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Revista Locus Científico A Revista Locus Científico é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC). Seu escopo de ação engloba a divulgação de artigos técnicos inéditos, avaliados por um renomado Conselho Editorial. EXPEDIENTE ESTRUTURA DA PUBLICAÇÃO A revista é composta de textos e artigos de divulgação da cultura do empreendedorismo inovador e artigos inéditos referendados por revisores "ad-hoc". MISSÃO Publicar informações relevantes, artigos técnicos originais e trabalhos de revisão na área do Empreendedorismo Inovador. EDITOR Josealdo Tonholo (ANPROTEC/UFAL) DIAGRAMAÇÃO Consenso Editora Gráfica (48) 3028 2924 TIRAGEM 5.000 exemplares IMPRESSÃO Gráfica Brasil - Uberlândia CONSELHO EDITORIAL Afrânio Craveiro (PADETEC) Carlos Eduardo Negrão Bizzotto (FURB) Cláudio Furtado Soares (UFV) Conceição Vedovello (FAPESP) Desirée M. Zouain (IPEN) Esteban Cassin (Univ. de San Martín, Argentina) Fernando Dolabela (Fundação Dom Cabral) Guilherme Ary Plonski - (ANPROTEC/USP) Jorge Audy (PUC/RS) José Carlos Assis Dornelas (EMPREENDE) Josemar Xavier de Medeiros (UnB) Luís Afonso Bermúdez (UnB) Maria Alice Lahorgue (UFRGS) Norman de Paula Arruda Filho (FGV/PR) Paulo Alvim (SEBRAE) Renato de Aquino Faria Nunes (UNIFEI) Roberto Sbragia (USP) ANPROTEC DIRETORIA: Guilherme Ary Plonski – Presidente - USP Gisa Bassalo – UFPA Francilene Procópio Garcia – UFCG Josealdo Tonholo – UFAL Paulo Roberto de Castro Gonzalez – CIENTEC Silvestre Labiak Junior – UFTPR Sheila Oliveira Pires – Superintendente executiva Locus Científico - Uma revista ANPROTEC Editor: [email protected] ISSN - 1981-6790 - versão impressa ISSN - 1981-6804 - versão digital Associação Nacional de Entidades Promotoras CONSELHO CONSULTIVO Fernando Kreutz (Diretor da FK Biotecnologia) José Eduardo Fiates (ex-presidente da ANPROTEC, Diretor da Fundação Certi) Luís Afonso Bermúdez (ex-presidente da ANPROTEC, Diretor do CDT/UNB) Marco Antônio Raupp (Presidente da SBPC) Maurício Pereira Guedes (ex-presidente da ANPROTEC, COPPE/UFRJ) Newton Lima Neto (Prefeito de São Carlos e ex-reitor da UFSCar) Rafael Lucchesi (Diretor de Operações da CNI) EQUIPE TÉCNICA ANPROTEC Coordenação Unidade Administrativa e Financeira - Francisca Silva Aguiar Coordenação Unidade Atendimento ao Associado - Kátia Sitta Fortini de Empreendimentos Inovadores CNPJ: 03.636.750/0001-42 Endereço: SCN Quadra 01 - Bloco C Salas 208 a 211 Edifício Brasília Trade Center Brasília - Distrito Federal Cep 70.711-902 / PABX: (0xx61) 3202-1555 E-mail: [email protected] ARTIGO CIENTÍFICO HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS) 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo de caso, embora preliminar e exploratório, confirmou o enunciado por diversos autores que afirmam os Parques Científicos e Tecnológicos serem organizações complexas cujos resultados somente podem ser avaliados com a utilização de um conjunto de indicadores que dêem conta dos diferentes interesses dos seus principais stakeholders. Os indicadores precisam ser, ao mesmo tempo, em número tal que permita sua coleta e acompanhamento regular, e completos o suficiente para permitir a gestão operacional e estratégica dos PCTs. Também precisam permitir a medição dos impactos causados pelos PCTs, sua instalação e operação nos âmbitos econômico e social, no desenvolvimento científico e tecnoló- gico, na geração de inovação e no progresso local, da região e do país. Este não é um desafio simples e, tanto em nível nacional, quanto internacional, as pesquisas neste campo ainda são incipientes e devem continuar. Como limitação deste estudo, destaca-se o número de representantes de stakeholders entrevistados e o fato de serem todos de um único PCT. Como sugestão para estudos futuros, visando aumentar a representatividade estatística da pesquisa, serão estudos outros PCTs no Brasil e no exterior e será ampliado o número de representantes de stakeholders, por exemplo, com a inclusão de “acadêmicos-empresários”, “agentes financeiros e venture capitalists” e “agências de desenvolvimento” [VEDOVELLO; JUDICE; MACULAN, 2006]. LOCUS CIENTÍFICO SUMÁRIO EDITORIAL Josealdo Tonholo ................................................................................................................................................ 3 ARTIGOS ORIGINAIS Promoção de Empreendimentos Orientados para Desenvolvimento Local e Setorial (DLS) A incubadora de empresas como mecanismo de apoio ao surgimento de empresas inovadoras: o caso da incubadora tecnológica do CDT Business Incubator - promoting the creation of inovative interprises: the case of CDT/UNB Tatyana Aranda Andrade da Silva, Eduardo Raupp de Vargas, Luís Afonso Bermúdez, Ednalva Fernandes Costa de Moraes , Maria Carolina Rocha Pinto ......................................................................... 04-12 Habitats de Inovação Sustentáveis (HIS) Abordagem histórica do Sistema Nacional de Inovação e o papel das Incubadoras de Empresas na interação REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANPROTEC. Disponível em: http://www.anprotec.org.br/, acessado em 06/07/2009. 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An historical approach of Brazil’s National System of Innovation and the Business Incubator’s role in the interaction among this system’s agents Tais Nasser Villela, Lygia, Alessandra Magalhães Magacho ..................................................................................... 13-21 Indicadores de avaliação de desempenho para o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – Tecnopuc, na percepção de seus principais stakeholders Performance indicators for the PUCRS´ Science and Technology Park - TECNOPUC, through the perception of representatives of key stakeholders of the Park Rui Jung Neto, Edemar Antônio Wolf de Paula ....................................................................................................... 22-30 EDITORIAL Prezados Empreendedores , Com alegria começamos mais um ano, com a promessa de bons dividendos para o setor de Ciência, Tecnologia e Inovação em função dos investimentos previstos para o período. O começo do aporte do PRIME, a estruturação do SIBRATEC, os projetos Estruturantes dos Estados –apoiado pela FINEP/MCT, as bolsas de Desenvolvimento Tecnológico do CNPq, o programa de Subvenção Econômica, o Programa RHAE na Empresa, entre tantos outros elementos criativos aportados pelo Sistema Nacional de CTI nos fazem acreditar que é possível ao brasileiro superar com maestria as imposições da crise econômica que assola o mundo. Para aumentar o otimismo do ano novo, nada como apresentar casos de sucessos contaminantes. Neste número temos o artigo da equipe do Centro de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília, que não só apresenta o consolidado modelo, mas também expõe a forma de disseminação, que já se espalha geograficamente em toda região Centro-Oeste. De outro lado, atuando no ambiente macro, temos as equipes das PUC´s, com o Rio de Janeiro fazendo um relato histórico da relação do Sistema Nacional de Inovação com as incubadoras de empresas e a PUC gaúcha, que aqui apresenta uma proposta de acompanhamento do desempenho para Parques Tecnológicos. Três casos de excelência, que clamam por uma leitura acurada. Josealdo Tonholo Editor [email protected] 3 ARTIGO CIENTÍFICO PROMOÇÃO DE EMPREENDIMENTOS ORIENTADOS PARA DESENVOLVIMENTO LOCAL E SETORIAL (DLS) LOCUS ISSN -1981-6790 - versão impressa CIENTÍFICO ISSN -1981-6804 - versão digital A incubadora de empresas como mecanismo de apoio ao surgimento de empresas inovadoras: o caso da incubadora tecnológica do CDT Business Incubator – promoting the creation of innovative enterprises: the case of CDT/UnB Tatyana Aranda Andrade da Silva¹, Eduardo Raupp de Vargas², Luís Afonso Bermúdez1,*, Ednalva Fernandes Costa de Moraes1 e Maria Carolina Rocha Pinto1 1 Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico - CDT/UnB. Campus Universitário Darcy Ribeiro, Edifício CDT. Cep: 70904-970. Brasília - DF - Brasil. 2 Universidade de Brasília, Reitoria, Departamento de Administração. Instituto Central de Ciências - Ala Norte - Campus Universitário Darcy Ribeiro - subsolo - módulo 25 Asa Norte. Cep: 70910-900 - Brasilia - DF - Brasil. E-mails: [email protected] | [email protected] | [email protected] | [email protected] | [email protected] *autor de contato: Tatyana Aranda Andrade da Silva Artigo submetido em 28 de fevereiro de 2009, aceito em 30 de março de 2009 RESUMO As incubadoras de empresas surgem como mecanismos de incentivo, apoio e promoção da inovação, sobretudo no que diz respeito a aproximação entre conhecimento científico e demandas industriais. Além de maximizarem a utilização do conhecimento e dos recursos humanos, financeiro e matérias que pequenos empreendedores têm a disposição. Muito se conhece do papel desempenhado pela incubadora junto as empresas apoiadas e a sociedade como um todo. No entanto, a perspectiva das empresas incubadas também é essencial para a avaliar se a instituição está cumprindo o seu papel de incentivar a inovação, facilitar a consolidação de empreendimentos e contribuir para o desenvolvimento sócio-econômico da região. O presente estudo avalia a percepção das empresas incubadas, que estão passando ou que já passaram pelo processo de incubação. Pode-se concluir da avaliação que as empresas consideram a incubadora essencial para o seu desenvolvimento e consolidação, apesar de possuir alguns pontos a serem melhorados. 4 ABSTRACT The business incubators emerge as a mechanism to encourage, support and promote innovation, particularly approximating scientific knowledge and industrial demands. They also maximize the use of knowledge and human resources, financial and material that small entrepreneurs have the provision. Much is known about the incubation process and the support that is offered to the small businesses and to the society as a whole. However, the prospect of the incubated companies is also essential to assess whether the institution is fulfilling its role of encouraging innovation, facilitating the consolidation of business and contributing to the development of social economy of a region. This study evaluates the perception of incubated companies, which are in the process of incubation or have already experienced it. We conclude that companies consider the incubator process essential for their development and consolidation, although some points have to be improved. PALAVRAS-CHAVE: KEYWORDS: • incubadoras de empresa, • inovação tecnológica, • relação universidade-empresa. • business incubator, • technological innovation, • university-industry relationship. Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12 6.3 Aspectos Competitivos e de Infra-estrutura e Sustentabilidade Nesta dimensão foram enquadrados os indicadores citados por um dos stakeholders, preocupado em medir, tanto a produtividade da mão-de-obra, que o próprio respondente afirma ser “difícil de medir”, quanto a ação internacional e os acordos de cooperação firmados por empresas e organizações no âmbito do PCT. Também o indicador de “Inclusão do PCT no PPD” foi incluído nesta perspectivas, uma vez que ele pode se revelar com um importante fator de atração de empresas que, ao se enquadrarem nas políticas de incentivo, venham a se instalar no PCT para delas usufruírem. Nesta dimensão os autores enquadraram também, os indicadores citados por dois dos stakeholders, preocupados em avaliar o “Custo”, as facilidades decorrentes da localização do PCT e a sua sustentabilidade social: “proximidade com rotas de transporte público e vias principais de acesso”; “Restaurantes..., hotéis...”; “Infra-estrutura do PCT e região, transporte, energia, link de dados, alimentação, estacionamento”; “...dos prédios disponíveis..., auditórios, segurança...”; “...para portadores de necessidades especiais”; “Fatores de Sustentabilidade (meio ambiente e responsabilidade sociais)” no âmbito do PCT e da região onde ele está instalado. Esta dimensão se aproxima da perspectiva “aprendizagem e crescimento” do BSC, pois engloba não só os aspectos de produtividade e qualificação dos recursos humanos, cooperação e trabalho em rede, sustentabilidade ambiental e social, bem como a infraestrutura disponível para garantir a operação e o crescimento futuro do PCT. Os indicadores desta dimensão podem ser vistos no Quadro 10 a seguir. Quadro 10 – Aspectos Competitivos e de Infra-estrutura e Sustentabilidade. Produtividade por postos de trabalho Número de empresas de atuação internacional Acordos para trabalho em Rede Inclusão do PCT no PPD – Programa de P&D do Governo Federal (Lei de Informática e outras de incentivo à P&D) Quantidade e disponibilidade de mão-de-obra qualificada formada na região e pela mantenedora do PCT nas áreas de conhecimento do PCT Acesso ao PCT, proximidade com rotas de transporte público e vias principais de acesso Infra-estrutura do PCT e região: tamanho dos prédios, peso suportado, transporte, energia, link de dados, restaurantes, estacionamentos, auditórios, segurança, hotéis, etc. Custos de instalação (locação, condomínio, etc.) Infra-estrutura para portadores de necessidades especiais Fatores de Sustentabilidade (meio ambiente e responsabilidade social) 7. Proposta de indicadores a partir dos dados coletados Levando-se em conta os indicadores propostos por, pelo menos, dois dos entrevistados (stakeholders) bem como a análise realizada com base na literatura, os autores propõem preliminarmente um conjunto de indicadores a ser validado em estudos futuros, conforme o quadro 11 a seguir. Quadro 11 – Indicadores sugeridos pelos autores com base nas respostas dos stakeholders. Aspectos Financeiros e Sociais Postos de trabalho gerados Número de empresas instaladas por segmento de atuação Número de empresas geradas/graduadas por segmento de atuação Faturamento total Aspectos de Gestão e Científicos e Tecnológicos Qualificação da equipe gestora (incluindo flexibilidade) Número de projetos de P&D/ano com Universidades e Institutos de Pesquisa, (mantenedora) ou da região do PCT. Áreas de conhecimento ou competência do PCT e da Universidade Número de Pesquisadores por área de conhecimento/competência do PCT Aspectos Competitivos e de Infra-estrutura e Sustentabilidade Quantidade e disponibilidade de mão-de-obra qualificada formada na região e pela mantenedora do PCT nas áreas de conhecimento do PCT Infra-estrutura do PCT e região: tamanho dos prédios, peso suportado, transporte, energia, link de dados, restaurantes, estacionamentos, auditórios, segurança, hotéis, etc. Custos de instalação (locação, condomínio, etc.) Jung Neto, R. e de Pa E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30 29 ARTIGO CIENTÍFICO HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS) 6. CATEGORIAS CRIADAS A PARTIR DAS ENTREVISTAS Os respondentes abordaram diversos indicadores de forma semelhante. Para melhor analisá-las as respostas foram divididas em perspectivas baseadas nas apresentadas no modelo BSC de Kaplan & Norton (Financeira, Clientes, Processos Internos e Aprendizagem e Crescimento), adaptadas pelos autores, consolidando as repostas obtidas: 6.1 Aspectos Financeiros e Sociais Nesta dimensão foram enquadrados os indicadores citados pelos stakeholders para demonstrar os benefícios sociais e econômicos para a região onde o PCT está instalado. Seja na geração de trabalho, renda, salários, impostos, seja no estímulo à formação de mão-de-obra qualificada, pela demanda gerada pelas empresas localizadas no PCT e na sua região, corroborado pelo seguinte comentário: “Embora eu não tenha de forma clara quais são os indicadores, mas eu penso que o parque tecnológico serve no atual estágio do Brasil como um foco de pesquisa e desenvolvimento e um aproximador da empresas e do mercado com a universidade”. De certa forma, esta dimensão se aproxima das perspectivas “Clientes” e “Financeira” do BSC, na medida em que nela estão retratados os resultados de faturamento, impostos, empregos, etc. que são de interesse direto das categorias “Governo” e “Empresa”. Saliente-se aqui que apenas o representante da categoria Governo citou “impostos arrecadados” e “impostos arrecadados / valor pago em salário”, como indicadores a serem medidos, um exemplo das percepções diferentes inerentes a cada categoria de stakeholder. Os indicadores desta dimensão podem ser vistos no Quadro 8 a seguir. Quadro 8 – Aspectos Financeiros e Sociais. Postos de trabalho gerados Qualificação dos postos de trabalho gerados Número de empresas instaladas por segmento de atuação Nº de empresas geradas/graduadas (se houver Incubadora de empresas no PCT), por segmento de atuação Impostos arrecadados Impostos arrecadados / valor pago em salário Faturamento total Faturamento total / Impostos arrecadados Faturamento médio por funcionário (head count) Recursos públicos aplicados / empregos gerados Impactos do PCT para a região 6.2 Aspectos de Gestão e Científicos e Tecnológicos Nesta dimensão foram enquadrados os indicadores citados por alguns dos stakeholders para medir e ressaltar a importância de uma gestão profissional e capacitada, dada a complexidade das demandas do “habitat” constituído no âmbito do PCT. Nesta perspectiva, também foram colocados os indicadores citados pelos stakeholders para avaliar a capacitação do PCT nas várias áreas de conhecimento, sua importância em impulsionar os processos de inovação e as interações entre os vários atores envolvidos no processo (governo, agências de fomento, entidades empresariais, empresas, universidade, institutos de pesquisa, etc.). Em relação ao modelo BSC, a dimensão se relaciona com a perspectiva “Processos Internos”, onde Kaplan & Norton [1996, 2001] recomendam que sejam avaliados os processos de inovação, de operações e de serviços de pós-venda. Os indicadores desta dimensão podem ser vistos no Quadro 9 a seguir. Quadro 9 – Aspectos de Gestão e Científicos e Tecnológicos. Qualificação da equipe gestora (incluindo flexibilidade) Estabilidade da equipe gestora Nº de interações das empresas com Universidades e Institutos de Pesquisa (IPs) Nº de patentes/licenças geradas com e sem interação com Universidades e IPs Nº de projetos de P&D/ano com Universidades e IPs, (da mantenedora) ou da região do PCT. O que as empresas desenvolvem no PCT: pesquisa ou produto Áreas de conhecimento ou competência do PCT e da Universidade Número de Pesquisadores por área de conhecimento/competência do PCT Número de Professores envolvidos em projetos com empresas do PCT Número de publicações geradas pelos projetos de P&D do PCT Número de bolsistas financiados pelos projetos de P&D do PCT 28 Jung Neto, R. e de Paula E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30 1. INTRODUÇÃO Com a abertura comercial e a conseqüente globalização de mercados, no início dos anos 90, o aumento da competitividade das empresas nacionais passou a ser essencial para fazer frente a diversidade de empresas e produtos estrangeiros que entravam no Brasil. Tal fato levou o governo, com o apoio de organizações não governamentais, a promover ações que visavam o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da interação entre a universidade e a empresa. Para manter a competitividade, as empresas deveriam ter a capacidade de promover inovação, se adaptarem facilmente às mudanças e possuir a capacidade de constituir parcerias estratégicas. As políticas de incentivo a inovação que passaram a fazer parte das políticas públicas do país tinham ligação direta com a intensificação do relacionamento universidade-empresa. A intensificação dessa relação refletiu diretamente na criação de vários mecanismos institucionais de transferência de tecnologia e de conhecimento e na presença de instituições com forte articulação e com grande infra-estrutura de ciência e tecnologia, que ajudaram a fortalecer o Sistema Nacional de Inovação. As incubadoras de empresas são parte desse Sistema de Inovação e surgem como um mecanismo de incentivo, apoio e promoção da inovação, sobretudo no que diz respeito a aproximação entre conhecimento científico e demandas industriais. Além disso, maximizam a utilização do conhecimento e dos recursos humanos, financeiro e matérias que pequenos empreendedores têm a disposição. Neste aspecto, as incubadoras têm representado uma estrutura essencial para o aumento do índice de sobrevivências das micro e pequenas empresas, pois atuam como suporte nas dificuldades inicias que enfrentam os empreendedores [ANPROTEC, 2006]. Nesse contexto, o presente estudo busca apresentar a Multincubadora de empresas do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico – CDT, e, mais especificamente, a Incubadora Tecnológica, que representa uma das quatro modalidade existente no Centro. E ainda, considerando que o processo de incubação é considerado um dos mecanismos mais eficientes quando da formação de empreendimentos sólidos, reduzindo em aproximadamente 20% a taxa de mortalidade das empresas, segundo dados da ANPROTEC, o presente estudo também visa avaliar o trabalho realizado com os empreendimentos incubados, verificando se a instituição está cumprindo o seu papel de incentivar a inovação, facilitar a consolidação de empreendimentos e contribuir para o desenvolvimento sócio-econômico da região. A maneira utilizada aqui para realizar essa avaliação foi buscando a percepção das empresas que passam pelo processo de incubação quanto ao papel da incubadora na oferta de serviços que promovam o desenvolvimento de novos empreendimentos tecnológicos. 2. O CONCEITO DE SISTEMA DE INOVAÇÃO E O CASO BRASILEIRO A partir dos estudos de Schumpeter [ANDREASSI, T.; CAM- PANÁRIO, M. A.; SBRAGIA, R.; STAL, E., 2005], o tema inovação passou a ser explorado visando o entendimento do processo de mudança tecnológica. Ele buscou entender os efeitos positivos da inovação de processos e produtos e como eles afetavam o desenvolvimento econômico. Nesse contexto, analisou também a função desempenhada pelas empresas e pelos empreendedores. Os estudos de Schumpeter revelaram que o empreendedor exerce papel fundamental no desenvolvimento econômico, na medida em que a introdução de inovações é realizada pelo empresário, quando das várias combinações dos meios de produção disponíveis. Essas combinações podem referir-se tanto a criação de novos produtos quanto a introdução de novos métodos de produção. Ao inovar, um empreendedor é seguido por seus concorrentes, os quais investem recursos para produzir, imitar e melhorar os produtos e processos anteriores. Dessa maneira, a onda de investimentos de capital ativa a economia e acelera o desenvolvimento econômico. A esse processo de introdução do novo, Schumpeter chamou de “Destruição Criadora”. Quando inicia-se o declínio de um produto ou processo, outro produto inicia seu ciclo adicionado do fator inovação. É importante ressaltar que nesse processo o crescimento do ciclo de um produto desacelera o ciclo do produto anterior. Mais recentemente, de acordo com o Manual de Oslo, o tema inovação compreende a introdução de produtos ou processos tecnologicamente novos ou melhorias significativas em produtos e processos existentes num período de referência. Para que a implementação da inovação tecnológica seja efetiva é necessário que ela tenha sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou utilizada no processo de produção (inovação de processo). 2.1. O Sistema de Inovação brasileiro Com o intuito de entender como os países adquirem competitividade e percorrem períodos de desenvolvimento econômico, foi introduzido o conceito de Sistema de Inovação [FERNANDES, 2007]. Os Sistemas Nacionais de Inovação podem ser definidos como sendo um sistema que engloba todos os elementos e as relações envolvidas na produção, difusão e uso de um conhecimento novo e comercializável. A preocupação do governo brasileiro com o desenvolvimento científico e tecnológico do país começou mais ativamente no final da década de 1960 [MORAES e STAL, 2004]. A criação de planos e programas específicos para a área de P&D incluía a concepção e/ou reformulação de instituições responsáveis por apoiar e orientar as atividades desenvolvidas na área de P&D. A política de C&T no Brasil esteve mais voltada para o apoio a oferta de tecnologia do que para as necessidades de inovação do setor produtivo. Esse quadro demonstra a distância histórica entre universidade e empresa. A dificuldade de interação entre as duas instituições se origina de seus próprios objetivos primordiais, que são conflitantes. A Universidade tem como foco o investimento em geração do conhecimento e julga a tecnologia como sendo necessária ao desenvolvimento da so- Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12 5 ARTIGO CIENTÍFICO PROMOÇÃO DE EMPREENDIMENTOS ORIENTADOS PARA DESENVOLVIMENTO LOCAL E SETORIAL (DLS) ciedade em geral. Já a empresa busca o lucro, sem o qual ele não sobrevive e não realiza a função social de gerar empregos e atender às demandas da sociedade e, julga a tecnologia como instrumento estratégico para a sua permanência no mercado [MORAES; STAL, 2004]. Na década de 1960, juntamente com o projeto de universidade moderna (criação da Universidade de Brasília – UnB e da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP), que unia o ensino e a pesquisa, surgiram, também, os primeiros institutos e fundações associados a universidades, que foram criados com vistas a fazerem uma articulação entre pesquisas científicas e tecnológicas e, ainda, prestavam serviços à indústrias e ao governo. Ao longo da década de 1990, o governo brasileiro passou a dar uma importância cada vez mais significativa para a associação entre universidades e empresas com o intuito de modernizar tecnologicamente o parque industrial nacional. Para isso criou diversos mecanismos que tinham a finalidade de estimular à inovação e a parceria universidade-empresa, entre eles os núcleos de informação tecnológica e industrial e os escritórios de transferência de tecnologia. Uma das iniciativas foi a implementação do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade, cuja finalidade principal era capacitar as empresas para que obtivessem a certificação de acordo com a ISO 9000. Foi ao final da década de 1990 que o tema inovação ganhou força. A criação de Fundos Setoriais, a partir de 1999, visava apoiar financeiramente projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, além de buscar a aproximação do setor produtivo com a universidade. [HIRATA, 2007]. O governo também criou, no âmbito estadual, as Fundações de Amparo à Pesquisa - FAP’s -, os programas como o de Parceria para a Inovação Tecnológica – PITE – e o de Parceria para Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas – PIPE. Algumas Fundações de Amparo à Pesquisa implantaram, por meio da FINEP/MCT, o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas – PAPPE – entre outras iniciativas. Em 2004, visando a criação de ações estratégicas voltadas para a Política Industrial, o governo lançou a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior. A PITCE se constitui em um mecanismo de longo prazo que tem como objetivo fortalecer e ampliar a base industrial brasileira, melhorando a capacidade de inovação das empresas. Uma iniciativa mais recente a fim de apoiar a inovação no Brasil é a criação da Lei de Inovação (LEI nº 10.973, de dezembro de 2004). De acordo com seu art. 1º, a Lei de Inovação pretende incentivar a inovação e a pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, visando a capacitação, a autonomia tecnológica e o desenvolvimento industrial do País. 3. INCUBADORA DE EMPRESAS 3.1. Interação Universidade-Empresa Com a crescente transformação da sociedade industrial para a sociedade do conhecimento, a necessidade de conhecimento científico para alcance de progressos técnicos e aumento da competitividade das empresas vem exigindo dos atores envol- 6 vidos no processo de geração e difusão de inovações esforços para ampliar e fortificar as práticas de cooperação tecnológica [FUJINO, 2004]. As necessidades de cooperação entre a universidade e a empresa não são recentes, elas se intensificaram em meados dos nos 80, quando se iniciou o processo de abertura econômica, que consolidou dois processos interligados, a abertura comercial e a inovação tecnológica. O interesse da Universidade por essa interação aumentou quando os os recursos públicos destinados para a pesquisa e compra de insumos e equipamentos foram reduzidos. E as empresas se depararam com dificuldades cada vez maiores em acompanharem a velocidade, complexidade e alto custo do processo de inovação tecnológico, que eram fatores imprescindíveis a manutenção de sua posição competitiva. Um dos principais modelos criados com o intuito de analisar a relação universidade-empresa, foi o modelo da HéliceTripla, o qual toma como base a relação entre universidade, empresa e governo. O conceito de Hélice Tripla [ETZKOWITZ, 1996 apud WOLFFENBUTTEL, 2001] procura integrar universidade, empresa e governo no intuito de unir ciência, tecnologia e governo. Tal modelo contrasta com a abordagem tradicional, em que o fluxo de conhecimento correria por uma via única, da pesquisa básica para a inovação. No modelo da Hélice Tripla o fluxo ocorre também inverso, fazendo o curso do conhecimento para a academia. Para Etzkowitz [2005] o sistema de Hélice Tripla se constitui em um componente fundamental para qualquer estratégia de inovação no século XXI, considerando que é responsável por movimentar os agentes para além da fronteira de suas instituições, visando adquirir uma visão multifuncional de todo o processo. Quadro 5 – Resposta entrevistado “D”. 3.2. Incubadora de Empresas e o Histórico do Movimento De acordo com a ANPROTEC [2007] as Incubadoras de Empresas são ambientes providos de capacidades técnica, gerencial e de infra-estrutura adequada para apoiar o estágio inicial das empresas. Tem como objetivos principais atuar na criação de empreendimentos de sucesso, minimizar o risco dos investimentos e contribuir para o surgimento de novas oportunidades de inovação para os diversos segmentos econômicos. Além disso, se contituem em um mecanismo flexível e facilitador do processo de desenvolvimento de novos empreendimentos, na medida em que oferece orientação técnica e profissional, além de suporte e serviços compartilhados,tais como: laboratórios, serviços de secretaria em geral, área física, treinamentos específicos e consultorias. As incubadoras de empresas são intituições mantidas por entidades governamentais, universidades ou grupos comunitários [DORNELAS, 2002]. São um importante elo de interação entre a centros de ensino e pesquisa e o empresariado local e buscam influenciar o meio em que estão situadas promovendo o desenvolvimento produtivo da região para uma inserção competitiva no mercado. Quadro 7 – Resposta entrevistado “F”. Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12 Entrevistado: Função: Organização: Data: Resposta: 5.4 Resposta “D” “D” Dirigente de Associação empresarial localizada no TECNOPUC “Associação localizada no TECNOPUC” (representante da categoria Empresa) 25/03/2009 - quantidade de pessoas empregadas no Parque; - quantidade de empresas por segmento; - o que as empresas desenvolvem no Parque: se é pesquisa ou produto; - quantidade de projetos de P&D em conjunto com Universidade (mantenedora, parceira ou da região do Parque); - quais as áreas de competência do Parque e da Universidade; - quantidade pesquisadores por área; - quantidade de mão-de-obra de nível superior formada por ano pela Universidade (mantenedora, parceira ou da região do Parque) nas várias áreas de competência do Parque. Quadro 6 – Resposta entrevistado “E”. Entrevistado: Função: Organização: Data: Resposta: Entrevistado: Função: Organização: Data: Resposta: 5.5 Resposta “E” “E” Gestor de infra-estrutura “Empresa localizada no TECNOPUC” (representante da categoria Empresa) 25/03/2009 - Acesso do parque, proximidade de rotas de transporte público e vias principais de acesso; - Disponibilidade de talentos, mão de obra, na região ou no parque; - Qualidade da mão de obra, região e formada pelo parque; - Flexibilidade em negociar e atender as necessidades das empresas (cada empresa é diferente); - Custos de instalação (locação, condomínio, etc.); - Infra-estrutura no parque e da região, transporte, energia, link de dados, alimentação, estacionamento, etc..- Inclusão dos programas do parque no Programa de P&D do Governo Federal (Lei de Informática e outras de incentivo à P&D); - Organização administrativa do parque e vinculação a uma instituição de ensino. 5.6 Resposta “F” “F” Diretor de Tecnologia “Empresa localizada no TECNOPUC” (representante da categoria Empresa) 20/03/2009 (gravada) Meu nome é “F”, eu trabalho na área de T.I.Tive a experiência em outra organização da qual eu fui dirigente, a “Z”, de escolher o TECNOPUC para instalar a nossa área de P&D. Embora eu não tenha de forma clara quais são os indicadores, eu penso que o parque tecnológico serve no atual estágio do Brasil como um foco de pesquisa e desenvolvimento e um aproximador da empresas e do mercado com a Universidade. Dentro deste contexto eu acho que os indicadores devem começar focando esta integração, ou seja: - quantas empresas tão instaladas dentro do parque; - algo que mensure o potencial destas empresas, como a soma dos seus faturamentos globais; - as diferentes ciências que estão sendo pesquisadas no parque; como por exemplo, no TECNOPUC a gente vê que não e um parque tecnológico voltado só para a Tecnologia da Informação, mas também para outras áreas do conhecimento. Então, o número de áreas do conhecimento que o parque aborda; - o número de projetos de pesquisa/ano desenvolvidos no parque; - o número de professores envolvidos em projetos com empresas que estão no parque; - o número de publicações geradas a partir de projetos que estão sendo desenvolvidos junto com o parque; - o número de bolsistas financiados pelo parque; - o número de pessoas que desenvolvem o seu trabalho diário dentro do parque. Acredito que seriam estes alguns dos principais indicadores. Jung Neto, R. e de Pa E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30 27 ARTIGO CIENTÍFICO HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS) Quadro 2 – Resposta entrevistado “A”. Entrevistado: Função: Organização: Data: Resposta: 5.1 Resposta “A” “A” Gestor do TECNOPUC (Representando também a categoria Universidade) Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 16/03/2009 1- postos de trabalho gerados; 2- recursos públicos aplicados/emprego gerados; 3- produtividade por postos de trabalho (difícil de medir); 4- nº de empresas instaladas; 5- se tiver incubadora, nº de empresas graduadas; 6- qualificação dos postos de trabalho gerados; 7- nº de interações com universidade e instituto de pesquisa; 8- qualificação da equipe gestora; 9- estabilidade da equipe gestora; 10- nº de empresas de atuação internacional; 11- acordos para trabalho em rede; 12- faturamento total do parque/impostos gerados; 13- impactos do parque para a região; 14- nº de patentes/licenciamentos gerados; 15- nº de tecnologias licenciadas/geradas pela interação universidade-empresa. Quadro 3 – Resposta entrevistado “B”. Entrevistado: Função: Organização: Data: Resposta: 5.2 Resposta “B” “B” Vereador Municipal de Porto Alegre Câmara Municipal de Porto Alegre (representante da categoria Governo) 16/03/2009 - número de empregos gerados; - faturamento das empresas do parque Tecnológico; - imposto arrecadado nas diversas esferas (federal, estadual, municipal); - valor do imposto arrecadado sobre valor pago em salário; - Numero de empresas geradas; - faturamento médio por funcionário (head count). Quadro 4 – Resposta entrevistado “C”. Entrevistado: Função: Organização: Data: Resposta: 26 5.3 Resposta “C” “C” Gestor de infra-estrutura “Empresa localizada no TECNOPUC” (representante da categoria Empresa) 18/03/2009 1) Infra-estrutura dos prédios disponíveis (energia, dados, tamanho dos prédios, peso lajes, auditórios, segurança); 2) Restaurantes no parque, hotéis nos arredores; 3) Estacionamentos; 4) Infra para portadores de necessidades especiais; 5) Fatores de Sustentabilidade (meio ambiente e responsabilidade social).A “empresa X” sempre teve a expectativa que em um parque tecnológico as propostas de “energias alternativas” fossem fator de desempenho e eliminatório na escolha das empresas. Isto porque as maiores despesas fixas nas grandes empresas são alugueis e energia (30% na média).Hoje as empresas estão trabalhando forte em “Sustentabilidade” este indicador será cada vez mais eliminatório. Jung Neto, R. e de Paula E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30 Elas são categorizadas de acordo com o tipo de empresa que recebem. A literatura atual aponta três principais categorias nas quais as incubadoras são classificadas, são elas: Incubadora de Empresas de Base Tecnológica, Incubadora de Empresas dos Setores Tradicionais e Incubadora de Empresas Mistas. Outras categorias de incubadoras estão sendo formadas e as principais são aquelas de caráter social e cultural, representando 3 e 4% ,respectivamente, do número existente no Brasil em 2006. As incubadoras surgem no contexto mundial como um mecanismo de incentivo a interação universidade-empresa e como fruto da necessidade de se obter conhecimento científico para alcance de progressos técnicos e aumento da competitividade das empresas. Essa iniciativa teve início na década de 1930, na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e visava estímular os estudantes a transformarem seu conhecimento acadêmico em produtos inovadores e a iniciarem novos negócios a fim de produzi-los e comercializá-los. [PACKARD, 1995 apud MORAES, C; FIRMO, D., 2004]. Segundo o autor, a Universidade de Stanford, na década de 50, criou o Stanford Research Park, que deu origem ao Vale do Silício, visando a intensificação de transferência de tecnologia das universidades para as empresas e ainda, a criação de novas empresas, principalmente ligadas ao setor de eletrônica. No Brasil, o movimento de incubadoras passou a ser incorporado à política nacional a partir de meados da década de 1980, visando o fortalecimento das condições estruturais a fim de que as empresas e as indústrias se tornassem cada vez mais competitivas frente ao mercado mundial, não priorizando a formação dos preços, mas a habilidade de inovar. Foram pioneiras na implantação de incubadoras de empresas as universidades federais de São Carlos (SP), Campina Grande (PB), Florianópolis (SC) e do Rio de Janeiro (RJ). As razões inerentes a essa implantação foram a criação de empresas tecnológicas em locais carentes de mão-de-obra qualificada e com uma economia estagnada, desenvolviemtno do potencial tecnológico da região, a transformação da pesquisa aplicada em produtos, o incentivo ao empreendedorismo e o incentivo à cooperação entre a universidade e a sociedade. Até o início de 1990 o Brasil contava com apenas 7 incubadoras. Em 2006, segundo os dados da ANPROTEC, já existiam 377 incubadoras em todo o país, 20 % a mais que no ano anterior. Essas incubadoras encontram-se espalhadas por todo o território nacional, destacando-se as regiões Sul e Sudeste, com 127 incubadoras cada uma. Das 377 incubadoras existentes até 2006, 209 tinham menos de 5 anos de atividade e cerca de 10 instituições estavam em operação a mais de 15 anos. Atualmente, existem mais de 400 incubadoras no Brasil, espalhadas por 25 unidades da Federação (ANPROTEC, 2009). 4. METODOLOGIA 4.1. Tipo de Pesquisa Quanto aos fins, trata-se de uma pesquisa descritiva, pois pretende descrever as percepções e expectativas dos empreendedores participantes do programa de incubação de empresas do CDT. Quanto aos meios, trata-se de uma pesquisa baseada em um estudo de caso, pois pretende analisar a Incubadora Tecnológica, considerada individualmente, e de maneira aprofundada e detalhada a fim de tentar ilustrar a situação atual da organização. 4.2. Técnicas e Instrumentos de Coleta de Dados Os dados foram coletados a partir de fontes primárias e secundárias. As fontes primarias que foram utilizadas consistem em entrevistas pessoais e semi-estruturadas com os empreendedores responsáveis por empresas que fizeram ou fazem parte do processo de incubação. Os dados coletados a partir de fontes secundárias são provenientes de análise do site do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico – CDT; análise de documentos provenientes da organização; e análise de documentos que tratam do sujeito do estudo. Utilizando a técnica de entrevistas semi-estruturadas, foram entrevistados quatro empreendedores participantes do processo de incubação de empresas da Incubadora Tecnológica do CDT. Para que a visão do processo fosse mais diversificada, foram escolhidas empresas em diferentes etapas do processo de incubação: uma empresas que está iniciando o processo, duas empresas que estão no meio do processo e uma empresas que já está graduada. 4.3. Plano de Análise dos Dados Os dados aqui coletados foram analisados de maneira qualitativa buscando responder aos objetivos propostos. A primeira parte da análise tem o intuito de apresentar a Incubadora de Base Tecnológica do Programa Multincubadora do CDT e, também, caracterizar a incubadora quanto aos seus serviços e facilidades ofertadas às empresas incubadas. A segunda parte da análise consiste em avaliar a percepção dos empreendedores de empresas incubadas sobre a influência da incubadora no desenvolvimento de seus negócios. Foram realizadas entrevistas com empreendedores que estão vivendo o processo de incubação e com aqueles que já passaram pelo processo de incubação do Programa Multincubadora, na modalidade de Incubadora de Base Tecnológica. Para permitir maior entendimento das diversas etapas e procedimentos que englobam o processo de incubação, a análise das entrevistas será feita por meio de uma categorização dos cinco pontos mais significativos do processo de incubação. São eles: processo de seleção; infra-estrutura e serviços diversos; suporte gerencial especializado; capacitação e treinamento; e acompanhamento. 5. ANÁLISE DOS RESULTADOS 5.1. Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico - CDT O Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT) foi criado em 1986 e é vinculado a Universidade de Brasília Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12 7 ARTIGO CIENTÍFICO PROMOÇÃO DE EMPREENDIMENTOS ORIENTADOS PARA DESENVOLVIMENTO LOCAL E SETORIAL (DLS) por meio do Decanato de Pesquisa e Pós Graduação e da Reitoria. Sua missão é: “Apoiar e promover o desenvolvimento tecnológico, a inovação e o empreendedorismo, em âmbito nacional, por meio da integração entre a universidade, as empresas e a sociedade em geral, contribuindo para o crescimento econômico e social.” O CDT, que conta com uma equipe multidiciplinar de mais de 150 funcionários, pode ser considerado uma iniciativa pioneira no que diz respeito a implementação de ações visando o desenvolvimento tecnológico e o desenvolvimento de mecanismos de cooperação entre empresas e instituições de P&D. Visando cumprir sua missão, o CDT tem hoje 8 programas e projetos que buscam incentivar o empreendedorismo e oferecer serviços especializados para a sociedade em geral: Escola de Empreendedores; Programa Empresa Júnior; Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT; Programa Disque Tecnologia; Parque Tecnológico; Núcleo de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia – NUPITEC; Hotel de Projetos e Programa Multincubadora. 5.1.1. Programa Multincubadora O Programa Multincubadora de Empresas, inaugurado em 1989, apóia a criação, desenvolvimento e consolidação de micro e pequenas empresas caracterizadas pela inserção de inovação. Esse apoio consiste na capacitação dos empreendedores, suporte em áreas estratégicas para as empresas incubadas e orientações referentes a elaboração de projetos. Além disso, proporciona um ambiente favorável a realização de parcerias e compartilhamento de informações e conhecimento empresarial. O público-alvo do programa abrange empresas que já atuam no mercado, empresas recém criadas e empreendedores informais do DF e entorno. Para cumprir com seus objetivos e proporcionar às empresas incubadas um ambiente favorável à consolidação de seus empreendimentos, a incubadora oferece serviços diversos, que são compartilhados entre as empresas. Entre eles estão: assessorias gerenciais; infra-estrutura individualizada e compartilhada; capacitação estratégica e gerencial dos empreendedores; consultorias nas áreas administrativa, financeira, jurídica e comercial; apoio na identificação de linhas de financiamento e fomento; participação em feiras e eventos promovidos pela incubadora e por seus parceiro e facilidade de acesso à Universidade de Brasília, aos departamentos e professores. Atualmente, a estrutura da Multincubadora contém quatro modalidades de incubação: base tecnológica, setor tradicional, design, e social e solidária. Todas as modalidades apóiam empresas em sua fase inicial e que já estejam devidamente formalizadas. Existe ainda o Hotel de Projetos, que é um programa ligado a Multincubadora, destinado a realizar a préincubação, ou seja, apoiar projetos de empresas ainda não constituídas. É importante ressaltar que a incubação pode ser feita também à distância. Nesse tipo de incubação, as empresas têm acesso igualmente facilitado a toda infra-estrutura e serviços compartilhados que são oferecidos, mas não estão 8 presentes fisicamente na incubadora. O Programa Multincubadora já apoiou mais de 100 empreendimentos desde a sua inauguração e tem se destacado e obtido resultados significativos nos últimos anos. Em 2001 e 2003 teve três empresas premiadas no “Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica”, nas categorias de melhor processo e melhor produto. E no ano de 2006 recebeu o prêmio FINEP de Inovação Tecnológica 2006. A modalidade de incubação de base tecnológica, objeto de estudo deste trabalho, tem o objetivo de apoiar empreendimentos que tenham a aplicação de conhecimento científico e que agreguem inovação em seus produtos e serviços oferecidos. Na realização de suas atividade a Incubadora segue os princípios gerais do Programa Multncubadora, mas possue sua própria missão, que é a de “estimular a criação e o desenvolvimento de empreendimentos no DF, através de ações e serviços que contribuam para o sucesso destes negócios, contribuindo assim para o fomento tecnológico, para o desenvolvimento econômico, para a auto-sustentabilidade regional e para a inclusão social”. Para oferecer toda a infra-estrutura, serviços e facilidades às empresas incubadas, a Incubadora de base Tecnológica conta com o aporte financeiro de várias instituições como a própia Universidade de Brasília, SEBRAE, FINEP, CNPQ e outros. Atualmente, a Incubadora Tecnológica do CDT possui nove empresas em fase de incubação, considerando as empresas residentes nas dependências da incubadora e empresas incubadas à distância. Possui ainda oito empreendimentos no Programa Hotel de Projetos, que estão se preparando para a formalização de suas empresas; e uma empresa associada, que já está atuante no mercado, mas ainda conta com o suporte da incubadora. 5.1.2. Processo de Incubação de Empresas Após 18 anos de existência, o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico – CDT – vem adquirindo experiência na metodologia de processo de incubação de empresas. O processo atual, que começou a ser implementado em 2006 se apóia em três pontos principais: a metodologia de seleção, o planejamento das atividades e acompanhamento das empresas. O processo de incubação é iniciado a partir da prospecção de empreendimentos, em que o gestor define o público a ser alcançado pelo programa. O primeiro passo para todos os empreendedores que desejarem entrar na Multincubadora é apresentação do formulário de inscrição, disponível no site da instituição, e dos documentos descritos no referido formulário. Após a convocação de no mínimo 20 propostas, os empreendedores recebem um treinamento específico em plano de negócio, para que elabore o plano de negócios de sua empresa. Depois de pronto o plano é entregue para uma equipe ad hoc, que emitem pareceres financeiro, tecnológico e de mercado. Esse plano, já devidamente analisado, é apresentado a uma banca avaliadora. A banca define, então, considerando o plano de negócios em Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12 a concepção, procurou abandonar a noção de transferência de tecnologia para a empresa como uma dádiva da Universidade, substituindo-a por uma visão mais ampla, que abrangesse uma troca bidirecional contínua entre os parceiros. O Parque é uma estratégia universitária com total ênfase na interação Universidade – Empresa, sendo indispensável à realização de um projeto de pesquisa a ser desenvolvido em conjunto para que uma empresa venha a se instalar. A Universidade participa ativamente desde o processo de instalação até a operação de empresa. Os atores do PCT são empresas de vários portes (incluindo as empresas-âncora das áreas de TIC e biotecnologia), a Incubadora RAIAR (que abriga prioritariamente projetos spin-offs oriundos dos projetos de P&D da Universidade), entidades empresariais, organizações públicas e privadas de desenvolvimento científico, tecnológico e econômico, Institutos e Unidades Acadêmicas de Pesquisa da PUCRS, a Agência de Gestão Tecnológica da PUCRS – AGT, e o Escritório de Transferência de Tecnologia da PUCRS - ETT. O Parque ocupa uma área física aproximada de 5,4 ha, sendo parte integrante do Campus Central da PUCRS, Com uma área construída de aproximadamente 21.000 m2 e, em fase final de construção, o Portal TECNOPUC, prédio com mais de 22.000 m2 [AUDY et al. 2006; 2003, PUCRS, 2009]. Em um esforço taxonômico como o proposto pelo estudo realizado em conjunto pela ANPROTEC e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, em 2008 (pág. 10), o TECNOPUC se apresenta com forte “Base de Ciência e Tecnologia – C&T”, calcada na estrutura de P&D da PUCRS e nos indicadores de C&T da região metropolitana de Porto Alegre. Também, o TECNOPUC revela uma forte “Base Empresarial”, apoiada nas empresas-âncora de TIC: Dell, HP, Microsoft e Tlantic/Sonae; aliadas a empresas nacionais, tais como: Stefanini, TOTVS, DBServer, Datum IT, etc.; empresas nacionais da área de Eletroeletrônica, tais como: Datacom, Novus, Parks, etc., empresas de Biotecnologia, tais como: 4G, Radiopharmacus, etc., afirmando-se como um dos principais pólos de alta tecnologia do Estado e do Brasil, que se tornou uma referência internacional, principalmente em termos de América Latina. 3 OBJETIVO O estudo de caso aqui apresentado propõe identificar indicadores que possam ser utilizados para o acompanhamento do desenvolvimento e da evolução do TECNOPUC, sob o ponto de vista de representantes dos principais stakeholders de um dos mais bem conceituados PCTs em operação em nosso país. Sua utilização como referência se justifica por ter recebido o prêmio ANPROTEC de melhor PCT do Brasil em 2004, sendo desde então considerado uma referência nacional [MORAIS, MATTOS e GASTAL, 2006]. 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Esta pesquisa caracteriza-se por ser um estudo de caso exploratório, utilizando uma abordagem qualitativa [Yin, 2005], tendo por base a literatura referente aos Parques Ci- entíficos Tecnológicos e aos Sistemas de Avaliação de Desempenho. A seguir foram realizadas entrevistas com representantes dos principais stackeholders do TECNOPUC, definidos a partir do proposto por Etzkowitz e Leydesdorff [1991] no modelo de interação entre Governo, Universidade, e Empresas, denominado de “A Hélice Tripla - “The Triple Helix”. Os entrevistados foram escolhidos por sua representatividade e conhecimento, seja no tema pesquisado (indicadores), seja no ambiente focado (PCT), visando aumentar o conhecimento sobre a percepção de stackeholders envolvidos com PCTs, ainda que em nível preliminar e localizado. Por se tratar de um estudo exploratório, não foram formuladas hipóteses sobre o problema de pesquisa e a análise realizada procurou descrever as categorias que os autores consideraram relevantes, a partir do exame das respostas obtidas. A unidade de análise foi a percepção dos representantes dos principais stackeholders do TECNOPUC. 4.1 Técnica de Coleta de Dados O instrumento de coleta de dados foi uma entrevista individual em profundidade através de um instrumento desenvolvido pelos autores com uma pergunta aberta. Os entrevistados são representantes dos principais stackeholders do TECNOPUC. A aplicação, por solicitação da maioria dos entrevistados foi por e-mail, com cerca de uma semana de prazo para o retorno das respostas. Também foi realizada uma entrevista gravada com data previamente agendada, registrando-se o resultado através de gravador digital para posterior degravação. 4.2 Roteiro de Entrevista Para compor este trabalho e auxiliar na condução da entrevista os autores elaboraram uma pergunta aberta (“na sua percepção, quais seriam os indicadores para avaliação e comparação de PCTs?”), antecedida de uma breve explicação do objetivo a ser buscado e, quando necessário, de alguns esclarecimentos verbais sobre indicadores e sua utilização. 4.3 Análise de Dados Análise é o processo de ordenação dos dados, organizando-os em padrões, categorias e unidades básicas descritivas; interpretação envolve a atribuição de significado à análise, explicando os padrões encontrados e procurando por relacionamentos entre as dimensões descritivas [Patton, 1980]. Partindo desta afirmação, para analisar os dados obtidos foi realizada uma interpretação de partes significativas das entrevistas, buscando a classificação para posterior identificação dos indicadores de avaliação e comparação de PCTs. 5 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS As respostas obtidas nas entrevistas foram analisadas para desenvolver o relatório final do estudo. A seguir são transcritas as respostas obtidas por e-mail e na entrevista gravada. Jung Neto, R. e de Pa E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30 25 ARTIGO CIENTÍFICO HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS) presários e acadêmicos-empresários (utilizar resultados das atividades acadêmicas e de pesquisa de forma a potencializar as próprias atividades de P&D empresarial; potencializar retornos financeiros; acessar recursos humanos qualificados). Agentes financeiros e venture capitalists (investir em novas empresas de base tecnológica com alto e rápido potencial de crescimento econômico e retornos financeiros). Governo e agências de desenvolvimento (apoiar atividades inovadoras nas empresas; revitalizar regiões economicamente deprimidas; gerar empregos). No caso dos parques científicos e tecnológicos, apesar de lhes serem apontados diversas vantagens e muitos benefícios, ainda não se conhece um sistema de medição consolidado capaz de apoiar a gestão dos PCTs e garantir a satisfação dos seus principais atores. Fica evidente, porém, que somente sistemas de avaliação de desempenho que contemplem múltiplas dimensões ou perspectivas serão capazes de atender os diversos interesses envolvidos. 2.3 O Parque Científico e Tecnológico da PUCRS TECNOPUC Porto Alegre tem uma localização geográfica privilegiada em relação ao MERCOSUL, com população de 1,4 milhão de habitantes, possuindo uma região metropolitana com cerca de 3,6 milhões de habitantes. A região tem grande potencial e boa infra-estrutura de ciência e tecnologia, possuindo três universidades de elevado conceito no meio acadêmico (PUCRS, UFRGS e UNISINOS). A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, uma universidade comunitária, situa-se em local privilegiado da capital do Estado do Rio Grande do Sul, possuindo bela urbanização para acolher seus 30.000 estudantes, mais de 1.600 professores e mais de 4.000 técnico-administrativos em seus 51 cursos de graduação, mais de 70 de especialização, 23 de mestrado e 16 de doutorado. Nos seus mais de 60 anos de atividades, formou mais de 133 mil profissionais, mais de 1.100 doutores e mais de 5.600 mestres (Guias do Mundo PUCRS 2009 e da Pós-Graduação PUCRS). Nos Censos de 2002 e 2004 do CNPq, a PUCRS obteve o primeiro lugar na classificação de grupos de pesquisa entre as universidades privadas, contando com uma infra-estrutura para ensino, pesquisa e extensão de altíssimo nível, que incluem, entre outros: o Hospital Universitário São Lucas (HSL); o Museu de Ciências e Tecnologia (MCT); o Centro de Pesquisa em Tecnologias Wireless; o Instituto do Cérebro; o Instituto do Meio Ambiente; o Centro de Excelência em Pesquisa sobre Armazenamento de Carbono - CEPAC, em parceria com a Petrobras; o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose; O LAIF – Laboratório de Análise de Insumos Farmacêuticos; o LABELO – Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica, e muitos outros. Neste contexto situa-se o TECNOPUC, como resposta a uma demanda crescente do setor empresarial, que buscou na PUCRS a possibilidade de estabelecer parcerias que permitissem um crescimento mútuo. A integração proposta no modelo de gestão do TECNOPUC começa com o envolvimento de empresas, avançando na busca do envolvimento de outros atores para a consolidação de uma rede de cooperação que contribua na promoção do desenvolvimento científico e tecnológico da cidade de Porto Alegre, da região e do país. O Quadro 1 a seguir apresenta os referenciais estratégicos do TECNOPUC (negócio, missão, princípios e visão). Quadro 1 – Referenciais estratégicos do TECNOPUC – Fonte: PUCRS. Negócio Habitat de pesquisa e inovação potencializador do capital intelectual de seus atores. Missão Criar uma comunidade de pesquisa e inovação transdisciplinar por meio da colaboração entre academia, empresas e governo visando aumentar a competitividade dos seus atores e melhorar a qualidade de vida de suas comunidades. Princípios • Zelo pela imagem e cultura da PUCRS;§ Respeito aos princípios da ética; • Espaço de integração e interação; • Sinergia nas ações; • Qualidade e relevância; • Valorização da iniciativa, criatividade e da capacidade empreendedora; • Visão global com atuação local. O TECNOPUC, em sua concepção e operacionalização é completamente aderente ao modelo proposto na Hélice Tripla por Etzkowitz e Leydesdorff [1991], e pode ser visualiza- 24 Visão Em 2010 o TECNOPUC será referência nacional e internacional pela relevância das pesquisas com a marca da inovação, promovendo o desenvolvimento técnico, econômico e social da região. do como um ambiente de inovação que busca a criação de valor através da exploração dos fatores de mudança na relação entre Universidade, empresas e órgãos públicos. Desde Jung Neto, R. e de Paula E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30 si, os pareceres emitidos e o perfil do empreendedor durante todo o processo, se o empreendimento será incubado ou se será desqualificado. Após a divulgação das empresas selecionadas, são iniciadas as fases de monitoramento, avaliação e orientação. Duas etapas podem ser encontradas nesse período. A primeira etapa consiste no Planejamento Estratégico das empresas. Esse instrumento é elaborado pela coordenação da incubadora e contém informações sobre a razão de ser da empresa e sobre o ambiente em que a empresa se insere. Dessa etapa surge o plano de ações que a empresa deverá seguir daquele momento em diante. A etapa seguinte consiste no acompanhamento das empresas incubadas. Essa medida visa verificar a implementação das ações definidas no Planejamento Estratégico, se estão contribuindo para a evolução do negócio. Todas as informações dessa etapa são consolidadas em um relatório designado RAE – Relatório de Avaliação do empreendimento – que é entregue ao gestor da empresa incubada. Avaliações trimestrais também são utilizadas para garantir que a empresa poderá continuar na incubadora. 5.2. Análise da Perspectiva das Empresas Incubadas Para a realização das entrevistas foram consideradas 4 empresas incubadas em diferentes estágios do processo de incubação. Duas empresas incubadas e que se localizam das dependências da Incubadora de Base Tecnológica, sendo que a primeira (X) está iniciando o processo de incubação e a segunda (Y) já está em fase de preparação para graduar-se. Outra empresa entrevistada participa do processo de incubação à distância (Z). E a última representa uma empresa já graduada (K). 5.2.1. Processo de seleção No que se refere o processo de seleção das empresas incubadas, a empresa K efetivou sua participação por acreditar que seu projeto agregava inovação tecnológica e por ter conhecimento do papel que iria desempenhar caso fosse selecionado. Considerando a experiência da empresa Y, esta tomou conhecimento do processo de seleção da Incubadora pela Universidade de Brasília quando seu empresário era estudante e tinha interesse em abrir seu próprio negócio. A empresa X decidiu participar do processo seletivo, pois considerava importante ter um apoio inicial de uma instituição reconhecida, o que facilitaria a criação de uma rede de contatos e a prospecção de clientes. A empresa surgiu a partir de um trabalho de graduação dos sócios, que decidiram seguir com o plano de montar um negócio próprio e, paralelamente a isso, passaram a se interessar pelo processo de incubação de empresas oferecido pelo CDT. A empresa passou, primeiramente, pelo Hotel de Projetos, onde pode estruturar e constituir legalmente a empresa. E por último, a empresa Z decidiu participar do processo seletivo da incubadora por acreditar que o suporte e aval da universidade seriam diferenciais quando da entrada efetiva da empresa no mercado. Além disso, acreditava que teria mais acesso a inovação, aos professores e aos departamentos caso estivesse dentro da universidade. A exigência da incubadora para a entrada de todas as quatro empresas foi a elaboração de um projeto que tivesse inovação tecnológica e que fosse viável economicamente. Para cumprir com esta exigências, a incubadora ofereceu um curso aos empreendedores que auxiliava na elaboração de plano de negócios. 5.2.2. Infra-estrutura e serviços diversos Em relação a infra-estrutura e serviços diversos a empresa K, obteve da incubadora um espaço individualizado subsidiado, um link na internet, equipamentos para escritório como armário e outros equipamentos que foram sendo necessárias ao longo do processo. Os empresários tinham livre acesso às salas de reuniões e outras dependências da incubadora. Para a empresa Y, a incubadora disponibilizou uma sala individualizada, um ponto de telefone e um ponto de internet. A empresa possui uma infra-estrutura própria que abrange equipamentos de informática e móveis de escritório. A empresa tem acesso livre a sala de reunião da incubadora e utiliza muito o laboratório da universidade. Considerando a empresa X, os serviços diversos e infraestrutura oferecidos são considerados adequados a sua necessidade. A empresa cita ainda a possibilidade de utilizar esses serviços de maneira compartilhada com outras empresas, como as salas de reunião e equipamentos necessários para apresentações de seus serviços aos clientes. Além da sala individualizada, a empresa também conta com luz, ar condicionado e ponto de internet, tudo isso incluido na taxa cobrada pela incubadora mensalmente. Por último, o empreendimento Z ressalta que, apesar de estar incubada a distância, tem a sua disposição a infra-estrutura e os serviços compartilhados da incubadora. Mesmo tendo sua própria infra-estrutura a empresa utiliza salas de reunião e alguns serviços gerais da incubadora de acordo com a sua necessidade. 5.2.3. Suporte gerencial especializado O principal suporte oferecidos pela incubadora para as empresas foram consultorias nas áreas de marketing, júrídica e financeira. A respeito das consultorias, a empresa K ressalta que, pelo fato de as consultorias serem oferecidas a várias empresas simultaneamente, o profissioanal tem uma certa dificuldade em antender a empresa individualmente. A empresa K cita, ainda, a possibilidade de obter consultorias de instituições parceiras da incubadora, como o SEBRAE, que auxiliou a empresa na elaboração de estudos técnicos. É importante ressaltar que tais consultorias não seriam possíveis sem a intervenção da Incubadora, de acordo com a empresa. A captação de recursos financeiros foi outro tipo de suporte disponibilizado pela incubadora. Nesse sentido, a incu- Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12 9 ARTIGO CIENTÍFICO PROMOÇÃO DE EMPREENDIMENTOS ORIENTADOS PARA DESENVOLVIMENTO LOCAL E SETORIAL (DLS) badora ainda disponibilizava um profissional para supervisionar e orientar, de maneira geral, a elaboração dos projetos que iriam concorrer aos editais. No entanto, ainda ficava a cargo da empresas a consolidação dos projetos. Existia ainda, a possibilidade de participar de feiras e eventos na área de tecnologia e ter contato e acesso livre a universidade. Com relação a outras instituições tecnológicas, a empresa não fez muito uso do benefício. A empresa K acredita que a incubadora foi essencial para a consolidação de seu negócio e que as grandes contribuições desse processo estão na possibilidade de interagir com outras empresas criando vínculos de parcerias e, também, ter como parceira a Universidade de Brasília e o próprio CDT. Com relação as consultorias oferecidas, a empresa Y afirma que existe uma certa dificuldade para a obtenção desse serviço em tempo hábil para atender as necessidades da empresa. É preciso fazer o agendamento dessas consultorias e assessorias e, muitas vezes a demanda da empresa é urgente e não pode esperar a diponibilidade dos profissionais. Quanto a utilização de laboratórios, bibliotecas e serviços da universidade ou de instituições parceiras a empresa é bem atendida e faz bastante uso dessas facilidades. Nesse processo, a incubadora tem o papel de auxiliar as empresa com o contato inicial com as instituições. A empresa X considera que ainda falta maior interação das empresas incubadas com a academia. Mesmo sabendo da existência dessa possibilidade de interação, acredita que isso pode ser mais difundido e incentivado pela incubadora. No que se refere a utilização das consultorias e outros tipo de suporte, a empresa precisa apresentar a demanda a incubadora e esta tem o papel de solicitar o agendamento com um consultor especializado na área requisitada. Já o suporte proveniente da Universidade, considerando o contato com professores, utilização de biblioteca e laboratórios, o acesso é mais facilitado pelo fato de os empresários já terem sido alunos da universidade. A participação em feiras e eventos realizado pela incubadora e seus parceiros também é citada pela incubada como um suporte oferecido. Quanto a identificação de finacimentos e linhas de crédito, a incubadora auxilia propiciando o contato com instituições finaceiras, por meio de eventos no próprio Centro Tecnológico, e na busca de editais de diversos órgãos. Auxiliam, inclusive, na elaboração dos projetos a serem apresentados pelos empresários. A empresa acredita que não teria acesso a todas as facilidades oferecidas caso não fosse uma empresa incubada. Por fim, a empresa Z, incubada à distância, dispõe do serviços de consultorias técnicas e gerenciais, mesmo não estando fisicamente na incubadora. A empresa apresenta como um ponto negativo o tempo entre a solicitação da consultoria e a visita efetiva do consultor. Muitas vezes essa solicitação deve ser reforçada por mais de uma vez para que seja atendido em tempo hábil. Entretanto, a empresa ainda acredita que o suporte disponibilizado pela incubadora atende as suas necessidades principais. 10 Em relação ao contato com a universidade, o empresário afirma ter acesso livre e facilitado por ser uma empresa incubada. A empresa Z aponta como um ponto positivo da incubadora a criação de uma ambiente favorável a realização de parcerias com outras empresas incubadas. Uma última observação, no que tange a busca por finaciamentos e linhas de crédito, a empresa acredita que deveria existir um planejamento de longo prazo para que os empresários tivessem tempo de obter maior número de informações sobre os editais e fontes de fomento disponíveis e, também, para a elaboração de projetos mais consistentes. 5.2.4. Capacitação e treinamento Os treinamentos oferecidos dentro da incubadora, segundo a empresa K, são horizontalizados a fim de atender a todas as empresas incubadas. Nesse sentido a capacitação disponível é voltada para o gerenciamento do empreendimento. No entando, caso a empresa solicitasse algum tipo específico de treinamento, a incubadora buscava atender a demanda, dentro de suas possibilidades. A empresa também tinha a opção de participar de treinamentos e capacitações oferecidos fora do ambiente da incubadora. E ainda, os empresários tinham a possibilidade de participar e interagir com outros programas do CDT. A empresa acredita que, caso não fosse uma empresa incubada, não teria a possibilidade de obter o mesmo tipo de capacitação oferecido, considerando que isso implicaria um custo razoável e disponibilidade do próprio empresário para pesquisar treinamentos e de capacitações necessários a sua demanda. Considerando os treinamentos e capacitações, a empresa Y é bem atendida, principalemente no que se refere a instituições parceiras da incubadora, como por exemplo o SEBRAE. A capacitação oferecida pela incubadora está mais voltada para atividades gerenciais. De acordo com a empresa X, a incubadora oferece cursos de capacitação voltados para o gerenciamento empresarial. Além de possui convênios com o SEBRAE e outras instituições, o que permite receber capacitação fora da incubadora. A empresa acredita que a capacitação oferecida atende as demandas do seu cotidiano e entende que não teria o mesmo tipo de capacitação caso não fosse incubada. Para a empresa Z, a capacitação e os treinamentos que a incubadora oferece atendem as suas necessidades. A empresa destaca a possibilidade de realização de cursos e treinamentos em empresa parceiras, como o SEBRAE. A empresa Z acredita que não obteria a mesma capacitação, considerando a facilidade de acesso e rapidez, se não estivesse ligada a incubadora. A capacitação que está sendo oferecida está, cada dia mais, possibilitando ao empresário gerir a empresa de forma independente da incubadora. 5.2.5. Acompanhamento No tempo em que esteve incubada a empresa K não rece- Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12 gente de entidade empresarial localizada no PCT e um gestor de tecnologia de empresa instalada no Parque, totalizando 6 (seis) respondentes. 2 BASE TEÓRICA 2.1 Parques Científicos e Tecnológicos Os Parques Científicos e Tecnológicos (PCTs) são empreendimentos que têm como propósito a interação entre Universidade, Empresas e Governo em uma área física delimitada e especialmente destinada ao desenvolvimento de projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Os PCTs são considerados instrumentos de desenvolvimento científico, tecnológico, de inovação e de geração de empregos e renda. A premissa é que a sinergia entre os atores dos PCTs estimule o desenvolvimento econômico e social das suas comunidades, a produção científica e tecnológica e a inovação. Atribui-se a origem do conceito de “parques científicos e/ou tecnológicos” às notórias experiências espontâneas de aglomeração espacial e de sucesso tecnológico do Vale do Silício, na Califórnia, e da Rota 128, na região de Boston, Massachusetts, no período compreendido entre os fins dos anos de 1940 e início dos anos de 1960 [SAXENIAN, 1985a; 1985b; CASTELLS; HALL, 1994]. Para aqueles PCTs ligados às universidades, como é o caso do objeto do presente estudo, Solleiro [1993] afirma que representam a oportunidade de obter financiamento para pesquisa, melhorias na estrutura de P&D, retroalimentação por parte das empresas e, também, um campo de atuação para os pesquisadores. Para Mitra [1997], as características do Parque Tecnológico são: ligação formal com universidade ou instituição de ensino superior ou centro de pesquisa importante; concebido para estimular a criação e o fortalecimento de empresas baseadas no conhecimento científico; estrutura de gestão voltada para transferência de tecnologia e habilidades empresariais para as organizações estabelecidas no local. A International Association of Science Parks [IASP, 2002], define um parque cientifico como uma organização gerenciada por profissionais especializados cujo principal objetivo é incrementar a geração de renda e riqueza na comunidade através da promoção da cultura de inovação e competitividade de suas empresas associadas e instituições baseadas no conhecimento. Buscando o cumprimento de tais metas, um parque científico estimula e gerencia o fluxo de conhecimento e tecnologia entre universidades, instituições de P&D, empresas e mercados. Um parque facilita a criação e o crescimento de empresas inovadoras através da incubação e mecanismos de criação de spin-offs e fornece serviços de valor agregado juntamente com espaço físico de qualidade. Para a IASP, PCTs são ainda, os habitat perfeitos para negócios e instituições da economia do conhecimento global. No Brasil a ANPROTEC [2006] considera parque tecnológico como um complexo produtivo industrial e de serviços de base científico-tecnológica, planejado, de caráter formal, concentrado e cooperativo, que agrega empresas cuja produção se baseia em pesquisa tecnológica desenvolvida nos centros de P&D vinculados ao parque. Trata-se de um empreendimento promotor da cultura da inovação, da competitividade, do aumento da capacitação empresarial, fundamentado na transferência de conhecimento e tecnologia, com o objetivo de incrementar a produção de riqueza de uma região. São ambientes dotados de capacidade técnica, gerencial, administrativa e infra-estrutura para amparar o pequeno empreendedor. Eles disponibilizam espaço apropriado e condições efetivas para abrigar idéias inovadoras e transformá-las em empreendimentos de sucesso. 2.2 Indicadores de Desempenho A definição de indicadores de desempenho denota-se fundamental para o sucesso de um negócio, sendo importantes ferramentas de auxílio para tomadas de decisão e definições de estratégias. Os indicadores de desempenho capacitam à organização “saber se está caminhando para atingir seus objetivos” [ARANHA, 2002] e para representar “uma base clara e objetiva para alinhar todas as atividades com as metas da organização” [TACHIZAWA e FARIA, 2002]. A avaliação do desempenho é uma das principais atividades da gerência e, segundo Kaplan & Norton [1996], se não se mensurar, não se poderá gerenciar. Estes autores também afirmam que é necessário analisar indicadores financeiros e não financeiros para se obter uma completa avaliação das organizações, tendo proposto em 1992 o modelo Balanced Scorecard (BSC), com quatro dimensões visando avaliar de forma balanceada o desempenho e atender os diferentes interesses das organizações e de seus stakeholders. O sistema proposto por Kaplan & Norton trabalha sob a ótica de causa e efeito, relacionando os objetivos e os resultados alcançados, compreendendo as seguintes perspectivas ou dimensões: finanças; do cliente; processos internos; e aprendizagem e crescimento. Estas dimensões são perfeitamente adequadas para atender os objetivos propostos pelos autores e para proporcionar aos stakeholders uma visão equilibrada do desempenho da organização com relação aos fatores ligados aos objetivos de curto e longo prazos e dos resultados a serem alcançados nas várias dimensões analisadas. Diversos autores [VEDOVELLO; JUDICE; MACULAN, 2006; LANGFORD et al., 2006] já identificaram a necessidade imediata de definição de indicadores que possam ser implantados de forma simples e serem amplamente aceitos pelos atores que participam de um PCT. Vedovello; Judice; Maculan [2006] nos apresentam os principais (atores) stakeholders e seus principais focos de interesse fazendo emergir a necessidade de sistemas de avaliação com indicadores capazes de aferir os benefícios esperados: Universidades e institutos de pesquisa (comercializar resultados de pesquisa acadêmica e ampliar as fontes de recursos financeiros; ampliar a missão institucional; ampliar o mercado de trabalho para pesquisadores e estudantes). Em- Jung Neto, R. e de Pa E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30 23 ARTIGO CIENTÍFICO HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS) LOCUS ISSN -1981-6790 - versão impressa CIENTÍFICO ISSN -1981-6804 - versão digital Indicadores de avaliação de desempenho para o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – Tecnopuc, na percepção de seus principais stakeholders Performance indicators for the PUCRS´ Science and Technology Park TECNOPUC, through the perception of representatives of key stakeholders of the Park Rui Jung Neto* e Edemar Antônio Wolf de Paula Parque Científico e Tecnológico da PUCRS - TECNOPUC Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS Av. Ipiranga, 6681 – Caixa Postal 1429 – Porto Alegre – RS – Brasil – CEP 90619 900 E-mails: [email protected] | [email protected] *autor de contato: Rui Jung Neto Artigo submetido em 28 de fevereiro de 2009, aceito em 30 de março de 2009 RESUMO O artigo apresenta um estudo de caso visando definir um conjunto de indicadores de desempenho para o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC, na percepção de representantes dos principais stakeholders do Parque. Para o estudo foi realizada uma revisão bibliográfica em relação a PCTs, Indicadores e Stakeholders e entrevistados representantes dos principais stakeholders do TECNOPUC, Como resultado são apresentados e analisados os indicadores relacionados, as limitações do presente estudo e sugeridos trabalhos futuros. This article presents a case study to set performance indicators for the PUCRS´ Science and Technology Park - TECNOPUC, through the perception of representatives of key stakeholders of the Park. The study conducts a review of Science and Technology Parks, Indicators and Stakeholder and interviewed representatives of major stakeholders of TECNOPUC. Results related to indicators. Limitations of this study and suggested research are also presented. PALAVRAS-CHAVE: KEYWORDS: • Indicadores , • Parques Tecnológicos, • relação universidade-empresa. • Indicators, • Science and Technology Park, • Stakeholders. 1 INTRODUÇÃO Este artigo visa apresentar a análise qualitativa dos dados obtidos em um estudo de caso relativo a questão: “Definir um conjunto de indicadores que permitam a avaliação do desempenho do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS - TECNOPUC, na percepção de representantes dos principais stakeholders do Parque”. A forma utilizada para 22 ABSTRACT responder a questão proposta foi a realização de um estudo de caso exploratório com entrevistas realizadas com representantes dos principais stakeholders do TECNOPUC. Para o estudo foram entrevistados um representante do setor Governo; um gestor do PCT, também representando a Universidade mantenedora do Parque, dois gestores de infra-estrutura de empresas localizadas no PCT; um diri- Jung Neto, R. e de Paula E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30 beu um acompanhamento contínuo por parte da incubadora. A empresa acredita que deveria ter sido cobrada de maneira mais incisiva quanto aos resultados do desenvolvimento da empresa e quanto ao tempo para alcançar esses resultados. A empresa ressalta, ainda, a importância desse acompanhamento mais próximo e argumenta que a incubadora poderia adotar um sistema mais rigoroso de acompanhamento e, principalmente, um acompanhamento voltado para o mercado, para o desempenho da empresa quando da atuação no mercado efetivamente. Considerando todas as possibilidades que a incubadora ofereceu, a empresa K acredita que a incubadora foi bastante relevante para o desenvolvimeto e consolidação da empresa. Ressalta ainda que o canal de comunicação entre a incubadora e as empresas incubadas foi sempre muito aberto e eficiente. A empresa Y não recebe um acompanhamento adequado as suas características e atividades desempenhadas. Isso ocorre, de acordo com a própria empresa, pelo fato de ser um empreendimento diferenciado em relação aos outros incubados. A empresa não trabalha de forma pontual, mas com projetos de curto e longo prazo. Exatamente pelo fato de os projetos não serem padronizados, o tipo de acompanhamento oferecido pela incubadora não se adéqua a empresa. A empresa X cita o Planejamento Estratégico como uma forma de acompanhamento por parte da incubadora. O Planejamento Estratégico é elaborado no início do ano pelos empresários e colaboradores da incubadora. O retorno desse acompanhamento é feito por meio de relatórios da incubadora que têm uma periodicidade que varia entre três e quatro meses. Para a empresa Z, a forma utilizada pela incubadora para acompanhar as empresas e o seu desenvolvimento é o Planejamento Estratégico de cada empreendimento incubado. A periodicidade de retorno desse acompanhamento por parte da incubadora se dá a cada três ou quatro meses. A empresa K acredita que a grande importância da incubadora foi impulsionar a empresa em sua fase inicial, com infra-estrutura e capacitação gerencial. Além de poder contar com o nome da instituição Universidade de Brasília e do CDT. E acredita que seu negócio não estaria no mesmo estágio de desenvolvimento caso não tivesse participado do processo de incubação. A empresa Y afirmam que a maior contribuição da incubadora para o desenvolvimento de seu negócio foi a ligação com a Universidade de Brasília, o que deu credibilidade à empresa perante seus clientes. A empresa X teve bastante apoio da incubadora no que se refere à prospecção de mercado e de clientes em potencial. Como está em fase inicial do processo de incubação, ainda não tem parâmetros para avaliar se sua empresa estaria no mesmo estágio em que se encontra hoje. A empresa acredita que um ponto que pode contribuir substancialmente para o seu desenvolvimento é a interação coma a universidade e acredita a incubadora deve buscar, de maneira mais incisiva, essa interação entre a academia e as empresas incubadas. E, por último, a empresa Z afirma que a maior contribuição da incubadora para o seu desenvolvimento se deu por meio das capacitações e treinamentos oferecidos aos empreendedores. Ressalta que sem o apoio da incubadora não estaria no mesmo estágio de desenvolvimento que se encontra atualmente. 6. CONCLUSÕES O objetivo desse estudo foi analisar a percepção das empresas incubadas pela incubadora tecnológica do CDT sobre o papel da mesma na oferta de serviços que promovam o desenvolvimento de novos empreendimentos tecnológicos. Para isso, foram selecionadas categorias que tiveram a finalidade de abranger todo o processo de incubação de empresas. Em relação ao processo de seleção, todas as empresas argumentaram que tinham interesse em abrir seu próprio negócio, mas que precisavam de um apoio inicial. Além disso, todas se interssaram pela incubadora pelo fato de esta estar ligada a Universidade de Brasília, o que influenciaria muito a aceitação das empresas no mercado. Para participarem efetivamente do processo seletivo foi exigido dos empreededores a elaboração e apresentação de um plano de negócios, o qual foi realizado com o auxílio da incubadora, por meio de um curso especializado nessa metodologia. A infra-estrutura oferecida pela incubdora foi, principalmente, a sala individualizada para o funcionamento de cada empresa. Somente a empresa incubada à distância não obteve essa facilidade. Salas de reunião também foram citadas por todas as empresas como sendo parte da infra-estrutura oferecida. As empresas que estão fisicamente na incubadora também citaram a disponibilização de ponto de internet e de telefone. No que se refere aos serviços diversos, uma das empresas ressalta que a burocracia da incubadora impede a utiliação adequada de todos os serviços. Quanto ao suporte gerencial existente, as empresas concordaram que as consultorias são os principais tipos de suporte e que contemplam, principalemente, as áreas jurídica, financeira e de marketing. Duas empresas apontaram o processo de solicitação de consultorias como sendo demorado e prejudicando, muitas vezes, as suas atividades. De acordo com os tipo de suporte que podem ser oferecidos pelas incubadoras, o Programa Multincubadora atende bem as empresas, principalmente por fazer a interação com os outros programas do CDT. Esses programas suprem as necessidade que os empresários talvez não encotrem na própria incubadora, como acesso a informações tecnológicas, acesso a informações sobre proteção do conhecimento e acesso a laboratórios da universidade. Todas as empresas entrevistas citaram a possibilidade de acesso facilitado a universidade. No entanto, esse acesso se deu, também, devido ao fato de os empreendedores já terem vínculo acadêmico com a universidade. As empresas também afirmaram que tiveram a possibilidade de participara Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12 11 ARTIGO CIENTÍFICO PROMOÇÃO DE EMPREENDIMENTOS ORIENTADOS PARA DESENVOLVIMENTO LOCAL E SETORIAL (DLS) de eventos e feiras realizados pela incubadora ou por instituições parceiras. E, com relação a busca por financiamentos e linhas de crédito as empresas citam o fato de a incubadora auxiliá-las com a identificação de fontes de fomento e elaboração de projetos para essas instituições. Uma das empresas ainda cita o contato facilitado pela incubadora às instituições financeiras. Um ponto relevante, citado por uma das empresas, se refere a falta de planejamento de longo prazo para a realização de projetos e identificação das melhores oportunidades de fomento. Todas as empresas receberam treinamentos e capacitaçãoes da incubadora, principalmente na parte de gestão empresarial. Outros treinamentos também foram oferecidos por instituições parceiras, sendo a instituição mais citada o SEBRAE. As empresas concordam que não teriam a possibilidade de receber a mesma capacitação caso não participassem do processo de incubação. A Multincubadora oferece treinamentos voltados para o gerenciamento da empresa e são horizontalizados, na mediada em atendem as necessidades básicas de todas as empresas. No entanto, levando em conta a experiência de algumas incubadoras, seria razoável fazer um levantamento prévio das necessidades específicas para que os treinamentos atendam a todos da melhor maneira possível. Quanto ao acompanhamento recebido pelas empresas, todas o consideram restrito no sentido de não apresentar uma periodicidade determinada e nem uma cobrança rigorosa para com o alcançe de resultados. As duas empresa mais novas no processo de incubação mencionaram a existência do planejamento estratégico como forma de acompanhamento e, ainda, a existência de um retorno desse acompanhamento por meio de relatório elaborados pela incubadora em um período de três a quatro meses. O acompanhamento feito pela Incubadora de Base Tecnológica está em fase de implementação, segundo dados da própria incubadora. Esse acompanhamento mais próximo é algo que as empresas incubadas, no geral, precisam e sentem falta. Outras experiências de incubadoras que realizam esse acompanhamento de maneira mais ativa, ressaltam a sua importância. Muitas vezes, esses acompanhamentos são feitos por meio de indicadores e critérios de desempenho, o que possibilita o melhor atendimento das demandas das empresas e da evolução das empresas dentro do processo de incubação. Por fim, os empreendedores acreditam que a incubadora teve um papel muito importante no desenvolvimento e consolidação de seus empreendimentos e que não estariam no mesmo estágio que se encontram hoje caso não tivessem participado do processo de incubação de empresas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDREASSI, T.; CAMPANÁRIO, M. A.; SBRAGIA, R.; STAL, E. Inovação: como vencer esse desafio empresarial. 1. ed. São Paulo: Clio Editora, 2005. v. 1. 328 p. ANPROTEC. Panorama 2006. 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Villela, T.N., Magacho, L.A.M, Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 13-21 21 ARTIGO CIENTÍFICO ARTIGO CIENTÍFICO HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS) HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS) LOCUS CIENTÍFICO ISSN -1981-6790 - versão impressa A graduação é um momento vital para a empresa, tendo em vista que, apesar de se presumir que a empresa esteja pronta, ela ainda necessita de apoio extra para conseguir se graduar. Para enfrentar o mercado sozinha é importante que a empresa amplie suas operações, conseguindo mais recursos e distribuindo mais ainda o seu produto. A incubadora deve auxiliá-la nesse sentido exatamente nessa fase, criando mecanismos que possibilitem manter o relacionamento com a empresa graduada (algumas incubadoras oferecem serviços e parcerias específicos para empresas graduadas) e dessa forma acompanhar a sua evolução. Nesse estágio, a incubadora gera momentos de integração entre graduados e incubados e pode juntamente com as empresas graduadas criar uma rede de atores que contribua para o desenvolvimento sustentável da região [IDISC, 2009]. Outra questão crítica no Sistema Nacional de Inovação é o financiamento aos projetos inovadores, nesse sentindo as empresas nascentes inovadoras nos seus primeiros anos de vida não têm como depender apenas dos seus próprios recursos precisam de outras fontes, como os recursos públicos, através dos fundos setoriais e os recursos privados, por meio dos fundos de investimento – venture capital. Yates [2006] define três modalidades de financiamento para empresas nascentes: capital semente, capital de risco e private equity. O autor define o capital semente ou seed money como o “capital fornecido às empresas nascentes em estágio pré-operacional ou em início de operação, na forma de pequenos aportes financeiros para a construção de um protótipo, a condução de uma pesquisa de mercado,a elaboração de um plano de negócios e a contratação de executivos, dentre outros”. Esse financiamento inicial geralmente ocorre na fase de pré-incubação da empresa e envolve as próprias economias do empreendedor, de seus parentes e amigos, de investidores anjo6 e, ainda, os recursos públicos provenientes de fundos de fomento, como os da FINEP, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, entre outros. Já o capital de risco ou venture capital refere-se aos investimentos temporários de financiamento ao crescimento da empresa, categorizados em diferentes estágios, até que a empresa realize uma oferta pública de suas ações – Inicial Public Offering (IPO). Os fundos de venture capital podem ser estruturados como fundos de empresas (“corporate venturing”) ou como um Fundo Mútuo de Investimentos em Empresas Emergentes, modalidade de fundo que segue a Instrução da Comissão de Valores Mobiliários 2097. Segundo a ABVCAP – Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital, estimase que o capital comprometido da Indústria Brasileira de Private Equity e Venture Capital tenha ultrapassado os US$26 bilhões. Entretanto, apesar de significativo, esse valor repre6 Os recursos próprios, de parentes e amigos e de investidores anjo (pessoa física) às vezes são definidos em uma modalidade anterior à modalidade de seed money, justamente por essa se caracterizar por ser de recursos provenientes de pessoa jurídica (fundos públicos). 7 Disponível em < http://www.cvm.gov.br/> 20 senta apenas 1,7% do PIB, menos da metade da média mundial de 3,7%. Por fim, vem a última fase de capitalização dessas empresas (ocorre após a incubação, quando elas já estão graduadas e estabelecidas no mercado), que fica a cargo dos fundos geralmente representados por investidores institucionais de grande porte, os fundos de private equity (ex: fundos de previdência). Nessa fase a empresa já atingiu uma taxa de crescimento relativamente estável e já apresenta fluxo de caixa estável e positivo (estágio avançado do desenvolvimento). Os IPOs (Initial Public Offerings ou Oferta Pública Inicial) constituem uma das saídas naturais para esses investimentos. A empresa emite cotas de ações a serem vendidas para o público em geral, deixando de ser privada e passando a ser propriedade de uma série de investidores. CONCLUSÃO No início deste trabalho foi apontada a necessidade da aproximação entre os diversos atores/agentes envolvidos em um Sistema Nacional de Inovação - SNI (governo, empresas, universidades/institutos de pesquisa). Verificou-se que a cooperação entre esses atores/agentes é fundamental para que haja uma continuidade no processo de inovação no âmbito de um Sistema Nacional de Inovação. Além disso, identificou-se, através de um breve relato histórico, um padrão de eficiência do Sistema Nacional de Inovação Brasileiro inferior ao padrão que exibem os países com sistemas nacionais já “maduros” (enquadrados nas duas primeiras categorias apresentadas por Albuquerque [1996]). Focando nas incubadoras de empresas, mecanismos eficientes de apoio e favorecimento à transferência de conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos nas universidades e institutos de pesquisa e no estímulo ao surgimento e consolidação de empreendimentos inovadores, buscou-se, então, apresentar tais ambientes como organizações favoráveis a cooperação e interação entre governo, empresas e universidades/institutos de pesquisa. Uma incubadora não possui só a função óbvia de provedora de espaço para empresas emergentes. Ela possui diversas outras funções: facilita a criação de novos negócios inovadores e encoraja a inovação nas empresas pré-existentes; atua junto ao governo na promoção e criação de políticas públicas voltadas para a criação e apoio de empreendimentos inovadores; favorece a transferência de tecnologia mediante o “networking” com universidades, grandes empresas e outras estruturas por meio da provisão de “expertise” na análise de oportunidades de mercado e de valoração de tecnologias; fornece apoio à gestão em áreas como marketing e finanças através de consultorias, treinamento e “networking”; e, ainda, facilita o acesso ao capital semente e de risco e apoiar as empresas na busca de recursos necessários ao seu crescimento. Finalmente, a incubadora evidencia-se como um elemento-chave na construção da cultura empreendedora e do sistema local de inovação. Villela, T.N., Magacho, L.A.M, Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 13-21 ISSN -1981-6804 - versão digital Abordagem histórica do Sistema Nacional de Inovação brasileiro e o papel das Incubadoras de Empresas na interação entre agentes deste sistema An historical approach of Brazil’s National System of Innovation and the Business Incubator’s role in the interaction among this system’s agents Tais Nasser Villela 1,*, Lygia Alessandra Magalhães Magacho2 ¹ Agência PUC-Rio de Inovação 2 Instituto Gênesis Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio Rua Marquês de São Vicente, 225 – Gávea – Rio de Janeiro – RJ, Brasil, CEP: 22453-900 E-mails: [email protected] | [email protected] *autor de contato: Taís Nasser Villela Artigo submetido em 28 de fevereiro de 2009, aceito em 30 de março de 2009 RESUMO ABSTRACT O artigo aborda historicamente o Sistema Nacional de Inovação (SNI) Brasileiro elencando seus principais atores e destacando as incubadoras de empresas como mecanismos dinamizadores. O SNI é formado por um grupo articulado de instituições dos setores público e privado cujas ações e interações são decisivas para a promoção da inovação no país. É consenso na literatura que o Brasil possui um SNI imaturo, pouco eficiente se comparado aos sistemas de inovação de países desenvolvidos. Este trabalho apresenta as principais razões históricas para esse fato e destaca o esforço que o país tem realizado para alavancar o processo de inovação no seu setor produtivo, dando enfoque especial ao mecanismo de geração de empreendimentos inovadores denominado Incubadora de Empresas. As Incubadoras são destacadas em função do seu principal papel de aproximação entre os diversos atores/agentes envolvidos em um Sistema Nacional de Inovação - SNI (governo, empresas, universidades/institutos de pesquisa), e por serem mecanismos eficientes de apoio e favorecimento à transferência de conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos nas universidades e institutos de pesquisa e no estímulo ao surgimento e consolidação de empreendimentos inovadores. This paper discusses historically the Brazilian National System of Innovation listing its main actors and highlighting mechanisms as business incubators. The NSI consist in a group of articulated institutions of public and private sectors whose activities and interactions are crucial for promoting innovation in the country. There is consensus in the literature that Brazil has an immature SNI, inefficient compared to innovation systems in developed countries. This paper presents the main historical reasons for this fact and highlights the effort that the country has done to leverage the innovation process in its manufacturing sector. Giving particular focus to the mechanism of generation of innovative enterprises called business incubator. The business incubators are highlighted according to their main role of rapprochement between the different actors / stakeholders in a National System of Innovation - NSI (government, enterprises, universities / research institutes), and are efficient mechanisms to support and encourage the transfer scientific and technological knowledge produced in universities and research institutes and stimulating the emergence and consolidation of innovative ventures. PALAVRAS-CHAVE: • • • • Sistema Nacional de Inovação, Transferência de tecnologia, Incubadora de empresas, Hélice tripla. KEYWORDS: • • • • National Innovation System, Technology transfer, Business Incubator, Triple helix. Villela, T.N., Magacho, L.A.M, Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 13-21 13 ARTIGO CIENTÍFICO HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS) INTRODUÇÃO Os países vivem hoje o desafio de se desenvolverem (ou continuar se desenvolvendo) dentro de um ambiente econômico baseado no conhecimento e caracterizado pela existência de mercados dinâmicos e competitivos. Um dos elementos-chave para transpor esse desafio é sem dúvida a busca pela inovação constante. Em busca da inovação, cada país deve planejar seu crescimento, organizar e estruturar ações voltadas para esse objetivo, ou seja, os países devem construir ambientes favoráveis ao seu crescimento, instituindo seus Sistemas Nacionais de Inovação - SNI. Um Sistema Nacional de Inovação pode ser visto como um grupo articulado de instituições dos setores público e privado (agências de fomento e financiamento, instituições financeiras, empresas públicas e privadas, instituições de ensino e pesquisa, etc.) cujas atividades e interações geram, adotam, importam, modificam e difundem novas tecnologias, sendo a inovação e o aprendizado seus aspectos cruciais. É consenso na literatura sobre o tema, que o Brasil possui um SNI imaturo, pouco eficiente se comparado aos sistemas de inovação de países desenvolvidos. Neste trabalho, pretende-se demonstrar as principais razões históricas para esse fato, destacando o esforço que o país tem realizado para alavancar o processo de inovação no seu setor produtivo. É possível perceber, então, que o nível de articulação entre os diversos atores que compõem um SNI, principalmente no que diz respeito à diminuição da distância entre eles, é que determina a capacidade deste em gerar inovação. Nesse sentido, este artigo aborda o histórico do Sistema Nacional de Inovação e expõe os conceitos e as principais características das incubadoras de empresas como ambientes propícios à aproximação e à cooperação entre os atores deste sistema. SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO Um dos maiores desafios da sociedade atual é o de gerar, aplicar e divulgar o conhecimento científico produzido e, mais além, o de transformar esse conhecimento em inovação tecnológica. O crescimento de países como Estados Unidos, Alemanha e Japão demonstra como um ambiente nacional favorável pode ter uma considerável influência no estímulo à atividades inovativas. Sobre esse “ambiente nacional favorável” desenvolveu-se na literatura dedicada ao tema o conceito de Sistemas Nacionais de Inovação. A construção do conceito de Sistemas Nacionais de Inovação teve a contribuição de vários autores, dentre os quais se destacam os trabalhos de Freeman [1995], Lundvall [1992], Edquist [2001] e Nelson [1993]. Um dos primeiros a conceituálo, Freeman [1995] definiu o Sistema Nacional de Inovação como um conjunto de instituições, atores e mecanismos em um país que contribuem para a criação, avanço e difusão das inovações tecnológicas. Destacam-se entre essas instituições, atores e mecanismos, os institutos de pesquisa, o sistema educacional, as firmas e seus laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, as agências governamentais, a estrutura do sistema financeiro, as leis de propriedade intelectual e as universidades. 14 A abordagem ao conceito de Sistemas Nacionais de Inovação expandiu-se ao longo dos anos 90 com as obras de Lundvall [1992] e Nelson [1993]. O primeiro desenvolveu um trabalho teórico, investigando o conceito e o desenvolvimento da estrutura de análise do sistema de inovação. Observando que as estruturas de produção e a definição institucional são duas dimensões importantes para definir os sistemas de inovação, reconhecendo que a organização desses sistemas é influenciada por fatores econômicos, políticos e culturais que ajudam a determinar a escala, direção e sucesso de todas as atividades de inovação. O segundo, Nelson [1993], por sua vez, fez um estudo comparativo de Sistemas Nacionais de Inovação de 15 países, concluindo que diferem significativamente de país para país, dependendo da sua estrutura econômica, bases de conhecimentos e instituições específicas. Posteriores investigações, entretanto, não alteraram substancialmente o conceito. Edquist [2001], por exemplo, considera que um sistema de inovação é composto por todas as entidades econômicas, organizações sociais e políticas e outros fatores que influenciam o desenvolvimento, difusão e uso da inovação. E Albuquerque [1996] o definiu como “uma construção institucional, produto de uma ação planejada e consciente ou de um somatório de decisões não planejadas e desarticuladas que impulsiona o progresso tecnológico em economias capitalistas complexas”. Dessa forma, apesar dos diversos enfoques dados ao tema, evidencia-se na literatura a importância dada pelos autores à interação entre os numerosos atores e instituições que participam do processo de inovação, cujo desempenho inovador traduz-se em benefícios à sociedade. Um Sistema Nacional de Inovação deve se estruturar de forma a permitir a articulação desses agentes no sentido de promoverem a inovação em um país, um processo complexo e coletivo. Agentes do Sistema Nacional de Inovação Diante da necessidade abordada anteriormente, observase que em um Sistema Nacional de Inovação compõe-se do envolvimento e integração entre três principais agentes: o Estado, cujo papel principal é o de aplicar e fomentar políticas públicas de ciência e tecnologia; as universidades/institutos de pesquisa, aos quais cabe a criação e a disseminação do conhecimento e a realização de pesquisas; e, as empresas, responsáveis pelo investimento na transformação do conhecimento em produto (desenvolvimento) [Santos, Botelho e Silva, 2006]. Esta abordagem conta com a visão de economia baseada em conhecimento e em inovação, teoria chamada de Hélice Tríplice, desenvolvida a partir dos trabalhos de Etzkowitz e Leydesdorff [1997]. A Hélice Tríplice caracteriza a dinâmica da inovação de maneira evolutiva, onde as relações se estabelecem entre três esferas institucionais, envolvendo três atores distintos: a universidade, a iniciativa privada e o governo, as três partes distintas de uma mesma hélice. O Estado desempenha um papel preponderante tanto no conceito da Tripla Hélice, quanto em um Sistema Nacional de Inovação. Friedridh List, em seu livro The National System of Villela, T.N., Magacho, L.A.M, Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 13-21 serviços de apoio, os quais são compartilhados com as outras empresas [serviços operacionais, como secretaria, serviços de design, comunicação, etc.); de assessoria jurídica e financeira; de consultoria em desenvolvimento de plano de negócios; de aconselhamentos através de estudos tecnológicos, de viabilidade e de mercado; e, também, através da provisão de treinamentos em marketing, vendas, planejamento estratégico, entre outros [Vedovello et alii, 2001]. O primeiro passo pelo qual uma empresa (ou apenas uma idéia de negócio) passa é o processo de seleção. Em geral, nos processos de seleção, as incubadoras fazem uma rigorosa análise da viabilidade do plano de negócios das empresas em potencial, verificam a compatibilidade do negócio com os objetivos da incubadora, a existência de recursos financeiros comprovados para sustentar o negócio na fase inicial e, principalmente, o quão inovador é o negócio proposto. As etapas e os critérios desse processo variam de incubadora para incubadora, entretanto, o objetivo é sempre o mesmo: identificar as propostas de negócios que possuem maior probabilidade de sucesso [IDISC, 2009]. Uma vez identificados esses negócios são encaminhados, de acordo com a fase na qual se encontram para os processos de pré-incubação ou incubação. Enquadram-se em pré-incubação, os casos em que os empreendedores não possuem uma empresa formalizada, um plano de negócios consistente, um produto testado e pronto para ser comercializado ou serviço a ser oferecido. A fase de pré-incubação tem como principal objetivo oferecer o apoio necessário para que os empreendedores transformem suas idéias em uma empresa minimamente estruturada para encarar os primeiros anos críticos no mercado. Durante essa fase, são oferecidos cursos e consultorias, e também são realizados eventos de “networking” e aproximação com a universidade e seus centros de pesquisa4. A fase de pré-incubação serve para minimizar os riscos os quais as empresas nascentes enfrentam nos primeiros anos e potencializar o período de incubação, uma vez que a empresa muitas vezes perde um tempo precioso para modelar o produto ou serviço que realmente agrega valor ao cliente e para encontrar potenciais mercados. Suas principais etapas são: identificar riscos e propor planos para minimizá-los/evitá-los; identificar pontos fortes/fracos em relação à concorrência; conhecer o mercado/definir estratégias de marketing para produtos e serviços; analisar o desempenho financeiro do negócio; e avaliar investimentos e retorno sobre capital investido [IDISC, 2009]. Ao atingir esses três objetivos (formalização jurídica, plano de negócios formalizado e consistente e produto/serviço pronto para o mercado) a empresa está apta a iniciar a sua fase de incubação. A fase de incubação deve estar focada na estruturação 4 Algumas empresas pré-incubadas iniciam a fase de pré-incubação ainda não instaladas fisicamente nas incubadoras. São as chamadas “empresas pré-incubadas virtuais”. Elas passam a ocupar um espaço físico somente depois de formalizadas juridicamente. da empresa, consolidação no mercado e preparação da empresa para que esta seja capaz de criar e implantar estratégias de desenvolvimento e crescimento de acordo com as forças do mercado onde estão atuando. Este processo se dá por meio da identificação das necessidades das empresas, do apoio pontual e, conseqüentemente, tratando as necessidades com ações pró-ativas para alcance dos objetivos traçados nos planos de ação oriundos dos Planos de Negócios aprovados na seleção e periódicos diagnósticos. A incubadora deve prover às empresas incubadas mais do que um espaço físico com serviços operacionais do tamanho apropriado para empresas nascentes, mas principalmente uma junta de especialistas em gestão e outros campos do conhecimento, que serão capazes de orientar os empreendedores na consolidação estratégica e operacional de seus negócios. Em relação às questões de financiamento para empresas incubadas, algumas poucas incubadoras oferecem esse serviço, constituindo elas mesmas fundos de financiamento. Entretanto, a maioria faz o trabalho de identificar no mercado potenciais investidores [investidores privados, financiamento público através de programas do governo5), e ao mesmo tempo ensinam aos seus incubados como aproveitar as opções de financiamento existentes [IDISC, 2009]. Também na incubação é que o relacionamento entre a empresa incubada e a universidade/instituição de pesquisa se aprofunda por meio de uma transferência de tecnologia da universidade para a empresa de forma mais acentuada. Algumas incubadoras inclusive guiam seus empresários nesse processo, instruindo-os a como formalizar contratos de transferência, de cooperação e até mesmo em como proteger as tecnologias desenvolvidas a partir dessa interação nos órgão oficiais de proteção à propriedade industrial (algumas incubadoras realizam esse tipo de apoio através da interação dessas empresas com os Núcleos de Inovação Tecnológica existentes nas instituições às quais estão vinculadas, e que são os responsáveis pela proteção do que é desenvolvido nessas instituições) [IDISC, 2009]. Finalmente, na fase de incubação a incubadora desenvolve programas formais de promoção das empresas incubadas nos seus mercados de interesse, promovendo o encontro com empresários do mesmo ramo, auxiliando na participação dessas empresas em feiras e congressos, criando oportunidades de comercialização dos seus produtos por meio da aproximação da empresa com seus potenciais clientes, que em sua grande maioria são grandes empresas quando falamos de tecnologia inovadora. O período de incubação dura em média 3 anos, enquanto que na pré-incubação o período de permanência é de 06 meses a 01 ano, e após receber os serviços e programas oferecidos pela incubadora, a empresa deve seguir o seu caminho e enfrentar outros desafios: deixar a incubadora, montar um espaço independente e se consolidar no mercado de sua escolha [IDISC, 2009]. 5 Como já foi abordado na primeira seção deste trabalho, o governo promove programas de financiamento à inovação em pequenas e micro-empresas através da FINEP, do BNDES entre outros. Villela, T.N., Magacho, L.A.M, Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 13-21 19 ARTIGO CIENTÍFICO HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS) te papel no processo de desenvolvimento econômico de regiões pouco desenvolvidas dos Estados Unidos e da Europa Ocidental, quando os governos, as universidades e as instituições financeiras locais se reuniram com o objetivo de criar novos postos de trabalho e gerar renda. No Brasil, o movimento de incubadoras teve início na década de 80. Em 1982, o governo, sob a égide do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq fundou o Programa de Tecnologia e Inovação, que tinha como principal objetivo estimular a relação entre universidades e empresas. Através do Programa, que foi estendido por mais dois anos, foram criadas cinco fundações tecnológicas que deram origem a incubadoras de empresas: Campina Grande [PB), Manaus (AM), São Carlos (P), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC) [ANPROTEC, 2009]. A primeira incubadora de empresas do Brasil e, a mais antiga da América Latina, começou a funcionar no fim de 1984, em São Carlos (SP). Entretanto, apenas no final dos anos 80 e durante a década de 90 com a criação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores – ANPROTEC (em 1987) e com o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) passando a apoiar ações destinadas à implantação, desenvolvimento e fortalecimento das incubadoras de empresas é que o movimento passou a ter força no Brasil3. Segundo a última pesquisa publicada pela ANPROTEC (Panorama Nacional ANPROTEC 2006), em 2006 o Brasil possuía 377 incubadoras em operação, sendo que a maioria está concentrada nas regiões Sul e Sudeste do país (totalizando 254 incubadoras). Até 2005 existiam 5.618 empresas (incubadas, graduadas e associadas) relacionadas ao movimento. Vedovello et alii [2001] trazem a definição de incubadoras de empresas proposta por Guedes e Fornica [1997] segundo os quais uma incubadora é: “um arranjo interinstitucional com instalações e infra-estrutura apropriadas, estruturado para estimular e facilitar a vinculação empresa-universidade (e outras instituições acadêmicas); o fortalecimento das empresas e o aumento de seu entrosamento; o aumento da vinculação do setor produtivo com diversas instituições de apoio, além das instituições de ensino e pesquisa, prefeituras, agências de fomento e financiamentos – governamentais e privadas – instituições de apoio às micro e pequenas empresas – como o Sebrae no Brasil – e outras”. A ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores confere as incubadoras um conceito mais “estrutural”, onde as incubadoras são locais criados especialmente para abrigar empresas oferecendo uma estrutura configurada para estimular, agilizar, ou fa3 18 Em 2005 o MCT instituiu o Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos – PNI. Essa grande iniciativa visa “congregar, articular, aprimorar e divulgar os esforços institucionais e financeiros de suporte a empreendimentos residentes nas incubadoras de empresas e parques tecnológicos, a fim de ampliar e otimizar a maior parte dos recursos que deverão ser canalizados para apoiar a geração e consolidação de um crescente número de micro e pequenas empresas inovadoras” [MCT, 2009]. O programa existe até hoje. vorecer a transferência de resultados de pesquisa para atividades produtivas. Com esse objetivo, uma incubadora de empresas oferece uma gama de serviços de apoio gerencial e técnico [serviços de recepção e secretaria, salas de reunião, Internet, telefone, consultoria, assessoria jurídica, etc.) que propiciam excelentes oportunidades de negócios e parcerias. Existem diferentes tipos de incubadoras de empresas: tradicionais, mistas, tecnológicas, sociais, culturais, de cooperativas etc... As incubadoras tradicionais são aquelas que aceitam empresas dos setores tradicionais e as consideradas mistas, que abrigam empresas de base tecnológica e empresas dos setores tradicionais [ANPROTEC, 2009]. Porém, em sua maioria, as incubadoras de empresas caracterizam-se por abrigar empresas de base tecnológica, ou seja, aquelas cujos produtos, processos ou serviços são gerados a partir de resultados de pesquisas aplicadas, e nos quais a tecnologia representa alto valor agregado [MCT, 2009]. Neste sentido, fica clara a contribuição das incubadoras de empresas para o Sistema Nacional de Inovação, pois atuam como mecanismos catalisadores das pesquisas básica e aplicada geradas nas Universidades e centros de pesquisas e a demanda das empresas por produtos que atendam a diferenciação estratégica necessária para o atendimento às necessidades de mercado. No Brasil, algumas incubadoras (como as do Instituto Gênesis da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio, por exemplo) têm apoiado a implantação de ações voltadas à inovação que não são de base puramente tecnológica, mas que abrigam programas, projetos sociais e empreendimentos que usam tecnologia social e empreendimentos de base cultural e artística, como grupos de teatro, de cinema e similares. São as denominadas incubadoras sociais e culturais, respectivamente. Em suma, incubadoras de empresas são ambientes planejados para auxiliar o nascimento, crescimento e desenvolvimento de empresas, assistidas por uma infra-estrutura comum e, geralmente, na presença de uma universidade fornecedora de pesquisa básica e aplicada necessárias ao processo de inovação. Desta forma, não só a relação entre as grandes empresas e a universidade gera inovação, mas também, as incubadoras por meio das spin-offs dos laboratórios das universidades transformam a tecnologia criada na pesquisa em produtos, serviços, emprego e renda para a sociedade através da geração de empresas nascentes e inovadoras. Apesar de existirem diferentes tipos de incubadoras (ligadas a universidades, a empresas, de base tecnológica, tradicional, etc.), estas, em sua maioria, operam de forma bem semelhante, buscando explorar e potencializar os recursos existentes, fomentando assim a interação entre as empresas, o governo, a universidade e o mercado. Desde que empresas entram na incubadora elas são estimuladas e apoiadas não só na relação com a pesquisa da universidade ou dos centros de pesquisa vinculados às incubadoras, mas também por meio da provisão de instalações físicas adequadas e de qualidade [a custos inferiores aos custos praticados pelo mercado); de Villela, T.N., Magacho, L.A.M, Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 13-21 Political Economy [1841], deu ênfase ao papel do Estado na coordenação e execução de políticas de longo prazo para o desenvolvimento da indústria e da economia como um todo [Freeman & Soete, 2008]. Cabe a ele formular políticas públicas de fomento à inovação, promover a diminuição de incertezas e estimular os demais agentes que compõem o sistema a investir em inovação tecnológica. Ao criar instituições que regulamentam os setores produtivo e financeiro e promover o uso de políticas fiscal, monetária e cambial em prol da produção de inovação tecnológica, o Estado coordena e direciona o progresso tecnológico do país. A inovação ocorre nas empresas, mas o Estado pode influenciar, significativamente, no comportamento, nas estratégias e nas decisões das empresas em relação a suas atividades inovativas. Da mesma forma, a produção do conhecimento e a realização de pesquisas (alicerce do processo de inovação) ocorrem nas universidades e instituições de pesquisa, mas o Estado pode contribuir [através de financiamento público em Pesquisa e Desenvolvimento - P&D, por exemplo) para o aumento da produção e qualidade científica. Como agente indutor da inovação deve o Estado trabalhar para a manutenção de um ambiente macroeconômico mais estável, com altas taxas de crescimento, reduzindo assim os riscos econômicos e alavancando financeiramente as empresas. Ademais o estado deve promover linhas de financiamento para estimular as empresas e universidades/institutos de pesquisa, e, numa abordagem mais ampla, mas não menos importante, investir no sistema educacional do país, base da formação do capital intelectual de uma nação [De Nigri & Kubota, 2008]. As universidades e os institutos de pesquisa por sua vez são os responsáveis pelo desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico, alicerce da atividade inovativa das empresas. Tais agentes são importantes promotores da inovação, pois concentram grande parte das competências e infraestrutura de pesquisa. As universidades e institutos de pesquisa não devem ser responsáveis diretos pela inovação, pelo menos não por grande parte da inovação que se concentra nas firmas, mas participam ativamente deste fenômeno formando recursos humanos, realizando treinamentos, fazendo pesquisa básica e aplicada e desenvolvendo protótipos de tecnologias inovadoras. São, portanto, fonte de conhecimento e tecnologia das quais se originam e tem início o processo de transferência de tecnologia para a iniciativa privada. As empresas, como já dito anteriormente, são responsáveis diretas pela inovação, o locus do processo inovativo. Elas possuem a missão de captar o conhecimento científico e tecnológico gerado nas instituições de ensino e pesquisa e desenvolver, produzir, comercializar e difundir a tecnologia dele oriunda, promovendo o desenvolvimento local. Para tanto, devem ser capazes de produzir conhecimento internamente, possuindo laboratórios de pesquisa, ou, quando necessário, devem buscar junto a agentes externos, as informações necessárias para a criação de uma base de geração de idéias e de novos conhecimentos que suportem esse processo de inovação [Santos et alii, 2006]. Acima de tudo, devem estar atentas para o que precisam aprender para aperfeiçoar a sua produção tecnológica. Cabe ressaltar que, como agentes chaves no processo de constituição de um Sistema Nacional de Inovação, é necessário que essas empresas inovadoras pertençam de fato ao sistema na qual se inserem (devem ser empresas de capital e constituição nacional). Não basta que elas produzam no território nacional ou para o mercado nacional, como as subsidiárias de empresas estrangeiras que pertencem a outros sistemas de inovação, e dessa forma, possuem pouca utilidade para uma estratégia de desenvolvimento tecnológico nacional coerente, uma vez que parte dos resultados desse sistema é remetida a outros países, não contribuindo para o desenvolvimento local. Por fim, esses três agentes principais que constituem a base das relações interinstitucionais de um Sistema Nacional de Inovação devem ainda estar associados: a um sistema educacional sólido, a um sistema de mercado eficiente e a um sistema financeiro constituído por instituições fortes com capacidade de investimento, elementos necessários para o crescimento e desenvolvimento do país. SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO BRASILEIRO Partindo da definição e da conceituação dos Sistemas Nacionais de Inovação trazida por diversos autores, e das heterogeneidades encontradas nos sistemas de inovação de diversos países, Albuquerque [1996] sugere a divisão desses sistemas em três categorias: uma primeira, que abrange os sistemas de inovação que capacitam os países a se manterem na liderança do progresso tecnológico internacional [sistemas referentes aos dos principais países capitalistas desenvolvidos); uma segunda, que envolve os sistemas de países que possuem como principal objetivo a difusão de inovações, países capacitados a absorver criativamente os avanços gerados nos centros mais avançados; e, por fim, uma terceira categoria das quais participam os países cujos sistemas de inovação não se completaram, são imaturos. O Brasil, segundo Albuquerque [1996] e Villaschi [2005], se enquadra nesta terceira categoria, ou seja, o país construiu uma infra-estrutura mínima de ciência e tecnologia que, combinada com a sua baixa articulação com o setor produtivo, contribuiu muito pouco com o desempenho econômico do país. O Brasil caracteriza-se por ser um país cuja industrialização e criação das instituições de pesquisa e universidades ocorreram em caráter tardio [Suzigan & Albuquerque, 2008]. Várias faculdades isoladas foram sendo criadas a partir de 1808, com a vinda da Corte Portuguesa, mas as tentativas de criação de universidades iniciaram-se apenas em meados de 1920, ainda que a literatura sobre a formação da comunidade científica brasileira considere que apenas em 1934 tenha sido de fato criada uma universidade no país, a Universidade de São Paulo – USP. De fato, a pesquisa científica já era praticada no Brasil antes de 1920, porém, fora do sistema de ensino superior. Suzigan & Albuquerque [2008] sugerem uma periodização de cinco “ondas de criação de instituições de ensino e Villela, T.N., Magacho, L.A.M, Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 13-21 15 ARTIGO CIENTÍFICO HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS) pesquisa” no país. A primeira “onda” é posterior a 1808, e neste período destaca-se a criação dos cursos de anatomia e cirurgia no Rio de Janeiro e em Salvador e da Academia Militar (em 1810), além do Jardim Botânico e da Biblioteca Nacional [criação tardia, tendo em vista que os Estados Unidos e alguns países da América Latina já possuíam diversas universidades nesta mesma época [Suzigan & Albuquerque citando Maddison, 2001; Schwartzman, 1979). A segunda “onda” refere-se à criação, dentre outras instituições, entre 1870 e 1900, do Museu Arqueológico e Etnográfico do Pará (1866), da Escola Politécnica de São Paulo (1894) e dos Institutos Vacinogênico, Bacteriológico e Butantã (entre 1892 e 1899) e da fundação do Instituto de Manguinhos (1900). Uma “terceira onda” teria tido lugar entre 1920 e 1934, quando começaram as iniciativas para a criação de universidades, que culminam com a fundação da USP em 1934 (entretanto, as faculdades que integram a maioria destas universidades continuam a atuar de forma independente). A criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – CBPF (1949), do Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA (1950), do Centro Tecnológico da Aeronáutica – CTA (1951) e de duas importantes instituições coordenadoras (o CNPq – Conselho Nacional de Pesquisas e a CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) identificam a quarta “onda”. A quinta e última “onda” é identificada pelos autores durante o período do regime militar: destaca-se a criação de centros de pesquisa em empresas estatais (CENPE da Petrobras e o CPqD da Telebrás); a fundação da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em 1973; e a criação de instituições e fundos de financiamento para ciência e tecnologia, como o FUNTEC – Fundo de Desenvolvimento Tecnológico e a FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos. O Ministério da Ciência e Tecnologia é criado apenas em 1985 e, juntamente com todas as instituições de financiamento e de apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico existentes até então no país, enfrenta uma série crise macroeconômica até meados de 1990. Crise esta, inclusive, que, aliada ao frágil sistema monetário-financeiro do Brasil [criação de um Banco Central apenas em 1964 e agentes financeiros estatais como o BNDE e a FINEP apenas nos anos 50 e 60) contribuiu para a extinção de vários Planos Básicos de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PBDCT) criados entre 1972 e 1984 [Suzigan & Albuquerque, 2008]. Da mesma maneira, é tardia a industrialização brasileira, pois a indústria no país só passa a ganhar expressão de fato a partir da segunda metade do século XX. Ela se inicia nas últimas décadas do século XIX, atrelada ao desempenho da agricultura voltada para a exportação e influenciada pelas condições adversas deixadas pela escravidão [desigualdades sociais, mercado interno limitado, educação e formação de qualificações técnicas deficientes, formação tardia de um mercado de trabalho assalariado) [Suzigan & Albuquerque, 2008]. No final da década de 20, a crise da economia agrícola exportadora e a Grande Depressão marcam uma mudança de rumo no desenvolvimento da economia brasileira. A exporta- 16 ção dá lugar às atividades voltadas para o mercado interno. A partir dos anos 50, a base produtiva brasileira passa a ser fortemente “multinacionalizada” [De Nigri e Kubota, 2008]. O governo passa a enfatizar a industrialização rápida por meio do aprofundamento do processo de substituição de importações, através da importação de tecnologias via investimento direto estrangeiro, dando pouca ênfase às economias de escala e à capacitação do setor produtivo interno [Pacheco, 2003]. Ao invés de serem atraídas para desenvolver novos produtos no país, ou para que se tornassem bases de exportação, as empresas estrangeiras apenas exploravam o mercado interno. De fato, a participação da grande empresa estrangeira no processo de industrialização abreviou os passos da industrialização, entretanto, estimular a inovação local não era o objetivo central das políticas públicas. Nos anos 60 e 70, como visto anteriormente, novos institutos de pesquisa e estruturas de financiamento foram criados, entretanto, a política nacional-desenvolvimentista adotada pelo governo, apesar de induzirem a fabricação local, continuaram a não incentivar o desenvolvimento, o projeto local do produto, ou seja, a inovação local. Em termos de capacitação tecnológica local, os setores que mais obtiveram avanços foram os setores estatais nas áreas de petróleo, mineração, telecomunicações e aeronáutica [Pacheco, 2003]. Nos anos 80, o desempenho de empresas estatais e laboratórios de pesquisa públicos nas áreas centrais do paradigma técnico-econômico das tecnologias de informação e das comunicações [base tecnológica do desenvolvimento mundial na época) apontavam, juntamente com o bom funcionamento que vinha ocorrendo na tripla aliança entre empresas locais, estrangeiras e estatais, para a possibilidade de o Sistema Nacional de Inovação Brasileiro aproveitar algumas “janelas de oportunidades” que emergiam deste novo paradigma [Villaschi, 2005]. Entretanto, na década de 90, apesar do país ter superado o problema histórico de instabilidade de preços e do governo ter introduzido programas de modernização de estruturas produtivas, como o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP), alguns fatores fizeram com que a maioria das “janelas de oportunidades” abertas na década de 80 não fosse aproveitada, são eles: a redução de recursos disponíveis para o ensino e a pesquisa; o fraco desempenho de investimentos [apesar da criação de vários fundos setoriais de financiamento à pesquisa); a debilidade da política econômica nos aspectos da estabilidade e flexibilidade necessárias para que o país desempenhasse um papel relevante no novo paradigma técnico-econômico e a estratégia defensiva em relação à inovação adotada pelas empresas [Villaschi, 2005]. A tardia industrialização brasileira, a demora na criação de instituições de ensino e pesquisa, a debilidade de políticas públicas de incentivo à inovação e a incapacidade do sistema bancário em financiamentos de longa duração e a baixa articulação entre governo, empresas e universidades são alguns dos principais eventos que esclarecem o porquê de existir um consenso na literatura de que o Sistema Nacional de Inovação Villela, T.N., Magacho, L.A.M, Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 13-21 Brasileiro caracteriza-se como imaturo. [Albuquerque e Sicsú, 2000] Apesar da histórica carência de cultura inovadora e dos obstáculos enfrentados até então (crises macroeconômicas, falta de políticas públicas de incentivo à inovação, debilidade do sistema financeiro) não há como deixar de considerar que o país têm se esforçado para alavancar o seu sistema de inovação. O Programa de Capacitação de Recursos Humanos – RHAE do MCT, criado em 1987 com vistas a estimular a criação de equipes de pesquisa tecnológica e de inovação nas empresas, continua lançando editais até hoje. A Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES possuem diversos instrumentos diferentes de financiamento à inovação em empresas e também nas instituições científicas e tecnológicas, como por exemplo, os programas Juro Zero, Criatec, Inovar, FUNTEC, Prosoft, entre outros1. O governo federal criou a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial em 2005 (www.abdi.com.br) e lançou, em 2004, a PITCE - Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior que tem como objetivo o aumento da eficiência da estrutura produtiva, da capacidade de inovação das empresas brasileiras e da expansão das exportações. O governo decretou e sancionou a Lei nº. 10.973/2004, chamada “Lei de Inovação”, que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, e a Lei nº. 11.196/2005, mais conhecida pela Lei do Bem, que consolidou os incentivos fiscais que podem ser usufruídos de forma automática por pessoas jurídicas que realizem pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica [MCT, 2009]. Assim, apesar de inquestionáveis os resultados dos esforços brasileiros2, há ainda muito a avançar, principalmente no que diz respeito ao estreitamento das relações entre os diversos atores que compõem o Sistema Nacional de Inovação. A inovação surge através da criação, do uso e da incorporação de novos conhecimentos que, por sua vez, originam-se da interação entre diversos atores que compõe um Sistema Nacional de Inovação [governo, estrutura produtiva e a infraestrutura científico-tecnológica de um país). Em 1968, a relevância do papel da cooperação universidade-empresa-governo para o desenvolvimento econômico e social das sociedades era descrito e representado por Jorge Sábato e Natalio Botana pelo relacionamento coordenado entre governo, estrutura produtiva e infra-estrutura científico-tecnológica através da figura de um triângulo, onde cada um desses elementos fundamentais ocupavam um vértice do triângulo, o Triângulo de Sábato [Wolffenbütel, 2001, citando Plonski, 1995]. Em 1996, esse modelo de interação, onde o fluxo do conhecimento ocorria num sentido único da pesquisa básica para a 1 2 Para maiores informações sobre os programas de financiamento da FINEP e do BNDES, acesse www.bndes.gov.br e www.finep.gov.br. Em 2008, o Brasil já possuía mais de 69 mil pesquisadores com nível de doutorado, e em 2007 o país publicou 19.436 artigos científicos (fonte: MCT). Entretanto, falta direcionar essa produção de conhecimento para setores estratégicos, transformá-lo em novos processos, produtos e geração de renda e emprego (das 2.435 patentes concedidas pelo INPI em 2007, apenas 233 foram concedidas a residentes; fonte: OMPI). inovação, foi contrastado pelo surgimento de um novo modelo: o chamado Triple Helix. Esse novo modelo de interação entre universidade-indústria-governo foi proposto por Henry Etzkowitz e baseia-se numa espiral onde além do fluxo normal do conhecimento da universidade para o setor produtivo, ocorre também um fluxo reverso da indústria para a academia [Wolffenbütel, 2001]. Nota-se, então, que, apesar de diferentes propostas existentes, a estratégia básica para se alcançar a inovação em suas diversas dimensões é a busca pelo estabelecimento de ambientes favoráveis à cooperação entre esses atores, minimizando assim a distância entre os mesmos. E, um bom exemplo desse tipo de ambiente são as incubadoras de empresas, mecanismos eficientes no processo de transferência de tecnologia/conhecimento da infra-estrutura científico-tecnológica [universidades, institutos de pesquisa, etc.) para a estrutura produtiva (indústria). Incubadoras de Empresas - mecanismos do Sistema Nacional de Inovação As incubadoras tiveram origem em 1937, nos Estados Unidos, mais precisamente a região hoje conhecida como Vale do Silício, na Califórnia. A Universidade de Stanford apoiou os fundadores da Hewllett Packard, alunos recém graduados, auxiliando-os a abrir uma empresa de equipamento eletrônico, concedendo-lhes bolsas e acesso ao laboratório de Radiocomunicação da universidade. Na década de 50, a Universidade de Stanford criou um Parque Industrial (posteriormente um parque tecnológico - Stanford Research Park), que tinha como principais objetivos a promoção da transferência da tecnologia desenvolvida na Universidade para as empresas e a criação de novas empresas intensivas em tecnologia, sobretudo do setor eletrônico. O sucesso obtido com essa experiência estimulou a reprodução de iniciativas semelhantes em outras localidades, dentro e fora dos Estados Unidos [Wolffenbütel, 2001]. Em 1959, uma das fábricas da empresa Massey Ferguson, localizada no estado de Nova Iorque fechou, deixando um grande número de desempregados e um galpão de quase 80 mil metros quadrados sem utilização. Joseph Mancuso, um empresário local, resolveu comprar as instalações da fábrica e passou a sublocar o espaço para pequenas empresas iniciantes, que compartilhavam equipamentos e serviços. E, uma das primeiras empresas que ali se instalou foi um aviário, que acabou por conferir ao espaço o apelido de “incubadora” [Aranha et alii, 2002]. Já na Europa, as incubadoras tiveram sua origem na Inglaterra. Com o fechamento de uma subsidiária da British Steel Corporation, houve um estímulo à criação de pequenas empresas em áreas relacionadas com a produção do aço que reaproveitaram as estruturas existentes de prédios que se encontravam subutilizados [INOVATES, 2009]. No entanto, foi somente na década de 70, nos Estados Unidos que se configurou a estrutura que as incubadoras apresentam atualmente. A partir do final da década de 70 e no início da década de 80, as incubadoras tiveram um importan- Villela, T.N., Magacho, L.A.M, Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 13-21 17