as redes colaborativas de material de construção, como o g8, têm
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as redes colaborativas de material de construção, como o g8, têm
mercado Juntos pelo desenvolvimento As redes colaborativas de material de construção, como o G8, têm como um dos seus principais objetivos desenvolver o pequeno varejo do setor no Brasil Por Daniela Guiraldelli 112 www.revistadistribuicao.com.br ago 2013 construcao.indd 112 20.07.13 12:09:47 S ão as indústrias que definem as estratégias de como querem chegar ao mercado. No momento em que cada fabricante parte para um modelo no qual decide atuar por meio de intermediários, ele já cria uma rede. Também é comum essas redes serem formadas pelas empresas do canal indireto, principalmente distribuidores, o que é um conceito centralizado de grupo. Esse tipo de rede se mobiliza em prol das oportunidades que as fabricantes lhe oferecem, e o que mobiliza distribuidores para que façam parte desse tipo de grupo é a oportunidade de trabalharem com marcas líderes. Em geral, esses modelos de redes centralizadas são tradicionais. Em razão de um novo momento vivido pelo mercado de consumo, a inovação é necessária para se criar novos mode- los de grupos. O nível de competitividade entre as fabricantes tem feito com que as margens fiquem apertadas em toda a cadeia. Esse cenário estimulou a criação de uma rede descentralizada e auto-organizada. “No momento atual, em que o jogo está baseado no perde/perde, uma vez que há muitas marcas e distribuidores atuando ao mesmo tempo em que o consumo sofre uma desaceleração, surgem no Brasil redes descentralizadas e auto-organizadas, como o G8. A mobilização dessa rede não ocorre pela força da indústria, mas, isso sim, pelos agentes de distribuição, que acabam envolvendo várias fabricantes no processo para criarem uma dinâmica de convivência”, explica Guilherme Tiezzi, sócio da Agenttia, agência de trade especializada em redes de distribuição. >> ago 2013 construcao.indd 113 www.revistadistribuicao.com.br 113 20.07.13 12:10:02 mercado paulo pepe A mobilização das redes não ocorre pela força da indústria, mas, isso sim, pelos agentes de distribuição, que acabam envolvendo várias fabricantes no processo para criarem uma dinâmica de convivência Guilherme Tiezzi sócio da Agenttia O G8 é composto por nove empresas ou distribuidores: Nova Casa /Brasília, Diferpan/RS, Construjá/SP, Coelho Distribuidor/RJ, Mercante/ BA, Rofe/MA, Veneza/PE, Jotujé/ CE e Lopes/MS. O grupo, que já está no seu quarto ano, passou a ser bem visto pelas indústrias, depois que se dissipou o receio natural dessas empresas, as quais de início temiam que esses operadores estivessem se juntando para atuar como uma central de compra. “Como isso remete ao fortalecimento do antigo formato de atuação em que um ganha e outro perde. No começo, os fabricantes estavam temerosos de que esses distribuidores estivessem se juntando para 70mil é o número de clientes atendidos, a cada três meses, pelas empresas atacadistas distribuidoras que fazem parte do G8 realizarem compras conjuntas. Essa nunca foi a intenção do G8. O objetivo do grupo é melhorar o nível de serviço para desenvolver os pontos de venda de material de construção”, explica Tiezzi. Com iniciativas como a do G8, as principais fabricantes passaram a ter uma visão mais estratégica, olhando mais para o desenvolvimento do po nto de venda do que para a venda dos produtos que comercializam. Dessa maneira, está crescendo o interesse por parte das marcas em relação a esse tipo de rede colaborativa, pois as fabricantes já entendem que esse tipo de grupo pode ser incorporado para a melhoria dos negócios em toda a cadeia. >> Grupo atuante Empresas do G8 deverão faturar um bilhão de reais em 2013 Os distribuidores de material de construção que fazem parte do G8, grupo criado há quatro anos, irão ultrapassar, em novembro de 2013, um bilhão de reais em faturamento. “Eu já colocaria essa rede na segunda ou na terceira posição do ranking de materiais de construção. Há nove empresas, que representam 19 Estados, com onze centros de distribuição, os quais positivam, a cada três meses, entre 60 e 70 mil clientes no País, distribuindo produtos de marcas consolidadas, como Suvinil, Coral, Amanco e Tigre. Cria-se uma identidade em que o grupo aprende a dialogar. Demorou um ano e meio para que todos tivessem espaço para falar ou realizar investimentos juntos, sem garantia de retorno. Assumir esses riscos se tornou fundamental para o sucesso”, ressalta Tiezzi. 114 www.revistadistribuicao.com.br ago 2013 construcao.indd 114 20.07.13 12:10:22 Template_Anúncio.indd 1 19/07/2013 15:14:28 ricardo bakker mercado Oscar Attisano, da ABAD: novo comitê pretende estimular o diálogo MATCON/2013 Fortaleza Fórum busca maior integração entre os elos que atuam na área Durante a Convenção Anual do Atacadista Distribuidor, em Fortaleza, no Ceará, o Matcon/2013 - Fórum Estratégico ABAD de Material de Construção, que acontece em 8 de agosto, tem por objetivo ajudar a desenvolver e a profissionalizar as empresas do atacado distribuidor que atuam com esse mercado. O propósito do encontro é proporcionar maior integração e mais estreito relacionamento entre os agentes de distribuição e as indústrias para obter mais eficiência na operação com esse tipo de categoria. Com duração de cinco horas, o encontro reunirá consultores, especialistas, indústrias e distribuidores, sendo formatado em parceria com a consultoria Agenttia. O evento incluirá um workshop que pretende difundir o conceito de RCDs (Redes Colaborativas de Distribuição). Para José do Egito Frota Filho, presidente da ABAD, na maioria dos casos, quem fornece os materiais necessários para as pequenas obras é o varejo de vizinhança, o qual, segundo pesquisas, responde por mais da metade do fornecimento de material de construção para o consumidor final. “A associação também representa esse segmento e reúne entre seus associados vários distribuidores de material de construção. Avaliamos que o crescimento desse setor é tão importante para o atacado distribuidor que decidimos agir de maneira proativa, assumindo o papel adequado para sensibilizar, articular e mobilizar os vários integrantes da cadeia” acredita. Assim como acontece com o varejo alimentar, o segmento de material de construção também está se beneficiando da melhoria do nível de renda da população, da redução da taxa de desemprego e do aumento do número de trabalhadores com carteira assinada, mesmo que a economia esteja em retrocesso. “Além de o varejo de vizinhança trabalhar com alguns itens dessa categoria, há pequenos e médios varejos especializados que precisam do apoio da indústria e de uma entidade especializada em canal indireto. Pretendemos estimular o diálogo, a busca de soluções coletivas e uma verdadeira sinergia entre os vários participantes, o que deverá ser, posteriormente, replicado para outras empresas. Com essa finalidade, a partir de 2014, o segmento Matcon será objeto de um novo comitê dentro da ABAD”, ressalta Oscar Attisano, superintendente-executivo da Associação. Por parte da indústria, seja ela de alimentos ou de material de construção, há uma dificuldade natural para introduzir novos produtos e tecnologias que promovam a diferenciação. Em contraste com o mercado de alimentos, os pontos de venda de material de construção são bem menos concentrados. Por essa razão, as marcas privilegiam a parceria com distribuidores. Mas essa relação, muitas vezes, é pautada pela compra e venda, e gera pouco valor entre os parceiros. “A indústria precisa distribuir e precisa de distribuidores. As fabricantes têm sido pressionadas em razão das baixas margens. Se fizermos uma analise do cenário das margens apertadas, veremos que a indústria precisa, mais do que nunca, agregar novos conceitos ao consumidor final. Para isso, ela necessita chegar aos pontos de venda em todos os cantos do País. Acreditamos que esse cenário precisa ser trabalhado dentro do conceito de redes colaborativas. O principal nesse conceito não é a rede, mas sim o modelo de colaboração em que os parceiros constroem algo maior”, explica Elser Sanchez, sócio da Agenttia. O G8 é um grupo que encontrou espaço no qual os participantes não se sentem concorrentes. Isso foi possível graças a um processo de amadurecimento comum às empresas que compartilham dados, principalmente quando atuam no mesmo mercado, porém com produtos diferentes, apoiadas pelas fabricantes. Essa integração promove um novo ambiente de negócio. “As fabricantes se juntam para traçar com um distribuidor as melhores estratégias, e o quanto se abre de informação depende da maturidade da rede”, analisa Sanchez. Para Ana Menegat, gerente de Logística da empresa Tintas Coral, algumas das vantagens da prática de se atuar com redes colaborativas estão no aumento da consolidação de 116 www.revistadistribuicao.com.br ago 2013 construcao.indd 116 20.07.13 12:10:44 cargas e na otimização nas pontas com a realização de cross docking, pois isso faz com que o tempo de espera de carga e descarga seja drasticamente encurtado, uma vez que as áreas de expedição/recebimento dinamizam as operações e permitem liberar os veículos o mais rapidamente possível. Isso traz retorno em redução de custos tanto para o embarcador como para as operações de transportes. Também há necessidade de menos investimentos em veículos, isto com total agregação de valor a todos, considerando as normatizações hoje instituídas para a jornada de trabalho dos motoristas, além de redução do tempo de atendimento A indústria precisa, mais do que nunca, agregar novos conceitos ao consumidor final Elser sanchez, sócio da Agenttia aos clientes. Tudo isso aumenta a pontualidade das entregas e diminui a necessidade de grandes estoques, bem como o número de erros nos pedidos e faturas, aumentando o percentual de pedidos perfeitos, além de sistemas de comunicação com o uso da tecnologia de informação. “Ainda temos um grande campo a ser explorado, com uma melhor conscientização de toda a cadeia para aplicação do conceito de redes colaborativas. Temos de trabalhar juntos, aprimorar o conhecimento das necessidades de cada um e desenvolver estratégias que garantam atender ao crescimento e à agregação de valor na cadeia de todos”, ressalta Ana. ago 2013 construcao.indd 117 >> www.revistadistribuicao.com.br 117 20.07.13 12:24:41 mercado Fatores para se desenvolver redes colaborativas Iniciativas que contribuem para a organização do grupo ● Criar um clima de confiança. ● Identificar organizações com as competências adequadas. ● Gerir o processo de mudança. ● Gerir os processos de colaboração. ● Distribuir oportunidades pelos membros da rede. ● Identificar um líder para a rede. ● Identificar organizações com experiências de colaboração. fonte: Agenttia Temos de aprimorar o conhecimento das necessidades de cada um e desenvolver estratégias que garantam atender ao crescimento e à agregação de valor na cadeia de todos divulgação Essas redes colaborativas trabalham levando em consideração três variáveis. A primeira delas define que empresas com competências em cada região devem oferecer um nível de serviço adequado para atender o varejista nessa área. A segunda variável envolve o processo de colaboração, o que será feito no Fórum da ABAD, na Convenção do atacadista distribuidor em Fortaleza, no Ceará (ver Box pág. 116). Nessas oportunidades são incentivados processos de colaboração, por exemplo, por meio de viagens e encontros, eventos que estimulam a convivência. “Para se ter uma ideia, em quatro anos do G8 houve 30 encontros, nas respectivas sedes dos participantes, em Estados diferentes, além da realização de dois eventos com a indústria, que envolveram entre 40 e 50 fabricantes, e, paralelamente a isso, muitos projetos internos foram desenvolvidos”, explica Tiezzi. A terceira variável é formada pelos indicadores de desempenho, métricas que a rede precisa acompanhar para saber se o grupo está se desenvolvendo. Há indicadores de desempenho inovadores nesse caminho. O G8 criou um processo para endossar a confiança, condição fundamental nesse tipo de grupo. Outra caracte- rística é que geralmente essas redes descentralizadas e organizadas começam com acionistas ou donos. E, em algum momento, expandemse para funcionários, o que envolve encontros de profissionais da área de Recursos Humanos ou mobiliza os departamentos de TI e logística, entre outros setores da companhia, se expandindo até o cliente. “O integrante da rede começa a levar os processos de colaboração nos encontros para a revenda, para que o pequeno Ana Menegat gerente de Logística da Tintas Coral varejista também tenha acesso às informações. Na Europa, em países como Itália, França e Espanha, sempre se estimulou redes entre pequenas e médias empresas. Por uma questão governamental, esses países têm muitas cooperativas de grupos com essas características. O mercado norte-americano se concentra de outras maneiras. Lá existem redes centralizadas, sempre falando na distribuição de bens de consumo de autogiro”, diz Tiezzi. 118 www.revistadistribuicao.com.br ago 2013 construcao.indd 118 20.07.13 12:24:58