ação e investimento para vencer o paludismo
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AÇÃO E INVESTIMENTO PARA VENCER O PALUDISMO 2016-2030 Por um mundo livre de paludismo Catalogação-na-fonte: Biblioteca da OMS: Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 – Por um mundo livre de paludismo I.Organização Mundial da Saúde. ISBN 978 92 4 850897 4 Os cabeçalhos do assunto estão disponíveis no repositório institucional da OMS. © Organização Mundial da Saúde 2015 Todos os direitos reservados. As publicações da Organização Mundial da Saúde estão disponíveis no endereço web da OMS (www.who.int) ou podem ser compradas a Publicações da OMS, Organização Mundial da Saúde, 20 Avenue Appia, 1211 Genebra 27, Suíça (Tel: +41 22 791 3264; fax: +41 22 791 4857; e-mail: [email protected]). Os pedidos de autorização para reproduzir ou traduzir as publicações da OMS – seja para venda ou para distribuição sem fins comerciais - devem ser enviados para as Publicações da OMS através do endereço web da OMS (http://www.who.int/about/licensing/copyright_form/en/index.html). 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Cinquenta e cinco países estão no bom caminho para alcançarem a meta definida pela Assembleia Mundial da Saúde com vista à redução do fardo do paludismo em 75% até 2015. O documento Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 – Por um mundo livre de paludismo (AIM, sigla em Inglês) complementa a Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS e une a comunidade global em torno da concretização dos objetivos definidos para 2030 no combate à doença. O documento posiciona a doença na era do pós-2015 e apresenta uma argumentação forte em termos económicos e humanitários em prol de um investimento contínuo na luta contra o paludismo no decorrer dos próximos 15 anos. A concretização dos objetivos que delineámos a nível global para 2030 na luta contra o paludismo permitirão não apenas salvar milhões de vidas, mas também reduzir a pobreza e criar sociedades mais saudáveis e equitativas. A redução e a eliminação contínuas do paludismo permitirão garantir a criação de benefícios que favoreçam economias, empresas, setores da agricultura, educação e saúde e famílias inteiras. Passaram 7 anos desde que apelei pela primeira vez por uma cobertura universal de prevenção e tratamento contra o paludismo. Atualmente, as taxas de infeção por paludismo caíram para metade e 4,3 milhões de vidas foram salvas. Felicito a Parceria Fazer Recuar o Paludismo (RBM, sigla em Inglês) pelo papel de liderança desempenhado mantendo o futuro em perspetiva. A força e o alcance desta colaboração global inestimável em saúde canalizaram as contribuições coletivas de parceiros envolvidos, dedicados e ativos para uma defesa global poderosa em benefício de um mundo livre de paludismo. Recomendo o presente documento a todos aqueles que estiverem preocupados com o nosso futuro comum. Transformar o nosso entendimento sobre o poderoso retorno sobre o investimento em acabar com as mortes por paludismo numa ação dinâmica e eficaz será essencial para concretizarmos o futuro que pretendemos, um futuro em que todas as pessoas poderão usufruir da igualdade e dignidade que merecem. Ban Ki-moon Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas Por um mundo livre de paludismo 1 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) PREFÁCIO Desenvolvido pela Parceria Fazer Recuar o Paludismo (RBM), o primeiro Plano de Ação Mundial contra o Paludismo (GMAP) – Por um mundo livre de paludismo 2008-2015 foi subscrito por líderes mundiais e pela comunidade envolvida no combate à doença durante a Cimeira para o Paludismo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, realizada em Nova Iorque, em 2008. O GMAP tornou-se um instrumento de defesa valioso que permitiu disponibilizar à comunidade envolvida na luta contra o paludismo um guia para o progresso e uma estratégia baseada em evidências para a prestação de medidas de prevenção e tratamento eficazes. O referido Plano de Ação disponibilizou igualmente o financiamento necessário à concretização das metas globais de cobertura universal através de medidas de intervenção preventivas e o acesso universal a um tratamento eficaz. Desde 2008, o mundo tornou-se cada vez mais interligado e complexo. À medida que os países foram reduzindo e eliminando o paludismo, a doença tornou-se cada vez mais heterogénea. Esta situação instigou a OMS a desenvolver a Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030, a qual foi endossada em Maio de 2015 pela Assembleia Mundial da Saúde. Ao mesmo tempo, a RBM confirmou o seu compromisso com a parceria global, e o Conselho da RBM decidiu preparar uma segunda geração do GMAP como uma de referência para as partes interessadas, provenientes de todos os setores, empenhadas na luta contra o paludismo. O documento Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) – Por um mundo livre de paludismo e a Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS foram desenvolvidos através de um processo coordenado e simultâneo. Ambos os documentos partilham o calendário 2016-2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e orientam para os objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo. O desenvolvimento do presente documento teve por base um processo consultivo extenso e de grande alcance, abrangendo países com vários níveis de transmissão em todas as regiões do mundo afetadas pelo paludismo. Em especial, o processo envolveu setores externos à saúde nos diferentes níveis, bem como todos os que vivem e trabalham em comunidades remotas, frágeis e altamente afetadas. Desta feita, nós convidamo-lo a continuar a ler e a perceber de que forma a AIM posiciona o paludismo como um tema abrangente para o desenvolvimento e a segurança económica e sanitária. A AIM defende que se invista na luta contra o paludismo, facultando assim um poderoso instrumento de defesa à comunidade mundial envolvida na causa. Da mesma forma, a AIM orienta no sentido da ação pela mobilização de recursos, pela melhoria das políticas e da governança, pela promoção da colaboração entre países e entre setores, pelo aumento da qualidade, disponibilização e utilização de dados e evidências e pelo reforço e a integração da luta contra o paludismo nos sistemas de saúde. Mais ainda, sublinha de que forma o progresso futuro dependerá de novos produtos e inovações e apela a que todos nós mantenhamos as pessoas no centro da resposta. O trabalho em parceria com as comunidades afetadas aumentará a procura por serviços direcionados ao tratamento do paludismo onde quer que sejam necessários e permitirá que as vozes dos mais pobres se intensifiquem no apelo global Por um mundo livre de paludismo. Dr Victor Makwenge Kaput Presidente do Conselho de Administração da RBM 2 Prof Graham V Brown Vice-Presidente do Conselho de Administração da RBM Dr Fatoumata Nafo-Traoré Diretor Executivo Por um mundo livre de paludismo © Swiss Malaria Group/Anna Wang Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) SUMÁRIO EXECUTIVO Foram realizados progressos notáveis no campo da luta contra o paludismo desde a fundação da Parceria Fazer Recuar o Paludismo (RBM), em 1998. Mais de 4,3 milhões de mortes por paludismo foram evitadas. Ainda assim, os benefícios observados são frágeis e distribuídos de forma desigual. Mais de 3 mil milhões de pessoas permaneceram em risco de infeção pela doença em 2013 e o aumento alarmante da resistência aos medicamentos e inseticidas verificado a nível global torna imperativa e urgente a continuação do progresso neste domínio. A AIM coloca o paludismo na vasta agenda para a saúde e para o desenvolvimento. O documento Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) – Por um mundo livre de paludismo tem por base o sucesso do primeiro Plano de Ação Mundial contra o Paludismo – Por um mundo livre de paludismo 2008-2015, servindo tanto de chamada de alerta como de orientação para uma ação coletiva de todos aqueles comprometidos na luta contra o paludismo. Resultado de um processo consultivo extenso, a AIM complementa a Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS ao introduzir o paludismo na mais vasta agenda para o desenvolvimento. Mais ainda, ilustra de que forma a redução e a eliminação do paludismo contribuem para a criação de sociedades mais saudáveis, equitativas e prósperas e promove uma resposta amplamente inclusiva e multissetorial. A AIM e a Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS partilham o mesmo horizonte temporal dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A AIM demonstra de que forma os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estão intimamente ligados à concretização de um mundo livre de paludismo e de que forma a redução e a eliminação do paludismo serão fundamentais para o sucesso desta nova agenda para o desenvolvimento. A comunidade global envolvida na luta contra o paludismo, a OMS e a Parceria Fazer Recuar o Paludismo (RBM) partilham em conjunto a visão de um mundo livre de paludismo e os objetivos ambiciosos, no entanto concretizáveis, de redução das taxas de mortalidade e incidência em 90% e de eliminação da doença em pelo menos mais 35 países até 2030. Para alcançar estes objetivos, foram establecidas etapas para mensurar este progresso para 2020 e 2025. A prevenção e o tratamento contra o paludismo estão entre as medidas de intervenção em saúde pública mais rentáveis. A Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS avaliou em 101,8 mil milhões de dólares norte-americanosa os custos da realização dos objetivos definidos para 2030, com um montante adicional de 673 milhões de dólares norte-americanos necessários anualmente para financiar a investigação e o desenvolvimento da luta contra o paludismo. Apesar de os custos serem elevados, os benefícios serão ainda maiores – mais de 10 milhões de vidas serão salvas e será gerado um volume superior a 4 biliões de dólares norte-americanos em resultados económicos adicionais. Estes retornos permitirão uma maior produtividade e um maior crescimento, reduzirão a pobreza das famílias, promoverão a equidade e a capacitaçãob das mulheres e fortalecerão os sistemas de saúde. O retorno global sobre este investimento será de 40:1, aumentando para 60:1 na região da África Subsariana (África Subsaariana em Português Brasileiro). Em contrapartida, o não cumprimento destes objetivos poderá implicar o reaparecimento da doença, com o aumento do número de mortes por paludismo e com a perda de oportunidades de progresso e desenvolvimento. a Ao longo de todo o documento, a expressão mil milhões significa 1000 milhões. A escala curta e longa são dois sistemas usados em todo o mundo para nomenclatura de números grandes. A escala longa é usada por Portugal, todos os países lusófonos (à excepção do Brasil) e a maior parte da Europa continental. A escala curta é usada no Brasil e na maior parte dos países de língua inglesa e árabe. Desta forma: •1000 milhões (Português de Portugal) = 1 bilhão, 1 billion (Português do Brasil, Inglês) •1 bilião (Português de Portugal) = 1 trilhão, 1 trillion (Português do Brasil, Inglês) b Ao longo do documento o conceito “capacitação das mulheres” pode ser substituído pelo equivalente em Português Brasileiro “empoderamento das mulheres” 4 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) A AIM descreve o atual cenário financeiro no que se refere ao paludismo e explica de que forma a argumentação em prol do investimento poderá ser aproveitada para mobilizar recursos adicionais na luta contra a doença. O documento recomenda um conjunto de ações para aumentar o financiamento interno, explorar soluções de financiamento inovadoras, expandir a base de doadores tradicionais, visar economias emergentes e aumentar o investimento do setor privado. Mais ainda, reconhece que, a curto prazo, será necessário priorizar o financiamento externo para países largamente afetados pelo paludismo e com baixos níveis iniciais de rendimento per capita, bem como países em situação frágil ou em crise. A AIM incentiva os países a tirarem proveito dos respetivos planos estratégicos e operacionais de luta contra o paludismo e a desenvolverem uma estratégia de mobilização de recursos. Além disso, realça a possibilidade de uma maior eficiência e de evidências mais sólidas resultantes do investimento em questão, além das potenciais consequências de não se cumprir o mesmo. Fortes parcerias multissetoriais e entre países são necessárias para contrariar a ameaça da resistência aos medicamentos e inseticidas, garantir que chegamos aos pobres e marginalizados desproporcionalmente afetados pelo paludismo e, por fim, alcançar os objetivos definidos para 2030 na luta contra a doença. A AIM indica de que forma a redução do paludismo contribui para os principais objetivos económicos, sociais e empresariais de outros setores, com exemplos dos setores da educação, da agricultura, imobiliário e privado. Para além do mais, o documento lembra-nos que a principal voz em questões de saúde e bemestar é a das pessoas. Assim, as pessoas que vivem em comunidades mais afetadas terão de estar no centro dos esforços canalizados para promover a criação e a prestação de serviços de saúde na luta contra o paludismo. O documento apela para um compromisso a longo prazo de envolvimento comunitário e apresenta as boas práticas para a prestação de intervenções contra o paludismo junto de populações móveis e migrantes e de todos os afetados por crises humanitárias. A AIM partilha dois elementos de apoio com a a Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS: o fortalecimento do ambiente favorável (políticas, dados e sistemas de saúde) e a promoção da inovação. Melhores políticas de saúde e o desenvolvimento da cobertura universal de saúde são fundamentais para facilitar o acesso a serviços de saúde de qualidade e luta contra o paludismo. Nesse sentido, são necessárias autoridades reguladoras nacionais mais fortes e capazes de impor a interdição de monoterapias, enfrentar o tráfico de medicamentos falsos e em violação das normas em vigor e garantir a utilização exclusiva de medicamentos antipalúdicos de qualidade e inseticidas direcionados para a saúde pública. As pessoas das comunidades afetadas são essenciais para a criação e a prestação de serviços contra o paludismo. © Swiss Malaria Group/Yemane Yihdego Por um mundo livre de paludismo 5 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) Da mesma forma, é, também, essencial um ambiente político de resposta rápida que incentive a investigação e o desenvolvimento necessários de produtos contra o paludismo e coloque no mercado novos instrumentos e novas tecnologias. Dados de qualidade são cruciais para o planejamento, adoção, monitorizaçãoc e avaliação do programa. A AIM sublinha a necessidade de dados de sistemas nacionais de informação de saúde melhorados, inquéritos periódicos e procedimentos de vigilância para auxiliar a tomada de decisões, estimular uma resposta ativa e adequada, avaliar o impacto das intervenções e permitir a utilização eficaz de recursos. Melhorar o acesso a informações confiáveis sobre o paludismo servirá para fortalecer a transparência e promover uma maior responsabilização pelo progresso rumo aos objetivos definidos para 2030. A continuidade do progresso com vista à eliminação terá de ser encarada no contexto de um sistema de saúde mais vasto. A AIM apela à ação em matéria de reforço da administração no setor da saúde, otimização do uso de recursos nos setores público, privado e ao nível comunitário, e a criação de sistemas mais robustos e responsáveis na cadeia de aquisição e fornecimento. Para alcançar os objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo, serão necessárias fortes parcerias multissetoriais e entre países. © Swiss Malaria Group/Olga Fontanellaz A mesma demonstra de que forma o investimento em programas de luta contra o paludismo dá origem a benefícios mais amplos para o sistema de saúde em geral. A AIM reforça a necessidade de ampliar as capacidades de recursos humanos em todos os níveis como parte integrante do reforço do sistema de saúde, bem como a necessidade de garantir a disponibilidade de competências e conhecimentos específicos no domínio do paludismo. Os programas nacionais de luta contra o paludismo devem ser capazes de apoiar todos os que trabalham ao nível local de forma a personalizarem a resposta na prestação de serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento, abordar uma resistência emergente aos inseticidas e medicamentos e implementar e monitorizar intervenções direcionadas ao controle de vetores. Para alcançar os objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo, será necessário um compromisso político de alto nível. A luta contra o paludismo é cada vez mais defendida pelos Chefes de Estado. A criação da Aliança dos Líderes Africanos contra o Paludismo e da Aliança dos Líderes da Ásia-Pacífico contra o Paludismo reflete um maior compromisso político. Nesse sentido, a adoção de parcerias de sucesso será crítica para desenvolver e manter este compromisso político. As parcerias amplas detêm a chave para trabalharem no seio e entre vários setores e alargarem a colaboração do setor da saúde na luta contra o paludismo. É igualmente necessária uma parceria para garantir a mobilização de recursos de investigação/pesquisa do paludismo, desenvolver novos produtos e estratégias de prestação de serviços, partilhar os resultados de investigação obtidos e fortalecer o ciclo de investigação para o nível político e prático. A AIM inclui uma estrutura de monitoramento que visa controlar os desenvolvimentos observados em áreas adequadas ao documento, incluindo a promoção de uma colaboração multissetorial e a mobilização de recursos suficientes para a concretização dos objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo. Combinando os nossos recursos, os nossos conhecimentos e as nossas tecnologias, podemos “ir mais além” e alcançar a nossa visão de um mundo livre de paludismo. c 6 Ao longo do documento a palavra “monitorização” pode ser substituída pela palavra equivalente em Português Brasileiro “monitoramento” Por um mundo livre de paludismo © regarding images © Acknowledgement PAHO/WHO Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ÍNDICE Introdução10 8 1. Visão geral dos objetivos alcançados entre 2000 e 2015 10 2. Perspetiva para o progresso de 2016 a 2030 13 Colocar o paludismo na vasta agenda para o desenvolvimento 13 Estimular um compromisso e uma ação mais amplos na luta contra o paludismo 16 Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 16 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 16 Estrutura da AIM 18 Construir e promover o investimento 19 3. Argumentação em prol do investimento 19 Consolidação da evidência sobre a rentabilidade das medidas de intervenção contra o paludismo 19 Quantificação do retorno sobre o investimento 20 Custos e benefícios da concretização dos objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo 24 Insucesso e o impacto do reaparecimento 28 Cálculo dos custos humanitários e económicos do insucesso 30 4. Mobilização de recursos 31 Cenário financeiro atual 31 Aumento do investimento 33 Promoção de uma abordagem inclusiva 38 5. Fortalecimento da colaboração multissetorial e entre países 38 Fortalecimento do compromisso de outros setores na luta contra o paludismo 41 Expansão de parcerias regionais e entre países 46 6. Manter as pessoas no centro da resposta 48 Alteração comportamental e compromisso comunitário 49 Reforço da comunicação para a mudança social e comportamental 50 Garantia de que ninguém seja negligenciado 51 Prestação de serviços de luta contra o paludismo em situações de emergência 53 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) Criando os elementos de apoio 56 7. Reforço do ambiente favorável 56 Criar políticas “inteligentes” na luta contra o paludismo 56 Melhorar a qualidade e a utilização dos dados 60 Reforço e integração em sistemas de saúde 62 8. Promoção e partilha de inovações e soluções 67 Desenvolvimento de novos instrumentos e tecnologias 68 Entrada de produtos no mercado 69 Otimização de operações para o controlo e a eliminação da doença 69 Fortalecimento do ciclo de investigação para práticas e políticas 69 Assegurar o progresso e responsabilização 71 9. Facilitar a mudança 71 Fomentar o potencial das parcerias 72 Monitorização de resultados 74 Anexos76 Anexo A: Processo de desenvolvimento 76 Anexo B:Circunstâncias em que o não cumprimento da luta contra o paludismo 86 impedirá o progresso rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Anexo C:Repartição da investigação no campo do paludismo e números do orçamento para o desenvolvimento 88 Anexo D: 89 Metodologia para análises de custo-benefício Appendix E:Repartição das fontes de financiamento nacionais e internacionais para o controlo e a eliminação do paludismo e das despesas particulares correntes para os agregados familiares em 2013 91 Anexo F: 92 Fazer com que as parcerias funcionem Acrónimos, siglas e abreviaturas 93 Bibliografia94 A equipa de tradução fez um esforço de incorporar ao longo do documento vocabulário e expressões em Português de Portugal e em Português do Brasil de forma a tornar o documento compreensível para todos os leitores dos países Lusófonos. Por um mundo livre de paludismo 9 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) INTRODUÇÃO 1. VISÃO GERAL DOS OBJETIVOS ALCANÇADOS ENTRE 2000 E 2015 A parceria RBM foi lançada em conjunto pela OMS, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pelo Banco Mundial com vista à adoção de um enquadramento mundial para a mobilização de recursos e para a implementação de ações coordenadas contra o paludismo. A parceria RBM é composta por mais de 500 parceiros, incluindo países endemicamente afetados pelo paludismo, respetivos parceiros bilaterais e multilaterais, setor privado, organizações não governamentais e comunitárias, fundações e instituições de investigação e ensino. A força da parceria RBM reside na capacidade que esta tem de formar parcerias globais e internacionais eficazes. Os parceiros trabalham em conjunto para não só promoverem a prestação, ao nível nacional, de intervenções contra o paludismo, coordenando as respetivas atividades de modo a evitarem uma eventual duplicação e fragmentação, mas também garantirem uma utilização ideal dos recursos. 10 Nos últimos anos, os progressos têm sido enormes em termos da redução do fardo do paludismo e da eliminação da doença num conjunto de países. A fundação da Parceria Fazer Recuar o Paludismo (RBM), em 1998, foi essencial para esta alteração. O declínio dos casos de paludismo permitiu à maioria dos países obterem avanços significativos para a conquista dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) e, em muitos casos, a concretização efetiva desses objetivos. Lançado em 2008, o primeiro Plano de Ação Mundial contra o Paludismo (GMAP) – Por um mundo livre de paludismo 2008-2015 serviu como um guia valioso para países e parceiros mobilizarem recursos e alcançarem este feito. Com o final dos ODM em 2015 e a transição para a era dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) durante o período seguinte, até 2030, os países afetados e os respetivos parceiros necessitam definir objetivos e metas. Como parte integrante deste processo, a comunidade envolvida na luta contra o paludismo comprometeuse com a visão de um mundo livre da doença, ou seja, à erradicação do paludismo entre as populações de todo o mundo. A concretização dos objetivos ambiciosos que visam reduções significativas no fardo do paludismo e a eventual erradicação da doença exigirá mais recursos, em especial no contexto de uma agenda mais ampliada para o desenvolvimento. Assim, a comunidade envolvida na luta contra o paludismo terá de estender o seu compromisso para além dos parceiros tradicionais e incluir outros setores afetados pelo paludismo e capazes de contribuir para a redução e a eliminação da doença. A adoção de uma abordagem que envolva, de forma eficaz, outros setores intrínsecos e extrínsecos ao setor da saúde é, por isso, essencial. Em antecipação a essas mudanças e aproveitando o sucesso do primeiro GMAP, a Parceria RBM desenvolveu o seguinte documento: Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) – Por um mundo livre de paludismo. Simultaneamente, num processo coordenado, o Plano Mundial contra o Paludismo (GMP) da OMS desenvolveu a Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030. A Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS define as metas e os objetivos ambiciosos para 2030, ao passo que a AIM descreve as ações e os investimentos necessários à obtenção destes objetivos. Os dois documentos devem ser documentos dinâmicos e serão sujeitos a atualizações conforme necessário, para garantir a relevância face à natureza dinâmica do paludismo, a evolução do contexto da resposta, novos desenvolvimentos e inovações, bem como o progresso visível em termos gerais. O extensivo processo consultivo que informa o desenvolvimento da AIM é descrito no Anexo A. Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) Desde 2000, as taxas globais de mortalidade por paludismo diminuíram em 47% em todas as faixas etárias, e 53% entre crianças com idades inferiores a 5 anos. O mesmo equivale a um total de 4,3 milhões de mortes por paludismo evitadas (Figura 1). Os 10 países com um fardo mais elevado nesta matéria em 2000 representavam 68% das mortes por paludismo evitadas entre 2001 a 2013.d O Relatório sobre o paludismo no mundo 2014 apresenta que 55 países que estão no caminho para alcançarem a meta definida pela Assembleia Mundial da Saúde de reduzir o fardo mundial do paludismo em 75% até 2015.1 Em 2014, dois países (o Azerbaijão e o Sri Lanka) registaram, pela primeira vez, zero casos autóctones de paludismo, 12 países mantiveram os mesmos zero casos e outros quatro registaram menos de 10 casos autóctones por ano. De um modo geral, os progressos observados em termos da redução e da eliminação do paludismo foram possíveis graças a um aumento de financiamentos nacional e internacional, a um compromisso político, a um forte sentido de liderança a nível nacional, a parcerias multissetoriais, a conhecimentos técnicos, à aplicação efetiva dos programas nacionais, ao alcance e à flexibilidade de organizações da sociedade civil (OSC) e organizações religiosas e às contribuições facultadas ao nível da investigação/pesquisa e da sociedade académica. Estes fatores contribuíram para a promoção de um conjunto de intervenções rentáveis, em especial redes mosquiteiras tratadas com inseticida de longa duração (LLIN), pulverização residual interior (IRS)e, testes de diagnóstico rápido (RDT), terapias combinadas à base de artemisinina (ACT) e tratamento preventivo intermitente para mulheres grávidas (IPTp). A título de exemplo, em 2013, quase metade da população em risco na região da África Subsariana tinha acesso a uma ou mais LLIN em casa. Cerca de 123 milhões de pessoas, quase 4% da população mundial em risco de contrair a infeção, estavam protegidos por IRS. Adicionalmente, mais de 319 milhões de RDT foram adquiridos em 2013 e, pela primeira vez, em África, o número total de testes de diagnóstico (RDT mais microscopia) fornecidos ao setor público excedeu o número total de ACT distribuídos, o que indica uma mudança de comportamento estimulante em matéria de abandono de tratamentos presumíveis.1 Muito deste progresso foi possível apesar das deficiências dos sistemas de saúde. De facto, os programas de luta contra o paludismo promoveram várias melhorias – por exemplo, a gestão da aquisição e do fornecimento de serviços, procedimentos de vigilância e a colaboração entre prestadores de cuidados de saúde públicos e privados – contribuíram com benefícios mais amplos para os sistemas de saúde. Mediante a existência de recursos suficientes e de um compromisso contínuo, esta tendência pode continuar. À medida que os países caminham rumo à eliminação, os requisitos em termos de recursos, os processos e os serviços mudam, exigindo assim a adaptação e a melhoria dos sistemas, bem como um aperfeiçoamento do respectivo nível de compromisso comunitário. MORTES POR PALUDISMO EVITADAS 2001 – 2013 >100 000 1 000 – 99 999 1 – 999 Figura 1 Fonte: Mapa modificado a partir do Relatório sobre o paludismo no mundo 2014, OMS d stes países incluem Burquina Faso, República Democrática do Congo, Etiópia, Malawi, Mali, Moçambique, Níger, E Nigéria, República Unida da Tanzânia e Uganda, Fonte: Relatório sobre o paludismo no mundo 2014. e Conhecida por BRI – Borrifação Intradomiciliar em Português Brasileiro. Por um mundo livre de paludismo 11 © Swiss Malaria Group/Feliciano Monti Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) 2. PERSPETIVA PARA O PROGRESSO DE 2016 A 2030 Aproveitando o sucesso dos ODM, os Estados-Membros da ONU lançaram, em 2015, a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) focam, de forma geral, na redução das desigualdades globais existentes e no fim da pobreza, e realçam seis elementos essenciais: as pessoas, a prosperidade, a dignidade, a justiça, o planeta e as parcerias. Salientam a importância da estabilidade política e da governança democrática e apelam aos governos para promover e proteger os direitos humanos, reformar a administração pública, combater a corrupção, aumentar o fluxo gratuito de informações e utilizar dados de qualidade na base do progresso. A construção de instituições mais fortes, representativas e recetivas ao nível governamental local e nacional é a chave para um maior compromisso comunitário e uma responsabilização na prestação de serviços básicos, incluindo nos domínios da saúde e do paludismo, a todos os que mais precisam. COLOCAR O PALUDISMO NA VASTA AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO O paludismo representa, simultaneamente, uma causa principal e uma consequência da pobreza e da desigualdade. Os ODS estão intimamente ligados à concretização do objectivo de um mundo livre de paludismo. A redução e a eliminação do paludismo contribuirá, beneficiará e será uma iniciativa para o progresso rumo aos ODS. A otimização da prestação de intervenções de combate ao paludismo é essencial para alcançar uma cobertura universal de saúde, garantindo uma vida saudável e promovendo o bem-estar de todos, em especial das populações vulneráveis e marginalizadas. O crescimento do controle do paludismo contribui fortemente para a redução da mortalidade infantil e a melhoria da saúde materna. Esta ideia foi implicitamente reconhecida pelos 178 governos e pelas mais de 600 organizações da sociedade civil (OSC) e organizações do setor privado que se comprometeram a acelerar a reduçãoda mortalidade infantil e materna evitável ao abrigo do lema “Uma Promessa Renovada”. A continuidade do progresso na luta contra o paludismo será essencial para promover a Estratégia Global para a Saúde das Mulheres e Crianças 2, do Secretário-Geral das Nações Unidas e o movimento Every Woman Every Child.3 Os investimentos em capital humano conduzem a sociedades mais saudáveis e produtivas, que tornam os mercados de trabalho atrativos e fornecem a estabilidade procurada pelos investidores externos, catalisam as relações comerciais, conduzem a transformações culturais e geram crescimento económico.4 O crescimento não inclusivo ameaça tornar o mundo cada vez mais desigual, fragmentado e conflituoso.5 O investimento na luta contra o paludismo concede aos mais pobres uma melhor oportunidade de vida, quebrando o ciclo da doença e da pobreza e permitindo às pessoas desenvolverem meios de vida sustentáveis e partilharem os benefícios do crescimento. O apelo explícito para que os ODS eliminem o paludismo terá de ser interpretado no contexto da necessidade de acabar com a pobreza e reduzir as desigualdades globais, uma vez que o paludismo representa, simultaneamente, uma causa principal e uma consequência da pobreza e da desigualdade. O fardo do paludismo é maior nas áreas menos desenvolvidas e entre os membros mais pobres da sociedade; em especial as crianças, as mulheres grávidas e outras populações vulneráveis, como migrantes, refugiados e deslocados. A pobreza obriga as pessoas a viver e a trabalhar em condições de precariedade, altamente expostas a vetores do paludismo, enquanto carecem do acesso a medidas de prevenção, cuidados de saúde e outros serviços básicos. Em todas as localidades, as crianças de classes socioeconómicas inferiores estão duas vezes mais sujeitas a contraírem paludismo do que as crianças de classes superiores. Assim, a probabilidade de morrerem por paludismo é inversamente proporcional ao rendimento e à educação.6 Por um mundo livre de paludismo 13 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) EXEMPLOS DE SINERGIAS POSITIVAS ENTRE OS AVANÇOS NA LUTA CONTRA O PALUDISMO E O PROGRESSO RUMO AOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 1 A FIGURA 2 APRESENTA OS BENEFÍCIOS POSITIVOS, BIDIRECIONAIS, NO QUE RESULTARÃO DO PROGRESSO RUMO AOS ODS E AOS OBJETIVOS DEFINIDOS PARA 2030 NA LUTA CONTRA O PALUDISMO. O ANEXO B APRESENTA AS POVERTY DO PALUDISMO IMPEDIRÁ CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE NÃO CUMPRIMENTO DA REDUÇÃO E ELIMINAÇÃO A CONCRETIZAÇÃO DOS ODS 17 PARTNERSHIPS FOR THE GOALS 1 17 Objetivo 17: Parceria para os Objectivos. As diversas parcerias multissetoriais em vigor que visam reduzir e eliminar o paludismo têm um efeito colateral positivo e conduzem ao progresso de outros domínios de desenvolvimento.25 10 REDUCED INEQUALITIES 16 Objetivo 1: Pobreza erradicada. O investimento sustentado em saúde e na luta contra o paludismo desbloqueia o potencial do capital humano para gerar crescimento. Uma redução de 10% do paludismo tem sido associada a um aumento de 0,3% do PIB. Ao nível do agregado familiar, a redução do paludismo protege o rendimento familiar contra ganhos perdidos e os custos inerentes à procura de cuidados.7 PEACE AND JUSTICE 10 16 13 Objetivos 10, 16: Reduzir a Desigualdade e promover a Paz e Justiça. Uma resposta direcionada na luta contra o paludismo melhora de forma ativa a saúde dos mais pobres, permitindo que as famílias vulneráveis quebrem o ciclo vicioso da doença e da pobreza, e garantindo que ninguém é negligenciado. O investimento na redução do paludismo contribui para a criação de sociedades mais coesas e inclusivas. Os países estáveis têm uma maior CLIMATEprobabilidade de atrair investimentos internacionais e ajuda externa para o desenvolvimento.6 ACTION 13 Objetivo 13: Ação Climática. Tendo em conta que se prevê que as alterações climatéricas aumentem o alcance e a intensidade da transmissão do paludismo, os planos que visam atenuar os efeitos das alterações climatéricas são suscetíveis de incluir um maior compromisso 24 para o controlo e a eliminação do paludismo, e vice-versa. NO 9 POVERTY 9 Figura 2 Nota: o ODS 14 não foi incluído no diagrama por não ser relevante na luta contra o paludismo 14 11 SUSTAINABLE CITIES AND COMMUNITIES 11 15 LIFE ON LAND 15 Objetivos 9, 11, 15: Infraestruturas, Cidades Sustentáveis e Vida no Território. Assegurando que grandes projetos de construção e desenvolvimento não introduzem nem aumentam a transmissão do paludismo permite colher os benefícios do progresso e simultaneamente proteger a saúde humana e dos ecossistemas. Infraestruturas bem planeadas e a melhoria das condições de habitação ajudam a reduzir a exposição aos mosquitos e facilitam um maior acesso aos serviços de saúde e de luta contra o paludismo.22,23 Por um mundo livre de paludismo 2 3 NO HUNGER 2 Objetivo 2: Fome eliminada. As práticas agrícolas sustentáveis ajudam a reduzir o paludismo. As pessoas menos afetadas pelo paludismo podem trabalhar de forma mais consistente nos seus campos, dando origem a melhores colheitas e a uma melhoria na segurança alimentar.8 As pessoas bem nutridas, em particular as crianças, são mais resistentes na luta QUALITY contra o paludismo.9 4 EDUCATION 4 Objetivo 4: Ensino de Qualidade. A redução do paludismo permite às crianças frequentarem a escola com regularidade e aprenderem de forma mais eficiente. Isto permite melhorar significativamente o desempenho escolar e posteriormente a capacidade salarial. 11 À medida que o nível de educação de mães e cuidadoras aumenta, aumenta igualmente as hipóteses de os filhos virem a ter acesso a serviços de prevenção e tratamento na luta contra o CLEAN WATER paludismo e sobreviverem à infância. AND SANITATION 6 6 8 GOOD JOBS AND ECONOMIC GROWTH GOOD HEALTH Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) Objetivo 6: Água Potável e Saneamento. A drenagem de águas paradas provoca a diminuição do número de locais de reprodução de mosquitos e a redução da taxa de transmissão do paludismo. Melhora também a qualidade da água, gerando mais benefícios para a saúde.14,15,16 12 8 12 RESPONSIBLE CONSUMPTION 3 Objetivo 3: Boa Saúde e Bem Estar. A expansão de intervenções na luta contra o paludismo evitou, no mínimo, 670 milhões de casos e 4,3 milhões de mortes por paludismo entre 2001 e 2013. A prevenção do paludismo durante a gravidez reduz a mortalidade materna e permite aos recém-nascidos ter um início de vida bastante mais saudável. A redução do fardo do paludismo contribui de forma substancial para a melhoria da saúde infantil, e, consequentemente muitas das vezes para um declínio nas taxas de fertilidade e o associado aumento no investimento que os paisGENDER podem fazer nas suas crianças.10 5 EQUALITY 5 Objetivo 5: Igualdade de Género. Libertar as mulheres e raparigas em idade escolar dos encargos de cuidarem de membros da família doentes por paludismo aumenta a possibilidade de concluírem os seus estudos, entrarem e manterem os seus postos no mercado de trabalho e participarem 12,13 em tomadas MODERNde decisão pública. 7 ENERGY 7 Objetivo 7: Energia limpa e acessível. Em regiões endemicamente afetadas pelo paludismo e com recursos limitados, o acesso a energia sustentável estimulará a prosperidade e promoverá a adoção de medidas de proteção pessoal mais sofisticadas. Também irá implicar um maior acesso a infraestruturas de iluminação elétrica e ventilação, permitindo assim às pessoas passarem mais tempo dentro de espaços fechados, onde os vetores são mais facilmente controlados através de inseticidas, redes mosquiteiras e da regulação de temperatura. Estes desenvolvimentos são suscetíveis de resultarem num fardo reduzido do paludismo.17,18,19 Objetivos 8, 12: Trabalho digno, Crescimento Económico e Produção Responsável. A redução do paludismo cria forças de trabalho mais saudáveis e produtivas o que pode ajudar a atrair relações comerciais e novos mercados. Quando combinados com políticas em favor dos mais pobres, estes fatores estimulam a criação de emprego, um crescimento inclusivo e um sentido de prosperidade partilhada. As empresas que investem nos seus funcionários reduzem os custos da atividade empresarial, tornam-se mais competitivas e melhoram a sua reputação.20, 21 Por um mundo livre de paludismo 15 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ESTIMULAR UM COMPROMISSO E UMA AÇÃO MAIS AMPLOS NA LUTA CONTRA O PALUDISMO A vasta agenda para o desenvolvimento permite uma oportunidade sem precedentes de aumentar o círculo de compromisso e intensificar a colaboração multissetorial e entre países na luta contra o paludismo. Para aproveitar esta oportunidade, em 2013, o Conselho da RBM deu início ao desenvolvimento da segunda geração do GMAP, o documento, Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) – Por um mundo livre de paludismo. A AIM apela à comunidade global envolvida na luta contra o paludismo a manter o rumo e consolidar o trabalho incrível a que já deu início. Apela também a um maior compromisso dos setores externos à saúde e a uma integração “inteligente” nos sistemas de saúde existentes.f O documento pretende estimular este público mais vasto para se comprometer, agir e ajudar a alcançar a visão global, os objetivos e etapas definidas na luta contra o paludismo (todos eles partilhados pela Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS). ESTRATÉGIA TÉCNICA MUNDIAL PARA O PALUDISMO AÇÃO E INVESTIMENTO PARA VENCER O PALUDISMO A Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS começou a ser desenvolvida em 2013. A estratégia compreende três pilares: • garantir o acesso universal a medidas de prevenção, diagnósticos e tratamentos contra o paludismo para todas as populações em risco; •a celerar os esforços de eliminação e concretização do estatuto “livre de paludismo”; e • t ransformar os procedimentos de vigilância contra o paludismo numa intervenção central. A AIM coloca o paludismo na vasta agenda para o desenvolvimento e demonstra por que motivo a doença não é apenas um problema de saúde, mas também um problema nos domínios do desenvolvimento, da economia, da política, da segurança, do ambiente, da agricultura, da educação, da biologia e da sociedade. O objetivo da estratégia consiste em orientar os países à medida que forem adaptando os respetivos programas nesta área para abordarem a heterogeneidade da doença ao nível nacional e subnacional. A estratégia realça a importância de dois elementos de apoio: o primeiro composto pelo aproveitamento da inovação e pela expansão da investigação e o segundo composto pelo reforço do ambiente favorável. A última característica sublinha o facto de o progresso contínuo depender de um forte compromisso político, de um financiamento sólido, de uma melhor colaboração multissetorial e entre países e de um maior envolvimento do setor privado. Todos estes elementos são desenvolvidos com maior detalhe na AIM. A Assembleia Mundial da Saúde subscreveu a Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS em Maio de 2015. A AIM apresenta a argumentação global para o investimento na luta contra o paludismo, sendo que o respetivo conteúdo poderá depois ser adaptado para dar origem a argumentações regionais ou nacionais para chefes de estado, ministros das finanças e governos locais, investidores, diretores executivos (CEO) de indústrias e empresas, executores, investigadores, inventores e agências de financiamento e desenvolvimento bilaterais e multinacionais. O documento quantifica os resultados do investimento na luta contra o paludismo na redução da pobreza e da desigualdade, no reforço dos sistemas nacionais e no retorno sem precedentes sobre o investimento. A AIM confere um rosto humano à economia da doença e demonstra de que forma um pequeno investimento ao nível familiar permite salvar vidas, ajudar a desenvolver meios de subsistência e fortalecer a resistência de comunidades inteiras. Para além do mais, a AIM calcula o custo do reaparecimento da doença e o preço a pagar em termos de vidas humanas pelo não cumprimento dos objetivos traçados. A visão compartilhada da comunidade global envolvida na luta contra o paludismo consiste num mundo livre da doença. Como parte integrante desta visão, foram acordadas metas globais ambiciosas, no entanto concretizáveis, para 2030, com etapas de medição do progresso definidas para 2020 e 2025, conforme apresentado na Tabela 1. Ao apelar para uma abordagem inclusiva, a AIM serve de ponto de referência para um compromisso mais forte das partes interessadas de vários setores empenhadas na luta contra o paludismo. Mais ainda, o documento realça a importância de manter as pessoas no centro da luta e sublinha a pluralidade de contributos das comunidades em todos os aspetos da resposta. Os objetivos e etapas apresentados na Tabela 1 têm por base as atuais metas dos países no que se refere ao paludismo (conforme referido nos respetivos planos estratégicos nacionais), a taxa histórica do progresso observado entre 2000 e 2012 e a análise dos cenários de intervenção.26,27 Para o alcance das etapas definidas, os países terão de ampliar a prestação das intervenções existentes, adaptar e combinar as intervenções atualmente emergentes aos contextos locais e melhorar a eficiência das respostas apresentadas. Para o sucesso das metas definidas para 2030, será necessária a continuidade das inovações em termos de instrumentos e abordagens de implementação. Para tal, é essencial maximizar os esforços de investigação e desenvolvimento (I&D) na luta contra o paludismo. A AIM surge em consonância com os dois elementos de apoio da da Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS: ambiente favorável e inovação. O documento demonstra a importância de parcerias multissetoriais e internacionais e de uma abordagem centrada nas pessoas para o progresso em ambas as áreas. f 16 ma integração inteligente ocorre quando os programas de luta contra o U paludismo tiram proveito da infraestrutura geral do sistema de saúde, dos funcionários ou dos processos existentes para maximizar o seu alcance, aumentar a eficácia e abordar as necessidades de saúde individuais de uma forma mais holística. O acréscimo do termo “inteligente” enfatiza a importância de abordar a integração de modo estratégico para reter uma capacidade e uma infraestrutura suficientes no domínio do paludismo com vista ao desempenho contínuo do programa de luta contra a doença. A AIM fornece um conjunto de promotores em todos os níveis (global, regional, nacional e local) na luta contra o paludismo com um instrumento altamente eficaz para mobilizar recursos e ações coletivas. Apresenta a argumentação em prol da parceria e orienta ações futuras em áreas críticas, de todos os círculos, incluindo as partes interessadas dos setores externos à saúde, o setor da saúde em geral e as comunidades afetadas. O Conselho da RBM adotou o documento Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016 – 2030 (AIM) – Por um mundo livre de paludismo em Maio de 2015. Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) TABELA 1: OBJETIVOS, ETAPAS E METAS COMUNS PARA 2016-2030 Etapas Objetivos Metas 2020 2025 2030 1. Redução das taxas globais de mortalidade por paludismo comparativamente a 2015 Pelo menos 40% Pelo menos 75% Pelo menos 90% 2. Redução da incidência global de casos de paludismo comparativamente a 2015 Pelo menos 40% Pelo menos 75% Pelo menos 90% Pelo menos 10 países Pelo menos 20 países Pelo menos 35 países Restabelecimento evitado Restabelecimento evitado Restabelecimento evitado 3. Eliminação do paludismo de países em que a doença foi transmitida em 2015 4. Evitar o restabelecimento da doença em todos os países livres de paludismo A AIM COMPLEMENTA A ESTRATÉGIA TÉCNICA MUNDIAL PARA O PALUDISMO 2016-2030 DA OMS Áreas de foco da Ação e Investimento para vencer o Paludismo Áreas de foco da Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo da WHO Visão, objectivos e áreas de foco compartilhadas por ambos os documentos l ria eto De t ludismo requer uma lo do pa p m resp is a a ost m e t am n ult na i iss m r e Mundo Livre de Paludismo 2030 PELO MENOS 90% DE REDUÇÃO NAS TAXAS DE INCIDÊNCIA E MORTALIDADE POR PALUDISMO: ELIMINAÇÃO DO PALUDISMO EM PELO MENOS 35 PAÍSES Promoção de uma abordagem inclusiva • centrada nas pessoas • parcerias multissetoriais e entre países • Prevenção, diagnóstico e tratamento • Vigilância sensível oio De ap sen e d volv imento dos elementos Fortalecimento do ambiente favorável • coerência política • baseado em evidências • sistemas de saúde fortalecidos Figura 3 Com p rom Garantia de progresso e responsabilização • monitorização dos resultados • facilitação da mudança Promoção da inovação • novos instrumentos e tecnologias nto isso político e investime Por um mundo livre de paludismo 17 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ESTRUTURA DA AIM O presente capítulo resume o progresso alcançado até à data, coloca a luta contra o paludismo na vasta agenda para o desenvolvimento, apresenta os objetivos definidos para 2030 na temática em questão e demonstra de que forma a AIM complementa a Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS. Os capítulos restantes da AIM são apresentados abaixo. Cada capítulo contém ações prioritárias e exemplos selecionados do processo consultivo de desenvolvimento. Algumas ações terão resultados rápidos ou impactos em curto prazo, ao passo que outras se sentirão a longo prazo e exigirão evidências mais sólidas, o compromisso de novos parceiros ou a conceção de soluções inovadoras antes de poderem ser implementadas. O “desenvolvimento dos elementos de apoio” será crucial para a continuidade do progresso na luta contra o paludismo. Tendo em conta esta importância, o ambiente favorável e a inovação são tópicos abordados tanto pela Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS como pela AIM. Para orientar o leitor e ilustrar esta homogeneidade, os capítulos que abordam os elementos de apoio em ambos os documentos foram identificados em verde. CONSTRUIR E PROMOVER O INVESTIMENTO • O Capítulo 3 apresenta a argumentação global para o investimento na luta contra o paludismo e uma análise de custo-benefício para alcançar os objetivos definidos para 2030, além de calcular os eventuais custos do reaparecimento da doença e dos objetivos definidos não serem alcançados. • O Capítulo 4 descreve o atual cenário financeiro e fornece ações prioritárias para a mobilização de recursos na luta contra o paludismo. PROMOÇÃO DE UMA ABORDAGEM INCLUSIVA • O Capítulo 5 demonstra a importância de parcerias multissetoriais e entre países para a continuidade do progresso e fornece ações prioritárias para o fortalecimento de ambos os tipos de parceria. • O Capítulo 6 apresenta a importância de manter as pessoas no centro da resposta e fornece ações prioritárias para um compromisso comunitário mais eficaz, melhorando a mudança de comunicação social e de comportamento (CMSC) e disponibilizando intervenções de combate ao paludismo junto de populações vulneráveis, incluindo em casos de emergência. DESENVOLVENDO OS ELEMENTOS DE APOIO • O Capítulo 7 aprofunda o desenvolvimento do ambiente favorável (políticas, dados e sistemas de saúde) e faculta ações prioritárias para a criação de políticas “inteligentes” na luta contra o paludismo, o reforço da evidência no que toca à promoção do progresso e o fortalecimento de sistemas de saúde. • O Capítulo 8 sublinha de que forma o desenvolvimento de novos medicamentos e outros produtos contribuirá para a realização dos objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo, além de fornecer ações prioritárias de investigação/pesquisa e inovação relacionadas com o paludismo. ASSEGURAR O PROGRESSO E RESPONSABILIZAÇÃO • O Capítulo 9 descreve as áreas em que a parceria será decisiva à medida que a Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS e a AIM são implementadas e fornece uma estrutura complementar para a monitorização do progresso nas principais áreas da AIM de modo a fortalecer a responsabilização pela realização dos objetivos definidos para 2030. 18 Por um mundo livre de paludismo © Swiss Malaria Group/Anne Heslop Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) CONSTRUIR E PROMOVER O INVESTIMENTO 3. ARGUMENTAÇÃO EM PROL DO INVESTIMENTO A prevenção e o tratamento contra o paludismo estão entre as medidas de intervenção em saúde pública mais rentáveis. As mesmas representam um retorno sistematicamente elevado sobre o investimento, para além dos benefícios diretos que um estado de saúde melhorado implica.28,29 Assim, o investimento no controle e na eliminação do paludismo equivale a um investimento ímpar em termos de produtividade, progresso e desenvolvimento centrado nas pessoas.30 O nível de compromisso político e investimento financeiro necessário para suportar o controle e a eliminação do paludismo são elevados a curto prazo,31 podendo mesmo ser difícil de alcançar e manter.32 Uma revisão sistemática demonstrou que a maioria dos casos de reaparecimento da doença podiam ser atribuída, pelo menos em parte, ao enfraquecimento dos programas de controle, normalmente devido à falta de recursos.32 O compromisso financeiro e a procura constante pela eliminação e eventual erradicação da doença são necessários para evitar o risco de reaparecimento, interromper a necessidade permanente de se desenvolver novos medicamentos e inseticidas para reagir ao desenvolvimento da resistência e colher os retornos a longo prazo, resultantes do fim das infecções e mortes por paludismo. A argumentação em prol deste investimento é forte. Para além do retorno financeiro, irão ser gerados benefícios sem precedentes em termos socioeconómicos, humanitários, equitativos e de desenvolvimento.29 As partes interessadas de todos os níveis (global, regional, nacional, subnacional e local) são fundamentais para defender com sucesso e mobilizar toda a gama de recursos necessários para mover os países ao longo do caminho de controle para eliminação da doença. CONSOLIDAÇÃO DA EVIDÊNCIA SOBRE A RENTABILIDADE DAS MEDIDAS DE INTERVENÇÃO CONTRA O PALUDISMO Paludismo – a “melhor relação custo/benefício” na saúde pública global. Desde o lançamento do primeiro GMAP, surgiram evidências muito mais fortes sobre os benefícios de redução do paludismo. A rentabilidade das principais medidas de intervenção utilizadas para controlar e eliminar o paludismo foi reafirmada por estudos científicos aprofundados conduzidos na região da África Subsariana, na Ásia e na América Latina.33–39 As estimativas que cobriram o horizonte temporal entre 2011–2014 consideraram o controle do paludismo como sendo uma das “melhores relações custo/benefício” na saúde pública global, custando apenas entre 5 e 8 dólares norte-americanos por caso evitado e originando milhões em poupanças.28 A única medida de intervenção de saúde pública mais rentável do que o controle do paludismo consiste na imunização infantil, com vacinas incluídas no Programa Alargado de Vacinação (Programa Expandido de Vacinação, em Português Brasileiro).40,41 A evidência sobre custos e sobre a relação de custo/efetividade da eliminação do paludismo encontra-se menos desenvolvida.31 É provável que, inicialmente, os custos da eliminação sejam iguais ou superiores aos do programa de controle, mas acabarão por diminuir à medida que o foco for aumentando para prevenir a reintrodução.42–44 O 8.º Relatório do Comité de Peritos em Paludismo sugeriu que o custo de um programa bem desenvolvido para consolidar e sustentar a eliminação fosse apenas 65-75% dos custos necessários ao funcionamento de um programa “na íntegra” de controle do paludismo.45 Por um mundo livre de paludismo 19 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) QUANTIFICAÇÃO DO RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO RETORNO DO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO, DA PRODUTIVIDADE E DO CRESCIMENTO Investigação demonstra que o paludismo pode afetar de forma negativa o desempenho macroeconómico, sendo um determinante para o crescimento económico a longo prazo. A taxa de crescimento do produto interno bruto (PIB) per capita dos países endemicamente afetados pelo paludismo é 0,25–1,3 pontos percentuais mais baixa do que nos países livres de paludismo.7 Durante um período de 25 anos, o crescimento do PIB per capita nos países não afetados foi superior a mais de cinco vezes que o crescimento do PIB per capita nos países fortemente afetados pelo fardo da doença.46,47 Um estudo de impacto do nível de despesa sugeriu que, por cada dólar norteamericano per capita de investimento aplicado na luta contra o paludismo em África, haveria um aumento de 6,75 dólares norte-americanos no PIB per capita da região.48 RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO (ROI) Uma análise ROI representa uma forma de avaliar a eficiência dos investimentos, tendo em conta os recursos investidos e os montantes gerados através do aumento de receitas, da redução de custos ou ambos. Para calcular o ROI, o benefício (retorno) é dividido pelo custo e o resultado representado em forma de percentagem ou proporção. A supressão do paludismo reduz o absentismo dos funcionários e aumenta a produtividade em áreas económicas chave, como a agricultura, o comércio e a indústria (incluindo as indústrias extrativas).49–51,29 Nas economias fortemente dependentes da agricultura, a redução do paludismo aumenta o desempenho de uma produção agrícola intensa, contribuindo assim para a segurança alimentar nacional e uma maior prosperidade rural.52 Na África Subsariana, as mulheres representam 60–80% dos produtores agrícolas para consumo doméstico e para venda. O paludismo prejudica a produção laboral, interrompe o ciclo de produtividade e provoca o desvio de recursos do setor agrícola. À medida que o fardo do paludismo diminui, as mulheres vão adquirindo condições para melhor se dedicarem a uma agricultura de subsistência, aumentando assim o rendimento das colheitas e melhorando a segurança alimentar das suas famílias.49,53,54 © David Jacobs © Phillip Mostert/AngloGold Ashanti As empresas que investem na saúde dos funcionários e os protegerem do paludismo e de outras doenças reduzem os custos da atividade empresarial e aumentam a sua competitividade.5 Da mesma forma, a redução do fardo do paludismo diminui a desigualdade,55 e contribui para a criação de sociedades mais coesas e estáveis, capazes de atrair investidores e o comércio internacional e possibilitar um crescimento mais inclusivo e sustentável.5 Mais ainda, a eliminação do paludismo permite a movimentação segura de pessoas entre fronteiras regionais e nacionais, o que implica benefícios para zonas de desenvolvimento económico e para o turismo.56 A supressão do paludismo reduz o absentismo dos funcionários e aumenta a produtividade em áreas económicas chave. 20 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) RETORNOS NA PROSPERIDADE DOMÉSTICA, EQUIDADE E NA CAPACITAÇÃO DAS MULHERES © Swiss Malaria Group/Allan Jay Quesada O paludismo apanha os mais desfavorecidos numa espiral de doença, sofrimento e pobreza. A redução do paludismo contribui de forma substancial para a equidade global. Além do mais, fortalece a resiliência de comunidades inteiras, protegendo os rendimentos familiares dos custos da procura de cuidados e da perda de lucros devido à incapacidade para trabalhar.13 Todos os anos, 44 milhões de lares em todo o mundo, mais de 150 milhões de pessoas, enfretam despesas de saúde demasiado elevadas em comparação aos seus rendimentos, tendo um efeito catastrófico para o bem-estar financeiro dos agregados familiares.60 A prevenção, o diagnóstico e o tratamento do paludismo representam uma fonte significativa dessas mesmas despesas, inclusive quando não existe nenhum ou apenas pequenos encargos oficiais para os cuidados de saúde primários do setor público.61 Nos países endemicamente afetados, as famílias mais pobres são desproporcionalmente afetadas por estes custos e um único episódio de paludismo poderá ser o suficiente para colocar uma em cada três famílias afetadas numa situação de pobreza exacerbada.62,63 A prevenção do paludismo reduz os referidos custos, permitindo às famílias investirem mais em alimentação, habitação, educação, iniciativas empreendedoras ou bens. A redução do fardo do paludismo permite às pessoas envolveremse em atividades não mercantis, como atividades familiares, trabalhos domésticos, cuidados de outrem e relações sociais, todas elas gerando benefícios adicionais para as sociedades.64 Em especial, liberta as mulheres do fardo de cuidarem de familiares doentes, permitindo-lhes dedicarem-se de uma forma muito mais eficaz à geração de rendimentos e capacitando-as a participarem nas tomadas de decisões públicas.13 CUSTOS FAMILIARES PROVOCADOS PELO PALUDISMO Cerca de metade da população mundial luta pela sobrevivência com menos de 2,50 dólares norteamericanos por dia. Já foi provado que cada caso de paludismo custa às famílias 2,67 dólares norteamericanos (oscilação entre 0,34 e 7,66 dólares norteamericanos) em despesas correntes diretas. Para os adultos, isto representa uma média de 3,4 dias (oscilação entre 2 e 6 dias) de produtividade perdida, com um valor mínimo de custos indiretos adicionais de 10,85 dólares norte-americanos. As mães e outras cuidadoras sacrificam mais 2 a 4 dias de cada vez que um filho ou outro familiar contrai paludismo, o que implica novos custos indiretos às famílias.13,57–59 ©Karl Grobl for Freedom from Hunger | www.freedomfromhunger.org Quando o trabalho de cuidar dos doentes afetados por paludismo diminuir, as mulheres podem dedicar-se mais eficazmente à geração de rendimentos e à tomada de decisões públicas. Por um mundo livre de paludismo 21 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) Um investimento na luta contra o paludismo representa um investimento no futuro. Ajuda as crianças a não terem de faltar à escola, melhora a capacidade cognitiva das mesmas e aumenta a probabilidade de crescerem de forma saudável e produtiva.11,65,66 Uma avaliação aos efeitos do paludismo sobre o sucesso escolar feminino no Paraguai e no Sri Lanka identificou 0,1 anos de escolaridade adicional por cada 10% de diminuição nas taxas de incidência do paludismo, aumentando a probabilidade de serem alfabetizados em 1–2 pontos percentuais.29 © Bill & Melinda Gates Foundation Menos paludismo significa que as crianças podem frequentar a escola e crescer levando vidas saudáveis e produtivas. © Bill & Melinda Gates Foundation O progresso na prevenção do paludismo reduz não só a mortalidade materna mas também a mortalidade neonatal e infantil. O progresso verificado na prevenção do paludismo ajuda não só a reduzir mortalidade materna, mas também a mortalidade neonatal e infantil. As intervenções de luta contra o paludismo durante a gravidez podem diminuir drasticamente a anemia materna em 38%, reduzir o baixo peso à nascença em 31% e diminuir as taxas de mortalidade neonatal em 61%. Isto permite que as mães permaneçam saudáveis e cuidem do seu bebé e de outras crianças e aumenta fortemente as chances de sobrevivência dos recém-nascidos.67,68 As intervenções contra o paludismo reduziram as taxas de mortalidade infantil em 20% em países endemicamente afetados.69 Nos casos em que as crianças não sofrem repetidamente as consequências do paludismo, estas apresentam uma melhor resposta às imunizações, o que significa que estão mais protegidas em termos de saúde e que as imunizações na infância são mais eficazes.70 As reduções da mortalidade infantil têm sido associadas com a diminuição da taxa de fertilidade.71 À medida que a mortalidade infantil diminui, os pais preferem muitas vezes ter famílias menores, concentrando-se no apoio a cada criança para que estas alcancem o seu potencial máximo. O investimento em termos de capital humano é fundamental para a criação de um mundo mais equitativo e crucial de forma a promover a saúde, a prosperidade das famílias e um desenvolvimento sustentável.64 22 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) RETORNOS DA SEGURANÇA E SISTEMAS DE SAÚDE O paludismo sobrecarrega os sistemas de saúde pública e absorve uma grande parte da capacidade dos mesmos. A redução do fardo do paludismo permite que os sistemas de saúde pública sejam mais eficientes e respondam melhor às ameaças emergentes em termos de segurança sanitária. Um diagnóstico e tratamento eficazes contra o paludismo com ACT de qualidade ajudam a aumentar a confiança no setor de saúde pública, aumentando a probabilidade de as pessoas procurarem tratamento para outro tipo de doenças e estimulando a procura de serviços de qualidade.72–74 A exclusão do paludismo através de testes de diagnóstico eficazes melhora as hipóteses de detecção de outras doenças potencialmente fatais.75,76 Os esforços significativos realizados no sentido da utilização de ACT de qualidade e da apresentação de relatórios sobre o paludismo no setor de saúde privado podem contribuir para uma melhor colaboração público-privada nos sistemas de saúde. Esta colaboração proporciona ganhos em termos de eficiência do sistema, aumenta o alcance da prestação dos serviços de saúde e contribui para a necessidade de uma cobertura universal de saúde.77,78 O paludismo pode ser a causa de 50% das consultas e dos internamentos hospitalares, além de representar 40% da despesa em saúde pública onde há elevada transmissão.79,80–83 A redução deste fardo permite a realocação de recursos para o tratamento de outras doenças, como a diarreia, a anemia, a subnutrição, a pneumonia, o VIH/SIDA, a tuberculose e as doenças cardiovasculares.84,85 Permite também libertar capacidades, que os sistemas poderão redireccionar para gerir os condutores da resistência aos medicamentos antipalúdicos e agentes antimicrobianos (ambos constituindo ameaças ativas para a segurança sanitária). A eliminação do paludismo requer que as nações protejam as suas fronteiras, previnam e mitiguem ameaças; estes são também aspetos essenciais para uma segurança sanitária eficaz, regional e global.86 Os países podem utilizar os sistemas de vigilância e resposta e as capacidades necessárias à eliminação do paludismo para desenvolverem e testarem a resistência de sistemas que identifiquem, controlem e gerenciem ameaças de outras epidemias de doenças infeciosas de rápida evolução, como o Ébola, a dengue ou a epidemia da gripe.87–89,86 Independentemente da situação em que se encontre um determinado país na eliminação do paludismo, um programa eficaz de controlo da doença poderá, simultaneamente, controlar outras doenças vetoriais,90,91 e os laboratórios ou a capacidade de monitorização/monitoramento e avaliação podem ser prontamente aproveitadas para estudar outros problemas de saúde.87,88 Por último, as tarefas das pessoas envolvidas na luta contra o paludismo em comunidades podem ser adaptadas e passar a incluir a gestão de outras doenças, proporcionando assim benefícios mais amplos para a saúde das comunidades onde estão inseridos.92 A redução do fardo do paludismo permite que os sistemas de saúde sejam mais eficientes. © Swiss Malaria Group/Samson Olajide Banjo Por um mundo livre de paludismo 23 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ©Karl Grobl for Freedom from Hunger | www.freedomfromhunger.org CUSTOS E BENEFÍCIOS DA CONCRETIZAÇÃO DOS OBJETIVOS DEFINIDOS PARA 2030 NA LUTA CONTRA O PALUDISMO g O cumprimento das etapas e das metas definidas para alcançar os objetivos de 2030 na luta contra o paludismo exigirão uma maior promoção de intervenções com eficácia provada, o reforço dos sistemas de vigilância e um investimento contínuo em I&D com vista à obtenção da inovação necessária em ferramentas e abordagens. A Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS inclui cálculos para os custos económicos e financeiros deste aceleramento rumo às etapas definidas para 2020 e 2025 e às metas definidas para 2030.26,27 Os custos e os benefícios a criar por este investimento são apresentados na Figura 4. CUSTOS E BENEFÍCIOS DAS ETAPAS DEFINIDAS PARA 2020 E 2025 E DAS METAS DEFINIDAS PARA 2030 NA LUTA CONTRA O PALUDISMO h 2016 – 2020 24.5 2021– 2025 35.7 2026 – 2030 41.6 mil milhões mil milhões mil milhões $ $ $ 1.6 4.2 4.5 milhões de vidas salvas milhões de vidas salvas milhões de vidas salvas 0.4 1.3 1.3 mil milhões mil milhões mil milhões de casos evitados de casos evitados de casos evitados Figura 4 Apesar de os custos para alcançar os objetivos comuns definidos para 2030 serem elevados, os retornos sobre o investimento serão únicos. Uma análise de custo-benefício baseada na metodologia de custos da Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS demonstra que os benefícios vão aumentando de forma gradual à medida que as etapas definidas para 2020 e 2025 vão sendo alcançadas, evitando perto de 3 mil milhões de casos de paludismo e salvando mais de 10 milhões de vidas à medida que as metas estipuladas para 2030 se concretizemi, 93 Estes benefícios, apresentados na Figura 5, incluem uma poupança de custos para as famílias e para o sistema de saúde, bem como poupanças macroeconómicas provenientes dos resultados económicos gerados no caso das pessoas que não morrem nem ficam incapacitadas pela doença conseguirem entrar e permanecer no mercado de trabalho como uma força laboral produtiva.29 Em virtude disso, seriam gerados mais de 4 biliões de dólares norte-americanos de resultados económicos adicionais durante o período 2016-2030. Eventuais alterações introduzidas ao valor dos cálculos de custos da Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS afetarão os números do ROI apresentados na Figura 5. h Ao longo de todo o documento, a expressão mil milhões significa 1000 milhões. A escala curta e longa são dois sistemas usados em todo o mundo para nomenclatura de números grandes. A escala longa é usada por Portugal, todos os países lusófonos (à excepção do Brasil) e a maior parte da Europa continental. A escala curta é usada no Brasil e na maior parte dos países de língua inglesa e árabe. Desta forma •1000 milhões (Português de Portugal) = 1 bilhão, 1 billion (Português do Brasil, Inglês) •1 bilião (Português de Portugal) = 1 trilhão, 1 trillion (Português do Brasil, Inglês) g Anualmente, será necessário um acréscimo de 673 milhões de dólares norte-americanos (oscilação entre 524 e 822 milhões de dólares norte-americanos) até 2030 para financiar a I&D contra o paludismo, garantir novos desenvolvimentos e inovações e conter a ameaça da resistência aos medicamentos e inseticidas. O Anexo C fornece a repartição dos custos em I&D. 24 Estes cálculos sublinham o aumento substancial nos custos para alcançar as etapas definidas para 2020 e 2025 e as metas definidas para 2030 em cada um dos intervalos de 5 anos, em especial a partir de 2021. Isto é devido ao nível elevado de investimento necessário à eliminação, em especial para o controle de vetores, bem como ao investimento permanentemente necessário para prevenir a reintrodução do paludismo. As anteriores análises de despesa de quatro dos países que eliminaram o paludismo são ilustrativas de que os custos anuais per capita são mais elevados no início do programa e diminuem de forma substancial à medida que o país passa a prevenir a reintrodução do paludismo. No Sri Lanka, em 1948–1949, a despesa per capita era de 6,20 dólares norte-americanos (à taxa de 2013), ao passo que o custo equivalente do atual programa para impedir a reintrodução da doença é de 2,22 dólares norte-americanos.45 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) RETORNOS CUMULATIVOS SOBRE O INVESTIMENTO RELATIVOS ÀS ETAPAS PARA 2020 E 2025 E ÀS METAS ESTIPULADAS PARA 2030 NA LUTA CONTRA O PALUDISMO 2020 0.7 2025 2030 2.3 biliões 4.1 biliões biliões $ $ $ 28:1 38:1 40:1 ROI ROI ROI Aumento de produtividade no local de trabalho e na escola Sistemas de saúde mais fortes Maior prosperidade por parte das famílias O retorno de 60:1 sobre o investimento aplicado para alcançar os objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo na África Subsariana tem potencial para desbloquear um crescimento transformador e inclusivo em todo o continente. © Bill & Melinda Gates Foundation Figura 5 Os resultados desta análise sugerem que o retorno geral sobre o investimento, aplicado com vista aos objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo, oscila entre 28:1 e 40:1. Uma desagregação por regiões apresenta um ROI de quase 60:1 para a África Subsariana. Estes resultados são ainda mais significativos do que as estimativas anteriores e impressionantes sob todos os ângulos. Em especial, salientam o potencial transformador de crescimento que este investimento poderia desbloquear para a região da África Subsariana. Uma diferente avaliação de custo-benefício conduzida sobre os objetivos e as metas definidas para a agenda de desenvolvimento do pós-2015 identificou também evidências sólidas segundo as quais os benefícios económicos apresentados para reverter a propagação do paludismo e reduzir anualmente o número de mortes por paludismo em 95% seriam 15 vezes superiores aos benefícios dos custos: um ROI que é classificado como “fenomenal”.94 Os 4 biliões de dólares norte-americanos em resultados económicos são positivos quando comparados com outros dados. Em termos hipotéticos, a eliminação do paludismo a nível global foi estimada num eventual benefício económico líquido de 208,6 mil milhões de dólares norte-americanos para o horizonte temporal 2013-2035.29 Num desenvolvimento adicional deste trabalho, o valor em questão foi revisto para o equivalente a 269,3 mil milhões de dólares norte-americanos para o horizonte temporal 2016-2030 somente para a região de África – um valor que é aproximadamente o equivalente a 17% do PIB combinado de 2013 para 47 países da África Subsariana.95,96, k No Anexo D, é apresentado um resumo da metodologia de análise de custo-benefício O cálculo original cobriu o período 2013–2035 e apresentou um valor líquido atual de 332 mil milhões de dólares norte-americanos. Este valor foi ajustado para coincidir com o período 2016-2030 da AIM de forma a facilitar a comparação.95 i k Por um mundo livre de paludismo 25 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ESTUDOS DE CASO: COMO UM PEQUENO INVESTIMENTO NA LUTA CONTRA O PALUDISMO PODE TRAZER GRANDES BENEFÍCIOS PARA AS FAMÍLIAS DE QUALQUER PARTE DO MUNDO ESTUDO DE CASO DA NIGÉRIA Ngozi Nwankwo é viúva e gere uma família numa zona rural do sudeste da Nigéria. Antigamente, perdia mais de 20 dias de trabalho por ano, ou porque ela própria tinha paludismo ou porque passava tempo a cuidar de outras pessoas com paludismo. A Sra. Nwankwo e a sua família dependem da produção de produtos hortícolas e das suas culturas, utilizando os poucos fundos de que dispõem para comprar sementes. Durante a estação chuvosa, é necessário que a Sra. Nwankwo semeie a propriedade. No entanto, como esta é também a altura em que existem mais mosquitos, as crianças ficavam regularmente doentes, afetando assim a capacidade de trabalho da Sra. Nwankwo. Por isso, as suas culturas eram frequentemente fracas em termos de produção e o agregado familiar enfrentava graves desafios respeitantes á segurança alimentar. Depois de receber redes mosquiteiras e informações sobre a utilização correta dos mesmas, a vida da Sra. Nwankwo e da sua família melhorou de forma significativa. Ela tem estado de boa saúde e os filhos raramente ficaram doentes com paludismo. Isto permitiu-lhe cuidar da produção de uma forma mais eficiente e poupar dinheiro para comprar fertilizantes. As colheitas são agora muito mais produtivas conseguindo por vezes vender alguns produtos no mercado. © Bill & Melinda Gates Foundation À medida que o fardo do paludismo diminui, as mulheres vão adquirindo condições para se dedicarem mais eficazmente a uma agricultura de subsistência, aumentando assim as colheitas e melhorando a segurança alimentar das suas famílias. 26 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) © Bill & Melinda Gates Foundation ESTUDO DE CASO DA ÍNDIA © Bill & Melinda Gates Foundation Madan Prakash e a mulher Subiti vivem num bairro de lata, num estaleiro de construção do nordeste da Índia. O lar em que vivem oferece poucas condições de proteção contra as intempéries climáticas, estando a família agora a enfrentar o início das monções. Toda a família, em especial as crianças, ficam repetidamente doentes com paludismo. Todas as manhãs, ao início do dia, Madan desloca-se ao estaleiro de construção para procurar trabalho. No entanto, como nem sempre consegue alguma coisa para o resto do dia, Subiti também tem de sair todos os dias à procura de outras formas de receber dinheiro ou alimentos. A filha mais velha do casal, Namrata, teve de abandonar os estudos para cuidar dos irmãos mais novos. Quando uma ONG local se deslocou ao seu bairro, Madan e Subiti receberam duas redes mosquiteiras e ajuda para pendurá-las no teto. Os pais dormiram sob uma e as crianças dormiram sob a outra. Desde que receberam as redes, Madan e Subiti não voltaram a ficar doentes, o que lhes permitiu procurar trabalho de uma forma mais consistente e assim aumentar o rendimento familiar. Conseguiram melhorar as condições do seu abrigo e pouparam algum dinheiro para poderem ir ao hospital caso os filhos precisem de cuidados. Com o início das chuvas, um dos filhos mais novos do casal ficou doente, mas, em termos globais, a frequência da doença diminuiu o que permitiu às crianças retomarem a sua energia depois de cada ocorrência. Subiti espera que, em breve, possam pagar a quem tome conta dos filhos mais novos para que Namrata possa voltar à escola. Por um mundo livre de paludismo 27 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) INSUCESSO E O IMPACTO DO REAPARECIMENTO Apesar da argumentação convincente a favor do investimento na luta contra o paludismo, os níveis de financiamento ficam bastante aquém do montante necessário, havendo o risco de os ganhos atuais se perderem. O custo de um eventual não cumprimento das etapas definidas para 2020 e 2025 e das metas estipuladas para 2030 será catastrófico e infinitamente superior ao montante necessário para alcançar essas mesmas etapas e metas. Se a cobertura das intervenções contra o paludismo diminuir, seguir-se-á um reaparecimento dramático. Esta situação poderá conduzir a uma prevalência superior do que a inicialmente registada (conforme ilustrado na Figura 6) uma vez que, à medida que o número de casos for reduzindo, a imunidade adquirida pelas pessoas contra o paludismo diminui, deixando-as mais vulneráveis à doença clínica e a doenças graves.32,97 O reaparecimento aumenta também o risco de resistência aos medicamentos e aos inseticidas e conduz à fraqueza humana, ao sofrimento e à morte em todas as faixas etárias.98 À medida que os países passam de um nível elevado para um nível reduzido de transmissão do paludismo, poderão ocorrer epidemias ocasionais ou outros contratempos. Esta é uma situação normal e não deverá ser encarada como sinal de fracasso. No entanto, é importante implementar uma resposta agressiva para conter problemas deste género. APRENDER COM O PASSADO A história adverte que os ganhos adquiridos na luta contra o paludismo são frágeis e dependem de um investimento suficiente e sustentado. Entre as décadas de 1930 e 2000, foram registados 75 episódios de reaparecimento em 61 países. A maioria destes reaparecimentos resultou do enfraquecimento dos programas de controle do paludismo devido sobretudo à falta de recursos.32 ÍNDIA Prevalência do parasita Prevalência do parasita Cálculo da positividade Cálculo da positividade A REMOÇÃO DAS MEDIDAS DE CONTROLO CONDUZ AO REAPARECIMENTO DA DOENÇA, COM NÍVEIS DE PREVALÊNCIA FREQUENTEMENTE SUPERIORES AOS ANTERIORMENTE REGISTADOS DEVIDO À DIMINUIÇÃO DA IMUNIDADE DA POPULAÇÃO 14%14% SUDÃO 35%35% 12%12% 30%30% Financiamento Financiamento retirado retirado 10%10% 25%25% seguido seguido por por falta falta de IRS de IRS 6% 6% 15%15% 4% 4% 10%10% 2% 2% 5% 5% 0% 0% 0% 0% 1975 1975 1977 1977 1979 1979 1981 1981 1983 1983 1985 1985 1987 1987 1989 1989 1991 1991 1993 1993 20%20% 1961 1961 1963 1963 1965 1965 1967 1967 1969 1969 1971 1971 1973 1973 1975 1975 1977 1977 1979 1979 1981 1981 1983 1983 8% 8% Exemplos históricos da Índia, do Sudão e da Tailândia. Fonte: Cohen et al., 2012 32 Figura 6 28 FimFim do do programa programa Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) Cálculo da Cálculo da positividade positividade Os custos de um eventual não cumprimento serão catastróficos e infinitamente superiores ao montante necessário para alcançar as metas estipuladas para 2030 no combate ao paludismo. Estes custos serão suportados pelas economias, pelas empresas e pelos sistemas de saúde e podem estender-se aos países que partilham fronteiras com os países que registam casos de reaparecimento da doença. Os custos e as perdas do insucesso a longo prazo e o respetivo fardo económico serão suportados pelas economias, pelas empresas e pelos sistemas de saúde. O impacto sentido poderá estender-se aos países que partilham fronteiras com os países que registam casos de reaparecimento da doença, mesmo que esses países tenham continuado a investir na erradicação do paludismo. Em particular, a maior parte dos custos será suportada pelas famílias, com as famílias mais pobres a pagarem o preço mais elevado. Este insucesso prejudicaria essencialmente o ODS de procurar terminar com a extrema pobreza até 2030. Acima de tudo, representaria o insucesso na proteção do investimento aplicado, sem precedentes até à data, e prejudicaria a oportunidade atual de libertar as gerações futuras deste antigo flagelo. TAILÂNDIA 9%9% 8%8% 7%7% 6%6% 5%5% Fim Fim dadafase fase dedeataque ataque 4%4% 3%3% 2%2% 1%1% 1965 1965 1967 1967 1969 1969 1971 1971 1973 1973 1975 1975 1977 1977 1979 1979 1981 1981 1983 1983 1985 1985 1987 1987 0%0% © Swiss Malaria Group/Anna Wang Por um mundo livre de paludismo 29 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) CÁLCULO DOS CUSTOS HUMANITÁRIOS E ECONÓMICOS DO INSUCESSO A incapacidade de garantir apoio político e financeiro sustentável no controlo e na eliminação do paludismo conduzirá ao reaparecimento da doença, o que diluirá os ganhos obtidos com os investimentos aplicados até à data e resultará em custos ainda maiores para os países e para a comunidade global. A análise apresenta os custos impressionantes que surgirão durante o horizonte temporal 2016-2030 se os atuais níveis de cobertura na intervenção contra o paludismo reverterem para os níveis de 2007 (por exemplo, antes do lançamento do primeiro GMAP) (Figura 7). CUSTOS E PERDAS DE VIDAS DURANTE O HORIZONTE TEMPORAL 2016-2030 SE OS ATUAIS NÍVEIS DE COBERTURA NA INTERVENÇÃO CONTRA O PALUDISMO REVERTESSEM PARA OS NÍVEIS DE 2007 © Swiss Malaria Group/Benjamin Moldenhauer DE RESULTADOS ECONÓMICOS PERDIDOS © Swiss Malaria Group/Daniel Bridges 2 18 Deloitte Development ©2015 1.2 biliões de dólares norte-americanos milhões DE CASOS ADICIONAIS QUE REQUEREM HOSPITALIZAÇÃO © Swiss Malaria Group/Indonesia Malaria Care Foundation 1 mil milhões mil milhões DE DIAS DE TRABALHO PERDIDOS POR ANO DE CASOS DE PALUDISMO ADICIONAIS © Swiss Malaria Group/Anne Heslop DE MORTES ADICIONAIS © Swiss Malaria Group/Jenn Warren 3.7 milhões Figura 7 Cálculos efetuados com base em níveis de cobertura de intervenções contra o paludismo para 2016-2030 revertidos para níveis de 2007. O Anexo D explica a metodologia seguida. 30 5.2 Por um mundo livre de paludismo mil milhões DE DÓLARES NORTEAMERICANOS EM CUSTOS DIRETOS PARA OS SISTEMAS DE SAÚDE E PARA AS FAMÍLIAS Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) CONSTRUIR E PROMOVER O INVESTIMENTO 4. MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS O financiamento na luta contra o paludismo tem aumentado de forma substancial desde 2000, mas ainda está bastante aquém do montante necessário para a obtenção dos objetivos definidos para 2030. No entanto, existe um bom potencial para aumentar o investimento em questão através de uma combinação de financiamento interno e externo. CENÁRIO FINANCEIRO ATUAL Desde 1998, o financiamento na luta contra o paludismo aumentou de forma substancial, atingindo os 2,7 mil milhões de dólares norte-americanos em 2013. Desde 1998, o financiamento na luta contra o paludismo aumentou de forma substancial, atingindo os 2,7 mil milhões de dólares norte-americanos em 2013 e é esperado que aumente para 3,2 mil milhões de dólares norte-americanos em 2016 (Figure 8). Os recursos externos (de doadores) financiaram a maior parte das despesas acrescidas, aumentando drasticamente de um valor inferior a 100 milhões de dólares norte-americanos em 1998 para 2,1 mil milhões de dólares norteamericanos em 2013, com um aumento anual de 43% entre 2005 e 2009. Da mesma forma, o financiamento interno dos programas de luta contra o paludismo também aumentou, representando um quinto do financiamento total (527 milhões de dólares norte-americanos, ou seja, 20%) em 2013. O Fundo Global forneceu a maior parcela do financiamento contra o paludismo (mil milhões de dólares norte-americanos, ou seja, 40% do total). Os governos doadores constituem a maior fonte de financiamento do Fundo Global, mas o setor privado e outros doadores não governamentais representam uma parcela cada vez mais importante das contribuições em dinheiro do Fundo Global. As outras principais fontes de financiamento na luta contra o paludismo são a Iniciativa Presidencial contra o Paludismo do Governo dos EUA (PMI) (675 milhões de dólares norteamericanos, ou seja, 26% do financiamento total em 2013), o Governo do Reino Unido (179 milhões de dólares norte-americanos, ou seja, 7%) e o Banco Mundial (71 milhões de dólares norte-americanos, ou seja, 3%). Tanto o Governo do Reino Unido como o Governo dos EUA contribuem também através do Fundo Global. Quando se analisa os números mais pormenorizadamente para comparar os países em fase de controlo do paludismo com os países em fase de eliminação ou prevenção da reintrodução da doença, surgem padrões diferentes. Em 2013, o financiamento externo contribuiu com 66% das despesas de combate ao paludismo nos países em fase de controle da doença em comparação com um total de apenas 7% nos países em fase de eliminação ou prevenção da reintrodução da doença, tendo o restante financiamento sido proporcionado por fontes internas (Anexo E). Em 2013, o principal financiador da I&D era o Instituto Nacional de Saúde dos EUA (25%), seguido pela Fundação Bill & Melinda Gates (22%), que, além da I&D, é também um dos principais financiadores dos esforços globais em saúde e na luta contra o paludismo. A terceira principal fonte de financiamento para a I&D na área em questão é a indústria farmacêutica e biotecnológica (15%), seguida pelo Departamento para Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID) (5%) e pelo Wellcome Trust (5%). Por um mundo livre de paludismo 31 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) FONTES DOS FUNDOS GASTOS NA LUTA CONTRA O PALUDISMO DESDE 2005 E FINANCIAMENTO PREVISTO ATÉ 2016 AMFm Fundo Global Banco Mundial DFID USAID/PMI Outros* Interno * Outras contribuições indicadas por outros parceiros bilaterais e multilaterais, ONG e fundações. $3,500,000,000.00 $3.1 $3.2 Contribuição em dólares norte-americanos mil milhões de $ mil milhões de $ $3,000,000,000.00 $2.6 $2.2 $2,500,000,000.00 $2.3 $2.3 $2.7 mil milhões de $ mil milhões de $ mil milhões de $ mil milhões de $ $2.5 mil milhões de $ mil milhões de $ $2,000,000,000.00 $1.6 $1,500,000,000.00 $1,000,000,000.00 $1.2 $917 $1.1 mil milhões de $ mil milhões de $ 2005 2006 2007 milhões de $ mil milhões de $ $500,000,000.00 $ ANO 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Figura 8 AMFm, Mecanismo de Medicamentos para o Paludismo a Preços Acessíveis; DFID, Departamento para Desenvolvimento Internacional do Reino Unido; Fundo Global, Fundo Mundial de Luta contra a Sida, Tuberculose e Paludismo; PMI, Iniciativa Presidencial contra o Paludismo do Governo dos EUA e USAID, Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional Fonte: Os dados de financiamento relativos ao paludismo 2005–2013 provêm do Relatório sobre o paludismo no mundo 2014; os dados sobre o financiamento previsto até 2016 foram facultados pelo Plano Mundial contra o Paludismo (GMP) da OMS Apesar de os aumentos verificados ao nível do financiamento contra o paludismo terem sido impressionantes, os 2,7 mil milhões de dólares norte-americanos angariados em 2013 ficam bastante aquém dos 5,1 mil milhões de dólares norte-americanos previstos no primeiro GMAP como necessários. Fica também bastante abaixo do financiamento ainda maior, necessário para cumprir as etapas definidas para 2020, que nos colocam na rota dos objetivos de 2030 na luta contra o paludismo. Para alcançar estes objetivos, é necessário que o financiamento total seja superior ao dobro. A situação atual apresenta-se como um desafio na medida em que tanto a taxa de aumento como a proporção de assistência ao desenvolvimento em saúde atribuídas na luta contra o paludismo têm diminuído desde 2010 e, na verdade, o financiamento de atividades de I&D no combate à doença diminuiu 7% em 2013, ficando-se nos 549 milhões de dólares norte-americanos.99,100 Mais ainda, nos últimos anos, o financiamento interno não tem aumentado ao mesmo ritmo do financiamento externo e sim diminuído desde que atingiu o pico de 598 milhões de dólares norte-americanos em 2011. Em consequência, são muitos os sistemas de saúde que continuam fortemente dependentes de pagamentos correntes diretos, a forma menos equitativa de financiamento em saúde, que impede igualmente os mais pobres e vulneráveis de obterem os cuidados necessários no que se refere ao paludismo. Apesar destes problemas, as perspetivas de angariar fundos adicionais para a luta contra o paludismo são positivas. Nos últimos 20 anos, o crescimento económico dos países de baixo e médio rendimento já permitiu, em termos fiscais, um crescimento da despesa pública em saúde, sendo previsível que continue a aumentar.101 Por exemplo, dois terços dos países Africanos registaram 10 anos ou mais de crescimento económico ininterrupto, sendo previsível que continuem a crescer a uma taxa média anual de cerca de 5% na região da África Subsariana e a uma taxa superior em alguns países da Ásia e das Américas. Por si só, esta taxa de crescimento permitiria que as despesas internas relativas à luta em questão duplicassem entre 2016 e 2030, mesmo que os países mantivessem o nível de alocação à saúde nos orçamentos nacionais, bem como a mesma prioridade no combate ao paludismo. Se os países aumentassem simultaneamente as contribuições destinadas à saúde e à luta contra o paludismo, a despesa poderia duplicar em muitos países (claramente, isto exigiria um forte compromisso político). 32 Por um mundo livre de paludismo A concretização dos objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo dependerá da mobilização de níveis maiores de financiamento previsível e sustentado. Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) AUMENTO DO INVESTIMENTO A concretização dos objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo dependerá da mobilização de níveis superiores de financiamento previsível e sustentado e exigirá um esforço exponencial num mundo cada vez mais complexo. Muitos dos principais doadores terão dificuldades em manter os atuais níveis de suporte, salvo em caso de desenvolvimento da economia global. Os compromissos por uma assistência ao desenvolvimento são cada vez menores, apesar de o resultado ainda não se ter feito sentir em termos de desembolsos, ao passo que os países endemicamente afetados pelo paludismo têm uma variedade enorme de problemas de saúde para resolver.78,102 A necessidade de encontrar estratégias sólidas de mobilização de recursos para lidar, em todos os níveis, com a questão específica do paludismo nunca foi tão grande, sendo que a sempre presente ameaça do reaparecimento da doença torna a redução do investimento ainda mais perigosa, mesmo em contextos de baixa transmissão. À medida que a transmissão for diminuindo, a doença torna-se menos visível, criando o risco de supressão do financiamento ou até mesmo uma atitude negligente por parte dos programas de luta contra o paludismo, dos responsáveis políticos e das comunidades. Assim, é necessário que o financiamento seja decidido em função da atual taxa de transmissão, bem como do potencial de transmissão inerente, que permanece elevado mesmo em zonas que estejam quase a eliminar a doença. Desta forma, o modelo de novas atribuições do Fundo Global tem em consideração as taxas de transmissão atuais e as anteriores (isto é, as taxas anteriores à promoção do controle), representando estas últimas uma aproximação do potencial de transmissão intrínseco ao país. Em termos globais, será necessário suportar uma maior despesa interna através de um financiamento externo acrescido, em especial em países em que os encargos do paludismo são elevados e que os níveis iniciais de rendimento per capita são baixos, bem como países em crise ou numa situação frágil. MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS ADICIONAIS INTERNOS Muitos governos de países com fardos consideráveis da doença continuam a não dar prioridade elevada à saúde. Um estudo com 46 países de baixo e médio rendimento demonstrou que a despesa governamental em matéria de saúde era inferior a 10% do total da despesa governamental em mais da metade destes países e inferior a 5% em 10 deles.103 Se estes 10 países assumissem o objetivo de atribuir 15% da despesa governamental à área da saúde, as despesas públicas em termos de luta contra o paludismo triplicariam, mesmo que a parcela atribuída à problemática em questão não aumentasse. Se, pelo contrário, os países com despesas inferiores a 10% assumissem uma despesa de 15%, as despesas resultantes da luta contra o paludismo aumentariam, pelo menos, em 50%. Simultaneamente, se os governos pudessem ser persuadidos a dar uma maior prioridade ao paludismo no orçamento para a saúde, nesse caso os fundos disponíveis aumentariam ainda mais, em especial quando combinados com o forte crescimento económico previsto. No entanto, isso exigiria um compromisso político e alterações ao nível dos comportamentos atuais. A título de exemplo, os chefes de estado africanos prometeram atribuir 15% do orçamento nacional à saúde em 2001. Ainda assim, em 2011, apenas 6 dos 55 Estados-Membros da União Africana – Libéria, Madagáscar, Malawi, Ruanda, Togo e Zâmbia – tinham cumprido este objetivo. Vários países estão ao alcance deste objetivo, mas muitos outros diminuíram inclusive as alocações.104 A INDONÉSIA AUMENTA A RECEITA FISCAL AO PROMOVER O CUMPRIMENTO A Direção-Geral da Fiscalização Indonésia simplificou o sistema fiscal para incentivar o cumprimento voluntário dos cidadãos, segundo o qual os contribuintes efetuam uma autoavaliação e, em seguida, pagam os impostos referentes aos rendimentos declarados. Esta medida obteve resultados positivos, com um aumento da receita fiscal de 9,9% para 11% do PIB não petrolífero nos 4 anos de implementação. A receita fiscal adicional implicou um aumento global da despesa governamental, tendo a despesa em matéria de saúde crescido de forma mais rápida do que noutros setores. De facto, é possível dar uma maior prioridade à saúde e à problemática do paludismo, mas isso automaticamente implica dar uma menor prioridade a outros setores. A OMS defende que todos os países poderiam arrecadar fundos adicionais para a saúde, sendo que pelo menos uma parte deles poderia ser utilizada para controlar e eliminar o paludismo.78 Para mobilizar recursos adicionais para a saúde e para a luta contra o paludismo, em especial em países de baixo e médio rendimento, é necessário que sejam tomadas medidas para reforçar a cobrança de receitas, ampliando para isso as bases tributárias e melhorando a administração fiscal. Tais medidas já apresentam alguns resultados em vários países. Por exemplo, enquanto grupo, os países de baixo rendimento agiram entre 1990 e 2011 e aumentaram a receita governamental de 13% para 17% do PIB.104 Por um mundo livre de paludismo Deloitte Development ©2015 33 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) A introdução de opções inovadoras para elevar a receita pode aumentar de forma substancial o financiamento para a saúde e para a luta contra o paludismo, enquanto complementa atividades de melhoria da eficiência dos sistemas fiscais e de cobrança de receitas. Algumas opções inovadoras aplicam-se não apenas a países endémicos ou em fase de eliminação, mas também a doadores tradicionais à procura de diversificar as fontes de financiamento. Todas estas opções podem apresentar desafios e implementá-las requer relações saudáveis com um vasto grupo de partes interessadas, astúcia política e um trabalho exploratório e transparente para auxiliar a tomada de decisão sobre quando e como proceder ou se devem ser realizados procedimentos.105 Para expandir o financiamento interno na luta contra o paludismo, é necessário que sejam tomadas medidas para: • a umentar ou canalizar uma proporção dos direitos de importação ou exportação ou do imposto sobre o valor acrescentado (IVA) para a saúde ou luta contra o paludismo. Por exemplo, o Gana financia em grande medida o regime do seguro nacional de saúde através de uma taxa de 2,5% sobre o IVA; • a nalisar o potencial de introdução obrigatória de taxas solidárias sobre bilhetes de avião e impostos sobre transações de moeda estrangeira e o álcool, tabaco ou outros produtos prejudiciais à saúde (os chamados “impostos do pecado”). Por exemplo, o Egito, o Paquistão, a Tailândia e o Vietname recorreram com sucesso aos impostos do pecado para ajudarem a financiar os respetivos sistemas de saúde;105 • e xplorar possibilidades de introdução de contribuições solidárias voluntárias realizadas por telemóvel tanto para indivíduos como para empresas; • c onsiderar a introdução de taxas de turismo nos países em que o turismo é um setor importante ou ponderar a adoção de uma componente dedicada à luta contra o paludismo sobre as taxas de hotel ou de aeroporto (estas poderão já ser bem aceites); • i ntroduzir obrigações à diáspora (a venda de obrigações governamentais a cidadãos residentes no estrangeiro) em países com uma população emigrante significativa; a receita das obrigações pode ser dedicada à saúde e, com a mensagem correta, poderá ser possível destinar uma parcela dos fundos à luta contra o paludismo. Recursos úteis: • Relatório Mundial da Saúde: Financiamento dos sistemas de saúde. O caminho para a cobertura universal.78 • Lessons learned from working to increase domestic financing for malaria in Africa 2012-2014.105 Para aumentar o financiamento a aplicar na luta contra o paludismo através de inovações globais e regionais, em colaboração com países endémicos ou em fase de eliminação, é necessário: • a valiar mais pormenorizadamente o potencial das obrigações sobre o paludismo e de instrumentos de recompensa pelo desempenho, que poderão representar uma forma de obter um maior financiamento para os programas de luta contra o paludismo; •p romover as vantagens da Pledge Guarantee for Health (PGH), uma parceria de financiamento inovadora criada com o intuito de impulsionar a disponibilidade e a previsibilidade do financiamento dos investidores internacionais no que respeita aos serviços de saúde. Em 2011, o Governo da Zâmbia aproveitou o PGH para apressar a distribuição de 800 000 redes mosquiteiras de proteção contra o paludismo antes do início do pico das estações chuvosas, poupando milhares de vidas e, potencialmente, milhões de dólares em saúde local. O processo de financiamento e aquisição demorou apenas 6 semanas em comparação com as habituais 33 semanas;106,107 34 • c ontinuar a aperfeiçoar e a promover os acordos de conversão de dívida, através dos quais as dívidas dos países em desenvolvimento podem ser canceladas desde que o montante acordado seja investido em saúde ou na luta pela proteção contra o paludismo – os acordos funcionam de forma bilateral entre um determinado doador e um país, sendo que o Fundo Global já deu provas de sucesso com o mecanismo Debt2Health;108 • a proveitar o aumento de transparência nas negociações das corporações multinacionais de forma que os países anfitriões recebam uma parcela mais justa de receitas de impostos e regalias; nas indústrias extrativistas, esta ideia é defendida pelo grupo de ativistas “Publique o que paga” e pela Iniciativa de Transparência da Indústria Extrativista;109,110 • e xplorar o potencial de aproveitamento do poder do empreendedorismo social para catalisar ideias inovadoras em busca de um público mais vasto na luta contra o paludismo – ao contrário das empresas corporativas tradicionais, as iniciativas empresariais sociais concentram-se na maximização de lucros em termos de benefício social. As agências privadas e públicas em todo o mundo atribuem um financiamento cada vez maior para ajudar na descoberta de inovações que demonstrem sucesso e potencial na replicação à escala;111 e • promover parcerias regionais para atrair financiamento de governos com interesse em contribuir para melhorar a saúde e erradicar o paludismo na respetiva proximidade geográfica. © Bill & Melinda Gates Foundation AUMENTO DO RENDIMENTO PARA A LUTA CONTRA O PALUDISMO ATRAVÉS DE OPÇÕES DE FINANCIAMENTO INOVADORAS INICIATIVAS DE FINANCIAMENTO REGIONAL O Banco Asiático de Desenvolvimento (BAsD) criou um Fundo Fiduciário Regional de luta contra o Paludismo e Outras Doenças Transmissíveis. Este é o primeiro fundo a emergir do novo Mecanismo de Parceria para o Financiamento em Saúde do BAsD, que procura atrair o cofinanciamento de economias regionais, de parceiros para o desenvolvimento, do setor privado e de fundações. O Secretariado da Aliança de Líderes da Ásia-Pacífico contra o Paludismo tem sede no BAsD. O Banco apoiará e fortalecerá os dois grupos de trabalho da Aliança no sentido de manterem o financiamento para a eliminação e garantirem a qualidade, mantendo medicamentos e tecnologias acessíveis na luta contra o paludismo. O Fundo Global atribuiu 10 milhões de dólares norte-americanos à Iniciativa para a Eliminação do Paludismo na Mesoamérica e Ilha Hispaniola (EMMIE, sigla em Espanhol) para suportar 10 países à medida que estes eliminam a doença. Os países recebem o financiamento solicitado assim que atingirem as metas traçadas, numa tentativa de catalisar o progresso rumo à eliminação através de uma maior cooperação regional e premiando o desempenho. Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) MANUTENÇÃO E EXPANSÃO DA BASE DE DOADORES TRADICIONAIS E FOCO SOBRE O INVESTIMENTO DAS ECONOMIAS EMERGENTES Para manter, e até mesmo aumentar, o financiamento dos doadores tradicionais, enquanto se expande a base de doadores de países que virão ainda a contribuir, é necessário que sejam tomadas medidas para: •d emonstrar o impacto multissetorial do investimento na luta contra o paludismo junto de agências bilaterais e multilaterais, incluindo o Banco Mundial e os bancos regionais de desenvolvimento, com legitimidade para promoverem o desenvolvimento humano e físico em países endemicamente afetados e com baixo rendimento; •p romover a importância de integrar a luta contra o paludismo em projetos de desenvolvimento significativos financiados pelo recente Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIDB, sigla em Inglês), liderado pela China, e pelo Banco de Desenvolvimento dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), como forma de explorar estes elevados volumes de negócios; •p osicionar o paludismo na vasta agenda do reforço do sistema de saúde e da saúde global (por exemplo, através de um alinhamento com o movimento Every Woman Every Child com vista a um aproveitamento eficaz do novo Mecanismo de Financiamento Global do Banco Mundial); Demonstrar o impacto multissetorial do investimento na luta contra o paludismo abre novas oportunidades de financiamento. APROVEITAMENTO DAS NOVAS FONTES DE FINANCIAMENTO © Karl Grobl for Freedom from Hunger | www.freedomfromhunger.org Em 2011, o governo de Benim abordou a Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) do Banco Mundial para solicitar um montante adicional de 32 milhões de dólares norte-americanos destinados à luta contra o paludismo, uma vez que existia consenso quanto ao impacto positivo que tal implicaria para o PIB. Para estimular o financiamento, os ministérios das finanças e da saúde teriam de trabalhar em estreita colaboração. Estes apresentaram uma argumentação convincente em termos socioeconómicos a favor do investimento e o pedido foi processado em 3 meses.112 • t irar partido do financiamento a disponibilizar para reforço dos sistemas nacionais com vista a uma maior segurança sanitária, sendo os procedimentos de vigilância na luta contra o paludismo e as respostas dadas em situação de epidemia, bem como a vigilância à resistência de medicamentos e antibióticos, essenciais para esta agenda; •d esenvolver alianças entre programas de luta contra o paludismo, ministérios da saúde e parceiros ambientais e de desenvolvimento relevantes (incluindo as agências nacionais de meteorologia) como uma forma de garantir o acesso a fundos de adaptação, no sentido de gerenciar riscos relacionados com o clima para o sucesso dos programas de paludismo; • c ontinuar a identificar as necessidades de financiamento e alinhar as mesmas com os fundos disponíveis, incluindo suporte do processo de proposta de subsídios do Fundo Global; e • c ontinuar a definir as prioridades das agendas nacionais e o eventual alinhamento das mesmas com a integração e programação da luta contra o paludismo em economias emergentes, como os países BRICS e MINT (México, Indonésia, Nigéria e Turquia) e os Estados do Golfo. Por um mundo livre de paludismo 35 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) AUMENTO DO INVESTIMENTO DO SETOR PRIVADO O investimento do setor privado na luta contra o paludismo tem um enorme potencial de crescimento. Muitas empresas do setor privado e indivíduos com grande poder monetário residentes ou a trabalhar em países endemicamente afetados têm interesse no investimento, mas podem não saber como converter esse interesse em contribuições significativas. Em simultâneo, os governos recorrem de forma inteligente às políticas adotadas para explorarem a riqueza do setor privado. A título de exemplo, na Índia, as empresas são obrigadas, por lei, a investir 2% dos respetivos rendimentos em princípios de responsabilidade social corporativa, abrindo boas perspetivas para os defensores da luta contra o paludismo no país. Para aumentar o investimento no setor privado, é necessário que sejam tomadas medidas para: •d esenvolver uma estratégia de compromisso corporativo para aproveitar os progressos promovidos pelo setor público no controle do paludismo e envolver mais empresas a todos os níveis (global, regional e nacional), podendo este envolvimento assumir a forma de oportunidades de patrocínio, tais como financiamento, apoio em géneros ou a criação de mecanismos de financiamento inovadores (por exemplo, subsídios ou mecanismos de complementação de doações); •d efender os benefícios de programas para implementação no local de trabalho que promovam a prevenção e o tratamento contra o paludismo junto de empresas com atividade laboral em países endemicamente afetados pela doença; •p romover um maior envolvimento com OSC em países doadores e contextos endemicamente afetados pelo paludismo (por exemplo, o Rotary e o Lions clubs) para criar nestes um maior interesse pelo financiamento de atividades de controle da doença; e • v isar indivíduos com um elevado património em países com todos os tipos de rendimento e incentivá-los a contribuírem para o financiamento da luta contra o paludismo. ENVOLVER AS INDÚSTRIAS EXTRATIVAS No Brasil, as empresas com atividade laboral na região da Amazónia são obrigadas, por lei, a financiar os programas de prevenção e controlo do paludismo nas respetivas áreas de influência. Estes programas são monitorizados pelo Governo Federal do Brasil e implementados ao nível local com a administração municipal de saúde. Entre 2007 e 2014, as empresas investiram mais de 40 milhões de dólares norteamericanos na melhoria dos serviços de saúde locais, em medidas de vigilância contra o paludismo e em atividades de controlo da doença. DESENVOLVIMENTO DE UMA ESTRATÉGIA DE MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS A argumentação convincente que defende o investimento na luta contra o paludismo, incluindo a evidência dos benefícios do referido investimento no desenvolvimento e no sistema de saúde em geral, representa uma oportunidade em prol de um maior financiamento para a luta em questão. É necessário que os países adotem um plano estratégico nacional de luta contra o paludismo baseado em evidências e que se apresente em consonância com as prioridades definidas no plano estratégico nacional para a saúde em geral. Ambos os documentos devem obedecer a uma consulta de longo alcance e dar provas de consenso. Um plano estratégico nacional de luta contra o paludismo fornece aos investidores locais uma visão geral, estratégias de qualidade e objetivos programáticos. Este plano estratégico requer um plano operacional que descreva as principais atividades de obtenção dos referidos objetivos, metas a atingir, entidades responsáveis e orçamento necessário. Os planos estratégicos e operacionais nacionais de luta contra o paludismo devem ser integrados nos planos de financiamento do setor da saúde do país e nos processos mais amplos de definição de prioridades e orçamentos. Considerando estes planos como o ponto de partida, os países são igualmente incentivados a desenvolver uma estratégia de mobilização de recursos que poderá ser utilizada por programas de combate ao paludismo e pelos respetivos parceiros para estes solicitarem uma maior parcela dos fundos existentes ou a parcela adequada de eventuais fundos que possam ser disponibilizados. O desenvolvimento desta estratégia exige um trabalho de preparação sólido, incluindo a análise de eventuais lacunas de financiamento e mapeamento de possíveis novos financiadores. Uma estratégia de mobilização de recursos consiste num documento multifuncional que poderá ser utilizado para atrair financiamento internacional (por exemplo, através da contribuição dada para um documento de síntese do Fundo Global), bem como para aumentar o financiamento interno de fontes públicas e privadas. A estratégia deve apresentar o ROI previsto e explicar de que forma o retorno poderá ser medido. Será necessária uma adaptação próxima ao contexto epidemiológico e socioeconómico, à realidade do país rumo à eliminação e aos interesses do eventual financiador a ser abordado. 36 Recurso útil: •R BM Advocacy for resource mobilization (ARM) for malaria guide.112 O manual foi concebido para utilização conjunta com um pacote de Assistência Técnica. Para obter mais informações, consulte: http://www.rollbackmalaria.org/resources/publications/2014 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) OTIMIZAÇÃO DAS EFICIÊNCIAS E REFORÇO DA TRANSPARÊNCIA A angariação de fundos adicionais é essencial, mas simultaneamente existe a necessidade de transparência e eficiência, em especial na sequência da crise financeira de 2008. Os ministérios das finanças e os investidores de ambos os setores público e privado reforçam a importância de garantir e demonstrar uma melhor relação qualidade/preço ou a utilização ideal de recursos para obtenção dos resultados pretendidos. A relação qualidade/preço procura equilibrar os “quatro E” – economia, eficiência, eficácia e equidade – e requer a utilização de medidas de valor adaptadas ao contexto e aos investidores.113 Por exemplo, em contextos de baixa transmissão, é necessário que o investimento seja medido em termos de casos e mortes evitadas em comparação com as linhas de base históricas ou com os lucros económicos associados à prevenção de sucesso a longo prazo do reaparecimento da doença, ao invés de ser medido em termos de custos por caso (os quais poderão aumentar de forma exponencial à medida que o número de casos diminui). A vacinação contra doenças como o sarampo, a rubéola, a tosse convulsa e a difteria oferece um precedente animador para este tipo de investimento continuado nos programas, mesmo em países em que estas doenças já não estão mais presentes. Os esforços para a eliminação do paludismo beneficiariam de forma substancial de uma nova campanha que encare o compromisso com a vigilância do paludismo e a resposta desta, da mesma forma que os programas de imunização. Uma melhor relação qualidade/preço não significa necessariamente que a opção de custo mais reduzido seja a melhor. Em comparação com as opções alternativas, a melhoria da saúde e outros benefícios resultantes deverão ser levados em consideração juntamente com os custos. Assim, é necessário que uma gestão financeira sólida seja acompanhada por esforços de melhoria da relação qualidade/preço. Uma maior transparência dos fluxos de financiamento e uma responsabilização acrescida dos resultados ajudarão a combater os exemplos de ineficiência observados e a corrupção, dando assim confiança aos investidores atuais e estimulando eventuais investimentos futuros. © Christian Heuss/Swiss TPH Uma responsabilização acrescida dará uma maior confiança e estimulará eventuais investimentos futuros. GERANDO EVIDÊNCIAS MAIS SÓLIDAS NO RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO NA LUTA CONTRA O PALUDISMO Como mencionado de forma contundente no presente capítulo, actualmente são várias as evidências em matéria de retorno sobre o investimento na luta contra o paludismo. Contudo, estas evidências podem ser melhoradas e utilizadas de uma forma estratégica para demonstrar que o financiamento está a ser investido com sabedoria e eficiência e a provocar impacto. Em especial, é necessário que sejam tomadas medidas para: • r eforçar metodologias para quantificar a melhoria dos resultados de saúde e os benefícios verificados em todo o sistema noutros domínios (por exemplo, na agricultura e na educação), com especial destaque para os benefícios acumulados em cenários de eliminação da doença; •d isponibilizar de uma forma mais eficiente os dados nacionais em matéria de custos e benefícios do investimento na luta contra o paludismo; e • c ontinuar a desenvolver evidências sobre o potencial impacto económico negativo provocado pelo reaparecimento da doença. Por um mundo livre de paludismo 37 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) PROMOÇÃO DE UMA ABORDAGEM INCLUSIVA 5. FORTALECIMENTO DA COLABORAÇÃO MULTISSETORIAL E ENTRE PAÍSES Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável reconhecem que muitos dos desafios a enfrentar pela comunidade global transcendem as fronteiras nacionais, o que implicitamente constitui um apelo aos países para colaborarem para o bem público mundial.114 A continuidade do progresso na luta contra o paludismo dependerá da capacidade de trabalharem em conjunto, desenvolvendo parcerias inclusivas dentro e além das fronteiras e desenvolvendo setores para abordar as desigualdades em todos os lugares e promover a dignidade e a prosperidade para toda a humanidade. AS IR OP A © IOM O CON HE DISMO LU NÃ and RB M MOBILIDADE DA POPULAÇÃO CE FRONTE A mobilidade da população é um fenómeno crescente resultante da globalização, sendo provável que aumente de forma exponencial. As pessoas mudam de países, regiões e de zonas rurais para zonas urbanas à procura de melhores oportunidades, para evitar situações de catástrofe ou instabilidade ou ainda por serem deslocadas (por exemplo, na sequência de reordenamentos territoriais). A movimentação de pessoas de áreas de elevada transmissão do paludismo pode resultar em casos de doença importados e potenciais reintroduções em áreas de transmissão reduzida ou livres de paludismo, dependendo da presença ou não de vetores competentes da doença. Da mesma forma, os mosquitos infetados pelo paludismo podem também ser inadvertidamente transportados de áreas endemicamente afetadas para áreas livres da doença, provocando assim surtos inesperados.115 As populações móveis e migrantes (MMP, , sigla em Inglês) que se deslocam frequentemente entre áreas endémicas e não endémicas poderão ter perdido ou não possuir uma imunidade naturalmente adquirida e, dessa forma, estar em risco de contrair a doença. Para além do mais, a mobilidade pode conduzir a uma menor adesão ao tratamento, o que por sua vez poderá desenvolver mais rapidamente a resistência aos medicamentos antipalúdicos.116 A redução da incidência do paludismo nos países afetados por revoluções políticas e crises humanitárias será crucial para alcançar o progresso rumo aos ODS. A UNICEF enfatizou que 17 em 20 países com as taxas de mortalidade abaixo dos 5 anos mais elevadas do mundo são afetados pela violência ou encontram-se em situação de fragilidade;117 sendo que, nos 17 países, o paludismo representa uma das principais causas de morte.k k 38 s países em questão são Angola, Burquina Faso, Burundi, Camarões, República O Centro-Africana, Chade, República Democrática do Congo, Guiné, Guiné-Bissau, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Serra Leoa, Somália, Sudão do Sul e Togo. Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) AMEAÇA DA RESISTÊNCIA AOS MEDICAMENTOS E INSETICIDAS No mundo altamente interdependente em que vivemos, a divulgação de doenças novas e de doenças que reaparecem (incluindo epidemias significativas de paludismo) entre fronteiras cada vez mais permeáveis32,97 pode ameaçar a segurança sanitária a nível nacional e global, constituindo um risco para a estabilidade política, para o progresso e para o investimento.118 Uns dos desafios globais mais prementes reside no problema crescente da resistência aos medicamentos antipalúdicos e inseticidas.32,97 Por exemplo, verifica-se uma resistência do parasita à artemisinina na sub-região do Grande Mekong (Camboja, República Democrática Popular do Laos, Birmânia, Tailândia e Vietname).1 Os fatores que conduzem à resistência aos medicamentos incluem a utilização generalizada e indiscriminada de ACT para qualquer tipo de febre, o ciclo incompleto de tratamentos por parte dos pacientes, a circulação de medicamentos contrafeitos e de qualidade inferior e a utilização continuada de monoterapias orais.119 A resistência aos inseticidas prejudica diretamente as principais estratégias de intervenção, tais como redes mosquiteiras tratadas com inseticida, materiais tratados e IRS. Mais de dois terços dos países endemicamente afetados registaram resistência a pelo menos um tipo de inseticida em, pelo menos, uma espécie de vetor. A resistência aos piretróides é mais prevalente e está a aumentar rapidamente. Se os piretróides perdessem a maior parte da eficácia, prevê-se que 55% dos benefícios do controle de vetores seriam igualmente perdidos.120 Os níveis de resistência de outros tipos de inseticidas utilizados na saúde pública estão também a aumentar, sendo prevalente uma resistência cruzada em tipos de inseticidas e entre tipos de inseticidas. A redução da pressão no processo de seleção e a gestão da resistência aos inseticidas requerem uma rotatividade adequada entre os diferentes tipos de inseticidas para IRS o desenvolvimento e a utilização de vários padrões para o tratamento com inseticida, redes de combinação entre inseticidas e agentes sinérgicos e o desenvolvimento a longo prazo de novos ingredientes ativos com métodos de ação inovadores para utilização nas redes e durante a IRS.121 RESPOSTA GLOBAL À RESISTÊNCIA Os planos globais de gestão da resistência à artemisinina e aos inseticidas nos vetores do paludismo foram desenvolvidos para mobilizar as partes interessadas a nível global e local a eliminar a resistência à artemisinina e a responder à ameaça da resistência aos inseticidas, garantindo, para isso, o desenvolvimento oportuno de ferramentas e tecnologias novas e inovadoras de controlo de vetores. HABITATS SUSTENTÁVEIS As alterações ambientais têm um impacto tremendo na transmissão do paludismo, pelo que, em qualquer ambiente recetivo, a doença representa uma ameaça potencial. A desflorestação/desmatamento,122 a irrigação em larga escala, a urbanização,123,124 a criação de plantações de seringueira,125,126 a salinização do solo,127 e as atividades extrativistas podem influenciar a combinação de espécies de vetores, a respetiva abundância, a seleção do hospedeiro, a longevidade e o comportamento que influenciam a ecologia de transmissão do paludismo.128,129 Prevê-se que, até 2050, mais de dois terços da população mundial viva em centros urbanos. A urbanização pode representar uma forte contribuição para a redução do paludismo em países endémicos, uma vez que as cidades implicam um conjunto de benefícios, tais como melhores condições de habitação, mais acesso a serviços básicos e um menor número de locais de reprodução.123 Contudo, estes benefícios permanecem, muitas vezes, inatingíveis para os mais de 800 milhões de habitantes de bairros pobres (favelas). Nesse sentido, existe a necessidade de um controlo contínuo sob o risco de reaparecimento da doença em áreas urbanas e periurbanas, onde a agricultura urbana e as barragens de irrigação localizada podem ser favoráveis às populações de vetores Anopheles.130 Condições precárias de drenagem, atividades como a fabricação de tijolos,131–133 a construção de estradas e de edifícios;134,135 e a proliferação de jardins e de uma agricultura de pequena escala em zonas urbanas podem, de forma inadvertida, propiciar a criação de locais de reprodução.136–138 © Swiss Malaria Group/Allan Jay Quesada Por um mundo livre de paludismo 39 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) SEGURANÇA ALIMENTAR Existe uma necessidade crescente em adotar uma agricultura sustentável para melhorar a produtividade agrícola e a segurança alimentar, especialmente face às pressões populacionais. Quando as pessoas, em particular as crianças, estão bem nutridas, estas são mais capazes para responder com imunidade e resistirem à infeção do paludismo.139 Nos países endemicamente afetados, o paludismo permanece uma causa importante de atraso no crescimento nas crianças. A combinação do paludismo com a subnutrição (incluindo deficiências de ferro, zinco ou vitamina A) é particularmente letal.9 Nesse sentido, é necessária uma boa gestão das práticas agrícolas, incluindo uma agricultura, irrigação e drenagem intensas, para evitar o número crescente de locais de reprodução de vetores. Os sistemas de produção de determinadas culturas têm sido associados ao aumento da incidência do paludismo. As referidas culturas incluem a produção de arroz irrigado, plantações de seringueira maduras, batata-doce e outros “cultivos em camalhões”, onde a água da chuva é acumulada e propicia habitats de larvas, e as saladas são plantadas em microbarragens para irrigação.140,141 © Bill & Melinda Gates Foundation ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS O tempo e o clima são os principais determinantes da distribuição geográfica, da sazonalidade, da variabilidade anual e das tendências a longo prazo do paludismo. Os períodos de seca prolongada podem reduzir a transmissão. Os períodos de fortes chuvas ou temperaturas mais elevadas podem resultar numa maior transmissão do paludismo, mesmo em áreas de forte controlo. A variação natural do clima, incluindo o fenómeno El Niño e outros ciclos a longo prazo, é importante não apenas para explicar as tendências do fardo da doença, mas também os surtos de casos verificados, incluindo epidemias.142–144 O Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas concluiu que as alterações de temperatura e precipitação terão impacto nos habitats naturais dos mosquitos, alterando a prevalência do vetor ou prolongando as estações de transmissão (ou ambas) em determinadas áreas e expondo eventualmente novas regiões e populações ao paludismo e a outras doenças vetoriais.142 Noutros locais, as alterações climáticas diminuirão a transmissão através de alterações de precipitação e nas temperaturas. © Swiss Malaria Group/Stuart Matthews 40 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) FORTALECIMENTO DO COMPROMISSO DE OUTROS SETORES NA LUTA CONTRA O PALUDISMO Quadro de Ação Multissetorial para o Paludismo O PNUD, a Parceria RBM e outros parceiros desenvolveram o Quadro de Ação Multissetorial para o Paludismo para consolidarem a evidência sobre a pluralidade de relações existentes entre os setores externos à saúde, a transmissão do paludismo e as possibilidades de resposta à doença.138 O quadro baseia-se em conhecimentos sólidos que demonstram como o paludismo endémico desapareceu da maioria dos países da Europa setentrional e da América do Norte à medida que o desenvolvimento social e económico em geral foi sendo implementado, incluindo melhorias nas condições de habitação, na drenagem dos solos e fortalecimento dos sistemas de saúde.145 O compromisso político e uma boa governação são essenciais para facilitar a participação multissetorial necessária à realização dos objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo. APROVEITAMENTO DAS ALIANÇAS DOS LÍDERES AFRICANOS E DA ÁSIA-PACÍFICO CONTRA O PALUDISMO A Aliança dos Líderes Africanos contra o Paludismo é uma coligação pioneira de 49 Chefes de Estado e Governos, fundada para garantir progressos na luta contra o paludismo em todo o continente africano. A Aliança dos Líderes da Ásia-Pacífico contra o Paludismo foi criada durante a Cimeira do Leste Asiático, em 2013, e reúne 18 Chefes de Estado. Em conjunto, os líderes comprometeram-se a tornar a Ásia-Pacífico numa zona livre de paludismo até 2030 em parceria com os Estados Unidos da América, o Japão, a China, a República da Coreia, a Índia, a Austrália e a Nova Zelândia. Para reforçar o compromisso de outros setores, é necessário que sejam tomadas medidas para: • demonstrar a chefes de estado, ministros de setores externos à saúde, parceiros empresariais e outras partes interessadas a importância de continuar a reduzir e eliminar o paludismo com vista ao crescimento económico e ao desenvolvimento; • garantir que a redução e a eliminação do paludismo sejam integradas nas estratégias de desenvolvimento regional e nacional; • identificar organizações ou pessoas ligadas a este contexto específico com autoridade para convocar partes interessadas de um vasto leque de setores; • familiarizar eventuais “promotores” recetivos nos setores externos à saúde sobre a evidência dos benefícios do investimento na luta contra o paludismo; • utilizar em conjunto a estrutura do Quadro de Ação Multissetorial para o Paludismo (Figura 9) para estudar os determinantes da doença de uma perspetiva social, ambiental, populacional e familiar e explorar o impacto dos determinantes identificados nos diferentes setores ou a possível influência destes últimos sobre os primeiros; • garantir que os novos parceiros na luta contra o paludismo recebem orientações técnicas e incentivá-los a trabalharem com partes interessadas competentes no domínio em causa; • dar suporte aos setores externos à saúde para abordar as necessidades de combate ao paludismo de seus funcionários e suas famílias, bem como as necessidades dos clientes (por exemplo, estudantes ou agricultores) ou parceiros empresariais; Os setores externos à saúde são essenciais para quebrar o ciclo vicioso do paludismo, a baixa produtividade e a pobreza. • avaliar se o funcionamento, as práticas, os procedimentos e os sistemas de produção de um determinado setor poderão contribuir para manter ou aumentar a abundância de vetores, a transmissão de parasitas ou a resistência aos inseticidas ou medicamentos e desenvolver estratégias de atenuação de eventuais efeitos adversos identificados; e • integrar as atividades introduzidas por setores externos à saúde para reduzir o paludismo das atividades de rotina e dos orçamentos do setor em questão em todos os níveis de funcionamento. Por um mundo livre de paludismo 41 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) QUADRO DE AÇÃO MULTISSETORIAL PARA O PALUDISMO – MATRIZ DE DETERMINANTES DO PALUDISMO E POTENCIAIS COMBINAÇÕES DE SETORES DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO SAÚDE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, INCLUINDO GOVERNOS LOCAIS √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ SEGURANÇA (MILITAR E POLICIAL) √ COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO ÁGUA E SANEAMENTO AMBIENTE E CLIMA CIÊNCIA E TECNOLOGIA JUSTIÇA PROTEÇÃO SOCIAL EDUCAÇÃO INFRAESTRUTURAS, TRANSPORTES E OBRAS √ COMÉRCIO, INDÚSTRIA, ETC. √ ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA FINANÇAS E ECONOMIA PRINCIPAIS DETERMINANTES DO PALUDISMO NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E COOPERAÇÃO INTERNACIONAL POTENCIAIS COMBINAÇÕES DE SETORES √ √ 1. Sociedade Distribuição desigual de energias e recursos entre países Alteração demográfica: crescimento populacional, tamanho das famílias e movimentos estruturais de pessoas Capacidade do governo para regular, gerir territórios e receitas fiscais √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ Organização de sociedades e serviços √ √ √ √ √ Estatuto social e poder: género e etnia √ √ √ √ √ √ √ √ √ 2. Ambiente Sistemas de produção de práticas agrícolas √ Contextos urbanos ou periurbanos e infraestruturas √ √ √ √ Habitação Utilização e gestão territorial Desenvolvimento económico √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ 3. Grupo populacional Pobreza e educação Mobilidade da população Nutrição √ √ Profissão √ Controlo comunitário √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ 4. Família e indivíduos Escolha e adoção de práticas seguras no que toca ao paludismo √ Sensibilização e conhecimento Acesso e recurso aos cuidados de saúde √ Prestação de cuidados de saúde √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ Figura 9 42 Por um mundo livre de paludismo √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ESTUDOS DE CASO: AÇÃO MULTISSETORIAL PARA O PALUDISMO NA REPÚBLICA ISLÂMICA DO IRÃO CASO DE ESTUDO DO IRÃO O Irão está em vias de eliminar o paludismo. Uma avaliação aprofundada usando o Quadro de Ação Multissetorial para o Paludismo resultou na discussão do tema da eliminação do paludismo nos programas nacionais e regionais de mitigação da pobreza. Atualmente, existem comités multissetoriais de eliminação do paludismo em todos os distritos, presididos pelos respetivos governadores. Os membros dos referidos comités incluem os departamentos da educação, da energia, do fornecimento de água, de difusão e da agricultura, bem como os conselhos islâmicos municipais e comunitários. Os comités integram mecanismos e medidas de eliminação do paludismo em todos os projetos de desenvolvimento e facilitam a participação comunitária. Durante as estações propícias à transmissão da doença, os centros de difusão local facultam informações relacionadas com o paludismo, elaboradas pelas autoridades de saúde locais. Nos seus projetos de eletrificação, o departamento da energia prioriza a ligação entre as áreas endemicamente afetadas pelo paludismo. Os conselhos islâmicos locais, constituídos através de eleições, trabalham em conjunto com os trabalhadores da saúde para mobilizarem comunidades e famílias a armazenarem água potável, incluindo a desinfeção com Bacillus thuringiensis e o apoio a uma educação entre pares sobre práticas seguras na luta contra o paludismo. © WHO/EMRO/Joanna Vogel © Acknowledgement regarding images Fonte: Programa Nacional de Luta contra o Paludismo, Irão © Allan Schapira 2013 Por um mundo livre de paludismo 43 REALIZANDO PROGRESSOS CONJUNTOS RUMO AOS OBJETIVOS DE VÁRIOS SETORES E DE LUTA CONTRA O PALUDISMO A redução do paludismo contribui para os principais objetivos económicos, sociais e empresariais de outros setores e gera situações de ganho mútuo para todas as partes. Setor da educação No Gana, o Ministério da Educação definiu um programa que visava fornecer a todas as crianças LLIN suficientes para as respetivas famílias e cooperou com o programa nacional com o intuito de ensiná-las a utilizar as redes de forma adequada. As crianças disseminaram mensagens essenciais na comunidade em geral. Esta medida conduziu a uma diminuição do número de ideias erróneas sobre as causas do paludismo e a uma melhoria em termos da aceitação de LLIN em toda a comunidade. Permitiu também diminuir em 20% a prevalência de parasitas junto das crianças, o que lhes possibilitou ir à escola com maior regularidade e aprender de uma forma mais eficaz.146 © Bill & Melinda Gates Foundation Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) © DIGESA/MINSA General Directorate for Environmental Health/Ministry of Health Peru Setor agrícola Em áreas desertas do Peru, os arrozais inundados podem propiciar até 90% da superfície de reprodução disponível para vetores de paludismo. Em 2006, a Direção-Geral de Saúde Ambiental/Ministério da Saúde trabalhou com o setor agrícola para introduzir a irrigação intermitente no cultivo do arroz (IRI, sigla em Inglês). Os resultados incluíram boas produções de arroz, uma diminuição significativa dos casos de paludismo e a necessidade de inseticidas, bem uma economia significativas de água. Subsequentemente, a IRI tornou-se a prática padrão de irrigação de arroz, proporcionando vantagens aos agricultores e reduções ainda mais significativas do fardo do paludismo.147,148 A redução do paludismo contribui para os objetivos de outros setores e dá origem a situações de ganho mútuo para todas as partes. Perspetivas futuras – setor da habitação Uma revisão sistemática demonstrou que, dentro de povoações endêmicas em todo o mundo, pessoas que vivem em habitações tradicionais apresentam uma probabilidade duas vezes superior de contrair paludismo do que pessoas que vivem em habitações modernas.149 Um aspeto importante a ser levado em conta é o facto de que a melhoria das condições de habitação pode representar uma proteção, mesmo em locais com níveis elevados de transmissão da doença.150 Em África, onde se prevê que as despesas de consumo dupliquem na próxima década,151 foi determinada a construção de mais de 144 milhões de habitações rurais até 2050. Tapar beirais, construir um telhado ou proteger portas e janelas podem ter um efeito protetor ao impedirem que mosquitos do paludismo entrem em casa e piquem as pessoas enquanto estas dormem.19,22,23,152 Muitas destas características apresentam também benefícios suplementares em termos funcionais e estéticos apreciados pelos habitantes. 44 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) A incorporação destas características nos padrões de habitação, nas iniciativas de microcrédito para realizar melhorias das casas e na educação para uma melhor gestão dos projetos habitacionais proporciona uma excelente oportunidade à comunidade envolvida na luta contra o paludismo, e produzem benefícios para o setor da habitação. © Swiss Malaria Group/Andre Laas COLHENDO EXPERIÊNCIAS E LIÇÕES DA GESTÃO VETORIAL INTEGRADA REFORÇANDO O ENVOLVIMENTO DO SETOR PRIVADO A gestão vetorial integradal(IVM, sigla em Inglês) requer uma abordagem holística e lógica do controlo do paludismo e aplica um conjunto de intervenções que podem ser elaboradas dentro ou fora do setor da saúde. Um impacto muito mais significativo pode ser alcançado, com menos recursos, a partir do envolvimento de outros ministérios (por exemplo, os ministérios da agricultura e da habitação), empresas privadas, ONG e da comunidade em geral no controlo vetorial.153–155 O setor privado contribui para a resposta do paludismo de várias e notáveis formas. Ele promove a inovação, compartilha suas experiências estratégicas, técnicas e logísticas; presta serviços de luta contra o paludismo e facilita o acesso a redes empresariais e clientes.156 O setor privado também disponibiliza financiamento ou materiais e investe, através de programas de responsabilidade social e práticas empresariais sustentáveis. Parte integrante do movimento global que visa tornar os sistemas fiscais nacionais e internacionais mais transparentes, os agentes do setor privado demonstram cada vez mais um sentido de cidadania corporativa e publicam os montantes pagos aos governos dos países onde exercem atividade. Os líderes dos setores privados que procedem desta forma estão numa posição única para solicitarem informações e descobrirem se as respetivas receitas fiscais estão a ser investidas na prestação de serviços básicos aos cidadãos, bem como para exigirem uma maior responsabilização governamental.109,110 Algumas das empresas que fabricam sobretudo produtos antipalúdicos transferiram os processos de produção para países endémicos como forma de criarem emprego local e promoverem a sustentabilidade.157,158 CONTROLO MULTISSETORIAL DO PALUDISMO EM CARTUM, NO SUDÃO O principal ponto de apoio da Iniciativa de Cartum Livre de Paludismo (MFI, sigla em Inglês) consiste em controlar o principal mosquito transmissor, Anopheles arabiensis, que se reproduz principalmente nos canais de irrigação e nas poças de água resultantes de condutas de água, bacias hidrográficas e tanques de armazenamento. A MFI colabora com o Departamento de Obras Públicas na reparação de canos de água danificados. A primeira é responsável pelo monitoramento, comunicação e transporte, enquanto o último fornece engenheiros e equipamentos. Além disso, em colaboração com Ministério da Agricultura e com o Sindicato dos Agricultores, a secagem dos campos irrigados passou a ser obrigatória, para reduzir a reprodução vetorial nos sistemas de irrigação públicos e privados. As fugas dos canais de irrigação são reparadas e a vegetação em torno dos canais é limpa graças à colaboração com a Autoridade de Irrigação e o Ministério da Agricultura. A participação comunitária em todas estas iniciativas e nas atividades de controlo larval de mosquitos é forte. Fonte: Governo do Sudão em colaboração com o Gabinete Regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental (EMRO).6 Recursos úteis: • Handbook for integrated vector management da OMS.155 Em áreas endémicas, o paludismo pode ser responsável por níveis elevados de doença entre os trabalhadores e absentismo, com custos significativos.49–51 Muitas empresas trabalharam em parceria com programas nacionais para levarem serviços de luta contra o paludismo e de saúde aos trabalhadores, às respetivas famílias e dando suporte às comunidades.159–163 Ao envolver o meio académico nas parcerias público-privadas, estes esforços podem fazer-se acompanhar de uma componente de investigação para monitoramento e avaliação do impacto; por exemplo, vários inquéritos anuais de prevalência do parasita confirmaram a eficácia de tais parcerias.164–166,51 À medida que foram crescendo em experiência e competência na área, muitas destas empresas intensificaram o seu papel na luta contra o paludismo, tornando-se parceiros de implementação para o Fundo Global ou um principal destinatário do seu financiamento, entre outros.167–169 O Anexo F, “Fazer as parcerias funcionarem” explica mais em pormenor orientações sobre como reforçar o compromisso do setor privado e de outros setores. l Conhecida por MIV - Manejo Integrado de Vetores em Português Brasileiro • Toolkit on integrated vector management in sub-Saharan Africa da OMS. Por um mundo livre de paludismo 45 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) EXPANSÃO DE PARCERIAS REGIONAIS E ENTRE PAÍSES Uma maior colaboração regional e entre países é essencial para uma ação operacional conjunta e para o intercâmbio de informações sobre as experiências e lições adquiridas. Tal colaboração é necessária para reduzir a importação de casos entre países, alcançar e manter a eliminação da doença e garantir a proteção de fronteiras contra outras ameaças de doença. A comunidade envolvida na luta contra o paludismo é significativamente experiente na criação de parcerias regionais de sucesso. Para se conseguir os benefícios das parcerias regionais, é necessário que sejam tomadas medidas para: • definir o papel da parceria no desenvolvimento global e na estrutura da saúde e definir mecanismos claros e inclusivos para compromisso com outras partes interessadas na região; • garantir que o mandato da parceria seja flexível, de forma a poder ser realinhado e reformulado à medida que eventuais lacunas de conhecimento emergirem ou forem sendo preenchidas, novos agentes forem participando no cenário ou se forem comprometendo na agenda da luta contra o paludismo ou os países forem identificando desafios ou oportunidades emergentes; A INICIATIVA AMAZÔNICA CONTRA O PALUDISMO (AMI, SIGLA EM INGLÊS) A AMI é um programa regional composto por 11 países, que inicialmente continha os países pertencentes à bacia do rio Amazonas e, posteriormente, incluiu os países da América Central. À medida que a incidência do paludismo foi diminuindo, os países enfrentaram desafios cada vez maiores para garantir a disponibilidade ininterrupta de medicamentos antipalúdicos e prevenir o seu desabastecimento. Graças ao apoio da AMI, os países definiram um sistema de monitoramento dos stocks antipalúdicos com base na utilização de dados prontamente disponíveis sobre o stock atual e os previstos. Uma vez registada, a informação é utilizada para uma tomada de decisão imediata e impulsiona a redistribuição de medicamentos na região, bem como a análise de eventuais causas de interrupção do abastecimento de medicamentos. Entre 2009 e 2013, o sistema permitiu a realização de mais de 50 trocas de medicamentos antipalúdicos entre países ou do Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para os países. Isto significa que o acesso dos pacientes aos medicamentos permanece constante e os desperdícios de medicamentos por prazos de validade vencidos ficam significativamente reduzidos.172 46 • definir uma abordagem “coesa de todo um governo” que concilie saúde e relações externas. Nesse sentido, o envolvimento dos ministérios dos negócios estrangeiros é central para uma cooperação transfronteiriça eficaz e a partilha eficiente de dados em matéria de monitoramento da doença através de relações bilaterais ou de um núcleo regional; • trabalhar diretamente com o comércio regional e blocos económicos para mobilizar apoios políticos e financeiros. A título de exemplo, em África, os ministros da saúde trabalham com as comissões económicas regionais para garantirem um compromisso financeiro a longo prazo que vise a luta contra o paludismo; • criar uma rede de peritos regionais capazes de promover assistência técnica de qualidade e apoiar os países envolvidos para agirem em conformidade com as orientações normativas da OMS e o Regulamento Sanitário Internacional;170 • defender um apoio político de longo prazo e o financiamento sustentável dos países envolvidos em favor da parceria; e • garantir a criação de um espaço de colaboração internacional por parte da parceria a implementar a todos os níveis governamentais, incluindo ao nível local. O envolvimento dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros (Ministérios de Relações Exteriores em Português Brasileiro) é central para uma colaboração transfronteiriça eficaz. Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) A INICIATIVA DE ELIMINAÇÃO 8 (E8) A REDE DE ELIMINAÇÃO DO PALUDISMO DA ÁSIA-PACÍFICO (APMEN, SIGLA EM INGLÊS) Criada pelos ministros da saúde da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a E8 consiste num esforço coordenado de oito países com o objetivo de eliminar o paludismo até 2020 nos quatro países localizados no extremo sul (Botsuana, Namíbia, África do Sul e Suazilândia), reduzir a incidência e, eventualmente, eliminar a doença nos quatro países vizinhos localizados ao norte (Angola, Moçambique, Zâmbia e Zimbabué). A dinâmica de transmissão da doença nestes oito países está fortemente interligada, seja através da movimentação de pessoas, seja através da natureza do paludismo. A E8 fornece uma plataforma para os membros abordarem de forma coletiva as barreiras à eliminação da doença que se estendem para além dos limites que qualquer Estado pode, por si só, controlar ou atenuar. A E8 complementa os esforços nacionais, procurando para tal cumprir os seguintes objetivos: A APMEN foi criada em 2008 e conta agora com 17 países e uma grande diversidade de instituições internacionais envolvidas na luta contra o paludismo, com o objetivo de se apoiarem mutuamente e alcançarem o objetivo a longo prazo de eliminação da doença a nível regional. A rede fornece uma plataforma regional para troca de experiências e conhecimentos sobre a eliminação do paludismo e defende uma capacidade e uma liderança para a sua eliminação. Além do mais, a rede facilitou a criação de grupos de trabalho técnicos sobre Plasmodium vivax, controlo de vetores e monitorização. Ao reunir vários parceiros diferentes, a rede tem por objetivo mobilizar fundos para eliminar a doença e sintonizar esforços de eliminação envolvendo parcerias público-privadas, compromisso comunitário, trabalho multissetorial e atividades transfronteiriças.171 • fortalecer a coordenação regional com vista à eliminação da doença dos países membros da E8; • promover e manter a agenda regional de eliminação da doença ao mais alto nível político; • promover a harmonização política, o controlo de qualidade e a gestão de conhecimentos para acelerar o progresso rumo à eliminação da doença; • reduzir a transmissão fronteiriça do paludismo através de um acesso amplo ao diagnóstico oportuno e tratamento adequado nos distritos fronteiriços; e • garantir recursos para apoiar o plano de eliminação da doença na região e assegurar um financiamento sustentável a longo prazo para as ambições regionais de eliminação da doença. Por um mundo livre de paludismo 47 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) 6. MANTER AS PESSOAS NO CENTRO DA RESPOSTA As pessoas são a voz principal no que se refere à saúde, condições de vida e bem-estar.173 Para alcançar os objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo, é necessário colocar as pessoas que vivem em comunidades afetadas no centro dos esforços das ações e prestação de serviços de saúde. Longe de serem uma opção “extra”, é necessário que as pessoas sejam o nosso primeiro ponto de referência para se analisar as barreiras de acesso, o desenho de estratégias; orientar; implementar; dar feedback, aprender e monitorizar. © PAHO/WHO O género, a sociedade, a cultura e a religião influenciam o ambiente em que as pessoas vivem, as suas opções de subsistência e (indiretamente) a exposição ao paludismo e a capacidade de acesso aos serviços básicos de saúde.174 No caso de grupos étnicos minoritários, migrantes, refugiados, pessoas deslocadas internamente e outras populações vulneráveis, questões como o estigma, o idioma e o estatuto legal podem agravar ainda mais estes desafios.175 As pessoas pobres em países pobres tendem a expressar níveis particularmente baixos de confiança nos sistemas públicos, e muitas vezes permanecem à margem da resposta ao paludismo. Nas unidades de saúde, os mais pobres são os que apresentam menor probabilidade de obterem consultas ou receberem prescrições de medicamentos por profissionais qualificados,176 enquanto o direito a isenções de custos de diagnóstico e medicamentos é muitas vezes desrespeitado.177 A criação de instituições públicas que respondam e disponibilizem serviços básicos à população é fundamental para a relação entre governo e seus cidadãos. Reconhece-se cada vez mais que se as pessoas receberem cuidados de qualidade pelo setor público, a confiança da população no sector aumenta . Assim, o esforço de garantir que as intervenções de luta contra o paludismo sejam adaptadas às necessidades locais e sistemas de valores altamente diversificados implica um potencial enorme para o aumento da procura de serviços de qualidade em casos de paludismo. Proporcionar uma sensação de confiança à população não ajuda só a abordar desigualdades, mas também contribui para valores sociais mais abrangentes, compromisso cívico e aumenta a responsabilização para com os mais pobres em termos da prestação de serviços de saúde e de luta contra o paludismo.178,179 48 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ALTERAÇÃO COMPORTAMENTAL E COMPROMISSO COMUNITÁRIO O compromisso ativo dos membros da comunidade será essencial para os processos de alteração necessários à realização dos objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo. No entanto, compreender as populações e o seu comportamento é uma tarefa complexa. Muitas vezes, as pessoas tomam decisões rápidas e automáticas, contudo também são seres sociais, influenciados por preferências e redes sociais, identidades. A experiência prévia também ajuda a moldar a forma como as pessoas compreendem e se comportam no mundo. O Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2015: Mente sociedade e comportamento180 demonstra como o nosso entendimento do comportamento humano se desenvolveu nos últimos anos. O documento fornece uma descrição reveladora das dificuldades de viver na pobreza e a dificuldade de tomar decisões diárias quando a ansiedade pela sobrevivência básica distrai os processos cognitivos. O relatório faculta informações úteis sobre a forma como a tomada de decisões corretas em termos de saúde e no que toca ao paludismo poderiam ser facilitadas e realçadas, permite um diagnóstico mais profundo sobre as barreiras e os condutores de mudança e resume a evidência mais recente em termos do papel do compromisso comunitário na promoção de alterações. Em especial, destaca que o compromisso comunitário requer um envolvimento em longo prazo, informado por um conhecimento aprofundado das estruturas comunitárias e normas socioeconómicas, e uma sensibilização para as experiências anteriores de uma comunidade com o governo e outros prestadores de serviços.180 Para envolver as comunidades de uma forma mais eficaz, é necessário que sejam tomadas medidas para: • f acilitar o envolvimento da sociedade civil em programas de luta contra o paludismo, parcerias e avaliações de impacto sobre a saúde, através da participação em grupos políticos consultivos, mecanismos de coordenação nacional, órgãos do setor privado, coligações e unidades de saúde que regem os comités e asseguram que a representação seja equilibrada (em termos, por exemplo, de género e etnia); • aumentar a consciencialização sobre o propósito da participação da sociedade civil, e assegurar que as partes interessadas na luta contra o paludismo estão familiarizados com as melhores práticas sobre a forma de envolver as comunidades (a título de exemplo, consultar www.ideo.org); • reforçar a utilização de métodos de investigação qualitativa e delineação de projetos com foco nas pessoas para envolver, de forma mais eficaz, a população e as comunidades no diagnóstico conjunto e na elaboração de intervenções e inovações de luta contra o paludismo; •g arantir que os resultados dos estudos e programas de luta contra o paludismo sejam sempre comunicados às populações envolvidas e facilitar a disseminação de experiências de base entre as comunidades (por exemplo, os sucessos no controlo do paludismo ao nível local, a governança eficaz de estabelecimentos de saúde e iniciativas para melhorar o acesso); • identificar as “vozes” dos que são afetados pelo paludismo e desenvolver coligações para fortalecer a defesa e mobilizar pessoas a aderirem à causa e vencerem a doença; • criar um espaço para aproveitar melhor a energia e a visão de pequenas organizações de base e das respetivas redes; e • tirar proveito dos meios de comunicação social como eventual canal para a divulgação de mensagens relacionadas com a doença e intensificação das vozes das comunidades afetadas,181,182 e promover o manual Advocacy for resource mobilization (ARM) for malaria guide 112 que apresenta um conjunto de ideias para envolver personalidades influentes, nomeadamente proprietários empresariais, atletas, músicos e celebridades da televisão ou do cinema, em prol de um mundo livre de paludismo. AS COMUNIDADES SÃO UM RECURSO FUNDAMENTAL PARA A SAÚDE E PARA A LUTA CONTRA O PALUDISMO A experiência com a gestão integrada de casos na comunidade (iCCM, sigla em Inglês) demonstra que os agentes comunitários de saúde facilitam o acesso a um tratamento oportuno e eficaz do paludismo, pneumonia e diarreia e que a estratégia salva muitas vidas – em especial, crianças com idades inferiores a 5 anos. Os agentes comunitários podem ser os “olhos e ouvidos” de atividades de monitoramento, bem como sensibilizar para a importância de comportamentos de prevenção do paludismo, da captação e do armazenamento de água potável, de habitações em boas condições e da preservação de ambientes limpos. Também ajudam a mobilizar comunidades para participarem na limpeza de locais de reprodução e outras atividades de controlo de vetores. © The Global Fund/John Rae Por um mundo livre de paludismo 49 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) REFORÇO DA COMUNICAÇÃO PARA A MUDANÇA SOCIAL E COMPORTAMENTAL A comunicação para a mudança social e comportamental (CMSC) é uma componente fundamental que influencia as decisões de indivíduos e as normas sociais, sendo uma ferramenta de apoio para um compromisso comunitário eficaz. Assim, é necessário que a CMSC tenha por base uma visão profunda do público e esteja enquadrada de forma a impor, em vez de simplesmente difundir, mensagens de informação de educação em saúde. Novas áreas interessantes estão surgindo em torno do desenvolvimento de campanhas e movimentos populares para exigir mudança e facilitar colaborações e consórcios que tiram o máximo proveito não só da investigação e do talento criativo local, mas também das capacidades do setor privado. Contudo, existem lacunas significativas quanto à compreensão da melhor forma de definir, preparar e distribuir campanhas de comunicação para provocar um impacto positivo nos comportamentos individuais e comunitários. Para fortalecer a CMSC, é necessário que sejam tomadas medidas para: • garantir que as estratégias de comunicação dos programas nacionais de luta contra o paludismo são apropriadas ao contexto, sensíveis às questões de género, orientadas para os resultados e baseadas nas mais recentes técnicas de investigação qualitativa; • investir na capacidade e em competências locais (nascidas e criadas) para ajudar a desenvolver a investigação em CMSC e um mercado criativo nos países afetados; • envolver e influenciar os líderes locais, os líderes religiosos e outros agentes de mudança de confiança, incluindo pais que tenham perdido filhos devido ao paludismo, a divulgarem mensagens simples, claras e consistentes junto de comunidades e redes mais amplas; • promover o Guia de referência dos indicadores de CMSC sobre o Paludismo para melhorar o a monitorização dos programas de CMSC de forma a que os esforços de CMSC possam manter padrões de avaliação semelhantes aos padrões de outras intervenções; e • utilizar o Reporting guide for malaria communication evaluations para divulgar os resultados de avaliações de CMSC e assim reforçar o rol de evidências sobre o que funciona. © The Global Fund/John Rae • continuar a aumentar o corpo de evidências, captando e compartilhando as experiências e lições adquiridas; VISÃO GERAL DA EVIDÊNCIA QUE PODE AUXILIAR A CMSC NO FUTURO • Na sub-região do Grande Mekong, foi utilizada a abordagem “desvio positivo”, segundo a qual as pessoas com provas já dadas de comportamentos positivos, preventivos e de procura por serviços de saúde relacionados com a questão do paludismo são identificadas e incentivadas a partilhar esses comportamentos com a restante da comunidade. Esta abordagem tem sido eficaz no aumento de conhecimentos adquiridos sobre a doença e na melhoria dos comportamentos de procura por serviços de saúde, como por exemplo, consultas com agentes comunitários responsáveis pela luta contra o paludismo ou idas a centros de saúde para diagnóstico e tratamento contra a doença. A abordagem melhorou a utilização dos serviços dedicados ao paludismo numa variedade de contextos (incluindo instalações de saúde públicas e privadas) e em determinados grupos populacionais (incluindo trabalhadores móveis e migrantes).183 • Estudos realizados nos Camarões e na Zâmbia demonstraram que a combinação da CMSC com programas de controlo de vetores teve um efeito positivo na utilização de redes mosquiteiras.184 • No caso da Zâmbia, novas evidências sugerem que a difusão de mensagens relativas ao paludismo sensibilizam para a doença e que a comunicação interpessoal comunitária contribui para a ocorrência de alterações positivas no comportamento em saúde.185,186 •E m vários contextos culturais e nacionais, provou-se que uma abordagem de “mensageiros”, em que indivíduos são identificados pelas comunidades para transmitirem informações através de anúncios públicos e comunicações interpessoais de líderes tradicionais para membros de suas comunidades, era uma estratégia eficaz para informar as comunidades locais sobre a disponibilização de LLIN (redes mosquiteiras tratadas com inseticida de longa duração), o tempo e a importância da IRS ou a quimioterapia sazonal do paludismo.187 50 Por um mundo livre de paludismo É necessário que a CMSC esteja enraizada no talento local e esteja enquadrada de forma a criar impacto. Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) GARANTIA DE QUE NINGUÉM SEJA NEGLIGENCIADO Os efeitos desproporcionais do paludismo afetam os membros mais vulneráveis da sociedade, incluindo crianças e mulheres grávidas em situações de extrema pobreza, grupos étnicos marginalizados, comunidades insulares, populações amplamente dispersas e todos que, por algum motivo, tenham sido deslocados tanto no interior de cada país como entre países. Quando as pessoas mudam de um local para outro, têm frequentemente de trocar habitats familiares por outros bastante desconhecidos e, muitas vezes, inerentemente insalubres e em condições precárias. Isto pode ser devido a uma situação de pobreza geral, como dormir ao relento, trabalhar durante a noite, estar próximo a áreas de reprodução de vetores, estar em habitações de má qualidade e utilizar limitadamente as medidas de prevenção. Os refugiados, as pessoas deslocadas internamente e as populações migrantes móveis enfrentam obstáculos sempre que tentam ter acesso aos serviços de saúde. Estes obstáculos afetam todas as fases do processo de migração – no início, em trânsito, no destino ou num eventual retorno ao país de origem.175 Apesar de ser um desafio para os programas de luta contra o paludismo “ir mais além” em procurar pessoas que necessitem de tratamento, é importante não adiar a identificação e prestação de serviços a populações que, muitas vezes, os serviços de saúde não conseguem alcançar.116 Visar a resposta ajuda a garantir que estas populações vulneráveis (ou seja, aquelas em que ainda possa existir um reservatório do parasita ou aquelas que se encontram entre áreas de elevado e baixo risco de transmissão) não sejam negligenciadas. Visar a resposta implica considerar as intervenções a aplicar, onde, quando e em que combinações. As OSC podem assumir um papel de liderança no desenvolvimento de abordagens inovadoras com vista ao acesso a populações vulneráveis, incluindo em áreas instáveis, remotas e desfavorecidas. © Stefano Manca/flickr Para garantir que ninguém seja negligenciado, é necessário que sejam tomadas medidas para: • promover um maior acesso a uma vigilância da doença de qualidade e outros dados de forma que possam ser utilizados por executores para focarem as intervenções; POPULAÇÕES MÓVEIS E MIGRANTES (MMP) © International Organization for Migration As MMP são grupos de pessoas que viajam para, passam por, estão situadas em ou viajam a partir de áreas afetadas pelo paludismo, aumentando assim a probabilidade de exposição a vetores da doença. As MMP que estão particularmente vulneráveis a contrair a doença incluem trabalhadores migrantes, deslocados, trabalhadores agrícolas sazonais, populações nómadas, familiares em visita, turistas (incluindo turistas de países endémicos), soldados e militares e comunidades de regiões fronteiriças.175 Estima-se que mil milhões de pessoas – 232 milhões de migrantes internacionais e 740 milhões de migrantes nacionais – se desloquem em várias direções por diversas rotas de migração em todo o mundo.116 • envolver a comunidade alvo na identificação de suas necessidades, bem como no desenvolvimento, na implementação e no monitoramento de programas para aumentar as probabilidades de sucesso; • cuidadosamente evitar maiores estigmatizações dessas populações sobre o seu papel na transmissão do paludismo; e • documentar, avaliar e partilhar experiências e lições adquiridas com projetos piloto, definir boas práticas e reforçar o corpo de evidências a respeito das medidas mais eficazes. Por um mundo livre de paludismo 51 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) EXEMPLOS DE BOAS PRÁTICAS PARA A EXTENSÃO DOS SERVIÇOS A POPULAÇÕES MÓVEIS E MIGRANTES (MMP) Para que seja possível alcançar as MMP, é necessária a informação sobre onde estão e quais os seus padrões de movimentação. Poderão já existir dados úteis ou estes poderão ser recolhidos a partir de redes sociais,188 da tecnologia de telefones móveis189 ou de amostras orientadas para os inquiridos,190,191 com vista a uma análise interdisciplinar e intersectorial.192 Uma vez obtidos, estes conhecimentos podem ser utilizados para aplicar medidas em possíveis pontos de interação. Por exemplo, no Camboja, um programa concluiu que os taxistas eram a principal forma de transporte das MMP para regiões fronteiriças e o programa forneceu-lhes formação para divulgarem mensagens de promoção em saúde a quem se preparava para atravessar a fronteira.193 Os empregadores dos trabalhadores migrantes podem desempenhar um papel importante no controlo do paludismo. Por exemplo, o governo da Malásia colaborou com empresários de plantações de óleo de palma, borracha e acácias, em Sabah, para que os mesmos distribuíssem LLIN entre os trabalhadores migrantes e garantissem que os trabalhadores têxteis se deslocassem às instituições de saúde.194 No mesmo sentido, foram também realizados esforços importantes para ampliar a rede de serviços de saúde de migrantes. Isso implica a formação dos trabalhadores nas unidades de saúde pública de forma a reconhecerem as vulnerabilidades de saúde especiais dos migrantes e comunicar aos pacientes que não pedirão qualquer forma de identificação nem papeis oficiais. Os próprios programas podem procurar estender os seus serviços em regiões fronteiriças e outras áreas onde, tradicionalmente, há um alcance limitado. Por exemplo, no Sri Lanka, foram utilizadas clínicas móveis de luta contra o paludismo para deteção de casos ativos durante as fases finais da eliminação da doença;195 no Camboja, está a ser utilizado um laboratório móvel para levar, em tempo real, a tecnologia da reação em cadeia da polimerase (PCR) a áreas remotas;196 na Birmânia, a utilização de trabalhadores móveis e voluntários envolvidos na luta contra o paludismo está a ser testada.197 Muitos países fixaram postos de combate ao paludismo em pontos fronteiriços para divulgação de mensagens de promoção da saúde ou administração de RDT.198 É necessário fazer todos os esforços para alcançar a maior parte das famílias vulneráveis de forma que ninguém seja negligenciado. © International Organization for Migration 52 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE LUTA CONTRA O PALUDISMO EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA Um número crescente de catástrofes tem-se tornado frequente no mundo, gerando situações de emergência e crises humanitárias prolongadas. Tais eventos podem rapidamente interromper a prestação de serviços de saúde e outros serviços básicos, incluindo a implementação de atividades de controlo ou eliminação do paludismo. Mais ainda, a instabilidade resultante e a tomada de civis como alvos nos conflitos modernos podem provocar movimentos em massa de populações. Em 2014, o número global de refugiados, pedidos de asilo e pessoas deslocadas internamente (PDI) excedia os 50 milhões.199 A África Subsariana continua a acolher a maior parte de PDI (12,5 milhões num total de 33,3 milhões)200 e 3,4 milhões de refugiados199. No entanto, tem-se verificado um aumento dramático de guerras e deslocamento de pessoas do Médio Oriente e noutras regiões. Apesar dos desafios, o progresso verificado ao nível do controlo do paludismo em situações de crise na África Subsariana tem registado ganhos importantes desde o ano 2000. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e outras agências disponibilizam LLIN aos refugiados, como parte integrante de um conjunto de bens de ajuda humanitária, em resposta a situações de emergência em países endemicamente afetados pelo paludismo. Enquanto as pessoas estiverem em deslocamento, esta distribuição pode ser difícil, mas deve ser realizada assim que estas se estabelecerem em um local. São necessários esforços especiais para superar o desafio de instalar os LLIN em abrigos temporários ou facilitar a sua utilização a quem dorme ao relento para escapar do calor dos abrigos temporários nos campos de refugiados.201 A IRSm poderá ser uma boa opção em campos de refugiados e outras situações de emergência em comunidade, mas poderá ser um desafio em termos logísticos e operacionais, exigindo o acesso ao lar, o que nem sempre é possível em cenários de insegurança. Instrumentos alternativos de proteção das pessoas que vivem em campos, aldeias e cidades em situação de emergência incluem a utilização de coberturas de plástico tratadas com inseticida (ITPS) para a construção de abrigos e outros materiais tratados com inseticida.202,203 As campanhas de disponibilização de eventuais instrumentos de prevenção contra o paludismo e produtos relacionados em todas as situações de emergência devem ser acompanhadas por uma CMSC direcionada, durante e após a intervenção, uma vez que a má utilização e a revenda de LLIN, ITPS e até mesmo IRS podem ser elevadas em comunidades sob tensão e em contextos de emergência, devido à extrema pobreza e ao desespero.204 Com os instrumentos disponíveis atualmente, é possível gerenciar de forma eficaz casos simples de paludismo em situações de emergência nas comunidades.205 As abordagens de tratamento comunitário podem melhorar significativamente o acesso de comunidades residentes em áreas remotas e instáveis a tratamentos capazes de salvar vidas, de maneira que as instituições de saúde fixas, por si só, não conseguiriam alcançar. Ainda assim, as instalações hospitalares continuam a ser essenciais para o gerenciamento de casos graves e supervisionar os esforços da comunidade. O apoio terá de focar nestes dois aspetos em situações de emergência e terão de se encontrar soluções práticas para facilitar o reencaminhamento de casos graves da comunidade ou de um centro de saúde de cuidados primários para uma unidade hospitalar. A responsabilidade de garantir a disponibilização de medidas de prevenção, diagnóstico e tratamento do paludismo recai, muitas vezes, sobre ONG parceiras e agências da ONU, como a UNICEF, o ACNUR e a OMS, dadas as possíveis dificuldades de subsistência dos programas e das infraestruturas nacionais. A atribuição de um financiamento adequado e o planeamento para a aquisição e o fornecimento de LLIN, RDT e ACT é essencial, bem como a integração de diagnóstico e tratamentos da doença nos serviços de saúde primários, seja ao nível comunitário, seja ao nível das instalações.206 MAIOR PREPARAÇÃO EM SITUAÇÕES DE CATÁSTROFE Em todos os contextos, o impacto de catástrofes, crises humanitárias e ameaças à segurança sanitária são determinados pela eficácia dos sistemas de saúde e da respetiva capacidade de resposta. Para uma maior preparação em situações de catástrofe, é necessário que sejam tomadas medidas para: • reforçar as orientações disponíveis para responder a casos de paludismo em contextos de emergência e de eliminação da doença – o deslocamento das populações neste tipo de cenários pode contribuir para a reintrodução da doença em áreas onde o paludismo já havia sido eliminado e para epidemias enormes e devastadoras que dão origem a reaparecimentos; • desenvolver capacidades tanto ao nível subnacional como ao nível das instalações para preparar para eventuais casos de emergência e definir contingências para garantir provisões médicas; e • preparar planos de contingência e atribuir fundos e recursos flexíveis. © Erik van Twillert Recursos úteis: • Em 2013, a OMS publicou a segunda edição do Malaria control in humanitarian emergencies – an inter-agency field handbook,204 que oferece conselhos práticos aos legisladores, urbanistas e coordenadores de campo na elaboração e implementação de medidas para reduzir a morbidade e mortalidade do paludismo em cenários de desastres naturais ou de origem humana. • The Sphere handbook: humanitarian charter and minimum standards in humanitarian response inclui o conjunto de princípios comuns e padrões mínimos universais mais conhecido e de renome internacional em áreas capazes de salvar a vida numa situação de resposta humanitária.208 m Conhecida por BRI – Borrifação Intradomiciliar em Português Brasileiro Por um mundo livre de paludismo 53 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ESTUDO DE CASO: A GESTÃO COMUNITÁRIA DO PALUDISMO NA REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA 2008–2014 Durante pelo menos a última década, a República Centro-Africana tem sido afetada por conflitos, deslocações em massa da população e pobreza. A infraestrutura de saúde que foi largamente destruída nas áreas de conflito do noroeste do país não foi reconstruída. O paludismo é responsável pelo esmagador fardo de doença, com menos de 20% da população daquela zona com acesso a instalações de saúde. Desde 2008, mais de 100 voluntários da comunidade receberam formação e equipamentos para prestarem serviços de formação em saúde e gestão de casos simples de paludismo com RDT e tratamento à base de arteméter-lumefantrina (AL). © The MENTOR Initiative Em 2012, foram efetuadas 55 319 consultas, mais de 80% das quais foram confirmadas por RDT e tratadas. Um tratamento à base de AL requer seis doses durante 3 dias para ser bem sucedido. Um estudo sobre a adesão ao AL concluiu que 82% de 460 pacientes tinham aderido ao tratamento – um número que excede os níveis de muitos países. As taxas de adesão eram mais elevadas nas comunidades em que a atividade dos agentes comunitários do paludismo se fazia sentir há mais tempo. Estes resultados demonstram que os RDT e os serviços de tratamento baseados na comunidade são possíveis, acessíveis, aceitáveis, expansíveis e altamente eficazes nos cenários mais desafiantes e com menos recursos. Esta abordagem foi integrada na Estratégia Nacional de Controlo do Paludismo da República Centro-Africana e está também a ser implementada por outras ONG no país e além-fronteiras, com o financiamento do Fundo Global.207 54 Por um mundo livre de paludismo © The MENTOR Initiative ESTUDO DE CASO DA REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA © Swiss Malaria Group/Sumon Yusuf Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) CRIANDO OS ELEMENTOS DE APOIO 7. REFORÇO DO AMBIENTE FAVORÁVEL Milhões de pessoas continuam a não usufruir do acesso adequado aos serviços de paludismo, morrendo desnecessariamente de uma doença evitável ou tratável a custo reduzido. Os esforços para melhorar o acesso são comprometidos por fraquezas ao nível político e institucional e pela indisponibilidade de dados confiáveis para auxiliar na tomada de decisões e intervenções direcionadas. Os serviços de saúde continuam a apresentar fortes falhas de governabilidade e capacidade, que se traduz em lacunas no fornecimento de serviços a grande parte da população, em especial aos pobres e marginalizados. Para além de um maior compromisso e financiamento, é necessário reforçar políticas e normas, recorrer à evidência para responder de forma adequada ao paludismo e alcançar todos em necessidade, onde quer que estejam. Os componentes essenciais de um ambiente favorável, fundamentais para um maior acesso aos serviços de luta contra o paludismo, incluem sistemas de saúde mais fortes, com uma capacidade reforçada, uma melhor cooperação entre prestadores de saúde públicos, privados e religiosos e uma maior colaboração com comunidades e trabalhadores de saúde comunitários. © PAHO/WHO CRIAR POLÍTICAS “INTELIGENTES” NA LUTA CONTRA O PALUDISMO O progresso verificado na luta contra o paludismo tem sido possibilitado, em grande medida, devido a um ambiente político favorável. Entidades reguladoras funcionais, políticas coerentes e o compromisso comunitário são elementos essenciais para garantir que as políticas são devidamente implementadas e aplicadas de forma sustentada. POLÍTICAS MULTISSETORIAIS À medida que cada vez mais setores se comprometem, a necessidade de garantir a coerência de políticas nacionais entre vários ministérios vai aumentando. As decisões sobre grandes projetos de desenvolvimento, como a construção de barragens, projectos hidroeléctricos e de reinstalação, são tomadas pelos ministérios do planeamento, das finanças, das infraestruturas, da energia e da água. As atividades de controlo de vetores como a regulamentação de drenagem de solos, podem recair sob a esfera de competências de agências de saúde ambiental. Os ministérios da agricultura emitem as autorizações necessárias à utilização de inseticidas para IRS. Poderá também ser necessário envolver as autoridades de saúde animal em políticas de gestão dos riscos para a saúde humana como, por exemplo, os riscos relacionados com o Plasmodium knowlesi e, possivelmente, outras infeções zoonóticas relativas ao paludismo.209 56 Por um mundo livre de paludismo © Swiss Malaria Group/Sumon Yusuf Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) © The Global Fund/John Rae Para reforçar o ambiente político multissetorial, é necessário que sejam tomadas medidas para: • conduzir análises políticas rápidas, conforme descrito no Handbook for integrated vector management155 e no Plano Global para a Gestão da Resistência aos Inseticidas, da OMS, para avaliação dos pontos fortes e dos pontos fracos dos ambientes políticos regionais e nacionais; • tomar eventuais lacunas e inconsistências como base para efetuar alterações, reformular, retirar ou criar políticas de apoio à luta contra o paludismo; • recorrer a regulamentações cívicas como ponto de partida (por exemplo, para exigir às empresas e aos indivíduos envolvidos em trabalhos de construção e demolição que tomem precauções para prevenir condições favoráveis à reprodução de vetores). Na Índia, o cumprimento desta medida é um requisito prévio para a emissão de certificados de ocupação pelas autoridades municipais; •d efender a introdução de regulamentos de saúde ocupacional, conforme promovidos pela Decent work agenda da Organização Internacional do Trabalho, para proteção dos trabalhadores contra eventuais lesões e doenças no trabalho, incluindo o paludismo;20 • i ntroduzir políticas fiscais e limitar as barreiras burocráticas de investimento na luta contra o paludismo, incentivar o envolvimento do setor privado e reduzir os impostos e as tarifas sobre os produtos de saúde; e •a ssociar os bancos regionais de financiamento com agências independentes condutoras de avaliações de impacto sobre a saúde para garantir que as avaliações sejam elaboradas como parte integrante dos estudos de viabilidade de eventuais projetos de desenvolvimento de novas infraestruturas e de grande envergadura (por exemplo, barragens, minas, extração de combustíveis fósseis ou plantações em larga escala). Para definir as medidas de mitigação adequadas, é essencial analisar detalhadamente o possível impacto de um determinado projeto na ecologia de vetores local e na transmissão do paludismo em todas as fases do processo (ou seja, durante a construção, o funcionamento e o encerramento). Os estudos epidemiológicos ou entomológicos conduzidos como parte integrante da descrição preliminar ou das atividades de vigilância deverão ser disponibilizados ao público para um monitoramento transparente do impacto contínuo e do sucesso das medidas de mitigação, permitindo assim às autoridades locais uma forma de promover a responsabilização. 58 Por um mundo livre de paludismo O progresso verificado na luta contra o paludismo tem sido possibilitado, em grande medida, graças a um ambiente político favorável. Recursos úteis: • Health impact assessment. International best practice principles (IAIA, 2006).210 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) O AMBIENTE POLÍTICO EM SAÚDE Para garantir o progresso rumo aos objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo, é imperativo que o ambiente político promova o acesso das pessoas aos serviços de saúde e a tratamentos de qualidade. Para tal, é necessário que sejam tomadas medidas para: • promover uma cobertura universal e gratuita de saúde e consolidar mecanismos de proteção social para que as pessoas tenham acesso a diagnósticos de paludismo logo após o início da febre; • garantir que os desenvolvimentos verificados ao nível da cobertura universal de saúde sejam genuinamente inclusivos para populações não registadas, como os habitantes de bairros pobres (favelas) e os migrantes sem documentação; Para promover um ambiente político responsivo, é necessário que sejam tomadas medidas para: • alinhar políticas nacionais de luta contra o paludismo com a a Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS e as políticas recomendadas pela OMS, o que permitirá também reforçar o alinhamento regional e facilitará a colaboração internacional e as parcerias regionais; • explorar várias possibilidades para harmonizar a tomada de decisões políticas a nível regional (por exemplo, no que toca ao registo de medicamentos para tratamento do paludismo, a inseticidas recentemente aprovados e a produtos com inseticidas, como LLIN e produtos para IRS); • assegurar que sejam tomadas medidas rápidas para avaliar e aconselhar sobre novas ferramentas para reduzir o tempo de “disponibilização no mercado”; © Erik van Twillert •a daptar políticas de aquisição global para apoiar a mudança ao nível subnacional (por exemplo, na aquisição de LLIN novas e mais dispendiosas com propriedades específicas de oposição à resistência assim que estas sejam disponibilizadas); • continuar a promover a resolução da Assembleia Mundial da Saúde sobre monoterapias, impor uma legislação nacional a proibir a venda e utilização e proibir práticas inadequadas de prescrição de medicamentos; • reforçar os sistemas reguladores nacionais para fiscalizar e testar produtos antipalúdicos, medicamentos falsos e de qualidade inferior; • sensibilizar os trabalhadores de saúde, os comerciantes e o público em geral para os danos dos medicamentos falsos; • fortalecer os mecanismos para isentar os pobres do pagamento das taxas de utilização de serviços do paludismo; • implementar a Resolução da Assembleia Mundial da Saúde (WHA61.17) de 2008 sobre a Saúde dos Migrantes para identificar os riscos de saúde específicos do grupo em questão, promover acordos internacionais de prestação de cuidados de saúde recíprocos para os migrantes e monitorar a saúde e o acesso a cuidados de saúde por parte dos mesmos (incluindo a prevenção, o diagnóstico e o tratamento do paludismo); • reforçar autoridades reguladoras nacionais para garantir a utilização exclusiva, em segurança e de forma sensata, de pesticidas para a saúde pública de qualidade, tanto no setor público como no setor privado211 a incorporação de um grupo de trabalho sobre pesticidas para a saúde pública no controlo de pragas ou organismo regulador mais abrangente poderá ser uma forma eficaz de abordar o registo, a regulamentação e a utilização de pesticidas para a saúde pública; e • suportar uma reforma da administração pública para definir carreiras de profissionais de campo em entomologia, controle vetorial e saúde ambiental.212 • explorar a possibilidade de pacotes nacionais de seguros de saúde incluírem instrumentos preventivos, como as LLIN; e • encontrar formas de canalizar pagamentos correntes em saúde para as pessoas não gastarem dinheiro em medicamentos ou serviços de qualidade inferior, investindo assim em formas de pagamento antecipado e garantias globais (por exemplo, contribuições de seguros de saúde) que garantam a aquisição de produtos ou serviços de qualidade. © Bill & Melinda Gates Foundation • garantir a implementação de processos de reembolso junto de prestadores de serviços não governamentais, cujos serviços tenham sido prestados gratuitamente, em virtude das políticas nacionais em vigor; O AMBIENTE POLÍTICO DO PALUDISMO Um ambiente político com respostas rápidas é essencial para as investigações/pesquisas de paludismo correntes e desenvolvimento de produtos. A falta de políticas objectivas, processos de revisão lentos e ineficiências nos processos de aprovação e registo podem retirar o incentivo a setores chave e grupos de interesse fundamentais para o compromisso de investigação e desenvolvimento (I&D) do paludismo. Os custos de investir no desenvolvimento de novos instrumentos e medicamentos são elevados, sendo que cada ano de atraso tem um forte impacto no ROI, na falha na prevenção de doenças e no número de vidas salvas. Por um mundo livre de paludismo 59 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) MELHORAR A QUALIDADE E A UTILIZAÇÃO DOS DADOS A existência de dados de qualidade é essencial para o planejamento, implementação, monitorizaçãon e avaliação de programas, avaliação e adoção de novos produtos e estratégias e avaliação do progresso alcançado. Os dados são necessários para caracterizar e controlar alterações epidemiológicas, distribuições e comportamentos vetoriais, a resistência aos medicamentos e inseticidas e a eficácia e utilização de intervenções. Os sistemas de informação de saúde de rotina nacionais devem constituir uma das principais fontes de dados para a tomada de decisões em saúde pública, revisões de programas do setor da saúde e doenças, análise e planeamento. A funcionalidade dos mesmos tem melhorado com a gestão do Sistema de Informação de Saúde Distrital 2 (DHIS2, sigla em Inglês).213 Ainda assim, em 2012, em 41 dos 99 países com transmissão contínua do paludismo, os sistemas de informação de gestão em saúde não funcionavam corretamente, enfrentavam desafios na recolha e análise de dados e na utilização dos mesmos para tomadas de decisão e alocação de recursos.214 Os inquéritos aos agregados familiares são uma fonte complementar importante, e desempenham um papel privilegiado na disponibilização de dados populacionais, incluindo informações sobre quem não tem acesso aos serviços de saúde. Estes inquéritos são essenciais para a criação do perfil de quem contraiu paludismo, quem tem acesso a LLIN e quem recebe tratamento para a doença. No entanto, à medida que a transmissão vai diminuindo, os inquéritos descrevem a transmissão da doença com menos precisão e a necessidade de vigilância de rotina aumenta. REFORÇO DOS SISTEMAS DE VIGILÂNCIA Tal como sublinhado pela Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS, é necessário reforçar a vigilância para compreender o progresso alcançado rumo à eliminação, identificar focos residuais de infeção, detectar, preparar e responder a eventuais epidemias, dar suporte a orçamentos e planejamentos e aumentar o conhecimento sobre a resistência emergente aos medicamentos e inseticidas. Assim, é necessário que sejam tomadas medidas para: • melhorar os sistemas de vigilância de parasitas e vetores e a capacidade necessária ao funcionamento dos mesmos, como parte integrante do reforço dos sistemas de saúde; • tornar os sistemas de vigilância inclusivos e facilitar a participação de prestadores do setor privado e da sociedade militar e civil em sistemas nacionais; • r eforçar o compromisso comunitário na recolha e utilização de dados de vigilância; e LUTAR CONTRA O PALUDISMO COM CONHECIMENTOS CLIMÁTICOS Botsuana criou um sistema de alerta precoce que integra uma previsão pluviométrica sazonal com informações populacionais e de vigilância médica. A utilização das previsões pluviométricas sazonais reduziu o tempo de espera em 4 meses comparando com os avisos de epidemia anteriores e permite o tempo necessário para a mobilização de recursos e preparação de uma resposta eficaz.215 © Bill & Melinda Gates Foundation •a proveitar ao máximo o potencial de novas tecnologias para alimentar os sistemas de vigilância com dados em tempo real. Por exemplo, o Programa para a Eliminação do Paludismo em Zanzibar desenvolveu o programa Coconut Surveillance, uma aplicação móvel baseada no Sistema de Detecção Precoce de Epidemias de Paludismo;216,217 podendo este sistema identificar surtos com 2 semanas de antecedência. A existência de dados de qualidade é essencial para ajudar à tomada de decisões e impulsionar medidas adequadas. n 60 Ao longo do documento a palavra “monitorização” pode ser substituída pela palavra equivalente em Português do Brasil “monitoramento” Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) UTILIZAÇÃO DE DADOS PARA TOMADAS DE DECISÃO E MEDIDAS DE AÇÃO O sucesso de uma maior redução do fardo do paludismo depende da utilização inteligente de evidências epidemiológicas para informar a reposta. Os programas de luta contra o paludismo e os investigadores de países africanos recebem apoios para reunirem e compilarem informações da doença com vista à tomada de decisões nacionais eficientes. Atualmente, os dados de vários tópicos são reunidos e estratificados, incluindo dados sobre a transmissão e incidência do paludismo, o povoamento humano, unidades para a tomada de decisões em saúde, a ocorrência de espécies de vetores, a métrica da pluviosidade sazonal, a localização dos serviços de saúde e a cobertura de intervenções atuais relativamente às intervenções passadas. A informação recolhida está sendo utilizada para identificar áreas ou populações particularmente vulneráveis e orientar a escolha e a combinação de intervenções de controlo da doença e a gestão da resistência relacionada. Compartilhar os produtos entre as regiões fortalece a colaboração entre os países e as lições adquiridas. 218 AUMENTANDO O ACESSO À INFORMAÇÃO Os dados extensos de pesquisas internas (por exemplo, os Inquéritos Demográficos e Sanitários e os Inquéritos de Aglomeração dos Indicadores Múltiplos da UNICEF) são disponibilizados ao público. O livre acesso aos dados dos sistemas nacionais de rotina e de outras fontes tem um enorme potencial ainda não utilizado para alterar o método de gestão dos governos, capacitar os cidadãos, reforçar a transparência e promover a responsabilização. Por exemplo, no Burquina Faso, a Iniciativa de Dados Abertos detém mais de 50 conjuntos de dados governamentais disponíveis a título gratuito, incluindo os dados do Ministério da Saúde sobre o número de mortes por paludismo e a cobertura da vacinação em todo o país.219 Para reforçar o acesso à informação é necessário que sejam tomadas medidas para: • criar plataformas para compartilhar dados e incitar a mudança de “mentalidades” no que se refere ao intercâmbio de dados entre ministérios, setores e países; • incentivar esforços para tornar públicos, em tempo real, os dados sobre a vigilância e outros dados relacionados (por exemplo, revisões da despesa pública); • dar suporte aos esforços da sociedade civil e dos organismos de supervisão para reivindicarem o direito de acesso aos dados de progresso registados ao nível da saúde e da luta contra o paludismo (por exemplo, em termos de monitoramento de surtos, interrupção de serviços ou falhas na cadeia de fornecimento); e • associar os resultados do mapeamento de riscos com as mensagens da comunicação social sobre medidas de proteção que comunidades específicas com elevado risco de infeção por paludismo podem suportar.89 © Jim Barrington/SMS for Life A obtenção de informação não é suficiente. Os dados apenas serão úteis se forem utilizados para auxiliar na tomada de decisões e para impulsionar uma resposta ativa e adequada. Os dados são necessários para avaliar o impacto de intervenções, suprimir o efeito de variáveis de confusão como o clima (por exemplo, sob a forma de secas) e permitir a utilização eficiente de recursos. É necessário que sejam tomadas medidas para: • cooperar estreitamente com instituições de investigação e parceiros técnicos regionais e locais para desenvolver uma arquitetura de dados sustentável; • desenvolver a capacidade de utilização e atuação de dados a todos os níveis; • dar continuamente feedback a quem recolher e analisar dados para que estejam perfeitamente cientes de como estes são utilizados; •m anter os decisores políticos sempre informados no progresso alcançado e reforçar a importância de um investimento contínuo; • manter os trabalhadores de saúde e as comunidades afetadas devidamente informados sobre o verdadeiro fardo do paludismo para a região e permitir-lhes controlar o progresso e tomar as medidas adequadas; • realizar auditorias sobre a qualidade dos dados para identificar eventuais utilizações indevidas de dados para planejamento e atribuição de recursos nos programas de luta contra o paludismo; e • rever e avaliar periodicamente os programas de luta contra o paludismo. APROVEITAMENTO DA TECNOLOGIA DIGITAL E OS ASPETOS PRÁTICOS DA TOMADA DE DECISÕES POLÍTICAS PLATAFORMAS ABERTAS PARA UMA MELHOR PRESTAÇÃO DE CONTAS Em resposta à ausência de dados confiáveis no setor da água e do saneamento, foi criada uma plataforma para compartilhar mapas de fácil entendimento que apresentam a densidade de pontos de água potável e sistemas de drenagem. Aproveitando os inquéritos sobre a desigualdade urbana do UN-HABITAT, a plataforma amplia o âmbito da avaliação comparativa dos prestadores de serviços para incluir o georreferenciamento. Tem sido utilizada por consumidores, prestadores de serviços, decisores políticos e doadores para monitorar o impacto das intervenções e reforçar a prestação de contas. A plataforma pode ser prontamente adaptada para compartilhar dados sobre a prevalência do paludismo e a cobertura da intervenção em comunidades afetadas, permitindo que estas responsabilizem o governo local pelo progresso na prestação de serviços de qualidade para o tratamento do paludismo.220 Por um mundo livre de paludismo 61 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) REFORÇO E INTEGRAÇÃO EM SISTEMAS DE SAÚDE O progresso sustentável rumo à eliminação do paludismo não pode ser considerado isoladamente do sistema de saúde mais amplo que permite ou impede o acesso das populações aos serviços de saúde. De facto, para facilitar o progresso e realizar os objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo, será necessário fomentar a tendência atual de cobertura universal de saúde, otimizar a utilização de recursos nos setores público e privado e ao nível comunitário, personalizar a resposta de acordo com os contextos locais e integrar os sistemas de saúde existentes. mTRAC – UTILIZAÇÃO DE TELEMÓVEIS (TELEFONIA MÓVEL EM PORTUGUÊS BRASILEIRO) PARA CONTROLO DA DISPONIBILIDADE E DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS Para complementar a comunicação dos trabalhadores de saúde, os membros comunitários do Uganda são incentivados a denunciar ruturas/ faltas de stock e outros problemas através de uma linha telefónica gratuita e anónima via SMS. Uma equipa do ministério da saúde revê e responde às mensagens anónimas enviadas por SMS. Os relatórios são categorizados por distrito e área temática (por exemplo, rutura de stock, roubo de medicamentos e fraude) e reencaminhados para um centro de ação. Este inclui a equipa distrital de gestão de saúde e outras instituições, conforme necessário (por exemplo, armazéns farmacêuticos nacionais). Além disso, mTrac organiza regularmente um talk show de rádio sobre problemas de saúde preocupantes para as comunidades e permite dar feedback sobre as medidas a tomar na sequência dos relatórios recebidos por SMS. A equipa mTrac publica artigos com regularidade na imprensa nacional para destacar temas de saúde de interesse nacional, promove a linha direta de SMS e dá respostas sobre as melhorias registadas. FORTALECER A GOVERNANÇA NO SETOR DA SAÚDE A governança no setor da saúde reside na visão estratégica definida para a saúde das populações e no facto de essa visão enriquecer os valores da solidariedade, equidade e justiça social. Os sistemas de saúde com boa gestão providenciam mecanismos para os cidadãos fornecerem opinião sobre os serviços. Isso poderá ajudar a tornar os serviços que dêem respostas às necessidades das populações e, assim, promover um sentimento de confiança e estimular uma maior procura dos mesmos. Para fortalecer a governança no setor da saúde, é necessário que sejam tomadas medidas para: • assegurar um elevado grau de participação e obtenção de consenso no desenvolvimento, implementação e monitoramento dos planos e das estratégias de saúde nacional e de luta contra o paludismo; • defender a divulgação de informações (por exemplo, no que toca a aquisições), bem como auditorias e demonstrações financeiras por parte de agências públicas, incluindo agências nacionais de medicamento e inseticidas; • promover a transparência das taxas moderadoras e garantir que os preços de todos os serviços, incluindo o diagnóstico e tratamento do paludismo, são apresentados em todas as instituições de saúde pública; e • trabalhar em conjunto com as comunidades para identificar quem deverá ficar isento do pagamento de taxas moderadoras no tratamento do paludismo e em outros serviços de saúde. Desde o seu lançamento em 2011, as taxas de comunicação têm registado um aumento constante nos distritos em que o mTrac foi implementado, facultando assim dados desagregados e em tempo real, anteriormente indisponíveis a nível nacional. Foi também registada uma redução notória e constante na rutura de stocks de ACT de instituições ativas. © Jean-Emmanuel Julo-Réminiac/Swiss TPH 62 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) REFORÇO DA CAPACIDADE DE LUTA CONTRA O PALUDISMO EM TODOS OS NÍVEIS Os sistemas de saúde em geral, e, em particular, os programas de luta contra o paludismo, têm sido flagelados durante décadas pela carência de capacidades. O progresso tem sido alcançado através de prestadores de cuidados de saúde e trabalhadores comunitários polivalentes. A expansão da capacidade de recursos humanos a nível nacional, subnacional, de instituições e da comunidade é parte integrante do reforço do sistema de saúde e garante a disponibilidade de competências e conhecimentos específicos no domínio do paludismo. É essencial que os programas de luta contra o paludismo sejam suficientemente capazes de suportar quem trabalha ao nível local, para que essas mesmas pessoas possam apresentar uma resposta personalizada, administrar a resistência aos inseticidas, implementar e monitorizar intervenções direcionadas ao controlo de vetores e oferecer diagnósticos e tratamentos contra o paludismo como serviços especializados, ainda que integrados. A importância de tudo isto aumenta à medida que o fardo da luta contra o paludismo diminui e a distribuição da doença passa a ser mais heterogénea. Nestas situações, é necessário desenvolver a capacidade de compreensão do risco de transmissão local e de atribuição de pacotes de intervenção direcionados às populações vulneráveis ou a zonas remotas. Para desenvolver a capacidade de luta contra o paludismo, é necessário que sejam tomadas medidas para: É essencial haver uma capacidade específica no tratamento do paludismo para obter uma resposta adaptada ao local. • avaliar as necessidades de recursos humanos em todos os níveis e acompanhar os avanços alcançados em termos da melhoria da capacidade administrativa, epidemiológica, entomológica, parasitológica e clínica; • definir mecanismos e garantir financiamento para compartilhar os conhecimentos sobre o paludismo entre diversas regiões e distritos, e, até mesmo, entre países vizinhos; • reforçar os mecanismos de suporte e supervisão, incluindo a utilização de métodos de formação inovadores, para otimizar a possível contribuição dos recursos humanos em todos os níveis; e • garantir a rápida integração de eventuais alterações de estratégias nacionais de luta contra o paludismo na formação inicial e contínua de todos quantos estiverem envolvidos na implementação do programa. © Swiss Malaria Group/Guilherme Gnipper © Swiss Malaria Group/Tim Siegenbeek van Heukelom Por um mundo livre de paludismo 63 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) OTIMIZAÇÃO DE EFICIÊNCIAS E MELHORIA DA QUALIDADE DAS INTERVENÇÕES CONTRA O PALUDISMO Os programas de luta contra o paludismo podem liderar a melhoria da qualidade para benefício do sistema de saúde em geral. Visar a resposta à doença ao nível subnacional e local otimiza eficiências e permite uma melhor relação qualidade/preço. É necessário que sejam tomadas medidas para: • estratificar os dados epidemiológicos e associá-los com outros dados relevantes (por exemplo, dados relativos à condição social, à localização e ao acesso aos serviços de saúde) para melhor compreender os riscos e as vulnerabilidades de transmissão e personalizar as respostas locais de forma adequada; • garantir que as estratégias de controlo de vetores e os inseticidas são selecionados através de dados de vigilância entomológica, com especial destaque para o monitoramento da resistência aos inseticidas, conforme delineado no Plano Global para a Gestão da Resistência aos Inseticidas; • visar intervenções suplementares ou complementares de controlo de vetores para áreas subnacionais com necessidades específicas (por exemplo, níveis elevados de transmissão ao ar livre); Os programas de luta contra o paludismo podem liderar a melhoria da qualidade dos sistemas de saúde. • sensibilizar os trabalhadores da saúde para os benefícios do ACT de qualidade e melhorar as orientações, as informações, a formação e a prática da prescrição de medicamentos; • divulgar informações públicas para conter a procura ou expectativas do consumidor desadequadas (por exemplo, a expetativa de receber um ACT mesmo quando o resultado de RDT é negativo); e • reforçar os mecanismos de controlo de qualidade para garantir que os produtos antipalúdicos disponíveis no mercado sejam de boa qualidade e utilizados corretamente.221,222 REFORÇO DA CADEIA DE AQUISIÇÃO E FORNECIMENTO Os programas de luta contra o paludismo podem melhorar a cadeia de aquisição e fornecimento para benefício do sistema de saúde. Em contextos de controlo, é necessário que os programas de luta contra o paludismo administrem a distribuição de produtos em larga escala. Pelo contrário, em contextos de eliminação, é necessário que os programas consigam responder rapidamente aos surtos e visar focos residuais de infeção e tenham sistemas que redirecionem produtos fornecidos para as áreas necessitadas. A ruptura de stocks de produtos básicos continua a ser um problema frequente, interferindo com os esforços dos prestadores de saúde e dos trabalhadores comunitários a prestarem serviços de luta contra o paludismo nas áreas mais necessitadas. As consequências da ruptura de stocks podem ser fatais. Para reforçar a cadeia de aquisição e fornecimento, é necessário que sejam tomadas medidas para: • melhorar o monitoramento e o controlo dos dados de consumo a todos os níveis para melhor informar as necessidades de aquisição; • mapear as cadeias de fornecimento dos setores público e privado, bem como as áreas em que as mesmas operam, e negociar acordos de colaboração, onde aplicável; • promover tecnologias rentáveis e adaptáveis que facilitem previsões mais adequadas, atualizações sobre entregas previstas, gestão de inventários e alertas antecipados de rupturas de stock iminentes e criação de sistemas de reencaminhamento rápido de produtos para áreas necessitada; • (onde as condições são apropriadas) estruturar a cadeia de abastecimento de produtos de prevenção de modo que as famílias possam aceder a produtos, como LLIN, em períodos de necessidade. Isso pode ser feito através de sistemas de distribuição contínuas que disponibilizem LLIN junto a várias fontes nas comunidades e podem incluir apoios do setor público aplicados através de estabelecimentos do setor privado (sempre que as condições forem adequadas); e 64 © Swiss Malaria Group/Myat Nyunt • conter fugas ativas da cadeia de fornecimento e reforçar formas de responsabilização, garantindo a presença de representantes comunitários onde os medicamentos e outros produtos sejam solicitados, recebidos ou inventariados, ou sempre que os mesmos necessitem de ser destruídos. Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) © Swiss Malaria Group/Anna Wang MELHORIA DA CAPACIDADE PÚBLICO-PRIVADA E DA “INTEGRAÇÃO INTELIGENTE” Uma colaboração e uma cooperação mais fortes entre os sistemas de saúde público e o setor privado (seja com fins lucrativos, não lucrativos, religiosos ou militares) não só aumentam o alcance da prestação de serviços, mas também é susceptível de reforçar a disponibilidade do setor privado a aderir às estruturas e sistemas reguladores nacionais em geral (por exemplo, em termos de vigilância e comunicação e de utilização de genéricos). A integração entre intervenções e setores proporciona uma plataforma para um maior acesso das populações. Esta pode melhorar os resultados de todo o sistema de saúde e responder aos problemas de saúde comunitários de uma forma mais holística (por exemplo, a comorbidade entre o paludismo e a subnutrição ou o paludismo e o VIH). Para reforçar a colaboração entre os prestadores de serviços públicos e privados e tirar proveito da integração, é necessário que sejam tomadas medidas para: • fortalecer os canais de comunicação e esclarecer as funções e responsabilidades dos sistemas de saúde privado (com fins lucrativos e não lucrativos) e público em todos os níveis; • alinhar a programação da luta contra o paludismo e os processos mais amplos de planejamento do setor da saúde para tirarem máximo proveito de eventuais oportunidades de integração nos sistemas existentes; e • garantir que o planejamento das ações de saúde e do paludismo seja desenvolvido com representantes do setor privado e do setor saúde (por exemplo, com a participação de prestadores de serviços, instituições formadoras e farmácias privadas). A “INTEGRAÇÃO INTELIGENTE” TEM BENEFÍCIOS BIDIRECIONAIS: A gestão integrada de vectores (IVM, sigla em Inglês) procura influenciar fundos para a saúde e outros setores, bem como conhecimentos e infraestruturas em laboratórios e comunicações, e melhorar o controlo de vetores para a ocorrência de diversas doenças coinfectantes (por exemplo, o paludismo e a filaríase linfática em África, o paludismo e kalaazar no Sul da Ásia e o paludismo e a dengue na Ásia e nas Américas). Este procedimento economiza custos e, ao combinar intervenções, monitoramento e avaliações, outros ganhos de eficiência podem ser feitos. Ao mesmo tempo, outros serviços de saúde poderão ter um maior alcance se os mesmos forem combinados com atividades de IVM ao nível comunitário.155 As intervenções que visam impedir a infeção por paludismo em mulheres grávidas na África Subsariana podem ser realizadas através de cuidados pré-natais (ANC, sigla em Inglês). Contudo, a cobertura efetuada por meio de três ou mais doses de IPTp continua a ser insuficiente, em parte porque muitas mulheres só procuram ANC uma ou duas vezes durante a gravidez. Um esforço combinado entre ANC e equipes dedicadas ao tratamento do paludismo poderá levar mais mulheres a ANC regulares, aumentando a aceitação de mulheres a um número mínimo de quatro consultas de ANC (como recomendado) e garantindo que as consultas sejam aproveitadas para prestação de intervenções que impeçam a perda de vidas para o paludismo, enquanto simultaneamente facilita o acesso das mulheres a outros serviços nas instituições de saúde. Por um mundo livre de paludismo 65 © WHO/EMRO/Mohsen Allam Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) 8. PROMOÇÃO E PARTILHA DE INOVAÇÕES E SOLUÇÕES As inovações científicas, novas tecnologias, estratégias e ferramentas prometem prevenir, diagnosticar, tratar e eliminar o paludismo de uma forma mais eficaz e eficiente. A inovação será essencial para realizar os objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo. Novos instrumentos e produtos relacionados, incluindo o desenvolvimento de vacinas, podem influenciar de forma significativa o futuro da resposta global, beneficiar as populações mais pobres e vulneráveis em todo o mundo e colocar os países no caminho da eliminação e da erradicação de doença. Em 2008, o lançamento do primeiro GMAP foi acompanhado por um interesse renovado em termos de I&D na luta contra o paludismo, um aumento de financiamento significativo e níveis sem precedentes de apoio político. Toda esta atenção em conjunto com uma série de progressos verificada recentemente em prol da eliminação da doença conduziu a um reenquadramento da agenda de investigação no domínio do paludismo. Apesar de a falta de alternativas de ACT e piretróides ser uma limitação, existem interessantes planos de desenvolvimento para a adoção de novos medicamentos, vacinas, estratégias de controlo de vetores e outros avanços tecnológicos. Neste momento, são vários os desenvolvimentos recentes ao nível dos medicamentos e das vacinas prestes a serem introduzidos no mercado. No horizonte 2020, perfilam já produtos novos de controlo de vetores. Da mesma forma, também estão em curso esforços inovadores significativos para melhorar os mecanismos de execução, apesar de continuarem a existir desafios no que se refere à inovação da participação comunitária. Estas inovações científicas, novas tecnologias, estratégias e ferramentas prometem prevenir, diagnosticar, tratar e eliminar o paludismo de uma forma mais eficaz e eficiente. Ainda assim, o processo malERA demonstrou que as intervenções, abordagens e estratégias disponíveis permanecem insuficientes para erradicar o paludismo.223 É necessário persistir de forma intensa com a I&D como estratégia prioritária para garantir o fornecimento das inovações previstas, possibilitar o cumprimento dos objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo e, eventualmente, alcançar a erradicação global. AGENDA DE INVESTIGAÇÃO PARA A ERRADICAÇÃO DO PALUDISMO (malERA, SIGLA EM INGLÊS) O processo malERA envolveu mais de 250 peritos na avaliação da viabilidade de erradicação. Lançados em 2011, os resultados obtidos facultaram um conjunto de orientações sobre as inovações, plataformas de recursos, abordagens, ferramentas e formações necessárias à eliminação e erradicação do paludismo, compreendendo uma investigação de base, controlo de vetores, diagnósticos, medicamentos, vacinas, monitorizações, investigações ao nível operacional e dos sistemas de saúde, além de modelos matemáticos.223 Por um mundo livre de paludismo 67 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) DESENVOLVIMENTO DE NOVOS INSTRUMENTOS E TECNOLOGIAS O processo malERA permitiu orientações importantes relativas às ferramentas e tecnologias necessárias à erradicação da doença. Para ajudar a concretizar esta agenda de investigação, são necessárias novas soluções criativas. Para tal, é necessário que o setor privado continue comprometido com parcerias de desenvolvimento de produtos (PDP) para a investigação e inovação no campo do paludismo, os investigadores exigem um espaço seguro para poderem correr riscos e as pessoas de comunidades afetadas terão de ser mais envolvidas na problemática em questão. No que diz respeito ao paludismo, é uma atitude ingénua esperar soluções “únicas” adaptadas a todas as realidades. A inovação é essencial para garantir que eventuais novos instrumentos e tecnologias respondam às necessidades contextuais altamente heterogéneas das comunidades de forma a poderem ser adotados e valorizados. Para garantir uma inovação permanente, é necessário que sejam tomadas medidas para:224 • desenvolver novos elementos (químicos) ativos para utilização em LLIN e IRS – uma vez que a ameaça de resistência aos inseticidas implica, neste momento, a identificação de novos ingredientes como uma prioridade absoluta; • criar novos tratamentos para o paludismo de forma a complementar ou substituir o ACT. O ideal seria que os novos medicamentos implicassem a administração numa dose única e tratassem todos os tipos de paludismo, impedissem recaídas, eliminassem gametócitos para impedir novas transmissões, facultassem uma profilaxia pós-tratamento contra todos os ciclos de vida e todas as espécies de paludismo e tratassem todos os grupos de pacientes (por exemplo, mulheres grávidas e crianças). Para além disso, é necessário que um medicamento seja adequado a uma administração em massa, proteja contra o paludismo até um mês ou mais e seja eficaz contra todas as espécies da doença; • continuar a apoiar o desenvolvimento de vacinas que impeçam a transmissão do paludismo e desempenhem um papel ativo contra os parasitas P. vivax ou P. falciparum (ou ambos); • explorar tecnologias de diagnóstico de ponta, em especial para a detecção de infeções assintomáticas e de baixo grau. Da mesma forma, também são desejáveis métodos não invasivos que não necessitem de recolher amostras de sangue; • promover novas tecnologias que recolham, analisem e divulguem dados de monitorização, incluindo a utilização a nível local; • continuar a conduzir investigações de base sobre os processos, agentes patogénicos, vetores e outros do paludismo; e • manter um plano de desenvolvimento de produtos saudável, enquanto a eficácia das ferramentas é continuamente avaliada, desenvolver produtos de suporte em todas as áreas de prevenção, diagnóstico e tratamento do paludismo e continuar a par de eventuais necessidades futuras de I&D. PARCERIAS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS (PDP) A promoção de PDP continua a ser fundamental para a obtenção de progressos. As PDP oferecem uma combinação única entre perícia e conhecimentos dos setores público e privado, que permitem encontrar soluções eficientes e eficazes para a realização de intervenções de luta contra o paludismo. A Medicines for Malaria Venture (MMV) tem alcançado avanços no desenvolvimento da próxima geração de medicamentos antipalúdicos, o Consórcio Inovador de Controlo de Vetores (IVCC, sigla em Inglês) tem apresentado inovações ao nível do controlo de vetores com novos elementos ativos e paradigmas, a Fundação para Novos Diagnósticos Inovadores (FIND) tem trabalhado em parceria com a OMS no desenvolvimento de novas abordagens de diagnóstico e a Iniciativa da Vacina contra o Paludismo da PATH (MVI, sigla em Inglês) e a Iniciativa Europeia de Vacinação têm apoiado o desenvolvimento de vacinas contra o paludismo. © Bill & Melinda Gates Foundation 68 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ENTRADA DE PRODUTOS NO MERCADO © Swiss Malaria Group/Sarah Hoibak À medida que novos instrumentos vão sendo disponibilizados, a OMS e outros organismos reguladores deverão rever a eficácia e a adequação da utilização dos mesmos e formular recomendações com base em evidências adequadas. Muitos países e organizações doadoras apenas adquirem produtos recomendados pela OMS. A existência de processos reguladores e políticos transparentes, previsíveis e exaustivos são essenciais para estimular a inovação e comercializar novos produtos o mais rapidamente e eficientemente possível. A UNITAID aplica a inovação para criar mercados mais saudáveis em termos de produtos antipalúdicos e superar os desafios de mercados orientados única e exclusivamente para os consumidores.225 OTIMIZAÇÃO DE OPERAÇÕES PARA O CONTROLO E A ELIMINAÇÃO DA DOENÇA FORTALECIMENTO DO CICLO DE INVESTIGAÇÃO PARA PRÁTICAS E POLÍTICAS A pesquisa operacional é essencial para a otimização dos métodos de fornecimento e implementação de ferramentas e produtos atuais e futuros.223 Para tal, é necessário que sejam tomadas medidas para: •p riorizar o financiamento e reforçar capacidades para responder às prioridades de investigação para as operações de luta contra o paludismo; •g arantir que a investigação operacional incida sob a superação obstáculos e o reforço de conhecimentos para tornar a prestação de intervenções sobre o paludismo mais eficiente e eficaz; e •d esenvolver plataformas de partilha de informações para disseminar os resultados de investigação entre parceiros, sistemas de saúde e setores. À medida que os países vão avançando rumo à eliminação do paludismo, será cada vez mais crítico minimizar as lacunas existentes entre a investigação, a política e a prática. O diálogo interdisciplinar e o intercâmbio oportuno entre investigadores, decisores políticos e prestadores de serviços, executores dos programas e representantes comunitários são necessários à coordenação, criação e partilha dos resultados da investigação, bem como à atuação sob os mesmos. Quando as pessoas são colocadas no centro da política e do campo prático e os executores são envolvidos numa fase inicial, as pessoas são mais suscetíveis de se tornarem parceiros ativos no teste de inovações, ajudando a aperfeiçoá-las e a garantir a respetiva sustentabilidade. © Swiss Malaria Group/Myat Nyunt Por um mundo livre de paludismo 69 © Swiss Malaria Group/Antonio Mendes Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ASSEGURAR O PROGRESSO E RESPONSABILIZAÇÃO 9. FACILITAR A MUDANÇA Através de uma ação conjunta, cada vez mais países cumprirão as etapas definidas para 2020 e 2025 e as metas estipuladas para 2030, reduzindo a morbidade e a mortalidade resultantes do paludismo ou eliminando a doença. A AIM apresenta uma argumentação sólida em prol do investimento com o objetivo de mobilizar uma ação coletiva e recursos na luta contra o paludismo. A criação de parcerias multissetoriais e internacionais permite o desenvolvimento de um ambiente favorável mais vasto que facilitará a obtenção dos objetivos definidos para 2030 na luta contra a doença. Tal ambiente requer coerência política entre os vários ministérios departamentos e setores, e sistemas de saúde fortes que possam proporcionar medidas de vigilância como uma intervenção fundamental. Ao melhorar a qualidade, a acessibilidade, a estratificação, utilizar os dados sobre a saúde, sobre o paludismo e outros (por exemplo, dados socioeconómicos e climáticos), os serviços de prevenção e tratamento do paludismo podem ser direcionados, permitindo assim uma melhor relação preço/qualidade e alcançando os mais necessitados. Graças à sua flexibilidade e ao compromisso firmado, as OSC, as organizações religiosas e as organizações de resposta a emergências são essenciais, complementando os esforços governamentais na prestação de serviços em áreas remotas e situações de fragilidade. A sensibilização e mobilização de recursos são também essenciais para a contínua investigação e inovação respeitante ao paludismo. As partes interessadas globais e locais do setor privado, do mundo da investigação e do meio académico são essenciais para garantir um plano de desenvolvimento saudável de futuros produtos, bem como a aprovação, o fornecimento e a adoção de produtos atualmente em fase de elaboração. O envolvimento das comunidades em todas as etapas de resposta e o reforço da investigação das operações estimularão as inovações a serem implementadas e permitirão o fornecimento eficiente de produtos. Através de uma ação conjunta, cada vez mais países cumprirão as etapas definidas para 2020 e 2025 e as metas estipuladas para 2030, reduzindo a morbidade e a mortalidade resultantes do paludismo ou eliminando a doença. A monitorização do progresso em vários setores permitirá uma melhor quantificação dos retornos sobre o investimento na luta contra o paludismo em todos os domínios do desenvolvimento e o reforço da evidência existente. Isto permitirá aos programas de luta contra o paludismo e aos respetivos parceiros apresentarem uma argumentação ainda mais convincente em favor de um investimento contínuo e manter o ciclo de progressos. Por um mundo livre de paludismo 71 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) FOMENTAR O POTENCIAL DAS PARCERIAS A luta contra o paludismo resume a filosofia dos ODS, com ênfase em parcerias, num princípio de solidariedade e no desenvolvimento centrado nas pessoas. A AIM recomenda um conjunto de ações que visam orientar o progresso para realização dos objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo. Apesar de estas ações poderem ser adotadas por um único país ou por parceiros individuais, a experiência demonstrou que nenhum país, setor, parte interessada ou grupo consegue vencer o paludismo se agir de forma isolada. A reunião de diversos parceiros promove sinergias vantajosas em que o trabalho realizado por esse conjunto se torna muito maior e significativo que a soma do trabalho individual de cada parceiro. A adoção de uma abordagem inclusiva e o desenvolvimento de parcerias de sucesso dentro e através de círculos eleitorais, setores e países serão essenciais para a obtenção dos objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo. © United Against Malaria As parcerias são necessárias para promoverem a agenda dos ODS, realçarem o paludismo como um desafio mais amplo para a redução da pobreza e desenvolvimento económico e garantirem uma resposta dirigida a todos os níveis da tomada de decisões. As parcerias são igualmente essenciais para defenderem de forma eficaz tanto a ação como a mobilização de recursos, independentemente da situação em que se encontre um determinado país na eliminação do paludismo. A Parceria RBM irá desenvolver uma estratégia de mobilização de recursos que tem em consideração futuros potenciais financiadores e facilita o acesso dos países a fundos internacionais e a mecanismos de financiamento inovadores. Ao longo dos próximos 15 anos, países que são afetados pelo paludismo necessitam fazer a transição para terem condições de sustentar e financiar a sua resposta à doença com uma proporção muito maior de financiamento interno. A Parceria RBM promoverá apoio estratégico para desenvolver capacidades locais e trabalhará com os países para mobilizar financiamento interno de ambos os setores público e privado. Mais ainda, a Parceria coordenará e aumentará o número de fóruns internacionais para reforçar o compromisso de agentes não tradicionais e de outros setores, incluindo o setor privado e a sociedade civil. Para manter as pessoas no centro da resposta, a Parceria RBM trabalhará no sentido de envolver as comunidades de uma forma mais eficaz, para salientar a necessidade de conhecimentos e diagnósticos contextuais e implicar as populações na criação de instrumentos e estratégias inovadores. Também trabalhará para reforçar a CMSC e incentivar e apoiar as redes da sociedade civil e os organismos 72 Nenhum país, setor, parte interessada ou grupo consegue vencer o paludismo se agir de forma isolada. A reunião de diversos parceiros promove sinergias vantajosas em que o trabalho efectuado por esse conjunto se torna muito maior e significativo que a soma do trabalho individual de cada parceiro. de emergência para prestarem serviços de luta contra o paludismo junto das MMP e de outras populações vulneráveis, bem como das pessoas afetadas em situações de emergência, defendendo ao mesmo tempo a necessidade de uma maior preparação para catástrofes em todos os níveis. No que diz respeito aos elementos de apoio, a Parceria RBM trabalhará para reforçar o alinhamento regional, elaborar políticas em vários setores que sejam mais “inteligentes” na luta contra o paludismo, associar bancos regionais a agências independentes condutoras de avaliações de impacto sobre a saúde, promover a disponibilidade e a utilização de dados de qualidade para a tomada de decisões e reforçar sistemas de saúde integrados. A Parceria incentivará uma colaboração e parcerias intersectoriais mais fortes no setor da saúde em geral (por exemplo, focando a atenção na importância do progresso em termos da redução da mortalidade e da morbidade materno-infantil por paludismo) e multiplicará esforços para melhorar a qualidade dos cuidados, otimizar o controlo vetorial integrado e criar sistemas de vigilância de resposta. Da mesma forma, as parcerias são necessárias para garantir a mobilização de recursos na investigação do paludismo, continuar com os progressos alcançados ao nível das parcerias de desenvolvimento de produtos para a inovação e facilitar a colaboração e o compartilhamento dos resultados da investigação de implementação. As parcerias com o meio académico ajudarão a reforçar as evidências do retorno sob o investimento no controlo e na eliminação do paludismo e os potenciais custos do reaparecimento da doença. Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) A Parceria RBM continuará a desempenhar um papel de coordenação para facilitar a reunião das partes interessadas, promover a colaboração e compartilhar as melhores práticas entre diversos países e regiões e fomentar o potencial de cada parceiro da RBM de acordo com a respetiva vantagem comparativa e o compromisso para com os objetivos compartilhados definidos para 2030 e para a visão de um mundo livre de paludismo. Em todas estas áreas, a Parceria RBM controlará o progresso em curso, apresentará um relatório a todos os parceiros sobre a situação e chamará a atenção para as áreas que requerem uma maior ação e investimento. OS PARCEIROS DESEMPENHAM UM PAPEL IMPORTANTE NA IMPLEMENTAÇÃO DA AIM Criação de parcerias S e t o r p ri va d o es a v n I io me açã o Se nsi bili z çõ ão ial ca a ç ã dé o e mi co t or tig ão de ç mo a o r p ilh ar t e s o p e s çõe a v o in aç lu se or es mobiliz aç de recu ão rso s = Um mundo livre de paludismo ab edade Soci l civi ti s pessoas r as n te tro ma no cen Países endé ou em fa micos de elimina se ção Coo rde naç ão reforço do ambiente favorável l co l mu as lid só is ma s ir o ce i m Par volv en de s ias ênc Evid d en e to a junt con gem iza nd re Ap Fund açõ es ores d a Do S e c t or Figura 10 a Responsa bilização mútu Por um mundo livre de paludismo 73 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) MONITORIZAÇÃO DE RESULTADOS As partes interessadas necessitam de dados robustos e confiáveis, em todos os níveis, para acompanhar o progresso em direção às etapas definidas para 2020 e 2025, bem como as metas estipuladas para 2030 na luta contra o paludismo. Um conjunto de indicadores eficazes ajudará a orientar, nos próximos 15 anos, a comunidade envolvida na concretização deste objetivo. Os indicadores desenvolvidos pela Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030, definido na Tabela 2, serão apresentados posteriormente em Relatórios sobre o paludismo no mundo. Para completar estes indicadores, foi também desenvolvido um quadro de monitoramento da AIM. Ao passo que os indicadores da Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS definem de forma explícita as conclusões, os resultados e o impacto, os indicadores da AIM são direcionados para os processos e os insumos. Em conformidade com a natureza técnica do documento, os indicadores da Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030, são eficazes na determinação do progresso alcançado em áreas como a realização de testes, produtos e o impacto sob a morbidade e a mortalidade. Da mesma forma, os indicadores da AIM permitem uma avaliação adequada ao âmbito do documento, incluindo o sucesso na promoção do envolvimento multissetorial na luta contra o paludismo, na mobilização de recursos suficientes para garantir uma investigação e inovação permanentes, e no financiamento para a realização dos objetivos definidos para 2030 no combate ao paludismo. TABELA 2: QUADRO DE MONITORIZAÇÃO DA ESTRATÉGIA TÉCNICA MUNDIAL PARA O PALUDISMO 2016-2030 DA OMS São necessários dados robustos e confiáveis para acompanhar o progresso em direção às etapas definidas para 2020 e 2025, bem como as metas estipuladas para 2030 na luta contra o paludismo. Indicadores de resultados •Percentagem da população em risco que dormiu na noite anterior protegida por um mosquiteiro tratado com insecticida •Percentagem da população em risco que dormiu nos últimos 12 meses protegida por pulverização residual interna (borrifação intradomiciliar em Português Brasileiro) •Percentagem de mulheres grávidas que receberam, pelo menos, três ou mais doses de tratamento preventivo intermitente do paludismo, enquanto consultaram os cuidados pré-natais durante a sua última gravidez (apenas África Subsariana) • Percentagem de doentes com suspeita de paludismo que fez um teste parasitológico •Percentagem de doentes com paludismo confirmado que recebeu tratamento antipalúdico de primeira linha, de acordo com a política nacional • Percentagem de relatórios das unidades de saúde que foram recebidos a nível nacional • Percentagem de casos de paludismo detectados pelos sistemas de vigilância • Percentagem de casos investigados (programas para a eliminação) • Percentagem de focos investigados (programas para a eliminação) Indicadores de impacto •Prevalência de parasitas: percentagem da população com evidências de infecção por parasitas do paludismo •Incidência de casos de paludismo: número de casos confirmados de paludismo por 1000 habitantes, por ano • Taxa de mortalidade por paludismo: número de mortes por paludismo por 100 000 habitantes, por ano • Número de países que eliminaram recentemente o paludismo desde 2015 • Número de países livres de paludismo em 2015, em que a doença foi restabelecida 74 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) O quadro de monitoramento da AIM, apresentado na Tabela 3, está limitado a indicadores que refletem de forma confiável o fenómeno a medir e para o qual a informação já se encontra disponível ou pode ser recolhida mediante um nível exequível de esforço. O quadro foi concebido desta forma para que o monitoramento possa ser efetuado ao nível global, regional, nacional e local, conforme apropriado. O quadro de monitoramento da AIM é relativamente simplificado, uma vez que já existem outros mecanismos de responsabilização importantes em vigor, como é o caso das tabelas de desempenho desenvolvidas pela Aliança dos Líderes Africanos contra o Paludismo e pela Aliança dos Líderes da Ásia-Pacífico contra o Paludismo. O quadro em questão permitirá à comunidade global controlar em que medida os líderes políticos cumprem as promessas e apoiam as partes interessadas no nível local nos esforços de alcançar os objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo. Os parceiros individuais deverão também ter quadros de responsabilização próprios, idealmente compatíveis ou adaptáveis ao quadro de monitoramento da AIM. A informação de base de todos estes indicadores será recolhida durante o ano de 2015. À medida que formos avançando, será importante monitorar a disponibilidade de dados de qualidade que possam ser utilizados na criação de indicadores. TABELA 3: QUADRO DE MONITORIZAÇÃO DA AÇÃO E INVESTIMENTO PARA VENCER O PALUDISMO 2016-2030 Indicador Definição operacional Fonte(s) de dados ilustrativos Nível(is) sugerido(s) Compromisso de alto nível para controlar e eliminar o paludismo Existência de uma instituição governamental ou consultivo de alto nível na luta contra o paludismo com representantes dos setores privado e externo à saúde, bem como da sociedade civil Necessitará do compromisso dos responsáveis pela luta contra o paludismo para avaliar os organismos envolvidos na mesma Nível regional, nacional e local, sempre que possível Recursos dedicados ao controlo e à eliminação do paludismo Financiamento total e proporção do financiamento anual em saúde (per capita) atribuído à luta contra o paludismo nos países afetados (por fonte, incluindo o financiamento nacional, doadores e pagamentos correntes) Plataforma de Dados para o Financiamento contra o Paludismo da RBM, OCDE/CAD, Dados e inquéritos nacionais Nível global, regional, nacional e local, sempre que possível Responsabilização perante os cidadãos pelo progresso alcançado no controlo e na eliminação do paludismo Acesso público (pela Internet) a dados geograficamente desagregados relativos à incidência ou à prevalência e intervenção (prevenção, diagnóstico e tratamento) do paludismo Será necessário aceder a diferentes websites para cada país afetado Nível global, regional, nacional e local, sempre que possível Compromisso do setor privado no controlo e na eliminação do paludismo Número das 10 primeiras empresas registadas na base tributária nacional que investem na luta contra o paludismo (contribuição programática ou financeira para a prevenção e o controlo do paludismo entre a força de trabalho da empresa, a comunidade no geral ou ambos) Serão necessárias medidas dos responsáveis pela luta contra o paludismo para entrevistarem estas 10 empresas relativamente a estes investimentos Nível nacional Investimento investigação e inovação no campo do paludismo Financiamento total e proporção do financiamento dedicado à investigação relevante no campo do paludismo (incluindo I&D e investigação das operações ou da implementação) GFINDER (Policy Cures), MMV, IVCC, MVI, Fundo Global, OMS e agências nacionais de investigação Nível global e nacional, sempre que possível Por um mundo livre de paludismo 75 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ANEXOS ANEXO A: PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO A AIM foi desenvolvida através de um processo consultivo e participativo envolvendo diretamente um público multissetorial de mais de 1600 pessoas. As consultas regionais, mantidas em paralelo com consultas para a elaboração da Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS na República do Congo, na Índia, no Panamá, nas Filipinas, em Marrocos e no Zimbabué e seguidas por 13 consultas nacionais, focaram particularmente no desenvolvimento do presente documento. Incluíram visitas ao local para consultar os líderes e membros das comunidades afetadas, bem como os prestadores de serviços de primeira linha e trabalhadores humanitários para melhor conhecer os desafios enfrentados na prestação de serviços básicos às populações vulneráveis, em áreas remotas e em situações de crise humanitária. Muitas mais pessoas foram envolvidas através dos meios de comunicação social ou através da participação na consulta pública realizada pela Internet de Fevereiro a Março de 2015. Os trabalhos foram executados sob orientação e com apoio ativo de um grupo de trabalho composto por: David Brandling-Bennett, Fundação Bill e Melinda Gates; Bernard Nahlen, Iniciativa Presidencial contra o Paludismo do Governo dos EUA; Alastair Robb, Departamento para Desenvolvimento Internacional, Reino Unido; Lisa Goldman-Van Nostrand, Sumitomo Chemical; Andre Tchouatieu, Sanofi; Rima Shretta, Universidade da Califórnia, São Francisco; David Schellenberg, London School of Hygiene and Tropical Medicine; Noel Chisaka, Banco Mundial; Wichai Satimai, Ministério da Saúde Pública, Reino da Tailândia; Ana Carolina Santelli, Ministério da Saúde, Brasil; Sheila Rodovalho, Ministério da Saúde, Brasil; Dharma Rao, Ministério da Saúde e do Bem-Estar, Índia; Corine Karema, Ministério da Saúde, Ruanda; James Whiting, Organização Malaria No More UK; Esther Tallah, Coligação dos Camarões Contra o Paludismo; Pedro Alonso, OMS; Erin Shutes, OMS; Fatoumata Nafo-Traoré, RBM. O grupo de trabalho contou com o apoio de uma equipa de consultores do Instituto Suiço de Saúde Pública e Tropical e da Deloitte Consulting LLP. Da mesma forma, os esforços das seguintes entidades são também largamente reconhecidos: Conselho de Administração da RBM, Grupos de Trabalho e Comunidade de Prática na Comunicação da RBM, Comité Diretivo que orientou o desenvolvimento da Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS, consultores regionais da OMS que convocaram as consultas regionais e funcionários das seguintes instituições que convocaram as consultas nacionais em colaboração com os programas nacionais de luta contra o paludismo: Cáritas, Índia; Centre Suisse de Recherches Scientifiques, Costa do Marfim; Ifakara Health Institute, República Unida da Tanzânia; Consórcio do Paludismo e PMI, Moçambique; Parceria de Controlo e Eliminação do Paludismo em África, PATH e PMI, Senegal; Consórcio de Saúde e Desenvolvimento da Birmânia; Unidade de Investigação Médica n.º 6 da Marinha dos EUA, Peru; Pilipinas Shell Foundation, Inc. e Deloitte Southeast Asia Ltd., Filipinas; Population Services International e Grupo de Trabalho Técnico para o Paludismo, Papua-Nova Guiné; Republican Centre of Tropical Diseases, Tajiquistão; Instituto Tropical e de Saúde Pública da Suíça-DRC; PMI, Etiópia; e Gabinete Nacional da OMS, Uganda. 76 Por um mundo livre de paludismo © The Global Fund /John Rae Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) Abass Ali Khamis Abdalla Ahmed Abdallrahim Tarig Abdalla Abdelgadir Tarig Abdellahi Moussa Abdelrahman Samira Hamid Abdul Hamid Mohd Hafizi Abdulakhatov A. Abdulla Salim Abdurakhmonov A. Abduvohidova Karomat Abeku Tarekegn Abelit Kebede Abera Tesfay Abeyasinghe Rabindra Abilio Ana Paula Ablab Pokouya Abou Yaba Marie C. Aboulaye Youssouf Aboulaye Diallo Achee Nicole Achou Agnissan Acosta Angela Adagahara Joseph Adja Akré Maurice Adja Franchise A. Afeta Temesgen Afrane Yaw Agarwal Koki Aggarwal Madhvi Agui Zadi Gui Célestin Agwang Constance Ahmad Rohani Ahmed Ayman Ahmed Farah Aholie Françoise Aide Pedro Aidenagbon Godwin Airoldi Mara Aka Aminata Aka Ehouman Odette Akassi Cilvin Koua Akogbeto Martin Akpaka Kalu Al Jasari Adel Al Zahrani Mohamed Hassan Alabaster Graham Alarcón Villaverde Jorge Alemàn Jaime Alfeki Kemaladin Alger Jackeline Ali Abdullah Ali Ahmed Ali Abdi Abdilaahi Ali Doreen Aliev H.A. Alilio Martin Aliyi Abdi Allan Richard Ally Mohammed Alonso Cuervo Borja Francisco Alonzo Jessica Alport David Alvarez Carlos Amajoh Chioma Aman Amir Ameir Haji Haji Ameir Jaku Amenan Yao Ameneshewa Birkinesh Ameur Btissam 78 Amon Helena Amouzou Agbessi Amoyaw Frank P. Ampudia Ruiz Liz Amran Jamal Ghilan Ana Joseph Andvik Cecilia Añez Arletta Angluben Ray Anguka Ambrose Anguzu Y. Patrick Anslie Rob Antoine Darlie Anvikar Anup Arbas Arlene Arbildo Wilder Arias Vargas Margarita Arnold Fred Arrospide Velasco Nancy Arroz Jorge Arroz Deborah Asencios Rivera Jorge Luis Ashurov U.Kh. Asiedu Agyei Samuel Asik Surya Asik Assefa Meseret Atherly Deb Atienza Jolita Atta Hoda Youssef Audu Balla Mohamed Aultman Kathryn Aung Kaung Khant Aung Myint Soe Aung Naing Cho Aung San Aung Than Aung Thant Tin Aung Win Soe Awab Ghulam Rahim Aye Aung Aye Aye Khaing Aye Aye Pyone Aye Aye Than Aye Aye Thin Aye Mar Lwin Aye Soe Aye Thandar Htu Aye Thet Oo Aye Yu Soe Aye Yupar Ayubova Sumangul Ba Mady Ba Doudou Ba Maelle Babacar Gueye El Hadj Babuga Abubakar Umar Badi Moamer Bagaria Jay Bah Amadou Baird Kevin Balari Jilimai Balfour-Greenslade Felicia Balkew Meshesha Banda James Banerjee Chandrani Bankhede Hermant Kumar Banze Arminda Baptiste Sheila Evelina Baquilod Mario Barbosa Susana Barela Akela Barman Santana Barman K. Barnati Kaira Kanta Barrera Tello Martin Barro Ibrahima Barruga Elvie Barruga Lucy Barruga Richard Bart-Plange Constance Bartsch Sarah Baruah Biren Kumar Barwa Caroline Bashaye Seife Bassat Quique Basu Suprotik Basumatary L. Batché Etien Batenga Amir Batista Magalhães Izanelda Baud Francis Bautista Antonio Bautista Kim Bayabil Estifanos Bayaki Cyriaque Seroy Baza Dismas Be’eli Lohia Marlene Becerra-Riveroll Ana Beck Albert Becker Norbert Bedada Dinsa Be’eu Lohia Marlene Begum Shahnaz Beichumila Saula Beknazarov M.B. Belayneh Bayeu Belemvire Allison Bell David Bellamy Knox Tessa Bello Souleymane Benié Henri Benmamoun Abderrahman Beredin Seifedin Bernhards Ragama Ogutu Bertram Kathryn Bery Emma Besnier Maxime Bezerra Haroldo Bhashyam Sumitra Bhatnagar P.C. Bhatt Samir Bhattacharya Gita Rani Bilak Hana Billingsley Christie Biluta Bimenyimana Ignace Binkro Dayogo Bioncio Fely Biru Shargie Estifanos Bisigoro Verediana Bisimwa Nsibula Zahinda Jean Paul Blé Hervé Blumenfeld Josh Bobieva M.Kh. Bobogare Albino Boboko Michaelyn Bobomurodova Zebo Bobonazarov Z. Bocado Analie Bokota Alain Bola Tangeli Bolaños Julie Por um mundo livre de paludismo Bole Sirro Bonfoh Bassirou Boni Kouassi Auguste Boniface Kinvi E Bope Bienvenu Bora Ananta Bordoloi Jeban Borowitz Michael Borua Tarkeswar Bosselmann Rune Bouah Nathalie Bouchez Jean-Marc Boulton Ian Bourgeot Ann Boutsika Konstantina Boyer Sebastien Bradley David Braimah Faustina Braimah Stephen A. Brhane Yemane Brieger William Briet Olivier Brooke Basil Brown Graham Brown Nicholas Broyo Bolou Bualombai Pongwit Buasen Carlos Bubelwa Ephraim Buj Valentina Bukaka Mayakasa Burgess Peter Burkhanova Mavzuna Burkot Thomas Butenhoff Andrew Butt Waqar Butts Jessica K. Bwese Joceline Bygbjerg Ib Christian Bywater Andy Cabellos Vanessa Cáceres Carrera Lorenzo Cachola Angelica Cadge Nicola Calderon Jr. Jaime F. Camara Matar Cameron Alexandra Candanedo Yessica Candari Christine Joy Candrinho Baltazar Carbajal Elizabeth Cardenas Gomez Tanja Carey Angeles Cristian Armando Carr Richard Michael Carter Keith Casamitjana Nuria Casanova Wilma Castañeda Q.F. Judy Castro Marcia Catteruccia Flaminia Cayche Walter Cazetien René Cepeda Ildefonso Céron Nicolás Certeza Hermogenes Céspedes Sonia Loarte Chaccour Carlos Chaki Prosper Chan Aye Aung Chan Mya Shwe Chu Chancellor Arna Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) Chandler Clare Chandrani Chang Moh Seng Chang Caroline Chang Jaime Chanthavisouk Chitsavang Chapman Ronald Charimari Lincoln Charles Sherwin Charles Michael Chavez Rosa Elena Chawla Umesh Chen Jun-Hu Chibsa Sheleme Chicote Hudson Chihale Albertina Childers Clayton Chimusoro Anderson Chiribagula-Kamala J.M. Chitnis Nakul Chna Il Jong Cho Myat Nwe Chol Kwang Chowdhury Jayeeta Chrakowiecka Agnieszka Christiansen Martin Christophel Eva Maria Chuchon Daniel Chundusu Christiana Chuor Char Meng Churcher Tom Chyrmang Theiolin Cibulskis Richard Cisse Moustapha Cisse Badara Cizubu Yvon Clayton John Clement Godfrida Clendenes Alvarado Orlando Martin Cohen Justin Cohen Jessica Colborn James Coleman Marlize Colompo Paolo Come Rubão Connolly Maire Constantine Asia Conteh Lesong Coosemans Marc Coppola Annette Corporal Verginia Cotrina Armando Coulibaly Jack Coulibaly Nibon Coulibaly Adama Court Alan Couson Emmanuel Cruz Eduardo Dabo Moustapha Da Gama Louis Dahl Gary Dahouin Edwige Dai Tran Cong Dalley Sancia Damasceno Camila Damsbo Sorensen Thomas Dangao Thelma Dao Daouda Das Pradip Da Silva Mariana Da Silva Joaquim Dattani Mamta L. Deane Derrick De Belen Melendez Mónica De Calan Mathilde De Carvalho Eva Degefie Tedbabe Degregorio Adelaida De Jager Christiaan Delizo HB Demassa Utpal Dengela Dereje Denon Yves Eric D. DeRonghe Meg De Savigny Donald Desbrandes François De Souza Jose Desrousseaux Caroline Dhariwal A.C. Dhingra Naina Diabate Abdoulaye Diatezua Michel Díaz César Diedenhofen Andreas Diene Massamba Dieng Moustapha Dieye Yakou Digal Drea Digal Sushila Digal Uttam Digal Sushanti Dilnesash Defar Dimatera Nelliza Dinh Trung Ho Diop El hadj Diouf Mame Birame Diouf Moussa Diouf Therese Dissanayake Gunawardena Dixon Thomas L. Djézou Casimir Djibo Yacine Dlamini Bongani Dlamini Sabelo Dodoli Wilfre Dolenz Charlotte Donaires Toscano Luis Fernando Donayre Purilla Pedro Doyle Sarah Drexter Anna Druce Nel D’Souza Frederick Du Mortier Stéphane Duigan Patrick Dumesty Sjafri Refni Duna Isabell Durand Salomon Durrani Mohammad Naeem Ebol Antonietta Eckert Erin Edlund Martin Ehtesham Fareeda Ei Ei Han Ei Mon Soe El Bakry Azza El Idrissi Abderrahmane Laamrani Elbegiev I. Ellyin Lise Elnour Fahad Awa Ali Elongo Tarcisse Epse K J Kouon Erandio Catherine Erick Beatrice Erskine Marcy Escalada Rainier P. Escalante Eireen Escobar José Pablo Escobedo Paredes Jorge Espino Esperanza (Effie) Essou hot Etoumou Etang Josiane Ethelston Sally Etmma Etien René Evans David Exconde Lucida Ezeigwe Nnenna Ezigbo Chidi Factor Anabelle Fain Laurel Fall Ibrahima-Soce Fan Victoria Farinas Nieva Farnum Alexandra Fatoeva Chinigul Fatoeva Nazira Fatu Ayembe Faye Ousmane Faye Emile Fayzulloeva N. Feachem Richard Ferazzi Silvia Ferreira Marcelo Ferreira John-Heyns Fiagbey Emmanuel Fiedler Heidi Figueroa Ruben Filler Scott Flanders Dean Flinn Roderick Flores Ching Marlene Florey Lia Fokou Gilbert Fornadel Christen Fotheringham Megan Fouque Florence Fournier-Wendes Sanne France Tim Francis Kasolo Frank Otete Freeman Tim Frempong Owusu Henry Frimpong James Fukuda Kanako Gabong Rebecca Gadde Renuka Gadiaga Libasse Gafurov S. Galan Oscar Galatas Beatriz Galili Amir Galloway Rae Gamboa Dionicia Game Christopher Gangmei Stephen Gangte Rody Garama Andrew Garcia Roberto García Lourdes Garmendia Iñigo Gassama Cheikh Sidiya Gateyineza Yvettee Gaudart Jean Por um mundo livre de paludismo Gausi Khoti Gaye Oumar Gbahou Bombet Gebre Yitades Gebrehiwot Teklehaymanot Gelua John George Kristen Geraghty Annie Gereson Volly Gericke Anton Getachew Asefaw Ghani Azra Gheen Carrie M. Ghosh Sunetra Gimnig John Girma Samuel Gittelman David Giusti Hundskopf María Paulina Esther Glaister Leslie Go Esther Gobou Vincent de Paul Goibov S. Gomane Góquio Gomaya Maria Gomes Sambo Luis Gonzales Glenda Gonzalez Iveth Gonzalez Seminario Rommell Veintimilla Gonzalvez Guillermo Gopinath Deyer Goraleski Karen Gordon Andy Goswami Purnima Greer George Grever Annika Grieco John Groepe Mary Anne Guardo Monica Guerra Cremilde Gueye Mame Omar Gueye Babacar Guintran Jean Olivier Gupta Chitra Gupta Indrani Gutierrez Sanchez Norma Gwinji Gerald Gyapong Margaret Habi Gado Habimana Jean Pierre Hadi Melinda Hadiza Djermakoye Jackou Haile Mebrhatom Hainsworth Mike Haji Khamis Ameir Haknazarova M. Haknazarova Manzura Haknazarova Havasmo Hamid Mohd Hafizi Abdul Hamm-Rush Sarah Hamon Nick Hanif Issaka Hansda Patrick Hanson Kara Harding Patrick Hare Lisa Harrison Griffith Hasantha MB Rasika Hassan Abdikarim Hussein Hassan Hamisu 79 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) Hastings Ian Hasubi Charles Hegar Antonio Helm Chris Hemingway Charlotte Hemingway Janet Henderson Mary Hengda A. Hering Heiko Hernandez Filiberto Herrera Socrates Hesse Gerhard Hetzel Manuel W. Hewitt Barbara Hidalgo Macedo David Hill Jenny Hill-Mlati Julia Himeidan Yousif Hinder Rachel Hiscox Alexandra Hla Yin Kyawt Hnin Hnin Wint Hnin Su Su Khin Hnin Yee Mon Kyaw Hoang-Vu Eozenou Patrick Hoffman Eric Hoibak Sara Holder Melanie Hopkins Heidi Hoppé Mark Horumpende Pius Hosseini Mehran Hoyer Stefan Hsu Hsu Phyo Hsu Myat Nandar Aung Htay Maung Htet Wai Lin Htike Htike Htike Htet Htin Kyaw Thu Htun Htun Myint Htun May San Huamán Baltazar Domitila Hugo Cecilia Hulme Alex Humphrey Wannzira Hunter Gabrielle Hussain Alhilal Samir Hussain Hi Lal Hussen Musa Ali Hutton Ross Ibana Célestin Ibragimova Hanita Ibronova Guliston Igwemezie Linus N. Ihove Copeland Ilungu Naomi Intarti Yetty Invest John Isabirye Frederick Ishengoma Lawrence Ishengoma Philbert Ishiwatari Takao Isimel Hamilton Isla Halder Islam Riyadul Isoeva Zaragul Ivanovich Elizabeth Jacob Regina Jafarov N. Jalilova Marziya 80 Jamet Helen Jany William Jatamo Duleisána Jayanetti S. Ravindra Jenarun Jelip Jesus Sanchez Maria Jiménez Gutiérrez Lilliana Jobic Sylvestre Jobin William John Lucy John Maurice Johnston Riven Jones James Jones Caroline Joseph Sherry Joshi P.L. Julane Sergio Julilova Marzya Julo Réminiac Jean-Emmanuel Jumaeva Badakhshon Jumakhon Odinaev Jyoti Gogoi Partha Kabale-Omari Therese Kabanda David Kabavas Emma Kabeya-Mukendi Faustin Kabir Mohammad Moktadir Kacou Ekon Kafore Olivier Kajubi Robert Kakar Qutbuddin Kakati Mahendra Kalemwa Mitembo Didier Kalita Pranab Kalita Chandra Kalonji Albert Kalthom Shamsudin Ummi Kalu Akpaka Kamagaté Elhadji Diéoua Ali Kambi Conrad Kamlan Kadjo Jonas Kamuliwo Mulakwa Kanyinda Tshiende E. Kapologwe Ntuli Karapetyan Gagik Karim Mohammad Jahirul Karimov S. Saiffudin Karimov M. Kaseya Hyacinthe Kaslow David Kassabara Adjaratou Kassi Ambroise Tanoh Kasubi Athanas Kaszubska Wiweka Katamba HS Katamba Vincent Katureebe Charles Kaung Htut Zaw Kaung Thain Kha Kaur Jasmit Kay Thi Kyaw Kay Zin Soe Kazadi Walter M. Kazungu Salome Kebede Asnakew Kengia James T. Khaing Thuzar Tun Khaing Yu Wai Khaing Zar Mon Khalakdina Asheena Khary Khary Khat Khat Nwe Khatib Bakari Omar Khayae Htun Khin Aye Khaing Khin Maung Wynn Khin Mg Zin Khin Mon Mon Khin Nan Lon Khin Pa Pa Naing Khin Phyu Pyar Khin Than Win Khin Zaw Khine Haymar Myint Khine Khine Tun Khudoieva Hikoyat Kiala Hertier Kibati Agnes Kiefer Sabine Kilabuko Genoveva Kilawe Francis Kilian Albert Killeen Gerard Kimaro Daniel Kimati Bilham Kin Kyi Kinagala Astrid King Marilou Kinyanjui Wainaina David Kipapa Tatwiri Kirkwood Geoffrey Kissa John Kiszewski Anthony Kitchakarn Suravadee Kivuyo Mbarwa Kleinschmidt Immo Knoblauch Astrid Knols Bart Kobylinski Kevin Koenker Hannah Koffi Sylvain Koffi Paul Agenor Kohi Victor Kokoua Yapi Jacob Kolaczinski Jan Kolam Joel Komatsu Ryuichi Konate Salimata Kone Demba Kone Inza Koniel Dainah Konte Kalidou Korenromp Eline Kouadio Casmir Kouadio Ahou C. Kouadio bla M’bra Kouakou Boris Kouakou Nouaman Kouamé Tanoh Antoine Kouamé Koffi Ablé Kouamé née Sessie Kouassi N’guessan V. Kpékplé K Abou Kramer Karen Kramer Randall Krongthong Thimasarn Kubeka Vusi Kulwa Sothenes Kulwijila Ndaro Kumar Avdhesh Kungirotov D. Kununginina Por um mundo livre de paludismo Kutepa Rosemary Kweka Elinangaya Kweka Happiness Kwilasa Martine L. Kyambadde Paul Kyan Yint Kyaw Aung Kyaw Kyaw Kyaw Min Kyaw Myint Kyaw Zan Lin Kyaw Zay Ya Kyi Kyi Ohn Kyi Minn Kyi Pyar Nwe Laaziri Mohamed Lacerda Marcus Lama Marcel Lani Saidi Larin Angelica Larme Nicholas Larsen Torben Holm Larson Erika Lath Elysée Lauer Jeremy Lauffer Leander Lauzer Glory Lavuvur Terral Lawrence-Williams Patrice Le Menach Arneaud Leandro Patricia Leang Rithea Lee Bruce Lehman Leopold Gustave Lehmann Amy Lemma Hailemariam Lemma Seblewongel Lemoine Jean Frantz Lendo Dede Lengeler Christian Leon Luis Miguel Leonce Leontine Leornard Method Leresche Enrica Lesaso Boitumelo Lescano Andrés (Willy) Levin Ann Levine Mike Lewicky Nan Ley Serej D. Leyva Wilfredo Li Chenbiao Lico Joy Ann Lindsay Steve W. Lines Jo Lipsey John Llach Mireia Llanos Cuentas Alejandro Lluberas Manuel Loarte Céspedes Sonia Lokko Kojo Longoso Ngboso Charles Loomis Molly López Ampié Rolando Lopez Pacaya Rosario del Jesus Lorenz Lena Lorenz Nicolaus Losimba Likwela Joris Loumpangong Alice Lounes Stefano Lu Lu Kyaw Tin Oo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) Luana Minion Luana Sakora Lucard Andrea Lucas John Lucas Bradford Luhanga Misheck Lunwa Vitaline Lusana Susana Luzolo Sandra Lwin Sandii Lynch Michael Lynch Matthew Maalsen Anna Macameni Idrissa MacArthur John Macdonald Michael Madan Madata Joseph Madinga Kakonda Magauzi Regis Magramo Epifania Magumun Joselito Mahalingam Vimal Maharaj Rajendra Mahendeka Anna Mahjour Jaouad Mahmud Khan Jahangir Akber Maire Mark Majambere Silas Majani Florence Makadzaire Kevin Makatukatu-Bat Achille Makhmadsharifov S. Makhmudova Adolat Makiese Olivier Makita Leo Makomwa Kudzai Makongwe Beatrice Makwenge Victor Malapara Emilia Maldonado Joel Nain Malick Nicole Malingo George Malla Jonathan Malm Keziah Maloms Josepa Malonga Gladys Malori Elizabeth Mandarip Ronnie N. Mande Manix Mandike Renatha Mangiaterra Viviana Maniga Wohi Aimé Mansoor Faisal Manteaw-Kutin Juliet Manub Gordon Manuel Cherry Manzi Gervais Mapunda Maximillian Maqsudova Soadat Marasini B.R. Marau Hedwig Marcelo Irma Rose Marchesini Paola Marco Amon Marnelle Maza Masaninga Freddy Masanja Honorati Mashako Patie Mashalla Samson Masiko David Massey Troy Mate Guidion Mathenge Evan M. Matiko Umbura Matinde Jonathon Matsolo Dinis Maung Aye Maung Maung Hla Maung Maung Lwin Mavlonova Latofat Mavula Ange May Aung Lin Mayala Alphonsine Mayeto Wamoyo Mayowa Salu Mazigi Veronica Mbagnick Diop Yerim Mbaha Patrick Mbeboura Anicet Mbengi Masiaza Mberikunashe Joseph Mbewe Daniso Mbogo Charles Mbuaki Micheline Mbulumi David Mbuyi Adèle McCartney-Melstad Anna McCully Tim McGill Alan Mcha Juma Hassan McLean Thomas McLean Kate McSmith Deborah Meek Sylvia Mehari Goitom Mejia Carmen Mellor Steven Mellor Louise Mendes Helder Mendis Chandana Mengiboeva Z. Mengliboeva Zulfira Meredith Stephanie Mesones Lapouble Oscar Meyer Annemarie Meyer Noleen Meza Arteaga Olivia Edith Mg Mg Lwin Mgonja Adbulrahman Miguel Carlos Miguel Editha Mihrete Abere Miller Anna Milliner John Mills Anne Min Min Thein Mingat Cedric Minja Beatrice Mirov Dodarbek Mirzoaliev Yunus Mirzoev A.S. Mirzoev M. Mirzoeva Shamiston Mishra Deepti Mistry Nerges Mkwizu Zukrah Mnzava Abraham Moakofhi Kentse Mohamed Abdirahman Molnar Attila Molteni Fabrizio Mombunza César Mon Mon Khin Mondy Mathias Mongkalangoon Piti Monroe April Monserate Juancho Monteil Rose Montiel Humberto Montoya Romeo Humberto Monyo Godfrey Monzón Llamas Laura Moonasar Devanand Patrick Moore Sarah Morel Carlos Mori Kunizo Moses Joselyn Mosweunyane Tjantilili Mota Stéphanie Motlaleng Mpho Motus Nenette Mouhamadou Chouaïbou Mouzin Eric Louis Moyen Jean Méthode Moza Seleman Mozambite Irene Mpalanyi Andrew Mpelasoka Oswald Mpona Agathe Mshandete David Mtindi Eva Mtunge Romanus Muanze Roldan Mubiru Wilson Mubua Ali Mubuto Joseph Muchoki Theresia Mudambo Kaka Stanley Muderekeza Blaise Mudin Rose Nani Mudingayi Albert Muhondwa Thomas Mujinga Ngonga Mujuaio Olude Mukaza Bitoumba Mukeni Norbert Mukhtar Muhammad Mukoko-Mbamu Thierry Mukuabanga Kano Mukwaba Mulondo Kenneth Mukyala Edith Mulele Jean Mulele Tassin Mulele-Ngalia S. Muller Gunter Müller Ivo Müller Pie Mulligan Jo Mulombo Walter Kazadi Muluken Dereje Mulumba Paola Mulyani Pranti Mulyazawo Matthias Kasule Mumbengegwi Davies Muminov R. Muminshoev M. Mungamu François Munodawafa David Muntenge Georges Murhandarwati Elsa Herdiana Murillo Olga Por um mundo livre de paludismo Muro Cortez Manuel Francisco Murugasampillay Shiva Mussa Mussa Haji Musset Lise Mustafa Kamal Salih Muwawa Valentine Muyumbu Wibroad Mvuanda Nkuba Mwambi Kamulete Célestin Mwanga Amumpaire Juliet Mwangi Edward Mwanza Mercy Mwenesi Halima Mya Mya Mya Sapal Ngon Myaing Nyunt Myat Phone Kyaw Myint San Myo Myint Naing Myo Naing Myo Swe Oo Myo Thiri Lwin Myo Win Tin Myo Zin Oo Nabakoza Jane Nabwire Ruth Nachbar Nancy Nag Shampa Nagpal B.N. Nagwansi Jyoti Nahusenay Honelgn Nahzat Muhammad Sami Nakamura Masatoshi Naket Esau Nambozi Josephine Namgay Rinzin Namuwenge Proscovia Nan Kyu Kham Nanda Mehak Nandi Suchandra Nant Khin Thuzar Than Nantamu Dyogo Navarro Greg Nay Lin Yin Maung Nay Myo Zaw Nay Nyi Nyi Lwin Nazarkhudoeva D. Nda Evody Ndangi Ntoya N’depo Rose N’depo Cerah Ndiaye Fara Ndiaye Abib Negussu Nebiyu Nentunze Agnes Ngabudi-Banse Robi Ngaila Bernard Ngarta Samuel Nghipumbwa Hendrina Ngmlunde Singwanda Ngoko Alain N’golba Fatoumata Ngom Algaye N’goran Komenan N’goran Bah Denis D. Ngou Olivia N’guesson Kadjo Ngufor Corine Nhanthumbo Elsa Nickels Emily Nidoev S. 81 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) Ningsih Ria Nino Jeunessa Niramitsantipong Apinya Nishimoto-San Ray N’jai Dinah Njesada Ndolembai Nkanga François Nkoy Matthieu Nkuni Jose Nlandu Clémentine Noor Abdisalan Mohamed Noriega Oscar Norris Laura Nozaki Tomoyoshi Nsimundele Ntakarutimana Sabine Ntambwe Michel Ntembo Jules Ntomola Sophia Ntshalintshali Nyasatu Ntuku Henry Nu Nu Aye Nunjar Castillo Juan Nupur Roy Nusayrieva R. Nuwa Arthur Nyalusi Winfrida Nyambare Fredrick O. Nyan Sint Nyanor-Fosu Felix Nyi Nyi Zaw Nyi Zaw Nyombo Samuel Nyoni Waziri Nzimenya Hermenegilde Obaldia Nicanor Ochalek Jessica Odinaeva M.S. Oginyemi Foluke Ogosuku Asato María Elena Ohnmar Oke Mariam Okello David Okui Peter Albert Okumu Fredros Ole-Moi Yoi Kileken Olguín Bernal Hector Olimova Shamsiya Oliva Jessica Olobia Leonido Olumese Peter Olymova Shamsyv Ongom Robert Onkara Miriam Onwujekwe Obinna Emmanuel Onyimbo Kerama Opollo Marc Sam Orford Ricki Ortega Leonard Ortiz Monica Ortíz Eduardo Oschalek Jessica Osinga Anne Ostos Jara Bernardo Elvis Otten Mac Ozorio Monica Padaiuree Yasum Padilla Norma Paintain Lucy Paisparea Florence Palacios Agurto Orlando 82 Palafox Benjamin Palata Lemba Olivier Palmer Kevin Palomino Huamani Amelia Panda Pratyush Panda Pradeep Paniu Steven Pantaleon Mary Ann Paoner Melanie Pascual Romeo Pasipamire Jasper Pasqualle Harriet Patel Bhavna Pathak Garima Pati Geetanjali Patouillard Edith Paw Tun Kyaw Peat Jason Pelami Pelas Pender Jon Peneri Elsie Pennetier Cédric Peralta Novi Perez Evelyn Pérez Luis Miguel Perret-Gentil Monique Persoons Frederick Peter Rosemary Phanzu Fernandine Phanzu Babaka Phetsouvanh Rattanaxay Phone Si Hein Phumaphi Joy Phyu Phyu Khin Pidik Clare Piñon Alberto Pinto Liliana Polmonis Marcila Polmonis Cleofe Pondze Maria Ponono Rolando Porau Willie Porcioncula Cristita G. Portocarrero Leonardo Pothapregada Sai Pothin Emilie Pozo Edward Pradhan M.M. Pradhan Shreya Prakash Inder Prasad Jagdish Premaratne Risintha Priale Pinillos Carlos Justino Prosper Chen Francia Prytherch Helen Pulford Justin Pun Martin Pungu Mamie Puta Chilunga Pyae Phyo Htoon Qadamov D. Qi Gao Quiblier Pierre Quiroz Herrera Aida Esther Qurbonov A. Qurbonov M.D. Rabarijaona Henintsoa Ratovo Rabinovich Regina Racloz Vanessa Raeisi Ahmad Rahimi Bilal Ahmad Rahimjonov Ismoil Rahman Reyaud Rahmatova Mehriniso Rakhmonov T.M. Ramanathan Natarajan Ramarosandratana B. Fanomezana Ramirez Montoya Estela Ramos Aguilar Luis Carlos Ranaivoarison Hanitra Irène Ranjbar Mansour Ranson Hilary Rashid Abdur Md Rashidov M.A. Rathor Hamayun Rashid Razokova Kumri Rebaza Iparraguirre Henry Reddy Mike Redhead Bustamante Guillermo F. Reeder John Reithinger Richard Renshaw Melanie Richardson Jason Ricopa Eugenia Ricotta Emily Rietveld Hans Rinzi Nanmay Rivera Pilarita Roberts Kate Robertson Molly Roca-Feltrer Arantxa Rockwood Jessica Rodriguez Muñoz Edith Magaly Roeder Carbo Estela Aurora Rolfe Benjamin Roman Elaine Romão Arlindo Romero La Puerte Edgar Martin Rooney Luke Rosa Delia Rose Andreas Rossi Lois Rowland Mark Roy Narpur Rubahika Denis Ruebush Trenton Ruez Edith Ruiz Francis Rundi Christina Rupandisha Mathias Rusibamayila Neema Rustamov A.Kh. Rutachunziba T. Thomas Rutaihwa Mastidia Rutaizibwa Joseph Rutayisire Emmanuel Ruzika Eliah Rwagacondo Claude Emile Rwamulaza Leontine Leonce Ryong Ro Song Saavedra Rodríguez Elízabeth Karon Sabanal Ananita Saduloeva Mohsafar Safi Naimullah Safiattou Yusouf Sai Kyaw Han Sai Naing Lin Sai Nan Ngin Saidaliev Jumakhon Por um mundo livre de paludismo Saidov Ch. Saifodine Abuchahama Saikia Dhruba Jyoti Sakala Cecilia Katebe Salas Maronsky Hans Salawika Matata Saleh Bakhit Saleheen Sarah Salgado Rene Salvatory Gelida Samiappan Anand Samwel Njonanje San San Kyi Sanga Antony Sankore Rotimi Sanou Issa Santos Wilma Saparova Nargiza Sarma Dilip Sarman Tridib Sarr Cheikh Sattorova Sh.D. Saute Francisco Saw Hsar Khae Lav Saw Lwin Saw Naing Sawe Philip N. Sayburhonov Dilshod Sayburkhonov D.S. Sayvaliev N. Schapira Allan Schirra Benjamin Sebit Bakhit Seck Lam Toro Seehofer Liesel Segbaya Sylvester Segura Luis Sehmi Harki Selby Richmond Ato Sene Mbaye Serbova M. Sey Omar Seyha Ros Shah Jui Shahrinisso R. Shahripova Malumvi Shahripova Mutabar Shalita Muna Shandukani Bridget Shankar Ghosh Raj Shaosen Zhang Sharipov A.N. Sharipov Makhmadhatib Sharipov Z. Sharma S.N. Sharma S.K. Sheikh Omar Abdiqani Shiff Clive Shomudinov B. Shoo Bryson Shoo Salim Shrivastava Ashish Si Thura Silué Issouf Silumbe Kafula Silva Velarde Alvarez Blanca Magali Sim Kheng Simon Gertrude Simon Catarina Sine Blacklock Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) Singh Prabhjot Singh Sher Singh Kavita Singh Sumitra Singh Thakur Mahendra Singhasivanon Pratap Sintasath David Siqueira André Sithu Kyaw Sithu Ye Naung Sitt Aung Skovmand Ole Slater Hannah Sloss Robert Slutsker Larry Small Graham Smith Edward Smith Prudence Smith Catherine Smith Stephen Smthuis Frank Sobai Mary Soe Aung Soe Naing Soi Caroline Sokhna Cheikh Solomon Hiwot Sonal G.S. Songo Masejo Sonoria Feliza Soraluz Carlos Soro Awa Soto Bravo Aída Mercedes Soussan Philippe Sovannaroth Siv Sow Sall Djariatou Spiers Angus Srivastava Vineet K. Stansfield Sally Starace Kevin Stennies Gale Stephens Mariana Sterk Erika Stevens Rebecca Strickman Daniel Stutz Susanne Su Mon Kyaw Su Su Khaing Sullivan Alison Sumaway Bayani Surya Asik Sutcliffe James Suter Tobias Sutton Andrew Swai Johnson Sway-Tin Isabella Swe San Oo Szilagyi Zsofia Tabu Brigitte Tadesse Asnakech Tafesse Hiwot Solomon Tafirenyika Alexio Takano Minoru Takken Willem Talbakov H. Tall Dia Anta Tamaro Shalimar Tamboura Fatoumata Tan Omar Farah Tangwena Andrew Tanko Alia Tanner Marcel Tanoh Marie Louise Tanon Mangoh Tao Hu Tarang Dipen Tarlton Dudley Tarum Lydia Tchetche Amenan ch Tediosi Fabrizio Teka Hiwot Tekalegn Agonafer Temu Emmanuel Tennekoon Edgar Rohanm Terang Bulu Teseno Emawayish Tesfaye Gezahegn Tesfaye Brook Tet Toe Tun Tetchi Ekissi Orsot Tetteh Gifty Teuscher Thomas Tewabe Tsehaye Than Naing Soe Thangal R. Thaung Hlaing Thein Zaw Theingi Myint Theint Theint Hlaing Thi Bich Thuy Nguyen Thi Thi Win Thiam Tidiane Thiha Soe Thin Zar Theingi Thomson Madeleine Thwing Julie Tieman Diarra Tilluckdharry Clive Timoth Jonah Tin Aung Kyaw Tin Kyi Tin Myint Tin Naing Soe Tin Tin Oo Tin Win Tiono Alfred Tobang Paula Todoc Pas Tohir Sherkanov Tokponnon Tatchémè Filémon Tola Florence Tolipman Cornillius Tomekpa Vincent Toppo Yashvir Toshmatov P. Traoré Karim Travers Max Tre Sea Fabrice Trett Anna Trudeau Marvi Tukahirwa Anna Tumbaco Carlos Andres Tumukurate Espilidon Tun Zaw Latt Tungunga Mascom Turavai Sharon Turingan Romulo Tuseo Luciano Tusiime P. Tusting Lucy Urbieta Gorka Uusiku Petrina Valdez-Hinvi Flor Lopez Valecha Neena Valentine Nicole Van Brackel Esthel Marie Van Hulle Suzanne Vanisaveth Viengxay Vas Juliana Velarde Mar Velayudhan Raman Ventura Erick Verhoosel Hervé Verma Shri Lov Verma Anil Kumar Vestergaard Lasse Vestergaard Mikkel Victoria Carlos Vila Córdova Constantino Severo Villanueva Maria Beatrice Vink Robertus Viveros de Franchi Cynthia Z. Voris Ortikov Vungho Anaclet Wade Seynabou Wade Diop Ndeye Wadhwan Nipun Wagner Wolfram Wai Wai Lwin Wai Yan Min Htay Wainaina David Kinyanjui Walker Patrick Walyomo Richard Wamari Musandu Andrew Wangi James Wangroongsarb Piyaporn Wanna Aung Warren Chris Warsama Aden Watunda Blanchard Weatherby Doreen Weinmüller Egon Were Allan White Chris White Whitney White Michael Whittaker Maxine Wilastonegoro Nandyan Nurlaksana Wildfeir-Field Nancy Wilkinson Thomas Williams Jacob Williams Peter Williams Oliver Wilner-Heard Autumn Wilson Anne Win Thu Win Win Kyi Winch Alexander Winkler Mirko Wint Lai Han Wint Lai Phyo Wint Shwe Yee Win Wirth Dyanne Wiskow Christiane Wogi Aleme Wong Walter Wood David Worku Alemayehu Worrall Eve Wut Hmone Xia Zhi-Gui Yaba Tiasse Yadav Rajpal Yadon Zaida Yagui Moscoso Martín J.A. Yameni Chrestien Yamin Yan Myo Aung Yan Naing Oo Yañez Pajuelo Alfredo Yao Ablaha Christelle Yao Yao Gerard Yapo Edwige Prisca Yaya Rachel Ye Yazoume Ye Htut Ye Min Oo Ye Win Yembe Donat Yesaya Francis Yeta Anthony Yeung Shunmay Yewhalaw Delnenasaw Yihdego Yemane Yin Yin Oo Yohannes Mekonnen Yohannes Ambachew Yohogu Mary Yoon Steve Yopla Sosa Silvia Adriana Yorov K.J. Youndouka Jean Mermoz Yu Zin Wint Yukich Joshua Yuliana Nurbaeti Yusuf Fahmi Isse Zaidenberg Mario Zaixing Zhang Zamani Ghasem Zamora González María Naxalia Zarzoliana C. Zaw Linn Htet Zaw Win Maung Zaw Win Tun Zay Htet Aung Zbinden Evelyn Zegarra Huapaya Aurora Rubi Zehaie Assefash Zhang Shufang Ziemer Timothy Zikutala Davin Zimmerman Drake Zinzindohoue Pascal Zoceaire Ahanhan Zulu Zulisile Zvantcov A.B. Procurámos manter uma lista precisa de todos quantos participaram no desenvolvimento da AIM e lamentamos se alguém não foi referido. As contribuições e as ideias dos participantes do processo consultivo são sobejamente apreciadas e todos os esforços foram efectuados pelo grupo de trabalho e pela equipa consultiva para incorporarem sugestões e responderem às preocupações. Contudo, tal nem sempre foi possível tendo em conta a necessidade de limitar o volume e o âmbito do documento. Esperamos que aqueles que não encontrarem as suas ideias explicitamente incluídas na versão final do documento compreendam estas limitações. Foto do fundo: © Swiss Malaria Group/Chaly Descotis Por um mundo livre de paludismo 83 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) PARTICIPARAM NO DESENVOLVIMENTO DA AIM REPRESENTANTES DE MAIS DE 90 PAÍSES 12% SETOR PRIVADO 12% ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAI 3% MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 16% MEMBROS COMUNITÁRIOS 23% 15% INVESTIGAÇÃO E MEIO ACADÉMICO 84 17% PARCEIRO DE DESENVOLVIMENTO E DOADORES GOVERNO – TODOS OS SETORES E NÍVEIS Figura 11 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) Acolheu consulta regional Participou em consulta regional Acolheu consulta nacional Figura 12 Evento consultivo adicional, por exemplo, conferência. Por um mundo livre de paludismo 85 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ANEXO B: CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE O NÃO CUMPRIMENTO DA LUTA CONTRA O PALUDISMO IMPEDIRÁ O PROGRESSO RUMO AOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ODS 1 2 cabar com a pobreza A em todas as suas formas, em qualquer lugar cabar com a fome, reunir A condições de segurança alimentar e nutrição adequada e promover uma agricultura sustentável Potenciais efeitos negativos nos ODS O paludismo tem um impacto negativo no desempenho macroeconómico, aprisionando os países numa condição de pobreza47 e impedindo a capacidade de alguns dos países mais afetados gerarem um investimento interno suficiente para lutar contra a doença. Nos países endemicamente afetados, o paludismo pode representar 40% dos orçamentos do setor da saúde e até 30% de despesas correntes em saúde, constituindo assim uma das principais causas de pobreza dos agregados familiares. A doença afeta de forma desproporcional os mais desfavorecidos em especial as crianças e mulheres grávidas dos estratos mais pobres. Estas populações têm igualmente o acesso mais restrito a serviços de prevenção e tratamento do paludismo. À medida que a população mundial vai crescendo e a necessidade de produção alimentar se vai intensificando, os locais agrícolas também vão expandindo. Os sistemas de irrigação construídos ou mantidos de forma duvidosa e algumas práticas agrícolas podem aumentar o risco de transmissão do paludismo, sendo que os poluentes agrícolas podem também favorecer a resistência ao tratamento.226 A agricultura urbana tem conhecido um crescimento rápido e está associada a adaptações nos habitats e locais de reprodução preferidos dos vetores. Os grupos em maior risco de sofrer os efeitos adversos do paludismo – as crianças e as mulheres grávidas – são também os mais afetados por uma alimentação desequilibrada. A evidência é consistente em afirmar que uma condição de subnutrição geral representa um fator de risco importante que contribui para uma maior frequência ou para a ocorrência de casos mais graves de paludismo.9,227 3 Garantir vidas saudáveis e promover o bem-estar de todos, em todas as faixas etárias O paludismo constitui uma das principais causas de mortalidade infantil em todo o mundo e, em caso de reaparecimento, está na origem de casos de morbidade e mortalidade em todas as faixas etárias. O paludismo é uma importante causa de anemia e compromete de forma especial a saúde de crianças e mulheres grávidas. A doença contribui de forma substancial para a mortalidade materna e a mortalidade neonatal em cenários de elevadas taxas de transmissão. A contração da doença durante a gravidez pode conduzir a situações de hemorragia, aborto espontâneo, morte neonatal e baixo peso à nascença. Na África Subsariana, todos os anos morrem 10 000 mulheres vítimas de paludismo durante a gravidez.10 4 Providenciar uma educação de qualidade inclusiva e equitativa e oportunidades de aprendizagem contínua para todos Por causa do paludismo, as crianças são obrigadas a faltar à escola. A ocorrência de ataques frequentes tem um impacto sustentado e adverso no desempenho escolar das crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 14 anos.228 As crianças que sucessivamente contraírem a doença podem sofrer de danos cognitivos, prejudicando a respetiva capacidade de aprendizagem a longo prazo. Assim, a probabilidade de morrerem por paludismo é inversamente proporcional ao rendimento e à educação.6 5 Alcançar a igualdade de géneros e capacitar as mulheres e raparigas em qualquer lugar A maior parte dos cuidados prestados a outrem são facultados por familiares do sexo feminino: mães, tias, avós ou irmãs mais velhas. Em cenários com elevadas taxas de transmissão, para além do tempo perdido com as próprias doenças, os prestadores de cuidados investem, pelo menos, 2 dias adicionais por episódio de paludismo com cada um dos filhos.229 Mais ainda, em cenários com elevadas taxas de transmissão em que as crianças sejam sucessivamente infetadas pelo parasita do paludismo e que a família seja grande, rapidamente implica uma perda significativa de tempo de produtividade. 6 Garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos Uma eventual desconsideração das consequências indesejáveis da construção de grandes barragens, práticas extrativas, da drenagem dos solos e, em algumas regiões, dos sistemas de irrigação pode provocar o aumento de locais de reprodução e pontos de descanso dos vetores e, consequentemente, da transmissão do paludismo.23 romover um crescimento P económico inclusivo e sustentável, pleno emprego e produtivo, assim como trabalho digno para todos Algumas profissões estão mais expostas à doença do que outras, incluindo produtores de arroz (enquanto trabalham e comem), migrantes trabalhadores nas montanhas, trabalhadores florestais e seringueiros. A exposição ao risco do paludismo devido a práticas de trabalho (por exemplo, trabalhar durante a noite) é mais elevada em profissões de estatuto social inferior. Os trabalhadores com menos qualificações têm uma probabilidade bastante mais reduzida de aceder a serviços de prevenção e tratamento do paludismo.230 Os adultos perdem entre 2 a 6 dias de trabalho por episódio de paludismo e são, muitas vezes, menos produtivos quando regressam ao trabalho durante o período de recuperação, em especial se lhes forem atribuídas tarefas físicas. Todos os anos, o paludismo custa às empresas africanas pelo menos 12 mil milhões de dólares norte-americanos em produtividade perdida.231 8 86 Descrição Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) onstruir infraestruturas C resistentes e promover uma indústria inclusiva e sustentável Nos casos em que os cenários forem artificialmente adaptados, serão necessários esforços positivos explícitos para manter os mosquitos no exterior. Se este esforço não for realizado, nesse caso poderão inadvertidamente ser criados novos locais de reprodução e pontos de descanso de mosquitos, resultando na introdução dos mesmos no interior, com um potencial efeito em cadeia em termos de transmissão de paludismo.137 Para além disso, as infraestruturas predominantemente pobres podem impedir a prestação de serviços de saúde, de tratamento do paludismo ou outros serviços básicos.232, 233 eduzir a desigualdade R dentro dos países e entre países O fardo do paludismo permanece mais pesado nos países com os índices mais reduzidos de desenvolvimento humano, nas áreas menos desenvolvidas de determinados países e no seio de populações entre os grupos mais desprotegidos. Estes incluem as mulheres grávidas, os bebés e as crianças, os refugiados, os deslocados, os migrantes, os nómadas e as pessoas com VIH/SIDA.230 As famílias mais pobres são as mais afetadas, uma vez que os custos diretos e indiretos do paludismo consomem uma parte muito elevada do rendimento familiar.62 Tornar as cidades e povoações inclusivas, seguras, resistentes e sustentáveis As consequências indesejáveis das alterações de cenário provocadas pelo desenvolvimento tais como a expansão urbana e a implantação de povoamentos humanos, podem favorecer a transmissão do paludismo. As condições precárias de habitação e drenagem podem aumentar a exposição a diferentes vetores, incluindo os mosquitos que transmitem paludismo.19 A falta de segurança nos bairros pobres, como em qualquer outro local, constitui uma forte ameaça para a prestação de serviços de prevenção e tratamento do paludismo capazes de salvar vidas.234 Garantir padrões de consumo e produção sustentáveis A cobertura florestal e a proximidade de operações de extração de ouro são condutores importantes do risco de doença, contribuindo em grande escala para o mesmo.235 Um aumento da desflorestação de apenas 4% pode aumentar a incidência do paludismo em 48%.236 As indústrias extrativas e ligadas à exploração florestal atraem trabalhadores migrantes para responderem às necessidades laborais. A mobilidade destes trabalhadores pode colocá-los numa situação mais favorável à infeção do paludismo, em especial se não tiverem imunidade. 13 Adotar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e respetivos impactos Pequenos aumentos de temperatura de apenas 2 ou 3 graus Celsius implicarão um aumento entre 3 e 5% do número de pessoas em risco de infeção por paludismo, o que representa várias centenas de milhões de pessoas.237 Prevê-se que, em meados da próxima década, as alterações climáticas tenham aumentado a população em risco de contração da doença em África em mais de 80 milhões de pessoas. As probabilidades apontam para um maior número de inundações na sequência das alterações climáticas, o que não só afeta a eficácia dos sistemas de saneamento e provoca a contaminação de fontes de água, como também aumenta os locais de reprodução de mosquitos e a transmissão do paludismo. Na China, o aumento das temperaturas pode implicar um retrocesso de 7 anos até 2030 no que respeita à redução de doenças infeciosas, incluindo o paludismo. 15 Proteger, restaurar e promover a utilização sustentável dos ecossistemas terrestres e impedir e reverter a degradação dos solos e a perda de biodiversidade A utilização insustentável de recursos naturais pode resultar no risco de introdução ou intensificação do paludismo. P. knowlesi, um tipo de paludismo comum nos macacos, está a afetar cada vez mais pessoas na Malásia e em outros países, o que possivelmente se deve a atividades ligadas à exploração florestal e à desflorestação de cada vez mais zonas florestais, resultando assim num contacto cada vez maior dos animais com os humanos.122,238,239 16 Promover sociedades pacíficas e inclusivas para um desenvolvimento sustentável, facultar a todos o acesso à justiça e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas a todos os níveis Os países em situação frágil – os países em que o governo seja ineficaz, a governança seja inadequada e a responsabilização esteja em falta – não são suscetíveis de alcançar os objetivos definidos para 2030 na luta contra o paludismo nem os outros ODS. A instabilidade impede o controlo do paludismo e a prestação de serviços de saúde e de tratamento da doença.240,241 Assim, é altamente improvável que os países em conflito se comprometam e colaborem regionalmente nas ações necessárias à redução e eliminação sustentáveis da doença. 9 10 11 12 Por um mundo livre de paludismo 87 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ANEXO C: REPARTIÇÃO DA INVESTIGAÇÃO NO CAMPO DO PALUDISMO E NÚMEROS DO ORÇAMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO REPARTIÇÃO DO REQUISITO DE FINANCIAMENTO ANUAL PARA A I&D NA LUTA CONTRA O PALUDISMO POR CATEGORIA DE INVESTIGAÇÃO, 2016-2030 (MILHÕES DE DÓLARES NORTE-AMERICANOS EM 2014) Figura 13 Fonte: Policy Cures 2014: trabalho solicitado pelo Plano Mundial contra o Paludismo (GMP) (OMS) para o desenvolvimento da Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-203027 88 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ANEXO D: METODOLOGIA PARA ANÁLISES DE CUSTO-BENEFÍCIO O valor do investimento no controlo e na eliminação do paludismo com vista a uma redução de 90% dos casos e mortes por paludismo até 2030 e na eliminação da doença em pelo menos 35 países até 2030 foi calculado com base em poupanças de custos diretos para os sistemas de saúde e para os agregados familiares e dos benefícios económicos e sociais alargados. Estas poupanças devem-se à redução da incidência do paludismo (e, por conseguinte, do fardo da morbidade), e os benefícios económicos e sociais alargados devido ao aumento da longevidade resultante da redução da taxa de mortalidade por paludismo. Cenários possíveis e estimativas dos casos e mortes por paludismo Para avaliar o eventual número de casos simples, casos graves ou mortes por paludismo, foi utilizado um modelo matemático da transmissão de Plasmodium falciparum, previsto para ser utilizado anualmente, entre 2016 e 2030, em quatro cenários de intervenção distintos: Cenário 1: “sustentar” é o cenário que contraria os factos, Cenário 2: “aceleração 1” e Cenário 3: “aceleração 2” são os cenários de intervenção melhorados para redução e eliminação do paludismo, Cenário 5: “reversão” descreve um declínio na cobertura das intervenções.242 O número de casos e mortes evitados por paludismo na sequência do aumento da cobertura de um pacote de intervenções foi calculado subtraindo o número de casos e mortes no cenário “sustentar” do número de casos e mortes no cenário “aceleração 2” para um determinado ano. O número de casos e mortes adicionais por paludismo resultantes do declínio na cobertura de intervenções foi calculado subtraindo o número de casos e mortes no cenário “reversão” ao número de casos e mortes no cenário “sustentar” para um determinado ano. Poupanças de custos diretos para os sistemas de saúde e agregados familiares resultantes do fardo reduzido da morbidade por paludismo Da perspetiva de um fornecedor público, as eventuais poupanças em termos de custos diretos foram calculadas combinando a possível redução da incidência do paludismo a nível nacional com a proporção de doentes que teriam procurado tratamento para casos simples e graves de paludismo (dados recolhidos a partir do mais recente inquérito nacional disponível – Inquérito Demográfico e Sanitário, Inquérito Indicador do Paludismo ou Inquérito de Aglomeração dos Indicadores Múltiplos). Também incluímos a eventual redução de pagamentos correntes para os agregados familiares, estimando a proporção de doentes que teriam procurado cuidados em unidades de saúde formais e incorrido em custos correntes para terem acesso a cuidados de saúde. A mesma metodologia foi aplicada para avaliar os custos adicionais dos sistemas de saúde e agregados familiares resultantes do aumento do fardo da morbidade por paludismo no cenário “reversão”. Os benefícios económicos e sociais do aumento da longevidade resultante da redução da mortalidade por paludismo O benefícios económicos e sociais do aumento da longevidade resultante da redução da mortalidade por paludismo foram estimados através da adaptação da abordagem de rendimento total proposta pela Comissão Lancet sobre o Investimento em Saúde.104 A Comissão estimou os benefícios económicos de uma “grande convergência” em saúde para o período 2015 – 2035, avaliando para isso o valor de anos de vida adicionais ganho em termos financeiros. O número de mortes evitadas (por faixa etária) para um determinado ano foi obtido a partir do modelo. Para calcular o número de anos de vida poupados a partir do número de mortes evitadas, foram utilizadas tabelas de mortalidade da OMS para cada país. O valor atual do aumento da esperança média de vida de 1 ano foi calculado com base na multiplicação do nível de rendimento de um determinado país (2013 PIB– Banco Mundial) por um coeficiente do Banco Mundial específico por região facultado pela Comissão Lancet sobre o Investimento em Saúde. Os benefícios económicos e sociais do aumento da longevidade resultante de uma redução da mortalidade por paludismo foram calculados com base na multiplicação do número de anos de vida poupados pelo valor monetário de 1 ano de vida ganho. A mesma metodologia foi aplicada para avaliar o anterior valor económico resultante do aumento do fardo da mortalidade por paludismo no cenário “reversão”. Custos Em todos os cenários, o total dos custos de implementação (controlo de vetores, quimioprevenção, testes, tratamento e monitorização) foi calculado para 97 países endemicamente afetados pelo paludismo em 2015 e registados, a nível global, na Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 20162030, da OMS e trabalho efectuado para o desenvolvimento desta Estratégia e do AIM.26,27 Os custos unitários referentes à gestão de casos simples e graves de paludismo foram disponibilizadospelo Plano Mundial contra o Paludismo (GMP) da OMS. O custo unitário referente a casos simples de paludismo consiste nos custos de consultas de ambulatório e inclui as consultas, os testes de diagnóstico e os medicamentos para tratamento. O custo unitário referente a casos graves de hospitalização por paludismo consiste nos custos de consultas de internamento e inclui as consultas, os testes de diagnóstico, os medicamentos para tratamento e os custos diários de internamento hospitalar. Os custos correntes do agregado familiar incorridos em termos de transporte para aceder aos serviços de saúde foram adicionados e recolhidos a partir do relatório da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, denominado Public transport fares in African cities (Tarifas dos transportes públicos nas cidades africanas).243 Todas as estimativas são apresentadas em dólares norte-americanos para valores de 2014. Retorno sobre o investimento O ROI foi calculado com base na divisão do total de benefícios eventuais resultantes da redução do fardo da morbidade e mortalidade por paludismo pelo custo total da implementação da expansão da cobertura de intervenções de luta contra o paludismo. Limitações Uma vez que o orçamento da Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030 da OMS foi efetuado a partir de uma perspetiva de fornecedores públicos, a poupança de custos e os benefícios sociais foram registados apenas para o setor público. A abordagem não considerou os benefícios da eliminação do paludismo nos 17 países com transmissão do paludismo por P. vivax e/ou P. falciparum instável, nem nos países que se encontram nas fases de pré-eliminação, eliminação ou prevenção de uma eventual reintrodução da doença. Os custos e os benefícios foram agregados ao nível nacional; no entanto é importante referir que os custos e os benefícios podem diferir bastante consoante os contextos locais. Por um mundo livre de paludismo 89 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) RESUMO ESQUEMÁTICO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE DE CUSTO-BENEFÍCIO CUSTOS DE IMPLEMENTAÇÃO Controlo de vetores Quimioprevenção Diagnóstico Monitorização Tratamento BENEFÍCIOS DA REDUÇÃO DO FARDO DA MORBIDADE POR PALUDISMO Sistemas de saúde e poupanças para o agregado familiar Custo unitário para a gestão de casos Número de casos de paludismo evitados BENEFÍCIOS DO FARDO REDUZIDO DA MORTALIDADE POR PALUDISMO Custo unitário para aceder aos cuidados de saúde Valor monetário do aumento da esperança média de vida em 1 ano Anos de vida poupados Coeficiente do Banco Mundial específico por região Número de mortes evitadas na idade X Esperança de vida na idade X PIB per capita (dólares norte-americanos na moeda atual) RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO BENEFÍCIOS TOTAIS CUSTOS TOTAIS Figura 14 90 Por um mundo livre de paludismo Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ANEXO E: REPARTIÇÃO DAS FONTES DE FINANCIAMENTO NACIONAIS E INTERNACIONAIS PARA O CONTROLO E A ELIMINAÇÃO DO PALUDISMO E DAS DESPESAS PARTICULARES CORRENTES PARA OS AGREGADOS FAMILIARES EM 2013 Metodologia: A parcela de financiamento gasto na luta contra o paludismo em 2013 foi estimada para dois conjuntos de países: os países em fase de controlo e os países em fase de pré-eliminação, eliminação e prevenção da reintrodução da doença (classificação por países de Dezembro de 2013). Os números do financiamento público interno e do financiamento internacional foram recolhidos a partir do Relatório sobre o paludismo no mundo 2014. Os números das despesas particulares correntes para os agregados familiares foram calculados com base na dimensão prevista do mercado privado para o controlo de vetores (LLIN), testes de diagnóstico (RDT) e tratamento do paludismo (ACT). FONTES DA DESPESA NA LUTA CONTRA O PALUDISMO EM PAÍSES EM FASE DE CONTROLO DA DOENÇA FONTES DA DESPESA NA LUTA CONTRA O PALUDISMO EM PAÍSES EM FASE DE PRÉELIMINAÇÃO, ELIMINAÇÃO E PREVENÇÃO DA REINTRODUÇÃO DA DOENÇA 22% 66% 7% 12% 93% Figura 15 Financiamento Financiamento público público interno interno (648,4 (648,4 milhões milhões de dólares de dólares norte-americanos) norte-americanos) Figura 16 Financiamento Financiamento internacional internacional (1960,5 (1960,5 milhões milhões de de dólares dólares norte-americanos) norte-americanos) Despesas Despesas particulares particulares correntes correntes para para os os agregados agregados familiares familiares (346,6 (346,6 milhões milhões de de dólares dólares norte-americanos) norte-americanos) Despesas particulares correntes com LLIN para os agregados familiares em 2013: 16,59 milhões de dólares norte-americanos. Um total de 143 milhões de LLIN foram distribuídas em África em 2013 (não existem dados fiáveis disponíveis para o resto do mundo relativamente à dimensão do mercado privado das LLIN). De entre elas, cerca de 2% foram vendidas através do setor privado, o que representa um volume de 2,86 milhões. Com um custo total calculado em 5,80 milhões de dólares norte-americanos, as despesas particulares correntes com LLIN para os agregados familiares em África perfizeram um total de 16,59 milhões de dólares norte-americanos em 2013. Fonte dos dados: Malaria vector control commodities landscape. UNITAID, Dezembro de 2014. Despesas particulares correntes com RDT para os agregados familiares em 2013: 149 milhões de dólares norte-americanos. Um total de 319 milhões de RDT foram vendidos aos setores público e privado em 2013. De entre eles, 160 milhões foram distribuídos no setor público por programas nacionais de controlo do paludismo. Dos 159 milhões de RDT vendidos no setor privado, 60% são assumidos como sendo testes específicos para P. falciparum enquanto 40% são assumidos como sendo uma combinação de testes específicos para P. falciparum and P. vivax. Com um custo total calculado em 0,78 milhões de dólares Financiamento público interno (125,5 milhões de dólares norte-americanos) Financiamento internacional (8,8 milhões de dólares norte-americanos) norte-americanos para RDT específicos para P. falciparum e 1,17 milhões de dólares norte-americanos para combinações de testes específicos para P. falciparum and P. vivax, as despesas particulares correntes com RDT para os agregados familiares perfizeram um total de 149 milhões de dólares norteamericanos em 2013. Fontes dos dados: Relatório sobre o paludismo no mundo 2014; GMAP 2008-2015 Despesas particulares correntes com ACT para os agregados familiares em 2013: 181 milhões de dólares norte-americanos. Cerca de 392 milhões de ACT foram entregues pelos fabricantes aos setores público e privado em 2013. De entre elas, 133 milhões destinaram-se apenas ao setor privado. No que diz respeito à parcela de vendas, assume-se que 70% de ACT são relativas a pediatria e 30% para um público adulto. Com um custo total calculado em 1,08 milhões de dólares norte-americanos para ACT na pediatria e 2,025 milhões de dólares norte-americanos para um público adulto, as despesas particulares correntes com ACT para os agregados familiares perfizeram um total de 181 milhões de dólares norteamericanos em 2013. Fontes dos dados: Relatório sobre o paludismo no mundo 2014; GMAP 2008-2015 Referências1,225,244 Por um mundo livre de paludismo 91 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ANEXO F: FAZER COM QUE AS PARCERIAS FUNCIONEM As parcerias estratégicas e funcionais têm o potencial de superar os desafios previstos e melhorar de forma substancial a eficácia da resposta a apresentar nos próximos anos. Compreender a motivação de um determinado parceiro ou setor para investir na luta contra o paludismo é essencial para definir parcerias duradouras e produtivas, onde os parceiros possam não só contribuir mas também usufruir dos benefícios da sinergia. Os papéis tradicionais dos vários círculos envolvidos na luta contra o paludismo continuam a ser desenvolvidos. Operacionalizar parcerias Um compromisso envolvendo muitos parceiros pode ser moroso e dar origem a custos de transação. O reconhecimento dos pontos fortes das partes interessadas e a clara definição de funções e responsabilidades servirão de base para a adoção de parcerias fortes e operacionais a todos os níveis, quer seja ao nível comunitário, nacional ou entre setores e fronteiras. Para operacionalizar parcerias de qualquer tipo, é necessário que sejam tomadas medidas para: • criar um mecanismo convocatório ou um secretariado de rede que coordene atividades e assegure a gestão eficaz de conhecimentos; • desenvolver coligações e redes para simplificar a coordenação a todos os níveis, simultaneamente intensificando as vozes dos parceiros; • acordar conjuntamente a finalidade, os objetivos e os resultados previstos da parceria; • criar um mecanismo de financiamento para a parceria; • definir estruturas de governança formais ou informais que clarifiquem a liderança e acordem as funções e responsabilidades de cada parceiro (por exemplo, as parcerias nacionais podem promover os termos de referência exemplificativos da RBM, disponíveis no Anexo E do manual Advocacy and Resource Mobilization [Sensibilização e Mobilização de Recursos] 112 http://www.rollbackmalaria.org/resources/publications/2014); • estabelecer um enquadramento claro para a adoção de medidas e a monitorização; e • organizar avaliações externas regulares ou rever internamente e em conjunto o progresso alcançado para uma responsabilização mútua dos compromissos firmados e o reconhecimento do progresso verificado rumo aos objetivos acordados pela parceria. © Swiss Malaria Group/Anne Heslop 92 Por um mundo livre de paludismo DE ENTRE OS INCENTIVOS ILUSTRATIVOS, CONTAM-SE: • • • • • • • • • um mundo livre de paludismo serviços de melhor qualidade custos correntes reduzidos aumento da produtividade em virtude de forças de trabalho mais saudáveis economias locais mais fortes melhor gestão de recursos reconhecimento imagem ou marca acesso ao mercado Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ACRÓNIMOS, SIGLAS E ABREVIATURAS ACNURAlto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados ACTTerapias de combinação baseadas em artemisinina AIDAssociação Internacional de Desenvolvimento AIDBBanco Asiático de Investimento em Infraestrutura AIMAção e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 ALArteméter-lumefantrina AMIIniciativa contra o Paludismo na Amazónia ANCCuidados pré-natais APMENRede de Eliminação do Paludismo da Ásia-Pacífico BAsD Banco Asiático de Desenvolvimento BRI Borrifação Intradomiciliar BRICSBrasil, Rússia, Índia, China e África do Sul CEODiretor-executivo CHAIIniciativa Clinton de Acesso à Saúde CMSCComunicação para a mudança social e comportamental DFIDDepartamento para Desenvolvimento Internacional (Reino Unido) EMMIEEliminação do Paludismo na Mesoamérica e Ilha Hispaniola EMROGabinete Regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental FINDFundação para Novos Diagnósticos Inovadores GMAPPlano de Ação Mundial contra o Paludismo 2008-2015 iCCMGestão integrada de casos na comunidade IPTpTratamento preventivo intermitente para mulheres grávidas IRS Pulverização residual interior ITPSCoberturas de plástico tratadas com inseticida ITPSCoberturas de plástico tratadas com inseticida IVAImposto sobre o valor acrescentado IVCCConsórcio Inovador de Controlo de Vetores IVMGestão vetorial integrada (MIV - manejo integrado de vetores em Português Brasileiro) I&DInvestigação e desenvolvimento LLINRedes mosquiteiras tratadas com inseticida de longa duração malERAAgenda de investigação para a erradicação do paludismo MFI Iniciativa Livre de Paludismo MMP Populações móveis e migrantes MVIIniciativa da Vacina contra o Paludismo ODMObjetivos de Desenvolvimento do Milénio ODSObjetivos de Desenvolvimento Sustentável OMS Organização Mundial da Saúde ONG Organização não governamental ONU Organização das Nações Unidas OPAS Organização Pan-Americana da Saúde OSC Organizações da sociedade civil PCR Reação em cadeia da polimerase PDI Pessoas deslocadas internamente PDPParcerias de desenvolvimento de produtos PGHPledge Guarantee for Health PIBProduto interno bruto PMIIniciativa Presidencial contra o Paludismo (EUA) PNUDPrograma das Nações Unidas para o Desenvolvimento RBMParceria Fazer Recuar o Paludismo RDTTestes de diagnóstico rápido ROI Retorno sobre o investimento SADCComunidade de Desenvolvimento da África Austral UNICEFFundo das Nações Unidas para a Infância Por um mundo livre de paludismo 93 Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) BIBLIOGRAFIA 1.Organização Mundial da Saúde. 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The Global Malaria Action Plan 2008-2015: for a malaria-free world (2008). 97 © Bill & Melinda Gates Foundation Ação e Investimento para vencer o Paludismo 2016-2030 (AIM) ESCRITÓRIOS DA PARCERIA RBM SEDE SUCURSAIS O secretariado da Parceria RBM está localizado na Organização Mundial de Saúde (OMS) Escritório da RBM em Nova Iorque Localizado na Sede das Nações Unidas 20, Avenue Appia 1211 Genebra 27 Suiça One Dag Hammarskjold Plaza 26th Floor 885 Second Avenue Nova Iorque, NY 10017 T+41 22 791 4586 F+41 22 791 1587 [email protected] T +1 212 218 4176 [email protected] Escritório da RBM no Gaborone Localizado na Rede Regional Sul-Africana e da África Oriental, escritórios da OMS Escritório da RBM em Dakar Localizado na Rede Regional da África Ocidental e Central, nos escritórios da UNICEF – WCARO PO Box 485 Botswana BP 29720 Dakar Yoff- Senegal T +267 3712714 [email protected] T +221 33869 5865 [email protected] Créditos de Imagem capa Canto superior direito: © Bill & Melinda Gates Foundation Canto inferior direito: © Swiss Malaria Group/Sarah Hoibak Canto superior esquerdo: © PAHO/WHO Canto inferior esquerdo: © Swiss Malaria Group/Feliciano Monti Por um mundo livre de paludismo 99 A comunidade global envolvida na luta contra o paludismo, a OMS e o Programa Roll Back Malaria partilham em conjunto a visão de um mundo livre de paludismo e os objetivos ambiciososmas concretizáveis de redução das taxas de mortalidade e incidência, no mínimo, em 90% e de eliminação da doença em 35 outros países até 2030. O secretariado da Parceria RBM está localizado na Organização Mundial de Saúde (OMS) SIGA NOS: Avenue Appia 20 1211 Genebra 27 Suiça www.rollbackmalaria.org [email protected] ISBN 978 92 4 850897 4