necrose asséptica da cabeça do fêmur - TCC On-line
Transcription
necrose asséptica da cabeça do fêmur - TCC On-line
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Fernando da Silva Beltramin TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Curitiba 2010 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO NECROSE ASSÉPTICA DA CABEÇA DO FÊMUR E CINOMOSE Curitiba 2010 Fernando da Silva Beltramin TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Profª MV MSc Marúcia de Andrade Cruz. Orientador Profissional: Profª Marchand Rocha Moreira. Curitiba 2010 MV MSc Taís Reitor Prof. Luiz Guilherme Rengel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rengel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profª. Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Sr. Afonso Celso Rengel Santos Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Prof. Roberval Eloy Pereira Secretário Geral Prof. Bruno da Carneiro da Cunha Diniz Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária Profª. Ana Laura Angeli Coordenadora de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Profª. Ana Laura Angeli Metodologia Científica Prof. Jair Mendes Marques CAMPUS PROF. SIDNEY LIMA SANTOS Rua Sidney A. Rangel Santos, 238 – Santo Inácio CEP: 82010-330 – Curitiba – Paraná Telefone: 3331-7700 TERMO DE APROVAÇÃO Fernando da Silva Beltramin TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção de título de Médico Veterinário por uma banca examinadora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 23 de Novembro de 2010 ______________________________________ Medicina Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná ______________________________________ Orientador: Profª. MV MSc. Marúcia de Andrade Cruz Universidade Tuiuti do Paraná ______________________________________ Prof. MV MSc Ricardo Maia Universidade Tuiuti do Paraná ______________________________________ Profª. MV Elza Maria Galvão Ciffoni Universidade Tuiuti do Paraná APRESENTAÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológica e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, pelo universitário Fernando da Silva Beltramin, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário é composto de um Relatório de Estágio, no qual são descritas as atividades realizadas durante o período de 27 de julho a 08 de outubro de 2010 totalizando 360 horas, na Clínica Escola de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, localizada no município de Curitiba – Paraná, relatando dois casos que versam sobre Necrose Asséptica da Cabeça do Fêmur e Cinomose. Dedico a meu Pai e minha Mãe que sempre me apoiaram a seguir meu sonho de me tornar Médico Veterinário. AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus Pais, Nadir João Beltramin e Bernadete de F. M. da Silva Beltramin pelo apoio e motivação nesses anos de luta para conquistar um sonho de criança o de se tornar médico veterinário. Muito Obrigado. À minha noiva Alana Caroline Bonfim por sempre estar do meu lado em todos os momentos da faculdade, principalmente nos momentos mais difíceis. Muito obrigado. Te amo. À minha professora orientadora Marúcia de Andrade Cruz, pela sua orientação, dedicação e paciência na construção do meu trabalho. Obrigado. A todos da minha família que me apoiaram e sempre me incentivaram a continuar a fazer o que eu mais quero, ser Medico Veterinário. A meu sogro e minha sogra, Antonio Bonfim e Regina Bonfim, que também sempre me apoiaram. Obrigado Aos meus irmãos, por sempre compartilhar o computador. Obrigado A meus cães, Dana e Dara, que serviram de cobaia desde o início da faculdade. LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS CEMV-UTP: Clínica Escola de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. R1: residente nível 1 R2: residente nível 2 TPC: Tempo de Preenchimento Capilar TTP: Teste de Turgor da Pele FC: Frequência cardíaca FR: Frequência respiratória mg/kg: miligramas por quilogramas MPA: medicação pré-anestésica bpm: batimentos por minuto mpm: movimentos por minuto ml/kg: mililitros por quilogramas SID: Semel in die (uma vezes ao dia) BID: Bis in die (duas vezes ao dia) TID: Ter in die (três vezes ao dia) IM: intramuscular IV: intravenoso VO: via oral NACF: necrose asséptica da cabeça do fêmur VC: vírus da cinomose AF: anticorpo fluorescente SNC: sistema nervoso central min: minutos mm: milímetros SRD: sem raça definida ANR: até novas recomendações ndn: nada digno de nota IFA: imunofluorescência indireta RT-PCR: reção em cadeia pela polimerase RNA: ácido ribonucléico LISTA DE FIGURAS FIGURA 01 – ENTRADA DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 02 – SALA DE ULTRASSONOGRAFIA, 2010 FIGURA 03 – SALA DE RADIOGRAFIA DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 04 – SALA DE EMERGÊNCIA DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 05 – CENTRO CIRÚRGICO DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 06 – SALA DE TÉCNICA CIRÚRGICA DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 07 – CONSULTÓRIO 01 DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 08 – CONSULTÓRIO 02 DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 09 – CONSULTÓRIO 03 DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 10 – CONSULTÓRIO DOS GATOS DOMÉSTICOS DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 11 – LABORATÓRIO DE EXAMES COMPLEMENTARES DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 12 – SALA DE INTERNAMENTO DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 13 – LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 14 – FARMÁCIA DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 15 – GRÁFICO DEMOSTRANDO ATENDIMENTOS ENTRE CLÍNICA MÉDICA E CLÍNICA CIRÚRGICA NA CEMV-UTP NO PERIODO DE 27 DE JULHO A 05 DE OUTUBRO DE 2010 FIGURA 16 – GRÁFICO DEMONSTRANDO 108 CASOS CLÍNICOS ATENDIDOS NO CEMV-UTP NO PERÍODO DE 27 DE JULHO A 05 DE OUTUBRO DE 2010 DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FIGURA 17 – GRÁFICO DEMONSTRANDO 82 CASOS CIRÚRGICOS ATENDIDOS NO CEMV-UTP NO PERÍODO DE 27 DE JULHO A 05 DE OUTUBRO DE 2010 FIGURA 18 – RADIOGRAFIA DO PACIENTE MOSTRANDO A ÁREA DE NECROSE ASSÉPTICA DA CABEÇA DO FÊMUR FIGURA 19 – PACIENTE COM 10 DIAS DE PÓS-OPERATÓRIO FIGURA 20 – PACIENTE COM 20 DIAS DE PÓS-OPERATÓRIO FIGURA 21 – PACIENTE COM 30 DIAS DE PÓS-OPERATÓRIO FIGURA 22 – RESULTADO DO EXAME DE IFA PARA CINOMOSE FIGURA 23 – DEMOSTRANDO TESTE RÁPIDO PARA CINOMOSE COM RESULTADO POSITIVO FIGURA 24 – PACIENTE COM SECREÇÃO OCULAR MUCOPURULENTA FIGURA 25 – TESTE RÁPIDO PARA CINOMOSE LISTA DE TABELAS TABELA 01 – EXAME BIOQUÍMICO DA PACIENTE JULIA REALIZADO NO CEMVUTP TABELA 02 – ERITROGRAMA DA PACIENTE JULIA REALIZADO NO CEMV-UTP TABELA 03 – LEUCOGRAMA DA PACIENTE JULIA REALIZADO NO CEMV-UTP TABELA 04 – ERITROGRAMA DA PACIENTE JULIA REALIZADO NO CEMV-UTP TABELA 05 – LEUCOGRAMA DA PACIENTE JULIA REALIZADO NO CEMV-UTP TABELA 06 – LEUCOGRAMA DA PACIENTE MILA REALIZADO NO CEMV-UTP TABELA 07 – ERITROGRAMA DA PACIENTE MILA REALIZADO NO CEMV-UTP SÚMARIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 13 2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO.............................................................. 14 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS......................................................................... 21 3.1. Casuística........................................................................................................... 22 4. NECROSE ASSÉPTICA DA CABEÇA DO FÊMUR............................................ 24 4.1. Relato de caso.................................................................................................... 24 4.2. Revisão Bibliográfica....................................................................................... 30 4.2.1. Introdução....................................................................................................... 30 4.2.2. Etiologia.......................................................................................................... 30 4.2.3. Sinais Clínicos................................................................................................ 31 4.2.4. Diagnóstico..................................................................................................... 31 4.2.5. Tratamento...................................................................................................... 32 4.2.6. Avaliação e cuidados pós-operatório.............................................................. 34 4.2.7. Prognóstico..................................................................................................... 35 4.2.8. Discussão....................................................................................................... 35 5. CINOMOSE........................................................................................................... 37 5.1. Relato de caso 01........................................................................................... 37 5.2. Relato de caso 02........................................................................................... 43 5.3. Revisão bibliográfica.................................................................................... 46 5.3.1. Introdução....................................................................................................... 46 5.3.2. Etiologia.......................................................................................................... 47 5.3.3. Epidemiologia................................................................................................. 47 5.3.4. Sinais Clínicos................................................................................................ 48 5.3.5. Diagnóstico..................................................................................................... 50 5.3.6. Tratamento...................................................................................................... 52 5.3.7. Prognóstico..................................................................................................... 53 5.3.8. Prevenção....................................................................................................... 54 5.3.9. Discussão....................................................................................................... 54 6. CONCLUSÃO....................................................................................................... 56 7. REFERÊNCIAS..................................................................................................... 57 13 1. INTRODUÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso traz o relatório de estágio curricular supervisionado do aluno Fernando Da Silva Beltramin, da Universidade Tuiuti do Paraná, com o objetivo de demonstrar a casuística acompanhada e descrever dois casos clínicos. O referido estágio foi realizado no período de 27 de julho a 05 de outubro de 2010, na Clínica Escola de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, sob orientação profissional da Professora MV MSc Taís Marchand Rocha Moreira e sob orientação acadêmica da Professora MV MSc Marúcia de Andrade Cruz, tendo como objetivo vivenciar na prática, atividades descritas em aula, aprimorando assim conhecimento profissional visando ser um Médico Veterinário responsável. Este relatório é composto pela descrição do local de estágio e atividades lá desenvolvidas, casuística acompanhada, revisão, descrição e discussão de dois casos clínicos, sendo necrose asséptica da cabeça do fêmur e cinomose. 14 2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO A Clínica Escola de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná localizada na Rua Professor Sydnei Antonio Rangel Santos, 238, no Bairro Santo Inácio em Curitiba-PR, é composta por uma equipe de 11 médicos veterinários, sendo sete docentes, dois R1 e dois R2, também conta com uma técnica em radiologia, uma estagiária do laboratório de exames complementares, um enfermeiro, um auxiliar, uma secretária, auxiliares da limpeza, além dos acadêmicos do curso de Medicina Veterinária que sempre acompanham a rotina da Clínica em grupos de estudo. Realiza atendimento para pequenos animais de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h. Na sexta-feira atendimento de animais silvestres e nas terças e quintas-feiras oferecendo atendimento especial para gatos domésticos. Conta também com atendimentos especializados, sendo: Oftalmologia, Dermatologia, Oncologia, Ortopedia, Neurologia, Odontologia e Acupuntura, além dos atendimentos clínicos e cirúrgicos, conta também com laboratório para exames complementares, laboratório de microbiologia, radiografia e ultrassonografia, os dois últimos com hora marcada. A figura 01 mostra a entrada do CEMV-UTP onde ao fundo os clientes ficam aguardando até serem chamados. 15 FIGURA 01-ENTRADA DA CEMV-UTP, 2010 A figura 02 mostra a sala onde são realizados os exames de ultrassonografia e figura 03 os exames radiográficos. FIGURA 02- SALA DE ULTRASSONOGRAFIA DA CEMV-UTP, 2010 16 FIGURA 03- SALA DE RADIOGRAFIA DA CEMV-UTP, 2010 A sala de emergência (figura 04) fica localizada logo após a recepção, possui fácil acesso de pacientes que estejam em risco. É próxima do centro cirúrgico, o que facilita uma rápida intervenção cirúrgica caso seja necessário. FIGURA 04 – SALA DE EMERGÊNCIA DA CEMV-UTP, 2010 O centro cirúrgico (figura 05) é um local com acesso somente de pessoas que estejam paramentadas para evitar contaminação dos pacientes. 17 FIGURA 05- CENTRO CIRÚRIGICO DA CEMV-UTP, 2010 Na sala de técnica cirúrgica (figura 06) são realizados procedimentos com menor risco de contaminação, por exemplo, a parte de odontologia. Os professores também a utilizam para aulas teóricas/práticas. FIGURA 06- SALA DE TÉCNICA CIRÚRGICA DA CEMV-UTP, 2010 18 A clínica possui três consultórios (figuras 07, 08 e 09) para atendimento de cães e um consultório para atendimento de gatos (figura 10), uma sala de indução pré-anestésica, uma sala de internamento (figura 12), uma sala de pós-operatório, um laboratório para exames complementares (figura 11) e um laboratório de microbiologia (figura 13). Conta também com uma farmácia (figura 14). FIGURA 07- CONSULTÓRIO 01 DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 08- CONSULTÓRIO 02 DA CEMV-UTP, 2010 19 FIGURA 09- CONSULTÓRIO 03 DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 10- CONSULTÓRIO DOS GATOS DOMÉSTICOS DA CEMV-UTP, 2010 20 FIGURA 11- LABORATÓRIO DE EXAMES COMPLEMENTARES DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 12- SALA DE INTERNAMENTO DA CEMV-UTP, 2010 21 FIGURA 13- LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA DA CEMV-UTP, 2010 FIGURA 14- FARMÁCIA DA CEMV-UTP, 2010 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA CEMV-UTP Neste estágio curricular supervisionado foram desenvolvidas atividades relativas ao auxílio de atendimentos clínico médico veterinário, colheita de materiais biológicos, preenchimento de fichas, acompanhamento de cirurgias (pré, trans e pós 22 operatório), cuidados de pacientes em internamento e emergenciais, participação de discussão de casos clínicos, acompanhamento de diagnóstico por imagem e altas clínicas. 3.1. CASUÍSTICA Durante o estágio que iniciou dia 27 de julho de 2010 e foi até 05 de outubro de 2010 foram realizados 190 atendimentos sendo: 108 (57%) casos da clínica médica e 82 (43%) casos na clínica cirúrgica. Esses casos estão sendo representados abaixo de acordo com o gráfico 01. O gráfico 02 demonstra os casos de acordo com a especialidade em que se encontrou a enfermidade e o gráfico 03 representa os casos cirúrgicos acompanhados na CEMV-UTP. FIGURA 15 – GRÁFICO DEMOSTRANDO ATENDIMENTOS ENTRE CLÍNICA MÉDICA E CLÍNICA CIRÚRGICA NA CEMV-UTP NO PERÍODO DE 27 DE JULHO A 05 DE OUTUBRO DE 2010 Atendimentos entre clínica médica e cirúrgica 43% 57% Clínica Cirúrgica Clínica Médica 23 FIGURA 16 – GRÁFICO DEMONSTRANDO 108 CASOS CLÍNICOS ATENDIDOS NO CEMV-UTP NO PERÍODO DE 27 DE JULHO A 05 DE OUTUBRO DE 2010 DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE Casos clínicos acompanhado no CEMVUTP 28 30 25 20 18 18 15 12 14 11 10 5 2 2 3 0 a a ia ia ia ia gia gia logi gia l ogi log ol og o log p ed lo lo lo o o o o o o i t r r o a u rt lm rd nc rin nte en O O rm oc Ne Ofta Ca e iog e d r o D En astr Te G 24 FIGURA 17 – GRÁFICO DEMONSTRANDO 82 CASOS CIRÚRGICOS ATENDIDOS NO CEMV-UTP NO PERÍODO DE 27 DE JULHO A 05 DE OUTUBRO DE 2010 Casos cirúrgicos acompanhados CEMV-UTP 30 25 20 20 15 13 11 10 5 11 7 2 5 4 1 2 3 1 O SH O elet R Q iva M e le as ti te va ct o m O rto ia pé O do d nt ica ol Hé ógi rn ca io rra fi Pi om a Ce etra sa ri O ana f t No á l du mic Es lec a to pl e n mi ec a to m ia Tó ra O x ut ro s 0 4. NECROSE ASSÉPTICA DA CABEÇA DO FÊMUR 4.1. RELATO DE CASO Paciente: Dudu Espécie: Canina Sexo: Macho Raça: Teckel Idade: 6 anos Peso: 5 Kg 2 25 Anamnese O responsável relata que o paciente claudicava do membro pélvico direito há mais ou menos nove meses. Nesses nove meses, haviam dias que ele não apoiava o membro e outros que ele apoiava. Relata também que levou em uma Clínica Veterinária há seis meses, e este suspeitou de luxação de patela e receitou cetoprofeno 1,1mg/kg SID VO por 7 dias, condroprotetor (sulfato de condroitina 100mg + glucosamina 150mg); durante o período do tratamento o paciente voltou a apoiar o membro, mas ao término da medicação voltou a claudicar e também a não apoiar o membro. O responsável acabou levando em outra Clínica Veterinária que através de exame físico descartou luxação de patela, fez radiografia e encontrou uma lesão antiga nas falanges (2ª, 3ª e 4ª) do membro posterior direito, tratou com tala por 30 dias e receitou cloridrato de tramadol 4mg/kg TID VO por sete dias e continuou com o condroprotetor. Passados 30 dias retirou a tala e o paciente ainda não apoiava o membro e sentia dor, também estava mais apático, então o responsável levou até a CEMV– UTP. Exame físico No exame físico o paciente encontrava-se com temperatura retal de 38,2ºC, frequência cardíaca de 110bpm, frequência respiratória de 40mpm. Estado geral bom, com mucosa ocular e oral normocoradas, linfonodos sem alterações em tamanho e forma, auscultação com presença de bulhas regulares e normofonéticas sem sopro, auscultação pulmonar limpa, TPC de 2 segundos, TTP normal e normohidratado. Ao exame ortopédico do membro pélvico direito percebeu-se presença de atrofia muscular na região glútea, crepitação na articulação coxofemoral e 26 encurtamento do membro. O paciente sentia dor à manipulação da articulação, não foi possível luxar patela, o que descartou luxação, realizou-se movimento de gaveta para descartar ruptura do ligamento cruzado. Exames complementares Realizou-se radiografia da articulação coxofemoral onde foi constatado diminuição do tamanho e forma cilíndrica da cabeça do fêmur direita com possível área lítica em borda cranial; incongruência articular severa direita; articulação contra lateral sem alterações, como mostra a figura 18. FIGURA 18 – RADIOGRAFIA DO PACIENTE MOSTRANDO A ÁREA DE NECROSE ASSÉPTICA DA CABEÇA DO FÊMUR D 27 Diagnóstico O diagnóstico foi através do histórico, exame físico e pela radiografia onde constatou necrose asséptica de cabeça femoral direita. Tratamento Através da radiografia optou-se pelo tratamento cirúrgico, a técnica de escolha foi a colocefalectomia que na literatura é excisão da cabeça e do colo femoral. O paciente foi submetido a uma ampla tricotomia da região da articulação coxofemoral se estendendo para o membro, foi realizada a MPA na sala de indução onde foi administrado acepromazina 0,08mg/kg + morfina 0,5mg/kg IM. No centro cirúrgico foi realizada a indução com propofol 5 mg/kg IV e mantido na fluidoterapia com solução fisiológica. Não foi necessário entubar o paciente, pois ele se manteve em ventilação espontânea, foi feito bloqueio peridural com 1,5ml de lidocaína + 0,1mg/kg de morfina. O paciente foi posicionado em decúbito lateral esquerdo, realizou-se a antisepsia e posteriormente a parte distal do membro afetado foi envolvida numa compressa estéril para permitir a manipulação do mesmo durante a cirurgia. Realizou-se uma abordagem craniolateral, na região do trocânter maior do fêmur, onde foi incisada a pele, tecido subcutâneo, músculos vasto lateral e tensor da fáscia lata e cápsula articular. Em seguida o membro foi rotacionado para que a cabeça do fêmur fosse exposta, com um osteótomo e um martelo ortopédico faz o corte do colo femoral e retira junto com a cabeça do fêmur com o auxilio de uma pinça Kelly. Em seguida, procedeu-se uma sutura em ponto simples separada na musculatura incidida, com fio absorvível; sutura no tecido subcutâneo com fio 28 absorvível poliglactina 910 (vicryl®) e, finalmente, a sutura em ponto simples separado na pele com fio de náilon 2-0. Ao final do procedimento foi administrado meloxican 0,2mg/kg IM minimizando a inflamação e promovendo analgesia. No pós-operatório foi prescrito para tratamento domiciliar cloridrato de tramadol 2mg/kg TID por 3 dias + meloxican 0,1mg/kg SID por 5 dias VO + cefalexina 25mg/kg SID por 10 dias e limpeza do local com merthiolate spray (digluconato de clorexidina 10 mg/mL) e nebacetin® pomada (sulfato de neomicina + bacitricina) BID durante 10 dias e encorajar o paciente a utilizar o membro, fazendo exercícios. Foi indicado seções de fisioterapia para o paciente, mas a responsável optou por exercícios em casa mesmo. O paciente voltou depois de 10 dias para retirada dos pontos. O responsável relatou que o paciente ainda apresentava sinais de claudicação (figura 19), mas quando faz o paciente correr ele apóia o membro. FIGURA 19 – PACIENTE COM 10 DIAS DE PÓS-OPERATÓRIO 29 Vinte dias após a cirurgia, ainda apresenta claudicação, mas está apoiando com mais frequência o membro. Na figura 20, o paciente ainda evita apoiar totalmente o membro quando em repouso. FIGURA 20- PACIENTE COM 20 DIAS DE PÓS-OPERATÓRIO Com 30 dias de pós-operatório o paciente não apresenta mais sinais de claudicação, está apoiando o membro normalmente (figura 21), relata a responsável. FIGURA 21- PACIENTE COM 30 DIAS DO PÓS-OPERATÓRIO 30 4.2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.2.1. INTRODUÇÃO A doença de Legg-Calvé-Perthes, também conhecida como, osteocondrite juvenil, necrose avascular da cabeça do fêmur, osteocondrose da cabeça femoral, necrose asséptica da cabeça do fêmur e coxa plana, é uma necrose asséptica nãoinflamatória da cabeça e colo femoral que ocorre em cães de pequeno porte, com faixa etária de 3 a 11 meses de idade (FOSSUM, 2008, NELSON e COUTO 2001, GAMBARDELLA, 1996). Segundo Couto (2001), esta afecção sem motivos determinados sofre comprometimentos no aporte sanguíneo causando colapso da epífise femoral e por consequência causa a necrose asséptica da cabeça do fêmur. 4.2.2. ETIOLOGIA Segundo Fossum (2008), a NACF não tem uma causa conhecida, mas algumas teorias estão sendo propostas, incluindo interferência hormonal, fatores hereditários, conformação anatômica, pressão intracapsular e infarto da cabeça do fêmur. Brinker (1999) relata que a doença se dá por uma isquemia resultante de uma compressão vascular, também por atividade hormonal precoce, Gambardella (1996) comenta ainda que infecção, traumatismo e desequilíbrio metabólico podem ser causas desta afecção. 31 Matera e colaboradores (2003) relatam que mesmo após varias investigações clinicas, radiológicas e morfológicas, a etiologia ainda permanece desconhecida. 4.2.3. SINAIS CLÍNICOS De acordo com Brinker (1999), o primeiro sinal apresentado pelo paciente é a irritabilidade, o mesmo pode morder a região do quadril indicando dor no local, outros sinais citados pelo autor são crepitação na articulação coxofemoral, encurtamento do membro e atrofia muscular na região dos músculos glúteo e quadríceps. Geralmente os animais afetados pela NACF, apresentam claudicação de início lento (Wisner, 2009), mas com o tempo a claudicação aumenta fazendo com que o paciente evite a sustentação sobre membro afetado, essa evolução do quadro pode levar segundo Fossum (2008), Brinker (1999) e Gambardella (1996), de 6 a 8 semanas podendo chegar a completa impotência funcional. 4.2.4. DIAGNÓSTICO De acordo com Olmstead (2008), o diagnóstico baseia-se em exames físicos e achados radiográficos. Os principais sinais radiográficos da NACF incluem diminuição da cabeça e colo femoral, achatamento da cabeça femoral, redução da opacidade óssea na 32 epífise femoral e colapso da cabeça femoral (BRINKER, 1999; FOSSUM, 2008; STURION & STURION, 2006; WOODARD, 2000). Bem como subluxação e fratura da cabeça e colo femorais, também é possível constatar osteófitos na margem do acetábulo e osteartrite secundária na articulação coxofemoral. (BRINKER, 1999; SHERDING, 2008; WISNER, 2009). No diagnóstico diferencial deve-se excluir principalmente luxação de patela além de trauma fisário. (FOSSUM, 2008). 4.2.5. TRATAMENTO Fossum (2008) relata que antes do procedimento cirúrgico devem-se administrar medicamentos antiinflamatórios e limitar as atividades do paciente a fim de aliviar a dor até o dia do procedimento cirúrgico. Existem dois tipos de tratamento para essa afecção, sendo, o tratamento cirúrgico e o tratamento conservador, este consiste em administração de antiinflamatórios e analgésicos além de repouso para aliviar a dor do paciente. (FOSSUM, 2008; BRINKER, 1999). Mas segundo Sherding (2008) na maioria dos casos o tratamento é cirúrgico. O tratamento cirúrgico indicado pelos autores é a excisão cirúrgica da cabeça e colo femorais (FOSSUM, 2008; BRINKER, 1999; STURION & STURION, 2006 e GAMBARDELLA, 1996). 33 Segundo Brinker (1999), o tratamento cirúrgico é mais favorável que o tratamento conservador, pois os resultados são melhores e o tempo de recuperação dos pacientes é menor utilizando a técnica adequada. Segundo Fossum (2008), Manley (1998) e Vasseur (1996) a abordagem craniolateral para excisão da cabeça e colo femorais é uma técnica bastante eficaz. Abaixo está descrita a técnica cirúrgica pelo acesso craniolateral sugerida por Sturion & Sturion (2006). “Primeiramente o paciente é posicionado em decúbito lateral com o membro afetado para cima, é feito uma assepsia ampla no membro, colocam-se compressas na parte distal para o manuseio do membro, inicia com uma incisão cutânea craniolateral centralizada sobre a articulação do quadril, retrai o músculo bíceps femoral caudalmente e o músculo tensor da fáscia lata cranialmente, incisa o músculo vasto lateral e rebate ventralmente, incisa-se a cápsula articular em linha com o colo femoral, se o ligamento redondo da cabeça do fêmur estiver intacto deve-se incisá-lo com um bisturi ou tesouras curva. O fêmur é submetido a uma rotação para que haja luxação da cabeça femoral em relação ao acetábulo. Identifica a linha de ostectomia que se estende desde parte medial do trocanter maior até a parte medial do trocanter menor, identificado a linha faz-se a incisão do colo junto com a cabeça femoral, com auxilio de uma pinça remove-se a cabeça do fêmur”. 34 4.2.6. AVALIAÇÃO E CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS De acordo com Fossum (2008) após o procedimento cirúrgico o paciente deve ser estimulado a utilizar o membro através de reabilitação física. Já Sturion & Sturion (2006) relata que o paciente deve ficar em repouso por sete dias e retornar aos exercícios gradativamente. De acordo com Fantoni e Cortopassi (2008), pode se administrar em casos de dor moderada, tramadol de 1mg/Kg até 4mg/Kg a cada 6 a 8h durante 1 a 5 dias, podendo associar com meloxicam a 0,1 mg/kg a cada 24 horas por até 14 dias. Segundo Sturion & Sturion (2006), no pós-operatório deve-se administrar antibiótico (40.000UI/kg de penicilina benzatina IM) durante três dias, fazer curativo no local da cirurgia com pomada cicatrizante até a cicatrização completa da ferida, e deixar o paciente em repouso nos primeiros sete dias. Matera e colaboradores (2003) fizeram um estudo com a utilização de laser no pós-operatório de pacientes com NACF, sendo que 6 dos 13 pacientes que utilizaram o laser começaram a apoiar o membro de 3 a 5 dia pós-cirúrgico, os que não utilizaram laser começaram a apoiar o membro 7 a 10 dias após a cirurgia, ou seja, pacientes que utilizaram o laser tiveram resultados positivos. A indicação de fisioterapia par estimular o paciente a utilizar o membro foi relatada por Carpenter (2003) 35 4.2.7. PROGNÓSTICO Com o tratamento cirúrgico, o paciente tem prognóstico favorável, em relação ao alívio da dor e claudicação. Segundo Gambardella (1996), cerca de 84% a 100% não apresentam sinas de dor e nem de claudicação após o tratamento. O prognóstico quanto ao uso normal do membro é favorável após a excisão da cabeça e do colo do fêmur, pois os pacientes acometidos por esta afecção são de pequeno porte, mas segundo Fossum (2008), deve-se informar os responsáveis que uma claudicação leve ainda pode ocorrer em dias frios e após exercícios pesados. De acordo com Carpenter (2003), faz-se necessário a monitoração do paciente nos casos onde foi eleito o tratamento cirúrgico, a cada 15 dias, para avaliar a evolução da recuperação. Nos casos onde o tratamento eleito foi o conservativo, deve ser realizada a reavaliação através do exame físico e radiográfico, para determinar se há necessidade da realização de cirurgia. 4.2.8. DISCUSSÃO Como descrito por Fossum (2008) e Brinker (1999), os sinais clínicos como claudicação, atrofia muscular, crepitação, dor na região da articulação coxofemoral foram apresentados pelo paciente. 36 Como foi sugerido por Olmstead (2008) e Fossum (2008), o diagnóstico foi baseado nos achados clínicos e exames radiográficos onde foi constatada a afecção. O diferencial neste caso é que o paciente acima descrito tem idade de 6 anos, sendo que os autores citados neste trabalho relatam caso com idade média de 3 a 11 meses. A escolha do tratamento cirúrgico por meio da excisão da cabeça e do colo femoral sugeridos por Fossum (2008), Gambardella (1996) e Olmstead (2008), apresenta resultados satisfatórios, pois o paciente tem uma recuperação rápida ficando livre de dor e claudicação na maioria dos casos. O tratamento domiciliar prescrito pelo médico veterinário está de acordo com o descrito por Fantoni e Cortopassi (2008). Neste caso o paciente após 20º dia de pós-operatório, teve uma melhora significativa em relação a dor e a claudicação, como foi relatado por Fossum (2008) e Grambardella (1996), mas o paciente voltou a apoiar o membro normalmente com 30 dias do pós-operatório. 37 5. CINOMOSE 5.1. RELATO DE CASO 01 Paciente 01: Julia Espécie: Canina Sexo: Fêmea Raça: SRD Idade: 3 anos Peso: 9,5Kg Anamnese A responsável levou o paciente até a CEMV – UTP no dia 30 de agosto de 2010, pois ela apresentava a mais ou menos uma semana perda de peso progressiva, secreção ocular e nasal, teve emese uma vez ontem (29/08/2010), estava apática, normoúria, normodipsia, normoquesia e hiporexia. A responsável relatou que a paciente conviveu com outro cão que tinha cinomose, não tinha acesso a rua, come ração, fez vacina nacional, responsável negava convulsão, sincope, tosse, diarréia e sinais neurológicos. Exame clínico Ao exame clínico a paciente se encontrava com temperatura retal de 38,6ºC, FC 96bpm, FR 50mpm, TPC 3 segundos, normoidratada, mucosas ocular, oral e vulvar normocoradas à hipocoradas, linfonodos normais em tamanho e forma, sistema respiratório NDN, sistema cardiovascular NDN, sistema tegumentar com condutos auditivos eritematosos, no sistema geniturinário musculoesquelético NDN e gastroentérico emese uma vez. NDN, sistema 38 Exames complementares Como exame complementar no primeiro dia foi realizado a prova de função bioquímica (ALT, Creatinina, FA, Albumina) (tabela 01), eritograma (tabela 02) e leucograma (tabela 03) da paciente. TABELA 01 - BIOQUÍMICO DA PACIENTE JULIA REALIZADO NO CEMV-UTP BIOQUÍMICO TESTE REFERENCIA ALT 30,38 (10 a 88 UI/L) CREATININA 0,97 F.A. 34,83 (20 a 150 UI/L) ALBUMINA 3,077 (2,3 a 3,8 g/dL) (0,5 a 1,5 mg/dL) TABELA 02 – ERITROGRAMA DA PACIENTE JULIA REALIZADO NO CEMV-UTP ERITROGRAMA Valores normais ERITRÓCITOS (milhões/µL) 8,1 (5,5 - 8,5 milhões/µL) HEMA TÓCRITO (%) 48 (37 - 55%) HEMOGLOBINA (g/dL) 16 (12 - 18 g/d\L) VCM (fL) 58,6 (60 - 77fL) HCM (pg) 19,5 (19,5 - 24,5pg) CHCM (%) 33,3 (32 - 36%) PROTEÍNA PLASMÁTICA (g/dL) 6,2 (5,7 - 7,0 g/dL) PLAQUETAS ((mm3) 109200 (200.00 - 500.000/mm3) Os resultados do eritrograma representado pela tabela 02 não apresentaram alterações significativas. 39 TABELA 03 – LEUCOGRAMA DA PACIENTE JULIA REALIZADO NO CEMV-UTP LEUCOGRAMA Valores normais LEUCÓCITOS TOTAIS (/mm3) 3.900 (6.000 - 17.000 /mm3) BASÓFILOS 39 /mm3 (raros) EOSINÓFILOS 00 /mm3 (100 a 1250 /mm3) BASTONETES 585 /mm3 (0 a 500 /mm3) SEGMENTADOS 2457 /mm3 (3.000 a 11.000 /mm3) LINFÓCITOS 819 /mm3 (1.000 a 4.800 /mm3) MONÓCITOS 00 /mm3 (150 a 1.350 /mm3) Podemos observar que no leucograma houve leucopenia, eosinopenia, monocitopenia, linfocitopenia e neutropenia. Foi realizado o teste de Shirmer onde foi contatado os valores de 2mm/min no esquerdo e 5mm/min no direito, valores normais são de 10 a 25mm/min. Este teste visa avaliar a produção de lágrima. O procedimento é realizado com uma fita de papel sob a pálpebra inferior e a umidade sob o papel é a medida. No retorno da paciente foi feita nova colheita de sangue para hemograma (eritrograma (tabela 04) e leucograma (tabela05), também foi enviada uma amostra de soro para o laboratório de análises (veterinária preventiva) onde foi utilizado o método de imunofluorescência indireta (IFA) para auxiliar no diagnóstico da cinomose, o resultado está representado na figura 19. 40 TABELA 04 – ERITROGRAMA DA PACIENTE JULIA REALIZADO NO CEMV-UTP ERITROGRAMA Valores normais ERITRÓCITOS (milhões/µL) 9,82 (5,5 - 8,5 milhões/µL) HEMA TÓCRITO (%) 47 (37 - 55%) HEMOGLOBINA (g/dL) 16,3 (12 - 18 g/d\L) VCM (fL) 47,8 (60 - 77fL) HCM (pg) 16,5 (19,5 - 24,5pg) CHCM (%) 34,6 (32 - 36%) PROTEÍNA PLASMÁTICA (g/dL) 6,8 (5,7 - 7,0 g/dL) PLAQUETAS (/mm3) 156.000 (200.00 - 500.000/mm3) TABELA 05 – LEUCOGRAMA DA PACIENTE JULIA REALIZADO NO CEMV-UTP LEUCOGRAMA valores normais LEUCÓCITOS TOTAIS (/mm3) 12.900 (6.000 - 17.000 /mm3) BASÓFILOS 00 /mm3 (raros) EOSINÓFILOS 00 /mm3 (100 a 1250 /mm3) BASTONETES 1032 /mm3 (0 a 500 /mm3) SEGMENTADOS 9804 /mm3 3.000 a 11.000 /mm3) LINFÓCITOS 2064 /mm3 (1.000 a 4.800 /mm3) MONÓCITOS 00 /mm3 (150 a 1.350 /mm3) 41 FIGURA 22 – RESULTADO DO EXAME DE IFA PARA CINOMOSE De acordo com laudo representado pela figura 22 podemos observar que o resultado indica que a paciente teve contato com o vírus da cinomose, não descartando a infecção. Também foi feito o teste rápido para cinomose da BIOEASY (manual de instruções está disponível no site: http://www.bioeasy.com.br) utilizou-se os dois métodos o do antígeno que foi coletado líquor e deu resultado positivo (ver Figura 23) e a do anticorpo que foi utilizado uma amostra de sangue e o resultado deram concentração baixa, ou seja, a paciente teve contato com o vírus da cinomose. No mesmo dia foi coletado líquor e enviado para Clinilab (Laboratório de Patologia Animal) para análise, mas o laudo foi inconclusivo, pois teve contaminação com sangue interferindo nos parâmetros avaliados. 42 FIGURA 23 – DEMOSTRANDO TESTE RÁPIDO PARA CINOMOSE COM RESULTADO POSITIVO Tratamento No primeiro dia a paciente ficou internada das 8 horas até 18 horas, para administração de medicamentos IV, sendo que foi administrado omeprazol 0,7mg/kg e ondansetrona 0,22mg/kg. A paciente teve uma melhora neste período, não teve emese e não estava tão apática. Para tratamento domiciliar foi prescrito doxciciclina 8mg/kg SID VO por 30 dias e predinisona 1mg/kg BID VO por 4 dias este último a responsável já vinha administrando antes de trazer para a consulta, relata que após esta medicação a paciente ficava melhor. No retorno a responsável relata que paciente está apresentando convulsão, a médica veterinária responsável indicou fenobarbital na dose de 2mg/kg BID, VO, até novas recomendações. 43 5.2. RELATO DE CASO Paciente 02: Mila Espécie: Canina Sexo: Fêmea Raça: SRD Idade: ± 4 anos Peso: 3,4 Kg Anamnese Responsável relata que há mais ou menos 5 dias a paciente apresentava incoordenação motora nos membros torácicos e pélvicos, também está com secreção mucopurulenta ocular e nasal, só ingerindo água quando forçado alimentando-se com ajuda também, diz que a urina apresentava-se mais concentrada do que o normal, convive com outro cão mas este não tem sinais, está administrando glicopan, amoxicilina e leucogen. A vacinação em dia, porém não foi aplicada por um Médico veterinário. Exame físico Ao exame físico o paciente se encontrava com temperatura retal de 37,4ºC, FC 80bpm, FR 28mpm, TPC 3 segundos, 1% de desidratação, auscultação com presença de bulhas regulares e normofonéticas sem sopro, auscultação pulmonar limpa, mucosas oculares e oral hiperêmicas, linfonodos normais em forma e tamanho, estava apresentado mioclonia na região da face e nos membros torácicos e pélvicos, ausência de reflexos proprioceptivos nos quatro membros, tetraparesia 44 percepção de dor profunda e superficial normais. A paciente apresentava também, hiperceratose dos coxins. FIGURA 24 – PACIENTE COM SECREÇÃO OCULAR MUCOPURULENTA Exames complementares Foi realizado eritrograma (tabela 07) e leucograma (tabela 06) da paciente onde os resultados estão descritos na tabela abaixo. TABELA 06 – LEUCOGRAMA DA PACIENTE MILA REALIZADO NO CEMV-UTP LEUCOGRAMA LEUCÓCITOS TOTAIS (/mm ) BASÓFILOS EOSINÓFILOS BASTONETES 28.900 00 /mm3 140 /mm3 1435 /mm3 Valores normais (6.000 - 17.000 /mm3) (raros) (100 a 1250 /mm3) (0 a 500 /mm3) SEGMENTADOS 25250 /mm3 3.000 a 11.000 /mm3) LINFÓCITOS 2009 /mm3 (1.000 a 4.800 /mm3) 3 MONÓCITOS 00 /mm 3 (150 a 1.350 /mm3) 45 Podemos observa na tabela 06 um grande aumento nos leucócitos e neutrófilos indicando infecção. TABELA 07 – ERITROGRAMA DA PACIENTE MILA REALIZADO NO CEMV-UTP ERITROGRAMA ERITRÓCITOS (milhões/µL) HEMA TÓCRITO (%) HEMOGLOBINA (g/dL) VCM (fL) HCM (pg) CHCM (%) PROTEÍNA PLASMÁTICA (g/dL) 6,63 40 12,8 60,3 19,3 32 7 Valores normais (5,5 - 8,5 milhões/µL) (37 - 55%) (12 - 18 g/dL) (60 - 77fL) (19,5 - 24,5pg) (32 - 36%) (5,7 - 7,0 g/dL) PLAQUETAS (/mm3) 239.200 (200.00 - 500.000/mm3) Além do hemograma, foi realizado o teste rápido para cinomose da BIOEASY, onde é colhida uma amostra da mucosa ocular misturando-se ao antígeno e colocando num leitor (ver figura 25) o resultado sai em 20 minutos. Neste caso o resultado foi positivo para cinomose. A responsável não aceitou fazer outros testes que auxiliam no diagnóstico da cinomose. FIGURA 25 –TESTE RÁPIDO PARA CINOMOSE 46 Tratamento Como a responsável optou por não deixar internado, então foi indicado tratamento domiciliar com amoxicilina com ácido clavulânico na dose de 20mg/kg BID durante 30 dias, leucogen 2mg/kg SID VO e Glicopan® Pet 0,5ml/kg BID VO ANR. Após 15 dias, a paciente voltou sem apresentar melhoras, responsável relatou que ainda apresenta tetraparesia, secreção ocular mucopurulenta, mioclonia. Levou até um colega que receitou soroglobulin SID 3ml, organoneurocerebral TID e Gardenal® não soube informar a concentração e doses, mas estava administrando 1 comprimido por dia de Gardenal®, pois a paciente estava apresentando convulsões. A médica veterinária responsável, continuou o tratamento de suporte com enrofloxacina 25mg/kg SID VO por 20 dias, ajustou a dose de gardenal 1,5mg/kg BID VO ANR. Após 15 dias a responsável ligou para clínica avisando que a paciente foi a óbito. 5.3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5.3.1. INTRODUÇÃO A cinomose é uma enfermidade viral altamente contagiosa que acomete principalmente cães, também podendo acometer outros carnívoros como os da família Canidae (dingo, raposa, coiote, lobo, chacal), os da família Mustelidae (furão, zorrilho, jaritataca, texugo, marta, fuinha, lontra) e os da família Procyonidae (mãopelada, panda, japurá, quati) (FELDMAN, 2008). Sherding (2008), relata que podem 47 acometer também os grandes felinos (leão, jaguar e ocelote) e outros como panda, urso, hiena e mangusto. A cinomose é uma enfermidade que apresenta principalmente manifestações clínica no sistema respiratório, no sistema gastrointestinal e sistema nervoso, bem como aos tecidos linfóide dos cães. Entre as doenças induzidas por vírus nos cães, a taxa de mortalidade por cinomose é muito alta. O vírus é altamente contagioso e é transmitido diretamente de cão para cão por contato próximo (LEGENDRE, 2008; ALMEIDA, 2009). 5.3.2. ETIOLOGIA A cinomose é causada pelo Morbillivirus da família Paramyxoviridae, um vírus RNA grande, que está diretamente relacionado ao vírus do sarampo e da peste bovina. O VC é sensível ao calor, a solventes lipídicos e ao éter, mas são resistentes em baixas temperaturas podendo resistir por anos em temperatura de -76ºC. (CORRÊA & CORRÊA; 1992, SHERDING, 2008; LEGENDRE, 2008). 5.3.3. EPIDEMIOLOGIA Segundo Sherding (2008) esta afecção pode atingir pacientes de todas as idades mais a incidência é maior em filhotes de dois a seis meses de idade. 48 De acordo com os autores Couto (2001), Sherding (2008), Feldman (2008) o principal meio de transmissão é por inalação do vírus presente em todas as secreções e excreções corpóreas de animais infectados. O vírus replica-se nos tecidos linfóide, nervoso e epitelial, sendo eliminado na forma de gotículas de aerossóis, por fômites, pelos exsudatos respiratórios e conjuntivais, nas fezes, na saliva e na urina por até 60 a 90 dias após a infecção natural. (CORRÊA & CORRÊA, 1992; COUTO, 2001; SHERDING, 2008 e FELDMAN, 2008). 5.3.4. SINAIS CLÍNICOS Segundo Sherding (2008), a cinomose possui sinais clínicos multissistêmicos e extremamente variáveis. O quadro abaixo demonstra as manifestações clínicas causadas pelo vírus da cinomose, este quadro foi baseado pelos sinais clínicos descrito pelos autores Corrêa (1992), Couto (2001), Sherding (2008), Legendre (2008) e Baumann (1988). Quadro 01 – Manifestações Clínicas de Infecção pelo Vírus da Cinomose Natimorto; Aborto; Infecção no ambiente uterino Síndrome do definhamento do filhote no período neonatal; Trato gastrointestinal Sinais do SNC ao crescer. Vômito e diarréia Corrimento nasal mucóide a 49 mucopurulento; Trato respiratório Espirros, tosse com sons broncovesiculares aumentados e crepitação na auscultação; dispnéia, taquipnéia podem ser induzidos por pneumonia Coriorretinite; Ocular Retinocoroidite, lesões em medalhão, neurite óptica; Ceratoconjutivite seca; Neurológica Corrimento ocular mucopurulento. Paresia e ataxia Medula espinhal Distúrbio de andar, reflexos espinhais Vestibular central anormais e propriocepção anormal. Sacudida de cabeça, nistagmo, déficits em outros nervos cranianos e da Cerebelar Cerebral propriocepção consciente. Ataxia, cabeça pendente, hipermetria. Convulsões generalizadas ou parciais; Depressão; Mioclonias Cegueira unilateral ou bilateral Movimentos motores repetitivos rítmicos ou espasmos musculares. 50 Febre 39,5 à 41ºC Anorexia; Infartamento tonsilar; Diversos Desidratação graves; Dermatite pústular abdominal; Hiperceratose do nariz e dos coxins; Hipoplasia do esmalte dentário em filhotes Fonte: Nelson & Couto (2001) 5.3.5. DIAGNÓSTICO Segundo Sherding (2008) e Feldman (2008) o diagnóstico da cinomose se baseia no histórico (geralmente com vacinação atrasada), nos sinais clínicos e nos achados laboratoriais do paciente. O diagnóstico definitivo pode ser feito pela detecção do VC nas células epiteliais por meio do teste do anticorpo fluorescente (AF) ou pelo isolamento do vírus (FELDMAN, 2008). Lâminas com esfregaço de sangue total, capa leucocitária, imprint da conjuntiva direita e esquerda coradas com panótico visualizadas no microscópio óptico para a procura de corpúsculos de inclusão de Lents que é um achado patognomônico para cinomose, também pode ser utilizado como método de diagnóstico mesmo sendo difíceis de encontrar esses corpúsculos (SCHWEIGERT, 2008). 51 Para auxiliar no diagnóstico exames complementares são muito importantes sendo eles, hemograma completo, radiografia do tórax e exame do fluido cerebroespinhal (SHERDING, 2008) De acordo com Bush (2004), frequentemente ocorre diminuição de linfócitos e neutrófilos. Segundo Sherding (2008), na hematologia pode apresentar linfopenia no início do pico de febre, posteriormente nota-se leucocitose com neutrofilia que está associada às infecções bacterianas secundárias. Na radiografia torácica sinais de pneumonite intersticial difusa no início da doença. O mesmo autor relata que no exame do fluido cerebroespinhal pode haver um aumento de células (linfócitos) e /ou proteínas, mas se os valores forem normais não se deve descartar a cinomose. A transcrição reversa seguida da reação em cadeia (RT-PCR) também pode ser utilizada para diagnóstico da cinomose, porém este exame pode dar falsos negativos, ou seja, o paciente pode ter cinomose, mas não é diagnosticada pelo exame. (NEGRÃO, 2007) Deve-se levar em conta para fins de diagnóstico diferencial, a parainfluenza, broncopneumonia verminótica, estrongiloidose, dipilidiose, neosporose, isosporose e intoxicações (CORREA & CORREA, 1992). toxoplasmose, 52 5.3.6. TRATAMENTO Não há drogas antivirais especificas para o tratamento da cinomose, ou seja, tem que instituir tratamento de suporte e sintomático, o ideal é separar o paciente infectado para que não haja contaminação de outros pacientes (FELDMAN, 2008 & SHERDING, 2008). O tratamento sintomático deve conter administração de antibiótico de amplo espectro (por exemplo, cefalosporinas, fluoquinolonas) para infecções secundárias, especialmente nos casos de pneumonia. Segundo Sherding (2008), deve-se manter o paciente hidratado com fluidoterapia parenteral, em casos de vômito e diarréia limitar a ingestão de alimentos e administrar antieméticos e antidiarréicos somente quando necessário. Em casos de convulsão, administrar diazepam ou fenobarbital, manter os olhos e as vias respiratórias limpas, sem secreções. Sherding (2008) relata que em casos de convulsão deve-se administrar dexametasona (1 a 2 mg/kg IV) para controle de edema do SNC, depois iniciar terapia anticonvulsivante. Como tratamento de emergência nos casos de convulsão segundo Fantoni e Cortopassi (2008), deve-se administrar diazepam IV (0,25 a 1mg/kg) repetindo por mais 4 a 5 vezes, com intervalo de 15 a 20 min, se necessário até o controle das crises. Para manutenção administrar 2 a 6mg/kg VO BID de fenobarbital (Gardenal®). 53 Em casos de emese pode-se administrar antieméticos como ondansentrona na dose de 0,5mg/kg IV quando internado e para tratamento VO 0,5 a 1mg/Kg a cada 6 a 12h. Outro medicamento que pode ser utilizado é a metoclopramida na dose de 1 a 2mg/kg SID IV ou 0,2 a 0,4mg/kg TID VO (SHERDING, 2008). Segundo Legendre (2008), o tratamento com antibióticos diminui os sinais de infecção bacteriana, mas não impede que o vírus chegue ao cérebro e a medula espinhal lesionando-os. De acordo com Couto (2001), a administração de glicocorticóides pode ser benéfica em alguns cães com doença do SNC oriunda de infecção crônica pelo VC, mas contra-indicadas em cães agudamente infectados. 5.3.7. PROGNÓSTICO Segundo Feldman (2008) e Couto (2001) o prognóstico é reservado a desfavorável na maioria dos casos de cinomose aguda, especialmente se os sinais neurológicos estiverem presentes. Fossum (2008) recomenda eutanásia em pacientes com sinais nervosos progressivos graves e incapacitantes. Feldman (2008) relata que aumentam a possibilidade de recuperação se tratar as infecções secundárias fazendo terapia de suporte. Importante também é conscientizar o responsável sobre a multiplicidade dos sinais que podem apresentar esta afecção, explicando que o quadro pode se agravar rapidamente. Deve-se aconselhar a deixar o paciente isolado de outros cães para evitar propagação da infecção, também aconselhar se caso o paciente venha a 54 óbito, desinfetar o local e esperar pelo menos um período de uma semana para ter outro filhote (SHERDING, 2008). 5.3.8. PREVENÇÃO Em função da idade variável na qual os filhotes tornam-se imunizáveis contra a cinomose, administra-se uma série de vacinações de acordo com programas que sejam práticos e que maximizem a probabilidade de induzir à imunidade (ETTINGER & FELDMAN, 2008). Devem ser revacinados a cada 3 semanas até completarem 14 semanas de idade, este é um dos esquemas mais utilizados, é pratico e resulta na imunização de 95% ou mais dos cãezinhos (ETTINGER & FELDMAN, 2008). Os filhotes devem ser vacinados com vacina viva modificada com 6 a 8, 9 a 11 e 12 a 14 semanas de idade, revacinando anualmente (NELSON & COUTO, 2001; SHERDING, 2008; TIZARD, 2002). 5.3.9. DISCUSSÃO Segundo Corrêa (1992), Couto (2001), Sherding (2008), Legendre (2008) e Bauman (1988), os sinais clínicos da cinomose podem ser muito inespecíficos sendo assim de difícil diagnóstico por isso é preciso que o clínico fique atento no histórico e nos sinais clínicos apresentados pelo paciente e também sempre pedir exames complementares para auxiliar no diagnóstico definitivo. 55 Um diagnóstico definitivo para cinomose é de grande importância para o clinico auxiliando a conduta terapêutica, e para o proprietário, pois o prognóstico pode ser reservado e medidas profiláticas podem ser adotadas precocemente, aumentando as possibilidades de sucesso da terapia (SCHWEIGERT, 2008). Um dos diagnósticos utilizados na CEMV-UTP, que é o teste rápido para cinomose da BIOEASY, acabou dando positivo nos dois casos. Como tratamento os autores citados neste trabalho concordam com o tratamento de suporte, pois não há fármacos antivirais específicos para cinomose, sendo assim deve-se manter o paciente com bem-estar e qualidade de vida. Sem dúvida a melhor forma de prevenir a cinomose é através de vacinação, como foi relatado pelos autores citados neste trabalho, procurando sempre um Médico Veterinário para aplicar a vacina, pois este profissional está apto para avaliar seu cão e fazer o procedimento com competência. 56 6. CONCLUSÃO Este período de estágio supervisionado permitiu-me colocar em prática muitos dos conceitos teóricos acompanhados durante o período de graduação, o que com certeza servirá como base para o início da carreira como Médico Veterinário, trabalhar com ética e responsabilidade, sempre com objetivo de atender bem meus futuros pacientes e seus responsáveis. Fazer este estágio me mostrou o quão importante é estar sempre atualizado, pesquisando e estudando novas formas de diagnóstico e tratamentos para identificar e tratar mais rapidamente os problemas de saúde de nossos pacientes. Também me mostrou como é importante o trabalho em equipe, pois sempre há a necessidade de que haja interação com outros profissionais. Apesar de tudo, sabemos como ainda estamos atrasados na Medicina Veterinária comparando-se com a Medicina Humana, com relação a equipamentos e materiais, pois geralmente temos que utilizar alguns da linha humana, que nem sempre se adaptam à necessidade do paciente. O estágio e este trabalho abriram a mente para novas questões e novas formas de ver e resolver problemas que estarão em meu cotidiano, que farão de mim um bom Médico Veterinário. 57 7. REFERÊNCIA BAUMANN, G. Cinomose Canina, In: BEER, J. Doenças Infecciosas em Animais Domésticos. São Paulo: Roca. 1988. BRINKER, Piermattei e Flo. Manual de Ortopedia e Tratamento das Fraturas dos Pequenos Animais. ed. Bra. São Paulo: Manole. 1999 BUSH, B. M. Interpretação de Resultados Laboratoriais para Clínicos de Pequenos Animais. São Paulo: Roca. 2004. CARPENTER, L. Necrose asséptica da cabeça do fêmur. In: TLLEY, L. P.; JUNIOR, F. W. K. S. Consulta Veterinária em 5 minutos. São Paulo: Manole. 2003. CORRÊA, W. M.; CORRÊA, C. N. M.. Enfermidades Infecciosas dos Mamíferos Domésticos. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Medsi. 1992. ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária – Doenças do Cão e do Gato. 5ª Ed. - volume 2. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2008. ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária – Moléstias do Cão e do Gato. 4ª Ed. – volume 1. São Paulo Manole. 1997. 58 FANTONI, D. T. & CORTOPASSI, S. R. S. Terapêutica do Sistema Nervoso. In: ANDRADE, S. F.. Manual de Terapêutica Veterinária. 3ª Ed. São Paulo: Roca. 2008. FANTONI, D. T.; CORTOPASSI, S. R. G.. Anestesia em Cães e Gatos. São Paulo: Roca. 2002. FOSSUM, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais. Tradução da 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2008 GAMBARDELLA, P. C. Moléstia de Legg-Calvé-Perthes em cães. In: BOJRAB, J. M. Mecanismos da Moléstia na Cirurgia dos Pequenos Animais. 1ª ed. Brasileira. São Paulo: Manole. 1996 . MANLEY, P. A. Articulação Coxofemoral. In: SLATTER, D.. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 2ª ed. – volume 2. São Paulo: Manole. 1ª ed. brasileira 1998. MATERA, J. M.; TATARUNAS, A. C.; OLIVEIRA, S. M. Uso do laser arseneto de gálio (904nm) após excisão artroplástica da cabeça do fêmur em cães. 2003 .http://www.scielo.br/pdf/acb/v18n2/15193.pdf. Acesso em 3 de novembro de 2010 NEGRÃO, F. J; ALFIERI A. A.; ALFIERI A. F. Avaliação da urina e de leucócitos como amostras biológicas para a detecção ante mortem do vírus da cinomose canina por RT-PCR em cães naturalmente infectados. 2007. 59 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-9352007000100042. Acesso em 29 de Outubro de 2010 NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2001. OLMSTEAD, M. L. Anormalidades da Articulação Coxofemoral. In: BIRCHARD, S. J.; SHERDING, R. G. Manual Saunders de Clínica de Pequenos Animais. 3ª ed. São Paulo: Ed Roca. 2008. SCHWEIGERT A; CAVALHERI V M.; FERNANDES R R.; GEBARA C M. S. Freqüência de corpúsculos de inclusão de lentz em células sanguíneas e oculares de cães suspeitos de cinomose atendidos no Hospital Veterinário da Faculdade Integrado de Campo Mourão–PR. 2008. http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/campodigital/article/viewFil e/331/153. Acesso em 02 novembro de 2010. SHERDING, R G. Doenças Infecciosas. In: BIRCHARD, S J.;. Manual Saunders de Clínica de Pequenos Animais. 3ªed. Ed Roca. São Paulo, 2008. STURION, D. J. et al. Artroplastia Excisional pelo Acesso Dorso-Caudal em 16 cães com Necrose Asséptica da Cabeça do Fêmur. 2006 in Revistas Científicas da UNIPAR. Acesso em 29 de outubro 2010 60 TIZARD, I. R. Imunologia Veterinária: Uma Introdução. 6ª ed. São Paulo: Roca. 2002. VASSEUR, P. B. Membro Pélvico: ostectomia da cabeça e do colo femorais. ln: BOJRAB, M. J. Técnicas atuais em Cirurgia de Pequenos Animais. 3ª ed. São Paulo: Roca. 1996. WOODARD, J C. Sistema Esquelético. In: JONES, T C; HUNT, R.D.; KING, N. W. Patologia Veterinária. 6ª ed. São Paulo: Manole. 1ª ed. brasileira – 2000.
Similar documents
1-Histórico da Medicina Veterinária (TA)
AULA DE SEMIOLOGIA UFLA - Histórico da Medicina Veterinária no Brasil e no Mundo, contendo a explicação do símbolo da profissão no Brasil e dados sobre as instituições de graduação no país (atualizado em 02/11/2015).
More information