O auge do cinema japonês
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O auge do cinema japonês
consistia em produzir filmes de jovens, muitas vezes baseados em best–sellers escandalosos ou suscitados por novos movimentos literários como o «Taiyozoku» O AUGE DO CINEMA JAPONÊS 1940/1990 16/10/2009 O auge do cinema japonês 16/05/2010 Finalizada a guerra, e apesar dos bombardeamentos e destruições, a produção reduzida a alguns filmes, não desapareceu totalmente e logo retomou o seu funcionamento. Começam as lutas políticas e sindicais e Tóquio é a cidade mais atingida pelas greves de 1947 – 1948: Efectivamente, foi em 1947 que vários cineastas, actores e técnicos fundaram a Shin – Toho que, até à sua falência em 1961,produziu um número importante de filmes comerciais. Apesar da repreensão das autoridades americanas, criaram-se várias sociedades como a Toei («Films de l'Est») em 1951 e a Nikkatsu retomou as suas actividades em 1953. É nos anos 50 que, desde o mudo, o cinema japonês conhece o seu período mais glorioso, simbolizado pelo Leão de Ouro alcançado na Mostra de Veneza em 1951 por «Rashomon / As portas do inferno» de Akira Kurosawa que facilita a introdução de vários filmes japoneses no Ocidente. Paralelamente, o Japão adopta novas técnicas importadas e Kinoshita grava em 1951 o primeiro filme japonês a cores (Fuji) «Le retour de Cármen / Karumen kokoyo ni kaeru», uma comédia satírica sobre o Japão do pós – guerra que alcança um enorme sucesso e foi seguido por «Le Pur Amour de Cármen / Karumen junjo su, 1952». É, durante estes anos férteis que se impõem, nos festivais ocidentais, as obras – primas, verdadeiras ou falsas, dos mais grandes mestres japoneses: seja Kenji Mizoguchi (La vie de Oharu, femme galante/ A vida de O' Haru, 1952; les Contes de la lune vague après la pluie/ Os contos da lua vaga, 1953; L' intendant Sansho/ O intendente Sansho, 1954; Les amants crucifiés/ Os amantes crucificados, 1954; l' Impératrice Yang Kwei Fei/ A imperatriz Yng Kwei Fei, 1955; Le héros sacrilège/ O herói sacrilégio, 1955; e, finalmente, La rue de la honte, 1956; o seu último filme) ou Akira Kurosawa (L' idiot, 1951; Vivre, 1952; Les sept samourais/ Os sete samurais, 1954; Le château de l' araignée, 1957; Les basfonds, 1957), Teinosuke Kinugasa La porte de l' enfer, 1953; primeiro filme em Eastmancolor), ou Kon Ichikawa (La harpe de Birmanie, 1956; Le brasier, 1958; L' étrange Obsession, 1959, e Feux dans la plaine/ Fogos na planície, 1959). Quase todos estes filmes alcançaram prémios em Cannes, Veneza ou Berlim. Salvo raras excepções, os cineastas cujos filmes não foram enviados para os festivais pelas companhias ficaram na sombra. Desta forma, foi necessário esperar vários anos para descobrir os realizadores que então gravavam grandes obras, tais como: Ozu, em Voyage a Tokio (1953); Naruse em Osakan (1952) e Nuages flottants (1955); Gosho, em Là d' où l' on voit les cheminées (1953) e Croissance (1955); Shiro Toyoda em les Oies sauvages (1953) e Relations matrimoniales (1955), ou Kimisaburo Yoshimura, em Sous des parures de soie (1951), citando somente alguns deles. Contudo, graças à acção dos cineclubes e cinematecas, descobrimos que o cinema japonês era composto por filmes de prestígio (particularmente por filmes sedutores). Assim, a produção independente, geralmente progressista, pode aceder aos nossos ecrãs. Citemos os filmes de Tadashi Imai (Nous sommes vivants, 1951; Ombres en plein jour, 1956), de Satsuo Yamamoto (Zone de vide, 1952; Quartier sans soleil, 1954), do actor So Yamamura (Pêcheurs de crabe / Les Bateaux de l' enfer, 1953) ou de Kaneto Shindo (Les Enfants d' Hiroshima, 1952 ; L' Île nue, 1960, o maior sucesso internacional de um filme independente (grande prémio de Moscovo, 1961). A crise do cinema japonês A televisão foi inaugurada no Japão, desde 1953. Revela-se o maior concorrente do cinema e, a partir dos anos 60, o declínio começa a fazer –se sentir numa indústria próspera, onde, graças ao sucesso comercial de séries populares (citemos Godzilla de Inoshiro Honda e Eiji Tsubaraya, mestre dos efeitos especiais da Toho, 1954), os «autores» podiam exprimir-se quase livremente. Como em todos os países, o cinema revelou-se uma mais – valia para o espectáculo, inicialmente com o CinemaScope, inaugurado pela Toei em 1957, logo foi experimentado pelos grandes cineastas (La forteresse cachée/ A fortaleza escondida de Kurosawa, 1958, en Tohoscope). Mais tarde, seguiram-se a generalização da cor, os 70mm e as produções cada vez mais monumentais (Le grand bouddha /Shak de Kenji Misumi, 1961, Daiei). Posteriormente, nos anos 60, deu-se a escalada do erotismo e da violência com filmes escandalosos. Uma outra forma de reconquistar o público » Câmara Municipal CM Melgaço Largo Hermenegildo Solheiro 4960-551 Melgaço T. 251 410 100 Museu do Cinema Rua do Carvalho - Centro 4960-551 Melgaço T. 251 401 575 Horário 10h00 - 12h30 Histórico 14h00 - 17h00 Encerra às segundas-feiras MUSEUdeCINEMA deMELGAÇO JeanLoupPassek XPOSICÃO TEMPORÁRIA Genroku chushingura,» de Kenji Mizoguchi ou do «Pousse – pousse / Muhomatsu no issho, 1943» de Hiroshi Inagaki, temas retomados no cinema japonês, como tantos outros. Em simultâneo, as dez companhias produtoras existentes foram reagrupadas pelo governo em três sociedades principais: Shochiku, Toho e a nova Daiei dirigida por Masaichi Nagata, o futuro produtor de «La porte de l' enfer» de T. Kinugasa e dos últimos filmes de Mizoguchi. O cinema japonês O cinema surge no Japão graças ao Kinematoscópio de Edison, provavelmente, no dia 21 de Novembro de 1896, em Kobe, seguindo-se todas as grandes cidades. É entre 1897 e 1899 que os primeiros ensaios tiveram lugar nas ruas de Tóquio e Quioto (Gion Geisha, 1898), com uma câmara Gaumont, enquanto que os operadores Lumière gravavam cenas de rua. O público japonês pode ver filmes, como Ginzagai, desde 1899 e as primeiras actualidades nacionais em 1900. O primeiro filme de ficção, o registo visual de uma peça Kabuki – «Promenade sous les feuillages d'érables/ Momijigari, com KikuguroV e Danjuro IX, datado de 1902. O peso da tradição Sendo o cinema japonês de ficção, indiscutivelmente, oriundo do teatro kabuki é, também, a este que deve o seu desaparecimento. Efectivamente, desde 1910, o sindicato dos actores de kabuki proibiram – nos de aparecer no ecrã, o que originou uma primeira invasão invasão de filmes estrangeiros no cinema Japonês. Nesta época, sob a influência do kabuk, todos os papéis, sem excepção, eram desempenhados por actores masculinos, nenhuma actriz tinha a possibilidade de participar no cinema. Chamávamos «Oyama» ou «onna – gata» a estes actores que desempenhavam papéis femininos. Um dos mais célebres era Teinosuke Kinugasa, o futuro realizador da (La Porte de l' enfer, 1953), vedeta do (Cadavre vivant,/Shikabane, Gizo Tanaka, 1917). Mas o teatro kabuki ou as actualidades não eram os únicos temas do agrado do público. Sob a influência do Shimpa «Nova escola» ou escola do kabuki Ocidental e do Shingeki «Novo teatro», cujo principal representante era o dramaturgo Kaoru Osanai, adaptámos peças e romances estrangeiros, principalmente, de Léon Tolstoi (Katyusha, 1914, a partir de «Réssurection»). Mas, muito rapidamente veio a «revolução» das actrizes, e, apesar da viva oposição dos «onna – gata» a primeira vedeta feminina, Harumi Hanayagi grava «La fille du fond de la montagne / Shinzan no otome, de Narimasa Kaeriyama, 1919) e Yaeco Mizutani «Le camélia d' hiver / Kantsubaki de Masao Inoue, 1920». Outra particularidade do cinema primitivo japonês era a presença dos benshi «homens falantes», comentadores profissionais de filmes mudos, o que influenciava consideravelmente o cinema relativamente à atracção estrangeira. O público popular, muitas vezes analfabeto, assistia ao espectáculo não para ver o filme mas sim para ouvir o benshi. No início dos anos 20 surge uma grande oposição ao papel dos benshi, com a finalidade de evoluir radicalmente em direcção a uma espécie de cinema de arte. Apesar da resistência dos benshi, começámos a realizar filmes que devem mais a literatura ou ao teatro Ocidental do que a tradição puramente japonesa. É, então, que dois antigos comerciantes que tinham conseguido acabar com o império kabuki em Quioto, Takejiro e Matsujiro, fundaram uma nova companhia de cinema, a Shochiku (Compagnie du Pin et du Bambou). O primeiro filme da companhia foi «Âmes sur la route / Rojo no Reikon» gravado em 1921 por Kaou Osanai e Minoru Murata, um dos primeiros exemplos do filme de atmosfera no cinema japonês. Durante este tempo, novos realizadores que tinham feito as suas primeiras armas em Hollywood nos anos 10, regressavam ao Japão e gravavam filmes americanizados como «Le club des amateurs» de (Thomas Kurihana, 1920) ou «Femmes des Îles /Shima no onna, Henry Kotani, 1920». Uma vez que o cinema puramente japonês ou ocidentalizado estava em pleno progresso e que o público popular se apaixonara pelo divertimento ainda mais fascinante que os kabuki, produzia-se um acontecimento que iria ter consequências decisivas na sua evolução. O 1º de Setembro de 1923, ao meio – dia, Tóquio foi sucumbido pelo que chamamos de grande tremor de terra do Kant, fez mais de 100000 vítimas. A maioria dos estúdios, das salas e dos stocks de filmes foram destruídos e os actores e técnicos desapareceram no sismo. Esta catástrofe natural leva a um êxodo de todos os meios de produção para Quioto, onde se começa a gravar um número extravagante de «chambara» e «jidai – geki» (por exemplo, 875 filmes, em 1924) com uma qualidade medíocre. O que levou muitos intelectuais e uma grande parte do público a voltar-se para os filmes estrangeiros, essencialmente, americanos. É, contudo, nesta época que alguns dos grandes cineastas japoneses começam no anonimato. Kenji Mizoguchi, 1922, Teinosuke Kinugasa 1922, Daisuke Ito 1924, Heinosuke Gosho 1925, Yasujiro Ozu 1927, Tomu Uchida 1927 e, mais tarde, Mikio Naruse 1930, sucedendo grandes pioneiros como Minoru Murata, Shozo Makino ou Eizo Tanaka. Foram estes realizadores que, com o seu próprio estilo, contribuíram para a criação de uma imagem do cinema japonês que subsistirá até » aos anos 50. Enquanto que Mizoguchi e Ozu, ainda influenciados pelo cinema americano, criavam os seus primeiros filmes pessoais, Makino, Ito e Kinugasa lançavam as bases do «jidai – geki» moderno, em filmes com tendência política, por vezes, considerados niilistas. Entre as vedetas destes filmes populares, onde todas as audácias técnicas eram permitidas, estavam Tsumaburo Bando em Shozo Makino, Denjiro Ockochi em Ito e Chojuro Hayashi (que mudava três vezes de nome e terminava a sua carreira com o nome de Kazuo Hasegawa) em Kinugasa. Hoje em dia, poucos filmes do mudo subsistem, à excepção das primeiras obras de Ozu e Mizoguchi e dois filmes marcantes de Kinugasa: «Une page folle, 1926» e «Carrefour / Routes en croix/ Encruzilhada, 1928», filme que o seu autor levará numa longa viagem pela Europa, de Moscovo até Paris. Apesar das prematuras tentativas do cinema sonoro, (desde 1914, assim como as experiências dos filmes a cores), o «cem por cento» do cinema falante japonês não vê o dia a não ser em 1931, estimulado pelo triunfo dos filmes sonoros americanos. Foi Heinosuke Gosho que o inaugurou com uma comédia satírica «Mon ami et mon épouse», onde encontramos o seu intérprete favorito, Kinuyo Tanaka, uma das grandes vedetas femininas com Isuzie Yamada. A chegada do sonoro e o espírito nacional Mesmo com a oposição do benshi, que se manifestou por greves e violentos incidentes, o sonoro ganha a corrida, graças aos filmes psicológicos. Por todo o lado, alguns cineastas tentaram adiar o recurso sonoro, a começar por Ozu, que, depois de alguns ensaios sonoros, acaba por se deixar levar pela novidade em 1936, com o filme «Un fils unique». Este ano marca a transição entre as tendências liberais » e progressistas dos anos 20 e 30 e a rápida ascensão de um militarismo reforçado depois do golpe de estado dos oficiais lealistas. Mizoguchi grava sucessivamente dois filmes considerados as suas obras mais marcantes do período antes da guerra, ambos giram à volta de retratos de mulheres vexadas ou prostituídas: «Élegie d' Osaka» e sobretudo «Les soeurs de Gion», onde se revela o talento da actriz Isuzu Yamada. Também é a época em que se afirmam cineastas como Yasujiro Shiamzu com «Okoto et Sasuke, 1935», Hiroshi Shimizu com «Des enfants dans le vent, 1937», Tamizo Ishida com «Les fleurs tombées / Hana Chirimu, 1938» e Sadaso Yamaraka com «Pauvres Humains et ballons de papier, 1937». Desde 1937,depois do incidente sino – japonês e a invasão da China pelo Japão, o controlo governamental e militar da produção cinematográfica é reforçado e desenha-se uma política nacional à qual se devem submeter companhias e realizadores. Os primeiros filmes militares florescem ainda que mantêm algumas semelhanças com as obras de Tomoka Tasaka: «Les cinq de la patrouille/ Gonin no sekkohei, 1938» e, sobretudo, «Terre et soldats/Tsuchi to heitai, 1939», duas crónicas quase documentais da guerra da China. O espírito nacional no seu apogeu está, sem dúvida, melhor representado em «La guerre navale de Hawaii à la Malaisie, 1942» de Kajiro Yamamoto, autor em 1941 de uma das melhores crónicas campestres com «Le cheval». Neste filme, algumas sequências foram realizadas pelo seu assistente Akira Kurosawa. Este iniciou-se, oficialmente, em 1943, com «La légende du grand judo» onde se ilustram as origens do judo verdadeiro, enquanto que um dos seus confrades, Keisute Kinoshita, começa no mesmo ano com uma comédia satírica, « Le port en fleurs». A maioria dos cineastas conhecidos conseguem esquivar o seu «dever nacional obrigatório» refugiando-se em temas históricos pouco comprometedores como em «Contes de crysanthèmes tardifs / Zangiku monogatari, 1939» ou «Les 47 Ronins / »