comissão da união africana - Agenda 2063
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12 UNION AFRICAINE AFRICAN UNION UNIÃO AFRICANA Addis Ababa, Ethiopia P. O. Box 3243 Telephone: +251 11 551 7700 / Fax: +251 11 5 517 844 website: www.au.int COMISSÃO DA UNIÃO AFRICANA AGENDA 2063 DOCUMENTO-QUADRO África Que Queremos ”Um Quadro Estratégico Comum para o Crescimento Inclusivo e o Desenvolvimento Sustentável & Uma Estratégia Global para uma Melhor Utilização dos Recursos Africanos para o Benefício de todos os Africanos” Setembro de 2015 INDICE PREFÁCIO………………………………………………………………………………………….i Agradecimentos…………………………………………………………………………………..ii Resumo…………………………………………………………………………………………….iii LISTA DE ACRÓNIMOS………………………………………………………………………...12 CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO…………………………………………………………………..15 1.1 1.2. 1.3. Antecedentes……………………………………………………………………………...15 Processo Preparatório da Agenda 2063……………………………………………….20 Visão geral do documento-quadro da Agenda 2063…………………………………20 CAPÍTULO 2: A VISÃO E AS APIRAÇÕES AFRICANAS PARA 2063…………………..23 2.1 2.2. Aspirações africanas para 2063………………………………………………………...23 Conclusão - Outros cenários…………………………………………………………….42 CAPÍTULO 3: ÁFRICA NOS ÚLTIMOS CINQUENTA ANOS E NO PRESENTE: PROGRESSOS, DESAFIOS E IMPLICAÇÕES PARA A AGENDA 2063………………...44 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………………....44 3.1 3.2. 3.3. 3.4. África nos Últimos Cinquenta Anos (1963-2013): A Busca pela Unidade Política e Emancipação Económica………………………………………………………………..44 África Hoje: Progressos, Desafios e Implicações para a Agenda 2063………….. 52 Lições de Respostas aos Desafios de Desenvolvimento de África, aos níveis Nacional, Regional e Continental……………………………………………………..116 Conclusão Geral e QUestões da Agenda 2063 …………………………………….121 CAPÍTULO 4: AGENDA 2063: OBJECTIVOS, ÁREAS PRIORITÁRIAS, METAS E ESTRATÉGIAS INDICATIVAS……………………………………………………………..…123 4.2. 4.3. 4.4. Fundação da Agenda 2063……………………………………………………………127 Objectivos, Áreas Prioritárias, Metas e Estratégias Indicativas………………….. 128 Programas Emblemáticos da Agenda 2063…………………………………………131 CAPÍTULO 5: FACTORES FUNDAMENTAIS PARA O SUCESSO, POTENCIAIS RISCOS E ESTRATÉGIAS DE MITIGAÇÃO……………………………………….135 5.1. 5.2. 5.3. Factores Fundamentais do Sucesso………………………………………………….135 Riscos, Ameaças e Estratégias de Mitigação………………………………………..137 Mega Tendências e Forças Globais…………………………………………………..140 CAPÍTULO 6: “PASSAR À PRÁTICA”- IMPLEMENTAÇÃO, MONITORIZAÇÃO,AVALIAÇÃO, FINANCIAMENTO, COMUNICAÇÃO E CAPACIDADES PARA A IMPLEMENTAÇÃO…………………………………….............145 6.1. 6.2. 6.3. 6.4. 6.5. 6.6. Introdução………………………………………………………………………………..145 Acordos de Implementação, Monitorização e Avaliação…………………………..146 Financiamento da Agenda 2063……………………………………………………...150 Parcerias para a Agenda 2063………………………………………………………..158 Desenvolvimento de Capacidades para a Agenda 2063………………………….159 Estratégia de Comunicação para a Agenda 2063………………………………….162 Anexos Anexo 1: Destaques das iniciativas africanas para a transformação e o crescimento económicos……………………………………………………………………………...165 Anexo2:Resumo das Questões Amplas e Áreas de Acção para a Agenda 2063………………………………………………………………………………...........168 Anexo 3: Agenda 2063 Matriz de Resultados de Nivel Nacional: Metas, Áreas Prioritárias, Alvos e Estratégias…………………………………………………………………… 175 Anexo 4: Agenda 2063 Matriz de Resultados de Nivel Regional & Continental: Metas, Areas Prioritarias, Alvos e Estrategias………………………………………………..206 PREFÁCIO i Agradecimentos Documento-Quadro da Agenda 2063 ii Resumo Passados cinquenta anos da reunião dos primeiros trinta e três (33) Estados africanos independentes em Adis Abeba, para formar a Organização da Unidade Africana, hoje denominada União Africana, o continente está a avançar em direcção aos próximos cinquenta anos. Por ocasião do Jubileu de Ouro da OUA, a liderança política de África reconheceu as realizações e os desafios e voltou a abraçar a visão Pan-Africana de "uma África integrada, próspera e pacífica, impulsionada pelos seus próprios cidadãos e representando uma força dinâmica na arena global." A Cimeira incumbiu a Comissão da União Africana (CUA), apoiada pela Agência de Planificação e Coordenação (NPCA) da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD), o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e a Comissão Económica das Nações Unidas para a África (CEA) para preparar a agenda continental de 50 anos, mediante um processo voltado para as pessoas. A Agenda 2063 foi desenvolvida através de um extenso processo consultivo de vários intervenientes, incluindo Jovens, Mulheres, Organizações da Sociedade Civil de África, a Diáspora, Grupos de Reflexão e Instituições de Pesquisa Africanos, Planificadores Governamentais, Sector Privado, Mulheres, Jovens, Meios de Comunicação Social e Líderes Religiosos Africanos. Além disso, estão incluídas ideais captadas de uma série de reuniões ministeriais sectoriais do continente e reuniões com as Comunidades Económicas Regionais. As conclusões dessas consultas formam a base para as Aspirações do Povo Africano, o propulsor da Agenda 2063. A preparação da Agenda 2063 incluiu uma extensa revisão das experiências de desenvolvimento africanas, uma análise dos desafios e oportunidades dos nossos dias, assim como uma revisão dos planos nacionais, quadros e estudos técnicos regionais e continentais, além das amplas consultas ora mencionadas. Os planos e quadros continentais proporcionam conceitos para as prioridades de desenvolvimento que formam uma prancha para a Agenda 2063, em particular, no Plano de Implementação dos Primeiros Dez Anos. Também foi desenvolvida uma Estratégia de Mobilização de Recursos para a Agenda 2063, analisando estratégias que África deverá adoptar para financiar o seu próprio desenvolvimento. Por último, uma Estratégia de Comunicação da Agenda 2063 específica foi concebida e está a ser implementada com o objectivo de engajar os africanos de todas as classes sociais e a diáspora, para galvanizar a acção de apoio à Agenda 2063. A Agenda 2063, um plano endógeno de África para a transformação estrutural e um quadro estratégico comum para o crescimento inclusivo e o desenvolvimento sustentável, consiste de três dimensões, a seguir: 1. A Visão para 2063: baseado na Visão da União Africana e nas sete aspirações emanadas das vozes dos principais intervenientes consultados, retracta um quadro vivo de onde os africanos gostariam de ver o continente Documento-Quadro da Agenda 2063 iii daqui há 50 anos, quando África estaria a celebrar o centenário da fundação da OUA. A visão incorpora metas, que representam transições na via para uma “África que Queremos” até 2063. 2. O Quadro de Transformação: apresenta as bases pelas quais a Agenda 2063 é construída, bem como as metas detalhadas na via sob forma de objectivos, domínios prioritários, metas e estratégias indicativas. O quadro é apresentado em duas matrizes globais de resultados; a nível nacional, regional e continental. Isto irá facilitar a avaliação dos progressos e reforçar a responsabilização pelos resultados a todos os níveis. O quadro de transformação representa o “deve ser feito” por forma a concretizar a visão para 2063. 3. Passar à prática: descreve a “forma de lá chegar” da Agenda 2063, e aborda aspectos relacionados com a implementação, os princípios e as responsabilidades da monitorização e avaliação; o financiamento; as parcerias; as capacidades para a implementação; bem como a comunicação e a sensibilização. As três dimensões descritas acima são apresentadas nos seis capítulos do documento-quadro da Agenda 2063, cujos conteúdos estão resumidos a seguir: Documento-Quadro da Agenda 2063 iv CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO O capítulo 1 descreve a génese da Agenda 2063 com base na Visão da UA, bem como nos oito ideais da Declaração Solene do Jubileu de Ouro da fundação da OUA. Situa a Agenda 2063 no contexto histórico do Pan-africanismo, bem como nas diversas transições, marcando as respostas dos países africanos para as exegeses dos tempos. O capítulo mostra que a Agenda 2063 baseia-se em iniciativas continentais passadas e presentes, tais como a Declaração de Monróvia, o Plano de Acção de Lagos, o Tratado de Abuja e a NEPAD, bem como nos recentes resultados positivos de África nos domínios económico, social e político para colocar o continente numa nova trajectória positiva de crescimento, paz e prosperidade. A Agenda inspirou-se na rica história do continente, recursos naturais, povo, cultura, bem como nas suas instituições em todos os níveis, e tira proveito das oportunidades que representam as tendências e as dinâmicas evolutivas a nível de África e no mundo. CAPÍTULO 2 - A VISÃO E AS ASPIRAÇÕES AFRICANAS PARA 2063 Este capítulo apresenta a Visão para 2063. Africanos de diversas formações sociais1 e na Diáspora reiteraram a Visão da UA de “uma África integrada, próspera e pacífica, conduzida pelos seus próprios cidadãos e representando uma força dinâmica na arena internacional” como um guia global para o futuro do continente africano. Ademais, reiteraram a importância e a validade da Declaração Solene do 50º Aniversário da OUA/UA. As vozes convergentes de africanos dos diferentes extractos sociais, incluindo os na Diáspora reflectiram um quadro claro do que desejam para si mesmos e para o continente no futuro. Dessas vozes convergentes, emergiram um conjunto de aspirações comuns e partilhadas: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Uma África Próspera, baseada no Crescimento Inclusivo e no Desenvolvimento Sustentável; Um Continente Integrado, Politicamente Unido, baseado nos Ideais do Panafricanismo e da Visão do Renascimento Africano; Uma África de Boa Governação, Democracia, Respeito dos Direitos do Homem, Justiça e do Estado de Direito; Uma África Pacífica e Segura; África com uma Forte Identidade Cultural, Herança Comum, Valores e Ética; Uma África cujo Desenvolvimento é conduzido pelo Povo, especialmente baseada no potencial proporcionado pelas Mulheres, Jovens e Crianças; Uma África, Forte, Unida e um Parceiro Global Influente. Estas sete aspirações mostram uma forte convergência com a visão da UA, e estão em conformidade com as oito prioridades da Declaração Solene do 50º Aniversário da 1 Foram feitas diferentes consultas com os seguintes intervenientes: académicos e grupos de reflexão, sociedade civil, peritos em planificação dos ministérios do planeamento, mulheres, jovens, comunicação social, sector privado representantes das CER, fórum para os antigos Chefes de Estado e de Governo Africanos e outros. Documento-Quadro da Agenda 2063 1 OUA / UA. Colectivamente estas aspirações partilhadas demonstram uma forte continuidade de pensamento entre os fundadores da OUA e da presente geração de africanos, embora num novo contexto global dinâmico. O capítulo detalha o que significaria o alcance de cada uma das sete aspirações para África e para seus cidadãos. Por exemplo, a realização da Aspiração 1 (uma África próspera com base no crescimento inclusivo e no desenvolvimento sustentável) significaria que: O povo africano terá um elevado nível e qualidade de vida e bem-estar; A boa educação dos cidadãos e a revolução de competências com base na ciência, tecnologia e inovação para uma sociedade de conhecimento serão generalizadas, e nenhuma criança ficará sem estudar devido à pobreza ou qualquer uma outra forma de discriminação; Os cidadãos estão saldáveis, bem nutridos e têm um longo tempo de vida; As comunidades das cidades, das zonas periurbanas e rurais estão equipadas com comunicações modernas, instalações de saneamento, de ensino e de saúde e as economias de mercado são vigorosas, dinâmicas, as pessoas têm acesso a habitações acessíveis e decentes, incluindo o financiamento à habitação, bem como todas as necessidades básicas da vida e o capital social, são valorizados e preservados; As economias estão estruturalmente transformadas através da industrialização, fabricação e adição de valor para criar o crescimento comum através do desenvolvimento do sector privado, empreendedorismo e empregos decentes para todos; A agricultura moderna para um alargamento da produção, melhoria da produtividade e da adição de valor, através dos serviços e da transformação das matérias-primas, contribua para a prosperidade dos agricultores a nível nacional e para a segurança alimentar e nutricional; e O continente incorpora sobretudo processos de adaptação para manter os ecossistemas saudáveis, preservar o ambiente natural africano – como uma das maiores reservas remanescentes de água pura, florestas primitivas e terras no mundo. O capítulo conclui indicando que os níveis actuais de desempenho (ou seja, um cenário “business as usual” continuando a agir como habitualmente), o continente não iria nem recuperar nem ser capaz de satisfazer as expectativas dos seus cidadãos, especialmente dos jovens e das mulheres, visto que: Apenas um número pequeno de países, que tiveram consistentemente um elevado crescimento nas últimas duas décadas, irão convergir com o resto do mundo, enquanto a maioria dos restantes países não conseguirão e os países frágeis continuarão frágeis. Os rendimentos per capita continuam a crescer em 1,9 por cento anualmente, mas devido ao crescimento no resto do mundo, contudo, os Documento-Quadro da Agenda 2063 2 rendimentos per capita em África na verdade divergiriam ainda mais com os do resto do mundo. A classe média iria aumentar mas após décadas ainda seria apenas um terço da população. Cerca de um em cinco africanos ainda estaria a viver na pobreza na mesma proporção. Finalmente, devido ao crescimento no resto do mundo, a participação de África no PIB mundial deverá estagnar a um nível baixo. Tal cenário, ou a estagnação, na pior das hipóteses, não corresponde às aspirações dos africanos para o futuro e é certamente inaceitável. CAPÍTULO 3 - ÁFRICA, OS ÚLTIMOS CINQUENTA ANOS E O PRESENTE: PROGRESSOS, DESAFIOS E IMPLICAÇÕES PARA A AGENDA 2063 Este capítulo considera cada aspiração como um ponto de partida e apresenta uma análise global dos progressos feitos e identifica algumas das principais questões a serem abordadas caso a visão descrita no capítulo 2 seja concretizada. Embora reconhecendo os enormes progressos que o continente alcançou em todos os domínios, seguidamente estão sintetizados algumas das principais prioridades para as medidas a adoptar (ver anexo 1 para um resumo mais pormenorizado): Aspiração 1 (uma África próspera assente no crescimento inclusivo e no desenvolvimento sustentável): acabar com a pobreza, as desigualdades de rendimento e de oportunidade; criação de emprego; dar resposta aos desafios da rápida urbanização, melhoria dos habitats e acesso às necessidades básicas da vida; garantir a segurança e protecção social; desenvolver o capital humano e social de África (através do ensino e da revolução de competências, enfatizando a ciência e a tecnologia, e alargando o acesso aos serviços de cuidado de saúde de qualidade, particularmente para as mulheres e as raparigas); transformar as economias de África por meio da beneficiação dos recursos naturais de África, do fabrico, industrialização e adição de valor, bem como do aumento da produtividade e da competitividade; transformar radicalmente a agricultura africana para permitir que o continente possa se alimentar e seja um actor de relevo enquanto exportador líquido de produtos alimentares; explorar o vasto potencial da economia azul/do mar de África; e finalmente adoptar medidas para gerir de forma sustentável a rica biodiversidade, as florestas, a terra e as águas do continente e adoptar principalmente medidas de adaptação para fazer face aos riscos das alterações climáticas. Aspirações 2 (um continente integrado, politicamente unido, assente nos ideais do Pan-africanismo e na visão do Renascimento de África): acelerar os progressos para a unidade e integração continental com vista a um crescimento sustentável, comércio, trocas de bens, serviços, livre circulação de pessoas e capital: (i) estabelecendo uma África Unida, (ii) acelerando a ZCLC; (iii) melhorando a conectividade através de iniciativas Documento-Quadro da Agenda 2063 3 novas e mais corajosas para ligar o continente pela via ferroviária, rodoviária, marítima e aérea; e (iv) desenvolvendo redes energéticas regionais e continentais, bem como as TIC. Aspiração 3 (uma África de boa governação, respeito dos direitos humanos, da justiça e do primado da lei); consolidar os ganhos democráticos e melhorar a qualidade de governação, respeito dos direitos humanos e do primado da lei; criar instituições fortes para um Estado orientado para o desenvolvimento; e facilitar o surgimento de uma liderança visionária e orientada para o desenvolvimento em todas as esferas e em todos os níveis. Aspiração 4 (uma África pacífica e segura): reforçar a governação, a prestação de contas e a transparência como base para uma África pacífica; reforçar os mecanismos para assegurar a paz e a reconciliação a todos os níveis, bem como abordar as novas ameaças para a paz e a segurança em África; e criar estratégias para que o continente financie as suas necessidades de segurança. Aspiração 5 (uma África com uma forte identidade cultural, herança comum, valores e ética): inculcar o espírito do Pan-africanismo; tirar proveito da herança e cultura de África por forma a garantir que as artes criativas sejam os principais contribuintes para o crescimento e a transformação de África; e restaurar e preservar a herança cultural de África. Aspiração 6 (uma África cujo desenvolvimento é orientado para as pessoas, contando com o potencial do povo africano, especialmente as mulheres e os jovens, e cuidando das crianças): reforçar o papel da mulheres em África, garantindo a igualdade e paridade de género em todas as esferas da vida (política, económica e social); eliminar todas as formas de discriminação e de violência contra mulheres e raparigas; criar oportunidades para os jovens em África de auto-realização, acesso à saúde, educação e emprego; e garantir a segurança e protecção para todas as crianças de África, bem como velar pelo desenvolvimento durante a primeira infância. Aspiração 7 (África como um actor e parceiro mundial forte, unido, resiliente e influente): melhorar o lugar de África no sistema de governação mundial (CSNU, instituições financeiras, recursos comuns mundiais tais como o espaço exterior); melhorar as parcerias de África, reorientando-os de forma mais estratégica para responder às prioridades africanas para o crescimento e a transformação; e assegurar que o continente tenha as estratégias certas para financiar o seu próprio desenvolvimento e reduzir a dependência à ajuda externa. CAPÍTULO 4 - AGENDA 2063: OBJECTIVOS, DOMÍNIOS PRIORITÁRIOS, METAS E ESTRATÉGIAS INDICATIVAS O capítulo 4 apresenta o quadro de transformação, incluindo a fundação da Agenda 2063, a abordagem conceitual e, mais importante ainda os objectivos, os domínios prioritários, as metas e as estratégias indicativas. Estes são apresentado de forma pormenorizada nos Anexos 3 e 4. Documento-Quadro da Agenda 2063 4 A seguir uma apresentação esquemática da fundação da Agenda 2063, as aspirações, bem como os objectivos A tabela seguinte apresenta as Aspirações e os objectivos e domínios prioritários relacionados a nível nacional Documento-Quadro da Agenda 2063 5 ASPIRAÇÕES Uma África Próspera, assente no Crescimento Inclusivo e no Desenvolvimento Sustentável OBJECTIVOS Um Alto Padrão de Vida, Qualidade de Vida e Bemestar para Todos os Cidadãos Cidadãos instruídos e uma revolução de competências sustentada pela ciência, tecnologia e a inovação Cidadãos saudáveis e bem nutridos Economias transformadas Agricultura moderna para o aumento da produtividade e da produção Economia azul para o crescimento económico acelerado Economias e comunidades ambientalmente sustentáveis e resilientes às alterações climáticas Documento-Quadro da Agenda 2063 ÁREAS PRIORITÁRIAS Rendimentos, empregos e trabalho decente Pobreza, desigualdade e Fome Protecção e segurança social, incluindo pessoas com deficiência Habitats modernos, acessíveis e saudáveis e serviços básicos de qualidade Revolução de competências com base na educação e ciência, tecnologia e inovação Saúde e Nutrição Crescimento económico sustentável e inclusivo Sector manufactureiro, industrialização e valor acrescentado conduzidos pela CTI Diversificação e Resiliência Económica Turismo/hospitalidade Produtividade e produção agrícola Recursos marinhos e energia Operações portuárias e transporte marítimo Gestão dos recursos naturais de forma sustentável Conservação da biodiversidade, recursos genéticos e ecossistemas Consumo sustentável e padrões de produção Segurança do 6 ASPIRAÇÕES OBJECTIVOS Um Continente Integrado, politicamente unido, assente nos ideais do Pan-africanismo e da Visão do Renascimento Africano Uma África de boa governação, democracia, respeito dos direitos humanos, da justiça e do primado do direito Uma África segura pacífica e Uma África Unida (Federal ou Confederal) Instituições financeiras e monetárias continentais estabelecidas e funcionais Multiplicação de infra- estruturas de classe mundial em África Fortalecimento dos valores democráticos, práticas, princípios universais dos direitos humanos, da justiça e do primado do direito Criação de Instituições capazes e estabelecimento de liderança transformativa Preservação da paz, segurança e estabilidade Uma África pacífica e estável plenamente Uma APSA funcional e operacional Uma África dotada de O renascimento cultural uma forte identidade africano é preeminente cultural, herança comum, valores e ética Uma África cujo Desenvolvimento centrase na população, e assenta especialmente no potencial das mulheres e dos jovens, bem como no Documento-Quadro da Agenda 2063 Plena igualdade do género em todas as esferas da vida Jovens e crianças ÁREAS PRIORITÁRIAS abastecimento de água Resiliência às alterações climáticas e às calamidades naturais Energia renovável Mecanismos e instituições para uma África Unida Instituições financeiras e monetárias Conectividade das comunicações e das infraestruturas Democracia e boa governação Direitos humanos, justiça e primado do direito Instituições e Liderança Desenvolvimento participativo e governação local Manutenção e preservação da paz e segurança Estrutura institucional para os instrumentos de paz e segurança da UA Defesa, segurança e paz Plena funcionalidade e operacionalidade de todos os pilares da APSA Valores e Ideais do Panafricanismo Valores culturais e Renascimento Africano Herança cultural, artes e empresas criativas Capacitação das mulheres e das raparigas Violência e discriminação contra as mulheres e as raparigas Capacitação dos jovens e 7 ASPIRAÇÕES cuidado das crianças OBJECTIVOS empenhadas e capacitadas Uma África, como actor e África, como parceiro de parceiro forte, unido e relevo nos assuntos influente na cena mundial internacionais e na coexistência pacífica África assume plena responsabilidade pelo financiamento do seu desenvolvimento ÁREAS PRIORITÁRIAS direitos das crianças Lugar de África nos assuntos internacionais Parcerias Mercados africanos de capitais Sistemas fiscais e receitas do sector público Assistência ao desenvolvimento O quadro de transformação reconhece a diversidade do continente. Cada país embora inspirado pelo mesmo conjunto de objectivos e metas, irá desenvolver políticas e estratégias adaptadas as suas circunstâncias. A Agenda 2063 enfatiza igualmente a necessidade de explorar os quadros existentes e de integrar os programas emblemáticos no primeiro plano decenal de implementação, nomeadamente: i) ii) iii) iv) v) vi) vii) viii) ix) x) xi) xii) A Rede Ferroviária Integrada de Alta Velocidade; A universidade virtual Pan-africana; A Estratégia das matérias-primas; O fórum africano anual; A Zona de Comércio Livre Continental; Um espaço aéreo único africano; O passaporte africano e a livre circulação de pessoas; As instituições financeiras continentais; O projecto da barragem Grand Inga; A rede virtual pan-africana; O silenciar das armas; O espaço exterior. CAPÍTULO 5 - FACTORES CRÍTICOS DO SUCESSO, POTENCIAIS RISCOS E ESTRATÉGIAS DE MITIGAÇÃO O capítulo 5 identifica os factores críticos do sucesso, bem como os riscos, as ameaças e as estratégias de mitigação para a concretização da visão para 2063. Os factores críticos do sucesso identificados incluem: mobilizar recursos africanos para financiar e acelerar a sua transformação e integração; estabelecer uma liderança de transformação a todos os níveis e em todos os domínios; assegurar que os Estados capazes orientados para o desenvolvimento tenham instituições, políticas, recursos humanos, sistemas e processos adequados; mudar atitudes e mentalidades para reforçar os valores Documento-Quadro da Agenda 2063 8 da auto-suficiência, solidariedade, trabalho árduo e da prosperidade colectiva e tirando proveito dos sucessos, das experiências e das boas práticas de África; assumindo a responsabilidade pela narrativa e a marca de África, por forma a assegurar que estas reflectem as realidades, aspirações e prioridades continentais, bem como a posição de África no mundo; integrar a Agenda 2063 em todos os planos nacionais e regionais de desenvolvimento; reforçar e transformar as instituições nacionais, regionais e continentais e a maneira como são feitas as actividades comerciais, para conduzir e orientar efectivamente a agenda de transformação e de integração; e aprender da diversidade, singularidade e partilha de experiências de vários países e regiões como base para forjar uma abordagem africana para a transformação. Os factores de risco identificados incluem: conflitos, instabilidade e insegurança; desigualdades sociais económicas; crime organizado, tráfico de drogas e fluxos financeiros ilícitos; gestão inadequada das diversidades; extremismo religioso; falha no aproveitamento do dividendo demográfico; escalada no ónus da doença em África; riscos climáticos e calamidades naturais; bem como choques externos. As estratégias de mitigação incluem: tirar proveito da resiliência encontrada nas sociedades e comunidades africanas; diversificação económica, resiliência climática, bem como prontidão e prevenção às calamidades; e a prioridade que a Agenda 2063 concede aos cidadão instruídos com base na revolução de competências, na ciência, tecnologia e inovação. O Capítulo também analisa as mega tendências mundiais que podem ter impacto no crescimento e transformação de África, tais como: democratização, o crescimento e capacitação do cidadão; alterações climáticas e economia de baixo carbono; esgotamento dos recursos naturais e as mudanças da procura; demografia e urbanização; novas tecnologias e inovação; mudanças na arquitectura financeira mundial; e mudanças na balança do poder político e económico mundial. CAPÍTULO 6 - “PASSAR À PRÁTICA” – IMPLEMENTAÇÃO, MONITORIZAÇÃO, AVALIAÇÃO, FINANCIAMENTO, CAPACIDADES PARA A IMPLEMENTAÇÃO E A COMUNICAÇÃO O presente capítulo faz propostas sobre a implementação, monitorização e avaliação; financiamento; parcerias; capacidades para a implementação; bem como para a comunicação e sensibilização: Acordos de implementação e Monitorização e Avaliação: baseia-se na necessidade para a identificação de todos os principais intervenientes na cadeia de resultados desde o nível continental, regional e nacional. Também evidencia os vários papéis e responsabilidades na implementação, bem como na monitorização e avaliação. O primeiro plano decenal de implementação fornece mais pormenores sobre esses aspectos. Documento-Quadro da Agenda 2063 9 Financiamento e mobilização de recursos internos, bem como estratégia de intermediação: estratégias pormenorizadas para financiar a Agenda 2063 são apresentadas e relacionadas tendo em vista a concretização de cada uma das sete aspirações da Agenda 2063. Ao contrário da mobilização de recursos externos (através do IDE, ajuda, comércio e redução da dívida), a mobilização de recursos internos (MRI) oferece vantagens de maior apropriação da política interna e da política de coesão com as necessidades internas, bem como um maior impacto de desenvolvimento. Por essas razões, a Agenda 2063 requer que os Estados-membros coloquem maior enfase nos recursos internos para o seu financiamento. Prevê-se que a mobilização de recursos internos tenha o potencial de contribuir de 70 a 80 porcento das necessidades de financiamento da Agenda 2063. A estratégia de financiamento da Agenda 2063 define-se em torno de três dimensões: (i) mobilização de recursos internos; (ii) intermediação de recursos em investimentos e (ii) o acesso à facilitação de financiamento, designadamente através do fundo de desenvolvimento de projectos, do financiamento do diferencial da viabilidade, do fundo de capitalização, bem como da viabilidade bancária e do apoio à preparação de investimentos para projectos, firmas/PME, empreendedores e outras partes. O financiamento da Agenda 2063 e a estratégia de mobilização de recursos internos envolve diferentes domínios da política e reforma incluindo: (a) a maximização das receitas públicas/fiscais; (b) o reforço da mobilização de poupanças; (c) a redução dos fluxos financeiros ilícitos e o combate à corrupção; (d) a promoção do mercado de obrigações regional, da bolsa de valores regional e dos fundos de investimentos privados de iniciativa africana; (e) a alavancagem dos recursos financeiros da Diáspora; (f) a alavancagem dos recursos financeiros institucionais do fundo de pensão, do fundo soberano, de fundos de seguro, das reservas públicas de divisas e de cidadãos africanos abastados; e (g) promover o investimento intra-africano. Uma série de instrumentos de intermediação e áreas de intervenção são propostas: reforço de políticas, conhecimentos e de capacidades (em termos de ambiente favorável); mobilização e intermediação de fundos (do lado da oferta); e acesso à facilitação do financiamento (do lado da procura). Mais detalhes podem ser encontrados na “Estratégia de Financiamento e de Mobilização de Recursos da Agenda 2063”. Parcerias: a necessidade de reorientar as parcerias de África em conformidade com a ambiciosa agenda do continente para a transformação económica, política, social foi articulada com base na avaliação das parcerias actuais. Capacidades para a implementação: ao explorar o Quadro Estratégico de Desenvolvimento de Capacidades da NEPAD (CDSF), a presente secção analisa as necessidades de capacidade a nível individual e organizacional, bem como a nível do político e do ambiente favorável em conformidade com o programa de transformação de África. Documento-Quadro da Agenda 2063 10 Comunicação e sensibilização: descreve as estratégias e as actividades que galvanizam e mobilizam a população do continente de forma sustentada para alcançar a Agenda 2063. Documento-Quadro da Agenda 2063 11 LISTA DE ACRÓNIMOS 3ADI Iniciativa Africana de Desenvolvimento de Agro-indústrias e Agro-negócios AIDA BAD ACCNNR Desenvolvimento Industrial Acelerado para África Banco Africano de Desenvolvimento Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais ACGF Fundo Africano de Garantia de Créditos CADH Carta Africana dos Direitos do Homem AGI Iniciativa Africana de Governação BAI Banco Africano de Investimento AIMS Estratégia Marítima Integrada Africana MAAP Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares APSA Arquitectura Africana de Paz e Segurança AQIM AL Qaeda no Magrebe Islâmico ASACOF Fórum de Cooperação África-América do Sul ASCI Conselho Africano Científico e de Inovação UA União Africana CUA Comissão da União Africana BIAT Boosting Intra African Trade (Promover o Comércio Intra-africano) BRICS Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul CAADP Programa Integrado para o Desenvolvimento da Agricultura em África CADF Fundo de Desenvolvimento China-África CAPST Plano de Acção Consolidado para a Ciência e Tecnologia CENSAD Comunidade dos Estados do Sahel e do Saara ZCLC Zona de Comércio Livre Continental CDSF Quadro Estratégico de Desenvolvimento de Capacidades (NEPAD) COMESA Mercado Comum de África Oriental e Austral CoSSE Comité de Bolsas de Valores da SADC CSI Investimento Social das Empresas OSC Organização da Sociedade Civil RSE Responsabilidade Social das Empresas CAD Comité de Assistência ao Desenvolvimento (da OCDE) IFD Instituição de Financiamento do Desenvolvimento DREA Departamento de Economia Rural e Agricultura DRM Mobilização de Recursos Internos RDC República Democrática do Congo CAO/EAC Comunidade de África Oriental CEEAC/ECCAS Comunidade Económica dos Estados de África Central CEDEAO Comunidade Económica dos Estados de África Oriental BEI Banco Europeu de Investimento ERA Relatório Económico de África UE União Europeia FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação IDE Investimento Directo Estrangeiro Documento-Quadro da Agenda 2063 12 FdD FOCAC CCG GCA PIB RNB PNB IDH PPAE HPS HSGOC IAIGC Exportação ICIEC TIC FFI IGAD IPPF IPSAS ITF MTI AIE SFI IGAD FMI IPCC JAES PAL LAC LRA M&A ODM IMF MIGA MIN PIM MN MdE MPME NEPAD ONG NPCA OUA APD OCDE PAF PDF Financiamento ao Desenvolvimento Fórum sobre a Cooperação China-África Conselho de Cooperação do Golfo Grande Corno de África Produto Interno Bruto Rendimento Nacional Bruto Produto Nacional Bruto Índice de Desenvolvimento Humano Países Pobres Altamente Endividados Plano e Estratégia de Saúde Comité de Orientação de Chefes de Estado e de Governo da NEPAD Sociedade Inter-árabe de Garantia de Investimentos e de Crédito à Sociedade Islâmica de Seguro de Investimentos Tecnologia de Informação e Comunicação Fluxos Financeiros Ilícitos Autoridade Intergovernamental sobre o Desenvolvimento Mecanismo de Preparação de Projectos de Infra-estruturas da NEPAD Normas Internacionais da Contabilidade do Sector Público Fundo Fiduciário para as Infra-estruturas Mosquiteiros Tratados com Insecticida Agência Internacional de Energia Sociedade Financeira Internacional Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento Fundo Monetário Internacional Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas Estratégia Conjunta África-UE Países da América Latina Plano de Acção de Lagos Exército de Resistência do Senhor Monitorização e Avaliação Objectivos de Desenvolvimento do Milénio Instituição de Microfinanciamento Agência Multilateral de Garantia de Investimentos México, Indonésia, Nigéria, Turquia Programa de Integração Mínima Empresa Multinacional Memorando de Entendimento Micro, Pequenas e Médias Empresas Nova Parceria para o Desenvolvimento de África Organizações Não-Governamentais Agência de Planificação e Coordenação da NEPAD Organização da Unidade Africana Ajuda Pública ao Desenvolvimento Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico Desenvolvimento Pesqueiro Pan-africano Fundo para o Desenvolvimento de Projectos Documento-Quadro da Agenda 2063 13 PIDA OPPI PPP CRP CER OSP PTA Bank RADS CER COPOC SACU SADC PAE PME QPS SSF CT&I STAP STISA TICAD TVET UMA NU CNUCED UNDESA UNCBD UNCCD UNCED CEA PNUA CQNUAC FNUAP UNIDO EU USD VGF OMS BM GBM Programa para o Desenvolvimento de Infra-estruturas em África Organização Pan-africana da Propriedade Intelectual Parceria público-privada Comité de Representantes Permanentes Comité dos Representantes Permanentes Organização do Sector Privado Banco da Zona Comercial Preferencial Estratégia Africana de Desenvolvimento Baseada em Recursos Comunidades Económicas Regionais Cooperativas de Poupança e de Crédito União Aduaneira de África Austral Comunidade para o de Desenvolvimento de África Austral Programa de Ajustamento Estrutural Pequenas e Médias Empresas Quadro de Política Social Sistema Sanitário e Fitossanitário Ciência, Tecnologia e Inovação Plano de Acção de Curto Prazo para Infra-estruturas Estratégia em Matéria de Ciência, Tecnologia e Inovação para África Cooperação Internacional de Tóquio para o Desenvolvimento de África Ensino e Formação Técnico-Profissional União do Magrebe Árabe Nações Unidas Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento Departamento dos Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Comissão Económica das Nações Unidas para África Programa das Nações Unidas para o Ambiente Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas Fundo das Nações Unidas para a População Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial Estados Unidos Dólares dos Estados Unidos Financiamento do Diferencial de Viabilidade Organização Mundial da Saúde Banco Mundial Grupo de Banco Mundial Documento-Quadro da Agenda 2063 14 CAPÍTULO 1: 1.1 INTRODUÇÃO Antecedentes Volvidos cinquenta anos após a reunião dos primeiros trinta e três (33) Estados africanos independentes em Adis Abeba, para formar a Organização da Unidade Africana, hoje denominada União Africana, o continente está a avançar em direcção aos próximos cinquenta anos. Logo, por ocasião do Jubileu de Ouro da OUA, a liderança política de África reconheceu as realizações e os desafios e voltou a abraçar a visão Pan-Africana de “uma África integrada, próspera e pacífica, impulsionada pelos seus próprios cidadãos e representando uma força dinâmica na arena global.” A Cimeira incumbiu a Comissão da União Africana (CUA), apoiada pela Agência de Planificação e Coordenação (NPCA) da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD), o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e a Comissão Económica das Nações Unidas para África (CEA) para preparar a agenda continental de 50 anos, mediante um processo centrado nas pessoas, portanto, a Agenda 2063. A Declaração Solene do 50º Aniversário incorpora um compromisso no sentido de garantir progressos em oito áreas prioritárias (ver caixa de texto). Estas prioridades definem a agenda continental que serão integradas nos planos de desenvolvimento regional e nacional. As Oito Prioridades da Declaração Solene do 50º Aniversário o Identidade e Renascimento de África o Continuação da luta contra o colonialismo e o direito à autodeterminação. o Agenda da Integração o Agenda de Desenvolvimento Social e Económico. o Agenda da Paz e Segurança o Governação Democrática o Determinação dos Destinos da África o Posição de África no Mundo A Agenda 2063, no quadro estratégico comum do continente para o crescimento inclusivo e o desenvolvimento sustentável, contempla as últimas conquistas, desafios e oportunidades aos níveis nacional, continental e global para a definição da base e do contexto em que a transformação continental está a ser implementada, incluindo: A durabilidade da Visão e Projecto Pan-Africanos, que nortearam as lutas dos povos africanos e seus descendentes contra a escravidão e as turbulências do colonialismo, apartheid e discriminação racial; e o compromisso dos Pais Fundadores da OUA pela autodeterminação, integração, solidariedade e unidade; e isto hoje constitui o pano de fundo para o renascimento, transformação e integração de África. Lições de experiências de desenvolvimento global, tais como: os avanços significativos dos principais países do Sul Global para tirar da pobreza enormes segmentos da sua população, melhorar os rendimentos e catalisar a transformação económica e social, e os esforços globais através das Nações Unidas, destinados a encontrar abordagens multilaterais mais urgentes para a humanidade, incluindo a segurança e paz humanas; a Documento-Quadro da Agenda 2063 15 erradicação da pobreza, a fome e a doença; e a redução da vulnerabilidade aos riscos das alterações climáticas. Um ponto de viragem africano, com o fim da guerra fria e a destruição do apartheid na Namíbia e na África do Sul, reacendendo a determinação de África por acabar com as guerras e conflitos, construir uma prosperidade comum, integrar, edificar uma governação democrática receptível e pluralista e acabar com a marginalização do continente e voltar às prioridades de África adoptando a Nova Parceria para o Desenvolvimento de África e a transformação da OUA para União Africana. Assim, África, ao longo da última década, experimentou níveis de crescimento sustentáveis, um maior desfrute da paz e estabilidade e movimentos positivos em vários indicadores de desenvolvimento humano. África deve sustentar e consolidar este salto positivo, usando-o como um trampolim para garantir a transformação e o renascimento. As continuidades e mudanças do paradigma e dinâmicas do desenvolvimento africano, reflectidas nos esforços de edificação, industrialização e modernização de Estados pós-independência e Estadosnação, a luta contra doenças, e a pobreza; o foco no aprofundamento da apreciação por África dos seus inúmeros e diversos recursos e o impulso para a integração, tal como reflectidos na Carta da OUA, na Declaração de Monróvia, no Plano de Acção de Lagos e NEPAD; os quadros, as estratégias e arquitecturas políticas sectoriais, incluindo a agricultura, paz e segurança, infra-estruturas, ciência e tecnologia, governação, industrialização, educação, política social, cultura, desporto e saúde e em quadros normativos cobrindo os direitos do homem e dos povos, das crianças e direitos da mulher. A necessidade de um desenvolvimento centrado nas pessoas e da igualdade de género, que coloque os povos africanos no centro de todos os esforços continentais, visando garantir uma ampla participação na transformação do continente, e na construção de comunidades e sociedades inclusivas e solidárias. Isso reconhece que capacitar e suprimir todos os obstáculos à participação plena das mulheres em todas as áreas e os níveis de esforço humano, são fundamentais para qualquer sociedade poder atingir o seu pleno potencial. Além disso, um ambiente propício para as suas crianças e jovens prosperar e alcançar o seu pleno potencial é um prérequisito para a inovação constante. Os altos e baixos do contexto global, e nos nossos tempos, a revolução da tecnologia de informação moderna da comunicação em tempo real, ao longo de vastas distâncias, globalização e mudanças na produção, mudanças e avanços na tecnologia, produção, expansão do comércio, desenvolvimento de novos conhecimentos e mercados de trabalho; as oportunidades apresentadas pelas tendências demográficas globais e o aumento da classe média e de trabalhadores nos países e regiões emergentes e em desenvolvimento; a evolução para o multipolaríssimo com Documento-Quadro da Agenda 2063 16 fortes elementos do uni-polarismo restantes, as alianças de segurança globais e a prova indiscutível do impacto das mudanças climáticas; as oportunidades apresentadas pelas tendências demográficas globais e o aumento da classe média e de trabalhadores nos países e regiões emergentes e em desenvolvimento; a evolução para a multipolaridade com fortes elementos do uni-polarismo restantes, as alianças de segurança globais e a prova indiscutível do impacto das mudanças climáticas. Hoje, a humanidade tem capacidade, tecnologia e 'know-how' para garantir a segurança humana e um padrão de vida decente para todos os habitantes da nossa terra; porém, as crianças continuam a morrer de doenças evitáveis, enquanto a fome e a desnutrição permanecem como parte da experiência humana, e persistem desigualdades entre regiões e países e dentro dos países. Ao longo dos últimos cinquenta anos, os Estados africanos desenvolveram uma série de respostas às exigências dos tempos. A esse respeito, destacam-se duas transições principais, a saber: A primeira transição teve lugar na década de 1960 e 1970 - após a qual a maioria dos países africanos conquistaram as suas independências. Para continuar a fazer avançar a agenda de emancipação económica e tirar lições das crises energéticas globais da década de 70, África tomou a decisão estratégica de prosseguir a integração continental como uma estratégia para o desenvolvimento económico. As várias estratégias de libertação e de desenvolvimento económico dos anos setenta e oitenta, incluindo o Plano de Acção de Lagos, têm a sua génese nessa transição. Este período também foi marcado pela Agenda da Bretton Woods sobre ajustamentos estruturais, que testemunhou a contracção das economias africanas, com profundas implicações para os sectores sociais mais críticos. A segunda transição ocorreu na década de 1990, após o fim da guerra fria e a adopção pela OUA da Declaração das Mudanças Fundamentais na Resposta do Mundo e de África. A Declaração sintetiza a determinação de África para fazer face aos desafios da paz e segurança do continente, incluindo aqueles dentro das Nações, para promover a democracia e a boa governação, bem como o desenvolvimento económico mediante o aprofundamento da integração do continente. Passadas duas décadas (anos 80 e 90) mortas de desenvolvimento em África e a tendência para uma maior marginalização, o continente deu um passo decisivo, com uma União Africana e Comunidades Económicas Regionais (CER) melhor organizadas. Desde então, o continente tem testemunhado um crescimento impressionante e sustentado, a consolidação da democracia e a boa governação, tais como a introdução do mecanismo africano de revisão paritária; igualdade de género melhorada, e através da promoção dos direitos humanos e o estado de direito. Numa altura em que África comemora meio século de independência, convêm embarcar num processo crítico de avaliação e formulação de uma nova visão a longo prazo, para o continente. “A Agenda 2063: O futuro que queremos para África” é, portanto, um quadro estratégico endógeno, compartilhado para o crescimento inclusivo e o desenvolvimento sustentável rumo à transformação de África e a continuação da determinação Pan-Africana, pela autodeterminação, liberdade, progresso e prosperidade colectiva, a fim de: Documento-Quadro da Agenda 2063 17 Galvanizar e unir na acção todos os Africanos e a Diáspora em torno da visão comum de uma África pacífica, integrada e próspera, impulsionada pelos seus cidadãos e ocupando o seu lugar no mundo; Aproveitar as dotações continentais de África, consagradas na sua gente, história, culturas e recursos naturais, e a posição geopolítica para o alcance de um crescimento e desenvolvimento equitativos e centrados nas pessoas; erradicar a pobreza; desenvolver o capital humano de África; criar activos sociais, infra-estruturas e bens públicos; consolidar uma paz e segurança duradouras; estabelecer Estados de desenvolvimento eficazes e fortes, instituições participativas e responsáveis; e capacitar mulheres e jovens a fim de suscitar o renascimento africano; Desenvolver e acelerar a implementação de estruturas continentais, incluindo, mais notavelmente, o Plano de Acção de Lagos, o Tratado de Abuja, a NEPAD, Programa integrado para o Desenvolvimento da Agricultura em África – CAADP, a Declaração de Malabo de 2014 sobre o Rápido Crescimento e Transformação da Agricultura rumo à Prosperidade Partilhada e Melhoria dos Meios de Subsistência (3AGTs), o Plano de Acção para o Desenvolvimento Industrial Acelerado em África (AIDA), o Programa de Integração Mínima, o Programa de Desenvolvimento de Infra-estruturas em África (PIDA), o Plano de Acção Consolidado de Ciência e Tecnologia da UA/NEPAD, e a Iniciativa de Desenvolvimento da agro-indústria e agronegócios de África (3ADI); Garantir a coerência interna, o alinhamento e a coordenação aos quadros e planos continentais, regionais e nacionais adoptados pela UA, CER e Estados-membros; Garantir a coerência, alinhamento e coordenação a nível interno das estruturas continentais, regionais e nacionais e de planos adoptados pela UA, CER e planos e estratégias dos Estados-membros; Proporcionar um espaço/plataforma para acções individuais, sectoriais e colectivas para permitir a concretização da visão continental; Desenvolver um mecanismo de implementação, suportado por um sistema adequado de gestão de conhecimentos que ajude a melhorar a qualidade do seu desempenho, por meio de pesquisas, inovação e codificação de ponta das experiências inovadoras, promover a troca de experiências e aprender uns com os outros e estabelecer comunidades de práticas; e Definir as respectivas funções e responsabilidades de cada interveniente como as CER, os Estados-Membros, a Sociedade Civil e o Sector Privado na formulação e implementação da Agenda 2063. Este novo esforço para perspectivar a trajectória de desenvolvimento de África a longo prazo, é oportuno por vários motivos. A globalização e a revolução da tecnologia de Documento-Quadro da Agenda 2063 18 informação proporcionaram oportunidades sem precedentes para países e regiões, incluindo a África, com as políticas correctas para fazer avanços significativos e tirar da pobreza enormes secções das populações, melhorar os rendimentos e catalisar transformações económicas e sociais. Hoje, África esta igualmente em melhor posição para se desenvolver com base nos sucessos do passado e do presente, tais como a experiência da NEPAD. Os esforços nacionais, regionais e continentais envidados para a criação da NEPAD, não vistos durante o LPA e o Tratado de Abuja, permitiram a UA estabelecer instituições (por exemplo, MARP, etc.), demonstrar um forte compromisso para a implementação da Agenda acordada, gerar valiosas lições que apresentam uma sólida base para a Agenda 2063, e que pode ser vista como uma continuação lógica da NEPAD e outras iniciativas. O continente esta mais unido, uma potência global a não ignorar, capaz de mobilizar apoio em torno de uma agenda comum e falar com uma voz capaz negociar e suportar a influência de forças que gostariam de vê-lo dividido. Por outro lado, instituições regionais de África foram racionalizadas e hoje, as oito comunidades económicas regionais da UA oficialmente reconhecidas (CEN-SAD, COMESA, EAC, CEEAC, CEDEAO, IGAD, SADC e UMA) tornaram-se fortes instituições políticas e de desenvolvimento com quem os cidadãos podem contar e sobre a qual a Agenda 2063 se pode apoiar. Finalmente, uma confluência de factores afigura-se como uma valiosa oportunidade para a consolidação e progresso rápido do continente. Estes incluem: uma importante trajectória de crescimento positivo e sustentado de inúmeros países africanos; uma notável redução de conflitos violentos; uma maior estabilidade e paz, juntamente com progressos em matéria de governação democrática; perspectivas para uma crescente classe média, somadas à explosão da camada juvenil, que pode agir como catalisadora para um subsequente crescimento, particularmente nos sectores de consumo e serviços; e mudanças na arquitectura financeira internacional, com a ascensão da BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul); e a melhoria dos fluxos de Investimento Directo Estrangeiro (IDE). Os factores supracitados constituem uma oportunidade singular a ser capitalizada por África. No entanto, o sucesso reside em actuar na unidade, transparência, vontade e capacidade de avaliar o desempenho, corrigir os erros e desenvolver-se com base nos sucessos, colocar em primeiro lugar os cidadãos, e uma governação e valores sólidos. A planificação a longo prazo, de acordo com a Agenda 2063, não é nova. Um número considerável de países africanos desenvolveram planos e visões nacionais de longo prazo (por exemplo, Uganda (2040), a África do Sul e Egipto (2050), a Sierra Leone, o Senegal e os Camarões (2035); enquanto que o Malawi, a Nigéria, o Lesoto, o Ruanda, a Cote D’Ivoire estão a preparar-se para substituir as suas respectivas visões que expiram em 2020, e os levará para além de 2050. A Agenda 2063 encaixa-se nesta e procura desenvolver e consolidar esses esforços. Documento-Quadro da Agenda 2063 19 1.2. Processo Preparatório da Agenda 2063 A Agenda 2063 foi desenvolvida através de um extenso processo consultivo de vários intervenientes, incluindo Jovens, Mulheres, Organizações da Sociedade Civil de África, a Diáspora, Grupos de Reflexão e Instituições de Pesquisa Africanos, Planificadores Governamentais, Sector Privado, Mulheres, Jovens, Meios de Comunicação Social e Líderes inter-religiosos, Fórum dos Antigos Chefes de Estado e de Governo Africanos, Estados Africanos Insulares e outros2. Além disso, estão incluídas ideais captadas de uma série de reuniões ministeriais sectoriais do continente e reuniões com as Comunidades Económicas Regionais. As conclusões dessas consultas formam a base para as Aspirações do Povo Africano, o propulsor da Agenda 2063. A elaboração da Agenda 2063 incluiu igualmente uma extensa revisão das experiências de desenvolvimento africanas, uma análise dos desafios e oportunidades dos nossos dias, assim como uma revisão dos planos nacionais, quadros e estudos técnicos regionais e continentais, além das amplas consultas ora mencionadas. Os planos e quadros continentais proporcionam conceitos para as prioridades de desenvolvimento que formam uma prancha para a Agenda 2063, em particular, no Plano de Implementação dos Primeiros Dez Anos. Também foi desenvolvida uma Estratégia de Mobilização de Recursos para a Agenda 2063, analisando estratégias que a África deverá adoptar para financiar o seu próprio desenvolvimento. Por último, uma Estratégia de Comunicação da Agenda 2063 específica foi concebida e está a ser implementada com o objectivo de engajar os africanos de todas as classes sociais e a diáspora, para galvanizar a acção de apoio à Agenda 2063. A Agenda 2063 é apresentada em três documentos principais, a seguir enumerados: 1.3. Um documento-quadro da Agenda 2063 que contém a Visão para 2063, uma análise geral circunstancial das questões-chave, os objectivos, prioridades, metas e estratégias indicativas, bem como propostas sobre como "Fazer que isto aconteça", lidando com a implementação, acompanhamento e avaliação – ver tabela abaixo; A versão popular da Agenda 2063 – apresentando a Agenda em termos simples, para facilitar a apropriação pelo cidadão africano; e O primeiro plano de implementação decenal (2013-2023) que define as prioridades imediatas e é projectado para dar o pontapé inicial da viagem em direcção ao Ano 2063; Visão geral do documento-quadro da Agenda 2063 O documento-quadro divide-se em três partes e contem seis capítulos, como segue: 2 Foram recebidas contribuições por escrito/insumos de diversos intervenientes como o fórum africano de governação, Associação da Administração Pública, Sindicatos africanos, RUFORUM, Wildlife Foundation, Fundação do Património Cultural, Associação Africana de Linhas Aéreas e muitas outras Documento-Quadro da Agenda 2063 20 (i) A Visão (contexto, desafios e oportunidades para o seu alcance) - capítulos 1-3; (ii) O Quadro de transformação, delineando os objectivos, as áreas prioritárias, as metas e estratégias indicativas (Capítulo 4), bem como os factores críticos do sucesso - Capítulo 5; e (iii) "Fazer que isto Aconteça": implementação, acompanhamento, avaliação e medidas de acompanhamento associadas – capítulo 6. A Visão para Capítulo 1: Introdução 2063 Situa a Agenda 2063 no contexto histórico do Pan-africanismo, o Renascimento africano e a luta pela autodeterminação e independência económica; Descreve o processo preparatório; e apresenta o documento Agenda 2063. Capítulo 2: A Visão e as Pinta um cenário detalhado de onde a Aspirações Africanas para África estaria em 2063, altura em que 2063 o continente estará a comemorar o Centenário da Fundação da OUA. Capítulo3: Análise Situação Geral da Examina as tendências, os desafios e oportunidades nos campos Político, económico, Social e Cultural e destaca as questões-chave a resolver. Quadro de Capítulo 4:As Metas da Descreve os objectivos da Agenda Transformação Agenda 2063, Áreas 2063, as áreas prioritárias, as metas e prioritárias, Metas e estratégias indicativas. Estratégias Indicativas Capítulo 5: Factores de Apresenta factores de sucesso Sucesso Críticos e críticos, riscos e estratégias de Medidas de Atenuação atenuação, bem como mega tendências que podem afectar o futuro de África. Fazer que Isto Capítulo 6: Fazer que Isto Apresenta os Arranjos para a Aconteça Aconteça implementação, Acompanhamento e Avaliação, Financiamento, a Estratégia de Comunicação e Capacidade de Execução. Anexos Anexos Documento-Quadro da Agenda 2063 O Anexo 1, destaca as iniciativas africanas para o crescimento e a transformação económica nas 21 décadas de 1980 e 1990; O Anexo 2, sintetiza as principais áreas de interesse que a Agenda 2063 deverá abordar com base na análise de situação geral no Capítulo 3. Os Anexos 2 e 3, apresentam as Matrizes dos Resultados Nacionais e Continental, respectivamente. Documento-Quadro da Agenda 2063 22 CAPÍTULO 2: 2.1 A VISÃO E AS APIRAÇÕES AFRICANAS PARA 2063 Aspirações africanas para 2063 Os africanos de diversas formações3 sociais e na Diáspora expressaram a Visão da UA de "uma África integrada, próspera e pacífica, dirigida pelos seus próprios cidadãos e que represente uma força dinâmica na arena internacional", como guia abrangente para o futuro do continente africano. Além disso, reafirmaram a relevância e a validade da Declaração Solene do 50º Aniversario da OUA/UA. As vozes convergentes de africanos de várias origens, incluindo os da Diáspora, pintaram uma imagem clara daquilo que desejam para si e para o continente no futuro. Destas vozes convergentes, emergiu um conjunto de aspirações comuns e partilhadas: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Uma África prospera, centrada no crescimento inclusivo e desenvolvimento sustentável; Um continente integrado, politicamente unido, assente nos ideais do Panafricanismo e na Visão do Renascimento de África; Uma África de Boa Governação, que Respeite os Direitos Humanos, a Justiça e o Estado de Direito; Uma África Pacífica e Segura; Uma África com uma Forte Identidade Cultural, Herança, Valores e Ética Comuns; Uma África cujo desenvolvimento é centrado nas pessoas, baseando-se especialmente no potencial que suas mulheres e jovens oferecem, e no cuidado às crianças; e Uma África como actor e parceiro mundial forte, unido, resiliente e influente. Estas sete aspirações mostram uma forte convergência com a Visão da UA e estão em consonância com as oito prioridades da Declaração Solene do 50º Aniversário da OUA/UA. Colectivamente, estas aspirações comuns demonstram uma forte continuidade de pensamento entre os Fundadores da OUA e a actual geração de africanos, embora num novo contexto dinâmico. As aspirações reflectem o desejo pelos africanos da prosperidade e o bem-estar, a unidade e a integração, de um continente de cidadãos livres e horizontes expandidos, livres de conflitos e maior segurança humana. Também projectam uma África de uma forte identidade, cultura e valores, bem como um parceiro forte e influente na arena mundial, dando uma contribuição equitativa, respeitada para o progresso humano e social – em suma, uma África diferente, melhor e mais dinâmica em relação à 2013. Existem transições para as aspirações, e cada etapa constitui um passo em frente para a realização de África de 2063. Estes pontos de transição, marcos instigantes em si mesmos, estão reflectidos no Quadro de Resultados da Agenda 2063 (Anexos 3 e 4). 3 Deferentes consultas foram realizadas com os seguintes intervenientes: académicos e grupos de reflexão, sociedade civil, Peritos em Planificação dos Ministérios da Planificação, mulheres, jovens, órgãos de Comunicação Social, Sector Privado, grupos inter-religiosos, fóruns dos antigos Chefes de Estado e de Governo, Estados africanos insulares, representantes das CER, ministérios sectoriais e outros. Documento-Quadro da Agenda 2063 23 As aspirações incorporam um forte desejo de ver um continente onde as mulheres e os jovens têm garantias das liberdades fundamentais para contribuir e beneficiar de uma África diferente, melhor e dinâmica até 2063, e onde as mulheres e jovens assumam papéis de liderança no crescimento e transformação das sociedades africanas. Elas baseiam-se na convicção de que a África tem o potencial e a capacidade de convergir e superar outras regiões do mundo e ocupa o seu lugar de direito na comunidade mundial. Aspiração # 1: Uma África próspera centrada no crescimento inclusivo e desenvolvimento sustentável; África, até 2063, será um continente de prosperidade partilhada, financiando e gerindo o seu próprio crescimento e desenvolvimento – o que significa que: O povo africano terá um alto padrão de vida e de qualidade de vida e bemestar; Cidadãos instruídos e uma revolução de habilidades apoiada pela ciência, a tecnologia e a inovação em prol de uma sociedade do conhecimento, terá uma base ampla, e onde nenhuma criança estará fora da escola por causa da pobreza ou qualquer forma de discriminação; Os cidadãos são saudáveis, bem nutridos e desfrutam de uma expectativa de vida longa; As cidades, comunidades peri-urbanas e rurais estão equipadas com infraestruturas modernas de comunicação, saneamento, educação e saúde, e são economias de mercado dinâmicas, vibrantes; as pessoas têm acesso à habitação acessível e decente, incluindo financiamento imobiliário e todas as necessidades básicas da vida, sendo o capital social valorizado e preservado; As economias são estruturalmente transformadas para gerar crescimento compartilhado, através do empreendedorismo e empregos decentes para todos; A agricultura moderna para produção em maior escala, maior produtividade e acréscimo de valor com a transformação de mercadorias e serviços, contribuem para a prosperidade nacional e do agricultor e a segurança alimentar e nutricional; e O continente incorpora principalmente os processos de adaptação destinados a manter saudáveis os ecossistemas, preservar o ambiente natural africano – como a maior reserva remanescente de águas cristalinas, florestas e terras primárias do mundo. Até 2063, os países africanos estarão entre os melhores nos indicadores de qualidade de vida. O PIB colectivo de África será proporcional à sua quota de população Documento-Quadro da Agenda 2063 24 do mundo e a dotações de recursos naturais, com economias a transformar-se através da ciência, tecnologia, inovação, empreendedorismo e competitividade. Alto padrão de vida, qualidade de vida e bem-estar Um alto padrão de vida para todos os africanos estará reflectido no aumento da renda per capita a um nível que é, pelo menos, dez vezes superior ao valor da escala de 2013 (1.878$EU4) para 18.878$EU – 20.000$EU. Assistir-se-á a uma acentuada redução do número de pessoas com empregos vulneráveis e um aumento das oportunidades de emprego para todos, especialmente os jovens. O crescimento de empregos decentes para todos os adultos de idade activa será o principal motor dos aumentos generalizados de rendimentos e a melhoria dos meios de subsistência, estabilidade e coesão sociais. Acabar com todas as formas de pobreza será a principal prioridade dos governos africanos nas próximas décadas. O continente africano irá graduar, de um mercado com base em economias de rendimento predominantemente baixo para um mercado de grupos de países com economias dinâmicas de rendimento médio-alto. Melhores rendas e a geração de empregos, especialmente através do crescimento do sector privado formal, traduzir-se-ão na eliminação da pobreza. Isso estará associado à redução das disparidades de rendimentos entre as zonas rurais e urbanas, os homens e as mulheres, resultando em sociedades mais inclusivas e coesas. África de 2063 será um Continente sem qualquer forma de insegurança alimentar ou nutricional e fome até 2025.Serão adoptadas medidas que conduzem à soberania alimentar, apoiando a capacidade das mulheres na produção de alimentos seguros, nutricionais e culturalmente aceitáveis, promoção de pesquisas nos sistemas locais de sementes e nos métodos agrícolas, protecção de sementes indígenas e das tecnologias de conhecimento, estabelecimento de bancos de sementes locais e garantia de acesso aos recursos naturais pelas mulheres, agricultores, pescadores e criadores de gado. Até 2025, o raquitismo será reduzido a 10 por cento da população jovem e a prevalência da insuficiência ponderal não excederá 5 por cento entre as crianças. Até 2063 não existirão crianças raquíticas ou com insuficiência ponderal. A visão de uma África próspera, com segurança alimentar e nutricional e, por conseguinte, livre da pobreza, será plenamente concretizada. Para garantir o alto padrão de vida como um direito, África de 2063 será caracterizada por sociedades em que todos os seus cidadãos desfrutarão do direito à uma previdência social acessível por lei, e o alargamento da protecção social a cidadãos portadores de deficiências físicas e mentais, idosos e crianças. Os africanos estarão livres do medo e da miséria, e todos os serviços e facilidades públicos serão acessíveis a todas as pessoas, incluindo os deficientes físicos. A África de 2063 será uma sociedade compassiva e solidária. 4 BAD, UA e CEA, Anuário Africano de Estatísticas de 2013 Documento-Quadro da Agenda 2063 25 Cidadãos instruídos e uma revolução de competências sustentada pela ciência, tecnologia e inovação África, até 2063, será o continente mais populoso do mundo, sendo os jovens o maior segmento da população, dos quais 70 por cento ou mais serão altamente qualificados. O continente terá a maior concentração de cidadãos da classe média, como uma percentagem da população de maior poder aquisitivo. Um dos factores essenciais da prosperidade de África será o seu capital humano, desenvolvido através de uma educação de qualidade, focada no alcance de 100 por cento de literacia e numeracia, e uma clara tónica na ciência, tecnologia e engenharia. Acesso universal à educação de qualidade, uma educação reconhecida em todos os níveis, serão consagradas na lei. Para garantir uma cidadania vibrante, a África investirá no sentido de tornar os serviços de saúde acessíveis à população crescente e satisfazer as necessidades tanto dos jovens como da sua crescente população idosa. Um rápido declínio das taxas de fertilidade e do rácio de dependência em África, juntamente com a emergência prevista de uma classe média, traduzir-se-á numa transição demográfica, permitindo maiores investimentos per capita no desenvolvimento do capital humano e o aumento contínuo dos rendimentos. Da educação pré-escolar ao ensino primário, secundário, técnico, profissional e superior, a África será testemunha de um verdadeiro renascimento, através de investimentos feitos pelos governos e o sector privado na educação e através do crescimento e expansão de indústrias nas áreas de tecnologia, ciência, investigação e inovação. Na África de 2063, pelo menos 70 por cento de todos os graduados do ensino secundário prosseguirão os seus estudos superiores em Institutos Técnico e de Formação Profissional (TVET) e universidades, dos quais um 70 por cento formar-se-ão em programas de ciências, tecnologia e inovação, criando assim as bases para a adopção de economias competitivas assentes no capital humano, com vista a complementar o vasto potencial do continente africano em recursos naturais. África de 2063 terá sistemas harmonizados de ensino e qualificações profissionais, com a Universidade Pan-Africana e vários centros de excelência em todo o continente, uma Universidade Pan-Africana Virtual, equipada com tecnologias para proporcionar uma educação pós-secundária em massa e, com efeito, um sector universitário e intelectualidade a desempenhar um papel instrumental. Milhões de africanos terão sido formados, educados e qualificados com especial ênfase na ciência, tecnologia, pesquisa e inovação, bem como a formação profissional em todos os sectores. Ao contrário do no passado, este capital humano optaria por permanecer no continente, ao invés de emigrar, contribuindo assim para o desenvolvimento socioeconómico do continente. Até 2063, o êxodo em massa de africanos talentosos, instruídos, inovadores caracterizado pela fuga de cérebros de anos anteriores, evoluirá para uma situação em que África afirma-se como o centro de convergência de uma mundo melhor e mais brilhante; semelhante ao papel e estatuto, nos tempos antigos, da famosa cidade de Timbuktu, no Império do Mali. Cidadãos saudáveis e bem nutridos Até 2063, todo o cidadão terá acesso total aos serviços de cuidados de saúde acessíveis e de qualidade; acesso universal à informação em matéria de direitos e saúde Documento-Quadro da Agenda 2063 26 sexual e reprodutiva, e esses serviços estarão disponíveis a todas as mulheres, incluindo a raparigas, adolescentes, mulheres com deficiência, pessoas que vivem com SIDA e todos os grupos vulneráveis. África se livrará de todas as doenças tropicais negligenciadas (DTN), e todas as doenças transmissíveis e infecciosas, tais como Ébola, ficarão totalmente sob controlo. Sistemas robustos e integrados serão adoptados para a redução significativa de doenças não-transmissíveis e relacionadas com estilos de vida, incluindo a obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, e mortes causadas pelo VIH/SIDA, a malária e a Tuberculose serão reduzidas a zero. A população africana de 2063 será saudável, bem nutrida e com uma expectativa de vida superior a 75 anos. Habitats modernos, acessíveis e habitáveis As cidades africanas até 2063 serão bem planificadas com sistemas de transportes colectivos, enquanto as comunidades rurais estarão conectadas com o resto da economia através de estradas, energia, redes de comunicação móvel, água, sistemas de saneamento e higiene. Mais de 60 por cento da população africana estarão a viver em cidades/zonas urbanas, que por sua vez produzirão a maior quota do PIB e das suas actividades económicas. África de 2063, embora caracterizada predominantemente por comunidades urbanas, terá comunidades rurais saudáveis, vibrantes, prósperas e habitáveis que resultarão de progressos significativos na produtividade agrícola, nos investimentos na educação, construção de instituições locais, infra-estruturas que permitem as populações rurais a tornar-se protagonistas importantes de cadeias de valores assentes na agricultura e nos recursos; gerando altos níveis de rendimento. Os habitantes rurais beneficiarão de serviços sociais e infra-estruturas semelhantes aos das áreas urbanas. África de 2063 será aquela onde todos os cidadãos têm acesso sustentável e acessível a serviços básicos de qualidade, como habitação acessível e decente, acesso à água limpa e adequada, e a serviços de saneamento, transporte e outros. O acesso à Internet de banda larga de alta velocidade deixará de ser um luxo que poucos podem pagar, mas será um direito de todos os cidadãos. Economias transformadas A África de 2063 será um continente integrado de permanente criação de riqueza e um pólo de tolerância e em direcção a um pólo de crescimento e transformação globais. Para se tornar um pólo de crescimento global, o continente africano terá que manter e melhorar a dinâmica de crescimento económico acima da média mundial, para as próximas décadas, ao mesmo tempo que vai enfrentando vigorosamente os desafios da transformação estrutural da produção e do comércio, e para que a fraca conectividade em matéria de infra-estruturas e fraca base de recursos humanos sejam superadas significativamente, reforçadas e modernizadas através de investimentos na capacidade a nível de e tecnologia. Documento-Quadro da Agenda 2063 27 África até 2063, será um continente a beneficiar da estabilidade macroeconómica, de um crescimento económico diversificado, inclusivo e acelerado. Haverá taxas de crescimento anuais do PIB não inferiores a 7 por cento, investimentos e poupanças em 25 por cento e acima e políticas macroeconómicas favoráveis ao crescimento, distribuição, criação de emprego, investimentos e industrialização. O Sector privado doméstico de África terá crescido para reivindicar mais de 50 por cento do PIB. As actividades fabris aceleradas resultarão na quota de manufacturação de 2063, num PIB a crescer pelo menos até 50 por cento e o seu valor acrescentado para um número cinco vezes superior. O sector absorvera pelo menos 50 por cento de novos operadores no mercado de trabalho. Pelo menos 90 por cento de todas as exportações agrícolas serão processadas localmente (acréscimo de valor). Até 2063, as quotas das empresas industriais orientadas para a tecnologia em toda a produção fabril, estarão acima de 50 por cento. África participará efectivamente nas cadeias de valor global, não a baixo nível, mas sim, na faixa alta da cadeia. Como continente, o PIB colectivo de África até 2063, será proporcional à população e às doações de recursos do continente, com um aumento concomitante da quota de produção fabril global, dos serviços financeiros globais de África, bem como a sua quota de produtos e serviços baseados no conhecimento. O continente testemunhará o crescimento das futuras bolsas de matérias-primas, e os gigantes empresários do continente estarão no auge, com uma miscelânea de trocas comerciais intra-africanas e de actividades de exportação para fora do continente. Isso juntar-se-á ao crescimento dos centros de fabricação regionais, em torno do beneficiamento de minerais e recursos naturais em todos os cantos do continente. Inúmeras empresas maioritariamente africanas figurariam significativamente entre as 500 maiores companhias do mundo. O retorno da diáspora, com a sua infusão de talentos, energia e finanças nas economias africanas, desempenharão um papel preponderante no processo de transformação em toda a África. África continuará a ocupar um lugar dominante nos mercados globais em termos de recursos naturais, incluindo a agricultura e os sectores extractivos - petróleo, gás, minerais - mas captará uma parcela maior dos ganhos decorrentes dos recursos naturais e assegurará a sua redistribuição equitativa às populações de África em rápida expansão, especialmente nas décadas iniciais. Até 2063, haverá um maior controlo e apropriação das indústrias extractivas, tal como demonstrado através do estabelecimento de trocas comerciais para os produtos de base mais importantes, e a maior parcela das empresas cuja posse e controle recaem maioritariamente nos africanos – bem como um maior controlo das operações mineiras, conforme previsto na Visão Mineira de África. As economias africanas até 2063 estarão estruturalmente transformadas para assegurar o crescimento equitativo, a distribuição justa de oportunidades e o emprego decente, bem como padrões de trabalho e condições de trabalho seguras para todos, incluindo a melhoria da produtividade das mulheres, o acesso aos serviços básicos e a distribuição dos rendimentos e dos produtos de base. Haverá economias diversificadas, bem como uma maior capacidade de resiliência, por meio de abordagens sistemáticas de gestão de riscos decorrentes de choques externos. Isto acontecerá com o aumento da dependência em novos produtos gerados através da inovação, o conhecimento, a ciência e o empreendedorismo, assim como o crescimento de sectores como o turismo, a Documento-Quadro da Agenda 2063 28 economia azul, as artes criativas e os serviços financeiros. Os recursos naturais (renováveis e não-renováveis) serão geridos de forma sustentável, por forma a evitar uma maior volatilidade – o fenómeno do “boom e bust”. ('expansão e quebra'). Fundos de Riqueza Soberana Inter-geracionais serão estabelecidos para salvaguardar os ganhos decorrentes de investimentos de exploração e gestão de recursos de África em benefício das gerações futuras. O desenvolvimento económico impulsionado pela ciência e tecnologia gerará negócios na ordem de 25 por cento decorrentes de avanços tecnológicos e inovações empreendidos e comercializados por cidadãos africanos. Isto será reflectido pelo aumento do número de centros de investigação regional/continental de referência mundial, estabelecidos no continente, e que proporcionam importantes resultados investigativos, considerados prioritários para a África, conduzindo à transformação da agricultura, manufactura, indústria e exploração de recursos naturais; o estabelecimento de centros de pesquisa regionais e continentais de tecnologia, inovação e competitividade gerando ideias para novos negócios; e pólos regionais/continentais para a industrialização, definidos para 2020 e estarão inteiramente funcionais em 2025. Uma Agricultura Moderna para Maior Produção, Produtividade e Acréscimo de Valor África em 2063 será consideravelmente reforçada pela criação de uma base Agrícola mais alargada– agricultura mecanizada, acesso a insumos de produção, financiamento, reforço do papel das mulheres agricultoras – contribuindo assim para o aumento da produtividade agrícola, tornando a produção local de alimentos suficientemente competitiva, para substituir as importações de bens alimentícios e gerar excedentes para exportação e colocar a África numa posição que lhe permita alimentar o resto do mundo. Isto, por sua vez, ajudará a incrementar os salários nos Estados com força de trabalho abundante e o aprofundamento de capitais nos Estados que possuem um número insuficiente de mão-de-obra. A transformação agrícola resultará também numa maior comercialização de produtos agrícolas e a redução de trabalhadores empregados no sector da agricultura. Um valor acrescentado significativo na agricultura, impulsionará o sector fabril e a transformação estrutural das economias africanas. Uma agricultura moderna e produtiva, assente numa base sólida de conhecimentos da ciência, a construção de sistemas alimentares e agrícolas resilientes e o autofinanciamento do desenvolvimento da Agricultura, serão postos em prática até 2063. Isto resultará no aumento da produtividade. A paisagem da agricultura rural de média e grande escala de 2063, detidas e exploradas por homens e mulheres africanos, reflecte a transição natural do pequeno terreno, características agrícolas mistas das áreas rurais de África em 2063. Por outro lado, os investimentos resultarão em fornecimentos consistentes de insumos agrícolas, atrairão capitais financeiros a cadeias de valores agrícola, o que levará à criação de oportunidades de emprego. A modernização da agricultura porá cobro ao trabalho forçado na agricultura; A agricultura africana do futuro verá o desterro da enxada de mão e, finalmente, tornará o sector ainda mais moderno, lucrativo e atraente às Mulheres e Homens do continente. África, enquanto tira proveito de suas terras aráveis inexploradas, terá um grande papel na economia agro-alimentar mundial. A agricultura africana será um sistema Documento-Quadro da Agenda 2063 29 alimentar e agrícola competitivo a satisfazer as demandas agro-alimentares cada vez mais crescentes e diversificadas, de mercados intra-africanos, locais, nacionais e regionais e, não só, respondendo cada vez mais às crescentes e exigentes demandas do mercado global. Até 2025, o comércio Intra-Africano de bens alimentícios e agrícolas será três vezes maior para representar pelo menos um 50 por cento do total de comércio formal de bens alimentares. Este crescimento será possível através de uma integração de mercados mais ampla e profunda a nível continental, e facilitada com o estabelecimento de mercados e infra-estruturas de comerciais adequados – incluindo estradas, vias férreas e serviços de transporte; TIC, irrigação, e facilidades de armazenagem e agroprocessamento; Trocas de mercadorias, informação de mercado e outros serviços de facilitação do comércio estruturadas. Isto permitirá a conexão dos agricultores com mercados locais, nacionais e regionais através de uma rede dinâmica de cadeias de valores eficientes de insumos agrícolas e alimentares estratégicos. Economia Azul de África Particularmente significativo, são os resultados na contribuição de oportunidades relacionadas com a “Economia Azul” que se espera venha a ganhar ímpeto em 2020, levando entre outras iniciativas, a conhecimentos avançados sobre a biotecnologia marinha e aquática para a produção de novos produtos; e ao estabelecimento de uma companhia marítima Pan-africana, em que lagos e rios servirão de vias navegáveis e ligações inteiramente desenvolvidas em direcção aos Estados sem litoral, integrando assim os seus mercados ao resto do continente e o mundo. As companhias pesqueiras africanas explorarão esses recursos de forma sustentável em benefício dos africanos, e a aquicultura orientada para o mercado (piscicultura) permitirá ultrapassar a lacuna em termos de fornecimento de peixe. Os mares, oceanos, lagos, rios e planícies aluviais de África terão rendimentos em minerais valiosos minerados ou explorados do alto mar e oceanos e fundos de lagos, e estarão livres da pesca ilegal, não-regulamentada e nãodeclarada (pesca IUU) e de outras actividades criminosas, inclusive a descarga ilegal de resíduos tóxicos. Economias e comunidades ambientalmente sustentáveis e resilientes às alterações climáticas África em 2063 será reconhecida mundialmente como um continente respeitador do seu ambiente, ecologicamente consciente, assente num desenvolvimento sustentável e uma energia renovável. A desejada prosperidade de África basear-se-á no crescimento inclusivo e no desenvolvimento sustentável para que África possa reivindicar o seu património natural, construir sociedades prósperas e reduzir a vulnerabilidade às alterações climáticas. Embora África tenha desempenhado um papel relativamente menor e tenha contribuído pouco para a acumulação de gases de efeito estufa e para as consequentes alterações climáticas, é a região mais vulnerável aos riscos das alterações climáticas. África até 2063 será transformada de tal forma que os recursos naturais serão geridos de forma sustentável e a integridade, bem como diversidade dos ecossistemas de África conservados. Os crimes à flora e fauna, incluindo a caça furtiva, o tráfico e o comércio ilegal serão eliminados antes de 2025, por meio de legislações e sistemas de gestão eficazes nos Estados-membros. Documento-Quadro da Agenda 2063 30 As sociedades africanas consumirão e produzirão bens e serviços de forma sustentável. As contas da renda nacional serão sujeitas a reformas, para fazer reflectir totalmente as mudanças na riqueza de recursos naturais renováveis e não-renováveis. Até 2063, a biodiversidade de África, incluindo as suas florestas, vida selvagem, zonas húmidas (rios e lagos), recursos genéticos, bem como a vida aquática, sobretudo no que diz respeito às reservas pesqueiras degradadas e os ecossistemas costeiros e marinhos, incluindo os recursos naturais transfronteiriços serão inteiramente conservados e utilizados de forma sustentável. A cobertura florestal e vegetal será restaurada para os níveis de 1963; ao mesmo tempo que os parques nacionais e as zonas protegidas (tanto terrestre como marinhas) serão geridas e a sua ameaça reduzida significativamente. A degradação e desertificação da terra será interrompida e posteriormente revertida. Todas as terras agrícolas serão geridas de uma forma sustentável do ponto de vista ambiental e social. Os países africanos teriam reduzido e conservado pelo menos 90 por cento da perda de biodiversidade e de todos os habitats naturais. Até 2030, África será um continente com água totalmente assegurada. Novas práticas e tecnologias serão introduzidas, para garantir uma utilização eficiente dos recursos hídricos e o desenvolvimento de novas fontes. Cerca de 90 por cento das águas residuais domésticas - serão recicladas para complementar a água para utilidade agrícola e industrial. Até 2063, sistemas de produção de baixo carbono resistente às mudanças climáticas serão utilizados, reduzindo consideravelmente a vulnerabilidade ao risco climático e aos desastres naturais conexos. Isto levará, entre outros, a reduções em mortes per capita decorrentes de catástrofes naturais induzidas por mudanças climáticas por cerca de 75 por cento, através da estratégia geral e robusta de preparação e redução dos riscos de desastres adoptadas à priori. Todas as actividades agrícolas e industriais serão certificadas como adaptáveis às mudanças climáticas e à sustentabilidade. Um fundo Africano do clima (ACF) para cobrir as preocupações do continente em torno da adaptação e mitigação do clima, incluindo o desenvolvimento de tecnologias, estará plenamente operacional e criados sistemas de certificação regional/continental da sustentabilidade. África concretizará o seu pleno potencial na produção energética e, com efeito, num futuro previsível, fornecerá energia a outras regiões mediante pedido. A visão estratégica africana, a este respeito, envolverá a utilização das fontes energéticas do continente, especialmente as energias renováveis na promoção do crescimento económico e na erradicação da pobreza energética. As energias renováveis (eólica, solar, hidráulica, bioenergia, ondas oceânicas, geotérmica e outras fontes de energia renováveis) representarão mais de metade do consumo de energia para as famílias, empresas e organizações. Todos os prédios urbanos serão certificados como energia inteligentes, e todos os transportes colectivos urbanos irão operar com combustíveis renováveis e de emissões baixas a zero. A quota de energias renováveis para a produção total de energia terá ultrapassado o limiar de 50 por cento. Centrais hidroeléctricas regionais serão construídas antecipadamente em algumas décadas, enquanto que as centrais energéticas Documento-Quadro da Agenda 2063 31 continental (por exemplo, a Barragem de Inga) serão inteiramente funcionais antes de 2063, tornando o continente devidamente iluminado e alimentado na íntegra. Instituições funcionais, regulamentos, sistemas e processos serão estabelecidos para orientar a gestão e exploração dos recursos naturais transfronteiriços, incluindo água, florestas, pesca, biodiversidade, recursos genéticos, energia e recursos renováveis e nãorenováveis. Aspiração # 2: Uma continente integrado, politicamente unido, assente nos ideais do Pan-africanismo e na visão do renascimento de África Até 2063, a África terá emergido como um continente soberano, independente e auto-suficiente, uma África unida e forte que atinja a integração económica e política. África irá testemunhar o reacender da solidariedade e da unidade de objectivos que sustentou a luta pela emancipação da escravidão, colonialismo, apartheid e subjugação económica. Até 2020 todos os vestígios do colonialismo terão acabado e todos os territórios africanos sob ocupação totalmente libertados. Medidas serão tomadas para acabar de forma expedita a ocupação ilegal do Arquipélago de Chagos, da Ilha Comores de Mayotte e afirmar o direito à autodeterminação do povo do Sahara Ocidental. Acabarse-á com todo o tipo de opressão, incluindo do género, racial e outras formas de discriminação. Até 2063, África será: Unida; Dotada de infra-estruturas de classe mundial em todo o continente. Uma África Unida (Federal ou Confederal) Desde 1963, a busca pela unidade de África foi inspirada pelo espírito do Panafricanismo focada na libertação, independência política e económica e o desenvolvimento com base na autoconfiança dos povos africanos, com uma governação democrática, desempenhando um papel fundamental para facilitar a unidade continental. Estas são uma condição sine qua non para o renascimento de África e o surgimento no cenário mundial. África até 2063 terá conseguido concretizar o sonho ou visão dos fundadores de uma África Unida, uma união de um continente bem governado e democrático. A unidade política de África será o culminar do processo de integração, incluindo a livre circulação de pessoas, o estabelecimento de instituições continentais e a integração económica total. Em 2030, haverá consenso sobre a forma de unidade continental e suas instituições subjacentes. Até 2045, todas as medidas jurídicas necessárias para a formação de uma África Unida serão criadas com todas suas instituições (executivas, legislativas e judiciais). As estruturas regionais, estatais e locais de governação serão reformadas adequadamente.. Documento-Quadro da Agenda 2063 32 Haverá uma cidadania e passaporte africanos, e o hino da União, bem como a bandeira, serão amplamente respeitados. Também haverá eleição directa dos deputados ao órgão legislativo da União, sendo o Presidente da União eleito por sufrágio universal. No âmbito da evolução política de uma África Unida, as principais instituições e estruturas económicas, nomeadamente, o Mercado Comum Africano (2025), a União Monetária de África (2030), a União Aduaneira de África (2019) e a Zona de Comércio Livre Continental (2017), serão estabelecidas como âncoras da estrutura de governação de uma África Unida. África testemunhará o reacender da solidariedade e unidade africana de objectivo dos fundadores que sustentaram a luta pela emancipação do colonialismo, apartheid e subjugação económica. Infra-estruturas de classe mundial por tode África Até 2063, a necessária diversidade de infra-estruturas (qualidade e tamanho) será criada para apoiar o crescimento acelerado, a transformação tecnológica, o comércio e desenvolvimento de África, incluindo: as redes ferroviárias de alta velocidade, estradas, companhias de transportes marítimas, transportes marítimos e aéreos, vastos investimentos nas TIC e economia digital. Haverá uma rede ferroviária de alta velocidade ligando todas as principais cidades/ capitais do continente, bem como através de outros meios, que ligam os Estados insulares africanos ao continete. A rodovia terá auto-estradas adjacentes e canalização para gás, petróleo, água, bem como cabos de Banda Larga das TIC. Isto será um catalisador para o fabrico, desenvolvimento de competências, desenvolvimento de tecnologias, investigação e inovação. África irá testemunhar um liberalização total dos transportes aéreos e uma implementação total da decisão de Yamoussoukro com a ratificação e adopção de todos os tratados e protocolos, tornando a indústria africana de aviação uma força positiva para a integração regional, criação de empregos e transformação económica. O investimento nestas redes de infra-estruturas de classe mundial e bem geridas será a chave para catalisar a proliferação do comércio intra-africano de menos de 12 por cento em 2013, para se aproximar da carteira de comércio de África de 50 por cento, até 2045. Por sua vez, isto estimulará o crescimento de companhias Pan-africanas de mineração, a fabricação, as finanças, alimentos e bebidas, a hotelaria e turismo, os produtos farmacêuticos, o design de moda, as pescas e as TIC, e diversificar as operações industriais, apoiar as companhias, gerando líderes mundiais nos seus sectores. África será um continente com uma maior mobilidade de factores (trabalho, capitais e competências), livre circulação de pessoas e reforço do comércio, e instituições continentais, como o Banco Central Africano, serão totalmente funcionais. O comércio intra-africano florescerá e a Zona de Comércio Livre Continental (ZCLC), a União Monetária Africana e os instrumentos financeiros conexos serão estabelecidos e totalmente operacionais. A união política, será concretizada bem antes de 2063, juntamente com uma melhor conectividade e interligação de tecnologias, finanças e mercados, a livre circulação de Documento-Quadro da Agenda 2063 33 pessoas, bens e serviços serão fundamentais para o estabelecimento de uma sólida base económica destinada a colocar o comércio intra-africano em níveis sem precedentes e reforçar o lugar de África no comércio mundial. Aspiração # 3: Uma África de boa governação, democracia e respeito dos direitos humanos, justiça e Estado de direito Até 2063, África terá realizado o aprofundamento da cultura de boa governação, dos valores democráticos, da igualdade de género, do respeito pelos direitos humanos, justiça e primado do direito. Esta aspiração reflecte o desejo para uma África onde as mulheres, homens, jovens, idosos e todas as raças do continente gozarão de liberdades fundamentais e de direitos a participar no desenvolvimento de sociedades modernas no continente. Até 2063, África será: Um continente onde valores e práticas democráticas, princípios universais dos direitos humanos, a justiça e o estado de direito serão enraizados; e irá aderir totalmente aos e observar os instrumentos africanos de direitos humanos, incluindo a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos, bem como os seus Protocolos; e Caracterizada por instituições capazes de concepção e implementação, capacitação e liderança de processos multissectoriais que sejam transformadores em todos os níveis. Valores e práticas democráticas enraizadas e respeito pelos princípios universais dos direitos humanos, justiça e Estado de direito Até 2063, África será caracterizada como um continente de valores e práticas democráticas, enraizados na cultura política e no direito, tal como previsto na Arquitectura Africana de Governação. África será um continente com eleições livres, justas e credíveis, que incluem (i) sistemas pluralistas multipartidários; (ii) campo de actuação nivelado e transparente no processo político competitivo; (iii) educação do eleitorado para fazer escolhas informadas; e (iv) o pan-africanismo, igualdade, diversidade, excelência e solidariedade. Uma imprensa dinâmica, diversificada, bem formada e responsável que responsabiliza todos os ramos do governo, será a norma. A liberdade de acesso à informação por todos os cidadãos, salvaguardando a privacidade, será um direito consagrado na lei. Até 2063, África será um continente que respeita plenamente com os princípios universais dos direitos humanos, justiça e Estado de direito, incluindo o respeito e a protecção dos direitos humanos das mulheres e raparigas. Todos os Estados cumprirão plenamente e respeitarão a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos. Os cidadãos do continente poderão desfrutar do acesso aos tribunais independentes e sistemas judiciários que dispensam e fazem justiça sem medo nem favor. Haverá acesso à preços acessíveis e em tempo oportuno à justiça para todos. A corrupção e impunidade serão coisa do passado. Documento-Quadro da Agenda 2063 34 Estabelecimento de instituições capazes e lideranças transformadoras a todos os níveis África será um continente onde as instituições estão a serviço do seu povo – estabelecimento de instituições fortes para aumentar a participação dos cidadãos no desenvolvimento e na gestão e governação económica. Burocracias competentes, profissionais e neutras com base no mérito servirão o continente e prestarão serviços eficazes e eficientes. As instituições a todos os níveis do governo terão capacidade para priorizar, conceber, implementar e monitorizar as actividades de desenvolvimento de uma forma responsável e com a plena participação do povo. Em suma, o continente será caracterizado por instituições e Estados democráticos capazes e voltados para o desenvolvimento. As comunidades locais não só serão responsáveis pelo seu desenvolvimento, mas terão igualmente a sua parcela justa da exploração dos recursos naturais e utilizá-los para o benefício de todos até 2025. Aspiração # 4: Uma África pacífica e segura Até 2063, África irá emergir como um continente pacífico e seguro, um continente livre de conflitos com harmonia e compreensão entre as comunidades a nível das bases. As guerras entre e intra-estatais serão totalmente eliminadas e serão criados mecanismos para prevenir e/ou resolver imediatamente qualquer tipo de conflito entre as comunidades; e a criminalidade organizada, o terrorismo (grande obstáculo para a paz e o desenvolvimento) e outras formas de redes criminosas, tais como a pirataria serão totalmente controladas. África será um continente livre de drogas, sem tráfico de seres humanos. A diversidade (étnica, religiosa, económica, cultural, etc.) será uma fonte de riqueza e crescimento económico acelerado ao invés de uma fonte de conflito. Uma África próspera, integrada e unida, e uma África com base na boa governação, democracia e respeito pelos direitos humanos, de justiça e de Estado de Direito são as condições prévias necessárias para um continente pacífico e livre de conflitos. Uma África pacífica e segura será alcançada através da garantia de que até 2063, África terá posto em prática: Uma cultura de paz enraizada; A protecção e segurança para todos os cidadãos; e Contribuições necessárias da maioria na defesa da segurança e interesse do continente. Até 2020 todas as armas serão silenciadas. Até 2063, todos os conflitos que emanam da diversidade étnica, religiosa, cultural e todas as formas de exclusão social serão eliminadas. Mecanismos nacionais e outros para a resolução pacífica de conflitos serão postos em prática e será alimentada uma cultura de paz nas crianças de África através da integração da educação para a paz em todos os currículos escolares. África terá mecanismos estabelecidos de forma adequada para a resolução de conflitos, redução de conflitos e minimização das ameaças. As normas dos mecanismos Documento-Quadro da Agenda 2063 35 de resolução de litígios para os planos inter/intra arbitragem/negociação de conflitos será estabelecido até 2020. e transfronteiriços de África terá criado mecanismos de cooperação para fazer face a actividades criminosas transnacionais, tais como o tráfico de drogas, branqueamento de capitais, cibercrime, terrorismo e actividades relacionadas, através da simplificação das medidas jurídicas, incluindo a criação de um Sistema Africano de Mandado de Prisão até 2020 e um sistema de intercâmbio de informação. O continente terá testemunhado o aumento da segurança humana, com fortes reduções nos crimes violentos per capita. Para os cidadãos de África a melhoria da segurança será a norma com espaços seguros e pacíficos para indivíduos, famílias e comunidades. Haverá controlo civil completo e total dos serviços uniformizados. Profissionais capazes e serviços de segurança especializados serão a norma e postos em prática em todo o continente. Até 2063, África terá a capacidade necessária para garantir a segurança dos seus interesses, garantindo uma solução pacífica e um continente militarmente forte. África terá uma segurança forte, com uma política e estratégia de defesa e segurança continental, para que o continente seja capaz de se defender. As forças terrestres, aéreas e marítimas africanas para a paz e resolução de conflitos serão estabelecidas e em pleno funcionamento, sob a autoridade de África Unida. De igual modo, serão estabelecidas estruturas e mecanismos nacionais de paz com capacidade de apoio permanente para a prevenção e mediação de conflitos, e será estabelecido o reforço de capacidades da União Africana na manutenção da paz, actividades pós-conflitos e consolidação da paz. Será estabelecido um Comando Naval Africano para garantir a segurança dos interesses marítimos de África. A cibersegurança será incorporada no quadro de segurança de África, de modo que a capacidade de protecção e defesa seja abrangente e inclusiva. As actuais disposições de paz e segurança da UA, a sua filosofia subjacente, instituições operacionais, bem como as parcerias que as sustentam estarão em plena sintonia com as realidades no terreno e responder às necessidades de pôr fim aos conflitos e garantir a paz duradoura. A Arquitectura Africana de Paz e Segurança estará plenamente operacional e apoiada principalmente por recursos africanos. Aspiração # 5: Uma África com uma forte identidade cultural, património, valores e Ética comuns África, como o berço da civilização humana, é guardião do património cultural que tem contribuído grandemente para o progresso humano. A Identidade Cultural, Valores e Ética Africanos como um factor essencial para o reaparecimento de África no cenário mundial na década de 2010 e será promovida e reforçada até 2063. Os povos africanos estarão imbuídos de um sentimento da sua unidade cultural fundamental, que promova uma sensação de destino comum e identidade africana e de consciência Pan-africana. Até 2063, África será um continente onde: Documento-Quadro da Agenda 2063 36 o pan-africanismo esteja plenamente enraizado; e predomina o renascimento cultural africano seja preeminente. Pan-africanismo Até 2063, os frutos dos valores e ideais do Pan-africanismo manifestar-se-ão em toda a parte no continente e no exterior. O objectivo da unidade dos povos e povos de ascendência Africano africanos serão alcançados (2025). Será estabelecida uma Agência de Assuntos da Diáspora em todos os Estados-membros até 2020, com a diáspora integrada nos processos democráticos até 2030. A dupla nacionalidade para a Diáspora será o padrão até 2025, e mais importante, todas as nações sob o domínio colonial terão ganho a sua liberdade até 2020. Os ideais Pan-africanos serão integrados em todos os currículos escolares e os bens culturais Pan-africanos (cinema, música, teatro, etc.) serão reforçados para garantir que as artes criativas africanas contribuam significativamente para o PIB, directamente e por meio da intensificação da inovação entre a juventude de África, e na cultura Mundial. Renascimento Cultural Africano África de 2063 será um continente, onde a cultura irá florescer. As línguas nacionais serão a base para a administração, e haverá uma forte ética de trabalho com base no mérito. Os valores tradicionais africanos da família, comunidade e de coesão social serão enraizada de forma firme e o capital social decorrente, será valorizado e tornar-se um exemplo para o resto do mundo. África será um continente onde as escolhas dos papéis da mulher são diversos, e incluem a liderança em todos os aspectos da sociedade. Os líderes tradicionais e religiosos, e a Juventude africana serão factores impulsionadores da mudança. Serão postos em prática mecanismos para o diálogo cultural intergeracional para garantir que a cultura de África esteja viva e em evolução, enquanto continua a ser um dos pilares da estrutura do continente. África é um continente religioso e o seu povo é igualmente religioso. A religião e expressões religiosas desempenham um papel profundo na construção da identidade e interacção social africanas. A África do futuro é aquela que se opõe veementemente à todas as formas de politização da religião e extremismo religioso. A preservação do património cultural – línguas, hábitos, alimentos, tradições – que não seja prejudicial a mulheres, raparigas, rapazes ou homens será apoiada, incluindo a reforço da cooperação nos domínios da cultura, ciência e educação. A 10ª edição do grande projecto de WE Du Bois da Enciclopédia Africana será publicado e disponível até ao ano de 2063. África de 2063 irá testemunhar as artes criativas, folclore, línguas nacionais/literaturas de África florescer e contribuir para o crescimento e preservação das culturas nacionais, com recursos investidos para o estabelecimento de programas para identificar e preservar a história oral de África até 2025. Os Festivais Culturais Panafricanos (música , dança, cinema, moda) serão organizados a cada dois anos. A Documento-Quadro da Agenda 2063 37 contribuição de África para a produção global nas artes criativas/artes plásticas (cinema, literatura, teatro, música e dança, moda) será de pelo menos 15 por cento e, até 2025, serão estabelecidas associações regionais/continentais para o cinema, literatura, teatro, artes, moda, tradição oral. O Museu da História, Arte e Cultura Africana será criado até 2025, fazendo a abertura de um Festival Cultural e Desportivo Africano bianual de 2025. Antes disso todos os tesouros culturais africanos/património será recuperado até 2025. Aspiração # 6: Uma África onde o desenvolvimento é centrado nas pessoas, confiando em especial no potencial das mulheres e da juventude e cuidando as crianças Até 2063, África será um continente onde todos os cidadãos participam de forma activa na tomada de decisões em todos os aspectos de desenvolvimento, incluindo o social, económico, político e ambiental. África será um continente onde nenhuma criança, mulher ou homem será deixado para trás. Bem antes de 2063, África será um continente onde a igualdade do género será a norma na participação e acesso às oportunidades, benefícios e contribuições sociais e económicas para todos os segmentos da população do continente. O crescimento económico e os resultados do desenvolvimento, o discurso político e social serão plurais, de tal forma que as opiniões de todos, independentemente do género, filiação política, religião, afiliação étnica, localidade, idade ou outros factores, sirvam para fortalecer, ampliar e aprofundar a participação em todas as esferas da vida. África de 2063 será um continente onde: A igualdade do género será incorporada em todas as esferas da vida; A norma será uma Juventude engajada e capacitada; e As crianças serão alimentadas e acarinhadas. Igualdade do Género em todas as Esferas da Vida Em 2063, África será um continente onde o papel fundamental da mulher na transformação de África será reconhecido e será aproveitado de forma proactiva. Até 2063, todas as formas de violência e discriminação (social, económica, política) contra as mulheres e as raparigas, incluindo a violação sexual em situações de conflito, deixará de existir e estas irão desfrutar plenamente de todos os seus direitos humanos. Isso significa um fim a todas as práticas sociais nocivas (casamentos infantis, mutilação genital feminina, etc.) e que todas as barreiras para o acesso à saúde e educação de qualidade para a mulher e meninas serão eliminadas, bem como a eliminação todas as disparidades entre homens e mulheres em todos os níveis do ensino. África de 2063 reflectirá os benefícios da mulher totalmente capacitada com igualdade de acesso e oportunidade em todas as esferas da vida, incluindo os seus Documento-Quadro da Agenda 2063 38 direitos humanos. Isto significa que a mulher africana terá direitos económicos iguais, incluindo direitos de posse e herança de bens, de assinatura de contractos, registo e gestão de um negócio, acesso à terra, apoio agrícola, serviços financeiros e bancários, ao mesmo tempo que é reconhecido, valorizado o trabalho de cuidados não pago e o trabalho doméstico. Mais de 95 por cento das mulheres rurais terão acesso a bens produtivos, incluindo a terra, crédito, insumos e serviços financeiros e de seguros. África de 2063 irá testemunhar a plena paridade do género. Irá testemunhar a mulher a ocupar 50 por cento dos cargos electivos a nível dos órgãos do Estado, regionais e locais, e 50 por cento dos cargos de chefia no governo e no sector privado serão de mulheres. As barreiras económicas e políticas que impedem o progresso das mulheres, fragilizando a participação alargada na transformação de África serão finalmente quebradas. Uma juventude comprometida e capacitada, bem como prestação de cuidados a crianças Os jovens de África são os principais veículos para a concretização do dividendo democrático e o principal factor para a promoção do desenvolvimento em todos os níveis. Até 2063, as crianças e a juventude africanas estarão totalmente engajadas como a linha de talentos, principais inovadores, e de facto o sustentadores dos benefícios de transformação de África. A juventude de África será capacitada, em que a plena implementação da Carta Africana dos Direitos da Criança irá contribuir de forma imensa para que participe de forma activa. O desemprego ostensivo da juventude será eliminado e esta terá pleno acesso às oportunidades educacionais de formação, serviços de saúde, lazer e actividades culturais, bem como de meios financeiros para permitir que cada jovem concretize plenamente o seu potencial. A juventude será incubadora de novas iniciativas de negócio baseadas nos conhecimentos e contribuirá significativamente para a economia. Até 2063 todas as formas de desigualdades, exploração, marginalização e discriminação sistemáticas da juventude serão eliminadas e as questões da juventude integradas em toda a agenda de desenvolvimento. Todas as formas de migrações ilegais e tráfico de jovens terão terminado, sendo as viagens de jovens para fora do continente principalmente para fins culturais e de lazer e não como uma busca de oportunidades. O talento da Juventude Africana será finalmente aproveitado plenamente para promover o desenvolvimento político, social, cultural e económico do continente. As crianças de África, o futuro do continente, serão bem cuidadas e protegidas de todas as formas de exploração e práticas nocivas para assegurar que elas crescem em ambientes seguros, de sustento e concretização. Terão total acesso à saúde, educação e actividades recreativas. As disposições da Carta Africana dos Direitos das Crianças serão plenamente aplicadas até 2020. Documento-Quadro da Agenda 2063 39 Aspiração # 7: África como um actor e parceiro global forte, unido, resiliente e influente África irá emergir como um actor e parceiro global forte, unido, resistente e influente com um papel mais importante nas questões mundiais. Até 2063, África irá: Ser um parceiro importante nas questões globais e em coexistência pacífica; e Assumir plena responsabilidade no financiamento do seu crescimento e transformação; e não será dependente de dadores. África como um parceiro importante nas questões globais e na coexistência pacífica O continente africano irá assumir o seu lugar de direito na garantia da paz e segurança global através dos seus assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU como todos os privilégios da categoria de membro permanente, e com o aprofundamento da cooperação Sul-Sul com base numa Política Africana Comum de Relações Exteriores. Haverá um reforça da presença africana noutros fóruns multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial, bem como nos relativos à segurança global e regional. África será um Membro Permanente do Conselho de Segurança da ONU que seja compatível com o tamanho dos seus Estados-membros. Haverá uma auto re-capacitação de África; África a determinar o seu próprio futuro, liderando a sua agenda e desenvolvendo quadros de parceria eficazes com os seus parceiros externos. O novo papel estratégico e lugar de África na arena mundial, será baseado nas parcerias mutuamente vantajosas com o resto do mundo. Uma África Unida irá reforçar a sua capacidade e papel nas negociações globais – nas negociações globais nos domínios económico, ambiental, de segurança e social, bem como sobre as reformas das instituições multilaterais, incluindo o Conselho de Segurança das Nações Unidas com base na posição comum africana enraizada no consenso de Ezulweni e na Declaração de Sirte. África continuará também a defender a reforma de outras instituições internacionais, incluindo do Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, bem como da Organização Mundial do Comércio para melhorar os padrões internacionais de modo a satisfazer as aspirações dos países em desenvolvimento e permitir que esses países façam face aos seus desafios. Até 2063, África será dotada de políticas de capacitação, instituições capazes, sistemas e finanças e pessoas com uma gama de habilidades em número suficiente, estará numa posição forte para satisfazer a exigência de paz e segurança e sair da dependência de benfeitores externos. A ser criado em 2020, o Instituto de Liderança Pan-Africano (PALI) irá, até 2025, formar os futuros líderes de África. Esses homens e mulheres jovens serão Documento-Quadro da Agenda 2063 40 adequadamente moldados e inculcados com o espírito de solidariedade e os ideais do Pan-africanismo, e estes por sua vez, irão liderar Estados de Desenvolvimento capazes no espírito Pan-africano. Até 2025, o PALI será o centro de convergência para os decisores políticos, líderes políticos, líderes da indústria, líderes culturais e espirituais, académicos, filósofos, artistas africanos, linguistas e formadores de opinião que irão anualmente se reunir para debater e forjar consenso sobre todos os aspectos da marcha implacável de África na consecução da Visão da Agenda 2063. A União terá reforçado as suas capacidades institucionais e recuperado a iniciativa política através de bons progressos nos compromissos com o seu povo através do aumento da recolha e atribuição de recursos para os órgãos da União. Com instituições reforçadas, a União irá recuperar a iniciativa política e concretizar o aumento da participação na economia e no comércio mundial. África assume a responsabilidade de financiar o seu próprio desenvolvimento Até 2063, África irá assumir a plena responsabilidade de financiamento do seu próprio crescimento e transformação, eliminando completamente a dependência dos doadores ou das exportações de produtos de base dos factores que determinam o continente. Ao assumir a plena responsabilidade dos seus recursos naturais, investir e envolver os seus cidadãos bem formados e qualificados do momento, desenvolvendo ao mesmo tempo os mercados de capitais financeiros desenvolvidos e de produtos de base futuros e sistemas expansivos de TIC e em rede, África estará igualmente em posição de financiar o Governo da União, e outras iniciativas estratégicas fundamentais, nomeadamente a Agência Espacial Africana e a Agência para Explorações do Árctico e da Antárctica e Oceanografia. Novas fontes de financiamento das economias em crescimento irão alimentar o crescimento interno. O Mercado de Capitais Africano, por si só, ligado pelos mercados de capitais dos Estados-membros, irá contribuir com cerca de 30 por centos das necessidades de capital de investimento de África, terminando assim a dependência da ajuda. África envidará esforços para assegurar que a agenda de desenvolvimento pós2015 reafirme os Princípios da Conferência Rio de responsabilidades comuns mas diferenciadas, o direito ao desenvolvimento e à equidade, bem como a prestação de contas e responsabilidade mútuas, e garantir um espaço político para as políticas e programas adaptados a nível nacional. A este respeito, os parceiros de África têm um papel crucial a desempenhar no apoio aos esforços de desenvolvimento do continente através da ADE e da transferência de tecnologia, em conformidade com as necessidades e interesses nacionais. Até 2063, África estará em condições de gerir estrategicamente as oportunidades e riscos que a evolução de um mundo multipolar que está a ser moldado através de um realinhamento significativo do poder político e económico mundial. Documento-Quadro da Agenda 2063 41 2.2. Conclusão - outros cenários África de 2063 acima descrita e desejada pelos seus cidadãos, caso alcançada, resultará no continente assumir o seu lugar de direito no cenário global. A convergência com o resto do mundo será reflectida no bem-estar dos seus cidadãos, dinamismo da sua economia, unidade do seu povo, cultura de boa governação, democracia e respeito pelos direitos humanos e Estado de Direito que deverão estar enraizados, a paz e segurança desfrutada pelos seus cidadãos, o estatuto das suas mulheres, assim como o renascimento cultural que será generalizado em todo o continente. Outros futuros são possíveis; incluindo a "manutenção do status quo", ou a estagnação na pior das hipóteses. O desenvolvimento económico de África ao longo das últimas duas décadas tem sido impressionante. Com a adopção de reformas democráticas e económicas desde a década de 1990, o crescimento económico do continente foi em média entre 5 a 6 por cento por ano. Um cenário de "manutenção do status quo" pressupõe que essas taxas de crescimento económico e de investimento dos últimos anos mantenham esta tendência, a sua força de trabalho continue a crescer, os preços dos produtos de base continuem altos, e as políticas de melhoria geral das duas últimas décadas sejam mantidas. Mas, sob esse cenário, não haverá nenhuma acção sustentada sobre a nova agenda política, incluindo nenhuma acção tomada para corrigir a falta de inclusão, falta de crescimento do emprego, redução substancial da pobreza e gestão insustentável dos recursos naturais de que as recentes taxas de crescimento económico são criticadas; e que o crescimento da produtividade não acelera e as economias de África não são transformadas. As consequências de um cenário de "manutenção do status quo" são as seguintes5: Apenas um pequeno número de países, que tiveram crescimento elevado de forma consistente nas duas últimas décadas, irão convergir com o resto do mundo, enquanto a maioria dos outros países não convergem, e os países frágeis continuam frágeis; Os rendimentos per capita continuam a subir a 1,9 por cento ao ano, mas dado o crescimento no resto do mundo, no entanto, a renda per capita de África iria na realidade afastar-se os do resto do mundo; A classe média aumentaria mas após décadas seria ainda apenas um terço da população. Quase um em cada cinco africanos continuariam, correspondentemente, ainda mergulhados na pobreza; Finalmente, dado o crescimento no resto do mundo, a participação de África no PIB mundial deverá estagnar a um nível baixo. Um cenário de estagnação é aquele que projecta uma reprodução dos padrões de desenvolvimento africanos pós-libertação, com altos níveis de dependência externa, baixa produtividade, baixa inovação e pobreza incessante. É um cenário de estagnação ou de crescimento lento. Nesse cenário, não haverá “nenhuma grande catástrofe, nem desenvolvimento significativo” em relação à transformação do continente africano. É parte da narrativa dominante dos últimos vinte ou trinta anos, quando África passou por um 5 Vide Africa 2050 – Realizing the Continent’s Potential Documento-Quadro da Agenda 2063 42 crescimento lento com base na fórmula de futuros baseados na ajuda e ajustamento estrutural. Tal cenário é possível, mas altamente improvável, e um que nem os cidadãos de África nem o seu governo irá aceitar. O quadro optimista do continente reflectido na “África Que Queremos Até 2063” não significa que o caminho a ser percorrido será fácil. Como será demonstrado no Capítulo (3) a seguir, apesar dos recentes progressos, o continente enfrenta muitos problemas e desafios profundos para os quais soluções e abordagens criativas são urgentemente necessárias. Documento-Quadro da Agenda 2063 43 CAPÍTULO 3: ÁFRICA NOS ÚLTIMOS CINQUENTA ANOS E NO PRESENTE: PROGRESSOS, DESAFIOS E IMPLICAÇÕES PARA A AGENDA 2063 INTRODUÇÃO Não será fácil concretizar “África Que Queremos Até 2063” como articulado no Capítulo 2, nem se vai alcançar de forma automática, e não estão excluídos retrocessos e reviravoltas ao longo do caminho. Haverão desafios, mas o sucesso será garantido caso os países africanos tiverem como base as realizações do passado e aproveitarem as oportunidades emergentes, e basearem-se nos fortes valores culturais e espirituais do continente. O presente Capítulo analisa em quatro partes o progresso, desafios e oportunidades enfrentados pelo continente no contexto do alcance da visão para África em 2063. A 1ª Parte apresenta uma visão geral da movimentação do continente para a unidade política e emancipação económica ao longo dos últimos 50 anos. Analisa a evolução política do continente, incluindo a criação da OUA e a sua eventual transformação em União Africana, e revê as tentativas de planificação a longo prazo do desenvolvimento económico do continente, através de iniciativas como a Declaração de Monróvia, o Plano de Acção de Lagos e outros. A 2ª Parte faz um balanço de onde o continente está hoje; os avanços e os desafios. O balanço é baseado nas sete aspirações descritas no capítulo 2, que abrangem o desenvolvimento social, político e económico, bem como a democracia e governação, paz e segurança, as questões da mulher e juventude, cultura, bem como o lugar de África no contexto mundial. A 3ª Parte analisa as lições das actuais respostas para esses desafios, conforme reflectido nos planos de desenvolvimento nacional dos países africanos, bem como dos quadros regionais e continentais. Por fim, o Capítulo termina, tirando as implicações para a Agenda 2063. 3.1 ÁFRICA NOS ÚLTIMOS CINQUENTA ANOS (1963-2013): A BUSCA PELA UNIDADE POLÍTICA E EMANCIPAÇÃO ECONÓMICA 3.1.1 Pan-africanismo, Descolonização, Libertação Política e Independência O Pan-africanismo surgiu no início do Século XIX como um veículo importante na luta dos africanos e pessoas de ascendência africana para a emancipação e restauração da sua dignidade e contra a escravidão, colonialismo e todas as formas de racismo e exploração racial. Teve como base a convicção de que os africanos têm uma história e destino comum, que emanou das antigas culturas e civilizações e que África é o berço da humanidade. Os diversos sectores do Pan-africanismo convergiram para a fundação da Documento-Quadro da Agenda 2063 44 OUA em 1963 e foram cristalizados nos principais objectivos da organização, capturados no Artigo 2º da Carta da organização. Os objectivos da organização deverão ser alcançados através da harmonização das Artigo 2º da Carta da OUA políticas dos países africanos em todos os domínios. A OUA tinha um mandato de Promoção da unidade e solidariedade dos Estados de África; prosseguir tanto uma agenda política como Coordenação e intensificação da sua socioeconómica, e fê-lo em cinco áreas cooperação e dos esforços para o alcance de uma vida melhor para os povos de África; principais: descolonização; avanço da paz e Defesa da sua soberania, sua integridade segurança; promoção da democracia, dos territorial e independência; direitos humanos e da boa governação; Erradicação de todas as formas de colonialismo em África; e promoção da cooperação e relações Promoção da cooperação internacional, tendo internacionais; e integração regional. No devidamente em conta a Carta das Nações entanto, a agenda política foi dominada, Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. sobretudo pelas questões da descolonização, libertação e luta contra o apartheid. Na época em que a OUA foi criada, apenas trinta e dois países africanos eram independentes. Vinte e quatro alcançaram a sua independência posteriormente, dos quais onze receberam assistência directa da OUA. Hoje, com excepção de cerca de seis ilhas que ainda estão sob o domínio colonial directo: Ilhas Chagos (Reino Unido); Ilhas de Santa Helena (Reino Unido), Ilhas Canárias (Espanha); Açores (Portugal); Madeira (Portugal); Ilhas Reunião (França); La Mayotte (França); e Ceuta e Melilla (Espanha)], e outra persistentes heranças coloniais, foram registadas conquistas notáveis na descolonização do continente e na abolição do regime do apartheid. Desenvolvimentos que levaram à Criação da União Africana A criação da OUA não foi um processo fácil, e teve impacto no cumprimento da sua missão de unidade política e emancipação económica. Desde o início os Estadosmembros não chegaram à consenso sobre a natureza da unidade africana que procuravam6. Os primeiros líderes de África haviam adoptado diferentes ideologias como suas respectivas visões nacionais, pelo que tanto os objectivos da unidade africana como os métodos pelos quais poderiam ser promovidos e alcançados foram, portanto, questões contenciosas durante as deliberações sobre a criação da OUA7. Essas diferenças ficaram cristalizadas em dois grupos: de Monróvia e de Casablanca8. A questão principal era saber se a unidade política continental devia ser provocada imediatamente ou por um objectivo a longo prazo, alcançado de forma gradual, através da consolidação dos Estados-nação que acabavam de obter suas independências, e através da criação de grupos sub-regionais como elementos essenciais. O grupo de Monróvia exortou para o estabelecimento imediato da unidade continental. No entanto, o grupo de Casablanca defendeu uma abordagem mais gradualista e venceu, influenciando a criação da Organização de Unidade Africana (OUA) e a sua Carta. 6 Captura do Século XXI: Melhores práticas e lições aprendidas do Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares (MAAP) (CEA (2011) Idem 8 Idem 7 Documento-Quadro da Agenda 2063 45 A falta de clareza na Carta da OUA de uma visão e estratégia claras para a realização da unidade continental afectou as suas estruturas, órgãos e desempenho em geral. Como resultado, muitas resoluções tomadas pelos órgãos deliberativos da OUA e as estratégias que foram preparadas não foram implementadas. Na Cimeira de 1974 em Mogadíscio, os líderes africanos reviram de forma crítica o desempenho da OUA e exortaram por reformas necessárias durante a implementação do processo da Comunidade Económica Africano (AEC). Em última instância, devido aos desafios que se arrastavam e ao contexto evolutivo, a OUA e a AEC transformaram-se em União Africana. A União Africana Algumas das principais razões para a ineficácia da OUA, em especial no domínio político, foram uma combinação da sua rigorosa conformidade ao princípio da nãointerferência nos Estados-membros, a sua subordinação aos interesses dos Estadosmembros e persistentes dificuldades financeiras. A Declaração de Sirte de 1999 foi um grande esforço para reformar a organização. O Acto Constitutivo da União Africana incorpora tanto os objectivos da OUA como da AEC e trouxe novos elementos, de acordo com os seus princípios. Estes incluíram uma maior participação dos cidadãos africanos nas actividades da União; o direito da União de intervir num Estado-membro em conformidade com uma decisão da Conferência em caso de circunstâncias graves, como crimes de guerra, genocídio e crimes contra a humanidade. Estas foram para além do “direito dos Estados-membros solicitarem a intervenção da União, a fim de restaurar a paz e segurança; a coexistência pacífica dos Estados-membros e o seu direito de viver em paz e segurança; e a promoção da autosuficiência no âmbito da União”. Tudo isso permitiu que a UA tivesse um melhor desempenho. A UA foi capaz de criar vários órgãos importantes, tais como, o Parlamento PanAfricano; o Tribunal Africano de Justiça; a Comissão dos Direitos do Homem e dos Povos; o Conselho de Paz e Segurança; o Conselho Económico, Sociais e Cultural. Reforçou não só o envolvimento das pessoas, incluindo os africanos na diáspora, mas igualmente as suas relações com as Comunidades Económicas Regionais (CER). Acima de tudo, os Estados-membros chegaram a acordo sobre a visão da UA de “uma África integrada, próspera e pacífica, impulsionada pelos seus próprios cidadãos e que represente uma força dinâmica na arena internacional”. Em conformidade com a visão acima, a UA formulou vários novos quadros e estratégias tanto no domínio político como socioeconómico, que estão agora a ser consolidados como Agenda 2063 da União Africana. No entanto, a questão essencial da unidade política, ou a forma que devia tomar, continua por resolver; ao invés disso, foi aprovada uma estratégia de construir a partir da base, através do estabelecimento das Comunidades Económicas Regionais. 3.1.2 A Procura pela Emancipação Económica Os países africanos estiveram inicialmente preocupados com a edificação da nação e libertação do continente, particularmente na África Austral e contra o apartheid, Documento-Quadro da Agenda 2063 46 enquanto alguns defendiam, com menos ênfase, a promoção da democracia e da boa governação nos países africanos independentes. Contudo, a emancipação económica foi um dos objectivos fundamentais do Movimento Pan-africano. Desde o início, a OUA intensificou a cooperação em vários domínios e criou quadros continentais adequados com vista ao avanço da integração regional e reorganização do continente política, económica e socialmente. Os exemplos incluem: (i) a Comissão Económica e Social (1964) mandatada para lidar com questões socioeconómicas que conduzem à criação de uma Zona de Comércio Livre Continental e um Mercado Comum; (ii) várias Comissões de Educação e Cultura; Comissão Científica, Técnica e de Pesquisa; a Comissão de Saúde, Saneamento e Nutrição; (iii) Memorando sobre as Responsabilidades e Papel da Organização de Unidade Africana nos domínios Económico e Social (1970) identificando as prioridades de África em relação às Décadas de Desenvolvimento das Nações Unidas que foram iniciados antes da criação da OUA; (iv) Declaração Africana para a Cooperação, Desenvolvimento e Independência Económica (ou Carta Económica de África), aprovada durante o Décimo Aniversário da OUA, e que abriu o caminho para a adopção da Convenção Interafricana para o estabelecimento de um Programa Africano de Cooperação Técnico em 1975; e (v), em 1976, a Carta Cultural para África destinada a emancipar os africanos de condições socioculturais desfavoráveis e promover o “africanismo”, bem como a Declaração de Kinshasa que previa a criação da Comunidade Económica Africana (AEC) até o ano de 2000 com as Comunidades Económicas Regionais (CER) como seus pilares. No entanto, os esforços mais significativos na visão do desenvolvimento de África a longo prazo foram as várias estratégias e quadros para o desenvolvimento económico formulados e aprovados pelos líderes do continente a partir do final da década 1970 em diante. Este foi um período em que África procurou lidar com a grave crise económica e política que afectou muitos países africanos, e, portanto, a necessidade de desenvolver estratégias para sair dessas crises. Durante a primeira década e meia depois da independência (1960-1975), África como um todo teve um desempenho relativamente bom em termos económicos; a taxa média de crescimento do PIB de África foi de 4,5 por cento; a taxa de crescimento das exportações foi de 2,8 por cento; a agricultura cresceu 1,6 por cento e a produção 6 por cento. No entanto, até o final da década de 1970, uma grave crise económica assolou a maioria dos países africanos. Até o início da década de 1980, os problemas económicos, sociais e políticos nos países africanos atingiu proporções de crise. Os países africanos não conseguiram gerar e sustentar o crescimento económico para satisfazer às crescentes necessidades das suas populações em crescimento. Muitos foram confrontados com graves problemas na balança de pagamentos, dívida externa, e os países africanos, em grande medida, seguiram estratégias de gestão diária de crises e sobrevivência. A situação foi agravada pela crise mundial do petróleo. Foi nessa época que os níveis do rendimento per capita de África começaram a divergir de outras regiões – ver figura abaixo. Documento-Quadro da Agenda 2063 47 8,483 4,731 3,018 335 246 1970 1,701 1,329 900 780 740 1980 1990 2000 Africa 2010 East Asia Na abordagem da crise, houve duas abordagens e visões concorrentes; (i) visões e planos afro dirigidos e concebidos internamente; (ii) Iniciativas Africanas para o visões e planos impulsionados do exterior. Estas duas Crescimento e Transformação tiveram abordagens diferentes para o diagnóstico bem Económica - 1979 até a data como para a prescrição do problema. Considerando que as iniciativas africanas colocavam, em grande • A Declaração de Monróvia (1979); medida, a culpa para os problemas do continente nas O Plano de Acção de Lagos (1980); O Acto Final de Lagos (1980) e o forças e factores externos (colonialismo, relações Tratado de Abuja (1991); internacionais injustas, etc.), os relatórios e planos dos OUA: Programa Prioritário para a Recuperação Económica de África actores externos (principalmente as instituições de Bretton Woods) responsabilizavam as “políticas (1986-1990); O Quadro Africano Alternativo ao domésticas internas” dos países africanos. Programa de Ajustamento Estrutural No final, as iniciativas próprias de África antes da década de 1990, no contexto global mais amplo da Guerra Fria, foram postas de lado pelas forças externas, que controlavam as economias africanas e a composição política. Contudo, os países africanos também têm alguma responsabilidade pela situação devido às fracas políticas económicas e os défices nos sistemas de governação. para Transformação Socioeconómica (AAF-SAP) – 1989; A Carta Africana para a Participação Popular no Desenvolvimento e Transformação (Arusha, 1990); A Declaração da OUA sobre a Situação Política e Socioeconómico em África e as Mudanças Fundamentais que ocorrem no Mundo (1990); O Relançamento pela OUA do Desenvolvimento Económico e Social de África: A Agenda de Acção de Cairo (1995); NEPAD – Nova Parceria para o Iniciativas africanas para o crescimento e transformação económica9 Em resposta à crise do final da década de 1970, em 1979, a OUA, em colaboração com a CEA, mobilizaram-se para criar uma visão e um plano para enfrentar a crise. Isso levou à Declaração de Monróvia (1979). As estratégias da Declaração de Monróvia foram 9 Abdalla Burja (2004) Visão Política e Económica Pan-africana do desenvolvimento, Da OUA para a UA: Do Plano de Acção de Lagos (LPA) para a Nova Parceria para o Desenvolvimento de África; Captura do Século XXI: Melhores práticas e lições aprendidas do Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares (MAAP) (CEA (2011) Documento-Quadro da Agenda 2063 48 posteriormente incorporadas no Plano de Acção de Lagos (1980) e no Acto Final de Lagos (1980). Essas três visões estratégicas articularam a futura trajectória de desenvolvimento de África, apresentaram um plano de acção prático para promover o desenvolvimento do continente, e eram suportadas por decisões políticas para o alcance da cooperação e integração económica – ver Anexo 1 para uma visão geral. Essas iniciativas demonstram que África tem feito várias tentativas para definir visões e planos de acção continentais para abordar os desafios económicos, sociais e políticos por que passa o continente, em particular a crise que se estabeleceu durante uma década e meia depois da independência e mais tarde. Esses quadros endógenos tentaram criar vias alternativas para o futuro do continente. As questões da redução da pobreza, industrialização, agricultura, ciência e tecnologia, transformação estrutural, integração e cooperação mantiveram-se no centro de todas essas iniciativas. Infelizmente, muitas permaneceram apenas parcialmente implementadas. Uma variedade de razões têm sido avançadas, tais como: falta de capacidade; falta de vontade política; falta de recursos; e interferência externa. Um factor importante foi de que o desenvolvimento dos planos foi principalmente tecnocrático na abordagem, não eram suficientemente participativos e, portanto, não conseguiam galvanizar os cidadãos africanos comuns. Iniciativas Impulsionadas do exterior O principal entre as iniciativas impulsionadas do exterior, apoiados essencialmente pelas instituições de Bretton Woods, nas décadas de 1980 e início de 1990, foi o Relatório Berg do Banco Mundial (1981) denominado “Desenvolvimento Acelerado na África Subsaariana: Uma Agenda para a Acção”, que foi a base para os Programas de Ajustamento Estrutural (PAE) que se seguiram. Os PAE ganharam proeminência nos países africanos com consequências adversas para o desenvolvimento socioeconómico do continente. Em muitos casos, os países africanos endividados eram impotentes de fazer o contrário. De acordo com os PAE, os países africanos foram obrigados a desvalorizar as suas moedas, aumentar as taxas de juros, retirar subsídios estatais, limitar a prestação de serviços, reduzir o papel do governo nas actividades económicas e recuar e reduzir o sector público que conduziu à criação de um “Estado Minimalista”. Ao reduzir a esfera de actividades do Estado no domínio da economia e a abertura das economias emergentes de África à concorrência de economias mais maduras, os PAE contribuíram para desacelerar o crescimento, desindustrialização e aumento da dependência das exportações de matérias-primas. Relata-se que a taxa real de crescimento do PIB atingiu em média 1,32 por cento durante o período de 1980-1989, e em 1990, a renda per capita em África foi de cerca de metade do nível na Ásia e um quarto da América Latina. Embora os PAE não tenham sido inteiramente culpados pela situação, tiveram uma parte significativa de responsabilidade. Assim, durante a década de 1980 e 1990, os países africanos a nível continental continuaram a aprovar visões e planos ousados e de longo alcance para a transformação socioeconómica, enquanto a nível nacional, agendas externas concorrentes eram a ordem Documento-Quadro da Agenda 2063 49 do dia; a nível nacional, muitos países africanos seguiram um curso de acção totalmente diferente que era oposto às estratégias adoptadas a nível continental. Essas experiências proporcionam lições que são de importância crucial para a Agenda 2063, e destacam a importância de garantir que a Agenda 2063 seja totalmente integrada nos planos nacionais e regionais, e a necessidade de uma forte liderança política para garantir que os compromissos continentais sejam seguidos a nível nacional e regional. 3.1.3 Conclusões Da breve análise anterior do desenvolvimento político e socioeconómico de África desde a fundação da OUA em 1963, surgem as seguintes conclusões: (a) Durabilidade da procura pela unidade, integração e dignidade política e emancipação económica Conforme apresentado acima, a unidade política e emancipação económica têm sido uma busca constante para África, desde os tempos pós-coloniais até o presente. Contra enormes dificuldades, o continente continua a avançar, reinventar-se e adaptar-se aos novos desafios e a forjar novas estratégias adequadas aos tempos. A Agenda 2063 deve ser vista no contexto da durabilidade dessa busca pela unidade política e emancipação económica do continente. (b) Indefinição do Alcance da Emancipação Económica e Política Desde 1963, as organizações continentais e regionais de África têm se esforçado para realizar os objectivos do Pan-africanismo entre os quais estava a busca pela dignidade e emancipação política e económica. No entanto, apesar dos louváveis progressos, a tarefa não foi fácil, e a agenda política e económica continua a ser uma questão inacabada. Como resultado, a luta contra o colonialismo e seus legados ainda está por ser plenamente realizada, uma vez que alguns territórios africanos ainda estão sob ocupação colonial directa; e a paz e segurança deve ser consolidada e mantida a estabilidade através da implementação plena da Arquitectura Africana de Paz e Segurança. Embora o crescimento económico tenha sido forte nas últimas décadas, muitos africanos ainda vivem na pobreza e o crescimento não tem resultado no crescimento de emprego. Enquanto isso, apesar dos recentes ganhos, os direitos humanos e a boa governação ainda constituem um desafio. A outro nível, a harmonização de políticas de cooperação e relações internacionais deve ser reforçada para que os Estados-membros falem a uma só voz e para garantir melhores conquistas no plano internacional; o ritmo da integração regional precisa de ser acelerada para permitir que os africanos tomem conta do seu próprio destino. (c) Reavivar o Espírito de Solidariedade Africana face aos Novos Desafios O espírito de solidariedade, determinação e sacrifício foi uma das características fortes nos esforços dos africanos e da sua liderança política para livrar o continente do Documento-Quadro da Agenda 2063 50 colonialismo, apartheid, incluindo os diversos sacrifícios feitos pelos “Países da Linha da Frente”. Esse espírito deve ser reavivado, especialmente entre a juventude de África, para permitir que o continente enfrente os desafios do nosso tempo. (d) Forte compromisso político para a implementação das acções acordadas Conforme constatado no análise anterior, África não tem sido privada de iniciativas ousadas para abordar a sua agenda política e Elementos da mudança de paradigma económica. O que tem faltado é o compromisso para implementar as acções acordadas; com Promoção da participação eficaz dos cidadãos efeito, os acordos, programas e quadros nos processos de políticas públicas, responsabilidade do governo, abertura e continentais são apenas lentamente traduzidos transparência a todos os níveis do governo – em acções a nível nacional. Para ter sucesso, a nacional, regional e continental, são cada vez Agenda 2063 deve ser incorporada nos planos mais reconhecidas como pré-requisitos para a plena transformação do continente; e quadros nacionais e regionais. (e) O imperativo de uma mudança de paradigma O continente está num ponto crucial. Depois de décadas de baixo crescimento, reacenderam as esperanças por um futuro melhor em todos os cantos do continente. Ao longo das últimas décadas tem havido uma notável convergência de sistemas políticos e económicos de África; todos os países adoptaram a democracia pluralista e a economia de mercado como modelos. As tensões ideológicas que, no passado, dividiam África e agiam como impedimento à unidade política e integração económica dissiparam-se. África deve falar a uma só voz e ceder a soberania, a fim de progredir e fortalecer a unidade colectiva. Uma característica fundamental da Agenda 2063 é que se pretende alterar a posição de África na economia política global, longe do seu estatuto histórico como um “objecto passivo” para um interveniente activo e dinâmico. Isso significa capacitar a União Africana e permiti-la falar com autoridade pelo continente. Isto deve ser seguido de um acompanhamento vigoroso das reforma das principais instituições globais da governação, como a ONU, FMI e Banco Mundial, envolvidas de forma estratégica em plataformas de blocos políticos, como o G8, G20 e BRICs, bem como as negociações sobre agendas globais, como a Ronda de Negociações Comerciais de Doha; negociações sobre alterações climáticas e a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015; Prestação de contas para a ter resultados para que os cidadãos do continente possam obter benefícios concretos das iniciativas continentais e regionais. A velha maneira de fazer negócios, ou seja, elaboração de iniciativas a nível continental que não são implementadas a nível regional e nacional deve acabar. A Agenda 2063 devem ser orientada para resultados, com a prestação de contas para a realização dos programas, ao invés do foco sobre processos puramente normativos. No entanto, África deve agir de forma diferente e adoptar uma mudança de paradigma caso as esperanças actuais por um futuro melhor para o continente devem ser concretizadas. Os principais elementos desta mudança de paradigma incluem a participação dos cidadãos, falar a uma só voz nas questões internacionais e responsabilidade pelos resultados. Estes representam alguns elementos que devem sustentar a Agenda 2063. O capítulo 5 apresenta um tratamento mais detalhado de alguns dos factores críticos e impulsionadores para a implementação da Agenda 2063 com êxito. A mudança de paradigma é fundamental caso os problemas e desafios que África enfrenta hoje (tratados mais detalhadamente na secção a seguir) devem ser resolvidos e o continente lançado para uma trajectória positiva. Documento-Quadro da Agenda 2063 51 3.2. África Hoje: Progressos, Desafios e Implicações para a Agenda 2063 As realizações de África ao longo da última década e meia são significativas. Em toda a região, o crescimento económico está firmemente ancorado (e esse crescimento económico significa mais do que apenas a exportação de matérias-primas), com o aumento das exportações e do investimento directo estrangeiro. Se a actual trajectória de crescimento se mantiver projecta-se que os rendimentos dupliquem em 22 anos. Além disso, a estabilidade política, a paz e segurança e as reformas na governação mudaram o panorama político. Mulheres e jovens estão progressivamente a ter uma voz maior na tomada de decisões. Com a redução da ajuda, África está a financiar cada vez mais o seu próprio desenvolvimento graças às receitas de exportação, comércio e remessas, entre outros. Contudo, estes desenvolvimentos positivos contrastam com os significantes desafios que o continente enfrenta, estando oculta nesta panorâmica positiva variações significativas entre regiões e países. É apresentado a seguir uma avaliação da situação actual de África, o progresso e desafios no contexto da busca para alcançar a visão da UA de "uma África integrada, próspera e pacífica, guiada pelos seus próprios cidadãos e que representa uma força dinâmica na arena internacional" e as sete Aspirações Africanas descritas no capítulo 2. 3.2.1 Uma África próspera assente desenvolvimento sustentável no crescimento inclusivo e no África de 2063 idealizada no âmbito desta aspiração é um continente próspero, onde os cidadãos têm um alto padrão de vida, são bem-educados, com uma mão-de-obra qualificada, economias transformadas, agricultura produtiva e ecossistemas saudáveis, com um ambiente bem preservado e um continente resistente aos impactos das alterações climáticas. Uma avaliação sobre a situação actual de África no que diz respeito aos quatro parâmetros que são fundamentais para alcançar a aspiração africana de prosperidade baseada no crescimento inclusivo e no desenvolvimento sustentável é apresentada a seguir: Desenvolvimento humano e social: pobreza, desigualdade, empregos e rendimentos, saúde, educação, protecção e protecção social e demografia e urbanização; Transformação económica e criação de emprego: crescimento económico, desenvolvimento do sector privado, industrialização, manufactura, comércio e investimento; Agricultura e Economia Azul: Produção e Produtividade Agrícola e; Gestão do ambiente e dos recursos naturais: biodiversidade, florestas, vida selvagem, terra, desertificação e alterações climáticas. Documento-Quadro da Agenda 2063 52 Desenvolvimento Humano & Social em África Nos últimos anos, África registou muitos progressos no domínio do desenvolvimento humano e social. Os níveis de pobreza estão a diminuir, os rendimentos estão a aumentar e existem melhorias nos resultados da saúde e da educação 10. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tem estado a melhorar, com um crescimento anual de 1,5 por cento e 15 países africanos são agora classificados como sendo de Médio a Alto desenvolvimento humano11. Contudo, 34 dos 43 (ou seja, 79 por cento) países na categoria de Baixo desenvolvimento humano encontram-se em África, e nenhum se encontra na categoria de Muito Alto. Globalmente, isto demonstra que, apesar dos progressos louváveis o continente ainda está aquém das outras regiões. Sabe-se que melhorias nas componentes rendimento e não rendimento tiveram um impacto positivo no desenvolvimento humano em África12. Alguns países melhoraram ambos os componentes rendimentos e não-rendimento (ou seja, o acesso à saúde e à educação) enquanto em outros países (por exemplo, países ricos em recursos), os rendimentos estão a aumentar mais rapidamente do que o acesso à saúde e à educação. Nestes países, o crescimento não é de base ampla suficiente e não está a ser transposto em desenvolvimento humano de uma forma suficientemente rápida. Noutros países, os resultados sociais (saúde e educação) estão a melhorar num ritmo mais rápido do que melhorias no rendimento. Espera-se que tais investimentos no capital social dêem bons resultados em termos de desenvolvimento acelerado uma vez removidos os obstáculos ao crescimento económico. Pobreza, desigualdade, rendimentos e fome De acordo com indicadores chave, a pobreza em África está a diminuir pela primeira vez no espaço de uma geração. A proporção de pessoas a viver em condições de extrema pobreza (ou seja menos de 1,25 $EU/dia) diminuiu de 56,5 por cento em 1990 para 48,5 por cento em 201013. Além disso, uma série de países alcançou ou estão próximos de alcançar as metas dos ODM de reduzir a pobreza para metade até 2015. No entanto, a situação da pobreza piorou em vários países. De uma forma geral, os ganhos permanecem frágeis e reversíveis devidos às crescentes desigualdades e exposição a choques (económicos, políticos sociais e ambientais). Apesar dos progressos registados, África continua a ser o continente com a mais elevada concentração de pobreza. O número de Africanos que vivem abaixo do nível da pobreza aumentou, de facto, de 290 milhões em 1990 para 376 milhões em 1999 e para 414 milhões em 201014. A A Exclusão e acesso desigual a oportunidades económicas e sociais infringem os direitos humanos e entravam tanto as melhorias dos meios de subsistência e como o desenvolvimento de competências que a expansão económica pode oferecer. Por exemplo, acesso desigual à educação e barreiras ao mercado de trabalho excluem os jovens que vivem em áreas de baixa renda rurais ou urbanas, mulheres e portadores de deficiências de empregos lucrativos nos sectores produtivos que exigem trabalhadores qualificados. Isso prende os jovens, por exemplo, em um ciclo de empregos pouco qualificados em sectores de baixa produtividade com baixa remuneração, fomentando a pobreza. Apenas 51 por cento dos jovens com idades compreendidas entre 15 e 24 anos participam em postos de trabalho assalariados. A falta de uma crescente mão de-obra qualificada reduz, por sua vez, a competitividade nacional e as oportunidades de atracção de investimentos que podem promover a diversificação da economia e o avanço tecnológico. 10 African Economic Outlook 2014 11 Ibid 12 Ibid 13 Africa MDG Report, 2014 14 Ibid Documento-Quadro da Agenda 2063 53 parcela do continente na pobreza global aumentou de 15 por cento em 1990 para 34 por cento em 2010. O continente registou poucos progressos no respeitante ao problema do grau da pobreza; o rendimento per capita das pessoas em situação de pobreza extrema em África permaneceu praticamente constante entre 1990 e 2010. O consenso é que o rápido crescimento económico dos últimos anos não se traduziu em uma correspondente redução da pobreza ou melhoria das condições de vida para muitos africanos. Um factor chave é a estrutura do crescimento. Por exemplo, o progresso significativo realizado na redução da pobreza na Etiópia e no Ruanda está ligado ao rápido crescimento do sector agrícola, e isto contrasta com certos Países onde o crescimento está mais ligado ao sector extractivo, tais como Angola, Nigéria e Zâmbia. A exclusão e a desigualdade entre homens e mulheres são as maiores fontes de pobreza15. África é alegadamente a segunda região com a maior desigualdade em todo mundo depois da América latina; o índice de Gini para o período 2000-2009 foi de 4.3 comparado com 52.2 da América Latina e Algumas Medidas políticas sobre a Pobreza e a Fome Caraíbas16. No entanto, África registou em Africa progressos mais rápidos do que outras A diversificação económica e a transformação estrutural são importantes. Um crescimento regiões e conseguiu a maior redução no acelerado, inclusivo e diversificado e políticas de respeita a desigualdade entre os anos distribuição eficazes contribuirão para atingir a ambiciosa meta de redução da pobreza; 1990 e 2000. O acesso desigual da mulher à posse e controlo da terra é um dos principais factores na origem da desigualdade em muitos países africanos; a resolução da desigualdade em África exige que se aborde a questão do acesso à posse e controlo da terra pela mulher17. A Agenda 2063 só terá sucessos se mudar a situação de pobreza das mulheres em África. Projecções do Painel de Progresso África (2014) mostram que erradicar a pobreza dentro de uma geração é um projecto ambicioso, mas não impossível, dado que perspectivas são determinadas mais por políticas adoptadas pelos governos do que por tendências passadas. Os Governos Africanos necessitarão de privilegiar a transformação estrutural e o desenvolvimento centrado nas pessoas A estabilidade macroeconómica e o padrão de crescimento económico são factores importantes para acelerar a redução da pobreza. Políticas fiscais, monetárias e de taxas de câmbio precisam de ser alinhada aos objectivos de redução de pobreza por sectores Os Países que foram capazes de resolver a questão da desigualdade conseguiram igualmente acelerar o crescimento e reduzir a pobreza. A desigualdade elevada reduz o impacto do alto crescimento na redução da pobreza; Existe uma necessidade de investir em programas de protecção social – a protecção social em África abrange, actualmente, apenas 20 por cento do grupo mais pobre, em comparação com 50 por cento na Ásia Central e 55 por cento na América Latina e nas Caraíbas. Estratégias devem ser concebidas para abordar os seguintes elementos que caracterizam a pobreza em África: (i) a predominância da pobreza rural; e (ii) a feminização da pobreza. O desemprego é um enorme desafio, tendo África contribuído em 2013, com a maior parcela do desemprego global. A criação de empregos decentes é, portanto, uma prioridade política. 15 A desigualdade é expressa em termos de acesso ao rendimento, oportunidades económicas, bens produtivos ( terra) e utilização de serviços públicos. (educação e saúde) 16 17 Relatório das ODM de África de 2014 Relatório das ODM de África de 2014 Documento-Quadro da Agenda 2063 54 Outra dimensão é a relação pobreza-fome em África. Entre 1990 e 2013, África reduziu a fome em 23 por cento18. No entanto, o desempenho vária consoante os países; quatro países alcançaram a meta dos ODM em 2013 (Gana, Angola, Malawi e Ruanda) enquanto seis países estão próximos, e cerca de 29 países registaram progressos entre modesto e moderado. A redução da prevalência de crianças com insuficiência ponderal continua a ser uma tarefa árdua. De uma forma geral, África ainda se encontra aquém de alcançar a meta dos ODM relativa à fome. Os principais desafios para dar resposta à questão da fome em África incluem: o fraco desempenho do sector agrícola; as alterações climáticas e a seca; os conflitos; e mais recentemente o surto de doenças (por exemplo, Ébola). As estratégias para a redução da pobreza, portanto, devem incluir um crescimento económico de base ampla, a criação de emprego e investimentos substanciais na construção de capital social em termos de acesso à educação e à saúde, bem como a redução da exclusão e das desigualdades de oportunidades. Conforme a Posição Comum Africana relativa ao pós-2015,os países africanos necessitam de dar prioridade à transformação estrutural e ao desenvolvimento centrado nas pessoas, a fim de resolver a questão da pobreza. Protecção e Segurança Social A segurança e protecção social podem desempenhar um papel vital para assegurar que o crescimento leva à redução da pobreza e da desigualdade, como nos mostra a experiência da Europa, América Latina e Ásia. Além disso, resolver a desigualdade através da protecção social torna o crescimento mais inclusivo, contribuindo para o crescimento orientado pela demanda doméstica. É igualmente importante salientar que a segurança social é um direito humano e uma necessidade económica e social. Em África, regimes contributivos de segurança social baseados no emprego dificilmente cobrem 10 por cento dos trabalhadores, devido à dominante economia informal e sector rural e ao aumento do emprego informal. Isso resulta em um desnível significativo de cobertura de segurança Medidas para melhorar a Protecção Social social no mercado de trabalho. Por Mitigar os riscos que os trabalhadores e agricultores outro lado, os países africanos da economia informal Africana enfrentam através de estabeleceram muitas regimes de seguro inovadores; estratégias/programas de protecção Proteger e criar bens produtivos para casos de emergência causados por inundações, secas e quebras social não contributiva, incluindo agrícola; transferências de dinheiro, programas da produção Proteger e criar capital humano através de de obras públicas e uma gama de redes transferências pecuniárias e outras medidas de apoio; Através da injecção de recursos nas economias locais de segurança para os pobres e programas de protecção social bem concebidos podem vulneráveis. Estes incluem 123 produzir dividendos e repercussões em termos de programas de transferência de dinheiro crescimento económico e criação de emprego local e reforçar a coesão social. em 34 países e mais de 500 programas de obras públicas. O número de países 18 Ibid Documento-Quadro da Agenda 2063 55 africanos com programas de protecção social aumentou de 21 em 2010 para 37 em 2013, duplicando quase em número em um espaço de apenas três anos 19. Além disso quase todos os países africanos têm programas de redes de segurança – dos 48 países incluídos na amostra 45 tinham transferências em espécie condicionais, 13 tinham transferências de dinheiro condicionais, 39 tinham transferências em espécie condicionais, 37 tinham transferências de dinheiro incondicionais e 39 tinham programas de obras públicas20 Estes esforços tiveram alguns resultados em termos de redução da pobreza e desigualdade. Alguns são bastante extensos como o programa de Rede de Segurança Produtivo Etíope (PSNP), com 8 milhões de beneficiários em 1,5 milhões de domicílios. Outras experiências incluem as Maurícias, África do Sul, Namíbia e o Ruanda (com um sistema de saúde universal que abrange 90 por cento da população), Gana, Nigéria, Senegal, Quénia, Moçambique e Tanzânia. Vários países também fornecem comida de emergência (Benin, Burkina Faso, Mali, Níger,etc. A nível continental a União Africana adoptou o Quadro de Política Social (QPS) que tem como objectivo incentivar os Estados – Membros a alargar a cobertura e a proporcionar um pacote mínimo de serviços aos pobres e vulneráveis. O Plano de Protecção Social visa a Economia Informal e os Trabalhadores Rurais dado que a grande maioria da mão-de-obra está envolvida na economia informal e no sector rural com baixa cobertura de segurança social. No entanto, as medidas actuais estão longe de ser adequadas devido às seguintes razões21:: (i) subfinanciamento: apenas até 2 por cento do PIB é despendido na protecção social, em comparação com a média global de 4 por cento, e na maioria dos Estados Membros da UA é menos de 2 por cento; (ii) cobertura limitada - apenas 20 por cento dos cidadãos africanos beneficiam de protecção social incluindo Pensões de velhice e subsídios para as pessoas portadoras de deficiência; (iii) a natureza fragmentada, orientada para o doador e desarticulada de muitos projectos que levam a abordagens sistemáticas limitadas; e (iv) a eficácia e a eficiência limitada dos sistemas de segurança social existentes. Para reforçar a segurança e a protecção social, os países africanos devem adoptar uma estratégia assente em dois vectores: Em primeiro lugar, como protecção contra a pobreza, os países africanos devem criar uma plataforma de protecção social e um pacote mínimo para melhorar o acesso à renda de segurança básica e a cuidados de saúde essenciais para as crianças e famílias, mulheres e homens em idade activa, em particular na economia informal e sector rural, e para as pessoas idosas. Em média, através da atribuição de 5 por cento do PIB, os Estados-membros assegurarão o pacote mínimo de protecção social descrito acima. O espaço fiscal existe em muitos países para tais estratégias. 19 Relatados no Relatório sobre os ODM em África, 2014 Ibid 21 A nível internacional, parceiros chave desenvolveram políticas de protecção social para os países em desenvolvimento: a Agenda da EU para a Mudança (2012), a Estratégia de Protecção Social do Banco Mundial para África (2012-2022) e as Plataformas de Protecção Social da OIT que inspiraram o empenho e trabalho político de outras estruturas internacionais como o G20 e a OECD. 20 Documento-Quadro da Agenda 2063 56 Em segundo lugar, assegurar progressivamente prestações de segurança social de níveis garantidos através do alargamento dos regimes contributivos de segurança social tendo como alvo unidades económicas do agregado familiar na economia informal e no sector rural. Educação e desenvolvimento de competências África necessita de melhorar significativamente o seu capital humano a fim de alcançar a transformação económica prevista na Agenda 2063. Esta transformação requer uma transição dos sectores de baixa produtividade para os sectores de alta produtividade, o que é essencial para melhorar a produtividade e a competitividade das economias africanas numa perspectiva de economia global baseada no conhecimento. Isto por sua vez traduzir-se-á em rendimentos melhorados, redução da pobreza e melhor bem-estar geral dos cidadãos africanos. A maioria do recente bom desempenho de crescimento de África pode ser atribuído à colheita de "frutos mais fáceis" relacionados às reformas da política macroeconómica, estabilidade política, melhorias no clima de negócios e à exportação de produtos de base22.Embora estes sejam importantes para impulsionar o crescimento económico, por si só não são suficientes para manter e expandir o crescimento a longo prazo 23. O continente precisa de elevar significativamente a qualidade e a quantidade de seu capital humano, criar capacidades críticas e alargar as competências a fim de aproveitar novas oportunidades tecnológicas e de emprego numa economia global baseada no conhecimento. O capital humano melhorado irá igualmente ajudar a preparar os países para melhor aproveitar as oportunidades e mitigar riscos num mundo em rápida mudança. O papel fundamental da educação no crescimento económico e transformação ficou demonstrado em pesquisas recentes24. Existe uma significativa correlação positiva entre os dois, onde as taxas de retorno variam entre 5 por cento a 12 por cento para cada ano adicional de escolaridade e taxas mais elevadas para o ensino superior em comparação com o ensino secundário. A trajectória de crescimento económico dos tigres asiáticos reflecte de perto a sua formação de capital humano. Ao procurar criar o seu capital humano, os países africanos devem analisar de forma crítica os seus sistemas de ensino a todos os níveis, a fim de adapta-los à economia actual (e futura) orientada para o conhecimento global, bem como aos valores do Renascimento Africano e da emergência de África no cenário mundial. Esta secção analisa o progressos realizados e os desafios em matéria de: educação básica (primária e secundária) e ensino superior, incluindo ciência e tecnologia 22 Africa 2050 Realizing the Continent’s Potential Africa 2050 24 Barro and Lee. Um Novo Conjunto de Dados para o Sucesso Educacional no Mundo 1950-2010 23 Documento-Quadro da Agenda 2063 57 Ensino básico (primária e secundária) Desafios na Educação Embora o ensino primário gratuito tenha sido um factor positivo, o custo dos materiais didácticos tem em muitos casos tornado a escola insuportável para muitas famílias pobres. Países saídos de conflitos como a Libéria, enfrentam desafios sérios no que diz respeito à melhoria do ensino primário devido à falta de recursos e da grande procura. As taxas de conclusão da escolaridade primária são no geral baixas, 28 por cento dos países com dados disponíveis apresentam abaixo de 60 por cento de taxas de conclusão. Além disso a conclusão do ensino é lenta. Um problema chave é que ao expandir o acesso, uma série de países recrutaram muitos professores sem qualificação, o que faz com que o desenvolvimento profissional e do professor seja uma a preocupação central. .Apesar dos progressos realizados no acesso à educação estima-se que uma em cada três crianças desiste sem ter competências básicas em leitura e matemática. A educação primária de baixa qualidade tem um impacto significativo nas perspectivas de emprego dos jovens, e isto por sua vez perpétua a pobreza inter-relacional. Assim, programas especiais são necessários para resolver os problemas de abandono escolar A disparidade educacional entre rapazes e raparigas foi drasticamente reduzida a nível primário, porém, o fosso ainda existe, especialmente nas áreas rurais e urbanas pobres – apenas 23 por cento das meninas pobres das zonas rurais conseguem concluir a educação primária Vindo de uma base relativamente baixa, os países africanos fizeram progressos espectaculares, quando comparada com o resto do mundo, no que respeita a matrículas do ensino primário. O continente aumentou a inscrição líquida em 24 por cento durante o período 1990-201125. Além disso, a paridade homens/mulheres também melhorou consideravelmente. O número de crianças fora da escola diminuiu de 40 milhões em 1999 para 22 milhões actualmente. A política de um ensino primário universal, gratuito e obrigatório em muitos países tem sido o principal factor preponderante. No entanto, as taxas baixas de conclusão e as questões de qualidade e relevância educacional permanecem principais preocupações. Quando comparada com outras regiões, o progresso de África deixa muito a desejar. A cobertura da escolaridade préprimária é de 17 por cento em comparação com 48 por cento no Sudeste Asiático, 57 por cento na Ásia do leste e 70 por cento na América Latina Além disso, a lenta transição demográfica de África significa que o continente terá que expandir significativamente a educação básica nas próximas décadas para acompanhar o ritmo do crescimento da população enquanto outras regiões encontrar-seão a transferir recursos para a expansão da educação pós-básica e a melhorar a qualidade da educação a todos os níveis26. A elevada afluência a matrículas no ensino primário impulsionou as taxas de alfabetização em muitos países africanos, embora a média taxas de alfabetização se situe em 50 por cento globalmente. No geral, os países com taxas altas de conclusão a nível do ensino primário apresentam a tendência de taxas altas de alfabetização de jovens. Devido às baixas taxas de conclusão, má qualidade e incompatibilidade entre os sistemas educacionais e exigências do mercado de trabalho, bem como o 25 26 Lições para acelerar a Realização da Metas dos ODM de Educação Acelerar o envolvimento do sector privado na educação Reforçar a ciência, tecnologia e inovação (CTI) para expandir o acesso e melhorar a qualidade educacional Combater as causas que estão na origem das baixas taxas de conclusão e pôr em prática medidas correctivas Modernizar a gestão da educação e das capacidades de planeamento Relatório das ODM de África de 2014 Africa 2050 Documento-Quadro da Agenda 2063 58 imperativo de criar empregos para a crescente população de jovens de África, muitos países africanos aderiram a iniciativas de ensino e formação nos domínios técnico e profissional (TVET). Ensino Superior Universitário Investir na educação superior27 irá garantir que os países africanos produzam a importante reserva de capital humano (engenheiros, médicos, contabilistas, advogados, etc.) necessário para construir economias e sociedades modernas competitivas. O Ensino superior apoia o desenvolvimento económico directamente através da produção de novos conhecimentos, criação de capacidades que permitem o acesso ao depósito global de conhecimento e adaptação do conhecimento para uso local. Desafios do Ensino Superior Subfinanciamento: nas últimas décadas, as matrículas aumentaram mas o financiamento diminui, resultando numa diminuição da qualidade e relevância. Entre 1991 e 2005, as matrículas triplicaram (crescimento de 8,7), enquanto ao mesmo tempo financiamento público diminuiu de tal modo que o financiamento anual por aluno diminuiu de USD 6.800 em 1981 para USD 980 em 2005. Com a diminuição do financiamento em todas as disciplinas, apenas 70 por cento das posições exigidas nas faculdades foram preenchidas, tendo algumas delas registado percentagens tão baixas quanto 30-40 por cento. A Gestão e liderança eram deficientes, e diante a diminuição de financiamento, a qualidade de ensino e a pesquisa diminuíram dado que os mecanismos de garantia de qualidade institucional não existiam ou eram deficientes. A relevância do currículo em muitas instituições de ensino superior é questionável, dado que a maioria dos estudantes continuam a matricular-se em cursos "fáceis " – em 2004, apenas 28 por cento se encontravam matriculados em ciência e tecnologia. Esta situação é agravada pelo facto de que em África, apenas 0,3 por cento do orçamento é atribuído ao Desenvolvimento da Pesquisa. Existe uma incompatibilidade entre o ensino ministrado e as aptidões exigidas no mercado de trabalho, o que leva a perda de recursos educacionais escassos e ao desemprego. No período que se seguiu imediatamente à independência, o ensino superior na maioria dos países africanos era considerado um "bem público" e as instituições de ensino superior recebiam apoio directo ao orçamento dos governos africanos. No entanto, a crise de finais da década 70 e 80 (ou seja, a era do ajustamento estrutural) levou à redução dos fundos atribuídos ao sector. Isto, juntamente com o aumento de matrículas levou a um grave subfinanciamento das instituições Africanas de ensino superior. A situação descrita acima, juntamente com os conflitos generalizados e as más condições económicas que prevaleciam em muitos países africanos fizeram com que a qualidade de ensino das instituições africanas de ensino superior, algumas dos quais eram comparáveis às melhores do mundo (por exemplo, Universidade de Makerere no Uganda, Universidade de Ibadan na Nigéria), diminuísse rapidamente. A actual procura para a formação superior aumentou rapidamente. Por exemplo, a população estudantil triplicou de 2,7 milhões em 1991 para 9,3 milhões em 2006 e prevêse que aumente para 18-20 milhões até 201528. Estima-se que África tenha actualmente mais de 800 universidades e 1.500 instituições de ensino superior 29. As Universidades privadas têm vindo a aumentar rapidamente; de 7 universidades privadas em 1960 para 27, em 1990, e estima-se que em 2006 até 22 por cento do ensino superior seja ministrado pelo sector privado30. A importância dos fornecedores privados de serviços educativos no ensino superior é mostrada pelas seguintes estatísticas: Uganda (7 públicas 27 Universidades, institutos ou politécnicas 28 Olugbemiro Jegede (2012) A situação do Ensino Superior em África 29 Ibid 30 Ibid Documento-Quadro da Agenda 2063 59 e 27 privadas); Somália (40 universidades, todas privadas); África do Sul (21 públicas e 87 privadas); Gana (6 públicas e 42 privadas); e (Nigéria (36 Federais, 37 estaduais e 45 privadas31.). Este crescimento das instituições privadas no ensino superior ajudou a satisfazer a crescente procura de formação superior, mas introduziu igualmente questões de qualidade e normas. Em todo o continente, tem-se registado um número significativo de investimentos no ensino terciário, tendo o Relatório da UNESCO de 2010 informado que o investimento no Ensino Superior em África teve uma média de 4,5 por cento do PIB, que está próximo à média global dos países em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, tem havido explosão na pesquisa académica, com 11,142 artigos de revisão pelos pares em 2008. Apesar do crescimento das matrículas no ensino superior e o rápido aumento das instituições públicas e privadas, a reserva de capital humano de África é comparativamente pequena, e a sua qualidade variável. Os países africanos arriscam-se a serem marginalizados numa economia global altamente competitiva, devido a deficiências no ensino superior. O investimento a longo prazo é necessário tanto para revitalizar o ensino como para apoiar o desenvolvimento de centros de excelência em ciência, engenharia e tecnologia, bem como reverter a fuga de cérebros. A 2ª Década da Educação da União Africana enuncia estratégias específicas para a revitalização do sector do ensino superior. Segunda Década da Educação da UA: Ensino Superior Incentivar maior mobilidade de académicos, pesquisadores, funcionários e alunos e reconhecimento das qualificações das diferentes regiões, através da harmonização das estruturas dos diplomas universitários. Estabelecer um Espaço de Ensino Superior e Pesquisa que irá prestar uma atenção séria ao sistemas de garantia de qualidade institucional e nacional e promover pesquisas relevantes de alto nível e formação de pós-graduação concebida para a resolução dos problemas da África. Adoptar e adaptar o Ensino Aberto e à Distância, como mecanismos de execução de programas educativos em África, como fizeram os outros continentes, a fim de África aumentar significativamente as suas matrículas no ensino superior dos actuais 6 por cento (modalidade presencial) para pelo menos 50 por cento. Utilizar eficazmente as TIC para a execução de programas educacionais e, comunicação profissional com vista desenvolver, adquirir, produzir e difundir o conhecimento, habilidades e competências em todo o continente; e .Criar centros de excelência dentro das regiões do continente para desenvolver estudos de pósgraduação sólidos e desenvolver uma base de pesquisa forte e vantagem competitiva global Tem havido em todo o continente, um investimento significativo na educação superior que se pode constatar através do Relatório de Ciência da UNESCO de 2010 que afirma que o investimento no ensino superior em África foi em média de 4,5 do PIB, próximo da média global dos países em desenvolvimento. Da mesma forma, tem havido um aumento na pesquisa académica, tendo 11.142 artigos sido avaliados pelos pares em 2008. A nível continental, estão a ser realizados progressos, tal como exemplificado a seguir: (i) a Convenção de Arusha revista cujo objectivo é promover a cooperação panafricano para o reconhecimento mútuo das qualificações académicas (ou seja, o instrumento jurídico para a Estratégia de 31 Ibid Documento-Quadro da Agenda 2063 60 Harmonização da UA) que até à data foi assinado por 20 países; (ii) o estabelecimento da Universidade Pan-africana (UPA), cujo objectivo é o de contribuir para o ensino superior e satisfazer as necessidades de desenvolvimento de África, através da inovação na formação e pesquisa, com um Acções para a Agenda 2063 enfoque sobre a ciência tecnologia e Investir na educação pré-escolar inovação; (iii). o Sistema Africano de Bolsas Criar o espírito critica através de um acesso alargado ao ensino primário para todos, resolver a de Estudos Mwalimu Nyerere da UA foi questão do abandono escolar e melhorar a lançado em 2007 para permitir que jovens questão da qualidade africanos estudem em universidades de Melhorar a qualidade e a relevância do desenvolvimento do ensino técnico e profissional elevado prestígio; e (iv) um Mecanismo para resolver as necessidades tanto de Africano de Classificação da Qualidade competências actualizadas e de formar a maioria (AQRM) que foi criado para apoiar o envolvida na economia informal desenvolvimento de culturas institucionais de qualidade e compromisso com a qualidade. Estas e outras medidas tomadas aos níveis nacional e regional reflectem a consciência dos responsáveis políticos africanos sobre a importância do ensino superior para o desenvolvimento do continente. No entanto, o ritmo é lento e esforços de reforma precisam ser redobrados para assegurar que as aptidões e competências necessárias para uma economia globalmente competitiva sejam rapidamente disponibilizadas em todos os países africanos. Para que África crie a sua base de capital humano é necessário que expanda as matrículas ao nível pré-escolar, aumente as taxas de conclusão do ensino básico, secundário e superior e expanda a alfabetização. Há uma necessidade urgente de assegurar o acesso ao ensino de qualidade, incluindo o acesso universal através, pelo menos, do ensino secundário para todas as crianças, com particular atenção às taxas de conclusão e de retenção, bem como a necessidade para mais raparigas e mulheres matricularem-se em assuntos STEM para que África alcance a rápida industrialização e transformação económica. Para que o continente super o défice de humano e de competências necessários para transformar vidas e construir economias competitivas, os países africanos necessitam de uma liderança agressiva e empenhada e investimento a longo prazo. Os países africanos iriam precisar de uma liderança dinâmica e empenhada e um investimento de longo prazo para o continente colmatar o défice humano e de competências necessários para transformar as vidas e criar economias competitivas. O Ensino superior é a espinha dorsal da investigação & do desenvolvimento, uma área onde África está significativamente atrasada. Embora a África do Sul e a Nigéria sejam capazes de actuar como protagonistas globais no desenvolvimento da tecnologia, incluindo a investigação aeroespacial, o desenvolvimento da investigação & do desenvolvimento em muitos países africanos é deficiente e dominada pelos homens. A investigação & o desenvolvimento como percentagem do PIB varia de 0,3 por cento para 1 por cento na maioria dos países africanos, em comparação com os países europeus (Finlândia 3.5 por cento, Suécia 3,9 por cento), EUA (2,7 por cento), bem como o Japão, Singapura e Coreia (2-3 por cento) 32. Contudo, em 2003, os Ministros Africanos da Ciência e Tecnologia 32 Simon. E (2008) O estado actual da Ciência Internacional de Estatísticas para África. Documento-Quadro da Agenda 2063 61 comprometeram-se a aumentar a investigação e o desenvolvimento para pelo menos 1 por cento, num período de cinco anos, demonstrando que os decisores africanos estão plenamente conscientes do desafio. Saúde Apesar do actual surto de Ébola na África Ocidental, ganhos notáveis foram realizados no sector da saúde de muitos países africanos nas últimas décadas. No entanto, a situação actual da saúde no continente mostra igualmente que muitos desafios ainda permanecem. Os progressos realizados em relação a algumas das metas dos ODM relacionadas com a saúde são brevemente referidos adiante33: 33 Características e desafios no domínio da Saúde O continente tem 12 por cento da população mundial, mas 25 por centodos encargos causados pelas doenças. 70 por cento das pessoas que vivem com HIV e SIDA vivem em África e 50 por cento de mortes de crianças com menos de 5 anos ocorrem em África. Os encargos causados pelas doenças em África estão a travar de forma significativa o crescimento económico. Um caso gritante é o actual surto de Ébola na África Ocidental, que se prevê que contenha o crescimento entre 2,5 a 4 por cento na Libéria, Guiné e Serra Leoa. Reforço dos sistemas de saúde são uma grande preocupação, estando a maioria dos sistemas de saúde seriamente subfinanciados. Embora 53 países tenham assinado a declaração de Abuja na qual se comprometem a atribuir 15 por cento dos seus orçamentos ao sector da saúde, a maioria não alcançou este objectivo e os países que conseguiram fizeram-no usando fundos de doadores, o que é uma situação insustentável. Embora as doenças infecciosas como causa de morbidade e mortalidade tenham diminuído no resto do mundo, estas ainda são as causas mais frequentes de mortes em África devido à má gestão ambiental, o mau sistema de abastecimento de água e saneamento e o baixo conhecimento sobre práticas básicas de saúde doméstica. Com a crescente urbanização e mudança de estilo de vida, prevê-se grandes aumentos de mortes relacionadas com as doenças respiratórias e cardiovasculares, bem como mortes relacionadas com as diabetes. A Malária continua a causar muitas mortes evitáveis e dificulta o Mortalidade infantil: descidas acentuadas nas taxas de mortalidade de crianças menores de cinco anos foram registadas; em todo o continente mortalidade de crianças menores de cinco anos baixaram de 145 mortes por 1000 nascimentos em 1990 para 80 por 1000 nados-vivos em 2012, que se traduz numa redução de 44 por cento. O progresso anual também melhorou consideravelmente, aumentando de 1,4 por cento no período de 1990 a 2000 para 3,8 por cento no período de 2000 a 2012. No entanto, os ganhos são insuficientes para o continente alcançar a meta dos ODM até 2015 Mortalidade materna: Progressos significativos foram registados na taxa de mortalidade materna, que diminuiu de 870 por 100.000 nados vivos em 1990 para 470 em 2013, reflectindo uma diminuição de 47 por cento. Foi igualmente comunicado que o número de mulheres que morrem devido a complicações de gravidez e nascimento diminuiu quase para metade em 2010 em comparação com 1990. No entanto, o continente está aquém de realizar este objectivo. As razões para esta situação são o difícil acesso aos serviços comunitários de saúde, especialmente nas áreas rurais, altas taxas de gestação de adolescentes e o número limitado de parteiras qualificadas HIV e SIDA: As tendências em relação ao VIH e SIDA entre adultos foram invertidas devido a uma forte vontade política e maior acesso a medicamentos anti-retrovirais. As taxas de prevalência diminuíram de 5.89 Africa MDG Report 2014 Documento-Quadro da Agenda 2063 62 por cento para 4,7 por cento entre 1995 e 2012 e entre 2010 e 2011 e o acesso aos medicamentos anti-retrovirais aumentou de 48 por cento a 56 por cento. No entanto, cercas 25 milhões de pessoas ainda vivem com VIH e SIDA na África Austral, Oriental Central e Ocidental. Malária: a incidência, prevalência e mortes por malária diminuíram na última década como resultado de tratamento, cuidados e medidas preventivas alargadas. No entanto, os encargos da malária permanecem elevados, especialmente para crianças abaixo dos 5 que continuam a sofrer desproporcionalmente. Por exemplo, em 2012, estima-se que 90 por cento dos 627.000 casos de malária mundial ocorreram na África Austral, Oriental, Central e Ocidental, tendo 77 por cento afectado crianças menores de 5 anos. A nível continental, várias iniciativas estão em curso para fazer face aos desafios de saúde do continente. Ao perspectivar o futuro, urge a necessidade de levar em conta as seguintes questões: a) Compromisso em alcançar um sistema de saúde financeiramente sustentável, que garanta o acesso Iniciativas Continentais para a saúde equitativo, alinhado às Melhorar a saúde materna: "Nenhuma mulher deve morrer na prioridades dos serviços gravidez. Haverá pleno acesso a cuidados de saúde sexual de saúde locais e que e reprodutiva integrados e institucionais para todas as seja internamente mulheres em idade reprodutiva" orientado e financiado, Saúde da criança: "África deve avançar em direcção a zero incluindo mediante a: morte no grupo das crianças menores de cinco anos" A apropriação do Saúde Materna, Neonatal e da Criança: para garantir a continuidade de cuidados, especialmente em torno da Saúde financiamento e Materna, Neonatal e da Criança, esforços serão aumentados gestão dos para promover a integração de serviços, particularmente ao serviços de nível de cuidados primários de saúde saúde por parte VIH/SIDA: "Incidência zero, zero mortes de VIH/SIDA" dos países, Tuberculose: "Um continente Africano livre de TB (Zero mortes, doença ou sofrimento devido à TB) ". incluindo Malária: "Juntamente com o mundo, alcançaremos uma aumento do África livre de malária financiamento Doenças não transmissíveis interno; Doenças tropicais negligenciadas O envolvimento Doenças infecciosas (Emergências de Saúde Pública): Os dos governos africanos devem empenhar-se em criar um continente intervenientes capaz de prevenir, detectar, conter, eliminar e dar resposta a doenças epidémicas e outros riscos de saúde pública atribuíveis relevantes no a doenças humanas e animais, através de uma cooperação financiamento da multissectorial e parcerias fortes prestação de Financiamento de cuidados de saúde: "Cuidados de saúde de cuidados de qualidade em toda a África, sempre” saúde; A Mobilização de recursos, especialmente locais e internacionais, para o financiamento da saúde; e Documento-Quadro da Agenda 2063 63 O alinhamento da política dos doadores e do financiamento com as do governo nacional e prioridades locais. O continente deve explorar de forma óptima algumas oportunidades que podem efectivamente mudar o cenário actual de financiamento da saúde. Isto inclui criar financiamento em fundo comum a nível nacional para financiar a saúde, o que pode envolver contribuições de responsabilidade social corporativa, bem como a tributação. A diminuição e a imprevisibilidade da assistência ao desenvolvimento obriga África a olhar para dentro, para recursos internos para cuidar do seu povo. África terá de mobilizar recursos internos para a promoção da saúde, incentivar a parceria público – privada no financiamento da saúde e na prestação de serviços, ao mesmo tempo que promove a equidade através da cobertura universal de saúde. Regimes de seguro de saúde específicos para a cultura e o contexto (comunidade) necessitam de ser desenvolvidos para garantir o acesso aos serviços, especialmente para os mais vulneráveis e desfavorecidos. O sistema de saúde, definido em toda sua extensão necessita de ser reforçado com investimento sustentado, com vista a melhorar os determinantes sociais da saúde. A eficácia económica continuará a ser uma componente fundamental da política de saúde e os processos serão continuamente melhorados para garantir a eficiência e a limitação dos desperdícios. Mecanismos de responsabilização serão estabelecidos a todos os níveis, para garantir que os detentores sejam responsabilizados perante os titulares dos direitos em relação aos recursos e responsabilidades a que lhes foi atribuída autoridade privativa de liberdade. Medidas de política de saúde b) A agenda de saúde Africana para Procurar activamente uma solução para reduzir os 2063, devido ao perfil demográfico do altos níveis de doenças transmissíveis e nãocontinente, apela para um enfoque transmissíveis no continente. tanto sobre as necessidades de saúde Tomar medidas preventivas para reduzir o crescimento das doenças crónicas relacionadas com dos jovens como para as doenças o estilo de vida. crónico-degenerativas das pessoas Fortalecer os sistemas de saúde, criar capacidade idosas. A população africana mudou técnica e instituir reformas no sector da saúde que incluam a descentralização dos sistemas de saúde de uma proporção de 6 por cento de num esforço para promover o acesso universal. pessoas idosas para um total de 13 Estabelecer estratégias de financiamento por cento. A situação no norte de sustentáveis para assegurar a prestação de cuidados básicos de saúde universal para todos. África foi mais fortemente atingida pela Tornar os servis de saúde acessíveis a todos através população envelhecida, tendo atingido de políticas sociais sustentáveis, como o percentagens tão altas como 25 por desenvolvimento de regimes de seguro de saúde firmes, para substituir os subsídios que existem cento do total em alguns países. A actualmente na maioria dos países africanos agenda de saúde africana do milénio necessitará de ser mantida para satisfazer a população mais jovem, enquanto se concentra ao mesmo tempo no serviço de saúde para combater eficazmente as necessidades terciárias da população envelhecida. c) As crescentes alterações nos estilos de vida, particularmente o abandono da dieta tradicional alta em fibra para uma dieta alta em alimentos açucarados e refinados, juntamente com a crescente adopção de outros hábitos como o fumo e os factores de pressão urbanos nos centros em rápida urbanização prenuncia um vasto Documento-Quadro da Agenda 2063 64 conjunto de factores de risco para as doenças não-transmissíveis. A actual ênfase nos cuidados de saúde primários é, consequentemente, insuficiente para responder aos desafios de saúde previstos. Assim, os países africanos devem desenvolver políticas para incorporar cuidados para doenças não-transmissíveis nos cuidados de saúde primários, enquanto fortalecem a base tecnológica dos serviços de saúde secundários e terciários. Tais investimentos não são apenas capital intensivo, mas exigem um novo conjunto de competências por parte dos responsáveis políticos, gestores de programas e profissionais de saúde. A melhoria da saúde dos cidadãos de África exige igualmente estratégias de base ampla e uma abordagem multifacetada que resolva questões como o acesso ao abastecimento de água e saneamento, o empoderamento da mulher, nutrição, o acesso a serviços básicos e uma educação melhorada em vez de abordagens verticais limitadas que caracterizam os esforços até então. A Declaração de Abuja relativa à Saúde e à Aliança dos Líderes Africanos, aponta para um forte compromisso político para melhorar a situação de saúde de África e este dinâmica deve ser mantida, incluindo a mobilização do continente, sob os auspícios da UA para combater o surto do Ébola na África Ocidental. Os compromisso para integrar a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos, o planeamento familiar e os serviços de combate ao VIH/SIDA através da acção de reforço nos compromissos anteriores para melhorar a situação materna, neonatal e infantil, assegurar a integração necessária para facilitar as sinergias entre os programas de combate ao VIH/SIDA, tuberculose, saúde materna, neonatal e infantil, devem ser seguidos de forma vigorosa. Tendências Demográficas Desde 1950, o tamanho e o crescimento da população de África tem verificado uma tendência ascendente, crescendo de cerca de 229 milhões para 1.2 mil milhões em 2014, representando 9.1 por cento e 15,1 por cento da população mundial total, respectivamente. Prevê-se que esta proporção aumente de 19,7 por cento e 35,3 por cento, em 2034 e 2100, respectivamente (ver Figura 1). Durante este período, a população Africana irá aumentar muito mais rapidamente do que o resto da população mundial. Documento-Quadro da Agenda 2063 65 Figura 1─ Evolução da população mundial e respectiva quota (por cento) da população Africana, 1950-2100 Fonte: United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division (2013). World Population Prospects: The 2012 Revision, DVD Edition. O padrão de distribuição da população varia entre países e regiões, e ao longo dos anos a distribuição geográfica da população irá mudar. A África Oriental é a região mais populosa; até 2100, a África Ocidental irá ocupar esse lugar. A África central é e continuará a ser a região menos populosa do continente. A população africana é jovem, com uma média de idade de cerca de 20 anos em 2014, em comparação com a média mundial de 30 anos. Até 2050, a média de idade em África aumentará para 25 anos, enquanto a média para o mundo como um todo irá subir para 38 anos. Prevê-se que a proporção de crianças de 0 a 14 anos na população total reduza de 42,2 por cento em 2000 para 30,6 por cento até 2050, enquanto a percentagem da população em idade activa entre os 15 a 64 anos aumentará de 54,5 por cento para 62,8 por cento entre os dois períodos, prevendo-se que esta seja 63,7 por cento em 2100. O continente está a passar por uma rápida urbanização (consulte a próxima seção). A migração é intensa em África e assume várias formas. Em primeiro lugar, existe uma migração rural-urbana que contribui para a rápida urbanização, existem igualmente movimentos de populações em todos os países onde as pessoas não são limitadas por questões de vistos; Existem jovens africanos que procuram oportunidades fora do continente e, finalmente, um bom número de deslocações forçadas, devido a factores como guerras civis, secas, escassez de água e catástrofes naturais. A migração ruralurbano apresenta desafios de desenvolvimento sob a forma de acesso à terra, infraestruturas e prestação de serviços básicos, bem como o emprego. As mudanças demográficas em curso em África, incluindo a rápida urbanização, o rápido aumento da mão-de-obra, bem como a mudança da estrutura etária, são complexas e têm profundas implicações para o desenvolvimento humano e a Documento-Quadro da Agenda 2063 66 transformação estrutural do continente. A questão essencial é como saber como África pode alavancar e tirar proveito dessas dinâmicas e garantir que estas não impedem, mas impulsionam o seu crescimento económico e transformação estrutural. Transformar a rápida urbanização em oportunidade exige novas abordagens relativamente à política de desenvolvimento e gestão das cidades africanas. Aproveitar o dividendo demográfico de uma explosão juvenil resultante da alteração da estrutura etária e obter ganhos económicos, sociais e ambientais pode acontecer através do seguinte processo. Á medida que as populações jovens se tornam mais velhas e têm menos filhos do que as gerações anteriores, uma explosão da população em idade activa irá provavelmente ocorrer em muitos países. Quando há mais adultos em idade activa em relação a crianças e idosos, a população em idade activa tem menores encargos de dependência, com menos pessoas para apoiar com o mesmo rendimento e bens. Isto cria uma janela de oportunidade para economizar em cuidados de saúde e outros serviços sociais, melhorar a qualidade da educação, aumentar a produção económica devido ao facto de mais pessoas estarem a trabalhar, investir mais em tecnologia e competências para fortalecer a economia e criar a riqueza necessária para lidar com o envelhecimento futuro da população. Todos esses esforços precisam ser traduzidos em acção, de uma forma que expanda as oportunidades da juventude, dando-lhes competências para participar plenamente na economia e na vida pública e promova comportamentos saudáveis. As megas mudanças na estrutura demográfica em África e as profundas transições nos estilos de vida, do tradicional ao moderno irão apoiar a transformação económica se apoiadas pela população e por políticas de desenvolvimento apropriadas. Urbanização e Habitats Humanos Conforme indicado na secção anterior, África de 2063 será predominantemente urbana. Estima-se que mais de dois terços da população projectada de 2,5 mil milhões viverá em Documento-Quadro da Agenda 2063 Algumas das Acções Prioritárias para a Urbanização e Habitats Humanos A melhoria dos serviços relativos a abrigo/habitação e a erradicação de bairros de lata é uma prioridade, tendo em conta a população urbana em rápida expansão e o atraso na área de serviços relativos a abrigo e outros. Isto vai exigir o reforço dos sistemas jurídicos, regulamentares, institucionais e das capacidades Financiamento do desenvolvimento urbano: para lidar com as necessidades existentes e previstas de expansão das infraestruturas, instalações, habitações, etc., abordagens inovadoras de financiamento serão necessárias. Estão já a surgir boas práticas: partilha do valor da terra; fundos de desenvolvimento municipal; mercados de valores urbanos; melhoria da eficiência de geração de receitas, etc. Ordenamento territorial e prestação de serviços: as populações urbanas em rápido crescimento precisam de acesso a serviços básicos nas áreas de: água, saneamento, electricidade, transportes, gestão de resíduos. Estratégias inovadoras, que enfatizam a sustentabilidade, o crescimento verde com baixas emissões de carbono, são necessários. Reforço da base produtiva das economias urbanas: os centros urbanos contribuem significativamente para o PIB dos países africanos e podem igualmente contribuir para a redução da pobreza e geração de emprego. Portanto, as cidades africanas podem constituir a força motriz da transformação do continente. Políticas e instituições adequadas têm de ser desenvolvidas para assegurar a realização do potencial existente. Melhoria dos sistemas de gestão, da governação e dos quadros legislativos: muitos países tomaram medidas significativas nas últimas décadas, mas estas medidas não foram efectivas para fazer face à rápida urbanização. Segurança urbana, redução do risco de catástrofes: necessidade imperativa de criar bairros seguros, zonas urbanas livres de drogas e de crimes, bem como riscos associados às alterações climáticas. 67 centros urbanos até 206334. Isto tem implicações de longo prazo do pontos de vista demográfico, territorial e estrutural. Portanto, a questão urbana é uma parte crucial da Agenda 2063. África tem de explorar a força transformadora da urbanização, pois oferece oportunidades vitais para o desenvolvimento económico, entrada nos mercados de exportação e cadeias de valor mundiais, bem como para o desenvolvimento social e humano. Prevê-se que a urbanização cresça a uma taxa média de 3,2 por cento ao ano. As implicações são a duplicação da população do continente em 20 anos, e sua triplicação em 40 anos. A população urbana africana atingirá mais de 800 milhões dos actuais 400 milhões, apenas pouco mais de 50 por cento da população 35. Até 2063, prevê-se que cerca de 62 por cento da população africana viva nos centros urbanos e 38 por cento nas zonas rurais36. Todavia, ao contrário das experiências de outras regiões, a população rural vai continuar a crescer até 2050, tornando-se importante abordar o crescimento tanto da população urbana como da população rural. Portanto, a Agenda de urbanização de África deve abordar a dinâmica dos habitats humanos no âmbito da crescente urbanização, que é acompanhada de um aumento absoluto do número da população rural. Este crescimento da população urbana tem muitas implicações: ordenamento territorial; acesso à habitação; prestação de serviços básicos; criação de emprego; desenvolvimento económico e social. No entanto, a construção de habitações para acomodar uma população urbana, que terá triplicado, será um grande desafio. Os centros urbanos irão servir como importantes motores de crescimento e de transformação económica de África nas próximas décadas. A urbanização e os centros urbanos irão contribuir através da melhoria da produtividade, industrialização, produção e agregação de valor. O crescimento da classe média em África, que ocorre principalmente nos centros urbanos, vai estimular o crescimento dos sectores voltados ao consumidor. 34 Quadro para a Agenda Urbana Africana. AMCHUD, 5.ª Sessão da Conferência Ministerial Africana sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano, Fevereiro de 2014, N’Djamena, Chade 35 Ibid 36 Ibid Documento-Quadro da Agenda 2063 68 Todavia, o desenvolvimento de competências, o emprego e o acesso a serviços e financiamento serão fundamentais, bem como as ligações entre as zonas urbanas e rurais. Os centros Destaques do Desempenho Económico de África urbanos serão a Os países africanos estão entre os que mais crescem no mundo nas últimas décadas. Durante o período de 2002 a 2008, a taxa de crescimento económico de chave para a África situou-se em média em 5,6 por cento ao ano. Depois de uma desaceleração promoção da em torno de 2,2 por cento em 2009, como resultado da crise alimentar mundial de integração regional, 2007/2008 e subida do preço dos combustíveis, o crescimento aumentou para 4,6 fornecendo os nós por cento em 2010, e 5,0 por cento em 2012. Excluindo os países da União do para as ligações Magrebe Árabe (UMA), o crescimento no resto de África atingiu uma média de 5 por associadas à cento em 2013; e prevê-se que atinja 5,8 por cento em 2014 e 5-6 por cento em 1 2015 . integração e Este crescimento positivo tem sido, em geral, partilhado por todas as regiões, mas facilitação da com uma variação entre as sub-regiões. Em muitos casos, a exportação de produtos circulação de de base primários tem sido o principal motor do crescimento, apesar de alguns mercadorias, países que não são produtores de petróleo nem de minerais registarem um serviços, capitais e desempenho assinável. O PIB colectivo do continente atingiu 2,5 triliões $EU em pessoas. 2013, que é mais ou menos igual ao do Brasil ou da Rússia. É provável que a rápida urbanização em África tenha um impacto em todos os aspectos de desenvolvimento do continente nas próximas décadas. Políticas adequadas são necessárias para fazer face aos desafios e tirar proveito dos benefícios e oportunidades associados ao fenómeno. A renda per capita mais do que duplicou na última década, de 958.00 $EU (2004) para 1878 $EU (2012), mas com variações entre os países. De notar que a renda per capita de África atingiu o mesmo nível que a do Leste da Ásia, em 1970. Em 2010, quarenta anos mais tarde, a renda per capita do Leste da Ásia foi cinco vezes maior. Os países africanos têm melhorado a sua respectiva gestão macroeconómica, o que se reflectiu na estabilidade macroeconómica do continente na última década. África reduziu a sua taxa de inflação colectiva de 22 por cento em 1990 para 2,6 por cento na última década. A dívida externa agregada diminuiu de 82 por cento do PIB para 59 por cento; enquanto o défice orçamental reduziu de 4,6 por cento do PIB para 1,8 por cento. A quota de investimento de África no PIB atingiu 23 por cento durante a última década, encerrando um longo período de declínio e estagnação registado nos anos 1980 e 1990. No entanto, continua cerca de 10 pontos percentuais abaixo, por 1 exemplo, da Índia . O investimento do sector privado também aumentou em termos absolutos, embora a sua quota relativa no PIB tenha diminuído. As remessas também mostraram uma resistência à crise económica e financeira dos últimos anos, e continuaram a apoiar os meios de subsistência de muitos africanos, incluindo o seu acesso à educação e serviços de saúde. Para os países africanos de rendimento médio alto, o investimento privado representa a principal fonte de financiamento para o desenvolvimento, tendo representado, em média, 70 por cento dos fluxos externos 1 totais durante o período de 2010 a 2014. Crescimento Económico, Transformação Estrutural e Criação de Emprego A manutenção de elevadas taxas de crescimento económico, associada à transformação estrutural das economias africanas e crescimento mais inclusivo gerador de emprego são fundamentais para a materialização das aspirações de prosperidade contidas na Agenda 2063. O resumo apresentado abaixo destaca os progressos e os desafios em relação: ao crescimento económico, emprego, comércio e investimento; desenvolvimento do sector privado e serviços financeiros; e industrialização e indústria transformadora. Documento-Quadro da Agenda 2063 69 Crescimento económico, emprego, comércio e investimento Uma das características notáveis de África nas duas últimas décadas tem sido o desempenho do continente no domínio económico – vide a caixa ao lado. Todavia, como indicado antes, o crescimento económico robusto registado por muitos países africanos ainda não se traduziu no bem-estar da maioria dos povos africanos, principalmente por causa da baixa intensidade de geração de emprego do sector de produtos de base primários (na sua maioria exportada na forma bruta) (pouca capacidade para gerar empregos)37. Em termos de emprego: (i) a força de trabalho africana atingiu 419 milhões em 2012, com uma taxa de participação de 65,5 por cento da população em idade activa (excluindo os países da UMA). A participação das mulheres e dos jovens está muito abaixo da média; (ii) o emprego gerado também foi de baixa qualidade e caracterizado por baixos salários, com possibilidades limitadas das pessoas mudar de um emprego para outro. Actualmente, cerca de 75 por cento da força de trabalho africana está envolvida em actividades laborais vulneráveis, na sua maioria no sector informal da economia. O desempenho de África em matéria de comércio registou melhorias nos últimos anos, mas é dominado por produtos de base primários, e continua a ser impulsionado pelo aumento dos preços dos produtos de base. Desafios dos Sector Privado de África Um segmento informal1 relativamente grande e crescente, que é também uma fonte dominante de emprego para as mulheres. “A quota do emprego informal como uma percentagem do emprego não-agrícola local aumentou de 40 por cento no período de 1985 a 1989 para 61 por cento durante o período de 2000 a 2007”1; Domínio de micro e pequenas empresas tanto do sector formal como informal. Embora muitos países tenham empresas grandes, “as empresas de média escala, que desempenham um papel crucial no desenvolvimento económico das economias emergentes e em desenvolvimento, são ausentes ou muito poucas“ (UNCTAD 2013). O tamanho relativamente pequeno das empresas africanas representa um oportunidade perdida para operar num bom nível e beneficiar das economias de escala necessárias para que as referidas empresas sejam competitivas; A falta de ligações ou existência de ligações limitadas entre as empresas, ou seja, entre as economias formais e informais, entre pequenas e grandes empresas e entre empresas nacionais e estrangeiras, dificulta a expansão da base de competências, a capacidade de inovação e criação de ligações horizontais e verticais na economia nacional. As principais características do comércio de África são as seguintes: (i) a quota de África nas exportações mundiais também baixou de 4,99 por cento em 1970 para 3. 33 por cento em 2010, enquanto a do Leste da Ásia, por exemplo, aumentou de 2,25 por cento para 17,8 por cento durante o mesmo período (CEA 2013); (ii) relativamente às importações, os combustíveis representam mais de 17 por cento das importações de África, dos quais mais de 90 por cento são produtos petrolíferos refinados38. África continua igualmente a importar produtos de consumo básicos tais como alimentos, vestuário e artigos domésticos provenientes, na sua maioria, de fora do continente; (iii) o comércio de agro-alimentos, o sector mais importante, continua a enfrentar vários desafios devido a sua elevada concentração numa gama limitada de produtos não-transformados (café, cacau, chá, algodão, amendoim, óleo de palma, ananás, banana, peixe e mariscos); alta vulnerabilidade à volatilidade dos preços nos 37 38 (CEA e CUA, 2010) Análise da CEA baseada nas estatística da UNCTAD Documento-Quadro da Agenda 2063 70 mercados mundiais; práticas comerciais mundiais desleais e concorrência forte dos sistemas altamente desenvolvidos e mais produtivos; e (iv) África (excluindo a África do Norte) continua uma das regiões mais caras no que se refere ao comércio internacional, logo abaixo da Europa do Leste e Ásia Central. Os custos do comércio nos países sem litoral são ainda mais elevados; Onze dos vinte países do mundo com os custos de exportação mais elevados estão em África. Esta situação é exacerbada pelo longo período de processamento, capacidade limitada dos portos e acesso limitado ao financiamento do comércio. Desenvolvimento do sector privado & serviços financeiros O sector privado africano está a crescer rapidamente, uma vez que os países continuam a liberalizar os seus mercados, promover o empreendedorismo, melhorar os seus quadros jurídicos e institucionais, oferecer incentivos e garantias, e estimular a concorrência aberta. No entanto, o sector permanece num estágio embrionário em comparação com o nível alcançado em outros continentes. África continua atrasada em relação a outras regiões do mundo no que se refere ao desenvolvimento do sector financeiro. Os bancos comerciais dominam o sector financeiro. Os mercados de capitais Características do Sector da Indústria Transformadora de (bolsas) não estão também África bem desenvolvidos. As A quota do sector da indústria transformadora no PIB diminuiu de transacções no mercado mais de 12 por cento para cerca de 11 por cento (CEA, 2013). interbancário são limitadas. A quota de África na produção e exportações globais, a quota da Apenas 3,5 por cento do indústria transformadora no PIB, a quota da indústria mercado africano está transformadora no total das exportações, declinou em relação aos seus níveis de 1970; inclusive durante a década passada, quando segurado, indicando uma África registou taxas de crescimento do PIB impressionantes em grande oportunidade para as torno de 5-6 por cento. empresas de seguro e uma • A quota de África na produção mundial diminuiu ligeiramente entre fonte inexplorada de 1970 (2,75 por cento) e 2010 (2,7 por cento), enquanto o Leste da financiamento. Com o Ásia mais que duplicou: 1970 (9,82 por cento) e 2010 (20 por crescimento da população, dos cento). rendimentos e da classe média, • Entre 1980 e 2010, a quota da indústria transformadora de África no a indústria de pensão africana PIB diminuiu um por cento, para cerca de 10 por cento, enquanto a está a crescer rapidamente quota do Leste da Ásia manteve-se acima de 31 por cento. com um valor patrimonial • A quota de África de bens manufaturados no total das exportações de mercadorias foi de 18 por cento em 2010, enquanto para os estimado em 379 mil milhões 39 países que transformaram as suas economias através da $EU , mas apesar disto ela industrialização orientada pela exportação foi de cerca de 87 por não está ainda totalmente cento. integrada no sistema financeiro • A produção industrial de média e alta tecnologia de África e económico do continente. Em correspondeu a 25 por cento da produção total da indústria geral, a falta de acesso ao transformadora em 2010, enquanto para os países que alcançaram financiamento por parte das a transformação industrial foi de mais de 85 por cento. Fonte: Relatório Económico sobre África, 2013. famílias, das mulheres e das empresas, particularmente as de menor dimensão, continua a ser um dos principais obstáculos ao desenvolvimento. 39 Wall Street Journal, http://online.wsj.com/articles/pension-funds-hold-substantial-cash-for-private-equity-investment-in-africa Documento-Quadro da Agenda 2063 71 Industrialização e indústria transformadora 40 A industrialização e a indústria transformadora são a chave para a transformação estrutural de África. Isto irá permitir a agregação de valor, o aumento de empregos altamente remunerados, o aumento da renda e maior participação de África nas cadeias de valor mundiais. Nas primeiras décadas após a independência, muitos países africanos embarcaram na industrialização baseada na substituição de importações liderada pelo Estado. O impacto inicial da estratégia foi o aumento da produção industrial e do emprego. Todavia, em meados da década de 1970 a estratégia enfrentou problemas, incluindo uma queda da produtividade e perdas recorrentes causadas pela sobrevalorização das moedas, desequilíbrios macroeconómicos, inflação e escassez de divisas para a aquisição de produtos essenciais. Os programas de estabilização (Programas de Ajustamento Estrutural) desenvolvidos no âmbito das instituições de Bretton Woods (BWI) levaram ao encerramento/venda de algumas das indústrias, redução da capacidade de produção local e do emprego, agravamento da pobreza e aumento das desigualdades socioeconómicas. O período do SAP foi descrito por muitos como o início da desindustrialização de África, num momento em que os países do Leste da Ásia iniciaram a transformação das suas economias através da industrialização/produção baseada na exportação. Actualmente, a indústria transformadora africana enfrenta muitos desafios, tais como: falta de políticas e de competências adequadas; Leis de trabalho rígidas em alguns países; fornecimento de energia inadequado; transporte complexo e caro a nível do continente; baixa produtividade laboral e falta de inovação; instabilidade política; e corrupção (CEA 2013). A baixa produtividade, competitividade e ligações deficientes com as cadeias de valor mundiais também prejudicam o crescimento do sector de transformação. A competitividade de África melhorou nos últimos anos, embora continue atrás do resto do mundo. Mesmo a economia mais competitiva de África, a África do Sul, ocupa o 54.º lugar entre 144 países, e o segundo país mais competitivo, as Maurícias, ocupa o 55.º 41. Este baixo nível de competitividade de África se reflecte numa quota muito baixa de África (4 por cento) no comércio mundial. Com base na análise acima, as seguintes medidas políticas têm de ser postas em prática para assegurar o desenvolvimento industrial de África, o aumento da produção e o desenvolvimento do sector privado: 40 41 Industrialização e diversificação dos produtos de base: reforçar as medidas promovidas pelo LPA, Iniciativa Africana de Capacidade Produtiva da UA/NEPAD e sua continuação, a AIDA, juntamente com outras (Visão Mineira Africana e Visão de Yaoundé sobre Mineração Artesanal e de Pequena Escala). Aceleração do desenvolvimento do sector privado. Tendo como alicerce a criação do Fórum do Sector Privado da AU como parte das estruturas da UA e no mecanismo de Facilitação do Ambiente de Investimentos (ICF), reforçar as capacidades em várias frentes para: (i) superar as falhas do Os países que transformaram as suas economias são: Brasil, Chile, Indonésia, Malásia, Singapura, Coreia do Sul, Tailândia e Vietname Fórum Económico Mundial: Relatório sobre Competitividade Global, 2012–2013 Documento-Quadro da Agenda 2063 72 mercado e institucionais e adoptar práticas de negócios sustentáveis, (ii) reforçar e expandir as capacidades de inovação e cadeias de valor de modo a ser competitivo a nível regional e mundial; e (iii) promover o envolvimento efectivo em áreas tradicionalmente de domínio público, por exemplo, investimento em mercados de infra-estruturas, incluindo TIC, transportes (rodoviário, aéreo e marítimo) e energia. África tem o potencial para entrar directamente nas cadeias de valor mundiais e nos processos e mercados mundiais, através da oferta de competências ou produtos específicos sem a necessidade de criar indústrias inteiras. Contudo, aproveitar estas oportunidades implica pôr em prática políticas certas e organização, bem como a arquitectura de governação para assegurar que África não só participe nas cadeias de valor mundiais, mas o faça no segmento mais alto e não no segmento mais baixo da cadeia. Beneficiação42: Para impulsionar a sua industrialização, produção e agregação de valor, bem como contribuir para a transformação estrutural, o vasto potencial de recursos minerais de África precisa de beneficiar de mais agregação de valor. O aumento dos preços dos produtos de base tem estimulado as empresas de mineração a fazer investimentos significativos no sector de exploração. As novas tecnologias irão tornar a mineração em regiões remotas de África economicamente viáveis; e transformar igualmente o cenário dos países dependentes de minerais, sendo que alguns irão beneficiar das mudanças em termos de minerais importantes a nível mundial, enquanto outros, fortemente dependentes das receitas da exploração mineira, terão de diversificar a sua economia em favor de outros sectores. A instabilidade política e a fragilidade do Estado surgiram como uma tendência em países com registos de má gestão de recursos. Em muitos casos, o grande volume de receitas gerado a partir dos recursos minerais ou petróleo tem também desviado a atenção dos decisores da necessidade de diversificação das exportações e agregação de valor, em prejuízo da produção local de substitutos de importação. Muitas economias africanas continuam Principais Tendências e Factores Globais altamente vulneráveis à volatilidade das Devido ao seu alto crescimento populacional, produtividade agrícola baixa e em declínio, distorções políticas, instituições fracas e infra-estruturas exportações de produtos deficiente, entre outros aspectos, África tornou-se cada vez mais um de base e das grandes importador líquido de alimentos, importando actualmente importação quase um quarto das suas necessidades alimentares. flutuações de preços nos Consequentemente, uma em cada quatro pessoas subnutridas no mundo mercados mundiais. vive em África. Esta situação exige medidas urgentes para reduzir a insegurança alimentar e a subnutrição, entre elas, a necessidade de implementar políticas claras e positivas para a segurança alimentar sustentável. As alterações climáticas exigem que se reconsidere os sistemas agrícolas, uma vez que o know-how existente e as tradições são agora desafiados por alterações ambientais bruscas; assim, novos casos estão a ser avançados para adaptação e aumento da resiliência; A globalização dos mercados levou à concorrência com produtos que beneficiam de apoio por parte de alguns países exportadores, ou que são produzidos no âmbito de economias de escala produtivas e apoiadas por tecnologias melhores, condições que são pouco acessíveis por agricultores africanos comuns. Isto resulta em preços que prejudicam a concorrência dos produtos agrícolas africanos, especialmente de pequenos agricultores, e exige medidas destinadas a reforçar a 42 Estima-se que África detém 30 por cento das reservas mundiais de minerais, incluindo 40 por cento de ouro, 60 por cento de cobalto, 72 por concorrência; cento de crómio e 65 por cento de diamante. A busca de novas fontes de energia ecológica leva ao aumento da demanda por alimentos básicos e pela terra, principalmente para a produção de biocombustíveis. Sem políticas adequadas, quadros Documento-Quadro da Agenda 2063 regulamentares, transparência e responsabilização, estas 73 iniciativas irão mergulhar ainda mais a população pobre e rural/agrícola na pobreza. As recentes descobertas de minerais em vários países africanos deverão expandir ainda mais o espaço fiscal, bem como a despesa pública em vários países africanos. É imperativo que a riqueza gerada seja reinvestida, principalmente, no desenvolvimento do capital humano, indústria/capacidade de produção, e infra-estruturas sociais e económicas, através do seguinte: (i) apropriação do processo de desenvolvimento de África e reforço de iniciativas para monitorizar as receitas geradas; (ii) aumento do nível de transparência e de investimento da riqueza provenientes dos recursos naturais na criação de conhecimento para a inovação económica; (iii) negociação de melhores condições com os parceiros externos; e (iv) integração plena do sector de recursos naturais nos planos de desenvolvimento nacionais. Agricultura, Alimentos & Nutrição Na última década, muitos países africanos registaram um crescimento económico significativo. Todavia, o continente continua a enfrentar grandes desafios, incluindo a insegurança alimentar e a subnutrição, desemprego, particularmente no seio dos jovens e mulheres, e esta situação é mais grave nas zonas rurais. A população agrícola africana é de 530 milhões de pessoas e deverá ultrapassar 580 milhões até 2020. Cerca de 48 por cento dessa população depende directamente da agricultura para satisfazer as suas necessidades económicas e de subsistência. Há evidências em África e em outros lugares que o desempenho agrícola será fundamental para a transformação socioeconómica, especialmente se se pretender que esta tenha o impacto desejado nas populações tradicionalmente marginalizadas economicamente e na sua maioria rural. Com 60 por cento das terras aráveis do mundo em África, a agricultura é o maior potencial de África e pode servir como o principal motor para impulsionar o crescimento e a transformação do continente. África tem tudo que precisa para se alimentar e alimentar o mundo – incluindo terras aráveis com solos férteis e água em abundância e agricultores trabalhadores com conhecimento de longa data sobre como trabalhar a terra. O sector representa, em média, 37 por cento do PIB de África, 40 por cento do valor total das exportações, e envolve mais de 65 por cento da força de trabalho africana. Os pequenos produtores, a agricultura de sequeiro e de subsistência dominam a agricultura em África. Actualmente, apenas 3,5 por cento da agricultura em África é irrigada, e apesar da sua enorme dotação em termos de terra, África gera apenas 10 por cento da produção agrícola do mundo. Apesar do forte crescimento económico ao longo da última década, o crescimento médio anual da produção agrícola não atingiu 4 por cento; muito abaixo da meta do CAADP de 6 por cento. A demanda por alimentos de África continua a superar a oferta interna, devido ao alto crescimento populacional, urbanização acelerada, aumento da renda e o surgimento de uma classe média maior. Enquanto a produção de alimentos em África aumentou significativamente de cerca de 130 milhões de toneladas em 1963 para 580 milhões de toneladas métricas em 2011, as importações de cereais, por exemplo, passaram de 5 milhões de toneladas em 1963 para mais de 50 milhões de toneladas métricas hoje. A ingestão calórica média diária per capita é de 2.500 (acima de pouco mais de 2.000 em 1963), sendo que as famílias pobres gastam mais de 60 por cento da sua renda em alimentos (CEA 2009). Além disso, o aumento dos preços dos alimentos a nível Documento-Quadro da Agenda 2063 74 mundial, que começou na segunda metade da primeira década do novo milénio, resultou na deterioração das condições das trocas comerciais de África (CEA 2009) e no aumento da dependência da ajuda alimentar. Em termos de produtividade, (excluindo os países da UMA) o uso médio de fertilizantes em África é de 11 kg/ha, em comparação com 167 kg/ha em outras regiões em desenvolvimento, e 250 kg/ha na Ásia; e o continente continua a enfrentar sérios problemas de esgotamento dos nutrientes do solo, resultante principalmente da erosão hídrica e dos solos, bem como da lixiviação dos nutrientes. Os solos de muitos países africanos estão entre os mais degradados do mundo, com cerca de 20 por cento das terras agrícolas africanas seriamente degradadas; e cerca de 75 por cento das terras agrícolas são vulneráveis à erosão e esgotamento dos nutrientes do solo. Além disso, África (excluindo os países da UMA) tem a menor taxa de mecanização em termos de equipamento motorizado, contribuindo apenas com cerca de 10 por cento para a capacidade agrícola existente, em comparação com 50 por cento em outras regiões. Embora a área de terra arável cultivada tenha expandido de 132 para 184 milhões de hectares entre 1970 e 2010, a dimensão média das explorações agrícolas diminuiu de 0,59 hectares por pessoa rural para 0,35 hectares durante o mesmo período (Relatório sobre a Situação Agrícola em África, 2014). Apesar dos enormes recursos de água doce, grandes rios e lagos (Congo, Nilo, Zambeze, Níger e Lago Victoria), África é o segundo continente mais seco do mundo, depois da Austrália. O volume anual de água disponível em África de 4,008m 3, embora muito acima do limite da pressão hídrica de 1.700 m3, é distribuído de forma desigual. A água subterrânea, usada por cerca de 75 por cento da população africana, representa apenas cerca de 15 por cento do total de recursos hídricos renováveis do continente (Visão Africana da Água até 2025). Vários países, por exemplo, todos os países do Grande Corno de África, estão próximos ou abaixo do limite da pressão hídrica. Em resposta, a CUA, em colaboração com a CEA e o BAD, lançou a iniciativa “Visão Africana da Água até 2025”, que promove, entre outras coisas, o desenvolvimento de fontes de água, a utilização equitativa e sustentável dos recursos hídricos, bem como a sua gestão eficiente. Há vários quadros e declarações continentais da UA destinados a fazer face ao problema da alimentação e agricultura em África, nomeadamente, o CAADP (2003), a Declaração de Maputo (2003), a Declaração de Sirte (2004), a Declaração da Cimeira de Abuja sobre Segurança Alimentar (2006), e a Declaração de Malabo sobre Transformação e Crescimento Acelerado da Agricultura, que oferecem uma base forte para a Agenda 2063 tomá-los como alicerce. Existe actualmente uma estratégia de implementação e um Roteiro para traduzir a declaração de Malabo em resultados concretos. No entanto, é de vital importância criar mecanismos que possam ajudar a quebrar o ciclo de falhas verificadas na tradução dos compromissos políticos em implementação real, bem como a assegurar o cumprimento dos referidos compromissos. Na área de nutrição, uma em cada quatro pessoas subnutridas no mundo vive em África, onde o número de pessoas subnutridas aumentou consistentemente ao longo das últimas décadas. Desde o início da década de 1970, África se transformou progressivamente num importador líquido de alimentos, e importa actualmente quase um Documento-Quadro da Agenda 2063 75 quarto das suas necessidades alimentares. As razões para este cenário são muitas e variam de país para país. Todavia, problemas comuns incluem alto crescimento populacional, produtividade agrícola baixa e em declínio, distorções políticas, instituições frágeis e infra-estrutura deficientes. Na verdade, para África, a segurança alimentar é uma questão de segurança nacional que exige medidas urgentes para reduzir a insegurança alimentar e a subnutrição. Para este fim, os países africanos têm de implementar políticas claras e positivas com vista a uma segurança alimentar sustentável. Economia Azul43 As massas de água de África são dotadas de flora e fauna abundantes, ecossistemas marinhos, incluindo diversas espécies de peixe e outras formas de vida aquática, recifes de coral; e são também fontes de subsistência para muitos africanos, incluindo água, alimentos, geração de energia; e transporte. As zonas costeiras e bacias lacustres também emergiram não só como uma grande atracção turística, mas também como importantes fontes de minerais, incluindo petróleo e gás. O sector cria empregos para 7,1 milhões de pescadores (2,7 milhões na pesca marinha, 3,4 milhões na pesca em águas interiores e 1 milhão na aquacultura); e mais de 59 por cento dessas pessoas são mulheres. O recursos costeiros e oceânicos de África incluem um comprimento total de mais de 26.000 milhas náuticas a partir da costa nos oceanos Atlântico e Índico, Mares Mediterrâneo e Vermelho. Todavia, o despejo de resíduos tóxicos, o tráfico ilegal, o derramamento de óleo, a degradação do meio ambiente marinho, o crime organizado transnacional, entre outros, têm ameaçado seriamente os oceanos, mares e lagos africanos. Estes problemas são exacerbados pelos efeitos agravantes das alterações climáticas, mais notavelmente a subida das temperaturas dos oceanos e acidificação dos oceanos, que está a levar ao enfraquecimento da capacidade dos sumidouros de carbono oceânicos e à perda de recursos pesqueiros, bem como à redução do tamanho das massas de água, como o Lago Chade (UNEP 2002). Em resposta, a UA desenvolveu e lançou a Estratégia Marítima Integrada Africana 2050 (AIM), para ajudar a fazer face aos problemas acima, de forma estratégica, coordenada e sustentável. Há necessidade de desenvolver um quadro que defina a Economia Azul de África, ajude a coordenar as actividades a nível continental e apoie os Estados-membros, em particular, os pequenos Estados Insulares, no que diz respeito a estratégias para a beneficiação dos sectores com potencial imediato de crescer e criar emprego, tais como a aquacultura em águas marinhas e doces; reforço da ciência, tecnologia e inovação para a gestão sustentável e conjunta dos recursos hídricos partilhados e sua conservação. Meio Ambiente, recursos naturais & alterações climáticas Recursos naturais de África: biodiversidade, terra, florestas e zonas húmidas Os recursos naturais de África desempenham um papel crítico para vastos segmentos da população africana que dependem da biodiversidade, florestas e terra do 43 O termo “Economia Azul”, conforme usada aqui, refere-se ao crescimento económico sustentável e equitativo impulsionado pelos oceanos, mares, lagos, rios e planícies aluviais. Documento-Quadro da Agenda 2063 76 continente para a sua subsistência, directa ou indirectamente. Além disso, estes recursos naturais contribuem directamente para o desenvolvimento económico através do turismo, agricultura, exploração madeireira e outras actividades. Especificamente: África é muito rica em biodiversidade: tanto em variedade e abundância de espécies e recursos genéticos. Cinco dos 20 centros mundiais de diversidade de plantas estão localizados em África. África tem mais de 2 milhões de km2 de áreas protegidas, o que representa cerca de 6,6 por cento da superfície terrestre total, menos do que 10 por cento recomendado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Esses parques nacionais e áreas protegidas estão concentradas em habitats de savana com grandes mamíferos (elefantes, rinocerontes pretos e brancos, leões, etc.), particularmente àqueles de África Oriental e Austral. No cenário africano, a terra, além de constituir a base produtiva, continua a ocupar um lugar central na vida política, organização cultural, social e economia de muitos países. As florestas ocupam um lugar especial no bem-estar económico, social e cultural de África. São fontes vitais de alimentos, energia, material de construção, emprego, comércio local e exterior, bem como identidade cultural. As florestas fornecem também serviços ambientais essenciais, incluindo o controlo do solo e da erosão hídrica, regulamentação da variabilidade climática, da conservação de lagos e pântanos, e dos sistemas de água doce. Contudo, os recursos naturais do continente – biodiversidade, terra e florestas – estão a enfrentar desafios crescentes: A perda de habitat é o principal factor por trás da perda de biodiversidade. A evidência suporta também uma tendência de aceleração da erosão dos recursos genéticos de plantas agrícolas e animais com uma crescente uniformidade genética de plantas agrícolas e animais, o que significa um aumento do risco de perda de alimentos como resultado de grandes epidemias. Terra: a distribuição desigual da terra, pequenos agricultores que são obrigados a mudar-se para zonas marginais devido a grandes programas de investimento, a degradação do solo, a desmatação grave acompanhada de inundações e secas intermitentes, são as suas principais características. A concorrência recente pelo solo africano por grandes investidores (estrangeiros na sua maioria) envolvendo a procura de terra para a produção de biocombustíveis, exploração de minerais e petróleo, nos últimos tempos para a produção alimentar para consumo no estrangeiro sem os mecanismos necessários para assegurar a adição de valor, a sustentabilidade social e Documento-Quadro da Agenda 2063 77 ambiental, bem como as fortes ligações a montante e a jusante para a economia. Estima-se que a degradação da terra e a desertificação afecta 43 por cento da superfície da terra em África, com graves consequências ambientais e socioeconómicas. O continente perdeu mais de 4 milhões de hectares de florestas por ano nas últimas duas décadas, devido a práticas agrícolas extensivas, a extracção de lenha de forma desregulada e insustentável e a e exploração ilegal de madeira. Várias medidas políticas devem ser postas em prática: A Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, a Visão Africana da Água, o Quadro de Políticas da Terra para África para a criação das bases para colocar em prática os programas de adaptação e mitigação necessários e fazer a transição para uma economia com baixa emissão de carbono, através de uma agricultura inteligente em termos climáticos e desenvolvimento energético. A questão da terra tornou-se uma questão crítica, daí a necessidade de incorporar a implementação das Directrizes-Quadro da UA, do BAD e da CEA sobre a Política de Terra em África, bem como os princípios orientadores sobre os investimentos em larga escala voltados para a terra para assegurar o acesso equitativo à terra, a gestão sustentável de todos os recursos hídricos e terrestres, a protecção dos parques nacionais e os sítios de património natural mundial. A responsabilidade social e ambiental corporativa deve também ser aplicada com a observação e o reconhecimento da centralidade da gestão sustentável da terra no processo de desenvolvimento, incluindo a reconstrução social, redução da pobreza, bem como o reforço das oportunidades económicas para as mulheres, o reforço da segurança, a aceleração da modernização da agricultura, a prevenção de conflitos e o reforço da resolução de conflitos. Alterações Climáticas As alterações climáticas são uma ameaça global, com impactos graves, intersectoriais, de longo prazo, e em vários casos, irreversíveis. Embora a contribuição de África para os efeitos das alterações climáticas a nível global continua baixa devido à sua baixa taxa de industrialização, o IPCC, no seu relatório de 2007, declarou África como um dos continentes mais vulneráveis às alterações climáticas. Além disso, o mais recente relatório do IPCC (2014) confirma com um elevado grau de confiança que os ecossistemas africanos já estão a ser afectados pelas alterações climáticas, e que impactos futuros serão significativos. Os efeitos das alterações climáticas incluem a prevalência e gravidade de eventos extremos, como vagas de calor e frio, tempestades de poeira, ventos, inundações, secas, maior variabilidade da precipitação, e padrões que distorcem o ciclo tradicional da cultura diminuirão a produtividade de matérias-primas agrícolas e industriais, bem como as Documento-Quadro da Agenda 2063 78 receitas das exportações, aumentarão as pragas e as doenças vegetais e animais. A frágil situação de paz e segurança em África é também seriamente afectada pelo agravamento da degradação ambiental e a resultante deslocação populacional, migração espontânea em grande escala, invasão de terras e refugiados. A subida do nível do mar, o aumento das cidades costeiras e o desgaste dos recursos costeiros irão afectar seriamente as principais cidades africanas. No entanto, África tem enormes oportunidades para construir uma economia robusta, com alta taxa de crescimento económico sustentável e reduzir, ao mesmo tempo, os riscos enormes das alterações climática. Em particular, a agricultura africana é altamente vulnerável às alterações climáticas, o que afecta negativamente não só a produção e produtividade, mas também o quotidiano das pessoas, incluindo a decisão sobre o que plantar e quando plantar, o tipo de gado a criar, onde morar, padrões de povoamento, bem-estar geral , atitudes e esperanças. No entanto, sob a actual gestão e práticas agrícolas, a agricultura é também um dos principais contribuintes para as emissões de gases com efeito de estufa, com cerca de 24 por cento das emissões globais de GEE através da fermentação entérica, estrume depositado nos pastos, fertilizantes sintéticos, cultivo de arroz em casca e a queima de biomassa (Relatório sobre a Situação da Agricultura em África, 2014); associado às mudanças de uso do solo decorrentes de práticas agrícolas extensivas. Gestão e Redução do Risco de Catástrofes Devido à sua localização geográfica e ao baixo nível de desenvolvimento tecnológico, África continua a ser altamente vulnerável a catástrofes. 44A maioria dos riscos de catástrofes em África parece estar relacionada com o clima ou riscos de origem hidrometeorológica, ou seja, secas, inundações e tempestades. Os perigos menos frequentes são: infestação de pragas, terramotos, deslizamentos de terra, incêndios e erupções vulcânicas. Os ciclones afectam principalmente Madagáscar, Moçambique, e algumas das ilhas do Oceano Índico. Os riscos mais prevalentes são os surtos de doenças, como o Ébola, que deixaram um rasto de destruição pesado de vidas e subsistências. Embora as famílias africanas tenham desenvolvido uma forte capacidade para fazer face às catástrofes enraizada na sua cultura, essas capacidades, contudo, são desafiados pelos surtos como o do Ébola. A Estratégia Africana para a Redução de Catástrofes e o Programa de Acção para a Implementação da Estratégia Regional Africana para a Redução do Risco de Catástrofes (2006-2015) fornecem uma base para a redução abrangente e robusta do risco de catástrofes, bem como capacidade em termos de preparação, através de um mecanismo de financiamento. 44 UA, NEPAD, BAD, ONU e Estratégia Internacional para a Redução de Catástrofes (ISDR), 2004. Estratégia Regional Africana para a Redução do Risco de Catástrofes. Documento-Quadro da Agenda 2063 79 3.2.2 Um Continente Integrado, Unido Politicamente e baseado nos ideias do Pan-africanismo e na Visão de Renascimento de África No âmbito desta aspiração, até 2063, África terá emergido como um continente soberano, independente e auto-suficiente – uma África unida e forte que concretiza plenamente a sua integração económica e política. Unidade Política Como foi indicado antes, a OUA foi, em grande medida, limitada e incapaz de liderar a unidade continental devido a sua insistência em não interferir nos assuntos dos Estados-membros, sua sujeição aos interesses dos Estados, bem como devido a falta de recursos e estruturas adequadas. A UA, por outro lado, criou instituições/órgãos fortes e estabeleceu quadros normativos e programáticos robustos para abordar questões como democracia, governação e direitos humanos, governo constitucional, promover a integração regional e o desenvolvimento económico, a paz e a segurança, para citar algumas. A partir da análise na secção 3.1, é evidente que a abordagem fragmentada para a unidade continental não teve êxito. Após 50 anos, a visão de uma África Unida ainda não obteve frutos, além disso, a questão da forma final da unidade continental: um Estados Unidos de África, ou uma confederação de Estados, ou alguma outra forma, ainda não foi decidida. A Agenda 2063 oferece uma oportunidade única para que a actual geração de líderes africanos, intelectuais, decisores políticos, homens e mulheres comuns, bem como a juventude, discuta e chegue a um consenso, a fim de decidir definitivamente sobre esta questão. Embora as vozes dos africanos durante as consultas, particularmente de jovens, tenham mostrado uma forte preferência por um rápido progresso rumo à unidade continental, não está claro até que ponto isto é uma prioridade para a liderança política de África. Documento-Quadro da Agenda 2063 80 Integração Regional Quando a OUA foi criada, a integração regional foi um dos seus principais objectivos. No entanto, devido às circunstâncias em que foi criada, a Organização viu-se mais concentrada em questões políticas, especialmente a agenda de descolonização. Todavia, em meados da década de 1970, a OUA tomou medidas concretas para a promoção do desenvolvimento socioeconómico e da integração e decidiu, em 1976, criar a Comunidade Económica Africana (CEA) até o ano de 2000 - o culminar de muitas iniciativas anteriores conexas. Hoje, com 55 Estados, África é o continente mais fragmentado do mundo - um legado do colonialismo. População reduzida e produção económica pequena, com mercados limitados e falta de competitividade, bem como economias de escala na produção e distribuição de bens e serviços, caracterizam muitos países africanos. O Plano de Acção de Lagos (PAL) e a Acta Final de Lagos de 1980 colocou a integração regional/económica como um pilar para a autossuficiência, crescimento económico e transformação de África. Uma década depois, em 1991, o Tratado de Abuja foi assinado para concluir o processo e “criar uma Comunidade Económica Africana que constitui parte integrante da OUA” para "promover o desenvolvimento económico, social e cultural e a integração das economias africanas”. O Tratado de Abuja prevê a criação em fases da Comunidade Económica Africana durante um período de 34 anos, começando com a criação de comunidades económicas a nível das regiões. Actualmente, existem oito Comunidades Económicas Regionais (CER) reconhecidas oficialmente: Comunidade Económica dos Estados de África Ocidental (CEDEAO); Mercado Comum de África Oriental e Austral (COMESA); Comunidade para o Desenvolvimento de África Austral (SADC); Comunidade Económica dos Estados de África Central (CEEAC); Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD); Comunidade dos Estados do Sahel e do Saara (CEN-SAD) e União do Magrebe Árabe (UMA). Uma medida urgente para promover a integração regional é a criação da Zona de Comércio Livre Continental (ZCLC). A Cimeira da UA de Adis Abeba de 2014 acordou, entre outros aspectos, em acelerar a criação da ZCLC e a transição para uma União Aduaneira continental com uma Pauta Aduaneira Comum (TEC), aumentar o investimento no mercado e infra-estruturas de comércio, promover/reforçar as plataformas multissectoriais, e reforçar/simplificar os mecanismos de coordenação para promover uma posição comum africana em relação às negociações sobre o comércio internacional relacionadas com a agricultura e acordos de parceria. O Plano de Acção da Promoção do Comércio Intra-africano (BIAT) prevê sete categorias fundamentais para o desenvolvimento, que incluem o seguinte: política comercial; facilitação do comércio; capacidade produtiva; comércio e infra-estruturas; financiamento do comércio; informações sobre o comércio; mercado de factores e integração. O Plano de Acção prevê medidas de curto, médio e longo prazos para o obtenção de resultados concretos, com responsabilidades partilhadas entre as CER, Estados-membros e os órgãos da UA. A criação de uma ZCL continental e sua rápida implementação vai levar a um crescimento significativo do comércio intra-africano e ajudar Documento-Quadro da Agenda 2063 81 África a usar o comércio de forma mais eficaz como o motor de crescimento, criação de empregos, redução da pobreza e desenvolvimento sustentável. De referir que, entre 2000 e 2010. A ZCLC vai ajudar a aumentar a resistência das economias africanas aos choques externos; melhorar a competitividade dos produtos industriais de África através do aproveitamento das economias de escala de um grande mercado continental; aumentar a dimensão e amplitude da diversificação através da especialização e transformação de base geográfica e transformação da capacidade do continente para suprir as suas necessidades de importação dentro África; e aumentar a segurança alimentar através da redução da taxa de protecção do comércio de produtos agrícolas entre os países africanos. Como uma medida significativa rumo à criação da ZCLC, acordou-se em lançar a ZCL Tripartida em Dezembro de 2014. A ZCL Tripartida envolvendo 26 Estadosmembros/Parceiros do Mercado Comum de África Oriental e Austral (COMESA), Comunidade de África Oriental (CAO) Comunidade para o Desenvolvimento Africano Austral (SADC), tem uma população total de 625 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) de 1,2 trilião $EU, e representarão metade dos membros da União Africana e 58 por cento do PIB do continente. A ZCL Tripartida, comummente conhecida como Grande Zona de Comércio Livre, será o maior bloco económico do continente e o ponto de partida para a criação da Zona de Comércio Livre Continental (ZCLC) em 2017. Comércio Intra-africano O comércio tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento económico dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Nos últimos tempos, a ascensão dos tigres asiáticos e da China foi em grande medida atribuído ao impacto do comércio. Este teve um enorme impacto sobre a renda, empregos e redução da pobreza. Na verdade, através do comércio a China foi capaz de retirar mais de 300 milhões da sua população da pobreza em apenas algumas décadas. Contudo, o comércio ainda não desempenhou essa função no desenvolvimento de África. 45 O volume do comércio intra-africano aumentou de 32 mil milhões $EU em 2000 para 130 mil milhões $EU em 2011. Apesar desse crescimento, a quota do comércio intra-africano no comércio total não mostrou avanços significativos durante o passado meio século e manteve-se a 12 por cento; Durante o período de 2007 a 2011, por exemplo, a quota média das exportações intra-africanas nas exportações totais de mercadorias foi de 11 por cento em comparação com 50 por cento na Ásia em desenvolvimento, 21 por cento na América Latina e nas Caraíbas e 70 por cento na Europa45; O fenomenal crescimento económico de África nos últimos anos, não foi traduzido em melhoria do comércio intra-africano; Mas melhorou o comércio com os parceiros externos. O comércio de África com as economias emergentes tem, particularmente, crescido rápido (CNUCED, 2010). (CNUCED 2013). Documento-Quadro da Agenda 2063 82 No lado positivo, o comércio intra-africano é diversificado e favorece bens manufacturados, sinalizando o enorme potencial que o comércio intraafricano tem de apoiar a industrialização e transformação estrutural de África. Em 2012, os produtos industriais foram responsáveis por cerca de 60 por cento do total do comércio intra-africano, enquanto os produtos primários e derivados do petróleo representaram 18,5 por cento, seguido de produtos agrícolas e alimentares a 17,9 por cento. O comércio de serviços permanece baixo, apenas 4,3 por cento; Há, no entanto, uma significativa heterogeneidade dos países na importância do comércio intra-africano entre os países africanos. Por exemplo, ao longo do período de 2007 a 2011, as exportações intra-africanas foram responsáveis por pelo menos 40 por cento do total das exportações em 9 países: Benim, Djibuti, Quénia, Mali, Ruanda, Senegal, Togo, Uganda e Zimbabwe; Em termos de importações, 11 países importaram pelo menos 40 por cento dos seus bens de África ao longo do mesmo período. Com excepção da CEEAC, uma percentagem muito elevada do comércio africano realizado em cada uma das CER vai para a sua própria região, indicando que a formação dessas comunidades tem um impacto positivo sobre o comércio dentro do bloco. Por exemplo, no período de 2007 a 2011, 78 por cento do comércio da SADC dentro de África foi para a região da SADC; Para muitos países africanos, os custos de negociação, os custos das tarifas de fabricação e os custos comerciais não-tarifárias são maiores vis-à-vis os parceiros regionais do que com o resto do mundo46. A elaboração de documentos para exportação/importação47 e os pagamentos em África são processos relativamente muito caros. África continua a ser uma das regiões mais caras para o comércio internacional, logo abaixo da Europa Oriental e Ásia Central48. Principais medidas políticas para a expansão do comércio e do investimento: Trata-se, em primeiro lugar, da expansão da capacidade produtiva da economia e da sua competitividade. Irá igualmente envolver: (i) a expansão e aprofundamento do comércio intra-africano, através, entre outras, da eliminação de obstáculos ao comércio, através da eliminação de barreiras tarifárias e não-tarifárias, incluindo o défice de infra-estruturas, a limitada capacidade portuária, o limitado acesso ao financiamento, a falta de exploração do potencial da cadeia de oferta, a falta de capacidade produtiva, questões de governação e de instabilidade política/de segurança; e (ii) a aceleração da criação da ZCLC, em conformidade com as decisões da Cimeira de Addis Abeba (2014), que concordou, entre outros, a acelerar a criação da ZCLC e a transição para uma União Aduaneira continental com um regime de Tarifa Externa Comum (TEC), aumento do investimento em 46 CEA, 2013: Facilitação do Comércio: Uma Perspectiva Africana. Adis Abeba: CEA. Análise da CEA com base no ESCAP do Banco Mundial sobre Estatística dos Custos do Comércio Internacional. 48 CEA, 2013: Facilitação do Comércio: Uma Perspectiva Africana. Adis Abeba: CEA. 47 Documento-Quadro da Agenda 2063 83 infra-estruturas de mercado e de comércio, promoção/reforço das plataformas de múltiplas partes interessadas e reforço/dinamização dos mecanismos de coordenação para promover uma posição comum africana sobre as negociações comerciais internacionais e acordos de parceria relacionados com a agricultura. Infra-estruturas, Conectividade e Energia Infra-estruturas O défice de infra-estruturas económicas de África continua a ser uma das principais dificuldades para o desenvolvimento e prestação de serviços básicos. A falta de interligação dificulta os países a ligar-se e beneficiar das oportunidades nacionais, regionais e globais. As deficiente infra-estruturas de África limitam o crescimento económico em até 2 por cento ao ano. Os caminhos-de-ferro, uma forma comum e barata de transporte em outras partes do mundo em desenvolvimento, têm registado lentidão relativamente ao seu desenvolvimento em África. As infra-estruturas ferroviárias existentes são antigas com normas técnicas débeis e pouco investimento foi feito nas últimas décadas. A situação parece estar a mudar, conforme apresenta a nova linha ferroviária que liga Mombasa à Uganda e Butare no Rwanda. A taxa de acesso rodoviário de África é de apenas 34 por cento em comparação a 50 por cento em outras partes do mundo em desenvolvimento. Os custos de transporte são elevadíssimos. As infra-estruturas rodoviárias, embora muito dominantes, são irregulares e concentradas nas zonas urbanas. O sector rural de África ainda continua servida de forma inadequada. O atraso no desenvolvimento da Rede de Auto-estradas Transafricanas para ligar o continente está a prejudicar seriamente a interligação física do continente. Hoje, cerca de 25 por cento da Rede de Auto-estradas Transafricanas (TAHs) ainda está por ser concluída. O transporte marítimo e o comércio intra-africano estão condicionados pela frota estado envelhecida, elevados custos do frete e dos transportes terrestres inadequados. Constitui igualmente um desafio a pobre conectividade entre a zona continental e os Estados insulares africanos. Os problemas associados com as capacidades e instalações portuárias limitadas são agravadas por ineficiências portuárias, que resultam em longos atrasos, primeiro na ancoragem, e na série de operações necessárias para levantar a mercadoria do porto (o chamado “tempo de espera”). A rede de rotas aéreas africanas é relativamente pequena, com baixa conectividade; e com “as companhias aéreas não africanas responsáveis por 80 por cento do mercado intra-continental”49. O transporte aéreo regista uma expansão e o mercado cresce a um ritmo sem precedentes, porém o mesmo já não se pode dizer em relação as companhias aéreas no continente. Com uma área geográfica vasta, África é lar de cerca de mil milhões de habitantes. As economias mais dinâmicas nos últimos anos estão em África e o continente é o segundo em termos de crescimento com rápido desenvolvimento 49 Fundação Mo Ibrahim, 2014. Integração Regional: Unidos para Competir - Factos & Números. Documento-Quadro da Agenda 2063 84 e transformação. O transporte aéreo tem um papel significativo como factor preponderante para a integração inter e intra-regional entre várias cidades e países do continente africano que seria muito difícil de outra forma. A expansão dos serviços aéreos é igualmente importante para o reforço do turismo e do comércio. Dados estatísticos da Associação do Transporte Aéreo Internacional (IATA) mostram que a aviação em África apoia 6,7 milhões de empregos e contribui com 67,8 mil milhões $EU em actividades económicas. Contudo, de acordo com estimativas pela Associação das Linhas Aéreas Africanas (AFRAA), a participação das linhas aéreas africanas no tráfego aéreo mundial representa apenas 3 por cento. A participação da capacidade das linhas aéreas africanas nas rotas europeias e do médio oriente baixou de 58 por cento em 2002 para 22 por cento em 2012, tornando África o único continente em que as transportadoras estrangeiras têm a maior porção de transportação aérea intercontinental. As linhas aéreas africanas estão a perder a sua participação no mercado para as transportadores estrangeiras devido a falta de implementação integral da Decisão de Yamoussoukro que está a fragmentar o mercado e espaço aéreo da aviação africana e dificulta a conectividade aérea. Visto que os custos operacionais das linhas aéreas estão muito acima da média mundial e o custo relativo à assistência em terra, navegação, bem como outros serviços são elevados, esforços coordenados são necessários com vista à redução de custos na indústria. Para que a aviação seja o factor preponderante para a integração política, económica e social em África, como definido pela Decisão de Yamoussoukro, os Estados africanos devem demonstrar empenho para a implementação integral desta decisão. Entre as medidas políticas necessárias para fazer face aos desafios de infraestruturas em África estão: (i) Desenvolvimento de infra-estruturas e de serviços relacionados, bem como de sistemas jurídicos previsíveis/transparentes. Isto envolve a efectivação total do PIDA. Em particular, no sector das TIC, há necessidade de implementar políticas e estratégias que conduzam a aplicativos e serviços electrónicos de transformação em África; melhoria das infra-estruturas físicas, especialmente as infra-estruturas de banda larga terrestre intraafricana; e cibersegurança, tornando a revolução da informação a base para a prestação de serviços nas indústrias de biotecnologia e nanotecnologia. Além disso, o Sistema Africano de Intercâmbio de Internet (AXIS); a Transformação Electrónica de África, que prevêem a transformação de África numa Sociedade Electrónica e o PIDA e as partes componentes de fabrico de dispositivos electrónicos merecem ter prioridade na consideração; e (ii) Expansão e ampliação do espaço fiscal para a integração regional. A integração regional vai de mãos dadas com uma crescente interdependência das economias africanas, tanto nos sectores reais como financeiros, e com uma transferência de autonomia monetária e fiscal dos países individuais para instituições continentais. Administrar com sucesso esses processos irá exigir a concepção de formas eficazes para (i) lidar com os choques que afectam apenas um ou poucos países do continente; e (ii) abordar as questões de países estruturalmente excedentários e estruturalmente Documento-Quadro da Agenda 2063 85 deficitárias dentro da futura União Monetária Africana. Além disso, o foco das iniciativas regionais de comércio deve mudar para o desenvolvimento das capacidades produtivas. (iii) Implementar a Decisão de Yamoussoukro sobre a liberalização total da indústria dos transportes aéreos que conduz ao acordo “ceu aberto”; e (iv) Expandir as redes ferroviárias e rodoviárias de África, as instalações portuárias e outras infra-estruturas de transporte para melhorar a conectividade, incentivar o comércio e o crescimento económico, bem como criar empregos e estabelecer mecanismos e instrumentos de financiamento apropriados. Energia O perfil energético de África é caracterizado pela baixa produção, baixo consumo e alta dependência da energia tradicional de biomassa no meio de uma enorme riqueza de recursos energéticos inexplorados. A dotação de recursos energéticos do continente inclui: reservas de petróleo estimadas em mais de 130 biliões de barris – cerca de 9,5 por cento das reservas mundiais; cerca de 8 por cento do total das reservas mundiais de gás natural, estimadas em cerca de 15 triliões de metros cúbicos; cerca de 4 por cento do total de reservas mundiais provadas (cerca de 95 por cento dessas reservas encontradas na África Austral; potencial de recursos hídricos para gerar mais de 1.800 TWh/ano de energia eléctrica, potencial de energia geotérmica estimado em mais de 15.000 MW, e um enorme potencial de energia solar e eólica. Devido à sua proximidade com o Equador, África tem igualmente a maior quantidade média mundial de radiação solar a cada ano. O potencial de bioenergia de África é igualmente imenso, sobretudo, tendo em conta os rápidos avanços na pesquisa que levaram as novas culturas energéticas na produção e nas tecnologias lingo-celulósicas de segunda geração ao alcance em menos de uma década. Apesar dos enormes recursos energéticos, o continente enfrenta enormes desafios energéticos, que incluem a baixa capacidade de geração e eficiência, custos elevados, abastecimento de energia instáveis e pouco fiáveis, baixo acesso à energias modernas, insuficientes infra-estruturas de energia e falta de capacidade institucional e técnica para aproveitar os enormes recursos. Em parte devido a dependência nos combustíveis fósseis para a geração de electricidade, a tarifa média de energia eléctrica em África é de cerca de 0,14 $EU por kWh em comparação com 0,04 $EU e 0,07 $EU por kWh na Ásia Oriental, respectivamente. Além disso, uma série de países introduziram unidades contentorizadas móveis a diesel para geração de energia de emergência para lidar com a falta de energia, a um custo de cerca de 0,35 $EU por KWh, com pagamento do aluguer, em muitos casos, a absorver mais de 1 por cento do PIB (CEA 2011). Hoje, a maioria dos países africanos desenvolveram planos e políticas de energia que visam: a obtenção da segurança energética, atingir a transição das fontes tradicionais para as modernas e limpas de energia e garantir o acesso da maioria dos seus cidadãos à electricidade, e aumentar a quota das energias renováveis na produção total de energia. Para os países fortemente dependentes do petróleo, a mudança tecnológica e o rápido desenvolvimento das novas fontes de energia poderá reduzir a importância do petróleo. Documento-Quadro da Agenda 2063 86 A aceleração da transição de África das fontes tradicionais para as fontes modernas de energia e garantir o acesso a energias limpas e acessíveis é um imperativo para o desenvolvimento. Sob os auspícios da União Africana, dezanove países africanos, recentemente, aprovaram o Corredor Africano de Energias Limpas, uma iniciativa que poderia fazer avançar o desenvolvimento de projectos de energias renováveis nos Consórcios de Energia de África Oriental e Austral dos seus actuais 12 por cento para, pelo menos, 40 por cento até 2030. Tecnologia de Informação e Comunicação O sector das TIC está entre os sectores que mais cresce em África. O crescimento em termos de fluxo de informação, comércio nacional e internacional, rede e serviços de telecomunicações, prestação de serviços públicos, desenvolvimento de capacidades humanas e inovação e o reforço das competências são enormes. Apesar de ter começado a partir de uma base baixa, hoje, África tem o potencial de aproveitar tecnologias sofisticadas; e o investimento no sector está a crescer rapidamente. No sector da telefonia móvel, por exemplo, em 2011, África tornou-se o segundo maior mercado de telefonia móvel no mundo, depois da Ásia, com cerca de 620 milhões de ligações móveis. Actualmente, a indústria de telefonia móvel contribui com cerca de 3,5 por cento do PIB de África e emprega mais de 5 milhões de pessoas. O número médio de usuários de Internet em África é de cerca de 12 por 100 pessoas, com uma grande variação entre os países. O aumento do investimento no sector das TIC tem, claramente, uma enorme taxa de retorno e tem o potencial de revolucionar o acesso aos mercados e serviços. 3.2.3 Uma África de Boa Governação, Democracia, Respeito pelos Direitos Humanos, Justiça e Estado de Direito África de 2063 prevista na presente aspiração, é de um continente que tenha passado pelo aprofundamento da cultura de boa governação, dos valores democráticos, da igualdade do género, do respeito pelos direitos humanos, da justiça e do Estado de Direito. Os sistemas políticos dos países africanos evoluíram consideravelmente desde a independência e esta evolução tem sido formada por uma série de realidades e tendências. Dois são aqui consideradas: (i) o movimento no sentido de maior pluralismo político, descentralização e crescimento da sociedade civil, bem como dos direitos humanos, acesso à justiça e ao Estado de Direito; (ii) a evolução do papel do Estado africano no processo de desenvolvimento. Documento-Quadro da Agenda 2063 87 Democracia, Governação, Direitos Humanos e Estado de Direito Governação política, Direitos Humanos e Estado de Direito Ao analisar a evolução da governação e da democracia no continente, é importante notar que a luta pela democracia e pelos direitos humanos na África pós-colonial – a chamada segunda onda de Governação e Democracia em África - Principais Referências e Instrumentos libertação – foi essencialmente desenvolvida internamente e foi Reconhecimento da Carta das Nações Unidas e da Declaração Universal dos Direitos Humanos; impelida e vencida pelos Aprovação pela OUA do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e africanos. As famosas, mas Políticos em 1981; agora quase esquecidas Adopção (1981) e ratificação (1986) da Carta Africana dos Direitos “Conferências Nacionais” em Humanos e dos Povos; muitos países francófonos, Criação da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos em pavimentou o caminho para Banjul, Gâmbia; sistemas multipartidários. De Participação em Fevereiro de 1990, participação da OUA em igual modo, a “chamada exercícios de observação eleitoral nos seus Estados-membros; primavera árabe” começou em Aprovação pela UA em 2002, aprovou a “Declaração sobre os Princípios que Regem Eleições Democráticas em África”, reafirmando solo africano, na Tunísia. os princípios universais de eleições democráticas estipuladas na DUDH; O processo de Adopção em 2005, da Declaração sobre Mudanças Inconstitucionais democratização começou com a de Governo; criação da OUA e tem Adopção da “Carta Africana de Democracia, Eleições e Governação” continuado desde então. No (ACDEG) foi adoptada em Janeiro de 2007 e entrada em vigor em entanto, durante muitos anos Fevereiro de 2012; após as independências na Estabelecimento do Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares década dos anos 1960, África (MAAP), que surgiu como um instrumento importante sobre a foi, com algumas excepções, governação em África, um instrumento criado internamente que caracterizada por deficiências desencadeou o processo de institucionalização de uma cultura de na governação, na forma de responsabilidade, prestação de contas, especialmente a responsabilidade doméstica; e instituições fracas, lideranças irresponsáveis, espaços Estabelecimento dos instrumentos a nível regional que incluem: SADC: Princípios e Directrizes Reguladores de Eleições políticos constritos e processos Democráticas (2004); Fórum Parlamentar sobre as Normas e democráticos não inclusivos. Padrões para as Eleições (2001); Protocolo sobre o Género e Em muitos países africanos, Desenvolvimento (2008); Fórum da Comissão Eleitoral (2001); houve uma falha no CEDEAO: Protocolo sobre Democracia e Boa Governação (2001) desenvolvimento participativo e e seu Protocolo complementar; promoção da democracia, EAC: Princípios para a Observação e Avaliação Eleitoral (2012) e conforme demonstrado pelos Protocolo sobre Boa Governação; golpes militares, estados de CEEAC: Declaração de Brazzaville (2005). partido único, os regimes socialistas marxistas, sistemas autoritários do topo para a base, abusos dos direitos humanos, etc. Entre 1960 e 1990, foi reportado que nem um único partido da oposição chegou ao poder através das urnas, e os partidos do governo “ganharam” todas as eleições. Documento-Quadro da Agenda 2063 88 Contudo, a partir do final da década de 1980, uma confluência de factores externos e internos anunciou notáveis transformações no cenário da governação de África. Não obstante a persistência de uma série de desafios, a maioria dos Estados africanos melhorou consideravelmente a responsabilidade política, a prestação e administração dos serviços públicos; a delegação de poderes para as estruturas de governação local e uma cultura de eleições competitivas Desafios à Governação e Democracia regulares está progressivamente a A qualidade da democracia continua a ser um desafio: A internalização das normas democráticas e a inconsistência estabelecer-se. Desde 2000, África sofreu melhorias significativas na governação política. A democracia de África melhorou significativamente através da realização de eleições livres e justas. O reforço da democracia ajudou os grupos anteriormente marginalizados a desempenharem um papel cada vez maior no processo político50. Por exemplo, a participação da mulher no processo político tem aumentado em vários países. Novos quadros constitucionais, jurídicos e institucionais estão a reforçar o papel da mulher nos processos políticos e eleitorais. Os eleitores jovens são cada vez mais susceptíveis a desempenhar papéis importantes tanto como eleitores como na observação e monitorização de eleições. na sua aplicação. Detenção sem julgamento, prisões arbitrárias, tortura, desaparecimentos forçados e execuções extrajudiciais ainda são, infelizmente generalizada; Acesso à justiça e independência do sistema judicial é uma preocupação generalizada; Há algumas fragilidades generalizadas das instituições, especialmente no campo dos direitos humanos a nível nacional, regional e continental; Os progressos no domínio dos direitos humanos e do Estado de Direito tem bastante espaço para melhorias. Há muitos casos relatados de violações dos direitos humanos, incluindo limitações à liberdade de reunião e de associação, liberdade de expressão, a falta de independência dos tribunais, detenções (longas e sem julgamento), e abuso por parte das pessoas uniformizadas, bem como violência contra mulheres; Embora as eleições sejam essenciais para a construção da democracia, não são as soluções e deve haver uma procura activa de modelos inovadores que garantem a voz e dividendos dos cidadãos na governação; A participação da sociedade civil e as contribuições para a democracia são frequentemente prejudicados pela sua capacidade e recursos, bem como a concorrência, governação interna e representação e legitimidade; A elaboração de políticas e prestação de serviços está comprometida em muitos países devido às débeis instituições públicas e administração a nível central, municipais e local, deixando muitos cidadãos mal servidos pelos seus governos Com a aprovação, em 2005, da Declaração sobre Mudanças Inconstitucionais de Governo (2005), África assistiu, desde então, Progresso nas Eleições a um declínio no número de líderes Embora tenha sido realizada uma média de apenas 28 eleições no continente durante as décadas de 1960-1970, depostos inconstitucionalmente, uma média de 65 eleições foi realizada na década de 1980embora cinco foram forçados a 1990. Entre 2000 e 2005, cerca de 41 eleições foram abandonar o poder desde 2010. Há realizadas no continente; actualmente muitos antigos Chefes Houve 15 eleições presidenciais em 2011 e cinco cada em 2012 e 2013; de Estado em África que, Em 2014-15, cerca de 18 países, que juntos respondem por voluntariamente, deixaram o cargo metade da população do continente, ou mais de 600 milhões depois de terminar os seus irão eleger seus líderes; mandatos constitucionalmente A maioria das eleições são agora livres de violência; 2011, mais de 18 países africanos foram considerados determinados e são cidadãos livres Até democracias em comparação com apenas 4 em 1991. 50 Perspectiva Económica Africana de 2014 Documento-Quadro da Agenda 2063 89 nos seus respectivos países51. Este fenómeno reflecte claramente um amadurecimento da democracia e da governação no continente. O Índice da Fundação Mo Ibrahim de Governação Africana de 2014 mostra que entre 2009 e 2013, a governação global no continente melhorou. Os principais impulsionadores desta tendência geral têm sido a participação e os direitos humanos, bem como o desenvolvimento humano. Tendências positivas são igualmente registadas para o género e direitos, mas os maiores ganhos foram registados na participação política. A nível continental e regional, tem havido progressos notáveis em termos de normas e definição de normas sobre questões cruciais de governação política e democracia. Foi desenvolvido um organismo sólido de normas, padrões e instituições de governação e democracia criados em África. Além disso, há uma crescente consolidação do papel da sociedade civil e dos intervenientes não estatais na governação e desenvolvimento socioeconómico do continente. No entanto, apesar dessas conquistas notáveis, as conquistas são frágeis e vários desafios permanecem. A abordagem desses desafios exige uma liderança política visionária e transformadora combinada com o envolvimento dinâmico dos cidadãos, sendo ambos essenciais para a concretização dos ideais da Agenda 2063 de África. Governação Económica A governação económica tem mostrado progressos constantes ao longo da última década, que tem uma relação directa com a sustentabilidade do desempenho económico dos países africanos52: Na última década, 41 dos 52 países onde há dados disponíveis registaram melhorias na mobilização de recursos internos e administração pública. Há melhorias na transparência orçamental e prestação de contas das instituições públicas através, por exemplo, Comissões Parlamentares competentes em Matéria de Contas Públicas (PAC); Estão a ser feitos progressos modestos no combate à corrupção, no entanto de acordo com a Transparência Internacional, quatro de cinco países africanos estão abaixo da média mundial; Há melhorias significativas no clima de negócios em muitos países africanos. Em 2013, os países com o melhor clima de negócios incluem vários países africanos (Maurícias, Ruanda, Botswana, África do Sul); Estão a ser feitos progressos modestos na abordagem dos fluxos ilícitos de capitas, que não só irá melhorar a mobilização de recursos internos, mas irá reforçar o crescimento inclusivo, criar empregos e sustentar o actual desempenho do crescimento. 51 52 Por exemplo: 3 no Botswana; 6 na Nigéria; 3 em Cabo Verde; etc. Perspectiva Económica Africana de 2014 Documento-Quadro da Agenda 2063 90 Assumem particular importância as iniciativas africanas e internacionais para uma melhor governação no sector de mineração e indústria extractiva. Os recursos naturais de África devem ser geridos de forma eficaz para promover a transparência e combater os fluxos ilícitos e exploração inaceitável de recursos naturais de África. Nesse sentido, os Estados-membros da UA devem ser apoiados no sentido de implementar de forma plena a Visão Africana de Mineração. Resumindo, o continente tem testemunhado melhorias significativas tanto na governação política e económica ao longo das últimas décadas, mas ainda há muitos desafios pendentes. Papel do Estado Africano no Processo de Desenvolvimento A superação dos desafios do subdesenvolvimento tem sido uma prioridade constante pós-independência para os Estados africanos. Como resultado, os Estados africanos têm desempenhado, ao longo dos anos, um papel central no processo de desenvolvimento. Características de um Estado de Desenvolvimento No entanto, os esforços dos Definição de uma visão, liderança capaz e de uma ideologia de desenvolvimento (uma liderança capaz (mas Estado Africanos para promover o não necessariamente autoritária) constitui uma agência desenvolvimento e melhorar o bemprincipal na construção de um Estado de Desenvolvimento; estar do seu povo não têm sido Autonomia do Estado relativa, especialmente na formulação e implementação de políticas (a capacidade do totalmente bem-sucedidos, Estado para formular políticas independentes das forças explicando em parte a situação do sociais rivais, para servir os melhores interesses do país continente como uma das menos segundo a percepção dos gestores do poder do Estado); desenvolvidas do globo. O Capacidade Institucional do Estado, sobretudo uma burocracia forte e competente; envolvimento dos Estados africanos Planificação eficaz do desenvolvimento nacional; no processo de desenvolvimento Coordenação das actividades e recursos económicos variou desde experiências com (coordenação eficaz das actividades económicas inclui a criação de um ambiente macroeconómico própolíticas de industrialização para investimento, supervisão e controlo efectivos das substituição das importações, instituições financeiras, políticas fiscais que oferecem apoiadas pela planificação nacional incentivos para o sector privado, mobilização de recursos internos e um sistema de gestão financeira pública eficaz); de desenvolvimento na década de Apoio a uma classe empresarial nacional – fazer um 1960; através de estratégias esforço consciente para expandir e nutrir a sua introspectivas de auto-suficiência burguesia, uma vez que irá facilitar a industrialização e o crescimento económico liderado pelo sector privado; colectivas lideradas pelo Estado, com a expansão da capacidade humana; incorporadas especialmente no Compromisso Paz, estabilidade política, Estado de Direito e Plano de Acção de Lagos na década previsibilidade nas actividades do governo. de 1980. Estas abordagens atribuíram aos Estados africanos um papel primordial no processo de desenvolvimento, que o viu tentar agir como o criador e executor de quase todos os aspectos dos esforços de desenvolvimento. O resultado final foi que os Estados africanos tornaram-se sobrecarregados e ineficientes. Com o advento dos Programas de Ajustamento Estruturais (PAE), instituídos pelas instituições de Bretton Woods (FMI e Banco Mundial), durante os anos 1980 e 1990, o papel do Estado no processo de desenvolvimento foi seriamente questionado. Contudo, há hoje um consenso de que, sem um Estado eficaz, o desenvolvimento económico e social sustentável é impossível. Este tem sido acompanhado por uma reinvenção gradual Documento-Quadro da Agenda 2063 91 dos Estados africanos, que se tornaram cada vez mais tolerantes ao envolvimento de outros actores nos esforços de desenvolvimento do continente, incluindo a sociedade civil e do sector privado. Cada vez mais o papel dos Estados africanos é visto como consistindo em proporcionar o ambiente propício que permitirá que os vários actores da sociedade desempenhem de forma eficaz os seus respectivos papéis no desenvolvimento das suas políticas; assim, o interesse entre os vários intervenientes sobre a necessidade de incentivar o surgimento de estados de desenvolvimento em África, supervisionado por uma liderança transformadora e visionária, imbuída com a determinação de enfrentar os desafios interligados de democracia e de Medidas para a Consolidação da Paz e Segurança em África desenvolvimento Promover a ratificação e implementação, com base nos mecanismos da UA participativo de África. já existentes através da criação de um mecanismo de monitorização Os países africanos devem diversificar as suas economias de exportadores de matériasprimas para indústrias transformadoras, agregação de valor e industrialização que seja tecnologicamente avançada. Tal transformação requer um papel activo a ser desempenhado pelo Estado, a fim de direccionar recursos e investimentos para os sectores produtivos da economia; as forças do mercado por si só não podem fazer isso. Os Estados africanos deverão adoptar políticas industriais, de fabricação e tecnológicas activas para impulsionar a transformação de África. Um papel de não intervenção para os Estados africanos não permitirá que estas funções sejam cumpridas. 3.2.4 Uma África Documento-Quadro da Agenda 2063 independente e facilitar e apoiar os grupos de reflexão, sociedade civil e outras partes interessadas para avaliar regularmente o estado de ratificação, aplicação a nível local e implementação; Priorizar e aprofundar o apoio para o desenvolvimento de instituições fortes a nível nacional e regional, a fim de combater de forma eficaz as causas de base dos conflitos, como a má governação e as débeis instituições estatais que perpetuam a pobreza, a desigualdade, a marginalização e a exclusão, bem como as questões relacionadas com a legitimidade e o Estado de direito; Desmilitarizar a política a nível nacional através do estabelecimento de mecanismos e processos de supervisão civis eficazes, bem como a profissionalização do estabelecimento de segurança para aprofundar a responsabilização; Reforço da capacidade a todos os níveis para implementar os quadros continentais de governação democrática, paz e segurança (a AGA e APSA), a fim de acelerar os progressos rumos à paz, estabilidade e desenvolvimento sustentável; Garantir uma participação activa de todos os segmentos da sociedade para os esforços voltados para a promoção da paz, segurança e estabilidade não é apenas reservado aos governos e organizações internacionais; Consolidar a base de infra-estruturas nacionais para a paz envolvendo organizações da sociedade civil, figuras e instituições religiosas, mulheres, sector privado e outros actores, incluindo líderes comunitários e religiosos, com vista à promoção da inclusão nos processos de paz; Garantir que a Força Africano em Estado de Alerta (ASF) atinja plena capacidade operacional em 2015, conforme previsto. Enquanto isso, a Capacidade Africana de Resposta Imediata à Situações de Crise (CARIC) deve ser totalmente operacionalizada com maior brevidade possível; Encontrar uma solução duradoura com relação ao financiamento sustentável das operações lideradas pela UA, especialmente aquelas realizadas com o consentimento do Conselho de Segurança da ONU; Reforçar a parceria estratégica entre a União Africana e as Nações Unidas para garantir que ambas as organizações estejam melhor equipadas para lidar com os crescentes desafios da paz e segurança no continente; Reforçar a coordenação entre os mecanismos de prevenção e mediação de conflitos da União, em particular, a relação entre o Painel de Sábios e os Enviados e Representantes Especiais, bem como os recursos humanos, financeiros e materiais disponíveis para esses mecanismos; Manter os esforços para resolver as causas de base dos conflitos e da violência, incluindo as relativas à erradicação da pobreza e promoção da igualdade de oportunidades nas sociedades africanas; Encontrar abordagens inovadoras que tratem da relação entre segurança e desenvolvimento, priorizar o Estado de Direito, a boa governação e a promoção dos direitos humanos; Criar sinergias e proporcionar um quadro mais integrado de edificação e manutenção da paz. 92 pacífica e segura Nos termos dessa aspiração, prevê-se que África emerja como um continente livre de conflitos com harmonia entre as comunidades a nível das bases e eliminadas as guerras entre estados e dentro dos estados e criados mecanismos para prevenir e resolver conflitos. A diversidade (étnica, religiosa, económica, cultural, etc.) será uma fonte de riqueza e crescimento económico acelerado ao invés de uma fonte de conflito. A importância de garantir a paz, segurança e estabilidade do continente foi reconhecida pela OUA desde o seu surgimento. Criou a Comissão de Mediação, Conciliação e Arbitragem, bem como a Comissão de Defesa e, posteriormente, o Órgão Central e o seu Mecanismo de Prevenção, Gestão e Resolução de Conflitos. Assim, a paz e segurança têm estado no centro das preocupações da liderança de África desde o início. Durante muitas décadas, os défices na governação, na forma de instituições débeis, lideranças irresponsáveis, espaços políticos constritos e processos democráticos não inclusivos foram as características que definiram muitos Estados africanos. Estes, em conjunto com outros factores endógenos, como a etnia, combinada com os factores exógenos, particularmente a Guerra Fria, tornaram o cenário da paz e segurança de África particularmente volátil. O continente foi teatro de numerosos conflitos interestatais, que só foram ultrapassadas, tanto em frequência como em intensidade pelos conflitos intraestatais após o fim da Guerra Fria. Muitos dos conflitos armados nas primeiras décadas após as independências foram alimentados por interesses externos e tinham as suas raízes em factores económicos. Por exemplo as áreas ricas em mineral foram incentivadas a separar-se, com o apoio de forças externas para facilitar o seu acesso fácil aos recursos (por exemplo, Shaba na RDC na década de 1960)53. Esses conflitos deixaram para trás um legado de Estados fracassados e ingovernáveis, insegurança e falta de desenvolvimento, cujos efeitos ainda se fazem sentir actualmente. Um efeito deplorável dos conflitos e insegurança em África é o deslocamento forçado de milhões de pessoas, em particular mulheres e crianças, juntamente com a utilização da violência sexual como arma de guerra e o fenómeno de crianças soldados. Esses deslocamentos antecedem o período colonial e continuam até a actualidade. Actualmente, existem cerca de 3,4 milhões de refugiados e 5,4 milhões de deslocados internos, e isso combinado com Principais Ameaças à Paz e Segurança em África os apátridas eleva o número A propensão para recorrer ao uso da violência ou a resolução de total de deslocados forçados contestações sobre diferenças reais ou aparentes ou sobre a distribuição de recursos dentro das comunidades; para 11 milhões em África em Instituições de governação democrática ineficazes credíveis e legítimas para 2014. a prevenção de conflitos violentos; como o Estado de Direito, o acesso Os conflitos em África levaram igualmente ao desvio de recursos dos principais imperativos de desenvolvimento. Por exemplo, em alguns países, houve 53 democrático ao poder e distribuição efectiva da riqueza; Novas práticas e formas de confrontação e mobilização por parte dos cidadãos e da juventude que atravessam as fronteiras historicamente estabelecidas e tornam as respostas a nível nacional ineficazes; Diferenças culturais, políticas, sociais e económicas entre a minoria no centro e a maioria da população – rural ou urbana e intergeracional; Facilidade de negociação, aquisição e circulação de armas; Falha em acomodar várias identidades comunitárias, especialmente a nível local, especialmente em áreas frágeis e afectadas por conflitos; Capacidade limitada do Estado que levam à corrupção, falta de prestação de contas e impunidade, o que restringe a prestação de serviços. Egide. R (2005) Migração Forçada em África: Um Desafio ao Desenvolvimento Documento-Quadro da Agenda 2063 93 períodos prolongados de conflitos que duraram mais de 20 anos (Angola, Moçambique, Sudão), durante o qual uma grande proporção dos recursos do país foram direccionados para os esforços de guerra. As organizações regionais e sub-regionais africanas, a OUA/UA e as Comunidades Económicas Regionais (CER), dedicaram grande parte dos seus esforços nas questões de paz e segurança em detrimento da prossecução dos seus mandatos primários de acelerar a integração e o desenvolvimento económico do continente. De igual modo, a agenda de engajamento de África com o resto do mundo foi geralmente dominada por apelos à comunidade internacional para garantir o custo do conflitos no continente, bem como a pressionar as suas lideranças no sentido de ter uma boa governação. Durante a última década, no entanto, houve igualmente um notável declínio geral no número de conflitos no continente, apesar do carácter difícil de vários conflitos antigos e o surgimento de novos, em locais como o Sudão do Sul, República Centro-Africana e Leste da República Democrática do Congo. Essas mudanças positivas foram apoiadas pelo crescimento económico sustentado numa série de países, pelas tendências crescentes para a democracia eleitoral em oposição às mudanças inconstitucionais de governos, e pelos progressos no combate à corrupção em muitos países. Igualmente significativa, embora África continue a solicitar o apoio da comunidade internacional na gestão dos seus conflitos, na última década e meia, o continente, através da União Africana, implementou com sucesso uma Arquitectura de Paz e Segurança (APSA) aperfeiçoada, destinada a abordar toda a gama de desafios de paz e segurança em África, desde a prevenção, por meio da gestão de conflitos à reconstrução e desenvolvimento pós-conflito. A APSA complementa a Arquitectura Africano de Governação (AGA) e, juntas, são uma grande promessa no enraizamento de estados africanos bem governados, seguros e pacíficos, o que facilitaria o surgimento de África prevista na Agenda 2063. No entanto, apesar dessas conquistas significativas, o continente ainda enfrenta enormes desafios, evidenciados particularmente pelos recentes aumentos de conflito desde 2010, bem como pela violência e protestos civis com o potencial de degenerar em guerras civis54. A incompatibilidade de posições, a concorrência aos recursos escassos, as características comportamentais e os objectivos mutuamente opostos são alguns dos factores que conduzem a conflitos. Assim, a necessidade de se criar mecanismos de resolução de conflitos, inversão de conflitos e minimização das ameaças de conflitos, bem como mecanismos alternativos de resolução de litígios para os conflitos intra/inter e transfronteiriços. Há igualmente crescentes ameaças colocadas pelos crimes transnacionais emergentes como o terrorismo e extremismo violento, tráfico de drogas, pirataria, proliferação de armas ilícitas, tráfico e contrabando de seres humanos e branqueamento de capitais. Outras ameaças incluem: o aumento da urbanização, exclusão social e desemprego; conflitos sobre recursos transfronteiriças (por exemplo, água, petróleo e gás, minerais); bem como o impacto das alterações climáticas e outros factores (por exemplo, o crescimento populacional) na provocação de novos conflitos sobre recursos. 54 O 3º Diálogo de Alto Nível sobre Democracia, Direitos Humanos e Governação em África, realizado em Dacar, Senegal (30-31 de Outubro de 2014) Documento-Quadro da Agenda 2063 94 Os Instrumentos da UA e as decisões relativas à paz, segurança e governação proporcionam um quadro sólido para abordar os actuais desafios para a paz e segurança. No entanto, há uma séria falta de uma cultura de implementação desses instrumentos e decisões. Nesse sentido, há necessidade crucial de uma implementação escrupulosa e sistemática dos instrumentos e decisões adoptadas pela UA e pelos órgãos deliberativos das CER55. A organização, em resposta ao problema persistente de deslocados forçados, desenvolveu instrumentos de referência, tais como: (i) a Convenção da OUA que regula os Aspectos Específicos dos Problemas dos Refugiados em África de 1969; e (ii) a Convenção da UA para a Protecção e Assistência às Pessoas Deslocadas Internamente em África de 2009, considerados os primeiros instrumentos jurídicos desse tipo. No entanto, os problemas de deslocamento forçado, incluindo muitas situações prolongadas de refugiados continuam a afligir muitas partes do continente e são necessárias medidas urgentes para atacar a causa de base, bem como encontrar soluções duradouras para as pessoas afectadas. Nunca é demais enfatizar a importância da boa governação e democracia funcional na prevenção e gestão de conflitos de forma eficaz. A maioria dos conflitos em África ocorreu devido a deficiências na garantia de sistemas de governação responsáveis, transparentes e inclusivos, bem como esforços inadequados para a abordagem dos desafios da pobreza e da desigualdade. É claro que o combate à pobreza e défices de governação irá reduzir, em grande medida, os conflitos e fortalecer a paz e a segurança das pessoas, comunidades e nações e contribuir de forma significativa para a transformação socioeconómica do continente, prevista no âmbito da Agenda 2063. 3.2 5 Uma África com uma forte identidade cultural, património comum, valores e ética A Agenda 2063 reafirma África como berço da civilização humana e a identidade cultural, valores e ética africanos como factores essencial para o ressurgimento de África no cenário global. Prevê que, até 2063, os frutos dos valores e ideais do Panafricanismo se manifestem em toda parte. A cultura irá florescer, haverá uma forte ética de trabalho com base no mérito e os valores tradicionais africanos da família, da comunidade e da coesão social serão firmemente enraizados. A cultura é um factor fundamental para a definição e entendimento da condição humana. 55 Ameaças à Cultura, Património & Valores O domínio cultural durante o tráfico de escravos e era colonial levou à despersonalização por parte dos povos africanos, falsificou a sua história, desacreditou e combateu sistematicamente os valores africanos e tentou substituir progressivamente e oficialmente as suas línguas pela do colonizador. Trabalhos realizados por grandes estudiosos e escritores africanos têm contribuído muito para voltar a analisar e restaurar o lugar distorcido e obscurecido de África na história do mundo; As forças que estão a acelerar a integração de África numa cultura global ocidental – comunicação social, música, arte – com uma parte fundamental a ser desempenhada pelos sistemas de ensino. Embora essas possam ser fontes que podem enriquecer o património cultural africano, podem igualmente ser uma fonte de erosão e, finalmente, podem suplantar e substituir valores e ética africanos; Património Cultural: apesar do seu rico património cultural, África está mal representada na lista do património cultural mundial protegido. Esta situação pode apressar a erosão desses locais e sua eventual perda não só para África, mas para o mundo inteiro; Idiomas: o idioma está no centro da cultura de um povo e a aceleração da transformação socioeconómica de África é impossível sem o aproveitamento de uma maneira prática das línguas tradicionais africanas. A principal ameaça à cultura e património africano é o sistema de ensino que marginaliza as línguas africanas; e A má gestão da diversidade de África – étnica, religiosa, cultural – tem sido geralmente uma fonte de conflito, com um custo considerável para o progresso e harmonia do continente. Extremas expressões desse fenómeno foram recentemente manifestadas com o aumento do extremismo religioso que tem igualmente alimentado muita violência e sublevação social – Boko Haram no norte da Nigéria, o LRA no Uganda. Conferências de Alto Nível e Retiros sobre Governação e Paz e Segurança Documento-Quadro da Agenda 2063 95 A cultura afecta a forma como as pessoas pensam e agem. Pode ser considerada como a forma como os seres humanos e as sociedades atribuem significado ao mundo que os rodeia e definem o seu lugar nesse mundo. Manifesta-se de muitas maneiras, incluindo línguas e palavras; ideias e ideologias; costumes e tradições; crenças e religiões; rituais e cerimónias; padrões de assentamento; arte e música; arquitetura e mobiliário; roupas e moda; jogos; imagens – em suma, tudo o que é simbólico ou representativo dos valores, normas, percepções e interesses das pessoas. A cultura desempenha um papel fundamental no processo de desenvolvimento. A Conferência Mundial sobre Políticas Culturais, realizada na Cidade do México, em 1982, e a posterior Declaração da Década da Cultura da ONU (1988-1997) contribuíram bastante para a consciencialização global sobre a centralidade da cultura no processo de desenvolvimento. As actividades culturais podem contribuir para o progresso social e económico através da geração de emprego e criação de recursos valiosos de valor comercial e económico. A cultura é igualmente um instrumento de coesão social. O Relatório da Economia Criativa da ONU de 2013 reconhece "a importância da cultura e da diversidade cultural para o desenvolvimento sustentável" e argumenta que "os investimentos em identidade, inovação e criatividade podem ajudar a construir novas vias de desenvolvimento ... [que] ... quando alimentadas [podem] resultar em desenvolvimento social inclusivo, desenvolvimento económico inclusivo, sustentabilidade ambiental, paz e segurança56”. A economia criativa é um dos principais contribuintes para o crescimento económico e o comércio global. Segundo o Relatório da Economia Criativa de 2013, o comércio mundial de bens e serviços criativos totalizaram um recorde de 624 biliões de dólares em 2011. Entre 2002 e 2011, a taxa de crescimento anual média global da economia criativa foi de 8,8 por cento. A contribuição da cultura para o desenvolvimento de África ainda está bem abaixo do seu potencial, embora existam áreas de progresso. A indústria criativa está a começar a ser reconhecida em África de hoje: por exemplo, estima-se que a Nollywood da Nigéria que ganha entre 200 a 300 milhões de dólares por ano, é o segundo maior empregador após a agricultura e a segunda maior indústria de cinema do mundo. Os estilistas africanos estão a aproveitar o rico património cultural do continente, misturando-o com as tendências modernas para adquirir o sucesso em casa e no exterior. Devido a isso a indústria da moda e vestuário está a provar de ser um sector dinâmico, particularmente nas empresas de pequena escala. As tendências semelhantes são igualmente evidentes no couro, sapatos, missangas e outras especiarias Africanas da moda. O rápido crescimento na música, TV e Cinema, moda e estilo de vida reflectem a crescente confiança na identidade Africana, especialmente entre os jovens de África. A literatura e arte africana são de importância crescente devido ao aumento da classe média e de novos mercados de arte de África que estão a ser estabelecidos em 56 Citado na “Nota de Conceito: Centro Criativo de Reimaginação de África (ARCH). Capítulo de Desenvolvimento de Identidade, Património, Artes e Cultura da Agenda 2063 (2014). Documento-Quadro da Agenda 2063 96 Nairobi no Quénia, África do Sul e Nigéria. As estimativas do mercado interno de artes africanas não são facilmente disponíveis, mas têm um enorme potencial de crescimento nas próximas décadas. Um fenómeno de crescimento é o crescimento da literatura escrita chamada de línguas de "Casa" ou de "regionais nacionais" estabelecidas por escritores africanos iniciais. As línguas veiculares transfronteiriças são instrumentos poderosos que podem ser utilizados para promover o desenvolvimento e a integração de África e facilitar a circulação de pessoas e bens. De facto, essas línguas não respeitam as fronteiras artificiais coloniais. Na África Ocidental, por exemplo, alguém que fale o Mandinka pode comunicar e circular livremente na maioria dos Estados-membros da CEDEAO; alguém que fale o Fulfulde está livre de qualquer barreira linguística partindo de África Ocidental à Oriental. Um falante do Kiswahili pode circular livremente na África Central e Oriental. Levando tudo isso em consideração, a Academia Africana de Línguas (ACALAN), que é a agência oficial de línguas da União Africana, tem estado a trabalhar em colaboração com os Estadosmembros no desenvolvimento das Línguas Transfronteiriças para que não sejam apenas utilizadas em todos os domínios da sociedade em parceria com as antigas línguas coloniais, mas também que dêem uma contribuição significativa para a implementação da Agenda 2063 de África. A diversidade cultural africana contribui para a expressão das identidades nacionais e regionais e mais amplamente para a promoção do Pan-africanismo e construção de sociedades inclusivas. A promoção dos valores e práticas culturais é conhecida pela sua capacidade e potencial na edificação da paz e na resolução de conflitos. A cultura tem o poder de transformar as sociedades, fortalecer as comunidades e fomentar um sentimento de identidade e de pertença. Particular importância a este respeito é a juventude que pode ser uma ponte entre a tradição e a modernidade. Os jovens têm uma enorme sede de informação, são hábeis na utilização das TIC, o que lhes permite transcender as fronteiras nacionais e, portanto, podem ser agentes potentes para a mudança social. No entanto, o trabalho deve ser feito para alimentar um sentimento de orgulho e de compreensão da rica orgulhosa de África entre os jovens. Investir na indústria criativa pode abrir vastas possibilidades para os jovens, e, ao mesmo tempo, proporcionar um canal para a transmissão de valores Africanos, património e cultura para os jovens. Irá igualmente construir a compreensão, o respeito pela diversidade cultural e gerar uma cultura de paz e progresso no continente. A religião desempenha um papel central na vida cultural das sociedades africanas e os grupos religiosos constituem uma importante componente da sociedade Africana. Isto é evidente na visão popular de que a África e o Instrumentos da Política da UA sobre a Herança Cultural seu povo é um continente religioso, bem Campanha para o Renascimento Cultural como na época em que isso não é evidente Africano em muitas outras sociedades. A religião e as Plano de Acção de Línguas para África (1986) expressões religiosas desempenham um Plano de Acção da União Africana sobre as papel profundo na edificação da identidade Indústrias Criativas e Culturais Africana, na construção social e na Restabelecimento do Desenvolvimento da interacção. Enciclopédia Africana Documento-Quadro da Agenda 2063 97 No entanto, a cultura, o património e os valores de África estão sob ameaça de várias forças, incluindo o extremismo religioso. Apesar de todas as ameaças ao património cultural de África, os valores o povo africano continuam numa base sólida, tanto no continente assim como na diáspora. O renascimento africano e a autoconfiança é fundamental para o progresso do continente. Há agora uma forte realização do imperativo de aproveitar a herança cultural de África para a transformação socioeconómica, acabar com conflitos do continente e promover a governação e democratização. Todas as culturas africanas reconhecem e premiam as virtudes associadas com o trabalho duro, a indústria e economia, bem como os que elogiam as virtudes de cuidar de parentes e amigos, e os menos afortunados. No entanto, é importante reconhecer que em muitas sociedades africanas, estas virtudes positivas existem paralelamente com as diversas práticas sociais prejudiciais. Isto é particularmente evidente em práticas que limitam ou restringem os direitos das mulheres à herança, acesso à terra e outros recursos produtivos, práticas sociais, tais como a mutilação genital feminina e a casamentos prematuros. Assim, enquanto a cultura, herança, valores e ética Africana constituem uma fonte de força e motivo de comemoração, certas práticas sociais prejudiciais precisam de ser distanciadas na marcha em prol duma África que queremos até 2063. 3.2.6 Uma África cujo desenvolvimento é impulsionado por Pessoas, confiando em especial no potencial da Mulher e da Juventude A Agenda 2063 prevê sob esta aspiração, um continente que tem uma participação, oportunidades e acesso igual para todos os segmentos da população do continente para os resultados do desenvolvimento e discurso político e social, independentemente do sexo, filiação política, religião, afiliação étnica, localidade, idade ou outros factores. Igualdade de Género e Empoderamento das Mulheres A África fez avanços significativos na redução das desigualdades de género: Participação política: com uma média de 21 por cento de mulheres nos parlamentos nacionais, a África é a única região a duplicar a participação política das suas mulheres numa década – em 64 por cento, Ruanda, é o país com a maior percentagem de mulheres parlamentares no mundo. Educação: o número de raparigas fora da escola caiu significativamente de 24 milhões em 2000 para 9 milhões em 2013. Além disso, quase metade dos países africanos alcançaram a paridade de género em matrículas na escola primária em 2012. No entanto, esses ganhos ainda não contribuíram plenamente na redução das desigualdades entre homens e mulheres, especialmente no que diz respeito ao acesso e controle dos recursos económicos, bem como em termos de participação no mercado de trabalho ou nos direitos reprodutivos (mortalidade materna e fertilidade). As mulheres constituem ainda a maioria no tocante à detenção de empregos vulneráveis (ou seja, baixos salários e condições de trabalho); A OIT classificou 84 por cento de postos de Documento-Quadro da Agenda 2063 98 trabalho ocupados por mulheres em 2012 como vulneráveis, em comparação com 70,6 por cento para os homens. Os progressos realizados pelo continente em termos de representação das mulheres no parlamento ficam reduzidos pelo facto de que em muitos países africanos, as mulheres constituem geralmente uma minoria em algumas comissões parlamentares fundamentais incumbidas de elaborar os projectos de lei que mais tarde será adoptado como lei. A desigualdade entre géneros é uma das mais importantes causas estruturais do desempenho de África em relação aos ODM, da redução da pobreza. Um melhor acesso à educação para as mulheres, especialmente o ensino pós-secundário contribui para a melhoria das condições de vida do agregado familiar e do desenvolvimento humano. Nos países africanos em geral com baixa desigualdade de género têm taxas de escolarização mais elevadas de mulheres no ensino superior do que nos países com maior desigualdade de género. No entanto, mesmo assim, o ingresso de mulheres é baixo nas ciências, tecnologias, engenharia e matemática. No geral, os papéis subsidiários da mulher na sociedade continuam a ser um obstáculo fundamental para o desenvolvimento e transformação socioeconómica. A perpetuação do monopólio do poder pelas elites políticas do sexo masculino, a falta de vontade política, os desafios socioeconómicos, o não reconhecimento dos cuidados e trabalho domésticos não remunerados, bem como as tradições e crenças patriarcais continuam a limitar o envolvimento formal e significativo das mulheres nos processos de governação, de paz e segurança e no desenvolvimento. O continente não pode atingir os seus objectivos ambiciosos no âmbito da Agenda 2063, uma vez que isto limita um segmento dinâmico da sua sociedade, o que as mulheres representam, de realizar o seu pleno potencial. Acredita-se que o investimento nas mulheres e nas raparigas e a sua integração no mercado do trabalho, paralelamente ao atraso do casamento e da procriação, bem como ao acesso alargado para o ensino a raparigas, planeamento familiar e direitos de saúde reprodutiva e sexual, seja a força motriz para os sucessos económicos dos “tigres asiáticos”. Além disso, é necessário introduzir mecanismos como o Índice Africano de Desenvolvimento dos Géneros ou índices semelhantes para assegurar um controlo adequado e acompanhamento dos progressos em relação à igualdade entre os géneros. Envolvimento e Empoderamento de Jovens O continente africano tem uma população muito jovem. Em 2010, havia 364 milhões de habitantes no continente com idades entre 15-34 anos, e 209 milhões com as idades compreendidas entre os 15 a 24 anos. Estes representavam 35,6 por cento e 20,2 por cento do total da população Africana, respectivamente. Portanto, África está a ter um aumento de jovens, definido como Documento-Quadro da Agenda 2063 Iniciativas Continentais para Endereçar as questões de Jovens A Segunda Década da Educação da UA (2006 – 2015) Plano de Dez anos para o desenvolvimento e empoderamento da Juventude da UA (2009-2018) Programa de Corpo de Voluntários da Juventude da UA Participação na tomada de decisão (Parlamento da Juventude Africana, Parlamento da União da Juventude do Rio Mano, Fóruns da Juventude, representação na Cimeira da UA, Conferência de Ministros e de consultas dos peritos 99 um grupo extraordinariamente grande de jovens em relação à população adulta. Os jovens do continente contudo enfrentam muitos desafios: Educação: O acesso inadequado especialmente nos níveis secundário e terciário Emprego: As estimativas indicam que o desemprego dos jovens anda na casa de menos de 5 por cento para o Malawi e Ruanda, acima de 20 por cento em Gana, Zâmbia e Zimbabwe e mais de 30 por cento nas Maurícias, Botswana, Lesotho, Namíbia, Suazilândia, Argélia e África do Sul57. Saúde: Os jovens são os mais afectados pelas três principais doenças HIV/SIDA, Malária e Tuberculose. Os desafios emergentes do alcoolismo e drogas ilícitas induziram à casos registados de jovens com transtornos mentais, deficiências e acidentes, entre outros. Pobreza: A pobreza entre jovens é muito alta, estima-se que 71 por cento de jovens vive abaixo de 2 $EU por dia. Violência e Conflito: O aumento de jovens apresenta inúmeras razões para preocupação dado as indicações duma forte correlação entre os países propensos a conflitos civis e aqueles com a crescente população jovem. Existem várias iniciativas regionais e continentais destinadas a dar resposta a questões de juventude e estes poderiam ser ampliadas e melhoradas. O "dividendo demográfico" - o resultado dum aumento no tamanho da força de trabalho e uma redução de rácios de dependência, pode contribuir para o crescimento económico urbano induzido e no aumento da poupança nacional para o desenvolvimento. Colher o dividendo demográfico oferece uma oportunidade para a África desenvolver as habilidades dos jovens em ciência, tecnologia e inovação para a competitividade global. Situação da criança em África A juventude africana, em especial as crianças são a base da Agenda 2063. No entanto, apesar da existência de legislações e políticas adoptadas para proteger as crianças, os direitos de milhares de crianças estão a ser violados. Em muitas partes de África, os direitos da criança enfrentam enormes obstáculos: 57 Estudos recentes mostram que globalmente, cerca de 250 milhões de crianças trabalham no mundo. Mais de 150 milhões dessas crianças, incluindo as de África, trabalham em condições perigosas. Estas crianças são exploradas em plantações, minas, ou tornam-se trabalhadores domésticos. A cada minuto, oito crianças menores de cinco anos morrem na África subsaariana e a cada 30 segundos uma criança morre de malária. A maioria dos países africanos têm taxas de mortalidade de menores de cinco acima de 100 por 1000 nascidos vivos. Dois terços das mortes de menores de cinco são devido a causas evitáveis, principalmente, pneumonia, malária, Visão Global Regional: Jovens em África, ONU 2011 Documento-Quadro da Agenda 2063 100 doenças diarreicas, sarampo e VIH/SIDA a maioria dos quais são complicados pela desnutrição. Além disso, a subnutrição, segundo a OMS, é directa ou indirectamente responsável por 3,5 milhões de mortes de crianças todos os anos; A África Subsaariana tem uma das maiores prevalências de baixo peso ao nascer variando de 7-42 por cento. A taxa de aleitamento materno exclusivo é baixo e os alimentos complementares são insuficientes e inadequadas; A falta de acesso à água potável e saneamento em África mata crianças a uma taxa equivalente a um Iniciativas Prioritárias – Uma África Apta despenho de um jato-jumbo a cada para Crianças quatro horas; Muitas crianças ainda são Uma África livre de trabalho infantil e tráfico. saudáveis e bem nutridas em incapazes de ter acesso ou Crianças África beneficiar-se de uma educação de Educação Amiga de Criança, obrigatória e gratuita para todos forma significativa. 33 milhões de Uma África livre de violência contra a crianças em idade escolar criança primária em África Subsaariana Crianças livre dos impactos dos conflitos não vão à escola e 18 milhões armados A participação da criança tornar se uma dessas crianças são raparigas. realidade As crianças são submetidas a Uma África inclusiva diversas formas de violência, Registo de Nascimento para todas as crianças muitas vezes perpetradas por membros da família, professores e da polícia; As crianças são seriamente afectadas durante os conflitos armados. Elas são recrutadas, sequestradas e abusadas sexualmente durante o conflito. Além disso, muitas crianças são vítimas de deslocamento forçado decorrentes de conflitos; Muitas crianças são submetidas a casamentos prematuros e à mutilação genital feminina. África tem a maior incidência de casamentos prematuros e a maior prevalência de casamentos prematuros estão concentrados na África Ocidental e Subsaariana. Estudos recentes mostram que uma em cada três meninas casam-se antes de atingirem 18 anos. A Mutilação Genital Feminina tem alta taxa de prevalência em 28 países de África. No geral, os papéis subsidiários da mulher na sociedade continuam a ser um obstáculo fundamental para o desenvolvimento e transformação socioeconómica; Cerca de quarenta por cento da população africana é constituída por pessoas portadoras de deficiência, incluindo 10-15 por cento das crianças em idade escolar. No entanto, a matrícula escolar para os deficientes é estimado em não mais de 5-10 por cento; e Em muitas partes de África, as crianças são negadas o seu direito à participação e à liberdade de expressão devido a normas culturais. Documento-Quadro da Agenda 2063 101 África deve urgentemente aumentar o investimento nos seus jovens, especialmente nas crianças, uma vez que a mais alta taxa de retorno de África passa pela concretização do investimento na nova geração. UA – LUGAR DE ÁFRICA NO MUNDO Continuar com a luta global contra todas as formas de racismo e discriminação, xenofobia e as intolerâncias relacionadas; Agir em solidariedade com os países e povos oprimidos; Avançar com a cooperação internacional que promove e defende os interesses de África que seja mutuamente benéfico e alinhada com a nossa visão Pan Africanista; Continuar a falar numa só voz e agir colectivamente para promover os nossos interesses e posições comuns na arena internacional; Reiterar o nosso compromisso para o papel activo de África no processo de globalização e nos fóruns internacionais incluindo nas instituições Económicas e Financeiras; Advogar para a nossa posição comum para as reformas das Nações Unidas (ONU) e para outras instituições globais com particular referência para o Conselho de Segurança da ONU, por forma a corrigir injustiça histórica com a África como a única região sem acento permanente 3.2.7 África como um parceiro forte, unido, resistente e influente parceiro global Sob essa aspiração, a África irá emergir como um actor global forte, resistente, influente e parceiro com um papel maior nos assuntos mundiais A Conferência da União, na sua 21ª Sessão Ordinária de 26 a 27 de Maio de 2013 declarou o seguinte sobre o lugar de África no Mundial: "O nosso esforço para a África tomar o seu lugar direito na política, segurança, nos sistemas económicos e sociais de governação global em prol da realização do seu Renascimento e estabelecer a África como um continente líder." Esta secção examina a situação de África de hoje no contexto global em relação aos quatro parâmetros-chave, a saber: a governação global; bens comuns globais; parcerias; e financiamento do desenvolvimento. Governação Global A governação global tem uma grande importância para África uma vez que as decisões tomadas nas instituições e fóruns mundiais têm um impacto directo no bem-estar de africanos e do seu continente. No entanto, a África até agora tem sido um actor marginal na governação das instituições mundiais. Isto é, particularmente, verdade no que diz respeito à paz e à segurança internacional, economia, ambiente e questões comerciais, bem como outras áreas. Paz e Segurança Internacional: continuará para a África uma prioridadechave para o futuro previsível. Em particular, as decisões do Conselho de Segurança das Nações Unidas têm consequências directas sobre a paz e segurança no continente. Por exemplo, mais da metade das resoluções aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2011 foram direccionados para a África. No entanto, o continente não está entre os Membros Permanentes, e os membros africanos do Conselho não têm poder de veto. Para África, a reforma do CSNU constitui portanto uma prioridade urgente. Documento-Quadro da Agenda 2063 102 Governação económica mundial: as instituições de Bretton Woods têm um impacto enorme sobre os assuntos económicos de quase todos os países africanos. No entanto, apesar de alguns progressos a representação de África na governação das instituições de Bretton Woods, não corresponde, nem reflecte a importância do continente. As negociações de comércio mundial: enquanto a UE é representada por 27 países europeus na negociação do comércio mundial, a União Africana não é membro da OMC. Isso enfraquece a posição colectiva de África nas negociações da OMC, e isto deve ser corrigido. Há muitas outras áreas onde é necessária a reforma da governação mundial; No geral, os países africanos continuam a insistir no facto de que existe um sério impasse entre os desafios mundiais e os sistemas de governação mundial em prática para endereçá-los. Património comum mundial INICIATIVAS ESPACIAIS AFRICANAS Gestão de Recursos Africanos (ARM) Constelação de Satélite Organização Regional de Comunicação via Satélite Africano (RASCOM) Programa de Rede Africana de Referência Geodésica (AFREF)) Os património comum mundial refere-se aos domínios de recursos ou áreas que se encontram fora do alcance político de todo o estado de uma nação e incluem 58 o alto-mar, a atmosfera, Antárctica e o espaço exterior . Estes são considerados como património comum da humanidade e o avanço da ciência tornou o acesso e a exploração dos recursos do património mundial muito mais fácil. O domínio crítico é o espaço exterior, que tem uma enorme importância económica, de segurança e social para África. A economia mundial está a mudar para uma base de conhecimento, e o espaço exterior é um dos seus domínios críticos. O mercado de produtos baseados no espaço é estimado em cerca de 300 mil milhões $EU anualmente. Embora África tenha menos de um por cento dos satélites em órbita, o continente tem uma das mais elevadas exigências de produtos e serviços espaciais. Existem mais de 1000 satélites a funcionar em órbita na terra; cerca de 45 por cento são dos EUA e menos de 1 por cento de África. Assim, a capacidade espacial Africana é seriamente limitada59. A economia de África é cada vez mais dependente do espaço. Os produtos baseados no espaço incluem: tecnologia de comunicação (voz e dados/imagens); defesa/militar; transacções económicas - financeiras (sistemas bancários electrónico (ebanking), etc.); navegação por GNSS; e utilização de tecnologias espaciais para fins de gestão de calamidades e alterações climáticas; saúde. No entanto, a capacidade do espaço está a melhorar gradualmente em África. Alguns países criaram instituições estratégicas fundamentais, tais como Agências Espaciais Nacionais para gerir o seu programa espacial. Os países emergentes, a este respeito são: Argélia, Nigéria, África do Sul, Egipto, Marrocos, Seychelles, Quénia, Gana e Etiópia. Muitos países estão igualmente a participar numa variedade de iniciativas de 58 59 UNEP Mohammed. S (2012) As Consequências da Instabilidade do Espaço: Impactos sobre os Utilizadores Finais em África Documento-Quadro da Agenda 2063 103 tecnologia espaciais notáveis. Há igualmente um número de organizações no continente envolvido nas tecnologias espaciais e nas suas aplicações terrestres. Isso está a contribuir para a criação de capacidades de África na exploração do espaço, nos programas das constelações, nos sistemas de observação da Terra, navegação e posicionamento, comunicação via satélite e educação. O espaço exterior apresenta uma oportunidade para os Estados-membro da UA cooperarem e partilharem as infra-estruturas de suporte e de dados e gerirem colectivamente os programas de interesse mútuo, tais como os surtos de doenças; recursos naturais e do meio ambiente; riscos e calamidades; previsão do tempo (meteorologia); mitigação das alterações climáticas e adaptação; áreas marinhas e costeiras, agricultura e segurança alimentar; missões de manutenção da paz e a prevenção e gestão de conflitos. Embora as tecnologias espaciais ofereçam oportunidades únicas para o continente enfrentar colectivamente os problemas de desenvolvimento socioeconómico, muitas vezes são complexas, dispendiosas com um risco financeiro elevado. Além disso, a dimensão geográfica e/ou da população são muitas vezes factores decisivos para a implementação eficaz e eficiente de algumas aplicações espaciais. Uma abordagem comum continental que, de uma forma mais coordenada e sistemática, permite a partilha de custos, experiência e infra-estrutura capacitada (incluindo dados); a redução dos riscos e gestão colectiva dos programas estratégicos, é importante. Neste sentido, os órgãos de política da UA, as Conferências Ministeriais Sectoriais e o Conselho Executivo apelaram a Comissão a desenvolver uma política espacial comum e estratégia como um quadro continental para promover a agenda espacial civil Africana para o desenvolvimento socioeconómico. A Comissão, através de um Grupo de Trabalho com base nos Estados-membros da UA está actualmente a finalizar o projecto de documento de política espacial e estratégia que traça metas ambiciosas de alto nível para mobilizar o continente a desenvolver as instituições e capacidades no sentido de aproveitar as tecnologias espaciais para os benefícios socioeconómicos necessários para melhorar a qualidade de vida e criar riqueza para os Africanos. O desenvolvimento do capital humano indispensável para sustentar o programa espacial de África continua a ser uma lacuna crítica. A Comissão por meio do Programa da Universidade Pan-Africana, designou a região de África Austral para acolher o Instituto de espaço para resolver esta questão. O instituto vai capitalizar sobre as realizações das melhores universidades do continente e através da criação de campus regional de conhecimento de satélites em torno da área temática espacial. É de importância urgente para os países africanos no contexto da Agenda 2063 edificarem sobre estas iniciativas em curso e reforçar a sua capacidade em ciência e tecnologias espaciais para a transformação do continente. A África precisa de desenvolver as suas capacidades tecnológicas para explorar o espaço exterior e para defender os seus interesses. Documento-Quadro da Agenda 2063 104 Parcerias Para promover os interesses do continente, a União Africana entrou numa série de parcerias estratégicas, tais como: Parceria África-União Europeia (ou JAES Estratégia Conjunta África-UE), a parceria África-América do Sul (ASACOF - Fórum de Cooperação África – América do Sul), a parceria África-China (FOCAC - Fórum de Cooperação China-África), a parceria África-Japão (TICAD - Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África), a parceria África-EUA, a parceria África Estados da Liga Árabe (Fórum África-Arab); a parceria África - Índia (AIFS - Fórum Cimeira África-Índia), a parceria África-Turquia (Cimeira de Cooperação África-Turquia), parceria África-Coreia (Fórum Coreia-África). As parcerias estratégicas são diferentes de cooperação para o desenvolvimento tradicional que têm como premissa uma relação doador-beneficiário. As parcerias estratégicas de África são parcerias estruturadas, articuladas numa abordagem de benéfico mútuo e co-desenvolvimento, em torno de lidar com os desafios enfrentados pelo continente e perceber o desenvolvimento socioeconómico de transformação para a África, os seus países e seus povos. Os benefícios de transformação são esperados para serem alcançados através da implementação de industrialização e de transferência de tecnologia, desenvolvimento de infra-estrutura, comércio e investimento, investimento social e crescimento das políticas sustentáveis e inclusivas, de programas e projectos de dimensão continental ou regional. Como resultado da sua crescente importância em termos económicos e políticos, não só os parceiros estratégicos reais querem aprofundar a sua relação com a UA, mas uma série de potenciais parceiros solicitaram para forjar relações semelhantes com a UA. A importância de África para os seus parceiros é evidenciado através do seguinte: Segurança de fornecimento de óleo e gás para os parceiros estratégicos (consulte a tabela abaixo), Garantia de fornecimento de recursos minerais para os parceiros estratégicos, Contratos de EPC no mercado enorme de infra-estrutura de África, Crescimento do mercado de produtos de consumo e industriais e Destino de investimento atraente em muitos sectores. Documento-Quadro da Agenda 2063 105 Tabela: Importância de África para os seus Melhores Cinco Parceiros Estratégicos + Brasil60 Comparado (Cifras de 2013 arredondadas, em biliões de dólares salvo indicação em contrário) UE EUA JAPÃO CHINA INDIA BRASIL GERAL População (nr. de 505 milhões 317 milhões 127 milhões 1.388 biliões 1.2 biliões 202.5 milhões habitantes) BIP, nominal 17,371 16,800 5,000 9,725 1,870 2,242 Estoque Global de IDE € 5.206 (2012) 2,800 1,000 531 92.4 (2010) 181 (2010) 61 Providenciado o €50.5 19 10.60(2012) 7.1 1.2 1.2 APOIO/ODA Global COMÉRCIO Importações de África €180 50 12-13 113.1 23 (2011) 15.43 Exportações para €100 35 9 - 10 85.3 43 (2011) 12.22 África Relações comerciais €162 (2001) a 280 (13) 29.4 (2000) a 9 (2000) a 24 10.6 (2000) a 6 (2004) a 66 4.9 (2000) a 27.6 nos dois sentidos 85 (2013) (2010) 198 (2012) (2011) (03) Quota-parte de África Petróleo (8 por cento), 18 por cento 33 por cento 20 por cento na Importação de Gás (21 por cento) Petróleo P Parte de África do 2 por cento - 4 por 1 por cento - 2 1 por cento - 2 por 4 por cento - 6 6 por cento - 8 5 por cento - 7 Comércio de Total P cento por cento cento por cento por cento por cento Quota de P do 38.27 por cento (2011) 11.46 por cento 2 por cento - 3 por 16 por cento 5.2 por cento 5.32 por cento Comércio de Total (2011) cento 18 por cento (2011) 60 61 O Brasil que não é uma parceria estratégica está incluído apenas para comparação; no entanto, a América do Sul que inclui o Brasil é um parceiro estratégico Estimativas para a China, India e Brasil Documento-Quadro da Agenda 2063 106 Acordo Assimétrico de EBA Comércio INVESTIMENTO Estoque de IDE de P € 250 (2012) em África Quota de África de IDE 4 por cento - 5 por Total de P cento ODA Ajuda € 18 (2012) Estrangeira/ODA de P para África DESTAQUES ITF gerou 80 ADICIONAIS subvenções que resultaram em 6,5 biliões em investimentos de infraestrutura em 2012 - as remessas de 2012 da UE: € 60 biliões 62 AGOA - (2011) TarifaZero/PMAs 61 (2012) 6–7 21.3 14 1-2 < 1 por cento < 1 por cento 4 por cento - 6 por cento 15 por cento 1 por cento - 2 por cento 12 (2012) 2.3 (2010) 1.2 (2008)62 0.043 0.022 (2010) - Em 2013, 6 biliões de dólares de investimento de MCC para 20 países Os 8.000 milhões de dólares das iniciativas de Energia África & Comércio África - Instalação de 500 dólares para o sector das PME Africanas administrada pelo BAD - 32 biliões de dólares de promessa da ODA + financiamento comercial sob TICAD V - 40 mil milhões de dólares de contratos de EPC em 2013 para as empresas chinesas - 2,385 biliões de dólares em 61 projectos em 30 países Africanos sob - Investimentos de OGM em 15 países africanos - Oferta forte por 78 instituições de FTP e outros centros de excelência A parceria estratégica da América do Sul com a África não é forte mas a cooperação bilateral do Brasil é forte em OGM e infra-estrutura. Fonte: Brautigam (2011) Documento-Quadro da Agenda 2063 107 LivreZero/PMAs - ÁREAS DE MELHORAMENTO Mais Industrialização e transferência de tecnologia parceria Documento-Quadro da Agenda 2063 do Pr. Obama - Mecanismos de CADF anunciados em acompanhamento - Investimentos 2013 Fortes de Petróleo e Gás em 12 países africanos Comércio e - Comércio e - Conteúdo local investimento investimento em operações fora do sector - Transferência de da China em petrolífero. tecnologia África Outras - Transferência oportunidades de tecnologia inexploradas - JV na indústria 108 Industrialização e desenvolviment o das PME - Instituições de PPP - Industrialização, PME, agricultura e saúde Apesar do significado dos compromissos financeiros de parceiros como a União Europeia, Japão, China e Índia, o nível geral da implementação de plano de acção acordado é: de baixo a zero (para a América do Sul-África, África-Liga dos Estados Árabe, África-Turquia); marginal em termos de importância (para a África-Coreia); largamente abaixo de alvo com bom potencial em transferência de tecnologia/FTP (para a ÁfricaÍndia), particularmente bom em investimentos do sector de infra-estrutura e recursos, mas bastante limitado em transferência de tecnologia (para a África-China); bom em geral nas infra-estruturas sociais, agricultura e PSD e justo em infra-estruturas económicas (para a África-Japão); bom em infra-estruturas sociais/ODM globais, a governação política e estabilidade regional, desenvolvimento do sector privado e justo em infra-estruturas económicas e industrialização (para a África-UE); ainda marginal embora a cooperação bilateral é forte ou potencialmente forte nomeadamente através AGOA, MCC, Energia África (para a África-EUA). Como resultado, o impacto da transformação socioeconómica geral das actividades desenvolvidas no âmbito de parcerias estratégicas de África estão ainda por ser maximizadas. O processo de gestão de parcerias estratégicas de África é limitado pelo número de desafios, incluindo o seguinte: A falta de um quadro de política e estratégia de parceria, ou seja, uma estratégia baseada numa especialização de parceiros individuais num número limitado de actividades com benefícios de transformação significativas Capacidade técnica ao nível da UA, lacunas de conhecimentos e de procedimentos, bem como os desafios de recursos financeiros que limitam a capacidade da UA de contribuir para a implementação do plano de acção acordado em projectos reais Fragilidades na monitorização/acompanhamento, revisão, comunicação e mecanismos de avaliação a quase totalidade das parcerias estratégicas. Os parceiros estratégicos de África fizeram inúmeros pedidos financeiros e pacotes de apoio à assistenciais técnicas (em comércio e investimento, industrialização, integração regional, desenvolvimento social e sustentável e de paz e segurança) para a UA, as CER e os países membros que ainda estão por ser plenamente alavancados. Japão 2013 2017 32 mil milhões de dólares China 2013 - 2015 20 mil milhões de dólares 5 mil milhões de dólares Índia 2011-2014 5,4 mil milhões de dólares UE 2014-2017/20 30,5 mil milhões de Euros (à escala dos países ACP) Estes compromissos financeiros e o pacote de assistência técnica podem ser aproveitados para apoiar a Agenda 2063 em quatro níveis: Documento-Quadro da Agenda 2063 109 O apoio directo ao processo de DRM Fornecimento de finanças catalíticas Financiamento directo a programas e projectos de Agenda 2063 Assistência técnica e apoio de transferência de tecnologia nos vários programas e projectos da Agenda 2063 No contexto da Agenda 2063, África precisa de eliminar progressivamente algumas das parcerias de impacto bastante baixo ou reorientá-los de forma adequada para garantir que elas contribuam para a implementação da Agenda 2063 e aumentar os benefícios para a transformação do continente. A cooperação internacional e as parcerias para o desenvolvimento a nível bilateral e mundial que estejam em conformidade com a apropriação nacional, desempenham um papel crucial no apoio através da prestação financeira, transferência tecnológica, reforço de capacidades para alcançar a Agenda 2063. A este respeito, tal como acordado no Documento Final da Rio+20, as parcerias estratégicas de África devem incluir a obrigação dos parceiros dos países desenvolvidos a contribuírem para a concretização do desenvolvimento do continente através da transferência tecnológica efectiva. Financiamento de Desenvolvimento Em 2012, o PIB de África situou-se em 2 triliões $EU com uma população de mais de 1 bilião. Se a África fosse um país, essas métricas iriam colocar o continente como a 8ª economia mundial em termos de PIB e o 3° mais populoso. Além disso, os países africanos são mais ricos do que a duas décadas, e 23 países africanos são os de renda média, de acordo com o limite per capita superior a 1000 $EU. No entanto, individualmente, os países africanos continuam a depender de fontes externos para financiar o seu desenvolvimento. Pior ainda, os doadores contribuem actualmente em 96 por cento do financiamento dos programas para a instituição continental ápice, a Comissão da União Africana, uma situação que é inaceitável. A África precisa de olhar para dentro, para mobilizar recursos internos para financiar e acelerar a sua transformação, integração, paz, segurança, infraestrutura, industrialização e a governação democrática e fortalecer as instituições continentais. A Alteração do cenário de Financiamento de Desenvolvimento Durante a última década, o cenário de financiamento do desenvolvimento mudou drasticamente, em termos de actores, motivos e instrumentos de financiamento. De predominantemente, cooperação para o desenvolvimento com base em DAC-doadores, a arena de financiamento do desenvolvimento evoluiu para um sistema multi-polar com a seguinte arquitectura de actores: Os parceiros de desenvolvimento tradicionais, as suas organizações de ajuda e as suas agências de crédito de exportação que estão em Documento-Quadro da Agenda 2063 110 conformidade com as normas e regras do DAC, são regidos pelo "Consenso de Washington" e incluem em grande parte os países da OCDE; Os novos e emergentes parceiros, reagrupando o vasto leque de actores de cooperação Sul-Sul, muitas vezes referidos como doadores "nãotradicionais". Eles incluem predominantemente: os países de BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul); mas também os países de MINT (México, Indonésia, Nigéria e Turquia) e países como a Malásia; Os países árabes e suas organizações multilaterais, liderados por países do CCG ricos em receitas de petróleo; Instituições Financeiras de Desenvolvimento (IFD), que operam ao longo das linhas do "Consenso de Washington" e do sistema das Nações Unidas; Organizações filantrópicas privadas, incluindo as fundações e ONG internacionais; Sector privado (bancos e empresas), que estão motivados por interesses comerciais, ao contrário de outros actores que podem ser considerados como actores de financiamento do desenvolvimento; Remessas da diáspora, que também não seriam considerados como financiamento de desenvolvimento, mas constituem, em muitos casos importantes fluxos de recursos externos, normalmente captados na conta corrente do balanço da estatística de pagamentos. Estas grandes mudanças no cenário internacional de financiamento do desenvolvimento criaram novas oportunidades e opções; mas também, novos desafios para a África - UA, CER e os Estados-membros da UA. Para a implementação eficaz da agenda africana de desenvolvimento, é crucial que todas as partes mobilizem os recursos necessários de forma adequada de todos os mecanismos de financiamento por forma a reforçar as capacidades das instituições relevantes para a implementação da Agenda 2063. O desafio permanente da eficácia da ajuda Apesar da Declaração de Paris, a Agenda de Acção de Acra e da Parceria de Busan para a Cooperação do Desenvolvimento Eficaz, a cooperação para o desenvolvimento continua a ser impulsionado pelas prioridades e interesses dos países doadores. As formas actuais de cooperação para o desenvolvimento, portanto, não estão a prestar de forma optimizada os benefícios de transformação socio-económicos significativos para a África, que continuam a ser financeiramente dependentes, com a insegurança alimentar, com uma base industrial fraca e com a menor média do IDH como uma região. A Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 e a Terceira Conferência Internacional sobre Finança do Desenvolvimento (FfD3). A Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 e as Implicações Financeiras: com a conclusão dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), as Nações Unidas Documento-Quadro da Agenda 2063 111 iniciaram um processo de definição de uma agenda de desenvolvimento pós-2015. Esta agenda será lançada em Setembro de 2015 durante a Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas. A Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 é conduzida pelos países com um larga participação dos principais grupos e intervenientes da sociedade civil. Em particular, um Painel de Alto Nível de Eminentes Personalidades (HLP) foi convocado para formular recomendações sobre a agenda de desenvolvimento pós-2015. Outras actividades relacionadas incluem a formulação de um conjunto de Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) por um Grupo de Trabalho Alargado da Assembleia Geral das Nações Unidas, um comité intergovernamental de peritos que revêem o financiamento do desenvolvimento sustentável, a Assembleia Geral que dialoga sobre a facilitação tecnológica e outras iniciativas relacionadas. África prestou os seus contributos para o processo pós-2015 através da formulação de uma Posição Comum Africana (PCA). A Terceira Conferência Internacional sobre o Financiamento do Desenvolvimento (FfD3): a Terceira Conferência Internacional sobre o Financiamento do Desenvolvimento (FfD3) terá lugar em Adis Abeba, Etiópia, em Júlio de 2015. O FfD3 deverá reforçar os compromissos e mecanismos mútuos que irão reger e determinar o quadro de financiamento e parceria par ao desenvolvimento ao longo das próximas décadas. A Conferência irá avaliar os progressos feitos e identificar os desafios a abordar em relação aos compromissos assumidos e as metas definidas no quadro dos seus dois quadros antecessores: o Conselho de Monterrey de 2002 e a Declaração de Doha de 2008. A revisão prevista irá cobrir os mecanismos de financiamento externos para o desenvolvimento (APD, IDE, investimento de carteira, bem como o papel e o potencial do financiamento baseado nos recursos da Diáspora, tais como as remessas), bem como os esforços de mobilização de recursos internos dos países de desenvolvimento e apoio relacionado da comunidade internacional (impostos, rendimentos de recursos naturais, fluxos financeiros ilícitos, poupanças internas e mercado de capital) e outros catalizadores do desenvolvimento e o financiamento do desenvolvimento como o desempenho em relação ao crescimento e ao comércio, a transferência tecnológica e o reforço de capacidade. Os resultados da Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 e do FfD3 terão implicações importantes para as necessidades de financiamento do desenvolvimento de África, particularmente, para os países de baixo rendimento do continente. Tanto a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 como o FfD3 terão igualmente impacto na implementação da agenda de transformação socioeconómica de África e nos programas e projectos continentais, regionais e nacionais conexos. As necessidades de transformação da Agenda 2063 e os requisitos de financiamento e de parceria relacionados estão portanto no centro das posições das negociações dos países africanos na Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 e o FfD3. Documento-Quadro da Agenda 2063 112 Apelo para um maior enfoque nas novas formas de financiamento e de mobilização de recursos internos Neste contexto, existe um novo consenso de que a Agenda 2063 tem que confiar mais na mobilização dos recursos internos. A UA, com esse objectivo em mente, deu início a uma série de estudos a este respeito – ver a tabela abaixo. Documento-Quadro da Agenda 2063 113 MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS INTERNOS ACTUAIS AO NÍVEL CONTINENTAL INICIATIVAS PRINCIPAIS DESTAQUES OBASANJO-LED HLPASF O relatório avalia o potencial de mobilização de (Painel de Alto Nível sobre as recursos através de taxas sobre as actividades do Fontes Alternativas de sector privado: os prémios de seguro (taxa de 1 por Financiamento) proposta sobre cento); viagens internacionais (2,5 dólares para fontes alternativas de viagens fora do Continente e 1 dólar para viagens financiamento estável para o dentro do Continente); Turismo e Hospitalidade (1 UA (Julho de 2012) dólar para cada estadia); v) direito de importação (0,2 por cento sobre as mercadorias importadas de fora do continente); mensagens de texto (por exemplo, 5 centavos por mensagem de texto de telefone celular) Estudo de impacto foi conclusivo As propostas evoluíram a partir de valores iniciais para dois tipos de taxas: 2,00 dólares de taxa de hospitalidade por estadia num hotel; 10.00 dólares de taxa de imposição de viagens em passagens aéreas de e para África. GRUPO LIDERADO por O estudo examina os desafios colocados pelo Fluxo Mbeki/CEA "Fluxos Financeiro Ilícito e propõe soluções ao redor do (1) Financeiros Ilícitos: Por que a responsabilidade partilhada do país de origem e o África precisa de Segui-los, país de destino e (2) a governação global para parar, Parar-lhes e Obtê-los" rastrear e repatriar os fundos envolvidos. "O documento de fundamentação do Painel de Alto Nível sobre os Fluxos Financeiros Ilícitos, ECA, 2012" III. ESTUDO DA NPCA/CEA STUDY “ Mobilização de Financiamentos Domésticos para a implementação de Programas Nacionais e Regionais da NEPAD – Olhar África por Dentro "(Janeiro de 2014) Documento-Quadro da Agenda 2063 Estudos avaliam o potencial da DRM em: fluxos financeiros ilícitos, as remessas, os fundos de pensão, fundos soberanos, bancos, mercado de acções Propõe a criação de duas instituições com base na DRM: (1) Fundo de Desenvolvimento de Infraestrutura de África (AIDF) e (2) Garantia de Crédito de África Facilidade (ACGF) para apoiar a implementação dos programas de NPCA 114 FUNDO DE ÁFRICA 50 LIDERADO por BAD, um fundo de participações privadas para apoiar PIDA (2013) Uma iniciativa do BAD que visa a estabelecer um fundo de participações privadas de 50 a 100 biliões de dólares através da DRM tendo como alvo as reservas estrangeiras, os fundos de pensão, fundos soberanos e outros investidores institucionais africanos Os recursos internos de um país podem variar de capital financeiro doméstico, "capital humano", "capital social" para "recursos naturais". No entanto, no contexto de financiamento da Agenda 2063, a mobilização de recursos internos (DRM) refere-se às poupanças e investimentos gerados pelas famílias, as empresas nacionais (incluindo instituições financeiras) e governamentais. Em contraste com a mobilização de recursos externos (através do IDE, ajuda, comércio e alívio da dívida), a DRM oferece as vantagens de uma maior apropriação política interna e uma maior coerência com as necessidades internas, o impacto do desenvolvimento superior e multiplicador. Não sofre as desvantagens associadas com IDE e da ajuda externa, que são sempre vinculados aos objectivos dos investidores estrangeiros (por exemplo, o foco exclusivo em determinados sectores, em que os lucros serão maximizados como OGM e das telecomunicações, em detrimento do sector da agricultura) e doadores (por exemplo, vinculados na ajuda do sector e tecnologia e ajuda condicional). Mas apresenta igualmente desafios óbvios em muitos países africanos, para os quais a atracção de recursos externos pode parecer uma opção mais fácil. Assim, embora a DRM não irá satisfazer todas as exigências financeiras da Agenda 2063, tem o potencial para contribuir, de 70 por cento a 80 por cento, para financiar a Agenda 2063. A restantes necessidades da Agenda 2063 será devidamente financiadas através de mecanismos tradicionais, incluindo o mercado financeiro internacional, IDE, assistência oficial ao desenvolvimento que precisa igualmente de ser reforçada com vista à melhoria da adopção das prioridades africanas. Actuais iniciativas de DRM em África O financiamento do desenvolvimento continua a ser um grande desafio para a grande maioria dos governos africanos, as CER e organismos continentais, como a UA e os seus órgãos. Como resultado, os três níveis do sistema de governação continental deram início a várias iniciativas de DRM. A nível nacional, um número crescente de países passaram a confiar mais no reforço da gestão de recursos fiscais por meio da realocação, de controlo de despesas e uma entidade mais forte de gestão de receitas para atender a uma parcela maior das suas necessidades de financiamento do desenvolvimento. Isto vem à frente dos veículos alternativos de financiamento de desenvolvimento, tais como o mercado financeiro local, dominado pelo sector bancário e as tentativas tímidas de reestruturação do sistema nacional de poupança contratual (seguros e pensões do sector) em prol dum sistema de Documento-Quadro da Agenda 2063 115 gestão mais robusto. A rede nacional de instituições de microfinanças (IMF) também surgiu em muitos países africanos. Regionalmente, um papel mais importante foi dado a bancos de desenvolvimento regionais (novo Banco de Investimento de AMU; Banco de Investimento e Desenvolvimento da CEDEAO (EBID); Banco de Desenvolvimento dos Estados de África Central (BDEAC); Banco de Desenvolvimento de África Oriental (EADB); Zona Comercial Preferencial (Banco PTA), que são as instituições regionais chave que trabalham junto de outras instituições financeiras regionais, tais como o BOAD, Banco de Desenvolvimento de África Ocidental, África Re, agência continental de resseguro); e as tentativas de preencher a lacuna do mercado financeiro estão a ser consideradas pelas CER, tais como, a COMESA que contribuíu para o estabelecimento da Corporação Africana de Seguro de Comércio (ATI) e da CEDEAO, que planeou criar a Agência de Garantia de Investimentos da CEDEAO. A nível continental, o Fundo África 50, destinado a contribuir para o financiamento de projectos prioritários de infra-estruturas de recursos internos, é potencialmente um marco importante no processo de financiamento do desenvolvimento de África. A Agência Aprovada da UA de Garantia de Crédito de África (ACGA) e o Banco Africano de Investimento (BAI) são dois grandes veículos de financiamento de desenvolvimento continental que deveriam aumentar de forma bastante significativa da arquitectura de financiamento do desenvolvimento continental. No entanto, ao nível nacional, regional e continental; lacunas financeiras significativas ainda prevalecem tanto em termos de produtos (equidade privada e pública, gestão de risco, capital de crescimento e, mais em geral, financiamento de longo prazo para as PME e projectos industriais) e os mercados e instituições (fundo de capitais de investimento, bancos de investimento, empresas de gestão de activos, acções da bolsas, mercados de obrigações, mercado de derivativos, e assim por diante). 3.3. LIÇÕES DE RESPOSTAS AOS DESAFIOS DE DESENVOLVIMENTO DE ÁFRICA, AOS NÍVEIS NACIONAL, REGIONAL E CONTINENTAL As secções anteriores mostraram que embora África tenha feito progressos consideráveis, o continente também enfrenta desafios significativos nos domínios sociais, económicos e políticos. Os países africanos através dos seus planos nacionais, regionais e continentais envidaram esforços significativos para responder a esses desafios. Ao rever estes planos e identificar as prioridades nesses planos é importante porque, enquanto a Agenda 2063 é um quadro estratégico de longo prazo para a transformação socioeconómica de África, deve ser fundamentada nas realidades actuais e futuras dos Estados-membros da UA e nas organizações Regionais e continentais. A presente secção destaca de forma resumida as principais prioridades, lacunas e liçõeschave extraídas da revisão de alguns 33 planos nacionais, vários quadros regionais e continentais, e que permitiram servir de base para a formulação da Agenda 2063. Documento-Quadro da Agenda 2063 116 Prioridades a Nível Nacional, Regional e Continental Prioridades ao Nível Nacional Os países africanos desenvolveram tanto visões de longo prazo, bem como os planos de médio prazo que se estende de 3 a 5 anos. Os exemplos de algumas visões nacionais a longo prazo são apresentados no quadro abaixo. PAÍS Quénia Uganda PRAZO DECLARAÇÃO DE VISÃO Visão 2030 Visão 2035 Quénia globalmente competitiva e próspera com uma elevada qualidade de vida.Ugandesa de um país camponês Transformar a sociedade para um país moderno e próspero. Tanzânia Visão 2025 Alta qualidade de vida ancorada na paz, na estabilidade, unidade e boa governação, Estado de direito, economia resiliente competitividade. Ruanda Visão 2020 Tornar seeum país de renda média até 2020 Burundi Visão 2025 Paz e estabilidade sustentável e Realização de compromissos globais de desenvolvimento, em consonância com os ODM. A partir dos planos nacionais de médio prazo revistos, as seguintes áreas de foco aparecem com mais frequência: criação DE FOCO FREQUÊNCIA económica/riqueza inclusiva; Desenvolvimento ÁREA/META Inclusive o crescimento 27/27 do capital humano; Emprego; A reforma da económico/criação de riqueza governação /sector público; e protecção Desenvolvimento Capital Humano 26/27 social/Género, mulheres e jovens. Emprego 25/27 Por outro lado, as questões relacionadas com à ciência, tecnologia e inovação; cultura, desporto e artes; e paz e segurança foram menos frequentemente incluídas nos planos nacionais dos Estadosmembros revistos. Protecção Social/ Género, Mulheres e Juventude Governação/Sector Público Reformas/Capacidade Desenvolvimento Sustentável/Ambiental Infra-estrutura Ciência Tecnologia e Inovação Paz e Segurança Cultura, Desporto e Artes 22/27 26/27 19/27 18/27 10/27 5/17 2/17 Prioridades a Nível Regional Ao nível regional, o Programa de Integração Mínima (PIM) decorrente do Tratado de Abuja que apelou à criação da Comunidade Económica Africana, e a Declaração de Sirte de 1999 proporciona um denominador comum para todas as CER, embora permite as CER desenvolver em ritmos diferentes. Dentro dos oito sectores prioritários de integração do PMI de: livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços e capitais; paz e segurança; energia e infra-estrutura; agricultura; comércio; indústria; investimento e estatísticas, as CER desenvolveram planos estratégicos que reflectem as prioridades de desenvolvimento colectivo dos Estados-membros para serem tratados ao nível regional. Documento-Quadro da Agenda 2063 117 Uma revisão dos planos63 regionais indica que as CER estão a procurar todas as metas no âmbito do PMI, mas com diferentes ênfases, reflectindo as especificidades regionais. Além do PIM, algumas CER estão a procura de outras prioridades em áreas como: integração política, integração económica e monetária, desenvolvimento de capacidades, a harmonização das políticas na prestação de serviços sociais básicos de saúde, educação e protecção social e inter-conectividade de electricidade. Estes são os exemplos de declarações de visão de algumas das Comunidades Económicas Regionais. 63 Revisão dos Planos Regionais, (Projecto), Unidade Técnica da Agenda 2063, Departamento de SPPMERM, Comissão da União Africana, Maio de 2063 Documento-Quadro da Agenda 2063 118 CER COMESA CEN-SAD EAC ECCAS CEDEAO IGAD SADC DECLARAÇÃO DA VISÃO Para ter uma comunidade económica regional internacionalmente competitiva, totalmente integrada dentro da qual existem a prosperidade económica e de paz como está evidenciado pela estabilidade política e social e altos padrões de vida do seu povo. A segurança colectiva e desenvolvimento sustentável; preservar e consolidar a paz, segurança e estabilidade. A Visão da EAC é de atingir uma África Oriental próspera, competitiva, segura e politicamente unida. Uma área tranquila, com a prosperidade e solidariedade; um espaço económico e politicamente unido com o desenvolvimento inclusivo e de livre-circulação de pessoas Para criar uma região sem fronteiras, pacífica, próspera e coesa, erguida em boa governação e onde as pessoas têm a capacidade de ter acesso e dureza nos seus enormes recursos através da criação de oportunidades para o desenvolvimento sustentável e preservação ambiental A promoção de estratégias conjuntas de desenvolvimento; a harmonização progressiva das políticas macroeconómicas nos domínios sociais, tecnológicos e científicos; e a harmonização das políticas de comércio, alfândegas, transportes, comunicações, agricultura e recursos naturais. Uma comunidade regional em que o povo de África Austral pode alcançar o bem-estar económico, melhoria de padrões e qualidade de vida, liberdade e justiça social, paz e segurança. Prioridades de Nível Continental O Acto Constitutivo da UA identifica 12 áreas prioritárias como base do desenvolvimento dos mecanismos continentais tais como PIDA, CAADP, Visão Africana das Minas, Arquitectura Africana da Governação e Visão Africana da Água, entre outros. Uma revisão desses mecanismos64 identifica as seguintes áreas prioritárias ao nível continental: Agricultura: segurança alimentar, segurança alimentar e desenvolvimento rural; Desenvolvimento do capital humano: saúde, nutrição, ciência, tecnologia e inovação conduzidas pela educação; Desenvolvimento social: protecção social, acesso/participação/capacitação das mulheres, jovens, marginalizados e vulneráveis as oportunidades económicas, sociais e de governação; Industrialização: quadros/mecanismos de política industrial; valor acrescentado dos produtos agrícolas, aumento do controlo dos recursos 64 A Revisão dos Quadros Continentais, (Projectos), da Unidade Técnica sobre a Agenda 2063, Departamento de SPPMERM, Comissão da União Africana, Maio de 2063 Documento-Quadro da Agenda 2063 119 naturais, criação de emprego pela manufactura, ligações das empresas as cadeias de valores regionais/globais, aumento do comércio intra-africano, ciência, tecnologia e inovação conduzidas pela industrialização; Integração: Livre circulação de pessoas, bens, serviços e de capital, união monetária comum, interconectividade infra-estrutural – (rodoviária, ferroviária, marítima, aérea, voz, electrónica/eléctrica); Governação: governação política, nações capacitadas, democracia, direitos do homem, constitucionalismo e estado de direito/justiça e assuntos humanitários; e Paz e segurança: força de alerta, mecanismos alternativas para resolução de conflitos. Conclusões e ensinamentos da Agenda 2063 Da revisão empreendida, emerge um certo número de conclusões e ensinamentos: a) b) c) d) Ao nível nacional, existe uma forte convergência sobre algumas prioridades chave que são tratadas pelos planos nacionais dos Estados-membros. As prioridades reflectidas na maioria dos planos dos Estados-membros incluem: crescimento económico inclusivo/criação de riqueza, desenvolvimento do capital humano, emprego, governação/reforma do sector público, género, mulheres e jovens/protecção social; Contudo, existem áreas que são únicas dos Estados-membros e reflectem as suas circunstâncias nacionais e interesses. Por exemplo: os Estadosmembros que saem de guerras civis/discórdia nacional tendem a colocar maior ênfase sobre paz e estabilidade e a reconstrução pós-conflito; os Países Insulares incidem sobre questões ligadas a integração regional nas infra-estruturas dos transportes; A nível regional, enquanto as CER são vistas como braços de implementação dos mecanismos da UA e também da Agenda 2063, as áreas prioritárias das CER nem sempre estão em conformidade com as do quadro estratégico da CUA; Finalmente, as declarações da Visão tanto ao nível nacional como regional proporciona uma forte indicação do nível da ambição dos Países africanos e claramente mostra uma determinação para atingir o mesmo nível de desenvolvimento como dos países em outras regiões do mundo. De facto essas visões validam e reflectem substancialmente as aspirações africanas para 2063 descrito no capítulo 2. Por isso, a Agenda 2063 deve tomar como seu ponto de partida as actuais prioridades reflectidas nos planos nacionais e nos mecanismos regionais e continentais e tomar em conta o desejado destino reflectido nas declarações da Visão no País e ao nível regional. Documento-Quadro da Agenda 2063 120 3.4. CONCLUSÃO GERAL E QUESTÕES DA AGENDA 2063 2.2.1. Conclusão Geral Tal como a análise acima o demostra, houve uma notável reviravolta nos destinos de África ao longo da última década e meia. A mudança nos destinos de África é igualmente reflectida na forma como o Continente é encarado. Por exemplo, na edição 200, o Economist Magazine descreve África como um “Continente Sem Esperança”. Uma década mais tarde, em 2011, a mesma revista caracterizou África como “Continente em crescimento” e em Março de 2013 descreveu África como “Continente Cheio de Esperança”. Os decisores políticos e os cidadãos comuns africanos não devem-se deixar levar por essa fácil análise da situação do Continente e deixarem cair num falso sentido de complacência. No entanto, ela reflecte a mudança de percepção do Continente, o caminho percorrido e as oportunidades que África tem agora para romper com o seu passado pobre registado em muitas áreas e definir uma nova trajectória de crescimento, prosperidade e de paz para os seus cidadãos. África hoje está no auge de uma significativa transição e as acções desenvolvidas agora, individual e colectivamente, determinarão o destino das futuras gerações. Hoje a União Africana está melhor organizada institucionalmente e marca passos gigantes para a paz e segurança no Continente; A democracia e a boa governação consolidam-se, não obstante os reversos ocasionais e desafios da gestão de eleições. A maioria das pessoas no Continente vive em países que estão sendo melhor governados do que duas décadas atrás; O respeito dos direitos do homem e de outras liberdades fundamentais tais como a liberdade de expressão e de associação melhorou; Grandes conquistas foram registadas em termos de desenvolvimento económico sustentável, igualdade do género, saúde e educação. A resposta colectiva ao HIV e ao SIDA produziu bons resultados em termos de tratamento e cuidados bem como de melhor gestão da epidemia; A Visão de uma África integrada e próspera ancorada nas CER e na NEPAD; O desempenho económico de África tem melhorado consideravelmente e o crescimento está a aumentar; África tem mais perspectivas de transformação económica com a descoberta de imensos recursos minerais, gás e do petróleo e o aproveitamento desse potencial pelos seus povos. Enquanto essas conquistas forem a fonte de esperança, África precisa assumir compromissos políticos radicais e reconhecer os assustadores desafios que permanecem e que poderão ter impacto na realização das Aspirações da Agenda 2063. Ao mesmo tempo, esses desafios representam tremendas oportunidades. Documento-Quadro da Agenda 2063 121 Na base da análise efectuada nas secções precedentes do Capítulo, o Anexo 1 faz um sumário das principais áreas de acção necessárias para atingir as Aspirações da Agenda 2063. Essas foram usadas para definir os objectivos da Agenda 2063, as áreas prioritárias e as metas apresentadas no seguinte Capítulo 4. Documento-Quadro da Agenda 2063 122 CAPÍTULO 4: AGENDA 2063: OBJECTIVOS, ÁREAS PRIORITÁRIAS, METAS E ESTRATÉGIAS INDICATIVAS Introdução A análise de África dos últimos 50 anos e a avaliação de onde o Continente se situa hoje mostram progressos assinaláveis mas também muitos desafios profundamente instalados. Ao mesmo tempo, o Continente tem mais oportunidades e potencial para combater esses desafios e atingir o crescimento económico acelerado e a transformação social e económica – ver caixa abaixo. EXEMPLOS DE OPORTUNIDADES NUM CONTINENTE EMERGENTE Cerca de um terço dos Países africanos tinham taxas de crescimento do PIB acima dos 6 porcentos entre 2000 e 2008. Apenas 24 porcento desse crescimento está associado a extracção de recursos naturais; A média de tempo para duplicar os rendimentos no continente é de 22 anos e em vários países levará ligeiramente mais do que uma década (11 a 13 anos) para atingir este desiderato; África tem um enorme mercado para comércio entre ela mesma e com o resto do mundo. África tem 52 cidades com populações superior a 1 milhão (cerca o mesmo como a Europa Ocidental), a percentagem das que vivem nas cidades será de mais de 50 por cento até 2030, classe média maior do que da Índia e com poder discricionário de compra; Aumento da estabilidade nas frentes económica, de segurança e política. Aumento da estabilidade macroeconómica, aumento das reformas democráticas e significativa redução de conflitos; África terá brevemente a maior força de trabalho do Mundo, aproximando os 163 milhões e até 2035 será maior do que do da China, contando com 25 por cento da força global de trabalho; Embora o comércio intra-africano represente de momento os insignificantes 11 por cento (nalgumas Regiões ele é de 25 por cento). O crescimento das empresas pan-africanas e as robustas medidas que estão sendo tomadas aos níveis regional e continental provocarão assinalável melhoria. O lançamento eminente da Zona Tripartida de Comércio Livre da COMESA/SADC/EAC com um potencial de população de 625 milhões e 26 países (aproximadamente metade do Continente) e PIB combinado de 1.2 triliões (58 por cento do PIB do Continente) será um grande incentivo para o comércio intra-africano e a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capital; África tem 60 por cento do potencial de terras aráveis do mundo, o que pode fazer do continente uma potência agrícola ao mesmo tempo que conserva os ecossistemas de África, bem como as espécies selvagens únicas e os recursos genéticos; Em média, os governos africanos despendem 20 por cento dos seus orçamentos a educação (comparado com os 11 por cento dos países da OCDE). Educação e desenvolvimento de competências serão fundamentais na determinação se o Documento-Quadro da Agenda 2063 123 dividendo demográfico e o projectado crescimento da força de trabalho no Continente serão catalisadores do crescimento e da transformação ou conduzirão a agitação civil; A introdução de telefones móveis foi de 2 por cento em 2000 e cresceu até 78 por cento hoje e é projectado atingir 85 por cento até 2015; A idade de trabalho da população, de 15 a 64, deverá aumentar de 54,5 por cento para 62,8 por cento da população entre dois períodos 2010 e 2030 e estima-se vir a ser de 63.7 por cento em 2100. O aumento da população pode vir a ser condutor do mercado para negócios/sector privado de África. O avolumar na população em idade activa, crianças e idosos designa um menor encardo de dependência que libertará recursos para o cuidado dos idosos e para o desenvolvimento do capital humano. África perspectiva entrar na sua idade urbana até 2035 quando 50 por cento da população viverá nas áreas urbanas e atingir 1.26 biliões em 2100, aproximadamente um quarto da projectada população urbana do Mundo. Tendo em conta esta tendência demográfica, África não deveria ser deixada de fora na criação de Cidades Inteligentes. Uma crescente população urbana e a maior força de trabalho do futuro proporcionarão uma oportunidade para transformação de África numa potência global e num mercado próximo. Para atingir a visão de longo prazo consignada no Capítulo 2 é necessária uma arrojada e ambiciosa agenda de acções caso o Continente pretenda ultrapassar os desafios e aproveitar as oportunidades. Esse Capítulo apresenta essa Agenda de Acções para atingir a visão 2063. Ela cobre os seguintes aspectos: 4.1 Abordagem Conceptual; Fundação da Agenda 2063; Objectivos, Áreas Prioritárias, Metas e Estratégias Indicativas e Destaque de Programas Emblemáticos da Agenda 2063. Abordagem Conceptual A abordagem adoptada na Agenda 2063 é baseada no princípio do reconhecimento da diversidade do Continente e construída na base de iniciativas existentes para acelerar os progressos. 4.1.1. Reconhecimento da Diversidade de África É importante sublinhar que enquanto a Agenda 2063 fornece um mecanismo geral, a sua implementação requererá acções nacionais específicas. Isso é em reconhecimento do facto de que África é um Continente diversificado: Países costeiros e encravados, tendo esses últimos desafios ligados ao acesso mas podem beneficiar dos investimentos em infra-estruturas de ligação; Documento-Quadro da Agenda 2063 124 Países menos desenvolvidos e de rendimento médio; Países ricos em recursos naturais e minerais e pobres em recursos naturais e minerais; Países com boa e consistente riqueza agrícola e países menos dotados; Países emergentes de conflitos com instituições frágeis e baixa capacidade de produção, défice de infra-estruturas e ambiente macroeconómico instável e aqueles que já conhecem os benefícios da ausência de conflitos e investimentos consistentes na sua economia; Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS), que enfrentam desafios similares aos dos outros países em desenvolvimento/mercados emergentes mas, têm que lidar com a intensidade de riscos combinados tais como aumento dos níveis do mar ligado as alterações climáticas, isolamento da continuidade das terras vizinhas e dos mercados, mercados de alta densidade da população em comparação com os Países do Continente que podem se juntar para gerir os riscos – ver o Quadro abaixo. Documento-Quadro da Agenda 2063 125 Destaque dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento (SIDS) de África Estados-membros: Cabo Verde, Comores, Guiné-Bissau, Maúricias, Madágascar, São Tomé e Príncipe, Seicheles. Suas riquezas: Esses Países são dotados de riqueza económica e cultural e têm os mais preciosos recursos biológicos do Mundo, ecosistemas marinho e costeiro reconhecidos pela sua diversidade de espécies e endemismo. Além disso, eles têm um forte capital social tal como demonstrado por: laços de parentesco, herança única, forte sentido de identidade e de comunidade. Desafios-chave: Tal como outros pequenos Estados insulares em desenvolvimento (ver o Programa de Acção de Barbados – 1994; e o Caminho de Samoa – 2014), eles enfrentam múltiplos dissabores: rápida migração rural-urbana, poluição e extracção ilegal de recursos; inconsistente especialização em limitada categoria de produtos e serviços devido a sua pequena dimensão geográfica e assim limitados mercados internos, excessiva dependência do comércio internacional e assim vulnerabilidade aos desenvolvimentos globais, alta desigualdade de rendimentos, alta densidade da população, uso excessivo de certos recursos, administração pública onerosa e infraestruturas, incluindo dos transportes e comunicações, pobreza genralizada e instabilidade política (por exemplo Madagáscar). Questões para a Agenda 2063: Porque o mais valoross activo desses Estados é o mar e o seu limitado capital humano, a Agenda 2063 prossegue três estratégias com vertentes, todas ligadas ao oceano: (i) (ii) (iii) (iv) (v) Desenvolvimento do seu capital humano de uma forma abrangente e também capacitá-los para contribuirem plena e significativamente para o desenvolvimento nacional e regional; Beneficiação de sectores que têm potencial imediato para crescimento, criação de emprego e redução da pobreza tais como aquacultura marinha e de águas interiores; Reforço da ciência, tecnologia e da inovação para gestão sustentável e gestão colectiva dos recursos marinhos e conservação (áreas marítimas protegidas (MPAs); Desenvolvimento de capacidades para aceder aos bens comuns globais nas áreas além da jurisdição nacional e nas águas profundas e Reforço da participação da África nas tomadas de decisão relativa a afectação e utilização de recursos além das Zonas Económicas Exclusivas por outras palavras no alto mar. Essas diferentes categorias de Países enfrentam condições e características distintas que moldam o caminho do desenvolvimento e as estratégias que prosseguem Documento-Quadro da Agenda 2063 126 embora existem desafios que são transversais a diversas categorias de países tais como alto nível de pobreza, analfabetismo, doenças e alta mortalidade materno-infantil. Consequentemente, é razoável que a Agenda 2063 seja encarada sob uma visão comum em que os Estados africanos, individual e colectivamente, definirão os seus respectivos caminhos de desenvolvimento comuns mas adaptados para atingir a visão de um continente integrado, unido e próspero. Cada país e região deve definir, por conseguinte, uma óptima combinação de políticas e estratégias para atingir os objectivos e metas propostas. O importante é assegurar sistemas de monitorização e de acompanhamento robustos, bem como criar um processo de aprendizagem mútua. Ademais, deverá haver responsabilidades diferenciadas entre os Estados-membros, organismos regionais e continentais para atingir as etapas e metas propostas. Isso é desenvolvido com grandes detalhes para assegurar a coerência e a unidade das acções, no Primeiro Plano de Implementação Decenal. 4.1.2. Desenvolvendo as iniciativas existentes A Agenda 2063 será implementada através de sucessivos planos de implementação de 10 anos. A médio prazo, a Agenda 2063 colocará ênfase sobre a aceleração da implementação dos quadros-chave continentais que foram adoptados, programas-chave emblemáticos e aceleração da integração regional. Adicionalmente, os Países africanos facilitarão a incorporação dos relevantes quadros legais, protocolos e instrumentos similares relacionados com a governação, democracia, direitos humanos e paz e segurança. Uma tal abordagem proporcionará um reforço para progressos de longo prazo bem como uma prova crítica do ímpeto a seguir para demonstrar o impacto e dar uma credibilidade à Agenda 2063. 4.2. Fundação da Agenda 2063 A Agenda 2063, tal como representada no Diagrama abaixo, está ancorada no Acto Constitutivo, Visão da UA, Declaração Solene do 50.º Aniversário e nas Aspirações africanas. Ela está também construída na base das prioridades nacionais, regionais e continentais reflectidas nesses planos e mecanismos. Documento-Quadro da Agenda 2063 127 4.3. Objectivos, Áreas Prioritárias, Metas e Estratégias Indicativas Os objectivos da Agenda 2063 estão ligados as Aspirações e são apresentados na Tabela abaixo: Um conjunto de 20 objectivos foi identificado com base na Visão da UA, nas sete aspirações africanas e na Declaração Solene do 50º Aniversário da UA; Os objectivos consideram também os objectivos e áreas prioritárias contidos na Posição Comum Africana (PCA) e nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável pós-2015; As estratégias em geral reflectem aqueles contidos nos planos dos Estadosmembros/regionais, mecanismos continentais, Relatórios Económicos da CEA/UA65 sobre África, Relatório da Transformação de África 2014 e a Visão Africana 2050 das áreas prioritárias; Os objectivos e as áreas prioritárias foram também sustentados pelos resultados das consultas e, tomando em consideração as iniciativas regionais e continentais existentes bem como os resultados das revisões dos Estados Membros dos planos de médio e longo prazos e das visões. 65 Relatório Económico sobre África 2013-Tirar o Máximo Proveito dos Produtos de Base de África Industrialização para o Crescimento, Empregos e Transformação Económica e Relatório Económico sobre África 2014 Documento-Quadro da Agenda 2063 128 Os objectivos, prioridades, metas e estratégias indicativas da Agenda 2063 descritos nesse Capítulo deverão, nesse contexto, ser analisados como Objectivos do Desenvolvimento de África ou “ODM de África” e devem, por isso, galvanizar os concomitantes compromissos políticos e financeiros. Os Anexos 3 e 4 apresentam em detalhes os objectivos, áreas prioritárias, metas e estratégias indicativas das respectivas aspirações aos níveis nacional, regional e continental. A Tabela 2 abaixo apresenta um sumário geral. TABELA 2: VISÃO GERAL DAS ASPIRAÇÕES, PRIORITÁRIAS DA AGENDA 2063 ASPIRAÇÕES Uma África Próspera, assente no Crescimento Inclusivo e no Desenvolvimento Sustentável OBJECTIVOS Um Alto Padrão de Vida, Qualidade de Vida e Bemestar para Todos os Cidadãos Cidadãos instruídos e uma revolução de competências sustentada pela ciência, tecnologia e a inovação Cidadãos saudáveis e bem nutridos Economias transformadas Agricultura moderna para o aumento da produtividade e da produção Economia azul para o crescimento económico Documento-Quadro da Agenda 2063 OBJECTIVOS E ÁREAS ÁREAS PRIORITÁRIAS Rendimentos, empregos e trabalho decente Pobreza, desigualdade e Fome Protecção e segurança social, incluindo pessoas com deficiência Habitats modernos, acessíveis e saudáveis e serviços básicos de qualidade Revolução de competências com base na educação e ciência, tecnologia e inovação Saúde e Nutrição Crescimento económico sustentável e inclusivo Sector manufactureiro, industrialização e valor acrescentado conduzidos pela CTI Diversificação e Resiliência Económica Turismo/hospitalidade Produtividade e produção agrícola Recursos energia marinhos 129 e ASPIRAÇÕES OBJECTIVOS acelerado Economias e comunidades ambientalmente sustentáveis e resilientes às alterações climáticas Um Continente Integrado, politicamente unido, assente nos ideais do Pan-africanismo e da Visão do Renascimento Africano Uma África de boa governação, democracia, respeito dos direitos humanos, da justiça e do primado do direito Uma África segura pacífica e Uma África Unida (Federal ou Confederal) Instituições financeiras e monetárias continentais estabelecidas e funcionais Multiplicação de infra- estruturas de classe mundial em África Fortalecimento dos valores democráticos, práticas, princípios universais dos direitos humanos, da justiça e do primado do direito Criação de Instituições capazes e estabelecimento de liderança transformativa Preservação da paz, segurança e estabilidade Uma África pacífica e estável Uma APSA plenamente funcional e operacional Uma África dotada de O Documento-Quadro da Agenda 2063 renascimento cultural ÁREAS PRIORITÁRIAS Operações portuárias e transporte marítimo Gestão dos recursos naturais de forma sustentável Conservação da biodiversidade, recursos genéticos e ecossistemas Consumo sustentável e padrões de produção Segurança do abastecimento de água Resiliência às alterações climáticas e às calamidades naturais Energia renovável Mecanismos e instituições para uma África Unida Instituições financeiras e monetárias Conectividade das comunicações e das infraestruturas Democracia e boa governação Direitos humanos, justiça e primado do direito Instituições e Liderança Desenvolvimento participativo e governação local Manutenção e preservação da paz e segurança Estrutura institucional para os instrumentos de paz e segurança da UA Defesa, segurança e paz Plena funcionalidade e operacionalidade de todos os pilares da APSA Valores e Ideais do Pan- 130 ASPIRAÇÕES OBJECTIVOS uma forte identidade africano é preeminente cultural, herança comum, valores e ética Uma África cujo Desenvolvimento centrase na população, e assenta especialmente no potencial das mulheres e dos jovens, bem como no cuidado das crianças Plena igualdade do género em todas as esferas da vida Jovens e crianças empenhadas e capacitadas Uma África, como actor e África, como parceiro de parceiro forte, unido e relevo nos assuntos influente na cena mundial internacionais e na coexistência pacífica África assume plena responsabilidade pelo financiamento do seu desenvolvimento 4.4. ÁREAS PRIORITÁRIAS africanismo Valores culturais e Renascimento Africano Herança cultural, artes e empresas criativas Capacitação das mulheres e das raparigas Violência e discriminação contra as mulheres e as raparigas Capacitação dos jovens e direitos das crianças Lugar de África nos assuntos internacionais Parcerias Mercados africanos de capitais Sistemas fiscais e receitas do sector público Assistência ao desenvolvimento Programas Emblemáticos da Agenda 2063 O Retiro Ministerial de Bahir Dar, Etiópia, do Conselho Executivo, 24 a 26 de Janeiro de 2014, deliberou sobre o Mecanismo da Agenda e acordou sobre acções para fortalecer a gestão sustentável dos recursos africanos e acelerar a transformação e o desenvolvimento. Especialmente, ele acordou proporcionar um grande impulso e propulsão ao crescimento e transformação de África através da aceleração da implementação dos programas identificados pela Agenda 2063. Ademais, na Cimeira da UA de Malabo, Junho de 2014, o Conselho Executivo mandatou a Comissão da UA para continuar explorando e preparando acções concretas na implementação da aceleração desses programas e iniciativas (EX.CL/Dec.821 (XXV)). Os principais programas emblemáticos da Agenda 2063 acordados pela liderança política de África são os seguintes: Documento-Quadro da Agenda 2063 131 i) A Rede Integrada de Comboio de Alta Velocidade: destina-se a ligar todas as capitais africanas e centros comerciais para facilitar a circulação de bens, factor serviços e de pessoas, bem como aliviar o congestionamento dos transportes dos sistemas existentes e futuros. ii) A Universidade Pan-africana: concebida para acelerar o desenvolvimento do capital humano, a ciência e tecnologia e a inovação através do aumento do acesso ao ensino terciário e contínuo em África atingindo um grande número de estudantes e de profissionais em múltiplos sítios simultaneamente e desenvolver relevantes recursos do e-ensino (OdeL) aberto, a distância e de alta qualidade, bem como assegurar que os estudantes africanos tenham garantido o acesso à Universidade a partir de qualquer parte do mundo e a qualquer momento. iii) Formulação de uma estratégia de produtos de base: visa permitir aos países africanos acrescentar valor, obter rendimentos mais altos dos seus produtos, integrar nas cadeias globais de valores e promover a diversificação vertical e horizontal ancorada no valor acrescentado e desenvolvimento do conteúdo local como parte de um conjunto de políticas holísticas para promover o desenvolvimento de um vibrante sector de produtos, social e ambientalmente sustentável. iv) Institucionalização de um Fórum Anual Africano destinado a reunir, uma vez por ano, a liderança política africana, sector privado, academias e a sociedade civil para discutirem os desenvolvimentos e os constrangimentos bem como as medidas a serem tomadas para realizar as Aspirações e os objectivos da Agenda 2063. v) Aceleração da criação da Zona de Comércio Livre Continental até 2017. Isso destina-se a acelerar significativamente o crescimento do comércio intra-africano e a usar o comércio mais efectivamente enquanto um motor do crescimento e do desenvolvimento sustentável. Isso inclui a duplicação do comércio intra-africano até 202, reforço da posição comum africana e o espaço político nas negociações globais sobre o comércio e criação de instituições financeiras no seio dos acordados cronogramas: Banco Africano de Investimento e Bolsa Pan-africana de Valores (2016), Fundo Monetário Africano (2018) e Banco Central Africano (2028/34). vi) Passaporte africano e livre circulação de pessoas: visa acelerar a integração continental, o Passaporte Comum Africano e a livre circulação de pessoas é o pilar da integração africana e da aceleração do crescimento do comércio intra-africano. Esse programa destina-se a alterar as leis de África sobre a circulação de pessoas que permanecem geralmente restritivas apesar dos compromissos políticos para fazer desaparecer as fronteiras com vista a promover a emissão de vistos pelos Estados Membros e reforçar a livre circulação de todos os cidadãos africanos em todos os Países africanos até 2018. Documento-Quadro da Agenda 2063 132 vii) Silenciar as Armas até 2020: Essa iniciativa destina-se a cumprir a promessa da reunião dos Chefes de Estado e de Governo por ocasião do Jubileu Dourado do Aniversário da fundação da OUA, “não legar o fardo dos conflitos as futuras gerações de africanos, ”terminar com todas as guerras em África até 2020” e “fazer da paz uma realidade para todos os povos africanos e livrar o Continente das guerras e fim dos conflitos inter e intracomunidades, violações dos direitos do homem, catástrofes humanitárias e conflitos violentos e prevenir o genocídio”. viii) Implementação da Grande Barragem do Inga: visa promover a produção energética de África. O potencial hidrológico de África permanece quase inexplorado com apenas 7 porcento de energia hidroeléctrica a ser actualmente explorada e África continua tendo a mais baixa taxa de utilização da energia hidroeléctrica do Mundo. O bom desenvolvimento da Barragem do Inga gerará 43,200 MW de energia (PIDA) para apoiar as actuais centrais eléctricas regionais e seus serviços conexos para transformar África das tradicionais a fontes modernas de energia e assegurar acesso do cidadão africano a energia limpa e acessível. ix) Rede Pan-Africana : concebido para promover os serviços, ela envolve uma ampla categoria de intervenientes e preconiza formular políticas e estratégias que conduzirão as e-aplicações de transformação e dos serviços em África, melhorar as infra-estruturas físicas, especialmente as infra-estruturas terrestres africanas de banda larga e a ciber-segurança, tornando a revolução da informação a base de prestação. Além disso, o Sistema Africano de Troca através da Internet (AXIS), e-Transformação de África que preconiza transformar a África numa e-Sociedade e PIDA e a componente manufactura em partes dos dispositivos electrónicos merece atenção prioritária. x) O espaço exterior: visa reforçar a utilização do espaço exterior de África para promover o seu desenvolvimento. O espaço exterior reveste-se de grande importância para o desenvolvimento de África em todos os campos: agricultura, gestão de calamidades, teledetecção, previsão das alterações climáticas, banca e finanças, bem como defesa e segurança. O acesso de África aos produtos de tecnologia espacial já não é uma questão de luxo e é necessário acelerar este acesso a essas tecnologias e produtos. A reunião de Brazzaville sobre as tecnologias do espaço aéreo sublinha a necessidade de políticas e estratégias apropriadas para desenvolver o mercado regional para os produtos espaciais em África. xi) Um espaço aéreo africano único: este projecto emblemático visar proporcionar um mercado de transporte aéreo africano único para facilitar a transportação aérea em África. Documento-Quadro da Agenda 2063 133 xii) As instituições financeiras continentais: visam acelerar a integração e o desenvolvimento socioeconómico do continente, visto que são instituições importantes para a mobilização de recursos e a gestão do sector financeiro. xiii) Os programas emblemáticos descritos acima servirão de catalisadores de uma ampla transformação do Continente com benefícios transversais em todas as secções do Continente. Os programas formarão a base do Primeiro Plano de Implementação de 10 anos da Agenda 2063. Documento-Quadro da Agenda 2063 134 CAPÍTULO 5: FACTORES FUNDAMENTAIS PARA O SUCESSO, POTENCIAIS RISCOS E ESTRATÉGIAS DE MITIGAÇÃO Para que a Agenda 2063 atinja a aceleração do crescimento, uma ampla transformação estrutural e desenvolvimento sustentável desejados pelos Cidadãos Africanos, é importante que a maioria dos factores fundamentais e os processos de sucesso sejam claramente identificados e implementados. Esses factores são económicos, políticos, sociais, ambientais, tecnológicos, legais e institucionais e eles contribuem, directa ou indirectamente, para o relançamento da mudança de transformação ou servem de catalisadores da mudança na realização das aspirações africanas para 2063. Além disso, nos próximos 50 anos, novos e imprevistos riscos e ameaças podem surgir (i.e. factores que parecem ter uma influência perturbadora sobre o futuro de África) e/ou oportunidades de desenvolvimento parecem emergir enquanto aqueles que conhecemos hoje poderão assumir novas dimensões. Nesse contexto, a análise das mega tendências globais e como essas são susceptíveis de ter impacto sobre África é de crucial importância. Esse capítulo destaca esses factores fundamentais para o sucesso da Agenda 2063, bem como os potenciais riscos/ameaças e as medidas de mitigação, para facilitar a realização da Agenda 2063. 5.1. Factores Fundamentais do Sucesso (a) Liderança e compromisso político: esse é um factor fundamental que moldará o futuro de África e determinará o sucesso da Agenda 2063. O desafio da liderança para aceleração do crescimento económico, transformação e desenvolvimento sustentável que África enfrenta hoje é mais complexo, embora não menos exigente, do que no tempo da luta pela independência do colonialismo. Há necessidade de uma liderança visionária em todos os domínios e em todos os níveis: político, negócios, indústria, ciência, religião, educação e na cultura. Experiências de todo o mundo sugerem que o sucesso surge da liderança política que tem visão e compromisso, bem como a vontade e capacidade para implementá-la. (b) Estado capaz orientado para o desenvolvimento: Instituições efectivas de prestação de contas e de orientação do desenvolvimento, eficiente e forte burocracia, clara e pragmática visão do desenvolvimento e planificação, política pública que apoia o empreendedorismo nacional e cria a confiança pública e estrutura de governação baseada nas leis e regulamentos transparentes são fundamentais para a realização da Agenda 2063. Em todos os casos, onde a transformação estrutural teve sucesso, o Estado tem jogado um papel crucial no processo. As capacidades do Estado e das instituições precisam ser fortalecidas para criar um vibrante sector privado, mobilizar a população e criar um consenso nacional em volta de uma agenda Documento-Quadro da Agenda 2063 135 comum de desenvolvimento e assegurar que adequados recursos sejam afectados para atingi-la. Acima de tudo, o Estado Africano deve prestar contas e ser sensível as necessidades das suas populações. (c) Participação, inclusão e capacitação dos Cidadãos: A efectiva participação de todos os intervenientes na concepção, projecção, implementação, monitorização e avaliação da Agenda 2063 é factor fundamental para o sucesso que reforçará a compreensão e os conhecimentos sobre a Agenda 2063, a apropriação, mobilização de recursos e engajamentos individuais e colectivos. Assim, a Agenda 2063 deve ser plenamente participativa e ser apropriada por todos os intervenientes do Continente – todo o Continente deve ser parte dela para reacender o espírito de trabalho conjunto para forjar o destino do Continente – o engajamento das mulheres e dos jovens em particular é fundamental. Com cidadãos capacitados, uma sociedade civil responsável, a transformação económica e social pode ser uma realidade. O activo engajamento da Diáspora pode ser um dos condutores chave do desenvolvimento de África, contribuindo para o fortalecimento da independência económica de África através de investimentos, peritagem e solidariedade geral política, cultural e social. (d) Uma abordagem baseada nos resultados com metas concretas que são mensuráveis e podem ser rastreadas e monitorizadas. Enquanto fornecedor de um mecanismo geral e um conjunto comum de objectivos e metas, a Agenda 2063 toma também em conta a diversidade de África e define trajectórias e trata de questões ligadas a essa diversidade. (e) Revitalização da planificação estratégica e asseguramento efectivo interface entre os planos nacionais, iniciativas regionais e a Agenda 2063. A planificação integrada nacional, regional e continental baseada numa série de horizontes de curto, médio e longo prazos é fundamental para uma boa gestão económica, prossecução de um desenvolvimento holístico (em todos os sectores e espaços físicos) e, numa palavra, para assegurar a realização da Agenda 2063. É igualmente crítico a interface entre os planos nacionais, as iniciativas regionais de desenvolvimento e a Agenda 2063 para o sucesso da Agenda 2063. Embora a principal responsável pela implementação dos planos recaia sobre os Governos, há necessidade de uma coordenação e de interface em todas as etapas do ciclo da planificação, incluindo na definição de questões prioritárias, conjunto de objectivos, formulação do plano, implementação, monitorização e seguimento. (f) Fazer da Agenda 2063 uma parte integrante do Renascimento Africano. O Renascimento Africano apela pela mudança de atitudes, valores e de mentalidades e inculca os valores do pan-africanismo, auto-estima, trabalho Documento-Quadro da Agenda 2063 136 árduo, empreendedorismo e prosperidade colectiva. Por isso, a promoção dos valores de disciplina, incidência, honestidade, integridade, uma ética de trabalho árduo são essenciais para a concretização da Agenda 2063, tornando-a diferente dos precedentes mecanismos continentais e que seja implementada com sucesso. A Agenda 2063 proporciona a oportunidade para África fugir do síndroma de “sempre apresentar novas ideias mas não conquistas significativas”. (g) 5.2. África assume a sua narrativa global. África necessita assumir a sua narrativa global e imagem para assegurar que ela reflecte as realidades do continente, aspirações e prioridades do Continente e a posição de África no Mundo. A esse propósito, a Agenda 2063 reafirma a unidade e solidariedade africanas face a contínua interferência externa, incluindo as tentativas das corporações multinacionais para dividir o Continente e pressões indevidas e sanções ilegais contra alguns Países. Riscos, Ameaças e Estratégias de Mitigação As existentes e novas ameaças com as quais o continente se confronta incluem a disputa dos seus recursos face a mudanças globais da procura e demográficas, influência externa indevida nos assuntos do continente; o fardo desproporcionado de África no impacto das alterações climáticas e enorme escala de fluxos ilícitos dos recursos e capital africanos. Mais especificamente, os principais riscos/ameaças são: a. Conflito, instabilidade e insegurança: nos últimos 50 anos, muitos países africanos conheceram graus variados de conflitos e de insegurança causados por, entre outros: (i) falta de uma firme governação e democracia; (ii) má gestão das diversidades – étnicas, religiosas; (iii) concorrência desenfreada para a obtenção dos recursos escassos (terra, minerais, água, madeira, etc.) e (iv) má gestão económica, catástrofes naturais e as provocadas pelo homem. Embora muitos Países africanos estejam estáveis e muito mais fortes hoje comparados com os anos imediatos a independência, a ameaça fragilidade dos Estados reside no potencial da sua expansão aos Países vizinhos. A nova tendência da política associada a “rua” pode ter um efeito desestabilizador caso não for bem gerida. b. Desigualdades Económicas e Sociais: a desigualdade de rendimentos em África é alta e atinge 60 por cento em alguns Países. O robusto crescimento económico de que a África gozou na última década, orientado para os produtos em si concentrou de forma crescente a riqueza nas mãos de poucos e um limitado montante distribuído entre a maioria da população. Isso, combinado com o enorme desemprego urbano de jovens e prevalência da pobreza, torna a desigualdade económica e social a principal fonte dos riscos políticos, sociais e económicos. Documento-Quadro da Agenda 2063 137 c. Crime organizado, Comércio de Drogas e Fluxo Financeiro Ilícito: Na última década, os cartéis internacionais da droga usaram a África Ocidental como a principal rota de trânsito para Europa. O Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime estimou que pelo menos 50 toneladas de cocaína no valor de cerca de 2 mil milhões $EU a partir da América Latina transita através de África Ocidental cada ano. O comércio corrompeu os funcionários dos Governos e militares de alguns Países. A proliferação da pirataria marítima em África tem estado estreitamente associada ao estado de fragilidade. Hoje a pirataria marítima está instalada principalmente em duas regiões de África: Corno de África e Golfo da Guiné. Similar ao tráfego da droga, a pirataria distorce também as economias regionais. Por exemplo, a indústria do turismo do Quénia foi seriamente afectada pelas actividades dos piratas e o Governo foi forçado a tomar medidas extraordinárias. Os fluxos financeiros ilícitos desviam os meios financeiros mais necessários não apenas do desenvolvimento mas também de África para qualquer outro lugar do Mundo. d. Má gestão das Diversidades, Ascendência do Fundamentalismo Religioso, Etnicismo e Corrupção. Desde a criação da OUA, África tem forjado com sucesso a solidariedade e construído valores partilhados e história enquanto toma pleno conhecimento das diversidades (riqueza económica, etapa de desenvolvimento e cultura). Contudo, o extremismo religioso, o etnicismo e a corrupção incluíram os desafios da gestão da diversidade na comunidade por causa do fosso económico e social que criam entre os grupos. e. Incapacidade de aproveitar o Dividendo Demográfico: Nos próximos 50 anos, o maior dos activos de África mas também o seu calcanhar de Aquiles é a grande e jovem população. Em 1994, África tinha uma população num total de 697 milhões (12.5 por cento da população mundial). Vinte anos depois, em 2014, ela atingiu 1.2 biliões (15.1 por cento da população mundial e em 2060 ela está projectada para 2.7 biliões (cerca de um terço da população mundial). África terá também 28 por cento da população global jovem com idades entre 15 e 29 anos. Em muitos dos Países africanos chamados de frágeis, quase três quartos da população tem idade inferior a 30 anos. São necessárias estratégias e políticas para aproveitar o potencial e converter as ameaças e riscos em oportunidades. Os Governos devem ter vontade de empreender acções abrangentes, incluindo expansão da educação e formação, criação de oportunidades de emprego, combate as doenças, reforço de investimentos social e ambientalmente sensíveis. f. Escalada do fardo das doenças em África: Uma combinação de vários factores, incluindo a sua localização geográfica, isto é, localização em grande parte tropical, pobreza, subnutrição e saneamento expôs África a um desproporcionalmente pesado fardo, comparado com outros Países em desenvolvimento. Novos vírus poderão também emergir no futuro. Documento-Quadro da Agenda 2063 138 g. Riscos climáticos e catástrofes naturais: As alterações climáticas continuarão a ter um impacto adverso sobre o desenvolvimento de África nos próximos anos. Em 2007, o Painel Intercontinental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) declarou África um dos mais vulneráveis continentes as alterações climáticas e a variabilidade do clima, uma situação agravada pela interacção de múltiplos stresses em vários níveis e a fraca capacidade do Continente a adaptação. África tem também limitada capacidade de preparação e de prevenção e qualquer catástrofe natural deixa um rasto de enorme perda de vida humana e de destruição material. Existem também riscos substanciais de apropriação das terras e de privatização de bens comuns que acentuará a vulnerabilidade aos riscos climáticos. h. Choques externos: Os Países africanos têm sido e continuarão a ser extremamente vulneráveis as vicissitudes da força dos mercados globais. No contexto de um cronograma de 50 anos, mudanças no ambiente económico global tais como colapso dos preços dos produtos, crises financeiras ou algumas outras evoluções nos domínios político, social e ambiental têm um enorme potencial para descarrilhar a trajectória de desenvolvimento de África. Essas ameaças e desafios podem, contudo, ser mitigadas e convertidas em oportunidades através da formulação de estratégias colectivas e efectivas respostas políticas públicas e acções para conter as mudanças económicas, sociais e ambientais com que África se confronta. A superação dos riscos e o tratamento das fragilidades implicam duas dimensões: Trabalho sobre a resiliência nas sociedades africanas – as comunidades agrícolas têm demonstrado uma forte capacidade de resistência aos riscos do clima e criam condições de vida nas mais difíceis conjunturas. Através da sociedade civil, as comunidades são capazes de governar os seus assuntos, gerir disputas e proteger os vulneráveis e as mulheres africanas jogam um papel vital na edificação da paz e reconstituição das condições de vida. A criação dessas formas de resiliência pode ajudar a África na contenção dos riscos; Estabelecimento de parcerias estreitas e criação de instituições aos níveis comunitário, dos Estados-membros, regional e continental para ajudar a absorver essas mudanças disruptivas e reduzir as associadas fragilidades das comunidades e dos Estados. O reforço das capacidades das CER para encontrar soluções regionais de tratamento das diversas fragilidades é de crucial necessidade; A promoção da diversificação económica, resiliência ao clima e a preparação para as catástrofes e prevenção. Já preconizadas pela Agenda 2063, o valor acrescentado nos sectores da agricultura e das minas, a diversificação das economias africanas da dependência das exportações baseadas na Documento-Quadro da Agenda 2063 139 agricultura e também da dependência de um ou dois produtos primários constituirão o mecanismo fundamental de mitigação dos riscos. Reforço do capital humano e promoção de uma revolução de competências. A Agenda 2063 atribui prioridade em ter cidadãos instruídos com base na revolução de competências, ciência, tecnologia e da inovação combinada com livre acesso aos cuidados de saúde de qualidade. Isto tem o potencial de transformar os riscos dos fardos demográficos e das doenças em dividendo demográfico e leva à transformação económica do continente. Essas estratégias e outras posicionarão melhor África por forma a fazer face às mega tendências e forças discutidas abaixo. 5.3. Mega Tendências e Forças Globais A Agenda 2063 é formulada e será implementada num momento de rápida mudança em África e no Mundo. Os principais condutores dessas mudanças são diferentes forças com origens em África (endógenas) e fora de África (exógenas). Os condutores dessas mudanças serão em 2063 diferentes dos que hoje conhecemos dadas as dinâmicas política, demográfica, económica e social bem como as mudanças dos interesses e preocupações da sociedade. Cinquenta anos é um longo período para significativamente identificar as megas tendências que são susceptíveis de ter significativo impacto sobre a trajectória de crescimento e transformação de África, seja positiva ou negativamente. Contudo, na base do mencionado pelos intervenientes nas consultas sobre a Agenda 2063 em termos de ameaças e oportunidades, combinado com a revisão, foram identificadas as seguintes mega tendências: Democratização, Crescimento e Capacitação do Indivíduo Os rápidos avanços na tecnologia e na educação global estão produzindo cidadãos inteligentes, móveis, conectados, sem fronteiras e informados sem precedentes na história da humanidade. A taxa de penetração das TIC de banda larga em África foi apenas de 7 por cento em 2010 enquanto a média do número dos utilizadores da internet em África é de 12 por cada 100 pessoas com larga variação entre os Países. A conexão das desconectadas e de rápido crescimento da economia digital criará tremendas oportunidades para crescimento e transformação de remodelarão o cenário económico e social de África. As estruturas democráticas e participativas de governação estão a expandir em muitas partes do Mundo, mais em África, em resposta a procura desses cidadãos, por sua vez, está a criação de um ambiente favorável para esses cidadãos para serem capacitados e serem livres para desprender a sua ingenuidade e energias para crescimento e transformação. Documento-Quadro da Agenda 2063 140 Alterações Climáticas e Economia de Baixo Carbono As alterações climáticas afectam um amplo sector em África o que se presume ser severo, difusivo, trans-sectorial, de longo prazo e em vários casos irreversível. O IPCC estima que a temperatura media aumente de 3o C a 4oC em África, uma vez e meia maior do que o aumento global de 2.oCe 4.5oC até o fim do século o que, entre outras coisas, forçará os peixes de África a migrarem para a Europa. Ela ameaçará também a frágil paz e segurança de África através agravando a escassez do ambiente, induzindo a deslocação da população, migração espontânea de larga escala, invasão das terras e criando refugiados. Prevê-se que o aumento do nível do mar da erosão das zonas costeiras tenham um impacto severo sobre as principais cidades africanas: Abidjan, Acra, Alexandria, Argel, Cidade do Cabo, Casablanca, Dacar, Dar es Salaam, Djibuti, Durban, Freetown, Lagos, Libreville, Lomé, Luanda, Maputo, Mombasa, Port Louis e Túnis. As Pequenas Ilhas são também particularmente vulneráveis. No geral, a prevalência e severidade dos eventos extremos tais como ondas de calor e de frio, tempestade de poeira, ventos severos, inundações, secas, maior variabilidade da chuva e padrões distorcerão o ciclo tradicional da colheita e são susceptíveis de diminuir a produtividade das matérias-primas da agricultura e da indústria bem como as receitas da exportação, e aumentar as pestes animais e vegetais e doenças. Esgotamento dos recursos naturais e mudanças da procura A desflorestação resulta numa significativa degradação ambiental, diminuição dos rendimentos com consequências sociais e ambientais negativas, incluindo: a deterioração dos ecossistemas ecológicos disso resultando impactos negativos sobre a fertilidade do Documento-Quadro da Agenda 2063 141 solo, fluxo de água e de recursos biológicos, aguda escassez de lenha e de materiais de construção em muitas partes do continente. Embora a gestão da escassez de recursos e da abundancia tenha o potencial de definir o desenvolvimento de África, a agenda de paz e segurança, os desafios e oportunidades de África são: A escassez da água: que pode provocar conflitos e crises; A corrida para os vastos recursos de terras aráveis; As tecnologias de processamento de minerais – melhoria da eficiência de exploração dos recursos (taxa de rendimento) e desenvolvimento de aplicações para minérios de grau mais baixo; A economia azul, incluindo a extracção mineira no alto mar e a reclamação do património marítimo de África. Demografia e Urbanização Com as actuais taxas de crescimento, a população de África atingirá os 2,6 mil milhões até 2063 e será maior do que da Índia ou da China. A população do mundo desenvolvido é envelhecida, criando vias para as economias em desenvolvimento, para África em particular, com a sua população jovem preencher a lacuna. África está assim melhor posicionada para colher os benefícios do dividendo demográfico nos próximos anos dados os seus 1,2 mil milhões de população jovem em 2063. África tem a mais alta taxa mundial de urbanização (3,23 por cento) com uma população urbana de 400 milhões a duplicar nos próximos 20 anos, atingindo 1.5 biliões de pessoas. Contudo, cerca de 61,7 por cento da população urbana de África vivia em 2010 nas favelas, a mais alta taxa no Mundo. As megacidades de África de hoje, isto é, subúrbios de Cairo e Lagos com população de 19 e 15 milhões respectivamente serão seguidas de outras megacidades nos próximos 50 anos: Gauteng (Joanesburgo e Tshwane) Cabo Ocidental (Cidade do Cabo), Luanda, Acra, Cartum, Dacar, Brazzaville/Kinshasa, Adis Abeba, Maputo, Dar-es-Salam e Nairobi. Documento-Quadro da Agenda 2063 142 Novas Tecnologias e Inovação Entre as tecnologias de ponta que são susceptíveis de ter impacto em África estão: A biotecnologia agrícola – que utiliza técnicas com base na genética para melhorar a produtividade da agricultura, práticas de gestão da agricultura produzem mais seca, encharcamento e variedades de resistência as doenças que ajudam a minimizar os altos custos dos químicos agrícolas, pesticidas e de água; A saúde e os sistemas de inovação da saúde: invenção de novos medicamentos, vacinas, medicina nuclear, ferramentas de diagnóstico para lidar com as doenças emergentes bem como tratar as intratáveis; A energia renovável e novas tecnologias: conduzido pela diversificação das fontes de energia, enorme aumento da procura da energia deriva do acelerado crescimento económico, as emissões de carbono são taxadas e reguladas, segurança energética, electricidade mais limpa e mais acessível com medidores de energia e redes inteligentes. As TIC, robôs e automação: poderá verificar mudanças rápidas no mundo nas próximas décadas. Mudanças na Arquitectura Financeira Global As questões levantadas na OMC e as conversações sobre a liberalização multilateral sugerem mudanças iminentes no comércio global e na regulação financeira que conduzirão a maior integração financeira – o capital é usado efectivamente e que as salvaguardas sejam estabelecidas contra paragens súbitas e reverses de fluxo de capital. Mudança do poder político e económico mundial O engajamento comercial bilateral da Europa e dos EUA com África: o fim dos regimes preferenciais para África (AGOA, Tudo Menos Armas (TMA) substituídos por Acordos de Parceria Económica (APE) e fim do Acordo de Cotonou) são possibilidades que podem ter impacto sobre a trajectória de desenvolvimento de África. A política de ajuda pode também mudar. Até 2063 o fluxo de ajuda para África pode diminuir até zero com o desaparecimento da ajuda a África na Europa e o declínio do relativo diferencial de rendimentos entre a África e a Europa. Para lidar efectivamente com essas megatendências e transformar os potenciais riscos em oportunidades, África precisa de investir na criação de uma base de conhecimentos, compreender plenamente as dramáticas mudanças associadas que têm tido lugar constantemente, antecipar o que surgirá e formular políticas e estratégias. Em particular haverá necessidade de: Documento-Quadro da Agenda 2063 143 Assegurar a prevalência da liberdade do homem e 100 por cento de conectividade enquanto se prepara para o crescimento de numerosos desafios as estruturas de governação e processos emergentes da capacitação individual; Aproximar a ciência e a tecnologia em África até as fronteiras da mudança global; Gerir as receitas dos recursos naturais, combater os fluxos ilícitos de capital, criar inovação no desenvolvimento do financiamento tais como taxas sobre viagens aéreas, fundos soberanos de riqueza, incluindo fundos intergeracionais baseados em recursos naturais exaustivos; Criar a biotecnologia nos genótipos indígenas da flora e fauna de África e assegurar que a biotecnologia, incluindo os organismos geneticamente modificados (GMO) não destruam facilmente a diversidade, quantidade e qualidade dos recursos genéticos de África; Investir fortemente na transformação e na expansão da indústria farmacêutica de África, incluindo na medicina nuclear para libertar a África do flagelo das doenças transmissíveis; Reforçar tanto nos mercados financeiros nacionais como regionais, impulsionar a mobilização de recursos e ampliar o acesso aos serviços financeiros. Documento-Quadro da Agenda 2063 144 CAPÍTULO 6: 6.1. “PASSAR À PRÁCTICA” – IMPLEMENTAÇÃO, MONITORIZAÇÃO, AVALIAÇÃO, FINANCIAMENTO, COMUNICAÇÃO E CAPACIDADES PARA A IMPLEMENTAÇÃO Introdução Desde a criação da OUA, foram lançados vários quadros e iniciativas continentais: o Plano de Acção de Lagos e a Lei Final de Lagos, o Tratado de Abuja, o Quadro Africano Alternativo para o Programa de Ajustamento Estrutural (AAFSAP), a NEPAD e vários quadros sectoriais abrangendo quase todas as esferas económica, social, cultural e de conservação ambiental. Em termos gerais, os resultados da implementação destas iniciativas têm estado abaixo das expectativas. As lições deste exercício foram resumidas no Capítulo 3. As principais lições aprendidas das experiências do passado aliadas à revisão dos planos nacionais e regionais, os quadros Comunidades Económicas Regionais e a Agenda continentais existentes e as consultas com os 2063 grupos de intervenientes a nível continental Proporcionar liderança aos Estados-membros no indicam que os aspectos descritos abaixo alinhamento das suas visões / planos com a constituem pré-requisitos para a implementação Agenda 2063 Coordenação da implementação, monitorização e bem-sucedida da Agenda 2063: avaliação da Agenda 2063 pelos Estados-membros Desempenhar o papel de liderança na execução dos programas regionais no âmbito da Agenda 2063 Fornecer o relatório de progresso sobre a implementação e relatórios de monitorização por parte dos Estados-membros ao Comité Directivo da Agenda 2063 Representar a Região nas Estruturas da Agenda 2063 Assegurar um acordo de implementação, monitorização/avaliação robusto como parte da Agenda 2063 sustentada por mecanismos de coordenação claros aos níveis continental, regional e nacional. Promover a participação eficaz e inclusiva através do envolvimento de todos os intervenientes e esclarecimento das suas funções e responsabilidades (i) Nível Nacional – Governo, OSC/ONG, associações empresariais e de serviços, grupos de mulheres e jovens, grupos comunitários (ii) Nível Regional - CER, associações empresariais/serviços e profissionais e (iii) Nível Continental – Chefes de Estado e de Governo, Conselho Executivo, Comité dos Representantes Permanentes, CUA/Órgãos e Agências da UA, associações empresariais / serviços / profissionais e a Diáspora nos acordos de implementação, monitorização e avaliação relativos à Agenda. Criar uma Estratégia de Mobilização de Recursos orientada e pertencente à África para garantir financiamento para a implementação da Agenda. Envolver os povos africanos no continente e na Diáspora na procura de pontos de vista, partilha de ideias, prestação de relatórios de actividades através de uma Estratégia de Comunicação da Agenda 2063. Documento-Quadro da Agenda 2063 145 Fazer o uso adequado das instituições/ estruturas existentes das CER, Conferência, Conselho Executivo, CTE, CUA e outros Órgãos da UA, ao invés de criar instituições e estruturas na implementação / monitorização e avaliação. Tornar o nível regional, liderado pelas CER, como o centro para Passar à Prática Garantir a continuidade tornando os planos nacionais, regionais e continentais como base para a Agenda conseguir a concordância dos Estados-membros e as CER e evitar sobreposições; Revitalização, reforço e basear-se nos sistemas e processos de planificação nacional / regional existentes como mecanismo para a harmonização de planos nacionais/regionais com a Agenda 2063, incluindo o compromisso político sustentado para a planificação; e Garantir a existência de um ponto focal para as operações a nível continental onde todos os intervenientes têm uma representação. Com base nestas experiências e lições, este Capítulo apresenta os seguintes aspectos relacionados com a questão “Passar à Prática”: 6.2. Acordos de Implementação, Monitorização e Avaliação; Relações com as partes interessadas; Financiamento da Agenda 2063; Parcerias; Desenvolvimento da Capacidade; e Estratégia de Comunicação para a Agenda 2063. Acordos de Implementação, Monitorização e Avaliação 6.1.1. Objectivos e Princípios Os objectivos do Acordo de Implementação, Monitorização e Avaliação são os seguintes: (i) (ii) (iii) Identificar todos os principais intervenientes e atribuir tarefas a ser realizadas por cada um; Garantir que cada interveniente realize atempadamente a tarefa atribuída; e Providenciar uma plataforma para a execução colectiva/ alcance das metas decorrentes da Agenda 2063. Os princípios subjacentes derivados das consultas, revisão de planos nacionais/regionais e quadros continentais, além das questões levantadas no ponto 6.1 incluem: subsidiariedade; prestação de contas e transparência; participação/inclusão; integração; diversidade; promoção das instituições e sistemas existentes; e harmonização de polícias e sistemas. Documento-Quadro da Agenda 2063 146 Subsidiariedade Existem três níveis para a implementação da Agenda 2063 e cada nível deve ser atribuído a tarefa na qual seja mais eficiente e eficaz. Neste contexto: O nível nacional será responsável pela implementação das principais actividades contidas na Agenda 2063; O nível regional – CER, irá servir como o fulcro para a implementação a nível regional. Irá adaptar o quadro dos resultados da Agenda 2063 às realidades regionais e facilitar / coordenar a implementação pelos Estados-membros e desenvolver/implementar o quadro de monitorização e avaliação a nível regional. O nível continental (Órgãos da UA, especialmente a CUA) será responsável pela criação de um quadro de resultados e uma monitorização e avaliação ampla baseada nas contribuições das CER. Prestação de Contas e Transparência Para garantir que todos os intervenientes desempenhem as suas funções, a concepção de um quadro de implementação deve ser: (i) (ii) Orientado aos resultados – deve-se definir para cada interveniente metas realísticas/ mensuráveis e deve-se criar um quadro de monitorização e avaliação para reforçar o cumprimento; e Orientado à evidência – todas as decisões relacionadas com a definição de prioridades/ áreas de enfoque, alocação de recursos, entre outras, devem estar baseadas em critérios definidos de forma objectiva para garantir a convergência/ aceitação por todos os intervenientes e criação de uma base africana de conhecimentos e de recolha de dados e estatísticas, para sustentar a implementação e monitorização dos planos. Participação/Inclusão e Integração A implementação de qualquer plano ou programa começa com o envolvimento dos principais actores no processo de formulação. A participação e inclusão de todos os principais intervenientes é um factor de sucesso fundamental que irá melhorar o conhecimento, a apropriação e o conhecimento dos objectivos e propósito da Agenda 2063 e reforçar os compromissos colectivos. Garantir a participação eficaz e a inclusão através do envolvimento de todos os intervenientes: (i) (ii) Nível nacional – O Governo na liderança e com o apoio das (como estabelecido no sistema nacional de planeamento), OSC, associações empresariais e de serviços, grupos de mulheres e jovens, grupos comunitários Nível Regional - CER, associações empresariais/de serviços e profissionais e Documento-Quadro da Agenda 2063 147 (iii) Nível Continental – Conferência da UA, Conselho Executivo, Comité dos Representantes Permanentes, CUA/Órgãos e Agências da UA, CTE, associações empresariais/de serviços e profissionais e a Diáspora nos Acordos de Implementação, Monitorização e Avaliação da Agenda Diversidade Embora se providencia um quadro geral e um conjunto comum de objectivos e metas, a Agenda 2063 deve, igualmente, tomar em conta a diversidade de África e definir as trajectórias e abordar questões relacionadas com esta diversidade. Promoção de Instituições e Sistemas Existentes A Agenda 2063 irá basear-se em sistemas e processos de planificação nacional/regional existentes como o mecanismo para a harmonização dos planos nacionais/regionais com a Agenda 2063. Os mandatos e pontos fortes das instituições existentes como CER, NEPAD, PAP entre outras, podem ser definidos em caso de necessidade e usados de forma adequada para a monitorização e avaliação da Agenda 2063. Além disso, a Agenda 2063 deve basear-se em infra-estruturas e sistemas existentes, bem como sucessos e fracassos das várias iniciativas políticas e socioeconómicas lançadas pelo continente. Harmonização de Políticas, Sistemas e Processos Enquanto as diversidades de África devem ser tomadas em conta, há necessidade de garantir a universalidade em certas áreas para a manutenção da integridade do processo. Algumas das áreas de enfoque onde a harmonização será necessária incluem os indicadores e as metas para o quadro de resultados. 6.2.2 Relações dos Intervenientes para a Implementação, Monitorização e Avaliação da Agenda 2063 Os principais intervenientes para Passar à Prática estão a três níveis, conforme a figura 6.1., nomeadamente o nível Continental, Regional e Nacional. Estes intervenientes têm funções específicas no que diz respeita à implementação, monitorização e avaliação da Agenda 2063. Os principais intervenientes, em ordem de hierarquia relativa, são os seguintes: Nível Continental Compreende os Órgãos da UA e os Mecanismos de Coordenação Operacional a nível continental, nomeadamente: Documento-Quadro da Agenda 2063 148 A Conferência As principais responsabilidades incluem a disposição da coordenação estratégica através do trabalho do Comité Ministerial da Agenda 2063 sobre a Agenda 2063; formular recomendações à Conferência sobre os quadros de resultados e aprovar os relatórios de monitorização e avaliação; O Comité Ministerial da Agenda 2063 Um Comité do Conselho Executivo com membros cooptados como: o(a) Presidente da CUA, os Responsáveis Executivos da NPCA, as CER, o Banco Africano de Desenvolvimento, a Comissão Económica das Nações Unidas para África e alguns Órgãos da UA. As principais responsabilidades incluem a realização de supervisão de nível operacional na concepção, implementação, monitorização e avaliação da Agenda 2063 e supervisão directa da CUA como unidade de coordenação técnica para a Agenda 2063. A CUA/ Unidade Técnica para a Agenda 2063 Sob orientação do(a) Presidente da CUA, a unidade irá realizar as seguintes tarefas: Coordenar e facilitar questões técnicas relacionadas com o desenvolvimento/ revisão dos quadros de resultados da Agenda 2063, em particular os planos de implementação decenal; Desenvolver quadros continentais para apoiar a implementação da Agenda 2063; Analisar os relatórios de monitorização e avaliação das CER; Desenvolver/ implementar estratégias de mobilização de recursos e de comunicação; Preparar relatórios de progresso/ anuais, entre outros. A Unidade irá, em geral, prestar apoio como secretariado do Conselho Executivo e dos CTE em questões relacionadas com a Agenda 2063. Nível Regional As Comunidades Económicas Regionais Entre as suas principais responsabilidades, constam: i) ii) a provisão de liderança no início do processo consultivo a nível regional e nacional em relação à implementação da Agenda 2063; participação a nível continental na realização da supervisão operacional a nível continental na implementação da Agenda 2063; Documento-Quadro da Agenda 2063 149 iii) iv) v) vi) adaptação / harmonização de Planos de Acção de 10 anos a nível continental, de longo e médio prazos relativos à Agenda 2063; elaboração de directrizes dos planos dos Estados-membros; coordenação da preparação/implementação de programas regionais; integração de relatórios de monitorização e avaliação a nível regional e provisão de liderança na mobilização de recursos para a Agenda 2063. Nível Nacional Estados-membros Os Estados-membros têm diferentes leis/processos de sistemas de planificação, mas em geral, podem ser incluídos na figura 6.1. Existem níveis nacionais e subnacionais (região, província, estado e local) envolvidos nos agrupamentos de áreas temáticas para a formulação de políticas, elaboração e execução de planos, monitorização, avaliação e mobilização de recursos. Principais responsabilidades Sob direcção do Governo, os intervenientes a nível nacional e subnacional têm funções a desempenhar dentro das áreas temáticas/grupos. A nível nacional, Governo, sector privado, associações nacionais, etc., através do quadro de planificação a nível nacional Alinhar a visão nacional/planos com as perspectivas do plano de longo prazo/10 anos da Agenda 2063. Liderar/coordenar o processo de mobilização e alocação de recursos e Liderar/coordenar a execução de planos nacionais e de médio prazo orientados pela Agenda 2063. Participar, igualmente, na definição dos objectivos/metas e na monitorização e avaliação. A nível subnacional, sob direcção do governo subnacional, e apoiado por Grupos da Sociedade Civil (grupos com e sem fins lucrativos), grupos intersectoriais participam nas seguintes actividades: 6.3. Alinhamento da visão nacional com a Agenda 2063; e Preparação de planos de médio prazo baseados na Agenda 2063. Definição de objectivos e metas e monitorização e avaliação a nível da base. Financiamento da Agenda 2063 Necessidades de Financiamento da Agenda 2063 É necessário financiamento para todas as sete Aspirações da Agenda 2063. Contudo, são necessários recursos financeiros consideráveis para financiar a agenda de transformação socioeconómica, nas seguintes áreas: integração regional; infra-estruturas; Documento-Quadro da Agenda 2063 150 ciências, industrialização baseada na tecnologia e na inovação e processamento de recursos locais; agricultura, segurança alimentar e sustentabilidade ambiental; comércio intra-africano; saúde e nutrição; educação, ciência, tecnologia, engenharia e educação baseada na matemática, pesquisa e outros centros de excelência; crescimento inclusivo e sustentável, incluindo o apoio ao empreendedorismo das mulheres e dos jovens. Outras áreas que requerem financiamento incluem: paz, segurança, direitos humanos e estabilidade regional; identidade cultural; apoio ao baixo rendimento; capacitação para a UA e seus Órgãos, CER e Estados-membros. A tipologia das necessidades de financiamento da Agenda 2063 pode variar de subvenções para financiamento comercial, recursos públicos e privados/comerciais, incluindo: subvenções puras, recursos de assistência técnica, recursos de impacto social, empréstimos em condições preferenciais, empréstimos comerciais baseados nos preços do mercado, equidade e outros instrumentos associados ao mercado, Investimento Directo Estrangeiro (IDE) e carteira de investimentos pelo sector privado (dívidas, obrigações, equidade e outros títulos). Estratégia para o Financiamento da Agenda 2063 O desafio do financiamento da Agenda 2063 é: em primeiro lugar, relativa à mobilização de uma base de recursos financeiros estável e previsível que pode ser alcançada em grande medida apenas através de recursos financeiros locais; em segundo lugar, dentro do contexto regional caracterizado por muitos níveis de fracasso de mercado, a problemática do financiamento da Agenda 2063 não está apenas relacionada com a mobilização de recursos financeiros gerados a nível local, mas também com a promoção e intermediação desses recursos para investimentos produtivos e a implementação de programas no quadro da Agenda 2063; em outras palavras, África precisa apenas de fundos, mas também de meios mais eficazes e inclusivos (incluindo instituições financeiras e mercados, instrumentos financeiros e serviços financeiros) que podem ser as mais eficazes e onde houver fracasso de mercado na alocação dos recursos necessários. Em terceiro lugar, porque a disponibilidade de recursos financeiros não garante o seu acesso pelas pessoas, comunidades, MSME, infra-estruturas e projectos industriais e intervenientes no sector prioritário tal como a agricultura devido aos fracassos de mercado, um acesso pró-activo de apoio financeiro para estas entidades será considerado como parte do processo de financiamento da Agenda 2063. Por conseguinte, a estratégia de financiamento da Agenda 2063 será articulada em três dimensões: (1) mobilização de recursos internos; (ii) intermediação de recursos em investimento; e (iii) acesso aos recursos financeiros. Documento-Quadro da Agenda 2063 151 Mobilização de recursos internos Intermediação de recursos em investimento Acesso aos recursos financeiros Financiamento intermediação e mobilização de recursos internos e estratégia de Os tipos de recursos financeiros necessários para financiar a Agenda 2063 e a estratégia para mobilizá-los são os seguintes: Documento-Quadro da Agenda 2063 152 Estratégia Nacional de Financiamento da Agenda 2063 Potenciais Fontes de Finanças Orçamento para o investimento do Governo Orçamento para as despesas do Governo Financiamento em grande escala Fluxos de capitais ilícitos Como Mobilizar Recursos Adicionais Necessários Reafectação orçamental e/ou taxas acrescidas, direitos aduaneiros, receitas provenientes de impostos especiais Reafectação orçamental e/ou taxas acrescidas, direitos aduaneiros, receitas provenientes de impostos especiais Campanha de financiamento em grande escala para o grupo alvo relevante Regulamento, vigilância e execução Como Implementar Assinatura do compacto da Agenda 2063 Assinatura do compacto da Agenda 2063 Eficácia de marketing, canal Serviços Nacionais Eficientes Cooperação Internacional Créditos de Carbono Reclamações do criador internacional de mercado relativo ao Conclusão do projecto de “Mecanismo de Desenvolvimento Limpo” redução da emissão IDE Promoção de investimento direccionado e /ou promoção de Compacto da Agenda 2063 investimento regional Investimento Privado (PPP Desenvolvimento de projectos, estruturação e marketing e Fortes condições do quadro pequena dimensão) encerramento do exercício financeiro no âmbito das Parcerias das Parcerias Público Público - Privadas Privadas Investimento Privado (PPP) Desenvolvimento de projectos, estruturação e marketing e Fortes condições do quadro encerramento do exercício financeiro no âmbito das Parcerias das Parcerias Público – Público - Privadas Privadas Fundo da Diáspora Intermediação através de obrigações, fundos mútuos ou Instituição financeira dirigida participação directa no projecto ou negócio de forma credível Campanha de sensibilização/marketing Microfinanças Aumento (i.e. melhoria da capitalização) de MFIs para ser Atrair o investidor em capital combinados com a capacitação de MFIs na governação, gestão e de MFI áreas de operações Linha de crédito, assistência técnica Facilidades de IDE Aumento (i.e. melhoria da capitalização) de IDE para serem Convénio da Agenda 2063 combinados com a capacitação com o IDE Finanças de Bancos Capacitação através da formação ou serviços de assessoria e/ou Convénio da Agenda 2063 Comerciais aumento através da capitalização de bancos com o IDE 153 Finanças Comerciais Crédito/Seguro Investimento de Serviços de Seguro Risco Político (PRI) de Serviços de Garantia de ACGA Serviços Africanos de Bancos de Investimento Fundo África 50 Agenda 2063 com banco Atrair o investidor em capital de banco Linha de crédito, assistência técnica (1) Capacitação através da formação/serviços de assessoria e/ou Idem conforme acima aumento através de capitalização de bancos ou outras empresas de finanças destinadas ao comércio; (2) Capitalização de Afreximbank;(3) BAD para aumentar a linha de crédito Aumento (i.e. melhoria da capitalização) de seguro regional / Atrair o investidor em resseguro (Africa Re + empresas de seguro), para serem empresas combinados com a capacitação na gestão de novos riscos (OGM, Aviação, Alterações Climáticas) Aumento (i.e. melhoria da capitalização) de (Africa Re + empresas Atrair o investidor em de seguros), para serem combinados com a capacitação na gestão empresas de novos riscos (OGM, Aviação, Alterações Climáticas, etc.) Investidores Institucionais Africanos (bancos, bancos centrais, Viabilidade + Memorando de pensões, seguro, etc.), Governos Africanos Investimento + Exposição Itinerante + Patrocinadores Credíveis Investidores Institucionais Africanos (bancos, bancos centrais, Viabilidade + Memorando de pensões, seguro, etc.), Governos Africanos Investimento + Exposição Itinerante + Patrocinadores Credíveis Investidores Institucionais Africanos (bancos, bancos centrais, Viabilidade + Investimento pensões, fundos soberanos, seguro, fundos equitativos privados, memo + Exposição Itinerante etc.), Governos Africanos Estratégia de Financiamento da Agenda 2063 REGIONAL / CONTINENTAL Potenciais Fontes de Como Mobilizar os Recursos Adicionais Necessários Como Implementar Finanças Orçamento operacional/de Impostos às empresas africanas do sector privado conforme foi Aplicação da proposta pelo Documento-Quadro da Agenda 2063 154 programas da CUA sugerido pelo relatório do Painel de Alto Nível sobre as Fontes Alternativas de Financiamento da UA (HLPASF) liderado por Obasanjo ou contribuição equivalente dos Estados-membros Orçamento operacional/de Reafectação orçamental das CER e/ou contribuições adicionais dos programas das CER Estados-membros Recursos privados (de PPP) Desenvolvimento de projectos, estruturação e encerramento de marketing e recursos financeiros no âmbito das Parcerias Público – Privadas Receitas subsidiárias ou Comercialização bem-sucedida da patente receitas de patentes Receitas provenientes de Serviços vendidos impostos Finanças Diáspora Obrigatórias da Subscrição obrigatória da Diáspora Conselho Executivo Decisão do Comité Executivo Fortes condições do quadro das Parcerias Público – Privadas Pesquisa bem-sucedida Serviços de Qualidade Estruturação obrigatória, marketing e distribuição bemsucedida; criador credível de mercados Finanças Obrigatórias Subscrição obrigatória regional Estruturação obrigatória, Regionais marketing de projectos e distribuição; criador credível de mercados; quadro regional favorável (jurídico, político) Finanças de Bolsas de Subscrição da contribuição de um stock regional ou questões Marketing bem-sucedido de Valores Regionais relevantes projectos ou empresas, e exposição itinerante; criador credível de mercados; quadro regional favorável (jurídico, político) Facilidades de DFI Aumento (i.e. melhoria da capitalização) de DFIs para serem Idem Convénio da Agenda combinados com capacitação 2063 com o IDE Finanças de bancos Capacitação através da formação ou serviços de assessoria e/ou Convénio da Agenda 2063 comerciais aumento através de capitalização dos bancos com bancos Atrair investidor em capital de Documento-Quadro da Agenda 2063 155 Finanças Comerciais Seguro de Crédito/Investimento Serviços de Seguro de Risco Político (PRI) banco Linha de crédito, assistência técnica (1) Capacitação através da formação ou serviços de assessoria e/ou Convénio da Agenda 2063 aumento através de capitalização dos bancos ou outras empresas com o IDE financeiras destinadas ao comércio; (2) Capitalização de Afreximbank; (3) BAD para aumentar o crédito Aumento (i.e. melhoria da capitalização) de seguro/resseguro (Africa Atrair investidores em Re + empresas de seguros), para serem combinados com empresas capacitação na gestão de novos riscos (OGM, Aviação, Alterações Climáticas) Aumento (i.e. melhoria da capitalização) de (Africa Re + empresas Atrair investidores em de seguros), para serem combinados com a capacitação na gestão empresas de novos riscos (OGM, Aviação, Alterações Climáticas, etc.) Documento-Quadro da Agenda 2063 156 Acesso aos recursos financeiros A disponibilidade de recursos financeiros e as vias de intermediação financeira não garantem, de facto, o acesso aos recursos financeiros. Para aceder aos recursos financeiros, o potencial mutuário ou o emissor do documento financeiro deve ser fiável ou pronto para o investimento. Os seguintes aspectos do acesso às medidas de facilitação financeira serão considerados: a) b) c) d) e) criar “condições de enquadramento” (político, jurídico, regulamentar e institucional) e desenvolver a indústria financeira (PPP/infra-estruturas, recursos financeiros para as PME/banca e micro finanças); criar fundos de desenvolvimento de projectos relevantes (PDF), lacunas em termos de viabilidade dos fundos (VGF), fundo de capitalização, instalações de mistura para responder à procura - prontidão – financiamento bancário, disponibilidade de investimento de empresas e projectos; criar infra-estruturas de informação (infra-estruturas de informação sobre finanças – classificação, análise nacional, padrões de governação corporativa, padrões de prestação de contas, gabinete de crédito e registos colaterais, etc.); desenvolver conhecimentos e da capacidade técnica na assessoria financeira, estruturação financeira e negociações financeiras para projectos industriais e de infra-estruturas em larga escala; dar resposta ao fracasso do mercado nos recursos financeiros das PME (financiamento do ciclo de vida das PME, financiamento específico à indústria); e pôr em prática os mecanismos de partilha de riscos. Implementação de DRM e da Estratégia de Financiamento da Agenda 2063 A implementação da estratégia de DRM da Agenda 2063 será realizada de acordo com o seguinte calendário de actividades: - Definição da responsabilidade institucional entre o intervenientes externos e a nível da UA na implementação da estratégia de financiamento e de DRM da Agenda 2063; Promoção da campanha e domesticação da estratégia de financiamento e de DRM da Agenda 2063; Articulação do Quadro de Monitorização e Avaliação e dos Resultados de DRM da Agenda 2063 Início da implementação do Grupo de Trabalho de DRM sobre as três frentes inter-relacionadas: (i) Frente Política, de Conhecimentos e Capacitação (frente de ambiente favorável); (ii) Frente de mobilização de fundos e intermediação (frente do lado da oferta) e (iii) frente de acesso à facilitação financeira (frente do lado da procura). A implementação da estratégia de financiamento de DRM da Agenda 2063 irá envolver uma divisão de trabalho entre as principais intervenientes, tais como: CUA, NPCA, BAD e CEA, CER por um lado, e Estados-membros, Organizações do Sector Documento-Quadro da Agenda 2063 Pág. 157 Privado (actores do sector financeiro, OSP e Organizações da Sociedade Civil (OSC) por outro lado. A implementação da Estratégia de DRM da Agenda 2063 pode iniciar durante o ano de 2015, desde que o processo de aprovação através dos diferentes órgãos da UA seja acelerado. 6.4. Parcerias para a Agenda 2063 Conforme constatado anteriormente, a UA está empenhada no estabelecimento de uma série de parcerias estratégicas tanto com parceiros tradicionais como novos. Contudo, a gestão dessas parcerias têm sido caracterizadas por diferentes níveis de obstáculos. A maior parte dos obstáculos enfrentados na gestão das parcerias estratégicas de alto potencial foram um resultado dos desafios ao nível da CUA que estavam relacionados com a falta de uma política e estratégia de parceria da UA, bem como défices a nível da UA em termos de capacidade financeira, técnica e de coordenação. Avançar para os três níveis de acção seguintes será considerado pela UA para tirar maior vantagem das suas parcerias estratégicas: a. Preparação de um Quadro de Política Abrangente da UA e articulação de uma estratégia de parceria para os parceiros de alto potencial em duas ou três áreas de intervenção O potencial dos parceiros estratégicos da UA pode ser avaliado com base nos três conjuntos de critérios: (i) alinhamento à Agenda 2063 e ao seu plano de implementação decenal; (ii) A dimensão/âmbito da oferta financeira, o potencial impacto de transformação contido no documento dos resultados ou no plano de acção em termos de assistência técnica, comércio e investimento, industrialização e transferência de tecnologia, programa de apoio à agricultura e investimento social; e (iii) a natureza “inteligente” dos resultados. Alinhamento do actual plano de 10 anos da Agenda 2063 A dimensão/âmbito da oferta financeira, o potencial impacto de transformação contido no documento dos resultados ou no plano de acção em termos de assistência técnica, comércio e investimento, industrialização e transferência de tecnologia, programa de apoio à agricultura e investimento social; e A natureza “inteligente” dos produtos. Documento-Quadro da Agenda 2063 158 b. Maximização do potencial de África para explorar o pleno potencial da sua parceria África deve explorar o pleno potencial de todas as cinco principais parcerias estratégicas através de: 1) 2) 3) 4) 5) c. Articulação de uma política de parceria estratégica; Criação de um fundo da parceria estratégica com a contribuição dos Estados-membros da UA; Melhoria Estratégica, governação, apoio técnico, logístico e financeiro para a função de gestão da parceria da CUA; Clareza pela UA no diz respeito à implementação dos vários programas do Continentais Africano (PIDA, CAADP/3ADI, AIDA/APCII/RADS/AMV, BIAT) para facilitar a cooperação orientada aos resultados com os seus parceiros estratégicos e a UE em particular; Melhoria do envolvimento e coordenação de/entre os vários intervenientes do processo de parceria de África: CUA, NPC, BAD, CER, Estados-membros, PSO, OSC e outros Órgãos da UA. Aprofundamento dos benefícios de transformação das parcerias Há necessidade de aprofundar os benefícios de transformação de todas as principais parcerias estratégicas através do seu alinhamento com as prioridades da Agenda 2063, nomeadamente: industrialização e transferência de tecnologia, comércio intra-africano e desenvolvimento de exportações, PSD e desenvolvimento de PME, IDE e JV, e mobilização de recursos financeiros. Isto pode ser alcançado através da definição de prioridades e identificação rigorosa das áreas de tracção (ou seja, transformação económica através da industrialização – i.e. infra-estruturas, indústria transformadora, agro-indústria, OGM, serviços através da transferência de tecnologia genuína, nomeadamente: reformas no desenvolvimento do sector privado e fórum integrado de negócios, incluindo IDE/JV através do apoio ao Comércio intra-africano e desenvolvimento de exportações e desenvolvimento de PME; crescimento inclusivo e sustentável; transparência na gestão de recursos naturais, desenvolvimento do conteúdo local e beneficiação de recursos minerais). Isto iria garantir que as parcerias sejam centradas nas prioridades orientadas pela Agenda 2063 e apoiar os progressos e a relevância necessários destas parcerias. 6.5. Desenvolvimento de Capacidades para a Agenda 2063 Enormes esforços têm sido envidados durante o período pós-independência para criar capacidade humana e institucional de África. Estes esforços produziram resultados significativos e hoje o continente pode orgulhar-se de uma quantidade significativa de competências, instituições e políticas a todos os níveis para impulsionar o seu desenvolvimento. Documento-Quadro da Agenda 2063 159 Contudo, quando analisado em relação aos ambiciosos objectivos e metas da Agenda 2063 e no contexto da transformação desejada do continente, a falta de capacidades adequadas e requisitos continua a ser um constrangimento crítico. Um impedimento fundamental de uma abordagem global para a criação de capacidades, utilização e retenção está relacionado com o alcance dos objectivos estratégicos do continente a longo prazo de assumir o seu lugar de pleno direito nos domínios económico, político, científico e tecnológico a nível global. 6.1.2. A necessidade de uma capacidade global eficaz O Quadro Estratégico de Desenvolvimento de Capacidades da UA/NEPAD (CDSF) pressupõe uma abordagem africana global para o desenvolvimento de capacidades com base (ver gráfico à direita) os seguintes elementos fundamentais: liderança de transformação; transformação do cidadão; conhecimentos e inovação baseados na evidência; uso de potenciais competências e recursos africanos; capacidade do criador de capacidades; e planificação e implementação integradas em prol dos resultados. Estes elementos convergem com os factores fundamentais de sucesso identificados no Capítulo 5. 6.1.3. Tipos de Capacidades e Necessidades da Agenda 2063 A Agenda 2063 envolve múltiplos actores a nível continental, regional, nacional, sectorial, subnacional e local. A plena realização da Agenda 2063 requer o desenvolvimento de competências e capacidades nos sectores e a vários níveis nas três áreas fundamentais: a. Individual (capacidade humana): geralmente inclui as competências em termos de habilidades, formação, desempenho, valores, atitudes, motivação, integridade profissional, relações e habilidades de comunicação. Criar estas habilidades irá reforçar a capacidade para conceptualizar, conceber, desenvolver, implementar, monitorizar e avaliar os programas/projectos necessários e orientados aos resultados, bem como políticas e estratégias para a materialização da Agenda 2063. O sucesso da Agenda 2063 na promoção da transformação socioeconómica e integração regional acelerada estará baseado na massa crítica dos países africanos na adopção e adaptação da agenda aos contextos nacionais. A capacidade humana deve, igualmente, fomentar o compromisso colectivo para implementar a Agenda 2063 através da comunicação, consulta e colaboração. A Agenda 2063 apela à África para que seja competitiva, transforme a sua economia da dependência de bens para um continente orientado pela indústria transformadora/indústria, acréscimo de valor, participação eficaz na cadeia de valor global, bem como na ciência e tecnologia. O que é fundamental neste esforço é a capacidade para negociar em todas as áreas de interesse de África, principalmente no comércio, Alterações Climáticas, parcerias económicas e áreas relacionadas. Além disso, a Agenda 2063 Documento-Quadro da Agenda 2063 160 requer a capacidade nas novas fronteiras das ciências, tais como a biotecnologia, engenharia genética, exploração espacial e extracção mineira no alto mar. Uma massa fundamental de engenheiros formados, doutores, técnicos em larga escala nos domínios da competências exigidos para a criação das infra-estruturas de África, dotação de recursos humanos nas suas fábricas, centros de saúde, hospitais e abastecimento de energia para o desenvolvimento do continente em todas as esferas. Ao nível da política e planificação, a Agenda 2063 requer uma nova cultura de planificação e uma mentalidade que esteja em conformidade com a definição de uma visão, pensamento orientado aos resultados, participação na formulação e implementação, garantindo a apropriação de planos e compromisso para alcançar os objectivos preconizados. Aliado à criação de capacidades em termos de cultura de planificação é a questão da monitorização e prestação de relatórios de forma regular sobre o trabalho realizado e criação de uma cultura de avaliação. Um quadro robusto de monitorização e avaliação é um dos factores que distingue a Agenda 2063 dos anteriores quadros continentais (i.e., o Plano de Acção de Lagos, o Tratado de Abuja e a NEPAD). O referido quadro de monitorização e avaliação requer, entre outros aspectos, a criação de uma cultura de avaliação onde todos os intervenientes estejam capacitados e incentivados a levar a cabo uma auto-avaliação do trabalho realizado em ambos os processos e em termos de resultados e onde a juventude, as mulheres, a sociedade civil, os meios de comunicação social e o sector privado participem na monitorização e não apenas nas suas respectivas actividades; mas também colaborem nos programas de monitorização a nível do Governo. b. Capacidade Institucional/Organizacional: Tendo em conta os diferentes níveis de desenvolvimento no seio dos países africanos, a implementação da Agenda 2063 exige que as instituições com a responsabilidade de levar a cabo a rápida transformação estrutural e o crescimento sejam capazes de agir de forma eficaz e coordenada. Tal implicará uma abordagem iterativa de aprendizagem, nova aprendizagem e flexibilidade, conjugada com as capacidades institucionais que sejam relevantes para as tarefas claramente definidas. Como parte integrante da capacidade existente em cada instituição é a importância da criação de ligações horizontais e verticais e feedback em cada etapa do processo de implementação da Agenda 2063. As iniciativas e Documento-Quadro da Agenda 2063 161 os programas continentais e regionais devem estar ligados e informados pelas acções nacionais e vice-versa. As reformas do sistema institucional amplo podem ser necessárias para as interligações sustentáveis entre as instituições de governação, legislativas e de desenvolvimento continental e regional e também com instituições de nível nacional para garantir a integração das prioridades da Agenda 2063 a todos os níveis. As reformas na governação e no sector público como parte da construção do Estado são fundamentais para a implementação eficaz da Agenda 2063, com ênfase subjacente para a capacidade das principais instituições do sector público, bem como o sector privado e as organizações da sociedade civil. c. Ambiente político, jurídico e regulamentar favorável. A implementação da Agenda 2063 requer não só a elaboração de políticas e a criação das legislações e regulamentos necessários, mas também a capacidade para reforçá-las. A experiência africana de desenvolvimento dos últimos 50 anos sugere que enquanto há resposta rápida para desafios identificados através da elaboração de planos de acção e quadros continentais e regionais, a criação de instituições com mandatos claramente articulados, a capacidade para implementá-las e os mecanismos de aplicação de políticas e legislações têm, geralmente, sido escassos e ineficazes. 6.1.4. Principais intervenientes da Agenda 2063 e necessidades de reforço de capacidades A nível continental e regional, a Agenda 2063 visa desenvolver capacidades eficazes, como uma questão de prioridade, dos Órgãos da UA e as oito CER oficialmente reconhecidas (COMESA, SADC, CEDEAO, CAO, IGAD, CEEAC, CEN-SAD) e AMU). Os Estados-membros têm a última responsabilidade de pôr em prática a Agenda 2063 através da sua integração numa série de planos, políticas e estratégias que desenvolveram e estão a desenvolver. Os Estados-membros devem, portanto, desenvolver a capacidade humana, institucional e legislativa necessária para implementar a Agenda 2063. Dado o papel importante que as OSC e o sector privado desempenham na implementação da Agenda 2063, o reforço da capacidade das instituições responsáveis pela coordenação e apoio às actividades das OSC e do sector privado constitui prioridade. 6.6. Estratégia de Comunicação para a Agenda 2063 Entre os principais obstáculos enfrentados na execução das anteriores estratégias e quadros continentais incluem a falta do uso eficaz das ferramentas de comunicação. Um quadro robusto tal como a Agenda 2063 deve ser apoiado por uma estratégia robusta de comunicação para galvanizar todos os segmentos da sociedade africana e da diáspora para a acção; Documento-Quadro da Agenda 2063 162 Por conseguinte, a estratégia de comunicação da Agenda 2063 foi desenvolvida em ligação com a estratégia de comunicação da UA; A estratégia de comunicação irá: Gerar a sensibilização pública sustentada, bem como o envolvimento, apoio e apropriação pela população africana da Agenda e sua execução; Garantir a sensibilização extensiva com informações actualizadas e precisas e destina-se aos Estados-membros da UA, bem com o pessoal, órgãos e agências; as CER; os cidadãos africanos no continente e na diáspora e suas instituições, incluindo o sector privado, sociedade civil, etc., bem como os parceiros da UA; Ser executada pelos Órgãos e Agências da UA (incluindo a NEPAD e MAAP), CER, Estados-membros, colaboradores próximos (BAD e CEA) e parceiros; Incluir as actividades como reuniões de consulta, promoção de debates, discussões, seminários, fóruns da comunidade, canções, poemas, peças teatrais, ensino escolar, certificação por conformidade com a Agenda 2063, clubes, voluntários da UA; e Incorporar a publicação do boletim de notícias, bem como a preparação de artigos promocionais, tais como CD, DVD, chapéus, canetas, t-shirts, portachaves, sacos, braceletes, diários, pins dourados, lenços, gravatas, bem como a marca, faixas, panfleto, folhetos, reuniões e seminários de sensibilização e outras actividades promocionais. A matriz abaixo realça os principais elementos da Estratégia de Comunicação para a Agenda 2063. Fundamento Objectivo Geral Objectivos Específicos Documento-Quadro da Agenda 2063 Apoiar os objectivos estratégicos e os objectivos da Agenda 2063. Realizar sensibilização pública, apoiar e garantir a apropriação da Agenda 2063 por parte dos africanos Manter uma sensibilização pública de grande escala e actualizada e a presença dos meios de comunicação social nos eventos e nas actividades relativas à Agenda 2063; Alcançar de forma extensiva uma meta específica e uma audiência massiva com informação de qualidade sobre as actividades da Agenda 2063; Garantir uma comunicação consistente das principais mensagens e informação em TODAS AS LÍNGUAS DA UA (Árabe, Inglês, Francês e Português, bem como Kiswahili e Espanhol) Promover debates, discussões, diálogo e inspirar a acção sobre a Agenda 2063, incluindo no currículo escolar Motivar a participação e o feedback de vários intervenientes 163 Grupo Alvo Marcas e Identidade Visual Mensagens Principais Período Canais de Comunicação Documento-Quadro da Agenda 2063 Transmitir de forma bem-sucedida a Visão para a Agenda 2063 entre as partes interessadas Desenvolver estratégias de comunicação para promover a implementação, monitorização e disseminação das informações sobre os objectivos e metas da Agenda 2063. INTERNO: Estados-membros, Funcionários, Órgãos e Agências da UA; MAAP e CER. EXTERNO: Cidadãos africanos (Género, Juventude, Pessoas com Deficiências); Diáspora Africana; Instituições Africanas; Sector Privado; Sociedade Civil (ONG, Organizações Religiosas); Meios de Comunicação Social; Académicos e Intelectuais; Profissionais Africanos; Parceiros Bilaterais e Multilaterais; Redes e Movimentos Sociais (Rotary club…); Parceiros Estratégicos; Parceiros de Desenvolvimento Estratégico; Activistas de Artes e Cultura (Renascimento); Personalidades de Desporto e Recreação e outras Figuras Proeminentes e Líderes de Opinião. Marcas e Identidade Visual, incluindo o logótipo a ser desenvolvido de acordo com as Regras de Marcas da UA Slogan da Agenda 2063:“Unidade, Prosperidade Partilhada e Paz” Mensagens principais: Uma África integrada e próspera em paz consigo mesma. Uma África unida e próspera em paz consigo mesma. Uma estratégia centrada nas pessoas para realizar a Visão da UA. Uma agenda para realizar uma industrialização massiva e abrangente de África Por uma transformação socioeconómica, próspera e integração do continente Por um desenvolvimento acelerado e progresso tecnológico Uma contribuição inclusiva de todos para o bem-estar de cada africano, etc. Cinco anos a ser revistos anualmente. Workshops, eventos e actividades relevantes, fóruns comunitários, canções, poemas, peças teatrais, ensino nas escolas, certificação para que esteja em conformidade com a Agenda 2063, Clubes da UA, 164 Implementação da Estratégia voluntários, anúncios, programas radiofónicos e televisivos, jornais, internet e grupos sociais, recordações e parafernália, eventos desportivos, etc. Estados-membros: Preparação e publicação de boletim de informação; artigos promocionais tais como CD, DVDs, bonés, esferográficas, camisetas, portachaves, pastas, pulseiras, agendas, pinos dourados, lenços, gravatas, etc. Funcionários da UA: Desenvolvimento de estratégias de comunicação para a promoção da implementação dos objectivos e metas da Agenda 2063; preparação de marcas, painéis publicitários, brochuras, folhetos, reuniões e workshops de sensibilização, apresentações em PowerPoint para reuniões, etc. Órgãos, Agências e Instituições da UA: Preparação de reuniões de consulta; artigos promocionais, uso do logótipo da Agenda 2063 onde for adequado. Cidadãos e Instituições Externos: Preparação de anúncios radiofónicos e televisivos, entrevistas e debates; conferências informativas; canais de meios de comunicação social abertos e moderados; painéis publicitários, cartazes, folhetos, debates em diferentes áreas temáticas (agricultura, industrialização, etc.), Principais Actores: Comissão da UA (Gabinete do Presidente, SPPMERM, DIC); NEPAD, Órgãos da UA (incluindo o Conselho Executivo e o CRP), CER; Estados-membros, BAD e CEA Anexo 1: Destaques das iniciativas africanas para a transformação e o crescimento económicos A Declaração de Monróvia (1979): a Declaração de Monróvia de 1979 fornece uma visão para o desenvolvimento do continente nos seguintes temos: África “terá um alto nível de auto-suficiência, um desenvolvimento nacional democrático que irá traduzir os frutos dos nossos esforços de forma equitativo; terá uma forte solidariedade africana e terá mais peso nos assuntos internacionais” (OUA, 1979 – Que Tipo de África em 2002? O Plano de Acção de Lagos (1980): o Plano de Acto de Lagos baseia-se nas suas estratégias sobre os princípios-chave para uma via alternativa de desenvolvimento de modo a tirar África da crise da década de 1980. Estes incluem: autonomia como base para o desenvolvimento; equidade na distribuição da riqueza; expansão do sector Documento-Quadro da Agenda 2063 165 público; e a cooperação e integração económica inter-africana. O Plano de Acção de Lagos enfatizou o desenvolvimento agrícola, industrialização, desenvolvimento do sector mineiro, recursos humanos e ciência e tecnologia e foi uma inspiração para muitas iniciativas continentais subsequentes; O Acto Final de Lagos (1980) e o Tratado de Abuja (1991): O Acto Especial de Lagos visava alcançar um Mercado Comum Africano até 2000. Os líderes africanos atribuíram grande importância à integração económica, sem a qual, as pequenas economias africanas não alcançariam o desenvolvimento grande ou superar as crises prevalentes. Assim, no prazo de 10 anos o Acto Final foi transformado em Tratado de Abuja, estabelecendo a Comunidade Económica Africana em 1991. O Tratado de Abuja definiu um processo detalhado para alcançar a comunidade económica e fases sucessivas durante 34 anos. Teve claramente como base a Declaração de Monróvia (1979), o Plano de Acção de Lagos (1980) e o Acto Final de Lagos (1980); OUA: Programa Prioritário de África para a Recuperação Económica (1986-1990): A Conferencia da OUA de Chefes de Estado aprovou o programa de Recuperação Económica em Julho de 1985. Foi um programa de 5 anos, visto como um meio de acelerar a implementação do Plano de Acção de Lagos e o Acto Final de Lagos, superando o peso da dívida de África e melhorar a situação alimentar do continente. O programa foi adoptado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1986 e designado “Programa de Acção das Nações Unidas de Recuperação Económico e Desenvolvimento de África (UNPAAERD) – 1986-1890. O Quadro Africano Alternativo para o Programa de Ajustamento Estrutural para a Transformação Socioeconómico (AAF-SAP) – 1989: o AAF-SAP foi forjado no contexto da contínua crise económica que afectou os países africanos e a introdução dos Programas de Ajustamento Estrutural (SAP) pelas Instituições da Bretton Woods. Foi fundado com a perspectiva de que os programas de ajustamento estrutural estavam a perpetuar as crises ao vincular as fracas economias africanas a um sistema mundial, que era contra os seus interesses. Foram envidados grande esforços para popularizar o AAFSAP porém apesar do forte apoio recebido, foi marginalizado e sofreu o destino das iniciativas anteriores. A Carta Africana para a Participação Popular no Desenvolvimento e Transformação (Arusha, 1990): o impulso básico da Carta foi a democratização dos processos de desenvolvimento para torna-la mais centrada nas pessoas ao contrário dos Programas de Ajustamento Estrutural (SAP), que eram encarados como pouco democráticos e impostos aos países africanos sem qualquer consulta. Com efeito, a Carta representava um esforço renovado para a luta contra os programas de ajustamento estrutural; A Declaração da OUA sobre a Situação Política e Socioeconómica em África e as Mudanças Fundamentais que Ocorrem no Mundo (1990): A Declaração foi motivada pela preocupação da crise persistente e deterioração da situação económica, o aumento do número de conflitos e as relações de África com o resto do mundo. A Declaração marcou um ponto de viragem dos métodos antigos de funcionamento no sentido de que, procurou resolver duas questões: (i) um compromisso à democracia como sistema Documento-Quadro da Agenda 2063 166 político preferido; e (ii) o reconhecimento da necessidade de encontrar uma solução para os conflitos políticos e a democracia como pré-condição para o desenvolvimento económico – abrindo assim caminho para o desenvolvimento do Mecanismo da OUA para a Prevenção, Gestão e Resolução de Conflitos; O Relançamento da Economia e do Desenvolvimento Social de África pela OUA: a Agenda de Acção de Cairo (1995): tal como em outras iniciativas anteriores, a Agenda de Acção de Cairo foi definida, em larga medida, pela contínua crise económica em África. Embora reafirmando o Plano de Acção de Lagos, a Agenda de Acção de Cairo sublinhou: o alcance da democracia, governação, paz e segurança; segurança alimentar; desenvolvimento dos recursos humanos e desenvolvimento de capacidades; transformação estrutural; mobilização e utilização eficiente de recursos; bem como cooperação económica e integração. NEPAD – Nova Parceria para o Desenvolvimento de África: a NEPAD foi uma fusão da Parceria do Miléneo para a Recuperação de África (MPA) e o Plano Omega, e foi aprovado em Julho de 2001 em Lusaka. A NEPAD é um programa emblemático socioeconómico da UA com o principal objectivo de erradicar a pobreza, promover o crescimento e desenvolvimento sustentáveis, integrar África na economia mundial e acelerar a emancipação da mulher. De igual modo, alguns Estado-membros iniciaram voluntariamente a MAAP em 2003, como um mecanismo de auto-monitorização destinado a promover a estabilidade política, o crescimento económico, o desenvolvimento sustentado e a integração regional através de partilhas de experiência. Tanto a NEPAD como a MAAP são estão em vias de ser integrados no sistema da UA, no quadro de um plano de transformação mais alargado para apoiar os Estadosmembros a alcançar o desenvolvimento socioeconómico. Documento-Quadro da Agenda 2063 167 ANEXO 2: RESUMO DAS QUESTÕES AMPLAS E ÁREAS DE ACÇÃO PARA A AGENDA 2063 ASPIRAÇÃO: RESUMO DAS QUESTÕES AMPLAS E ÁREAS DE ACÇÃO PARA A AGENDA 2063 Uma África Próspera que tenha Melhorar o padrão de vida dos africanos garantindo que os benefícios do crescimento como alicerce o Crescimento sejam amplamente partilhados: Inclusivo e o Desenvolvimento Reduzir e eliminar a pobreza, aumentar o rendimento, criar empregos e Sustentável reduzir as desigualdades Proporcionar habitats confortáveis e expandir o acesso às necessidades básicas da vida; Proporcionar protecção e segurança social Criar o capital humano e social de África: Investir numa revolução de competências baseada na ciência, tecnologia e inovação, Reforçar a o sistema de saúde e o financiamento do continente e reforçar a protecção social e as redes de segurança; Transformar as economias africanas: Revitalizar a indústria transformadora, industrialização, acréscimo de valor e definir uma estratégia de mercadorias para maximizar o benefício das dotações dos vastos recursos do continente, Desenvolver o sector privado; Transformar radicalmente a agricultura africana, através da capitalização das enormes dotações de África com 60 por cento da terra arável no mundo que deve livrar o continente da insegurança alimentar: Melhorar a produção e a produtividade, e Desenvolver de forma sustentável o vasto potencial da economia azul e gerir os recursos naturais de África; Estabelecer uma gestão sustentável de terras, florestas, águas doces e recursos marinhos do continente; Conservar a biodiversidade, incluindo florestas, espécies, vida selvagem e zonas húmidas, recursos genéticos, bem como ecossistemas (terrestres e Documento-Quadro da Agenda 2063 168 marinhos) através da expansão e da gestão eficaz dos parques nacionais e das zonas protegidas, bem como da integração da biodiversidade em todas as suas dimensões no processo de desenvolvimento; Reduzir os efeitos das alterações climáticas através da adopção de medidas apropriadas de adaptação e mitigação. Um Continente Integrado, Acelerar o progresso em prol da unidade política do continente: Politicamente Concordar com a forma da união política do continente Unido e baseado nos Ideais do Desenvolver os instrumentos jurídicos necessários Pan-africanismo Acelerar a adopção dos instrumentos Acelerar o progresso para a integração económica – aos níveis regional e continental deve-se acelerar o progresso para satisfazer as necessidades de um crescimento sustentado, comércio e intercâmbio de serviços, capital e a livre circulação de pessoas. Acelerar a materialização da Zona de Comércio Livre Continental (CFTA) Melhorar a ligação em África através da aceleração da implementação do PIDA (estradas, rede ferroviária) e desenvolver os transportes africanos, bem como a expedição e o transporte marítimo; Acelerar o desenvolvimento dos Grupos de Energia regionais e continentais em África. Expandir o acesso às TIC Uma África fundada nos Consolidar e reforçar os ganhos democráticos que foram alcançados para garantir o princípios da Boa Governação, dividendo da democracia em termos de aprofundamento da cultura de respeito aos Democracia, Respeito pelos direitos humanos, justiça Direitos Humanos, Justiça e Reforçar e aprofundar a qualidade dos processos democráticos Estado de Direito Reforçar e aprofundar o respeito pelos Direitos Humanos e o Estado de Direito Implementar plenamente os instrumentos continentais e as normas de governação, direitos humanos, Estado de Direito e os processos democráticos Criar Estados em desenvolvimento que sejam fortes: Reformar as instituições do sector público para garantir instituições nacionais, regionais e locais vibrantes que sejam responsáveis e que prestem serviços públicos Melhorar a gestão das finanças públicas Documento-Quadro da Agenda 2063 169 Uma África Pacífica e Segura Uma África com Identidade, Ética e Valores Culturais Fortes Uma África cujo desenvolvimento é orientado para as pessoas, contando, particularmente com o potencial das Mulheres e da Juventude e cuidando das crianças Documento-Quadro da Agenda 2063 Facilitar a emergência de uma liderança visionária e responsável em todos os sectores e a todos os níveis Garantir a Paz e Segurança a nível nacional: Criar estruturas para a mediação e resolução de conflitos Criar mecanismos para a gestão da diversidade Reforçar os princípios de governação, democráticos e o respeito pelo Estado de Direito A relativa estabilidade prevalece no continente mas são necessários mais esforços concertados para garantir a Paz e a Segurança que continuam a ser elusivos nalgumas partes de África. A nível continental: Operacionalizar plenamente APSA Garantir o financiamento local dos instrumentos de paz e segurança de África Criar activos necessários para que África garanta os seus interesses Desenvolver estratégias para abordar as causas principais dos conflitos, bem como as ameaças emergentes à segurança Acelerar a concretização do Renascimento Africano: Incutir a apreciação do Pan-africanismo e a Cultura Africana no seio da juventude Criar a indústria criativa de África que contribua de forma significativa para o crescimento e a transformação de África Garantir e preservar a cultura, línguas e outros bens do património de África Mulheres de África Melhorar, aprofundar e consolidar os ganhos na representação política Avançar para a plena paridade do género Reforçar a capacitação económica Juventude de África Proporcionar oportunidades para o crescimento e auto-realização Abordar os centros da juventude em relação à educação, saúde e oportunidades de formação Desenvolver estratégias para a capacitação da juventude, criação de emprego e apoio às iniciativas 170 Crianças de África Garantir a sua segurança e protecção Satisfazer as necessidades básicas de desenvolvimento, incluindo a educação, saúde e nutrição Implementar de forma eficaz a Carta Africana sobre os Direitos da Criança África como um forte e influente Lugar de África na Governação a nível mundial parceiro e actor mundial Reformar a UNSC Reforma de governação das instituições financeiras mundiais, especialmente as Instituições de Bretton Woods Reforçar a representação colectiva de África junto da OMC e nas Negociações Comerciais Reforçar a UA para representar adequadamente o Continente Parcerias de África Rever e reformar as parcerias para torná-las instrumentos mais estratégicos para ajudar no alcance da visão da Agenda 2063 Financiamento do Desenvolvimento de África Desenvolver uma estratégia para a mobilização de recursos a nível local para a retirada progressiva de ODA Garantir recursos para o financiamento sustentado das instituições e programas africanos a nível regional e local. Uma África Próspera que tenha Melhorar o padrão de vida dos africanos garantindo que os benefícios do crescimento como sejam amplamente partilhados: alicerce o Crescimento Inclusivo Reduzir e eliminar a pobreza, aumentar o rendimento, criar empregos e e o Desenvolvimento Sustentável reduzir as desigualdades Proporcionar habitats confortáveis e expandir o acesso às necessidades básicas da vida; Proporcionar protecção e segurança social Criar o capital humano e social de África: Investir numa revolução de competências baseada na ciência, tecnologia e inovação, Reforçar a o sistema de saúde e o financiamento do continente e reforçar a protecção social e as redes de segurança; Documento-Quadro da Agenda 2063 171 Transformar as economias africanas: Revitalizar a indústria transformadora, industrialização, acréscimo de valor e definir uma estratégia de mercadorias para maximizar o benefício das dotações dos vastos recursos do continente, Desenvolver o sector privado; Transformar radicalmente a agricultura africana, através da capitalização das enormes dotações de África com 60 por cento da terra arável no mundo que deve livrar o continente da insegurança alimentar: Melhorar a produção e a produtividade, e Explorar o vasto potencial da sua economia verde; e Gerir os recursos naturais de África de forma sustentável: Definir um sistema de gestão sustentável em termos ambientais, biodiversidade, florestas, terra e recursos hídricos do continente Fazer face aos impactos das Alterações Climáticas através da adaptação. Um Continente Integrado, Acelerar o progresso em prol da unidade política do continente: Politicamente Concordar com a forma da união política do continente Unido e baseado nos Ideais do Desenvolver os instrumentos jurídicos necessários Pan-africanismo Acelerar a adopção dos instrumentos Acelerar o progresso para a integração económica – aos níveis regional e continental deve-se acelerar o progresso para satisfazer as necessidades de um crescimento sustentado, comércio e intercâmbio de serviços, capital e a livre circulação de pessoas. Acelerar a materialização da Zona de Comércio Livre Continental (CFTA) Melhorar a ligação em África através da aceleração da implementação do PIDA (estradas, rede ferroviária) e desenvolver os transportes africanos, bem como a expedição e o transporte marítimo; Acelerar o desenvolvimento dos Grupos de Energia regionais e continentais em África. Expandir o acesso às TIC Uma África fundada nos Consolidar e reforçar os ganhos democráticos que foram alcançados para garantir o Documento-Quadro da Agenda 2063 172 princípios da Boa Governação, dividendo da democracia em termos de aprofundamento da cultura de respeito aos Democracia, Respeito pelos direitos humanos, justiça Direitos Humanos, Justiça e Reforçar e aprofundar a qualidade dos processos democráticos Estado de Direito Reforçar e aprofundar o respeito pelos Direitos Humanos e o Estado de Direito Implementar plenamente os instrumentos continentais e as normas de governação, direitos humanos, Estado de Direito e os processos democráticos Criar Estados em desenvolvimento que sejam fortes: Reformar as instituições do sector público para garantir instituições nacionais, regionais e locais vibrantes que sejam responsáveis e que prestem serviços públicos Melhorar a gestão das finanças públicas Facilitar a emergência de uma liderança visionária e responsável em todos os sectores e a todos os níveis Uma África Pacífica e Segura Garantir a Paz e Segurança a nível nacional: Criar estruturas para a mediação e resolução de conflitos Criar mecanismos para a gestão da diversidade Reforçar os princípios de governação, democráticos e o respeito pelo Estado de Direito A relativa estabilidade prevalece no continente mas são necessários mais esforços concertados para garantir a Paz e a Segurança que continuam a ser elusivos nalgumas partes de África. A nível continental: Operacionalizar plenamente APSA Garantir o financiamento local dos instrumentos de paz e segurança de África Criar activos necessários para que África garanta os seus interesses Desenvolver estratégias para abordar as causas principais dos conflitos, bem como as ameaças emergentes à segurança Uma África com Identidade, Ética Acelerar a concretização do Renascimento Africano: e Valores Culturais Fortes Incutir a apreciação do Pan-africanismo e a Cultura Africana no seio da juventude Criar a indústria criativa de África que contribua de forma significativa para o crescimento e a transformação de África Documento-Quadro da Agenda 2063 173 Uma África onde o Desenvolvimento é orientado ao Povo, contando, particularmente com o potencial das Mulheres e da Juventude A África Influente Mundial como um Forte e Parceiro e Actor Documento-Quadro da Agenda 2063 Garantir e preservar a cultura, línguas e outros bens do património de África Mulheres de África Melhorar, aprofundar e consolidar os ganhos na representação política Avançar para a plena paridade do género Reforçar a capacitação económica Juventude de África Proporcionar oportunidades para o crescimento e auto-realização Abordar os centros da juventude em relação à educação, saúde e oportunidades de formação Desenvolver estratégias para a capacitação da juventude, criação de emprego e apoio às iniciativas Crianças de África Garantir a sua segurança e protecção Satisfazer as necessidades básicas de desenvolvimento, incluindo a educação, saúde e nutrição Implementar de forma eficaz a Carta Africana sobre os Direitos da Criança Lugar de África na Governação a nível mundial Reformar a UNSC Reforma de governação das instituições financeiras mundiais, especialmente as Instituições de Bretton Woods Reforçar a representação colectiva de África junto da OMC e nas Negociações Comerciais Reforçar a UA para representar adequadamente o Continente Parcerias de África Rever e reformar as parcerias para torná-las instrumentos mais estratégicos para ajudar no alcance da visão da Agenda 2063 Financiamento do Desenvolvimento de África Desenvolver uma estratégia para a mobilização de recursos a nível local para a retirada progressiva de ODA Garantir recursos para o financiamento sustentado das instituições e programas africanos a nível regional e local. 174 ANEXO 3: AGENDA 2063 MATRIZ DE RESULTADOS DE NIVEL NACIONAL: METAS, ÁREAS PRIORITÁRIAS, ALVOS E ESTRATÉGIAS Aspiração 1: Uma África Próspera, baseada no Crescimento Inclusivo e no Desenvolvimento Sustentável Metas 1.1 Um Padrão de Vida Elevado, Qualidade de Vida e Bemestar para todos os cidadãos Áreas Prioritárias para 2063 1.1.1 Receitas , Empregos e trabalho decente Alvos para 2063 a. Receitas per capita são pelo menos 10 dezes do nível de 2013, até os níveis médios de USD 17-20,000 b. Níveis de desemprego mantidos baixos 6 por cento c. Reduzir por 75 por cento o número de adultos trabalhadores que possuem empregos vulneráveis d. Reduzir o desemprego entre os jovens até 6 por cento ou menos e. Taxa de desemprego rural é reduzida por 50 por cento por 2030 e eliminado até 2050 f. 20 por cento do sector informal envia graduados para as pequenas e médias empresas anualmente a partir de 2025. Estratégias Indicativas Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Conceber / implementar políticas prudentes, macroeconómicas e sectoriais para um sector privado de concorrência liderado por crescimento. Expandir a capacidade productiva da economia, em particular, as SMMEs Implementação cabal de Ouagadougou+10 (Plano de Acção Revisto sobre o Emprego e Alívio da Pobreza) Conceber/implementar políticas que visam aumentar as capacidades de empresariais de crescimento de empresa do sector informal, incluindo as melhorias da produtividade; Elaborar e utilizar um índice de vulnerabilidade que promove a capacidade dos Estados Insulares por forma a manterem o seu padrão de vida; Providenciar/promover políticas de criação de emprego através da criação da transição entre as pequenas, medias e grandes empresas; Promover a diversificação de trabalho intensivo das economias africanas Preparar migrantes rurais para entrarem para o mercado de emprego através da educação e saúde. Promover políticas que visam absorver a força de trabalho rural em actividades productivas além da agricultura. Aumentar a productividade dos trabalhadores no sector informal Garantir um maior acesso do sector informal ao financiamento, às contribuições e aos mercados, bem como as pequenas e médias empresas através da adopção de modalidades que tenham em conta o género; Facilitar a entrada das mulheres em postos de trabalho de alta productividade e providenciar oportunidades de emprego iguais e protecção social; Reconhecer, valorizar, reduzir e redistribuir o trabalho doméstico e o trabalho de cuidados não remunerados, incluindo através de políticas favoráveis às famílias para os cuidados à infância, apoio aos cuidados de idosos, doente e pessoas que vivem com o VIH ou pessoas com deficiência e políticas em matéria de licenças de maternidade e paternidade; Providenciar competências aos jovens que satisfaçam o mercado de Página 175 Metas Áreas Prioritárias para 2063 Alvos para 2063 Estratégias Indicativas 1.1.2 Pobreza, desigualdade & Fome a. Pôr fim a todas as formas de pobreza até 2035 b. Reduzir as disparidades das receitas por 50 por cento entre: (i) as áreas urbanas e rurais; (ii) homens e as mulheres; e (iii) de cima para baixo de 20 por cento da população. c. Pôr fim a fome até 2035 1.1.3 Segurança e Protecção Social, incluindo as pessoas portadores de deficiências a. Todos os cidadãos têm acesso a segurança social a preços acessíveis b. Todas pessoas com desvantagens sociais e vulneráveis (incluindo os portadores de deficiência) beneficiam de protecção social até 2030 c. Todos os cidadãos estão isentos do medo e de carências d. Instalações e os serviços públicos possuem disposições para os portadores de deficiências. Documento Técnico relativo à Agenda 2063 trabalho através da formação vocacional, formação e estágio no local de trabalho. Aumentar o acesso ao financiamento, contribuições e mercados pelo sector informal, pequenas e medias empresas Providenciar competências/programas de empregos sustentáveis para os jovens baseados nos resultados. Implementação integral da CAADP Implementar cabalmente o Ouagadougou+10 (Plano de Acção Revisto sobre o Emprego e Alivio da Pobreza) Providenciar políticas e programas para a igualdade de acesso (oportunidade) aos recursos para auto avanço, alimentos e melhor nutrição. Promover as políticas de inclusão e de auto avanço do desenvolvimento rural Promover políticas que assegurarão ao acesso à alimentos de baixo custo e de qualidade por todos Criar estratégias de autonomização económica das mulheres; Conceber/implementar programas de nutrição, especialmente para os pobres, as mulheres, as crianças e os marginalizados. Conceber/implementa programas de nutrição. Conceder formação/programas de auto avanço para os pobres e marginalizados Implementar a Iniciativa de Base de Protecção Social da Nações Unidas e as Normas de Protecção Social da OIT. Implementar o Quadro de Social para África Implementar o Plano de Acção sobre o Plano Continental sob as Pessoas Portadores de Deficiências. Implementar o Plano de Acção da UA sobre a Família Implementar da Declaração de Adis Abeba sobre o Reforço das Famílias Africanas para a Inclusão. Implementar a Convenção da Nações Unidas sobre as Pessoas Portadores de Deficiências Conceber / implementar políticas de proteção social nacional de desenvolvimento sustentável, em particular, para a juventude, os grupos marginalizados, as mulheres e a juventude. Conceber capacidade institucional e humana na implementação de políticas de segurança social e de proteção. Conceber e implementar políticas de protecção e de prestação de Página 176 Metas Áreas Prioritárias para 2063 Alvos para 2063 Estratégias Indicativas 1.1.4 Habitats Modernos e Condignos e Serviços Básicos de Qualidade. a. Todas as cidades, e no caso dos pequenos Estados insulares todas as povoações, são certificadas como sustentáveis até 2035; b. Todas as cidades de 2 milhões de habitats ou mais possuem sistemas de transporte rápidos e massivos instituídos até 2035/Trabalho preparatórios até 2023. c. Todas as povoações nos Pequenos Estados Insulares estão conectados em sistemas de trânsito rápido via terrestre, aérea e marítima frequente, eficiente e eficaz (se for caso disso) até 2020; d. Erradicar os subúrbios das cidades até 2045. e. Pelo menos 75 por cento de todas as residências têm acesso a habitação decente até 2035 e todas as residências tem acesso até 2063. f. Reduzir o nível de proporção da população de 2013 sem melhoria de acesso a água potável por 95 por cento. g. Reduzir o nível de proporção de 2013, de pessoas sem acesso as instalações de saneamento melhoradas por 95 por cento. h. Acesso a electricidade é aumentado por pelo menos 50 Documento Técnico relativo à Agenda 2063 assistências aos idosos. Promover o empreendedorismo social a todos os níveis da sociedade Garantir o financiamento sustentável para os programas de protecção social Conceber/melhorar o quadro regulador, expandir a infraestrutura, reforçar a capacidade dos cidadãos para a melhoria do acesso de baixo custo as necessidades básicas da vida: água, saneamento, eletricidade, transporte, telefone e os serviços de internet. Implementar a visão de África sobre a Água Estabelecer sistemas de tarifas relativo à água, electricidade, transporte público que abordem o subsidio-cruzado e as necessidades dos pobres. Conceber o reforço de capacidades para gestão da transição dos polos rurais para o crescimento urbano (nomeadamente desenho e o reapetrechamento urbano). Conceber política, programas que visam facilitar a disponibilização de habitação de baixo custo, incluindo o financiamento e a eliminação de subúrbios. Conceber políticas nacionais sobre o assentamento humano do século 21, e além. Conceber política / regulamentos e parcerias que visam a criação de cidades inteligentes sustentáveis. Desenvolver/implementar políticas e programas para parcerias privadas, público-privadas no investimento de sistemas de transporte nos pequenos Estados Insulares. Facilitar a criação de sistema de transportes massivos urbanos através de mecanismos públicos ou privados ou outros mecanismos de financiamento. Conceber / implementar programas de erradicação de subúrbios, incluindo o financiamento a disponibilização de financiamento para os indivíduos. Providenciar acesso ao financiamento para a reconstrução de residenciais rurais Criar capacidade humana para o desenvolvimento do assentamento humano Conceber políticas nacionais sobre a habitação Facilitar o desenvolvimento de instituições de hipotecário de habitação Facilitar a criação de empresas de desenvolvimento de imobiliária. Promover o uso do mercado da imobiliária para a prestação de habitação Expandir e melhorar o acesso a agua e aos serviços de saneamento Providenciar o acesso a baixo custo e sustentável a energia / electricidade Página 177 Metas Áreas Prioritárias para 2063 Alvos para 2063 i. j. k. l. 1.2 Cidadãos devidamente instruídos e revolução de competência s baseados na ciência, tecnologia e inovação 1.2.1 Ensino & Revolução de Competência s conduzida pela STI a. b. c. d. e. f. g. h. Documento Técnico relativo à Agenda 2063 por cento referente aos níveis de 2013. Todos os cidadãos têm acesso a sistemas de transporte de baixo custo até 2035. Melhoria da comunicação nas zonas rurais através da ligação de todas as cidades/aldeias no interior das áreas de governação através de estradas asfaltadas até 2035. Todos os cidadãos têm acesso a conectividade de internet de alta velocidade e facilidades de comunicação de voz até 2025. 100 por cento de resíduos reciclados até 2063. 100 por cento de taxa de alfabetização até 2025 Zero disparidade de género a todos os níveis do ensino até 2020; Taxa de matrícula para o ensino de infância é de 100 por cento até 2030. Pelo menos 70 por cento da população recebe uma educação de qualidade a todos os níveis; Aumentar o número de professores qualificados por pelo menos 30 por cento com realce no STEM até 2023. Ensino universal básico com uma taxa de matrícula de 100 por cento até 2020. Ensino secundário universal com uma taxa de matrícula de 100 por cento até 2025; Pelo menos 70 por cento dos Estratégias Indicativas por todas as residências Facilitar o acesso a baixo custo ao transporte urbano e rural Promover politicas que visam assegurar o acesso a conectividade de internet por todos. Desenvolver/implementar políticas para o crescimento de indústrias de reciclagem de resíduos urbanos. Expandir as instalações de educação do ensino primário e secundário com realce especial na Ciência, Tecnologia e Matemática. Expandir o acesso ao ensino de primária infância de boa qualidade com realce nas áreas rurais e crianças vulneráveis Aumentar o fortalecimento de professores qualificadas a todos os níveis através do reforço da capacidade de formação e dos incentivos dos professores com vista a garantir que possuam o conhecimento relevante, competências e atitudes e motivação com vista a ensinar de forma eficaz. Conceber / adoptar o curricular a todos os níveis de ensino que promovem autossuficiência, criatividade, empreendedorismo e cidadania mundial. Expandir o acesso a ciência, tecnologia e inovação vocacionada a qualidade e ensino de baixo custo, incluindo o ensino de primeira infância, em particular, as raparigas a todos os níveis de escalões de ensino Fortalecer o ensino da ciência, matemática e tecnologia como o principal contributo para a industrialização e prosperidade económica Acelerar a ratificação e da implementação das convenções continentais e regionais para a reconhecimento mútuas das qualificações académicas Preparar os mecanismos alternativos para mobilizar mais recursos Página 178 Metas Áreas Prioritárias para 2063 Alvos para 2063 i. j. k. l. m. n. 1.3 Cidadãos saudáveis e devidamente nutridos 1.3.1 Saúde Nutrição & a. b. c. Documento Técnico relativo à Agenda 2063 graduados do ensino secundário prosseguem para o ensino terciário; 10 por cento das licenciaturas conferidas pelas universidades/politécnicas são nas áreas de ciências de computadores e de informática até 2040; 30 por cento de todas as licenciaturas conferidas pelas universidades/institutos politécnicos são na área de ciências de engenharia até 2040. 10 por cento das licenciaturas conferidas pelas universidades/institutos politécnicos são nas áreas de ciências bio/saúde e biotecnologia até 2040. 10 por cento dos licenciados pelas universidade são de ciências básicas; Todos os estudos do ensino secundário sem o acesso ao ensino terciários têm acesso livre ao ensino técnico e profissional até 2030. Pelo menos 70 por cento do público demonstra melhorias na qualidade de ensino até 2023. Acesso universal a prestação de cuidados de saúde de qualidade e serviços até 2063. Eliminar todas as doenças comunicáveis até 2030 Reduzir a zero as mortes devido a VIH/SIDA, Malaria, Estratégias Indicativas financeiros para o ensino com vista a apoiar o financiamento do governo. Estabelecer a Agencia de Acreditação Continental que monitoriza o padrão de qualidade elevado em toda a África Estabelecer um grupo de centros de ensino vocacional em tode África e promover os sistemas de ensino técnico vocacional que sejam compatíveis com o mercado de trabalho tendo em conta as tendências económicas mundiais. Fortalecer a capacidade de pesquisas das Universidades Africanas e conceber cursos de formação de pós graduação de alta qualidade com vista a promover a pesquisa e a produção de conhecimento original. Promover a Universidade Pan Africana com uma excelência exemplar como modelo de Universidade Africana e estabelecer uma rede abrangente ao continente de centros de excelência; Construir laboratórios de pesquisa de classe mundial para informática, engenharia e bio ciências, tecnologias e inovações; Reforçar a capacidade humana nas áreas de ciências, tecnologia e inovação a nível do ensino terciário;´ Desenvolver/implementar programas que regem as instituições terciárias para assegurar a qualidade de ensino; Criar políticas para alimentar a cultura de investigação e inovação; Aumentar o apoio financeiro aos programas de investigação e de desenvolvimento nas instituições de ensino; Desenvolver/implementar sistemas para a monitorização de desenvolvimentos científicos e tecnológicos; Introduzir conceitos de inovação relevantes nos instrumentos políticos do sector público; Desenvolver e implementar estratégias para melhorar as competências técnicas e profissionais; Promover programas de inovação e empreendedorismo para apoiar a revolução de competências. Implementar a proposta de Estratégia Africana para a Saúde Implementar a proposta de Estratégia Africana para a Nutrição; Reforçar os sistemas de saúde com o objectivo de aumentar o acesso de baixo custo aos cuidados de qualidade e serviços; Introduzir o apoio das TIC na prestação de serviços de saúde; Construir/expandir a capacidade dos sistemas de prestação de Página 179 Metas Áreas Prioritárias para 2063 Alvos para 2063 Tuberculose até 2030. d. Reduzir o número de mortes por malária das crianças menores de 5 anos em 8 por cento até 2023; e. Acesso aos medicamentos anti retrovirais em 100 por cento; f. Reduzir à zero as mortes causadas pela febre de dengue e chikungunya até 2030 (Estados insulares africanos) g. Pôr fim a mortalidade materna e de crianças com menos de 5 anos até 2030 h. Pôr fim a todas das doenças tropicais (NTDs) em África até 2030 i. Esperança de vida ao nascimento é de 75 anos j. Eliminar todas as formas de malnutrição até 2030. Estratégias Indicativas 1.4 Economias e Empregos Transformad os 1.4.1 Crescimento Económico Inclusivo e Sustentável Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Crescimento do PIB anual não inferior a 7 por cento em cada ano. Contribuição ao PIB pela quintil mais pobre, marginalizado e vulnerável é de pelo menos 5 vezes cuidados de saúde com vista a resolver as emergências de saúde novas e emergentes; Conceber/implementar programas que visam combater as doenças comunicáveis e não comunicáveis Reforçar a capacidade humana relativa ao sector de saúde Promover políticas para o financiamento sustentável do sector de saúde Promover políticas que visam aumentar o acesso às dietas equilibradas Promoção da vigilância da nutrição e de programas de intervenção Desenvolver/implementar programas para a promoção de um estilo de vida saudável por forma a minimizar a incidência das doenças cardiovasculares, a hipertensão, diabete, etc.; Desenvolver/implementar programas para a eliminação da febre de dengue e de chikungunya; Acelerar a formação e destacamento de técnicos de saúde; Assegurar o acesso universal aos direitos à saúde sexual e reprodutiva, incluindo a redução das taxas de mortalidade materna e acabar com as morbilidades maternas evitáveis e para pôr fim à propagação do VIH/SIDA; Desenvolver/implementar políticas e programas para a expansão dos serviços básicos de saúde de qualidade, incluindo o acesso aos medicamentos de qualidade, eficazes e acessíveis; Reforçar as capacidades dos recursos humanos e financeiros para a prestação dos cuidados de saúde; Expandir e melhorar (incluindo adoptar) políticas e programas de educação em matéria de saúde pública; Desenvolver/implementar programas para a promoção de estilos de vida para minimizar a incidência das doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, etc. Introduzir o uso do apoio às TIC na prestação dos serviços de saúde; Promover a estabilidade macroeconómica; Conceber/implementar políticas que visam aumentar a poupanças e o investimento; Instituir políticas que visam aumentar a taxa de poupança e de investimento para o desenvolvimento acelerado: macro estabilidade, sistemas financeiros eficientes/instituições e mercados; poupanças do sector público, incluindo a gestão eficaz e uso estratégico de Página 180 Metas Áreas Prioritárias para 2063 Alvos para 2063 relativamente aos níveis de 2013. Percentagem da contribuição do sector privado indígena ao PIB não inferior a 50 por cento Estratégias Indicativas 1.4.2 Fabrico conduzido pelo CTI, Industrializaç ão & Acréscimo de Valores Documento Técnico relativo à Agenda 2063 a. O valor de fabrico referente a 2013 no PIB é aumentado por pelo menos 5 vezes; e o sector de fabrico absorve pelo menos 50 por cento dos recémchegados ao mercado de trabalho. b. Pelo menos 90 por cento dos produtos agrícolas de mercado produzidos é processado a nível local (acréscimo de valor) c. Até 2035, a percentagem de empresas de fabrico com recurso à mão-deobra intensiva no total de resultados de fabrico aumentou 5 vezes. d. Até 2063, a percentagem de tecnologia conduzida pelas empresas de fabrico na totalidade de resultados de fabrico é de 50 por cento e. O intercâmbio de produtos primários instituído a rendimentos proveniente dos recursos; lucros arrecadam pelo sector privado; Melhorar o ambiente de negócios, racionalizar/minimizar o regulamento e encorajar o desenvolvimento de empreendedorismo e o crescimento; Promover o comércio inter-intra regional como um catalisador para o crescimento Desenvolver infra-estruturas que visam apoiar a transformação económica; Reforçar a capacidade humana e infra-estruturas para a transformação social e económica baseada no crescimento inclusivo e desenvolvimento sustentável; Implementar o BIAT/garantir a expansão do comércio intra africano como um catalisador para o crescimento no sector de fabrico / industrial Criar um ambiente conducente para o crescimento e o desenvolvimento do sector de fabrico Reforçar a capacidade das pequenas e médias industria ligadas as cadeias de valores regionais/continentais/mundiais Conceber / implementar programas de redução dos custos dos factores de fabrico de concorrência. (energia/electricidade, água, transporte) Investir em produtos/processo de pesquisa & Desenvolvimento (R&D) para fins de fabrico Investir em Ciência, Tecnologia e Inovação/ Competências para o fabrico, sectores de extração e de serviços Estimular a adopção de métodos de trabalho modernos que visam aumentar a productividade Implementar políticas para o Aumento de Comércio Inter Africano (BIAT) Melhorar o nível/qualidade de potencialidade de dados a nível do país Introduzir regimes de impostos inovadores / programas de licenciamento sensíveis as circunstancias económicas e que contribuam para a optimização das rendas provenientes dos rendimentos Reforçar a capacidade nacional para negociação de contractos. Conceber/implementar leis e regulamentos que visam a promover todo fluxo/empresas de conteúdo local. Promover o alistamento local de empresas petrolíferas/gás/mineiras Página 181 Metas Áreas Prioritárias para 2063 Alvos para 2063 f. g. h. i. j. 1.4.3 a. Diversificaçã o Económica & Resiliencia b. c. d. Documento Técnico relativo à Agenda 2063 respeito dos principais produtos primários principais produzidos até 2025 Todas as empresas que operam no sector estão alistadas na bolsa de valores locais Pelo menos 50 por cento das acções de cada empresa do sector da indústria são possuídas por locais As acções das operações de pequena escala e mineração artesanal do resultado do sector são de pelo menos 30 por cento O alcance de pelo menos 80 por cento de acréscimo de valor (conteúdo local); Despesas internas brutas em investigação e desenvolvimento uma vez que a percentagem do PIB tenha alcançado 1 por cento em 2023. Melhoramento da taxa de diversificação é de pelo menos 80 por cento Aumento da contribuição do turismo referente a 2013 ao PIB por pelo menos 5 vezes A contribuição de 2013 das artes criativas ao PIB é aumentada por pelo menos 10 vezes Os serviços financeiros contribuem pelo menos 20 Estratégias Indicativas Providenciar legislação/politicas que visam promover empresas de pequena escala/mineração artesanal nas áreas de infraestruturas, tecnologias, financiamento/capital circulante e de mercados Expandir/focalizar o ensino vocacional e técnico que visam produzir o capital humano para a indústria extrativa Promover políticas que visam a obtenção e a gestão de uma maior percentagem dos rendimentos provenientes das indústrias extractivas; Desenvolver e criar um quadro para uma bolsa de valores funcional. Implementar o BIAT Implementar o Plano de Acção de Africano sobre o Desenvolvimento de Artes Criativas Implementar a proposta de Estratégia Africana sobre os Productos de Primários Conceber/implementar os planos nacionais de diversificação económica de longo prazo (incluindo, turismo, economia azul, produtos conduzidos com base no conhecimento e os serviços) no contexto da transformação estrutural da economia Desenhar/implementar sistemas de aviso prévio proactivos relativamente aos choques económicos Criar capacidades no sentido de tomar medidas contra cíclica com Página 182 Metas 1.5 Agricultura Moderna e aumento da Áreas Prioritárias para 2063 1.4.4 Turismo/hos pitalidade 1.5.1 Produção Agrícola e a Productivida Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Alvos para 2063 por cento do PIB até 2050 e. Novas plataformas das TICs com vista a apoiar o crescimento dos sectores produtos e o aumento da conectividade social 10 – vezes f. “25 por cento das novas empresas provém dos resultados de pesquisas e da inovação g. As despesas per capita sob a pesquisa, desenvolvimento e difusão de inovação pelo menos igual a média mundial h. O intercâmbio de mercadorias primárias a respeito de todos os produtos agrícolas instituídos até 2025. a. Aumento da contribuição do turismo ao PIB em termos reais em pelo menos cinco vezes; b. Aumento do turismo costeiro amigo do ambiente em cinco vezes, sendo pelo menos 20 por cento dessas receitas públicas alocadas para financiar programas de desenvolvimento local das comunidades; c. Aumento do nível do turismo intra-africano em 10 vezes. a. O factor de productividade total é de pelo menos 6 vezes relativamente a Estratégias Indicativas vista a mitigar contra as flutuações económicas Conceber políticas nacionais para o desenvolvimento de pesquisa / estratégia, incluindo, os planos ciência, tecnologia e de inovação de curto e médio prazo Estabelecer infraestruturas de ciência, tecnologia e de inovação de classe mundial para o fabrico, produtos conduzidos pelo conhecimento do processamento extractivo / serviços. Reforçar a capacidade humana para as áreas de ciências, tecnologia e inovação Providenciar um ambiente conducente para a ciência conduzida pelo empreendedorismo, tecnologia e cultura de inovação Reforçar a propriedade intelectual e o sistema de regulamento Providenciar incentivos – impostos, ambiente regulador no sentido de encorajar o investimento pelo sector privado nas áreas de ciências, tecnologia e inovação para o desenvolvimento. Implementar cabalmente a Estratégia Africana sobre o Turismo Criar/manter uma Organização Africana do Turismo. Capacitar e implementar cabalmente a agenda sobre a ciência relativa a agricultura e produzir e disseminar o conhecimento e tecnologias requeridas para redobrar o factor de productividade agrícola até 2025 Página 183 Metas produtividad e e da produção Áreas Prioritárias para 2063 de Alvos para 2063 Estratégias Indicativas 2023. b. Pelo menos estabelecer 10 cadeias de valores de mercadorias agrícolas primárias c. Aumentar e tornar a produção de alimentos local suficientemente competitiva com vista a substituir pelo menos 70 por cento das importações até 2040 d. 100 por cento do PIB agrícola são contribuídos através dos produtores agrícolas comerciais e. Os resultados da pesquisa aumentam a produtividade por pelo menos 10 por cento por ano a partir de 2030. 1.5.2 Economia Azul Documento Técnico relativo à Agenda 2063 a. Aumentar o acréscimo de valor no sector de pesca 5 vezes relativamente aos Melhoramento das instituições agrícolas em termos da sua capacidade para implementar de modo eficaz e eficiente os planos agrícolas e melhorar a qualidade das políticas apoiadas por evidências Melhorar a qualidade de dados agrícolas com vista a apoiar o planeamento do sector e o estabelecimento de mecanismos para fins de acompanhamento e apresentação de relatórios a respeito do desempenho do sector agrícola Conceber / implementar políticas para fins de uma avaliação exacta dos recursos naturais necessários na produção agrícola – terras, mão de obras, agua e capital – garantir o seu uso optimizado/combinação no processo de produção Facilitar a criação de intercâmbio de mercadorias agrícolas básicas Facilitar a disponibilização de financiamento para fins de investimento e das necessidades de capital de maneio Promover políticas que concedam as competências necessárias, conhecimento e tecnologias requeridos para o aumento da productividade Conceber/implementar políticas para a criação de empreendimentos agrícolas/empresários para os mercadores domésticos, regionais e mundiais Conceber/implementar políticas para a validação exacta de recursos naturais necessários na produção agrícola - terras, mão-de-obra, capital – com vista a garantir a optimização do seu uso/combinação no processo de produção. Promover politica que contribuam ao acréscimo de valores na agricultura através de investimentos no agro-processamento e infraestruturas (irrigação, estradas de acesso). Promover políticas que garantirão melhor funcionamento de agricultura e dos mercados de alimentos, incluindo custos baixo de participação no mercado e aumentar o acesso aos mercados regionais / continentais e mundiais. Apoiar, de modo eficaz, o surgimento e crescimento de um sector vibrante de um empreendimento conjunto de pequena, media e grande escala conjuntos no sector agro-processamento e agrícola que atrai uma base de mulheres africanas jovens e qualificadas e de homens empresários nessas cadeias de valores. Implementar a Estratégia Africana sobre os Recursos Marítimos Relativamente aos Pequenos Estados Ilhas: Providenciar políticas/incentivos e um ambiente regulador positivos para a criação de Página 184 Metas 1.6 Economias azul para o crescimento económico acelerado Áreas Prioritárias para 2063 1.6.1 Energia de recursos marinhos Alvos para 2063 a. b. c. d. e. f. Documento Técnico relativo à Agenda 2063 níveis de 2013 em termos reais b. Aumentar ao quadruplo pelo menos, em termos reais, a contribuição do ecoturismo ao PIB; c. Aumentar ao quadruplo, pelo menos, em termos reais a contribuição das pescas/serviços de operações portuárias ao PIB d. Construir pelo menos, quatro modelos de aquacultura gigantescas Aumentar a valorização do sector das pescas até cinco vezes em 2013 em termos reais; Quadruplicar pelo menos em termos reais a contribuição do ecoturismo ao PIB; Turismo costeiro reforçado em 20 por cento até 2020, com pelo menos, 10 por cento dessas receitas públicas destinadas ao financiamento dos programas de desenvolvimento das comunidades; Construir pelo menos obras gigantes de aquicultura; A contribuição dos recursos naturais dos oceanos e biotecnológicos ao PIB é pelo menos 4 vezes aos níveis de 2013 em termos reais; Pelo menos 10 por cento das fontes de energia renovável é proveniente da energia das Estratégias Indicativas novas empresas com plataformas baseadas nas seguintes áreas: (i) aplicações aquáticas oceânicas profundas (ii) energia de vento de offshore (iii) energia proveniente das ondas e dos mares (iv) hidrocarboneto marítimo e exploração mineira e exploração (v) biotecnologia marinha (vi) desenvolvimento da aquacultura Desenvolver competências e aplicações para as economias azuis Para os Estados africanos insulares: forneces políticas/incentivos e um ambiente positivo de regulamentação para a criação de novas empresas com plataformas assente, designadamente: (i) nas aplicações em águas profundas; (ii) prospecção e exploração dos recursos minerais e de hidrocarbonetos marinhos; (iv) biotecnologia marinha; e (vi) desenvolvimento da aquicultura; Desenvolver/implementar políticas de investigação e desenvolvimento em prol do crescimento de empresas que exploram os recursos marinhos; Desenvolver/implementar políticas e programas para aumentar a investigação e o desenvolvimento para o controlo do alto mar, particularmente onde as componentes dos ecossistemas ultrapassam as zonas entre a jurisdição nacional e o alto mar; Desenvolver/implementar políticas para a redução da poluição do ambiente marinho das fontes terrestres e marítimas; Realizar uma avaliação económica do capital natural azul e do potencial para o crescimento e valorização do produto; Desenvolver/implementar políticas para apoiar a aplicação do planeamento sobre o espaço marítimo e a política/gestão integrada e adaptável dos oceanos para as Zonas Económicas Exclusivas (ZEE); Desenvolver/implementar políticas para o planeamento do espaço marítimo com vista ao desenvolvimento sustentável; Realizar a avaliação do capital azul/do oceano no sistema de contabilidade nacional; Página 185 Metas 1.7 Economias azul para o crescimento económico acelerado Áreas Prioritárias para 2063 1.6.2 Operações portuárias e transporte marítimo 1.7.1 Padrões sustentáveis de consumo Alvos para 2063 ondas. a. Pelo menos o quadruplo, em termos reais, da contribuição das operações portuárias e dos serviços de transporte no PIB; b. Pelo menos as companhias de navegação nacionais transportam 40 por cento do volume da carga; c. Duração média do tempo de escala do navio é reduzido em pelo menos 30 por cento até 2020; d. O tempo médio para o desalfandegamento de mercadorias dos portos é reduzido em pelo menos 50 por cento até 2020. a. Todas as empresas são certificadas em termos da sustentabilidade e reportam anualmente aos sócios a respeito das prácticas de sustentabilidade b. Todas as residências/comunidades, entidades governamentais tem conhecimento e practicam um estilo de vida sustentável a respeito do uso de água, electricidade, desenho/construção de residências c. As contas de receitas nacionais são reformadas com vista a respeitar cabalmente as alterações nas riquezas de recursos naturais renováveis e não renováveis Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Estratégias Indicativas Implementar a Estratégia Africana Integrada Africana; Desenvolver/implementar políticas para o crescimento das operações portuárias e do transporte marítimo; Reforçar capacidades para o crescimento das operações portuárias e dos transportes marítimos; Realizar investigações e desenvolvimento em prol do crescimento de empresas no ramo dos transportes marítimos. Conceber/implementar políticas e padrões, incluindo as leis e os regulamentos sobre o ambiente, aquisição de bens e serviços verdes relativo à produção sustentável e as práticas de consumo. Promover padrões de produção sustentáveis e o estilo de consumos através da criação de maior consciencialização e o reforço de conhecimentos. Estabelecer mecanismos de base/criar plataformas para a partilha de experiencias e de conhecimentos tecnológicos sobre os programas ambientais e de empoderamento. Estabelecer/ aplicar programas de certificação sustentável; Reforçar as capacidades nacionais para a recolha de dados estatísticos do ambiente e incluir novos cursos ambientais/tecnologias nas instituições académicas; Reforçar a estatística das capacidades nacionais sobre o meio ambiente e novos cursos sobre o meio ambiente/tecnologias a nível das instituições académicas. Conceber / aplicar quadros regulares de sustentabilidade Adaptar o Protocolo de Kyoto ao contexto nacional Adaptar a Convenção de Estocolmo sobre os Poluentes Orgânicos Persistentes Página 186 Metas Áreas Prioritárias para 2063 Alvos para 2063 Estratégias Indicativas 1.7.2 Conservação da Biodiversida de e a Gestão de Recursos Naturais Sustentáveis Documento Técnico relativo à Agenda 2063 a. Vegetação e cobertura florestal restaurada até ao nível de 1963 b. Interromper e reverter a degradação da terra e a expansão de desertos; e reduzir para pelo menos 90 por cento a perda da biodiversidade e dos habitats naturais; c. Expandir e proteger os parques nacionais, áreas protegidas, áreas costeiras / marinhas de modo a satisfazer a recomendação da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN) para a protecção de pelo menos 10 por cento da zona terrestre e a conservação das vias navegáveis terrestres e interiores, com outras áreas de conservação, tais como terras comunitárias, áreas de conservação e corredores criados; Adaptar o Protocolo de Montreal relativo as substâncias de Destruição da Camada de Ozone ao contexto nacional Concluir a ratificação da Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais nos países que ainda não o fizeram e desenvolver mecanismos para a implementação das políticas, estratégias e planos de desenvolvimento nacionais como elementos integrantes; Promulgar leis rigorosas e punitivas para os crimes relativas ao crime da fauna selvagem, incluindo a caça furtiva e o trafico, bem como aplicar tais leis sem qualquer tipo de favoritismo (político, económico, social e étnico); Reduzir a dependência da população às espécies ameaçadas e ao ecossistema; eliminar assim todas as formas de comércio (nacional e internacional) de espécies em perigo; Integrar os valeres económicos, sociais, culturais, educacionais e ecológicos da biodiversidade única de África, incluindo a vida selvagem e as terras selvagens no nos processos decisórios de desenvolvimento e nos indicadores do crescimento económico, incluindo os sistemas de contabilidade nacionais; Reforçar as capacidades de forma eficaz para a conservação da biodiversidade, incluindo a gestão dos parques nacionais e as zonas protegidas; Construir sistemas fortes de gestão dos recursos nacionais a nível comunitário e nacional, incluindo a revitalização da gestão dos recursos comuns; Adaptar no contexto nacional as directrizes-quadro sobre as políticas da terra em África, bem como os princípios orientadores sobre os investimentos em larga escala baseados na terra em África para assegurar as práticas sustentáveis de gestão da terra, direitos de propriedade e garantia de continuidade, aplicação da política social e ambiental (investidores locais e estrangeiros); Para os pequenos Estados insulares: Expandir as zonas marinhas protegidas para a conservação da biodiversidade e dos ecossistemas aquáticos únicos; Promover o uso sustentável e a gestão das zonas costeiras e os recursos marinhos para criar resiliência às alterações climáticas e comunidades sustentáveis; Estabelecer um banco de recursos marinhos genéticos para repor as espécies em risco e os ecossistemas degradados. Página 187 Metas Áreas Prioritárias para 2063 1.7.3 Segurança de Água 1.7.4 1.7.5 Resiliência Climática & Calamidades Naturais Energia Renovável Alvos para 2063 a. Aumentar o nível de satisfação da procura de água por 100 por cento relativamente a 2013. b. Aumentar os níveis de productividade de água de agricultura sustentado por águas da chuva e a irrigação relativamente 2013, por 60 por cento até 3030. c. Pelo menos 90 por cento dos resíduos de águas é reciclado para uso agrícola e industrial. a. Pelo menos 90 por cento dos fazendeiros, pastores de gado e os pescadores practicam sistemas de produção resilientes ao clima até 2035. b. Reduzir por 90 por cento relativamente aos níveis de 2013, as emissões derivadas da agricultura da perda de biodiversidade, uso da terra, e deflorestação até 2035. c. Reduzir as mortes e as perdas de propriedade causadas por calamidades naturais e pelo homem e os eventos de climas extremos por pelo menos 60 por cento até 2035; d. Todas as cidades africanas cumprem as normas da OMS de qualidade de ar ambiente (AAQS) até 2025. a. Aumentar a percentagem de energia renovável (vento, solar, hidro, bio e Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Estratégias Indicativas Conceber/promover quadros nacionais no contexto do IWRM para a colheita de águas eficazes, distribuição e o uso Promover e apoiar o desenvolvimento e a implementação de quadros para a gestão regional de bacias hidrográficas. Adoptar novas tecnologias com vista a aumentar a eficiência do uso da água / exploração de novas fontes de água Conceber e implementar políticas/regulamentos relativos aos sistemas de baixa produção de carbono. Integrar/ enquadrar a resiliência climática na planificação, orçamentalisação e monitorização dos resultados de desenvolvimento e processos Realizar pesquisas em torno das alterações climáticas, incluindo a detenção e atribuição Promover e apoiar a agricultura inteligente relativamente ao clima, incluindo aquela sob CAADP. Promover prácticas resilientes ao clima nos ecossistemas costeiro integrado e os sistemas de gestão do ecossistema marinhos Promover o desenvolvimento de sistemas de transporte de energia eficiente, de baixo uso de carbono Reforçar as capacidades nacionais, regionais e continentais para recolher, analisar e avaliar os dados relacionados com o clima e as informações meteorológicas; Reforçar a cooperação intercontinental para lidar com as ocorrências de início lento relacionadas com as alterações climáticas tais como a subida do nível do mar e a desertificação; Promover/apoiar a redução do risco de calamidades, respostas de emergências e políticas e programas resilientes ao clima Adaptar a Convenção do Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas ao contexto nacional Conceber e implementar políticas, estratégias e regulamentos que visam promover o crescimento sustentável do sector de energia Promover o desenvolvimento e a disseminação das tecnologias de Página 188 Metas Áreas Prioritárias para 2063 Alvos para 2063 geotérmica) do total de produção de energia para 50 por cento até 2063. b. Todos os edifícios urbanos são certificados como inteligentes em termos energéticos. c. Todos os transportes urbanos colectivos operam com combustíveis renováveis e de baixa emissão até 2063; Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Estratégias Indicativas energias eficientes e o uso de fontes de energias limpas Garantir o financiamento para a educação, adopção e uso de tecnologias de energias renováveis. Página 189 Aspiração 2: Um Continente Integrado unido na Política e baseado nos ideais de Pan-Africanismos e da Visão da Renascença de África. Metas 2.1 Uma África Unida (Federal ou Confederada) Area Prioritaria referente a 2063 2.1.1 Quadros e Instituições para o alcance de uma África Unida Alvos para 2063 a. Todos os protocolos e tratados que conduzem ao estabelecimento de uma África Unida são adaptados ao contexto nacional até 2050. b. O comércio intra-africano é elevado de 10,1 por cento em 2012 até 60 por cento até 2063; c. 2.2 Instituições monetárias e financeiras continentais estabelecidas 2.3 Infra-estrutura africana de classe mundial cruzada 2.2.1 Instituições financeiras e monetárias 2.3.1 Comunicação e conectividade das infra-estruturas Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Estratégias Indicativas O comércio com os Estados insulares africanos é pelo menos 5 por cento do comércio intra-africano; d. Todos os protocolos que conduzem à livre circulação de pessoas, bens e serviços a nível das CER são adaptados ao contexto nacional até 2016 a. Todas as instituições financeiras e monetárias estabelecidas até 2060 b. Harmonizar, ratificar e adaptar ao contexto nacional/protocolos relativo à integração regional de todos os modos de comunicação até 2020 Ratificar/adoptar os tratados e protocolos relacionados com a criação de Zonas de Comércio Livre Regionais/Continentais, União Aduaneira, Mercado Comum e União Monetária Rever a constituição nacional/leis com base nos protocolos/tratados adoptados Levar a cabo processos jurídicos legais / administrativos requeridos para a sua adapção ao contexto nacional Conceber / implementar estratégias de comunicação no processo de adaptação ao contexto nacional Adaptar todos os protocolos relativo à livre circulação de pessoas existentes a nível da CER ao contexto nacional Implementar integralmente a promoção do comércio intra-africano; Conceber/implementar políticas para aumentar o comércio com os Estados insulares africanos. Promoção da ratificação nacional de todos os tratados, protocolos e instrumentos; Implementar e executar todos os requisitos jurídico-legais, financeiros e operacionais para a conectividade a nível nacional com a Rede Ferroviária Africana de Alta Velocidade (AHSTN) Reforçar as competências necessárias, R&D e o financiamento para o estabelecimento da AHSTN Implementar o PIDA na íntegra Página 190 Metas Area Prioritaria referente a 2063 Alvos para 2063 c. d. e. f. g. h. Concluir todas as infraestruturas para conectividade por estrada até 2030 (Auto Estrada Africana), aérea, marítimas, eletrónica até 2025 e por via ferroviária até 2040 Conectividade a nível nacional com a Rede Ferroviária Africana de Alta Velocidade até 2035 Acesso quadruplo aos serviços de internet até 2030; Triplicar a contribuição das TIC ao PIB até 2040; Até 2025 alcançar 50 por cento do acesso à banda larga; 100 por cento da penetração móvel até 2020. Estratégias Indicativas Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Conceber / implementar uma Estratégia de Corredores Inteligentes Ratificar e adoptar todos os tratados e protocolos relativos à liberalização do transporte aéreo e a implementação completa da Declaração de Yamoussoukro relativa ao Ceu Aberto; Implementar na íntegra a Declaração de Yamoussoukro sobre os Ceus Abertos Implementar refinarias de petróleo de alta qualidade e a estratégia de gasoduto de petróleo e gás Conceber / implementar políticas relativas à produção de energias renováveis Preparar / implementar projectos geotérmicos Implementar a Decisão da Cimeira sobre o Quadro de Politicas e Orientações sobre a Bioenergia de África; Melhorar o ambiente & a governação (espectro, domínio, nomes e números) requer uma cooperação continental forte cujo resultado fará África um actor e parceiro mundial forte e unido: a nível nacional (i) desenvolver/implementar estratégias virtuais abrangentes (ii) desenvolver/implementar políticas para o desenvolvimento da economia digital (iii) promover políticas para a harmonização/coordenação das principais instituições de TIC (iv) apoiar o empreendedorismo juvenil e das mulheres no sector digital (v) desenvolver/implementar programas para a produção de conteúdos nas línguas (indígenas) nacionais e novos modos de expressão digital a nível continental (i) promover a implementação da legislação para assegurar a segurança e assegurar a fiabilidade das redes em todo o continente. Desenvolvimento de infra-estruturas postais e de TIC: a nível nacional (i) construir infra-estruturas de banda larga (ii) estabelecer redes postais de TIC (iii) promover o acesso às infraestruturas de TIC nas zonas rurais e mal servidas (v) desenvolver/implementar estratégias para explorar o dividendo digital continental; promover o desenvolvimento da rede de transmissão digital regional e continental; Aplicações e Serviços electrónicos: a nível nacional (i) promover serviços de valor acrescentado (ii) reforçar as associações de consumidores e os grupos de utilizadores a nível continental (iii) incluir correios no Instituto Africano de Remessas (IAR); Desenvolvimento de Capacidades: Nacional (i) promover a Página 191 Metas Area Prioritaria referente a 2063 Alvos para 2063 Estratégias Indicativas Documento Técnico relativo à Agenda 2063 literacia digital (ii) aumentar a capacidade de investigação e desenvolvimento nos serviços postais e de TIC (iii) Aproveitar competências e operacionalizar o Fundo Africano de Desenvolvimento de TIC; Industrialização: Nacional (i) Promover centrais de montagem e fabricação de TIC (ii) promover o desenvolvimento e a produção de programas informáticos (iii) promover o desenvolvimento de terceirização dos processos das empresas (iv) facilitar a criação dos parques e das incubadoras de tecnologia (v) garantir micro trabalhos em todos os sectores Continental (j) promover a criação de mercados regionais vastos para atrair investimentos; Investigação e Desenvolvimento: Continental (i) estabelecer centros, programas e redes de investigação regionais ou comuns. Página 192 Aspiração 3: Metas 3.1 Valores, práticas democráticas, princípios universais dos direitos humanos, justice e do estado de direito contidos Uma África de Boa Governação, Democracia, Respeito pelos Direitos Humanos, Justiça e o Estadode Direito Areas Prioritárias para 2063 3.1.1. Democracia e Boa Governação Alvos para 2063 a. As instituições democráticas são independentes e desempenham as suas funções sem medo ou favoritismo até 2030 b. As eleições a todos os níveis são livres, justas e transparentes até 2020 c. Todos os cidadãos são capacitados no sentido de responsabilizarem os seus líderes e estão livres do medo do seu governo até 2030. d. A Liberdade de Expressão e de Associação, uma imprensa vibrante e responsável que informa o público sobre os seus direitos e obrigações e responsabiliza o seu governo até 2025 e. Tolerância zero para as mudanças antidemocráticas / anticonstitucionais de governo em 2013 é a norma. Estratégias Indicativas 3.1.2. Direitos Humanos, Justiça e Estado de Direito Documento Técnico relativo à Agenda 2063 a. Criação de tribunais independentes / sistema judicial que administre / faça justiça sem medo ou favoritismo até 2030 b. Eliminação da corrupção e da impunidade c. Acesso fácil, imparcial e Rever / adaptar as leis nacionais / constituição que vista a reflectir as normas continentais conforme contido na Carta Africana sobre a Democracia, Eleições e Governação (ACDEG) e outros instrumentos regionais / continentais concernentes a eliminação de impunidade, nepotismos, corrupção. Subscrever ao Mecanismos de Revisão de Pares de África (APRM) Conceber / implementar programas de socialização, incluindo a adaptação de currículo escolar ao reforço das valores e practicas democráticas Reforçar as capacidades de instituições nacionais de governação Promulgar leis que irão regular o financiamento politica que garante o ambiente equilibrado para todos os partidos políticos Implementar recomendações dos grupos de observação eleitoral Racionalizar a constituição / leis com vista a garantir a liberdade de associação e o direito de participar na tomada de decisão no processo nacional para o desenvolvimento através dos intervenientes relevantes Conceber / implementar uma estratégia de comunicação que visam reforçar a liberdade de associação e o direito de participar no processo de desenvolvimento Instituir mecanismos para a sancionar / corrigir as infrações à liberdade de associação / expressão no processo de desenvolvimento. Rever / adaptar as leis nacionais / constituição com vista a reflectir as normas constitucionais conforme contido na Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (CADHP), a Declaração Universal dos Direitos Humanos e outros instrumentos associados Conceber / implementar programas de socialização a respeito dos direitos humanos e do estado de direito Conceber / implementar estratégia de comunicação em Página 193 Metas Areas Prioritárias para 2063 Alvos para 2063 atempado à justiça por todos até 2030 d. Aderência ao estado de direito e ao devido processo passa a ser a norma até 2040 3.2 Instituições capazes e liderança transformadora instituída a todos os níveis. 3.2.1 3.2.2 Instituições & Liderança Desenvolvime nto participativo e Governo Local Documento Técnico relativo à Agenda 2063 a. Todos os níveis de governo nacional (local, regional/estatal e nacional) têm a capacidade de priorizar, desenhar/implementar programas de desenvolvimentos até 2030. b. Uma burocracia competente, profissional e neutra é instituída e instituições estatais capazes de prestar serviços eficientes e eficazes aos cidadãos até 2030. a. Sistemas participativos consolidados e inclusivos nos processos decisórios no contexto de um contracto social baseado numa visão nacional de longo prazo até 2030 b. Plena capacidade para gestão de riscos relacionados com as calamidades naturais e conflictos até 2030; c. Reduzir os conflitos locais à zero até 2020; d. Os governos locais possuem capacidades administrativas e instituições plenas, incluindo, poderes fiscais adequados até 2025. Estratégias Indicativas matéria da aderência aos valores / prácticas democráticas Instituir sistemas para a sanção das violações de direitos humanos e os devidos processos sem medo ou favoritismo Instituir sistemas pelo respeito da diversidade étnica, promoção da tolerância religiosa, de sanções e de discriminação racial Reforçar as capacidades das instituições nacionais na gestão para o desenvolvimento, incluindo monitorização e avaliação; Promover políticas e programas para uma prestação de serviços eficiente e eficaz das instituições públicas Implementar na íntegra da Carta Africana sobre os Valores e os Princípios de Administração Pública. Promover políticas para acomodar a participação dos intervenientes no governo local. Instituir medidas que visam garantir a decentralização e racionalização total das funções fiscais e administrativas e reforçar as capacidades associadas para as municipalidades e órgãos do governo local Conceber / implementar políticas que visam a prevenir calamidades e a gestão de conflicto; Conceber/implementar políticas para a prevenção e gestão de conflitos; Conceber/implementar políticas para a descentralização e capacitação das administrações locais. Página 194 Metas Areas Prioritárias para 2063 Alvos para 2063 Estratégias Indicativas e. As comunidades locais possuem uma percentagem justa de exploração de recursos naturais e utilizam essa percentagem para o benefício de todos até 2025. f. Cultura, valores e normas das comunidades locais são respeitados e protegidos. Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 195 Aspiração 4: Metas 4.1 Paz, Segurança e Estabilidade Preservada 4.2 Uma África Estável e Pacifica Uma África Pacífica e Segura Área Prioritária para 2063 4.1.1 Manutenção e Preservação da Paz e da Segurança 4.2.1 4.2.2 4.3 APSA completamente funcional e operacional 4.3.1 Estrutura Institucional relativo aos Instrumentos da UA sobre a Paz e segurança Defesa, Segurança e Paz Pilares das Forças Africanas em Estado de Alerta totalmente operacionais e funcionais Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Alvos para 2063 Estratégias Indicativas a. Ratificar/adoptar os instrumentos africanos sobre a paz e segurança b. Mecanismos eficazes que visam resolver as causas de bases e estruturas de conflictos violentos existentes até 2025 c. Mecanismos locais e nacionais de prevenção e resolução de conflictos instituídos até 2025 d. Incutir uma cultura de paz através da integração de educação sobre a paz nos currículos escolares a todos os níveis a. Pôr fim a todas as armas até 2020 b. Serviços de segurança capazes, profissionais e dedicados instituídos até 2030. c. Controlo complete dos serviços de segurança por parte dos civis no contexto de práticas democráticas, estado de direito e devidos processos até 2025. a. Serviços de segurança completamente treinados em edificação e manutenção de paz até 2025 a. Cumprimento cabal com o financiamento das obrigações das instituições africanas do sector de paz e de segurança b. Estruturas/mecanismos devidamente equipados, estruturas nacionais de segurança competentes com vista a participar em actividades continentais c. Estabelecimento de uma indústria de defesa autossuficiente. Implementar cabalmente o APSA que lida com a manutenção e a restauração da Paz e de Segurança; Conceber/implementar mecanismos para a prevenção e resolução de conflitos a nível local e nacional; Integrar a educação da paz no currículo escolar em todos os níveis. Assinar, ratificar, adaptar ao contexto nacional os quadros normativos sobre a paz e a segurança Providenciar OSCs Africanas com capacidades a nível local, nacional e continental com vista a abordar as questões sobre prevenção de conflicto e edificação de paz Adaptar a Política Africana de Defesa e Segurança Colectiva ao contexto nacional Implementação integral do APSA Página 196 Aspiração 5: Metas 5.1 Renascença Cultural Africana é preeminente Uma Africa com uma Identidade Cultural Forte, Património, Valores e Éticas Comum. Área Prioritária para 2063 5.1.1 Valores & Ideais de Pan Africanismo Alvos para 2063 a. Pelo menos 80 por cento do conteúdo no programa curricular das escolas é sobre a cultura africana indígena, os valores e a língua visando o ensino primário e secundário até 2030; b. Uma Agência para os Assuntos/Relações da Diáspora instituída até 2020; c. Diáspora integrada nos processos nacionais democráticos até 2030 d. Cidadania dupla para a Diáspora até 2020 Estratégias Indicativas 5.1.2 Valores Culturais & Renascenç a Africana Documento Técnico relativo à Agenda 2063 a. Pelo menos 90 por cento dos cidadãos apreciam as artes criativas; b. Pelo menos 75 por cento das instituições terciarias oferecem cursos de línguas e de literaturas em pelo menos 3 línguas locais como cursos. c. Línguas nacionais usadas como parte do processo administrativo do país até 2025 d. Cultura para ética de trabalho e recompensa baseada no mérito é embutida e. Valores familiares tradicionais (família, comunidade, coesão social) são respeitadas e embutidas f. Todos os estudos do ensino secundário têm, pelo menos, dois anos de exposição de uma língua africana relevante que não seja a sua própria língua até 2035 g. História africana é obrigatória/temas principais a partir de ensino secundário ao terciário que conduzem Implementar a Carta para a Renascença Cultural Africana Implementar a Declaração de Algiers sobre a Harmonização e a Coordenação de políticas e programas culturais Promulgar leis relativas a dupla nacionalidade para a Diáspora Implementar a Declaração da Cimeira Mundial sobre a Diáspora Africana – Joanesburgo, África do Sul Criar uma agência a nível nacional para as relações da Diáspora Promulgar leis que visam integrar a Diáspora nos sistemas nacionais eleitorais/governação Implementação cabal da Carta relativa a Renascença Cultural Africana Reforçar a capacidade de instituições culturais Pan Africanas Implementar o Plano de Ação relativo as Línguas para a África Conceber / Implementar a estratégia de preservação e da promoção cultural, incluindo a integração da cultura no ensino escolar Página 197 Metas Área Prioritária para 2063 Alvos para 2063 Estratégias Indicativas para o desenvolvimento do Espirito do Pan Africanismo até 2035. 5.1.3 Património Cultural, Artes Criativas & Negócios a. Aumento de pelo menos 60 por cento no conteúdo local em toda a produção e comunicação social electrónica e imprensa; b. Todas as instituições de formação técnica e vocacional e ensino possuem cursos sobre a criação/produção de artefactos culturais, reforço de competências para a preservação de bens culturais e a gestão de empresas microculturas até 2035 c. Artes criativas, folclores, línguas nacionais/literatura crescem e contribuem para o crescimento e a preservação de cultura nacional d. Identificação e preservação da história nacional oral são concluídas até 2035 e. Mecanismos instituídos para o diálogo cultural intergeração atem 2020; f. Todos os tesouros/património cultural que são identificados recuperados, protegidos, arquivados e valorizados até 2025; Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Implementar cabalmente o Plano de acção de África sobre a Cultura e Industrias Criativas Ratificar todas as convenções internacionais adequadas que focalizam a proteção e a promoção da diversidade de expressões culturais Conceber/implementar politicas, incluindo a protecção dos direitos dos criadores com vista a apoiar no crescimento de industrias criativas Promover a criação de empresas orientados pela cultura Reforçar as capacidades dos profissionais de cultura Desenvolver bens culturais com vista a permitir a sua preservação Estabelecer o fórum de diálogo intergeração sobre a cultura Adoptar e ratificar os tratados continentais e regionais e os protocolos relacionados com a promoção de intercâmbio culturais Criar um fórum nacional / quadro para a gestão da adaptação cultural / mudanças Ratificar todas as convenções internacionais adequadas que focalizam a protecção e a promoção da diversidade de expressão cultural Criar medidas para combater o comércio relativamente aos bens culturais, incluindo através da cooperação regional, intercâmbio de informação e a perseguição de prevaricadores para serem apresentados nas instituições judiciárias, incluindo a partir dos países de destino; Página 198 Metas Área Prioritária para 2063 Alvos para 2063 Estratégias Indicativas Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Conceber / implementar políticas, incluindo a protecção dos direitos dos criadores que visam apoiar o crescimento de indústrias criativas. Promover a criação de empresas direcionadas para a cultura Promover soluções africanas aos problemas africanos através da promoção da autossuficiência. Página 199 Aspiração 6: Metas 6.1 Igualdade no género completa em todas as esferas da vida Uma África cujo Desenvolvimento é conduzido pelo seu povo, em particular, que depende da potencialidade oferecida pela sua Juventude e as Mulheres Área Prioritária para 2063 6.1.1 Empoderamento das Mulheres e das Raparigas a. b. c. d. 6.1.2 Violência & Discriminação a. b. c. d. Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Alvos para 2063 Direitos económicos iguais para as mulheres, incluindo, o direito a possuir e a herdar propriedades, de assinar contractos, registrar e de gerir uma empresa, de possuir e movimentar uma conta bancária até 2025. Assegurar que 90 por cento das mulheres rurais tenham acesso aos bens productivos, incluindo a terra, crédito, contribuições e serviços financeiros até 2025. 50 por cento de todos os oficiais eleitos a nível local, regional e nacional são mulheres até 2030, bem como os órgãos judiciais; Pelo menos 50 por cento dos cargos de direcção a nível dos sectores do governo e do privado são ocupados por mulheres até 2030. Reduzir a zero todos os actos de violências contra as mulheres e as raparigas em todos sectores (privado, publico, bem como em situações de conflicto). Pôr fim a todas as normas sociais nocivas e as práticas costumeiras contra as mulheres e raparigas, bem como aquelas que promovam a violência e a discriminação contra as mulheres e as raparigas até 2025. Eliminar todas as barreiras a educação de qualidade, saúde e serviços sociais para as mulheres e raparigas até 2020. Pôr fim a todas a formas de discriminação política, social, Estratégias Indicativas Implementar cabalmente a convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres Implementar cabalmente o Protocolo dos Direitos das Mulheres em África contido na Carta Africana sobre os Direitos Humanos e dos Povos e a Declaração Solene da União África sobre a Igualdade do Género Conceber / promover políticas que aumentam o acesso aos bens productivos (incluindo o financiamento) por parte das mulheres e da juventude. Conceber / implementar mecanismos para o acompanhamento de progresso em prol da paridade pelas mulheres relativamente ao acesso aos bens productivos/ competências, a sua participação em todos os níveis de governação e a promoção nos cargos nos sectores públicos e privados Implementar a convenção sobre a Eliminação de Todas as formas de Discriminação Contra as Mulheres (CEDAW). Conceber / implementar estratégia nacional que visa a promoção de direitos das mulheres, juventude, crianças, os grupos vulneráveis, os marginalizados, e os deficientes físicos; Erradicar todas as formas de violência com base no género e práticas nocivas contra as mulheres e raparigas, especialmente as crianças, casamentos prematuros e forçados e mutilação genital feminina; Assegurar que os sistemas de educação concedam a geração jovem educação de qualidade e incute competências genéricas chaves, competências e atitudes que leve para uma cultura de aprendizagem ao longo da vida e Página 200 económica, jurídico-legal ou administrativos contras as mulheres até 2030. 6.2 Jovens Crianças Engajados Capacitados e e 6.2.1 Empoderamento da Juventude e o Direitos das Crianças a. b. c. d. e. f. g. h. i. Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Reduzir o desemprego no seio da juventude por 25 por cento em 2020; até 50 por cento em 2025 e por 90 por cento em 2050, incluindo em particular os jovens do sexo feminino; Criação de empresas por parte dos jovens em todas as áreas de negócios: 15 por cento até 2020; 25 por cento em 2030 e 35 por cento em 2063 Eliminar todas as formas de migrações ilegais por parte da juventude até 2025 Todos os jovens (do sexo masculino e feminino) têm acesso a oportunidades e ensino e formação, serviços de saúde e de recreação e actividades culturais até 2030. Pelo menos, dobrar a percentagem de representação da Juventude em cargos políticos a todos os níveis – local, regional e nacional até 2035 Pelo menos 50 por cento da juventude e das crianças estão engajas em todas as disciplinas de desporto Pôr fim a todas as formas de violência contra as crianças até 2020 Pôr fim a todas as formas de exploração de trabalho infantil até 2020 Pôr fim ao fenómeno de de empreendedorismo; Promover a aquisição de conhecimentos através de formação e emprego baseado nas competências, subsistência sustentável e cidadania responsável. Eliminar as disparidades no género e assegurar a igualdade no género, empoderamento das raparigas e das mulheres através do sistema de educação. Criar o desenvolvimento de competências e programas de emprego para os jovens Promover o crescimento/ o arranque de empresas de jovens Implementar cabalmente a Carta Africana para a Juventude e as Recomendações da Cimeira de Alexander de 2002 sobre o Emprego para os Jovens Estabelecer contactos estreitos entre as instituições de ensino e do mercado de trabalho através de programas de estágios e de colocação industrial / encorajar e promover a formação de competências associadas ao trabalho; Promoção do voluntariado juvenil; Implementar cabalmente as disposições da Carta Africana dos Direitos da Criança; Encorajar e apoiar os serviços de consultoria sobre carreiras de modo que as experiencias qualificados dos jovens sejam compatíveis com a demanda do mercado de trabalho Implementar o Quadro para o Desenvolvimento Sustentável de Desportos em África Implementar a Carta Africana relativo aos Direitos e o Bem-estar da Criança Implementar o Plano Acelerado sobre a Implementação do Plano de Acção Rumo a Uma África conducente para as Crianças Implementar a posição comum de Algeria e o Plano de Acção sobre as Estratégias que visam apoiar as crianças órfãs, vulneráveis e as crianças infectadas com o VIH/SIDA. Página 201 j. Documento Técnico relativo à Agenda 2063 recrutamento de soldados infantis até 2020; Acabar com todas formas de discriminação contra crianças, nomeadamente aquelas que funcionam como limitações ao usufruto dos seus direitos humanos básicos; Página 202 Aspiração 7: Metas 7.1 África como o parceiro principal nos assuntos a nível mundial e a coexistência pacifica Uma África como um Interveniente Forte e Influente a nível mundial e como um Parceiro Área Prioritária para 2063 7.1.1 O lugar de África nos Assuntos a Nível Mundial 7.1.2 7.2 África assume plena responsabilidade pelo financiamento do seu desenvolvimento 7.2.1 Parcerias Mercados de capitais de África Alvos para 2063 a. Infraestrutura nacional para um espaço de rede africano para pesquisa e exploração instituído b. Sistemas nacionais / infra-estruturas para fins de pesquisa e de desenvolvimento que contribuirá para a reserva dos direitos de propriedade intelectual mundiais estão plenamente funcional c. Aumentar o nível de 2013 de exportações até 20 por cento em termos reais a. Todos os compromissos ao abrigo das parcerias a nível mundial são aderidos e as parcerias a nível mundial são reforçados com vista a transformação de África. a. Fontes nacionais, incluindo, os mercados capitais que contribuam com pelo menos 80 por cento do capital para o desenvolvimento. Estratégias Indicativas Implementação cabal da estratégia de ciência, Tecnologia e Inovação para África proposta Harmonizar os planos/sistemas nacionais com os quadros continentais, regionais e mundiais de desenvolvimento económico (por exemplo, a Agenda 2063, as metas mundiais para o desenvolvimento) Satisfazer os compromissos com as instituições continentais/regionais e mundiais para o desenvolvimento e financeiros. Implementar o Quadro de Parceria Mundial Africana da UA Implementar todos os acordos/quadros de parceria mundial relevantes Instituir um quadro regular para as operações do mercado capital – incluindo, uma autoridade reguladora do mercado de capitais Providenciar incentivos fiscais para o desenvolvimento / crescimento de mercado capital, incluindo a participação estrangeira Facilitar o reforço de capacidades das operações institucionais dos mercados capitais para a eficiência/eficácia a nível mundial Promover politica que conduzem a ligações dos mercados capitais nacionais com os mercados capitais continentais e mundial Facilitar o desenvolvimento de plataformas de infraestrutura de mercado capital Reforçar a capacidade humana das operações de Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 203 Metas Área Prioritária para 2063 7.2.2 Sistemas Fiscais & Rendimento do Sector Público Alvos para 2063 a. Rendimento proveniente de impostos e de outras fontes a todos os níveis do governo devem cobrir pelo menos 75 por cento das actuais despesas actuais e de desenvolvimento a partir de 2025 e além. 7.2.3 Apoio para o Desenvolvimento a. Proporção da ajuda proveniente do orçamento nacional para o desenvolvimento é de zero até 2040 Estratégias Indicativas mercado capital Manter uma política macro económica prudente que visa acelerar o crescimento do mercado capital; Conceber/implementar estratégias para o reforço do papel dos bancos centrais no desenvolvimento do financiamento. Instituir uma autoridade tributária nacional eficaz, eficiente e transparente Conceber / implementar quadros proactivos para o desenvolvimento de políticas tributárias; cobrança pública relativo as política de serviço, políticas de comportamento para a otimização do lucro de empresas públicas Reforçar a capacidade de infraestruturas com vista a melhorar a arrecadação de receitas e da responsabilização Providenciar incentivos adequados que visam assegurar a recolha de rendimento e o comportamento dos funcionários Instituir mecanismos eficazes para auditoria das receitas arrecadadas Reforçar a capacidade humana para a arrecadação das receitas Educar o público a respeito das suas obrigações / responsabilidades relativamente ao pagamento de impostos Instituir políticas / quadros que visam alargar o âmbito da arrecadação de receitas a nível do sector informal Criar o Instituto de Pesquisa Fiscal que visa garantir novas ideais/avaliar as actuais políticas Eliminar o fluxo de saída de capital ilícito Promover políticas que visam incentivar o rendimento proveniente dos impostos resultantes do crescimento dos sectores productivos Negociar acordos satisfatórios de partilha de receitas com os investidores na indústria extrativa / promover Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 204 Metas Área Prioritária para 2063 Alvos para 2063 Estratégias Indicativas politicas que visam optimizar as receitas devido as estado por parte da indústria extrativa Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 205 Anexo 4 - AGENDA 2063 MATRIZ DE RESULTADOS DE NIVEL REGIONAL & CONTINENTAL: METAS, AREAS PRIORITARIAS, ALVOS E ESTRATEGIAS Aspiração 1: Uma África Próspera, baseada no Crescimento Inclusivo e no Desenvolvimento Sustentável Metas 1.1 Elevado Nível de Vida, Qualidade de Vida e Bemestar de todos os cidadãos Área Prioritária para 2063 1.1.1 Receitas, empregos e trabalho decente 1.1.2 1.1.3 1.1.4 1.2 Cidadãos instruídos devidamente e revolução de competências baseadas na ciência, tecnologia e na inovação 1.1.1 Pobreza, desigualdade e fome Proteção e Segurança Social, incluindo as pessoas portadores de deficiências Habitats Modernos e Condignos e Serviços Básicos de Qualidade Ensino & Revolução de STI conduzida pelas Competências Alvos para 2063 a. Pelo menos 50 por cento dos países africanos estão classificados na escala da categoria de alto nível de Índice de Desenvolvimento Humanos (HDI) b. Pelo menos um-terço dos 10 países cimeiros com melhor índice de qualidade de vida a nível mundial são africanos Estratégias Indicativas Assegurar/facilitar a implementação por parte dos Estados Membros da Ouagadpgou+10 (Plano de Acção Revisto sobre o Emprego e Alivio da Pobreza) n/a n/a n/a Facilitar / assegurar a implementação por parte dos estados membros da Politica Africana sobre o Proteção e Desenvolvimento Social a. Pelo menos 80 por cento dos países africanos providenciam a garantia de receita básica para as pessoas em idade activa incapacitadas de auferir receitas adequada, em particular, nos casos de doença, desemprego, maternidade e deficiência. b. Todos os países africanos providenciam uma garantia de receita básica para os idosos a. Institutos Regionais sobre Pesquisas e Práticas de Gestão Urbana instituídas até 2030 a. Agência Africana de Acreditação do Ensino instituída até 2025. b. Qualificação comum da educação no continente estabelecida até 2023; c. Universidade Virtual Pan-africana Assegurar / facilitar a implementação por parte dos Estados Membros a Estratégia Africana sobre a Saúde, a Estratégia Africana sobre a Nutrição e a Terceira Década de Estratégia de Educação/Plano para África Elaborar o conceito / documento quadro para adopção pelos Órgãos de Política da UA Conceber / Implementar o Plano de Acção Conceber / Implementar plano de acção para Agência Africana de Acreditação do Ensino, a Universidade Virtual Pan Africana e Universidade Pan Africana; Conceber / Facilitar a implementação da Terceira Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 206 Metas Área Prioritária para 2063 d. e. f. 1.3 Cidadãos saudáveis bem nutridos e 1.3.1 Saúde & Nutrição a. b. 1.4 Economias e Empregos Transformados 1.4.1 1.4.2 1.4.3 Crescimento Económico Sustentável e Inclusivo Fabrico, Industrialização & Acréscimo de Valor Economic Diversification Resilience & 2. Alvos para 2063 constituída até 2023. Observatório Africano para Educação está plenamente operacional até 2023; Universidade Pan Africana consolidada até 2020, com pelo menos 25 centros satélites; Pelo menos 50 por cento dos Estadosmembros têm Sistemas Nacionais de Acreditação criados até 2023. Padrões de certificação e práctica comuns aplicadas pelos profissionais de saúde a nível dos estados membros da CER até 2030 e a nível Continental até 2035. Centro Africano para o Controlo de Doenças instituído até 2025. Comparticipação de África PIB Mundial é de 15 por cento Estratégias Indicativas Década de Estratégia do Ensino/Plano para África; Conceber/implementar quadros que melhoram a colaboração e o fluxo de conhecimento entre os Estados-membros no domínio da inovação e do empreendedorismo; Estabelecer uma base de dados sobre as TIC/Educação Conceber o plano de conceito / plano de acção para a criação do Centro Africano para o Controlo de Doenças completamente funcional. Facilitar a implementação da Estratégia Africana sobre o Desenvolvimento Industrial Acelerado Facilitar a implementação do BIAT a. Participação de África na produção de fabrico mundial é de 10 por cento até 2050; b. Centros Regionais / Continentais para industrialização/fabrica ligado as cadeias de valores mundiais são definidos até 2020 e funcionais até 2025; c. Centro Africano para o Desenvolvimento de Mineiras é estabelecido e plenamente operacional até 2025. Conceber / implementar o Plano de Acção do Centro Africano para o Desenvolvimento de Minerais a. Centros regionais e continentais de tecnologia, inovação e de concorrência são estabelecidos e produzem ideais para novos negócios até 2035 b. Centros de pesquisa regionais e Desenvolver conceitos para os centros de inovação de tecnologia e excelência de pesquisa / planos de acção para o desenvolvimento Desenvolver conceitos para o intercâmbio de mercadorias primárias a nível Facilitar a harmonização de políticas indústrias dos estados membros a nível das CER Develop / implement industrial hub concept Conceber / implementar o conceito de centros industriais Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 207 Metas 1.5 Agricultura moderna e Economia para o aumento da produtividade e da produção Área Prioritária para 2063 1.5.1 Produtividade produção agrícola 1.5.2 Economia Azul 1.6 Economia azul para o crescimento económico acelerado 1.6.1 Recursos/indústria marinha 1.7 Economia azul para o crescimento da economia acelerada 1.7.1 Padrões de Consumo Sustentáveis Conservação da biodiversidade e Gestão de Recursos Naturais Sustentáveis 1.7.2 e Alvos para 2063 continentais de classe mundial estabelecidos com vista a providenciarem resultados de pesquisas cruciais direcionadas para a transformação da agricultura, fabrico/industria e exploração de recursos naturais c. Pelo menos 2 Intercâmbios Regionais sobre Mercadoria Primaria instituídos até 2025 e o Intercâmbio Continental de Mercadorias Primárias instituídos até 2035 a. Centros de excelência regionais de classe mundial para realização de pesquisas na área de agricultura instituídos até 2030. Estratégias Indicativas Regional/Continental / implementação do conceito promover a Implementar o CAADP Implementar a Estratégia de Ciência, Tecnologia e Inovação para África a. Centro Africano para a Economia Azul Implementar o Plano de Acção sobre o Centro estabelecido até 2025 Africano para Economia Azul a. Centro Africano de Economia Azul a. Implementar o Plano de Acção sobre o Centro estabelecido até 2025; para a Economia Azul de África b. Legislação marítima dos Estadosmembros estão harmonizadas a nível regional. n/a n/a a. Conclusão até 2020 da ratificação da Convenção Africana sobre Conservação da Natureza e Recursos Naturais (ACCNNR); b. Implementação da Convenção Africana sobre a Natureza e Conservação dos Recursos Naturais, a Directriz-quadro sobre a Política da Terra em África, bem como os Princípios Orientadores sobre os Investimentos em Larga Escala Baseados na Terra em África totalmente Conceber / facilitar a adopção de acordos modelos por parte dos estados membros Facilitar a resolução por parte dos estados membros de discordância na exploração de recursos naturais trans fronteiriços. Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 208 Metas Área Prioritária para 2063 c. Alvos para 2063 integrados nas estratégias, programas e quadros de monitorização e avaliação até 2020; Legislações e quadros regulamentares harmonizados e vinculativos em vigor até 2025 para assegurar uma gestão e conservação justas, equitativas e sustentáveis dos recursos naturais transfronteiriços, incluindo a eliminação da caça furtiva e do comércio ilegal das espécies em risco, proteger a fauna e as rotas migratórias, desenvolver parques de paz, expandir as zonas marinhas protegidas; Estratégias Indicativas 1.7.3 Garantia de água n/a n/a 1.7.4 Resiliência climática & Calamidades Naturais 1. Um Fundo Africano relativo ao Clima (ACF) com vista a resolver as preocupações relacionadas com adaptação e mitigação, incluindo, o desenvolvimento de tecnologias instituídos até 2025. 1.7.5 Energia Renovável n/a n/a Conceber / implementar Plano de Acção para a criação de um Fundo Africano relativo à Clima Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 209 Aspiração 2: Um Continente Integrado unido e baseado nos ideais de Pan Africano e da Visão da Renascença de África Metas Área Prioritária para 2063 Alvos para 2063 Estratégias Indicativas 2.1 2.1.1 a. Uma África Unida (Federal Confederal) ou Quadros e Instituições para uma África Unida b. c. d. e. f. g. h. i. j. k. l. m. n. o. p. q. r. s. Todos os requisitos de vistos para viagens intra África são abolidos até 2018 e o passaporte africano instituído até 2025 Projecto de quadro jurídico para o governo continental desenvolvido até 2025 Instituições continentais para uma África Unida são instituídas até 2055 Parlamento Pan Africano com plenos poderes legislativos instituídos até 2025 Tribunal Africano de Justiça instituído até 2030; Tribunais regionais estão completamente funcionais até 2030; Mercado Comum Africano estabelecido até 2025; Zona de Comércio Livre Africana estabelecida até 2017; União Aduaneira de África estabelecida até 2019; Instituto Pan-africano de Estatísticas totalmente funcional até 2023; Organização Pan-africana da Propriedade Intelectual plenamente funcional até 2023; Observatório Africano para a Ciência, Tecnologia e Inovação plenamente funcional até 2023; Conselho Africano Científico e de Inovação plenamente funcional até 2023; Instituição de governação económica e política estão instituídas até 2060 Mercado Comum de África estabelecido até 2025 União Monetária de África estabelecida até 2025 Zona de Comércio Livre de África estabelecida até 2017 União Aduaneira de África é estabelecida até 2019 Política Africana de Defesa e de Segurança Comum estabelecida até…. Conceber / implementar estratégias de advocacia / programas para a adopção acelerada e a ratificação de todos os Tratados e Protocolos do Plano de Integração Mínimo; Implementar a Decisão de Malabo sobre a OPAPI Implementar a Decisão de Malabo sobre a ASIC Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 210 2.2 Instituições financeiras e monetárias continentais estabelecidas e funcionais 2.3 Infra-estruturas de classe mundial multiplicadas em África 2.2.1 2.3.1 Instituições Financeiras Monetárias Comunicações Conectividade Infraestructuras t. Comércio Intra Africano é levantado de 10.1 por cento em 2012 até 60 por cento o mais tardar até 2063. a. União Monetária de África estabelecida até 2025. e & de b. c. d. e. Centros Regionais de Eletricidade estabelecido até 2020 e Centro Continentais Integrados de Electricidade até 2035 (por exemplo a Estacão Hidro elétrica de Inga) Infra-estruturas de comunicação das Ilhas africanas concluídas até 2035 através do PIDA Rede Ferroviária Continental de Alta Velocidade concluída até 2050 Rede/Estação de televisão continental criada até 2025. Acelerar as medidas para assegurar a convergência; Promover a ratificação e adopção dos tratados, protocolos e instrumentos conexos. Implementar o DOT África Implementar o sistema de apresentação de relatórios de Monitorização e de Avaliação da PIDA Conceber/implementar o quadro continental para uma Rede Africana Integrada de Comunicação Social Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 211 Aspiração 3: Uma África de Boa Governação, Democracia, Respeito pelos Direitos Humanos, Justiça e Estado de Direito Metas 3.1 Valores democráticos, prácticas, princípios universais de direitos humanos, justiça e estado de direito consolidadoss Área 2063 3.1.1 Prioritária para Democracia e Boa Governação Alvos para 2063 Estratégias Indicativas a. Carta Africana relativa a Governação é adoptada e implementada por 70 por cento dos Estados Membros até 2030. b. Pelo menos 15 Nações Africanas estão classificadas entre os 50 cimeiros do Índice de Boa Governação e Democracia Mundial; c. 3.2 Instituições Capazes e liderança transformadora instituída a todos os níveis 3.1.2 Direitos Humanos, Justiça e Estado de Direito 3.2.1 Instituições Liderança & Quadro para a computação de uma matriz de governação que reflecte as vulnerabilidades dos Estados insulares africanos criado até 2025. a. Carta Africana sobre os Direitos Humanos e dos Povos implementada cabalmente por pelo menos 80 por cento dos Estados Membros até 2020; b. Todos os Estados-membros implementam o MAAP; c. Todos os Estados-membros respeitam a disposição do quadro respeitante à comunicação das informações enunciadas no artigo 62.º da CADHP. a. As CER, CUA e os Órgãos da UA tem a capacidade de priorizar, desenhar, executar os seus mandatos até 2017 b. Uma burocracia competente, profissional e neutral é instituída a nível regional / continental para prestar serviços a sua clientela até 2017; c. Quadro para a computação das medidas do PIB/de desenvolvimento económico que reflecte as vulnerabilidades/a singularidade dos Estados insulares africanos criado até 2025. Facilitar a implementação da Carta Africana sobre Governação; Conceber/implementar estratégias/planos de acção para o desenvolvimento de medidas de governação dos Estados insulares africanos; Conceber/implementar programas de defesa para adopção de uma metodologia computacional de medidas de governação dos Estados insulares africanos por instituições regionais, continentais e internacionais relevantes. Facilitar a implementação da Carta Africana sobre os Direitos Humanos e dos Povos Preparar e facilitar a adoção / ratificação da Carta Africana relativa aos Valores e os Princípios de Administração Pública; Conceber/implementar estratégias/planos de acção para o desenvolvimento de medidas económicas/do PIB dos Estados insulares africanos; Desenvolver/implementar programas de defesa para a adopção uma metodologia de computação/desenvolvimento económico dos Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 212 Estados insulares africanos por instituições regionais/continentais e internacionais relevantes. 3.2.2 Desenvolvimento Participativo e Governo Local a. Todos os Estados Membros implementaram a Decisão da UA e Boa Governação. Preparar e facilitar a adoção / ratificação da Carta Africana relativa aos Valores e Princípios de Administração Pública Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 213 Aspiração 4: Uma África Pacífica e Segura Metas 4.1 Paz, Segurança Estabilidade Preservada e Área 2063 4.1.1 Prioritária Manutenção Preservação Paz e Segurança para e da de Alvos para 2063 Estratégias Indicativas a. Força Africana em Estado de Alerta e a Capacidade de Desdobramento Rápido instituído até 2018 b. CEWS completamente funcional e sistemas de aviso prévio do CER até 2018 c. Painel dos Sábios e o PanWise completamente operacional e a realizar iniciativas de prevenção de conflictos 4.2 Uma África Estável e Pacifica 4.3 Um APSA, plenamente funcional e operacional 4.2.1 Estrutura Institucional para os Instrumentos da UA sobre Paz e Segurança 4.2.2 Defesa, Segurança e Paz 4.3.1 Os pilares APSA plenamente operacionais funcionais. da e Operacionalizar cabalmente os pilares da APSA; Actualizar a APSA para abranger a pirataria, drogas e tráfico de seres humanos e crimes transnacionais; Promover uma cooperação mais estreita a nível de África e de outras instituições internacionais Sensibilizar os Estados Membros e as CER a respeito do Mecanismo Regional para a Paz b. Política de Defesa e Segurança Colectiva é completamente operacional até 2020 Facilitar a implementação da Politica Africana de Defesa e de Segurança a. Auto confiança no financiamento das instituições de paz e de segurança de África b. Estruturas/mecanismos regionais e continentais devidamente equipados, competentes para lidar com ameaças emergentes de segurança c. Forças de segurança capazes, equipadas e profissionais com capacidades continentais d. Indústria de defesa auto-suficiente é estabelecida. e. Facilitar a implementação dos Pilares da APSA a. Pôr fim a todas as armas até 2020 Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 214 Aspiração 5: África com uma Identidade Cultural Forte, Património, Valores e Ética Comum Metas 5.1 Renascença Africana prééminente Área Prioritária para 2063 Cultural é 5.1.1 Valores & Ideais do Pan Africanismo Alvos para 2063 5.1.2 5.1.3 Valores Culturais & Renascença Africana Património Cultural, Artes Criativas & Estratégias Indicativas Instituto Cultural Pan Africana é completamente funcional até 2020 Todos os projectos de legados estão concluídos até 2020 A Enciclopédia Africana é concluída até 2018 Os Festivais Culturais Pan Africanos (musica, dança, filme, alta costura, etc.) são organizados bianualmente a partir de 2020 Língua Franca Africana é instituída até 2030 Congresso Pan Africano e o Movimento de Mulheres Pan Africanas são realizados bianualmente a partir de 2016 6ª Região Africana criada até 2035 Secretariado Pan Africano estabelecido em Dakar até 2030 a. Contribuição de África na produção mundial nas áreas de artes criativas/ belas artes (filme, literatura, teatro, música, dança e alta costura) é de pelo menos 15 por cento b. As associações regionais / continentais de filmes, literatura, teatro, artes, altacostura, tradição oral estão instituídos até 2025; c. Variedades de línguas crioulas em todos os Estados insulares africanos definidas até 2030. a. Os activos culturais e artefactos africanos repatriados até 2025; Implementar a Decisão da Cimeira da UA sobre o Projecto da Enciclopédia Africana Desenhar / promover estratégias com fortalecer o relacionamento dos Estados Membros da UA com as Nações das Caraíbas e da América Latina Conceber / implementar quadros para a integração de programas nacionais e continentais sobre a diáspora Facilitar a ratificação por parte dos Estados Membros de protocolos sobre as emendas ao Acto Constitutivo com vista a permitir que a Diáspora participe na edificação da União Africana Facilitar a implementação por parte dos estados membros das resoluções da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o Memorial Permanente e a recordação das vítimas de escravatura e do comércio de escravos transatlântico. Implementar a Campanha Continental sobre a Estratégia de Renascença Africana; Expandir o atlas das línguas africana para abranger o crioulo nos Estados insulares africanos; Implementar recomendações sobre o inventário do Relatório Bens Culturais; Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 215 Negócios b. Quadro para adopção dos Sítios de Património Africano criado até 2025; c. Sítios do património africano com base numa proporção dos sítios do património mundial é pelo menos 10 vezes o nível de 2013. Conceber/implementar o quadro continental para os sítios do património africano; Conceber/implementar o quadro para a graduação dos sítios do património africano em sítios do património mundial. Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 216 Aspiração 6: Um África Cujo Desenvolvimento seja conduzido pelo seu povo, em particular, que depende da potencialidade oferecida pelo povo africano, especialmente as mulheres e a juventude e cuidando as crianças Metas 6.1 Igualdade no género completa em todas as esferas da vida Área Prioritária para 2063 6.1.1 Alvos para 2063 Empoderamento das Mulheres e Raparigas a. b. c. 6.1.2 Violência & Discriminação contra as mulheres e as raparigas Paridade do género em termos de acesso, representação e promoção é alcançada em todas as instituições da UA e CER até 2030 Painel de Alto Nível Anual sobre a Capacitação das Mulheres é funcional até 2016 Fundo para as Mulheres Africanas é estabelecido até 2017 Estratégias Indicativas Conceber/coordenar um quadro para a criação de um Observatório do Género continental; Criar um Índice Africano de Paridade do Género. Implementar cabalmente a Decisão da Assembleia sobre a Paridade no Género; Facilitar a implementação do Programa da Década das Mulheres Africanas; Realizar uma investigação comparativa entre os países que fizeram progressos na eliminação/redução de todas as formas de violência contra as mulheres e as raparigas; Conceber políticas para proteger e apoiar as mulheres e as raparigas em situação de conflito, incluindo a perseguição dos perpetradores. a. Todas as formas de violência e discriminação contra as mulheres eliminadas até 2030. 6.2 Juventude Engajada e Empoderada 6.2.1 Empoderamento da Juventude n/a Facilitar a implementação de todas as cartas e políticas relacionadas com a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres; Elaborar/implementar as políticas baseadas na paridade do género; n/a Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 217 Aspiração 7: Metas 7.1 África enquanto um parceiro importante nos assuntos a nível mundial e coexistência pacifica 7.2 África assume plena responsabilidade pelo financiamento do seu desenvolvimento Uma África como um Parceiro Forte e Influente a nível Mundial e um Parceiro Área Prioritária para 2063 7.1.1 O lugar de África nos Assuntos a nível Mundial 7.1.2 Parcerias 7.2.1 Mercado de Capital de África Alvos para 2063 a. África fala em uníssono até 2015 b. Assentos permanente no Conselho de Segurança das Nações unidas e representações/nomeações a instituições multilaterais/internacionais; c. Centros continentais, regionais e nacionais de África de ciências, tecnologia e inovação possuem pelo menos 15 por cento das patentes a nível mundial d. A comparticipação de África o comercial mundial / exportações é de pelo menos 10 por cento e. África reclama a sua percentagem justa dos comuns a nível mundial (espaço, terrestre, oceânico) até 2030. f. Missões espaciais africanas iniciadas até 2030 g. Uma Nação Africana ganha o Campeonato Mundial de Futebol até 2036 h. Combinação de Zonas Económicas Marítimas Exclusivas (CEMZA) estabelecidas até 2035 i. Sede Regional Marítima Padronizada com Centros de Coordenação Operacionais instituídos até 2030; j. Todas as colónias libertadas até 2020. a. Uma Plataforma Africana de Parceria Mundial é estabelecida e funcional até 2017 Estratégias Indicativas Implementar a Estratégia Marítima de África Edificar / Implementar o relacionamento mundial sobre a advocacia com vista a promover a grandeza de África; Racionalizar/aderir ao processo de nomeações aos órgãos regionais/continentais/internacionais inclui o devido reconhecimento aos Estados insulares africanos; Implementar a Estratégia de Inovação, Ciência e Tecnologia para África (STISA). a. Tornar o Instituto Africano de Remessas totalmente operacional até 2020 b. Um mercado de capital integrado de África é instituído até 2030 e financia pelo menos 30 por cento da Agenda de Desenvolvimento de África c. Uma Instituição Africana de Garantia de Crédito é plenamente funcional até 2025; d. Banco Africano para o Investimento estabelecido até 2025, incluindo uma janela Implementar cabalmente a revisão das Recomendações da Parceria Mundial de África Conceber / implementar estratégias que visam a ratificação de tratados/acordos/politicas relacionadas com o estabelecimento de mercados continentais financeiros / instituições capitais e de mercados Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 218 Metas Área Prioritária para 2063 7.2.2 Sistemas Fiscais & Receitas do Sector Público 7.2.3 Apoio para o Desenvolvimento Alvos para 2063 para a promoção da economia azul; e. Banco Marítimo de África estabelecido até 2035; f. Banco Central Africano estabelecido até 2034; g. Bolsa de Valores Pan Africana instituída até 2030. a. n/a Estratégias Indicativas a. Dependência da Ajuda é reduzida por 50 por cento até 2030 e reduzida a zero até 2035 n/a Conceber / facilitar a implementação de políticas e de programas que resultem na eliminação da dependência de ajuda Documento Técnico relativo à Agenda 2063 Página 219