artesanato em papel

Transcription

artesanato em papel
2
Editorial
Juntos Somos Mais
Certa vez, o poeta Gonçalves Dias escreveu sobre a união. Falou da virtude, do encanto e do consórcio do querer que envolve a força da nossa alma. É assim que
avançamos. Juntos! Unidos somos sempre mais. Hoje, com o talento do povo brasileiro e as ações do Centro Cape e da Abexa, o artesanato está mais forte. Geramos
renda a milhares de famílias ao mesmo tempo em que colocamos os produtos produzidos por aqui como referência no disputadíssimo mercado internacional.
Como conseguimos? Com bastante trabalho e muito suor. Nesta edição da Brasil
Feito a Mão, podemos ver com propriedade como a união entre os artesãos é uma
feliz realidade. Em todas as partes do país, enxergamos exemplos de empresas ou
associações que apresentam ideias e soluções para fortalecer o artesanato. Com isso,
prestam um serviço valioso ao Brasil. Asseguram cidadania e permitem que a arte
do nosso povo transmita ao resto do mundo o que temos de melhor.
Edição e Projeto Editorial
Instituto Centro Cape,
Central Mãos de Minas
e Media Press
Editor
Pedro Blank
Redação
Fred Wanderley
Revisão
Marlene Hostalácio
Tradução
Cultural Center for
Language Studies
Diagramação e Arte
Casasanto
Gráfica
Se estivéssemos sozinhos, nada seria possível. Por sermos um grupo coeso e profissional, os resultados aparecem. Imaginem as dimensões continentais do nosso território e a dificuldade natural que surge para que os artesãos, individualmente, negociem com o mercado internacional. Vencemos esse desafio, com inteligência e
estratégia. Da qualidade dos insumos utilizados à embalagem do produto, tudo é
pensado na preservação da identidade cultural que temos a missão de propagandear.
Na perspectiva de melhorar sempre, a Brasil Feito a Mão está com novo projeto
gráfico. Revitalizamos o design da revista. Você terá mais facilidade para ler nossos
textos e compreender do que é feito o melhor artesanato do mundo.Vamos conhecer
mais a nossa gente e homenagear as pessoas que dedicam suas vidas para deixar o
nosso planeta mais belo.
TÂNIA MACHADO
Presidente do Instituto Centro Cape
Gráfica Tamóios
Tiragem
5.000 exemplares
Distribuição Gratuita
1
Reciclagem
CAPA
Pegar o lixo e aproveitá-lo. Melhor:
fazer arte. A Cooperaldeia, em São
Paulo, capacita artesãos da periferia da
capital paulista para fazer a reciclagem
e moldar verdadeiras obras de arte
Entrevista
O Ministro-Chefe da Secretaria
Geral da Presidência, Gilberto
Carvalho, mostra como o artesanato exporta grandes peças
e também mostra ao mundo a
cultura brasileira. Além disso,
contribui para gerar renda a
milhares de famílias
2
Artigo
Como o design contribui
para valorizar os produtos?
O artigo de Clara da Silva
Schlepper mostra como o
visual agrega valor à imagem
dos artesãos, das empresas,
dos produtos e até do Brasil
Internet
Exportação
O site www.solidarium.net
consolida-se como ferramenta
dinâmica para o comércio do
artesanato brasileiro. A iniciativa beneficia pelo menos 5 mil
artesãos e já recebeu reconhecimento internacional
A participação em feiras
internacionais é uma estratégia
importante para a divulgação do
artesanato brasileiro. A Abexa
apresenta o profissionalismo e a
qualidade do material nacional
pelo planeta
ÍNDICE
CONTATO
Onde Encontrar
Feiras e Eventos
Regional
Qualificação
Sustentabilidade
Regional
O Instituto Cearense de Artesanato (Ica) une profissionais
do Ceará, Tocantins e Espírito
Santo em prol de melhores
condições de trabalho e valorização com produtos exclusivos
O artesanato brasileiro ganha
o mundo. Para isso, o Centro
Cape exerce um trabalho fundamental na capacitação dos associados e, consequentemente, na
alta qualidade dos produtos
Maior floresta tropical do planeta, a Amazônia ganha mais projeção com a iniciativa da Native
Original Products. Com foco na
sustentabilidade, a empresa dá
sua parcela para a ampliação da
consciência ambiental
A Associação dos Artesãos
Profissionais do Piauí (Apapi)
estimula a utilização de insumos típicos do Estado como
pedra mineral de opala, papeis,
fibras, madeira e buriti em mais
de 1.000 filiados
sHow rooM euA
7 West 34th Street Suíte
729.10001 - NY City - NY
Phone 212 714 1982
[email protected]
Centro de distribuição
new Jersey
Monroe Street Passaic, 249, 07055,
NJ - USA. Phone: 973 365 5800
www.iec.com
AbeXA
[email protected]
55 61 3326-3139
www.abexa.org.br
[email protected]
3
O artesanato é a
cultura de um povo
O Ministro-Chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, destaca
que os artesãos revelam ao mundo a cultura brasileira
O Ministro-Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho,
destaca que o artesanato é um instrumento único de divulgar a cultura brasileira mundo
afora. A atividade dos artesãos, contudo, vai além de materializar a cultura do país. Nesse
momento em que o governo federal trata de assegurar a cidadania com programas de
transferência de renda, o artesanato é meio para milhões de pessoas complementarem
seus salários. Abaixo, confira a entrevista que o Ministro concedeu à Brasil Feito a Mão.
Gilberto Carvalho
Ministro-Chefe da Secretaria
Geral da Presidência
4
Brasil Feito a Mão: De acordo com a
pesquisa Vox Populi, realizada em 2011,
mais da metade dos artesãos está na
Região Sudeste. É um desafio expandir
as atividades para o restante do país?
Ministro Gilberto Carvalho: A diversidade da cultura brasileira recomenda que
a produção artesanal seja expandida não
só no Brasil, mas para além das nossas
fronteiras. A produção artesanal tem uma
forte ligação com a garantia de renda,
mas creio que devemos quebrar a dicotomia de enxergar o artesanato como meio
de sobrevivência. É inegável que o artesanato tem um imenso potencial para a
geração de emprego e renda, mas é correto
afirmar que o artesanato tem também o
poder de desenvolver talentos, de criar
grupos cooperados, de reunir pessoas, de
agregar valor humano aos produtos e de
mobilizar a sociedade em prol de causas
justas. A produção artesanal tem características próprias, como o ineditismo,
a delicadeza, a invenção, a criatividade,
a originalidade, a reutilização, o reaproveitamento, etc. O artesanato permite,
ainda, sonhar, viajar pela herança cultural dos nossos antepassados e, a partir
daí, criar, inventar e produzir. É preciso
adotar estratégias e políticas públicas
para que o artesanato amplie seu raio de
ação para todas as regiões do país. Mas
não basta expandir o artesanato apenas
como uma estratégia de sobrevivência.
Temos que ter em mente que o artesanato
brasileiro integra o patrimônio artístico e
simbólico do nosso país e, por isso, é preciso criar ações que permitam aos artesãos
maior profissionalização, formalização,
capacitação em gestão e possibilidades de
acesso a novos mercados.
O Brasil é modelo mundial em programas de transferência de renda, como o
Bolsa Família, por exemplo. O artesanato surge como uma alternativa para
complementar a renda proporcionada
pelos programas sociais?
Entendemos que o Bolsa Família tem a função de devolver aos beneficiários um pouco
da dignidade perdida ao longo da vida.
Não se trata apenas de transferir renda aos
extremamente pobres. Buscamos a inclusão
produtiva e a garantia de acesso aos serviços públicos. A transferência de renda, no
nosso entendimento, é muitíssimo necessária, mas promove apenas o alívio imediato
da pobreza. Por outro lado, as condicionalidades reforçam o acesso a direitos sociais
básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social. Já as ações complementares
buscam o desenvolvimento das famílias, de
modo que os beneficiários consigam superar a situação de vulnerabilidade. Nesse
sentido, o artesanato pode ser uma maneira
ENTREVISTA
de complementar a renda. Mas não basta garantir a renda
sem assegurar a cidadania.
Estimativas dão conta de que o artesanato movimenta
anualmente R$ 54 bilhões e compra da indústria cerca
de R$ 20 bilhões. Trata-se de uma atividade decisiva
para a economia nacional?
alavancar os negócios e oxigenar a economia. Mas aliado
a isso, é necessário inovação, planejamento, comunicação e gestão dos pequenos negócios, a começar pela
formalização, hoje possível por meio do programa de
empreendedorismo individual do Sebrae.
O associativismo é uma maneira de tornar os produtos feitos pelos artesãos mais competitivos e com mais
valor. Qual a avaliação que o senhor faz da importância
das cooperativas para o segmento?
Do ponto de vista econômico não podemos fechar os
olhos para os valores movimentados pelo setor artesanal.
Acredito até que as cifras sejam maiores, dada a grande
informalidade do setor. Hoje, não temos informações Com a industrialização, os produtos artesanais estão
atualizadas sobre esse segmento, o que dificulta, inclu- perdendo sua identidade. A massificação dos produtos
sive, a adoção de políticas públicas orientadas para os industrializados fez com que o artesanato ficasse relegado
artesãos. No entanto, tenho informações de que o Sebrae e é nesse contexto que as cooperativas assumem um papel
está planejando a elaboração de um censo social e econô- importante. Em uma alusão simplista, o cooperativismo
mico do artesanato brasileiro, o que, sem dúvida, poderá pode ser reduzido ao lema: "A união faz a força"; união
e força tão necessárias para
nortear as nossas ações.
vencer as adversidades. O
"A diversidade da cultura brasileira recoA Secretaria-Geral da
cooperativismo é mais do que
Presidência da República
menda que a produção artesanal seja
uma associação de pessoas
tem como principal atriexpandida não só no Brasil, mas para
unidas, é a busca da solução
buição coordenar a relação
além das nossas fronteiras"
de problemas por meio da
entre a sociedade civil e o
governo. Minha experiência, acumulada em dez anos de solidariedade humana e da ajuda mútua, que sempre acagoverno, me obriga a deixar uma sugestão: sem a orga- bam construindo uma sociedade melhor e mais justa.
nização dos artesãos pouca coisa vai mudar. É preciso A presidenta Dilma Roussef, em diversas oportunique nos cobrem e que nos pressionem para que as coisas dades, já demonstrou sua admiração pelos produtos
avancem. A participação social é para nós um método de artesanais fabricados no país. As iniciativas fazem
governo e talvez seja um dos maiores legados que vamos parte da vontade do governo federal em divulgar instideixar para os nossos sucessores. Portanto, organizem- tucionalmente o artesanato?
se, mobilizem-se e nos pressionem.
Seria ótimo a sociedade debater um Projeto de Lei que insA Fundação Banco do Brasil, a Abexa e o Instituto titua a profissão do artesão, suas implicações e obrigações
Centro Cape estão em processo de criação de uma pla- legais e econômicas como setor produtivo, que gera renda
taforma de ensino a distância. O objetivo é capacitar e emprega milhões de brasileiros. Acredito que o governo
pelo menos três instituições de artesãos por estado até se envolverá naturalmente e de forma mais decidida a par2013. Como o senhor avalia essa iniciativa?
tir da regulamentação que virá a partir desse debate.
Qualquer iniciativa que forme pessoas e que capacite tra- Nos próximos anos, o Brasil estará no centro das atenbalhadores são bem-vindas, sobretudo, quando partem ções mundiais com a realização da Copa do Mundo, em
de instituições credenciadas como essas.
2014, e das Olimpíadas, em 2016. Como o senhor vê o
Ainda de acordo com a pesquisa Vox Populi realizada papel dos produtos artesanais no sentido de divulgar a
com artesãos em 2011, foi verificado que as matérias- história do País e de sua gente nos próximos anos?
primas mais utilizadas são: têxteis, metais, madeiras, O artesanato é também a cultura de um povo. Os eventos
fibras, palhas, sementes e folhas. A viabilização de citados representam uma oportunidade única de mostrar
linhas de crédito, com taxas atrativas, pode ajudar os o Brasil que queremos. É claro que o artesanato é mais do
trabalhadores?
que um cartão postal do Brasil e cumpre, com maestria, a
Sempre é bom que sejam concedidos mais créditos para função de revelar um pouco da nossa história.
5
6
ARTIGO
A importância do design
para os produtos
Clara Schlepper
Gerência e direção de criação
agencia21
Mas o que é design afinal? Design é, desde
os anos 60, no contexto visual, uma
expressão que denomina a elaboração
refletida das qualidades de um objeto real
ou virtual, de serviços ou de uma marca.
O design oferece ao objeto ou produto,
de forma generalizada, algo “a mais“ que
segue regras estéticas. Até hoje, não existe
praticamente uma definitiva Teoria do
Design. O designer, portanto, trabalha
livre de teorias (ou com várias). Contudo,
se orienta em um conhecimento empírico dentro de um conceito que parte
de um sistema lógico. Na prática, vem o
momento da decisão, que com frequência
é tomada pela intuição.
Na visão tradicional, no início do processo de desenvolvimento, acontece a
análise do que já existe e que requer um
conceito inovativo. O design se orienta
em seres humanos e nas suas inúmeras
necessidades. Nas necessidades físicas e
psíquicas. Trata-se, portanto, de um utilitário e nisto se diferencia da arte. Mas não
deixa de ser muitas vezes com arte.
Quando se trata de apresentação de
produto, a “ferramenta“ usada, é o que
chamamos de “visual marketing“ – que
não deve ser confundido com o termo
“visual merchandising“. Nesta disciplina,
se analisa a capacidade de um objeto
virar o protagonista da comunicação
visual, juntando componentes de atividades econômicas, da percepção visual no
sentido estético e da psicologia cognitiva.
Através desse processo, o produto e sua
comunicação visual tornam-se inseparáveis. Esse método é usado para garantir
sucesso em várias áreas.
“O objeto não é em si interessante e,
sim, na sua encenação, a qual se dá do
resultado de uma série de reflexões, o da
história do objeto, seu simbolismo e do
efeito tocante que produz no observador“.
Já havia percebido isso a escritora Susan
Sonntag, nos anos 60.
Existe uma série de estudos feitos nas
últimas décadas para analisar o comportamento do consumidor nesse sentido:
a decisão de compra não acontece consciente, mas sim inconscientemente.
Através desses estudos, percebe-se a necessidade em conhecer o público que se quer
atingir, desde a ideia inicial do produto, de
sua embalagem até a forma como se deve
apresentá-lo. Na sociedade de consumo
em que vivemos aqui na Europa, onde
praticamente já temos tudo aquilo de que
necessitamos, um produto, para nos tocar,
necessita de contar uma história, de uma
encenação. Assim, ele nos seduz e o compramos, mesmo não “necessitando“ dele.
A partir desse princípio, temos trabalhado para auxiliar empresas brasileiras
a se apresentarem com mais representatividade, traduzindo ao mercado local suas
intenções. Isso é feito por meio do emprego
de um design brasileiro contemporâneo
e de uma linguagem internacional, agregando valor à imagem das empresas e seus
produtos e à imagem do país.
Infelizmente, ainda boa parte das empresas brasileiras que expõem na Europa, de
diferentes setores, não demonstam preocupação nesse sentido. Tendo portanto
dificuldades de atingir o mercado europeu, que ao contrário do que hoje se pensa,
segue rico na média e com poder de compra, mas que diferente da média brasileira,
já possui tudo há muito tempo e necessita
de outra linguagem para ser atraído. Esse
tipo de linguagem é mais bem alcançada
com o “visual marketing“ , o qual segue a
reflexão necessária existente no design.
7
Tiago Dalvi é o
responsável por
criar a corrente
do bem chamada
Solidarium
8
Internet
Artesanato
sem fronteiras
A Solidarium cria um site para beneficiar 5.000 artesãos em todo o Brasil em 2012
O ideal de reunir na mesma rede clientes,
produtores, artesãos, cooperativas, associações, artistas e lojas serviu de base para a
construção do projeto que revolucionou a
vida de milhares de profissionais que alcançam a cidadania com o talento. A Solidarium
nasceu para transformar a vida das pessoas,
em 2007. E conseguiu fazer do sonho, realidade. Hoje, cinco anos depois, milhares de
artesãos encontram no site www.solidarium.
net, lançado em junho de 2012, a oportunidade de comercializar seus produtos. Pela
web e sem fronteiras, a Solidarium, verdadeira corrente do bem, oferece as condições
para que a história do Brasil seja reescrita,
com a valorização do ser humano e a divulgação das riquezas culturais de todo o País.
A Solidarium transforma o artesanato em
atividade financeira que beneficia os brasileiros. O mérito é premiado. Em 2011, ficou
entre as cinco maiores inovações para o
desenvolvimento econômico e social pela
Ashoka e Fundação Ebay. A rede também
foi nomeada como Fellow no Unreasonable
Institute, uma aceleradora de negócios que
seleciona 25 empreendedores para viver por
45 dias com o objetivo de escalar o impacto
de seus negócios. A melhora de vida dos
artesãos é outro aspecto decisivo, que levou
a Revista Pequenas Empresas e Grandes
Negócios a eleger a Solidarium como o
Empreendimento Social de Sucesso de 2011.
Tiago Dalvi está à frente da Solidarium.
Ele idealizou o empreendimento ainda nos
tempos de estudante de administração na
Universidade Federal do Paraná. Em 2006,
quando conheceu a Aliança Empreendora,
teve a certeza de que reunira a expertise
para dar corpo ao projeto. “Em 2006, trabalhava na Aliança Empreendedora. Na
ocasião, uma grande multinacional nos
procurou para fazer uma grande compra de brindes para os seus clientes. Nesse
processo, vi que não havia um canal que
viabilizasse essa relação entre os artesãos e
seus compradores”, diz Dalvi.
A guinada na Solidarium aconteceria depois
de um percalço. Em 2007, ele abriu, em um
shopping de Curitiba, uma loja com foco no
artesanato. A experiência não teve o êxito
esperado. O senso de empreendedorismo
aguçado, então, apontou a mudança nos
rumos. Um ano depois, Dalvi montou frentes comerciais e percebeu que as grandes
redes varejistas ofereciam o ganho de escala
que o artesanato necessita para ser viável
economicamente. O Walmart, maior rede
varejista do mundo, foi o primeiro a assinar
a parceria. Na sequência, mais grandes clientes, como Lojas Renner, Tok & Stok e Natura.
“As parcerias foram o divisor de águas.
Colocamos o artesanato brasileiro nas prateleiras de toda grande cidade”, destaca.
A motivação de melhorar cada vez mais a
vida dos artesãos funciona como combustível para a Solidarium encontrar novas formas
de negócio. Em junho deste ano, houve o
lançamento da plataforma Solidarium.net.
9
INTERNET
O www.solidarium.net
liga artesãos a clientes
em todo o mundo
A SOLIDARIUM
O que faz
Disponibiliza, on-line,
peças produzidas por
milhares de artesãos
em todo o Brasil.
E-mail
[email protected]
Site
www.solidarium.net
10
No primeiro mês, a plataforma já contava com milhares de cadastros. Em
trinta dias, a empresa cresceu três vezes
mais em relação aos seus últimos 5 anos.
Com a chancela da Solidarium, artesãos
de todo o Brasil podem se conectar com
clientes de qualquer parte do mundo. A
estrutura para o desenvolvimento da atividade está consolidada.
O www.solidarium.net vai além de
um espaço eficiente para o comércio.
Os artesãos podem ter contato com os
mais diversos fornecedores de matéria
-prima para seus trabalhos, diminuindo
o custo dos insumos e aumentando a
qualidade do material. “Nossa missão é
construir um Brasil de verdade, ou seja,
mostrar nossa diversidade e diminuir a
desigualdade”, reforça Dalvi, cada vez
mais motivado em abrir caminho para o
melhor artesanato do país.
EXPORTAçÃO
Ao Lado Dos Artistas
A Abexa se consolida como entidade que reúne os artesãos brasileiros e abre
caminho para as exportações das peças nacionais
Pedro Gabrich, gerente
executivo da Abexa
A busca pela profissionalização é a linha
guia que a Abexa (Associação Brasileira
de Exportação de Artesanato) defende
para as associações de artesãos brasileiros. Sem fins lucrativos, a Abexa promove
a união das entidades de todo o país. O
objetivo é abrir caminho para a entrada
nos mercados internacionais com produtos direcionados ao atacado. Com sede
em Brasília, a Associação trabalha diretamente junto à Apex-Brasil e ao Sebrae
(Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas) buscando otimizar e
divulgar o artesanato brasileiro.
A imagem do artesão brasileiro no mercado internacional ainda carrega um
certo grau de amadorismo. O diagnóstico
é do gerente-executivo da Abexa, Pedro
Gabrich, que reconhece que essa é uma
visão histórica e que deve ser mudada. “O
artesanato brasileiro surgiu como fonte de
renda no movimento hippie dos anos 60.
Era uma forma de subsistência utilizada
por várias pessoas. Porém, acabou criando
uma forma muito informal de relação
comercial. Agora, temos de mudar essa
visão. E estamos mudando”, conta.
Esse trabalho de valorização faz a Abexa
estar presente nas maiores feiras mundiais
do setor na Europa e nos Estados Unidos.
Em 2012, a entidade lança mais duas grandes armas para a projeção internacional
do artesanato brasileiro. “Estamos terminando nosso primeiro hotsite. Isso nos
ajuda a ficar mais próximo das associações e dos artesãos que podem conhecer
e verificar o trabalho que vem sendo feito.
Outra grande novidade é o estande itinerante que estamos montando na Europa.
Com ele estaremos presente em mais
feiras e será uma referência maior para
todos”, explica Gabrich.
O mercado brasileiro de artesanato movimenta cerca de R$ 80 bilhões anualmente.
A estimativa, embora seja de fonte oficial, não pode ser comprovada em sua
totalidade. Gabrich explica que o NCM
(Nomenclatura Comercial do Mercosul)
não possui código para produtos artesanais, o que impossibilita a contabilidade
do que é exportado. “Não podemos mensurar as exportações. Não há como
diferenciar uma cadeira artesanal de uma
industrializada. Para o NCM, as duas são
iguais. Temos de mudar isso e essa é uma
luta histórica da Abexa”, diz Gabrich.
Preparativos para 2013
Onde a
Abexa está
Preparativos para 2012
Israel
International Fair
Alemanha Tendence
França
Espanha
Brasil
Maison & Object
Intergift
XXIII Feira Nacional
de Artesanato
Itália
Projeto Comprador Milão
EUA
Gift Fair - NY
Projeto Vendedor - NY
Dallas Gift Show
Philadelphia Gift Show
Artexpo - NY
Feira de Hotelaria - NY
Fancy Food - Washington
Brasil
XXIV Feira Nacional de Artesanato
Projeto Comprador Região Nordeste
Projeto Comprador Região Norte
Israel
International Fair
Alemanha Tendence, Ambiente
Espanha
França
Intergift
Maison & Object
11
REGIONAL
Benedito Moreira,
Diretor do Ica
Um outro mundo é Possível
O Instituto Cearense de Artesanato mostra como o artesanato capta com riqueza a
cultura de várias regiões do Brasil
A geração beatnik surgiu logo após a
segunda guerra mundial para provar que
um outro mundo era possível. Naqueles
anos 50 e 60, a “Geração Beat” mostrava
ser viável a vida anti-materialista. Tal filosofia ecoou por todos os cantos do planeta.
Em São Paulo, centro financeiro do Brasil,
Benedito Monteiro, o Sumé, resolveu desafiar a rotina. Em 1969, ele era funcionário
de uma grande empresa. O espírito inquieto
falou mais alto. Decidiu fugir da roda-viva
que era imposta. Pediu demissão. Colocou
as coisas na mochila e cruzou o país três
vezes. No Ceará, se casou e voltou para
morar em Embu das Artes, município inserido na microrregião de Itapecerica da Serra,
a 23 quilômetros da capital paulista.
Embu das Artes é conhecida como a cidade
dos artistas. Em 1937, ganhou projeção
internacional com o santeiro Cássio M´Boy
12
ganhou o primeiro Grande Prêmio na
Exposição Internacional de Artes Técnicas
em Paris. Antes do sucesso, recebia visitas ilustres, como Anita Malfatti, Tarsila
do Amaral, Oswald de Andrade, Menotti
Del Picchia, Alfredo Volpi e outros ícones
do Movimento Modernista de 1922. Sumé,
ao ser recebido na cidade, fora fisgado pelo
artesanato. Teve a tranquilidade para aprender a desenvolver belas peças em metal.
Sentiu que seu destino era ser artista. Voltou
para o Ceará e hoje está à frente do Instituto
Cearense de Artesanato (Ica), entidade que
reúne 2.000 artesãos e possibilita a exportação de produtos com mais valor agregado e
gera renda para seus filiados.
“O desasossego era a marca da minha geração. Rodei o Brasil, me casei no Ceará, voltei
para São Paulo e regressei ao Ceará. O combustível para nos mover é o desafio, é a
REGIONAL
vontade de fazer diferente”, pontua Sumé.
Em 1992, ele decide morar em Fortaleza,
onde monta seu ateliê e assume a presidência do Sindicato dos Artesãos Autônomos
do Ceará (Siara). Na entidade, entrou em
contato com a realidade de seus companheiros. Viu que os artesãos necessitavam
transformar sua arte em fonte de renda. Sua
inquietação, a mesma dos anos 60, o moveu
a ser um dos fundadores do Ica.
Sumé notou que os artesãos careciam de
noções empresariais elementares. Por meio
do Ica, passou a incentivar a produção regional. A coleta dos insumos, também, é feita
dentro da perspectiva ambiental, ou seja, não
há agressão à natureza. Pelas mãos dos artistas, a madeira, o algodão, a fibra de carnaúba
e os cipós ganham a forma pelas mãos de
gente simples. Tamanha preocupação ecológica, aliás, já recebeu o reconhecimento do
Governo Francês. “O artesão não é empresário e por isso temos de pensar como uma
família. O trabalho de um precisa ser visto
como o trabalho de muitos. A missão do Ica
é possibilitar ao artesão brasileiro viver dignamente”, diz Sumé.
A força tarefa do Ica já rompeu as fronteiras
do Ceará. Hoje, entre os 2.000 filiados, são
encontrados representantes de Tocantins,
Goiás e Espírito Santo. “Os clientes identificam a cultura da região nas peças que
vendemos. Conquistamos espaço porque
nossos produtos trazem exclusividades que
são encontradas na comunidade que nosso
filiado está. Com produtos únicos, ganhamos o mercado internacional”, aponta
Sumé. Assim, a vontade de construir uma
sociedade fraterna continua vivíssima, como
o espírito dos anos 60.
13
Simplesmente impecável
O Centro Cape procura capacitar o artesão e qualifica os produtos brasileiros para entrarem no mercado internacional
Eduardo Eleutério trabalha na sua oficina no bairro Santa
Tereza, um dos mais antigos de Belo Horizonte. De lá, saem
peças que conquistam o mundo. Quando o presidente dos
Estados Unidos, Barack Obama, visitou o Brasil recebeu de
Dilma Roussef um porta-joia feito por ele. Tamanha exposição que o artesão mineiro recebeu é fruto do trabalho do
Centro Cape na valorização e capacitação. Com profissionais valorizados e produtos de alta qualidade, que vai da
produção à embalagem, é possível expandir horizontes e
encantar as pessoas, inclusive Obama.
O Centro Cape realiza palestras mensais e seleciona
produtos para exportação. As ações visam melhorar e
aumentar as vendas, qualificando e preparando o artesão
para a acirrada concorrência internacional. “Buscamos a
qualificação. Sabemos que, somente através da profissionalização, o artesão brasileiro pode competir no mercado
externo. Além disso, qualificar os produtos para a venda
internacional coloca-os com valores agregados maiores
no mercado interno”, explica a coordenadora de exportação do Centro Cape, Maria Luiza Drumond.
A participação em feiras é importantíssima. Em 2012,
a expectativa é que as peças enviadas para o exterior
atinjam R$ 5 milhões e no ano que vem o número seja
aumentado em 10%. O Centro Cape, então, funciona
A panela de pedra
sabão é um dos
produtos mais
exportados para
os Estados Unidos
14
QUALIFICAÇÃO
Dados da Exportação Nacional
Valores das exportações por ano
Por meio das ações do Centro Cape, o presidente dos EUA, Barack
Obama, conheceu o trabalho do artesão mineiro Eduardo Eleutério
como elo entre o artesão brasileiro e as grandes redes
de varejo do exterior. Por isso, a seleção dos produtos é
criteriosa. O primeiro passo é a análise da obra e a sua viabilidade de venda, onde são levados em conta itens como
qualidade, acabamento e perfil. “Outro ponto importante
é pesquisar se o artesanato tem alguma similaridade com
produtos asiáticos, o que pode inviabilizar sua venda”, diz
Maria Luiza.
Para consolidar a presença em terras estrangeiras, o
Centro Cape adotou a estratégia de utilizar nomes de
maior aceitação. Em Nova Iorque, há o show-room
permanente Ecoarts, marca utilizada no mercado norte
-americano. Já na Europa, existe o BrazilHandcraft. Com
talento e profissionalismo, o artesanato brasileiro finca
raízes nas maiores cidades da planeta.
Feiras do Centro Cape em 2012
Alemanha
Ambiente
França
Maison & Objet
Espanha
Intergift
EUA
New York Gift Fair , Gift Week,
Dallas Gift Show, Feira de Hotelaria, Philadelphia Gift Show,
Fancy Food
O trabalho é reconhecido pelos artesãos. “A divulgação de
nossos nomes no exterior gera novos negócios e abre caminhos”, aponta Eduardo Eleutério. Para Maria Auxiliadora,
de Belo Horizonte, o Centro Cape transformou a valorização de seu trabalho em realidade. Atualmente, ela
consegue comercializar suas obras com duas grandes
redes varejistas do Brasil. “Iniciei agora a participação
em feiras internacionais graças ao Centro Cape. Minha
expectativa é ganhar o mundo”, destaca. O Centro Cape
prova que não há limites para o artesanato.
2010
US$ 3.965 milhões
2011
US$ 4.971 milhões
2012
US$ 6 milhões
(projeção)
*Ranking dos mais vendidos
para Europa e Estados Unidos
Europa
1º Presépio de palha
2º Fôrmas de pizza em pedra-sabão
3º Bonecas em cabaça
4º Bolas em papel machê
5º Castiçal em ferro
6º Bandeja em papel machê
7º Castiçal de parede em ferro
Estados Unidos
1º Fôrma de pizza em pedra-sabão
2º
Panela de pedra-sabão
(cabo de madeira e cabo de cobre)
Utilitários de cozinha em pedra
sabão (pote de sal, porta-vinho,
3º
porta-colher, copinhos, jogo 3 potes,
bandeja com 3 cumbucas e fruteira)
4º
Caixas de madeira
(principalmente redonda e oval)
5º Fruteiras e centro de mesa em vidro
* no 1º semestre de 2012
15
CAPA
O lixo que vira ARte
A Cooperaldeia reúne artesãos da periferia de São Paulo que, entre outros, utilizam papel
usado para fazer vasos e toneladas de tecido descartado para montar tapetes de retalhos
Em maio de 2009, 38 artesãos deram início a um arrojado projeto: a Cooperaldeia.
Hoje, três anos depois, com muito trabalho e dedicação de seus associados, o
projeto ultrapassou as expectativas até
mesmo dos mais otimistas e se tornou
referência. Fruto da uma visão empreendedora dos fundadores, a Cooperaldeia
veio ocupar o espaço que até então era
da Sutaco (Superintendência do Trabalho
Artesanal nas Comunidades), autarquia vinculada à secretaria do emprego
e Relações do Trabalho do Governo do
Estado de São Paulo. Com a nova cooperativa, os artistas passaram a poder
vender e exportar com mais autonomia.
Hoje, a Cooperaldeia está localizada na
periferia da zona sul de São Paulo em
um local com poucas opções de trabalho e lazer para a população. Situados
perto do município de Diadema e o distrito de Jabaquara, o projeto dá suporte
aos cursos ministrados pela ONG Aldeia
do Futuro capacitando jovens a um
futuro mais digno e inserido em suas
comunidades. O trabalho de inclusão
rendeu à Cooperaldeia o prêmio LIF
(Liberdade, Igualdade e Fraternidade)
da Câmara de Comércio França Brasil
16
em 2009. O título é dado às empresas que adotam práticas responsáveis e
ações sustentáveis. “Acreditamos que a
inclusão se dá através do trabalho, eleva
a autoestima, pois melhora os padrões
financeiros, sociais e educativos das famílias”, afirma Deli Espíndola, responsável
pela Cooperaldeia.
As peças da Cooperaldeia são feitas
basicamente de jornais e sobras têxteis,
matéria facilmente encontrado na capital
paulista. “Além do papel social, cumprimos um importante papel dentro da
cadeia de sustentabilidade. Várias vezes
usamos até 100 quilos de tecido para
criar um tapete de retalhos. Sem contar a quantidade de papel que reciclamos
para fazer milhares de vasos que vendemos todos os anos”, explica Espíndola. A
inclusão social passa pela geração de trabalho, mas não se restringe somente a ela,
como ressalta Espíndola: “Sempre que
possível, buscamos enriquecer o universo
de nossos associados com passeios, idas
a teatros, programas de TV, piqueniques
em parques da cidade, visita a museus e
pequenas viagens. Promovemos também
em parceria com alguns Institutos de
nossa cidade de programas preventivos
Resgate cultural
e valorização das
pessoas: missões
da Cooperaldeia
17
CAPA
Um tapete feito com
material reciclado
pode utilizar até 100
quilos de retalhos que
seriam jogados fora.
18
de saúde, além do coral que mantemos
junto com a prefeitura de Jabaquara”.
palavra que nem conhecia na época”,
relembra emocionada.
A vida de Deli Espíndola se confunde com
o artesanato. Nascida no estado de Santa
Catarina, em 1939, ela viveu desde criança
os costumes e tradições típicos do interior do estado que, hoje, tanto a cobrem
de orgulho. “Cada quintal com seus temperos, cada família com seu galinheiro,
sua criação de porcos, a vaquinha para
o leite e, apesar do trabalho acumulado
por todos esses velhos costumes, sobrava
tempo; tempo para conversar à noite em
volta da grande mesa da cozinha, contar
os causos do dia a dia e bordar, tricotar,
crochetar, costurar e tecer. Vem daí meus
primeiros contatos com o artesanato,
Na Cooperaldeia, Espíndola promove exatamente o resgate cultural. “Trabalhamos
oficinas de renda renascença, file, capitonê e somos especialistas em fuxico e
amarradinho. Meu trabalho é meu combustível. Na Cooperaldeia vivemos como
uma grande família. São trabalhos como
o da Cooperaldeia, a Abexa e do Cape que
possibilitam o crescimento do Artesanato
Brasileiro e o fortalecimento dos artesãos
como cidadãos inseridos na realidade mundial”, enfatiza. Desse jeito, a Cooperaldeia
faz sonhadores da periferia de São Paulo
agentes da cultura brasileira.
Deli Espíndola,
responsável pela
Cooperaldeia,
promove a inclusão
social dos artesãos ao
mesmo tempo que
incentiva o aperfeiçoamento cultural
dos associados
19
Com a inspiração da
Amazônia
A Native Original Products atua, desde 2002, na valorização dos artesãos do
Amazonas, divulgando os encantos da maior floresta tropical do mundo
20
SUSTENTABILIDADE
Tabatinga é um município do interior do
Amazonas que fica a 1.573 quilômetros da
capital Manaus. Fica na fronteira com a
Colômbia e o Peru. Mesmo com a proximidade de duas culturas bem diferentes, é
uma cidade brasileiríssima. A inspiração é
a Amazônia, maior floresta tropical do planeta e um dos principais cartões postais do
Brasil. Nem mesmo o fato de o Amazonas
ter mais de 1,5 milhão de km2 de área, sendo
o maior estado do País em extensão, impede
que Tabatinga retrate a beleza amazônica
pelo artesanato como atividade rentável e
capaz de garantir o sustento de centenas de
famílias. A responsável por garantir isso é a
Native Original Products, que, desde 2002,
reúne 12 cidades do Amazonas e 150 pessoas.
A inspiração para a Native surge com o
Projeto Design Tropical da Amazônia, iniciativa pioneira não apenas na utilização da
riqueza e da variedade de recursos naturais,
mas principalmente na valorização do potencial humano. O programa visa a estimular o
desenvolvimento sustentável da floresta, com
a produção de peças de alta qualidade feitas
a partir de resíduos naturais. Dessa forma,
a essência amazônica segue intocada e gera
renda para as comunidades.
A combinação entre floresta e mãos talentosas é incrível. O material bruto ganha a
forma de mesas, vasos, bandejas, biombos e
bancos. São cerca de 30 variedades. As peças
refletem a diversidade artística e temática das
culturas indígena e cabocla. Para garantir a
valorização dos artesãos, Rozana Trilha não
mede esforços. Ao lado da irmã Tânia Ferraz,
ela fundou, em 2002, a Native Original
Products. As duas estavam envolvidas na
criação do Design Tropical da Amazônia e
verificaram que podiam fazer a diferença.
“Nossa primeira loja foi aberta em 2002,
na área internacional do Porto de Manaus.
Tínhamos produtos do Brasil inteiro, pois o
foco era o turista internacional”, recorda.
Atualmente, a Native mantém um showroom
na região Sul de Manaus e outro na Fundação
Centro de Análise, Pesquisa e Inovação
Tecnológica (Fucapi). Nos espaços, os clientes podem encontrar objetos de decoração até
utensílios e mobiliário, todos confeccionados
com madeiras certificadas ou de manejo sustentável e combinados com materiais como
aço cromado, fibras e sementes nativas da
Amazônia. “O apelo socioambiental dos produtos é enorme, ainda mais em uma época
em que a preservação da Amazônia é crescente”, diz Rozana.
O público-alvo da Native é formado por
turistas nacionais e internacionais que
visitam o Amazonas. A participação em
feiras nacionais e internacionais constitui
estratégia de prospectar novos clientes. A
empresa possui canal aberto de exportação
com a Europa. Como associada da Abexa
(Associação Brasileira de Exportação de
Artesanato), recebe o apoio para participar
no estande Brasil em Feiras Internacionais.
Coleciona quatro presenças na Intergift,
na Espanha, e outra visita a Ceranor, em
Portugal. “A Native busca ampliar sua área
de atuação, aumentando a comunicação
junto a um público selecionado de arquitetos,
abrindo novas possibilidades de vendas com
projetos de ambientação. Queremos ampliar
contatos com lojas e empresas para a venda
de brindes personalizados”, enfatiza Rozana.
A missão da Native é reconhecida pelo
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, que lhe deu o “Destaque
Exportador Encomex”. Quando as conquistas avançam e são revertidas em benefícios
da gente simples da Amazônia, Rozana
enfatiza que cumpre seu objetivo. Recorda
da sua própria história. Conta as dificuldades que encontrou aos 18 anos, momento
em que decidiu pegar suas peças feitas em
casa para vender em uma praça de Manaus,
sua cidade natal. Graças a seu esforço, permite que muito mais pessoas sonhem o seu
sonho. Por causa da Native, qualquer um
pode levar para casa um belíssimo pedaço
da Amazônia.
21
REGIONAL
VOCAçÃO NATURAL PARA A BELEZA
Apapi cria oportunidades para valorizar o trabalho de mais de mil artesãos piauienses
O Piauí possui vocação natural e milenar
para o artesanato. Lá, no Parque Nacional
da Serra da Capivara, foi encontrada a
cerâmica mais antiga das Américas: um
bloco pintado com tinta com cerca de
dez mil anos de idade. Pinturas rupestres
enfeitam as centenas de grutas que preservam a história do povo brasileiro. Mas
o importante é que a tradição milenar é
mantida. Hoje em dia, o Piauí é retratado
por mais de mil artesãos que se encontram
na Associação dos Artesãos Profissionais
do Piauí (Apapi). A memória é preservada ao mesmo tempo que gera emprego e
renda para os profissionais.
O trabalho da Apapi começa em 1987.
No início, reunia cerca de 30 artistas.
Atualmente, são mais de 1.000 artesãos
que já se beneficiaram com a entidade
em algum momento e a área de influência abrange Teresina, Parnaíba, Pedro II e
José de Freitas. Os produtos são variados e
englobam itens como colares, jogos americanos, bolsas, esculturas contemporâneas
em madeira, arte sacra, cestos de buriti e
joias de prata com pedra opala. Para confeccionar as obras há a exigência de ser
ecologicamente correto. Assim, a maior
parte dos insumos vem de fontes tipicamente piauienses: pedra mineral de opala,
papeis, fibras, madeira e buriti.
Maria Eliane é uma das representantes da
Apapi. Fez da busca por melhorias para
o artesanato local causa de sua vida. A
luta ocorre com conhecimento de causa.
Aos 16 anos, Maria Eliane aprendeu com
o pernambucano Eduardo Cimeiro o ofício ceramista. Passou a transformar argila
em objeto de decoração. Embora as peças
tenham qualidade e beleza encantadoras,
ela verificou na prática a urgência de valorizar o profissional e, consequentemente, a
atividade. Por meio da entidade, torna-se
possível unir forças e superar dificuldades.
22
“Conseguimos divulgar, comercializar e
exportar o artesanato produzido por artistas membros da Apapi. Tudo teve início
com a necessidade de os artesãos terem
um espaço para expor e comercializarem
os seus produtos”, diz Eliane.
O associado amplia seus horizontes. Pode
utilizar a sede da Apapi e a loja do projeto,
em Teresina, capital do Piauí, para vender
sua produção.
A relação da Apapi com os associados é
sustentada na fidelidade, no respeito e na
confiança recíproca. “Tenho ótimo relacionamento com todos da Apapi. Recebi
o convite de um ex-presidente para participar e vim. Estar na Apapi é ótimo.
Acredito no que faço e na rede de relacionamentos que construímos para beneficiar
o artesanato do Piauí”, afirma Eliane.
O reconhecimento e respeito pelos artesãos ocorre com trabalho e ampliação das
fronteiras. Nesse sentido, parcerias com
o Instituto Cearense de Artesanato (Ica)
e Associação Brasileira de Exportação
de Artesanato (Abexa) são estratégicas.
“Também participamos de seminários,
cursos de reciclagem e as feiras, cujo foco
é bem fortalecido. Criamos espaços para
que sejamos respeitados pelo que somos e
propomos mostrar o nosso trabalho com
qualidade”, destaca.
Caminhar junto com a Abexa e o Instituto
Centro Cape (Capacitação e Apoio ao
Empreendedor) possibilita dar saltos
para os artesãos do Piauí. “A Abexa e
o Cape são organizações responsáveis,
sérias e que efetivamente estão envolvidas com as necessidades das associações
e associados. É uma parceria saudável e
necessária para o nosso progresso”, enfatiza. O avanço do artesanato no Piauí não
é vitória apenas da Apapi ou de uma pessoa . É a vitória de todo o povo.
Maria Eliane, da Apapi, não mede
esforços para vencer as dificuldades
FEIRAS E EVENTOS
Feira Internacional
Maison & Objet
2º Edição
07 a 11 de setembro
França
23º Feira Nacional
de Artesanato
Estrada Real e suas Riquezas
04 a 09 de dezembro
Belo Horizonte - Brasil
Expominas
Feira Intergift 2º Ed.
12 a 16 de setembro
Espanha
ONDE ENCONTRAR
COOPERALDEIA
Cooperativa de trabalho da Área têxtil,
Vestuária, Moda, decoração e Artesanato
(+55 11) 5565 0794 (+55 11) 9383 5202
Rua Jorge Rubens Neiva de Camargo, 228 sala 24 - [email protected]
www.cooperaldeia.com.br
NATIVE
Apapi - Associação dos Artesãos
Profissionais Autônomos do Piauí
(+55 92) 3584 1163
Rua Rio Purus, 21 A - 2° andar
Vieiralves - Manaus - Amazonas - BR
www.nativeoriginal.com.br
Rua Paissandú 1276 - Centro de Artesanato
Mestre Dezinho Praça Pedro II - Centro
Teresina - Piauí - CEP: 64001-120
native original Products
[email protected]
ICA - instituto Cearense de Artesanato
Solidarium - solidarium Comércio Justo Centro Cape
(+55 85) 3254 3667
Rua Rodrigues Júnior, 213 - Centro Fortaleza - CE - CEP: 60060-000
[email protected]
www.projetoartbrasil.com.br
(+55 41) 3254 5821 (+55 41) 9847 4334
Av. João Gualberto, nº 675, Alto da Glória,
Curitiba - PR - CEP: 80.030-000
[email protected]
www.solidarium.com.br
(+55 31) 3282-8312
Rua Grão Mogol, 662, Sion.
Belo Horizonte - MG.
[email protected]
www.centrocape.org.br
23
TO READ ThE PORTUGUESE vERSION,
ROTATE AND STARTS AT ThE COvER.

Editorial
United We Are Greater
Poet Gonçalves Dias once wrote about unification. He spoke of the virtue, the
allure, and the consortium of goodwill that involves the strength of our soul. We
advance together. United we are greater! Today, with the talent of the Brazilian
people and the participation of CAPE (Center for Capacitation and Support to the
Entrepreneur) and ABEXA (Brazilian Association for Exportation of Crafts), the
art of handicraft has grown stronger. We generate income for thousands of families as we place nationally produced pieces in the highly competitive international
market and these become reference worldwide.
Editing and Project
Cape Center Institute,
Center Hands of Minas
and Media Press.
Editor
Pedro Blank
Collaborators
Fred Wanderley
Editing
Fernanda Carvalho
Translation
Cultural Center for
Language Studies
Design & Art
Casasanto
Printing
Tamóios Printing House
Copies
5.000
Free distribution
How do we do it? with a great deal of hard work. In this edition of Brasil Feito a
Mão (In Portuguese, Brazil - Made by Hand,) we will see that the union of our
artisans is now a fortunate reality. In all parts of the country, we see examples of
companies and associations that present ideas and solutions to strengthen the art
of handicraft. Thus, they provide a valuable service to Brazil – they reaffirm citizenship and allow the art of our people to display what’s best about Brazil.
Were we alone, nothing would have been possible. But because we are a cohesive
and professional team, results can be attained. Just imagine the continental dimensions of our territory and the natural difficulties that would arise should artisans,
individually, try to deal with the international market! We have conquered this
challenge with intelligence and strategy. From the quality of the raw materials and
input to the packaging of the final product, all is thought of in light of preserving
the cultural identity that we have made our mission to spread out.
With a perspective of continual improvement, Brazil Made By Hand has created
a new graphic design. We have given new life to the magazine. You will find our
texts much easier to read, and will see what the best handicraft in the world is
made of. You will get to know our people better as we pay tribute to those who
dedicate their lives to making our planet more beautiful.
TÂNIA MACHADO
Coordinator at Cape Center Institute
1
Recycling
COVER
Collect garbage and recycle it. Better
yet: transform it into art. Project
Cooperaldeia [Cooperative for Textile
Works], in São Paulo, capacitates
artisans of the outskirts of the capital
paulista to recycle and then shape true
works of art
Interview
The Chief Minister of General
Secretariat of the Presidency
[of Brazil], Gilberto Carvalho,
demonstrates how the sector of
handicraft exports great pieces
and presents the Brazilian culture
to the world while generating
income to thousands of families
2
Article
How do art and design add
value to a product? This article
by Clara da Silva Schlepper
shows how visual appearance
adds value to the image of
artisans, companies, products,
and even to the image of Brazil
The Internet
Exportation
The website www.solidarium.
net has become a valuable,
dynamic tool for the commerce
of Brazilian handicrafts. This
initiative benefits at least 5 thousand artisans and is recognized
internationally
Participation in international
fairs is an important strategy to
promote Brazilian handicraft.
ABEXA presents to the world
the professional standards and
quality of our products
INDEX
CONTATO
Where to find
Regional
Qualification
ICA – Institute of Crafts of Ceará
– brings together professionals
from the states of Ceará, Tocantins, and Espírito Santo to create
better work conditions and valorization with exclusive products
The Brazilian handicraft has
conquered the world. And for
that, Cape Center has played
an essential role in capacitating
associates and, consequently, in
the high quality of the products
SHOW ROOM U.S.A
+1 (917) 282-5838
7 West 34th Street Suíte
725.10001 New York, NY
[email protected]
NEW JERSEY
DISTRIBUTION CENTER
+1 (973) 365 5800
Monroe Street Passaic, 249,
07055, New Jersey - USA.
www.iec.com
Fairs & Events
Sustainability
The largest tropical forest in
the planet, The Amazon, gains
more international projection
with the initiative of Native
Original Products. With its focus on sustainability, the company does its share to spread
environmental awareness
Regional
The Association of Professional
Artisans of Piauí (APAPI), with
more than 1,000 affiliates, incentivizes the utilization of raw
materials from the state such as
mineral the Opala stone, paper,
fiber, wood, and buriti - a type
of palm tree
ABEXA
[email protected]
55 61 3326-3139
www.abexa.org.br
[email protected]
3
The Handicraft reflects
the culture of a people
The Chief Minister of General Secretariat of the Presidency of Brazil, Gilberto Carvalho,
highlights that the work of artisans reveals the Brazilian culture to the world.
The Chief Minister of General Secretariat of the Presidency [of Brazil], Gilberto Carvalho,
claims that the handcraft is a unique tool to promote the Brazilian culture throughout the
world. The work of artisans, however, goes beyond the idea of materializing the Brazilian
culture. At a time when the government attempts to ensure citizenship through programs
of redistribution of wealth, the handicraft has become a source of extra income to millions
of people. Below, check out the interview that the Minister gave to Brazil Made by Hand.
Gilberto Carvalho
Chief Minister of General
Secretariat of the Presidency
[of Brazil]
4
Brazil Made by Hand: According to a survey conducted by Institute Vox Populi in
2011, more than half of our artisans are
located on the southeastern part of the
country. Is it a challenge to expand the
activities to the rest of the country?
Minister Gilberto Carvalho: The great
diversity of the Brazilian culture allows
for an expansion in the production of
handicrafts not only in Brazil, but also
beyond our borders. Craftsmanship is
strongly connected to [the idea of having]
guaranteed income, but I believe that
we must break the dichotomy of seeing
it as a means of survival. One cannot
deny that the arts and crafts sector has
an enormous potential to create jobs and
generate income; moreover, it is correct
to say that it also has the power to reveal
talents, create cooperative groups, bring
people together, add human values to
products, and move our society in favor
of causes that are just. The handicraft
has very specific features such as innovativeness, delicacy, creation, creativity,
originality, recyclability and reusability,
etc. Furthermore, craftsmanship allows
us to dream and travel through our
cultural heritage, create, invent, and produce. It is necessary to adopt strategies
and public policies to extend the radius
of action of the handicraft and bring it
to all regions of the country. However,
expanding handicraft simply as a strategy
to create jobs is just not enough. We must
keep in mind that the Brazilian handicraft
is part of the cultural and artistic asset of
our country. Therefore, it is necessary to
create initiatives to provide our artisans
with greater professionalization, formalization, management skills, and also
give them the possibility of access to new
markets.
Brazil is known worldwide as a model in
programs of redistribution of wealth like
Bolsa Familia [In Portuguese, Family
grants] for example. Is the handicraft an
option to complement the income provided by these social programs?
We understand that the program Bolsa
Família is intended to return to its beneficiaries some of the dignity they lost along
the way. It is not just about transferring
wealth to the poorest; we seek productive inclusion and access to the public
services. The redistribution of wealth, in
our understanding, is extremely necessary but it only brings temporary relief to
poverty. On the other hand, its conditionality reinforce access to basic civil rights
like education, health care, and social services. As for the complementary activities,
they seek the development of the families in a way that the beneficiaries be able
to overcome the state of vulnerability. In
this sense, the arts and crafts may be a way
INTERVIEW
to complement income. But still, guaranteeing income
alone is not enough, we have to ensure citizenship.
It is estimated that the sector of crafts moves annually
R$ 54 bi [roughly 27 billion US dollars] and buys from
the industry about R$ 20 bi [U$ 10 bi]. Is it considered
a major activity for the national economy?
we also need innovation, planning, communication, and
good management of small businesses, starting from their
formalization, which is possible today through the program of individual entrepreneurship created by Sebrae.
The work of associations is a way to add value to the
products created by artisans and also make them more
competitive. How do you evaluate the importance of
cooperatives for the segment?
From the economical point of view, we cannot close our
eyes to the sums moved by this sector. I believe that the
numbers are even bigger considering the great infor- With the advent of industrialization, handcrafted promality in the sector. Today we don't have updated data ducts are losing their identity. The mass production of
on this segment, which also makes it difficult for us to industrialized products causes the craftsmanship to sufadopt public policies specifically directed to our arti- fer. And it is in this context that the cooperatives have a
sans. Nevertheless, I am informed that SEBRAE [Small very important role. In simple words, cooperativeness
Business Association] is overseeing the development of can be defined by the popular motto "unity is strength";
unity and strength are both
a social and economical cennecessary to overcome adver"The great diversity of the Brazilian
sus of the Brazilian handicraft
sities. Cooperativeness is
culture allows for an expansion in the
which indubitably will help us
more than just an association;
to direct our resources.
production of handicrafts not only in
it is the search for the solution
The major role of the General
Brazil, but also beyond our borders."
of problems through solidaSecretariat of the Presidency of
the Republic is to coordinate the relationship between rity and mutual help which always results in the creation
the government and the people. By the experience I of a society that is better and more just.
acquired in the past 10 years, I am compelled to suggest On several occasions, President Dilma Roussef has
that without an organization of our artisans very little demonstrated her admiration for the handicrafts made in
will change. It is necessary that they contact and pressure the country. Are these initiatives part of the government's
us [the government] us for things to advance. Social par- plan to institutionally advertise our arts and crafts?
ticipation is for us a method of government and, maybe,
one of the greatest legacies we will leave for our succes- It would be great if society discussed the creation of
sors. Therefore, organize yourselves, take action, and put a law that formalizes the profession of artisan and its
implications and legal obligations as part of the producpressure on your government.
tive sector; after all, it generates income to millions of
It is estimated that the sector of crafts moves annually Brazilians. I believe that the government would naturally
R$ 54 bi [roughly 27 billion US dollars] and buys from get involved, and in a more decisive way too, once this
the industry about R$ 20 bi [U$ 10 bi]. Is it considered legislation be created.
a major activity for the national economy?
In this next few years Brazil will be in the spotlights of
Any initiative to train and capacitate workers is wel- the world as the host of the 2014 World Cup and the
come, even more when they come from accredited 2016 Olympic Games. How do you see the role of the
agencies like these.
handicraft in the sense of promoting the history of the
Also according to the 2011 Vox Populi survey with country and its people?
artisans, it was verified that the raw materials most The arts and crafts are also part of the culture of a people.
commonly used are fabric, metal, wood, fiber, straw, The mentioned events represent a very unique opporseeds, and leaves. Could the creation of lines of credit tunity to show the Brazil that Brazilians want others to
with attractive interest rates help the workers?
see. Surely, our handicraft is more than just a post card of
It is always good to grant credit in order to jumpstart busi- Brazil. It fulfills with mastery the mission of presenting a
nesses and stimulate the economy. But along with that little of our history.
5
6
ARTICLE
The importance of
Product Design
What is Product Design anyway? Product
Design is the process of creating a tangible reflection of all qualities and features
of an object – real or virtual – or even the
services of a brand.
Clara Schlepper
Manager and Director of Creation
agency21
In a generalized manner, Product Design
gives the object or product ‘something
extra’ that follows the rules of aesthetics. Currently there really isn't a definite
Theory of Product Design. Therefore,
the designer is able to choose whether
he wants to work with many theories
or none. He or she can find guidance
through empirical knowledge drawn
from a very logical system. Yet, decisions
are frequently made by sole intuition.
In the traditional view, the process of
development begins with the analysis of
what already exists and that requires an
innovative concept. Product Design is
oriented to the numerous needs that the
human being has, including physical and
psychological needs for which it becomes a utility and, thus, differs from art.
Though most of the time it is pure art.
When it comes to the presentation of the
product, the 'tool' used is what we call
visual marketing which should not be confused with visual merchandising. On visual
marketing we analyze the possibility of turning a product into the protagonist of the
visual communication as we link economy,
visual perception – in the sense of aesthetics, and cognitive psychology. The product
and its visual communication become inseparable through this process which also
guarantees its success in several ways.
“The object itself is not interesting, but it is
interesting in its presentation which comes
from a series of thoughts including the story
of the object, its symbolism, and the effect it
produces on the beholder,” she quotes from
writer Susan Sonntag who, in the 60s, had
already come to this realization.
In the last few decades, a number of studies have been done to analyze consumer
behavior. These studies point out that the
decision to buy something is not made
consciously but rather unconsciously.
Based on these studies, one can conclude
that it is really necessary to know the target
public well from the initial idea of the product to its packaging and even the manner
in which it should be presented. In this
society of consumerism that we live here in
Europe where we basically have everything
we need, for a product to touch us it has to
tell a story and even act it out. When we
feel seduced by a product, we buy it even
though we don’t need it.
Based on this principle, we have been
working to help Brazilian companies add
more representativeness to their product
and translate their intentions to the local
market. This can be accomplished by utilizing contemporary Brazilian design and
international language and by aggregating
value to the image of the company, its products, and the country’s image as well.
Unfortunately, a great many of the
Brazilian companies that participate in
exhibits of different sectors in Europe have
not yet demonstrated this type of concern.
Therefore, they have difficulty in reaching
the European market that, contrary to
what is believed, continues to be rich in
the average and has great buying power.
Moreover, in contrast to the Brazilian
average, they have had for a long time
everything they need, so they require a different approach to be attracted. This type
of approach is the visual marketing which
follows the principles of design.
7
Inspired by the Pay It
Forward philosophy,
Tiago Dalvi is the
creator of a foundation
called Solidarium
8
THE INTERNET
Handicraft
without frontiers
The Solidarium Foundation opens a website in 2012 to benefit 5,000 artisans throughout Brazil.
The idea of creating a network to bring
together clients, producers, artisans, cooperatives, associations, artists, and stores
served as the basis for the development of
a project that revolutionized the lives of
thousands of professionals who experience
citizenship through their talent.
The Solidarium Foundation was created in
2007 to transform the lives of these people and it has made their dream become
reality. Today, five years later, thousands
of artisans find in the foundation’s website – www.solidarium.net – launched June
2012, the opportunity to sell their products.
Through the Internet, without frontiers, the
Solidarium Foundation truly pays it forward
by propagating the cultural wealth of the
country and by offering the tools needed to
rewrite Brazilian history with valorization of
the human being.
The Solidarium Foundation transforms
craftsmanship into business opportunities for the Brazilian people. Their merit
has been awarded. In 2011, it was classified as one of the five greatest innovations
for social and economical development
by The Ashoka and Ebay Foundations.
The network was also nominated as
fellow by the Unreasonable Institute –
a Business Development Agency that
selects 25 entrepreneurs to spend 45 days
on the sole purpose of escalating the
impact of their businesses. The improvement brought on the lives of artisans
is another decisive aspect that led the
magazine Pequenas Empresas & Grandes
Negócios [in Portuguese, small businesses
& great deals] to elect Solidarium as the
Most Successful Social Enterprise in 2011.
Tiago Dalvi, director of Solidarium, had
the idea of this enterprise when he was
still studying administration at the Federal
University of Parana. In 2006, when he met
the Entrepreneur Alliance, he was convinced that he had acquired all the expertise
needed to shape his project. “In 2006, I was
working at the Entrepreneur Alliance when
a multinational company hired us to make
a huge purchase of small gifts to be given
to its clients. During this process, I realized
that there wasn’t a dedicated channel that
would work as a liaison between artisans and
buyers,” says Dalvi.
The business would really gain momentum after his first failed attempt. In 2007,
Dalvi opened a store that specialized in handicrafts in a mall in Curitiba. The results
weren’t what he expected. His sense of entrepreneurism, now more acute, pointed to a
major change in direction. A year later, as
he tried to establish partnerships with other
businesses, Dalvi concluded that large retailers would offer the gain in scale handicrafts
needed to be economically viable. Walmart,
the largest retailer in the world, was the first
one to sign the partnership. Other major
clients such as Lojas Renner, Tok & Stok, and
Natura followed. “The partnerships really
9
THE INTERNET
www.solidarium.net
connects artisans to
clients all over
the world.
opened doors. We put Brazilian handicrafts in the shelves of all major cities,” he
highlights.
The motivation to continually improve
the lives of artisans works as the fuel
that moves Solidarium to seek new business opportunities. In June this year,
the website Solidarium.net was launched. On the first month, it received
thousands of subscriptions. In thirty
days, the company grew more than it
did in the previous 5 years. With the
help of Solidarium, artisans from any
part of Brazil can connect with clients
10
worldwide. The infrastructure to carry
out these deals is complete and running.
The website www.solidarium.net excels
at the idea of being an efficient space for
business; there, artisans can get in touch
with an array of suppliers of raw materials for their works while lowering cost
and raising quality standards. “Our mission is to construct a better image of
Brazil, that is, to show our diversity and
also fight social inequality,” reinforces
Dalvi, ever motivated to open the way
and all doors for the best of the handicraft in the country.
THE SOLIDARIUM
FOUNDATION
What it does
Showcases online pieces
produced by thousands
of artisans from all
parts of Brazil.
E-mail
[email protected]
Site
www.solidarium.net
EXPORTATION
Working along Artists
ABEXA has incorporated artisans from across the country in an organization
specializing in the exportation of national pieces.
ABEXA, Brazilian Association for Exportation of Crafts, advocates professionalization
as the main guideline for all associations of
Brazilian artisans.
Executive manager
at ABEXA
Being a non-profit organization, ABEXA
promotes the union of entities in the
whole country. The goal is to facilitate
their access to international markets with
a focus on wholesale. With headquarters
in Brasilia, the association works together
with APEX-Brazil and SEBRAE – Small
Business Association – in order to promote
and enhance the quality of the Brazilian
handicraft.
This work of valorization requires that
ABEXA be present in the most important
fairs of the sector in Europe and in the United
States. In 2012, the entity launched two additional tools to project the Brazilian handicraft
internationally. “We are in the conclusion
phase of our first promotional website which
will help us to be closer to the associations
and the artisans who will also be able to verify
and get to know the work that we have been
doing. Another new feature is the itinerant
booth that is being set up in Europe. With it
we will be present in more fairs and become
reference to all,” explains Gabrich.
The image of the Brazilian artisan in the
international market still carries a certain
degree of amateurism, diagnoses Pedro
Gabrich – executive manager at ABEXA.
He adds that this image is embedded on a
historical point of view that must be changed. “The Brazilian handicraft became a
source of income during the hippie movement in the 60s. It was readily adopted as
a means of survival by many people. But it
ended up creating a very informal fashion
of commercial relationship. Now we have
got to change this image, and we are doing
that,” concludes Gabrich.
The market of handicraft circulates around
R$ 80 bi [approx. U$ 40 billion dollars] annually. Although this estimate comes from an
official source, it cannot be proved in its totality. Gabrich explains that the Mercorsur
Common Nomenclature (MCN) does not
have a specific code for handicrafts, which
makes it difficult to account for what is
exported. "We can't measure the amount of
exportation. There is no way to tell a chair
that is handcrafted from one that is industrialized. For the MCN, both are equal. We
have got to change this. And this is something
ABEXA has been fighting for," says Gabrich.
Countries
where ABEXA
is present
Scheduled for 2012
Israel
Germany
International Fair
Tendence
France
Maison & Object
Spain
Intergift
Brazil
XXIII Nacional Fair
of Handicraft
Scheduled for 2013
Italy
Projeto Comprador Milão
USA
Gift Fair - NY
Seller Project - NY
Dallas Gift Show
Philadelphia Gift Show
Artexpo - NY
Hospitality Fair - NY
Fancy Food - Washington
Brazil
XXIV Nationall Fair of Handicraft
Project Buyer Northeast Region
Project Buyer Northern Region
Israel
International Fair
Germany
Tendence, Ambiente
Spain
Intergift
France
Maison & Object
11
REGIONAL
Benedito Moreira,
Director of ICA
Building another world is PossIBLE
The Institute of Crafts of Ceará shows how the arts and crafts richly capture the culture of
several regions of Brazil.
12
The Beatnik generation was born right after
World War II to prove that building a brand
new world was really possible. In the 50s
and 60s, the ‘Beat generation’ showed that
an anti-materialistic lifestyle was viable.
Their philosophy echoed on all corners of
the planet. In São Paulo, Brazil's financial
center, a man named Benedito Moreira,
also known as Sume, decided to change his
routine. It was 1969 and he was working
for a big company, however his restless spirit spoke louder and he decided to quit and
flee from the life of stress he was living. He
backpacked the country three times. In the
state of Ceará he married, and later he went
back to live in Embu das Artes, known as
The City of the Artists, located in the region
of Itapecerica da Serra, about 14 miles from
the capital city of São Paulo.
Cassio M'Boy and won the first prize at the
International Exposition dedicated to Art
and Technology in Paris. Even before he
experienced success, he was already visited
by celebrities like Anita Malfatti, Tarsila do
Amaral, Oswald de Andrade, Menotti Del
Picchia, Alfredo Volpi, and other icons of
the Modernist Movement of 1922. Upon
arriving in the city of Embu das Artes,
Sume was captivated by the arts and crafts.
He possessed the patience and tranquility to learn the techniques used to make
those beautiful pieces in metal. He felt that
it was his destiny to be an artist. Later he
returned to Ceará and, today, he is head
of Institute of Crafts of Ceará (ICA). The
entity gathers over 2,000 artisans and fosters the exportation of products with added
value generating income to its associates.
In 1937 he gained momentum and international projection as the image-maker
“Restlessness was the trademark of my
generation. I roamed Brazil, married in
REGIONAL
Ceará, returned to São Paulo, and ended up
coming back to Ceará. The fuel that powered us was challenge, the desire to make
things different,” Sume concludes.
In 1992 he decided to move to Fortaleza,
where he opened his studio and takes on the
presidency of the Union of the Independent
Artisans of Ceará (SIARA). There he is
introduced to the reality of his fellow artisans. He saw that they needed to transform
their art into income. His restlessness, the
same from the 60s, led him to become one
of the founders of ICA.
Sume learned that the artisans lacked
notions of basic business management.
Consequently, through ICA, he helped
them by incentivizing regional production.
The collection of all raw materials is done in
an environmentally correct manner, that is,
there is no harm to nature. By the hands of
artists, wood, cotton, carnauba fiber [plant
native from Brazil], and vines receive shape
and form. Such great ecological responsibility has even received the recognition of the
French government. “Artisans are not businessmen, so we have to work together as a
family. The work of one must be seen as the
work of many. ICA’s mission is to make sure
the Brazilian artisan has what he needs to
live a decent life,” Sume states.
ICA’s work and influence has gone beyond
Ceará’s state lines. Today, among the 2,000
affiliated, there are people from the states of Tocantins, Goiás, and Espírito Santo.
“Customers see the regional culture in the
pieces that we sell. We have conquered our
space because our products carry traits that
are exclusive to the regions where they are
produced. With pieces that are truly unique, we gain the international market,”
Sume points out. Clearly, the desire to build
a society that is more fraternal is still as alive
as it was in the 60s.
13
Simply Flawless
The Cape Center seeks to capacitate artisans and qualify Brazilian products to enter the international market
Eduardo Eleuterio works in his studio in Santa Tereza
– one of the oldest neighborhoods of Belo Horizonte.
The pieces he produces there have conquered the world.
When the President of the United States, Barack Obama,
visited Brazil he received from President Dilma Roussef
a jewelry box made by Eleuterio. The kind of promotion that the mineiro artisan received is the result of the
work that The Cape Center does for its associates towards
professional recognition and valorization. With highly
valued professionals and high quality products, beginning with their production and all extending the way to
packaging, it is possible to broaden horizons and enchant
people, including Obama.
The Cape Center holds monthly lectures and selects products to be exported. It aims at improving and increasing
sales while preparing and qualifying artisans for the
competitiveness of the international market. “We focus
on qualification. We know that only through qualification and professionalization will the Brazilian artisan
be able to compete in the international market. Besides,
when products are export grade, they have added value in
the national market,” explains Maria Luiza Drummond,
exportation manager of the Cape Center.
Participation in fairs is of the highest importance. It is
estimated that the pieces exported in 2012 will amount
to R$ 5 mi [approx. U$ 2.5 million dollars] and the number for next year should be about 10% higher. The Cape
Center works a liaison between Brazilian artisans and
The pot made of
soap-stone is among
the products that
are most exported
to the United States
14
QUALIFICATION
National Export Data
Figures per year in US dollars
Through the work of The Cape Center, Barack Obama got to
know the work of the mineiro artisan Eduardo Eleuterio.
the large international retail networks. And because they
cater to a refined clientele, the selection of pieces must be
thorough and very careful. The first step is to analyze the
piece and how likely it is to be sold. Several other criteria
like quality, finish, and profile must be taken into account
as well. “Another important thing is to verify that the
pieces are not similar to Asian products in any way; otherwise, selling them becomes unviable,” adds Maria Luiza.
As a marketing strategy, the Cape Center has adopted
several different brand names in order to create greater impact and be better received abroad. In New York,
for example, their permanent show room is named
EcoArts – a brand created for the North American
market; whereas is Europe, the name that caught on is
BrazilHandicraft. With talent and professionalism, the
Brazilian handicraft is deepening its roots in the major
cities of the planet.
Fairs where the Cape Center will be in 2012
Germany
Ambiente
France
Maison & Objet
Spain
Intergift
USA
New York Gift Fair, Gift Week,
Dallas Gift Show, Hospitality
Fair, Philadelphia Gift Show,
Fancy Food
The work of Cape Center is acknowledged by the artisans.
“The fact that they promote our names [and work] overseas, creates new business opportunities and open new
paths,” admits Eduardo Eleuterio. To Maria Auxiliadora
from Belo Horizonte, the Cape Center puts her work in a
place of prestige. Currently, her pieces are commercialized in two large retail networks in Brazil. “I’ve just started
participating in international fairs, thanks to the Cape
Center. I hope to make a lot of money,” she declares. The
Cape Center has proven that there are no limits to what
handicraft can accomplish.
2010
US$ 3.965 millions
2011
US$ 4.971 millions
2012
US$ 6 millions
(projection)
*The most sold items in
Europe and the USA
Europe
1º
Christmas Crib in Straw
2º
Pizza pans in Soap Stone
3º
Dolls in Calabash
4º
Balls in Papier-mâché
5º
Candlestick in Iron
6º
Tray in Papier-mâché
7º
Wall Candlestick in Iron
Estados Unidos
1º
Pizza pans in Soap Stone
2º
Pot in Soap Stone with Handles in
either Wood or Copper
3º
Kitchen utensils in Soap Stone (salt jar,
wine holder, spoon holder, cups, 3 pc
container set, tray and 3 bowl set, and
fruit basket)
4º
Wooden boxes
(especially round and oval)
5º
Decorative fruit bowl
* 1º semester - 2012.
15
COVER
The garbage that
becomes art
From the outskirts of São Paulo, Cooperaldeia brings together artisans who recycle paper
to make ornamental vases and transform tons of scraps of fabric into beautiful rag rugs.
In May 2009, 38 artisans began a bold
project called Cooperaldeia. Today, after
three years of work and dedication, the
project has already surpassed all expectations, including the most optimistic ones,
and has become a model. Fruit of an entrepreneurial vision, Cooperaldeia came to
take over the position that until then was
occupied by SUTACO (Superintendence
of Community Craftsmanship), a subdivision of the Secretary of Workforce of
the state of São Paulo. With the new cooperative, the artists were able to sell and
export with more freedom.
Cooperaldeia’s headquarters is located in
the south outskirts of São Paulo – a neighborhood that offers few leisure options
and few job opportunities. Situated near
the city of Diadema and the district of
Jabaquara, the project gives support to
programs ministered by the non-governmental institution Aldeia do Futuro,
which qualifies youth for a better future
in their communities. The work of social
inclusion won Cooperaldeia the LIF
Prize (Liberty, Equality, and Fraternity)
from the France-Brazil Commerce
Chamber in 2009. The award is given
to companies that adopt sustainability
16
and responsible policies. “We believe
that social inclusion can only be reached through work. It raises self-esteem
as it improves the families’ social, financial, and educational levels,” claims Deli
Espíndola – director of Cooperaldeia.
The pieces made at Cooperaldeia are
made of old newspapers and scraps of
fabric – material that can be easily found
here in São Paulo. “Besides the social
work we do, we also have an important
role in the sustainability chain. In many
occasions we use up to 100 kilos [approx.
220 lbs] of fabric to make rag rugs. We
also recycle an enormous amount of
paper every year to make the vases that
we sell,” explains Espíndola. Social inclusion is directly connected to job creation,
but it is not limited to it, adds Espíndola.
“Whenever it’s possible, we try to enrich
the lives of our associates with excursions, visits to the theater, museums and
tv shows, picnics in city parks, and short
trips. In addition, in partnership with
the sub-administration of Jabaquara and
other institutes of our city, we have set up
a choir and we provide preventive health
care.” Handicraft has been in the life of
Deli Espíndola ever since she was little.
Cultural Preservation
and Human Valorization – missions of
Cooperaldeia
17
COVER
A rug made of recycled
material may take up to
220 lbs of fabric scraps
that would normally be
thrown away
Born in the countryside of the state of
Santa Catarina in 1939, she grew up with
customs and traditions of which she feels
very proud today. “Each backyard had its
own herb garden. Each family raised their
own chickens and pigs. They also had a cow
for milk. And although these old customs
required a lot of time, there was always
plenty of time left; time to sit at the large
kitchen table in the evening and talk about
our day, embroider, knit, crochet, sew, and
weave. That was my first contact with handicraft, a word which I didn’t even know
back then,” reminisces with nostalgia.
18
At Cooperaldeia, Espíndola promotes
cultural revival. “We do workshops featuring renaissance lace, file lace, honeycomb
lace, and our specialties amarradinho –
shaggy rag rugs – and fuxico – a delicate
Brazilian version of patchwork. The work
we do really motivates me. We are like a
big family at Cooperaldeia. Works like the
ones done by Cooperaldeia, ABEXA, and
the Cape Center strengthen and promote
the Brazilian artisan and his handicraft
worldwide,” she emphasizes. Cooperaldeia
is turning dreamers into true ambassadors
of the Brazilian culture.
Deli Espíndola,
director of
Cooperaldeia,
promotes social
inclusion through
cultural enrichment
19
Inspired by The
Amazon
Since 2002, the organization Native Original Products has been promoting the work of the
artisans of Amazonas who portray the allure of the largest tropical forest in the world in their art.
20
SUSTAINABILITY
Tabatinga is a municipality in the state of
Amazonas, located on the border with the
countries of Colombia and Peru and 1,573
km [983 miles] from the capital city Manaus.
Despite its proximity with cities of two distinct cultures, Tabatinga is a very Brazilian
city. In Tabatinga, the inspiration for handicraft comes from The Amazon – the largest
tropical forest in the world and one of the
most beautiful postcards of Brazil. The state
of Amazonas is the largest by area in the
country - 1.5 million km2 [approx. 600,000
sq miles] – but its monumental dimensions
are no obstacle to the artisans of Tabatinga
who portray the beauty of the Amazon in
their articles. Handicraft is an activity that
provides income to hundreds of families
statewide. The organization responsible
for coordinating this work is called Native
Original Products. It gathers over 150 artisans from 12 cities.
The idea to create the organization came
through a project called Tropical Design of
The Amazon, a pioneer initiative that explores the utilization of natural resources in art
and fosters human creativity. The program
stimulates sustainability with the production
of high-end articles from renewable natural
materials. This way, the Amazon remains
untouched while it generates income to the
surrounding communities.
The combination of the forest and skillful
hand is just amazing. Raw material is shaped
into tables, vases, trays, screens, and chairs.
It’s an array of 30 articles. The pieces reflect
the cultural heritage of the Brazilian Indians
and the caboclo people. Rozana Trilha goes
to great lengths to promote local artisans.
Together with her sister, Tânia Ferraz, she
co-founded Native Original Products in
2002. The two sisters had been involved
in the creation of Tropical Design of The
Amazon and came to the realization that
they could indeed make a difference. “We
opened our first shop in 2002 in the international area of Manaus Seaport. We had
products from everywhere in Brazil; our
focus was the foreign tourist,” she recalls.
Currently the organization maintains
two permanent show-rooms, one in the
south region of Manaus and another at
FUCAPI – Center of Analysis, Research
and Technological Innovation Foundation.
There customers may find high-end decorative and utilitarian crafts, artwork, and
furniture made with certified local woods,
fiber, and seeds and some details in chromed
steel. “There is a strong socio-environmental
appeal to the products, even more now that
people are becoming more aware of the need
to preserve the Amazon,” says Rozana.
The target public of Native Original Products
is the tourists who visit Amazonas, both
from the country and from abroad. As
a strategy to reach prospect clients, the
organization participates in national and
international fairs of the sector. With the
support of ABEXA – Brazilian Association
for Exportation of Crafts, it displays its
products and has an open channel for exportation to Europe. The organization has been
featured four times at Intergift in Spain
and once at Ceranor in Portugal. “Native
Original Products is seeking partnerships
with a select group of architects in order to
develop ambience projects. We also want to
work with stores to sell personalized gifts,”
emphasizes Rozana.
Native Original Products’s mission is regconized by the Ministry of Development,
Industry, and Foreign Trade [of Brazil], from
which the organization received the award
Encomex Prominent Exporter. As their
goals are reached and the humble people of
the Amazon are benefited, Rozana says that
she feels she’s accomplished her mission. As
she looks back on her own story, she relives
the difficulties she faced when she was 18.
She had decided to sell the pieces she had
made at home in a public square in Manaus,
her hometown. Thanks to her dedication
and work, many more people can now share
the same dream. Because of Native Original
Products, anyone can take a beautiful little
piece of the Amazon back home.
21
REGIONAL
Natural Talent for Beauty
APAPI creates opportunities to promote the work of over a thousand artisans from Piauí
The state of Piauí possesses a millennial
natural talent for handicraft. There, in the
National Park of Serra da Capivara, the
oldest article of pottery in the American
continent was found – a painted block that
is 10,000 years old. Rupestral drawings
beautify the walls of hundreds of caves
that preserve the history of the Brazilian
people. And these millennium old traditions are maintained by the more than
one thousand artisans that meet at the
Association of the Professional Artisans of
Piauí (APAPI). The mission of APAPI is to
preserve these memories while providing
work and income to professional artisans.
The work of APAPI began in 1987 with
30 artisans. Currently, there are over a
thousand who benefit from the activities
of the institution in cities like Teresina,
Parnaíba, Pedro II, and José de Freitas.
The pieces produced are diverse and range
from necklaces, table linens and placemats, handbags, contemporary sculptures
in wood, sacred art, and baskets in buriti
(a.k.a. Moriche Palm) to dinnerware
in silver with opal stones. The work of
confection of these pieces is 100% ecologically correct. Most of the raw material
comes from local sources, examples of
which are the mineral opal stones, paper,
fiber, wood, and buriti.
Maria Eliane, one of the representatives of APAPI, learned the art of ceramic
making from artist Eduardo Cimeiro of
Pernambuco when she was 16. She then
began to transform clay into decorative
objects. Although the pieces she produced
were of a fascinating beauty and of a great
quality, she noticed the need for promotion
and valorization of the professional and,
consequently, the technique. She embraced
the cause and made it her life commitment.
22
Through APAPI, she has been able to join
forces and overcome obstacles, and continues to fight for improvements for the local
handicraft and its artisans. “It all began
with the need for a space to display and
sell our handicraft. We joined up and we
were able to promote, commercialize, and
export the products made by the artisans,
members of APAPI,” says Eliane.
Associates can expand their horizons.
They may use the institution’s facilities
em Teresina, capital city of Piauí, to sell
their artwork.
The relationship between APAPI and its
associates is based on loyalty, respect, and
mutual trust. “I have a great relationship
with everyone at APAPI. I was invited by
an ex-director of the company and came. It
feels great to be part of APAPI,” says Eliane.
Recognition and respect for the artisans
is a result of the work we do. In this sense,
the partnerships with ICA – Institute of
Crafts of Ceará and ABEXA – Brazilian
Association for Exportation of Crafts are
highly efficient. “We participate of every
major seminar, refresher course, and fair.
We work to have our own space and be
respected for who we are as we show a
work of very good quality,” she concludes.
By walking along with ABEXA and
The Center Cape Institute - Center
for Capacitation and Support to the
Entrepreneur, the artisans of Piauí are
able to take giant steps. “ABEXA and Cape
Center are serious organizations that are
truly committed to attending the needs of
the associations and its associates. It is a
healthy relationship and it is necessary to
our progress,” she highlights. The advance
of the handicraft in Piauí is a victory not
only for APAPI but for all the people.
Maria Eliane, da Apapi, não mede
esforços para vencer as dificuldades
Fairs and Events
International Fair
Maison & Objet
2º Edition
23 rd National Fair
of Handicraft
September 7-11
France
The Royal Road and
its Richness
December 4-9
Belo Horizonte - Brazil
Expominas
Intergift Fair
2 nd Edition
September 6-16
Spain
Where To FIND
NATIVE
Apapi - Association of the
Professional Artisans of Piauí
(+55 92) 3584 1163
Adress: Rua Rio Purus, 21 A - 2° andar
Vieiralves - Manaus - Amazonas - BR
Website: www.nativeoriginal.com.br
Adress: Rua Paissandú 1276 - Centro de
Artesanato Mestre Dezinho Praça Pedro II Centro Teresina - PI - BR - 64001-120
ICA - Institute of Crafts of Ceará
Solidarium - Solidarium Fair Trade
Centro Cape
(+55 85) 3254 3667
Adress: Rua Rodrigues Júnior, 213 - Centro Fortaleza - CE - BR - 60060-000
Email: [email protected]
Website: www.projetoartbrasil.com.br
(+55 41) 3254 5821 (+55 41) 9847 4334
Adress: Av. João Gualberto, nº 675, Alto da
Glória - Curitiba, PR - BR - 80.030-000
Email: [email protected]
Website: www.solidarium.com.br
(+55 31) 3282-8312
Adress: Rua Grão Mogol, 662, Sion.
Belo Horizonte - MG - BR.
Email: [email protected]
Website: www.centrocape.org.br
COOPERALDEIA
Cooperative for Textile Works, Clothes,
Fashion, Decoration, and Handicraft
(+55 11) 5565 0794 (+55 11) 9383 5202
Adress: Rua Jorge Rubens Neiva de Camargo,
228, # 24 - São Paulo, SP - BR
Email: [email protected]
Webbsite: www.cooperaldeia.com.br
Native Original Products
apaPiauí@yahoo.com.br
23
PARA LER A vERSãO EM INGLêS,
GIRE A REvISTA E COMECE PELA CAPA.