Um Panorama sobre os Acidentes do Trabalho de - ppgep-ufpe
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Um Panorama sobre os Acidentes do Trabalho de - ppgep-ufpe
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO UM PANORAMA SOBRE OS ACIDENTES DO TRABALHO DE UMA EMPRESA NO SETOR ELÉTRICO DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UFPE PARA OBTENÇÃO DE GRAU DE MESTRE POR DANIELLA GUIMARÃES NÓBREGA Orientador: Prof. Dr. Leandro Chaves Rêgo, PhD Co-Orientador: Prof. Dr. Márcio José das Chagas Moura. Recife, Agosto/2013 DANIELLA GUIMARÃES NÓBREGA UM PANORAMA SOBRE OS ACIDENTES DO TRABALHO DE UMA EMPRESA NO SETOR ELÉTRICO Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção, orientada pelo Prof. Dr. Leandro Chaves Rêgo, PhD e Co-orientada pelo Prof. Dr. Márcio José das Chagas Moura. Recife, Agosto/2013 ii Catalogação na fonte Bibliotecária: Rosineide Mesquita Gonçalves Luz / CRB4-1361 (BCTG) N754p Nóbrega, Daniella Guimarães. Um panorama sobre os acidentes do trabalho de uma empresa no setor elétrico / Daniella Guimarães Nóbrega – Recife: O Autor, 2013. xiv, 97f., il., figs., gráfs., tabs. Orientador: Prof. Leandro Chaves Rêgo, PhD. Coorientador: Prof. Dr.Márcio José das Chagas Moura. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, 2013. Inclui Referências e Anexos. 1. Engenharia de Produção. 2. Acidentes de Trabalho. 3. Setor Elétrico. 4. Estatísticas. I. Rêgo, Leandro Chaves (Orientador). II. Moura, Márcio José das Chagas (Coorientador). III. Título. 658.5 CDD (22.ed) UFPE/BCTG-2013 / 293 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PARECER DA COMISSÃO EXAMINADORA DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DE DANIELLA GUIMARÃES NÓBREGA “Um Panorama sobre os Acidentes do Trabalho de uma Empresa no setor elétrico” ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PESQUISA OPERACIONAL A comissão examinadora composta pelos professores abaixo, sob a presidência do primeiro, considera o candidato DANIELLA GUIMARÃES NÓBREGA APROVADA. Recife, 27 de Agosto de 2013. ______________________________________________ Prof. LEANDRO CHAVES RÊGO, PhD (UFPE) _____________________________________________ Prof. ADIEL TEIXEIRA DE ALMEIDA FILHO, Dsc. (UFPE) ______________________________________________ Prof. ANDRÉ LEITE WANDERLEY, Dsc. (UFPE) iii AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus que tem me dado sabedoria e forças para enfrentar os momentos de dificuldade e fraqueza, tem me ajudando a levantar e superar os obstáculos da vida. Aos meus pais Denise Monteiro e Ricardo Nóbrega que tem me incentivado a nunca desistir em momento algum. À minha irmã Rafaella Nóbrega e ao meu noivo Ivson Rafael que estão sempre me apoiando e me dando força para seguir. Ao Professor Phd. Leandro Chaves Rêgo, pela serenidade, sabedoria e elevada competência com que orientou esse trabalho. Ao Professor Dr. Márcio José das Chagas Moura pelo total apoio para o desenvolvimento deste trabalho. A Professora Maria Cristina Raposo pelas sugestões que contribuíram para a finalização do mesmo. Aos funcionários da Empresa que disponibilizaram seu tempo para ajudar na montagem da base de dados e tirando dúvidas sempre que surgiam em especial Rômulo Vilela e Sandra Lourenço da Silva. A minha prima Lucyene Candido pelo incentivo constante e a minha amiga Vanessa Torres que me deu toda força no inicio de tudo. Aos amigos do Centro de Estudos e Ensaios em Risco e Modelagem Ambiental CEERMA (Cláudia, Edlaine, Flávio, Jeane, Sharlene, Gércica e Erasmo), pelo estímulo e pela fraternidade demonstrados ao longo do Trabalho e pelo apoio incondicional para que este desafio pudesse ser conquistado. A todos que fazem parte do PPGEP/UFPE, principalmente Bárbara Tibúrcio e Juliane Santiago, pela acolhida, disponibilidade, ensinamentos, amizade e serviços prestados. A Capes, pela bolsa de estudo concedida. Por fim, a todos que contribuíram direta e indiretamente para o desenvolvimento deste trabalho, meu muito obrigada. iv RESUMO Os acidentes do trabalho são fenômenos previsíveis que podem ser prevenidos e os fatores que podem desencadeá-los estão presentes no ambiente de trabalho muito tempo antes da ocorrência destes eventos. Portanto a neutralização de tais fatores pode evitar a ocorrência de outros acidentes (ALMEIDA; BINDER, 2000). Mesmo com o empenho e mobilização do governo, de empregadores e empregados através da promoção de campanhas de prevenção de acidentes e de estudos acadêmicos, o número de acidentes de trabalho no país continua elevado quando comparado com o percentual encontrado em países mais desenvolvidos. Devido aos altos índices de fatalidades, medidas preventivas foram desenvolvidas, pois a gravidade e a frequência das lesões aos operários e danos a máquinas demandaram esforços para reduzir tais ocorrências. Realizar a identificação prévia dos riscos e de fatores que possam gerar ameaças à segurança no ambiente de trabalho permite a tomada de medidas preventivas (PASSOS, 2003). O presente estudo consiste de análises estatísticas dos Relatórios de Investigação e Análise dos Acidentes de Trabalho (RIAAT) ocorridos numa empresa no setor elétrico no período de 2005 a 2012, visando identificar e descrever as principais variáveis que afetam o número e os custos desses acidentes. Além disso, com o intuito de melhorar o acompanhamento do impacto financeiro dos acidentes na empresa, sugerem-se melhorias na descrição da RIAAT. Estudos desta natureza são de grande valor como ferramenta a ser empregada na minimização da frequência e gravidade dos acidentes. Palavras-chave: Acidentes de trabalho; Setor Elétrico; Estatísticas. v ABSTRACT Workplace accidents are predictable phenomena that can be prevented and the factors that can unleash them are present in the workplace long before the occurrence of such events. Therefore, the neutralization of such factors can avoid the occurrence of other accidents (ALMEIDA; BINDER, 2000). Even with the commitment and mobilization of government, employers and employees by promoting accident prevention campaigns and academic studies, the number of workplace accidents in the country remains high when compared to the percentage found in more developed countries. Due to high rates of fatalities, preventive measures were developed, since the severity and frequency of injuries to workers and damage to machines required efforts to reduce such occurrences. Carrying out a preliminary identification of the risks and factors that may generate threats to the safety in the workplace allows taking preventive measures (PASSOS, 2003). This study consists of statistical analysis of Research and Analysis Reports of Workplace Accidents (RIAAT) occurring in an Electricity Company in the period of 2005-2012, aiming to identify and describe the main variables that affect the number and costs of such accidents. Moreover, with the intention of improving the monitoring of the financial impact of the accidents in the company, improvements in the RIAAT description are suggested. Studies of this nature are of great value to be used as a tool in reducing the frequency and severity of accidents. Keywords: Workplace Accidents, Electricity Sector, Statistics. vi SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1 1.1 JUSTIFICATIVA ..................................................................................... 3 1.2 OBJETIVOS ............................................................................................. 4 1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................... 4 1.2.2 Objetivos Específicos ......................................................................... 4 1.3 1.3.1 Apresentação dos dados dos Acidentes de Trabalho na Empresa ..... 5 1.3.2 Tipo de Variáveis que serão Analisadas ............................................ 5 1.3.3 Análise descritiva das variáveis ......................................................... 6 1.4 2 METODOLOGIA ..................................................................................... 5 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ................................................. 6 CONTEXTO DO PROBLEMA ..................................................................... 7 2.1 Definições de acidentes do trabalho ......................................................... 7 2.2 Tipo ou Classificação de Acidentes do Trabalho ................................... 13 2.2.1 Doença profissional .......................................................................... 13 2.2.2 Doença do trabalho........................................................................... 14 2.2.3 Acidente de trajeto ou acidente de percurso .................................... 14 2.2.4 Acidente-tipo ou típico ..................................................................... 15 2.2.5 Acidente sem lesão ........................................................................... 15 2.2.6 Acidente impessoal .......................................................................... 15 2.2.7 Acidente pessoal ............................................................................... 16 2.3 Causas dos acidentes .............................................................................. 16 2.3.1 Atos inseguros .................................................................................. 16 2.3.2 Condições inseguras ......................................................................... 18 2.4 Custos com acidentes.............................................................................. 18 2.4.1 Custo direto ou segurado .................................................................. 19 2.4.2 Custo indireto ou não segurado ........................................................ 21 2.4.3 Consequências do acidente do trabalho ........................................... 21 vii 2.5 Investigação de Acidentes ...................................................................... 23 2.6 Indicadores de acidente de trabalho ....................................................... 29 2.6.1 Índice de Frequência ........................................................................ 30 2.6.2 Índice de Gravidade ......................................................................... 30 2.6.3 Índice de Custo ................................................................................. 31 2.7 Acidentes no Setor Elétrico .................................................................... 32 2.7.1 2.8 3 Legislação Vigente ................................................................................. 35 2.8.1 Legislação do Setor Elétrico ............................................................ 36 2.8.2 NBR 5410 – Instalação elétrica de baixa tensão .............................. 36 2.8.3 NR – 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade .... 37 2.8.4 NBR 14039 – Instalação Elétrica de Média Tensão ........................ 37 2.8.5 Legislação do INSS .......................................................................... 38 2.8.6 Instrução Normativa da Empresa ..................................................... 40 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................... 42 3.1 Estatística descritiva ............................................................................... 42 3.2 Correlação Linear ................................................................................... 42 3.3 Testes não-paramétricos ......................................................................... 43 3.3.1 Teste U de Mann-Whitney ............................................................... 44 3.3.2 Teste de Kruskal-Wallis ................................................................... 45 3.4 4 Desenvolvimento da energia elétrica ............................................... 33 Estudos sobre Acidentes de Trabalho..................................................... 46 RESULTADOS............................................................................................. 51 4.1 Análise exploratória dos dados ............................................................... 51 4.2 Análise da quantidade de “dias perdidos” .............................................. 71 4.2.1Aplicação de testes não-paramétricos para a variável “dias perdidos”.79 5 CONCLUSÃO .............................................................................................. 83 viii LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas AEDB- Associação Educacional Dom Bosco CAT- Comunicação de Acidente de Trabalho CEERMA- Centro de Estudos e Ensaios em Risco e Modelagem Ambiental CIOC- Comunicação Interna de Ocorrência CIPA- Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT- Consolidação das Leis do Trabalho CNPS-Conselho Nacional de Previdência Social DRT- Delegacia Regional do Trabalho EPI- Equipamento de Proteção individual FGTS- Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FITTEL- Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações GIIL-RAT- Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa dos Riscos Ambientais do Trabalho INSS- Instituto Nacional de Seguro Social ISSO- (InternationalOrganization for Standardization Organização Internacional para Padronização) MPS- Ministério da Previdência Social NBR- Norma Brasileira Regulamentadora NR- Normas Regulamentadoras OHSAS- (Occupational Health and Safety Assessment Services, Serviços de Avaliação de Saúde e Segurança Ocupacional OIT- A Organização Internacional do Trabalho ORTN- Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional RHSin- Sistema Integrado de Recursos Humanos RIAAT- Relatório de Investigação e Análise de Acidentes do Trabalho ix SAT- Seguro Acidente de Trabalho SEP- Sistema Elétrico de Potência SRT- Superintendência Regional do Trabalho x LISTA DE FIGURAS Figura 2.1: Quadro I de dias à debitar da NBR 14280. ........................................................................................ 12 Figura 2.2: Consequência dos acidentes de trabalho e seus respectivos tipos de benefícios da Previdência Social no Brasil. Fonte Santana et. al. (2006). ................................................................................................................ 23 Figura 2.3: Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT .................................................................................. 26 Figura 2.4: Quantidade de Acidentes causados no Brasil de 2009 a 2011........................................................... 28 Figura 2.5: Porcentagem das média dos tipos de acidentes ocorridos no Brasil de 2009 a 2011........................ 28 Figura 2.6: Fluxograma do Registro de Acidente do Trabalho na Empresa. ....................................................... 29 Figura 3.1: Acidentes com afastamento no setor elétrico Brasileiro .................................................................... 48 Figura 3.2: Número de acidentetados no setor elétrico e no Brasil ..................................................................... 49 Figura 3.3: Gráfico de barras para as causas do acidentes no Setor Elétrico Brasileiro - Fator Pessoal Insegurança. .......................................................................................................................................................... 49 Figura 3.4: Gráfico de barras para as causas do acidentes no Setor Elétrico Brasileiro - Ato Inseguro. ........... 50 Figura 3.5: Gráfico de barras para as causas do acidentes no Setor Elétrico Brasileiro – Condição Ambiente de Insegurança. .......................................................................................................................................................... 50 Figura 4.1: Horário de ocorrência dos acidentes para funcionários com jornada de trabalho normal. ............. 55 Figura 4.2: Horário de ocorrência dos acidentes para funcionários com jornada de trabalho turno. ................ 56 Figura 4.3:Jornada de Trabalho dos funcionários acidentados ........................................................................... 56 Figura 4.4:Frequência dos dias da semana que ocorreram acidentes com os funcionários da jornada de trabalho normal. .................................................................................................................................................... 57 Figura 4.5: Frequência dos dias da semana que ocorreram acidentes com os funcionários da jornada de trabalho turno........................................................................................................................................................ 57 Figura 4.6: Gráfico de barras comparando as idades de todos os funcionários e dos acidentados da empresa. 58 Figura 4.7: Total de acidentes ocorridos no ano .................................................................................................. 60 Figura 4.8: Quantidade de acidentes por Regional X por ano ............................................................................. 60 Figura 4.9: Quantidade de acidentes por Diretoria X por ano ............................................................................. 61 Figura 4.10: Taxa de Frequência dos acidentes ................................................................................................... 61 Figura 4.11:Taxa de gravidade dos acidentes ...................................................................................................... 62 Figura 4.12: Gravidade do Acidente pela Classificação utilizada na RIAAT....................................................... 63 Figura 4.13: Frequência do tempo entre acidentes .............................................................................................. 63 Figura 4.14: Sexo dos funcionários com acidente registrado ............................................................................... 64 Figura 4.15: Tipo do acidente de trajeto, típico ou doença ocupacional. ............................................................ 65 Figura 4.16:Acidente com/sem afastamento. ........................................................................................................ 65 Figura 4.17: Quantidade média de funcionários terceirizados na empresa por ano. ........................................... 66 Figura 4.18: Quantidade de acidentes de funcionários terceirizado. ................................................................... 66 Figura 4.19: Cargo dos funcionários acidentados ................................................................................................ 67 Figura 4.20: Quantidade de acidentes por Cargo do funcionário X Tipo do acidente ......................................... 67 xi Figura 4.21 Quantidade de acidentes por Cargo do funcionário X Acidente com/sem afastamento .................... 68 Figura 4.22: Quantidade de acidentes por Cargo do funcionário X Sexo ............................................................ 68 Figura 4.23: Quantidade de acidentes por Cargo do funcionário X Jornada de trabalho ................................... 69 Figura 4.24: Quantidade de acidentes por Cargo do funcionário X Área ............................................................ 69 Figura 4.25: Quantidade de acidentes por Cargo do funcionário X Diretoria..................................................... 70 Figura 4.26: Gráfico de barras para as causas do acidente - Fator Pessoal Insegurança. ................................. 70 Figura 4.27: Gráfico de barras para as causas do acidente - Ato inseguro ......................................................... 71 Figura 4.28: Gráfico de barras para as causas do acidente - Condição Ambiental de Insegurança. .................. 71 Figura 4.29: Histograma dos dias perdidos no período em estudo. ..................................................................... 72 Figura 4.30: Box-plot dos dias perdidos no período em estudo. ........................................................................... 73 Figura 4.31:Quantidades de Dias perdidos x por ano. ......................................................................................... 73 Figura 4.32:Quantidades de Dias perdidos x por Cargo do funcionário. ............................................................ 74 xii LISTA DE TABELAS Tabela 2.1: Quantidade de acidentes no Brasil durante o período de 2009 a 2011 ............................................. 28 Tabela 4.1: Análise descritiva das variáveis quantitativas ................................................................................... 53 Tabela 4.2: Porcentagem das variáveis dicotômicas (Sim e Não) ........................................................................ 54 Tabela 4.3: Médias e desvios padrão das variáveis quantitativas por Regional .................................................. 54 Tabela 4.4: Dados por Regional da empresa. ....................................................................................................... 58 Tabela 4.5: Quantidade de acidentes por diretoria X quantidade de funcionários .............................................. 59 Tabela 4.6: Classificação da incapacidade do acidentado ................................................................................... 64 Tabela 4.7:Análise de correlações com a variável dias perdidos ......................................................................... 74 Tabela 4.8: Análise de correlações da variável dias perdidos da Diretoria Administrativa/Econômica/Presidência com as variáveis selecionadas. .............................................................. 75 Tabela 4.9:Análise de correlações da variável dias perdidos da Diretoria Engenharia e Construção com as variáveis selecionadas. .......................................................................................................................................... 76 Tabela 4.10:Análise de correlações da variável dias perdidos da Diretoria Operação com as variáveis selecionadas. ......................................................................................................................................................... 76 Tabela 4.11:Análise de correlações da variável dias perdidos do Cargo nível fundamental com as variáveis selecionadas. ......................................................................................................................................................... 77 Tabela 4.12:Análise de correlações da variável dias perdidos do Cargo nível médio com as variáveis selecionadas. ......................................................................................................................................................... 78 Tabela 4.13:Análise de correlações da variável dias perdidos do Cargo nível técnico com as variáveis selecionadas. ......................................................................................................................................................... 78 Tabela 4.14:Análise de correlações da variável dias perdidos do Cargo nível superior com as variáveis selecionadas. ......................................................................................................................................................... 79 Tabela 4.15: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney para “Sexo” e “Dias perdidos”. ........................... 80 Tabela 4.16: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney para “Idade” e “Dias perdidos”. .......................... 80 Tabela 4.17: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney “Tipo do acidente” e “Dias perdidos”. ................. 80 Tabela 4.18: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney “Acidente na função” e “Dias perdidos”. ............. 80 Tabela 4.19: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney para “Treinamento em Segurança do trabalho” e “Dias perdidos”. ................................................................................................................................................... 81 Tabela 4.20:Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney para “Tipo da jornada de trabalho” e “Dias perdidos”. .............................................................................................................................................................. 81 Tabela 4.21: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney “Treinamento na função” e “Dias perdidos”. ...... 81 Tabela 4.22: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney para “Houve instrução específica para a atividade” e “Dias perdidos”. ................................................................................................................................................ 81 Tabela 4.23: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney para “Tinha experiência anterior na atividade que se acidentou” e “Dias perdidos”. ......................................................................................................................... 82 Tabela 4.24: Teste de Kruskal-Wallis para “Diretorias” e “Dias perdidos”. ..................................................... 82 xiii LISTA DE ANEXOS ANEXO A - Demonstração da Base de Dados..............................................................................................8 8 ANEXO B - Relatório de Investigação e Análise de Acidentes do Trabalho (Sugestão)...............................89 ANEXO C - Relatório de Investigação e Análise de Acidentes do Trabalho (Antigo)..................................92 ANEXO D - Relatório de Investigação e Análise de Acidentes do Trabalho (Atual)....................................95 xiv Capítulo 1 Introdução 1 INTRODUÇÃO O ser humano vem procurando satisfazer suas necessidades ao buscar por seu crescimento profissional. A vida em sociedade é estruturada em função do trabalho, de maneira que a relação estabelecida entre o indivíduo e sua ocupação é um determinante na forma como se dá a sua inserção no meio social, sendo estudadas e avaliadas as repercussões do trabalho na saúde do homem. O estudo da segurança do trabalhador passou a tomar uma atenção maior após a Revolução Industrial, quando o trabalhador se libertou com o surgimento do trabalho assalariado, e do empregador capitalista na imagem de patrão. Com o desenvolvimento de novas tecnologias de produção e a utilização de novas máquinas nas fábricas, o número de empregados que sofriam acidentes aumentou, ou ficaram mais evidentes, pois antes não eram citados por serem fatos que ocorriam com escravos ou povos de classes mais baixas, até que se estabeleceram mudanças nas relações patrão-empregado e surgiu a necessidade de melhorar as condições de trabalho, com o intuito de prevenir os acidentes, evitando atrapalhar o processo produtivo e a economia da organização ao se reduzir os gastos ocasionados com doenças ocupacionais. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi criada em 1919, após o término da I Guerra Mundial, onde houveram muitas mortes registradas na frente de batalhas e no interior das fábricas. O propósito da criação da OIT era estabelecer entre as nações, uma sistematização de políticas voltadas para o atendimento das reivindicações dos trabalhadores que cresciam constantemente (OLIVEIRA, 1994). A partir de então, por volta de 1943, aumentaram as reivindicações trabalhistas e começaram a contar com uma legislação social ordinária, quando foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a Lei nº 6.514/77 e a Portaria nº 3.214/78, que trata exclusivamente da Segurança e Medicina do Trabalho. Algumas tragédias aconteceram em diversas regiões do planeta, cujas origens tiveram uma relação com a falha no processo de trabalho e na forma de organização adotada. Uma dessas tragédias ocorreu em Bophal, na Índia, em 1984, levando a morte cerca de duas mil pessoas em uma madrugada, após o vazamento de um gás letal conhecido como Metilis Ocianato (MOKHIBER, 1995). Esse fato constituiu-se um acidente químico ampliado, 1 Capítulo 1 Introdução caracterizando-se como um acidente de trabalho, onde suas consequências aumentam com o tempo e com o espaço. A Fundação Comitê de Gestão Empresarial - FunCOGE foi constituída em 1998 por 26 empresas do Setor Elétrico Brasileiro, é uma entidade jurídica de direito privado, que tem a missão de prover conhecimento e soluções da gestão empresarial que agreguem valor à cultura técnica das organizações, priorizando o setor energético, cujo objetivo é prestar assessoramento, assistência técnica e consultoria às empresas, visando o desenvolvimento institucional dos mesmos. Conta atualmente com 82 empresas participantes e 3102 contratadas, que fornecem as informações para serem calculadas as estatísticas dos acidentes no setor elétrico. Elaborando anualmente um Relatório de Estatística de Acidentes do Setor Elétrico Brasileiro. Quem primeiro produziu energia no Brasil foi a usina termelétrica instalada em Campos, no ano de 1883, com a potência de 52 kW. Em 1920, cerca de 300 empresas serviam a 431 localidades do país, dispondo de uma capacidade instalada de 354.980 kW, sendo 276.100 kW em usinas hidrelétricas e 78.880 kW em usinas termelétricas. As usinas hidrelétricas são as principais geradoras de energia elétrica, suprem as indústrias, comércio e os lares. A passagem de água por turbinas geradoras transformam a energia mecânica, originada pela queda da água, em energia elétrica. Segundo César-Filho (2008), a geração de energia elétrica no Brasil é 80% produzida a partir de hidrelétricas, 11% por termoelétricas e o restante por outros processos. A partir da usina, a energia é transmitida para os centros de consumo passando primeiro pelas subestações elevadoras, onde o nível de tensão é elevado e transportado através dos cabos elétricos das linhas de transmissão até as subestações rebaixadoras, que reduzem a tensão elétrica, através de transformadores para, em seguida, percorrer as linhas de distribuição, que podem ser subterrâneas ou, como é mais comum, aéreas. Finalmente, a energia elétrica é transformada novamente para os padrões de consumo local e chega às residências e outros estabelecimentos antes de ser encaminhada para consumo. Geralmente quando se fala em setor elétrico, refere-se ao Sistema Elétrico de Potência (SEP), definido como o conjunto de todas as instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia até a medição, inclusive. Para uniformizar e entendimento, é importante informar que o SEP trabalha com vários níveis de tensão classificadas em alta e baixa tensão e, normalmente, com corrente alternada em 60Hz. 2 Capítulo 1 Introdução Conforme definição dada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), considera-se “Baixa Tensão” – (medida entre fases ou entre fase e terra): Corrente Alternada: intervalo entre o valor superior a 50V e valor igual ou inferior a 1.000V. Corrente Contínua: intervalo entre o valor superior a 120V e valor igual ou inferior a 1.500V. Visando a minimizar os riscos e proteger a vida de trabalhadores, usuários, animais e edificações, foram desenvolvidas algumas normas. No caso das empresas produtoras de energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que as fiscaliza, define toda a legislação que elas devem seguir. No caso das distribuidoras, existem algumas normas, tanto para o modo como os funcionários devem se precaver, como para que eles não deixem outras pessoas em risco. No Brasil, existem três normas que se aplicam a este setor: NR 10 - trata da Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade; NBR 5410 - trata de Instalações Elétricas de Baixa Tensão; NBR 14039 - trata de Instalações Elétricas de Média Tensão. 1.1 JUSTIFICATIVA Cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho e cerda de dois milhões de mortes ocorrem por ano em todo o mundo que, por serem potencialmente evitáveis, expressam negligência e injustiça social, de acordo com a OIT. No Brasil, este número chega a 700 mil por ano, dos quais três mil resultam em mortes, uma média de oito por dia. (Anuário Estatístico da Previdência Social, 2011). Segundo Santana et. al. (2006), os estudos sobre estimativas científicas dos custos dos acidentes de trabalho têm se multiplicado nos últimos anos, pois a área da economia da saúde e a estreita relação entre trabalho e economia estão se desenvolvendo, seja pelos fatores de risco para os acidentes, seja pelos seus efeitos sobre a capacidade produtiva. A importância de se prever os riscos associados a acidentes de trabalho é fundamental para reduzir custos relativos aos acidentados e evitar o afastamento do trabalhador atrapalhando sua produtividade. Há ainda impactos econômicos relativos à manutenção/substituição de equipamentos danificados, o pagamento de multas geradas pelo não cumprimento das normas do direito do trabalhador, além do resgate à imagem da 3 Capítulo 1 Introdução organização pelo não atendimento de serviços contratados e/ou ocorrência de desastres sociais e ambientais. Portanto, torna-se imperativo o planejamento adequado de políticas de segurança e de procedimentos operacionais que minimizem as chances de ocorrência de incidentes e acidentes do trabalho decorrentes de erros humanos ou falhas de equipamentos, por exemplo. Para tanto, mostra-se indispensável a modelagem das interações e incertezas envolvendo pessoas, equipamentos e meio-ambiente. O presente trabalho consitui a parte inicial de um projeto de P&D que visa contabilizar e prever custos com acidentes de trabalho em uma empresa do setor elétrico brasileiro. Foram coletados os dados sobre acidentes de trabalho ocorridos na sede e regionais do Nordeste da empresa ocorridos entre Janeiro de 2005 e Setembro de 2012. Tal empresa, em outubro de 2012 empregava um total de 5739 funcionários. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Este trabalho tem como objetivo realizar análises estatísticas dos relatórios de investigação dos acidentes de trabalho ocorridos numa Empresa do Setor Elétrico no período de Janeiro de 2005 a Setembro de 2012. Estudos sobre frequência dos acidentes e sobre o impacto destes em termos de absenteísmo dos empregados são realizados para que programas de segurança possam ser propostos com o intuito de reduzir o número e o prejuízo gerado por tais acidentes. Pretende-se através deste trabalho mobilizar os gestores para a problemática dos acidentes de trabalho ocorridos na empresa, mostrando que a investigação e o monitoramento dos mesmos são importantes ferramentas para a criação de ações de prevenção mais eficazes na redução de tais acidentes. 1.2.2 Objetivos Específicos *Fazer a aquisição da base de dados referentes ao histórico de acidentes de trabalho da empresa; *Realizar a descrição das principais variáveis envolvidas; *Calcular a correlação para identificação de variáveis que afetam o número de dias perdidos devido a acidentes de trabalho; *Realizar testes estatísticos ara comparação de médias da variável “Dias Perdidos”; *Propor um novo formato de Relatório de Investigação e Análise de Acidentes de Trabalho (RIAAT). 4 Capítulo 1 1.3 Introdução METODOLOGIA A pesquisa baseia-se em revisão de literatura, análise documental de registros de acidentes de trabalho de uma empresa do setor elétrico, um levantamento bibliográfico, estatístico, de pesquisas realizadas por meio de revistas e de trabalhos acadêmicos realizados sobre o mesmo assunto em anos anteriores. Uma Análise documental é uma modalidade de coleta de dados que busca informações em documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas. Tais documentos podem ser registros, regulamentos, comunicações oficiais, relatórios e outros (VERGARA, 2005). No presente trabalho serão analisados todos os acidentes com e sem afastamento. 1.3.1 Apresentação dos dados dos Acidentes de Trabalho na Empresa Os dados analisados foram coletados na própria empresa no sistema interno, cuja quantidade de funcionários em Setembro de 2012 era 5739. Essas informações foram extraídas das RIAAT’s preenchidas pelos técnicos de segurança do trabalho a respeito dos acidentes ocorridos no período de Janeiro de 2005 a Setembro de 2012. Nesse período, foram registrados 804 acidentes, dos quais 6 ocasionaram morte. 1.3.2 Tipo de Variáveis que serão Analisadas Cada uma das características de interesse observadas ou medidas durante o estudo é denominada de variável. As variáveis que assumem valores numéricos são denominadas quantitativas, enquanto que as não numéricas, qualitativas. Uma variável é qualitativa quando seus valores são atributos ou qualidades. Se tais variáveis possuem uma ordenação natural, indicando intensidades crescentes de realização, são classificadas de qualitativas ordinais. Se não for possível estabelecer uma ordem natural entre seus valores, são classificadas como qualitativas nominais. As variáveis quantitativas podem ser classificadas ainda em discretas ou contínuas. Variáveis discretas podem ser vistas como resultantes de contagens, e assumem, em geral, valores inteiros. Variáveis contínuas podem assumir qualquer valor dentro de um intervalo especificado e são, geralmente, resultados de uma mensuração. 5 Capítulo 1 Introdução 1.3.3 Análise descritiva das variáveis Realizou-se uma análise descritiva inicial dos dados para ilustração das principais medidas descritivas, onde essas medidas foram representadas por intermédio de tabelas e gráficos. O intuito foi descrever e resumir os dados para se tirar conclusões a respeito de características voltadas à temática em estudo. Para verificar se dois grupos são independentes e procedem da mesma população, utiliza-se o Teste de Mann-Whitney que é um teste não-paramétrico (quando não há suposição de normalidade) alternativo ao teste t-Student para comparar as médias de duas amostras independentes e para K amostras independentes aplica-se o teste não-paramétrico KruskalWallis. 1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO A estrutura do trabalho apresenta-se em cinco capítulos, os quais são descritos abaixo: O Capítulo 1 contém a parte introdutória onde aborda-se algumas considerações do tema, os objetivos gerais e específicos, a metodologia usada, que foi a análise descritiva dos dados dos acidentes de trabalho na Empresa e a organização do trabalho. O Capítulo 2 abrange o contexto do problema que mostra em linhas gerais os tópicos a seguir: definições de acidente do trabalho, tipo ou classificação de acidentes do trabalho, causas dos acidentes, custos com acidentes, legislação vigente, legislação do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), instrução normativa da Empresa, investigação de acidentes. O Capítulo 3 a revisão da literatura que se deu através da contribuição de pesquisas já realizadas, voltadas para o tema e a organização do trabalho. O Capítulo 4 trata a descrição das variáveis a serem analisadas e dos resultados obtidos através das análises descritivas, dos testes não-paramétricos e das correlações. O Capítulo 5 descreve-se as dificuldades encontradas no desenvolvimento deste trabalho, bem como algumas conclusões dos resultados e, finaliza-se com sugestões propostas para a empresa e para trabalhos futuros. 6 Capítulo 2 Contexto do Problema 2 CONTEXTO DO PROBLEMA Neste capítulo, apresentam-se algumas definições de acidente de trabalho, seus tipos e classificações, bem como as possíveis causas de acidentes e custos envolvidos nos mesmos. Em seguida, descreve-se sobre o problema da investigação e sobre o cálculo de indicadores sobre acidentes de trabalho. Por fim, descreve-se sobre os acidentes no setor elétrico e sobre a legislação vigente pertinente ao tema deste trabalho. 2.1 Definições de acidentes do trabalho Muitas definições para o evento acidente do trabalho são relatadas, algumas são apresentadas a seguir. Primeiro, temos a definição legal: Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. (artigo 19 da Lei 8.231/91) Segundo Carmo (1995), dependendo do objetivo de quem formula as definições de acidente do trabalho, elas variam em função desses objetivos, os quais nem sempre estão atentos às suas implicações em termos sociais, econômicos, psicológicos e de prevenção. A variedade de definições do termo “acidente” é decorrente de implicações e de fatores que contribuem para os acidentes. Nenhuma definição de acidente satisfaz todas as pessoas interessadas nas suas causas e medidas preventivas (SANDERS; McCORMICK, 1993). Definição prevencionista de acidente do trabalho: Acidente do trabalho é qualquer ocorrência não programada, inesperada, que interfere ou interrompe o processo normal de uma atividade, trazendo como consequência isolada ou simultaneamente perda de tempo, dano material ou lesões ao homem. Definição científica de acidente do trabalho: O acidente pode ser visto como “o resultado de todo um processo de desestruturação na lógica do sistema de trabalho que, nessa ocasião, mostra suas insuficiências ao nível de 7 Capítulo 2 Contexto do Problema projeto, e de organização e de modus operandi” (VIDAL, 1989 apud MATTOS; MASCULO, 2011). Algumas definições são deparadas do Boletim Jurídico, 2012, Anuário Estatístico da Previdência Social 2010 e a Norma Brasileira Regulamentadora (NBR) 14.280/2001: Lesões: Qualquer dano sofrido pelo organismo humano, como consequência de acidente do trabalho. As lesões são causadas à pessoa, que lhe atinjam a integridade física ou mental, em consequência de traumas, materiais ou morais, provenientes do meio externo, portanto causados por uma forma de energia exterior ao corpo humano. As lesões corporais são classificadas quanto a sua intensidade em leves, graves e gravíssimas, sendo definidas na legislação penal constante do art.129 e parágrafos do Código Penal brasileiro; Lesões leves: Qualquer lesão relatada que não for séria. O conceito de lesão corporal de natureza leve é estabelecido por exclusão, uma vez que o art. 129 do Código Penal define a ofensa à integridade corporal ou à saúde de outrem, tendo como agravantes as tipificações dos parágrafos 1o, 2o, 3o e 7o, conseqüentemente, as demais agressões são leves; Lesões graves ou fatais: Inclui lesões sérias e incapacitantes. Relacionam-se ao § 1o do art.129, CP, que em seus incisos estabelecem como graves as lesões que resultem em: I incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias: II - perigo de vida, III debilidade permanente de membro, sentido ou função, IV - aceleração de parto; Lesões gravíssimas: Fruto de definição doutrinária, as lesões corporais de natureza gravíssima decorrem do agravamento punitivo inscrito no § 2o do art.129 do Código Penal brasileiro. Estão vinculadas diretamente às lesões que causem: I - incapacidade permanente para o trabalho, II - enfermidade incurável, III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função, IV - deformidade permanente, V – aborto; Lesão corporal seguida de morte: O Código Penal no art.129, § 3o, aborda a lesão corporal que resulte no óbito da vítima. Mesmo não tendo sido o objetivo final do agente, a morte da vítima agrava a pena, pois se trata de uma ação dolosa com resultado culposo. Cabe à perícia médica, emitir o laudo que identifique a vítima, a sede das lesões, seus aspectos e dimensões, consequências funcionais, grau de deformidade etc; Lesão sem afastamento (lesão não incapacitante ou lesão sem perda de tempo): é a lesão que não impede o acidentado de voltar ao trabalho logo após a ocorrência ou no dia imediato ao do acidente, de exercer suas funções habituais, desde que não haja incapacidade permanente. Esta lesão não provoca a morte e não impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato ao do acidente, desde que não haja incapacidade permanente total ou parcial 8 Capítulo 2 Contexto do Problema ou incapacidade temporária total, no entanto, exige primeiros socorros ou socorros médicos de urgência; Lesão com afastamento (lesão com perda de tempo ou incapacitante): é a lesão pessoal que impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato ao do acidente ou de que resulte incapacidade permanente. Esta lesão pode provocar incapacidade permanente total, incapacidade permanente parcial, incapacidade temporária total ou morte; Dano: é a consequência de um perigo, em termos de lesão, doença, prejuízo à propriedade, meio ambiente ou uma combinação destes; Incidentes (ou quase-acidente): são eventos ou fatos negativos que têm o potencial para provocar lesão ou dano, mas que não chegam a causá-los e antecedem as perdas, podendo dar origem a um acidente; Perigo: é a fonte ou situação com potencial para provocar danos ao homem, à propriedade ou ao meio ambiente, ou a combinação destes; Risco: é a combinação da probabilidade de ocorrência e da gravidade de um determinado evento perigoso; Saúde: é o equilibrado bem-estar físico, mental e social do ser humano; Fonte da Lesão: Coisa, substância, energia ou movimento do corpo que diretamente provocou a lesão; Assistência Médica: Corresponde aos segurados que receberam apenas atendimentos médicos para sua recuperação para o exercício da atividade laborativa; Incapacidade Temporária: Compreende os segurados que ficaram temporariamente incapacitados para o exercício de sua atividade laborativa em função de acidente ou doenças do trabalho. Durante os primeiros 15 dias consecutivos ao do afastamento da atividade, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral. Após este período, o segurado deverá ser encaminhado à perícia médica da Previdência Social para requerimento do auxíliodoença acidentário - espécie 91, no caso de trabalhador avulso e segurado especial, o mesmo será pago a partir da data do acidente; Incapacidade temporária total: É a perda total da capacidade de realização do trabalho, resultando em um ou mais dias perdidos, excetuados a morte, a incapacidade permanente parcial e a incapacidade permanente total. Permanecendo o acidentado afastado de sua atividade por mais de um ano, a incapacidade temporária será automaticamente considerada permanente, sendo computado o tempo de 360 dias; 9 Capítulo 2 Contexto do Problema Incapacidade Temporária Parcial: não causa afastamento do acidentado, correspondendo, portanto, a lesão sem perda de tempo; Incapacidade Permanente: Refere-se aos segurados que ficaram permanentemente incapacitados para o exercício laboral. A incapacidade permanente pode ser de dois tipos: parcial, redução da capacidade de trabalho em função atual, e total, quando o indivíduo apresenta incapacidade permanente e total para o exercício de qualquer atividade laborativa; Incapacidade permanente total: É a perda total da capacidade de trabalho, em caráter permanente, exclusive a morte. Esta incapacidade corresponde a lesão que, não provocando a morte, impossibilita o acidentado, permanentemente, de exercer ocupação remunerada ou da qual decorre a perda ou a perda total do uso dos seguintes elementos: ambos os olhos; um olho e uma das mãos, ou um olho e um pé; ambas as mãos ou ambos os pés, ou uma das mãos e um pé, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas- ABNT. Incapacidade permanente parcial: É o fato do acidentado em exercício laboral, após o devido tratamento psicofísico-social, apresentar sequela definitiva que implique em redução parcial da capacidade de trabalho, em caráter permanente. Esta incapacidade corresponde a lesão que não provocando morte ou incapacidade permanente total, é causa de perda de qualquer membro ou parte do corpo, perda total do uso desse membro ou parte do corpo, ou qualquer redução permanente de função orgânica, segundo ABNT. Morte ou Óbito: Corresponde a quantidade de segurados que faleceram em função do acidente do trabalho; É a cessação da capacidade de trabalho pela perda da vida, independentemente do tempo decorrido desde a lesão. Deverão ser considerados 6000 dias para efeito de dias debitados; Horas-homem de exposição ao risco: As horas-homem são calculadas pelo somatório das horas de trabalho de cada empregado. Em certo período, se todos trabalham o mesmo número de horas, é o produto do número de homens pelo número de horas. Vinte e cinco homens trabalhando, cada um, duzentas horas por mês, totalizando cinco mil horas-homem. Quando o número de horas trabalhadas varia de grupo para grupo, calculam-se os vários produtos, que serão somados para obtenção do resultado final. Vinte e cinco homens, dos quais 18 trabalham cada um, 200 horas por mês, quatro trabalham 182 e três, apenas, 160, totalizam 4.808 horas-homem; Tempo computado: É o tempo contado em dias perdidos por incapacidade temporária total, ou dias debitados por morte ou incapacidade permanente, total ou parcial. 10 Capítulo 2 Contexto do Problema Dias perdidos: São os dias perdidos por afastamento em decorrência do acidente do trabalho. São considerados dias perdidos: os dias subsequentes da lesão (inclusive dias de repouso remunerado, feriados e outros dias em que a empresa, estiver fechada), em que o empregado continua incapacitado para o trabalho; os dias subsequentes ao da lesão perdidos exclusivamente devido a não disponibilidade de assistência médica com recursos de diagnóstico necessário, excetuados os casos em que o médico for de parecer que o acidentado estava inteiramente apto para o trabalho nesses dias; os dias em que a duração do tratamento médico impedir ao acidentado a execução integral de suas tarefas diárias, exceto se o acidentado dispuser de condições e tempo para executar outras tarefas compatíveis com as suas funções. Não são comutáveis o dia da lesão e o dia em que o acidentado é considerado apto para retornar ao trabalho e não se considera perdido o tempo despendido nas chamadas “lesões sem perda de tempo”; Dias debitados: São dias não realmente perdidos, que devem ser debitados por morte ou incapacidade permanente, total ou parcial de acordo com o Quadro I da NBR 14280, mostrado na Figura 2.1. 11 Capítulo 2 Contexto do Problema Figura 2.1: Quadro I de dias à debitar da NBR 14280. 12 Capítulo 2 2.2 Contexto do Problema Tipo ou Classificação de Acidentes do Trabalho Diante de todas estas definições e conceitos apresentados, vamos utilizar uma padronização, apresentando os conceitos que achamos que é mais didático e mais fácil de assimilação. No processo de registro dos acidentes do trabalho, de acordo com a Previdência Social, o acidente do trabalho é classificado tecnicamente nos seguintes termos: doença profissional, doença do trabalho, acidente de trajeto ou acidente de percurso, acidentes-tipo ou típicos. Além desses, na ABNT a NBR14280 classifica os acidentes também como acidente sem lesão, acidente impessoal, acidente pessoal. 2.2.1 Doença profissional “Doença profissional, assim entendida, é a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante de respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social.” (artigo 20 da Lei 8.213/91) Pode-se dizer que doença profissional é aquela em que o trabalhador ou trabalhadora ficam expostos a determinadas substâncias ou produtos que podem provocar uma doença específica na execução de uma atividade profissional. O conceito de doença profissional está ligado à profissão do trabalhador ou trabalhadora (trabalho peculiar a determinada atividade). Significa que determinada doença acontece em pessoas que executam determinados trabalhos ou possuem determinadas profissões (FANTAZZINI, 2009). Alguns exemplos de doenças profissionais são relatadas em diversos trabalhos como sendo: Dort é o conjunto de doenças que atingem os músculos, tendões e nervos superiores e que tem relação com as exigências das tarefas, dos ambientes físicos e da organização do trabalho. São inflamações provocadas por atividades de trabalho que exigem movimentos manuais repetitivos durante longo tempo; Bissinose que ocorre com trabalhadores que desenvolvem atividades com algodão; Siderose ocorre com quem desenvolve atividades com limalha e partículas de ferro, para quem trabalha com o metal; Asbestose: ocorre com quem desenvolve atividades com amianto (provoca câncer no pulmão). 13 Capítulo 2 Contexto do Problema 2.2.2 Doença do trabalho “Doença do trabalho, assim entendida, a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante relação mencionada no inciso I.” (artigo 20 da Lei 8.213/91) As principais causas de doenças do trabalho são por contaminação de produtos ou substâncias presentes em condições especiais na execução de um trabalho. Elas não fazem parte da profissão do trabalhador, mas podem ser adquirida em função da realização de algum trabalho, ou trabalhos, que expõe ao agente responsável pela ocorrência da doença (FANTAZZINI, 2009). Assim como as doenças profissionais também as doenças do trabalho são mostradas em trabalhos a exemplo tem-se: estresse que nada mais é do que a resposta do organismo a uma situação de ameaça, tensão, ansiedade ou mudança, seja ela boa ou má, pois o corpo esta se preparando para enfrentar o desafio; a fadiga que é um estado de nosso organismo produzido por um trabalho de longa duração ou com exigências acima das capacidades do operador, que, entre outros sintomas, apresenta certa redução da capacidade e do gosto para o trabalho; sofrimento mental, exemplo deste caso tem-se a neurose das telefonistas- uma constante presença de cefaleia, zumbidos e assobios em alteração do sono e do humor. Essas perturbações produzem-se não só durante o trabalho, mas também fora dele. No decreto da Lei n. 3.048 de 6 de maio de 1999. “Agentes patogênicos causadores de doenças profissionais ou do trabalho, conforme previsto no artigo 20 da Lei n. 8.213, de 1991” no § 1º parágrafo da Lei, as doenças que não são consideradas doenças do trabalho. No § 2º parágrafo diz que: em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerála acidente do trabalho. 2.2.3 Acidente de trajeto ou acidente de percurso De acordo com o artigo 21, inciso VI, da Lei 8.213: Acidente de trajeto é o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho, a serviço da empresa ou no percurso da residência para o local de trabalho ou desde para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. 14 Capítulo 2 Contexto do Problema Deixa de caracterizar-se acidente de trajeto quando o empregado tenha por interesse próprio, interrompido ou alterado o percurso normal, da sua residência para o local do trabalho. 2.2.4 Acidente-tipo ou típico Considera-se um acidente tipo todo evento que ocorre pelo exercício do trabalho ou a serviço da empresa que acarreta perturbação funcional (doença física ou mental) ou lesão corporal, resulta na morte ou em incapacidade (temporária ou permanente, total ou parcial). A Associação Educacional Dom Bosco (AEDB) diz que a expressão "Acidente-tipo" na prática está consagrada para definir a maneira como as pessoas sofrem a lesão, isto é, como se dá o contato entre a pessoa e o agente lesivo, seja este contato violento ou não. A boa compreensão do Acidente-tipo facilitará a identificação dos atos inseguros e condições inseguras. Diferentemente da doença ocupacional, no acidente tipo é possível saber exatamente o momento da lesão, sendo possível ainda estabelecer a cronologia entre lesões sucessivas. Os acidentes do trabalho, sendo típico ou de trajeto se dividem em acidentes com afastamento e acidentes sem afastamento. Acidente sem afastamento: é a lesão que não impede ao empregado de exercer suas funções habituais, logo após a ocorrência do acidente ou no dia imediato. Acidente com afastamento: é a lesão que incapacita o empregado de voltar ao trabalho no dia imediato ao acidente. 2.2.5 Acidente sem lesão “É o acidente que não causa lesão pessoal.” (NBR14280, 2001) 2.2.6 Acidente impessoal De acordo com a NBR14280 (2001), 15 Capítulo 2 Contexto do Problema “Acidente cuja caracterização independe de existir acidentado, não podendo ser considerado como causador direto da lesão pessoal. Pode ser acidente inicial que é um desencadeador de um ou mais acidentes ou espécie que caracteriza a ocorrência de acidente impessoal de que resultou ou poderia ter resultado acidente pessoal.” 2.2.7 Acidente pessoal “Acidente cuja caracterização depende de existir acidentado. Tipo de acidente pessoal é a caracterização da maneira pela qual a fonte da lesão causou a lesão.” (NBR14280, 2001). 2.3 Causas dos acidentes A causa do acidente pode ser definida como qualquer fator que, se removido, teria evitado o acidente, é a ação e/ou a condição que precede imediatamente o acidente (REDONDO, 1970). Na obra Industrial Accident Prevention, Heinrich (1959), indica que os acidentes de trabalhos se devem em seqüência, à prática de atos inseguros e a existências de condições inseguras nos locais de trabalho. É importante que medidas preventivas de controle desses tipos de causas de acidentes sejam adotadas. Para o efetivo sucesso de tais medidas, o conhecimento das causas dos acidentes é primordial. Estas, por sua vez, podem ser identificadas através da coleta de dados durante a investigação dos acidentes. A elaboração e o uso de quadros estatísticos (baseados nos dados coletados) podem ser considerados, portanto, como fundamentais para a programação de prevenção de acidentes. São estas irregularidades físicas ou eletromecânicas que colocam em risco a integridade física e mental do trabalhador e também os bens materiais da empresa. 2.3.1 Atos inseguros As Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho (NR) são publicações do Ministério do Trabalho e Emprego. Segundo a NR- 01 – MTB – “cabe ao empregador cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e 16 Capítulo 2 Contexto do Problema medicina do trabalho”. Deve ficar claro que o importante não é eliminar a ação ou ato e sim modificar a decisão mental de fazer ou não algo. Os atos inseguros são representados por atitudes comportamentais pelas quais o trabalhador se expõe consciente ou inconscientemente a riscos de acidentes e violam as normas de segurança da empresa e ao bom senso, que levam o trabalhador ao acidente, podendo ocorrer de forma direta e indireta. Os fatores, que podem causar a incompatibilidade entre o homem e sua função e, consequentemente, estão relacionados a esses atos são de ordem física, biológica, psicológica, emocional e/ou organizacional. Por exemplo, pode-se citar: idade, fadiga, sexo, coordenação visual, grau de atenção, tempo de reação aos estímulos, personalidade, desajustamento, diminuição de funções, problemas que afetam o comportamento devido a preocupações, problemas pessoais, negligência, rotina, pressão conjuntural, falta de programas e investimento em segurança industrial, falta de treinamento e outros. Portanto, os atos inseguros no trabalho provocam a grande maioria dos acidentes. Segundo estatísticas correntes, cerca de 80% do total dos acidentes do trabalho são oriundos do próprio trabalhador. Portanto, os atos inseguros no trabalho provocam a grande maioria dos acidentes. De acordo com Redondo (1970) os atos inseguros mais comuns são: levantamento impróprio de carga (com o esforço desenvolvido a custa da musculatura das costas); permanecer embaixo de cargas, manutenção, lubrificação ou limpeza de máquinas em movimento; abusos, correr, e tirar brincadeiras grosseiras no local de trabalho; realização de operação, manutenção em máquinas ou equipamentos elétricos para as quais não esteja devidamente autorizado, treinado; remoção de dispositivos de proteção ou alteração em seu funcionamento, de maneira a torná-los ineficientes; operação de máquinas a velocidades inseguras; uso de equipamento inadequado, inseguro ou de forma incorreta (não segura); deixar de usar, ou fazer o uso incorreto do Equipamento de Proteção Individual (EPI) necessário para a execução de sua tarefa; utilizar objetos de adorno, tais como relógio, anéis, pulseiras, correntes, ao trabalhar; improvisar ferramentas e/ou equipamentos de trabalho; transportar e/ou elevar objetos pesados de maneira incorreta; colocar-se em local perigoso; empilhar materiais de forma insegura; trabalhar sobre máquinas e/ou equipamentos elétricos, em movimento; não manter suas áreas de trabalho arrumadas e limpas; manipular ou manusear produtos químicos de forma incorreta; fumar próximo a inflamáveis e/ou locais proibidos; ingerir bebidas alcoólicas no trabalho; trabalhar em altura superior a 2 metros sem proteção. 17 Capítulo 2 Contexto do Problema 2.3.2 Condições inseguras As condições inseguras são situações de risco, presentes no meio ambiente de trabalho que podem causar acidente e doenças profissionais. As deficiências apresentam-se como problemas técnicos e materiais e encontram-se nas formas mais variadas. Ocorrem por falta de planejamento, prevenção ou omissão de requisitos essenciais relacionados a medidas de higiene e segurança para manutenção do ambiente físico, relativamente isentos de riscos. Ilustrando as definições de Redondo (1970), as condições inseguras podem ser classificadas nas categorias a seguir: proteção mecânica inadequada, maquinaria desprotegida ou mal protegida; condição defeituosa do equipamento; projeto ou construções inseguros; ventilação ou iluminação incorreta ou inadequada; piso irregular, escorregadio, fraco ou desnivelado; áreas de trabalho insuficientes; excesso de ruído; instalações com defeitos ou impróprias; falta de proteção em partes móveis de máquinas; falta de sinalização; processos, operações ou disposições perigosos (empilhamento perigoso, armazenagem, passagens obstruídas, etc.); vestimenta ou roupa insegura (mangas compridas, ausência de luvas,aventais, calçados). 2.4 Custos com acidentes Perante as definições de acidente e incidente do trabalho surge o interesse de conhecer o custo derivado do mesmo. Apesar de não serem muitos os estudos sobre os custos de acidentes de trabalho ou do seu impacto sobre a produtividade, foi a partir de 1959 que H. W. Heinrich efetuou os primeiros estudos. Em 1982, Cicco (1984) conduziu pesquisa pioneira sobre esse tema, com todas as empresas nacionais registradas na época, com 500 ou mais trabalhadores. Nesse estudo, estimaram-se os custos segurados e não segurados que correspondiam aos 15 primeiros dias de afastamento do trabalho, um encargo da empresa. De um total de 263 empresas, calculou-se em 7.354.068 Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN), referência monetária à época, os custos segurados, sendo o total correspondente a 27.962 ORTN. As empresas com maiores custos totais com acidentes de trabalho foram as indústrias química e farmacêutica, as do setor de transporte e as de comunicação e radiodifusão. 18 Capítulo 2 Contexto do Problema Os acidentes com trabalhadores trazem aspectos negativos, para o empregador, para a pessoa ferida, para sua família e para toda a sociedade. Segundo Bellovi et. al. (1994), os custos dos acidentes devem ser considerados sob dois aspectos o humano e o econômico, o humano está relacionado com o sofrimento físico que acompanham a lesão, a dor, a invalidez que muitas vezes resultam em mortes. Já os custos econômicos constituem os gastos e perdas que o acidente causou. Os gastos que ocasionam a perda dos dois tipos de custos estão fortemente ligados e muitas vezes não são fáceis de diferenciar. Heinrich (1959) considerou que os custos dos acidentes de trabalho se dividiam em dois grupos o custo direto ou segurado e indireto ou não segurado. Para Bellovi (1994), esses custos são subdivisões do custo econômico. 2.4.1 Custo direto ou segurado Segundo Redondo (1970), o custo direto ou segurado diz respeito a todas as despesas ligadas diretamente ao atendimento do acidentado, as quais são de responsabilidade da companhia seguradora (que faz o seguro de acidentes de trabalho da empresa onde trabalha o acidentado), no Brasil a seguradora é o INSS. O custo segurado representa literalmente a saída de dinheiro, fica implantado um setor responsável em calcular os custos da empresa. Esse custo cobre despesas médica, hospitalares e farmacêuticas para o acidentado auxiliando na sua recuperação para que possa reassumir sua ocupação; pagamentos de diárias e indenização ao acidentado, enquanto permaneça afastado do serviço; e transporte do acidentado, do local de trabalho ao local de atendimento. A taxa de seguro de acidentes do trabalho, paga pela empresa à Previdência Social, representa um desembolso imediato para o empregador e representa o custo do seguro de acidentes do trabalho que o empregador deve pagar ao INSS, conforme determinado no Art. 26º do Decreto n. 2.173, de 05/03/1997. A Contribuição do Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho (GIIL-RAT) ou o antigo Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) representa a contribuição da empresa, prevista no inciso II do artigo 22 da Lei 8212/91, e consiste em percentual que mede o risco da atividade econômica, cabendo à empresa o enquadramento no respectivo grau de risco de acordo com sua atividade preponderante. A alíquota de contribuição para o RAT será de 1% (um por cento) para a empresa em cuja 19 Capítulo 2 Contexto do Problema atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado leve, de risco mínimo; 2% (dois por cento) para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado médio e de 3% (três por cento) para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado grave, incidentes sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos. Havendo exposição do trabalhador a agentes nocivos que permitam a concessão de aposentadoria especial, há acréscimo das alíquotas na forma da legislação em vigor (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2010). É o Fator Acidentário de Prevenção (FAP) que afere o desempenho da empresa, dentro da respectiva atividade econômica, relativamente aos acidentes de trabalho ocorridos num determinado período. O FAP consiste num multiplicador variável num intervalo contínuo de cinco décimos (0,5000) a dois inteiros (2,0000), aplicado com quatro casas decimais sobre a alíquota RAT. A Lei Nº 10.666, de 8 de maio de 2003, possibilitou a redução ou majoração da contribuição, recolhida pelas empresas, destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. A referida Lei, em seu art. 10, prescreve que as alíquotas de 1%, 2% ou 3%, por empresa, poderão variar entre a metade e o dobro, de acordo com a metodologia aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS). Trata-se, portanto, da instituição de um fator, Fator Acidentário de Prevenção (FAP), que é um multiplicador sobre a alíquota de 1%, 2% ou 3% correspondente ao enquadramento da empresa segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) preponderante, nos termos do Anexo V do Regulamento da Previdência Social - RPS, aprovado pelo Decreto Nº 3.048, de 6 de maio de 1999. O objetivo do FAP é incentivar a melhoria das condições de trabalho e da saúde do trabalhador estimulando as empresas a implementarem políticas mais efetivas de saúde e segurança no trabalho para reduzir a acidentalidade. Assim, o FAP, que será recalculado periodicamente, individualizará a alíquota de 1%, 2% ou 3% prevista no Anexo V do Regulamento da Previdência Social-RPS, majorando ou reduzindo o valor da alíquota conforme a quantidade, a gravidade e o custo das ocorrências acidentárias em cada empresa. Portanto, com o FAP, as empresas com mais acidentes e acidentes mais graves em uma subCNAE passarão a contribuir com um valor maior, enquanto as empresas com menor acidentalidade terão uma redução no valor de contribuição. 20 Capítulo 2 Contexto do Problema A partir da competência 01/2010, as empresas continuam informando o campo RAT na GFIP e passam a informar também o campo FAP, conforme Manual da GFIP, Capítulo III, item 2.4. O FAP está normatizado no Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto 3.048/1999, atualizado pelo Decreto 6.957/2009. 2.4.2 Custo indireto ou não segurado O custo indireto ou não segurado engloba todas as despesas, que geralmente não são atribuídas aos acidentes, mas que se manifestam como consequência indireta dos mesmos. Essas despesas são de responsabilidade da empresa, e não do INSS. Esses custos são: gastos de contratação e treinamento de um substituto; salário dos primeiros 15 dias de afastamento, sem que ele produza; custos de materiais ou equipamentos danificados; custos comerciais e administrativos; atrasos na produção ou serviços urgentes de reparação; diminuição da eficiência do acidentado ao retornar o trabalho; despesas com treinamento do substituto do acidentado; despesas médicas não cobertas pelo INSS; aluguel de equipamentos; multas contratuais pelo não cumprimento de prazos; perda de bônus na renovação do seguro patrimonial; despesas decorrentes da substituição ou manutenção de peça danificada; prejuízos decorrentes de danos causados ao produto no processo; em propaganda para recuperar a imagem da empresa; pagamento de horas-extras para cobrir o prejuízo causado à produção; gastos de energia elétrica e demais facilidades das instalações (horas-extras); pagamento das horas de trabalho despendidas por supervisores e outras pessoas e ou empresas, na investigação das causas do acidente, na assistência médica para os socorros de urgência, no transporte do acidentado, em providências necessárias para regularizar o local do acidente, em assistência jurídica (REDONDO, 1970). Quanto mais eficiente for à prevenção de acidentes menor serão os custos indiretos. Isto pode ser conseguido com um bom programa de prevenção, levantando estudos individuais que levem ao custo real do acidente, gerando redução dos custos indiretos que varia de empresa para empresa. 2.4.3 Consequências do acidente do trabalho As consequências dos acidentes do trabalho são catastróficas, pois envolvem as pessoas que se incapacitam com uma lesão parcial ou total, temporária ou permanente para o 21 Capítulo 2 Contexto do Problema trabalho, no caso da empresa existe a perda de material, de mão de obra, desgaste da imagem, elevando o custo operacional e envolve a sociedade com o aumento das pessoas que passam a depender da instituição governamental para sua sobrevivência. Algumas regras são estabelecidas pela lei n° 8.213/91 que visam a obrigar o empregador a prevenir os acidentes e doenças do trabalho e profissionais. A seguir destacamse algumas normas previstas nessa lei. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantido pelo prazo mínimo de doze meses a manutenção do seu contrato de trabalho da empresa, após a cessão do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente (Art. 118 da lei n° 8213/91). O trabalhador acidentado, além da dificuldade no reingresso no mercado de trabalho, muitas vezes era demitido após o retorno ao trabalho. Desse modo, a lei n° 8213/91 estabeleceu a estabilidade provisória no emprego de 12 (doze) meses sendo o pressuposto para esse direito a concessão ao auxílio-doença que, como vimos anteriormente, é devido após o afastamento por mais de 15 dias. Essa mesma lei dispõe que a empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador (art. 19,§ 1°), além de constituir contravenção penal punível com multa, quando a empresa deixar de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho. Já o art.120 da referida lei estabelece que nos casos de negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho indicadas para proteção individual e coletiva, a Previdência Social proporá a ação regressiva contra os responsáveis (SALIBA, 2008). Segundo a NBR 14.280/2001as consequências dos acidentes do trabalho podem ser divididas em Lesão Pessoal, Incapacidade Permanente Total, Incapacidade Permanente Parcial, Incapacidade Temporária Total. Será apresentado na Figura 2.2, um resumo dos diferentes tipos de consequências dos acidentes de trabalho, com seus respectivos tipo de beneficio pago pela Previdência Social no Brasil. 22 Capítulo 2 Contexto do Problema Figura 2.2: Consequência dos acidentes de trabalho e seus respectivos tipos de benefícios da Previdência Social no Brasil. Fonte Santana et. al. (2006). 2.5 Investigação de Acidentes Quando ocorre um acidente devem ser feitas investigações imediatas acerca do mesmo, analisando os documentos de ocorrência de acidentes e ouvindo vítima(s) e testemunhas para identificar sua(s) causa(s). Identificadas às causas do acidente, deve ser feita uma investigação de como evitá-las, para isto é interessante uma boa relação dos funcionários com o responsável pelo local. No caso de Acidente sem lesão (incidente) ou lesão leve (sem afastamento), não precisa ser comunicado à Previdência Social. Informa-se somente à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). Se houver lesão, a comunicação deve ser: pela própria vítima ou de colega ao encarregado direto (oral); do encarregado ao chefe do Departamento (oral); do chefe do Departamento à direção da empresa e ao SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho); da empresa ao INSS (em 24h) através da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT)- Figura 2.3. A ficha da CAT solicita uma série de informações: dados da vítima, natureza do acidente, condições, dados das testemunhas, tempo de início do trabalho e a hora do acidente, indicação do hospital e empregadores anteriores no caso de doença profissional. O INSS exige duas testemunhas 23 Capítulo 2 Contexto do Problema oculares ou circunstanciais. Acidentes que resultam incapacidade (permanente, temporária ou morte): no caso de um acidente fatal a CIPA deve se reunir em uma seção extraordinária no máximo em 24h. Na Empresa, os procedimentos seguem a Instrução Normativa da empresa (sua última edição consta de 1998 mostrada na seção 2.6) juntamente com um manual do usuário criado pelo setor de Segurança do Trabalho em 2007, visando atualizar e modernizar a forma como o acidente deve ser investigado. Quando um trabalhador sofre algum tipo de acidente, primeiramente, o mesmo deve emitir uma Comunicação Interna de Ocorrência (CIOC) através do sistema interno da empresa Sistema Integrado de Recursos Humanos (RHSin). Quando o acidentado não consegue emiti-la, o profissional de Segurança o faz. Toda ocorrência deve ser investigada e um formulário específico deve ser preenchido; este procedimento já foi implementado em uma das unidades da empresa, seguindo a implementação das Occupational Health and Safety Assessment Services (OHSAS) (Serviços de Avaliação de Saúde e Segurança Ocupacional), que é uma especificação de auditoria internacionalmente reconhecida para sistemas de gestão em segurança e saúde ocupacional. Ela foi criada de acordo com as diretrizes das normas International Organization for Standardization (ISO) 9001:1994 e ISO 14001:1996, que estão relacionadas respectivamente ao sistema de gestão da qualidade e do meio ambiente. Quando houver alguma mudança nestas duas ISO, as OHSAS também sofrerão alterações; para maiores detalhes ver OHSAS 18001:1999. Depois da CIOC realizada, o gerente responsável pelo empregado vítima deverá dar o ciente da ocorrência. Quando a ocorrência é aprovada, todos os profissionais de segurança do trabalho da Empresa, bem como o setor de medicina ocupacional recebem esta informação. O empregado é orientado a comparecer no setor de medicina ocupacional para ser atendido pelo médico do trabalho e o mesmo preencherem seu prontuário, caso tenha condições de comparecer de imediato. Dependendo da gravidade da lesão, o funcionário será assistido ou levado a uma unidade médica externa. O próprio empregado ou alguém da família deverá comparecer à Empresa para falar com o médico da empresa. É possível ser feita a CIOC após o funcionário ter sido encaminhado a uma unidade médica ou medicina ocupacional da empresa. O profissional de saúde dará seu parecer e juntamente com o setor de Segurança do Trabalho será analisado se essa ocorrência gerará uma CAT junto ao INSS, que conforme relata a Lei nº 8.213/91, no artigo 22, todo acidente de trabalho ou doença profissional deverá ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de omissão. 24 Capítulo 2 Contexto do Problema Se a CAT for emitida o responsável pelo setor de Segurança do Trabalho, Engenheiro ou Técnico irá investigar tal acidente e preencherá o RIAAT. Se o funcionário se ausentar de suas atividades por mais de 15 dias em decorrência deste acidente, o mesmo entrará no benefício do INSS e deverá se encaminhar ao setor de perícia médica da previdência social. O perito do INSS dará alta quando achar que o funcionário estiver apto para retornar às suas atividades. Uma vez recebida esta alta, o funcionário deverá comparecer ao médico da empresa, e caso este não o considere apto para realizar suas atividades o mesmo retornará ao benefício do INSS. Em seguida ele deverá retornar ao perito, e se receber alta, deverá se encaminhar ao médico ocupacional. Se este verificar que o funcionário tem condições de retornar ao trabalho, ratifica a alta do perito. Quando o funcionário retorna à empresa para retomar suas atividades, ele passa no setor de Segurança para o registro dos dias que passou afastado, e esta informação entra no setor das Estatísticas dos Acidentes dentro da empresa. Segue nas figuras abaixo um fluxograma deste procedimento descrito, um exemplar da última versão da CIOC e da RIAAT. Se acontecer do funcionário vir a falecer exercendo suas atividades, todo o procedimento descrito anteriormente será realizado. O único novo procedimento a ser feito é que o mesmo deve ser registrado na Superintendência Regional do Trabalho (SRT), antiga Delegacia Regional do Trabalho (DRT) mais próxima ou em um posto do INSS. 25 Capítulo 2 Contexto do Problema Figura 2.3: Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT 26 Capítulo 2 Contexto do Problema A partir da Figura 2.3 pode-se observar que CAT está dividida em 3 partes: I. Emitente: compreende os dados do empregador, acidentado, acidente ou doença e testemunhas, que deve ser preenchido pelo profissional de segurança ou engenheiro responsável; II. Atestado Médico: que insere os dados do atendimento médico, diagnóstico, tipo de tratamento e descrição da lesão; III. INSS: que contém a data de recebimento, código da unidade, número da CAT, tipo do acidente. Existem, então, os acidentes com CAT registrada que corresponde ao número de acidentes cuja CAT foi cadastrada no INSS. Onde não são contabilizados o reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença do trabalho, já comunicados anteriormente ao INSS e/ou os acidentes sem CAT registrada que corresponde ao número de acidentes cuja CAT não foi cadastrada no INSS. O acidente é identificado por meio de um dos possíveis nexos, esta identificação é feita pela nova forma de concessão de benefícios acidentários (MINISTÉRIO PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2010). Podendo ser classificados como CAT. inicial que é o acidente do trabalho, típico ou de trajeto, ou doença profissional ou do trabalho; CAT. de reabertura onde há o reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença profissional ou do trabalho, já comunicado anteriormente ao INSS e o CAT. de comunicação de óbito quando há falecimento decorrente de acidente ou doença profissional ou do trabalho, ocorrido após a emissão da CAT. inicial. A comunicação em epígrafe deverá ser feita ao INSS, em 24 horas úteis, em seis vias, com a seguinte destinação: ao INSS; à empresa; ao segurado ou dependente; ao sindicato de classe do trabalhador; ao Sistema Único de Saúde (SUS); à Superintendência Regional do Trabalho Técnicas de Investigação de acidentes (FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - USP, 2012). A partir dos dados do governo no Anuário Estatístico da Previdência Social 2011, foram registrados no INSS cerca de 711.200 acidentes do trabalho. Comparado com 2010, o número de acidentes de trabalho teve acréscimo de 0,2%. O total de acidentes registrados com CAT aumentou em 1,6% de 2010 para 2011. Do total de acidentes registrados com CAT, os acidentes típicos representaram 78,6%; os de trajeto 18,6% e as doenças do trabalho 2,8%. Nos acidentes típicos e nos de trajeto, a faixa etária decenal com maior incidência de acidentes foi a constituída por pessoas de 20 a 29 anos com, respectivamente, 36,5% e 39,9% do total de acidentes registrados. Nas doenças de trabalho a faixa de maior incidência foi a de 27 Capítulo 2 Contexto do Problema 30 a 39 anos, com 32,8% do total de acidentes registrados. Na Tabela 2.1 e nas Figuras 2.4 e 2.5 expoem os cálculos dos acidentes no período de 2009 a 2011, logo em seguida o formulário da CAT: Tabela 2.1: Quantidade de acidentes no Brasil durante o período de 2009 a 2011 Ano 2009 2010 2011 Média QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO Sem CAT Acidentes registrados / Motivo Registrada Típico Trajeto Doença do Trabalho 199.117 424.498 90.180 19.570 179.681 417.295 95.321 17.177 172.684 423.167 100.230 15.083 183.827 421.653 95.244 17.277 Fonte: Ministério da Previdência Social 800.000 Total de Acidentes 733.365 709.474 711.164 718.001 Acidentes típicos 700.000 600.000 Acidentes de trajeto 500.000 400.000 300.000 Doenças do trabalho 200.000 Sem Cat registrada 100.000 Total de acidentes 0 2009 2010 2011 Figura 2.4: Quantidade de Acidentes causados no Brasil de 2009 a 2011. 26% Acidentes típicos Acidentes de trajeto 2% 13% 59% Doenças do trabalho Sem Cat registrada Figura 2.5: Porcentagem das média dos tipos de acidentes ocorridos no Brasil de 2009 a 2011. 28 Capítulo 2 Contexto do Problema A Figura 2.6 mostra o fluxograma da empresa que explica o procedimento após a ocorrência de um acidente. Figura 2.6: Fluxograma do Registro de Acidente do Trabalho na Empresa. 2.6 Indicadores de acidente de trabalho De acordo com a Resolução n°1.308/2009 CNPS, o FAP será calculado de acordo com índices de frequência, gravidade e custo, que será composta pelos registros de todas CATs e dos benefícios de natureza acidentária, sendo estes últimos contabilizados no CNPJ ao qual o trabalhador estava vinculado no momento do acidente, ou ao qual o agravo esteja diretamente relacionado. Para o trabalhador avulso não há configuração de vinculo empregatício, mas o benefício será vinculado à empresa onde presta o serviço. A geração do Índice de Freqüência, do Índice de Gravidade e do Índice de Custo para cada uma das empresas se faz do modo descrito a seguir. 29 Capítulo 2 Contexto do Problema 2.6.1 Índice de Frequência Indica a incidência da acidentalidade em cada empresa. Para esse índice são computadas as ocorrências acidentárias registradas por meio de CATs e os benefícios das espécies B91 e B93 sem registro de CAT, ou seja, aqueles que foram estabelecidos por nexos técnicos, inclusive por Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário1 (NTEP). Podem ocorrer casos de concessão de B92 e B94 sem a precedência de um B91 e sem a existência de CAT e, nestes casos, serão contabilizados como registros de acidentes ou doenças do trabalho. O cálculo do índice de frequência é obtido da seguinte maneira: Índice de frequência = N° de acidentes registrados na empresa + os benefícios que entraram sem CAT vinculada, por nexo técnico¹ N° médio de vínculos x 1.000 (mil) O número de acidentes registrados em cada empresa equivale às CATs registradas como do Tipo de CAT = "Inicial", o que evita a duplicação de contagem do mesmo evento. 2.6.2 Índice de Gravidade Indica a gravidade das ocorrências acidentárias em cada empresa. Para esse índice são computados todos os casos de afastamento acidentário por mais de 15 dias (auxíliodoença acidentário - B91), os casos de auxílio-acidente (B94), de aposentadoria por invalidez (B92) e pensão por morte acidentária (B93). É atribuído peso diferente para cada tipo de afastamento em função da gravidade da ocorrência. Para pensão por morte o peso atribuído é 1 O Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) é uma metodologia que tem o objetivo de identificar quais doenças e acidentes estão relacionados com a prática de uma determinada atividade profissional pelo INSS no Brasil. Com o NTEP, quando o trabalhador adquirir uma enfermidade inteiramente relacionada à atividade profissional, fica qualificado o acidente de trabalho. Nos casos em que houver relação estatística entre a doença ou lesão e o setor de atividade econômica do trabalhador, o nexo epidemiológico determinará automaticamente que se trata de benefício acidentário e não de benefício previdenciário normal. O NTEP pressupõe, como decorrente do meio ambiente do trabalho, o benefício por incapacidade concedido pelo INSS cujo atestado médico apresente um código da doença (CID) que tenha relação com o CNAE (Código Nacional da Atividade Econômica) da empresa empregadora do trabalhador requerente. 30 Capítulo 2 Contexto do Problema de 0,50, para aposentadoria por invalidez é 0,30, para auxílio-doença o peso é de 0,10 e para auxílio-acidente o peso é 0,10. O cálculo do índice de gravidade é obtido da seguinte maneira: Índice de gravidade = (n° de benefícios auxílio doença por acidente (B91) x 0,1 + n° de benefícios por invalidez (B92) x 0,3 + n° de benefícios por morte (B93) x 0,5 + o n° de benefícios auxílio-acidente (B94) x 0,1) N° médio de vínculos x 1.000 (mil) 2.6.3 Índice de Custo Representa o custo dos benefícios por afastamento cobertos pela Previdência. Para esse índice são computados os valores pagos pela Previdência em rendas mensais de benefícios. No caso do auxílio-doença (B91), o custo é calculado pelo tempo de afastamento, em meses e fração de mês, do trabalhador dentro do Período-base de cálculo do FAP. Nos casos de benefícios por invalidez, parcial ou total (B92 e B94), e morte (B93), os custos são calculados fazendo uma projeção da expectativa de sobrevida a partir da tábua completa de mortalidade construída pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, para toda a população brasileira, considerando-se a média nacional única para ambos os sexos. O cálculo do índice de custo é obtido da seguinte maneira: Índice de custo = valor total de benefícios valor total de remuneração paga pelo estabelecimento aos segurados x 1.000 (mil) Para gerenciar os acidentes do trabalho em empresas foram criados dois indicadores gerenciais que permitem que se possa comparar o desempenho das empresas quanto aos acidentes do trabalho, comparando-se entre si, mesmo empresas de negócios diferentes, quanto comparações ao longo do tempo. O primeiro indicador reflete a quantidade de 31 Capítulo 2 Contexto do Problema acidentes que ocorre nas empresas e é chamado de taxa de frequência, o segundo reflete a gravidade dos acidentes computados e é chamado de taxa de gravidade. 2.7 Acidentes no Setor Elétrico Desde a privatização do setor elétrico, em 1998, pelo menos 49 trabalhadores de firmas terceirizadas morreram em decorrência de acidentes de trabalho, muitos porque a rede elétrica fica ligada durante a execução do serviço. Os dados são da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações (Fittel). Atualmente, todo o serviço de manutenção de redes externas é terceirizado. O auge dos acidentes fatais ocorreu nos últimos três anos, quando algumas operadoras no Brasil tiveram de cumprir o plano de antecipação de metas de expansão e qualidade, para poder operar em outros segmentos. As causas dos acidentes no setor elétrico estão diretamente relacionadas com: Condição ambiente de insegurança (condição ambiente): Condição em que o trabalhador é exposto ou meio que causou o acidente ou contribuiu para a sua ocorrência. Ainda em nota a ABNT menciona que o ambiente é tudo o que se refere ao meio, sendo desde o ar do local de trabalho até instalações, equipamentos, substâncias utilizadas e métodos de trabalho empregados. Além disso, relata que na identificação das causas dos acidentes evitar buscar fatores com causas imediatas, ou seja, restringir as buscar somente nas causas que levaram diretamente à ocorrência do acidente. Fatores complementares de identificação das causas de acidentes devem também ser levados em consideração. Causas diretas: são propiciadas pelo contato direto por falha de isolamento, podendo ser classificadas quanto ao tipo de contato físico. Causas indiretas: Condições Atmosféricas - As descargas atmosféricas causam sérias perturbações nas redes aéreas de transmissão e distribuição de energia elétrica induzindo surtos de tensão de centenas de quilovolts, que podem provocar danos materiais em construções e equipamentos e riscos de acidentes com pessoas e animais. Tensão Estática - A tensão estática surge devido à eletricidade estática originada em um corpo carregado como um capacitor. Na maioria das vezes não provoca efeitos danosos no corpo porque depende da quantidade de energia armazenada no capacitor. No entanto, pode ser extremamente destrutiva com equipamentos e aparelhos eletrônicos. Tensões Induzidas em Linhas de 32 Capítulo 2 Contexto do Problema Transmissão e Distribuição - As tensões induzidas em linhas podem ter origem com acoplamento capacitivo ou com acoplamento eletromagnético. Se dois condutores (ou um condutor e o potencial de terra) estiverem separados por um dielétrico e em potenciais diferentes, surgirá entre eles o efeito capacitivo. Ao aterrarmos uma linha, as correntes devido às tensões capacitivas são drenadas imediatamente. Entretanto, existirão tensões de acoplamento eletromagnético induzidas pelos condutores energizados próximos à linha, que são função da distância entre as linhas, da corrente de carga das linhas energizadas, do comprimento do trecho onde há paralelismo ou cruzamento de linhas bem como da existência ou não de transposição nas linhas. No caso de uma linha aterrada em apenas uma extremidade, a tensão induzida eletromagneticamente terá seu maior valor na extremidade não aterrada, e se ambas as extremidades estiverem aterradas existirá uma corrente fluindo num circuito fechado com a terra. Ao se instalar o aterramento provisório, uma corrente fluirá por seu intermédio diminuindo a diferença de potencial existente e, ao mesmo tempo, “jampeando” a área de trabalho neste ponto, possibilitando maior segurança para os técnicos de manutenção. 2.7.1 Desenvolvimento da energia elétrica A energia elétrica é gerada, transmitida e depois distribuída nas proximidades dos centros de consumo, e tratada nas subestações, com seu nível de tensão rebaixado e sua qualidade controlada, sendo transportada por redes elétricas aéreas ou subterrâneas, constituídas por estruturas (postes, torres, dutos subterrâneos e seus acessórios), cabos elétricos e transformadores para novos rebaixamentos, e finalmente entregue aos clientes. É importante destacar mais detalhadamente esse processo que a energia elétrica passa até chegar aos consumidores. 2.7.1.1 Geração de energia elétrica A geração de energia elétrica é precisamente a transformação de algum tipo de energia em eletricidade. A energia elétrica pode ser gerada de fontes de energia não renováveis (combustíveis fósseis e nucleares) e de fontes renováveis (força da água, dos ventos, sol e biomassa) de energia. No Brasil, onde é grande o número de rios, a opção hidráulica é a mais 33 Capítulo 2 Contexto do Problema utilizada e apenas uma pequena parte é gerada a partir de combustíveis fósseis em usinas termelétricas. Devemos lembrar que os riscos após a fase de processamento da geração (turbinas/geradores) de energia elétrica são similares e comuns a todos os sistemas de produção de energia, e estão presentes em diversas atividades, destacando: Instalação e manutenção de equipamentos e maquinário (turbinas, geradores, transformadores, disjuntores, capacitores, chaves, sistemas de medição); Manutenção das instalações industriais após a geração; Operação de painéis de controle elétrico; Acompanhamento e supervisão dos processos de tubo geração. 2.7.1.2 Transmissão de energia elétrica A transmissão de energia elétrica é a forma de conduzir a eletricidade, através de fios e cabos, de um local para outro e é destinada a transportar a energia elétrica desde a fase de geração até a fase de distribuição. Após ser gerada, a energia elétrica é conduzida por cabos até a subestação rebaixadora, por meio de transformadores. Daí, ela percorre as linhas de distribuição, que podem ser subterrâneas ou aéreas (caso mais comum), até a subestação elevadora, onde outros transformadores elevam o valor da tensão elétrica (voltagem). Assim, nesse nível de tensão, a eletricidade pode percorrer longas distâncias pelas linhas de transmissão, sustentadas por torres, até chegar às proximidades de onde será consumida: as residências (cidades), fábricas, fazendas, comércio, etc. 2.7.1.3 Distribuição de energia elétrica A distribuição de energia elétrica é a parte do setor elétrico que compreende os valores de tensão após a transmissão, indo das subestações de distribuição até a entrega da energia elétrica aos clientes. A distribuição é realizada nas tensões de acordo com cada tipo de cliente e possui diversas etapas de trabalho: o recebimento e medição de energia nas subestações; o rebaixamento ao potencial de distribuição da energia; a construção de redes de distribuição; a construção de estruturas e obras civis; montagens de subestações de distribuição; montagens de transformadores e acessórios em estruturas nas redes de distribuição; manutenção das redes de distribuição aérea; manutenção das redes de distribuição subterrânea; poda de árvores; 34 Capítulo 2 Contexto do Problema montagem de cabinas primárias de transformação; limpeza e desmatamento das faixas de servidão; medição do consumo de energia; operação dos centros de controle e supervisão da distribuição. Na história do setor elétrico, o entendimento dos trabalhos executados em linha viva está associado às atividades realizadas na rede de alta tensão energizada pelos métodos: ao contato, ao potencial e à distancia. São serviços que deverão ser executados por profissionais capacitados especificamente em curso de linha viva. 2.8 Legislação Vigente A primeira iniciativa tomada para melhorar a relação patrão-empregado aconteceu em 1919, quando foi criada a OIT com o objetivo de estabelecer uma sistematização para a política de atendimento às reivindicações dos trabalhadores. Em seguida, apenas em 1943 foi criada a CLT, que visa proteger a Saúde e Segurança do trabalhador. A Constituição da República Federativa do Brasil, Art. 7° foi escrita para assegurar os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social, que trata do seguro contra acidentes de trabalho e da redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. Já o Art. 186 do Novo Código Civil Brasileiro afirma: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Além da lei e do artigo citados anteriores, uma gama de leis existem no Brasil para trazer uma segurança ao trabalhador em casos de acidentes, como seguridade social, planos de benefícios da previdência social e dá outras providências, do auxílio-acidente, dos serviços de saúde do trabalho (que tem atuação preventiva), entre outras. Tudo em prol de uma adequação do empregado aos riscos da empresa para que diminua, ou até mesmo, evitem-se acidentes em local de trabalho. O Código Penal Brasileiro, Art. 129, nos afirma as penas para o caso de Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem, de acordo com o tipo da lesão, contudo podendo ser aumentada a pena, se ocorre qualquer das hipóteses do artigo 121, parágrafo 4° e 5°. No Art. 132, também relata a pena no caso de expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente. 35 Capítulo 2 Contexto do Problema Lei N. 6.367, de 19 de outubro de 1976, Art. 2°, trata a definição de Acidente do trabalho, no Parágrafo 1° equiparam-se ao acidente do trabalho, para os fins desta lei a doença profissional ou do trabalho; doença proveniente de contaminação acidental; se o acidente que, ligado ao trabalho, haja contribuído diretamente para a morte, ou a perda, ou redução da capacidade para o trabalho; se o acidente sofrido pelo empregado no local e no horário do trabalho, ocorreu em consequência de algum ato inseguro como: ato de sabotagem ou de terrorismo praticado por terceiro, ofensa física intencional, ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro, ato de pessoa privada do uso da razão, desabamento, inundação ou incêndio, outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; acidente sofrido pelo empregado ainda que fora do local e horário de trabalho, na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa, na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa, em viagem a serviço da empresa, seja qual for o meio de locomoção utilizado, no percurso da residência para o trabalho ou deste para aquela. 2.8.1 Legislação do Setor Elétrico A primeira norma brasileira que regulamenta o trabalho no setor elétrico foi criada em outubro de 1941, sob o título Norma Brasileira para a Execução de Instalações Elétricas, atualmente conhecida como Norma Brasileira de Instalações de Baixa Tensão (NBR 5410). A mesma passou por várias edições; a última consta de 1997. Esta norma é baseada na norma internacional IEC 60364: Electrical Installations of Buildings. Além desta NBR, existe a Norma Regulamentadora nº 10 do Ministério do Trabalho e Emprego (NR - 10), que trata das Instalações e Serviços em Eletricidade. Sua primeira edição foi publicada em junho de 1978, e a última de dezembro de 2004. E ainda existe a Norma Brasileira de Instalações Elétricas de Média Tensão (NBR 14039), que teve sua primeira edição publicada em 2000, em que a última consta de 2005. 2.8.2 NBR 5410 – Instalação elétrica de baixa tensão Segundo a NBR 5410, uma instalação é considerada de Baixa Tensão quando é alimentada sob uma tensão nominal igual ou inferior a 1 000 V em corrente alternada, com frequências inferiores a 400 Hz, ou a 1 500 V em corrente contínua. Esta norma tem como 36 Capítulo 2 Contexto do Problema objetivo definir as condições que as instalações de baixa tensão devem atender a fim de garantir seu funcionamento adequado, a segurança das pessoas e animais domésticos e a conservação de bens. Aplicando-se às instalações novas e a reformas de instalações existentes (entende-se como “reforma” qualquer ampliação ou modificação de instalação existente), bem como qualquer substituição de componentes que implique alteração de circuito. Por exemplo, instalações de edificação residencial, comercial, pública, industrial, etc. Aplicando-se também a instalações elétricas provisórias, como em eventos, construções, áreas expostas, como externas às edificações, etc. 2.8.3 NR – 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade Esta norma abrange todo tipo de instalação e serviço que envolve eletricidade. A NR 10 têm como objetivo, a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma que garanta a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações e/ou serviços elétricos. Sua principal aplicação ocorre nas fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo também as etapas de projeto, como construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis. 2.8.4 NBR 14039 – Instalação Elétrica de Média Tensão Segundo a NBR 14039, uma instalação é considerada de Média Tensão quando sua tensão nominal é de 1,0 kV a 36,2 kV, à frequência industrial. O objetivo desta norma é garantir a segurança e a continuidade do serviço e se aplica às instalações alimentadas pelas concessionárias de energia elétrica e às alimentadas por fonte própria de energia em média tensão. E também às instalações novas, às reformas em instalações existentes e às instalações de caráter permanente ou temporário. Esta norma abrange as instalações de geração, distribuição e utilização de energia elétrica, sem prejuízo das disposições particulares relativas aos locais e condições especiais 37 Capítulo 2 Contexto do Problema de utilização constantes nas respectivas normas. As instalações especiais tais como marítimas, de tração elétrica, de usinas, pedreiras, luminosas com gases (neônio ou semelhantes), devem obedecer, além desta norma, às normas específicas aplicáveis em cada caso. As prescrições desta norma fazem exigências mínimas que devem obedecer às condições acima citadas para que, se houver deficiências, estas não venham prejudicar e perturbar instalações vizinhas ou causar danos a pessoas e/ou animais e à conservação dos bens e do meio ambiente. A aplicação desta norma não dispensa o respeito aos regulamentos de órgãos públicos aos qual a instalação deva satisfazer. Em particular, no trecho entre o ponto de entrega e a origem da instalação, pode ser necessário, além das prescrições desta norma, o atendimento das normas e/ou padrões da concessionária quanto à conformidade dos valores de graduação (sobre correntes temporizadas e instantâneas fase/neutro) e capacidade de interrupção da potência de curto-circuito. 2.8.5 Legislação do INSS A Lei n. 8212, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre a organização da seguridade social, institui o plano de custeio, e dá outras providências, no Capítulo IV, nos orienta sobre a contribuição da Empresa destinada à seguridade social. O Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá alterar, com base nas estatísticas de acidentes do trabalho, apuradas em inspeção, o enquadramento de empresas para efeito da contribuição, a fim de estimular investimentos em prevenção de acidentes. A Lei n. 8213, de 24 de julho de 1991 dispõe sobre os planos de benefícios da previdência social e da outras providências. Que informa sobre as prestações em geral, inclusive devidas em razão de eventos decorrentes de acidentes do trabalho. Como prestações aos segurados de aposentadorias por idade, invalidez, por tempo de contribuição ou especial, auxílios doença, acidente, salario família, maternidade, para o dependente tem-se a pensão por morte, o auxílio reclusão, os pecúlios, serviço social, reabilitação profissional. O Art. 19 desta Lei diz que Acidente do trabalho é o que ocorreu pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso 38 Capítulo 2 Contexto do Problema VII do Art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do Art. anterior, as seguintes entidades mórbidas: doença profissional, doença do trabalho. Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: O acidente ligado ao trabalho que embora não tenha sido a causa única haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho; acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro, ou companheiro de trabalho; dentre outras; doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade, acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário de trabalho: na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa,em viagem a serviço da empresa, dentre outros casos. Art. 21-A. A perícia médica do INSS considerará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doenças - CID, em conformidade com o que dispuser o regulamento. Art. 22. A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência social até o 1° (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social. Art. 23. Considera-se como dia do acidente no caso de doença profissional, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro. Resolução Ministério da Previdência Social (MPS)/CNPS Nº 1.316/2010, foi baseada na Lei nº 10.666/2003, que possibilitou a redução ou majoração da contribuição, recolhida pelas empresas, destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. A referida Lei, em seu art. 10, prescreve que as alíquotas de 1%, 2% ou 3%, por empresa, poderão variar 39 Capítulo 2 Contexto do Problema entre a metade e o dobro, de acordo com a metodologia aprovada pelo CNPS. Trata-se, portanto, da instituição de um fator, Fator Acidentário de Prevenção- FAP, que é um multiplicador sobre a alíquota de 1%, 2% ou 3% correspondente ao enquadramento da empresa segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE preponderante. Esse multiplicador deve variar em um intervalo fechado contínuo de 0,5 a 2,0. Seu objetivo é incentivar a melhoria das condições de trabalho e da saúde do trabalhador estimulando as empresas a implementarem políticas mais efetivas de saúde e segurança no trabalho para reduzir a acidentalidade. Assim, o FAP, que será recalculado periodicamente, individualizará a alíquota de 1%, 2% ou 3% prevista no Anexo V do Regulamento da Previdência Social-RPS, majorando ou reduzindo o valor da alíquota conforme a quantidade, a gravidade e o custo das ocorrências acidentárias em cada empresa. Portanto, com o FAP, as empresas com mais acidentes e acidentes mais graves em uma sub- CNAE passarão a contribuir com um valor maior, enquanto as empresas com menor acidentalidade terão uma redução no valor de contribuição. Como a FAP é recalculada periodicamente, já existe uma portaria Interministerial, MPS/MF nº 579/2011, com o cálculo da frequência, gravidade e custos, calculados em 2011 com vigência para o ano de 2012, conforme a metodologia aprovada pelo CNPS. Como existem várias leis que asseguram o direito do trabalhador, muitas empresas criam suas normas internas de acordo com a legislação vigente. 2.8.6 Instrução Normativa da Empresa A empresa estudada utiliza uma Instrução Normativa, onde a última versão foi criada em Setembro de 1992, aprovada pelo diretor administrativo da empresa, para auxílio no processamento do acidente do trabalho, cujas definições se igualam as das legislações acima e tem o objetivo de estabelecer critérios e procedimentos para a efetivação do atendimento médico-hospitalar e outros atendimentos especializados ao empregado, vítima de acidente do trabalho. A normativa se divide em seis seções: a seção um - é o objetivo que foi destacado no parágrafo acima; a seção dois - trata os conceitos e o que se considera acidente de trabalho segundo a Consolidação das Leis da Previdência Social – CLPS; na seção três - têm-se o detalhamento dos critérios que a empresa utiliza para regulamentar suas ações para a 40 Capítulo 2 Contexto do Problema Assistência Médica ao Acidentado, para Comunicação do Acidente do Trabalho e para Retorno ao Trabalho; na seção quatro – mostra os procedimentos para o registro do acidente do trabalho, para o atendimento médico/hospitalar e outros atendimentos especializados; na seção cinco – relata as responsabilidades que compete à empresa, no caso de acidente do trabalho envolvendo seus empregados, e a responsabilidade que compete à Divisão de Segurança e Medicina do Trabalho (setor que coordenará o processo de ressarcimento das despesas realizadas junto ao Sistema Unificado de Saúde - SUS, quando for o caso); na seção seis – Segue as disposições finais, nos casos de acidentes fatais (a autoridade policial deverá fornecer uma Declaração do Acidente do Trabalho a ser entregue ao INSS e à Companhia Seguradora da empresa), nos casos de acidentes do trabalho ocorridos no campo (a CIAT e a CAT deverão ser emitidas pela chefia imediata do empregado, a fim de garantir o prazo de comunicação ao INSS), nos casos considerados "Doenças do Trabalho" (considerase como data do acidente a data de sua comunicação a Companhia). Esta Instrução Normativa substitui a edição anterior emitida em 11.11.91 e revoga a NS - 02.07.020, e apesar de ser um instrumento legal elaborado pela empresa, é baseada nas leis pertinentes à Seguridade, Prevenção de Acidentes e toda a legislação que nos orienta sobre Acidentes de Trabalho e tudo que envolve esse assunto. 41 Capítulo 3 Revisão da Literatura 3 REVISÃO DA LITERATURA Na Literatura encontram-se vários trabalhos científicos relacionados ao tema acidente de trabalho, dessa forma, produziu-se nessa etapa uma revisão onde abrange o problema de pesquisa destacado, buscando consolidar os objetivos. Inicialmente trata-se as definições das análises que foram realizadas. 3.1 Estatística descritiva Atualmente a estatística vem crescendo muito em todas as áreas de pesquisa, principalmente pelos métodos computacionais e softwares que surgem cada vez mais aperfeiçoados. Abaixo uma definição clássica para estatística descritiva: “Estatística descritiva refere-se a um conjunto de conceitos e métodos usados na organização, resumo, tabulação, representação e descrição de uma coleta de dados. O objetivo da estatística descritiva é fornecer uma representação dos dados que descrevem em forma numérica, gráfica ou tabular os resultados de pesquisa.” Santo (1992). Segundo Reis (2002) os dados coletados precisam ser analisados para se obter alguma conclusão a respeito deles, principalmente quando são muitos dados e muitas variáveis (características) a serem investigadas. Essa análise desses dados se inicia com a Estatística descritiva que tem como objetivo principal organizar, explorar, resumir e descrever os aspectos importantes de um conjunto de características observadas ou comparar tais características entre dois ou mais conjuntos de dados. A Estatística descritiva utiliza vários tipos de gráficos, tabelas, medidas de dispersão e medidas de tendência central (média, moda, mediana, desvio padrão) como ferramentas. 3.2 Correlação Linear Na análise de correlação que é conhecida também como medida de associação, de interdependência, de intercorrelação ou de relação entre as variáveis, se procura determinar o 42 Capítulo 3 Revisão da Literatura grau de relacionamento entre duas variáveis, ou seja, se procura medir a variabilidade entre elas. Existem várias formas de correlação entre as variáveis, a mais simples é a correlação simples, onde se tem duas variáveis, X e Y, a relação entre elas pode-se dizer linear quando o valor de uma pode ser obtido aproximadamente por meio da equação da reta. Então é possível ajustar uma reta da forma Y = α + βX aos dados. Neste caso, a correlação é linear simples. Porém, quando não for possível o ajuste da equação anterior, não significa que não existe correlação entre elas o que pode ocorrer é correlação não-linear entre as mesmas. Uma forma simples de verificar o tipo de correlação existente entre duas variáveis é através do gráfico chamado “diagrama de dispersão”. Trata-se de um gráfico onde são representados os pares (Xi, Yi), i = 1, 2,..., n, onde n = número total de observações. Os gráficos 1, 2, 3 e 4 representam o “diagrama de dispersão” entre as variáveis X e Y. Outra forma de correlação é a Análise de Correlação Canônica que se analisa a correlação entre dois conjuntos de variáveis quando Xi, i = 1, 2,..., n e Yj , j = 1, 2,..., m sendo n ≤ m utiliza-se essa técnica de Análise Multivariada. Além dessas formas tem a Análise de Correlação Linear Múltipla, que é quando se tem dois conjuntos de variáveis, um com a variável (Y) e o outro com n variáveis (X1, X2,..., Xn), e se quer analisar a correlação entre Y e a variável Xi, i=1,2,3...n. O relacionamento entre Y e X1, X2,..., Xn pode ser expresso pelo hiperplano Y = β0 + β1X1 + +β2 X2 + ... + βnXn, admitindo relação linear entre Y e X1, X2,..., Xn. 3.3 Testes não-paramétricos A estimação de parâmetros e testes de hipóteses na inferência estatística são técnicas paramétricas que em geral objetivam fazer ou avaliar afirmações sobre características populacionais com base em informações extraídas de amostras. Para usá-las, entretanto, temos de fazer certas pressuposições tais como, a aleatoriedade das observações que compõem a amostra, distribuição de probabilidade Normal para a população correspondente da qual se retirou a amostra, a escala de mensuração dos dados serem no mínimo intervalar, entre outras. Há, no entanto, as técnicas estatísticas chamadas métodos não-paramétricos (ou de distribuição livre) que, como o próprio nome indica, são utilizadas principalmente quando não fazemos nenhuma alusão aos parâmetros da população amostrada e quando não se requer 43 Capítulo 3 Revisão da Literatura pressuposição rigorosa sobre a forma da distribuição de probabilidade dessa população. Na maioria das vezes, nessas técnicas, as variáveis envolvidas são apresentadas como postos (ranks) que são números indicando os itens amostrados ordenados, ou como valores discretos classificados em categorias e representados por freqüências. Os níveis de mensuração dessas variáveis são, na maioria das vezes, nominal ou ordinal. 3.3.1 Teste U de Mann-Whitney O teste U de Mann-Whitney (proposto por H. B. Mann e D. R. Whitney, Ann.Math.Stat.,18,1947) é equivalente ao teste da soma de postos de Wilcoxon, razão porque também é conhecido como Teste de Wilcoxon-Mann-Whitney (SIEGEL; CASTELLAN, 2006). É usado na comparação de médias de duas amostras aleatórias e independentes (se foram ou não extraída da mesma população) e, frequentemente é apresentado como uma alternativa eficaz ao test t de Student para duas amostras independentes, quando este não puder ser utilizado. É considerado um dos mais poderosos testes não-paramétricos. As hipóteses estatísticas do teste de Mann-Whitney podem escrever-se: H0= As duas amostras têm distribuições idênticas H1= As duas amostras têm distribuições diferentes A estatística de teste U é calculada como se descreve a seguir: As observações das duas amostras são combinadas numa única variável de tamanho N1 + N2, sendo identificadas as respectivas proveniências. O conjunto de observações assim constituído pela junção das duas amostras é ordenado por ordem crescente, atribuindo o número de ordem 1 à observação menor e o número de ordem N1 + N2 à observação maior. Caso haja “empates” ou “ties”, a cada uma das observações “empatadas” é atribuído o número de ordem médio que essas observações teriam se não estivessem “empatadas”. De seguida, calculam-se as somas dos números de ordem das observações de cada amostra: W1 : soma dos números de ordem das observações da amostra 1; W2 : soma dos números de ordem das observações da amostra 2; Tendo esses valores calculam-se as quantidades: 44 Capítulo 3 Revisão da Literatura A estatística de teste é dada por: A hipótese nula estabelece que as duas amostras têm a mesma distribuição, e se tal acontecer, as médias (e também as medianas) das duas amostras são iguais. 3.3.2 Teste de Kruskal-Wallis A análise da variância de um fator de Kruskall-Wallis por postos é um teste extremamente usado para decidir se K amostras independentes provêm de populações diferentes. O teste de Kruskall-Wallis verifica a hipótese nula H0 de que as K amostras originar-se da mesma população ou de populações semelhantes com a mesma mediana. Então, dada µj a mediana para o j-ésimo grupo ou amostra (SIEGEL; CASTELLAN, 2006). O teste de Kruskall-Wallis trabalha com as diferenças entre os postos médios para determinar se elas são tão discrepantes que, provavelmente, não tenham vindo de amostras que sairam da mesma população. A estatística é definida por: Onde: K = número de amostras ou grupos; nj = número de casos na j-ésima amostra; N = número de casos na amostra combinada (a soma dos nj’s); Rj = soma dos postos na j-ésima amostra ou grupo; = média dos postos na j-ésima amostra ou grupo; = média dos postos na amostra combinada (a grande média). Portanto visto que o teste não é afetado por diferença na variabilidade entre as amostras, a hipótese nula de que não há diferença entre os K grupos comparados é definida também, por alguns autores, como a igualdade da tendência central das populações envolvidas. Temos que as hipóteses são definidas por: 45 Capítulo 3 Revisão da Literatura H : Os K grupos comparados são iguais, ou as K populações são semelhantes em relação a 0 tendência central, ou têm as mediana iguais; H : Nem todos os k grupos comparados são iguais, ou pelo menos um par de grupos tem 1 medianas diferentes. 3.4 Estudos sobre Acidentes de Trabalho Parejo-Moscoso et al. (2012) realizaram um trabalho sobre a taxa acidentes de trabalho na Espanha, na indústria moinho de azeite e verificaram que mesmo na Espanha sendo principal produtora de azeite existem poucos trabalhos relacionados a acidentes. Com isso analisaram os acidentes ocorridos em 90 moinhos de azeite de Andaluisan, dividiram os acidentes em dois grupos: os acidentes com afastamento e os sem afastamentos, a partir daí fizeram uma análise estatística desses dados, explorando os dados através dos relatórios emitidos pelo setor administrativo da empresa, que no caso de acidentes com afastamento obtiveram através dos relatórios de acidentes e no caso dos acidentes sem afastamento havia uma lista de acidentes sem necessidade de licença médica, fornecidas pelo ministério do trabalho. Nas previsões realizadas por Marcoulakiet et. al. (2012), os autores utilizaram modelos analíticos de simulações de Monte Carlo, envolvendo ferramentas Bayesianas, para analisar acidentes de trabalho registrados na base de dados de duas grandes empresas petroquímicas da Grécia. O objetivo foi analisar as perdas de tempo ocorridas devido ao acidente de trabalho em um local de trabalho industrial. Explanaram que toda vez que um trabalhador executa uma atividade relacionada ao trabalho, ele enfrenta um ou mais perigos particulares, sujeitando-se a possibilidade de sofrer um acidente que pode resultar em lesões corporais. Para a sociedade moderna, saúde ocupacional e segurança tem se tornado uma grave preocupação. Para o autor Padoveze (2006), a definição de custos consiste em uma mensuração econômico-monetária dos recursos da empresa como produtos, serviços, direitos de trabalho adquiridos para venda de seus produtos e serviços. Porém, pode-se confundir custo com outros gastos e despesas. As despesas de salários e de encargos sociais relacionados ao custo do pessoal de fábrica se referem ao termo mão de obra industrial. No que diz respeito aos encargos sociais, o autor argumenta que são classificados em dois tipos: os exigidos por lei INSS, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), décimo terceiro salário, férias e os 46 Capítulo 3 Revisão da Literatura assumidos pela empresa (assistência médica, gastos com recreação, etc.). E que custo direto e indireto são critérios para classificar o custo em relação ao produto ou serviço que está produzindo e/ou fornecendo. De acordo com o mesmo autor, a contabilidade de custos se faz necessária por dois motivos: para utilização gerencial e para responder a fins legais e fiscais. O autor apresenta ainda conceitos gerais que compreendem a mensuração do custo de mão de obra. Conforme Aaltonen et. al. (1996) dizem, a identificação da consequência do acidente é muito importante para o cálculo do custo. Dentre as consequências apontadas, os autores citam a redução de produtividade, incapacidade temporária, perda de produção futura, tratamento médico e perda da produtividade da empresa. No entanto, reconhecem que o cálculo deste custo não é facilmente estimado e pode compreender várias fases para a sua obtenção. E como consequências, Aaltonen et. al. (1996) argumentam que não devem ser consideradas apenas as individuais (redução pessoal, de parentes e amigos), mas, também as consequências da empresa (perda de hora trabalhada, de ativo fixo, de ativo corrente, e de receita) e as econômicas (perda de produção futura, de produtividade da empresa, serviços de saúde, segurança, inspeção, etc). Winslow (1951) apreciou o problema do custo elevado e crescente dos vários serviços de saúde, particularmente da assistência médica, e discutiu o problema da necessidade do planejamento das atividades de saúde e do estabelecimento de prioridades para os gastos no setor. Deu ainda força a uma corrente de opinião, segundo a qual são sempre positivos os efeitos econômicos dos gastos em acidentes de trabalho. Estes efeitos positivos são vistos de forma diversa através do aumento da produtividade do trabalhador como resultado do seu melhor nível de saúde e maior vigor; extensão das áreas abertas ao povoamento e à agricultura, ou a outra atividade econômica, como resultado dos programas de saneamento básico e do controle de enfermidades como a malária. Este conhecimento não implica de nenhuma forma, desconhecer os custos não econômicos da doença ou da morte, aqueles que mais de perto preocupam a profissão médica. A dor, a angústia, o sofrimento, os quais não têm preço, representam do ponto de vista ético, uma categoria de bens aos quais os economistas, também conscientes do seu valor, referem-se como os "custos intangíveis" da enfermidade, querendo com isso significar que os mesmos não são passíveis de expressão em termos monetários. Santana (2006) diz que os custos dos acidentes de trabalho são raramente contabilizados, mesmo em países com importantes avanços no campo da prevenção. Os 47 Capítulo 3 Revisão da Literatura acidentes de trabalho podem ser evitados e causam um grande impacto sobre a produtividade e a economia, além de grande sofrimento para a sociedade. Assim, como perspectivas para a estimativa de custos de acidentes de trabalho, sugerem-se pesquisas com dados primários, de base populacional, incorporando as despesas institucionais previdenciárias, bem como os custos médicos, das empresas, dos trabalhadores e seus familiares. Em que pesem suas limitações, o estudo de Santana, 2006 traz uma contribuição inédita sobre os custos dos acidentes de trabalho. Espera-se que seja difundido entre gestores e formuladores de políticas de proteção aos trabalhadores, e entre empresas e empresários, sob os quais ainda permanece grande responsabilidade sobre a segurança dos trabalhadores. Esses estudos incidem sobre os custos para a sociedade em geral, incluindo empresas comerciais. E lógico que, como acidentes acontecem nas empresas, esses custos não seriam criados e desses acidentes poderia ser evitada. Segundo a FunCOGE em 2011 foram registrados 61 acidentes fatais de trabalhadores de contratadas e 18 de empresas no setor elétrico brasileiro, observa-se que a quantidade de acidentes fatais, de modo geral, por ano está aumentado, pois em 2010 foram 72 acidentes em contratadas e 7 em empresas no setor elétrico, por conta disto, há a necessidade de alertar, sobre a importância, e investir em prevenção de acidentes neste setor. De acordo com o relatório anual dos acidentes no setor elétrico brasileiro, emitido pela FunCOGE mostra na Figura 3.1 que 56% dos acidentes no Brasil do setor elétrico geraram afastamento para empregados próprios. Tipo do acidente 44% 56% Sem afastamento Com afastamento Figura 3.1: Acidentes com afastamento no setor elétrico Brasileiro 48 Capítulo 3 Revisão da Literatura Pode-se perceber na Figura 3.2 que o setor elétrico brasileiro gera mais acidentes de trabalho que no país como um todo. Figura 3.2: Número de acidentetados no setor elétrico e no Brasil Para as causas dos acidentes no Setor Elétrico Brasileiro foram citados gráficos de barras como podem ser observados nas Figuras 3.3, 3.4, 3.5. Nota-se que o fator inexistente tem maior predominância nas três causas. Figura 3.3: Gráfico de barras para as causas do acidentes no Setor Elétrico Brasileiro - Fator Pessoal Insegurança. 49 Capítulo 3 Revisão da Literatura Figura 3.4: Gráfico de barras para as causas do acidentes no Setor Elétrico Brasileiro - Ato Inseguro. Figura 3.5: Gráfico de barras para as causas do acidentes no Setor Elétrico Brasileiro – Condição Ambiente de Insegurança. 50 Capítulo 4 Resultados 4 RESULTADOS Na busca de avaliar os acidentes de trabalho da empresa no setor elétrico foi realizada uma análise dos dados disponíveis no sistema interno da mesma, através do preenchimento da RIAAT, para expor os resultados obtidos. Tais informações foram compiladas em planilhas eletrônicas de dados (Microsoft Excel® 2007. Redmond, WA, EUA). Na qual, cada linha corresponde a um funcionário acidentado e as informações do acidente. Os cálculos foram realizados com o auxílio do software estatístico R. 4.1 Análise exploratória dos dados A análise descritiva foi realizada calculando as estatísticas dos acidentes, através das variáveis encontradas nessas RIAAT’s, a qual se construiu o banco de dados e são classificadas abaixo: Variáveis qualitativas Regional =>onde se encontram as filiais da empresa, que são: A, B, C, D, E, F. Diretoria => diretoria cujo funcionário acidentado trabalha, sendo: Administrativa, Operação, Engenharia e Construção, Presidência, Econômica Financeiro. Sexo; Jornada de trabalho => é o tipo da jornada de trabalho do empregando sendo Normal: horário comercial ou Turno: horário distribuído por escala; Se o funcionário foi treinado em segurança do trabalho; Se o acidente foi com afastamento; Se foi acidente de trajeto; Se o acidente foi na função => Se o funcionário no momento que se acidentou estava exercendo sua função; Se o acidente foi em outras funções =>Se o funcionário no momento que se acidentou estava exercendo outras funções; Se teve instrução específica para a atividade; Se tinha experiência anterior na atividade em que se acidentou; 51 Capítulo 4 Resultados Se trabalhava com EPI ou não (caso a resposta seja negativa informar o porquê) => se no momento do acidente o funcionário utilizava o equipamento de proteção individual; Se o EPI era adequado; Se as condições inseguras foram detectadas antes do acidente; Tipos de atendimento / incapacidade do acidentado => Classificação da incapacidade do funcionário, se foi Temporária (parcial ou total), Permanente (parcial ou total), ou Morte; Variáveis quantitativas Hora do acidente; Percentuais dos encargos sociais Remuneração mensal do acidentado Custo mensal do acidentado => valor calculado através da multiplicação da remuneração do funcionário pelos encargos sociais (1,566); Custo correspondente ao período de afastamento (tempo) => calculado pela multiplicação de dias computados pelo custo mensal do acidente; Custo de reparos e reposições (material) => Soma dos custos com despesas com aquisição de material / equipamento danificado, mais despesas com reparo de material / equipamento danificado; Custo complementares (material e serviços) => despesas com primeiros socorros, deslocamento/remoção do acidentado, atendimento médico imediato ao acidentado (serviços médicos + medicam.), despesas com tempo despendido pelos empregados no socorro do acidentado, despesas com assistência médica, social e psicológica, outros custos; Indenizações recebidas pela empresa => indenizações pagas por seguradoras mais indenizações pagas por terceiros; Custo total => calculado pela soma de todos os outros custos excluindo as indenizações recebidas pela empresa; Custo médio acidentado => valor calculado através da multiplicação da remuneração do funcionário pelos encargos sociais (1,566), dividido por 30 que é a quantidade de dias no mês e multiplicado pela quantidade de dias perdidos; Tempo entre acidentes => tempo decorrido entre acidentes sucessivos na empresa; Dias perdidos/ Dias de afastamento => quantidade de dias que o funcionário passou afastado; 52 Capítulo 4 Resultados Dias debitados => quantidade de dias que se debitam, por incapacidade permanente ou morte, para o cálculo do tempo computado; Dias computados => calculado através da soma dos dias debitados pelos dias perdidos. Para a variável dias perdidos foram desconsiderados os valores iguais a zero presente na massa de dados, pois significa que não houve afastamento, a partir daí calculou-se a média, o desvio padrão, os quartis e a mediana dessa variável. A Tabela 4.1 mostra que os acidentes acarretam aproximadamente em 22 dias de trabalhos perdidos. Levando em consideração o tempo entre acidentes consecutivos percebe-se que a diferença de dias entre acidentes é aproximadamente 4 dias. Foram calculadas as mesmas medidas de dispersão para as variáveis “Custo mensal acidentado”, “custo correspondente ao período de afastamento”, “custo de reparos e reposições (material)”, “custo complementares (material ou serviços)”, “Indenizações recebidas pela empresa”, “custo total (todos os outros -Indenizações recebidas pela empresa)” e “custo médio do acidentado”, porém os valores do primeiro quartil ao terceiro quartil da maioria dessas variáveis foi zero, além disso, na base de dados existe uma grande quantidade de células vazias (sem preenchimento), o que pode levar ao questionamento da credibilidade destas informações. As variáveis, dias debitados e dias computados, foram retiradas das análises por existirem dois campos semelhantes nas RIAAT’s referentes a essas informações e em alguns casos informavam valores diferentes para a mesma variável. Tabela 4.1: Análise descritiva das variáveis quantitativas Variável Idade Dias Perdidos Rem. mensal Tempo entre acid. Perc. encar. soc. Custo mensal acid. Custo per. afast. Custo repar.repos. Custos comp. Inden. recebidas Custo total Custo médio acid. Tempo entre acid. Média± Desvio 47,62±9,82 21,57±37,34 2964,0±2318,72 3,50±4,75 4,54±25,15 1754±2864,26 1899 ±25714,29 507,3±5480,69 113,5±881,83 0±0 1537±21185,28 532,80± 2265,17 3,50±4,75 1º quartil 41,83 4 1666,00 1 0,57 0 0 0 0 0 0 0 1 Mediana 49,90 9 2222,00 2 0,57 0 0 0 0 0 0 0 2 3º quartil 54,55 15 3339,00 5 0,57 2880 0 0 0 0 0 0 5 Amostra 804 430 335 804 40 335 355 356 356 351 538 804 804 Pela Tabela 4.2 percebe-se que a maioria dos acidentes ocasionou afastamento, os acidentados tinham recebido treinamento técnico para a função, tinham sidos treinados em Segurança do Trabalho, tinha experiência anterior na atividade em que se acidentou, 53 Capítulo 4 Resultados trabalhava com EPI e as condições de insegurança não foram detectadas antes do acidente. As variáveis que detectam se o acidente foi na função, se o acidente foi em outra função, se recebeu treinamento técnico para a função, em segurança do trabalho, se tinha experiência na atividade que se acidentou, se o EPI era adequado e se as condições de insegurança foram detectadas antes do acidente, tiveram um índice de não preenchimento muito alto podendo ter influenciado nestas conclusões. Havia 750 acidentes com a variável trabalhava com EPI preenchidas, porém os que responderam que não usaram EPI porque não eram necessários, foram retirados da amostra. Tabela 4.2: Porcentagem das variáveis dicotômicas (Sim e Não) Variável período 2005 á 2012 Afastamento Acidente na função Acidente em outras funções Acidente de Trajeto Recebeu Treinamento técnico para a função Foi treinado em Segurança do Trabalho Houve instrução específica para a atividade Tinha exp. anterior na ativ. se acidentou Trabalhava com EPI O EPI era Adequado Condições inseguras detec. antes do acidente Sim (%) 54,53 41,49 12,15 23,02 83,89 83,42 61,05 92,02 74,01 80,20 28,89 Não (%) 45,47 58,51 87,85 76,98 16,11 16,58 38,95 7,98 25,99 19,80 71,11 Amostra 779 641 642 795 565 609 611 626 554 399 585 Pela Tabela 4.3 percebe-se que, em média, a sede B é a regional que tem os acidentados mais velhos, maior quantidade de “custo de afastamento” e “custo total”. A regional C foi a que obteve, em média, entre os acidentados, maior “remuneração mensal” e “dias perdidos”. F foi a regional que obteve maior “custo mensal” com os acidentes. A regional A obteve em média, o segundo maior número de “dias perdidos”. Tabela 4.3: Médias e desvios padrão das variáveis quantitativas por Regional Idade Dias Perdidos Rem. mensal Custo Mensal acid. Custo afastamento Custo Total Idade Dias Perdidos Rem. mensal Custo Mensal acid. Custo afastamento Custo Total A 44,10 ± 10,7 23,09±39,99 1636,08 ± 650,14 2562,16 ± 1018,13 645,41 ± 1340,92 1446,38 ± 6241,44 D 47,51 ± 8,32 16,13±33,83 3144,15 ± 2098,1 1888,63 ± 3188,10 832,2 ± 4394,97 514,59 ± 3492,44 54 B 49,5 ± 8,7 16,85±34,567 1834,55 ± 812,71 1643,16 ± 1394,40 9603,20±64968,06 6308,71±52602,24 E 48,75 ± 8,95 13,30±22,11 2095,42±1155,93 260,39 ± 938,85 86,8 ± 312,95 59,39 ± 258,86 C 48,2 ± 9,95 29,05±40,76 3495,55 ± 2270,51 909,6 ± 2003,77 353,52 ± 2515,88 536,39 ± 5019,85 F 44,87 ± 11,54 15,43±17,63 3299,55 ± 3594,20 4347,51 ± 4769,02 424,42 ± 2146,26 672,94 ± 2676,21 Capítulo 4 Resultados A maior parte dos acidentes ocorreram no período de 06hs:01 às 18hs:00 sendo aproximadamente 92,28% dos casos, correspondendo ao período da jornada de trabalho normal da grande maioria dos funcionários (92%). Sabendo disso, foi feita uma análise dividindo a amostra de acordo com o funcionário acidentado trabalhar no horário normal (740) ou de turno (64). A Figura 4.1 mostra que o horário que os acidentes ocorrem com maior frequência das 09h01 às 12h00. Além disso, existem outros acidentes fora da escala normal de trabalho que são os horários de 0h00 às 6h00 e de 18h00 às 00h00, geralmente são acidentes de trajeto ocorridos quando o funcionário está fora do horário e do local de trabalho. 250 00:01 as 03:00 03:01 as 06:00 06:01 as 09:00 09:01 as 12:00 12:01 as 15:00 15:01 as 18:00 18:01 as 21:00 21:01 as 00:00 Frequência 200 150 100 50 0 00:01 03:01 06:01 09:01 12:01 15:01 18:01 21:01 as as as as as as as as 03:00 06:00 09:00 12:00 15:00 18:00 21:00 00:00 Horários dos acidentes Figura 4.1: Horário de ocorrência dos acidentes para funcionários com jornada de trabalho normal. Na Figura 4.2 é possível observar que a maioria dos funcionários que estava trabalhando no horário turno acidentou-se no período das 6h01 às 9h00, enquanto a menor quantidade de acidentes ocorreu das 0h01 às 3h00. Portanto, o horário dos acidentes para estes trabalhadores tende a ser mais cedo do que para os que trabalham em jornada normal. 55 Resultados Frequência Capítulo 4 00:01 as 03:00 03:01 as 06:00 06:01 as 09:00 09:01 as 12:00 12:01 as 15:00 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 00:01 03:01 06:01 09:01 12:01 15:01 18:01 21:01 as as as as as as as as 03:00 06:00 09:00 12:00 15:00 18:00 21:00 00:00 Hora do acidente Figura 4.2: Horário de ocorrência dos acidentes para funcionários com jornada de trabalho turno. De acordo com a Figura 4.3 cerca 92% dos funcionários acidentados possuem a Jornada de Trabalho Normal que são 8 hs diárias num total de 40 horas semanais. Jornada de Trabalho 7% Normal Turno 93% Figura 4.3:Jornada de Trabalho dos funcionários acidentados Com relação aos 740 acidentes dos funcionários que trabalham no horário normal, percebe-se através da Figura 4.4 que mesmo trabalhando regularmente em dias úteis, alguns funcionários se acidentam nos dias que não correspondem a sua jornada habitual de trabalho. 56 Capítulo 4 Resultados 180 160 140 segunda 120 terça 100 quarta 80 quinta 60 40 sexta 20 sábado 0 domingo Figura 4.4:Frequência dos dias da semana que ocorreram acidentes com os funcionários da jornada de trabalho normal. Conforme a Figura 4.5 foi possível observar que a maioria dos acidentes com os funcionários da jornada de trabalho turno ocorreram nas quartas e sextas-feiras. segunda 12 terça 10 quarta Frequência 14 8 quinta 6 sexta sábado 4 domingo 2 0 segunda terça quarta quinta sexta sábado domingo Dia da semana Figura 4.5: Frequência dos dias da semana que ocorreram acidentes com os funcionários da jornada de trabalho turno. Dividindo a variável “idade” por classes e fazendo uma comparação entre as idades dos funcionários com a idade dos acidentados percebe-se que a idade dos funcionários da empresa varia de 20 a 83 anos e tem uma média é 51 anos com desvio padrão igual a 10,9. É interessante observar que se trata de uma distribuição bimodal, com uma parte da população com idades entre 24 e 45 anos e outra maior que 45 anos. Já as idades dos acidentados variam aproximadamente entre 20 e 81 anos com uma média de 48 anos, mediana de 50 anos e 57 Capítulo 4 Resultados desvio padrão igual a 9,82. O que mantem o padrão para as idades dos funcionários da empresa, cuja média mostrada anteriormente tem a diferença de apenas 3 anos da média dos acidentados. 2500 Frequência 2000 1500 Funcionarios 1000 Acidentados 500 0 Até 30 31 até 40 41 até 50 51 até 60 61 até 70 Acima de anos anos anos anos anos 70 anos Idade Figura 4.6: Gráfico de barras comparando as idades de todos os funcionários e dos acidentados da empresa. De acordo com a Tabela 4.4 a regional C possui o maior número de funcionários registrados, o que pode influenciar na quantidade de acidentes e nos dias perdidos ocorridos na mesma, seguido da regional B que possui a segunda maior quantidade de dias perdidos (2150) e foi a terceira que ocorreu mais acidentes (130). Observe também que, proporcionalmente ao número de funcionários, a regional D possui uma maior quantidade de acidentes, porém estes não acarretam tantos dias perdidos, quanto às outras duas regionais. Tabela 4.4: Dados por Regional da empresa. Regional A B C D E F Total Funcionários 374 (6,52%) 1148 (20%) 2903 (50,58%) 662 (11,54%) 294 (5,12%) 358 (6,24%) 5739 Nº de Acidentes (%) 60 (7,4%) 130 (16,16%) 355 (44,15%) 139 (17,29%) 27 (3,35%) 93 (11,56%) 804 Dias perdidos 439 (4,78%) 2150 (23,43%) 4702 (51,25%) 1183 (12,89%) 216 (2,35%) 484 (5,27%) 9174 De acordo com a Tabela 4.5 o setor de operação é o que possui uma quantidade maior de funcionários que as outras diretorias, o que torna o mesmo o setor que possui a maior quantidade de acidentes ocorridos no período em estudo. 58 Capítulo 4 Resultados Tabela 4.5: Quantidade de acidentes por diretoria X quantidade de funcionários Diretoria Presidência Administrativa Econômica-Financeira Engenharia e Construção Operação Outra Total Quantidade de acidentes e proporção 11 (1,37%) 154 (19,15%) 27 (3,36%) 76 (9,45%) 533 (66,29%) 3 (0,37%) 804 (100%) Funcionários por diretoria e proporção 143 (2,49%) 1172 (20,42%) 215 (3,82%) 892 (15,5%) 3144 (54,8%) 169 (2,94) 5739 (100%) No período estudado o ano que ocorreu mais acidentes foi 2008 com 146 acidentes, para toda a empresa, distribuidos por todas as regionais conforme mosta a Figura 4.7. Um dos fatores que pode ter ocasionado essa queda foi a implementação de uma nota de classificação de acidentes de trabalho pela Eletrobrás, onde se filtrou a definição de acidentes: “Ressalta-se que não são caracterizadas como acidentes do trabalho as ocorrências em desenvolvimento concedido como benefício ao empregado. Equipara-se ao acidente de trabalho o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido causa única, haja contribuído diretamente para a morte do empregado ou para a redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, que exija atenção médica para a sua recuperação”. Antes dessa nota de classificação, existiam muitos casos ambulatoriais que eram considerados acidentes, onde se emitiam CATs para qualquer tipo de acontecimento na empresa. Após essa definição, criada em Dezembro de 2009, foi implementado esse novo formato, onde os funcionários que sofriam qualquer tipo de acidente ou incidente deveriam passar pelo médico da empresa e a partir do seu parecer é que se classifica um acidente. Outro fator para essa redução seria o FAP (Fator Acidentário Previdenciário) que é um multiplicador sobre a alíquota de 1%, 2% ou 3% correspondente ao enquadramento da empresa na classe do Código Nacional da Atividade Econômica - CNAE, nos termos do Anexo V do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999 que foi reformulado em 2010. Esse multiplicador deve flutuar em um intervalo fechado contínuo de 0,5 a 2,0, considerando gravidade, frequência e custo, por definição legal, e a sua estimativa é uma importante tarefa que se propõe aqui definir, bem como os correspondentes parâmetros. 59 Capítulo 4 Resultados Frequência Total de acidentes 160 140 120 100 80 60 40 20 0 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2011 2012 Ano Figura 4.7: Total de acidentes ocorridos no ano Dividindo a Figura 4.7 por Regional e por Diretoria tem-se a Figura 4.8 e a Figura 4.9 que mostra que ocorreram mais acidentes na regional C do que as outras regionais, com um grande pico em 2009 e tendo uma grande queda em 2010, passando de 61 acidentes para 22. A segunda maior foi a regional B e C, que em 2008 tiveram 33 e 31 acidentes respectivamente e também tiveram uma queda no ano de 2010, passando para 10 e 7 acidentes por ano. 70 60 A 50 Frequência B 40 C 30 D 20 E 10 F 0 2005 2006 2007 2008 2009 Ano 2010 2011 2012 Figura 4.8: Quantidade de acidentes por Regional X por ano 60 Capítulo 4 Resultados Já na Figura 4.9 os acidentes ocorrem quase na totalidade no setor de operações, seguindo por administrativa e depois econômica financeira, destacando que em 2008 foram 102 acidentes ocorrido no setor de operações. 120 Administrativa Frequência 100 60 Econômica Financeira Engenharia e construção Operação 40 Presidência 20 Outra 80 0 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Ano Figura 4.9: Quantidade de acidentes por Diretoria X por ano A frequência dos acidentados da empresa no setor elétrico teve um declínio de 2008 a 2012 de 4,58 para 2,28, porém em 2012 houve um aumento para 3,27, de acordo com a Figura 4.10. Essa queda de acidentes a partir do ano de 2010 se deu pelo novo formato de definição de acidentes que foi relatado acima e também novas campanhas de incentivo a redução de acidentes, proporcionando aos funcionários cursos pagos pela empresa sobre as principais NRs que ajudam na prevenção dos acidentes. 6 2005 5 2006 4 2007 3 2008 2009 2 2010 1 2011 0 2012 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Figura 4.10: Taxa de Frequência dos acidentes 61 Capítulo 4 Resultados Como a Figura 4.11 mostra que a taxa de gravidade dos acidentados da empresa do setor elétrico teve um aumento significativo em 2005 e em 2012, o que elevou essas taxas foram as mortes que ocorreram no ano de 2005 e no ano de 2012. 800 700 2005 600 2006 500 2007 400 2008 300 2009 200 2010 100 2011 0 2012 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Figura 4.11:Taxa de gravidade dos acidentes A EUROSTAT (Comissão Estatística Europeia) classifica a gravidade do acidente de acordo com a quantidade de dias de trabalho perdido. Mas, em posse da base de dados foi decidido classificar de acordo com a variável “classificação do acidente”, presente no RIAAT, por causa da quantidade e da qualidade da informação. Através desta classificação, a seguinte pirâmide foi elaborada. Pela Figura 4.12 percebe-se que os acidentes na empresa fogem do padrão, a quantidade de acidentes que ocasionam lesão e afastamento é maior do que os que ocasionam danos materiais e lesão sem afastamento. 62 Capítulo 4 Resultados Figura 4.12: Gravidade do Acidente pela Classificação utilizada na RIAAT. De acordo com a Figura 4.13 cerca de 79% do tempo entre acidentes consecutivos ocorre entre 0-5 dias, em média a cada 3 dias ocorre um acidente na empresa. 700 600 0--5 Frequência 500 06--10 400 11--15 300 16--20 200 21--30 100 31--50 0 0--5 06--10 11--15 16--20 21--30 31--50 Tempo entre acidentes Figura 4.13: Frequência do tempo entre acidentes Lembrando que a Incapacidade Temporária são os acidentados que ficaram temporariamente incapacitados de exercer suas atividades em função do acidente ou de doença do trabalho. No caso estudado cerca de 70% dos casos houve Incapacidade Temporária, como mostra a Tabela 4.6. 63 Capítulo 4 Resultados Tabela 4.6: Classificação da incapacidade do acidentado Incapacidade do Acidentado Morte Incapacidade Permanente Parcial Incapacidade Permanente Total Incapacidade Temporária Total Incapacidade Temporária Parcial Sem Classificação Total geral Quantidades 6 34 1 246 322 195 804 Proporção 0,75% 4,23% 0,12% 30,60% 40,05% 24,25% 100% Conforme Figura 4.14 percebe-se que a maior parte dos funcionários acidentados são do sexo masculino, equivalente a 71%. Além disso foi calculado a proporção do sexo dos acidentados e verificou-se que 13% dos homens e 21% das mulheres da empresa se acidentaram na empresa. 29% Masculino Feminino 71% Figura 4.14: Sexo dos funcionários com acidente registrado Na Figura 4.15 observa-se que cerca de 76%, ou seja 612 acidentes, não são acidentes de trajeto, podendo ser acidente típico ou doença ocupacional. 64 Capítulo 4 Resultados 1% 23% Acidente típico Acidente de trajeto Doença do trabalho 76% Figura 4.15: Tipo do acidente de trajeto, típico ou doença ocupacional. Cerca de 54% dos funcionários tiveram acidente com afastamento de acordo com a Figura 4.16. 46% Sem afastamento Com afastamento 54% Figura 4.16:Acidente com/sem afastamento. De acordo com a Figura 4.17 foram calculadas as médias anuais da quantidade de funcionários terceirizados da empresa, onde no período de 2006 a 2012 variam entre 44 a 125 funcionários, e a maior quantidade foi no ano de 2006. 65 Capítulo 4 Resultados 140 Frequência média 120 2006 100 2007 80 2008 60 2009 40 2010 20 2011 0 2012 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Ano Figura 4.17: Quantidade média de funcionários terceirizados na empresa por ano. O controle dos acidentes com funcionários terceirizados são feitos pela própria empresa contratada, que nem sempre informava a empresa contratante quando ocorriam, já que não era exigido nem utilizado como critério de punição. A partir de 2011 passaram a necessitar dessa informação e começaram a solicitar para essas empresas o envio desses dados para serem repassados para alguns órgãos como a Funcoge, a ANEEL, a Eletrobrás e outras, que precisam desses valores para cálculos estatísticos. E caso não cumpra essa exigência o administrador do contrato pode bloquear a fatura e gerar multas se não informarem a empresa que contratou os acidentes ocorridos. De acordo com a Figura 4.18, foi no ano de 2006 que ocorreu a maior quantidade de acidentes com funcionários terceirizados, tendo ocorrido 9 acidentes. 10 Frequência de acidentes 9 8 7 2006 6 2007 5 2008 4 3 2009 2 2010 1 2011 0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Ano Figura 4.18: Quantidade de acidentes de funcionários terceirizado. 66 Capítulo 4 Resultados De acordo com a Figura 4.19, a maior parte dos funcionários acidentados são dos cargos Assistente Técnico (34%) e Auxiliar Técnico (30%). 1-ADMINISTRADOR 2-ASSIST. TEC 3-AUX. TECNICO 4-ENGENHEIRO 5-TEC NIV. UNI 6-ANALISTA SISTEMA 7-ADVOGADO 8-CONTADOR 9-ECONOMISTA 10-JOVEM APRENDIZ 11-PROF NV FUNDAMEN I 12-PROF NV MD OPER II 13-PROF NV MD SUP I 14-PROF NV SUPERIOR I Cargo 14-… 13-… 12-… 11-… 10-… 9-… 8-… 7-… 6-… 5-… 4-… 3-… 2-… 1-… 0 100 200 300 Frequência Figura 4.19: Cargo dos funcionários acidentados Subdividindo os cargos dos funcionários da empresa em 4 níveis (fundamental, médio, técnico e superior) tem-se as análises das figuras abaixo. Na Figura 4.20, verifica-se que o tipo do acidente que ocorre com maior frequência é o típico, predominando para os profissionais de nível técnico, com a frequência de 411 acidentes. 450 Frequência 400 350 Acidente típico 300 Acidente de trajeto 250 200 150 100 50 0 Prof nivel fundamental Prof nivel Técnico Superior medio Cargo por nível Figura 4.20: Quantidade de acidentes por Cargo do funcionário X Tipo do acidente 67 Capítulo 4 Resultados No nível técnico, os acidentes com afastamento são os que possuem a maior frequência, como mostra a Figura 4.21. Pode-se observar que a proporção de acidentes com afastamento decresce com o grau de instrução. 350 300 Sem afastamento Frequência 250 Com afastamento 200 150 100 50 0 Prof nível fundamental Prof nível Técnico médio Cargo por nível Superior Figura 4.21 Quantidade de acidentes por Cargo do funcionário X Acidente com/sem afastamento Na Figura 4.22, pode-se ver que a maior parte dos acidentados são do sexo masculino, sendo a maior frequência no nível técnico – 406 acidentes. 450 400 350 Frequência 300 250 200 Feminino 150 Masculino 100 50 0 Prof nivel fundamental Prof nivel medio Técnico Superior Cargo por nível Figura 4.22: Quantidade de acidentes por Cargo do funcionário X Sexo A Figura 4.23 mostra a quantidade de trabalhadores acidentados que tem jornada de trabalho normal e de turno divididos por grau de instrução. A maior frequência ocorreu foi acidentes com técnicos de jornada normal, sendo um total de 472 acidentes deste tipo. 68 Resultados Frequência Capítulo 4 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 Normal Turno Prof nível fundamental Prof nível Técnico médio Cargo por nível Superior Figura 4.23: Quantidade de acidentes por Cargo do funcionário X Jornada de trabalho A Figura 4.24 mostra a área em que o funcionário acidentado trabalha dividida pelo grau de instrução do mesmo. A maioria dos acidentes ocorreu entre técnicos da área de geração/transmissão. 350 Construção Frequência por área 300 Distribuição 250 Geração/ Transmissão Outros 200 150 100 50 0 Prof nível fundamental Prof nível Técnico Superior médio Cargo por nível Figura 4.24: Quantidade de acidentes por Cargo do funcionário X Área Como mostra a Figura 4.25, é na diretoria de operação que ocorre a maior frequência de acidentes independente do grau de instrução. A maior freqüência ocorreu foi para técnicos da diretoria de operações (380). 69 Capítulo 4 Resultados Administrativ a Econômicafinanceira Engenharia Frequência por diretoria 400 350 300 250 Operação 200 150 Presidência 100 50 0 Prof nível fundamental Prof nível Técnico médio Cargo por nível Superior Figura 4.25: Quantidade de acidentes por Cargo do funcionário X Diretoria Para as causas dos acidentes foram construídos gráficos de barras como podem ser observados nas Figura 4.26, Figura 4.27,Figura 4.28. Nota-se que o fator inexistente, NIC (não identificado ou não classificado) tem maior predominância nas três figuras, seguindo a mesma linha das causas no Setor Elétrico Brasileiro, mostrado no capítulo 3 nas Figura 3.3, Figura 3.4, Figura 3.5. Figura 4.26: Gráfico de barras para as causas do acidente - Fator Pessoal Insegurança. 70 Capítulo 4 Resultados Figura 4.27: Gráfico de barras para as causas do acidente - Ato inseguro Figura 4.28: Gráfico de barras para as causas do acidente - Condição Ambiental de Insegurança. 4.2 Análise da quantidade de “dias perdidos” A NBR 14280 aborda os “dias perdidos” como consequência dos acidentes de trabalho, descrevendo-os como os dias que o funcionário se afastou da empresa em virtude de lesão pessoal, esse afastamento gera custos para a empresa devido a substituição do funcionário ou 71 Capítulo 4 Resultados sobrecarga de outro funcionário exercendo as duas funções, diminui a produtividade devido a ausência do mesmo e interfere nas condições de trabalho da equipe, por isso a necessidade de se estudar essa variável. Os resultados do estudo da variável mostraram que 430 funcionários da população de 804 obtiveram afastamento, ocasionando dias perdidos, ou seja, 53,5% dos acidentados. Os dados apresentados na Figura 4.29 mostram a grande assimetria da distribuição e que possui muitos outliers2, sendo o valor mínimo de 1 e o máximo 261 dias perdidos3, cuja média obtida foi de aproximadamente 22 dias perdidos e o desvio padrão 37,338, com um intervalo de confiança de [18,03; 25,11] com 95% de confiança. O coeficiente de variação acima de 100% revela uma grande dispersão e uma significativa assimetria positiva. Figura 4.29: Histograma dos dias perdidos no período em estudo. Para melhor ilustração, a Figura 4.31 mostra um gráfico Box-plot da variável “dias perdidos”, expondo a sua grande assimetria. 2 Outliers: são observações que apresentam um grande afastamento das demais da série ou são inconsistentes com elas, são pontos com comportamento diferente dos demais, designadas também por observações “anormais, estranhas, aberrantes ou extremas”. 3 Para efeito de cálculos de indenizações, quando ocorre morte são debitados 6000 dias. 72 Capítulo 4 Resultados Figura 4.30: Box-plot dos dias perdidos no período em estudo. Na Figura 4.31, pode-se verificar que no ano de 2009 ocorreu a maior quantidade de dias perdidos (1822). Destacando que 2009 foi o segundo ano com mais acidentes ocorridos Quantidade de dias perdidos (134), conforme descrito na Figura 4.7. 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 1822 1662 1192 1241 1253 972 786 246 2005 2006 2007 2008 2009 Ano 2010 2011 2012 Figura 4.31:Quantidades de Dias perdidos x por ano. A Figura 4.32 mostra a quantidade de dias perdidos por grau de instrução. Pode-se observar que a maior quantidade de dias perdidos ocorreu no nível técnico. 73 Capítulo 4 Resultados Quantidade de dias perdidos 7000 6000 5779 5000 4000 3000 2000 1000 936 1187 722 0 Prof nível fundamental Prof nível Técnico médio Cargo por nível Superior Figura 4.32:Quantidades de Dias perdidos x por Cargo do funcionário. A Tabela 4.7 mostra o resultado da Análise de Correlação Simples entre Y, a variável dependente “Dias perdidos”, que descreve a quantidade de dias que o acidentado passa afastado e X, as variáveis independentes, a “Idade”, “Acidente na função”, “Houve instrução específica para a atividade”, “Tinha experiência anterior na atividade que se acidentou”, “As condições inseguras foram detectadas antes do acidente” e para as variáveis que influenciam no custo. Através da Tabela 4.7 é possível verificar que a variável “Dias perdidos” possui, como era de se esperar, uma correlação significativa com a variável “Custo médio”. E com as outras variáveis não há existência de correlação. Tabela 4.7:Análise de correlações com a variável dias perdidos Dias Debitados Dias Perdidos Correlação Valor ρ -0,016 0,699 Idade -0,012 0,741 Remuneração mensal do acidentado -0,089 0,106 Custo Mensal do acidentado -0,036 0,517 Custo corresp. ao período de afastamento 0,025 0,637 Custo de reparos e reposição 0,002 0,974 Custos complementares 0,032 0,544 Custo Médio 0,313 Custo Total 0,019 < 0,001 0,659 Acidente na função 0,038 0,336 Houve instrução específica para a atividade 0,017 0,681 Tinha experiência anterior na atividade que se acidentou 0,042 0,291 As condições inseguras foram detectadas antes do acid. 0,038 0,358 74 Capítulo 4 Resultados Permanecendo o Y como a variável dependente “Dias perdidos” e o X as variáveis independentes selecionadas na Tabela 4.7, foi calculado a Análise de Correlação Simples para as Diretoria e os cargos da empresa separadamente. Para facilitar as análises uniram-se as três diretorias do setor administrativo e subdividiu os cargos em quatro níveis. De acordo com as Tabela 4.8, é possível verificar que a variável “Dias perdidos” possui uma correlação significativa fraca positiva ao nível de 0,05 com a variável “Custo médio”, para a diretoria Administrativa/Econômica/Presidência. E com as outras variáveis não há existência de correlação. Nos casos que não possuem valores, a correlação não pode ser calculada, pois pelo menos uma das variáveis tem valor constante. Tabela 4.8: Análise de correlações da variável dias perdidos da Diretoria Administrativa/Econômica/Presidência com as variáveis selecionadas. Administrativa/Financeira Dias Perdidos Correlação Valor ρ 0,196 0,226 Idade 0,035 0,725 Remuneração mensal do acidentado -0,165 0,092 Custo Mensal do acidentado 0,018 0,854 Custo corresp. ao período de afastamento 0,013 0,894 Custo de reparos e reposição -0,023 0,816 Custos complementares -0,054 0,583 Custo Médio 0,195 Custo Total 0,011 0,046 0,915 Acidente na função -0,164 0,199 0,11 0,36 Tinha experiência anterior na atividade que se acidentou -0,074 0,526 As condições inseguras foram detectadas antes do acid. -0,139 0,273 Dias Debitados Houve instrução específica para a atividade Seguindo a sequência para a Diretoria de Engenharia e Construção na Tabela 4.9 não há existência de correlação, para nenhuma variável com a variável “Dias perdidos”. 75 Capítulo 4 Resultados Tabela 4.9:Análise de correlações da variável dias perdidos da Diretoria Engenharia e Construção com as variáveis selecionadas. Dias Perdidos Engenharia/Construção Correlação Valor ρ Dias Debitados -0,242 0,35 Idade -0,186 0,271 Remuneração mensal do acidentado -0,242 0,169 Custo Mensal do acidentado 0,049 0,775 Custo corresp. ao período de afastamento -0,093 0,59 0 0 Custos complementares 0,053 0,76 Custo Médio -0,11 0,515 Custo de reparos e reposição Custo Total -0,9 0,594 0,168 0,434 -0,5 0,801 Tinha experiência anterior na atividade que se acidentou - - As condições inseguras foram detectadas antes do acid. -0,215 0,325 Acidente na função Houve instrução específica para a atividade De acordo com a Tabela 4.10 para a Diretoria de Operação é possível verificar que a variável “Dias perdidos” possui uma correlação significativa fraca positiva ao nível de 0,01 com a variável “Custo de reparos e reposição” e com a variável “Custo total”. Para o nível de 0,05 a correlação é significativa fraca negativa para as variáveis “Houve instrução específica para a atividade” e “Tinha experiência anterior na atividade que se acidentou”. E para as demais variáveis não há existência de correlação. Tabela 4.10:Análise de correlações da variável dias perdidos da Diretoria Operação com as variáveis selecionadas. Dias Perdidos Operação Correlação Valor ρ Dias Debitados 0,128 0,151 Idade -0,068 0,254 Remuneração mensal do acidentado 0,002 0,99 Custo Mensal do acidentado 0,044 0,812 Custo corresp. ao período de afastamento -0,069 0,679 Custo de reparos e reposição 0,423 Custos complementares -0,008 < 0,001 0,963 Custo Médio 0,004 0,954 Custo Total 0,471 Acidente na função -0,027 < 0,001 0,691 Houve instrução específica para a atividade -0,154 0,017 Tinha experiência anterior na atividade que se acidentou -0,139 As condições inseguras foram detectadas antes do acid. -0,073 0,029 0,264 76 Capítulo 4 Resultados Para o cargo de nível fundamental a Tabela 4.11 mostra que a variável “Dias perdidos” possui uma correlação significativa fraca negativa ao nível de 0,05 com a variável “Idade”. Com o nível de 0,01 a correlação é significativa perfeita negativa para a variável “Custo corresp. ao período de afastamento”. E para as demais variáveis não há existência de correlação. Tabela 4.11:Análise de correlações da variável dias perdidos do Cargo nível fundamental com as variáveis selecionadas. Cargo nível fundamental Dias Perdidos Correlação Valor ρ Dias Debitados -0,163 0,531 Idade -0,392 Remuneração mensal do acidentado - 0,027 - Custo Mensal do acidentado - - Custo corresp. ao período de afastamento -1 Custo de reparos e reposição -0,645 < 0,001 0,355 Custos complementares -0,271 0,729 Custo Médio - - Custo Total -0,097 0,72 Acidente na função 0,148 0,452 Houve instrução específica para a atividade -0,174 0,342 Tinha experiência anterior na atividade que se acidentou -0,035 0,848 As condições inseguras foram detectadas antes do acid. -0,074 0,687 Para o cargo de nível médio a Tabela 4.12 mostra que a variável “Dias perdidos” possui uma correlação significativa moderada positiva ao nível de 0,05 com a variável “Custo total”. E para as demais variáveis não há existência de correlação. 77 Capítulo 4 Resultados Tabela 4.12:Análise de correlações da variável dias perdidos do Cargo nível médio com as variáveis selecionadas. Dias Perdidos Cargo nível médio Correlação Valor ρ Dias Debitados -0,09 0,761 Idade 0,258 0,118 Remuneração mensal do acidentado - Custo Mensal do acidentado - Custo corresp. ao período de afastamento - Custo de reparos e reposição - Custos complementares - Custo Médio - Custo Total 0,738 Acidente na função -0,199 0,015 0,258 Houve instrução específica para a atividade -0,205 0,216 Tinha experiência anterior na atividade que se acidentou -0,139 0,407 As condições inseguras foram detectadas antes do acid. 0,077 0,662 Para o cargo de nível técnico e nível superior as Tabela 4.13 e Tabela 4.14 mostra que a variável “Dias perdidos” não possui correlação significativa com nenhuma variável. Tabela 4.13:Análise de correlações da variável dias perdidos do Cargo nível técnico com as variáveis selecionadas. Dias Perdidos Cargo nível técnico Correlação Valor ρ Dias Debitados 0,181 0,055 Idade -0,037 0,551 Remuneração mensal do acidentado -0,086 0,319 Custo Mensal do acidentado 0,002 0,981 Custo corresp. ao período de afastamento -0,004 0,959 Custo de reparos e reposição -0,036 0,671 Custos complementares -0,056 0,505 Custo Médio 0,118 0,055 Custo Total 0,004 0,956 Acidente na função 0,015 0,843 Houve instrução específica para a atividade 0,017 0,816 Tinha experiência anterior na atividade que se acidentou -0,131 0,063 As condições inseguras foram detectadas antes do acid. -0,099 0,177 78 Capítulo 4 Resultados Tabela 4.14:Análise de correlações da variável dias perdidos do Cargo nível superior com as variáveis selecionadas. Dias Perdidos Cargo nível superior Correlação Valor ρ Dias Debitados -0,071 0,665 Idade -0,019 0,857 Remuneração mensal do acidentado 0,072 0,686 Custo Mensal do acidentado -0,104 0,558 Custo corresp. ao período de afastamento -0,069 0,7 Custo de reparos e reposição -0,008 0,965 Custos complementares -0,069 0,7 Custo Médio -0,094 0,37 Custo Total -0,053 0,693 Acidente na função -0,064 0,615 Houve instrução específica para a atividade -0,138 0,242 Tinha experiência anterior na atividade que se acidentou -0,146 0,208 As condições inseguras foram detectadas antes do acid. -0,19 0,125 4.2.1 Aplicação de testes não-paramétricos para a variável “dias perdidos” Para comparação das médias em relação a variável “dias perdidos”, por seguir uma distribuição assimétrica, aplica-se os testes não-paramétricos: U Mann-Whitney e o Kruskall Wail, com eles verifica-se a igualdade das médias. Foram comparadas as médias dos grupos pelo teste de Mann-Whitney com o “Sexo”, “Idade”, “Tipo de acidente”, “Acidente na função”, “Treinamento em Segurança do trabalho”, “Tipo da jornada de trabalho” e “Treinamento na função” no que diz respeito à variável dias perdidos. Foram consideradas as seguintes hipóteses nula e alternativa: H0: As variáveis socioeconômicas têm a mesma distribuição para os dias perdidos. H1: As variáveis socioeconômicas não têm a mesma distribuição para os dias perdidos. De acordo com a Tabela 4.15 a média do sexo masculino para os dias perdidos (22,70) foi superior a média dos dias perdidos para o sexo feminino (18,47). Quando comparados os dois grupos usando o teste de Mann-Whitney, e assumindo significância de 5%, não se observou uma diferença estatisticamente significativa (p=0,252). Portanto, concluiu-se que não há diferença entre as médias de dias perdidos entre os acidentados dos sexos masculinos e femininos. 79 Capítulo 4 Resultados Tabela 4.15: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney para “Sexo” e “Dias perdidos”. Variável Sexo N Média ± Desvio Min. Máx Dias perdidos Feminino 115 18,47 ± 32,617 1 230 Masculino 315 22,70 ± 38,906 1 261 p Z 0,252 -1,145 De acordo com a Tabela 4.16 a média dos funcionários acidentados com idade inferior a 50 anos para os dias perdidos (23,94) foi maior que a média dos funcionários com idade superior a 50 anos (18,92). Quando comparados os grupos usando o teste de Mann-Whitney, e assumindo significância de 5%, não se observou diferença estatisticamente significativa (p=0,47). Logo, concluiu-se que não existe diferença na média das idades dos funcionários acidentados para os dias perdidos. Tabela 4.16: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney para “Idade” e “Dias perdidos”. Variável Dias perdidos Idade N ≤ 50 anos > 50 anos 227 Média ± Desvio 23,94 ± 43,26 Min. 1 203 18,92± 29,21 1 Máx 261 230 p Z 0,47 -0,723 Nas Tabela 4.17, 4.18, 4.19, 4.20, 4.21, pode-se observar que os valores de p foram muito alto, havendo assim não rejeição da hipótese nula, ao nível significância assumido de 5%, concluindo-se que também não houve diferenças estatisticamente significativas. Tabela 4.17: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney “Tipo do acidente” e “Dias perdidos”. Min. 1 Máx 206 p Z 122 Média ± Desvio 24,61 ± 36,33 307 20,42 ± 37,77 1 261 0,078 -1,761 Variável Tipo N Dias perdidos Trajeto Típico Tabela 4.18: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney “Acidente na função” e “Dias perdidos”. Variável Dias perdidos Acidente na função Sim N Média ± Desvio Min. 102 21,70± 38,67 1 230 Não 203 19,23± 32,85 1 206 80 Máx p Z 0,675 - 0,419 Capítulo 4 Resultados Tabela 4.19: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney para “Treinamento em Segurança do trabalho” e “Dias perdidos”. Variável Dias perdidos Treinamento em Segurança do trabalho Sim N Média ± Desvio Min. Máx 102 20,46± 35,96 1 261 Não 203 22,41± 39,50 1 230 p Z 0,991 - 0,012 Tabela 4.20:Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney para “Tipo da jornada de trabalho” e “Dias perdidos”. Variável Dias perdidos Tipo da jornada de trabalho Normal 392 22,37± 38,54 1 261 Turno 34 11,83± 17,75 1 96 N Média ± Desvio Min. Máx p Z 0,302 - 1,032 Tabela 4.21: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney “Treinamento na função” e “Dias perdidos”. Variável Dias perdidos Treinamento na função Sim 255 Média ± Desvio 21,18± 37,97 Não 53 22,72± 37,69 N Min. Máx 1 261 1 230 p 0,27 Z - 1,095 De acordo com as Tabela 4.22, Tabela 4.23, utilizando os dados somente dos acidentes da Diretoria de Operações, comparados os dois grupos usando o teste de MannWhitney, assumindo significância de 5%, observou-se que há diferença estatisticamente significativa (p=0,017 e 0,030 respectivamente). Este resultado indica que para esta diretoria realizar treinamentos com instrução específica para a atividade e ter funcionários com experiência prévia na função são medidas eficazes para a redução dos dias de afastamento dos acidentados. Tabela 4.22: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney para “Houve instrução específica para a atividade” e “Dias perdidos”. Variável Dias perdidos Houve instrução específica para a atividade Sim N Média ± Desvio Min. Máx 171 23,08 ± 41,62 1 261 Não 70 12,93 ± 23,85 1 180 81 p Z 0,017 - 2,387 Capítulo 4 Resultados Tabela 4.23: Medidas descritivas e teste de Mann- Whitney para “Tinha experiência anterior na atividade que se acidentou” e “Dias perdidos”. Variável Dias perdidos Tinha experiência anterior na atividade N Média ± Desvio que se acidentou Sim 218 21,04 ± 38,56 Não 26 12,77 ± 25,078 Min. Máx 1 261 1 125 p Z 0,030 -2,173 Foram comparadas as médias dos grupos pelo teste de Kruskal-Wallis para a variável “Direitoria” no que diz respeito aos “dias perdidos”. Foram consideradas as seguintes hipóteses nula e alternativa: H0: Os grupos possuem médias iguais; H1: Pelo menos dois dos grupos possui médias diferentes. Na Tabela 4.24 segue os resultados encontrados para o teste de Kruskal-Wallis para a variável “Dias perdidos”. Tabela 4.24: Teste de Kruskal-Wallis para “Diretorias” e “Dias perdidos”. Variável Dias perdidos Diretorias N Administratica/Economica/Presidência 106 Média ± Desvio 23,76 ± 37,511 Min. 1 Máx 230 Engenharia/Construção 37 24,59 ± 39,703 1 188 Operação 285 20,14 ± 36,915 1 261 p 0,478 Z 2 Portanto, notou-se que não existe diferença significativa, pois o p-valor encontrado foi de 0,478 que é maior que o nível de significância assumido (0,05). Logo, não há diferença entre as médias dos dias perdidos das as três diretorias. 82 Capítulo 5 Conclusão 5 CONCLUSÃO Grande parte do trabalho efetuado neste estudo foi a coleta de dados. A empresa dispunha das RIAATs dos acidentes dos anos de 1989 a 2004 em papel. Somente a partir do ano de 2005 é que os relatórios estavam armazenados em maior digital, tendo sido este o motivo para a escolha deste período de análise. A partir das informações das RIAATs, construiu-se um banco de dados para analisar as diversas variáveis nelas encontradas. Tal banco está sendo utilizado em outras etapas do projeto de P&D, em especial, para a previsão de custos com acidentes do trabalho na empresa. Uma outra dificuldade encontrada foi a falta de preenchimento das informações dos custos de acidentes na RIAAT e muitas vezes o custo foi preenchido como zero, sem ter sido realmente investigado. Desta forma, não foi possível realizar uma análise estatística destas variáveis, tendo em vista que as mesmas também não eram do conhecimento da própria empresa. Apesar dos problemas encontrados, as análises deste estudo permitiram extrair algumas importantes conclusões: Houve uma grande redução no número de acidentes reportados a partir do ano de 2010. Provavelmente, este fato ocorreu devido à nova conceituação que a Eletrobrás incorporou sobre acidentes de trabalho. Comparando com os setores “administrativos” e de “engenharia e construção” há uma maior ocorrência de acidentes no setor operacional da empresa; Em relação ao número de funcionários, a regional D possui uma maior quantidade de acidentes, porém estes não acarretam muitos dias perdidos; Uma grande parcela dos acidentados não usava o EPI (42%) e em 21% dos acidentes condições inseguras já haviam sido previamente identificadas. Levando-se em consideração a inconsistência nas informações, visando melhorar a qualidade das informações coletadas, vale destacar algumas sugestões para o melhoramento da qualidade das informações coletadas na RIAAT, tanto para o cálculo do custo gerado pelo acidente do trabalho, quanto para a classificação do mesmo. Primeiramente, deveria permanecer o formato da RIAAT do ano de 2005 por ela ser mais completa, e, além disso, acrescentar algumas variáveis, tais como: uma categórica para ocorrência de morte ou não, a data de admissão do funcionário, retorno do acidente (caso já tenha retornado), destacar uma opção informando se o acidente foi de trajeto ou típico, se 83 Capítulo 5 Conclusão houve ou não desligamento do sistema e, no caso afirmativo, o custo incorrido por indisponibilidade do sistema, custo de trabalho perdido, custo de investigação dos acidentes, custo do Seguro de Acidente do Trabalho, dentre outras informações destacadas de vermelho no Anexo B. Excluir o que está se repetindo ou alterar como no item II. 4 e 5, na parte Classificação dos acidentes que mostra novamente a variável “dias debitados” e “dias perdidos”, tornando um campo de preenchimento automático dado que já foi preenchido anteriormente. É interessante que haja uma integração no sistema, para que os campos do relatório não permaneçam sem preenchimento pelo fato da informação depender de outro setor. Espera-se que de posse destas análises, a empresa possa desenvolver políticas de prevenção de acidentes mais eficazes. E pesquisadores futuros possam trabalhar na busca de informações sobre custos para tratar o assunto com mais clareza, descobrindo um método para estimá-los. 84 Referências Bibliográficas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AALTONEN, M. V. P.; UUSI-RAUVA, E.; SAARI, J.; ANTTI-POIKA, M.; RASANEN, T.; VINNI, K. (1996). The accident consequence tree method and its application by realtime data collection in the Finnish furniture industry. Safety Science, 1996. v. 23, n. 1, p.11-26, 1996. ALMEIDA, I. M.; BINDER, M. C. P. (2000). Metodologia de Análise de Acidentes – Investigação de Acidentes do Trabalho. In: Combate aos Acidentes Fatais Decorrentes do Trabalho. MTE/SIT/DSST/FUNDACENTRO, 2000. BELLOVI, M. B. 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( )Sim ( ) Não 27.Houve Lesão? ( ) Sim ( ) Não 28. Data Ocorrência 29. Dia da Semana em que Ocorreu 30.Hora Ocorrência 31. Local Ocorrência 32. Acidentes na Função? 33. Acidentes em Outras Funções? 36. Tinha Experiência Anterior na Atividade em que se Acidentou? 40. Em Caso Negativo, Por quê? 44. Quem Autorizou a Execução da Atividade? 34. Atividade no Momento 35. Houve Iinstrução do Acidente Especíifica para a Atividade? 37. Tempo de trabalho 38. Tempo de trabalho no 39. Trabalhava com EPI ? na Atividade em que se dia em se Acidentou, em Acidentou, em anos e horas meses 41. O EPI era 42. As Condições 43. Quem Planejou a adequado? Inseguras Foram Atividade? Detectadas Antes do Acidente 45. Registro Policial? 46. Descrição do Acidente pelo encarregado/acidentado 47. Testemunhas do Acidente 1. Nome: Matrícula: Endereço: 2. Nome: Matrícula: Endereço: 48. O chefe Imediato Estava Presente? 49. Nome e Matrícula do Chefe Imediato 50. Descrição do Acidente pelo Técnico de Segurança do Trabalho Elementos Essenciais para Análise do Acidente Codificação dos Elementos 10.95.00.000 51. Espécie de Acidente: 89 Anexos 52.Tipo Acidente: 20.00.20.300 53. Agente do Acidente: 30.95.00.000 54. Fonte da Lesão: 35.30.75.200 55. Fator Pessoal de Insegurança: 40.60.00.250 56. Ato Inseguro: 50.30.30.400 57. Condição Ambiental de Insegurança: 58. Natureza da Lesão: 60.95.00.000 59.Localização da Lesão: 75.70.50.000 60.Prejuízo/Perda de tempo: 61. Causa Principal de Acidente: 80.70.00.000 70.20.34.000 Tipos de Atendimento / Incapacidade do Acidentado: 62. Dias Perdidos 63. Previsão de Afastamento 64.Dias Debitados 65.Previsão / data da Alta 66.Consequência Determinação do Custo de Acidentes I - Classificação do Acidente Pode ser preenchida mais de uma opção dependendo do acidente II - Dados do Acidentado 1. Remuneração mensal do acidentado: R$ xxx,xx 2. Percentuais dos encargos sociais: 3. Custo Mensal do acidentado {item1x (1,566)]: R$ x.xxx,xx 4. Item 66 Link automático 5. item 64: (Tabela dos Dias Debitados) Link automático 6. Dias Computados ( item 4 + item 5): III - Custo correspondente ao período de afastamento (tempo) IV - Custo de reparos e reposições (Material) (Item II-3 x item II-6) / 30: R$ xxx,xx Despesas c/ aquisição de material / equipamento danificado:R$ Subtotal A: ..............R$ xxx,xx Despesas c/ reparo de material / equipamento danificado: ..R$ Houve desligamento no equipamento? ( )Sim ( )Não Em caso afirmativo, informe o custo.........R$ Subtotal B: ..........R$ V - Custos Complementares ( Material ou Serviços) Despesas com primeiros socorros............................................................................R$ 90 Anexos Deslocamento/remoção do acidentado ................................................................R$ Atendimento médico imediato ao acidentado (serviços médicos + medicam.).......R$ Despesas com tempo despendido pelos empregados no socorro do acidentado......R$ Despesas com assistência médica, social e psicológica ..................................R$ Subtotal C .................................................................................................R$ VI -Outros custos Custo do seguro de Acidente de trabalho........................R$ Custo da investigação dos acidentes...............................R$ Custo de trabalho perdido....................................................R$ Subtotal D .................................................................................................R$ VII - Indenizações Recebidas pela Empresa Indenizações pagas por seguradoras..................................................R$ Idenizações pagas por terceiros..............................................................R$ Subtotal E........................................................................................................................R$ VIII - Custo Total Subtotal ( A+B+C+D) - Subtotal (E) xxx,xx..................................................................R$ 67. Observações: / Recomendações: 67. Local e data: Nome Login Matrícula Órgão Lotação Escritório Regional Função Fone / Ramal Data de conclusão da Investigação do Acidente Assinatura do Técnico responsável pela Investigação Data da Assinatura Assinatura do Chefe imediato 91 Anexos ANEXO C- Relatório de Investigação e Análise de Acidentes do Trabalho (Antiga) EMPRESA DO SETOR ELÉTRICO- 2005 à 2007 Relatório de Investigação e Análise de Acidentes do Trabalho Data de Emissão do RIAAT Número da CAT Dados do Acidentado 1.Nome: 2. Matrícula: 5. Endereço (Rua,Bairro,Cidade,Esta do.) 8. Data Nasc 6. Cargo / Função: 9. Sexo 10. Escolaridade 11. Estado Civil 12.Tempo na Empresa (Em Meses) 13. Área 14. Tempo Função 15. Função Código (Em Meses) 16. Faixa Salarial 3. Regional: 4. Lotação: 7. Remuneração Mensal: Jornada de Trabalho 19.Recebeu Treinamento Técnico para a Função? 17.Tipo 18.Horário 21. Foi Treinado em Segurança do Trabalho? Nome Mãe: Investigação do Acidente 22. Acidente: 23. Acidente de Trajeto: 26. Data Ocorrência 27. Dia da Semana em que Ocorreu 30. Acidentes na Função? 31. Acidentes em Outras Funções? 34. Tinha Experiência Anterior na Atividade em que se Acidentou? 38. O EPI era adequado? 35. Tempo na Atividade em que se Acidentou 24. No. do Relatório 25.No. do Acidente 28.Hora Ocorrência 29.Local Ocorrência 32. Atividade no 33. Houve Iinstrução Momento do Acidente Especíifica para a Atividade? 36. Trabalhava com 37. Em Caso Negativo, EPI ? Por quê? 39. As Condições Inseguras 40. Quem Planejou a 41. Quem Autorizou a Foram Detectadas Antes do Atividade? Execução da Atividade? Acidente 42. Descrição do Acidente pelo encarregado/acidentado 43. Testemunhas do Acidente 1. Nome: Matrícula: Endereço: 2. Nome: Matrícula: Endereço: 44. O chefe Imediato Estava Presente? 45. Nome e Matrícula do Chefe Imediato 46. Descrição do Acidente pelo Técnico de Segurança do Trabalho Elementos Essenciais para Análise do Acidente Codificação dos Elementos 47. Espécie de Acidente: 10.95.00.000 48.Tipo Acidente: 20.00.20.300 49. Agente do Acidente: 30.95.00.000 92 Anexos 50. Fonte da Lesão: 35.30.75.200 51. Fator Pessoal de Insegurança: 40.60.00.250 52. Ato Inseguro: 50.30.30.400 53. Condição Ambiental de Insegurança: 54. Natureza da Lesão: 60.95.00.000 55.Localização da Lesão: 56.Prejuízo/Perda de tempo: 57. Causa Principal de Acidente: 75.70.50.000 70.20.34.000 80.70.00.000 Tipos de Atendimento / Incapacidade do Acidentado: 62. Dias Perdidos 63. Previsão de Afastamento 64.Dias Debitados 65.Previsão / data da Alta 66.Consequência Determinação do Custo de Acidentes I - Classificação do Acidente Pode ser preenchida mais de uma opção dependendo do acidente II - Dados do Acidentado 1. Remuneração mensal do acidentado: R$ xxx,xx 2. Percentuais dos encargos sociais: 3. Custo Mensal do acidentado {item1x (1,566)]: R$ x.xxx,xx 4. Dias de afastamento: 5. Dias debitados: Tabela dos Dias Debitados 6. Dias Computados ( item 4 + item 5): III - Custo correspondente ao período de afastamento (tempo) IV - Custo de reparos e reposições (Material) (Item II-3 x item II-6) / 30: R$ xxx,xx Despesas c/ aquisição de material / equipamento danificado:R$ Subtotal A: ..............R$ xxx,xx Despesas c/ reparo de material / equipamento danificado: ..R$ Subtotal B: ..........R$ V - Custos Complementares ( Material ou Serviços) Despesas com primeiros socorros.................................................................................R$ Deslocamento/remoção do acidentado .........................................................................R$ Atendimento médico imediato ao acidentado (serviços médicos + medicam.).............R$ Despesas com tempo despendido pelos empregados no socorro do acidentado........R$ Despesas com assistência médica, social e psicológica ...........................................R$ Outros custos...........................................................................................................R$ 93 Anexos Subtotal C ...................................................................................................................R$ VI - Indenizações Recebidas pela Empresa Indenizações pagas por seguradoras.............................................................................R$ Idenizações pagas por terceiros....................................................................................R$ Subtotal D...............................................................................................................R$ VII - Custo Total Subtotal ( A+B+C) - Subtotal (D) xxx,xx....................................................................R$ 67 . Observações : / Recomendações : 68. Local e data: Nome Login Matrícula Órgão Lotação Escritório Regional Função Fone / Ramal Data de conclusão da Investigação do Acidente Assinatura do Técnico responsável pela Investigação Data da Assinatura Assinatura do Chefe imediato 94 Anexos ANEXO D - Relatório de Investigação e Análise de Acidentes do Trabalho (Atual) 1 – EMPRESA DO SETOR ELÉTRICO– Atualmente RELATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DE ACIDENTE DO ADRH*GST5120 TRABALHO IDENTIFICAÇÃO DO ACIDENTADO Número da CAT: DADOS DO ACIDENTADO Nome: Matrícula : Regional: Lotação : Endereço: Bairro: Cidade: Cep: Fone: Cargo/Função: Remuneração: Data Nasc. : Sexo: Escolaridade: Estado Civil: Tempo na Empresa (Em meses): Área: Tempo na Função (Em meses) : Função Código: Faixa Salarial: Jornada de Trabalho, tipo: Horário: Recebeu treinamento técnico para a função? ( )Sim ( )Não Foi treinado em segurança do trabalho? ( )Sim ( )Não Nome Mãe: INVESTIGAÇÃO DO ACIDENTE Nro. Acidente: Data ocorrência: Dia da semana em que ocorreu: Hora ocorrência: Local ocorrência: Acidente na função? ( )Sim ( )Não Acidente em outras funções? ( )Sim ( )Não Houve instrução específica para a Atividade? Tinha experiência anterior na atividade em que se acidentou? Tempo na atividade em que se acidentou: ( )Sim ( )Não ( )Sim ( )Não Trabalhava com EPI? ( )Sim ( )Não ( )Sim ( )Não ( )Sim ( )Não Atividade no momento do Acidente: Em caso negativo, por quê? O EPI era adequado? As condições inseguras foram detectadas antes do acidente? Descrição do Acidente pelo encarregado/acidentado Testemunha do Acidente Nome: Endereço: Matrícula: Nome: Endereço: 95 Anexos Matrícula: O chefe imediato estava presente? ( )Sim Chefe Imediato Nome: Órgão: Matrícula: Descrição do Acidente pelo Técnico de Segurança do Trabalho: ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA ANÁLISE DO ACIDENTE Espécie de Acidente............................: Tipo de Acidente...............................: Agente do Acidente.............................: Fonte da Lesão.................................: Fator Pessoal de Insegurança...................: Ato Inseguro...................................: Condição Ambiental de Insegurança..............: Natureza da Lesão..............................: Localização da Lesão...........................: Prejuízo/Perda de Tempo........................: Tipos de Atendimento/Incapacidade do Acidentado: Dias Perdidos..................................: Dias Debitados.................................: Previsão/Data de alta..........................: DETERMINAÇÃO DO CUSTO DO ACIDENTE I.Classificação do Acidente: II.Dados do Acidentado: 1.Remuneração Mensal do Acidentado......: 2.Percentuais dos Encargos Sociais......: 3.Custo Mensal do Acidentado {1X(1,566)}: 4.Dias de Afastamento...................: 5.Dias Debitados........................: 6.Dias Computados.......................: III.Custo correspondente ao período de afastamento(tempo): (Item II-3 x Item II-6)..: Subtotal A...............: IV.Custo de reparos e reposições (material): Subtotal B...............: V.Custo complementares (material ou serviços): Subtotal C...............: VI.Indenizações recebidas pela empresa: Subtotal D...............: VII.Custo Total: Subtotal (A+B+C) - D ....: Observações/Recomendações: 96 ( )Não Anexos Data: CHEFE IMEDIATO RESPONSÁVEL PELO RIAAT Nome: Matrícula: Orgão: Lotação: Escritório Regional: Função: Fone/Ramal: Data de conclusão da investigação Data da Assinatura Assinatura do responsável pela Assinatura do Chefe Imediato 97