Educação Ambiental - Secretaria Municipal de Educação
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Educação Ambiental - Secretaria Municipal de Educação
junho/ julho - 2010 Ano IX nº A revista Educando em Mogi é um projeto da Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes por meio da Secretaria de Educação 51 em Educação Ambiental: um olhar para o futuro Editorial A questão ambiental ganha cada vez mais destaque na área educacional, envolvendo pais e alunos em prol da preservação do Meio Ambiente. Cada vez é mais clara a importância da participação de todos. Essa edição da Revista Educando em Mogi, dedicada à Educação Ambiental, é reflexo dessa preocupação constante do ser humano em relação ao futuro do Planeta. Vamos conhecer as atividades desenvolvidas nas escolas mogianas para a conscientização dos estudantes e da comunidade em geral pelo uso racional dos nossos recursos naturais e a destinação correta do lixo. Essas ações geraram frutos em Mogi e também fora do país. Um abraço especial aos alunos que tiveram suas frases escolhidas no I Concurso – Dia da Água, uma parceria das Secretarias Municipais de Educação, Verde e Meio Ambiente e do Semae. Nossas ações ultrapassaram fronteiras e foram destaque em Portugal. Cumprimentamos também os vencedores do Concurso Internacional no Âmbito do Ano Internacional da Biodiversidade - “Quando o Mundo se Torna Tela” e destacamos a participação mogiana no II Congresso Internacional Escolar – Recursos Naturais, Sustentabilidade e Humanidade, realizado em maio na cidade de Braga, em Portugal. A Escola Ambiental de Mogi das Cruzes apresenta relatos sobre o curso de biotecnologia, a aplicação da tecnologia em Educação Ambiental e a experiência bem sucedida do projeto Educanvisa, fruto da parceria com a Vigilância Sanitária Municipal. A relação entre a Educação Integral e a sustentabilidade ganha um espaço especial e as escolas nos mostram os primeiros resultados da implantação das Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica – Ciências Naturais e Sociais. A capacitação, realizada em abri,l e o próprio documento já são referências para nossos educadores. Expediente Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Secretaria Municipal de Educação Coordenadoria de Comunicação Social Av. Ver. Narciso Yague Guimarães, 277 Centro Cívico – Mogi das Cruzes – SP CEP 08790-900 Tel.: (11) 4798-5085 Fax: (11) 4726-5304 www.mogidascruzes.sp.gov.br ■ Conselho Editorial Maria Geny Borges Avila Horle Anne Ivanovici Cláudia Helena Romanos Pereira Leni Gomes Magi Marilda Aparecida Tavares Romeiro Safiti ■ Jornalista Responsável Kelli Correa Brito – MTB 40.010 ■ Coordenação Editorial Bernadete Tedeschi Vitta Ribeiro Lilian Gonçalves ■ Colaboraram nesta edição Romildo de Pinho Campello Zenaide Oliveira dos Santos Paula Leme Assis Kelli Correa Brito Claudia Rocha Moretti Lorena Maria Inês Soares da Costa Neves Valéria Miranda Batista Carla Andrea Zigante Taciano Segóvia Machado Maury Pereira da Costa Neves Mário Barbosa Fabriciano Mendes Jefferson Adriane de Paula Eliane Regina Careta Macedo dos Santos Ciomara Rodrigues Prado de Miranda Rosa Maria Fusco Ferreira Sandra M. Bio Ongarelli Garcia Edilamar Regiane C. Macedo Pazini Aline Calixto Balbino da Silva Conceição Ana Maria Guimarães da Silva Danila Zanni dos Santos Silveira Patrícia Aparecida Ramires Gabriel Renata Aparecida Domingos Cruz Solange Bento dos Santos Vanusa Alves Basílio Vivian Almeida Morganti Evangelista Viviane Alves Palanca Cintia Melani Lúcia Helena Martins Gonçalves Patrícia Aparecida Ramires Gabriel ■ Nossa capa Perereca nativa da fauna do Parque Municipal (Foto: Felipe Riente) ■ Fotos Arquivos das Escolas Municipais Ney Sarmento (CCS) ■ Fotolito, impressão e acabamento Marpress Gráfica e Editora Av. Henrique Peres, 1.500 Mogi das Cruzes/SP Tel. (11) 4723-6600 www.marpress.com.br ■ Projeto Gráfico e Diagramação Jorge Ricardo (CCS) ■ Tiragem 3.500 exemplares A Revista Educando em Mogi nº 51 é uma publicação da Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes, por meio da Coordenadoria de Comunicação Social, e não se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados. Índice 4 O Parque do Itapety, Ontem e Hoje 7 8 9 Inspetores da economia Pais e alunos comemoram Dia da Terra na Emesp Prefeitura premia vencedores de concurso de frases sobre o uso da água 10 16 Educação Integral e Sustentabilidade Educação Ambiental mogiana é destaque em Portugal 18 Pé de Caqui 20 22 24 19 Atlântica Educação Ambiental e Tecnologia Educar para a cidadania... E sobrevivência! Educação Ambiental faz a diferença na Vila da Prata 28 26 Todo dia é dia de Índio Fazendo uso das Matrizes de Ciências Naturais e Sociais 32 34 Educação Integral – Saúde e Sustentabilidade 36 38 Ações pedagógicas em Biotecnologia O Mundo Sob Nova Direção Água: Direito de todos, privilégio de poucos 4 Especial Educação Ambiental do PARQUE O ITAPETY ontem Educando em Mogi - nº 51 - ano IX hoje e A História do Parque Natural Municipal Francisco Affonso de MelloChiquinho Veríssimo Romildo de Pinho Campello Zenaide Oliveira dos Santos No início do século XX, tínhamos um grande problema de abastecimento de água em nossa cidade. A água era proveniente de córregos e nascentes que abasteciam chafarizes localizados em vários pontos da cidade, mas já não atendiam as necessidades da população. A solução encontrada pela administração na época foi fazer um sistema de captação e tratamento de água na Serra do Itapeti, onde temos um grande volume de água potável de ótima qualidade. Solucionando o problema da falta d’água, seria também resolvido o problema do desmatamento, como consta na pesquisa do professor Jurandyr Ferraz de Campos. A Câmara Municipal de Mogi das Cruzes teria que proteger os mananciais. Para ocorrer efetivamente tal proteção teve que se adquirir várias glebas de terra do entorno da captação de água. Com essa atitude ecológica, os políticos da época preservaram o que hoje é o nosso Parque Natural Municipal Francisco Affonso de Mello-Chiquinho Veríssimo. Enfrentaram muitos problemas, como evitar a venda de uma das primeiras áreas adquiridas para proteger o manancial, área esta denominada de terreno do Chico de Almeida. O então prefeito da época, Frederico Straube, queria vender a primeira área para adquirir uma outra, só que ele se desligou da Prefeitura antes e o prefeito que assumiu no seu lugar, Armindo Faustino de Mello, desistiu da tal venda. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Especial Educação Ambiental 5 Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Especial Educação Ambiental 6 Segundo o professor Jurandyr Ferraz de Campos em sua pesquisa, Armindo Faustino de Mello diz: “...ponderando bem a matéria tratada nestes autos, cheguei a conclusão de que não há interesse para a municipalidade a venda em apreço, pois a sua localização é situada onde já tem havido devastação para o consumo de lenha, apresentando certas áreas o aspecto de terra devastada, portanto, corroborar com a continuação do desflorestamento, máxime das terras do patrimônio municipal”. Atitude como esta de um político consciente e ecologicamente correto é que permitiu preservamos um pedacinho da Mata Atlântica, evitando assim deslizamentos, como temos visto recentemente no Rio de Janeiro e mesmo em locais na nossa região. Na década de 50, o prefeito Henrique Peres inaugurou um sistema moderno de captação e tratamento das águas do rio Tietê para o abastecimento de água na cidade. O sistema tinha um reservatório de água tratada e possuía tecnologia de ponta para a época. Esse sistema, modernizado e expandido, funciona até hoje, através do Semae – Serviço Municipal de Águas e Esgoto. As instalações do sistema de abastecimento da Serra do Itapeti foram desativadas e esquecidas por muito tempo e estão até hoje no local em que foram construídos, ajudando assim a termos dados históricos sobre a manutenção da nossa reserva da Mata Atlântica. Em 26 de novembro de 1970, o prefeito Waldemar Costa Filho criou pela Lei Municipal nº 1955, o “Parque Municipal Itapeti” como Reserva e Horto Florestal, sendo subordinado ao Conselho Municipal de Turismo. A área foi oferecida ao público com vocação de um parque urbano, que foi muito frequentado por toda a população. As pessoas tinham o local como uma área de lazer de fim de semana, sem se preocupar com a preservação, levando a degradação ambiental e sérios problemas de segurança aos usuários. No ano de 1987, o prefeito Antonio Carlos Machado, através do Decreto Municipal nº 1510, formou um Grupo de Trabalho com pesquisadores de outras instituições e técnicos da própria Prefeitura para que realizasse estudos preliminares e a elaborasse diretrizes que levassem a um plano de manejo para o Parque Municipal. Em 1988, por recomendação do Grupo de Trabalho, o então prefeito realizou obras no antigo prédio de Captação de Água para sediar um Centro de Pesquisa. O Centro deveria desenvolver pesquisa para a preservação de ecossistemas da Mata Atlântica. No mesmo ano, a Câmara Municipal aprovou por unanimidade a Lei nº 3.386, que autorizou o executivo a firmar convênio com as universidades de Mogi das Cruzes e Braz Cubas. No ano de 1989, o prefeito Waldemar Costa Filho concretizou esse convênio e vinculou o Parque à Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Meio Ambiente, Indústria e Comércio. Nesse mesmo ano, foi criado pelas universidades o CEMASI - Centro de Monitoramento Ambiental da Serra do Itapety com a função de pesquisar e conservar os ecossistemas da Mata Atlântica. Entre os anos 1990 e 1994, as universidades, por meio do CEMASI realizaram pesquisa de biologia da conservação, educação ambiental, arqueologia e levantamento histórico, fornecendo dados para elaboração do Plano de Manejo. O trabalho realizado desde então possibilitou que a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente em 2009 conseguisse o reconhecimento da área como Parque Natural Municipal pelo Governo do Estado de São Paulo, conforme a legislação federal que criou em 2000 o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Atualmente são realizados trabalhos de Educação Ambiental com grupos da sociedade, como escolas, igrejas e associações. O Parque está inserido também no programa “Escola de Tempo Integral”, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. Ao todo são cerca de seis mil pessoas que visitam a área e recebem informações sobre a Mata Atlântica e sua biodiversidade durante todo o ano. Com o reconhecimento da área foi possível também o acesso aos recursos de compensação ambiental que foram usados para a revisão do Plano de Manejo e sua implantação, o que possibilitará uma nova consolidação das informações produzidas sobre a área e sua política de conservação e uso público. Atualmente o Parque Natural Municipal “Francisco Affonso de Mello - Chiquinho Veríssimo”, que recebeu esse nome em homenagem a um dos primeiros donos das terras que hoje formam o Parque, está vinculado à Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente. Romildo de Pinho Campello é formado em Análise de Sistemas e se especializou na área ambiental. Atualmente é secretário municipal de Verde e Meio Ambiente e Ouvidor Municipal. Zenaide Oliveira dos Santos é pedagoga e educadora na Escola Ambiental de Mogi das Cruzes eco no mia 7 Especial Educação Ambiental Inspetores da “Transformando hábitos” e “Iluminando um futuro sustentável” O projeto “Transformando Hábitos para a Saúde do Planeta” começou em nossa escola no ano de 2009 com os objetivos de transformar os hábitos das pessoas para a saúde do planeta e de conscientizar os alunos sobre o uso consciente de água e energia elétrica. A empresa Golden, em 13 de março de 2010, realizou uma palestra para apresentar o seu projeto “Iluminando um futuro sustentável” para os educadores de Mogi das Cruzes. A iniciativa viabiliza a eficiência energética com o objetivo de diminuir o consumo de energia elétrica. Na palestra foram distribuídas cartilhas para trabalharmos com os alunos. O material possui um conteúdo riquíssimo sobre o uso consciente de energia elétrica, consumo e eficiência energética. Também possui informações sobre iluminação, lâmpadas e suas utilizações. Esclarece sobre o uso da luz branca nas salas de aula, pois a luz fria favorece a concentração e estimula o trabalho nos ambientes. Pensando nisso, iniciei um trabalho em consonância com os projetos “Transformando hábitos para a saúde do Planeta” e “Iluminando um futuro sustentável” com os meus alunos dos 2º anos das escolas municipais Profª Ana Maria Barbosa Garcia, situada no bairro Botujuru, e Prof. Adolfo Martini, no bairro Vila Industrial. O objetivo foi conscientizá-los sobre o uso consciente da água e de energia elétrica. Ao passar das aulas, percebi o envolvimento de todos nas atividades, porém na hora do lanche ou na hora de ir ao banheiro, eles, às vezes, deixavam a torneira aberta ou a luz acesa. Identifiquei que necessitavam de um reforço positivo para praticar os bons hábitos em todos os locais. Para reverter este quadro, precisei do auxílio de todos. Então, resolvi instituir o “Inspetor da economia”: cada dia um menino e uma menina são escolhidos para serem inspetor e a inspetora da economia. A função do inspetor da economia é observar a conduta e lembrar os colegas de apagar a luz ao sair de um ambiente, fechar a torneira após o uso, economizar materiais escolares, não desperdiçar comida, entre outras ações. Todos os dias, num ato bem democrático, faço uma votação em que os alunos escolhem um colega para ser o inspetor da economia do dia. Essa atitude faz com que se crie uma expectativa entre os alunos que anseiam por serem escolhidos. E, também, prepara-os para exercer a cidadania; a serem mais críticos para observarem as posturas erradas e corrigi-las; mais conscientes, admitindo suas limitações e as dos colegas, ajudando-os quando necessitam. Afinal, desenvolver cidadãos críticos e conscientes é um dever de todos. Paula Leme Assis é professora de Ensino Fundamental nas escolas municipais Profª Ana Maria Barbosa Garcia e Prof. Adolfo Martini. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Paula Leme Assis 8 Especial Educação Ambiental Pais e alunos comemoram Terra Dia da na Emesp Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Kelli Correa Brito O Dia do Planeta Terra, comemorado no dia 22 de abril, foi festejado durante dois dias pelos pais, alunos e educadores da Escola Municipal de Educação Especial (Emesp) Profª Jovita Franco Arouche, na Vila Lavínia. A festa começou no feriado de Tiradentes, em 21 de abril, e terminou no dia seguinte trazendo a comunidade e visitantes à escola. Todos puderam conferir a exposição de trabalhos dos alunos e do Clube de Mães, além de adquirir mudas produzidas na unidade e degustar produtos naturais. “Esta é uma semente que estamos plantando em cada um que esteve conosco nestes dois dias. A expectativa é que ele saia daqui e leve esta nossa preocupação com o planeta para sua casa e seus conhecidos”, disse Roseli Fragoso, professora da unidade escolar e organizadora da festa. Os visitantes receberam verduras, cedidas pela Secretaria Municipal de Agricultura, que também enviou caquis para degustação e a produção de suco e doces. A ação faz parte do projeto Plantando Bem-Estar, desenvolvido pelo quarto ano consecutivo na Emesp e que envolve 70 alunos da Educação Infantil à Educação de Jovens e Adultos (EJA). A novidade deste ano foi a participação das mães. Crislene da Silva Maciel, mãe de Cristofer, de 3 anos, aprendeu a dois meses a produzir uma muda. “Nunca tinha mexido com plantas antes. Gostei muito. É importante para que as crianças aprendam desde cedo a importância de cuidar do planeta”, disse. Na companhia de Regina Célia Batista, ela expôs as mudas que produziu nestes primeiros meses. “Vimos que é muito pouco o que estamos fazendo. Queremos que outras mãe nos acompanhem nesse trabalho”, afirmou Regina. No dia 21 de abril, duas palestras aconteceram durante o evento. O empresário Daniel Ribeiro Leopoldino, especializado no setor de produtos naturais, falou sobre alimentação natural e a professora Sônia Regina Yamaguchi trouxe informações sobre a culinária com casca da banana verde. O artista plástico mogiano Paulo Seccomandi pintou o muro que leva à estufa da escola. “Acho que quem trabalha com educação especial merece o nosso apoio”, disse. Kelli Correa Brito é jornalista da Secretaria Municipal de Educação. Especial Educação Ambiental 9 Ionara dos Santos Rocha - 4ª série B Profª. Elaine Prieto E.M Profª. Florisa Faustino Pinto “Hoje a água é transparente, amanhã, se não soubermos usar, poderá ser invisível.” Guilherme Sandoval Guimarães - 4ª série C Profª Nilsa Siva Barradas E.M. Profº Jacks Grinberg Uso da Prefeitura premia vencedores de concurso de frases sobre o água A água é muito importante para todos os seres vivos, então seja “vivo”, quando usá-la. Yuri Arashiro da Silva - 2º ano B Profª. Aline de Morais Nogueira de Oliveira E.M Dermeval Arouca “A água é importante na nossa vida e tem mil utilidades, não podemos desperdiçá-la.” Pablo Henrique de Almeida Pereira - 4ª série B Profª. Márcia Cândida José dos Santos E.M” Profª. Emilie Nehme Affonso” A Prefeitura de Mogi das Cruzes, por meio das Secretarias Municipais de Educação, Verde e Meio Ambiente e do Semae, realizou, no dia 31 de março, a solenidade de premiação dos 12 estudantes de Ensino Fundamental da cidade que fizeram as melhores frases dentro do concurso sobre o uso racional da água. As frases foram inseridas nas contas de água do Semae, como forma de conscientização da população. Veja as frases vencedoras. “Se quiser herdar um grande tesouro, cuide hoje da água.” “H2O. A fórmula essencial para a vida.” “Água, a expressão mais cristalina da natureza!” “Cuidando da água teremos futuro.” “A água é o bem mais importante para nossa sobrevivência. Seu desperdício causará sede. Economize-a.” “Gosto muito do rio azul e também da natureza. Água para lavar e beber – Que beleza!” “Água, não dá pra viver sem.” “A água é mágica e todos nós necessitamos dessa magia.” Bianca Feitosa de Morais - 4ª série A Profª. Elisete Menezes de Campos E. M “Engenheiro Cláudio Abrahão” João Victor Silva Guimarães Prado de Oliveira - 4 ª série A Profª. Vera Lúcia Pereira Alves de Oliveira E.M Dr. Isidoro Boucault Isabella Santana Simões - 4ª série E Profª. Heidi Ribeiro da Costa Paz E.M “Benedito Ferreira Lopes” - CAIC Ingrid Caroline Oliveira S. Machado - 1º Ano Profª. Adriana Visa Sedano Lorca E.M “Profº Adolfo Cardoso” Naiara Cristina Oliveira Lima - 4ª série C Profª.Lucimeyre Gonçalves E.M “Profª.Lourdes Maria Prado Aguiar “ Gabriel Robson Dias dos Santos - 4ª série A Profª. Marina Rosa da Silva E.M ( R) “Maria Alda Mussolino Lainetti” Vitória G. Martins dos Santos - 2º Ano D Profª.Danila Aparecida de Almeida Lauro CEMPRE – “Drª. Ruth Cardoso” Juliana Yurika Sakada - 3ª série B Profª. Tânia Tavares Moreno E.M “Profª. Cynira Oliveira Castro” Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes “Não faça da água um rascunho; pois talvez não dê tempo de passar a limpo!” Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Especial Educação Ambiental 10 11 Uma Abordagem Holística da Educação em Mogi das Cruzes nestes 450 anos Claudia Rocha Moretti Lorena Mogi das Cruzes completa 450 anos neste ano, durante estes quatro séculos e meio a cidade cresceu a olhos vistos acompanhando a evolução das grandes metrópoles. Obviamente não na mesma velocidade, porém alguns problemas foram adquiridos com o tempo com esse progresso, assim como o Mundo todo. Com o progresso, a Prefeitura Municipal foi aprimorando seus serviços inclusive no que tange a área de Educação. As escolas municipais sempre foram sinônimos de qualidade, que durante anos ficou restrita à Educação Infantil, sendo que no início desta década ampliou-se o atendimento com escolas de Ensino Fundamental. Sempre priorizando uma Educação Integral dos alunos. Foram criados vários núcleos para colaborarem com o trabalho educacional, como a Escola Ambiental de Mogi das Cruzes, o Centro de Atendimento ao Portador de Necessidades Educacionais Especiais Ricardo Strazzi (Pró-Escolar) e a inserção tecnológica com orientadores de informática nas escolas da rede municipal, atividades que representam concretamente a preocupação com a qualidade do ensino. A última empreitada da administração municipal é o programa “Escola de Tempo Integral” que em ordem crescente vem sendo implantado em novas escolas. Ao falarmos de Educação Integral ou Educação em Tempo Integral, necessitamos fazer um viés histórico para que possamos compreender a realidade atual. História da Educação Integral Numa abordagem sócio-histórica, podemos entendê-la a partir das matrizes ideológicas que se encontram na essência das diferentes práticas e concepções que delinearam e estão norteando as características da educação contemporânea, como as tríades: educação – proteção – currículo/ currículo integrado - educação integral – tempo escolar; que procuram viabilizar, no Brasil, concepções de educação integral e, finalmente, a relação entre educação integral e tempo escolar ampliado. Analisando as afirmações de Wallerstein e Bobbio, inferimos que as três ideologias de que se ocupam divergentes, enquanto visões sociais de mundo, manipulam, obviamente, representações, crenças, hábitos, construções epistemológicas adequadas a esta tríade de olhares e que, portanto, as fazem diferentes entre si. Com a educação não é diferente, ela varia de acordo com a forma que olham o Mundo e como o entendem. Conservadores, liberais e socialistas (re) apresentam concepções de Especial Educação Ambiental Integrale Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Sustentabilidade Educação Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Especial Educação Ambiental 12 educação cujas características – diversas em sua(s) natureza(s) – engendram práticas também diversas. Visto sob a perspectiva da dinâmica em que se inserem as sociedades complexas, há pontos em que elas convergem e há pontos – a grande maioria – em que divergem. Mas, fundamentalmente, são as divergências que as individualizam e dinamizam as discussões ideológicas. Sendo assim, podemos afirmar que as reflexões a respeito de uma formação mais abrangente reconstroem o início da civilização humana e com ela norteia as matrizes ideológicas político-filosóficas divergentes. Ao nos remetermos à Antiguidade, encontramos a Paidéia grega que, conjuntamente à formação humana completa, trazia em sua essência a ideia que mais tarde criou o conceito educação integral como a formação do corpo e do espírito. Considera o homem abstratamente, mas como membro da sociedade. É desta maneira que coloca a educação em sólida ligação com o mundo dos valores e insere a formação espiritual na totalidade humana. O espírito não é considerado através do ponto de vista puramente intelectual, formal ou de conteúdo, mas sim em relação com as suas condições sociais. Podemos constatar que há, na concepção grega de formação humana, uma espécie de igualdade entre as reflexões e as ações que constituem essa formação, sejam elas intelectuais, físicas, metafísicas, estéticas ou éticas. Em outras palavras, há um sentido de completude que forma, de modo integral, o Ser do que é humano e que não se descola de uma visão social de mundo. Esse modo de ver e perceber a formação do homem corresponde à natureza do que denominamos de educação integral: uma perspectiva que não hierarquiza experiências, saberes, conhecimentos. Ao contrário, coloca-os como complementares e fundados radicalmente no social: “o espírito não é considerado através do ponto de vista puramente intelectual, formal ou de conteúdo, mas sim em relação com as suas condições sociais...”. No pensamento revolucionário francês, os jacobinos instituíram a escola primária pública para todas as crianças no mesmo caminho do projeto de Lepeletier, que propunha “uma educação comum, radicada na formação integral” constituída na aquisição e no desenvolvimento das faculdades físicas, intelectuais e morais de cada indivíduo (Boto 1996, p. 183-185). Mais tarde é com Bakunin e Proudhon, entre outros pensadores do movimento anarquista, que se estabelecem bases político-ideológicas para a educação integral forjada pelos ideais libertários: igualdade, liberdade e autonomia, que são algumas das categorias que fundam o arcabouço filosófico e educativo dessa forma de pensar e agir. A burguesia já possuía uma instrução integral, Bakunin parte de uma concepção de sociedade igualitária para requisitar essa mesma educação para todos, ou seja, não apenas para os burgueses. A concepção libertária de educação provém de um cunho altamente político emancipador, “experiências criativas e prazerosas” sintetizadas até aqui objetivam a formação completa do homem, para que ele o seja, na plenitude filosófico-social da expressão. É assim que essa educação se faz concomitantemente sensitiva, intelectual, artística, esportiva, filosófica, profissional e, obviamente, política dado às atividades realizadas. Constitui-se a pedagogia da pergunta, da solidariedade nas tarefas manuais, o espírito coletivo por meio das atividades esportivas e dos jogos, as atividades mescladas sem hierarquizações que demonstrassem o predomínio de umas sobre as outras, constitui-se o cidadão emancipado, questionador e construtor de uma história coletiva. Em terras brasileiras No Brasil da primeira metade do século 20, por exemplo, coexistiam movimentos, tendências e correntes políticas dos mais variados matizes, discutindo educação; mais precisamente defendendo a educação integral, mas com propostas político-sociais e teórico-metodológicas diversas.. Desse grupo mesclado faziam parte, por exemplo, os católicos que, por meio de suas instituições escolares, efetivavam uma concepção de educação integral calcada em atividades intelectuais, físicas, artísticas e ético-religiosas aliadas a uma disciplina rigorosa e também os grupos dos integralistas, anarquistas e liberais, como Anísio Teixeira, que defendia e implantou instituições públicas escolares, entre as décadas de 30 e 50, em que essa concepção de educação foi praticada. Mais especificamente, o movimento integralista defendia a educação integral, tanto nos escritos de Plínio Salgado, seu chefe nacional, como naqueles elaborados por militantes representativos do Integralismo. Salgado afirma: “em todos esses escritos um único pensamento: o da educação integral para o homem integral” (Cavalari, 1999, p. 8). Destacamos a reflexão de Leopoldo Aires: “O verdadeiro ideal educativo é o que se propõe a educar o homem todo”. “E o homem todo é o conjunto do homem físico, do homem intelectual, do homem cívico e do homem espiritual” (apud Cavalari, 1999, p.46). Para eles, as bases dessa educação integral eram a espiritualidade, o nacionalismo cívico e a disciplina, ou seja, fundamentos que podemos caracterizar como político-conservadores. Para os anarquistas, ainda ativos no mesmo período, a ênfase recaía sobre a igualdade, a autonomia e a liberdade humanas, em uma clara opção pelos aspectos político-emancipadores. Durante os anos 30, podemos dizer que o pensamento integralista defendia a educação integral; já Anísio Teixeira refletia sobre instituições escolares públicas e as programava tendo como um de seus propósitos o de constituir uma formação completa que muito se aproxima de uma “educação integral”. Anísio Teixeira, um dos mentores intelectuais do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova de 1932, não nos esquecendo de sua luta pela implantação de um sistema público de ensino para o País, abrangente e de boa qualidade, propunha uma educação em que a escola oferecesse às crianças: “[...] seu programa completo de leitura, aritmética e escrita, e mais ciências físicas e sociais, e mais artes industriais, desenho, música, dança e educação física (...) saúde e alimento à criança, visto não ser possível educá-la no grau de desnutrição e abando em que vive. (Teixeira, 1959, p. 79).” Na mesma obra anteriormente referenciada, Anísio Teixeira (1959, p. 79), Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Especial Educação Ambiental 13 Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Especial Educação Ambiental 14 reforçando sua visão de instituição escolar pública, propôs: “[...] que a escola eduque, forme hábitos, forme atitudes, cultive aspirações, prepare, realmente, a criança para a sua civilização – esta civilização tão difícil por ser uma civilização técnica e industrial e ainda mais difícil e complexa por estar em mutação permanente.” O educador tinha em mente a criança do ensino fundamental, a quem deveria ser dispensada uma formação completa, calcada em atividades intelectuais, artísticas, profissionais, físicas e de saúde, além daquelas de cunho ético-filosófico (formação de hábitos e atitudes, cultivo de aspirações). “[...] que a escola eduque, forme hábitos, forme atitudes, cultive aspirações, prepare, realmente, a criança para a sua civilização – esta civilização tão difícil por ser uma civilização técnica e industrial e ainda mais difícil e complexa por estar em mutação permanente”. Essa formação completa defendida por Anísio Teixeira tem como uma de suas bases a formação para o progresso, para o desenvolvimento da civilização técnica e industrial, aspectos político-desenvolvimentistas, o que constitui pressuposto importante do pensamento/ação liberal. Nesse sentido, a formação completa da criança – via educação – teria como meta a construção do adulto civilizado, pronto para encarar o progresso capaz de alavancar o País. As visões sociais de mundo que, como diz Löwy, são “conjuntos estruturados de valores, representações, ideias e orientações cognitivas” (1985, p. 13), constituindo ideologias diversas, ou seja, diferentes modos de conceber o homem em sua relação com os outros e com a sociedade em que vive. É preciso conhecer tais proposições, refletir sobre as visões sociais que engendram e, como dizia Oswald de Andrade, “em uma atitude antropofágica”, construir concepções próprias de educação integral para as instituições públicas de ensino com essas características, alicerçadas na sociedade em que se inserem e no horizonte de continuidades ou descontinuidades que se pretende construir. Uma formação mais completa para o ser humano-cidadão-aluno. Educação Integral e sustentabilidade Continuando nesta linha de pensamento e transportando para a realidade de nossas escolas municipais, podemos concluir que a preocupação com a Educação em nossa cidade sempre esteve acoplada à ideia de Educação Integral, pois carrega na sua essência a formação global do aluno. Já em relação à Educação em Tempo Integral, a formação integral dos alunos é estendida no que se denomina contraturno, momento em que é oferecida uma estrutura curricular complementar formada por oficinas, estas divididas em: esportivas, culturais e intelectuais, que proporcionam uma maior possibilidade na formação integral do aluno. Nas oficinas intelectuais, temos a Educação Ambiental que traz em seus princípios duas vertentes estreitamente ligadas por uma linha tênue entre a participação da população na busca de soluções para os problemas ambientais, na formação de cidadania norteada pela dimensão ética das práticas pedagógicas, que permeiam as relações enquanto seres humanos de forma conceitual, do abstrato ao fundamental nas relações sociais onde a ética não é um conhecimento cognitivo, mas sim, a forma de ser e existir que resulta na interação do indivíduo micro e macroscópica. Neste contexto, é a Educação Ambiental que traz para o debate a dimensão das práticas pedagógicas na construção integral do aluno para a constituição da cidadania pautada em uma Educação para a Sustentabilidade, não só do Planeta como para o próprio Homem. A Educação Ambiental, vista no contexto da cidadania, da participação e da ação comunitária, faz parte de um processo que tem como fundamentos a reflexão e a consciência sócio-ambiental e coloca em debate a questão ambiental a qual, salienta o aspecto interdisciplinar a partir de uma visão holística Do ponto de vista pedagógico, a Especial Educação Ambiental 15 Referências Bibliográficas: BAKUNIN, Mijail. La instrucción integral. Barcelona: José Olañeta Editor, 1979. BOBBIO, Norberto. Liberalismo e democracia. São Paulo: Brasiliense, 1988. BOTO, Carlota. A escola do homem novo: entre o Iluminismo e a Revolução Francesa. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1996. CAVALARI, Rosa Feiteiro. 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Claudia Rocha Moretti Lorena é educadora da Escola Ambiental de Mogi das Cruzes, graduada em Ciências Físicas e Biológicas e Pedagogia, pós-graduada em Metodologia do Ensino Superior, Ciências Ambientais e Educação Infantil. Atualmente é mestranda em Biotecnologia na Universidade de Mogi das Cruzes. KERSTENETZKY, Célia Lessa. Escola em tempo integral já: quando quantidade é qualidade. Ciência hoje, v.39, n. 231, p.18-23, out. 2006. LÖWY, Michel. Ideologia e ciências sociais. São Paulo: Cortez, 1985. JUIZ DE FORA (Prefeitura Municipal). Tempo integral nas escolas: folheto de divulgação do Projeto. Juiz de Fora: Secretaria de Educação, s/d. NÃO CITADO. RIBEIRO, Darcy. O livro dos CIEPS. Rio de Janeiro: Bloch, 1986. Em Aberto, Brasília, v. 22, n. 80, p. 83-96, abr. 2009. TEIXEIRA, Anísio. Centro Educacional Carneiro Ribeiro. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Rio de Janeiro, v. 31, n. 73, p. 78-84, jan./mar. 1959. WALLERSTEIN, Immanuel. Após o liberalismo: em busca da reconstrução do mundo. Petrópolis: Vozes, 2002. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Educação Ambiental é, então, vista como essencial dentro das preocupações com o futuro. Para que se alcance uma mobilização coletiva no sentido de transformar, prevenir e amenizar os problemas de cunho ambientalista, devemos levar em conta as diversas relações entre a realidade natural e social, daí o valor da discussão interdisciplinar. A formação de cidadãos críticos, criativos e conscientes depende da Educação Ambiental ser debatida e aberta; assim, a mesma é também uma relação intrínseca com a prática de cidadania. Fica evidente, portanto, que a Educação Ambiental, como uma Educação Holística dos cidadãos, está enfrentando grandes desafios na tentativa de uma substancial transformação. Assim, a Educação Ambiental passa a atuar como uma estratégia fundamental no preparo de autores e atores sociais para uma participação ativa e consciente, na gestão e na busca de alternativas para a solução dos problemas ambientais. Destacamos que o Estado também possui um papel importantíssimo nesta dura empreitada, no que tange à melhoria da qualidade do ensino e na aplicabilidade eficaz das leis. É dever da iniciativa pública e privada a abordagem sistêmica das questões ambientais e, consequentemente, preparar os cidadãos para o novo paradigma ético e responsável que a humanidade precisa ter diante da sua Casa/Terra. 16 Ambiental Portugal Especial Educação Ambiental Educação mogiana é destaque em Escola Ambiental de Mogi das Cruzes e Escolas Municipais participam do II Congresso Internacional Escolar – Recursos Naturais, Sustentabilidade e Humanidade em Braga/Portugal Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Maria Inês Soares da Costa Neves Pela primeira vez, Mogi das Cruzes participou com uma delegação composta por seis educadores de sua rede municipal de ensino em um congresso internacional, que ocorreu em Braga, Portugal, em maio de 2010. O II Congresso Internacional Escolar: Recursos Naturais, Sustentabilidade e Humanidade é um projeto do Agrupamento de Escolas de Lamaçães, de Braga, em parceria com o Agrupamento de Escolas de Gualtar e a Escola Secundária de Barcelos com o apoio do Ministério da Educação português, empresas, artistas, cientistas, gestores e encarregados de educação. Frente ao desafio de nossos dias, a pergunta é: Como podemos resolver ou colaborar com a visão da escola para enfrentar os problemas ambientais e sociais que vivenciamos hoje? Algumas perguntas foram levantadas pela organização do Congresso frente aos desafios atuais, tornando-se temática do mesmo: ■ Se a juventude demonstra falta de paixão no seu futuro, não seremos nós os responsáveis por atear o fogo de artifício – a criatividade, a iniciativa, a inovação ideológica? ■ Se o individualismo é tido como algo contagioso, não deveríamos promover o colaboracionismo e demonstrar que os grupos funcionam desde que cada um traga o que tem de melhor? ■ Se o mundo tem falta de líderes, não deveríamos ter programas nacionais de liderança? ■ Face a tudo isto, o que é que a Escola faz e o que lhe falta fazer para a humanização e a conservação da Terra? A programação contou com três momentos de reflexão e construção coletiva de conhecimento e trocas de experiências. O Small Meeting, realizado a partir do dia 5 de maio, com a presença de alunos e cientistas, estes com trabalhos reconhecidos internacionalmente, discutiu temas como: - “Água: Desafios do Século XXI”, com Mike Edmunds – Reino Unido, professor na Universidade de Oxford, diretor de investigação no Oxford Center for Water Rsearch e vencedor da Whitaker Medal da Sociedade de Geologia: - “A Contribuição da Iniciativa “Barcode of Life” na Descoberta e Monitorização da Biodiversidade”, com Filipe Costa – Portugal, professor do Departamento de Biologia da Universidade do Minho e investigador no Centro de Biologia Molecular e Ambiental da mesma Universidade. Em outro momento, a Reunião Alargada reuniu políticos, lideranças e educadores de toda região norte de Portugal, incluindo as Universidades do Minho e Coimbra. No workshop de Educação Ambien- Especial Educação Ambiental 17 tal, o evento foi selecionado pela Convenção de Diversidade Biológica dentro do calendário de eventos do Ano Internacional da Biodiversidade (ONU). Mogi das Cruzes foi representada pela Escola Ambiental de Mogi das Cruzes com os banners: - “Educação Ambiental e Educação Científica, Educação Ambiental e Tecnologia”; - “Uma nova inserção no ensino na cidade de Mogi das Cruzes, Projeto Transformando Hábitos para a Saúde do Planeta e Educação Integral” – “Saúde e Sustentabilidade em Bairros Vulneráveis de Mogi das Cruzes”, em parceria com a Vigilância Sanitária Municipal, por meio da educadora em saúde, Cintia Melani. Maria Inês Soares da Costa Neves, coordenadora da Escola Ambiental de Mogi das Cruzes, apresentou a comunicação oral “Capacitação de Educadores em Biotecnologia”, tendo como co-autora a profª Claudia Rocha Moretti Lorena. A E.M. Prof. Dermeval Arouca foi representada pela coordenadora pedagógica Ana Maria Silva, que apresentou a comunicação oral “A Educação Mogiana Mudando Mentalidade e Comportamento pela Conservação e Preservação da Biodiversidade para o Desenvolvimento Global na Sociedade”. Também participaram a E.M. José Cury Andere com o “Projeto Valores”, desenvolvido pelas educadoras Arlene Usier Pinto, que representou a unidade escolar e as professoras Angela Prestes e Cleonice Maria Joaquim no evento. A E.M. José Alves dos Santos foi representada pela diretora Claudia Aguiar com o trabalho “Projetos Educacionais Promovem Sustentabilidade” e a E.M. Antonio Nacif Salemi contou com a participação de sua coordenadora pedagógica, Dinalva Braz. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Acima, educadores mogianos com a presidente do II Congresso Internacional Escolar – Dra. Angela Mendonça. Abaixo, Dra. Zenita Ghunter, da Universidade Federal de Lavras e Edite Estrela, primeira vice-presidente da Comissão do Parlamento Europeu para os Direitos da Mulher e Igualdade dos Gêneros e membro das Comissões Parlamentares do Ambiente, Saúde Pública e Alterações Climáticas. Maria Inês Soares da Costa Neves é coordenadora da Escola Ambiental de Mogi das Cruzes, mestranda em Biotecnologia da Universidade de Mogi das Cruzes, especialista em Educação Ambiental e bacharel em Ciências da Computação – com projeto de Iniciação Científica no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – São José dos Campos). Especial Educação Ambiental 18 Péde Caqui Valéria Miranda Batista Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Os alunos do 1º ano B do Ensino Fundamental da Escola Municipal Narcisa das Dores Pinto aceitaram a proposta da professora Marlene Santana de Oliveira (veja abaixo o grupo e o trabalho vencedor) para participarem do Concurso Internacional no Âmbito do Ano Internacional da Biodiversidade - “Quando o Mundo se Torna Tela”. A proposta foi feita considerando as características peculiares ao Jardim Aracy e a proximidade do tema com a realidade dos alunos A escola está localizada próxima a Serra do Itapeti, resquício de Mata Atlântica. Muitos sítios próximos cultivam o caqui, fruta que se tornou símbolo da cidade de Mogi das Cruzes, e ainda os quintais das casas de vários dos alunos têm caquizeiros. A diversidade de animais e plantas da região é rica e vários deles além de circularem pelos quintais das casas costumam também passar pela escola, como: esquilos, gambás, vários passarinhos, lagartos e cobras, além da infinidade de insetos. Para representar a biodiversidade de nossa região, o grupo de alunos resolveu retratar um caquizeiro e alguns animais próximos no quadro “Pé de Caqui”. As técnicas de arte utilizadas abrangeram colagem, tecelagem, pintura e desenho. Os pigmentos empregados foram: carvão, espinafre moído, urucum, pó de casca de uva, açafrão e os veículos água, óleo de soja e óleo de linhaça. Também foram utilizados: barbantes, folhas de louro e unha de gato. O resultado do trabalho agradou muito aos alunos e ele foi premiado, em maio, pela organização do concurso com o 1º lugar na categoria miúdos. Agora a expectativa dos alunos é ver publicada a foto do trabalho nas revistas National Geografic e Science in School. Valéria Miranda Batista é diretora da Escola Municipal Narcisa das Dores Pinto. A obra “Atlântica” foi realizada por alunos da 3ª série A: Cynthia dos Santos Cardoso, Silvia Alves Pereira, Pedro Paulo dos Santos Neto; João Victor Taboada de Siqueira, Luis Fernando de Almeida Silva e Magaly Silvino de Mello Campos (veja acima o grupo e o trabalho vencedor). Eles utilizaram a técnica têmpera sobre papel. Para desenvolver primeiramente seus desenhos as crianças realizaram uma pesquisa de imagens da flora e da fauna brasileira, a partir desses “recortes” fizeram suas escolhas, criaram composições e ampliaram estes desenhos para chegar ao ideal de aplicação para o formato A1, exigido pelo concurso Concurso Internacional no Âmbito do Ano Internacional da Biodiversidade - “Quando o Mundo se Torna Tela”. Então se separaram em grupo por tipo de animais escolhidos e criaram assim uma nova composição para a aplicação da técnica natural da têmpera a ovo. Esta tinta foi fabricada pelos próprios alunos durante o projeto e estes utilizaram como pigmentos produtos naturais como temperos (curry e coloral), folhas de plantas (couve e a flor da violeta) e até mesmo café para conseguir as cores terrosas. Em maio, o trabalho foi o vencedor na categoria 1º escalão (Ensino Fundamental). Carla Andrea Zigante é professora de Educação Artística da E.M Professor Mario Portes Atlântica Carla Andrea Zigante Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Especial Educação Ambiental 19 Especial Educação Ambiental 20 Educação Ambientale Te c n o l o g i a Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Maria Inês Soares Costa Neves Taciano Segóvia Machado Maury Pereira da Costa Neves Mário Barbosa Fabriciano Mendes Jefferson Adriane de Paula O uso da tecnologia de informação como agente motivador no processo de aquisição de conhecimento vem ao encontro da necessidade de se trabalhar a Educação Ambiental de forma interdisciplinar dentro de uma conotação de educação holística. Neste contexto de multidisciplinaridade, o projeto “Refloreste Vida” objetiva a incorporação dos temas transversais na compreensão da realidade, unindo saberes acadêmicos com o conhecimento experimental. Segundo Fazenda, 2006: “O destino da ciência multipartida seria a falência do conhecimento, pois na medida em que nos distanciássemos de um conhecimento em totalidade, estaríamos decretando a falência do ser humano”. Neste contexto, o uso de ferramentas computacionais em educação ambiental visa desenvolver no educador da rede municipal de Mogi das Cruzes a visão crítica que lhe permita um protagonismo ativo baseado em informações, de forma a colaborar nas tomadas de decisões buscando a justiça, a solidariedade, a tolerância e a igualdade na sociedade complexa que se faz hoje, potencializando um estilo de vida saudável. Neste contexto, com conotação edu- cacional ampla e ideológica, a educação ambiental e tecnológica está oferecendo um ambiente de aprendizagem não dentro de um modelo tradicional, mas fazendo uso de suas experiências desafiadoras dentro de um ambiente com enfoque diferenciado, preparando o educando para os desafios de crises do tempo em que vivemos. O processo da leitura parte da visão de si mesmo para o mundo, a Educação Tecnológica fomenta sensibilidades cognitivas de leitura de mundo do ponto de vista ambiental, estabelecendo múltiplas compreensões de experiências individuais e coletivas em consonância com o ambiente de forma mediadora. Objetivos gerais 1) Levar aos educadores da Rede Municipal de Educação de Mogi das Cruzes uma forma de aprendizagem diferenciada, fortalecendo valores, atitudes, proporcionando conceitos básicos de informática e meio ambiente de modo a oferecer aos professores uma ferramenta de aprendizagem adequada e motivadora através do Portal www.reflorestevida.com 2) Orientar os educadores do sistema municipal de Mogi das Cruzes na abordagem crítico-reflexivo na siste- matização de práticas que contribuam para a aprendizagem. Tecnologia de Informação Objetivos Específicos 1)Oportunizar momentos significativos de aprendizagem por meio de recursos das salas de informática instaladas nas escolas municipais de Mogi das Cruzes; 2)Trabalhar interdisciplinaridade no desenvolvimento de competências e habilidades; 3)Democratizar a experiência em sala de informática; 4)Incentivar o uso das salas de informática como recurso motivador e agente poderoso de efetivação, garantindo a permanência do projeto na escola. A confecção do portal de serviços on-line “Refloreste Vida” é feito por uma equipe da área de Tecnologia da Informação (TI) que não trabalha exclusivamente com este projeto, tem o seu tempo compartilhado com outros serviços de TI aplicado à Educação Infantil e Ensino Fundamental (alunos de 3 a 10 anos). Por esta particularidade, evitamos processos de desenvolvimento extremamente burocráticos e adotamos a Metodologia Ágil de desenvolvimento de software. Para cada serviço disponibilizado é proposta uma solução, codificação e teste. A confecção de um serviço é realizada, dividindo-se o problema em pequenas tarefas e acrescentandolhes uma determinada prioridade. Para cada tarefa, esta é codificada e testada antes de fazer parte do sistema, após o término de uma tarefa inicia-se a posterior. Descrição do Portal Educacional Refloreste Vida O Portal Refloreste Vida foi dividido em áreas de interesse permitindo que os usuários façam pesquisas sobre a Mata Atlântica. Oferece também inscrições em Cursos de Educação Ambiental, oferecidos pela Escola Ambiental de Mogi das Cruzes, além de disponibilizar mate- rial de livre acesso sobre os temas trabalhados em capacitação de educadores. Na sessão “Relatos”, os educadores têm a oportunidade de inserir seus artigos científicos na página, disponibilizando suas experiências. No Fórum de Discussão, além de ser um local destinado ao envio de sugestões para a melhoria do serviço e do projeto “Refloreste Vida”, permite aos educadores tirar dúvidas, enviando as perguntas para os professores cadastrados no fórum. A partir de 2010, o Portal oferece, por meio da ferramenta Moodle, a capacitação à distância de educadores – “Educação Ambiental, Práticas e Fundamentos”. No projeto “Refloreste Vida” não poderíamos apenas plantar mudas, necessitávamos envolver todo o processo de aprendizagem para efetivar a ação. De forma que em se capacitando o educador e oferecendo a ele ferramentas de real valor dentro de seus anseios e necessidades, a tecnologia da informação pode e deve ser tratada como uma alternativa básica para sua formação. Baseada no conhecimento, vivência e sensibilização, a ação ambiental faz parte de um processo educacional forte e consistente, criando elos de formação continuada de aprendizagem e estimula novas ações. Resultados A tecnologia de informação inserida no processo formação educadores é algo que busca conciliar e facilitar o desenvolvimento de projetos e atividades em sala de aula em educação ambiental de forma consistente e pragmática. Maria Inês Soares Costa Neves é coordenadora da Escola Ambiental de Mogi das Cruzes. Taciano Segóvia Machado, Maury Pereira da Costa Neves, Mário Barbosa, Fabriciano Mendes, Jefferson Adriane de Paula são Orientadores de Informática da Secretaria Municipal de Educação. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Especial Educação Ambiental 21 22 Especial Educação Ambiental Educar para a cidadania ... É sobre vivên cia Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Eliane Regina Careta Macedo dos Santos De acordo com a Constituição Federal “é obrigação do Poder Público a promoção da educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do Meio Ambiente” (art. 225, § 1º, VI). Neste contexto, percebe-se a necessidade de integrar escola e comunidade para que as mudanças de comportamento ocorram não só na escola, mas também na sociedade como um todo. Para isto, se faz necessário agir em parceria com os pais e buscar a conscientização. Isto, com certeza, é uma tarefa árdua, mas a escola tem papel fundamental neste processo. Assim, considerando que todo aprendizado envolve mudança de comportamento, é gratificante quando uma criança corre na escola para fechar uma torneira ou pegar um papel no chão. Diante disto, momentos de reflexão foram proporcionados na E.M. Dr. Benedito Laporte Vieira da Motta com o objetivo de mudar o comportamento na sociedade, ou seja, educar para a cidadania. Esta escola está situada no Distrito de Jundiapeba e atende uma população carente, inclusive de orientações sobre direitos, deveres e cidadania. Nas ruas do distrito, nos deparamos com lixo nas ruas, nos terrenos baldios e bueiros. Na Festa Junina da escola em 2009, era surpreendente a quantidade de lixo deixado no chão ao término da festa. Assim, tornou-se necessário um trabalho de conscientização com os pais porque do ponto de vista do planeta não existe “fora”, faz-se necessário, portanto reduzir a quantidade de lixo e reciclar. A sociedade moderna induz ao consumismo e precisamos tomar cuidado, como consumidores, para não cairmos nas armadilhas da indústria e do comércio. No entanto, antes de tudo isto, é fundamental “jogar lixo no lixo”. O trabalho na escola foi desenvolvido com crianças de 5 e 6 anos, e teve início por meio de entrevistas enviadas aos pais a fim de instigá-los a refletir sobre o desperdício de água, o destino impróprio do lixo e a importância de reciclar. As crianças trouxeram para a escola os papéis de bala consumidos durante um mês e, assim, pudemos concluir que “de gota em gota se faz o oceano” e que se todos jogassem apenas um papel de bala no chão o acúmulo seria imenso! Para termos uma ideia da quantidade de resíduos sólidos gerados e descartados diariamente, vamos tomar a cidade de São Paulo como exemplo, onde cada habitante produz em média um quilo de lixo domiciliar por dia (conforme Pereira Neto, 1998). Num segundo momento, talvez o mais significativo do trabalho, os pais juntamente com as crianças do Infantil V (2009) assistiram a um DVD produzido pelas professoras Eliane Regina C. Macedo dos Santos e Tatiane Silva de Farias com imagens chocantes do lixo no próprio Distrito, nas festas da escola, bem como da destruição do planeta e do destino inadequado do lixo, muitas vezes jogado em terrenos baldios e nas ruas. O DVD terminava com o apelo: “FAÇA A SUA PARTE! SEJA A MUDANÇA QUE VOCÊ QUER VER!! Os pais ficaram sensibilizados com as mensagens e escreveram o que sentiram ao assistir o DVD, o resultado foi muito bom! A senhora Andréa Santiago Mendonça, mãe de uma aluna do Infantil V (2009) de- clarou: “Reconheço que posso fazer mais para ajudar o planeta. A partir de hoje, quando for ao supermercado, só saio com minha sacola de feira”. “Senti um aperto no peito ao assistir o DVD. Farei tudo para deixar um mundo melhor e mudar esta situação”, disse a mãe de um aluno do Infantil V, Solange Gomes da Silva. Além disto, as crianças do Infantil V registraram em forma de livro as ações realizadas no ano de 2009, em prol do Meio Ambiente. São elas: plantio de girassol na escola, experiência do ciclo da água e a importância da mesma para os seres vivos, entrevistas com os pais, o que posso fazer com o lixo e como posso melhorar meu planeta. Todos estes assuntos foram muito discutidos em sala de aula. Conclui-se, portanto que precisamos reconhecer que o Meio Ambiente não é algo distante, mas que somos parte dele. O Meio Ambiente, para José Afonso da Silva, é “a integração do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciam o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. A integração busca assumir uma concepção unitária do ambiente, compreensiva dos recursos naturais e culturais” (Direito ambiental constitucional, p.20). Faz-se necessário, portanto, nos unirmos para transformar esta realidade por meio de uma Educação, não só para a cidadania, mas também para nossa sobrevivência. Eliane Regina Careta Macedo dos Santos é professora de Educação Infantil na E.M. Dr. Benedito Laporte Vieira da Motta, graduada em Pedagogia, pós-graduada em Coordenação e Supervisão de Educação Infantil e Educação Especial. Referências Bibliográficas: SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2007. OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalves de. Difusos e Coletivos: direito ambiental. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. BRASIL, Ministério da Justiça. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: MJ, 1988. Site: http: // www.projetos.unijui.edu.br/.../ selixo/gipec-se-rot-atv03.htm - Em cache Similares (Pereira Neto, 1998) Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Especial Educação Ambiental 23 Especial Educação Ambiental 24 Educação Ambiental faz a diferença na Vila da Prata Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Daniel Munduruku – um novo olhar sobre o índio A formação “Fazendo Uso das Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica – Ciências Naturais e Sociais”, no início de abril, trouxe o professor Daniel Munduruku à Mogi das Cruzes. Ele nos passou sua experiência de vida em uma aldeia com o povo indígena “munduruku”, como ele gosta de ser chamado. Contou um pouco do preconceito que sofreu quando entrou para a escola aos 9 anos de idade. Seu avô foi seu maior incentivador nessa época, ele o ajudou a superar as dificuldades e ver a beleza em ser um “índio”, ou melhor, em fazer parte do “povo indígena” e o que isso representa para a sociedade brasileira, pois eles já estavam aqui, antes mesmo dos portugueses. Munduruku comentou sobre a importância que os povos indígenas dão aos mais velhos, o que não acontece com a nossa sociedade atualmente. O tempo moderno e a correria do dia-dia nos distância das coisas mais simples, ou seja, a conversa, o olhar no olho do outro, o que ainda acontece com os povos indígenas. Ele ressaltou que o Brasil está aceitando sua vocação multicultural e sua verdadeira identidade. Há dez anos não víamos o indígena falando e ocupando seu papel na sociedade, como existe hoje graças aos esforços da educação e sua transformação. “Quando eu falo conversa ao pé da fogueira, coloco o ato de “educar”, pois o “fogo” é um símbolo de renovação. Educador que não se transforma, vira “rio podre”, disse. Levamos essa reflexão para a sala de aula e no Dia do Índio, 19 de abril, conversamos com nossos alunos sobre a situação atual destes povos. Daniel nos passou sua experiência de vida e cabe a cada um de nós passar essa transformação social e cultural para as crianças. A Escola Municipal Dr. Isidoro Boucault, na Vila da Prata, desenvolve seus projetos sobre Meio Ambiente por meio de parcerias com a Escola Ambiental e outras organizações, como a Bio-Brás. A água foi o tema que predominou nas atividades da escola neste primeiro semestre. A equipe considera que essas ações feitas na escola são de suma importância para nossos alunos tanto para interagir com o tema, como para a sua socialização com os demais alunos. Pequenos gestos fazem a diferença. Dia da Água A questão da preservação da água foi abordada por Cláudia Rocha Moretti Lorena, professora da Escola Ambiental de Mogi das Cruzes, para comemorar o Dia da Água, festejado no dia 22 de março. Alunos desde a Educação Infantil ao Ensino Fundamental aprenderam que a água é um dos mais importantes patrimônios nosso Planeta, é a condição de vida essencial para a nossa sobrevivência. A palestrante citou a Declaração da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada em 22 de março de 1992, e que se tornou um fato histórico. O que mais tocou a equipe foi o trecho da Declaração em que está escrito: “O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer in- tactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra, isso só depende de cada ser humano fazer a sua parte”. Claudia deu dicas de como economizar água em casa com atitudes simples e ao mesmo tempo eficazes, como: banhos rápidos, lavar o carro com baldes, escovar os dentes com torneira fechada, juntar as roupas para lavar, etc. Usando a água com inteligência, certamente ela não vai faltar. É preciso lembrar sempre que Terra é a nossa casa e precisamos respeitá-la com atitudes boas e conscientes. O trabalho rendeu frutos em sala de aula. Em comemoração ao Dia da Água, a equipe escolar trabalhou o tema com vários vídeos, como: “Chuá-Chuaágua” e a “Gota Borralheira” (Sabesp) e os livros: “O Mundinho”, “A gota feliz” e “O Rabanete”. Cada aluno recebeu um botom com o slogan “Amigos da Água” e levou para a casa muitas informações sobre o tema. Na 4ª série, os alunos fizeram frases educativas sobre a água, que foram enviadas para o concurso promovido pelo Semae, em parceria com as secretarias municipais do Verde e Meio Ambiente e Educação. Nosso aluno, João Victor Silva Guimarães Prado de Oliveira, foi um dos vencedores com a frase “Água, a expressão mais cristalina da natureza”. A equipe parabeniza a todos que participaram. Projeto Renove Outro momento importante de nossas atividades sobre Meio Ambiente foi uma palestra para toda a comunidade local, pais, filhos e equipe pedagógica sobre reciclagem de óleo, o que interfere diretamente na preservação da água. A E.M. Dr. Isidoro Boucault é parceria da Ong Bio-Brás, por meio do projeto Renove. A iniciativa promove o recolhimento do óleo de cozinha usado para que ele seja reutilizado de maneira adequada e não polua as águas do Rio Tietê. Na palestra, recebemos algumas dicas de como utilizar o óleo corretamente em nosso dia-a-dia, ou seja, ele não pode ser jogado de qualquer forma em locais inadequados, o que pode causar impacto nos rios e no meio ambiente. Se cada um fizer a sua parte, estaremos contribuindo de forma significativa para um futuro melhor ao planeta. Após a explanação dos universitários, a diretora Rita de Cássia Rocha de Oliveira Luiz apresentou um material bem ilustrativo com dicas para evitar o desperdício e um vídeo sobre a experiência feita com a nascente da água e como ela fica ao som da música. A equipe serviu água e pediu que os participantes fizessem uma homenagem a ela com pensamentos e boas energias. Foi feito um painel na escola, em que os pais, alunos, universitários e funcionários deixaram sua mensagem registrada. Ciomara Rodrigues Prado de Miranda é pedagoga, professora de História e pós-graduada em Inclusão. Atualmente é a professora responsável pelo Cedic na E.M. Dr. Isidoro Boucault. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Ciomara Rodrigues Prado de Miranda Especial Educação Ambiental 25 Especial Educação Ambiental 26 Todo dia é dia de e preconceituoso que ainda é, muitas vezes inconscientemente, propagado por muitos educadores. Acredita o palestrante que “a principal fórmula de trazer o povo indígena para o respeito da sociedade é usar como fórmula o respeito por suas raízes ancestrais”. Deste modo, é possível inovar os métodos educacionais aplicando a essência da educação tradicional dos povos indígenas, a qual se preocupa com a tríplice necessidade: do corpo, da mente e do espírito. É uma visão sustentada pela ideia de que cada ser humano precisa viver intensamente seu momento, fazendo com que a criança viva plenamente seu ser infantil, sem indagações sobre o que ela pretende ser quando crescer. Há também a questão da preocupação com o meio ambiente. Daniel não acredita em consciência ambiental, mas sustentabilidade. E o aprendizado desta, começa no berço. Tanto a família, como a escola e quaisquer outros meios devem tornar-se exemplos a serem seguidos e ensinar a cuidar do planeta, cultivando hábitos saudáveis. Gestos simples, como não jogar lixo no chão, já servem de contribuição para a manutenção do nosso planeta. O palestrante ressaltou a necessidade de alterarmos nossa visão de desenvolvimento, de consumo, de progresso, de posse, para estarmos envolvidos de fato com a Terra. A nós, educadores, foi lançado um grande desafio: procurar transmitir a tradição e contribuição da sociedade indígena de forma justa e correta, assim como desenvolver a importância do meio ambiente para o equilíbrio da natureza na formação do caráter do cidadão. Ensinar aos alunos alguns valores, como o respeito, é educar, envolver, revelar, significar, enfim, é mostrar os sentidos da existência. Índio Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Rosa Maria Fusco Ferreira Sandra M. Bio Ongarelli Garcia Rosa Maria Fusco Ferreira é professora da E.M. Profª Cynira Oliveira de Castro Sandra M. Bio Ongarelli Garcia é coordenadora pedagógica da E. M. Profª Cynira Oliveira de Castro Nos dias 8 e 9 de abril, nós, educadores da rede municipal de Mogi das Cruzes, tivemos a oportunidade de participar da palestra proferida por Daniel Munduruku, o qual destaca ativamente o papel da cultura indígena na formação da sociedade brasileira. Este nasceu em Belém, PA, filho do povo indígena Munduruku. É formado em Filosofia com licenciatura em História e Psicologia e doutorando em Educação na USP, é escritor, diretor-presidente do Inbrapi (Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual) e autor de mais de 30 livros voltados ao público infantil e juvenil. Daniel preocupa-se com a forma que a imagem da comunidade indígena é repassada nos meios de educação. Dá-se a entender, muitas vezes, que o índio é um estorvo, um entrave para o desenvolvimento da sociedade desde os tempos do descobrimento do Brasil, a partir de uma visão rasa de produção, de consumo, de riqueza e pobreza. É um pensamento antiquado Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Especial Educação Ambiental 27 Fazendo uso Especial Educação Ambiental 28 das Matrizes de Ciências Naturais “A existência na Terra é constituída por um conjunto de fenômenos naturais e indissociáveis. O ser humano interage com o meio natural e social no qual vive desde muito cedo e esta interação permeia toda a vida” Educando em Mogi - nº 51 - ano IX (Matrizes Curriculares Municipais para Educação Básica - Ciências Naturais e Sociais) Sociais Edilamar Regiane C. Macedo Pazini Tomando por base esta incrível interação do ser humano com o meio natural onde ele vive, que a E.M. Dom Paulo Rolim Loureiro, em Pindorama, trabalha há alguns anos com o “Projeto Terra... Planeta Música”, em que temas geradores norteiam nossa prática no dia-a-dia escolar, contemplando as Diretrizes Curriculares Municipais para a Educação da Infância de Mogi das Cruzes, bem como as Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica e, em especial, as Matrizes de Ciências Naturais e Sociais, pois sabe-se que “cabe à escola ser agente de mudança, favorecendo o desenvolvimento e saberes da experiência para a construção da autonomia...”. Assim, elaboramos, anualmente, projetos para enriquecer os saberes e experiências infantis, em quem valoriza-se a pesquisa e o trabalho em “campo” e experiências na escola. No ano de 2009, iniciamos o trabalho sobre Meio Ambiente com o conhecimento dos “Moradores do Jardim” (joaninha, minhoca, formigas, borboletas, centopéia...), em que os alunos aprenderam englobando todas as áreas de conhecimento, de maneira a enriquecer cada vez mais o conhecimento das crianças. “O contato com pequenos animais como formigas e tatus-bola... pode ser proporcionado por meio de atividades Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes e Especial Educação Ambiental 29 Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Especial Educação Ambiental 30 que envolvam a observação, a troca de ideias entre as crianças, o cuidado e a criação com ajuda do adulto. O professor pode, por exemplo, promover algumas excursões ao espaço externo da escola”. (MEC, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, vol. 3, Conhecimento de Mundo, 1998, pág.178) A minhoca foi o último “Morador do Jardim” que os alunos estudaram, pois foi trabalhada a sua importância para a terra e partindo deste ponto, começamos a desenvolver o outro tema gerador: “Horta... Uma proposta de alimentação saudável”, que veio com força total. Os professores passaram por capacitação sobre o cultivo de horta em R.O.T.E. (Reunião para Organização do Trabalho Escolar) na Escola Ambiental e depois os alunos visitaram uma plantação de abobrinhas, o que enriqueceu muito o conhecimento dos alunos e professores, pois houve a interação das crianças com as plantas, evidenciando o modo de cuidar e de acompanhar seu crescimento, bem como diz as Matrizes Curriculares de Ciências Naturais e Sociais. Um dos parceiros com que a escola conta é o produtor rural de Quatinga, Tamio Hasegawa. Quando chegou o dia “tão” esperado por todos para a visitação à plantação de abobrinhas, ele nos recebeu e deu informações preciosas, além de curiosas, como por exemplo, o nome das espécies de abobrinhas: Italiana e “Sandy”. Nos ensinou também como plantar a semente, sobre as doenças que atingem a plantação e que uma semente produz de 20 a 30 abobrinhas! Os alunos adoraram. No final do dia, todos levaram abobrinhas para casa (doação do produtor) e também uma tarefa: elaborar uma receita e relatar para os amigos da sala. As receitas foram variadas: bolinho de abobrinha, tempurá de abobrinha, sopa de abobrinha, lasanha de abobrinha e ainda... Abobrinha na merenda. A abobrinha foi um dos alimentos que mais se destacou no trabalho de enriquecimento da merenda escolar. No ano de 2009, tivemos também a valorização de alimentos como o tomate, rabanete, alface e milho (doação de outro parceiro, Jorge Fukuda). O milho foi servido cozido para os alunos no mês de junho - Festa Junina e eles fizeram a maior festa. Percebeu-se que com estes projetos de valorização alimentar, conhecimento de alimentos, valorização do meio ambiente e de uma alimentação saudável, não há desperdício de merenda escolar, pois todos comem e repetem. Para completar o valioso car- dápio escolar, nossa Auxiliar de Desenvolvimento da Educação (ADE), Kátia Cilene Scarcella Garcia, deu uma aula de culinária, ensinando a todos a receita de um bolo (doce) de abobrinhas com cobertura de chocolate. O bolo fica com a massa na cor verde e a receita foi fornecida pelo DAE (Departamento de Alimentação Escolar) em capacitação para as ADEs. A aula de culinária foi prática e o bolo foi servido como sobremesa depois da merenda escolar.Todos adoraram e comeram muito, até os alunos do Infantil II, que às vezes rejeitam alguns alimentos por não ter conhecimento. Esta receita foi levada para casa no dia da aula de culinária e agora vamos compartilhar com todos a famosa receita do “bolo de abobrinhas” (veja no quadro das receitas), que foi trabalhada em sala de aula também com alunos do Infantil IV e V (2009), explorando a Matemática e a Língua Portuguesa. Além da receita, os alunos realizaram muitas atividades relacionadas com o tema. Após a visita e a aula de culinária, chegou o dia de plantarmos a abobrinha na escola, as sementes foram doadas pelo sr. Tamio e os adubos por alguns pais também parceiros da escola (Lucia Yamasaki, mãe do Jhum e Helena Saito, mãe da Fernanda). Plantamos na nossa pequena horta escolar. Além da abobrinha, plantamos tomate, rabanete e temperos. Os alunos também tiveram a oportunidade de degustar em sala: alface, tomate e a própria abobrinha refogada, sempre associada a alguma atividade. Como resultado, tivemos alunos do Infantil V (2009) já escrevendo e lendo no final do ano, pois trabalhamos a pesquisa, contextualização e prática dentro e fora da sala de aula.“Para tanto são necessárias mudanças nas práticas pedagógicas com a priorização de atividades de pesquisa, experimentação e exploração que compreendam conhecimentos empíricos e conceitos científicos”. (Matrizes Curriculares de Ciências Naturais e Sociais). Sempre levando em conta a importância de projetos que ampliem o conhecimento do aluno de maneira muito significativa, em 2010, estamos dando a continuidade à valorização do Meio Ambiente, plantas e boa alimentação. Na Semana da Páscoa, os alunos foram a uma plantação de cenouras, do nosso parceiro, Tamio Hasegawa, que no momento está cultivando cenouras com o nome de “Juliana”. An- tes da visitação, as professoras preparam os alunos com questionamentos sobre o que eles iriam ver e sobre a importância de uma alimentação saudável. No dia da visita, o sr. Tamio, sempre muito atencioso, nos mostrou as sementes, adubos e fertilizantes em uma aula ao ar livre ao lado da própria plantação. Foi muito interessante e de um riquíssimo conhecimento. Os alunos observaram que a terra deve ser bem cuidada para que o solo não fique doente e assim nos dê ótimos alimentos. Depois dos conhecimentos adquiridos, chegou o momento mais esperado: cada criança escolheu uma cenoura, naquele imenso canteiro e pode arrancá-la. Foi uma alegria enorme. Uns comparavam o tamanho, procurando a maior cenoura, outros queriam arrancar mais, alguns alunos do Infantil II, não conseguiram colher a cenoura (era muito grande para eles). Após a aula no “campo”, com experimentação muito significativa, continuou-se o trabalho na escola. As professoras trabalharam gráficos, situações problemas, músicas e a receita Edilamar Regiane C. Macedo Pazini é diretora da E.M. Dom Paulo Rolim Loureiro, pedagoga, pós-graduada em Gestão na Educação Básica, Coordenação e Supervisão na Educação Infantil e Educação Especial Referências Bibliográficas Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCN), Brasília: MEC/SEF 1998 Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica - 9 anos - Ciências Naturais e Sociais, Mogi das Cruzes/SP: Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes/2010 do bolo de cenouras, que também fez parte da aula de culinária dada pela ADE Kátia. Os alunos comeram o bolo no dia da Festa da Páscoa e adoraram. Outra receita trabalhada foi o tempurá de folhas de cenoura, que os alunos comeram, como enriquecimento alimentar na merenda escolar dias após a visitação na plantação de cenouras. A receita é bem simples e teve ótima aceitação entre os alunos (veja no quadro de receitas). Na medida em que desenvolvemos e sistematizamos os conhecimentos relativos à valorização do Meio Ambiente e o que ele nos fornece, a formação de um cidadão com consciência ecológica será efetivada e isto só vai fazer bem para o NOSSO PLANETA e nossa VIDA... Vamos pensar nisto. Receitas Bolo de Abobrinhas Ingredientes 2 abobrinhas italianas picadas 3 ovos 2 xícaras de açúcar 1 xícara de óleo 3 xícaras de farinha de trigo 2 colheres de fermento em pó Modo de fazer Bata no liquidificador, a abobrinha, os ovos, açúcar e o óleo. Em uma tigela, coloque a farinha e despeje a massa batida no liquidificador e acrescente o fermento em pó. Asse em forma untada e polvilhada com farinha. Cobertura Mingau de chocolate, fornecido pelo DAE (Departamento de Alimentação Escolar). Tempurá de folhas de cenouras Ingredientes Folhas de cenouras lavadas e picadas 2 cenouras raladas em ralo grosso 2 ovos Óleo Água Farinha de trigo até dar o ponto de pingar Sal a gosto Modo de fazer Misture tudo numa tigela e frite em óleo quente. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Especial Educação Ambiental 31 Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Especial Educação Ambiental 32 Ações pedagógicas Aline Calixto Balbino da Silva Conceição Ana Maria Guimarães da Silva Danila Zanni dos Santos Silveira Maury Pereira da Costa Neves Patrícia Aparecida Ramires Gabriel Renata Aparecida Domingos Cruz Solange Bento dos Santos Vanusa Alves Basílio Vivian Almeida Morganti Evangelista Viviane Alves Palanca Biotecnologia em microorganismos de interesse para a biotecnologia, pudemos observar os benefícios e os malefícios de microorganismos como vírus, bactérias, fungos, protozoários e algas unicelulares, detalhando suas características. O estudo dos fungos mereceu um capítulo à parte pela sua relevância em Biotecnologia. Nas aulas práticas, dentre todas as experimentações, podemos citar como mais significativas as experiências: estragando mingau, cultivando bactérias e mãos limpas, pois estão associadas a atividades do cotidiano da comunidade e diretamente ligadas à higiene e saúde, podendo ser aplicadas em sala de aula de forma a motivar práticas de higiene associadas com conhecimento experimental. Além de conhecimento, o curso proporcionou contato com diferentes realidades escolares, pontos de vistas e troca de experiências num ambiente acolhedor estimulando a procura por novos cursos. Acreditamos que através dos conhecimentos obtidos ao longo do curso, é possível incorporar às nossas ações pedagógicas o uso prático da biotecnologia nos diversos segmentos da educação. Aline Calixto Balbino da Silva Conceição é licenciada em Biologia e professora do Cempre Dra. Ruth Cardoso; Ana Maria Guimarães da Silva é pedagoga com habilitação em Deficiência Mental, pós-graduada em Deficiência Mental e Psicopedagoga e professora da Emesp Profª Jovita Franco Arouche; Danila Zanni dos Santos Silveira é pedagoga, pós-graduada em Psicopedagogia e professora das escolas municipais Profª Regina Célia Najar Ferreira Borelli e Profª Florisa Faustino Pinto; Maury Pereira da Costa Neves é bacharel em Ciência da Computação e mestrando em Biotecnologia; Patrícia Aparecida Ramires Gabriel é licenciada em Letras e Pedagogia, pós-graduada em Gestão Escolar e professora nas escolas municipais Benedito Ferreira Lopes (CAIC) e Profº Eulálio Gruppi; Renata Aparecida Domingos Cruz é pedagoga, pós-graduada em História, Cultura e Sociedade e professora no CCII Sra. Thereza Geraldi de Almeida e na E.M. Profº Eulálio Gruppi; Solange Bento dos Santos é pedagoga, pós-graduada em Psicopedagogia e Deficiência Mental e professora na Emesp Profª Jovita Franco Arouche e Cempre Dra. Ruth Cardoso; Vanusa Alves Basílio é pedagoga e professora na E.M. Dr. Luiz Beraldo de Miranda; Vivian Almeida Morganti Evangelista é pedagoga, bacharel em Biologia e professora na E.M. Antonio Pedro Ribeiro e Viviane Alves Palanca é professora na E.M. Profº Eulálio Gruppi. Referência Bibliográfica: COSTA NEVES, Maria Inês Soares e LORENA, Cláudia Rocha Moretti, apostila Desvendando Aplicações da Biotecnologia no Ensino Formal – Práticas de Laboratório, 2009. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes A partir do mês de fevereiro de 2010, na Escola Ambiental de Mogi das Cruzes foi oferecida a capacitação “Desvendando Aplicações de Biotecnologia no Ensino Formal”, com práticas em laboratório. Participaram educadores da rede municipal de ensino de diversos segmentos, como educação infantil, educação especial e ensino fundamental. Buscou-se levar ao educador práticas de laboratório que podem ser implantadas em sala de aula, de forma a demonstrar a presença da ciência no cotidiano da criança. De acordo com a coordenadora da Escola Ambiental, Maria Inês Soares Costa Neves: “Biotecnologia é o conjunto de conhecimentos que permite a utilização de agentes biológicos (organismos, células, organelas, moléculas) para obter bens ou assegurar serviços”. Atualmente produtos e serviços gerados pela biotecnologia nas áreas da agricultura, medicina, alimentação, meio ambiente e saúde são amplamente difundidos em todo o mundo. A escola como um centro gerador de conhecimentos que oportuniza vivências a comunidade onde está inserida, não poderia estar alheia a importância deste tema. Sendo assim, o curso foi organizado em dois momentos: um teórico (com aulas explanativas, usando recursos áudio visuais) e o outro prático (com experiências realizadas em laboratório), ambos com auxílio de uma apostila elaborada pela coordenadora da Escola Ambiental, Maria Inês S. C. Neves e a educadora Cláudia Rocha Moretti Lorena. Os educadores procuraram esta capacitação a fim de conhecer e aprimorar seu entendimento a respeito do tema, procurando ampliar sua prática pedagógica no ambiente escolar. Na parte teórica, temas como Biossegurança, Melhoramento Genético, a importância dos microorganismos e Conservação da Diversidade Biológica foram de extrema relevância dada sua importância na atualidade. Na aula sobre Especial Educação Ambiental 33 Especial Educação Ambiental 34 Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Maria Inês Soares Costa Neves Cintia Melani Educação IntegralSaúde Sustentabilidade Especial Educação Ambiental 35 É função da Vigilância Sanitária diminuir, eliminar e evitar os riscos à saúde. Pensando em atingir um grande número de pessoas a Vigilância Sanitária Municipal de Mogi das Cruzes (VISA) firmou mais uma parceria com a Escola Ambiental de Mogi das Cruzes de forma a implantar o projeto “Educanvisa”, promovido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), visando à sustentabilidade nas escolas. A Anvisa, do Governo Federal, inicialmente capacitou as coordenadoras Cintia gente e também propondo atividades extracurriculares diferenciadas, como palestras para alunos e comunidade. Resultados Utilizou-se avaliação binária: não e sim. Após a análise dos dados, foi possível verificar que o projeto se mostrou EFICAZ no que diz respeito à conscientização. A participação dos pais nos questionários mostrou que a iniciativa não ficou apenas na escola, a comunidade envolveu-se e, desta forma, importantes ações foram tomadas a partir da escola. Conclusão Podemos concluir que a capacitação dos educadores proporcionada pela Anvisa foi essencial na interface entre a escola, pais e alunos. Existe ainda a necessidade de ênfase ou mudança na abordagem para itens que não apresentaram mudança de conhecimento e comportamento, sendo proposta também a mudança do formato do questionário devido a este ser extenso, além de ser necessário estender o projeto para toda a rede pública municipal de ensino de Mogi das Cruzes. Maria Inês Soares Costa Neves é coordenadora da Escola Ambiental de Mogi das Cruzes Cintia Melani é coordenadora da Vigilância Sanitária Municipal de Mogi das Cruzes. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Melani, da VISA Municipal e Maria Inês Soares Costa Neves, coordenadora da Escola Ambiental de Mogi das Cruzes, para a implantação do projeto. Participaram desta capacitação outras cidades, como Belo Horizonte (MG) e Paulínia (SP). Num segundo momento, mais precisamente no mês de agosto de 2009, as coordenadoras foram convidadas pela Anvisa para ir à Brasília (DF) juntamente com 16 educadoras mogianas. Mais cinco cidades do Brasil participaram do encontro com seus respectivos coordenadores. A capacitação envolveu o grupo de forma a proporcionar subsídios a trabalhar temas como – automedicação, vigilância sanitária na escola, propaganda enganosa e alimentação e saúde. A Anvisa ofereceu material didático para os educadores, jogos, folders, cartazes para divulgação do projeto à comunidade, além de uma metodologia diferenciada, em que o educador planeja suas aulas, aplica e documenta por meio de fotos e depoimentos suas ações e resultados em sala de aula. Questionários iniciais e finais foram aplicados para diagnosticar a situação real dos alunos, comunidade escolar e pais de forma a obter um panorama da região onde a escola está inserida. Para acompanhar os resultados a serem mensurados no processo de ensino-aprendizagem, as atividades pertinentes ao projeto foram repassadas à equipe da Escola Ambiental e VISA Municipal. Essas instituições acompanharam o projeto visando colaborar em algum desvio de informação durante o processo vi- Especial Educação Ambiental 36 Mundo O Sob Nova Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Lúcia Helena Martins Gonçalves Com a participação, em 2009, no 1º Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade com o trabalho “O Haicai como instrumento pedagógico no estudo da Paisagem”, ganhei uma inscrição para a “Conferência Internacional Ethos 2010 – O Mundo Sob Nova Direção”. Assim, entre os dias 11 e 14 de maio de 2010, em São Paulo, vivenciei momentos de angústia ao analisar a degradação de nosso planeta e também de esperança, ao ver que ainda há chance de salvamento desde que consigamos nos conectar profundamente à causa ambiental. A conferência foi toda baseada na “Carta da Terra”, uma espécie de código de ética do planeta, documento que, em junho deste ano, completou 10 anos. Os palestrantes convidados abordaram os quatro principais pontos deste documento, que foram aprofundados em rodas de diálogos realizados no Open Space do evento. Coube ao consultor empresarial Oscar Motomura discorrer sobre o primeiro princípio da Carta da Terra: “Respeito a todas as formas de vida”. Ele incentivou os gestores a refletirem sobre as consequências de seus atos. A partir do mesmo tema, o professor do Massachusets Institute of Tecnology, Otto Scharmer, apresentou a “Teoria U”. Segundo esta teoria, é preciso pro- Direção Canção Mínima No mistério do Sem-Fim, equilibra-se um planeta. E, no planeta, um jardim, e, no jardim, um canteiro; no canteiro, uma violeta, e, sobre ela, o dia inteiro, entre o planeta e o Sem-Fim, a asa de uma borboleta. (Cecília Meireles) por mudanças de atitudes e consciência social, além de mudanças fundamentais na liderança e nas formas de cooperação. A bióloga e escritora americana Janine Benys e o designer Fred Gelli trataram do segundo princípio da Carta da Terra: “Integridade Ecológica”. Gelli afirmou que os projetos da natureza aliam elegância e eficiência e que nós temos esse conhecimento incrustado nas nossas células. Precisamos apenas recuperar a conexão perdida com essa forma sofisticada de resolver problemas. Janine mencionou vários produtos e processos que estão sendo criados a partir da observação de plantas e animais. Para ela, devemos aprender com a floresta e com as comunidades indígenas a desenhar produtos mais sustentáveis e a repensar a maneira como nos relacionamos com as pessoas, pois, a crise que vivemos hoje é de relacionamento. “Justiça Social e Econômica”, relacionado ao terceiro ponto da Carta, foi o tema da palestra de Danielle Mitterrand, ex-primeira-dama da França, uma das referências na luta pelos direitos humanos, acesso à água potável e aos bens comuns. Ela defendeu que os direitos humanos e a participação ampla e ativa da população no processo político estão intimamente ligados à questão da sustentabilidade. O filósofo Leonardo Boff tratou sobre o quarto principio da Carta da Terra: “Democracia, Não Violência e Paz”. Com palavras impactantes iniciou sua palestra dizendo “vivemos tempos de urgência, precisamos buscar respostas inspiradas em outras fontes e em outras visões de futuro”. Para ele, as respostas aos problemas globais vêm sendo formuladas concretamente por pessoas que buscam práticas significativas em todos os lugares e em todas as situações do mundo atual e que estas pessoas produzem energia positiva. Tal energia é como a produzida pelo movimento das asas de uma borboleta capaz de movimentar o ar à sua volta e, em cadeia, movimentar toda a atmosfera. Agradeço ao Instituto Ecofuturo, à Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes e à Escola Municipal Benedito Ferreira Lopes. Lúcia Helena Martins Gonçalves é professora de Geografia da E.M. Benedito Ferreira Lopes e pedagoga com pós-graduação em Psicopedagogia. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Especial Educação Ambiental 37 38 Especial Educação Ambiental ÁGUA : Direito de todos, privilégio de poucos. Educando em Mogi - nº 51 - ano IX Patrícia Aparecida Ramires Gabriel O projeto foi realizado entre os dias 23 e 27 de março de 2009. A partir do livro: “A vida que a gente quer depende do que a gente faz” (da série Leituras do Brasil, publicada pelo Instituto Ecofuturo), percebi a necessidade de trabalhar a água de uma forma mais prática, pois acredito que assim as crianças da Educação Infantil, entre 4 e 5 anos, possam ter uma aprendizagem significativa. Objetivos ■ Desenvolver a linguagem oral e senso crítico de observação da água; ■ Despertar o gosto pelo aprendizado científico; ■ Identificar a água no cotidiano e aprender a utilizá-la adequadamente; ■ Valorizar a água como recurso natural indispensável à vida humana no planeta; ■ Reconhecer pequenas ações para economia da água. Conteúdos curriculares Realizei essa proposta interdisciplinar de acordo com o RCNEI para explorar conceitos trabalhados no plano de curso na área da Educação Infantil, como Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade, Conhecimento de Mundo, Identidade e Autonomia, Música, Matemática, Artes Visuais, Movimento, onde busquei músicas referentes à água, envolvendo os órgãos dos sentidos, os estados físicos da água, fenômenos e elementos da Natureza, atividades de recorte, colagem, desenho, pintura, contagem e observações de experiências práticas relacionadas à Educação Ambiental. Metodologia O projeto foi iniciado com uma roda de conversas sobre o Dia Mundial da Água – 22 de março, onde todos puderam expor suas ideias e discutimos assuntos pertinentes ao tema com perguntas reflexivas lançadas por mim, como: “De onde vem a água? Como ela chega até nossas casas? Toda água está própria para o consumo? Para que serve a água? Será que é importante a economia?” E a partir dessas indagações esperei soluções criadas pelas próprias crianças, deixando-as dissertar sobre seus diferentes pontos de vista. Essas questões foram o ponto de partida e nos levaram a refletir sobre a questão do desperdício da água em nossas casas, escola, bairro, cidade, estado, país e mundo. Assistimos ao DVD “Chuá Chuágua”- TV Cultura, que nos despertou ainda mais o gosto pelas experiências práticas com a “nossa amiga água” e continuamos a aula associando a água à torneira, à chuva, à neve e ao gelo. Foi então que aproveitei o momento e a curiosidade das crianças para manipular a água, fazendo a experiência do gelinho, onde pudemos observar os estados físicos da água: líquido e sólido Experiências com a água Perguntas antes da realização da experiência: Como será que se faz gelo? Podemos fabricar gelo? Utilizando o quê? Materiais para a experiência: água, forminhas de gelo, recipientes diversos para manipular e armazenar a água, freezer ou geladeira. Como as crianças possuem uma curiosidade muito grande a experiência “transformando água em gelo” foi ótima para eles perceberem os estados físicos da água, bem como, por ser uma atividade lúdica participaram ativamente de todo o processo, desde o tentar pegar a água até como colocar nas forminhas e levar para a geladeira na cozinha da escola. Enquanto esperávamos aproveitamos para assistir ao DVD “Era do gelo”. Deixei o gelo nos recipientes e pedi que as crianças fizessem a observação dos mesmos. Enquanto isso, elas representaram suas ideias em forma de desenho, pintura, recorte e colagem. Em seguida, as crianças foram convidadas a contar os cubos e brincar com eles a fim de experimentar as sensações térmicas. Outras atividades realizadas: Transpor a água de um balde ou bacia para vasilhas menores que estão longes umas das outras, como fazer? Escutei soluções dadas pelas crianças e, em seguida, apresentei diversos instrumentos para o auxílio do transporte dessa água: colher, copo, regador, caneca, prato, funil, peneira, esponja e deixei a criança experimentar e descobrir qual objeto seria o melhor para execução dessa tarefa. Assim, as crianças perceberam e vivenciaram a importância da água para o planeta Terra e preservá-la é nosso dever. Para encerrarmos a semana da água, realizamos uma passeata pela escola alertando a todos com músicas, cartazes e panfletos ilustrativos confeccionados pelas próprias crianças e com muita alegria e descontração mobilizamos toda comunidade escolar. Durante a semana, pude notar o envolvimento da escola-comunidade que influenciou de maneira muito positiva a realização desse projeto, pois as crianças refletiram em casa o que observaram na escola e a devolutiva dos pais foi um processo muito importante e gratificante nessa experiência coletiva. Outras ações do projeto: visita à Escola Ambiental de Mogi das Cruzes e passeio ao SEMAE. Processos enfatizados Para se ter uma relação sustentável como todos os seres da Terra é preciso seres humanos mais preparados para a conscientização da água, ou seja, educar para a sustentabilidade do planeta vem desde muito cedo, inicia-se com o convívio da família, em casa, depois na escola e toda co- munidade de maneira globalizada. Todos nós somos parte desse processo, por isso a necessidade de criar novas práticas pedagógicas que superem as expectativas dos alunos, motivando-os e convidando-os a cada vez mais olhar ao seu redor e contemplar a Natureza, que só existirá se tivermos a consciência de preservação enraizada em nós. Através dessa abordagem interdisciplinar e com base na experiência, observação e participação coletiva, com uma visão holística buscamos conquistar a plena consciência da educação para a sustentabilidade começando pela Educação Infantil. A formação ecológica e o gosto pela Natureza devem começar pela informação transmitida pela escola, através dos educadores comprometidos com a Educação Ambiental e com o futuro do nosso planeta. Isso reflete na família e na qualidade de vida dos indivíduos em geral. A parceria “escola – comunidade - meio ambiente” trata-se de uma relação ecossistêmica fundamental da educação para a sustentabilidade. Enfim, “a vida que a gente quer depende do que a gente faz”. Patrícia Aparecida Ramires Gabriel é professora de Educação Infantil das escolas municipais Prof. Eulálio Gruppi e Benedito Ferreira Lopes, graduada em letras e pós-graduada em Língua Inglesa e Gestão Escolar. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes Especial Educação Ambiental 39 Educação Secretaria Municipal
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