CaTarina WallenSTein em entrevista Moda em

Transcription

CaTarina WallenSTein em entrevista Moda em
pure/
Pure Magazine / Edição TRÊS / primavera 2009
Catarina Wallenstein em entrevista
Moda em evolução
Tendências
Fabien Baron Revolução Francesa
MIKIO NARUSE O ilustre desconhecido
Vestuário e tecnologia
/
/
EDITORIAL
/
FICHA TÉCNICA
DIRECÇÃO / EDIÇÃO
A edição de Moda e todo o universo que envolve
Helga Carvalho
a escolha de conteúdos imagéticos nas revistas
www.helgacarvalho.com
tem sofrido mudanças visíveis ao longo dos
DESIGN GRÁFICO
tempos. O papel do editorial de moda passou
Paulo Condez, Marta Branquinho,
a ser muito mais dinâmico deixando para trás
Anna Hazod e Lourenço Salgueiro
conceitos relacionados com a simples maneira de www.designbynada.com
coordenar um look ou a melhor forma de mostrar
WEB DESIGN
Ivo Fernandes
ao leitor o que vestir em determinada ocasião.
[email protected]
Hoje em dia além da diversidade de páginas, as
histórias são outras. Novas revistas e novos
COLABORADORES
registos mostram as infindáveis possibilidades
Edição / Texto
de abordar a moda. Os editoriais de moda
Ana Rita Clara
Brígida Ribeiros
passaram a ter um papel desafiante: o de fazer
Natálio
sonhar. A construção de uma história segundo um Carlos
Chiara Vecchio
tema ou conceito nunca esteve tão presente e a
Claudia Rodrigues
própria fotografia tem vindo a reforçar a ideia Ema Mendes
Francisco Vaz Fernandes
de que a moda abandonou os clichés formais de
Soraia do Carmo
Patrícia Cruz
que tanto foi conotada. A forte tendência é
Rita Campino
a negação do próprio termo moda, o que nem
Tiago Santos
Sara Andrade
sempre se torna compreensível num domínio
Sara Gomes
mais mainstream. É neste contexto que a Pure
Susana Lage
se insere, na busca de autenticidade e e numa
aproximação ao registo “real life” retratado com Fotografia
Olivier Jacquet
mais ou menos crueza, e ao qual costumo chamar
Pedro Pacheco
Ricardo Cruz
Novo Realismo. E porque falamos de registos,
de experiências, mudanças e linguagem visual,
Ilustração
João Gonçalves
nada melhor do que fazer uma retrospectiva do
trabalho que temos desenvolvido ao longo deste
pure
primeiro ano de existência.
Pure Magazine / Edição TRÊS / MarÇo 200)
Helga Carvalho
capa :
Luize fotografada por Olivier Jacquet, Styling: Anne Laroche
www.puremagazine.pt
COLABORADORES
Chiara Vecchio / Italiana de 26 anos, é licenciada em Ciências
da comunicação mas desenvolveu desde cedo um forte interesse
pela moda. Trabalhou no departamento de imagem da Gucci em Milão
e passou pelo departamento de moda da Vogue Portugal; é hoje
freelancer na área da produção de moda e publicidade.
Esta é a sua estreia na Pure Magazine.
Ana Rita Clara / Formada em Sociologia das Organizações, Master em
Gestão Editorial e Empresarial dos Media, Jornalismo em Televisão
e ainda em Teatro, trabalha desde 2001 na área de televisão,
tendo iniciado o percurso na SIC Radical, posteriormente RTPN e
desde 2005 na SIC. Como apresentadora destaca-se sobretudo pela
apresentação de inúmeros formatos televisivos e rosto de projectos
especiais ou de grande audiência como o “Rock in Rio Lisboa” em
duas das suas edições. Para além da versatilidade na comunicação,
fundou a sua própria produtora (DROP Produções) no sentido
de expandir a intervenção para novos conceitos e áreas. A sua
imagem é igualmente associada a causas de solidariedade social e
humanitárias, como a campanha nacional de prevenção de Luta Contra
o Cancro, para a “Laço”. Assume-se como melómana, fascinada pela
imagem, cinema e verdades documentais. Para além da revista PURE,
colabora actualmente com outros suportes editoriais e culturais.
E costuma dizer que ainda lhe falta fazer tudo…
Pedro Pacheco / Estudou fotografia no Arco em Lisboa e foi
assistente inúmeros fotógrafos nacionais e internacionais.
Tem trabalhado como produtor de fotografia em várias campanhas
publicitárias internacionais,mas é na fotografia de moda que
encontra a sua expressão. Pedro Pacheco tem vindo a apurar a sua
técnica e estética apostando na formação e qualidade da sua equipa,
tendo desde 2005 publicado em revistas como a Parq, Dif, Neo 2,
N Style, Elle Portugal e Vogue Portugal.
Rita Campino / Arquitecta formada na Faculdade de Arquitectura
da UTL em 2003, nasceu em Lisboa em 1979. Nesta colaboração vê a
oportunidade de aliar o gosto de sempre pela escrita e o fascínio
pela moda, numa perspectiva diferente do trabalho que desenvolve
na arquitectura.
Soraia do Carmo / Nasceu em Lisboa em 1983. Licenciou-se em
Comunicação Social pela Universidade Católica Portuguesa.Fez
um estágio no gabinete de imprensa internacional da ModaLisboa.
Começou a trabalhar na área do Jornalismo na TVI. Durante dois
anos trabalhou como jornalista nos programas Deluxe e Cartaz
das Artes. Na área da imprensa escrita colabora com a revista de
cultura NContrast (www.ncontrastcp.pt).Nos últimos meses trabalhou
no programa Iniciativa da RTP2. De momento está a tirar um curso
de fashion styling na creative academy com a Susana Marques Pinto.
Susana Lage / Nasceu em Lisboa em 1982. Estudou Comunicação
Social, com especialização em jornalismo científico e tecnológico.
Colaborou com a revista Inversus e mais tarde com a agenda
cultural “Hoje vou aqui”, na área da música, cinema e teatro.
Concluiu a licenciatura com o estágio na revista Focus, onde ficou
a trabalhar cerca de um ano. Actualmente é directora dos jornais
Correio do Montijo e Jornal de Alcochete. Nos tempos livres,
desfruta da sua paixão pela música dos anos 70, 80 e 90 e brinca
de DJ.
/
catarina
wallenstein
Por Josine Crispim
Catarina Wallenstein tem ao longo dos últimos anos recebido críticas positivas pelo seu desempenho como actriz
e vencer a primeira edição do prémio L’Oréal Jovem Talento no Estoril Film Festival em 2007 veio confirmar isso.
Do seu currículo faz parte cinema, televisão, e até mesmo um musical. Já contracenou com gigantes da representação
como Nuno Melo no filme Lobos e acabou recentemente de gravar o “Singularidades de uma Rapariga Loira”
Manoel de Oliveira. Depois de uma temporada a estudar em Paris regressa a Portugal.
de Maonel
Catarina veste vestido, € 140, RICARDO DOURADO / Casaco em malha, €347, BY MALENE BIRGER
FOTOGRAFADO POR: PEDRO PACHECO www.pedro-pacheco.com / ASSISTIDO POR: LUÍS ALMEIDA / STYLING: HELGA CARVALHO /
MAQUILHAGEM E CABELOS: JOANA BELLUCCI / LIGHT EQUIPMENT: www.spot-lightservice.com
Catarina veste vestido em seda, €295, TWENTY 8 TWELVE / Casaco em malha de algodão, LEVI’S
Catarina veste vestido em algodão, €320, BOSS ORANGE. / Colete em pele, €428, LUÍS BUCHINHO
Catarina veste vestido em seda, €900, ISILDA
PELICANO / Top e sandálias em pele, €150 e €200 respectivamente, WHITE TENT
Catarina veste vestido em seda, €347, BY MALENE BIRGER / Casco em malha de algodão, MASSIMO DUTTI
Catarina veste vestido em seda, €250, TWENTY 8 TWELVE / Túnica em algodão, €110, DIESEL / Casaco em malha de algodão, MASSIMO DUTTI /
Casaco curto em malha de seda, €230, BOSS BLACK / Sapatos, €190, BOSS ORANGE
Quando é que decidiste que querias
ser actriz?
Descobri a representação no atelier
de teatro do liceu francês e gostei
muito mas não me apercebi logo de
que viria a querer ser actriz. Foi
mais o crescimento do interesse.
Depois fiz o “Só Gosto de Ti” e
quando dei por mim já dizia que me
ia inscrever no conservatório. Não
me lembro do momento da decisão.
Tens uma noção clara que tipo de
carreira queres construir?
Não tenho qualquer tipo de ambição
ou ânsia concreta, quero ser actriz
e fazer o meu caminho em passinhos
pequeninos
Normalmente a família influencia (ou
tenta) na escolha de uma profissão.
Foi o teu caso?
Os meus pais nunca fizeram qualquer
tipo de pressão. Por outro lado
sempre me empurraram para apostar
numa formação, fosse em que
área fosse.
Se não fosses actriz o que é que
achas que acabarias por fazer?
Não faço a mais pequena ideia.
Música? Não sei fazer outra coisa.
Qual foi a personagem que até hoje
interpretaste mais parecida contigo?
Todas as personagens têm algo
parecido connosco e todas são
demasiado diferentes. Sou eu que
interpreto e, apesar do papel
fundamental da imaginação, crio a
partir da minha experiência e da
minha visão do mundo. Tento analisar
dessa forma. Tenho feito papeis
de miúdas, em vários registos,
e obviamente que cada ser humano
se pode identificar com certos
aspectos, é essa a grande magia do
teatro ou do cinema.
Qual é o teu critério para aceitares
ou recusares um trabalho?
Saber que quero dar a cara por um
trabalho. Se acreditar no trabalho
obviamente é porque quero dar tudo
o que tenho. Tem a ver com tudo:
o projecto em si, a equipa, com o
diálogo que se estabelece com quem
está a dirigir… O ideal será ser
um guião no qual acredito, um texto
do qual gosto, um director com quem
quero e consigo trabalhar.
Já fizeste cinema e televisão mas
nunca teatro.
Fiz o curso de actores numa escola
de teatro, e o que acontece com isso
é ficar com vontade de fazer teatro.
Tenho tido a sorte de fazer cinema
mas teatro ainda não fiz.
O que te fez ter tido também uma
formação musical e em canto lírico?
Estudei música desde pequenina, a
minha mãe é cantora lírica e o meu
pai é contrabaixista. Com a escola
de música que frequentava fiz parte
do coro infantil que integrava
algumas óperas no Teatro Nacional
de São Carlos. Depois disso fiz um
papel na ópera Albert Herring de
Brittent no Teatro Aberto.
Pensas algum dia voltar a
representar num musical?
Gostava muito. Gosto da ideia de
poder juntar a representação com
a música.
Voltaste recentemente de Paris.
O que é que resultou dessa
experiência? Como é o mercado lá?
Terminei o ano lectivo, estou
licenciada mas apesar de ter
terminado os meus estudos por
lá ainda quero sondar o mercado
francês.
Acho que é mesmo importante sair de
onde quer que estejamos, é bom mudar
de sítio. Embora seja sempre Europa,
em Paris há uma cultura diferente,
uma tradição de teatro diferente,
e qualquer escola tem formas
diferentes de trabalhar e portanto,
é importante mudar para ver como se
trabalha de outras formas.
Tenho de ver se consigo fazer alguma
coisa em língua francesa. Não
recebi convites, tenho de batalhar:
primeiro encontrar o agente,
conhecer os directores de casting,
ir aos castings. Mas para ir a
castings tenho de lá estar.
Do que mais tiveste saudades quando
estiveste em Paris?
Do sol e do mar.
No filme Lobos tens cenas íntimas e
reveladoras com Nuno Melo. Qual é a
tua relação com o corpo e a nudez?
Não tenho problemas à partida com
o facto de fazer cenas de maior
exposição do meu corpo. Tem de
se estabelecer uma confiança no
realizador que o permita e que
sinta que a cena em questão tem
uma justificação e não é uma mera
exposição barata.
O “Singularidades de uma Rapariga
Loira” já estreou na 59.ª edição do
Festival Internacional de Cinema de
Berlim. Qual foi o feedback?
Parece-me que correu relativamente
bem. Não sei dizer muito mais porque
aquilo é uma azáfama de festival mas
a resposta à estreia pareceu-me ter
sido positiva.
Ao receberes o prémio L’Oréal Jovem
Talento sentiste-te privilegiada
ou que de alguma forma o merecias?
Senti que foi importante terem
criado esse prémio, foi uma
iniciativa generosa. É um
reconhecimento, obviamente,
e é claro que me senti privilegiada,
não estava nada à espera.
Qual é a tua relação com a moda?
Ligo relativamente pouco. Não gasto
muito dinheiro em roupa. Claro que
gosto, sou mulher e gosto, mas não
sou uma vítima da moda.
Hoje em dia, olhando para o teu
currículo, terias feito alguma
escolha diferente?
Acho que não. A nível do meu
trabalho, com a experiência que
tenho hoje, julgo-me e penso que
podia ter feito de forma diferente
isto ou aquilo. Mas a nível de
escolhas não. Acredito que as coisas
acontecem como devem acontecer e se
não acontecem é porque não é para
acontecer naquele momento ou porque
tenho alguma coisa a aprender de
qualquer das maneiras.
Catarina veste camisola em malha, €35, MANGO
/
news
por Susana Lage
The Ultimate Collection
- Veruschka
A Assouline anuncia
um retorno ao luxo e
à mística. Uma edição
limitada que presta
homenagem à mulher
que ajudou a mudar o
panorama da moda e da
fotografia. Veruschka
foi mais do que uma cara
bonita. Enquanto modelo,
estlista, e criativa
obstinada, sempre
projectou uma enorme
inteligência e força.
De página para página,
o livro revela uma
história de aventura,
de cultura em mudança e
de beleza requintada.
Escrito por David Wills
em colaboração com Vera
von Lehndorff (nome
verdadeiro da modelo), a
obra inclui entrevistas
com a antiga editora da
Vogue americana, Diana
Vreeland, e comentários
da própria Veruschka
sobre o que se passava
nos bastidores das mais
célebres fotografias que
fez com fotógrafos como
Richard Avedon, Irving
Penn e Steven Meisel.
Vernizes de inspiração
musical
A empresa de cosméticos
Uslu Airlines
desafiou quatro Dj’s
internacionais a
criarem, cada um, uma
série de vernizes
inspirados no ambiente
da pista de dança.
Cada um escolhe a
sua cor preferida e
a Uslu cria o verniz
correspondente. Em
troca, os artistas
criam uma faixa sonora
correspondente ao seu
verniz, que estará
disponível para ouvir
nos sites da Uslu e dos
respectivos Dj’s.
Os vernizes são uma
espécie de montra para
os Dj’s reflectirem o
seu universo artístico.
As quatro cores incluem
o fluorescente, “PSG”
de Ed Banger, o lilás
“JMK” de Rollerboys,
o azul claro “ZRH” de
Headman, e o prateado
metálico “THF” de
Fetisch.
www.myspace.com/usluairlinesdjs
Colecção unissexo
de YSL
Fato, blazer, camisa,
calça e trench-coat são
as peças essenciais do
guarda-roupa masculino
que constituem a mini
colecção unissexo
lançada por Stefano
Pilati. O criador
reinterpretou os
códigos da casa Yves
Saint Laurent e criou
dezassete looks
inspirados na colecção
de homem Primavera/
Verão 2009, que foram
ajustados aos tamanhos
de senhora.
Esta linha estará
exclusivamente à venda
nas lojas YSL Homme,
durante as Semanas de
Moda de Nova Iorque,
Londres, Milão e Paris.
Henry Holland despe
a moda
Henry Holland, da House
of Holland, ficou
conhecido pelas suas
t-shirts com estampas
de rimas divertidas com
nomes famosos. Depois
de slogans como “Do
me daily Christopher
Bailey” ou “Cause me
pain Hedi Slimane”,
agora o designer
deixa as palavras de
lado para dar lugar
à imagem. Na sua nova
linha de t-shirt´s
estampou desenhos
de personalidades,
como Karl Lagerfeld,
Donatella Versace,
John Galliano, Agyness
Deyn e Luella Bartley,
com nada no corpo a
não ser uma flor nas
suas partes íntimas.
Todos os retratos foram
aprovados e estarão à
venda já este ano.
www.houseofholland.co.uk
Valentino: uma história
de glamour
O reduzido número
de edições e o
seu elevado preço
impediram que muitos
leitores conseguissem
um exemplar original
sobre a vida de
Valentino Garavani.
Mas brevemente vai
ser lançada uma
edição ilimitada, mais
acessível ao grande
público. O conteúdo
reúne cópias das
imagens dos arquivos de
Valentino, incluindo
desenhos, fotografias
de revistas, anúncios
publicitários, artigos
de jornais sobre a
carreira do criador,
entre outros materiais
cronologicamente
documentados.
Editado por Armando
Chitolina, da Vogue
Itália e L’Uomo
Vogue, escrito
por Suzy Menkes,
editora-chefe de
moda do International
Herald Tribune,
e Matt Tyrnauer,
correspondente especial
da Vanity Fair, o livro
de 576 páginas custará
€49.99
Dolce&Gabbana entra no
mundo das cores
A marca de Domenico
Dolce e Stefano Gabbana
desenvolveu uma linha
de maquilhagem em
parceria com a Procter
& Gamble Prestige
Product. Há cores
fortes e tons suaves,
umas com cheiro e
outras neutras.
Scarlett Johansson foi
escolhida pela dupla
de criadores para ser
o rosto da nova linha.
“A Scarlett é segura
de si. É bonita mas
também muito simpática.
É muito Dolce&Gabbana”,
explicou Stefano
Gabbana ao jornal
Women’s Wear Daily.
As fotografias da
campanha publicitária,
tiradas em Londres por
Sølve Sundsbø, revelam
a sensualidade da
actriz norte-americana
inspirada em Marilyn
Monroe.
Linha de acessórios de
Felipe Oliveira Baptista
Com apenas 33 anos,
Felipe Oliveira
Baptista é um dos nomes
mais promissores da
moda, sendo as suas
peças vendidas em
Paris, Nova Iorque,
Los Angeles ou Tóquio.
Desta vez, as carteiras
são a nova aposta
do criador português
para compor as suas
silhuetas orgânicas
e arquitectónicas, com
um toque dos anos 70.
Felipe propõe quatro
modelos em pele, de
cores fortes como o
vermelho alaranjado, o
amarelo limão, o azul,
o verde, ou o preto.
Muito grandes, tipo
saco, de mão ou para
usar ao ombro, as novas
carteiras já estão
disponíveis e serão
vendidas entre €600
a €1100.
As quatro histórias
de Givenchy Harvests
A Givenchy
reinterpretou quatro
perfumes já existentes
e tornou-os mais ricos
com um toque de Alta
Costura. A imagem dos
novos frascos conserva
o seu design elegante,
mas ganha uma fita
preta de cetim onde
surge desenhada a
flor emblemática de
cada fragrância. E
as novas embalagens
apresentam um símbolo
que representa o país
de onde foram colhidas
as flores. Índia,
Turquia, Madagáscar e
Marrocos são as regiões
com as quais Givenchy
estabelece uma ligação,
ao mesmo tempo que
presta homenagem aos
artesãos que tornam a
colecção “Colheitas”
uma realidade.
/
moda em evolução
A sua produção como conteúdo editorial ao longo dos anos.
por Sara Andrade
E ainda que, explicado desta forma simplista,
possa parecer um pequeno passo para o Homem, este
foi um grande passo para a Humanidade... porque
no início, a História era outra.
De acordo com Linda Watson, no livro Vogue
Fashion, a chegada, em 1892, da que agora é
conhecida como a Bíblia da moda, trazia consigo
quase nenhuma referência à mesma – o que não é de
estranhar, uma vez que a indústria estava a dar
os seus primeiros passos: no início do século,
havia possivelmente apenas um nome criativo a
reter e passerelles ou desfiles não faziam parte
do vocabulário. Por isso, as matérias abordadas,
maioritariamente numa perspectiva de repórter
e não de crítica, resumiam-se grandemente
ao lifestyle e afins da alta sociedade, e a
ilustração de roupas em revistas resumia-se à
descrição das que eram usadas pela aristocracia
da época em eventos sociais. À medida que a moda
começou a ganhar contornos de negócio mundial
e Paris passou a ser a capital da indústria,
com designers como Jeanne Lanvin, Jean Patou e
Paul Poiret e exportarem os seus designs além do
Atlântico, que a inclusão do tema nas revistas da
área se tornou cada vez mais relevante. Em começo
dos anos 20, por exemplo, a Vogue deixou de
Já no séc. XVII, Louis XIV disse que que “a Moda
é um espelho”. Um espelho do que somos, do que
representamos, a onde pertencemos. O que me leva
a crer que, hoje, só podemos ser esquizofrénicos.
Sofremos de múltipla personalidade, não porque
encerramos uma multiplicidade de estilos, mas
porque podemos exteriorizá-los: numa era em que
a hierarquia social deixou de ser estanque, os
condicionamentos comportamentais da sociedade
em geral se tornaram mais tolerantes e a
fronteira entre o aceitável e o condenável se
encontra cada vez mais ténue e afastada do
conservadorismo, estão criadas as condições para
que se explore mais o modo como nos vestimos e
como nos apresentamos. Causa (ou consequência?)
disso é a proliferação da Imprensa de moda e a
sua ramificação em dezenas de linhas editoriais
que surgiram para preencher rentáveis nichos
de mercado que pediam vertentes mais ligadas à
música, ao cinema, ao lado urbano da moda, ou
à sua vertente mais Alta-Costura. Hoje, há mais
escolha que nunca. Esta diversidade de opções
é resultante da evolução e da multiplicação dos
conteúdos editoriais e imagéticos, mas acima
de tudo, é fruto do rompimento de barreiras na
fotografia de moda e na divulgação de tendências.
comportar-se como mera espectadora do social e do
seu guarda-roupa, para passar a ser comentadora,
com algum humor e mordazes observações, e a
entrar no campo da análise e da previsão de
tendências moda – multiplicam-se os artigos
dedicados à criação de roupa dentro da conjuntura
da época e em Novembro de 1920, a revista publica
o seu primeiro editorial: “A Group of Paris
Frocks that posed for Vogue”. Pode assumir-se
que foi o primeiro vislumbre da moda enquanto
algo mais do que o básico da roupa, os tecidos
e a cor: a moda era e é estilo, pose e atitude.
Pode também apontar-se aqui a estreia do papel
da modelo como mais do que um simples cabide ou
manequim. Ao longo dos anos, a profissão tornou-se cada vez mais exigente, com modelos, hoje em
dia, a saltarem, despirem-se, e acrobaticamente
posarem para uma objectiva, tendo, muitas vezes,
um papel interveniente e decisor – a capacidade
de sugerir poses, expressões, de fazer passar a
visão de um fotógrafo tornou-se, actualmente, tão
ou mais importante que a fisionomia para expor a
roupa. O exemplo mais flagrante da importância da
modelo para a indústria surgiu nos anos 90, com o
célebre trio Naomi Campbell, Christhy Turlington
e Linda Evangelista a ganharem um mediatismo
equivalente ao de uma estrela de cinema, quase
ao ponto de tirarem a atenção daquilo que
divulgavam: as roupas. Talvez por isso, hoje em
dia, o conceito supermodelo esteja em desuso e
nenhuma outra cara se aproximou da fama que as
modelos dos anos 90 conseguiram, embora hoje em
dia haja alguns nomes que sejam reconhecíveis e
admirados.
Não que a fama de uma modelo fora das páginas
de uma revista seja indicador da evolução dos
conteúdos editoriais e imagéticos da Imprensa de
Moda, mas é denotador de como esta evolução criou
ou reescreveu muitos dos papéis intervenientes
na produção de moda. Como, por exemplo, provocou
a emergência de um stylist, ou, por outras
palavras, um editor que decide o que deve e como
deve entrar o vestuário numa produção de moda:
quando os seguidores de moda se tornaram mais
exigentes, a roupa deixou de passar directamente
das passerelles para ser exposta num manequim
nas revistas e passou a ser interpretada por
analistas do meio, que reconfiguram as peças
de maneira a tornar uma tendência mais próxima
do público ou, paradoxalmente, mais próxima
do sonho do público. Provocou o aparecimento
do set designer, quando se levou as produções
1 ANOTHER MAGAZINE, Primavera/Verão 2007 / 2 HARPER’S BAZAAR, Setembro / 3 i-D, Novembro / 4 NUMÉRO 92 / 5 PURPLE, Outono/Inverno 2008
1
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5
fotográficas a outro nível e se introduziu um
cenário; Até o fotógrafo, sempre figura de
extrema importância, ganha nova dimensão ao
intervir activamente na pose da modelo, na
expressão, enquadramento da imagem, tratamento
de cor e, inclusivamente, na troca de ideias com
o editor de moda quanto ao styling. Um exemplo
de como a fotografia de moda na imprensa saiu
dos meandros de mera reprodução de catálogo para
um veículo de statement, para uma imagem que
vale por mil palavras, é a produção que Cecil
Beaton, em alturas da II Guerra Mundial, fez
com uma modelo impecavelmente vestida no meio
de destroços – a fotografia adequadamente se
intitulava “Fashion is indestructable”.
Porque é preciso não dissociar as alterações nas
temáticas, nas tendências e nas produções de
moda ao longo dos tempos das condições vividas
em cada época. Como, por exemplo, o modo como as
fotografias na década de 60 tinham uma ligação
incontornável com a moda da época, como Jean
Shrimpton de braços abertos, fotografada por
David Bailey, em consonância com a silhueta em
linha A que proliferava, ou modelos em poses
dinâmicas, a fazer passar a mensagem dos Swinging
Sixties. É inegável que a evolução dos conteúdos
editoriais, nomeadamente o imagético, encontra a
sua justificação nas mudanças sociais ao longo
do tempo, tanto em termos de conjuntura socio-económica, mas também progressão tecnológica.
Com o melhoramento do hardware fotográfico
e a crescente flexibilidade na aceitação de
comportamentos sociais desviantes, fotógrafos
como Richard Avedon introduziram movimento na
fotografia de moda, Guy Bourdin trouxe erotismo
e sexo, e outros mestres da fotografia, mais
arrojados, como Helmut Newton e Terry Richardson,
despiram a moda de preconceitos e tornaram a
ausência de roupa nesta indústria, aceitável
– e apreciável. Porque, ao longo do tempo,
a imagética da moda desenvolveu uma estética
própria, muito sua, na qual o vestuário é
enaltecido por cenários, paisagens, locais e
ambiências, com modelos e adereços que a tornem
no seu todo mais apetecível. Aliás, não é por
acaso que o termo internacional para uma produção
de moda seja uma fashion story... é que todo o
processo deixou de ser estanque, estático ou
apenas sobre a roupa – é sobre a história que
essa roupa, essa tendência, essa produção conta
ao leitor. E é aqui que reside a grande evolução
dos conteúdos imagéticos das revistas femininas
– o protagonismo não é só do vestuário, mas
antes do todo em torno desse guarda-roupa que,
estranhamente, acaba por lhe dar ainda mais
destaque. É que, na realidade, reciclando as
palavras do fotógrafo Aidan O’Rourke, existe um
paradoxo na fotografia de moda – teoricamente, o
seu objectivo é igual ao de um catálogo; mas na
prática, é um veículo de liberdade de expressão
explorado pelos maiores fotógrafos mundiais.
Talvez porque a exploração da moda sob outras
formas de fotografia e styling tenha ganho
terreno como obra de arte, isso tenha criado
espaço também para a emergência de novos géneros
de revistas de moda, mais arrojados, mais
alternativos, menos mainstream... revistas como
a I-D, a Wallpaper ou a W – e até a Vogue Paris,
que, dentro das Vogues mundiais, se assume como
a mais irreverente – não se inibem de chocar
dentro do que é chique, de não terem um batom
vermelho perfeitamente delineado e até preferem
que saia dos contornos do lábio, em género do
reflexo de como a sua linha editorial sai dos
contornos das outras revistas do género, e são
apologistas até de editoriais de moda mais gore,
mais irónicos, mais audaciosos. Se quisermos
categorizar, a palavra esquizofrenia ocorre-me
mais uma vez – é que o conceito pode ser aplicado
não só à multiplicidade de escolha de roupas,
mas também ao modo como a moda se tem interligado
com o cinema e com a música e com outras artes.
Cantores e actores têm vindo a tornar-se cada vez
mais frequentes como modelos e capas de revista,
e o seu modo de vestir é imitado e inspira
editoriais e páginas de estilo.
É óbvio que o facto de termos chegado a um estado
de esquizofrenia não significa que tenhamos que
substituir os corsets e os perfectos por um
colete de forças e resignarmo-nos a uma ideia
de que tudo já foi feito. O que é imperativo
perceber é que a multiplicidade de opções não é
sinónimo de um fim de percurso, mas a emergência
de novos. A moda e a sua edição em revistas que
lhe são dedicadas passou por estúdios, locations,
e decerto no início do século ninguém imaginou
que se poderia alongar ou corrigir imperfeições
numa fotografia ou sequer propagá-la online, como
tem acontecido com o aparecimento de diversas
magazines na Internet. Aliás, o facto de um dos
desfiles da semana da moda de Paris, o de Viktor
& Rolf, ter acontecido virtualmente na rede,
já é sintomático de como há ainda um mundo de
possibilidades para explorar. E daqui a uns anos,
também este momento de viragem vai ser estudado
e analisado, tal como foi a introdução de cor na
fotografia, a introdução de movimento, e até a
aceitação da nudez numa indústria que, irónica e
curiosamente, se serve da Imprensa para vender
roupa.
6 VOGUE ITÁLIA / 7 VOGUE ITÁLIA, Abril 2005 / 8 VOGUE PARIS, Março / 9 VOGUE PORTUGAL, Novembro de 2002, número1 / 10 CITIZEN K, Verão 2008
6
7
8
9
10
manuela linda
loppa
furtado
Coordenadora do showroom de imprensa Birdsong
Directora da Polimoda Fashion school,
School, em Firenze
Quais são as principais diferenças
entre o modo como se fotografava
moda e o modo como se fotografa
moda hoje em dia – em termos de
layout, enquadramento e ambientes,
importância dada à roupa e até a
importância dada à modelo? Com base
na minha experiência passada como
stylist e consumidora de revistas
de moda e actualmente apenas
como consumidora, as principais
diferenças que observo são, uma
maior liberalização das imagens hoje em dia fazem-se imagens que há
10 anos atrás seriam consideradas
pornográficas - e uma tendência para
o desaparecimento do editorial de
moda que nos conta histórias. Tenho
saudades deste último género, um
storyboard, usando imagens de moda,
os ambientes eram procurados de
acordo com a história que se queria
contar, as modelos incarnavam uma
personagem, o stylist criava looks
que se enquadravam tanto na história
como em termos de tendências e o
fotógrafo captava com a sua lente
todo o mood... como no cinema
clássico. A moda hoje em dia tende a
ser retratada em imagens de moda por
si só, com um conceito e com um fio
condutor, claro, mas muito raramente
com uma história. Não que eu apenas
aprecie este género, as imagens mais
puras onde o objectivo é apenas
mostrar moda e a modelo é o suporte
da roupa são importantes no ponto
de vista de informação de moda. Hoje
me dia este tipo de imagem de moda
onde todos os detalhes da roupa são
visíveis chegaram a uma apuramento
que se distanciam do carácter
mais de “catálogo” que se via
no passado, graças à evolução da
fotografia e a facilidade de pós-produção. A evolução das tecnologias
informáticas permite actualmente aos
fotógrafos manipularem as imagens
ao ponto de possibilitar a criação
de imagens a um nível fantástico,
que no passado era impossível. Isto
proporciona nos experiências visuais
que nos surpreendem constantemente.
Mas com isto o que se começa a
perder é a captação do momento,
perdeu-se a essência da fotografia
que é a capacidade de congelar um
momento que jamais se repetirá, um
olhar, uma emoção ou uma expressão
subtil. A parte emocional foi um
pouco esquecida... ou os sentimentos
Como é que a evolução em fotografia
de moda e styling mudou e
proporcionou a emergência de um
novo papel para o fotógrafo e para
o stylist – e que novos papéis são
esses?
Ainda me lembro da sinergia entre
o Romeo Gigli, o Paolo Roversi e
Mads Gustafson nos anos 80. Juntos,
criavam o mais perfeito shooting
de moda! Nessa altura, os desfiles
tinham valor acrescido e trabalhava-se ainda muito com os lookbooks
físicos – hoje em dia consegue
aceder-se a tudo online, inclusive
aos desfiles em tempo real. As
revistas de moda, actualmente, têm
70% de campanhas publicitárias,
e não nego o meu interesse em
consultar websites como os da Prada,
que, graças à sua página online,
torna-nos parte do seu mundo e
traduzem as colecções em lookbooks,
catálogos ou vídeos. Criadores
como Raf Simons criam uma geração
de rapazes e raparigas graças à
fotografia, ao styling e escolha de
modelos. Não estou 100% de acordo
com editoriais onde o styling em
exagero domina e parece expressar
mais ou passar uma mensagem
diferente daquela que o designer ou
a marca queria transmitir.
são transmitidos através de um
acting muito exagerado. De um modo
geral, o aparecimento da fotografia
digital foi responsável por tudo
isto porque permitiu a criação de
imagens idealizadas e assim atingir
a perfeição. A fotografia analógica
do passado e os escassos meios de
pós produção exigiam aos fotógrafos
a capacidade de leitura do momento
através da lente.
Achas que tudo já foi feito em
conteúdos de moda e fotografia
de moda ou achas que ainda há
espaço para inovar, e como?
Como em tudo, quando se chega a
um momento que há uma sensação
generalizada que já se fez tudo,
surge então uma tendência de ir
buscar inspiração ao passado.
Neste momento a inovação terá que
passar por uma fusão do passado
com o presente. Um grande sinal
disso é o eminente desaparecimento
da Polaroid que está a criar um
movimento ao nível das comunidades
criativas para evitar a sua
extinção. É disto que eu estou a
falar, a fotografia digital dá muita
liberdade de manipular e criar
imagens artificiais... a Polaroid
incarna a pura captação do momento,
feito o click já nada se pode
alterar. Em termos de conteúdos de
moda é cada vez mais fácil o acesso
à informação imediata através da
internet... há 15 anos apenas a
imprensa e as celebridades tinham
acesso aos desfiles e apenas eram
divulgados ao público em geral após
6 meses. Com isto a imprensa de moda
viu a necessidade de se antecipar e
fez com que a diferença ente duas
estações não fosse tão marcada,
o Inverno entra na Primavera e o
Verão entra no Outono suavemente.
A grande responsabilidade da
imprensa de moda neste momento não
é apenas reportar as colecções e as
tendências, é também ajudar a gerir
a informação de moda que nos chega
tão facilmente.
Fotografia: Isabel Pinto
Acredita que os editoriais de
moda não estão limitados a seguir
tendências e designers, mas são
também influenciados por outras
áreas como a música e o cinema?
A A-magazine (publicada pelo marido,
Dirk Van den Eynde), por exemplo,
é uma revista que oferece as suas
páginas a um criador de modo a que
este possa expressar e veicular
a sua visão pessoal, o seu mundo,
através de imagens, poemas, textos,
histórias, impressões que não são
necessariamente momentos de moda.
E aqui, esta revista é diferente
das outras, porque nos transporta
para um novo mundo dentro da moda
– e acaba por ser interessante de
guardar, como item de coleccionador,
também.
pedro
cláudio
Fotógrafo
Quais são as principais diferenças
entre o modo como se fotografava
moda e o modo como se fotografa
moda hoje em dia – em termos de
layout, enquadramento e ambientes,
importância dada à roupa e até a
importância dada à modelo?
Houve vários booms de moda, por
assim dizer, ao longo dos anos: a
seguir à guerra, nos anos 60 e 70,
e, particularmente, nos anos 80, com
a economia florescente, houve um
novo olhar, menos comercial sobre a
moda. Com o tempo e as alterações na
economia, a moda sofreu outra vez
alterações – a chegada do grunge
nos anos 90 é exemplo disso. O que
penso é que a conjuntura sempre
influenciou a moda, e isso sempre
influenciou a imagética editorial.
Penso que hoje em dia o que existe é
a proliferação de neos, isto é, uma
nova visão, uma nova linguagem, mas
inspirada no que já foi feito. Dessa
linguagem, e desses neos, nasceram
também subvisões, mais alternativas,
menos mainstream, que permitirem
também a emergência de revistas
que correspondiam a este tipo de
linguagem mais específica. O que
acho é que, com a profusão destes
neos, as pessoas também se vão
afastando da fonte de inspiração,
e o que acaba por acontecer é uma
afinação da visão original, ou a
sua total contradição. O resultado
é a emergência de híbridos,
de linguagens mais afinadas ou
paradoxais. E até o rompimento
com algumas regras pré definidas,
que acabam por ficar por terra:
lembro-me que quando comecei, fiz
uma produção para a nossa Marie
Claire, e algumas tentativas de
capa, e quando mostrei o resultado
ao director artístico da altura, o
que ouvi de forma muito pomposa em
relação às fotografias de capa foi:
“La femme de Marie Claire regarde
toujours en face!” E percebi que a
regra da capa era de que a modelo
deveria sempre olhar em frente. E
sei que havia formações para se
aprender essas regras, e tudo.
Mas acho que hoje em dia, o espaço
de manobra é maior, e, embora a
regra ainda seja válida, já não é
estanque, aceita algumas excepções.
Achas que tudo já foi feito em
conteúdos de moda e fotografia de
moda ou achas que ainda há espaço
para inovar, e como?
À luz desta ideia de neos,
acho
“neos”,
acho
que tudo já foi feito, mas também
que há muito para fazer. Hoje em
dia, vivemos muito de revivalismos
e, com a profusão da comunicação,
temos acesso rápido às imagens, logo
inspiramo-nos muito do que já foi
feito. Consequentemente, estamos a
basearmo-nos em modelos já feitos
para criar outros, mas ao mesmo
tempo, quando criamos sobre esses
modelos, também estamos a inovar,
porque estamos a dar àquela fonte de
inspiração outra dimensão.
ana
campos
Editora de moda da Vogue Portugal
A mecânica de uma sessão fotográfica
sofreu muitas mudanças ao longo
dos tempos e em que medida é que
essas alterações influenciaram
a importância do layout, modelo,
ambiente?
Penso que embora o processo se
tenha tornado mais informatizado
(o que torna a mecânica de uma
sessão fotográfica diferente) isso
não provocou uma nova realidade
nos resultados. A importância dos
ambientes, dos enquadramentos, da
roupa e mesmo dos modelos acaba
por ser a mesma, tudo depende do
processo criativo de todos os
intervenientes, inclusive dos não
presentes na sessão, como por
exemplo os directores de arte, ou
mesmo os directores criativos. A
rapidez dos resultados e do processo
é que se tornou mais célere, pela
facilidade de troca de informação.
Os layouts acabam por seguir as
directrizes actuais, o processo aqui
também se tornou mais rápido o que
torna tudo mais actual, deixou de
ser necessário a tesoura e a cola,
tudo é mutável em computador.
Qual é o novo papel dos
intervenientes na edição de
conteúdos de moda?
As grandes diferenças estão na
qualidade do processo, o que envolve
todos os elementos das revistas.
Num panorama internacional, as
funções de cada um dos protagonistas
das redacções sempre estiveram
muito bem definidas e acabam por
ser as mesmas, hoje em dia, com mais
ou menos especificidades, dado as
mudanças dos mercados. O que muda
com as evoluções técnicas é sempre
a capacidade de resposta versus as
novas limitações de produto.
A nova fotografia digital acaba por
dar hipótese de todo o processo
fotográfico ser mais célere, sendo
que existe um novo profissional a
acompanhar as sessões fotográficas:
o Operador Digital, que acaba por
ajudar o fotografo e todos os
profissionais envolvidos durante a
sessão. Acabaram as Polaróides! O
espectro de hipóteses de escolha e
de soluções, é assim mais alargado
para todos os intervenientes.
As directrizes definidas pelos
profissionais criativos das
revistas acabam por ser as guias
para como tudo vai funcionar.
Consequentemente, todo o trabalho
e a sua envolvência acaba por ser
mais definido.
sybille
walter e
samuel
driras
Editores da revista Encens
Tendo em conta a evolução, a
diversificação e a multiplicação da
imprensa nesta área, como é lançar
uma revista de moda na conjuntura do
mercado actual e tendo em conta a
diversidade de nichos que já foram
ocupados nesse mesmo mercado?
Como podemos entender a moda de amanhã
através da imprensa? Como espelhar
da mais pura forma os nomes que
deram passos gigantescos no mundo das
aparências? Lançar-se num projecto
de revista significa interligar
posições que são influenciadas pela
necessidade de estar em cima de um
ponto de vista independente, sem
compromissos, trabalhando sobre um
repertório que cada revista tem que
justificar de número para número.
Lançar uma publicação na área da moda,
criar uma linha editorial parece
ser mais fácil hoje, por causa da
diversidade possibilitada pela moda
versus a variedade possibilitada pela
fotografia... mas não. Assim como é
difícil aprender uma nova língua, uma
revista tem que polir a sua própria
linguagem e as pessoas que dentro dela
e para ela trabalham têm que falar
nessa mesma sintaxe. Só que falar
de estética e de força editorial é
demasiado complexo para poder sumariar
– acho que hoje em dia, a palavra de
ordem é sucesso – aqueles que estão no
topo querem manter-se no topo e vão
fazer por isso.
isabel
escaja
Editora da moda
Quais são as principais diferenças
entre o modo como se fotografava
moda e o modo como se fotografa
moda hoje em dia – em termos de
layout, enquadramento e ambientes,
importância dada à roupa e até a
importância dada à modelo;
A grande diferença é sem duvida,
técnica, substituiu-se a película
pelo digital...
Como em qualquer titulo, na Marie
Claire seguíamos um estilo, mas
com alguma liberdade, e por vezes
o ambiente ou a manequim, tinham
mais força do que a roupa. Na
Cosmopolitan, a roupa tinha um peso
maior, pois era essa a posição
da revista, mostrar e ensinar as
leitoras a usarem aquilo que viam.
Como mudou o papel do stylist, do
fotógrafo e da modelo desde essa
altura até agora?
Quanto ao papel do stylist
e fotógrafo, era muito mais
interactivo, trabalhei com muitos
fotógrafos que por vezes intervieram
numa peça de roupa ou acessório, de
modo a conseguir a melhor silhueta.
Penso que hoje as manequins são
mais intervenientes, quando são
muito profissionais. sugerem poses
e atitudes que sabem que podem
contribuir para uma boa foto.
/
preppys, sloanes e b
estilos de vida
por Patrícia Boto Cruz
Preppys, nos Estados Unidos, Sloanes em Inglaterra
e BCBG, em França, eram termos que nos anos oitenta
identificavam os jovens que faziam da educação e da
elegância um modo de vida. Uma elite que com todas as
características das famílias tradicionais se levava
muito a sério.
Os Preppys eram conservadores, por legado e depois
por vontade própria e tinham por objectivo continuar
as opções dos seus pais, em tempos idos também
eles Preppys. A expressão decorria de “preparatory
school”, o grau de ensino que precedia a Universidade
e que era cumprido nas melhores escolas. Estava
em causa um grupo grande de pessoas que se exigia
a melhor formação, fosse para ir trabalhar para a
próspera empresa do pai, fosse para ser convidado
para os mais disputados lugares do mercado de
trabalho. Competitivos e ambiciosos, eles saiam
directos das faculdades para prestigiadas sociedades
de advogados, grupos financeiros, negócios de
imobiliário ou arte. Enquanto consolidavam as
heranças de família, ocupavam lugares de destaque e
posição social. Às raparigas, conhecidas por serem
anti-intelectuais, desculpava-se que não tirassem
um curso exigente e que só temporariamente fizessem
trabalhos de secretariado ou em infantários. É
que, se o propósito era mesmo casar, bastava ir
entretendo com cursos de cozinha ou costura.
Durante a semana viviam saudavelmente nos bairros
nobres da cidade, onde contribuíam para a vida da
comunidade, em actividades da igreja e voluntariado.
Os fins-de-semana passavam-se em mansões no campo,
onde se privilegiava o estar em família e os
desportos de ar livre. Era esta vida de clã que lhes
ditava o modo de falar, erudito e muito próprio, e a
aparência irrepreensível. Também a tradição e os bons
costumes mandavam que a imagem fosse séria e sóbria.
Fundamentalmente, distinta.
O guarda-roupa, farto, juntava o formal e o desporto.
Apesar de novos, preferiam peças intemporais, nos
cortes e materiais, ao invés de seguir “as modas”.
Os rapazes usavam camisas Oxford, blazers de botões
dourados os mocassins. Consoante a actividade
desportiva ou o hobby praticados, havia Preppys nas
variantes campino, golf e maresia. Ou seja, os de
casacos Barbour ensebados com forro de xadrez, botas
de montar, chapéus de fazenda e muito bridão. Os das
calças de pinças, pólos e pullovers de caxemira. E
os de sapatos de vela e camisolas de riscas azuis e
brancas. Para um look mais descontraído, levantavam-se as golas por baixo de camisolas de cores vivas aos
ombros (com o habitual nó à frente). Ao armário Ralph
Laurent, Lacoste e Fred Perry, juntavam as franjas em
grandes popas, qual George Michael na fase “Wham”.
Elas apareciam, com parte do equipamento de equitação
ou ténis (lá está), combinado com padrões discretos
de losangos ou quadrados. Obviamente que o look era
rematado com acessórios muito “dignos”, a saber:
lenços, carteiras e sabrinas Hermès, brincos e colares
de pérolas. O cabelo sempre bem penteado, era preso
por fitas ou apanhado em rabo-de-cavalo.
A maquilhagem e as unhas só podiam ser em cores
neutras e os perfumes suaves. A todos era comum a
postura física correcta e o ar fresco de quem acabou
agora de sair do banho.
Optimistas e muito sociáveis, privavam com membros
de outras “boas famílias”, sendo que os namoros saiam
dos bailes de debutantes. No fundo, tratava-se
de meninos e meninas prodígio que asseguravam uma
genealogia perfeita. Já nasciam preparados para
constituir ranchinhos de filhos, aos quais não
faltavam os cães. A isto somado os jipes para passear
na quinta e tínhamos a imagem da família perfeita. As
férias eram na neve, em regatas ou caçadas. Contudo,
não falavam de dinheiro ou marcas ou carros, pois os
indicadores de riqueza deviam ser subliminares.
O que deviam comer, beber e comprar ou que lugares
frequentar estava reunido na bíblia, “The Official
Preppy Handbook”.
Mais conhecida ficou a versão deste livro para a
classe jovem alta de Inglaterra: “The Official Sloane
Ranger Handbook”. Escrito por Ann Barr, editora da
“Harpers & Queen” e pelo jornalista de moda Peter
York, em 1982, tinha na capa uma moldura com a
fotografia da princesa Diana. Esta era, aliás, “o
exemplo” a seguir, pela imagem tímida e discreta.
Como subtítulo constava do livro “o primeiro guia
para o que realmente importa na vida”. E o que
importava na vida não era mais que o dress code, o
nome dos ascendentes, as escolas e os comportamentos
previsíveis. Já o que não lhes caía tão bem era, por
exemplo, chorar em funerais e não comer geleia de
garfo. O sucesso explicou-se por agradar a Sloanes,
que dele faziam um guia de etiqueta, a aspirantes
a Sloanes que o usaram para copiar este estilo e a
não Sloanes que o encaravam como retrato humorístico
daquele grupo. O êxito das vendas durante ano e meio,
levou a um segundo livro da mesma natureza, tendo
sido pensado um filme que não chegou a ser feito.
Por falar em filmes, Charlie Sheen em “Wall Street”
e Sarah Jessica Parker em “Girls Just Wanna Have
Fun” explicavam bem a imagem desta juventude cor- derosa. Mas o retrato mais fiel desta geração foi “Alex
Keaton” (Michael J. Fox), o narcísico sobredotado da
série “Laços de família” (tanta saudade).
O nome, “Sloane Ranger”, resultou da junção de Sloan
Square (zona chic de Londres) e de “Lone Ranger”
(série da televisão inglesa) e atribuía-se aos que
sonhavam ser iguais aos membros da família real. Aos
Sloanes do Reino Unido acrescia serem convictamente
patriotas e monárquicos, o que levava muitos, a seguir
as carreiras do exército e da marinha. Acreditavam
não só muito neles, como na sua importância no mundo.
As BCBG (bon chic bon genre, ou bom estilo boa
atitude), eram francesas de aspecto aristocrático que
habitavam os bairros das embaixadas. Mais um grupo de
meninas clássicas, que se vestiam muito tapadinhas e
passeavam de sabrinas à laia de Catherine Hepburn num
mercado de flores em Paris. Só até chegar o diplomata
que as levaria na viagem à volta do mundo da “Vogue”.
Em comum todos eles acreditavam que precisavam do ar
lustroso e de nem um fio de cabelo desalinhado para
serem levados (ainda mais) a sério. Mas, as vidas de
filme nem sempre lhes garantiam realização pessoal.
Por outro lado, as heranças foram ficando incertas,
os rapazes cansaram-se da empresa do pai e as meninas
cansaram-se de esperar por eles. Sloanes e Preppys
fizeram-se à vida.
1
2
3
1 Sabrina, CAROLINA HERRERA / 2 Mocassins em pele, GANT / 3 Pólo LACOSTE / 4 Gravata, HERMÈS
4
5
6
5 Saco de golf, CAROLINA HERRERA / 6 Cardigan, LACOSTE / 7 Saco em pele HERMÈS
7
/
anna piaggi
Fragmentos, Momentos e Moda Viva
por Ana Rita Clara
Quando falamos de Anna Piaggi focamos uma referência
no universo da Moda. Digerimos um look elevado ao
status da instalação viva, da arte que anda, que
posa, escreve, detona, promove, inventa, cria.
Idolatrada por muitos, verdadeiro ícone de estilo,
Anna Piaggi declara para si legitimamente o título
de referência mundial da Moda e do sentido estético,
desfilando pelos corredores da área criativa sem
deixar ninguém indiferente há mais de 30 décadas. O
seu trabalho espelha dedicação numa escrita crítica
e incisiva, sempre acompanhada pela sua máquina de
escrever manual encarnada Olivetti, da autoria do
seu grande amigo Ettore Sottsass, para as principais
páginas das revistas Vanity (1980) e Vogue Itália.
Dona de um estilo inconfundível, exuberante,
ecléctico e único, assumiu desde cedo a sua grande
paixão por acessórios dramáticos, com que decora
o seu guarda-roupa, pelos excêntricos chapéus,
vestidos de alta costura (cerca de 3000 vestidos na
sua colecção privada), 265 pares de sapatos... A sua
autoridade e influência na indústria assume contornos
para ser inclusive apelidada por Manolo Blahnik como
“The Worlds Last Great Authority on Froks”.
Denominações e seguidores não faltam a Anna Piaggi,
tendo sido um dos alvos preferidos da objectiva de
Karl Lagerfeld, musa do designer de chapéus britânico
Stephen Jones e homenageada no ano de 2006 no
“Victoria and Albert Museum” na exposição “FashionOlogy”, com cerca de 4000 visitantes por semana.
Foi igualmente nesta exposição que a editora de
moda transformou o espaço em seu, moldando-o às
suas medidas e exibindo todas as peças e colecções
que adquiriu ao longo da carreira. Os momentos e
criações estiveram separados por denominações. “Anna
e a Vogue”, “Anna e o seu marido”, foram alguns dos
aspectos e fragmentos da mulher-artista. Gravuras,
fotografias (retratos tirados por David Bailey nos
anos 70 e 80), anotações em desfiles e objectos
decorativos que fazem parte da sua vida nesta
exposição-partilha.
Considerada pela dupla Dolce&Gabbana como uma
lufada de ar fresco, uma referência que transpira
excentricidade, inspira, motiva colecções e
personagens da Moda. Assumiu uma profunda admiração
por Vivienne Westwood, ou não se tratasse esta de uma
das mais conceituadas criadoras britânicas, que nunca
perdeu a identidade e sobretudo procurou que as suas
escolhas transpirassem uma determinada mensagem, uma
manifestação na primeira voz sobre o que a rodeia,
sobre as suas realidades.
Quando falamos de personalidades desta dimensão,
falamos de mortais que se insurgem contra a
normalidade, falamos daqueles que mais do que
qualquer outro pressuposto não pretendem que a
normalidade lhes invada as vidas.
Casou-se com o aclamado fotógrafo Alfa Castaldi, com
quem trabalhou em conjunto até ao seu falecimento em
1995. Durante muito tempo movimentou-se entre Londres
e Nova Iorque, mas encantou-se pela cidade milanesa
e é lá que reside actualmente. Num apartamento
rodeada pelo aroma doce de um Chanel nº 5 e sons que
respiram natureza, árvores, desde a varanda.
Personagem das histórias que cria com as suas
criativas escolhas, elevou a Vogue Itália a
instituição suprema sobre a indústria com o espaço
onde se encontram mensalmente as suas “DP” (“Doppie
Pagine” - duplas páginas), que se tornaram no
verdadeiro motivo para a aquisição da magazine.
Liberdade e inspiração desvendam uma particular
capacidade de exorcizar ideias, que podem desvendar
um pequeno detalhe encontrado por Anna Piaggi num
desfile de alta-costura, como uma edição dedicada
a alfinetes de peito, pensamentos sobre cores,
palavras, um animal, um graffiti do Metro de Paris…
Um qualquer pormenor poderá ser alvo da atenção
desta editora que não se coíbe de fazer referência
ao que lhe apetece e ao que sobretudo destaca de
mais relevante.
A capacidade de criar tendências acompanha todo o seu
estilo e forma de estar e talvez por isso se mantenha
tão consistente e fundamental a sua presença na
primeira fila dos principais desfiles.
Mas todos nos confessamos devotos e assumimos que se
assim também não fosse ou não existisse Anna Piaggi,
a Moda como a conhecemos não seria um exemplar motor
de mudança…
Ilustração: João gonçalves
/
fabien baron
Revolução Francesa
por Brígida Ribeiros
Fabien Baron é director criativo, o título mais
cobiçado da década de 1990, e o nome por detrás
da criação do frasco para o perfume unisexo CK
One, de Calvin Klein, lançado em 1994. Trata-se
de um dos mais influentes criadores de imagens
de moda contemporâneas, frequentemente icónicas.
Trabalhou para os mestres do minimalismo e da
simplicidade cara e marcou a moda desse período.
É francês (Antony, 1959) e o único Baron da bem
sucedida Baron & Baron Inc. que criou em 1990.
Sedeada em Nova Iorque, cidade para onde se mudou
em 1982, a sua empresa tem um impressionante
portfólio em definição e construção de marcas
de moda, produzindo sob a direcção de Baron
campanhas de comunicação consistentes, desde
a identidade corporativa, à embalagem até às
campanhas de publicidade de vestuário, cosméticos
e perfumaria, quer para televisão quer para
imprensa, que Baron desenvolve em paralelo com
o trabalho editorial. Contam-se entre os seus
clientes Balenciaga, Burberry, Calvin Klein,
Dolce & Gabbana, Helmut Lang, Jil Sander, Miu
Miu, Nars e Viktor & Rolf.
Baron estudou um ano na École des Arts Appliqués
de Paris. Na adolescência assistiu pela 1ª vez a
um desfile, enquanto assistente de um fotógrafo,
num desfile de Yves Saint Laurent. Trabalhou com
o seu pai, artista gráfico e director artístico
de diversos jornais franceses, nomeadamente no
jornal L´Équipe. Já em Nova Iorque trabalhou
em campanhas para os armazéns Barneys, e nas
revistas Self, GQ e New York Woman.
Em 1988, a Condé Nast contratou-o para redefinir
o design da Vogue Itália, sob a direcção da
editora Franca Sozzani. Um ano e meio depois
regressou a Nova Iorque e para trabalhar no
renascimento da Interview, comprada em 1989 pela
Brant Publications aos herdeiros de Andy Warhol,
ocupando a direcção criativa durante 5 meses.
Em 1992 fez, com Steven Meisel o livro “Sex” de
Madonna , para quem realizou o vídeo Erotica.
Nesse mesmo ano tornou-se director criativo da
Harper´s Bazaar, trabalhando com a editora Liz
Tilberis ex-editora da Vogue Britânica. O primeiro
número da Harper´s Bazaar sob a sua direcção
criativa, de Setembro de 1992 proclamava na capa
a “Era da Elegância”. No seu projecto gráfico
para a Harper´s Bazaar abundam referências às
criações tipográficas e espaciais de Alexey
Brodovitch (1898-1971), director artístico da
mesma revista entre 1934 e 1958. Brodovitch, na
Harper´s Bazaar e o seu concorrente Alexander
Liberman na Vogue americana definiram o modelo
de revista de moda que ainda hoje consumimos e
da consideração que os directores, criativos ou
artísticos desfrutam desde então. Baron criou
para a Harper´s
Bazaar um visual,
uma identidade
gráfica, limpa,
clara, moderna
e elegante
tornando-a “ a
mais bela revista
de moda do mundo”.
Nesta publicação
aliou imagens
e grafismos
em layouts
tipograficamente
ousados, combinando
clássico e
contemporâneo. Este
trabalho valeu-lhe
inúmeros prémios,
nomeadamente o
de Excelência
no Design e
Fotografia da
American Society
of Magazine Editors
e da Society
of Publication
Designers. Em 1994
foi-lhe atribuído
um prémio
especial pela
sua influência na
direcção artística
pelo Council of
Fashion Designers
of America.
A Harper´s Bazaar
manteve o projecto
gráfico de Fabien
Baron até à morte
de Liz Tilberis em
1999 vítima de cancro nos ovários.
Com o seu trabalho na área da perfumaria, da
qual advêm boa parte dos lucros da indústria da
moda, arrecadou diversos Fifi Design Awards, os
“Óscares” da perfumaria, atribuídos pela Frangance
Foundation. L´Eau d´Issey, cuja embalagem
concebeu, tornou-se um grande sucesso comercial.
O trabalho de Baron nesta área caracteriza-se
pela clareza, simplicidade e limpidez. Já o seu
1 Campanha de ARMANI Cosmetics / 2 Campanha de perfume Flower Bomb
de VIKTOR&ROLF
4
3
trabalho editorial é caracterizado pela ênfase
dada à tipografia, com letras oversize, tipos de
letra contrastantes, tomando os caracteres como
formas visuais expressivas, sempre com elegância,
sofisticação e audácia. Entre 2000 e 2002 Fabien
Baron enveredou por um novo caminho, assumiu
o cargo de editor-chefe e director de design
da revista
inglesa de
moda masculina
Arena Homme
Plus (A+).
Para esta
publicação
semestral
dirigiu
imagens
provocadoras
e chocantes,
mais
influenciadas
pela “rua” e
distante do
classicismo
do trabalho
de Baron
para outras
revistas de
moda, mas
presente
em algumas
campanhas
publicitárias
que dirigiu
na década
anterior,
mantendo
no entanto
o carácter
inovador e
sofisticado.
Nesta revista
foram também publicadas fotografias de moda suas.
De volta à moda feminina, tornou-se em Julho de
2003 director criativo da Vogue Paris trabalhando
com Carine Roitfeld, editora-chefe que substituiu
Joan Juliet Buck em Janeiro de 2001. Para o
primeiro número sob a sua direcção criativa, de
Dezembro/Janeiro 2003/2004 definiu uma revista
onde proliferam áreas de espaços brancos,
utilização do retrato, combinando tipografia e
rectângulos negros, equilíbrio e sofisticação.
Em Janeiro de 2008 foi anunciada a escolha de
7
5
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3 VOGUE PARIS nº 845 Março 2004. Kate Moss fotografada por David Sims; Realização: Joe McKenna assistido por Michael Philouze; Maquilhagem:
Lisa Houghton; Cabelos: Guido / 4 VOGUE PARIS nº 845 Março 2004. Fotografia: David Sims; Styling (réalisation no original): Joe McKenna
assistido por Michael Philouze; Maquilhagem: Lisa Houghton; Cabelos: Guido / 5 HARPER’S BAZAAR, Fevereiro 1995. fotografia: Raymond Meier /
6 HARPER’S BAZAAR, Junho 1998. Editora de Moda: Elissa Santisi; Fotografia: Raymond Meier
Baron para a co-direcção editorial da Brant
Publications, detentora das revistas Interview,
Art in America e The Magazine Antiques. O
regresso de Baron à Interview, desta vez como
director editorial com Glenn O´Brien, com que
tinha trabalhado no relançamento da mesma revista
em 1990, marcou a edição de Maio desse ano.
Seguiram-se
mais 2 edições,
que serviram
de aquecimento
para o número
de Setembro,
com novo
tamanho, novo
papel e novo
grafismo.
Nessa edição
Kate Moss faz
a capa e é
entrevistada
e pasme-se,
Martin Margiela
dá a primeira
entrevista
em 10 anos.
Segundo o
Women´s Wear
Daily, Fabien
Baron e Karl
Templer
(director
criativo
da revista)
deixaram
recentemente
a Brant
Publications
e logo, a
Interview. O
último número
será o de
Março deste
ano. Correm rumores que poderão criar uma nova
revista… O que Baron faz magistralmente? Cria
imagens que reflectem o seu tempo, despertam
desejos, emoções e reacções. Para além da
direcção criativa, Fabien Baron tem-se também
dedicado à fotografia, design de livros, design
de acessórios e de mobiliário, mas afirma
ter “nascido para os jornais e revistas”,
reconhecendo ser este o seu tendão de Aquiles.
Que revista se segue Sr. Baron?
7 Arena Homme Plus, nº 11 Primavera/Verão 1999. Fotografia: Fabien Baron / 8- VOGUE PARIS nº 865 Março 2006. Fotografia: David Sims; Styling
(réalisation no original): Joe McKenna assistido por Michael Philouze; Cabelos: Didier Malige para Frédéric Fekkai; Maquilhagem: Stéphane
Marais / 9 HARPER’S BAZAAR, Junho 1998. Editora de Moda: Elissa Santisi; Fotografia: Raymond Meier / 10 HARPER’S BAZAAR, Junho 1998. Bridget
Hall fotografada por Wayne Maser; Editora de Moda: Tonne Goodman; Cabelos: Louis Angelo para Garren New York; Maquilhagem: Bridget ReissAndersen; Manicura: Bernadette Thompson
10
/
plus
por Chiara Vecchio
Matthew Williamson para H&M
Matthew Williamson é o criador
convidado pela H&M para desenhar
mais uma linha de autor da
marca que estará disponível a
partir de 23 de Abril em todas
as lojas H&M.
Os padrões e variedade de
cores, inspirados nas peças
mais marcantes do seu percurso
criativo são a chave desta
colecção.
“Tem sido fascinante o trabalho
de pesquisa nos meus arquivos
para isolar as peças mais
icónicas das colecções e depois
trabalhá-las de novo para a
H&M”, declara Williamson, e o
resultado é uma colecção feita
de cores brilhantes, estampados
ousados e estruturas definidas.
Não podia faltar na selecção
de Williamson para H&M o
estampado do pavão, que reúne
tudo o que mais caracteriza
o eclético designer: cores
vivas e padrões sofisticados:
“Foquei-me no motivo icónico do
pavão, presente em muitas das
minhas colecções, para elaborar
uma paleta de azuis, amarelo
chartreuse e tons de esmeralda”,
refere o criador.
O ano de 2009 vai ser memorável
para o ex-criativo da casa Pucci
que apresenta igualmente uma
colecção completa de Verão para
homem, marcando assim a sua
entrada na moda masculina.
www.mude.pt
Matthew Williamson com modelo Veronika
Fasinova vestida por Matthew Williamson para
H&M. Fotografado por: Magnus Magnusson
Tributo a Stephen Sprouse
Cinco anos após a morte
prematura do artista americano
Stephen Sprouse, foi inaugurada
no passado dia 9 de Janeiro
a exposição “Rock on Mars” na
Deitch Gallery de Nova Iorque,
completamente dedicada ao
criador e artista pop.
Stephen Sprouse, que junto de
Andy Wahrol e Keith Haring,
marcou o panorama artístico
dos anos 80, tornou-se também
ícone no mundo da moda,
quando em 2001 foi convidado
por Marc Jacobs para renovar
as veneráveis carteiras
monogramadas Louis Vuitton com
o uso da própria arte.
“Convidei-o, basicamente, para
desafiar este monograma icónico
com os seus fabulosos graffitis,
a fim de criar um novo monograma
e uma nova maneira de promover a
marca Louis Vuitton, que fosse
simultaneamente irreverente e
reverente”, declara Marc Jacobs.
As peças assinadas por Sprouse
foram um verdadeiro sucesso
e caracterizaram um momento
importante com a fusão das duas
áreas, a moda e a arte
Este ano, Marc Jacobs
prestou homenagem a Sprouse,
apresentando uma nova linha
de acessórios e roupa de
edição limitada da marca
Vuitton baseada em Graffitis e
estampagens de rosas, assinatura
do artista, cujo espírito
criativo continua a ser uma
fonte de inspiração para uma
inteira geração de designers.
ECO- FERRAGAMO
A casa de Florença está desde
2007 envolvida na campanha de
protecção do ambiente, criando
colecções de sofisticadas
carteiras em pleno estilo
Ferragamo, mas realizadas
com materiais completamente
biodegradáveis.
O processo de produção das
carteiras eco é desenvolvido a
partir do conceito de “metal
free tanned leather”, que
indica que o produto final é
obtido sem recorrer a utilização
de metal e substâncias
contaminantes para o ambiente.
A colecção Eco Ferragamo 2009
é constituida por carteiras de
5 tamanhos diferentes, desde
a pequena tote até à maxi
hobo, todas caracterizadas por
um gancho em couro. As cores
disponíveis são variadas; preto
e castanho mas também nuances
delicadas como o rosa e o
amarelo, todas rigorosamente
realizadas a partir de tintas
vegetais. No interior, cada peça
é forrada a cânhamo tecido à
mão, que garante a resistência e
a alta qualidade do acessório.
Ferragamo confirma-nos que a
eco tendência também conquistou
moda, tornando-se uma fonte
de inspiração para peças
inovadoras.
A colecção está disponível a
partir desta primavera.
ITS#EIGHT:
“The Greatest Show Of All”
O ITS#eight, é a oitava edição
do concurso organizado pela
EVE que premia os jovens mais
valiosos de três disciplinas,
moda, acessórios e fotografia.
A Diesel é mais uma vez
patrocinador oficial da
categoria ITS#FASHION,
oferecendo ao vencedor o prémio
Diesel Award de € 50.000 e a
possibilidade de estagiar com a
equipa criativa da Diesel na sua
sede em Itália. As outras duas
disciplinas, ITS#ACCESSORIES
e ITS#PHOTO são patrocinadas
respectivamente pela YKK e
pela MINI. Vinte e cinco de
Março de 2009 é a data limite
de entrega dos trabalhos dos
concorrentes, e em Julho, num
espectáculo inspirado no tema
“Carnaval”, entre acrobatas e
mágicos, os melhores talentos
serão julgados e os vencedores
revelados. Para além dos prémios
oferecidos pelos patrocinadores,
serão atribuídos outros pelo
ITS, entre os quais o Fashion
Special Prize e o i-D Styling
Award. O evento marcado para
Julho vai ser um autentico Show
onde se alternarão momentos de
puro entretenimento a momentos
onde os talentos poderão mostrar
as próprias criações, e durante
o espectáculo oito imagens
dos projectos do último ano
desenvolver-se-ão sob a forma
de permanentes conceitos de
criatividade e inspiração.
www.itsweb.org
Fotografia de HARRI PECCINOTTI
para LOUIS VUITTON
PUMA BY SERGIO ROSSI
Hussein Chalayan, designer
da Puma, escolheu Edmundo
Castillo, criador da marca de
luxo italiana Sérgio Rossi para
reinventar o modelo Clyde, o
mais famoso sneaker da história
da Puma , numa forma elegante
e requintada, mas sem perder a
alma street. A colaboração entre
a marca de sport lifestyle e
a casa de luxo deu vida a uma
colecção de edição limitada de
sneakers em cetim de seda e
com sola e salto em borracha,
que inclui modelos lace up
e mary jane, e que apresenta
uma paleta de cores feminina e
sensual; Envy (verde), Lolita
(rosa), Bullitt (silver),
Delovely (lavanda), Fabolous
(Bouganville) e Speedy (preto).
O novo conceito de sneaker
proposto promete revolucionar o
estatuto do calçado desportivo,
tornando-o agora também sinónimo
de elegância urbana.
Pump em cetim Puma by SERGIO ROSSI
L.E.N.Y para ajudar o planeta
“Design for a cause and save
the planet” é o lema do projecto
e da marca L.E.N.Y., fundada por
Mariel Gamboa com o objectivo de
sensibilizar o mundo para
a protecção do planeta.
É graças ao contributo criativo
de cada designer, ícone de moda
ou celebridade que o projecto
mantém-se vivo e alcança
objectivos ambiciosos, como o
actual desafio de juntar fundos
para a associação de Al Gore
“The Climate project”.
O projecto de Al Gore tem
o objectivo de informar e
sensibilizar as pessoas e o
sector industrial acerca do
problema do aquecimento global
do Planeta Terra. A voz dos
criadores de moda, dos ícones
e das celebridades tem nestes
casos um grande impacto na
consciência colectiva e na
opinião pública.
Entre alguns dos participantes
deste projecto, encontram-se
nomes como Kate Moss, Christy
Turlington e Stefano Pilati,
que contribuem para a angariação
de fundos através da criação
de peças de edição limitada
que são vendidas ao público
em lojas multimarca.
T-shirt costumisada por TERESA MISSONI
/
trends
PRIMAVERA/VERÃO 2009
Texto por Rita Campino
Tendências por Ema Mendes
Vindo do passado e já no futuro,
poderíamos ilustrar a nossa
viagem, quase “A volta ao mundo
em 80 dias” de Júlio Verne (1874),
com as colecções dos criadores
para a Primavera/ Verão 2009.
É como uma colecção de memórias,
pontilhadas por traços do passado,
numa viagem ao tempo que espreita
também o futuro. Um futuro já
imaginado em filmes como o “Blade
Runner” ou “Mad Max”, resultando
da mistura de várias etnias
e culturas, que se vão fundindo
com linhas rectas, estruturas,
de cores vivas e metalizadas,
criando formas quase intemporais.
Desde Londres, passando pela
índia, China, Japão, chegando
a Nova Iorque, e regressando da
nossa viagem, que é também uma
viagem no tempo, relembramos
cores, texturas, brilhos, rendas,
sedas, tudo recordações que
guardamos como uma colagem de
imagens que nos reportam para
um local, um país, um continente.
As imagens vão-se sobrepondo,
misturando épocas e referências,
num ano de crise que a moda
procura contornar, criando um
imaginário de sonho, onde tudo
se mistura, os drapeados das
deusas adoradas, a depressão
chique dos anos 20, a decadência
sempre em festa dos anos 80 de
ombros largos e cinturas vincadas,
até ao mais depurado e minimal num
salto ao imaginário de um futuro
que é já o presente.
No fim tiramos da mala um estilo
chique, mas descontraído, tribal
e ao mesmo tempo citadino,
orgânico mas também minimal,
confortável e depurado, de linhas
rectas e volumes estruturados,
futurista mas presente,
que resulta na identidade
das diferenças que caracterizam
os nosso dias.
VIVIENNE WESTWOOD
Paris
MARNI
Milão
WHITE TENT
Lisboa
Fotografia: Rui Vasco
Arquivo ModaLisboa|Estoril
CHRISTIAN LACROIX
Paris
BOTTEGA VENETA
Milão
HERMÈS
Paris
NUNO BALTAZAR
Lisboa
Fotografia: Rui Vasco
Arquivo ModaLisboa|Estoril
CÉLINE
Paris
JUNYA WATANABE
Paris
CHANEL
Paris
ANNE-VALÉRIE HASH
Paris
CLHOÉ
Paris
COSTUME NATIONAL
Paris
ANNE DEMEULEMEESTER
Paris
MAISON MARTIN MARGIELA
Paris
MIU MIU
Paris
BOSS BLACK
Berlim
A-FOREST DESIGN
Lisboa
Fotografia: Rui Vasco
Arquivo ModaLisboa|Estoril
BURBERRY PROSUM
Milão
FELIPE OLIVEIRA BATISTA
Paris
DRIES VAN NOTEN
Paris
BRUNO PIETERS
Paris
CHRISTIAN DIOR
Paris
JILL SANDER
Milão
BALMAIN
Paris
ALEKSANDER PROTIC
Lisboa
Fotografia: Rui Vasco
Arquivo ModaLisboa|Estoril
STELLA MCCARTNEY
Paris
HUSSEIN CHALAYAN
Paris
LOUIS VUITTON
Paris
ALEXANDRA MOURA
Lisboa
Fotografia: Rui Vasco
Arquivo ModaLisboa|Estoril
LARA TORRES
Lisboa
Fotografia: Rui Vasco
Arquivo ModaLisboa|Estoril
VIKTOR&ROLF
Paris
MARC JACBOBS
Nova Iorque
RUE DU MAIL
Paris
YVES SAINT LAURENT
Paris
RICARDO PRETO
Lisboa
Fotografia: Rui Vasco
Arquivo ModaLisboa|Estoril
PEDRO PEDRO
Lisboa
Fotografia: Rui Vasco
Arquivo ModaLisboa|Estoril
VALENTINO
Paris
YOHJI YAMAMOTO
Paris
GIAMBATTISTA VALLI
Paris
JOHN GALLIANO
Paris
FILIPE FAÍSCA
Lisboa
Fotografia: Rui Vasco
Arquivo ModaLisboa|Estoril
RICARDO DOURADO
Lisboa
Fotografia: Rui Vasco
Arquivo ModaLisboa|Estoril
VÉRONIQUE BRANQUINHO
Paris.
PAUL SMITH
Londres
SONIA RYKIEL
Paris
UNDERCOVER
Paris
PROENZA SCHOULER
Nova Iorque
LANVIN
Paris
ALVES/GONÇALVES
Lisboa
Fotografia: Rui Vasco
Arquivo ModaLisboa|Estoril
LUÍS BUCHINHO
Lisboa
Fotografia: Rui Vasco
Arquivo ModaLisboa|Estoril
JEAN-PAUL GAULTIER
Paris
NINA RICCI
Paris
COMME DES GARÇONS
Paris
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beauty
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FOTOGRAFADO POR: PEDRO PACHECO www.pedro-pacheco.com / ASSISTIDO POR: LUÍS ALMEIDA / MAQUILHAGEM: ANTON BEILL / CABELOS: NOLGA STELA /
MODELO: VANESSA, CENTRAL MODELS / LIGHT EQUIPMENT: www.spot-lightservice.com
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3 Brilho de lábios duo, lip duo tint& gloss, Edição limitada, SHU UEMURA, €24,50 / 4 Perfume 50ml, Kenzo Amour, KENZO, €78 /
5 Creme de rosto, Belle de Jour, KENZOKI / 6 Sabonete líquido, 100ml, HAKANSSON / 7 Pó para rosto, Diorskin Nude Powder,
CHRISTIAN DIOR, €43,20 / 8 Escova-gel para sobrancelhas, Brow Set, M.A.C., €16,50 / 9 Sombra de olhos, M.A.C., €16,50 /
10 Gloss para lábios, Lip Paints, SMASHBOX na SÉPHORA, €20
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ethnochic
future
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1 Colar em Plexiglas, SONIA RYKIEL / 2 Conjunto de três taças em madeira natural com detalhe em pele, HERMÈS / 3 Sandália em pele e neoprene,
PIERRE HARDY, psc. / 4 Vestido em seda estampada, PEDRO PEDRO, €354 / 5 Verniz La Laque, nº36, Cuir Glacé, YVES STAINT LAURENT, €20,50 /
6 Anel em ouro amarelo 18Kl em madeira de nogueira lapidada, TOUS / 7 Cinto em pele com detalhe de franjas, BOSS ORANGE /
8 Pulseira em pele, HOSS, € 60 / 9 Sandália em pele, CHRISTIAN LOUBOUTIN / 10 Carteira piton, H&M, €14.90
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Pulseira em prata TOUS. €247 / 2 Colar em metal lacado, CELINE / 3 Mesa “Prismatic Table”, Isamu Noguchi, 1957 para VITRA /
Vestido em seda com aplicações de argolas metálicas, RICARDO DOURADO, €370 / 5 Jarra em vidro, KATE HUME, na Arte Assinada /
Perfume “Cosmic”, SOLANGE AZAGURY na COLETTE, €200 / 7 Sandália compensada em pele, CELINE / 8 Pulseira em Plexiglas, JEAN-PAUL GAULTIER
9 Sandália compensada em pele, plástico e madeira JOHN GALLIANO / 10 Pochette “Triangolo”, CHRISTIAN LOUBOUTIN
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4 Anel em ouro e brilhantes, MARIA JULIETA, €2980 / 5 Sparpin em pele ,
7 Bandelette com penugem, HOSS, €45 / 8 Brincos em ouro e strass golden
CHRISTIAN DIOR / 9 Sapato em pele com detalhe em renda, NiNA RICCI / 10
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CHRISTIAN LOUBOUTIN / 6 Pochette “Pliage”, CHRISTIAN LOUBOUTIN/
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/
mikio naruse
CINEMA
O ilustre desconhecido
Por Carlos Natálio
Num período em que a facilidade de acesso aos
bens culturais é um facto por vezes tão ou mais
relevante do que o conteúdo das obras em si,
torna-se interessante repensar a importância do
papel da escassez nos mercados culturais. Querer
ver um filme, ler um livro ou ouvir um álbum que
não nos é disponibilizado com facilidade é uma
situação cada vez mais rara. Mas nessas ocasiões,
a dificuldade de acesso em si possui a virtude de
despertar a apatia do
público contemporâneo.
E mais, a expectativa,
o obscurantismo que
rodeiam este artista ou
aquela obra atribuem-lhes, por vezes, uma
dimensão inusitada.
Se todas estas
considerações têm
algum fundo de verdade
e a escassez se pode
tornar uma virtude
para o público e/ou
artista, não nos parece
haver melhor exemplo
na sétima arte do
que a da prolífica
carreira de Mikio
Naruse (1905-1969).
Com quase noventa
filmes, realizados
entre 1930 e 1967,
dos quais três dezenas
estão irremediavelmente
desaparecidos, o
quarto maior realizador
do cinema clássico
japonês (atrás do
“trio mágico” composto
por Ozu, Mizoguchi e
Kurosawa) permanece
paradoxalmente como um
virtual desconhecido do
espectador ocidental.
Parece indesmentível que parte importante da
imagem que a cinefilia ocidental construiu
de Mikio Naruse ao longo dos anos, e que o
valoriza como grande cinesta japonês, liga-se
também inexoravelmente a essa aura de mistério
concebida pela inacessibilidade da grande maioria
das suas obras. Neste aspecto, Portugal sempre
acompanhou o estado das coisas e não andaremos
longe da verdade se dissermos que se contarão
pelos dedos as pessoas que aqui conhecerão com
alguma profundidade a sua obra. Adiantadas estão
assim razões suficientes para destacar o recente
ciclo que a Cinemateca Portuguesa organiza em
torno do Mikio Naruse e que se apelida muito
sugestivamente de ”Finalmente Naruse!”.
É comum marcar como eixo divisório do trabalho de
Mikio Naruse a segunda Guerra Mundial, sendo os
seus primeiros filmes carregados de um tom mais
optimista, irreverente,
experimental. Depois do
conflito, e ligando-se a uma tradição
mais humanista na linha
de Ozu, Naruse assina
obras mais pessimistas
e contidas. Obviamente
esta é uma divisão
tolhida pela visão
acidentada da sua obra
e assente sobretudo nas
diferenças de estilo
e de condicionantes
de produção. Porque
ao nível temático é
notável a univocidade
das preocupações
de Mikio Naruse ao
longo de quase uma
centena de obras. Todo
o seu trabalho tem
como centro o género
shomin-geki, melodrama
sobre as classes
trabalhadoras que
analiza a precaridade
material e a subtileza
das relações familiares
com o mesmo desencanto
realista. Nesse
universo ganham
destaque as heroínas
femininas, que ao
contrário do que
acontece no mundo de Mizoguchi, também ele um
women’s director, nunca é dada àquelas o luxo
da redenção pela morte, nem carecterizada a
sua opressão romântica. Ao invés, são mulheres
independentes e práticas que reagem como podem à
adversidade material e emocional.
Esse pessimismo opressivo, esta impossibilidade
de escape a um mundo difícil e traiçoeiro, tudo
marcas do cinema de Naruse, está profundamente
Onna Ga Kaidan Wo Agaru Toki (1960), Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema.
ligado aos primeiros anos de vida do próprio
realizador, à morte prematura dos pais, à
pobreza e necessidade de trabalhar desde cedo
como fabricante de adereços na famosa produtora
Shochiku. É com alguma ironia que após longos
dez anos de trabalho, o studio system japonês
lhe tenha finalmente dado uma oportunidade como
realizador de slapstick comedies. Apesar do
sucesso de obras como Kimi to Wakarete/Apart
From You e Yogoto No
Yume/Nightly Dreams
(1933), a recusa
dos responsáveis da
produtora em promover
Naruse a um cineasta
do sonoro, fez com que
saísse e ingressasse
na PCL, futura Toho. É
aqui que faz Tsuma yo
bara no yo ni/Wife, Be
Like a Rose! (1935),
um drama optimista
sobre a separação de um
casal, primeiro filme
japonês de sempre a ter
distribuição em sala
de cinema nos Estados
Unidos. É curioso que
a fase que se inicia
nesse ano e vai até
1951 é comum apelidar-se de período negro
da sua carreira em que
se sucederam desaires
atrás de desaires.
A causa atribui-se
a outra separação:
a de Naruse e sua
mulher Sashiko Chiba,
actriz de Wife, Be
Like a Rose!
Com o advento da
guerra, o “ataque” a
instituições sagradas
como a lealdade, os deveres filiais, ou a
defesa de formas pouco ortodoxas de relações
sociais, sofreram um maior controlo pelo poder
militar japonês. O local de refúgio de muitos
realizadores de esquerda como Naruse foi o
melodrama de estúdio. De fundo teatral e não
raras vezes com histórias passadas em tempos idos
da história japonesa, essa crítica de valores
e tradições conseguia passar incólume. Bons
Mikio Naruse, Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema.
exemplos, são Tabi yakusha/Travelling Actors
(1940), ou Shibaido/The Way of Drama (1944).
Se Naruse é considerado um realista exigente
e severo, com o seu interesse pelo mundo do
teatro e da música, a recorrência ao melodrama
e à qualidade avant gard dos seus filmes
(características mais presentes na primeira
metade da sua carreira), o certo é que,
paradoxalmente, sempre expôs esse detalhe,
esse rigor, através de estruturas narrativas
artificiosas e reiterativas. Em Iwashigumo/Summer
Clouds (1958), por exemplo, são colocadas lado a
lado seis histórias, na “história” de uma família
rural. Ou na sua obra-prima, Onna ga kaidan
wo agaru toki/When a Woman Ascends the Stairs
(1960), o cima e abaixo das escadas, na opção da
protagonista por um de dois futuros. A este outro
paradoxo junta-se um outro, o de ser na segunda
fase das sua carreira, em que os argumentos não
são assinados por si, que os seus temas mais de
evidenciaram. Nesse ponto, as diversas adaptações
de romances da escritora Fumiko Hayashi, cuja
vida foi retratada por Naruse em Hourou-ki/
Lonely Lane (1962), ilustram as principais linhas
temáticas do realizador: o amor não recíproco
em Ukigumo/Floating Clouds (1955); famílias
ou casamentos infelizes em Inazuma/Lightening
(1952), Tsuma/Wife (1953) e Meshi/Repast (1951);
e a luta contra a pobreza e a opressão em
Bangiku/Late Chrysanthemums (1954).
O crescente desolamento da sua obra, negando
os finais felizes e a esperança como sabedoria
elevada, quase ascética, pode em parte ajudar a
explicar o menor conhecimento da arte de Naruse.
A essa recusa de expôr a sabedoria junta-se
o menor domínio de estilo quando comparada ao
cinema de Ozu e Mizoguchi. A “sabedoria” de
Naruse é outra, a da minucia da caracterização,
a da elegância da estrutura e sobretudo da força
e clareza para retratar sem sentimentalismos ou
complacências as dores do mundo.
De Mikio Naruse, o menos conhecido realizador
japonês, Akira Kurosawa, o mais mediático disse:
“o seu cinema recria a corrente de um grande
rio, calmo na superfície e revolto nas suas
profundezas”.
/
vik muniz
Arte
A imagem entre a fotografia e o desenho
por Francisco Vaz Fernandes
Compor imagens icónicas a partir de matérias
estranhas como chocolate líquido, açúcar,
poeira, caviar ou diamantes para depois serem
fotografadas parece ser a obsessão de Vik
Muniz, um artista brasileiro residente em Nova
Iorque. Quando pela primeira vez chegou a
Manhattan trazia um curso de desenho clássico
e a vontade de fazer teatro, mas nunca lhe
passou pelo pensamento entrar no meio da
arte contemporânea. No entanto, seria o seu
interesse genuíno
pela fotografia
que desenvolvia
paralelamente às
muitas ocupações
esporádicas que
ia tendo, que
um dia permitiu
o contacto com
o mundo das
galerias de arte.
Refere que a
particularidade
da sua fotografia
se deve à sua
passagem pela
cenografia,
período de
experimentação
onde pode usar
todo o tipo
de materiais
e pensar nas
potencialidades
intrínsecas de
cada um deles. As
suas fotografias
são sempre
dependentes de
uma composição
de imagem, que é
anterior ao acto
fotográfico, o
que cria relações pertinentes entre o desenho e
a fotografia que em geral não são consideradas
dentro do âmbito da arte contemporânea.
Antes de chegar, ao que pode parecer uma
excentricidade, o uso de diamantes como base
para a composição, o artista começou por usar
materiais baratos ou mesmo dejectos. As suas
experiências ganharam relevância em 1988
quando expôs a série de fotografias “The Best
of Life”. Este conjunto, recriava de memória
algumas das mais célebres fotografias da
revista Life, verdadeiros ícones de uma época.
Apesar de simplificada, cada uma das imagens
recriadas com diferentes materiais guarda os
traços gerais das originais o que permitia
ao grande público identificá-las. Com este
exercício Vik Muniz quis enfatizar a fotografia
como exercício mental de composição partindo do
princípio que todas as imagens existem antes
de tudo na nossa memória. Ou seja, cada imagem
subsiste na nossa
memória como
fantasma e ícone.
Vistas de
longe, as suas
fotografias
ressaltam o
reconhecimento
imediato da
imagem mas
vistas de perto
desvendam as
particularidades
dos materiais
e das
texturas até a
desmaterialização
completa da
imagem que
subsiste
apenas na nossa
memória como
um todo. Visto
ao contrário,
também nos
permite afirmar
que o processo
fotográfico
permite que todos
os materiais
orgânicos e
perecíveis
que entram na
composição de cada uma das suas imagens sejam
cristalizados. A fotografia dissipa o pormenor
em detrimento da imagem geral que os nossos
elementos cognitivos reconhecem de imediato.
Com este exercício, ao deslocar a fotografia
para o desenho de imagens universais do século
XX, Vik Muniz passou a inverter os termos do
processo de produção de seu trabalho.
Muitas das suas séries fotográficas passaram
a dizer directamente respeito a grandes obras
Fotografias de imagens feitas de chocolate, Action Painter III, 1997, VIK MUNIZ, Digital C-Print
Autoretrato, VIK MUNIZ, (Fall) 2, 2005, Chromegenic print
de arte que foram reproduzidas com matérias
ditas pouco nobres. Ao recriar o célebre quadro
“a Morte de Marat” ou a, não menos célebre,
foto de Jackson Pollock fazendo drippings
sobre a tela a partir de traços de chocolate
líquido, apenas repete premissas fundadas
por Andy Warhol. Mais que nunca a ideia de
reprodutibilidade da arte a partir de processos
mecânicos e consequente perda da sua aura, se
faz sentir na obra deste artista brasileiro.
Às vezes, Muniz
copia o que
já era cópia:
sua Mona Lisa
de manteiga de
amendoim teve
como ponto
de partida
uma série do
americano Andy
Warhol, e não
o original de
Leonardo da
Vinci. Este
investimento num
universo pop faz
com que grande
parte do seu
trabalho passe
pelo retrato
de pessoas
famosas. Seria
precisamente
a série sobre
as estrelas de
cinema realizada
a partir de
diamantes que
atingiu maior
interesse
público e um
mediatismo que
catapultou Vik
Muniz para o estrelato. Sophia Loren, Catherine
Deneuve, Liz Taylor, Grace Kelly, Romy
Schneider, Monica Vitti e Brigitte Bardot foram
apenas algumas das suas estrelas imortalizadas
em composições realizadas por diamantes. A
relação entre a nossa reminiscência dessas
divas e o valor simbólico que damos aos
diamantes não podia ser mais justa. Para lá
da realidade material, a fotografia eterniza o
brilho fugaz da imagem ícone de cada uma delas.
Fotografia de imagens feitas com diamantes, Marilyn Monroe, 2004, VIK MUNIZ, Dye Destruction Print
Em termos de impacto público, esta série dos
diamantes só seria comparável à dos monstros
do cinema que muitas vezes se contrapõem à das
divas. Realizado a partir da recriação de cenas
simbólicas de filmes de terror, este projecto
foi inteiramente recriado a partir de caviar. A
densa textura negra esférica do caviar transita
entre o desejo, o valor social e a repulsa tal
como corporalizamos os monstros. É um material
precário, perecível e orgânico. É, ainda,
uma metáfora
da morte e da
vulnerabilidade.
Ao refazer, com
materiais não
convencionais,
tanto ícones de
valor universal,
quanto imagens
quotidianas, Vik
Muniz propõe-nos o irónico
reconhecimento
de dados já
arquivados
na memória, e
uma revisão
de valores
estéticos
remanescentes
do modernismo.
Em lugar da
esperada
formalização,
indissociável
dos meios
materiais
e técnicos
accionados para
concretizar as
imagens, as sua
obras assumem
a um carácter
mutante da imagem. Se bem que produzida por
meios tão diversos do original, caso contrário
não poderiam ser identificados, o ícone
permanece idêntico a si mesmo. Sua força reside
na sua virtual imaterialidade.
Fotografias de imagens feitas de chocolate, Nixon MCGovern, 2001, VIK MUNIZ, Cibachrome
/
a fábrica de chocola
Música
por Tiago Santos
Hoje em cada novo click, em cada conversa ou esquina,
descobrimos novas avenidas de informação onde passa a
próxima grande revelação. Ali mesmo ao nosso dispôr,
a custo zero, à medida da crise. Mais. Estes são
tempos de aventura. De descoberta de novos formatos e
linguagens, de reciclagens contínuas.
Hoje é possível compreender e experimentar na
vida real (mas talvez ainda muito mais no mundo
virtual) as palavras proféticas de Ornette Coleman,
saxofonista revolucionário, criador do movimento
free-jazz e, já agora, o melhor concerto dos
últimos largos anos em Lisboa. Em pleno turbilhão
do movimento social pelos direitos civis americanos
da década de 60, Ornette afirmava:” Cada nota
musical, tal como cada Homem, deve ser livre”.
Hoje, mais do que nunca,
estas palavras ganham
sentido e expressão na
imensa torrente de novas
sonoridades, que ganham
forma na coragem de uma
geração que se lança na
música de peito aberto,
como quem se atira do
alto de um penhasco.
É possível encontrar,
do jazz à electrónica,
da pop à música erudita,
criações indefiníveis que
desafiam a catalogação,
à espera de ouvidos
frescos, abertos à música
e sedentos de liberdade.
Hoje a música é livre,
alimenta-se dos mais
diversos sons criados
pelo Homem, corre sem
preconceitos entre o
passado e o futuro, cruza
linguagens improváveis,
desafia todas as regras
da escola. Mas obcecados
com o novo, intoxicação colectiva de uma sociedade de
consumo em delírio, vivemos perdidos de referências
no meio de tanto entulho amontoado ao longo do
caminho. Será talvez por isso, que nos soa sempre tão
familiar o caloroso toque das coisas feitas à mão?
É no meio desta convulsão, onde paradoxalmente a
questão “ O que há de novo para ouvir?”cai de forma
cada vez mais angustiada no estômago de quem procura
a agulha no palheiro, que descobrimos o conforto
do som intemporal e do ambiente mágico da editora
Daptone Records.
Num bairro de Brooklyn, um indefectível reduto de
amantes do vinil , da soul e do funk, pregadores
da glória da Motown, da Chess e da Stax, vem ao
longo dos anos a construir uma sólida reputação de
fazedores de sonhos em formato rodela preta.
Depois de revelar ao mundo Sharon Jones & the Dap-Kings, esta pequena catedral da soul ganhou súbditos
por todo o planeta. Reunindo numa banda e sua voz a
santa trindade de talento, energia e alma, eles são
hoje o espírito da música que passa os tempos, mesmo
para lá do tempo que passa . A clássica harmonia
das canções perfeitas de três minutos com o suor
extraordinário da dança, faz de cada disco de Sharon
Jones com os Dap-Kings uma deliciosa fatia de música
soul tostada em forno caseiro. Cozinhada com tempo e
num estúdio totalmente analógico, esta é música de
qualidade que não passa de moda, ela pede para se
prolongar na saborosa descoberta. Depois, é deixar
os ouvidos derreter que o groove trata do resto.
Se aos discos dos Dap-Kings, que podem ser
ouvidos ao lado de Amy
Winehouse, juntássemos
os de Antibalas, Budos
Band, ou os fabulosos
compêndios de soul e
gospel de Bob & Gene e
“Como Now” dos Voices of
Panola Co., Mississípi,
não nos faltariam já
motivos suficientes
para querer regressar à
“fábrica de chocolate” de
Brooklyn.
Mas agora chega-nos mais
um sonho em registo
instrumental. Objecto
tão improvável como
misterioso, o disco da
Menahan Street Band tem
som de banda sonora
blaxpoitation regada de
psicadelismo, tequilla
e pores-de-sol suados
em África. Música de um
lounge do Hotel Chelsea
no Ghana em 70s, se por ventura tal existisse.
Na verdade cabem aqui tantas mais imagens quantas
cabem num caleidoscópio da música afro-americana.
A instrumentação diversa junta à secção rítmica
clássica, vibrafones, guitarras preparadas, sons
misteriosos, ambientes orgânicos e melodias embebidas
de um romantismo melancólico num disco onde a soul
se descobre em paisagens afro desenhadas a partir da
influência de Mulatu Astatke, jazzman da Etiópia e
uma das vozes mais importantes da música de África.
No meio do turbilhão lá fora, sabe bem estender a
mão e agarrar a boa música que está mesmo ali.
Só é preciso apanhar o caminho para a “fábrica
de chocolate”.
Menahan Street Band
SHARON JONES & DAP-KINGS “100 DAYS, 100 HUNDRED NIGHTS”
MENAHAN STREET BAND “MAKE THE ROAD BY WALKING”
DAPTONE RECORDS
/
novas tecnologias
Vestuário e tecnologia
Algodão orgânico
A consciência ecológica
por Soraia do Carmo
Os combustíveis para o progresso económico
são caros. Senão, ponderem o ritmo do mundo
movido a intermitentes aumentos dos custos
energéticos, globalização dos mercados,
liberalização das trocas comerciais e agora a
galopante crise financeira à escala global.
Estes são factos suficientemente poderosos
para abafar uma qualquer tímida consciência
ecológica que queira despontar nas estratégias
das empresas. Na factura que o mundo paga pelo
progresso incluem-se o aquecimento global,
a poluição ambiental e os riscos para a saúde
do próprio Homem, riscos que exigem soluções
eficazes tanto na alimentação como na
indústria têxtil.
O algodão orgânico é uma das
respostas à tal consciência
ecológica emergente na
indústria. O cultivo de
algodão, a matéria-prima mais
usada no vestuário, tem custos
negativos proporcionais à sua
procura. É o cultivo que mais
consome pesticidas, adubos
químicos e outros produtos
tóxicos e potencialmente
cancerígenos. Desde o final
da década de 80 que se tem
sentido a urgência em fomentar
uma lavoura de algodão que
assente em bases orgânicas e
ecológicas. Esta é a essência
do algodão orgânico, obtido
em sistemas sustentáveis
que protegem os recursos
naturais, como a fertilidade
e rotatividade dos solos e
utilização de fertilizantes
naturais. O melhor contributo
do consumidor para a
preservação do meio ambiente
é, portanto, escolher de forma
consciente produtos feitos
com o algodão orgânico. E se
inicialmente este género de
fibra lutou para vingar no
mercado mundial, actualmente
com a melhoria da qualidade
da fibra esta torna-se
mais apetecível aumentando
consequentemente a procura
por parte dos “consumidores
verdes”.
Os aliados do algodão orgânico
Há uma tendência que ressalta. Por vezes,
perante os diversos problemas no mundo são
as organizações sem fins lucrativos as
personificações das soluções. Neste campo é a
Organic Exchange uma das que está aos comandos.
A missão parece simples, catalizar recursos
para expandir a agricultura destas fibras. As
estratégias para tal são mais complexas, na
medida em que englobam esforços colectivos
articulando marcas e distribuidoras. Esta
organização trabalha com pequenos núcleos de
produção de algodão orgânico, maioritariamente
localizados na Índia, África e América do Sul, de
forma a garantir o escoamento das suas produções
de algodão e planos de expansão sustentável.
Aumentar a visibilidade destes produtores de
algodão é o pote de ouro no final do arco-íris.
E em grande parte o aumento do burburinho mundial
em relação a estas fibras deve-se a este tipo de
organizações que se dispõem a tentar aumentar
o número de agricultores certificados. 50%
por ano é a percentagem de crescimento mágica
que permitiria ao algodão orgânico um impacto
verdadeiramente significativo, tudo em prol de um
espírito “eco-amigo”.
www.organicexchange.org
Let’s go green
Afinal pode não ser um esforço hercúleo a
elevação do algodão orgânico a um lugar de
destaque na indústria têxtil. Não o é se tiver
o impulso certo. Neste assunto esse impulso vem
sob a forma de grandes marcas mundiais de roupa
que se preocupam com questões ambientais. A
moda está alerta e ao serviço das boas causas.
Exemplos disso são marcas como a Benetton, a
Timberland, Pepe Jeans, Rip Curl, Victoria’s
Secret e Esprit, todas apostaram na criação de
uma linha de produtos em algodão orgânico. Uma
cadeia com um alcance de mercado vasto que também
se interessou pela causa foi a gigante espanhola
Zara. As estratégias verdes da
marca não se restringem somente
à venda de vestuário em algodão
orgânico mas também à diminuição
do consumo energético e
diminuição da emissão de dióxido
de carbono. Significa que todo o
processo é orgânico e não só o
produto final.
Também a H&M tem uma preocupação
transversal com a produção
do vestuário. Usa técnicas
ecológicas para tingir
os tecidos e o algodão é
certificado e proveniente de
países como a Turquia, Índia
ou China. A H&m é, aliás, desde
2003, membro da Organic Exchange
e da Better Cotton Initiative,
criada pela WWF e até hoje
mantém uma linha de produtos de
algodão orgânico devidamente
assinalados com a etiqueta
que elucida os compradores
sobre a origem do produto que
querem adquirir. São passos no
caminho certo para incentivar os
produtores a investir no cultivo
do algodão orgânico. Aliás, o
uso desta matéria-prima pela H&m
tem crescido a cada ano o que
prova que é um compromisso a
longo prazo. Um compromisso que
se espera ter mais seguidores.
Uma boa forma de comemorar em
2009 o ano internacional das
fibras naturais.
www.bettercotton.org
/
expos
por Cláudia Rodrigues
Madeleine Vionnet
1876 - 1975
Madame Vionnet está
para a moda como os
deuses estão para a
Grécia. A arquitecta
do vestido marcou
a história da Moda
com as suas criações
intemporais. Foi, e é
um génio do drapeado
e do corte enviesado,
conferindo no vestuário
uma liberdade de
movimento inimaginável,
sobretudo, no período
entre guerras, o auge
da sua carreira. De
inspiração clássica e
valores que vão além
do efémero, cria peças
aparentemente simples,
que modela e ensaia
em grandes bonecas.
Os vestidos à escala
real revelam-se de uma
nobreza incomparável,
pelo toque e pelo cair
suave realçando os
corpos. Um refinamento
apenas possível após
intensa pesquisa e que
por isso ainda hoje
fascina os maiores
costureiros.
De 18 de Junho a 24
de Janeiro de 2010,
temos a oportunidade
de ver em Paris, no
Museu da Moda e do
Têxtil, uma selecção de
vestidos, estamparia e
fotografias do período
entre 1912 e 1939.
Les Arts Décoratifs
107, Rue de Rivoli
75001 Paris
Vestido Madeleine Vionnet, 1930
Hussein Chalayan Works
1994 - 2009
Poucas são as palavras
que podem descrever o
trabalho de Chalayan,
um artista proveniente
do Chipre que é
simplesmente distinto
e inigualável. Duas
vezes nomeado “British
Designer of the Year”,
tem, ao longo da sua
carreira, quebrado
barreiras e convicções,
desmistificando
qualquer ideia pré-concebida sobre o que
é a moda e o vestuário.
A inovação nos
materiais, o apuramento
de métodos de corte
a laser e atitudes
progressistas face às
novas tecnologias,
possibilitam às suas
criações de moda ser o
suporte conceptual da
sua visão futurista,
distinguindo-o ao mais
alto nível científico
e filosófico. Em modo
de retrospectiva,
estão patentes nesta
exposição, pela
primeira vez em
Inglaterra até 17
de Maio, 15 anos de
experimentalismo,
onde Hussein Chalayan
mostra o seu processo
criativo, as suas
inspirações, os temas
que o influenciam e
obras emblemáticas como
“After words” ou “Minus
Now”.
Virtual Shoe
Museum
Uma exposição sem data
marcada, nem limitações
e em constante renovação
é o conceito que Liza
Snook nos apresenta
através do seu museu
virtual de sapatos.
Sem sair de casa pode
assistir, no ecrã
do seu computador, à
surpreendente e eclética
selecção de calçado que
Liza, designer gráfica
de profissão, tem vindo
a reunir. O que começou
por ser uma paixão
pessoal levando-a a
coleccionar, há mais de
25 anos, todo o tipo de
sapatos (usáveis, não
usáveis ou de bonecas),
livros e outras
referências, ganhou
novas dimensões quando
decide que as paredes da
sua casa e as paredes
dos museus convencionais
são demasiado restritas
para albergar tamanho
imaginário. No museu
que criou estão
reunidos cerca de 1000
sapatos diferentes, que
organiza devidamente por
secções. Eis a forma
que encontrou para,
livremente, aprofundar
um universo criativo
pouco explorado, dando
a conhecer verdadeiras
relíquias.
www.virtualshoemuseum.com
Avedon Fashion
1944 – 2000
Em plenos anos 50,
numa época em que
a indústria da moda
é dominada pelos
europeus, a América
injecta uma energia
propulsora que rompe
com as fórmulas rígidas
da linguagem estética
da altura. Richard
Avedon, iniciando-se no
2º pós-guerra, redefine
a fotografia de moda e
o papel do fotógrafo,
fazendo furor na
Harper’s Bazaar, na
Vogue ou no The New
Yorker . Antecipa
muitos dos cruzamentos
culturais que ocorreram
entre as belas artes,
a arte comercial, a
moda, a publicidade
e a cultura pop nos
últimos 20 anos,
criando fotografias
espirituosas e
imaginativas que
representam a moda e a
mulher moderna através
de uma nova luz.
Entre 15 de Maio e
6 de Setembro, o
ICP organiza a mais
completa retrospectiva
da carreira de Avedon,
exibindo mais de 200
trabalhos, entre fotos,
serigrafias, folhas
de contacto, layouts e
material de arquivo,
que comprovam o
extraordinário impacto
da sua obra.
Pump up the volume © Bart Hess
Design Museum
Shad Thames
London SE1 2YD
Colecção Outono/Inverno 2003
“KINSHIP-JOUNEYS” fotografada por
Chris Moore
International Center of Photography
1133 Avenue of the Americas
at 43rd Street,
New York
NY 10036
Richard Avedon
Naty Abascal,Ana-Maria Abasacal
and Helio Guerreiro, bathing suit
by Brigance, Ibiza, Spain,
September 1964 © 2008
The Richard Avedon Foundation
TALLER MISSONI, EL
ARTE DEL TEJIDO EN
MOVIMIENTO
Missoni nasce em 1953,
em Milão, da paixão de
Tai e Rosita Missoni
pelos materiais
e pela cor, que
interpretam de forma
muito autêntica. Ao
aplicarem no vestuário
em malha o resultado
das suas investigações
artísticas e
tecnológicas, criaram
uma identidade e
um estilo únicos,
afirmando-se nos dias
de hoje como uma
marca de sucesso em
família. Mas foi nos
anos 70 que alcançaram
o maior prestígio,
revolucionando a
moda mundial com os
seus arrojados tricôs
com padrões e riscas
multicolor, misturando
várias matérias.
Nesta exposição,
elementos multimédia,
instalações,
workshops e outros
conteúdos transversais
representam a dinâmica
criativa de uma casa
de referência para
o design têxtil.
Poderá desfrutar da
experiência até 5 de
Abril, no Museu do
Traje em Madrid.
Museo del Traje
Avenida de Juan de Herrera, 2
Madrid (28040)
Seduction, 250 Years of
Sexuality in Fashion
Mais do que uma
exposição de Moda,
“Seduction”, é um
confronto entre
linguagens: a linguagem
do corpo, a da mente e
a da sociedade.
Desde o século XVIII
até aos nossos
dias, a história do
vestuário é contada
a par da história da
sexualidade, apontando
a complexa relação
entre o que se veste e
o que se deseja, entre
homens e mulheres numa
sociedade. A roupa
sedutora é revelada
como instrumento
de manipulação,
despoletando a atracção
física e afirmando
sentimentos de poder
ou status. “Dress to
impress”, um ponto de
vista sobre a moda
explorado, profunda
e cronologicamente,
nesta exposição. São
incluídas obras desde
os subtis e insinuantes
vestidos da era
Victoriana até peças
sexualmente explícitas
de criadores como
Jean Paul Gaultier
ou Azzedine Alaïa.
Balenciaga, Costume
National ou Christian
Louboutin, entre
outros, são também
referenciados.
Até 16 de Junho no
museu do Instituto de
Moda e Tecnologia, em
Nova York.
Fashion Institute of Technology
Seventh Avenue at 27 Street
New York City
10001-5992
Vestido de noite em Jersey
de seda, Halston, 1972-73, USA
Swedish Fashion
– Exploring a New
Identity
Desde os finais dos
anos 90 que se assiste
ao emergir de uma nova
vaga de designers
suecos que, não só
têm impressionado
individualmente,
como também têm
contribuído para
redefinir o conceito
estereotipado da moda
sueca, funcional e
minimal. Como análise
a este movimento de
vanguarda, será exibida
uma exposição no museu
da moda e do têxtil
londrino, mostrando
o trabalho de 13
jovens que se destacam
pela contestação ao
passado numa atitude
modernista. E, entre
outros, eles são:
Ann-Sofie Back, que
desconstrói a função
das peças criando
novas tipologias e
significados; Sandra
Backlund, que eleva
o tricô a um nível
escultural; Helena
Horstedt, que se
debruça sobre a forma
e os volumes; Nakkna,
com as suas silhuetas
drapeadas e over-size.
Também há uma secção
dedicada à joalharia
sueca contemporânea e
ao que de melhor se faz
por lá. A não perder
entre 6 de Fevereiro e
17 de Maio.
The Fashion and Textile Museum
83 Bermondsey Street
London
Helena Hörstedt
Fotografado por: Peter Farago
www.imagebank.sweden.se
Paper Fashion
O papel tem sido
explorado ao longo da
história principalmente
em tempos de crise,
mas nunca se tornou
uma técnica muito
desenvolvida. A China
e o Japão são os seus
precursores mas, no
Ocidente, apenas surge
como alternativa ao
tecido em meados do
séc. XX. Em 1966 a
Scott Paper Company
of USA introduziu o
primeiro vestido de
papel descartável como
truque de propaganda,
impressionando as donas
de casa e depressa
despoletando o hype. A
sua maior versatilidade
é a facilidade no corte
e a possibilidade
de impressão,
económica, com
coloridos estampados,
transformando-o num
ícone da Pop Art e
da moda dos anos 60.
A Atopos Cultural
Organization detém
mais de 400 vestidos
deste período e
apresenta também
modelos anteriores,
fazendo a ponte com
obras contemporâneas de
criadores como Chalayan,
Martin Margiela ou
Takashi Murakami.
A partir de 6 de Março
até 16 de Agosto no
Momu, na Antuérpia.
ModeMuseum Province of Antwerp-MoMu
Nationalestraat 28
B-2000 Antwerp
1968 Harry Gordon, ‘The Eye’
Poster Dress, USA 1968
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Loja das Meias e Stivali
www.chloe.com
CHRISTIAN LOUBOUTIN
R. Jean-Jacques Rousseau, 19. Paris
tel +33 (0) 1 40 73 54 44
www.christianlouboutin.fr
COLETTE
www.colette.fr
www.editions-du-regard.com
FASHION CLINIC
Tivoli Forum, Av. da Liberdade, 180,
Lj.2 e Lj.5. Lisboa
C.C. Amoreiras,Lj. 2063/4. Lisboa
R. Pedro Homem de Melo, 125/127. Porto
FÁTIMA MENDES
Av. Londres, Bl. B4, 1º piso. Guimarães
R. Pedro Homem de Melo, 357. Porto
www.kornerskincare.com
LACOSTE
www.lacoste.com
LANVIN na Fátima Mendes e Loja das Meias
LEE
www.lee-eu.com
FILIPE TRINDADE
Muuda: Rua do Rosário, 294. Porto
tel + 351 22 201 18 33
tlm + 351 91 651 28 20
LEVI’S
C.C. Colombo. Lisboa
C.C. Vasco da Gama. Lisboa
Almada Forum. Almada
Forum Coimbra. Coimbra
Forum Algarve. Algarve
Guimarães Shopping Center. Guimarães
C.C. Norte Shopping. Matosinhos
R. de Sta. Catarina, 312/350. Porto
Shopping Via Catarina. Porto
Lg. da Misericórdia, 42-44/2900–502.
Setúbal
Arrábida Shopping. Vila Nova da Gaia
CONVERSE
Proged-Converse
tel + 33 21 446 15 30
www.hm.com
COSTUME NATIONAL
www.hakanssonskin.com
www.costumenational.com
KORNER na Colette
FENDI na Fashion Clinic
H&M
Cascais Shopping, Lj. 103. Cascais
Ed. Grandella, R. do Carmo, 42
/ R. Augusta. Lisboa
Forum Montijo, Lj. 139, Montijo
tel 800 200 034
HAKANSSON
Makeupbar no Miguel Viana.
HERMÈS
Largo do Chiado, nº9 Lisboa
LUÍS BUCHINHO
Rua José Falcão, 122, Porto
tel + 33 22 201 27 76
www.luisbuchinho.pt
[email protected]
LUXÓTICA PORTUGAL
tel + 33 21 722 13 00
M.A.C.
www.maccosmetics.com
www.kiehls.com
www.fendi.com
GANT
Gant Flagship Store - Av. da
Liberdade, 38H. Lisboa
Gant Flagship Store - Av. da
Boavista, 00/2304. Porto
tel + 351 25 209 30 00
LOUIS VUITTON
Av. da Liberdade, 190A. Lisboa
R. Augusta, 196. Lisboa
tel + 351. 21 346 86 00
www.hugoboss.com
www.arteassinada.pt
BALENCIAGA ÓPTICA
Ver Sáfilo
LOJA DAS MEIAS
Av. Valbom, 4. Cascais
Ed. Castil, R. Castilho, 39. Lisboa
Pç. D.Pedro IV, 1. Lisboa
C.C. Amoreiras, Lj. 2001/2/4. Lisboa
LIDIJA KOLOVRAT
Rua do Salitre 169/169 A, Lisboa
MANGO
Punto Fa
tel + 34 93 860 22 22
www.mango.es.
Vendas por internet:
www.mangoshop.com.
MARC JACOBS
Paris Royal, R. Montpensier, 34. Paris
Na Fátima Mendes e Loja das Meias
(Amoreiras, Cascais e Castil)
MARNI na Fashion Clinic
www.marni.com
MAKEUPBAR no Miguel Viana
Avenida Brasil, 276. Lisboa
tel + 351 22 610 99 45
MARLBORO CLASSICS
MC Line
Gaia Shopping/Forum Coimbra/
C.C. Vasco da Gama
MC Guimarães
Rua Paio Galvão, 9. Guimarães
MC Seixal
Rua Paúl do Boquilobo n.º 8
Lote 153. Corroios
www.kolovratconcept.com
LOEWE
Hotel Tivoli, Av. da Liberdade, 185.Lx
tel + 351 21 354 00 54
MGX by MATERIALISE
www.materialise-mgx.com
MODEL CO no Makeupbar, Miguel Viana
MY GOD
Avis, R. José Gomes Ferreira, 11,
Lj. 251. Lisboa
C.C. Amoreiras, Lj. 2142. Lisboa
Shopping Cidade do Porto, Lj. 339.
Porto
NIKE EDGE & TREND COLLECTION
tel + 351 21 416 97 00
OSKLEN
Rua do Carmo, 9, Chiado. Lisboa
tel + 351 21 325 88 44
Cascais Shopping, Expansão, Lj. 1149.
Cascais
tel + 351 21 460 20 48
Rua Pedro Homem de Melo 95, Letra F,
R/C, Centro Aviz. Porto
tel + 351 22 532 29 26
PATRIZIA PEPE
André Costa, Lg. Cpt. Pinheiro Torres
Meireles, 56/61. Porto
tel + 351 22 619 90 50
SEPHORA
Armazéns do Chiado. Lisboa
tel + 33 21 322 51 88
SHU UEMURA
www.shuuemura.com
SONIA RYKIEL na Loja das Meias
www.soniarykiel.com.
STELLA MCCARTNEY BEAUTY na Sephora
www.stellamccartney.com
STIVALI
Av. João XXI, 11
R. Castilho, 71 C
Lisboa
STORYTAILORS
Calç. do Ferragial, 8 Chiado. Lx
tel + 351 21 343 23 06
www.storytailors.pt.
SWAROVSKI
www.swarovski.com
PERSOL
Luxótica Portugal
tel + 33 21 722 13 00
PHILIPS
www.philips.pt
PIAGET
Anselmo 1910, C.C. Colombo. Lisboa
tel + 33 21 716 55 12
El Corte Inglês. Lisboa
Relojoaria Faria. Sintra
tel + 33 21 910 55 86
Marcolino Relojoeiro. Porto
tel + 33 22 200 16 06
Machado Joalheiro. Porto
tel + 33 22 339 20 70
PUMA
Armz. do Chiado, R. do Carmo, nº2. Lx
RA-RE
Na My God – Avis, R. José Gomes
Ferreira, 11, Lj. 251. Lisboa
C.C. Amoreiras, Lj. 2142. Lisboa
Shopping Cidade do Porto, Lj. 339.
Porto
RAY BAN
Luxótica Portugal. l
tel + 33 21 722 13 00
www.loewe.com
REBECCA
Premium Business
tlm + 351 91 955 54 53
TWENTY 8 TWELVE
tel + 351 21 340 00 10
VITRA
Paris Sete, Lg. de Santos, 14 D. Lisboa
tel + 351 21 393 31 70
Galante, R. Mouzinho da Silveira, 27 C, Lx
tel + 351 21 351 24 40
Empatias, Fisiomática, Rua da Piedade,
37 e 41. Porto
tel + 351 22 600 82 71
In a In, R. João de Deus, 753. Porto
tel + 351 22 608 48 30
www.vitra.com
WOLFORD
Av. da Boavista, 3295. Porto
www.wolford.com
WHITE TENT
Muuda: R.do Rosário 294, 4050-522, Porto
Cocktail Molotof: Rua Miguel
Bombarda 457, 2º, 4050 Porto
Fabrica Features Lisboa: R. Garret 83,
Megastore United Colors of Benetton.
4 andar – Lisboa
King Kong: Rua Miguel Bombarda 419,
4050 Porto
www.white-tent.com
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