ousar viver - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro
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ousar viver - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro
IHiSL OUSAR VIVER Encarte especial sobre saúde ANO 11 N02ó R$ 5,00 Ligadas pelo Desejo - EXPEDIENTE UM OUTRO OLHAR N^ó-Anoll Agosto/Dez 97 PERIODICIDADE Quadrimestral TIRAGEM 2000 exemplares EDIÇÃO Míriam Marfinho JORNALISTA RESPONSÁVEL Crlsriane Neder MTB9851 DIVULGAÇÃO E PUBUCIDADE Luiza Granado COLABORAÇÃO Angela Gonçalves Graciela H. Barbero Lise Phone Neli Aparecida Faria Rosaria DIAGRAMAÇÃO Fátima R. S. Lima A Revista UM OUTRO OLHAR é uma publicação da Rede de Informação Um Outro Olhar, elaborada e produzida por mulheres de diferentes orientações sexuais {lésbicas, bissexuais e heterossexuais). Os artigos assinados são de responsabilidade de suas autoras. Caixa Postal 65092 São Paulo-SP CEP 01390-970 Fone/Fax: (011)2845610 E-Mail: [email protected] Permitida a reprodução, do todo ou de parte, desde que citada a fonle e enviada cópia para a Rede de informação Um Outro Olhar APOIO Frauensolidarilat Bm dos aspectos interessantes dos tempos de hoje, no geral bem conservadores, é observar a abertura dos setores progressistas da sociedai de no que se refere à questão da livre orienta^ ção sexual. Atualmente não só lésbicas, travestis ou gays mas também pesQ^ soas heterossexuais _ apoiam a luta, contra o ^ preconceito e a discrimiI nação, em vários âmbitos. No Brasil, a deputada Marta Suplicy trava — acirrada batalha, contra conservadores de toQ do o tipo, para legalizar o projeto de parceria civil entre pessoas do mesmo sexo. A Câmara LU Municipal de São Paulo instituiu, este ano, o Fórum de Direitos da Pessoa Humana, onde a questão da homossexualidade vem sendo discutida não apenas por ativistas homossexuais mas também por vários setores da sociedade organizada. Passeatas, nas principais cidades brasileiras, reúnem até mais simpatizantes da livre orientação sexual do que os próprios interessados. No cotidiano da Rede Um Outro Olhar, algumas atividades importantes já são encaminhadas também por mulheres hetero e bissexuais, e nossa revista foi indicada, para vários psicólogos e sexólogos, pelo sexólogo Oswaldo M. Rodrigues (ver Cartas na Mesa). o 03 Cartas na mesa O espaço para você manifestar sua opinião ^ 04 Histórias de heterror '<! Casei para separar minha amiga do namorado 05 Em movimento Z) As nossas conquistas no País e no mundo CO 09 Religião 0 Budismo encontra gays e lésbicas 1 1 Poesia Paris Film Nos Estados Unidos, inclusive a Disneylândia já instituiu um dia gay e lésbico para o pessoal se divertir mais à vontade, apesar dos protestos dos evangélicos locais. Nos filmes, mesmo cineastas homens abordam a questão lésbica de maneira razoável e até permitem um final feliz às enamoradas. Sobretudo, pela primeira vez, até onde se sabe, um líder religioso do porte do XIV Dalai Lama, prêmio Nobel da Paz de 1989, reúne-se com ativistas gays e lésbicas, nos Estados Unidos, para dizer que o Budismo apoia a luta pela livre orientação sexual. E, para falar sobre tudo isso e ainda mais algumas coisas, cá estamos nós com mais um número da revista Um Outro Olhar que, a partir desta edição, passa a vir acompanhada, do boletim Ousar Viver, como suplemento sobre saúde. São mais oito páginas de informações para você curtir e discutir com a namorada, as amigas e os amigos. Não se esqueça também que nossa revista é interativa, e sua participação, para o aprimoramento de cada número, simplesmente fundamental. Envie-nos suas sugestões, pedidos, críticas, artigos, ilustrações, que teremos o maior prazer de atendê-las e publicálas. Boa leitura e até a próxima! 16 Ecolésbica 17 Vídeo A água que nos dai hoje... Ligadas pelo desejo 18 Música 19 Opinião Marina Lima e Zélia Duncan Preconceito 21 Leituras 22 Troca-Cartas Além da maternidade Transgressão 12 Foto: Matéria de Capa Lésbicas no cinema: um apanhado Encontros, novas amizades PREZADAS AMIGAS, A revista é ótima porque retrata o universo lésbico sob uma perspectiva engajada e profunda. Admiro muito a idéia de lutarem pela questão lésbica dentro de um contexto mais amplo de luta pelos direitos da mulher. Eu, particularmente, gostaria de ter uma participação mais ativa neste sentido. Desejo toda a força para continuarem nesta caminhada para construir uma realidade mais justa. Muito obrigada pela atenção e, acima de tudo, pelo exemplo de coragem e inconformismo. Um grande abraço, Regina (Sampa-SP) Á,W jjk, na mesa AMIGAS, Parabéns pela revista n0 25. Valeu todo o esforço, trabalho e dedicação de vocês. Já li a revista de cabo a rabo e ela está demais. Obrigada pelo trabalho e pela coragem de colocar em circulação a melhor revista lésbica do Brasil. São trabalhos, como o de vocês, que dignificam a luta pela igualdade das lésbicas no Brasil. yaleu! Ângela (Sampa-SP) QUERIDA LUIZA E TODA A EQUIPE, Cartas com opiniões, sugestões e críticas devem ser enviadas à Revista UM OUTRO OLHAR CP 65092 São Paulo, cn 01390-970 Fax: (011j 284 5610 Parabéns pela revista Um Outro Olhar. Recebi as minhas no início do ano, e elas estão excelentes, muito boas mesmo. Li sobre vocês no jornal A Tribuna, de Campinas, que, na edição de 06.04.97 dedicou quase uma página inteira ao tema do amor entre mulheres. Achei legal pela abertura e também por vê-las citadas na reportagem. Aos poucos vamos conquistando espaços. Apenas uma sugestão, se não for inconveniente: na seção Troca-Cartas, vocês não poderiam colocar a cidade da pessoa que anunciou? Acho que facilitaria o intercâmbio. Valeu! A Revista está ótima, maravilhosa, vocês estão cada vez mais de parabéns. Beijos, Denise Janoski, São Paulo, SP. ATA Lúcia (Campinas, SP) REVISTA MENSAL VANGE Adoro a Revista. Gosto de tudo. O que não gosto? Ela não ser mensal. Beijos, Eliane A., Gurupi, TO. Gostaria de agradecer a você e a toda equipe pela UM OUTRO OLHAR, edição n0 25, que está simplesmente MARAVILHOSA!!! O novo visual, as novas matérias, tudo FANTÁSTICO!!! Porque não a Revista ser mensal? Parabéns a vocês pela coragem e pelo trabalho que realizam! Maria Bueno, São Paulo, SP. Não tenho palavras para descrever o quanto me emocionei com a entrevista de VANGE LEONEL!!! O carisma que ela nos passa e a maneira pela qual fala de sua carreira, sua sensualidade!!! Tudo isso é mais uma lição para guardar e praticar no dia-a-dia. Parabéns de coração!!! Luiza, gostaria de sugerir a publicação de uma entrevista com a atriz Lúcia Veríssimo, se possível, pois, além dela ser linda, seria ótimo saber um pouco de sua vida, carreira e sua opinião sobre a realidade homossexual no Brasil assim como a atuação dos diversos grupos de emancipação. Fico imensamente feliz por não estarmos sós! Obrigada, Luiza, por todo o aprendizado obtido pelo excelente trabalho desenvolvido por você e equipe!!! Que possamos continuar sempre unidas!!!! Um beijo carinhoso às gatas da equipe e um abraço apertado para ti. Ana Beatriz (RJ) ATA Queridas amigas, Nossa! Fiquei tão surpresa quando me deparei com a Vange na capa! Fiquei super feliz por vocês terem aproveitado tão legal minha sugestão!!!! Simplesmente AMEEEEEEI!!!!!! A Revista poderia ser mensal com desenhos eróticos, seção de humor e de ecologia. Denise B., São Paulo, SP. ATA Nossos agradecimentos especiais ao sexólogo Oswaldo M. Rodrigues Jr. das organizações Instituto Havelock Ellis, Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana e da revista Viver Psicologia pela mensagem que enviou, via correio eletrônico, sobre a revista Um Outro Olhar para cerca de 40 profissionais das áreas de psicologia e correlatas. Abaixo seguem cópia da mensagem citada e o endereço eletrônico do Oswaldo. "revista Um Outro Olhar Editada por Míriam Martinho, uma publicação da Rede de Informaçãao Um Outro Olhar. Trata-se de revista leiga e principalmente dirigida ao público homossexual feminino. Muito bem organizada, a revista traz muitas noticias sobre o que ocorre no mundo em relação à homossexualidade: depoimentos, questionamentos, artigos de ótima qualidade e conteúdo (em especial o embasamento teórico que tanto falta a outros meios de comunicação), entrevistas, indicações de leitura..." <[email protected]> Organização: Instituto H. Ellis / SBRASH /Viver Psicologia. Por razões de espaço, sempre que necessário as cartas serão editadas. Estas devem vir assinadas e com endereço de suas (seus) autoras(es) UM OUTRO OLHAR 3 HISTóRIAS DE HETERROR Casei para separar minha amiga do namorado Mulher Chorando (1937) Picasse Nasci numa família de gente simples, mas, ao mesmo tempo, extremamente conservadora e religiosa... Fui educada dentro dos padrões da igreja protestante. É, meus pais sempre foram crentes. Só para se ter uma idéia, aos sete anos de idade, após uma aula na escola dominical, onde a professora dizia que Jesus não gostava das crianças que desobedeciam os pais, tive uma crise de choro e me senti a pior das criaturas porque logicamente desobedecia meus pais e conseqüentemente era rejeitada por Jesus. Lembro-me nitidamente desse episódio, pois, para mim, foi terrível acreditar que Jesus não gostava de mim. Imagina!! E assim fui vivendo não tendo outra opção senão aprender tudo o que a igreja ensinava. Numa outra ocasião, já aos doze ou treze anos, vivenciei, pela primeira vez, o meu lesbianismo ao me apaixonar por uma colega de classe. Quando tomei consciência de que estava apaixonada, que desejava acariciá-la, beijá-la, que sonhava com ela, que só pensava nela, uma tarde cheguei em casa, ajoelhei-me aos pés da cama e debruçada sobre ela, aos prantos, orei para que fosse arrancado, do meu coração, aquele sentimento impuro, horroroso, do qual estava invadida. A partir daí, neguei completamente a minha homossexualidade, decidi que precisava arrumar algum menino para paquerar. Não precisei ir tão longe: namorei o irmão dessa minha colega. E foi com os meninos que comecei a descobrir as sensações, sempre com uma certa resistência. Confesso que tinha um certo nojo sempre que pensava em sexo. Fora umas poucas experiências na infância remota, nunca me masturbava, tinha vergonha, pensava em pecado e essas coisas... Não dava certo com nenhum namorado, até que, quando fui para a faculdade, comecei a me libertar do jugo da igreja. Conhecei pessoas mais esclarecidas, me apaixonei pelo mo- 4UM OUTRO OLHAR vimento estudantil, percebi que o nosso país estava numa ditadura, tomei conhecimento dos presos políticos e tomei partido contra os militares. Meu horizonte ampliou-se tremendamente e conheci então outra colega maravilhosa, engajada no movimento, superpolitizada, inteligentísssima. Resumindo, acabei casando com o namorado dela. Meu casamento não durou muito. Foi só o tempo de vivenciar a experiência da maternidade e, a partir dai, não conseguir mais me relacionar sexualmente com o meu marido. Alguns anos depois, sem nunca sequer saber como era um orgasmo, resolvi me masturbar. No início, tive muita resistência (vejam que absurdo, tinha vergonha de tocar meu próprio corpo), mas insisti e, enfim, consegui ter o meu primeiro orgasmo, já com trinta anos! Nesse momento, baseada em experiências que tive de sexo com homens, percebi que nenhum homem conseguiria me dar um orgasmo e que, a partir desse dia, caso me apaixonasse novamente por alguma mulher, não fugiria e assumiria minha condição. Hoje, após muita análise, volto aos tempos de faculdade e penso que, na realidade, casei-me para separar minha amiga de seu namorado. Bom, acho que até hoje não entendo direito como tudo aconteceu. Confesso que a partir do momento que descobri quem eu era, o que sentia e o que desejava, passei a ser mais segura, a me compreender melhor. Essa transformação foi muito dolorida para mim. Cheguei a ficar doente fisicamente, tive mil doenças até encontrar meu ponto de equilíbrio. Talvez em alguns momentos, minha família tenha percebido essa minha mudança, mas não tive coragem de me assumir diante deles. Minha filha também já deve ter notado alguma coisa diferente, e só estou aguardando o momento certo para contar-lhe. Só sei que hoje estou super-bem. Não saio espalhando pelo mundo a fora minhas preferências, mas só o fato de ter resolvido isso comigo mesma foi como se eu tivesse nascido de novo. Tenho certeza que muitas leitoras estão se identificando comigo e sei que há muitas mulheres que, por conta das pressões da sociedade em geral e de dogmas religosos, aprisionam sua condição sexual no mais recôndito do inconsciente, ficam amargas, não sentem prazer na vida, procuram respostas que, por certo, só encontrarão dentro de si mesmas. Lise Phoni (SP) Machismo gay afasta lésbicas da parada do orgulho Os grupos The Women 's Action Coalition e Chicago Lesbian Avengers decidiram boicotar a parada do orgulho gay, lésbico e travesti (28 de junho), em Chicago, nos EUA, em protesto contra os insultos que os gays lançam contra as lésbicas durante o decorrer da caminhada. As integrantes MULHERES Despenalização do aborto Dia 28 de setembro, é o dia da Campanha Latino-Americana pela Despenalização do Aborto. O eixo da campanha, deste ano, coordenada pelo grupo boliviano Centro de Información y Desanvllo de Ia Mujer-CIDEM, é Quem Decide?, que reforça os conceitos de cidadania e o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos. Maiores informações: CIDEM, fones: (591-2)315.249 fax: (591-2)392-11 E-mail: cidem@utama. bolnet.bo dos grupos compareceram ao evento, mas não desfilaram, limitando-se a entregar panfletos ao público onde denunciam o machismo gay e solicitam que sejam tomadas providências no sentido de tornar a parada agradável e segura para todo mundo. Beijo lésbico cancela anúncio Conversa eletrônica lésbica-feminista Na Colômbia, um beijo entre as protagonistas da novela "O Perfume da Luta" levou um dos patrocinadores do drama, a companhia Inextra, a retirar seu anúncio do ar. O jornal El Tiempo informou que os produtores da novela perderam cerca de US$47,259 com a saida do anunciante. Na Argentina, o grupo Musas de Papel deu início a uma conferência eletrônica sobre ativismo lésbico latino-americano, entre outros temas, em Espanhol e Português. Para assinar a lista e participar das discussões, deve-se escrever para o endereço de correio eletrônico [email protected]. Para maiores informações, pode-se escrever também a Eleita deputada lésbica no México MUSAS DE PAPEL Espacio Latinoamericano para Ia Publicacion Lésbica C.C.Nro. 12, Sue. 27 (B) (1427) Capital Federal -Argentina <musas@artemis .wamani. ape .org> A ativista do grupo lésbico Closet de Sor Juana, Pátria Jimenez Flores, foi eleita deputada, nas últimas eleições mexicanas de 6 de julho, pelo Partido da Revolução Democrática (PRD). Pelo que se tem notícia. Pátria é a primeira mulher abertamente lésbica a ocupar um cargo público na América Latina. Seu slogan de campanha foi "Sexo Seguro, Voto Seguro. Assegure seu futuro". Pátria promete cumprir as promessas de campanha que foram, entre outras coisas, "a institucionalização dos espaços glt comunitários e a melhoria do tratamento das pessoas vivendo com HIV". Maiores informações: El Closet de Sor Juana Apartado Postal 25-392 03421, México, DF. Fax:(525)519.7063 E-mail: [email protected] II Seminário de lésbicas na Bahia Já estão abertas as inscrições para o II Seminário Nacional de Lésbicas a ser realizado em Salvador, na Bahia, dos dias 25 a 28 de setembro deste ano. O primeiro prazo para entrega das fichas de inscrição foi 30 de julho, mas provavelmente haverá outra convocação. Maiores informações: Grupo Lésbico da Bahia (GLB) Caixa Postal 6439, Salvador, Bahia, cep 40060-970. Fones: (071) 384.6080/243.4902/322.2552, com Jane ou Zora. E-mail: [email protected]. UM OUTRO OLHAR 5 Lesbíanas a La Vista, jovens militantes Lesbianas a La Vista (Lésbicas à Vista) é um grupo horizontal, de ativistas lésbicas, onde as decisões são tomadas por consenso. Não aceitamos nem toleramos a violência em nenhuma de suas formas, por isso rejeitamos qualquer ideologia ou adesão a movimentos fascistas, racistas, militaristas, xenofóbicos ou outros que promovam ou incitem qualquer tipo de discriminação e opressão. Somos pluralistas, quer dizer, o grupo, como tal, não se define nem como feminista nem como filiado a qualquer corrente política ou religiosa embora suas integrantes individualmente tenham liberdade de fazê-lo, Queremos contar-lhes que há dois meses e meio passamos a ter uma sede (uma casa para o grupo), onde estamos podendo realizar nossas atividades e receber a todas as lésbicas que ne- cessitam de um espaço para compartilhar suas vivências, reflexões, e buscar sua própria identidade em um ambiente de liberdade e respeito. Temos três grupos de reflexão para lésbicas e um para lésbicas que são mães. Além disso, continuamos trabalhando na campanha de prevenção, informação e conscientização sobre saúde para lésbicas. Contra a maré, apesar das grandes dificuldades que ainda temos para encontrar-nos, entre nós mesmas, continuamos resistindo e tentando concretizar nossos sonhos. LESBIANAS A LA VISTA Peru 1330 - 4th Floor - Buenos Aires, Argentina Fones: (54 1)581 01 79/361 36 43 e-mail: [email protected] Novo secretariado de mulheres da ILGA agora na Argentina Na última Conferência Mundial da ILGA (Colônia, de 30 de junho a 15 de julho) o grupo argentino Escrita en ei Cuerpo (Escrita no Corpo) foi eleito, por consenso, como novo Secretariado de Mulheres da ILGA até a próxima Conferência que será realizada, em 1999, na África do Sul. Escrita en ei Cuerpo propôs como seu "alternativo" (o grupo que pode substituí-lo caso não consiga manter-se no cargo) a organização filipina Womyn Supporting Womyn Committee com a qual planeja trabalhar desde agora. Em linhas gerais, os planos do novo Secretariado de Mulheres da ILGA para os próximos dois anos são: 1) Estabelecer contato com o maior número possível de grupos e mulheres lésbicas, bissexuais e transgênero (LBT) em todo o mundo. 2) Apoiar as iniciativas locais, regionais ou globais das mulheres. 3) Compilar uma mala-direta de grupos e mulheres LBT em todo o mundo, editá-la e distribuíla para que todas possam comunicar-se com todas. 6UM OUTRO OLHAR 4) Ocupar um espaço no boletim da ILGA, para notícias de mulheres, como primeiro passo para a realização de um boletim internacional próprio. 5) Organizar um grupo de Trabalho em AIDS para Mulheres LBT dentro da ILGA. 6) Convocar uma Pré-Conferência somente para mulheres um dia antes da Conferência Mundial da ILGA na África do Sul. Por ora, o grupo convida a todas as lésbicas, bissexuais e transgênero para a Conferência Regional da ILGA que realizar-se-á em Lima, no Peru (7-10 de dezembro). Para maiores informações, comuniquem-se com: Escrita en ei CuerpoLesbian and Different Women's Archives and Library Avenida San Martin 2704 4to. C (1416) Buenos Aires, Argentina Telefones: (54 1) 581 01 79; 361 36 43 E.mail: [email protected] Dia gay e lésbico na Disneylândia PACERIA CIVIL Parcerias já em vigor e ainda por vir A Holanda e o Havaí competem para ver quem dará primeiro, a casais de gays e lésbicas, em 1998, os mesmos direitos dos casais heterossexuais, exceto no que se refere à adoção. Outros países onde há leis similares são: Dinamarca, Islândia, Noruega, Suécia e Hungria. Em vários outros países, como na Espanha, Portugal e Brasil, também há campanhas neste sentido. Há cerca de 7 anos, gays e lésbicas dos Estados Unidos passaram a visitar a Disneylândia em bando. Para identificar uns aos outros, usavam camisetas vermelhas. A moda pegou e, hoje, no começo de junho, sempre um dia é gay e lésbico, na Disneylândia, com tanta gente de vermelho circulando que mais parece passeata do PT. A onda se tomou tão popular que protestantes batistas vem ameaçando boicotar a Disneylândia por incentivar a homossexualidade. Tem até site na Internet sobre o assunto com detalhes sobre os eventos do famoso dia, fotos e etc. O endereço é www.gayday.com. Dai que se você quer se divertir na Disney, anote ai os dias onde poderá ver mais que o Mickey e o Pato Donald. O próximo evento gay e lésbico na Disney é a Gay Night at Disneyland, no dia 24 de outubro deste ano. O dia gay e lésbico do ano que vem será 6 de junho, mas há eventos comemorativos da data do dia 3 ao dia 8 de junho. Prepare seu pacote turístico, e boa diversão. Maiores informações: http:/www.gayday.com Discriminação nos serviços de saúde mental Projeto de parceria civil da deputada Marta Suplicy Na Grã-Bretanha, lésbicas e gays estão vivendo um clima de medo, devido a casos de discriminação e agressões verbais e físicas durante o uso de serviços de terapia, de acordo com a pesquisa patrocinada pela organização de saúde mental "MIND" {www.mind.org.uk). A organização ficou tão preocupada com os dados da pesquisa, publicados no relatório "Sem Preconceito", que organizou uma conferência e um programa de treinamento, em Londres (11 de junho de 1997), para aumentar a consciência, sobre estas questões, entre os profissionais da área de Psicologia. Os dados da pesquisa revelaram que quase fl das pessoas entrevistadas sofreram preconceito e discriminação e mais de uma, em cinco, tinha sofrido violência sexual e física. Mais da metade disse que os profissionais consultados haviam atribuído os problemas de saúde mental à homossexualidade e haviam afirmado que eles (os pacientes) teriam menos problemas se se tornassem heterossexuais. Segundo Judi Clements, executiva da MIND: " - Apesar do fato de a homossexualidade não constar da lista de problemas de saúde mental há mais de 20 anos, está claro que muitos profissionais da área ainda a consideram como uma doença." Religiosos conservadores armaram um tremendo barraco na tentativa de votação do projeto de lei de parceria civil, da deputada Marta Suplicy, em junho, levando a um adiamento do mesmo para o final de agosto (o que acabou não se configurando). Ativistas nacionais e internacionais de direitos humanos estão solicitando que todos enviem fax ou carta de apoio ao projeto para os parlamentares que o estarão julgando. Considerando que há deputados em cima do muro, é importante tentar convencê-los a votar pelo projeto. Anote, o endereço e fax de alguns deles e mande sua mensagem sem falta. Para obter a lista completa tanto de indecisos quanto de contrários, escreva para nós. Deputados Federais de São Paulo indecisos (Para quem for enviar carta, remetê-la, após o nome do parlamentar e seu gabinete, para Câmara dos Deputados, Brasília, DF, cep 70160-900. O prefixo de Brasília é 061. Antônio Carlos Pannunzio (PSDB), anexo 4, gabinete 160, (fone): 318.5225; (fax) 318.2225 Hélio Rosas (PMDB), anexo 3, gabinete 478, fone: 318.5478; (fax) 318.2478 Jorge Tadeu Mudalen (PMDB), anexo 4, gabinete 552, (fone): 318.5552; (fax) 318.2552 Marquinhos Chedid (PSD), anexo 4, gabinete 736, (fone): 318.5736; (fax) 318.2736 Robson Tuma (PL), anexo 4, gabinete 160, (fone): 318.5834; (fax) 318.2834 Welson Gasparini (PSDB), anexo 4, gabinete 160, (fone): 318.5526; (fax) 318.2526 Alan Reekie (for ILGA, Brussels) Alan Reekie <alan.reekie@píng.be> UM OUTRO OLHAR 7 Leis de igualdade social na Irlanda 0 Parlamento Irlandês aprovou duas leis que proíbem a discriminação no trabalho e no acesso a mercadorias e serviços, incluindo acomodação, serviços financeiros e educacionais, transporte, entretenimento e atividades culturais. No trabalho e em todos os serviços citados será proibido discriminar com base em gênero, raça, religião, idade, orientação sexual, status marital ou familiar ou deficiência (inclui pessoas vivendo com HIV/A1DS). Fruto de um trabalho conjunto de grupos de mulheres, gays e lésbicas, pessoas deficientes e ONG/A1DS, as novas leis foram introduzidas pelo Ministro da Igualdade e Reforma Social, Mervyn Taylor, que declarou: "- O principio é simples: todos somos membros desta sociedade, com os mesmos direitos a ter acesso a bens e serviços, a transporte, educação e moradia. Rejeitamos qualquer conceito de cidadania de segunda classe ou qualquer exclusão de pessoas com base em questões como orientação sexual, deficiência física ou cor da pele." Ameaças pela Internet assustam gays brasileiros Um pirado da Universidade Federal de Juiz de Fora tem enviado mensagens altamente homofóbicas para todas as listas de endereços da Universidade de Campinas. Em conseqüência, ativistas gays vêm solicitado que todos protestem junto à Universidade em questão não só exigindo a expulsão do "nazi" de suas fileiras como também solicitando que seja processado judicialmente. O endereço eletrônico do dito é [email protected]. Leia abaixo uma das mensagens em questão: "Não é difícil espancar um gay. No entanto, não aconselho ninguém a fazer isso sozinho. Esses viados sabem se defender e muito bem. Alguns aprendem algum tipo de luta e outros andam até armados. O ideal para espancar um gay é sair com pelo menos três amigos que não vão te sacanear depois e que você sabe que serão leais a você. Use algum capuz para não ser reconhecido e leve um porrete. Siga os passos dele e quando ele estiver passando por uma rua deserta você o segura e o põe dentro de um carro tipo furgão (eu me esqueci de dizer que é necessário ter um carro). Então você vai dirigir até a estrada e já tenha um local anteriormante preparado para fuder com o infeliz. Nunca deixe que ele perceba quem é você, pois do contrário terá que matá-lo pra não ser denunciado. Dê chutes nele, na cabeça, barriga, saco escrotal e na espinha. Não tenha medo de aleijá-lo. Você estará fazendo um bem social. Deixe então o corpo do cara no mato sem que ninguém te veja e cubra também a placa do seu carro para a policia não ficar atrás de novas evidências. Se matá-lo, afunde o corpo num rio. E não esqueça de tirar as vísceras para o infeliz poder afundar e ninguém encontrá-lo. Porém, o mais importante é não deixar testemunhas. Ninguém deve te ver e saber quem você é. Fontes: correio-eletrônico: [email protected] ou [email protected] Passeata do orgulho GLT em Sampa Apesar de um atraso de horas para o inicio da passeata, apesar do trajeto maratônico (do meio da Paulista, descendo a Consolação até a Praça Roosevelt), a marcha em comemoração ao dia do orgulho GLT (28 de junho) acabou acontecendo. As opiniões variam quanto ao número de participantes, indo de 400 a 1000, mas o certo é que a maioria gostou do evento, mostrando que os tempos são outros e há muito mais gente agora favorável à livre orientação sexual. 8 UM OUTRO OLHAR EM DEBATE: RELIGIãO MÍRIAM MARTINHO Budismo encontra gays e lésbicas No dia 11 de junho deste ano, em San Francisco, Califórnia, nos Estados Unidos, ocorreu uma reunião histórica entre ativistas, acadêmicos, escritores e praticantes budistas, ligados à luta gay e lésbica, e Sua Santidade, o XIV Dalai Lama, chefe-de-estado do Tibete, e um dos mais proeminentes mestres espirituais do Budismo contemporâneo. Convidado para discutir a questão da sexualidade, das prescrições contrárias a práticas homossexuais, em textos budistas tradicionais, e dos direitos de gays e lésbicas, Sua Santidade, que também é Prêmio Nobel da Paz de 1989, não se fez de rogado e, num clima caloroso e tranqüilo, respondeu às perguntas dos participantes. Para alegria geral. Sua Santidade se posicionou firmemente contra quaisquer discriminações a gays e lésbicas e afirmou que os ativistas de direitos humanos podem contar com os princípios fundamentais do Budismo como apoio à sua luta. Comovido com os relatos, sobre violências e perseguições a pessoas homossexuais, que lhe contaram os participantes da reunião, reivindicou, budisticamente, respeito, tolerância e compaixão para todos. Sobre as prescrições contrárias a práticas homossexuais, presentes em alguns textos budistas tradicionais, o Dalai Lama fez questão de afirmar que vê estes textos, embora não possa reinterpretá-los unilateralmente, como produto de um contexto histórico e cultural particular. Neste sentido, conclamou inclusive os presentes a ampliar o debate sobre o assunto, entre outras comunidades e tradições budistas, de modo a, coletivamente, procurar adaptar o entendimento dos textos citados à realidade da sociedade contemporânea. Como se não bastasse. Sua Santidade ainda aceitou o convite, dos participantes da reunião, para dar continuidade a essas discussões em próximos encontros, o que pro- mo gay budista, estou grato por esta oportunidade." (José Ignacio Cabezón, exmonge budista e professor de Filosofia da Escola Iliff de Teologia de Denver, EUA) XIV Dalai Lama, chefe-de-estado do Tibete vavelmente trará maior amplitude e aprofundamento às discussões sobre a relação entre o Budismo e os direitos dos que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. Praticantes budistas homossexuais e ativistas pelos direitos de gays e lésbicas saíram emocionados e entusiasmados da reunião, declarando: " - E sempre impressionante ver como Sua Santidade transcende o contexto cultural de sua própria tradição e trata, no aqui e agora, de proscrições aparentemente absurdas sobre as necessidades e desejos dos seres humanos. Deixei a reunião com o sentimento de que este é um primeiro estágio em um diálogo excitante e estimulante entre Sua Santidade e outros professores budistas, de um lado, e gays e lésbicas budistas e ativistas de direitos humanos de outro. (Lourdes Arguello, professora de educação da Escola CTaremont e integrante da diretoria da organização Buddhist Peace Fellowship) "- Esta discussão aberta e honesta da doutrina budista tradicional, com a participação de um de seus mestres mais proeminentes, é uma mostra do melhor Budismo do século XX" (Steve Peskind da organização Buddhist AIDS Projecf). " - O apoio de Sua Santidade, o Dalai Lama, a nossos direitos é muito significativo. O Prêmio Nobel suscita grande respeito, entre pessoas de todo o mundo, e é altamente considerado por suas palavras de sabedoria. Espero que sua mensagem de não-discriminação e respeito por nossos direitos venha a ter considerável impacto também sobre outras religiões." (Tinku Ali Ishtiaq, co-presidente da Comissão Internacional de Direitos Humanos de Gays e Lésbicas) "- Como um monge plenamente ordenado e abertamente gay, estou encantado com as palavras de Sua Santidade. Posso agora voltar para meu templo e dizer a(os) praticantes gays, lésbicas e bissexuais ainda budistas, que eles continuam bem-vindos e que estão tão bem preparados para seguir o caminho budista como qualquer outra pessoa." (Ven. K.T. Shedrup Gyatso, Diretor Espiritual do Templo Tibetano de San José). "- Senti-me animado e encorajado por este diálogo. É maravilhoso ver um pensador religioso do calibre de Sua Santidade, o Dalai Lama, tratando com questões de ética sexual e especialmente de direitos e responsabilidades de gays e lésbicas de forma tão precisa, aberta e empática. Co- Maiores informações sobre o encontro: IGLHRC, 1360 Mission Street, Suite 200, San Francisco, CA 94103 EE.UU., + 1415-255-8680 (telefone), + 1-415-255.8662 (fax); e-mail: iglhrc® iglhrc.org; home-page; http:/www.iglhrc.org UM OUTRO OLHAR 9 EM DEBATE: RELIGIãO BUDISMO Transcendendo um Deus pessoal As declarações de Sua Santidade, o XIV Dalai Lama, em apoio aos direitos humanos de gays e lésbicas, na histórica reunião do dia 11 de junho, em San Francisco, na Califórnia, encantou naturalmente a seus participantes, mas não deixa de ser apenas conseqüência da própria doutrina budista encaminhada, nesse evento, por um de seus filhos mais eminentes. Surgido há mais de 2500 anos, na índia, tendo como fundador o príncipe Sidarta Gautama, o Budismo faz, da tolerância, da compaixão e do respeito a todos os seres vivos, sua maior bandeira. Mais uma psicoterapia super-especializada (a meditação budista é um instrumento de autoconhecimento) do que propriamente uma religião, embora não se possa descartar seu aspecto místico, a doutrina budista se basea no intelecto (é empirista, científica) e não na fé, caracterizando-se por grande flexibilidade e anti-autoritarismo. O próprio Sidarta, o primeiro Buda, dizia que, colocando em termos bem populares, devia-se ver para crer no que ele dizia (experimentar por si própria(o) o que ele dizia) para só depois seguir-se seus ensinamentos. Dizia também que os textos budistas precisavam adaptar-se ao tempo e ao espaço, razão pela qual o Dalai Lama se sentiu à vontade para apoiar uma reinterpretação dos escritos contrários a práticas homossexuais nas escrituras budistas. Da mesma forma, muitas mulheres, interessadas no Budismo, têm-se valido dessa possibilidade de adaptação dos textos budistas à realidade de nossos tempos como forma de descartar o sexismo presente, em alguns aspectos dessa religião, e aproveitar-se do que ela tem de bom. E o Budismo possui muita coisa de bom, apesar de - como toda religião - ter seus foras, suas bobagens, principalmente no terreno da sexualidade. De qualquer forma, no geral, trata-se de uma 1 OUM OUTRO OLHAR No diva, com a analista doutrina bastante aproveitável por qualquer pessoa. Como exemplos positivos, podemos citar que, ao contrário de outras grandes religiões, como o Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo e todos seus derivados, o Budismo não tem - como se orgulham de dizer os budistas - sangue nas mãos. Na história do Budismo, segundo historiadores do assunto, não constam casos de perseguições a outras crenças ou pessoas de fé ou idéias diferentes das budistas mesmo em países onde o Budismo é hegemônico. Com sua visão de que tudo é interligado e de que a vida de todos os seres vivos (seres humanos, animais, plantas) é sagrada, o Budismo se caracteriza como uma das religiões mais ecológicas atualmente vigentes. Com sua idéia de que os seres humanos é que são inteiramente responsáveis por suas vidas e pelas vidas de todo o planeta e não um Deus punitivo ou recompensados o Budismo, a partir da transformação de cada indivíduo, ajuda a formar pessoas mais íntegras e engajadas na luta por um mundo melhor. Não à toa o criador da teoria da relatividade, o físico Albert Einsten, disse do Budismo: "A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal, evitando dogmas e a Teologia. Abrangendo os terrenos material e espiritual, essa religião será baseada num certo sentido religioso procedente da experiência de todas as coisas, naturais e espirituais, como uma unidade expressiva ou como a expressão da Unidade. O Budismo corresponde a essa descrição." Esta é uma nova seção da Revista Um Outro Olhar. Você pergunta e a psicanalista Grade/a H. Barbero responde questões ligadas ao cotidiano lésbico. Se sentir-se mais confortável, use um pseudônimo. "Moro em uma cidade pequena. Tenho poucos amigos e, apesar de viver com minha família, me sinto muito só. Tenho dificuldades para conviver socialmente, por isso não trabalho, abandonei os estudos e não saio mais para me divertir... Se possível gostaria de sua ajuda. Tenho medo do mundo lá fora e não sou compreendida por esse modo de vida. Enfim, acham ser frescura." Adelaine, Tamarana, PR. Amiga solitária: Nada me permitiria adivinhar alguma coisa sobre a origem de seus problemas se não fosse porque sua carta foi dirigida a uma publicação lésbica que, por outra parte, se orgulha muito de sê-lo. Posso entender seu medo e até sua vontade de fazer de conta que não é com você, mas, além de ser solitário, esse "modo de vida" (que não é frescura, não!) é triste e inútil. Saiba que tem muita gente que já passou por coisa parecida e que, para se encontrar com eles (e também com suas próprias partes escondidas) precisa sair da toca e começar a andar. Se tem poucos amigos, se se sente sufocada pela família e mora numa cidade muito pequena para seus desejos... mude-se. Precisa ampliar seus horizontes. Escreva-nos mais. Duas Amigas (1913) Egon Schiele Transgressão lho o rubro filete a verter das tuas entranhas, or entre as ramas ao sul do teu ventre. Calma de vertente a esvair-se na brancura dos panos. No vertical das tuas coxas entreabertas viajo. Na minha boca, a outra boca, faz-se doce o sabor do ferro e o prazer da transgressão. RÔ m Quando a Noite Cai (1995) e ganha o prêmio Escolha do Público do Festival de Berlim, contando a história de uma professora protestante que se apaixona por uma artista de circo. Realismo-mágico é o ponto forte do filme. Rozema disse, em uma entrevista, que, por enquanto, fazer filmes sobre lésbicas e minorias é como ter que pedir desculpas e ficar o tempo todo explicando o porquê das coisas. Por último, Duas Garotas in Love (1995), de Maria Maggenti, leve, gostoso de assistir, conta as aventuras e desventuras de uma garota lésbica, Randy, que vive com uma família de lésbicas e que se apaixona e é correspondida pela bela e rica Eve que estuda no mesmo colégio. Além de colocar o lesbianismo em cheque, o filme mexe com a questão do relacionamento entre raças. ANOS 90, MODISMO LÉSBICAS CHIQUES, NEURÓTICAS, BELAS, ESPERTAS E ROMÂNTICAS Vendo que o cinema independente virou concorrência, os grandes estúdios vão se abrindo também ao tema, provocando um boom de filmes sobre vivências lésbicas. Como, porém, quantidade não é garantia de qualidade, muitas produções não conseguiram dizer a que vieram nem passar uma mensagem de credibilidade junto às comunidades lésbicas, gerando um certo descontentamento. Como exemplos deste tipo de produção, podemos citar/te Amantes (1993), filme que quis se aproveitar e faturar em cima da onda Leshian Chie e se perdeu e Até as Vaqueiras Ficam Tristes (1994), uma grande confusão de Gus Van Saint que, com mão pesada, deixou as lésbicas tristes mesmo, inventando que não gostamos de tomar banho. Nem a bela Uma Thurman salva o filme, cujo único ponto positivo é a bonita trilha sonora de k.d.lang. Contracultura também tem seus limites, e o filme 1 4UM OUTRO OLHAR Quem vai ao cinema quer ver seus sonhes, como a si mesma, refletidos na tela. E o público já está cansado da exploração do tema léibico e da forma banal com a qual às vezes é tratado foi um grande fracasso de público e crítica. Falando em k.d.lang, a cantante também se aventurou no cinema em Salmonberries - um Amor Diferente (1991), protagonizando uma personagem feita sobre medida para ela. O tom do filme, contudo, é pesado, estranho. Em 1990, o cineasta Philip Kaufman também criou polêmica com Henry e June. Lesbianismo, leveza e literatura conseguiram burlar a censura americana que se viu obrigada a criar uma categoria de classificação específica para o filme, a NC-17 (proibido para menores de 17 anos). Outros dois filmes, embora não explicitamente lésbicos, igualmente mexem com os padrões de Hollywood. O primeiro é Thelma e Louise (1991), um libelo contra o machismo reinante dentro e fora do cinema. Nele, os homens são e estão em segundo plano. Susan Sarandon e Geena Davis mostram que as mulheres também são donas de seus destinos e que, quando querem algo. não falta coragem para ir atrás de seus sonhos, mesmo quando isto pode custar-lhes a vida. Tomates Verdes Fritos (1991) é o segundo. Grande sucesso, sem ter uma campanha publicitária hollywoodiana, foi di- vulgado na base do boca-a-boca. Idgie e Ruth deram o que falar, embora a versão cinematográfica, apesar de bela, não ter se mantido fiel ao livro, onde a relação das duas personagens é bastante clara e não implícita como no filme. Dentro da linha dramas-psicológicos, ainda sob influência dos costumeiros fins .trágicos para lésbicas, temos Almas Gêmeas (1994), da Nova Zelândia, baseado em historia verídica a respeito de duas adolescentes que chegam ao extremo do assassinato quando ameaçadas de separação; Diário Roubado (1993), de Christine Lipinska, onde outras duas adolescentes, na França, logo após o término da II Guerra Mundial, apaixonam-se, mas também, em função da repressão, acabam de forma trágica; Entre Elas... (1994), da diretora Nancy Mackler, igualmente baseado em história real, acontecida na França de 1930, que narra o trágico e doentio relacionamento entre duas irmãs e o O Beijo da Borboleta (1995), de Michael Winter Botton, no qual Amanda Plumer faz uma serial killer. A história deste último é tão sangrenta e absurda que chega a causar riso em certas seqüências. Salva-se a cena final com a música do Cranberries "No need to argue ". Marlene Dietrich em Marrocos No gênero mais para cima, explicita ou implicitamente lésbico, com uma certa dose de otimismo e bom humor, temos Entre Amigas (1994), Duro Aprendizado (1995), Servindo em Silêncio (1994), Tank-girl (1995), Sedução (1992), o Clube das Desquitadas (1996) e a ^ Excêntrica Família de Antonia (1995) que levou a diretora Marleen Govis ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Misturando feminismo com lesbianismo, a diretora conseguiu fazer um belo filme. A história de Antonia e sua filha ganharam a simpatia do público. Houve ainda Somente Elas mais um road-movie, com um trio de estrelas de dar inveja: Whoopi Goldberg, Mary-Louise Parker e Drew Barrymore. O filme trata da questão lésbica indiretamente, pois o eixo da história é a AIDS, com mais uma morte trágica. Chegamos, enfim, a Ligadas pelo Desejo que veio embalado também pela repercussão do seriado americano Ellen da Rede ABC, onde a protagonista Ellen De Generes assumiu sua lesbianidade. Foi um tremendo terremoto abalando o conservadorismo americano. O episódio foi comemorado pelos 4 cantos do planeta, contando com a participação de grandes estrelas como Laura Dern, Demi Moore, k.d.lang e Gina Gershon, de Ligadas pelo Desejo. E falando em Ligadas pelo Desejo, ao contrário de Catherine Deneuve que teve receio de ir a fundo na relação com Laurence Cote, no filme Os Ladrões (1996), por medo de ficar com o estigma de atrizlésbica (já havia transado com Susan Sa- randon em Fome de Viver), as atrizes Jennifer Tilly e Gina Gershon nem esquentaram a cabeça, dando credibilidade e autenticidade a suas personagens. Não se pode esquecer que quem vai ao cinema quer ver seus sonhos, como a si mesma, refletidos na tela. E o público já está cansado da exploração do tema lésbico e da forma banal com a qual às vezes é tratado. Ligadas pelo Desejo quebrou estas barreiras. As cenas de amor são bonitas esteticamente, sem excessos ou constrangimentos. No Brasil, o filme vem tendo grande divulgação, com páginas inteiras de propaganda em jornais e revistas. Nenhum outro filme sobre lésbicas teve tamanha campanha publicitária. Por essas, fica aqui a esperança de que mais filmes sejam produzidos e que esse caminho aberto, do qual fiz um breve apanhado, torne-se um grande aliado contra os preconceituosos e hipócritas de carteirinha. Que seja mantida a qualidade das produções, com muita possibilidade de diversão e entretenimento também, pois, apesar do preconceito, nós, lésbicas, também temos direito a bons filmes, no cinema de nossa preferência, nos fins de semana, como todo o mundo. Josiane Balasko disputa Vitória Abril com Alain Chabat em Uma Cama para Três m Quando a Noite Cai (1995) e ganha o prêmio Escolha do Público do Festival de Berlim, contando a história de uma professora protestante que se apaixona por uma artista de circo. Realismo-mágico é o ponto forte do filme. Rozema disse, em uma entrevista, que, por enquanto, fazer filmes sobre lésbicas e minorias é como ter que pedir desculpas e ficar o tempo todo explicando o porquê das coisas. Por último, Duas Garotas in Love (1995), de Maria Maggenti, leve, gostoso de assistir, conta as aventuras e desventuras de uma garota lésbica, Randy, que vive com uma família de lésbicas e que se apaixona e é correspondida pela bela e rica Eve que estuda no mesmo colégio. Além de colocar o lesbianismo em cheque, o filme mexe com a questão do relacionamento entre raças. ANOS 90, MODISMO LÉSBICAS CHIQUES, NEURÓTICAS, BELAS, ESPERTAS E ROMÂNTICAS Vendo que o cinema independente virou concorrência, os grandes estúdios vão se abrindo também ao tema, provocando um boom de filmes sobre vivências lésbicas. Como, porém, quantidade não é garantia de qualidade, muitas produções não conseguiram dizer a que vieram nem passar uma mensagem de credibilidade junto às comunidades lésbicas, gerando um certo descontentamento. Como exemplos deste tipo de produção, podemos citar/te Amantes (1993), filme que quis se aproveitar e faturar em cima da onda Lesbian Chie e se perdeu e Até as Vaqueiras Ficam Tristes (1994), uma grande confusão de Gus Van Saint que, com mão pesada, deixou as lésbicas tristes mesmo, inventando que não gostamos de tomar banho. Nem a bela Uma Thurman salva o filme, cujo único ponto positivo é a bonita trilha sonora de k.d.lang. Contracultura também tem seus limites, e o filme 1 4UM OUTRO OLHAR Quem vai ao cinema quer ver seus sonhes, como a si mesma, refletidos na tela. E o público já está cansado da exploração do tema léíbico e da forma banal com a qual às vezes é tratado foi um grande fracasso de público e critica. Falando em k.d.lang, a cantante também se aventurou no cinema em Salmonberries - um Amor Diferente (1991), protagonizando uma personagem feita sobre medida para ela. O tom do filme, contudo, é pesado, estranho. Em 1990, o cineasta Philip Kaufman também criou polêmica com Henry e June. Lesbianismo, leveza e literatura conseguiram burlar a censura americana que se viu obrigada a criar uma categoria de classificação específica para o filme, a NC-17 (proibido para menores de 17 anos). Outros dois filmes, embora não explicitamente lésbicos, igualmente mexem com os padrões de Hollywood. O primeiro é Thelma e Louise (1991), um libelo contra o machismo reinante dentro e fora do cinema. Nele, os homens são e estão em segundo plano. Susan Sarandon e Geena Davis mostram que as mulheres também são donas de seus destinos e que, quando querem algo. não falta coragem para ir atrás de seus sonhos, mesmo quando isto pode custar-lhes a vida. Tomates Verdes Fritos (1991) é o segundo. Grande sucesso, sem ter uma campanha publicitária hollywoodiana, foi di- vulgado na base do boca-a-boca. Idgie e Ruth deram o que falar, embora a versão cinematográfica, apesar de bela, não ter se mantido fiel ao livro, onde a relação das duas personagens é bastante clara e não implícita como no filme. Dentro da linha dramas-psicológicos, ainda sob influência dos costumeiros fins .trágicos para lésbicas, temos Almas Gêmeas (1994), da Nova Zelândia, baseado em historia verídica a respeito de duas adolescentes que chegam ao extremo do assassinato quando ameaçadas de separação; Diário Roubado (1993), de Christine Lipinska, onde outras duas adolescentes, na França, logo após o término da II Guerra Mundial, apaixonam-se, mas também, em função da repressão, acabam de forma trágica; Entre Elas... (1994), da diretora Nancy Mackler, igualmente baseado em história real, acontecida na França de 1930, que narra o trágico e doentio relacionamento entre duas irmãs toO Beijo da Borboleta (1995), de Michael Winter Botton, no qual Amanda Plumer faz uma serial killer. A história deste último é tão sangrenta e absurda que chega a causar riso em certas seqüências. Salva-se a cena final com a música do Cranberries "No need to argue ". Marlene Dietrich em Marrocos No gênero mais para cima, explicita ou implicitamente lésbico, com uma certa dose de otimismo e bom humor, temos Entre Amigas (1994), Duro Aprendizado (1995), Servindo em Silêncio (1994), Tank-girl (1995), Sedução (1992), o Clube das Desquitadas (1996) e a ^ Excêntrica Família de Antonia (1995) que levou a diretora Marleen Govis ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Misturando feminismo com lesbianismo, a diretora conseguiu fazer um belo filme. A história de Antonia e sua filha ganharam a simpatia do público. Houve ainda Somente Elas mais um road-movie, com um trio de estrelas de dar inveja: Whoopi Goldberg, Mary-Louise Parker e Drew Barrymore. O filme trata da questão lésbica indiretamente, pois o eixo da história é a AIDS, com mais uma morte trágica. Chegamos, enfim, a Ligadas pelo Desejo que veio embalado também pela repercussão do seriado americano Ellen da Rede ABC, onde a protagonista Ellen De Generes assumiu sua lesbianidade. Foi um tremendo terremoto abalando o conservadorismo americano. O episódio foi comemorado pelos 4 cantos do planeta, contando com a participação de grandes estrelas como Laura Dern, Demi Moore, k.d.lang e Gina Gershon, de Ligadas pelo Desejo. E falando em Ligadas pelo Desejo, ao contrário de Catherine Deneuve que teve receio de ir a fundo na relação com Laurence Cote, no filme Os Ladrões (1996), por medo de ficar com o estigma de atrizlésbica (já havia transado com Susan Sa- randon em Fome de Viver), as atrizes Jennifer Tilly e Gina Gershon nem esquentaram a cabeça, dando credibilidade e autenticidade a suas personagens. Não se pode esquecer que quem vai ao cinema quer ver seus sonhos, como a si mesma, refletidos na tela. E o público já está cansado da exploração do tema lésbico e da forma banal com a qual às vezes é tratado. Ligadas pelo Desejo quebrou estas barreiras. As cenas de amor são bonitas esteticamente, sem excessos ou constrangimentos. No Brasil, o filme vem tendo grande divulgação, com páginas inteiras de propaganda em jornais e revistas. Nenhum outro filme sobre lésbicas teve tamanha campanha publicitária. Por essas, fica aqui a esperança de que mais filmes sejam produzidos e que esse caminho aberto, do qual fiz um breve apanhado, torne-se um grande aliado contra os preconceituosos e hipócritas de carteirinha. Que seja mantida a qualidade das produções, com muita possibilidade de diversão e entretenimento também, pois, apesar do preconceito, nós, lésbicas, também temos direito a bons filmes, no cinema de nossa preferência, nos fins de semana, como todo o mundo. Josiane Balasko disputa Vitória Abril com Alain Chabat em Uma Cama para Três ECOLÉSBICA MíRIAM MARTINHO Vamos exercitar a memória e listar todas as atividades que fazemos, de manhã até a hora de dormir, onde utilizamos água. Listou? Bom, agora imagine como você faria todas essas mesmas atividades sem água. Seria possível? Não, não é? Pois bem. O pesadelo de não ter água não está tão distante assim. Pesquisadores alertam para o fato de que os recursos hídricos se renovam a uma taxa de 15% ao ano enquanto a população mundial cresce a uma taxa de 45%. E não é apenas a questão da explosão demográfica que pode nos privar do mais precioso dos líquidos. É sobretudo a questão do mau uso da água doce o que nos reserva um futuro sombrio. Estima-se que 60% da água, consumida pelos seres humanos, retorna aos rios poluída. Além disso, a cultura do desperdício, sobretudo neste nosso Brasil "céu de anil", joga fora milhões de metros cúbicos de água por mês. Segundo os cientistas, se alguma coisa não for feita, desde o controle populacional (via planejamento familiar, claro), até a detecção e conserto de vazamentos nas redes públicas, bem como sua manutenção e atualização, até a mudança de mentalidade da população, em 30 anos, só nos restará estar tomando nosso próprio xixi reciclado. Isso sem falar no que a falta d^gua representa para todas as outras espécies animais. Quer viver num deserto? Acha que estou exagerando? Estou não, e vou até dar-lhe umas dicas de como evitar que esse grande pesadelo se torne realidade. São pequenas medidas antidesperdício de água que qualquer um pode tomar em benefício de todos. O planeta agradece. Fonte: Revista Saúde é Vital, n" 166 «-os,. ,orneira JZZ STa^iTS s ^ 2. Fique pouco tem-n™ i. e "^*«"«iesperdiçada. ™ fazer ,« „uma ^ 0 ^'íl ^"Í' f'0 u"i™meme e dá pa *«« (no caso e„qua„t„ tsZTovZrTm '"" ° ">*■ ««« « baldes de água. vassoura e, para o carro, no máximo, 2 ^^^Z^S' T ^ ^ ^a a pia Po1senxagüePeÇaporpeiit ^ 5 - Se você tem iardím ^ ^ Cada um^ evitara evaporaçidtu?"!38 ^T Peh ma"hã «u à no.te para ^ta da mangueira. ^ ^ ^^-evólver também JZmTa 16 UM OUTRO OLHAR VÍDEO ANGELA GONçALVES Suspense, diversão e amor LIGADAS PELO DESEJO Bound-EUA-1996 Diretor: Larry Wachowski/Andy Wachwski Com:JenniferTilly, GinaGershon, Joe Pantoliano América Vídeo Imagine a cena: o homem traído, com uma arma em punho, apontada para a mulher, que está amarrada, pergunta o motivo pelo qual ela preferia uma outra mulher do que ele, o que ela poderia lhe dar que ele não, e ela, sem titubear, sem tremer os lábios, sem medo ou arrependimento, responde-lhe na lata: " -TUDO!" Numa época em que os filmes lésbicos estão tão apáticos, tão recatados, se Ligadas pelo Desejo não é uma obra-de-arte nem está entre os 10 melhores filmes do ano, pelo menos injeta sangue nas veias e mostra o quanto pode ser acalorado e explosivo o encontro entre duas mulheres que estão afim uma da outra. Esqueça portanto os filmes engajados, os politicamente corretos, os dramáticos em que uma sempre morre no final, ou aqueles que, de tão chatos, parecem mais documentários tentando justificar o injustificável. Ligadas pelo Desejo tem como principal função a diversão. Então, não fique esperando pessoas se justificando. Em Ligadas..., a questão moral não existe. Só há o bandido, a lésbica, os policiais tontos e os mafiosos maus e pronto. Violet (Jennifer Tilly) e Corky (Gina Gershon) se encontram pela primeira vez no elevador de um grande condomínio. De um lado, Violet, amante de mafioso, a perua nossa de cada dia, e do outro, a sapatão da Corky, encanadora, ex-presidiária que dirige pick-up... Assim, na base das diferentes que se atraem, nasce um grande tesão entre as duas. Violet lança mão de tudo que é armadilha para agarrar Corky: sedução, brincos no cano, tatuagem, grana... Corky que não é boba nem nada lhe dá corda e torna o jogo uma brincadeira excitante até se render à sedução de Violet. A coisa esquenta quando elas resolvem enganar a Máfia e passar as mãos em alguns milhões de dólares. A história, tendo como ponto de referência a Máfia, não poderia deixar de ter cenas de violência, mas nada que estrague o jantar. Apesar de algumas falhas no roteiro, ao retratar o mundo lésbico, como o aperto de mão entre Corky e o amante de Violet, após o pega prá capar no sofá entre as duas {leia-se transa com penetração), os estereótipos do sapatão de cuecas e da lady, Violet, de voz infantilizada e unhas compridas. Ligadas pelo Desejo é gostoso de assistir pelo clima de intimidade e cumplicidade entre as atrizes que não ficaram com "freio de mão puxado". Quando a cena pedia beijo, era beijo mesmo, quando era amasso, era amasso mesmo, mas sem cair para o lado pornográfico. A cena do primeiro beijo ficou tão sensual e bonita que foi indicada, pelos telespectadores da MTV americana, para concorrer ao MTV-Movies Awards. Outro ponto positivo a salientar é que jamais um filme com tema lésbico teve tanta repercussão e propaganda na mídia. Mudanças dos tempos talvez. Então, não se deixe influenciar pelas críticas preconceituosas de certos jornais, e, se você não viu o filme nos cinemas, dê uma conferida no vídeo. Só o final feliz, entre Violet e Corky, vale o aluguel da fita. Bom divertimento! Acena do primeiro beijo ficou tão sensual e bonita que foi indicada, pelos telespectadores da MTV americana, para concorrer ao MTV-Movies Awards. UM OUTRO OLHAR 17 MÚSICA ANGELA GONçALVES Vozes que encantam REGISTROS Marina, após o À MEIA VOZ CD "Abrigo", cm Marina Lima que foi apenas intérprete de com- EMY posições de outros autores, voltou a atuar, como compositora, em "Registros à Meia-Voz'. A música de abertura, "A Meia-Voz", por si só, já vale a compra do CD. Tem balanço e sensualidade, com uma certa dose de cinismo, como só ela sabe fazer. Só ela sabe como colocar em ação seu dom de, no meio da melodia, falar frases sem perder o ritmo, sussurando, questionando. Outra canção que vale o esforço de sua ida até a loja é "Para Um Amor no Recife", de Paulinho da Viola, onde Marina dá vazão à criatividade, pondo uma nova roupagem na estrutura melódica da música. Aliás, essa é uma das vantagens de Marina sobre outras cantoras que pensam que recriar é ficar esticando frases ao máximo: ela sabe realmente como reciclar, vide a canção Fullgás, onde simplesmente reescreve a letra da música, levando-a mais para o soul, com balanço, bateria programada e guitarra fuzz hnss. O CD foi gerado em meio a certas perturbações, como um problema em suas cordas vocais e o conseqüente cancelamento de um show, e em meio também a um processo de amadurecimento vindo com a idade, o que dá um tom melancólico ao conjunto da obra, com uma escolha de repertório que expõe uma certa angústia, mais evidente na música "O Solo da Canção", dela e do irmão Antônio Cícero. Com produção impecável, desde a escolha cias músicas ao acabamento estético, foi sem dúvida um dos melhores lançamentos de 96. O único porém fica por conta da última faixa "Mesmo Que Seja Eu", cm que taz a apresentação dos músicos. Isto pode funcionar em um show, mas aqui soou meio esquisito. 1 8UM OUTRO OLHAR De qualquer forma. Registros à Meia-Voz é item imprescindível para sua coleção. Em recente entrevista a um granZélia Duncan de jornal de São Paulo, em matéria em que se discutia WEA-WARNER a música popular nos anos 90, Zélia talou o seguinte: "Se for pensar em Caetano cada vez que fizer uma música, eu não taco nada, entendeu?" Bingo! Se Zélia já merecia admiração pelo seu trabalho diferente, novo, agora merece muito mais por mostrar coragem e inteligência com muita personalidade. Depois do sucesso do CD anterior, ela poderia continuar regravando antigos sucessos, seguir estilos já saturados, entrar em qualquer dessas tendencias-relâmpago da MPB de sucesso tão fácil e tão descartável ao mesmo tempo! Mas disse não a tudo isso e o CD "Intimidade" veio com um equilíbrio perfeito entre música popular, rock, folk, misturando ao mesmo tempo percussão eletrônica com violão de 12 cordas (instrumento que segundo ela é seu preferido), bandolim com guitarras slide. INTIMIDADE Numa escolha inteligentíssima, para nenhum ta de carteirinha da MPB reclamar, gravou "Vou Tirar Você do Dicionário", de Itamar Assumpção, onde dá um show de interpretação, brincando, inserindo músicas, dando nó em pingo d1água. Aliás, esta é uma das melhores faixas do CD. Manteve a parceria com Christian Oyens, o que garante qualidade em canções como "Intimidade" (que dá nome ao CD), "Bom Prá Você" e no sucesso "Enquanto Durmo". Abre mais espaço, também, para a parceria com Lucina, e o resultado são canções como "Minha Fé", e a bonita "Coração na Boca", onde mostra leveza nos versos "... Adoro cortinas que se abrem, adoro o silêncio antes do grito..." Provoca e instiga na balada "Experimenta" e, para nenhum coração partido reclamar, coloca a voz grave, com muito sentimento, na baladona "Não Tem Volta". Aos trinta anos, Zélia Duncan mostra maturidade e experiência, resultado de mais de sete anos de estrada, de trabalho duro. E essa consciência do que quer teve até o respeito do popular Liminha que não interferiu em seu trabalho, dando total liberdade para a artista. Muito do sucesso de Zélia vem do fato de que ela tala com clareza o que sentimos, o que queremos ouvir e dizer, com sutileza, sinceridade, dor, paixão, expondo os conflitos femininos, e tornando-se assim, íntima do público. Isso sem deixar de ser aberta às novas tendências quando, por exemplo, grava Itamar e diz gostar de Beck. Enfim, é Zélia cantando e dando o seu recado; "... Eu quero as mulheres que dizem sim, e que não têm vergonha de ser assim..." É isso aí, recado dado!!! OPINIãO NELI APARECIDA DE FARIA Preconceito Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição)} (Art. 5o -1 Constituição Nacional-1988) Partindo do princípio fundamental insculpido pelo legislador constituinte de 1988, passo a escrever sobre o tema epigrafado. Comecei a trabalhar com quinze anos. Era balconista em uma famosíssima bombonière, talvez por isso seja hoje alérgica a chocolates. Havia a gerente, branca, e três balconistas, todas brancas, exceto uma com traços indígenas, boliviana, e o Sr. José que fazia de tudo. Até café. Era negro. Eu morava, no Belém, e tomava todos os dias o elétrico. Comparando com agora, sabiam que naquele tempo o ônibus elétrico era mais barato??? Às quartas era minha folga, pois eu trabalhava aos domingos. Num desses domingos, por volta das vinte e uma horas, voltando para casa após o trabalho, ouvi uma conversa entre dois rapazes: "- Não vou lá... Amanhã vou trabalhar, pois é dia de branco." Interessante, pensei. Amanhã é dia de branco. Que interessante! Ainda naqueles idos de 68, um ano que para mim começou e para outros nem terminou, vi-me envolvida, numa quarta-feira, minha folga, em uma passeata estudantil. Recordome, como se fosse hoje, os carros policiais incendiados, destruídos, pela ira dos jovens da época contra a ditadura. E vi, com a claridade da luz solar, aliada aos fogos dos veículos, dois meninos, estudantes, por algum motivo de somenos, brigando entre si. E, ouvi, de um terceiro, "vocês são brancos que se entendam". Eram morenos, como eu, e passando das seis horas já é noite. E o terceiro também era moreninho. Os brancos que se entendam...e passando das seis horas já é noite. Que interessante! Em dezembro, daquele ano, estava trabalhando, e uma mulher negra entrou e pediu para falar com a gerente. Não ouvi a conversa. Após sua saída, a gerente comentou, com uma das balconistas: "- É bonita, limpinha, mas é preta. Falei que não há vagas." Ao chegar em casa, à noite, comentei com minha mãe o episódio (ela que era neta de índia). A dona fulana disse isso. A minha mãe, uma senhora muito inteligente, culta (lia uns três livros por mês), profunda conhecedora de música, respondeu: "-Não é preta, filha. E negra. Preta é cor. A tua calça é preta. Negra é a raça. E a partir de amanhã, você não vai mais trabalhar lá." E assim o tempo foi passando. Nas últimas eleições presidenciais, o atual Fernando, sociólogo, intelectual, detentor do Jucá Pato, como o intelectual do ano de 1985, referindo-se ao resquício de sangue negro, que todos temos, disse: "-Estou com um pé na cozinha..." Tratou os negros como cozinheiros. Se minha mãe fosse viva, com toda certeza, só por isso, haveria um voto nulo a mais, naquela eleição. Com toda certeza. E um absurdo também, e seria cômico se não fosse trágico, atribuir a uma minoria, aquela que segue ao pé da letra as palavras de Jesus, o mal do milênio: a AIDS. Se essa minoria sexual fosse efetivamente portadora do vírus HIV, seria simples eliminá-la. Bastaria fuzilar os homossexuais ou colocá-los em câmara de gás. Todos nós, desgraçadamente contudo, estamos sujeitos ao vírus. Joga-se pedra nessa minoria, qualificando-a pejorativamente de "bichinhas". Essa minoria, entretanto, é digna de todos os encômios, pois parecem dizer ao mundo: "- Sou homossexual e daí?" • Vesus Cristo se quisesse discriminar os homossexuais teria dito, com toda luminosidade e resplandecência: - Homem ame a tua mulher e mulher ame o teu homem. Mas não. Ele disse: Amai-vos uns aos outros, yy Eas lésbicas são alcunhadas de "sapatões", uma alusão aos pés, supostamente grandes, isto é, masculinos. Só que a quantidade de hormônios masculinos nelas é a mesma que em qualquer garota heterossexual, e seus pés são proporcionais à altura. E mais, são tão vaidosas quanto as heterossexuais. Jesus Cristo se quisesse discriminar os homossexuais teria dito, com toda luminosidade e resplandecência: "- Homem ame a tua mulher e mulher ame o teu homem." Mas não. Ele disse: "Amai-vos uns aos outros." Ou, em outras palavras, ame a quem você quiser, mas ame. Porque Ele disse isso? Quiçá por ser um solteirão? Ou porque, segundo determinada religião, não teria sido gerado em uma relação "normal", isto é, não pelo sexo, mas sim pela inseminação artificial da época: o Divino Espírito Santo? Com todo respeito. Jesus não atirou a primeira pedra nos homossexuais, embora pudesse fazê-lo, por ser Bom, Puro, Honesto e sem pecados, pois conhecia, com a profundidade dos doutos, o Velho Testamento, onde Samuel, o Profeta, narra, com toda a candura, os amores entre Jônatas e Davi. (Sam. 1 18). E o poeta Gonzaguinha escreveu, em uma de suas músicas, uma frase que parece dirigida à minoria homossexual: "Viver e não ter a vergonha de ser feliz..." DRA LIDIA IRIS DA CRUZ r% Odontologia Preventiva • Clínica Geral Segundas, Quartas e Sextas - das 8 às 12h00 Terças e Quintas - das 8 às 18h00 ü? R. Dr. Jesuino Maciel, 811 - Campo Belo - SP - 543 6405 Mas o Brasil foi feito para os perfeitos. Cegos? Que caiam nos buracos das calçadas. Deficientes físicos? São vedados seu acesso a lugares públicos, como estações rodoviárias, dos metrôs, prédios públicos, etc. Li, em um jornal, uma notícia que me causou espécie. A Igreja Católica, tratando com menoscabo as palavras de Jesus, proibiu o casamento entre uma mulher "normal" e um deficiente físico. Engraçado. Até na cama dos fiéis, os padres querem "ingressar", mesmo sendo celibatários. E no trânsito? Eu que dirijo defensivamente outro dia ouvi: "- Dona Maria vá para o tanque". E respondi: "- Ora seu Zé vá apertar parafusos, pegar no cabo da enxada." E os acidentes de trânsito são causados, na maioria esmagadora das vezes, pelos seus Zés. Em suma, qualquer forma de preconceito é abominável, seja chamar pejorativamente os negros de "alemães" (como uma propaganda da D Paschoal), seja chamar a terceiros de "negrinhos, "turco", "dona maria", "seu zé" (como respondi acima, por raiva), "perneta", "maneta", "bichinha", "sapatão", "baiano" (em SP), e "paraíba" (no RJ). Tudo isso traduz um desprezo ao ser humano que, friso, na vida só quer viver e não ter a vergonha de ser feliz. JORNAL DIITROYA INFORMATION CLUB 0 mais sexy do Brasil Classificados de encontros para todas as sexualidades 9í/ONA ÜNAp 3KabO ISA Londrina, PR. Fone (043) 391-3003 A NOVA OPçãO DE LAZER Caixa Postal 605 CEP 86001-970 DOS JARDINS. COM MAIOR FREQüêNCIA DE MULHERES. AMBIENTE ACONCHEGANTE. ATENDIMENTO DE PRIMEIRA. CHOPP SEMPRE GELADO E A MELHOR QUALIDADE EM LANCHES SãO NOSSA MARCA REGISTRADA. VENHA NOS CONHECER. ABERTO PARA HAPPY HOUR DE TERçA à DOMINGO 20UM OUTRO OLHAR AL JAú 35 SAúDE CULTURA SEXUALIDADES LEITURAS MÍRIAM MARTINHO Adécada de 90 - ao contrário das expectativas - acabou se configurando como a década da caretice, do conservadorismo, do retorno a valores amplamente questionados nas décadas anteriores. Entre os valores que retornaram, muito por influência do fundamentalismo religioso (proliferação de fanáticos cristãos, evangélicos, muçulmanos), vemos a revalorização da família nuclear patriarcal, da monogamia e da maternidade como essenciais para as mulheres. A velha idéia de que a própria noção de ser mulher passa inevitavelmente pelo parir voltou com tudo, embora o momento, com a explosão demográfica nos apontando um futuro sombrio, não possa ser mais inoportuno. Heterossexuais, bisexuais, lésbicas, não importa, mulheres de todo o tipo - via casamento tradicional, inseminação artificial ou produção independente - resolveram parir. Cientistas anunciam orgulhosos sua mais nova invenção para permitir que os 20 milhões de casais estéreis do planeta possam ter suas crianças. Nos países onde o aborto é permitido, fundamentalistas religiosos invadem clínicas, onde os abortos são realizados, e matam a tiros médicas e médicos em nome da vida. E nem adianta falar da profunda miséria em que vive a maioria dos seres humanos neste planeta. Nem adianta falar que, por excesso populacional, miséria, ignorância e mesquinharia, nós, humanos, estaremos extinguindo uma espécie animal, a cada 15 minutos, até o ano 2000. Ou talvez, muito pelo contrário, mais do que nunca seja preciso estar falando sobre tudo isso ou de quem está falando sobre tudo isso direta ou indiretamente. Neste caso, insere-se o livro Além da Maternidade: Optando por uma vida sem Filhos, da psicanalista Jeanne Safer, uma série de depoimentos (incluindo o dela mesma) de mulheres bem-sucedidas, na vida afetiva e profissional, que decidiram não ter filhos, contestando o velho este- reótipo de que mulheres sem filhos "são murchas e esquisitas, incapazes de dar carinho, egoístas e insatisfeitas". Sem idealizar a si mesma ou a essas mulheres nem esconder as dificuldades emocionais porque passaram (a grande maioria) até decidir realmente não ter filhos, a psicanalista americana apresenta uma boa amostra de como a maternidade, mais do que a heterossexualidade, permanece uma obrigação para o sexo feminino, a condição sine qua non para que uma mulher possa realmente se dizer realizada. E é essa afirmação sobretudo que o livro vai questionar com veemência, demonstrando que, como qualquer escolha na vida, decidir ser ou não ser mãe, traz ganhos e perdas. Se, ao optar por não ser mães, as entrevistadas de Além da Maternidade perderam algumas das alegrias de ver uma criança crescer, ganharam em tempo disponível para investir na relação afetiva com os maridos e na consolidação de carreiras através das quais se realizaram e contribuíram para o bem-estar da sociedade. Jeanne Safer contesta, inclusive com ironia, muitos dos mitos que envolvem a maternidade (como os de que os filhos são continuidade dos pais, possibilidades das realizações que não tiveram, seguro contra velhice), apontando para a necessidade de se ver a criação de crianças como um investimento muito sério, de pelo menos 15 anos, que não pode ser assumido apenas por pressão da sociedade ou por carências pessoais (os problemas na vida de cada pessoa só podem ser resolvidos por ela mesma, no máximo com a ajuda de algum profissional). A psicanalista alerta também para o fato de que, nesta década, as mulheres estão tentando ter tudo, mas que a vida é feita de escolhas onde não se pode ter tudo. O capítulo final, um teste às leiú toras, composto de 10 pontos, para 1 ajudá-las a fazer suas escolhas, de certa forma, resume as ponderações I apresentadas, no decorrer do livro, i-S com os prós e contras de criar crianças. Por último, Jeanne Safer solicita que as leitoras sem filhos também lhe escrevam relatando suas experiências. Além da Maternidade é, por questões óbvias, um livro dirigido a mulheres heterossexuais, mas que pode ser perfeitamente lido e apreciado por lésbicas e bissexuais, principalmente com a atual moda de sapatas virando mães. Apesar do tom psicanalítico predominar em toda a obra, o que às vezes cansa um pouco, vale por afirmar e confirmar que a realização das mulheres transcende em muito suas capacidades biológicas e que elas devem seguir a voz de seus próprios corações e razões e não as regras da sociedade e seus papéis asfixiantes na hora de fazer suas escolhas. ALéM DA MATERNIDADE: OPTANDO POR UMA VIDA SEM FILHOS. Jeanne Safer. Tradu- ção Eduardo Pereira e Ferreira, São Paulo, SP, 1997. Editora Mandarim. Leituras correlatas: Um Amor Conquistado: O Mito do Amor Materno. Elisabeth Badinter. Editora Nova Fronteira, 1985 (a publicação brasileira é de 85, mas já foi reeditada várias vezes) UM OUTRO OLHAR 21 Para uma boa amizade, aquela transa, um grande amor. 62 MÔNICA (SP) Virginiana, 51 kg, 1,67 m, branca, casada. Gostaria de me corresponder com mulheres bissexuais, sem vícios, que gostem de cinema e cachoeira. 63 DÊ (MG) Desejo ter amizade sincera e duradoura. Gosto de música, ler e dialogar. Se você também gosta, escreva-me. 64 ANA (SP) Lésbicas, escrevamme. Quero boas amizades e troca de experiências. Tenho 22 anos e sou universitária. Peço discrição. 65 CLÁUDIA (SP) 39 anos, olhos castanhos, cabelos pretos, lisos e compridos, branca, 1,60 m, 52 kg, curso superior, bonita e feminina. Desejo conhecer mulheres de 35 a 40 anos, que morem no Vale do Paraíba e que tenham igualmente boa aparência e curso superior. Cartas com foto. 67 BEIJA-FLOR (Taubaté - SP) 36 anos, nível superior, independência econômica, sincera, compreensiva, sem preconceito, discreta, feminina, não fumante. Se você valoriza a amizade, gosta de música, cinema, cães e vê a vida com otimismo... é hora de nos encontrarmos. Venha "virar a mesa" comigo. Há muito espero por isso. Escreva-me. Agora depende de você... 68 LUIZA (MG) Solteira, 50 anos, parda, 1,50. Culta, discreta, alegre, carinhosa. Procuro por você, senhora, que tenha características aproximadas e que seja feminina. 69 JANA (MG) Sou mulata, cabelos e olhos pretos, solteira. Procuro mulher magra, solteira, de 19 a 32 anos, sem filhos, para algo sério. Mulheres sem esses requisitos, escrevam para amizade. 70 DENISE (SP) Gostaria de fazer amigas. Adoro música, sobretudo brasileira, e cinema, preferencialmente não-comercial. 66 MARIA (AL) Feminina, afetuosa, idealista, amante de todas as formas de arte. Tenho 29 anos, 1,70 m, 56 kg. Desejo conhecer lésbicas que curtam a vida e valorizem o companheirismo, para amizade ou compromisso futuro. 22UM OUTRO OLHAR 71 MONICA (SP) Desejo me corresponder para amizade. Morena clara, universitária, pisciana, adoro viagens e cinema. Escrevam-me para um bom papo. 72 MIRA (SP) Se você tem de 30 a 40 anos, não é muito masculina e está só, escreva-me. Vamos compartilhar juntas a nossa solidão. Tenho 35 anos. 73 MARY (CE) Gostaria de me corresponder com mulheres de todo o Brasil. Tenho 31 anos, sou lésbica, muito bem-humorada e gosto de conhecer pessoas. 74 KIKA (SP) Seja de Campinas ou outro lugar do Brasil, escreva-me. Quero conhecer lésbicas discretas e que tenham prazer em viver. 75 SOLANGE (RJ) Gostaria de contatar lésbicas do Rio, que não se importem só com beleza e dinheiro e que desejem ser amadas de verdade. 76 TELMA (SE) Solteira, 1,59 m, 46 kg, morena clara, 33 anos, porém aparência de 25, curso superior. Desejo receber cartas de pessoas de Aracaju e de outras cidades. 77IVANA (PE) Sou calma, discreta, e é com meninas assim que desejo manter contato, com alguém do meu jeito. É tudo muito prematuro, mas o tempo nos ajudará. Gosto de escrever e de música. '" CARTAS ,TC)-COMO PART.CPA.T Para anunciar no TC, basta maiores pagos. "Para solicitar os enderep o-,N8.ss,ueç8deen,artópadoP:™rií,r anúncios . Relatório do IX Encontro Brasileiro de Gays, Lésbicas e Travestis e II Encontro Brasileiro de Gays, Lésbicas e Travestis que trabalham com Aids A Rede de Informação Um Outro Olhar acaba de lançar o relatório dos encontros, acima citados, que organizou, em fevereiro deste ano, em São Paulo. São 128 páginas com resumos das mesas, painéis, grupos de discussão e oficinas apresentados bem como avaliações e fotos dos eventos. Uma publicação histórica que você não pode perder por apenas RS8,00. Envie-nos cheque ou vale-postal, em nome de Rede de Informação Um Outro Olhar, para a Caixa Postal 65092, São Paulo, SP, cep 01390-970 ou deposite na conta corrente de número 51232-3, ag. 0251, Banco Itaú, lembrando-se de, no último caso, remeter-nos cópia de seu depósito. L0BIA LITERÁRIA UM OUTRO OLHAR A Rede de Informação Um Outro Olhar está promovendo, com o apoio da editora Realitas, a Antologia Literária Um Outro Olhar. Convidamos você, para acompanhar-nos em mais esta atividade da Rede, enviando-nos seus CONTOS, CRôNICAS, POESIAS, LETRAS DE MúSICA, TEXTOS, EM PROSA E VERSO, SOBRE O AMOR ENTRE MULHERES, até o dia 31 de março de 1 998. O material recebido será analisado e selecionado, em abril de 1 998, e o livro, com as obras escolhidas, lançado em junho do mesmo ano. Não perca esta oportunidade de ver seus trabalhos publicados! Maiores informações: Rede de Informação Um Outro Olhar, Caixa Postal 65092, São Paulo, SP, cep 01390-970. Fone: (011) 284.5610. Mantenha-se informada sobre o seu mundo em todo o mundo. Assine a revista Um Outro Olhar ASSINATURA NACIONALC^ 4 NÚMEROS: R$ 20,00 ASSINATURA INTERNACIDNALCD 4 NÚMEROS: US$ 28 PREENCHA OS DADOS ABAIXO NOME_ Banca Paulista Av. Paulista, 1948 esquina com a Frei Caneca Fone: 288.8241 Banca Paraíso R Rafael de Barras, 80 esquina com Al. Santos Fone: 889.8416 Banca Ana Rosa Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 20 Vila Mariana Fone: 571.4304 Banca Central de Diadema Pça Castelo Branco, Centro Diadema, SP Fone: 445.2043 ENDEREÇO^ BAIRRO CEP_ CIDADE ESTADO_ DDD FONEL DATA DE NASCIMENTO; PROFISSÃO. COR_ ASSINALE ABAIXO SUA FORMA DE PAGAMENTO Cheque nominal para o endereço da Rede de Informação Um Outro Olhar (veja abaixo); Vale-postal para a agência Bela Vista, São Paulo, SP, cep 01390-970. Depósito bancário para a conta corrente 51094-7, Ag. 0251, SP Brigadeiro, Itaú (Enviar cópia do depósito para sua identificação). Seja qual for a opçãp de pagamento, você deve enviar sua assinatura em nome de Rede de Informação Um Outro Olhar. Nosso endereço é Caixa Postal 65092, São Paulo, SP, cep 01390-970. Fone/fax: (011) 284.5610. Tamara de L ■ õC/iÇAR WlV/CK Publicação da Rede de Informação Um Outro Olhar - Ano 3-NO 5- Setembro 1997 0 que é doença? O que é saúde? Quais as formas de prevenir as doenças? Quais as maneiras de preservar a saúde? É possível tratar todas as pessoas enfermas do mesmo modo, com os mesmos medicamentos? E a AIDS? Será causada apenas pelo virus HIV? Dizem que há doentes de AIDS que não têm o virus. Existe gente com o vírus que não tem AIDS. E as formas de prevenção e de tratamento da AIDS, atualmente vigentes, estão sendo efetivas? Por exemplo, as campanhas de prevenção, para mulheres que se relacionam com mulheres, estão no caminho certo? Por que tanta gente ainda acha que não há nenhum risco de contaminação pelo HIV nas relações entre mulheres? Quais são as possibilidades de transmissão do HIV relação mulher-mulher? Essas e outras perguntas estamos procurando responder nesse nosso quinto número do boletim Ousar Viver que traz, como novidade, o fato de agora também vir encartado nas edições da revista Um Outro Olhar. Sobre doença e saúde, a médica homeopata Cristina Dumas fala da Homeopatia na Arte de Curar, fomecendo-nos um pequeno histórico dessa prática, de seus conceitos principais e de suas aplicações. Cristina nos explica que, na Homeopatia, cada pessoa é tratada a partir de sua individualidade, com a medicação mais apropriada a suas características físicas e psicológicas. Por meio de perguntas e respostas, as americanas Pamela DeCarlo e Cynthia Gómez, da Universidade da Califórnia, trazem-nos muitas informações valiosas sobre a sempre controversa questão das lésbicas e da AIDS, mostrando a importância de diferenciar identidade sexual e comportamento sexual no que se refere a campanhas de prevenção para mulheres que se relacionam com mulheres. Na seção de publicações, comentamos dois textos da organização Temas Atuais na Promoção da Saúde (TAPS), de São Paulo, que questionam várias das noções básicas que temos sobre a AIDS, tais como se o vírus HIV sozinho, é responsável pela enfermidade, se os exames para detecção do HIV são efetivos e se estão corretos o método de aferição da evolução da doença (contagem de CD4), em soropositivos, e sua conseqüente medicação. Esperamos que goste de mais esse número de nosso boletim, sobre saúde, e nos envie suas críticas, sugestões e, sobretudo, contribuições através de ilustrações e textos. Até o próximo. Saúde além dos remédios EXPEDIENTE Boletim Ousar Viver Ano 3 - N0 5 - Setembro de 1997 Tiragem: 3000 exemplares São Paulo - SP - Brasil JORNALISTA RESPONSáVEL Cristiane Neder - Mtb 9851 EDIçãO Míriam Martinho COLABORAçãO: Luiza Granado Cristina Dumas DlAGRAMAÇÂO: Fátima R S Lima IMPRESSãO: Prol Editora Gráfica Ltda PRODUçãO: Rede de Informação Um Outro Olhar FINANCIAMENTO: Coord. Nacional/ DST/ AIDS da SPES/ Ministério da Saúde O Boletim OUSAR VIVER é uma publicação da Rede de Informação Um Outro Olhar, elaborada e produzida por mulheres de diferentes orientações sexuais (lésbicas, bissexuals e heterossexuais). Os artigos assinados são de responsabilidade de suas autoras. A Rede de Informação Um Outro Olhar é uma organização não-governamental, fundada em abril de 1990, que objetiva lutar pelos direitos humanos das mulheres, em particular das lésbicas, através da velculação de Informações positivas sobre os diferentes aspectos de nossas vivências. Considerando a saúde como um dos direitos básicos de qualquer ser humano, vimos desenvolvendo, desde novembro de 1994, na área de prevenção à AIDS e a doenças sexualmente transmissíveis, dois projetos para mulheres lésbicas e heterossexuais, a saber: Mulheres & Mulheres: Prazer sem Medo, e outro, para mulheres em geral, denominado Mulheres & Mulheres: Conversando sobre Saúde. Uma vida saudável em qualquer idade Viver Melhor após os 35 anos, da ginecologista Gelde Stocchero, é um livrinho (livrinho porque de poucas páginas, bem dito) que discute as mudanças no corpo feminino, após os 35 anos, com ênfase no climatério (pré-menopausa e menopausa propriamente dita). Numa linguagem acessivel, a ginecologista fala do corpo da mulher, das fases hormonais femininas, do climatério, da depressão (que acomete algumas mulheres nesta época) e dos tratamentos para os problemas do período como o uso de hormônios e medicamentos. Fala também de problemas como tensão pré-menstrual, displasia mamaria (inchaço dos seios próximo à menstruação), miomas (nódulos benignos que aparecem no útero), cistos de ovário e doenças sexualmente transmissíveis. Aborda ainda o uso de métodos anticoncepcionais, a gravidez, depois dos 35 anos, e questões referentes à estética facial e corporal. Ilustrado com desenhos sobre o aparelho genital feminino e os seios, bem como com ilustrações de como fazer auto-exame de mamas. Viver Melhor Após os 35 Anos é interessante por tratar da questão da saúde ginecológica dentro do contexto da saúde integral. Assim dicas sobre uma alimentação mais adequada para, pelo menos minorar, alguns dos problemas do climatério aparecem em vários capítulos. Embora não sejam nenhuma novidade (outras autoras já o abordaram em suas publicações), sempre é bom lembrá-las. Beber muito liquido, evitar ou diminuir o uso de cafeína (pre- sente no café, chá preto, chá mate, refrigerantes, chocolate), fazer exercícios e não comer muita carne de frango (por causa dos hormônios com que eles são tratados) são algumas das dicas da autora para evitar, por exemplo, os incômodos da tensão pré-menstrual como eólicas, inchaço e dor nos seios. O uso de vitaminas e a reposição hormonal também são indicados, pela ginecologista, desde que, naturalmente, com supervisão médica. Enfim, Viver Melhor Após os 35 Anos ajuda as mulheres a ter mais conhecimento sobre seus corpos e as mudanças pelas quais eles passam no decorrer dos anos, capacitando-as (e em alguns casos desencucando-as) a levar uma vida mais saudável em qualquer idade. Vale a pena conferir. VIVER MELHOR APóS OS 35 ANOS GELDE STOCCHERO COLEçãO VIVER MELHOR EDITORA SCIPIONE Rede de Informação Um Outro Olhar Caixa Postal 65.092 São Paulo - SP CEP 01390-970 Fone/fax: (011) 284.5610 E-Mail: [email protected] CONTRIBUIÇÕES, SUGESTÕES E CRITICAS SÃO BEM-VINDAS. DOAÇÕES TAMBÉM! DOAÇÕES CONTA 51 232-3 - AG 0251 - BANCO ITAÚ Quais as necessidades de prevenção à aids para mulheres que transam com mulheres? O risco de contrair o HIV para mulheres que transam mulheres (MTM),1 como para todas as pessoas, varia de acordo com o que fazem. Algumas MTM tomam drogas, relacionam-se sexualmente também com homens, prostituem-se por dinheiro ou drogas, foram vítimas de estupro ou abuso sexual, fazem sexo com múltiplos parceiros ou fizeram inseminação artificial. É importante lembrar que a identidade sexual e o comportamento sexual nem sempre são similares. Por exemplo, mulheres que se identificam como lésbicas também podem se relacionar com homens, e nem todas as MTM se identificam como lésbicas e bissexuais. Neste texto, o termo mulheres que transam mulheres (MTM) visa cobrir todas as possíveis categorias. Entre usuários de drogas injetáveis, há maior incidência de HIV entre MTM do que entre mulheres que se relacionam somente com homens. Um estudo com usuárias de drogas injetáveis, em 14 cidades americanas, revelou que, comparadas às mulheres heterossexuais, mulheres com uma parceira têm maiores possibilidades de partilhar seringas, trocar sexo por drogas ou dinheiro, ser sem-teto e soroconverter-se.2 Mulheres que se identificam como lésbicas ou bissexuais e fazem sexo com homens podem correr maiores riscos de contrair o HIV em função do tipo de parceiro com quem se relacionam e do pouco uso da camisinha. Um estudo com mulheres lésbi- cas e bissexuais, em San Francisco, Califórnia, revelou que 81% delas haviam tido relações sexuais com homens nos últimos 3 anos. Destas, 39% relataram haver feito penetração vaginal sem camisinha e 11%, sexo anal sem camisinha.3 Numa pesquisa com mulheres lésbicas e bissexuais, em 16 pequenas cidades americanas, entre as mulheres que também tinham um parceiro masculino, 39% relataram tratar-se de um parceiro gay ou bissexual e 20%, um parceiro usuário de drogas injetáveis.4 * Texto gentilmente cedido pela Dra ( Maria Eugênia Lemos Fernandes da organização Associação Saúde da Família 1 . N. T. Nesta tradução optei por utilizar a expressão mulheres que transam mulheres, em vez de mulheres que fazem sexo com mulheres, por esta ser mais usual em Português. 2 . Young RM, Weissman G, Cohen JB. Assesslng rlsk in the absence of Information: HIV risk among women Injection drug users who have sex wlth women. AIDS and Public Policy Journal. 1992;7:175-183. 3 . Lemp GF, Jones M, Kellogg TA, et ai. HIV sero- prevalence and risk behaviors among lesbians and blsexual women in San Francisco. American Journal of Public Health. 1995;85: 1549-1552. 4 . Norman AD, Perry MJ, Stevenson LY, et ai. Lesblan and bisexual women in small cltles - at risk for HIV? Public Health Reports. 1996:111:347-352. PAMELA DECARLO E CYNTHIA GóMEZ TRADUçãO: MíRIAM MARTINHO AS MULHERES QUE TRANSAM COM 1 MULHERES CORREM RISCO DE CONTRAIR O HIV (VÍRUS DA AIDS)? É POSSÍVEL HAVER TRANSMISSÃO DO HIV ENTRE MULHERES? Por tudo que sabemos, há um pequeno mas ainda não especificado risco de transmissão do HIV nas práticas 33 sexuais entre mulheres.5 O HIV é encontrado nos fluidos vaginais e no sangue menstrual, mas a quantidade do vírus não foi até agora adequadamente medida. O sexo entre mulheres pode incluir uma variedade de atividades, e o risco relativo de todas essas atividades ainda não é conhecido. Acredita-se que o sexo oral sozinho apresente baixo risco,5 e atos que podem resultar em trauma vaginal, tais como partilhar brinquedos sexuais sem camisinha ou fazer penetração quando os dedos têm cortes ou estão com unhas longas, podem trazer maior risco. Até agora, não houve estudos que tenham examinado rigorosamente os atos sexuais entre mulheres ou o cunnilingus (sexo oral entre mulheres) como um risco na transmissão do Hiy mas há um número de casos relatados.6 Somente um estudo analisou casais lésbicos discordantes (onde uma mulher está infectada e a outra não). Embora este estudo tenha abrangido somente 10 casais, por um curto período de tempo, não apontou soroconversões.7 QUAIS SÃO AS BARREIRAS ÀPREVENÇÃO? Fatores sociais, ambientais e econômicos podem tornar-se uma barreira à prevenção. Mulheres que transam mulheres (MTM) e são pobres, viciadas, sem-teto, com pouca habilitação profissional ou que temem violência podem voltar-se para a prostituição ou envolver-se em sexo com homens por questões de sobrevivência. Para estas mulheres, a preocupação mais imediata com ali- 5. Mays VM, Cochran SD, Pies C, et ai. The risk of HIV infection for lesbians and other women who have sex with women; implications for HIV research, prevention, policy, and servíces. Womerís Health: Research on Gender. Behaviour and Policy. 1996;2:119-139. 6 . Kennedy MB, Scarlett Ml, Duerr Ac et ai. Assessing HIV risk among women who have sex with women: scientific and communication issues. Journal ofthe American Medicai Women's Association. 1995;50:103-107. 7 . Raiteri R. HIV transmission in HlV-discordant lesbian « Ainda há um número limitado de programas de prevenção ao HIV que enfocam especificamente mulheres que transam com mulheres, mas os seguintes projetos vem marcando presença. O Lesbian AIDS Project (LAP), em Nova York, fornece múltiplos serviços tanto para lésbicas soropositivas quanto soronegativas. O LAP administra grupos de apoio e oficinas, sobre sexo mais seguro, assim como sobre violência doméstica, mudanças comportamentais e outros tópicos. Lésbicas HIV+ e lésbicas em situação de risco integram a equipe que fornece educação à população, incluindo a população carcerária e a de centros de recuperação.9 Em San Francisco, Califórnia, os Serviços de Saúde da Mulher LyonMartin treinaram lésbicas e bissexuais, como educadoras, para apresentar informações sobre sexo mais seguro em bares, discotecas e clubes de sexo para mulheres. Conhecidas afetivamente como "Putas do Sexo Mais Seguro", estas educadoras se "dedicam a demolir negativas", apresentando sátiras, dando oficinas e consultas individuais e distribuindo camisinhas e lubrificantes.'" Um projeto comunitário em Hollywood, na Califórnia, visou especificamente usuários de drogas de alto risco (gays, lésbicas, bissexuais e transgênero). Baseado num modelo de redução de danos, o programa forneceu grupos de apoio, aconselhamento, referências, pacotes de prevenção e kits higiênicos." Na Guatemala, um espaço público para lésbicas, travestis e homens gays e bissexuais foi aberto para proporcionar um ambiente seguro e livre do uso de sexo e drogas. A Casa da Cultura patrocina oficinas criativas e aulas, entre outras, de cerâmica, fotografia, literatura, Inglês e Fran- couples. Presented at the 11th International Conference on AIDS, Vancouver, BC, 1996. Abstract#Tu.C.2455. 8 . Gómez CA, Garcia DR, Kegebein VJ, et ai. Sexual identity versus sexual behavior: implications for HIV prevention strategies for women who have sex with women. Womerís Health: Research on Gender, Behavior and Pofcy. 1996;2:91-109. 9 . Hollibaugh A. LAP Notes. Lesbian AIDS project at GMHC 1994;2;12. Contact: Io Cyrus, Lesbian AIDS Project (212) 337.3531. 10 . Stevens PE. HIV prevention education for lesbians and bissexual women: a cultural analysis of a community intervention. Social Science In Medicine. 1994;39:15651578. Contact: Lani Ka'ahumanu (415) 821.3534. 11 . Reback CJ, Walt K. Street drugs, street sex: community-based outreach to gay, bisexual, lesbian and transgendered drug users. Apresentado na 11a Conferência Internacional sobre AIDS. Vancouver, BC, 1996. Abstract#ThC4670. Contact: Cathy Reback (213)463.1601. mentação, moradia e a sustentação do vicio se torna prioritária em relação a preocupações futuras com a infecção pelo HIV A crença na heterossexualidade hegemônica e as atitudes sociais e culturais negativas, em relação à homossexualidade, podem servir para aumentar os comportamentos de risco entre mulheres que transam mulheres. Um estudo em San Francisco, CA, revelou que lésbicas jovens abusam de álcool e drogas, envolvem-se em relações sexuais desprotegidas com homens e em experimentações sexuais com jovens gays como uma forma de lidar com as pressões sociais.8 Mulheres que transam mulheres em situação de risco se encontram freqüentemente invisíveis ou não identificáveis em outros grupos, tais como grupos de usuários de crack e outras drogas injetáveis, sem-teto, trabalhadores do sexo e prisioneiros. As MTM que fazem sexo com homens se identificam com diferentes comunidades, dependendo do gênero de sua/seu parceira/o sexual. Os esforços de prevenção deveriam levar este fato em conta e reconhecer que as mulheres bissexuais podem ser mais efetivamente alcançadas através de programas que visam mulheres heterossexuais em situação de alto risco. cês.Também patrocina conferências e mesas-redondas sobre questões como violações de direitos humanos, atitudes da igreja católica em relação a gays e lésbicas, formas de permanecer HIV- e aspectos legais da AIDS.12 Mulheres se Banhando Tamara de Lempicka 1929 Precisam ser feitas pesquisas definitivas sobre práticas sexuais, riscos, escolhas de parceiros e características demográficas das MTM. A prevenção efetiva do HIV para as MTM deve levar em conta suas identidades sexuais tanto quanto seu comportamento sexual e o uso de drogas. Distinguir as MTM por suas identidades pode ser crucial na elaboração de mensagens de prevenção. Os provedores de serviços e agentes de saúde devem ser sensibilizados para as necessidades das MTM e ser treinados para conduzir campanhas preventivas não heterosexistas. Muitos provedores de serviços assumem que as mulheres HIV+ são exclusivamente heterossexuais.13 Se uma mulher diz que manteve relações sexuais com um homem, a maioria dos agentes de saúde não lhe pergunta se também se relacionou com uma mulher. Da mesma forma, se uma mulher relata que é usuária de drogas, poucos agentes de saúde também lhe fazem perguntas sobre comportamento sexual, assumindo que o uso de drogas é seu fator de risco principal. Tais atitudes não afetam somente o cuidado e as instruções que uma MTM pode receber, mas também levam a uma documentação pobre, sobre formas de comportamento de ris- co, e a registros inadequados da incidência de HIV entre as MTM. Como grupo, as MTM têm estado invisíveis no sistema de classificação de HIV dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CCD). Enquanto as categorias de grupos de risco, para homens, incluem homens que fazem sexo com homens, uso de drogas injetáveis e contato heterossexual, entre outros, não há nenhuma categoria para as MTM. Esforços para tornar mais claramente identificáveis as MTM, dentro do sistema atual de vigilância do CCD, estão agora em andamento.14 Informações sobre o número real de MTM, entre os casos de AIDS, trarão à luz a necessidade de programas de prevenção específicos para esta população. A mensagem de prevenção mais efetiva para as MTM ainda não está clara. Alguns grupos afirmam que precisamos enfocar os maiores riscos de contaminação para a maioria das MTM - uso de drogas, sexo com homens - em vez de questões sobre a transmissão mulher-mulher. Treinamentos e pesquisas, na área, deveriam salientar a limpeza de agulhas, utilizadas para o uso de drogas, ou o uso de seringas descartáveis, a utilização de camisinhas no sexo anal e vaginal, com homens, bem como o estabelecimento de mensagens mais claras no que se refere ás relações mulher-mulher.15 É irracional que, depois de 15 anos de epidemia, as mulheres HIV+ ainda não tenham informações precisas, sobre os riscos de transmissão na relação mulher-mulher, de modo a saber o que fazer ou não fazer sexualmente com suas parceiras. Uma estratégia de prevenção abrangente usa uma variedade de elementos para proteger o máximo de pessoas possível. Informações precisas, sobre a transmissão sexual mulher-mulher, a incidência do HIV nesta população e os fatores que levam as MTM a ter práticas de risco, são a chave para proteger as mulheres que fazem sexo com mulheres da epidemia da AIDS. 12 . Martinez LF, Mayorga R. Lorenzana A, et ai. The Guatemalan Gay/bisexual and Lesbian Culture House: alternative activities fostering self-esteem, behavioral changes, and AIDS prevention. Apresentado na 11a Conferência Internacional sobre AIDS. Vancouver, BC, 1996. Abstract#ThD363. 13 . Warren N. Out of the question: obstacles to research on HIV and women who engage in sexual behaviours with women. SIECUS Report. 1993; October/Novemberl 3-15. 14 . Centers for Disease Control and Prevention. Report on lesbian HIV issues meeting. Decatur, GA; April 1995. 15 . Gorna R. Lesbian safar sex: alarmist or inadequate? Presented at the 11 th International Conferenceon AIDS. Vancouver, BC. 1996. Abstract#ThD244. Contact: (in England) Robin Gorna, Terrence Higgins Trust (011) 44-171831-0330. FONTE: University of Califórnia, San Francisco, january 1997 MAIORES INFORMAÇÕES: e-mail: [email protected] Internet site: http://www.caps.ucsf.edu ra A homeopatia na arte de curar CRISTINA DUMAS alar da Homeopatia nos convida a entrar na ■ própria história da Medicina. Desde que o primeiro ser buscou uma forma de atenuar seu próprio sofrimento ou de seu semelhante, nasceu a arte de curar. Na Antigüidade, coube a Hipócrates a tarefa de reunir tudo o que se sabia e se passava de geração a geração. Este fato, associado a seus feitos como médico, deram-lhe por merecer o título de pai da Medicina. O alemão Samuel Hahnemann, filho de artesão, pelo prazer da leitura, aprendeu com facilidade vários idiomas, tornandose tradutor, o que lhe possibilitou manter os estudos de Medicina, além de adquirir vasto conhecimento. Como médico, chocava-se com os métodos usados em sua época (séc. XVIII), como o uso da sangria, vomitórios, laxantes, etc. Acreditava que deveria haver uma maneira mais suave e duradoura de aliviar as doenças. Num de seus ciclos de leitura e tradu- ções, tomou conhecimento das anotações de Hipócrates a respeito das terapêuticas até então praticadas. Notou que citavam sempre duas formas de buscar a cura, duas leis terapêuticas das quais surgiram as duas linhas médicas conhecidas atualmente: a Alopatia e a Homeopatia. A Alopatia, ou medicina tradicional, baseia-se na Lei dos Contrários - contraria contmriis curentur - que consiste em antagonizar as causas e os efeitos das doenças, por exemplo, antiácido para a acidez da gastrite, antiinflamatório para inflamação de joelho, antibiótico para infecção de ouvido. Em busca da cura, ela usa meios que agem no organismo. A Homeopatia se baseia na Lei dos Semelhantes - similia similibus curentur - que consiste em colaborar com o organismo para que ele resolva as causas e efeitos da própria doença. É um método científico e filosófico descrito, pesquisado e aprimorado, por Hanhemann, a partir de 1796. Na visão homeopática. Saúde é a harmonia de todo o conjunto que forma o ser. E a sensação de bem-estar geral associada ao equilíbrio nas funções e ao estado físico do corpo; Doença é o desequilíbrio interno que se manifesta, através de sinais e sintomas, de acordo com cada pessoa e sua maneira particular de ser; Energia vital é a força que gera e mantém o ser vivo em pleno "funcionamento" com sensação de bem-estar físico, mental e emocional quando saudável. O desequilíbrio desta energia é a verdadeira causa da doença. O processo de adoecimento é produto do que o ser é, de como vive (pensa, sente, sonha e realiza) e de como reage e interage com o meio diariamente, sem desprezar aqui toda sua bagagem hereditária. O desequilíbrio energético ocorre quando algo nos agride e gera conflitos internos que acabam por nos tirar "a paz". Se houver reorganização interna, há volta ao estado de bem-estar. Quando isto não ocorre, "coisas não resolvidas" perpetuam estímulos desagradáveis que geram uma desordem energética de dentro para fora do ser. A Homeopatia crê que o ser adoece primeiro no seu mais profundo que é a vontade e o entendimento (o que pensa, deseja-, sonha e sente), e que, a partir deste mau funcionamento na energia vital, originam-se os distúrbios, detectados nos exames, na função e na anatomia dos diversos órgãos e aparelhos do corpo humano. O processo da cura é um caminho para o autoconhecimento no qual cada ser se mostra e tenta descobrir o que lhe soa como agressão e sua forma de conviver com ela, visando uma qualidade de vida que lhe permita ser feliz de forma real. É a volta ao equilíbrio energético, com sensação de bem-estar geral e resolução suave, real e duradoura dos sinais e dos sintomas, perseguindo a cura pelo tratamento da causa real da doença. Inclui-se, neste caminho, o uso de medicamentos energeticamente ativos, uma alimentação adequada, mudanças de hábitos não saudáveis, enfim uma busca integral do bem-estar. A particularidade de cada ser é sua maneira única de vivenciar cada fato. Nisto as duas terapêuticas, Alopatia e Homoeopatia, se- A cura é sentida não só com a melhora ou ausência do distúrbio físico, mas com todo um processo de mudança na maneira de ver, sentir, sonhar, agir e interagir sem sofrimento; sem sofrimento, e não sem problema. E uma sensação geral de bem-estar. param-se ainda mais. A Alopatia tem um tratamento para cada doença por crer numa causa física para ela. Por exemplo, Joana é tímida, ansiosa e insegura, porém tem bom coração, sofre por não poder ajudar a todos e tem uma gastrite. Débora é elétrica, sentese cobrada por todos e morre de raiva por ninguém ajudá-la. Aparentemente doce, porém ambiciosa, tem uma gastrite. Na Alopatia, o que haveria de se curar é a gastrite, com os mesmos medicamentos para ambas as enfermas. A Homeopatia, contudo, crê ser impossível duas pessoas, tão particularmente diferentes, serem resumidas a uma manifestação física única, no caso, a gastrite. A escolha medicamentosa, na Homeopatia, basea-se no conjunto de sinais e sintomas do ser, tudo o que ele vive e é, sempre buscando o que é mais raro, peculiar e característico de cada ser, a sua individualidade, sem desprezar nada. O/A homeopata é um/a médico/a fazendo um diagnóstico e buscando ajudar o seu doente a encontrar o caminho da cura. O medicamento homeopático é retirado dos diversos reinos (mineral, vegetal e animal) e farmacologicamente preparado com um princípio ativo que "mexe" na energia vital, estimulando o organismo a se reequilibrar por si só, de acordo com a Lei dos Semelhantes, na qual eu escolho o medicamento mais semelhante com o todo do/a meu/minha paciente e que provocará um estímulo e uma reação rumo ao processo de cura. A cura é sentida não só com a melhora ou ausência do distúrbio físico, mas com todo um processo de mudança na maneira de ver, sentir, sonhar, agir e interagir sem sofrimento; sem sofrimento, e não sem problema. É uma sensação geral de bem-estar. Cada um/a de nós deve buscar a melhor forma de viver, e coube a mim tentar apresentar um dos caminhos, por nós conhecidos, que nos ensina a amar a vida e deixar que ela nos ame. Maiores informações, na Internet: Associação Paulista de Homeopatia http://www.aphomeo.com.br OUTROS SITES SOBRE HOMEOPATIA E TAMBÉM ACUPUNTURA NA INTERNET http://www.dungeon.com/~cam/index.htlm http://www.homeopathy.com/~educate/newsltr.html http://www.healthy.net/pan/pa/homeopathic/natcenhim/index.html http://www2.antenna.nl/homeoweb/noborder.html spirit.satelnet.org/Spirit/homeopathy.html http://www.cfh.ufsc.br/~smba http://www.medicmail.com/forum.html http://www.wstudio.com/bsb_online/bsb_acup.htm http://www.artnet.com.br/amedacp.html http://www.opus.com.br/doctor/doctor2.htm http://plutao.mvirtual.com.br/holos/medchin1.html http://www.geocities.eom/HotSprings/1613 W ffl SGGJ Polêmica à vista Aids... Uma nova doença? Uma cuidadosa análise científica mostra uma visão totalmente diferente. William e Claudia Holub. Life Systems, Melville, New York. 1988. O diagnóstico da AIDS. Uma visão crítica para soropositivos. Alfredo Embid. Associação de Medicinas Complementarias. Madnd. Traduzidos e distribuídos pela organização TAPS, Temas Atuais na Promoção da Saúde, os textos Aids... Uma nova doença? Uma cuidadosa análise científica mostra uma visão totalmente diferente e O diagnóstico da AIDS. Uma visão crítica para soropositivos acendem uma grande polêmica sobre um dos temas mais delicados da atualidade: a SIDA ou AIDS, como nós, brasileiros americanizados, chamamos a Sindrome da Imunodeficiência Adquirida. Os textos da TAPS contestam algumas das noções mais difundidas sobre a enfermidade, tais como que o HIV (vírus da imunodeficiência humana) seja, sozinho, o causador da AIDS, e que possamos determinar se uma pessoa está soropositiva ou doente de AIDS nos baseando nos exames, supostamente específicos, do mercado (como o Elisa e o Western Blot) e na contagem baixa de linfócitos T-CD4 (algumas das células de defesa que compõem o sistema imunológico). Segundo esses textos, "Existe consenso entre diversos cientistas de que o HIV, com os anticorpos que ele provoca, não é a causa principal da AIDS, mas que as causas mais importantes são uma série de outros fatores (isto é, desnutrição, vacinação, abuso de drogas, quimioterapia, etc). O consenso se deve à porcentagem muito baixa (cerca de 10%) de pessoas, teoricamente expostas ao vírus, que desenvolvem a AIDS. Isso confirma o papel de muitos co-fa- tores que contribuem para a imunossupressão"1 "...Portanto, o vírus da AIDS poderia ser apenas a infeccção oportunista mais comum das pessoas sujeitas ao risco de ter AIDS, porque os retrovírus não são citocidas e - diferente da maioria dos vírus - persistem como infeccções latentes, não patogênicas."2 Também de acordo com esses textos, escritos por médicos e bioquímicos, com vasta bibliografia, os atuais testes para a AIDS, medem, no melhor dos casos, apenas anticorpos no sangue que podem existir devido a outras enfermidades como "malária, artrite, esclerose múltipla, miastenia grave, lupo e outras 200 doenças".3 "...0 teste somente mede uma proteína elevada em numerosas situações normais e patológicas, independente do HIV."4 Conseqüentemente, segundo os autores, os testes apresentam um número elevado de falsos-positivos (indica que uma pessoa tem AIDS quando ela de fato não tem) e de resultados diferentes dependendo dos laboratórios onde são realizados. Quanto à contagem dos famosos CD4, como determinantes da evolução da AIDS, em soropositivos, os textos afirmam que, primeiro, os linfócitos T4 representam apenas uma pequena parcela das células que compõem o sistema imunológico e não toda sua defesa e, segundo, que contagens baixas desses linfócitos são encontradas em indivíduos portadores de outras enfermidades ou mesmo em indivíduos sadios. Nesta perspectiva, portanto, é a medicação, principalmente com AZT (droga de alta toxicidade), de pacientes soropositivos, com contagem de células T-CD4 abaixo de 200 (a média deve ser mil), sem a consideração de outros fatores, como sintomas, por exemplo, que pode levar ao surgimento da AIDS e não o número de linfócitos em questão. Enfim, os textos traduzidos pela TAPS põem lenha na fogueira da discussão sobre a chamada epidemia da AIDS, trazendo muitos questionamentos que merecem, no mínimo, uma atenção mais detalhada. Sabe-se, sem dúvida, que há muitos interesses financeiros envolvidos na história da AIDS (interesses da indústria da biotecnologia dos testes, da indústria farmacêutica que produz os medicamentos anti-AIDS) bem como muitas questões controversas e dúvidas não-esclarecidas. Sabe-se também que o tratamento de qualquer enfermidade, para ser efetivo, precisa levar em consideração os fatores sócio-econômicos, políticos e culturais onde estão inseridos os doentes bem como sua individualidade e seu histórico pessoal (hábitos alimentares, modo de vida, características psicológicas, outras doenças). Não haveria de ser diferente em relação à AIDS. Neste sentido, todas as informações que nos levem a uma análise mais abrangente desse problema, mesmo quando bastante polêmicas ou até mesmo discutíveis, podem trazer luzes no fim de um túnel onde antes só se via escuridão. Nesse caso, inseremse os textos da TAPS. MAIORES INFORMAÇÕES: TAPS, Temas atuais na promoção da saúde Caixa Postal 20396, São Paulo, SP Fone: (011)572.0466 FAX: (011) 572.0465. Sobre Medicina Alternativa na Internet: http://www.altmed.od.nih.gov 1. Holub, William e Claudia. Aids... Uma nova doença? Uma cuidadosa análise científica mostra uma visão totalmente diferente. New York: Life Systems, 1988, p. 6. 2. Idem, p. 8. 3. Ibidem, p. 8. 4. Embid, Alfredo. O diagnóstico da AIDS. Uma visão crítica para soropositivos. Madrid: Associação de Medicinas Complementarias, p. 2.