antiinflamatórios não-esteróides na movimentação ortodôntica em

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antiinflamatórios não-esteróides na movimentação ortodôntica em
Ana Cristina Fernandez Aguiar
ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES NA
MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA EM RATOS:
ANÁLISES HISTOLÓGICAS E
HISTOQUANTITATIVAS
Belo Horizonte
2002
1
Ana Cristina Fernandez Aguiar
ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES NA
MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA EM RATOS:
ANÁLISES HISTOLÓGICAS E
HISTOQUANTITATIVAS
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
da Faculdade de Odontologia da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial à obtenção do título de Mestre
em Odontologia.
Área de concentração: Ortodontia
Orientador: Prof. Dr. José Bento Alves
Belo Horizonte
2002
2
Dedicatória
Com amor, dedico este trabalho
aos meus pais, Eli e Geanine, que realizaram comigo um grande sonho, através do amor,
apoio, dedicação que sempre me deram, pelos exemplos durante toda a vida e pelo incentivo
em todas as horas.
3
Agradecimentos
A Deus, que já se faz presente em minha vida.
Aos meus pais, pelo enorme apoio e confiança, sempre presentes, imprescindíveis para a
realização desse trabalho.
Às minhas irmãs, Luciana e Isabela, pelo carinho e compressão, participando de todas as
etapas desta conquista.
Ao Professor Doutor José Bento Alves, pela orientação, contribuindo de maneira decisiva
para a realização desse trabalho e, pelos conhecimentos transmitidos ao longo de todo o curso.
Ao Doutor Eustáquio Araújo pelo exemplo de dedicação à Odontologia, pelo exemplo
profissional, pelos ensinamentos, estímulos e carinho.
Ao Professor José Maurício por ter aberto o meu caminho, me acompanhando desde o início e
também pelo grande apoio, estímulo e amizade.
Ao Professor Heloísio Leite, pelo grande apoio, carinho, amizade e estímulos constantes, tão
importantes para a minha formação, crescimento e desenvolvimento profissional
Ao Professor Hélio Brito, pelo carinho com que tanto me ensinou.
Ao Professor Doutor Ênio, pelo exemplo de dedicação ao ensino da Ortodontia e pela
contribuição nesse trabalho.
Ao Professor Doutor Roberval de Almeida Cruz, pela firme missão em formar novos
professores.
Aos professores do COP PUC Minas pelos ensinamentos, estímulos e exemplos, importantes
para a minha formação profissional.
Aos funcionários do COP PUC Minas - Fátima, Edna, Vitório, Luciana, Roberto, Poliana,
Aparecida, Silvana - pela atenção sempre dedicada aos alunos.
À Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, na pessoa do Chefe de Departamento de
Odontologia, professor Félix Araújo Souza.
Aos meus amigos e colegas, Anna Clara, Cláudia, Cláudio, Ludmila, Marcelo, Tarcísio,
Henrique e Ricardo, pelo carinho, amizade e apoio demonstrados pelo nosso convívio diário.
À Gerluza por ter me aberto às portas e me dado tanto apoio e carinho.
Aos amigos Nelson Lopes, Kézia Aguirre, Guilherme e Raquel, por terem sidos tão
importantes para a realização desse trabalho e pela atenção, apoio e amizade, demonstrados
em nosso convívio e durante nossos dias de trabalho no laboratório.
À Suzana pelas sugestões e contribuições nesse trabalho.
4
Ao FIP, por acreditar no trabalho e conceder-nos o apoio financeiro.
A todos que, pelo trabalho e dedicação, pela amizade e estímulo e, pela convivência ao longo
desses anos, foram importantes para a concretização desse trabalho.
A vocês, os meus sinceros agradecimentos.
5
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................14
2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................17
2.1 Movimento dentário ortodôntico – Princípios e reações biomecânicas..................18
2.1.1. As alterações metabólicas ósseas........................................................................18
2.1.2. Mecanismos de controle biológico no movimento dentário...............................23
2.2 Drogas antiinflamatórias não-esteróides...................................................................28
2.3 Antiinflamatórios não-esteróides e movimento ortodôntico....................................30
2.4 A utilização de ratos como modelo experimental......................................................33
3 OBJETIVOS.........................................................................................................................35
3.1 Objetivo geral................................................................................................................36
3.2 Objetivos específicos.....................................................................................................36
4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................37
4.1 Seleção dos animais.......................................................................................................38
4.2 Administração e preparação das drogas.....................................................................39
4.3 Pesagem dos animais.....................................................................................................39
4.4 Anestesia dos animais....................................................................................................39
4.5 Inserção e ativação dos dispositivos ortodônticos.......................................................40
4.6 Sacrifício dos animais e moldagem final......................................................................42
4.7 Medição dos modelos de gesso e análise da quantidade de movimento....................43
4.8 Preparação dos espécimes.............................................................................................44
4.9 Análise microscópica descritiva....................................................................................44
4.10 Análise histométrica.....................................................................................................45
4.11 Análise estatística.........................................................................................................46
5 RESULTADOS....................................................................................................................48
5.1 Análise do peso corporal dos animais.........................................................................49
5.2 Análise da quantidade de deslocamento dentário......................................................52
6
5.3 Análise histométrica – Contagem de osteoclastos......................................................56
5.4 Análise microscópica descritiva...................................................................................61
5.4.1 Resultados histológicos no lado controle.............................................................61
5.4.2 Resultados histológicos no lado experimental.....................................................69
5.4.2.1 Período experimental - 1 dia..................................................................69
5.4.2.2 Período experimental - 5 dias................................................................74
5.4.2.3 Período experimental - 14 dias..............................................................80
6 DISCUSSÃO.........................................................................................................................83
7 CONCLUSÕES....................................................................................................................90
8 PERSPECTIVAS.................................................................................................................92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................94
ANEXOS................................................................................................................................102
7
LISTA DE ABREVIATURAS
AAS = ácido acetisalicílico
AINEs = antiinflamatórios não-esteróides
AMPc = adenosina 3’, 5’ monofosfato cíclico
ATP = adenosina 3’, 5’ trifosfato
C = lado controle
COX-1 = ciclooxigenase-1
COX-2 = ciclooxigenase-2
E = lado experimental
GM-CSF = fator de estimulação daS colônias de granulócitos-macrófagos
GMPc = guanosina 3’, 5’monofosfato cíclico
GTP = guanosina 3’, 5’trifosfato
H. E. = hematoxilina e eosina
HETE = ácido hidroxieicosatetraenóico
IL-1β = interleucina-1β
IL-1α = interleucina-1α
LP = ligamento periodontal
OC = número de osteoclastos no lado controle
OE = número de osteoclastos no lado experimental
PDGF = fator de crescimento derivado de plaquetas
Pf = peso final
PGs = prostaglandinas
PGE2 = prostaglandina E
PGF1α = prostaglandina F1α
Pi = peso inicial
TNFα = fator de necrose tumoral α
8
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Movimento dentário ortodôntico.........................................................................20
FIGURA 2 - Diagrama resumido dos mediadores derivados do metabolismo do ácido
araquidônico e suas ações....................................................................................25
FIGURA 3 - Animal posicionado na mesa operatória..............................................................40
FIGURA 4 - Ilustração da instalação do aparelho para a movimentação dentária...................41
FIGURA 5 - Aparelho instalado...............................................................................................41
FIGURA 6 - Medição da força ortodôntica..............................................................................42
FIGURA 7 - Medição da quantidade de deslocamento dentário no modelo............................43
FIGURA 8 - Área avaliada na análise microscópica................................................................45
FIGURA 9 - Lado controle (direito). Animal sem medicação, sacrificado 24 horas após a
ativação do dispositivo ortodôntico..................................................................63
FIGURA 10 - Ampliação da região 10 delimitada na figura 9.................................................64
FIGURA 11 - Ampliação da região 11 delimitada na figura 9.................................................67
FIGURA 12 - Lado controle (direito) – Raiz mésio-vestibular do animal administrado com
ácido acetilsalicílico, no período experimental de 14 dias..................................66
FIGURA 13 - Lado controle (direito) - Animal administrado com ácido acetilsalicílico, no
período experimental de 5 dias..........................................................................67
FIGURA 14 - Ampliação da região 14 delimitada na figura 13. Reabsorção frontal e presença
de osteoclastos.....................................................................................................68
FIGURA 15 - Lado experimental (esquerdo) – Área de hialinização. Animal sem medicação,
sacrificado 24 horas após a ativação do dispositivo ortodôntico......................71
FIGURA 16 - Ampliação da região 16 delimitada na figura 15...............................................72
FIGURA 17 - Lado experimental (esquerdo) - Animal administrado com ácido
acetilsalicílico, no período experimental de 1 dias..............................................73
FIGURA 18 - Lado experimental (esquerdo) - Animal do grupo sem medicação e tempo
experimental de 5 dias.......................................................................................75
FIGURA 19 - Ampliação da região 19 delimitada na figura 18..............................................76
FIGURA 20 - Ampliação da região 20 delimitada na figura 18. Reabsorção retrógada e
frontal...................................................................................................................77
9
FIGURA 21 - Lado experimental (esquerdo) - Animal do grupo ácido acetilsalicílico e tempo
experimental de 5 dias.........................................................................................78
FIGURA 22 - Ampliação da região 22 delimitada na figura 21...............................................79
FIGURA 23 - Lado experimental (esquerdo) - Animal do grupo que recebeu ácido
acetilsalicílico e tempo experimental de 14 dias.................................................81
FIGURA 24 - Ampliação da região 24 delimitada na figura 23. Fase de deposição óssea.....82
10
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Avaliação da influência da medicação na mudança percentual do peso, após o
período de tratamento..........................................................................................51
GRÁFICO 2 - Avaliação da influência do tempo de tratamento na mudança percentual do
peso, considerando-se a medicação utilizada......................................................52
GRÁFICO 3 - Avaliação da influência da medicação na diferença percentual entre o lado
controle e experimental da medida (quantidade de movimento), após o período
de tratamento.......................................................................................................55
GRÁFICO 4 - Avaliação da influência da medicação na diferença percentual entre o lado
controle e experimental da medida (quantidade de movimento), considerando-se
a medicação utilizada..........................................................................................56
GRÁFICO 5 – Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos (OEOC), após o período de tratamento.....................................................................58
GRÁFICO 6 - Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos (OEOC), considerando-se a medicação utilizada......................................................59
GRÁFICO 7 - Caracterização dos ratos quanto ao número de osteoclastos (OE), após o
período de tratamento.........................................................................................60
11
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Caracterização dos ratos quanto ao peso inicial e final, considerando-se o grupo
e o dia do sacrifício..............................................................................................50
TABELA 2 - Avaliação da influência da medicação na mudança percentual do peso após o
período de tratamento..........................................................................................51
TABELA 3 - Avaliação da influência do tempo de tratamento na mudança percentual do peso,
considerando-se a medicação utilizada...............................................................52
TABELA 4 - Comparação entre as primeiras e segundas medidas avaliadas no mesmo
indivíduo..............................................................................................................53
TABELA 5 - Caracterização dos ratos quanto à medida realizada no lado controle e no lado
experimental considerando-se o grupo e o dia do sacrifício...............................53
TABELA 6 - Avaliação da influência da medicação na diferença percentual entre o lado
controle e experimental da medida (quantidade de movimento), após o período
de tratamento......................................................................................................54
TABELA 7 - Avaliação da influência da medicação na diferença percentual entre o lado
controle e o lado experimental da medida (quantidade de movimento),
considerando-se a medicação utilizada...............................................................55
TABELA 8 - Caracterização dos ratos quanto ao número de osteoclastos no lado controle e
lado experimental, considerando-se o grupo e o dia do sacrifício......................57
TABELA 9 - Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos (OEOC), após o período de tratamento.....................................................................58
TABELA 10 - Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos (OEOC), considerando-se a medicação utilizada......................................................59
TABELA 11 - Caracterização dos ratos quanto ao número de osteoclastos (OE), após o
período de tratamento.........................................................................................60
TABELA 12 - Análise da relação entre o número de osteoclastos e a quantidade de
movimento..........................................................................................................61
12
RESUMO
Pacientes submetidos à tratamento ortodôntico relatam com freqüência desconforto associado
a dor. Nesses casos, um grande número de profissionais tem recorrido ao uso de analgésicos e
antiinflamatórios, sendo os antiinflamatórios não-esteróides, as drogas mais utilizadas.
Considerando que, na fase precoce do movimento ortodôntico, há envolvimento de resposta
inflamatória aguda, a utilização de drogas antiinflamatórias não-esteróides irá interferir na
resposta inflamatória e, conseqüentemente, na remodelação óssea, por serem importantes
inibidores da enzima ciclooxigenase, que está envolvida na síntese de prostaglandinas Dados
da literatura, sobre a avaliação dos efeitos dessas drogas na movimentação dentária
ortodôntica, são controversos. No presente estudo, procurou-se verificar e comparar os efeitos
do paracetamol e do ácido acetilsalicílico, durante a movimentação dentária ortodôntica em
ratos, analisando-se a quantidade de movimento, o número de osteoclastos e as respostas
histológicas dos tecidos periodontais. Foram selecionados 42 ratos, da raça Holtzman,
sacrificados em 1, 5 e 14 dias, após a aplicação de 20 g de força. O lado direito, de cada
maxila, foi utilizado como controle, onde não foi instalado o dispositivo ortodôntico. Os
resultados obtidos da análise histológica, revelaram que, a administração de antiinflamatórios
não-esteróides, não interferiu na resposta tecidual, apresentando similaridades entre as
características do periodonto, independente do tipo de droga. Os dados histométricos
mostraram maior número de osteoclastos no lado experimental em relação ao lado controle.
Ausência de diferenças estatisticamente significantes entre os grupos foi observado
envolvendo a contagem dos osteoclastos e a quantidade de movimento. Dessa forma, apesar
dos antiinflamatórios, principalmente o ácido acetilsalicíclico, serem inibidores da
ciclooxigenase e, conseqüetemente da síntese de prostaglandinas, não interferiram em
nenhuma das situações referidas e analisadas. Sugere-se, que as prostaglandinas possam não
ser os únicos mediadores do processo de reabsorção óssea, associado com movimentação
dentária induzida por forças ortodônticas.
13
ABSTRACT
It is well-known that orthodontic treatment usually causes some discomfort and pain to the
patients. Various orthodontists prescribe analgesics and anti-inflammatory drugs. The most
commonly drugs utilized are nonsteroidal anti-inflammatory. The application of orthodontic
force leads an acute inflammatory reaction. The use of nonsteroidal anti-inflammatory can
affect this inflammtory process and so, the remodeling of alveolar bone, now that, these drugs
are potent inhibitors of ciclooxigenase, an enzime involved in the prostaglandins synthesis. In
the literature, there are studies about the effects of nonsteroidal anti-inflammatory on
orthodontic tooth movement, but conflict results exist. The purpose of the present study was
to examine and to compare the effects of paracetamol and acetylsalicilic acid during
orthodontic tooth movement in rats. The amount of tooth movement and the number of
osteoclasts were evaluated and histological observation of periodontal tissues were made. The
sample consisted of 42 male animals of the Holtzman strain, that were sacrificed at the end 1,
5 and 14 days. The right side served as control for all the groups and here it was not placed
appliance orthodontic. The histological examination showed that nonsteroidal antiinflammatory drugs did not alter the morphological aspects of the periodontal tissues. The
histometric data revealed a greater number of osteoclasts into the experimental side than into
the control one and demonstrated no statistically significant difference, between the groups, in
the number of osteoclasts. Paracetamol and acetylsalicylic acid did not appear to significantly
affect tooth movement in rat undergoing orthodontic treatment. It suggests that
prostaglandinas may not be the only mediators of the bone resorption associated with tooth
movement induced by orthodontic forces.
14
1 INTRODUÇÃO
15
1 INTRODUÇÃO
A movimentação dentária pode ser classificada como fisiológica e induzida. Os
movimentos dentários fisiológicos incluem os processos de erupção e a migração espontânea
dos dentes. Já os movimentos induzidos são aqueles conseguidos por meios mecânicos e nem
sempre têm finalidade ortodôntica, por isso, não devem ser utilizados como sinônimos de
movimento ortodôntico (MAZZIEIRO, 1999). A reação tissular que ocorre durante a
movimentação fisiológica dos dentes é uma função normal das estruturas de suporte. Em seres
humanos, a migração dos molares ocorre em direção mesial, principalmente na maxila,
enquanto em ratos os molares migram em direção distal, havendo diferenças na migração
dentária em diferentes espécies (REITAN, 1971). Diferenças marcantes existem entre as
mudanças tissulares fisiológicas e ortodônticas, uma vez que os dentes são movidos mais
rapidamente durante o tratamento, havendo alterações tissulares mais extensas. Os elementos
teciduais que sofrem mudanças com os movimentos dentários são, principalmente, o
ligamento periodontal, com suas células e matriz extracelular, capilares e nervos, e,
secundariamente, o osso alveolar (GRABER & VANARSDALL, 1996).
A aplicação de um estímulo mecânico (força ortodôntica) sobre um dente pode
desencadear um processo inflamatório no ligamento periodontal e no osso alveolar,
promovendo o remodelamento dessas estruturas, com o conseqüente movimento do dente. O
remodelamento do ligamento periodontal e do osso alveolar durante a movimentação
ortodôntica parece estar relacionado com a liberação de mediadores químicos, tais como as
prostaglandinas E, as interleucinas - 1, especialmente do tipo beta (IL-1ß) (SHIMIZU et al.,
1995; GRIEVE III et al., 1994; HOU, LIANG & LUO, 1997). Essas substâncias mediam
várias ações importantes nos mecanismos da inflamação e da imunidade celular, podendo ser
liberadas pela ação de estímulos mecânicos (força), infecciosos e/ou químicos, promovendo
um aumento do número de osteoclastos e na atividade de reabsorção óssea (GRABER &
VANARSDALL, 1996).
Pacientes submetidos a tratamento ortodôntico relatam com freqüência desconforto
associado à dor. Nesses casos, um grande número de profissionais tem recorrido ao uso de
analgésicos e antiinflamatórios. De acordo com SIMMONS & BRANDT (1992), o
movimento dentário ortodôntico requer a aplicação de forças nos dentes, o que gera dor,
sendo esta percebida diferentemente em cada indivíduo. A dor ocorre devido às mudanças na
polpa e no tecido do ligamento periodontal e periósteo, em resposta à aplicação da força,
afetando os níveis das substâncias moduladoras da dor (encefalinas) na polpa. A aplicação de
16
forças ortodônticas provoca tensão e compressão no ligamento periodontal, permitindo a
movimentação dentária através de formação e reabsorção óssea, respectivamente. Níveis
excessivos de tensão e compressão, contudo, podem produzir trauma e hipóxia no ligamento
periodontal. Isso resultará na produção de mediadores químicos envolvidos com a sensação de
dor (histamina, bradicinina , prostaglandina). De acordo com SIMMONS & BRANDT
(1992), o ideal para controle da dor seria aplicar uma quantidade de força que estivesse
abaixo do limiar de dor do paciente. A utilização de medicação para analgesia também pode
ser considerada, sendo os antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) as drogas mais
comumentes utilizadas.
Considerando que, na fase precoce do movimento ortodôntico, há envolvimento de
resposta inflamatória aguda, a utilização de drogas antiinflamatórias não-esteróides irá
interferir na resposta inflamatória e, conseqüentemente, na remodelação óssea, por estas
serem importantes inibidores da enzima ciclooxigenase, que está envolvida na síntese de
prostaglandinas (YAMASAKI et al., 1984; MOHAMMED, TATAKIS & DZIAC, 1989;
CHUMBEY & TUNCAY, 1986; KEHOE et al., 1996). Essas substâncias são importantes
mediadores químicos da resposta inflamatória.
Estudos que se baseiam no uso de drogas para controle ou interferência dos
movimentos dentários induzidos também vêm sendo realizados. Comprovadamente, os
corticóides, alguns antiinflamatórios não-esteróides ( ZHOU, HUGHES & KING, 1997) e até
hormônios mostram-se capazes de atuar sobre os eventos biológicos de tais movimentos,
reduzindo ou exacerbando os resultados (MAZZIEIRO, 1999).
Resultados contraditórios têm sido observados em estudos relacionados ao efeito de
drogas antiinflamatórias não-esteróides na movimentação ortodôntica, estando entre elas: a
indometacina, o ácido acetilsalicílico e o paracetamol. CHUMBLEY & TUNCAY (1986),
através de estudos em gatos e, MOHAMMED, TATAKIS & DZIAC (1989), em ratos,
observaram que a aplicação de indometacina, potente inibidor da enzima ciclooxigenase,
reduziu significantemente a quantidade de movimentação ortodôntica, enquanto WONG,
REYNOLDS & WEST (1992), utilizando o ácido acetilsalicílico em cobaias, não constatou
diferenças na quantidade de movimento ortodôntico, sendo observado o mesmo com o
paracetamol (acetaminofeno), em uma pesquisa realizada em coelhos (ROCHE, CISNEROS
& ACS, 1997).
Face ao exposto, torna-se necessária a realização de mais estudos para que se possa
ampliar os conhecimentos sobre o papel de drogas antiinflamatórias não-esteróides sobre os
elementos do periodonto, frente à aplicação de força ortodôntica.
17
2 REVISÃO DE LITERATURA
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
Algumas drogas são reconhecidamente capazes de interferir no processo de
remodelação óssea envolvido com o tratamento ortodôntico. De uma forma geral, tais drogas
atuam no processo inflamatório local, oriundo da aplicação de forças sobre o periodonto,
exacerbando ou diminuindo os níveis de mediadores químicos locais (TYROVOLA &
SPYROPOULOS, 2001).
A movimentação dentária induzida com finalidade ortodôntica e a atividade da
remodelação óssea são dependentes de fatores sistêmicos, tais como fatores nutricionais,
doenças ósseas metabólicas, idade e uso de medicação. TYROVOLA & SPYROPOULOS
(2001), realizaram uma revisão dos efeitos desses fatores no movimento ortodôntico e, com
base em conhecimentos prévios e em questionamentos gerados pela análise da literatura sobre
o assunto, observaram que hormônios como estrógeno, andrógeno e calcitonina estariam
envolvidos num aumento do conteúdo mineral ósseo e uma diminuição da proporção de
reabsorção óssea que, conseqüentemente, atrasaria o movimento dentário ortodôntico. Já
hormônios da tireóide e corticosteróides poderiam estar envolvidos em aceleração do
movimento dentário durante a terapia ortodôntica. Drogas como bifosfonatos, metabólicos da
vitamina D, antiinflamatórios não-esteróides poderiam levar à redução do movimento
dentário. Diante dessa revisão, os autores puderam concluir que se torna necessário o dentista
ter conhecimento a respeito das drogas utilizadas pelos pacientes, para que possa avaliar o
tempo de tratamento e a melhor estratégia terapêutica a ser adotada.
Neste capítulo apresenta-se um conjunto de resumos de trabalhos selecionados a
respeito dos antiinflamatórios não-esteróides e da sua utilização no tratamento ortodôntico.
2.1 Movimento dentário ortodôntico – Princípios e reações biomecânicas
2.1.1 As alterações metabólicas ósseas
O movimento dentário induzido no tratamento ortodôntico resulta em reações
diferentes nos tecidos periodontais formando-se lados de pressão e tensão. O osso alveolar no
lado da pressão sofre ciclos sucessivos de reabsorção e formação óssea como conseqüência
das reações ao trauma no tecido do ligamento periodontal, enquanto no lado da tensão sofre,
predominantemente, formação óssea (STOREY, 1973; MELSEN, 1999).
Assim, o tratamento ortodôntico fundamenta-se no princípio de que, se uma pressão
prolongada é aplicada a um dente, ocorrerá movimento dentário à medida que ocorre a
remodelação óssea ao redor do mesmo. O osso é seletivamente removido em algumas áreas e
19
adicionado em outras. Como a resposta óssea é mediada pelo ligamento periodontal, o
movimento dentário é um fenômeno desse ligamento (PROFFIT, 1995). Após a aplicação de
força ortodôntica por um período prolongado, observa-se uma resposta inflamatória na região
do ligamento periodontal, resultando em reabsorção óssea (STOREY, 1973).
Tem-se suposto que a aplicação de forças ortodônticas suaves resultará em reabsorção
óssea direta no lado de pressão. A reabsorção óssea direta implica em diferenciação de
osteoclastos, que reabsorverão o osso da parede do alvéolo na área correspodente às fibras
comprimidas, e ao mesmo tempo, haverá remodelação das fibras de colágeno no ligamento
periodontal, para acomodar a nova posição dentária (GRABER & VANARSDALL, 1996;
TEN CATE, 1998). No lado de tensão, também haverá remodelação das fibras de colágeno,
porém associada à deposição óssea na parede do alvéolo. É duvidoso que as técnicas
ortodônticas reproduzam essa situação ideal: a maioria envolve algum dano tecidual, pois as
forças aplicadas para movimentar o dente não são distribuídas uniformemente por todo o
ligamento
periodontal
e
devem
ser
cuidadosamente
controladas
(GRABER
&
VANARSDALL, 1996; TEN CATE, 1998).
A duração do movimento ortodôntico pode ser dividida em um período inicial e um
secundário (GRABER & VANARSDALL, 1996; REITAN, 1967) (FIG 1). Normalmente,
quando o dente é inclinado através da força ortodôntica, forma-se área de compressão e de
tensão (DAVIDOVITCH, 1988). Nas áreas de compressão, o ligamento sofre hialinização,
um termo que descreve, na microscopia de luz, a perda de células em uma área induzida por
trauma (KUROL & OWMAN-MOLL, 1998). Na ausência de células, não há remodelação
óssea, resultando na paralização do movimento, o que caracteriza o período inicial da
movimentação ortodôntica. O movimendo dentário recomeçará, iniciando-se o período
secundário, apenas quando todo o tecido hialinizado do ligamento periodontal estiver sido
removido e repovoado por novas células do tecido adjacente ou dos espaços medulares do
osso alveolar. O osso subjacente ao tecido hialinizado também deve ser eliminado pela
reabsorção a distância (reabsorção indireta, solapante ou retrógada) por osteoclastos na
superfície endosteal. Nesse período, a presença de osteoclastos é observada na face voltada
para o lado de compressão, formando lacunas de reabsorção, denominadas de lacunas de
Howship, ao mesmo tempo em que osteoblastos são observados na estrutura oposta, área de
tensão, formando novo osso. Nesse local, observa-se um aumento da largura do espaço
periodontal e a presença de células responsáveis pela formação de novo osso na superfície
voltada para o ligamento periodontal. Há presença de osteoclastos na superfície oposta do
mesmo osso, ocasionando reabsorção, o que mantém a dimensão original do osso alveolar e
20
sua integridade (DAVIDOVITCH, 1979; MELSEN, 1999). Portanto, durante o período inicial
da movimentação ortodôntica, podem-se observar vários estágios: (1) gradual compressão do
LP, que pode durar de quatro a sete dias; (2) período de hialinização, que pode durar de quatro
a cinco dias e acima de dois meses ou mais em animais experimentais com alta densidade
óssea; (3) período secundário durante o qual há reabsorção direta, o que leva à continuação do
movimento do dente. Caso se busque um eficiente e rápido movimento dentário, é necessário
formar pequena área de hialinização ou mesmo evitar a sua formação (REITAN, 1967). É
evidente que forças intensas provoquem maiores áreas de hialinização e, conseqüentemente,
maior período de reparo e movimento dentário mais lento.
to
en rdio
vim o ta
Mo ntári
de
Hialinização
FIGURA 1 – Movimento dentário ortodôntico
FONTE – Adaptado de GRABER & VANARSDALL, 1996.
A hialinização é influenciada por fatores anatômicos e mecânicos. Um dos fatores
anatômicos é a forma e o perfil da superfície óssea. Ossos densos, com poucos espaços
medulares são mais difíceis de sofrerem reabsorção solapante, ocorrendo um período maior de
hialinização (REITAN, 1967; GRABER & VANARSDALL, 1996). Além disso, o fator idade
pode influenciar na quantidade de movimento. O adulto, normalmente, possui osso mais
denso que o jovem, mas a principal razão da baixa resposta em adultos é o fato de possuir um
tecido com poucas células e fibras mais fortes e espessas (REITAN, 1967).
Com o intuito de verificar quais células estavam envolvidas na remoção de tecido
hialinizado e na reabsorção radicular, após a aplicação de força ortodôntica, BRUDVIK &
RYGH (1994) movimentaram o primeiro molar superior direito de 12 ratos da raça Wistar e,
através da microscopia eletrônica de varredura, observaram que células gigantes
multinucleadas sem bordas franjadas, assim como células mononucleares semelhantes a
macrófagos, foram responsáveis pela eliminação do tecido hialinizado formado, bem como
pela reabsorção radicular. Osteoclastos só foram encontrados em associação com o tecido
21
ósseo. Com isso, o tecido fibroso degradado e restos de células pareceram ser eliminados,
principalmente, por macrófagos. Os fibroblastos podem agir também como células
eliminadoras de tecido (TEN CATE, DEPORTER & FREEMAN, 1976).
As mudanças observadas durante a formação das zonas hialinizadas podem ser: (1)
compressão gradual das fibras periodontais que leva à contração e ao desaparecimento dos
núcleos celulares; (2) formação de osteoclastos nos espaços medulares e em áreas adjacentes
da superfície interna; (3) aumento gradual do número de células jovens do tecido conectivo ao
redor dos osteoclastos e em áreas onde a pressão é aliviada pela reabsorção óssea solapante. O
aumento generalizado da quantidade de células facilitará a reabsorção óssea durante a fase
secundária do movimento dentário (GRABER & VANARSDALL, 1996).
Uma grande quantidade de eventos de proliferação e diferenciação celular é iniciada
no ligamento periodontal pela aplicação de força ortodôntica. Simultaneamente às mudanças
que ocorrem no lado de pressão, é possível se observar mudanças formativas no lado de
tensão. Como precursores da formação óssea, a quantidade de osteoblastos e fibroblastos
também aumenta. Esse aumento na quantidade das células ocorre por divisão celular mitótica,
descrita por MACAPANPAN, WEINMANN & BRODIE (1954). Logo após a proliferação ter
sido iniciada, o tecido osteóide será depositado no lado de tensão. O osteóide é o produto dos
osteoblastos. Essa formação rápida de osteóide é especialmente marcada durante o período
secundário, depois que se completa a reabsorção solapante no lado de pressão (GRABER &
VANARSDALL, 1996).
A sequência dos eventos de proliferação e diferenciação envolvidas na histogênese de
osteoblastos foi descrita por ROBERTS & CHASE (1981) e ROBERTS, GOODWIN &
STANLEY (1981). Através de seus estudos, a seqüência histogênica dos osteoblastos foi
determinada pela avaliação morfológica em três eventos distintos na fisiologia celular: (1)
fase de síntese de DNA (S); (2) mitoses (M); e (3) aumento no volume nuclear para
diferenciar-se em um pré-osteoblasto. Osteoblastos são células uninucleadas que sintetizam
tanto colágeno quanto proteínas não-colagenosas (a matriz orgânica, osteóide). Elas são
responsáveis pela mineralização e derivam de células mesenquimais multipotentes. O
osteoblasto é geralmente considerado como se diferenciado de uma célula precursora, o préosteoblasto (TEN CATE, 1998). ROBERTS & CHASE (1981) observaram a presença de préosteoblastos que se diferenciaram em osteoblastos no ligamento periodontal após a
movimentação ortodôntica em ratos. A partir dos seus achados, pôde-se concluir que os
osteoblastos poderiam ser derivados de células presentes no ligamento periodontal.
22
A produção e a mineralização da matriz de qualquer tecido duro são processos fásicos
que se caracterizam por períodos de atividade intercalados com períodos de repouso, e
refletem-se morfologicamente por linhas incrementais perceptíveis. A linha reversa constitui
um tipo dessa linha, sendo semelhante à linha de repouso na sua composição, porém muito
mais ondulada, e marca a mudança entre a reabsorção e a formação óssea (TEN CATE,
1998).
A reabsorção óssea é o fator limite que determina a velocidade da movimentação
dentária (ROBERTS, GOODWIN & STANLEY, 1981). A velocidade de remodelação é
diretamente proporcional às cavidades de reabsorção e ao número de osteoclastos presentes
(GRABER & VANARSDALL, 1996).
A velocidade de reabsorção dos osteoclastos é
amplamente controlada pelos fatores metabólicos, sendo os hormônios mais importantes no
metabolismo ósseo o paratormônio, a 1,25-diidroxivitamina D, a calcitonina, o estrogênio e os
glicocorticóides. O paratormônio e a vitamina D são bifásicos em suas ações, aumentando a
reabsorção óssea quando em altas concentrações, mas estimulando a formação óssea em
baixas concentrações. A calcitonina e o estrogênio inibem a reabsorção óssea, enquanto os
glicocorticóides inibem, principalmente, a formação. Os hormônios afetam a atividade óssea
através da secreção das citocinas (TEN CATE, 1998). Não existe qualquer evidência direta
para sugerir que os osteoclastos são produzidos no ligamento periodontal ou em qualquer
outra superfície óssea. Pré-osteoclastos derivam da medula (TSAY, CHEN & OYEN, 1999) e
penetram no ligamento periodontal e no osso adjacente através da circulação sanguínea
(ROBERTS, GOODWIN & STANLEY, 1981; RODY, KING & GU, 2001), sendo formadas
diretamente pela fusão assíncrona de células mononucleares, pertencentes à linhagem dos
macrófagos, que se originam de monócitos (TEN CATE, 1998; RODY, KING & GU, 2001)
Portanto, pode ser estabelacido que a origem das células formadoras de osso são
células mesenquimais, ao passo que a origem dos osteoclastos são as células hematopoiéticas.
O desenvolvimento de ambos os tipos celulares é um processo com várias etapas, cada qual
estimulada durante o processo de desenvolvimento por um único grupo de citocinas e
hormônios (TEN CATE, 1998).
O osteoclasto, célula multinucleada, quando comparado a todas as outras células
ósseas e suas precursoras é uma célula muito maior, tornando-se identificável ao microscópio
de luz. Caracteriza-se por apresentar, citoquimicamente, fosfatase ácida tártaro-resistente
dentro de suas vesículas citoplasmáticas e vacúolos, os quais o distinguem de outras células
gigantes e macrófagos. Normalmente, os osteoclastos são encontrados acoplados à superfície
óssea, ocupando depressões superficiais, conhecidas como lacuna de Howship. Adjacente à
23
superfície do tecido, sua membrana celular emite uma grande quantidade de profundas
invaginações que formam uma borda em escova ou borda franjada, unindo-se ao tecido
mineralizado, criando um meio ambiente selado, que primeiro é acidificado para
desmineralizar o tecido duro. Após a exposição ao meio ambiente acidífero, a matriz orgânica
é reabsorvida pela secreção de enzimas proteolíticas (TEN CATE, 1998).
2.1.2 Mecanismo de controle biológico no movimento dentário
A indução da remodelação óssea ocorre tanto no processo de erupção dentária quanto
na
movimentação ortodôntica. Em ortodontia, essa remodelação é induzida por forças
mecânicas (SANDY, 1992). STOREY (1973) demonstrou que a resposta inicial dos tecidos
periodontais à aplicação de uma força ortodôntica constitui-se em uma reação inflamatória.
Os capilares sanguíneos tornam-se hiperemiados, seguindo-se a migração de leucócitos dentro
dos tecidos sob pressão.
O processo inflamatório envolve uma série de eventos que podem ser desencadeados
por estímulos mecânicos, físicos ou químicos. As células envolvidas na resposta inflamatória
são neutrófilos, monócitos, eosinófilos, linfócitos, basófilos e plaquetas. Os mastócitos,
fibroblastos, macrófagos residentes também estão relacionados com a inflamação (COTRAN,
KUMAR & COLLINS, 2000).
De acordo com GILMAN et al.(1991), a inflamação ocorre em três fases distintas,
sendo cada uma delas mediada por mecanismos diferentes: (1) fase aguda transitória,
caracterizada por vasodilatação local e aumento da permeabilidade vascular; (2) fase
subaguda retardada, caracterizada , principalmente, por infiltração de leucócitos; e (3) fase
proliferativa crônica, na qual se observa degeneração tecidual.
As respostas vasculares, celulares da inflamação aguda e crônica são mediadas por
fatores químicos provenientes do plasma ou das células envolvidas. Tais mediadores, atuando
de maneira isolada, em combinação ou em seqüência, amplificam a resposta inflamatória e
influenciam a sua evolução (COTRAN, KUMAR & COLLINS, 2000).
Alguns dos mediadores da inflamação aguda são: histamina, serotonina, bradicinina,
prostaglandinas
e
leucotrienos,
que
exercem
os
seguintes
efeitos:
quimiotático
(prostaglandinas e leucotrienos, principalmente, LTB4 ), vasodilatação (exceto pelos
leucotrienos), aumento da permeabilidade vascular. Bradicinina e prostaglandinas também
estão envolvidas com o processo da dor (KATZUNGA, 1998).
Interleucinas (IL) liberadas por macrófagos e linfócitos T; fatores de estimulação de
colônias de granulócitos-macrófagos (GM-CSF) liberados por macrófagos, linfócitos T,
24
células endoteliais e fibroblastos; fator de necrose tumoral α (TNFα), interferons, produzidos
por macrófagos, linfócitos T e células endoteliais; e fatores de crescimento derivados de
plaquetas (PDGF) liberados por fibroblastos e células endoteliais constituem alguns dos
mediadores da inflamação crônica (KATZUNGA, 1998). Os efeitos primários desses
mediadores são: ativação de linfócitos (interleucinas); produção de prostaglandinas
(interleucinas e TNFα); ativação de macrófagos e granulócitos (GM-CSF); quimiotaxia e
proliferação de fibroblastos (PDGF) (KATZUNGA, 1998).
O mecanismo do remodelamento ósseo, durante o movimento dentário induzido pela
aplicação de força ortodôntica, pode estar relacionado com a liberação de mediadores
inflamatórios. Quando as células ósseas são ativadas por diferentes estímulos, os lipídeos das
suas
membranas
são
rapidamente
remodelados
para
gerar
mediadores
lipídicos
biologicamente ativos, que servem como sinais intracelulares ou extracelulares (COTRAN,
KUMAR & COLLINS, 2000). O ácido araquidônico é um ácido graxo que não ocorre
livremente nas células, mas, normalmente, é esterificado em fosfolipídeos da membrana.
CHUMBLEY E TUNCAY (1986); KEHOE et al. (1996) e COTRAN, KUMAR E COLLINS
(2000) relatam que, após a aplicação de um estímulo mecânico, físico ou químico ou por
outros mediadores, ocorre a liberação do ácido araquidônico através da ativação da enzima
fosfolipase A2 . Os metabólitos do ácido araquidônico, também chamados de eicosanóides,
são sintetizados por duas classes principais de enzimas: ciclooxigenases e lipoxigenases. A
ciclooxigenase produzirá prostaciclinas, prostaglandinas e tromboxanas, enquanto a
lipoxigenase dará origem aos HETES (ácidos hidroxieicosatetraenóicos) e aos leucotrienos
(COTRAN, KUMAR & COLLINS, 2000; GRABER & VANARSDALL, 1996) (FIG.2). Os
eicosanóides podem mediar praticamente todas as etapas da inflamação. Quando as células
são ativadas por injúria tecidual ou por alguns tipos de sinais químicos, a taxa de eicosanóides
aumenta.
25
FIGURA 2 – Diagrama resumido dos mediadores derivados do metabolismo do ácido
araquidônico e suas ações.
FONTE: COTRAN, KUMAR & COLLINS, 2000
As prostaglandinas são produzidas por células de todos os tecidos dos mamíferos e se
ligam a receptores de superfície, agindo como mediadores locais durante a transmissão
autócrina e parácrina, influenciando as células que as produzem e suas vizinhas próximas,
respectivamente (GRABER & VANARSDALL, 1996).
Vários estudos (GRIEVE III et al.,1994; TSAY, CHEN, OYEN, 1999; RODY, KING
& GU, 2001) permitem obter maior conhecimento envolvendo a interação física e bioquímica
entre força ortodôntica e ligamento periodontal. Sabe-se que as células ósseas (osteoblastos e
osteoclastos) apresentam maior proliferação quando, da aplicação de força ortodôntica
(MOSTAFA, WEAKS-DYBVIG & OSDOBY, 1983).
A ativação das células ósseas por meio de forças mecânicas envolve flutuações das
concentrações dos componentes intracelulares de transmissão, denominados de mensageiros
secundários (DAVIDOVITCH, 1979). Deve-se notar que, enquanto o estímulo inicial nesse
caso é mecânico, a resposta das células envolvidas é bioquímica. Tem sido identificado um
grande número de agentes estimulantes das células ósseas, denominados mensageiros
primários incluindo hormônios (paratormônios, calcitonina, hormônios da tireóide,
26
testosterona, esteróides, prostaglandinas E, endotoxinas) e uma variedade de drogas que
interagem com transporte de minerais, enzimas ou síntese de proteínas (DAVIDOVITCH,
1979).
O estresse mecânico ocasionado pela força ortodôntica constitui um dos estímulos,
entre vários outros agentes capazes de levar à ativação do processo de remodelação óssea. O
modo de ação desses estímulos, ou primeiros mensageiros, baseia-se no reconhecimento do
agente pelo receptor específico na membrana. Esses receptores protéicos de superfície celular
atuam como transdutores de sinal: eles se ligam ao ligante sinalizador e transformam esse
evento extracelular em um ou mais sinais intracelulares que alteram o comportamento da
célula-alvo, levando à ativação e/ou síntese de enzimas localizadas na membrana celular,
como a adenilil ciclase e guanilato-ciclase. Essas enzimas catalizam ATP e GTP dentro das
células, formando AMPc e GMPc que, juntamente com íons Ca2+, constituem mensageiros
secundários, que passam adiante o sinal, alterando o comportamento das proteínas celulares
selecionadas, ao modificar a sua conformação e, conseqüentemente, a sua atividade.
Mudanças nos níveis desses mensageiros secundários estão correlacionadas com alteração na
proliferação celular, na diferenciação e na ativação das células envolvidas no processo de
remodelação óssea (MOSTAFA, WEAKS-DYBVIG & OSDOBY, 1983).
As prostaglandinas atuam como mensageiros primários, ligando proteínas ao receptor
da superfície celular e, em conexão, ativam enzimas que geram uma alteração na
concentração de compostos intracelulares de transmissão, os mensageiros secundários. Estes
incluem AMPc; GMPc; 1,2-diacilglicerol e inositol 1,4,5-trifosfato. Além disso, pode ocorrer
influxo de íons Ca2+, que também age como mensageiro secundário (GRABER &
VANARSDALL, 1996).
Segundo DAVIDOVITCH (1979), o mensageiro secundário classicamente envolvido
com a transdução da força mecânica é o AMP cíclico que ativa enzimas denominadas
proteinoquinases, as quais ativam outras enzimas que levarão à síntese de componentes
celulares, tais como, DNA, RNA, proteínas, enzimas e ácidos que podem contribuir para o
processo de formação e reabsorção óssea. Portanto, osteoblastos liberam procolágeno,
complexos de carboidrato de proteínas, fosfolipídeos, enzimas, íons que podem participar na
formação e mineralização da matriz óssea. Células responsáveis pela reabsorção liberaram
colagenases, fosfoproteínas, fosfatase e ácidos (lactato, carbonato e citrato). A elevação de
prostaglandinas e o subseqüente aumento intra-celular de AMPc estimulam a atividade
osteoclástica (MOSTAFA, WEAKS-DYBVIG & OSDOBY, 1983).
27
De acordo com SANDY (1992), as prostaglandinas são importantes mediadores no
processo de remodelação óssea. Mas não são os únicos. Há evidências, através de estudos, da
atuação de leucotrienos e HETES , que provêm do mesmo substrato (ácido araquidônico), no
processo de reabsorção na remodelação óssea.
Os sistemas imunes também têm papel regulador nas reações teciduais ortodônticas. A
vasodilatação pronunciada tem-se apresentado nas áreas de tensão e na periferia dos locais
comprimidos do ligamento periodontal no movimento dentário experimental (RYGH, 1976).
É geralmente aceito que a vasodilatação leva à migração dos macrófagos, dos linfócitos, das
proteínas e do fluido para dentro do espaço extracelular. Essas células inflamatórias, bem
como os fibroblastos e osteoblastos, produzem moléculas sinalizadoras, as citocinas (SAITO
et al., 1990 e NGAN et al., 1990): interleucinas 1α e 1β (IL1α e IL1β) que atraem leucócitos,
estimulam a proliferação de fibroblastos e aumentam a reabsorção óssea e o chamado fator de
necrose tumoral α (TNFα) que leva à produção de interleucinas por monócitos, aumenta a
produção de colágeno e prostaglandinas E2 e aumenta a quantidade de osteoclastos (GRABER
& VANARSDALL, 1996).
A interleucina-1β é um potente modificador da resposta biológica, pois exerce papel
central no processo inflamatório e induz a produção de prostaglandina E2 (DAVIDOVITCH et
al., 1988; SAITO et al., 1990). De acordo com SHIMIZU (1994), a interleucina-1 β estimula
a reabsorção óssea numa proporção quinze vezes maior do que a interleucina 1α, sendo
caracterizada como fator de ativação de osteoclastos (SAITO et al., 1990).
No sentido de analisar a interação entre estresse mecânico e presença de interleucinas1β com a produção de prostaglandinas E e AMPc por fibroblastos do ligamento periodontal
humano e células osteoblásticas clonadas de camundongos (MC3T3IE1), um estudo in vitro
foi realizado por NGAN et al.(1990). Os resultados demonstraram uma elevação da síntese de
prostaglandinas E e AMPc após o estiramento dos fibroblastos e das células osteoblásticas
clonadas de camundongos (MC3T3IE1), sendo maior após a aplicação de interleucina-1β. A
produção de AMPc foi secundária e dependente da produção de prostaglandinas E. Esses
achados demonstraram que os sinais químicos e mecânicos dessas células são mediados por
receptores de superfície.
Objetivando analisar os efeitos das interleucinas-1 sobre a movimentação dentária
induzida, HOU, LIANG & LUOC (1997) desenvolveram uma pesquisa em 12 coelhos, nos
quais se administraram na gengiva ao redor do dente que sofreu movimentação ortodôntica,
injeções contendo interleucina-1. A proporção do movimento dentário e o número de
osteoclastos foram analisados e comparados entre os lados experimental e controle. Os
28
resultados encontrados permitiram concluir que as inteleucinas-1 puderam aumentar o número
de osteoclastos e promover remodelação óssea após a aplicação de força ortodôntica.
Com o intuito de verificar os níveis de prostaglandina E e interleucinas-1β no fluido
do sulco gengival em dentes humanos movimentados ortodonticamente, GRIEVE III et
al.(1994) estudaram dez pacientes. Significante aumento dos níveis de prostaglandina E e
interleucinas-1β foi observado, principalmente nas primeiras 24 e 48 horas. Esses resultados
corroboraram aqueles encontrados por UEMATSU, MOGI & DEGUCHI (1996). Esses
achados indicaram que pode haver associação entre mudanças dos níveis de citocinas no
fluido do sulco gengival e movimentação dentária induzida.
Através de um estudo das interações de bradicinina, trombina, interleucinas 1α e 1β e
fatores de necrose tumoral (TNF-α e TNF- β) na biossíntese de prostanóides (prostaglandinas
E2 PGF1α ), RANSJO et al.(1998) observaram que houve interação sinérgica entre os
mediadores analisados e a produção de prostaglandinas, quando da aplicação de força
ortodôntica.
Portanto, o remodelamento do ligamento periodontal e do osso alveolar durante a
movimentação ortodôntica parece estar relacionado com a liberação de mediadores químicos,
tais como, as prostaglandinas E e as interleucinas-1, especialmente a do tipo beta (IL1β),
promovendo um aumento no número de osteoclastos e na atividade de reabsorção óssea
(ALMEIDA, ETO & MARIGO, 2001).
2.2 Drogas antiinflamatórias não-esteróides (AINEs)
O controle da dor é um dos mecanismos mais importantes das drogas analgésicas, que
pertencem a quatro categorias principais (RANG, DALE & RITTER, 2001):
-
drogas semelhantes à morfina (opióides);
-
drogas antiinflamatórias não-esteróides (aspirina e substâncias relacionadas);
-
anestésicos locais;
-
várias drogas não opióides de ação central.
As drogas semelhantes à morfina, assim como a maioria das drogas do último grupo,
produzem analgesia através da ação no sistema nervoso central, enquanto as drogas
semelhantes à aspirina e aos anestésicos locais atuam em nível periférico (KEHOE et al.,
1996)
As AINEs estão entre as mais usadas de todos os agentes terapêuticos. São
freqüentemente prescritas nas queixas musculoesqueléticas “reumáticas”e estima-se que mais
de 20 milhões de pessoas na Inglaterra apresentam esse tipo de distúrbio, e 8 milhões delas
29
consultam seus médicos no decorrer de um ano, representando 23% de todas as consultas.
Nos EUA são feitas mais de 7 milhões de prescrições de AINE a cada ano. Além disso,
quantidades muito grandes dessas drogas são compradas pelo público em geral, sem
prescrição, para o tratamento de cefaléia, dor de dente e várias outras pequenas queixas
(RANG, DALE & RITTER, 2001).
As AINEs incluem diversos agentes de diferentes classes químicas. A maioria dessas
drogas possui três principais tipos de efeito:
-
efeito antipirético;
-
efeito analgésico;
-
efeito antiinflamatório: modificação da reação inflamatória (KEHOE, et al., 1996).
Os analgésicos podem ser classificados de acordo com o tipo de ação a nível central
(narcóticos) ou a nível periférico (não-narcóticos), sendo que essas últimas também possuem
propriedades antiinflamatórias , antipiréticas e antitrombóticas e são classificadas como
drogas amtiinflamatórias não-esteróides (CAPELOTA, SHRIVER & ROSENTHALE, 1980).
Em geral, todos esses efeitos estão relacionados à ação primária das drogas – inibição da via
da ciclooxigenase do ácido araquidônico e, portanto, inibição da produção de prostaglandinas
e tromboxanos (KYRKANIDES, O `BANION & SUBTELNY, 2000) (FIG.2).
A ciclooxigenase (COX) é encontrada em duas formas: COX-1 e COX-2. A COX-1 é
uma enzima constitutiva expressa na maioria dos tecidos e está envolvida na sinalização entre
células e na hemostasia tecidual. A COX-2 é induzida nas células inflamatórias, quando estas
são ativadas, sendo responsável pela produção de mediadores prostanóides da inflamação
(VANE & BOTTING, 1996, apud RANG, DALE & RITTER, 2001). Os AINEs de uso atual
são, em sua maior parte, inibidores de ambas as isoenzimas, apesar de variarem quanto ao
grau de inibição de cada uma delas (GRISWOLD & ADAMS, 1996). A ação antiinflamatória
dos AINEs está claramente relacionada com a sua inibição da COX-2, e é provável que,
quando utilizados como agentes antiinflamatórios, seus efeitos indesejáveis decorram, em
parte, da inibição da COX-1 (RANG, DALE & RITTER, 2001).
Nem todas as AINEs possuem as três ações mencionadas na mesma intensidade. A
maioria é analgésica, mas o grau de atividade antiinflamatória varia: algumas (como a
aspirina e a indometacina) são fortemente antiinflamatórias; algumas são moderadamente
antiinflamatórias (naproxeno, meclofenaco e fenclofenaco), enquanto outras (como o
paracetamol) praticamente não possuem atividade antiinflamatória (RANG, DALE &
RITTER, 2001). De acordo com ROCHE, CISNEROS & ACS (1997), o paracetamol
(acetaminofeno) é considerado um fraco inibidor de prostaglandina, possuindo pequeno efeito
30
antiinflamatório. Apesar de não estar claro o mecanismo pelo qual o acetaminofeno alivia a
dor, parece que essa propriedade está relacionada à maior ação dessa substância no sistema
nervoso central (KEHOE et al., 1996).
As AINEs são, portanto, eficazes, principalmente, contra os tipos de dor em que as
prostaglandinas amplificam os mecanismos da dor básica, que são aqueles tipos associados
aos processos inflamatórios.
Drogas como as AINEs, cuja principal ação é inibir a ciclooxigenase, portanto, a
síntese de prostaglandinas e tromboxanas, afetam, principalmente, aqueles aspectos da
inflamação nos quais tais agentes têm participação significativa, que são vasodilatação e
eritema (RANG, DALE & RITTER, 2001).
2.3 Antiinflamatórios não-esteróides e movimento ortodôntico
Segundo ROCHE, CISNEROS & ACS (1997), o movimento dos dentes durante o
tratamento ortodôntico depende de um processo de reabsorção do osso alveolar, que envolve
uma resposta inflamatória, a qual pode levar a algum grau de desconforto secundário a essa
resposta. Embora a análise histológica desse processo de remodelação já tenha sido estudada
intensamente, os mediadores químicos envolvidos não são totalmente conhecidos. Estudos
realizados demonstraram que as prostaglandinas e os nucleotídeos cíclicos poderiam ser
considerados como mediadores envolvidos na reabsorção óssea e no movimento dentário
induzido (ROCHE, CISNEROS & ACS, 1997).
Durante o movimento ortodôntico, deformações mecânicas das células do ligamento
periodontal levam a alterações moleculares, algumas das quais são capazes de causar
reabsorção óssea (SANDY, 1992). O “stress” mecânico parece evocar uma resposta
bioquímica e estrutural em uma variedade de tipos celulares. Na fase precoce do movimento
ortodôntico, há envolvimento de resposta inflamatória aguda caracterizada por vasodilatação
periodontal
e
migração
de
leucócitos
dos
capilares
de
ligamento
periodontal
(DAVIDOVITCH & SHANFELD, 1980). Citocinas secretadas pelos leucócitos podem
interagir diretamente com células ósseas ou indiretamente via células vizinhas, tais como,
monócitos, macrófagos, linfócitos e fibroblastos. Essa interação desencadeia alterações
estruturais e bioquímicas de um complexo processo regulado por diversas citocinas e
mediadores inflamatórios, como prostaglandinas E (PGE) e interlucinas (IL), as quais levam à
remodelação óssea.
31
Células do sistema nervoso, imunológico e endócrino estão envolvidas na ativação da
resposta do ligamento periodontal e das células ósseas durante a movimentação ortodôntica.
(KEHOE et al., 1996). Embora muitos estudos tenham avaliado as modificações ósseas
decorrentes da movimentação ortodôntica, pouca informação se tem da fisiologia da
remodelação óssea e dos mediadores bioquímicos envolvidos nesse processo. Contudo, temse afirmado que a movimentação ortodôntica pode ser mediada através da produção e da
atuação das prostaglandinas, importantes componentes da resposta inflamatória, através da
alteração da atividade e do número dos osteoclastos (YAMASAKI, MIURA & SUDA, 1980).
YAMASAKI, MIURA & SUDA (1980) descreveram o papel das prostaglandinas
como mediadores da reabsorção óssea induzida por tratamento ortodôntico em ratos.
Demonstrou-se que a injeção local de PGE resultava em aumento de osteoclastos no lado do
movimento do dente, enquanto a indometacina, um inibidor específico da síntese de
prostaglandinas, tinha um efeito inibitório no aparecimento dos osteoclastos. A redução na
movimentação dentária em animais testados com indometacina é encontrada freqüentemente
na literatura (MOHAMMED, TATAKIS & DZIAK, 1989; CHUMBEY & TUNCAY, 1986).
Drogas antiinflamatórias não-esteróides (ibuprofeno) inibiram a produção de PGE no
ligamento periodontal de cobaias, bem como reduziram o movimento ortodôntico (KEHOE et
al, 1996).
O efeito do paracetamol (acetaminofeno), analgésico utilizado para controle da dor em
pacientes submetidos a tratamentos ortodônticos e que possui fraca atividade antiinflamatória
(RANG, DALE & RITTER, 2001), não alterou o padrão de movimentação ortodôntica em
coelhos (ROCHE, CISNEROS & ACS, 1997).
A administração local de PGE próximo dos dentes de pacientes submetidos à
movimentação ortodôntica acelerou esse processo (YAMASAKI et al.,1984). Do mesmo
modo, a aplicação de injeções de PGE na gengiva de ratos determinou aumento do número de
lacunas osteoclásticas no lado de pressão, comparado com o grupo controle que não recebeu
injeções de PGE (LEE, 1990).
Sabendo-se que as prostaglandinas estão relacionadas com a reabsorção óssea e que
estudos já demonstraram a presença dessa substância no ligamento periodontal, CHUMBLEY
& TUNCAY (1986) administraram indometacina, potente inibidor da síntese de
prostagiadina, em seis ratos para analisar o envolvimento das prostaglandinas no movimento
dentário induzido por forças ortodônticas. Aparelho ortodôntico constituído por uma mola
fechada entre o canino e os terceiros pré-molares direito e esquerdo foi utilizado em todos os
animais. Decorridos 21 dias, a quantidade de movimento dentário foi medida e, como
32
resultado, observou-se que no grupo controle foi duas vezes maior que no experimental. Tais
resultados permitiram concluir que as prostaglandinas possuem papel importante no processo
de rebsorção óssea durante a terapia ortodôntica e corroboraram as recomendações de se
evitar a administração das indometacinas durante o tratamento ortodôntico.
As influências dos efeitos do acetaminofeno, do ibuprofeno e do misoprostol sobre a
síntese de prostaglandinas do tipo E2 durante o movimento ortodôntico foram avaliadas por
KEHOE et al.(1996), tendo como animais experimentais porcos da Índia, que foram divididos
em um grupo controle e em três experimentais, sendo este de acordo com o tipo de medicação
administrada. Uma força ortodôntica foi aplicada nos incisivos superiores, e medições lineares
da separação desses dentes nos dias experimentais 2, 4, 6, 10 e 11 foram realizadas. Exudatos
inflamatórios da região do ligamento periodontal dos incisivos superiores foram recolhidos
nos dias experimentais 4 e 9 e submetidos à análise radiomunológica para a detecção de PGE2
Os resultados revelaram diferenças na concentração de PGE2 em relação às drogas utilizadas e
no tamanho do diastema entre os incisivos. O ibuprofeno inibiu significantemente a produção
de PGE2 e a quantidade de movimento dentário. O misoprostol não alterou de forma
significativa a produção local de PGE2, mas provocou um aumento significativo na
quantidade de movimento dentário. O acetaminofeno (paracetamol) provocou uma redução
nos níveis de PGs no ligamento periodontal, mas não alterou, de forma significativa, a
quantidade de movimento dentário. Esses resultados sugeriram que o acetaminofeno
representa o analgésico de escolha durante o tratamento ortodôntico.
Considerando que drogas com efeitos analgésicos e antiinflamatórios, como a aspirina
e o ibuprofeno reduzem a quantidade de movimento dentário induzido, ROCHE, CISNEGO
& ACS (1997) desenvolveram um estudo experimental com coelhos, objetivando estudar os
efeitos do acetaminofeno sobre a movimentação dentária em animais. Sob efeito anestésico,
foram posicionadas molas entre os primeiros molares e incisivos inferiores, aproximando
esses dentes. Em um total de sete animais experimentais, foram administrados diariamente
1000 mg de acetaminofeno, e sete animais do grupo controle receberam água. Todos os
coelhos foram sacrificados em 21 dias e a quantidade de movimento dos incisivos e molares
foi mensurada. Os resultados mostraram considerável quantidade de movimento em ambos os
grupos, não apresentando diferenças significativas entre eles. O acetaminofeno não afetou a
quantidade de movimento dentário induzido.
Pretendendo avaliar a influência do ácido acetilsalicílico, um inibidor da síntese de
prostaglandinas no movimento dentário induzido, WONG, REYNOIDS & WEST (1992)
utilizaram porcos da Índia, nos quais instalaram aparelho ortodôntico, objetivando obter a
33
separação dos incisivos superiores. Os animais do grupo experimental receberam,
diariamente, por via oral, 65 mg/kg de aspirina, divididos em três doses. Após 28 dias, a
quantidade de separação dos dentes foi medida. Os resultados demonstraram que a aspirina
não alterou, de forma significativa, a quantidade de movimento. A partir disso, pôde-se
concluir que, talvez, as prostaglandinas não deveriam ser os únicos mediadores do processo
de reabsorção óssea associada ao movimento dentário induzido por forças ortodônticas leves.
A influência do ibuprofeno, um antiinflamatório não-esteróide, na progressão da
doença periodontal, foi avaliada em um estudo longitudinal em 22 cadelas da raça Beagle,
durante um período de 13 meses (WILLIAMS et al., 1988). Seis animais foram utilizados
como grupo controle, e os restantes foram divididos em três grupos experimentais, de acordo
com a quantidade de dose de ibuprofeno administrada diariamente. Radiografias padronizadas
foram utilizadas para medir a quantidade de perda óssea. Os resultados revelaram diferenças
entre os três grupos experimentais tratados com ibuprofeno e o controle, de maneira que os
primeiros apresentaram uma perda óssea significativamente menor do que o último.
Demonstrou-se, assim, que o ibuprofeno, um antiinflamatório não-esteróide, pôde inibir a
perda óssea em cadelas da raça Beagle.
Nesse aspecto, portanto, os antiinflamatórios não-esteróides podem representar não
apenas um possível caminho para o controle químico do movimento dentário, como também
uma contra-indicação para o tratamento, o que sugere uma avaliação criteriosa da sua
utilização.
2.4 A utilização de ratos como modelo experimental
A utilização de ratos em experimentos oferece algumas vantagens:
1- facilidade de obtenção dos animais, possibilidade de manipulação de um maior
número de animais, devido ao curto tempo de procriação e às ninhadas com muitos filhotes, o
que permite apresentar pouca variação genéticapodendo levar à padronização. Além disso,
seus molares são parecidos com os dos seres humanos, guardando as mesmas proporções de
tamanho e outras peculiaridades anatômicas. São animais dóceis e de pequeno porte, o que
facilita o trabalho e possibilita a obtenção de quantidades representativas de tecidos para
inclusão e análise microscópica (MACAPANPAN, WEINMANN & BRODIE, 1954;
PORTER, 1967);
34
2- o osso alveolar de ratos possui um balanço perfeito entre a reabsorção e a formação
óssea, uma orientação espacial dessas atividades e uma taxa alta de turnover ósseo
(LASFARGUES & SAFFAR, 1992; ROBINSON & SCHENEIDER, 1992).
MACAPANPAN, WEINMANN & BRODIE (1954) e AZUMA (1970) estudaram as
mudanças histológicas no ligamento periodontal em ratos após a inserção de bandas elásticas
entre o primeiro e segundo molar e demonstraram que a formação e reabsorção óssea ocorrem
mais rapidamente nos primeiros molares por moverem contra o movimento fisiológico distal
dos dentes. Foi estabelecido que esse remodelamento incluía a deposição de osso neoformado
na superfície óssea no lado de tensão e reabsorção da parede alveolar no de pressão (WALDO
& ROTHBLATT, 1954; MACAPANPAN, WEINMANN & BRODIE, 1954; ZAKI & VAN
HUYSEN, 1963; AZUMA, 1970; ASHIZAWA & SAHARA, 1998).
ASHIZAWA & SAHARA (1998) também observaram, através de uma técnica
cronológica de marcação de chumbo, que o movimento fisiológico do dente do rato ocorre
para distal, onde notaram maior formação de osso na face mesial da raiz mesiolingual. Ao se
realizar o movimento mesial do dente com aplicação de força, observou-se que o lado em que
havia maior formação de osso passou a ser o distal.
A dentição dos ratos consiste em um incisivo e três molares em cada quadrante dos
maxilares, apresentando apenas uma dentição. O primeiro molar permanente é o maior dos
três em cada quadrante, apresentando cinco raízes, sendo a mesiovestibular e a
dentovestibular as maiores e mais utilizadas nas análises microscópicas. Devido ao menor
tamanho dos molares inferiores, esses são pouco utilizados em pesquisas (MACAPANPAN et
al., 1954).
O osso alveolar dos ratos apresenta poucos espaços medulares e maior densidade em
relação ao osso alveolar humano, uma alta taxa de remodelação e o tecido osteóide é
abundante (MAZZIEIRO, 1999; REITAN & KIVAN, 1971).
35
3 OBJETIVOS
36
3 OBJETIVOS
3.1. Objetivo geral:
Avaliar a biologia dos tecidos de suporte, durante a aplicação de força ortodôntica.
3.2. Objetivo específico
1. Avaliar as alterações do peso corporal;
2. Avaliar as alterações histológicas e histoquantitativas do periodonto, durante a
movimentação ortodôntica, após a administração de paracetamol e de ácido
acetilsalicílico.
37
4 MATERIAL E MÉTODOS
38
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Seleção dos animais
Foram utilizados 42 ratos da raça Holtzman, machos, com peso corporal entre 165 e
350g com 60 dias de idade, provenientes da colônia do biotério do Instituto de Ciências
Biológicas da UFMG. Durante o período experimental, os animais permaneceram em gaiolas
plásticas, forradas com maravalhas, contendo cada gaiola um número máximo de quatro
animais.
A alimentação dos animais foi de consistência pastosa (ração da marca Labina-Purina
dissolvida em água) e água ad libitum.
O projeto experimental foi aprovado pelo Comitê de Ética da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais.
Os animais foram divididos em três grupos distintos: um grupo controle e dois
experimentais, sendo que em todos os grupos foi realizada movimentação ortodôntica. Cada
grupo subdividiu-se em três subgrupos de acordo com o tempo de administração da droga e a
época do sacrifício dos animais. Esses grupos, com seus respectivos subgrupos, são listados
abaixo.
∙Grupo 1 (controle) – Composto de 13 animais, distribuídos em três subgrupos, sem
administração de drogas. O número de animais e os tempos de sacrifício foram os seguintes:
- subgrupo 1: quatro animais, sacrificados após um dia da ativação dos dispositivos
ortodônticos;
- subgrupo 2: quatro animais, sacrificados após cinco dias da ativação dos dispositivos
ortodônticos;
- subgrupo 3: cinco animais, sacrificados após 14 dias da ativação dos dispositivos
ortodônticos.
∙Grupo 2 (paracetamol + movimentação) – Contendo 15 animais, distribuídos em três
subgrupos, recebeu administração de paracetamol (20 mg/kg dissolvidos em água destilada).
O número total de animais por subgrupo e o tempo de administração da droga e as épocas do
sacrifício dos animais foram os seguintes:
- subgrupo 1: cinco animais, sacrificados após um dia da ativação dos dispositivos
ortodônticos;
- subgrupo 2: cinco animais, sacrificados após cinco dias da ativação dos dispositivos
ortodônticos;
39
- Subgrupo 3: cinco animais, sacrificados após 14 dias da ativação dos dispositivos
ortodônticos.
∙Grupo 3 (ácido acetilsalicílico + movimentação) – Contendo 14 animais, sudividiuse em três subgrupos, de acordo com o tempo de administração da droga e a época do
sacrifício dos animais. Os animais foram tratados com ácido acetilsalicílico (20 mg/kg
dissolvidos em água destilada). Segue, abaixo, a subdivisão realizada:
- subgrupo 1: quatro animais, sacrificados após um dia da ativação dos dispositivos
ortodônticos;
- subgrupo 2: cinco animais, sacrificados após cinco dias da ativação dos dispositivos
ortodônticos;
- subgrupo 3: cinco animais, sacrificados após 14 dias da ativação dos dispositivos
ortodônticos.
4.2 Administração e preparação das drogas
Os animais dos grupos 2 e 3 receberam, via bucal, o paracetamol e o ácido
acetilsalicílico, respectivamente, sempre no mesmo horário do dia. Todos os animais
receberam a medicação um dia anterior à inserção dos dispositivos ortodônticos.
A dosagem foi calculada a partir de um estudo piloto, de acordo com a proporção do
peso dos animais e equivaleu a uma dosagem diária de 20mg/kg de peso dissolvidos em água.
Essa solução era preparada diariamente e deixada nas gaiolas para que fosse consumida. Para
isso, foi necessário determinar a média diária de água que cada animal ingeriu.
O paracetamol e o ácido acetisalicílico utilizados foram manipulados na Farmácia
Amphora, tendo como excipientes talco e lactose nas concntrações de 50% cada.
Apresentaram-se sob forma de cápsulas, contendo cada uma 6 mg.
4.3 Pesagem dos animais
Os animais foram pesados ao início e ao final do experimento, e a variação do peso foi
submetida à análise estatística.
4.4 Anestesia dos animais
Antes da inserção dos dispositivos ortodônticos, os animais foram anestesiados com
citrato de fentanyl, diluído em água destilada, na dosagem de 25 µg por quilograma de peso,
40
via intraperitoneal. Obtido o efeito anestésico, os animais foram posicionados em uma mesa
operatória (FIG.3).
FIGURA 3 – Animal posicionado na mesa operatória
4.5 Inserção e ativação dos dispositivos ortodônticos:
Após a anestesia e o posicionamento na mesa operatória, fez-se a instalação de
dispositivos ortodônticos idênticos em todos os animais, constituídos por molas de NiTi de
secção fechada, da marca comercial MIDWEST Orthodontic Manufacturing LLC®, de 0.010”
X 0.030", código 225-136. Essas molas permaneceram fixadas nos primeiros molares e nos
incisivos superiores esquerdos, por meio de um fio de amarrilho de aço de 0.020", localizados
nas extremidades das molas e que laçaram os primeiros molares e incisivos, passando pelos
espaços interproximais desses dentes, segundo metodologia descrita por HELLER & NANDA
(1979) (FIG 4). No lado direito, considerado controle, nenhum tipo de dispositivo ortodôntico
foi colocado, ou seja, não houve aplicação de força. Para facilitar a instalação do fio, os
molares eram afastados com o auxílio de uma agulha de sutura.
41
FIGURA 4 – Ilustração da instalação do aparelho para a movimentação
dentária
FONTE – Adaptado de HELLER & NANDA, 1979.
Objetivando aumentar a retenção desses fios aos incisivos, realizou-se um sulco no
esmalte no terço gengival da coroa desses dentes utilizados como ancoragem, onde o fio de
amarrilho foi posicionado e amarrado firmemente. Recobrindo essa região do sulco e do
amarrilho, foi colocada resina composta Concise Ortodôntica, da marca comercial 3M®,
manipulada segundo as indicações do fabricante (FIG.5).
FIGURA 5 – Aparelho instalado
As molas utilizadas, preparadas com um comprimento de 6 mm, foram ativadas de
maneira a produzir uma força de tensão inicial de 20 gramas, aferida por meio de uma carga
42
previamente calibrada. Depois de instaladas, nenhuma ativação subseqüente foi realizada
durante o período experimental (FIG.6).
20 g
A
20 g
FIGURA 6 -Medição da força ortodôntica
Todos os procedimentos foram realizados por um único profissional, o que favoreceu
a padronização dos atos experimentais.
O correto posicionamento dos dispositivos ortodônticos foi conferido no momento do
sacrifício, sendo descartados aqueles animais que apresentaram qualquer tipo de anormalidade
nos mesmos.
4.6 Sacrifício dos animais e moldagem final
Ao término dos períodos experimentais, os animais foram sacrificados por inalação
excessiva de éter etílico e deslocamento cervical. Em seguida, foram decapitados, e as
maxilas foram dissecadas, removendo-se os seus componentes epiteliais e musculares, e
colocadas em solução tamponada de formol a 10%, para fixação. Após três dias de fixação,
fez-se a lavagem do material em água corrente durante um dia para , então, ser realizada a
moldagem das maxilas. O material utilizado nesse procedimento foi uma silicona de
condensação, Silon D, de alta viscosidade e Silon F, de baixa viscosidade, manipulados
43
segundo as instruções do fabricante, Dentsply®. As moldagens do arco superior foram
realizadas com moldeiras parciais de aço. Logo em seguida, os moldes eram conferidos e
imediatamente vazadas com gesso especial. Após a obtenção dos modelos, as maxilas foram
colocadas em solução desmineralizadora de etilenodiaminotetracetatodissódico a 10% EDTA , tamponada, à temperatura ambiente.
4.7 Medição dos modelos de gesso e análise da quantidade de movimento
Para um controle da quantidade de deslocamento dentário, foram obtidos modelos de
gesso da região dos molares superiores direito e esquerdo ao final do experimento. Todos os
modelos foram codificados para a realização da avaliação às cegas.
A distância entre as cristas marginais da cúspide mesial do primeiro molar superior e
da cúspide distal do terceiro molar superior foi medida em todas as maxilas no lado direito e
esquerdo. A medição foi realizada duas vezes, por um único profissional, em períodos
diferentes, com um paquímetro digital eletrônico com aproximação de centésimos de
milímetros, da marca comercial Pro-Max, Fowleer-NSK®, posicionado paralelo ao plano
oclusal (FIG.7). A comparação entre a 1ª e 2ª medidas foi submetida à análise estatística.
FIGURA 7 – Medição da quantidade de deslocamento dentário no modelo
A quantidade efetiva de movimento dentário ao final do experimento para cada
animal, foi calculada subtraindo-se a distância do lado esquerdo (com aplicação de força
44
ortodôntica) da distância do lado direito (sem aplicação de força ortodôntica), como
preconizado por KOBAYASHI et al.(1998).
4.8 Preparação dos espécimes
Após fixação, as maxilas foram seccionadas ao meio, na região da sutura palatina
mediana, e as hemimaxilas direita e esquerda foram colocadas em solução desmineralizadora
de EDTA a 10%, tamponada, à temperatura ambiente até se obter a desmineralização
desejada. Trocas da solução foram feitas a cada dois dias, durante um período que variou de
70 a 90 dias. O controle da desmineralização foi feito pela técnica do estilete, que consiste em
introduzir uma lâmina através do tecido, para avaliar a resistência.
Depois de devidamente desmineralizados, os fragmentos maxilares foram preparados
para os procedimentos histotécnicos de rotina.
As peças maxilares foram processadas para inclusão em parafina, nas seguintes etapas:
1- desidratação: os tecidos foram mergulhados em uma série crescente de álcool (70%, 80%,
90%, absoluto I, absoluto II , absoluto III) com um tempo de 30 minutos em cada banho;
2- diafanização: os tecidos foram mergulhados em três banhos de xilol, durante 30 minutos
em cada banho;
3- infiltração: foram realizados três banhos em parafina a 60°C durante 90 minutos em cada.
Após o último banho, realizou-se a inclusão do material em parafina, obtendo-se os blocos.
Os blocos de parafina de todos os animais foram cortados no sentido vestíbulopalatino, ao longo do eixo dos primeiros molares superiores, em um micrótomo, obtendo-se
cortes seriados de seis micrômetros de espessura. Os cortes foram coletados em lâminas de
vidro e deixados secar durante um dia. Em seguida, foram realizados os procedimentos de
coloração com hematoxilina e eosina (H.E.).
4.9 Análise microscópica descritiva
Os cortes teciduais obtidos foram examinados em microscopia de luz, com
microscópio da marca Olympus BX 50, e a área de estudo foi considerada a raiz mésiovestibular dos primeiros molares superiores direito (lado controle) e esquerdo (lado
experimental), visto que essa raiz é a maior e uma das mais utilizadas nas análises
microscópicas. Devido à localização das cinco raízes em planos diferentes, a obtenção de
todas em um mesmo corte longitudinal foi impossível (FIG.8).
45
FIGURA 8 – Área avaliada na análise microscópica
FONTE – Adaptado de SCHOUR & MASSLER, 1963.
Na raiz mésio-vestibular, foram analisadas as alterações nas faces mesial e distal,
considerando-se o início dessas faces junto à crista alveolar e o seu término junto ao forame
apical.
Foram analisados os seguintes fenômenos:
1- presença de reabsorção frontal e retrógrada, presença de lacunas osteocíticas e deposição
de tecido osteóide;
2- espessura do ligamento periodontal, presença de infiltrado inflamatório, áreas de destruição
e áreas de hialinização;
3- presença de áreas de reabsorção e aposição no cemento;
4- alterações morfológicas dos fibroblastos, cementoblastos, clastos, osteoblastos e suas
relações de localização e distribuição quanto ao cemento radicular, ligamento periodontal,
osso alveolar.
4.10 Análise histométrica
A contagem do número de osteoclastos presentes no periodonto, tanto na superfície
mesial, quanto na distal da raiz mésio-vestibular do primeiro molar superior esquerdo, foi
realizada por meio de um microscópio da marca Olympus BX 50, sendo feita sempre por um
mesmo operador. As imagens usadas para as medições apresentavam-se em ampliações de
400x.
O cálculo do número de osteoclastos foi realizado tanto no lado controle, quanto no
experimental em cada animal, sendo obtido o número de osteoclastos em quatro cortes por
46
bloco, para cada animal. Foram utilizados secções seriadas, analisando um corte a cada
intervalo de 50 µm, medida que propiciou a não repetição da contagem de um mesmo
osteoclasto ao fazer a análise de um corte para outro. A média do número de osteoclastos no
lado controle e no lado experimental foi calculada para cada animal e, depois, obteve-se a
média final para cada grupo, sendo submetida à análise estatística.
4.11 Análise estatística
Neste estudo, houve interesse em avaliar a quantidade de movimento dentário
observada no lado que sofreu a movimentação ortodôntica (lado experimental). Esta
medida foi estabelecida comparando-se esse lado (E) com o lado controle (C), tomando-se
 E − C
a diferença em percentual 
 × 100 . Esse cálculo foi realizado, partindo-se do
 E 
princípio de que havia uma simetria entre os dois lados.
Foi avaliado o peso no início e no final do tratamento de cada animal, quando se
 Pf − Pi 
 × 100 .
buscou a mudança de peso em percentual de forma semelhante 
 Pi 
Também foi levantado o número de osteoclastos no lado controle (OC) e no lado
experimental (OE), tomando-se a diferença entre os dois lados (OE-OC). Essas medidas
foram obtidas, a partir da média do número de osteoclastos para cada subgrupo e grupo.
As medidas descritivas são apresentadas em tabelas e gráficos com porcentagens ou
medidas descritivas como média, mediana, mínimo, máximo e desvio padrão.
As comparações entre os grupos de animais quanto ao peso, quantidade de movimento
e número de osteoclastos foram realizadas utilizando-se o teste de Kruskal-Wallis. Esse teste
tem como objetivo comparar duas ou mais amostras independentes em relação a uma medida
de interesse; além disso, trata-se de um teste não paramétrico. Isto é, esse não se baseia na
média e desvio-padrão, e, sim, nos postos / posições (Rank - posição do indivíduo na amostra)
das medidas.
Com o objetivo de avaliar a relação entre o número de osteoclastos e a quantidade de
movimento, utilizou-se a análise de correlação de Spearman (r), medida que expressa a
relação linear entre duas variáveis X e Y, medindo a grandeza dessa relação:
r > 0: indica relação direta, ou seja, um aumento em X é acompanhado por um aumento
em Y;
47
r < 0: indica relação indireta, ou seja, um aumento em X é acompanhado por um
decréscimo em Y.
Um alto valor de r próximo de um (negativo ou positivo) representa uma forte relação
linear, enquanto um valor próximo de zero mostra que a associação linear é fraca.
Para a comparação entre a 1ª e a 2ª medidas da quantidade de movimento dentário
ortodôntico, utilizou-se o teste t de Student para amostras pareadas (dependentes). Trata-se de
um teste paramétrico que tem como objetivo comparar medidas realizadas no mesmo
indivíduo (animal).
Todos os resultados foram considerados significativos para uma probabilidade de
significância inferior a 5% (p< 0,05), tendo, portanto, pelo menos 95% de confiança nas
conclusões apresentadas.
48
5 RESULTADOS
49
5 RESULTADOS
No quadro 1, fez-se referência ao tamanho da amostra avaliada.
QUADRO 1
Número de animais avaliados em cada situação de interesse
Peso
Grupo
Sem medicação
Paracetamol
AAS
1º
4
5
4
5º
5
5
5
14º
4
5
5
1º
4
4
4
Medida
Quantidade de
movimento
5º
14º
4
4
4
4
4
4
Nº de osteoclastos
1º
4
4
4
5º
4
4
4
14º
4
4
4
Legenda: AAS Æ Ácido acetilsalicílico
5.1 Análise do peso corporal dos animais
A tabela 1 fornece as medidas descritivas do peso corporal, caracterizando os ratos
quanto ao peso inicial e final e, considerando-se o grupo e o dia do sacrifício.
50
TABELA 1
Caracterização dos ratos quanto ao peso inicial e final, considerando-se o grupo e o dia do
sacrifício
Medidas descritivas
Máximo
Mediana
Média
Dia
Medicação
Etapa
Mínimo
1º
Nenhuma
Inicial
247,0
303,0
279,5
277,2
24,5
Final
237,0
283,0
256,5
258,2
20,7
Inicial
206,0
255,0
225,0
230,0
21,7
Final
191,0
248,0
226,0
226,0
23,8
Paracetamol
AAS
5º
Nenhuma
Paracetamol
AAS
14º
Nenhuma
Paracetamol
Desvio
Inicial
235,4
250,0
242,2
242,4
6,0
Final
238,0
251,0
245,5
245,0
5,7
Inicial
269,0
353,0
293,0
300,6
34,8
Final
226,0
311,0
259,0
266,2
37,6
Inicial
233,0
298,0
265,0
265,6
24,7
Final
208,0
267,0
259,0
244,6
25,8
Inicial
205,0
247,0
225,0
223,8
15,5
Final
178,0
240,0
205,0
209,4
24,2
Inicial
222,0
247,0
231,0
232,7
10,9
Final
228,0
270,0
248,8
248,9
17,9
Inicial
245,0
303,0
269,0
269,6
21,4
Final
250,0
305,0
273,8
275,8
24,1
Inicial
165,0
267,0
226,0
214,2
42,8
Final
143,0
Legenda: AAS Æ Ácido acetilsalicílico
276,0
233,0
211,6
55,9
AAS
A tabela 2 e o gráfico 1 fornecem a avaliação da influência da medicação na mudança
percentual do peso após o período de tratamento. Foram constatados, após um dia de
tratamento, diferenças significativas entre os grupos quanto à mudança de peso em percentual.
Neste caso, o grupo sem medicação apresentou, em média, uma perda de peso em percentual
superior à variação observada nos demais grupos, que não diferiram entre si. Ressalta-se que,
no grupo em que se administrou o ácido acetilsalicílico, ocorreu um aumento de peso. Após 5
e 14 dias de tratamento, nenhuma diferença significativa foi observada.
51
TABELA 2
Avaliação da influência da medicação na mudança percentual do peso após o período de
tratamento
Dia
1º
Medicação
Nenhuma
Paracetamol
AAS
Mínimo
-8,6
-7,3
-0,8
5º
Nenhuma
Paracetamol
AAS
-16,9
-17,8
-13,2
Medidas descritivas
Máximo
Mediana
Média
-4,0
-7,3
-6,8
1,4
-0,8
-1,8
3,7
0,7
1,1
Desvio
2,0
3,4
1,9
p
0,031
S < (P = A)
-11,6
-7,8
-6,5
4,1
6,9
7,4
0,543
S=P=A
Nenhuma
-7,7
21,6
7,7
7,3
Paracetamol
-3,5
8,5
1,8
2,3
AAS
-13,3
22,1
-6,8
-1,7
Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Kruskal-Wallis
Legenda: AAS Æ Ácido acetilsalicílico
12,0
4,4
14,7
0,418
S=P=A
-5,4
-2,3
4,6
-11,9
-4,3
-9,3
14º
10
7,3
8
6
Mudança percentual de peso
4
2,3
2
1,1
Medicação
0
-2
-1,7
-1,8
Nenhuma
Paracetamol
AAS
-4
-6
-8
-6,5
-6,8
-7,8
-10
-12
-11,6
-14
1º dia
5º dia
14º dia
GRÁFICO 1 – Avaliação da influência da medicação na mudança percentual do
peso, após o período de tratamento
A tabela 3 e o gráfico 2 mostram a avaliação do tempo de tratamento na mudança
percentual do peso, considerando-se a medicação utilizada. No grupo em que se administrou
ácido acetilsalicílico, não foram constatadas diferenças significativas entre os dias de
avaliação. Já nos demais grupos (paracetamol e sem medicação), constatou-se que a redução
de peso observada no 5º dia diferiu significativamente da avaliação realizada no 14º dia,
quando ocorreu, na verdade, um ganho de peso.
52
TABELA 3
Avaliação da influência do tempo de tratamento na mudança percentual do peso,
considerando-se a medicação utilizada
Medicação
Nenhuma
Dia
1º
5º
14º
Mínimo
-8,6
-16,9
-7,7
Paracetamol
1º
5º
14º
-7,3
-17,8
-3,5
Medidas descritivas
Máximo
Mediana
Média
-4,0
-7,3
-6,8
-5,4
-11,9
-11,6
21,6
7,7
7,3
Desvio
2,0
4,1
12,0
p
0,029
5 < 14
-1,8
-7,8
2,3
3,4
6,9
4,4
0,039
5 < 14
1º
-0,8
3,7
0,7
1,1
5º
-13,2
4,6
-9,3
-6,5
14º
-13,3
22,1
-6,8
-1,7
Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Kruskal-Wallis
1,9
7,4
14,7
1,4
-2,3
8,5
-0,8
-4,3
1,8
AAS
0,425
1 = 5 = 14
Legenda: AAS Æ Ácido acetilsalicílico
10
8
7,3
6
4
Mudança percentual do peso
2,3
2
1,1
0
-2
-1,7
-1,8
1º dia
5º dia
14º dia
-4
-6
-8
-6,5
-6,8
-7,8
-10
-12
-11,6
-14
Nenhuma
Paracetamol
AAS
GRÁFICO 2 – Avaliação da influência do tempo de tratamento na mudança
percentual do peso, considerando-se a medicação utilizada
5.2 Análise da quantidade de movimento dentário induzido por forças ortodônticas
A tabela 4 mostra que não foram constatadas diferenças significativas entre as 1ª e 2ª
medidas, mostrando que o avaliador realizou duas medidas de forma similar.
53
TABELA 4
Comparação entre as primeiras e segundas medidas avaliadas no mesmo indivíduo
Medida
1ª
Medidas descritivas
Máximo
Média
7,00
6,48
Mínimo
5,00
Desvio
0,52
p
0,320
2ª
6,00
7,00
6,43
Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste t de Student
0,50
As medidas descritivas realizadas no lado controle e no lado experimental podem ser
avaliadas na tabela 5.
TABELA 5
Caracterização dos ratos quanto à medida realizada no lado controle e no lado experimental
considerando-se o grupo e o dia do sacrifício
Dia
1º
Medidas descritivas
Máximo
Mediana
Média
6,79
6,64
6,64
6,53
6,37
6,36
Medicação
Nenhuma
Lado
E
C
Mínimo
6,50
6,18
Paracetamol
E
C
6,17
5,96
6,70
6,27
6,47
6,17
6,45
6,14
0,26
0,14
AAS
E
C
6,30
6,16
6,75
6,50
6,57
6,45
6,55
6,39
0,19
0,16
Nenhuma
E
C
6,37
6,25
6,88
6,67
6,57
6,32
6,60
6,39
0,21
0,20
Paracetamol
E
C
6,53
6,21
6,64
6,35
6,59
6,28
6,59
6,28
0,06
0,07
AAS
E
C
6,32
6,12
7,0
6,63
6,38
6,24
6,52
6,31
0,32
0,22
Nenhuma
E
C
6,57
6,25
6,97
6,67
6,84
6,42
6,81
6,44
0,18
0,18
Paracetamol
E
C
6,48
6,08
7,12
6,71
6,78
6,40
6,79
6,40
0,30
0,26
E
6,41
C
6,16
Legenda: AAS Æ Ácido acetilsalicílico
7,13
6,63
6,69
6,50
6,73
6,45
0,30
0,21
5º
14º
AAS
Desvio
0,14
0,20
Avaliando-se as diferenças entre os dois lados, em percentual, através da tabela 6 e do
gráfico 3, constataram-se, durante todo o estudo, similaridades entre os grupos. No entanto,
54
considerando-se o 1º dia após o início do tratamento, foi verificada uma tendência (p = 0,074)
da ocorrência de alguma diferença entre os grupos. Neste caso, observou-se, em média, uma
maior movimentação no grupo que recebeu paracetamol e menores medidas no grupo que
recebeu ácido acetilsalicílico. Pode-se verificar que, em todos os períodos de tratamento, o
grupo do ácido acetilsalicílico apresentou menor quantidade de movimentação dentária.
Quanto às comparações entre os dias de tratamento, apresentadas na tabela 7 e no gráfico 4,
nenhuma diferença significante foi observada. Houve uma tendência de ocorrer maior
quantidade de movimentação dentária no 14° dia.
TABELA 6
Avaliação da influência da medicação na diferença percentual entre o lado controle e
experimental da medida (quantidade de movimento) após o período de tratamento
Dia
1º
Medicação
Nenhuma
Paracetamol
AAS
Mínimo
2,97
3,00
0,91
5º
Nenhuma
Paracetamol
AAS
1,80
4,22
1,88
Medidas descritivas
Máximo
Mediana
Média
5,50
4,22
4,23
6,86
4,49
4,71
4,59
1,95
2,35
Desvio
1,08
1,83
1,59
p
0,074
S=P=A
3,43
4,63
3,21
1,31
0,30
1,48
0,232
S=P=A
Nenhuma
4,30
6,21
5,54
5,40
Paracetamol
2,72
8,48
5,96
5,78
AAS
2,08
7,00
3,75
4,15
Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Kruskal-Wallis
Legenda: Ácido acetilsalicílico Æ AAS
0,97
2,37
2,06
0,490
S=P=A
14º
4,80
4,90
5,28
3,55
4,70
2,83
55
8
7
5,78
Diferença percentual da medida
6
5,40
5
4,71
4,63
Medicação
4,23
4,15
4
3,43
Nenhuma
Paracetamol
AAS
3,21
3
2,35
2
1
0
1º dia
5º dia
14º dia
GRÁFICO 3: Avaliação da influência da medicação a diferença percentual entre
o lado controle e o lado experimental da medida (quantidade de movimento) após
o período de tratamento
TABELA 7
Avaliação da influência da medicação na diferença percentual entre o lado controle e o lado
experimental da medida (quantidade de movimento), considerando-se a medicação utilizada
Dia
1º
5º
14º
Medidas descritivas
Mínimo
Máximo
2,97
5,50
1,80
4,80
4,30
6,21
Mediana
4,22
3,55
5,54
Média
4,23
3,43
5,40
Desvio
1,08
1,31
0,97
1º
5º
14º
3,00
4,22
2,72
4,49
4,70
5,96
4,71
4,63
5,78
1,83
0,30
2,37
0,584
1 = 5 = 14
1º
0,91
4,59
1,95
2,35
5º
1,88
5,28
2,83
3,21
14º
2,08
7,00
3,75
4,15
Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Kruskal-Wallis
1,59
1,48
2,06
0,334
1 = 5 = 14
Medicação
Nenhuma
Paracetamol
AAS
6,86
4,90
8,48
p
0,105
1 = 5 = 14
56
8
7
6
5,78
Diferença percentual da medida
5,40
5
4,71
4,63
4,23
4,15
4
3,43
1º dia
5º dia
14º dia
3,21
3
2,35
2
1
0
Nenhuma
Paracetamol
AAS
GRÁFICO 4: Avaliação da influência da medicação na diferença percentual
entre o lado controle e experimental da medida (quantidade de movimento),
considerando-se a medicação utilizada
5.3 Análise histométrica – Contagem de osteoclastos.
Na tabela 8, observam-se os dados descritivos envolvendo o número de osteoclastos
no lado experimental e no lado controle, tomando-se a média de cada lado. Nota-se que, em
todos os grupos, houve maior média do número de osteoclastos no lado experimental.
57
TABELA 8
Caracterização dos ratos quanto ao número de osteoclastos no lado controle e experimental
considerando-se o grupo e o dia do sacrifício
Dia
1º
5º
14º
Medidas descritivas
Máximo
Mediana
Média
11,50
7,75
7,44
4,00
3,25
3,13
Medicação
Nenhuma
Lado
E
C
Mínimo
2,75
2,00
Paracetamol
E
C
2,00
1,00
9,50
3,00
5,62
1,12
5,69
1,56
3,42
0,97
AAS
E
C
0,00
0,00
4,75
3,50
2,50
0,75
2,44
1,25
2,29
1,59
Nenhuma
E
C
13,75
0,75
34,25
7,00
18,50
1,50
21,25
2,69
9,06
2,90
Paracetamol
E
C
24,50
2,00
39,00
2,50
34,25
2,25
33,00
2,25
6,26
0,20
AAS
E
C
11,25
0,25
37,0
2,25
22,13
1,00
23,13
1,13
10,75
0,92
Nenhuma
E
C
5,75
0,75
11,25
7,75
7,75
2,33
8,13
3,29
2,43
3,25
Paracetamol
E
C
6,75
3,00
18,00
12,25
14,63
5,00
13,50
6,31
5,15
4,11
AAS
E
C
10,50
5,00
6,50
1,75
7,13
2,13
2,44
2,32
Legenda: E Æ experimental
5,00
0,00
C Æ controle
Desvio
3,59
0,85
A tabela 9 e o gráfico 5 apresentam os dados obtidos a partir da comparação entre os
grupos, mostrando que os mesmos são similares quanto à diferença observada entre os dois
lados (experimental e controle), sendo a maior diferença no grupo que recebeu paracetamol.
58
TABELA 9
Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos (OE-OC), após o
período de tratamento
Dia
1º
Medicação
Nenhuma
Paracetamol
AAS
Mínimo
0,75
1,00
-0,25
5º
Nenhuma
Paracetamol
AAS
12,25
22,50
11,00
Medidas descritivas
Máximo
Mediana
Média
8,50
4,00
4,31
6,50
4,50
4,13
2,75
1,12
1,19
Desvio
3,19
2,70
1,23
p
0,234
S=P=A
18,56
30,75
22,00
6,38
6,07
9,87
0,138
S=P=A
Nenhuma
1,00
7,25
5,37
4,83
Paracetamol
3,75
12,25
6,37
7,19
AAS
2,00
7,59
5,37
5,00
Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Kruskal-Wallis
Legenda: Ácido acetilsalicílico Æ AAS
2,81
3,83
2,19
0,745
S=P=A
27,25
36,50
34,75
17,37
32,00
21,12
14º
35
30,75
Diferença do nº de osteoclastos
30
25
22,00
Medicação
20
18,56
Nenhuma
Paracetamol
AAS
15
10
7,19
5
4,31
5,00
4,83
4,13
1,19
0
1º dia
5º dia
14º dia
GRÁFICO 5 – Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos
(OE-OC), após o período de tratamento.
Em relação às comparações entre os dias de tratamento, visualizadas na tabela 10 e no
gráfico 6, foi constatado um pico da diferença de osteoclastos no 5° dia entre os lados. Ou
seja, as avaliações realizadas no 1° e 14° dia foram similares, e ambas apresentaram
resultados inferiores aos observados no 5° dia.
59
TABELA 10
Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos (OE-OC),
considerando-se a medicação utilizada
Medicação
Nenhuma
Dia
1º
5º
14º
Mínimo
0,75
12,25
1,00
Paracetamol
1º
5º
14º
1,00
22,50
3,75
Medidas descritivas
Máximo
Mediana
Média
8,50
4,00
4,31
27,25
17,37
18,56
7,59
5,37
4,83
Desvio
3,19
6,37
2,81
p
0,023
5 > (14 = 1)
4,13
30,75
7,19
2,70
6,06
3,83
0,018
5 > (14 = 1)
1º
-0,25
2,75
1,12
1,19
5º
11,00
34,75
21,12
22,00
14º
2,00
7,25
5,37
5,00
Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Kruskal-Wallis
1,23
9,87
2,19
0,024
5 > (14 = 1)
6,50
36,50
12,25
4,50
32,00
6,37
AAS
35
30,75
30
Diferença do nº de osteoclastos
25
22,00
20
18,56
1º dia
5º dia
14º dia
15
10
7,19
5
4,83
4,31
5,00
4,13
1,19
0
Nenhuma
Paracetamol
AAS
GRÁFICO 6 - Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de
osteoclastos (OE-OC), considerando-se a medicação utilizada
Quanto à comparação entre os grupos no que diz respeito ao número de osteoclastos
avaliados no lado experimental, nenhuma diferença significativa foi observada, como pode ser
observado na tabela 11 e no gráfico 7.
60
TABELA 11
Caracterização dos ratos quanto ao número de osteoclastos (OE), após o período de
tratamento
Dia
1º
Medicação
Nenhuma
Paracetamol
AAS
Mínimo
2,75
2,00
0,00
5º
Nenhuma
Paracetamol
AAS
13,75
24,50
11,25
Medidas descritivas
Máximo
Mediana
Média
11,50
7,75
7,44
9,50
5,63
5,69
4,75
2,50
2,44
Desvio
3,59
3,42
2,29
p
0,173
S=P=A
21,25
33,00
23,12
9,06
6,26
10,75
0,191
S=P=A
Nenhuma
5,75
11,25
7,75
8,12
Paracetamol
6,75
18,00
14,63
13,50
AAS
5,00
10,50
6,50
7,13
Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Kruskal-Wallis
Legenda: Ácido acetilsalicílico Æ AAS
2,43
5,15
2,44
0,127
S=P=A
34,25
39,00
37,00
18,50
34,25
22,13
14º
35
33,0
30
Nº de osteoclastos
25
23,1
21,3
Medicação
20
Nenhuma
Paracetamol
AAS
15
13,5
10
8,1
7,4
7,1
5,7
5
2,4
0
1º dia
5º dia
14º dia
GRÁFICO 7 - Caracterização dos ratos quanto ao número de osteoclastos (OE),
após o período de tratamento
A análise da existência de uma relação entre o número de osteoclastos no lado
experimental e a quantidade de movimento em percentual, independente do grupo avaliado foi
realizada, como pode ser visto na tabela 12. Como resultado, constatou-se ausência de uma
relação entre as duas variáveis.
61
TABELA 12
Análise da relação entre o número de osteoclastos e a quantidade de movimento
Medicação
Nenhuma
Paracetamol
AAS
r
-0,49
0,13
-0,22
p
0,880
0,697
0,498
5.4 Análise microscópica descritiva
Os resultados foram obtidos a partir de uma análise microscópica de cada espécime
de cada grupo experimental.
Os achados apresentados basearam-se na descrição dos aspectos morfológicos
microscópicos, levando-se em consideração aqueles resultados mais freqüentemente
observados.
O critério da escolha das fotomicrografias utilizadas nas ilustrações foi a obtenção de
caracterização geral dos grupos experimentais, facilitando o entendimento evolutivo dos
fenômenos ocorridos.
As áreas analisadas em todos os grupos correspondem ao periodonto localizado em
toda extensão da raiz mésio-vestibular dos primeiros molares superiores.
As análises microscópicas descritas do lado controle de todos os grupos, que
corresponde à hemimaxila direita, na qual não foi feita a instalação do dispositivo ortodôntico,
serão apresentadas em conjunto, devido à similaridade dos resultados encontrados, não
ocorrendo diferenças em relação ao tipo de medicação utilizada e ao período do experimento.
Nesses diversos períodos, as características do periodonto não demonstraram alterações
passíveis de serem notadas na microscopia de luz.
5.4.1 Resultados histológicos no lado controle
Nas áreas analisadas, a crista óssea alveolar apresentou-se íntegra, com um contorno
caracteristicamente arredondado (FIG. 9 e 10). Em alguns animais, puderam-se observar
linhas de reversão em toda a extensão óssea de forma mais pronunciada a partir do terço
médio em direção ao ápice, principalmente no grupo com maior período experimental (FIG.
9, 10 e 12).
62
Osteoblastos apresentaram-se alinhados na superfície óssea do ligamento periodontal,
dispostos organizadamente em paliçada, podendo ter forma arredondada ou achatada, em
repouso (FIG. 10). Tal variação na distribuição das células do osso ao longo da superfície
óssea reflete o constante estado de remodelação do alvéolo.
A largura do ligamento periodontal manteve-se uniforme em toda a extensão da raiz,
sendo mais estreito na face distal da raiz analisada, voltada para o septo inter-radicular,
devido ao movimento fisiológico dos molares dos ratos para distal (FIG. 9 e 12). Ao longo de
todo o ligamento periodontal, as células, principalmente os fibroblastos, e as fibras colágenas
eram nítidas.
A hipercementose foi um evento constantemente visto. Os cementos acelular e celular
foram observados na superfície radicular, ocupando, respectivamente, os terços médio e
cervical e o terço apical (FIG. 9, 12 e 13). Entre os espécimes notaram-se pequenas variações
relativas à espessura e à extensão de cada tipo de cemento. O cemento acelular apresentou-se,
de modo geral, pouco espesso e regular. No tipo celular, notaram-se distribuição irregular e
espessura variável. Cementoblastos foram visualizados revestindo os dois tipos de cemento,
dispostos em paliçada, geralmente de maneira organizada (FIG. 11).
Nas áreas correspondentes à face distal da raiz mésio-vestibular, voltada para o septo
inter-radicular, as características de normalidade do ligamento periodontal, osso, cemento,
células, fibras e vasos sanguíneos, foram observadas (FIG.11).
A superfície óssea periodontal mostrou-se regular e uniforme, com poucos clastos
multinucleados presentes, podendo-se observar discretas áreas de reabsorção frontal ou direta
(FIG. 11 e 14).
Vasos sanguíneos foram observados em todo o ligamento periodontal. Geralmente,
esses se mostraram distendidos, hiperêmicos e possuindo vários tamanhos (FIG. 13).
63
M
DE
P
COA
D
ot
LP
OA
C
10
11
FIGURA 9 – Lado controle (direito) - Aspectos morfológicos microscópico da crista
óssea alveolar (COA), do ligamento periodontal (LP) em toda a extensão da raiz
mésio-vestibular do animal do grupo sem medicação, sacrificado 24 horas após a
ativação do dispositivo ortodôntico. Nota-se as características de normalidade dos
tecidos periodontais. A seta grossa indica a direção do movimento fisiológico dos
ratos, sendo para distal. Presença de linha de reversão (setas estreitas), marcando a
deposição de tecido osteóide (ot), na face óssea voltada para região mesial da raiz.
Mesial (M), distal (D). Polpa (P), dentina (DE), cemento (C), osso alveolar (OA).
Coloração H.E. Aumento de 40X.
64
LP
FIGURA 10 – Ampliação da região 10 delimitada na figura 9. Linha reversa (setas
maiores), marcando a deposição de tecido osteóide na face que sofre tensão no
movimento fisiológico dos dentes dos ratos. Nota-se a presença dos osteoblastos (setas
pequenas) nessa superfície. Ligamento periodontal íntegro (LP). Coloração H.E.
Aumento de 113X.
65
D
FIGURA 11 – Ampliação da região 11 delimitada na figura 9. Distal (D),
cementoblastos
(setas
menores).
Destaca-se
a
normalidade
das
estruturas,
apresentando reabsorção frontal fisiológica (setas maiores) no osso alveolar voltado
para a face distal da raiz. Coloração H.E. Aumento de 113X.
66
M
D
p
DE
COA
lr
ot
C
LP
FIGURA 12 - Lado controle (direito) - Aspectos morfológicos microscópico da crista
óssea alveolar (COA), do ligamento periodontal (LP) em toda a extensão da raiz
mésio-vestibular do animal do grupo que recebeu paracetamol, sacrificado 14 dias
após a ativação do dispositivo ortodôntico. Nota-se as características de normalidade
dos tecidos periodontais e similaridade com o grupo sem medicação Presença de linha
de reversão (lr), marcando a deposição de tecido osteóide (ot), na face óssea voltada
para região mesial da raiz. Mesial (M), distal (D). Polpa (P), dentina (DE), cemento
(C). Coloração H.E. Aumento de 40X.
67
FIGURA 13 – Lado controle (direito) – Raiz mésio-vestibular do animal administrado
com ácido acetilsalicílico, no período experimental de 5 dias. Nota-se a similaridade,
dos aspectos microscópicos, com os outros grupos. Observa-se o estreitamento do
ligamento periodontal na direção da movimentação fisiológica (seta grande).
Coloração H.E. Aumento de 40X.
68
FIGURA 14 – Ampliação da área delimitada na figura 13. Reabsorção frontal e
presença de osteoclastos (seta). Coloração H.E. Aumento de 450X.
69
5.4.2 Resultados histológicos no lado experimental
O lado experimental para cada grupo foi a hemimaxila esquerda, onde o primeiro
molar superior esquerdo foi submetido à força ortodôntica de 20 g. A seqüência de eventos
que caracterizou o experimento foi: o tecido ósseo normal, submetido à força ortodôntica,
apresentou processos de destruição tecidual, áreas de hialinização no ligamento periodontal,
reabsorção frontal e retrógrada do tecido ósseo. Foi observado intenso infiltrado inflamatório,
com aumento de vascularização no ligamento periodontal, apresentando graus variados de
destruição. Após essa fase de degeneração, tecido osteóide foi depositado, e linhas reversas
foram, então, observadas, caracterizando-se o início de uma fase de proliferação tecidual.
Esses achados variaram de acordo com o período de experimento, ou seja, houve diferenças
quando analisados com 1, 5 e 14 dias de movimentação ortodôntica.
Portanto, as diferenças notadas nos grupos serão destacadas e caracterizadas
considerando-se os diversos tempos experimentais (1, 5 e 14 dias), independente do tipo de
medicação, devido às similaridades dos resultados encontrados em relação ao grupo 1 (sem
medicação), ao grupo 2 (paracetamol) e ao grupo 3 (ácido acetilsalicílico).
5.4.2.1 Período experimental – 1 dia
Na região apical da raiz mésio-vestibular, voltada para o septo inter-radicular, notou-se
estreitamento do ligamento periodontal, sendo submetida à aplicação de pressão (FIG. 15). Na
região cervical distal da mesma raiz, que foi submetida à aplicação de tensão, observou-se
aumento daquele ligamento. Essa alteração do espaço periodontal deveu-se à ocorrência do
movimento de inclinação em direção mesial do molar, após a aplicação da força ortodôntica
(FIG. 15).
Na região cervical mesial da raiz mésio-vestibular, submetida à aplicação de pressão, a
crista óssea alveolar mostrou-se pontiaguda, com alteração da sua forma, apresentando áreas
de destruição óssea e da papila gengival (FIG.16). Nessa região, também ocorreu
estreitamento do ligamento periodontal, observando áreas de hialinização, caracterizadas por
ausência de células, compressão das fibras periodontais e dos vasos sangüíneos (FIG. 15, 16 e
17). Além disso, algumas áreas de reabsorção ativa foram detectadas. Áreas de tecido
osteóide e linhas de reversão foram observadas em alguns espécimes, principalmente, na
superfície óssea da crista alveolar, voltada para o ligamento periodontal.
70
A superfície óssea mostrou áreas de reabsorção incipientes. Um pequeno número de
osteoclastos foram encontrados justapostos e à distância da superfície óssea. A presença de
osteoblastos foi variada, revestindo pouco e grosseiramente a superfície óssea e, em alguns
casos, estes estiveram, ausentes, não existindo padrão predominante (FIG.16).
A presença de infiltrado inflamatório já é observada nessa época, sendo de intensidade
discreta (FIG. 15). Os vasos sangüíneos no ligamento periodontal apresentaram-se colabados
e, em outras áreas, hiperemiados (FIG. 17).
71
ii
D
M
H
16
ii
FIGURA 15 – Lado experimental (esquerdo) – Distal (D), mesial (M). Área de
hialinização (H) na face mesial, em direção ao movimento ortodôntico (seta). Presença
de infiltrado inflamatório (ii). Os aspectos microscópicos correspondem ao animal do
grupo sem medicação e tempo experimental de 1 dia. Coloração H.E. Aumento de
40X
72
H
FIGURA 16 – Ampliação da região 16 delimitada na figura 15. Presença de poucas
células e fibras, caracterizando a área de hialinização (H), correspondente à área de
compressão. Não se observa a presença de osteoclastos. Coloração H.E. Aumento de
113X
73
H
FIGURA 17 – Lado experimental (esquerdo) – Nota-se área de hialinização (H) na face
mesial e a destruição da papila gengival (seta). Os aspectos microscópicos
correspondem ao animal do grupo administrado com ácido acetilsalicílico e tempo
experimental de 1 dia. Pode-se observar os mesmos aspectos citados na figura 15.
Coloração H.E. Aumento de 40X
74
5.4.2.2 Período experimental – 5 dias
Os eventos observados nesse período experimental foram semelhantes aos descritos
para os animais sacrificados no 1° dia, após a ativação do dispositivo ortodôntico. Todos os
eventos acima citados estavam presentes, sendo mais característicos e intensos, excetuando a
ocorrência de diminuição da extensão das áreas hialinas na região cervical mesial, que
passaram a ser discretas e localizadas, basicamente, na face distal da raiz mésio-vestibular.
Portanto, após 5 dias de experimento, a eliminação do tecido hialinizado já é observada (FIG.
18 e 21).
Nas áreas com cemento e submetidas à pressão, foram detectadas eventuais áreas
focais de reabsorção superficial (FIG. 19).
Ocorreu um aumento no número de vasos sangüíneos, apresentando intensa
vascularização, tanto no ligamento periodontal, quanto no tecido pulpar. Os vasos sangüíneos
encontraram-se distribuídos por toda a extensão do ligamento periodontal, estando
hiperemiados e dilatados (FIG. 18 e 20). A presença de infiltrado inflamatório intenso foi
observada em todos os espécimes (FIG. 21 e 22).
A superfície óssea mostrou áreas de reabsorção, variando de moderada a intensa, com
grande número de lacunas de Howship e, inclusive, um grande número de osteoclastos
localizados no interior dessas lacunas ou justapostos à superfície (FIG. 20 e 22). Em relação
ao tipo de reabsorção óssea, se frontal ou retrógrada, ambas aconteceram na região da crista
alveolar e no septo inter-radicular. Observou-se pouco tecido osteóide (FIG. 20 e 22).
75
ii
V
p
H
COA
DE
LP
19
FIGURA 18 – Lado experimental (esquerdo) – Os aspectos microscópicos
correspondem ao animal do grupo sem medicação e tempo experimental de 5 dias.
Intenso infiltrado inflamatório é observado (ii) em algumas áreas e repovoamento das
áreas que foram comprimidas do ligamento periodontal. Intensa vascularização (V) foi
observada na polpa (P) e no ligamento periodontal (LP). A crista alveolar (COA)
apresenta-se pontiaguda, perdendo o seu contorno arredondado. Presnça de áreas de
hialinização residuais (H). Coloração H.E. Aumento de 40X
76
rr
20
FIGURA 19 – Ampliação da região 19 delimitada na figura 18. Menor extensão da
área de hialinização é observado. O ligamento periodontal começa a ser repovoado por
fibrablastos e osteoblastos. Reabsorção retrógada (setas grandes) e frontal (setas
pequenas) são observadas. Áreas de reabsorção radicular estão presentes (rr).
Coloração H.E. Aumento de 113X
77
oc
oc
V
oc
FIGURA 20– Ampliação da região 20 delimitada na figura 19. Osteoclastos (oc). O
ligamento periodontal começa a ser repovoado por fibroblastos e osteoblastos.
Reabsorção retrógada (setas grandes) e frontal (setas pequenas) são observadas.
Intensa vascularização está presente (V). Coloração H.E. Aumento de 450X
78
ii
ii
22
FIGURA 21 – Lado experimental (esquerdo) – Os aspectos microscópicos
correspondem ao animal do grupo que recebeu ácido acetilsalicílico e tempo
experimental de 5 dias. Intenso infiltrado inflamatório é observado (ii) em algumas
áreas e repovoamento das áreas que foram comprimidas do ligamento periodontal.
Áreas de reabsorção retrógada (setas) são encontradas no osso medular abaixo das
áreas de hialinização (H). Coloração H.E. Aumento de 40X
79
H
FIGURA 22 – Ampliação da região 22 delimitada na figura 21. Presença de áreas restantes
de hialinização (H) na face distal. Intensas áreas de reabsorção retrógada estão observadas,
observando-se um grande número de osteoclastos (setas). Coloração H.E. Aumento de 113X
80
5.4.2.3 Período experimental – 14 dias
Áreas de hialinização já foram totalmente eliminadas, ocorrendo uma proliferação
celular, principalmente, de osteoblastos e fibroblastos (FIG. 23). A intensidade do infiltrado
inflamatório variou significantemente de discreto a moderado em alguns animais, e notou-se
presença de vasos sanguíneos distribuídos ao longo da extensão de todo o ligamento
periodontal.
Processos formativos, como deposição de tecido osteóide, foram marcantes,
principalmente nas áreas de aplicação de pressão, observando linhas de reversão (FIG. 24). A
região cervical da crista óssea alveolar e a região apical apresentaram formação de tecido
osteóide.
Osteoclastos são ainda encontrados, aparecendo em menor número em lacunas de
Howship e justapostos às superfícies. Áreas de reabsorção ainda são observadas,
principalmente as do tipo retrógrada (FIG. 24).
Em alguns espécimes, pôde-se observar intensa reabsorção do cemento e, em
relação ao ligamento periodontal, este pareceu não apresentar grande capacidade de
recuperação, por estar muito modificado e com grande destruição tecidual óssea e dentária.
81
ot
24
FIGURA 23 – Lado experimental (esquerdo) – Os aspectos microscópicos
correspondem ao animal do grupo que recebeu ácido acetilsalicílico e tempo
experimental de 14 dias. Um processo de reparo já é observado nesse período. Não há
áreas de hialinização. É caracterizado por uma grande formação de tecido osteóide
(ot). Pequenas áreas de reabsorção são observadas. Coloração H.E. Aumento de 40X.
82
LP
lr
ot
FIGURA 24 – Ampliação da região 24 delimitada na figura 23. Fase de formação.
Linha reversa (lr), marcando a deposição de tecido osteóide (ot), sobre a superfície do
tecido ósseo. Ligamento periodontal íntegro (LP) Cementoblastos (setas maiores) e
osteoclastos (setar menores). Coloração H.E. Aumento de 113X.
83
6 DISCUSSÃO
84
6 DISCUSSÃO
Neste trabalho foram avaliadas as possíveis alterações decorrentes da administração
sistêmica do paracetamol e do ácido acetilsalicílico associada à movimentação ortodôntica. O
sistema de força escolhido para esta pesquisa foi constituído de molas de secção fechada, que
permitiu a correta calibração e padronização das forças empregadas, mesializando os
primeiros molares superiores esquerdos e liberando uma força contínua dissipante durante
todo o tempo experimental. Outros sistemas de forças, como bandas elásticas utilizadas em
alguns experimentos (MACAPANPAN, WEINMANN & BRODIE, 1954; WALDO, 1954;
OHKAWA, 1982; KOBAYASH, 1998), não fornecem forças constantes. De acordo com
KOBAYASH (1998), essas bandas perdem a sua elasticidade em quatro dias,
impossibilitando a análise em períodos mais longos e a reprodução dos movimentos mais
freqüentes da mecânica ortodôntica.
A escolha da aplicação de força de 20 g no presente trabalho deve-se aos resultados
encontrados em pesquisas presentes na literatura. KING & FISCHISWEIGER (1982)
afirmaram que forças moderadas a severas podem ocasionar maior injúria aos tecidos e
aumento da reabsorção óssea. KING et al. (1991), avaliararam a presença de variações quanto
à aplicação de forças com variadas magnitudes (20, 40 e 60 g) e constataram a ausência de
diferenças estatisticamente significantes em relação à quantidade de movimento entre as três
magnitudes de força. Ocorrência de menor área de hialinização e, conseqüentemente, maior
rapidez na movimentação, foram relacionadas com força de magnitude de 20 g. No estudo de
ASHIZAWA & SAHARA (1998), observou-se que, aplicando forças de 27, 60 e 136g,
diferenças não foram observadas envolvendo a quantidade de osso formado no lado de tensão.
No entanto, no lado de pressão, apesar da não realização de uma análise quantitativa, a
aplicação de forças mais pesadas ocasionou a formação de áreas de hialinização mais
extensas, levando a uma demora na realização do processo de remodelação óssea no lado de
pressão dos animais estudados.
Os tempos experimentais de 1, 5 e 14 dias para a avaliação dos processos envolvidos
na movimentação ortodôntica abrangeram as fases ideais de observação de todos os eventos
biológicos de indução de movimento em ratos. Esses períodos encontram-se determinados e
fundamentados na literatura (TRAN VAN, VIGNERY & BARON, 1982; KING et al., 1991).
KING & FISCHISWEIGER (1982), reportaram que, em 14 dias de experimento, as três fases
características da movimentação dentária ortodôntica puderam ser observadas: (1) movimento
inicial (entre o 1° e o 4° dia); (2) estagnação do movimento (entre os dias quatro e sete); e (3)
85
movimento tardio (do 7° ao 14° dia). Os achados desses autores corroboraram os resultados
encontrados no presente trabalho, em que se observou que, no 14°, a quantidade de
movimentação foi maior, apesar de não ser estatisticamente significante (TABELA 5;
GRÁFICO 3).
A análise do peso corporal foi realizada, com o objetivo de verificar o
comprometimento do fator nutricional, que pode afetar o crescimento e os processos
reparativos. De acordo com ROCHE, CISNEROS &ACS (1997), pacientes com desnutrição
podem apresentar menor quantidade de movimentação dentária em relação a pacientes
saudáveis.
Daí
a
importância
do
estado
nutricional
no
metabolismo
ósseo
e,
conseqüentemente, na movimentação ortodôntica.
A perda do peso corporal dos animais foi maior em todos os grupos no período
experimental de cinco dias. Isto se justifica a uma menor ingestão de alimentos em
decorrência do incômodo e do trauma provocados pela inserção dos dispositivos ortodônticos,
levando a uma hipersensibilidade na região dos molares nos tempos experimentais iniciais.
Refletindo a recuperação da capacidade de alimentação após os cinco dias de experimento, os
animais sacrificados ao final de quatorze dias, apresentaram-se com menor perda e, até
mesmo, com um ganho de peso. Esses resultados foram semelhantes aos achados por CRUZ,
(2001). Os animais dos grupos 2 e 3, que receberam antiinflamatórios não-esteróides e foram
sacrificados ao final de um e cinco dias, apresentaram menor perda de peso em relação ao
grupo 1 (sem medicação), sendo essa diferença estatisticamente significante no tempo
experimental de um dia. Essa diferença pode ser devido ao efeito analgésico e
antiinflamatório das drogas. No tempo experimental de 14 dias, devido à recuperação da
capacidade de alimentação dos animais, ocorreu ausência de diferença estatística entre os
grupos, apresentando com menor ganho ou mesmo perda, os ratos medicados com
paracetamol e ácido acetilsalicílico. ROCHE, CISNEROS & ACS (1997) buscando analisar o
efeito do paracetamol sobre a movimentação ortodôntica em coelhos durante 21 dias, também
verificaram a diminuição do peso corporal em alguns animais. Tanto no presente trabalho,
quanto no citado anteriormente, não foi possível esclarecer a principal causa responsável pela
perda de peso nos períodos mais longos em animais que foram medicados com
antiinflamatórios não-esteróides. ROCHE, CISNEROS & ACS (1997) sugeriram, como uma
das possíveis causas, a ocorrência de um efeito tóxico ou mesmo a presença de um estado
doentio dos coelhos e, talvez, a sensação de uma intensa dor que os prejudicou na alimentação
e, portanto, no seu crescimento.
86
No presente trabalho, foram utilizados ratos com 60 dias de vida, correspondendo à
idade de um animal adulto jovem. A preocupação com a faixa etária da amostra se justifica,
porque a idade pode influenciar negativamente a regeneração óssea, como foi observado por
KABASAWA et al. (1996) que verificaram um declínio das atividades dos osteoclastos e dos
osteoblastos nos movimentos fisiológicos em ratos com idades mais avançadas.
O tipo de movimento dentário, observado macro e microscopicamente, ocorrido nos
primeiros molares superiores sob aplicação de força ortodôntica, foi de inclinação mesial da
coroa, com leve extrusão e giroversão, e inclinação vestibular da coroa. De acordo com
MACAPANPAN, WEINMANN & BRODIE (1954), a ocorrência desse tipo de movimento
dentário deve-se à presença de uma quinta raiz, localizada na face vestibular entre as raízes
mesial e distal, divergindo da direção das outras raízes.
Na análise descritiva microscópica dos lados experimentais, as alterações do
periodonto incluíram: a compressão do ligamento periodontal, a constrição de vasos
sangüíneos, a formação de áreas de hialinização, a presença de infiltrado inflamatório e
poucas áreas de reabsorção radicular e óssea no período inicial. No período experimental de
cinco dias, houve diminuição da extensão das áreas de hialinização, observando-se,
principalmente, processo de reabsorção óssea retrógada (RODY JR., KING & GU, 2001).
Infiltrado inflamatório intenso e a presença de muitos osteoclastos já eram observados nessa
fase. Nos períodos mais prolongados (14 dias), detectou-se ocorrência de processos
reparativos, com a presença de tecido osteóide e diminuição do infiltrado inflamatório e do
número de osteoclastos. Esses achados demonstraram a normalidade dos eventos envolvidos
na biologia do movimento dentário ortodôntico relatado na literatura (MACAPANPAN,
WEINMANN &BRODIE, 1954; WALDO & ROTHBLAT, 1954; REITAN, 1967; RYGH,
1976; KUROL & OWMAN-MALl, 1998). Nos grupos 2 e 3, a administração de paracetamol
e a de ácido acetilsalicílico não apresentaram diferenças envolvendo a frequência dos eventos,
em relação ao grupo 1, sem medicação.
Em relação à quantidade de movimento, pôde-se observar que não houve diferenças
estatisticamente significantes envolvendo os grupos em relação às drogas administradas e aos
períodos experimentais. Apesar disso, nos animais sacrificados em um dia após a ativação do
dispositivo ortodôntico, menor movimentação foi observada no grupo que recebeu ácido
acetilsalicílico, apresentando p = 0,074, o que sugere uma tendência à existência de diferenças
entre os grupos, corroborando os achados de ZHOU, HUGHES & KING (1997). Nos
períodos experimentais mais longos, notou-se uma menor quantidade de movimentação
ortodôntica relacionada ao grupo que recebeu ácido acetilsalicílico, apesar de não ser
87
estatisticamente significante. Esses achados são semelhantes aos resultados encontrados por
SANDY & HARRYS (1984) e por WONG, REYNOLDS & WEST (1992) que não
encontraram diferenças estatisticamente significantes na quantidade de movimento, quando da
administração de flubiprofeno em coelhos, e ácido acetilsalicílico em ratos, respectivamente.
Por outro lado, relatos na literatura, tais como aqueles observados após a
administração de indometacina em gatos (CHUMBLEY & TUNCAY, 1986), de ibuprofeno
em porcos da Índia (KEHOE et al., 1996) e de ácido acetilsalicílico em ratos (CRUZ et al.,
2001) indicaram a diminuição significativa da quantidade de movimento, após a
administração de antiinflamatórios não-esteróides em animais submetidos à aplicação de força
ortodôntica, determinando, portanto, certas divergências entre os resultados.
Analisando-se a ação do paracetamol, os resultados encontrados no presente trabalho
vieram confirmar os achados de outros estudos na literatura (KEHOE et al., 1996; ROCHE,
CISNEROS & ACS, 1997; CRUZ et al., 2001), não sendo detectada nenhuma diferença em
relação à quantidade de movimentação com a aplicação desse antiinflamatório não-esteróide.
Segundo esses autores, a ausência de interferência do paracetamol sobre a quantidade de
movimentação ortodôntica é devido à pouca ação antiinflamatória que essa droga possui, ao
se comparar com outros antiinflamatórios não-esteróides. Além disso, o efeito do paracetamol
parece ser no sistema nervoso central, enquanto os outros antiinflamatórios não-estróides são
de ação periférica.
Conforme RANG, DALE & RITTER (2001), a resposta inflamatória é sempre
acompanhada da liberação de prostanóides, sendo predominantes, as prostaglandinas E2 . Os
antiinflamatórios não-esteróides possuem ações antiinflamatórias, antipiréticas e efeito
analgésico decorrentes, principalmente, da inibição da enzima ciclooxigenase das células
inflamatórias (isoenzima COX-2) e da conseqüente inibição da síntese dos prostanóides,
estando entre eles, as prostaglandinas E2 .
O papel das prostaglandinas no processo do remodelamento do periodonto submetido
à força ortodôntica foi previamente documentado. MOHAMMED, TATAKIS & DIZIAC
(1989); GRIEVE III et al. (1994) e KEHOE et al. (1996) demonstraram a ocorrência de um
aumento de prostaglandinas E no periodonto com a aplicação de força ortodôntica. CHAO et
al. (1988); YAMASAKI, MIURA & SUDA (1980) e LEE (1990), administrando
prostaglandinas E na área submetida à força ortodôntica, mostraram a presença de um
aumento da atividade de reabsorção óssea e do número de osteoclastos, bem como da
quantidade de movimento dentário (YAMASAKI et al., 1984; KEHOE et al., 1996). DIZIAC
et al. (1983), por meio de um estudo histoquímico, observaram maior quantidade de
88
receptores para prostaglandinas E2 nas células osteoclásticas em relação aos osteoblastos.
A reabsorção óssea é o fator limitante que determina a velocidade da movimentação
dentária (ROBERTS, GOODWIN & HEINER, 1981). A remoção do tecido ósseo, durante o
movimento dentário, é diretamente proporcional à velocidade de reabsorção e recrutamento
dos osteoclastos (GRABER &VANARSDALL, 1996).
A análise do número de osteoclastos se justifica, porque na literatura há evidências da
influência dos antiinflamatórios não-esteróides no recrutamento de osteoclastos durante o
processo de remodelação óssea induzida após a aplicação de força ortodôntica, ocasionando a
diminuição do número dessas células (YAMASAKI, MIURA & SUDA, 1980; ZHOU,
HUGHES & KING, 1997). MOHAMMED, TATAKIS & DZIAC (1989) e SAITO et al.
(1990) relacionaram essa queda do número de osteoclastos com a diminuição da síntese de
prostaglandinas pelas drogas.
Analisando-se a contagem do número de osteoclastos, notou-se que houve um
aumento no lado experimental em relação ao lado controle, apresentando um pico do número
dessas células no 5° dia do experimento, passando a apresentar uma queda no período de 14
dias. Portanto, há forte evidência da ocorrência do recrutamento de um grande número de
osteoclastos durante a aplicação da força ortodôntica. A diferença entre os períodos
experimentais foi estatisticamente significante no presente trabalho. Esses resultados podem
ser confirmados por aqueles encontrados por LEE (1990) e RODY JR., KING & GU (2001),
ao analisarem o recrutamento de osteoclastos no lado de pressão nos movimentos dentários
ortodônticos em ratos. Esses autores observaram um pico do número de osteoclastos nos 3° e
5° dias de experimento, ocorrendo diminuição no 7° dia.
De acordo com TSAY, CHEN, OYEN (1999), o tempo de vida dos osteoclastos é de 9
a 10 dias. NOXON et al. (2001) constataram que a possível eliminação dos osteoclastos
ocorra pelo processo de apoptose, a partir do 7° dia da aplicação da força ortodôntica em
ratos, o que justifica a diminuição daquelas células nos animais sacrificados no 14° dia.
No tempo experimental de um dia, observou-se menor número de osteoclastos em
relação aos outros períodos, provavelmente constituídos por osteoclastos já residentes no
ligamento periodontal, na forma de pré-osteoclastos (TSAY, CHEN, OYEN, 1999; RODY
JR., KING & GU, 2001).
Não foi constatada uma relação entre o número de osteoclastos no lado experimental e
a quantidade de movimento em percentual. Essa ausência de relação pode ser justificada pelo
fato de acontecer, no 5° dia do experimento, um pico do número de osteoclastos, sendo que,
nessa fase, ocorreu o processo de estagnação do movimento, prevalecendo a presença de
89
reabsorção retrógada (GRABER & VANARSDALL, 1996; RODY JR., KING & GU, 2001).
No 14° dia, os resultados do trabalho demonstraram maior quantidade de movimento,
caracterizando a ocorrência do deslocamento tardio (ZHOU, NUGHES & KING, 1997).
Nessa fase observou-se uma queda do número de osteoclastos e a ocorrência de reabsorção
frontal (GRABER & VANARSDALL, 1996).
Portanto, os resultados deste trabalho revelaram que a movimentação ortodôntica e o
número de osteoclastos em ratos que receberam paracetamol não apresentaram diferenças
estatisticamente significantes em relação àqueles que não foram medicados, corroborando os
achados na literatura. A administração sistêmica do ácido acetilsalicílico não acarretou
também diferenças estatisticamente significantes entre os grupos, confirmando os resultados
de alguns estudos e mesmo divergindo dos resultados de outros, como descrito anteriormente.
Devem-se interpretar os resultados comparativos obtidos pelo presente trabalho com
os relacionados acima, com alguma ressalva, pois a dosagem utilizada, o tipo de
antiinflamatório utilizado, a via de administração das drogas, o sistema de forças empregado,
bem como os animais utilizados, nem sempre foram os mesmos. Possivelmente, os fatores
citados acima podem ser um dos responsáveis pelas divergências nos resultados. Além disso,
como foi considerado por WONG, REYNOLDS & WEST (1992), outros mediadores
químicos, além das prostaglandinas, podem estar envolvidos no processo de remodelação
óssea, induzida pela aplicação de força ortodôntica. Essa questão surge, devido à obtenção de
resultados em estudos já realizados na literatura.
MOHAMMED, TATAKIS & DZIAC (1989) analisaram os efeitos dos leucotrienos
na movimentação dentária ortodôntica. Os leucotrienos são produtos da conversão do ácido
araquidônico pela via da lipoxigensa. Foi observado que a inibição de leucotrienos (LTB4)
ocasionou o aumento dos níveis de prostaglandinas E2, mas diminuiu a quantidade de
movimentação dos dentes, o que levou à participação dos leucotrienos no processo de
remodelação óssea. No trabalho de KEHOE et al. (1996), apesar de o paracetamol não
interferir na quantidade de movimento, essa droga diminuiu a síntese de prostaglandinas.
Em resumo, os resultados deste trabalho revelam que a movimentação dentária
ortodôntica em animais com administração de antiinflamatórios não-esteróides não difere das
movimentações induzidas na ausência de medicação. Assim, acredita-se que outros
mediadores químicos, além das prostaglandinas, podem estar envolvidos na remodelação
óssea.
90
7 CONCLUSÕES
91
7 CONCLUSÕES
1. Os animais submetidos à movimentação ortodôntica recuperaram a capacidade de
alimentação, gradativamente;
2. A administração do paracetamol e do ácido acetilsalicílico não alteraram a movimentação
dentária;
3. Há aumento do número de osteoclastos com a aplicação de força ortodôntica, sendo mais
acentuado aos cinco dias de experimento.
92
8 PERSPECTIVAS
93
8 PERSPECTIVAS
1. Avaliar a ação dos antiinflamatórios não-esteróides, durante a movimentação dentária
ortodôntica, em ratos, utilizando-se diferentes doses e vias de administração.
2. Realizar um novo estudo com maior número de animais .
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ANEXOS