artesanato em papel
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2 Editorial Juntos Somos Mais Certa vez, o poeta Gonçalves Dias escreveu sobre a união. Falou da virtude, do encanto e do consórcio do querer que envolve a força da nossa alma. É assim que avançamos. Juntos! Unidos somos sempre mais. Hoje, com o talento do povo brasileiro e as ações do Centro Cape e da Abexa, o artesanato está mais forte. Geramos renda a milhares de famílias ao mesmo tempo em que colocamos os produtos produzidos por aqui como referência no disputadíssimo mercado internacional. Como conseguimos? Com bastante trabalho e muito suor. Nesta edição da Brasil Feito a Mão, podemos ver com propriedade como a união entre os artesãos é uma feliz realidade. Em todas as partes do país, enxergamos exemplos de empresas ou associações que apresentam ideias e soluções para fortalecer o artesanato. Com isso, prestam um serviço valioso ao Brasil. Asseguram cidadania e permitem que a arte do nosso povo transmita ao resto do mundo o que temos de melhor. Edição e Projeto Editorial Instituto Centro Cape, Central Mãos de Minas e Media Press Editor Pedro Blank Redação Fred Wanderley Revisão Marlene Hostalácio Tradução Cultural Center for Language Studies Diagramação e Arte Casasanto Gráfica Se estivéssemos sozinhos, nada seria possível. Por sermos um grupo coeso e profissional, os resultados aparecem. Imaginem as dimensões continentais do nosso território e a dificuldade natural que surge para que os artesãos, individualmente, negociem com o mercado internacional. Vencemos esse desafio, com inteligência e estratégia. Da qualidade dos insumos utilizados à embalagem do produto, tudo é pensado na preservação da identidade cultural que temos a missão de propagandear. Na perspectiva de melhorar sempre, a Brasil Feito a Mão está com novo projeto gráfico. Revitalizamos o design da revista. Você terá mais facilidade para ler nossos textos e compreender do que é feito o melhor artesanato do mundo.Vamos conhecer mais a nossa gente e homenagear as pessoas que dedicam suas vidas para deixar o nosso planeta mais belo. TÂNIA MACHADO Presidente do Instituto Centro Cape Gráfica Tamóios Tiragem 5.000 exemplares Distribuição Gratuita 1 Reciclagem CAPA Pegar o lixo e aproveitá-lo. Melhor: fazer arte. A Cooperaldeia, em São Paulo, capacita artesãos da periferia da capital paulista para fazer a reciclagem e moldar verdadeiras obras de arte Entrevista O Ministro-Chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, mostra como o artesanato exporta grandes peças e também mostra ao mundo a cultura brasileira. Além disso, contribui para gerar renda a milhares de famílias 2 Artigo Como o design contribui para valorizar os produtos? O artigo de Clara da Silva Schlepper mostra como o visual agrega valor à imagem dos artesãos, das empresas, dos produtos e até do Brasil Internet Exportação O site www.solidarium.net consolida-se como ferramenta dinâmica para o comércio do artesanato brasileiro. A iniciativa beneficia pelo menos 5 mil artesãos e já recebeu reconhecimento internacional A participação em feiras internacionais é uma estratégia importante para a divulgação do artesanato brasileiro. A Abexa apresenta o profissionalismo e a qualidade do material nacional pelo planeta ÍNDICE CONTATO Onde Encontrar Feiras e Eventos Regional Qualificação Sustentabilidade Regional O Instituto Cearense de Artesanato (Ica) une profissionais do Ceará, Tocantins e Espírito Santo em prol de melhores condições de trabalho e valorização com produtos exclusivos O artesanato brasileiro ganha o mundo. Para isso, o Centro Cape exerce um trabalho fundamental na capacitação dos associados e, consequentemente, na alta qualidade dos produtos Maior floresta tropical do planeta, a Amazônia ganha mais projeção com a iniciativa da Native Original Products. Com foco na sustentabilidade, a empresa dá sua parcela para a ampliação da consciência ambiental A Associação dos Artesãos Profissionais do Piauí (Apapi) estimula a utilização de insumos típicos do Estado como pedra mineral de opala, papeis, fibras, madeira e buriti em mais de 1.000 filiados sHow rooM euA 7 West 34th Street Suíte 729.10001 - NY City - NY Phone 212 714 1982 [email protected] Centro de distribuição new Jersey Monroe Street Passaic, 249, 07055, NJ - USA. Phone: 973 365 5800 www.iec.com AbeXA [email protected] 55 61 3326-3139 www.abexa.org.br [email protected] 3 O artesanato é a cultura de um povo O Ministro-Chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, destaca que os artesãos revelam ao mundo a cultura brasileira O Ministro-Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, destaca que o artesanato é um instrumento único de divulgar a cultura brasileira mundo afora. A atividade dos artesãos, contudo, vai além de materializar a cultura do país. Nesse momento em que o governo federal trata de assegurar a cidadania com programas de transferência de renda, o artesanato é meio para milhões de pessoas complementarem seus salários. Abaixo, confira a entrevista que o Ministro concedeu à Brasil Feito a Mão. Gilberto Carvalho Ministro-Chefe da Secretaria Geral da Presidência 4 Brasil Feito a Mão: De acordo com a pesquisa Vox Populi, realizada em 2011, mais da metade dos artesãos está na Região Sudeste. É um desafio expandir as atividades para o restante do país? Ministro Gilberto Carvalho: A diversidade da cultura brasileira recomenda que a produção artesanal seja expandida não só no Brasil, mas para além das nossas fronteiras. A produção artesanal tem uma forte ligação com a garantia de renda, mas creio que devemos quebrar a dicotomia de enxergar o artesanato como meio de sobrevivência. É inegável que o artesanato tem um imenso potencial para a geração de emprego e renda, mas é correto afirmar que o artesanato tem também o poder de desenvolver talentos, de criar grupos cooperados, de reunir pessoas, de agregar valor humano aos produtos e de mobilizar a sociedade em prol de causas justas. A produção artesanal tem características próprias, como o ineditismo, a delicadeza, a invenção, a criatividade, a originalidade, a reutilização, o reaproveitamento, etc. O artesanato permite, ainda, sonhar, viajar pela herança cultural dos nossos antepassados e, a partir daí, criar, inventar e produzir. É preciso adotar estratégias e políticas públicas para que o artesanato amplie seu raio de ação para todas as regiões do país. Mas não basta expandir o artesanato apenas como uma estratégia de sobrevivência. Temos que ter em mente que o artesanato brasileiro integra o patrimônio artístico e simbólico do nosso país e, por isso, é preciso criar ações que permitam aos artesãos maior profissionalização, formalização, capacitação em gestão e possibilidades de acesso a novos mercados. O Brasil é modelo mundial em programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, por exemplo. O artesanato surge como uma alternativa para complementar a renda proporcionada pelos programas sociais? Entendemos que o Bolsa Família tem a função de devolver aos beneficiários um pouco da dignidade perdida ao longo da vida. Não se trata apenas de transferir renda aos extremamente pobres. Buscamos a inclusão produtiva e a garantia de acesso aos serviços públicos. A transferência de renda, no nosso entendimento, é muitíssimo necessária, mas promove apenas o alívio imediato da pobreza. Por outro lado, as condicionalidades reforçam o acesso a direitos sociais básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social. Já as ações complementares buscam o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários consigam superar a situação de vulnerabilidade. Nesse sentido, o artesanato pode ser uma maneira ENTREVISTA de complementar a renda. Mas não basta garantir a renda sem assegurar a cidadania. Estimativas dão conta de que o artesanato movimenta anualmente R$ 54 bilhões e compra da indústria cerca de R$ 20 bilhões. Trata-se de uma atividade decisiva para a economia nacional? alavancar os negócios e oxigenar a economia. Mas aliado a isso, é necessário inovação, planejamento, comunicação e gestão dos pequenos negócios, a começar pela formalização, hoje possível por meio do programa de empreendedorismo individual do Sebrae. O associativismo é uma maneira de tornar os produtos feitos pelos artesãos mais competitivos e com mais valor. Qual a avaliação que o senhor faz da importância das cooperativas para o segmento? Do ponto de vista econômico não podemos fechar os olhos para os valores movimentados pelo setor artesanal. Acredito até que as cifras sejam maiores, dada a grande informalidade do setor. Hoje, não temos informações Com a industrialização, os produtos artesanais estão atualizadas sobre esse segmento, o que dificulta, inclu- perdendo sua identidade. A massificação dos produtos sive, a adoção de políticas públicas orientadas para os industrializados fez com que o artesanato ficasse relegado artesãos. No entanto, tenho informações de que o Sebrae e é nesse contexto que as cooperativas assumem um papel está planejando a elaboração de um censo social e econô- importante. Em uma alusão simplista, o cooperativismo mico do artesanato brasileiro, o que, sem dúvida, poderá pode ser reduzido ao lema: "A união faz a força"; união e força tão necessárias para nortear as nossas ações. vencer as adversidades. O "A diversidade da cultura brasileira recoA Secretaria-Geral da cooperativismo é mais do que Presidência da República menda que a produção artesanal seja uma associação de pessoas tem como principal atriexpandida não só no Brasil, mas para unidas, é a busca da solução buição coordenar a relação além das nossas fronteiras" de problemas por meio da entre a sociedade civil e o governo. Minha experiência, acumulada em dez anos de solidariedade humana e da ajuda mútua, que sempre acagoverno, me obriga a deixar uma sugestão: sem a orga- bam construindo uma sociedade melhor e mais justa. nização dos artesãos pouca coisa vai mudar. É preciso A presidenta Dilma Roussef, em diversas oportunique nos cobrem e que nos pressionem para que as coisas dades, já demonstrou sua admiração pelos produtos avancem. A participação social é para nós um método de artesanais fabricados no país. As iniciativas fazem governo e talvez seja um dos maiores legados que vamos parte da vontade do governo federal em divulgar instideixar para os nossos sucessores. Portanto, organizem- tucionalmente o artesanato? se, mobilizem-se e nos pressionem. Seria ótimo a sociedade debater um Projeto de Lei que insA Fundação Banco do Brasil, a Abexa e o Instituto titua a profissão do artesão, suas implicações e obrigações Centro Cape estão em processo de criação de uma pla- legais e econômicas como setor produtivo, que gera renda taforma de ensino a distância. O objetivo é capacitar e emprega milhões de brasileiros. Acredito que o governo pelo menos três instituições de artesãos por estado até se envolverá naturalmente e de forma mais decidida a par2013. Como o senhor avalia essa iniciativa? tir da regulamentação que virá a partir desse debate. Qualquer iniciativa que forme pessoas e que capacite tra- Nos próximos anos, o Brasil estará no centro das atenbalhadores são bem-vindas, sobretudo, quando partem ções mundiais com a realização da Copa do Mundo, em de instituições credenciadas como essas. 2014, e das Olimpíadas, em 2016. Como o senhor vê o Ainda de acordo com a pesquisa Vox Populi realizada papel dos produtos artesanais no sentido de divulgar a com artesãos em 2011, foi verificado que as matérias- história do País e de sua gente nos próximos anos? primas mais utilizadas são: têxteis, metais, madeiras, O artesanato é também a cultura de um povo. Os eventos fibras, palhas, sementes e folhas. A viabilização de citados representam uma oportunidade única de mostrar linhas de crédito, com taxas atrativas, pode ajudar os o Brasil que queremos. É claro que o artesanato é mais do trabalhadores? que um cartão postal do Brasil e cumpre, com maestria, a Sempre é bom que sejam concedidos mais créditos para função de revelar um pouco da nossa história. 5 6 ARTIGO A importância do design para os produtos Clara Schlepper Gerência e direção de criação agencia21 Mas o que é design afinal? Design é, desde os anos 60, no contexto visual, uma expressão que denomina a elaboração refletida das qualidades de um objeto real ou virtual, de serviços ou de uma marca. O design oferece ao objeto ou produto, de forma generalizada, algo “a mais“ que segue regras estéticas. Até hoje, não existe praticamente uma definitiva Teoria do Design. O designer, portanto, trabalha livre de teorias (ou com várias). Contudo, se orienta em um conhecimento empírico dentro de um conceito que parte de um sistema lógico. Na prática, vem o momento da decisão, que com frequência é tomada pela intuição. Na visão tradicional, no início do processo de desenvolvimento, acontece a análise do que já existe e que requer um conceito inovativo. O design se orienta em seres humanos e nas suas inúmeras necessidades. Nas necessidades físicas e psíquicas. Trata-se, portanto, de um utilitário e nisto se diferencia da arte. Mas não deixa de ser muitas vezes com arte. Quando se trata de apresentação de produto, a “ferramenta“ usada, é o que chamamos de “visual marketing“ – que não deve ser confundido com o termo “visual merchandising“. Nesta disciplina, se analisa a capacidade de um objeto virar o protagonista da comunicação visual, juntando componentes de atividades econômicas, da percepção visual no sentido estético e da psicologia cognitiva. Através desse processo, o produto e sua comunicação visual tornam-se inseparáveis. Esse método é usado para garantir sucesso em várias áreas. “O objeto não é em si interessante e, sim, na sua encenação, a qual se dá do resultado de uma série de reflexões, o da história do objeto, seu simbolismo e do efeito tocante que produz no observador“. Já havia percebido isso a escritora Susan Sonntag, nos anos 60. Existe uma série de estudos feitos nas últimas décadas para analisar o comportamento do consumidor nesse sentido: a decisão de compra não acontece consciente, mas sim inconscientemente. Através desses estudos, percebe-se a necessidade em conhecer o público que se quer atingir, desde a ideia inicial do produto, de sua embalagem até a forma como se deve apresentá-lo. Na sociedade de consumo em que vivemos aqui na Europa, onde praticamente já temos tudo aquilo de que necessitamos, um produto, para nos tocar, necessita de contar uma história, de uma encenação. Assim, ele nos seduz e o compramos, mesmo não “necessitando“ dele. A partir desse princípio, temos trabalhado para auxiliar empresas brasileiras a se apresentarem com mais representatividade, traduzindo ao mercado local suas intenções. Isso é feito por meio do emprego de um design brasileiro contemporâneo e de uma linguagem internacional, agregando valor à imagem das empresas e seus produtos e à imagem do país. Infelizmente, ainda boa parte das empresas brasileiras que expõem na Europa, de diferentes setores, não demonstam preocupação nesse sentido. Tendo portanto dificuldades de atingir o mercado europeu, que ao contrário do que hoje se pensa, segue rico na média e com poder de compra, mas que diferente da média brasileira, já possui tudo há muito tempo e necessita de outra linguagem para ser atraído. Esse tipo de linguagem é mais bem alcançada com o “visual marketing“ , o qual segue a reflexão necessária existente no design. 7 Tiago Dalvi é o responsável por criar a corrente do bem chamada Solidarium 8 Internet Artesanato sem fronteiras A Solidarium cria um site para beneficiar 5.000 artesãos em todo o Brasil em 2012 O ideal de reunir na mesma rede clientes, produtores, artesãos, cooperativas, associações, artistas e lojas serviu de base para a construção do projeto que revolucionou a vida de milhares de profissionais que alcançam a cidadania com o talento. A Solidarium nasceu para transformar a vida das pessoas, em 2007. E conseguiu fazer do sonho, realidade. Hoje, cinco anos depois, milhares de artesãos encontram no site www.solidarium. net, lançado em junho de 2012, a oportunidade de comercializar seus produtos. Pela web e sem fronteiras, a Solidarium, verdadeira corrente do bem, oferece as condições para que a história do Brasil seja reescrita, com a valorização do ser humano e a divulgação das riquezas culturais de todo o País. A Solidarium transforma o artesanato em atividade financeira que beneficia os brasileiros. O mérito é premiado. Em 2011, ficou entre as cinco maiores inovações para o desenvolvimento econômico e social pela Ashoka e Fundação Ebay. A rede também foi nomeada como Fellow no Unreasonable Institute, uma aceleradora de negócios que seleciona 25 empreendedores para viver por 45 dias com o objetivo de escalar o impacto de seus negócios. A melhora de vida dos artesãos é outro aspecto decisivo, que levou a Revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios a eleger a Solidarium como o Empreendimento Social de Sucesso de 2011. Tiago Dalvi está à frente da Solidarium. Ele idealizou o empreendimento ainda nos tempos de estudante de administração na Universidade Federal do Paraná. Em 2006, quando conheceu a Aliança Empreendora, teve a certeza de que reunira a expertise para dar corpo ao projeto. “Em 2006, trabalhava na Aliança Empreendedora. Na ocasião, uma grande multinacional nos procurou para fazer uma grande compra de brindes para os seus clientes. Nesse processo, vi que não havia um canal que viabilizasse essa relação entre os artesãos e seus compradores”, diz Dalvi. A guinada na Solidarium aconteceria depois de um percalço. Em 2007, ele abriu, em um shopping de Curitiba, uma loja com foco no artesanato. A experiência não teve o êxito esperado. O senso de empreendedorismo aguçado, então, apontou a mudança nos rumos. Um ano depois, Dalvi montou frentes comerciais e percebeu que as grandes redes varejistas ofereciam o ganho de escala que o artesanato necessita para ser viável economicamente. O Walmart, maior rede varejista do mundo, foi o primeiro a assinar a parceria. Na sequência, mais grandes clientes, como Lojas Renner, Tok & Stok e Natura. “As parcerias foram o divisor de águas. Colocamos o artesanato brasileiro nas prateleiras de toda grande cidade”, destaca. A motivação de melhorar cada vez mais a vida dos artesãos funciona como combustível para a Solidarium encontrar novas formas de negócio. Em junho deste ano, houve o lançamento da plataforma Solidarium.net. 9 INTERNET O www.solidarium.net liga artesãos a clientes em todo o mundo A SOLIDARIUM O que faz Disponibiliza, on-line, peças produzidas por milhares de artesãos em todo o Brasil. E-mail [email protected] Site www.solidarium.net 10 No primeiro mês, a plataforma já contava com milhares de cadastros. Em trinta dias, a empresa cresceu três vezes mais em relação aos seus últimos 5 anos. Com a chancela da Solidarium, artesãos de todo o Brasil podem se conectar com clientes de qualquer parte do mundo. A estrutura para o desenvolvimento da atividade está consolidada. O www.solidarium.net vai além de um espaço eficiente para o comércio. Os artesãos podem ter contato com os mais diversos fornecedores de matéria -prima para seus trabalhos, diminuindo o custo dos insumos e aumentando a qualidade do material. “Nossa missão é construir um Brasil de verdade, ou seja, mostrar nossa diversidade e diminuir a desigualdade”, reforça Dalvi, cada vez mais motivado em abrir caminho para o melhor artesanato do país. EXPORTAçÃO Ao Lado Dos Artistas A Abexa se consolida como entidade que reúne os artesãos brasileiros e abre caminho para as exportações das peças nacionais Pedro Gabrich, gerente executivo da Abexa A busca pela profissionalização é a linha guia que a Abexa (Associação Brasileira de Exportação de Artesanato) defende para as associações de artesãos brasileiros. Sem fins lucrativos, a Abexa promove a união das entidades de todo o país. O objetivo é abrir caminho para a entrada nos mercados internacionais com produtos direcionados ao atacado. Com sede em Brasília, a Associação trabalha diretamente junto à Apex-Brasil e ao Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) buscando otimizar e divulgar o artesanato brasileiro. A imagem do artesão brasileiro no mercado internacional ainda carrega um certo grau de amadorismo. O diagnóstico é do gerente-executivo da Abexa, Pedro Gabrich, que reconhece que essa é uma visão histórica e que deve ser mudada. “O artesanato brasileiro surgiu como fonte de renda no movimento hippie dos anos 60. Era uma forma de subsistência utilizada por várias pessoas. Porém, acabou criando uma forma muito informal de relação comercial. Agora, temos de mudar essa visão. E estamos mudando”, conta. Esse trabalho de valorização faz a Abexa estar presente nas maiores feiras mundiais do setor na Europa e nos Estados Unidos. Em 2012, a entidade lança mais duas grandes armas para a projeção internacional do artesanato brasileiro. “Estamos terminando nosso primeiro hotsite. Isso nos ajuda a ficar mais próximo das associações e dos artesãos que podem conhecer e verificar o trabalho que vem sendo feito. Outra grande novidade é o estande itinerante que estamos montando na Europa. Com ele estaremos presente em mais feiras e será uma referência maior para todos”, explica Gabrich. O mercado brasileiro de artesanato movimenta cerca de R$ 80 bilhões anualmente. A estimativa, embora seja de fonte oficial, não pode ser comprovada em sua totalidade. Gabrich explica que o NCM (Nomenclatura Comercial do Mercosul) não possui código para produtos artesanais, o que impossibilita a contabilidade do que é exportado. “Não podemos mensurar as exportações. Não há como diferenciar uma cadeira artesanal de uma industrializada. Para o NCM, as duas são iguais. Temos de mudar isso e essa é uma luta histórica da Abexa”, diz Gabrich. Preparativos para 2013 Onde a Abexa está Preparativos para 2012 Israel International Fair Alemanha Tendence França Espanha Brasil Maison & Object Intergift XXIII Feira Nacional de Artesanato Itália Projeto Comprador Milão EUA Gift Fair - NY Projeto Vendedor - NY Dallas Gift Show Philadelphia Gift Show Artexpo - NY Feira de Hotelaria - NY Fancy Food - Washington Brasil XXIV Feira Nacional de Artesanato Projeto Comprador Região Nordeste Projeto Comprador Região Norte Israel International Fair Alemanha Tendence, Ambiente Espanha França Intergift Maison & Object 11 REGIONAL Benedito Moreira, Diretor do Ica Um outro mundo é Possível O Instituto Cearense de Artesanato mostra como o artesanato capta com riqueza a cultura de várias regiões do Brasil A geração beatnik surgiu logo após a segunda guerra mundial para provar que um outro mundo era possível. Naqueles anos 50 e 60, a “Geração Beat” mostrava ser viável a vida anti-materialista. Tal filosofia ecoou por todos os cantos do planeta. Em São Paulo, centro financeiro do Brasil, Benedito Monteiro, o Sumé, resolveu desafiar a rotina. Em 1969, ele era funcionário de uma grande empresa. O espírito inquieto falou mais alto. Decidiu fugir da roda-viva que era imposta. Pediu demissão. Colocou as coisas na mochila e cruzou o país três vezes. No Ceará, se casou e voltou para morar em Embu das Artes, município inserido na microrregião de Itapecerica da Serra, a 23 quilômetros da capital paulista. Embu das Artes é conhecida como a cidade dos artistas. Em 1937, ganhou projeção internacional com o santeiro Cássio M´Boy 12 ganhou o primeiro Grande Prêmio na Exposição Internacional de Artes Técnicas em Paris. Antes do sucesso, recebia visitas ilustres, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Alfredo Volpi e outros ícones do Movimento Modernista de 1922. Sumé, ao ser recebido na cidade, fora fisgado pelo artesanato. Teve a tranquilidade para aprender a desenvolver belas peças em metal. Sentiu que seu destino era ser artista. Voltou para o Ceará e hoje está à frente do Instituto Cearense de Artesanato (Ica), entidade que reúne 2.000 artesãos e possibilita a exportação de produtos com mais valor agregado e gera renda para seus filiados. “O desasossego era a marca da minha geração. Rodei o Brasil, me casei no Ceará, voltei para São Paulo e regressei ao Ceará. O combustível para nos mover é o desafio, é a REGIONAL vontade de fazer diferente”, pontua Sumé. Em 1992, ele decide morar em Fortaleza, onde monta seu ateliê e assume a presidência do Sindicato dos Artesãos Autônomos do Ceará (Siara). Na entidade, entrou em contato com a realidade de seus companheiros. Viu que os artesãos necessitavam transformar sua arte em fonte de renda. Sua inquietação, a mesma dos anos 60, o moveu a ser um dos fundadores do Ica. Sumé notou que os artesãos careciam de noções empresariais elementares. Por meio do Ica, passou a incentivar a produção regional. A coleta dos insumos, também, é feita dentro da perspectiva ambiental, ou seja, não há agressão à natureza. Pelas mãos dos artistas, a madeira, o algodão, a fibra de carnaúba e os cipós ganham a forma pelas mãos de gente simples. Tamanha preocupação ecológica, aliás, já recebeu o reconhecimento do Governo Francês. “O artesão não é empresário e por isso temos de pensar como uma família. O trabalho de um precisa ser visto como o trabalho de muitos. A missão do Ica é possibilitar ao artesão brasileiro viver dignamente”, diz Sumé. A força tarefa do Ica já rompeu as fronteiras do Ceará. Hoje, entre os 2.000 filiados, são encontrados representantes de Tocantins, Goiás e Espírito Santo. “Os clientes identificam a cultura da região nas peças que vendemos. Conquistamos espaço porque nossos produtos trazem exclusividades que são encontradas na comunidade que nosso filiado está. Com produtos únicos, ganhamos o mercado internacional”, aponta Sumé. Assim, a vontade de construir uma sociedade fraterna continua vivíssima, como o espírito dos anos 60. 13 Simplesmente impecável O Centro Cape procura capacitar o artesão e qualifica os produtos brasileiros para entrarem no mercado internacional Eduardo Eleutério trabalha na sua oficina no bairro Santa Tereza, um dos mais antigos de Belo Horizonte. De lá, saem peças que conquistam o mundo. Quando o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, visitou o Brasil recebeu de Dilma Roussef um porta-joia feito por ele. Tamanha exposição que o artesão mineiro recebeu é fruto do trabalho do Centro Cape na valorização e capacitação. Com profissionais valorizados e produtos de alta qualidade, que vai da produção à embalagem, é possível expandir horizontes e encantar as pessoas, inclusive Obama. O Centro Cape realiza palestras mensais e seleciona produtos para exportação. As ações visam melhorar e aumentar as vendas, qualificando e preparando o artesão para a acirrada concorrência internacional. “Buscamos a qualificação. Sabemos que, somente através da profissionalização, o artesão brasileiro pode competir no mercado externo. Além disso, qualificar os produtos para a venda internacional coloca-os com valores agregados maiores no mercado interno”, explica a coordenadora de exportação do Centro Cape, Maria Luiza Drumond. A participação em feiras é importantíssima. Em 2012, a expectativa é que as peças enviadas para o exterior atinjam R$ 5 milhões e no ano que vem o número seja aumentado em 10%. O Centro Cape, então, funciona A panela de pedra sabão é um dos produtos mais exportados para os Estados Unidos 14 QUALIFICAÇÃO Dados da Exportação Nacional Valores das exportações por ano Por meio das ações do Centro Cape, o presidente dos EUA, Barack Obama, conheceu o trabalho do artesão mineiro Eduardo Eleutério como elo entre o artesão brasileiro e as grandes redes de varejo do exterior. Por isso, a seleção dos produtos é criteriosa. O primeiro passo é a análise da obra e a sua viabilidade de venda, onde são levados em conta itens como qualidade, acabamento e perfil. “Outro ponto importante é pesquisar se o artesanato tem alguma similaridade com produtos asiáticos, o que pode inviabilizar sua venda”, diz Maria Luiza. Para consolidar a presença em terras estrangeiras, o Centro Cape adotou a estratégia de utilizar nomes de maior aceitação. Em Nova Iorque, há o show-room permanente Ecoarts, marca utilizada no mercado norte -americano. Já na Europa, existe o BrazilHandcraft. Com talento e profissionalismo, o artesanato brasileiro finca raízes nas maiores cidades da planeta. Feiras do Centro Cape em 2012 Alemanha Ambiente França Maison & Objet Espanha Intergift EUA New York Gift Fair , Gift Week, Dallas Gift Show, Feira de Hotelaria, Philadelphia Gift Show, Fancy Food O trabalho é reconhecido pelos artesãos. “A divulgação de nossos nomes no exterior gera novos negócios e abre caminhos”, aponta Eduardo Eleutério. Para Maria Auxiliadora, de Belo Horizonte, o Centro Cape transformou a valorização de seu trabalho em realidade. Atualmente, ela consegue comercializar suas obras com duas grandes redes varejistas do Brasil. “Iniciei agora a participação em feiras internacionais graças ao Centro Cape. Minha expectativa é ganhar o mundo”, destaca. O Centro Cape prova que não há limites para o artesanato. 2010 US$ 3.965 milhões 2011 US$ 4.971 milhões 2012 US$ 6 milhões (projeção) *Ranking dos mais vendidos para Europa e Estados Unidos Europa 1º Presépio de palha 2º Fôrmas de pizza em pedra-sabão 3º Bonecas em cabaça 4º Bolas em papel machê 5º Castiçal em ferro 6º Bandeja em papel machê 7º Castiçal de parede em ferro Estados Unidos 1º Fôrma de pizza em pedra-sabão 2º Panela de pedra-sabão (cabo de madeira e cabo de cobre) Utilitários de cozinha em pedra sabão (pote de sal, porta-vinho, 3º porta-colher, copinhos, jogo 3 potes, bandeja com 3 cumbucas e fruteira) 4º Caixas de madeira (principalmente redonda e oval) 5º Fruteiras e centro de mesa em vidro * no 1º semestre de 2012 15 CAPA O lixo que vira ARte A Cooperaldeia reúne artesãos da periferia de São Paulo que, entre outros, utilizam papel usado para fazer vasos e toneladas de tecido descartado para montar tapetes de retalhos Em maio de 2009, 38 artesãos deram início a um arrojado projeto: a Cooperaldeia. Hoje, três anos depois, com muito trabalho e dedicação de seus associados, o projeto ultrapassou as expectativas até mesmo dos mais otimistas e se tornou referência. Fruto da uma visão empreendedora dos fundadores, a Cooperaldeia veio ocupar o espaço que até então era da Sutaco (Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades), autarquia vinculada à secretaria do emprego e Relações do Trabalho do Governo do Estado de São Paulo. Com a nova cooperativa, os artistas passaram a poder vender e exportar com mais autonomia. Hoje, a Cooperaldeia está localizada na periferia da zona sul de São Paulo em um local com poucas opções de trabalho e lazer para a população. Situados perto do município de Diadema e o distrito de Jabaquara, o projeto dá suporte aos cursos ministrados pela ONG Aldeia do Futuro capacitando jovens a um futuro mais digno e inserido em suas comunidades. O trabalho de inclusão rendeu à Cooperaldeia o prêmio LIF (Liberdade, Igualdade e Fraternidade) da Câmara de Comércio França Brasil 16 em 2009. O título é dado às empresas que adotam práticas responsáveis e ações sustentáveis. “Acreditamos que a inclusão se dá através do trabalho, eleva a autoestima, pois melhora os padrões financeiros, sociais e educativos das famílias”, afirma Deli Espíndola, responsável pela Cooperaldeia. As peças da Cooperaldeia são feitas basicamente de jornais e sobras têxteis, matéria facilmente encontrado na capital paulista. “Além do papel social, cumprimos um importante papel dentro da cadeia de sustentabilidade. Várias vezes usamos até 100 quilos de tecido para criar um tapete de retalhos. Sem contar a quantidade de papel que reciclamos para fazer milhares de vasos que vendemos todos os anos”, explica Espíndola. A inclusão social passa pela geração de trabalho, mas não se restringe somente a ela, como ressalta Espíndola: “Sempre que possível, buscamos enriquecer o universo de nossos associados com passeios, idas a teatros, programas de TV, piqueniques em parques da cidade, visita a museus e pequenas viagens. Promovemos também em parceria com alguns Institutos de nossa cidade de programas preventivos Resgate cultural e valorização das pessoas: missões da Cooperaldeia 17 CAPA Um tapete feito com material reciclado pode utilizar até 100 quilos de retalhos que seriam jogados fora. 18 de saúde, além do coral que mantemos junto com a prefeitura de Jabaquara”. palavra que nem conhecia na época”, relembra emocionada. A vida de Deli Espíndola se confunde com o artesanato. Nascida no estado de Santa Catarina, em 1939, ela viveu desde criança os costumes e tradições típicos do interior do estado que, hoje, tanto a cobrem de orgulho. “Cada quintal com seus temperos, cada família com seu galinheiro, sua criação de porcos, a vaquinha para o leite e, apesar do trabalho acumulado por todos esses velhos costumes, sobrava tempo; tempo para conversar à noite em volta da grande mesa da cozinha, contar os causos do dia a dia e bordar, tricotar, crochetar, costurar e tecer. Vem daí meus primeiros contatos com o artesanato, Na Cooperaldeia, Espíndola promove exatamente o resgate cultural. “Trabalhamos oficinas de renda renascença, file, capitonê e somos especialistas em fuxico e amarradinho. Meu trabalho é meu combustível. Na Cooperaldeia vivemos como uma grande família. São trabalhos como o da Cooperaldeia, a Abexa e do Cape que possibilitam o crescimento do Artesanato Brasileiro e o fortalecimento dos artesãos como cidadãos inseridos na realidade mundial”, enfatiza. Desse jeito, a Cooperaldeia faz sonhadores da periferia de São Paulo agentes da cultura brasileira. Deli Espíndola, responsável pela Cooperaldeia, promove a inclusão social dos artesãos ao mesmo tempo que incentiva o aperfeiçoamento cultural dos associados 19 Com a inspiração da Amazônia A Native Original Products atua, desde 2002, na valorização dos artesãos do Amazonas, divulgando os encantos da maior floresta tropical do mundo 20 SUSTENTABILIDADE Tabatinga é um município do interior do Amazonas que fica a 1.573 quilômetros da capital Manaus. Fica na fronteira com a Colômbia e o Peru. Mesmo com a proximidade de duas culturas bem diferentes, é uma cidade brasileiríssima. A inspiração é a Amazônia, maior floresta tropical do planeta e um dos principais cartões postais do Brasil. Nem mesmo o fato de o Amazonas ter mais de 1,5 milhão de km2 de área, sendo o maior estado do País em extensão, impede que Tabatinga retrate a beleza amazônica pelo artesanato como atividade rentável e capaz de garantir o sustento de centenas de famílias. A responsável por garantir isso é a Native Original Products, que, desde 2002, reúne 12 cidades do Amazonas e 150 pessoas. A inspiração para a Native surge com o Projeto Design Tropical da Amazônia, iniciativa pioneira não apenas na utilização da riqueza e da variedade de recursos naturais, mas principalmente na valorização do potencial humano. O programa visa a estimular o desenvolvimento sustentável da floresta, com a produção de peças de alta qualidade feitas a partir de resíduos naturais. Dessa forma, a essência amazônica segue intocada e gera renda para as comunidades. A combinação entre floresta e mãos talentosas é incrível. O material bruto ganha a forma de mesas, vasos, bandejas, biombos e bancos. São cerca de 30 variedades. As peças refletem a diversidade artística e temática das culturas indígena e cabocla. Para garantir a valorização dos artesãos, Rozana Trilha não mede esforços. Ao lado da irmã Tânia Ferraz, ela fundou, em 2002, a Native Original Products. As duas estavam envolvidas na criação do Design Tropical da Amazônia e verificaram que podiam fazer a diferença. “Nossa primeira loja foi aberta em 2002, na área internacional do Porto de Manaus. Tínhamos produtos do Brasil inteiro, pois o foco era o turista internacional”, recorda. Atualmente, a Native mantém um showroom na região Sul de Manaus e outro na Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi). Nos espaços, os clientes podem encontrar objetos de decoração até utensílios e mobiliário, todos confeccionados com madeiras certificadas ou de manejo sustentável e combinados com materiais como aço cromado, fibras e sementes nativas da Amazônia. “O apelo socioambiental dos produtos é enorme, ainda mais em uma época em que a preservação da Amazônia é crescente”, diz Rozana. O público-alvo da Native é formado por turistas nacionais e internacionais que visitam o Amazonas. A participação em feiras nacionais e internacionais constitui estratégia de prospectar novos clientes. A empresa possui canal aberto de exportação com a Europa. Como associada da Abexa (Associação Brasileira de Exportação de Artesanato), recebe o apoio para participar no estande Brasil em Feiras Internacionais. Coleciona quatro presenças na Intergift, na Espanha, e outra visita a Ceranor, em Portugal. “A Native busca ampliar sua área de atuação, aumentando a comunicação junto a um público selecionado de arquitetos, abrindo novas possibilidades de vendas com projetos de ambientação. Queremos ampliar contatos com lojas e empresas para a venda de brindes personalizados”, enfatiza Rozana. A missão da Native é reconhecida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que lhe deu o “Destaque Exportador Encomex”. Quando as conquistas avançam e são revertidas em benefícios da gente simples da Amazônia, Rozana enfatiza que cumpre seu objetivo. Recorda da sua própria história. Conta as dificuldades que encontrou aos 18 anos, momento em que decidiu pegar suas peças feitas em casa para vender em uma praça de Manaus, sua cidade natal. Graças a seu esforço, permite que muito mais pessoas sonhem o seu sonho. Por causa da Native, qualquer um pode levar para casa um belíssimo pedaço da Amazônia. 21 REGIONAL VOCAçÃO NATURAL PARA A BELEZA Apapi cria oportunidades para valorizar o trabalho de mais de mil artesãos piauienses O Piauí possui vocação natural e milenar para o artesanato. Lá, no Parque Nacional da Serra da Capivara, foi encontrada a cerâmica mais antiga das Américas: um bloco pintado com tinta com cerca de dez mil anos de idade. Pinturas rupestres enfeitam as centenas de grutas que preservam a história do povo brasileiro. Mas o importante é que a tradição milenar é mantida. Hoje em dia, o Piauí é retratado por mais de mil artesãos que se encontram na Associação dos Artesãos Profissionais do Piauí (Apapi). A memória é preservada ao mesmo tempo que gera emprego e renda para os profissionais. O trabalho da Apapi começa em 1987. No início, reunia cerca de 30 artistas. Atualmente, são mais de 1.000 artesãos que já se beneficiaram com a entidade em algum momento e a área de influência abrange Teresina, Parnaíba, Pedro II e José de Freitas. Os produtos são variados e englobam itens como colares, jogos americanos, bolsas, esculturas contemporâneas em madeira, arte sacra, cestos de buriti e joias de prata com pedra opala. Para confeccionar as obras há a exigência de ser ecologicamente correto. Assim, a maior parte dos insumos vem de fontes tipicamente piauienses: pedra mineral de opala, papeis, fibras, madeira e buriti. Maria Eliane é uma das representantes da Apapi. Fez da busca por melhorias para o artesanato local causa de sua vida. A luta ocorre com conhecimento de causa. Aos 16 anos, Maria Eliane aprendeu com o pernambucano Eduardo Cimeiro o ofício ceramista. Passou a transformar argila em objeto de decoração. Embora as peças tenham qualidade e beleza encantadoras, ela verificou na prática a urgência de valorizar o profissional e, consequentemente, a atividade. Por meio da entidade, torna-se possível unir forças e superar dificuldades. 22 “Conseguimos divulgar, comercializar e exportar o artesanato produzido por artistas membros da Apapi. Tudo teve início com a necessidade de os artesãos terem um espaço para expor e comercializarem os seus produtos”, diz Eliane. O associado amplia seus horizontes. Pode utilizar a sede da Apapi e a loja do projeto, em Teresina, capital do Piauí, para vender sua produção. A relação da Apapi com os associados é sustentada na fidelidade, no respeito e na confiança recíproca. “Tenho ótimo relacionamento com todos da Apapi. Recebi o convite de um ex-presidente para participar e vim. Estar na Apapi é ótimo. Acredito no que faço e na rede de relacionamentos que construímos para beneficiar o artesanato do Piauí”, afirma Eliane. O reconhecimento e respeito pelos artesãos ocorre com trabalho e ampliação das fronteiras. Nesse sentido, parcerias com o Instituto Cearense de Artesanato (Ica) e Associação Brasileira de Exportação de Artesanato (Abexa) são estratégicas. “Também participamos de seminários, cursos de reciclagem e as feiras, cujo foco é bem fortalecido. Criamos espaços para que sejamos respeitados pelo que somos e propomos mostrar o nosso trabalho com qualidade”, destaca. Caminhar junto com a Abexa e o Instituto Centro Cape (Capacitação e Apoio ao Empreendedor) possibilita dar saltos para os artesãos do Piauí. “A Abexa e o Cape são organizações responsáveis, sérias e que efetivamente estão envolvidas com as necessidades das associações e associados. É uma parceria saudável e necessária para o nosso progresso”, enfatiza. O avanço do artesanato no Piauí não é vitória apenas da Apapi ou de uma pessoa . É a vitória de todo o povo. Maria Eliane, da Apapi, não mede esforços para vencer as dificuldades FEIRAS E EVENTOS Feira Internacional Maison & Objet 2º Edição 07 a 11 de setembro França 23º Feira Nacional de Artesanato Estrada Real e suas Riquezas 04 a 09 de dezembro Belo Horizonte - Brasil Expominas Feira Intergift 2º Ed. 12 a 16 de setembro Espanha ONDE ENCONTRAR COOPERALDEIA Cooperativa de trabalho da Área têxtil, Vestuária, Moda, decoração e Artesanato (+55 11) 5565 0794 (+55 11) 9383 5202 Rua Jorge Rubens Neiva de Camargo, 228 sala 24 - [email protected] www.cooperaldeia.com.br NATIVE Apapi - Associação dos Artesãos Profissionais Autônomos do Piauí (+55 92) 3584 1163 Rua Rio Purus, 21 A - 2° andar Vieiralves - Manaus - Amazonas - BR www.nativeoriginal.com.br Rua Paissandú 1276 - Centro de Artesanato Mestre Dezinho Praça Pedro II - Centro Teresina - Piauí - CEP: 64001-120 native original Products [email protected] ICA - instituto Cearense de Artesanato Solidarium - solidarium Comércio Justo Centro Cape (+55 85) 3254 3667 Rua Rodrigues Júnior, 213 - Centro Fortaleza - CE - CEP: 60060-000 [email protected] www.projetoartbrasil.com.br (+55 41) 3254 5821 (+55 41) 9847 4334 Av. João Gualberto, nº 675, Alto da Glória, Curitiba - PR - CEP: 80.030-000 [email protected] www.solidarium.com.br (+55 31) 3282-8312 Rua Grão Mogol, 662, Sion. Belo Horizonte - MG. [email protected] www.centrocape.org.br 23 TO READ ThE PORTUGUESE vERSION, ROTATE AND STARTS AT ThE COvER. Editorial United We Are Greater Poet Gonçalves Dias once wrote about unification. He spoke of the virtue, the allure, and the consortium of goodwill that involves the strength of our soul. We advance together. United we are greater! Today, with the talent of the Brazilian people and the participation of CAPE (Center for Capacitation and Support to the Entrepreneur) and ABEXA (Brazilian Association for Exportation of Crafts), the art of handicraft has grown stronger. We generate income for thousands of families as we place nationally produced pieces in the highly competitive international market and these become reference worldwide. Editing and Project Cape Center Institute, Center Hands of Minas and Media Press. Editor Pedro Blank Collaborators Fred Wanderley Editing Fernanda Carvalho Translation Cultural Center for Language Studies Design & Art Casasanto Printing Tamóios Printing House Copies 5.000 Free distribution How do we do it? with a great deal of hard work. In this edition of Brasil Feito a Mão (In Portuguese, Brazil - Made by Hand,) we will see that the union of our artisans is now a fortunate reality. In all parts of the country, we see examples of companies and associations that present ideas and solutions to strengthen the art of handicraft. Thus, they provide a valuable service to Brazil – they reaffirm citizenship and allow the art of our people to display what’s best about Brazil. Were we alone, nothing would have been possible. But because we are a cohesive and professional team, results can be attained. Just imagine the continental dimensions of our territory and the natural difficulties that would arise should artisans, individually, try to deal with the international market! We have conquered this challenge with intelligence and strategy. From the quality of the raw materials and input to the packaging of the final product, all is thought of in light of preserving the cultural identity that we have made our mission to spread out. With a perspective of continual improvement, Brazil Made By Hand has created a new graphic design. We have given new life to the magazine. You will find our texts much easier to read, and will see what the best handicraft in the world is made of. You will get to know our people better as we pay tribute to those who dedicate their lives to making our planet more beautiful. TÂNIA MACHADO Coordinator at Cape Center Institute 1 Recycling COVER Collect garbage and recycle it. Better yet: transform it into art. Project Cooperaldeia [Cooperative for Textile Works], in São Paulo, capacitates artisans of the outskirts of the capital paulista to recycle and then shape true works of art Interview The Chief Minister of General Secretariat of the Presidency [of Brazil], Gilberto Carvalho, demonstrates how the sector of handicraft exports great pieces and presents the Brazilian culture to the world while generating income to thousands of families 2 Article How do art and design add value to a product? This article by Clara da Silva Schlepper shows how visual appearance adds value to the image of artisans, companies, products, and even to the image of Brazil The Internet Exportation The website www.solidarium. net has become a valuable, dynamic tool for the commerce of Brazilian handicrafts. This initiative benefits at least 5 thousand artisans and is recognized internationally Participation in international fairs is an important strategy to promote Brazilian handicraft. ABEXA presents to the world the professional standards and quality of our products INDEX CONTATO Where to find Regional Qualification ICA – Institute of Crafts of Ceará – brings together professionals from the states of Ceará, Tocantins, and Espírito Santo to create better work conditions and valorization with exclusive products The Brazilian handicraft has conquered the world. And for that, Cape Center has played an essential role in capacitating associates and, consequently, in the high quality of the products SHOW ROOM U.S.A +1 (917) 282-5838 7 West 34th Street Suíte 725.10001 New York, NY [email protected] NEW JERSEY DISTRIBUTION CENTER +1 (973) 365 5800 Monroe Street Passaic, 249, 07055, New Jersey - USA. www.iec.com Fairs & Events Sustainability The largest tropical forest in the planet, The Amazon, gains more international projection with the initiative of Native Original Products. With its focus on sustainability, the company does its share to spread environmental awareness Regional The Association of Professional Artisans of Piauí (APAPI), with more than 1,000 affiliates, incentivizes the utilization of raw materials from the state such as mineral the Opala stone, paper, fiber, wood, and buriti - a type of palm tree ABEXA [email protected] 55 61 3326-3139 www.abexa.org.br [email protected] 3 The Handicraft reflects the culture of a people The Chief Minister of General Secretariat of the Presidency of Brazil, Gilberto Carvalho, highlights that the work of artisans reveals the Brazilian culture to the world. The Chief Minister of General Secretariat of the Presidency [of Brazil], Gilberto Carvalho, claims that the handcraft is a unique tool to promote the Brazilian culture throughout the world. The work of artisans, however, goes beyond the idea of materializing the Brazilian culture. At a time when the government attempts to ensure citizenship through programs of redistribution of wealth, the handicraft has become a source of extra income to millions of people. Below, check out the interview that the Minister gave to Brazil Made by Hand. Gilberto Carvalho Chief Minister of General Secretariat of the Presidency [of Brazil] 4 Brazil Made by Hand: According to a survey conducted by Institute Vox Populi in 2011, more than half of our artisans are located on the southeastern part of the country. Is it a challenge to expand the activities to the rest of the country? Minister Gilberto Carvalho: The great diversity of the Brazilian culture allows for an expansion in the production of handicrafts not only in Brazil, but also beyond our borders. Craftsmanship is strongly connected to [the idea of having] guaranteed income, but I believe that we must break the dichotomy of seeing it as a means of survival. One cannot deny that the arts and crafts sector has an enormous potential to create jobs and generate income; moreover, it is correct to say that it also has the power to reveal talents, create cooperative groups, bring people together, add human values to products, and move our society in favor of causes that are just. The handicraft has very specific features such as innovativeness, delicacy, creation, creativity, originality, recyclability and reusability, etc. Furthermore, craftsmanship allows us to dream and travel through our cultural heritage, create, invent, and produce. It is necessary to adopt strategies and public policies to extend the radius of action of the handicraft and bring it to all regions of the country. However, expanding handicraft simply as a strategy to create jobs is just not enough. We must keep in mind that the Brazilian handicraft is part of the cultural and artistic asset of our country. Therefore, it is necessary to create initiatives to provide our artisans with greater professionalization, formalization, management skills, and also give them the possibility of access to new markets. Brazil is known worldwide as a model in programs of redistribution of wealth like Bolsa Familia [In Portuguese, Family grants] for example. Is the handicraft an option to complement the income provided by these social programs? We understand that the program Bolsa Família is intended to return to its beneficiaries some of the dignity they lost along the way. It is not just about transferring wealth to the poorest; we seek productive inclusion and access to the public services. The redistribution of wealth, in our understanding, is extremely necessary but it only brings temporary relief to poverty. On the other hand, its conditionality reinforce access to basic civil rights like education, health care, and social services. As for the complementary activities, they seek the development of the families in a way that the beneficiaries be able to overcome the state of vulnerability. In this sense, the arts and crafts may be a way INTERVIEW to complement income. But still, guaranteeing income alone is not enough, we have to ensure citizenship. It is estimated that the sector of crafts moves annually R$ 54 bi [roughly 27 billion US dollars] and buys from the industry about R$ 20 bi [U$ 10 bi]. Is it considered a major activity for the national economy? we also need innovation, planning, communication, and good management of small businesses, starting from their formalization, which is possible today through the program of individual entrepreneurship created by Sebrae. The work of associations is a way to add value to the products created by artisans and also make them more competitive. How do you evaluate the importance of cooperatives for the segment? From the economical point of view, we cannot close our eyes to the sums moved by this sector. I believe that the numbers are even bigger considering the great infor- With the advent of industrialization, handcrafted promality in the sector. Today we don't have updated data ducts are losing their identity. The mass production of on this segment, which also makes it difficult for us to industrialized products causes the craftsmanship to sufadopt public policies specifically directed to our arti- fer. And it is in this context that the cooperatives have a sans. Nevertheless, I am informed that SEBRAE [Small very important role. In simple words, cooperativeness Business Association] is overseeing the development of can be defined by the popular motto "unity is strength"; unity and strength are both a social and economical cennecessary to overcome adver"The great diversity of the Brazilian sus of the Brazilian handicraft sities. Cooperativeness is culture allows for an expansion in the which indubitably will help us more than just an association; to direct our resources. production of handicrafts not only in it is the search for the solution The major role of the General Brazil, but also beyond our borders." of problems through solidaSecretariat of the Presidency of the Republic is to coordinate the relationship between rity and mutual help which always results in the creation the government and the people. By the experience I of a society that is better and more just. acquired in the past 10 years, I am compelled to suggest On several occasions, President Dilma Roussef has that without an organization of our artisans very little demonstrated her admiration for the handicrafts made in will change. It is necessary that they contact and pressure the country. Are these initiatives part of the government's us [the government] us for things to advance. Social par- plan to institutionally advertise our arts and crafts? ticipation is for us a method of government and, maybe, one of the greatest legacies we will leave for our succes- It would be great if society discussed the creation of sors. Therefore, organize yourselves, take action, and put a law that formalizes the profession of artisan and its implications and legal obligations as part of the producpressure on your government. tive sector; after all, it generates income to millions of It is estimated that the sector of crafts moves annually Brazilians. I believe that the government would naturally R$ 54 bi [roughly 27 billion US dollars] and buys from get involved, and in a more decisive way too, once this the industry about R$ 20 bi [U$ 10 bi]. Is it considered legislation be created. a major activity for the national economy? In this next few years Brazil will be in the spotlights of Any initiative to train and capacitate workers is wel- the world as the host of the 2014 World Cup and the come, even more when they come from accredited 2016 Olympic Games. How do you see the role of the agencies like these. handicraft in the sense of promoting the history of the Also according to the 2011 Vox Populi survey with country and its people? artisans, it was verified that the raw materials most The arts and crafts are also part of the culture of a people. commonly used are fabric, metal, wood, fiber, straw, The mentioned events represent a very unique opporseeds, and leaves. Could the creation of lines of credit tunity to show the Brazil that Brazilians want others to with attractive interest rates help the workers? see. Surely, our handicraft is more than just a post card of It is always good to grant credit in order to jumpstart busi- Brazil. It fulfills with mastery the mission of presenting a nesses and stimulate the economy. But along with that little of our history. 5 6 ARTICLE The importance of Product Design What is Product Design anyway? Product Design is the process of creating a tangible reflection of all qualities and features of an object – real or virtual – or even the services of a brand. Clara Schlepper Manager and Director of Creation agency21 In a generalized manner, Product Design gives the object or product ‘something extra’ that follows the rules of aesthetics. Currently there really isn't a definite Theory of Product Design. Therefore, the designer is able to choose whether he wants to work with many theories or none. He or she can find guidance through empirical knowledge drawn from a very logical system. Yet, decisions are frequently made by sole intuition. In the traditional view, the process of development begins with the analysis of what already exists and that requires an innovative concept. Product Design is oriented to the numerous needs that the human being has, including physical and psychological needs for which it becomes a utility and, thus, differs from art. Though most of the time it is pure art. When it comes to the presentation of the product, the 'tool' used is what we call visual marketing which should not be confused with visual merchandising. On visual marketing we analyze the possibility of turning a product into the protagonist of the visual communication as we link economy, visual perception – in the sense of aesthetics, and cognitive psychology. The product and its visual communication become inseparable through this process which also guarantees its success in several ways. “The object itself is not interesting, but it is interesting in its presentation which comes from a series of thoughts including the story of the object, its symbolism, and the effect it produces on the beholder,” she quotes from writer Susan Sonntag who, in the 60s, had already come to this realization. In the last few decades, a number of studies have been done to analyze consumer behavior. These studies point out that the decision to buy something is not made consciously but rather unconsciously. Based on these studies, one can conclude that it is really necessary to know the target public well from the initial idea of the product to its packaging and even the manner in which it should be presented. In this society of consumerism that we live here in Europe where we basically have everything we need, for a product to touch us it has to tell a story and even act it out. When we feel seduced by a product, we buy it even though we don’t need it. Based on this principle, we have been working to help Brazilian companies add more representativeness to their product and translate their intentions to the local market. This can be accomplished by utilizing contemporary Brazilian design and international language and by aggregating value to the image of the company, its products, and the country’s image as well. Unfortunately, a great many of the Brazilian companies that participate in exhibits of different sectors in Europe have not yet demonstrated this type of concern. Therefore, they have difficulty in reaching the European market that, contrary to what is believed, continues to be rich in the average and has great buying power. Moreover, in contrast to the Brazilian average, they have had for a long time everything they need, so they require a different approach to be attracted. This type of approach is the visual marketing which follows the principles of design. 7 Inspired by the Pay It Forward philosophy, Tiago Dalvi is the creator of a foundation called Solidarium 8 THE INTERNET Handicraft without frontiers The Solidarium Foundation opens a website in 2012 to benefit 5,000 artisans throughout Brazil. The idea of creating a network to bring together clients, producers, artisans, cooperatives, associations, artists, and stores served as the basis for the development of a project that revolutionized the lives of thousands of professionals who experience citizenship through their talent. The Solidarium Foundation was created in 2007 to transform the lives of these people and it has made their dream become reality. Today, five years later, thousands of artisans find in the foundation’s website – www.solidarium.net – launched June 2012, the opportunity to sell their products. Through the Internet, without frontiers, the Solidarium Foundation truly pays it forward by propagating the cultural wealth of the country and by offering the tools needed to rewrite Brazilian history with valorization of the human being. The Solidarium Foundation transforms craftsmanship into business opportunities for the Brazilian people. Their merit has been awarded. In 2011, it was classified as one of the five greatest innovations for social and economical development by The Ashoka and Ebay Foundations. The network was also nominated as fellow by the Unreasonable Institute – a Business Development Agency that selects 25 entrepreneurs to spend 45 days on the sole purpose of escalating the impact of their businesses. The improvement brought on the lives of artisans is another decisive aspect that led the magazine Pequenas Empresas & Grandes Negócios [in Portuguese, small businesses & great deals] to elect Solidarium as the Most Successful Social Enterprise in 2011. Tiago Dalvi, director of Solidarium, had the idea of this enterprise when he was still studying administration at the Federal University of Parana. In 2006, when he met the Entrepreneur Alliance, he was convinced that he had acquired all the expertise needed to shape his project. “In 2006, I was working at the Entrepreneur Alliance when a multinational company hired us to make a huge purchase of small gifts to be given to its clients. During this process, I realized that there wasn’t a dedicated channel that would work as a liaison between artisans and buyers,” says Dalvi. The business would really gain momentum after his first failed attempt. In 2007, Dalvi opened a store that specialized in handicrafts in a mall in Curitiba. The results weren’t what he expected. His sense of entrepreneurism, now more acute, pointed to a major change in direction. A year later, as he tried to establish partnerships with other businesses, Dalvi concluded that large retailers would offer the gain in scale handicrafts needed to be economically viable. Walmart, the largest retailer in the world, was the first one to sign the partnership. Other major clients such as Lojas Renner, Tok & Stok, and Natura followed. “The partnerships really 9 THE INTERNET www.solidarium.net connects artisans to clients all over the world. opened doors. We put Brazilian handicrafts in the shelves of all major cities,” he highlights. The motivation to continually improve the lives of artisans works as the fuel that moves Solidarium to seek new business opportunities. In June this year, the website Solidarium.net was launched. On the first month, it received thousands of subscriptions. In thirty days, the company grew more than it did in the previous 5 years. With the help of Solidarium, artisans from any part of Brazil can connect with clients 10 worldwide. The infrastructure to carry out these deals is complete and running. The website www.solidarium.net excels at the idea of being an efficient space for business; there, artisans can get in touch with an array of suppliers of raw materials for their works while lowering cost and raising quality standards. “Our mission is to construct a better image of Brazil, that is, to show our diversity and also fight social inequality,” reinforces Dalvi, ever motivated to open the way and all doors for the best of the handicraft in the country. THE SOLIDARIUM FOUNDATION What it does Showcases online pieces produced by thousands of artisans from all parts of Brazil. E-mail [email protected] Site www.solidarium.net EXPORTATION Working along Artists ABEXA has incorporated artisans from across the country in an organization specializing in the exportation of national pieces. ABEXA, Brazilian Association for Exportation of Crafts, advocates professionalization as the main guideline for all associations of Brazilian artisans. Executive manager at ABEXA Being a non-profit organization, ABEXA promotes the union of entities in the whole country. The goal is to facilitate their access to international markets with a focus on wholesale. With headquarters in Brasilia, the association works together with APEX-Brazil and SEBRAE – Small Business Association – in order to promote and enhance the quality of the Brazilian handicraft. This work of valorization requires that ABEXA be present in the most important fairs of the sector in Europe and in the United States. In 2012, the entity launched two additional tools to project the Brazilian handicraft internationally. “We are in the conclusion phase of our first promotional website which will help us to be closer to the associations and the artisans who will also be able to verify and get to know the work that we have been doing. Another new feature is the itinerant booth that is being set up in Europe. With it we will be present in more fairs and become reference to all,” explains Gabrich. The image of the Brazilian artisan in the international market still carries a certain degree of amateurism, diagnoses Pedro Gabrich – executive manager at ABEXA. He adds that this image is embedded on a historical point of view that must be changed. “The Brazilian handicraft became a source of income during the hippie movement in the 60s. It was readily adopted as a means of survival by many people. But it ended up creating a very informal fashion of commercial relationship. Now we have got to change this image, and we are doing that,” concludes Gabrich. The market of handicraft circulates around R$ 80 bi [approx. U$ 40 billion dollars] annually. Although this estimate comes from an official source, it cannot be proved in its totality. Gabrich explains that the Mercorsur Common Nomenclature (MCN) does not have a specific code for handicrafts, which makes it difficult to account for what is exported. "We can't measure the amount of exportation. There is no way to tell a chair that is handcrafted from one that is industrialized. For the MCN, both are equal. We have got to change this. And this is something ABEXA has been fighting for," says Gabrich. Countries where ABEXA is present Scheduled for 2012 Israel Germany International Fair Tendence France Maison & Object Spain Intergift Brazil XXIII Nacional Fair of Handicraft Scheduled for 2013 Italy Projeto Comprador Milão USA Gift Fair - NY Seller Project - NY Dallas Gift Show Philadelphia Gift Show Artexpo - NY Hospitality Fair - NY Fancy Food - Washington Brazil XXIV Nationall Fair of Handicraft Project Buyer Northeast Region Project Buyer Northern Region Israel International Fair Germany Tendence, Ambiente Spain Intergift France Maison & Object 11 REGIONAL Benedito Moreira, Director of ICA Building another world is PossIBLE The Institute of Crafts of Ceará shows how the arts and crafts richly capture the culture of several regions of Brazil. 12 The Beatnik generation was born right after World War II to prove that building a brand new world was really possible. In the 50s and 60s, the ‘Beat generation’ showed that an anti-materialistic lifestyle was viable. Their philosophy echoed on all corners of the planet. In São Paulo, Brazil's financial center, a man named Benedito Moreira, also known as Sume, decided to change his routine. It was 1969 and he was working for a big company, however his restless spirit spoke louder and he decided to quit and flee from the life of stress he was living. He backpacked the country three times. In the state of Ceará he married, and later he went back to live in Embu das Artes, known as The City of the Artists, located in the region of Itapecerica da Serra, about 14 miles from the capital city of São Paulo. Cassio M'Boy and won the first prize at the International Exposition dedicated to Art and Technology in Paris. Even before he experienced success, he was already visited by celebrities like Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Alfredo Volpi, and other icons of the Modernist Movement of 1922. Upon arriving in the city of Embu das Artes, Sume was captivated by the arts and crafts. He possessed the patience and tranquility to learn the techniques used to make those beautiful pieces in metal. He felt that it was his destiny to be an artist. Later he returned to Ceará and, today, he is head of Institute of Crafts of Ceará (ICA). The entity gathers over 2,000 artisans and fosters the exportation of products with added value generating income to its associates. In 1937 he gained momentum and international projection as the image-maker “Restlessness was the trademark of my generation. I roamed Brazil, married in REGIONAL Ceará, returned to São Paulo, and ended up coming back to Ceará. The fuel that powered us was challenge, the desire to make things different,” Sume concludes. In 1992 he decided to move to Fortaleza, where he opened his studio and takes on the presidency of the Union of the Independent Artisans of Ceará (SIARA). There he is introduced to the reality of his fellow artisans. He saw that they needed to transform their art into income. His restlessness, the same from the 60s, led him to become one of the founders of ICA. Sume learned that the artisans lacked notions of basic business management. Consequently, through ICA, he helped them by incentivizing regional production. The collection of all raw materials is done in an environmentally correct manner, that is, there is no harm to nature. By the hands of artists, wood, cotton, carnauba fiber [plant native from Brazil], and vines receive shape and form. Such great ecological responsibility has even received the recognition of the French government. “Artisans are not businessmen, so we have to work together as a family. The work of one must be seen as the work of many. ICA’s mission is to make sure the Brazilian artisan has what he needs to live a decent life,” Sume states. ICA’s work and influence has gone beyond Ceará’s state lines. Today, among the 2,000 affiliated, there are people from the states of Tocantins, Goiás, and Espírito Santo. “Customers see the regional culture in the pieces that we sell. We have conquered our space because our products carry traits that are exclusive to the regions where they are produced. With pieces that are truly unique, we gain the international market,” Sume points out. Clearly, the desire to build a society that is more fraternal is still as alive as it was in the 60s. 13 Simply Flawless The Cape Center seeks to capacitate artisans and qualify Brazilian products to enter the international market Eduardo Eleuterio works in his studio in Santa Tereza – one of the oldest neighborhoods of Belo Horizonte. The pieces he produces there have conquered the world. When the President of the United States, Barack Obama, visited Brazil he received from President Dilma Roussef a jewelry box made by Eleuterio. The kind of promotion that the mineiro artisan received is the result of the work that The Cape Center does for its associates towards professional recognition and valorization. With highly valued professionals and high quality products, beginning with their production and all extending the way to packaging, it is possible to broaden horizons and enchant people, including Obama. The Cape Center holds monthly lectures and selects products to be exported. It aims at improving and increasing sales while preparing and qualifying artisans for the competitiveness of the international market. “We focus on qualification. We know that only through qualification and professionalization will the Brazilian artisan be able to compete in the international market. Besides, when products are export grade, they have added value in the national market,” explains Maria Luiza Drummond, exportation manager of the Cape Center. Participation in fairs is of the highest importance. It is estimated that the pieces exported in 2012 will amount to R$ 5 mi [approx. U$ 2.5 million dollars] and the number for next year should be about 10% higher. The Cape Center works a liaison between Brazilian artisans and The pot made of soap-stone is among the products that are most exported to the United States 14 QUALIFICATION National Export Data Figures per year in US dollars Through the work of The Cape Center, Barack Obama got to know the work of the mineiro artisan Eduardo Eleuterio. the large international retail networks. And because they cater to a refined clientele, the selection of pieces must be thorough and very careful. The first step is to analyze the piece and how likely it is to be sold. Several other criteria like quality, finish, and profile must be taken into account as well. “Another important thing is to verify that the pieces are not similar to Asian products in any way; otherwise, selling them becomes unviable,” adds Maria Luiza. As a marketing strategy, the Cape Center has adopted several different brand names in order to create greater impact and be better received abroad. In New York, for example, their permanent show room is named EcoArts – a brand created for the North American market; whereas is Europe, the name that caught on is BrazilHandicraft. With talent and professionalism, the Brazilian handicraft is deepening its roots in the major cities of the planet. Fairs where the Cape Center will be in 2012 Germany Ambiente France Maison & Objet Spain Intergift USA New York Gift Fair, Gift Week, Dallas Gift Show, Hospitality Fair, Philadelphia Gift Show, Fancy Food The work of Cape Center is acknowledged by the artisans. “The fact that they promote our names [and work] overseas, creates new business opportunities and open new paths,” admits Eduardo Eleuterio. To Maria Auxiliadora from Belo Horizonte, the Cape Center puts her work in a place of prestige. Currently, her pieces are commercialized in two large retail networks in Brazil. “I’ve just started participating in international fairs, thanks to the Cape Center. I hope to make a lot of money,” she declares. The Cape Center has proven that there are no limits to what handicraft can accomplish. 2010 US$ 3.965 millions 2011 US$ 4.971 millions 2012 US$ 6 millions (projection) *The most sold items in Europe and the USA Europe 1º Christmas Crib in Straw 2º Pizza pans in Soap Stone 3º Dolls in Calabash 4º Balls in Papier-mâché 5º Candlestick in Iron 6º Tray in Papier-mâché 7º Wall Candlestick in Iron Estados Unidos 1º Pizza pans in Soap Stone 2º Pot in Soap Stone with Handles in either Wood or Copper 3º Kitchen utensils in Soap Stone (salt jar, wine holder, spoon holder, cups, 3 pc container set, tray and 3 bowl set, and fruit basket) 4º Wooden boxes (especially round and oval) 5º Decorative fruit bowl * 1º semester - 2012. 15 COVER The garbage that becomes art From the outskirts of São Paulo, Cooperaldeia brings together artisans who recycle paper to make ornamental vases and transform tons of scraps of fabric into beautiful rag rugs. In May 2009, 38 artisans began a bold project called Cooperaldeia. Today, after three years of work and dedication, the project has already surpassed all expectations, including the most optimistic ones, and has become a model. Fruit of an entrepreneurial vision, Cooperaldeia came to take over the position that until then was occupied by SUTACO (Superintendence of Community Craftsmanship), a subdivision of the Secretary of Workforce of the state of São Paulo. With the new cooperative, the artists were able to sell and export with more freedom. Cooperaldeia’s headquarters is located in the south outskirts of São Paulo – a neighborhood that offers few leisure options and few job opportunities. Situated near the city of Diadema and the district of Jabaquara, the project gives support to programs ministered by the non-governmental institution Aldeia do Futuro, which qualifies youth for a better future in their communities. The work of social inclusion won Cooperaldeia the LIF Prize (Liberty, Equality, and Fraternity) from the France-Brazil Commerce Chamber in 2009. The award is given to companies that adopt sustainability 16 and responsible policies. “We believe that social inclusion can only be reached through work. It raises self-esteem as it improves the families’ social, financial, and educational levels,” claims Deli Espíndola – director of Cooperaldeia. The pieces made at Cooperaldeia are made of old newspapers and scraps of fabric – material that can be easily found here in São Paulo. “Besides the social work we do, we also have an important role in the sustainability chain. In many occasions we use up to 100 kilos [approx. 220 lbs] of fabric to make rag rugs. We also recycle an enormous amount of paper every year to make the vases that we sell,” explains Espíndola. Social inclusion is directly connected to job creation, but it is not limited to it, adds Espíndola. “Whenever it’s possible, we try to enrich the lives of our associates with excursions, visits to the theater, museums and tv shows, picnics in city parks, and short trips. In addition, in partnership with the sub-administration of Jabaquara and other institutes of our city, we have set up a choir and we provide preventive health care.” Handicraft has been in the life of Deli Espíndola ever since she was little. Cultural Preservation and Human Valorization – missions of Cooperaldeia 17 COVER A rug made of recycled material may take up to 220 lbs of fabric scraps that would normally be thrown away Born in the countryside of the state of Santa Catarina in 1939, she grew up with customs and traditions of which she feels very proud today. “Each backyard had its own herb garden. Each family raised their own chickens and pigs. They also had a cow for milk. And although these old customs required a lot of time, there was always plenty of time left; time to sit at the large kitchen table in the evening and talk about our day, embroider, knit, crochet, sew, and weave. That was my first contact with handicraft, a word which I didn’t even know back then,” reminisces with nostalgia. 18 At Cooperaldeia, Espíndola promotes cultural revival. “We do workshops featuring renaissance lace, file lace, honeycomb lace, and our specialties amarradinho – shaggy rag rugs – and fuxico – a delicate Brazilian version of patchwork. The work we do really motivates me. We are like a big family at Cooperaldeia. Works like the ones done by Cooperaldeia, ABEXA, and the Cape Center strengthen and promote the Brazilian artisan and his handicraft worldwide,” she emphasizes. Cooperaldeia is turning dreamers into true ambassadors of the Brazilian culture. Deli Espíndola, director of Cooperaldeia, promotes social inclusion through cultural enrichment 19 Inspired by The Amazon Since 2002, the organization Native Original Products has been promoting the work of the artisans of Amazonas who portray the allure of the largest tropical forest in the world in their art. 20 SUSTAINABILITY Tabatinga is a municipality in the state of Amazonas, located on the border with the countries of Colombia and Peru and 1,573 km [983 miles] from the capital city Manaus. Despite its proximity with cities of two distinct cultures, Tabatinga is a very Brazilian city. In Tabatinga, the inspiration for handicraft comes from The Amazon – the largest tropical forest in the world and one of the most beautiful postcards of Brazil. The state of Amazonas is the largest by area in the country - 1.5 million km2 [approx. 600,000 sq miles] – but its monumental dimensions are no obstacle to the artisans of Tabatinga who portray the beauty of the Amazon in their articles. Handicraft is an activity that provides income to hundreds of families statewide. The organization responsible for coordinating this work is called Native Original Products. It gathers over 150 artisans from 12 cities. The idea to create the organization came through a project called Tropical Design of The Amazon, a pioneer initiative that explores the utilization of natural resources in art and fosters human creativity. The program stimulates sustainability with the production of high-end articles from renewable natural materials. This way, the Amazon remains untouched while it generates income to the surrounding communities. The combination of the forest and skillful hand is just amazing. Raw material is shaped into tables, vases, trays, screens, and chairs. It’s an array of 30 articles. The pieces reflect the cultural heritage of the Brazilian Indians and the caboclo people. Rozana Trilha goes to great lengths to promote local artisans. Together with her sister, Tânia Ferraz, she co-founded Native Original Products in 2002. The two sisters had been involved in the creation of Tropical Design of The Amazon and came to the realization that they could indeed make a difference. “We opened our first shop in 2002 in the international area of Manaus Seaport. We had products from everywhere in Brazil; our focus was the foreign tourist,” she recalls. Currently the organization maintains two permanent show-rooms, one in the south region of Manaus and another at FUCAPI – Center of Analysis, Research and Technological Innovation Foundation. There customers may find high-end decorative and utilitarian crafts, artwork, and furniture made with certified local woods, fiber, and seeds and some details in chromed steel. “There is a strong socio-environmental appeal to the products, even more now that people are becoming more aware of the need to preserve the Amazon,” says Rozana. The target public of Native Original Products is the tourists who visit Amazonas, both from the country and from abroad. As a strategy to reach prospect clients, the organization participates in national and international fairs of the sector. With the support of ABEXA – Brazilian Association for Exportation of Crafts, it displays its products and has an open channel for exportation to Europe. The organization has been featured four times at Intergift in Spain and once at Ceranor in Portugal. “Native Original Products is seeking partnerships with a select group of architects in order to develop ambience projects. We also want to work with stores to sell personalized gifts,” emphasizes Rozana. Native Original Products’s mission is regconized by the Ministry of Development, Industry, and Foreign Trade [of Brazil], from which the organization received the award Encomex Prominent Exporter. As their goals are reached and the humble people of the Amazon are benefited, Rozana says that she feels she’s accomplished her mission. As she looks back on her own story, she relives the difficulties she faced when she was 18. She had decided to sell the pieces she had made at home in a public square in Manaus, her hometown. Thanks to her dedication and work, many more people can now share the same dream. Because of Native Original Products, anyone can take a beautiful little piece of the Amazon back home. 21 REGIONAL Natural Talent for Beauty APAPI creates opportunities to promote the work of over a thousand artisans from Piauí The state of Piauí possesses a millennial natural talent for handicraft. There, in the National Park of Serra da Capivara, the oldest article of pottery in the American continent was found – a painted block that is 10,000 years old. Rupestral drawings beautify the walls of hundreds of caves that preserve the history of the Brazilian people. And these millennium old traditions are maintained by the more than one thousand artisans that meet at the Association of the Professional Artisans of Piauí (APAPI). The mission of APAPI is to preserve these memories while providing work and income to professional artisans. The work of APAPI began in 1987 with 30 artisans. Currently, there are over a thousand who benefit from the activities of the institution in cities like Teresina, Parnaíba, Pedro II, and José de Freitas. The pieces produced are diverse and range from necklaces, table linens and placemats, handbags, contemporary sculptures in wood, sacred art, and baskets in buriti (a.k.a. Moriche Palm) to dinnerware in silver with opal stones. The work of confection of these pieces is 100% ecologically correct. Most of the raw material comes from local sources, examples of which are the mineral opal stones, paper, fiber, wood, and buriti. Maria Eliane, one of the representatives of APAPI, learned the art of ceramic making from artist Eduardo Cimeiro of Pernambuco when she was 16. She then began to transform clay into decorative objects. Although the pieces she produced were of a fascinating beauty and of a great quality, she noticed the need for promotion and valorization of the professional and, consequently, the technique. She embraced the cause and made it her life commitment. 22 Through APAPI, she has been able to join forces and overcome obstacles, and continues to fight for improvements for the local handicraft and its artisans. “It all began with the need for a space to display and sell our handicraft. We joined up and we were able to promote, commercialize, and export the products made by the artisans, members of APAPI,” says Eliane. Associates can expand their horizons. They may use the institution’s facilities em Teresina, capital city of Piauí, to sell their artwork. The relationship between APAPI and its associates is based on loyalty, respect, and mutual trust. “I have a great relationship with everyone at APAPI. I was invited by an ex-director of the company and came. It feels great to be part of APAPI,” says Eliane. Recognition and respect for the artisans is a result of the work we do. In this sense, the partnerships with ICA – Institute of Crafts of Ceará and ABEXA – Brazilian Association for Exportation of Crafts are highly efficient. “We participate of every major seminar, refresher course, and fair. We work to have our own space and be respected for who we are as we show a work of very good quality,” she concludes. By walking along with ABEXA and The Center Cape Institute - Center for Capacitation and Support to the Entrepreneur, the artisans of Piauí are able to take giant steps. “ABEXA and Cape Center are serious organizations that are truly committed to attending the needs of the associations and its associates. It is a healthy relationship and it is necessary to our progress,” she highlights. The advance of the handicraft in Piauí is a victory not only for APAPI but for all the people. Maria Eliane, da Apapi, não mede esforços para vencer as dificuldades Fairs and Events International Fair Maison & Objet 2º Edition 23 rd National Fair of Handicraft September 7-11 France The Royal Road and its Richness December 4-9 Belo Horizonte - Brazil Expominas Intergift Fair 2 nd Edition September 6-16 Spain Where To FIND NATIVE Apapi - Association of the Professional Artisans of Piauí (+55 92) 3584 1163 Adress: Rua Rio Purus, 21 A - 2° andar Vieiralves - Manaus - Amazonas - BR Website: www.nativeoriginal.com.br Adress: Rua Paissandú 1276 - Centro de Artesanato Mestre Dezinho Praça Pedro II Centro Teresina - PI - BR - 64001-120 ICA - Institute of Crafts of Ceará Solidarium - Solidarium Fair Trade Centro Cape (+55 85) 3254 3667 Adress: Rua Rodrigues Júnior, 213 - Centro Fortaleza - CE - BR - 60060-000 Email: [email protected] Website: www.projetoartbrasil.com.br (+55 41) 3254 5821 (+55 41) 9847 4334 Adress: Av. João Gualberto, nº 675, Alto da Glória - Curitiba, PR - BR - 80.030-000 Email: [email protected] Website: www.solidarium.com.br (+55 31) 3282-8312 Adress: Rua Grão Mogol, 662, Sion. Belo Horizonte - MG - BR. Email: [email protected] Website: www.centrocape.org.br COOPERALDEIA Cooperative for Textile Works, Clothes, Fashion, Decoration, and Handicraft (+55 11) 5565 0794 (+55 11) 9383 5202 Adress: Rua Jorge Rubens Neiva de Camargo, 228, # 24 - São Paulo, SP - BR Email: [email protected] Webbsite: www.cooperaldeia.com.br Native Original Products apaPiauí@yahoo.com.br 23 PARA LER A vERSãO EM INGLêS, GIRE A REvISTA E COMECE PELA CAPA.