apostolado brasileiro
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Em defesa da língua portuguesa Arnaldo Niskier Outubro 2012 O pensamento político brasileiro contemporâneo (1970-2011) Ricardo Vélez Rodríguez Síntese da Conjuntura Conjuntura econômica Número 691 Ernane Galvêas Outubro 2012 691 Conselho Técnico Presidente Antonio Oliveira Santos Conselheiros Amaury Temporal Antonio Celso Alves Pereira Antonio Chagas Meirelles Antonio Paim Ari Cordeiro Filho Arnaldo Niskier Arno Wehling Arnoldo Wald Aspásia Camargo Carlos Afonso Pierantoni Gambôa Carlos Antonio Bettencourt Bueno Carlos Mario Alves Pinto Célio Borja Cid Heraclito de Queiroz Claudio R. Contador Diogo de Figueiredo Moreira Neto Eduardo da Silveira Gomes Júnior Eliseu Álvares Pujol Ellen Gracie Northfleet Ernane Galvêas Ernesto Albrecht Evaristo de Moraes Filho Geraldo Holanda Cavalcanti Gilberto Paim Harry Adler Ives Gandra da Silva Martins Jaime Rotstein Jarbas Passarinho J. Bernardo Cabral João Clemente Baena Soares João Havelange João Paulo de Almeida Magalhães João Paulo dos Reis Velloso João Ricardo Carneiro Moderno Joel Mendes Rennó José Arthur Rios José Botafogo Gonçalves José Carlos Barbosa Moreira José Carlos Fragoso Pires José Carlos Soares Freire José Luiz S. Miranda José Osvaldo de Meira Penna Julian Chacel Léa Maria Sussekind Viveiros de Castro Leonidas Pires Gonçalves Leopoldo Garcia Brandão Luiz Felipe Lampreia Luiz Guilherme Schymura de Oliveira Luiz Roberto A. Cunha Manoel Pio Corrêa Júnior Marco Cesar Meira Naslausky Marcos de Azambuja Marcus Faver Maria Beltrão Mary del Priore Mauro Gandra Mauro Moreira Meton Soares Junior Nelson M. de Mello e Souza Ney E. Prado Olga Côrtes Leão Simbalista Oscar de Oliveira Oswaldo Trigueiros Júnior Paulo Bonavides Paulo Mercadante Ricardo Vélez Rodríguez Roberto Abdenur Roberto Cavalcanti de Albuquerque Roberto Fendt Roberto P. de Lima Netto Roberto Rosas Rosiska Darcy de Oliveira Rubem de Freitas Novaes Samuel Auday Buzaglo Sebastião do Rego Barros Sergio F. Quintella Sydney A. Latini Theophilo de Azeredo Santos Vasco Mariz Walber José Chavantes Outubro 2012 Problemas Nacionais 691 Conferências pronunciadas nas reuniões semanais do Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo Sumário Em defesa da língua portuguesa . .............................. 3 Arnaldo Niskier O pensamento político brasileiro contemporâneo (1970-2011) .................................. 24 Ricardo Vélez Rodríguez Síntese da Conjuntura Conjuntura econômica ............................................ 97 Ernane Galvêas São de responsabilidade de seus autores os conceitos emitidos nas conferências aqui publicadas. Solicita-se aos assinantes comunicarem qualquer alteração de endereço. As matérias podem ser livremente reproduzidas integral ou parcialmente, desde que citada a fonte. A íntegra das duas últimas edições desta publicação estão disponíveis no endereço www.cnc.org.br. Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo Outubro 2012, n. 691 Brasília SBN Quadra 01 Bloco B no 14, 15o ao 18o andar Edifício CNC CEP 70041-902 PABX (61) 3329-9500 | 3329-9501 [email protected] Rio de Janeiro Avenida General Justo, 307 CEP 20021-130 Rio de Janeiro Tels.: (21) 3804-9241 Fax (21) 2544-9279 [email protected] www.cnc.org.br Publicação Mensal Editor-Responsável: Gilberto Paim Projeto Gráfico: Assessoria de Comunicação/Programação Visual Impressão: Gráfica Ultraset Carta Mensal |Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – v. 1, n. 1 (1955) – Rio de Janeiro: CNC, 1955 108 p. Mensal ISSN 0101-4315 1. Problemas Brasileiros – Periódicos. I. Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Conselho Técnico. Em defesa da língua portuguesa Arnaldo Niskier Doutor em Educação, membro da Academia Brasileira de Letras e Presidente do CIEE/RJ “Sou dos menos competentes para avaliar pelo justo e pelo miúdo a importância e a superioridade de uma gramática.” Machado de Assis T emos hoje cerca de 280 milhões de falantes da língua portuguesa, sendo 250 milhões de nativos e 30 milhões de segunda língua. Somos a sexta língua mais falada no mundo, o que não foi motivo ainda para que ela merecesse a sua oficialização na Organização das Nações Unidas. Resta-nos o obstáculo das diferenças que o Acordo Ortográfico de Unificação da Língua Portuguesa procura corrigir, sem buscar a unidade prosódica que seria fora de propósito. Cada país da comunidade lusófona deve falar preservando as suas características. Assim se garantem a variedade e a riqueza do idioma. O Acordo entrará em vigor, definitivamente, no dia 1o de janeiro de 2013. Há resistência em Portugal, com a tese absurda de que o Brasil tenta uma nova forma de colonialismo cultural com a sua implantação Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 3 (“cedências excessivas”, dizem eles) ou o emprego de “bizarrices”, como acusa o escritor Graça Moura. Enquanto nossos livros, jornais e revistas adotaram a simplificação vernacular, na terra de Eça de Queirós há resistências incompreensíveis, retardando a unificação pretendida, de resto uma velha reivindicação lusitana, aprovada na década de 1940. Em encontro recente, na Academia Brasileira de Letras, o filólogo Evanildo Bechara, dos mais respeitados em nosso País, recordou a defesa que da nossa língua fez o escritor José de Alencar, em 1º de agosto de 1865, no Posfácio de Diva. Era a propósito de eventuais estrangeirismos: “As línguas não são instrumentos puros: elas, como instrumento de comunicação de uma sociedade que entra em contato com outros povos, podem receber palavras e ideias novas, mas também transmitir palavras e ideias novas. A língua é instrumento do espírito e não pode ficar estacionária quando este se desenvolve.” Mas o pai do romance brasileiro pareceu pressentir as dificuldades de um acordo de unificação, com essas palavras: “Na substância, a linguagem há de ser a mesma, para que o escritor possa exprimir as ideias do seu tempo e o público possa compreender o livro que se lhe oferece.” Bechara preocupa-se com a defesa da língua: “Devemos olhar não só para o ensino, para a cultura, mas para as lições da universidade que se transforma, com a construção representada pelo trabalho do professor.” Nesse aspecto, dizemos nós, há uma longa caminhada a ser percorrida, na verdade a partir dos primeiros anos escolares, pois registra-se um grande desleixo nessa forma de comunicação. O exemplo maior pode ser o resultado das provas de português, nos exames da OAB, em que se revela verdadeira catástrofe vernacular. Não há magistrado que deixe de reclamar dos textos de advogados que lhes são submetidos, proclamando a sua precariedade. 4 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 Podemos inferir que o emprego desordenado dos computadores não melhorou em nada essa perspectiva. Ao contrário, revela-se uma clara degradação, estimulada pelo que os jovens hoje chamam de “internetês”. Isso os afasta da norma culta ou padrão da língua. Para muitos estudantes, a língua portuguesa é bastante difícil. Tem lá os seus mistérios, como a complicada questão dos nossos verbos, que estão longe de ter a simplicidade, por exemplo, dos verbos ingleses. Com a implantação do Acordo Ortográfico de Unificação da Língua Portuguesa, surgiu mais um elemento complicador, de difícil absorção, que é o problema dos hífens. Na verdade, embora se proclame que o Acordo nasceu para simplificar o trato do nosso vernáculo, não se pode buscar uma lógica para compreender o que se passa com os hífens. O que se tem mesmo é que estudar todos os casos. Dad Squarisi diz que o hífen é um “castigo de Deus”... Por essas e outras, com seus usos e abusos, estamos vivendo uma crise no mundo lusófono. Alguns intelectuais portugueses e outros oriundos das antigas colônias resistem bravamente à implantação do Acordo, alguns até sob a fantasiosa alegação de que estamos querendo adotar, no Brasil, uma atitude neocolonialista. Uma espécie de forra, muitos anos depois, do predomínio de Portugal sobre todas essas nações, inclusive o Brasil, que se tornou independente somente no ano de 1822. Enquanto isso se passa no plano internacional, no plano interno sofremos as consequências de uma luta surda e sem sentido entre gramáticos e linguistas. Estes, em geral mais jovens, defendem uma liberdade excessiva na forma de falar o nosso idioma, o que tem motivado enorme celeuma, como no caso do livro que apresentava a frase “nós pega o peixe” como perfeitamente plausível. O MEC indicou a obra em suas listas para compras de livros didáticos. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 5 Não se pode condenar o discurso favorável à linguagem popular. Ela é uma realidade e isso não acontece somente em rincões interioranos, mas é perfeitamente encontrável até mesmo nas periferias das grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo. Pode-se aquilatar essa realidade no exame de alguns anúncios feitos em vendinhas do estado mais industrializado do País, como iremos demonstrar. Se é motivo para risos, não deixa de ser também razão para se lamentar que isso ocorra. Por quê? Porque não se deve desprezar a norma culta de forma alguma, principalmente nas escolas. Quando os nossos jovens são levados aos concursos cada vez mais numerosos, o que vale é o padrão culto. Por isso existe uma proporção tão grande de reprovados. Brasileirismos Em mais de cinco séculos, o patrimônio cultural do Brasil, na área da linguística, teve a importante contribuição de línguas indígenas, africanas e portuguesas, além das inovações que chamamos de brasileirismos. Este fato reforça a tese de que é o povo que faz a língua. E mais: a leitura libera e leva a conhecer melhor o mundo, o outro e a si mesmo. A linguagem, portanto, manifesta a liberdade criadora do homem. Historicamente, sempre houve discussões em torno de questões ortográficas, como a que foi suscitada por José Veríssimo: se o nome Brasil deveria ser escrito com “s” ou com “z”. Em 1922, sem nenhum apoio financeiro oficial, o filólogo, lexicógrafo, tradutor, ensaísta e dicionarista Antenor Nascentes realizou estudos que geraram o livro O linguajar carioca, muito elogiado, mas 6 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 que o próprio autor reconhecia que não era definitivo. Esta obra tornou-se referência justamente por ter sido a primeira do escritor brasileiro nesta área. Mais adiante, ele lançaria A gíria brasileira (1958) e Bases para elaboração de um Atlas Linguístico do Brasil (1958, o primeiro volume). Um fato merece registro: O linguajar carioca veio a lume graças aos incentivos do professor alemão W. Meyer-Lübke, especialista em estudos sobre a língua viva e que ficaria famoso entre nós por escrever o Prefácio do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, também de Antenor Nascentes, em 1932. As dificuldades e possíveis deficiências encontradas durante a realização do trabalho levaram Antenor Nascentes a fazer a seguinte previsão: “Nosso trabalho não é para a geração atual; daqui a cem anos, os estudiosos encontrarão nela uma fotografia do estado da língua e neste ponto serão mais felizes do que nós que nada encontramos do falar de 1822.” O interessante é que não foi preciso nem um século para que houvesse uma ampliação do campo do estudo linguístico por ele divulgado no livro O linguajar carioca. Passados 21 anos, em 1953, por ocasião da reedição do livro, houve alguns acréscimos e também pequenas alterações de conceitos, como a mudança na classificação dos subdialetos. Antes, em 1922, Antenor Nascentes admitia a existência de apenas quatro subdialetos (nortista, fluminense, sertanejo e sulista); em 1953, passou a reconhecer seis subfalares, sendo dois do Norte (amazonense e nordestino) e quatro do Sul (baiano, fluminense, mineiro e sulista). Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 7 Dicionário etimológico Em 1932, houve o lançamento do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, que obteve aclamação de todos, de professores a especialistas. É considerado o primeiro dicionário publicado no gênero no Brasil, já que o Dicionário Etimológico, do português Adolfo Coelho, de 1890, registrava apenas os étimos (vocábulos que constituem a origem de outros). Já a obra de Antenor Nascentes era completa, fornecendo a evolução fonética, histórica e sociológica. A obra também conquistou, naquele ano, o Prêmio Francisco Alves, da Academia Brasileira de Letras, por suas pesquisas pioneiras. Antenor Nascentes provocou polêmica, em 1922, por ocasião do lançamento do seu livro O linguajar carioca, quando afirmou que o maior obstáculo para que Brasil conseguisse concluir a divisão em áreas linguísticas era “a falta de determinação de isoglossas”. Essa palavra, isoglossa, que soa um tanto estranho aos leigos, nada mais é do que “a linha geográfica que delimita a área em que ocorre determinado traço linguístico”. Anos depois, mesmo ele conseguindo ampliar o leque dos estudos nesta área, em 1953, a deficiência de isoglossas continuava. 8 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 Ninguém prosseguiu nas pesquisas iniciadas por Antenor Nascentes. O filólogo defendia com clareza a realização de atlas regionais, que depois seriam unidos, formando um único documento, abrangendo todo o território nacional. O reconhecimento da importância da obra de Antenor Nascentes é uma unanimidade. Embora não tenha feito parte da Academia Brasileira de Letras, sempre merecerá o nosso respeito, tanto pelo valor de sua obra quanto por suas opiniões firmes e coerentes, como esta que aqui transcrevo: “A língua é uma entidade viva e não pode obedecer a resoluções de gabinete, por mais respeitáveis que sejam.” Currículo único De vez em quando, talvez na falta do que fazer, alguém inventa algo totalmente fora de propósito. No caso da educação brasileira, quase tudo o que poderia ser teorizado consta de belíssimos e bolorentos relatórios. Isso não é coisa nova, pois até no Império buscava-se copiar o que vinha de fora, como uma típica e desnecessária manifestação de transplantação de cultura, como ocorreu com o ensino lancasteriano. Tornou-se acesa, no final de 2011, a discussão em torno da implantação de um currículo único nas escolas de educação básica de todo o País. Os argumentos são os mais variados, entre eles o de que assim não se prejudicará a criança ou o jovem que necessitar transferência de um estado para outro. A tão decantada diversidade cultural do Brasil, que levou grandes escritores, como Gilberto Freyre, a proclamar a existência de vários brasis em regiões diferentes, foi deixada de lado. Os autores da iniciativa querem um só Brasil, de Norte a Sul, como se isso fosse possível. Não Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 9 cola o argumento de que serão deixados 30% dos currículos para serem determinados pelos conselhos estaduais e municipais de educação. Isso cheira a uma perigosa centralização. Parece que alguns educadores, que não tiveram a experiência da ditadura Vargas, sentem saudade do que não conheceram. Havia o livro único, sintoma claro da falta de liberdade dos nossos escritores, além de um controle inviável por parte do então Ministério da Educação e Saúde. Trabalhava-se com medo de desagradar aos poderosos – e isso podia dar até cadeia. Quando se perde um tempo precioso na discussão desse tema, esquece-se uma questão essencial: há uma clara desnacionalização de algumas das principais editoras brasileiras, que estão sendo adquiridas por firmas espanholas, portuguesas, inglesas e americanas. Quando não é a totalidade das ações, é uma espécie de parceria em que perdemos o comando. Nossos intelectuais, tão ciosos na defesa dos interesses nacionais, estão quietos em relação a esse processo galopante de alienação. Há um pormenor que nos angustia: a compra de livros didáticos por parte do governo brasileiro. São grandes aquisições, de milhões de livros, que ficam sob a orientação de firmas estrangeiras. São os seus diretores que irão nortear o que se deve fazer para melhorar o ensino da língua portuguesa? No momento em que se pretende valorizar a cultura africana, nas lições de história, entregamos a elaboração dos nossos livros a um poder alienígena? Não basta argumentar que os autores serão brasileiros. Eles estarão submetidos a uma orientação que não é nossa. Se caminharmos para o currículo único, mais fácil será ainda a conquista das mentes dos nossos estudantes, pois não haverá a oferta democrática de opções, nas diversas disciplinas que compõem a grade curricular. Convém pensar também no destino das pequenas e médias editoras brasileiras, que certamente serão sufocadas por esse perigoso sistema. 10 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 CPI linguístico Em recente noticiário da Folha, foi registrado o recorde de reprovação na secional paulista da OAB. Dentre os 20.237 candidatos (advogados formados – bacharéis em Direito) o índice de reprovação foi de 92,8%, apenas 1.450 conseguiram aprovação. O Dr. Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da OAB/SP, acha que “há pessoas que chegam à prova e não sabem conjugar verbos ou colocar as palavras no plural”, recomendado que “é preciso reagir”. Concordamos inteiramente com ele. Muitos comunicadores, até renomados, com a desculpa da modernidade, erram à vontade, como acontece com frequência na CPI dos Correios. Pensamos, até, para ficar na moda, que se poderia criar a CPI da Língua Portuguesa. Os erros mais escandalosos seriam punidos com multas e até prisões, com leituras obrigatórias, como um dia pensou o deputado Aldo Rebelo. Isto sem esquecer as frequentes derrapadas nas concordâncias verbal, nominal e pronominal. Fui convidado pela equipe do “Fantástico” (TV Globo) para acompanhar um grupo de estudantes de 14/15 anos, às voltas com uma novidade cibernética: linguagem “icq”, sigla da expressão inglesa “I seek you”. O experimento teve lugar no Colégio Anglo-Americano da Barra da Tijuca. Os jovens, meninos e meninas, eram sete, cada um pilotando o seu computador. Eles se entendem (!) em uma linguagem estranha. E me explicaram: “A gente escreve como se pronuncia. Por exemplo, o não é ‘naum’ e o nosso querido João virou ‘Joaum’.” Virei para a direita e li no computador a menina perguntar “si stou tranquilu”. É claro que dei a resposta negativa. Não estou tranquilo porque a coisa é esquisita. Estabeleci um diálogo curioso com os jovens. Eles se entendem entre si e podem também se comunicar com outros integrantes do sistema, conectados no “icq”. Todos escrevendo a linguagem inoCarta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 11 vadora e discutível: “Vc goxta di lr?” As vogais sofrem, sobretudo o “e”, que pouco aparece, como pude perceber. Então, perguntei a uma bonita menina de óculos: – Os seus pais aprovam esse uso do computador, em casa? Ela confessou que não. O pai, outro dia, aborrecido, entrou no sistema e corrigiu tudo. Ficou uma fera com o que ele qualificou como “desrespeito à língua de Camões”. Insisti em saber da Júlia se ela gosta de ler. Afirmou peremptoriamente que não: “os livros são muito chatos”. Perguntei se a escolha não tinha sido infeliz, ela diz que não. E confessa que o “icq” é um barato, às vezes fica horas conversando com colegas, amigos e até professores. Perde-se no horário. Em determinada ocasião, deu-se conta, ficou até depois da meia-noite nesse exercício de comunicação. Foi dormir feliz da vida. O “eu procuro você” nasceu no Estado de Israel, provavelmente por motivos locais. Nós adotamos e, se for como brincadeira, tudo bem. Mas trocar pelo livro, que é notoriamente um instrumento insubstituível de cultura, francamente, nem pensar. Discuti com os alunos, na frente das câmeras, o que é linguagem popular e o que é norma culta. O João sabia direitinho a diferença e deu uma explicação convincente: “Se um dia depender de concurso público, para exercer uma profissão, precisarei da norma culta.” Se os jovens tomarem consciência dessa necessidade, separando o joio do trigo, o “icq” valerá como curiosidade. Mas se for permanente e substitutivo da nossa língua inculta e bela, estaremos perdidos. Não se pode defender a existência de uma separação linguística, dividindo o falar do rico e do pobre. Temos uma realidade plurilinguística, considerando-se basicamente que a norma culta deve ser respeitada, sobretudo, nos códigos escritos. 12 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 O povo brasileiro, em geral, faz questão de acertar, o que falta é o acesso ao conhecimento. A norma culta não pode ser apregoada como inacessível. A fama de que o português é uma língua “difícil” só aumenta a barreira em torno de seu aprendizado. A questão não é nova. Rodeando essa suposta “dificuldade” da língua, gira muita lenda. Dizem que Rui Barbosa, ao chegar em casa, certo dia, ouviu um barulho estranho vindo do quintal. Chegando lá, viu um ladrão, tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe: “Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas, sim, pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência do que o vulgo denomina nada.” Por fim, o ladrão, confuso, diz: “Dotô, eu levo ou deixo os pato?” O rádio e a TV, às vezes, dão contribuições negativas, quando repórteres e atores falam errado, esquecendo as concordâncias nominal e verbal. E a questão da regência verbal? Continua-se a dizer em alto e bom som nas novelas: “eu lhe amo”. Regionalismo à parte, consideramos inaceitável. Por mais preparados que estivermos, é comum nos depararmos com casos de discrepâncias tão acentuadas da língua portuguesa, que é inadmissível não tentar, ao menos, corrigir – temendo a censura dos linguistas que defendem menos rigor com os diversos “falares”. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 13 Pedagonet Estamos vivendo um período de grandes perplexidades e, aparentemente, muitas contradições. Alguns intelectuais mais apressados anunciaram o fim dos livros, jornais e revistas impressos em papel. Comemoram, com isso, a sobrevivência de milhões de árvores que deixariam de ser abatidas. Por outro lado, foi divulgada a notícia de que, no Brasil, nos dois últimos anos, a venda de jornais cresceu significativamente, em parte devido à ampliação dos limites da nossa classe média, em virtude do sucesso das políticas econômicas do governo. E um dado formidável: os jovens estão lendo mais, não se contentando apenas com as notícias colhidas na internet. Um estudo intitulado Medium Matters (“Questão de meio” em uma tradução mais literal), da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, levantou que um leitor de jornal em papel retém mais que um leitor on-line, comprovando que o “meio” é um importante indicador para a retenção de dados após a leitura. Vêm aí tabuletas coloridas, lousas eletrônicas, associadas a vídeos e jogos interativos, que fascinam o espírito dos nossos jovens. Teremos cursos on-line e aulas virtuais que acabarão configurando o que chamamos de PEDAGONET, ou seja, uma nova visão da pedagogia do futuro, mudando completamente o que até aqui considerávamos a tradicional relação ensino-aprendizagem. Os professores serão substituídos pelas máquinas? 14 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 Mesmo que os novos livros custem menos de US$10, nessa nova realidade, a nosso ver será sempre necessária a orientação e o aconselhamento dos mestres, sobretudo quando advierem as dúvidas naturais. Quem as tirará? O sonho de que isso possa ser feito em casa, por pais preparados, não contempla a realidade dos fatos. Sabe-se que, na prática, somente 10% dos pais se envolvem nos estudos dos filhos, sendo esse número ínfimo quando se trata de escolas públicas. Esse quadro não nos parece que possa ser mudado com facilidade – e em pouco tempo. O que precisa ser feito – e aí vai um conselho não solicitado pelo Ministro Aloísio Mercadante – é uma revolução rápida e inadiável nos cursos de formação de professores. É matéria para figurar no anunciado Pacto Nacional da Educação. Fala-se nisso há tanto tempo que se tornou uma ladainha cansativa, sem resultados práticos. Quem conhece os cursos de pedagogia, como é o nosso caso, não acredita que eles possam sobreviver, nas suas atuais estruturas, que passam ao largo de todas essas incríveis mudanças. Há milhares de professores que não sabem utilizar um computador, outros milhares não têm acesso às máquinas novidadeiras. Se eles não sabem, são orientados pelos alunos, em uma inversão da dinâmica desejável. Os jovens são sensíveis, respeitam os que sabem mais, não os que aprendem com eles. Eis aí um desafio posto em face da atual geração. O Conselho Nacional de Educação, que merece o nosso respeito, deveria concentrar todas as suas baterias nesse processo de adaptação da educação brasileira aos novos tempos, deixando de lado questões menores, como a discussão sobre o hipotético “racismo” de Monteiro Lobato. Racismo é cruzar os braços diante do avanço ciclópico do conhecimento e de suas máquinas inovadoras. Que milagre está sendo esperado pela nossa geração para mudar esse quadro? Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 15 Dúvidas comuns Em recente palestra na Expo CIEE 2012, realizada no Centro de Convenções Sul América, no Rio, foi possível anotar uma série de questões levantadas pela plateia, constituída predominantemente de jovens estagiários e aprendizes. É um retrato quase fiel das dúvidas relativas à língua portuguesa. Vamos recordar algumas delas, com as respostas dadas pelos especialistas. Houve até muita graça nos questionamentos, como a seguinte pergunta: “Quando se escrevia elefante com ‘ph’ o bicho era maior?” Nem o animal africano era maior, nem as farmácias (também com “ph”) eram muito diferentes das que existem hoje. Outra questão: “Todos os livros didáticos utilizados agora serão substituídos por outros em respeito aos postulados do Acordo Ortográfico?” Na verdade, as editoras brasileiras já fizeram essa adaptação, que será obrigatória a partir de 1o de janeiro de 2013. Em Portugal, no entanto, há uma grande discussão a respeito do assunto, com resistências ao emprego do Acordo. Uma estagiária deixou nítido o seu interesse profissional: “Os concursos oficiais estão adotando o Acordo Ortográfico?” A resposta é 16 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 afirmativa. Quem não estiver com as novas regras em dia, vai sofrer na hora de fazer a prova. Sobre isso, chamei a atenção da plateia para o uso indiscriminado do “internetês” por parte dos nossos jovens. Isso acostuma a uma simplificação que, na hora da escrita, é condenada pelos professores. Uma pergunta referia-se à importância do Acordo Ortográfico para a economia do País. Indiretamente, sim. O MEC está distribuindo 100 milhões de livros didáticos, comprados das editoras privadas, para oferta gratuita a escolas de alunos carentes. Poderá se tornar uma operação economicamente ainda mais rentável se as editoras brasileiras ampliarem a sua ação para todos os países da comunidade lusófona – e aí alcançarão o imenso mercado africano. É exatamente esse o ponto em que há críticas em Portugal, temendo o avanço. Mas também não se pode pensar no contrário, como, aliás, está acontecendo hoje em dia? A Editora Leya, por exemplo, cuja matriz é portuguesa, ganha cada vez mais espaço entre nós. Outra questão foi bem interessante: “Com a inclusão do ‘y’ e do ‘w’ no alfabeto, sob o critério da obstrução do ar, poderemos classificá-los como vogais ou consoantes?” É claro que são consoantes. Algumas papeletas recebidas não continham perguntas de conteúdo, mas queriam saber os nomes de dicionários e vocabulários aconselhados aos usuários. O único oficial é o Vocabulário Ortográfico de Unificação da Língua Portuguesa (VOLP), produzido pela Academia Brasileira de Letras, e que se encontra na quinta edição, totalmente atualizado. Um estagiário demonstrou preocupação inusitada: “Deve-se ensinar português aos silvícolas? Isso não é uma violência?.” O Brasil já teve cinco milhões de índios, hoje são apenas 600 mil. Não vemos constrangimento no fato de eles conservarem os seus muitos dialetos e aprenderem a língua comum. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 17 Uma nova linguagem Temos, hoje, o aluno “geração internet”, com toda a sua monumental parafernália eletrônica: MSN, Orkut, Facebook, MP3, Google Wave, Twitter, tablet etc. Tudo ao mesmo tempo. Será um processo eficaz de apreensão de conhecimentos? Não é de estranhar a tendência de considerar monótonas as aulas tradicionais e, com isso, até desrespeitar a figura do professor. Boas escolas resistem a esse processo, mesmo considerando que a internet veio para ficar. Em pleno século XXI, como desconhecer essa realidade? Defende-se a ideia do turno integral para as nossas escolas (8 às 17h), mas com um projeto inteligente de construção da cidadania, utilizando os valores do humanismo e as conquistas eletrônicas que nos espantam, diariamente. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de livros didáticos, consumindo milhares de toneladas de papel, o insumo básico dessa indústria. Pergunta-se o que poderá mudar, nessa importante mídia pedagógica? Os livros, no formato tradicional, desaparecerão? Não há esta certeza. Apenas se estima que um fato novo está alterando essa realidade. A existência do Kindle da Amazon, por exemplo, ao lado do e-reader da Sony, popularizou a leitura eletrônica nos Estados Unidos, abrangendo 46 jornais e 35 revistas, além de milhares de livros. O fenômeno chegou ao Brasil. É comum o emprego de uma nova linguagem, para a qual devemos estar preparados. As crianças e os jovens absorvem essa realidade com grande rapidez, muito maior do que os adultos, cujo cérebro resiste mais a tantas inovações. A discussão sobre a sobrevivência do livro impresso está muito acesa. Em parte, é reflexo do que acontece nos países mais desenvolvidos, 18 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 onde há uma oferta progressiva de e-books. Aqui entre nós, por enquanto, o crescimento é lento. Em todo o comércio eletrônico nacional, não há mais de sete mil títulos disponíveis. Para se ter ideia da discrepância dos números, só a Amazon tem hoje cerca de 950 mil títulos. Estamos vivendo uma fase de incríveis conquistas tecnológicas, especialmente no campo das comunicações. O que não significa a morte das versões anteriores. Diziam que o rádio acabaria com os jornais; o cinema acabaria com o teatro; a televisão acabaria com o rádio e a internet acabaria com todas as mídias citadas. Na realidade, nada disso aconteceu. Convive-se com todas essas manifestações, embora se saiba que a escala é outra: no facebook há 900 milhões de membros e o twitter abriga 150 milhões de usuários (o youtube tem praticamente tudo). Fala-se muito nos e-books, mas as grandes companhias brasileiras, tipo Livraria Cultura, não passam de 2% do faturamento na venda de livros eletrônicos. O que se pode prever é que haja, por muitos e muitos anos, uma coexistência pacífica entre livros de papel e e-books, como previu o escritor Umberto Eco. Segundo ele, somos sete bilhões no mundo, mas uma parcela ínfima desse total tem acesso aos computadores. Vai demorar muito para mudar esse quadro. Para Umberto Eco, “temos a prova científica de que um livro pode durar 550 anos. Jamais deixaremos de ter, com essas obras, uma relação física, carnal, afetiva. É muito difícil ler Guerra e Paz em um e-book. De mais a mais, a internet não filtra nada – e esse é um mal”. Estamos certos de que, na nossa geração e possivelmente em outras, ainda viveremos na boa companhia dos livros impressos. Retrato da Leitura no Brasil Uma nova edição de pesquisa feita pelo Ibope sobre o hábito de leitura do brasileiro nos coloca diante de um retrato lamentável: o Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 19 brasileiro lê, em média, quatro livros por ano. Desses, só dois são lidos até o fim. O número é menor do que o registrado em 2007, quando houve a segunda edição da pesquisa. Na época, a média de livros lidos por ano era de 4,7. O Centro-Oeste tem a melhor média de livros lidos, seguido por Nordeste, Sudeste, Sul e Norte. Lida por 41,1 milhões de brasileiros, a Bíblia é a obra de maior leitura. Em seguida, vêm livros didáticos, romances, livros religiosos, contos e livros infantis. As mulheres leem mais do que os homens (57%). O estudo mostrou, ainda, que cerca de 75% da população do País nunca frequentaram uma biblioteca na vida. Para pesquisadores da cadeia do livro, políticas de bibliotecas públicas e de barateamento do preço do livro, que ainda precisam ser aperfeiçoadas, estão entre os fatores que explicam os baixos números da pesquisa. Na lista das preferências nacionais quando o assunto é lazer, assistir à televisão, no Brasil, ocupa o topo. Ouvir música, estar com a família, descansar, ver filmes em DVD ou sair com os amigos são atividades que empurram a leitura cada vez mais para o segundo plano. Ler vem em 7o lugar no ranking de interesses e já perde espaço para a navegação na internet. O estudo “Retratos da Leitura no Brasil” mostra que, em 2007, 18% da população navegavam na Web. No ano passado, esse número saltou para 24%. Nesse período, os leitores de publicações em papel caíram de 36% para 28%. Os professores ultrapassaram as mães, pela primeira vez no histórico dessa pesquisa, como a principal influência na formação de novos leitores. Linguagem popular No debate em torno de uma conferência, na “Semana de Arte” promovida pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, no 20 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 píer Mauá, um aluno do interior perguntou se deveríamos condenar a linguagem popular, “pois esse pessoal fala de forma inadequada”. Em primeiro lugar, tivemos de esclarecer a diferença entre linguagem popular e regionalismos. Os termos utilizados por escritores como Guimarães Rosa, Rachel de Queiroz, José Cândido de Carvalho, João Ubaldo Ribeiro, Jorge Amado e Dias Gomes, para só ficar nesses exemplos, são típicos da cultura local, que deve sempre ser respeitada. As expressões, apesar de inovadoras, podem vir a figurar em dicionários e vocabulários de transmissão da norma culta ou padrão, sem nenhuma dificuldade. Os regionalismos são sempre aceitos. Em segundo lugar, temos a questão controvertida da chamada linguagem popular. O filólogo Antonio Houaiss chegou a popularizar o verbete “mengo”, diminutivo do clube mais popular do Brasil. Mas ele jamais aceitaria adotar as palavras “pobrema” ou “areoporto” – e dar-lhes o status de uma expressão legítima do português contemporâneo. Vê-se, pois, que há uma enorme diferença entre linguagem popular e regionalismos. A prosódia, que é a forma de dizer a palavra, tem total liberdade, não se devendo exigir que um gaúcho fale com a mesma pronúncia do que um paraense. Ou que, em virtude do Acordo de Unificação da Língua Portuguesa, que é eminentemente ortográfico, passemos a impor a Portugal ou Angola, por exemplo, o nosso gostoso e incomparável sotaque. Cada povo que cuide das suas peculiaridades prosódicas. Mas escrever de uma só forma é medida de inteligência e simplificação, que já vem tarde. O Museu da Língua Portuguesa, de São Paulo, realizou uma interessante e concorrida mostra, intitulada “Menas – o certo do errado, o errado do certo”, em que todas essas questões foram debatidas por professores e especialistas. É claro que o ex-presidente Lula foi muito lembrado, pois no início do seu primeiro mandato presidencial era comum utilizar a Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 21 palavra “menas”. Foi devidamente aconselhado e abandonou o hábito. Agora está encantado pela expressão en passant. Voltou à tona o “caso Jânio Quadros”, quando se atribuiu ao ex-presidente a expressão “Fi-lo porque qui-lo”. Uma vez, em sua residência, após a renúncia, em um papo agradável, tivemos o ensejo de perguntar sobre isso. Sua resposta foi peremptória: “Senhor professor, eu nunca disse isso. Foi invenção da imprensa. A frase certa (e que eu disse) foi ‘Fi-lo porque quis’. Quando essas coisas se entranham e são exploradas politicamente, o que fazer? Procurei sempre esclarecer o assunto, sem muito êxito.” Os puristas, especialmente os gramáticos, condenam esses equívocos, tipo “ela está drumindo” ou “o incêndio me trouxe perca total”. São frutos da linguagem coloquial, que se admite na fala, mas se condena na escrita. Vejamos outros exemplos: 22 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 Palestra pronunciada em 31 de julho de 2012 Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 3-23, out. 2012 23 O pensamento político brasileiro contemporâneo (1970-2011) Ricardo Vélez Rodríguez Coordenador do Centro de Pesquisas Estratégicas “Paulino Soares de Sousa”, da UFJF; Coordenador do Núcleo de Estudos Ibéricos e Ibero-Americanos da UFJF. E stabelecer um corte diacrônico na história do pensamento é tarefa difícil. Ao tentar selecionar o período contemporâneo para o estudo do pensamento político brasileiro, deparei-me com essa dificuldade. Acolhi-me ao critério da própria vivência: o período compreendido entre 1970 e 2011 é aquele no qual tenho convivido, de perto, com a cultura brasileira. Vim ao Brasil, pela primeira vez, no final de 1970. Nos anos 1973 e 1974 cursei, no Rio de Janeiro, o mestrado em “pensamento brasileiro”, na Pontifícia Universidade Católica. Regressei, em 1979, para cursar o doutorado na Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, na área de “pensamento lusobrasileiro”. Ao longo dos anos posteriores tenho trabalhado como docente dos programas de graduação e pós-graduação de várias universidades, na área ligada ao estudo da história das ideias filosóficas e políticas no Brasil. Como Professor Emérito da Eceme, desde 2003, no Rio de Janeiro, tenho lecionado a disciplina “Doutrinas Políticas Contemporâneas”, no Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. 24 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 Na primeira metade do século XX foram definidos os arquétipos do pensamento sociopolítico brasileiro. Não me deterei na sua análise (pois eles fogem ao período que me proponho tratar), apenas fazendo aqui menção a eles: tais arquétipos ou modelos ideais foram criados por Gilberto Freyre (1900-1987), Oliveira Vianna (1883-1951), Caio Prado Júnior (1907-1990) e Forestan Fernandes (1920-1995). Os dois primeiros autores, Oliveira Vianna e Gilberto Freyre, pensaram modelos que, a partir de abordagens monográficas, elaboraram uma visão holística da sociedade, considerada, sempre, como um todo não acabado e em constante mutação. Já Florestan Fernandes e Caio Prado Júnior inseriram-se na denominada por Wanderley-Guilherme dos Santos “matriz dicotômica”1, que aborda a sociedade em função da presença de elementos antagônicos, que a explicariam (no caso dos dois autores citados, trata-se da dicotomia classe burguesa – classe operária, ou da contraposição entre capital e trabalho, de acordo à dialética marxista). Os autores que pensaram a realidade política brasileira no período que me proponho estudar (1970-2011) são tributários dos arquétipos mencionados. Analisarei o pensamento deles, identificando as principais obras que escreveram e situando-os ao redor de oito linhas de pensamento, que foram emergindo da sua meditação e que correspondem a grandes tendências de cultura política encontradiças em outros contextos, mas que preservam a originalidade da problemática brasileira. Essas linhas correspondem aos itens da minha exposição, a saber: 1) Escola weberiana brasileira. 2) Liberalismo. 3) Conservadorismo e Tradicionalismo. 4) Escola de Frankfurt. 5) Social-democracia. 6) Teologia da Libertação e Doutrina Social da Igreja Católica. 7) Socialismo, marxismo, lulopetismo e movimentos sociais. 8) Pensamento estratégico. Na medida em que fizer a exposição dos vários pensadores destacarei, em notas de rodapé, a sua produção bibliográfica, deixando para o final do trabalho a menção da Bibliografia de Referência, constituída pelas obras de caráter geral. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 25 1 – Escola weberiana brasileira. Denominei, com esse título, a significativa parcela de sociólogos e pensadores que, a partir dos anos 1970, recolheram o legado de Raimundo Faoro (1925-2003) que, em 1958, elaborou detalhada análise da formação social brasileira, à luz do arquétipo weberiano de “patrimonialismo”, na obra intitulada: Os donos do poder 2. O livro de Faoro teve o mérito de advertir para a hipótese do “patrimonialismo” na formação social brasileira. O Estado não teria surgido como fruto de um consenso da sociedade, mas teria se originado a partir da hipertrofia de um poder patriarcal original, que alargou a sua dominação doméstica sobre territórios, pessoas e coisas extrapatrimoniais, passando a gerir os negócios públicos como propriedade familiar (ou patrimonial). Essa hipótese foi retomada por Simon Schwartzman3 (1939-) na tentativa de apreender o verdadeiro sentido da história política brasileira, sem preconceitos apriorísticos. Schwartzman identificou os suportes sociais do patrimonialismo, mas advertiu, igualmente, para a singularidade de que se revestia: o seu caráter modernizador. Mais precisamente: em alguns momentos, o patrimonialismo brasileiro teria assumido a liderança do processo de modernização do País, razão pela qual não poderia exaurir-se nos limites do patrimonialismo tradicional, cuja análise tinha sido feita por Max Weber (1864-1920) em Economia e sociedade 4 e completada por Karl Wittfogel (1896-1988), na obra intitulada: O despotismo oriental.5 Coube a Antônio Paim6 (1927-) a tentativa de dar um passo à frente, buscando inserir a variante modernizadora na tradição que remonta a Pombal (1699-1782) (cujo papel foi inteiramente subestimado na análise de Faoro). Segundo Paim, a proposta weberiana deve ser entendida à luz do espírito geral da obra do sociólogo alemão, vale dizer, tomando-a como roteiro para a investigação de uma realidade e não como uma operação de simples enquadramento. Paim retoma, assim, a ideia de Weber de que os conceitos sociológicos (como os de Patrimonialismo e Feudalismo) são apenas “tipos ideais” para serem referidos à realidade e reformulados à sombra dela. Wanderley Guilherme dos Santos7 26 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 (1935-) propôs a categoria de “autoritarismo instrumental ” como síntese expressiva do patrimonialismo brasileiro. Trata-se da ideia de que o Estado Patrimonial brasileiro, ao assumir a feição modernizadora, pode evoluir no sentido da construção das instituições modernas (liberais). Wanderley Guilherme indica como exemplo dessa proposta a obra de Oliveira Vianna (1883-1951). Quatro contribuições caracterizam a evolução mais recente da análise efetivada, à luz da sociologia weberiana, acerca do Estado Patrimonial no Brasil: em primeiro lugar, as pesquisas desenvolvidas por José Osvaldo de Meira Penna (1917-) ao longo das últimas quatro décadas e centralizadas nas suas obras: Psicologia do subdesenvolvimento8, Em berço esplêndido9, O Brasil na idade da razão10, A utopia brasileira11, O dinossauro12, Opção preferencial pela riqueza13 e Decência já 14. Nessas obras, Meira Penna analisa, em profundidade, a estrutura cartorial do patrimonialismo brasileiro, mergulhando nas suas raízes culturais, notadamente no estudo do substrato de psicologia coletiva que caracteriza à Nação brasileira. A segunda contribuição corresponde às minhas obras intituladas: Castilhismo, uma filosofia da República15, O castilhismo16, Oliveira Vianna e o papel modernizador do Estado brasileiro17 e Estado, cultura y sociedad en la América Latina18. Nelas, realizei uma aproximação entre os tipos ideais weberianos e as categorias propostas por Oliveira Vianna para o estudo da formação do Estado modernizador brasileiro, e mostrei que a tipologia do patrimonialismo foi a base sobre a qual foram organizados os Estados nas antigas colônias espanholas e no Brasil, tendo dado ensejo a uma cultura vinculada à ética contrarreformista, contrária ao progresso e à consolidação da democracia representativa, em que pese o fato da preexistência, na Península Ibérica, de antiga tradição contratualista de feição libertária. A terceira contribuição hodierna da escola weberiana no Brasil é constituída pelas pesquisas levadas a termo por Antônio Paim, a Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 27 partir do ano 2000, acerca dos desdobramentos culturais e políticos do Estado Patrimonial brasileiro, ao ensejo da ascensão das correntes marxistas no cenário institucional do País. Essa nova vertente da pesquisa sobre o Patrimonialismo concentrou-se nas seguintes obras: Momentos decisivos da história do Brasil 19, O relativo atraso brasileiro e sua difícil superação20, O socialismo brasileiro (1979-1999)21, A escola cientificista brasileira 22 e Para entender o PT 23. A quarta contribuição, efetivada por Jessé Souza24, pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora, situa a análise do patrimonialismo, no contexto brasileiro, em uma perspectiva mais ampla da análise sociológica weberiana, à luz, notadamente, do conceito de “identidade” tomado do pensamento de Charles Taylor (1931-)25. 2 – Liberalismo. É variada a gama dos pensadores de inspiração liberal na atual conjuntura brasileira. Destaquemos, de entrada, o papel dos que, a meu ver, têm sido os inspiradores desta vertente de pensamento. Em primeiro lugar, deve ser mencionado o jurista e pensador Miguel Reale (1910-2006), máximo representante da Escola Culturalista. Em matéria de pensamento social, esta corrente deu ensejo ao denominado “Culturalismo Sociológico”, iniciado pelas figuras pioneiras de Sílvio Romero (1851-1914) e Oliveira Vianna (1883-1951). A tese fundamental consiste no pressuposto de que não há monocausalismo em ciências sociais, sendo necessário se aproximar do objeto de estudo de maneira monográfica, levando em consideração que as variáveis são múltiplas e irredutíveis umas às outras. Ora, o pensamento político de Reale se ajusta a esse pressuposto. Ao longo da sua prolífica obra, vemos que o autor realiza uma análise crítica da conjuntura sociopolítica, de vários ângulos: o jurídico, o histórico, o filosófico, o político, o cultural, reconhecendo, sempre, a complexidade da vida social. O objeto formal da análise de Reale é constituído pelo ponto de vista do que se convencionou em denominar de “liberalismo social”. Tal doutrina 28 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 defende fundamentalmente a liberdade dos indivíduos, no contexto do que Alexis de Tocqueville (1805-1859) denominava de “interesse bem compreendido”. Para Reale, efetivamente, a defesa do indivíduo e dos seus interesses não pode correr solta em face dos interesses da comunidade. A experiência intelectual que o pensador tem no interior da sua consciência deve-se inserir, portanto, no processo da experiência objetivada em formas de cultura, entendida, segundo escreve Reale, como “sistema solidário de bens e valores que o homem realiza graças à atividade espiritual exercida em sintonia com as leis da natureza. A ‘eticidade’ da cultura – o que quer dizer a sua visão ‘ética’ e não apenas ‘gnoseológica’ – emerge da análise fenomenológica do ato de ‘experienciar’ como ato essencialmente intersubjetivo. Pode dizer-se que o poder-dever de ‘comunicar’ já se oculta na experiência como ato obrigatório de comunhão, mesmo porque estar no mundo é sempre estar com outrem, o que nos leva, por fim, à compreensão ‘ontológica’ da cultura como um processo de autoconsciência e de tomada de consciência da humanidade como um todo”.26 Como pensador político, Reale entende a sua missão no contexto desse “liberalismo solidário” (que inspirou, também, a meditação e a ação dos denominados doutrinários, na França), e que o conduz a dar testemunho, perante os seus semelhantes, da própria experiência de luta em prol da liberdade, em um mundo arredio à defesa dela. A tese do livre mercado é, certamente, válida, em matéria de pensamento econômico. Mas não podemos identificar tal posição com um valor absoluto, levando em consideração que, em determinadas circunstâncias, o bem comum exige uma visão mais larga, que se projete sobre a sociedade como um todo. Reale reconhece, assim, a necessidade da intervenção estatal em determinados momentos de crise, como foi o caso, por exemplo, das reformas ensejadas no capitalismo à luz do pensamento de John Maynard Keynes (1883-1946), após a crise de 1929. Mas deve-se considerar que essas intervenções precisam ser limitadas. Entre o “socialismo liberal” apregoado por Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 29 Norberto Bobbio (1909-2004) e o “social-liberalismo” ou “liberalismo social”, Reale27 prefere a segunda opção, justamente porque põe limite à intervenção do Estado, preservando a liberdade. O liberalismo de Reale ancora na tradição europeia, notadamente no hegelianismo moderado de Benedetto Croce (1866-1952), bem como no liberalismo com feições doutrinárias de Raymond Aron (1905-1983).28 No Instituto Brasileiro de Filosofia, criado por Reale em 1949, o pensador paulista conseguiu instituir um ambiente liberal para o debate político, sendo a Revista Brasileira de Filosofia o veículo de divulgação. Em segundo lugar, cabe mencionar o nome de Roberto Campos (1917-2001). Diplomata e ex-ministro de Estado, ele representa uma das fontes do pensamento liberal contemporâneo, do ângulo da concepção econômica, aliada a uma ampla visão política. Para Campos, o Liberalismo consagrou, desde os tempos de Adam Smith (1723-1790), a liberdade de mercado e ensejou o processo de enriquecimento da Humanidade, superando definitivamente a antiga concepção mercantilista, que fazia da acumulação de riqueza um processo de “soma zero” (me enriqueço se roubo de alguém), passando a desenvolver uma concepção macroeconômica: é possível criar riqueza, mediante a aplicação da inteligência ao trabalho e à transformação da natureza. Mas o jogo econômico não se explica por ele mesmo, ou melhor, precisa de um marco ético-político em que se possa desenvolver. Para este autor, é necessário garantir o exercício da liberdade dos cidadãos mediante a criação de instituições que a protejam e que tenham continuidade. Entre estas instituições, Campos considera que o governo representativo e o seu aperfeiçoamento constituem uma grande conquista do Liberalismo, nos períodos Moderno e Contemporâneo. No caso brasileiro, Roberto Campos, que se destacou como um dos grandes tecnocratas a serviço do desenvolvimento (foi um dos criadores do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES), atribuía ao Estado a indelegável responsabilidade de, mediante um planejamento arejado, abrir espaços para que a 30 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 iniciativa privada florescesse. Esse seu Liberalismo aliou-se, na sua personalidade, a uma inteligência viva e crítica da mediocridade intelectual do povo brasileiro. Campos, frisa Meira Penna, “foi aquele que, risonhamente, melhor soube enfrentar o neoburrismo de nossa intelligentzia sinistra. Por isso o considero o estadista mais lúcido que nossa cultura pública produziu nestes últimos anos, digno sucessor dos grandes liberais brasileiros, Cairu, Uruguai, Silvestre Pinheiro Ferreira, Mauá, Silveira Martins, Rui, Milton Campos, Gudin e Bulhões”.29 No prefácio à sua obra de memórias, intitulada: A lanterna na popa,30 Campos sintetizava, assim, a sua saga como liberal, como sendo a encarnação de uma espécie de apóstolo da liberdade (à maneira de Tocqueville) que pregava no deserto de um século, como o século XX, coletivista por excelência: “Em nenhum momento consegui a grandeza. Em todos os momentos procurei escapar da mediocridade. Fui um pouco apóstolo, sem a coragem de ser mártir. Lutei contra as marés do nacional-populismo, antecipando o refluxo da onda. Às vezes ousei profetizar, não por ver mais que os outros, mas por ver antes. Por muito tempo, ao defender o Liberalismo econômico, fui considerado um herege imprudente. Os acontecimentos mundiais, na visão de alguns, me promoveram a profeta responsável. O século que vivenciei foi aquele que Paul Johnson (1928-) descreveu como o “século coletivista”. Tanto a democracia quanto o capitalismo sofreram graves desafios. A revolução comunista de outubro de 1917 representou um desafio simultâneo à democracia e ao capitalismo. As democracias ocidentais sobreviveram à Primeira Guerra Mundial, mas viria depois, nos anos 1930, uma rude prova para o capitalismo liberal – a Grande Depressão. A economia de mercado, em fase de deflação e desemprego, parecia ser um sistema terrivelmente inepto, comparado à alternativa do planejamento central. E surgiu um outro tipo de desafio – o coletivista – que também desprezou a democracia e prostituiu o mercado, proclamando como supremos valores a raça, o estado leviatã e a expansão territorial.” Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 31 Em terceiro lugar, sobressai a figura de José Guilherme Merquior (19411991), diplomata, pensador e crítico literário.31 O autor, marcadamente influenciado por Raymond Aron (1905-1983), de quem foi aluno na Haute École de Sciences Sociales, em Paris, se definia como um “liberal neoiluminista”,32 ou como seguidor do “social-liberalismo”, cujas linhas mestras define da seguinte forma: “O Liberalismo Moderno é um social-liberalismo, é um Liberalismo que não tem mais aquela ingenuidade, aquela inocência diante da complexidade do fenômeno social, e em particular do chamado problema social, que o Liberalismo Clássico tinha. O Liberalismo Moderno não possui complexos frente à questão social, que ele assume. É a essa visão do Liberalismo que eu me filio.”33 Fiel à estirpe do melhor Liberalismo, Merquior caracterizou-se pela sua abertura a todas as correntes de pensamento existentes no Brasil e no exterior,34 o que não sufocou, no entanto, o viés crítico da sua escrita, como tampouco o seu compromisso para traçar políticas públicas, quando a isso foi chamado pelos diferentes governos aos quais serviu como diplomata.35 Merquior recebeu, também, a influência de Ernest Gellner (1925-1995), Perry Anderson (1938-), Arnaldo Momigliano (1908-1987), Harry Levin (1912-1994), Leszek Kolakovski (1927-2009), Lucio Coletti (1924-2001) e Norberto Bobbio (1909-2004). Em quarto lugar, mencionemos a figura de Roque Spencer Maciel de Barros (1927-1999), docente da Universidade de São Paulo. Ele pensou o Liberalismo na sua condição trágica, porquanto a defesa da liberdade constituiu, para ele, no século XX, um dos grandes riscos, em face do coletivismo e, de outro lado, porque, no plano existencial, coloca o homem na sua condição de ser responsável individualmente pelos seus atos. O homem, na modernidade, encontrou na meditação filosófica dois parâmetros comportamentais: o individual e o coletivista. No parâmetro individual, que foi aprofundado por John Locke (1632-1704) e pelos pensadores que continuaram na sua trilha, como Thomas Jefferson (1743-1826), Alexis de Tocqueville etc., o homem sempre sentiu a tragicidade da sua solidão como ser livre e responsável. 32 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 É o ponto de vista liberal. No contexto do coletivismo, cujo principal formulador foi Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), o homem aspirou, sempre, a se refugiar na entidade anônima da totalidade social, para esconjurar, assim, o trágico dever da liberdade e da responsabilidade. É o ponto de vista do totalitarismo hodierno, do qual foram seguidores: Marx (1818-1883), Lenine (1870-1924), Stalin (1878-1953), Hitler (1889-1945), Mussolini (1883-1945) e toda a gama de ativistas que aspiraram, sempre, a instaurar o poder total como solução definitiva. Na sua obra pioneira, Introdução à filosofia liberal,36 Roque Spencer deixa claro que o confronto entre essas duas variantes constituía, desde o início, o seu repto intelectual. Frisa a respeito: “Dedicado à filosofia liberal, este livro trata, fundamentalmente, da antinomia entre liberdade e totalidade. Nesse sentido, ele é, para mim, uma espécie de compromisso filosófico. Um compromisso com o livro que quero um dia ainda escrever, com aquele título ou outro equivalente, em que o problema seja enfrentado em toda a sua complexidade, com as suas implicações antropológicas, epistemológicas, éticas e pedagógicas. Aqui, embora referindo-me de passagem a tais implicações, são elas tratadas especialmente do ponto de vista político.” Ao longo de sua fecunda produção Roque Spencer manteve-se fiel ao script original, culminando com o longo ensaio em que formalizou o estudo da entropia coletivista, intitulado: O fenômeno totalitário.37 Nele, o pensador não se restringe ao coletivismo da modernidade, mas, filosoficamente, mostra que esse mal ancora, de forma radical, no fundo da alma humana, sendo observável em todas as épocas da Civilização, desde Platão (428-348 a.C.) até os nossos dias. A respeito, escreve: “Trata-se (...) de realizar uma tentativa de análise descritiva das camadas constitutivas mais profundas do ente humano, para o que, no caso, o totalitarismo serve, basicamente, como fio condutor.”38 No final da obra, destaca o caráter ontológico da sua pesquisa, para além das margens do acontecer político: “Acentuemos apenas e finalmente que Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 33 o ‘fenômeno totalitário’, na sua significação ôntica profunda, que vai muito além da esfera política, não é algo ocasional e passageiro, mas algo que deita raízes no âmago mesmo do ente humano. Do mesmo modo que o fenômeno da liberdade.”39 No caso brasileiro, Maciel de Barros considera que as concepções políticas polarizaram-se ao redor de dois arquétipos que repetem as categorias inicialmente trabalhadas por ele: Liberalismo e Totalitarismo. Os estadistas do Segundo Reinado, por exemplo, notadamente Domingos Gonçalves de Magalhães (18111882), elaboraram uma sofisticada paideia ao redor do ideal da liberdade, enquanto os positivistas, especialmente os castilhistas, centralizaram a sua concepção na ideia de tutela à liberdade individual.40 Em quinto lugar, destacaremos a figura de José Osvaldo de Meira Penna, ao qual já foi feita alusão quando tratei da Escola weberiana brasileira. O pensamento deste autor adentra-se não apenas no terreno sociológico (como já ficou demonstrado quando foi tratada a categoria do patrimonialismo), mas aprofunda, também, na análise filosófica, ao redor da temática da liberdade. Paralelamente, o pensador, que possui sólida formação humanística, abarca, nas suas análises, outrossim, as perspectivas psicológico-social (à luz da escola junguiana, da qual é importante representante) e econômica, se alicerçando nos conceitos de Friedrich Hayek (1899-1992), Ludwig von Mises (1881-1973) e Milton Friedman (1912-2006). Meira Penna considera-se um libertário, aquele que ergue como valor supremo a defesa da liberdade individual, contra qualquer tentativa de esvaziá-la. O Liberalismo, segundo o pensador, experimentou crises profundas. A partir de meados do século XIX vigorou, segundo ele, um “movimento de opinião no sentido de um retorno ao coletivismo, invocado nos lemas de Igualdade e Fraternidade”. Meira Penna considera que, diante dessa crise, é necessário voltar à defesa da liberdade do indivíduo em face da coletividade, seguindo os ensinamentos de Tocqueville, de cujo pensamento o nosso autor é um dos grandes 34 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 estudiosos no Brasil, tendo fundado, em 1986, no Rio de Janeiro e em Brasília, a Sociedade Tocqueville. A respeito, frisa: “(...) Concluímos que extremamente pertinentes são os conceitos tocquevillianos. Se somos todos diferentes e desiguais por natureza, uns mais inteligentes do que outros, uns com melhor QI do que outros, uns mais laboriosos e outros mais preguiçosos, uns enérgicos e outros boêmios, uns aquinhoados com saúde e uma herança familiar positiva, outros prejudicados desde o nascimento pela circunstância de um meio adverso, é evidente que a igualdade só pode ser imposta pelo Estado, coercitivamente”.41 No caso brasileiro, acontece que, desde finais do século XIX, com a ascensão do positivismo e do modelo de “ditadura científica” por ele ensejado, instalou-se, no País, uma tendência à igualdade proveniente do Estado todo-poderoso o que, nas últimas décadas, traduziu-se em um perigoso avanço do Poder Público rumo à implantação do socialismo, com total sacrifício da liberdade individual. Desse esforço aniquilador não escapou nem a própria Igreja Católica, definitivamente comprometida, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com a marxistização do fator religioso ao redor da “Teologia da Libertação”, que não é mais do que uma tentativa de implantação do comunismo no Brasil. Em face dessa maré totalitária, Meira Penna apresenta, como saída, a volta para o ethos liberal. Estas são as suas palavras: “Donde a conclusão a que chegamos, segundo a qual a nossa principal e mais urgente tarefa coletiva, no presente momento, não é tanto o desenvolvimento, quanto a ‘educação para o desenvolvimento’. Devemos elaborar um ethos econômico para o enriquecimento da nação. Carecemos de um código de comportamento racional prático que transcenda a magia do mito, e que nos oriente em meio ao vendaval desfeito, levantado pela Revolução Industrial. Expurgado de contaminação pelos preconceitos ideológicos fantasmagóricos que nos cercam de todos os lados, é esse ethos liberal, essencialmente pragmático, que deve determinar, na medida do possível, os limites do que é permitido em matéria de iniciativa privada, do ponto Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 35 de vista do interesse coletivo, bem como os estritos limites da intervenção fiscalizadora do Estado, em termos de liberdade individual. Solução ética para a qual, acima de tudo, deve contribuir o conceito de Liberdade e Dignidade fundamental do homem responsável.” 42 Em sexto lugar, destacarei a obra de Antônio Paim no que tange à historiografia do pensamento liberal, bem como à discussão da problemática ética ensejada por essa corrente no seio da cultura brasileira. Para Paim, o Liberalismo não penetrou fundo, o suficiente, nesta, em decorrência da falta de chão axiológico sobre o qual pudesse se firmar tal filosofia. Atribui o pensador, a essa falta, uma causa cultural: a tradição contrarreformista presente na formação da Nação brasileira; tal herança é alheia ao ideal de liberdade e de responsabilidade individual que deveriam sedimentar uma ética do trabalho, sobre a qual pudesse se balizar o surgimento e ulterior amadurecimento da empresa capitalista.43 Tal pano de fundo se aproxima mais, no sentir do pensador, da defesa do Estado patrimonial e das suas práticas cartoriais e predatórias. Isso se manifesta, inclusive, nos atuais momentos, ao ensejo da chegada do Partido dos Trabalhadores ao poder, a partir de 2003. Esta agremiação política, fruto da união entre o movimento sindical e a Igreja Católica, terminou constituindo uma modalidade de socialismo autoritário que mantém viva a tradição patrimonialista.44 De outro lado, Paim desenvolveu, ao longo dos últimos anos, amplo trabalho de pesquisa acerca das fontes e vertentes do Liberalismo em nível mundial, bem como no contexto brasileiro.45 É da sua lavra a crítica mais consistente, em língua portuguesa, ao marxismo, efetivada na obra: Marxismo e descendência.46 No caso brasileiro, tal tendência inseriu-se na vertente cientificista originária do ciclo pombalino, bem como da corrente positivista. É de inspiração cientificista, no sentir de Paim, o modelo de ética totalitária quer anima a significativa parcela da esquerda, cujas ações se abrigam no “imperativo” de que “os fins justificam os meios”. A sua incansável pesquisa enveredou, também, pela investigação biobibliográfica acerca dos principais pensadores do 36 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 Brasil, nos terrenos da história das ideias, da Antropologia Cultural, da Ciência Política e da Sociologia. Prova dessa amplitude intelectual é o Dicionário Bibliográfico de Autores Brasileiros, por ele coordenado.47 Em sétimo lugar, sobressai, hodiernamente, a figura do antropólogo Roberto Damatta (1936-), Professor Emérito da Universidade Notre Dame, nos Estados Unidos. Da sua vasta obra emerge, do ângulo do pensamento político, um perfil liberal afinado com o ideal tocquevilliano de defesa da democracia, com ênfase na salvaguarda da liberdade individual e na visão pluralista de cultura. Damatta retoma, a meu ver, o viés de crítica republicana liberal às instituições brasileiras, que já tinha sido efetivado, no século XIX, por outro seguidor das pegadas de Tocqueville em terras brasileiras: Aureliano Cândido Tavares Bastos (1839-1875). As bases do Estado, no Brasil, são familísticas e conspiram contra o bem comum e contra o exercício da liberdade. A respeito da atual onda de corrupção que assola ao Brasil, frisa Damatta: “Temos um modelo de Estado generoso, condescendente e que faz vista grossa aos pecadilhos de seus altos funcionários, em detrimento do mérito e da eficiência. Ou seja: é um verdadeiro pai, mas apenas para quem se encastela na máquina e para os que orbitam ao seu redor. Ali impera a lógica dos privilégios e dos favores, como se fosse a extensão da própria casa daqueles que estão sob suas asas. São velhas práticas que já se observavam à chegada de Dom João VI (...). A matriz jurídica no Brasil visa a garantir que determinadas pessoas em certas posições jamais sejam punidas. Para elas sempre há uma brecha legal (...).” 48 Antônio Paim relacionou a pesquisa desenvolvida por Roberto Damatta na obra intitulada: Carnavais, malandros e heróis (1979) com os estudos efetivados pela Escola weberiana brasileira acerca do patrimonialismo. A respeito, frisa: “A pesquisa em apreço comprova que a maioria da população brasileira recorre ao que Damatta denominou de jeitinho brasileiro, isto é, admite Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 37 que regras essenciais para a sobrevivência da sociedade podem ser violadas. Estabelecendo-se uma certa gradação nesse ‘jeitinho’ chega-se a conclusões espantosas. Por exemplo: ‘Para a população de baixa escolaridade, que apoia a quebra de regras patrocinada pelo jeitinho brasileiro, há também uma tendência em mostrar-se tolerante com a corrupção. Para muitas dessas pessoas, não há esquecimento das denúncias; elas simplesmente não são importantes (…).’ Essa verificação correlaciona-se diretamente com a tese defendida pelos autores que tipificam o Estado brasileiro como Estado Patrimonial. Neste tipo de estrutura estatal, a alta burocracia e parte da elite política consideram que podem lidar com seus recursos como se fossem uma propriedade particular.” 49 Em oitavo lugar, mencionemos os nomes de estudiosos que exploram aspectos variados do pensamento liberal. No Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio, sob a Presidência de Antonio de Oliveira Santos, sobressaem as contribuições de Ernane Galvêas50 (1922-), ex-ministro da Fazenda e de Gilberto Paim,51 no que tange à análise da problemática econômica e política do Brasil, do ângulo das instituições liberais. No seio do Instituto Liberal, Donald Stewart (19311999), fundador dessa instituição, abriu esclarecedor debate acerca da privatização do Estado pelos burocratas e a clase política. No seu artigo intitulado: “Os donos do Brasil”, escrevia: “Os verdadeiros Donos do Brasil são os políticos. Não porque sejam os donos das coisas, mas porque são os donos de nós todos, os brasileiros, que somos apenas os donos das coisas. São eles que têm o poder de nos tornar mais ricos (os das elites empresariais que são beneficiados por alguma forma de proteção ou privilégio que o governo lhes concede), ou mais pobres (os que compõem a imensa maioria e que sofrem as consequências das medidas adotadas pelos políticos).” 52 Ainda no Instituto Liberal, Og Leme53 (1922-2004), colaborador de Donald Stewart na organização dessa Instituição, desenvolveu trabalhos 38 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 acerca da temática liberal, projetada sobre a realidade brasileira. Roberto Fendt54 (1944-) tem desenvolvido pesquisas acerca das bases culturais e políticas da liberdade de mercado, no contexto da atual globalização. Mário Guerreiro55 (1944-) e Alberto Oliva56 (1950-) têm aprofundado nas exigências epistemológicas do liberalismo, do ângulo do que se convencionou em chamar de “modestia epistemológica”. Representante da nova geração de pensadores no Instituto Liberal, sobressai Rodrigo Constantino57 (1976-), que se tem revelado polemista combativo, nas suas críticas à corrupção e ineficiência desencadeadas pela burocracia lulo-petista. Como presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,58 o historiador Arno Wehling59 (1947-) tem dado uma contribuição importante para a compreensão do surgimento das instituições brasileiras, consolidadas, no século XIX, sob a égide do Liberalismo Conservador que empolgou a geração de estadistas do Império. Ubiratan Borges de Macedo (1937-2007), de formação orteguiana, estudou, pioneiramente, o impacto dos doutrinários franceses sobre o Liberalismo brasileiro, além de ter pesquisado a saga da ideia de Liberdade, ao longo da história do Brasil nos dois últimos séculos.60 Boa parcela dessas pesquisas foi desenvolvida no Círculo de Estudos do Liberalismo, criado por ele, no início da década de 1990, no Rio de Janeiro. Para este pensador que, no terreno da filosofia jurídica, aprofundou na ideia de Justiça à luz da filosofia de John Rawls (19212002), não há conflito entre Modernidade e Catolicismo. A ausência, na meditação brasileira, de um tratamento sistemático acerca da moral social, decorre, no sentir dele, não da tradição católica contrarreformista, mas da feição romântica que tomou conta da meditação nacional, ao longo do século XIX e no começo do XX. Para Macedo, segundo José Maurício de Carvalho (1957-),61 “a pequena reflexão moral existente em nosso meio decorre da compreensão romântica de que não há grande sentido na meditação ética, pois valem mais os entusiasmos, os sentimentos cultivados, a lealdade à amizade postos acima das leis abstratas e do despotismo, observados na sociedade colonial”. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 39 Francisco Martins de Souza62 (1925-), vinculado à Academia Brasileira de Filosofia e ao Clube da Aeronáutica, no Rio de Janeiro, tem dado importante contribuição ao estudo do pensamento político corporativista, do ângulo liberal, tendo identificado, outrossim, o arquétipo conhecido como “Culturalismo Sociológico”. Leonardo Prota63 (1930-), da Academia Brasileira de Filosofia e diretor do Instituto de Humanidades (com sede em Londrina, Paraná), tem desenvolvido amplo trabalho de pesquisa sobre os fundamentos culturais do pensamento político (com destaque para a filosofia política liberal), ao ensejo do Curso de Humanidades, do Curso de Introdução à Ciência Política e dos Encontros Nacionais de Professores e Pesquisadores da Filosofia Brasileira, organizados por ele entre 1989 e 2003. Maria Lúcia Victor Barbosa,64 da Universidade Estadual de Londrina, tem dado valiosa contribuição à análise crítica do panorama político brasileiro, do ângulo liberal. Arsênio Eduardo Corrêa65 (1945-), no Instituto de Humanidades (em São Paulo), tem empreendido estudos que analisam a passagem do ciclo autoritário militar para a denominada Nova República, destacando o relevante papel que os liberais tiveram na consolidação das instituições democráticas, ao redor do primeiro presidente civil eleito no novo ciclo, Tancredo de Almeida Neves (1910-1985). Vicente de Paulo Barreto66 (1939-), docente das Universidades Gama Filho e do Estado do Rio de Janeiro, tem dado valiosa contribuição ao estudo das ideias liberais, analisando, notadamente, as fontes de que se louvou o pensamento brasileiro. No Rio Grande do Sul, pela sua reflexão acerca das fontes filosóficas do liberalismo e da contraposição desta filosofia às instituições autoritárias do Brasil republicano, se destacam Cézar Saldanha Souza Júnior,67 coordenador da pós-graduação em Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Selvino Antônio Malfatti68 (1943-), da Universidade Federal de Santa Maria e do Centro Universitário Franciscano, na mesma cidade. Francisco de Araújo Santos (1935-)69, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, analisa a relação entre Liberalismo e gestão empresarial. No Instituto Liberdade, em Porto 40 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 Alegre, destaca-se Margaret Tse,70 diretora dessa Instituição, pelas suas pesquisas acerca das relações entre empreendedorismo e liberdade no meio brasileiro, bem como pela abordagem da questão ambiental do ângulo liberal. Da velha estirpe de juristas liberais, sobressai a figura do ex-parlamentar gaúcho Paulo Brossard71 (1924-) cuja obra, extensa, testemunha o combate assíduo deste grande orador contra o autoritarismo republicano. Na Universidade de Brasília, destacam-se dois pensadores liberais, que projetam as suas análises sobre a realidade brasileira contemporânea: Paulo Roberto da Costa Kramer72 e Eiiti Sato.73 Em Pernambuco, sobressai a ampla perspectiva aberta pelas análises do jurista e cientista político Nelson Saldanha74 (1931-), ligado à Escola Culturalista. João Scantimburgo75 (1915-), pensador católico de inspiração blondeliana, da Academia Brasileira de Letras, destaca-se pela sua pesquisa acerca da história do Liberalismo e da empresa moderna no Brasil. Ives Gandra da Silva Martins76 (1959-), magistrado da área trabalhista, tem analisado criticamente os surtos populistas na política brasileira, confrontando essa realidade com a filosofia liberal, a tradição jurídica e a doutrina social da Igreja. Como instituição que promove regularmente debates sobre o pensamento liberal, no contexto da formulação de políticas públicas para o Brasil, sobressai a Fundação Liberdade e Cidadania, do Partido Democratas, que publica, regularmente, a revista eletrônica Liberdade e Cidadania.77 A minha contribuição ao estudo do pensamento liberal percorreu o camino do confronto entre liberalismo e tendências conservadoras e autoritárias, mostrando a forma em que se poderia superar a tradição patrimonialista de origen ibérica, pelo estímulo ao self-government, em nível municipal, passando pela valorização do governo representativo e da educação para a cidadania. Tenho centrado os meus estudos, notadamente, na divulgação do pensamento de Alexis de Tocqueville e dos doutrinários franceses, destacando a figura de Raymond Aron como expressão contemporânea da opção liberal, bem como a presença de Tocqueville na cultura brasileira. De outro lado, analisei criticamente Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 41 a Teologia da Libertação, destacando o compromisso dos pensadores desta corrente com o messianismo político de inspiração marxista-leninista.78 Em face da aguda problemática que a guerra do narcotráfico tem trazido para o Brasil, tenho analisado a forma em que se poderia fazer frente a esse flagelo, combatendo com denodo o crime organizado, incorporando à cidadania as comunidades reféns dos cartéis da droga e preservando as instituições do governo representativo, levando em consideração a experiência colombiana.79 3 – Conservadorismo e tradicionalismo. Quatro autores sobressaem, na atual conjuntura, como estudiosos e divulgadores do pensamento conservador, em um contexto hermenêutico: Vicente Ferreira da Silva80 (1816-1963), Adolpho Crippa81 (1929-2000), Paulo Mercadante82 (1923-) e Olavo de Carvalho83 (1947-). Os fatos que constituem a cotidianeidade da política, bem como as doutrinas em que ela se inspira, não explicam, por si sós, o evoluir das nações ao redor do poder e das instituições em que este se exerce e se legitima. É necessário conhecer, antes de tudo, o pano de fundo de crenças fundamentais em que se apoiam a imaginação e o lógos das respectivas sociedades. Ora, tal pano de fundo não é apenas um passado que ficou para trás, nas névoas do tempo. É um passado primordial sempre presente. A caracterização desse back-ground difere para estes autores, desde os mitos fundadores da Civilização Ocidental emergentes da religiosidade órfica, que ensejou a presença do fascinator entre os gregos (para Ferreira da Silva), ou dos mitos ancestrais presentes na simbiose entre cristianismo e helenismo (para Adolpho Crippa), passando por uma tradição barroca de mitos luso-brasileiros resgatáveis com o auxílio de uma espécie de cabala, em que a matemática entra como linguagem simbólica (em Paulo Mercadante) ou a partir de uma plataforma de mitos primordiais presentes nas antigas tradições espirituais – taoísmo, judaísmo, cristianismo, islamismo (em Olavo de Carvalho). Apenas para ilustrar essa dinâmica mítica, assaz estudada por Mircea Eliade (1907-1986) e outros, citemos a penetrante análise que o histo42 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 riador Jesué Pinharanda Gomes (1939-) faz da hermenêutica de Paulo Mercadante, na edição portuguesa da obra A coerência das incertezas: “(…) constitui um ensaio de filosofia da história universal, aplicada ao caso lusíada, nas vertentes portuguesa e brasileira. Passado cada dia que passa, o dia seguinte nunca é objeto de certeza matemática. Vai ser história na incerteza, pois a história acontece no mar da instabilidade, da conjuntura e dos acidentes, como se não houvesse categorias fixas, mas somente areias movediças. O que suporta a incerteza é o símbolo. Ele organiza os acontecimentos e faz prova de fé na ação. O símbolo organiza e estrutura, a realidade é sempre a mesma, o que muda, pelo menos na aparência, é o símbolo, o sistema de símbolos. Este revela, mas oculta, como tapete que vemos do lado direito, mas que tem avesso, o qual não vemos. Eis o poder: deste sabemos o que vemos, mas é-nos impossível vislumbrar o que está por detrás dele, como se algo nos fosse ocultado nas trevas que sustentam o poder, o exercício do poder. Governamo-nos com símbolos, mas ignoramos quem governa os símbolos”. Influenciado por Eric Voegelin (1901-1985) quando dos seus estudos de pós-graduação na Luisiana State University, nos Estados Unidos, sobressai, no campo da Sociologia, José Arthur Rios84 (1921-), que tem desenvolvido, no seio do Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio, no Rio de Janeiro, importantes trabalhos no terreno da problemática urbana, bem como na abordagem da questão agrária e das lutas sociais, notadamente no que tange à violência. José Arthur Rios tem colaborado, outrossim, com a revista A Ordem do Centro Dom Vital, na trilha do tradicionalismo de Jackson de Figueiredo (1891-1928). No contexto do pensamento tradicionalista, sobressai a obra de Alexandre Correia (1890-1984), importante representante do pensamento católico junto ao Centro Dom Vital. Traduziu, para o português, integralmente, a Suma Teológica de São Tomás de Aquino, empreendimento ao qual dedicou 10 anos de labuta. A sua maior Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 43 contribuição ao pensamento político é constituída pela sua obra intitulada: Ensaios políticos e filosóficos.85 Em que pese a influência recebida do tomismo, no entanto, do ângulo político, distanciou-se do mesmo, mantendo uma posição contrária à democratização do Estado nos moldes moderados adotados por tomistas brasileiros como Leonardo Van Acker (1896-1986). Outro pensador que se insere na corrente tradicionalista é José Pedro Galvão de Sousa86 (1912-1992). O cerne da sua posição doutrinária corresponde a um tradicionalismo moderado, sintetizado assim por Antônio Paim: “Seu pensamento tem-se desenvolvido dentro dos princípios da filosofia aristotélico-tomista, defendendo o direito natural com fundamento em uma metafísica realista. Da Filosofia do Direito passou à Filosofia Política, com estudos que revelam uma visão orgânica da sociedade política em perspectiva histórica. A historicidade do Direito é por ele concebida sem aceitar o historicismo relativista, afirmando o caráter trans-histórico do Direito Natural.” 87 Entre os tradicionalistas deve ser mencionado Plínio Corrêa de Oliveira88 (1909-1995), fundador, em São Paulo, do movimento “Tradição, Família e Propriedade”, que no ano 2000 contava com 20 mil adeptos no Brasil e simpatizantes em 14 países. A respeito da obra deste pensador, frisa Antônio Paim: “(…) por entender que a Igreja Católica relegava a segundo plano o combate ao comunismo, além das muitas concessões à modernidade, inclusive no plano litúrgico, fundou a Sociedade Brasileira Tradição, Família e Propriedade, conhecida como TFP. Manteve-se fiel ao Bispo suíço Lefevre, mesmo depois que este foi excomungado pelo Papa.”89 4 – Escola de Frankfurt. Influenciado por esta corrente de pensamento aparece Vamireh Chacon90 (1934-) sociólogo e ensaísta que, em parte significativa de sua volumosa produção bibliográfica 44 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 tem-se dedicado ao estudo do pensamento político luso-brasileiro. A seu respeito, escreve Antônio Paim: “Privilegiando os problemas relativos às ciências do espírito e da cultura, a sua obra insere-se no amplo quadro do ‘Culturalismo’, sob o prisma da sociologia do conhecimento e da ‘historiografía dialética’.” 91 Sérgio Paulo Rouanet92 (1934-), diplomata e ensaísta, é também tributário da Escola de Frankfurt, sendo tradutor da obra de Walter Benjamin (1892-1940). Estabelece uma distinção entre ilustração e Iluminismo: a primeira seria um fenômeno circunscrito ao século XVIII, ao ensejo do preceito kantiano do sapere aude, enquanto que o segundo se projeta historicamente até a contemporaneidade, no esforço crítico da razão em prol de vencer os preconceitos. Para ele, há valores universais que precisam ser preservados (Rouanet parte, em decorrência disso, para uma crítica ao multiculturalismo, que relativiza o universo axiológico). Na trilha de concretizar, nos dias atuais, o ideal da transparência proposto por Kant (1724-1804) e desenvolvido, ulteriormente, por autores da Escola de Frankfurt como Jürgen Habermas (1929-), Rouanet considera que é necessário prestigiar, na gestão pública, o ideal do que hoje se denomina de accountability, ou transparência das contas públicas. A respeito, frisa o pensador: “A prática do ‘caixa 2’, cujo principal efeito é subtrair à opinião pública dados sobre quem financia a campanha política dos vários candidatos, sonega informações que permitiriam controlar a integridade dos detentores de cargos eletivos, verificando se suas posições são de fato independentes, ou se são distorcidas pelos interesses dos doadores.” 93 5 – Social-democracia. Esta vertente de pensamento político conta, no Brasil, com várias figuras, entre as quais podemos mencionar: Fernando Henrique Cardoso94 (1931-), Hélio Jaguaribe95 (1923-), José Serra96 (1942-), Bolívar Lamounier97 (1943-), Simon Schwartzman98 (1939-), Carlos Henrique Cardim99 (1948-) e Demétrio Magnoli100 (1958). Destaca-se, pela abrangência das pesquisas realizadas, bem como Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 45 pelo fato de ter inspirado a ação do seu governo como Presidente do Brasil (entre 1994 e 2001), a obra do sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Fiel aos pressupostos básicos da Social-Democracia (ênfase em políticas sociais distribuidoras de renda; defesa da livre iniciativa e da empresa capitalista; abertura aos mercados internacionais; defesa das instituições de governo representativo, com pluralismo partidário e respeito pelas liberdades cidadãs; defesa moderada das privatizações, com presença do Estado em áreas consideradas estratégicas e nas agências reguladoras; defesa da contenção do gasto público e da responsabilidade fiscal, mediante o enxugamento da máquina burocrática e o estabelecimento de critérios de eficiência na gestão pública), Cardoso conseguiu, nos seus dois governos, o controle da inflação e o saneamento das contas públicas, mediante o Plano Real, de forma a aumentar a poupança interna e conseguir sortear a crise financeira internacional. Para ele, a esquerda tradicional ancorou em uma visão de radicalismo infantil, embalada pela ideologia marxista-leninista, sem perceber que, após a queda do Muro de Berlim, era necessário, para os partidos considerados progressistas, comprar a causa dos trabalhadores, mediante a efetiva reforma do Estado, de forma a garantir o crescimento econômico e a democrática distribuição de renda. Cardoso governou em aliança do seu Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) com agremiações de centro (notadamente o Partido da Frente Liberal – PFL), fato que lhe rendeu injusta e cerrada oposição do Partido dos Trabalhadores e de outras agremiações da esquerda radical. Do ângulo das realizações acadêmicas, é necessário destacar a obra de Carlos Henrique Cardim, diplomático de carreira e professor universitário. Coordenou, nas Universidades de Brasília e Gama Filho (Rio de Janeiro), ousada proposta de formação política, mediante a metodologia de ensino à distância da Open University inglesa. Este empreendimento contou com a colaboração do então Reitor da Universidade de Brasília, José Carlos de Almeida Azevedo (1932-2010). Assim, sob a sua coordenação, foram oferecidos dois Cursos, em nível de pós-graduação e de 46 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 extensão, ao longo das décadas de 1980 e 1990: Introdução ao Pensamento Político Brasileiro e Social-democracia, na tentativa de tender uma ponte entre a academia e as agremiações partidárias, mediante a formação de quadros dirigentes para estas. Como realizações de apoio a essas iniciativas de ensino, Cardim presidiu, outrossim, ambicioso programa de edição de obras fundamentais para o estudo da Cultura Política Ocidental. 6 – Teologia da Libertação e Doutrina Social da Igreja Católica. O padre português José Narino de Campos (1921-), na sua obra intitulada: Brasil: uma Igreja diferente, registrava, com estupor, o fenômeno da radicalização esquerdizante ocorrido no seio da Igreja Católica no Brasil entre 1960 e 1980, em que pese o fato de a maior parte dos bispos não terem aderido a essa tendência, que terminou sendo imposta por uma minoria, em uma dinâmica típica de um “aparelho” comunista. A respeito, o citado autor escrevia: “A crise da Igreja Católica no Brasil acompanhou a crise da Igreja no resto do mundo, porém aprofundando-a sob vários aspectos. A primeira consideração que ocorre ao espírito do observador, em uma visão retrospectiva de 20 anos, é a extrema velocidade com que os bispos evoluíram nesse imenso País, do tradicionalismo que os distinguia para uma das mais avançadas posições do progressismo cristão. Outra característica do processo resulta de ter sido comandado, sistemática e firmemente, pelo órgão superior da hierarquia eclesiástica, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Dominada pelos radicais a complexa estrutura da Conferência, puderam em poucos anos ser impostos, de cima para baixo, os novos cânones de comportamento, de um modo que faz muito lembrar a rebelião coletiva do Episcopado holandês. Existe uma diferença: no Brasil a maior parte dos bispos não aderiu aos desvios da Teologia, mas tornou-se prisioneira e, desejando-o ou não, conivente da atuação da CNBB.” 101 A Teologia da Libertação surgiu, no Brasil, nesse espaço de rebeldia contra a Igreja tradicional, ensejado pela CNBB. Os principais teóricos Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 47 da mencionada tendência são Leonardo Boff 102 (1938-), Henrique Cláudio de Lima Vaz103 (1921-2002), Carlos Alberto Libânio Christo, vulgo “Frei Betto”104 (1944-), que foi ministro da área social do primeiro governo Lula (2003) e João Batista Libânio105 (1932-). Duas teses são essenciais à mencionada doutrina: em primeiro plano, o “lugar teológico” onde ocorre a revelação de Deus aos homens e a sua redenção é a luta revolucionária dos oprimidos contra os opressores; em segundo lugar, o pecado não é mais uma ação individual, mas social, de forma que, para a sua erradicação, é necessário que haja uma mudança de estruturas, no sentido de implantar um socialismo que garanta o banimento definitivo do capitalismo. Só haverá verdadeira Teologia da Libertação, “quando os oprimidos levantarem livremente a sua voz e se expressarem direta e criadoramente na sociedade e no povo de Deus, e quando derem conta da esperança de que são portadores”.106 Tal arcabouço teórico serviu de base para a colaboração entre setores progressistas da Igreja Católica e os agrupamentos da esquerda radical que praticaram o terrorismo.107 No seio do pensamento católico, no entanto, houve, no período estudado, contribuições que se situam no contexto da Doutrina Social da Igreja, superando a radicalização da Teologia da Libertação. Na trilha do “Humanismo Integral” proposto por Jacques Maritain (18821973), o pensamento católico contemporâneo elaborou completa reflexão política, a partir de uma posição moderada que margeia os ideais da democracia cristã e que valoriza a doutrina dos Papas sobre questões sociais, sem fugir à discussão dos problemas do mundo Contemporâneo. Os principais representantes dessa vertente são: Alceu Amoroso Lima108 (1893-1983), Leonardo Van Acker109 (1896-1986), Hubert Lepargneur110 (1925-), Dom Boaventura Kloppemburg111 (1919-2009) e Urbano Zilles112 (1937-). De outro lado, os principais estudiosos do pensamento católico no período em apreço são: Antônio Carlos Villaça (1928-2005), Fernando Arruda Campos113 (1930-), Dom Odilão Moura114 e Anna Maria Moog Rodrigues.115 48 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 7 – Socialismo, marxismo, lulopetismo e movimentos sociais. Depois da implantação da “Nova República” (1985), com o fim do ciclo militar, os partidos políticos voltaram a se organizar democraticamente. Nesse ano foi criado o Partido Socialista Brasileiro, como agremiação de intelectuais mobilizados pelo ideal da igualdade e da justiça social, na trilha dos ideais professados pelos antigos “Socialistas Humanitários” e recolhendo a herança do “Partido Socialista” organizado, em 1945, por Edgardo de Castro Rabelo (1884-1970), João Mangabeira (1880-1964) e Hermes Lima (1902-1978). Os novos arautos do socialismo brasileiro são intelectuais de prestígio: Antônio Houaiss116 (1915-1999), Evaristo de Moraes Filho117 (1914-) e Roberto Saturnino Braga118 (1931-). A tese central da mencionada agremiação consiste na defesa da implantação do socialismo, entendido como imperativo moral da justiça social, mediante mecanismos democráticos. Como pensador socialista ligado à Igreja Católica destaca-se Cândido Mendes de Almeida119 (1928-), fundador da Universidade Cândido Mendes, cofundador, nos anos 1960, do IBESP e do ISEB, bem como do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). Na década de 1980 foi posto em prática, no Estado do Rio de Janeiro, o modelo chamado de “Socialismo Moreno”, de autoria de Leonel Brizola120 (1922-2004), eleito governador (1983-1987; 1991-1994) e do seu vice, o Antropólogo Darcy Ribeiro121 (1922-1997). Tratava-se de uma variante de populismo, cujas teses fundamentais eram três: a) o sistema capitalista é responsável pelas “perdas internacionais” do Brasil, que comprometeram o crescimento econômico e o nível de vida da população; b) o novo socialismo deveria beneficiar, especialmente, as populações carentes dos morros cariocas, sendo a primeira providência proibir o acesso da polícia a tais lugares, para que se evitasse a repressão contra os humildes; c) o governo estadual deveria implantar os CIEPs, centros de ensino em que as crianças permaneceriam o dia inteiro. Os resultados obtidos de tal programa foram bastante negativos: em primeiro lugar, logo depois da posse de Brizola como Governador Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 49 do Rio de Janeiro, 800 empresas deixaram a região para se instalarem em outros Estados, notadamente em São Paulo; em segundo lugar, os morros cariocas transformaram-se em santuários do crime, onde os marginais começaram a fazer grandes transações de drogas e de contrabando, adquirindo inclusive armamento pesado. A guerra do tráfico que o Rio de Janeiro ainda sofre, teve os seus primórdios justamente aí, no primeiro Governo de Brizola. A construção dos CIEPs, efetivada em áreas de grande trânsito veicular (opção criticada pela população, que achava pouco seguros esses locais para a entrada e saída de crianças), deu ensejo a enorme desperdiço de dinheiro público, fato que chegou a produzir a quebra, sob a gestão de Brizola, do Banco do Estado do Rio de Janeiro. Pensadores marxistas destacados no período em apreço são: Nelson Werneck Sodré122 (1924-1999), Leandro Konder123 (1936-), Luiz Werneck Vianna124 (1938-), Gilberto Felisberto Vasconcellos125 (1947-) e Carlos Nelson Coutinho126 (1943-). O primeiro, militar de carreira, chegou ao generalato; de formação inicialmente positivista, evoluiu para a defesa do nacionalismo, tendo desaguado, ulteriormente, no comunismo, o que lhe valeu a cassação dos direitos políticos no regime militar (1964-1985); Luiz Werneck Vianna, cientista político, é pesquisador no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ); Leandro Konder formou-se em Direito no Rio de Janeiro, tendo ingressado no Partido Comunista, militando como jornalista, o que lhe causou o exílio durante o período militar, tendo morado na Alemanha; após a abertura democrática, iniciada em 1979, voltou ao Brasil e desempenha funções docentes na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, bem como na Universidade Federal Fluminense, em Niterói. Gilberto Felisberto Vasconcellos é sociólogo formado pela USP e leciona na Universidade Federal de Juiz de Fora; desenvolveu um pensamento autônomo, de inspiração marxista, formulado no contexto de uma concepção barroca da realidade brasileira, inspirada na estética do cineasta Glauber Rocha (1939-1981). Carlos 50 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 Nelson Coutinho formou-se em filosofia pela Universidade Federal da Bahia; durante o regime militar residiu na Itália e na França, sendo atualmente professor universitário no Rio de Janeiro. Nos últimos oito anos deu-se a ascensão ao poder do Partido dos Trabalhadores, que conquistou, na eleição de 2002, a Presidência da República, com Luíz Inácio Lula da Silva (1945-) com dois mandatos que se estenderam até o final de 2010, com a eleição, nesse ano, da candidata oficial Dilma Rousseff (1947-). Embora o PT tivesse tentado a eleição presidencial em duas outras oportunidades (1989 e 1994), nunca tinha conseguido a maioria dos votos do eleitorado, em decorrência da radical plataforma apresentada nessas oportunidades, inspirada no modelo cubano de ditadura comunista. No entanto, na campanha de 2002, o programa de governo do candidato Lula foi reformulado (na denominada “Carta do Recife ao Povo Brasileiro”), de forma a apresentá-lo como situado no contexto das propostas social-democratas, com uma plataforma que propendia pela manutenção das estruturas do governo representativo, com salvaguarda das liberdades civis, preservação da política macroeconômica vigente, respeito aos contratos internacionais e às privatizações efetivadas nos dois governos de Fernando Henrique Cardoso, preservação da propriedade privada e da empresa capitalista e aceitação da rotatividade no poder, de acordo aos resultados dos pleitos nas urnas. Galgado o poder em janeiro de 2003, as tendências radicais no seio do PT começaram a exigir o cumprimento da agenda marxista original, sendo que, para conseguir o consenso necessário à manutenção do governo, Lula da Silva partiu para a cooptação do Congresso, mediante a prática sistemática da compra de votos das bancadas partidárias, o que ensejou o denominado affaire do “mensalão”. Para superar o escândalo e cooptar os setores mais carentes da sociedade civil, o governo partiu para uma política de generosa distribuição de recursos orçamentários aos denominados “movimentos sociais”, Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 51 cuja peça-chave foi o programa denominado de “bolsa família”. O gasto público, em consequência, sofreu um forte aumento, com comprometimento das metas de controle da inflação. O funcionalismo público cresceu acima da média das décadas anteriores, o que acabou agravando o quadro de desequilíbrio fiscal. Foram eliminados, de outro lado, os controles que tinham sido estabelecidos por Fernando Henrique Cardoso sobre o gasto público (independência do Banco Central, ação vigilante do Tribunal de Contas da União, lei de responsabilidade fiscal da União, Estados e Municípios etc.). O sistema sindical do operariado foi eximido da obrigação de prestar contas dos seus gastos aos órgãos fiscalizadores, agravando, assim, o já acelerado endividamento do setor público. Ao ensejo dos eventos esportivos futuros (Copa do Mundo de Futebol, em 2014 e Olimpíada do Rio de Janeiro, de 2016) foram esquecidos os requisitos legais de concorrências públicas, abrindo assim um tremendo desfalque dos cofres públicos, já antes de terem sido culminadas as obras. Nessa trilha de generosidade oficial, foi eleita a candidata do PT, Dilma Rousseff. O articulador da política do PT é José Dirceu127 (1946-), conhecido militante de formação marxista-leninista, ex-deputado federal e ex-ministro da Casa Civil do primeiro governo Lula. O principal ideólogo do Partido no governo é Marco Aurélio Garcia128 (1941-), formado em Filosofia e Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É professor licenciado no Departamento de História da Unicamp. Nos anos 1960 foi vice-presidente da UNE e vereador na cidade de Porto Alegre. Na década de 1970 esteve exilado no Chile e na França. Após a anistia, voltou para o Brasil e colaborou, ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva, na fundação do Partido dos Trabalhadores. Em 1990, na condição de Secretário de Relações Internacionais do PT, foi, junto com Lula, um dos fundadores do Foro de São Paulo, entidade internacional imaginada por Fidel Castro (1926-) para reunir todos os grupos da esquerda comunista da América Latina. Foi Secretário de Cultura nos municípios de Campinas e São Paulo. 52 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 Um outro ideólogo importante do governo petista é Luiz Dulci129 (1956-). Formado em letras clássicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é professor de língua e literatura portuguesa desde 1974, especializado em educação de adultos; é também militante do movimento sindical dos professores e trabalhadores na Educação no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Desempenhou-se como ministro do gabinete Lula, na Secretaria Geral da Presidência. Principal ideólogo dos movimentos sociais (que, como foi frisado, têm sido generosamente contemplados com recursos do orçamento pelos governos petistas), sobressai o economista João Pedro Stédile130 (1953-), líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), vinculado ao movimento internacional “Via Campesina”. O MST reivindicou, até o final de 2007, a Reforma Agrária, realizando invasões de terras produtivas, com a finalidade de pressionar o governo para que liberasse, em seu benefício, verbas do orçamento destinadas à Agricultura Familiar. Esvaziada a capacidade de mobilização do MST, em decorrência do programa Bolsa Família, os dirigentes mudaram de objetivo: combatem, agora, as agroindústrias, que seriam representantes do capital especulativo internacional e lutam pela reestatização de empresas privatizadas como a Vale do Rio Doce. O MST realizou, ao longo das duas últimas décadas, agressivo programa de conscientização revolucionária, utilizando manuais marxistas-leninistas de guerrilha rural, chegando até a criar uma “Universidade do MST”, no interior do Estado de São Paulo. Um dos críticos mais contundentes do MST é o cientista político (e ex-militante desse Movimento), Zander Navarro131 (1952-), atualmente pesquisador da Embrapa, em Brasília. Para ele, “aos poucos o MST centralizou suas decisões (…) tornando-se menos democrático e aberto à participação de seus aderentes (…). Tornou-se, portanto, nos anos recentes, um movimento de quadros, em consonância com o manual leninista”.132 8 – Pensamento estratégico. Esta variante do pensamento político está presente, desde tempos remotos, na cultura luso-brasileira. PorCarta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 53 tugal desenvolveu, muito cedo, uma política de sobrevivência no meio de nações mais fortes. Na partilha do Reino entre os filhos de Afonso VI (1039-1109), Rei de Leão e Castela e Imperador da Espanha, coube à herdeira do Condado Portucalense, Dona Teresa de Leão (1080-1130), filha bastarda, fazer valer os seus direitos contra as pretensões de Dona Urraca I de Leão e Castela (1081-1126), que pretendia se apossar das suas terras. Casadas as meias-irmãs com dois príncipes estrangeiros, Urraca com Raymundo de Borgonha (10701107) e Teresa com Henrique de Borgonha (1066-1112), houve uma negociação entre este e o seu tio, Guido de Borgonha (1050-1124), Bispo de Vienne (cidade do departamento de Isère, na França), que em 1119 foi eleito Papa, em Cluny (tendo adotado o nome de Calixto II), no sentido de que fosse garantida, pela Santa Sé, a independência do Condado Portucalense, em face das pretensões de Castela.133 Não há dúvida de que essa preocupação estratégica entrou no DNA político do fundador do Reino de Portugal, Dom Afonso Henriques (1109-1185), filho de Teresa e Henrique de Borgonha. Ulteriormente, essa política de sobrevivência manifestar-se-ia nas medidas tomadas pelos Reis de Portugal, no sentido de costurar alianças que garantissem a independência do país em face das pretensões espanholas ou de outros reinos europeus, notadamente da França. Data do século XVII o “plano B” da Coroa portuguesa de transferir a capital do Reino para fora do continente, caso houvesse uma invasão por parte de outro Estado. Inicialmente tinha-se pensado na instalação da Corte nas Ilhas Açores, como capital de um Reino que, além de Portugal, abarcasse, também, o Pará e o Maranhão.134 Quando o General José Bonaparte (1768-1844) entrou na Península Ibérica, em 1808, pôs-se em funcionamento um plano desse tipo, com a transferência da Corte portuguesa para o Brasil, inicialmente para Salvador e, pouco depois, para o Rio de Janeiro. Zelo estratégico especial tiveram os negociadores portugueses do Tratado de Tordesilhas (assinado entre Espanha e Portugal e ratificado pelo 54 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 Papa Júlio II, em 1506), no sentido de, mediante hábeis negociações e falsificação de mapas, ir alargando a faixa que correspondia a Portugal, em direção ao Oeste. Senso estratégico extraordinário acompanhou à ideia pombalina, no século XVIII, de ocupar a hinterlândia brasileira, mediante a transferência da capital da Colônia para o Planalto Central, de onde pudessem ser atendidas todas as Províncias, colocando um tapume para a expansão castelhana, cujas Colônias ficaram confinadas nos Andes, ao ensejo da anulação definitiva do Tratado de Tordesilhas, em 1777, pelo Tratado de Santo Ildefonso. O plano pombalino de ocupação do Planalto Central voltou a ser acariciado pelo Patriarca da Independência brasileira, José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), em 1821, e seria a ideia geradora da construção de Brasília, no Governo de Juscelino Kubitschek (1902-1976), em 1961. Os mapas portugueses dos séculos XVI e XVII foram progressivamente empurrando a linha demarcatória do antigo Tratado para o Oeste, de forma a garantir a posse, por Portugal, de vastas áreas que outrora eram reivindicação castelhana. A política de construção de fortes, no período pombalino, conserva esse mesmo espírito, de garantir a defesa dos limites das colônias portuguesas. Nesse contexto de um senso quase instintivo de sobrevivência coletiva, que garantiu a soberania portuguesa entre vizinhos mais poderosos, inserem-se os primórdios do pensamento estratégico brasileiro. Recolhendo a herança dos autores que pensaram o Brasil a longo prazo em um contexto estratégico, ao longo do século XIX135 e na primeira metade do século XX,136 destacam-se quatro pensadores na contemporaneidade: a Professora Terezinha de Castro137 (falecida em 2000), o General Golbery do Couto e Silva138 (1911-1987), o General Carlos de Meira Mattos139 (1913-2007) e o Jornalista e Sociólogo Oliveiros Ferreira140 (1929-). A estratégia brasileira, no decorrer do século XX, esteve marcada por um fator decisivo: o perfil autoritário incutido à República pelos positivistas. Assim, foram de cunho autoritário as formulações estratégicas efetivadas durante o longo ciclo getuliano (pela Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 55 segunda geração castilhista)141 e durante o ciclo militar de 1964 (que orbitou ao redor do modelo denominado por Wanderley-Guilherme dos Santos142 de “autoritarismo instrumental”). No entanto, em que pese o viés autoritário, firmou-se, definitivamente, a base modernizadora do Estado brasileiro, no ciclo getuliano e no período militar pós-1964. No primeiro período, efetivou-se a integração política nacional, superando as divisões ensejadas pelas oligarquias estaduais. No segundo período (que corresponde ao ciclo militar), realizou-se a transformação do País em economia industrial e deu-se um passo definitivo rumo à integração nacional, mediante a modernização das telecomunicações e a abertura da malha rodoviária federal, sendo que se equacionou também, de forma pacífica, a abertura democrática, à luz do que o General Golbery denominava de “engenharia política”, com a volta dos exilados e a livre fundação de partidos políticos. Não deixa de ostentar uma faceta autoritária a atual formulação da política externa, efetivada pelo regime lulo-petista à sombra da “diplomacia presidencial” praticada por Lula e por Dilma e norteada, inicialmente, pelo ex-ministro Mangabeira Unger143 (1947-) e, depois, pela geração de diplomatas terceiro-mundistas que tomaram conta do Itamaraty, embalados na retórica gramsciana e na compulsão ideológica de um imaturo antiamericanismo,144 e que efetivaram grosseira simplificação do atual momento de globalização. Podem ser identificados acertos na atual política brasileira, sendo o principal a decisão de formular uma Estratégia Nacional de Defesa145 que corresponda ao ideal democrático e à complexidade do Mundo Contemporâneo. Mas esta disposição não se coaduna com os aspectos negativos mencionados no parágrafo anterior, nem com a irracional sonegação, pelo governo, dos recursos a serem aplicados na realização da política traçada.146 Seria conveniente a formulação de uma estratégia que incorporasse, novamente, o controle, pela sociedade civil, do aparelho do Estado, mediante o revigoramento da representação parlamentar 56 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 e a limitação da ingerência indevida do Executivo na legislação, como acontece com a prática das “medidas provisórias”. Esses ideais, de inspiração liberal, foram praticados pelos estrategistas do século XIX e deixados de lado no ciclo Republicano. A formulação de uma estratégia que incorpora o ideal democrático está presente, no entanto, nas inúmeras iniciativas da sociedade civil e de alguns órgãos das Forças Armadas, que menciono a seguir: em primeiro lugar, a criação do Centro de Pesquisas Estratégicas “Paulino Soares de Sousa” da Universidade Federal de Juiz de Fora, em 2005; sobressai, aqui, a contribuição dada por Expedito Carlos Stephani Bastos,147 com estudos acerca de tecnologia militar e história dos blindados brasileiros. Em segundo lugar, os Foros Nacionais, programados regularmente no Rio de Janeiro pelo Instituto Nacional de Altos Estudos, sob a coordenação do ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso (1931-). Em terceiro lugar, os estudos e eventos programados, no Rio de Janeiro, pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), sob a direção do Embaixador José Botafogo Gonçalves (1935-). Em quarto lugar, os Encontros Nacionais de Centros de Estudos Estratégicos, programados, no Rio, pela Eceme, com a colaboração da ESG. Em quinto lugar, as atividades do Centro de Estudos e Formulação Estratégica do Exército, com sede em Brasília. Em sexto lugar, os seminários promovidos regularmente sobre temas estratégicos e políticos, pelo Instituto Millenium, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em sétimo lugar, os seminários desenvolvidos, no Rio de Janeiro, pela Academia Brasileira de Defesa (presidida pelo brigadeiro Ivan Frota). Em oitavo lugar, os colóquios e simpósios programados, no Rio de Janeiro, pelo Instituto de História e Geografia Militar (presidido pelo General Aureliano Pinto de Moura) e pela Academia Brasileira de Filosofia (presidida pelo Professor João Ricardo Moderno). No que tange às revistas e publicações especializadas, cabe mencionar as seguintes: Política e Estratégia, editada pela sociedade Convívio, em Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 57 São Paulo, ao longo dos anos 1980 (sob a direção de Adolpho Crippa e Antônio Carlos Pereira); a Revista de Ciência Política publicada pela Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, destacando-se, aqui, os trabalhos desenvolvidos pelo cientista político Octavio Amorim Neto; A Defesa Nacional, publicada regularmente no Rio de Janeiro pela Bibliex; Aeronáutica, editada no Rio de Janeiro, para o Clube da Aeronáutica, pelo Coronel Aviador Araken Hipólito da Costa; a Revista do Exército Brasileiro, publicada no Rio de Janeiro pela Bibliex; as diversas publicações sobre temas estratégicos, que regularmente realizam a Biblioteca do Exército, no Rio de Janeiro, bem como a Escola de Guerra Naval; a Revista de Economia e Relações Internacionais, publicada em São Paulo pela Fundação Armando Alvares Penteado; as inúmeras publicações realizadas sobre temas diplomáticos e estratégicos pelo IPRI (ligado ao Ministério das Relações Exteriores, em Brasília); as revistas eletrônicas Ibérica – Estudos Ibéricos e Ibero-Americanos e Cogitationes,148 coordenadas por Alexandre Ferreira de Souza e Marco Antônio Barroso, do Núcleo de Estudos Ibéricos e Ibero-Americanos da Universidade Federal de Juiz de Fora etc. Notas 1 Cf. SANTOS, Wanderley-Guilherme dos. Ordem burguesa e liberalismo político. São Paulo: Duas Cidades, 1978. p. 31. 2 FAORO, Raimundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. Porto Alegre: Globo, 1958. 2 v. 3 SCHWARTZMAN, Simon. São Paulo e o Estado Nacional. São Paulo: Difel, 1975. Cf., do mesmo autor, Bases do autoritarismo brasileiro. Rio de Janeiro: Campus, 1982. 4 WEBER, Max. Economia e sociedade. Tradução de José Medina Echavarría et al. México: Fondo de Cultura Económica, 1944. 4 v. Primeira edição em espanhol. 58 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 5 WITTFOGEL, Karl. Le Despotisme oriental: étude comparative du pouvoir total. Paris: Minuit, 1977. (Versão francesa a cargo de Micheline Pouteau). 6 PAIM, Antônio. A querela do estatismo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978. 7 SANTOS, Wanderley Guilherme dos. Ordem burguesa e liberalismo político. São Paulo: Duas Cidades, 1978. Do mesmo autor, Poder e política: crônica do autoritarismo brasileiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1978. 8 PENNA, José Osvaldo de Meira. Psicologia do subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: APEC, 1972. Prefácio de Roberto Campos. 9 PENNA, José Osvaldo de Meira. Em berço esplêndido: ensaios de psicologia coletiva brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio/INL, 1974. 2. ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Topbooks/Instituto Liberal, 1999. 10 PENNA, José Osvaldo de Meira. O Brasil na idade da razão. Rio de Janeiro: Forense Universitária/INL, 1980. 11 PENNA, José Osvaldo de Meira. A utopia brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988. 12 PENNA, José Osvaldo de Meira. O dinossauro: uma pesquisa sobre o Estado, o Patrimonialismo selvagem e a nova casta de intelectuais e burocratas. São Paulo: T. A. Queiroz, 1988. 13 PENNA, José Osvaldo de Meira. Opção preferencial pela riqueza. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1991. 14 PENNA, José Osvaldo de Meira. Decência já. Rio de Janeiro: Instituto Liberal/Nórdica, 1992. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 59 15 VÉLEZ-RODRÍGUEZ, Ricardo. Castilhismo: uma filosofia da República. Porto Alegre: EST; Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 1980. 2. ed. corr. e aum. (Prefácio de Antônio Paim). Brasília: Senado Federal, 2000. 16 VÉLEZ-RODRÍGUEZ, Ricardo. O Castilhismo. Brasília: Universidade de Brasília, 1982. 2. ed. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 1994. 17 VÉLEZ-RODRÍGUEZ, Ricardo. Oliveira Vianna e o papel modernizador do Estado brasileiro. (Apresentação de Antônio Paim). Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 1997. 18 VÉLEZ-RODRÍGUEZ, Ricardo. Estado, cultura y sociedad en la América Latina. Bogotá: Universidad Central, 2000. 19 PAIM, Antônio. Momentos decisivos da história do Brasil. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 20 PAIM, Antônio. O relativo atraso brasileiro e sua difícil superação. São Paulo: Senac, 2000. 21 PAIM, Antônio. O Socialismo Brasileiro. Brasília: Instituto Teotônio Vilela/Quick Print Ltda., 2000. 22 PAIM, Antônio. A escola cientificista brasileira: estudos complementares à história das idéias filosóficas no Brasil. v. 6. Londrina: CEFIL, 2002. 23 PAIM, Antônio. Para entender o PT. Londrina: Edições Humanidades, 2002. 24 Cf. Cf. SOUZA, Jessé. A modernização seletiva: uma reinterpretação do dilema brasileiro, Brasília: Editora da UnB, 2000; A construção social da sub-cidadania, para uma sociologia política da modernidade periférica. Belo Horizonte: UFMG, 2003; A ralé brasileira, quem é e como vive. Rio 60 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 de Janeiro: Record, 2009; Os batalhadores brasileiros, nova classe média ou nova classe trabalhadora? Belo Horizonte: UFMG, 2010. 25 Cf. AVRITZER, Sérgio. A singularidade brasileira. Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo, v. 16, n. 45, fev. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid =S0102-69092001000100009>. Acesso em: 29 nov. 11. 26 REALE, Miguel. Variações. São Paulo: GRD, 1999. p. 24. 27 Cf. REALE, Miguel. Variações sobre o liberalismo: política e direito: ensaios. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 15. Outras obras de Miguel Reale em que aparece a sua reflexão mais recente sobre a realidade política, analisada do ponto de vista da sua concepção liberal, são as seguintes: Da revolução à democracia. 2. ed. São Paulo: Convívio, 1977; Política de ontem e de hoje. São Paulo: Saraiva, 1978; Liberdade e democracia. São Paulo: Saraiva, 1987; De Tancredo a Collor. São Paulo: Siciliano, 1992; O homem e seus horizontes. 2. ed. São Paulo: Convívio, 1997; De olhos no Brasil e no mundo. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1997; Pluralismo e liberdade. 2. ed. São Paulo: Saraiva,1998; O Estado democrático de direito e o conflito das ideologias. São Paulo: Saraiva, 1998; Variações. São Paulo: GRD, 1999. 28 Cf. REALE, Miguel. Carta a José Guilherme Merquior (7/12/1990). Nela, Miguel Reale afirma o seguinte, referindo-se ao ensaio de Merquior intitulado: “Situação de Miguel Reale”, publicado no volume em homenagem aos oitenta anos de Reale. LAFER, Celso; FERRAZ JR. Tércio Sampaio. (Coord.). Direito, política, filosofia, poesia. São Paulo: Saraiva, 1992. p. 31-38; “É uma análise abrangente e profunda, ponto de partida essencial a qualquer nova indagação, a começar pelas observações sobre o culturalismo. Você viu bem a correlação de meu pensamento com o de Croce, pois bem cedo fui um leitor entusiasta de sua revista, Critica, que renovou o pensamento italiano. (...) A influência de Hegel e Marx em minha formação foi atenuada pela filtragem croceana, revelando-se logo minha oposição a Gentile e seu idealismo atualista. (...) Outro ponto que me impressionou foi o seu Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 61 paralelo com Raymond Aron, a quem me aproximo pela constante vivência da problemática filosófica em sintonia com a política”. Esta carta foi citada por José Mário Pereira, no seu texto intitulado: “O fenômeno Merquior”, escrito para a obra coletiva organizada por SILVA, Alberto Costa e. (Org.). O Itamarati na cultura brasileira. Brasília: Instituto Rio Branco, 2001. 29 PENNA, José Osvaldo de Meira. O homem mais lúcido do Brasil: o Estado de S. Paulo, [S.l.], p. 10, 10 out. 2001. Meira Penna menciona as seguintes personalidades, ícones do pensamento liberal brasileiro: José da Silva Lisboa, visconde de Cairú (1756-1835); Paulino Soares de Sousa, visconde de Uruguai (1807-1866); Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846); Gaspar da Silveira Martins (1834-1901); Rui Barbosa (1849-1923); Milton Campos (1900-1972); Eugênio Gudin (1886-1986) e Otávio Gouveia de Bulhões (1906-1990). 30 CAMPOS, Roberto. A Lanterna na popa: memórias. Rio de Janeiro: Topbooks, 1994. p. 20. 31 As obras em que este autor desenvolve os aspectos fundamentais da sua concepção liberal são: O argumento liberal. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983 e O liberalismo: antigo e moderno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. Para as referências à carreira intelectual de Merquior, alicercei-me nestas duas fontes: PAIM, Antônio (Org.) Dicionário biobibliográfico de autores brasileiros. Brasília: Senado Federal/Salvador: Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro, 1999. p. 327. seg. PEREIRA JR., José Mário, O fenômeno Merquior. In: COSTA E SILVA, Alberto (Org.) O Itamaraty na cultura brasileira. Brasília: Instituto Rio Branco, 2001. 32 Na introdução à sua obra intitulada: Crítica (1964-1989). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. Merquior escreveu: “Meu trajeto ideológico foi passavelmente errático até desaguar, nos anos 1980, na prosa quarentona de um liberal neoiluminista. Se desde cedo mantive uma posição constante – a recusa dos métodos formalistas, 62 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 então em pleno fastígio – por outro lado meu quadro de valores mudou muito, especialmente no que se refere à atitude frente às premissas estéticas e culturais do modernismo europeu, berço da doxa humanística de nosso tempo”. 33 MERQUIOR, José Guilherme. Última Hora. Rio de Janeiro, 13 nov. 1982. Entrevista concedida a José Mário Pereira Filho. 34 O historiador mexicano Enrique Krauze (1947-), no artigo intitulado “O esgrimista liberal” (Revista Vuelta, México, janeiro de 1992) escreveu acerca da atitude aberta e tolerante de Merquior: “Sua maior contribuição à diplomacia brasileira no México não ocorreu nos corredores das chancelarias ou através de relatórios e telex, mas na tertúlia de sua casa, com gente de cultura deste país. (...) A Embaixada do Brasil se converteu em lugar de reunião para grupos diferentes e até opostos de nossa vida literária. Lá se esqueciam, por momentos, as pequenas e grandes mesquinhezas e se falava de livros e ideias. Merquior convidava a gregos e troianos, escrevia em nossas revistas e procurava ligar-nos com publicações homólogas em seu Brasil. (...) Merquior cumpriu um papel relevante: foi uma instância de clareza, serenidade e amplitude de alternativas no diálogo de ambos os governos.” 35 A sua última colaboração com o governo dar-se-ia no início da administração de Fernando Collor de Mello (1949-), em 1990, quando elaborou amplo programa, de feição liberal, que serviria como norte ao novo governo. 36 BARROS, Roque Spencer Maciel de. Introdução à filosofia liberal. São Paulo: Grijalbo/EDUSP, 1971. p. 14. 37 BARROS, Roque Spencer Maciel de. O fenômeno totalitário. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1990. 38 BARROS, Roque Spencer Maciel de. O fenômeno totalitário. ob. cit., p. 14. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 63 39 BARROS, Roque Spencer Maciel de. O fenômeno totalitário. ob. cit., p. 746. 40 Cf. BARROS, Roque Spencer Maciel de. A significação educativa do romantismo brasileiro: Gonçalves de Magalhães. São Paulo: Grijalbo/ EDUSP, 1973. Nestas outras obras o autor completa a sua análise do Liberalismo, no plano geral e no contexto brasileiro: A evolução do pensamento de Pereira Barreto, São Paulo: Grijalbo, 1967; A ilustração brasileira e a idéia de Universidade. São Paulo: Convívio/EDUSP, 1986; Estudos liberais. São Paulo: T. A. Queiroz, 1992; Razão e racionalidade. São Paulo: T. A. Queiroz, 1993; Estudos brasileiros. Londrina: Editora da Universidade Estadual de Londrina, 1997; O significado do liberalismo atual, uma controvérsia brasileira. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1998. 41 PENNA, José Osvaldo de Meira. O espírito das revoluções: da revolução gloriosa à revolução liberal. (Prefácio de Antônio Paim). Rio de Janeiro: Faculdade da Cidade, 1997. p. 251-252. 42 PENNA, José Osvaldo de Meira. Opção preferencial pela riqueza. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1991. p. 228. É significativa a produção intelectual de Meira Penna no que diz relação à exposição do pensamento liberal. As suas obras mais importantes, a respeito, são as seguintes, afora as mencionadas neste texto anteriormente: Psicologia do subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: APEC, 1972; A ideologia do século XX: uma análise crítica do Nacionalismo, do Socialismo e do Marxismo. São Paulo: Convívio, 1985; Utopia Brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988; Em berço esplêndido: ensaios de psicologia coletiva brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Topbooks/Instituto Liberal, 1999; Da moral em economia. Rio de Janeiro: UniverCidade/Instituto Liberal, 2002; Quando mudam as capitais (Apresentação de Juscelino Kubitschek; prefácio de Israel Pinheiro). Brasília: Senado Federal, 2002; Polemos: uma análise crítica do darwinismo. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2006. 43 Cf. PAIM, Antônio. O relativo atraso brasileiro e a sua difícil superação. São Paulo: Senac, 2000. Bem como Momentos decisivos da história do Brasil. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 64 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 44 Cf. PAIM, Antônio. Para entender o PT. Londrina: Edições Humanidades, 2002. 45 Cf. PAIM, Antônio (Org.). Evolução histórica do liberalismo. Belo Horizonte: Itatiaia, 1987. O liberalismo contemporâneo. 3. ed. Londrina: Edições Humanidades, 2007. Do mesmo autor, cf. História do liberalismo brasileiro. São Paulo: Mandarim, 1998. 46 Cf. PAIM, Antônio. Marxismo e descendência. Campinas: Vide Editorial, 2009. A feição cientificista adotada pelo marxismo brasileiro foi criticada por este autor em: A escola cientificista brasileira: estudos complementares à história das ideias filosóficas no Brasil. v. 6. Londrina: Edições CEFIL, 2003. Na História das idéias filosóficas no Brasil. 3. ed., rev. e amp. São Paulo: Convívio; Brasília: INL –Fundação Nacional Pró-Memória, 1984. p. 81-158), Paim estuda os traços gerais do pensamento político brasileiro, destacando a ascensão do liberalismo e a sua contraposição às correntes autoritárias. 47 Cf. PAIM, Antônio (Org.). Dicionário biobibliográfico de autores brasileiros: filosofia, pensamento político, sociologia, antropologia. Brasília: Senado Federal; Salvador, Bahia: Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro, 1999. Do mesmo autor (organizador, com a colaboração de Vicente BARRETTO), cf. Evolução do pensamento político brasileiro. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1989. 48 DAMATTA, Roberto. Sobra dinheiro, falta vigilância. Veja, São Paulo, ed. 2.236, ano 44, n. 39, p. 20, 28 set. 2011. Entrevista concedida à Mônica Weinberg. Do ângulo que nos interessa, a história do pensamento político brasileiro, as principais obras deste autor são: Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1979; O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Salamandra, 1984; A casa & a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1985; Tocquevilleanas: notícias da América. Rio de Janeiro: Rocco, 2005. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 65 49 PAIM, Antônio. Patrimonialismo e Sociedade. In: COLÓQUIO ANTERO DE QUENTAL, 9., 2011, [Minas Gerais]. Comunicação... São João del Rei, 2011. No prelo. 50 Cf. GALVÊAS, Ernani. Brasil: fronteira do desenvolvimento. Rio de Janeiro: APEC, 1974; Brasil: desenvolvimento e inflação. Rio de Janeiro: APEC, 1976; Brasil: economia aberta ou fechada? Rio de Janeiro: APEC, 1982; A Saga da Crise. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1985; A Crise do Petróleo. Rio de Janeiro: APEC, 1985; Inflação, déficit e política monetária. Rio de Janeiro: CNC, 1985; Crônicas econômicas: análise retrospectiva 2002/2005. Rio de Janeiro: CNC, 2006; Crônicas econômicas: análise retrospectiva 2006/2010. Rio de Janeiro: CNC, 2011. 51 Cf. PAIM, Gilberto Ferreira. Computador faz política. Rio de Janeiro: APEC, 1985; Petrobras, um monopólio em fim de linha. Rio de Janeiro: Topbooks, 1994; O filósofo do pragmatismo: atualidade de Roberto Campos. Rio de Janeiro: Escrita, 2002; João Figueiredo: missão cumprida. Rio de Janeiro: Escrita, 2005; A Amazônia de Pombal sob ameaça. Rio de Janeiro: [s.n.], 2006; De Pombal à abertura dos portos. Rio de Janeiro: [s.n.], 2010. 52 STEWART, Donald. Os donos do Brasil. Portal de Olavo de Carvalho. [S.l., s.n.], 1999. Disponível em: <http://www.olavodecarvalho.org/ convidados/0147.htm>. Acesso em: 11 nov. 2011. Outros escritos deste autor são os seguintes: O que é o liberalismo? Rio de Janeiro: Ediouro, 1988; A lógica da vida. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1999. E A organização da sociedade segundo uma visão liberal. Porto Alegre: Instituto de Estudos Empresariais, 2009. Donald Stewart traduziu, para o português, várias obras de Ludwig von Mises (1881-1973), um dos ícones da chamada “Escola Austríaca” de pensamento econômico. 53 Cf. LEME, Og Francisco. Introdução ao liberalismo; Liberdade e prosperidade; Neoliberalismo; As funções do governo numa ordem liberal. Estes artigos foram editados pelo Instituto no Portal. [S.l., s.n. 2000]. Disponível em: <http://institutoliberal.locaweb.com.br/textos. asp?cds=106&ano=2009&mes=>. Acesso em: 11 nov. 2011. 66 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 54 Cf. FENDT, Roberto. Latin America, Western Europe and the United States: reevaluating the Atlantic Triangle. New York: Praeger, 1985; Mercosul. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1993; Uneven architecture: the space of Emerging Countries in the International Financial System. São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 2002; Brasil contemporâneo: Crônicas de um país incógnito. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2006. 55 Cf. GUERREIRO, Mário. Ética mínima para homens práticos. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1995; O problema da ficção na filosofia analítica. Londrina: Editora UEL, 1999; Ceticismo ou senso comum? Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999; Deus existe? Uma investigação filosófica. Londrina: Editora UEL, 2000 e Liberdade ou igualdade. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. 56 Cf. OLIVA, Alberto. Entre o dogmatismo arrogante e o desespero cético: a negatividade como fundamento da visão de mundo liberal. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1993; Liberdade e conhecimento: individualismo VS. coletivismo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1994. Ciência e ideologia: Florestan Fernandes e a formação das ciências sociais no Brasil. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997. 57 Cf. CONSTANTINO, Rodrigo. Prisioneiros da liberdade. Belo Horizonte: Soler, 2004; Estrela cadente: as contradições e trapalhadas do PT. Belo Horizonte: Soler/Komedi, 2005; Egoísmo racional: o individualismo de Ayn Rand. Rio de Janeiro: Documenta Histórica, 2007; Uma luz na escuridão. Belo Horizonte: Soler, 2008; Economia do indivíduo: o legado da escola austríaca. Rio de Janeiro: Instituto Ludwig von Mises, 2009; Liberal com orgulho. Rio de Janeiro: Lacre, 2011. 58 O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Rio de Janeiro, é uma das mais importantes instituições de pesquisa do Brasil, tendo sido criado pelo Imperador Dom Pedro II (1825-1891), em 1838. 59 Cf. WEHLING, Arno. Administração portuguesa no Brasil, de Pombal a Dom João VI. Brasília: FUNCEP, 1986; Pensamento político e elaboração consCarta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 67 titucional no Brasil: estudos de história das idéias políticas. Rio de Janeiro: IHGB, 1995; Institutos históricos: evolução e tendências. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional/IHGB, 1998; Estado, história memória: Varnhagen e a construção da identidade nacional. Rio de Janeiro: Nova Fronteira/ UNIRIO, 1999; CRISTÓVÃO, Fernando (Org.). Dicionário temático de lusofonia. Lisboa, 2005; Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: IHGB, 2005; Formação do Brasil colonial. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005. Colaboração com Maria José WEHLING. 60 As obras de Ubiratan MACEDO vinculadas ao estudo do Liberalismo são as seguintes: A idéia de liberdade no século XIX: o caso brasileiro. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1977; A liberdade no Império. São Paulo: Convívio, 1977; Metamorfoses da liberdade. São Paulo: Convívio, 1978; Os caminhos da democracia no Brasil: um estudo de história das idéias. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 1984 (tese de doutorado em Filosofia); Liberalismo e justiça social: introdução de Antônio Paim, São Paulo: IBRASA, 1995; (Org.). Círculo de estudos do liberalismo: textos reunidos. Rio de Janeiro: Círculo de Estudos do Liberalismo, 1996; O liberalismo moderno. São Paulo: Massao Ohno, 1997; (Org.). Avaliação crítica da social-democracia: o exemplo francês. São Paulo: Massao Ohno/Instituto Tancredo Neves, 2000; Democracia e direitos humanos: ensaios de filosofia prática (política e jurídica), Londrina: Edições Humanidades, 2003. 61 CARVALHO, José Maurício de. Presença de Ubiratan de Macedo na filosofia brasileira contemporânea. no Portal do Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro. [S.l., s.n. 20..]. Disponível em: <http://www.cdpb.org.br/arquivos_pdf/ubiratan.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2011. 62 Cf. SOUZA, Francisco Martins de. O Culturalismo sociológico de Alcides Bezerra. (apresentação de Antônio Paim), São Paulo: Convívio, 1981; (Org. e introd.) O Estado Nacional e outros ensaios de Francisco Campos. Brasília: Câmara dos Deputados, 1983; Paradigmas teóricos do autoritarismo brasileiro. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 1995. (Tese de Doutorado em Pensamento Luso-Brasileiro). 68 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 63 Cf. PROTA, Leonardo. Imperativo atual: a busca de modelo diversificado de Universidade. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 1981 (Tese de Doutorado em Pensamento Luso-Brasileiro); Curso de humanidades: apresentação geral. São Paulo: Instituto de Humanidades, 1986; Um novo modelo de Universidade (apresentação de Antônio Paim). São Paulo: Convívio, 1987; Curso de Humanidades: história da Cultura. São Paulo: Instituto de Humanidades, 1988 (em coautoria com Antônio PAIM e Ricardo VÉLEZ-RODRÍGUEZ); Curso de humanidades: política, São Paulo: Instituto de Humanidades, 1989 (em coautoria com Antônio PAIM E Ricardo VÉLEZ-RODRÍGUEZ); Curso de humanidades: moral. Londrina: Editora UEL, 1997 (em coautoria com Antônio PAIM e Ricardo VÉLEZ-RODRÍGUEZ); Curso de humanidades: religião. Londrina: Editora UEL, 1997 (em coautoria com Antônio PAIM e Ricardo VÉLEZ-RODRÍGUEZ); Curso de humanidades: filosofia. Londrina: Edições Humanidades, 2005 (em coautoria com Antônio PAIM e Ricardo VÉLEZ-RODRÍGUEZ); A Universidade em debate. Londrina: Editora da UEL, 1998 (em coautoria com Gilvan Luiz HANSEN). 64 Cf. BARBOSA, Maria Lúcia Victor. América Latina em busca do paraíso perdido. São Paulo: Saraiva, 1995; O voto da pobreza e a pobreza do voto. Rio de Janeiro: Zahar, 1988; Fragmentos de uma época. Londrina: Editora UEL, 1998. 65 Cf. CORRÊA, Arsênio Eduardo. A ingerência militar na República e o Positivismo. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1997; (Org.). Escritos políticos de Armando Salles de Oliveira. Brasília: Instituto Tancredo Neves, 2002; A Frente Liberal e a democracia no Brasil (1984-1985). São Paulo: Nobel, 2006; O pensamento político de Campos Salles. Londrina: Edições Humanidades, 2009. 66 Cf. BARRETO, Vicente de Paulo. A ideologia liberal no processo da Independência do Brasil (1789-1824). Brasília: Câmara dos Deputados, 1983; O estudo do pensamento político brasileiro: texto para discussão. Rio de Janeiro: IUPERJ, 1977; Ideologia e política no pensamento de José Bonifácio de Andrada e Silva. Rio de Janeiro: Zahar, 1987; Liberalismo e representação Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 69 política: o período imperial. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1982; Uma proposta do liberalismo social. Brasília: Instituto Tancredo Neves, 1985; Qual Constituição liberal? Brasília: Instituto Tancredo Neves, 1986; Evolução do pensamento político brasileiro. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1989 (em colaboração com Antônio PAIM e Ricardo VÉLEZ-RODRÍGUEZ); Perspectivas políticas da Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1990; O liberalismo e a Constituição de 1988: textos selecionados de Rui Barbosa (apresentação de Ulysses Guimarães), Rio de Janeiro: Nova Fronteira/Fundação Casa de Rui Barbosa, 1991; Primórdios do liberalismo. Rio de Janeiro: Editora da Universidade Gama Filho, 1994; Liberalismo e representação política: o período imperial. Rio de Janeiro: Editora da Universidade Gama Filho, 1994; Liberalismo, autoritarismo e conservadorismo na República Velha. Rio de Janeiro: Editora da Universidade Gama Filho, 1994. 67 Cf. SOUZA JÚNIOR, César Saldanha. A crise da democracia no Brasil. São Paulo: Forense, 1978; Consenso e democracia constitucional. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2002; Consenso e tipos de Estado no Ocidente. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2002; Consenso e constitucionalismo no Brasil. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2002. 68 Cf. MALFATTI, Selvino Antônio. Propostas de organização da sociedade. São Paulo: Massao Ohno, 1998; Gênese do democratismo luso-brasileiro. Santa Maria: UFSM, 1995; Chimangos e Maragatos no Governo de Borges de Medeiros. Porto Alegre: Pallotti, 1988; Raízes do liberalismo brasileiro. Porto Alegre: Pallotti, 1985. 69 Cf. SANTOS, Francisco de Araújo. A emergência da modernidade: atitudes, tipos e modelos. Petrópolis: Vozes, 1990; O liberalismo. Porto Alegre: Editora UFRGS, 1991; Empresa aberta, uma abordagem liberal. Editora UFRGS, 1992. 70 Cf. TSE, Margaret. Portal do Instituto Liberdade. Disponível em: <http://www.il-rs.org.br/index.php> . Acesso em: 14 nov. 2011. Re70 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 latório sobre mudança climática do Instituto Fraser (2009); O muro de Copenhagen (2009); 2008 Index of Economic Freedom from Heritage Foudation in Brazil (2008); Institutional Quality Index 2011 in Brazil (2011); 2011 Index for Economic Freedom from Heritage Foudation in Brazil (2011); Institutional Quality Index 2010 in Brazil (2010); About the International Property Rights Index in Brazil (2010); 2010 Index for Economic Freedom from Heritage Foudation (2010); Institutional Quality Index 2009 in Brazil (2009). 71 Cf. BROSSARD, Paulo, O Judiciário como poder: uma questão constitucional. Porto Alegre: Globo, 1973; 31 de Março: promessas e realidades. Brasília: Senado Federal, 1976; É hora de mudar. Porto Alegre: L&PM, 1977; Chega de arbítrio. Porto Alegre: L&PM, 1978; Eu também sou filho de imigrantes. Brasília: Senado Federal, 1980; O ballet proibido. Porto Alegre: L&PM, 1981; Idéias políticas de Assis Brasil: estudo introdutório. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1989; O impeachment. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1992. 72 Cf. KRAMER, Paulo Roberto da Costa. Alexis de Tocqueville e Max Weber: respostas políticas ao individualismo e ao desencantamento na sociedade moderna. In: Jessé SOUZA (Org.). A atualidade de Max Weber. Brasília: Editora da UnB, 2000; Profissões industriais no Brasil: ontem, hoje e amanhã. Brasília: UnB/Senai, 2003. Colaboração: Roberto DAMATTA; Bobbio e o Brasil. In: Congresso em Foco, Brasília, 2004. 73 Cf. SATO, Eiiti. Crisis and beyond: responses and prospects. In: Mauricio A. FONT; Laura RANDALL (Org.). The Brazilian State: debate and agenda. Boulder, Co.: Lexington Books, 2011, v. 1, p. 83-107; Política brasileira, crescimento econômico e ordem internacional. In: João Paulo Machado PEIXOTO (Org.). Governando o Governo. Gestão Pública e Desenvolvimento no Brasil. 1. ed. São Paulo: Atlas Editora, 2008, v. 1, p. 107-139; O humanismo e a formação do moderno sistema de estados nacionais. In: Odete Maria de OLIVEIRA (Org.). Configuração dos humanismos e relações internacionais. Ijuí: Editora UNIJUÍ, 2006, v. 1, p. 273-314; Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 71 Inserção internacional do Brasil: potenciais e limitaçoes. In: Fundação Konrad Adenauer (Org.). O Brasil no cenário internacional. 2. ed. São Paulo: Konrad Adenauer, 2000, v. 2, p. 21-35; A ordem internacional depois da guerra fria: os países periféricos no processo de ajustamento em curso. In: Fernando MOURÃO (Org.). O Brasil no rastro da crise. 1. ed. São Paulo: Hucitec, 1994. 74 Cf. SALDANHA, Nelson. O Estado moderno e o constitucionalismo. Rio de Janeiro: Editora JB, 1976; O Estado, formas de Estado e o governo brasileiro. Brasília: Editora da UnB, 1979 (em colaboração com Paulo BONAVIDES); (organizador, com Pierangelo SCHIERA), Curso de introdução à ciência política. Brasília: Editora da UnB, 1982; O que é Poder Legislativo. São Paulo: Brasiliense, 1982; O declínio das Nações e outros ensaios. Recife: Massangana, 1989. 75 Cf. SCANTIMBURGO, João de. História do liberalismo brasileiro (prefácio de José Osvaldo de Meira Penna), São Paulo: LTr, 1996; A empresa moderna no Brasil (prefácio de Antônio Delfim Netto). São Paulo: Digesto Econômico, 1997. 76 Cf. MARTINS, Ives Gandra da Silva. O sistema legislativo e judiciário. São Paulo: LTr, 2000; 500 anos de história do Brasil: resumo esquemático. São Paulo: LTr, 2000; História do trabalho, do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 2002. 77 O endereço eletrônico da mencionada publicação é http:// www.flc.org.br 78 Cf. VÉLEZ-RODRÍGUEZ, Ricardo. Liberalismo y conservatismo en la América Latina. Bogotá: Tercer Mundo, 1978; A propaganda republicana. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1982; A ditadura republicana segundo o apostolado positivista. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1982; A democracia liberal segundo Alexis de Tocqueville. São Paulo: Mandarim, 1998; Keynes: doutrina e crítica. São Paulo: Massao Ohno, 1999; Estado, cultura y sociedad en la América Latina. Bogotá: Universidad 72 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 Central, 2000; O liberalismo francês: a tradição doutrinária e a sua influência no Brasil. Salvador-Bahia: Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro, 2011, Disponível em: <http://www.cdpb.org.br/ liberalismo_frances_velez.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2011; Castilhismo, uma filosofia da República. 3. ed. Brasília: Senado Federal, 2011. Sobre a minha crítica, do ângulo liberal, à Teologia da Libertação, cf. Politischer messianismus und theologie der befreiung. In: HOFMANN, Rupert (Org.), Gottesreich und Revolution, Münster: Verlag Regensberg, 1987, p. 5773; da minha autoria, cf. também: Teologia da libertação e ideologia soviética. In: Communio. Revista Internacional Católica de Cultura, v. 3, n. 14, p. 104-153, mar./abr. 1984; Teologia da libertação, marxismo e messianismo político. In: Communio. Revista Internacional Católica de Cultura, v. 28, n. 102, p. 437-454, abr./jun. 2009. Acerca da presença de Tocqueville na cultura brasileira, publiquei o ensaio intitulado: Tocqueville au Brésil. In: La Revue Tocqueville. Presses de l´Université, Toronto, v. 20, n. 1, p. 147-176, 1999. Version portugais-français par M. Lúcia Vianna. 79 Cf. VÉLEZ-RODRÍGUEZ, Ricardo. The sociological dimension of drug traffic in the favelas of Rio de Janeiro. In: Else R. P. VIEIRA. (Org. e introd.), City of god in several voices. Nottingham: CCCP, 2005, p. 166-173; Da guerra à pacificação: a escolha colombiana. Campinas: Vide Editorial, 2010. 80 Embora um pouco anterior ao recorte cronológico que me propus neste trabalho, porquanto falecido em 1963, não podia deixar de mencionar aqui o nome de Vicente Ferreira da SILVA, porquanto constitui um arquétipo que será seguido pelos autores posteriores arrolados nesta corrente de pensamento. Considerado por Miguel Reale como a maior vocação metafísica do Brasil, este autor desenvolveu aprofundada crítica à tecnocracia de inspiração positivista, em que se vazou o projeto modernizador brasileiro. A posição do nosso autor encontra-se, notadamente, nos seus ensaios sobre educação, sociologia e política. Cf. SILVA, Vicente Ferreira da. Obras completas (prefácio de Miguel Reale). São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia, 1964. v. 2, p. 433-492. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 73 81 Cf. CRIPPA, Adolpho. Mito e cultura. São Paulo: Convívio, 1975; (Coord.) As idéias políticas no Brasil. São Paulo: Convívio, 1979, 2 v.; (Org.). Rumo ao terceiro milênio: um projeto para o Brasil. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura/Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB), 1989; (Org.). Democracia e desenvolvimento. São Paulo: Convívio, 1979. A partir da Revista Convivium, editada trimestralmente, de forma ininterrupta, entre 1963 e 2000, Adolpho Crippa ensejou um espaço aberto para o debate político, num contexto democrático e pluralista, equivalente ao que, no período getuliano (embora com definido caráter conservador-autoritário), tinha conseguido efetivar Almir de Andrade (1911-1991) com a revista Cultura Política. Junto com a Revista Brasileira de Filosofia (publicada por Miguel Reale, entre 1949 e 2006), a Revista Convivium constituiu a mais importante instância de debate político, em um ambiente liberal de tolerância e de respeito à liberdade. 82 Cf. MERCADANTE, Paulo. A consciência conservadora no Brasil: contribuição ao estudo da formação brasileira. Rio de Janeiro: Saga, 1965; Tobias Barreto na cultura brasileira: uma reavaliação (introdução de Miguel Reale). São Paulo: Grijalbo, 1972 (em coautoria com Antônio Paim); Portugal: ano zero. Rio de Janeiro: Artenova, 1975; Militares & civis: a ética e o compromisso. Rio de Janeiro: Zahar, 1978; Graciliano Ramos: o manifesto do trágico. Rio de Janeiro: Topbooks, 1994; A coerência das incertezas: símbolos e mitos na fenomenologia histórica luso-brasileira. São Paulo: É Realizações, 2001. Introdução de Olavo de Carvalho. 83 In: Portal de Olavo de CARVALHO. Disponível em <http:// www.olavodecarvalho.org/espanol/datos1.htm>. Acesso em: 14 nov. 2011. As obras mais representativas deste autor, no terreno do pensamento político, são: Símbolos e Mitos no Filme O Silêncio dos Inocentes. Rio de Janeiro: IAL & Stella Caymmi, 1993; Os gêneros literários: seus fundamentos metafísicos. Rio de Janeiro: IAL & Stella Caymmi, 1993. O imbecil coletivo: atualidades inculturais brasileiras. Rio de Janeiro: Faculdade da Cidade Editora e Academia Brasileira de Filosofia, 1996; O futuro do pensamento brasileiro: estudos sobre o 74 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 nosso lugar no mundo. Rio de Janeiro: Faculdade da Cidade Editora, 1997, 1998. A longa marcha da vaca para o brejo: o imbecil coletivo II. Rio de Janeiro: Topbooks, 1998. 84 Cf. RIOS, José Arthur. The university student and brazilian society. Michigan State University: Latin American Studies Center, 1971. Social transformation and urbanization: the case of Rio de Janeiro. University of Winsconsin-Milwaukee: Center for Latin-American Studies, 1971; Raízes do marxismo universitário. In: Carta Mensal, Confederação Nacional do Comércio, Rio de Janeiro, v. 45, n. 538, jan. 2000): p. 39-59; Sociologia da corrupção. Rio de Janeiro: Zahar, 1987. Em coautoria com Celso Barroso LEITE e outros autores. 85 CORREIA, Alexandre. Ensaios políticos e filosóficos. São Paulo: Convívio, 1984. 86 Cf. SOUZA, José Pedro Galvão de. A historicidade do direito e a elaboração legislativa. São Paulo: Franciscana, 1970; Remarques sur l´idée de constitution et la signification sociologique du droit constitutionnel. Tubingen: JCB Mohr, 1971; A constituição e os valores da nacionalidade. São Paulo: José Bushatsky, 1971; Da representação política. São Paulo: Saraiva, 1971; O sentido da comunidade lusíada. Braga: Cruz, 1971. (Separata da revista Scientia Iuridica, tomo XX, n. 112-113); O totalitarismo nas origens da moderna teoria do Estado, um estudo sobre o “Defensor Pacis” de Marsílio de Pádua. São Paulo: Saraiva, 1972; O Estado tecnocrático. São Paulo: Saraiva, 1973; El derecho natural en el mundo lusitano. Madrid: Escelier, 1973; Direito natural, direito positivo e estado de direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1977; O pensamento político de Santo Tomás de Aquino. Rio de Janeiro: Presença, 1980; Problemática social e experiência. Rio de Janeiro: Presença, 1987; Realização histórica do direito natural. Rio de Janeiro: Presença, 1988; Dicionário de política. São Paulo: T. A. Queiroz, 1988. 87 PAIM, Antônio; SOUSA, José Pedro Galvão de. In: Lógos: enciclopédia luso-brasileira de filosofia. Lisboa: Verbo, 1992, v. 4, p. 1271. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 75 88 Cf. OLIVEIRA, Plínio Corrêa de. Revolução e contra-revolução. São Paulo: Editora Catolicismo, 1977; Baldeação ideológica inadvertida e diálogo. 5.ed. São Paulo: Vera Cruz, 1974; Acordo com o regime comunista para a Igreja, esperança ou auto-demolição? São Paulo: Vera Cruz, 1974; A Igreja do silêncio no Chile: a TFP andina proclama a verdade inteira. 3. ed. São Paulo: Vera Cruz, 1977; A Igreja ante a escalada da ameaça comunista: apelo aos bispos silenciosos, 3. ed., São Paulo: Vera Cruz, 1977; Tribalismo indígena, ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI. São Paulo: Vera Cruz, 1977; Guerreiros da Virgem, a réplica da autenticidade: a TFP sem segredos. São Paulo: Vera Cruz, 1985; A propriedade privada e a livre iniciativa, no tufão agro-reformista. São Paulo: Vera Cruz, 1985; No Brasil, a reforma agrária leva a miséria ao campo e à cidade: a TFP informa, analisa, alerta. São Paulo: Vera Cruz, 1986; Projeto de Constituição angustia o país. São Paulo: Vera Cruz, 1978; Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao patriciado e à nobreza romana. Porto: Editora Civilização, 1993. 89 PAIM, Antônio; OLIVEIRA, Plínio Corrêa de. In: Dicionário biobibliográfico de autores brasileiros. Brasília: Senado Federal; Salvador, Bahia: Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro, 1999, p. 353. 90 Cf. CHACON, Vamireh. Kultur und Entwicklung in Brasilien. Münster: Universidade de Münster, 1970; Economia e sociedade no Brasil. Recife: Instituto do Açúcar e do Álcool, 1973; História das idéias sociológicas no Brasil. São Paulo: Grijalbo, 1977; Estado e povo no Brasil: as experiências do Estado Novo e da democracia populista (1937-1964). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977; O novo parlamentarismo. Brasília: Fundação Milton Campos, 1978; Autoridade e poder (em colaboração com Hamilton Peter). Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1979; Uma filosofia liberal do direito. João Pessoa: Secretaria de Educação e Cultura, 1980; O humanismo brasileiro. São Paulo: Secretaria de Cultura, 1980; História dos partidos brasileiros: discurso e práxis dos seus programas. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1981; Parlamento e parlamentarismo: o Congresso Nacional na história do Brasil. Brasília: Câmara dos Deputados, 1982; Abreu e Lima, general de Bolívar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983; 76 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 Brasil, sociedade democrática (em colaboração com Hélio Jaguaribe). Rio de Janeiro: José Olympio, 1985; Vida e morte das instituições brasileiras. Rio de Janeiro: Forense, 1987; Max Weber, a crise da ciência e da política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1988; Deus é brasileiro: o imaginário do messianismo político no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1990; Gilberto Freyre, uma biografia intelectual. Recife: FUNDAJ/Massangana; São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1993; A construção da brasilidade: Gilberto Freyre e a sua geração. Brasília: Paralelo 15; São Paulo: Marco Zero, 2001. 91 PAIM, Antônio. Chacon (Vamireh). In: Lógos: enciclopédia lusobrasileira de filosofia. Lisboa: Verbo, 1989, v. 1, p. 947-948. 92 Cf. ROUANET, Sérgio Paulo. O espectador noturno. São Paulo: Cia. das Letras, 1980; Mal-estar na modernidade. São Paulo: Cia. das Letras, 1993; As razões do Iluminismo. São Paulo: Cia. das Letras, 1987; Teoria crítica e psicanálise. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2001. 93 Cf. ROUANET, Sérgio Paulo. Conferências para download. [S.l., s.n.]. 2010. Disponível em: <http://sanger1983.blogspot.com/2010/01/ sergio-paulo-rouanet-conferencias-para.html>. Acesso em: 16 nov. 2011. 94 Cf. CARDOSO, Fernando Henrique. Dependência e desenvolvimento na América Latina: ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1970; Empresariado industrial e desenvolvimento econômico no Brasil. 2. ed. São Paulo: DIFEL, 1972; O modelo político brasileiro e outros ensaios. São Paulo: DIFEL, 1972; Notas sobre Estado e dependência. São Paulo: CEBRAP, 1973; Autoritarismo e democratização. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975; Homem e sociedade: leituras básicas de sociologia geral. 11. ed. São Paulo: Nacional, 1977; Capitalismo e escravidão no Brasil meridional: o negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977; Amazônia: expansão do capitalismo. Colaboração de Geraldo Muller. São Paulo: Brasiliense, 1977; Democracia para mudar: 30 horas de entrevistas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978; Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 77 Os partidos e as eleições no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978; Política e sociedade. São Paulo: Nacional, 1979; As ideias e seu lugar: ensaios sobre as teorias do desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1980. 95 Cf. JAGUARIBE, Hélio de Mattos. Political development : a general Theory and a Latin-american: case study. New York: Harper & Row, 1973; Brasil: crise e alternativas. Rio de Janeiro: Zahar, 1974; Introdução ao desenvolvimento social. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979; El nuevo escenario internacional. México: Fondo de Cultura Económica de México, 1985; Sociedade e cultura. São Paulo: Vértice, 1986; Alternativas do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1989; Crise na república: 100 anos depois - primeiro ou quarto mundo? Rio de Janeiro: Thex Editora, 1993; Brasil hoy: perspectivas sociales y políticas: implicancias sobre el Mercosur. [s. l.]: FUNAN, 1994; Brasil, homem e mundo: reflexão na virada do século. Rio de Janeiro: Topbooks, 2000; Um estudo crítico da história. São Paulo: Paz e Terra, 2001. 2 v.; Brasil: alternativas e saídas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. 96 Ministro da saúde no Governo de Fernando Henrique Cardoso e candidato à Presidência da República nas eleições de 2010, pelo Partido da Social Democracia Brasileira, enfrentou a candidata do Partido dos Trabalhadores, Dilma Rousseff (1947-), que ganhou a eleição. Cf. SERRA, José. Brasil sem milagres. São Paulo: Klaxon, 1986; Reforma política no Brasil, São Paulo: Centro de Documentação e Informação, 1992; Reforma política: parlamentarismo X Presidencialismo, São Paulo: Siciliano, 1993; Parlamentarismo ou presidencialismo? República ou Monarquia? São Paulo: Contexto, 1993; Orçamento no Brasil: as raízes da crise. São Paulo: Atual, 1994; Ampliando o possível: a polêmica da saúde no Brasil. Brasília, DF: Instituto Teotônio Vilella, 2002; O sonhador que faz: autobiografia. Colaboração de Teodomiro Braga. Rio de Janeiro: Record, 2002. 97 Cf. LAMOUNIER, Bolívar. As eleições e os partidos no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975; Voto de desconfiança: eleições e mudança política no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1980; O futuro da abertura: um debate. São Pau- 78 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 lo: Cortez; IDESP, 1981; Direito, cidadania e participação, São Paulo: T. A. Queiroz, 1981; A ciência política nos anos 80, Brasília, DF: Universidade de Brasília, 1982; Como renascem as democracias. São Paulo: Brasiliense, 1985; Partidos políticos e consolidação democrática no Brasil, São Paulo: Brasiliense, 1986; O voto em São Paulo. São Paulo: IDESP, 1986; Getúlio. São Paulo: Nova Cultural, 1988; Partidos e utopias: o Brasil no limiar dos anos 90. São Paulo: Loyola, 1989; De Geisel a Collor: o balanço da transição. São Paulo: Sumaré; IDESP, 1990; Depois da transição: democracia e eleições no governo Collor. São Paulo: Loyola, 1991; A opção parlamentarista. São Paulo: Sumaré/IDESP, 1991; Ouvindo o Brasil: uma análise da opinião pública brasileira hoje. São Paulo: Sumaré/Instituto Roberto Simonsen, 1992; Presidencialismo e parlamentarismo: perspectivas sobre a reorganização institucional do Brasil. São Paulo: IDESP/Loyola, 1993; Brasil e África do Sul: uma comparação. São Paulo: IDESP/Sumaré, 1996; Cidades que dão certo: experiências inovadoras na administração pública brasileira. Brasília, DF: MH Comunicação, 1996; A democracia no limiar do século XXI. São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 1996. 98 Cf. SCHWARTZMAN, Simon. Métodos avanzados de investigación social. México: Nueva Visión, 1977; Formação da comunidade científica no Brasil. São Paulo: Nacional; Rio de Janeiro: FINEP, 1979; Administração da atividade científica. Brasília, DF: CNPq, 1981; Ciência, universidade e ideologia: a política do conhecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1981; O pensamento nacionalista e os “cadernos de nosso tempo”. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, 1981; Universidade e política. Rio de Janeiro: IUPERJ, 1981; Estado Novo, um auto-retrato: arquivo Gustavo Capanema. Brasília, DF: Universidade de Brasília, 1982; Universidades e instituições científicas no Rio de Janeiro, Brasília, DF: CNPq, 1982; The quest for University Research. Rio de Janeiro: IUPERJ, 1983; Coming full circle: for a reappraisal of University research. Rio de Janeiro: IUPERJ, 1984; Tempos de Capanema. Rio de Janeiro: Paz e Terra; São Paulo: Universidade de São Paulo, 1984; Organização e desempenho da pesquisa científica no Brasil. Rio de Janeiro: IUPERJ, 1985; Universidade brasileira: organização e problemas. São Paulo: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, 1985; Pesquisa universitária em questão. Campinas: Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 79 Universidade de Campinas/Ícone; São Paulo: CNPq, 1986; Uma universidade, várias trajetórias. São Paulo: NUPES, 1991; Science and Tecnology in Brasil: a new policy for a global world. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1995; América Latina: universidades en transición. Washington: Organization of American States, 1996; A redescoberta da cultura. São Paulo: Universidade de São Paulo/ FAPESP, 1997. 99 Cf. CARDIM, Carlos Henrique. Qualidade de vida. São Paulo: Arx, 1976; Anomia: realidades e teorias. Tese (Doutorado)- Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo, 1994; Perspectivas da social-democracia. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 1997; Formação e perspectivas da social-democracia. Brasília, DF: Instituto Teo tônio Vilela, 1998; A raiz das coisas: Rui Barbosa, O Brasil e o Mundo. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2007. 100 Cf. MAGNOLI, Demétrio. O mundo contemporâneo, São Paulo: Ática, 1991; Para entender o Mercosul. Colaboração de Regina Araújo. São Paulo: Moderna, 1995; Conhecendo o Brasil: região Sul. Colaboração de José Arbex. São Paulo: Moderna, 1996; Formação do Estado Nacional: as Capitanias e os símbolos do poder político. São Paulo: Scipione, 1996; Atlas geopolítico. São Paulo: Scipione, 1996; História das guerras. São Paulo: Contexto, 2009; Uma gota de sangue: história do pensamento racial. São Paulo: Contexto, 2009; O mundo em desordem. Colaboração de Elaine Senise Barbosa. Rio de Janeiro: Record, 2011. 101 CAMPOS, José Narino de. Brasil: uma igreja diferente. São Paulo: T. A. Queiroz, 1981, p. 3. Prevendo a acusação de direitista com que foi alcunhado no Brasil por causa de sua obra, o autor se defende previamente: “Porque o campo deste trabalho é a atividade do clero católico progressista, nada mais natural do que julgar-se que o autor se coloca, por sua vez, numa posição de direita, o que é uma suposição errada. Em 1962 fizemos precisamente o contrário, quando, em face de outra experiência, analisamos o regime político salazarista e denun- 80 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 ciamos a cobertura que então lhe emprestava à quase totalidade dos bispos portugueses. Por isso nos catalogaram, também sem razão, de esquerdista” (ob. cit., prefácio, p. 1). 102 Cf. BOFF, Leonardo. Jesus Cristo libertador: ensaio de cristologia crítica para o nosso tempo. Petrópolis: Vozes, 1972; A vida religiosa e a Igreja no processo de libertação. Petrópolis: Vozes, 1976; Da Libertação. Petrópolis: Vozes, 1979; BOFF, Leonardo; BETTO, Frei. O povo e o Papa: balanço crítico da visita de João Paulo II ao Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980; Teologia do cativeiro e da libertação. Petrópolis: Vozes, 1980; Igreja, carisma e poder. Petrópolis: Vozes, 1982; Do lugar do pobre. Petrópolis: Vozes, 1984; Como pregar a cruz, hoje, numa sociedade de crucificados. Petrópolis: Vozes, 1984; Como fazer Teologia da Libertação. Petrópolis: Vozes, 1986; E a Igreja se fez povo. Rio de Janeiro: Círculo do Livro, 1987; Encarnação: a humanidade e a jovialidade do nosso Deus. Petrópolis: Vozes, 1988; O caminhar da Igreja com os oprimidos. Petrópolis: Vozes, 1988; América Latina: da conquista à nova libertação. São Paulo: Ática, 1992; Brasa sob cinzas: estórias do anti-cotidiano. Rio de Janeiro: Record, 1996; A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana. São Paulo: Vozes, 1997; Nova Era: a civilização planetária. São Paulo: Ática, 1998; O despertar da águia: o diabólico e o simbólico na construção da realidade. Petrópolis: Vozes, 1998; Depois de quinhentos anos, que Brasil queremos? Petrópolis: Vozes, 2000. 103 Cf. VAZ, Henrique Cláudio de Lima. Cristianismo hoje. Colaboração de Herbert José de Souza e Frei Cardonnel. Rio de Janeiro: Universitária, 1962; Antropologia filosófica. Belo Horizonte: Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais, 1966; Cultura e universidade. Petrópolis: Vozes, 1966; Universo científico e visão cristã em Teilhard de Chardin. Petrópolis: Vozes, 1967; Ontologia e história. São Paulo: Duas Cidades, 1968; O povo e o Papa: balanço crítico da visita de João Paulo II ao Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980; Escritos de filosofia I: problemas de fronteira. São Paulo: Loyola, 1986; Antropologia filosófica I. São Paulo: Loyola, 1990; Escritos de filosofia II. São Paulo: Loyola, 1986; Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 81 Escritos de filosofia III. São Paulo: Loyola, 1987; Antropologia filosófica II. São Paulo: Loyola, 1992; Ética e Direito. São Paulo: Landy Loyola, 2002. 104 Cf. CHRISTO, Carlos Alberto Libânio. Puebla para o povo. Petrópolis: Vozes, 1981; Fidel e a religião. São Paulo: Brasiliense, 1985; O que é comunidade eclesial de base. São Paulo: Abril Cultural; Brasiliense, 1985; Lula: biografia política de um operário. São Paulo: Estação Liberdade, 1989; Introdução à política brasileira. São Paulo: Ática, 1991; Fome zero: textos fundamentais. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. 105 Cf. LIBÂNIO, João Batista. Vida religiosa e testemunho público. Rio de Janeiro: CRB, 1971; A consciência crítica do religioso. Rio de Janeiro: CRB, 1974; Evangelização e libertação. Petrópolis: Vozes/CRB, 1976; Pecado e opção fundamental. Petrópolis: Vozes, 1976; O problema da salvação no catolicismo do povo. Petrópolis: Vozes, 1977; Discernimento e política. Petrópolis: Vozes, 1977; Puebla, tensiones preparatórias: análisis del documento final. Bogotá: Indo-American Press Service, 1979; As grandes rupturas sócio-culturais e eclesiais. Petrópolis: Vozes, 1981; Pastoral numa sociedade de conflitos. Petrópolis: Vozes/CRB, 1982; Teología de la liberación. Buenos Aires: Paulinas, 1991; Vida religiosa y compromiso con la liberación de los pobres. Madrid: Cuadernos Pedagógicos de Vida Consagrada, 1995; Ser cristão em tempos de Nova Era. São Paulo: Paulus, 1996; A escola da liberdade: subsídios para meditar. São Paulo: Loyola, 2010; Ecologia, vida ou morte? São Paulo: Paulus, 2010; A religião no início do milênio. São Paulo: Loyola, 2011. 106 LIBÂNIO, João Batista. Notas sobre Teologia da Libertação. In: CNBB. Curso de atualização de bispos: projeto 1.1.3. Rio de Janeiro: [s.n.], (3-13 de julho de 1974). p. 2. 107 A radicalização política dos intelectuais católicos deu-se ao longo da América Latina, a partir do início da década de 1960. No Brasil, como mostrou Antônio Paim, a tendência à radicalização foi representada pelo trabalho do padre Henrique Cláudio de Lima Vaz (1921-2002) junto à comunidade universitária, que ao longo da década de 1960 82 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 conseguiu formar na dialética marxista a elite que se radicalizou na opção totalitária após 1964, na Ação Popular Marxista-Leninista. A respeito, cf. PAIM, Antônio. História das ideias filosóficas no Brasil. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Convívio; Brasília, DF: Instituto Nacional do Livro/Fundação Pro Memória, 1984, p. 66-67; cf. PAIM, Antônio. Lima Vaz e a nova roupagem do velho projeto totalitário. In: ______. A Opção Totalitária: unidade XI do Curso de Introdução ao pensamento político brasileiro. Brasília, DF: Universidade de Brasília, 1982, p. 77-80; “Vaz, Henrique Claudio de Lima”. In: Dicionário Biobibliográfico de Autores Brasileiros. Brasília, DF: Senado Federal; Salvador: Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro, 1999; LÖWY, Michael; GARCIARUIZ, Jesús. Les sources françaises du christianisme de la libération au Brésil. Archives des Sciences Sociales des Religions, Paris, n. 97, p. 9-32, jan./mar. 1997; BRUNEAU, Thomas. The Political Transformation of the Brazilian Catholic Church. Cambridge: University Press, 1974, p. 95; VÉLEZ-RODRÍGUEZ, Ricardo. Teologia da libertação e ideologia soviética. Communio: Revista Internacional Católica de Cultura, Rio de Janeiro, v. 3, n. 14, p. 151-152, mar./abr. 1984. 108 Cf. LIMA, Alceu Amoroso. Companheiros de viagem. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971; Evolução intelectual do Brasil. Rio de Janeiro: Grifo, 1971; Memórias improvisadas: diálogos com Medeiros de Lima. Prefácio de Antônio Houaiss, Petrópolis: Vozes, 1973; Em busca da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974; Os direitos do homem e o homem sem direitos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1974; Revolução suicida: testemunhos do tempo presente. Rio de Janeiro: Rio, 1977; Teoria crítica e história literária. Seleção e apresentação de Gilberto de Mendonça Telles. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; Brasília, DF: INL, 1980; Tudo é mistério. Petrópolis: Vozes, 1983; Memorando dos 90: entrevistas e depoimentos. Seleção e apresentação de Francisco de Assis Barbosa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984; Correspondência: harmonia dos contrastes (1919-1928). Organização de João Etienne Filho. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1991; Correspondência. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 83 1992. 2 v. A obra de Alceu Amoroso Lima é muito fecunda, chegando à centena de livros. Foram mencionados, aqui, apenas, os livros publicados no período que nos ocupa neste estudo (1970-2011). 109 Cf. VAN ACKER, Leonardo. A filosofia contemporânea. São Paulo: Convívio, 1981; O tomismo e o pensamento contemporâneo. Prefácio de Miguel Reale. São Paulo: Convívio, 1983. 110 Cf. LEPARGNEUR, Hubert. A secularização. São Paulo: Duas Cidades, 1971; Liberdade e diálogo em educação: pesquisa para uma coordenação desses valores. Tradução de Eliseu Lopes. Petrópolis: Vozes, 1971; O futuro dos índios no Brasil. Tradução de Alvaro Cabral. Rio de Janeiro: Hachette, 1975; Moral e medicina: fundamentos. Rio de Janeiro: Hachette, 1976; Aprofundamentos. Rio de Janeiro: Hachette, 1977; A Igreja e o reconhecimento dos direitos humanos na história. São Paulo: Cortez & Moraes, 1977; Fontes da moral na Igreja, Petrópolis: Vozes, 1978; Direitos humanos. São Paulo: Paulinas, 1978; Teologia da libertação: uma avaliação. São Paulo: Convívio, 1979; O questionamento atual da fidelidade: na família, na sociedade, na Igreja. Petrópolis: Vozes, 1983; Mudanças na moral do povo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1984; O despertar dos doentes: auto-responsabilidade e participação na gestão da saúde. Rio de Janeiro: Achiamé/ICPS, 1986; Destino e identidade. Campinas: Papirus, 1989; História e fundamentos dos direitos humanos. São Paulo: Convívio, 1992; Como custear a saúde? Uma proposta moderna e exeqüível para evitar o caos e promover a justiça. São Paulo: CEDAS, 1993. 111 Cf. KLOPPEMBURG, Boaventura, Dom. O cristão secularizado. Petrópolis: Vozes, 1970; Fuerzas Ocultas. Bogotá: Paulinas, 1978; Igreja e Maçonaria. Petrópolis: Vozes, 1983; Igreja popular. Rio de Janeiro: AGIR, 1983; Pluralismo eclesial. Rio de Janeiro: Presença, 1984; Leigos em apostolado. Rio de Janeiro: Presença, 1985; Fidelidade entre sombras. Petrópolis: Vozes, 1994; Libertação cristã. Porto Alegre: PUC-RS, 1999; Mistagogias de Bento XVI sobre a Igreja. Petrópolis: Vozes, 2007; Creio na Vida Eterna. Guarapuava: Pão e Vinho, 2008. 84 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 112 Cf. ZILLES, Urbano, Mons. Trnaszendenzerfahrung bei Gabriel Marcel. Münster: Universidade de Münster, 1969; Uma Igreja em discussão. Petrópolis: Vozes, 1969; Testemunho cristão hoje. Caxias do Sul: Paulinas, 1969; Igreja em realização. Petrópolis: Vozes, 1972; Função humanizadora da universidade. Caxias do Sul: UCS, 1978; Pode um cristão ser marxista? Porto Alegre: Acadêmica. 1984; Visão personalista e evolucionista do homem. Porto Alegre: Acadêmica, 1984; Possibilidades e limites da Libertação. Porto Alegre: Acadêmica, 1985; Grandes tendências da filosofia no século XX e sua influência no Brasil. Caxias do Sul: UCS, 1987; Gabriel Marcel e o existencialismo. Porto Alegre: Acadêmica/PUC, 1988; A modernidade e a Igreja. Porto Alegre: PUC, 1993. 113 Cf. CAMPOS, Fernando Arruda. Tomismo e Neo-tomismo no Brasil. São Paulo: Grijalbo, 1968; Tomismo hoje. São Paulo: Loyola, 1989; Tomismo no Brasil. São Paulo: Paulus, 1998. 114 Cf. MOURA, Odilão, Dom. Idéias católicas no Brasil: direções do pensamento católico do Brasil no século XX. São Paulo: Convívio, 1987. 115 Cf. RODRIGUES, Anna Maria Moog. The concept of Democracy in the Political Philosophy of Jacques Maritain. Lawrence: University of Kansas, 1961; Moralistas do século XVIII. Rio de Janeiro: PUC; Documentário; Conselho Federal de Cultura, 1979; A Igreja na República: seleção de textos e introdução. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, 1981; Conflict between Efficiency and Sense of Ludus. In: World Congress of Pilosophy, 20., 1998, Boston. Proceedings... Disponível em: <http://www.bu.edu/ wcp/Papers/Lati/LatiMoog.htm>. Acesso em: 22 nov. 2011. 116 Cf. HOUAISS, Antônio. Brasil – URSS: 40 anos de estabelecimento de relações diplomáticas. Rio de Janeiro: Revan, 1985; Comunicação e política. Colaboração de Alceu Amoroso Lima. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. v. 1; Perfil do pensamento brasileiro. Petrópolis: Correio da Serra, 1988; Brasil: o fracasso do conservadorismo. Colaboração de Pedro do Coutto. São Paulo: Ática, 1989. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 85 117 Cf. MORAES FILHO, Evaristo. Introdução ao direito do trabalho. Rio de Janeiro: LTR, 1971; Temas atuais de trabalho e previdência. Rio de Janeiro: LTR, 1975; As ideias fundamentais de Tavares Bastos. São Paulo: DIFEL, 1978; Ideias sociais de Jorge Street. Brasília, DF: Brasília, 1980; Medo à Utopia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985; Temas do Liberalismo e Federalismo no Brasil. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1991; O socialismo brasileiro. Brasília, DF: Instituto Teotônio Vilela, 1998; Um intelectual humanista. Rio de Janeiro: Topbooks, 2005. 118 Cf. BRAGA, Roberto Saturnino. Discurso aos democratas. Rio de Janeiro: Artenova, 1977; Discursos no Parlamento em 1979. Rio de Janeiro: Editora Independente, 1980; Presença no Senado. Brasília, DF: Senado Federal, 1981; Filiação ao PDT e Fundo de Investimentos sociais. Brasília, DF: Senado Federal, 1982; Saturnino no debate com Campos e Delfim. Brasília, DF: Brasília, 1983; Discurso aos socialistas. Rio de Janeiro: Artenova, 1985; Governo, comunidade: Socialismo no Rio. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989; História do Rio em dez pessoas. Rio de Janeiro: Record, 1994; Geografia do Rio em quatro posições. Rio de Janeiro: Record, 1997; Entre séculos: textos políticos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2004; Mudança de época. Rio de Janeiro: Publit, 2007; O curso das idéias: história do pensamento político. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2009; Cartas ao Rio. Rio de Janeiro: Record, 2011. 119 Cf. ALMEIDA, Cândido Mendes de. Crise e mudança social. Rio de Janeiro: Eldorado, 1974; O legislativo e a tecnocracia. Rio de Janeiro: Imago, 1975; A inconfidência brasileira: a nova cidadania interpela a Constituinte. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1986; Democracia desperdiçada: poder e imaginário social. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992. 120 Cf. AGUIAR, Ricardo Osman G. Leonel Brizola: uma trajetória política. Rio de Janeiro: Record, 1991; KUHN, Dione. Brizola: da legalidade ao exílio. Porto Alegre: RBS Publicações, 2004; LEITE FILHO, Francisco das Chagas. El Caudillo: Leonel Brizola, um perfil biográfico. Porto Alegre: Aquariana, 2008. 86 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 121 Cf. RIBEIRO, Darcy. Os índios e as civilizações: estudos. São Paulo: Companhia das Letras, 1970; Teoria do Brasil: estudos. Petrópolis: Vozes, 1972; Configuração histórico-cultural dos povos americanos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975; O processo civilizatório: estudos de antropologia da civilização. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1978; Suma etnológica brasileira: estudos. Coordenação de Berta G. Ribeiro. Petrópolis: Vozes, 1986. 3 v.; RIBEIRO, Darcy; MOREIRA NETO, Carlos Araújo. A fundação do Brasil (1500-1700): estudos. Petrópolis: Vozes, 1992; O povo brasileiro estudos: São Paulo: Companhia das Letras, 1995; O Brasil como problema. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995; Mestiços que é bom! Rio de Janeiro: Revan, 1997. 122 Cf. SODRÉ, Nelson Werneck. O que se deve ler para conhecer o Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1973; Brasil: radiografia de um modelo. Petrópolis: Vozes, 1974; Síntese de história da cultura brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972; As razões da independência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978; A verdade sobre o ISEB. Rio de Janeiro: Avenir, 1978; A Coluna Prestes: análise e depoimentos. São Paulo: Círculo do Livro, 1984; O governo militar secreto. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 1987; Formação histórica do Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1984; A fúria de Calibã. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994; A farsa do neoliberalismo. Rio de Janeiro: Graphica, 1995. 123 Cf. KONDER, Leandro. Marx: vida e obra. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976; Introdução ao fascismo. Rio de Janeiro: Graal, 1977; A democracia e os comunistas no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1980; Lukács. Porto Alegre: L&PM, 1980; O que é dialética? São Paulo: Brasiliense, 1980; Por que Marx? Rio de Janeiro: Graal, 1983; O marxismo na batalha das ideias, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984; A derrota da dialética: a recepção das ideias de Marx no Brasil até o começo dos anos 30. Rio de Janeiro: Campus, 1988; Walter Benjamin: o marxismo da melancolia. Rio de Janeiro: Campus, 1988; Hegel: a razão quase enlouquecida. Rio de Janeiro: Campus, 1989; Intelectuais brasileiros & Marxismo. Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1991; O futuro da filosofia da práxis. São Paulo: Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 87 Paz e Terra, 1992; As ideias socialistas no Brasil. São Paulo: Moderna, 1995; Fourier: o socialismo do prazer. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998. 124 Cf. VIANNA, Luiz Werneck. A transição: da Constituinte à sucessão presidencial. Rio de Janeiro: Revan, 1989; De um plano Collor a outro. Rio de Janeiro: Revan, 1991; Corpo e alma da magistratura brasileira. Rio de Janeiro: Revan, 1996; A revolução passiva: iberismo e americanismo no Brasil. Rio de Janeiro: Revan/IUPERJ, 1997. 125 Cf. VASCONCELLOS, Gilberto Felisberto. Collor: a cocaína dos pobres. São Paulo: Ícone, 1989; O príncipe da moeda. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1997; O poder dos trópicos. São Paulo: Casa Amarela, 1998; As ruínas do pós-real. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1999; O xará de Apipucos. São Paulo: Casa Amarela, 2000; Glauber pátria rocha livre. São Paulo: Senac, 2001; A salvação da lavoura. São Paulo: Casa Amarela, 2002; A jangada do sul: Getúlio, Jango e Brizola. São Paulo: Casa Amarela, 2005. 126 Cf. COUTINHO, Carlos Nelson. O estruturalismo e a miséria da razão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972; A democracia como valor universal. São Paulo: Ciências Humanas, 1980; Gramsci. Porto Alegre: L&PM, 1981; A dualidade de poderes: introdução à teoria marxista do Estado e Revolução. São Paulo: Brasiliense, 1985; As esquerdas e a democracia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986; Literatura e ideología en Brasil: tres ensayos de crítica marxista. La Habana: Casa de las Américas, 1987; Gramsci e a América Latina. São Paulo: Paz e Terra, 1988; Gramsci: um estudo sobre o seu pensamento político. Rio de Janeiro: Campus, 1989; Cultura e sociedade no Brasil: ensaios sobre ideias e formas. Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1990. 127 Cf. DIRCEU, José. Abaixo a ditadura. Colaboração de Vladimir Palmeira. Rio de Janeiro: Garamond, 1998; Marcha dos cem mil: atuação parlamentar. Brasília, DF: Centro de Documentação e Informação, 1999; Reforma política. São Paulo: Perseu Abramo, 1999; Estatuto do 88 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 PT. Apresentação de Luiz Dulci. São Paulo: Perseu Abramo, 2001; Atuação parlamentar 2001. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, 2002; Em defesa de José Dirceu. São Paulo: Autor, 2007. 128 Cf. GARCIA, Marco Aurélio. As esquerdas e a democracia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986; O Gerente total. Americana: Suma Econômica, 1996; GARCIA, Marco Aurélio; VIEIRA, Maria Alice (Org.). Rebeldes e contestadores 1968: Brasil, França e Alemanha. São Paulo: Perseu Abramo, 1999; Socialismo no século XXI. São Paulo: Perseu Abramo, 2005; GARCIA, Marco Aurélio; SADER, Emir (Org.). Brasil, entre o passado e o futuro. São Paulo: Boitempo; Perseu Abramo, 2010. 129 Cf. DULCI, Luiz Soares. Partido de los Trabajadores Brasil: trayectorias. São Paulo: Perseu Abramo, 1996; Participação e mudança social no governo Lula. In: SADER, Emir; GARCIA, Marco Aurélio (Org.). Brasil: entre o passado e o futuro. São Paulo: Boitempo; Perseu Abramo, 2010. 130 Cf. STÉDILE, João Pedro; FERNANDES, Mançano. Brava gente: a trajetória do MST e Luta pela terra no Brasil. São Paulo: Perseu Abramo, 1999; STÉDILE, João Pedro; OLIVEIRA; GENOINO, José. Classes sociais em mudança e Luta pelo Socialismo. São Paulo: Perseu Abramo, 2000; STÉDILE, João Pedro; TRESPADINI, Roberta. Ruy Mauro Marini: vida e obra, São Paulo: Expressão Popular, 2005; A questão agrária no Brasil: o debate tradicional (1500-1650). São Paulo: Expressão Popular, 2005; A questão agrária no Brasil: programas de Reforma Agrária (1946-2003). São Paulo: Expressão Popular, 2005; A questão agrária no Brasil: o debate na esquerda (1960-1980). São Paulo: Expressão Popular, 2005; Leituras da crise. São Paulo: Perseu Abramo, 2006. 131 Cf. NAVARRO, Zander; SILVA, M. K. Diversity and social opposition in the 21st century: the trajectory of the World Social Forum (2001-2005). Brighton: Institute of Development Studies, 2006; NAVARRO, Zander; AVRITZER, Leonardo. Inovações democráticas no Brasil: o caso do orçamento participativo. São Paulo: Cortez, 2003; ALMEIRA, Jalcione de; NAVARRO, Zander (Org.). Reconstruindo a agricultura: ideias e ideais na Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 89 perspectiva de um desenvolvimento rural sustentável. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1997; Política, protesto e cidadania no campo: as lutas sociais dos colonos e trabalhadores rurais no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1996. 132 NAVARRO, Zander. Democracia, cidadania e representação: os movimentos sociais rurais no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, 1978-1990. In: ______ (org.). Política, protesto e cidadania no campo: as lutas sociais dos colonos e trabalhadores rurais no Rio Grande do Sul, ob. cit., p. 90. Cf., da minha autoria, uma completa análise do MST: Movimento dos Sem-Terra: mito e realidade. Carta Mensal, Rio de Janeiro, v. 51, n. 601, p. 10-96, abr. 2005. 133 Cf. HERCULANO, Alexandre. História de Portugal. Lisboa: Aillaud & Bertrand, 1914, v. I, p. 218-228; v. II, p. 19-20. 134 Cf. a anotação feita por Lúcio de AZEVEDO (1855-1933), em relação à missão desempenhada pelo Padre Antônio VIEIRA (1608-1697) nas Cortes Europeias, como enviado de Dom João IV (1604-1656): “Não se tendo composto os negócios com a Holanda, resolveu D. João IV mandar outra vez a esse país Antônio Vieira e, conjuntamente, tratar em França o casamento do Príncipe D. Teodósio com Mademoiselle de Montpensier, filha do Duque de Orléans, sobre que já antes tinha feito tentativas. Tão pouco segura julgava o soberano em si a coroa que propunha abandoná-la ao filho e retirar-se para os Açores, declarando-se Rei de um novo Estado, com Angra por capital, constituído pelo arquipélago e, juntamente, o território do Pará e do Maranhão”. In: VIEIRA, António. Cartas. Introdução, coordenação e notas de J. Lúcio de Azevedo. Lisboa: Imprensa Nacional: Casa da Moeda, 1997, v. I, p. 93, Biblioteca de Autores Portugueses. 135 Os autores que pensaram o Brasil do ângulo estratégico no século XIX foram: Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846), Paulino José Soares de Sousa, Visconde Uruguai (1807-1866) e José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco (1819-1880). 90 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 136 Os autores que pensaram o Brasil do ângulo estratégico, na primeira metade do século XX, foram: Lindolfo Boeckel Collor (18901942) e Francisco José de Oliveira Vianna (1883-1951). 137 Cf. CASTRO, Terezinha de. História geral. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1973; Rumo à Antártica. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1976; História contemporânea: estudos sociais. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1977; África: geohistória, geopolítica e relações internacionais. Rio de Janeiro: Bibliex, 1980; Atlas geopolítico do Brasil. Rio de Janeiro: Capeni, 1981; O Brasil no mundo atual : posicionamento e diretrizes. Rio de Janeiro: Colégio Pedro II, 1982; José Bonifácio e a unidade nacional. Rio de Janeiro: Bibliex, 1984; Nossa América: geopolítica comparada. Rio de Janeiro: Bibliex, 1984; Hipólito da Costa, ideias e ideais. Rio de Janeiro: Bibliex, 1985; Retrato do Brasil. Rio de Janeiro: Bibliex, 1986; Geopolítica del Cono Sur y la Antártida. Buenos Aires: Pleamar, 1990; Geopolítica: princípios, meios e fins. Rio de Janeiro: Bibliex, 1999. 138 Cf. SILVA, Golbery do Couto e, General. O Brasil e a defesa do Ocidente. São Paulo: PUC, 1963; Geopolítica do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967; Geopolítica del Brasil. Buenos Aires: El Cid Editor, 1978; Conjuntura política nacional: o poder executivo e geopolítica do Brasil. Brasília, DF: Universidade de Brasília, 1981; Planejamento estratégico. Brasília, DF: Universidade de Brasília, 1981; Geopolítica e poder. Rio de Janeiro: UniverCidade, 2003. 139 Cf. MATTOS, Carlos de Meira, General. Brasil: geopolítica e destino. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1975; A geopolítica e as projeções do poder. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1977; Uma geopolítica panamazônica. Rio de Janeiro: Bibliex, 1980. O Marechal Mascarenhas de Morais e sua época. Rio de Janeiro: Bibliex, 1983; Geopolítica e trópicos. Rio de Janeiro: Bibliex, 1984; Geopolítica e teoria de fronteiras. Rio de Janeiro: Bibliex, 1990; Castello Branco e a revolução. Rio de Janeiro: Bibliex, 2000; Geopolítica e modernidade. Rio de Janeiro: Bibliex, 2002. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 91 140 Cf. FERREIRA, Oliveiros S. Ordem Pública e liberdades políticas na África negra. Belo Horizonte: Edição da Revista Brasileira de Estudos Políticos, 1961; As Forças Armadas e o desafio da revolução. Rio de Janeiro: Edições GRD, 1964; O fim do Poder Civil. São Paulo: Convívio, 1966; Nossa América: Indoamérica. São Paulo: Livraria Pioneira Editora; USP, 1971; A Teoria da “coisa nossa”. São Paulo: Edições GRD, 1986; Os 45 cavaleiros húngaros. São Paulo: Hucitec; Brasília, DF: UnB, 1986; Uma constituição para a mudança. São Paulo: Livraria Duas Cidades Editora, 1986; Forças armadas, para quê? São Paulo: Edições GRD, 1988; Perestroika: da esperança à nova pobreza. São Paulo: Inconfidentes, 1990; Vida e morte do Partido Fardado. São Paulo: Saraiva, 2000; A crise da política externa : autonomia ou subordinação? Comentários do Embaixador Rubens Ricúpero e apresentação do Professor Reginaldo Mattar Nasser. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2001. 141 Cf. VÉLEZ-RODRÍGUEZ, Ricardo. Castilhismo: uma filosofia da república. 3ª ed. Brasília, DF: Senado Federal, 2010, p. 252-257. 142 Cf. SANTOS, Wanderley-Guilherme dos. Ordem burguesa e liberalismo político. São Paulo: Duas Cidades, 1978, p. 106. Do mesmo autor, Poder e política: crônica do autoritarismo brasileiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1978, p. 172-173. 143 Cf. UNGER, Roberto Mangabeira. Knowledge and Politics. New York: The Free Press; Macmillan Publishing Co., 1975; Law in Modern Society. New York: Free Press, 1976; Passion: an essay on personality, New York: Free Press, 1986; The critical legal studies movement : Harvard: Harvard University Press, 1986; Politics: a work in constructive social theory. Cambridge: Cambridge University Press, 1987. 3 v.; What Should Legal Analysis Become? [s. l.: s. n.], 1996; Politics: the central texts, theory against fate. London; New York: Verso, 1997; Democracy realized: the progressive alternative. London; New York: Verso, 1998; The Future of American Progressivism: An Initiative for Political and Econo- 92 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 mic Reform. [s.l.]: Beacon, 1998; What should the left propose? London; New York: Verso, 2006; The self awakened : pragmatism unbound. Cambridge: Harvard, 2007; Free trade reimagined : the world division of labor and the method of economics. Princeton: Princeton University Press, 2007; The left alternative. 2. ed. London; New York: Verso, 2009. 144 Tal é, sem dúvida, a orientação ideológica de Samuel Pinheiro Guimarães e do ex-Chanceler Celso Amorim, hoje na pasta da Defesa, ambos militantes do Partido dos Trabalhadores. Cf. GUIMARÃES, Samuel Pinheiro. Quinhentos anos de periferia. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Rio de Janeiro: Contraponto, 1999; Desafios brasileiros na era dos gigantes. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006. AMORIM, Celso; SILVA, Luiz Inácio Lula da; GUIMARÃES, Samuel Pinheiro. A política externa do Brasil. Brasília, DF: IPRI; Funag, 2003; A nova política externa. São Paulo: Perseu Abramo, 2010, 4 v. 145 Cf. BRASIL. Ministério da Defesa. Estratégia Nacional de Defesa: paz e segurança para o Brasil. Brasília, DF: Ministério da Defesa, 2008. Da tarefa de elaborar este documento incumbiu-se, como coordenador dos trabalhos, o então Ministro da Defesa, Nelson Jobim. Para esta disposição já apontavam, pioneiramente, trabalhos de militares esclarecidos que propunham a profissionalização das Forças Armadas, em um contexto de obediência ao poder civil legitimamente estabelecido. Cf. A respeito, FLORES, Mário César, Almirante. Panorama do poder marítimo brasileiro. Rio de Janeiro: Bibliex, 1972; As Forças Armadas na Constituição. São Paulo: Convívio, 1992; Bases para uma política militar. Campinas: Unicamp, 1992; Reflexões estratégicas : repensando a defesa nacional. São Paulo: É Realizações, 2002. Cf. SANTOS, Murilo, Brigadeiro. O caminho da profissionalização das Forças Armadas. Prefácio de Miguel Reale e apresentação de Leônidas Pires Gonçalves. Rio de Janeiro: Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica; Gráfica Editora do Livro, 1991. 146 Este fenômeno é preocupante. Diante da monumental massa de recursos do Tesouro que são jogados fora pelo ralo da corrupção (cal- Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 93 culados em R$50 bilhões/ano, a partir do início do ciclo lulopetista), soa como piada de mau gosto o corte efetivado pelo atual governo no item relativo, por exemplo, à modernização de condições para o Exército efetivar a vigilância de fronteiras. Os recursos foram contingenciados de R$10 bilhões (a serem gastos até 2019), para R$6 bilhões. 147 Cf. BASTOS, Expedito Carlos Stephani. Blindados no Brasil : um longo e árduo aprendizado. Bauru: Taller Comunicação, 2011, 2 v.; Renault FT-17: o primeiro carro de combate do exército brasileiro. Bauru: Taller Comunicação, 2011. Expedito Bastos mantém um Portal de informação estratégica no seguinte endereço: http://www. ecsbdefesa.com.br/defesa/ 148 Cf.: HTTP://www.estudosibericos.com e HTTP://www.cogitationes.org Bibliografia BARRETTO, Vicente; PAIM, Antônio (Org.). Evolução do pensamento político Brasileiro. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1989. CABRAL, Roque. et. al. (Org.). Logos: enciclopédia luso-brasileira de Filosofia. Lisboa: Verbo; Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa, 1989. CARDIM, Carlos Henrique (Org.). A social democracia. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho; Núcleo de Ensino à Distância; Brasília, DF: Instituto Teotônio Vilela, 1997. 5 v. CARDIM, Carlos Henrique; PAIM, Antônio (Org.). Curso de introdução ao pensamento político brasileiro. Brasília, DF: Universidade de Brasília, 1982. 13 v. CRIPPA, Adolpho (Org.). Ideias políticas no Brasil. São Paulo: Convívio, 1980. 3 v. 94 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 PAIM, Antônio (Org.). Bases e características da cultura ocidental : curso. Londrina: Instituto de Humanidades; Centro de Estudos Filosóficos de Londrina, 1999. 6 v. ______. Curso de introdução histórica ao liberalismo. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho; Núcleo de Ensino à Distância, 1996. 5 v. ______. Dicionário biobibliográfico de autores brasileiros: Filosofia, pensamento político, Sociologia, Antropologia. Brasília, DF: Senado Federal; Salvador: Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro, 1999. (Biblioteca Básica Brasileira) ______. Evolução histórica do liberalismo. Belo Horizonte: Itatiaia, 1987. (Biblioteca de Cultura Humanista). PAIM, Antônio; PROTA, Leonardo; VÉLEZ-RODRÍGUEZ, Ricardo. As grandes obras da política em seu contexto histórico. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1999. ______. Ricardo. Bases e características da Cultura Ocidental. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1999. ______. Cidadania: o que todo cidadão precisa saber. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1999. ______. Curso de Humanidades: Política. Londrina: Universidade Estadual de Londrina; Instituto de Humanidades, 2000. v. 2. SILVA, Benedicto (Org.). Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1986. 2 v. VÉLEZ-RODRÍGUEZ, Ricardo. Brasil 1986. In: GÓMEZ-MARTÍNEZ, José Luis (Org.). Anuario bibliográfico: historia del pensamiento Ibero e Iberoamericano 1986. Athens: The University of Georgia; Center for Latin American Studies, 1989. p. 31-36. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 95 ______. Brasil 1987. In: GÓMEZ-MARTÍNEZ, José Luis (Org.). Anuario bibliográfico: historia del pensamiento Ibero e Iberoamericano 1987. Athens: The University of Georgia; Center for Latin American Studies, 1990. p. 41-54. ______. Brasil 1988. In: GÓMEZ-MARTÍNEZ, José Luis (Org.). Anuario bibliográfico: historia del pensamiento Ibero e Iberoamericano 1988. Athens: The University of Georgia; Center for Latin American Studies, 1991. p. 35-50. ______. Brasil 1989. In: GÓMEZ-MARTÍNEZ, José Luis (Org.). Anuario bibliográfico: historia del pensamiento Ibero e Iberoamericano 1989. Athens: The University of Georgia; Center for Latin American Studies, 1992. p. 25-58. ______. Brasil 1990. In: GÓMEZ-MARTÍNEZ, José Luis (Org.). Anuario bibliográfico: historia del pensamiento Ibero e Iberoamericano 1990. Athens: The University of Georgia; Center for Latin American Studies, 1993. p. 27-78. (Este texto foi preparado originalmente para o acervo do Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro, com sede em Salvador, Bahia – Brasil. Com a aprovação do Centro de Documentação, o autor encaminhou o texto, para publicação, ao Projeto Ensayo, coordenado pelo Professor Doutor José Luis Gómez-Martínez). 96 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 24-96, out. 2012 Síntese da Conjuntura Conjuntura econômica Ernane Galvêas Ex-Ministro da Fazenda A inflação sob controle? H á uma preocupação permanente da sociedade e do Governo sobre a ameaça de recrudescimento da inflação. Mas as autoridades do Banco Central e do Ministério da Fazenda se apressam em afirmar que a inflação está sob controle. Sob controle? A inflação oficial (IPCA/IBGE) no Brasil está girando em torno de 5% (preços no varejo) e de cerca de 8,0% no atacado (IGP-DI e IGP-M/FGV). De onde vem a inflação? De um modo geral, a inflação atual vem do lado da oferta de alimentos, devido a causas climáticas, aqui e nos Estados Unidos. A pressão inflacionária só não é maior porque a recessão mundial está contendo a demanda. O preço do petróleo, hoje, é igual o de janeiro, mas o índice de preço das principais commodities, no ano, subiu 38%. A política econômica do Governo brasileiro vai no sentido de alimentar a inflação, seja pelo constante déficit fiscal, seja pela política Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 97-108, out. 2012 97 salarial, assim como o incentivo à expansão do crédito nos bancos públicos (BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica), que caminha para 30% em 2012. É quase um milagre que a inflação ainda não tenha “tomado o freio nos dentes”. E, por tudo isso, é um eufemismo dizer que a “inflação está sob controle”. Fundamentos econômicos Se o edifício da política econômica estiver assentado sobre o artificial tripé inventado pela ortodoxia acadêmica, é fácil ver que não temos política econômica. Afinal, de que vale apegar-se a um fajuto superávit primário de 3,1% do PIB, se o que importa é o déficit nominal, que continua crescendo? De que vale esse apego a um mal administrado sistema de câmbio flutuante, que quase quebrou a indústria nacional? E a meta de inflação, submetida a um jogo em que o Banco Central tenta puxar para baixo e o Planalto para cima, no exercício contraditório de duas “políticas monetárias”? Nos últimos 12 meses terminados em setembro, a expansão do crédito nos bancos oficiais chegou a 25,8%, enquanto nos bancos privados não passou de 7,0%. Um ponto importante em todo esse jogo são as expectativas inflacionárias, ou seja, o que o mercado espera no futuro próximo. Se o Banco Central, certo ou errado, começar a elevar a taxa Selic, é porque admite que a inflação vai subir e, pois, a subida da taxa transmite ao mercado uma expectativa de alta da inflação. O que é contraditório, do ponto de vista da política monetária e da teoria dos juros. Pretender construir a política econômica sobre essas bases é uma proposta para “viver das aparências”. Mas ainda bem que o mercado deposita inteira confiança em Alexandre Tombini, na direção do Banco Central. 98 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 97-108, out. 2012 Crédito e inflação Um dos elementos mais importantes na definição da taxa de inflação é o volume de crédito, que alimenta tanto o consumo como os investimentos. Por sua vez, o grande regulador do crédito é a taxa de juros, sabido que juros altos reduzem a demanda agregada (consumo + investimentos) por dois motivos: primeiro, porque encarece o preço do produto; segundo, porque abre ao consumidor a opção de lucrar com o rendimento da poupança. A eficácia da taxa de juros é relativa, entretanto, a partir do conhecimento de que há inúmeras taxas de juros no mercado, além da Selic. Há 50 anos, o Banco Central controlava a inflação com base na expansão dos meios de pagamento (moeda manual + depósitos bancários à vista). Hoje, com o desenvolvimento da eletrônica, o mercado financeiro sofreu uma profunda transformação e a moeda ganhou novas feições. Nos idos dos anos 1950, o papel-moeda em circulação + os depósitos bancários à vista (M1) representavam 60% do PIB. Hoje, representam 6%, 10 vezes menos. Em contrapartida, o montante dos financiamentos do sistema bancário subiu de 23,8% do PIB, em dezembro/2002, para 51,0% atualmente. O mercado vive a expectativa de mudanças na taxa Selic, tomando essa taxa como indicadora da inflação. Embora não se perceba uma correlação importante entre a Selic e o IPCA, é lógico que quando o Banco Central eleva a Selic transmite ao mercado uma expectativa de alta da inflação. Nesse contexto, a variável “crédito” ganhou maior expressão, principalmente como fator capaz de promover o aquecimento da economia, nas fases de recessão. É o caminho que está sendo seguido pelos Bancos Centrais dos Estados Unidos (FED) e da Europa (BCE), o mesmo que vem sendo feito no Brasil. Ademais, o nosso Banco Central já reduziu a taxa Selic de 12,5% para 7,25%, atualmente, e vem liberando sucessivas parcelas dos depósitos compulsórios dos bancos. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 97-108, out. 2012 99 O desenvolvimento econômico depende, basicamente, de novos investimentos que, por sua vez são financiados por poupança interna ou externa. O crédito deveria ser uma contrapartida da poupança. Indivíduos e empresas que gastam menos do que a renda que auferem passam essa poupança para outros agentes que querem consumir ou investir mais. O crédito é o mecanismo de ligação, o meio de transporte para quem quer se endividar para consumir mais ou investir mais. O mestre Delfim Netto, em trabalho original publicado na Gazeta Mercantil, junho de 1997, disse: “Provavelmente, a relação entre crescimento e poupança é inversa. A taxa de crescimento é que produz a taxa de poupança. Ou melhor, a relação empiricamente não rejeitada é que o crescimento precede e estimula o investimento e que o crescimento gera a poupança.” Resumo da conjuntura econômica Brasil – Previsão de crescimento do PIB em torno de 1,5%, em 2012. – Queda de 5% nas exportações. – Crescimento de 1,8% na agropecuária; 7% no comércio e queda de 2% na indústria. – Desemprego estável. – Setor Público: aumento do déficit fiscal e dívida bruta caminhando para 60% do PIB. – Inflação IPCA em torno de 5,0%, com maior pressão de alta no atacado. Estados Unidos – Crescimento do PIB de 1,3% e recuperação lenta. 100 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 97-108, out. 2012 – Déficit fiscal de US$1,1 trilhão em 2012, ante cerca de US$1,3 trilhão em 2011. Juros aumentam dívida interna para 100% do PIB. – Comércio exterior: ligeira melhora. Taxa de câmbio US$/Euro estável há mais de um ano. – Desemprego: queda de 8,2 para 7,8%. Europa Continua em crise, com alguns sinais de melhoria. A produção industrial subiu 0,6% em julho e 0,6% em agosto sobre o mês anterior, com destaque para Portugal (+6,8%), Grécia (+2,5%), Itália (+1,7%) e Espanha (+1,5%). A Alemanha recuou –0,4%. No segundo trimestre, o PIB da região teve queda de 0,2%. China – Crescimento menor do PIB, com queda de 8,2% para 7,7%. Japão – Queda de 20% das exportações para a Europa e de 10% para a China. O drama europeu Criado em 1999 e implementado em 2002, o euro deu um grande impulso às economias da Europa, mas, ao mesmo tempo, facilitou o excessivo endividamento dos países. Criou-se um ambiente altamente favorável para a venda de títulos soberanos no mercado de capitais, a partir da impressão de que todas Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 97-108, out. 2012 101 as dívidas em euro tinham o mesmo risco. Tomemos o caso de Portugal, como exemplo. Portugal tinha um mercado limitado para os papéis em escudos, e a situação mudou radicalmente com a emissão de títulos denominados em euro. Primeiro, porque Portugal recebeu um colossal aporte de recursos da União Europeia, através do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF); segundo, por que o euro não se desvalorizava com a inflação. Favorecida por esses fatores, Portugal aumentou amplamente os gastos públicos, muito além de sua capacidade de resgate da dívida. A transparência dessa situação e os riscos de insolvência elevaram de tal maneira as taxas de juros sobre a dívida, que tornou-se impossível a sua liquidação, sem uma ajuda externa. Portugal quebrou, assim como a Espanha, a Grécia e a Irlanda. Esses países somente conseguirão sair da crise quando as taxas de juros caí rem a um nível compatível com suas disponibilidades orçamentárias. Isso pode durar cinco anos ou mais. O papel do FMI O FMI tem ajudado muito pouco na solução da crise europeia, como membro da Troyka. Mas não se furta, a cada momento, de fazer críticas aos líderes políticos europeus, principalmente da Alemanha. Segundo o último Relatório do FMI, 58 bancos europeus poderão ter sérios problemas se a União Europeia não criar um sistema geral de supervisão. Esse tipo de crítica pode amedrontar ainda mais os mercados de capitais. Diz o FMI que o Brasil poderá enfrentar uma situação delicada se houver uma interrupção, de repente, do fluxo de crédito internacional. Esquece-se de que o País tem quase US$380 bilhões de reservas. 102 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 97-108, out. 2012 Atividades econômicas Indústria Segundo a CNI, a produção nacional declinou fortemente do índice 54,7 em agosto para 47,1 em setembro, mas o indicador de confiança subiu pelo terceiro mês consecutivo. O nível de utilização da capacidade permaneceu estável em 74%. A produção da indústria automobilística caiu -14,2% de agosto para setembro, acumulando no ano queda de -5,7%. Na primeira semana de outubro, as vendas continuaram em queda de 10,2%, depois de terem caído 31,4% em setembro. O consumo de energia aumentou 1,8% em setembro, sendo + 2,2% nas residências e + 6,2% no comércio; na indústria, houve queda de 1,3%, com destaque para o Norte, Nordeste e Sudeste. A produção da Petrobras chegou a 1,843 milhões b/dia em setembro, o menor nível desde 2008, com queda de 4,4% até agosto. A atividade da construção civil caiu em setembro. Foi a quinta queda mensal consecutiva, segundo a CNI. As vendas de papéis da Klabin alcançaram 440 mil toneladas no terceiro trimestre de 2012, com expansão de 1,4% em relação a igual período do ano anterior. A expedição de artigos de papelão ondulado subiu 4,69% em volume, em relação a setembro/2011, com queda de 0,87, ante agosto. A produção média de petróleo no Brasil, em agosto, ficou 0,8% abaixo de julho e menos 2,2% em comparação com agosto/2011. A produção de gás teve aumento de 7,4%. Em setembro, a produção de petróleo voltou a subir. O programa de investimentos da Petrobras 2012/2016 é da ordem de US$236,5 bilhões, de difícil execução. A empresa espera reduzir o orçamento em até R$15 bilhões, em 2013. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 97-108, out. 2012 103 A Presidente Dilma anunciou a prorrogação por mais dois meses, até 31 de dezembro, do benefício do IPI concedido à indústria automobilística. Nos próximos anos, mais nove fábricas projetam instalar-se no Brasil (!?). Comércio Segundo o IBGE, as vendas do comércio varejista tiveram pífio crescimento de 0,2% em agosto, ante julho, após alta de 1,6% em junho e 1,4% em julho. As vendas nos supermercados caíram -1,1%. No primeiro semestre, as vendas através do comércio eletrônico cresceram 21%. O nível de endividamento das famílias continua subindo, passando de 58,9% em setembro, para 59,2% em outubro, embora esteja em menor nível que os 61,2% em outubro/2011. Segundo a CNC (PEIC), a intenção de consumo caiu 1,6% em outubro, enquanto permaneceu estável o percentual dos que não têm condições de pagar suas dívidas (7%). A estimativa da CNC é que em 2012 as vendas tenham alta de 8%, contra 6,7% em 2011. Agricultura Com área plantada de 50,8 milhões de hectares, a produção de fibras e cereais na safra 2011/2012 chegou a 165,7 milhões de toneladas. Para a próxima safra 2012/2013, espera-se 50,9 milhões de hectares e produção entre 178 e 182 milhões de toneladas (Conab). O Nordeste, especialmente Piauí, Ceará e Bahia atravessou a pior seca das últimas décadas. Em Pernambuco, a bacia leiteira sofre também forte ocorrência de praga que está dizimando a palma, planta forrageira. 104 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 97-108, out. 2012 Mercado de Trabalho No período janeiro/setembro, foram demitidos 15,2 milhões de empregados e admitidos 16,8 milhões, com saldo positivo de 1,574 mil, com aumento de 8,76% na agricultura, 9,8% na construção civil, 2,1% no comércio, 3,15% na indústria de transformação e 4,42% na administração pública. Segundo o IBGE, o nível de desemprego subiu de 5,3% em agosto para 5,4% em setembro, com alta de 4,3% no rendimento médio, ante setembro/2011. Pelos índices do Seade, a taxa de desemprego caiu de 11,1% em agosto para 10,9% em setembro. Na construção civil pesada, no Estado de São Paulo, a mão de obra empregada vem caindo desde março/2012, embora continue em nível mais alto que em 2011. Setor Financeiro Diminuiu o ritmo da expansão do crédito, na base de 12 meses; até setembro, registrou-se alta de 15,8%, ante 18,3% no mesmo período de 2011. A expansão nos bancos públicos foi de 25,8%, contra apenas 7,0% dos bancos privados, revelando a pressão do Governo na expansão do crédito via BNDES, Caixa Econômica e Banco do Brasil. No conjunto do sistema financeiro, a participação das instituições públicas já se aproxima de 50% (46,2%). O estoque de crédito em relação ao PIB atingiu 51,5%. A redução da Selic para 7,25%, em outubro, trouxe a taxa real básica de juros para 1,66%. Em outubro, o Tesouro Nacional repassou mais R$20 bilhões ao BNDES, de um total de R$45 bilhões previsto para este ano. O Banco do Brasil prevê receber R$8,1 bilhões e a Caixa Econômica R$13 bilhões. A Caixa Econômica vem expandindo rapidamente sua carteira de crédito comercial, inclusive, às micro e Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 97-108, out. 2012 105 pequenas empresas, cujo total atingiu R$22 bilhões, em setembro, um crescimento anual de 83%. Inflação A taxa de inflação está sendo pressionada do lado da oferta pela alta dos preços dos alimentos, devido à seca na região agrícola dos Estados Unidos, e do lado da demanda, pelos reajustes de salários e expansão do crédito. A prévia da inflação oficial, medida pelo IPCA-15, subiu de 0,48% em setembro para 0,65% em outubro. Para novembro e dezembro, entretanto, a perspectiva é de desaceleração, em face da queda dos preços no atacado. Impressionante e surpreendente foi a queda do IGP-M/FGV de 0,97% em setembro para 0,2% em outubro, basicamente em função da queda no atacado dos preços da soja e outros preços agropecuários e matérias-primas. O preço da soja em grão teve queda de 6,5% contra alta de 4,7% em setembro. O Índice Nacional do Custo da Construção (INCCM) subiu de 0,21% em setembro para 0,24% em outubro. O preço do barril de petróleo nos Estados Unidos caiu de US$99,00 em setembro para US$86,00 atualmente, com tendência de baixa. Em janeiro, esteve em torno de US$100,00. O subgrupo alimentos processados caiu de 3,34% em setembro para 0,74% em outubro. Setor Público No período acumulado de janeiro a setembro, os juros sobre a dívida pública alcançaram R$161,4 bilhões, dos quais R$75,8 bilhões foram pagos a título de superávit primário. Sobraram R$85,6 bilhões, que correspondem ao déficit nominal equivalente a 2,63% do PIB. 106 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 97-108, out. 2012 O montante da dívida mobiliária chegou a R$1.816,0 bilhões, em setembro, R$37,2 bilhões acima de agosto e R$33,0 bilhões superior ao saldo de dezembro/2011. A dívida pública bruta alcançou R$2.542,4 bilhões (58,5% do PIB), R$51,1 bilhões acima de agosto e R$298,8 bilhões superior ao saldo de dezembro/2011. Em resumo, o Governo continua gastando mais do que arrecada e a dívida pública caminha para 60% do PIB. Setor Externo Em outubro, as exportações alcançaram cerca de US$21,8 bilhões e as importações US$20,1 bilhões, acumulando no ano US$202,4 bilhões e US$184,9 bilhões respectivamente, com saldo comercial de US$17,4 bilhões. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve queda de 4,6% nas exportações e cerca de 1,0% nas importações. Em c/ correntes, somados os itens de serviços, o déficit acumulado atingiu US$34,1 bilhões, coberto pela entrada de recursos estrangeiros, com sobras de US$26,7 bilhões que acresceram às reservas internacionais (US$378,7 bilhões). A dívida externa chegou a US$428,1 bilhões, US$24 bilhões acima de dezembro/2011. No ano, os investimentos estrangeiros diretos (IED) chegaram a US$37,8 bilhões, mais US$9,8 bilhões de empréstimos intercompanhias. Até setembro, as remessas de lucros e dividendos somaram US$19,6 bilhões (US$28,7 bilhões no mesmo período do ano passado); as remessas de juros somaram US$12,0 bilhões, contra US$13,3 bilhões anteriores. Na área internacional os Estados Unidos caminham para a recuperação, ao ritmo de 2,0% de crescimento do PIB, anualizado entre julho e setembro. O desemprego continua alto, mas há sinais positivos no setor. As vendas de novas residências subiram 5,7% em setembro. O índice de confiança do consumidor subiu para 72,2 em outubro, o nível mais alto desde 2008. No ano fiscal, até setembro, o Governo arrecadou mais 6,4% e gastou menos 1,7%. Carta Mensal • Rio de Janeiro, n. 691, p. 97-108, out. 2012 107 O superfuracão SANDY – superior a todos os anteriores – veio agravar não só a posição política, mas também a situação econômica, com um prejuízo previsto de US$40 bilhões. A taxa de câmbio do dólar em relação ao euro, no final de outubro (1,2980), era praticamente a mesma de janeiro (1,2791) = +1,4%. A Europa não consegue encontrar uma saída da crise, que continua se agravando. Falta consenso entre as lideranças políticas, o que se caracteriza pela lentidão na implantação das medidas de socorro aos bancos e aos países endividados. De outro lado, a demagogia provoca perturbadores movimentos de rua na Grécia e faz ressurgir as pressões de independência da Catalunha, mais falida que a própria Espanha. Mas a Grécia finalmente fechou acordo com a troika (FMI, MCE e BCE). No terceiro trimestre, o PIB da Espanha encolheu 0,3%, o quinto trimestre seguido de contração. Em meados de outubro, foram vendidos €4,6 bilhões de bônus espanhóis sendo os de 10 anos a juros de 5,46%. Um bom sinal. China Em reportagem de Thais Oyama, de Pequim, para a revista Veja da semana passada, foi dito que a China convive com sérios problemas sociais – 500 manifestações diárias de protesto, contidas pelas autoridades policiais. A China trocou o comunismo pelo nacionalismo e, agora, vai passar o comando supremo do Governo de Hu Jintao para Xi Jinping. Daí, a exacerbação do conflito com o Japão, de resultados imprevisíveis. Nos últimos 15 anos, 300 milhões de chineses saíram do setor rural para as grandes cidades do leste, de elevado padrão de vida. Daqui para frente, vai ter que diminuir o ritmo da urbanização. 108 C a r t a M en sa l • Rio de Janeiro, n. 691, p. 97-108, out. 2012 2010/201 4 Presidente Antonio Oliveira Santos Vice-Presidente Administrativo Josias Silva de Albuquerque Diretores Secretários 2º Pedro Jamil Nadaf 3º Luiz Gastão Bittencourt da Silva Vice-Presidentes 1º José Roberto Tadros 2º Darci Piana 3º José Arteiro da Silva Abram Abe Szajman Adelmir Araújo Santana Bruno Breithaupt José Evaristo dos Santos José Marconi Medeiros de Souza Laércio José de Oliveira Leandro Domingos Teixeira Pinto Orlando Santos Diniz Vice-Presidente Financeiro Luiz Gil Siuffo Pereira Diretores Tesoureiros 2º Antonio Osório 3º José Lino Sepulcri Diretores Hugo Lima França Ladislao Pedroso Monte Lázaro Luiz Gonzaga Marcelo Fernandes de Queiroz Marco Aurelio Sprovieri Rodrigues Raniery Araújo Coelho Valdir Pietrobon Wilton Malta de Almeida Zildo De Marchi Diretores Alexandre Sampaio de Abreu Antonio Airton Oliveira Dias Carlos Fernando Amaral Carlos Marx Tonini Edison Ferreira de Araujo Euclides Carli Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante Hugo de Carvalho Conselho Fiscal Arnaldo Soter Braga Cardoso Lélio Vieira Carneiro Valdemir Alves do Nascimento Suplentes da Diretoria Ademir dos Santos Aderson Santos da Frota Alex de Oliveira da Costa Anselmo da Silva Moraes Antonio Florêncio de Queiroz Júnior Antônio Lopes Trindade Antônio Trevisan Ari Faria Bittencourt Canuto Medeiros de Castro Célio Spagnoli Daniel Mansano Diocesmar Felipe de Faria Edson Duarte Mascarenhas Edy Elly Bender Kohnert Seidler Expedito Edilson Mota Borges Fernando Teruó Yamada Hermes Martins da Cunha João Elvécio Faé José Marcos de Andrade Liliana Ribas Tavarnaro Lúcio Emílio de Faria Júnior Luiz Carlos Bohn Marcantoni Gadelha de Souza Suplentes do Conselho Fiscal Hilário Pistori Marcelino Ramos Araujo Márcio Olívio Fernandes da Costa Miguel Setembrino E. de Carvalho Natan Schiper Odair de Jesus Conceição Osvino Juraszek Paulo Miranda Soares Pedro J. M. Fernandes Wähmann Renato Rossi Robert Bittar Rubens Torres Medrano Vicente de Paulo Santos Correia Em defesa da língua portuguesa Arnaldo Niskier Outubro 2012 O pensamento político brasileiro contemporâneo (1970-2011) Ricardo Vélez Rodríguez Síntese da Conjuntura Conjuntura econômica Número 691 Ernane Galvêas Outubro 2012 691