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.26: Patentes em engenharia tecidual, classificadas por área de especialização: 1998 - 2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de química (90,51%); farmacologia e farmácia (70,75%); medicina geral e interna (58,10%) e biotecnologia e microbiologia aplicada (56,52%), sendo todas essas áreas convergentes com as abordadas no presente estudo. Ao se analisar o mesmo conjunto de patentes em relação a seus depositantes, observa-se que a empresa líder é a Isotis NV., com 11 patentes, seguida da Isotis BV. e da Gen Hospital Corp., com 9 e 7 patentes, respectivamente, em um total de 875 depositantes (Figura 2.27). Outras empresas depositantes que se encontram entre as 25 melhores colocadas, segundo esse critério, são: Ethicon Inc.; Aderans Res Inst Inc.; Celltran Ltd. e Chienna BV. 51 Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.27: Patentes em engenharia tecidual, classificadas por depositante: 19982007 (critério “top 25”) Na seqüência, a Figura 2.28 mostra os resultados da análise das 69 patentes pelo critério dos códigos da International Patent Classification (ICP). Constata-se que as subclasses ICP de maior representatividade são: A61L, C12N, A61F, C12M e A61K. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.28: Patentes em engenharia tecidual, classificadas por código ICP: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 52 2.8 Reprodução assistida de animais e vegetais Considerando-se o período 1998 - 2007 e utilizando-se os termos “animal reproduc*”, “vegetal reproduc*” e “insemin*”, foram localizadas somente 295 patentes, segundo a busca pelo filtro “título”, recomendado pela abrangência do tema. A Figura 2.29 mostra a evolução do número de patentes no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2002 e 2003 com 36 e 35 patentes, respectivamente. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.29: Evolução do número de patentes em reprodução animal, reprodução vegetal e inseminação: 1998 - 2007 A Figura 2.30 apresenta o conjunto das patentes levantadas, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação das referidas bases. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.30: Patentes em reprodução animal, reprodução vegetal e inseminação, classificadas por área de especialização: 1998 - 2007 (critério “top 10”) 53 Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de química (62,37%); agricultura (53,22%); farmacologia e farmácia (51,18%); medicina geral e interna (49,49%); biotecnologia e microbiologia aplicada (23,72%), sendo todas essas áreas convergentes com as abordadas no presente estudo. Ao se analisar o mesmo conjunto de patentes em relação a seus depositantes, observa-se que a empresa líder é a XY Inc., com 9 patentes, seguida da IMV Technologies SA. e da Minitub Abfuell & Labotechnick GMBH, com 8 e 7 patentes, respectivamente, em um total de 404 depositantes. (Figura 2.31). Outras empresas depositantes que se encontram entre as 25 melhores colocadas, segundo esse critério, são: IMV Technologies; Pfizer Prod Inc.; Instr Medecine Veterinaire SA.; Pfizer Inc.; Schippers Bladel BV.; Gen Biotechnology Llc.; Genes Diffusion SA.; Innovacions Ramaderes SA. e Kachiku Kairyo Jigyodan SH. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.31: Patentes em reprodução animal, reprodução vegetal e inseminação, classificadas por depositante: 1998 - 2007 (critério “top 25”) 54 Na seqüência, a Figura 2.32 mostra os resultados da análise das 69 patentes pelo critério dos códigos da International Patent Classification (ICP), observando-se que as subclasses ICP de maior representatividade são: A61D, A01N, A01K, C12N, A61B, C12Q e A61P. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.32: Patentes em reprodução animal, reprodução vegetal e inseminação, classificadas por código ICP: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 2.9 Organismos geneticamente modificados e transgênicos Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “transgenic*”, “genetically modified organism*”, “genetically engineered organism*” e “genetically enhanced organism*”, foram localizadas 3.611 patentes, segundo a busca pelo filtro “título”, recomendado pela abrangência do tema, conforme Figura 2.33. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.33: Evolução do nº de patentes em organismos geneticamente modificados e transgênicos: 1998 - 2007 55 A Figura 2.34 apresenta o conjunto das patentes levantadas, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação das referidas bases. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.34: Patentes em organismos geneticamente modificados e transgênicos, classificadas por área de especialização: 1998 - 2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de química (99,14%); biotecnologia e microbiologia aplicada (97,83%); agricultura (88,17%); farmacologia e farmácia (50,93%), sendo todas essas áreas convergentes com as abordadas no presente estudo. Ao se analisar o mesmo conjunto de patentes em relação a seus depositantes, observa-se que a empresa líder é a Du Pont de Nemours & Co., com 115 patentes, seguida da Deltagen Inc. e da Pioneer Hi-Bred Int Inc., com 95 e 90 patentes, respectivamente, em um total de 4.713 depositantes (Figura 2.35). Outras empresas depositantes que se encontram entre as 25 melhores colocadas, segundo esse critério, são: Monsanto Technology Llc.; Basf Plant Sci GMBH.; Syngenta Participations AG.; Agrinomics Llc.; Basf AG.; Dekalb Genetics Corp.; Dokuritsu Gyosei Hojin Nogyo Seibutsu SH.; Monsanto Co.; Korea Kumho Petrochemical Co Ltd.; Novartis AG.; Kagaku Gijutsu Shinko Jigyodan; Ceres Inc.; Sungene GMBH & Co KGAA; e Cornell Res Found Inc. 56 Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.35: Patentes em organismos geneticamente modificados e transgênicos, classificadas por depositante: 1998 - 2007 (critério “top 25”) Na seqüência, a Figura 2.36 mostra os resultados da análise das 3.611 patentes pelo critério dos códigos da International Patent Classification (ICP). Constata-se que as subclasses ICP de maior representatividade são: C12N, A01H, A01K e C07H. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.36: Patentes em organismos geneticamente modificados e transgênicos, classificadas por código ICP: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 57 2.10 Controle biológico em agricultura Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “biocide”, “biological control”, “bioinseticide” e “biofungicide”, foram localizadas 2.146 patentes, segundo a busca pelo filtro “título”, recomendado pela abrangência do tema. A Figura 2.37 mostra a evolução do número de patentes no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2007 e 2006 com 308 e 275 patentes, respectivamente. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.37: Evolução do nº de patentes em controle biológico em agricultura: 1998 - 2007 A Figura 2.38 apresenta o conjunto das patentes levantadas, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação das referidas bases. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.38: Patentes em controle biológico em agricultura, classificadas por área de especialização: 1998 - 2007 (critério “top 10”) 58 Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de química (81,22%); agricultura (29,45%); farmacologia e farmácia (28,05%); biotecnologia e microbiologia aplicada (23,48%) e medicina geral e interna (21,10%), sendo todas essas áreas convergentes com as abordadas no estudo prospectivo da biotecnologia, disponível em separado. Ao se analisar o mesmo conjunto de patentes em relação a seus depositantes, observa-se que a empresa líder é a Olympus Optical Co Ltd., com 23 patentes, seguida da Matsushita Denki Sangyo KK. e da Rohm & Haas Co., com 21 e 19 patentes, respectivamente, em um total de 3.017 depositantes (Figura 2.39). Outras empresas depositantes que se encontram entre as 25 melhores colocadas, segundo esse critério, são: Albemarle Corp.; Hitachi Ltd.; Isp Investments Inc.; Toshiba KK.; Eastman Kodak Co.; Henkel KGAA.; Mitsubishi Electric Corp.; Basf AG.; Lonza Inc.; Novapharm Res Australia Pty Ltd.; Yokogawa Denki KK.; Bayer AG.; Hercules Inc.; Hitachi Hitechnologies KK.; Hitachi Kiden Kogyo KK.; Hitachi Omron Terminal Solutions KK. e Kurita Water Ind Ltd. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.39: Patentes em controle biológico em agricultura, classificadas por depositante: 1998 - 2007 (critério “top 25”) 59 Na seqüência, a Figura 2.40 mostra os resultados da análise das 69 patentes pelo critério dos códigos da International Patent Classification (ICP). Revelou-se que as subclasses ICP de maior representatividade são: C02F, C12Q, A01N, C09D, A61B e G01N. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.40: Patentes em controle biológico em agricultura, classificadas por código ICP: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 2.11 Conversão de Biomassa Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se o termo “biomass conver*”, foram localizadas 576 patentes, segundo a busca pelo filtro “tópico”, recomendado pela abrangência do tema. A Figura 2.41 mostra a evolução do número de patentes no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2007 e 2006 com 110 e 88 patentes, respectivamente. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.41: Evolução do nº de patentes em conversão de biomassa: 1998 - 2007 60 A Figura 2.42 apresenta o conjunto das patentes levantadas, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação das referidas bases. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.42: Patentes em conversão de biomassa, classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de química (89,93%); biotecnologia e microbiologia aplicada (42,88%); agricultura (11,80%) e farmacologia e farmácia (10,76%), sendo todas essas áreas convergentes com as abordadas no presente estudo. Ao se analisar o mesmo conjunto de patentes em relação a seus depositantes, observa-se que a empresa líder é a Degussa AG, com 25 patentes, seguida da Ebara Corp e da Cargill Inc, com 8 e 7 patentes, respectivamente, em um total de 875 depositantes (Figura 2.43). Outras empresas depositantes que se encontram entre as 25 melhores colocadas, segundo esse critério, são: Univ Florida Red Found Inc.; Dokuritsu Gyosei Hojin Sangyo Gijutsu So.; Basf AG.; Dsm Ip Assets BV.; Mitsubushi Jukogyo KK.; Novozymes Inc.; Ceres Inc.; Du Pont de Nemours & Co.; Forschungszentrum Karslruhe GMBH. e Albemarle Netherlands BV. 61 Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.43: Patentes em conversão de biomassa, classificadas por depositante: 1998 - 2007 (critério “top 25”) Na seqüência, a Figura 2.44 mostra os resultados da análise das 69 patentes pelo critério dos códigos da International Patent Classification (ICP). Constata-se que as subclasses ICP de maior representatividade são: C10J, B09B, C12N, C07H, C12P, C01B, C10B e A23K. Fonte: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.44: Patentes em conversão de biomassa, classificadas por código ICP: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 62 2.12 Biodiversidade e bioprospecção Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se o termo “biodiversity”, “bioprospec*” e “germoplasm bank”, foram localizadas somente 69 patentes, segundo a busca pelo critério “tópico”, recomendado pela abrangência do tema. A Figura 2.45 mostra a evolução do número de patentes no período 1998-2007, destacando-se o ano de 2003 com 15 patentes. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.45: Evolução do nº de patentes em biodiversidade e bioprospecção: 1998 - 2007 A Figura 2.46 apresenta o conjunto das patentes levantadas, segundo classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação das referidas bases. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.46: Patentes em biodiversidade e bioprospecção, classificadas por área de especialização: 1998 - 2007 (critério “top 10”) 63 Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de química (86,95%); biotecnologia e microbiologia aplicada (62,31%); farmacologia e farmácia (59,42%); agricultura (23,18%); recursos hídricos (13,04%), sendo todas essas áreas convergentes com as abordadas no presente estudo. Ao se analisar o mesmo conjunto de patentes em relação a seus depositantes, constata-se que a empresa líder é a Hyseq Inc., com 12 patentes, seguida da Nuvelo Inc., com 9 patentes, em um total de 123 depositantes (Figura 2.47). Outras empresas depositantes que se encontram entre as 25 melhores colocadas são: Diversa Corp.; Ges Molekularbiologische Diagnostics; Athena Biotechnologies Inc.; Bayer Technology Services GMBH; Bio KK e Bionisis. Os demais depositantes são instituições de pesquisa ou pesquisadores individuais. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.47: Patentes em biodiversidade e bioprospecção, classificadas por depositante: 1998- 2007 (critério “top 25”) 64 Na seqüência, a Figura 2.48 mostra os resultados da análise das 69 patentes pelo critério dos códigos da International Patent Classification (ICP). Constata-se que revelou que a subclasse ICP de maior representatividade é a C12Q, com 43,47% em relação ao total de patentes, seguida das subclasses C07H, C12N, G01N e C12P. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Índex. Acesso em dez 2008. Figura 2.48: Patentes em biodiversidade e bioprospecção, classificadas por código ICP: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 2.13 Bioremediação Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “bioremediation”, “biosensor” e “environment*”, foram localizadas somente 213 patentes, segundo a busca pelo filtro “título”, recomendado pela abrangência do tema. A Figura 2.49 mostra a evolução do número de patentes no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2004 e 2003 com 37 e 27 patentes, respectivamente. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.49: Evolução do nº de patentes em bioremediação: 1998 - 2007 65 A Figura 2.50 apresenta o conjunto das patentes levantadas, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação da referida base. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.50: Patentes em bioremediação classificadas por área de especialização: 1998 - 2007 (critério “top 10”) Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de química (92,48%); biotecnologia e microbiologia aplicada (71,83%); agricultura (27,23%) e farmacologia e farmácia (21,12%), sendo todas essas áreas convergentes com as abordadas no presente estudo. Ao se analisar o mesmo conjunto de patentes em relação a seus depositantes, observa-se que as empresas Biosaint Co Ltd., Ebara Corp., Geovation Technologies Inc. e Marcopolo Eng Srl se encontram na melhor posição do ranking, todas com 3 patentes, em um total de 346 depositantes (Figura 2.51). Outras empresas depositantes que se encontram entre as 25 melhores colocadas, segundo esse critério, são: Dew Pitchmastic Plc.; Dokuritsu Gyosei Hojin Rikagaku Kenkyush; Dokuritsu Gyosei Hojin Sangyo Gijutsu So.; H & H Eco Systems Inc.; Jrw Bioremediation Llc.; Kagaku Gijutsu Shinko Jigyodan; Kajima Corp.; Regenesis Bioremediation Prod.; Shell Oil Co. e Solway SA. 66 Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.51: Patentes em bioremediação por depositante: 1998 – 2007 (critério “top 25”) Na seqüência, a Figura 2.52 mostra os resultados da análise das 213 patentes pelo critério dos códigos da International Patent Classification (ICP). Constata-se que as subclasses ICP de maior representatividade são: B09C, C12N, B09B, C02F, C12Q e A62D. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.52: Patentes em bioremediação por código ICP: 1998 – 2007 (critério “top 10”) 67 2.14 Bioinformática Considerando-se o período 1998-2007 e utilizando-se os termos “bioinformatic*”, “bio*” e “informatic*”, foram localizadas somente 127 patentes, segundo a busca pelo filtro “tópico”, recomendado pela abrangência do tema. A Figura 2.53 mostra a evolução do número de patentes no período 1998-2007, destacando-se os anos de 2004 e 2005 com 34 e 26 patentes, respectivamente. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.53: Evolução do nº de patentes em bioinformática: 1998 - 2007 A Figura 2.54 apresenta o conjunto das patentes levantadas, segundo uma classificação por área de especialização, conforme sistema de indexação das referidas bases. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.54: Patentes em bioinformática classificadas por área de especialização: 1998- 2007 (critério “top 10”) 68 Observa-se que percentuais significativos referem-se diretamente às áreas de química (62,99%); farmacologia e farmácia (59,84%); biotecnologia e microbiologia aplicada (56,69%) e medicina geral e interna (11,02%), sendo todas essas áreas convergentes com as abordadas no presente estudo. Ao se analisar o mesmo conjunto de patentes em relação a seus depositantes, observa-se que as empresas líderes são a Affymetrix Inc. e a Kunming Huanji Bioship Dev Co Ltd., ambas com 4 patentes, seguidas das empresas Agilent Technologies Inc., Fujitsu Ltd., Int Business Machines Corp., Kunming Huanji Biological Chip Dev Co Ltd., Lion Bioscience AG., Seresuta Rekishiko Sci KK., Vihana Inc. e Celestar Lexico Sci Inc., todas com 3 patentes, em um total de 194 depositantes (Figura 2.55). Outras empresas depositantes que se encontram entre as 25 melhores colocadas, segundo esse critério, são: Applera Corp.; Cisco Systems Inc.; Dainippon Printing Co Ltd.; Dokuritsu Gyosei Hojin Rikagaku Kenkyush e Mitsubishi Space Software KK. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.55: Patentes em bioinformática por depositante: 1998 – 2007 (critério “top 25”) 69 Na seqüência, a Figura 2.56 mostra os resultados da análise das 69 patentes pelo critério dos códigos da International Patent Classification (ICP). Constata-se que as subclasses ICP de maior representatividade são: G06F, C12Q, G01N, C07H e C12N. Fontes: Adaptada da Base de dados Web of Science e Derwent Innovations Index. Acesso em dez 2008. Figura 2.56: Patentes em bioinformática por código ICP: 1998 – 2007 (critério “top 10”) Buscou-se mostrar indicadores bibliométricos de patentes associados às áreas de fronteira da biotecnologia, foco deste estudo prospectivo. Vale destacar, entretanto, que qualquer resultado de uma análise bibliométrica tem caráter apenas indicativo, recomendando-se seu cruzamento posterior com outras informações e análises referentes às áreas de fronteira pesquisadas. 3 Mercado Inicia-se esta Seção com uma visão geral sobre o mercado da biotecnologia no mundo, com base em dados e informações de duas consagradas fontes internacionais nesta área49,50 e artigos publicados por uma empresa européia de inteligência de negócios51. 49 GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC (2007). Global Hubs and Global Nodes of Biotechnology: an international scan of biotechnology strategies, initiatives and institutional capacity. 3a edição, agosto de 2007. 50 DATAMONITOR (2007b). Global Biotechnology: industry profile. Reference Code: 0199-0695. agosto de 2007. 26 p. 51 CBDM.T. Custom Business Development & Management Technology. Paris, France. Netanya, Israel. Vários artigos disponíveis em: <http://www.cbdmt.com/index.php?id=4>. Acesso em dezembro de 2008. 70 Em seguida, apresenta-se uma síntese do mercado da biotecnologia no Brasil baseada na pesquisa realizada pela Fundação Biominas em 200752, por solicitação do Ministério da Ciência e Tecnologia. Complementa-se o quadro atual fornecido pelo estudo da Fundação Biominas com informações de um artigo recente publicado na revista Nature Biotechnology 53 sobre o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil, com foco no desenvolvimento de aplicações na área de saúde humana. 3.1 Mercado da biotecnologia no mundo O mercado global de biotecnologia, no ano de 2006, gerou receitas de US$ 153,7 bilhões e cresceu no período 2002-2006 a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 13,4% (Figura 3.1)54, partindo-se da linha de base de U$ 92,9 bilhões em 2002 e alcançando-se U$ 153,7 bilhões em 2006. Fonte: Adaptada da DATAMONITOR (2007b). Figura 3.1: Mercado global de biotecnologia: crescimento médio anual no período 2002-2006 As Américas lideram o mercado global de biotecnologia, respondendo por 58,3% das receitas geradas em 2006. Em segundo lugar, situa-se a região da Ásia e Pacífico que gerou 23,9% das receitas globais no ano de 2006, conforme pode ser visto na Figura 3.2. 52 FUNDAÇÃO BIOMINAS (2007). Estudo de Empresas de Biotecnologia do Brasil. Belo Horizonte: Fundação Biominas, 2007. 53 REZAIE, R. et al. Brazilian health biotech: fostering crosstalk between public and private sectors. Nature Biotechnology. Vol. 26, n. 6, junho de 2008. 54 DATAMONITOR (2007b), Global Biotechnology: industry profile. Reference Code: 0199-0695. agosto de 2007. p.3. 71 Ásia 24% Américas 58% Europa 18% Fonte: DATAMONITOR (2007). Figura 3.2: Mercado mundial de biotecnologia, por região: base 2006 A Figura 3.3 mostra a segmentação do mercado de biotecnologia em 2006, com dados da participação dos diversos setores em termos percentuais do valor total de U$ 153,7 bilhões gerados naquele ano. Outros setores 22% Indústria e meio ambiente 4% Saúde humana 62% Agricultura e alimentos 12% Fonte: DATAMONITOR (2007b). Figura 3.3: Mercado mundial de biotecnologia, por setor: base 2006 Atualmente existem 139 setores distintos que utilizam a biotecnologia em seus produtos ou serviços. Em 2006, o setor de medicina e saúde humana foi o que mais se destacou, gerando receitas de US$96,2 bilhões, equivalentes a 62,5% do valor do mercado global de biotecnologia. Os setores de agricultura e alimentos contribuíram com receitas de US$ 17,7 bilhões nesse mesmo ano, que corresponde a uma participação de 11,5% do mercado de biotecnologia. No que se refere ao setor de medicina e saúde humana, a bioindústria tem sido considerada a principal fronteira para expansão desse mercado, pelo seu enorme potencial de inovação em diversos campos como já mencionado anteriormente. 72 Devido aos atuais desenvolvimentos e avanços nas pesquisas mundiais em anticorpos monoclonais, genômica e proteômica, dentre outras áreas de fronteira, os segmentos da biotecnologia voltados para a medicina e saúde humana têm experimentado grande crescimento, desde que emergiram nos anos 70. Entretanto, os marcos regulatórios governamentais são apontados como um fator de entrave para as empresas de biotecnologia que desejam entrar nesse segmento de mercado. Em geral, esses marcos são ainda muito exigentes e, em decorrência, diversas limitações são impostas às empresas de base biotecnológica, como por exemplo, os períodos extensos e com elevado custo para se fazer os testes clínicos de um novo biomedicamento. O cenário mais provável é que empresas farmacêuticas já consolidadas no mercado passem a adquirir ou incorporar empresas de pequeno porte de base biotecnológica e ao adotarem essa estratégia estarão incorporando novos produtos e tecnologias em seu portfólio estratégico e, conseqüentemente, ampliando seus mercados. Quanto ao desempenho futuro do mercado mundial, prevê-se uma desaceleração no período 2006-2011, assumindo-se uma CAGR antecipada de 12% para o período e receitas da ordem de US$271,0 bilhões no final de 2011, conforme mostrado na Figura 3.455. Fonte: Adaptada de DATAMONITOR (2007) Figura 3.4: Mercado global de biotecnologia: crescimento estimado para o período 2006-2011 Em termos comparativos, os mercados dos EUA e os da Ásia e Pacífico crescerão a taxas de 14,3% e 9,2%, respectivamente nesse mesmo período, com receitas esperadas de US$152,2 bilhões (EUA) e US$57 bilhões (Ásia e Pacífico). 55 DATAMONITOR (2007b), . Global Biotechnology: industry profile. Reference Code: 0199-0695. Aug 2007. p.24. 73 A Figura 3.5 apresenta o posicionamento de 35 países em termos do número de suas empresas, públicas ou privadas, que atuam em biotecnologia e biociências. Deve-se ressaltar que foram analisados 35 países e que os EUA e a Argentina não foram incluídos nesse estudo56. Como pode ser observado na Figura 3.5, o país que atualmente concentra o maior número de empresas em biotecnologia é a Índia. Na seqüência do ranking, situam-se em destaque a Coréia do Sul, o Canadá, a Alemanha e a China. O Brasil aparece nesse ranking em 11° lugar. Com potencial de criação de cerca de 1 milhão de novos empregos até 2010, a indústria biofarmacêutica da Índia poderá gerar US$ 2 bilhões naquele ano, por meio do desenvolvimento de vacinas e biogenéricos, sendo que o desenvolvimento de serviços clínicos naquele país pode alcançar um montante de aproximadamente US$ 1,5 bilhão, considerando-se o mesmo horizonte temporal 57. Esses dados colocam a Índia em uma posição de destaque no cenário de biotecnologia mundial. Dentre os aspectos mais relevantes que contribuem para o posicionamento favorável da Índia, destaca-se a oferta de mão-de-obra altamente qualificada. A Índia possui mais de 300 instituições educacionais de alto nível que oferecem cursos em biotecnologia, bioinformática e ciências biológicas, formando cerca de 500.000 estudantes por ano. Possui ainda, mais de 100 universidades de medicina, que formam cerca de 17.000 profissionais por ano. Mais de 300.000 pósgraduandos e PhDs são qualificados anualmente nas áreas de biociências e engenharia. A participação do governo em incentivos para esse setor é muito determinante. O Estado contribui para a qualificação da mão-de-obra, provê infraestrutura laboratorial apropriada para o desenvolvimento de pesquisa na área, incentiva a criação de ambientes propícios à inovação (incubadoras de empresas e parques tecnológicos) e cria mecanismos (marcos regulatórios) que viabilizam a consolidação da biotecnologia em diversas áreas. Um relato mais abrangente sobre a experiência da Índia no desenvolvimento da sua bioindústria é apresentada mais adiante. 56 GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC (2007). Global Hubs and Global Nodes of Biotechnology: an international scan of biotechnology strategies, initiatives and institutional capacity. 3a edição. Washington: Global Bioeconomy Consulting LLC. Ago 2007. 203 p. 57 GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC (2007), . Ibid. p. 85-92. 74 Fonte: Adaptada da GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC (2007). Figura 3.5: Posicionamento dos países em termos do número de empresas de biotecnologia A Coréia do Sul tem um dos maiores indicadores de P&D&I do mundo, investindo aproximadamente 3% do seu PIB em C&T, sendo que a maior parte deste valor, cerca de U$ 4,5 bilhões no período de 2000 a 2007, foi destinada para o desenvolvimento da biotecnologia. Em aproximadamente 20% das universidades sul coreanas, os pesquisadores trabalham em áreas de Ciências Biológicas e as publicações em saúde relacionadas à biotecnologia cresceram mais de 1.000% entre 1992-200258. O Canadá é o terceiro maior produtor de produtos agrícolas baseados em biotecnologia (por exemplo, transgênicos), perdendo apenas para os Estados Unidos e Argentina. Mundialmente, o Canadá se posiciona como o primeiro país que mais investe em capacitação em biotecnologia por empregado. Mais de 70% das empresas canadenses de biotecnologia têm menos de 50 empregados e segundo a The 58 GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC (2007). Global Hubs and Global Nodes of Biotechnology: an international scan of biotechnology strategies, initiatives and institutional capacity. 3a edição. Washington: Global Bioeconomy Consulting LLC. Ago 2007., p. 113-116. 75 Economist Intelligence Unit59 é o melhor país do mundo para se fazer negócios em biotecnologia. A Alemanha é o segundo país da Europa em relação ao número de empresas em biotecnologia. A indústria alemã de biotecnologia é caracterizada por start-ups e 85% das empresas têm menos de 50 empregados, sendo que aproximadamente 25% delas possuem menos de 2 anos de existência. Outro ponto importante que deve ser destacado em relação à Alemanha são os programas governamentais de incentivo ao desenvolvimento da indústria da biotecnologia. Foram criadas as Bioregio (bioregiões) pelo Ministério da Educação, Ciência, Pesquisa e Tecnologia (BMFB), com o intuito de consolidar a relação entre a pesquisa e a aplicação prática nos projetos de biotecnologia. Essas regiões competem entre si para captarem recursos com o governo de 5 em 5 anos. Atualmente são 17 regiões atendidas por esse programa. Um exemplo interessante de empresa que está investindo em biotecnologia é a alemã BASF. A empresa reservou U$ 700 milhões do seu orçamento, nos próximos 10 anos, para se tornar a líder mundial nesse campo. Para que de fato se concretize essa meta, a empresa está firmando parcerias com institutos de pesquisas, universidades e start-ups situadas em mais de 80 países60. A China possui basicamente dois tipos de empresas: (i) públicas, totalmente burocratizadas e controladas pelo governo com limitada capacidade de inovação; e (ii) pequenas empresas privadas geralmente compostas de capital externo. A China foi o único país em desenvolvimento a participar do projeto de mapeamento do gene humano. O governo chinês é um importante aliado das empresas por encorajá-las a entrar no mercado e é o segundo maior investidor em infra-estrutura para a consolidação da biotecnologia (perde apenas para os EUA). A China é a quarta maior produtora de produtos agrícolas (os países que a antecedem são EUA, Argentina e Canadá em ordem decrescente). A primeira empresa a comercializar um fármaco baseado em terapia gênica foi a chinesa SiBono GenTech’s Gendicine61. De acordo com a Figura 3.6, os países que mais empregam no setor de biotecnologia, seja em empresas privadas, públicas ou em institutos de pesquisas, são respectivamente: China, Suécia, Japão, Dinamarca e Brasil. 59 THE ECONOMIST INTELLIGENCE UNIT (2007), conforme GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC. GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC (2007). Global hubs and global nodes of biotechnology: an international scan of biotechnology strategies, initiatives and institutional capacity. 3rd ed., Washington: Global Bioeconomy Consulting LLC. Mar 2006., p. 72-81. 61 GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC (2007),. Ibid. p. 32-37. 60 76 É interessante observar que o Brasil ocupa o 5º lugar nesse ranking, ou seja, tem grande potencial em termos de desenvolvimento e pesquisa na área de biotecnologia, mas ainda não apresentou indicadores significativos no que se refere à incorporação desse conhecimento em produtos e processos, em escala industrial. De fato, as informações apresentadas nas seções anteriores deste Capítulo mostraram que, no período 1998-2007, o Brasil situou-se em posições bastante favoráveis em relação à produção científica mundial nos 14 temas de áreas de fronteira abordados, situação que não se repetiu quando foram pesquisados os indicadores de propriedade intelectual no mesmo período. Fonte: Adaptada da GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC (2007). Figura 3.6: Posicionamento dos países em relação ao número de empregados em empresas e instituições ligadas à biotecnologia Os EUA sempre se mantiveram em primeiro lugar no desenvolvimento e consolidação da biotecnologia em relação a quase todos os quesitos. Os EUA lideram em investimentos em P&D, chegando ao índice de US$ 285 bilhões, comparados a US$ 211 bilhões pela União Européia, US$ 114 bilhões investidos pelo Japão e US$ 85 bilhões pela China62. Esse alto apoio financeiro provoca impactos diretos na 62 GLOBAL BIOECONOMY CONSULTING LLC (2007). Global Hubs and Global Nodes of Biotechnology: an international scan of biotechnology strategies, initiatives and institutional capacity. 3ª Edição, agosto 2007. 77 capacidade do país em associar as atividades de pesquisa em biociências às indústrias. Segundo o relatório “Top-10 Biotech Companies: Market Outlook, 200863 2023” , publicado no final de 2008 pela Bioportfolio, a empresa líder do mercado global de biotecnologia é a Amgen, que se encontra hoje entre as maiores empresas farmacêuticas do mundo. Suas linhas de produtos são voltadas para diversas áreas terapêuticas, como tratamento de câncer, inflamações, neurologia, distúrbios metabólicos e hematologia. Nas posições seguintes do ranking mundial das empresas de biotecnologia, encontram-se a Genentech, a UCB, a Gilead Sciences, a Genzyme, a Biogen Idec, a CSL, a Cephalon, a Celgene e a Actelion. O mercado global de biofármacos atingiu US$ 75 bilhões em 2007, com uma taxa de crescimento anual acumulada bastante superior à experimentada pelo mercado farmacêutico nos últimos anos. Prevê-se que no curto e médio prazo todos os segmentos de biotecnologia relacionados à saúde humana continuarão crescendo, devido à expectativa de que importantes projetos de pesquisa, ora em curso, possam demonstrar viabilidade tecnológica e comercial de novos biofármacos e terapias nas chamadas áreas de fronteira64. Esforços concentrados de P&D em áreas promissoras, tempos mais curtos de aprovação pelas agências reguladoras e o grande potencial de inovação em drogas e terapias baseadas nas biotecnologias de fronteira, são fatores que certamente impulsionarão o desenvolvimento e expansão esperada desses segmentos. De acordo com a CBDM.T65, estima-se que o setor de biofármacos, incluindo vacinas, responda por 30% das vendas globais de medicamentos em 2012. O crescimento esperado é significativo, quando se compara aos dados de 2001, ano no qual a contribuição do setor não chegou a alcançar a faixa dos 12%. As categorias que mais vêm contribuindo para esse crescimento são as vacinas, os biofármacos para tratamento da AIDS, diabetes mellitus, doenças neurodegenerativas, além de antiinflamatórios e anti-cancerígenos, refletindo-se a contínua expansão dos produtos biotecnológicos no mercado farmacêutico mundial. 63 BIOPORTFOLIO (2008). Top-10 Biotech Companies: Market Outlook, 2008-2023. Publicado em dezembro de 2008. United Kingdom: Bioportfolio. 157 p. 64 TRAMOY (2008c).The Phamaceutical Biomanufacturing Industry: a growing sector. CBDM.T, set 2008. Disponível em: http://www.lifescience-online.com/article.html?a=1012&portalPage=Lifescience+Today.Articles. Acesso em outubro de 2008. 65 Tramoy (2008c). Ibid. 78 Hoje cerca de 60% dos biofármacos são produzidos em células de mamíferos, citando-se como exemplos medicamentos de última geração como Avastin, Advate, Erbitux, Rebif, Herceptin, o Advate e Fabrazyme. Já os gerados em células microbianas representam 40% do total, podendo ser produzidos via E.coli, como nos casos dos produtos Infergen, Ontak e Enbrel ou em leveduras, como os biofármacos Novolog, Twinrix e Pediarix. O processo de fermentação microbiana é usado para moléculas menores e menos complexas, sem exigências de modificações pós-translacionais, como nos casos de peptídeos, pequenas proteínas, fragmentos de enzimas e de anticorpos. Prevê-se que as culturas de células de mamíferos irão definitivamente dominar a produção de proteínas complexas (glicosiladas) e anticorpos monoclonais. Os produtos transgênicos, bioreatores e microalgas estão ainda em fase de desenvolvimento, mas no longo prazo, espera-se que eles se tornem alternativas economicamente sustentáveis em relação aos atuais sistemas de produção de fármacos, devido à maior segurança e produtividade e aos menores custos envolvidos. Atualmente, os cinco biofármacos mais vendidos nos EUA são: Enbrel (Amgen, Wyeth), Aranesp (Amgen), Rituxan (Biogen Idec, Genentech, Roche), Remicade (Johnson & Johnson, Schering-Plough) e Procrit (Johnson e Johnson). Embora as perspectivas para o aumento da participação de biofármacos no mercado global farmacêutico sejam excelentes, ambas as fontes internacionais pesquisadas indicaram duas ameaças que o setor terá que enfrentar nos próximos anos: a produção de biogenéricos e as dificuldades recorrentes em relação a investimentos e aportes de capital de risco. Com relação à primeira ameaça, ponderase que os biofármacos apresentam uma vantagem em relação aos produtos quimiofarmacêuticos. Por serem oriundos de organismos vivos, os biofármacos são moléculas complexas, difíceis de serem produzidos em escala comercial. Por outro lado, em comparação a moléculas pequenas, o desenvolvimento de versões genéricas de biofármacos, ou os chamados biogenéricos, torna-se mais difícil, constituindo-se esse aspecto uma grande vantagem em relação aos demais fármacos obtidos por rotas químicas. Com relação à necessidade de investimentos, um aspecto a destacar no mercado de biofármacos é a produção sob contratos de licença, que hoje representa uma parcela significativa no mercado global de produção por licenças, como um todo. Estima-se que o segmento de biofármacos tenha alcançado US$ 3,0 bilhões em 2008 nesse mercado, prevendo-se um crescimento anual de cerca de 10 a 15%. Em 2012, 79 prevê-se que a produção de biofármacos por contratos de licença alcance 20% da capacidade mundial das CMOs (Contract Manufacturing Organisations). Quando se compara a capacidade das CMOs com o posicionamento de empresas com capacidade própria de produção, a escolha “desenvolver versus comprar" ainda pesa mais para a produção in-house. Tanto para culturas de células de mamíferos, quanto para a fermentação microbiana, as empresas que desenvolvem novos biofármacos e possuem capacidade instalada de produção controlam 70 a 80% da atual capacidade industrial. Prevê-se, entretanto, que a terceirização na produção de biofármacos aumentará nos próximos cinco anos. Para as grandes empresas, com significativa capacidade de produção, como a Amgen ou a Genentech, torna-se menos crítica a decisão de produzir ou terceirizar, mas para as pequenas e médias empresas, as OCMs surgem como solução para reduzir o alto risco financeiro inerente a áreas de fronteira. O relatório da Bioportfolio66 apresenta as dez principais empresas biotecnológicas atuantes nos diversos segmentos do setor de medicina e saúde humana. Em particular, com relação ao setor de biofármacos, a CBDM.T67 aponta como principais players: Amgen, Wyeth, GSK, Genentech, Novo Nordisk, Intermune, Ligand, Baxter, Genzyme, Biogen, DSM, Diosynth, Lonza Biologics, Merck Serono, Boehringer Ingelheim, Celltrion, Cobra Biomanufacturing, Xcellerex, Avecia, Mera Pharmaceuticals, GTC Biotherapeutics, Pharming, Eden Biodesign, Genopole Biomanufacturing Center e Algenics. Cabe destacar que algumas dessas empresas aparecem também em destaque no estudo bibliométrico sobre propriedade intelectual em áreas de fronteira. Na seqüência, o segundo setor mais importante no mercado mundial de biotecnologia é “agricultura e alimentos”, respondendo hoje por 11,5% desse mercado, conforme mostrado na Figura 3.3. No cenário internacional, o aumento da população e de renda elevarão a demanda por alimentos e países superpopulosos como a Índia e a China terão dificuldades de atender a essas demandas, devido ao esgotamento de suas áreas agricultáveis. A disponibilidade de recursos naturais no Brasil constitui uma grande fonte de vantagens competitivas para o país e as ferramentas da biotecnologia agrícola poderão ser fortes aliadas, capazes de aumentar a produtividade das culturas por área plantada. Em particular, o potencial das aplicações das áreas de fronteira da 66 BIOPORTFOLIO (2008). Top-10 Biotech Companies: Market Outlook, 2008-2023. Publicado em dezembro de 2008. United Kingdom: Bioportfolio. 157 p. 67 TRAMOY (2008c), P. The Phamaceutical Biomanufacturing Industry: a growing sector. CBDMT, set 2008. Disponível em: http://www.lifescience-online.com/article.html?a=1012&portalPage=Lifescience+Today.Articles. Acesso em outubro de 2008. 80 biotecnologia para as agroindústrias é muito grande, abrangendo desde a prospecção de genes, o emprego de marcadores moleculares, as inúmeras aplicações da engenharia genética até a bioinformática. Sua utilização efetiva em favor do desenvolvimento deste setor constitui um fator essencial para a competitividade, a sustentabilidade ambiental, a segurança alimentar, a saúde, a inclusão social e a soberania nacional. Um estudo internacional recentemente divulgado pelo International Service for Acquisition of Agri-biotech Aplications (ISAAA)68 revelou que, em 2007, 23 países cultivaram 114,3 milhões de hectares com sementes geneticamente modificadas GMs. Desses países, 12 são emergentes (Argentina, Brasil, Índia e China, entre eles), com 49,4 milhões de hectares; e 11 são industrializados, com 64,9 milhões de hectares. Os Estados Unidos são o maior produtor de transgênicos, com 57,7 milhões de hectares, sendo que 63% de todo o milho que produziram no ano passado é GM. Em segundo lugar está a Argentina, com 19,1 milhões de hectares, e na terceira posição situa-se o Brasil, com 15 milhões de hectares. Ainda segundo o estudo do ISAAA (2008), de 2006 para 2007, o Brasil liderou o crescimento das lavouras transgênicas no mundo, plantando cerca de 3,5 milhões de hectares a mais em relação ao ano anterior - cerca de 11,5 milhões de hectares. Além dos benefícios econômicos, o estudo ressalta ainda os impactos positivos das lavouras transgênicas para o meio ambiente. 69 70 71, De acordo com especialistas do setor de agroindústrias os resultados para o Brasil em termos de vantagens ambientais são promissores, como o uso de menor quantidade de inseticidas e o menor risco de contaminação do lençol freático e dos rios. Além disso, ocorre um aumento da população de minhocas e de material orgânico, melhorando a umidade do solo pelo aumento da infiltração de água (que aumenta de duas a quinze vezes), requerendo menor consumo de água. Segundo PIZZATO (2006), “no caso dos herbicidas, pesquisadores entendem que por haver menor número de aplicações, haverá menor utilização dos tratores, com redução da 68 ISAAA (2008). Global status of commercialized transgenic crops: 2007. International Services for the Acquisition of Agri-Biotech Applications. Disponível em: http://www.isaaa.org/resources/publications/briefs/37/executivesummary/default.html. Acesso em setembro de 2008. 69 .PIZZATTO, M. M.(2006) Uma avaliação prospectiva dos efeitos econômicos da adoção de soja transgênica no Brasil. Campo Grande: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2006, 152 p. Dissertação de Mestrado. 70 CASTRO, Adriano P. (2008).Perspectivas da utilização do gene bt para o controle de insetos-praga do arroz no Brasil. Santo Antônio de Goiás : Embrapa Arroz e Feijão, 2008. 43 p. - (Documentos / Embrapa Arroz e Feijão, ISSN 1678-9644 ; 232), p. 23. Disponível em www.cnpaf.embrapa.br/publicacao/seriedocumentos/doc_232.pdf. Acesso em dezembro de 2008. 71 RODRIGUES, R. (2008). De novo os OGMs. Agroanalysis, edição n° 4, v. 28, abril de 2008 81 compactação do solo e da emissão de gases decorrentes da queima de diesel (p.3536)125. A estimativa é de que, até 2016/2017, o Brasil terá acumulado um plantio de 274 milhões de hectares de soja RR e 16,6 milhões de hectares de algodão Bolgard. Considerando-se somente o caso da soja, a economia de água será de 42,7 bilhões de litros, o suficiente para abastecer uma cidade de 100.000 habitantes durante o período. Serão consumidos menos 305 milhões de litros de diesel, que dariam para abastecer uma frota de 127,1 mil veículos em 10 anos. As emissões de CO2 no período cairiam 918,71 milhões de toneladas, o equivalente ao plantio de 6,8 milhões de árvores, que neutralizariam tal volume no mesmo tempo. O mais importante, segundo os especialistas, será a redução de 35,6 mil toneladas de ingredientes ativos de agrotóxicos, pela vigorosa diminuição da sua demanda pelas plantas transgênicas. Tais informações mostram que os OGMs são mais baratos e menos agressivos ao meio-ambiente, o que permite estimar que, em 2015, serão 200 milhões de hectares cultivados por milhões de produtores em cerca de 40 países72. No panorama mundial dos transgênicos, o número ainda limitado de países que produzem OGMs reflete a polaridade de opiniões e atitudes dos diversos países e regiões em relação aos alimentos transgênicos e aos impactos ambientais das culturas geneticamente modificadas. Por um lado, os EUA aparecem como o líder mundial na produção e comercialização de transgênicos, tanto em termos de área cultivada, quanto em termos da aceitação pública dos alimentos transgênicos. Entretanto, esse quadro de entusiasmo não se repete em países como o Japão e a maioria dos países da Comunidade Européia, regiões nas quais prevalece ainda uma forte resistência aos transgênicos por parte dos consumidores. No Brasil, no ano de 2008, foram aprovadas 108 pesquisas de campo com transgênicos, comparadas às 83 do ano anterior. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) liberou a chamada liberação planejada - pesquisas em campo - para três variedades de milho, duas de arroz, três de soja, e uma variedade de algodão, citros e cana. Além delas, a comissão aprovou a exportação de 2,5 quilos de soja transgênica desenvolvida pela Embrapa para a Monsanto, nos EUA. Entre as variedades aprovadas estão o milho tolerante a herbicida e a insetos, da divisão Pioneer Sementes da DuPont do Brasil. O grupo também poderá iniciar pesquisas de campo com soja tolerante a herbicidas e também ao glifosato e a sulfoniluréia. A Bayer obteve também a aprovação de liberação da variedade de algodão resistente a insetos e tolerante ao glufosinato de 72 RODRIGUES, R. (2008). De novo os OGMs. Agroanalysis, edição n° 4, v. 28, abril de 2008. 82 amônio. A Alellyx teve autorização de pesquisa para uma variedade de cana com maior teor de sacarose e outra para citros resistente à clorose variegada (amarelinho). A Basf poderá fazer pesquisas com arroz modificado para aumento de produtividade e a Monsanto pesquisará milho resistente a insetos e tolerante ao glifosato. A Embrapa obteve aprovação para exportar uma variedade de soja transgênica tolerante a herbicidas do grupo químico das imidazolinonas à Monsanto. Como quinto maior país do mundo em termos de extensão territorial, o Brasil possui um enorme potencial para as atividades da agricultura, pecuária e ecologia, podendo se beneficiar muito pela adoção das ferramentas de biotecnologia, consideradas de fronteira. O território nacional conta com uma área de 851,1 milhões de hectares, sendo 64,7 milhões de hectares, ou 7,60%, ocupados por lavouras perenes e temporárias. O somatório das áreas de culturas anuais e temporárias, de pastagens e florestas plantadas, representa 288,7 milhões de hectares, correspondentes a 33,92% do total da área do território brasileiro. Portanto, apenas 1/3 da área do país é utilizado em lavouras, pastagens e florestas plantadas73. Com relação ao mercado da chamada biotecnologia azul, os maiores produtores de pescado são a China, Índia, Indonésia, Japão, Bangladesh, Tailândia, Noruega, Chile, Vietnã e Estados Unidos. Paulatinamente, o Brasil vem ganhando posições melhores no ranking internacional estabelecido pela Food and Agriculture Organization (FAO) das Nações Unidas. Em 1994, o país era o 32º colocado em produção aqüícola e o 26º em termos de valores. Em 2004, sua posição passou para o 18º lugar no ranking mundial, com 0,5% da produção mundial, e o 12º em termos de receitas geradas, com 1,4% do total. O país é o segundo em importância na América do Sul, ficando abaixo do Chile. Comparada com outras atividades, a aqüicultura apresenta índices de crescimento superiores aos da pesca extrativa e também se sobressai com relação à produção de aves, suínos e bovinos, cadeias produtivas que nos últimos anos apresentaram taxas de crescimento dificilmente superiores a 5% ao ano 74. Embora respondendo por somente 4% do mercado mundial de biotecnologia, conforme mostrado na Figura 3.3, o setor “indústria e meio ambiente” merece destaque neste estudo pela sua importância estratégica para o Brasil. 73 74 FLORIANI, C. G. (2008). Brasil: utilização da terra. Agroanalysis, edição n° 05, v. 28, maio de 2008. LOSEKAN, (s.d.) M. Projeto Aquabrasil busca prevenir e reduzir impactos da aqüicultura. Disponível em: http://www.rts.org.br/noticias/destaque-4>. Acesso em novembro de 2008. 83 Apresenta-se nesta Seção, um panorama sucinto sobre o mercado mundial de biocombustíveis e de enzimas. O mercado mundial de biocombustíveis é estimado em US$ 44 bilhões por ano, com uma taxa de crescimento anual de dois dígitos. Nesse mercado, o bioetanol responde por cerca de 85% e o biodiesel por 15%. Os países produtores de bioetanol mais importantes são o Brasil e os EUA. Segundo Tramoy (2008a), os países europeus lideram o ranking mundial da produção de biodiesel, que representa cerca de três quartos da produção européia de biocombustíveis75. Dentre os combustíveis alternativos, o bioetanol é certamente o mais importante. Sua produção cresceu 25% em 2007 no mundo, ultrapassando a faixa dos 50 bilhões de litros. O etanol de milho produzido pelos EUA e o bioetanol a partir de cana-de-açúcar, fabricado pelo Brasil, respondem juntos por 91% da produção mundial, comparados aos 89% em 2006. Mais recentemente, alguns países da Ásia, em particular a China, a Índia e a Tailândia, começaram a produzir bioetanol em larga escala, sinalizando-se uma tendência de expansão de sua capacidade de produção para os próximos anos. A título de ilustração, em 2007, a produção de bioetanol na China (a partir principalmente do milho76) chegou a 1,8 bilhão de litros, alcançando esse país a terceira posição no ranking mundial, depois dos EUA e do Brasil. A primeira geração de bioetanol foi baseada principalmente em duas culturas alimentícias: milho e cana-de-açúcar. Considerando-se, porém, uma perspectiva de mais longo prazo, antecipa-se a viabilização da chamada produção de bioetanol de segunda geração, em função dos atuais desenvolvimentos de produção de etanol a partir de biomassa. A biomassa é um material composto de celulose (30 50%), hemicelulose (20 - 40%) e lignina (15 - 30%), sendo que sua exata composição varia de planta para planta. Considera-se que a celulose seja a molécula biológica mais abundante na face da terra, visto que está presente em menor ou maior grau em todas as espécies vegetais. Não obstante todo seu potencial de aplicação no setor energético, existem inúmeros desafios econômicos e técnicos associados à produção em larga escala de etanol de biomassa, que incluem: coleta e transporte de matériaprima, pré-processamento ou pré-tratamento; conversão enzimática de material lignocelulósico pré-tratado; e fermentação de uma corrente de mistura de açucares. Muitos avanços têm sido obtidos ultimamente em cada uma dessas áreas, 75 TRAMOY (2008a). Review on The Biofuel Market. Paris: CBDMT, dez 2008. Disponível em: <http://www.lifescienceonline.com/article.html?a=1016&portalPage=Lifescience+Today.Articles>. Acesso em dezembro de 2008. 76 GREEN CAR CONGRESS (2007), “China Fuel Ethanol Production Projected to Increase 12% in 2007”. Disponível em http://www.greencarcongress.com/2007/06/china_fuel_etha.html. Acesso em dezembro de 2008. 84 aumentando-se, em conseqüência, a probabilidade de que o etanol de celulose tornese uma realidade comercial no futuro próximo. Um indicativo dessa tendência, é que, em 2007, as vendas de enzimas para a indústria de bioetanol responderam por 13% das vendas totais da Novozymes. De fato, as enzimas para bioetanol representam o segmento que mais cresce no mercado de enzimas como um todo, esperando-se um aumento anual nas suas vendas em torno de 20 a 25% nos próximos 3 a 4 anos77. Já o biodiesel é considerado um combustível emergente no mercado mundial de biocombustíveis. Os EUA respondem por 90% da produção e da demanda global de biodiesel e investem no momento na ampliação de sua capacidade de produção. Na Europa, Brasil e Ásia, regiões nas quais veículos a diesel são mais comuns do que nos EUA, a produção de biodiesel torna-se uma estratégia natural e sustentável. Isso porque mais da metade do biodiesel na Europa (cerca de 3,3 bilhões de litros) é produzido na Alemanha, França, Itália e Áustria, com volumes de 982, 410 e 301 milhões de litros, respectivamente. O biodiesel é normalmente produzido a partir de espécies vegetais oleaginosas, porém devido aos avanços promissores das pesquisas com microalgas, já há indicativos de uma possível revolução na produção desse biocombustível. Apesar das expectativas em torno do desenvolvimento de biocombustíveis serem positivas, observa-se que em 2008 somente 1% do suprimento mundial de energia foi atribuído ao etanol e ao biodiesel. Os condicionantes-chave da oferta em maior escala dos biocombustíveis referem-se ao mercado de petróleo e gás natural, em termos de preços e volatilidade; às exigências ambientais, como por exemplo, maior controle das emissões de gases; aos interesses nacionais e regionais voltados à garantia de suprimento e autonomia energética; à oportunidade de desenvolvimento rural; além do próprio progresso técnico da biotecnologia, propiciando no futuro melhores processos e maior oferta de enzimas e microorganismos a menores custos. Citam-se também as barreiras ou gargalos do desenvolvimento desse mercado em nível mundial, como a necessidade de criação de infra-estrutura, de otimização de processo e escalonamento, de educação em todos os níveis, de investimentos, além de subsídios e incentivos fiscais. Mesmo que a biotecnologia traga soluções efetivas, principalmente para a segunda geração de biocombustíveis derivados de biomassa, a expansão da capacidade de produção mundial e de seu consumo dependerá definitivamente de políticas governamentais e incentivos fiscais. 77 TRAMOY, P (2008b). Review on The Enzyme Market. Paris: CBDMT, jul 2008. Disponível em: <http://www.lifescience-online.com/article.html?a=1011&portalPage=Lifescience+Today.Articles>. Acesso em outubro de 2008. 85 As principais empresas do mercado mundial de biocombustíveis citadas pelo estudo da CBDMT78 são: Archer Daniels Midland, Cargill, Verasun, Aventine, Abengoa Bioenergy, Bluefire, Iogen, Losonoco, Mascoma, Xethanol, Dong, DuPont/Poet, Tate & Lyle, Verenium, Novozymes, DSM, Codexis, Maxygen, Genencor, Dyadic, BP, Total, Chevron e Shell. O segmento de enzimas merece também destaque neste Capítulo por ter fortes vínculos com a conversão de biomassa e com os setores de saúde humana. Segundo relatório da CBDM.T79 referente ao segmento em questão, o mercado mundial de enzimas é estimado em US$ 4,5 bilhões por ano, com um crescimento esperado para os próximos anos de 6,5 a 10% ao ano, excluindo-se as enzimas de uso farmacêutico. Nos anos 80, as enzimas amilase e lipase foram as primeiras a serem comercializadas no mundo. Apesar do grande potencial de produção e uso de enzimas, apenas 25 delas foram efetivamente industrializadas e comercializadas até o momento. Dentre essas, citam-se, a título de ilustração: amilase, proteinase, lipase, celulase, glicoamilase, glicose isomerase, quimosina, lactase, pululanase e xilanase. Do ponto de vista da estrutura industrial, observa-se que alguns países possuem uma indústria de enzimas bem mais desenvolvida do que outros, sendo que em alguns desses países essa indústria se fortaleceu com o apoio dos governos locais, no início dos anos 80. Como exemplos desses casos, citam-se a Dinamarca, os EUA e o Brasil. O grande salto na produção de enzimas deu-se, porém, durante a década de 70 com o advento da biotecnologia recombinante, que permitiu que bioquímicos criassem e modificassem moléculas em um nível de avanço tecnológico sem precedentes, gerando aplicações para os mais diversos setores, como na fabricação de detergentes, alimentos, ração animal, fármacos e biocombustíveis, dentre outros. Pela sua importância e potencial de inovação, abordam-se, a seguir, os segmentos de insulina e seus análogos, biocombustíveis e biocatálise. O primeiro produto da chamada biotecnologia moderna a ser comercializado foi a insulina humana recombinante, com aprovação pela FDA em 1982. A classe terapêutica, na qual se insere a insulina humana e seus análogos, ainda hoje é a classe que lidera o mercado mundial de biofármacos, sendo que na Europa, particularmente, ela responde por 19% do mercado europeu desse segmento 78 Tramoy (2008a). Review on The Biofuel Market. Paris: CBDM.T, dez 2008. Disponível em: http://www.lifescienceonline.com/article.html?a=1016&portalPage=Lifescience+Today.Articles. Acesso em dezembro de 2008. 79 Tramoy (2008b). Review on The Enzyme Market. Paris: CBDM.T, jul 2008. Disponível em: http://www.lifescienceonline.com/article.html?a=1011&portalPage=Lifescience+Today.Articles. Acesso em outubro de 2008. 86 da biotecnologia. Embora a classe terapêutica da insulina como um todo tenha experimentado nos últimos anos um crescimento modesto, por outro lado, um significativo grau de inovação tem lhe sido atribuído, pelo lançamento de novos produtos análogos, como os de ação prolongada, por exemplo. O Lantus da SanofiAventis foi o campeão de vendas dessa classe terapêutica em 2007, alcançando um total de US$ 3 milhões de faturamento, seguido do Humalog da Lilly, um análogo de ação rápida que vendeu mais de U$ 1,3 milhões naquele ano. Estima-se que o mercado de enzimas aplicadas diretamente na produção de biocombustíveis seja da ordem de US$ 330 milhões por ano. Em 2007, as vendas de enzimas para a indústria de bioetanol, por exemplo, foram responsáveis por 13% das vendas totais de enzimas da empresa Novozymes. Em média, prevê-se que esse mercado cresça a uma taxa anual de 20 a 25% nos próximos 3 a 4 anos. Adicionalmente, a segunda geração de biocombustíveis, baseada em culturas não alimentícias, vem demandando um esforço significativo de P&D em enzimas capazes de transformar biomassa de celulose em açucares, ampliando-se as perspectivas de crescimento do mercado global de enzimas. Outro segmento importante do mercado de enzimas é a biocatálise, hoje já bastante aplicada por empresas das indústrias química e quimiofarmacêutica, por ser considerada a rota tecnológica de escolha na produção de drogas quirais e, em muitos casos, na fabricação de substitutos de produtos de origem petroquímica. As enzimas são consideradas um elemento chave no desempenho da biocatálise, significando dizer que a biocatálise provavelmente será um segmento bastante expressivo no mercado mundial de enzimas nos próximos anos. Embora seja difícil estimar esse mercado tão promissor, a CBDM.T prevê que alcance mais de US$ 7 bilhões, o que pode explicar os investimentos cada vez maiores de algumas empresas, como a Novozymes, no desenvolvimento dessa área específica. As principais empresas do mercado mundial de enzimas são: Novozymes, Danisco, Genencor, Verenium, Syngenta, Monsanto, Dyadic, Codexis, Cargill, Diversa, ADM, Dow, IEP, DSM, Genzyme, BASF, Altus, Biocon, Henkel, Roche, Sanofi, Solvay, Direvo, Maxygen, CHR Hansen, muitas das quais com operações no Brasil. Buscou-se descrever nesta Seção o mercado da biotecnologia no mundo, com base em dados e informações de consagradas fontes internacionais nesta área, com algumas chamadas de destaque para o posicionamento do Brasil nos rankings mundiais. Nas próximas seções, a ênfase recairá sobre o mercado brasileiro, 87 propriamente dito, o que permitirá comparar o quadro atual do Brasil nesse campo com as iniciativas de países como a China, Índia, EUA e Alemanha, que despontam como líderes mundiais no desenvolvimento e aplicação da biotecnologia, em especial nas chamadas áreas de fronteira. 3.2 Mercado da biotecnologia no Brasil Apresenta-se o mercado da biotecnologia no Brasil com base em pesquisa realizada pela Fundação Biominas em 200780, por solicitação do Ministério da Ciência e Tecnologia. Complementa-se o quadro atual fornecido pelo estudo da Fundação Biominas com informações de um artigo recente publicado na revista Nature Biotechnology 81 sobre o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil, focalizando a área de saúde humana. O penúltimo estudo setorial de biotecnologia com abrangência nacional e que contou com levantamento primário de dados foi realizado também pela Fundação Biominas, em 200182. Transcorridos seis anos, a necessidade de atualização foi evidente, porém diversas modificações foram feitas na pesquisa de 2007, tanto no processo de análise, quanto nas definições utilizadas para inclusão e classificação de empresas. As mudanças introduzidas foram consideradas essenciais para o monitoramento sistemático e contínuo do setor pelo uso de critérios mais robustos e alinhados àqueles adotados internacionalmente, permitindo, inclusive, comparações da posição brasileira frente a outros países. Nesse contexto, define-se uma empresa de biotecnologia como aquela que tem como atividade comercial principal a aplicação tecnológica que utilize organismos vivos, sistemas ou processos biológicos, na pesquisa e desenvolvimento, na manufatura ou na provisão de serviços 83 especializados . Além da mudança na definição em si, houve necessidade de especificar critérios de inclusão e padronizar as denominações setoriais para facilitar a análise comparativa com a indústria de biotecnologia em outros países. Esses critérios serão apresentados adiante. 80 81 82 83 FUNDAÇÃO BIOMINAS (2007). Estudo de Empresas de Biotecnologia do Brasil. Belo Horizonte: Fundação Biominas, 2007. REZAIE, R. et al. (Brazilian health biotech: fostering crosstalk between public and private sectors. Nature Biotechnology. Vol. 26, n. 6, junho de 2008). FUNDAÇÃO BIOMINAS (2001). Parque Nacional de Empresas de Biotecnologia. Belo Horizonte: Fundação Biominas, 2001. Essa definição baseia-se em dois trabalhos publicados no periódico Nature Biotechnology: HODGSON, H (2006), e. Private biotech 2004: the numbers. Nature Biotechnology, v. 24, p. 635-641 e LAHTEENMAKI, R. e LAWRENCE, S. (2006). Public biotechnology 2005: the numbers. Nature Biotechnology, v. 24, p. 625-634. 88 No total, identificaram-se 181 empresas de biociências (ou ciências da vida), 71 das quais formam o conjunto de empresas de biotecnologia. Essas 71 empresas foram classificadas em sete categorias setoriais: • saúde humana: empresas que desenvolvem e comercializam produtos ou serviços especializados voltados para a saúde humana como kits de diagnóstico, vacinas, proteínas recombinantes, anticorpos, materiais para próteses, próteses e dispositivos médicos especializados, meios de cultura, produção de reagentes e antígenos, terapia celular, curativos e peles artificiais, identificação de novas moléculas e fármacos, biossensores; • saúde animal: empresas que desenvolvem e comercializam produtos ou têm serviços especializados voltados para a saúde animal como kits de diagnóstico, vacinas ou outros produtos terapêuticos, transferência de embriões, melhoramento genético, clonagem, diagnóstico molecular; • agricultura: empresas que desenvolvem ou comercializam sementes e plantas transgênicas, novos métodos para controle de pragas, clonagem de plantas, diagnóstico molecular, produção de fertilizantes a partir de microorganismos, melhoramento genético e catalisadores; • meio ambiente: biorremediação, tratamento de efluentes e áreas degradadas; • bioenergia: empresas que desenvolvem ou comercializam projetos em bioenergia ou tecnologias aplicadas. Dada a importância estratégica desta categoria para o país, as empresas foram separadas do setor agrícola; • insumos: empresas que produzem reagentes; por exemplo, empresas que produzem enzimas ou kits para extração de DNA; • misto: empresas que têm uma atividade comercial voltada igualmente para mais do que uma das categorias acima; por exemplo, produzem kits de diagnóstico para doenças humanas e animais. Com o objetivo de mapear as empresas de biotecnologia de acordo com as definições e critérios estabelecidos, a Fundação Biominas fez um levantamento do conjunto de biociências. Esse levantamento, que incorporou o subconjunto de empresas de biotecnologia, identificou, como já mencionado, 181 empresas privadas que atuam em território nacional. A Tabela 3.1 apresenta a distribuição regional dessas 181 empresas. 89 Ressalte-se, porém, que as empresas farmacêuticas, apesar de serem de biociências, não foram incluídas nas estatísticas desse setor. Isso porque seus números são desproporcionalmente maiores, razão que justificaria a realização de um estudo estatístico específico. Do mesmo modo, empresas de alimentos nutracêuticos também não foram consideradas. Na prática, verificou-se que esse setor era integrado por produtos muito heterogêneos, o que dificultava uma categorização consistente. Tabela 3.1: Distribuição regional das empresas de biociências por unidade da federação e grandes regiões Fonte: Fundação Biominas (2007) Do total de 181 empresas, mais de um quarto (27,1%) é composto por empresas incubadas, cuja distribuição por unidade da federação é apresentada na Tabela 3.2. Tabela 3.2: Distribuição regional das empresas incubadas de biociências 90 Fonte: Fundação Biominas (2007) Ao se analisar as informações da Tabela 3.2, observa-se que o processo de incubação concentra-se em nove unidades da Federação, sendo as principais: São Paulo lidera com 36,73% das empresas, seguida por Minas Gerais com 24,49%; Pernambuco (12,2%) e Rio Grande do Sul (10,2%). Além disso, cabe ressaltar a importância das incubadoras em Pernambuco, Amazonas, Mato Grosso e Piauí, uma vez que representam o total de empresas do setor nesses estados. As informações apresentadas deste ponto em diante referem-se exclusivamente ao subconjunto das empresas de biotecnologia, ou do conjunto total de 181 empresas com atividades em biociências, 9% delas compõem o setor de biotecnologia. A Tabela 3.3 apresenta a distribuição espacial das empresas de biotecnologia, classificadas por região e unidade da federação (UF). Observa-se que a concentração é muito semelhante à encontrada para o conjunto de biociências. Assim, constatou-se que o predomínio absoluto coube à região sudeste, que concentra mais de 80% das empresas. Em seguida, o destaque fica para a região sul que, embora num patamar bem abaixo (8,45%), supera as regiões nordeste e centro-oeste (ambas respondendo por 5,63%). Em linhas gerais, a distribuição por estado segue a mesma tendência das empresas de biociências, porém apresenta algumas diferenças. São Paulo e Minas Gerais classificam-se como os grandes pólos brasileiros em biotecnologia, concentrando 71,8% das empresas. No entanto, São Paulo assume mais claramente a liderança (42,25 %), frente a 29,58% de Minas Gerais. A seguir, aparecem, como no caso de biociências, Rio de Janeiro (8,45 %) e Rio Grande Sul (5,63%), constituindo o segundo patamar. Finalmente, Pernambuco, acompanhado pelo Mato Grosso (ambos com 2,82%), são s destaques em um terceiro bloco formado ainda por outros seis estados. 91 Tabela 3.3: Distribuição regional das empresas de biotecnologia por unidade da federação e grandes regiões Fonte: Fundação Biominas (2007) Na seqüência, apresentam-se os setores das atividades desenvolvidas pelas empresas de biotecnologia, cabendo destacar que o conceito de biotecnologia é multisetorial por definição, pelo fato de constituir tecnologias que podem ser aplicadas em áreas de atuação muito distintas. A Figura 3.7 mostra a distribuição dessas áreas, a partir das sete categorias já definidas no início desta Seção. 2,8% 16,9% 22,5% Agricultura 4,2% Bionergia Insumos Meio ambiente Saúde animal Saúde humana 18,3% Misto 21,1% 14,1% Fonte: Fundação Biominas (2007) Figura 3.7: Distribuição de empresas de biotecnologia por setor de atividade (%) Finalmente, complementa-se o quadro atual fornecido pelo estudo da Fundação Biominas com informações de um artigo recente publicado na revista Nature 92 Biotechnology 84 sobre o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil, focalizando especificamente o desenvolvimento de aplicações na área de saúde humana. Na visão dos autores desse artigo, o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil nessa área tem logrado êxito nos últimos anos, com progressos consideráveis e soluções inovadoras. Este mercado compreende tanto empresas privadas, multinacionais ou locais, quanto institutos de pesquisa públicos que atuam no desenvolvimento, produção e distribuição de produtos e serviços voltados para a saúde humana. O governo brasileiro tem adotado medidas concretas, legislativas e de fomento, para fortalecer a capacidade nacional de inovação em biotecnologia voltada para a área de saúde humana, especialmente para dar acesso à população de baixa renda a medicamentos e serviços de saúde com qualidade, considerando-se que da população brasileira de 189,6 milhões de habitantes, 30% vivem com até meio salário mínimo per capita ao mês85. Outro aspecto apontado pelo estudo refere-se aos investimentos por parte do governo versus investimentos pelo setor privado. Em anos recentes, observou-se também que o país tem buscado enfatizar o papel das empresas privadas como atores importantes do sistema nacional de inovação em biotecnologia, complementando os esforços do setor público no desenvolvimento e produção de aplicações da biotecnologia moderna nessa área. Especificamente, o trabalho descreve a atuação de 19 empresas brasileiras e 4 institutos de pesquisa públicos, considerados de especial interesse, pela diversidade de informações cobrindo um amplo espectro de produtos e serviços da área de saúde humana (Tabela 3.4)86. Particularmente, o Instituto Butantan e outros três institutos públicos pertencentes à estrutura organizacional da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) foram incluídos na pesquisa pelo seu importante papel no desenvolvimento e na oferta de produtos biotecnológicos voltadas para a saúde humana da população brasileira. 84 REZAIE , R. et al. Brazilian health biotech: fostering crosstalk between public and private sectors. Nature Biotechnology. Vol. 26, n. 6, junho de 2008. 85 IBGE (2008). Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. 285 p. 86 REZAIE , R. et al. (2008). Brazilian health biotech: fostering crosstalk between public and private sectors. Nature Biotechnology. Vol. 26, n. 6, junho de 2008 93 Tabela 3.4: Empresas brasileiras e institutos de pesquisa públicos atuantes em biotecnologia na área de saúde humana Item Descrição Pequenas e médias empresas inovadoras Aché Laboratórios Farmacêuticos; Biogene; Biolab Sanus Farmacêutica; COINFAR; Eurofarma Laboratórios; FK Biotecnologia; Hebron Farmacêutica; KATAL Biotecnológica; Labtest Diagnóstica; Nortec Química; Pele Nova Biotecnologia; Recepta Biopharma; Silvestre Laboratórios; União Química Farmacêutica Nacional. Biocancer; BIOMM; Criopax Criobiologia; Intrials Clinical Research; Scylla Bioinformática. Instituto Butantan ; Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (BioManguinhos); Instituto de Tecnologia em Fármacos (Far-Manguinhos), Instituto Oswaldo Cruz (IOC). 19 empresas e 4 institutos de pesquisa públicos Empresas de serviços Institutos públicos de Total pesquisa Fonte: REZAIE, R. et al. (2008). Para as 19 empresas cobertas pela pesquisa, o trabalho apresenta informações referentes a: portfólio de produtos e serviços; faturamento e situação financeira; formação de alianças com instituições locais e entidades estrangeiras; portfólio de patentes e aspectos mercadológicos relevantes. Quatro das 19 empresas analisadas foram destacadas como estudos de casos, a saber: Silvestre Laboratórios, COINFAR, Eurofarma Laboratórios e Pele Nova Biotecnologia. Ao final do artigo, são apresentadas onze recomendações focalizando as seis dimensões da INIBiotecnologia, que, pela sua natureza, são remetidas para a Seção 5. 4 Experiências internacionais de iniciativas de suporte à inovação em biotecnologia As experiências internacionais voltadas para o apoio à biotecnologia revelam muitos aspectos em comum nas estratégias de suporte ao seu desenvolvimento em diversos países. Diferenciam-se, entretanto, quanto à adaptação ao contexto e às perspectivas de cada país, condicionando-se desse modo as prioridades definidas nas respectivas agendas nacionais de inovação voltadas para essa área. As experiências relatadas a seguir têm como base diversos artigos levantados na literatura especializada cobrindo o período de 2003 a 2008, uma pesquisa realizada em 200587 sobre experiências internacionais, que se mostra ainda atual, e um estudo seminal sobre sistemas nacionais de inovação em biotecnologia, 87 VALLE, M. G. (2005). O Sistema Nacional de Inovação em Biotecnologia no Brasil: possíveis cenários. Tese de doutorado. DPCT/IG/Unicamp, 2005, 214 p. 94 publicado em 1997 88 . Esse último trabalho apresenta uma visão esclarecedora das características de países selecionados que promovem (ou restringem) a acumulação ou difusão de conhecimento entre as comunidades científica e industrial, ampliando-se a compreensão das condições favoráveis e das ações a serem eventualmente implementadas no apoio ao desenvolvimento da biotecnologia nos países selecionados. Um sistema nacional de inovação é conseqüência do desenvolvimento científico-tecnológico de uma nação. A trajetória natural de desenvolvimento é um processo cumulativo e distinto entre países, os quais adquirem vantagens tecnológicas diferenciadas. A título de ilustração, citam-se o desenvolvimento da indústria química na Alemanha e do setor têxtil na Itália. Cada padrão nacional de inovação é explicado pelo contexto institucional de cada sociedade, sendo os arranjos institucionais cruciais no desenvolvimento de setores baseados no conhecimento científico, como é o caso das aplicações da biotecnologia, nas quais o sucesso relativo de cada país irá depender da coordenação adequada entre a infra-estrutura científica, abrangendo universidades, institutos de pesquisa, laboratórios de certificação etc., e a capacidade industrial, compreendendo o padrão de comunicação entre as empresas, entre empresas e universidades/institutos de pesquisa e entre as instituições acadêmicas em si. O arranjo institucional específico de um país afeta diretamente a geração de conhecimento científico, sua difusão e a incorporação desse conhecimento pela indústria. Bartholomew89 estudou o relacionamento entre o contexto institucional nacional e o desenvolvimento da biotecnologia nos Estados Unidos, no Reino Unido, no Japão e na Alemanha, além de apresentar um quadro conceitual analítico, que denominou de “sistemas nacionais de inovação em biotecnologia”. Busca-se neste Capítulo, descrever as experiências dos referidos países, levando-se em consideração o referido modelo. 4.1 Estados Unidos Nos Estados Unidos, o conhecimento científico de fronteira, desenvolvido principalmente nas universidades, aliado a um ambiente institucional e cultural mais favorável ao empreendedorismo, foram elementos fundamentais para o surgimento de novas empresas no campo da biotecnologia. Enfatiza-se nesse país a orientação 88 BARTHOLOMEW, S. (1997). National Systems of Biotechnology Innovation: complex interdependence in the global system. J. Int. Business Studies 28 (2), p. 241. 89 BARTHOLOMEW, S. (1997). National Systems of Biotechnology Innovation: complex interdependence in the global system. J. Int. Business Studies, 28 (2), p. 241. 95 comercial para negócios por parte das instituições de pesquisa, pois esse fator tem sido considerado primordial na difusão das inovações biotecnológicas, especialmente as biotecnologias de fronteira. Comparando-se com outros países, como o Brasil, por exemplo, constatam-se poucas barreiras culturais em relação ao relacionamento entre pesquisadores e empreendedores. Uma característica importante na experiência dos EUA é o surgimento de pequenas empresas especializadas em biotecnologia, sejam spin-offs provenientes de universidades, ou spin outs, oriundos de empresas de setores mais tradicionais, como o farmacêutico, o químico e o de alimentos. Adicionalmente, ressalta-se a importância do papel das start-ups, financiadas por capital de risco, na difusão do conhecimento científico das instituições de pesquisa para a indústria. Nos Estados Unidos, a existência de um mercado de capitais bem desenvolvido propiciou o acesso mais fácil ao capital-semente (seed money) e ao capital de risco, com possibilidades de uso de recursos financeiros por prazos mais longos. É importante observar que as participações de empresas de capital de risco também trazem para as empresas de base biotecnológica o acesso a técnicas modernas de gestão e o apoio na definição de modelos de negócios viáveis. Também é importante ressaltar o papel das doações realizadas por empresas e fundações privadas. Na classificação proposta por Bartholomew, o sistema de inovação em biotecnologia dos Estados Unidos é considerado como market-driven self-sufficiency, no qual os arranjos institucionais constituem um sistema altamente funcional no apoio à inovação em biotecnologia. Deve-se ressaltar, porém, que nem todas as características do contexto institucional americano proporcionam forte apoio à inovação. O efeito combinado de suporte aos três componentes vitais para a inovação em biotecnologia – o estoque de conhecimentos básicos nas instituições de pesquisa, o fluxo de conhecimento entre instituições de pesquisa e a indústria, e o estoque de conhecimentos na indústria – é bem percebido e reportado naquele país90. Grandes volumes de recursos públicos foram disponibilizados para o desenvolvimento científico e tecnológico em biotecnologia, complementando a existência de capitais privados e apoiando, não somente o desenvolvimento, como também a própria pesquisa. O volume de recursos públicos para a pesquisa básica 90 BARTHOLOMEW, S. (1997). National Systems of Biotechnology Innovation: complex interdependence in the global system. J. Int. Business Studies 28 (2), p. 241. 96 transformou os Estados Unidos em um centro-chave para as instalações de pesquisas de empresas estrangeiras 91. Outro aspecto relevante é que os Estados Unidos têm uma forte indústria farmacêutica, com elevados dispêndios em pesquisa e desenvolvimento. Essa característica levou à formação de muitos relacionamentos entre grandes empresas do setor farmacêutico com as novas empresas na área de biotecnologia, em busca de acesso aos novos desenvolvimentos científicos. Adicionalmente, a mudança no ambiente institucional, gerada pelo Bayh Dole Act, do início dos anos 80, estabeleceu um conjunto de incentivos para estimular as universidades aproveitarem comercialmente as descobertas que empreendiam no campo científico. Além disso, as instituições acadêmicas, além dos ganhos econômicos que poderiam ser auferidos mediante contratos de licenciamento ou depósito de patentes, obtinham também maior legitimidade pública e social quanto à importância de suas atividades, reforçando o compromisso social com a sociedade e Estado92. Não obstante as condições especiais que marcaram o desenvolvimento da biotecnologia nos EUA, em particular no que tange às condições de financiamento e aos diversos mecanismos de fomento, observa-se nos últimos anos, uma maior busca por recursos públicos, sobretudo por empresas de menor porte. Projeções mais conservadoras em relação ao real crescimento da biotecnologia naquele país, aliadas a incertezas econômicas e políticas, têm estreitado os canais de obtenção de recursos privados. Como já comentado, as empresas que pretendem entrar no mercado americano da biotecnologia também são tipicamente spin-off e com processos e produtos oriundos de descobertas de base acadêmica. Em geral, elas aguardam alguns anos para se estabelecerem no mercado, experimentando longos períodos com pouco ou sem nenhum retorno financeiro, com custos fixos altos e dependendo muito da obtenção de capital de risco. Via de regra, não é fácil obter capital de risco, pois essas novas empresas de biotecnologia têm um alto risco e uma probabilidade ainda baixa de trazer algum novo produto de real sucesso no mercado. Dentre as ações do governo norte-americano nos últimos anos voltadas para a capitalização de segmentos impactados pelos avanços da chamada biotecnologia moderna, instituiu-se em maio de 2004 o programa Bioshield, com foco 91 BARTHOLOMEW, S. (1997) National Systems of Biotechnology Innovation: complex interdependence in the global system. J. Int. Business Studies 28 (2),, p. 253. 92 VALLE, M. G. (2005). O Sistema Nacional de Inovação em Biotecnologia no Brasil: possíveis cenários. Tese de doutorado. DPCT/IG/Unicamp, 2005, p. 122. 97 no fomento de projetos e estudos que resultassem em produtos e serviços mais efetivos de combate à ameaça do bioterrorismo. Os recursos destinados a esse Programa totalizaram US$ 5,6 bilhões com o objetivo de apoiar a pesquisa, a fabricação e o armazenamento de antídotos e vacinas em caso de ataques bioterroristas, criando-se incentivos para que, até 2014, os fabricantes de medicamentos e vacinas pesquisassem e desenvolvessem novas proteções contra possíveis ataques terroristas com agentes como o sarampo, antraz, ébola e botulismo. Em novembro de 2004, o contrato de US$ 877,5 milhões foi dado à VaxGen, que deveria criar um substituto para a atual vacina contra antraz, que requer seis doses, aplicadas ao longo de 18 meses. Desde então a empresa não vem cumprindo os termos e prazos do acordo, o que vem gerando descrédito das empresas farmacêuticas de base biotecnológica naquele país em relação ao programa Bioshield93. 4.2 Europa Devido ao forte caráter normativo e prescritivo que a União Européia tem conseguido imprimir nos últimos anos na organização e regulamentação da biotecnologia, discutem-se aqui as experiências dos países europeus de forma agregada. A Comissão da Comunidade Européia, um órgão supranacional, tem incorporado gradualmente determinadas funções e atribuições vinculadas ao temas abordados neste estudo prospectivo. Esse órgão é responsável por elementos essenciais de coordenação no âmbito dos sistemas nacionais de inovação, formulando e discutindo programas e estratégias cooperativas para o desenvolvimento científico e tecnológico nos países que compõem o referido bloco. Depreende-se desse contexto que uma das transformações de maior expressão remonta ao rápido surgimento de muitas empresas especializadas a partir de ações deliberadas dos governos nacionais com o objetivo de promover o desenvolvimento da biotecnologia, em termos quantitativos e qualitativos. A Alemanha lidera o ranking das empresas de biotecnologia na União Européia, com 350 firmas, dentre públicas e privadas, número levemente superior à Grã-Bretanha, com 334 empresas. Deve-se notar ainda o grande predomínio de empresas privadas (95%) em relação às empresas de capital aberto. Isto, de forma geral, sinaliza o menor porte e grau de desenvolvimento destas em relação às norte-americanas, entretanto essa 93 ESTADÃO (2006). 5 anos depois, "Escudo Biológico” dos EUA continua no papel. São Paulo, 22 de setembro de 2006. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/arquivo/vidae/2006/not20060922p64742.htm>. Acesso em dezembro de 2008. 98 evidência pode ser atribuída a vários outros fatores. Normalmente denominada Initial Public Offer (I.P.O.), a abertura de capital de empresas de biotecnologia ilustra, de certo modo, um maior grau de maturidade e independência financeira, na medida em que as mesmas se convertem em empreendimentos atrativos aos investimentos no mercado de capitais. Em termos institucionais, as empresas européias também têm buscado se organizar sob a forma de arranjos de pesquisa e clusters, em que se destacam as regiões de Berlim e Munique, na Alemanha, Londres, Oxford, Cambridge e Escócia, no Reino Unido; Paris e Strasbourg, na França, assim como arranjos cooperativos crescentes, envolvendo os países bálticos (Finlândia, Dinamarca e Suécia), Irlanda e Milão. No entanto, é apropriado destacar que os arranjos constituídos na União Européia são de menor porte e escala, em comparação aos dos EUA e que muitas universidades e institutos de pesquisa europeus, de uma forma geral, aproveitam menos as oportunidades comerciais e empreendedoras, quando comparadas às empresas e instituições americanas. Essas últimas, via de regra, constituem empreendimentos com maior capacidade de geração de receitas, atração de investimentos e capitalização de recursos, decorrendo em um maior número de produtos em fase experimental e efetiva comercialização em segmentos específicos de mercado94. Em janeiro de 2002, a Comissão Européia instituiu o documento “Life Sciences and Biotechnology: a strategy for Europe” que consiste em um amplo programa de ação que sinaliza a tentativa de superar as dificuldades apontadas e, de uma certa forma, ultrapassar os Estados Unidos na condição de principal potência mundial até o ano de 2010. Evidenciam-se, dentre suas ações, o investimento na formação e qualificação de mão-de-obra, a perenização e incremento dos dispêndios em atividades de pesquisa voltadas ao desenvolvimento tecnológico, o fortalecimento da base de recursos humanos e financeiros, a provisão de condições simplificadas para sua mobilidade no âmbito europeu, o fortalecimento do mercado de capitais e propriedade intelectual. A Comissão instituiu, a partir desse documento, as bases para um programa cooperativo, envolvendo todos os países da União Européia, culminando em dezembro de 2002 no Sixth Framework Programme for Research & Technological Development (FP6)95 Foi previsto na época um investimento de 17,5 bilhões de euros 94 COMMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES (2002a). Life Sciences and Biotechnology: a strategy for Europe. Disponível em: < http://ec.europa.eu/biotechnology/pdf/com2002-27_en.pdf>. Acesso em outubro de 2008. 95 COMMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES (2002b). Sixth Framework Programme for Research & Technological Development . Disponível em: http://ec.europa.eu/research/fp6/index_en.cfm>. Acesso em: outubro de 2008. 99 para o período compreendido entre 2003 e 2006, com o objetivo de disponibilizar mais recursos para a pesquisa, corrigir as distorções que caracterizavam o chamado paradoxo europeu; evitar a evasão de cérebros para os Estados Unidos; estimular a mobilidade de pesquisadores dentro da União Européia e criar uma área de pesquisa comum na União Européia (European Research Area – ERA)96. A correspondência aos principais problemas enfrentados pelos países da União Européia é revelada pelas ações previstas no FP6 que constituem importante diagnóstico para o entendimento e evolução da biotecnologia nesta região. Por exemplo, a União Européia, no que tange ao investimento em pesquisa, aloca recursos da ordem de 1,9% de seu PIB, percentual modesto se comparado aos 2,7% investidos por Estados Unidos e 3% praticados no Japão. Essa diferença, em termos percentuais, significou que apenas no ano 2000 a diferença de recursos comprometidos pelos Estados Unidos e pela União Européia alcançou o montante de 124 bilhões de euros97 Merecem destaque os trabalhos do European Investment Bank (EIB) e do European Investment Fund (EIF), no que se refere ao crescimento e fortalecimento do mercado de capitais europeu, disponibilizando recursos adicionais para atividades de pesquisa em biotecnologia. A Comissão Européia instituiu o “Biotechnology and Finance Forum”, espaço no qual são discutidas e propostas condições mais apropriadas para empreendimentos de arranjos cooperativos de pesquisa envolvendo representantes da indústria, da academia e agentes financeiros, com o objetivo de facilitar o acesso a recursos privados na incubação de novas start ups. Outras ações relevantes do FP6 referem-se à propriedade intelectual e à formação de redes e sistemas locais de inovação. A União Européia tem buscado consolidar um sistema unificado de propriedade intelectual, com um órgão centralizado para o registro de patentes (Community Patent). A formação de redes e sistemas locais de inovação é condição necessária para que a tentativa de instituição da European Research Area seja bem sucedida. Merecem destaque o BioValley, que congrega clusters nas regiões de Rhone-Alp, Freiburg e Basel, assim como o Medicon Valley, que reúne empresas e institutos de pesquisa da Dinamarca e Suécia. 96 KÜTT et al. (2003). The role of the European Commission in fostering innovation in the life sciences and biotechnology, Journal of Commercial Biotechnology, Vol. 10, nº 1, set 2003. 97 COMMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES (2000). European Research Area: ERA. Disponível em: http://ec.europa.eu/research/era/index_en.html. Acesso em. outubro de 2008. 100 Embora promissores, os resultados alcançados até o momento pelo FP6 não garantem que a União Européia supere a hegemonia norte-americana no curto e médio prazo. O hiato tecnológico e comercial em relação aos Estados Unidos vem se mantendo e na União Européia muitas vezes os interesses nacionais de curto prazo perpassam os projetos e ações de longo prazo. O sistema europeu de propriedade intelectual permanece restrito, oneroso e legalmente mais complexo e burocrático do que o dos Estados Unidos e do Japão. Outro fator desfavorável é o estágio embrionário em que se encontra o mercado de capitais europeu, prevalecendo um contexto fragmentado e restrito quanto à disponibilidade de recursos financeiros. O Quadro 4.1, abaixo, resume a dinâmica de desenvolvimento da biotecnologia em nove países europeus. Quadro 4.1: Dinâmica de desenvolvimento da biotecnologia em países europeus Características Países Atividades de biotecnologia fortemente concentradas em empresas especializadas em biotecnologia estabelecidas há pelo menos uma década; grande ocorrência de spin outs de empresas tradicionais e spin offs provenientes de universidades; inspiração no modelo de desenvolvimento americano. Reino Unido Importância relativa de empresas especializadas em biotecnologia; empresas estabelecidas em período recente; forte dependência de políticas públicas no desenvolvimento da biotecnologia; contribuição equilibrada entre universidades e institutos de pesquisa; nível intermediário de spin offs. Holanda Alemanha Número intermediário de empresas de biotecnologia, a maioria estabelecida em período recente; influência majoritária do setor público em políticas e iniciativas de P&D; predominância de institutos públicos de pesquisa no desenvolvimento científico e tecnológico; baixo grau de empreendedorismo no desenvolvimento de novas start ups. França Espanha Irlanda Itália Sistema de inovação centrado na diversificação de empresas já existentes; baixo estímulo econômico e institucional à criação de novas empresas de biotecnologia; forte dependência do setor público, sobretudo universidades, mas estas atuam de forma ainda tímida no desenvolvimento científico e tecnológico no campo da biotecnologia. Grécia Áustria Fonte: Valle, M. G. (2005). Conforme já comentado, os países que se destacam no panorama da biotecnologia da União Européia são a Alemanha, o Reino Unido, a Holanda e a França. No decorrer da década de 90, estima-se que os investimentos da França e da Alemanha nessa área chegaram a 60 milhões de euros/ano, enquanto o montante anual empregado pelo Reino Unido foi da ordem de 150 milhões, fato que o coloca em uma posição de destaque no continente europeu. Não obstante o maior número de empresas alemãs, a Grã-Bretanha se encontra em uma situação mais favorável por contar com empresas de maior porte, que já abriram seu capital. 101 No Reino Unido, embora haja muitas empresas realizando pesquisas, o desenvolvimento científico é realizado de forma mais consistente e sistemática por universidades e institutos públicos, destacando-se o Biotechnology and Biological Sciences Research Council (BBRSC). Suas pesquisas são realizadas no âmbito de oito centros de pesquisa e voltadas para temas ligados à saúde humana, biotecnologia agrícola e animal e questões ambientais. Adicionalmente, o Reino Unido destaca-se pela expressiva quantidade de recursos humanos especializados e qualificados. No campo biofarmacêutico, reconhecem-se empresas pioneiras no desenvolvimento e aplicação de novos compostos e biofármacos. A base científica, simultaneamente, é bastante evoluída, fundamentada pela participação intensiva em ações como o Programa Genoma Humano. O Reino Unido possui um mercado de capitais robusto, universidades e institutos de pesquisa que desenvolvem pesquisas e conhecimentos de fronteira tecnológica, favorecendo a criação de alianças e redes com empresas de outros países da União Européia e, principalmente, com os Estados Unidos. Não obstante os avanços constatados no Reino Unido, ainda existem entraves considerados críticos para o desenvolvimento da biotecnologia, como por exemplo, dificuldades nos mecanismos de transferência de produtos e tecnologias de universidades para empresas. Argumenta-se que tais gargalos decorrem de um marco regulatório excessivamente restritivo em determinados aspectos e também da complexidade inerente a um ambiente econômico e cultural de empreendedorismo. Buscando superar essas e outras barreiras, algumas universidades criaram instrumentos endógenos, como foi o caso da Universidade de Londres que criou um departamento denominado Imperial Innovations, com o objetivo de estreitar as relações entre o setor acadêmico e a indústria, atuando na prestação de assistência técnica e empresarial a cientistas e pesquisadores que pretendiam comercializar ou licenciar uma descoberta promissora associada a produtos e serviços tecnológicos inovadores baseados em biotecnologia. No âmbito estatal, merece atenção o Biotechnology Mentoring Incubator (BMI), voltado à incubação de novas start ups. As empresas incubadas podem utilizar a infra-estrutura de laboratórios e equipamentos para pesquisas, além de contarem com assessoria empresarial e técnica. O desenvolvimento da biotecnologia na Alemanha pode ser caracterizado por três fases distintas, conforme mostrado na Figura 4.1. As três fases são separadas por dois períodos de crise, facilmente identificados nos inícios das décadas de 80 e 90, e que impulsionaram reorientações na política de C&T&I daquele país. 102 Em resumo, pode-se afirmar que nas duas primeiras fases, a política de desenvolvimento da biotecnologia na Alemanha apoiou-se nas redes corporativas e apresentou resultados insatisfatórios. Durante as décadas de 70 e 80, o sistema de inovação alemão não foi capaz de estimular ações empreendedoras por parte de agentes privados e de promover a aproximação desses com instituições e agentes que geravam conhecimento técnico e científico em biotecnologia. Pesquisadores e cientistas ligados a universidades e institutos de pesquisa, atuantes no desenvolvimento tecnológico, patenteamento de produtos ou licenciamento dos mesmos a empresas, receberam poucos incentivos governamentais. Porém, com os avanços da engenharia genética e seus impactos em diversos segmentos de mercado, nos quais a Alemanha ocupava posição de destaque no panorama internacional, esse país teve que rever de forma consistente sua política de C&T&I para a área de biotecnologia. Fonte: LEHRER (2007) Figura 4.1: Contornos da Política de C&T&I da Alemanha na área de biotecnologia Em contraste, na terceira fase, a partir de 1995, a ênfase da política para o desenvolvimento da biotecnologia naquele país voltou-se para as redes emergentes, logrando êxito. Cabe destacar, entretanto, que resultados promissores ou fracassos nessa área não guardam necessariamente uma relação com a magnitude de investimentos e financiamentos de P&D por parte do governo. Passou a implementar diversos mecanismos voltados para a criação de um ambiente mais propício ao desenvolvimento da biotecnologia no país, com destaque para o Programa “BioRegio”, 103 iniciado em 1995 e concluído em 2000. Esse programa tinha por objetivo desenvolver sistemas locais de inovação e as regiões interessadas encaminhavam propostas que, se aprovadas, contariam com recursos técnicos, financeiros e jurídicos privilegiados. Foram encaminhadas 17 propostas, das quais quatro foram aceitas, gerando sistemas de inovação em biotecnologia nas regiões de Colônia, Heidelberg, Jena e Munique. Esses incentivos permitiram a consolidação e o fortalecimento dos pólos de biotecnologia naquele país e seu sucesso levou o governo alemão a criar novos programas de suporte ao desenvolvimento da biotecnologia visando adensar e consolidar sistemas locais já existentes (“BioProfile”) e conceder subsídios e fomentar empresas que realizem atividades de P&D com elevado potencial inovador em áreas de fronteira (“BioChance”). Tais ações resultaram no promissor crescimento do sistema nacional de inovação em biotecnologia da Alemanha e explicam, em grande parte, o crescimento alemão em comparação aos demais países europeus no decorrer da década de 90. Os investimentos públicos para biotecnologia na Alemanha têm sido sempre substanciais, superando em alguns anos os gastos da França e do Reino Unido em uma relação de dez para um98. Em síntese, não obstante as diferenças que marcam as três fases do desenvolvimento da biotecnologia na Alemanha, um fato em comum se destaca: os programas governamentais de P&D foram bem organizados e gerenciados em toda a trajetória de desenvolvimento, independente do foco estratégico da política de C&T&I. Outro aspecto importante refere-se à busca permanente por arranjos organizacionais mais apropriados para as inovações embrionárias, uma vez que essas requerem um envolvimento contínuo de cientistas da fase de pesquisa básica nas fases posteriores de suas trajetórias, ou seja, no desenvolvimento da produção e comercialização. O relato da experiência alemã mostra que a política de C&T&I naquele país passou do modelo de redes corporativas (décadas de 70 e 80) para o modelo de redes emergentes (1990s), considerado mais promissor para a incorporação dos resultados de P&D de biotecnologia em processos e produtos inovadores. Um traço constante que se observa na política de C&T&I alemã em todo o século XX é a tendência de excluir as universidades das principais iniciativas de P&D e de enfatizar a atuação de institutos de pesquisa especializados. Esse fato é explicado pela inflexibilidade estrutural das universidades, aliada aos casos de sucesso de muitos institutos de pesquisa desde sua criação, no século XIX. Observa- 98 LEHRER, M. (2007). Organizing knowledge spillovers when basic and applied research are interdependent: German biotechnology policy in historical perspective. Journal of Technology Transfer, v.32, p. 277–296. 104 se claramente que o sistema sistema nacional de inovação da Alemanha evoluiu em torno da atuação de seus institutos de pesquisa especializados, caracterizando-se uma “dependência de caminho” (path-dependence) nas reformas políticas de C&T&I implementadas no século XX 99. Ao lado das experiências do Reino Unido e da Alemanha, destaca-se também a França, país no qual prevalece o papel do Estado no desenvolvimento da biotecnologia, por meio de seus institutos de pesquisa, especialmente o Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), o Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale (INSERM), o Institut Pasteur e o Institut National de la Recherche Agronomique (INRA). Cerca de 80% das empresas de biotecnologia na França surgiram apenas na década de 90, fato que contribuiu para que o desenvolvimento da biotecnologia na França decorresse, principalmente, de políticas e instrumentos conduzidos pelo setor público. As iniciativas governamentais buscam fundamentalmente a aproximação dos atores integrantes do sistema francês de inovação em biotecnologia, o fortalecimento e adensamento do mercado de capitais, o estímulo a uma cultura empreendedora de cientistas e pesquisadores, bem como a criação de marcos regulatórios referentes à entrada no mercado de produtos e serviços derivados da biotecnologia. Destaca-se, dentre essas iniciativas, a outorga da Lei de Inovação Francesa (Lei 99-587), datada de junho de 1999, que busca proporcionar um ambiente institucional mais apropriado ao desenvolvimento científico e tecnológico. Tendo como base a Lei 99-587, a França procurou instituir mecanismos e incentivos destinados a aproximar pesquisadores e cientistas do ambiente econômico e industrial, ampliandose a interação entre os setores público e privado. Uma característica particularmente promissora desta Lei refere-se à possibilidade dos pesquisadores e cientistas se afastarem de suas atividades acadêmicas e profissionais para integrarem o corpo técnico em empresas de base tecnológica ou até mesmo darem início a novas empresas. Mais recentemente, foi criado na França um programa de incentivo a pesquisas em bioinformática, nanobioengenharia, terapia gênica e celular, com recursos de 30 milhões de euros. Citam-se também o Programa “GenHomme” para as áreas de genômica e seqüenciamento e o “GenoPlante”, voltado ao desenvolvimento 99 LEHRER, M. (2007). Organizing knowledge spillovers when basic and applied research are interdependent: German biotechnology policy in historical perspective. Journal of Technoogy Transfer , v. 32, p. 277–296. 105 da biotecnologia agrícola e vegetal, contando esses programas com recursos da ordem de 300 e 210 milhões de euros, respectivamente. Vale ressaltar na experiência francesa, o desenvolvimento do “France Innovation Scientifique et Transfert” (FIST)100, maior incubadora francesa. O FIST tem por objetivo proporcionar assessoria técnica e administrativa a pequenas e médias empresas, prestando consultorias em propriedade intelectual, viabilidade comercial e elaboração de planos de negócios, assim como a divulgação de técnicas de marketing e de estratégia para inserção das empresas em mercados nacionais e internacionais. Desde sua criação em 1992, o FIST já intermediou mais de 600 contratos de transferência tecnológica entre institutos públicos de pesquisa e empresas, proporcionando ao CNRS e à ANVAR - Agence Nationale de La Valorisation de La Recherche recursos de 40 milhões de euros em 2002 e 65 milhões no ano de 2003. 4.3 Ásia e Pacífico Dentre os países da Ásia e Pacífico, o Japão é o mais desenvolvido nos campos da biociência e da biotecnologia, seguido por Cingapura, Taiwan, China, Índia e Austrália. Destacam-se nesta Seção, os relatos das experiências de desenvolvimento da biotecnologia no Japão, pelo seu estágio de desenvolvimento, e das experiências da China e da Índia, pelo potencial de desenvolvimento tecnológico e de mercado desses países. Inicia-se com o relato do desenvolvimento da biotecnologia no Japão, país cuja grande tradição em pesquisa biotecnológica em processos bioquímicos e fermentativos, aliada à eficiente coordenação do desenvolvimento da biotecnologia moderna pelo governo japonês, refletida nos investimentos em P&D e incentivos por parte do Estado na última década, vem pautando o crescimento de sua bioindústria. A presença estatal foi reforçada pela limitada ação empreendedora de cientistas e pesquisadores, pela baixa articulação destes com a indústria e por um mercado de capitais pouco voltado às empresas de biotecnologia. Com o objetivo de reduzir essas barreiras, o governo instituiu em 1999 o Programa “Basic Policy Towards Creation of a Biotechnology Industry”101. 100 FRANCE (2008). France Innovation Scientifique et Transfert. FIST. Disponível em: <http://www.fist.fr>. Acesso em: outubro de 2008. 101 LEHRER, M. e ASAKAWA, K. (2004). Rethinking the public sector: idiosyncrasies of biotechnology commercialization as motors of national R&D reform in Germany and Japan. Research Policy, v. 33, p. 921- 938. 106 Esse programa conferia maior autonomia para universidades e institutos de pesquisa em relação a contratos de parcerias, transferência e licenciamento de novos produtos e processos a empresas. Estabelecia também um conjunto de incentivos e condições que facilitavam o ingresso de cientistas e pesquisadores em novas empresas de biotecnologia, com afastamento de suas atividades acadêmicas por um período de até três anos e retorno previsto ao fim desse período ao exercício de suas funções regulares. Além de promover a comercialização de aplicações da biotecnologia principalmente na área de saúde e biofármacos, o Programa buscou promover melhorias na base científica e tecnológica do país, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. Quantitativamente, o Programa financiou mais pesquisas competitivas, a criação de novos institutos de bioinformática e ampliou a oferta de bolsas de doutorado em biotecnologia. Em termos qualitativos, buscou articular a formação de redes de cooperação entre a indústria, os círculos acadêmicos e o governo, pretendendo intensificar o fluxo de informação sobre os resultados de P&D e impulsionar o desenvolvimento da produção até a comercialização. Três anos depois da criação do programa, o governo japonês institucionalizou o fórum “Biotechnology Strategy Council”, constituído pelo Primeiro Ministro, seis ministros de Estado, representantes da indústria, da academia e do governo, além de especialistas da área médica. Esse fórum foi criado com o objetivo de acompanhar sistematicamente a implementação do referido Programa, tendo sido estabelecido na ocasião um plano de ação até 2010, focalizando principalmente o desenvolvimento de competências tecnológicas associadas a aplicações da engenharia genética no setor de alimentos. Outras metas igualmente estratégicas, de longo prazo, foram contempladas nesse plano, como por exemplo, atingir um mercado de 25 trilhões de ienes para os produtos baseados na biotecnologia e dobrar em cinco anos o orçamento do governo para P&D nesta área. Quanto ao desenvolvimento de empresas, além da concessão que permitiu que cientistas e pesquisadores integrassem os quadros de novas empresas de base biotecnológica ou constituíssem empreendimentos próprios, foram criadas ainda linhas de crédito preferenciais e equalização das taxas de juros para empresas de biotecnologia. A adoção desses mecanismos pelo governo japonês foi de extrema relevância para o desenvolvimento de novos empreendimentos no país. Em decorrência, observou-se um significativo aumento do número de empresas de biotecnologia, que passou de 104 empresas em 1994 para 334 no final de 2002, exatamente um terço da meta de 1000 empresas em 2010, definida no Programa 107 “Policy Towards Creation of a Biotechnology Industry”102. Em 2007 o número de empresas atingiu 577, o que representou um pequeno decréscimo em relação às 586 empresas ao final de 2006103. Destaca-se também na experiência do Japão, a emergência de clusters e arranjos locais de inovação em diversas áreas de aplicação da biotecnologia. Particularmente, os pólos de Kanto, na região de Tóquio, que concentra 51% das empresas do país, Kinki, Kyoto e Kobe, na região de Osaka, com 14,2% das empresas e Hokkaido, com 11,6% das empresas de biotecnologia do país104. Na seqüência, apresentam-se as experiências da China e da Índia, destacando-se aspectos de interesse como investimentos, atração e retenção de talentos, bioética e biossegurança, propriedade intelectual, normalização e cooperação internacional. Na China, o sistema nacional de inovação em biotecnologia tem experimentado vigoroso crescimento nos últimos 10 anos, acompanhando a evolução da capacidade científica e tecnológica do país como um todo e respondendo por parcela significativa dos investimentos chineses em C&T&I. A título de ilustração, os investimentos globais em C&T&I, expressos em termos percentuais do PIB chinês, saltaram de 0,64% em 1997 para 1,35% em 2004. Espera-se que em 2010 cheguem a 2,0% do PIB. Do total desses investimentos, cerca de 20% refere-se às áreas de biociências e biotecnologia105. Os esforços de P&D em biotecnologia e biociências iniciaram somente em meados da década de 70 e, hoje, a China conta com uma sólida infra-estrutura de pesquisa que envolve institutos e uma infra-estrutura laboratorial afiliados à Academia Chinesa de Ciências (CAS); universidades e unidades de pesquisas afiliadas a instituições setoriais, como por exemplo, a Academia Chinesa de Ciências Médicas, subordinada ao Ministério da Saúde (MOS), e a Academia Chinesa de Ciências Agrícolas (CAAS), subordinada ao Ministério da Agricultura (MOA), além de outras organizações científicas locais. Geograficamente e por ênfase, as instituições de C&T podem ser agrupadas em quatro bases: (i) a base de Beijing, cujas prioridades são as áreas de agricultura e meio ambiente; (ii) a base de Shanghai, cujo foco é saúde 102 JAPAN BIOINDUSTRY ASSOCIATION (2003). Statistical Analysis of Japanese Bioventures. Japan Bioindustry Letters, n. 20, p. 1-3. 103 FUYUNO, I. e KAMBE, K. (2009) Biotech Industry in Japan, Life Sciences Team, Science and Innovation Section, The British Embassy, Tokyo 104 SUMIDA (2004). Recent Developments of Japan’s Bioindustry, Asia Pacific Biotech, vol. 8, nº 9. 2004. 105 CHEN, Z. et al. (2007). Life sciences and biotechnology in China. Phil. Trans. R. Soc. B, v. 362, n. 1482, p.954. 108 humana e pública; (iii) a base localizada no sudoeste da China, congregando unidades em Chengdu, Xining, Kunming e Xishuangbannan, cuja ênfase recai sobre a preservação da biodiversidade; e (iv) a base do sul, com unidades em Wuhan e Guangzhou, que focalizam seus esforços na biossegurança, na restauração de ecossistemas e em biotecnologia. Em 1986, o Programa “National High Technology Research and Development Programme” constitui um marco histórico para o desenvolvimento da biotecnologia e das biociências na China. As áreas de biociências e biotecnologia foram consideradas prioritárias e estratégicas no âmbito desse Programa, fato que contribui de forma significativa para a alocação de recursos financeiros, capacitação de recursos humanos e desenvolvimento da base científica e tecnológica nessas áreas. Dando continuidade ao movimento iniciado em 1986 e focalizando áreas chave de pesquisa básica, o Programa “National Key Basic Research Development Programme”, lançado doze anos depois, também incluiu a agricultura, saúde humana e recursos biológicos e meio ambiente como prioridades, o que alavancou avanços importantes nas referidas áreas. Em termos de investimentos, o suporte do “Department of Life Sciences” da Fundação Nacional de Ciências Naturais (NSFC) constitui um terço do orçamento total da Fundação, em termos do número de projetos financiados e da magnitude dos recursos. O orçamento destinado às áreas de biociências e biotecnologia da Academia Chinesa de Ciências (CAS) responde por 15,6% de sua dotação orçamentária. Com alguns anos de prática, consolidou-se um sistema de financiamento para C&T&I na China, que contempla diversas fontes de recursos para o desenvolvimento da biotecnologia e das biociências e também para a industrialização dos resultados de P&D nessas áreas. As principais agências de desenvolvimento científico e tecnológico da China são o Ministério da Ciência e Tecnologia (MOST), a NSFC e a CAS. Além da ênfase nos investimentos, considera-se a atração e retenção de talentos como fatores chave para o desenvolvimento da biotecnologia na China. Para atrair talentos, especialmente jovens, várias iniciativas vêm sendo implementadas, como por exemplo, o projeto ‘Hundred-Talent Project’ da CAS, o projeto “National Outstanding Young Scholar Project” da NSFC, e a iniciativa “Cheung Kong Scholar Project” do Ministério da Educação (MOE). No nível de governos locais, o governo de Xangai, por exemplo, criou dois projetos: “Morning Star Project” e “Dawning Project”. Esses projetos oferecem recursos e garantia de continuidade dos esforços de P&D para cientistas chineses atuantes em biotecnologia e em biociências, ao mesmo tempo 109 em que têm atraído muitos cientistas a retornarem ao país depois de terem se capacitado no exterior. Em junho de 2004, foi criado o fórum “National Biotech Leadership Committee”, marcando-se o início de uma nova era para o desenvolvimento das biociências e da biotecnologia na China. Desde então, as pesquisas nesses campos têm evoluído bastante, apresentando uma estreita relação com o desenvolvimento local de setores como medicina e saúde, agronomia, utilização de recursos biológicos e preservação do meio ambiente. Graças ao suporte do governo, à atuação da comunidade científica e a modernização da infra-estrutura, destacam-se avanços tecnológicos da China em diversas áreas de fronteira, como genômica, função heteróloga de proteínas, neurociências, bioinformática, biotecnologia agrícola, mais especificamente, desenvolvimento de arroz super-híbrido, células-tronco e clonagem, terapia gênica, além do desenvolvimento de biofármacos e vacinas 106. Acompanhando o continuo e rápido crescimento econômico do país e a evolução mundial da genômica e de outras áreas de fronteira da biotecnologia, a comunidade científica e tecnológica da China tem sido bastante atuante nos campos citados. Entretanto, existe ainda um longo caminho a ser percorrido para reduzir o hiato entre a capacidade científica e tecnológica chinesa nesses campos e as dos países mais desenvolvidos. Nesse sentido, buscando reduzir os hiatos identificados, em fevereiro de 2006, o governo chinês lançou um conjunto de diretrizes para o desenvolvimento científico e tecnológico que integram o documento “National Guidelines for Medium-and Long-term Plans for Science and Technology Development: from 2006 to 2020” 107. As diretrizes estratégicas enfatizavam mudanças consideradas fundamentais em relação ao posicionamento tecnológico do país e seu modelo de inovação no sentido de: (i) passar da posição de país seguidor para inovador; (ii) evoluir da geração de inovações específicas e individuais baseadas em P&D para inovações integradas de produtos e processos chave de indústrias emergentes; e (iii) construir um sistema nacional de inovação, ao invés de realizar uma reforma baseada apenas na consolidação da infraestrutura para P&D. Foram definidos 11 setores prioritários, que incluíam energia, recursos hídricos, meio ambiente, agricultura e saúde humana, considerando-se um horizonte temporal de 15 anos. Nesse período, são previstos desenvolvimentos importantes nas áreas de fronteira 106 107 CHEN, Z. et al. (2007). Life sciences and biotechnology in China. Phil. Trans. R. Soc. B, v. 362, n. 1482, p.947-957. STATE COUNCIL PEOPLE’S REPUBLIC OF CHINA (2006). Guidelines on national medium- and long-term program for science and technology development: 2006–2020. Disponível em: <http://gh.most.gov.cn>. Acesso em dezembro de 2008. 110 da biotecnologia e a alocação de recursos financeiros equivalentes a 2,0% do PIB chinês para P&D (meta para 2010) e superiores a 2,5% do PIB (meta para 2020)108. Particularmente em relação à agricultura, as pesquisas devem ser direcionadas mais para a adoção e adaptação de variedades geneticamente modificadas, principalmente arroz e soja, visando reduzir a dependência do país em relação à importação desses produtos. No que diz respeito à área de saúde humana, a evolução da produção científica do país expressa pelo número de artigos publicados em periódicos indexados é significativa: o país passou da 22a posição no início da década de 90 para a 14a em 2002 109. Com o vigoroso desenvolvimento da biotecnologia e biociências na China, o governo chinês vem dando muita atenção às questões de regulamentação quanto ao uso de recursos genéticos, à biossegurança e à bioética. A título de ilustração, citamse alguns exemplos de regulamentos estabelecidos no período de 1998 a 2003. São eles: “Interim Measures for the Administration of the Human Genetic Resources” definidas em conjunto pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MOST) e Ministério da Saúde (MOH) em 1998. Dois anos depois, o órgão de proteção ambiental (SEPA) organizou e emitiu uma série de documentos normativos, dentre eles: “National Biosafety Frameworks of China”110. Desde 2002, alguns órgãos governamentais, como o MOST, o SEPA, O MOA e o MOH, têm opinado sobre novos regulamentos técnicos concernentes à biossegurança e a outras leis associadas. Ainda com relação aos aspectos éticos e de aceitação pela sociedade dos novos produtos de base biotecnológica, destacam-se alguns fatos. Com o suporte da comunidade científica da área biomédica, a China tem formulado padrões em bioética adaptados às condições e necessidades locais111. Dentre eles, citam-se: “Measures for Ethical Review in Biomedical Researches Involving Human Subjects” (1998); “Good Clinical Practice” (1999), “Ethical Rules for (Human) Medical Assisted Reproduction Technology and Human Sperm Bank” (2001) e “Ethical Guidance on Human Embryonic Stem Cell Research” (2003). Com referência à propriedade intelectual, a China apóia atividades de inovação por meio de programas de C&T&I e envidará ainda mais esforços para a proteção dos 108 109 CHEN, Z. et al. (2007). Ibid., p.947-957. ZHENZHEN, L. et al. (2004). Health biotechnology in China: reawakening a giant. Nature Biotechnology, v. 22, (Suppl.):DC13-DC18. 110 STATE ENVIRONMENTAL PROTECTION ADMINISTRATION (2000). National biosafety frameworks of China. Beijing, China: China Environment Science Press. 111 DORING, O (2004). Chinese researchers promote biomedical regulations: what are the motives of the biopolitical dawn in China and where are they heading? Kennedy Inst. Ethics J. n. 14, p. 39 - 46. 111 direitos de propriedade intelectual, buscando aperfeiçoar seu atual sistema de proteção intelectual e as regulamentações e legislação associadas. Ao mesmo tempo, implantará um rigoroso sistema de fiscalização quanto ao atendimento à legislação. Patentes de outros países e os direitos de propriedade intelectual são reconhecidos e respeitados na China com base nas normas internacionais e acordos da Organização Mundial do Comércio. Espera-se ainda a exploração de patentes chinesas por outros países por meio da cooperação internacional. Finalmente, não obstante o progresso alcançado pela China em biociências e biotecnologia, decorrente do forte aparato governamental de suporte, apontam-se algumas deficiências da política nacional de C&T&I para essas áreas: (i) a dificuldade de passar de modelo totalmente dependente de financiamento governamental para um modelo baseado em financiamentos privados, particularmente os baseados em capital de risco; (ii) o insucesso na implantação de estruturas e mecanismos governamentais que promovam a interação entre a base científica e as empresas chinesas; (iii) a carência de linhas de financiamento para pequenas e médias empresas de base biotecnológica 112. Na seqüência, relata-se o desenvolvimento do sistema de inovação em biotecnologia na Índia, que teve seu início em meados dos anos 80, com a criação do National Technology Board (NTB) e de um departamento específico no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia – Department of Biotechnology (DBT), mais precisamente em 1986 113. Em mais de uma década de existência, o DBT tem promovido e acelerado a trajetória de desenvolvimento da biotecnologia na Índia, compreendendo o suporte a diversos projetos de P&D com resultados promissores em setores como agroindústria, saúde humana, meio ambiente, energia e indústria, em geral, além de melhorias significativas em infra-estrutura física de suporte às atividades de P,D&I. Adicionalmente, o DBT tem interagido com mais de 5.000 cientistas por ano, com o objetivo de aproveitar melhor a expertise existente nas universidades e em laboratórios públicos e vem desenvolvendo mecanismos efetivos de monitoramento de sua produção científica e patenteamento. Observa-se na Índia uma boa interação entre o DBT e os governos estaduais, particularmente os respectivos Conselhos de C&T para o desenvolvimento de projetos de aplicações da biotecnologia, assim como demonstrações de tecnologias provadas viáveis 112 PREVEZER, M. (2008). Technology policies in generating biotechnology clusters: a comparison of China and the US. European Planning Studies, v. 16, n. 3, p.359 – 374. 113 PATEL, N. (2006). Shaping the Indian biotech sector. In: BioAsia 2006 Special. Disponível em: <http://www.expresspharmaonline.com/20060215/bioasia2006special03.shtmll>. Acesso em dezembro de 2008. 112 e capacitação de recursos humanos nos estados e territórios da União. A título de ilustração, citam-se os programas que estão em desenvolvimento nos estados de Gujarat, Rajasthan, Madhya Pradesh, Orissa, West Bengal, Haryana, Punjab, Jammu & Kashmir Mizoram, Andhra Pradesh e Uttar Pradesh. Destacam-se ainda os centros de biotecnologia aplicada em Madhya Pradesh e West Bengal. Essas iniciativas abrangem pesquisa de transgênicos com ênfase em resistência a pragas e doenças; melhoria da qualidade nutricional dos alimentos; análise do genoma do bicho-da-seda; biologia molecular e pesquisa de distúrbios genéticos em humanos; neurociências; genômica de plantas; preservação da biodiversidade; e bioprospecção. Com relação às ações implementadas pelo National Technology Board (NTB), citam-se programas de pesquisa básica e pesquisa aplicada nas áreas de saúde, genética, agricultura e alimentos114. Mais especificamente nos últimos anos, a continuidade de projetos de P&D voltados para o aproveitamento e a exploração responsável da biodiversidade da fauna e flora nacionais vem ganhando cada vez mais importância. Em 2004, o NTB estimulou a formação do Genoma Valley, arranjo cooperativo criado com o objetivo de estreitar as relações entre universidades e empresas na região de Hyderabad. As maiores empresas do país concentram-se nessa região e hoje o Genome Valley oferece facilidades de alta qualidade para mais de 100 empresas de base biotecnológica115. Cabe ressaltar que o rápido aumento do número de empresas locais foi impulsionado também pelo desenvolvimento de um sistema de patentes mais favorável à manutenção de direitos de propriedade intelectual no país116. Além de abrigar parques e grandes centros como o Shapoorji Pallonji Biotech Park, o ICICI Knowledge Biotechnology Incubation Centre e o Agri -Business Incubator of ICRISAT, o complexo Genome Valley congrega importantes instituições de pesquisa em biotecnologia e diversas empresas de biofármacos privadas. Dentre essas instituições, destacam-se: Indian Institute of Chemical Technology, Centre for Cellular and Molecular Biology, National Institute for Nutrition e o Centre for DNA Fingerprinting and Diagnostics. As principais empresas privadas localizadas no Genoma Valley são: Avra Laboratories, Bharat Biotech International, Bijam Biosciences, Biological E. Ltd, Bioserve Biotechnologies, Dr Reddy's Laboratories, 114 BAGCHI-SEN, S. e SMITH, H.L. (2008). Science, institutions, and markets: developments in the Indian biotechnology sector. Regional Studies, v. 42, n. 7, Agosto de 2008, p. 961-975. 115 JAYARAMAN, K. S. (2005). Biotech boom. Nature Biotechnology, 23, p.1183 – 1184. 116 THORSTEINSDÓTTIR, H. et al., Quach, U; Daar, AS; Singer, PAS. (2004). Promoting biotechnology innovation in developing countries. Nature Biotechnology. V. 22, p. DC48 – DC52. 113 Genotex International, GVK Bio, Indian Immunologicals Ltd, Indigene Pharmaceuticals, Jupiter Biosciences, Krebs Biochemicals, Microbiomed Products, Nuziveedu Seeds, Prabhat Agri Biotech, Satyam Computer Services, Shantha Biotechnics, Tata Consultancy Services e Vimta Labs. Em 2005-2006, a bioindústria indiana gerou uma receita da ordem de US$ 1,07 bilhões, com um taxa de crescimento anual acumulada de 36,55% em relação a 2001. A meta traçada pelo governo indiano para 2010 é atingir US $ 5,0 bilhões de receita e gerar 1,0 milhão de empregos117. Com metas tão desafiadoras, o governo indiano passou a implementar medidas e iniciativas para promover inovações biotecnológicas, como, por exemplo, a “Small Business Innovation Research Initiative” (SBIRI), voltada para a formação de parcerias público-privadas, particularmente com pequenas e médias empresas118. Outra iniciativa igualmente importante referia-se ao financiamento de P&D de tecnologias embrionárias ou de fronteira consideradas promissoras do ponto de vista de geração de inovações, com a perspectiva de alavancar capital de risco com certa agilidade, logo após as aplicações das áreas de fronteira se provarem tecnicamente viáveis119. Integrar a estratégia nacional de desenvolvimento da biotecnologia à política educacional, à mobilização social e à regulamentação constituía pré-requisito essencial para o contínuo progresso do setor de biotecnologia na Índia, tanto na visão do governo indiano, quanto dos demais setores envolvidos. Partindo desse pressuposto básico, em 13 de novembro de 2007, o DBT lança a “National Biotechnology Development Strategy”, ocasião na qual foram apresentados o arcabouço geral da política e o direcionamento estratégico a ser seguido por diversos setores para acelerar o ritmo do desenvolvimento da biotecnologia na Índia, em horizonte de curto, médio e longo prazos120. A partir de seu lançamento, essa política tem orientado importantes intervenções nos setores público e privado, sendo que a mais importante delas foi um acordo quadrilateral entre academia, indústria, laboratórios e o governo. O conjunto dessas intervenções foram iniciadas recentemente, na expectativa de que novos modelos de organização do sistema nacional de inovação surjam no futuro próximo. Esses modelos 117 GOVERNMENT OF INDIA. DEPARTMENT OF BIOTECHNOLOGY (2007a). DBT Annual Report 2005-2006. Disponível em: http://dbtindia.nic.in/uniquepage.asp?ID_PK=293. Acesso em dezembro de 2008. 118 Government of India. Department of Biotechnology (2007a) Ibid. 119 Government of India. Department of Biotechnology (2007b). National Biotechnology Development Strategy. Disponível em: http://dbtindia.nic.in/biotech_strategy.htm. Acesso em dezembro de 2008. 120 Government of India. Department of Biotechnology (2007b). Ibid. 114 referem-se ao posicionamento das empresas indianas em cadeias de valor, cujos alvos são o mercado doméstico e a inserção em outros mercados, por meio de parcerias internacionais. Considerada área tecnológica emergente, a biotecnologia é uma área muito dinâmica, caracterizada por mudanças estruturais (as chamadas gerações da biotecnologia), baseadas em novas idéias e conceitos, bem como pelo desenvolvimento de ferramentas avançadas para P&D. Para enfrentar esses desafios, tornou-se essencial para o país contar com uma base de recursos humanos científicos e técnicos em número e nível de qualidade adequados. Diversas novas iniciativas nesse sentido compreenderam: (i) aumento do número de doutores e pós-doutores, incluindo bolsistas estrangeiros; (ii) suporte a universidades de primeira linha que integram biociências e biotecnologia nas suas grades curriculares; (iii) oferta de bolsas de iniciação científica para estudantes de graduação. Além do suporte à formação e capacitação de recursos humanos nessas áreas, o governo indiano vem investindo substancialmente no fortalecimento da infraestrutura física, integrada por laboratórios públicos de P&D e instituições acadêmicas. Como exemplos mais recentes, citam-se: a formação de clusters de pesquisa em células tronco, em três diferentes regiões do país; o desenvolvimento bioindustrial, incluindo o lançamento de novas vacinas e biofármacos desenvolvidos e testados clinicamente, como vacinas contra diversas doenças e viroses (rota-vírus, diarréia infantil, cólera, antrax e raiva) e kits de diagnóstico para encefalite japonesa e leishmaniose. Outros exemplos de inovações baseadas em biotecnologias de fronteira são as vacinas e kits de diagnóstico para animais, biofertilizantes, biopesticidas e culturas de tecidos de plantas. Quanto à atuação das empresas indianas de biotecnologia, destacam-se tanto estratégias tecnológicas baseadas em inovações, especialmente quando as tecnologias são embrionárias, quanto as baseadas em imitações, no caso de tecnologias situadas no meio da curva de desenvolvimento. Outra estratégia que vem sendo bastante adotada é a realização de pesquisas clínicas sob contrato com multinacionais. Para finalizar, relatam-se os principais gargalos e alguns pontos de destaque apresentados no documento da política nacional de biotecnologia da Índia. São eles: necessidade de aumentar o número de programas de doutorado em biociências e biotecnologia para formar uma massa crítica de líderes 115 acadêmicos. Esse aspecto foi considerado crítico para a geração de inovações sustentáveis e, nesse contexto, uma força tarefa nacional foi criada com os objetivos de formular modelos de currículo para cursos de graduação e pós-graduação com ênfase em biociências e biotecnologia; traçar medidas voltadas para a atração de talentos para pesquisa em biociências; e definir as condições adequadas de trabalho para cientistas realizarem pesquisas em biotecnologia orientadas para a indústria; necessidade de escalonar tecnologias já provadas como, por exemplo, kits de diagnósticos e vacinas. Enquanto a indústria indiana tem sido considerada forte no desenvolvimento de produtos e sua comercialização, a bioindústria ainda não dispõe da infra-estrutura necessária para P&D em áreas de ponta, como a modelagem molecular, a engenharia de proteínas e estudos imunológicos. O DBT vem agindo no sentido de institucionalizar o mecanismo “Single Window Clearance”, com o objetivo de desburocratizar a instalação de novas plantas industriais e aumentar a participação privada no desenvolvimento da infra-estrutura; necessidade de suporte financeiro para incubadoras e empresas start-ups, ou seja, o apoio ao desenvolvimento da capacidade de criar um pipeline contínuo de produtos baseados em biotecnologia. Políticas e diretrizes claras de investimentos para a promoção de inovações e comercialização são fundamentais para o crescimento esperado para a bioindústria na Índia nos próximos dez anos; necessidade de suporte governamental, incentivos fiscais e benefícios tarifários são cruciais para esse setor, pois a bioindústria é considerada a mais intensiva em P&D e empresas investem 20-30 % de seus custos operacionais em pesquisa ou aquisição de tecnologias externas nessa área; necessidade de suporte financeiro e apoio técnico para os primeiros estágios do ciclo de desenvolvimento de produto em pequenas e médias empresas. Nesse sentido, foi criada a iniciativa “Small Business Innovation Research Initiative” (SBIRI) pelo DBT para apoiar pequenas e médias empresas através de empréstimos e subvenções. O esquema apoiará testes de préviabilidade técnica, estágios preliminares da pesquisa com potencial de inovação e oferecerá orientação técnica de gestão em inovação; necessidade de criar parques de biotecnologia para facilitar a transferência de tecnologia nas mais diversas áreas desse campo e impulsionar o empreendedorismo, pela formação de parcerias entre os pesquisadores inovadores das universidades, das instituições de P&D e da indústria; 116 a necessidade de um mecanismo regulatório para avaliação da biossegurança que seja científico, rigoroso, transparente, eficiente e consistente: um único “National Biotechnology Regulatory Authority” gerenciado por uma estrutura administrativa independente. Em síntese, constata-se pelos relatos das experiências da China e da Índia que esses dois países têm alcançado bons resultados em diversas áreas da biotecnologia, adotando estratégias complementares que poderão ser pensadas para outros países em desenvolvimento, a saber: (i) patenteamento em áreas de fronteira com potencial para atrair capital de risco estrangeiro; (ii) formação de clusters e identificação de nichos de mercado em aplicações da biotecnologia; (iii) desenvolvimento da cultura de empreendedorismo; e (iv) formação de alianças estratégicas internacionais. 5 Dimensões INI- Biotecnologia: foco Brasil Descreve-se nesta Seção o quadro atual no Brasil das dimensões da INIBiotecnologia, compreendendo dados e informações sobre recursos humanos, infraestrutura, investimentos, marco regulatório, aspectos éticos e de aceitação da sociedade e aspectos mercadológicos, com destaque para os pontos críticos e gargalos. 5.1 Recursos humanos Apresenta-se, inicialmente, a situação atual dos grupos de pesquisa de biotecnologia no Brasil, baseada em pesquisa realizada em 2008 por pesquisadores do IPEA121, a partir de informações do Portal Inovação, do Ministério da Ciência e Tecnologia. Na seqüência, complementa-se o quadro atual da dimensão “Recursos Humanos” com informações sobre os programas de pós-graduação em biotecnologia recomendados e reconhecidos pela Capes, de acordo com levantamento recente realizado pelo CGEE diretamente na base de dados do Portal da Capes122. O Decreto nº 6.041, de 8 de fevereiro de 2007, que instituiu a Política de Desenvolvimento da Biotecnologia (PDB) e criou o Comitê Nacional de Biotecnologia, estabeleceu como prioridade, entre outras, a formação e capacitação de recursos humanos para o desenvolvimento de C&T e inovação em biotecnologia, com foco na bioindústria. Não obstante a existência no país de uma nova geração de biologistas 121 MENDONÇA, M.A.A. e FREITAS, R. E. (2008). Biotecnologia: perfil dos grupos de pesquisa no Brasil. IPEA. In: Anais do XLVI Congresso da Sociedade Brasileira e Sociologia Rural. Rio Branco, Acre, 20 a 23 de julho de 2008. 122 CAPES (2008). Mestrados e doutorados reconhecidos na grande área “multidisciplinar”. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/cursos-recomendados>. Data de atualização: 30/12/2008. Acesso em dezembro de 2008. 117 moleculares, na sua maioria decorrente dos esforços da comunidade científica brasileira no Projeto Genoma, ainda é preciso fortalecer a base científica e tecnológica em biotecnologia para o aproveitamento das potencialidades de produção e comercialização de produtos relacionados às biotecnologias de fronteira. A pesquisa do IPEA Nesta Seção, objetiva-se inicialmente delinear o perfil dos recursos humanos envolvidos com P&D&I em biotecnologia no Brasil, com base em dados e estatísticas resultantes de trabalho recente elaborado por pesquisadores do IPEA123, a partir de informações do Portal Inovação124, cujas informações são oriundas da Plataforma Lattes e do Diretório de Oportunidades e declaradas pelos próprios pesquisadores ou líderes de pesquisa. Inicialmente, foram identificados 2.717 grupos de pesquisa que apontaram o termo “biotecnologia” como uma das palavras-chave de seus respectivos temas de pesquisa. Um exame mais profundo detectou, porém, que nem todos os grupos, especialmente aqueles ligados às Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Lingüística, guardavam ligação com as áreas científicas e tecnológicas abordadas pelo estudo. Com a exclusão de 290 grupos, obteve-se uma visão mais rigorosa acerca dos 2.427 grupos restantes, efetivamente relacionados a atividades de P&D&I em biotecnologia. O interesse pela biotecnologia remonta à década de 1930, porém o campo permaneceu pouco conhecido ou divulgado até a década de 1970, quando então o número de grupos começou a crescer. No entanto, só nos anos 1990 viria a ocorrer um expressivo crescimento da formação de grupos no país, em decorrência da renovação do interesse pelo tema em nível mundial, devido aos avanços da engenharia genética. A Figura 5.1 apresenta a distribuição dos 2.427 grupos por área de conhecimento. Observa-se que as ciências agrárias e biológicas são as mais relevantes, respondendo por 68% do total de grupos identificados. Ciências da Saúde e Ciências Exatas e da Terra vêm em seguida, com 11% e 9%, respectivamente. As principais aplicações biotecnológicas listadas pelos grupos de pesquisa são agricultura, pecuária, saúde humana e saúde animal. Pelo cruzamento dos dados relacionados às áreas de conhecimento com as unidades federativas de origem dos grupos de pesquisa, obteve-se a distribuição regional dos grupos de pesquisa por área, conforme apresentado na Figura 5.2. 123 124 MENDONÇA, M.A.A.; FREITAS, R. E. (2008). Op. Cit. MCT (2008). Portal Inovação. Ministério da Ciência e Tecnologia Disponível: <http://www.portalinovacao.mct.gov.br>. Acesso em: outubro de 2008. 118 Fonte: Adaptado de MENDONÇA, M.A.A. e FREITAS, R. E. (2008). Figura 5.1: Distribuição dos grupos de pesquisa em biotecnologia por área de conhecimento. Fonte: Adaptado de MENDONÇA, M.A.A.; e FREITAS, R. E. (2008). Figura 5.2 Distribuição dos grupos de pesquisa em biotecnologia por área de conhecimento nas grandes regiões 119 A região Sudeste responde por cerca de 50% de toda a pesquisa em biotecnologia realizada no país. Nessa região, o modelo de distribuição nas áreas de conhecimento se apresenta um pouco mais diversificado do que o observado nas outras regiões (31,6% dos pesquisadores são ligados às ciências agrárias; 34,1%, às ciências biológicas; 13%, às ciências da saúde; 9,2%, às ciências exatas e da terra; e 8,7% às engenharias). A região Norte possui a menor parcela do total nacional (5%). Ciências Agrárias e Biológicas representam, respectivamente, 39,3% e 32,8% dos grupos voltados para a área de biotecnologia. Na região Centro-Oeste, que conta com 7,2% do montante de grupos, 81,6% dos pesquisadores focalizam as áreas agrária e biológica. Na região Nordeste, com participação nacional pouco superior à região Norte (15,6%), o padrão anterior se mantém. A região Sul do país detém cerca de 24% da pesquisa e apresenta maior diversificação de temas estudados. Ciências Agrárias e Biológicas respondem por 44% e 28%, respectivamente, do total de grupos, percentuais superiores àqueles registrados para o país como um todo. Há significativa presença das Ciências Exatas e da Terra (8,6%); Ciências da Saúde (8,4%); e Engenharias (6%). Uma comparação das participações percentuais das áreas de conhecimento indicou que as Ciências Agrárias se destacam nas regiões CentroOeste e Norte. Já as Engenharias têm maior participação nas regiões Nordeste e Sudeste; as Ciências da Saúde no Sudeste. As Ciências Biológicas têm maior destaque nas regiões Sudeste, Norte e Centro-Oeste. Outro ponto importante a ser investigado refere-se à distribuição regional da pesquisa em biotecnologia (Figura 5.3). Os dados indicaram um predomínio das regiões mais desenvolvidas do país. As regiões Sul e Sudeste responderam por aproximadamente 72% do total dos grupos. A região Nordeste também apresenta um percentual bastante relevante (16%). Além disso, um exame mais detalhado da Figura 5.3, indica a liderança do Estado de São Paulo, que conta com 558 grupos (23% do total); seguido pelo Rio de Janeiro, com 320 grupos (13,2%); Minas Gerais, com 291 (12%); Rio Grande do Sul, com 245 (10%); Paraná, com 214 (9,5%); e, Santa Catarina, com 112 (4,6%). 120 Fonte: Adaptado de MENDONÇA, M.A.A; e FREITAS, R. E. (2008). Figura 5.3: Distribuição dos grupos de pesquisa em biotecnologia por região e total por unidade da federação. Os dados do Portal Inovação indicaram também que 57% das pesquisas são financiadas diretamente pelo Governo Federal, sendo que 46 % do total estão ligadas às universidades federais. Os Estados respondem por aproximadamente 31%, sendo 26% oriundas das universidades (Figura 5.4). F Fonte: Adaptado de MENDONÇA, M.A.A.; FREITAS, R. E. (2008). Figura 5.4: Vinculação institucional dos grupos de pesquisa em biotecnologia O governo tem fomentado nos últimos anos uma maior participação de empresas e instituições de ensino privado na pesquisa e desenvolvimento de aplicações da biotecnologia, mas, na prática, o que se observa é um campo ainda pouco explorado pelo capital privado, a despeito das muitas oportunidades existentes. Uma possível explicação estaria nas características de multidisciplinaridade, complexidade e pervasividade das aplicações da biotecnologia nos mais diversos setores de atividade produtiva, que requerem um grande esforço de capacitação em distintos ramos do 121 conhecimento. Daí a necessidade do surgimento de redes de relacionamento envolvendo empresas, universidades e instituições de pesquisa públicas125. O estudo da CAPES Com relação ao quadro da pós-graduação em biotecnologia, o Brasil tinha, em 2008, 32 programas de pós-graduação em biotecnologia recomendados e reconhecidos pela Capes, conforme levantamento recente realizado pelo CGEE. Os dados foram obtidos diretamente no Portal da Capes, mais especificamente na página “Cursos reconhecidos”, buscando-se localizar os cursos classificados na grande área “Multidisciplinar” (Tabela 5.1). Dentre os programas considerados nesta grande área, identificaram-se aqueles classificados nas áreas “biotecnologia” e “interdisciplinar” e nesta última, destacaram-se apenas aqueles programas com foco em biotecnologia. Os resultados desse levantamento encontram-se consolidados nas Tabelas 5.1 e 5.2, a seguir. Cabe destacar que não foram computados neste levantamento os programas e cursos de pós-graduação da grande área “Ciências Biológicas”, que formam a base do conhecimento para aplicação na biotecnologia (bioquímica, biologia molecular, genética, microbiologia e outros). Esses programas buscam formar especialistas nas disciplinas que compõem a interdisciplinaridade da biotecnologia. Prevê-se que eles poderão também atuar nos diversos campos da biotecnologia, além dos egressos dos programas de pós-graduação da grande área “Multidisciplinar” (Tabela 5.2). Tabela 5.1: Relação de cursos recomendados e reconhecidos pela Capes na grande área “Multidisciplinar” Grande área: multidisciplinar Área de avaliação Biotecnologia Programas e Cursos de pósgraduação Totais de cursos de pósgraduação Total M D F M/D Total M D F 23 5 1 2 15 38 20 16 2 Ensino de Ciências e Matemática 55 11 1 28 15 70 26 16 28 Interdisciplinar 208 105 10 50 43 251 148 53 50 Materiais 13 3 0 1 9 22 12 9 1 Brasil 299 124 12 81 82 381 206 94 81 Fonte: Capes (2008). Cursos: M - Mestrado acadêmico; D – Doutorado; F - Mestrado profissional. 125 SILVEIRA, J. e BORGES, I. (2004). Um panorama da biotecnologia moderna. In: SILVEIRA, J.; POZ, M.; ASSAD, A. Biotecnologia e recursos genéticos: desafios e oportunidades para o Brasil. Campinas: Unicamp, 2004. 122 Das Tabelas 5.1 e 5.2, depreende-se um total de 32 programas e 49 cursos classificados nas áreas “biotecnologia” e “interdisciplinar”, dos quais 28 são mestrados acadêmicos, 18 são doutorados e somente 3 são mestrados profissionais. Dos 23 programas classificados na área “biotecnologia”, 4 são da área de biotecnologia vegetal, 3 da área industrial e processos biotecnológicos, 1 voltado para recursos naturais, 2 com foco em saúde e o restante dos programas com atuação em temas variados da biotecnologia. Dos 9 programas classificados na área “interdisciplinar”, 2 são em bioética, 2 em bioinformática e sistemas, 1 em bioenergia, 1 em biometria, 1 em bioprospecção molecular e 2 em biotecnologia (Tabela 5.2). A avaliação desses cursos mostra uma heterogeneidade de qualidade na formação dos especialistas, variando de 3 a 5, segundo a escala adotada pela Capes. Alguns desses programas possuem projetos de interação universidade-empresa dentro das suas linhas de pesquisa, entretanto, essas informações não estão disponíveis de forma sistematizada no sistema de C&T e inovação do País. Recentemente, a Capes criou um comitê específico para análise e avaliação nacional desses programas, o que certamente virá a reforçar e estabelecer parâmetros comparativos de qualidade na formação de recursos humanos em biotecnologia. No total desses programas, estima-se que mais de 1.000 alunos estejam atualmente em curso, gerando em média 300 profissionais qualificados/ano para serem absorvidos pelo mercado de trabalho nas ICTs e empresas privadas. Nesta seção, constatou-se no país um expressivo aumento dos grupos de pesquisa relacionados à área, nos últimos anos, que se concentram especialmente nas regiões Sul e Sudeste, com significativa participação das Ciências Biológicas, da Saúde e Agrárias. Cabe destacar que 57% das pesquisas conduzidas pelos 2.427 grupos de biotecnologia existentes no país são financiados diretamente pelo Governo Federal. Com relação aos programas de pós-graduação, depreende-se um total de 32 programas e 49 cursos classificados nas áreas “biotecnologia” e “interdisciplinar”, dos quais 28 são mestrados acadêmicos, 18 são doutorados e somente 3 são mestrados profissionais. Dos 23 programas classificados na área “biotecnologia”, 4 são da área de biotecnologia vegetal, 3 da área industrial e processos biotecnológicos, 1 voltado para recursos naturais, 2 com foco em saúde e o restante dos programas com atuação em temas variados da biotecnologia. Dos 9 programas classificados na área “interdisciplinar”, 2 são em bioética, 2 em bioinformática e sistemas, 1 em bioenergia, 1 em biometria, 1 em bioprospecção molecular e 2 em biotecnologia. 123 Tabela 5.2: Programas de pós-graduação em biotecnologia recomendados e reconhecidos pela Capes Área de avaliação Biotecnologia Interdisciplinar Total Programa IES UF Cursos de pósgraduação Conceito M D F Bioquímica Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia e recursos naturais da Amazônia Biotecnologia em saúde e medicina investigativa Biotecnologia industrial Biotecnologia industrial Ciências genômicas e biotecnologia Fitossanidade e biotecnologia aplicada Pesquisa e desenvolvimento (Biotecnologia médica) Processos biotecnológicos Bioenergia Bioética Bioética Bioinformática Biologia computacional e sistemas Biometria Bioprospecção molecular Biotecnologia Biotecnologia 32 UFRJ UFAM UEFS UECE UFES UFOP UCDB UFPEL UCS UFSC UFSCAR USP UNESP/ARAR UMC UNAERP UEA RJ AM BA CE ES MG MS RS RS SC SP SP SP SP SP AM 2 2 2 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 1 4 3 4 3 4 3 5 4 4 4 5 4 4 3 3 4 3 4 5 5 4 4 4 5 4 4 4 - - CPQGM BA 2 4 4 - UNICEMP USP/EEL UCB PR SP DF 1 2 2 5 5 5 5 3 - UFRRJ RJ 1 3 - - UNESP/BOT SP 1 - - 4 UFPR PR 2 4 4 - FTC UNB CUSC UFPR FIOCRUZ BA DF SC PR RJ 1 2 1 1 2 4 3 3 4 4 4 3 - UNESP/BOT URCA SP CE 1 1 4 4 - - UFC UEL CE PR 12 1 1 49 4 5 28 18 3 Fonte: CAPES (2008). Cursos: M - Mestrado acadêmico; D – Doutorado; F - Mestrado profissional. Um diagnóstico conduzido pelo CGEE, no âmbito do Projeto INIBiotecnologia, envolvendo participantes das áreas do governo, academia e da indústria, apontou diversos gargalos da cena atual em relação à dimensão “recursos humanos”. Os gargalos e dificuldades foram classificadas em duas áreas: (i) capacitação; e (ii) fixação e atração de talentos. 124 Com relação à capacitação, foram apontados os seguintes gargalos: formação interdisciplinar e multidisciplinar deficiente; formação incipiente em inovação (gestão, empreendedorismo, projetos, patentes, etc.) dos graduandos, dos pós-graduandos e dos formadores atuais. No que tange à fixação e atração de talentos, destacam-se: baixa remuneração; incentivos fiscais e tributários pouco disseminados e ainda incipientes para apoiar as empresas na fixação e atração de talentos. Os gargalos e disparidades regionais poderão vir a ser supridos e equacionados pelos programas de fixação de recém-doutores ou pelos programas e editais interinstitucionais ou inter-regionais das agências de financiamento à pesquisa. 5.2 Infra-estrutura Apresentam-se os principais gargalos atuais da infra-estrutura física das instituições públicas e privadas que tenham como missão o desenvolvimento de P& D & I, com foco na indústria; a criação de ambiente favorável a uma maior interação entre o meio empresarial e os centros geradores de conhecimento; e o estímulo ao surgimento de novas empresas de base tecnológica. Um diagnóstico conduzido pelo CGEE, no âmbito do Projeto INIBiotecnologia, envolvendo participantes das áreas do governo, academia e da indústria, apontou diversos gargalos da cena atual em relação à dimensão “infraestrutura”. Os gargalos e dificuldades foram classificados em três áreas: (i) interação academia-indústria; (ii) estruturas de apoio tecnológico; e (iii) serviços tecnológicos. Com relação à interação academia-indústria, foram apontados os seguintes gargalos: mecanismos incipientes que ainda não permitem as indústrias se beneficiarem da infra-estrutura das ICTs por demandas da indústria; falta de conhecimento dos mecanismos de transferência e comercialização de tecnologias; falta de indução de plataformas tecnológicas (projetos induzidos pelo mercado); grande dependência da importação de insumos e equipamentos básicos. 125 No que tange às estruturas de apoio tecnológico, foram identificados as seguintes dificuldades: ausência de centros de referência (ensaios pré-clínicos, imagem, coleções biológicas, biotérios, entre outros); ausência de estruturação de “Arranjos Produtivos Locais” (APLs) e parques tecnológicos para promoção do desenvolvimento regional e nacional. E, finalmente, em relação aos serviços tecnológicos: falta de serviços em metrologia, normalização e avaliação de conformidade. falta de outros serviços técnicos especializados Os gargalos apontados pelo diagnóstico prévio do CGEE poderão vir a ser supridos e equacionados por ações para o curto, médio e longo prazo referentes à consolidação da infra-estrutura para o desenvolvimento das aplicações das áreas de fronteira da biotecnologia nos cinco setores analisados. 5.3 Investimentos e aspectos mercadológicos Os investimentos governamentais para o desenvolvimento da biotecnologia tiveram início em 1980, com o Programa Integrado de Genética126, que contou com a participação da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Já em 1981, o governo federal lançava o Programa Nacional de Biotecnologia, o PRONAB, que com o apoio e coordenação do CNPq, visava manter os grupos de pesquisa em áreas correlatas da biotecnologia e das biociências. Três anos depois, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) criou um programa para desenvolver ações estratégicas para o país, denominado de Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (PADCT). O Programa foi dividido em três etapas e privilegiou as regiões Sul e Sudeste, destinando aproximadamente U$ 1 milhão para a biotecnologia. Cabe aqui destacar outro marco institucional que foi o Fundo Verde Amarelo, dividido em áreas estratégicas da economia, dentre elas a biotecnologia. O CTBiotecnologia, criado pela Lei nº 10.332 de dezembro de 2001, obteve um aumento considerável de recursos de 97% entre 2002 e 2003 e representou quase 1% (apenas) do total dos recursos disponibilizados nesse período. O CTBiotecnologia foi estimado em R$ 61.640.000 entre os anos de 2004 e 2007, distribuídos da seguinte forma: R$ 126 SANTANNA, M.F. E. et al. (2006). Perfil da Biotecnologia no Brasil: Investimentos, Recursos Humanos e a Indústria de Biotecnologia. In: Gestão de biotecnologia. Rio de Janeiro: E-papers, 2006. 126 13.000.000,00 em 2004; R$ 14.700.000,00 em 2005; R$ 16.160.000,00 em 2006 e R$17.780.000,00 em 2007. O total de recursos no período 2004-2007 no campo da biotecnologia totalizou aproximadamente R$ 210 milhões. Em 2004, a instauração do Fórum de Competitividade em Biotecnologia teve por objetivo identificar as melhores estratégias para definição de uma política industrial voltada ao desenvolvimento deste setor, com o foco na bioindústria. Esse Fórum foi uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Ministério da Saúde e teve também a participação do Ministério do Meio Ambiente. Ressalte-se que os resultados alcançados pelo Fórum de Competitividade em Biotecnologia decorreram da interação do Governo Federal com o setor empresarial, academia, laboratórios públicos e institutos de pesquisa, o que permitiu identificar gargalos e oportunidades para os diversos setores que utilizam a biotecnologia no Brasil. Nas reuniões e debates realizados foram identificados prioridades, alvos estratégicos e áreas de fronteira no segmento da biotecnologia, os quais apresentam condições favoráveis para o reforço da competitividade da indústria brasileira. Os trabalhos do Fórum nessa fase resultaram em um documento denominado “Estratégia Nacional de Biotecnologia”127 que constituiu a base para a formulação da Política de Desenvolvimento da Biotecnologia128, em consonância com a PITCE (Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior). No âmbito da Política de Desenvolvimento da Biotecnologia, o Comitê Nacional de Biotecnologia (CNB), instância interministerial formada por representantes da Casa Civil, ministérios e agências relacionadas com a produção biotecnológica, em reunião no dia 01 de dezembro de 2008, apresentou a Agenda de Ação da Política de Desenvolvimento Produtivo em Biotecnologia (PDP-Biotec) e os principais desafios do Comitê para 2009. Na ocasião, foi anunciado o orçamento para a execução da Agenda de Ação da PDP-Biotec, no biênio 2009-2010, que será de R$ 1,1 bilhão do orçamento federal e R$ 1,2 bilhão dos recursos do Profarma-BNDES. O BNDES apresentou cinco possibilidades de apoio ao desenvolvimento da biotecnologia no Brasil, principalmente para a abertura de pequenas e médias empresas do segmento: Profarma (financiamento e capital de risco), Linha de 127 MDIC (2006). Estratégia Nacional de Biotecnologia: Política de Desenvolvimento da Bioindústria. Brasília, julho de 2006. 128 BRASIL (2007) Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 6.041, de 8 de fevereiro de 2007. Institui a Política de Desenvolvimento da Biotecnologia, cria o Comitê Nacional de Biotecnologia e dá outras providências. 127 Inovação (Financiamento), Capital de Risco (Fundos), Criatec (capital semente) e Funtec (Financiamento Não-Reembolsável). A criação da PDP-Biotec tem como um de seus objetivos facilitar o processo de coordenação entre os órgãos do Governo Federal e a sociedade, por meio do Fórum de Competitividade da Biotecnologia. Na reunião também foi dado início à formação da comissão organizadora do Encontro Nacional de Inovação Tecnológica em Biotecnologia (ENCONIT-Biotec), que será realizado em 2009, sob coordenação do MDIC, com o objetivo de promover rodadas de negócios sobre inovações biotecnológicas. O evento pretende facilitar o acesso das micro e pequenas empresas e as empresas encubadas aos serviços tecnológicos e recursos de fomento do governo federal, além de se constituir uma oportunidade de desenvolvimento de parcerias para a concretização de investimentos em biotecnologia. De acordo com o Relatório Anual apresentado no encontro, o ano de 2008 marcou um período importante para a biotecnologia brasileira, em especial pelo lançamento da PDP, no mês de maio, que prevê a mobilização do setor produtivo para implementação das ações relacionadas ao desenvolvimento do setor no Brasil. Com relação aos investimentos privados para biotecnologia, pode-se afirmar que ainda são bem menores do que o esperado. Existem iniciativas públicas para amenizar este quadro e tem-se buscado estimular a ação do capital de risco para a C&T&I. Dentro desses programas, destacam-se o Programa Inovar, empreendido pelo MCT e FINEP e o Programa de Capacitação de Empresas de Base Tecnológica, mantido pelo BNDES. Outras iniciativas se destacam no estado de São Paulo, como por exemplo, o Programa “Pesquisa Inovativa na Pequena e Micro Empresa” (PIPE) da FAPESP que é destinado às pequenas empresas de todas as áreas do conhecimento e que impulsiona o estabelecimento das empresas nos respectivos mercados. Estão surgindo no Brasil alguns fundos privados, como por exemplo, a JBPartners (Jardim Botânico Partners) que é uma gestora independente de recursos, especializada em investimento em empresas e atua fortemente junto a empresas de biotecnologia; o Instituto Inovação, empresa privada que atua em atividades de gestão da inovação e tecnologia, com o objetivo de promover a aproximação entre o conhecimento científico gerado no Brasil e o mercado; o Grupo Votorantim que investiu aproximadamente U$ 300 milhões em biotecnologia; a FIR Capital Partners investiu U$ 45 milhões; e a Rio Bravo que investiu aproximadamente U$10 milhões em 128 biotecnologia, entre outros129. A título de ilustração, cita-se o caso de sucesso da Bionext Produtos Biotecnológicos, empresa paulistana que produz celulose bacteriana para fins medicinais e que foi a grande vencedora do prêmio “Best of Show” do “2008 Life Science Venture Forum” nos EUA, um dos mais importantes do mundo na área de capital de risco. Desse fórum participaram agências do Governo dos Estados Unidos, fundos de investimento e mais de 100 empresas e instituições dedicadas à pesquisa130. A empresa define sua estratégia em três movimentos: de mero laboratório de apenas um só produto, passando, em seguida, à condição de fornecedora de matéria-prima (celulose bacteriana), tornou-se um empreendimento em franco crescimento que cria soluções tecnológicas para o mercado e para a sociedade. Foram exatamente essas soluções que chamaram a atenção de dez fundos de investimentos, quatro multinacionais e dezenas de outras empresas de menor porte, durante o “2008 Life Sciences Venture Forum”. Não obstante os investimentos realizados até o momento para o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil e os resultados promissores já alcançados, um diagnóstico conduzido pelo CGEE, no âmbito do Projeto INIBiotecnologia, envolvendo participantes das áreas do governo, academia e da indústria, apontou diversos gargalos da cena atual em relação à dimensão “investimentos” para o desenvolvimento das biotecnologias de fronteira. Os gargalos e dificuldades foram classificadas em duas áreas consideradas críticas: (i) financiamento; e (ii) investimentos em P&D&I. Com relação a financiamento, foram apontadas os seguintes gargalos: irregularidade, descontinuidade, baixo volume e pulverização de recursos; falta de foco no desenvolvimento de produtos/processos em projetos das áreas de fronteira; participação incipiente da iniciativa privada; avaliação e monitoramento inadequados da aplicação dos recursos, não permitem a verificação da aderência (objetivos versus resultados). No que tange aos investimentos em P&D&I, foram identificados as seguintes dificuldades: 129 PRESTES Jr, N. H. (2008). Redes interorganizacionais: estudo de políticas de cooperação em biotecnologia no Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto. Departamento de Administração. Ribeirão Preto, 2008. 93 p. . Disponível em <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/96/96132/tde-28042008170855/publico/NorbertoHonoratoPrestesJunior.pdf>; acesso em dezembro de 2008. 130 FINEP (2008). Empresa braslieira de biotecnologia ganha prêmio nos EUA. Disponível: <http://www.bionext.com.br/empresa/imprensa.php>. Publicado em 10 jul 2008. Acesso em: outubro de 2008. 129 inexistência de desoneração tributária aplicada em inovação na área de biotecnologia; custos elevados de importação de bens, produtos e serviços; ausência de investimentos privados e de capital empreendedor para a inovação em biotecnologia; necessidade de investimento contínuo em infra-estrutura física e de equipamentos nas áreas de fronteira. O diagnóstico apontou também diversos gargalos em relação à dimensão “aspectos de mercado” para o desenvolvimento das áreas de fronteira. Os gargalos e dificuldades dessa dimensão foram classificadas em três áreas consideradas críticas: (i) poder de compra governamental; (ii) conhecimento dos mercados das áreas de fronteira da biotecnologia; e (iii) desenvolvimento das estratégias de mercado. Com relação ao poder de compra governamental, o principal gargalo é a dificuldade de garantia do poder de compra governamental de produtos competitivos nacionais. No que tange ao conhecimento dos mercados das áreas de fronteira da biotecnologia, destacam-se: a ausência de compreensão dos mercados nacional e internacional; informação incipiente à sociedade e percepção pública inadequada sobre as áreas de fronteira da biotecnologia e seus impactos. Em relação ao desenvolvimento de estratégias de mercado referentes às áreas de fronteira da biotecnologia, ressalta-se o nível incipiente de parcerias entre empresas, nacionais ou internacionais, com vistas à maior competitividade. 5.4 Marcos regulatórios, aspectos éticos e de aceitação pela sociedade Apresentam-se os principais gargalos atuais da legislação brasileira e marcos regulatórios com impactos diretos sobre o desenvolvimento da bioindústria, mais especificamente sobre aplicações das áreas de fronteira da biotecnologia. Destacam-se também neste Item alguns tópicos de interesse do debate atual sobre os aspectos éticos e socioculturais na dimensão da inovação relacionados à incorporação de novas tecnologias em produtos, serviços e processos e sua aceitação pela sociedade. 130 O modelo normativo para a biotecnologia desenvolvido no país foi estruturado a partir da criação de duas grandes Comissões: (i) a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio (Lei nº 11.105 de 2005, que revogou a Lei 8.974/95), cuja competência abrange as atividades envolvendo a vida humana e extrahumana no campo da engenharia genética; e (ii) a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP (Resolução 196 de 1996 - do Conselho Nacional Saúde - CNS), cuja competência, por sua vez, abrange as atividades de pesquisa envolvendo seres humanos na área da saúde. Embora os princípios e idéias contidas no modelo normativo propiciem um bom sistema para a análise bioética dos procedimentos das pesquisas no âmbito das biociências, o trabalho de construção da legislação necessária para fundamentar uma atuação plena do Poder Público não foi desenvolvido com a excelência de qualidade que a importância da biotecnologia e biociências exigem131. No campo das pesquisas envolvendo seres humanos na área da saúde, embora tenha ocorrido a criação da CONEP, a base legal necessária à fundamentação da legalidade de algumas competências atribuídas a essa Comissão não foi devidamente preparada, devido a mesma ter sido instituída por meio de uma Resolução do Conselho Nacional Saúde – CNS. A estrutura normativa que foi construída possui uma base frágil pelo fato de não ter nenhuma lei que estabeleça as competências do CNS ou da própria CONEP132. Como conseqüência, os marcos regulatórios se colocam como um dos maiores gargalos do sistema nacional de inovação em biotecnologia, particularmente para as áreas biofarmacêutica e de alimentos133. A regulação deve existir e já avançou muito no país nos últimos anos, pela atuação da ANVISA, CEP/CONEP, CTNBio e outros órgãos. Entretanto, precisa sofrer ajustes urgentes para o seu funcionamento adequado, de forma a não restringir a velocidade necessária do processo de inovação nas áreas de fronteira. A Lei de Biossegurança já existe há 11 anos, entretanto, ainda não é considerada pelo setor como um marco eficiente. Verifica-se uma super-regulação, exigências não fundamentadas na argumentação científica, o que implica no aumento 131 MINARÉ, R. (2008). Bioética e biodireito. Disponível em:< http://www.lfg.com.br>. Publicado em 05 junho 2008. Acesso em dezembro de 2008. 132 MINARÉ, R. (2008). Ibid. 133 MARQUES, R;.e GONÇALVES NETO, C. (2007). The brazilian system of innovation in biotechnology: preliminary study. Journal of Technology Management & Innovation. 2007, Volume 2, Issue 1. 131 de 5 a10 vezes mais custo para atender as exigências e execução dos testes necessários para a apreciação de projetos, não obstante se reconheça a importância dos controles de biossegurança e o respeito ao princípio da precaução. Com relação à transferência de tecnologia e à proteção intelectual dos produtos biotecnológicos, reconhece-se que ainda há sérios gargalos que deverão ser abordados e tratados no âmbito da Agenda INI-Biotecnologia para subsidiar a implementação da Política de Desenvolvimento da Biotecnologia. O INPI participa ativamente do Comitê Nacional de Biotecnologia e tem empreendido esforços nesse sentido. Cabe ressaltar, entretanto, que as dificuldades referentes a esses dois temas não são exclusivas do sistema nacional de inovação em biotecnologia. Elas já constituíram inúmeras barreiras em outros países, como abordado nos relatos das experiências da China, Índia, Japão e de alguns países (Capítulo 4). No que se refere ao debate atual sobre os aspectos éticos e socioculturais na dimensão da inovação relacionados à incorporação de novas tecnologias em produtos, serviços e processos e sua aceitação pela sociedade, destacam-se: a criação de programas e projetos de informação da sociedade brasileira com relação aos produtos biotecnológicos de fronteira; na implementação da PDB deve ter um projeto que trate da percepção pública, pois isso se constitui em um dos grandes gargalos do desenvolvimento da biotecnologia na Alemanha e na China; desenvolvimento de parcerias entre Governo e empresas em torno de um grande projeto voltado para o esclarecimento da opinião pública. Mostrar a importância e as potencialidades da biotecnologia, através de programas de divulgação e de educação na escola básica. Conclusões e recomendações O Panorama da Biotecnologia indica uma participação crescente do Brasil nas publicações científicas em áreas de fronteira da biotecnologia. Ela é mais forte nas áreas de reprodução animal e vegetal, controle biológico em agricultura, conversão de biomassa e biodiversidade e bioprospecção (do 8º. ao 15º. lugares nos respectivos rankings), embora a posição brasileira ainda seja secundária em muitas das outras áreas avaliadas. Nas patentes, as áreas de nanobiotecnologia, organismos geneticamente modificados e transgênicos, terapia gênica, clonagem e função heteróloga de proteínas, células 132 tronco, e controle biológico em agricultura são as que apresentam maior quantidade de patentes no período 1998-2007 na base de dados Web of Science. A participação brasileira nas áreas de fronteira avaliadas é secundária: não foram indicadas empresas ou outras instituições brasileiras entre as principais depositantes. As experiências internacionais de EUA, países europeus, Japão, China e Índia, tratadas na seção específica deste Panorama, são ricas em informações a respeito da relevância de algumas políticas públicas relacionadas ao desenvolvimento da Biotecnologia. Em especial, as experiências da China e da Índia, que têm alcançado bons resultados em diversas áreas da biotecnologia ao buscar compensar as diferenças ainda existentes em relação aos países mais avançados na biotecnologia, indicam a importância da adoção de algumas estratégias complementares, a saber: (i) patenteamento em áreas de fronteira com potencial para atrair capital de risco estrangeiro; (ii) formação de clusters e identificação de nichos de mercado em aplicações da biotecnologia; (iii) desenvolvimento da cultura de empreendedorismo; e (iv) formação de alianças estratégicas internacionais. As informações disponíveis sobre o mercado brasileiro nas diversas áreas da biotecnologia ainda são insuficientes. O estudo recente da Biominas, de 2007, foi uma contribuição importante nesse sentido. No entanto, recomenda-se a realização de um levantamento mais amplo do mercado brasileiro que possa contemplar também os impactos do desenvolvimento nas chamadas áreas de fronteira. Em relação ao quadro atual no Brasil das dimensões da INI-Biotecnologia (recursos humanos, infra-estrutura, investimentos, marco regulatório, aspectos éticos e de aceitação da sociedade, e aspectos mercadológicos), muitos dos pontos críticos e gargalos apontados em estudo do CGEE em 2007 e incluídos em seção específica deste Panorama, apesar da atenção dedicada recentemente às ações para sua redução, ainda merecem consideração.das áreas competentes. Referências bibliográficas BAGCHI-SEN, S. e SMITH, H.L. (2008). Science, institutions, and markets: developments in the Indian biotechnology sector. Regional Studies, v. 42, n. 7, Agosto de 2008, p. 961-975. BARTHOLOMEW, S. (1997). 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