Histórias e Estórias no Sítio
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Histórias e Estórias no Sítio
HISTÓRIAS E ESTÓRIAS NO SÍTIO Extensão e Comunicação Rural no RS Marco Antonio Medronha da Silva 2011 DIRETORIA DA ABER (Biênio 2011 – 2012) - Presidente: Hur Ben Correia da Silva (PR) - Vice-Presidente: Mário Varela Amorim (RN) - Diretoria Administrativa e Financeira: Valdir Marques Giusti - Diretoria Cultural e Acervo Histórico: Diogo Guerra (RS) - Diretoria de Relações Institucionais: José Silva Soares (MG) - Diretoria de ATER Contemporânea: Ivamney A. Lima. (SP) - Diretoria de Comunicação e Divulgação: Marcos Inácio Fernandes (AC) Conselho Fiscal Titular: - Verneck Abrantes de Sousa (PB) - Gabriel Miranda dos Anjos (MT) - Willy Gustavo de La Piedra Mesons (MG) Suplentes: - Marcos Antonio de Oliveira (AL) - Abdon Jordão Filho (BA) - Maria Angélica Andrade Freitas (SE) Articuladores Regionais: Região Norte: Edimar Vizolli (AM) Região Nordeste: Marcos Antônio Dantas de Oliveira (AL) Região Sudeste: Willy Gustavo de La Piedra Mesons (MG) Região Centro-Oeste: Valdir Marques Giusti (DF) Região Sul: Diogo Guerra (RS) M492h Silva, Marco Antonio Medronha da Histórias e estórias no sítio: extensão e comunicação rural no RS / Marco Antonio Medronha da Silva; Designer Gráfico Wilmar de Oliveira Marques; Revisão Textual Karla Teresinha Costa dos Reis. - Brasília : ASBRAER, 2011. 104. p. : il. Esta publicação teve o apoio da Academia Brasileira de Extensão Rural – ABER. 1. Comunicação. 2. Extensão Rural. 3. Rio Grande do Sul. I. Silva, Marco Antonio Medronha da. II. Academia Brasileira de Extensão Rural. IlI. Marques, Wilmar de Oliveira. IV. Reis, Karla Teresinha Costa dos. V.Título. CDU 63.001.8:659.3 CIP-Brasil. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação. Bibliotecária Cleusa Alves da Rocha, CRB 10/2127. EXTENSÃO RURAL BRASILEIRA: UM REENCONTRO COM A SUA HISTÓRIA Quando em 2007, a inspiração visionária de José Silva Soares, então Presidente da ASBRAER, idealizou a constituição de uma Academia Brasileira de Extensão Rural – ABER, que congregasse extensionistas de todo Brasil com um acúmulo de suas experiências profissionais no serviço, nascia ali uma instituição para ocupar um “espaço de encontros, mas também de achados, de descobertas”, conforme se encontra na página eletrônica da ABER. Um espaço para um reencontro com a nossa história, com mais de 60 anos de existência, de um projeto dos mais generosos do nosso povo, que é a Extensão Rural Brasileira. São poucas as instituições públicas que podem apresentar uma trajetória institucional tão extensa, tão exitosa e tão identificada com os valores ético-humanistas e com os princípios Republicanos de respeito aos recursos públicos e aos usuários dos serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural. Nós temos muitas histórias e estórias para contar, para relembrar, para compartilhar com a sociedade brasileira. E nada melhor de conhecer esses relatos, através das pessoas que a viveram e vivenciaram no serviço de ATER. Nesse sentido, a Academia Brasileira de Extensão Rural – ABER, em perfeita consonância com sua missão e objetivos que é de “promover a Extensão Rural a partir de sua identidade histórica e intelectual”, bem como, de “organizar o acervo histórico e documental da Extensão Rural Brasileira”, sente-se orgulhosa de contribuir e emprestar sua chancela para a publicação do livro: Histórias e estórias no Sítio – Extensão e Comunicação Rural no RS, organizado pelo Marco Antonio Medronha da Silva. Com esse trabalho, tecido a muitas mãos, pelos abnegados extensionistas do Rio Grande do Sul e organizado e sistematizado pelo Marco Medronha, que insistiu, perseverou e lutou pela sua publicação, que se “desencanta” na véspera do 63º aniversário da Serviço de Extensão Rural no Brasil, a nossa Academia se congratula com os Extensionistas do Rio Grande e do Brasil e compartilha esse presente em forma de livro, que fala da gente e faz com que a nossa emoção sobreviva. Hur Ben Correia da Silva Presidente da Academia Brasileira de Extensão Rural - ABER SUMÁRIO Apresentação ................................................................................ 11 Introdução ..................................................................................... 13 Parte I 1 Primeiro a ASCAR ................................................................... 15 1.1 Depois a EMATER/RS ................................................................ 19 1.2 Agora a EMATER/RS-ASCAR ..................................................... 22 1.2.1 A comunicação como ferramenta de gestão ........................ 28 Parte II 2 Comunicação rural e extensão ...................................................... 31 2.1 Os pioneiros da comunicação rural .......................................... 32 2.2 A linguagem no rural ................................................................ 34 2.3 A comunicação rural dialógica ................................................. 35 2.4 Os multimeios educativos ........................................................ 39 2.4.1 Conceitos e considerações sobre multimeios e métodos ...... 42 Parte III 3 Do megafone ao sítio .................................................................. 51 3.1 A Comunicação na era da informação ..................................... 52 3.1.1 A visibilidade pela assessoria de imprensa ........................... 53 3.1.2 O rádio do sítio e para o mundo ............................................ 55 3.1.3 A Emater/RS entra na sua casa pela TV ................................ 57 3.1.4 O Programa Terra Sul ............................................................ 57 3.1.5 O Programa Rio Grande Rural ............................................... 58 Parte IV 4 O sítio .......................................................................................... 61 4.1 Prosa extensionista ................................................................. 63 4.1.1 Até onde irá essa seca? ......................................................... 64 4.1.2 Nunca jogue graspa no fogo! ................................................ 66 4.1.3 A Sesteada ............................................................................ 68 4.1.4 O “pai” do Beto ..................................................................... 70 4.1.5 Desafio .................................................................................. 71 4.1.6 Os ovos da Cecília .................................................................. 73 4.1.7 O nome da cadela ................................................................. 74 4.1.8 Gaúcho Desesperado ........................................................... 75 4.1.9 Área do Chiqueiro ................................................................. 77 4.1.10 Minha primeira experiência com multimeios .................... 78 4.1.11 Oração para mordida de cobra ............................................ 79 4.1.12 O revólver do Leovaldo ......................................................... 81 4.1.13 O pneu ................................................................................ 83 4.1.14 Algumas histórias extensionistas da Emater ...................... 85 4.1.15 Galinha bem alimentada ..................................................... 88 Poesia - Lá vai o extensionista ........................................................ 91 Crônica - A Emater/RS é um Boeing .............................................. 95 Índice de fotos ............................................................................... 97 Referências bibliográficas ............................................................ 101 8 NOTA SOBRE O AUTOR Marco Medronha, antes de tudo, é um extensionista. Vivenciou todas as etapas evolutivas por que passa um agente de extensão rural. Técnico agrícola, orientou agricultores e comunidades rurais na busca de seu desenvolvimento. Mas, a paixão pelo trabalho extensionista sempre foi dividida com a comunicação. Se é que dá para chamar de divisão. Afinal, Paulo Freire já havia constatado que extensão é comunicação. O extensionista é apaixonado por duas funções, com aparências diferentes, mas que, no fundo, são a mesma. Foi operador de unidade móvel na Emater/RS. Em grandes ou pequenos eventos de extensão rural, lá estava o Marco operando o som e as “malas pretas” com os audiovisuais sonorizados. Daí para o curso de comunicação foi um pulo. Formado em jornalismo, também foi professor das disciplinas de televisão, telejornalismo e comunicação rural na Universidade Católica de Pelotas. Veio o mestrado, e, com ele, novos desafios. Foi gerente de Comunicação na Emater/RS. Mas, seu vínculo maior é com a metade sul do Rio Grande, onde atua como jornalista no escritório regional da Emater/RS, em Pelotas. Do megafone ao computador e outras novas mídias, Marco acompanhou todas estas transformações, sem endeusar a tecnologia. Afinal, ela é apenas um meio para um fim maior: ajudar a comunidade a viver melhor, com sustentabilidade, abrangendo todas as suas variáveis, desde a econômica, até a social, ambiental, política, cultural e ética. José Mário Santos Guedes Gerente de Comunicação Emater/RS-Ascar Apresentação A comunicação social elementar entre as pessoas e a interação mediada de todas as formas e recursos disponíveis são processos que estão em plena evolução, de tal forma que uma esfera influi na outra. As instituições que não acompanharem estas mudanças e não registrarem os seus desenvolvimentos podem ficar à margem do que acontece. Por isso, acolho com grande alegria a idéia do colega e amigo Marco Medronha que, com a originalidade que lhe é peculiar, está nos presenteando com esta obra histórica, decisiva para que se compreenda o que aconteceu, o que acontece e o que está se projetando para a comunicação na área da extensão rural. E o Rio Grande do Sul tem felizmente e de forma emblemática, muitas histórias e estórias para contar. Esse trabalho de pesquisa está aqui, pois o autor identificou-as e trouxe esses registros ímpares para que fiquem gravados para sempre neste livro, que por certo será fonte de consulta para todos quantos se interessam pela comunicação rural. Não se pode perder de vistas a filosofia extensionista e sua importância estratégica para o País, ainda que seja difícil contar uma história linear da área. Registramos com tristeza altos e baixos na atividade extensionistas em alguns Estados brasileiros. Posso dizer que o Rio Grande é quase um caso à parte. Infelizmente sempre tem esse tal de “quase”. Pois estes valorosos esteios da extensão trabalham diretamente com as comunidades rurais, com as famílias, com as pessoas e talvez por isso mesmo sejam diferentes. São gente acima de tudo, com alto compromisso e sensibilidade, que assumem a tarefa de fazer a comunicação essencial e de levar a boa nova, como verdadeiros missionários que são, uma vez que mediadores entre o saber técnico e o popular. Acompanho esse trabalho com muita atenção e sei o quanto a nossa extensão contribui e contribuiu para mudar a realidade sofrida do homem que vive nas áreas rurais, especialmente aquele que mais necessita. São homens e mulheres de valor esses amigos da extensão e são comunicadores por vocação, porque são os elos que 11 fortalecem a corrente do conhecimento, que deve acontecer num circuito continuo, eis que muito se aprende no contato com os mais simples e originais trabalhadores do campo. Por isso este é um livro necessário, por que conta algumas destas histórias, que ficariam esquecidas ou apenas na lembrança dos nossos extensionistas. O Medronha está nos trazendo uma Extensão Rural mais popular, democrática e vigorosa para observarmos com atenção. Está trazendo, como jornalista que é, uma grande reportagem sobre este assunto e nos deixa ver esse funcionamento de forma privilegiada, por meio do bom texto e de sua particular perspicácia na abordagem. A publicação se agrega à troca necessária que deve ocorrer no processo educacional que cumpre à Extensão Rural, com a fala de um dos seus mais destacados técnicos em comunicação. Sei disso muito bem, trabalhei com o Marco Medronha desde 1990 nas agendas técnicas de comunicação, integrando de forma pioneira no País a Embrapa e a Emater-RS. Tínhamos um bordão nos programas de TV que dizia “Embrapa/Emater, essa união produz” e foi assim que fomos desbravando a comunicação televisiva e radiofônica, criando programas como o Terra Sul, que está até hoje no ar. Aos leitores deste livro, portanto, saibam que passam a ter algo precioso, que é o registro de um tempo, uma fase forte de vida e integração. Tenham a certeza, tudo isso é uma parte da experiência das pessoas. Especialmente de gente que têm visão de futuro e capacidade de socializar conhecimentos, deixando de lado as vaidades personalistas que nos acostam, como seres complexos que somos. Uma boa leitura a todos. Antonio Luiz Oliveira Heberlê Professor doutor em comunicação da UCPel Pesquisador da Embrapa Clima Temperado 12 Introdução A Extensão Rural no Rio Grande do Sul expressa, na sua história, as transformações dos processos de comunicação. Desde a sua criação na década de 50, a maneira de conversar com a sociedade se modificou, adaptando-se às mudanças tecnológicas no tratamento das mensagens, ao mesmo tempo em que é a própria referência em tecnologias para o meio rural. A sociedade gaúcha reconhece atualmente a EMATER/RS-ASCAR como a primeira fonte de informações fidedignas quando precisa saber da situação das lavouras, das criações, do preço dos alimentos, de como vivem as pessoas do meio rural. A formação de uma equipe consciente de profissionais, presente em quase todos os municípios do estado, foi possível graças a ações anônimas e solidárias dos extensionistas rurais, uma “rede” consistente de pessoas praticando ações sociais, e preconizando técnicas de preservação e sustentabilidade rural, pode ser comparado à ideia de “teia” ou (web em inglês) de Tim Bernes–Lee, criador da web, que reforça a teoria das cadeias ou vasos comunicantes com a finalidade de melhor informar. Uma coisa pode parecer não ter nada a ver com a outra, mas tem, na medida em que hoje o “sítio” da EMATER/RS-ASCAR é uma ferramenta de comunicação institucional usada para comunicar, postar notícias, imagens, vídeos, áudios, depoimentos, hipertextos com a finalidade de apresentar virtualmente os serviços presenciais prestados pela Extensão Rural. A proposta desse livro é a de resgatar a história dos pioneiros que construíram a Extensão Rural do Rio Grande do Sul, os quais emprestaram seus nomes e lideram processos, em três etapas distintas contadas na primeira parte. Na segunda, a publicação resgata conceitos e métodos da comunicação rural, também com foco no pioneirismo. A terceira parte trata da evolução da comunicação no sistema de Extensão Rural gaúcho, ao trazer informações sobre a trajetória dos extensionistas na utilização dos meios de comunicação. Na quarta e última parte os próprios extensionistas, patrimônio da instituição, contam estórias e histórias, fatos inusitados do cotidiano de uma das atividades mais apaixonantes que existem, a Extensão Rural. 13 Histórias e estórias são encontradas em relatórios anuais, revistas e livros divulgados pela mídia, além de tantas outras relatadas no dia a dia ou escondidas na memória, algumas até pitorescas, mas não menos importante para entender o cerne destes obstinados educadores do meio rural. As personagens constituem-se no maior patrimônio da instituição, gente preparada e protagonista de uma das mais belas histórias de amor à profissão, à causa extensionista e às comunidades rurais. Acreditamos também que nós, enquanto indivíduos, não temos exclusividade sobre nossas ideias, porque somos uma construção de tudo o que lemos, ouvimos, sentimos e vivemos. Desta forma, caso você se identifique com o texto, ficaremos felizes, pois temos algo em comum e, acima de tudo, este trabalho é escrito e contado, conjuntamente, por muitos autores. 14 Parte I 1 Primeiro a ASCAR Um grupo obstinado de idealizadores concebeu a ASCAR. O serviço de extensão rural no Estado começou quando o titular da Inspetoria Agrícola Federal do Rio Grande do Sul, Diretor Estadual, Afonso Nascimento Mibielli, por solicitação do Ministro da Agricultura, na época, Daniel de Carvalho, realizou contatos com o serviço de extensão rural de Minas Gerais (iniciado em 1948), com a finalidade de observar os benefícios para os pequenos agricultores. Segundo documentos encontrados no atual Núcleo de Documentação e Arquivo, da Gerência de Comunicação da EMATER/RS-ASCAR, o Diretor Mibielli, em seu retorno, fez considerações favoráveis a lideranças do Rio Grande do Sul, especialmente ao representante do setor industrial, Anton Jacob Renner. Este, compromissado com outros projetos, passou a missão de concretização da idéia ao Diretor do Banco Agrícola Mercantil S/A, Kurt Weissheimer. O projeto foi finalizado em 2 de junho de 1955, com a criação da ASCAR. Weissheimer foi eleito por unanimidade o primeiro Presidente da ASCAR, que teria como Vice-presidente Geraldo Veloso Nunes Vieira, como Secretário Mário Fonseca e como Tesoureiro Adel Carvalho. Pioneiros na criação da ASCAR 15 O caráter realizador sempre esteve associado a parcerias, desde a fundação da ASCAR em 1955, quando, em 7 de julho, foi firmado um contrato entre o Ministério da Agricultura, o Escritório Técnico da Agricultura Brasil Estados Unidos, com sede no Brasil, e a Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio do Estado. O objetivo da Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural era “desenvolvimento da agricultura e o bem-estar das populações rurais, através do crédito supervisionado ao pequeno agricultor, criador e assistência aos mesmos e sua família”. Inspirado nas experiências positivas das regiões Sudeste e Nordeste, o Presidente Kurt Weisheimer nomeou o primeiro Secretário Executivo da ASCAR, o engenheiro agrônomo Euclides Gonçalves Martins, técnico que despontou como extensionista na Associação de Crédito e Assistência Rural (ACAR), de Minas Gerais, e, na Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural do Nordeste (ANCAR). Começava aí o alicerce técnico da extensão rural gaúcha, na qual, concomitantemente, eram designados outros dirigentes: Archimínio Almeida Teixeira, para serviços administrativos, e a economista doméstica, Ella Mae Crosby, para atuação na área social. Os primeiros extensionistas da ASCAR foram recrutados a partir de anúncios colocados em escolas e associações de profissionais. Uma curiosidade na seleção dos candidatos era a exigência de algum conhecimento da língua alemã ou italiana. A primeira turma de 28 profissionais, sendo 15 da área de bem-estar e 13 da área de agronomia, realizou o pré-serviço (treinamento), durante três meses, na Fazenda Ipanema, em São Paulo. O curso na Fazenda Ipanema privilegiava a Extensão e o Crédito Rural Supervisionado, com os seguintes conteúdos: extensão rural; filosofia; ecologia e sociologia rural; crédito rural supervisionado; processos de educação, de aprendizagem e de comunicação; relações humanas; planejamento e administração da propriedade e do lar; economia rural e doméstica; higiene rural, enfermidades e endemias mais comuns no meio rural; primeiros socorros; trabalhos manuais; apresentações práticas e demonstrações; exposições orais; teoria da comunicação; uso de audiovisuais, de rádio, de jornal, de cartas circulares e de recreação. 16 Participantes do 1º Curso Nacional de Extensão Rural, em 1955. O pré-serviço da primeira turma, em 1955, possuía um conteúdo programático extenso, no qual os conhecimentos de comunicação foram fundamentais para compreender o nível de excelência dos extensionistas nas manifestações junto às comunidades. Não podemos dizer que somente a comunicação é suficiente, muito pelo contrário, sem os conhecimentos técnicos, sociológicos e ambientais (local/global), o extensionista rural estaria jogando palavras ao vento. A comunicação propõe uma interação entre técnico e produtor do tipo com-saber, caracterizada da seguinte maneira por Pasquali (1973, p. 14): Ela só é possível entre sujeitos depositários do com-saber e capacitados para a transmissão-recepção. Tem haver e implica diálogo. É um intercâmbio de mensagens com a possibilidade de retorno não-mecânico. Daí ser um termo privativo das relações dialógicas inter-humanas. 17 Primeiro grupo de extensionistas partindo para o campo em jeep’s, veículo pioneiro no serviço de extensão rural Os extensionistas rurais, formados por grupos de pessoal técnico e administrativo, tinham como atribuições prestar a necessária ajuda, com prioridade para os pequenos produtores rurais, no melhoramento da agricultura e da vida rural. Ao começar a saga extensionista, “moços” e as “moças” da ASCAR, contratados e treinados entram em seus veículos e partem para concretizarem o método mais tradicional da extensão rural: a visita às propriedades rurais. No início, a população rural estranhava o fato de casais de jovens técnicos percorrerem as comunidades para levar informações agrícolas e crédito supervisionado. Provavelmente, não imaginavam o grande significado daquela ação para o desenvolvimento rural do Rio Grande do Sul. Depois, além do método simples da visita, outros métodos simples e complexos foram aplicados para possibilitar a comunicação com as famílias rurais. Hoje, a EMATER/RS-ASCAR é referência no uso de metodologias de comunicação, e a presença nas comunidades rurais não causa mais estranheza, faz parte do cenário, está enraizada no campo e tornou-se vital para a população rural e para o desenvolvimento das políticas públicas do Estado. 18 No período da ASCAR, o engenheiro agrônomo Bento Pires Dias ocupou o cargo de Secretário Executivo. Foi o primeiro Extensionista Rural a assumir um cargo de dirigente. A gestão ocorreu de 1956 a 1973. 1.1 Depois a Emater/RS Para revigorar e integrar o Sistema Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, foi constituída, no dia 14 de março de 1977, a EMATER/RS – Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural. Sob a coordenação nacional da EMBRATER - Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural, a EMATER/RS inaugura uma nova etapa de relacionamentos com parceiros e sociedade. A solenidade de posse da primeira diretoria ocorreu em 30 de abril de 1977, na sede da FETAG. A diretoria era composta pelos engenheiros agrônomos Rodolpho Tácito Ferreira, presidente; José Inácio Pereira da Silva, diretor técnico; e Edmundo Henrique Schmitz, diretor administrativo. Entre as autoridades presentes no evento estavam o ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli; o presidente da EMBRATER, Renato Simplício Lopes; o secretário da Agricultura, Getúlio Marcântonio; o secretário do Trabalho e Ação Social, Carlos Alberto Chiarelli; dirigentes da FETAG, OCERGS e FARSUL; técnicos da Secretaria da Agricultura, da ASCAR e de entidades ligadas ao setor agropecuário do Estado. 19 Getúlio Marcantônio, secretário da Agricultura do RS, na posse do 1° presidente da Emater/RS, Rodolpho Tácito Ferreira. A EMATER/RS passava a se relacionar com a Secretaria da Agricultura, sendo a responsável pela formulação e execução da política de assistência técnica e extensão rural oficial no Estado do Rio Grande do Sul, e passaria a atuar conjuntamente com a ASCAR, mediante protocolo firmado. Sobre a nova configuração, o secretário de Agricultura, Getúlio Marcântonio, falou: “A EMATER é a vitória dos produtores gaúchos. Foram eles, através de suas entidades de classe – FETAG, FARSUL e OCERGS – que soergueram, quase do chão, a bandeira da extensão rural, onde a incompreensão a havia jogado”. Acrescentou ainda, “A nossa EMATER, que não pôde ser uma empresa pública a exemplo dos demais estados brasileiros, onde contou, inclusive, em todos eles, com o apoio da oposição, passa agora a ser uma radiosa realidade através de uma sociedade civil. Foi esta fórmula que os nossos produtores encontraram para não ficarem à margem do Sistema Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural”. O ministro Alysson Paulinelli disse em seu discurso: “Considero histórica essa reunião, onde o Rio Grande do Sul, suplementando as dificuldades e, até mesmo, injustificáveis incompreensões, aceitou uma proposição de uma organização única, racional, objetiva e eficiente para dar atendimento a uma requisição que a cada dia mais sofrem os governos, que é a prestação de assistência técnica e extensão rural à atividade agrícola brasileira”. 20 Na continuação de seu discurso, o ministro Paulinelli pediu à diretoria da EMATER/RS para trabalhar no sentido de tornar a extensão rural gaúcha a mais forte do País e que o espírito empreendedor fosse repassado e incorporado por todos os “liderados”. A solicitação do ministro foi atendida com relativa facilidade, pois os extensionistas da ASCAR possuíam, na sua essência, a condição realizadora, minimizando, desta forma, a tarefa da diretoria empossada. A nova EMATER/RS, pela capacitação de seus empregados desenvolvia, cada vez mais, aptidões de lideranças. Extensionistas Rurais com experiência de campo passaram a exercer cargos em diretorias da instituição. Edmundo Henrique Schmitz Diretor Administrativo Gestão 1977/1983 Lino Ivanio Hamann Presidente Gestão 1977/1983 José Inácio Pereira da Silva Diretor Técnico Gestão 1977/1979 Paulo Ebling Rodrigues Diretor Técnico Gestão 1977/1983 - 1984/1987 21 1.2 Agora a EMATER/RS-ASCAR O início de um novo governo em 1985 foi particularmente traumático para os extensionistas, a inflação descontrolada foi o pretexto para o lançamento de um “pacote de medidas”, em fevereiro de 1986. Entre essas, o plano cruzado, confisco da poupança e a desarticulação dos serviços de Extensão Rural, e o desmonte do Sistema EMBRATER, pelo governo Federal. No campo, o alto custo dos produtos como fertilizantes, máquinas agrícolas, inseticidas e herbicidas, associados ao mau uso dos agrotóxicos acarretaram em prejuízos à saúde das famílias rurais, desgaste do solo e conseqüente desemprego, ainda somado a invasões de terras. Era preciso mudar, repensar a Extensão Rural. A filosofia extensionista de trabalhar para melhorar a qualidade de vida das famílias rurais, necessitava estar mais próxima das comunidades para ser, efetivamente exercida. Uma Extensão Rural mais popular, democrática, onde todos os envolvidos no processo tivessem oportunidade de participar das decisões. Escolher o que é melhor para a comunidade depende muito mais de quem nela vive, o extensionista passa a exercer o papel fundamental de moderador e o saber do agricultor é mais valorizado. Conforme Emater (2005, p. 69) “É nessa troca que ocorre todo o processo educacional da Extensão Rural, onde o agricultor como cidadão e como profissional da agricultura, tem o seu saber respeitado e confrontado com o saber dos técnicos. Essa relação dialógica encerra a filosofia da Extensão Rural”. Nesse contexto outros valores vieram à tona, pois era necessário superar barreiras com criatividade e um dos caminhos foi colocar em prática a comunicação dialógica, para todos os servidores. O momento exigia reflexão da Casa e na nossa história é assim: temos que reagir rápido, em 1987 foi realizado “O repensar da Extensão Rural”, um seminário que deu ênfase ao “Enfoque Participativo”. Este movimento no Rio Grande do Sul reforçou convicções e promoveu identidade na Extensão Rural gaúcha, fortalecendo a imagem institucional, enquanto em nível nacional, a ideia era de que o trabalho de extensão servia aos interesses do produtor capitalizado. A situação se agravou com o fim do crédito subsidiado e as reformas do Estado, a partir da década de 1990, o serviço de Extensão Rural é submetido a uma operação de desmonte. A EMBRATER é extinta em 22 16 de março de 1990, no governo Fernando Collor de Mello, sob a alegação de que a entidade apenas transferia recursos para as empresas estaduais. No mesmo ano é extinto o Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural SIBRATER, ficando cada estado responsável pelo serviço em seu território. Mudanças ocorreram no ambiente institucional a EMATER/ RS passa a se relacionar com a Secretaria de Agricultura, através de convênio executa a política oficial de Assistência Técnica e Extensão Rural no Estado do Rio Grande do Sul, em conjunto com a ASCAR, uma sociedade civil, com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos. Começa uma nova Extensão Rural com recursos oriundos de convênios com os Municípios, Estado e a União. Inverte-se a balança, o Estado passa a ser a principal fonte de recursos para realização dos serviços. A cada administração no Rio Grande do Sul é necessário uma negociação para renovar o convênio, a manutenção da EMATER/RS-ASCAR vem se garantido graças à qualificação das pessoas, da estrutura ágil, instrumentalizada, e principalmente, pelo retorno positivo nas áreas sociais e econômicas da agropecuária gaúcha. O valor do serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural ao Estado foi agregado a Classificação e Certificação de Alimentos, a incorporação da extinta CLAVESUL, em 1988, fortaleceu a instituição. A missão extensionista de “Semear Ideias para Colher Alimentos”, passou a ter, na mesma Casa, o respaldo da “lei nº 9.972, de 25 de maio de 2000, na qual institui a classificação de produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor econômico, com posterior regulamentação em 17 de novembro, bem como atos complementares e instruções normativas”, Emater (2005, p.72). A nova lei torna obrigatória a classificação de todos os produtos destinados à alimentação humana, sendo o certificado de classificação o instrumento legal que atesta a conformidade do produto de acordo com a lei e é exigido pela fiscalização do Ministério da Agricultura. Os Extensionistas Rurais continuaram a missão de promover o desenvolvimento técnico-social das comunidades e ocuparam cada vez mais espaço na sociedade: Secretárias de Estado, entidades representativas do setor rural, dos produtores, dos empregados, nos poderes executivo e legislativo. 23 A partir de 1988, muitos extensionistas conquistaram cargos nas diretorias da EMATER/RS-ASCAR. A capilaridade estadual e o grande prestígio da instituição no meio rural, estimulou os empregados a alçar vôos maiores. 24 Eniltur Annes Viola Diretor Técnico Gestão 1988/1989 – 1989/1991 Caio Tibério Dornelles da Rocha Presidente Gestão 1989/1991 – 2003/2006 Cezar Henrique Ferreira Diretor Administrativo Gestão 1991/1995 – 1995/1996 Ricardo Capelli Diretor Técnico Gestão 1991/1995 – 1995/1996 Jair Seidel Diretor Técnico Gestão 1996/1999 Almeri Cândido Reginatto Presidente Gestão 1998/1999 Nilton Pinho de Bem Diretor Administrativo Gestão 1999/2002 Francisco Roberto Caporal Diretor Técnico Gestão 1999/2002 Ricardo Altair Schwarz Diretor Técnico/Presidente Gestão 2003/2006 Dirlei Matos de Souza Diretor Técnico Gestão 2006 25 26 Cilon Fialho da Silva Diretor Administrativo Gestão 2007/2010 Paulo Edgar da Silva Diretor Técnico Gestão 2007/2008 Águeda Marcéi Mezomo Diretora Técnica/Presidenta Gestão 2009/2010 Alencar Paulo Rugeri Diretor Técnico Gestão 2010 Gervásio Paulus Diretor Técnico Gestão 2011/2014 Valdir Pedro Zonin Diretor Administrativo Gestão 2011/2014 A proximidade cada vez maior com o Governo do Estado influenciou no planejamento de ações conjuntas. Na busca da sustentabilidade socioambiental, a promoção da cidadania e por novas fontes de trabalho e renda, a EMATER/RS-ASCAR implantou, no biênio 2009-2010, um conjunto de metas prioritárias a serem cumpridas. A diretoria implantou 12 Frentes Programáticas, as quais englobaram atividades extensionistas: Oportunidades do Agronegócio, Classificação Certificação e Rastreabilidade, Estratégias de Matrizes Produtivas, Assistência Técnica e Extensão Rural, Inclusão Social e Cidadania, Rio Grande Mulher, Alimentos para Todos, Comunicação, Rio Grande Jovem, Geoprocessamento, Irrigação e Uso Múltiplos das Águas e Responsabilidade Ambiental. A comunicação passou a fazer parte de um programa prioritário da Extensão Rural, com uma função especial de transversalidade nos demais programas. A Frente Programática Comunicação teve como proposta: Estruturar sistemas de comunicação e informatização, criando canais que fomentem o diálogo com os produtores, e suas organizações sociais e segmentos da sociedade, de forma ágil, dinâmica e eficiente, propiciando a socialização das informações. Emater (2010, p.13). O constante investimento no quadro de pessoal, o desempenho dos extensionistas no campo e a visibilidade proporcionada pela comunicação fez com que a instituição fosse vista pela sociedade como “Referência de qualidade em Extensão Rural”, a EMATER/ RS-ASCAR passou a receber ano após ano, prêmios de reconhecimento: Prêmio Responsabilidade Social, Top de Marketing, Selo Ecológico da Expointer, Prêmio Semente de Ouro da Expodireto, Prêmio Tecnologia Social, Prêmio Folha Verde, Prêmio Selo Verde, Prêmio Responsabilidade Ambiental, Troféu Destaque em Agronegócio, Troféu Amigo da Água e do Meio Ambiente, entre outros. A nova gestão administrativa 2011/2014 continuou com fortes laços ao Governo do Estado RS, no entanto a EMATER/RS-ASCAR passou a fazer parte de uma nova secretaria, mais identificada com a agricultura familiar, a Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR). Mesmo com a mudança, a comunicação institucional não sofreu mudanças estruturais, continua sendo uma 27 ferramenta de gestão e importante portal de informações das ações extensionistas. 1.2.1 Comunicação como ferramenta de gestão A exigência da sociedade da informação trouxe um novo olhar para a comunicação institucional, aproximou os jornalistas da diretoria, com assessorias e criação de uma Gerência de Comunicação (GEC), com a missão de gerenciar as atividades de comunicação da Instituição, produzindo programas e materiais afins, dando suporte e assessoramento a planos estaduais e regionais de comunicação, à proposição de estratégias ao acompanhamento e execução de planos de comunicação das diversas Unidades Operativas, com o propósito de dar visibilidade pública à EMATER/RS-ASCAR, assim como, contribuir para a divulgação de mensagens educativas, dentro das premissas que norteiam a Missão Institucional. A gerência formada por um grupo multidisciplinar é constituída por jornalistas, publicitários, relações públicas, fotógrafos, cinegrafistas, sonoplastas, editores, bibliotecários, assistentes administrativos, entre outros fortaleceu e qualificou a informação. Com o aparelhamento material e pessoal, a estrutura de comunicação passou a ser uma ferramenta poderosa de gestão, interagindo com seus interlocutores e disponibilizando informações com rapidez e segurança para as tomadas de decisão. A nova configuração dos sistemas de informação aponta para agilidade dos processos de comunicação. A informatização dos meios propicia acesso instantâneo ao mundo das notícias. A comunicação passa a ser uma commodity com valor ilimitado quando trabalhada em tempo real. Esta agilidade é capaz de subsidiar os assistidos da Extensão Rural na tomada de decisões, inserindo-o no contexto global com informações atualizadas. O objetivo principal é oferecer ao público da Extensão Rural informações ágeis e confiáveis que possam contribuir para o fortalecimento do setor. Entre os específicos: facilitar o acesso das informações aos extensionistas de forma rápida e segura, disponibilizar aos seus públicos informações úteis para a tomada de decisões. A evolução da comunicação social com o advento da informática, do satélite e agora com a digitalização dos meios (rádio, jornal 28 e televisão) exige uma nova postura dos profissionais que atuam na comunicação ou na educação não formal. A EMATER/RS-ASCAR possui tradição no uso de metodologias de comunicação com o público assistido e a sociedade. Desta forma precisa aprimorar sua competência comunicacional e assim continuar sua trajetória de instituição de referência em Extensão Rural. Os agricultores gaúchos necessitam de conhecimentos para promover o desenvolvimento sustentável e a comunicação funciona como alavanca nas comunidades rurais. É possível dizer que onde não existe comunicação não há desenvolvimento comunitário e bem-estar social. Além das metodologias de Extensão Rural utilizadas no campo pelos extensionistas, a EMATER/RS-ASCAR possui no Escritório Central uma Gerência de Comunicação estruturada para divulgar ações extensionistas, técnicas sociais e programas governamentais. A estrutura é formada por quatro núcleos: Núcleo de Rádio e TV, Núcleo de Assessoria de Imprensa, Núcleo de Criação e Produção Gráfica, Núcleo de Documentação e Arquivo. Atualmente a EMATER/RS-ASCAR veicula programas de TV em canais abertos, cabo e satélite, para consolidar a participação estão sendo realizados novos convênios com emissoras de cunho educativo. Os programas de rádio são propagados por todo Estado, com especial incentivo a ocupação de espaços em emissoras locais, pela participação dos extensionistas. As ações visam atender as demandas dos diversos públicos assistidos, são produzidos programas de rádio e de TV, realização de vídeos, eventos, publicação de mensagens no site, jornal, revistas e materiais impressos, além do trabalho de Assessoria de Imprensa, que se relaciona com a mídia local, estadual e nacional. A comunicação institucional propõe a ampliação do universo de comunidades e pessoas que possam ter acesso às informações geradas pela EMATER/RS - ASCAR, mantendo cotidianamente bem informada a opinião pública sobre as atividades e realizações institucionais, além de contribuir objetivamente com o processo educativo. Entre os instrumentos de comunicação utilizados pela EMA29 TER/RS-ASCAR destacam-se os programas de televisão “Rio Grande Rural” e “Terra Sul”. A Instituição mantém convênios com as atuais 12 emissoras, com previsão de mais 03 novos convênios. Desta forma passariam a ser veiculadas anualmente, 870 edições do programa Rio Grande Rural, e 58 edições do programa Terra Sul. No rádio, são produzidos nove diferentes formatos de programas, veiculados diariamente em 83 emissoras, sendo 09 da capital e 74 do interior do Estado. Esses programas são divulgados de forma gratuita em emissoras parceiras. Esta ação representa a veiculação anual de 26.040 programas de rádio. A relação custo-benefício da participação da EMATER/RS-ASCAR em Eventos esta sendo avaliada, atualmente a instituição participa de 119 Feiras e 203 Eventos correspondendo a 44% de 730 Feiras e Eventos existentes no para o no Estado. A principal função de uma Assessoria de Imprensa é aproximar a instituição dos veículos de comunicação. Para isso, os jornalistas produzem releases e distribuem para todos os veículos de comunicação que compõem o mailing. Os releases são matérias jornalísticas, que podem ser publicados pelos veículos ou servir como sugestão de pauta e de entrevista. Todas as informações divulgadas pela assessoria de imprensa são de interesse público e podem se tornar notícias e publicadas sem custo para a instituição. O trabalho resulta em uma média superior a 300 publicações mensais de matérias relativas à EMATER/ RS-ASCAR nos principais meios impressos do Estado. Outros produtos e serviços: • Produção e edição de programas de caráter educativo, técnico, informativo, publicitário e marketing institucional para rádio, televisão, Internet e outros meios de comunicação; • Produção de audiovisuais para atendimento de demandas institucionais, e ou de parceiros; • Estabelecimento de contatos com os meios de comunicação e assessorias de comunicação de empresas privadas e órgãos públicos; • Assessoria e participação em organização de eventos voltados aos públicos interno e externo; 30 • Produção de fotografias para impressão de materiais gráficos ou veiculação em mídia institucional; • Criação e execução projetos de apresentação gráfica e arte-final para jornais, revistas, desenhos e ilustrações, vinhetas e aberturas para programas de TV, Internet e outros veículos de comunicação; • Elaboração de arte-final de impressos (cartaz, folder, volante, livreto e material administrativo de uso corrente); • Impressão de materiais para uso interno da instituição e outros que se fizerem necessários; • Treinamento de pessoal para utilização adequada da comunicação com a mídia e relacionamentos com o público da extensão rural; • Acesso a programas de rádio e televisão no site da instituição. Parte II 2 Comunicação rural e extensão Antes de falar da evolução da comunicação na extensão rural gaúcha, resgato alguns conceitos do mestre Juan Diaz Bordenave (1983, p. 7). O primeiro diz respeito à própria definição de comunicação rural: “É o conjunto de fluxos de informação, de diálogo e de influência recíproca existentes entre os componentes do setor rural e entre eles e os demais setores afetados pelo funcionamento da agricultura, ou interessados no melhoramento da vida rural”. Fico pensando nesse conceito e percebo que, mesmo na atualidade, dá conta de todas as interfaces e reciprocidades que a comunicação merece, ele relaciona a necessária interação que deve existir entre os principais protagonistas que compõem o mundo rural, compreendidos pelas entidades (todas), Estado (município, estado e união) e população rural (famílias rurais). Bordenave identifica também os fluxos de comunicação como verticais, horizontais, unilaterais e multilaterais. Esses conceitos deixam claro que a interação, para ser concretizada, deve ficar em um imaginário de flechas convergentes, flechas do bem, que nos atingem no sentido de transformar, construir. 31 2.1 Os pioneiros na comunicação rural As primeiras tentativas de comunicação com o público rural são registradas no ano de 1900, em São Paulo, pelo Serviço Agronômico do Estado. De acordo com os registros cabia à Secretaria de Agricultura a “direção e distribuição de publicações oficiais sobre agricultura em geral”, assim como a “publicação de uma revista sob o título Boletim da Agricultura” (Bordenave, 1983, p. 23). A partir de 1907, o serviço tornou-se regular, com a distribuição de várias publicações e folhetos. Cerca de 40 anos mais tarde, o governo brasileiro criou o Serviço de Publicidade Agrícola no Ministério da Agricultura. A maior expressividade da comunicação rural aconteceu nas décadas de 40 e 50, com a criação do Serviço de Informação Agrícola, do Ministério da Agricultura. Conhecido como SIA, o serviço era um poderoso instrumento de comunicação, pois utilizava diversos meios de difusão de notícias e ensinamentos técnicos. Diariamente, o noticiário era enviado à imprensa e ao rádio. Graças à criação de um setor de difusão coordenado pelo SIA, a informação agrícola conheceu o caminho da radiodifusão. Começava então a descoberta do rádio, o meio de comunicação preferido até hoje, para difundir mensagens ao público rural. Entre os meios de divulgação na época, o cinema foi utilizado na década de 50 pelo Serviço de Informação Agrícola do Ministério da Agricultura (BORDENAVE, 1983, p. 24). Foram produzidos cerca de 350 filmes, exibidos em circuitos nacionais. “As instalações cinematográficas do SIA em Benfica, Rio de Janeiro, eram as mais sofisticadas de toda América Latina”. As iniciativas começam a dar origem aos canais e meios pelos quais irão circular os fluxos de informações de natureza pessoal formal ou informal – por exemplo: contato, visitas, feiras, exposições, festas, seminários, congressos. De natureza impessoal, ou seja, comunicação mediada por meios como rádio, jornal, televisão, folder, cartaz, revista. Extensão ou comunicação? Não tenho dúvidas quanto ao questionamento de Paulo Freire, pois o bom extensionista é um comunicador. Generalizando podemos dizer que o meio agrícola conhece bem o termo “Técnico da Emater” referindo-se logicamente àquele que faz extensão rural. Nos aconselhamentos dos veteranos 32 durante meu ingresso na Casa ouvia dizer com freqüência “todo o comunicador é um bom técnico, mas nem todo o bom técnico é necessariamente um bom comunicador”. Provavelmente, a comunicação intrapessoal, “da pessoa consigo”, possa ser uma forma de descobrir-se como extensionista rural, e nisso a EMATER/RS-ASCAR sempre apostou: na qualificação dos seus servidores. No campo das teorias da comunicação o trabalho do professor Pedro Gilberto Gomes (2004, p. 14), parece “cair como uma luva”, quando se faz a relação comunicação com extensão, vejamos: “O conceito pedagógico afirma que a comunicação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações novas, para adaptá-las à vida social. É o processo de transmissão de experiências e ensinamentos. Na extensão rural, o processo de transmitir experiências comprovadas por outros produtores rurais e pela pesquisa agropecuária acontece cotidianamente. Os extensionistas utilizam diversas metodologias de comunicação, entre elas o “Dia de Campo”, encontro de produtores e técnicos em uma propriedade rural para mostrar uma prática, ou várias, em estações pré-definidas. O professor Gomes (2004, p.14) descreve: “O conceito histórico concebe a comunicação como única forma de sobrevivência social, como o próprio fundamento da existência humana, solidificada por meio da cooperação e da coexistência”. Ora, nada mais adequado que o extensionista trabalhar para melhorar a qualidade de vida das famílias rurais, utilizando a cooperação das parcerias, pois ele só se realiza como profissional e passa a existir na comunidade quando os resultados acontecem pela sua interação com os assistidos. Quando a família assistida responde ao estímulo do extensionista e passa a ser parte integrante da comunidade, sentindo-se incluída socialmente, é observado o conceito sociológico, “explica a comunicação como instrumento que possibilita e determina a interação social; é o fato marcante pelo qual os seres vivos se encontram em união com o mundo”, Gomes (2004, p.14). A vida do educador rural é um trabalho missionário, e uma característica do extensionista é ser comprometido com a instituição. Isso acontece no cotidiano através da transmissão de estímulos, com a intenção de transformar realidades. Missão da EMATER/RS-ASCAR: Promover ações de assistência técnica e social, de extensão 33 rural, classificação e certificação, cooperando no desenvolvimento rural sustentável. A essência humanitária do serviço logo foi percebida e não só pelas comunidades, mas por estudiosos das relações com os grupos sociais. Facilmente, o ato de “estender o conhecimento” passou a ser compreendido como função educadora e de comunicação. A linguagem utilizada na comunicação rural foi, e continua sendo, fundamental na ação de transformar realidades. O próprio jornalismo ainda carece de mais intimidade com a cultura rural. 2.2 A linguagem no rural O processo de comunicação humana é universal, o entendimento dos princípios deve ser compreendido por qualquer grupo, independentemente se é urbano ou rural, pois as mensagens devem ser propagadas a todas as pessoas, indistintamente. Por outro lado, a população rural possui hábito de vida diferenciado, seu comportamento gira em torno das atividades agrícolas, essas por sua vez tem características próprias, marcantes e peculiares ao habitat rural. Diálogos entre técnico e produtor, médico e paciente, professor e aluno, mãe e filha possuem características iguais e ao mesmo tempo diferentes. Os signos são os mesmos, mas a maneira de utilização do idioma para expressar as idéias é diferente. Podemos dizer que a linguagem muda em função do destinatário. Dentro de uma mesma comunicação podem existir diferentes tipos de linguagem, os enunciadores e receptores envolvidos formam um perfil diferenciado a cada interação. De acordo com Wartchow (1999, P. 34), as linguagens se estruturam de formas diferentes “Cada uma tem suas próprias características e de acordo com seu grau de exploração ou aperfeiçoamento maior ou menor, o repertório de signos e as regras de combinação e de uso variam conforme o contexto na qual são inseridas”. As linguagens científicas, no entanto, são menos flexíveis. A linguagem é um conjunto de signos criados pelos homens para decodificar significados comuns as coisas que queremos comunicar na forma oral ou escrita. Na lingüística, os conceitos tradicionais que estudam a linguagem definem como um sistema de signos vocais arbitrários usados para a comunicação humana (Bordenave, 2000 p.77). 34 As mensagens escritas dirigidas ao público rural devem levar em conta as características culturais dos leitores encontrados naquele meio. Embora, pela própria contribuição da extensão rural as coisas venham mudando, a população rural possui pouco hábito de leitura, interpretação literal e concreta, curto período de atenção, falta de familiaridade com o vocabulário técnico-científico. Simplificar o texto escrito ou a fala é sempre a melhor saída para comunicar. Por exemplo: é sempre melhor usar comprar e não adquirir, necessidade e não requisito, barreira e não obstáculo. Na linguagem científica, alguns pesquisadores das ciências agrárias encontram dificuldades de diálogo com os produtores rurais, mesmo atuando em áreas afins. Os nomes científicos de culturas, pragas e doenças conflitam com os nomes comuns compreendidos pelos produtores rurais. Enquanto que para os técnicos termos como: micose, solanum sculentum e fertilizante são usuais em seus vocabulários, os produtores rurais compreendem melhor se trocarmos por: fungo, tomate e adubo. Com a mesma formação técnica ou superior dos pesquisadores, os extensionistas rurais encontram mais facilidade de comunicação com os produtores rurais. O que é perfeitamente compreensível, pelo maior contato e convivência nas comunidades rurais. Claro que isto não é regra, pelo fato de existirem técnicos com dificuldades de comunicação e pesquisadores dispostos a realizar pesquisas mais próximas da realidade de suas comunidades. Já se foi o tempo em que o profissional das ciências agrárias marcava presença ou adquiria credibilidade somente pelo conhecimento técnico, atualmente entidades e instituições preferem a competência comunicacional (verbal e escrita) como um dos requisitos fundamentais na contratação de um profissional, seguido pela observância dos critérios éticos e morais no seu comportamento. 2.3 Comunicação rural dialógica O entendimento sobre comunicação na extensão rural gaúcha nasceu com uma mentalidade madura de que “extensão é educação e educação é comunicação”, linha de pensamento preconizada pelo Sistema ABCAR – Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural, mais tarde substituída pela EMBRATER. Atualmente trabalha-se 35 a idéia de que todos, indistintamente da categoria funcional possuem responsabilidades com a educação e a comunicação, pois ser da Emater/RS é ser extensionista, e ser extensionista é assumir a responsabilidade de agir proativamente em todos os relacionamentos. “A educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados”. Freire (1985, p. 69) Quanto melhor a interação entre os sujeitos melhor será a comunicação, o antigo modelo emissor – mensagem – receptor serve para explicar o fluxo de transmissão da mensagem, tal esquema sempre foi muito criticado por não representar no seu fluxo o retorno do receptor ao emissor. Longe de querer entrar nesta discussão, entendo que algumas coisas estão implícitas, pois a mensagem, mais cedo ou mais tarde encontra eco. Provavelmente, a emissão melhor elaborada encontrará mais facilidade na recepção, assim a forma qualitativa da emissão da mensagem está ligada a receptividade, ao necessário feedback. Os constantes diálogos dos extensionistas com as comunidades rurais foram fundamentais para estudiosos da comunicação, o planejamento das atividades de extensão rural nas unidades municipais e regionais não sobreviveriam mais sem os métodos de comunicação. Na década de 70, os objetivos a serem alcançados dependiam de estratégias e planejamento de atividades, onde a comunicação passou a ser parte integrante e decisiva na obtenção dos resultados. Nesta época os métodos de comunicação pessoais diretos mais utilizados foram: visitas, reuniões, demonstrações e excursões. Os métodos considerados massais indiretos: rádio, publicações, jornal e carta circular. O especialista em comunicação, Wilson Schmitt realizou em 1971, um trabalho intitulado “Análise dos métodos de comunicação usados no serviço de extensão rural do Rio Grande do Sul”, com o objetivo de efetuar, com base nos Estatísticos dos Métodos Planejados e Realizados pelos Escritórios Municipais, uma análise do uso da metodologia de comunicação em toda a área de atuação da ASCAR. O enfoque da análise estudou a freqüência e a combinação de métodos nos projetos, sem considerar o conteúdo das mensagens e sua influência em termos de resultados alcançados. 36 O trabalho revelou uma característica dos profissionais da época, os quais preferiam utilizar os métodos pessoais diretos, com destaque para as “visitas”, que superaram as metas planejadas. Os métodos massais “jornal” e “carta circular” apresentaram, segundo o trabalho, os piores índices de realizações. Para Schimitt, os números comprovavam a fraca propensão dos agentes para o uso dos métodos escritos. O “rádio” e as “publicações” foram os métodos massais preferidos, “pois sua utilização exige um menor esforço mental por parte dos agentes”, disse Schmitt (1971, p.07). O uso do meio rádio é atualmente na extensão rural uma das ferramentas de comunicação mais utilizadas pelos extensionistas, o trabalho da época mostrou uma tendência. As publicações evoluíram de forma extraordinária, hoje estão muito além da carta circular, entendida como meio massal na época. Na EMATER/RS-ASCAR existe atualmente na Gerência de Comunicação, um Núcleo de Criação e Produção Gráfica produzindo diariamente materiais educativos (folder, cartaz, jornal, folheto, livreto, boletim, etc). Wilson Schmitt realizou análise dos métodos, com Diniz, incentivador dos multimeios educativos As análises de Schmitt foram decisivas para que a comunicação se tornasse instrumento básico nos programas educativos na Extensão Ru37 ral. “Ela constitui a ferramenta de trabalho do extensionista, que procura atingir o seu público visando mudar as atitudes e ações por intermédio da divulgação, informação, motivação e ensino” Schmitt (1971, p. 01). Os extensionistas passaram a utilizar a comunicação de forma estratégica, esta passou a fazer parte do grupo de soluções disponíveis para superar aspectos problemáticos das realidades locais. Para cada situação uma forma de comunicar, um tratamento da mensagem diferenciada, de acordo com o nível de conhecimento, desejos e aspirações do destinatário. A comunicação na década de 80 passa a considerar mais o desenvolvimento integral do homem, principalmente o rural, antes mesmo de perguntar ou informar torna-se necessário conhecer minimamente o meio do outro, com o propósito de promover uma comunicação dialógica. Se a comunicação rural fosse concebida com a finalidade única de informar por informar ou de distrair os produtores rurais, talvez não exigisse muitas modificações. Entretanto, as informações sobre fatos, acontecimentos, políticas governamentais e institucionais, mercados, preços, tecnologias e etc., bem como a distração não teriam sentido se não existisse uma intenção por parte da agência ou instituição que informa ou que decide proporcionar entretenimento. Informar por informar ou distrair por distrair não se dão sem intenção em nenhum sistema social. (Friedrich, 1988, p. 41). Em 1985, o extensionista oriundo da EMBRATER, Odilo Antonio Friedrich, propõe objetivos para a comunicação rural, entre eles o de incrementar os conhecimentos técnico-científicos, econômicos e sócio-culturais dos produtores, com vistas a promover as modificações estruturais e comportamentais requeridas para o desenvolvimento rural. 38 Diretor técnico Suimar Bressan, Odilo Friedrich, Paulo Rodrigues, José Inácio, Eduardo Bicca, Nara Todt e o presidente Clóvis Schwertner, no lançamento do livro na biblioteca da EMATER/RS-ASCAR, em Porto Alegre/RS. A contribuição de Friedrich veio em forma de uma publicação intitulada Comunicação rural: proposição crítica para uma nova concepção. Os extensionistas começaram a utilizar a comunicação de forma estratégica, esta passou a fazer parte do grupo de soluções disponíveis para superar aspectos problemáticos das realidades locais. Para cada situação uma forma de comunicar, um tratamento da mensagem diferenciada, de acordo com o nível de conhecimento, desejos e aspirações do destinatário. 2.4 O audiovisual e os multimeios educativos Ainda nos anos 80, a EMATER/RS começou a investir em uma estrutura Central de comunicação com ramificações nos cinco Regionais existentes: Pelotas, Porto Alegre, Santa Maria, Passo Fundo e Santa Rosa. Cada Região recebeu uma unidade móvel dirigida por um operador de audiovisuais. Nascia uma nova função na comunicação, um profissional capacitado para operar equipamentos e irradiar mensagens. As kombis dos regionais eram veículos munidos de gerador de energia, alto-falantes, gravador de som, projetor de slides, projetor de cinema, amplificador de som, microfones, toca discos e o prático e inseparável megafone. 39 Nas comunidades rurais quando chegavam as Kombis chegava a tecnologia, em reuniões com grupos pequenos ou grandes ao abrir a “mala preta” (mala de madeira forrada com couro preto, com toca fitas e projetor de slides) abria-se a novidade. Nas comunidades sem energia elétrica era um momento mágico, as pessoas não tiravam os olhos da tela, o extensionista rural via sua tarefa de ensinar, comunicar mais facilitada. Unidade móvel com equipamentos recepcionando participantes em Dia de Campo Nesta época o Escritório Central produzia o audiovisual sonorizado, um conjunto de slides onde a imagem parada de forma seqüencial e sincronizada com o áudio (narrativa) mostrava os problemas e encaminhava alternativas de soluções propostas pela extensão rural. Os audiovisuais sonorizados eram os principais insumos de comunicação e suporte para as reuniões extensionistas. O grande dilema, que na verdade não chegava a ser um problema era de cunho pedagógico e metodológico: passar o audiovisual antes ou depois da exposição técnica? A dúvida surgiu em virtude da expectativa criada pelo “filme da Emater”, a qualidade de produção, fotografia e áudio eram tão convincentes, que o audiovisual passou a ser, em algumas situações, a atração principal. Digo isso por experiência própria, e por ter sido operador de unidade móvel, fase decisiva na vida e na opção pela comunicação social – jornalismo. Atrair, prender a atenção dos agricultores e despertar neles interesse pelo assunto em pauta, era função primeira do audiovisual. Olhar o produtor como a figura central no processo de aprendizagem. “Uma mensagem deve atingir o homem como um todo. O audiovisual utilizando elementos básicos como a palavra, a imagem 40 e o som, em suas diversas combinações, cria sem dúvida condições para a mais completa comunicação humana” (Diniz 1985, p. 01). A produção de audiovisuais sonorizados foi apenas um dos legados comunicacionais do sociólogo Raimundo Diniz, o cearense deixou na Emater/RS extensa contribuição sobre o uso de multimeios educativos e estruturação da comunicação na extensão rural gaúcha. Um toque de qualidade na comunicação faz uma grande diferença, Diniz preconizava os multimeios educativos como uma forma de representar a realidade na forma mais real possível ao produtor. Um recurso/meio/instrumento capaz de codificar e ser decodificado pelo receptor da mensagem, através do vídeo, som, imagens ou fotografia. E, por trás da criação de qualquer audiovisual, há uma preocupação constante na busca do equilíbrio entre o conteúdo e a forma dos assuntos trabalhados: na simplicidade, honestidade, realismo e precisão. E, acima de tudo um profundo respeito à pessoa mais importante para a extensão rural, o AGRICULTOR – nosso público. (Diniz, 1985, p.01) Nesta concepção, ressalta Diniz, de nada adiantam os multimeios educativos se o comunicador I (apresentador) que possui um conhecimento, um saber, não esteja instrumentalizado ou codificado a mensagem que será decodificada pelo comunicador II. “Este diálogo deve ser estimulado, compreendido e vivenciado por ambos para que a comunicação cumpra sua verdadeira função”. Raimundo Diniz realizou estudos sobre os multimeios educativos. 41 No início dos anos 90, surge o projeto Nova Estrutura de Comunicação – Um Instrumento de Trabalho e Administração, finalizado por Raimundo Diniz e José Mário Guedes. A equipe de trabalho contou também com a participação dos comunicadores: Luciano Almeida, Rogério Antunes, José Rodrigues e Sérgio Batsow. O projeto começou por iniciativa da Diretoria da EMATER/RS, que percebeu a importância da comunicação para a extensão rural na interação com seus públicos. O objetivo geral foi a unificação das áreas da comunicação, na época dispersa em quatro unidades diferentes na estrutura organizacional. Entre os objetivos específicos o projeto indicava para a implementação de uma estrutura ágil, mais enxuta, desburocratizada, com liberdade de ação, acesso direto aos canais de decisão para coordenar ações de comunicação/metodologia em nível central, regional e municipal. O trabalho preparou os extensionistas rurais e os comunicadores para o futuro, com bases conceituais e tecnológicas fortes na transição para uma nova era. 2.4.1 Conceitos e considerações sobre multimeios e métodos A EMATER/RS possui um grupo de profissionais das áreas técnica, planejamento, recursos humanos e comunicação trabalhando constantemente no acompanhamento, avaliação e processamento das informações, com objetivo promover capacitações aos novos empregados e atualização dos conhecimentos aos que trabalham na instituição. Os multimeios são entendidos como instrumentos de apoio às apresentações extensionistas, com vistas a uma melhor didática. Levando em consideração, que as pessoas captam as mensagens de diferentes modos ao utilizar os sentidos que mais favorecem o aprendizado, especialmente pela visão e a audição. A eficiência dos diversos métodos de ensino da Extensão Rural é avaliada a cada estágio do processo de desenvolvimento, a começar pelo diagnóstico, priorização, planejamento, execução, adoção e avaliação. A escolha de um determinado método deve levar em conta também, o tempo de aprendizagem, pois ele não acontece em uma mesma velocidade. “É provável que alguns agricultores(as) estejam em um determinado estágio de experimentação de uma nova 42 prática e querendo conhecer os detalhes de como fazer, enquanto outros(as) estão apenas inicialmente interessados”, Pereira (2009, p.7). Cabe ao extensionista rural, em sua rotina de trabalho, identificar qual a metodologia mais adequada, sempre considerando o público e os recursos disponíveis. A publicação mais recente, coordenada pelo engenheiro agrônomo Marcos Newton Pereira, trata dos “Métodos e Meios de Comunicação em Extensão Rural”. O trabalho teve a participação de um grupo de apoio técnico: Adriane Cauduro, Celso de Almeida Freitas, Marcelo Porto Nicola, Maria de Lurdes Sbroglio, Maureen Spanenberg, Paul Heinz Krahenhofer (in memorian) e este autor. Destacamos alguns métodos da publicação, entre eles aqueles que são dirigidos a um número limitado de pessoas, mas não menos importantes, pois fazem parte do cotidiano extensionista. Os métodos individuais, Pereira (2009, p.9), “São aqueles que objetivam atender as pessoas individualmente. Os métodos individuais, embora sejam de menor abrangência, são importantes para o extensionista no conhecimento que se deve adquirir da comunidade e na confiança, que poderá ganhar dos líderes do público rural, além de ser de grande eficiência no aprendizado”. Por sua vez, os métodos grupais são aqueles que visam atender grupo de pessoas e proporcionam troca de idéias entre grupos e o extensionista. Conceitos dos métodos individuais e grupais: Visita É um método importante da extensão, que fornece um meio de comunicação pessoal entre a família rural e o extensionista, em um ambiente onde eles podem discutir assuntos e trocar informações em privacidade, sem distrações e interrupções. A visita envolve uma ação planejada, visando a execução da programação do trabalho de Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER. Contato É um método não planejado, que ocorre em situações imprevistas e em diferentes locais, seja na sede, no escritório ou no campo, em que o técnico troca informações e esclarecimentos com o público relacionado ao trabalho de ATER. O público atingido nos contatos é bastante diversificado, podendo ser formado de pessoas ligadas diretamente, ou indiretamente, ao plano de trabalho. 43 O contato em um atendimento no Escritório pode acontecer pelo interesse de um visitante por algo, na expectativa que a equipe de extensionistas tem a oferecer. O atendimento de Escritório é mais cômodo por não ter deslocamento à propriedade, mas nem sempre a pessoa que visita fica à vontade. O produtor prefere, na maioria das vezes, receber o técnico na propriedade. Um registro cuidadoso do atendimento do Escritório fornece uma base para o seguimento da atividade de extensão. O contato num atendimento ao telefone serve a um propósito semelhante ao atendimento do escritório. Embora o contato face a face esteja impossibilitado, os telefonemas têm a vantagem de poderem ser iniciados pelo agricultor ou pelo extensionista. Os telefones são proveitosos no pedido e transmissão de informação especifica, tal como o tratamento de uma doença conhecida, ou para pedir uma publicação. Entrevista É um método realizado no escritório, sede e campo, em que o extensionista tem como objetivo conhecer situações e fatos, identificar problemas, e avaliar o trabalho. Deve ser planejada com todo o cuidado e bem conduzida. Entrevista semi-estruturadas Trata-se de uma entrevista que é guiada por 10 a 15 perguntas-chave determinadas previamente. Esta ferramenta facilita um ambiente aberto de diálogo e permite que a pessoa entrevistada se expresse livremente, sem as limitações criadas por um questionamento. A entrevista semi-estruturada pode ser realizada com pessoas líderes ou de prestígio nas localidades. Reunião É um método de trabalho planejado, realizado junto a um público que possui interesses e objetivos comuns. Tem a finalidade de introduzir ou melhorar técnicas; transmitir informações a um grande número de pessoas ao mesmo tempo; planejar o trabalho; proporcionar troca de conhecimento e experiências; promover a organização comunitária; e/ou motivar o público a ser trabalhado. As reuniões podem ser distinguidas pelo número de pessoas envolvidas e conforme seu objetivo. Tem-se a reunião técnica que visa transmitir conhecimentos e motivar mudanças de hábitos e ati44 tudes, sendo desenvolvida pelo técnico com o auxílio de recursos audiovisuais. Numa reunião técnica poderemos utilizar técnicas de dinamização e caberá ao técnico selecionar a forma mais adequada para o assunto, em função de seus objetivos e do público que participará do evento. Tem-se a reunião prática com alguma demonstração técnica do assunto em pauta. Esta é um tipo de reunião que visa transmitir conhecimentos e desenvolvimento de habilidades, oportunizando aos beneficiários da ação a condição de “aprender a fazer, fazendo”. As reuniões práticas têm como finalidade, entre outras: introduzir práticas não conhecidas; ou melhorar o uso das práticas já existentes no meio de trabalho. A reunião pode ser também com ênfase na dinamização e articulação do grupo trabalhado. É um tipo de reunião, mediante a qual o extensionista procura estimular a criatividade de um grupo de pessoas, para identificação de problemas e necessidades, buscando soluções e a tomada de decisões para a ação, incluindo, necessariamente, a troca de informações e debates. Demonstração de técnica ou método A Demonstração de Técnica ou de Método promove o desenvolvimento adequado de uma técnica conhecida e comprovada pela pesquisa, dado em forma objetiva pelo agente de extensão ou técnico especialmente preparado, para um grupo de pessoas, com a finalidade de desenvolver destrezas e habilidades, procurando que os beneficiários de ação “aprendam a fazer fazendo”. Conferência É uma reunião planejada, formal, com periodicidade prevista, no qual, em uma única sessão, um conferencista apresenta um tema específico a um público com interesses comuns. Convenção ou encontro É uma reunião envolvendo um grupo grande de pessoas, que se reúne para discutir problemas de interesse comuns, utilizando combinações de outros métodos, como palestra, fórum e painel durante um ou mais dias. Ele é utilizado para explorar ou tentar soluções para um problema ou decidir sobre uma linha de ação. 45 Fórum É um método em que um especialista disserta sobre um assunto previamente determinado, seguido por discussão, onde os presentes podem participar. Ele é comumente utilizado quando se tem um problema, que deve ser explorado pela audiência, ou para atualização dos informes e análises recentes, interpretações de fatos e esclarecimentos a respeito de pontos de controvérsia. Painel É um método em que 4 a 8 pessoas, conhecedoras de um assunto, discutem informalmente, sob a direção de um coordenador, diante de um auditório, apresentando seus pontos de vista. O painel ajuda a audiência a analisar os diversos aspectos de um problema, pois os painelistas normalmente são profundos conhecedores do tema em debate, e costumam apresentar pontos de vista antagônicos. O painel não tem como fim chegar a solução para o assunto, embora possa levar a conclusões que conduzam a uma solução. Os assuntos mais adequados a esta técnica são os de interesse comum, as matérias de controvérsia e aqueles em que é oportuno o desenvolvimento de idéias. Palestra ou preleção É um método em que o orador disserta sobre um assunto cuidadosamente elaborado e previamente determinado, perante um grupo de pessoas. A palestra é utilizada para apresentar informações, de modo a esclarecer pontos de controvérsia, informar e analisar fatos, explorar facetas de um problema. Seminário Seminário é um método planejado de aprendizagem ativa, em que um grupo de pessoas se reúne em sessões previamente programadas, para estudar um tema de interesse comum, em busca de solução de problemas, sob a direção de um coordenador. Usa-se para possibilitar o aprofundamento das discussões em torno do problema e alcançar maior objetividade nas conclusões. Pode-se dividir o tema do seminário em partes ou sub-temas. A divisão deve ser feita em função dos objetivos de trabalho da organização promotora e dos problemas existentes sobre o tema, os quais devem ser esclarecidos e solucionados durante o desenvolvimento da atividade. 46 Simpósio É um método em que, um grupo de especialistas, ou profundos conhecedores de um assunto, sob a direção de um coordenador, apresenta a uma audiência uma série de breves palestras, numa sequência de diferentes aspectos de um mesmo problema. A duração do simpósio pode ser de um ou vários dias, de acordo com o tema escolhido. O método permite uma exploração das idéias de forma sistemática, relativamente completa e ininterrupta. O simpósio deve ser utilizado quando se deseja apresentar informações básicas sobre determinado assunto, quando não há necessidade de interação entre os participantes; e se deseja prestar informação de forma direta e informal. O trabalho diário dos extensionistas na utilização dos métodos individuais e grupais, pode ecoar nos meios de comunicação de massa, sendo esses também poderosas ferramentas de apoio aos serviços de Extensão Rural. Pereira (2009, p.19) “São classificados em sonoros (telefone e rádio), escritos (jornais e revistas), audiovisual (televisão e cinema). Em seu uso múltiplo constituem a multimídia e a hipermídia”. Denomina-se de multimídia a utilização de diversos meios simultaneamente e hipermídia a reunião de vários meios em um único equipamento. Estes meios de comunicação visam atingir as pessoas em massa, isto é, um número significativo e indeterminado de pessoas. Eles não permitem o contato direto entre o extensionista e seu público, mas apresentam um custo unitário bastante baixo pelo grande número de pessoas atingidas e pela rapidez com que as mensagens chegam até ao público. Prestam-se para estimular interesses, criar ansiedade e atrair a atenção. Serão descritos como métodos ou meios massais, os seguintes: Rádio; Televisão; Filmes; Jornal; Artigo especializado; E-mail; Website; Rede Mundial de Computadores; Comunicador instantâneo ou Ferramenta de chat. Rádio É um método massal que atinge todos os destinatários, até mesmo os analfabetos, chegando aos lugares mais longínquos, onde outros meios de extensão não conseguem chegar. O rádio é menos dispendioso, tanto para o agricultor como para quem faz os 47 programas de extensão, e é mais susceptível para os agricultores captarem e assimilarem a informação. Televisão É um meio de comunicação audiovisual de massa por excelência, mas pode ser usado em grupos de todos os tamanhos. A junção do poder da imagem com o poder das palavras transmite a informação com mais força e com maior autenticidade. Em um programa de televisão usam-se combinações de vários meios de comunicação visual e audiovisual, com elementos projetáveis ou não. Atinge um elevado número de agricultores com baixo custo dos contatos entre informador e agricultor. Observa-se muito boa susceptibilidade por parte dos agricultores para captarem e assimilarem a informação. Filmes ou DVD Os filmes de cinema na forma de DVD podem ser usados em várias circunstâncias, motivadoras ou de complementação a informação extensionista, dependendo das possibilidades do apresentador, público, local, etc. Jornal Quer nas grandes cidades, quer nos pequenos centros, o jornal é um ótimo veículo divulgador de fatos e coisas. Nas pequenas cidades, cada número novo de jornal é uma fonte de informações preciosas. Uma notícia é uma informação breve, objetiva e impessoal sobre algo que tenha acontecido recentemente, que está acontecendo, ou está por acontecer. Quando se escreve uma notícia para um jornal, deixa-se os fatos, e não uma opinião pessoal, servindo, assim, de base para que o leitor forme a opinião própria. Artigo especializado O artigo especializado é de grande utilidade para o extensionista. Pode ser usado para dar publicidade a uma organização, lançar um ideia nova, ou uma prática aconselhável. Os extensionistas freqüentemente usam o artigo especializado para conseguir que os agricultores adotem novas práticas. Por exemplo, um agrônomo pode oportunizar certo número de produtores a adotar práticas de conservação do solo, através de uma série de artigos de jornal. Correio Eletrônico O correio eletrônico ou e-mail é um serviço disponível na In48 ternet que possibilita o envio e o recebimento de mensagens desde que conectado a um provedor, local, regional, estadual ou nacional. Essas mensagens podem conter texto ou imagens, muitas vezes em arquivos a ela anexados. Quando o destinatário ler a mensagem, poderá copiar para o seu computador os arquivos que lhe foram enviados. O e-mail para o serviço de extensão rural tem um potencial de crescimento impressionante, com recursos e possibilidades superiores às correspondências tradicionais e a carta circular. Para comunicação interna institucional e entre parceiros é muito utilizada, mas ainda esbarra no pouco acesso dos agricultores a este serviço digital, pois é necessário estar conectado à internet para receber e enviar as mensagens eletrônicas. A leitura e a resposta podem ser feitas com a conexão desligada, desde que se tenha aberto e respondido a mensagem com o computador conectado ao provedor, entretanto um computador pessoal é fundamental. Wesite Um website, site ou sítio é um conjunto de páginas virtualmente localizado em algum ponto da Web. As páginas num site são organizadas a partir de um URL básico, onde fica a página principal, e geralmente residem no mesmo diretório de um servidor. As páginas são organizadas dentro do site numa hierarquia observável no URL, embora as hiperligações entre elas controlem o modo como o leitor percebe a estrutura global, modo esse que pode ter pouco a ver com a estrutura hierárquica dos arquivos do site. Um site normalmente é o trabalho de um único indivíduo, empresa ou organização, ou é dedicado a um tópico ou propósito em particular. Ele é um dos instrumentos de publicidade mais eficientes que existem, servindo de apoio a campanhas de publicidade de outros meios de comunicação como o rádio, televisão, jornal, placas, folhetos, etc., Um website pode constituir um empreendimento completo ou parcial prestando serviços, vendendo produtos ou simplesmente informando com custos reduzidos em relação ao negócio “não virtual”, como acontece com o Portal Vitrine Rural. Comunicador instantâneo ou ferramenta de chat O comunicador instantâneo ou ferramenta de chat, também conhecido por IM (do inglês Instant Messaging), é uma aplicação que permite o envio e o recebimento de mensagens de texto em 49 tempo real. Através destes programas o usuário é informado quando algum de seus interlocutores, cadastrado em sua lista de contatos, está on-line, isto é, conectou-se à rede. A partir daí, eles podem manter conversações através de mensagens de texto as quais são recebidas pelo destinatário instantaneamente. Normalmente estes programas incorporam diversos outros recursos, como envio de figuras ou imagens animadas, conversação em áudio - utilizando as caixas de som e microfone do sistema, além de vídeo conferência (webcam). Blog Conceitua-se como Blog a contratação do termo “web log”. É também chamado de blogue, e consiste num site estruturado, onde se faz a atualização rápida de textos e imagens. Estes, em geral, organizados de forma cronológica, tem como foco uma temática definida. Muitos blogs fornecem comentários ou notícias sobre um assunto em particular, outros funcionam como diários on line. Videoconferência ou teleconferência São meios de transporte de sinais entre o ponto gerador do sinal de um programa e o ponto receptor. São estruturas montadas para produção de sons e imagens na qual podem ser mostradas em tempo real uma prática, entrevista ou vídeo para uma sala ou auditório, com equipamentos próprios para recepção do sinal. 50 Parte III 3 Do megafone ao sítio A evolução dos meios de comunicação trouxe a necessidade de permanente atenção do extensionista rural às mudanças de comportamento da sociedade e particularmente do público rural. As tradicionais formas de mediação, pontes ou suportes para comunicar são constantemente superadas, por equipamentos modernos que causam fascínio e espanto pelas facilidades da tecnologia. O megafone (do grego megas “grande” e fone “voz”) é um aparelho em forma de cone utilizado para amplificar sons. Sua principal qualidade é não necessitar de uma estrutura de som completa (microfone, amplificador ou alto-falante), pois é portátil. O megafone pode ser considerado um equipamento símbolo na vida do extensionista rural. Utilizado geralmente em dias de campo para irradiar mensagens, organizar grupos, informar, comunicar, o megafone a exemplo de outros meios, sempre teve pessoas como protagonistas. Outros meios de comunicação foram utilizados por pioneiros da extensão: flanelógrafo, imanógrafo, álbum seriado, diapositivos, flip chart, retroprojetor, gravador de fita entre outros. Junto a estes encontramos a grande contribuição dos meios de comunicação de massa, especialmente o rádio, a televisão e na contemporaneidade a internet. Megafone para ampliar o som — Comunicação: microfone e álbum seriado em Dia de Campo Sendo o conceito de interação oriundo de épocas remotas, o mesmo não acontece com o conceito de interatividade, que surge com o desenvolvimento da informática. Montez (2005, p. 49) coloca uma questão por ele mesmo respondida: Interação é o mesmo que 51 interatividade? “Não. A interação pode ocorrer entre dois ou mais atuantes, ao contrário da interatividade, que é necessariamente intermediada por um meio eletrônico”, referindo-se ao computador. Justifico tal questionamento para marcar o capítulo da evolução do extensionista rural, o qual deflagrou processo de interação com ele mesmo e com os outros, para depois estender a comunicação do megafone ao sitio, até chegar à era da interatividade. Os meios de comunicação de massa são ferramentas que estão à disposição da extensão rural e são freqüentemente utilizadas pelos agentes, quando se pretende dar ampla divulgação dos resultados de trabalho. As ferramentas de apoio podem ser classificadas em meios sonoros (telefone e rádio), escritos (jornais, boletins e revistas) e audiovisual (televisão e cinema). Em seu uso múltiplo constituem a multimídia – utilização de diversos meios simultaneamente (rádio, televisão e jornal) e a hipermídia, a reunião de vários meios em um único equipamento (Exemplo: Sitio da Emater/RS). Os meios de comunicação de massa visam atingir um número significativo e indeterminado de pessoas. Por suas características não permitem o contato direto do extensionista com o seu público, mas possuem um custo-benefício muito baixo, visto que as mensagens chegam a um número muito grande de pessoas, com rapidez e eficiência. Os meios massais utilizados pela extensão rural são: rádio, televisão, jornal, e-mail, website, rede mundial de computadores, comunicador instantâneo ou ferramenta de chat. 3.1 A comunicação na era da informação O uso de métodos e meios de comunicação mais apropriados sempre esteve presente na EMATER/RS-ASCAR. O principal objetivo é superar barreiras de comunicação com os diversos públicos trabalhados: índios, quilombolas, pescadores artesanais, assentados da reforma agrária, agricultores familiares, jovens rurais, mulheres rurais, idosos, agricultores em geral e demais segmentos da sociedade. Neste contexto, a extensão rural gaúcha utiliza através dos tempos, de um arsenal metodológico capaz de fazer chegar a informação de forma rápida, clara, objetiva e precisa, qualidades inerentes a boa comunicação. 52 3.1.1 A visibilidade pela assessoria de imprensa Os atuais dez Escritórios Regionais (Porto Alegre, Pelotas, Santa Maria, Bagé, Caxias do Sul, Passo Fundo, Erechim, Santa Rosa, Lajeado e Ijuí) possuem uma estrutura mínima de comunicação, com a presença de pelo menos um jornalista. É justamente o jornalista, a personagem central da mudança para uma nova era na extensão rural gaúcha, coincidindo com a virada do milênio. A principal função da Assessoria de Imprensa é dar visibilidade a instituição e promover a aproximação aos veículos de comunicação. Para isso, os jornalistas produzem releases e distribuem à imprensa através do mailing (lista de veículos). Os releases são matérias jornalísticas, que podem ser publicadas ou servir como sugestão de pauta à imprensa. A EMATER/RS-ASCAR é notícia e sempre fonte de informação prestigiada, porque ao longo de sua existência construiu credibilidade. Onde quer que exista uma comunidade no Rio Grande do Sul, existe também um extensionista rural. Estes são freqüentemente chamados a falar em nome da instituição. A assessoria de imprensa do Escritório Central, juntamente com os jornalistas dos Escritórios Regionais criou instrumentos para auxiliar os extensionistas. Relaciono as “Dicas para facilitar o contato entre os empregados da Ascar-Emater/RS e os veículos de comunicação”. “* Ao conceder uma entrevista, nos tornamos a imagem da instituição. Por isso, a responsabilidade de quem atende o repórter é muito grande. Seja claro e objetivo nas respostas, certificando-se de que a informação foi bem entendida, evitando riscos de distorção. Evite termos técnicos. * Antes de conceder uma entrevista, deve-se estar preparado e bem informado sobre o assunto, especialmente se for uma entrevista ao vivo. * No caso de entrevista na TV ou quando há fotógrafo, use pin ou boné da instituição (quando for em lavouras), divulgando a logomarca. * Não há perguntas indiscretas, só respostas. Nunca responda: Nada a comentar. * Tudo que for dito para um jornalista pode ser publicado. Por isso, evite passar informações que não podem ser publicadas, o chamado 53 off. Quando achar que o off é necessário, avalie previamente com a assessoria de imprensa. * Seja pontual. * Seja agradável, sem bajular. * Nunca peça para ver o texto antes de ser publicado, nem mesmo para o repórter repetir as respostas durante a entrevista. Se achar necessário, repita as informações mais importantes para garantir a total compreensão da resposta. * Se a matéria for publicada com algum erro, o assessor de imprensa deve ser acionado para contatar o repórter em busca da reparação. * Procure ocupar o espaço de opinião que os jornais oferecem através da produção de artigos. * À assessoria de imprensa cabe avaliar se é pertinente para a instituição atender a solicitação de entrevista. Da mesma forma deve ser avaliado o uso de notas oficiais, principalmente em momentos de crise. * Mantenha contato freqüente com a imprensa local”. (Brixius 2003, p.06) A comunicação precisa ser tratada em todos os níveis, para falar a sociedade é necessário ajustar dentro, saber quem somos, o que podemos e para onde vamos. O caminho para chegar a algum lugar começa pelo entendimento da missão e comprometimento de todos, assim a comunicação interna é tão ou mais importante quanto falar para fora. Produzir informação qualificada para os meios de comunicação de massa ou simplesmente um boletim interno é uma responsabilidade cumprida com muita eficiência pelos jornalistas da EMATER/RS-ASCAR. Graças a este trabalho, anteriormente relegado ao segundo plano, a instituição passou a ser a mais lembrada pela sociedade quando perguntada sobre agricultura, assistência técnica e extensão rural. 54 Reunião com jornalistas das assessorias regionais para nivelamento de ações A produção de notícias ou a produção para a massa é para Baldessar (2003, p. 27) “...resultado do trabalho dos jornalistas que está inserido na trama social, que possui múltiplas determinações: a classe social, o mercado, a lógica do lucro, entre outros. A atividade dos jornalistas é, pois, uma atividade de comunicação entre os sujeitos, mas esta atividade se realiza a partir de certo tipo de práticas produtivas e dos valores e rotinas organizadas socialmente”. O jornalista é possuidor de um conjunto de competências capazes de dar conta do conjunto de atribuições de ordem institucional, assim como acontece na EMATER/RS-ASCAR, onde a assessoria regional executa múltiplas funções (produção de textos, criação a arte, locução para rádio, reportagem para televisão, protocolo, cerimoniais, clipagem, fotografia, cinegrafismo e tudo mais que se relaciona a comunicação). 3.1.2 O rádio no sítio e para o mundo “A qualquer hora, em qualquer lugar”, o slogan representa a importância do rádio, como uma ferramenta poderosa de comunicação. Os programas de rádio produzidos pelos comunicadores da EMATER/RS-ASCAR possuem mais de 30 anos, veiculado nas principais emissoras do Estado, entre elas Rádio Gaúcha AM e Rádio Guaíba AM. Os programas são gravados diariamente e possuem duração e formatos diferentes: Programa da Emater, Recados da Emater, Ter55 ra e Gente, Campo e Lavoura, Rádio na Extensão Rural, Comentário Técnico da Emater, Boletins da Emater e Rio Grande Rural. Comunicadores sociais gravando com, técnicos, produtores e personalidades que marcaram o cenário rural. A foto, que ilustra a gravação de um programa de rádio, representa o pioneirismo da EMATER/RS-ASCAR no uso do meio, o trabalho afinado dos diversos profissionais da área, a passagem de conhecimentos para os mais novos e a constante evolução tecnológica. Atualmente os programas são disponibilizados no sitio. A característica do rádio como meio de comunicação representa para a extensão rural uma possibilidade impar de comunicação com a sociedade e principalmente com os assistidos. Os produtores rurais possuem o hábito de ouvir as informações pelo rádio, inclusive quando estão trabalhando, isso facilita a comunicação dos extensionistas com seu público. A importância do rádio deve-se principalmente a capacidade impar de multiplicar mensagens, no caso da EMATER/RS, levando a informação para milhares e milhões de pessoas. O uso do rádio como método de comunicação na extensão rural multiplica de forma imensurável o raio de ação do extensionista. O meio possui a capacidade de superar barreiras geográficas e os níveis de instrução, até mesmo os não alfabetizados podem compreender as mensagens. Com frio, calor, chuva, sol, geada... em qualquer tempo, rádio motiva, ensina, vende idéias. É um aliado do extensionista e companheiro do produtor. 56 3.1.3 A Emater/RS entra na sua casa pela TV A característica da televisão como meio de divulgação, que combina som e imagem, possui a propriedade de transmitir a mensagem na sua forma mais literal, sendo desta forma, um importante veículo de comunicação com a sociedade. Embora a televisão tenha chegado ao Brasil na década de 50, somente em meados dos anos 70, a programação destinada ao público rural teria início no Rio Grande do Sul. O programa Campo e Lavoura da RBS TV, afiliada da Rede Globo, foi o primeiro a tratar de assuntos relevantes para a população rural. Mais tarde, em 1980, a própria Rede Globo estreava um programa em nível nacional: o Globo Rural. Os dois programas, ainda hoje, ocupam as primeiras horas das manhãs de domingo. 3.1.4 O programa Terra Sul Em 1993 surge o Terra Sul – Produzido pela parceria EMATER/ RS-ASCAR (Regional de Pelotas) e EMBRAPA (Clima Temperado), o programa trata de questões da agropecuária regional, e mostra aos telespectadores as ações da extensão rural e a pesquisa agropecuária. Mesmo direcionado ao produtor rural, a comunidade acadêmica e o público urbano semanalmente recebem informações sobre as tecnologias, os métodos de produção e notícias sobre os eventos regionais. Parceria EMATER/RS – EMBRAPA, em 1996 e renovação da equipe com acadêmicos de jornalismo, em 2010. O Terra Sul teve sua estréia no primeiro domingo de março de 1993, na Rede Pampa, afiliada na época do SBT. O jornalista Roberto Engelbrecht foi o primeiro apresentador do programa e a primeira 57 reportagem foi “A cultura do feijão em Piratini”, produzida e apresentada por esse autor. Neste período respondia pela comunicação regional da EMATER/RS-ASCAR e juntamente com o jornalista Antônio Heberlê da EMBRAPA foi idealizado e colocado no ar, em televisão aberta, um programa produzido por profissionais da pesquisa e extensão rural. Outras emissoras começam a olhar de forma diferente para o público rural e novos programas, inclusive canais com programação direcionada para o agrobusines. Caso específico do Canal Rural, que em 1996 passa a transmitir técnicas, aspectos econômicos e sociais ao setor rural. Neste mesmo ano surge outra iniciativa da parceria EMATER/RS-ASCAR (Regional Pelotas) e EMBRAPA (Clima Temperado), o programa “Gente da Terra”, na RBS TV Sucursal de Pelotas, o programa tinha duração de 15 min. e ficou 14 meses no ar. O Terra Sul continua até hoje no ar e atualmente é exibido aos domingos na TV Nativa-Pelotas/RS, afiliada da Rede Record. 3.1.5 O Programa Rio Grande Rural Desde novembro de 1998 no ar, o Rio Grande Rural é reconhecido pelo público rural e urbano em diversas regiões do Estado e do País, por convênios de veiculação nos canais por cabo e televisão aberta em dezenas de emissoras conveniadas. Na TVE/RS, o programa disputa os primeiros lugares em audiência, na Rede Vida de Televisão, o Brasil conhece a tecnologia gerada pela Extensão Rural gaúcha e nos Canais Universitários o campo fica mais perto da cidade e da academia. O Rio Grande Rural é um programa de TV produzido pela Gerência de Comunicação da EMATER/RS-ASCAR, com duração de 54 minutos. A base editorial do programa é o trabalho desenvolvido pelos extensionistas e públicos prioritários da Extensão Rural: agricultores familiares, pescadores artesanais, comunidades indígenas e quilombolas. Prioriza o desenvolvimento rural sustentável, abrangendo tecnologias de produção agropecuária, comercialização, turismo rural, saneamento básico, aproveitamento integral dos alimentos, educação, juventude rural, organização social. A linha editorial não se limita à produção agropecuária, também enfoca ações da diretoria e valoriza o resgate das culturas das diferentes etnias que formam o povo do Rio Grande do Sul. 58 Apresentadores do programa em 2002 e novo estúdio, sem bancada e estilo despojado em 2010. O enfoque do Rio Grande Rural é centrado na organização comunitária, no associativismo e na solidariedade. O programa também divulga e informa à comunidade sobre tecnologias agropecuárias e gestão agrícola voltadas ao desenvolvimento rural. O Rio Grande Rural conta com uma equipe de TV no Escritório Central (jornalistas, cinegrafistas, editores e estagiários de cursos de comunicação social) e estruturas descentralizadas nas dez regiões administrativas. Cada semana uma reunião de pauta define os assuntos de cada edição do programa, de acordo o calendário agrícola, informações aos produtores (preços agrícolas, mercados, crédito rural, eventos, campanhas, etc.) e com as demandas dos extensionistas, as quais são, na maioria das vezes, a divulgação dos resultados do Plano Anual de Atividades. Quanto ao formato, o Rio Grande Rural é dividido em quatro blocos de 13h30min em média, com três intervalos. É uma revista semanal para televisão, com reportagens técnicas-educativas, entrevista com especialistas e técnicos da área, cotações (grãos, carnes, hortigranjeiros, leite), fatos da semana, agenda de eventos que ocorrem no Estado. O último bloco é destinado à apresentação de uma receita, normalmente mostra o regate da culinária regional, com o objetivo de valorizar o aproveitamento integral de alimentos. Antes de terminar o programa tem a sessão de cartas e e-mail’s, os apresentadores respondem a perguntas, esclarecem dúvidas, retribuem agradecimentos e enviam recados. 59 Reportagens de campo mostram atividades dos agricultores familiares. As comunicações recebidas dos telespectadores indicam que as mensagens do Rio Grande Rural são úteis para o cotidiano das pessoas, e que essas se identificam com a proposta do programa rural de TV determinado a mostrar de forma simples e direta, o cotidiano do meio rural, no tempo e na linguagem pela qual se identificam. As comunicações também mostram a tradição do meio rural de escrever cartas, do seu jeito, com o próprio punho. E a mudança dos tempos, com a inclusão digital através da internet nas comunidades do meio rural. O programa de televisão Rio Grande Rural recebe cartas de todo o Brasil Recentemente a equipe do programa Rio Grande Rural teve seu trabalho reconhecido durante a realização, em setembro de 2010, do II Festival Nacional de Cinema e Vídeo Rural em Piratuba/SC, com o troféu de Melhor Reportagem de TV na categoria Causa Ambiental, com a matéria Agricultura Biodinâmica, feita pelo jornalista José Mário Guedes e pelo cinegrafista José Carlos Martins Cabral. O Festival reuniu 123 produções audiovisuais de 21 estados brasileiros. 60 Parte IV 4 O Sítio O mundo virtual carrega em si uma conotação de que não é real, de que virtualidade é uma coisa e realidade é outra. A reprodução de tudo que existe no mundo concreto pode ser entendida como realidade virtual. O encantamento da rede mundial de computadores liga o planeta e a informação virtual torna-se real em segundos. Em meados do ano de 2008, o Brasil superava a marca de 50 milhões de computadores pessoais com acesso à internet, a rapidez da informação passou a ser a qualidade mais buscada, principalmente pelos jornalistas. Para Siqueira (2008, p. 131), o mundo tinha aproximadamente 1,8 milhão de internautas. Toda essa expansão chamou a atenção das instituições sociais que vislumbraram possibilidades infinitas de falar com seus clientes, fornecedores, público alvo, etc. Cada vez mais era necessário ser um ponto, mas que ponto! Conectado com o mundo, capaz de ser encontrado por milhões. Na internet, os sítios são poderosos instrumentos de publicidade, talvez os mais importantes que existem. Servem de apoio para outros meios de comunicação como rádio, jornal, televisão, produção de folders, cartazes, revistas e etc. Siqueira (2008, p. 219), define sítio ou site como: “Conjunto de páginas e outros conteúdos reunidos na internet sob um endereço. Também chamado de website”. Tecnologia, palavra tão peculiar Extensão Rural possui velocidades que aceleram com o passar do tempo. Até mesmo o homem do campo, teve sua vida pacata invadida pelos bit’s. As mudanças tecnológicas mais significativas para a humanidade começam com válvula eletrônica (1906), o rádio (1920), a televisão (1926), o computador (1946), o transistor (1947), os satélites (1957), as fibras óticas (1966), o celular (1981) e a internet (1990). A quebra de paradigmas foi constantemente necessária desde a criação da ASCAR (1955) até a definitiva inclusão digital da EMATER/RS-ASCAR (2010). O investimento em tecnologia é um constante desafio, pois é preciso adaptar-se a cada segundo, do megafone ao sitio existe oceanos de conflitos e desafios apaixonantes contados em um ponto com o mundo. 61 O sítio da EMATER/RS-ASCAR é também uma grande biblioteca virtual, onde estão armazenadas informações úteis à sociedade, registros históricos, artigos técnicos, agenda de eventos, notícias, fotos, vídeos, softweres, catálogos, link’s, etc. A vida no real pode passar como uma onda no mar, mas na realidade virtual ela fica armazenada e pode ser acessada. Exemplo são as estórias pitorescas contadas por extensionistas rurais e que são encontradas no sítio www.emater.tche.br, um caminho para chegar também a “Prosa Extensionista”. 62 4.1 Prosa Extensionista A Prosa Extensionista é um meio eletrônico de comunicação interna, que tem como propósito resgatar e compartilhar histórias marcantes, momentos pitorescos da vida extensionista, descrita por seus protagonistas. Os textos ilustrados foram cuidadosamente adaptados ao meio, os quais fazem parte de um projeto de resgate da memória da extensão rural gaúcha. A ideia é buscar a participação de todos que tenham uma boa “prosa” para contar, envolvendo o riquíssimo universo de interação do Extensionista Rural com as comunidades. As prosas são publicadas no site da instituição e fazem parte de um acervo virtual. Queremos, nesta publicação, contar alguns episódios verídicos, todos podem ser entendidos como uma história que, segundo o dicionário Michaelis é uma “Narração ordenada, escrita dos acontecimentos e atividades humanas descritas no passado” ou “exposição de fatos, sucessos e particularidades relativas a determinado objeto digno de atenção pública”. Ou ainda, como uma série de desenhos, em uma série de quadros que apresentam uma estória, com legendas ou sem elas”. Na Wikepédia encontramos a seguinte definição: “estória é um neologismo proposto por João Ribeiro (membro da Academia Brasileira de Letras) em 1919, para designar, no campo do folclore, a narrativa popular, o conto tradicional”. Esses conceitos foram a inspiração desta proposta de contar histórias da Extensão Rural, com o objetivo de não perdê-las no tempo. A prosa extensionista é uma excelente oportunidade de conhecer também o traço qualificado do ilustrador Wilmar Marques, um conhecedor da vida extensionista, que há mais de 30 anos trabalha com imagens e textos no Núcleo de Produção e Criação Gráfica da EMATER/RS-ASCAR. Agora, impressas nessa publicação ganham materialidade e podem ser apreciadas por quem gosta de uma boa estória. 63 4.1.1 Até onde irá essa seca? Lá pelos anos 70, quando iniciei minha vida profissional, na Extensão Rural do município de Piratini, costumava pegar o ônibus via Canguçu para Pelotas, onde moravam meus familiares. Numa dessas viagens, eu estava sentada na terceira fila atrás do motorista e na minha frente dois agricultores, gente humilde e simples como a maioria dos passageiros. O ônibus “daqueles” bem antigos, tipo da novela “Tieta do Agreste”, era um sobe e desce de passageiros, por aquela estrada de chão empoeirada. Os ditos cujos agricultores só falavam da seca, pois naquela época foi brava mesmo. Todos estavam apavorados com ela, pois aonde quer que fôssemos o assunto era a tal da seca. O ônibus parava a todo instante, para pegar e deixar gente, e os dois agricultores continuavam no assunto da tal seca: quando o ônibus parava ficavam quietos e era só o ônibus continuar e o assunto era sempre o mesmo: a seca. Numa dessas paradas, entrou uma velhinha toda de preto, alta e muito magra, que ficou de pé ao lado dos dois agricultores, pois o ônibus estava sempre cheio, e os passageiros iam de pé, quase em cima dos que estavam sentados. A dita velhinha, toda de preto, alta e magra, ia numa seriedade preocupante. Foi quando um deles perguntou para 64 o outro: “Até onde irá essa seca?” O que a velhinha num alto e bom tom respondeu: “Vocês não tem nada que saber”. Depois de uma breve pausa respondeu bem alto: “Vou para Canguçu.” Os dois murcharam, ficaram mudos e foram toda a viagem em silêncio. Eu fiquei também quieta, rindo sozinha. Miriam Carvalho da Silva (Escritório Regional de Pelotas) 65 4.1.2 Nunca jogue graspa no fogo O ano era 1982, estação do ano inverno, município Erval Seco, localidade Coxilha da Liberdade... neste cenário bucólico ocorreu um fato pitoresco que ao longo dos anos foi contado como mais um dos causos da Extensão Rural, mas com uma peculiaridade: o fato realmente ocorreu. Estávamos fazendo uma vistoria de Proagro numa propriedade rural daquele município me acompanhava o técnico agrícola responsável por aquela área do município, vistoriamos a lavoura abaixo de uma garoa fina, característica de nosso inverno e um friozinho cortante. Após a vistoria o produtor nos convidou para entrarmos num galpão de chão batido onde havia um fogo de chão aquecendo o ambiente. Aconchegamos-nos na beira do fogo pra nos esquentarmos um pouco e prosearmos com o agricultor. Conversa vai, conversa vem, um gole de graspa para aquecer e de repente o agricultor dá uma saída e o colega me diz...” que coisa forte parece álcool puro, derrama um pouco no fogo pra ver”... eu mais que depressa soltei um trago no fogo....Jesus! Subiu uma labareda...pegou fogo num maço de erva mate que o vivente estava secando sobre a fogueira pendurado numa corda...a tal graspa era forte mesmo teor alcoólico 66 mais de 92º, eu e o colega tentamos apagar o fogo, mas a erva estava já seca pegou fogo queimou tudo...inclusive o galpão do cidadão. Corremos pra fora mais assustados que cusco em tiroteio, gritamos pro vivente vim ajudar mas era tarde o fogo consumiu tudo...contamos que havia saído uma faísca de fogo e pegou a erva e queimou tudo e ficou por isso mesmo, como o agricultor era um “granjeiro” não deu bola e ainda riu da nossa cara de assustados. Pegamos o velho fuscão amarelo e fomos embora, na metade do caminho nos deu um ataque de risadas que tivemos que parar o fuscão para não causarmos mais um acidente naquele dia. Serviu a lição: nunca mais tomei a tal de graspa na minha vida, muito menos joguei no fogo. Nilton Dutra de Souza (Escritório Regional de Erechim) 67 4.1.3 A Sesteada Como decorrência de minha atividade profissional, desloquei-me, provisoriamente, da fronteira oeste para Santiago do Boqueirão. Diversos colegas de outros municípios convergiram para aquela região, onde as adversidades climáticas haviam frustado as lavouras. Nosso trabalho seria visitar as lavouras cujos proprietários haviam requerido o Seguro Agrícola (PROAGRO) a fim de realizar perícia e emitir o respectivo laudo. Distribuídas as missões, coube-me seguir rumo às Missões, para o distrito de Carovi. Seguindo a estrada de terra vermelha, ao passar um caponete de mato, depara-se com um marco, à esquerda. É o local onde tombou o famoso caudilho maragato Gumercindo Saraiva, em agosto de 1893, durante a Revolução Federalista, atingido por uma descarga, quando realizava o reconhecimento do terreno para o grande combate que se realizaria no dia seguinte. Continuando meu caminho, cheguei ao meu destino. Constatei que era uma propriedade média, tipo estanciola, onde se criava gado e plantava trigo, soja e feijão. 68 Terminado meu trabalho, por volta das onze e meia, preparava-me para seguir adiante, quando partiu do proprietário a pergunta de chofre, à queima roupa: - Mas o senhor vai sestear, não vai? Surpreendido com a indagação, procurei me refazer e, mostrando a minha relação de perícias, respondi: - Não, ainda tenho muito trabalho pela frente. - Mas a minha mulher já preparou tudo e está lhe esperando. Aí, de surpreso passei a assustado. (Pensei comigo: vou desapontar a pobre senhora, pois nem sono tenho). Mas ele insistiu: - O senhor vai gostar... Nesse ponto, eu nem sabia mais o que fazer, quando ele completou: - Tem feijoada, carreteiro e lingüiça frita. Só então fui perceber que o convite era para almoçar. De volta à cidade fui informado que “sestear” ali, significa almoçar e descansar um pouco no galpão. Porque, na minha terra, sestear é dormir mesmo a sono alto e às vezes... até... Luiz Alberto Ibarra (Escritório Central) 69 4.1.4 O “Pai” do Beto Este é um “causo” que na ocasião nos divertiu muito, pois podemos ver a inocência das crianças e como sempre estão atentos a tudo. Lá pelos anos 80, no início da utilização da inseminação artificial, os técnicos do Escritório Municipal de Marcelino Ramos foram ao campo fazer uma visita a uma família assistida, acompanhado do técnico que realizava as inseminações artificiais. Quando chegaram na residência, os pais estavam na lavoura e encontrava-se apenas um filho com idade aproximada de 7 anos. Quando ele viu as visitas disse que ia chamar o pai e gritou: “Paiê, o pai do Beto está aqui com o pessoal da Ascar! – Beto, no caso, era o terneiro nascido da inseminação artificial.” Clara Claudete Moraes (Escritório Central) 70 4.1.5 Desafio No período de 1963 a 1966, exercia as funções de Supervisor Regional em Passo Fundo e tratávamos, com o município de Marau, da instalação do Escritório de Extensão Rural, naquela época Escritório Local da ASCAR, no município. Já havíamos feito alguns contatos com o Sr. Prefeito e entregue a ele uma minuta de Convênio para ser apresentado aos vereadores, que aprovariam ou não o mesmo. Passados alguns dias, talvez um mês, retornamos a Marau para saber a decisão da Câmara de Vereadores. O Sr. Prefeito informou que havia sido aprovado. Disse a ele que comunicaria à Diretoria para marcar a data de assinatura do convênio, que seria elaborado no Escritório Central. “Já está pronto e eu já assinei”, disse o Sr. Prefeito, “falta apenas a sua assinatura para instalarmos o escritório”. Como eu disse que somente a Diretoria poderia assiná-lo, veio o desafio: “Mas o senhor não é autoridade? Não pode assinar um Convênio da ASCAR?”. Dei uma de autoridade e assinei o tal convênio. Quando cheguei no Regional, liguei para o Central e contei o 71 ocorrido. “Mas tu não podias assinar”, disseram-me. Mas fui desafiado e assinei. A solução tomada pela Diretoria foi deixar assim mesmo o assunto e no próximo ano, ou quando houvesse oportunidade, assinar um novo Convênio. Acho que foi a primeira e única vez que um Supervisor Regional, atualmente chamado Gerente, assinou um Convênio para instalação de Escritório de Extensão Rural. Rubens Perelló Medeiros (Escritório Regional de Pelotas) 72 4.1.6 Os Ovos da Cecília A turma de Lajeado brincava que a Cecília Pickler e eu formávamos o “Casal 20”, seriado de televisão da época. Trabalhar com ela era um prazer, ou melhor, satisfação, antes de interpretem errado. Todas as semanas ela comprava bandejas de ovos. Numa tarde chuva, os ovos estavam “dando sopa” sobre a mesa. O colega Sílvio, deu a idéia de dar uma mãozinha para ela – “vamos ferver os ovos”. Fervemos os ovos, esfriamos e os recolocamos na grade. No final da tarde, com pressa, a colega pegou os ovos, levou para sua casa e colocou na geladeira. No dia seguinte foi fazer um bolo. Pegou o primeiro ovo e tentou quebrar e nada – “Não me lembro de ter guardado ovo duro”. Pegou o segundo, terceiro e daí se deu conta da sacanagem. Lógico que repomos os ovos. A equipe de Lajeado era sensacional e vivíamos assim, um preparando para o outro. Mas trabalhávamos muito e tínhamos um ótimo relacionamento com a comunidade. Nilo Kern Cortez (Escritório Regional de Lajeado) 73 4.1.7 O Nome da Cadela Um dia apareceu no escritório uma menina com uma cadelinha. Enquanto o pai dela conversava com o agrônomo, eu puxei conversa com ela, perguntei: “Qual o nome da cadela?” - Qualé! - respondeu. - Esta aí que tu tens no colo... - Qualé. - Esta pequeninha que está contigo - insisti. Ela respondeu: “Qualé”. Cinco vezes eu perguntei e ela sempre me dizia a mesma coisa: “Qual é”. Eu já estava me irritando com essa situação. Aí disse: “Quem está perguntando sou eu, mas já que tu não quer me dizer o nome dela, agora eu é que não quero saber. Está se fazendo de difícil, imitando surdo... sempre dizendo a mesma coisa...” - Mas é isto mesmo que eu estou te dizendo: o nome da minha cadela, esta que eu tenho no colo é: “Qual é”. Aí, caímos na risada. Cláudia Trojahn Oliveira (Escritório Municipal de São Sepé) 74 4.1.8 Gaúcho Desesperado Certo dia, pras bandas do interior de Vacaria-RS, fazendo uma visita a um pecuarista familiar, que havia implantado um parreiral pelo Pronaf Investimento, aconteceu um fato um tanto constrangedor para um “Gaúcho Serrano”, como são conhecidos os nossos “Gaudérios” dos Campos de Cima da Serra. Nessa região do município a tradição da pecuária extensiva é muito forte, apesar das propriedades serem pequenas, entre 30 e 50 ha, a criação de gado de corte é a principal atividade de muitas famílias. Atualmente, muitas propriedades trabalham com a fruticultura, principalmente com amora-preta e uva bordô, duas culturas relativamente rústicas, que se adaptaram bem ao estilo desses produtores. Mas voltando ao “causo”, nesse dia, após ter visitado o parreiral com o produtor e seu filho, que ficava um pouco distante da residência, quando retornamos, havia visita na casa, era um compadre do assistido, todo pilchado, com seu cavalo tordilho amarrado na cerca. Assim que chegamos, a esposa do casal, que estava na área da casa, prontamente nos convidou para tomarmos um café da tarde, daqueles completos, com bolo frito, cuscuz e outras delícias. Não pude recusar, acompanhei a família e o compadre naquela reunião gastronômica. Logo 75 após o café e algumas prosas, o compadre, que comeu tudo que tinha direito, se despediu, pegou o seu cavalo e partiu. Fiquei por ali, conversando mais um pouco, fomos olhar o pomar de amora, que ficava próximo à casa, agradeci pelo café, me despedi do pessoal e peguei a estrada rumo à Vacaria. Logo adiante, na beira da estrada, que estava com a capoeira alta nas margens, observei o cavalo do compadre, aquele que meteu tudo no café da tarde. O cavalo estava atado na cerca e o Gaúcho agachado atrás da capoeira. Quando viu o Gol da Emater, ficou desesperado, tentou se esconder melhor, com as bombachas na altura do joelho tentou caminhar, tropeçou e foi de cara no chão. Até hoje, quando esse Gaúcho me enxerga, desvia os olhos e fica constrangido, me vem aquela imagem na cabeça, tento me conter, mas acabo esboçando uma risadinha incontida. Nunca mais consegui conversar com esse vivente. Eduardo Pagot (Escritório Municipal de Vacaria) 76 4.1.9 Área do Chiqueiro No início da caminhada na extensão rural, em visita a uma família de pequenos agricultores, no interior do município de David Canabarro, preenchia um formulário para elaborar um plano de crédito. Fiz várias perguntas ao agricultor sobre a lavoura, as culturas que havia plantado e tal. Também perguntei sobre os animais da propriedade. Quando lhe perguntei qual a área do chiqueiro, de pronto, o agricultor respondeu: “O chiqueiro não tem área”. Tive, então, que explicar que eu queria saber a área em metros quadrados do chiqueiro – o tamanho. Até hoje o colega que estava comigo corneteia ao lembrar desse “causo”. Ari Bassano Bertuzzi (Escritório Municipal de Ciríaco) 77 4.1.10 Minha Primeira Experiência com Multimeios Fazia pouco tempo que eu havia ingressado na empresa e estava trabalhando no município de Jaguarão, onde permaneço até hoje, já há 16 anos. Na minha “primeira experiência” com “multimeios” fui passar alguns slides sobre o projeto de saúde oral em uma escola de nível fundamental, no interior do município. Levei um projetor, tipo “carrossel”, emprestado do ESREG. O projetor vinha com uma indicação de que deveria ser ligado somente com transformador, pois a voltagem era 110. Cheguei na escola e os alunos e a professora ansiosos por assistir os slides, pois há pouco a escola contava com luz elétrica. Aprontei o material, liguei o projetor na tomada e, antes de iniciar a projetar, expliquei que iríamos ver, quando um menino me chamou: “tia, tá saindo fumacinha desse negócio...”. Eu havia ligado o projetor sem o transformador, e o slide já estava quase queimando. Desliguei tudo rápido e tive que improvisar e fazer a palestra utilizando o quadro negro da sala de aula, desenhando dentes e tentando chamar a atenção das crianças, que ficaram frustradas por não terem visto o “filmizinho que a tia da Emater ia passar”. Ana Lecy Souza Pacheco (Escritório Municipal de Jaguarão) 78 4.1.11 Oração para Mordida de Cobra Um produtor estava aguardando para ser atendido, quando chega mais um produtor, querendo falar com o “Dr. Veterinário”. Eu respondi que no momento ele não se encontrava, mas que mais tarde estaria chegando do campo. Isto foi logo que começou a implantação da bacia leiteira no município de São Sepé (1992). Perguntei se era alguma coisa grave, se ele já havia estado na Prefeitura Municipal, onde o veterinário era o clínico da associação rural e poderia ajudá-lo. Disse-me ele que o veterinário de lá também não estava e que demoraria para chegar. Aí ele me contou: - Sabe o que é dona, a minha vaca foi mordida por uma cobra. Eu estou preocupado, estas vacas holandesas são muito caras, não dá pra facilitar e nem perder. O que eu tenho que fazer? Nisto o produtor que estava também aguardando, se manifestou: - Isto é fácil, comigo já aconteceu. Sabe o que tu faz? Copia num papel de caderno uma oração, pode ser um Pai Nosso, uma Ave Maria. O importante é escrever com fé. Escreve também o 79 teu pedido, que é pra vaca se salvar. Daí você embrulha ele, bem amassadinho, molha no leite e dá pra vaca comer e vai dando leite, até ela engolir tudo. Sai todo o veneno e a vaca não morre. É o mesmo que tirar com a mão. Cláudia Trojahn Oliveira (Escritório Municipal de São Sepé) 80 4.1.12 O Revólver do Leovaldo Certa vez, a Juíza da Comarca de Casca mandou para o Escritório Municipal da Emater/RS de David Canabarro, uma solicitação para levantamento de danos por animais numa propriedade rural. Lá fomos, eu e o colega Preto, atendermos a ordem judicial. Feito o laudo e entregue para polícia o resultado foi o esperado. Chamado a se explicar no fórum, o dono da porca causadora do estrago, dizia para Juíza: “Doutora, segundo este laudo, minha porca é um furacão, se largar ela numa noite come todo milho de David Canabarro”. Após isto, corria na cidade a informação de que o dono do bicho havia se enfurecido com o tamanho do dano apontado no laudo. Passados alguns dias o “Seu Leovaldo”, dono da porca, chega na Emater para tirar a limpo o que foi colocado de prejuízo no tal laudo. Com um pequeno detalhe, tinha uma caixa de revólver calibre 38 na mão. Este detalhe causou certo furor no Escritório. A colega da área de BES, a Rozi, um tanto assustada, se retirou da sala e o colega Preto ficou por mais uns instantes para ver que rumo a prosa ia tomar. Neste momento entra no Escritório, um vendedor de revistas, aqueles bem chatos, e se dirige a sala da Cleo, auxiliar administrati81 va, onde já está também a colega de BES, para oferecer seus produtos. Como a prosa da outra sala já ia se acalmando, o colega Preto se junta ao grupo também para apreciar as ofertas. Na minha sala, eu o “Seu Leovaldo” nos entendemos sobre o que havíamos colocado no laudo para justiça e enveredamos a prosa para a caixa do revólver. Afinal, não é todo dia que um produtor rural entra no Escritório da Emater/RS com uma caixa de revolver na mão. Diz-me o produtor que comprou o tal revólver numa loja de Passo Fundo, mas acha que foi enganado. Pedi a ele o porquê de tal desconfiança e ele me responde: “comprei um revólver com alça de mira e este aqui não tem. Espera que vou ao carro buscar para te mostrar”. Neste momento saio de minha sala e me dirijo a mesa onde o grupo está observando as revistas. Ao chegar ao entorno do grupo, o tal vendedor me pergunta se quero adquirir alguma revista, ao que de pronto respondo: “para que se o Leovaldo foi ao carro buscar o revólver para me matar”! Se o que aconteceu a seguir fosse combinado, talvez não ocorresse tão exato. Olhamos para a porta e vem o “Seu Leovaldo” sacando o revolver da cintura. Neste momento, a colega Rose e o vendedor dispararam a correr. Atravessaram a Secretaria Municipal da Agricultura onde gritaram: “o Leovaldo vai matar o João”. A colega segue um pouco adiante, pára na Biblioteca e diz para a funcionária: “escutou o tiro? O Leovaldo matou o João”. Já o vendedor de revistas parou no segundo andar, na sala de recepção da Prefeitura Municipal, onde exclamava: ”não façam isso, sou cardíaco”. Quando olhamos para a porta da Secretaria da Agricultura vimos o Secretário Adílio, junto com o Betão que era o inseminador, vindo em nossa direção para atacar o “Seu Leovaldo”. Não viram eles que ao entrar no Escritório, o “Seu Leovaldo” abriu o tambor do revólver, sacou as balas e me entregou a arma para examiná-la. Até hoje damos boas risadas do acontecido. Mas vocês devem estar se perguntando sobre o vendedor de revistas. Olha, está que nem a china do Bochincho: nunca mais vi. João Carlos Reginato (Escritório Municipal de David Canabarro) 82 4.1.13 O Pneu A colega Ilse Lovi foi uma das grandes companheiras de trabalho. Não tinha coisa difícil com ela. Ela contava????? dizendo que era boa motorista e mecânica – e era mesmo. Mas era a época em que as mulheres defendiam a sua classe – feminismo. E os homens do escritório de Lajeado volta e meia faziam brincadeiras em cima desta situação. Numa das saídas à campo, para Vila Fão, com o “fuquinha amarelo”, ela era a motorista e eu era o caroneiro, escutando a Rádio Independente. Chegando próximo à vila, furou o pneu da frente, do lado do motorista. Ela olho para mim e disse: - Tu vai trocar? - Eu não, tu é mecânica, motorista e é do teu lado, e ainda que igualdade do homem e da mulher. Não preciso dizer, como gringa, o que xingou. Depois dela ter trocado o pneu, ainda perguntei: - Apertou bem a roda? Aí foi a gota d’água. Ouvi poucas e boas e muitos palavrões que não posso nem escrever. 83 Na volta ela foi direto ao nosso gerente, Dante Fraga, e como ela estava tão braba, ele logo percebeu que era mais uma das brincadeiras da turma. Mas não teve jeito, me chamou, deu um “sermão”, pedi desculpas e ficou por isso mesmo. Ela logo me perdoou, aceitou a gozação e continuamos trabalhando, e muito. Tenho saudades dela. Nilo Kern Cortez (Escritório Regional de Lajeado) 84 4.1.14 Algumas histórias extensionistas da Emater/RS No município de Tupanciretã nos anos 80/90 do século passado trabalhava um grande amigo, que hoje não está mais na “casa”. Voltava ele de umas visitas no interior em pleno inverno, já escuro, pois passava das 19h30min. Voltava para seu lar, mas pensando no trabalho feito e no que deveria realizar no outro dia. Seu “fuca” vinha serpenteando nas estradas de chão batido do interior de Tupã com luz fraca alumiando as coxilhas. De repente ele atropela algo e se assusta com o barulho feito ao passar por cima do vulto, que ele pensou que fosse um terneiro. Parou o carro e abriu o vidro do seu lado, para abrir a porta na volta, pois o trinco só funcionava naquele lado por dentro. Desceu e viu que tinha atropelado um sorro, ficou muito triste por ter matado o animal, afinal apesar de ser um sorro também era cria de Deus, embora hoje existam uns que devem ser filhos do demo, mas isto é outra história, voltemos pro fato verídico: Muito consternado pensou: - Tá morto, não resta mais nada a fazer, mas era um belo animal, vou levar para casa e vou tirar o couro. Pegou o bicho e atirou no banco de trás do fuca, sentou fechou a porta e o vidro, pois estava muito frio e bota frio nisto, como se diz: estava de renguear cusco 85 ou sorro, apesar de estar usando um pala e seguiu viagem. Ia ao mesmo tranquito, quando de repente ouviu um barulho no banco de trás, meio assustado olhou rapidamente e viu que era o sorro, que não tinha morrido coisa nenhuma, o bicho estava vivo e mais assustado que o nosso colega. Na tentativa de sair do carro, o sorro se atirou no vidro dianteiro e caiu no colo do assustado motorista. O sorro se embolou no pala e nosso amigo não conseguia nem parar o carro, nem tirar o sorro enleado no seu colo. Tanto tentou que o sorro pulou para o banco do carona e nosso amigo conseguiu parar o carro e saltar para fora, fechando a porta no reflexo. Para sua infelicidade o carro parou a subir e como ele não tinha puxado o freio de mão, o carro começou a descer e o sorro se atirando de janela em janela tentando sair. Na tentativa de parar o carro o nosso amigo se grudou na porta tentando abri-la só ai se deu conta que naquele lado ela só abria por dentro. Por sorte o aclive não era muito severo e o fuca parou no barranco quase atropelando o motorista. E o sorro continuava tentando sair. O que vou fazer pensou e resolveu verificar a porta do carona que felizmente não estava chaveada e depois de aberta e alguma negociação o sorro se mandou a lá cria e nosso amigo pode entrar e voltar para casa pensando: “isto só acontece comigo”. Pois este mesmo amigo foi participar de uma reunião da turma da pecuária em Livramento, diga-se de passagem, que o chibo na fronteira acontece há muito tempo, e de vez em quando se fazia algumas reuniões para aquele lado para unir o útil ao agradável, coisa que não acontece hoje em dia. O nosso amigo parou num quarto junto com um colega de Julio de Castilhos que tinha a fama e era muito esquecido e um pouco atrapalhado. Chegaram à tardinha e após se acomodarem, foram pro sacrifício do banho e se preparar psicologicamente para enfrentar as carnes uruguaias no sentido literal e subjetivo destas palavras, porque enfrentar aquelas carnes gordas e miúdos, timos e úberes (aargh!!!!) e etc..., não é para qualquer um, dizem até que os churrasqueiros uruguaios usam bota com agarradeiras para poder parar de pé em frente à churrasqueira por causa da graxa no piso, não sei se é verdade pode ser até que seja. Banho tomado, perfume no cangote, melena bem rasqueada o nosso amigo de Tupã começou a apurar o colega de quarto que ainda 86 não estava pronto. Vamos fulano, tu pareces uma moça, o pessoal ta esperando lá embaixo, etc... . Até que para apurá-lo mesmo disse: - Vou te esperar lá no corredor e vou “chamar o elevador”, apura tchê! Com a porta do elevador aberta ele vê o companheiro (epa!!) de quarto fechando a porta do mesmo meio atrapalhado, com uma peça de roupa pendurada no ombro. - O que é isto tchê? Pergunta o nosso amigo de Tupã olhando para o ombro do seu colega. - Estou levando uma jaqueta, pois pode esfriar e como sou um homem prevenido... - Mas que jaqueta homem de Deus? - O nosso amigo atrapalhado pegou a roupa do ombro e aí se deu conta que era uma calça de brim e não a jaqueta que ele tinha pegado. É a extensão rural pode ter efeitos colaterais... Mario Oneide Ribeiro (Escritório Regional de Santa Maria) 87 4.1.15 Galinha bem alimentada Nos tempos do Projetão, fui acompanhar o enchimento de um silo trincheira junto com o técnico que atuava na localidade de Segredo, hoje município, e outros colegas que estavam sendo capacitados. O silo era grande e a programação se estendia por todo o dia. Como prêmio para os técnicos da Emater que orientavam e ajudavam nos serviços de ensilagem, o produtor programou uma “galinhada” para o almoço. O trabalho seguia firme até que a patroa do agricultor chamou para o almoço. Galinhada com muito queijo ralado, radiche (o assistido era italiano) e vinho ou limonada. A galinhada estava buena uma barbaridade e, depois da trabalheira da manhã, a turma atacou, sem dó, o panelão de ferro. A rapa, então, estava uma delícia. Veio a sobremesa: um delicioso sagu com merengue. E após, o merecido descanso embaixo das árvores ao lado da casa. Lá pelas tantas, um dos colegas extensionistas perguntou onde ficava o banheiro, e o agricultor respondeu que não tinha, mas havia uma privada higiênica, construída a pedido da Emater. E lá foi ele atender às suas necessidades. 88 Não levou cinco minutos, o vivente voltou com uma cara de espanto e olhos vidrados. Perguntei: “Ué, o que houve?” Respondeu ele: “Vai lá ver a privada. Depois tu me fala.” Saí eu e mais um colega para ver a dita privada e qual a surpresa: A mesma era construída em cima de quatro estacas, dentro do espaço do galinheiro e com a porta abrindo para fora. O “usuário” sentava no “banco” da privada e na medida em que os “dejetos” iam caindo, eram, imediatamente, atacados pelas galinhas, mantendo o local “impecável”. Ficamos meio apreensivos com o que vimos. Voltamos ao trabalho até às 6 da tarde, quando embarcamos no fusca da Emater e partimos para Sobradinho. Depois de alguns quilômetros rodados, sem ninguém dizer nada, o colega que havia feito uso da privada “não muito higiênica” não resistiu e bradou: “Nunca mais como galinhada no interior!” Lino Geraldo Vargas Moura (Esreg Porto Alegre) 89 Poesia Deixo minha contribuição em forma de versos na intenção de fazer poesia daquilo que me identifico profundamente, a vida extensionista. Não sei se a rima é rica ou pobre, mas foi feita de coração no momento que escrevia o Relatório de Atividades no Escritório Municipal de Cristal. Tenho certeza que no meu caminho, só tenho agradecimentos a fazer, aos meus colegas de trabalho, a minha família e a Deus. Muito obrigado por todos os dias de trabalho, pela amizade, pelas barreiras ultrapassadas e pela convivência. Lá vai o extensionista Levanta a poeira do chão logo ao clarear do dia. Cruza com a gurizada que vai ao colégio estudar, pára na beira da estrada pro caminhão do leite passar. Lá vai o extensionista sua missão ensinar. Antes da primeira porteira passa por uma boiada o carro breca na estrada e ele se põe a admirar: “que rebanho macanudo e pensar que eu ajudei a engordar, por certo foi manejo rotativo. Gado assim, é de se comprar.” 91 Continuando sua andança lá vai o extensionista e de contemplar não cansa. O mato bem preservado e pássaros malabaristas que não param de cantar. O meio ambiente equilibrado é coisa de produtor atinado. O passo lento dos bois puxa a carreta do milho, na mesma toada tranquila o colono e sua família rumam para o paiol. O cereal seco e expurgado depois de bem armazenado é lucro certo, diz o ditado. 92 Lá vai o extensionista Abrir a segunda porteira. Do alto do morro avista a diversificação de culturas, a água molhando as plantas, a palha cobrindo serra, lá embaixo as criaturas largando a semente na terra. O agricultor de mão calejada Aperta o cinco do artista Dizendo: “passe seu doutor que nós estamos te esperando hoje na reunião da comunidade tu és nosso professor nossa gente ta otimista juntos buscamos a igualdade”. 93 Vamos formar uma associação quem sabe uma cooperativa para que a nossa união seja clara, forte e produtiva. Com a tua companhia não vamos fazer besteiras. Queremos a tua parceria para abrir novas porteiras. A poeira avermelhada desponta no horizonte o carro ruma pra casa sem errar nenhuma estrada. Lá vem o extensionista trazendo pra toda sociedade um sentido ecologista e alimentos de verdade. 94 Crônica A Emater/RS é um Boeing Analogias são criadas para facilitar a compreensão das coisas, dos fatos, da vida, pelo menos entendo assim. Algumas idéias ou mensagens invadem nossos pensamentos e às vezes parecem querer dizer algo. Em uma madruga dessas acordei pensando no trabalho desenvolvido por nossa instituição, em suas fortalezas, ameaças, nas pessoas e de forma instantânea uma sentença veio na mente “A Emater é um Boeing”. Procurando entender o dito busquei desdobramentos da idéia. Vejamos: O Boeing é uma grande aeronave, na cabine estão o comandante e co-pilotos, estes são responsáveis pela direção da aeronave. Não estão ali por acaso, eles possuem credenciais, pois para chegar ao comando precisam de muitas horas de vôo. Normalmente são pessoas preparadas para a função e detêm a confiança e a admiração de muitos. Na comparação com a Emater os comandantes podem ser o presidente e os diretores. No organograma da casa vêm na escala hierárquica os gerentes, responsáveis pela administração de suas áreas, liderança na gestão de recursos humanos e materiais. Na analogia podem ser os comissários ou comissárias de bordo. No boeing orientam a tripulação, prestam esclarecimentos, proporcionam conforto, passam otimismo e segurança. No entanto, na aeronave as pessoas mais importantes estão na tripulação, sem esta o Boeing não decola. Os passageiros com suas bagagens de conhecimento querem chegar ao destino na forma mais segura e tranqüila possível. Porém, o avião enfrenta turbulências, fatores externos fogem do controle de todos. Nestes casos, toda a torcida é para a habilidade dos comandantes, ases na capacidade de enfrentar situações 95 difíceis. Nessas horas de instabilidades é necessário ter fé e confiar. Quando o vôo é longo, o boeing realiza escalas para reabastecimentos, fim do itinerário para alguns e embarque de outros, a tripulação se modifica e até mesmo os comandantes podem ser substituídos, mas a aeronave tem que continuar enfrentando as turbulências naturais da vida, afinal todos precisam chegar com segurança ao destino proposto. A Emater pode ser um grande Boeing e analogias são feitas para entender algumas coisas, só algumas coisas. Marco Medronha 96 Índice de Fotos Página 15 – Pioneiros na criação da ASCAR. Foto: acervo EMATER/RS-ASCAR. Página 17 – Participantes do 1º Curso Nacional de Extensão Rural, em 1955. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR. Página 18 – Primeiro grupo de extensionistas partindo para o campo em jeep’s, veículo pioneiro no serviço de extensão rural. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR. Página 19 – Engenheiro Agrônomo Bento Pires Dias. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR. Página 20 – Getúlio Marcantônio, secretário da Agricultura do RS, na posse do 1° presidente da EMATER/RS, Rodolpho Tácito Ferreira. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR. Página 21 – Edmundo Henrique Schmitz. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR. Página 21 – José Inácio Pereira da Silva. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR. Página 21 – Lino Ivanio Hamann. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR. Página 21 – Paulo Ebling Rodrigues. Foto: Acervo EMATER/ RS-ASCAR. Página 24 – Eniltur Annes Viola. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR. Página 24 - Caio Tibério Dornelles da Rocha. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR. Página 24 – Cezar Henrique Ferreira. Foto: Kátia Marcon. Página 24 – Ricardo Capelli. Foto: Rejane Paludo. Página 25 – Jair Seidel. Foto: Kátia Marcon. Página 25 – Almeri Cândido Reginatto. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR. Página 25 – Nilton Pinho de Bem. Foto: Kátia Marcon Página 25 – Francisco Roberto Caporal. Foto: Kátia Marcon. 97 Página 25 – Ricardo Altair Schwarz. Foto: Rogério Fernandes. Página 25 – Dirlei Matos de Souza. Foto: Rogério Fernandes. Página 26 – Cilon Fialho da Silva. Foto: Kátia Marcon. Página 26 – Paulo Edgar da Silva. Foto: Rogério Fernandes. Página 26 – Águeda Marcéi Mezomo. Foto: Kátia Marcon. Página 26 – Alencar Paulo Rugeri. Foto: Kátia Marcon. Página 26 – Gervásio Paulus. Foto: Kátia Marcon. Página 26 – Valdir Pedro Zonin. Foto: Kátia Marcon. Página 37 – Wilson Schmitt realizou análise dos métodos, com Diniz incentivador dos multimeios educativos. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR. Página 39 – Diretor técnico Suimar Bressan, Odilo Friedrich, Paulo Rodrigues, José Inácio, Eduardo Bicca, Nara Todt e o presidente Clóvis Schwertner, no lançamento do livro na biblioteca da EMATER/RS-ASCAR, em Porto Alegre/RS. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR. Página 40 – Unidade móvel com equipamentos recepcionando participantes em Dia de Campo. Foto: Acervo particular do autor. Página 40 – Raimundo Diniz realizou estudos sobre os multimeios educativos. Foto: Rogério Fernandes. Página 51 – Megafone para ampliar o som. Foto: Rogério Fernandes. Página 51 – Comunicação: microfone e álbum seriado em Dia de Campo. Foto: Kátia Marcon. Página 55 – Reunião com jornalistas das assessorias regionais para nivelamento de ações. Foto: Kátia Marcon. Página 56 – Comunicadores sociais gravando com, técnicos, produtores. Foto: Kátia Marcon. Página 56 – Personalidades que marcaram o cenário rural. Foto: Kátia Marcon. Página 57 – Parceria EMATER/RS – EMBRAPA, em 1996. Foto: Acervo Embrapa Clima Temperado. 98 Página 57 – Renovação da equipe com acadêmicos de jornalismo, em 2010. Foto: Paulo Lanzetta. Página 59 – Apresentadores do programa em 2002. Foto: Kátia Marcon. Página 59 – Novo estúdio, sem bancada e estilo despojado em 2010. Foto: Kátia Marcon. Página 60 – Reportagens de campo. Foto: Kátia Marcon. Página 60 – Mostram atividades dos agricultores familiares. Foto: Kátia Marcon. Página 60 – O trabalho em equipe da TV resulta. Foto: Kátia Marcon. Página 60 – Em prêmios e cartas das regiões brasileiras. Foto: Kátia Marcon. 99 Referências bibliográficas BALDESSAR, Maria José. A mudança anunciada: o cotidiano dos jornalistas com o computador na redação. Florianópolis/SC: Insular, 2003. BORDENAVE, Juan E. Diaz. O que é comunicação rural. São Paulo/SP: Editora Brasiliense, 1983. BORDENAVE, Juan E. Diaz. O que é comunicação. 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TV digital interativa: conceitos, desafios e perspectivas para o Brasil. Editora UFSC. Florianópolis/SC, 2005. PASQUALI, Antonio. Sociologia e comunicação. Petrópolis, Editora Vozes, 1973. PEREIRA, Marcos Newton. Métodos e meios de comunicação em extensão rural. EMATER/RS. Porto Alegre/RS, 2009. 101 SCHMITT, Wilson. Análise dos métodos de comunicação usados no serviço de extensão rural do Rio Grande do Sul. ASCAR – Departamento de Extensão Rural. Porto Alegre/RS, 1971. WARTCHOW. Marco Antônio. O comportamento do fumicultor diante das novas tecnologias. Relatório de pós-graduação, Ucpel. Pelotas/RS, 1999. 102 Marco Antonio Medronha da Silva é natural de Camaquã/ RS. Mestre em Letras pela Universidade Católica de Pelotas/RS e formado no curso superior de Comunicação Social – Habilitação Jornalismo. Iniciou na Extensão Rural, Emater/RS em 1980 como Técnico Agrícola, curso técnico do Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça, Pelotas/ RS. Trabalhou como extensionista Rural nos municípios de Cristal e Camaquã. Atuou na função de Gerente Estadual de Comunicação da Emater/ RS e atualmente trabalha como jornalista na Assessoria de Imprensa do Escritório Regional de Pelotas. Na academia atuou como professor universitário ministrando disciplinas de Comunicação Rural, Televisão e Telejornalismo. Realizou pesquisas nas áreas de gênero, linguística aplicada, análise do discurso e TV digital. [email protected]