ferramentas, percursos e estratégias de tradução no universo digital
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ferramentas, percursos e estratégias de tradução no universo digital
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE LETRAS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO FERRAMENTAS, PERCURSOS E ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO NO UNIVERSO DIGITAL NO PAR LINGUÍSTICO FRANCÊS-PORTUGUÊS DIOGO NEVES DA COSTA 2011/1 FERRAMENTAS, PERCURSOS E ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO NO UNIVERSO DIGITAL NO PAR LINGUÍSTICO FRANCÊS-PORTUGUÊS Diogo Neves da Costa Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos quesitos necessários para a obtenção do Título de Mestre em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos; opção língua francesa) Orientadora: Profa. Doutora Angela Maria da Silva Corrêa. Rio de Janeiro Fevereiro de 2011 Costa, Diogo Neves da As Ferramentas, os percursos e as estratégias de tradução no universo digital no par lingüístico francês-português/ Diogo Neves da Costa. – 2010. xi, 143f.: il. Color.; 31cm. Orientador: Profª Draª: Angela Maria da Silva Corrêa Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, 2010. Referências Bibliográficas: f. 139-143. 1. Tradução com ferramentas digitais. 2. Protocolos Verbais. I. Corrêa, Angela Maria da Silva II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas. III. Título. 1. Tradução com ferramentas digitais. 2. Protocolos Verbais.I. Corrêa,. Angela Maria da Silva II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas. III. Título. Ferramentas, percursos e estratégias de tradução no universo digital no par linguístico francês-português Diogo Neves da Costa Orientadora: Professora Doutora Angela Maria da Silva Corrêa Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas (opção língua francesa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Neolatinas. Aprovado por: _________________________________________________ Presidente, Profa. Doutora Angela Maria da Silva Corrêa – NEOLATINAS - UFRJ _________________________________________________ Prof. Doutora Kátia Cristina do Amaral Tavares – PIPGLA - UFRJ _________________________________________________ Profa. Doutora Maria Lizete dos Santos – NEOLATINAS - UFRJ _________________________________________________ Prof. Doutora Cristina Jasbinschek Haguenauer – PIPGLA – UFRJ, Suplente _________________________________________________ Prof. Doutor Pierre François Georges Guisan – NEOLATINAS - UFRJ, Suplente ________________________________________________ Rio de Janeiro Fevereiro de 2011 Agradecimentos Agradeço a minha mãe e ao seu beijo de boa noite na testa, ainda na infância, antes de me colocar para dormir, e, agora, ao seu beijo antes de ir dormir, enquanto bem sabia que eu viraria a noite em frente a dados, áudios e frases. Agradeço a meu pai que, apesar de ainda hoje acreditar que vou me dar conta da verdade universal e fazer Direito, aceitou que eu desse um rumo diferente daquele que me foi planejado. Agradeço a minha irmã por ter me ajudado a sair, por várias vezes, da frente do computador e descansar a vista, graças as suas necessidades pessoais, acadêmicas, e por que não, egoístas. Agradeço à Beatriz que ouviu minhas lamúrias e, ainda que em tom jocoso, por muitas vezes, tenha conseguido me convencer a abandonar tudo por uma noite ou um dia, e a agradeço muito por isso também, entendeu que não teríamos mais do que os “bons dias” e as “boas noites” de uma possível ligação. E uso como desculpa meu jeito bem brasileiro, sempre fazendo novos “amigos de infância”, para agradecer a minha orientadora, dizendo que, ao longo dos dois anos, ela foi minha família e espero que esse vínculo jamais se rompa, pois não o seria sem dor. Agradeço às professoras Cristinas (Tavares e Haguenauer), pois sem elas jamais teria conhecido, e me desesperado com, o vasto mundo virtual que aguarda o pesquisador. Agradeço ao professor Pedro Paulo, pois, ainda na graduação, foi ele, que num momento singelo, soube dizer: Você não vai desistir! Você vai estudar! E agradeço ao Thiago Motta que por muitas vezes me fez ver de forma clara, estruturas que me eram labirintos. Agradeço, então, à noite, que se fez, muitas vezes, um pouco mais longa que o dia. Agradeço à gula, que me deu o prazer mais doce, durante os momentos mais agonizantes deste parto. Sendo assim, agradeço ao café, que me manteve acordado, fazendo descobrir que a invenção mais importante da humanidade é a cafeteira, pois sem ela não teríamos tanta força para continuar evoluindo. Agradeço, não com orgulho, à soberba que me fez desejoso de um título. Importante nesse jogo da vida. Tento, contudo, mais que o título, adquirir os conhecimentos que me foram ofertados e assim acalmar minha consciência. Agradeço à Academia que permitiu antes mesmo de me conhecer que eu a mudasse, rompendo os padrões objetivos desses agradecimentos. Prova disso é o fato de que, se nesse momento um leitor estiver lendo, seja em PDF, seja na biblioteca, a minha dissertação, é porque hoje finalmente tenho o soberbo título que almejei. E agradeço, finalmente, a você, que folheia essas páginas, pois, nesse momento enquanto lê, realizo meu sonho. Estou escritor! RESUMO AS FERRAMENTAS, OS PERCURSOS E AS ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO NO UNIVERSO DIGITAL NO PAR LINGUÍSTICO FRANCÊS-PORTUGUÊS Diogo Neves da Costa Orientadora: Profa. Doutora Angela Maria da Silva Corrêa Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas, Faculdade de Letras e Artes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Letras Neolatinas. A presente pesquisa, de caráter exploratório, tem o intuito de determinar as possíveis ferramentas digitais on-line e off-line, assim como suas formas de uso, que podem auxiliar o tradutor durante o processo tradutório. Sendo assim, ao final da pesquisa foi possível realizar uma sistematização dessas ferramentas e suas motivações de uso. A pesquisa tem como método de coleta de dados os protocolos verbais e como alicerce teórico a análise do discurso, mais precisamente os atos de linguagem de Patrick Charaudeau. Desta forma consideramos a tradução como um duplo ato comunicativo. E, finalmente, a pesquisa pretendeu ainda, determinar as estratégias de busca de subsídios externos utilizadas pelos tradutores para resolver seus problemas tradutórios e as motivações de suas escolhas quando têm em mãos possibilidades de uso de materiais impresso e digitais, on-line e off-line. TRADUÇÃO – FERRAMENTAS DIGITAIS DE TRADUÇÃO – PROTOCOLOS VERBAIS RESUMÉ La présente recherche, exploratoire, a pour but de déterminer les manières d´utilisation des outils numériques on-line et off-line, qui peuvent aider les traducteurs pendant le processus traductoire. A la fin de cette recherche il a été possible de réaliser une systématisation des outils examinés et leurs motivations d´usage. La recherche a comme méthode de collecte de données les protocoles verbaux, et comme fondement théorique l´analyse du discours de Patrick Charaudeau, plus précisément sa théorie des actes de langage. De cette façon on considère la traduction comme un acte communicatif. Et, finalement, la recherche se propose, encore, de déterminer les stratégies de recherche de données externes utilisées par les traducteurs pour résoudre leurs problèmes traductoires et les motivations de leurs choix quand ils ont la possibilité d´utiliser les matériaux imprimés et numériques, on-line et offline. TRADUCTION – OUTILS NUMÉRIQUES DE TRADUCTION – PROTOCOLES VERBAUX Lista de Ilustrações Figura I – Circuitos que compõem os atos de linguagem 47 Figura II – O duplo ato comunicativo durante a tradução 48 Figura III – O uso de computadores e internet em domicílios familiares 51 Figura IV – A linha do tempo da Web 1.0 e Web 2.0 56 Figura V – Chamada explicativa do curso de tradução Daniel Brilhante de Brito 61 Figura VI – Chamada explicativa do curso de tradução da PUC-Rio 62 Figura VII – DMOZ: site de busca por diretório 64 Figura VIII - Google - Site de busca por palavra-chave 65 Figura I - Exemplo de ferramenta de “tradução assistida por computador 73 Figura II - Ferramenta de tradução assistida do Google 76 Figura III - Exemplo de busca realizado através do "Google Imagem" 80 Figura IV - Exemplo de busca realizada no Youtube 81 Figura V - Uso do Wikipédia como ferramenta de busca de termos equivalentes 82 Figura VI - Exemplo de discussão realizada em fóruns para solução de problema 83 de tradução Tabela I - Total de problemas de natureza linguística observados e como foram resolvidos 118 Tabela II - Total de problemas de natureza discursivo-textual observados e como 125 foram resolvidos Tabela III - Total de problemas de natureza de conhecimento de mundo 131 observados e como foram resolvidos CONVENÇÕES DE TRANSCRIÇÃO [aaa] – Pensamentos oralizados aaaa – Falas do elicitador *aaa* - Observações não oralizadas feitas pelo elicitador durante a pesquisa [...] – Pausa longa ou curta “aaaa” – leitura do texto de partida „aaaa‟ – leitura do texto traduzido aaaa - texto traduzido em forma escrita ??? – incompreensível /aaaa/comentários do tradutor sobre problemas – Consulta ao dicionário francês/francês digital – Consulta ao dicionário português/francês digital – Consulta ao dicionário português/português digital Consulta ao dicionário francês/francês impresso Consulta ao dicionário português/francês impresso Consulta ao dicionário português/francês impresso @ – Consulta à internet LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Texto língua de origem TLO Texto língua de chegada TLT Sujeito Comunicante EUc Sujeito Enunciador EUe Sujeito interpretante EUi Sujeito Destinatário EUd Computer aided translations CAT Traduction assistée par ordinateur TAO Tradução assistida por computador TAC Tradutor iniciante TI Tradutor estagiário TE Tradutor Profissional TP SUMÁRIO INTRODUÇÃO 12 1.0 PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS E TEÓRICOS 18 1.1 Princípios Metodológicos 18 1.1.1 Os Modelos Introspectivos 19 1.1.2 Problemas e estratégias tradutórias 28 1.1.3 Análise do TLO da pesquisa e questionários aplicados 34 1.2 – Princípios teóricos: a tradução como ato comunicativo 41 2.0 O UNIVERSO DIGITAL E O TRADUTOR 50 2.1 Formas de navegação e obtenção da informação na web 63 2.1.1 O Google 67 2.2 Algumas ferramentas digitais de tradução e suas possibilidades de uso 70 2.2.1 Ferramentas específicas de tradução 71 2.2.2 Ferramentas potenciais de tradução 79 3.0 ANÁLISE DOS CORPORA 87 3.1 Estratégias globais de tradução 88 3.2 Estratégias locais, problemas e percursos de solução 104 3.2.1 Problemas de natureza linguística 105 3.2.2 Problemas de natureza discursivo-textual 119 3.2.3 Problemas relacionados ao conhecimento de mundo 125 CONSIDERAÇÕES FINAIS 134 REFERÊNCIAS 139 ANEXOS I APÊNDICES Ix 12 INTRODUÇÃO Durante os quatro anos que compuseram a formação acadêmica no bacharelado do presente pesquisador, a tradução sempre se mostrou como área de interesse, assim como a área de ensino e da informática, e foi no estudo da tradução que todos esses universos começaram a se unificar. Ao longo de minha formação, observei que indivíduos no mesmo período acadêmico apresentavam, em sala de aula, traduções mais bem sucedidas que outros, deixando uma indagação ao pesquisador sobre os conhecimentos prévios que levavam esse sujeito a realizar uma tradução bem sucedida e atingir, ao longo do período, maior coeficiente de rendimento que outro sujeito. Ao ter aulas com diversos professores, também tradutores, observava através de seus relatos pessoais, que a experiência não ensejava ao tradutor dispensar a utilização de ferramentas que o ajudassem, que não era obrigação do tradutor saber traduzir qualquer tipo de texto sem realizar consultas externas e que textos que pertencessem a um campo do saber diferente daquele conhecido do tradutor demandariam um estudo e um esforço maior. Percebi que a bibliografia na área de tradução apresentava pesquisas sobre estratégias de tradução (e de leitura) utilizadas pelo tradutor, visando ajudá-lo, através de uma conscientização do processo tradutório, a compreender o texto de origem (TLO), buscar equivalências para o texto na língua traduzida (TLT), e ainda, ajudá-lo, no momento de refinar a texto, a torná-lo mais “fluente” ao leitor final. Começavam, então, questionamentos sobre a natureza da tradução aceitável e quais seriam os conhecimentos necessários aos sujeitos para que realizassem uma “boa” tradução. Como obter os diferentes conhecimentos referenciais que esta prática demanda? Quais seriam as estratégias que levariam o sujeito a resolver seus problemas tradutórios? Assim sendo, determinar essas estratégias parecia o ponto de partida para definir uma metodologia para o ensino de tradução, ponto de convergência encontrado entre a tradução e o 13 ensino. Defende-se aqui que o aluno de Letras deveria, ao longo de sua graduação, ter matérias que o colocassem em contato com essa possibilidade de carreira. Mas a pesquisa necessitava de um recorte maior, pois ao estudar o fenômeno tradutório, percebeu-se que a tradução permitia estudos interdisciplinares, sendo assim, muitas possibilidades de análise se abriam diante do pesquisador. Poder-se-ia optar por trabalhar o produto ou o processo tradutório, e a partir dessa escolha, estudar a aceitação de determinada tradução e sua influência na cultura de um determinado país, fazer um estudo comparativo entre as traduções, definir os “erros” tradutórios, estudar as estratégias usadas pelos sujeitos, o ritmo cognitivo da tradução, entre diversas outras possibilidades. E algumas teorias poderiam ser escolhidas para alicerçar a pesquisa: Semiótica, Análise do Discurso, Sociologia, Psicologia etc. Comecei então um estudo sobre a história da tradução e, assim, foi percebido um início recente da relação desta prática com as teorias da Análise do Discurso, final da década de 80 segundo Cunha. (2002, p.29). E notou-se ainda certa carência de trabalhos sobre tradução que contemplassem a análise do processo tradutório voltado para o par linguístico Francês-Português na Universidade Federal do Rio de Janeiro, instituição na qual foi realizada a presente pesquisa. Podemos citar, dentre alguns outros trabalhos, além de Cunha (2002): Martins (1996), Sacramento (2001), Santos (2002) e Mendes (2010). E, finalmente, percebeu-se que ainda não há trabalhos, no âmbito das Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que relacionem a tradução com o “universo digital” (computadores, internet e Web). O que deu início, então, a um questionamento sobre o lugar do “universo digital” na vida do tradutor, realidade que já parecia ao presente pesquisador algo natural, mas sem pesquisas específicas que procurassem responder a minha indagação. 14 Foi feito então um recorte, de forma a observar as estratégias e os percursos realizados por tradutores de diversos níveis de proficiência durante o processo tradutório. E foi, a partir de toda esta reflexão, que se chegou ao tema deste trabalho: percursos e estratégias de solução de problemas de tradução em meio digital no par linguístico Português-Francês. Para investigar, tanto os percursos, quanto as estratégias de solução de problemas, decidiu-se trabalhar com o processo e não com o produto das traduções, ou seja, observar a tradução enquanto é realizada, dando foco ao tradutor em ação e não à tradução pronta. Podemos, contudo, se for relevante aos objetivos da pesquisa, explorar, brevemente, algum dado do produto final das traduções. Escolheu-se trabalhar, então, com três grupos de sujeitos durante a pesquisa. O primeiro grupo seria composto por estudantes de Letras, nos últimos períodos da graduação em Português-Francês e um aluno de Mestrado, recém-formado em Letras, habilitação Português-Francês, que nunca tiveram contato com a área da tradução, a não ser em aulas de francês voltadas para essa prática. Nessas, entretanto, a tradução era utilizada como ferramenta de ensino, visando à aquisição de novas estruturas da língua francesa. Essas aulas, geralmente ministradas ao longo do 7° e 8° períodos da graduação, como já foi dito acima, tinham como objetivo o ensino da língua, mesmo quando o exercício ia além da frase e adentrava no texto. Exercícios de traduções ou versões de artigos, dentro daquele contexto, não refletiam a realidade do tradutor. Era o professor o público-alvo, que avaliava e dava nota às traduções, e que era capaz de interagir ativamente durante o processo tradutório, alguns alunos (não poderia afirmar todos), não viam a tradução como um ato comunicativo, mas sim como um exercício dentre as várias tarefas da graduação que tinham como objetivo a formação e obtenção do diploma de bacharel. Cada texto que precisava ser traduzido, devido à segurança que a sala de aula trazia, ainda que houvesse o risco de reprovação da disciplina, era feito da forma mais rápida 15 possível, muita vezes sem passar pela terceira fase do processo de traduzir que seria o “refinamento do texto”. Esse primeiro grupo permitiu ao pesquisador observar quais seriam as maiores dificuldades de tradutores inexperientes, como eles compreendem o ato de traduzir e, a partir desta observação, começar uma reflexão sobre uma metodologia de ensino da tradução e se o universo digital poderia auxiliar esses tradutores a desenvolverem suas habilidades em direção ao profissionalismo. O segundo grupo é composto por 2 tradutores, que chamamos aqui de “estagiários”. Eles recebem este nome devido ao fato de serem ou terem sido, na época, estagiários de uma empresa de tradução, concomitantemente à Graduação de Letras nos últimos períodos da Faculdade. Neste grupo, teríamos sujeitos que, acreditava-se, já compreendiam a tradução como um ato comunicativo, pois na empresa em que estagiaram o ato de traduzir já não era mais um exercício de aquisição de estruturas e vocabulário, mas sim uma situação real de tradução que tinha como objetivo, acima de tudo, comunicar-se com seu público alvo. Além disso, esses tradutores teriam experiência de tradução no mercado de tradução e já dominariam algumas ferramentas digitais para a realização de seu trabalho, ajudando o pesquisador a investigá-las – um dos objetivos deste trabalho. Sendo assim, este grupo permitiu ao pesquisador observar o processo tradutório realizado por sujeitos que se encontravam no mercado atual de tradução e determinar o quão, para estes indivíduos, as ferramentas digitais faziam parte do seu cotidiano, além de suas possibilidades de uso. No último grupo de estudo, composto por dois participantes, temos tradutores profissionais, ou seja, que possuem obras devidamente reconhecidas no mercado editorial. Ambos professores, também, de uma Universidade Federal. 16 Esse grupo permitiu estimar o quanto o universo digital está presente ou não na vida de tradutores profissionais, de que forma e quais são as motivações que os levam a utilizarem essas ferramentas. A pesquisa está dividida em três grandes momentos, que se subdividem em outros menores: O primeiro momento é composto pela exposição da metodologia e do referencial teórico da pesquisa, ou seja, visamos explicitar e justificar as escolhas feitas para a coleta de dados e sua forma de análise. Nesta parte, procuramos expor, ainda, a perspectiva teórica que alicerça nosso olhar sobre tradução. Na segunda parte discorremos sobre o universo digital e o cotidiano do tradutor observado através de pesquisa em fontes bibliográficas. Delineia-se, dentro do mercado de tradução atual, as possíveis necessidades de o tradutor conhecer e dominar o uso de equipamentos digitais. Busca-se observar, ainda que brevemente, através da análise dos discursos vinculados a alguns cursos de tradução, o lugar do computador e seu universo dentro da formação prática do tradutor. E finalmente, ainda nesta parte da pesquisa, analisamos possíveis ferramentas digitais que poderiam ser utilizadas por tradutores para auxiliá-los durante o processo tradutório, classificando-as a partir de um paradigma observado. Ao fim, antes das considerações finais da pesquisa, temos seu terceiro momento, no qual analisamos os dados coletados, ou seja, os protocolos verbais (PV), ao todo 8 protocolos, e os questionários, para determinar as estratégias desses tradutores, e, uma vez em posse de ferramentas digitais, os percursos traçados dentro deste universo para resolver seus problemas tradutórios, determinando, assim, quais as competências necessárias ao tradutor para que ele tenha desenvoltura na solução de seus problemas tradutórios dentro do universo digital. Sendo que, nesse momento, a pesquisa toma um caráter empírico, e a partir dele pudemos refutar, aceitar, justificar e levantar hipóteses sobre as observações realizadas no capítulo anterior. 17 Passado o terceiro momento, apresentamos as considerações finais desta pesquisa, na qual determinamos um possível lugar do universo digital na realidade do tradutor contemporâneo, além dos futuros rumos da pesquisa. E devemos, antes de adentrar nos princípios metodológicos e teóricos, explicitar que a pesquisa tem como objetivo primeiro, seu caráter exploratório, surgido da observação de uma carência em pesquisas nessa área que contemplam a utilização de ferramentas digitais para traduzir na Universidade Federal do Rio de Janeiro, mais especificamente na área de letras Neolatinas. 18 1. PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS E TEÓRICOS 1.1 Princípios Metodológicos A metodologia deste trabalho tem como base o conceito de triangulação, que seria na sua origem: “um método geodésico e topográfico que permite determinar a localização de um ponto a partir de sua visualização de outros dois pontos, realizando a formação de um “triângulo” (SILVA, 2005, p.31). Ainda segundo Silva (2005, p.31), essa metáfora da triangulação é utilizada na área das Ciências Sociais quando temos múltiplos instrumentos de coleta e análise de dados que dialogam entre si. Desta forma, pretender-se-ia diminuir a possibilidade de dados artificiais gerados pelo próprio método de coleta de dados. Jakobsen (1999, p.1; 2002 p.3-4) chama a atenção para o fato de que essa metodologia permite um aperfeiçoamento da análise e, por consequência, torna a investigação mais abrangente e mais confiável. Sendo assim, a presente pesquisa usará três instrumentos para coleta de dados: (1) Questionários, (2) a introspecção simultânea e a (3) retrospecção imediata. É necessário, então, justificar a motivação do uso dos modelos introspectivos, dos quais fazem parte tanto a introspecção simultânea quanto a retrospecção imediata e os questionários, justificados por utilizarmos uma perspectiva interpretativista. Em relação às pesquisas interpretativistas cabe dizer que esse paradigma tem seu início na década de 1920 quando alguns pesquisadores (Theodor Adorno, Jürgen Habermas), dentro da chamada “Escola de Frankfurt”, apresentaram as primeiras críticas sistemáticas ao modelo positivista (BORTONI-RICARDO, 2008, p.31). A principal crítica ao modelo positivista, sistematizado pelo filósofo Comte, se deve ao fato de que o paradigma positivista pretendia usar os mesmos princípios epistemológicos das ciências exatas nas ciências humanas. 19 Os críticos à visão positivista acreditam não ser possível negligenciar a realidade sócio-histórica nas suas pesquisas: Segundo o paradigma, surgido como uma alternativa ao positivismo, não há como observar o mundo independentemente das práticas sociais e dos significados vigentes. Ademais, e principalmente, a capacidade de compreensão do observador está enraizada em seus próprios significados, pois ele (ou ela) não é um relator passivo, mas um agente ativo. (Bortoni-Ricardo, 2008, p.32) Ou seja, não se entende a verdade como algo único e nem se tem por objetivo a generalização dos dados, visa-se entender e interpretar os fenômenos dentro de um contexto. Os questionários foram aplicados, então, para determinar as contingências sócio-históricoculturais dos sujeitos de pesquisa, podendo assim chegar-se a conclusões sobre a realidade recortada. Em relação aos modelos introspectivos, é necessário ir mais fundo nas explicações, pois diferentes autores, por vezes, dão a mesma denominação para métodos de coletas de dados diferentes ou podem dar nomes diferentes para formas de coletas similares. Assim sendo, é necessário deixar claro qual autor serve de base para a pesquisa e a motivação dessa escolha. 1.1.1 Os Modelos Introspectivos Dentre as possibilidades dos métodos introspectivos pretende-se utilizar a técnica intitulada “falar alto” proposta por Ericsson e Simon (1987, p.32-35), ou seja, durante o processo tradutório o sujeito oralizou o que lhe veio à cabeça. Entretanto, o elicitador, durante a realização do processo, pôde questionar o informante sobre suas ações quando necessário para atingir os objetivos da pesquisa. Em relação aos modelos introspectivos aliados à tradução, observamos que seu início se dá na década 1980, na Europa. Anteriormente a esses modelos, os estudos tradutórios se 20 baseavam no que a tradução “deveria ser” ou no que “teria acontecido”, de forma dedutiva, durante a tradução. (KUSSMAUL E TIRKKONEN-CONDIT, 1995, p.177) Os modelos introspectivos permitiram trabalhar o processo tradutório de forma empírica e indutiva. E, apesar de manter características comuns, alguns autores classificaram os métodos introspectivos a partir de pontos de vista diferentes, vejamos daqui em diante as perspectivas dos seguintes autores: Faerch e Kasper (1987, p.10-20), Ericsson e Simon (1987, p.31-39), Cohen (1987, p.83-90), Cavalcanti (1987, p.230-250). Para Faerch e Kasper (1987, p.10-20) os modelos introspectivos são classificados com base em seis critérios observáveis no momento da coleta de dados e não em sua fase de análise: (A) A natureza do objeto de introspecção (o objeto para esses autores seria a aquisição de uma segunda língua), (B) o grau de relação dos métodos introspectivos com a tarefa a ser realizada (Se é concreta ou não), (C) a relação temporal com a tarefa em questão, (D) o grau de treinamento do informante, (E) o procedimento de elicitação de dados e (F) o grau de combinação de métodos. O primeiro critério (A) é classificado a partir de quatro outros aspectos: (1) Cognitivos (conhecimento linguístico e sua ativação durante o processo), afetivos (motivações e escolhas dos sujeitos) ou sociais (a identidade e história do sujeito). (2) Se o conhecimento é declarativo ou processual, ou seja, se no momento de aquisição, recepção e produção da interlíngua (língua de contato entre a língua de origem e a língua alvo que, aqui, o sujeito adquiriria antes da aquisição da segunda língua almejada) são mobilizadas regras e estruturas linguísticas dessa interlíngua (declarativa) ou se há ativação de processos cognitivos e interacionais (processual) (3) Qual a modalidade da língua em uso (escrita versus oral, receptiva versus produtiva ou a combinação de ambas). 21 (4) Se há um processo contínuo ou específico, se os dados são obtidos através do informante sem a intervenção do elicitador ou o elicitador questiona em relação a determinado fato observado durante a tarefa. O segundo critério (B) é caracterizado pelo maior ou menor grau de relação dos métodos introspectivos com a tarefa a ser realizada, ou seja, se os métodos estão relacionados a uma tarefa que se aproxima de uma situação real ou não. O terceiro critério diz respeito à (C) relação de tempo com a tarefa executada, se ocorre no momento da execução da tarefa teríamos a “introspecção simultânea”, se decorridos menos de 30 minutos teríamos a “retrospecção imediata” e se a retrospecção for realizada depois de 30 minutos teríamos a “retrospecção protelada”. O quarto critério (D) chama a atenção para o grau de treinamento do informante. Faerch e Kasper (1987, p.15-16) chamam a atenção para a importância de o informante estar habituado com o modelo introspectivo adotado. O quinto critério (E) diz respeito ao processo de elicitação, que se subdivide em seis critérios: (1) o grau de estruturação do instrumento de coleta de dados (pouco, mediano ou fortemente estruturados), (2) o suporte de memória à tarefa realizada (possibilidade de retomar contato com a situação da realização da tarefa ou não), (3) a identificação do iniciador do relato (pelo informante, por outro, ou pelos dois), (4) grau de interação entre informante e elicitador, (5) integração com ação (verbalização e ação integradas ou separadas) e (6) o grau de interferência da introspecção na realização da tarefa (a verbalização influencia na realização ou não da tarefa pedida). E o sexto critério (F) diz respeito à combinação dos métodos. Se há a utilização de somente um instrumento para elicitação ou vários instrumentos. 22 Para Cohen (1987, p.86-88), em relação à caracterização dos dados introspectivos há seis fatores que os caracterizam e, estes, por vezes, se assemelham a alguns critérios de Faerch e Kasper (1987, p.15-16). O primeiro fator (A) seria o número de participantes no momento da execução da tarefa, referente ao critério de interação entre informante e elicitador de Faerch e Kasper (Critério E4). O segundo fator (B) é o contexto de pesquisa, relativo ao lugar e momento de coleta de dados e não há ligação direta com “um critério específico” de Faerch e Kasper. O terceiro fator (C) diz respeito à recentidade do evento, que é relativo à relação de tempo com a tarefa executada de Faerch e Kasper (Critério C). O quarto fator (D) é a modalidade de elicitação e resposta e não há referência a nenhum critério de Faerch e Kasper. E os dois últimos fatores: (E) A formalidade de elicitação e (F) o grau de intervenção externa que são bastante semelhantes aos critérios de relação de tempo com a tarefa executada de Faerch e Kasper (Critério E1 e Ed respectivamente). Cohen (1987, p.83-90), visando o estudo do ensino-aprendizagem das línguas, propõe três categorias de relatos verbais do aluno: (A) Auto-relato, (B) Auto-observação e (C) Autorevelação. O primeiro (A) diz respeito à forma como o informante vê a si e seus processos de aprendizagem, já o segundo (B) tem forte relação com o critério de tempo de Faerch e Kasper (1987, p.15) e os critérios de processo e pós-processo de Ericsson e Simon (1987, p.31-39), que será visto adiante, ou seja, envolve a observação do comportamento quando a tarefa é executada. Se executada logo em seguida à tarefa, até 1 hora depois, teríamos uma retrospecção imediata, se executada depois de 1 hora, teríamos a retrospecção protelada. 23 E o terceiro critério (C) diz respeito aos relatos que acontecem enquanto a informação está sendo processada, ou seja, o informante não os analisa, não há uma organização do processo cognitivo ocorrido antes de proferi-lo. Denominado “Pensar-Alto” (Mesma definição de Faerch e Kasper, 1987, p.16-17). Ao analisarmos a proposta de Ericsson e Simon (1987, p.25-26) notamos que esses autores chamam a atenção para os diferentes tipos de memórias existentes. Segundo os autores haveria alguns depósitos sensoriais de muito curta duração, que seria uma memória de “curto-prazo”, com capacidade limitada de armazenamento e capacidade de retenção média, mas de rápido acesso. (É esta a memória selecionada durante a técnica de “retrospecção imediata”) E ainda uma memória de “longo-prazo”, esta teria grande capacidade de armazenamento, retenção permanente, mas com acesso demorado, e com uma fase prévia de seleção e análise de dados antes do armazenamento. Para Ericsson e Simon (1987, p.31-39) há três critérios para registro de observações dos dados coletados, em relação aos processos cognitivos envolvidos, durante a execução de uma tarefa específica: o da Performance (A), o do Processo (B) e do Pós-processo (C). Em relação às observações do processo cognitivo da Performance (A) dever-se-ia observar o tempo de reação ao se deparar com um problema e a precisão da resposta apresentada. Cabe dizer, em relação à observação do processo (B), que são Ericsson e Simon (1987, p.32-35) que diferenciam a técnica de “Pensar-Alto” (na qual o falante reflete sobre os seus processos cognitivos durante a execução da tarefa) e a técnica de “Falar-Alto” (na qual o falante fala aquilo que lhe vem à cabeça durante o processo tradutório). Sendo assim, a técnica de “Falar-Alto” de Ericsson e Simon se assemelha a técnica de “Pensar-Alto” de Cohen (1987, p.84-86) e Faerch e Kasper (1987, p16-17). 24 Já no que diz respeito ao Pós-processo, os autores não diferenciam a retrospecção em relação ao tempo no qual ela foi realizada, mas os autores afirmam que a retrospecção ideal seria aquela realizada logo em seguida à tarefa (1987, p.32-35). Ou seja, a retrospecção imediata a partir da perspectiva de Faerch e Kasper (1987, p.15) e Cohen (1987, p.54) E, finalmente, Cavalcanti (1987, p.137-143) tendo como objetivo investigar a leitura em língua estrangeira classifica os modelos introspectivos a partir da obra de 1974 1 de Radfort e Burton. A autora apresenta três grupos de técnicas de introspecção que se assemelham as de Cohen (1987, p.83-90): Auto-observação, Auto-relato e Pensar alto. Na Auto-observação o informante observa e analisa seu próprio comportamento e analisa seus eventos mentais. Ou seja, equivale à técnica de “Pensar-alto” de Ericsson e Simon (1987, p.32-35). No Auto-Relato o informante dá seu parecer, apenas, sobre seu próprio comportamento para o pesquisador, e no “Pensar alto” os informantes devem relatar tudo que lhe vem à mente enquanto executam a tarefa que se realiza, ou seja, está ligado a AutoRevelação de Cohen (1987, P.54-56), além da técnica de “Pensar-alto” de Faerch e Kasper (1987, p16-17) e “Falar-Alto” de Ericsson e Simon (1987, p.32-35). Deve-se frisar que é Cavalcanti que introduz nos modelos introspectivos o “Protocolo de Pausa”, no qual o informante, para se aproximar da situação real de leitura, deve ler o texto em silêncio, pronunciando-se apenas quando se depara com uma pausa na leitura (problema potencial) (1987, p.238-239). E, caso o informante passe muito tempo sem se pronunciar, cabe ao elicitador interromper o processo e fazer perguntas sobre o que ocorre naquele momento. 1 RADFORD, J., BURTON, A. Thinking: its nature and development. Jonh Wiley & Sons, 1974 25 Cabe dizer ainda que todos os autores apresentados atribuem importância à fase de aquecimento anterior à execução da tarefa que geraria o protocolo verbal (PV), pois esta é a fase que leva o sujeito a se acostumar com os modelos introspectivos de coletas de dados. Revisando a literatura sobre os modelos introspectivos, nota-se que não houve novos modelos teóricos propostos, mas sim uma reflexão crítica sobre a validação dos dados obtidos para a investigação do processo tradutório e uma tentativa cada vez maior de controle das variantes durante a pesquisa, além da triangulação dos dados obtidos. Para Krings (1987, p.163-167), por exemplo, há uma crítica aos modelos retrospectivos, pois segundo o autor esses modelos resgatariam informações da “Memória de Longo Prazo”, ou seja, que já sofreram elaboração, abstração, redução ou avaliação do processo ocorrido, sendo assim, restringem o acesso aos processos cognitivos da execução da tarefa proposta. Para Krings (1987, p.163-167) a técnica de “retrospecção imediata” seria ideal para recolher os dados, pois esses não foram ainda alterados pelo processo que antecede o armazenamento na memória. Krings critica, então, o que chamamos de “Retrospecção Protelada”, mas não a “Retrospecção Imediata”. A presente pesquisa contou apenas com a retrospecção imediata, parte por estarmos de acordo com Krings, e parte devido à dificuldade de encontrar sujeitos que se dispusessem a cooperar com a pesquisa a ponto de retornar para uma nova fase de coleta de dados após ter terminado a tradução. Como há divergência entre o que seria “retrospecção imediata”, pois para Faerch e Kasper seria aquela realizada até 30 minutos depois da execução da tarefa tradutória e para Cohen até 1 hora depois da execução da tarefa, usaremos a perspectiva de Faerch e Kasper, pois esta abarca também a definição de Cohen. 26 Ericsson e Simon (1987, p.24-25) afirmam que um problema da coleta de dados ocorre quando há uma artificialidade da situação, ou seja, quando a tarefa pedida é diferente da variante da mesma tarefa no momento real de sua execução. Sendo assim, durante a pesquisa, será proporcionada aos informantes uma situação, o mais próxima possível do real do tradutor, em relação tanto ao objetivo da tradução (público-alvo), quanto às ferramentas disponíveis para a tradução. Toury (1991, p.59-60) chama a atenção para o fato de que a interferência de mais de uma atividade durante a execução da tarefa tradutória (oralizar o processo) poderia alterar os dados, entretanto, nos apoiamos em Krings (1987, p.166) quando ele afirma que a toda a tarefa tradutória é acompanhada de um “inner speech” (fala interior), sendo assim, os tradutores já estariam habituados a um monólogo interior. E ao adotarmos uma fase de “aquecimento”, na qual os informantes se acostumam com o método, haveria uma redução maior dessa artificialidade (CAVALCANTI, 1989, p.141). Se por um lado Jakobsen (2003, p.69-95) afirma que os modelos introspectivos geram sobrecarga cognitiva, por outro, o próprio autor, na mesma obra, afirma que isso não impede o uso desses modelos. Pretende-se, aqui, adotar a técnica de “falar-alto” de Ericsson e Simon. Entretanto o elicitador, durante a pesquisa, pôde fazer questões pontuais sobre as estratégias para a solução de problemas que não ficassem claras após observação do pesquisador e a elicitação do informante. Em seguida à “introspecção simultânea” houve a “retrospecção imediata”. Nesta, buscou-se esclarecer pontos ainda obscuros para o pesquisador sobre as estratégias e, ainda, a visão do informante sobre seu próprio processo tradutório. Houve ainda uma fase de aquecimento com o objetivo de que o informante se familiarizasse com o modelo introspectivo adotado, e, por acreditar nessa “fala-interior” do 27 tradutor, acreditamos que a verbalização não causou alterações que comprometessem os dados. Apesar de concordar que haja uma maior carga cognitiva quando o falante é obrigado a oralizar sua tradução. Estamos de acordo com Cunha (2002, p.69), ao afirmar que a introspecção é até o momento o que permite uma aproximação maior do que ocorre na mente do tradutor durante o momento da atividade tradutória. Sendo assim, não é possível abandonála quando realizamos uma pesquisa de caráter qualitativo, como é o caso da presente pesquisa. Resta ainda dizer que ao final da pesquisa contamos com sete protocolos verbais, gerados a partir da aplicação do modelo introspectivo junto a sete sujeitos divididos em três grupos (tradutores iniciantes sem experiência prática e teórica em tradução usando ferramentas digitais, tradutores iniciantes sem experiência teórica em tradução, mas com “saber como” em relação a ferramentas digitais e tradutores profissionais). A partir dos protocolos foi possível analisar as estratégias locais e globais (CORRÊA E NEIVA, 2000) adotadas por esses sujeitos de pesquisa durante o processo tradutório e os percursos traçados na Web para solucionar seus problemas de tradução. Para dar maior validade ao processo, além da gravação do áudio, foi utilizado um programa (Camtasia) que permitiu gravar o ocorrido na tela do computador, inclusive para facilitar a investigação dos percursos realizados pelo tradutor e a transcrição do áudio para geração do PV. Sobre esse programa é importante ressaltar que ele foi de extrema utilidade durante a criação dos protocolos verbais, pois permitiu, em momentos de silêncio do sujeito de pesquisa, seja por sobrecarga cognitiva, deixando-o absorto com o problema deparado ou desatenção, que o pesquisador verificasse o que ocorreu e não inferisse o ocorrido (que poderia gerar um equívoco por parte do pesquisador). 28 Ao procurar uma bibliografia que validasse a escolha dos programas que auxiliaram na coleta de dados, encontramos Lauffer (2003, p.57-75) que sugere o uso do programa Camtasia para gravar os percursos dos tradutores, uso justificado, também, pelo fato de que não foi encontrado no mercado outro programa útil para esse fim. Uma vez que, através deste método, pretendíamos determinar as estratégias para solução de problemas de tradução, é importante, antes de adentrar no corpus da pesquisa e sua revisão bibliográfica, definir como são classificados na presente pesquisa problemas e estratégias de tradução. 1.1.2 Problemas e estratégias tradutórias Faerch e Kasper (1983, p.30-36) explicitam que problema seria uma insuficiência de conhecimento, momentânea ou não, que impede o sujeito de atingir determinado fim comunicativo. E, a partir desta concepção, Corrêa e Neiva (2000, p.36) afirmam ser possível observar um problema tradutório no momento que ocorre uma interrupção do “fluxo tradutório”.2 Entretanto, as autoras deixam claro que o problema tradutório não é apenas proveniente de uma insuficiência de conhecimento, mas também de uma insuficiência de meios para escolher a melhor opção para determinado segmento textual. (CORRÊA E NEIVA, 2000 p.36). E, ainda, segundo as autoras o processo tradutório possui três momentos distintos: o da leitura (1), o da busca por equivalentes (2) e o de refinamento textual (3). O primeiro momento é aquele em que o tradutor interpreta o texto (tradutor-leitor), no segundo há uma busca dos equivalentes semânticos, pragmáticos, socioculturais e, por vezes, formais do TLT para o TLO (tradutor-escrevente), e o último momento é aquele no qual, tendo produzido uma primeira versão do TLT, o tradutor refina seu texto para que ele se 2 “Segmentos de processamento textual, durante o ato tradutório, em que o tradutor produz o texto de chegada sem pausas ou hesitações.” (Corrêa e Neiva, 2000, p.52) 29 aproxime mais de um texto produzido originalmente na língua de tradução (LT) e que produza ao público-alvo os efeitos desejados (chamaremos essa fase de “Tradutor-editor”). Sendo assim, os problemas tradutórios, como demonstram as autoras (CORRÊA E NEIVA, 2000, P.34-52) podem ocorrer durante esses três momentos da tradução. Em relação às estratégias tradutórias Pagano afirma que: Estabelecendo uma analogia com outras áreas da linguística aplicada, como ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras, podemos dizer que, assim como existem estratégias de aprendizagem que o aprendiz bem-sucedido de línguas estrangeiras utiliza, também existem estratégias de tradução que o tradutor experiente utiliza para atingir suas metas e produzir um texto traduzido bem sucedido. (PAGANO, 2000, p.19-20) Essa citação mostra que Pagano relaciona as estratégias às metas do tradutor e ao atingir estas metas o tradutor alcançaria o “sucesso”. Desta forma, é possível entender que diferentes metas exigem do tradutor diferentes estratégias. Motivo pelo qual, antes de pedir ao tradutor, durante a pesquisa, para traduzir, se fez necessário definir os objetivos e algumas características, tais quais: prazo para entrega, meio em que será entregue (digital ou físico), lugar onde será publicada a tradução. Diferentes variantes poderiam gerar diferentes estratégias. Deve-se chamar a atenção ainda que Pagano relaciona o “aprendiz bem-sucedido” ao “tradutor experiente”. Segundo Pagano o “aprendiz bem-sucedido” usaria estratégias de aprendizagem, enquanto o tradutor experiente usaria estratégias de tradução. Porém, ressaltamos que tanto o “aprendiz mal-sucedido, quanto o “tradutor inexperiente” também utilizam estratégias, com a diferença de que o tradutor “inexperiente” e o aprendiz “mal-sucedido” realizariam estratégias não tão bem sucedidas. No mercado de tradução atual, há uma exigência de que o tradutor possua “eficiência” e “eficácia”. Podemos falar então de eficiência e eficácia da tradução. Baseando-nos no dicionário eletrônico Houaiss (2007), eficaz está ligado ao “como” fazer, enquanto que a eficiência estaria ligada a “o que fazer”. Sendo assim, eficaz seria o tradutor que realiza a 30 tradução através dos percursos menos tortuosos. E o tradutor eficiente seria aquele que realiza uma tradução que atinge da melhor forma possível os objetivos pré-estabelecidos para a mesma. Ou seja, tanto o tradutor experiente quanto o inexperiente selecionam as estratégias que consideram mais eficazes para alcançar os objetivos da tradução, e o quanto mais próximo dos seus objetivos o tradutor chegar, mais eficiente ele será. Lembrando que esse objetivo está intimamente ligado, além dos objetivos pessoais do tradutor, ao contrato de fidelidade entre o autor, texto e público-alvo. Em suma, uma das diferenças entre um tradutor inexperiente e o experiente é o fato de que as estratégias dos tradutores experientes são mais eficazes e, por isso, há uma maior probabilidade de realizar uma tradução bem-sucedida (eficiente). A hipótese que levantamos aqui é que mesmo tradutores inexperientes podem alcançar traduções bem sucedidas (eficientes), ainda que através de percursos mais complexos (com menos eficácia) se tiverem conhecimento em relação às ferramentas que podem ajudá-lo a solucionar seus problemas tradutórios. E sobre as estratégias, a presente pesquisa chama a atenção para o fato de que existem tanto estratégias globais, quanto estratégias locais. Lörscher (1991, p.96) diz que estratégias seriam “procedimentos utilizados pelos sujeitos para resolverem problemas de tradução”. Sendo assim, a visão de Lörscher evidencia as estratégias locais, escolhidas para solucionar problemas tradutórios. E Jääskeläinen (1993, p.116) afirma que estratégia é “um conjunto de regras ou princípios (vagamente formulados) que um tradutor utiliza para alcançar os objetivos determinados pela situação de tradução de maneira mais eficaz”, ou seja, a estratégia não está diretamente ligada ao problema e os princípios e regras vagamente formulados seriam os indícios que nos levam a pensar na estratégia global selecionada. Tanto Jääskeläinen, quanto 31 Lörscher não se contradizem, apenas observam de prismas diferentes as características das estratégias. Em relação às classificações das estratégias, estamos de acordo com Cunha (2002, p.104), que através de uma revisão bibliográfica: Van Dijk e Kintsch (1983), Faerch e Kasper (1983 e 1984), Corrêa e Neiva (2000), Coste (1978 e 1988), Moirand (1982) e Kleiman (1989), chega à conclusão de que todas as estratégias, por mobilizarem atos mentais e atualização de conhecimentos armazenados nas estruturas de memória, são de caráter cognitivo. E a partir desta constatação Cunha (2002, p.104) propõe uma classificação dos problemas tradutórios. Adaptando as categorias de Kleiman (1989), Coste (1978 e 1988) e Moirand (1982), de forma que, segundo a autora, haveria cinco classificações para os problemas tradutórios: (1) linguístico, (2) discursivo, (3) textual, (4) referencial e (5) sóciocultural. Para selecionar e justificar a classificação dos problemas tradutórios dentro da presente pesquisa. Consultamos, então, os seguintes autores, bases de Cunha (2002). Moirand (1982, p.20), Kleiman (1989, p.13) e Coste (1978, p.15-16). Os três autores chamam a atenção para o componente linguístico (1) que envolveria o conhecimento e a apropriação de modelos fonéticos, lexicais, gramaticais e textuais do sistema a língua. O componente discursivo (2) é mencionado apenas por Moirand (1982, p.20) e diz respeito ao conhecimento e apropriação de diferentes tipos de discursos e sua organização em função da situação de comunicação da qual sua produção e interpretação fazem parte. Em relação ao componente (3) textual, este é abordado por Kleiman (1989, p.13) e Coste (1978, p.15-16), correspondendo aos conjuntos de noções e conceitos que o leitor possui sobre o texto, envolvendo os reconhecimentos dos tipos de textos e as formas de 32 discursos. Não foram percebidos, no entanto, distinções claras entre o componente textual (2) e discursivo (3). Sendo assim, na presente pesquisa eles serão considerados complementares sob a nomenclatura de componente “discursivo-textual”. Já o componente (4) referencial e (5) sócio-cultural varia um pouco para cada autor. Coste (1978, p.15-16) divide esse componente em (1) referencial, (2) relacional e (3) situacional. Moirand (1982, p. 20) é a autora que utiliza tanto componente referencial, quanto o sócio-cultural e Kleiman (1989, P.13) engloba esses componentes a partir da categoria de “conhecimento de mundo”. O componente referencial (4) envolve o conhecimento prévio e apropriação do conhecimento de mundo, enquanto o componente (5) sócio-cultural faz referência ao conhecimento e apropriação das regras sociais e das normas de interação entre os indivíduos e as instituições. Optamos na pesquisa utilizar a categoria de Kleiman (1989, p.13), pois englobaria os demais, chamando-os então de “conhecimento de mundo” Sendo assim, na presente pesquisa temos as seguintes categorias: (1) componente linguístico, (2) componente discursivo-textual e (3) componente de conhecimento de mundo. Notamos, ainda, que esses componentes são explicitados pelos autores acima como “um conhecimento ou uma apropriação de conhecimento”, sendo assim, o tradutor pode, no momento em que se depara com um problema, já ter o conhecimento em sua memória ou ter a necessidade de se apropriar, através de ferramentas externas, desse conhecimento. De forma que a solução desse problema pode ser de: (1) busca externa ou (2) busca interna. Nomenclatura utilizada tanto por Corrêa e Neiva (2000) quanto Cunha (2002) e que também será utilizada no presente trabalho. Segundo Alves (2000, p.57) as estratégias de busca de subsídios internos são as estratégias cognitivas que servem de apoio interno ao longo do processo tradutório, este apoio dado por meio do conhecimento de mundo. 33 Deve-se chamar a atenção, contudo, que “conhecimento de mundo” para Alves (2000, p.57) é diferente da classificação dada para as estratégias de solução de problemas de tradução, pois Alves afirma que o conhecimento de mundo é a “junção da bagagem cultural e o conhecimento procedimental”. É possível interpretar que para Alves todos os conhecimentos adquiridos pelo ser humano durante sua vida, incluindo o linguístico, textual e discursivo fazem parte deste conhecimento de mundo. Em relação às buscas de subsídios externos, essas ocorreriam quando o tradutor busca em fontes de consulta externa apropriar-se de conhecimentos que não possuía até então, seja esta busca, inclusive, dentro do próprio texto a ser traduzido. Estamos de acordo com Silva (2005, p.38) que sugere que há uma ordem sobre o uso das buscas de subsídios internos e externos. Segundo a autora, primeiramente o tradutor mobiliza estrategicamente recursos dentro de sua mente, seja do campo linguístico, seja seu conhecimento de mundo, e caso não encontre solução ou não fique satisfeito com a solução encontrada, recorre às buscas externas: Ao executar uma tarefa de tradução, o tradutor se depara com vários tipos de problemas. Para alguns deles, a solução depende apenas de mobilização estratégica de recursos que se encontram dentro da própria mente do tradutor, seja no campo do conhecimento linguístico, seja no de seu conhecimento de mundo. Entretanto, algumas vezes esses recursos internos são insuficientes para resolver o problema ou, então, após encontrada uma solução, permanece algumas dúvida ou insegurança. Quando isso acontece, o tradutor pode recorrer ao uso da chamada estratégia de busca de subsídios externos. (SILVA, 2005, p.38) Cabe ainda chamar a atenção que Cunha (2002, p.105-106) afirma, baseando-se em Lörscher (1991) e Faerch e Kasper (1983 e 1984), que essa busca externa ou interna pode gerar uma solução (quando o tradutor encontra um equivalente para o TLT) ou um abandono (quando o tradutor não encontra uma solução e opta por apagar do TLT aquela referência, ou a mantém na mesma forma do TLO). Na presente pesquisa se fez mais interessante observar os problemas que forem solucionados a partir de busca externa, uma vez que se pretendeu relacioná-los aos percursos 34 traçados pelos sujeitos. Sendo assim, observamos uma possível padronização entre natureza do problema, estratégia e percurso traçado de solução. Uma vez determinada a metodologia da pesquisa, se faz importante debruçar-se sobre o TLO que serviu de base para a coleta de dados e formação do corpus da pesquisa. E, deste momento em diante, nos dedicaremos a analisá-lo. 1.1.3 Análise do TLO da pesquisa e questionários aplicados A presente pesquisa teve como base um texto pragmático, que diferente do literário e do técnico, tem por objetivo informar ao leitor fatos do cotidiano. Esse texto foi publicado no jornal “Le monde” no dia 11 de Agosto de 2008, retirado da versão on-line do jornal (www.lemonde.fr), intitulado de “Les nageurs tricolores ne digerent pas l´incroyable final du 4x100m” (Os nadadores tricolores não digerem a inacreditável final do 4x100m) e estava contido na seção “sports” (esportes) do jornal. Esse texto foi escolhido por apresentar diversas estruturas que dependem, para serem compreendidas, de um conhecimento do universo cultural francês e, além disso, durante o texto, há um jogo constante de palavras que remetem ao campo semântico da água dificultando ao tradutor, caso o desejasse, mantê-lo no TLT. De forma que, se fez interessante observar, na tradução, as escolhas que permitiriam, ou não, manter esse jogo de palavras e como se deu o processo tradutório durante as alusões ao universo cultural francês. Esse texto foi escolhido, também, por ser consideravelmente curto, 455 palavras, quatro parágrafos. No intuito de esclarecer, devemos explicitar que chamamos, aqui, de texto pragmático, aquele texto que tem como objetivo principal informar sobre um fato do cotidiano, sob um “contrato” com o leitor de que esse fato informado é real, ao contrário do literário, que não tem por obrigação relatar fatos reais, apesar de poder se inspirar nestes. E os textos técnicos, 35 acreditamos, teriam por característica básica discorrer sobre temas de áreas de conhecimento específicos (engenharia, direito, administração etc). O texto escolhido fala sobre os jogos olímpicos de Pequim, mais precisamente sobre a derrota dos franceses para os americanos por 8 milésimos, mesmo após terem liderado quase toda a prova de natação do revezamento 4x100 metros. É importante ressaltar que o texto pode ser lido na integra nos anexos desta dissertação. Foi esperado que certas estruturas, para que fossem compreendidas e solucionadas, caso se tornassem um problema tradutório, dependessem de um grau de proficiência e/ou um “saber-como” sobre ferramentas digitais mais elevados por parte dos tradutores. É o caso de expressões como “Baiser la gueule” (Sacanear), “combler le retard” (Recuperar o atraso), “verre à moitié plein” (copo cheio pela metade) e “On a fait avec” (fizemos o melhor). Para estas, os tradutores deveriam ter um conhecimento de mundo ou um “saber-como3” maior, pois simplesmente a consulta ao dicionário não supriria essa carência. Há ainda o uso, durante o texto, do “ne”, dito expletivo, que não forma uma negação simples (ne pas), e que requer do tradutor um conhecimento linguístico para evitar que seja dito exatamente o oposto do que é proposto. Ou seja, evitar que a frase “d'éviter qu' Alain Bernard ne soit non seulement touché, mais aussi coulé” seja traduzida por “de evitar que Alain Bernard não fique somente abalado, mas também naufrague” e sim por “de evitar que Alain Bernard fique somente abalado, mas não naufrague”. E, ao definirmos aos tradutores seu público-alvo (leitores do jornal o globo), previmos momentos em que seria necessário um conhecimento discursivo-textual para não fossem criadas estruturas que transgredissem as normas discursivas, como o caso de “Il nous a un peu 3 “Saber-como” na presente pesquisa, nada mais é do que a tradução do inglês “Know-how” ou do francês “Savoir-faire” e diz respeito ao conhecimento necessário para execução de determinada tarefa. 36 baisé la gueule”, que significa: “ele nos ferrou um pouco4”, não cabendo no discurso de um jornal de grande circulação como “O Globo” utilizar expressões chulas, uma das possibilidades de tradução deste sintagma. O texto de aquecimento, também nos anexos desta pesquisa, se intitula “Les „Quatre Jumelles‟, opéra chic et show” (“Quatro gêmeas”, Ópera chique e show), apesar de ser um texto maior, 280 palavras divididos em 6 parágrafos, pedimos ao tradutores para traduzi-lo até o fim da primeira parte, que é constituída pelo chapéu do artigo e seus dois primeiros parágrafos: ‟Les Quatre Jumelles‟, opéra chic et show L'enfer en version féminine, ça existe : dans un coin de l'Alaska. C'est là que Copi situe l'action de sa pièce Les Quatre Jumelles, qui a inspiré au compositeur Régis Campo un opéra de chambre donné en création par l'Arcal, samedi 10 janvier, à la Maison de la musique de Nanterre (Hauts-de-Seine). Quatre jumelles s'y déchirent, dans toutes les combinaisons, de un à quatre, sur fond d'or, drogue et mort. Les soeurs Smith, riches et accro à la cocaïne, reçoivent la visite des soeurs Goldwashing (campées par deux hommes), pauvres et acculées au crime. On complote, on tue, on ressuscite, et on recommence. " A cet argument développé en boucle correspond une musique à base d'échelles répétitives et de pulsations mécaniques, qui évoquent celles de Rimski-Korsakov et de Boulez. Et si le ton est outrancier chez Copi, il est neutre avec Campo. O texto foi retirado, também, da versão on-line do jornal “Le Monde”, seção “spectacles” (espetáculos), e foi publicado em 13 de janeiro de 2009. Entretanto, por ser o texto de aquecimento, tendo como objetivo principal os sujeitos permitir que os sujeitos se acostumassem com a técnica de “falar alto” de Ericsson e Simon, não nos determos neste. Sendo assim, retornando ao texto usado para coleta de dados, com base na teoria de “coesão e coerência textual”5 exposta por Corrêa e Cunha (2006), podemos dizer que a idéia principal do texto é que os franceses, tanto os nadadores, quanto a população, não se 4 A tradução literal seria relativa ao ato de possuir sexualmente o outro, estando esse outro no papel simbólico de submissão durante a relação sexual. No momento em que se observa se tradutores iniciantes com maior “saber-como” geram traduções mais bemsucedidas, se faz importante demonstrar nossa análise do texto de coleta de dados, pois é esta que guiará as conclusões a esse respeito. Acreditamos, aqui, que o sucesso de uma tradução está intimamente ligado a manutenção dos elementos de coesão e coerência presentes do TLO no TLT, permitindo, assim, manter o sentido global no TLT. 37 conformam com o resultado da prova de revezamento 4x100m. Essas informações são dadas logo no título da reportagem. O autor faz alusão aos franceses através da palavra “tricolores” (referência às cores da bandeira francesa). Logo em seguida traz o sintagma verbal “Ne digerent pas l'incroyable final du 4 × 100m” (não digerem a inacreditável final do 4x100m) que faz alusão a idéia de má digestão e há, ainda, a informação que essa indigestão ocorreu na prova 4x100m livres. Logo na primeira frase o autor traz como nova informação a conquista da prata (segundo lugar) e o lugar da prova (Beijim 6), assim como o dia, logo em seguida através de uma “anáfora nominal de repetição” o autor retoma os nadadores franceses através do termo “tricolore”, assim como repete o estilo da prova “4 x 100m”, mas usa o substantivo “désarroi” (confusão) para fazer alusão à final não digerida. Em seguida há uma “anáfora por substituição”, na qual o termo “tricolores” é substituído por “relayeurs” (revezadores) e a nova informação seria de que os revezadores se questionam sobre o fato ocorrido. Na sequência, o autor traz o substantivo “amertume” (amargura) para aludir mais uma vez à indigestão da derrota, e através do sintagma “eaux bleues” (águas azuis), alude tanto aos franceses, conhecidos culturalmente na frança pelo termo “les Bleus” (os Azuis), quanto ao campo semântico da água. No parágrafo seguinte o autor utiliza uma “anáfora por substituição”, trocando desta vez a referência dos nadadores tricolores por “français” (franceses), trazendo como nova informação, entretanto, que a medalha de ouro parecia ganha até o momento no qual Lezak ultrapassou Bernad. 6 Escolhemos utilizar o nome “Beijim” e não o tradicional “Pequim” em respeito diplomático ao sistema “Pinyin”, criado pelo governo chinês, que regulamenta a transcrição fonética da língua chinesa (válido para o mandarim padrão) para o alfabeto romano. 38 Na frase seguinte a nova informação seria que Leveaux abriu mão das suas provas individuais para se dedicar somente ao revezamento, fato que gerou mal estar maior aos franceses pela derrota. E, através de uma “anáfora nominal” por substituição, a referência aos franceses é retomada no texto através de um dos seus representantes no revezamento, Leveaux. E há ainda uma “anáfora nominal por repetição”, prova 4 x 100m. Em seguida, o referente Leveaux é retomado através de uma “anáfora nominal de substituição”, pois ele é mencionado como o “grand blond” (loiro alto) e a nova informação é a perspectiva de Leveaux sobre o ocorrido na prova, quando ele afirma que a federação os “sacaneou” um pouco (un peu baisé la gueule). O título da segunda parte da reportagem diz que Bernard não saiu ileso. Sendo assim, o leitor já pode inferir o assunto que será abordado, pois já fora dito que Bernad havia sido o último competidor dentre os revezadores franceses. Logo no início da segunda parte, o autor repete o nome de Alain Bernad (acrescentando seu primeiro nome) e acrescenta que a ordem dos competidores foi alterada na última hora. E após há uma “anáfora nominal por substituição”, no qual Bernad é evocado como ex-recordista (ex-recordman) e acrescenta-se que ele ficou 10 minutos agachado no banheiro do Cubo d água, em choque devido à derrota (mais uma vez trazendo a idéia da decepção francesa). A nova informação trazida em seguida é que os franceses lideravam a prova até o momento em que Bernad entrou na água e por isso, ao terem perdido a prova, Alain foi o mais “touché”7 (atingido) devido à derrota. Entretanto há uma referência ao nadador através do uso somente do seu primeiro nome (Alain). 7 Touché é uma expressão que remete ao jogo de batalha naval, pois quando parte de um navio é acertado sem, contudo, afundá-lo ele é “touché” (tocado). 39 Em seguida, o autor retoma a idéia da alteração da ordem dos nadadores que já havia sido exposta, acrescentando, através do comentário de Marc Begotti (treinador), responsável do revezamento, que é fácil refletir sobre a melhor ordem depois da prova realizada. No ultimo parágrafo do texto, os nadadores franceses, através de uma “anáfora nominal de substituição”, são evocados através do termo “gars” (rapazes) e a nova informação é que, apesar da derrota, ouve uma superação da equipe em relação ao seu tempo na prova e há a conclusão de que não é desonra ser vice-campeão olímpico. Em seguida, os “rapazes” são substituídos por “nageurs” (nadadores) e acrescenta-se que os treinadores franceses precisam fazê-los acreditar que o vice-campeonato é algo bom, de tal forma que eles se sintam motivados a continuar a competir nas provas individuais, e, mais uma vez, o autor menciona Alain para dizer que se deve evitar que ele afunde (coulé)8. Feita está análise do texto foi possível tirar conclusões, guiadas pela nossa análise, sobre o sucesso das estratégias e seus percursos escolhidos pelos tradutores. Cabe ainda, então, expor algumas características sobre os instrumentos utilizados para a coleta de dados, compostos pela gravação da tela do computador durante o processo tradutório e captura de áudio através do mesmo programa e gravador, além da aplicação de questionários. Fica claro que a gravação da tela e o áudio é justificado para criação posterior do protocolo verbal. E em relação aos questionários, esses serviram como base para determinar as contingências sócio-histórico-culturais dos tradutores, a fim de podermos encontrar possíveis explicações sobre as motivações de determinadas escolhas de estratégias e percursos durante o processo tradutório. 8 Novamente há uma imagem da batalha naval. Se todas as partes do barco são “touchées” (tocadas) ele “coule” (afunda). 40 O questionário é composto por perguntas abertas e fechadas e as perguntas foram feitas pelo pesquisador, podendo o pesquisador ampliar o número de perguntas, caso não fique clara alguma informação necessária à pesquisa. Esses questionários foram aplicados antes de entregar ao sujeito os textos para traduzir. O questionário básico foi composto pelas seguintes questões: (1) Nome Completo, (2) Idade, (3) Escolaridade, lugar de formação, ano de ingresso, (4) Forma de entrada na UFRJ: vestibular interno, externo, (5) Uma vez aluno do curso de Letras: Português-Francês. Foi primeira opção? (6) Tem costume de ler em francês? Com que freqüência? (7) Tem costume de ler em português? Com que freqüência? (8) Faz uso de internet? Com que fins? (9) Já traduziu antes? Se sim, quais ferramentas você utiliza na hora de traduzir, (10) Qual seria o seu conceito de tradução? (11) Qual seria o conceito de um bom tradutor? Podemos notar que as perguntas de (1) a (5) são questões fechadas que visam definir o perfil do tradutor. Já as perguntas (6) e (7) têm como objetivo levantar hipóteses sobre sua competência linguística. A pergunta (8) pretende levantar hipóteses sobre seu “saber como” e as perguntas de (9) a (11) sua perspectiva de tradução, que poderá nos ajudar a compreender suas estratégias adotadas durante o processo tradutório. E, uma vez que os sujeitos deverão ser todos, a não ser o tradutor experiente em língua francesa, alunos da UFRJ, há perguntas direcionadas para esse perfil (4 e 5). Acredita-se que, através dessas formas de coletas de dados: (1) Protocolos verbais gerados através de técnicas de introspecção: introspecção simultânea e retrospecção imediata. (2) entrevistas tendo um questionário base e (3) o registro filmado do processo tradutório através do programa Camtasia, foi possível delimitar as estratégias globais e locais dos sujeitos, seus percursos e possíveis motivações para os mesmos. 41 E cabe finalmente afirmar que estamos de acordo com Cavalcanti (1989, p.141), quando a autora diferencia “Introspecção” de “Protocolo verbal”. A Introspecção seria a técnica e o Protocolo o registro gerado através desta técnica. Em suma, a pesquisa ocorria da seguinte forma. Primeiramente aplicávamos o questionário ao sujeito, em seguida dávamos ao sujeito as diretrizes que guiariam seus objetivos tradutório, tais quais o prazo de entrega (o tempo que achar necessário), públicoalvo (leitores do globo). Tão logo disto isto, era explicitado a técnica de “falar-alto” (onde era explicado que o sujeito deveria oralizar tudo que lhe vinha a cabeça durante a tradução) e para ficar mais claro, dávamos um texto (texto de aquecimento) para que houvesse uma familiarização da técnica. Em seguida dávamos o texto que seria utilizado para coleta de dados. Tanto o texto de aqueciemento, quanto o texto principal tinha o áudio e a tela do computador gravado. E, finalmente, após terminado a tradução do texto principal, questionávamos ao tradutor suas impressões sobre o processo realizado: Maiores problemas, se estava satisfeito com a tradução, além de outras questões que não ficassem clara ao elicitador (motivação de determinada escolha). Uma vez explicitadas a metodologia de análise e coleta de dados e o corpus utilizado. Devemos, daqui em diante, através de uma revisão bibliográfica, explicar e justificar a teoria tradutória que servirá de base na pesquisa e definiu nossa forma de observar e considerar o processo tradutório. 1.2 – Princípios Teóricos: A tradução como ato comunicativo Ao longo da história, a tradução é uma atividade ligada a diferentes objetivos e diversas possibilidades de forma de estudo. Na antiguidade romana o ato de traduzir era visto 42 como um exercício para aumentar a eloquência, enquanto que na França da Idade Média e dos séculos XVII e XVIII a tradução era uma forma de aprimorar o domínio de uma língua. (Larose, 1989, p.4-10). Nos séculos seguintes, mas sem caráter científico, começa-se a discutir o conceito de fidelidade na tradução, para somente no final século XVIII aparecer, sob a autoria de Alexander Fraser Tytler (1791), um ensaio sobre o que seria uma boa tradução (Larose, 1989, p.4-10). É somente no século XX, mais precisamente no final da década de 50, que surgem as primeiras teorias sobre a tradução, mas de cunho estruturalista: Vinay e darbelnet (1958, 1977), Mounin 1963. Entretanto, uma vez que essas teorias se baseavam na teoria estruturalista, não demonstravam interesse quanto às questões textuais ou discursivas da tradução (Id, Ibidem. p.11-74). Foi então na década de 1980 que surgem estudos pautados na Análise do Discurso e, por ter a tradução um caráter interdisciplinar, surgem, também, metodologias auxiliares para sua análise (CUNHA, 2002, p.30) Segundo Cunha (2002, p.30) em julho de 2001, no VIII Encontro Nacional de Tradutores e II Encontro Internacional de Tradutores, realizado no Brasil, havia as seguintes subáreas temáticas da tradução: (1) Abordagens cognitivas, (2) estudos de corpora, (3) historiografia, (4) interpretação, (5) pós-estruturalismo, (6) terminologia, (7) tradução e mídia: TV, cinema e teatro, (8) tradução literária. Acrescentamos, aqui, que, no X Encontro Nacional de Tradutores e IV Encontro Internacional de Tradutores, realizado do dia 7 a 10 de setembro de 2009, em Minas Gerais, Brasil, o número de subáreas temáticas teve um aumento de quase 100%: (1) Historiografia, (2) Tradução Audiovisual, (3) Tecnologias da Tradução, (4) Ensino, Avaliação e Acreditação, (5) Tradução e Psicanálise, (6) Estudos de Corpora, (7) Modelagem da Tradução, Processo 43 Tradutório e Desempenho Experto, (8) Tradução Juramentada e Técnica/Especializada (9) Terminologia, (10) Tradução Literária, (11) Tradução e Análise Textual (12) Tradução de Língua de Sinais, (13) Estudos sobre Interpretação, (14) Tradução de Textos Sensíveis, (15) Ética na Tradução. É importante ressaltar também a importância de se escolher entre, ou seja, as traduções propriamente ditas ou se vamos nos deter sobre o processo, ou seja, o momento no qual a produção está sendo realizada. Escolhemos durante a pesquisa, como já foi dito, nos deter sobre o processo. Entretanto, se for relevante à pesquisa algum dado observado no produto podemos sim explorá-lo. E, finalmente, sendo a Análise do Discurso bastante ampla, com diversos pensadores, é necessário escolher os que guiam à forma de se observar a tradução nesta pesquisa. Assim sendo, esta pesquisa está de acordo com a teoria da Análise do Discurso de Patrick Charaudeau, mais precisamente na teoria dos “atos de fala”, e sua aplicação no campo da tradução proposta por Corrêa em sua tese (1991). Segundo Patrick Charaudeau (2008, p.52-63) os atos de linguagem participam de dois circuitos: (1) o externo (à fala configurada) e (2) o interno (da fala configurada). O primeiro seria composto pelos “seres agentes” (CHARAUDEAU, 2008, p.53), ou seja, o Sujeito Comunicante (EUc) e o Sujeito Interpretante (TUi), ligados por um contrato de comunicação. Estes possuem um saber ligado ao conhecimento da organização do real que sobredetermina a ação desses sujeitos. O segundo seria constituído pelos “seres de fala”, ou seja, o Sujeito Enunciador (EUe) e o Sujeito Destinatário (TUd). Estes sujeitos se constroem pelo discurso, a partir de um saber ligado às representações linguageiras das práticas sociais. O contrato de comunicação, pelo qual os seres agentes estão ligados, seria um “acordo prévio” em que os sujeitos participantes do ato de linguagem estão inseridos, este contrato é 44 composto pelas permissões e restrições que cada ato de linguagem demanda. Segundo Chaureadeau (2006, p. 68), sobre o que seria o contrato de comunicação, ele expõe: O necessário reconhecimento recíproco das restrições da situação pelos parceiros da troca linguageira nos leva a dizer que eles estão ligados por uma espécie de acordo prévio sobre os dados desse quadro de referência. Sendo assim, estas permissões e restrições, de natureza socio-historico-cultural, precisam ser análogas entre EUc e TUi para que ocorra sucesso na interação entre estes indivíduos. Cabe dizer ainda que é a partir dos pressupostos que EUc possui de TUi que ele cria um Tud (podendo ou não ser aceito por TUi). Pois segundo Charaudeau (2008, p.56): A noção de contrato pressupõe que os indivíduos pertencentes a um mesmo corpo de práticas sociais estejam suscetíveis de chegar a um acordo sobre as representações linguageiras destas práticas sociais. Em decorrência disso, o sujeito comunicante sempre pode supor que o outro possui uma competência linguageira análoga a sua. Nesta perspectiva, o ato de linguagem torna-se uma proposição que o EU faz ao TU e da qual ele espera uma contrapartida de conivência. Para exemplificar essa proposta podemos imaginar uma festa na qual temos dois Sujeitos: A e B. Do ponto de vista comunicativo eles detêm o status de convidados da mesma festa. Mas o sujeito A sabe que B mora perto de sua casa e que B está de carro, assim, deseja que B lhe ofereça uma carona. A, a partir de seu conhecimento de mundo, sabe que, sendo os dois vizinhos, não seria errado pedir carona a B. Entretanto, sabe que se dirigir de uma forma objetiva demais, como: “Você mora perto de mim, então me dê uma carona!”, pode soar de forma rude e B poderia interpretá-lo como um aproveitador. A considera, ainda, um ato de educação e natural B oferecer uma carona a ele, uma vez que isto não demandaria a B nenhum custo financeiro extra. Todas essas pressuposições de A estão no chamado circuito externo à fala. A, ao acreditar que B (TUi) possui esses mesmos conhecimentos prévios, ou seja, B sabe que A mora na mesma rua que ele e que é educado e natural oferecer uma carona, cria 45 uma imagem de B. Essa imagem seria, então, TUd. E, a partir da criação desta imagem, A determina a melhor forma de enunciar seu discurso. O circuito da “fala configurada” de um novo contrato começa no momento em que A enuncia seu discurso para B. Digamos que A, ao perceber que B saía da festa, pressupõe que este é o melhor momento de abordá-lo e diz: - Já vai? Você também mora na rua X, né? Na verdade A não deseja saber se B mora na rua X, pois ele já tem esse conhecimento prévio, mas sim que B entenda o pedido de oferta de carona embutido na frase. A partir disto temos algumas possibilidades. 1 – B pode, de fato, entender que A pede uma carona, e também achar educado, uma vez que são vizinhos, a oferecer. Sendo assim, B aceita a imagem de TUd criada por A (EUc), Essa imagem feita por A foi depreendida por B no momento que B interpreta o discurso enunciado por A. Durante o momento da enunciação A passa a ser considerado o sujeito enunciador (EUe). E B tomando sua vez de enunciar um discurso responde: Sim! Quer uma carona? 2 – B (TUi) pode não aceitar a imagem (TUd) criada por eu EUc, pois acredita, ao contrário de A, que A ao pedir uma carona, mesmo que de forma indireta, está querendo se aproveitar da situação e decide, então, não oferecer a carona, podendo negar o pedido de várias formas a partir do seu objetivo com o seu enunciado (Ofender A, mentir para A e evitar mal-estar entre os sujeitos, seja dizendo que vai a outro lugar seja fingindo não ter entendido o pedido embutido na pergunta de A ou ser sincero, dizendo o motivo de não lhe oferecer carona). Essa interpretação feita por B só é possível devido aos demais fatores externos à fala: cenário (uma festa), situação (momento em que B vai embora), conhecimento prévio (B sabe que A mora perto dele). Todos esses fatores fazem parte, também, do circuito Externo à Fala. 46 Entretanto B poderia de fato não entender o pedido de A e interpretar que A não sabia, de fato, que B morava na mesma rua que ele e descobriu durante a festa, querendo, então, só confirmar a informação. Sendo assim, B simplesmente responderia que morava sim naquela mesma rua e se despediria de A, de forma que A não teria alcançado o objetivo esperado com seu enunciado. É importante ressaltar também que esses circuitos, durante o diálogo, estão em constante atualização, pois no momento em que B enuncia sua resposta, ela é pautada no seu conhecimento prévio, ou seja, ele, sendo EUc, cria uma imagem de A (TUd). Charaudeau (1984, p.44) chama a atenção, também, que esses dois sujeitos estão ligados por um contrato composto por três componentes: (1) comunicacional, (2) psicossocial e (3) intencional. O primeiro diz respeito ao canal físico (lugar onde o discurso é proferido), o segundo diz respeito ao status social reconhecido pelo outro dentro do discurso (dois amigos, empregado e chefe, dois desconhecidos etc) e o terceiro diz respeito aos objetivos almejados pelos participantes do discurso (conseguir uma carona, por exemplo, como no caso citado acima). Esses circuitos são interdependentes, vejamos o quadro abaixo que exemplifica o que foi dito (CHARAUDEAU, 2008, p.52). 47 Figura VII - Observamos aqui os dois circuitos, e sua relação de interdependência, que compõem o ato de linguagem E, ainda sobre a teoria de Charaudeau, deve-se lembrar que os atos de linguagem existem tanto no discurso oral quanto escrito, mas, segundo Corrêa (1991, p29), no ato de linguagem escrito é a distância espacial e temporal o principal componente comunicacional. No texto escrito, o EUc produz seu enunciado sem que o TUi esteja presente, ou seja, as reações observáveis durante o discurso oral, que podem modificar a produção do EUc, não existem. E por sua vez o TUi, dentro do discurso escrito, pode retornar e interpretar o discurso por diversas vezes, mudar a ordem da leitura e se ater a seus objetivos particulares. Uma vez que Corrêa (1991, p.14) acredita que a tradução é o resultado de um duplo ato comunicativo, no qual o tradutor é em um primeiro momento um receptor (ao ler o texto a ser traduzido) e num segundo momento emissor (ao produzir uma tradução para um destinatário), A autora começa a desenvolver a aplicação da teoria dos atos de linguagem para a tradução. No primeiro momento, no qual o leitor é o receptor, chamado por Corrêa de tradutorleitor, ele será (TUi) interpretando o enunciado (configurado por EUe) do autor (EUc). Sendo assim, será tarefa desse tradutor-leitor: 48 Ser capaz de identificar-se à imagem de destinatário mais abrangente, devendo mesmo entregar-se à tarefa de analisar os efeitos discursivos produzidos, num esforço de reconstruir hipoteticamente a intencionalidade do texto. As decisões que o tradutor tiver de tomar ao produzir o texto na língua de tradução (em LT) terão obrigatoriamente como ponto de referência o resultado dessa atividade analisante. (CORRÊA, 1991, p.31) Adentraríamos, então, no plano discursivo-pragmático, numa tentativa de determinar a “intenção da obra”, quando a autora afirma que o tradutor tem de analisar, inclusive, os efeitos discursivos produzidos. Pois ao fazer essa afirmação a autora chama a atenção para os três componentes já citados: (1) comunicacional, (2) psicossocial e (3) intencional. Passado esse momento de interpretação, tem-se o momento no qual o tradutor deixa de ser leitor e passa a ser “escrevente”, nesse momento o tradutor passa a ser o “Sujeito Enunciador” (EUe) de um discurso, este dirigido a um destinatário (TUd) que será responsável pelo processo de interpretação (TUi) do discurso enunciado pelo sujeito (EUc), como demonstra o gráfico retirado da dissertação de Corrêa (P.43): Figura VIII - Essa imagem demonstra o duplo ato comunicativo no qual o tradutor está inserido durante o processo tradutório Podemos abordar, ainda, o conceito de “contrato de fidelidade”. Este diz respeito à “necessidade de” o tradutor ser fiel, não ao autor, mas ao texto original, à interpretação mais abrangente possível feita pelo tradutor (CORRÊA, p.39), ou seja, o tradutor deveria, no 49 momento que produzir o novo discurso, estar sempre de acordo com o texto original, produzindo um texto equivalente na língua de tradução (TLT). Corrêa, em seu artigo de 2000, realizado em co-autoria com Neiva, deixa mais claro qual seria essa obrigação do tradutor: “Passar um texto numa língua para uma outra procurando estabelecer, no texto de chegada, uma relação de equivalência semântica, pragmática, sociocultural e, em alguns casos, também formal, com o texto de partida.” (CORRÊA E NEIVA, 2000, p.36) Corrêa conclui que não há uma única tradução fiel, pois diferentes tradutores, assim como leitores de um texto, podem ter diferentes interpretações, e podem escolher determinado objetivo comunicativo em detrimento de outro, por acreditar que o primeiro é mais fiel ao discurso do TLO que o segundo (caso não seja possível manter os dois no TLT). Há, então, contratos de fidelidade (CORRÊA, 1991, p.25). E essas escolhas serão justificadas em favor do público-alvo (destinatários) escolhido, ao se responder a pergunta: Qual forma deverá ter meu enunciado para determinado públicoalvo para que este experimente o mesmo efeito discursivo que o texto original proporciona? Sendo assim, a presente pesquisa vê a tradução como um ato comunicativo, de forma que, antes dos tradutores começarem a traduzir, é informado seu público alvo, leitores do jornal o globo, com o intuito de possibilitar a criação de uma imagem desses leitores pelos tradutores. E para que tenhamos uma base para analisarmos as motivações das escolhas feitas pelos tradutores durante o processo tradutório. Podemos, então, adentrar no universo digital e, logo em seguida, na aplicação desta realidade ao universo do tradutor. 50 2.0 O UNIVERSO DIGITAL E O TRADUTOR A “World Wilde Web” (Web), criada em Genebra, mais precisamente nos laboratórios do CERN (European Organization for Nuclear Research – Organização Européia para pesquisa nuclear), chamado aqui somente de Web, surgiu no final da década de 80 e se caracteriza por ser um sistema de hipermídia, conjuntos de várias mídias em suporte computacional para acessar informações através da internet, ou seja, conjunto de computadores conectados de forma física. Foi na década de 1990 que pesquisadores da Universidade de Illinois conseguiram criar um programa com características simples que permitiam aos textos, até então monocromáticos, ganharem cores e ainda, ao seu lado, exibir fotos, sons e movimentos: O navegador “Mosaic” (PÓVOA, 2000, p.12). Foi a partir de então que se deu início à popularização do acesso ao universo on-line. No Brasil, segundo pesquisas realizadas e divulgadas pelo Centro de estudos sobre Tecnologias da Informação e Comunicação (CETIC), desde 2005, o número de famílias com computadores em seus domicílios vem aumentando gradualmente, assim como o número de famílias com acesso à internet em suas residências, ainda que em escala menor. As pesquisas chamam a atenção também para o número de usuários que têm acesso à Web, e fazem uso de computadores através de Lan-Houses e Cibercafés. E devemos lembrar, ainda, dos usuários que acessam a Web através de roteadores ligados em uma residência, que permitem dividir a conexão de rede com o vizinho, sendo em uma escala maior a propagação da pirataria do ponto de acesso à rede (“gato-net”). Há, também, usuários que acessam a Web e usam o computador em seus ambientes de trabalho e, nestes últimos anos, houve uma expansão e popularização do serviço Wireless (internet sem fio) que chegam às localidades, nas quais a conexão ADSL não chegava, e 51 permite que aparelhos, diferentes dos computadores, acessem a Web (celulares principalmente). Vejamos um quadro que demonstra esse aumento gradual de usuários desde 2005 até 20099: Figura IX - No lado esquerdo observa-se o aumento anual gradual do número de usuários com computadores em suas residências, no lado direito observa-se o aumento gradual de usuários com acesso à internet em suas residências Apesar do aumento progressivo de usuários não é possível afirmar que a grande maioria dos brasileiros tem acesso à internet. Entretanto, não parece ser possível imaginar um tradutor em meio a livros em sua escrivaninha, sob a luz fraca de um abajur e que faz sua tradução através da sua “potente” maquina de escrever, se falamos, obviamente, de um tradutor inserido no mercado de trabalho atual de tradução. Isso fica mais claro quando, ao chegar ao local onde seria feita a coleta de dados para a criação do protocolo, e se deparar com diversos dicionários impressos, um dos tradutores experientes pergunta, ligeiramente incrédulo, se não haveria dicionários na memória do computador, pois ele só usava o computador (e suas ferramentas) para traduzir. Sendo assim, 9 Pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil. Disponível em: <http://www.cetic.br/usuarios/tic/index.htm>. Acesso em: 26 abr. 2010. 52 se não podemos afirmar que o universo digital se tornou algo do cotidiano dos brasileiros, podemos, ao menos, supor e, muito possivelmente, afirmar, que esse universo digital e a Web, já se tornaram algo do cotidiano dos tradutores que atuam no mercado. De tal forma que Pagano já havia observado essa tendência em 2000, como a autora demonstra nesta passagem: Na realidade, podemos dizer que a Internet vem progressivamente tornando o lugar dos dicionários e glossários especializados, não só porque ela abriga inúmeros dicionários desse tipo, com opções de atualização permanente, mas também porque ela própria é, de certa forma, um grande dicionário ou enciclopédia, que pesquisamos por meio de palavras-chaves que operam como uma nova espécie de verbete. O auxílio da Internet não se aplica apenas a buscas de terminologia especializada, como no caso de artigos acadêmicos ou textos dirigidos a um público-alvo especialista. Ela também auxilia o tradutor em sua procura de significados de termos de uso cotidiano, porém ainda não incorporados aos dicionários disponíveis. (PAGANO, p.51) Sobre essa afirmação devem-se tomar certos cuidados, pois quando a autora afirma que a internet, de certa forma, é um grande dicionário ou enciclopédia, a autora, possivelmente, se referia à forma de navegar relativa à primeira fase da Web, na qual o usuário era passivo em relação ao conhecimento contido na Web. Atualmente podemos dizer que a Web é um grande dicionário ou enciclopédia em potencial, mas não mais só isso. Sites de relacionamento (Orkut, Facebook) seriam um exemplo de lugar virtual no qual a Web não funciona como dicionário ou enciclopédia, pois esses sites têm como objetivo principal a interação entre indivíduos. 10 Como já foi dito, a internet é um conjunto de computadores conectados de forma física, diferentemente da Web que seria um sistema de hipermídia para recuperação da informação através da internet. Para exemplificar a diferença podemos dizer que os programas de mensagens instantâneas como o MSN, ICQ e Yahoo Messenger não estão contidos na Web, mas se utilizam da internet para poderem funcionar. 10 Deve-se ressaltar que o Orkut foi criado em 2001 e o Facebook em 2004, sendo assim a autora não poderia prever esses fatos durante o seu trabalho datado de 2000. 53 Sendo assim, para fins didáticos, chamamos a atenção para essa diferença entre internet, rede física, e Web serviço de acesso de dados desta rede, através da citação de Oliveira (2010 p.10) que deixa clara a diferença entre internet e Web: A internet é uma rede mundial composta por inúmeras redes conectadas. O usuário tem a impressão de trabalhar com uma única rede graças a um sistema de comunicação uniforme para todos os computadores conectados. A internet oferece uma série de serviços para o armazenamento e para a recuperação de informações tais como a transferência de arquivos (FTP) e o acesso através da Web. A Web é, portanto, um serviço de acesso a páginas codificadas em uma linguagem chamada HTML (HyperText Markup Language) e que permite o acesso por meio de navegadores ou browsers em inglês, de páginas armazenadas em servidores remotos. (OLIVEIRA, 2010, p.10) E, Costa, tradutor de Pierre Lévy no Brasil, faz, no apêndice de sua tradução do livro Cibercultura (1999), uma analogia que permite compreender melhor a diferença entre Web e Internet: O nome Internet vem de internetworking (ligação entre redes). Embora seja geralmente pensada como sendo uma rede, a Internet na verdade é o conjunto de todas as redes e gateways que usam protocolos TCP/IP. Note-se que a Internet é o conjunto de meios físicos (linhas digitais de alta capacidade, computadores, roteadores etc.) e programas (protocolos TCP/IP) usados para transporte da informação. A Web (WWW) é apenas um dos diversos serviços disponíveis através da Internet, e as duas palavras não significam a mesma coisa. Fazendo uma comparação simplificada, a Internet seria o equivalente à rede telefônica, com seus cabos, sistemas de discagem e encaminhamento de chamadas. A Web seria similar a usar um telefone para comunicações de voz, embora o mesmo sistema também 11 possa ser usado para transmissões de fax ou dados. Outro fato que merece uma reflexão cuidadosa é a afirmação de Silva (2005), pois a autora diz que a internet é uma fonte de subsídios externos: “Uma das tendências mais perceptíveis hoje em dia é o predomínio da Internet em relação a outras fontes de subsídios externos mais tradicionais” (2005, p.38). O que se pretende chamar a atenção é que a internet só se torna uma fonte de subsídios externos no momento exato em que está sendo usada para tal fim, visto que ela possui apenas uma potencialidade e, devido a sua enorme gama de possibilidades de uso, não devemos 11 Retirado do Apêndice escrito por Carlos Irineu da Costa, tradutor da obra de Pierre Lévy In: LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999. P.255 54 simplesmente falar de internet como fonte de subsídios externos, há a necessidade de sermos mais específicos, dizendo em quais lugares dessa vasta rede o tradutor encontrará fontes para buscas de subsídios externos. Acreditamos, ainda, que a desenvoltura para recuperação de dados através da Web exige um maior “saber-como” que exigiriam os dicionários e enciclopédias 12 , por vezes dentro da rede, motivo pela qual se faz tão importante que sejam estudados suas formas de uso no auxilio da tradução. Outro indício dessa realidade sobre tradução e computadores, se encontra na afirmação de Said (2010, p.125) quando o autor discute sobre as características do tradutor que deseja montar um escritório de tradução em sua casa: Destaco também as ferramentas de informática que são imprescindíveis para o bom andamento do projeto de tradução. É verdade que para ser um bom tradutor não é preciso usar OCR, nem memória de tradução, nem mesmo computador. Mas estamos no século XXI e hoje tudo é urgente, tudo é para ontem. E como você pretende traduzir com rapidez se não tiver as ferramentas tecnológicas imprescindíveis para que se entre neste ritmo desenfreado do mercado? As questões de qualidade não se discutem, porque qualidade é algo óbvio em qualquer lugar freelance, enquanto a rapidez e a urgência na prestação do serviço podem ser diferenciais Escolhemos pensar na tradução dentro deste contexto, do atual mercado de tradução, no qual há prazos de entrega e pensamos num tradutor profissional que, apesar de ter a obrigação de realizar um trabalho de qualidade, precisa “produzir” o máximo possível, uma vez que o produto das suas traduções é responsável pela manutenção do seu orçamento mensal. Estamos de acordo com a afirmação de Said, apesar do conhecimento de uso das ferramentas digitais não serem indícios para diferenciar o bom do mau tradutor, seus usos se fazem necessários para que faça parte do mercado de trabalho atual da tradução. 12 Entretanto deixamos claro que dicionários e enciclopédias também necessitam de um “saber como”, um tradutor iniciante que não entenda como usar o dicionário com suas diversas siglas, por exemplo, poderá não encontrar determinadas soluções que ele possibilitaria. 55 Em relação à Web, podemos dizer que há duas fases, a primeira fase é intitulada de somente de Web (BONFIM & SAMPAIO, 2008, p.1), nesta os usuários eram meros receptores e pouco interagiam na construção do conteúdo da página. Ou seja, os usuários digitavam ou selecionavam aquilo que desejavam dentro de uma estrutura pré-definida e a Web lhes fornecia a resposta sem possibilidade de mudança, assim como tradutores que buscam respostas em dicionários durante o processo tradutório, pois a informação é dada de forma pronta, sem a possibilidade de alteração ou adequação à realidade contextual do discurso traduzido. Atualmente a Web é intitulada de Web 2.0, na qual os sujeitos são ativos no processo de produção do conteúdo (BONFIM & SAMPAIO, 2008, p.1), o usuário é, além de navegante, um “construtor”. Não é mais necessário saber programar para criar conteúdo online. Um usuário pode navegar por entre Blogs e, no momento que deseje, criar seu próprio Blog a sua imagem e semelhança. Em sites como o Youtube é permitido ao usuário assistir diversos vídeos (O usuário define a programação da sua televisão virtual) e, se desejar, colocar seus próprios vídeos. Enciclopédias Wikis permitem aos usuários realizarem consultas e, também, alterar seu conteúdo, sob um “contrato oculto” de melhorar o texto. Há ainda redes de relacionamento como o Orkut, Facebook, MySpace, SkyRock, Ning etc. E o podcasting, no qual os usuários podem publicar seus áudios na internet e definir o que escutar na sua rádio virtual. Todas estas ferramentas citadas são provenientes da Web 2.0. 56 O quadro abaixo deixa clara a linha do tempo que vem da Web até a Web 2.013: Figura X – Essa imagem demonstra uma linha do tempo na qual pode-se observar os recursos pertencentes a Web 1.0 e Web 2.0 Em relação à influência da Web 2.0 na vida do tradutor, observamos um número crescente de blogs sobre tradução e sobre tradutores que desejam se promover dentro do mercado, além de sites. Alguns destes se tornaram, de certa forma, redes de relacionamento de tradutores, tais quais: Proz.com14, Translatorscafé.com15 e o Fidusintrepres.com16. Nestes sites podemos observar a interação entre tradutores, de forma que um estudo sobre elas nestas comunidades poderia ser interessante, sendo assim, fica uma proposta para pesquisas próximas. 13 Imagem retirada da apresentação de PowerPoint realizada por Bohn em 2009, mestranda da UFMG, para apresentação no IV Evidosol/I Ciltec-online. Disponível em: <http://www.vanessarodrigues.net/evidosol_2009/>. Ultimo acesso em: 22 mar. 2010. 14 www.proz.com 15 www.translatorcafé.com 16 www.fidusinterpres.com 57 Atualmente nasce a noção de “Web Semântica”, termo criado em 2001 por Tim Berners Lee, James Hendler e Ora Lassila através de um artigo publicado na revista “Scientific American” intulado: The semantic Web. De forma simples, a Web Semântica seria caracterizada por uma Web capaz de entender o conteúdo das páginas da Web. Atualmente quando o usuário deseja uma informação e utiliza um site de busca, os resultados são baseados em diversos fatores, entre ele a recorrência das palavras buscadas nas páginas e o lugar no qual as palavras buscadas se encontram (Título, corpo do texto, tags etc). Sendo assim, muitas vezes, durante a procura da informação, as ferramentas de busca trazem páginas que não são interessantes ao sujeito, por diversos fatores: (1) Apesar do título da página conter a expressão procurada, esse título não remete ao assunto desejado, (2) os proprietários das páginas, para tornar suas páginas mais acessadas inserem diversas palavraschaves (tags) na sua página, ainda que não tenha muito a ver com o assunto abordado na página, (3) a ferramenta de busca não consegue diferenciar parônimos: ao buscar “manga” desejando aprender a costurar uma camisa, a ferramenta de busca pode retornar uma página que fale da manga fruta por ter encontrado nesta página diversas menções a essa palavra buscada. Em suma, uma página que contenha exatamente a informação que o usuário desejava pode ficar no final da lista das páginas indexadas, muitas vezes composta por centenas ou milhares de páginas, devido ao fato da ferramenta de busca utilizar, entre outras, as regras descritas acima para a ordem de indexação das páginas. Deve-se chamar a atenção que a Web 2.0 e a Web Semântica não são excludentes entre si, na verdade, a Web Semântica manteria as propriedades da Web adquiridas na versão 2.0, ou seja, a capacidade de qualquer usuário publicar conteúdos na rede e ser ativo na construção do conhecimento em rede, o que diverge a Web 2.0 da Web semântica diz respeito 58 à forma como essa Web interpreta os dados inseridos pelos usuários, pois ela seria capaz de identificar o sentido “semântico” inclusos nos dados inseridos pelos usuários. Em suma, temos desde o início a mesma Web que vai evoluindo, adquirindo novas características. Na Web tínhamos informações na rede que só podiam ser criadas por programadores (pessoas com conhecimentos de programação) e não havia a possibilidade de interação entre usuário e conteúdo. Tínhamos então um usuário “navegador”, como um marinheiro que não pode mudar o mar, mas pode adquirir conhecimentos necessários para navegá-lo da melhor forma possível. Na segunda fase, Web 2.0, as informações criadas na rede são fornecidas por qualquer usuário, sem que seja necessário um amplo conhecimento de programação, e, em geral, o conteúdo das páginas pode ser editado, modificado ou sofrer complementação por outros usuários. Sendo assim, o usuário passaria a ser um “construtor”, como um pedreiro, que apesar de ter de respeita as leis da física pré-dispostas no seu universo, pode, a seu bel-prazer, construir seus imóveis da forma que achar mais proveitoso. Na terceira fase, Web semântica, a mudança não está na forma de como o usuário manipula os dados, mas de como a Web entende os dados fornecidos pelos usuários, ou seja, continuamos tendo um usuário “construtor”, mas passamos a ter uma Web “inteligente”, ou seja, a Web passa a ser capaz de entender o objetivo do usuário. Sendo assim, simplificando, imaginemos que esse usuário “construtor” resolva pintar seu imóvel recém-construído. Na Web 2.0, esse “construtor” teria que dizer claramente qual a marca, cor e textura da tinta desejada, já na Web semântica bastaria dizer que gostaria de uma tinta para pintar o lado externo da casa e seria fornecida a melhor tinta para tal fim. Em suma, a Web semântica entenderia o conteúdo “semântico” das páginas indexadas na sua rede, fornecendo ao usuário as páginas que realmente são relevantes para que ele obtenha a informação desejada de forma mais precisa. Enquanto a Web 2.0 revolucionou a 59 forma como o usuário cria na Web, a Web Semântica revolucionaria a forma como a Web fornece a informação ao usuário. O fato, entretanto, indiferente de estarmos na Web 2.0 ou Semântica é que o uso da Web, seja para a comunicação entre tradutores, seja para realizar traduções, seja para discutir sobre assuntos cotidianos do seu ofício, já se tornou um fenômeno usual ao tradutor que atua no mercado. Em relação às pesquisas sobre Web e tradução, citamos a pesquisa de Araújo (2005), na qual o autor analisa os percursos que um tradutor realiza dentro do site de busca Google para resolver problemas tradutórios a partir da observação de um tradutor durante o processo tradutório. Entretanto, nessa pesquisa, o tradutor traduz um texto da sua língua materna para uma língua estrangeira, ou seja, o tradutor, falante de português, verte um texto para o inglês. Possivelmente o caminho inverso geraria estratégias diferentes de busca, além de utilizarmos, aqui, pares linguísticos diferentes que também podem levar a estratégias diferentes. Há, ainda, o trabalho de Silva (2005) no qual a autora analisa o uso de buscas externas no momento da tradução. Sobre este trabalho é importante fazer algumas considerações. Primeiramente a autora inclui no seu trabalho o universo digital e a Web, mas a autora utiliza, durante parte de sua pesquisa, uma conexão discada máxima de 56kbps, velocidade, atualmente, considerada baixa, principalmente para acessar alguns recursos da Web 2.0. E a tradutora traduzia textos de temas religiosos. Sendo assim, já havia em seu computador enciclopédias específicas para este fim. Um tradutor que traduza textos de áreas do conhecimento diversas não poderia fazer o mesmo, sendo obrigado a recorrer a outras ferramentas, possivelmente utilizando mais as ferramentas on-line que a tradutora da pesquisa de Silva (2005), pois necessitaria atualizar seu 60 conhecimento de mundo sobre diversos assuntos, tendo a necessidade, possivelmente, de ter um número maior de enciclopédias especializadas. Outro fator que se deve levar em conta é que ambas as pesquisas trabalham com o par linguístico inglês-português, enquanto que a presente pesquisa trabalha com o par linguístico francês-português o que gera outro diferencial à pesquisa. E finalmente, em relação às pesquisas realizadas na própria faculdade de letras da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que visavam analisar as estratégias tradutórias (CUNHA, 2002 e PORTELA, 2002), não se aborda essa nova realidade do tradutor, possivelmente por não ser algo, na época da pesquisa, relevante. Os tradutores realizavam as traduções através de consultas aos dicionários impressos e usavam papel e caneta durante a tradução. Acreditamos que seja interessante, então, fornecer ao tradutor como ferramenta para traduzir o computador com acesso à Web. Fator interessante, também, é que mesmo em cursos de tradução em nível de especialização, não se dá importância ao universo digital que pode ser utilizado pelo tradutor com o intuito de auxiliá-lo na busca de soluções de problemas de tradução17: 17 DANIEL de Brito: Curso de especialização de tradutores. Disponível em: <http://www.dbb.com.br/>. Acesso em: 3 maio 2010. 61 Figura XI - Chamada explicativa do curso de tradução Daniel Brilhante de Brito. O curso Daniel Brito, bem referenciado como curso de tradução do Português-Francês no Rio de janeiro, como podemos perceber na chamada acima, não destina um momento para familiarizar os novos tradutores com possíveis ferramentas digitais de tradução. O curso de especialização da PUC-Rio, em tradução do par linguístico inglêsportuguês, também não destina em momento algum, ao menos não é demonstrado de forma clara durante sua chamada para o curso, um módulo que vise aprimorar o “saber-como” em relação às ferramentas digitais utilizadas para traduzir18: 18 TRADUÇÃO Inglês-Português: Curso de especialização. rio.br/letras/esptraducao.htm>. Acesso em: 14 dezembro 2010. Disponível em: <http://www.cce.puc- 62 Figura XII – Chamada explicativa do curso de tradução da PUC-Rio Sobre a imagem acima, observamos que a chamada, ao longo dos “objetivos do curso”, cita o desenvolvimento de uma metodologia de pesquisa, deixando claro, inclusive, que ela é de natureza terminológica e temática, mas, aparentemente, não tem a ver com questões que envolvem a busca na Web. De forma que o programa do curso não discorre em momento algum sobre a questão da tradução e tecnologias. Baseados em Evans e Nation (1993), acreditamos que é necessário que o usuário, aqui o tradutor, tenha um “saber-como” (know How) em relação às ferramentas digitais, do oposto elas são apenas “coisas digitais”. “technology” is a form of knowledge.... Technological “things” are meaningless without the “know-how” to use them, repair them, design them and make then. That 63 know-how often cannot be captured in words. It is visual, even tactile, as in the various disciplines of engineering. 19 (EVANS E NATIONS, 1993, p.14-15) Um tradutor é um usuário, pessoa que precisa desse “saber-como” operar o computador e seus periféricos (mouse, teclado) e, uma vez dentro da web, "saber-como" recuperar as informações necessárias para resolver seus problemas, aqui problemas tradutórios. De tal forma que um curso que proponha ensinar a traduzir deveria, também, dar conta do ensinar esse “saber-como”, ajudar o aluno a adquirir essa técnica. Por ora, entretanto, deixemos de lado a questão do domínio dos periféricos, e adentremos na questão relacionada, mais especificamente, às formas de obtenção de informações na rede e quais seriam essas ferramentas de solução de problemas de tradução na Web. 2.1. Formas de navegação e obtenção da informação na web Imaginemos um usuário sem nenhuma experiência na internet. Este não teria outra opção a não ser, a partir da página inicial do navegador que utiliza, clicar nos diversos links, navegando em diversas direções em busca da informação desejada. Não dificilmente, esse usuário encontraria diversas informações, mas caso seu objetivo fosse adquirir uma informação muito específica, haveria uma grande possibilidade de ele ter sua navegação interrompida antes de alcançá-la, desde que, obviamente, essa página inicial não fosse um site de busca ou de diretórios. Segundo Batista (2007, p.10-11), além dessa forma de busca, que seria apenas "livre navegação", há duas outras formas de obter informação na rede: (1) o usuário poderia utilizar um guia de assuntos, conhecidos como diretórios, onde as informações são organizadas em categorias e subcategorias, ou seja, o usuário passa a fazer uma “navegação” direcionada (BATISTA, 2007, p.14). 19 “tecnologia” é a forma de conhecimento... Coisas tecnológicas não possuem sentidos sem o “saber como” usálas, repará-las, projetá-las e produzi-las. Esse saber-como, freqüentemente, não pode ser apreendido com palavras. Ele é visual, até mesmo palpável, assim como em diversos campos da tecnologia. (tradução minha) 64 A partir de grandes temas, o usuário clicaria nos links e seria direcionado a subáreas deste tema, tendo assim, maior possibilidade de encontrar uma informação mais específica. A imagem abaixo pode demonstrar melhor o que foi explicitado20: Figura XIII – Dmoz: site de busca por diretórios Ainda segundo Batista (2007, p.11), o usuário que optasse por não utilizar nem a navegação livre, nem a busca por diretórios, poderia recorrer a sites de busca (segunda forma de obter informação na rede), no qual o usuário digita, em um espaço do site, uma ou mais palavras, que considere crucial (palavras-chaves) dentro do assunto que busca. Em suma, palavras que têm uma grande possibilidade de estarem contidas nas páginas sobre o assunto procurado. 20 Figura retirada do site http://www.dmoz.org/. Esse site é um projeto de diretório aberto, onde qualquer usuário poderia catalogar páginas dentro do site, com intuito de torná-lo um diretório o mais completo possível. 65 O site de busca irá, então, listar todos os sites, ou melhor, um grande número de sites, que possuam essas palavras. Dentre os sites de busca citamos: Yahoo Search21, MSN Search22, Alta Vista 23 e o Google 24 , sendo este ultimo o mais popular, tendo 64% das pesquisas realizadas na Web25:26 Figura XIV - Google - Site de busca por palavra-chave De uma forma geral, ainda segundo Batista (2007, p.20), os sites de buscas funcionam a partir de três etapas básicas: (1) Primeiramente há um programa específico, chamados, entre outras nomenclaturas, de “robôs”. Esse programa coleta informações sobre as páginas da web criando uma base de dados para o mecanismo de busca. (2) Em seguida, uma vez que as informações já foram indexadas na base de dados do site de busca, é feito o cruzamento dos dados armazenados com os dados digitados pelo usuário. E, finalmente, (3) os dados são apresentados ao usuário para que ele possa escolher os que lhe são mais relevantes. De acordo com Batista (2007, p.16), nos diretórios temos uma indexação humana, o que permitiria um maior controle do conteúdo apresentado, enquanto que nos buscadores, por terem sua indexação feita de forma automática, há menos controle do conteúdo, mas apresentam um maior número de opções aos usuários. 21 www.yahoo.com www.msn.com 23 www.altavista.com 24 www.google.com 25 Fonte: http://en-us.nielsen.com/main/news/news_releases/2009/may/Nielsen_Online_Search_Data _April_2009 Consultado em 7 de abril de 2010. 26 www.google.com.br 22 66 Contudo, é importante ressaltar que, mesmo sendo feitos de forma automática, os “robôs” não conseguem indexar, segundo estudos de Lawrence e Gilles, mais do que 42% de 800 milhões de páginas disponíveis, estudos realizados em 199927, ou seja, 11 anos atrás. Atualmente, segundo uma reportagem publicada no site “news.com.au” há mais de um trilhão de páginas e o Google já cadastrou mais de um trilhão de endereços eletrônicos. Em suma, mais endereços eletrônicos do que pessoas no mundo, cerca de 6,7 bilhões28. Oliveira (2010, p.19-20) sugere que um usuário que deseje aumentar suas chances de encontrar uma informação, deveria utilizar diversas ferramentas de buscas, pois as ordens de apresentação das páginas variam de ferramenta para ferramenta. O autor cita dez ferramentas de busca diferentes que poderiam ser usadas durante a pesquisa: Ask.com 29 , Google 30 , Microsoft31, Yahoo32, BuscaUol33, AltaVista34, HotBol35, Netscape36, MSN37 e Sapo38: Além disso, a forma de ordenar os resultados obtidos varia de serviço para serviço. Isto quer dizer que, mesmo que os serviços tenham indexado as mesmas páginas Web, é possível que os primeiros resultados apresentados por eles sejam muito diferentes. Isto é importante, pois a maioria das pessoas ao estudar as respostas dos sistemas de busca não passa da primeira página de resultados, se for utilizado apenas um serviço de busca é possível que não sejam recuperadas páginas interessantes. Lembre-se sempre que a diversidade é um elemento essencial. (OLIVEIRA, 2010, p.19) Concordamos com a afirmação de Oliveira sobre as diferentes formas de apresentação das páginas indexadas pelas ferramentas de busca, porém parece ser muito desgastante ao tradutor consultar tantas ferramentas de busca. Sendo assim, a opção de buscar em tantas ferramentas diferentes parece ser viável apenas depois de outras estratégias que se apresentem sem sucesso. 27 Para maiores informações verificar referências: INTRONA, Lucas D.; NISSENBAUM, Helen Para maiores informações verificar referências: HOW big is the internet? News.com.au. 29 www.search.ask.com 30 www.google.com.br 31 www.bing.com 32 www.yahoo.com.br 33 www.buscauol.com.br 34 www.altavista.com 35 www.hotbot.lycos.com 36 www.search.netscape.com 37 www.search.msn.com 38 www.sapo.pt 28 67 Como observamos, há três formas de obtenção informação na Web. Mas ao realizar as pesquisas com os tradutores, notamos que todos preferem realizar suas buscas através de sites de buscas e todos preferiram utilizar o Google como ferramenta de busca inicial. Sendo assim, nos deteremos neste buscador com maior ênfase. 2.1.1 O Google Segundo o livro “Google: o guia definitivo” (2009, p.9), compilado por Freitas, Picolo e Rizzos, o Google surgiu em 2006, caracterizado por ser um projeto de doutorado dos estudantes Larry Page e Sergey Brin. A idéia original era apresentar um buscador que possuísse uma publicidade discreta de tal forma que não se detivesse nela por muito tempo, possivelmente para dar ao usuário um ambiente menos poluído visualmente e por consequência mais agradável. E, ainda, segundo esse mesmo livro, o Google apresenta aos usuários, além de ferramenta de busca: fóruns de discussão, calculadora, blocos de notas, agenda, blogs (blogger), site de relacionamento (Orkut), serviço de mensagens instantâneas (Talk), email (Gmail), sítios para armazenar vídeos (Youtube), fotos (Picasa), textos (Google Docs) e dicionários (Google dicionário).. Em relação às buscas propriamente ditas, elas podem ser feitas, não só por palavras, mas também por imagens (Google imagem), mapas (Google maps ou Google earth e Street), trabalhos acadêmicos e blogs, e, ainda, há a possibilidade de fazer pesquisa utilizando a opção de diretórios. Além desta vasta gama de opções, o que também diferencia o Google dos demais buscadores seria o método utilizado para apresentação das páginas da Web. Segundo Freitas, Picolo e Rizzos (2009, p.69) as páginas são organizadas a partir de um “ranking de páginas”, conhecido por PageRank, segundo os autores, uma página sobe no ranking, se tornando uma 68 página respeitada e confiável, ao ter links que levam a outras páginas consideradas respeitadas. Não há especificações se há outros critérios para a ordenação das páginas e determinação da nota da página no PageRank, por exemplo, número de vezes que a palavra desejada aparece na página, proximidade entre as palavras pesquisadas, local da página onde a palavra aparece. Sendo assim, podemos concordar com a afirmação de Batista (2007, p.29) quando o autor afirma que há uma obscuridade em relação à implementação e a combinação dos critérios, e, normalmente, ele, como mostra Batista (2007) ao longo de sua dissertação, está direcionado aos interesses específicos da empresa. Além da história do Google e seu funcionamento, Freitas, Picolo e Rizzos demonstram certos caracteres, chamados de “operadores”, que vão definir a ordem da apresentação dos dados, por exemplo: Colocar um sinal de “+” entre as palavras pesquisadas gerará páginas que apresentem todos os termos presentes na pesquisa. Em contrapartida, colocar o sinal de “-“ excluirá da pesquisa as páginas que contenham esses termos anteriores ao sinal. Utilizar “or” ou “/” entre as palavras pesquisadas fará com que sejam apresentadas páginas que contenham um ou outro termo pesquisado Colocar uma expressão entre “aspas” levará o Google a buscar páginas que contenham a expressão exata daquilo que foi procurado. Os “três pontos” entre números trarão páginas que contenham os números presentes dentro desta escala numérica. O asterisco funciona como um curinga, sendo assim o Google irá apresentar qualquer expressão que o substitua. Ex: “assessoria * imprensa” gerará buscas com palavras como “assessoria de imprensa”, “assessoria para a imprensa” etc. 69 Vejamos abaixo uma tabela transcrita desse livro (Google, o guia definitivo): Notações Resultado encontrado Exemplo termo1 termo2 Tanto o termo1 quanto o termo2 [ chocolate cacau ] Termo1 OR termo2 O termo1 ou o termo2 ou os dois termos [ Taiti OR Havaí ] Termo1 termo2 [ Taiti Havaí ] +termo Com o termo (o operador + é normalmente utilizado a frente de stop words que o Google de outra forma as ignoraria ou quando você quiser que o Google retorne apenas páginas compatíveis com o seu termo de forma exata. Entretanto, o operador + pode ser usado em qualquer termo) [ +O Dia ] -termo Sem o termo [ Clube Santos – futebol ] ~termo Com o termo ou um de seus sintomas [ ~carro ] Número1..número2 Um número específico variando entre outros dois números [ bicicleta reclinada $250..$1000 ] “termos1 * termos2 Com uma frase (entre aspas) e o * substituindo uma ou mais palavras [ “Google * minha vida” ] “frase” Com a frase, nome próprio ou série de palavras de forma exata numa ordem específica [ “filmes favoritos” ] [ “Rio de Janeiro” ] (FREITAS, PICOLO e RIZZOS, 2009, p.28-29) Cabe, entretanto. lembra que o Google permite a opção de realizar uma “pesquisa avançada”, evitando que o usuário seja obrigado a saber os operadores do Google caso deseje um informação mais específica. Após tudo o que foi exposto, podemos observar que, para que haja uma pesquisa bem sucedida, há a necessidade de um conhecimento do tradutor sobre as possibilidades de uso da ferramenta de busca, de tal forma que, quanto mais específica for a informação desejada, 70 maior competência para uso da ferramenta o tradutor deverá possuir. Exporemos então quais seriam essas diversas ferramentas que auxiliam o tradutor durante o processo tradutório. 2.2. Algumas ferramentas digitais de tradução e suas possibilidades de uso Ao analisarmos as ferramentas que podem auxiliar durante o processo tradutório, observamos que poderíamos dividi-las com base em dois paradigmas distintos. O primeiro diria respeito ao “on-line” e “off-line”, ou seja, as ferramentas que só podem ser utilizadas quando o computador está conectado à internet e o segundo seriam ferramentas que estão operantes, sendo indiferente se computador está conectado ou não. Essas ferramentas estão instaladas na memória do computador ou outras mídias físicas, como discos, Pen Drivers e outras formas de armazenamento externo ao computador. Entretanto, essa diferenciação não parece ser muito proveitosa, pois teríamos de colocar em lugares diferentes, por exemplo, dicionários similares, uma vez que podemos têlos, tanto na memória do computador, quanto na Web. Parece, então, ser mais útil dividir as ferramentas em relação as suas possibilidades de uso. Classificamos então as ferramentas tradutórias em “específicas” e “potenciais”. As “ferramentas específicas de tradução” seriam aquelas ferramentas tradutórias que têm como único fim a realização de traduções. Seria o caso dos “tradutores automáticos” e dos “Computer Aided translations” (CATs - Traduções assistidas por computador) que incluem suas ferramentas, tais quais: gestão de terminologia, memória de tradução, alinhamento e linguagem controlada. O segundo grupo seria composto por ferramentas que auxiliam o tradutor durante o processo tradutório, mas não tem como finalidade “específica” a tradução, podendo ou não 71 serem utilizadas para tal fim. Temos, então, “ferramentas de tradução em potencial”, tais como: Dicionários, enciclopédias, sites buscadores e fóruns. Devemos chamar a atenção ao fato de que a lista não se fecha nas possibilidades descritas acima, principalmente no que diz respeito às ferramentas “potenciais”, pois estas exigem, além do domínio do tradutor em relação à forma de uso, uma criatividade para adaptação da ferramenta como ferramenta de tradução. Algumas menos, como no caso do dicionário, algumas mais como no caso de uso de sites de busca para criação de corpora, ou utilizar a opção “outros idiomas” do Wikipédia para busca de termos específicos. Em suma, pode haver formas de usos e ferramentas que não foram observadas na pesquisa. Discorreremos, então, primeiramente, sobre as ferramentas específicas de tradução e em seguida falaremos das ferramentas potenciais. 2.2.1 Ferramentas específicas de tradução Ao digitarmos no Google a palavra CAT, observaremos que há uma grande tendência a associar essa ferramenta à memória de tradução, fato compreensível uma vez que toda ferramenta CAT apresenta este recurso. Entretanto, escolhemos, no presente trabalho, diferenciá-los, pois acreditamos que o CAT é um software que é composto por esse recurso, além de outros. Os recursos, segundo Said (2010, p.135) seriam: alinhamento, gestão de terminologia, controle de qualidade e a capacidade de manipular formatos geralmente não editáveis através de processadores de textos comuns. E, ao pesquisarmos sobre as ferramentas CATs na literatura francesa, observamos que há uma tendência a se referir as mesmas através da sigla TAO (traduction assistée par ordinateur). Escolhemos neste trabalho, então, adotar como relativa a este programa, a sigla 72 TAC, que será utilizada daqui por diante, fazendo referência a sua possível tradução para o português (Tradução Assistida por Computador) De forma sucinta podemos dizer que os TACs são softwares que segmentam o texto em pequenas partes (frases ou períodos 39 ) visando facilitar o trabalho do tradutor. Cada segmento da tradução realizado é salvo ao lado do TLO respectivo, facilitando a comparação entre ambos. Esses segmentos são salvos em uma base de dados, que seria a memória de tradução, de forma que, conforme o tradutor for utilizando o TAC, o programa vai criando uma base de dados cada vez mais extensa, que permitirá ao tradutor reutilizar essas estruturas seja no mesmo texto, ou em textos diferentes. Alguns TACs permitem, ainda, realizar buscas de segmentos que não tenham uma similaridade 100% com o segmento a ser traduzido. Essas consultas à base de dados são feitas automaticamente. Sendo assim, cabe ao tradutor ter bom senso, selecionando as passagens que podem ser traduzidas da mesma forma ou não. Abaixo um exemplo de uma interface de TAC40: 39 Não entraremos na discussão sobre o que esses programas consideram como “unidade mínima de tradução” e se de fato essa segmentação não prejudica a análise do contexto do texto como um todo. O que poderá vir a ser outra pesquisa nesta área. 40 Retirado do site oficial do software WordBee: http://www.wordbee.com/Tour/Screenshots.aspx?screen=. Visitado em 18 de maio de 2010. 73 Figura XV - Exemplo de ferramenta de “tradução assistida por computador” Ainda segundo Said (2010, p.35) agências de tradução, ao encomendarem uma tradução, têm uma tendência de enviar o arquivo a ser traduzido já segmentado a partir de algum programa TAC. Existe certa gama de programas TACs, dois deles, entretanto, se apresentam como sendo mais populares: Tradus e Wordfast. Segundo o site oficial do Trados41, o Trados seria um software criado na Alemanha e sua primeira versão data de 1984. Seu nome é a abreviatura de “Translation & Documentation Software”. Este software conta com três tecnologias básicas para auxílio do tradutor: Memória de tradução, Gestão de terminologia e Localização de Software 42. Esse programa, ainda segundo o site oficial do Trados, custa $445, convertidos para reais, hoje, custaria aproximadamente R$ 800,00. 41 42 www.trados.com. Visitado em 18 de maio de 2010. A gestão de Software é uma ferramenta que auxilia na tradução da interface de softwares 74 Já o Wordfast teve sua primeira versão em 1999 e criado na França segundo seu site oficial43, se popularizou, possivelmente, devido ao fato de que sua primeira versão, intitulada atualmente de “WordFast Classic”, era uma extensão do Word, motivo do seu nome “Word Fast”. Esse TAC era gratuito até 2002, atualmente ele custa 330€, ou seja, aproximadamente 750 reais. O WordFast, assim como o Trados, apresenta uma memória de tradução e Gestão de terminologia, além da possibilidade de “Fuzzy Searching”, ou seja, buscar segmentos que não são 100% similares ao que se deseja traduzir. Atualmente parece haver uma tendência a migração para TACs on-line, de forma a poderem ser utilizados em qualquer computador. O tradutor teria uma conta de acesso e não ficaria preso ao seu ambiente de trabalho para utilizar tal programa. Um exemplo disto é o WordBee. Neste, o tradutor paga uma assinatura de 290€ ao ano44, 660 reais aproximados ou 24€ por mês, 55 reais aproximados. Esse TAC apresenta as mesmas funções básicas dos demais, que serão detalhadas mais adiante, TACs: memória de tradução, Gestão de terminologia e “Fuzzy Searching”, e, segundo o site oficial do software, esse TAC ajuda o tradutor a calcular os preços da tradução e apresenta uma característica muito comum na Web 2.0, a possibilidade de produção e edição de textos em grupos. Ou seja, o tradutor daria acesso ao texto a ser traduzido a outros tradutores e todos poderiam editar e traduzir esse texto. Como podemos observar, as ferramentas TACs, em geral, são pagas, o que exigira um investimento inicial do tradutor. Sendo assim, estas ferramentas seriam mais utilizadas por empresas de tradução, ou tradutores profissionais, ainda que free-lancers, que possuam uma alta demanda de traduções a serem realizadas, de tal forma a justificar o investimento. 43 44 www.wordfast.net. Visitado em 18 de maio de 2010 Site oficial: www.wordbee.com/Prices.aspx. Visitado em 18 de maio de 2010. 75 Em geral as ferramentas TACs permitem ao usuário uma fase de teste, como é o caso do Trados que permite uma fase de teste por 30 dias e o WordBee que permite a inscrição e utilização do seu serviço por 21 dias, ou ainda, a ferramenta é liberada pela empresa com restrições de uso, como a Wordfast que permite seu uso, mas apresentará uma taxa máxima de armazenamento de 500 “unidades de tradução”. Entretanto, atualmente, o Google apresenta uma possibilidade de ferramenta TAC totalmente gratuita, intitulada Google Translator ToolKit. Este TAC apresenta, assim como o WordBee a possibilidade de compartilhamento dos textos com outros usuários, basta ter uma conta no Google que o tradutor tem a permissão de utilizar esta ferramenta. O Google Translator ToolKit também divide o texto em segmentos, tem a opção de gestão de terminologia e memória de tradução e ao fazer o carregamento do arquivo a ser traduzido (sendo que este arquivo pode ter no máximo 1MegaBite) o Google apresenta inicialmente uma tradução automática do texto, esta que será editada pelo(s) tradutor(es). Abaixo temos um exemplo do corpus trabalhado nesta pesquisa quando aberto pelo Google ToolKit Translator: 76 Figura XVI - Ferramenta de tradução assistida do Google E antes de adentrar nos tradutores automáticos, vejamos de forma didática, algumas funções que podem ser apresentadas pelos TACs: Segmentação: É a característica de dividir o texto a ser traduzido em pequenos segmentos, como frases ou orações com o intuito de facilitar a tradução. Memória de tradução: É a característica do programa de memorizar cada segmento traduzido ao lado do TLO facilitando a comparação entre ambos e criando, conforme seu uso, um glossário. Alinhamento: É o recurso de abastecer o banco de dados com outros textos não traduzidos pelo TACs, e utilizar seus segmentos posteriormente para auxiliar nos textos a serem traduzidos nessa ferramenta. Gestão de terminologia: É o glossário criado pelo programa TAC, este glossário permitira o controle e a uniformidade dos termos traduzidos. 77 Controle de qualidade: É um recurso que permite um controle da uniformidade do texto, evitando erros, segundo Said (2010, p.137): espaçamento duplo, numeração diferente do original, pontuação problemática e marcas de formatação ausente ou em locais estranhos. E cabe finalmente lembrar que os TACs permitem trabalhar com formatos de arquivos diversos, além do DOC (Word) como o XML (Excel), TXT (Bloco de notas), PPS (Power Point) entre outros. Depois de tudo que foi exposto não é difícil entender a diferença entre tradutores automáticos e os TACs. É verdade que após um glossário extenso na memória dos TACs, eles podem vir a traduzir um texto automaticamente, entretanto, esta não é sua função original. No caso dos tradutores automáticos, eles já possuem desde sua instalação um glossário, de forma que ao inserirmos um texto eles são obrigados a vertê-lo totalmente para a língua traduzida. Outro fator que diferencia as duas ferramentas é que os TACs aceitam um grande número de idiomas, ao contrário do tradutor automático que, apesar de uma vasta gama de possibilidades, não aceita idiomas além dos que foram programados. No mercado de tradutores automáticos podemos citar pelo menos três tradutores conhecidos no mercado: o PowerTranslator, Systran e Google Tradutor. Em relação ao funcionamento dos tradutores automáticos não há muito a ser dito: O usuário insere o texto a ser traduzido e o tradutor automático dá uma versão traduzida do texto. Talvez o que chame a atenção de fato é a tentativa de gerar tradutores automáticos capazes de aprender, através de “inteligência artificial”. O PowerTranslator, talvez o que possui menor nível de aprendizado dentre os citados acima, permite ao usuário editar seus dicionários, acrescentando novas traduções e, quando acoplados a um editor de texto (como o Word), o PowerTranslator permite que o usuário modifique a forma de traduzir determinada expressão fornecida pelo programa. 78 Já o Systran, segundo seu site oficial45, trabalha com a tecnologia de comparação de traduções, ou seja, o usuário insere traduções nos bancos de dados do software (similar a ferramenta de alinhamento dos TACs) e ele tem o trabalho de internalizar essas estruturas. E, não muito diferente dos sistemas mencionados acima, temos o Google Tradutor, com uma diferença crucial, ao invés de termos um usuário que alimenta o sistema, temos uma rede de usuários que alimentam esse sistema. E devemos lembrar que o Google tradutor é capaz de comparar as páginas indexadas no Google entre si com o intuito de expandir e atualizar seu banco de dados. Esses fatores permitem ao Google Tradutor, além de ser gratuito e totalmente on-line (não precisa ser instalado), ser, atualmente, um tradutor automático de grande repercussão. Segundo uma reportagem publicada na revista VEJA, intitulada “A língua do Google”46 de 2006 para 2010 o Google passou a traduzir de 3 idiomas para 52 idiomas e pretende em 2020 traduzir em pelo menos 250 idiomas. E, ainda segundo a revista, o nível de tradução do Google seria de satisfatório a bom, dependendo do idioma, sendo a noção de bom e satisfatório, segundo a revista a seguinte: Ruim – Embora apresente todas as palavras do trecho traduzido, mais se parece com uma “salada de palavras”. Satisfatória – Permite a compreensão do texto, mas traz falhas facilmente perceptíveis que, por vezes, atrapalham o andamento da leitura Boa – Surpreende o leitor, embora ainda contenha erros evidentes Muito Boa – O leitor tem a impressão de que a tradução foi feita por alguém que é fluente na língua. É o alvo dos principais tradutores automáticos Perfeição – Ninguém espera alcançá-la. Como já sabiam os romanos, o tradutor é sempre um traidor. 45 http://www.systransoft.com. Visitado em 18 de maio de 2010 Disponível em: <http://clippings-artigos.blogspot.com/2010/05/lingua-do-google.html>. Acesso em: 18 maio 2010. 46 79 Sobre a passagem acima o presente trabalho se posiciona discordando da afirmação de que o “tradutor é um traidor”, pois o tradutor, durante o processo de tradução deve sempre negociar com o texto os termos equivalentes do TLO para o TLT, e se não for possível recuperar todas as propriedades do termo no TLO, terá como objetivo recuperar os mais relevantes para aquela tradução, sempre respeitando, como diz Eco (2001, p.76), a Intentio Operis, ou seja, a “Intenção da Obra”. Voltando ao Google translator, ainda segundo a mesma reportagem, esse tradutor pretende seguir dois caminhos básicos: (1) inclusão cada vez maior de textos na sua base de dados e (2) inclusão das regras gramaticais de diversos idiomas, visando gerar cada vez uma tradução mais fluente. Dito isto, cabe, antes de adentrarmos na análise dos protocolos, verificarmos algumas ferramentas tradutórias potenciais. 2.2.2 Ferramentas potenciais de tradução Sobre as ferramentas potenciais comecemos a discorrer sobre o Google, ferramenta mais observada durante os protocolos. Como já foi explicitado anteriormente, o buscador do Google47 se mostrou a ferramenta mais utilizada para busca de subsídios externos. Através dele o tradutor pode buscar dicionários especializados, além de sites sobre determinado assunto, utilizando-o para atualizar seu conhecimento de mundo. O Google web permite, ainda, ao tradutor, realizar uma busca paradigmática, ou seja, ver o uso do sintagma em foco em diferentes contextos e, a partir do paradigma apresentado, encontrar o melhor equivalente para o texto de chegada, permitindo a criação e comparação de corpus. 47 www.google.com.br. É possível, ainda, pesquisar no Google de outros idiomas: Francês: www.google.fr Inglês: www.google.com 80 O Google imagem é outra importante ferramenta na busca de soluções de problemas de tradução, pois essa ferramenta do Google permite ao tradutor buscar o referente ao qual o signo remete. Imaginemos o grupo nominal francês “pâte brisée”, separadamente, ao consultarmos um dicionário bilíngüe, teríamos as palavras “massa" e "quebrada”. Entretanto, ao consultarmos o mesmo grupo nominal no Google imagem, obteremos diversas fotos de uma “pâte brisée” e através da imagem um tradutor poderia determinar que o equivalente em português para “patê brisée” seria “massa de torta”: Figura XVII - Exemplo de busca realizado através do "Google Imagem" 48 O Youtube 49 é um compartilhador de vídeos que permite ao tradutor, por vezes, vivenciar a situação narrada no texto de origem, principalmente no caso de textos pragmáticos, ou seja, que tem como principal objetivo informar sobre um evento. Um tradutor americano que tivesse que traduzir um texto brasileiro sobre a enchente no Rio de Janeiro do dia 6 de abril de 2010, poderia com facilidade ver o que ocorreu através 48 49 Imagem retirada do Google imagem em 10 de fevereiro de 2010 www.youtube.com 81 dos vídeos, de forma a adquirir conhecimento de mundo sobre o assunto até então desconhecido: Figura XVIII - Exemplo de busca realizada no Youtube50 A enciclopédia Wikipédia 51 , digital, multilíngue e totalmente gratuita é uma enciclopédia aberta (qualquer pessoa pode editá-la). Por ser multilíngue o tradutor pode buscar o assunto em francês, por exemplo, e logo em seguida na opção de idiomas (canto esquerdo inferior) pode pedir uma versão do artigo em português. O tradutor não encontrará uma tradução, mas sim um texto sobre o mesmo assunto na língua desejada. Isto pode ajudar o tradutor a definir qual é o equivalente do sintagma a ser traduzido, uma vez que textos sobre os mesmos assuntos terão, possivelmente, os mesmos campos semânticos abordados: 50 51 Imagem retirada de: www.youtube.com, consultado no dia 10 de abril de 2010 www.wikipedia.com 82 Figura XIX - Uso do Wikipédia como ferramenta de busca de termos equivalentes 52 O Wordreference 53 é uma ferramenta que, além de dicionário, tem a opção fórum, onde o tradutor pode fazer consultas a nativos ou especialistas sobre o assunto pesquisado e 52 53 Imagem retirada de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tropismo e consultada em 5 de maio de 2010 http://fórum.wordreference.com/ 83 através de uma construção coletiva do conhecimento o tradutor pode chegar às suas conclusões. Outro fator interessante é que esse site deixa uma memória, ou seja, um tradutor que venha buscar o mesmo assunto poderá verificar a discussão e reiniciá-la, caso não concorde com a conclusão alcançada anteriormente, ou determinar a solução do seu problema: Figura XX - Exemplo de discussão realizada em fóruns para solução de problema de tradução 54 Existe ainda o fórum “Proz.com” feito especialmente para tradutores. E sobre dicionários on-line há uma extensa gama: Trésor de la langue française55 – Dicionário monolíngue de francês. O Trésor de la langue française é o dicionário on-line mais completo de língua francesa (100.000 palavras e suas histórias, 270.000 definições, e 430.000 exemplos) 54 55 Retirado de http://fórum.wordreference.com/showthread.php?t=1311476 e consultado em 4 de abril de 2009 http://atilf.atilf.fr/tlf.htm 84 IATI (InterActive Terminology for Europe)56 – Dicionário especializado multilíngue. Esse dicionário possui termos técnicos em diversas áreas de conhecimento: Educação, direito, economia, entre muitas outras. Há ainda sites, dependendo do par linguístico a ser traduzido, que podem ajudar o tradutor a fazer uma análise comparativa de corpus como o Linguatools57 , par linguístico alemão e diversos idiomas e o Mymemory58, diversos idiomas disponíveis, esses sites são, na verdade, “bancos de dados” bidirecionais onde se pode colocar um sintagma e ele vai se ocupar de encontrar na língua escolhida estruturas que seriam suas “possíveis” traduções. 59 Ainda sobre os sites de bancos de dados, mas para o português, temos o Compara , inglêsportuguês. E há, ainda, bancos de dados monolíngues como é o caso do WebCorp National Corpus 61 60 e do British ambos de língua inglesa, mas o primeiro na versão americana e o segundo na versão britânica. Há ainda a ferramenta intelliWebSearch 62 que realiza o trabalho de procurar em diversos dicionários de corpora a expressão desejada. Em relação à língua francesa, durante busca exaustiva, encontramos o wortschatz que é um site da Universidade de Lepzig que afirma possuir uma base de dados de 37 milhões de frases63. Notamos, durante a pesquisa, uma carência de pesquisa sobre a validade do uso destes bancos de dados para tradução, principalmente no tocante ao par Português-Francês. Citamos, somente, a pesquisa de Nilson Roberto Barros da Silva, mestre pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), apresentada no Colóquio Nacional de Estudos Línguísticos e literários, realizado em Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte, intitulada: Tradução de 56 iate.europa.eu http://www.linguatools.de/ 58 http://mymemory.translated.net/ 59 http://www.linguateca.pt/COMPARA/ 60 http://www.webcorp.org.uk/ 61 http://www.natcorp.ox.ac.uk/ 62 http://www.intelliwebsearch.com/ 63 http://wortschatz.uni-leipzig.de/ws_fra/ 57 85 expressões idiomáticas com o auxílio de corpus on line. Pesquisa realizada, contudo, no par linguístico Inglês-Português64. Como já foi exposto, o tradutor, para realizar uma tradução, ao buscar na internet alguma informação, precisa de um domínio das ferramentas utilizadas de forma a agilizar o processo, encontrando, assim, a informação de forma satisfatória, e, devido ao extenso número de possibilidades, o tradutor deverá escolher aquelas que satisfaçam melhor suas necessidades. Um bom tradutor, levando em consideração o mercado atual, seria aquele que escolhe os percursos que levem à melhor solução no menor tempo possível. E, antes de concluir este capítulo, cabe chamar a atenção que o computador e suas ferramentas não trazem, ao tradutor, somente benefícios. Segundo Said (2010, p.17), temos pelo menos duas práticas contemporâneas que podem desvalorizar a prática tradutória de um ponto de vista mercadológico: o “leilão às avessas” e o “crowdsourcing”. A primeira seria a prática que visa oferecer a diversos tradutores o mesmo texto para ser traduzido e aquele tradutor que fizer o menor orçamento seria o escolhido. Não seria esta uma prática nova, mas, com a Web, esta prática pode ser feita em dimensão muitas vezes maior. A segunda prática teria surgido, principalmente, com o advento da Web 2.0, que permite que textos sejam editados ao mesmo tempo por diversos usuários. Segundo Said, o “crowdsourcing” seria uma contratação em massa de pessoas voluntárias em prol de uma tradução de um texto, e, uma vez que cada usuário fica responsável por pequenos fragmentos, nenhum deles se importa em realizar essa tarefa de forma gratuita: Mas a mesma internet que favorece a criação dessa comunidade e o estabelecimento de contato entre tradutores e clientes localizados a milhares de quilômetros de distância uns dos outros, responsável também por fenômenos como o “crowdsourcing”, forma de contratação em massa de força de trabalho on-line, quase 64 O Colóquio Nacional de Estudos Línguísticos e literários (CNELL) ocorreu entre os dias 6 e 8 de setermbro em Pau do Ferros, Rio grande do Sul: http://www.uern.br/eventos/sellp/index.html ultima visita em 17 de novembro de 2010. 86 sempre com base em exploração de voluntariado. Ou então pela proliferação do fenômeno do “leilão as avessas”, a prática que tem derrubado os preços de traduções em todo mundo. Alguns dizem que o futuro da tradução é um retorno ao amadorismo, com mais pessoas sem treinamento tradutório entrando no mercado de trabalho profissional e assumindo tarefas que hoje são realizadas por tradutores profissionais com qualificação formal. (SAID, 2010, p.17) Não é possível analisar fatos que estão além do nosso presente, sendo assim, não é possível fazer afirmações sobre o futuro do tradutor ou os rumos da tradução no Brasil e muito menos em escala global, entretanto, estamos de acordo com a afirmação de Barbosa (2003) quando questionada sobre o futuro dos tradutores e sua possível substituição por máquinas: O que poderá vir a acontecer é uma total modificação do papel da função do tradutor: em vez de trabalhador solitário que digita um texto em seu teclado, letra por letra, o tradutor passa a ser aquela mente poderosa que será responsável por fazer a interface entre o mundo e o computador. O tradutor será e, num certo sentido, já é, programador, revisor, atualizador, pesquisador, localizador. Portanto será preciso que os tradutores saibam se reinventar, reinventar sua profissão para atender ao futuro. Mas o tradutor não se tornará obsoleto porque não é somente no texto literário, criativo, que ele é essencial. (BARBOSA, 2003, p.67) Cabe então, por hora, analisar os protocolos verbais para que possamos refletir sobre os percursos, estratégias e as motivações de suas escolhas realizadas pelos tradutores. 87 3.0 ANÁLISE DOS CORPORA Uma vez que já explicitamos o referencial teórico e metodológico da pesquisa e discorremos sobre a questão dos mecanismos digitais relacionados ao universo do tradutor, cabe, finalmente, adentrarmos na análise dos protocolos verbais, e, através desses, observar as ferramentas digitais em uso. Primeiramente deixamos claro que devido à vastidão de dados que os protocolos verbais oferecem, torna-se impossível em uma escala de tempo que não seja “muito” grande trabalhar todos, sem contar que certos dados se revelam irrelevantes a esta pesquisa. Entretanto, seja para validar os dados demonstrados durante a pesquisa, seja para o uso por outros pesquisadores posteriormente, transcrevemos os protocolos completos nos anexos deste trabalho. O presente trabalho se deterá então nos problemas de tradução resolvidos através de recursos digitais, de forma a compreender a natureza deste problema, observar o percurso traçado pelo tradutor e a motivação que o levou a escolher determinada ferramenta, observando, assim, se problemas de mesma natureza são resolvidos da mesma forma. Como já explicitamos anteriormente, recolhemos, ao todo, sete protocolos verbais, e os sujeitos que contribuíram com o processo foram divididos em três grupos definidos a partir da sua experiência anterior em tradução. O primeiro grupo, chamado de tradutores inexperientes, tem essa denominação devido ao fato destes tradutores não terem passado por experiências tradutórias anteriores que visassem traduzir um texto tendo como intuito principal “o ato comunicativo” e por não possuírem conhecimento teórico sobre tradução. Esses tradutores serão de agora em diante o tradutor TI1, TI2 e TI3 (tradutores inexperientes 1, 2 e 3). 88 Tanto o tradutor TI1, quanto o tradutor TI2, ao serem questionados sobre terem tido experiências anteriores de tradução as negaram e o tradutor TI2 disse “odiar” traduzir, pois a tradução seria para ele algo impossível e complexo. Entretanto o tradutor TI3 disse que havia, durante sua graduação, tido um semestre no qual o professor que ministrava a disciplina de francês pedia a cada semana que fosse traduzido um texto. Esse texto, em geral, era um artigo de alguma revista. Mas disse que não houve teorização sobre processo tradutório. E sobre o tempo gasto na tradução e o protocolo verbal, podemos afirmar que o protocolo de TI1 durou cerca de 2h20 minutos e rendeu 6 páginas de transcrição, foi realizado em dois momentos distintos, ambos na casa da orientadora desta pesquisa, devido ao fato de TI1 não ter um computador capaz de suportar as características mínimas requeridas para que fossem instalados os programas necessários à pesquisa. O protocolo realizado com TI2 durou cerca de 1h42min e gerou 6 páginas de transcrição. O protocolo foi realizado também em dois momentos, o primeiro no mesmo dia de TI1 e o segundo na casa de TI2, a mudança de ambiente foi justificada devido ao fato de TI2 ter sofrido um acidente de trânsito semanas após o primeiro momento do protocolo e, uma vez restabelecida, meses depois, afirmava não ter tempo para retornar ao local onde realizou a primeira parte do protocolo. Em relação ao protocolo de TI3, ele gerou 7 páginas de transcrição e foi realizado em 2h25 minutos em um único momento, tendo sido realizado na casa do sujeito. Por ser um dos três primeiros protocolos realizados para a pesquisa e o pesquisador não ter, na época, conhecimento do programa Camtasia, o programa não foi usado para a realização deste protocolo. 89 No segundo grupo temos dois tradutores que trabalhavam como estagiários numa empresa de tradução e já haviam trabalhado para um site de crítica de filmes, traduzindo, tanto na empresa quanto para um site, textos do inglês para o português, e também do francês para o português. Chamaremos esses tradutores de tradutor TE1 e TE2 (tradutores estagiários). Tanto o tradutor TE1 quanto o tradutor TE2 disseram nunca terem feito estudos teóricos sobre a tradução e que na empresa na qual estagiavam 4 horas por dia, de segunda a sábado, tinham como tarefa realizar uma tradução primária de diversos textos, e esses textos eram, em seguida, passados para as mãos de um revisor experiente. Esse revisor estava à disposição para tirar dúvidas de ambos quando estas surgissem. Sendo assim, os tradutores tinham à disposição, além de dicionários na memória do computador e internet, um especialista para auxiliá-los. O estagiário TE1 estagiava na empresa há 3 meses e o estagiário TE2 estagiava na empresa há 6 meses. Ao serem questionados sobre as ferramentas que utilizavam para traduzir, ambos os estagiários disseram utilizar, sobretudo, internet e os dicionários que a empresa oferecia na memória do computador, e, ao serem questionados sobre as ferramentas TACs, o sujeito TE1 disse não as conhecer, enquanto que TE2 disse saber da sua existência, mas que ainda não tinha contato com elas. Atualmente TE2, que continua atuando na área de tradução, diz que as utiliza e as possui instaladas em seu computador, sendo a sua preferida o WordFast. Sobre os protocolos, o protocolo de TE1 gerou 10 páginas de transcrição e levou cerca de 2h25min de áudio gravado, realizado também na casa do sujeito da pesquisa, preservando assim sua ecologia de trabalho. O protocolo foi gerado também em dois momentos distintos, mas ambos no mesmo dia, de tal forma que houve um primeiro momento de 1h, seguido de 2h de pausa e um segundo momento de 1h25min. 90 TE2 realizou o processo tradutório em 3h7min, gerando 11 páginas de transcrição, protocolo realizado na casa do sujeito, sem o programa Camtasia e feito de uma única vez. O último grupo, composto também por 2 sujeitos, denominado de tradutores profissionais, tem essa denominação por serem compostos por sujeitos que trabalham com tradução e possuem obras devidamente publicadas no mercado. Esses tradutores, TP1 e TP2 (tradutores profissionais), são, também, professores de uma universidade federal. Ao serem questionados sobre as ferramentas que utilizavam para traduzir, foi afirmado que utilizavam, principalmente, o dicionário de francês-francês digital como o Petit-Robert. Ambos afirmaram que não utilizam dicionários impressos, somente digitais. Em relação às ferramentas on-line, os tradutores TP1 e TP2 disseram utilizar, em geral, o Google para determinar se determinada expressão era usual na língua de origem ou de partida ou comparar determinada estrutura com outras em outros textos, ou seja, TP1 e TP2 afirmaram que utilizavam a internet para “criação de corpora” para resolver alguns de seus problemas tradutórios. E, ao serem questionados sobre as ferramentas TACs, eles disseram não as conhecer. Sobre as traduções automáticas TP1 disse que as ferramentas são úteis para que sujeitos que não dominem o idioma de origem possam ter uma noção de qual o sentido do texto, mas não são úteis ao tradutor, enquanto que TP2 afirma que é algo horrível, pois o tradutor tem mais trabalho revisando o texto do que se tivesse simplesmente traduzido. Tanto TP1, quanto TP2 realizaram a tradução dentro da própria UFRJ em uma sala na qual foi montado um pequeno laboratório para a pesquisa. O local foi escolhido por se tratar de um ambiente de fácil acesso aos tradutores. TP1 gerou 1h20min de gravação e 8 páginas de transcrição, enquanto que TP2 gerou 1h de gravação e 5 páginas de transcrição. 91 E cabe dizer que todos os tradutores dispunham das mesmas ferramentas para a pesquisa: o dicionário Petit-Robert, monolíngue e digital; o dicionário Larousse-Oui, bilíngue e digital; um computador ligado à internet com os navegadores Firefox e Internet Explorer instalados; o dicionário Petit-Robert impresso e o dicionário escolar Português-Francês produzido pelo ministério da educação de 1972 (e que não se encontra mais disponível no mercado). Única exceção foi TE1 que resolveu utilizar seu dicionário pessoal de bolso “Olim Marote” ao longo da tradução. Uma vez que já foram feitas apresentações iniciais de cada um dos sujeitos participantes da pesquisa, a partir da proposta de Corrêa e Neiva (2000), na qual as autoras sistematizam as noções de estratégias globais e locais e concluem que é possível que haja, durante o processo tradutório, esses dois tipos de estratégias, decidimos, então, separar a análise do corpus a partir dessa divisão: (1) Estratégias Globais e (2) Estratégias locais E, ainda, complementaremos essa análise discorrendo sobre os percursos dos tradutores para solucionar seus problemas tradutórios dentro do universo digital, objetivo de maior interesse da pesquisa, tentado relacionar os percursos aos tipos de problemas apresentados. Comecemos então com as estratégias globais e em seguida as estratégias locais de tradução. 3.1 Estratégias Globais de tradução Entendemos estratégia global, aqui, na perspectiva de Jääskeläinen (1993, p.116) que segundo tradução de Corrêa e Neiva (2000, p.35) seria: Um conjunto de regras ou princípio (vagamente formulados) que um tradutor utiliza para alcançar os objetivos determinados pela situação de tradução da maneira mais eficaz 92 O que nos chamou a atenção no início dos protocolos, e que podem justificar as estratégias globais e locais escolhidas pelos sujeitos, foi a postura dos sujeitos ao se deparar com a atividade proposta pelo pesquisador. Alguns sujeitos não conseguiram se ver no papel de tradutor, como veremos adiante, outros pareciam não encarar o artigo a ser traduzido como um ato comunicativo, não atentando para a proposta do elicitador, na qual havia sido sugerido que o tradutor imaginasse que a reportagem traduzida deveria ter a estrutura de uma reportagem do jornal “O Globo”, como se a reportagem fosse de fato ser publicada nesse jornal. Tanto TI1, TE1, TP1 e TP2 não pareceram ter problemas em se considerarem no papel do tradutor. Entretanto TI2, TI3, TE2 não conseguiram, de forma plena, se ver nesse papel ou encarar a atividade como um processo “real” de tradução. Em outras palavras, fazendo alusão à teoria dos atos de linguagem de Charaudeau aplicada à tradução, observamos que TI2, TI3 e TE2 tiveram problemas em assumir seu papel de tradutor dentro do ato comunicativo que deveriam produzir – ao produzirem tanto o discurso sobre a tarefa quanto o texto em sua versão escrita (o TLT). Como já foi exposto (Cf. p.42), a tradução é um duplo ato comunicativo, onde o tradutor é num primeiro momento leitor de um texto e num segundo momento um escrevente. Momentos interdependentes e ligados por um “contrato de fidelidade”, no qual o tradutor compromete-se, no momento que se torna “tradutor-escrevente”, a gerar um TLT que contemple a sua melhor leitura realizada do TLO, visando recuperar, através de uma constante negociação, as potencialidades de significações que o TLO possui. E, quando não for possível recuperar todos os sentidos contidos no TLO, cabe ao tradutor, levando em consideração seu público-alvo, selecionar os sentidos mais relevantes a esse leitor idealizado. 93 E, devemos ressaltar que é papel, também, do tradutor respeitar as normas que regem o discurso a ser traduzido, pois é através dessas restrições socialmente pré-estabelecidas, respeitadas pelo tradutor, que temos, de fato, um tradutor e um leitor dialogando entre si, dentro de um contrato comunicativo. Permitindo, assim, ao tradutor “sujeito comunicante” (EUc) que sua imagem criada do leitor (TUd), tenha maior possibilidade de ser aceita por esse mesmo leitor (TUi) no momento da tradução realizada, enunciado que faz do tradutor um “sujeito enunciador” (EUe) diferente do enunciador do TLO. Entretanto, como veremos, TI2, TI3 e TE2 assumiram, durante momentos, ou durante todo o protocolo, papéis diversos do que se espera do tradutor, fato que caracterizou sua estratégia global e influenciou as estratégias locais de tradução. Dentre os tradutores iniciantes, TI1 foi o único que sentiu a necessidade de ler o texto todo antes de começar a traduzir e tanto TI2 quanto TI3 começaram a escrever um texto na TLT tão logo receberam o TLO em mãos. Observamos durante o protocolo que TI1 tinha como objetivo principal gerar um texto que tivesse uma estrutura “natural” no TLT, ou seja, que não fosse percebido ao leitor que era uma tradução. Houve ainda uma preocupação com o tipo de discurso a ser traduzido durante as escolhas e foi o tradutor que mais utilizou o dicionário de português, sob o argumento de: “descobrir se em português o verbo podia ser usado assim”. Como podemos observar nos dois exemplos abaixo, o tradutor está preocupado com as regras de criação do discurso jornalístico em português. No primeiro exemplo TI1 se questiona sobre a possibilidade de figuras de linguagem ou não no texto jornalístico em português. E no segundo, se determinado verbo daria o mesmo valor semântico que havia no TLO, apesar de TI1 aceitar que era possível traduzir “fierté” por orgulho: 94 Passer devant? Tá no sentido figurativo. Mas eu não sei se tá no sentido conotativo ou denotativo. Mas pode ser os dois. O jornal não impede de usar o conotativo. As horas passam. O orgulho do trabalho[...] [É, isso aqui fica engraçado porque... Eu sei que aqui é orgulho, mas como colocar aqui. Deixa só orgulho ou tem que colocar outra coisa. Entende?] Eu vou no Houaiss ver isso. ... ... O orgulho do trabalho cumprido. Deve ter uma expressão para dizer isso em português [...] O orgulho. Uma sensação de alívio. Uma sensação de alívio não vai dar [...] O trabalho cumprido? Em suma, podemos dizer que TI1 assume o papel de tradutor, pois se preocupa em compreender o TLO, durante a primeira fase na qual ele seria leitor, e, se preocupa, também, em gerar um texto equivalente e fluente ao seu público-alvo no TLT. O sujeito TI2, ao longo do seu processo, deixa claro que seu objetivo é traduzir o texto o mais rápido possível e segundo esse mesmo sujeito o texto deveria ficar o mais “natural” possível, sendo que a perspectiva de “natural” do sujeito seria manter, ao longo da tradução, a intuição dos sentidos depreendidos por ele. Ainda segundo TI2, o uso constante de dicionários poderia retirar esta “naturalidade” do texto. Essa postura pode ser confirmada, primeiramente, devido ao fato de que o sujeito, ao se deparar com problemas relativos a sintagmas nominais, em geral, optava por resolvê-los através de uma solução de abandono, apagando do TLT aquela referência, ou a mantendo na mesma forma do TLO, como no caso do sintagma “Cube d´eau”: Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças no último momento, antes de acrescentar sibyllin, a gente vai falar disso novamente. O ex recorde do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10 minutos acocorado nos banheiros “du cube d´eau” (...) nos banheiro, a cabeça entre as mãos, parecia ainda em choque. Alain se sensibilizou. Partir em último... Sendo assim, seu produto final foi: Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças no último momento”, antes de acrescentar sibyllin, “a gente vai falar disso novamente”. O ex 95 recorde do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10 minutos acocorado nos banheiros E ainda, ao longo do protocolo, o sujeito, apesar de não pronunciar palavras, talvez para evitar que seja gravado, usa de comunicação não verbal para indicar sua preocupação com o tempo levado na tarefa: “No caso ai. Qual é o problema? É achar a melhor tradução... Ah tá! Relais. Eu tenho aqui essa palavra como cavalo Qual? Relayeurs, como fornecedor de cavalos nas paragens. Mas tem outros dicionários. (TI2 ri e aponta para o relógio) Ah! Tá.” Sendo assim, se torna muito claro que TI2 não assumiu a postura de tradutor, suas estratégias estavam ligadas ao objetivo de terminar o texto o mais rápido possível e, não estando inserido dentro de um contrato de fidelidade, sua noção de tradução aceitável era realizar uma tradução na qual fossem encontrados termos equivalentes para todos os sintagmas do TLO, sem respeitar, contudo, o sentido global do texto ou se preocupar com o público-alvo. Podemos levantar a hipótese que TI2 assumiu um papel de aluno, inserido em um discurso de sala de aula, no qual o professor, neste caso o pesquisador, pede um exercício que precisa ser realizado. Entretanto, esse exercício não “vale nota”, de forma que este aluno não precisa fazê-lo com muita dedicação, caso ele tenha, apenas, como objetivo final, ter um boa média e não aprender o conteúdo sugerido pelo professor. Sendo assim, temos apenas um ato comunicativo entre professor e aluno. Pois, primeiro temos um professor (EUc) que pede ao aluno (TUd) um exercício, acreditando que o aluno, dentro do contexto de sala de aula, o fará, mesmo que não valha nota, para adquirir conhecimento sobre a matéria. Esse aluno (TUi), por saber das restrições e expectativas do 96 discurso no qual está inserido realiza a tarefa a ser entregue e acredita satisfazer a expectativa do professor. O sujeito TI3 também opta por não realizar uma leitura prévia do texto antes de começar a traduzir, entretanto, assim como o TI1, ele demonstra durante o protocolo uma preocupação em traduzir um discurso aceitável no TLT: O sentimento [...] [é acho q é isso. Tem outra palavra que eu não to lembrando agora.] O sentimento do trabalho realizado [...] [Realizado. Não fica bem em português, mas vou deixar isso por enquanto.] Foi observado sobre TI3 que ele teve problemas para se aceitar a situação proposta como uma situação real de tradução. Como já foi explicitado, foi dito aos tradutores que a reportagem traduzida deveria ser realizada como se fosse publicada no jornal “O Globo”, que o tradutor era livre para traduzir com as ferramentas que lhe aprouvessem e ao fim da tradução ela deveria estar em condições de ser entregues a um possível editor Contudo, em alguns momentos TI3 questiona, devido ao fato de surgirem alguns problemas tradutórios que não foram resolvidos depois de busca inicial, sobre a necessidade de traduzir o texto todo: Pode deixar em branco? Pensa que você vai entregar ao editor do jornal Hum Ao fim da tradução TI3 entrega ao pesquisador um texto completamente traduzido, mas deixa ao pesquisador uma dúvida sobre seu grau de imersão em relação a realização da tarefa. Acreditamos que assim como TI2, TI3 também se viu no papel de aluno e não conseguiu se inserir dentro do contrato de fidelidade do qual o tradutor faz parte, mas sim de um contrato de comunicação entre professor e aluno, emboea TI3 tenha se mostrado mais dedicado à tarefa proposta do que TI2 (como pode ocorrer em sala de aula). 97 Outro fator muito interessante, voltando a TI2, foi observado durante sua entrevista. Pois, apesar de ter uma idéia do papel do tradutor durante a entrevista, não a aplicou durante o protocolo e, de fato, concluímos que TI2 não se considerou um tradutor durante a coleta de dados para realização do protocolo verbal: Interessante essa questão do dicionário perder um pouco da naturalidade, fala um pouco mais disso. O que acontece, por exemplo? Para mim que trabalho com francês FLE, com francês como língua estrangeira. Que eu to ensinando francês para nativos de língua portuguesa, o que eu trabalho é justamente o oposto do que você tá procurando. O que que eu trabalho? A intuição. O que eu trabalho? Me mato nas aulas? Não traduzir. Então! É o caminho oposto do seu. Você vai trabalhar mais sozinho, procurando a palavra certa, para trabalhar no que você tá querendo e eu justamente não trabalho sozinha, eu trabalho com uma turma de 30 alunos as vezes que eu tenho que, justamente, partir da intuição e tentar evitar a tradução o máximo possível que eu posso. Você já deu aula no CLAC. Você vê que é o caminho inverso dessa tua tese, entendeu? Então eu acho que o dicionário é um trabalho que perde um pouco a naturalidade sim, a não ser quando você trabalha isolado no campo da tradução, ai você vai trabalhar o tempo todo com o dicionário. Porque, por exemplo, às vezes, eu trabalho com dicionário, mas quando eu to escrevendo em francês. Ai eu penso será que essa frase é assim que se diz? Ai você vai lá no Google para ver se aparece a frase escrita, mas ai a frase está com a estrutura em francês. Essa passagem deixa muito claras algumas características de TI2. Primeiramente observamos que ele demonstra entender que o dicionário é útil durante a tradução, mas não o usa. E, em seguida, notamos, ainda, que o sujeito, mesmo dentro do discurso tradutório, foi influenciado pela sua identidade de professor que julga não ter permissão de traduzir e usar dicionários65. O que chama a atenção, também, é o fim desta passagem transcrita, quando o sujeito fala do momento em que usa dicionário e que vai ao “Google”. Supomos que ao dizer “a estrutura está em francês” ele se refere, muito possivelmente, ao uso do dicionário sim, mas no par linguístico francês-francês e a busca da estrutura em francês, ou seja, mantendo, para esse sujeito, sua idéia de nunca traduzir. 65 Apenas gostaríamos de chamar a atenção que a opinião sobre o professor não poder usar dicionários e não poder traduzir jamais de TI2 não reflete nosso parecer sobre o assunto. 98 Sobre os tradutores estagiários, TE2 apresentou uma postura, em relação à execução da tarefa, no mínimo curiosa, mas a princípio falemos de TE1. TE1 também não realizou nenhuma leitura prévia do texto e visava traduzir o mais rápido possível. Como estratégia global, tudo aquilo que fosse um problema de tradução era deixado na língua original e marcado em vermelho para ser analisado depois. Esse fato já o diferencia dos tradutores iniciantes que, ao encontrarem um problema de tradução, sem exceção, escolhiam um vocábulo que parecia o melhor naquele momento, ainda que não estivessem satisfeitos e diziam que, mas não necessariamente o faziam, voltariam mais tarde ao texto: TI1 Chegar ao fundo da questão é sobre a forma [...] /O problema é que não faz nenhum sentido com o que vem antes [...] Que os revezadores [...]/ Depois eu volto[...] TI3 [Aqui no lugar do sentimento posso colocar orgulho(...)] O orgulho do trabalho realizado e recompensado por uma linda medalha de prata. [Bom, vou colocar algo aqui. Só para (...) e volto depois]. TE1, apesar de nos relatar que essa postura (de não ler o texto e deixar os espaços com problemas momentaneamente em branco) seria justificada como uma forma de agilizar o processo tradutório, foi o sujeito que mais demorou a realizar a tradução. Acredita-se que, apesar de querer fazer a tradução o mais rápido possível (assim como TI2), sua preocupação com a qualidade, ou seja, sua expectativa de uma tradução aceitável era mais alta que a de TI2, e houve um alto grau de imersão deste sujeito para a realização do processo. TE1, dentre todos os demais tradutores, era o que mais tinha saber como em relação às ferramentas tradutórias digitais. Ele, de fato, assumiu a postura do tradutor, sendo no primeiro momento leitor do TLO e no segundo momento de escrevente no TLE. Entretanto observamos que, apesar de buscas exaustivas, TE1 não tinha segurança para se afastar do TLO, muitas vezes entendendo o sentido presente no TLO, mas, com receio de se afastar do 99 TLO, não procurava manter o sentido global depreendido. Podemos observar o explicitado no momento que o tradutor fica em dúvida sobre a expressão “faire forfait”. @ [Faire forfait. Forfait no Sensagent. Humm]. [Forfait no mini dicionário. Crime enorme. Multa. Fraude, né? Crime enorme.] @ [Deixa eu ver se no Google.fr eu acho. Ahhhhh! Não é isso não. Aqui tem forfait como multa que se paga se o cavalo não correr. Declarer forfait, declarer forfait. Tinha feito forfait. Sabe por quê? Porque ele desistiu da prova individual para dar tudo no 4x100. Eu até colocaria desistiu.] No produto final, apesar de concluir que ele poderia colocar “desistiu”, prefere não se afastar do TLO: “Ainda seduzidos por este ouro que lhes parecia oferecido antes do retorno miraculoso de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram entender. Fala-se, principalmente do lado de Amaury Leveaux, que tinha feito forfait sobre sua prova individual – os 200 m nado livre – para dar tudo nos 4 x 100.” Sendo assim, TEI assume o seu papel de tradutor, mas com características de tradutor iniciante. Esse fato se deve, possivelmente, por, apesar de possuir conhecimentos práticos sobre tradução, não ter conhecimento teórico sobre o traduzir. Através do protocolo de TE1, tradutor com maior saber-como, começamos observar que o saber-como não é condição suficiente para uma tradução bem sucedida e que se faz necessário ser integrada a um conhecimento teórico sobre a postura do tradutor. Já TE2 fez uma leitura prévia antes de começar a traduzir, e antes de começar a traduzir cada parágrafo, ele fazia um resumo daquilo que havia entendido, ou seja, ele apresentou claramente utilizar uma estratégia de leitura que visava à compreensão global do texto a ser traduzido: 100 [Primeiramente vou fazer uma leitura de texto para uma compreensão geral do que se trata e depois eu retomo para fazer uma tradução.] (...) “les heures passent” [Bom a primeira parte do texto vem falando sobre a competição dos nadadores que eles não ficaram satisfeitos (...) com o resultado porque eles conseguiram uma medalha de prata, né?, no revezamento, só isso!] [Bom vamos lá]. Entretanto, o que mais chamou a atenção foi o papel assumido por TE2 durante a tradução. TE2 ao se deparar com um problema de tradução para o qual não encontrava solução depois de uma busca, deixava uma lacuna em branco, mesmo em sua versão final. Sendo assim, alguns trechos do seu produto final têm passagens não traduzidas: Sobre a ordem dos competidores [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernad] a federação nous a un peu baisé la gueule, explicou sem rodeios le grand blond a AFP. Alain ( Bernard) e Fred (Bousquet) deviam partir num outro sentido. Isto não é grave, nós fizemos juntos. E: Partir dernier relayeur en tête et se faire battre, a gente não sai ileso”, reconheceu o diretor técnico nacional , Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos nadadores, a DTN admitiu que devia falar com Marc Begotti, responsável pela prova. “ É preciso ver com ele. Não fui eu [quem tomou a decisão], ele comentou, precisando simplesmente que era “ fácil de refazer as corridas” Após corte. Segundo TE2, uma vez que o pesquisador disse que ele deveria traduzir como estava acostumado a fazer na empresa que estagiava, não era necessário traduzir o texto completamente, pois na empresa tudo aquilo que ele não conseguia traduzir era deixado em branco para que mais tarde o tradutor experiente completasse o que faltava no texto. Sendo assim, TE2 assim como TI2 manteve, durante o processo tradutório, sua identidade pessoal. TE2 assumiu seu papel de tradutor estagiário, de forma que do ponto de vista dos atos de linguagem, temos um lugar discursivo no qual as regras e normas permitem a TE2 deixar esses espaços não traduzidos.66 66 Do ponto de vista da análise, a partir do ato de linguagem sugerido a TE2, poderíamos dizer que o fato de deixar passagens do TLO idêntico no TLT seria uma solução de abandono, mas ao considerarmos os fatores externos ao processo tradutório concluímos que, de fato, para TE2 foram passagens não traduzidas. 101 Teríamos um sujeito (EUc), que seria a empresa de tradução na qual TE2 trabalha, que cria uma imagem (TUd) de TE2 (TUi), na qual TE2 tem a obrigação de realizar apenas uma primeira versão do texto a ser traduzido e caberia ao tradutor experiente realizar o produto final das traduções. TE2 sabendo que não há a expectativa que seja traduzido o texto todo não o faz, aceitando a imagem criada por EUc. Em relação aos tradutores profissionais, tanto TP1, quanto TP2 fizeram uma leitura prévia do texto, entretanto, TP2 esclarece ao pesquisador que sua escolha de ler o texto todo se dava pelo fato de que o texto não era longo e que, apesar de considerar importante esse momento prévio de leitura, essa leitura poderia ser de trechos menores, dependendo do texto a ser traduzido: Bom! Eu dei uma olhada... Eu acho sempre importante ler pelo menos a frase inteira. Não necessariamente o parágrafo, às vezes o parágrafo é muito grande, mas dá uma lida na frase, para ver como é que ela fica até melhor. As vezes tem que mudar a ordem de certas coisa. TP1 também afirma sobre a importância da leitura prévia do texto que será traduzido: “Eu vou dar uma lida nele só para ter uma noção do contexto geral do texto, inclusive porque o título depende muito do contexto.” Em suma, tanto TP1, quanto TP2 deixam claro que sua estratégia global era entender o contexto geral do texto e, a partir desse contexto depreendido, guiar suas escolhas durante o processo tradutório. E, tanto TP1, quanto TP2 demonstram claramente que suas escolhas levam em consideração o discurso traduzido e o seu público alvo idealizado. TP1 afirma: Então, o texto é cheio de jogos de palavras, que alguns vão desaparecer na tradução, até porque o leitor brasileiro não necessariamente identificaria. Por exemplo, o “Bleu” e o “tricolor” que são referência da França, mas que passam despercebidos a um leitor brasileiro, na tradução literal Enquanto que TP2: “Não sei se o leitor brasileiro entenderia esta imagem, porque tem a ver com os otimistas verem o copo cheio até a metade e os pessimistas vazios até a metade” 102 Uma vez que esses sujeitos possuem uma identidade pessoal de tradutor não foi difícil para eles assumirem um papel de tradutor durante a tarefa e de fato se inserirem, dentro do contrato de fidelidade, no duplo ato comunicativo relativo à tradução. Em suma, TI1, TE2, TP1 e TP2 optaram, num primeiro momento, depreender o sentido global do texto antes de começarem a buscar os equivalentes no TLT. E TP2 deixa claro que esse sentido global pode ser do texto todo, mas poderia ser do parágrafo. Já TI2, TI3, TE1 escolheram, ao menos num primeiro momento, não considerar o sentido global do texto, traduzindo palavra por palavra. Podemos observar durante o protocolo que TE1, mesmo após ter traduzido boa parte do texto, ainda não compreendia o assunto abordado no texto. TE1 afirma: „Na ordem dos‟ “relayeurs.” [Tá.] „[Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard], a Federação nos‟ “baisé la gueule.” ‟explicou sem‟ “détour” „o loiro,‟ „o loiro alto à AFP. „Alain (Bernard) e Fred (Bousquet) deveriam.‟ „deviam partir num outro sentido.‟ [Et alors?,] “on a fait avec.” „A gente faz juntos.‟ [(risos) Ainda não entendi o texto. Ainda não entendi o que aconteceu. Eles perderam?] Já TI3 demonstra traduzir palavra por palavra no momento que ele indica ter feito a escolha de um equivalente, mesmo sem saber seu significado dentro do texto. [Tricolores?] Os nadadores tricolores não digerem a inacreditável final dos 4 por 100. [Ainda estou pra descobri o que são esses tricolores] É importante ressaltar os três momentos da tradução propostos por Corrêa (1990) ao longo do primeiro capítulo de sua tese: num primeiro momento o tradutor é um leitor, no segundo escrevente e no terceiro revisor são momentos que se intercalam ao longo do processo tradutório, afirmado, inclusive, por Corrêa durante sua comunicação coordenada no “II Fórum Internacional de Análise do Discurso67”. 67 Esse fórum ocorreu no Rio de Janeiro, em 2010, durante os dias 8 e 10 de setembro. Sua comunicação foi realizada durante a mesa-redonda: Enunciação e projeto de influência, que teve início às 11h e durou até ao 12h30. 103 Ainda sobre as estratégias globais dos sujeitos, podemos mencionar a questão da forma dos tradutores agirem ao se depararem com seus problemas tradutórios. Tanto TI1 quanto TI2, ao se depararem com um problema tradutório, só continuavam o processo após resolvê-lo da forma que consideravam satisfatórias. Já TI3, TE1 e TP1, apesar de também tentarem resolver o problema tão logo o encontravam, quando se deparavam com um problema tradutório cuja solução não foi encontrada através de uma busca externa rápida, preferiam retornar ao problema mais tarde. E TE2 e TP2 preferiram solucionar os problemas encontrados somente após realizarem a primeira versão do texto traduzido. Sobre essa primeira fase observamos que nem todos os sujeitos, por não assumirem o papel do tradutor, passaram pelas três fases da tradução. Em geral, havia um momento inicial de leitura e um momento de equivalência, mas a fase de refinamento do texto, muitas vezes, tinha relação à expectativa pessoal e subjetiva do sujeito em relação à forma do TLT, sem considerar o público-alvo em questão. Em relação às estratégias globais, os níveis de saber-como em relação aos equipamentos digitais não se mostraram úteis para auxiliar o tradutor, pois as estratégias globais estão intimamente ligadas à noção do “que é o traduzir” para o sujeito, a partir do seu papel social dentro do discurso tradutório que vai influenciar diretamente no “como traduzir”. Uma vez explicitadas às estratégias globais desses tradutores, faz-se importante observarmos, então, as estratégias locais mais relevantes de cada tradutor, sendo esta, motivação da próxima seção. 104 3.2 Estratégias locais, problemas e percursos de solução Utilizamos aqui a idéia de estratégia local na perspectiva de Lörscher (1991, p.96) que, segundo Corrêa e Neiva (2000, p.35), subordina estratégia à solução de problemas. Lörscher, segundo a tradução das autoras, afirma que estratégias são: “Procedimentos utilizados pelos sujeitos para resolverem problemas de tradução”. No quadro de estratégias locais, com base na obra de Alves, Magalhães e Pagano (2000), teríamos estratégias de buscas internas ou externas, e dentro da busca externa (o que interessa mais à pesquisa) teríamos apenas três possibilidades: (1) consulta a dicionários (monolíngues, bilíngues ou especializados) e enciclopédias, (2) consulta a especialistas, (3) consultas a textos paralelos, ou seja, pertencentes ao mesmo gênero textual (PAGANO, 2000, p.47). Entende-se aqui que o advento da internet não modifica os subsídios de buscas externas, mas o que interessa à pesquisa, é onde os autores os encontram, de forma que, mais interessante do que determinar as estratégias locais, é relacionar essas estratégias aos tipos de problemas tradutórios (linguístico, discursivo-textual ou de conhecimento de mundo) e, em seguida observar os percursos traçados pelos sujeitos no universo digital. Ao final, concluiremos se é possível depreender percursos semelhantes para problemas de natureza semelhante. Dividimos, então, as estratégias locais a partir dos tipos de problemas tradutórios (linguístico, discursivo-textual ou de conhecimento de mundo) e observamos cada percurso realizado por estes sujeitos para resolver seus problemas de cada natureza. Entretanto, para não tornar a pesquisa repetitiva e exaustiva ao leitor, apresentaremos exemplos que se mostraram mais relevantes à pesquisa, comparando sua solução entre os tradutores e todos os percursos diferentes observados para resolução de problemas de mesma 105 natureza. Evita-se, por exemplo, citar e comentar amplamente cada vez que um tradutor utiliza um dicionário digital para resolver um problema linguístico. Comecemos, justamente, pelos problemas de natureza linguística. 3.2.1 Problemas de natureza linguística. Como já ressaltamos anteriormente (Cf. p.16), consideramos que problemas linguísticos são os que envolvem a insuficiência de conhecimento em relação à apropriação de modelos fonéticos, lexicais e gramaticais do sistema da língua. O que observamos em relação aos problemas desta natureza é que, quando realizadas buscas externas para solucioná-los, os tradutores utilizam como fonte principal de busca o dicionário, podendo variar entre o dicionário monolíngue referente ao TLO ou TLT ou o dicionário bilíngue. Observemos, por exemplo, a busca pela equivalência da palavra “dénouement”, problema de tradução da maioria dos sujeitos, na seguinte passagem: Les heures passent, la fierté du travail accompli et récompensé d'une belle médaille d'argent prend doucement le pas sur la déception, mais le désarroi reste palpable dans le camp tricolore après l'incroyable dénouement du relais 4×100m disputé lundi matin à Pékin. TI1 utiliza o “Petit Robert” para solucionar esse problema sem maiores dificuldades: EXEMPLO 1 Mas a desordem permanece palpável no campo tricolor, após (...) ... ... “Dénouement”(...) /Nossa, mas que palavra hein! Solution, terme, conclusion. Eu gosto de ir onde vem do latim que as vezes (...) O desfecho/ Após o desfecho no (...) “Relais” /pra gente é revezamento/ TI2, assim como TI1, utiliza o dicionário, entretanto prefere o bilíngue: 106 EXEMPLO 2 Mas a confusão(...) Mas a confusão (...) fica palpável no campo tricolor após a incrível (...) Após a incrível. Acho que é dedicação, mas depois eu vou confirmar. Qual a palavra? Dénouement. /Não! É desfecho./ Após o incrível desfecho do resultado(...) Fica palpável no campo tricolor após o incrível desfecho do(...) Tem alguma coisa errada com essa palavra. Qual? Relais 4×100m O incrível desfecho do “relais”. TI3, ao se deparar com problemas de natureza linguística, preferia acessar a Web na busca de uma solução, entretanto, dentro da rede ele vai até um dicionário monolíngue, neste caso o Tresor de la langue française: EXEMPLO 3 No campo tricolor depois da inacreditável... “Dénouement” /Tresor de la langue/ @Tresor de la langue française @ (...) [Desfazer. A tá! Desfez (...) desfecho do] /relais é outra coisa que eu não sei/ @ Tresor de la langue française @ (...) [Ah tá, revezamento...] /o nome da prova é revezamento/ TE1, assim como TI2, utiliza o dicionário bilíngue, mas opta por um dicionário on-line, neste caso o Sensagent: EXEMPLO 4 Após o inacreditável “Dénouement du relais 4 x 100m.” [Que isso cara?] @ Sensagent @ [Catástrofe] TE2 opta utilizar o dicionário bilíngue instalado na memória do computador, entretanto, por não encontrar a resposta, escolhe ir ao dicionário monolíngue também instalado na memória e reveza entre esses dois dicionários: EXEMPLO 5 Uma confusão permanece palpável sobre o campo tricolor após a inacreditável (...) Dénouement. [Vamos ver no Português-Francês] [Mais uma vez não achei. Então a gente procura no Robert.] 107 /Dénouement (...) Ce qui termine, dénoue une intrigue/ [Vamos ver o que é dénoue]. /Agora eu procuro no Português-Francês, no Larousse/ [Desfazer] /Realmente é uma palavra que não existe correspondente direta no português, é como se fosse um advérbio da palavra desfazer, desfazer alguma coisa/ Relais que que é relais? /De repente para dénouement acho que nesse contexto caberia bem o “fracasso”/ Após o inacreditável fracasso do revezamento 4x100. TP1 apresentou apenas uma pequena pausa, mas através de busca interna pode resolver o problema: EXEMPLO 6 O inacreditável desenlace (...)Desenlace do revezamento, do revezamento quatro por cem metros disputado segunda feira pela manhã em Pequim. Sem tampouco tocar o fundo da questão. E TP2 não interrompeu seu fluxo tradutório durante esta passagem. Sendo assim, observamos ao longo dos protocolos que os tradutores, na maioria dos casos, resolvem seus problemas de natureza linguística a partir da consulta de dicionário, mas em relação ao manuseio e formas da WEB para resolver esse tipo de problema, observamos alguns dados interessantes. Em certo momento TI3 se depara com o sintagma “faire surface” e não sabendo seu significado resolve acessar a internet para buscar alguma ferramenta que poderia ajudar a resolver este problema. Sendo assim, através do buscador Google TI3, chega ao dicionário Internaute: EXEMPLO 7 [L´ameurtume?] [É a amargura... Isso aqui é uma expressão... Faire surface. Pior que eu não sei onde procurar expressões.] @ Google (Faire surface entre aspas) @ /Achei um dicionário, tipo enciclopédia. L ´internaute/ [Emerger.... A amargura de voltar a.. Na verdade não seria tão expressão] 108 A amargura de voltar à superfície para assombrar as águas azuis. /Não sei o que que é isso (...) Éblouis?/ @ internaute @ O que essa passagem demonstra é que a Web foi utilizada para encontrar as ferramentas que suprissem as carências de conhecimento do tradutor. E TI3, após encontrar o dicionário Internaute, passa a deixá-lo aberto e utilizá-lo com frequência. Ainda sobre TI3 observamos que o sujeito utiliza o Google para resolver seus problemas linguísticos, mas o utiliza como se fosse um dicionário: EXEMPLO 8 As horas passam (...) “Fierté” (...) @ TI3 digita “fierté” no Google e encontra um site que explica seu significado @ [O sentimento (...) É acho q é isso. Tem outra palavra que eu não to lembrando agora] O sentimento do trabalho realizado (...) [Realizado (...) Não fica bem em português, mas vou deixar isso por enquanto.] E recompensado por uma linda medalha de prata guarda (...) “Prendre doucement le pas sur la déception?” (...) [Aqui no lugar do sentimento posso colocar orgulho.] (...) O orgulho do trabalho realizado e recompensado por uma linda medalha de prata. [Bom, vou colocar algo aqui. Só para, e volto depois] Essa passagem deixa clara a importância do domínio das ferramentas a serem escolhidas pelo tradutor, pois, aparentemente, essa passagem demonstra que TI3 desconhecia o comando “Define:”, que busca sites com a definição da palavra ou do sintagma após os dois pontos, do Google, que poderia facilitar sua busca. Sobre a importância de ter esse domínio das ferramentas pôde ser observada, também, quando examinamos o protocolo de TI1 que prefere, por diversas vezes, utilizar o Petit Robert, mas, por vezes, vai além do que digitar no espaço de busca o que deseja, utilizando os demais recursos de busca desse dicionário digital, como por exemplo, buscar por locuções, caso do sintagma “se faire battre”: EXEMPLO 9 Sair (...) “Partir dernier relayeur en tête”(...) “Partir dernier relayeur en tête et se faire battre”(...) /Eu tenho dificuldade com essas expressões com faire/ (...) “Faire battre” 109 TI1 realiza um busca no Petit-Robert por locuções [Deixar bater] (...) [Deixar passar] (...) /Vou mudar um pouco essa frase/(...) Sair como ultimo revezador e se deixar ultrapassar (...) Não dá para sair ileso disse (...) Reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet E, sobre os percursos possíveis para a resolução de problemas de natureza linguística, se faz interessante ainda observar o caso da tradução de “combler” no sintagma: “on a comblé notre retard sur les États-Unis”, principalmente sobre o percurso traçado para sua resolução por TE1, transcrito a seguir. EXEMPLO 10 “On a comblé” @ busca no dicionário bilíngue Sensagent @ /Vou ver no meu dicionário de bolso. / /Combler. Encher. Atulhiar. Cavar. Figurativo. Preencher suprir. Outro. 3. Cumular, satisfazer plenamente. / /Satisfazer plenamente o atraso? O atraso sobre os estados unidos? Nossa que esquisito./ @ /Vou no Wordreference. Combler. Francês inglês. Preencher? Humm. Relatar. Relatar./ /Bom? Posso fazer o que eu normalmente faria? Pode?/ /Vou deixar uma pergunta no fórum. É o que eu realmente faria. Eles ajudam. Vamos perguntar. Geralmente eles respondem rápido. Cadê? Vou escolher o em francês mesmo (fórum em francês). Depois eu vejo/ @ (…) /Vou ver combler./ @ (...) /Hum legal! Olha! On a rattrapé. On a réduit à zéro. Un coureur A se trouve une minute derrière un coureur B. A accélère et, une heure plus tard, A et B courent côte à côte. A a comblé son retard sur B. Eu tava achando que era a chegada de avião aos estados unidos (risos). Só que agora eu entendi. Tavam nadando. Quer dizer os nadadores da França ont comblé les États-Unis/ [Ah tá! Eu colocaria. Nós alcançamos a equipe americana... Alcançamos notre retard. Reduzindo de perto... Reduzindo a distância.] „Reduzindo a nossa distância em relação aos estados unidos.‟ Como pudemos observar TI1, apesar de encontrar no dicionário o significado do termo “combler”, não acredita que dentro do contexto a ser traduzido o significado dado pelo dicionário é o mesmo usado no texto. Sendo assim ele utiliza, dentro do universo on-line, o 110 recurso do fórum, e, neste, pudemos acompanhar uma consulta, de forma simples, a “especialistas”, algo que seria muito complexo fora do universo on-line. Apesar de “combler” ter sido problema para os demais tradutores não houve percursos diferentes dos já apresentados para os problemas de natureza linguística. TI1, por exemplo, consultou o Petit Robert e através de uma busca por locuções pôde resolver seu problema: EXEMPLO 11 Combler? ... ... Que que houve? To pensando no combler? On a comblé notre retard sur les Etats-Unis. Meu Deus.. Diminuímos nosso atraso em relação aos Estados Unidos. Não é desonroso ser vice campeão olímpico”, concluiu. TI2 consulta seu conhecimento prévio da palavra para solucionar o problema: EXEMPLO 12 On a comblé notre retard sur les Etats-Unis (…) On a comblé (…) je crois que il n´y a pas de traduction (…) Combler? (…) On a comblé notre retard. Nós tivemos o cúmulo de atraso sobre os Estados Unidos. Não é desonroso ser vicecampeão olímpico, ele concluiu. TI3, assim como TI1, consulta um dicionário monolíngue: EXEMPLO 13 “Combler” (...) Internaute. …@... „Estamos‟(...) „Ficamos felizes com a diferença para os‟. Com diferença de tempo com os Estado unidos TE2 segue o mesmo caminho de TI1 e TI3 e consulta o dicionário monolíngue Petit Robert. EXEMPLO 14 “On a comblé notre retard sur les Etats-Unis.” /Nós combler. Que que é combler ?/ combler no caso do português tá satisfazer. „Nós tiramos nosso atraso sobre os Estados-Unidos.‟ 111 TP1 também utilizou o dicionário Petit Robert e TP2 não teve problemas com este termo: EXEMPLO 15 “Combler le retard.” [Quer dizer. A gente (...) Não estou entendendo este Combler. Comblé notre retard sur les Etats-Unis.] ... ... [Preencher uma lacuna. Combler uma diferença]. „Eles teriam achado graça‟ “on a comblé notre retard.” [Quer dizer. Compensar nosso atraso (...) Não!] “Combler le retard.” [Nos não estamos mais (...) compensamos, superamos. (...) Isso!.] Superamos nosso atraso em relação aos Estados Unidos. Não. Não é nenhuma desonra ser vicecampeão olímpico. TP2: EXEMPLO 16 On a comblé notre retard sur les Etats-Unis. /Como tem o agente vou manter/ A gente compensou o atraso com relação aos Estados Unidos. E finalmente, outro problema de natureza linguística interessante, foi a tradução do termo “relais” e “relayeurs”. Mais uma vez TE1 realizou o percurso mais longo, de tal forma que nos deteremos um pouco nesta passagem, por se mostrar interessante do ponto de vista do uso das ferramentas digitais: EXEMPLO 17 “Partir dernier relayeur en tête. Partir? Largar, né? É. Largar. Les relayeurs, relayeur en tête et se faire battre. Vou ver o que que é relayeurs. [To curioso. Ele apareceu várias vezes.] Sensagent... Aqui não achei relayeurs, mas de repente eu acho no Wikipédia francês. Ai eu consigo uma tradução para ele (...) @ No Wikipédia não achei. Vou no IATE... Nele não acho. Então vou tentar no mini dicionário(...) Relayeur não acho aqui. Tem nageurs. Nadadores. Vou tentar sabe em qual? Tresor de la langue. Para achar uma definição. Francês/Francês (...) Relayeurs. Course de relais. Relais? Course de relais.(wikipedia) Humm. O que você achou ai? O que que eu achei? A imagem de corredores. Tem o link para português. Deixa eu ver! Atletismo! Revezamento. Humm. E relayeurs? O mais engraçado é que tem nageurs. Eu traduzi como nadadores. Agora eu to com dúvida. Vamos ver (...) TE1 vai ao dicionário eletrônico Sensagent 112 Nadadores! Atletistas? Agora vamos ao Google Brasil para ver. Atletistas. Atletistas não. Atletas To procurando para ver se existe atleta. Atletista. Vê se existe (...) Relayeurs. Os atletas. De repente corredor. Corredor. Atletista. Ah tá! Vou no Wikipédia português. Atletista. Para ver o que vai dar (...) Ah! De repente maratonista.(...) Bom! Atletismo. Atleta. Em relação às ferramentas utilizadas nesta passagem notamos um número elevado de ferramentas utilizadas. O TEI começa, como de costume, durante seus problemas tradutórios de natureza linguística, por fazer uma busca no dicionário on-line Sensagent. Entretanto não obtendo êxito ele recorre à enciclopédia Wikipédia na versão francesa. Ainda sem obter êxito, ele resolve, sem sucesso, recorrer a um dicionário de termos técnicos chamado IATE (InterActive Terminology for Europe). Somente após todo esse percurso TE1 resolve recorrer ao dicionário Francês/Francês, mas ainda assim on-line (Tresor de la Langue Française). Neste, ele descobre um sintagma que faz parte do mesmo campo semântico de “Relayeurs”. “Course de Relais”. Sendo assim ele retorna ao Wikipédia versão francesa, onde descobre um artigo sobre essa modalidade. Uma vez que ele apresenta um domínio das possibilidades do Wikipédia, ele procura uma opção que permita encontrar um arquivo sobre o mesmo assunto no seu idioma e, então, chega ao termo “Atletismo” e “Revezamento” E, devido a uma carência de componentes de competências comunicativas relacionados ao conhecimento de mundo, o sujeito desconhece a possibilidade de uma prova de natação ser também de revezamento. De forma que, não tendo ainda certeza do conteúdo da reportagem, coloca em xeque sua tradução de “nageurs” por nadadores, reconfirmada pela busca no dicionário Sensagent. Essa dúvida surge devido ao fato de TE1 ter percebido que “nageurs” são retomados no texto por “relayeurs”, supondo, então, que deveria haver uma relação entre um termo e 113 outro, que deveria ser mantida na TLT. E, acabando por decidir traduzir “relayerus” pelo termo “atletas”, após verificar no Google versão brasileira se existe essa palavra. O que observamos nesta passagem é que o seu domínio nas ferramentas on-line permitiu com que TE1 atualizasse de forma satisfatória suas competências deficientes. Ou seja, as ferramentas digitais, quando o usuário possui saber-como operá-las, podem, de fato, auxiliar o tradutor. Sendo assim, seu domínio parece ser muito útil, principalmente ao tradutor iniciante que ainda não tem ampla proficiência no seu par linguístico, podendo auxiliá-lo a suprir suas carências. Apesar de não garantir, por si só, uma tradução bem-sucedida, pois o tradutor depende de uma consciência do seu lugar dentro do contrato tradutório, a partir da compreensão do seu papel dentro deste ato comunicativo. Em relação aos demais tradutores TI1 faz apenas uma consulta interna para solucionar o problema, TI2, TP2 consulta o dicionário francês-português Larousse, TI3 e TP2 consultam o dicionário monolíngue Tresor de la langue Française e Petit Robert respectivamente. E TP1 não teve problemas nesta passagem: EXEMPLO 18 - TI1: Após o desfecho no (...) relais pra gente é revezamento (...) depois do desfecho do Relais (...) vou pôr revezamento (...) Me confundi até em português (...) Vou colocar revezamento. No revezamento 4x100 disputado segunda de manhã em Pequim. EXEMPLO 19 - TI2: /Relais 4×100m/ [O incrível desfecho do relais (...) Nadadores de reserva. No desfecho dos(...)] [Nadadores(...) Eu vou botar nadadores.] Disputado segunda-feira. Disputado na manhã de segunda-feira em Pequim. EXEMPLO 20 - TI3: [“relais” é outra coisa que eu não sei(...) Tresor de la langue. @ 114 [Ah tá, revezamento... o nome da prova é revezamento] EXEMPLO 21 - TE2: Relais que que é relais? [De repente para dénouement acho que nesse contexto caberia bem o “fracasso”]. „Após o inacreditável fracasso do revezamento 4x100. Disputado segunda em Pequim.‟ (...) „Disputada segunda de manhã em Pequim,‟ [pronto!] EXEMPLO 22 - TP1: O inacreditável desenlace (...) desenlace do revezamento, do revezamento quatro por cem metros disputado segunda feira pela manhã em Pequim. Sem tampouco tocar o fundo da questão. EXEMPLO 23 - TP2: ”Sur l'ordre des relayeurs [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard], la Fédération nous a un peu baisé la gueule", a expliqué sans détour le grand blond à l'AFP. Seguindo as ordens dos (...) Eu não to lembrando (...) Relayeurs.. São os nadadores, mas (...) dos nadadores Leveux, Gilot, Bousquet, Bernard a federação (...) Como já é a terceira vez que aparece relayeurs... No caso tem tradução? Português-Francês é ali Pior que eu não sei se tem revezadores em português. O que pudemos observar em relação aos problemas de natureza linguística é o fato de que ele é resolvido, prioritariamente, através de consultas a dicionários e que a escolha do dicionário está ligada à segurança e domínio que o sujeito tradutor tem em relação à ferramenta, pois apesar de todos os sujeitos terem a disponibilidade das mesmas ferramentas, suas escolhas foram motivadas por razões, aparentemente, de natureza pessoal. Sobre o dito acima, concluímos que é importante que haja um momento, anterior ao processo tradutório, de reflexão sobre a melhor ferramenta a ser utilizada, ou a melhor ordem possível para uso das ferramentas para cada tipo de problema, deixando de ser uma escolha 115 subjetiva e pessoal e passando a ser uma motivação realizada a partir de uma reflexão crítica, evitando que o tradutor “perca” seu tempo. Sendo assim, um curso sobre tradução deveria conscientizar o aluno sobre esse momento de reflexão sobre equipamentos a serem utilizados. Em relação ao fórum, ele se mostrou muito útil para este tipo de problema, mas é passível de utilização em problemas referentes a todos os tipos de natureza tradutória exemplificados nesta dissertação. Tanto o Google, quanto o Wikipédia, ao serem utilizados para resolver problemas de natureza lingüística, foram tomados como dicionários. E o uso do Google, com outra finalidade, se deu como ferramenta de busca para encontrar dicionários que resolvessem tal problema. Outra possibilidade de uso das ferramentas para solução de problemas de natureza linguística encontrada durante os protocolos envolveu a utilização do Google para geração de um corpus para análise, esta técnica foi utilizada por TE2: EXEMPLO 24 “Sans non plus toucher le fond, c'est sur la forme que les relayeurs commencent”. /Toucher le fond ?/ [Vamos ver se eu acho alguma coisa no Larousse. Vou procurar pelo verbo toucher.] [Não to achando] /Toucher le fond é uma expressão. Acredito que tocar o assunto. Mas é melhor confirmar./ [Toucher no Robert já que no português não deu muita coisa.] [Procurando pelas acepções. O verbo toucher parece que não existe referência a essa expressão.] [Procurar ‟le fond‟] (...) [É parece que não faz nenhuma referência também a essa expressão.] [Então vou dar uma olhada agora na internet. No Google, para saber se as ocorrências dessa expressão, mais eu acredito que seja algo relacionado a não tocar muito no assunto ou algo do gênero.] (...) [Vamos lá. „toucher le fond‟. Ai eu coloco entre aspas.] ... @... Você está no Google né ? 116 [É. Vou fazer uma pesquisa no Google colocando a expressão entre aspas para saber as recorrências] (...) [e é bem corrente. Bom! To dando uma lida nas ocorrências para saber se existe uma semelhança de sentido com o que a gente tava considerando aqui, que era essa expressão.] (...) [Bom! Pelas referências que apareceram no Google eu acredito que seja isso que eu estava pensando, então eu vou traduzir assim.] O que observamos nesta passagem é que após busca dispendiosa TE2 utiliza o Google para validar sua hipótese e ajudá-lo a inferir o significado do sintagma, uma vez que os dicionários não lhe deram certeza da melhor tradução possível. Neste caso a resolução de um problema linguístico não está intimamente ligada ao uso de um dicionário ou de uma ferramenta que funcione como tal. E o mesmo tipo de busca foi utilizado por TP1 para solucionar a expressão “baiser la gueule”: EXEMPLO 25 [Bom ! Tem que ver o que é “Baiser la gueule”, que eu não sei o que é baiser la gueule, vou ver se eu acho algum (...) algum (...) no Robert (...) Baiser (...) Sur l'ordre des relayeurs (...) Humm! Baiser la gueule] @ TP1 escreve o sintagma no Google (...) [Me sacaneou. Baiser la gueule (...) (???) (...) To procurando aqui, baiser la gueule. Fuck you mesmo,né? Se por um lado TE2 utiliza essa forma de busca após outros recursos infrutíferos, TP1 demonstra uma noção, ainda que inconsciente, sobre a melhor ferramenta a ser utilizada naquela situação. Podemos supor que TP1 já tinha uma idéia prévia do sentido da expressão e concluiu que o dicionário monolíngue que usava até aquele momento não daria resultados satisfatórios por ser um termo chulo. Outras possibilidades para uso do Google neste sentido de criação de corpus comparativo, mas não observadas nesta pesquisa, seria usar o Google para criar um corpus no TLT, numa tentativa de observar se determinado sintagma é recorrente. Sendo assim, concluímos que para solução de problemas de natureza lingüística os tradutores usam principalmente dicionários monolíngues ou bilíngues. O Google utilizado, ora como dicionário, ora para encontrar dicionários e páginas, ou seja, no seu propósito inicial 117 de buscador e ora para criar um corpus que permita comparação. Resumindo a solução de problemas linguísticos se deu da seguinte forma: 1 - Através de Dicionário monolíngue na memória do computador (Francês). 2 - Através de Dicionário monolíngue na memória do computador (Português) 3 - Através de Dicionário monolíngue on-line (Francês) 4 - Através de Dicionário bilíngue na memória do computador 5 - Através de Dicionário bilíngue on-line 6 - Através de Google usado como dicionário 7 - Através de Google como buscador de páginas 8 - Através de Google para criação de corpus 9 - Através de Wikipédia e enciclopédias 10 - Através de Fóruns Apresentamos abaixo uma tabela com o número total de problemas linguísticos de cada sujeito e a forma como foi resolvido através das ferramentas digitais.68 68 Com o intuito de validar os dados, os problemas considerados de natureza linguística foram marcados nos Protocolos Verbais, junto aos anexos, com o número “1” sobrescrito (¹). 118 TRADUTORES TI1 Problema linguístico resolvido através de Dicionário monolíngue na memória do computador (Francês) 7 Dicionário monolíngue na memória do computador (Português) 4 TI2 TI3 TE2 TP1 3 5 1 Dicionário monolíngue on-line (Francês) TP2 1 21 Dicionário bilíngue na memória do computador 6 18 Dicionário bilíngue online 16 Google como dicionário 1 Google como buscador de páginas 1 Google para criação de corpus 1 1 Wikipédia e enciclopédias 1 Fóruns Total de problemas de natureza linguística TE1 1 2 1 2 11 6 24 21 23 7 Tabela IV - Total de problemas de natureza linguística observados e como foram resolvidos 1 119 Cabe lembrar que o número maior ou menor de problemas identificados pelos sujeitos, em nada reflete o sucesso ou não da tradução. Primeiramente devido ao fato que problema, aqui, foi considerado como a identificação de uma dificuldade que causou a interrupção do fluxo tradutório. Sendo assim, é possível um tradutor não ter problemas tradutórios, inclusive por não ter percebido que determinada passagem do texto demandava uma maior reflexão por sua parte, e ter sido mal sucedido ao longo de algumas passagens de sua tradução. Uma vez observadas as soluções de problemas de natureza linguística vejamos, a partir de então, os problemas de natureza discursivo-textual, suas estratégias de solução e os percursos traçados pelos tradutores. 3.2.2 Problemas de natureza discursivo-textual Como já foi exposto o componente discursivo-textual é a reunião (CF. p 20) da definição de componentes discursivos de Moirand (1982, p.20), que seria relativo ao conhecimento e apropriação de diferentes tipos de discursos e sua organização em função da situação de comunicação da qual sua produção/ interpretação fazem parte, e a definição de componente textual de Kleiman (1989, p.13) e Coste (1978, p.15-16), relativo aos conjuntos de noções e conceitos que o leitor possui sobre o texto, envolvendo os reconhecimentos dos tipos de textos e as formas de discursos. Englobados pela nomenclatura “discursivo-textual”. Em relação a esse tipo de problema, o que se observou foi que os tradutores, a princípio, utilizam buscas internas para resolvê-los, possivelmente devido ao fato da natureza do texto em questão (jornalístico) ser bem recorrente no cotidiano de todos os tradutores observados. Discursos menos recorrentes, como o jurídico, ou seja, discursos que possuam estruturas bem diferentes entre si no TLO e no TLT, possivelmente, gerarão maiores problemas discursivo-textuais. O texto jornalístico, devido à proximidade da sua estrutura 120 entre o texto em francês e o em português não apresentou muitos problemas desta natureza, mas vejamo-los. TI1, através de busca interna, questiona a possibilidade do uso de palavras em sentido conotativo ou denotativo: EXEMPLO 26 [Eu entendo agora que eu li. Mas porque que fica tão difícil (...) Passer devant? Tá no sentido figurativo. Mas eu não sei se tá no sentido conotativo ou denotativo. Mas pode ser os dois. O jornal não impede de usar o conotativo. Eu não sei se dá lugar a decepção (...) Precede? É (...) Precede] TI1 questiona, também, o uso da palavra “revezadores” em um jornal: EXEMPLO 27 Engraçado (...) Aqui tá o revezador como o atleta de bastão, mas não lembro de revezador como uma notícia de jornal (...) tá, mas eu to lá (...) Entretanto TI1, mais tarde, opta por manter revezadores, sem realização de busca externa. Já TI2 e TE2 em nenhum momento do protocolo demonstraram qualquer preocupação, consciente, com a estrutura do discurso na TLT do texto traduzido. Isso se deve, pelo fato já discutido no tópico 3.1 (Estratégias Globais de tradução), tanto TI2 quanto TE2 não assumiram a postura de um tradutor profissional, ou seja, não se inseriram dentro do duplo ato comunicativo do qual o tradutor faz parte ao longo do processo tradutório. Sendo assim, TI2 e TE2, não se preocuparam com o público-alvo idealizado. TI3, em um momento do texto, se questiona sobre o uso da palavra “revezadores” no texto e, através de busca interna, julga ser mais prudente traduzir por nadadores: EXEMPLO 28 [Relais é outra coisa que eu não sei.. Tresor de la langue.] @ [Ah tá, revezamento... o nome da prova é revezamento]... Quatro por cem. Disputado em Pequim... Segunda de manhã em Pequim. Sem nem tocar o fundo é clara a forma como os “relayeurs”... [acho que não dá pra dizer revezadores, então nadadores mesmo,] 121 Em outro momento ele demonstra levar em consideração, durante suas escolhas, a natureza discursiva do TLT, justificando sua postura de tirar o artigo do título da reportagem do TLO no TLT, sob o argumento de que em português, manchetes não possuem artigos: EXEMPLO 29 [Agora vamos aos problemas. Tirei o artigo porque geralmente manchete aqui a gente não coloca artigo] TP2 se questiona sobre a tradução de “relayeurs” por “revezadores” dentro do discurso e explica como solucioná-lo: EXEMPLO 30 Mas aí eu acho. Eu acho aí que seria o caso de procurar, por exemplo, em textos da imprensa que vai falar de revezadores ou não, mas eu diria mais nadadores de qualquer forma então eu vou deixar nadadores, mas seria uma coisa de na ultima revisão procurar não em dicionários, mas em sites em que se fala da notícia ou de esportes em geral se seriam os revezadores. Mas tarde, durante o protocolo, na sua fase de revisão, TP2 encontra o termo “revezadores” através de busca na internet e opta pela troca de “nadadores” por “revezadores”: EXEMPLO 31 “@ GOOGLE [Competição revezamento revezadores] /Eu to querendo ver se chama os nadadores de revezadores, mas na verdade.../ /Então, tem os revezadores... Então pode... Então pode ser usado/ O sintagma mais interessante a ser observado, problema discursivo-textual para TI1, TE1, TP1 e TP2 foi “Baiser la gueule” na passagem do texto: "„la Fédération nous a un peu baisé la gueule‟, a expliqué sans détour le grand blond à l'AFP”. TI2 não interrompeu seu fluxo tradutório. Para TI3 esse foi um problema de natureza linguística, pois ele não sabia seu significado, mas não houve questionamento sobre a possibilidade de uso ou não dentro da reportagem e TE2 deixou essa passagem na mesma forma do TLO. 122 Em português a tradução de “baiser la gueule” seria um “palavrão”69 e ao perceber isto os tradutores se questionaram sobre seu uso no discurso jornalístico do TLT, vejamos como traduz essa expressão TI1, TE1, TP1. EXEMPLO 32 - TI1: [La federation... Baiser la gueule deve ser uma expressão] /É não achei aqui... Deixa eu fazer uma baixaria... Deixa eu procurar na internet. A gente pode usar o tradutor bizarro que tem aqui... Do Google? Pode usar o que quiser @ (...) /É não ficou nem um pouco bonita essa expressão aqui/ (...) TI1 realiza uma leitura do texto [Meu Deus.. Será que é o que eu to pensando (...) Mas como é que eu vou colocar? Posso colocar a federação nos prejudicou, mas fica um pouco confuso...] /Vou colocar a federação nos prejudicou, mas no sentido do palavrão (...). O jornal deles pode. Será que o nosso pode? Nos ferrou.” EXEMPLO 33 - TE1: “Na ordem dos revezadores [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard]... „nous a un peu baisé la gueule‟ no mini dicionário. /Não tem aqui não, mas olha só que coisa estranha. Avoir la gueule de bois. Porque La gueule pode ser boca. Goela de animal, boca humana, cara. Familiar, pode ser aparência, estética, abertura, boca. Avoir la gueule de bois. Estar com gosto de cabo de guarda-chuva na boca. Ah. Baiser la gueule? Vou procurar no wikidicionário. @ To achando não! baiser la gueule no “Word reference”. @ [Humm. Enganado! Acho que tem a ver com Judas? Baiser la gueule? Porque ele traiu, ne? E a federação nos traiu um pouco. (risos).] @ Google TE1 lê o sintagma em diversos textos através do Google [Ele colocou um palavrão no texto formal assim? Ta entre aspas né? Vou colocar palavrão na minha tradução não. Eles nos fudeu um pouco pô. Baiser la geule no Tresor de La langue. Procurar por “gueule”. Procurar por baisé.] Ah! Vou colocar assim oh! Nos ferrou. Fica melhor!” 69 Diz respeito à expressão chula que expressa a idéia de possuir o outro sexualmente . 123 Como percebemos, ao identificar o que significaria o sintagma, TE1 repudia a possibilidade de colocar em um texto formal o “palavrão” e encontra outra solução. E, finalmente TP1 e TP2 EXEMPLO 34 - TP1: “Sur l'ordre des relayeurs la Fédération nous a un peu baisé la gueule.” [Bom ! Tem que ver o que é “Baiser la gueule”, que eu não sei o que é baiser la gueule, vou ver se eu acho algum... algum.. no Robert... Baiser... Sur l'ordre des relayeurs… Humm! Baiser la gueule…] @ Google [Me sacaneou. Baiser la gueule… (???)… To procurando aqui, baiser la gueule. Fuck you mesmo, Né? Mas vou mudando aqui meu registro, porque é um registro... É uma frase, né?... Um pouco chula, não sei se o leitor do globo vai gostar (risos).] Em relação... [Eu acho que “Sur l'ordre de” é em relação à ordem do mergulho, né?... É! Em relação à ordem dos nadadores. Exatamente!] A ordem dos nadadores do revezamento Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard. A federação. [É... Literalmente fudeu com a gente. Então vou colocar uma palavra menos chula, vou botar nos sacaneou, até porque o editor frequentemente muda a tradução, se fosse eu, eu teria mudado,]. EEMPLO 35 – TP2 Quanto à ordem dos nadadores a federação nos sacaneou(...) [É até gentil em relação ao que está dito, mas como isso não é muito sério em francês não precisa baixar tanto o nível.] Em suma, observamos que TI1 encontra a solução de seu problema através de busca externa ao próprio texto, enquanto que TE2 e TP1 recorrem ao Google, fazendo-o criar um corpus para comparação e tentativa de depreender o significado do sintagma e para TP2 não ouve problema de tradução. Como foi dito anteriormente, não foram observados muitos problemas de natureza discursivo-textual, mas dois fatores podem explicar esse fato. O primeiro fator diz respeito à natureza do tipo de texto escolhido (Jornalístico). Uma vez que os sujeitos já sabiam seu modelo de organização, não houve muitos problemas desta natureza e mesmo problemas, observados no momento de interrupção do fluxo tradutório, foram rapidamente solucionados através de busca interna. O segundo fator foi a dificuldade que alguns sujeitos apresentaram em assumir o papel do tradutor, sem, muitas vezes, se preocupar com o público-alvo idealizado (leitores do jornal 124 o Globo), sugerido pelo elicitador. Sendo assim, ainda que não tenham ocorrido muitos problemas de tradução, isso não significa, necessariamente, que os tradutores não transgrediram as normas de organização deste discurso.70 Em relação à solução de problemas através dos meios digitais. TP2 faz um comentário importante, segundo TP2 uma possibilidade de solução desses problemas através de ferramentas de buscas externas seria o uso de ferramentas de buscas para encontrar texto no TLT que possuam as mesmas características discursivas, de forma a observar sua estrutura e confirmar as possibilidades dos equivalentes escolhidos: Eu acho ai que seria o caso de procurar, por exemplo, em textos da imprensa que vai falar de revezadores ou não, mas eu diria mais nadadores de qualquer forma, então eu vou deixar nadadores, mas seria uma coisa de na ultima revisão procurar não em dicionários, mas em sites em que se fala da notícia ou de esportes em geral se seriam os revezadores. E, ainda em relação aos problemas discursivo-textuais resolvidos através de busca externa, todos apresentaram o mesmo percurso: Ir ao Google e através de uma criação de corpus verificar se no discurso homólogo ao do TLO no TLT era possível encontrar o equivalente que o tradutor suspeitava ser o mais indicado. Acreditamos então na necessidade de trabalhar em futuras pesquisas com textos que possuam menores similaridades discursivas no TLO em relação ao TLT, com intuito de observar se outras ferramentas externas surgiriam para solução de problemas desta natureza. Vejamos a tabela com base nos problemas discursivo-textuais observados. Incluímos na tabela, também, os problemas resolvidos através de buscas internas71. 70 Essa afirmação visa a deixar claro que há possibilidade de haver problemas tradutórios mesmo sem a interrupção do fluxo tradutório. Entretanto, obviamente, não há estratégias de solução de problemas se o tradutor não percebeu um problema. E não cabe à presente pesquisa apresentar exemplos de “erros” tradutórios nos produtos finais da tradução, motivo pelo qual não exporemos exemplos sobre essa questão. 71 Os problemas de natureza discursivo-textual foram marcados nos protocolos verbais através do numeral “2” sobrescrito (²) e se encontram nos anexos da dissertação 125 TRADUTORES TI1 Problema discursivo -textual resolvido através de TI2 TI3 TE1 TE2 TP1 TP2 Busca 3 1 1 Interna Google para criação de corpus TOTAL 3 1 1 1 1 2 Tabela V - Total de problemas de natureza discursivo-textual observados e como foram resolvidos E, finalmente, vejamos como se deu a solução e os percursos para solução de problemas relacionados ao conhecimento de mundo. 3.2.3 Problemas relacionados ao conhecimento de mundo Na presente pesquisa, consideramos problemas de conhecimento de mundo quando há uma ausência relacionada aos conhecimentos prévios que os sujeitos deveriam ter de mundo para compreensão do texto traduzido, assim como as regras sociais e as normas de interação entre os indivíduos e as instituições permeadas no texto. Em relação a problemas dessa natureza, assim como de natureza discursivo-textual, não foram numerosos, pois o assunto abordado pelo texto era de conhecimento, ainda que não de forma plena, dos sujeitos da pesquisa. TI1, apesar de apresentar em um momento do seu protocolo um problema de conhecimento de mundo, a partir do próprio texto foi capaz de resolver a dúvida que lhe havia ocorrido: 126 EXEMPLO 36 Explicou sem meias palavras... Le grand blond. (Risos). [Isso aqui é com certeza]... ... ... /Ih me dei mal.. Me parece óbvio... Le grand blond... O grande... Não parece nada. ... ... É ... Le grand blond não é o loiro alto é? [Vou procurar saber quem é essa pessoa na vida. Le grand blond é Amaury, mas o Loiro alto?] [Me parece que é alguém importante de lá... Tá... O loiro alto à AFP... Alain Bernad e Fred Bousquet] Nesta passagem observamos que o tradutor sabe o que significa “Le grand blond” (O loiro alto), mas não sabe quem ele é. Sendo assim, ele deixa entender que procuraria mais sobre essa pessoa referida na reportagem. Entretanto, através de busca no próprio texto, ele conclui que “Le gland blond” é Alain Bernad. Ao ser questionado sobre seu conhecimento do assunto, TI1 afirmou ter visto a prova de natação descrita na reportagem e ter lido outras reportagens sobre esse assunto na época do ocorrido. TI2, assim como em relação aos problemas discursivo-textuais, não demonstrou ter a necessidade de atualizar seu conhecimento de mundo em momento algum. Nomes próprios como “Cube d´eau” (cubo d´água), nome dado ao estádio, em francês, no qual a prova foi realizada, foram mantidos no momento da busca de equivalentes e em seguida retirados no período de refinamento, representando uma solução de abandono. EXEMPLO 37 Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças no último momento, antes de acrescentar sibyllin, a gente vai falar disso novamente. O ex recorde do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10 minutos acocorado nos banheiros du cube d´eau Entretanto, observemos a versão final: EXEMPLO 38 Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças no último momento”, antes de acrescentar sibyllin, “a gente vai falar disso novamente”. O ex 127 recorde do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10 minutos acocorado nos banheiros. TI3, por sua vez, conclui sobre a necessidade de atualizar seu conhecimento de mundo para a solução de um problema encontrado na passagem abaixo: EXEMPLO 39 Marc Begotti, responsable du relais. "Il faut que je voie avec lui. Ce n'est pas moi [qui ai pris la décision]", a-t-il commenté, précisant simplement qu'il était "facile de refaire les courses" après coup. "Avec 8 centièmes de mieux, on n'aurait plus jamais rediscuté de l'ordre", a-t-il souligné.72 TI3 conclui que, para traduzir de forma mais eficiente, era necessário descobrir quem era Marc Begotti, pois havia uma dúvida se ele era responsável pela ordem dos revezadores franceses ou se pela prova de revezamento como um todo: EXEMPLO 40 [Não sei se o Marc é responsável pela ordem ou pela prova]... Olhar no Google (...) @ [Marc Begotti, Wikipédia.] [Google... Ah!... Marc Begotti é o treinador... ah! é o diretor (Claude Fauquet) e o Begotti é o treinador (...) Então ele é responsável pela prova mesmo] Essa passagem demonstra que a atualização do conhecimento de mundo auxilia o tradutor na tomada de decisões em relação à manutenção do sentido global no TLT. E, como foi, também, observado, TI3 usa o Google para encontrar uma página que contenha a informação desejada, no exemplo acima a Wikipédia. E assim como TI2, TI3 opta por não traduzir “Cube d´eau”, mas ao contrário de TI2, prefere manter o termo no texto final; EXEMPLO 41 O ex- recordista do mundo da especialidade, que passou próximo de 10 min envergonhado nos toilettes do Cube d‟eau Essa passagem se mostrou interessante no sentido que observamos que TI3 mantém, inclusive, a palavra “toilettes” em francês, considerando “toilettes do Cube d´eau” uma 72 Marc Begotti, responsável pelo revezamento: Preciso ver com ele. A decisão não foi tomada por mim, comentou, precisando simplesmente que seria fácil refazer as provas depois de já realizadas. “Com 8 centésimos a menos, não teríamos jamais rediscutido a ordem”, ressaltou. 128 unidade de tradução, deixando ao pesquisador um questionamento sobre a real compreensão desta passagem pelo TI3. TE1 demonstrou ter problemas em relação às modalidades possíveis em relação às provas de natação: EXEMPLO 42 /Vou ver o que que é relayeurs. To curioso. Ele apareceu várias vezes. Sensagent./ @ /Aqui não achei relayeurs, mas de repente eu acho no Wikipédia francês. Ai eu consigo uma tradução para ele./ @ /No Wikipédia não achei. Vou no Iate./ @ /Ele não acho. Então vou tentar no mini dicionário./ / Relayeur não acho aqui. Tem nageurs. Nadadores. Vou tentar sabe em qual? Tresor de la langue. Para achar uma definição. Francês/Francês./ @ [Relayeurs. Course de relais. Relais?] /Course de relais(...)/ @ Wikipédia @ Humm… O que você achou ai ? /O que que eu achei? A imagem de corredores. Tem o link para português. Deixa eu ver! Atletismo! Revezamento(...) humm. E relayeurs? O mais engraçado é que tem nageurs. Eu traduzi como nadadores. Agora eu to com dúvida. Vamos ver. @ Sensagent@ /Nadadores! Atletistas? Agora vamos ao Google Brasil para ver. Atletistas. Atletistas não. Atletas./ @ /To procurando para ver se existe atleta. Atletista. Vê se existe. Relayeurs. Os atletas. De repente corredor. Corredor. Atletista(...) Ah lá! Vou no Wikipédia Português. Atletista para ver o que vai dar. Ah! De repente maratonista.((...)) @ /Bom! Atletismo. Atleta. Deixa eu ver esse Indemne. To no Sensagent, procurar a palavra Indemne./ @ /Ileso. Tá! „Não saiu ileso. Reconheceu o diretor técnico nacional Claude Fauquet(...) ‟ /Nageurs! De novo. Nadador/ @ Sensagent @ Nageurs. Ai ó! Nadador. A tá, né? „Sobre a questão da ordem dos nadadores, o DTN admitia que deveria(...) devia falar com Marc Begotti, reponsável do‟ “relais.” [Será que é competição. Atletismo? Evento!] Vou no Sensagent ver a tradução de relais. Acho que é revezamento. Só que é natação também. Eu não sei nada de natação. Vou ver aqui. Natação revezamento. 129 @ Fui no Google ele me mandou para o Wikipédia(...) Prova de revezamento! 4x100, 4x200 Nesta extensa passagem notamos que TE1 tem um problema de natureza linguística no momento que precisa traduzir “relais”, “relayeurs” e “nageurs”, entretanto, ao entender que “relais” era uma das formas de se referir a “nageurs”, surge uma necessidade de atualizar seus conhecimentos de mundo, pois não parecia viável ao tradutor associar revezamento e revezadores às provas de natação. Sendo assim, através de busca externa realizada na internet, o tradutor chega ao Wikipédia, direcionado pelo Google, onde há uma matéria em português sobre natação e uma descrição das modalidades possíveis da natação. E, ainda, em relação ao sintagma “cube d´eau” TE1 também utiliza buscas externas para resolver esse problema de tradução: EXEMPLO 43 [No Cube d´eau?] /Cube d´eau no Wikipédia./ @ TE1 clica em outros idiomas opção inglês @ /Water cube. Ah viu! Calma ai. Não entendi. Eles traduzem. Será cubo de água? Odeio traduzir nome assim. Eles traduzem né?/ Sendo assim, após observar que os artigos sobre o assunto encontrados na internet traduzem o sintagma, ele opta, também por fazê-lo. Na versão final o tradutor decide, entretanto, deixar a tradução entre parênteses, mantendo o original, pois como ele deixa claro acima, não é a favor da tradução de nomes próprios: EXEMPLO 44 Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava “mudanças no último momento”, antes de acrescentar, misterioso, “nós falaremos sobre isso novamente”. O ex-recordista do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10 minutos agachado no banheiro do Cube d‟eau (“Cubo de Água”) Devemos chamar a atenção que TE1 não percebeu que “Cube d´eau” já era uma tradução, pois a prova ocorreu durante os jogos olímpicos de Beijim. Sendo assim, os nomes dos estádios, originalmente, estavam em mandarim. 130 TE2 não demonstra em nenhum momento a necessidade de atualizar seus conhecimentos de mundo para solução de problemas que surjam, e em relação ao sintagma “cube d´eau” ele prefere manter o termo: EXEMPLO 45 “O ex- recordista do mundo da especialidade, que passou próximo de 10 min envergonhado nos toilettes do Cube d‟eau” Assim como TI3, TE2 considera como unidade de tradução “toilettes do Cube d´eau” e não desconfia da necessidade de atualizar seu conhecimento de mundo para buscar o equivalente no TLT. Em relação aos tradutores profissionais, TP1 teve também um problema em relação ao seu conhecimento de mundo, resolvido através das ferramentas on-line: EXEMPLO 46 Garantido antes “le retour de Lezak sur Bernard”… [Fico a me perguntar... Será que é?... Acho que é o nadador que ganhou o outro da equipe eu acho]... “retour miraculeux”... [Será a passagem? Eu não sei quem é o Lezak...] Que houve? [Ah? Nada é uma coisa do texto... É uma coisa do texto, tem um nome próprio que eu não sei se é o nadador francês ou... Bom! Normalmente eu iria buscar na internet. Eu acho que esse jogo. Essa prova. Vamos ver! Vou acabar achando essa matéria do jornal.] Não. Já saiu do ar. [Bom! Vamos lá. Eu to buscando para ver se eu acho, para ver se esse nome aqui é o nadador adversário que levou o ouro, porque eu também não sei... Ah! Olha aqui. Eu já to percebendo que foi o Lezak que ganhou do Bernad, que virou no final... Achei um site. O melhor da natação mundial...] Como pudemos observar nesta passagem, o tradutor já tinha uma hipótese sobre quem seria Lezak, mas através da internet ele pôde ter certeza da sua escolha. Em relação ao percurso para solução de problemas de conhecimento de mundo o tradutor vai ao Google e encontra outro site que contém a informação desejada. E finalmente, TP2 teve problemas em traduzir “cube d´eau”, pois não sabia como era chamado pela mídia brasileira, sendo assim, recorreu à internet para resolver esse problema: EXEMPLO 47 “Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava “mudanças de última hora”, antes de acrescentar, sibilino, “vamos voltar a falar nisso”. O ex-recordista mundial da categoria, que passou quase 10 minutos agachado no banheiro do.. Aqui eu vou ter que olhar na internet Google Ah! Olha chamam isso mesmo de cubo d´água 131 Em português eu colocaria em letra maíscula Cubo d‟Água, com as mãos na cabeça, ainda parecia em estado de choque. Assim como os demais tradutores que tiverem que atualizar seus conhecimentos de mundo, TP2 usou o Google para buscar um site que tivesse a informação desejada. O que observamos em relação aos problemas relacionados ao conhecimento de mundo, durante a pesquisa, é que eles são resolvidos, geralmente, através de buscas externas a partir de um site de busca que leve o sujeito à informação desejada. Também parece ser interessante no caso de conhecimentos de mundo, trabalhar em futuras pesquisas outros textos, para que possamos averiguar se há outras formas de resolverem problemas dessa natureza. Em suma, podemos supor que problemas de natureza de conhecimento de mundo são resolvidos, no universo digital, através de um site buscador. Podemos dizer também, em contexto mais amplo, focando as buscas externas, que esse tipo de problema também pode ser resolvido através de busca no próprio TLO. Vejamos abaixo a tabela que demonstra os dados obtidos73: TRADUTORES TI1 Problema de conheciment o de mundo resolvido através de Busca interna Solução de abandono Google como site de busca 73 TI2 TI3 TE1 1 2 TE2 TP1 TP2 1 1 1 1 Os problemas de natureza de conhecimento de mundo foram marcados nos protocolos verbais através do numeral “3” sobrescrito (³) e se encontram nos anexos da dissertação. 132 Busca no TLO 1 TOTAL 2 1 1 1 1 1 Tabela VI - Total de problemas de natureza de conhecimento de mundo observados e como foram resolvidos E, antes de adentrar nas considerações finais, é de extrema importância fazer considerações acerca do que foi observado nesta seção. Primeiramente percebemos que o domínio do equipamento não influencia no desempenho do tradutor iniciante, pois de nada adianta saber resolver um problema tradutório, como, por exemplo, buscar um site para resolver problemas de conhecimento de mundo, ou criar corpus para comparar e resolver conhecimentos de natureza discursivo-textual, se o tradutor não for capaz de identificar seus problemas tradutórios ao longo do processo. Observamos que problemas de natureza linguística, por estar intimamente ligados à leitura e compreensão do TLO, mas não somente, são percebidos com mais facilidade pelos tradutores na pesquisa. Por sua vez, somente percebê-los não garante uma tradução bem-sucedida, pois é necessário ter uma consciência de que o ato de traduzir, sendo um duplo processo comunicativo, necessita que o tradutor, mais do que entenda o TLO, escreva, também, um texto fluente ao seu público-alvo, mantendo as mesmas propriedades, ou ao menos as mais relevantes, caso seja impossível manter todas, no TLT. Tradutores iniciantes, ainda que tenham saber-como, continuam com problemas de manutenção do sentido global do TLO no TLT, prendendo-se ao TLO. Nas palavras de Barbosa e Neiva (1997, p.19): “o tradutor iniciante aborda sua tarefa de uma maneira 133 estritamente micro-textual e linear e que estabelece uma relação quase biunívoca entre o texto de partida e o texto que ele próprio está gerando em sua língua materna.” Contudo, as ferramentas digitais se mostram úteis, pois agilizam o processo de busca e potencializam as chances de encontrar a informação necessária para solucionar os problemas. E cabe ao tradutor refletir sobre os melhores percursos a serem traçados dentro do universo digital e as melhores ferramentas, uma vez que devido à imensa gama de possibilidades, não as definir pode gerar um processo desgastante e desnecessário de busca. Neste sentido, observar tradutores experientes que tenham como profissão principal traduzir pode ser interessante para mapear essas ferramentas. Podemos, agora, finalmente, adentrar nas considerações finais deste trabalho. 134 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo desta pesquisa, observamos que a Web de fato auxilia o tradutor durante o seu processo tradutório e que dentro da rede há uma vasta gama de possibilidades de ferramentas, de tal forma que algumas vezes a única justificativa para um tradutor escolher usar uma em detrimento de outra seria sua identificação pessoal para com a ferramenta e, obviamente, sua habilidade em manipulá-la. Sendo assim, ao se propor um curso que vise ensinar o aluno a traduzir, se faz importante incluir um módulo que permita aos alunos terem contato com as diversas possibilidades de ferramentas digitais, de forma que eles possam manipulá-las e escolher as que lhe parecem mais úteis de acordo com seus objetivos. As estratégias de busca de subsídios externos não foram modificadas com o advento dos mecanismos digitais. O que ocorre, na verdade, é uma maior facilidade de acesso a essas fontes de buscas externas: Dicionários e enciclopédias, textos paralelos e especialistas. Os dicionários impressos se mostraram em desuso dentro desta pesquisa, pois mesmo fornecendo-os ao tradutor, não houve motivação em nenhum momento para seu manuseio. Notamos que, em relação aos dicionários na memória do computador e os on-line, há uma preferência de uso do primeiro grupo. Seria interessante propor uma pesquisa que analisasse, a partir de comparação de diversas estruturas diferentes, se há uma diferença qualitativa entre dicionários, on-line, digitais e, talvez, impressos. O que também chama a atenção em relação ao manuseio das ferramentas digitais é a necessidade de criatividade por parte do traduto - pois algumas ferramentas têm um desvio da sua função original, como usar um site de busca para criação de corpus ou uma enciclopédia Wiki para encontrar textos paralelos do TLO no TLT,. 135 Sobre o percurso traçado para solucionar problemas tradutórios em meios digitais, a partir da natureza do problema, observamos uma relação entre natureza do problema e percurso traçado. Sendo assim podemos resumir que: (1) Problemas de natureza linguística são resolvidos, em meio digital, a partir de consulta a dicionários, enciclopédias, fóruns e comparação em corpus. (2) Problemas de natureza discursivo-textual são resolvidos, em meio digital a partir de comparação em corpus. (3) Problemas de natureza de conhecimento de mundo são resolvidos, em meio digital, a partir do uso de sites de busca para encontrar uma página que contenha a informação necessária para suprir a carência do tradutor. Obviamente o observado na pesquisa não é definitivo, nem visa criar um quadro fechado de possibilidades, de forma que novas pesquisas, tanto com textos jornalísticos, quanto com textos de gêneros discursivos diferentes, poderia ajudar a reformular ou reforçar a sistematização observada nesta pesquisa. As ferramentas digitais se apresentam, de fato, como uma poderosa fonte de busca de subsídios externos e para isso é necessário que o tradutor possua um saber-como manuseá-las. Entretanto, tais ferramentas não foram capazes de garantir ao tradutor iniciante traduções bem-sucedidas, uma vez que seu uso, não modifica em nada as características já observadas anteriormente em tradutores iniciantes durante o processo tradutório. O fato de ser capaz de realizar uma busca devido a um saber-como operar determinadas ferramentas, ,mostrou-se ineficaz para esses tradutores iniciantes. Acreditamos que este fato ocorre porque toda busca começa na conscientização da carência de algo. Assim, mesmo o tradutor iniciante estagiário com maior saber-como, inclusive maior que os 136 tradutores profissionais, nem sempre foi capaz de perceber a sua necessidade de atualização do conhecimento com relação ao assunto do texto, o que o levou a buscas infrutíferas de termos isolados. Nossa hipótese inicial, na qual um tradutor iniciante que possuísse saber-como geraria uma tradução mais bem sucedida, precisa ser complexificada, pois concluímos que: um tradutor iniciante, que possua um saber como em relação às ferramentas digitais, terá maior “possibilidade” de realizar uma tradução bem-sucedida, ainda que por caminhos mais tortuosos que o profissional, se, acoplado a esse conhecimento, o tradutor iniciante tiver uma consciência do que é “o traduzir” e mantenha durante o processo tradutório uma identidade de tradutor. Ou seja, acreditamos que, caso o tradutor iniciante tenha consciência do duplo ato comunicativo no qual a tradução está inserida, assumindo ao longo do processo tradutório seu papel discursivo dentro desses atos de linguagem, mesmo que ele ainda não tenha ampla proficiência no TLO e no TLT, ele terá maior possibilidade de realizar uma tradução bem sucedida se dominar as ferramentas digitais, pois estas agilizam e amplificam as possibilidades de aquisição de uma informação. É importante lembrar ainda que a atualização das competências do tradutor não se faz somente ao longo do processo tradutório. Neste sentido, a internet é uma forte aliada ao tradutor iniciante, pois permite a esse tradutor acesso a diversas fontes de estudo para atualização de suas competências. Uma vez que não foi objetivo deste trabalho ir além do momento da tradução, não podemos tirar maiores conclusões, mas observamos ao longo da análise bibliográfica que a Web traz novas práticas, ou pelo menos amplia os horizontes de práticas antigas, ao tradutor, como a possibilidade da tradução em massa (grupos). 137 Observamos que a Web modifica a forma como os tradutores se organizam e interagem entre si, através de fóruns e blogs, e observamos que durante a pesquisa é possível ao tradutor deixar “resíduos” on-line de suas buscas, de forma que esses resíduos da busca possam gerar uma memória passível de resgate por outros tradutores que realizarem percursos similares ao primeiro tradutor. Como no caso dos fóruns. Fazem-se interessante, então, pesquisas que observem a forma de interação entre tradutores dentro de fóruns e blogs. Como expusemos no início dessa dissertação, nosso objetivo era iluminar, através de uma pesquisa exploratória, uma área que parecia escura, e, ao fazermos isso, como esperado, são encontradas mais perguntas do que respostas. Entretanto, segundo Cristina Haguenauer, professora doutora da Escola de Comunicação da UFRJ, com quem o pesquisador teve imenso prazer em cursar uma disciplina do mestrado: a cada pergunta respondida o pesquisador encontra, ao menos, o dobro de outras questões, o que, por ventura, garante seu emprego. Sendo assim, esperamos, além de ter contribuído com o desenvolvimento da pesquisa na área de Letras Neolatinas da UFRJ, termos criado diversos novos postos de trabalhos para novos pesquisadores. São, então, direcionados, principalmente, aos novos pesquisadores, que pretendam dar prosseguimento a pesquisa sobre o universo digital os quatro parágrafos subsequentes. Primeiramente, o programa Camtasia, de fato, é um grande aliado na hora da transcrição do protocolo verbal e auxilia muito o pesquisador a compreender o que ocorreu durante o processo tradutório. Entretanto, deve-se lembrar que ele não é gratuito, custando em média 500 reais para ser adquirido e seu uso para teste dura 30 dias. Trabalhar com o universo digital e principalmente com protocolos verbais exige do pesquisador a montagem de um pequeno laboratório, sendo o ideal, para que a pesquisa seja 138 feita em qualquer lugar, um notebook com capacidade para rodar os programas necessários e uma conexão de banda larga. O que gera mais um custo ao pesquisador. Na presente pesquisa contamos com a compreensão dos tradutores e, em cada residência, caso o computador tivesse as características mínimas necessárias, instalávamos os programas, assim como na casa da orientadora, que a cedeu como laboratório. Em relação à classificação das ferramentas, na qual foi sugerida a divisão entre “ferramentas potenciais” e “ferramentas específicas”, até o presente momento essa classificação parece satisfatória e pode ser empregada em pesquisas futuras. E concluímos falando sobre os rumos dessa pesquisa, dizendo que, daqui em diante, pretendemos nos aprofundar na análise do universo tradutório que rodeia o tradutor profissional e que vai além, do momento específico da produção do texto traduzido, Indo ao encontro do mercado de tradução, da interação entre tradutores, da identidade tradutória e de tudo o mais que rodeia o tradutor contemporâneo, poderemos, ao entender sua realidade, nos tornarmos cada vez mais apto a criar uma metodologia para o ensino de tradução. 139 REFERÊNCIAS ARAÚJO, José Paulo de. Uso de uma ferramenta de busca da web como estratégia para solução de problemas tradutórios. Linguagem em (dis)curso, Palhoça, v. 5, n. 1, p.41-69, Jul./Dez., 2005. Quadrimestral. 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SUMÁRIO ANEXOS I Texto principal da pesquisa I Texto de aquecimento da pesquisa III Produtos das traduções IV Tradutor Iniciante 1 IV Tradutor Iniciante 2 V Tradutor Iniciante 3 VI Tradutor Estagiário 1 VII Tradutor Estagiário 2 VIII Tradutor Profissional 1 IX Tradutor Profissional 2 X APÊNDICES XI 1 - Questões feitas antes da atividade tradutória XI 2 – Protocolos verbais XII Convenções de transcrição dos protocolos verbais XII Tradutor Iniciante 1 XIII Tradutor Iniciante 2 XIX Tradutor Iniciante 3 XXV Tradutor Estagiário 1 XXXII Tradutor Estagiário 2 XLII Tradutor Profissional 1 LIII Tradutor Profissional 2 LXII I ANEXO 1 – TEXTO DA PESQUISA REPORTAGE Les nageurs tricolores ne digèrent pas l'incroyable final du 4 × 100m LE MONDE.FR | 11.08.08 | 16h15 • Mis à jour le 11.08.08 | 17h26 LES NAGEURS TRICOLORES NE DIGERENT PAS L'INCROYABLE FINAL DU 4 × 100M Les heures passent, la fierté du travail accompli et récompensé d'une belle médaille d'argent prend doucement le pas sur la déception, mais le désarroi reste palpable dans le camp tricolore après l'incroyable dénouement du relais 4×100m disputé lundi matin à Pékin. Sans non plus toucher le fond, c'est sur la forme que les relayeurs commencent à se poser quelques questions. Et l'amertume de faire surface pour assombrir les eaux bleues. Encore éblouis par cet or qui leur semblait offert avant le retour miraculeux de Lezak sur Bernard, les Français cherchent à comprendre. Les langues se délient, notamment du côté d'Amaury Leveaux, qui avait déclaré forfait sur son épreuve individuelle – le 200 m nage libre – pour tout donner dans le 4 × 100. "Sur l'ordre des relayeurs [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard], la Fédération nous a un peu baisé la gueule", a expliqué sans détour le grand blond à l'AFP. "Alain (Bernard) et Fred (Bousquet) devaient partir dans un autre sens. Ce n'est pas grave, on a fait avec." BERNARD "N'EN SORT PAS INDEMNE" Une information confirmée par Alain Bernard, qui évoquait "des changements au dernier moment", avant d'ajouter, sibyllin, "on en reparlera". L'ex-recordman du monde de la spécialité, qui a passé près de 10 minutes accroupi dans les toilettes du Cube d'eau, la tête dans les mains, semblait encore sous le choc. "Alain est touché. Partir dernier relayeur en tête et se faire battre, on n'en sort pas indemne", a reconnu le directeur technique national, Claude Fauquet. Sur la question de l'ordre des nageurs, le DTN admettait qu'il devait en parler avec Marc Begotti, responsable du relais. "Il faut que je voie avec lui. Ce n'est pas moi [qui ai pris la décision]", a-t-il commenté, précisant simplement qu'il était "facile de refaire les courses" après coup. "Avec 8 centièmes de mieux, on n'aurait plus jamais rediscuté de l'ordre", a-t-il souligné. Une position partagée par Denis Auguin, l'entraîneur d'Alain Bernard. "Jusqu'aux 380 mètres, c'était la meilleure composition qui soit", a relativisé le technicien. "En septembre, si on avait dit aux gars : 'vous allez nager en 3 min 08', ils auraient tous rigolé. On a comblé notre retard sur les Etats-Unis. Ce n'est pas déshonorant d'être vicechampions olympiques", a-t-il conclu. Tout le travail des entraîneurs tricolores sera désormais de convaincre leurs nageurs que le verre est effectivement à moitié plein. Afin d'évacuer la frustration d'une course aussi cruelle que magnifique, de les relancer dans les épreuves individuelles, et d'éviter qu'Alain Bernard ne soit non seulement touché, mais aussi coulé. II Erwan Le Duc, avec AFP Article paru dans l'édition du 12.08.09 III ANEXO 2 – TEXTO DE AQUECIMENTO "Les Quatre Jumelles", opéra chic et show L'enfer en version féminine, ça existe : dans un coin de l'Alaska. C'est là que Copi situe l'action de sa pièce Les Quatre Jumelles, qui a inspiré au compositeur Régis Campo un opéra de chambre donné en création par l'Arcal, samedi 10 janvier, à la Maison de la musique de Nanterre (Hauts-de-Seine). Quatre jumelles s'y déchirent, dans toutes les combinaisons, de un à quatre, sur fond d'or, drogue et mort. Les soeurs Smith, riches et accro à la cocaïne, reçoivent la visite des soeurs Goldwashing (campées par deux hommes), pauvres et acculées au crime. On complote, on tue, on ressuscite, et on recommence. A cet argument développé en boucle correspond une musique à base d'échelles répétitives et de pulsations mécaniques, qui évoquent celles de Rimski-Korsakov et de Boulez. Et si le ton est outrancier chez Copi, il est neutre avec Campo. Poupées de sons Difficile pour Jean-Philippe Saïs, qui effectue sa première mise en scène d'opéra, de servir l'un sans trahir l'autre ! Il y parvient dans un travail sophistiqué, avec des gestes souvent au ralenti, qui colle à chaque détail d'une musique retenue sans négliger les perspectives comiques. Le résultat permet aux quatre jumelles d'atteindre une certaine grandeur, ne serait-ce que par la projection de leurs ombres sur les écrans géants qui encadrent un décor minimaliste. Cet opéra chic repose sur les épaules des interprètes. Les deux hommes aux voix élevées (le contre-ténor Robert Expert et le sopraniste Fabrice Di Falco) offrent aux soeurs Goldwashing un large éventail d'intonations efféminées tandis que les deux femmes (Julie Robard-Gendre et Sylvia Vadimova, mezzo-sopranos) apparentent les soeurs Smith à de simples poupées de sons. Irrésistibles par leurs postures décalées, ils réalisent un show qui ressemble à une partie de catch à quatre pour soirée branchée. Les Quatre Jumelles. Opéra-bouffe de Régis Campo d'après la pièce de Copi. Mise en scène : Jean-Philippe Saïs. Lumières : Jean Tartaroli. Costumes : Montserrat Casanova. Robert Expert (Joséphine), Fabrice Di Falco (Fougère), Julie Robard-Gendre (Maria), Sylvia Vadimova (Leïla), ensemble TM +, Laurent Cuniot (direction). Durée : 1 heure. Prochaines représentations : le 16 janvier à Reims (Marne), le 24 à Beynes (Yvelines), le 30 à Mâcon (Saône-et-Loire)(...) Tél. : 01-43-37-94-21 (Arcal). Mardi 13 Janvier 2009 - 10:56 Le Monde.fr/Pierre Gervasoni IV ANEXO 3 - PRODUTOS DAS TRADUÇÕES TRADUTOR INICIANTE 1 OS NADADORES TRICOLORES NÃO DIGEREM A INCRÍVEL FINAL DO 4 X 100M As horas passam, a decepção dá aos poucos lugar ao orgulho do dever cumprido e recompensado por uma bela medalha de prata, mas a agonia permanece palpável no campo tricolor após o desfecho do revezamento 4 x 100m disputado segunda de manhã em Pequim. Sem chegar ao fundo da questão, é sobre a forma que os revezadores começam a se fazer algumas questões. E a amargura de emergir para entristecer as águas azuis. Ainda cegos por este ouro que lhes parecia dado antes do retorno miraculoso de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram entender. As línguas travam, sobretudo da parte de Amaury Leveaux, que tinha jogado a toalha em sua prova individual – os 200m nado livre – para se dedicar aos 4 x 100. “Pela ordem dos revezadores [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard], a Federação nos ferrou”, explicou sem meias-palavras o loiro alto da AFP. “Alain (Bernard) e Fred (Bousquet) deveriam partir noutro sentido. Não é grave o que fizeram com ele.” Bernard não sai ileso Uma informação confirmada por Alain Bernard que mencionava “mudanças no último momento” antes de completar, enigmático, “voltaremos a falar sobre isso”. O exrecordista mundial da especialidade, que passou quase 10 minutos sentado nos banheiros do Cubo d‟água, cabeça entre as mãos, parecia ainda em choque. “Alain está abalado. Sair como último revezador e se deixar ultrapassar, não dá para sair ileso dessa”, reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos nadadores, a DTN admitiu que devia ter falado sobre o assunto com Marc Begotti, responsável pelo revezamento. “Precisamos ver com ele. Não fui eu [que tomei a decisão]”, comentou ele, acrescentado depois que “era mais fácil refazer a prova”. Com 8 centésimos a menos, jamais teríamos rediscutido a ordem”, destacou ele. Uma posição compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. “Até os 380 metros, era a melhor composição que havia”, relativizou o técnico. “Em setembro, se tívessemos dito aos rapazes “vocês vão nadar em 3 min 08‟, eles teriam rido. Diminuímos nosso atraso em relação aos Estados Unidos. Não é desonroso ser vice campeão olímpico”, concluiu. Todo o trabalho dos treinadores tricolores no futuro será de convencer seus nadadores que o copo está metade cheio. Afim de eliminar a frustração de uma prova tão cruel quanto magnífica, de os relançar nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard fique não só abalado, mas também que naufrague. V TRADUTOR INICIANTE 2 Os nadadores tricolores não digerem a incrível final dos 4 x 100M As horas passam, o orgulho do trabalho cumprido e recompensado por uma bela medalha de prata toma suavemente o passo sobre a decepção, mas a confusão fica palpável no campo tricolor após o incrível desfecho dos nadadores de revezamento 4 x 100m disputado na manhã de segunda-feira em Pékin. Sem querer se aprofundar no assunto, é sobre a forma que os nadadores começam a se questionar. E a amargura de nadar superficialmente para entristecer as águas azuis. Ainda ofuscados por esse ouro que lhes parecia oferecido antes do retorno miraculoso de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram compreender o que aconteceu. As pessoas se isentam, do lado d´Amaury Leveaux, que tinha declarado não ter dado o melhor de si na sua prova individual – os 200 m nado livre – para dar o melhor de si na prova de 4 x 100M. Segundo as ordens dos nadadores (Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard), a Federação nos tirou um pouco do entusiasmo. explicou sem prêambulos o grande louro à AFP. Alain (Bernard) e Fred (Bousquet) deveriam ir em outro sentido. Isso não é grave, eles fizeram da melhor maneira possível. BERNARD NÃO SAI ILESO Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças no último momento”, antes de acrescentar sibyllin, “a gente vai falar disso novamente”. O ex recorde do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10 minutos acocorado nos banheiros, a cabeça entre as mãos, parecia ainda em choque. “Alain se sensibilizou. Partir em último no revezamento e ser vencido, é um fato do qual não se pode sair ileso., reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. Em relação ao problema da ordem dos nadadores, o DTN admitia que ele deveria falar com Marc Begotti, responsável do revezamento. “É preciso que eu resolva isso com ele. Não fui eu quem tomou a decisão”, comentou ele, precisando simplesmente que era fácil de refazer a corrida após o golpe. Com 8 centésimos a mais, não se poderia nunca reconsiderar a ordem, ele acrescentou. Uma posição compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. “Até os 380 metros era a melhor composição que havia, relativisou o técnico. “ Em setembro, se tivéssemos dito aos caras : vocês vão nadar em 3 minutos e 8 segundos, todos eles teriam rido.Nós tivemos o cúmulo de atraso sobre os Estados Unidos. Não é desonroso ser vice-campeão olimpico, ele concluiu. Todo o trabalho dos treinadores tricolores será de hoje em diante convencer seus nadadores que devemos lutar até o último minuto. Assim, com esse intuito liberar a frustração de uma corrida tão cruel quanto magnífica, de os relançarem nas provas individuais, e evitar que Alain Bernard não se sinta somente tocado mas também arrasado. VI TRADUTOR INICIANTE 3 Nadadores tricolores não digerem a inacreditável final do 4x100. As horas passam, o orgulho do trabalho realizado e recompensado por uma linda medalha de prata esconde um passo sobre a descepção, mas a desordem continua visível no lado tricolor depois do inacreditável desfecho do revezamento 4x100 disputado na manhã desta segunda-feira em Pequin. Sem sequer tocar o fundo, é clara a forma como os nadadores começam a se questionar. E a amargura de voltar á superfície para assombrar as águas azuis. Ainda impressionados pelo ouro que lhes parecia conquistado antes da ultrapassagem milagrosa de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram explicações. As opiniões se dividem do lado de Amaury Leveaux, que renunciou sua prova individual – o 200m nado livre –para se focar no 4x100. “Sobre a ordem dos nadadores [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard], a Federação nos ferrou um pouco”, explicou sem rodeios o grande loiro à l‟AFP. “Alain (Bernanrd) et Fred (Bousquet) deveriam olhar por um outro ponto de vista. Não foi grave, e nós o fizemos juntos”. Bernard não sai ileso Uma informação confirmada por Alain Bernard, que fez “mudanças de última hora”, antes de completar, misteriosamente: “depois nós conversamos sobre isso”. O recordista mundial da modalidade que passou cerca de 10 minutos sentado nos banheiros do Cube d‟eau, de cabeça baixa, parecia ainda em estado de choque. “Alain está decepcionado, último do revezamento, partiu na ponta e foi ultrapassado, não tem como não se abater”, reconheceu o diretor-técnico nacional, Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos nadadores, a DTN admite que ele deveria falar com Marc Begotti, (treinador) responsável pelo revezamento. “É preciso conversar com ele, não fui eu quem tomou esta decisão”. Ele comentou, dizendo simplesmente que era “fácil refazer o percurso” depois do duro golpe “com 8 centésimos a menos não teria mais a necessidade de discutir sobre a ordem”, ele destaca. Posição que é compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. Até os 380 metros, tínhamos o melhor desempenho na prova, relativizou o técnico. “Em setembro, se nós tivéssemos dito ao garoto: „você vai nadar 3m08s‟, todos teriam feito piadas”. Ficamos felizes com diferença de tempo com os Estados Unidos. Não é vergonha ser vice-campeão olímpico”, conclui. O maior trabalho dos treinadores tricolores a partir de agora será o de convencer os seus nadadores de que o copo está metade cheio. Afim de aliviar a frustração desta prova tão cruel quanto magnífica, de os relançar nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard fique não apenas tocado mas também satisfeito. VII TRADUTOR ESTAGIÁRIO 1 Os nadadores tricolores não digerem o incrível final do 4x100m As horas passam, o orgulho do trabalho realizado e recompensado de uma bela medalha de prata suavemente começa a dar passos sobre a decepção, mas o transtorno continua palpável no campo tricolor após a inacreditável catástrofe do revezamento 4 x 100m disputado na manhã de segunda-feira em Pequim. Sem também ir mais a fundo, é sobre a forma que os nadadores começam a se questionar. E a amargura de emergir para obscurecer as águas azuis. Ainda seduzidos por este ouro que lhes parecia oferecido antes do retorno miraculoso de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram entender. Fala-se, principalmente do lado de Amaury Leveaux, que tinha feito forfait sobre sua prova individual – os 200 m nado livre – para dar tudo nos 4 x 100. “Na ordem dos revezadores [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard], a Federação nos ferrou um pouco”, explicou sem rodeio o loiro alto à AFP. “Alain (Bernard) e Fred (Bousquet) deviam partir num outro sentido. Não é grave, a gente se contenta com o que tem.” Bernard “não sai ileso” Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava “mudanças no último momento”, antes de acrescentar, misterioso, “nós falaremos sobre isso novamente”. O ex-recordista do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10 minutos agachado no banheiro do Cube d‟eau (“Cubo de Água”), com a cabeça nas mãos, parecia ainda estar em choque. “Alain está aflito. Largar sendo o último revezador na frente e lutar, não se sai ileso”, reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos nadadores, o DTN admitia que devia falar com Marc Begotti, responsável pelo evento. “Tenho que ver com ele. Não fui eu [que tomei a decisão]”, comentou, especificando simplesmente que era “fácil de refazer as corridas” após o golpe. “Com 8 milésimos de vantagem, não teríamos nunca mais rediscutido a ordem”, sublinhou. Uma posição partilhada por Denis Auguin, o treinador de Alain Bernard. “Até os 380 metros, era a melhor composição feita”, relativizou o técnico. “Em setembro, se tivéssemos dito aos rapazes: „você vai nadar em 3 min 08‟, eles teriam todos achado graça. Reduzimos a nossa distância em relação aos Estados Unidos. Não é vergonhoso sermos vice-campeões olímpicos”, concluiu. Todo o trabalho dos treinadores tricolores será daqui para frente convencer seus nadadores de que a taça está efetivamente pela metade. Com o objetivo de evacuar a frustração de uma corrida tão cruel quanto magnífica, de relançá-los nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard nem fique abalado e nem afunde. VIII TRADUTOR ESTAGIÁRIO 2 Os nadadores tricolores não digerem a inacreditável final de 4 X 100. As horas passam, o orgulho do trabalho concluído e recompensado na forma de uma bela medalha de prata, toma pouco a pouco um ar de decepção, mas a confusão permanece palpável sobre o campo tricolor, após o inacreditável fracasso do revezamento 4X100m disputado segunda de manhã em Pequim. Não tocar no assunto, é a forma com a qual competidores começam a se questionar. Na tristeza de se afundar e escurecer as águas azuis. Ainda deslumbrados por quem lhes pareciam oferecer anteriormente o miraculoso retorno de Lezak em Bernard, os franceses tentam compreender. As línguas se soltam, particularmente a de Amaury Leveaux, que havia desistido de sua prova individual – Os 200 metros nado livre – para dar o seu melhor nos 4X 100. “Sobre a ordem dos competidores [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernad] a federação nous a un peu baisé la gueule, explicou sem rodeios le grand blond a AFP. “ Alain ( Bernard) e Fred (Bousquet) deviam partir num outro sentido. Isto não é grave, nós fizemos juntos.´ Bernard “Não saiu Ileso” Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava “as mudanças nos últimos momentos”, antes de acrescentar, nas entrelinhas, “nós retomaremos isso posteriormente”. O ex- recordista do mundo da especialidade, que passou próximo de 10 min envergonhado nos toilettes do Cube d‟eau, a cabeça entre as mãos, parecia ainda em choque. “Alain esta abalado. Partir dernier relayeur en tête et se faire battre, a gente não sai ileso”, reconheceu o diretor técnico nacional , Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos nadadores, a DTN admitiu que devia falar com Marc Begotti, responsável pela prova. “ É preciso ver com ele. Não fui eu [quem tomou a decisão], ele comentou, precisando simplismente que era “ fácil de refazer as corridas” Após corte. “ Com 8 centésimos de vantagem, nós não poderíamos jamais tornar a discutir a ordem”, ressaltou ele. Uma posição partilhada por Denis Auguin, o instrutor de Alain Bernard. “ Até os 380 metros, era a melhor composição que poderia” , disse o técnico. “Em setembro, se houvéssemos dito aos companheiros: vocês vão nadar em 3 min 08‟, eles teriam todos rido. Nós tiramos o nosso atraso sobre os Estados Unidos. Não é desonroso ser vice campeão olímpico “, concluiu ele. Daqui em diante, todo o trabalho dos treinadores tricolores será de convencer os seus nadadores que o copo está efetivamente pela metade. A fim de se livrar de uma frustração de uma corrida tão cruel quanto magnífica, de lançá-los novamente nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard não fique simplesmente envergonhado, mas também que ele continue sem interrupções. IX TRADUTOR PROFISSIONAL 1 OS NADADORES FRANCESES NÃO DIGEREM A INACREDITÁVEL FINAL DO 4 X 100 M As horas passam, o orgulho do dever cumprido e recompensado por uma bela medalha de prata substitui aos poucos a decepção, mas o desconsolo permanece palpável no campo francês após o inacreditável desenlace do revezamento 4 x 100 m disputado segunda-feira pela manhã em Pequim. Sem tocar o fundo da questão, é quanto à forma que os nadadores começam a se colocar algumas questões. E a amargura vem à superfície para turvar as águas azuis. Ainda ofuscados pelo ouro que lhes parecia garantido antes da ultrapassagem miraculosa de Bernard por Lezak, os franceses tentam compreender. As línguas se soltam, especialmente do lado de Amaury Leveaux, que havia desistido de sua prova individual – os 200 m nado livre – para dar tudo no 4 x 100. “Em relação à ordem dos nadadores [Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard], a Federação nos sacaneou”, explicou sem rodeios o louro alto à AFP. “Alain (Bernard) e Fred (Bousquet) deviam partir num outro sentido. Não é grave, a gente fez o que pôde.” BERNARD “NÃO SAI ILESO” Essa informação foi confirmada por Alain Bernard, que evocou “mudanças no último momento”, antes de acrescentar, sibilino, “ainda se vai falar disso”. O exrecordista mundial da especialidade, que passou cerca de 10 minutos agachado no banheiro do Cubo d‟água, com a cabeça entre as mãos, parecia ainda em estado de choque. “Alain está abalado. Ser o último nadador, sair na frente e se deixar bater, ninguém sai ileso disso”, reconheceu Claude Fauquet, o diretor técnico francês. Em relação à questão da ordem dos nadadores, Fauquet admitiu que devia conversar com Marc Begotti, responsável pelo revezamento. “Tenho que ver com ele. Não fui eu [quem tomou a decisão]”, comentou, precisando simplesmente que era “fácil refazer a prova” a posteriori. “Com oito centésimos a menos, jamais se teria rediscutido a ordem”, ressaltou. Uma posição compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. “Até os 380 metros, era a melhor composição possível”, relativizou o técnico. “Em setembro, se tivéssemos dito aos caras: „vocês vão nadar em 3 min 08‟, eles teriam achado graça. Superamos nosso atraso em relação aos Estados Unidos. Não é nenhuma desonra ser vice-campeão olímpico”, concluiu. Daqui por diante, todo o trabalho dos treinadores franceses será o de convencer os nadadores de que metade do caminho foi percorrida. No intuito de afastar a frustração de uma prova tão cruel quanto magnífica, de relançá-los nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard, mais do que ficar abalado, naufrague. X TRADUTOR PROFISSIONAL 2 OS NADADORES TRICOLORES NÃO DIGEREM A INCRÍVEL FINAL DOS 4 X 100M. As horas passam, o orgulho do trabalho feito e recompensado por uma bela medalha de prata predomina sobre a decepção, mas o desencanto permanece palpável no campo tricolor depois do incrível desenlace do revezamento 4 x 100m disputado na manhã de segunda-feira, em Pequim. Sem irem ao fundo da questão, os revezadores começam a se questionar sobre problemas de forma. Enquanto isso, a amargura vem à tona para turvar as águas azuis. Ainda obnubilados pelo ouro que lhes parecia possível antes da recuperação milagrosa de Lesak sobre Bernard, os franceses tentam entender. As línguas se soltam, sobretudo a de Amaury Leveux, que havia abandonado sua competição individual – os 200m de nado livre – para dar tudo de si nos 4 X 100m. “Quanto à ordem dos revezadores [Leveux, Gilot, Bousquet, Bernard] a Federação nos sacaneou”, explicou sem rodeios o grande louro da AFP. “Alain (Bernard) e Fred (Bousquet) partiriam noutra direção: tudo bem, é assim mesmo”. Bernard “não sai ileso” Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava “mudanças de última hora”, antes de acrescentar, sibilino, “vamos voltar a falar nisso”. O ex-recordista mundial da categoria, que passou quase 10 minutos agachado no banheiro do Cubo d‟Água, com as mãos na cabeça, ainda parecia em estado de choque. “Alain ficou abalado. Começar como último revezador, na dianteira, e perder, não se sai ileso disso”, reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos nadadores, o diretor admitiu que deveria falar com Marc Begotti, responsável pelo revezamento. “Tenho que ver com ele. Não fui eu [quem tomou a decisão]”, comentou, especificando simplesmente que era “fácil ganhar a competição”, depois de acabada. “Com 8 centésimos a mais, não se teria mais discutido a ordem”, ressaltou. Posição partilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. “Até os 380m, era a melhor dentre as composições”, contemporizou o técnico. “Em setembro, se a gente tivesse dito pra eles: vocês vão nadar em 3 min 08‟, eles teriam rido. A gente recuperou o atraso quanto aos Estados Unidos. Não é desonra ser vice-campeão olímpico”, concluiu. O grande trabalho dos treinadores tricolores agora será o de convencer os nadadores de que o copo está, sim, cheio até a metade. A fim de esquecer a frustração de uma competição tão cruel quanto magnífica, de relançá-los em provas individuais, e de evitar que Alain Bernard continue abalado, e que ele afunde. XI APÊNDICES 1 - QUESTÕES FEITAS ANTES DA ATIVIDADE TRADUTÓRIA 1 - Nome completo? 2 – Idade? 3. - Língua materna? 4 - Ano e semestre que ingressou no curso de letras. Vestibular? Reingresso? 1º opção? 5) Universidade que cursou a graduação ou pós graduação? 6 - Nível escolar? 7 – Profissão? 8 – A aprendizagem de francês teve seu início na graduação ou fora dela? Quando? 9 - Porque optou pelo curso de francês? 10. - Você faz uso da língua fora da faculdade? 11) Tem domínio em outros idiomas? Quais? 12) Você tem hábito de ler jornais e revistas em língua estrangeira ou português? 13 - Qual sua definição de tradução? 14) Qual sua definição de boa tradução? 15) O que seria um bom tradutor? 16) Quais recursos você utiliza para traduzir? 17) Você tem alguma experiência anterior de tradução? QUESTÕES FEITAS APÓS A ATIVIDADE TRADUTÓRIA 1 – Está satisfeito com o seu produto final? 2 – Quais foram os maiores problemas encontrados durante o ato tradutório? XII 2 – PROTOCOLOS VERBAIS CONVENÇÕES DE TRANSCRIÇÃO DOS PROTOCOLOS VERBAIS [aaa] – Pensamentos oralizados aaa - Observações e falas do elicitador (...) – Pausa longa ou curta “aaaa” – leitura do texto de partida „aaaa‟ – leitura do texto traduzido aaaa - texto traduzido ??? – incompreensível /aaaa/ - comentários do tradutor – Consulta dicionário francês/francês digital – Consulta dicionário português/francês digital – Consulta dicionário português/português digital “ ” - Consulta dicionário francês/francês impresso - Consulta dicionário português/francês impresso Consulta dicionário português/francês impresso @ - Consulta a internet XIII TRADUTOR INICIANTE 1 Os nadadores tricolores não digerem a incrível final do 4 x 100m. As horas passam. O orgulho do trabalho(...) [É, isso aqui fica engraçado porque(...) Eu sei que aqui é orgulho, mas como colocar aqui. Deixa só orgulho ou tem que colocar outra coisa. Entende?] /Eu vou no Houaiss ver isso./ [O orgulho do trabalho cumprido. Deve ter uma expressão para dizer isso em português (...) O orgulho. Uma sensação de alívio. Uma sensação de alívio não vai dar (...) O trabalho cumprido? Vou deixar orgulho por enquanto (...) O trabalho (...) O alívio do trabalho cumprido (...) Do dever cumprido (...) Alcançado por uma bela medalha de prata (...) “Prends le pas” (...) provavelmente (...) “Prend le pas sur”¹] [Ah! Nem eu sabia. Houaiss cadê?] [Eu entendo agora que eu li. Mas porque que fica tão difícil (...) “Passer devant?” Tá no sentido figurativo. Mas eu não sei se tá no sentido conotativo ou denotativo. Mas pode ser os dois. O jornal não impede de usar o conotativo². Eu não sei se dá lugar à decepção (...) Precede. É (...) Precede. Ah entendi (...) Toma lugar da decepção (...) Não (...) Complicado traduzir (...) Toma lugar (...) quer dizer a decepção cede lugar. Acho que vou inverter esta frase. A decepção cede lugar ao orgulho(...) Ceder alguma coisa(...)] [Dá lugar(...) Vou colocar(...) A decepção dá lugar(...) Dá aos poucos lugar(...) Vou tirar “doucement” por (...) “Mas le dessaroi”] „Mas a desordem permanece palpável no campo tricolor, após‟(...) [Dicionário] XIV [Dénoument, não Dénouement¹] /Nossa, mas que palavra hein! Solution, terme, conclusion. Eu gosto de ir onde vem do latim que as vezes(...) O desfecho/ „Após o desfecho no‟(...) [Relais pra gente é revezamento (...) Depois do desfecho do Relais (...) Vou pôr revezamento (...) Me confundi até em português (...) Vou colocar revezamento.] „No revezamento 4x100 disputado segunda de manhã em Pequim.‟ [Isso aqui deve ser uma expressão (...) Toucher le fond¹] [Prend le plus bas moralement, physiquement. Não me disse muita coisa não] “C´est sur la forme”(...) /Engraçado(...) Aqui tá o revezador como o atleta de bastão, mas não lembro de revezador como uma notícia de jornal²(...) Tá mas eu to lá(...) Bom! Eu vou pular para ver se eu entendo a frase da frente./ [A amertume (...) A amargura (...) Meu Deus!] /Olha eu não to entendendo muito não viu! “Faire Surface”(...) To completamente enrolado na ultima frase do texto (...) Porque para mim não faz sentido com nada que está escrito aqui (...)/ O que você tá fazendo agora? “C'est sur la forme que les relayeurs commencent à se poser quelques questions” [Perai! Chegar ao fundo do poço? É! Como é que eu não consigo ver as claras (...) Chegar ao fundo da questão (...) Sem chegar ao fundo da questão é sobre a forma que os atletas (...) Chegar ao fundo da questão é sobre a forma (...) /O problema é que não faz nenhum sentido com o que vem antes (...) Que os revezadores (...) Depois eu volto/ (...) Começam a se fazer (...) A amargura(...) “Faire surface” (...) Muito esquisito(...)] [Assombrir? Assombrar (...) E a amargura vem assombrar as águas azuis(...) Pelo amor de Deus (...) E amargura faire surface (...) ahhhhhh (...) E a amargura de (...) Emergir? Sei lá (...) A amargura de assombrar as águas. XV „Ainda cegos por este ouro que lhes parecia dado antes do retorno miraculoso de Lezak sobre Bernad (...) Os franceses procuram entender‟(...) [As línguas(...) Delyer¹?] [As línguas se desatam?] /Tá muito esquisito este texto hein/ Por que? /Tem coisas que parecem não ter sentido no texto/ Sobretudo da parte de Amaury Neveau que tinha declarado forfait. [Que que é forfait?] ¹ [Crime enorme?] /Posso fazer o que eu quiser, né?/ Pode. TE1 acessa a WEB /Não achei(...) Eu pensei que a reportagem original podia ter sido mudada. Que vocês colocaram outras palavras nela. Podia ser uma pegadinha sabe (...) Algo colocado para não fazer sentido./ [Ah(...) Tem outras forfait aqui. Eu que não procurei direito. Tem a expressão. Declarer forfait, se retirar, jogar a toalha! Que tinha jogado a toalha(...) A expressão em francês é Jetter le ponge. Deve ser a mesma contraparte.] Que tinha jogado a toalha em sua prova individual. Os 200 metros nado livre por(...) Para se dedicar aos 400(...) “Sur l´ordre”. Pela ordem dos revezadores. Leveaux, Gilot Bousquet, Bernad. “La federation”(...) [Baiser la gueule deve ser uma expressão] [É não achei aqui. Deixa eu fazer uma baixaria. Deixa eu procurar na internet.] /A gente pode usar o tradutor bizarro que tem aqui. Do Google?/ Pode usar o que quiser XVI [É não ficou nem um pouco bonita essa expressão aqui (...) ] TI1 realiza uma leitura do texto [Meu Deus (...) Será que é o que eu to pensando(...) mas como é que eu vou colocar²? Posso colocar a federação nos prejudicou, mas fica um pouco confuso(...) Vou colocar a federação nos prejudicou, mas no sentido do palavrão(...) O jornal deles pode. Será que o nosso pode? Nos ferrou. Explicou (...) Détour¹?] Explicou sem maias palavras(...) “Le grand blond¹”. [Ahah. Isso aqui é com certeza (...)] [Ih me dei mal. Me parece óbvio. Le grand blond. O grande. Não parece nada(...)] . [É. Le grand blond não é o loiro alto é? Vou procurar saber quem é essa pessoa na vida³. Le grand Blod é Amaury, mas o Loiro alto? Me parece que é alguém importante de lá (...) Tá (...) O loiro alto à AFP. Alain Bernad e Fred Bousquet] “Devaient partir dans un autre sens”(...) [É to na dúvida aqui (...) Deveriam partir em outro sentido(...)] “Ce n'est pas grave, on a fait avec." [Tá faltando um ce qu´on aqui ? Ce n´est pas grave ce qu´on a faire avec… Ce n'est pas grave, on a fait avec… Indemne.. Ileso] Bernad não sai ileso /Eu vou ler tudo até o final. Acho que vai ajudar (...)/ „Uma informação confirmada pelo ex-recordista (...) Ex-recordista mundial da especialidade(...) Passou quase dez minutos‟ “acoupli¹” [Ah é sentado(...) mas é tão difícil. É sentado numa posição específica. Como a estátua do Louvre. L´accroupi, Mas em português é o escriba sentado. Dez minutos sentado(...) Sentado assim oh. Naquela posição. Como se tivesse com os dois pés assim. O escriba sentado. O nome daquela famosa escultura egípcia(...)] XVII No banheiro do cubo d´água, cabeça entre as mãos parecia ainda em choque (...) “Alain est touché”. [Não está tocado (...) Está(...) Consternado? Deixa eu ver o que que é consternado aqui (...) Desolado.. Abalado.. Abalado.] [Sair (…) “Partir dernier relayeur en tête”… “Partir dernier relayeur en tête et se faire battre”(…) Eu tenho dificuldade com essas expressões com faire.. Faire battre¹.] TI1 realiza um busca no Petit-Robert por locuções [Deixar bater(...) Deixar passar(...) Vou mudar um pouco essa frase(...)] Sair como ultimo revezador e se deixar ultrapassar. Não dá para sair ileso disso. Reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos nadadores a DTN admitiu que devia ter falado sobre o assunto com Marc Begotti, responsável pelo revezamento. Precisamos ver com ele.‟ “Ce n'est pas moi qui ai pris la décision. „Não fui eu que tomou a decisão‟(...) Não fui eu que tomei a decisão. Comentou ele, acrescentado depois que era mais fácil(...) “refaire les courses?” [Refaire les couses deve ser… Mais fácil refazer courses(...) Que não é a corrida(...) É a corrida. mas como é a corrida do nado³? Refazendo a prova(...) “après tout”(...) ahhhhh. Sempre é um expressão¹.] [Ahh. Depois(...) Destacando simplesmente que(...)] /tirei o simplement/(...) “De mieux”. “de mieux”. /Eu não entendo algumas coisas que ele tá falando aqui. Eu não sei do que ele tá falando. “Centime”?/ [Não oito centímetros(...) É oito centésimos(...) Aqui tá oito centésimos de mieux(...) a menos(...)] Com oito centésimos a menos jamais teríamos rediscustido a ordem de destacou ele. Uma posição compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. Até os 380 metros(...) “c'était la meilleure composition qui soit”(...) [Que existia] Era a melhor composição que havia relativizou. Em setembro, se tivéssemos dito [aux(...) aos rapazes, garotos, competidores(...) Ah, garçon, rapazes, não são os meninos] Vocês vão nadar em 3 minutos 8, eles teriam rido(...) “Combler¹?” Que que houve? XVIII /pensando no combler/ “On a comblé notre retard sur les Etats-Unis. [Meu Deus (...)] Diminuímos nosso atraso em relação aos Estados Unidos. Não é desonroso ser vice-campeão olímpico, concluiu. Todo o trabalho dos treinadores tricolores(...) Será de convencer seus nadadores que o copo está metade cheio(...) [Afim de espantar. Evacuar] Afim de eliminar a frustração de uma prova tão cruel quanto magnífica, de os relançar nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard(...). /Não sei se isso é um trocadilho com o francês. Não consegui pegar. Aqui tá dizendo que ele ficou touché. Coloquei ficou triste./ “Ne soit non seulement touché, mais aussi coulé ”(...) /Me parece um jogo de palavras com touché e coule² (...) tem haver com água./ [Ah entendi. Afundar de naufragar. Ne pas pouvoir rester à la surface de l´eau(...)] Alain Bernard fique não só abalado, mas também que naufrague /Acho que acabei./ XIX TRADUTOR INICIANTE 2 Os nadadores tricolores não digerem a incrível final dos 4 x 100M. As horas passam. „La fierté du travail accompli et récompensé d'une belle médaille d'argent.‟ [O orgulho](...) O orgulho do trabalho cumprido e recompensado por uma bela medalha de prata. „As horas passam, o orgulho do trabalho cumprido e recompensado por uma bela medalha de prata.‟ /Ah! Esse verbo em francês é intraduzível./ “Prend doucement le pas.” Por que? /Porque eu não gosto de traduzir ele. Vou traduzir toma./ [Toma(...)] Toma suavemente o passo sobre a decepção. „As horas passam, o orgulho do trabalho cumprido e recompensado por uma bela medalha de prata.‟ [Não é toma. Perai!] „As horas passam, o orgulho do trabalho cumprido e recompensado por uma bela medalha de prata.‟ [Não é toma suavemente o passo sobre a decepção] “Mais le désarroi reste palpable dans le camp tricolore”. [Mas o (...) Isso aqui(...)] Mas no caso, no désarroi. Qual é o problema? /Qual o problema? Eu esqueci o que quer dizer. Esqueci¹ o que quer dizer désarroi./ [Ah!] Mas a confusão, mas a confusão fica palpável no campo tricolor após a incrível(...) Após a incrível. [Acho que é dedicação, mas depois eu vou confirmar.] Qual a palavra? Dénouement¹ [Não! É desfecho.] Após o incrível desfecho do resultado. XX „Fica palpável no campo tricolor após o incrível desfecho do‟. [Tem alguma coisa errada com essa palavra.] Qual? /Relais 4×100m/ [O incrível desfecho do relais (...) Nadadores de reserva. No desfecho dos(...)] [Nadadores (...) Eu vou botar nadadores.] Disputado segunda-feira. Disputado na manhã de segunda-feira em Pequim. “Sans non plus toucher le fond, c'est sur la forme que les relayeurs commencent à se poser quelques questions. Et l'amertume de faire surface pour assombrir les eaux bleues.” [Bem !] Sem tocar. Sem entrar em detalhes. [Não! C´est une expression que pour moi il y a du sens en français, mais en portugais c´est plus difficile.] Pourquoi ? [Sans non plus toucher le fond… Sans non plus toucher le fond… sem entrar em detalhes?] No caso ai. Qual é o problema? /É achar a melhor tradução(...)/ /Ah tá! Relais. Eu tenho aqui essa palavra como cavalo/ Qual? /Relayeurs como fornecedor de cavalos nas paragens./ Mas tem outros dicionários. (TI2 ri e aponta para o relógio) Ah! Tá. XXI „Disputado na manhã de segunda-feira em Pequim.‟ Sem(...) Querer se aprofundar no assunto. É a forma que os nadadores. [É sobre a forma que os nadadores, né?] „As horas passam, o orgulho do trabalho cumprido e recompensado por uma bela medalha de prata toma suavemente o passo sobre a decepção, mas a confusão fica palpável no campo tricolor após o incrível desfecho dos nadadores de reserva‟(...) [de revezamento] „Disputado na manhã de segunda-feira em Pequim. Sem querer se aprofundar no assunto, é sobre a forma que os nadadores‟(...) Começam a se questionar. [Bom!] “Et l'amertume de faire surface pour assombrir les eaux bleues.” E no caso, você está procurando? [Amargura!¹ E a amargura de(...) Humm!] /Sou péssima em tradução não te falei? E a amargura (...)/ Qual o problema? /O problema que aqui é superfície. Só que não vai encaixar./ [Aparência talvez] /Aqui eu não sei o que que é. Eu vou deixar em francês. E a amargura de faire surface para entristecer as águas azuis./ „As horas passam, o orgulho do trabalho cumprido e recompensado por uma bela medalha de prata toma suavemente o passo sobre a decepção, mas a confusão fica palpável no campo tricolor após o incrível desfecho dos nadadores de revezamento 4 x 100m disputado na manhã de segunda-feira em Pequim. Sem querer se aprofundar no assunto, é sobre a forma que os nadadores começam a se questionar. E a amargura de faire surface para entristecer as águas azuis.‟ [Humm(...)] XXII Ainda ofuscados, ainda ofuscados, por esse ouro que lhes parecia, lhes parecia, oferecido antes do retorno miraculoso de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram compreender. [Tem que acrescentar alguma coisa aqui porque parece sem sentido.] Ainda ofuscados por esse ouro que lhes parecia, lhes parecia, oferecido antes do retorno miraculoso de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram compreender o que aconteceu. “Les langues se délient”(...) Que que houve? /Délier¹. É que délier é desligar, desamarrar, desobrigar, se isentar./ [Acho que aqui. Mas a línguas isentam? Não. Les langues délient(...) Os pareceres(...) Os pareceres não. As pessoas(...) Os júris se isentam. Acha que o langue aqui não tem nada a ver.] As pessoas se isentam do lado d´Amaury Leveaux, que tinha declarado(...) [Ah? Forfait.] /Cadê aqui?/ Aperta aqui. /Forfait eu entendo como contrato. Aqui tá como multa. Que tinha declarado. Não. Forfait para mim é contrato. Quando você tem: mon forfait téléphonique. Ça veut dire que tu paies quelque chose à moi pour avoir un forfait. Mais il n´y n‟a pas de sens pour moi/ XXIII “Les langues se délient, notamment du côté d'Amaury Leveaux, qui avait déclaré forfait sur son épreuve individuelle.” /Forfait pode ser multa também. Declarer forfait¹. Desdizer/ [Ah! perai. Que tinha mudado (...)] que tinha mudado de opinião na prova individual, os 200 m nado livre para dar o melhor de si na prova de 4 x 100M . Segundo as ordens dos nadadores Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard, a Federação nos(...) „A federação‟ “nous a un peu baisé la gueule, nous a un peu baisé la gueule.” [Não conheço essa expressão] “Nous a un peu baisé la gueule” Segundo as ordens dos nadadores Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard, a Federação nos táran táran explicou sem(...) Explicou sem preâmbulos o grande louro à AFP. Alain Bernard e Fred Bousquet. Devaient partir dans un autre sens. Deveriam ir em outro sentido. Isso não é grave. “On a fait avec.” [ Eles fizeram(...)] Que que houve? /On a fait avec eu entendo, mas não consigo traduzir para português. Por exemplo : C´est pas grave. On a fait avec. On a fait comme ça, mais on a fait de la meilleure façon possible/ Deveriam ir em outro sentido. Isso não é grave da melhor maneira possível. “Bernad ne sort pas indemne. Une information confirmée par Alain Bernard” Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças no último momento, antes de acrescentar sibyllin, a gente vai falar disso novamente. O ex recorde do mundo da especialidade, que passou aproximadamente 10 minutos acocorado nos banheiros “du cube d´eau” (...) Nos banheiro³, a cabeça entre as mãos, parecia ainda em choque. Alain se sensibilizou. Partir em último (...) [Relayeur? Qu´est c´est relayeurs¹?] Partir em último no revezamento e ser vencido, é um fato do qual não se pode sair ileso reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. Em relação ao XXIV problema da ordem dos nadadores, o DTN admitia que ele deveria falar com Marc Begotti, responsável do revezamento “Il faut que je voie avec lui. Ce n'est pas moi qui ai pris la décision” É preciso que eu resolva isso com ele. Não fui eu quem tomou a decisão (...) [Coment je dis ça? Il n´ y a pas de solution] Precisando simplesmente que era fácil de refazer a corrida após o golpe. Com 8 centésimos a mais, não se poderia nunca reconsiderar a ordem, ele acrescentou. Uma posição compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. Até os 380 metros era a melhor composição que havia, relativizou o técnico. Em setembro, se tivéssemos dito “aux gars”(...) [Aos caras, aos homens](...) Aos caras: vocês vão nadar em 3 minutos e 8 segundos, todos eles teriam “Tous rigolé” [Rido… Debochado…] Rido “On a comblé notre retard sur les Etats-Unis”(...) [On a comblé je crois qu´ il n´y a pas de traduction… Combler?] “On a comblé notre retard.” Nós tivemos o cúmulo de atraso sobre os Estados Unidos. Não é desonroso ser vice-campeão olímpico, ele concluiu. “Tout le travail des entraîneurs tricolores sera désormais de convaincre leurs nageurs que le verre est effectivement à moitié plein. ” [Quand un français dit que le verre est a moitié plein la personne pessimiste va regarder le verre presque vide et la personne optimiste va regarder le verre plein. mais il faut traduire en portugais(...) Todo o trabalho dos treinadores tricolores será de hoje em diante convencer seus nadadores que](...) Todo o trabalho dos treinadores tricolores será de hoje em diante convencer seus nadadores que a batalha nunca(...) A batalha nunca é ganha [près d´avance](...) De véspera(...) Que devemos lutar até o último minuto. Assim, com esse intuito liberar a frustração de uma corrida tão cruel quanto magnífica, de os relançarem nas provas individuais, e evitar que Alain Bernard não se sinta somente tocado, mas também arrasado. XXV TRADUTOR INICIANTE 3 [Tricolores? Então] Os nadadores tricolores não digerem a inacreditável final dos 4 por 100. [Ainda estou pra descobri o que são esses tricolores] As horas passam. “Fierté” @ TI3 digita “fierté” no Google¹ [O sentimento (...) É acho q é isso. Tem outra palavra que eu não to lembrando agora.] O sentimento do trabalho realizado(...) [Realizado. Não fica bem em português, mas vou deixar isso por enquanto.] E recompensado por uma linda medalha de prata guarda. “Prendre doucement le pas sur la déception” [Aqui no lugar do sentimento posso colocar orgulho (...)] O orgulho do trabalho realizado e recompensado por uma linda medalha de prata. [Bom, vou colocar algo aqui. Só para (...) e volto depois]. Guarda docemente o passo sobre a decepção, “mais le désarroi”(...) [Désarroi tresor de la langue¹]… @ Tradutor acessa o dicionário “Tresor de la langue française” Mas a desordem continua palpável no campo. [Dessaroi é desordem acho que não é bem isso, mas depois eu vou voltar ai.] No campo tricolor depois da inacreditável. “Dénouement¹” [tresor de la langue.] @ Tradutor acessa o dicionário “Tresor de la langue française” [Desfazer. Ah tá. Desfez(...) Desfecho do(...) “relais¹” é outra coisa que eu não sei(...) Tresor de la langue. @ Tradutor acessa o dicionário “Tresor de la langue française” XXVI [Ah tá, revezamento (...) o nome da prova é revezamento] (...) 4 por 100. Disputado em Pequim(...) Segunda de manhã em Pequim. Sem nem tocar o fundo é clara a forma como os “relayeur” [acho que não dá pra dizer revezadores, então nadadores mesmo²] Começam a se questionar (...) “ameurtume¹?” [É a amargura. Isso aqui é uma expressão (...) Faire surface. Pior que eu não sei onde procurar expressões. Google. Faire surface entre aspas.] @. /Achei um dicionário, tipo enciclopédia, l ´internaute(...) Emerger(...). A armargura de voltar a(...) Na verdade não seria tão expressão./ A amargura de voltar à superfície para assombrar as águas azuis. [Não sei o que que é isso(...) éblouis?(...) Internaute] @. [Impressionado (...) Acho q não tá legal, mas dá para entender] Ainda impressionado por este ouro que lhe parecia ofertado antes do retorno milagroso de Lezak sobre Bernand(...) [esse retorno acho que pode ser ultrapassagem, colocar entre parênteses] Os franceses procuram entender. As línguas “de”(...) “délient?¹”(...) [Internaut] (...) @ [Não! é outra coisa. Délirer. Acho que não é esse verbo não. Délier? Existe? Pode ser (...) Separam (...) mas(...)] As línguas se separam, distinguem(...) [alguma coisa nesse sentido] (...) Só para ter certeza(...) “Notamment”(...) Notavelmente mesmo do lado de Amaury Levaux, que declarou. “Forfait¹?” [Intenaute.] @ XXVII [Renonce quelque chose(...) Então!] Que renunciou sua prova individual. [Renunciou, abandonou, se bem que abandonou só se for depois. Então!] Sua prova individual o 200 metros nado livre. “pour tout Donner”. Para se focar no 4x100. “baiser la gueule?” [Internaute] @ [Nada! Isso aqui parece ser algo mais informal]. “Baiser la gueule” [Google] @ /Coloquei baiser la gueule mais expression. Eu vou dar uma lida. Depois eu volto aqui. Anotar as palavras que eu já vi que não sei: Indemne, sibilyn, acroppi./ Sobre a ordem dos nadadores leveaux, gilot, bouquet bernad, a federação “nos a un peu baiser la gueule” explicou “sans détour¹?” [Sem rodeios?¹] [Internaute] @ [É, sem rodeios] O grande loiro a AFP(...) [Ou isso é uma expressão ou eles tem um jeito muito esquisito de se referir as pessoas, mas acho q é um jeito esquisito mesmo.] Alain Bernad e Fred bousquet deveriam partir em um outro sentido. Não foi grave, nos fizemos juntos. [Ah tá! Esse indemne¹(...) eu sei(...) Só não consigo tirar a palavra em português da cabeça](...) [Internaute] @ [É isso mesmo(...) só falta tirar isso da cabeça(...)] „Bernad não sai‟ “indemne”(...) [Ileso ou algo assim, mas ileso dá impressão de acidente. Mas] XXVIII Uma informação confirmada por Alain Bernand, que “evoquait”? Evocar [é que a gente usa essa palavra em português na pesquisa, mas, acho eu, não cabe aqui², o sentido em português é um pouco diferente que provocar (...)] Uma informação provocou mudanças de ultima hora, antes. “Avant d´ajouter sibilyn”, nós falaremos novamente sobre isso. “O ex-recordman” [ah, tá no passé. É isso.] O ex-recordista mundial da modalidade que passou mais de dez minutos (...) Cerca de dez minutos. “Accroupi¹?” [Internaut] @ [Accroupi barra agachado ou sentado] Nos banheiros do Cube d´eau, a testa nas mãos(...) E com a testa nas mãos, parecia ainda em choque. Alain está chateado, tocado(...) “Partir dernier” (...) “se faire battre”(...) [A tá(...) Ele partiu como o ultimo dos revezadores na frente, mas se deixou vencer… Ele partiu. Ele era o ultimo do, como eu vou disser isso, ele pegou. Tá difícil pensar numa frase.] Mas ele era o ultimo do revezamento, partiu em primeiro e se deixou vencer, a gente(...) Não se sai ileso, reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos nadadores, a DTN admite que ele deveria falar com Marc Begotti, reposnsável pelo revezamento pela prova. É preciso que eu veja com ele. [“vois” eu tava em dúvida se era de voir.] Não fui eu quem tomou esta decisão. [É que vois parece. Ah tá! Eu tenho que ver alguma coisa com ele (...) Tá muito português mesmo. Mas faz sentido assim, por enquanto fica.] Ele comentou, precisando. [Engraçado é que tem isso em português também, que é precisar, mas em outro sentido e não de ter necessidade (...) Precisando simplesmente que estava “facile de refaire les courses”. XXIX [Acho que não era bem o que eu tava pensando. Acho que é sim (...) Ele estava fácil de refazer? A não ser que seja causativo. Não sei. Ah! não tá(...) esse il não é ele.] Era fácil refazer o percurso ”Coup¹” [Intenaute] @ Depois do golpe. “Centième¹?” [Internaut] @ Até(...) Centésimo, oito centésimos melhor não se poderia mais(...) Teria mais a necessidade de discutir a ordem(...) [Tem outra palavra mais(...)] Ele destaca uma posição dividida por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. [Posição dividida não] Compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. Até os trezentos e oitenta metros, era a melhor “compositon qui soit”, relativizou o técnico. Em setembro, se nós tivéssemos(...) “Dire aux gars?” [Gars intenaute] @ Dito ao garoto: você vai nadar três minutos e oito, eles iriam(...) Todos iriam fazer piadas. Teriam feito piada(...) “combler?” Internaute (...)@(...) “On a comblé” Nosso atraso sobre os Estados Unidos. Não é “desonorant”(...) desonrante(...) [mas acho que não existe em português (...) ah! Vergonha.] Não é vergonha ser vice-campeão olímpico, conclui. Todo trabalho dos treinadores tricolores “desormais¹”(...) [Sempre esqueço que que é isso](...) [Internaut] @ XXX Será de convencer os seus nadadores de que o copo(...) [“verre” é garrafa, mas aqui a gente conhece essa expressão assim.] O copo está de fato metade cheio(...) afim de(...) [evacuar as frustrações não dá certo(...) Aliviar. Acho que dá certo](...) Aliviar a frustração de um “course¹”(...) [Intenaute] @ /não entendi essa palavra nesse contexto/(...) /essa corrida né? Acho que é prova/(...) Frustração desta prova tão cruel quanto magnífica, de os relançar nas provas individuais, e de evitar que alain bernand não seja(...) “coulé¹?” Internaute @ Se não apenas (...) Fique não apenas tocado, mas também “coulé”(...) [Agora vamos aos problemas. Tirei o artigo porque geralmente manchete aqui a gente não coloca artigo²] Esconde (...) “prend doucement¹”(...) [Pas aqui] [Internaute] @ [Tresor de la langue] @ „Passos. Se esconde docemente‟(...) [Sei lá não ficou muito legal.] Esconde um passo sobre a decepção. [Visível no lugar de palpável,] „no lado tricolor‟. [Segundafeira no lugar de segunda] „Ainda impressionado pelo ouro eu lhes parecia sem entender‟(...) [Explicações] “Sibilyn¹”(...) [Internaute] @ „Misteriosamente‟… “avant d´ajouter?” [Tem outra palavra melhor que misteriosamente]… „Provocou‟(...) Fez mudanças XXXI Antes de completar misteriosamente (...) [Sentado é melhor. Acho que isso é uma expressão deles também(...) testas nas mãos(...) Deve ter outra forma de disser isso em português. De cabeça baixa(...) É, isso serve](...) „Em estado de choque‟(...) „Alain está decepcionado. Ultimo do revezamento, partiu na ponta e foi ultrapassado. Não tem como não se abater. ‟ [Não sei se o Marc é responsável pela ordem ou pela prova (...) Olhar no Google³(...) @ [Marc Begotti, Wikipédia.] [Google(...) Ah!(...) Marc Begotti é o treinador(...) ah!(...) É o diretor e o Begotti é o treinador(...) Então ele é responsável pela ordem mesmo] „É preciso conversar com ele. Depois do golpe. Com oito‟(...) [Duro golpe(...) Colocando um adjetivo fica melhor] „Centésimos a menos. Posição que é compartilhada‟“Qui soit¹? Composition » [Internaute] @ [Acho q ele tá querendo dizer o desempenho dele na prova.] Tinhamos o melhor desempenho na prova. “Combler¹” [Internaute] @ „Estamos‟(...) Ficamos felizes com a diferença para os. Com diferença de tempo com os Estado-Unidos (...) „Não apenas tocados, mas também satisfeitos‟(...) „As opiniões se dividem. Deveriam ver isso por outro ponto de vista‟ [Baiser la gueule?¹] @ [Baiser la gueule signification] ferrou um pouco. XXXII TRADUTOR ESTAGIÁRIO 1 /Vou abrir o Mozilla. Vou abrir os dicionários que gostos/ On-line? /É! Gosto muito do wikipedia/ É português francês? /Sim. Na verdade não é um dicionário. Eu uso uma enciclopédia. Ai quando não sei uma palavra eu digito no Wikipédia francês, depois eu clico no link de português, as vezes funciona. Abre uma página igualzinha. Só que. Entendeu? Eu também gosto do Yati. Que é técnico. Agora vou abrir os Sensagent também. Tem outro dicionário também que é o grammaire. Não! é o grand dictionnaire de la langue./ O incrível final do 4x100metros. As horas passam(...) Que que houve? @ TE1 vai até o dicionário Sensagent /To procurando fierté¹ no dicionário. Orgulho!/ O orgulho do trabalho realizado e recompensado de uma bela medalha de prata.“Prend doucement le pas sur la déception”, toma docemente espaço(...) [Vamos ver aqui] “La fierté du travail accompli et récompensé d'une belle médaille d'argent prend” [Prend. Vamos tentar. Docemente. Docemente fica esquisito. Cuidadosamente seria]. Cuidadosamente sobre o passo da decepção. Mas o “dessaroi” /Para agilizar eu deixo o que eu não sei entre aspas entendeu?/ [Continua ou apaga no campo tricolor?] Após o inacreditável “Dénouement. du relais 4 x 100m.” [Que isso cara?] Disputado na segunda e (...) Na manhã de segunda-feira em Pequim. Sem também tocar no fundo. É sobre a forma que os “Relayeurs” começam a se questionar. E a amargura de “faire surface”. “Faire surface pour assombrir.” [Ai vamos ver] “Éblouir” Ainda seduzidos por este ouro que lhes parecia oferecido antes do retorno miraculoso de Lezak sobre Bernard, os franceses procuram(...) [buscam a compreensão, buscam entender. Procuram entender. Ah ta!] XXXIII As línguas “se délient” principalmente do lado de Amaury Leveaux. Que declarou. Que tinha declarado forfait sobre prova individual os 200 metros nado livre para “tout Donner”. Para dar tudo nos 4x 100. “Sur l'ordre des relayeurs” [Les relayeurs]. Na ordem dos “relayeurs.” [Tá] Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard, a Federação nos “baisé la gueule.” explicou sem “détour” o loiro, o loiro alto à AFP. Alain Bernard e Fred Bousquet deveriam. Deviam partir num outro sentido. [Et alors?], “on a fait avec.” A gente faz juntos. [(risos) Ainda não entendi o texto. Ainda não entendi o que aconteceu. Eles perderam?] “Bernard n'en sort pas indemne”. Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças no último momento, antes de(...) [Ajouter¹? Vou procurar no dicionário. Perai!] @ TE1 vai até o dicionário Sensagent /Texto difícil!/ Por que? /Muita palavra que não conheço. Mas é bom!/ /Achei! Ajouter. Pode ser acrescentar./ Antes de acrescentar, misterioso, nós falaremos sobre isso novamente. O exrecordista do mundo da especialidade que passou aproximadamente 10 minutos “Accroupi” no banheiro “ do Cube d‟eau, la tête dans les mains”. Parecia ainda ser em choque. Estar em choque. “Alain est touché.” [Está tocado?] “Partir dernier relayeur en tête.” ´[Partir? largar né? É. Largar.] “Les relayeurs, relayeur en tête et se faire battre.” @ “Partir dernier relayeur en tête” [Partir? Largar, né? É. Largar.] “Les relayeurs relayeur en tête et se faire battre¹.” /Vou ver o que que é relayeurs. To curioso. Ele apareceu várias vezes./ [Sensagent](...) /Aqui não achei relayeurs, mas de repente eu acho no Wikipédia francês. Ai eu consigo uma tradução para ele/(...) No Wikipédia não achei. Vou no IATE(...) Nele não acho. Então vou tentar no mini dicionário (...) Relayeur não acho aqui. Tem nageurs. Nadadores. Vou tentar sabe em qual? Tresor de la langue. Para achar uma definição. Francês/Francês/… [Relayeurs. Course de relais. Relais? Course de relais. (wikipedia) Humm.] XXXIV O que você achou ai? /O que que eu achei? A imagem de corredores. Tem o link para português. Deixa eu ver! Atletismo! Revezamento./ [Humm. E relayeurs?] /O mais engraçado é que tem nageurs¹. Eu traduzi como nadadores. Agora eu to com dúvida. Vamos ver/(...) TE1 vai ao dicionário eletrônico Sensagent [Nadadores. Atletistas? Agora vamos ao Google Brasil para ver. Atletistas. Atletistas não. Atletas](...) /To procurando para ver se existe atleta. Atletista. Vê se existe(...) Relayeurs. Os atletas. De repente corredor. Corredor. Atletista./ [Ah tá. Vou no Wikipédia português. Atletista. Para ver o que vai dar. Ah! De repente maratonista(...) Bom! Atletismo. Atleta. Deixa eu ver esse Indemne¹. To no Sensagent, procurar a palavra Indemne(...) Ileso. Tá. Não saiu ileso. Reconheceu o diretor técnico nacional Claude Fauquet(...) /Nageurs! De novo. Nadador/ @ /Sensagent Nageurs. Ai ó! Nadador. A tá né?/ Sobre a questão da ordem dos nadadores, o DTN admitia que deveria, devia falar com Marc Begotti, reponsável do “relais.” [Será que é competição. Atletismo? Evento!] @ /Vou no Sensagent ver a tradução de relais¹. Acho que é revezamento. Só que é natação também. Eu não sei nada de natação. Vou ver aqui. Natação revezamento (...) Fui no Google ele me mandou para o Wikipédia. Prova de revezamento! 4x100, 4x200 (???)/ Tenho que ver com ele. Não fui eu que tomei a decisão comentou, especificando simplesmente que era fácil de refazer as corridas após o golpe. Com 8 milésimos de. Vantagem? Não teríamos nunca mais rediscutido a ordem. Não teríamos nunca mais rediscutido a ordem. sublinhou. Uma posição compartilhada por Denis Auguin. Partilhada. Uma posição partilhada por Denis Auguin o treinador de Alain Bernard. Até os 380 metros era a melhor posição. [Não! era a melhor composição] “qui soit”. [Era a melhor composição que pode? Não! Era a melhor composição feita né? Bem! Vou botar isso.] Relativizou o técnico. @ [Relativizé no Sensagent. Relativizar.] XXXV Em setembro se tivéssemos ditos aos rapazes você vai nadar em 3 minutos e 8. Eles teriam todos achado graça. “On a comblé¹”. @ [Combler no Sensagent. Encher. Satifaire.] /Tipo! Combler no Iate. (risos) Pá mecânica para aterrar valas./ [Combler? Combler no wikidicionário. Caramba!] /Vou ver no meu dicionário de bolso./ [Combler. Encher. Atulhiar. Cavar. Figurativo. Preencher suprir. Outro. 3. Cumular satisfazer plenamente. Satisfazer plenamente o atraso? O atraso sobre os estados unidos? Nossa que esquisito.] @ [Vou no wordreference. Combler. Francês inglês. Preencher? Humm. Relatar. Relatar.] /Bom? Posso fazer o que eu normalmente faria. Pode?/ @ /Vou deixar uma pergunta no fórum. É o que eu realmente faria. Eles ajudam. Vamos perguntar. Geralmente eles respondem rápido. Cadê? Vou escolher o em francês mesmo. Depois eu vejo/ Não é vergonhoso sermos vice-campeões olímpicos, concluiu. Todo o trabalho dos treinadores tricolores será daqui para frente convencer seus nadadores de que a taça está efetivamente pela metade. Afim. Com o objetivo de evacuar a frustração. [Evacuar fica feio.] De uma corrida tão cruel quanto magnífica. [de relançá-las?] Relançá-los nas provas individuais e de evitar que [Alain Bernad não seja tocado somente? Être touché?] @ /Toucher¹ no Sensagent. Bom! Depois eu volto./ @ /Vou ver combler. Hum legal! Olha! on a rattrapé(...) On a réduit à zéro. Un coureur A se trouve une minute derrière un coureur B. A accélère et, une heure plus tard, A et B courent côte à côte = A a comblé son retard sur B. Eu tava achando que era a XXXVI chegada de avião aos estados unidos (risos). Só que agora eu entendi. Tavam nadando. Quer dizer os nadadores da frança ont comblé les Etates Unis./ [Ah tá. eu colocaria.] Nós alcançamos a equipe americana. [Alcançamos notre retard.] Reduzindo de perto. Reduzindo a distancia. Reduzindo a nossa distância em relação aos estados Unidos. “d'éviter qu'Alain Bernard ne soit non seulement touché, mais aussi coulé.” @ [Coulé¹ nos Sensagent.] Bom! Vou olhar no dicionário de bolso. Você acha que ele é melhor que o dicionário on-line? /Melhor? Melhor não. Tudo é válido! É que eu não gosto de papel também. Se tivesse ele on-line./ /Olha só. Com o objetivo de evacuar a frustração de uma corrida tão cruel quanto magnífica./(...) [Perai] Com o objetivo de evacuar a frustração de uma corrida tão cruel quanto magnífica, de relançá-los nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard não seja tocado, mas também não afunde. [Mas também arruinado. Desacreditado. Não seja somente tocado, mas também desacreditado. Esse aqui é um ne expletivo, né? Acho que é. Não tem valor negativo. Evitar que não seja tocado e nem. Não fique tocado? E nem seja tocado e nem fique desacreditado. Eu acho que ele não deseja o mal. Eu estou escrevendo aqui e fica parecendo que ele deseja o mal.] „De evitar que Alain seja‟(...) @ TE1 vai ao Fórum /Vou deixar essa frase também lá. O pessoal trabalha aqui. Só pode ser. Vou perguntar o que significa a estrutura¹ toda. d'éviter qu'Alain Bernard ne soit non seulement touché, mais aussi coulé. E também a palavra coulé. Eu vou fazendo uma revisão do texto entendeu ?/ [Désarroi. Désarroi¹?] @ XXXVII [Eu vou no dicionário Sensagent(...) Confusão. Desordem, transtorno. Transtorno. Continua palpável o campo tricolor. No caso não é legal, né? Campo tricolor. O que que é camp?] @ [Camp no Sensagent. Acho que é campo(...) Vou trocar o tricolor por francês. Não. Vou deixar assim.] @ [Dénouement¹ no Sensagent. Catástrofe!] „Sem também tocar o fundo é sobre a forma que,‟ [sobre a forma? Não é competição aqui não. É do revezamento] [E também tocar o fundo. Toucher le fond. Toucher le fond.] @ [Fond¹ no Sensagent. Ah! Sem averiguar, ne?] [Sem averiguar, com mais certeza, sem examinar. O que o detetive faz? ah! Sem invstigar. Isso!] „Sem investigar. É sobre as formas que os nadadores começam a se questionar e o‟ “amertume”. @ [Amertume¹ no Sensagent. Amargor. Amargura. Amargura.] „E a amargura de‟ “faire surface¹”? @ [Surface no Sensagent. Vir à tona! Legal!] „E a amargura de vir a tona para‟ “assombrir¹”. [Escurecer]. @ [Vamos ver. No Sensagent: Escurecer, obscurecer. Obscurer!] „Sem também o investigar.‟ [Se bem que fond tem haver com piscina. Tem que achar uma palavra que tem a ver com piscina. Sem também muito mais a fundo. Tocar o fundo.] „Mais a fundo. É sobre a forma de amargura.‟ “De l´amertume de faire.” „Sem também tocar o fundo é sobre a forma que os nadadores.‟ @ [Éblouir¹ no Sensagent]. XXXVIII [Surface nos mini dicionário. Ah! Olha aqui. Faire surface: emergir. (Risos). É sinônimo. Cego, ofuscado, fascinado.] [Éblouir no mini dicionário! Seduzir pode ser. As línguas se? Será que é fraude?] @ [Delyer¹ no Sensagent. Desamarrar, Desatar. Tá]. As línguas se desamarram. As línguas se desatam. [Délier no mini dicionário. Desatar, soltar, desamarrar (...) Ah! Fazer a língua falar. (risos). Les langues se delient: fala-se. Fala-se.] @ [Faire forfait. Forfait no Sensagent. Humm]. [Forfait no mini dicionário. Crime enorme. Multa. Fraude, né? Crime enorme.] @ [Deixa eu ver se no Google.fr eu acho. Ahhhhh! Não é isso não. Aqui tem forfait como multa que se paga se o cavalo não correr. Declarer forfait, declarer forfait. Tinha feito forfait. Sabe por quê? Porque ele desistiu da prova individual para dar tudo no 4x100. Eu até colocaria desistiu.] @ [Vou no Google Brasil para ver ser existe a expressão fazer forfait. (risos). Olha aqui! Tem sim. Nesse já é outra história. Forfait de empreitada porque tem a ver com construção. Vou colocar aqui forfait.] „Na ordem dos revezadores Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard‟(...) “nous a un peu baisé la gueule” [mini dicionário.] XXXIX /Não tem aqui não, mas olha só que coisa estranha. Avoir la gueule de bois. Porque La gueule pode ser boca. Goela de animal, boca humana, cara. Familiar, pode ser aparência, estética, abertura, boca. Avoir la gueule de bois. Estar com gosto de cabo de guarda-chuva na boca. / [Ah. Baisé la gueule? Vou procurar no wikidicionário.] @ [To achando não! baiser la gueule no “Wordreference”.] @ [Humm. Enganado! Acho que tem a ver com Judas? Baiser la gueule? Porque ele traiu, ne? E a federação nos traiu um pouco. (risos).] @ TEI lê o sintagma em diversos textos através do Google [Ele colocou um palavrão no texto formal assim? Tá entre aspas né? Vou colocar palavrão na minha tradução não². Eles nos fudeu um pouco pô. Baiser la geule no Tresor de La langue. Procurar por “gueule”. Procurar por baisé(...) Ah! Vou colocar assim oh! Nos ferrou. Fica melhor!] [Sem détour. Détour¹ seria sem, sem dar voltinha né?] @ [Vou ver no dicionário Sensagent. Sem rodeio. Sem rodeio.] „Ficou sem rodeio o grande loiro a AFP.‟ @ [On fait avec¹ no Word reference. Tem que ficar satisfeito? On fait avec? Faire?… Ta! On fait avec. Faire avec no Iate. Bom! Não é grave a gente tem que se contentar com o que tem. Faire avec é isso.] @ [Ajouter no Sensagent. Ah. Acrescentar. Sybilin¹? Sibilinham? Sybilin no Wikipédia. Vamos ver. Não tem! Vê se tem no Iate. Também não. Então vamos tentar no wordreference (...). Ah. Misterioso. Simbólico. Misterioso né? Acrescentar, misterioso.] XL @ [Accroupi no Sensagent. Acocorado! No Cube d´eau. Cube d´eau no Wikipédia. Water cube. Ah viu! Calma ai. Não entendi. Eles traduzem. Será cubo de água? Odeio traduzir nome assim. Eles traduzem né? Ficou chocado. Amargurado. Emocionado. Comovido né?] [Relayeurs? Reve. Revezador?] @ Revezador no Google². [Vou procurar aqui no Houaiss. E no Google. Revezador natação. É. Houaiss. Que ou quem reveza, então existe! @ [Parcours? Bateria? Vou procurar natação no Wikipédia³. Ele usa course. Mas corrida fica tão estranho. A gente chama de bateria ou largada. Não. vê o que eu acho em corrida] (...) @ [Vou colocar bateria.] @ [Le touché no Sensagent. Vou colocar aqui para eles responderem (wordreference) (...) Ah entendi! C'est une image empruntée à la bataille navale. Tu touches un bateau, tu l'affaiblis. Quand tu as touché tout le bateau, il coule, il est anéanti(...) é bom porque eles respondem rápido. Abalado. Destruido.] @ [Coulé no Google France(...) Então! Evitar que Alain Bernad não seja somente abalado, tá vendo como fica estranho. Mas também que afunde.] “Afin d'évacuer la frustration d'une course aussi cruelle que magnifique, de les relancer dans les épreuves individuelles, et d'éviter qu'Alain Bernard ne soit non seulement touché.” „E não somente fique abalado e nem‟. [Eu acho que é aquele ne. Eu não sei direito isso. Evitar que Alain não somente não fique abalado. Acho que eu vou fazer assim. Não fique abalado e nem afunde. Melhor colocar nem nem, né?] XLI „Nem fique abalado nem afunde.‟ „As horas passam, o orgulho do trabalho realizado e recompensado de uma bela medalha de prata suavemente começa a dar passos sobre a decepção‟. [Não. Caminho. Não. Melhor passos mesmo.] XLII TRADUTOR ESTAGIÁRIO 2 Quais dicionários você usa? /Aurélio - Houaiss, o Petit Robert e o Larousse/ No caso um de português, um de francês e um de português francês?(...) /Exato!/ [Deixa eu abrir o Word! Vamos lá!] “Les nageurs tricolores ne digerent pas l'incroyable final du 4 × 100m” [Nageurs¹?] [ Deixa eu confirmar(...)] [Nadadores mesmo] Os nadadores não digerem a inacreditável final de 4 por 100 /Primeiramente vou fazer uma leitura de texto para uma compreensão geral do que se trata e depois eu retomo para fazer uma tradução/ ((...)) “Les heures passent” /Bom a primeira parte do texto vem falando sobre a competição dos nadadores que eles não ficaram satisfeitos com o resultado porque eles conseguiram uma medalha de prata, né?, no revezamento, só isso!/. [Bom vamos lá]. “Le heures passent”. As horas passão. “la fierté du travail accompli et récompensé d'une belle médaille d'argent prend doucement le pas sur la déception“. O orgulho do trabalho acabado(...) Terminado! Acabado ou terminado e recompensado na forma de uma bela medalha de ouro. [Oh! de prata]. De prata. “ Prend doucement le pas sur la déception“ [Prend doucement?] [que que a gente pode achar para doucement¹?] Agora você foi no dicionário português francês, né? XLIII / É, no caso agora eu estou dando uma olhada no dicionário português francês do Larousse o que a gente acha pra doucement. A gente pode achar baixo. Baixinho no caso. Ou lentamente, devagar. Que é o que eu acredito que seja o caso aqui/ „Recompensado em forma de numa bela medalha de prata‟ “prend doucement le pas sur la déception” /No caso, pende lentamente. Toma pouco a pouco um ar de decepção. “mais le désarroi.” [Qu´est ce que c‟est le désarroi¹? Bom! vamos ver no Larousse português-francês./ [Bom não achei no Larousse. Vamos ver no Petit Robert.] [Desarroi, desogarnização completa.] “Mais le désarroi reste palpable dans le camp tricolore” [A gente pode traduzir por confusão]. Uma confusão permanece palpável sobre o campo tricolor após a inacreditável “dénouement¹”. [Vamos ver no português-francês]. [Mais uma vez não achei. Então a gente procura no Robert.] Dénouement ((...)) Ce qui termine, dénoue une intrigue. [Vamos ver o que é dénouer.] /Agora eu procuro no português/francês, no Larousse/. [Desfazer. Realmente é uma palavra que não existe correspondente direta no português, é como se fosse um advérbio da palavra desfazer, desfazer alguma coisa. Relais que que é relais?] [De repente para Dénouement acho que nesse contesto caberia bem o “fracasso”]. XLIV Após o inacreditável fracasso do revezamento 4x100. Disputado segunda em Pequim. Disputada segunda de manhã em Pequim, [pronto!] “Sans non plus toucher le fond, c'est sur la forme que les relayeurs commencent”. [Toucher le fond? Vamos ver se eu acho alguma coisa no Larousse. Vou procurar pelo verbo toucher¹.] [Não tô achando. Toucher le fond é uma expressão. Acredito que tocar o assunto. Mas é melhor confirmar. Toucher no Robert já que no português não deu muita coisa.] /Procurando pelas acepções. O verbo toucher parece que não existe referência a essa expressão./ [Procurar le fond] [É parece que não faz nenhuma referencia também a essa expressão.] /Então, vou dar uma olhada agora na internet. No Google para saber se as ocorrências dessa expressão, mais eu acredito que seja algo relacionado a não tocar muito no assunto ou algo do gênero./ (...) [Vamos lá. Toucher le fond. Ai eu coloco entre aspas.] @ Você está no Google né? /É. Vou fazer uma pesquisa no Google colocando a expressão entre aspas para saber as recorrências(...) E é bem corrente. Bom! To dando uma lida nas ocorrências para saber se existe uma semelhança de sentido com o que a gente tava considerando aqui, que era essa expressão(...) Bom! Pelas referências que apareceram no Google eu acredito que seja isso que eu estava pensando, então eu vou traduzir assim./ Sem tocar no assunto é a forma com a qual. [Só confirmar Relayeur¹. Pra ver se é competidores.] [Bom no francês português não existe essa referência, então vou tentar no Petit Robert.] XLV [É. Relayeur participante de le course de relais. Isso mesmo. Competidores. Um atleta especialista] „Sem tocar no assunto é a forma com a qual os competidores começam a se questionar‟. “Et l'amertume de faire surface pour assombrir les eaux bleues”. [Bom vou ver o que que é l´amertume¹.] [Surpreendentemente no francês português a gente acha um acepção que é como se fosse, eu acredito que é o caso. Na amargura, na tristeza. Agora a expressão] “faire surface¹” [deixa eu ver seu eu acho alguma coisa mais direta para essa expressão. Vou procurar no francês /português.] [Bom! Não achei então vou procurar no Petit Robert. Vou procurar em Surface.] [Surface(...) Faire surface eu achei como sinônimo de emergir no Petit Robert. Então eu vou procurar no português-francês por emerger] [Era emergir mesmo. Então a gente pode traduzir como se aprofundar. Então na tristeza, na amargura, no caso tristeza,] Na tristeza de se aprofundar “pour assombrir les eaux bleues”. [Que que é assombrir¹?](...) [Bom. Procurando] [Ao pé da letra gente acha escurecer.] Se aprofundar(...) Para escurecer as águas azuis. [Pronto!]. “Encore éblouis par cet or qui leur semblait offert avant le retour miraculeux de Lezak sur Bernard”. [Vamos ver o significado de éblouir¹] XLVI [A gente achou no português/francês como ofuscado, deslumbrado](...) Ainda ofuscados(...) deslumbrados por este o quem lhes parecia oferecer anteriormente um miraculoso retorno de Lezac em Bernand. [Vou tirar aquele por este. Melhor deixa só por quem. Então fica.] „Ainda deslumbrados por quem lhes parecia oferecer anteriormente um miraculoso retorno de Lezac em Bernand. Os franceses tentam compreender.‟ “Les langues se délient” [Que que é delier? Delier¹] [Bom! No português francês nós achamos competição (...) No Robert](...) [Denier. Hum. Sinômino de decacher] [Então.] “Les langues se délient, notamment du côté d'Amaury Leveaux, qui avait déclaré forfait sur son épreuve individuelle“ [Eu pensei em destacar, mas eu não to achando que está combinando muito com o contexto. Bom! a gente acha também délier como sinônimo de liberer, dénouer. Vamos ver!(...) Denouer. Que que é denouer?] [Denouer é desfazer, isso no dicionário de português-francês(...) Então, deixa eu continuar com a leitura para ver se eu compreendo melhor o que a frase ta querendo dizer, ai a gente acha a acepção correta para traduzir délier(...) Então] “Les langues se délient, notamment du côté d'Amaury Leveaux, qui avait déclaré forfait sur son épreuve individuelle” [Que é fortait?] [Déclarer forfait é uma expressão que significa desistir, a gente encontra isso no português francês Larousse¹] “Les langues se délient”(...) [Bom! Eu vou traduzir o mais próximo do literal]. As línguas se libertam. “Notamment”(...) “Notamment.” [Agora eu não sei uma boa palavra para traduzir notamment. Não sei. Deixa eu ver se existe em português alguma coisa. Notadamente alguma coisa assim.] “Notamment¹ du cote”. [Vamos ver se no Larousse português-francês aparece alguma coisa.] XLVII [Ele traduz notamment como particulamente. Vamos lá. É possível.] Particulamente do lado de Amaury Neveau que havia desistido de sua prova individual dos 200m nado livre. “Pour tout donner dans le 4 pour 100”… [Pour tout Donner¹. Como é que eu vou traduzir isso? Vou procurar no português francês por acepções Donner e Tout.] (...) /Olha! não achei uma tradução no Larousse e o Petit Robert não me oferece uma tradução, então eu pensei em Pour tout Donner para dar o seu melhor, algo do gênero, nos 4 por 100./ Sobre a ordem dos competidores Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard “la Fédération nous a un peu baisé la gueule"… A federação. [Ai tem que ver o que é a expressão baiser la gueule¹.] [Baiser não acho nada no francês português. Agora a gente procura por gueule.] [Também não achei referencia a essa expressão. Vamos procurar no Robert por gueule. Procurar entre as acepções para ver se eu acho uma referência para baiser la gueule](...) [Não, no Robert também não acho nenhuma referencia para a acepção de gueule ou baiser la gueule. Então vou procurar no Robert pela palavra baiser no Robert.] [É também não achei referencias. Então a gente procura no Google por essa expressão por essa expressão.] @ [Baiser la gueule tem 32000 acepções. Bem corrente. Vou dar uma olhada nos resultados para ver se eu consigo deduzir alguma coisa(...) Bom, agora eu to dando buscas pela acepção. Por alguma que possa ajudar a descobri o que é “baiser la XLVIII gueule”(...) Bom! Não achei o que significa e não faço idéia do que possa ser. Então vou deixar um espaço marcado no texto em branco. Que é pra depois tentar consultar alguma coisa ou procurar com mais calma, o que possa ser essa expressão. Ai a gente continua.] “A expliqué sans détour le grand blond à l'AFP”. Explicou sem… “détour” [O que que é détour¹?]. [Détour pelo Larousse é sem fazer desvios. Então!]. Explicou sem rodeios “le grand blond¹”. /Le grand blond. Acredito que seja alguma coisa. Algum nome técnico relacionado ao esporte./ [Mas perai. Deixa eu tentar confirmar. Procurar no Robert le grand depois por blond e por fim no Google.] @ TE2 vai direto ao Google /Coloquei entre aspas também. Apareceu várias acepções para le grand blond. Faz referência a uma música ou várias coisa de internet/(...) [Le grand blond et avec un chaussure noir. Bom! não faço a mínima idéia do que seja, mais uma expressão que precisa ser procurada depois. Alan Bernard e Fred Bousquet deviam partir em um outro senso(...) Num outro sentido. Isto não é grave. Nós fizemos juntos. [Bom!] “Bernard "n'en sort pas indemne ". [Que é indemne¹?] [Ah tá. O Larousse francês português a gente acha indemne como ileso.] Bernand não saiu ileso. Uma informação confirmada por Alain Bernad que evocava as mudanças nos últimos momentos antes de acrescentar. [sibyllin? Que que é sibyllin?] [No Larousse não tem nada. Vamos ver no Petit Robert.] XLIX [Sibyllin. De uma fila. Banco. Ah ta! No caso da segunda acepção onde o sentido está escondindo. Nas entrelinhas neste caso. Então a gente pode colocar nas entrelinhas.] Nos retomaremos isso posteriormente. O ex recordista do mundo desta especialidade se passou próximo de dez minutos. [accroupi¹? que que é accroupi ? Cocorar? Deixa eu ver no dicionário de português] [co-co-rar. Ficar de cócoras. Agachado. Agachado ou humilhado? Vamos ver o contexto. A gente pode colocar no sentido de envergonhado. Acredito eu] Envergonhado nos “toilets du Cube d'eau” a cabeça entre as mãos parecia ainda em choque‟. “Alain est touché.” [Deixa eu ver esse touché. Aqui não é o sentido de tocado.] [Toucher. Vamos ver no Robert. Toucher(...) Eu achei como. Pode ser no sentido de emouvoir. Emocionado. Que é o que eu acredito que seja aqui.] Alain está emocionado. [Em vez de emocionado de repente abalado. Ficaria melhor.] “Partir… Dernier relayeur en tête et se faire battre, on n'en sort pas indemne". “Partir”… “Partir dernier relayeur en tête et se faire battre, on n'en sort pas indemne.”… “Partir dernier relayeur en tête et se faire battre, on n'en sort pas indemne.” [ Vou procurar relayeur¹ de novo no Robert] [Bom! Eu acredito que seja alguma coisa relaciona a partir do ultimo lugar]. “Et se faire battre.” [Que que é faire battre mesmo¹?] [Pode ser lutar, combater. Faire battre pode ser completamente diferente. Battre no Robert] [Se faire battre. Bom! Não saquei. Vou pular. Depois a gente continua.] A gente não sai ileso reconheceu o diretor técnico nacional(...) Re-co-nhe-ceu o diretor técnico nacional Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos nadadores da DTN admitiu que devia falar com Marc Begotti, responsável pela prova. É preciso ver com ele, não fui quem tomou a decisão ele comentou precisando simplesmente que era. “facile”. L Fácil. “de refaire les courses.” “Refaire les courses¹”. [eu conheço como fazer compras. Deixa eu ver no Larousse português francês] [Nada em faire. Deixa eu procurar refaire.] [Nada. Deixa eu continuar lendo para ver se o contexto me diz alguma coisa(...) Bom! Vamos ver no Robert. Faire. Faire les courses. Perai. Agora eu me perdi. To procurando aqui que que é (???) faire le courses me perdi]. [Então eu vou colocar o que eu acho. Pelo que eu entendi. No caso refaire le courses é refazer as tarefas. Algo do gênero. Vou colocar tarefas que é uma palavra mais genérica.] Após corte com 8 centimetros.“Centième.” [Não, perai! Centésimo.] Após 8 centésimos de vantagem. Nos não poderíamos jamais tornar a discutir a ordem, ressaltou ele. Uma posição partilhada por Denis Auguin, o instrutor de Alan Bernad até os 380 metros‟. “C'était la meilleure composition qui soit”(...) foi(...) era a melhor composição que poderia, relativizou o técnico em setembro se houvéssemos dito aos “gars”. [Que que é gars¹?](...) [Aos companheiros. Gars segundo o Larousse é alguma coisa familiar. Típico. Traduzi como alguma coisa como amigos. Como se gars fosse um grupo de pessoas]. Vocês vão nadar em 3 minutos e 8 segundos eles teriam todos [que que é rigoler¹? Procurar no France português.] [Rigoler o verbo rir, divertir.] Eles teriam todos ridos. “On a comblé notre retard sur les Etats-Unis.” [Que que é combler¹?] LI [Combler no caso do português tá satisfazer]. Nós tiramos nosso atraso sobre os Estados Unidos. “Ce n'est pas déshonorant d'être vice-champions olympiques.” Não é desonroso ser vice-campeão olímpico concluiu ele. Todo o trabalho dos treinadores tricolores será. [Desormais¹?] [Uma tradução boa para desormais.] Daqui em diante. Todo o trabalho. [Vamos mudar então.] Daqui em diante, todo trabalho dos treinadores tricolores será de convencer os seus nadadores que o vidro. “Est effectivement à moitié plein.” [Procurar uma outra acepção para verre¹.] Que o copo está efetivamente pela metade. [É, vai funcionar.] O copo estava efetivamente pela metade. “Afin d'évacuer.” Afim de se livrar de uma frustração de um “course.” [Então! De uma corrida.] Afim de se livrar de uma frustração de uma corrida tão cruel quanto magnífica. “De les relancer dans les épreuves individuelles”. De lançá-los novamente nas provas individuais e de e de evitar que Alain Bernard não fique simplesmente(...) Ehhh(...) envergonhado, mas também “coulé.” [Couler¹? um verbo intransitivo.] [ Achei. Correr. Afundar-se. Deixa eu ver no Robert. Couler.] Mas também que ele continue sem interrupções. Erwan Le Duc, avec AFP. [Agora umas pequenas correções e uma releitura para eliminar alguns erros, o que ficou muito estranho.] „As horas passam, o orgulho do trabalho concluído e recompensado na forma de uma bela medalha de prata, toma pouco a pouco um ar de decepção, mas a confusão permanece palpável sobre o campo tricolor, após o inacreditável fracasso do revezamento 4X100m disputado segunda de manhã em Pequim. Sem tocar no assunto.‟ [Colocar aqui em vez de sem tocar no assunto. Não tocar o assunto.] „Não tocar no assunto, é a forma com a qual competidores começam a se questionar. Na tristeza de se afundar e escurecer as águas azuis.‟ LII [Essa frase ficou estranha Na tristeza de se afundar e escurecer as águas azuis. Só se for uma linguagem metafórica. Porque traduzir isso fica complicado. Colocar afundar-se em vez de se afundar. Afundar-se e escurecer as águas azuis.] „Ainda deslumbrados por quem lhes pareciam oferecer anteriormente o miraculoso retorno de Lezak de Bernard, em Bernad. Os franceses tentam compreender. As línguas se libertam.‟ [Ah ta. Então nesse caso que a gente viu les langues se delyents é no caso das pessoas começarem a falar. As línguas começam a falar. As línguas se soltam.] „Particulamente a de Amaury Leveaux, que havia desistido de sua prova individual, os 200 metros nado livre para dar o seu melhor nos 4X 100. Sobre a ordem dos competidores Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernad a federação‟ [ai vem a expressão que eu não sei]. Explicou sem rodeios a AFP. Alain Bernard e Fred Bousquet deviam partir num outro sentido. Isto não é grave, nós fizemos juntos.´ „Bernard Não saiu Ileso. Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava as mudanças nos últimos momentos, antes de acrescentar, nas entrelinhas, nós retomaremos isso posteriormente. O ex- recordista do mundo da especialidade, que passou próximo de 10 minutos envergonhado nos toilettes do Cube d‟eau, a cabeça entre as mãos, parecia ainda em choque.‟ „Alain esta abalado(...) A gente não sai ileso, reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos nadadores, a DTN admitiu que devia falar com Marc Begotti, responsável pela prova. É preciso ver com ele. Não fui eu quem tomou a decisão, ele comentou, precisando simplesmente que era fácil de refazer as tarefas‟(...) Refazer as corridas‟. [Refazer as corridas aqui]. Após corte, com 8 centésimos de vantagem, nós não poderíamos jamais tornar a discutir a ordem, ressaltou ele.‟ „Uma posição partilhada por Denis Auguin, o instrutor de Alain Bernard. Até os 380 metros, era a melhor composição que poderia, relativizou o técnico. [Existe esse verbo? Relativizou? pode substituir por só disse o técnico] „Em setembro, se houvéssemos dito aos companheiros: vocês vão nadar em 3 minutos 8, eles teriam todos rido. Nós tiramos o nosso atraso sobre os Estados Unidos. Não é desonroso ser vice-campeão olímpico, concluiu ele. Daqui em diante, todo o trabalho dos treinadores tricolores será de convencer os seus nadadores que o copo está efetivamente pela metade. A fim de se livrar de uma frustração de uma corrida tão cruel quanto magnífica, de lançá-los novamente nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard não fique simplesmente envergonhado, mas que(...) Mas também que ele continue sem interrupções. „ LIII TRADUTOR PROFISSIONAL 1 /Eu vou dar uma lida nele só para ter uma noção do contexto geral do texto, inclusive porque o título depende muito do contexto. O texto jornalístico tem uma marca as vezes que é mais difícil que os literários. Bom! Esse por exemplo. Se é para ser publicado no jornal o globo, por exemplo, os nadadores tricolores. Faz muito sentido em francês, para um francês que lê, mas eu já diria os nadadores franceses, para ficar claro para o leitor brasileiro que lê. Tendo o dado que se trata de um texto jornalístico então, eu vou mudar o título, por exemplo, de tricolores eu passo para franceses², porque se trata de um texto jornalístico./ Os nadadores franceses não digerem a inacreditável final do quatro por cem, quatro por cem metros. As horas passam. O orgulho do “travail accompli”, [do trabalho cumprido ou do dever realizado, cumprido pode soar (...) acho que soa mais fluente em português] E recompensado de uma(...) [recompensado por, né?](...) [A preposição é sempre alguma coisa que às vezes a gente sempre se distrai.] Recompensado por uma bela medalha de prata é(...) “Prend doucement le pas sur la deception”… [É uma expressão idiomática eu vou traduzindo (???)]. Toma. [Eu vou substituir por aos poucos. A decepção mais o désárroi(...) désarroi(...) désarroi. Ver o que é désaroi, cadê o Robert?] Fica ali! [Bom! Pode ser o Larousse português/Francês¹ mesmo.] As horas passam. O orgulho(...) [Bom! Vou colocar aqui o desvarío, mas vou deixar marcado aqui, porque depois eu volto com certeza para essa palavra,] Mas o desvarío permanece palpável, no campo [retoma a coisa do tricolor.] No campo tricolor(...) [fico em dúvida se os brasileiros(...) Vou manter no campo Francês.] Após a inacreditável. [Aliais aqui retoma os termos do título né.] O inacreditável desenlace(...) Desenlace do revezamento, do revezamento quatro por cem metros disputado segunda feira pela manhã em Pequim. Sem tampouco tocar o fundo da questão. [Aqui ficou meio elíptico os franceses, esclareço em português.] Sem tampouco tocar o fundo é quanto à forma que os(...) [ai, os revezadores(...) os nadadores. Porque os nadadores se revezaram. Meio óbvio né.] Começam a(...) Se colocar algumas questões. [Tem todo o campo metafórico da natação, do fundo, da água, da superfície, que é também uma remissão aos “bleues” que são os franceses. Então, o texto é cheio de jogos de palavras, que alguns vão desaparecer na tradução, até LIV porque o leitor brasileiro não necessariamente identificaria. Por exemplo, o “Bleu” e o “tricolor” que são referência da França, mas que passam despercebidos a um leitor brasileiro, na tradução literal. O azul e o tricolor. Bom! Vamos lá.] É a forma que começam a colocar algumas questões. E a amargura(...) [Fica um pouco estranho(...)] “de faire surface(...)” [Fica um pouco estranho(...) E a amargura, vem á superfície. E a amargura(...) vem à superfície para assombrar. Aqui, por exemplo, as águas azuis. Me parece(...) não vai fazer nenhum sentido ao leitor brasileiro, mas você empobrece o texto quando você traduz simplesmente(...) Assombrar o que? Os nadadores por exemplo, assombrar as águas azuis, as águas azuis remetem às águas azuis da frança, tem todo um jogo aqui, mas a marca forte é a coisa do “Bleue” que é muito ligado à França no domínio do esporte. Então é uma decisão do tradutor meio complicada, mas eu acho que, como mais uma vez se trata de um texto jornalístico, tem de haver uma compreensão de um leitor mediano, não necessariamente informado naquele domínio, então eu estou empobrecendo o texto substituindo de imediato toda a dimensão das águas azuis por nadadores, ou assombrá-los, mas ao mesmo tempo eu perco o jogo todo da frase. “Surface” que é superfície da água, mas uma coisa que vem a superfície tem toda a dimensão do vem à mente. Depois tem que ler o texto para ver se funciona. De qualquer maneira eu tenho a plena consciência aqui que eu estou num processo de empobrecimento do texto, mas que para mim, na minha opinião, num texto jornalístico, para um leitor brasileiro isso se perderia. Mas de qualquer maneira eu vou marcar isso aqui para depois pensar no final se eu vou manter mesmo essa..] Ainda ofuscados(...) Pelo ouro que lhes parecia dado, “offert”(...) [garantido talvez(...) garantido.] “C´est pas donné.” Garantido antes “le retour de Lezak sur Bernard”… [Fico a me perguntar(...) Será que é?(...) Acho que é o nadador que ganhou o outro da equipe eu acho](...) “retour miraculeux”(...) [Será a passagem? Eu não sei quem é o Lezak(...)] Que houve? [Ah? Nada! É uma coisa do texto (...) É uma coisa do texto, tem um nome próprio que eu não sei se é o nadador francês ou(...) Bom! Normalmente eu iria buscar na internet³. Eu acho que esse jogo. Essa prova. Vamos ver! Vou acabar achando essa matéria do jornal.] Não. Já saiu do ar. [Bom! Vamos lá. Eu to buscando para ver se eu acho, para ver se esse nome aqui é o nadador adversário que levou o ouro, porque eu também não sei (...) Ah! Olha aqui. Eu já to percebendo que foi o Lezak que ganhou do Bernad, que virou no final(...) Achei um site. O melhor da natação mundial(...)] LV “Retour miraculeux” [eu to achando que é(...) Quando um passa o outro(...) deixa acabar de carregar aqui.] Antes da passagem miraculosa de Lezak por Bernad. [Aqui tem que mexer na preposição.] De Bernad por Lezak. Ainda ofuscados pelo ouro que lhes parecia garantido(...) Os franceses tentam compreender. @ TP1 entra no Google [Deixa eu ver(...) É o Lezak é o americano(...) (???)(...) Ah é aqui, eu achei na internet.. Ele levou 43 centésimos.. Exatamente isso.. Lezak ultrapassou Bernad.] As línguas se soltam. [Né? Quer dizer. É também uma metáfora, mas eu acho que funciona.] Especialmente do lado de Amauri Leveaux, [que são os nadadores.] Leveaux que havia desistido de sua prova individual 200 metros nado livre, dos 200 metros nado livre para dar tudo dele, [literalmente, para dar tudo (...) Na (...) Na prova(...) Na quatro por cem metros. vou botar na prova(...) Aqui tem uma dificuldade também, no quatro por cem, na quatro por cem, na prova quatro por cem. Elimino meu problema colocando a prova, a prova quatro por cem, mas aqui tem duas provas na verdade.] „Que havia desistido de sua prova individual para dar tudo‟(...) No quatro por cem. [Vamos ver.]. “Sur l'ordre des relayeurs la Fédération nous a un peu baisé la gueule.” [Bom ! Tem que ver o que é “Baiser la gueule”, que eu não sei o que é baiser la gueule, vou ver se eu acho algum(...) algum.. no Robert(...) Baisser(...) Sur l'ordre des relayeurs… Humm ! Baiser la gueule…] @ TP1 escreve o sintagma no Google (...) [Me sacaneou. Baisser la gueule (...) (???) (...) To procurando aqui, baiser la gueule. Fuck you mesmo, Né? Mas vou mudando aqui meu registro, porque é um registro²(...) É uma frase, né?(...) É um pouco chula, não sei se o leitor do globo vai gostar (risos).] Em relação(...) [Eu acho que “Sur l'ordre de” É em relação à ordem do mergulho, né?(...) É, em relação à ordem dos nadadores. Exatamente.] A ordem dos nadadores do revezamento Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard. A federação. [É(...) Literalmente fudeu com a gente. Então vou colocar uma palavra menos chula, vou botar nos sacaneou, até porque o editor frequentemente muda a tradução, se fosse eu, eu teria mudado,] LVI Explicou sem rodeios(...) o loiro(...) [a AFP é Association de presse française(...) o grande loiro. Vou manter aqui a sigla da associação francesa de imprensa.] „Explicou‟(...) [Loiro é uma coisa também estranha de deixar(...) O loiro alto é certamente uma pessoa bem conhecida para o leitor francês(...) mas fica(...) O loiro(...) Eu talvez pesquisasse quem é ele. né? Para poder informar na tradução de quem se trata, porque talvez para o leitor francês seja claro, mas para o leitor brasileiro não é. Ah não(...) Claro! Leveaux é um dos nadadores. Então eu vou deixar mesmo loiro alto(...)] À AFP. Alain Bernard e Fred Bousquet. [Deviam partir né? Como é que se fala isso? Deviam dar a partida(...) Nadar num outro sentido. Eu diria que(...) Saltar. Será?] Deviam partir(...) [Partir mesmo.] Num outro sentido. “Ce n'est pas grave, on a fait avec. ” [On a fait avec? É bem idiomático.] „Não é grave.‟ “On a fait avec”(...) [É uma expressão difícil de se traduzir.] “On a fait avec”(...) [Foi possível. Deixa eu ver no Robert. Se acho uma pista(...) Não é grave(...) Foi do jeito que deu](...) “On a fait avec.” Qual o problema com o “On a fait avec¹”? [Ah? Não é que é uma expressão. Uma expressão idiomática assim né? On a fait avec. Quer dizer. É preciso. Quero ver se ele me dá uma pista. Assim de uma expressão. Não. Não. É facilmente compreensível. Quer dizer. É o que é possível. Neste sentido. Quer dizer. On a fait avec. A gente vai fazer o que é possível dentro das circunstâncias, mas, não dá para traduzir literalmente. Tem que arrumar um jeito de dizer.] „Não é grave.‟ A gente. “On a fait avec”. [Foi assim que foi possível. Foi assim que deu. Fizemos o. É. Fizemos o possível. Fizemos o possível nas circunstâncias. Fizemos assim mesmo. Depois eu vejo. Vou saltar. Quando eu começo a ficar muito tempo numa coisa só eu pulo e volto depois] “Bernand não sai indenne.” [Ileso eu diria.] “Indenne.” [Ileso. Isso.] Bernand não sai ileso. Uma informação foi confirmada por Alain Bernad que abordava mudanças de ultima ora(...) [na ultima hora. É. Ultimo momento, porque não?] De ultimo momento, antes de acrescentar subilino, voltaremos a falar disso. „Voltaremos a falar disso.‟ [Sublino não. Tá errado.] Sibilino. Voltaremos a falar disso. “On reparlera”. [Que é voltaremos ou é mais genérico. Vamos ver aqui.] „O ex-recordista mundial da especialidade, que passou cerca de dez minutos agachado, agachado no banheiro do Cubo d´água, com a cabeça entre as mãos, parecia ainda “sur choc.” Em estado de choque. Alain(...) [Ah é. A passagem da oralidade é sempre mais difícil.] LVII Parece. Parecia ainda, parecia em estado de choque. Alain está “touché. [Quer dizer(...) Mas. É mais do que tocado, está afetado, abalado.] Está abalado. Abalado. [Então]. Partir. [Ai! Uma frase no infinitivo. Sair por ultimo. Então. Partir por ultimo, na frente. Ser o ultimo nadador e sair. Ser o ultimo nadador e sair na frente. Sair na frente. E se deixar bater-se, né? Se deixar bater. Se deixar bater. É. Acho que sim. Se deixar bater. Isso é uma construção bem francesa que tem que](...) Alain está abalado(...) Ninguém(...) [Esse “on” eu vou mudar um pouquinho para ficar mais brasileiro.] Ninguém sai ileso, [virgula], reconheceu o diretor técnico nacional Claude Fouquet. [Isso por exemplo. O jornal brasileiro. Esse nacional, talvez pudesse colocar francês, né? Porque um nadador nacional para o leitor brasileiro é o Brasil, né? Isso é uma coisa que fica mais imediata.] Em relação à questão da ordem dos nadadores. Em relação à questão da ordem dos nadadores. O DPN [que é o diretor técnico. Ai eu boto o sobrenome dele que é que essa sigla não(...) Monsieur Claude Fouquet. Colocar só Fouquet. Só para ficar mais distante um nome do outro. Sobrenome. Fouquet. Depois eu vejo.] Fouquet admitia. “Admetait”. Admitiu. [Eu vou mudar o tempo do verbo aqui.] Que devia conversar. Com Marc Begotti, responsável pelo revezamento. [Mas uma citação em discurso direto.] Tenho que ver com ele. Não fui eu quem tomou a decisão, comentou, precisando, [precisando assim fica uma coisa ruim para o português, melhor como necessitar, né?]. Precisando simplesmente que era fácil. Era fácil. [Refazer as corridas? Refazer as corridas? Percursos?](...) Tenho que ver com ele. Não fui eu quem tomou a decisão, comentou,‟ precisando simplesmente que era fácil refazer as corridas. [Refazer as corridas eu to achando um pouco estranho.] “Après coup.” À posteriore. [A posteriore que fica uma coisa meio formal. Em português fica um pouco estranho, mas o Après coup. É uma palavra difícil. Quer dizer. Bem coloquial aqui. Nem sempre a gente encontra uma maneira interessante de dizer.] Com oito centésimos a mais, “on n'aurait plus jamais.” [Não. a mais não.] „Com oito centésimos de‟ “mieux”. [Acho que esse de mieux. É a menos, né? Porque. Quer dizer. Com oito centésimos melhor. Quer dizer. Natação é a menos, né?] Jamais(...) Se teria discutido, rediscutido, rediscutido a ordem, ressaltou. [Ultimo parágrafo.] Uma posição compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. [Vamos ver se com essa nova opinião fica mais claro o que que o outro disse antes.] Até os 380 metros, era a melhor composição possível. [Porque era o 400.] Era a melhor posição possível. Relativizou o técnico. [Ele mudou a palavra treinador e técnico, eu mudei também.] Em setembro, se tivéssemos dito aos. “Au gars.” Aos caras. LVIII [Bom, é um discurso direto.] vocês vão nadar em 3 minutos e 8 segundos. Eles teriam achado graça. “On a comblé notre retard”. “Combler le retard¹.” [Quer dizer. A gente. Não estou entendendo este Comblé. comblé notre retard sur les Etats-Unis.] [Preencher uma lacuna. Combler uma diferença]. „Eles teriam achado graça‟ “on a comblé notre retard.” [Quer dizer. Compensar nosso atraso. Não.] “Combler le retard.”[Nos não estamos mais. Compensamos. Superamos. Isso.] Superamos nosso atraso em relação aos Estados Unidos. Não é nenhuma desonra ser vice-campeão olímpico. [Vou botar uma coisa mais oral.] Não é uma desonra ser vice-campeão olímpico. [Não gostei desse superar o atraso. Vamos ver se acho alguma coisa melhor.] Concluiu. Todo o trabalho. Todo o trabalho dos treinadores tricolores. Dos treinadores franceses. Se(...) [Tem desormais, vou colocar no inicio a frase.] Daqui por diante. Todo o trabalho dos treinadores franceses. Será o de convencer os nadadores, convencer os nadadores, que “le verre est effectivement à moitié plein.” [Que o copo está(...) cheio pela metade. É isso?] “Que le verre est à moitié plein”. [Estamos na metade do caminho(...) De que o copo está cheio pela metade. Será que é isso? Significa que estamos na metade do caminho](...) “Que le verre est à moitié plein.” [Deixa eu ver se eu acho uma expressão genérica](...) No intuito de evacuar. [Evacuar. Uma expressão. Evacuar é horrível.] De afastar a frustração de uma corrida tão(...) [corrida aqui eu não sei se](...) Tão magnífica. [Talvez se eu colocasse disputa.] De relançá-los nas provas individuais e de evitar que Alain Bernad(...) “À moitié plein¹.” [To procurando aqui a moitié plein para ver o quanto isso é uma expressão idiomática.] [Verre a moitié plein. Verre à moitié chemin. Exatamente. No meio do caminho. Justamente o que eu tinha pensado.] De que estão no meio do caminho. [Eu diria que a metade do caminho já foi percorrida, talvez seja melhor assim. Para dar uma expressão mais positiva.] De que a metade do caminho foi percorrido. No intuito de afastar a frustração de uma. [De uma corrida não, né? De uma prova, né? Acho que não se diz numa prova de natação, né?] LIX De relançá-los nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard(...) Que fique mais que abalado [virgula], “couler”. [Couler¹ é naufragado. Deixa eu ver se tem um adjetivo aqui.] [Ele não dá como adjetivo. Que é naufragar. Fique mais que abalado. E ai? É um texto bem francês, que tem todas essas metáforas aquáticas aqui para falar da natação. ] Não somente, mas também(...) Afogado. [Mas eu acho que fica meio estranho em português. Funciona? Vamos ver. Quer dizer. A princípio eu acabei. Agora vou reler o texto em português, para ver o que está funcionando, quando ele para de funcionar eu retomo aqui. Vamos ver.] „Os nadadores franceses,‟ [o título], „não digerem a inacreditável final do quatro por cem metros. As horas passam, o orgulho do dever cumprido e recompensado por uma bela medalha,‟ [Faltou aqui, de prata,] medalha de prata. “prend doucement le pas”. [Quer dizer.] Substitui aos poucos a decepção, „mas o desvarío‟ [Esse desvarío não é muito bom.] „O‟ “desárroi¹” . [O Desconsolo talvez(...) Deixa eu ver aqui.] O desconsolo „permanece palpável no campo francês após o inacreditável desenlace do revezamento quatro por cem metros. Disputado segunda-feira pela manhã em Pequim. Sem tampouco‟(...) [Sem(...) Esse tampouco também é artificial. É. Não tem tampouco porque não tem nenhuma referencia anterior. Acho que isso é um problema no próprio original.] (???) [Esse non plus aqui eu não encontro uma referencia a algo que teria se silenciado. Não se entende muito bem, então tira.] „Sem tocar o fundo da questão, é quanto à forma que os nadadores começam a se colocar algumas questões. E a amargura vem a superfície‟ [aqui não é assombrar os nadadores, mas é para assombrá-los. Essa aqui tá complicada. As águas francesas. As águas azuis. Para assombrar. Eu vou dizer aqui. A amargura(...) Para escurecer as águas. Ah! Como é que a gente fala isso? Para. Para turvar as águas. Vamos colocar assim. Eu vou deixar as águas azuis. Quem conhecer a metáfora dos franceses com os azuis entende, quem não conhecer lê como uma metáfora. As águas azuis. Ou será que eu coloco as águas azuis. As águas azuis. A amargura de assombrar as águas azuis. Dos franceses? Será que vou colocar assim? É; Isso é uma decisão sempre difícil. As águas azuis. As águas azuis. É, difícil, não há tradução certeira.] LX „Ainda ofuscados pelo ouro que lhes parecia garantido antes da ultrapassagem miraculosa de Bernard por Lezak, os franceses tentam compreender (...) As línguas se soltam, especialmente do lado de Amaury Leveaux, que havia desistido de sua prova individual os 200 metros nado livre para dar tudo no quatro por cem. Em relação à ordem dos nadadores, a Federação nos sacaneou, explicou sem rodeios o louro alto à AFP‟ „Alain Bernard, Alain, deviam partir num outro sentido. Não é grave, a,‟ “on a fait avec.” „Não é grave‟(...) [Não é bem isso. A gente fez o que pode(...) A gente fez assim mesmo?](...) “on a fait avec”. A gente fez o que pode. „Uma informação confirmada por Alain Bernard. Que evocava mudanças no ultimo momento‟ [Uma informação? Ah, sim. É. Essa informação. Essa frase fica uma frase nominal. Eu vou melhorar essa frase aqui.] „Essa informação foi confirmada por Alain Bernard, que evocava‟ Que evocou. „Mudanças no último momento, „antes de acrescentar, sibilino, ainda se vai falar disso.‟ [Porque isso é ambíguo. On reparlera. Se é voltaremos ou se é, muitos ainda se vai falar disso. Eu vou botar assim que fica ambíguo também.] Ainda se vai falar disso.„O ex-recordista mundial da especialidade, que passou cerca de 10 minutos agachado no banheiro do Cubo d‟água, com a cabeça entre as mãos, parecia ainda em estado de choque. Alain está abalado. Ser o último nadador, sair na frente e se deixar bater, ninguém sai ileso. Ninguém sai ileso disso. Reconheceu Claude Fauquet, o diretor técnico francês. Em relação à questão da ordem dos nadadores, Fauquet admitiu que devia conversar com Marc Begotti, responsável pelo revezamento. Tenho que ver com ele. Não fui eu quem tomou a decisão, comentou, precisando simplesmente que era fácil refazer a prova.‟ [A prova, Oh!] „A posteriori. Com oito centésimos a menos, jamais se teria rediscutido a ordem, ressaltou‟ „Uma posição compartilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. Até os 380 metros, era a melhor composição possível, relativizou o técnico. Em setembro, se tivéssemos dito aos caras: vocês vão nadar em 3 minutos e 8, eles teriam achado graça. Superamos nosso atraso em relação aos Estados Unidos. Não é nenhuma desonra ser vice-campeão olímpico, concluiu. Daqui por diante. Daqui por diante todo o trabalho dos treinadores franceses será o de convencer os nadadores de que metade do caminho foi percorrido.‟ [Acho que metade do caminho foi percorrida. A metade foi percorrido ou metade foi percorrida?] „Metade do caminho foi percorrido¹. No intuito de‟(...) [Metade do caminho foi percorrida? Deixa eu ver aqui.] „No intuito de afastar a frustração de uma prova tão cruel quanto magnífica, de relançá-los nas provas individuais, e de evitar que Alain Bernard fique.‟ [Esse final tá LXI meio uma frase nominal, né?] „Afim de‟(...) [Esse afogado não funcionou(...) Mais do que ficar. Mas não dá pra não(...) deixar essa metáfora no final. O naufrágio no final aqui. Agora! Metade do caminho foi percorrido ou percorrida? Metade do caminho foi percorrido ou percorrida? Acho que tem que concordar com a metade. Não gostei não. Metade do caminho foi percorrida(...)] [ Então tá bom. Entrego ao editor.] LXII TRADUTOR PROFISSIONAL 2 [Vamos lá!] Os nadadores tricolores não digerem a incrível final dos 4 por 100 (...) /Bom! Eu dei uma olhada(...) Eu acho sempre importante ler pelo menos a frase inteira(...) Não necessariamente o parágrafo, às vezes o parágrafo é muito grande, mas dá uma lida na frase, para ver como é que ela fica até melhor. As vezes tem que mudar a ordem de certas coisa. Então!/ As horas passam o orgulho do trabalho realizado é recompensado por uma bela medalha de prata(...) [humm](...) Predomina a sobre a decepção no campo tricolor [Eu imagino que sejam os italiano, mas eu não acompanho muito(...) En passant(...) Então eu to meio por fora] Depois do incrível resultado do (...) [Ih agora? Como é que se fala isso?] “Du relais 4 x100” [Bom, eu vou deixar em francês para procurar depois. Porque as vezes é uma expressão que você acaba até lembrando.] 4 por 100 disputado na manhã de segunda feira em Pequim [Sou contra falar Beijim. Por que quando eu era criança Pequim era Pequim e Beijim era em inglês e eu me recuso a usar a palavras que a globo usa.] “Sans non plus toucher Le fond est sur La forme que”(...) [Ai por exemplo… É um jogo de palavras com o tocar no fundo, por exemplo, da piscina já que são nadadores, então não tem](...) [já que eu não to lembrando de relayeurs vou colocar nadadores]. Começam a se questionar sobre problemas de forma. “Et l´amertume de faire surface.” Enquanto isso, a amargura vem à tona para turvar as águas azuis [Ele tá fazendo metáfora em torno da água da piscina.] Ainda obnubilados pelo brilho. [Ah não.] Pelo ouro lhes parecia possível antes do retorno miraculoso de Lesak sobre Bernard. Os franceses tentam entender. “Les langues se délient, notamment du côté d'Amaury Leveaux.” As línguas se soltam, sobretudo a de Amaury Leveux, que havia abandonado sua competição individual, os 200 metros de nado livre para dar tudo de si [acho que aqui tá faltando tudo de si] nos 4 por 100 metros. "Sur l'ordre des relayeurs Leveaux, Gilot, Bousquet, Bernard, la Fédération nous a un peu baisé la gueule, a expliqué sans détour le grand blond à l'AFP.” Seguindo as ordens dos(...) [Eu não to lembrando(...) Relayeurs(...) São os nadadores, mas(...) dos nadadores Leveux, Gilot, Bousquet, Bernard a federação. Como já é a terceira vez que aparece relayer¹] LXIII No caso tem tradução? Português-Francês é ali. Larousse! [Pior que eu não sei se tem revezadores em português. Então o que eu tinha deixado em vermelho(...) Revezamento 4x100. Mas ai eu acho. Eu acho ai que seria o caso de procurar, por exemplo, em textos da imprensa que vai falar de revezadores ou não, mas eu diria mais nadadores de qualquer forma, então eu vou deixar nadadores, mas seria uma coisa de na ultima revisão procurar não em dicionários, mas em sites em que se fala da notícia ou de esportes em geral se seriam os revezadores.] Quanto à ordem dos nadadores a federação nos sacaneou (...) [É até gentil em relação ao que está dito, mas como isso não é muito sério em francês não precisa baixar tanto o nível.] Explicou sem rodeios o grande louro da AFP. Alain Bernard e Fred Bousquet(...) [Iriam num outro sentido? Não. Deixa eu ver] Partiriam em outra direção [ai eu colocaria dois pontos] “Ce n'est pas grave, on a fait avec” [é muito utilizado em francês eu diria. Tudo bem! On a fait avec é a gente tem que lhe dar com a situação, é assim mesmo. Então. É assim mesmo. O problema é que eu não to acostumado com esse teclado(...) Ele é mais durinho(...) O meu não é assim.] Bernard não sai ileso. Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças de última hora, antes de acrescentar, sibilino, vamos voltar a falar nisso. “L'ex-recordman du monde de la spécialité, qui a passé près de 10 minutes accroupi dans les toilettes du Cube d'eau, la tête dans les mains, semblait encore sous le choc.” [Então!] O ex-recordista mundial da especialidade.. Eu acho que da categoria, que passou quase 10 minutos agachado no banheiro do(...) [Ai eu não sei(...) Deve ser como as pessoas chamam o cubo, mas eu não sei(...) Ai eu vou deixar em vermelho, porque como eu não sei o que é isso, se refere a alguma, um clube ou um lugar que tenha piscina que eles estão.] Com as mãos na cabeça, ainda parecia em estado de choque. "Alain est touché. Partir dernier relayeur en tête et se faire battre, on n'en sort pas indemne" Alain foi afetado. Sair. Acabar em ultimo. [Não. Ele é o ultimo dos revezadores.] Começar como ultimo dos revezadores. [Agora vai ser difícil. Perai!] Tem que diminuir /Ah é?/ LXIV Aqui(...) Diminuir aqui também(...) Vai aparecer no Desktop /Internet? Tá aqui! É isso?/ É Ah tá TP2 vai ao Google. (...) [Competição, revezamento, revezadores. Eu to querendo ver se chama os nadadores de revezadores, mas na verdade (...) Então tem os revezadores(...) Então pode (...) Então pode ser usado².] Começar como últimos dos revezadores. [Com vantagem? Com dianteira talvez. Na dianteira. O problema é que como eu nunca li nada sobre esportes eu não sei termos mais específicos para natação.] Começar como ultimo nadador na dianteira e perder não se sai ileso disso reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. ”Sur la question de l'ordre des nageurs, le DTN admettait qu'il devait en parler avec Marc Begotti, responsable du relais”. Sobre a questão da ordem dos nadadores, o diretor admitiu que deveria falar com Marc Begotti, responsável pelo revezamento. Tenho que ver com ele. Não fui eu quem tomou a decisão, comentou,”précisant simplement qu'il était facile de refaire les courses après coup”. [Especificando simplesmente que seria facial refazer as corridas? Não é uma corrida é uma competição, uma disputa. Après coup? Acho que é depois de tudo, né? Acho que “se necessário”, apesar de não ser exatamente isto que ele está dizendo.] Com 8 centésimos a mais, não se teria mais discutido a ordem, ressaltou(...) fácil ganhar a competição, depois de acabada. Com 8 centésimos a mais, não se teria mais discutido a ordem, ressaltou. “Une position partagée par Denis Auguin, l'entraîneur d'Alain Bernard” Posição partilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. Até os 380 metros era a melhor dentre as composições. [que relativizou? Contemporizou] Contemporizou o técnico. "En septembre, si on avait dit aux gars: vous allez nager en 3 minutes 8”. Em setembro, se a gente tivesse dito pra eles vocês vão nadar em 3 minutos 8, eles teriam rido. “On a comblé notre retard sur les Etats-Unis.” [Como tem o a gente vou manter.] A gente compensou o atraso com relação aos Estados Unidos. Não é desonra ser vice-campeão olímpico. “Tout le travail des entraîneurs tricolores sera désormais de convaincre leurs nageurs que le verre est effectivement à moitié plein” [Eu não sabia que eles usavam o tricolores para o próprio francês, enfim!] Todo o trabalho com os nadadores LXV tricolores(...) [Não é todo o trabalho](...) O grande trabalho dos treinadores tricolores agora será o de convencer os nadadores de que o copo está, de fato, cheio pela metade.[Não sei se o leitor brasileiro entenderia está imagem, porque tem a ver com os otimistas verem o copo cheio até a metade e os pessimistas vazios até a metade. (???)] “Afin d'évacuer la frustration d'une course aussi cruelle que magnifique, de les relancer dans les épreuves individuelles, et d'éviter qu'Alain Bernard ne soit non seulement touché, mais aussi coulé.” A fim de evacuar a frustração de uma competição tão cruel quanto magnífica, de relançá-los em provas individuais, e de evitar que Alain Bernard continue afetado. [Esse afetado eu vou ver porque em português tem esse sentido duplo, mas ai quando eu reler eu vou ter que manter esse toucher igual o toucher anterior.] Continue afetado, e que ele afunde(...) /Ai então eu teria que reler tudo(...) Dá tempo né?/ Dá “C´est sur la forme”, “c'est sur la forme” [Não é bem assim! Tá, mas vai ficar.] „Ainda obnubilados pelo ouro que lhes parecia possível antes do retorno milagroso de Lesak sobre Bernard, os franceses tentam entender‟ [Acho que esse retorno não dá mesmo. Não é retorno(...)] Da recuperação. „Da recuperação milagrosa de Alain Bernad‟ „As línguas se soltam, sobretudo a de Amaury Leveux, que havia abandonado sua competição individual os 200 metros de nado livre para dar tudo de si nos 4 por 100 metros. Quanto à ordem dos revezadores Leveux, Gilot, Bousquet, Bernard a Federação nos sacaneou, explicou sem rodeios o grande louro da AFP. Alain Bernard e Fred Bousquet partiriam noutra direção: tudo bem, é assim mesmo.‟ „Bernard não sai ileso. Uma informação confirmada por Alain Bernard, que evocava mudanças de última hora, antes de acrescentar, sibilino, vamos voltar a falar nisso. O ex-recordista mundial da categoria, que passou quase 10 minutos agachado no banheiro do‟(...) [Aqui eu vou ter que olhar na internet³] Google [Ah! Olha chamam isso mesmo de cubo d´água. Em português eu colocaria em letra maíscula.] Cubo d‟Água, „com as mãos na cabeça, ainda parecia em estado de choque. Alain foi afetado‟(...) [Isso aqui tem que ver] „Começar como último revezador, na dianteira, e perder, não se sai ileso disso, reconheceu o diretor técnico nacional, Claude Fauquet. Sobre a questão da ordem dos nadadores, o diretor admitiu que deveria falar com Marc Begotti, responsável pelo LXVI revezamento. Tenho que ver com ele. Não fui eu quem tomou a decisão, comentou, especificando simplesmente que era fácil ganhar a competição‟ [As vezes só relendo que a gente entende. Isso aqui é uma expressão como (???). que dizer. Depois, quando todo mundo tem certeza, depois que o Brasil perdeu que o Dunga tava errado, mas até o Dunga perder ele talvez tivesse razão. Então simplesmente era fácil. Era fácil(...) Refaire les cours. Avaliar. Analisar(...) Eu acredito que pode ficar assim, não é exatamente o que ele diz, é um pouco mais forte, mas a idéia é essa, de recriar a história depois não adianta mais.] que era fácil ganhar a competição, depois de acabada. Com 8 centésimos a mais, não se teria mais discutido a ordem, ressaltou. “Sur l'ordre des relayeurs”. [Eu tinha entendido inicialmente que tinha sido dado aos revezadores, mas é ordem de disputa de competição. De quem entra primeiro. E aqui esse nos sacaneiou acho até que tá certo, mas se ele fosse brasileiro teria dito sacaneou a gente.. Mas vou deixar,] „Posição partilhada por Denis Auguin, treinador de Alain Bernard. Até os 380 metros era a melhor dentre as composições, contemporizou o técnico. Em setembro, se a gente tivesse dito pra eles: vocês vão nadar em 3 min 08‟, eles teriam rido‟ [Compensar?] „A gente‟(...) Recuperou o atraso quanto os estados unidos. „Não é desonra ser vice-campeão olímpico, concluiu. O grande trabalho dos treinadores tricolores agora será o de convencer os nadadores de que o copo está, sim, cheio até a metade. A fim de evacuar a frustração de uma competição tão cruel quanto magnífica‟ “Afim de”(...) “Afin d'évacuer la frustration”(...) „Afim de‟(...) [O que que a gente faz com a frustação. A gente não vai falar esvaziar uma frustação. Afim de? Esquecer, né? Não tá escrito esquecer, mas a gente não vai falar assim.] „A fim de esquecer a frustração de uma competição tão cruel quanto magnífica, de relançá-los em provas individuais, e de evitar que Alain Bernard continue‟ [Afetado? Até faria uma terceira revisão, mas só fica essa palavra que fica em dúvida. Abalado né. Porque aqui não tem uma ambigüidade. Ai então eu mantenho mesma palavra porque ela foi usada antes.] „O grande trabalho dos treinadores tricolores agora será o de convencer os nadadores de que o copo está, sim, cheio pela metade. A fim de esquecer a frustração de uma competição tão cruel quanto magnífica, de relançá-los em provas individuais, e de evitar que Alain Bernard continue abalado, e que ele afunde‟ [Em princípio eu deixaria assim!]