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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO - PERIODONTIA Carlos Eduardo Datte “Impacto da topografia de implantes de titânio sobre a extensão do coágulo sanguíneo” Guarulhos 2009 ii CARLOS EDUARDO DATTE “Impacto da topografia de implantes de titânio sobre a extensão do coágulo sanguíneo” Tese apresentada à Universidade Guarulhos para a defesa de dissertação e obtenção do título de Mestre em Odontologia, Área de concentração em Periodontia. Orientadora: Profa. Dra. Claudia Ota Tsuzuki Co-Orientadordor: Prof. Dr. Jamil Awad Shibli Guarulhos 2009 iii “Nada é impossível para aquele que persiste” (Alexandre, O Grande) iv “A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita.” (Mahatma Gandhi) v “A verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas como ele se mantêm em tempos de controvérsia e desafio.” (Martin Luther King) vi DEDICATÓRIA Dedico esse momento especial inteiramente aos meus pais, Antonio Carlos e Norma Torres (in memorian), meus grandes orientadores da vida. À minha esposa Fabiana e aos meus filhos: Lucas e Murillo que não mediram esforços para que essa conquista se tornasse possível e que foram os incentivadores diretos na minha luta, onde fiquei muitas vezes ausente e não podendo compartilhar seus crescimentos. vii AGRADECIMENTOS Tenho a certeza que, a respeito de todo o meu empenho e dedicação, e os resultados e o aprendizado que obtive com a produção deste trabalho jamais seriam possíveis sem o incentivo e solidariedade que recebi de diversas pessoas e em diferentes momentos. Não daria, neste curto espaço, para citar todas e as circunstâncias em que todas colaboraram, mas é imprescindível citar algumas. Antes e acima de qualquer pessoa agradeço à Deus por tantas oportunidades e caminho, e pela coragem para acreditar e seguir Sua Vontade. Aos meus pais, Antonio Carlos Datte, pelo motivo maior de seguir também a carreira acadêmica e pelo grande incentivo e apoio; pela minha mãe Norma Torres Datte (in memorian) pela educação e amor, e a coragem de vencer todas as barreiras (que esteve presente em sua vida). Ambos ensinaram-me, principalmente, a importância da construção e coerência dos meus próprios valores ensinado-me a necessidade de ter paciência e persistência para atingir meus objetivos. Ao meu irmão, Alessandro, que mesmo distante sempre torce pelas minhas vitórias. A minha querida sogra Tereza pelo carinho que sempre recebi. A minha amada esposa Fabiana, pela compreensão, que mesmo por momentos difíceis esteve sempre me apoiando e encorajando para não desistir. Aos filhos Lucas e Murillo pelo amor e carinho que os tenho, que me fez lutar sempre nas maiores adversidades. À UnG, a ilustríssima professora Dra. Magda Feres, que conduz estes estudos com ética, competência, transparência e humildade, agradeço pela oportunidade. À inha orientadora neste trabalho, a ilustríssima professora Dra. Claudia Ota Tsuzuki, por me ensinar a encarar os desafios, acreditar em minha capacidade, passando-me ensinamentos que extrapolam o universo acadêmico. Ao meu co-orientador professor Dr. Jamil Awad Shibli exemplo de profissionalismo e caráter, amizade e de sinceridade. viii Aos demais professores de periodontia e dentística, que me ensinaram com prazer e dedicação Aos amigos de turma : Eduardo e o Marcelinho, Juliana, Kelly, Vanessa, Geisla, Josefa, Marcelão, e Joyce. Meu sincero muito obrigado. ix “Os pingos da chuva fazem um buraco na pedra não pela violência, mas por cair com freqüência” (Lucretius) x RESUMO O padrão perfilométrico das rugosidades, obtidas pelos diferentes tipos de tratamento da superfície de titânio, pode também fornecer uma melhor condição para estabilização do coágulo, facilitando a cicatrização óssea sobre a superfície do implante. O objetivo deste estudo foi avaliar a area de adesão dos elementos sanguíneos sobre 3 tipos de superfície de titânio: superfície A: lisa e sem tratamento (n=10), superfície B: jateada com partículas de óxido de alumínio (100µm) e lavadas em solução de ácido nítrico (n=10) e superfície C: jateada com partículas de óxido de titânio (50µm à 100µm) e lavadas em solução de ácido maleico (n=10). As superfícies foram caracterizadas utilizando microscopia de força atômica (MFA) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Para o experimento, 10 ml de tecido sanguíneo obtido através de punção com auxílio de seringa e agulha descartável da vascularização periférica de um paciente jovem, não fumante foram depositados sobre todas as amostras que, após processamento laboratorial, foram submetidas à MFA e MEV. A análise de imagem obtida por MFA mostrou topografias diferentes nos três grupos analisados: Grupo A exibe irregularidades correspondentes aos sulcos de usinagem da peça somente enquanto a topografia do Grupo B exibe picos mais altos (6,4 µm e Ra:0,945ηm) e vales mais extensos que os demais grupos. Já o Grupo C apresenta picos intermediários com altura intermediária (3,4µm e Ra:0,593ηm). Foi observada uma extensão estatisticamente maior na superfície do Grupo B (mean=71,53%) em relação aos demais grupos, enquanto que entre os Grupo A (mean=26,17%) e C (mean=22,67%) foram estatisticamente semelhantes (p>0,05). Com base nos dados obtidos, conclui-se que a superfície do Grupo B permitiu a formação uma maior extensão de coágulo que os demais grupos analisados. Palavras-Chaves: Implantes osseointegráveis, topografia de implantes, extensão do coágulo sanguíneo. xi ABSTRACT The topography profile produced by different types of titanium surface treatments might improve the conditions for a better clot stabilization what could, as consequence, facilitate the bone healing. The aim of this study was to evaluate the blood clot extension on 3 types of titanium implant surfaces: Surface A: smooth and without any treatment (n=10), surface B: blasted with 100µm aluminum oxide and washed with nitric acid (n=10) and surface C: blasted with 50µm-100µm oxide titanium and washed with maleic acid. The surface characterization was performed using scanning atomic force microscopy (AFM) and scanning electron microscopy (SEM). For the experiment, 10ml of peripheral venous blood from a young no smoker patient, were dropped on each specimen surfaces which, after laboratorial processing, were analyzed by SEM and backscattering electrons microscopy. AFM images revealed three different surfaces profiles: Group A: exhibited irregularities corresponding to grooves of machine only; Group B: exhibited higher peaks and wider valleys (6.4 µm e Ra:0.945ηm); Group C: exhibited intermediate peaks (3,4µm e Ra:0.593ηm). The results presented a statistically wider of clot extension adhered to the surface of Group B (X= 71,53%) when compared to the other two groups, while between Group A (X=26,17%) and Group C (X=22,67%) it was not observed differences statistically significant (Kruskall Wallis Test, p>0.05). Within the data evaluated, the Group B surface allowed a wider blood clot formation than the other 2 surfaces analyzed. key words: implants, osseointegration, surface topography, blood clot adhesion. xii SUMÁRIO Página 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 13 2. PROPOSIÇÃO.................................................................................................. 23 3. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 24 4. ANEXO – ARTIGO A SER SUBMETIDO À JOURNAL OF ORAL IMPLANTOLOGY ........................................... 28 TITLE ......................................................................................................... 29 ABSTRACT ................................................................................................ 30 INTRODUCTION........................................................................................ 31 MATERIAL E METHODS ........................................................................... 33 IMPLANT SURFACE ............................................................................ 33 TREATMENTS OF TITANIUM SURFACES ................................ 33 TOPOGRAPHY ANALYSIS........................................................ 33 QUANTITATIVE EVALUATION OF FIBRIN CLOT EXTENSION ............................................................................... 33 IMAGE ANALYSIS ...................................................................... 33 STATISTICAL ANALYSIS ........................................................... 34 RESULTS................................................................................................... 35 DISCUSSION ............................................................................................. 36 CONCLUSION ........................................................................................... 38 xiii ACKNOWLEDGEMENTS........................................................................... 39 REFERENCES........................................................................................... 39 TABLES AND FIGURES ............................................................................ 42 13 1 INTRODUÇÃO O primeiro tecido a entrar em contato com o implante é o sangue, cujo volume a envolver o mesmo varia em função da geometria da peça e do loja cirúrgica. O coágulo sofrerá uma série de alterações biológicas que resultarão na formação de tecido ósseo ao redor do implante. A superfície deste entrará em contato com percentagens variáveis de osso cortical, osso trabecular e medula óssea; algumas áreas estarão comprimindo o tecido ósseo, enquanto outras estarão em contato com sangue e uma variedade de outras células (Masuda et al., 1997). O processo de coagulação sanguínea sobre a superfície do implante inicia-se com a formação de uma fina camada de fibrina (D’Hoedt 1985; Meyer et al., 1988; Wen, Wang e Zhang, 1996; Davies 1998; Zechner et al., 2003). A seguir, ocorre uma série coordenada de eventos biológicos, provavelmente influenciada pelas propriedades das superfícies de implantes osseointegrados, desde a adsorção de proteínas e proliferação celular até, por fim, a deposição de tecido ósseo. Cumpre salientar ainda que o padrão perfilométrico das rugosidades obtidas pelos diferentes tipos de tratamento da superfície do titânio pode também fornecer uma melhor condição para estabilização do coágulo, facilitando a cicatrização óssea sobre a superfície do implante (Shibli et al., 2003). O titânio é um metal leve, assim como o alumínio e o magnésio, bastante reativo e quando em contato com parte por milhão (ppm) de O2 ou água, pode formar os óxidos de titânio: monóxido de titânio (TiO), trióxido de titânio (Ti2O3) ou o mais comum deles: dióxido de titânio (TiO2). O TiO2 pode apresentar diferentes estruturas cristalográficas, tais como: rutilo (tetragonal de hábito 14 prismático) e anatásio (tetragonal de hábito octaédrico), podendo também ser amorfo (disforme). A primeira aplicação do titânio foi no início da década de 50, na indústria aeroespacial. Para essa aplicação, a alta resistência mecânica e baixa densidade (55% da densidade do aço) foi um fator atraente. Embora a indústria aeronáutica ainda continue a utilizar titânio e suas ligas, a excelente resistência à corrosão em diversos meios, incluindo os meios oxidantes ricos em cloretos têm motivado a sua aplicação em outras áreas como: a medicina e odontologia, nestes casos para a confecção de próteses e implantes endósseos osteointegrados. A resistência à corrosão, característica do titânio, é baseada na formação superficial de um filme de óxido aderente e estável que protege o interior do material do meio circunvizinho (DAVIS, 1990). Esta camada de óxido aderente confere ao titânio uma alta constante dielétrica quando comparada à de outros óxidos. Segundo Kasemo e Lausmaa (1988) esta alta constante dielétrica do TiO2, proporciona à este material a propriedade de biocompatibilidade, já que as interações entre os óxidos e as biomoléculas são elétricas e o TiO é catalítico para diversas reações orgânicas e inorgânicas. As qualidades biológicas do implante dental dependem das propriedades químicas, físicas, mecânicas e topográficas da superfície - essas diferentes propriedades interagem entre si, influenciando a atividade celular ao redor da superfície de implante (Matsuo et al., 1999; Protivinsky et al., 2007; Schweikl et al., 2007). O titânio é considerado como um material bioinerte, isto é, não induz resposta imunológica. Contudo, vários autores (Kim et al., 1996; Kitsugi et al., 15 1996) têm demonstrado que modificações de superfície alteram a bioatividade do titânio. Assim, várias pesquisas têm investigado diferentes superfícies de implante, obtidas por meio de técnicas de adição (recobertas com plasma de titânio, hidroxiapatita, etc.) ou subtração (jateamento com diferentes tipos de materiais como óxido de titânio ou alumínio, tratadas com ácidos, e preparadas com laser) (Wong et al., 1995; Kim et al., 2003) quanto às propriedade de biocompatibilidade . Os três principais métodos de modificação das superfícies dos implantes são, de acordo com Kawahara e Takano (1995): • Tratamento mecânico por jateamento ou usinagem: os implantes sem recobrimento são submetidos a tratamentos mecânicos que visam aumentar a superfície de contato para a aposição mecânica do tecido ósseo à superfície do implante. Geralmente tal objetivo é alcançado através da criação de detalhes usinados na superfície dos implantes ou através do aumento da rugosidade das superfícies. Os detalhes usinados podem ser desde superfícies rosqueadas até a criação de furos ou reentrâncias para que o osso cresça por entre esses entalhes. O aumento da rugosidade das superfícies é feito geralmente com o jateamento com partículas duras de óxido,como: Al2O3, SiO2 e TiO2. Após o jateamento, é recomendado um tratamento com ácido para retirar possíveis incrustações de partículas de óxido e também para uniformizar a rugosidade criada pelo processo de jateamento. 16 • Aplicação de recobrimentos por diferentes métodos. As superficies recobertas são geralmente obtidas com a utilização de material bioativo, principalmente hidroxiapatita. Nesses substratos, a precipitação de fosfatos de cálcio ocorre por adsorção de íons fosfato hidratados que liberam prótons dos íons fosfato e adsorvem o cálcio. O TiO2 não pode se recompor em meio anidro, causando a corrosão do metal. Este processo também tem como objetivo a prevenção da liberação de íons, o eliminação das contaminações das superfícies causadas pelos processos de fabricação e a produção de uma supefície rugosa e porosa. • Tratamentos químicos com ácidos, anodização ou implantação iônica: os objetivos principais deste tratamento são limpeza da superfície, criação de rugosidade e ativação da superfície através da alteração estrutural da camada de óxido. Os principais tratamentos químicos são: o Ataque ácido: os ácidos mais utilizados são HF e HNO3. Após o ataque ácido, é feita imersão em solução HF + H2O2. A função principal do H2O2 é a formação de uma camada estável de óxido, após a exposição do metal ao ácido. Também são aplicados para a limpeza de superfície. o Anodização: esse tratamento é feito através da utilização de um anodo de titânio e um catodo de platina, prata, aço inoxidável, etc. É feita a reação eletroquímica em um meio eletrolítico e obtêm-se superfícies com diferentes colorações. Em estudo recente, Ishizawa et al. (1995) utilizaram uma solução de acetato de cálcio e β-fosfato de glicerol. Após um tratamento hidrotérmico, em atmosfera de vapor sob alta pressão, foi formada uma camada de hidroxiapatita de 17 aproximadamente 1µm de espessura. Observou-se que essa camada é bastante efetiva na promoção da osteocondutividade, principalmente em implantes rugosos. Estudos têm mostrado que a topografia da superfície do implante pode afetar não somente a expressão gênica do osteoblasto, mas também o processo de diferenciação das células em osteoblastos (Zechner et al., 2003; Schneirder et al., 2004; Larsson et al., 1996). Estes autores sugerem ainda que a interação das células com os componentes da matriz extracelular e a organização do citoesqueleto associada à topografia do implante podem influenciar a expressão genética celular, e conseqüentemente, aumentar a formação de uma matriz óssea em íntimo contacto com a superfície do implante. As características das superfícies determinarão quais moléculas irão adsorver, ao passo que a natureza e orientação dessas biomoléculas terão conseqüências diretas no recrutamento, ancoragem, proliferação e diferenciação das células. A ancoragem das células requerem a presença de proteínas de ligação específicas, enquanto a proliferação e diferenciação requerem que fatores de crescimento e citocinas estejam presentes (Boyan et al., 1996). A modificação ou texturização da superfície de implante pode facilitar a cicatrização ao aumentar a porcentagem da superfície de contato osso-implante em áreas de tecido ósseo pobre (Quirynen et al., 1991; Jaffin e Berman., 1991; Friberg et al.,1991). Estudos clínicos (Lekholm, 1999; Rocci et al., 2003) e histológicos (Ivanoff et al., 2001, Trisi et al., 2003) mostram que superfícies tratadas ou texturizadas, podem receber carga mastigatória em um intervalo de tempo menor do que o preconizado anteriormente por Adell et al. (1981) e Albrektsson et al. (1981) 18 Alguns autores sugerem que a rugosidade aumentada poderia influenciar as células ósseas que migram e proliferam da loja cirúrgica do implante durante a inserção, resultando melhores taxas de contato osso-implante, devido ao aumento da área de contato da superfície do mesmo (Kim et al., 2003; Wennerberg et al., 1995; Wong et al., 1995; Matsuo et al., 1999; Cochran et al., 1998; Placko et al., 2000). Complementarmente, essa rugosidade de superfície fornece uma configuração que melhora a retenção do coágulo sangüíneo, estimula e facilita o processo de ósseointegração e conseqüentemente permite que estes implantes dentais osseointegráveis possam ser submetidos à carga protética após um tempo de reparo menor (Trisi et al., 2003, Lazarra et al. 1998, Lazarra et al., 1999). Zhu et al., em 2004, mostraram em seu estudo que a inserção celular e a proliferação destas células, não dependem somente da relação rugosidade e da morfologia das superfícies dos implantes, mas também é altamente influenciada pela composição química nestas superfícies. Foi observado por Protivinsky et al (2007) que superfícies igualmente rugosas, mas que receberam diferentes tratamentos: Ti-AE (ataque/ácido - altamente hidrofóbico) e Ti-AAE (ataque alcalino/ OH – altamente hidrofílico), mostraram diferentes desempenhos quanto inserção celular, sendo esta maior nas superfícies Ti-AAE, quando comparadas com as superfícies Ti-AE. Grassi et al. (2007) compararam duas superfícies morfologicamente distintas (topografia): 1) lisa e 2) jateadas com TiO2 e com ataque/ácido. Eles usaram micro-implantes com 2,5mm de diâmetro e 6,0mm de comprimento, este estudo in vivo em 14 pacientes (oito mulheres e seis homens) edêntulos e os resultados histológicos mostraram que nas superfícies tratadas ocorria uma 19 neoformação óssea e uma possível osteogênese em contato direto. Os autores sugerem por este motivo que os implantes superfície rugosa podem aumentar o processo de osteointegração. Um estudo prévio de Abron et al. (2001) que avaliou as superfícies, em tíbia de ratos, mostrou que as superfícies modificadas possuíam uma relação de contato osso/implante aumentada. Além disso, foi demonstrado em estudos in vitro e in vivo, que as superfícies dos implantes podem modular expressões fenotípicas e metabólicas das células osteoblásticas, expressões estas que são reguladas por diversos fatores, tais como: os hormônios e fatores de crescimento. Prostiglione et al. (2003) mostraram que a diferenciação celular SaOS-2 é regulada pelo fator côlono-estimulantes de granulócitos-macrófagos (GM-CSF), os resultados mostraram a existência de uma correlação inversa entre proliferação e diferenciação celular e que as SaOS-2 agem melhor nas superfícies lisas, enquanto que em superfícies rugosas promovem diferenciação em relação aos fenótipos osteoblásticos. Assim, os autores demonstraram que a topografia e a composição das superfícies dos implantes de titânio influenciam os resultados clínicos. Di Iorio et al. (2005) avaliaram in vitro a extensão do coágulo de fibrina em diferentes superfícies de implantes. Neste estudo foram avaliados 3 tipos de superfície: (1) superfície lisa; (2) DPS (deep profile structure), jateamento com óxido de alumínio, seguido pelo procedimento ataque/ácido e (3) Plus, jateamento com óxido de alumínio, mas com ataque ácido em alta temperatura com processo controlado por computador. Os autores concluíram que quanto maior a microtextura da superfície maior extensão do coágulo de fibrina formado. 20 Sabe-se que o primeiro tecido a ter contato com o implante endosseo é o tecido sangüíneo, o coágulo sangüíneo a ser formado ao redor do implante após a sua introdução na loja cirúrgica (Davies, 1996; Park e Davies, 2000, 2001). Observações experimentais da interface tecido ósseo-Ti mostram um contato íntimo osso-implante. A coagulação é o primeiro passo na cicatrização do tecido ósseo, sendo o fibrinogênio, o precussor sangüíneo solúvel do coágulo (Smith et al., 2000). A fibrina é formada no ato da injúria promovendo uma matriz temporária para suportar a resposta celular endotelial (Kawase et al.,2003). Então o plasma em contato com a superfície do implante, inicia a cascata de coagulação, que se inicia com a formação da rede de fibrina e a ativação do sistema complemento. Segundo Park et al.(2001), através deste coágulo inserido na superfície do implante, células do tecido conjuntivo migram, promovem modificações por meio de mecanismos de trocas de íons e proteínas, assim como atividades celulares sanguíneas, componentes celulares e humoral do sangue (plaquetas e fibrinogênio), que interagem com o implante após células osteogênicas invadirem o local da ferida cirúrgica. Os autores ainda salientam que estas células osteogênicas interagem quando existe um modificador sangüíneo presente na superfície do implante como o óxido de titânio. Link et al. (1998) observaram uma maior diferenciação de células osteoblásticas em implantes com superfícies rugosas quando comparadas às superfícies lisas. Na interface medula óssea/superfície do implante, a resolução do coágulo sanguíneo e a infiltração de glóbulos brancos serão seguidas pela invasão do sítio cirúrgico, através de uma rede tridimensional de fibrina e colágeno do tipo III (matriz tridimensional), de células endoósseas de fenótipo osteogênico e 21 células mesenquimais indiferenciadas com capacidade para se diferenciarem em células osteogênicas, o que será concomitante com à formação da nova vascularização (Davies, 1996). Essas células são pluripotentes e podem diferencia-se em osteoblastos, condroblastos, células musculares ou células de gordura. A via de diferenciação dependerá de fatores sistêmicos e locais (Redeppening, 1996). As células interagem com o meio através de proteínas específicas de adesão. As células mesenquimais tendem a usar fibronectina para ancorá-las ao colágeno de sua matriz extracelular. A fibronectina é sintetizada pelas células de origem mesenquimal e está presente no soro do local do trauma cirúrgico. A energia de superfície do material pode selecionar o tipo de proteína que será aderida, mas o potencial para a proteína sofrer um rearranjo estrutural também é uma variável importante. À medida que a orientação da ligação dos íons, minerais, água, proteínas e outras moléculas sofrem alterações, por conseqüência ocorre uma mudança na ancoragem de células à superfície via adesão de moléculas celulares, resultando em uma mudança na morfologia e, finalmente, no comportamento das células (Redeppening, 1996). A arquitetura cortical vascular será destruída pelo trauma cirúrgico independentemente da geometria do implante. No córtex, ocorrerá a princípio a necrose do tecido ósseo. Somente através de remodelamento ósseo ocorrerá posteriormente uma substituição do osso peri-implante com a possibilidade de formação de novo tecido ósseo na superfície do implante (Davies, 1996). O mecanismo da coagulação ocorre em 3 etapas: (1) em resposta ao trauma ocorre uma cascata de reações químicas no sangue envolvendo os 12 fatores de coagulação sanguínea que resulta em uma formação de complexos de 22 substâncias ativadas, chamadas de ativadores de protrombina. (2) O ativador de protrombina catalisa a conversão de protrombina em trombina. (3) A trombina age como uma enzima que converte o fibrinogênio em fibras de fibrina, e estas envolve as plaquetas, os glóbulos sanguíneos e o plasma para formar o coágulo. Portanto, as interações sangue/implante, podem influenciar a formação do coágulo, a migração, diferenciação das células osteogênicas, envolvidas no processo de cicatrização. Visto que a migração é um sinal de osteocondução, tanto na formação de fibrina como ativação de células sangüíneas na cascata da cicatrização osso/implante (Davies, 1998). Haja vista a importância da formação do coágulo sanguíneo para o processo de cicatrização óssea ao redor do implante e, sendo esta iniciada com a formação da rede de fibrina, outros estudos analisando a influência da topografia da superfície do implante sobre a adesão de elementos sanguíneos se fazem necessários. 23 2 PROPOSIÇÃO O objetivo do presente estudo foi avaliar in vitro a influência do padrão perfilométrico das superfícies de titânio sobre a extensão (área) do coágulo sanguíneo formado sobre estas superfícies. 24 3 Referências Bibliográficas Abron A, Hoptenspergen M, Thompson J, e Cooper L. Evolution of a predictive model for implant surface topography effects on earlt osseointegration in the rat tibia model. J. Prothet Dent. 2001; 85: 40-46. Adell R, Lekholm U, Rockler B, branemark PI. A 15-year study of osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaws. Int J Oral Surg. 1981; 10:387416. Albrektsson T, Branemakr PI, Hansson HA, Lindstrom J. 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Gouvea Cardoso, DDS*; Jamil Awad Shibli DDS, PhD* Corresponding author: Claudia Ota-Tsuzuki (PhD) Centro de Pós-Graduação e Pesquisa Praça Tereza Cristina, 229 07023-070 – Guarulhos, SP - Brazil e-mail: [email protected] or [email protected] Department of Periodontology, Dental Research Division, Guarulhos University, Guarulhos, SP, Brazil. § Faculty of Dentistry, Guarulhos University, Guarulhos, SP, Brazil. ∗ 30 Abstract The aim of this in vitro study was to evaluate the influence of three different implant surface treatments (M, TG1 and TG2) on the extension of human blood clot extension formed. For this purpose, the three types of surfaces obtained were evaluated regarding topography and blood clot extensions formed. Data suggest that different treatments applied on implant surfaces might confer different mechanical and chemical properties, and that TG1 exhibited the widest blood clot extension (p<0,001). Key-Words: Implant, topography, surface treatment, blood clot extension. 31 Introduction Peri-implant healing begins immediately after implant insertion by initial blood clot formation in the peri-implant gaps and the development of a layer of fibrins.1-4 The contact of blood with the implant surface triggers a cascade of outcomes, which begin with the adsorption of plasma or serum proteins and continues through to the recruitment and activation of cells. The cellular elements, such as polymorphonuclear granulocytes, take place about 10 minutes later of blood contact.5 Contact with the blood itself not only stimulates healing by platelet activation, but also provides a transitory biological matrix through which osteogenic cells can migrate to the implant surface topography.6 This transitory matrix may harbor connective tissue cells that initiate wound contraction around the fifth day.7 The proliferation and differentiation of bone cells have been reported to be enhanced by the roughness of implant surface topography. In addition, a series of coordinated events, including protein adsorption, proliferation, and deposition of bone tissue, are probably affected by the different topography surfaces. Different implant surface topographies may influence not only the adhesion of proteins and cells but also the cellular metabolism, such as cell differentiation, proliferation and extra cellular matrix formation. The chemical and physical characteristics of implant surface topography, roughness, energy and chemistry are also responsible for adjusting the cell growth and function. Several studies have demonstrated higher removal torque values and percentage of bone-to-implant contact (BIC%) for micrometer scale surface roughness of dental implants when compared with as-machined surfaces8. The main issue of these studies triggered the search of “ideal” implant surface characteristics. 32 Several implant surface preparations have been developed, such as grit blasting, titanium plasma spraying, acid-etching, anodic oxidation, laser preparation or combinations of these. The dental implant quality depends on the chemical, physical, mechanical, and topographic properties of the surface. These different properties interact among them and determine the activity of the cells close to the dental implant surface. The sandblasted acid-etched implant surface topography is obtained by treating the commercially pure titanium implant with a spray of air and abrasive materials (aluminum oxide- Al2O3 or titanium oxide-TiO2) for a certain period of time and under controlled pressure. After that, this modified surface is attacked with acid solutions at different temperatures and for periods of time in order to remove any residue and to condition the blasted surface. Thus the ability of the implant surface to retain the fibrin net plays an important role in the osseointegration process. Therefore, the aim of this in vitro study was to evaluate the influence of different surface treatments on human blood clot extension. 33 Material and Methods Implant surface topographies In this study, 30 titanium discs measuring 5.0mm in diameter and 3.0mm long made of grade-4 titanium were obtained using 3 different treatments: as-machine (Control Group – M); Test Group 1 (TG1): titanium discs blasted with aluminum oxide (Al2O3) particles (100µm) and washed with nitric acid (HNO3) solution; Test Group 2 (TG2) titanium discs blasted with titanium oxide (TiO2) particles (50µm 100µm) and washed with maleic acid (HO2CCH2CHOHCO2H). Atomic force microscopy (PicoSPM I plus 2100 PicoScan Controller (AFM) was used for the surface topography analysis, in contact mode. The AFM scanned areas of 60µm X 60µm of each specimen. Imaging and roughness analysis were performed before addition of the human blood. The measured parameters, such as the arithmetic average of all profile point absolute values (Ra), the root-mean-square of all point values (Rq), and the average absolute height values of the five highest peaks and the depths of the five deepest valleys (Rz) were measured for each group. Evaluation of fibrin clot extension The specimens were identified in a blind manner and each specimen was positioned on the bottom of a well in a 24-well cell culture plate. Whole venous blood (10.0 ml) from a healthy, non-smoker, female volunteer was collected with the use of a syringe and 50 µL were immediately dropped onto the flat surface of the specimens. Since no type of anticoagulant was used, the first drop from the syringe was discarded. The plate was kept in a humidifying chamber for 20 34 minutes at room temperature3 and after that, the specimens were washed with phosphate buffered saline (PBS) three times for five minutes. Then the specimens were fixed in 1% formaldehyde phosphate buffered saline for fifteen minutes, and after 3 washes of 5 minutes in PBS, were incubated for 10 minutes in PBS containing 0.02M glycine followed by three washes in PBS. The specimens were dehydrated by immersing them for 10 minutes in each of the serially diluted (25%, 50%, 75%, 95% and 100%) ethanol solutions. The specimens were placed on coded metallic stubs and kept in a desiccator chamber with dehydrated silica gel inside it, at room temperature for three days. For scanning electronic microscopy (Philips XL (20kV)) (SEM) the specimens were gold sputtered (Bal-Tec SCD-050) for 120 seconds and analyzed using a microscope equipped with energy-dispersive spectrometer (EDS). For the clot extension analysis, backscattering microscopic images (40X) were selected. Image analysis Images were analyzed using the specific software (Image J 1.4o/java 1.6.0_07 software Wayne Rasband National Institutes of Health, USA http://rsb.info.nih.gov/ij). The human Blood clot was delimited using backscattering. The images were calibrated using the pixel as unit, and thereafter the delimited areas were adjust to the threshold and the measuring tool allowed the percentage of clot area extension on the specimen surface to be determined. The software automatically measured and summarized the area of the black points. A blinded examiner performed all analysis twice. 35 Statistical analysis The surface topography and clot extension values were measured per sample and averaged per group. The statistical analyses were performed using the KruskalWallis (α=0,001) test, and Dunn’s test was applied for the pair-wise comparisons as post-test. Results Implant surface topographies Although the SEM images of specimens revealed clear differences of M specimens, when compared with TG1 and TG2 specimens that exhibited irregular surfaces (Figure 1), AFM showed substantial differences between these last groups. The AFM allowed the analysis of surface roughness of specimens at micrometer scale (Figure 2). The as-machined surface (M) exhibited only grooves produced by the manufacturing instruments with peaks of about 1.3µm and roughness of 0.188 µm. The specimens of TG1 exhibited a surface characterized by defined (clear) grooves, in which peaks reached 6.5µm, valleys with1µm and roughness of 0.945nm. The specimens of TG2 exhibited surfaces with irregularities as well, but AFM revealed peaks with height of about 3.5µm and roughness of about 0.593nm (Table 1). Blood Clot Extension The distribution of the clot extension adhered to the titanium surface is shown in Figure 4. Statistical analysis showed differences in TG1, which differed different 36 from both Groups M and TG2, but no differences were observed between M and TG2 (p<0.001). After exposure to blood, SEM images revealed blood elements such as fibrin, platelets and erythrocytes. Discussion This study evaluated the human blood clot extension on several implant surface topographies. The modified surface topography presents a geometric property that function as a mechanical restriction of the cytoskeletal cell components that are involved in spreading and locomotion.10 Fibrin is originated from the reaction of thrombin and fibrinogen released into the healing site and in dermal wound healing this process is followed by concomitant connective tissue cell migration and wound contraction. In the same way, this can occur at the peri-implant bony site, possibly causing retraction of the transitory fibrin scaffold away from the implant surface11. Thus, it appears that the wider the extension of clot retained on implant surface, the better is the healing process and consequently, the osseointegration process. Mechanical, chemical and combined mechanical-chemical techniques are used to modify the surface roughness of materials. Grit-blasting or abrasive blasting are frequently used techniques for increasing the surface roughness of implant surfaces.12 The mechanical treatments can originate surface roughness at three types of levels namely macro-, micro- and nano. Blood contact with proteins and, in our study, with different implant surface topographies, leads to the initiation of clotting cascade via the intrinsic and extrinsic pathways, resulting blood coagulation on the implant surface. Therefore, the 37 activation of coagulation system and platelets may have effects on cell and bone growth.4,13 Complementary, several cytokines such as interleukin-1 (IL-1), plateletderived growth factor (PDGF), insulin-like growth factors (IGF), vascular endothelial growth factor (VEGF) are released from local cellular elements in the inflammatory phase and should enhance the wound healing at implant site. In this study, the combined mechanical-chemical approach was used to obtain the rough surfaces: M specimens was used as control and the specimens were only machined/turned, TG1 specimens were subjected to airborne aluminum oxide particle abrasion (100µm) and washed with nitric acid (HNO3) solution; TG2 specimens were subjected to airborne titanium oxide particle abrasion (50µm 100µm) and washed with maleic (C4H4O4). Moreover, differences were observed concerning the height (Rz) and number of irregularities produced; this variability might be due the difference in size (TG1: 100µm; TG2: 50µm - 100µm) and nature (TG1: Al2O3; TG2: TiO2) of the material particles used for airborne particle abrasion and the different nature of each acid used to wash the specimens (TG1: HNO3 acid; TG2: maleic acid). These chemical treatments of can produce micropits with different sizes ranging from 0.5 to 0.2µm in diameter. Complementary, it was observed that the TG2 surfaces exhibited a higher wettability when compared with those of TG1. In other words, when the blood was dropped onto the surface of TG2 specimens, it spread almost immediately, while on surface TG1 specimens the blood formed bubbles throughout almost all time of the experiment (data not shown). 38 These wettability differences may also be due the different acids used to manufacturing the specimen. Specimens of TG2 exhibited lower peaks and it appears that its wettability was more evident. The surfaces analyzed posses different topographies which could lead to different biological responses such as mechanical interlocking in bone, cell adhesion, and cell morphology and orientation12, bone neoformation14, enhancement of blood clotting15 and cell differentiation. The results demonstrated a wider extension of blood clot on the surfaces of TG1, which exhibited higher peaks and wider valleys when compared with TG2 and CG. Park and Davies16 also observed a higher agglomeration of blood elements on a micro-roughened surface when compared with a machined surface, which was also responsible for enhancing the platelet aggregation. Although topography appears to be the main trait responsible for the clot extension adhered to the surface, another issue that must be pointed out with regard to the different acids used during specimen processing. The different acids used might have generated different types of oxide layers, which could influence the adhesion of clot extension to the surface. In TG2 specimens were washed with maleic acid, a compound with hydrophobic traits, which might influence on the blood clot extension formation. Within the limits of this in vitro study, the data suggest that different treatments might generate surfaces with different mechanical and chemical traits, which will exert an important role on blood clot extension formed. 39 Acknowledgments The authors thank Titanium Fix® and De Bortoli® for supplying the titanium discs used in this study. References 1. Zechner W, Tangl S, Fürst G, Tepper G, Thams U, Mailath G, Watzek G. Osseous healing characteristics of three different implant types. A histological and histomorphometric study in mini-pigs. Clin Oral Implant Res. 2003;14:150-157. 2. D’Hoedt B. 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Mean+standard deviation of the as-machined (M), titanium discs blasted with aluminum oxide particles and washed with nitric acid solution (TG1) and titanium discs blasted with titanium oxide particles and washed with maleic acid (TG2) profilometry. Kruskall-Wallis test (p<0.05). Implant Surface Topography* Ra (µ µm) Rq (µ µm) Rz (µ µm) M 0.14 ± 0.02 0.16 ± 0.01 1.61 ± 0.10 TG1 0.74 ± 0.07 0.95 ± 0.06 3.08 ± 0.94 TG2 0.48 ± 0.12 0.59 ± 0.21 2.09 ± 0.89 * Statistically significant between the implant surface topographies (p=0.0001), M<TG2<TG1; Ra - arithmetic average of the absolute values of all profile points; Rq - the root-mean-square of the values of all points; Rz - the average value of the absolute heights of the five highest peaks and the depths of the five deepest valleys. 43 Figure 1: Scanning electron microphographies (SEM) of a) as-machined surface, b) titanium discs blasted with aluminum oxide (Al2O3) particles (100µm) and washed with nitric acid (HNO3) solution; c) titanium discs blasted with titanium oxide (TiO2) particles (50µm - 100µm) and washed with maleic acid (HO2CCH2CHOHCO2H). Figure 2: Atomic force microscope analysis of a) as-machined surface, b) titanium discs blasted with aluminum oxide (Al2O3) particles (100µm) and washed with nitric acid (HNO3) solution; c) titanium discs blasted with titanium oxide (TiO2) particles (50µm - 100µm) and washed with maleic acid (HO2CCH2CHOHCO2H). 44 3a 3b 3c Figure 3: a) Scanning electron microphographies (SEM) of as-machined surface after 20 minutes of blood exposure. Fibrin filaments with trapped blood cells cover a small area of implant surface; b) Dense fibrin and red blood cells on TG1 group covering all implant surface; c) Fibrin scaffold is thin in TG2 surface. There are some implant surfaces exposed after blood exposure. Figure 4: Box-plot of whole blood extension (% area) of all evaluated surfaces. Kruskall-Wallis test (p<0.001).