Revista Saber nº3
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Revista Saber nº3
Número 03 - Agosto 2011 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Portas abertas para a inovação Gestão de P&D Novas ferramentas, indicadores de desempenho e auditoria de projetos mudam dia a dia da área de pesquisa e desenvolvimento da Light Smart Grid Programa de redes inteligentes já tem protótipo do display e portal para consumidor está quase pronto Inteligência Comercial Projetos vão medir tempo de restabelecimento da energia, mapear problemas por área geográfica e melhorar atendimento ao cliente N o 03 - AGO 2011 SOLUÇÕES EFICIENTES, ENERGIA INTELIGENTE. Há mais de 6 anos o LETD vem transformando ideias em soluções na área de Engenharia Elétrica. Além de efetuar estudos e desenvolver pesquisas no setor de energia, nosso conceituado laboratório presta serviços de consultoria e executa projetos para as grandes empresas do mercado, com a experiência de um corpo técnico-científico formado por professores e engenheiros associados. Nossos projetos de sucesso promovem, cada vez mais, a integração entre a Universidade, os Órgãos Governamentais, as Concessionárias de Energia Elétrica e a Indústria. Confira abaixo um desses projetos: Sistema de rede inteligente – Economia e praticidade caminham juntos. Através de uma nova rede inteligente, a energia é distribuída. NOSSOS PRINCIPAIS CLIENTES 2 Pode-se detectar qualquer ponto de alteração na rede, através do novo material de transmissão. Pelo sistema, o operador detecta a alteração e adota as devidas providências. LETD – Laboratório de Estudos de Transmissão e Distribuição – Departamento de Engenharia Elétrica Rua Passo da Pátria, 156 – bl. D – sala 513 – São Domingos – Niterói – RJ – CEP: 24.210-240 Tel: (21) 2629 5511 – Telfax: (21) 2629 5521 – email: [email protected] REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Mensagem do presidente É com grande satisfação que apre- Encorajamos pesquisas alinhadas sento o número 3 da Revista Saber, com os aos objetivos estratégicos da companhia, resultados do Programa de Pesquisa e Desen- que sirvam para melhorar a prestação dos volvimento da Light. De 2010 para cá, o tra- serviços e para assegurar justiça na aloca- balho foi intenso. Novas ideias surgiram, ini- ção dos correspondentes custos. São os ca- ciamos diversos projetos e vários desafios sos, por exemplo, do transformador de dis- foram vencidos. Merece destaque o Progra- tribuição autoprotegido, do dispositivo de ma Smart Grid, devido ao ineditismo das so- bloqueio e alarme de fraude e do bastão am- luções alcançadas. Nesta edição, o leitor co- perímetro para detecção de fraudes em insta- nhecerá o protótipo industrial do display do lações de baixa tensão. medidor inteligente, já pronto para uso, e os próximos passos do programa que entrará na de ponta, como é o caso da nanotecnolo- fase de testes em campo. gia. Um exemplo é a pesquisa para detectar Outra iniciativa que merece desta- e talvez absorver gases, que colocam em ris- que é o Programa de Inteligência Comercial, co nossas instalações subterrâneas, e criação que é composto de quatro projetos que vi- de uma tinta para identificação de vazamen- sam simplificar e aumentar a eficácia do re- tos de SF6. lacionamento com a Light. Nossa expectativa é que, em alguns anos, o atendimento virtual cer dois grandes desafios: a modernização represente mais de 50% da forma como nos- do sistema subterrâneo e o furto de energia, sos clientes se comunicarão conosco. que encarece a tarifa paga pelos clientes ho- Preocupamo-nos também com o nestos. Em ambos os casos, existem excelen- desenvolvimento sustentável. Os projetos tes oportunidades para inovações tecnoló- de P&D desenvolvem soluções que não ape- gicas. É por isso que temos grande interesse nas reduzem custos operacionais, mas o fa- em ideias criativas. Temos convicção de que zem preservando o meio ambiente, com os resultados dos projetos de P&D nos pos- responsabilidade social. São projetos de sibilitarão melhor servir aos clientes, com ta- energias renováveis – como a fotovoltaica –, rifas mais acessíveis, e simultaneamente re- destinação correta de resíduos sólidos, ge- munerar adequadamente o investimento ração de renda com reciclagem e produção dos acionistas. Investimos também em tecnologias A Light atualmente tem que ven- de materiais não agressivos ao ambiente, como o óleo 100% biodegradável. E diversos outros exemplos, apresentados nas páginas a seguir. Jerson Kelman Presidente da Light REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 3 N o 03 - AGO 2011 Sumário País da energia renovável 6 Diretoria da Light Diretor-presidente Jerson Kelman Diretor de Gestão Empresarial Paulo Carvalho Filho Diretor de Finanças e Relações com Investidores João Batista Zolini Carneiro Diretor de Energia Evandro Leite Vasconcelos Diretor de Distribuição José Humberto Castro Planejando e gerindo o P&D 12 Diretora de Gente Ana Silvia Corso Matte Diretor de Novos Negócios e Institucional Paulo Roberto Ribeiro Pinto Saber | Revista de Pesquisa e Desenvolvimento da Light Gerência de Planejamento, Ambiente e Inovação da Light Paulo Mauricio de A. Senra José Tenorio B. Junior Contato [email protected] 26 Promovendo o P&D Superintendência de Comunicação Empresarial Oscar Guerra Coordenação de Edição Jordana Garcia Gerência de Comunicação da Light Contato [email protected] Reportagem, Texto e edição Massi Comunicação Jornalista Responsável O ingrediente humano no P&D 34 Viviane Massi - MTB 7149/MG Colaboração Ana Beatriz Petrini e Fernanda Paes revisão Agnes Rissardo Projeto Gráfico e Editoração Quadratta Comunicação e Design Fotografias Humberto Teski INFOGRÁFICOS Diogo Torres 44 Influências externas Comercial Regina Rei Impressão Editora Gráficos Burti Ltda. Tiragem 5 mil exemplares 58 E por falar em projetos 4 Para anunciar Contato (21) 2211- 2563 A partir desta edição, a Revista Saber adota o novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Uma Rede Inteligente da PUC-Rio participa do esforço colaborativo para desenvolver o Programa de P&D da Aneel ICA - Inteligência Computacional Aplicada IEPUC-Rio - Instituto de Energia Sistemas inteligentes de apoio à decisão; previsão; otimização; data/web/text mining. Veículos híbridos e elétricos, novos combustíveis, energia solar e eólica. Ciclos térmicos. Testes de veículos e motores com análise de emissões. Contato: Prof. Marco Aurélio C. Pacheco Tel. (21) 3527-1207 [email protected] | www.ica.ele.puc-rio.br Contato: Prof: Sergio Leal Braga Tel. (21) 3527-1535 [email protected] | www.puc-rio.br/iepuc Inovação & Metrologia LAME - Laboratório de Avaliação Avaliação Metrológica de Sistemas, normalização e tecnologias de medição; gestão da inovação e do conhecimento; mitigação de riscos regulatórios; tarifas, indicadores e métricas. Projeto e avaliação técnico- econômica de desempenho de medidores e de sistemas de geração e utilização de energias térmica e elétrica. Certificação de sistemas de medição para transferência de custódia. Contato: Prof. Maurício Nogueira Frota Tel. (21) 3527-1171 [email protected] | www.puc-rio.br/metrologia Metrológica e Energética Contato: Prof. Alcir de Faro Orlando Tel. (21) 3527-1176 [email protected] | www.puc-rio.br/lame Métodos de Apoio à Decisão NUPEI — Núcleo de Pesquisa em Energia e Infraestrutura Modelos de previsão de mercado e de vazões, satisfação do consumidor; combate a perdas; PPH (pesquisa de posses e hábitos); mitigação de riscos no setor elétrico. Finanças da energia; Avaliação de projetos; Análise de risco; Modelos de otimização estocástica. Contato: Prof. Reinaldo Castro Tel. (21) 3527-1213 [email protected] | www.reinaldosouza.com.br Contato: Prof: Luiz Brandão Tel. (21) 2138-9304 [email protected] | www.iag.puc-rio.br Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Rio Rua Marquês de São Vicente, 225 Gávea - CEP 22451-900 www.puc-rio.br REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 5 N o 03 - AGO 2011 ENTREVISTADO DA EDIÇÃO País da energia renovável Professor Goldemberg fala sobre os rumos do setor no Brasil e afirma que faltam políticas de incentivo à inovação na indústria foto divulgação 6 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT ENTREVISTADO DA EDIÇÃO A Revista Saber conversa, nesta edição, com criatividade por parte da indústria nacional o professor José Goldemberg, doutor em para ocupar novos espaços. Pelo contrário, Ciências Físicas pela Universidade de São tornou-a acomodada e protegida. Paulo (USP). Professor Goldemberg foi presidente da Sociedade Brasileira para o Pro- Saber: O setor elétrico, comparado a ou- gresso da Ciência, presidente da Compa- tros segmentos, é visto ainda como tímido nhia Energética de São Paulo (CESP) e reitor em relação a inovações que provocam rup- da USP. Assumiu as Secretarias de Ciência turas, sendo considerado estável tecnologi- e Tecnologia e Meio Ambiente do Governo camente. O senhor concorda com essa vi- Federal. Lecionou na Universidade de Paris são? E, se sim, qual seria o principal motivo (França) e Princeton (Estados Unidos). É au- para esse fato? O ambiente regulado pode tor de inúmeros trabalhos técnicos e vários ser visto como um inibidor da inovação? livros sobre física nuclear, energia e meio Professor Goldemberg: Sim, mas a in- ambiente. Em 2008, recebeu o Prêmio Blue trodução das smart grids – redes inteligen- Planet Prize da Asahi Glass Foundation (Ja- tes – vai alterar isso. pão), concedido a pessoas que contribuem para a solução de problemas ambientais globais. Em 2010, levou o Trieste Science Prize, da Academia de Ciências do Terceiro O Brasil investe em P&D uma fração comparável Mundo. Nesta entrevista exclusiva, profes- à de países como Espanha e Itália, o que não é sor Goldemberg fala sobre o atual momen- pouco. O que falta são políticas na área industrial to e o futuro do setor de energia elétrica no país, abordando temas como smart grid, que encorajem a inovação. energia renovável, pré-sal e eficiência energética. Leia a seguir. S aber : Como o senhor vê o futuro S a ber : No cenár io mundial, qual o do negócio de distr ibuição de ener- lugar ocupado pelo Brasil no campo gia com o desenvolvimento das re - da inovação? des inteligentes? Professor Goldemberg: O lugar ocupa- Professor Goldemberg: É o que o futu- do não é muito bom. A presença de produ- ro nos reserva. À medida que entrarem no tos fabricados no exterior é tão dominante mercado usinas eólicas ou solares, have- no Brasil que têm havido poucas contribui- rá centenas ou milhares de unidades gera- ções para a inovação. A existência de uma doras que deverão ser operadas através de reserva de mercado que caracteriza a po- smart grids. Só para dar um exemplo: na Es- lítica industrial do país durante várias dé- panha, atualmente, existem mais de 20 mil cadas, desde 1950, não resultou em grande unidades geradoras. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 7 N o 03 - AGO 2011 ENTREVISTADO DA EDIÇÃO Claramen- Saber: O país investe pouco em P&D quan- Professor do comparado a outras nações. Vamos “per- te, essas leis têm sido insuficientes. Creio der o bonde da história”? que a indústria nacional só se movimenta- Professor Goldemberg: Não. O Brasil rá decisivamente na procura de inovações investe em P&D uma fração comparável à quando tiver que enfrentar a concorrên- de países como Espanha e Itália, o que não cia internacional. Não é apenas articulan- é pouco, mas faltam políticas na área indus- do a pesquisa nas universidades que isso trial que encorajem a inovação. vai ocorrer. A política industrial é que te- Goldemberg: rá que induzir a necessidade de inovação. Saber: No programa de P&D ANEEL, as Só então as indústrias irão procurar o apoio empresas começam a avançar na cadeia de das universidades. Existe uma visão de ino- inovação, aproximando-se do setor indus- vação que considero inapropriada: é a de trial. Qual o papel das universidades neste que ela se origina nas universidades e cen- novo cenário? tros de pesquisas e se irradia pela indústria. Professor Goldemberg: O programa de Mas a visão correta é a de que o governo P&D da ANEEL é um passo na direção certa, precisa adotar uma política fiscal que esti- mas ainda está sendo pouco utilizado pelas mule as indústrias a desenvolver soluções universidades brasileiras, as quais, de mo- inovadoras, sobretudo se houver competi- do geral, têm se dedicado a atividades pu- ção entre elas. Essas políticas, como isen- ramente acadêmicas, distantes das aplica- ção de impostos e empréstimos a juros bai- ções industriais. xos, levarão o setor industrial a procurar as universidades e os centros de pesquisa para resolver seus problemas e ajudá-lo a ino- O governo precisa adotar uma política fiscal que estimule as indústrias a desenvolver soluções inovadoras, como isenção de impostos e juros baixos. var. Algumas grandes companhias instalaram até seus próprios centros de pesquisa e inovação para que se dediquem aos problemas em que estão interessados, com a vantagem de garantir proteção intelectual e patentária. Saber: O Governo Federal publicou re- 8 Saber: As Leis de Inovação e do Bem têm centemente o Plano Decenal de Expan- sido utilizadas em todo o seu potencial pe- são da Energia 2019, que faz projeções so- las empresas para obtenção de benefícios bre o crescimento da produção de energia fiscais a serem investidos em inovação. Co- no país e os caminhos que esse crescimen- mo o senhor vê essa iniciativa do governo to, provavelmente, vai seguir. Dentro des- para dar outra dinâmica ao setor no país? se contexto, qual a importância de ações de REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT ENTREVISTADO DA EDIÇÃO inovação no ambiente do setor elétrico? plantar uma usina térmica do que uma hi- Professor Goldemberg: Dentro do se- drelétrica? Como superar esse dilema? tor de energia, que é objeto dos planos Professor Goldemberg: Tem sido de fa- decenais, o que chama a atenção é a im- to um dilema porque o processo de licen- portância crescente das novas energias re- ciamento ambiental no Brasil é problemá- nováveis, principalmente energia eólica tico. Um grande esforço deveria ser feito e solar (fotovoltaica). A energia eólica de- para simplificar esses procedimentos. ve crescer de cerca de 1 gigawatt, em 2010, para 10 gigawatts, em 2020. Pesquisa, desenvolvimento e inovação serão mais que necessários para que isso ocorra e para que os custos de produção caiam. O acidente de Fukushima vai levar a uma estagnação da energia nuclear no mundo. Saber: Apesar de ser uma solução na luta Como a grande maioria dos reatores nucleares contra o aquecimento global, a energia nu- existentes já tem 30 ou 40 anos, eles aos poucos clear deixará de ser uma opção após o acidente no Japão? serão desativados. Professor Goldemberg: O acidente de Fukushima vai levar a uma estagnação da energia nuclear no mundo. Como a gran- Saber: Investir em eficiência energética é de maioria dos reatores nucleares existen- a opção mais barata para atender ao cres- tes já tem 30 ou 40 anos, eles aos poucos cimento da demanda, mas continuamos a serão desativados. Os custos de novos rea- privilegiar a construção de novas usinas ge- tores nucleares vão aumentar devido a nor- radoras. É preciso mudar? mas adicionais de segurança, de modo que Professor Goldemberg: Sem dúvida, eles deixarão de ser uma opção interessan- mas não é fácil introduzir eficiência ener- te no futuro. gética, pois exige decisões individuais de milhões de consumidores. Exortar as pes- Saber: O Brasil será o país da energia reno- soas a conservar energia não é um cami- vável, além da hidroeletricidade? nho muito produtivo. O que é preciso fa- Professor Goldemberg: Sem dúvida. A zer é etiquetar todos os produtos que abundância de sol e de terra – biomassa consomem energia e eliminar do mer- – dá ao Brasil condições excepcionais pa- cado os que são menos eficientes. Atu- ra a produção de energia solar e de bio- almente, a etiquetagem de alguns é fei- combustíveis. ta de forma voluntária. Fica nas mãos do consumidor escolher o mais eficiente. E Saber: Em alguns casos é mais fácil im- isso não basta. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 9 N o 03 - AGO 2011 ENTREVISTADO DA EDIÇÃO Saber: Para quem nasceu hoje, o pri- Saber: Há muito se espera o aumento meiro carro será elétrico? Ou para o Bra- na eficiência das caldeiras das usinas de sil a melhor opção será o carro híbrido açúcar e álcool. A cogeração com baga- etanol-elétrico? ço aumentará sua participação na matriz Professor Goldemberg: Carros elétri- energética? cos ainda são um sonho distante. As ba- Professor Goldemberg: A cogeração terias existentes não são suficientemen- nas usinas de álcool e açúcar já é feita cor- te eficientes para permitir sua adoção nem rentemente no país. Mais de 2 gigawatts de existe uma rede de abastecimento adequa- eletricidade dessa fonte são comercializa- da. Híbridos etanol-elétricos parecem ser a dos nos dias atuais. A melhoria da eficiên- opção mais realista para o país. cia das caldeiras está ocorrendo em todas as usinas novas e se espera gerar pelo menos 10 gigawatts com essa fonte até 2020. Energias renováveis representam hoje 45% da energia que se usa no Brasil. O ideal é que daqui a 50 anos esse percentual atinja 70% ou 80%, incluindo o uso de energia hidroelétrica. Saber: O que esperar da RIO+20? Professor Goldemberg: Podemos esperar o estabelecimento de metas para a introdução de energias renováveis no mercado com a consequente redução das emissões de gases de efeito estufa e outros poluentes, que decorrem do uso de com- Saber: Como conciliar a exploração do bustíveis fósseis. Um grupo que assesso- pré-sal com o desenvolvimento sustentá- rou o secretário geral das Nações Unidas vel? Eles são incompatíveis? recomenda a adoção das seguintes metas: Professor Goldemberg: O pré-sal aumento da participação das energias re- vai enriquecer o país, mas não o torna- nováveis de 12% para 30%, em 2030; e re- rá mais sustentável. O desafio é usar es- dução da intensidade energética, isto é, au- sa riqueza para modernizá-lo e adotar mento da eficiência em 40% até 2030. uma rota sustentável de desenvolvimento, evitando a “doença holandesa”, que é Saber: Apesar de ser mais fácil “prever o a desindustrialização. passado”, como o senhor vê o Brasil daqui a 50 anos? Saber: Já se falou em sociedade do hidro- Professor Goldemberg: Energias reno- gênio. Ele será uma opção energética? váveis representam hoje 45% da energia Goldemberg: Hidrogênio que se usa no Brasil. O ideal é que daqui a não é uma boa opção. É caro e difícil de pro- 50 anos esse percentual atinja 70% ou 80%, duzir, além de perigoso. incluindo o uso de energia hidroelétrica. Professor 10 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 11 N o 03 - AGO 2011 Planejando e gerindo o P&D Revisão de planejamento estratégico, novo sistema de gestão, escritório de projetos, indicadores de desempenho: a área de P&D da Light está vivendo um momento de grandes mudanças. Os processos e atividades internas se tornarão ainda mais eficientes, repercutindo positivamente na performance dos projetos de pesquisa e desenvolvimento da companhia. Vem aí uma nova área de P&D. 12 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT foto istockphotos REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 13 N o 03 - AGO 2011 PLANEJANDO E GERINDO O P&D Novos horizontes para o P&D da Light Programa revê plano estratégico e se prepara para avançar na gestão de ideias e projetos Linhas de pesquisa: O Plano Estratégico para Investimentos em Projetos de P&D da Light tem 18 linhas de pesquisa, entre elas Impactos ambientais e inovação em gestão ambiental; Sustentabilidade; Modelagem de redes; Predição, segmentação, identificação e gestão de perdas comerciais; Sistemas de medição, controle e gerenciamento de energia; e Integração de centrais eólicas e de fontes de geração distribuída. Para conhecer as outras linhas de pesquisa, acesse o Plano no link Pesquisa e Desenvolvimento, no site da Light: www.light.com.br Em 2011, a área de P&D da Light se instituições acadêmicas e da alta gestão. Nesse viu diante do desafio de rever e atualizar o seu processo, serão identificadas linhas de pesquisa Plano Estratégico de Investimentos em Pro- que possam trazer resultados inovadores e ca- jetos de P&D. O principal objetivo da revisão pazes de ajudar a Light a atingir o patamar tec- é alinhá-lo à nova estratégia da companhia, nológico almejado”, explica o consultor Vicente fruto da mudança no controle acionário e da Guimarães, da Aquarius Reef, empresa que dá gestão da Light. A revisão também é impor- suporte à revisão do plano estratégico de P&D. tante para que sejam consideradas e aprovei- tadas as novas tendências tecnológicas. ses da Light, a atualização do plano procurou Frente a esse desafio, a área de P&D alo- criar mais sinergia entre as linhas de pesquisa, cou esforços para estar alinhada aos objetivos e prevendo investimentos em projetos com ob- interesses gerais da organização. “Os projetos de jetivos convergentes e complementares, sem- P&D precisam contribuir para que a Light atinja pre de acordo com as exigências regulatórias da seus objetivos estratégicos. O processo de revi- Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). são do plano é participativo e contará com o en- volvimento de diversas áreas da companhia, de cas é condição sine qua non para a área de P&D Além do alinhamento com os interes- Estar atenta às novidades tecnológi- da Light. “Nesse recente trabalho de revisão, as oportunidades trazidas pelo avanço da tecnologia ganharam destaque, principalmente porque a alma do P&D é a escolha de soluções tecnológicas inovadoras”, ressalta o coordenador de P&D da Light, José Tenório Júnior, que direcionou as mudanças feitas no plano estratégico. ESCRITÓRIO DE PROJETOS A coordenação de P&D da Light es- tá viabilizando a implantação de um Escritófoto humberto teski 14 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Monitoramento e controle de portfólio SELEÇÃO DE IDEIAS SELEÇÃO DE PROPOSTAS SELEÇÃO DE PROJETOS ALINHAMENTO DO PORTFÓLIO GERENCIAMENTO DE PROJETOS 15 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT N o 03 - AGO 2011 PLANEJANDO E GERINDO O P&D Novas normas da ABNT O processo de normalização de sistemas de gestão, como o da qualidade ambiental e da responsabilidade social nas organizações, é igualmente aplicável para a gestão de pesquisa, desenvolvimento e inovação. No Brasil, esse processo é conduzido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da ABNT/CEE-130 – Comissão de Estudo Especial de Gestão da Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I). Um grupo de especialistas está trabalhando na elaboração de três textos que vão normalizar a área de P&D&I no país. Serão definidas normas relativas à terminologia utilizada e às diretrizes para sistemas de gestão e projetos de P&D&I. As novas regras vão sistematizar a gestão da área no ambiente corporativo, assegurar a eficiência dos projetos e racionalizar os recursos investidos. O P&D da Light vê com bons olhos a iniciativa da ABNT. PMO: É uma unidade organizacional com o objetivo de conduzir, planejar, organizar, controlar e finalizar as atividades de um projeto. As pessoas que integram essa unidade são capacitadas para dar todo o suporte necessário aos gerentes de projeto. Muitos o denominam de QG (Quartel General), pois é o centro de controle. 16 rio de Projetos, também chamado de PMO de atuação é vasto. O Escritório de Projetos (Project Management Office), para conduzir vai melhorar nossa expertise em gerir o P&D as ações de P&D. “A implementação do Escri- e contribuir para a internalização dos produ- tório de Projetos dará mais credibilidade ao tos desenvolvidos, orientando a Light sobre processo dentro da empresa. A área de P&D como aproveitar inovações em seu dia a dia”, da Light já tem todas as características de pontua Tenório. um PMO, mas ainda não se intitula como tal. É provável que isso aconteça ainda em 2011, cam a implantação de um PMO, como a neces- com a implementação do SAGe (Sistema de sidade de controlar a apropriação de resultados Apoio à Gestão de P&D) e do EPM (Enterprise dos projetos, proliferação de aplicativos de su- Project Management), este último um ambien- porte, descentralização de dados e transferên- te colaborativo completo para gerenciamen- cia de conhecimentos. A área de P&D da Light to de portfólios e projetos. Entendemos que já atua nesses pontos, mas o PMO poderá con- esses dois sistemas são pontos que faltam pa- tribuir ainda mais para melhorá-los. “Queremos ra uma intitulação adequada do que de fato seguir todos os parâmetros conceituais de um seja um PMO corporativo”, esclarece Tenório. Escritório de Projetos. Estamos criando padrões O PMO funciona como um centro de para unificar a forma de atuar no P&D, contra- suporte a projetos, capacitado para desen- tando empresas e serviços para complementar volver metodologias, orientar gerentes, fo- o trabalho, criando indicadores de desempenho, mentar treinamentos, administrar e padro- entre muitas outras ações, cujo objetivo final é nizar ferramentas e templates de gerência tornar a área de P&D da Light referência ainda de projetos, fazer análise de riscos, alinhar maior no setor de pesquisa e desenvolvimento os projetos com os objetivos da organização, de produtos e softwares inovadores”, adianta o entre muitas outras funções. “Nosso campo coordenador de P&D da concessionária. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Existem demandas típicas que justifi- REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 17 N o 03 - AGO 2011 PLANEJANDO E GERINDO O P&D Segundo Tenório, o PMO atribui fo- teresses da companhia. “A partir de critérios co e pragmatismo aos projetos, que ganham preestabelecidos de priorização, chegamos metas factíveis. Como não é viável fazer tan- a um consenso sobre as ideias que se trans- tos projetos quanto se gostaria, a política é formarão em projetos. Essa análise é funda- priorizar os mais importantes e urgentes do mental para evitar desperdício de recursos, ponto de vista da Light, mantendo a deci- mão de obra e tempo”, conclui o coordena- são estratégica de alinhamento com os in- dor da área. Via de mão dupla Se, de um lado, o P&D trabalha para se manter alinhado ao planejamento estratégico da Light, de outro, a Gerência de Planejamento, Ambiente e Inovação dá ao P&D as diretrizes para que esse alinhamento seja efetivo e coerente com os interesses globais da companhia. Portanto, não é por acaso que o P&D da Light está sob a tutela dessa gerência. O desafio é fazer com que a inovação seja um instrumento de sustentabilidade do negócio. “O P&D é uma excelente ferramenta para alcançarmos nossa estratégia, pois concentra esforços em pontos críticos que precisam ser ajustados para que a Light atinja seus macro-objetivos”, declara a especialista de Planejamento e Regulação, Fernanda Laureano, cuja função é acompanhar as ações estratégicas da Light em todas as áreas, inclusive o P&D. Segundo Fernanda, manter o P&D na área de planejamento é uma forma de conservá-lo conectado e associado à realidade da companhia. “Se a Light quer investir em energia renovável, por exemplo, fica sem sentido desenvolver projetos voltados para outros tipos de energia. Assim, direcionar o P&D é uma forma de garantir que os recursos sejam alocados onde há demanda”, completa Fernanda. Por fim, o alinhamento ao plano estratégico da Light faz com que as soluções inovadoras sejam efetivamente incorporadas pela companhia e pelo setor elétrico como um todo. 18 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 19 N o 03 - AGO 2011 PLANEJANDO E GERINDO O P&D Gestão da ideia Projeto de P&D vai desenvolver rede colaborativa de criatividade e inovação Por trás de grandes projetos inova- desenvolvendo, em conjunto com a PUC-Rio, dores, há grandes ideias. A área de P&D da uma rede colaborativa de criatividade e ino- Light tem o permanente desafio de receber, vação, um espaço virtual que será destinado avaliar e viabilizar as ideias de colaborado- exclusivamente a receber, abrigar e avaliar as res e parceiros antes de inseri-las, de fato, no ideias recebidas pela área de P&D. O sistema contexto da pesquisa e do desenvolvimento. funcionará como o LinkedIn, rede de relacio- “Toda ideia é importante. Entretanto, no pro- namento profissional altamente populariza- grama de P&D da Light, ela tem que atender da no mundo. a critérios básicos para se tornar um projeto, isto é, ser original, viável tecnologicamente e sa rede está ainda em fase inicial, mas já é adequada aos requisitos regulatórios e à estra- aguardado com grandes expectativas por to- tégia da companhia”, explica Vicente Guima- dos. “A nossa intenção é criar um mecanismo rães, consultor da Aquarius Reef, que vem tra- por meio do qual se possa registrar a ideia e balhando na gestão da ideia, no P&D da Light. avaliá-la de forma mais estruturada, abrindo Diante da importância que a gestão caminho para seu amadurecimento, sempre de ideias tem para o P&D da Light, o setor de com a colaboração de parceiros tecnológi- Tecnologia da Informação (TI) da empresa está cos, membros da academia e funcionários da O projeto de P&D que vai criar es- Light”, esclarece Guimarães. BUSCA DE ANTERIORIDADE Outro procedimento que faz parte da gestão de P&D é a busca da anterioridade. O consultor Jorge Ricardo de Carvalho, da Empresa Fluminense de Pesquisas Energéticas (Eflupe), que auxilia o P&D da Light, explica que a originalidade dos projetos é verificada, principalmente, por meio de um procedimento denominado busca de anterioridade. “Em qualquer segmento, inclusifoto humberto teski 20 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT ve no setor elétrico, é fundamental avaliar a são casos bastante específicos, pois não há oportunidade de negócio. Não vale a pena com patenteá-los. Os dois primeiros são re- investir recursos em pesquisa e desenvolvi- gistrados em bancos de softwares, que exi- mento de projetos que não tenham chances bem apenas título e campo de aplicação, difi- de sucesso”, afirma Carvalho. cultando as análises e exigindo uma pesquisa A busca de anterioridade pode acon- complementar em bancos acadêmicos. Já a tecer para investigar a originalidade de ideias busca pela originalidade de uma metodolo- relativas a produtos, processo, softwares e gia só é possível em artigos científicos. metodologias, cada qual com suas particu- laridades. A investigação é mais comum na to que a coordenação de P&D da Light vai área de produtos e processos, feita em bancos ampliar o escopo de atuação da Demarest & mundiais de patentes, interligados e de fácil Almeida Advogados. A empresa passará a re- acesso devido à internet. “A busca evita des- alizar a busca de anterioridade para todos os perdício de recursos, por isso será implemen- projetos de P&D, sem exceção. Trabalhoso, mas indispensável. Tan- tada no Programa de P&D da Light como um procedimento obrigatório e sistemático. Nenhuma ideia passará ao status de projeto sem antes ocorrer a busca de anterioridade. Não chega a ser exigência da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), mas o órgão regulador recomenda que se faça. Isso contribui para que haja menor possibilidade de contestação na avaliação final do projeto feita pelo regulador”, destaca o consultor da Eflupe. Softwares, sistemas e metodologias foto humberto teski REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 21 N o 03 - AGO 2011 PLANEJANDO E GERINDO O P&D Tudo sob controle Sistema integra processos de gestão e gera indicadores de desempenho do Programa de P&D da Light O P&D da Light está se preparan- dades da área de P&D”, lembra o analista de do para ainda em 2011 começar a utilizar o Negócios Alexandre Cohen, suporte da TI ao SAGe (Sistema de Apoio à Gestão de P&D), projeto SAGe. projeto gerenciado pelo P&D, acompanha- do de perto pela área de Tecnologia da In- processos de P&D, que, mesmo bem-feitos, formação (TI) da concessionária e desenvol- eram dispersos em planilhas de Excel, ele- vido pela PUC-Rio. O sistema integrará todos vando os riscos de erro durante a digitação. os processos para aprimorar o controle dos Agora, com o SAGe, tudo o que diz respeito projetos, garantindo confiabilidade às infor- ao P&D está reunido em um mesmo sistema, mações e agilidade na execução das ativida- apto a compartilhar informações e gerar rela- des. Além disso, está conectado diretamente tórios. “A iniciativa da equipe de P&D da Light ao módulo contábil do SAP, sistema corpora- mostra o quanto a área está avançando na or- tivo da Light, o que facilita a administração ganização de processos e na produtividade, dos recursos financeiros investidos em pes- o que é fundamental tendo em vista o cresci- quisa e desenvolvimento. “Nosso maior desa- mento no número de projetos”, elogia Cohen. fio foi entender todos os processos e necessi- O maior benefício é a unificação dos O analista de Negócios destaca ain- da a maior interação da área de TI com os projetos de P&D. “Essa troca garante que, ao final do projeto, o sistema ou software seja implantado sem riscos de incompatibilidade com as tecnologias da Light. A equipe de TI amadureceu bastante no que diz respeito a compreender a importância da área de pesquisa e desenvolvimento dentro de uma organização”, acrescenta Cohen. INDICADORES DE DESEMPENHO O SAGe vai armazenar uma série de informações e dados relacionados ao P&D da foto humberto teski 22 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT PLANEJANDO E GERINDO O P&D conheça alguns indicadores gerados pelo SAGe • Investimentos Realizados no Ano por Tema ANEEL • Investimentos Realizados no Ano por Linha de Pesquisa • Tipo de Despesa (TD) • Tipo de Finalidade das Atividades (TFA) • Custo Médio dos Projetos Concluídos (VAPR) • Prazo Planejado por Temas ANEEL • Alinhamento do Programa de P&D aos Temas de Investimento ANEEL (ALTI) • Alinhamento do Programa de P&D ao Plano Estratégico de P&D (ALPE) Light, inclusive gerar os 11 indicadores de de- to de termos mais controle dos valores com- sempenho do portfólio de projetos. De acordo prometidos, o que impacta em compromissos com a estagiária Camila Caiaffa, esses indicado- obrigatórios futuros”, assegura Camila. res permitem total controle sobre o Programa de P&D. “Teremos condições de acompanhar apresentará indicadores muito importantes, com facilidade na tela do SAGe, por exemplo, como custo médio dos projetos concluídos, os temas que mais recebem investimentos e o tipos de despesa, entidades executoras das andamento dos projetos. Soma-se a isso o fa- pesquisas, investimentos realizados por ano, O novo sistema de gestão de P&D entre outros. O indicador por tipo de despesa, por exemplo, é capaz de mostrar em que ponto o P&D está gastando mais: capacitação, mão de obra própria, material de consumo. Outro indicador aponta a predominância de projetos por finalidade: componente ou dispositivo, conceito ou metodologia, máquina ou equipamento, material ou substância, sistema ou software. Todos esses indicadores são visualizados em forma de gráficos, facilitando a leitura e a interpretação dos dados. A previsão é de que ainda no se- gundo semestre de 2011 o SAGe esteja em pleno funcionamento no Programa de P&D da Light, contribuindo para uma gestão cada vez mais eficaz de uma área altamente estratégica para a companhia. Camila Caiaffa, estagiária de P&D, atua nos indicadores deREVISTA desempenho DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 23 N o 03 - AGO 2011 PLANEJANDO E GERINDO O P&D Conhecimento favorece a prática Técnicas de gerenciamento contribuem para cumprimento de metas Paul Dinsmore, presidente da Dinsmore Associates: excesso de burocracia pode prejudicar a criatividade O P&D da Light, preocupado com o menos palpável e mais abstrato. Por isso, tor- desempenho dos projetos que conduz, pro- na-se importante tomar cuidado para não cura aplicar as técnicas mais eficientes e efi- disciplinar excessivamente alguns projetos, cazes de gerenciamento em busca de resul- inibindo a criatividade”, destaca o presidente tados satisfatórios. A coordenação do P&D da Dinsmore Associates, consultoria focada investe, portanto, em novos conhecimentos em gestão empresarial e gerenciamento de e novas certificações, contando com a exper- projetos, Paul Dinsmore. Segundo ele, a ges- tise de consultorias renomadas. tão de projetos é fundamental para que as Até alguns anos atrás, o gerencia- empresas consigam atender às inúmeras de- mento de projetos era restrito à engenharia, mandas de mercado. Como é humanamente mas, atualmente, se aplica a muitas outras impossível satisfazer todas elas, é importante áreas, como marketing, TI e, claro, pesqui- priorizar, conjugando agilidade, qualidade e sa e desenvolvimento de produtos e servi- menor custo. ços inovadores. “Com a metodologia adequa- da, a empresa consegue se organizar melhor executiva do PMI Rio, organização que pro- e atingir objetivos e metas estabelecidos. No move e amplia o conhecimento sobre o te- entanto, o P&D tem como peculiaridade ser ma, De acordo com a vice-presidente Elizabeth Borges, “nos dias atuais, a gestão torna a empresa mais competitiva, otimiza recursos e cria práticas padronizadas na execução e condução dos projetos”, defende. Durante o processo, as corporações estabelecem critérios, fazem escolhas e avaliam o retorno dos investimentos e dos indicadores. Para ser bem-sucedido, um proje- to precisa ser concretizado no prazo acordado, dentro do custo estabelecido e em conformidade com o escopo determinado pelos gestores. Existem ferramentas que auxiliam nessa tarefa, como softwares capazes de acompanhar as atividades. No entanto, foto humberto teski 24 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Elizabeth Borges, vice-presidente executiva do PMI Rio As empresas estão investindo cada vez mais em gestão e certificação. Assim como a gestão de qualidade foi muito importante anos atrás, essa mesma onda está atingindo agora a gestão de projetos. Paul Dinsmore | Presidente da Dinsmore Associates Dinsmore adverte que o fator humano é ca- ções chegaram ao Brasil no final da década da vez mais reconhecido. “Projetos são feitos de 90 para atestar a competência do profis- com e por pessoas”, frisa. sional no gerenciamento de projetos. No Rio O presidente do IPMA Brasil, organi- de Janeiro, há duas escolas que certificam zação sem fins lucrativos com foco na área, profissionais, o IPMA Brasil e o PMI Rio. A for- Raphael Albergarias, menciona mais um im- mação e a certificação dos profissionais que portante aspecto no gerenciamento de pro- gerenciam projetos são fundamentais para a jetos: a busca pela certificação. As certifica- obtenção dos melhores resultados. Tanto que já existe um movimento na ISO (International Organization for Standardization) para criação de novas normas voltadas para gestão de projetos. O P&D da Light conta com uma coordenação certificada, o que lhe agrega mais um diferencial. Geralmente, para obter uma certificação, são analisadas competências técnicas e comportamentais. “As empresas estão IPMA Brasil: Aplica o modelo 4LC de certificação por competências, por meio do qual avalia as competências técnicas, contextuais e comportamentais do profissional que gerencia projetos. PMI Rio: Para certificar, utiliza o modelo 5E de competência de gerenciamento de projetos, considerando critérios como educação, experiência, examinação, ética e educação para re-certificação. ISO: É a sigla da Organização Internacional de Normalização (International Organization for Standardization), com sede em Genebra, na Suíça, que cuida da normalização ou normatização em nível mundial de produtos e serviços em todas as áreas. coordenação certificada: O coordenador do portfólio de projetos de P&D da Light, José Tenório, é certificado em gerenciamento de portfólio pelo IPMA – nível A. investindo cada vez mais em gestão e certificação. Assim como a gestão de qualidade foi muito importante anos atrás e transformou controle de qualidade em uma obrigação não somente na linha de produção, mas também em todas as áreas da empresa, essa mesma onda está atingindo agora a gestão de projetos”, finaliza Dinsmore. Raphael Albergarias, presidente do IPMA Brasil REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 25 N o 03 - AGO 2011 26 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT foto istockphotos Promovendo o P&D Bons resultados precisam ser compartilhados. Ao longo do ano, o setor de energia elétrica do país promove diversos eventos. Sempre que possível, o P&D da Light marca presença. Troca de experiências, vitrine para os projetos realizados e contato com novos parceiros são algumas das razões que motivam a companhia a participar. Veja como a Light promove o P&D. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 27 N o 03 - AGO 2011 PROMOVENDO O P&D Olhares voltados para o P&D Participação em importantes eventos do setor potencializa resultados e incentiva novos projetos Andre Chaves, Oscar Guerra, Raphael Torres, Verônica Moreira, Juliana Neves, Carolina Storry, Marcella Paiva e Felipe Baronto: alguns dos funcionários da Light envolvidos na organização do SENDI 2012 Entre as principais estratégias de vendo relacionamento entre os agentes li- promoção dos resultados obtidos em P&D gados à inovação no setor elétrico brasileiro”, destaca-se a participação em eventos ex- destaca José Tenório Júnior, responsável pelo ternos do setor elétrico e de inovação. Estar P&D da Light. Segundo ele, esses encontros presente neles é uma maneira de mostrar o também são uma forma de prestar contas trabalho do P&D da Light, conhecer novas dos resultados alcançados com as pesquisas. tendências e estabelecer novas parcerias. “A divulgação dos resultados é cada vez mais Os eventos nacionais são uma gran- exigida pelos nossos stakeholders. O interes- de vitrine para as pesquisas realizadas, dan- sante é que, indiretamente, acabamos por fo- do visibilidade aos projetos concluídos. “Es- mentar novos projetos”, completa. sas ocasiões servem ainda como intercâmbio tecnológico entre os participantes, promo- Seminário Nacional de Distribuição de Energia O maior evento do setor no país é o foto humberto teski 28 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT PROMOVENDO O P&D ABRADEE: É uma sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos, que reúne 43 concessionárias de distribuição de energia elétrica, estatais e privadas, atuantes em todas as regiões do país, responsáveis pelo atendimento de 99% do mercado brasileiro de energia. foto humberto teski Elétrica (SENDI). A última edição aconteceu em 2010, em São Paulo, e a próxima será em 2012, no Rio de Janeiro. A Light será anfitriã do evento e já se prepara para recebê-lo como manda o figurino. Além do SENDI, o Rio será cenário também para o 4º Rodeio de Energia, que tem competições técnicas e exposições. O SENDI, marcado para acontecer entre os dias 22 e 26 de outubro de 2012, no Centro de Convenções SulAmérica, está sendo organizado em conjunto com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia De acordo com o analista de Comunicação Elétrica (Abradee). Segundo o superinten- e responsável pelos eventos da companhia, dente de Operação e Manutenção de Redes Raphael Fernandes Torres, cada vez mais há da Light, José Hilário, a essência do SENDI é o que ser mostrado. “Agora, podemos expor o seu conteúdo técnico. “Por isso, promove a fisicamente os resultados inovadores de al- inovação e aponta alternativas na área de dis- guns projetos, materializá-los, o que é um fa- tribuição de energia, estimulando a pesquisa tor de motivação para a presença da compa- e o desenvolvimento tecnológico. Esse evento nhia nos eventos”, destaca Torres, que está será uma vitrine para o P&D da Light”, comen- envolvido na organização do SENDI ao lado ta Hilário, que é coordenador geral do SENDI. de uma grande equipe de diversas áreas. Nos últimos três anos, a Light inten- A cada dois anos, uma concessio- sificou sua participação em eventos externos, nária coordena o evento, que é promovi- principalmente relacionados à área de P&D. do pelo Instituto Abradee de Energia, uma associação sem fins lucrativos, mantida pela Abradee. Na visão do diretor da associação, José Gabino Matias dos Santos, o SENDI é uma oportunidade inigualável para troca de experiências e apresentação de casos de sucesso. “Acredito que, no XX SENDI, as distribuidoras discutirão soluções para o aumento da eficiência a curto e longo prazo”, avalia Gabino. Ele lembra que, em 2012, as concessionárias estarão sujeitas à nova regulamentação do processo de revisão tarifária do terceiro ciclo. Por conta disso, terão que aumentar a eficiência operacional. José Hilário: coordenador geral do XX SENDI REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 29 N o 03 - AGO 2011 PROMOVENDO O P&D ANPEI: Tem como objetivo estimular a inovação tecnológica nas empresas nacionais para aumentar a competitividade do Brasil no mercado global e assegurar sua autossustentabilidade econômica. foto humberto teski P&D DA LIGHT NA CONFERÊNCIA ANPEI Outro canal de divulgação do P&D é a Conferência Anpei de Inovação Tecnológica. Anualmente, o evento reúne especialistas que discutem importantes aspectos da inovação e do desenvolvimento tecnológico no Brasil e no mundo. A edição de 2011 aconteceu entre os dias 20 e 22 de junho, no Ceará. Segundo o diretor da Associação Na- cional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei) e coordenador do evento, Mario Barra, a confe“Nesse sentido, as ações de P&D serão uma rência é uma oportunidade única para que as ferramenta muito importante, pois, somen- empresas se atualizem no quesito inovação. te utilizando a criatividade e buscando a O evento tem sido visto como um fórum para inovação, poderemos encontrar as soluções troca de experiências sobre as melhores prá- que esse novo desafio nos apresenta”, com- ticas da gestão da inovação e sobre como ti- plementa Gabino. rar o melhor proveito das novidades tecno- Outros meios de promoção do P&D da Light A Comunicação da Light também participa ativamente da promoção das ações e projetos de P&D para funcionários, clientes e demais stakeholderes. Tanto na comunicação institucional quanto na comunicação interna, a intenção é desmitificar o tema. “Sempre tivemos a preocupação de tornar o P&D acessível a todos. Em todas as plataformas de divulgação, optamos por uma linguagem simplificada, focando mais no lado comportamental e humano”, diz Jordana Garcia, coordenadora de Comunicação Institucional da Light. A Revista Saber é um bom exemplo dessa forma de comunicar. O que era uma necessidade de prestação de contas para a ANEEL acabou se tornando uma publicação aguardada por todos, com linguagem fácil, objetiva e dinâmica. Na comunicação interna, a divulgação das ações de P&D acontece por meio do jornal eletrônico, o Últimas Notícias, e pela TV Corporativa da Light. Fátima Vilas, coordenadora de Comunicação Interna, explica que, além de expor como essas ações evoluíram, os veículos mostram como a Light está pensando o futuro com projetos de vanguarda tecnológica. “Os projetos são inovadores e devem ser compartilhados com os funcionários, sempre em primeira mão. Entendemos que a divulgação de uma agenda positiva contribui para que todos se comprometam ainda mais com a empresa”, explica Fátima. 30 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Mario Barra, diretor da Anpei e coordenador da conferência pois empresas de diversas áreas participam e interagem. Por isso, é fundamental que o setor elétrico e o P&D da Light estejam presentes”, conta o gerente do projeto, Ivo Neves, que foi ao Ceará exclusivamente para apresentar o conector. “Além de possibilitar o networking entre especialistas com conhecimento nas áreas afins, um evento desse porte propicia ao participante contato com o que há de melhor em inovação, gestão, ciência e tecnologia no Brasil”, analisa o pesquisador da Divisão de Sistemas Eletrônicos do Lactec, Reginato Scremim, parceiro no delógicas para a competitividade no mercado senvolvimento do conector. local e no mundo globalizado. “O Grupo Light vem se destacando pela participação dinâmi- PRESENÇA CONFIRMADA ca na atividade associativa da Anpei, compro- TAMBÉM NO CITENEL vando o quanto está investindo e obtendo sucesso na área de pesquisa, desenvolvimen- O Congresso de Inovação Tecno- to e inovação”, ressalta Barra. lógica em Energia Elétrica (Citenel) é um Apesar de a participação do se- evento bienal brasileiro, realizado pe- tor elétrico ser ainda muito tímida, a Confe- la Agência Nacional de Energia Elétri- rência Anpei é uma excelente oportunidade para promover as ações de P&D. Há três anos, a Light está presente no evento, mas somente na edição de 2011, pela primeira vez, apresentou os resultados de um projeto. O produto em questão é o conector especializado para corte de energia de consumidores inadimplentes. Sua função é comprovar efetivamente a realização do corte e dificultar a autorreligação. “É muito importante estar alinha- do com o desenvolvimento tecnológico do país. Um evento como a Conferência Anpei proporciona esse alinhamento, REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 31 N o 03 - AGO 2011 Máximo Luiz Pompermayer, superintendente de Pesquisa, Desenvolvimento e Eficiência Energética da ANEEL ca (ANEEL), que tem o objetivo de divulgar os resultados obtidos nos Programas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Tecnológica do país. Em 2011, o Citenel acontece entre os dias 17 e 19 de agosto, em Fortaleza, no Ceará. O P&D da Light estará lá para divulgar seus projetos e lançar o número 3 da Revista Saber. Durante o Citenel, a ANEEL vai apresentar os impactos provocados pelo Programa de P&D ao longo dos primeiros dez anos de existência. O superintendente de Pesquisa, Desenvolvimento e Eficiência Energética da agência, Máximo Luiz Pompermayer, destaca que, com o aporte de recursos superior a R$ 300 milhões por ano, o Programa de P&D da ANEEL tem proporcionado contribuições relevantes à concepção e ao desenvolvimento de tecnologias que melhoram o desempenho das companhias do setor. “Além de prestar contas à socieda- de sobre a destinação dos recursos arrecadados, o evento constitui um ambiente altamente propício para compartilhar informações e experiências, bem como formar parcerias estratégicas entre empresas de energia elétrica, instituições de pesquisa e fabricantes de tecnologia, o que irá Além de prestar contas à sociedade sobre a destinação dos recursos arrecadados, o Citenel constitui um ambiente altamente propício para compartilhar informações e experiências, bem como formar parcerias estratégicas entre empresas de energia elétrica, instituições de pesquisa e fabricantes de tecnologia. Máximo Luiz Pompermayer | Superintendente de Pesquisa, Desenvolvimento e Eficiência Energética da ANEEL alavancar novas frentes em prol do desenvolvimento tecnológico e da melhoria dos serviços prestados no setor de energia elétrica”, completa Pompermayer. O gerente de P&D da Coelce, anfi- triã do evento, Odailton Arruda, destaca a expectativa que envolve o Citenel. “A grande novidade será o fortalecimento das novas tecnologias, que serão usadas desde as inscrições e os credenciamentos até a votação dos pôsteres. Estamos aproveitando cada espaço do local do evento, utilizando algumas surpresas tecnológicas”, adianta Arruda. 32 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT AQUI, O INCENTIVO À PESQUISA É INDEPENDENTE. LACTEC, INICIATIVA POR NOVAS IDEIAS. O Lactec é um instituto que tem compromisso com a inovação. Acreditamos que não há desenvolvimento sem pesquisa e, para isso, buscar soluções inovadoras diariamente está na cultura do instituto. Essa filosofia já gerou frutos, como a grande parceria estabelecida com a Light, uma aliada fundamental na busca pela evolução que gera melhorias a toda sociedade. WWW.LACTEC.ORG.BR REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 33 N o 03 - AGO 2011 34 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT foto istockphotos O ingrediente humano no P&D A pesquisa e o desenvolvimento de soluções inovadoras dependem, primordialmente, do comprometimento das pessoas. Cada gerente de um projeto de P&D é peça fundamental na criação de um ambiente inovador na Light. Ele motiva, estabelece o ritmo dos trabalhos, gerencia os imprevistos, faz a ponte com os parceiros. Saiba qual é o valor do ingrediente humano para o P&D da Light. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 35 N o 03 - AGO 2011 O INGREDIENTE HUMANO NO P&D O coração do P&D Gerentes são peças fundamentais na engrenagem que movimenta a pesquisa na Light Uma empresa não é feita somen- te de tecnologia, serviços e produtos. O co- está ligado. ração de uma organização empresarial é for- mado por pessoas. O setor de P&D da Light cução de um projeto é fundamental para que considera o ingrediente humano um dos os resultados sejam alcançados. “Gerenciar principais responsáveis pelo sucesso de um um projeto de P&D é uma experiência imen- projeto. Sem o engajamento e a disponibili- surável, pois integramos uma equipe de alto dade de um gerente, não é possível chegar lá. nível, entre profissionais seniores e pesqui- “Os gerentes de projeto desempe- sadores doutores e mestres, o que permite o nham um importante papel no P&D, sendo desenvolvimento de novas habilidades”, des- peças fundamentais na criação de um am- taca Ricardo Matos, gerente de P&D. biente inovador na empresa. É a partir de suas ideias e da vontade de fazer, aliadas à boa condução dos projetos que gerenciam, que o Programa de P&D da Light garante o desenvolvimento de inovações tecnológicas”, destaca Paulo Mauricio Senra, gerente de Planejamento, Ambiente e Ino- O sucesso do projeto e, por consequência, de todo o Programa de P&D da Light, depende do engajamento desses profissionais. Para nós, todo gerente de projeto é um cliente preferencial. Paulo Mauricio Senra | Gerente de Planejamento, Ambiente e Inovação da Light 36 vação da concessionária, área a qual o P&D Paulo Mauricio Senra, gerente de Planejamento, Ambiente e Inovação da Light REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT O comprometimento durante a exe- Depois da euforia da aprovação da ideia, vem o desenvolvimento do projeto, e o porque foram gerenciadas com boa vontade ritmo dele é estabelecido pelo gerente. “Pa- e entusiasmo”, lembra Maria Helena. ra isso, ele precisa estar envolvido com tudo o que acontece, porque se deixar de lado, o rente de P&D, José Rodrigo Azevedo acabou projeto não anda”, frisa. “Para mim, o P&D é se envolvendo mais do que esperava, criando uma ótima oportunidade de colocar em prá- projetos relativos à sua área de atuação. Atu- tica um sonho. O gerente é o guia do proces- almente, gerencia três e participa de todas as so, responsável por direcionar as atividades, etapas. “A experiência do gerente é primor- que devem estar em sintonia com os obje- dial para que ele consiga atuar junto às uni- tivos a serem atingidos”, acrescenta Paloma versidades e centros de tecnologia na tentati- Marques, que entrou recentemente para o va de desenvolver soluções compatíveis com grupo que gerencia projetos. a demanda da Light e do setor elétrico”, ob- serva ele. Com mais experiência no gerencia- Ao ajudar por acaso um colega ge- mento de projetos – o primeiro foi em 2005 e o segundo em 2007 –, Maria Helena Adria- Busca por soluções e no destaca que o P&D incentiva e cria novas comprometimento pessoal oportunidades para os profissionais. “O gerenciamento de projetos é uma forma que a Gilson Valente teve um começo companhia tem de reter talentos. Já tivemos similar. Até algum tempo atrás, apenas na Light pesquisas com excelentes resultados participava de fases da execução. Agora, REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 37 N o 03 - AGO 2011 O INGREDIENTE HUMANO NO P&D foto humberto teski José Benedito Costa Araujo é ge- rente de P&D há sete anos e enxerga a oportunidade como um reconhecimento da empresa ao seu trabalho. Para ele, a experiência tem sido bastante enriquecedora, já que todos os projetos trouxeram para a Light produtos para melhorar a rotina da concessionária. Um dos que exigiram bastante esforço e dedicação foi o desenvolvimento de sistemas de detecção da corrosão em cabos. Depois de muita pesquisa ao lado do CPqD, conseguiram desenvolver uma teoria inovadora. Logo a seguir, tiveram que criar um robô 38 gerencia um projeto de P&D. “Há mui- que fosse versátil o suficiente para supe- ta expectativa nessa nova experiência. É rar os concorrentes e atender às necessi- uma grande oportunidade por diversos dades de trabalho no campo. motivos, entre eles crescimento profissio- nal, capacitação por meio de mestrados e mento chega a ser uma questão filosófica MBAs e desenvolvimento de produtos e e de cunho íntimo, pois só consigo reali- serviços que não seriam possíveis em pro- zar algo se estiver realmente envolvido e cessos normais dentro da companhia”, ob- acreditar que posso transformar o desafio serva Valente. em uma solução técnica. Somos o elo en- “O papel do gerente de P&D é ali- tre a ideia desafiadora e a solução do pro- nhar o desenvolvimento do projeto com o blema. Por isso, precisamos fornecer todos parceiro. Os riscos devem ser calculados, os elementos aos parceiros para o sucesso e é fundamental encontrar soluções para do projeto”, declara José Benedito. imprevistos. Para isso, ouvimos sugestões de todos os envolvidos, que podem ajudar sequência, de todo o Programa de P&D na busca por novos caminhos. O gerente da Light, depende do engajamento des- deve conseguir também motivar as pes- ses profissionais. Para nós, todo geren- soas envolvidas”, comenta Gilcinea Rangel te de projeto é um cliente preferencial e Pesenti, gerente de P&D que desenvolve ele pode contar com a equipe do P&D pa- projetos desde 2006. Segundo ela, a opor- ra internalizar as soluções, divulgar os re- tunidade de crescer profissionalmente e sultados e continuar a pesquisar e a de- de se relacionar com outras áreas da em- senvolver novas ideias”, reforça Paulo presa é enorme. Mauricio Senra. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT “A importância do comprometi- “O sucesso do projeto e, por con- REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 39 N o 03 - AGO 2011 O INGREDIENTE HUMANO NO P&D Inovação que gera valor Oficina realizada com gerentes discute estratégias para potencializar produtos 40 Estar pronto para ser gerente de profissional continua participando de ofici- projeto de P&D requer bastante preparo. Co- nas de capacitação. Afinal, é indispensável se nhecimentos prévios sobre gerenciamen- atualizar sempre. to e experiência em outras funções na Light são fundamentais para ocupar um cargo al- ver essa capacitação, o Programa de P&D da tamente estratégico para o futuro da com- Light promoveu, no dia 12 de maio de 2011, panhia. No entanto, não basta ter apenas o uma oficina de trabalho chamada Inovação conhecimento prévio. Mesmo após assumir para Apropriação de Resultados de P&D, di- o desafio de conduzir um projeto de P&D, o recionada a uma equipe de gerentes. Foram REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Com o intuito de fomentar e promo- Apropriabilidade: Refere-se às condições que permitem capturar valores gerados por um novo conhecimento. Pode ser definida ainda como a capacidade de impossibilitar a ação de imitadores e garantir o retorno otimizado dos investimentos em P&D. três os objetivos da oficina: avaliar o regime eficientes que permitam capturar o valor dos de apropriabilidade e o uso dos mecanismos resultados advindos de um projeto. A inten- de proteção; definir a estratégia de apropria- ção de desenvolver um produto com carac- ção de valor mais adequada para cada proje- terísticas comercializáveis deve ser incorpo- to em questão; e promover troca de informa- rada ao processo de gestão de um projeto ções e conhecimento entre os participantes. desde o seu estágio inicial, sendo amadure- “Metodologia de gestão de falhas transitórias”, cida em conjunto com a estratégia de apro- “Conector especializado para corte de forneci- priabilidade e com o modelo de negócios mento a cliente de baixa tensão”, “Selo quími- do Programa de P&D Light, considerando os co” e “Manta polimérica” são os quatro projetos possíveis cenários de referência para comer- apresentados na oficina. cialização. Sendo assim, a apropriabilidade Participaram do treinamento gesto- diz respeito às questões relativas à proteção res envolvidos diretamente no Programa de do conhecimento, que vem ganhando cada P&D da Light, representantes de outras áreas vez mais destaque na agenda de discussões – planejamento e TI da empresa –, coordena- de empresas que têm atividades de P&D. Tal dores de P&D de instituições externas, escri- proteção pode representar a garantia de ex- tório de patentes que presta apoio à conces- ploração exclusiva de um novo produto ou sionária nessa área e professores da PUC-Rio. processo inovador. A oficina foi ministrada pela profes- Os mecanismos de apropriabilida- sora do programa PósMQI da PUC-Rio, Fá- de de um conhecimento são diversos e in- tima Ludovico. Na opinião dela, o encontro cluem patentes, marcas, segredos industriais. foi fundamental para a fase de consolidação “Conhecer e entender os diferentes mecanis- do relatório final do projeto “Inovação para mos de apropriabilidade é o primeiro passo apropriação de resultados de P&D”, que vem para estruturar a gestão dos ativos de conhe- sendo desenvolvido pela universidade. Esse cimento das empresas”, explica Fátima. projeto pretende elevar o grau de apropria- ção dos resultados oriundos das atividades nir a estratégia de apropriação de valor mais de P&D implementadas pela Light. Na oficina adequada para cada projeto do Programa de de trabalho, foi possível discutir e validar com P&D apresentado na ocasião. A professora da gestores de P&D da companhia ferramentas PUC-Rio explica que não há valor inerente a avançadas de análise de apropriabilidade. Na uma inovação tecnológica, pois ele é deter- prática, essas ferramentas vão auxiliar a Light minado pelo modelo de negócio utilizado a definir a melhor estratégia de apropriação para introduzir essa nova tecnologia no mer- de valor dos resultados de projetos de P&D, cado. A mesma tecnologia, apresentada por atuais e futuros. diversos modelos de negócio, resultará em diferentes apropriações de valor, com menor O retorno econômico das ativida- des de P&D está relacionado a estratégias Um dos objetivos da oficina era defi- “Metodologia de gestão de falhas transitórias”: O projeto teve como objetivo desenvolver dois protótipos de equipamento de baixo custo para coleta de dados de ocorrências. Esses equipamentos são instalados em subestações e enviam os dados coletados via GPRS para um software de análise, também desenvolvido pelo projeto de P&D. Esse software analisa as características das ocorrências transitórias para estimar provável causa e localização. “Selo químico”: Dispositivo de proteção que inibe ação ilícita em medidores e/ou sistemas de medição, indicando se houve alguma intenção de violação no medidor. Uma ampola se rompe e muda a cor do lacre caso seja violado. “Manta polimérica”: É uma proteção para postes de madeira, com objetivo de prolongar sua vida útil, retardando o apodrecimento por umidade, imunizando contra ataque de cupins e aumentando a resistência. É de fácil aplicação, não agride o meio ambiente e tem baixo custo. ou maior retorno financeiro. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 41 N o 03 - AGO 2011 O INGREDIENTE HUMANO NO P&D Entendemos que as questões da apropriabi- Conhecer e entender os diferentes mecanismos de lidade dos resultados devem ser avaliadas na fase de definição do escopo do projeto, para apropriabilidade é o primeiro passo para a que cheguem amadurecidas ao final das pes- estruturação da gestão estratégica dos ativos quisas”, complementa Nilton, gerente do pro- de conhecimento pelas empresas. Como esses jeto do selo químico. O gerente do projeto que criou uma mecanismos serão utilizados depende dos metodologia para gerir falhas transitórias, objetivos estratégicos da Light, da natureza dos Antônio Francisco Mello, concorda com Nil- conhecimentos gerados pelos projetos de P&D e do ton Guilherme e conta que só se preocupava com o ponto de vista técnico. A participação modelo de inovação. na oficina propiciou novos entendimentos Fátima Ludovico | Professora do programa PósMQI sobre, por exemplo, a importância de se pa- da PUC-Rio tentear um produto inovador. “O aprendizado e a troca de experiências foram enormes, principalmente devido ao contato com ou- NOVA VISÃO SOBRE P&D tros gerentes e especialistas da área. Agora, tenho uma visão mais ampla sobre os negó- “Quando assumimos um projeto de cios que podem ser gerados a partir de uma P&D, gerenciamos do início ao fim, mas a ofi- gestão eficiente do conhecimento e dos me- cina nos mostrou que esse ‘fim’ não é onde canismos de apropriabilidade”, relata Mello. pensávamos que fosse. Após sua conclusão, o projeto entra em outra fase, que é a de co- Alves Nunes, gerente do projeto da manta mercialização. Essa consciência nos faz pen- polimérica, acredita que os gerentes estejam sar em questões como a vida do produto aptos a contribuir ainda mais na definição das após a conclusão do projeto ou em como se ações de apropriação de valor mais adequa- dará a produção em escala industrial”, reflete das a cada projeto. “Aprendemos a definir o o gerente de P&D Nilton Guilherme, que par- modelo de negócio e o cenário de referên- ticipou da oficina. cia para apropriação de resultados de P&D, Nilton destaca que, além de apren- bem como vencer os desafios de sua implan- der a olhar para o futuro e entender que é im- tação”, comenta. Para ele, o grande ganho da portante criar um produto com valor agrega- oficina está na promoção de uma forma mais do, com enfoque na perspectiva comercial, a adequada de encarar a área de P&D da Light, oficina teve outros ganhos. “Foi muito impor- capaz de transformar ideias em produtos ino- tante a integração com outras áreas e o ali- vadores que tragam retorno financeiro para a nhamento interno que tivemos por conta dos companhia e benefícios para o setor elétrico desafios no desenvolvimento dos projetos. e a sociedade em geral. 42 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Como resultado da oficina, Fabrício Pesquisa e desenvolvimento com foco em aplicações práticas O Laboratório de energia dos ventos da UFF – LEV – possui ALGUNS PROJETOS DESENVOLVIDOS uma equipe multidisciplinar composta por professores e profissionais atuantes no mercado e parcerias com universida- LIGHT FURNAS des e empresas especializadas em diversas áreas. Medidor de energia elétrica sob condições de fraude. Concepção e construção de trecho experimental de Linha de Transmissão de Potência Natural Elevada em 500 kV AMPLA MPX Mineração de texto de call center. Sistema de identificação de parques eólicos. O LEV atua no Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da ANEEL criando soluções práticas para responder aos desafios das diversas empresas do Setor Elétrico Brasileiro. São 9 anos de atuação na área de P&D, com 30 projetos aprovados pela ANEEL. Acesse www.uff.br/lev ou ligue (21) 2629-5700 / 2629-5701 e encontre as soluções práticas que você procura. Clientes Parceiros Universidade Federal Fluminense LEV Laboratório de Energia dos Ventos REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 43 N o 03 - AGO 2011 Influências externas O P&D da Light é resultado de um conjunto de influências internas e externas, que juntas definem o seu perfil. No ambiente externo, a interação com outras concessionárias de energia elétrica enriquece o processo de gestão e o desenvolvimento de novos projetos. As determinações do órgão regulador também alteram profundamente a rotina da área. Entenda como isso acontece e quais os saldos para o P&D da Light. 44 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT foto istockphotos REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 45 N o 03 - AGO 2011 INFLUÊNCIAS EXTERNAS Compartilhar para crescer Interação entre programas de P&D das concessionárias fortalece ações de pesquisa e desenvolvimento no país No campo da inovação, interagir é de ampliar sua expertise na área, desenvolver fundamental. A troca de experiências am- projetos cooperados e acompanhar o que o plia horizontes, aprimora processos e une es- setor elétrico tem produzido de inovador pe- forços em prol de objetivos comuns. E é em lo país afora. função desses ganhos que os programas de pesquisa e desenvolvimento das concessio- dores de Energia Elétrica (Abradee) criou o nárias do setor elétrico compartilham ações, GT P&D para desenvolver importantes ações conhecimentos e resultados. Seus membros em prol das distribuidoras associadas. “O GT se encontram periodicamente para discutir P&D da Abradee possibilita uma troca de ex- aspectos organizacionais, regulatórios, técni- periências permanente, auxiliando no apri- cos e de gestão de projetos. Dessa forma, o moramento da regulamentação e defenden- Programa de P&D da Light procura participar do os interesses das empresas junto ao órgão do maior número possível de encontros, a fim regulador, Poder Executivo e Congresso Na- A Associação Brasileira de Distribui- cional. Com certeza, sem o GT, as distribuidoras teriam mais dificuldades para atender às exigências regulatórias”, define o diretor da Abradee, José Gabino Matias dos Santos. As atividades de pesquisa e desen- volvimento sempre estiveram presentes no dia a dia do setor elétrico, mas se tornaram obrigatórias a partir da Lei nº 9.991, publicada em 2000. Nesse contexto, o GT P&D ajuda empresas que enfrentam dificuldades em desenvolver bons projetos. “Uma forma de superar essas dificuldades é o desenvolvimento de projetos cooperados, em que um grupo de empresas se reúne para criar um projeto único. Dessa forma, eventuais deficiências de uma companhia podem ser superadas com o aproveitamento da competência de outros 46 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT INFLUÊNCIAS EXTERNAS Estrutura Tarifária: Tem o objetivo de analisar a estrutura tarifária praticada atualmente no Brasil, no contexto do atual arranjo institucional do setor elétrico, identificando sinais econômicos distorcidos, desnecessários ou ineficientes. Pretende também elaborar uma proposta de nova metodologia de estrutura tarifária para o sistema elétrico brasileiro, que solucione os problemas observados na estrutura em vigor, inclusive propondo novos postos e modalidades tarifárias. foto Gilson Martins parceiros. Como exemplo, podemos citar os projetos Estrutura Tarifária, Redes Inteligentes e Medição e Verificação, este na área de eficiência energética. Ambos estão sendo desenvolvidos pelo Instituto Abradee da Energia, com a participação de um grande número de empresas do setor elétrico”, destaca Gabino. No início de 2010, o GT P&D do Gru- po Cemig foi criado com o objetivo de aproveitar as sinergias que o trabalho em equipe pode proporcionar. “Existe uma integração muito boa entre os membros. Nota-se uma preocupação grande com a troca de experiências no sentido de maximizar os ganhos não somente do Programa de P&D, mas da de pesquisas para apresentação de novas gestão tecnológica como um todo, destacan- tecnologias, atuações em conjunto perante a do-se a utilização de isenções fiscais”, com- Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) plementa o superintendente de Tecnologia e entidades representativas do setor, troca de e Alternativas Energéticas do Grupo Cemig, experiências em captações de financiamento Alexandre Bueno. ou de recursos não reembolsáveis e aquisição No GT P&D do Grupo Cemig, os en- de know-how, principalmente, quando da contros resultam em diversas ações conjun- ocorrência de um fato novo para todo o gru- tas, entre elas visitas a empresas de bases tec- po, como a obrigatoriedade da realização da nológicas, convites a universidades e centros primeira auditoria contábil-financeira para os projetos de P&D já encerrados, o que ocorreu no começo de 2011, com o Despacho 512. “Os ganhos para as empresas são infinitos, indo desde a melhoria no processo de gestão da tecnologia até a realização de projetos com maior potencial de retor- Redes Inteligentes: Entre seus objetivos, destacam-se a elaboração de uma proposta para o setor elétrico brasileiro de migração do estágio atual para a adoção plena do conceito de rede inteligente em todo o país, contendo a definição das funcionalidades e dos requisitos associados ao conceito no Brasil; a definição e padronização das tecnologias e metodologias a serem adotadas; e a recomendação de ações para solução das deficiências da estrutura atual, sob os aspectos técnico, tecnológico, regulatório e da cadeia de suprimentos, que deverão ser tratadas como premissas para a adoção do conceito de Smart Grid. Medição e Verificação: Este projeto prevê o desenvolvimento de um procedimento para medição e verificação dos resultados dos projetos do Programa de Eficiência Energética, em conformidade com a Resolução Normativa nº 300/2008, da ANEEL. no e aplicabilidade. A interação contribui para os avanços na área de P&D na medida em que fortalece o programa como um todo por Grupo Cemig: Formado pelas empresas Light, TAESA, TBE, Cemig e Transmineira. meio da realização e divulgação de projetos mais consistentes e mais alinhados às estratégias empresariais. Colabora ainda para mudar o estigma de um programa de obrigação Daniel Araujo, da AES Brasil REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 47 N o 03 - AGO 2011 Benchmarking: É um processo contínuo de comparação de produtos, serviços e práticas empresariais entre as empresas reconhecidas como líderes, para identificar o melhor dos melhores e alcançar um nível de superioridade ou vantagem competitiva. AES Brasil: Grupo AES Brasil é controlador de oito empresas operacionais, que atuam nos setores de energia elétrica e telecomunicações – AES Eletropaulo, AES Sul, AES Tietê, AES Minas PCH (controlada pela AES Tietê), AES Uruguaiana, AES Infoenergy e AES Atimus. INFLUÊNCIAS EXTERNAS legal para uma oportunidade de eficiência comendações do manual da ANEEL. No caso operacional e geração de novos negócios”, da AES Eletropaulo e Light, existe uma siner- acrescenta Bueno. gia importantíssima entre as concessionárias, Representantes das áreas de P&D tendo em vista a concentração populacional da Light, Eletropaulo e Eletrobras se en- e as semelhanças operacionais – subterrâneo, contram algumas vezes por ano para um por exemplo – que são quase exclusivas das benchmarking em relação à gestão dos pro- duas. “No futuro, esperamos criar uma rede de gramas de pesquisa e desenvolvimento, tro- compartilhamento de experiências entre as cando experiências e buscando as melhores diversas concessionárias que possuem a obri- práticas para aplicação mais eficiente dos re- gação regulatória de investimento em pes- cursos oriundos do encargo regulatório de- quisa e desenvolvimento”, conclui Carneiro. finido pela Lei nº 9.991/2000. “Um exemplo são as trocas sobre contratação e execução res Independentes de Energia Elétrica (Api- de contratos com instituições científicas e ne) também possui o seu GT P&D. Criado no tecnológicas, bem como fabricantes. No ca- final de 2006, é formado por representantes so específico da Light, contratamos a mesma das empresas associadas à Apine que apli- empresa fornecedora do software para ges- cam anualmente um percentual mínimo de tão dos programas. No decorrer do proces- sua receita operacional líquida em progra- so de implantação, trocamos informações re- mas de pesquisa e desenvolvimento do setor levantes”, conta o gerente de Gestão de P&D de energia elétrica. e Eficiência Energética da AES Brasil, Daniel Araujo Carneiro. niões, debates, conferências e workshops, cuja Outro exemplo é a discussão de al- iniciativa pode partir de qualquer empresa as- ternativas na gestão dos projetos, frente às re- sociada. O consenso sempre prevalece nas de- A Associação Brasileira dos Produto- O intercâmbio se dá por meio de reu- cisões do grupo, valorizando o relacionamento pessoal e corporativo. “A junção de esforços e recursos permite o desenvolvimento de projetos que dificilmente seriam executados por uma única empresa. Estimulamos a participação de outras entidades executoras em um mesmo projeto com o propósito de agregar diferentes opiniões, ideias e conhecimento técnico, fatores considerados imprescindíveis para as áreas de pesquisa e inovação”, diz o gerente da Divisão de Assuntos Regulatórios da Companhia Energética de São Paulo (CESP) e coordenador do GT P&D da Apine, Antonio Celso de Abreu Jr. foto divulgação 48 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT INFLUÊNCIAS EXTERNAS Parceria na medida certa Sinergia entre P&D e Eficiência Energética fomenta pesquisa e abre espaço para a inovação O Programa de P&D da Light man- por meio de um piloto pela área de eficiência tém uma linha de pesquisa voltada exclusiva- energética, o kit foi desenvolvido por pesqui- mente para a eficiência energética, fato que sadores do P&D da Light com o objetivo de aumenta e fortalece a sinergia com o Progra- melhorar a eficiência de refrigeradores usa- ma de Eficiência Energética (PEE) da compa- dos e é constituído de três peças: compres- nhia. O PEE funciona como uma alavanca pa- sor, termostato e borracha. “Ficamos muito ra produtos inovadores, contribuindo para satisfeitos com os resultados dos estudos fei- inseri-los no mercado. tos pela equipe de P&D sobre a viabilidade do kit” , conta Raad. O superintendente de Relações Ins- titucionais da Light, Eduardo Camillo, afirma A sinergia entre o Programa de P&D que a parceria com o P&D tem sido bastante e o Programa de Eficiência Energética não pa- profícua. “O PEE se beneficiará cada vez mais ra por aqui. Ela se estende até o campo regu- dos produtos inovadores desenvolvidos pe- latório. De acordo com a legislação em vigor, lo programa”, completa Camillo, que já foi, in- 0,5% da receita operacional líquida da Light clusive, superintendente da área de P&D. é destinado ao P&D e 0,5% vai para a área de Projetos de eficiência energética eficiência energética. Até mesmo o manual podem nascer de um P&D. Segundo o res- de auditoria publicado pela ANEEL, em 2010, ponsável pela área de Eficiência Energéti- vale para os dois programas, que contrataram ca da Light, Antônio Raad, o PEE consegue uma única empresa de auditoria para obter viabilizar o uso de produtos inovadores de- ganhos de escala e reduzir custos. senvolvidos pelo P&D da Light. “Depois de Eduardo Camillo (à esquerda), superintendente de Relações Institucionais da Light, e Antônio Raad, responsável pelo Programa de Eficiência Energética concluídos, os projetos não ficam no papel. Testamos as inovações em campo para checar viabilidade e eficiência. Nesse sentido, o PEE pode funcionar com um amplificador das ações de P&D, fomentando os resultados das pesquisas”, analisa Raad. Um exemplo é o Kit Retrofitting de Refrigeradores, oriundo de um projeto de P&D. Já concluído e em fase de implantação foto humberto teski REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 49 N o 03 - AGO 2011 INFLUÊNCIAS EXTERNAS Hora de prestar contas ANEEL regulamenta procedimentos para emissão de relatórios financeiros e contábeis de projetos de P&D O Despacho 512, publicado no iní- tor de Energia Elétrica da ANEEL prevê es- cio de 2011 pela Agência Nacional de Ener- sa prestação de contas, mas a área de P&D gia Elétrica (ANEEL), vem mexendo com a estava aguardando o regulador determi- rotina das áreas de P&D de todas as em- nar quando, de fato, a auditoria começaria. presas de energia, inclusive a Light. O do- A área de P&D da Light já concluiu os rela- cumento regulamenta a prestação de con- tórios de 13 projetos. De agora em dian- tas de cada projeto concluído, detalhando te, esse trabalho será contínuo e deverá procedimentos e estabelecendo prazos. O ser feito dentro do prazo estabelecido pe- Despacho 512 determina ainda a contrata- lo regulador. ção de uma empresa de auditoria externa para preparação dos relatórios financeiros que a ANEEL passaria a exigir de fato os re- e contábeis em até 60 dias após a conclu- latórios de comprovação de investimen- são de um projeto de P&D, prazo máximo tos em P&D, mas não sabíamos quando se- para entrega à ANEEL. ria exatamente. A notícia veio no início de Desde 2008, o Manual do Progra- 2011 e mudou nossa rotina. Tivemos que ma de Pesquisa e Desenvolvimento do Se- reunir uma gama enorme de documentos “Aguardávamos o momento em para viabilizar o trabalho das auditorias externas”, conta o analista de Regulação e Planejamento da Light, Bruno Salerno, que trabalha na área de P&D. De acordo com Salerno, o P&D da Light precisou reorganizar alguns processos internos para otimizar a preparação da documentação que seria apresentada à ANEEL. A exigência do regulador gerou novas atividades, como a busca por notas fiscais originais e comprovantes de desembolso, arquivados em área específica da Light. Com isso, a equipe de P&D está tentando criar uma estrutura que favorefoto HUMBERTO TESKI 50 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT INFLUÊNCIAS EXTERNAS foto HUMBERTO TESKI ça o acesso imediato a esses documentos comprobatórios sempre que necessário. “É um desafio diário adequar nos- sos processos de trabalho para estarmos alinhados às exigências do regulador, mas é natural que nos adaptemos às mudanças. Estamos aprendendo muito, principalmente porque tivemos de orientar as consultorias externas para o preparo dos relatórios. A nossa expectativa é de que elas se tornem cada vez mais independentes com o passar do tempo”, avalia Salerno. AUDITORIA EXTERNA Os relatórios contábeis e financei- cendo o seu papel fiscalizador, porém ros serão auditados por auditores exter- contará com o suporte desses relatórios nos contratados pela Light, conforme exi- analisados por terceiros independentes”, gência da ANEEL. Segundo o sócio-líder da destaca Juliana Rigo, da PWC, consulto- área de energia elétrica da empresa de au- ria contratada pela Light para realização ditoria e consultoria PWC, Guilherme Valle, de trabalhos no âmbito de P&D. a exigência de se realizar a auditoria exter- na sobre os projetos de P&D contribui para gulador tem a oportunidade de identificar o processo de fiscalização da ANEEL, pois é possíveis problemas com a aplicação dos inviável a agência reguladora fiscalizar so- recursos e direcionar esforços para resol- zinha todos os projetos executados pelas vê-los, ou ainda aplicar sanções que po- empresas de energia elétrica obrigadas a derá ser o estorno dos gastos não com- investir em P&D. As auditorias terão o pa- provados ou inadequados aos projetos. Ao avaliar todos os projetos, o re- pel de verificar a adequação dos gastos realizados em cada projeto. “Não se trata de uma audito- ria técnica para validar o caráter inovador do produto, mas de uma auditoria Não se trata de uma auditoria técnica para validar o caráter inovador do produto, mas de uma auditoria de natureza financeira e contábil, pa- de natureza financeira e contábil, para analisar a ra analisar a aplicação dos gastos de ca- aplicação dos gastos de cada projeto concluído. da projeto concluído. Mas mesmo com os relatórios, a ANEEL continuará exer- Juliana Rigo | PWC REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 51 N o 03 - AGO 2011 INFLUÊNCIAS EXTERNAS foto humberto teski da ANEEL e os procedimentos que deveriam ser executados para prestação de contas dos projetos. Agora há uma regra e todos sabem como proceder”, esclarece o auditor da KPMG, Vinicius Nishioka, que já aplicou os procedimentos de revisão preacordados, determinados pela ANEEL, em 13 projetos de P&D da Light. A medida da ANEEL inaugura uma nova fase para as empresas do setor elétrico com programas de pesquisa e desenvolvimento, o que é uma grande oportunidade de rever o controle de todos os Portanto, o relatório conclusivo sobre a investimentos em P&D. “As concessioná- auditoria contábil e financeira dos proje- rias, com base no Despacho 512, tiveram tos de P&D tem por finalidade suportar que rever os processos de preparação dos a fiscalização da ANEEL e, sobretudo, dar arquivos de documentos e as ferramentas mais transparência aos recursos aplicados de controle para as auditorias atuarem. em P&D, traduzindo-se em benefícios para Em se tratando de uma novidade, o desa- a sociedade de forma geral. fio é entender as necessidades da ANEEL Na verdade, o Despacho 512 apro- e rever os processos internos de contro- va o Manual de Orientação dos Trabalhos le dos projetos e programas, buscando es- de Auditoria Contábil e Financeira dos Pro- tabelecer a forma mais eficiente de aten- jetos, Projetos/Planos de Gestão e Progra- dê-las. As áreas de controle de P&D nunca mas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) haviam passado por esse momento antes”, e Eficiência Energética (EE). “Antes do Des- constata Nishioka. pacho 512 e do Manual não havia nenhu- ma norma especificando os requerimentos as regras estabelecidas pelo regulador Segundo o auditor da KPMG, mostram a seriedade com que o governo brasileiro encara a pesquisa e o de- As áreas de controle de P&D nunca haviam passado por esse momento antes. A postura da va concessionárias e aumenta a confiança daquelas que realmente querem investir ANEEL indica o quão importante é o surgimento de em inovação. “A postura da ANEEL indica tecnologias inovadoras para o futuro do Brasil. o quão importante é o surgimento de tec- Vinicius Nishioka | KPMG 52 senvolvimento no país. Tal postura moti- REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT nologias inovadoras para o futuro do Brasil”, finaliza Nishioka. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 53 N o 03 - AGO 2011 INFLUÊNCIAS EXTERNAS Em perfeita sintonia com o P&D Lei do Bem proporciona incentivo à inovação tecnológica com redução da carga tributária A Lei Federal nº 11.196/2005 é co- Consultora da Hirashima & Associa- nhecida como Lei do Bem, o que exprime dos, empresa que auxilia o P&D da Light na com perfeição o seu significado. Essa lei interpretação e aplicação da lei, Samira Sou- concede incentivos fiscais para empresas za explica que a Lei do Bem estabelece bene- que investem em pesquisa e desenvolvi- fícios fiscais relacionados aos investimentos mento, beneficiando diretamente a área de efetuados em pesquisa e desenvolvimento P&D e a sociedade em geral. A norma con- para inovação tecnológica, os quais as em- siste na redução do pagamento de Impos- presas podem usufruir de forma automática. to de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contri- De acordo com a lei, regulamentada pelo De- buição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) creto nº 5.798/06, para obter os benefícios, é ao reconhecer até 60% do total das despe- preciso apenas atender a algumas formalida- sas aplicadas em P&D, além de reduzir 50% des, como a regularidade fiscal. do Imposto sobre Produtos Industrializa- dos (IPI), que incide nas aquisições de equi- é oferecer incentivos fiscais às empresas – in- pamentos, máquinas, instrumentos e apa- dependentemente do setor de atuação – pa- relhos utilizados no projeto. ra que apliquem recursos em pesquisa e de- “O grande benefício da Lei do Bem senvolvimento de inovações tecnológicas, reduzindo a elevada carga tributária do país”, comenta o gerente da área tributária da Hirashima & Associados, Alexandre do Carmo. Uma companhia como a Light, que tem a área de P&D consolidada, não poderia ignorar a Lei do Bem. “Aproveitamos os benefícios trazidos por ela com responsabilidade e compromisso, voltados para o interesse público, porque este norteia e é o arcabouço estrutural da própria lei. A Light se sente realizada por aproveitar uma oportunidade legítima na conquista de uma posição melhor e mais producente, principalmente, porque se mosfoto humberto teski 54 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT tra interessada nos benefícios e resultados O gerente da Hirashima acrescenta positivos trazidos pelas inovações de proces- que a lei pode trazer redução da base de cál- sos e produtos”, avalia o gerente tributário da culo do IRPJ e da CSLL em função da deprecia- concessionária, Frederico Videira. ção acelerada das máquinas e equipamentos A sócia de Impostos da Ernst Young adquiridos no ano-calendário, e ainda permi- Terco, empresa de autoria e consultoria que te reduzir a base de cálculo do IRPJ via amor- atende a Light, Maria do Carmo Leocádio, ex- tização acelerada do intangível, também ad- plica que, ao aderir ao incentivo, a empresa quirido no mesmo período, dedução essa que pode excluir do lucro líquido, na determina- não se aplica à CSLL. Ele explica ainda que o ção do lucro real e da base de cálculo da CSLL, Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) é tri- o valor correspondente a até 60% da soma dos dispêndios realizados no período de apuração com pesquisa e desenvolvimento. Esse percentual poderá chegar a 70% se a companhia incrementar o número de pesquisado- O grande benefício da Lei do Bem é oferecer incentivos fiscais às empresas – res contratados no ano-calendário de gozo independentemente do setor de atuação – do incentivo em até 5%, em relação à média para que apliquem recursos em pesquisa e de pesquisadores com contratos em vigor no ano-calendário anterior; e 80%, no caso des- desenvolvimento de inovações tecnológicas, se incremento superar os 5%. São elegíveis reduzindo a elevada carga tributária do país. ao incentivo os dispêndios classificáveis co- Alexandre do Carmo | Gerente da área mo inovação nos termos da legislação aplicável pelo Decreto nº 5.798/2006. tributária da Hirashima & Associados REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 55 N o 03 - AGO 2011 Maria do Carmo Leocádio, da Ernst Young TerCo butado à alíquota zero nas remessas efetuadas ao exterior para fins de registro de marcas e patentes, reduzindo os custos da Light. A conceituação de investimentos em P&D é bastante abrangente, compreendendo criação de novos produtos; novas funcionalidades para produtos já existentes; novos mecanismos de produção ou aprimoramento do processo produtivo; entre outros. “Apesar dos benefícios fiscais e das inegáveis vantagens competitivas proporcionadas pela inovação tecnológica, o irá melhorar a qualidade do produto final, meio empresarial brasileiro ainda utiliza gerar ganhos de produtividade e tornar pouco a Lei do Bem, por uma série de fa- os produtos mais competitivos frente aos tores, como o próprio desconhecimento da similares internacionais. Ao final do pro- legislação e o receio das empresas quanto cesso, todos ganham: as empresas melho- a questionamentos fiscais”, destaca Samira, ram sua situação financeira se tornando da Hirashima. Esses incentivos fiscais deve- mais sólidas e mais lucrativas, e o gover- riam ser mais bem aproveitados pelos em- no arrecada mais, com uma base maior presários, especialmente diante das críticas dos tributos envolvidos”, ressalta Maria à carga e à complexidade do sistema tribu- Leocádio. É uma solução para enfrentar o tário brasileiro. momento delicado de forte expansão das “Com essa iniciativa do governo, importações de produtos manufaturados será possível criar um ciclo virtuoso que e a consequente desindustrialização das empresas nacionais. Aproveitamos os benefícios trazidos pela Lei do Bem com responsabilidade e compromisso, voltados para o interesse público, porque este norteia e é o arcabouço estrutural da própria lei. A Light se sente realizada por aproveitar uma oportunidade legítima na conquista de uma posição melhor e mais producente. Frederico Videira | Gerente Tributário da Light 56 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT “No setor elétrico, é importante ressaltar a importância que a pesquisa, o desenvolvimento e a eficiência energética ganharam ao longo dos anos, por meio de significativos esforços de todos da área, especialmente da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Nos chama a atenção a preocupação das empresas com a melhoria dos controles e procedimentos relacionados aos projetos de P&D”, destaca José Ricardo de Oliveira, sócio de Advisory da Ernst & Young Terco. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 57 N o 03 - AGO 2011 E por falar em projetos Falar em P&D é falar em projetos. E projeto é sinônimo de trabalho, muito trabalho. É sair da inércia e se debruçar em pesquisas que possam descobrir soluções inovadoras para as demandas da Light, que beneficiarão também o setor elétrico e a sociedade em geral. É se mexer para dar ao país a oportunidade de alcançar novos patamares no mercado global. Conheça o presente e o futuro dos projetos de P&D. 58 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT foto istockphotos REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 59 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS Avanço no Smart Grid Protótipo industrial do medidor inteligente está quase pronto para ser utilizado pelo cliente da Light Aguardado com grandes expectati- poderá, se quiser pagar menos na conta de luz, vas, o Programa Smart Grid, ou redes elétricas acompanhar e controlar o consumo de energia inteligentes – na tradução para o português –, elétrica diariamente. tem avançado a passos largos. O protótipo in- O display exibirá informações de con- dustrial do medidor inteligente deverá ser tes- sumo mensal, semanal e diário em kilowatt/ tado até o final do ano em um projeto piloto. O hora e será capaz de indicar o consumo de novo modelo possui um display independente, energia em relação à meta estabelecida pelo a ser instalado na casa do cliente e pelo qual ele próprio cliente, consumo instantâneo de ener- foto humberto teski 60 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT gia, fluxo de energia, temperatura ambiente, e Inovação da Light, Paulo Mauricio Senra. entre outras informações. Na parte superior do display, uma barra luminosa – que pode va- próxima etapa é selecionar o grupo de mil riar em verde, amarelo e vermelho – vai mos- clientes que terão os equipamentos instala- Com medidor e display prontos, a trar o consumo instantâneo; na inferior, uma segunda barra sinalizará, também em cores, as tarifas diferenciadas – uma vez regulamentadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) - e os momentos mais propícios para Neste projeto piloto, o cliente da Light poderá acompanhar o seu consumo de energia elétrica usar a energia sem gastar muito. a partir de diferentes mídias, utilizando a que lhe for mais familiar, o que possibilita a integração Com todas essas possibilidades, o usuário de energia elétrica poderia apagar algumas luzes, desligar alguns aparelhos ou e inclusão sociofinanceira dos consumidores, deixar para passar a roupa em outro horário. tomando em conta, dentre outros parâmetros, “O Smart Grid é o futuro do negócio de distri- aspectos culturais, socioeconômicos e suas buição de energia no país. São ações que melhoram a gestão da rede e ajudam os clientes diferentes faixas etárias. a fazer escolhas mais econômicas. O mundo Fabio Toledo | Coordenador executivo do está mudando, e a Light se prepara para isso”, Programa Smart Grid na Light avalia o gerente de Planejamento, Ambiente REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 61 N o 03 - AGO 2011 62 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 63 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS Portal: Visão geral do consumo de energia apoiado por um calendário, que traz indicações de consumo com relação às metas nas cores verde, amarelo e vermelho dos em suas residências. O projeto piloto aju- rá possível acompanhar o consumo de ener- dará a avaliar os benefícios de tais serviços, gia. Assim, além de utilizar o display do me- bem como o comportamento de cada consu- didor inteligente em casa, o cliente poderá, midor na utilização das novas tecnologias. por exemplo, acessar o portal do Smart Grid de onde estiver. Em breve, o portal estará no PORTAL SMART GRID ar e possibilitará o acompanhamento do consumo através de mídias sociais. 64 O Programa Smart Grid evoluiu tam- Os pesquisadores do Smart Grid es- bém no desenvolvimento de variados ca- tão atuando ainda no desenvolvimento de nais de comunicação com o cliente (confor- soluções para telefonia móvel e TV digital. As- me figura da página 66), também chamados sim como no display convencional e no por- de displays indiretos, por meio dos quais se- tal, o consumidor poderá acessar suas in- REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT E POR FALAR EM PROJETOS portal: Visualização de dados de consumo por meio de gráficos, em diferentes períodos (ano, mês, semana e dia) e postos tarifários. Também é possível cruzar informações de consumo com informações do posto tarifário e temperatura formações de consumo no televisor. Muitas TRAÇANDO O PERFIL DO CLIENTE pessoas têm mais familiaridade com esse tipo de equipamento eletrônico do que com Quem é o cliente da Light? Quais são celulares e internet. suas características socioculturais? Qual o co- “No Smart Grid, a Light quer oferecer nhecimento tecnológico que possui? Essas e pluralidade de canais de comunicação com o outras perguntas precisavam ser respondidas cliente. A informação deve ser entendida por para orientar os designers no desenvolvimen- todos. Somos desafiados com esse desejo, o to dos aplicativos dos canais de comunicação que é positivo porque estamos conseguindo previstos no Smart Grid: display do medidor superar as expectativas”, comemora o pesqui- inteligente, portal Web, TV digital interativa sador e coordenador do programa Smart Grid e dispositivos móveis. As soluções estão sen- pelo CPqD, Luiz José Hernandes. do desenhadas respeitando os princípios de REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 65 N o 03 - AGO 2011 Personas: Metodologia proposta por Alan Cooper que considera dados estatísticos e etnográficos para criar arquétipos do público-alvo. As características socioculturais de cada persona orientam o design da interação. 66 E POR FALAR EM PROJETOS usabilidade e acessibilidade de acordo com o jeto piloto, o cliente da Light poderá acom- perfil do cliente Light. panhar o seu consumo de energia elétrica a Foram necessárias algumas visitas partir de diferentes mídias, utilizando a que ao call center da empresa e a uma das prin- lhe for mais familiar, o que possibilita a inte- cipais agências de atendimento ao público. gração e inclusão sociofinanceira dos consu- Com base nessas visitas, dentre outras aná- midores, tomando em conta, dentre outros lises, os pesquisadores se utilizaram do mé- parâmetros, aspectos culturais, socioeconô- todo de Personas e criaram um modelo com micos e suas diferentes faixas etárias”, declara mais de dez perfis de clientes com dife- Fabio Toledo, coordenador executivo do Pro- rentes histórias de vida e motivações, que grama Smart Grid na Light. tem sido usado para orientar os profissio- nais de criação. comunicação que serão usadas na infraestru- O consumidor terá à disposição um tura de medição avançada também estão em vasto leque de ferramentas para acompanhar andamento. Agora é aguardar os resultados seu consumo de energia. Todas as mídias es- do piloto, que, em breve, será realizado com tarão prontas até o final de 2011. “Neste pro- alguns clientes da Light. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Os testes finais das tecnologias de REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 67 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS Inteligência comercial Quatro projetos prometem revolucionar o atendimento da Light ao consumidor de energia elétrica Satisfação do cliente e redução de tecipa o superintendente da área Comercial, custos. Esses são os ganhos finais de um pro- Marco Vilela. grama de P&D que está em andamento na Light. Voltado para o relacionamento com o importante para preservar a imagem da Light e a consumidor de energia elétrica, o programa qualidade do serviço prestado”, ressalta o pes- de inteligência comercial abriga quatro pro- quisador do Núcleo de Transferência de Tec- jetos audaciosos, que prometem revolucio- nologia da COPPE/UFRJ, Alexandre Evsukoff, nar o atendimento da concessionária. parceiro do P&D e responsável pelo desenvol- Em fase inicial, o projeto de cálculo vimento das novas tecnologias. Segundo ele, do tempo para restabelecimento de energia o software fará o processamento e dará a infor- vai permitir que a empresa faça uma estimati- mação sobre o tempo aproximado de restabe- va de em quantos minutos ou horas a luz vol- lecimento no momento em que o cliente esti- tará a ser ligada. Essa informação é de gran- ver na linha com o atendente da Light. de valor para a Light, pois pesquisas indicam que o cliente fica muito mais satisfeito quan- cional para a companhia: redução de proces- do informado sobre o tempo aproximado de sos, multas e indenizações por interrupção retorno da energia. Consequentemente, ele no fornecimento de energia elétrica. “Do ponto de vista do usuário, é muito A tecnologia trará um benefício adi- aguarda e telefona menos para a central de atendimento, reduzindo custos com as liga- Atendimento via sms ções para o 0800 da companhia. A expecta- 68 tiva é de uma economia mínima de R$ 1 mi- lhão por ano. de um novo canal de atendimento via celu- “A novidade do projeto de P&D é a lar. O cliente poderá solicitar diversos servi- inteligência do software, cujos cálculos serão ços e informar problemas com a rede elétri- feitos com base em uma série histórica sobre ca enviando um SMS (mensagens de texto). eventos passados. Levaremos em considera- Para o consumidor, representa comodida- ção o tempo gasto para restabelecimento da de e praticidade. Para a Light, significa re- energia, tipo de defeito, condições climáticas, dução de custos com as ligações. Uma cha- quantidade de técnicos envolvidos no repa- mada para a central de atendimento custa, ro, entre outras informações relevantes”, an- em média, R$ 3, já uma mensagem sai por REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Um segundo projeto de P&D trata Projeto que vai acompanhar dia e noite as mídias sociais na internet, como Facebook®, Orkut®, LinkedIn®, Twitter®, blogs, entre outras, para rastrear tudo o que for falado sobre a Light e assuntos correlatos, possibilitando a prestação de atendimento ativo. Projeto de cálculo do tempo para restabelecimento de energia vai permitir que a empresa faça uma estimativa de em quantos minutos ou horas a luz voltará a ser ligada. Projeto cria um novo canal de atendimento via celular, através do qual o cliente poderá solicitar diversos serviços. Projeto de mapeamento geográfico das reclamações e serviços comerciais, por meio do qual será possível mapear os tipos de problemas mais comuns por áreas e regiões do Rio de Janeiro, permitindo realizar campanhas direcionadas de relacionamento com o cliente. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 69 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS foto humberto teski bre a Light e assuntos correlatos, para prestar atendimento proativo. Trata-se de uma quebra de paradigma, pois o atendimento no mercado de varejo é pautado em uma ação receptiva. “Nossa pesquisa pretende desenvolver um software capaz de armazenar menções à concessionária e processá-las de maneira que se possa entender o contexto em que a Light é citada, identificando os principais formadores de opinião”, explica Evsukoff. O projeto de P&D para as redes so- ciais é um pouco mais ousado, pois prevê também o desenvolvimento de um aplicati- 1746 Rio: Aplicativo lançado recentemente pela própria Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro para atendimento via smartphones. LinkedIn®: Rede de negócios lançada em 2003, comparável às redes de relacionamento e utilizada, principalmente, por profissionais. Twitter®: É uma rede social com formato de microblog, que permite aos usuários enviar e receber atualizações pessoais de outros contatos, em textos de até 140 caracteres, conhecidos como “tweets”, por meio do website do serviço, por SMS e por aplicativos específicos de gerenciamento. 70 apenas R$ 0,18. A viabilidade do projeto vo CRM (Customer Relationship Management depende do desenvolvimento de um apli- ou Gestão de Relacionamento com o Clien- cativo exclusivo para a Light, algo pareci- te) para Twitter® e Facebook®, com uma do com o 1746 Rio, da Prefeitura do Rio de plataforma amigável e intuitiva. “O nosso Janeiro. desafio é atender às gerações Y e Z, acosEstá em fase final de formatação o tumadas com ambientes virtuais. As crian- projeto de mapeamento geográfico das re- ças e os adolescentes que ficam horas no clamações e serviços comerciais. A ideia é computador serão os nossos clientes em bastante interessante e será muito útil pa- um futuro breve. Como vamos nos relacio- ra a Light. O software a ser desenvolvido nar com eles?”, questiona Vilela. vai mapear os tipos de problemas mais co- muns por áreas e regiões do Rio de Janeiro. área comercial, em três anos, o atendimen- Essas informações, quando cruzadas com to virtual vai representar mais de 50% na os dados sociodemográficos dos bairros, Light. Prova dessa tendência é a Agência vão permitir descobrir os padrões dos con- Virtual, que, em 2007, representava 4% do sumidores. “Dessa forma, é possível buscar total de atendimentos ao cliente. Em 2010, soluções individualizadas mais efetivas”, esse percentual saltou para 23%. destaca Vilela. Por fim, há o projeto de P&D que Light de mecanismos tecnológicos alta- vai acompanhar dia e noite as mídias so- mente avançados, capazes de agregar valor ciais na internet, como Facebook®, Orkut®, aos serviços prestados pela concessionária. LinkedIn®, Twitter®, blogs, entre outras. A É uma questão estratégia ter o cliente satis- intenção é rastrear tudo o que for falado so- feito”, frisa o pesquisador da UFRJ. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT De acordo com as expectativas da “Todos esses projetos dotarão a Facebook® e Orkut®: Redes sociais que reúnem amigos na internet. BOAS IDEIAS PRECISAM SAIR DO PAPEL Se você quer projetos de P&D com resultados efetivos, escolha um parceiro que saiba desenvolver soluções inovadoras com benefícios aplicados à rotina operacional de sua empresa. A Axxiom, resultado da sinergia de importantes empresas do setor elétrico, é referência no desenvolvimento de soluções inteligentes e inovadoras, integradas às mais diversas arquiteturas e plataformas tecnológicas corporativas. CONHEÇA AS PRINCIPAIS ÁREAS EM QUE A AXXIOM ATUA: Soluções de mobilidade para gestão de equipes em campo, navegação e roteamento, planejamento e projetos, acompanhamento e recebimento de obras, coleta e faturamento, inspeções operacionais, técnicas e comercias, etc. Integração, desenvolvimento e manutenção de aplicativos, tais como: Sistemas de Gestão da Distribuição/ Transmissão/ Geração, Sistemas Supervisórios, ERP, CRM, Billing, Metering, Automação, Planejamento e Controle de Perdas Consultoria e desenvolvimento de soluções integradas focando a melhoria de processos e atendimento às determinações regulatórias Projetos de P&D Axxiom Soluções Tecnológicas S.A. Rua Inconfidentes, 1.051 - 4° ad. – Funcionários – 30140-120 – Belo Horizonte – MG – Brasil Tel.: + 55 31 3280-4900 • Fax: 55 31 3280 4977 • [email protected] REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 71 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS A vida do produto Após término do projeto, inovações são inseridas no mercado. Espaçador de fios é uma delas PEAD: Polietileno de alta densidade. Geraldo Mendonça, diretor comercial da PLP Diversas mudanças implantadas dor de fios, que nasceu de uma parceria entre pela Agência Nacional de Energia Elétrica a Light, a PLP e o Centro de Pesquisa de Ener- (ANEEL), em 2008, trouxeram benefícios pa- gia Elétrica da Eletrobras (Cepel). ra o setor de pesquisa e desenvolvimento, impulsionando a criação de soluções inova- do a se beneficiar do produto foi a Light, que doras, para facilitar o dia a dia das conces- substituiu mais de 40 mil peças antigas pelo sionárias. Produtos desenvolvidos por proje- novo modelo, com melhor desempenho elé- tos de P&D da Light estão prontos para entrar trico e mecânico. Composto por PEAD e com no mercado. O que há pouco tempo era ape- modificações no desenho, o novo espaçador nas uma possibilidade agora é fato, provando traz importantes inovações, como a introdu- que o futuro já começou. ção de furos para o escoamento da água da chuva e a substituição do anel elástico por Em 2010, dois importantes projetos A primeira concessionária do merca- da área de P&D da Light foram finalizados, uma trava automática. podendo, enfim, entrar na fase de comercia- lização. Um deles é a nova versão do espaça- Mendonça, conta que a Light está testando O diretor comercial da PLP, Geraldo o produto em campo e que outras concessionárias estão interessadas no novo espaçador, como a Ceal, de Alagoas; a Companhia Energética de Pernambuco; e CPFL Energia, de São Paulo. Por enquanto, a Light fechou contrato de venda com a Ampla, para aquisição inicial de 120 peças. “Após concluir a entrega do pedido da Light, começaremos a atender outras companhias do setor elétrico”, adianta Mendonça. O novo espaçador tem tido uma excelente aceitação. A intenção é levá-lo para mercados da América do Sul, México e Estados Unidos. “A nova tecnologia criada para o espaçador permite entrar em regiões foto divulgação 72 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT E POR FALAR EM PROJETOS onde o dano ao modelo antigo era muito grande devido à agressiva salinidade, como o litoral do Brasil e a costa do Chile. O novo espaçador, constituído de polietileno de alta densidade, será certamente uma excelente solução técnica e econômica”, afirma o diretor da PLP. Outro projeto de P&D finalizado com sucesso foi o de gestão de baterias, que pode ser utilizado por concessionárias de energia elétrica ou empresas de telecomunicação. Desenvolvido em parceria com o CPqD, teve como objetivo produzir um software para gerir bancos de baterias utilizadas para alimentar os equipamentos das subestações. O novo sistema é capaz de acompanhar as condições de utilização e o estado de conservação dessas máquinas. Em casos de falta de energia elétrica, essas baterias fazem com que elas continuem fun- espaçador em uso no bairro da urca, rio de janeiro cionando normalmente. O gerente de Negócios do CPqD, Iran Lima Gonçalves, gerente de negócios do CPqD Iran Lima Gonçalves, diz que, apesar de ainda não ter sido fechado nenhum contrato comercial, o software vem agradando bastante. “Vejo facilidades na venda dele para outras companhias. Acredito que, até o fim de 2011, fecharemos alguns contratos”, diz Gonçalves. Uma das telas do software de baterias REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 73 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS Maré verde Projetos pioneiros vão otimizar poda de árvores e garantir mais eficiência na distribuição de energia Ao receber energia em casa, pou- desenvolvendo o projeto “Pesquisa de no- cas pessoas param para imaginar o caminho vas tecnologias de manejo da arborização que ela percorreu, muito menos tudo o que urbana”, que também é cooperado com a precisou ser feito para que essa energia che- Ampla, concessionária que atende Niterói, gasse até o cliente da forma mais eficiente São Gonçalo, Itaboraí, Magé e outros muni- possível. Para alcançar a excelência em um cípios da região. serviço, as corporações investem em ações que, aparentemente, não estão diretamen- de quantidade de árvores para aumen- te relacionadas ao negócio, mas que trazem tar o conforto térmico. Se por um lado aju- grandes ganhos indiretos, como aprimorar dam os cariocas a viver melhor, por outro, a poda das árvores em contato com a rede criam desafios que devem ser vencidos pe- elétrica, por exemplo. las concessionárias de energia elétrica, co- Em parceria com a Universida- mo quedas, galhos quebrados, entre outros de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Uni- problemas. “Nossa função é manejar eficien- versidade Federal Rural do Rio de Janeiro temente essas plantas, o que inclui o estudo (UFRRJ), o Programa de P&D da Light está de novas tecnologias para retardar o cres- As ruas do Rio possuem gran- cimento, interferindo o mínimo possível no meio ambiente e garantindo que permaneçam vivas”, explica o professor do Laboratório de Química da Rizosfera, da UFRRJ, Jorge Jacob Neto, que coordena a pesquisa em parceria com a UFRJ. O projeto de P&D é inovador por- que nenhuma outra empresa de energia elétrica no mundo teve iniciativa parecida. De acordo com o gerente do projeto pela Light, Max Pereira de Souza, o “objetivo é investigar como inibir o crescimento das árvores sem prejudicá-las e aplicar tecnologias mais eficazes de poda no ambiente urbano, visanfoto humberto teski 74 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Plataformas automáticas de coletas de dados serão instaladas em locais estratégicos para medir os parâmetros de crescimento da vegetação plataformas de coleta de dados próximas às árvores em cinco áreas-piloto. As informações possibilitarão prever o crescimento das plantas e informar quando deverá ser feita uma nova poda. O projeto permitirá entender o crescimento em função do clima, criar As empresas cooperadas gastam por ano, Aproximadamente, R$ 48 milhões com serviços de poda. A expectativa é que projetos como estes tragam uma economia anual de 3% desse total, com o retorno do investimento em menos de dois anos. mecanismos que inibam o rebrotamento e reduzir quantidade e frequência de podas, o que acaba por diminuir também custos com transporte do material descartado. “Ao mapear a rede elétrica com a nova tecnologia, considerando as características das espécies que estão no ambiente urbano, é possível planejar remotamente a periodicidade da poda de maneira mais inteligente”, destaca Max Souza, gedo sempre maior eficiência do processo”, ex- rente do projeto. plica Souza. A gerente do projeto pela Ampla, esse projeto possibilitará estudos integraliza- Aline Agra, acrescenta que a ideia surgiu a dos com as variáveis ambientais de cada local partir da necessidade de reduzir interrup- da pesquisa, analisando ventos, temperatura, ções causadas pelo contato das árvores com insolação, para tomadas rápidas e eficientes as redes de energia e pesquisar meios de di- de decisão, com menos riscos. “Estamos evi- minuir os ruídos provocados pelas máqui- tando a destruição de plantas ao longo dos nas de poda. anos, já que a árvore debilitada pode cair e Jacob Neto, da UFRRJ, cita ainda que até matar uma pessoa”, adverte Jacob. PREVENDO O CRESCIMENTO DAS PLANTAS A Agência Nacional de Energia Elé- trica (ANEEL) incentiva projetos cooperados entre distribuidoras de energia. Ao falar so- O segundo projeto, também coo- bre a parceria entre as duas concessionárias, perado com a Ampla, é chamado de “Desen- Aline Agra ressalta a confiabilidade das em- volvimento de modelo empírico de cresci- presas envolvidas e a abrangência da coo- mento vegetativo e catalogação eletrônica peração, que beneficia todo o estado do Rio da vegetação”. O professor e coordenador de Janeiro. A importância desses projetos é do Laboratório de Meteorologia Aplicada enorme, não só pelo ineditismo, mas pela da UFRJ, Gutemberg Borges França, que di- preocupação com o meio ambiente e com o rige o projeto, explica que serão instaladas consumidor de energia elétrica. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 75 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS Renovando as energias Projeto de P&D pesquisa tecnologia fotovoltaica e confirma intenção da Light de buscar fontes renováveis 76 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT E POR FALAR EM PROJETOS A preocupação com a preserva- ra mostrar a quantidade de energia gerada ção do meio ambiente atinge cada vez e consumida. O grande diferencial é que mais os diversos setores da sociedade. O se pretende integrá-la à rede da Light pa- mundo que vai ficar para as gerações fu- ra ser usada por todo o complexo da sede, turas começa a ser pensado e mudado a na Rua Marechal Floriano, gerando um pa- partir do presente, com grandes e peque- drão técnico que poderá ser replicado pa- nas atitudes, sejam elas governamentais, ra todos os clientes. privadas ou apenas uma iniciativa do ci- dadão comum. senvolver estratégias de negócio para O esgotamento dos recursos na- grandes clientes que queiram usar esse ti- turais é uma preocupação universal, pois po de energia renovável. E o Programa de precisam ser substituídos antes que aca- P&D tem um papel fundamental na con- bem. Entre esses recursos encontra-se a cretização desse objetivo. Fernanda expli- energia produzida pelas hidrelétricas. A ca que, atualmente, a energia fotovoltaica água é um bem precioso para a humani- ainda não é viável comercialmente devido dade, mas corre o risco de se tornar es- ao elevado custo de compra e instalação casso. Em função desse perigo, o Progra- das placas, porém os custos vêm baixando ma de P&D da Light já pensa em soluções ano após ano. Além da área de P&D, o pro- que possam gerar energia a partir de fon- jeto será desenvolvido em parceria com a tes renováveis. Gerência de Grandes Clientes e Engenha- ria da companhia, bem como com o apoio A executiva de Negócios da Light, A intenção da companhia é de- Fernanda Particelli, gerencia um projeto técnico da Light Esco. de P&D que vai desenvolver uma tecno- logia para geração de energia fotovol- buir com a introdução de melhorias nos taica. Trata-se de um projeto piloto a ser padrões atuais de consumo, estimulan- implantado dentro da própria concessio- do o uso de fontes renováveis, sempre nária, que vai avaliar os benefícios desse com foco na sustentabilidade do planeta. tipo de energia e torná-la conhecida pelo O Programa de P&D espera, inclusive, que grande público. o projeto possa servir de modelo para ou- As placas para captar energia so- tras concessionárias do setor elétrico. “As lar serão colocadas no teto do Museu da fontes de energia são finitas, mas mesmo Energia, instalado no prédio da Light, no assim o consumo tende a crescer. Ao in- Centro do Rio de Janeiro. A área coberta vestir em fontes renováveis, a Light busca do telhado será de, aproximadamente, 160 trazer para o mercado uma gestão susten- m2 e vai produzir 22 kW pico, o que equi- tável, garantindo a perenidade do negócio vale a 220 lâmpadas de 100 watts. Inter- e a continuidade dos recursos ambientais”, namente, haverá um painel eletrônico pa- afirma Fernanda. Light Esco: É uma empresa do Grupo Light especializada em soluções energéticas e está presente em todo o território nacional. A empresa desenvolve soluções customizadas para atender ao perfil de consumo e de produção de seus clientes. A energia fotovoltaica vai contri- REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Energia fotovoltaica: É a geração de energia elétrica com energia renovável do sol. Sustentabilidade: Conceito relacionado à continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana e do planeta. 77 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS Mesa de Compras: papel determinante no P&D Mesa de Compras: Instância de aprovação para todas as aquisições relevantes, com valor superior a R$ 200 mil, onde os processos são apresentados pelo Analista de Compras com a presença do cliente interno, discutidos e aprovados apenas por unanimidade pelos membros da Mesa de Compras (gestores de Compras e de Projetos e representantes do Jurídico e Finanças). 78 Conheça também dois projetos da área de Aquisição e Logística da Light A área de Aquisição e Logística da um projeto. “No geral, avaliamos imparcial- Light é um parceiro estratégico do P&D, pois mente prazo, preço, classificação tributária contrata os fornecedores que atuam nas pes- e aspectos legais envolvidos. Tentamos apli- quisas. A Mesa de Compras desempenha pa- car esses mesmos critérios quando se trata de pel fundamental, pois sem a validação dos P&D, mas nem sempre é possível, pois esta- contratos é impossível iniciar a execução de mos lidando com soluções inovadoras e sem REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Ricardo Vidinich, superintendente da área de aquisição, logística e qualidade de fornecedores da Light poderá acompanhar mensalmente a evolução dos custos por meio de índices de insumos que compõem as atividades contratadas. Outro projeto de P&D em fase fi- nal é o sistema de monitoração remota de baterias, cujo objetivo é avaliar periodicamente o estado de conservação desses equipamentos, que devem estar em perfeitas condições de uso caso haja falha de energia elétrica nas subestações da Light. O projeto gerou dois hardwares, que fazem medição de eletrólito, corrente, tensão, temperatura e impedância, e um software, responsável pela análise dos dados coletados. “Os protótipos dos hardwares referências”, explica o superintendente Ricar- já estão instalados na subestação Baepen- do Vidinich. Como projetos de P&D são bas- di. Atualmente, as medições são feitas ma- tante específicos, a alternativa é considerar nualmente. A partir do projeto de P&D, po- valores unitários e propostas anteriores de derão ser programadas automaticamente, cunho semelhante. representando grande avanço para a área de manutenção da Light”, aponta a geren- Além de cumprir com seu papel, a área também tem projetos de P&D. Um te do projeto Gilcinea Pesenti. deles é o Apogeu, que vai desenvolver um software específico para formação de preço de referência para serviços técnicos de distribuição de energia, considerando as particularidades do setor elétrico. “Esse software dará suporte à área de Compras, reduzindo os riscos de serem contratados serviços com preços abaixo ou acima do estimado. Com isso, vai aprimorar a negociação com os fornecedores, permitindo análises mais detalhadas e gerando resultados com melhor qualidade e segurança nas informações”, destaca o gerente do projeto Ricardo Oliveira Matos. A área REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 79 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS Em sintonia com o regulador Participação em projetos estratégicos alinha P&D da Light à ANEEL e o mantém por dentro das tendências do setor Regularmente, a Agência Nacional estudo, as novas demandas do nosso setor. de Energia Elétrica (ANEEL) propõe temas a Os projetos estratégicos da ANEEL oferecem serem pesquisados e desenvolvidos pelas essa oportunidade”, diz Ribeiro. áreas de P&D das concessionárias de energia elétrica do país. Costumam ser temas estra- cinco projetos estratégicos da ANEEL, entre tégicos para o setor e de relevância nacional, eles o que pretende estabelecer uma nova como redes inteligentes (Smart Grid), estudo estrutura tarifária para o serviço de distribui- do mercado sul-americano de energia, efei- ção de energia elétrica no Brasil. Seus princi- tos das mudanças climáticas, estrutura tarifá- pais parâmetros foram estimados há mais de ria, entre muitos outros. 30 anos em um arranjo institucional e con- Sempre que possível, o P&D da Light tratual completamente diferente do vigente. elabora propostas em conjunto com outras Nesse contexto, a ANEEL defende pesquisas companhias e participa dos projetos. Atual- e estudos para aprimorar essa estrutura, por mente, está envolvida em algumas pesquisas meio de uma melhor adequação ao princípio que reúnem diversos agentes do setor elé- da modicidade tarifária, isto é, tarifas cobra- trico, de várias regiões do Brasil. “Essa plura- das em valores que facilitem o acesso ao ser- lidade é ótima para o P&D da Light, porque viço posto à disposição do usuário. permite interação e troca de experiências”, destaca o consultor da Empresa Fluminense de Pesquisas Energéticas (EFLUPE), que trabalha no P&D da Light, Eduardo Ribeiro. Além da interação com outras em- presas e da convergência com a ANEEL, a participação do P&D da Light em projetos estratégicos contribui ainda para que a concessionária se mantenha atualizada no que diz respeito às principais tendências das áreas de Pesquisa e Desenvolvimento do setor elétrico brasileiro. “Precisamos acompanhar os novos debates, as novas tecnologias em 80 Eduardo Ribeiro, consultor da Empresa Fluminense de Pesquisas Energéticas (EFLUPE) REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT O P&D da Light está envolvido em REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 81 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS Segurança garantida Rastreabilidade de equipamentos de proteção assegura uso por trabalhadores 82 Até julho de 2012, 100% das mais dade por chip são incipientes, mas o nos- de 300 tecnologias de proteção, equipa- so projeto de P&D tem sido bem-sucedido mentos e ferramentas de alta responsabi- e estimulado tanto pela Light quanto pe- lidade da área de Segurança do Trabalho lo regulador”, declara o gerente do proje- e Operação da Light estarão prontas para to Edson Muniz. serem rastreadas. Traduzindo: tecnologia inovadora sim, e desta vez a favor da for- volvendo uma tecnologia capaz de rastre- ça de trabalho da companhia. “No Brasil, ar equipamentos e ferramentas por meio as pesquisas no segmento de rastreabili- de radiofrequência. Será possível saber on- REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Este projeto de P&D está desen- E POR FALAR EM PROJETOS Alguns equipamentos e ferramentas que serão rastreados • Capacete • Óculos • Uniforme retardante à chama • Luva isolante de borracha • Botina • Vara isolante telescópica • Ferramenta Y35 • Detector de Tensão de e com quem estão. Cada um dos itens de importância para a segurança de nossos trabalhadores receberá um chip com informações sobre condições operativas, confiabilidade, prazo de ensaios, manutenção, entre outras. Nenhum trabalhador passará pelo portão de saída sem submeter os equipamentos ao profissional responsável por fazer a leitura dos chips. Se qualquer problema for acusado pelo software, os equipamentos deverão ser substituídos. “O principal benefício deste proje- to é o salto no nível de segurança e proteção que ele vai proporcionar para nossa equipe de técnicos. Cada trabalhador es- campeonato, temos certeza de que essa tá associado a um determinado grupo de inovação será absorvida pela Light com equipamentos. O software que receberá os sucesso. E que o resultado final será repli- dados da leitura do chip vai checar se es- cado para outras concessionárias do se- se trabalhador está de posse de tudo que tor elétrico”, acrescenta Muniz. Ao todo, precisa para sair a campo e quais as con- aproximadamente, seis mil trabalhadores dições desses itens. Tudo para minimizar serão beneficiados com a nova tecnolo- ainda mais os riscos”, explica Muniz. gia de rastreamento de equipamentos de segurança. Em fase de testes operacionais, leitoras e chips estão prontos. O proje- to está desenvolvendo o software que fa- feito em parceria com a ANEEL, Fundação rá a leitura dos dados. “Nesta altura do COGE e Universidade Federal Fluminense. O trabalho de pesquisa tem sido REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 83 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS P&D vai prevenir ações judiciais Projeto contribuirá para reduzir perdas comerciais e número de processos contra a Light ladores; e na terceira e última, vai definir os procedimentos para lidar com todas as variáveis apuradas. Segundo o superintendente Jurídico da Light, Fábio Amorim da Rocha, para articular um projeto como esse é necessário entender quais razões motivam o cliente a procurar a justiça para resolver um problema. “Há escritórios com mais de mil processos propostos contra a Light. Precisamos entender o que impulsiona o ingresso de milhares de ações no Judiciário. Por isso, é importante saber co Stakeholders: Todos os públicos com os quais uma empresa se relaciona: clientes, funcionários, governos, comunidades, órgãos reguladores, acionistas, entre outros. 84 A área de P&D da Light é uma das mo todos os stakeholders percebem esse ti- responsáveis por projetos pioneiros em di- po de situação”, frisa Amorim. versos setores. Recentemente, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), ini- Light, mas também para outras concessio- ciou um projeto com viés jurídico. A ideia nárias do país. O que está em destaque é a surgiu a partir da necessidade de reduzir o busca pela eficiência na solução de conflitos número excessivo de ações judiciais contra com o cidadão. “Quando a Light corre atrás a concessionária, que, muitas vezes, provo- e se antecipa para evitar o litígio, o conflito cam perdas econômicas e danos à imagem e o dano, temos uma expressão concreta de da companhia. compromisso com o bem-estar do consumi- O projeto de P&D, assinado em ju- dor e de toda a sociedade”, dispara Ricardo nho deste ano e inédito no país, terá três fa- Morishita, professor de Direito do Consumi- ses: na primeira, vai avaliar a essência dos dor da FGV. conflitos, analisando os registros nos órgãos de defesa do consumidor, Ministério Público, res esperam ter construído a genealogia dos Judiciário e da própria concessionária; na se- conflitos e desenvolvido ferramentas eficien- gunda, entrevistará consumidores, magistra- tes de intervenção, que serão publicadas em dos, promotores, advogados e agentes regu- um guia de boas práticas sobre o tema. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT E será algo positivo não só para a Ao final do projeto, os pesquisado- REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 85 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS Inovações para um mundo sustentável Projetos de P&D desenvolvem soluções inovadoras para preservar o meio ambiente e reduzir custos 86 A palavra sustentabilidade nunca es- A Light desenvolve projetos que contribuem teve tão em evidência quanto neste momen- com a preservação do meio ambiente, com to. As ações sustentáveis podem ir da reci- a qualidade de vida de empregados e co- clagem de resíduos à economia de energia. munidade e ainda com a melhoria dos servi- REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Regiane Monteiro de Abreu, especialista em Sustentabilidade, da Gerência de Planejamento, Ambiente e Inovação e gerente de projeto PROJETOS DA LIGHT ENERGIA O grupo Light engloba a empresa Light Energia, que gera e transmite a energia produzida por um parque gerador que abrange cinco usinas hidrelétricas. Três delas, Fontes Nova, Nilo Peçanha e Pereira Passos, constituem o Complexo de Lajes, que fica em Piraí, no Centro-Sul Fluminense. Diante de tamanha importância, o Complexo de Lajes vem recebendo atenção permanente da área de P&D da Light. A preocupação com o meio ambiente local motivou o desenvolvimento de vários projetos que contribuem com a sustentabilidade. Um deles avalia o potencial de utilização ecologicaços oferecidos aos clientes. Nesse contexto, o mente sustentável das macrófitas aquáticas, Programa de P&D da Light tem imensas con- que se proliferam nos reservatórios e atrapa- tribuições a dar com soluções inovadoras e, lham o desempenho dos equipamentos. ao mesmo tempo, sustentáveis. Em 2006, a Light assumiu um com- tem preocupado não apenas o setor elétrico promisso formal com a sustentabilidade. “A brasileiro, mas também todos os usuários de estratégia da companhia deve estar alinhada recursos hídricos em diversos países, por cau- A proliferação de plantas aquáticas ao conceito de sustentabilidade nas suas três dimensões: ambiental, social e econômico-financeira, uma vez que a Light quer ser reco- A estratégia da companhia deve estar nhecida como uma empresa comprometida alinhada ao conceito de sustentabilidade com o tema. Para tanto, procura implemen- nas suas três dimensões: ambiental, social e tar as melhores práticas, buscando novas soluções, algumas vezes com a ajuda do P&D”, econômico-financeira, uma vez que a Light ressalta a especialista em Sustentabilidade da quer ser reconhecida como uma empresa Gerência de Planejamento, Ambiente e Ino- comprometida com o tema. vação e gerente de projeto, Regiane Monteiro de Abreu. Segundo ela, o P&D se constitui Regiane Monteiro de Abreu | Especialista em em um grande fórum para novas ideias, que Sustentabilidade da Gerência de Planejamento, fazem a Light avançar rumo a produtos e pro- Ambiente e Inovação e gerente de projeto cessos sustentáveis e inovadores. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 87 N o 03 - AGO 2011 Monicke Oliveira Vieira, gerente de P&D sa dos danos aos processos produtivos, equipamentos e instalações. Essas plantas, além de reterem os sedimentos carregados pelas águas, diminuem o volume útil dos reservatórios, obstruem as tomadas d’água quando se desprendem das margens e causam perdas de carga, comprometendo tanto o bombeamento quanto a geração de energia nas usinas. Segundo a gerente de projeto Moni- cke Oliveira Vieira, a proposta do projeto é estudar a sazonalidade do crescimento das macrófitas, os nutrientes minerais e os metais pesados gerados por elas nos reservatórios ao longo do Rio Paraíba do Sul. Elas poderão ser utilizadas na produção de composMDL: É um dos mecanismos de flexibilização criados pelo Protocolo de Quioto para auxiliar o processo de redução de emissões de gases de efeito estufa ou de captura de carbono (ou sequestro de carbono) por parte dos países do Anexo I. Os projetos de MDL podem ser baseados em fontes renováveis e alternativas de energia. tos orgânicos para diversas finalidades, por exemplo, na recuperação de pastagens e áre- ções inovadoras não só para a empresa, mas as degradadas. Além disso, a equipe envolvi- para outras concessionárias, esse P&D vai da na pesquisa pretende elaborar um proje- elaborar um Sistema Inteligente de Apoio à to de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Gestão Ambiental em Unidades de Geração (MDL), que possibilitará a comercialização de de Energia da Light (GERABIO). Esse acervo crédito de fósforo, nutriente presente em ele- online auxiliará o gerenciamento e manejo vada concentração nessas plantas. das usinas hidrelétricas”, destaca Monicke. “Além de contribuir com a sustenta- bilidade do Complexo de Lajes e trazer solu- ICTIOFAUNA DE LAJES É importante os consumidores terem conhecimento de que a energia consumida é produzida por uma empresa responsável, que investe em pesquisa e inovação tecnológica em prol do uso consciente dos recursos naturais. Rinaldo Rocha | Gerente de projeto de P&D 88 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT A preservação do meio ambiente nas áreas em que os reservatórios do Complexo Gerador da Light Energia estão inseridos contribui para reduzir os níveis de poluição, melhorando, principalmente, a qualidade da água. Por isso, a Light está investindo na aplicação de técnicas modernas de avaliação desses ecossistemas e do comportamento das populações de peixes e demais comunidades aquáticas que vivem nos reservatórios e em trechos do Rio Paraíba do Sul. E POR FALAR EM PROJETOS Ictiofauna: Conjunto das espécies de peixes que existem em uma determinada região biogeográfica. De acordo com o gerente de proje- to Rinaldo Rocha, estão em andamento três projetos de P&D simultâneos e integrados, sendo que uma das propostas é estudar a ictiofauna dos reservatórios. Será possível determinar os padrões dominantes dos peixes e relacioná-los às características do habitat, como condições das margens dos rios, cobertura vegetal do entorno e situação do subsolo. Atualmente, a condição da ictiofauna é considerada um poderoso indicador da qualidade ambiental do sistema. Não é somente a Light e o meio am- biente que saem ganhando, mas toda a sociedade. “É importante os consumidores terem conhecimento de que a energia consumida é produzida por uma empresa responsável, que investe em pesquisa e inovação tecnoló- gica em prol do uso consciente dos recursos residentes na região metropolitana do Rio naturais”, destaca o gerente do projeto. de Janeiro e em outras cidades do Vale do Cerca de 12 milhões de pessoas, Paraíba, serão beneficiadas com os resultados desse projeto. Rocha menciona ainda a melhoria da qualidade de vida das populações, pois a pesca esportiva e o turismo ambiental são atividades de grande relevância na economia local. Outro projeto de P&D voltado à sustentabilidade vai analisar a estocagem de carbono, fósforo e nitrogênio em sete reservatórios – Ribeirão das Lajes, Tocos, Santana, Vigário, Ponte Coberta, Santa Branca e Ilha dos Pombos – e suas relações com a sazonalidade climática. Este P&D pretende aprofundar o conhecimento gerado por projetos anteriores, abordando temas considerados estratégicos e prioritários para o setor elétrico. Rinaldo Rocha, gerente do projeto que vai estudar a ictiofauna do Complexo REVISTA de LajesDE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 89 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS Briquetes: Aglomerado de galhos e folhas, transformados em madeira artificial. SOLUÇÕES PARA RESÍDUOS Um dos projetos da Light Sesa estu- da alternativas e apresenta soluções inovadoras relacionadas ao destino de resíduos sólidos produzidos por toda a Light, no Rio de Janeiro. Esse projeto contempla soluções para dois dos principais resíduos gerados por uma concessionária de energia: britas contaminadas por óleo mineral e restos das podas de árvores. A proposta é reaproveitar galhos e folhas para a produção de briquetes, que são usados como material para forno à lenha. O projeto de resíduos envolve tam- De acordo com Rinaldo Rocha, que bém um programa de educação ambiental também gerencia este P&D, o objetivo é de- para a força de trabalho da Light, que recebeu linear as influências das alterações climáticas treinamento e capacitação na própria compa- e das ações humanas sobre a incorporação nhia sobre o lixo reciclável. “Para sensibilizar as de carbono no ambiente aquático e sobre a pessoas, elas precisam internalizar o conceito concentração de nutrientes que fomentam a de sustentabilidade. Mais do que a instituição fixação do carbono pelos organismos vivos ter uma cultura que priorize o meio ambiente, presentes nos reservatórios. Essa pesquisa é preciso que todos os empregados assimilem vai buscar ainda estabelecer uma relação en- e incorporem atitudes sustentáveis”, defende tre os estoques de carbono, fósforo e nitro- o coordenador do projeto pelo Centro de Es- gênio com infestações de plantas aquáticas tudos da Faculdade de Engenharia da UERJ e estoques de peixes dos reservatórios. (CEFEN), Carlos Eduardo Leal. “O projeto, preocupado com a sus- tentabilidade, traz benefícios para toda a so- ÓLEO BIODEGRADÁVEL ciedade. A formação e operação de reser- 90 vatórios exige, evidentemente, um manejo adequado e sustentável dos ecossistemas, o subterrânea da Light, o isolamento dos ca- que implica conhecer as relações existentes bos ainda é feito por papel impregnado de entre a qualidade da água e as comunidades óleo. Ao se romperem acidentalmente, po- aquáticas. A introdução de técnicas de ma- dem prejudicar o meio ambiente. Felizmen- nejo integrado representa um passo impor- te, a tendência para os próximos anos, no se- tante na gestão sustentável dos reservató- tor, é a fabricação de cabos secos, sem óleo. rios”, finaliza Rocha. Mas, enquanto esse momento não chega, REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Em 95% do sistema de transmissão E POR FALAR EM PROJETOS é possível amenizar o problema utilizando de acordo com o plano de emergência da óleo biodegradável, desenvolvido pelo P&D. Light, essa parte do solo deveria ser levada à Ao todo, foram criados oito tipos de bioóleo, Central de Tratamento de Resíduos. extraídos da soja, que agora estão na etapa de testes de compatibilidade. PEGADA DE CARBONO “Os benefícios serão para todo o setor elétrico brasileiro. As concessio- nárias vão continuar transmitindo ener- jeto de P&D que vai desenvolver uma metodo- gia, mas agora com uma tecnologia limpa, logia para calcular a pegada de carbono dos sem agredir o meio ambiente. É uma solu- sistemas de distribuição e geração de energia, ção simples, porém com grande reflexo po- podendo ser aplicada por todas as empresas sitivo para o planeta, ratificando a postura do setor. “A intenção não é comparar, mas es- sustentável da Light”, ressalta o gerente do tudar os processos para saber onde é possível projeto, David Mello. A tecnologia é 100% reduzir as emissões e ser mais eficiente, contri- nacional e ainda poderá gerar royalties pa- buindo assim com a sustentabilidade do pla- ra a companhia. neta”, avalia a gerente de Meio Ambiente e res- ponsável pelo projeto, Fabiana Fioretti. Além do bioóleo, o projeto desen- No início de 2011, teve início um pro- volveu um aditivo capaz de tratar o terreno contaminado no mesmo local, reduzindo o anuais produzidos pela Light sobre a emis- nível de agressão ao meio ambiente. Antes, são de gases de efeito estufa (GEE). Apesar de Pegada de carbono: Quantidade de carbono que a pessoa produz no dia a dia para sobreviver. Esse P&D é fruto dos inventários a energia gerada pela concessionária ser limpa, já que vem de hidrelétricas, ainda não é possível mensurar o quanto de GEE é emitido desde a produção da energia na usina até o seu consumo na casa do cliente quando ele aciona o interruptor. O projeto de pegada de carbono es- tá diretamente ligado às mudanças climáticas. “Esse P&D vai contribuir para a redução do efeito estufa, mesmo que seja uma ação em escala local. Cada um deve fazer a sua parte, e a companhia está tentando fazer a dela”, expõe Fabiana. Ao reduzir as emissões, a empresa se torna mais eficiente do ponto de vista econômico, porque reduz custos, e socioambiental, porque evita a poluição da atmosfera e preserva a saúde das populações. Fabiana Fioretti, gerente de P&D: redução nas emissões de carbono contribui para o meio ambiente e aumenta eficiência da empresa REVISTA DE PESQUISA EaDESENVOLVIMENTO DA LIGHT 91 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS Pronto para uso Três produtos de P&D absorvidos pela Light prometem redução de perdas e mais eficiência nos serviços Um projeto de P&D dura, aproximada- produção industrial a partir da nacionaliza- mente, de 2 a 3 anos para ser concluído. Em se- ção dos materiais, compactação e regime de guida, vem a fase industrial. Grande parte dos operação com temperatura elevada. “Os prin- projetos tem como objetivo reduzir perdas e fa- cipais benefícios do novo produto são dimi- lhas no atendimento ao cliente. As maiores per- nuição da taxa de falhas, melhor relação cus- das são provocadas por tentativas de fraude to-benefício e, consequentemente, ganhos e furto de energia. Mas há também falhas nos de imagem para a empresa, pois reduzirá as equipamentos. O P&D da Light atua pensando interrupções de energia elétrica”, observa Ro- em soluções para esses problemas. Um exemplo berto Dias, gerente dos dois projetos de P&D. é o transformador de distribuição autoprotegi- do compacto com classe de temperatura eleva- dor é igual ao anterior. Porém, internamente, da, que está em sua segunda versão. A primei- emprega materiais que permitem melhor de- ra se mostrou inviável economicamente porque sempenho. Até o fechamento desta edição era produzida com materiais importados. da Saber, a Light havia recebido 60 peças da A segunda versão do transforma- fase “cabeça de série”, faltando apenas cadas- dor resgatou sua viabilidade econômica de trá-las com o número de inventário para se- Aparentemente, o novo transforma- rem instaladas na rede. REDUÇÃO DE PERDAS Outro produto que está com o pro- tótipo pronto e que deverá entrar na fase industrial em breve é o dispositivo de bloqueio e alarme de fraude por queima da bobina de potencial de medidores, conhecido por Disbloq. O gerente de P&D responsável pelo projeto, Clayton Vabo, explica que o Disbloq bloqueia tentativas de fraude por meio da queima ou desligamento da bobina de potencial dos medidores de energia, enviando 92 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Bobina de potencial: Responsável por garantir a força de giro e torque do medidor junto à bobina de corrente. Disbloq: dispositivo dificulta ação de fraudadores e reduz infrações que não eram detectadas para a concessionária agilidade na detecção do problema sem a necessidade de qualquer tipo de intervenção humana imediata, diminuindo a perda de energia e reduzindo os custos. Atualmente, parte dessas perdas ainda entra na tarifa. O Disbloq vai contribuir, dessa forma, com uma possível redução na conta de luz dos consumidores”, ressalta o gerente do projeto. Há ainda um terceiro produto em fa- um alarme ao centro de controle de medição se de teste e bem próximo à cadeia industrial: e impedindo totalmente a saída do medidor bastão amperímetro para detecção de frau- para a carga. Por segurança, o fornecimento des em instalações consumidoras de baixa de energia é interrompido. “O dispositivo di- tensão. O objetivo é checar o consumo antes ficulta a ação de fraudadores e reduz a quan- de uma possível visita da Light ao cliente. Essa tidade de infrações que não eram detectadas possibilidade permite à concessionária iden- pela Light”, destaca Vabo. tificar consumidores que tenham desfeito a fraude antes dos técnicos vistoriarem o local. O novo produto também pode ser usado especialmente para medidores polifási- cos, em que é mais difícil a detecção do desliga- ponsável pelo projeto de P&D, Fernando Bra- mento ou queima da bobina. “Esse projeto traz ga, explica que o bastão facilita a identifica- O gerente de Rede Subterrânea e res- ção de um tipo comum de fraude: o desvio de energia antes da medição. O diferencial do produto está em verificar o consumo antes do acionamento do cliente. Será possível comparar a energia fornecida com a registrada pelo medidor. “O produto foi desenvolvido pela necessidade do efeito surpresa ao chegar na casa do consumidor, já que ele se protege quando a Light faz uma visita. Em alguns casos, percebemos que a fraude foi removida e passamos, então, a monitorar”, completa Braga. Por ser um bastão longo, o produto evita que a equipe precise utilizar a escada para acessar a rede, dando segurança e agilidade aos técnicos. Outro grande benefício é a redução da perda de energia elétrica, hoje, um dos grandes desafios da empresa. Técnicos da Light testam consumo com uso do bastão amperímetro REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 93 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS O que vem por aí: novas soluções para demandas da Light Projetos visionários investem em reciclagem como fonte de renda e nanotecnologia para absorção de gases Novos projetos estão por vir. Nos caminhos para transformá-lo em política pú- próximos meses, o P&D da Light vai colocar blica permanente nas áreas com Unidades de em andamento um projeto que desenvolve- Polícia Pacificadora (UPP), gerando renda e rá uma metodologia para reduzir a inadim- aumentando a capacidade de pagamento da plência em comunidades pacificadas do Rio conta de luz. Os pesquisadores procurarão, de Janeiro e, ao mesmo tempo, gerar renda inclusive, por soluções inovadoras e bem-su- para os moradores a partir da indústria da re- cedidas em outros estados brasileiros. ciclagem. O objeto de estudo é o Light Reci- cla, projeto piloto do Programa de Eficiência intenção é também reduzir a quantidade de Energética da Light implantado, inicialmente, lixo acumulada nos arredores, responsável na comunidade Santa Marta, localizada nos por poluir o meio ambiente e atrair doenças”, bairros de Humaitá e Botafogo. explica Fernanda Mayrink, gerente do projeto de P&D e da área de Atendimento às Comuni- Em outras palavras, o projeto de P&D fará um estudo do Light Recicla, buscando “Além de aumentar a adimplência, a dades da Light. Espuma nanotecnológica para absorção de gases A Light investe muito em sua rede subterrânea, inclusive por meio de projetos de pesquisa e desenvolvimento. O projeto “Sistema de previsão de falhas em redes subterrâneas” desenvolveu um sistema com inteligência artificial para prever falhas que possam ocorrer nesses locais. A aplicação desse sistema permite se antecipar às ocorrências de falhas em componentes e equipamentos, direcionando ações de manutenção preventiva. 94 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT Depois do sucesso desse projeto, o ainda que a espuma nanotecnológica tam- P&D da Light está avaliando a possibilidade bém será desenvolvida para aplicação em de criar um novo, desta vez para aumentar caixas de inspeção, que, diferentemente das ainda mais a segurança nas câmaras sub- câmaras transformadoras, não apresentam terrâneas com o uso da nanotecnologia, facilidade para aplicação de sensores e siste- um dos campos mais modernos da ciência. ma de monitoramento. De acordo com o engenheiro de campo sênior da Light e gerente do projeto, Clayton Vabo, a ideia é desenvolver uma espuma nanotecnológica capaz de absorver gases, em especial o metano. A presença indevida desses gases nas câmaras transformadoras e caixas de inspeção da Light aumenta o risco de explosões. No espaço subterrâneo, as espumas serão distribuídas em pequenas quantidades para absorver os gases e minimizar o nível de explosividade do ambiente até que os técnicos da Light cheguem ao local. “Além da espuma absorvente, o sistema será composto por sensores com alarme e acionamento no sistema de ventilação e exaustão local, capazes de expulsar os possíveis gases excedentes para a atmosfera”, explica Vabo. A espuma é extremamente absor- vente. Apenas um centímetro cúbico do nanoproduto é capaz de sorver mais de um Além da espuma absorvente, o sistema será composto por sensores com alarme e acionamento no sistema de ventilação e exaustão local. Clayton Vabo | Gerente de P&D metro cúbico de gás”, afirma Vabo. Ele conta REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 95 N o 03 - AGO 2011 E POR FALAR EM PROJETOS O que vem por aí: mundo nano, benefícios grandiosos P&D aplica nanotecnologia para identificar e combater vazamentos de SF6 em subestações da Light SF6: O hexafluoreto de enxofre é um gás usado em equipamentos de energia como isolador elétrico. É transparente, inodoro e não inflamável. É um gás de “efeito estufa” e seu potencial de aquecimento global é 24 mil vezes maior que o do CO2. Subestação: É uma instalação elétrica de alta potência, contendo equipamentos para transmissão, distribuição, proteção e controle de energia elétrica. Durante o percurso entre as usinas e as cidades, a eletricidade passa por diversas subestações, onde transformadores aumentam ou diminuem a tensão. Ao elevar a tensão elétrica no início da transmissão, os transformadores evitam a perda excessiva de energia ao longo do caminho. Já ao rebaixarem a tensão elétrica na proximidade dos centros urbanos, permitem a distribuição da energia por toda a cidade. O uso da nanotecnologia pela ci- ganhos para a Light e outras empresas do ência avança em diversos setores da econo- setor elétrico. Entre eles, redução dos cus- mia, inclusive no setor elétrico. Prestes a dar tos com manutenção, já que o vazamen- os primeiros passos, um projeto de P&D da to será identificado logo no início, e prote- Light vai pesquisar uma substância reativa ção ambiental, em consequência da menor constituída de nanomateriais capaz de pos- emissão do SF6 na atmosfera”, avalia a en- sibilitar a rápida identificação de vazamen- genheira de campo da concessionária e ge- tos de SF6 nas subestações da Light. Mas rente do projeto de P&D, Evelyn Goldner. não apenas isso, os pesquisadores querem Encontrar vazamentos assim que começam também desenvolver uma cola para vedar a poupa a equipe e evita a ocorrência de al- área danificada sem ser necessário desmon- gum desarme acidental da subestação, o tar o trecho da tubulação que apresenta o que provocaria interrupção no fornecimen- problema para fazer o reparo. to de energia elétrica para um grande nú- mero de clientes. Os benefícios dessa nova tecno- logia são muitos. “Estou bastante anima- da com a ideia, que poderá trazer grandes as subestações de energia sejam mais com- O SF6 é utilizado para permitir que pactas, o que faz grande diferença em uma cidade como o Rio, que sofre com a falta de Essa ideia poderá trazer grandes ganhos ta que as três fases fiquem mais próximas para a Light e outras empresas do setor umas as outras, tornando as subestações elétrico. Entre eles, redução dos custos com menores em volume. No entanto, há o de- manutenção e proteção ambiental, em consequência da menor emissão do gás na atmosfera. Evelyn Goldner | Gerente do projeto 96 espaço. O efeito isolante do gás possibili- REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT safio de driblar os vazamentos. Desafio este que a Light, por meio do P&D e da nanotecnologia, espera vencer em breve. As dez subestações de SF6 da Light no Rio de Janeiro obedecem rigorosamente a todos os critérios de segurança, mas, infe- REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 97 Evelyn Goldner, gerente do projeto de P&D, em uma das subestações que usam gás SF6 N o 03 - AGO 2011 lizmente, com o tempo, os vazamentos acabam sendo inevitáveis. A perda de SF6 é mínima, mas mesmo assim a companhia busca alternativas tecnológicas para identificá-la em estágio inicial e minimizar ao máximo a emissão da substância na atmosfera. Geralmente, o problema só é percebido quando há queda na pressão do gás e o alarme é acionado. Além disso, o reparo envolve o desligamento de parte da subestação e a desmontagem da tubulação (célula). Quando levou a questão para o P&D da Light, Ermínio de Souza Pinto, na época superintendente de Serviços de Manutenção e Operação de Sistema de Alta Tensão, expôs a necessidade de não só identificar o SF6. Para ser ter uma dimensão do que es- problema, mas, principalmente, solucioná- tamos falando, um grama de uma substân- -lo. “Custa caro reparar e exige muitas ho- cia desenvolvida com nanopartículas pode ras de trabalho. Por isso, expliquei aos pes- chegar a ter 600 metros quadrados de área”, quisadores que, além da substância para explica o professor do Instituto de Quími- identificar o vazamento, gostaríamos tam- ca da Universidade Federal do Rio de Ja- bém que fosse desenvolvida outra que pu- neiro e pesquisador envolvido neste proje- desse reparar o defeito”, conta o superin- to de P&D da Light, Rodrigo Corrêa. A tinta tendente, que agora está em outra área. reativa constituída de nanopartículas será aplicada em áreas com maior incidência de NANOPARTÍCULAS AUMENTAM REATIVIDADE DO SF6 perda de SF6. A cola para reparar o problema se- gue o mesmo princípio. Por conter nanoma Nanotecnologia: É a utilização de materiais constituídos de partículas com dimensões nanométricas, menores que vírus, bactérias e células, chamadas de nanopartículas. Esses nanomateriais apresentam ganho de eficiência devido às dimensões nanométricas, obtendo alto desempenho quando comparados a materiais de dimensões perceptíveis a olho nu. 98 Por natureza, o SF6 é uma substân- teriais, tem capacidade de secagem supe- cia quase inerte, incapaz de reagir rapida- rior aos produtos tradicionais, agindo mais mente a muitas outras. Por isso, é muito difí- rapidamente. cil identificar vazamentos. Além disso, o gás passa com muita velocidade pelas superfí- com uso de nanotecnologia surgirão, por- cies, sem deixar rastros. E é aqui que a na- que com ela – a ciência já comprovou – é notecnologia entra. “Ela permite criar ma- possível melhorar o desempenho de equi- teriais com áreas superficiais gigantescas, pamentos, processos e substâncias. A Light aumentando as chances de reação com o quer acompanhar de perto essa evolução. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT No futuro, novos projetos de P&D REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 99 N o 03 - AGO 2011 Para nós, ter uma boa ideia é aPenas o Primeiro Passo. Pensando no amanhã, a Light investe em Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento, para criar ideias e soluções que ajudem o país a evoluir de forma ecológica e socialmente sustentável. É um trabalho de inovação e pioneirismo a favor da sociedade. 100 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT
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