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U N I V E R S I D A D E D E S Ã O P AU L O Escola de Engenharia de Lorena – EEL ANDERSON RIBEIRO SIQUEIRA ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO NA ESTRUTURA DE ASSENTOS DE AERONAVES Lorena 2012 ii ANDERSON RIBEIRO SIQUEIRA Estudo da utilização de ligas de magnésio na estrutura de assentos de aeronaves Monografia apresentada à Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo como trabalho de conclusão do curso de Engenharia Química. Orientadora: Profa. Dra. Maria Lúcia Caetano Pinto da Silva Lorena 2012 2 iii Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar por tentar do que errar por omitir. Augusto Cury 3 iv RESUMO Recentemente, renovou-se o interesse da indústria aeronáutica sobre a utilização de ligas de magnésio na cabine de aeronaves em substituição às ligas de alumínio utilizadas atualmente. A utilização de ligas de magnésio apresenta várias vantagens como, por exemplo, a possibilidade de reciclagem do material, sua abundância na natureza, seu fácil manuseio e, principalmente, uma considerável redução no peso de peças confeccionadas a partir dessa matéria-prima, já que o magnésio é conhecido por ser o material metálico estrutural de menor densidade disponível no mercado. Estima-se que, quando comparada com a liga de alumínio, a liga de magnésio apresenta redução de até 33% de peso. Devido a essa demanda atual por uma maior utilização do magnésio, o FAA (Federal Aviation Administration – órgão homologador da aviação civil nos Estados Unidos) montou um grupo de trabalho com o objetivo de estudar a possibilidade de utilização desse material no interior de aeronaves, especificamente na estrutura dos assentos, a fim de provar que as ligas de magnésio se tornaram mais seguras devido aos avanços tecnológicos alcançados nos últimos anos, provando, assim, que uma regulamentação da década de 80, que proíbe a utilização de magnésio no interior de aeronaves, seja revisada, liberando o uso do magnésio na indústria aeronáutica. Para tal, foram realizados diversos testes de inflamabilidade, que mede a capacidade de o material resistir a uma fonte de calor (chama), em escala real, com algumas ligas de magnésio que apresentaram resultados promissores. A seguir, iniciou-se um estudo para o desenvolvimento de um ensaio de inflamabilidade em escala laboratorial, para uma posterior adequação da indústria. Desse modo, o presente trabalho tem como objetivo a continuação do estudo do comportamento das ligas de magnésio quando expostas ao fogo, através do estudo de parâmetros de ensaio laboratoriais, tal como tempo de ignição, tempo de exposição do material à chama e duração da chama pósensaio. Além disso, um estudo da influência das diferentes formas geométricas da amostra e um estudo da possibilidade da utilização de outras ligas, comparandoas com as características apresentadas pelas ligas utilizadas anteriormente. Palavras-chave: Ligas de magnésio. Estrutura de assentos. Inflamabilidade. Indústria aeronáutica. 4 v ABSTRACT Recently was renewed the interest of the airplane industry on the use of magnesium alloys in the aircraft cabin, replacing the currently used aluminum alloys. The use of magnesium alloys offers several advantages like the possibility of recycling of the material, its abundance in nature, its easy handling and, above all, a considerable reduction in weight of pieces made from the same raw material, since magnesium is known to be the structural metallic material with the smallest density available in the market. Compared with the aluminum alloy, magnesium alloy shows reduction of up to 33% of weight. Because of this current demand for greater use of magnesium, the FAA (Federal Aviation Administration – certification authority of civil aviation in the United States) has set up a working group with the goal of studying the possibility of using such materials within aircraft, specifically in the structure of the seats, in order to prove that the magnesium alloys became safer due to the technological advances made in recent years. Although, there is a regulation that prohibits the use of magnesium inside aircraft. The main idea is to review this regulation, freeing the use of magnesium in the aviation industry. For this purpose, several tests of flammability were conducted, which measures the ability of the material to withstand a heat source (flame), in real scale, with some magnesium alloys, which demonstrated promising results. So began a study for the development of a laboratory-scale flammability test for a later adaptation of the industry. Thus, the present study aims to further the study of the behavior of magnesium alloys when exposed to fire, through the refinement of laboratory test parameters, such as time of ignition of the material, the time of exposure of the material to the flames and the duration of the flames after test, in addition to the study of the influence of different geometric shapes of the sample and the study of the possibility of using other alloys, comparing them with the parameters reached by the previously studied alloys. Keywords: Magnesium alloys. Seat structure. Flammability. Airplane industry. 5 vi xvi SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................7 2. LIGAS DE MAGNÉSIO.......................................................................................9 2.1. Liga de magnésio AZ31 ..............................................................................11 2.2. Liga de magnésio WE43 .............................................................................13 2.3. Estudo da utilização de outras ligas de magnésio ......................................14 3. INFLAMABILIDADE .........................................................................................16 3.1. Etapas do processo de queima...................................................................16 3.2. Ocorrências Relevantes ..............................................................................21 3.3. Ensaio Vertical 12 Segundos ......................................................................26 3.4. Ensaio Vertical 60 Segundos ......................................................................27 3.5. Ensaio Horizontal ........................................................................................27 3.6. Ensaio 45º ...................................................................................................28 3.7. Ensaio 60º ...................................................................................................28 3.8. Ensaio de Emissão de Calor .......................................................................29 3.9. Ensaio de Densidade de Fumaça ...............................................................29 3.10. Ensaio de Fire Blocking.............................................................................30 3.11. Ensaio de Penetração de Fogo.................................................................30 3.12. Ensaio de Fire Proof e Fire Resistance.....................................................31 3.13. Ensaio de Contenção de Fogo em Lixeiras...............................................31 3.14. Evolução dos Requisitos e Estudos em Desenvolvimento........................32 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................39 4.1. Influência das Formas Geométricas da Amostra ........................................39 4.2. Refino dos Parâmetros de Ensaio...............................................................41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................43 ANEXO A. .............................................................................................................45 6 1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, o FAA (Federal Aviation Administration – órgão homologador da aviação civil nos Estados Unidos) tem sido questionado sobre a utilização de ligas de magnésio no interior de aeronaves, especificamente como substituto das ligas de alumínio utilizadas atualmente na confecção das estruturas dos assentos. O magnésio é o mais leve dos metais utilizados na confecção de diversas estruturas, tornando-o um material de extrema importância na fabricação de produtos que exigem baixo peso, além de sua abundância e fácil reciclagem. (KG FRIDMAN AB, 2005). Conseqüentemente, sua aplicação resulta em uma considerável redução do uso de combustível na indústria do transporte, fato comprovado pelo aumento de sua popularidade na indústria automotiva. (POLMEAR1, 2006 apud ERTÜRK, 2009). Atualmente, o uso de magnésio na estrutura dos assentos de aeronaves é proibido pela SAE (Society of Automobiles Engineers – órgão internacional regulamentador de meios de transporte) através do documento AS8049 (Performance Standards for Single-Occupant, Side Facing Seats in Civil Rotorcraft, Transport Aircraft, and General Aviation Aircraft – Padrões de Desempenho para Assentos Utilizados na Aviação em Geral). No entanto, de acordo com a indústria aeronáutica, os testes que culminaram nessa proibição foram realizados há 30 anos e, durante esse tempo, ocorreram diversas mudanças e avanços tecnológicos no que diz respeito às ligas de magnésio. A principal preocupação em relação ao uso de magnésio é o atendimento aos requisitos de inflamabilidade, que atualmente não consideram o potencial de um metal inflamável ser utilizado em grandes quantidades em cabines de aeronaves. Para tal, deve-se provar que a utilização de magnésio não diminui o nível de segurança atual. Por sugestão de um fornecedor de ligas de magnésio, Magnesium Elektra, foram realizados testes em escala real, simulando um incêndio em uma aeronave pós-queda, onde o fogo se originaria na área externa e, transcorrido determinado tempo, invadiria a cabine através da fuselagem, atingindo os assentos com 1 Polmear, I. Light Alloys: From Traditional Alloys to Nanocrystals. ElsevierButterworth Heinemann. 2006. 7 estrutura confeccionada de ligas de magnésio e de ligas de alumínio, para efeito de comparação. Foram selecionadas duas ligas de magnésio para essa aplicação: AZ31, como liga de baixo desempenho, e WE43, como liga de alto desempenho, de acordo com a avaliação do fornecedor. Após uma bateria de testes, observou-se que ambas as ligas de magnésio apresentaram comportamento semelhante quando submetidas ao fogo, inclusive com as ligas de alumínio utilizadas atualmente na confecção dos assentos. A seguir, foi iniciado um estudo com o objetivo de desenvolver um ensaio em escala laboratorial aplicável para toda a indústria aeronáutica. Com isso, surgiram diversos questionamentos quanto ao tipo de ensaio, tempo de exposição do material à chama, formato geométrico da amostra, tempo limite para a autoextinção da chama do material, tempo em que o material entra em ignição, etc. Foram realizados alguns ensaios preliminares com a liga de magnésio WE-43, que apresentou melhores resultados com amostras no formato tubular. Levando-se em consideração os ensaios realizados anteriormente e a necessidade da indústria aeronáutica de validar a utilização de magnésio na estrutura dos assentos das aeronaves, o presente trabalho tem como objetivo o refino dos parâmetros de ensaio (tempo de ignição do material, tempo de exposição do material à chama, duração da chama pós-ensaio, etc.), a análise da influência das diferentes formas geométricas no ensaio e o estudo da possibilidade da utilização de outras ligas, comparando-as com as características apresentadas pela liga WE-43 nos testes laboratoriais. 8 2. LIGAS DE MAGNÉSIO O magnésio é o sexto elemento mais abundante da natureza, representando 2,76% da composição da crosta terrestre. Sua forma metálica é produzida em larga escala, sendo os principais produtores os Estados Unidos, com 48% da produção mundial, seguidos da Rússia (12%), Canadá (9%) e Noruega (8%). O magnésio é um metal estrutural de extrema importância devido à sua baixa densidade quando comparado ao aço e ao alumínio. É um elemento que forma diversas ligas binárias, contendo freqüentemente traços de alumínio, zinco, manganês, praseodímio, neodímio e tório. (LEE, 1996). Apesar da importância de alguns metais como elementos puros, a maioria das aplicações da engenharia exige a melhoria nas propriedades do material obtida através da composição de ligas com a adição de alguns elementos. Foi convencionado um código para cada elemento de liga presente em ligas de magnésio, de modo a se identificar o tipo de liga através de sua denominação (por exemplo, a liga AZ é composta, principalmente, por alumínio e zinco adicionados ao magnésio). A relação completa dos códigos de cada elemento de liga é apresentada a seguir: (GROOVER, 2007). • A: alumínio; • C: cobre; • E: terras raras; • H: tório; • K: zircônio; • L: lítio; • M: manganês; • P: chumbo; • Q: prata; • S: silício; • T: estanho; • W: ítrio; • Z: zinco. 9 O metal presente em grande quantidade em uma liga é denominado metal base e todos os outros elementos adicionados intencionalmente, com o objetivo de se conceder determinadas propriedades ao material, são denominados elementos de liga. Esses elementos se diferem de impurezas, que estão presentes acidentalmente e não contribuem com a melhora no desempenho do material. As ligas de metais não ferrosos são confeccionadas com os seguintes objetivos principais: (YOUNG, 1954). • Facilidade de fabricação; • Aumento da resistência à corrosão; • Aumento da condutividade elétrica e térmica; • Redução do peso; • Aumento do módulo de elasticidade. As ligas de magnésio são os materiais metálicos estruturais mais leves existentes e, por isso, se tornaram muito atrativos para aplicações na indústria automobilística, férrea, aeronáutica e aeroespacial, onde a redução de peso é um ponto crítico. (JANEČEK; CHMELÍK, 2009). Atualmente, a demanda por um baixo consumo de combustível levou a uma busca contínua por materiais de baixa densidade. Nesse contexto, o magnésio e suas ligas se tornaram de grande interesse por apresentarem a menor densidade entre os demais materiais metálicos estruturais. Além disso, também apresentam alta resistência, boa usinabilidade, maior resistência à corrosão do que o magnésio puro e, de uma maneira geral, melhores propriedades quando comparadas à materiais poliméricos. Entretanto, as ligas de magnésio não se tornaram vastamente utilizadas pelo mercado devido às suas desvantagens: baixo módulo de elasticidade, usinabilidade a frio e dureza limitados, baixa resistência em elevadas temperaturas, alto grau de enrugamento no processo de solidificação, alta reatividade química e resistência à corrosão limitada a algumas aplicações específicas. Para tornar as ligas de magnésio mais competitivas no mercado, tem-se realizado diversas pesquisas com o objetivo de minimizar algumas das desvantagens apresentadas anteriormente. Hoje em dia, as ligas de magnésio apresentam desempenho mecânico similar ao de ligas de 10 alumínio, principal concorrente nas indústrias automotiva e aeronáutica. (MATOS, 2010). Além disso, o magnésio também é utilizado como elemento de liga em diversas ligas de materiais metálicos não ferrosos. As principais aplicações das ligas de magnésio são: • Componentes de aeronaves e mísseis; • Ferramentas portáteis; • Revestimento de malas e maletas de viagem; • Itens esportivos que demandam baixo peso, como a bicicleta por exemplo. Essas ligas estão disponíveis comercialmente na forma de barras, chapas e lâminas. Como as ligas de magnésio se oxidam rapidamente, elas apresentam um potencial risco de incêndio e precauções devem ser tomadas em sua usinagem, trituragem e lixamento. Contudo, vários elementos são adicionados às ligas com o objetivo de melhorar as propriedades do material e, por isso, as ligas de magnésio comercializadas atualmente não apresentam elevado risco de incêndio. (KALPAKJIAN; SCHMID, 2008). Durante as reuniões do Grupo de Trabalho realizadas sobre a utilização das ligas de magnésio na indústria aeronáutica no FAA, foram propostos testes com algumas ligas comerciais, fornecidas pela empresa Magnesium Elektron, tais como: WE43, AZ80, Elektron 21, ZE41, ZE10 e AZ31. Em um primeiro momento, foram selecionadas duas ligas para a realização de testes em escala real: AZ31 e WE43. Essas ligas, quando comparadas entre si, foram classificadas como ligas de baixo e alto rendimento a altas temperaturas, respectivamente. 2.1. Liga de magnésio AZ31 AZ31 é uma liga básica de magnésio forjado, com a adição de 3% em peso de alumínio, 0,8% em peso de zinco e 0,2% em peso de manganês, que 11 apresenta boa resistência à temperatura ambiente, ductilidade, resistência à corrosão e soldabilidade. De uma maneira geral, essa liga pode ser aplicada, na forma de chapas, a qualquer sistema que exija uma resistência considerável, com temperatura de trabalho de no máximo 150 ºC, como em fuselagens de aeronaves, ferramentas e carcaças de aparelhos eletrônicos. Além disso, essa liga de magnésio não apresenta propriedades eletromagnéticas, porém apresenta alta condutividade elétrica e térmica. (MAGNESIUM ELEKTRON, 2006). Quando manuseado a temperatura ambiente, a liga de magnésio AZ31 não apresenta bons resultados, por isso normalmente o manuseio do material ocorre a temperaturas em torno de 150 ºC, o que aumenta consideravelmente seu preço de manufatura. A otimização do processo realizado a altas temperaturas é um grande desafio, que pode apresentar melhores resultados através de um préaquecimento do material antes do manuseio. Além disso, materiais de engenharia devem apresentar uma suficiente resistência à fadiga devido aos ciclos de carga aos quais o mesmo é submetido. (JANEČEK; CHMELÍK, 2009). Noda, Mori e Funami (2011) constataram que a taxa de deformação da liga AZ31 diminui com o aumento da temperatura, compactuando com o comportamento de outras ligas de magnésio com alumínio e terras raras como elementos de liga, bem como o módulo de rigidez que também é afetado diretamente pela temperatura do sistema. O alumínio aparece como principal elemento de liga adicionado ao material com o objetivo de melhorar a resistência e a dureza, além de ampliar o intervalo de congelamento da liga, facilitando sua obtenção. O segundo elemento de liga mais abundante, o zinco, é adicionado ao material para produzir uma melhora significativa na resistência à temperatura, principalmente quando utilizado em conjunto com o alumínio. Além disso, o zinco contribui com a inibição do efeito corrosivo nocivo de impurezas, como ferro e níquel, que podem estar presentes na liga. (MAGNESIUM ENCYCLOPEDIA, 2012). 12 2.2. Liga de magnésio WE43 WE43 é uma liga de magnésio obtida através da adição de 3,7-4,3% de ítrio, 2,4-4,4% de terras raras (elementos do grupo dos lantanídeos) e 0,4% de zircônio. Esse material apresente alta resistência física, excelente resistência à corrosão e temperatura de trabalho de até 300 ºC. Essa liga é capaz de manter suas boas propriedades mecânicas a altas temperaturas, dispensando a necessidade de adição de prata ou tório para essa finalidade. Além disso, a liga WE43 tem a capacidade de se manter estável a uma longa exposição a altas temperaturas de até 250 ºC. Essa característica de retenção de suas propriedades em altas temperaturas torna esse material de grande interesse para a indústria aeronáutica, automobilística e balística. (MAGNESIUM ELEKTRON, 2006). A partir de estudos da microestrutura dessa liga, determinou-se que grande parte das terras raras presentes é composta de neodímio, que se une ao magnésio formando precipitados irregulares inter-granulares do tipo Mg41Nd5 e Mg14Nd2Y. (RZYCHON; KIELBUS, 2006). O ítrio possui uma solubilidade de sólidos relativamente elevada em magnésio (até 12,4% em peso), por isso é utilizado como o principal elemento de liga pois, na presença de terras raras, aumenta a resistência do material em temperaturas de até 300 ºC. Além da ação em altas temperaturas, as terras raras também contribuem para a redução da porosidade da liga, fator que contribui com o aumento da resistência mecânica do material. O zircônio possui um poderoso efeito de refinamento dos grãos formados em ligas de magnésio, principalmente com a adição de terras raras, que contribui com o empacotamento das moléculas e melhora a resistência do material de uma maneira geral. (MAGNESIUM ENCYCLOPEDIA, 2012). 13 2.3. Estudo da utilização de outras ligas de magnésio No início do estudo da utilização de ligas de magnésio na confecção de assentos de aeronaves, foram propostas ligas de composições diversas para esse propósito. A seguir, cada uma dessas ligas é analisada separadamente, através de uma comparação com as ligas AZ31 e WE43 previamente testadas. • AZ80 Liga de magnésio composta de 7,8-9,2% de alumínio, 0,2-0,8% de zinco e 0,12-0,5% de manganês. Sua composição assemelha-se a da liga AZ31 previamente estudada, portanto espera-se que o mesmo desempenho seja obtido nos ensaios de inflamabilidade. Porém, como a porcentagem de alumínio adicionada é consideravelmente maior, a liga AZ80 apresenta um preço elevado quando comparada à liga AZ31, tornando a sua utilização inviável. • Elektron 21 Liga de magnésio composta de 2,6-3,1% de neodímio, 1,0-1,7% de outras terras raras e 0,2-0,5% de zinco. Apresenta como principal elemento de liga o neodímio e outras terras raras diversas que, juntamente com o zinco, melhoram significativamente as propriedades do material a altas temperaturas. Porém, como a adição de elementos de liga é relativamente pequena (inferior a 5% do total), espera-se que essa liga apresente um desempenho inferior à liga WE43 nos ensaios de inflamabilidade. • ZE10 e ZE41 Ambas as ligas ZE10 e ZE41 são ligas de magnésio compostas de 3,5-5,0% de zinco, 0,8-1,7% de terras raras e 0,4-1,0% de zircônio. Elas apresentam composição semelhante à liga Elektron 21, porém 14 com uma inversão do elemento de liga mais abundante, que nesse caso é o zinco. Por esse motivo, espera-se que essas ligas apresentem comportamento semelhante à liga Elektron 21 em ensaios de inflamabilidade, além de um menor custo devido à menor concentração de terras raras. Porém, quando comparadas à liga WE43, espera-se que as ligas ZE10 e ZE41 apresentem um desempenho inferior quando expostas à chama. Dessa maneira, avalia-se como satisfatória a escolha das ligas feita pelo fornecedor Magnesium Elektra, pois os melhores resultados nos ensaios de inflamabilidade são esperados nas ligas de magnésio AZ31 e WE43, conforme proposta feita no início do estudo de aplicação de tais ligas na confecção de assentos de aeronaves. 15 3. INFLAMABILIDADE A inflamabilidade é definida como a facilidade com que um material queima ou entra em ignição, causando incêndio ou combustão. O processo de queima pode ser dividido em cinco etapas, conforme ilustrado na Figura 1 abaixo e descrito a seguir (GALLO; AGNELLI, 1998): Figura 1: Etapas do processo de queima de um material. 3.1. Etapas do processo de queima I. Aquecimento Uma fonte externa fornece calor ao material, aumentando a sua temperatura progressivamente. A transferência de calor pode acontecer de três formas: contato direto com a chama, contato com gases aquecidos ou condução através de um corpo sólido. Nessa etapa, os principais parâmetros envolvidos são o calor específico, a condutividade térmica e o calor latente do material em eventuais mudanças de fase. 16 A difusão térmica através de sólidos é descrita pela Equação de Fourier, expressa da seguinte maneira em sua forma unidimensional: onde q representa o fluxo de calor em [ W.m-2 ], k representa a condutividade térmica do meio em [ W/m.K ], A representa a área da seção transversal submetida ao fluxo de calor em [ m ] e dT/dx representa o gradiente de temperatura que, por ser negativo, requer a inclusão do sinal negativo à fórmula para a obtenção de um fluxo de calor positivo. (BEJAN; KRAUS, 2003). II. Pirólise Com o passar do tempo, os componentes do material atingem a sua temperatura de decomposição. Nesse ponto, com a ruptura da estrutura molecular original do material, pode ocorrer a liberação de gases combustíveis ou não-combustíveis, que darão origem à fumaça. A temperatura de início de pirólise de cada componente é o principal parâmetro envolvido nessa etapa. 17 III. Ignição Os produtos da pirólise se difundem do material no sentido da superfície, enquanto o oxigênio se difunde no sentido oposto, em uma região denominada zona de queima gasosa. Nesse ponto, as condições de temperatura, concentração de gases combustíveis e oxigênio, quando atingem determinados níveis, permitem a ignição por uma fonte externa de calor (ponto de fulgor) ou a auto-ignição do material (ponto de ignição). Além das temperaturas de ignição e auto-ignição do material, outro parâmetro importante nessa etapa é a concentração de oxigênio, que deve manter-se em um determinado índice para sustentar a combustão. A teoria da ignição de sólidos é baseada na condução de calor do material com ausência de degradação, apresentando uma temperatura fixa de ignição, tig, descrita como: onde: k = condutividade térmica; ρ = densidade; c = calor específico; Tig = temperatura final; T∞ = temperatura inicial; qi” = fluxo de calor incidente. Essa equação é válida somente nas seguintes circunstâncias: 18 • O sólido é inerte e homogêneo; • As propriedades térmicas são constantes; • A emissividade (relação entre o poder emissivo de um material e um padrão, denominado corpo negro) da superfície e a absortividade (propriedade de absorver energia) são unitárias; • O fluxo de calor incidente é muito maior que a perda de calor superficial; • O sólido tem espessura igual ou superior a 1 mm. (QUINTIERE et al., 1998). IV. Combustão e propagação A etapa de ignição resulta em reações de combustão altamente exotérmicas, dando início ao processo de realimentação térmica através da grande quantidade de calor liberado, que sustenta as etapas de pirólise e ignição enquanto houver disponibilidade de material combustível. Nessa etapa o fogo atinge outras regiões do material, tornando o processo de queima irreversível. V. Extinção Com o passar do tempo, as quantidades de material combustível e de oxigênio disponíveis diminuem gradativamente, resultando em uma diminuição do calor gerado pelas reações de combustão e, conseqüentemente, inviabilizando o processo de realimentação térmica. Dá-se, então, início à etapa de extinção. 19 Para garantir um nível de segurança aceitável na aviação civil, realizam-se diversos testes de a fim de demonstrar que determinado material cumpre com os requisitos específicos de desempenho quando exposto a calor ou chama. No caso da indústria aeronáutica, a certificação de peças de interior de aeronaves deve atender aos requisitos definidos pelos órgãos homologadores: ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), FAA (Federal Aviation Administration) e EASA (European Aviation Safety Agency). Os tipos de ensaios realizados são definidos a partir do CFR (Code of Federal Regulations) do FAA, que é uma Lei Federal americana com regras gerais publicadas no Registro Federal pelas agências e pelos departamentos executivos do Governo Federal Americano. É dividido em 50 títulos que representam os diversos assuntos de diferentes áreas referentes ao regulamento federal. Cada volume do CFR é revisado uma vez por ano e emitido trimestralmente. Cada título é dividido em capítulos, que carregam geralmente o nome da agência emissora e cada capítulo é subdividido em partes que envolvem os regulamentos de áreas específicas. Para a aviação civil, os requisitos aplicáveis encontram-se no capítulo 14, partes 23 e 25 do CFR, que define os ensaios de acordo com a região da aeronave na qual o material ou peça é instalado. Os requisitos de materiais instalados nos compartimentos de interior são definidos conforme seções 25.853, 25.855 e 25.856 e abrangem: cabine de passageiros, cabine do piloto e compartimento de cargas. Existem também as regiões da aeronave definidas como “zonas de fogo”, onde os ensaios são definidos através das seções 25.865, 25.867, 25.869, 25.1191 e 25.1193 do CFR. Os tipos de ensaios podem ser: Auto-extinção (Vertical 12s/60s, 45º e 60º), velocidade de propagação da chama (Horizontal 2,5”/min e 4,0”/min), emissão de calor, densidade de fumaça, penetração de fogo (assentos, bagageiro e fuselagem), propagação de chama (para isolamento termo-acústico) e contenção de fogo em lixeira. Os diversos métodos de ensaio servem para reproduzir o ambiente de fogo ao qual o material pode ser exposto em determinadas situações, bem como avaliar o seu desempenho. A aplicabilidade do ensaio vai depender da região e/ou parte sujeita a queima e propagação do fogo. 20 3.2. Ocorrências Relevantes O surgimento dos requisitos de inflamabilidade específicos para a aviação civil foi motivado pelos diversos acidentes, na maioria das vezes fatais, que ocorreram ao longo do tempo. Após um estudo específico de cada fatalidade, foram surgindo os requisitos que cada material utilizado na cabine de uma aeronave deve cumprir até os dias de hoje. A seguir estão listados os principais acontecimentos (PLANE CRASH INFO, 2012): • 11/07/1973 – Varig vôo n. 820. Boeing 707-345C. Paris, França A aeronave fez um pouso de emergência após o início de um incêndio no lavatório traseiro. O pouso foi realizado com sucesso, porém 123 dos 134 passageiros foram vitimados devido às grandes emissões de fumaça e monóxido de carbono antes que a aeronave pudesse ser evacuada. Suspeita-se que o fogo se iniciou devido a um problema no circuito elétrico ou ao descarte inapropriado de um cigarro no lavatório da aeronave. (Figura 2) Figura 2: Foto ilustrativa após o acidente com o vôo n. 820 da Varig. Após o acidente, foram conduzidos estudos a fim de se investigar as causas e possíveis ações mitigadoras para o futuro. Nesse mesmo ano, foi oficializado o Ensaio Vertical 12 e 60 segundos (seções 2.3 e 2.4, 21 respectivamente) e alguns anos mais tarde, em 1980, foi definido o requisito de contenção de fogo em lixeiras (seção 2.13). • 02/06/1983 – Air Canada vôo n. 797. Douglas DC-9-32. Após o início de um incêndio no lavatório, a aeronave fez um pouso de emergência no aeroporto internacional de Cincinnati/Northern Kentucky. Porém, o fogo já havia consumido grande parte da cabine, vitimando 23 dos 46 passageiros, sendo a maioria devido à inalação de fumaça. (Figura 3) Figura 3: Foto ilustrativa após o acidente com o vôo n. 797 da Air Canada. • 22/08/1985 – British Airtours vôo n. KT28M. Boeing 737-236. Manchester, Inglaterra A aeronave abortou o procedimento de decolagem após apresentar falha no motor. Porém, um incêndio propagado através de uma fissura na mangueira de combustível vitimou 55 dos 137 passageiros antes que o fogo pudesse ser controlado. (Figura 4) 22 Figura 4: Foto ilustrativa após o acidente com o vôo n. KT28M da British Airtours Após o ocorrido, estudos desenvolvidos culminaram no desenvolvimento imediato de dois novos ensaios: fire-blocking e penetração ao fogo (seções 2.10 e 2.11, respectivamente). Alguns anos mais tarde, foram também oficializados os requisitos de emissão de calor e densidade de fumaça (seções 2.8 e 2.9, respectivamente), bem como a instalação obrigatória de detectores de fumaça e extintores automáticos nos lavatórios de aeronaves. • 11/05/1996 – Valujet. DC 9-32. Everglades, Florida, EUA. Geradores de oxigênio embalados indevidamente se incendiaram no compartimento de bagagem, queimando cabos de controle e tomando a cabine com sua fumaça, causando a queda do avião logo após sua decolagem do aeroporto internacional de Miami e vitimando todos os 110 passageiros. (Figura 5) 23 Figura 5: Foto ilustrativa após o acidente com o vôo da Valujet. • 02/09/1998 – Swiss Air vôo n. 111. MD-11, Nova York, EUA. O fogo se iniciou através de uma faísca nos fios elétricos do sistema de entretenimento instalado acima do teto, na região do cockpit, e se espalhou pelas mantas de isolamento termo-acústico da fuselagem. A aeronave caiu no oceano Atlântico quando se preparava para um pouso de emergência, vitimando todos os 229 passageiros. (Figura 6). 24 Figura 6: Foto ilustrativa após o acidente com o vôo n. 111 da Swiss Air. • 20/08/2007 – Boeing 737-800. Okinawa, Japão. Após detectado um problema, todos os 165 passageiros foram evacuados da aeronave minutos antes de sua explosão no aeroporto de Okinawa, Japão. (Figura 7). 25 Figura 7: Foto ilustrativa após o acidente com o Boeing em Okinawa. Somadas a essas principais ocorrências, aconteceram diversos outros acidentes que contribuíram e continuam contribuindo com o desenvolvimento de novos requisitos, que se tornam cada vez mais rígidos a fim de evitar que fatalidades parecidas com essas registradas aconteçam. A seguir são apresentados os requisitos de inflamabilidade aplicáveis atualmente, de acordo com o Apêndice F da norma FAR 25.853: 3.3. Ensaio Vertical 12 Segundos O ensaio Vertical 12 Segundos é aplicável para painéis de piso, cortinas, carpetes, isolamentos termo-acústico e poltronas. Esse ensaio consiste na aplicação de chama, utilizando um bico de Bunsen, a uma amostra representativa do material nas dimensões de 305 mm x 76 mm. Decorridos 12 segundos, a chama é removida e o material deve atender às especificações conforme Quadro 1. 26 Quadro 1: Parâmetros do Ensaio Vertical 12 Segundos Parâmetros Tempo de exposição de chama Comprimento máximo de queima Tempo de auto-extinção da chama Limites 12 s 6 pol 15 s 3.4. Ensaio Vertical 60 Segundos O ensaio Vertical 60 segundos é aplicável para painéis internos (lateral, teto e calhas), divisórias, portas, armários e galleys. Esse ensaio consiste na aplicação de chama, utilizando um bico de Bunsen, a uma amostra representativa do material nas dimensões de 305 mm x 76 mm, no sentido vertical. Decorridos 60 segundos, a chama é removida e o material deve atender às especificações conforme Quadro 2. Quadro 2: Parâmetros do Ensaio Vertical 60 Segundos Parâmetros Tempo de exposição de chama Comprimento máximo de queima Tempo de auto-extinção da chama Limites 60 s 8 pol 15 s 3.5. Ensaio Horizontal O ensaio Horizontal é aplicável para transparências, placares, avisos, cintos de segurança, elastômeros e equipamentos de carga. Esse ensaio consiste na aplicação de chama, utilizando um bico de Bunsen, a uma amostra representativa do material nas dimensões de 305 mm x 76 mm, no sentido horizontal. Após a ignição, mede-se o comprimento de queima do material por unidade de tempo, que deve atender às especificações conforme Quadro 3. 27 Quadro 3: Parâmetros do Ensaio Horizontal Parâmetros Velocidade de Queima Limites 2,5 pol/min 4,0 pol/min 3.6. Ensaio 45º O ensaio 45º é aplicável para o piso do compartimento de carga. Consiste na aplicação de chama, utilizando um bico de Bunsen, a uma amostra representativa do material, fixa em um ângulo de 45º. Decorridos 30 segundos, a chama é removida e o material deve atender às especificações conforme Quadro 4. Quadro 4: Parâmetros do Ensaio 45º Parâmetros Tempo de exposição de chama Penetração da chama Tempo de auto-extinção da chama Limites 30s Não 15 s 3.7. Ensaio 60º O ensaio 60º é aplicável para toda a fiação elétrica da aeronave. Consiste na aplicação de chama, utilizando um bico de Bunsen, a uma amostra representativa do material, fixa em um ângulo de 60º. Decorridos 30 segundos, a chama é removida e o material deve atender às especificações conforme Quadro 5. Quadro 5: Parâmetros do Ensaio 60º Parâmetros Tempo de exposição de chama Comprimento máximo de queima Tempo de auto-extinção da chama Limites 30 s 3 pol 30 s 28 3.8. Ensaio de Emissão de Calor O ensaio de Emissão de Calor é aplicável somente para aviões com capacidade para 19 passageiros ou mais. O teste é realizado em superfícies expostas de painéis (teto, laterais e calhas), armários, divisórias e galleys. Esse ensaio consiste na exposição do material ao fogo por 2 minutos, com posterior monitoramento da taxa de emissão de calor. O material deve atender as especificações conforme Quadro 6. Quadro 6: Parâmetros do Ensaio de Emissão de Calor Parâmetros Calor emitido (total - 2 min) Taxa de Emissão de Calor (pico - 5 min) Limites 65 kW.min/m2 65 kW/m2 3.9. Ensaio de Densidade de Fumaça O ensaio de Densidade de Fumaça é aplicável somente para aviões com capacidade para 19 passageiros ou mais. O teste é realizado em superfícies expostas de painéis (teto, laterais e calhas), armários, divisórias e galleys. Esse ensaio consiste na exposição do material ao fogo, com posterior monitoramento da densidade óptica da fumaça emitida após a ignição. O material deve atender as especificações conforme Quadro 7. Quadro 7: Parâmetros do Ensaio de Densidade de Fumaça Parâmetros Densidade óptica de fumaça - 4 min Limites 200 Ds (Densidade Óptica Específica) 29 3.10. Ensaio de Fire Blocking O ensaio de Fire Blocking é aplicável para poltronas de passageiros e atendentes. Esse ensaio consiste na exposição ao fogo de uma amostra representativa da poltrona, pelo período de dois minutos. A seguir, mede-se o comprimento de queima e a percentual de perda de massa da amostra, sendo que ambos devem atender as especificações conforme Quadro 8. Quadro 8: Parâmetros do Ensaio de Fire Blocking Parâmetros Tempo de exposição de chama Comprimento de queima (médio) Perda de peso (médio) Limites 2 min. 17 pol. máx. 10% máx. 3.11. Ensaio de Penetração de Fogo O ensaio de Penetração de Fogo é aplicável para painéis, emendas e acessórios do bagageiro. Consiste na exposição ao fogo de uma amostra representativa do material, pelo período de 5 minutos, tanto no sentido horizontal como no sentido vertical. O material deve atender as especificações conforme Quadro 9. Quadro 9: Parâmetros do Ensaio de Penetração de Fogo Parâmetros Tempo de exposição de chama Penetração da chama Temperatura da chama Horizontal 5 min. Não 400° F Vertical 5 min. Não -- 30 3.12. Ensaio de Fire Proof e Fire Resistance Os ensaios de Fire Proof e Fire Resistance são aplicáveis para zonas de fogo, tais como motores, geradores de energia e sistemas hidráulicos. Esse ensaio consiste na exposição à chama do material, que não deve permitir penetração nem ignição do lado oposto ao qual a chama foi aplicada, conforme especificações contidas no Quadro 10. Quadro 10: Parâmetros do Ensaio de Fire Proof e Fire Resistance Parâmetros Tempo de exposição de chama Penetração da chama Ignição do lado oposto Fire Proof 15 min. Não Não Fire Resistance 5 min. Não Não 3.13. Ensaio de Contenção de Fogo em Lixeiras Esse ensaio é aplicável a todas as lixeiras da aeronave. Consiste na exposição do material à chama pelo período de 30 segundos, através de alguns produtos inflamáveis comumente encontrados em lixeiras, tais como papel, embalagens, etc. Após a remoção da chama, o material deve atender as especificações conforme Quadro 11. Quadro 11: Parâmetros do Ensaio de Contenção de Fogo em Lixeiras Parâmetros Tempo de exposição de chama Penetração da chama Tempo de extinção Tempo de incandescência Limites 30s Não 15 s 10 s 31 3.14. Evolução dos Requisitos e Estudos em Desenvolvimento A evolução dos requisitos de inflamabilidade através da investigação de grandes acidentes pode ser ilustrada em uma linha do tempo, conforme Figura 8 a seguir: Figura 8: Linha do tempo da evolução dos requisitos de inflamabilidade. Além dos requisitos já consolidados, existe um Grupo de Trabalho de Ensaios de Fogo em Materiais (Materials Fire Test Working Group), liderado pelo FAA, que realiza encontros quadrimestrais a fim de discutir e apresentar os últimos resultados obtidos com novos métodos de ensaio na área de inflamabilidade de materiais da indústria aeronáutica. Dentre os novos estudos em andamento, podemos ressaltar: • Revisão do ensaio do revestimento do compartimento de carga; • Utilização de um queimador de nova geração no ensaio de penetração do fogo; • Desenvolvimento do método de ensaio de propagação de chama para estruturas feitas em materiais compósitos; • Atualização do ensaio de Fire Blocking; 32 • Dutos de aeronaves; • Ensaio de fiação elétrica; • Discussão sobre a evolução do bico de Bunsen; • Sistemas de isolamento termo-acústico em aeronaves; • Novo ensaio de inflamabilidade para estruturas de assentos feitos de ligas de magnésio. Para esse último tópico, o FAA criou, no início de 2007, um grupo de estudos sobre a utilização de magnésio no interior de aeronaves, atendendo a um pedido das empresas do ramo aeronáutico interessadas na substituição das ligas de alumínio utilizadas atualmente por ligas de magnésio na estrutura dos assentos. A principal preocupação dos órgãos homologadores sobre o uso de magnésio em cabines de aeronaves é a inflamabilidade, pois os requisitos atuais não prevêem o potencial de um metal inflamável ser utilizado em grandes quantidades no interior de um avião. Para tal, o FAA deve ser convencido de que o nível de segurança não é reduzido com a substituição das ligas de alumínio pelas ligas de magnésio. Apesar de essas ligas terem sofrido diversas mudanças com o passar do tempo, o magnésio continua sendo um material que, quando inflamado, apresenta um risco de incêndio praticamente impossível de ser controlado. (MARKER, 2007) Com o início do estudo, foi sugerido um ensaio em escala laboratorial com o objetivo de se obter uma avaliação prévia do material para a posterior determinação do ensaio, em escala real, determinando sua aprovação ou reprovação conforme ilustrado na Figura 9 abaixo. (HILLS, 2007). 33 Figura 9: Modelo teórico para a realização do ensaio em escala real. O interesse pela utilização de magnésio foi renovado na indústria aeronáutica devido à popularidade que esse material alcançou na indústria automotiva por seu baixo peso e fácil usinagem. Por outro lado, as ligas de magnésio apresentam como pontos fracos a elevada tendência a entrar em combustão e a baixa resistência à corrosão, além da regulamentação AS8049 emitida pela SAE, que baniu o uso de magnésio na estrutura de assentos de aeronaves. Dessa forma, foram analisados os riscos potencialmente causados por ligas de magnésio aplicadas a cabines de aeronaves, tanto em incêndios iniciados durante o vôo (do interior para o exterior) como em incêndios iniciados após a aterrissagem ou queda (do exterior para o interior). Após a realização de alguns testes em escala laboratorial, constatou-se que nenhuma das amostras de magnésio entrou em fusão com menos de 2 minutos de exposição ao fogo. Após esse tempo, as amostras se fundiram e se inflamaram, sendo que 78% das amostras continuaram a queimar mesmo após a remoção da chama. Os elementos críticos para o desenvolvimento do ensaio em escala laboratorial foram definidos, sendo eles o tempo de exposição do material à 34 chama, as características da amostra (tamanho, forma, espessura), orientação da amostra e tempo decorrido até o início da fusão. A partir desses dados, foi proposto o ensaio em escala real, simulando um incêndio iniciado após a queda da aeronave, com o fogo se iniciando no exterior e consumindo a cabine de fora para dentro, atingindo os assentos confeccionados de acordo com o modelo ilustrado na Figura 10 a seguir: Figura 10: Modelo prático para a realização do ensaio em escala real. Decidiu-se por realizar o ensaio em escala real com duas ligas de magnésio especificadas pelo fornecedor Magnesium Elektra, sendo a liga AZ31 denominada de baixo desempenho e a liga WE43 de alto desempenho quando exposta à chama. Comparadas às ligas de alumínio, a liga de magnésio AZ31 apresenta 30,54% de redução de peso, enquanto a liga WE43 apresenta 28.51% de redução de peso. A seguir é ilustrado o modelo de cabine utilizado, antes e após o ensaio, nas Figuras 11 e 12, respectivamente. Em ambos os casos, as estruturas primárias do assento, confeccionadas com as ligas de magnésio citadas, apresentaram um derretimento mínimo após a realização do ensaio. (MARKER, 2009). 35 Figura 11: Modelo prático pré-ensaio. Figura 12: Modelo prático pós-ensaio. Com a obtenção dos resultados satisfatórios dos ensaios em escala real, iniciou-se o processo de revisão do Apêndice F, Parte II da Norma 25.853 (Anexo A do presente trabalho – página 51), com o objetivo de se especificar o novo tipo de ensaio para estruturas de assento, principalmente quando confeccionadas com 36 ligas de magnésio. A nova proposta tem como escopo a avaliação da resistência à ignição e inflamabilidade de ligas de magnésio utilizadas na construção da estrutura de assentos de aeronaves. Além da avaliação do comportamento do material quando exposto ao fogo, também se deve avaliar o possível desprendimento de uma porção da amostra e a perda de peso da mesma após a realização do ensaio. Primeiramente, convencionou-se que as amostras deveriam apresentar a forma cônica, orientadas na posição horizontal de acordo com a posição do queimador a ser utilizado, de acordo com as Figuras 13 e 14 a seguir, que ilustram a modelagem teórica e prática do aparato de ensaio, respectivamente: (MARKER, 2011). Queimador Amostra na forma cônica Figura 13: Modelo teórico do ensaio em escala laboratorial. 37 Figura 14: Modelo prático do ensaio em escala laboratorial. Porém, conforme os testes eram realizados, observou-se que a forma cônica das amostras não era a ideal, pois na maioria das vezes a porção superior se desprendia do corpo principal e caía para os lados, onde poderia se apagar imediatamente, apagar decorrido algum tempo após o desprendimento ou até mesmo se manter em combustão constante durante um longo tempo. Devido a esses fatores imprevisíveis, não foi possível o estabelecimento de uma repetibilidade dos ensaios, ou seja, não se obteve resultados semelhantes entre si, que é extremamente desejável visto que, a partir da homologação do novo requisito, qualquer laboratório deve ser capaz de reproduzir os mesmos testes. Portanto, foram realizados diversos ensaios laboratoriais com amostras de ligas de magnésio de diversas formas, como cones mais finos, cones com degrau na parte superior, amostras de seção transversal retangular, cilindros sólidos e tubos de seção circular, sendo que este último apresentou um bom nível de repetibilidade nos ensaios, tanto no direcionamento horizontal quanto no direcionamento vertical das amostras. 38 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a última reunião de acompanhamento dos estudos realizados pelo Grupo de Trabalho no FAA, a liberação do uso de magnésio na composição de estruturas de assentos de aeronaves estava mais próxima, porém pontos cruciais ainda precisam ser discutidos e definidos como o refino dos parâmetros de ensaio laboratorial (tempo de exposição do material ao fogo, tempo em que o material entra em ignição, tempo decorrido para a auto-extinção do fogo após a remoção da fonte de calor, forma geométrica ideal da amostra) e a análise da utilização de outras ligas de magnésio para o mesmo propósito. 4.1. Influência das formas geométricas da amostra De acordo com os ensaios realizados pelo Grupo de Trabalho no FAA, as amostras propostas inicialmente, na forma de cones sólidos, não produziram resultados satisfatórios devido ao baixo índice de repetibilidade, pois vários fatores contribuíram de formas completamente diferentes e incontroláveis, como nos casos onde a porção superior da amostra se desprendeu do corpo principal e caiu ao lado, se apagando imediatamente ou permanecendo em combustão por um longo tempo. Devido a esse comportamento imprevisível, foram realizados diversos ensaios com variações da forma geométrica da amostra e os melhores resultados foram obtidos com tubos de seção circular, conforme ilustrado na Figura 16 a seguir: 39 Figura 16: Ensaio realizado com amostras na forma de tubos de seção circular. Como se observa, com as amostras na forma de tubos circulares obteve-se uma boa repetibilidade do ensaio, fato também comprovado com o comportamento do material ao fogo conforme os parâmetros pré-determinados (seção 4.2). Acredita-se que a utilização de amostras na forma de tubos de seção circular seja a ideal, pois, assim que o material entra em ignição, o fogo tende a se encaminhar para regiões com grande concentração de oxigênio, que é o caso da região central do tubo. Assim, no início do processo de queima o material tende a se contrair na direção de seu próprio centro por influência do fogo ali presente. Porém, como a quantidade de oxigênio disponível nessa região é limitada, rapidamente o fogo o consome por completo e, na falta de um comburente apropriado, o mesmo se extingue, produzindo amostras pós-ensaio conforme ilustrado pela Figura 16. Outro ponto a ser observado é a espessura da amostra de ensaio, que deve ser a menor possível de modo que o ponto de ignição do material apresente a tendência de ocorrer simultaneamente com o ponto de fusão, o que contribui na contenção da chama produzida devido à grande liberação de energia do material e, conseqüentemente, obtém-se uma considerável repetibilidade dos ensaios. 40 4.2. Refino dos parâmetros de ensaio Conforme os diversos ensaios realizados no FAA, observou-se que o tempo de ignição do material juntamente com o tempo de duração da chama produzida na amostra após a remoção da fonte de calor influenciam diretamente no formato da amostra após o ensaio. Após a definição da forma geométrica ideal para a amostra de ensaio, foram analisados outros parâmetros, conforme apresentado no Gráfico 1 abaixo: Gráfico 1: Análise dos parâmetros de ensaio de 10 amostras na forma de tubos. Nesse gráfico, o eixo das ordenadas é representado pelo tempo em segundos e o eixo das abscissas é representado pelas amostras, numeradas de 1 a 10. Para cada amostra foram avaliados três parâmetros, sendo o primeiro o tempo decorrido até o início da ignição do material, o segundo o tempo de exposição do material ao fogo pelo queimador e o terceiro o tempo decorrido até que a chama iniciada em cada amostra se auto-extinguiu (primeira, segunda e terceira barra, respectivamente, para cada amostra). Observa-se que, mantendo41 se o tempo de exposição do material ao fogo constante em 240 segundos, houve pouca variação dos demais parâmetros observados em relação a outros ensaios semelhantes, comprovando a repetibilidade do ensaio proposto. Dessa maneira, propõe-se a validação do novo ensaio de inflamabilidade para estruturas de assentos de aeronaves, de acordo com os seguintes parâmetros: • Tempo de exposição do material ao fogo: 240 segundos; • Tempo de ignição do material: a amostra não deve entrar em ignição com menos de 90 segundos decorridos de ensaio. • Tempo de auto-extinção da chama da amostra após a remoção da fonte de calor: 90 segundos. Essa proposta foi feita através da análise do comportamento apresentado pelo material durante os 10 ensaios realizados. Levando esses parâmetros em consideração, apenas as amostras 7 e 9 seriam reprovadas, pois o tempo de auto-extinção da chama de ambas as amostras foi superior a 90 segundos após a remoção do queimador. Com a validação dessa proposta, seria necessária apenas a revisão da norma vigente que prevê os ensaios de inflamabilidade (Apêndice F da Norma FAR 25.853), para posterior análise e validação do FAA de que, atualmente, as ligas de magnésio são um material robusto para a sua utilização na estrutura de assentos de aeronaves. 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEJAN, A.; KRAUS, A. D. Heat Transfer Handbook. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc. 2003. ISBN: 0-471-39015-1. ERTÜRK, S. Thermo-mechanical Modelling and Simulation of Magnesium Alloys during extrusion process. Geesthacht: Institute of Materials Research. 2009. GALLO, J. B.; AGNELLI, J. A. M. Aspectos do Comportamento de Polímeros em Condições de Incêndio. Polímeros: Ciência e Tecnologia. 1998. GROOVER, M. P. Fundamentals of Modern Manufacturing: Materials, Processes and Systems. 3ª ed. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc. 2007. ISBN: 978-0-471-74485-6. HILLS, R. Magnesium Task Group. 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Atlantic City: International Aircraft Materials Fire Test Working Group Meeting. 2007. MARKER, T. Update on Flammability Testing of Magnesium Alloy Components. Cologne: International Aircraft Materials Fire Test Working Group Meeting. 2009. MARKER, T. Task Group Session on New Flammability Test for Magnesium Alloys. Atlantic City: International Aircraft Materials Fire Test Working Group Meeting. 2011. MATOS, A. Multiaxial Fatigue Simulation of an AZ31 Magnesium Alloy using ANSYS and a Plasticity Program. Lisboa: Instituto Superior Técnico. 2010. QUINTIERE, J. G. et al. Material Fire Properties. University of Maryland: Department of Fire Protection Engineering. 1998. PLANE CRASH INFO. Disponível em <www.planecrashinfo.com>. Acesso em 27 abr 2012. YOUNG, J. F. Materials and Processes. 2ª ed. Londres: Chapman & Hall, Ltd. 1954. ISBN: 53-12224. 44 ANEXO A – PART 25 AIRWORTHINESS STANDARDS: TRANSPORT CATEGORY AIRPLANES – APPENDIX F Part I--Test Criteria and Procedures for Showing Compliance with Sec. 25.853 or Sec. 25.855. (a) Material test criteria: (1) Interior compartments occupied by crew or passengers: (i) Interior ceiling panels, interior wall panels, partitions, galley structure, large cabinet walls, structural flooring, and materials used in the construction of stowage compartments (other than underseat stowage compartments and compartments for stowing small items such as magazines and maps) must be self-extinguishing when tested vertically in accordance with the applicable portions of Part I of this Appendix. The average burn length may not exceed 6 inches and the average flame time after removal of the flame source may not exceed 15 seconds. Drippings from the test specimen may not continue to flame for more than an average of 3 seconds after falling. [(ii) Floor covering, textiles (including draperies and upholstery), seat cushions, padding, decorative and nondecorative coated fabrics, leather, trays and galley furnishings, electrical conduit, air ducting, joint and edge covering, liners of Class B and E cargo or baggage compartments, floor panels of Class B, C, D, or E cargo or baggage compartments, cargo covers and transparencies, molded and thermoformed parts, air ducting joints, and trim strips (decorative and chafing), that are constructed of materials not covered in subparagraph (iv) below, must be self-extinguishing when tested vertically in accordance with the applicable portions of Part I of this Appendix or other approved equivalent means.] The average burn length may not exceed 8 inches, and the average flame time after removal of the flame source may not exceed 15 seconds. Drippings from the test specimen may not continue to flame for more than an average of 5 seconds after falling. (iii) Motion picture film must be safety film meeting the Standard Specifications for Safety Photographic Film PHI.25 (available from the American National 45 Standards Institute, 1430 Broadway, New York, N.Y. 10018). If the film travels through ducts, the ducts must meet the requirements of subparagraph (ii) of this paragraph. (iv) Clear plastic windows and signs, parts constructed in whole or in part of elastomeric materials, edge lighted instrument assemblies consisting of two or more instruments in a common housing, seat belts, shoulder harnesses, and cargo and baggage tiedown equipment, including containers, bins, pallets, etc., used in passenger or crew compartments, may not have an average burn rate greater than 2.5 inches per minute when tested horizontally in accordance with the applicable portions of this Appendix. (v) Except for small parts (such as knobs, handles, rollers, fasteners, clips, grommets, rub strips, pulleys, and small electrical parts) that would not contribute significantly to the propagation of a fire and for electrical wire and cable insulation, materials in items not specified in paragraphs (a)(1)(i), (ii), (iii), or (iv) of Part I of this Appendix may not have a burn rate greater than 4.0 inches per minute when tested horizontally in accordance with the applicable portions of this Appendix. (2) Cargo and baggage compartments not occupied by crew or passengers: [ (i) Removed and reserved.] (ii) A cargo or baggage compartment defined in Sec. 25.857 as Class B or E must have a liner constructed of materials that meet the requirements of paragraph (a)(1)(ii) of Part I of this Appendix and separated from the airplane structure (except for attachments). In addition, such liners must be subjected to the 45 degree angle test. The flame may not penetrate (pass through) the material during application of the flame or subsequent to its removal. The average flame time after removal of the flame source may not exceed 15 seconds, and the average glow time may not exceed 10 seconds. (iii) A cargo or baggage compartment defined in Sec. 25.857 as Class B, C, D, or E must have floor panels constructed of materials which meet the requirements of paragraph (a)(1)(ii) of Part I of this Appendix and which are separated from the airplane structure (except for attachments). Such panels must be subjected to the 45 degree angle test. The flame may not penetrate (pass through) the material during application of the flame or subsequent to its 46 removal. The average flame time after removal of the flame source may not exceed 15 seconds, and the average glow time may not exceed 10 seconds. (iv) Insulation blankets and covers used to protect cargo must be constructed of materials that meet the requirements of paragraph (a)(1)(ii) of Part I of this Appendix. Tiedown equipment (including containers, bins, and pallets) used in each cargo and baggage compartment must be constructed of materials that meet the requirements of paragraph (a)(1)(v) of Part I of this Appendix. (3) Electrical system components: Insulation on electrical wire or cable installed in any area of the fuselage must be self-extinguishing when subjected to the 60 degree test specified in Part I of this Appendix. The average burn length may not exceed 3 inches, and the average flame time after removal of the flame source may not exceed 30 seconds. Drippings from the test specimen may not continue to flame for more than an average of 3 seconds after falling. (b) Test Procedures: (1) Conditioning: Specimens must be conditioned to 70 ± 5F., and at 50 percent ± 5 percent relative humidity until moisture equilibrium is reached or for 24 hours. Each specimen must remain in the conditioning environment until it is subjected to the flame. (2) Specimen configuration. Except for small parts and electrical wire and cable insulation, materials must be tested either as a section cut from a fabricated part as installed in the airplane or as a specimen simulating a cut section, such as a specimen cut from a flat sheet of the material or a model of the fabricated part. The specimen may be cut from any location in a fabricated part; however, fabricated units, such as sandwich panels, may not be separated for test. Except as noted below, the specimen thickness must be no thicker than the minimum thickness to be qualified for use in the airplane. Test specimens of thick foam parts, such as seat cushions, must be ½-inch in thickness. Test specimens of materials that must meet the requirements of paragraph (a)(1)(v) of Part I of this Appendix must be no more than 1/8-inch in thickness. Electrical wire and cable specimens must be the same size as used in the airplane. In the case of fabrics, both the warp and fill direction of the weave must be tested to determine the most critical flammability condition. Specimens must be mounted in a metal frame so that the two long edges and the upper edge are held securely 47 during the vertical test prescribed in subparagraph (4) of this paragraph and the two long edges and the edge away from the flame are held securely during the horizontal test prescribed in subparagraph (5) of this paragraph. The exposed area of the specimen must be at least 2 inches wide and 12 inches long, unless the actual size used in the airplane is smaller. The edge to which the burner flame is applied must not consist of the finished or protected edge of the specimen but must be representative of the actual cross-section of the material or part as installed in the airplane. The specimen must be mounted in a metal frame so that all four edges are held securely and the exposed area of the specimen is at least 8 inches by 8 inches during the 45° test prescribed in subparagraph (6) of this paragraph. (3) Apparatus: Except as provided in subparagraph (7) of this paragraph, tests must be conducted in a draft-free cabinet in accordance with Federal Test Method Standard 191 Model 5903 (revised Method 5902) for the vertical test, or Method 5906 for horizontal test (available from the General Services Administration, Business Service Center, Region 3, Seventh & D Streets, SW., Washington, D.C. 20407). Specimens which are too large for the cabinet must be tested in similar draft-free conditions. (4) Vertical test: A minimum of three specimens must be tested and results averaged. For fabrics, the direction of weave corresponding to the most critical flammability conditions must be parallel to the longest dimension. (5) Each specimen must be supported vertically. The specimen must be exposed to a Bunsen or Tirrill burner with a nominal 3/8-inch I.D. tube adjusted to give a flame of 1½ inches in height. The minimum flame temperature measured by a calibrated thermocouple pyrometer in the center of the flame must be 1550° F. The lower edge of the specimen must be ¾-inch above the top edge of the burner. The flame must be applied to the center line of the lower edge of the specimen. For materials covered by paragraph (a)(1)(i) of Part I of this Appendix, the flame must be applied for 60 seconds and then removed. For materials covered by paragraph (a)(1)(ii) of Part I of this Appendix, the flame must be applied for 12 seconds and then removed. Flame time, burn length, and flaming time of drippings, if any, may be recorded. The burn length determined in 48 accordance with subparagraph (7) of this paragraph must be measured to the nearest tenth of an inch. (6) Horizontal test. A minimum of three specimens must be tested and the results averaged. Each specimen must be supported horizontally. The exposed surface, when installed in the aircraft, must be face down for the test. The specimen must be exposed to a Bunsen or Tirrill burner with a nominal 3/8 inch I.D. tube adjusted to give a flame of 1½ inches in height. The minimum flame temperature measured by a calibrated thermocouple pyrometer in the center of the flame must be 1550° F. The specimen must be positioned so that the edge being tested is centered ¾-inch above the top of the burner. The flame must be applied for 15 seconds and then removed. A minimum of 10 inches of specimen must be used for timing purposes, approximately 1½ inches must burn before the burning front reaches the timing zone, and the average burn rate must be recorded. (7) Forty-five degree test. A minimum of three specimens must be tested and the results averaged. The specimens must be supported at an angle of 45° to a horizontal surface. The exposed surface when installed in the aircraft must be face down for the test. The specimens must be exposed to a Bunsen or Tirrill burner with a nominal 3/8 inch I.D tube adjusted to give a flame of 1½ inches in height. The minimum flame temperature measured by a calibrated thermocouple pyrometer in the center of the flame must be 1550° F. Suitable precautions must be taken to avoid drafts. The flame must be applied for 30 seconds with one-third contacting the material at the center of the specimen and then removed. Flame time, glow time, and whether the flame penetrates (passes through) the specimen must be recorded. (8) Sixty degree test. A minimum of three specimens of each wire specification (make and size) must be tested. The specimen of wire or cable (including insulation) must be placed at an angle of 60° with the horizontal in the cabinet specified in subparagraph (3) of this paragraph with the cabinet door open during the test, or must be placed within a chamber approximately 2 feet high by 1 foot by 1 foot, open at the top and at one vertical side (front), and which allows sufficient flow of air for complete combustion, but which is free from drafts. The specimen must be parallel to 49 and approximately 6 inches from the front of the chamber. The lower end of the specimen must be held rigidly clamped. The upper end of the specimen must pass over a pulley or rod and must have an appropriate weight attached to it so that the specimen is held tautly throughout the flammability test. The test specimen span between lower clamp and upper pulley or rod must be 24 inches and must be marked 8 inches from the lower end to indicate the central point for flame application. A flame from a Bunsen or Tirrill burner must be applied for 30 seconds at the test mark. The burner must be mounted underneath the test mark on the specimen, perpendicular to the specimen and at an angle of 30° to the vertical plane of the specimen. The burner must have a nominal bore of 3/8-inch, and must be adjusted to provide a 3-inch high flame with an inner cone approximately one-third of the flame height. The minimum temperature of the hottest portion of the flame, as measured with a calibrated thermocouple pyrometer, may not be less than 1750° F. The burner must be positioned so that the hottest portion of the flame is applied to the test mark on the wire. Flame time, burn length, and flaming time of drippings, if any, must be recorded. The burn length determined in accordance with paragraph (8) of this paragraph must be measured to the nearest tenth of an inch. Breaking of the wire specimens is not considered a failure. (9) Burn length: Burn length is the distance from the original edge to the farthest evidence of damage to the test specimen due to flame impingement, including areas of partial or complete consumption, charring, or embrittlement, but not including areas sooted, stained, warped, or discolored, nor areas where material has shrunk or melted away from the heat source. 50 Part II--Flammability of Seat Cushions. (a) Criteria for Acceptance. Each seat cushion must meet the following criteria: (1) At least three sets of seat bottom and seat back cushion specimens must be tested. (2) If the cushion is constructed with a fire blocking material, the fire blocking material must completely enclose the cushion foam core material. (3) Each specimen tested must be fabricated using the principal components (i.e., foam core, flotation material, fire blocking material, if used, and dress covering) and assembly processes (representative seams and closures) intended for use in the production articles. If a different material combination is used for the back cushion than for the bottom cushion, both material combinations must be tested as complete specimen sets, each set consisting of a back cushion specimen and a bottom cushion specimen. If a cushion, including outer dress covering, is demonstrated to meet the requirements, of this Appendix using the oil burner test, the dress covering of that cushion may be replaced with a similar dress covering provided the burn length of the replacement covering, as determined by the test specified in [Sec. 25.853(c),] does not exceed the corresponding burn length of the dress covering used on the cushion subjected to the oil burner test. (4) For at least two-thirds of the total number of specimen sets tested, the burn length from the burner must not reach the side of the cushion opposite the burner. The burn length must not exceed 17 inches. Burn length is the perpendicular distance from the inside edge of the seat frame closest to the burner to the farthest evidence of damage to the test specimen due to flame impingement, including areas of partial or complete consumption, charring, or embrittlement, but not including areas sooted, stained, warped, or discolored, or areas where material has shrunk or melted away from the heat source. (5) The average percentage weight loss must not exceed 10 percent. Also, at least two-thirds of the total number of specimen sets tested must not exceed 10 percent weight loss. All droppings falling from the cushions and mounting stand are to be discarded before the after-test weight is determined. The percentage weight loss for a specimen set is the weight of the specimen set before testing less the weight of the specimen set after testing expressed as the percentage of the weight before testing. (b) Test Conditions. Vertical air velocity should average 25 fpm ± 10 fpm at the top of the back seat cushion. Horizontal air velocity should be below 10 fpm just above the bottom seat cushion. Air velocities should be measured with the ventilation hood operating and the burner motor off. (c) Test Specimens. (1) For each test, one set of cushion specimens representing a seat bottom and seat back cushion must be used. 51 (2) The seat bottom cushion specimen must be 18±1/8 inches (457±3 mm) wide by 20±1/8 inches (508±3 mm) deep by 4±1/8 inches (102±3 mm) thick, exclusive of fabric closures and seam overlap. (3) The seat back cushion specimen must be 18±1/8 inches (432±3 mm) wide by 25±1/8 inches (635±3 mm) high by 2±1/8 inches (51±3 mm) thick, exclusive of fabric closures and seam overlap. (4) The specimens must be conditioned at 70±5°F (21±2°C) 55% ± 10% relative humidity for at least 24 hours before testing. (d) Test Apparatus. The arrangement of the test apparatus is shown in Figures 1 through 5 and must include the components described in this section. Minor details of the apparatus may vary, depending on the model burner used. (1) Specimen Mounting Stand. The mounting stand for the test specimens consists of steel angles, as shown in Figure 1. The length of the mounting stand legs is 12±1/8 inches (305±3 mm). The mounting stand must be used for mounting the test specimen seat bottom and seat back, as shown in Figure 2. The mounting stand should also include a suitable drip pan lined with aluminium foil, dull side up. (2) Test Burner. The burner to be used in testing must— (i) Be a modified gun type; (ii) Have an 80-degree spray angle nozzle nominally rated for 2.25 gallons/hour at 100 psi; (iii) Have a 12-inch (305 mm) burner cone installed at the end of the draft tube, with an opening 6 inches (152 mm) high and 11 inches (280 mm) wide, as shown in Figure 3; and (iv) Have a burner fuel pressure regulator that is adjusted to deliver a nominal 2.0 gallon/hour of #2 Grade kerosene or equivalent required for the test. Burner models which have been used successfully in testing are the Lenox Model OB-32, Carlin Model 200 CRD, and Park Model DPL 3400. FAA published reports pertinent to this type of burner are: (1) Powerplant Engineering Report No. 3A, Standard Fire Test Apparatus and Procedure for Flexible Hose Assemblies, dated March 1978; and (2) Report No. DOT/FAA/RD/76/213, Reevaluation of Burner Characteristics for Fire Resistance tests, dated January 1977. (3) Calorimeter. (i) The calorimeter to be used in testing must be a (0-15.0 BTU/ft2-sec. 0-17.0 W/cm2) calorimeter, accurate ±3%, mounted in a 6-inch by 12-inch (152 by 305 mm) by 3/4-inch (19 mm) thick calcium silicate insulating board which is attached to a steel angle bracket for placement in the test stand during burner calibration, as shown in figure 4. (ii) Because crumbling of the insulating board with service can result in misalignment of the calorimeter, the calorimeter must be monitored and the 52 mounting shimmed, as necessary, to ensure that the calorimeter face is flush with the exposed plane of the insulating board in a plane parallel to the exit of the test burner cone. (4) Thermocouples. The seven thermocouples to be used for testing must be 1/16 to 1/8-inch metal sheathed, ceramic packed, type K, grounded thermocouples with a nominal 22 to 30 American wire gage (AWG)-size conductor. The seven thermocouples must be attached to a steel angle bracket to form a thermocouple rake for placement in the test stand during burner calibration, as shown in Figure 5. (5) Apparatus Arrangement. The test burner must be mounted on a suitable stand to position the exit of the burner cone a distance of 4±1/8 inches (102 ±3 mm) from one side of the specimen mounting stand. The burner stand should have the capability of allowing the burner to be swung away from the specimen mounting stand during warmup periods. (6) Data Recording. A recording potentiometer or other suitable calibrated instrument with an appropriate range must be used to measure and record the outputs of the calorimeter and the thermocouples. (7) Weight Scale. Weighing Device--A device must be used that with proper procedures may determine the before and after test weights of each set of seat cushion specimens within 0.02 pound (9 grams). A continuous weighing system is preferred. (8) Timing Device. A stopwatch or other device (calibrated to ± 1 second) must be used to measure the time of application of the burner flame and self-extinguishing time or test duration. e) Preparation of Apparatus. Before calibration, all equipment must be turned on and the burner fuel must be adjusted as specified in paragraph (d)(2). (f) Calibration. To ensure the proper thermal output of the burner, the following test must be made: (1) Place the calorimeter on the test stand as shown in Figure 4 at a distance of 4 ±1/8inches (102 ±3 mm) from the exit of the burner cone. (2) Turn on the burner, allow it to run for 2 minutes for warmup, and adjust the burner air intake damper to produce a reading of 10.5 ±0.5 BTU/ft2 -sec. (11.9 ±0.6 w/cm2 ) on the calorimeter to ensure steady state conditions have been achieved. Turn off the burner. (3) Replace the calorimeter with the thermocouple rake (Figure 5). (4) Turn on the burner and ensure that the thermocouples are reading 1900 ±100 °F (1038 ±38 °C) to ensure steady state conditions have been achieved. 53 (5) If the calorimeter and thermocouples do not read within range, repeat steps in paragraphs 1 through 4 and adjust the burner air intake damper until the proper readings are obtained. The thermocouple rake and the calorimeter should be used frequently to maintain and record calibrated test parameters. Until the specific apparatus has demonstrated consistency, each test should be calibrated. After consistency has been confirmed, several tests may be conducted with the pre-test calibration before and a calibration check after the series. (g) Test Procedure. The flammability of each set of specimens must be tested as follows: (1) Record the weight of each set of seat bottom and seat back cushion specimens to be tested to the nearest 0.02 pound (9 grams). (2) Mount the seat bottom and seat back cushion test specimens on the test stand as shown in Figure 2, securing the seat back cushion specimen to the test stand at the top. (3) Swing the burner into position and ensure that the distance from the exit of the burner cone to the side of the seat bottom cushion specimen is 4 ±1/8inches (102 ±3 mm). (4) Swing the burner away from the test position. Turn on the burner and allow it to run for 2 minutes to provide adequate warmup of the burner cone and flame stabilization. (5) To begin the test, swing the burner into the test position and simultaneously start the timing device. (6) Expose the seat bottom cushion specimen to the burner flame for 2 minutes and then turn off the burner. Immediately swing the burner away from the test position. Terminate test 7 minutes after initiating cushion exposure to the flame by use of a gaseous extinguishing agent (i.e., Halon or CO2). (7) Determine the weight of the remains of the seat cushion specimen set left on the mounting stand to the nearest 0.02 pound (9 grams) excluding all droppings. (h) Test Report. With respect to all specimen sets tested for a particular seat cushion for which testing of compliance is performed, the following information must be recorded: (1) An identification and description of the specimens being tested. (2) The number of specimen sets tested. (3) The initial weight and residual weight of each set, the calculated percentage weight loss of each set, and the calculated average percentage weight loss for the total number of sets tested. (4) The burn length for each set tested. 54 Part III--Test Method to Determine Flame Penetration Resistance of Cargo Compartment Liners.] [(a) Criteria for Acceptance. (1) At least three specimens of cargo compartment sidewall or ceiling liner panels must be tested. (2) Each specimen tested must stimulate the cargo compartment sidewall or ceiling liner panel, including any design features, such as joints, lamp assemblies, etc., the failure of which would affect the capability of the liner to safety contains a fire. (3) There must be no flame penetration of any specimen within 5 minutes after application of the flame source, and the peak temperature measured at 4 inches above the upper surface of the horizontal test sample must not exceed 400° F. (b) Summary of Method. This method provides a laboratory test procedure for measuring the capability of cargo compartment lining materials to resist flame penetration with a 2 gallon per hour (GPH) #2 Grade kerosene or equivalent burner fire source. Ceiling and sidewall liner panels may be tested individually provided a baffle is used to simulate the missing panel. Any specimen that passes the test as a ceiling liner panel may be used as a sidewall liner panel. (c) Test Specimens. (1) The specimen to be tested must measure 16 ± 24 ± inches (406 ± 3 mm) by inches (610 ± mm). (2) The specimens must be conditioned at 70° F. ± 5° F. (21°C. ± 2°C.) and 55% ± 5% humidity for at least 24 hours before testing. (d) Test Apparatus. The arrangement of the test apparatus, which is shown in Figure 3 of Part II and Figure 1 through 3 of this Part of Appendix F, must include the components described in this section. Minor details of the apparatus may vary, depending on the model of the burner used. 55 (1) Specimen Mounting Stand. The mounting stand for the test specimens consists of steel angles as shown in Figure 1. (2) Test Burner. The burner to be used in testing must— (i) Be a modified gun type. (ii) Use a suitable nozzle and maintain fuel pressure to yield a 2 GPH fuel flow. For example: an 80 degree nozzle nominally rated at 2.25 GPH and operated at 85 pounds per square inch (PSI) gage to deliver 2.03 GPH. (iii) Have a 12 inch (305 mm) burner extension installed at the end of the draft tube with an opening 6 inches (152 mm) high and 11 inches (280 mm) wide as shown in Figure 3 of Part II of this Appendix. (iv) Have a burner fuel pressure regulator that is adjusted to deliver a nominal 2.0 GPH of #2 Grade kerosene or equivalent. Burner models which have been used successfully in testing are the Lenox Model OB-32, Carlin Model 200 CRD and park Model DPL. The basic burner is described in FAA Powerplant Engineering Report No. 3A, Standard Fire Test Apparatus and Procedures for Flexible Hose Assemblies, dated March 1978; however, the test setting specified in this Appendix differ in some instances from those specified in the report. (3) Calorimeter. (i) The calorimeter to be used in testing must be a total heat flux Foil Type Gardon Gage of an appropriate range (approximately 0 to 15.0 British thermal unit (BTU) per ft.2 sec., 0-17.0 watts/cm2). The calorimeter must be mounted in a 6 inch by 12 inch (152 by 305 mm) by inch (19 mm) thick insulating block which is attached to a steel angle bracket for placement in the test stand during burner calibration as shown in Figure 2 of the Part of this Appendix. (ii) The insulating block must be monitored for deterioration and the mounting shimmed as necessary to ensure that the calorimeter face is parallel to the exit plane of the test burner cone. (4) Thermocouples. The seven thermocouples to be used for testing must be inch ceramic sheathed, type K, grounded thermocouples with a nominal 30 American wire gage (AWG) size conductor. The seven thermocouples must be attached to a steel angle bracket to form a thermocouple rake for placement in the stand during burner calibration as shown in Figure 3 of this Part of this 56 Appendix. (5) Apparatus Arrangement. The test burner must be mounted on a suitable stand to position the exit of the burner cone a distance of 8 inches from the ceiling liner panel and 2 inches from the sidewall liner panel. The burner stand should have the capability of allowing the burner to be swung away from the test specimen during warm-up periods. (6) Instrumentation. A recording potentiometer or other suitable instrument with an appropriate range must be used to measure and record the outputs of the calorimeter and the thermocouples. (7) Timing Device. A stopwatch or other device must be used to measure the time of flame application and the time of flame penetration, if it occurs. (e) Preparation of Apparatus. Before calibration, all equipment must be turned on and allowed to stabilize, and the burner fuel flow must be adjusted as specified in paragraph (d)(2). (f) Calibration. To ensure the proper thermal output of the burner the following test must be made: (1) Remove the burner extension from the end of the draft tube. Turn on the blower portion of the burner without turning the fuel or igniters on. Measure the air velocity using a hot wire anemometer in the center of the draft tube across the face of the opening. Adjust the damper such that the air velocity is in the range of 1550 to 1800 ft./min. If tabs are being used at the exit of the draft tube, they must be removed prior to this measurement. Reinstall the draft tube extension cone. (2) Place the calorimeter on the test stand as shown in Figure 2 at a distance of 8 inches (203 mm) from the exit of the burner cone to simulate the position of the horizontal test specimen. (3) Turn on the burner, allow it to run for 2 minutes for warm-up, and adjust the damper to produce a calorimeter reading of 8.0 ± 0.5 BTU per ft.2 sec. (9.1 ± 0.6 Watts/cm2). (4) Replace the calorimeter with the thermocouples rake (see Figure 3). (5) Turn on the burner an ensure that each of the seven thermocouples reads 1700°F. ± 100°F. (927°C. ± 38°C.) to ensure steady state conditions have been 57 achieved. If the temperature is out of this range, repeat steps 2 through 5 until proper readings are obtained. (6) Turn off the burner and remove the thermocouple rake. (7) Repeat (1) to ensure that the burner is in the correct range. (g) Test Procedure. (1) Mount a thermocouple of the same type as that used for calibration at a distance of 4 inches (101 mm) above the horizontal (ceiling) test specimen. The thermocouple should be centered over the burner cone. (2) Mount the test specimen on the test stand shown in Figure 1 in either the horizontal or vertical position. Mount the insulating material in the other position. (3) Position the burner so that flame will not impinge on the specimen, turn the burner on, and allow it to run for 2 minutes. Rotate the burner to apply the flame to the specimen and simultaneously start the timing device. (4) Expose the test specimen to the flame for 5 minutes and then turn off the burner. The test may be terminated earlier if flame penetration is observed. (5) When testing ceiling liner panels, record the peak temperature measured 4 inches above the sample. (6) Record the time at which flame penetration occurs if applicable. (h) Test Report. The test report must include the following: (1) A complete description of the materials tested including type, manufacturer, thickness, and other appropriate data. (2) Observations of the behavior of the test specimens during flame exposure such as delamination, resin ignition, smoke, etc., including the time of such occurrence. (3) The time at which flame penetration occurs, if applicable, for each of three specimens tested. (4) Panel orientation (ceiling or sidewall.) 58 Part IV--Test Method to Determine the Heat Release Rate From Cabin Materials Exposed to Radiant Heat (a) Summary of Method. (1) The specimen to be tested is injected into an environmental chamber through which a constant flow of air passes. The specimen's exposure is determined by a radiant heat source adjusted to produce the desired total heat flux on the specimen of 3.5 W/cm2, using a calibrated calorimeter. The specimen is tested so that the exposed surface is vertical. Combustion is initiated by piloted ignition. The combustion products leaving the chamber are monitored in order to calculate the release rate of heat. (b) Apparatus. The Ohio State University (OSU) rate of heat release apparatus as described below, is used. This is a modified version of the rate of heat release apparatus standardized by the American Society of Testing and Materials (ASTM), ASTM E-906. (1) This apparatus is shown in Figures 1A. All exterior surfaces of the apparatus, except the holding chamber, must be insulated with 25 mm thick, low density, high temperature, fiberglass board insulation. A gasketed door through which the sample injection rod slides forms an airtight closure on the specimen hold chamber. (2) Thermopile. [The temperature difference between the air entering the environmental chamber and that leaving is monitored by a thermopile having five hot and five cold, 24 gauge Chromel-Alumel junctions. The hot junctions are spaced across the top of the exhaust stack, 10mm below the tope of the chimney. One thermocouple is located in the geometric center, with the other four located 30mm from the center along the diagonal toward each of the corners (Figure 5). The cold junctions are located in the pan below the lower air distribution plate (see paragraph (b)(4)). Thermopile hot junctions must be cleared of soot deposits as needed to maintain the calibrated sensitivity.] (i) Thermal Inertia Compensator. A compensator tab is made from 0.55mm stainless steel sheet, 10 by 20mm. An 800 length of 24 gauge Chromel-Alumel, glass insulated, duplex thermocouple wire is welded or silver soldered to the tab as shown in Figure 2, and the wire bent back so that it is flush against the metal surface. (ii) The compensator tab must be mounted on the exhaust stack as shown in Figure 3 using a 6-32 round head machine screw, 23mm long. Add small (approximately 4.5mm O.D., 9mm O.D.) washers between the head of the machine screw and the compensator tab to give the best response to a square wave input. (One or two washers should be adequate.) The "sharpness" of the square wave can be increased by changing the ratio of the output from the thermopile and compensator thermocouple which is fed to the recorder. The ratio is changed by adjusting the 1-K ohm variable resistor (R1) of the thermopile bleeder shown in Figure 4. When adjusting compensation, keep R1 as small as possible. Adjustment of the compensator must be made during calibration (see paragraph (c)(1)) at a heat release rate of 7.0 plus or minus 0.5 kW. (iii) Adjust the washers and the variable resistor (R1) so that 90 percent of full scale response is obtained in 8 to 10 seconds. There must be no overshoot, as shown in 59 Figure 5A. If an insufficient number of washers is added, or R1 is too small, the output with square wave input will look like Figure 5B; if too many washers are added and R1 is too large, the output will look like Figure 5A. (iv) Subtract the output of the compensator from the thermopile. The junctions enclosed in the dotted circle of Figure 4 are kept at the same constant temperature by electrically insulating the junctions and placing them on the pipe carrying air to the manifold, then covering them and the pipe with thermal insulation. (v) Thermopile hot junctions must be cleared of soot deposits on a daily basis during periods of testing. (3) Radiation Source. [A radiant heat source for generating a flux up to 100 kW/m2, using four silicone carbide elements, Type LL, 20 inches (50.8 cm) long by inch (1.54 cm) O.D., nominal resistance 1.4 ohms, is shown in Figures 2A and 2B. The silicone carbide elements are mounted in the stainless steel panel box by inserting them through 15.9mm holes in 0.8mm thick ceramic fiber board. Location of the holes in the pads and stainless steel cover plates are shown in Figure 2B. The diamond shaped mask of 24-gauge stainless steel is added to provide uniform heat flux over the area occupied by the 150 by 150mm vertical sample.] (4) Air Distribution System. The air entering the environmental chamber is distributed by a 6.3 mm thick aluminum plate having eight, No. 4 drill-holes, 51 mm from sides on 102 mm centers, mounted at the base of the environmental chamber. A second plate of 18 gauge steel having 120, evenly spaced, No. 28 drill holes is mounted 150 mm above the aluminum plate. A well-regulated air supply is required. The air supply manifold at the base of the pyramidal section has 48, evenly spaced, No. 26 drill holes located 10 mm from the inner edge of the manifold so that 0.03 m3/second of air flows between the pyramidal sections and 0.01 m3/second flows through the environmental chamber when total air flow to apparatus is controlled at 0.04 m3/second. (5) Exhaust Stack. An exhaust stack, 133mm by 70mm in cross section, and 254mm long, fabricated from 28 gauge stainless steel, is mounted on the outlet of the pyramidal section. A 25mm by 76mm plate of 31 gauge stainless steel is centered inside the stack, perpendicular to the air flow, 75mm above the base of the stack. [(6) Specimen Holders. The 150 mm x 150 mm specimen is tested in a vertical orientation. The holder (Figure 3) is provided with a specimen holder frame, which touches the specimen (which is wrapped with aluminum foil as required by paragraph (d)(3) of this part) along only the 6 mm perimeter, and a "V" shaped spring to hold the assembly together. A detachable 12 mm X 12 mm X 150 mm drip pan and two .020-inch stainless steel wires (as shown in Figure 3) should be used for testing of materials prone to melting and dripping. The positioning of the spring and frame may be changed to accommodate different specimen thicknesses by inserting the retaining rod in different holes on the specimen holder. Since the radiation shield described in ASTM E-906 is not used, a guide pin is added to the injection mechanism. This fits into a slotted metal plate on the injection mechanism outside of the holding chamber and can be used to provide accurate positioning of the specimen face after injection. The front surface of the specimen shall be 100mm from the closed radiation doors after injection. The specimen holder clips onto the mounted bracket (Figure 3). The mounting bracket is attached to the injection rod by three screws which pass through a wide area washer welded onto a ½ -inch nut. The end of the injection rod is threaded to 60 screw into the nut, and a .020 inch thick wide area washer is held between two ½inch nuts which are adjusted to tightly cover the hole in the radiation doors through which the injection rod or calibration calorimeter pass. (7) Calorimeter. A total-flux flush calorimeter must be mounted in the center of a ½-inch Kaowool "M" board inserted in the sample holder to measure the total heat flux. The calorimeter must have a view angle of 180 degrees and be calibrated for incident flux. The calorimeter calibration must be acceptable to the Administrator. (8) Pilot-Flame Positions. Pilot ignition of the specimen must be accomplished by simultaneously exposing the specimen to a lower pilot burner and an upper pilot burner, as described in paragraph (b)(8)(i) and (b)(8)(ii), respectively. The pilot burner must remain lighted for the entire 5-minute duration of the test. (i) Lower Pilot Burner. The pilot-flame tubing must be 6.3mm O.D., 0.8mm wall, stainless steel tubing. A mixture of 120 cm3/min. of methane and 850 cm3/min. of air must be fed to the lower pilot flame burner. The normal position of the end of the pilot burner tubing is 10 mm from and perpendicular to the exposed vertical surface of the specimen. The centerline at the outlet of the burner tubing must intersect the vertical centerline of the sample at a point 5mm above the lower exposed edge of the specimen.] (ii) Upper Pilot Burner. The pilot burner must be a straight length of 6.3mm O.D., 0.8mm wall, stainless steel tubing is 360mm long. One end of the tubing shall be closed, and three No. 40 drill holes shall be drilled into the tubing, 60mm apart, for gas ports, all radiating in the same direction. The first hole must be 5mm from the closed end of the tubing. The tube is inserted into the environmental chamber through a 6.6mm hole drilled 10mm above the upper edge of the window frame. The tube is supported and positioned by an adjustable "Z" shaped support mounted outside the environmental chamber, above the viewing window. The tube is positioned above and 20mm behind the exposed upper edge of the specimen. The middle hole must be in the vertical plane perpendicular to the exposed surface of the specimen which passes through its vertical centerline and must be pointed toward the radiation source. The gas supplied to the burner must be methane adjusted to produce flame lengths of 25mm. (c) Calibration of Equipment.--(1) Heat Release Rate. [A burner as shown in Figure 4 must be placed over the end of the lower pilot flame tubing using a gas tight connection. The flow of gas to the pilot flame must be at least 99 percent methane and must be accurately metered. Prior to usage, the wet test meter is properly leveled and filled with distilled water to the tip of the internal pointer while no gas is flowing. Ambient temperature and pressure of the water are based on the internal wet test meter temperature. A baseline flow rate of approximately 1 liter/min is set and increased to higher preset flows of 4, 6, 8, 6, and 4 liters/min. The rate is determined by using a stopwatch to time a complete revolution of the wet test meter for both the baseline and higher flow, with the flow returned to baseline before changing to the next higher flow. The thermopile baseline voltage is measured. The gas flow to the burner must be increased to the higher preset flow and allowed to burn for 2.0 minutes, and the thermopile voltage must be measured. The sequence is repeated until all five values have been determined. The average of the five values must be used as the calibration factor. The procedure must be repeated if the percent relative standard deviation is greater than 5 percent. Calculations are shown in paragraph (f).] 61 (2) Flux Uniformity. Uniformity of flux over the specimen must be checked periodically and after each heating element change to determine if it is within acceptable limits of plus or minus 5 percent. (d) Sample Preparation. [ (1) The standard size for vertically mounted specimens is 150 X 150 mm with thickness up to 45 mm).] (2) Conditioning. Specimens must be conditioned as described in Part 1 of this Appendix. (3) Mounting. Only one surface of a specimen will be exposed during a test. A single layer of 0.025mm aluminum foil is wrapped tightly on all exposed sides. (e) Procedure (1) The power supply to the radiant panel is set to produce a radiant flux of 3.5 W/cm2. The flux is measured at the point which the center of the specimen surface will occupy when positioned for test. The radiant flux is measured after the air flow through the equipment is adjusted to the desired rate. The sample should be tested in its end use thickness. (2) The pilot flames are lighted and their position, as described in paragraph (b)(8), is checked. (3) The air flow to the equipment is set at 0.04 plus or minus 0.001 m3/s at atmospheric pressure. Proper air flow may be set and monitored by either: (1) An orifice meter designed to produce a pressure drop of at least 200mm of the manometric fluid, or by (2) a rotometer (variable orifice meter) with a scale capable of being read to plus or minus 0.0004 m3/s. The stop on the vertical specimen holder rod is adjusted so that the exposed surface of the specimen is positioned 100mm from the entrance when injected into environmental chamber. (4) The specimen is placed in the hold chamber with the radiation doors closed. The airtight outer door must be secured, and the recording devices must be started. The specimen must be retained in the hold chamber for 60 seconds, plus or minus 10 seconds, before injection. The thermopile "zero" value must be determined during the last 20 seconds of the hold period (5) When the specimen is to be injected, the radiation doors are opened, the specimen is injected into the environmental chamber, and the radiation doors are closed behind the specimen. (6) [[Reserved.]] (7) [Injection of the specimen and closure of the inner door marks time zero. A record of the thermopile output with at least one data point per second must be made during the time the specimen is in the environmental chamber.] (8) The test duration is five minutes. (9) A minimum of three specimens must be tested. (f) Calculations. (1) The calibration factor is calculated as follows: F0 = flow of methane at baseline (1pm) F1 = higher preset flow of methane (1pm) V0 = thermopile voltage at baseline (mv) V1 = Thermopile voltage at higher flow (mv) Ta = Ambient temperature (K) P = Ambient pressure (mm Hg) 62 PV = Water vapor pressure (mm Hg) [(2) Heat release rates may be calculated from the reading of the thermopile output voltage at any instant of time as: HRR = Heat release Rate kw/m2 Vm = measured thermopile voltage (mv) Kh = Calibration Factor (Kw/mv)] (3) The integral of the heat release rate is the total heat release as a function of time and is calculated by multiplying the rate by the data sampling frequency in minutes and summing the time from zero to two minutes. (g) Criteria. The total positive heat release over the first two minutes of exposure for each of the three or more samples tested must be averaged, and the peak heat release rate for each of the samples must be averaged, and the peak heat release rate for each of the samples tested must be averaged, and the peak heat release rate for each of the samples must be averaged. The average total heat release must not exceed 65 kilowatt-minutes per square meter, and the average peak heat release rate must not exceed 65 kilowatts per square meter. (h) Report. The test report must include the following for each specimen tested: (1) Description of the specimen. (2) Radiant heat flux to the specimen, expressed in W/cm2. (3) Data giving release rates of heat (in kW/m2 ) as a function of time, either graphically or tabulated at intervals no greater than 10 seconds. The calibration factor (kn) must be recorded. (4) If melting, sagging, delaminating, or other behavior that affects the exposed surface area or the mode of burning occurs, these behaviors must be reported, together with the time at which such behaviors were observed. (5) The peak heat release and the 2-minute integrated heat release rate must be reported. 63 Part V--Test Method to Determine the Smoke Emission Characteristics of Cabin Materials] [(a) Summary of Method. The specimen must be constructed, conditioned, and tested in the flaming mode in accordance with American Society of Testing and Materials (ASTM) Standard Test Method ASTM F814-83. (b) Acceptance Criteria. The specific optical smoke density (DS), which is obtained by averaging the reading obtained after 4 minutes with each of the three specimens, shall not exceed 200.] 64