José Luís de Almeida - Universidade do Porto
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José Luís de Almeida - Universidade do Porto
Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética José Luís de Almeida Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética José Luís de Almeida Título: Autor: Edição: Produção gráfica: Depósito-legal: ISBN: Ano: Capa: Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética José Luís de Almeida De autor Tipografia Nunes, Maia ######### ######### 2008 Nuno Almeida, sobre imagem de Jared Mechaber (reprodução autorizada) II Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética Dissertação de candidatura ao grau de Doutor apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade do Porto III Artigo 48º, § 3º: «A Faculdade não responde pelas doutrinas expendidas na dissertação». (Regulamento da Faculdade de Medicina do Porto. Decreto-Lei nº 19337, de 29 de Janeiro de 1931) IV Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética CORPO CATEDRÁTICO DA FACULDADE DE MEDICINA DO PORTO Professores Catedráticos Doutor Manuel Maria Paula Barbosa Doutor Manuel Alberto Coimbra Sobrinho Simões Doutor Jorge Manuel Mergulhão Castro Tavares Doutora Maria Isabel Amorim de Azevedo Doutora Maria Amélia Duarte Ferreira Doutor José Agostinho Marques Lopes Doutor Patrício Manuel Vieira Araújo Soares da Silva Doutor Daniel Filipe Lima Moura Doutor Belmiro dos Santos Patrício Doutor Alberto Manuel Barros da Silva Doutor José Manuel Lopes Teixeira Amarante Doutor José Henrique Dias Pinto de Barros Doutora Maria Fátima Machado Henriques Carneiro Doutora Isabel Maria Amorim Pereira Ramos Doutora Deolinda Maria Valente Alves Lima Teixeira Doutora Maria Dulce Cordeiro Madeira Doutor Cassiano Pena de Abreu e Lima Doutor Altamiro Manuel Rodrigues Costa Pereira Doutor Rui Manuel Almeida Mota Cardoso Doutor António Carlos Freitas Ribeiro Saraiva Doutor Álvaro Jerónimo Leal Machado de Aguiar Doutor António José Pacheco Palha Doutor José Luís Medina Vieira Doutor José Carlos Neves da Cunha Areias Doutor Manuel Jesus Falcão Pestana Vasconcelos Doutor João Francisco Montenegro Andrade Lima Bernardes Doutora Maria Leonor Martins Soares David Doutor Fernando Manuel Mendes Falcão dos Reis Doutor Rui Manuel Lopes Nunes Doutor Amadeu Pinto de Araújo Pimenta Doutor António Albino Coelho Marques Abrantes Teixeira Doutor José Eduardo Torres Eckenroth Guimarães Doutor Francisco Fernando Rocha Gonçalves V Professores Jubilados Doutor António Augusto Lopes Vaz Doutor António Carvalho Almeida Coimbra Doutor António Fernandes da Fonseca Doutor António Fernandes Oliveira Barbosa Ribeiro Braga Doutor António Germano Pina Silva Leal Doutor António Luís Tomé da Rocha Ribeiro Doutor António Manuel Sampaio de Araújo Teixeira Doutor Cândido Alves Hipólito Reis Doutor Daniel Santos Pinto Serrão Doutor Eduardo Jorge Cunha Rodrigues Pereira Doutor Fernando de Carvalho Cerqueira Magro Ferreira Doutor Francisco Zarco Carneiro Chaves Doutor Henrique José Ferreira Gonçalves Lecour de Menezes Doutor João Silva Carvalho Doutor José Augusto Fleming Torrinha Doutor José Carvalho de Oliveira Doutor José Fernando Barros Castro Correia Doutor Levi Eugénio Ribeiro Guerra Doutor Luís Alberto Martins Gomes de Almeida Doutor Manuel Teixeira Amarante Júnior Doutor Maria da Conceição Fernandes Marques Magalhães Doutor Mário José Cerqueira Gomes Braga Doutor Serafim Correia Pinto Magalhães Doutor Valdemar Miguel Botelho dos Santos Cardoso Professores Aposentados Doutor Abel José Sampaio da Costa Tavares Doutor Alexandre Alberto Guerra Sousa Pinto Doutor Amândio Gomes Sampaio Tavares Doutor Artur Manuel Giesteira de Almeida Doutor Carlos Rodrigo Magalhães Ramalhão Doutor Fernando Tavarela Veloso Doutor Francisco de Sousa Lé Doutor Joaquim Germano Pinto Machado Correia da Silva Doutor José Manuel Costa Mesquita Guimarães Doutor Manuel Augusto Cardoso de Oliveira Doutor Manuel Machado Rodrigues Gomes Doutor Walter Friedrich Alfred Osswald VI Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética Aos meus afectos VII Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética AGRADECIMENTOS Expresso o meu reconhecimento e gratidão … a quem contribuiu para esta dissertação: – Professor Doutor Patrício Soares da Silva, meu Orientador. Não fora o seu apoio e incentivo e provavelmente nunca teria eu encontrado a motivação necessária para levar por diante os trabalhos desta dissertação. – Professor Doutor António Albino Teixeira, meu Co-Orientador, pelo apoio e ânimo, sempre disponível e sempre tolerante com a minha impaciência. – Professor Doutor Rui Coelho, pela amiga disponibilidade para comigo discutir aspectos relacionados com os instrumentos psicométricos utilizados nos trabalhos desta dissertação. – Professor Doutor Todd B. Kashdan, da Universidade George Mason, pela permanente atitude de desafio e questionamento sobre a forma de relatar os resultados. – Professor Doutor Amílcar Falcão, por generosamente ter-me aconselhado nas análises estatísticas e, particularmente, pelo desenvolvimento do modelo estatístico utilizado na análise farmacocinética. – Equipa clínica da Unidade de Farmacologia Humana de BIAL, nomeadamente o Professor Doutor Manuel Vaz da Silva (Director Clínico e Investigador Principal), a Drª Teresa Nunes (Coordenadora das Operações de Ensaio) e, em especial, a Drª Benedita Azevedo (Assistente de Ensaio Clínico), pela colaboração amável e competente. … a quem permitiu esta dissertação: – Dr. Luís Portela, Presidente do Conselho de Administração de BIAL – Portela & Cª SA, por ter generosamente autorizado a realização dos trabalhos desta dissertação com os participantes em ensaios clínicos da Unidade de Farmacologia Humana de BIAL. IX Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética «As we know, there are known knowns. There are things we know we know. We also know there are known unknowns. That is to say we know there are some things we do not know. But there are also unknown unknowns, the ones we don’t know we don’t know.» XI Donald Rumsfeld, em conferência de imprensa no Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América, em 12 de Fevereiro de 2002 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética ÍNDICE Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 Objectivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Capítulo I Caracterização sócio-demográfica e das motivações e percepções dos participantes em ensaios clínicos de fase I, bem como da influência das características de personalidade nas mesmas. «Why healthy subjects volunteer for phase I studies and how they . perceive their participation?» . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Eur J Clin Pharmacol 63, 1085-1094, 2007 Capítulo II Caracterização da importância dos valores interpessoais na auto-selecção de voluntários para ensaios clínicos de fase I 21 «Interpersonal values of healthy research volunteers participating in phase I drug studies» . . . . . . . . . . 33 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Enviado para publicação Capítulo III Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes . . . . . . . . . . 41 em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade a) «Personality characteristics of volunteers in Phase 1 studies and likelihood . . . . . . . . . . . . . 43 of reporting adverse events» b) «Healthy subjects volunteering for phase I studies: Influence of curiosity, . . . . . . . . . . . . . . 53 exploratory tendencies and perceived self-efficacy» c) «Who volunteers for phase I clinical trials? Influences of anxiety, social . . . . . . . . . . anxiety and depressive symptoms on self-selection and reporting of adverse events» d) «The role of socio-economic conditions and psychological factors on the willingness to volunteer for phase I studies» Int J Clin Pharmacol Ther 46, 340-348, 2008 Int J Clin Pharmacol Ther 46, 109-118, 2008 . . . . . 63 . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Eur J Clin Pharmacol 64, 575-582, 2008 Pharm Med, 22, 2008 (aprovado para publicação; em impressão) XIII Capítulo IV Prevalência de queixas adversas de origem não medicamentosa e sua . correlação com as características de personalidade . . . . . . . . . . . . . 79 «Adverse nondrug-related complaints by healthy volunteers in Phase I studies . . . . . . . . . . . . 81 compared to healthy general population» Int J Clin Pharmacol Ther, 46, 2008 (aprovado para publicação; em impressão) Capítulo V Análise exploratória da influência das variáveis psicométricas relevantes . . . . . . . . . . . . . 91 no processo de auto-selecção de voluntários para participação em ensaios de fase I sobre a farmacocinética dos fármacos estudados nos mesmos ensaios Resultados não submetidos a publicação Discussão e Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 Resumo, Summary . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XIV 129 Introdução Introdução INVESTIGAÇÃO DE NOVOS MEDICAMENTOS A cadeia de desenvolvimento de novos medicamentos pode sistematizar-se do seguinte modo: Investigação exploratória → Estudos pré-clínicos → Ensaios clínicos de Fase I (farmacologia humana) → Ensaios clínicos de Fase II (terapêuticos exploratórios) → Ensaios clínicos de Fase III (terapêuticos confirmatórios) → Registo (autorização de introdução no mercado) → Comercialização. Contudo, parecem necessárias alterações significativas ao modelo vigente de investigação e desenvolvimento de novos medicamentos. Por um lado, assiste-se a uma redução progressiva do número de novos medicamentos introduzidos em cada ano, apesar de um aumento crescente do investimento em investigação [Woodcock, 2007; Woosley & Cossman, 2007]. Por outro lado, os custos de investigação em função de cada novo medicamento introduzido em comercialização aumentaram marcadamente [Woodcock, 2007], particularmente os custos dos ensaios clínicos [FDA, 2004], atingindo valores próximos dos 900 milhões de dólares [Kola & Landis, 2004], cujo retorno financeiro obriga a preços de comercialização insustentáveis para muitas sociedades, mesmo para as mais desenvolvidas [Woodcock, 2007]. Além disso, o tempo médio de desenvolvimento de um novo medicamento é muito longo, rondando os 12 anos entre a data de patente e a data de introdução no mercado [EFPIA, 2008], o que se tornou um impedimento e desincentivo à inovação [Woosley & Cossman, 2007]. Por outro lado, ainda, o paradigma vigente de desenvolvimento de novos medicamentos é de difícil adaptação a certas áreas terapêuticas, como é o caso das doenças raras ou o das doenças degenerativas, onde existem aliás claras necessidades por suprir. Assim, por várias razões, nomeadamente os custos excessivos, a baixa taxa de produtividade e a estagnação da inovação, considera-se que o actual modelo de investigação e desenvolvimento de novos medicamentos está em crise e necessita de evoluir [FDA, 2004], de modo a melhorar a sua eficiência e a capacidade de satisfazer as necessidades terapêuticas presentes e futuras [Buckman et al., 2007]. É esse, pelo menos em parte, o ponto de partida de programas recentemente lançados tanto nos Estados Unidos da América (FDA Critical Path Initiative) [FDA, 2004] como na União Europeia (Innovative Medicines Initiative, IMI) [EFPIA/EU, 2007], que visam melhorar as condições para um desenvolvimento de soluções terapêuticas inovadoras, de um modo mais rápido e com custos mais aceitáveis. 3 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética A maior debilidade do actual modelo de investigação de novos medicamentos deve-se à necessidade de vários milhares de fármacos iniciarem o desenvolvimento para que um novo medicamento atinja a fase de comercialização [EFPIA, 2008]. A principal razão para tão grande taxa de insucesso é o facto das diversas fases do desenvolvimento apresentarem baixa capacidade de previsão da utilidade clínica final [Kola & Landis, 2004]. Como a investigação exploratória e pré-clínica é pouco preditiva da eficácia e da segurança dos fármacos no Homem, o seu real valor terapêutico é determinado sobretudo em ensaios clínicos, o que faz com que grande parte da taxa de descontinuação se situe na fase clínica. A percentagem dos fármacos que iniciaram desenvolvimento clínico e atingem a fase de registo não ultrapassa os 11% e a dos que chegam efectivamente a ser comercializados não atinge 8% [Kola & Landis, 2004]. Mas, mesmo assim, entre os que iniciam comercialização, vários são descontinuados devido a problemas de segurança só detectados, por vezes, apenas após anos ou mesmo décadas de uso [Woosley, 2004]. É, portanto, urgente o aperfeiçoamento dos processos de desenvolvimento de novos medicamentos [Woosley & Cossman, 2007]. Um dos mais prementes desafios é a melhoria da capacidade de previsão do insucesso/sucesso em cada fase do desenvolvimento e a redução dos custos associados à investigação de novas terapêuticas farmacológicas. Tal passa, sobretudo, por melhorar a capacidade das fases mais iniciais de desenvolvimento predizerem a eficácia e a segurança de um fármaco, de modo a que as decisões de descontinuação possam ser mais precoces e informadas (“kill early and kill smart”). O advento da medicina personalizada O paradigma de desenvolvimento de novos medicamentos tem-se apoiado numa abordagem que se pode considerar de base “populacional”. A efectividade (isto é, a utilidade) clínica de um novo medicamento é considerada como demonstrada após a realização de pelo menos dois ensaios clínicos aleatorizados e controlados na população-alvo de doentes [Woodcock, 2007]. No caso dos ensaios serem “positivos”, isto é, se demonstrarem eficácia significativamente superior do fármaco-teste face à do placebo, ou eficácia pelo menos idêntica à do comparador activo (se for esse o controlo), e se a tolerabilidade e segurança foram aceitáveis, considera-se que a relação risco/benefício é favorável e, então, o novo medicamento pode iniciar a sua comercialização. Contudo, apesar de até ao momento ainda não se ter desenvolvido melhor alternativa, o ensaio clínico aleatorizado apresenta certas limitações. A interpretação usual de um ensaio aleatorizado e controlado, comparando duas intervenções numa população e em que uma intervenção se revela “superior” à outra, é a de que a intervenção “superior” será a melhor escolha para qualquer indivíduo dessa população [Woodcock, 2007]. Isso tem como consequência que, apesar da diversidade das características individuais, os doentes sejam tratados geralmente de modo idêntico. Ao adoptar-se a “resposta média” (que é a que, no fundo, é traduzida pelos resultados desses ensaios) como recomendação para o global da população-alvo, desvaloriza-se a importância da variabilidade individual na resposta ao fármaco, quer em termos de eficácia quer em termos de segurança. Por isso, não se podem considerar completamente surpreendentes as estimativas que apontam para que apenas 20-60% dos doentes recebam o tratamento mais efectivo [Foernzler, 2008] e que, apenas nos Estados Unidos da América, mais de 100.000 pessoas morram anualmente devido a reacções adversas 4 Introdução a medicamentos, constituindo uma das primeiras cinco causas de morte [Lazarou et al., 1998]. Ou seja, o actual paradigma de desenvolvimento de medicamentos não tem capacidade discriminativa satisfatória das diferenças na resposta em função das características individuais, que, conhecendo-se, permitiriam a identificação a priori dos doentes não respondedores ou dos que não toleram adequadamente o medicamento, evitando-se, assim, que o medicamento fosse prescrito a um doente com características preditivas de “não respondedor” ou de problemas de segurança. Para resolver este problema, assiste-se actualmente à emergência de um novo paradigma, a que se convencionou chamar “medicina personalizada” [Allison, 2008], que tem como objectivo proporcionar o fármaco certo, ao doente certo, na dose certa, no tempo certo (isto é, à primeira vez), conforme definido pela FDA (“right drug, right patient, right dose, right time”) [Buckman et al., 2007]. O conceito de medicina personalizada pressupõe a existência de novas modalidades diagnósticas (“Good therapeutics follows good diagnostics”) que possam ser usadas para gerir a variabilidade em numerosos cenários durante o desenvolvimento e posterior utilização clínica dos novos medicamentos [Lesko, 2007]. Serão marcadores biológicos capazes de predizerem o metabolismo, a eficácia, a tolerabilidade e a segurança de uma dada intervenção farmacológica num determinado indivíduo [Foernzler, 2008]. A descodificação do genoma humano, o desenvolvimento da farmacogenética e da farmacogenómica, e a evolução tecnológica crescente ao nível de metodologias analíticas (genómica, proteómica, metabolómica, imagiologia não invasiva, etc.) e da bioinformática, são factores facilitadores de um desenvolvimento da medicina personalizada e do seu estabelecimento como paradigma prevalente, tanto ao nível de desenvolvimento de novos medicamentos como da prática terapêutica de rotina, num futuro não longínquo [Lesko, 2007]. Considera-se que a medicina personalizada será o futuro [FDA, 2004], restando apenas a dúvida relativamente ao tempo que demorará a implementar-se [Lesko, 2007]. A matéria-prima da medicina personalizada é a informação. Assim, tanto no decurso dos ensaios clínicos como de estudos observacionais, crescentemente emergirá a necessidade de recolher informação maciça de cada indivíduo, usando as novas ferramentas diagnósticas. Essa informação, analisada em conjunto com a de outros indivíduos, constituirá uma base para a definição de marcadores de eficácia e de marcadores de segurança, através da comparação das características dos doentes respondedores versus os não respondedores e das características dos doentes com boa tolerabilidade versus os com problemas de tolerabilidade ou segurança. Nisso assentará a possibilidade de um tratamento “personalizado” dos doentes, seja em contexto de ensaio clínico seja em contexto de rotina clínica, devidamente “estratificados” de acordo com os marcadores biológicos apropriados. Deste novo paradigma esperam-se benefícios para o doente e para os sistemas de saúde, nomeadamente a prescrição de apenas medicações eficazes, evitamento/controlo dos efeitos adversos, dosagem mais segura e rigorosa durante a terapêutica, maior número de opções terapêuticas e redução dos custos de tratamento devido a um melhor diagnóstico. O desenvolvimento de marcadores de eficácia e segurança permitirá, também, tempos de desenvolvimento mais curtos e redução do custo médio do desenvolvimento de cada novo medicamento. 5 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética Ensaios em voluntários saudáveis no contexto do desenvolvimento de novos medicamentos À excepção de fármacos que pela sua toxicidade (como é o caso, por exemplo, de agentes citotóxicos destinados ao tratamento de doenças oncológicas) são primeiro investigados em voluntários com a doença-alvo, o desenvolvimento de novos medicamentos engloba uma série de ensaios de farmacologia humana realizados em voluntários saudáveis (ditos ensaios de fase I). A bateria típica de ensaios de fase I de um novo medicamento engloba os ensaios iniciais (“first-in-man”) de segurança, tolerabilidade e farmacocinética, ensaios de avaliação do impacto de factores intrínsecos (idade, género, função renal, função hepática…) e do impacto de factores extrínsecos (interacções medicamentosas, dieta…) na farmacocinética, farmacodinamia e tolerabilidade, e ensaios biofarmacêuticos (bioequivalência relativa de formulações, proporcionalidade de dose, presença de alimentos…). Os ensaios de fase I apresentam um elevado potencial para a melhoria da eficiência do modelo de desenvolvimento de novos medicamentos. Por um lado, o processo de autorização de introdução no mercado (AIM) de um novo medicamento engloba habitualmente ensaios de fase I realizados num total de mais de meio milhar de voluntários, o que pode representar cerca de 20% da população submetida a ensaio clínico até à altura do pedido de AIM. Assim, existe o potencial de desenvolvimento de marcadores de resposta e de segurança mais sofisticados que os actualmente utilizados e que, quando aplicados nesta população, podem permitir a tomada de decisões de descontinuação mais precoces, evitando-se avançar indevidamente para as fases de ensaio em doentes. Enquanto que o custo do conjunto de ensaios de fase I de um novo medicamento não ultrapassa, em média, 10 milhões de euros, os ensaios de fase II custam 75 milhões de euros e os de fase III custam 200 milhões de euros [Gaw, 2008]. Por outro lado, entre os fármacos que iniciam ensaios terapêuticos, a taxa de insucesso é de 40% na fase II [Kola & Landis, 2004] e, entre os fármacos que mostraram evidência de efectividade na fase II, a taxa de insucesso é de 50% na fase III [Woosley & Cossman, 2007]. Esta altíssima taxa de insucesso nas fases II e III torna, pois, evidente que os ensaios de fase I, tal como são actualmente realizados, apresentam um poder de previsão da utilidade clínica extremamente baixo. Urge, pois, robustecer o seu papel como fonte de informação que possa contribuir para decisões mais precoces de descontinuação do desenvolvimento e, assim, reduzir a taxa de insucesso nos ensaios de fase II e III e os enormes custos associados. Por outro lado, os ensaios de fase I podem também desempenhar um papel importante na melhoria da eficiência das fases II e III de desenvolvimento de novos medicamentos, ao fornecerem informação importante para a estratificação dos doentes nos ensaios terapêuticos, reduzindo assim o risco de ensaios negativos e proporcionando a “personalização” das recomendações de utilização em rotina clínica. Para além disso, a informação obtida em ensaios de fase I tem potencial uso no estabelecimento de relações farmacocinéticas-farmacodinâmicas como estratégias de ponte (“bridging”) entre diferentes populações de doentes (por exemplo, diferentes grupos étnicos, novas populações com a doença-alvo, doentes pediátricos, geriátricos ou grávidas, doentes com insuficiência hepática ou renal) ou diferentes formulações de um determinado medicamento/fármaco (por exemplo, novas doses ou intervalos de dose, novas formas de libertação e novas vias de administração) [Rolan et al., 2003]. 6 Introdução RECRUTAMENTO E SELECÇÃO DE VOLUNTÁRIOS SAUDÁVEIS PARA ENSAIOS DE FASE I Não existem dados estatísticos sobre o número de ensaios clínicos de fase I e/ou o número de voluntários saudáveis estudados nos mesmos, a nível mundial. Contudo, é razoável presumir-se que se realizam anualmente milhares de ensaios clínicos de fase I, num total de centenas de milhar de voluntários saudáveis. Porque depende do consentimento informado e livremente expresso, a amostra de participantes num ensaio clínico de fase I é uma “amostra selectiva”, potencialmente não representativa da população geral como um todo. Assim, parece importante conhecer em que medida os voluntários saudáveis que participam em ensaios clínicos de fase I diferem da população geral e qual o potencial impacto das eventuais diferenças nos resultados dos ensaios clínicos [Tishler et al., 2005]. Pela não aleatoridade da selecção dos participantes nos ensaios, o processo de recrutamento e selecção de voluntários para participação nos ensaios de fase I pode introduzir factores de confusão limitantes da validade externa, isto é, da generalização dos resultados à população geral, caso ocorram relações sistemáticas entre as características individuais que favoreceram a participação e as variáveis do estudo [Marcus & Schutz, 2005]. A “amostra selectiva” de participantes é o resultado da acção de vários selectores que, para efeitos de sistematização, postulamos situarem-se em três domínios: a) selecção situacional ou de contexto; b) auto-selecção; e, c) heterosselecção (Figura 1.1). Validade externa? População geral A B C População do estudo Figura 1.1. Domínios dos factores de selecção de participantes em ensaios de fase I: A) selecção situacional ou de contexto; B) auto-selecção; e, C) heterosselecção No domínio situacional ou de contexto, podemos considerar múltiplos selectores que são essencialmente externos às características do indivíduo ou às limitações impostas pela investigação propriamente dita, mas que potencialmente limitam a possibilidade de um indivíduo da população geral constituir-se como virtual voluntário (Figura 1.2). 7 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética Selecção situacional Indivíduo da população geral Local de residência Pressão social/familiar Situação económica Informação Transportes Disponibilidade de tempo Potencial voluntário Figura 1.2. Possíveis factores situacionais ou de contexto selectivos da participação em ensaios de fase I. O primeiro selector situacional é o acesso à informação que torna um qualquer indivíduo da população geral consciente da possibilidade de poder participar. São múltiplos os canais que hoje em dia se podem utilizar para divulgar ensaios clínicos, desde a internet, publicidade na rádio ou em meios de comunicação escritos, referência de ex-participante ou membro da equipa (“boca-a-boca”), etc. As estratégias de recrutamento de voluntários saudáveis variam largamente entre centros clínicos. Nalguns casos, utiliza-se publicitação junto do público em geral, através dos meios de comunicação de massas. Noutros casos, o recrutamento é dirigido a grupos específicos (por exemplo, estudantes universitários) e através de meios mais ou menos selectivos. A estratégia de recrutamento tem uma influência óbvia no tipo de indivíduos seleccionados e, consequentemente, na sua representatividade da população geral. Este selector é absoluto, dado que ninguém pode ponderar voluntariar-se se não souber que o pode fazer. Outros factores de selecção situacional são, por exemplo, a situação sócio-económica, a distância do local de residência e a facilidade de transportes até à unidade onde decorrerá o ensaio, e as percepções sociais e familiares positivas ou negativas sobre a participação, que podem condicionar a predisposição à participação. Estes selectores condicionam significativamente a participação do indivíduo, mas não são absolutos, porque aquele mantém alguma capacidade de arbítrio. No domínio da auto-selecção, podemos considerar múltiplos factores selectores que são intrínsecos ao indivíduo potencialmente candidato à participação num ensaio de fase I (Figura 1.3). A auto-selecção deriva do facto da participação num ensaio clínico pressupor prévio consentimento informado. Ou seja, a amostra de participantes é uma população auto-seleccionada de sujeitos que consentiram em participar. A auto-selecção condiciona um potencial viés, também designado por “viés de voluntário” ou “viés de não resposta” [Marcus & Schutz, 2005]. Constitui-se como um factor de confusão que pode inclusive atingir a própria definição 8 Introdução Auto-selecção Potencial voluntário Valores Motivações Personalidade Voluntário Figura 1.3. Factores auto-selectivos de participação em ensaios de fase I. da “norma”: por exemplo, os valores normativos das escalas psicométricas, incluindo as que usámos no presente trabalho, são definidos com base na aplicação na população “normal”. Mas restará sempre a questão sobre se efectivamente representam “toda” a população, porque as escalas só são aplicadas em quem aceita e não está assegurado que as características das pessoas que rejeitaram a participação se distribuam de um modo idêntico às das que aceitaram colaborar na validação da escala. A auto-selecção pode assumir várias formas e pode ocorrer em diferentes alturas. Postulamos que o factor de confusão de auto-selecção num ensaio de fase I conduzido em voluntários saudáveis pode ocorrer principalmente em três momentos: –– No momento de um indivíduo decidir responder ou não a um anúncio (por exemplo, um anúncio no jornal ou na internet, ou um cartaz) ou outros meios pelos quais tomou conhecimento sobre a possibilidade de se voluntariar para um ensaio de fase I (por exemplo, um contacto pessoal). –– No momento de finalmente decidir participar, após tomar conhecimento dos detalhes específicos do estudo, durante os procedimentos do consentimento informado. –– Em qualquer altura durante o estudo, porque um participante mantém o direito de abandonar o ensaio sempre que o quiser fazer. Uma eventual perda diferencial na continuação do estudo pode englobar-se no conceito de “viés de não resposta”. Pode ainda teorizar-se um factor de confusão de selecção adicional: a participação repetida. Para além das questões metodológicas e éticas que a participação repetida levanta — nomeadamente o risco de “profissionalização”, quando a repetição é excessiva [Tishler & Bartholomae, 2003] —, a “experiência” prévia pode condicionar os resultados dos ensaios. Porque são saudáveis, não é de presumir qualquer efeito directo benéfico para a saúde dos participantes em ensaios de fase I decorrente da administração do produto investigacional. Por outro lado, usualmente, a participação obriga a internamento por vários dias, proce- 9 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética dimentos desconfortáveis ou mesmo dolorosos, e risco de acontecimentos adversos, por vezes graves (embora muito raramente), como o caso recente ocorrido no Reino Unido, em que voluntários saudáveis desenvolveram falência multiorgânica de instalação rápida, por libertação maciça de citocinas, após administração intravenosa do imunomodulador TGN1412 [Nada & Somberg, 2007]. Por outro lado, a compensação financeira não é normalmente elevada, devido às restrições éticas e legais impostas de forma a evitar que o apelo financeiro possa, pelo seu excesso, constituir-se como factor limitante a um consentimento isento de toda a espécie de coacção. Assim, pode perguntar-se quais são então as razões porque indivíduos normais se voluntariam para ensaios de fase I? A atenção dada às motivações e atitudes dos participantes em ensaios de fase I tem sido muito limitada e a bibliografia disponível é muito escassa [Tishler & Bartholomae, 2002]. Numa revisão sistemática recente da literatura relativa ao tema, dois autores [Tishler & Bartholomae, 2002] encontraram apenas sete publicações que cumpriam os critérios para revisão [Bigorra & Baños, 1990; Esecover et al., 1961; Hassar et al., 1977; Martin et al., 1968; Novak et al., 1977; Van Gelderen et al., 1993; Vrlovac et al., 1990]. A mais recente tinha sido publicada em 1993 [Van Gelderen et al., 1993] e quatro tinham sido publicadas nos anos 60 ou 70 do século XX [Esecover et al., 1961; Hassar et al., 1977; Martin et al., 1968; Novak et al., 1977], numa altura em que as condições de realização de ensaios de fase I eram bem distintas das actuais, nomeadamente no que respeita ao recrutamento de prisioneiros [Martin et al., 1968; Novak et al., 1977] e colaboradores das empresas farmacêuticas [Hassar et al., 1977]. O motivo primário auto-relatado para participação num ensaio clínico de fase I tem sido descrito como sendo o incentivo financeiro, o que aliás corresponde ao expectável. As amostras de voluntários saudáveis compreendem habitualmente pessoas com baixo rendimento [Ayd & Calabresi, 1972; Bigorra & Baños, 1990; Tishler & Bartholomae, 2003; Van Gelderen et al., 1993], entre as quais se incluem os estudantes universitários. Contudo, empiricamente conhecemos que há muitas pessoas economicamente desfavorecidas que rejeitam liminarmente a ideia de participação; ou seja, embora a compensação financeira seja importante para muitos indivíduos, não é suficiente para outros se voluntariarem para a participação em ensaios de fase I. E há indivíduos que invocam razões de natureza não financeira, nomeadamente altruísticas, como motivo de participação. Assim sendo, pode teorizar-se que os valores e a personalidade do indivíduo são factores importantes na decisão de participar num ensaio clínico. Os traços de personalidade e os valores individuais são características que indicam uma preferência para agir ou perceber o mundo de uma determinada maneira. Os valores determinam preponderantemente o comportamento humano e são o alicerce no qual assenta a personalidade do indivíduo, ditando-lhe o que é justo, desejável, aceitável ou certo. Um grupo de valores pessoais, o dos valores interpessoais, pode ser particularmente relevante para a decisão de participar em ensaios de fase I. Os valores interpessoais são aqueles que influenciam o comportamento e as relações sociais, incluindo a motivação para tomar ou não tomar atitudes em favor de outrem. Um traço de personalidade é descrito como uma característica individual, em muitos aspectos heredo-constitucional e razoavelmente estável, que é responsável pela consistência do comportamento. Os valores servem de sistema de “orientação” utilizado por uma personalidade quando confrontada com a escolha entre alternativas [Beu- 10 Introdução kman, 2005]. Nos trabalhos desta dissertação pretendemos, pois, avaliar a influência dos valores interpessoais, da personalidade e de factores psicológicos como selectores potenciais de participação em ensaios de fase I. No domínio da heterosselecção, os selectores postulados são os critérios de inclusão/exclusão dos sujeitos, definidos no protocolo de ensaio clínico, e o livre arbítrio do investigador, que aliás é muitas vezes assumido na lista de critérios de selecção protocolados (Figura 1.4). A participação efectiva num ensaio de fase I é restringida a indivíduos que, para além de consentirem na participação, cumprem os critérios de selecção definidos no protocolo, que na maioria dos casos se baseiam na demografia (por exemplo, idade, género, índice de massa corporal ou grupo étnico), estilo de vida (por exemplo, não fumadores) e a demonstração da condição de “saudável”. Um critério arbitrário dá habitualmente ao investigador o poder de decidir a exclusão de um determinado indivíduo apenas com base na sua percepção subjectiva sobre se o indivíduo cumpriria ou não as exigências do estudo. Os critérios de inclusão/exclusão definidos nos protocolos de fase I são usualmente muito estritos e restritivos (por exemplo, ao limitarem comummente a participação a “jovens”). Isso conduz a amostras mais homogéneas, o que pode reforçar a validade interna do ensaio, mas representa uma ameaça à sua validade externa, isto é, ao potencial de generalização dos resultados. Heterosselecção Voluntário Critérios de selecção Arbítrio do investigador Participante Figura 1.4. Factores selectivos de participantes em ensaios de fase I do domínio da heterosselecção. 11 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética AUTO-SELECTORES DE PARTICIPAÇÃO EM ENSAIOS CLÍNICOS DE FASE I E IMPACTO NOS RESULTADOS DOS MESMOS Os trabalhos desta dissertação focaram sobretudo na auto-selecção, embora também tenham sido explorados alguns aspectos da selecção situacional. Como referido, o consentimento informado é um agente de auto-selecção e teorizou-se que é condicionado pelos valores interpessoais e pela personalidade e, eventualmente, por alguns estados psicológicos específicos. No que respeita aos valores interpessoais, estes foram avaliados através do Inventário de Valores Interpessoais, versão portuguesa do Survey of Interpersonal Values (SIV) [Gordon, 1993]. Os resultados obtidos numa amostra de participantes em ensaios clínicos foram comparados contra os valores normativos da população portuguesa, utilizando uma versão validada para Portugal por A. Menezes-Rocha e colaboradores [Gordon, 2001]. As características de personalidade associam-se a diferentes marcadores biológicos. Por exemplo, níveis elevados de ansiedade e inibição comportamental têm sido associados a níveis elevados de 5-hidroxitriptamina, enquanto comportamentos elevados em tendências exploratórias (por exemplo, curiosidade e procura de sensações) têm sido relacionados à dopamina e, em menor extensão, à noradrenalina [Zuckerman, 1991]. Ou seja, diferentes características de personalidade podem associar-se a diferentes ambientes biológicos e, também por essa via, a diferentes respostas aos fármacos. O estudo desta matéria tem sido negligenciado, mas pode ser importante no paradigma da medicina personalizada. No que respeita às características de personalidade, a caracterização foi feita em dois níveis, com objectivos distintos, se bem que complementares: –– Comparação dos traços de personalidade obtidos pela aplicação do NEO Personality Inventory Reviewed (NEO PI-R) [Costa & McCrae, 1995] numa amostra de participantes em ensaios clínicos versus os valores normativos da população portuguesa, utilizando uma versão validada para Portugal (Inventário de Personalidade NEO Revisto) por M. Pedroso-Lima e A. Simões [Costa & McCrae, 2000]. Se bem que este inventário permita uma avaliação muito abrangente da personalidade de um indivíduo, caracterizando 5 factores (domínios) e seis facetas (traços) dentro de cada domínio, o NEO-PI-R é de difícil implementação prática, pelo seu custo, tempo de aplicação e dificuldade de interpretação, o que constituem obstáculos à sua utilização generalizada e rotineira. –– Por isso, com base na nossa experiência empírica e sobretudo apoiados na informação publicada, tentámos identificar, a priori, dimensões de personalidade que pudessem, concomitantemente: i) estar relevantemente implicadas na auto-selecção; ii) ter impacto hipotético sobre os resultados (“outcomes”) dos ensaios; iii) dispusessem de escalas de avaliação de aplicação rápida e não dispendiosa e de interpretação fácil, viabilizando a sua implementação na caracterização de voluntários para ensaios de fase I, caso os resultados suportassem tal recomendação. 12 Introdução São escassos os estudos publicados que tenham comparado os traços de personalidade dos participantes em ensaios de fase I com a população normativa [Tishler et al., 2005]. Em estudos em que foi utilizado o Eysenck Personality Questionnaire [Ball et al., 1993; Cami et al., 1989], os voluntários de ensaios de fase I apresentaram graus mais elevados de extroversão e níveis mais baixos de neuroticismo em relação à população geral [Ball et al., 1993] e a um grupo de controlo [Ball et al., 1993]. Noutro estudo [Pieters et al., 1992], a aplicação do Dutch Personality Inventory mostrou também que os voluntários de ensaios de fase I eram mais extrovertidos que a norma, mas num estudo em que se utilizou o Freiburg Personality Inventory não se encontraram diferenças significativas, ao nível de extroversão e de neuroticismo [Meyer et al., 1995]. A aplicação do State-Trait Anxiety Inventory (STAI) mostrou também que voluntários de ensaios de fase I apresentavam níveis de ansiedade (estado e traço) mais baixos do que os valores normais [Pieters et al., 1992]. Em dois estudos, verificou-se que os voluntários de ensaios de fase I apresentavam uma tendência mais elevada para a procura de sensações e maior necessidade de aventura e risco do que a norma [Farre et al., 1995; Pieters et al., 1992], se bem que apenas num dos estudos as pontuações dos participantes em ensaios de fase I tenham sido mais elevadas do que as pontuações da norma na subescala “experience seeking” [Farre et al., 1995]. Um traço de personalidade relacionado com uma ampla faixa de parâmetros relacionados com a saúde é a auto-eficácia [Bandura, 1977]. A auto-eficácia percepcionada é definida como a crença de um indivíduo na própria capacidade de autogerar comportamentos para obter os resultados desejados quando confrontado com barreiras e obstáculos [Kashdan & Roberts, 2004]. Indivíduos com elevada auto-eficácia preferem tarefas mais desafiantes, investem mais esforço e são mais persistentes do que os indivíduos com baixa auto-eficácia percepcionada, que duvidam das suas capacidades, evitando-as e considerando-as mais frequentemente como ameaças pessoais [Bandura, 1994], como pode acontecer num ensaio clínico. Um parâmetro de avaliação sempre presente nos estudos de fase I é a monitorização dos efeitos adversos. Meyer e colaboradores [Meyer et al., 1996] verificaram a existência de correlações positivas entre o neuroticismo e o número de queixas de origem não medicamentosa numa população de estudantes de medicina. Alguns estudos demonstraram que certos estados psicológicos podem influenciar a resposta subjectiva aos fármacos, nomeadamente o relato de queixas [Ball et al., 1993; Meyer et al., 1995]. Num estudo em doentes [Ong et al., 2004], aqueles com maiores níveis de ansiedade apresentaram mais efeitos adversos após administração medicamentosa do que os indivíduos com baixa ansiedade. Os autores concluíram que tal se devia ao facto dos indivíduos mais ansiosos apresentarem vigilância somática aumentada e uma tendência para dramatizar a interpretação de sensações físicas ligeiras, conduzindo assim a um sobre-relato de queixas. Há também evidência da influência da personalidade no efeito nocebo (ocorrência de efeitos adversos em consequência da toma de placebo) [Drici et al., 1995]. Existem também dados, embora escassos e por vezes inconsistentes, que sugerem que a farmacocinética pode ser afectada pelos traços de personalidade [Meyer et al., 1996]. Num ensaio em voluntários saudáveis, 12 com neuroticismo elevado e outros 12 com neuroticismo 13 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética baixo, os autores [Nakano et al., 1980] verificaram que os indivíduos com níveis mais baixos de neuroticismo absorveram uma dose de diazepam de forma mais lenta e atingiram menores concentrações plasmáticas do que indivíduos com níveis mais elevados de neuroticismo. Os autores repetiram a experiência com administração intraduodenal e não encontraram diferenças nas taxas de absorção, tendo concluído que o esvaziamento gástrico ocorre mais rapidamente nos indivíduos com neuroticismo mais elevado. Inversamente, outros autores [Jackson et al., 1985] não encontraram diferenças na farmacocinética da teofilina causadas por níveis diferentes de neuroticismo em voluntários saudáveis e em doentes asmáticos. Pessoas com nível elevado de tendências exploratórias e de sentimento de auto-eficácia e que gostam de actividades de risco poderiam estar mais disponíveis a voluntariarem-se para ensaios clínicos. Nos trabalhos desta dissertação colocámos a hipótese de que os indivíduos com traço de curiosidade mais elevado, que são mais exploratórios por definição, são mais susceptíveis de se voluntariarem para ensaios clínicos do que indivíduos com traço de curiosidade baixo, os quais têm maior probabilidade de vivenciar estas situações como indesejáveis. Colocámos, também, a hipótese de que indivíduos saudáveis possuindo as qualidades inerentes à auto-eficácia seriam mais predispostos a voluntariarem-se para ensaios clínicos. Embora a ansiedade se possa manifestar de diversas formas, a participação num ensaio de fase I parece justificar a investigação, em particular, da ansiedade-traço e os reflexos que esta poderá ter em determinadas situações sociais (ansiedade social). Por exemplo, efeitos adversos ou procedimentos dolorosos podem ser considerados especialmente ameaçadores para os indivíduos ansiosos. Por outro lado, a interacção estreita com pessoas previamente desconhecidas, como é o caso da equipa clínica e dos demais participantes, e o confinamento a uma enfermaria aberta com poucas condições de privacidade podem ser entendidos como especialmente ameaçadores para pessoas com ansiedade social elevada. Consequentemente, estabelecemos a hipótese de que pessoas com ansiedade-traço e ansiedade social elevadas seriam menos receptivas a voluntariarem-se para ensaios de fase I. Tendo em atenção esta informação bibliográfica e a nossa experiência empírica, tentámos então identificar instrumentos psicométricos que pudessem ser de fácil aplicação prática e capazes de mensurar as características de personalidade (e alguns estados psicológicos) presumivelmente implicadas na auto-selecção e, eventualmente, com influência nos resultados dos ensaios de fase I. No pólo dos factores psicológicos “positivos”, seleccionámos os instrumentos Self-Efficacy Scale [Sherer et al., 1982], na versão Escala de Avaliação da Auto-Eficácia Geral preparada por J. L. P. Ribeiro [Ribeiro, 1995], e Curiosity and Exploration Inventory-Trait (CEI-T) [Kashdan, 2004], de Todd B. Kashdan, director do Laboratory for the Study of Social Anxiety, Character Strengths, and Related Phenomena, da Universidade George Mason, Fairfax, Virgínia, EUA, o qual acedeu em colaborar e nos ajudou a validar uma versão portuguesa. Para a mensuração de factores psicológicos “negativos” – nomeadamente, a ansiedade, a ansiedade social e a sintomatologia depressiva – utilizámos as escalas State-Trait Anxiety Inventory (STAI) [Spielberger et al., 1970], Social Avoidance and Distress (SAD) e Fear of Negative Evaluation (FNE) [Watson & Friend, 1969], e Beck Depression Inventory-II (BDI-II) [Beck et al., 1996]. Estas escalas foram aplicadas a um grupo de voluntários de ensaios de fase I e a um grupo de 14 controlo composto por indivíduos que nunca tinham participado em ensaios de fase I e que apresentavam características sócio-demográficas idênticas ao grupo de voluntários. O grupo de controlo foi dividido em subgrupos, de acordo com a resposta ao convite para participação num ensaio clínico concreto. Os resultados nas diferentes escalas foram comparados entre os subgrupos do grupo de controlo e entre o grupo de controlo e o grupo de participantes. As pontuações no grupo de participantes foram correlacionadas com o relato de acontecimentos adversos durante a participação em ensaios clínicos e com a cinética dos fármacos testados nos mesmos ensaios. 15 Objectivos 17 Objectivos Os principais objectivos desta dissertação foram os seguintes: 1. Investigar aspectos relacionados com a selecção situacional ou de contexto de participantes em ensaios clínicos de fase I (Capítulo I e Capítulo III.d). 2. Caracterizar sócio-demograficamente os voluntários para ensaios clínicos de fase I (Capítulo I e Capítulo III.b e III.c). 3. Caracterizar as motivações e percepções relativas à participação em ensaios clínicos de fase I (Capítulo I e Capítulo III.d). 4. Caracterizar a relação entre as características da personalidade e as motivações e percepções relativas à participação em ensaios clínicos de fase I (Capítulo I). 5. Caracterizar o processo de decisão que leva um indivíduo a voluntariar-se para um ensaio clínico de fase I (Capítulo I e Capítulo III.d). 6. Caracterizar a importância dos valores interpessoais na auto-selecção de voluntários para ensaios clínicos de fase I (Capítulo II). 7. Caracterizar a importância das características de personalidade na auto-selecção de voluntários para ensaios clínicos de fase I (Capítulo III.a, III.b, III.c e III.d). 8. Determinar a relação entre as características sócio-demográficas, de personalidade e factores psicológicos e a incidência de efeitos adversos durante a participação em ensaios clínicos de fase I (Capítulo III.a e III.c). 9. Caracterizar a prevalência de queixas adversas de origem não medicamentosa em voluntários de ensaios clínicos de fase I e em não voluntários e determinar a sua relação com as características de personalidade e factores psicológicos (Capítulo IV). 10.Determinar a relação entre os factores psicológicos e os parâmetros farmacocinéticos obtidos durante a participação em ensaios clínicos de fase I (Capítulo V). 19 CAPÍTULO I Caracterização sócio-demográfica e das motivações e percepções dos participantes em ensaios clínicos de fase I, bem como da influência das características de personalidade nas mesmas «Why healthy subjects volunteer for phase I studies and how they perceive their participation?» Eur J Clin Pharmacol 63, 1085-1094, 2007 Caracterização sócio-demográfica e das motivações e percepções dos participantes em ensaios clínicos de fase I, bem como da influência das características de personalidade nas mesmas Eur J Clin Pharmacol (2007) 63:1085–1094 DOI 10.1007/s00228-007-0368-3 PHARMACOEPIDEMIOLOGY AND PRESCRIPTION Why healthy subjects volunteer for phase I studies and how they perceive their participation? Luis Almeida & Benedita Azevedo & Teresa Nunes & Manuel Vaz-da-Silva & Patrício Soares-da-Silva Received: 15 May 2007 / Accepted: 7 August 2007 / Published online: 20 September 2007 # Springer-Verlag 2007 Abstract Objective To characterize the motivations and attitudes of healthy subjects who volunteer for phase I studies as well as their perception of the informed consent procedure and participation in the study. Methods Subjects (n = 136, 48.5/51.5% males/females, 26.9±5.5 years; 51.9% students, 42.2% employed, 5.9% unemployed) anonymously answered questionnaires regarding study participation and personality (Revised NEO Personality Inventory). Results Financial reward was the most important motivation and was most valued by subjects with a lower monthly income (p<0.01) and lower education (p<0.05). Personality traits correlated differently with the various motivators for participation. “Word-of-mouth” (mainly by ex-participants) was the source of information on the phase I study for 94.9% of the participants. Most (88.2%) subjects consulted other people (family member/partner, 53.3% of participants; friends, 40.0%; physician, 25.0%) before deciding to participate. In 80% of the cases, the people consulted recommended that the subject not participate, with the risk of serious complications being the main objection in 75.7% cases. The information provided was generally assessed favorably; 34.6% of subjects considered the discomfort caused by participation to be less than that originally reported during the consent procedure, 58.8% considered it to be identical and 6.6% considered it to be higher. Most of the subjects (81.6%) declared that they never felt at risk of a serious complication during their participation in the study, 16.2% occasionally felt that they were at risk and 2.2% felt that they were at risk for a significant period of time. Personality traits correlated with the decision to ask someone else’s opinion, the manner in which information provided was rated and the perception of the risk taken during participation. Conclusion Financial reward as the main motivator for participation in phase I studies was less valued by healthy volunteers with a higher income and education. A subject’s motivations and perceptions toward participation were found to be influenced by individual characteristics, including some personality traits. L. Almeida (*) : B. Azevedo : T. Nunes : M. Vaz-da-Silva : P. Soares-da-Silva Department of Research & Development, BIAL, A Av. da Siderurgia Nacional, 4745-457 S. Mamede do Coronado, Portugal e-mail: [email protected] L. Almeida : P. Soares-da-Silva Institute of Pharmacology and Therapeutics, Faculty of Medicine, University of Porto, Alameda Professor Hernâni Monteiro, Porto, Portugal Keywords Clinical pharmacology . Healthy subjects . Phase I studies . Recruitment . Volunteering M. Vaz-da-Silva Department of Medicine, Faculty of Medicine, University of Porto, Alameda Professor Hernâni Monteiro, Porto, Portugal Introduction M. Vaz-da-Silva Hospital de S. João, Porto, Portugal Phase I studies in healthy subjects are of fundamental importance in the early drug development process as an 26 23 CAPÍTULO I 1086 Eur J Clin Pharmacol (2007) 63:1085–1094 and Bigorra and Baños [2] in their studies published in the European Journal of Clinical Pharmacology in 1993 and 1990, respectively. The subjects were also requested to complete the Revised NEO Personality Inventory (NEOPI-R) [9], a highly regarded assessment of normal personality based on the personality Five-Factor model [9–11]. It consists of 240 statements to which the respondents rate their level of agreement using a five-point scale. Items are organized into the five broad domain scales, each of which is subdivided into six eight-item subscales, with each of these corresponding to a specific personality trait or facet. The five broad domains or factors and their six specific personality traits or facets of personality measured by NEOPI-R are the following: (1) Neuroticism (N), predisposition to experience psychological stress, irrational ideas, poor impulse control [facets: anxiety (N1), angry-hostility (N2), depression (N3), self-consciousness (N4), impulsiveness (N5), and vulnerability (N6)]; (2) Extroversion (E), measures a dimension of sociability, liveliness and cheerfulness [facets: warmth (E1), gregariousness (E2), assertiveness (E3), activity (E4), excitement seeking (E5), and positive emotions (E6)]; (3) Openness to Experience (O), imagination, intellect, intellectual curiosity, need for variety, nondogmatic attitudes and willingness to entertain novel and unconventional values [Facets: fantasy (O1), aesthetics (O2), feelings (O3), actions (O4), ideas (O5), and values (O6)]; (4) Agreeableness (A), measures a dimension from sympathetic, cooperative, and altruistic to egocentric, skeptical and competitive [Facets: trust (A1), straightforwardness (A2), altruism (A3), compliance (A4), modesty (A5) and tender-mindedness (A6)]; (5) Conscientiousness (C), disciplined striving after goals and a strict adherence to principles, control of impulses, planning, organizing, ability to carry out a task [Facets: competence (C1), order (C2), dutifulness (C3), achievement striving (C4), self-discipline (C5) and deliberation (C6)]. In this study we used the NEO-PI-R form S (selfadministered version) that has been validated for the Portuguese population and reported to have good psychometric properties [12]. With the support of adequate proprietary software [13], the individual results were interpreted by reference to the Portuguese population norms prepared for each scale and subscale, taking the gender and age of the individual into consideration. These were presented as direct scores for each subscale and converted into the corresponding percentile of the norm. This study was approved by an Independent Ethics Committee (IEC) before any of the subjects were approached. The phase I studies in which the subjects had participated had been previously approved by the national central Ethics Committee for Clinical Research [Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC), Lisbon, Portugal] and by the national drug regulatory authority intermediate phase between in vitro and animal experiments and clinical trials in the target patient population. However, as the subjects are healthy, it is not expected that they will have a direct health benefit from participating in such studies. In addition, study participation usually requires confinement for several days, frequent blood drawing and other inconvenient procedures, and the drug being tested may on occasion cause adverse effects. Therefore, one may ask why normal subjects volunteer for such studies? Limited attention has been given to this aspect of phase I studies, and the published literature contains only a few reports of studies investigating the motivations and attitudes of healthy subjects who volunteer to participate in drug clinical trials [1]. In a recent systematic review of the literature on the use of financial incentives in clinical research, Tishler and Bartholomae [1] found only seven publications meeting the criteria for review [2–8]. The most recent of these had been published in 1993 [7], and four out of seven had been published in the 1960s and 1070s [3–6] when phase I study conditions were very different from current ones, particularly in terms of the recruitment of prisoners [5, 6] and employees of pharmaceutical companies [4]. Therefore, there is a clear need for up-to-date studies that assess the motivations, attitudes and perceptions of potential participants in phase I studies. As a contribution towards a further clarification of such issues, we report here our assessment study of a group of participants in phase I drug studies in terms of their motivations for participating, whether they asked (or not) someone else’s opinion before deciding to participate and how they have perceived the informed consent procedure and study participation. We also explored the influence of a subject’s demographic, socio-economic and personality characteristics on his/her motivations and perceptions toward participation. Materials and methods One hundred and thirty-six subjects who had participated in phase I drug studies conducted at the Human Pharmacology Unit (HPU) of BIAL (Portela & Co. SA,S Mamede do Coronado, Portugal) between January 2006 and July 2006 involving the use of orally administered new chemical entities currently in clinical development as new putative medicines for the treatment of CNS-related diseases were invited to anonymously complete questionnaires on their demographic, socio-economic and life-style characteristics as well as personal habits. The subjects were also invited to complete a questionnaire regarding their motivations and experiences as study participants. This questionnaire consisted of 14 questions (summarized in Table 2) and was derived from the questionnaires used by Van Gelderen [7] 27 24 Caracterização sócio-demográfica e das motivações e percepções dos participantes em ensaios clínicos de fase I, bem como da influência das características de personalidade nas mesmas Eur J Clin Pharmacol (2007) 63:1085–1094 1087 pation is limited to one study per each drug being investigated. Since the HPU only performs studies for its owner, which has a relatively small number of drug entities in clinical development, repeat participation is relatively low: most subjects (69.9%) completing this question had participated in only one study. An inverse correlation was found between the number of times a volunteer participated and monthly income: subjects earning less than 50% of the average national salary in the industry and services sector had lower repeat participation rates than those subjects who have a monthly net income of at least 50% of the average national salary (p<0.01); this apparently paradoxical finding is due to the fact that subjects with the lowest monthly income are usually students, which is a transitory situation (some repeat participation in young professionals includes an early participation when the subjects were still students). [Instituto da Farmácia e do Medicamento (INFARMED) Lisbon, Portugal]. These studies had involved confinement for up to 14 days and the frequent drawing of blood for pharmacokinetic analysis and safety procedures. All participants were selected according to the selection criteria defined in the study protocols, which were relatively similar between studies. Volunteers who admitted to smoking more than ten cigarettes per day or to drinking more that 14 alcohol units per week were excluded. Before any of the phase I studies started, the participants attended one or more information meetings in which they received information, both verbally and in writing, on the proposed study, including the study design, procedures, inconvenience or discomfort during the study, precautions, possible adverse events and financial reward. The subjects had the opportunity to ask someone else’s opinion before making their final decision. The statistical analysis was performed with the STATISTICAL PACKAGE FOR SOCIAL SCIENCES (SPSS) ver. 11.5 (SPSS, Chicago, IL). Spearman’s rho correlations between different variables were performed; statistical significance was established at an alpha error of 5% (p<0.05), two-sided. Why do subjects volunteer to participate? Question 2 (Q2) One of the questions of the questionnaire was aimed at characterizing the subject’s motivation for volunteering to participate in such clinical studies. The participants had to rate, using a scale from 0 (no importance) to 5 (extreme importance), the following reasons: curiosity, progress of science/medicine, a free health check-up, financial reward and other. Financial reward was the most important single motivation (Fig. 1), receiving a score of “5” (extreme importance) and “4” by 58.1 and 30.1% of participants, respectively; 9.6% and 2.2% of the subjects gave this motivational aspect a “3” and “2”, respectively. No subject considered financial reward to be unimportance. A desire to contribute to the progress of science/medicine and the possibility of a free medical check-up were rated similarly by participants: approximately 20% (19.1% for progress of science/medicine and 20.6% for free medical check-up) rated these motivations with a “5” and approximately 30% rated it with a “4” (27.9% for progress of science/medicine and 30.9% for free medical check-up). On average, curiosity was considered to be a less powerful motivator for participation, but 11 (8.1%) participants gave it a “5” in terms of importance and a further 27.2% gave it a score of “4”. Other motivations reported by the subjects to be important were to “get a new experience” and “to break routine” (n=4), to be with a friend who also participated (n=4), to contribute to the development of new medicines for the treatment of a disease that affected a close friend or relative (n=3), to meet unknown people (n=3), and to get a rest (n=3). No significant correlations were found between the different motivators and gender, age or principal occu- Results All participants agreed to complete the questionnaires, but some did not answer all of the questions. The main demographic, social and life-style characteristics of the study cohort are presented in Table 1, and the results of the 14-item participation questionnaire are presented in Table 2. In terms of age, occupation, habitation, education level, monthly income, smoking, drinking coffee and physical exercising, there were no major differences between the male and female groups of participants. The women differed from the men primarily with respect to civil status (fewer were married and more were divorced), lower consumption of alcoholic beverages and a higher use of medications (mainly oral contraceptives). Approximately 50% of the subjects of both gender groups were university students of a wide range of teaching fields: engineering, 26.6%; health-related professions,16.7%; literature,15.0%; management/economy,10.0%; education,10.0%; sciences, 8.3%; law,6.7%; other,6.7%. The monthly income of the students depended mainly from parents/family allowance and/or scholarship. History of participation in phase I studies Question 1 (Q1) Due to ethics concerns (“professionalization” of volunteers), the number of studies in which a subject is allowed to participate is limited to a maximum of two studies per year; for methodological reasons, partici- 28 25 CAPÍTULO I 1088 Eur J Clin Pharmacol (2007) 63:1085–1094 Table 1 Socio-demographic and life style characteristics of the study population Variable Parameter Male Female Total Sample Age (years) n (%) Mean ± SD Median Range Caucasian Other Student Employed Unemployed <25% 25%–50% 51%–100% 101%–150% >150% Parents/family home Subject’s own home Rental house/flat Rental room University facility Master’s degree Licensed Bachelor’s degree 12 years 9 years 6 years Single Married/living together Divorced Yes No Yes No Yes No Yes No Yes No Yes No 66 (48.5%) 26.6±5.2 26 18–43 97.0% 3.0% 53.0% 43.9% 3.0% 24.1% 27.6% 29.3% 12.1% 6.9% 43.9% 24.2% 18.2% 10.6% 3.0% 3.0% 19.7% 3.0% 62.1% 10.6% 1.5% 69.7% 28.8% 1.5% 75.4% 24.6% 33.3% 66.7% 65.2% 34.8% 69.7% 30.3% 18.2% 81.8% 72.7% 27.3% 70 (51.5%) 27.2±5.8 26 19–45 100.0% 0.0% 50.7% 40.6% 8.7% 22.8% 29.8% 28.1% 12.3% 7.0% 37.7% 29.0% 17.4% 8.7% 7.2% 2.0% 23.2% 10.1% 58.0% 4.3% 1.4% 75.4% 14.5% 10.1% 62.3% 37.7% 30.0% 70.0% 71.0% 29.0% 32.9% 67.1% 47.1%b 52.9% 58.8% 41.2% 136 (100.0%) 26.9±5.5 26 18–45 98.5% 1.5% 51.9% 42.2% 5.9% 23.5% 28.7% 28.7% 12.2% 7.0% 40.7% 26.7% 17.8% 9.6% 5.2% 2.9% 21.5% 6.7% 60.0% 7.4% 1.5% 72.6% 21.5% 5.9% 68.6% 31.4% 31.6% 68.4% 68.1% 31.9% 50.7% 49.3% 32.8% 67.2% 65.7% 34.3% Ethnic group (%) Occupation (%) Monthly net income in relation to the mean national net salary in the industry and servicesa Habitation Level of education Civil status Keep affective relationship? Smoking Drinks coffee Drinks alcoholic beverages Use of medicines Regular physical exercising a b Approximately €1000/month (net) Mostly oral contraceptives pation. An inverse correlation was observed between the motivators financial reward and monthly income (Spearman’s coefficient of correlation: R =−0.217, p<0.05): subjects with a higher monthly income tended to consider the financial reward to be less important than those with a lower income. Significant positive linear correlations were found between the manner subjects rated the importance of the different motivators and a number of personality traits: between curiosity and trust (R=0.246, p<0.01), straightforwardness (R = 0.191, p < 0.05) and tendermindedness (R = 0.187, p< 0.05); between progress of medicine/science and competence (R = 0.208, p < 0.05) and self-discipline (R=0.196, p<0.05); between financial reward and modesty (R=0.244, p<0.01). The following significant negative linear correlations were found: between free medical check-up and assertiveness (R=− 0.209, p<0.05); between curiosity and values (R=−0.187, p<0.05); between progress of medicine/science and values (R=− 0.248, p<0.01). Question 3 (Q3) Surprisingly, 8.8% of participants declared that they would agree to participate even if there was no 29 26 Caracterização sócio-demográfica e das motivações e percepções dos participantes em ensaios clínicos de fase I, bem como da influência das características de personalidade nas mesmas Eur J Clin Pharmacol (2007) 63:1085–1094 1089 Table 2 Results of the 14-item questionnaire (n=136) Question Answer n (%) Q1. Participation: history, including current study One study Two studies Three studies Four or more studies Q2. Motivations for study participation (See Fig. 1) Q3. Would you have accepted to participate if there was no financial reward? No Maybe Yes Q4. How did you hear about the possibility of participation? Poster Flyer HPU staff Ex-participant Someone who never participated Other way Q5. Would you accept to recommend participation to a friend/relative? No Maybe Yes Q6. Before participating, did you ask someone else’s opinion? No Yes Yes, family/partner Yes, friend Yes, physician Yes, unspecified Yes, other Q7. How did your family or close friends reacted regarding participation? Almost all said yes Some said yes, some said no Almost all said no All said no Q8. If they recommended you should not participate, what reasons did they give? Risk Guinea pig role Missing work/school Away from home Other Q9. How do you consider the financial reward? Good Reasonable Bad Q10. How do you consider the information provided before the study? More than enough Enough Not enough Q11. How do you consider the inconvenience/ discomfort in relation to the information provided? Lower than informed Similar to that informed Higher than informed Q12. How did you feel about the possibility of an occurrence of a serious complication? Never fear that Occasionally Significant period of time 30 27 95 (69.9) 24 (17.6) 13 (9.6) 4 (2.9) 52 (38.2) 72 (52.9) 12 (8.8) 7 (5.1) 10 (7.4) 22 (16.2) 94 (69.1) 18 (13.2) 3 (2.2) 1 (0.7) 14 (10.3) 121 (89.0) 16 (11.8) 120 (88.2) 64 (53.3) 48 (40.0) 30 (25.0) 25 (20.8) 5 (4.2) 23 (20.3) 53 (46.8) 37 (32.6) 2 (1.9) 94 (75.7) 52 (40.0) 11 (8.7) 9 (7.8) 2 (1.7) 46 (33.8) 85 (62.5) 5 (3.7) 60 (44.4) 73 (54.1) 2 (1.5) 47 (34.6) 80 (58.8) 9 (6.6) 111 (81.6) 22 (16.2) 3 (2.2) CAPÍTULO I 1090 Eur J Clin Pharmacol (2007) 63:1085–1094 Table 2 (continued) Question Answer n (%) Q13. How confident were you that you could trust the skills of the clinical staff? Always sure Occasional doubts Doubted significant period of time Q14. Would you agree to participate in a future study? No Maybe Yes financial reward; 52.9% declared that “maybe” they would participate. No correlation was found between declared willingness to participate without financial reward and age, gender, occupation or income. However, a significant positive linear correlation was found between education and probability of agreeing to participate without financial reward (R=0.177, p<0.05): a larger number of more highly educated subjects were less motivated by financial reward. In terms of correlations between personality traits and willingness to participate without financial reward, subjects who declared that they would participate or perhaps participate without financial reward showed: (1) higher levels of neuroticism (p=0.001) and its traits anxiety (p< 0.05), depression (p<0.01), self-consciousness (p<0.05), 1 (0.7) 19 (14.0) 116 (85.3) impulsiveness (p<0.05) and vulnerability (p<0.05) and a higher level of values (p < 0.05; (2) lower levels of conscientiousness (p<0.05 and its traits dutifulness (p< 0.05, self-discipline (p<0.05 and deliberation (p<0.05 and a lower level of trust (p<0.05). How did the subjects hear about the possibility of participation? Question O4 (Q4) Subject recruitment followed strict standard procedures approved by an IEC. No radio, TV or newspaper advertising was allowed, and the only public steps taken to recruit subjects was through posters affixed in public areas of the universities of Oporto’s metropolitan Progress of medicine 60 60 50 50 % of subjects % of subjects Curiosity 40 30 20 10 40 30 20 10 0 0 0 1 2 3 4 Importance Min 5 0 Max 1 2 3 4 Importance Min For-free medical check-up 5 Max Financial rewarding 60 60 50 50 % of subjects % of subjects Fig. 1 How do you rate, on a scale from 0 (not important at all) to 5 (of extreme importance), the following reasons for agreeing to participate in the clinical trial? 130 (95.6) 6 (4.4) 0 (0.0) 40 30 20 10 40 30 20 10 0 0 0 Min 1 2 3 Importance 31 28 4 5 Max 0 Min 1 2 3 Importance 4 5 Max Caracterização sócio-demográfica e das motivações e percepções dos participantes em ensaios clínicos de fase I, bem como da influência das características de personalidade nas mesmas Eur J Clin Pharmacol (2007) 63:1085–1094 1091 area and flyers (leaflets) distributed near the universities. However, this type of advertising was largely inefficient: while 12.5% of the participants declared that they had learned about the possibility of participating in the clinical studies through reading the poster or leaflets, only four subjects (2.9%) learned of the study exclusively by reading the posters and/or leaflets. “Word-of-mouth” by someone who had already participated in a clinical study was the source of information for 69.1% of the participants; an additional 13.2% participants were exclusively informed by “word-of-mouth” from someone who had never participated. In total, “word-of-mouth” was the means of information for 94.9% of the participants; in 13.2% of the cases, information was obtained by more than one source. No correlations were found between the different ways information on the clinical studies was obtained and gender, age or monthly income. Differences were found with respect to occupation: all subjects who stated they had heard of the study through the flyer were students, while all of the unemployed people who volunteered had heard of the study by “word-of-mouth”, mainly by an ex-participant (75%). Information provided by the posters was particularly effective to university graduates. asked someone else’s opinion less often than those with a lower income (R = −0.202, p< 0.05). Differences in a number of personality traits were found between subjects who had asked someone’s else opinion before participating and those who did not: subjects who had asked someone else’s opinion tended to be higher in neuroticism (p<0.05), self-consciousness (p<0.05), impulsiveness (p<0.05) and vulnerability (p <0.05), and lower in order (p<0.05), achievement striving (p<0.05), self-discipline (p<0.05) and conscientiousness (p<0.05). When subjects who asked a family member/partner’s opinion were compared with those who did not, they were found to be lower in anger– hostility (p<0.05) and fantasy (p<0.05). When subjects who asked a physician’s opinion were compared with those who did not, they were found to be higher in achievement striving (p<0.05) and gregariousness (p<0.05). Question 5 (Q5) After participating in the clinical study, most subjects declared that they would recommend study participation to a friend or relative. No correlation was found with any of the socio-demographic characteristics assessed. In terms of personality traits, subjects who answered they were not sure whether they would recommend that someone participate tended to show higher scores on depression (p<0.05) and fantasy (p<0.05) and lower scores on excitement seeking (p<0.05), conscientiousness (p<0.05), dutifulness (p<0.05), achievement striving (p<0.05) and self-discipline (p<0.05). Question 8 (Q8) The main objection presented by those consulted was the risk of serious complications: this was referred by 76% of participants, and in 41% of cases represented the single objection; to play the role of a “human guinea pig” was referred to by 40% of the participants, and was the sole objection in 11% of the cases. To miss school or work was an objection presented to 9% participants, and the inconvenience of being away from home for several days was referred to as a reason for none participation by 8% of the subjects. All subjects (n=9) to whom being away from home was presented as a reason for not participating were female (R=0.284, p <0.01). Significant negative correlations were found between: risk of serious complications and age (R=−0.237, p <0.05); missing work/school and age (R=−0.244, p<0.01); missing work/school and monthly income (R=−0.249, p <0.01). Question 7 (Q7) Among those subjects who consulted other people (88%), in approximately 80% cases at least some of those consulted recommended that the subject not participate. Despite such a high rate of recommendation not to participate, all of those receiving this advice ultimately did decide to participate. Decision-making process of volunteering Question 6 (Q6) Before agreeing to participate, 88% of the participants asked someone else’s opinion regarding participation. Of these, a family member/partner was consulted by 53% of the participants, friends by 40% and a physician by 25%. Some subjects asked the opinion of several people: 20% asked the opinion of both a family member/partner and friends; 5% asked the opinion of a family member/ partner, friends and a physician; 14% asked the opinion of both a family member/partner and a physician; 10% asked the opinion of both friends and a physician. No correlations were found between the decision of asking someone else’s opinion and any of the demographic characteristics. A significant negative correlation was found with monthly income: subjects with higher monthly income Subjects’ opinion regarding financial reward and information provided Question 9 (Q9) Financial reward for participation in the study had been defined by the IEC and took into account the number of hours the subject should spend participating in a given trial. The net financial reward the subject received per hour of involvement corresponds approximately to 80% of the hourly net salary earned by an employee in the industry and services sector. One third (34%) of the subjects considered the financial reward to 32 29 CAPÍTULO I 1092 Eur J Clin Pharmacol (2007) 63:1085–1094 Subjects’ willingness to repeat participation be good, 63% considered it sufficient and 4% considered it low. No correlation was found between the evaluation of the appropriateness of the financial reward and age, occupation or income; however, a correlation with gender was found: female subjects tended to appreciate the amount paid more highly than their male counterparts (R=0.244, p <0.01). Question 14 (Q14) Of the subjects who agreed to participate in the study, 85% stated that they would agree to participate again in another clinical trial, and a further 14% declared that “maybe” they would agree. The lone subject (1%) who declared an unwillingness to repeat participation mentioned that blood sampling had been very difficult to tolerate. Question 10 (Q10) In terms of the amount of information that the subjects’ received before signing the informed consent form, 44% considered it “more than enough”, 54% as “enough” and 2% as “not enough”. No correlation was found with age, gender, occupation, monthly income or education level. Subjects who considered the information provided “more than enough” were found to be relatively higher in the following personality characteristics: warmth (p<0.05), positive emotions (p<0.05), feelings (p<0.01), tender-mindedness (p<0.05) and competence (p<0.05). Discussion The results of this study reveal that the decision to volunteer for participation in a phase I study and the attitudes and perceptions of subjects while participating are influenced by a number of socio-demographic characteristics and personality traits. They also show that the importance of the financial reward as motivator for study participation is inversely correlated with the subject’s education and income levels. All invited subjects agreed to participate in the survey. This very high participation rate is probably due to the fact that the subjects were able to fill in the questionnaires before their discharge from the phase I study, while they were required to remain confined to the research facility. To our knowledge this is the only study published in the last decade with the aim of systematically characterizing the perceptions and motivations of healthy subjects towards participation in phase I studies. One of the pitfalls of the few studies reported to date that have examined the association between motivation for participation and the characteristics of volunteers to phase I studies is the lack of information on their socio-economic status [1]. In our study, such data were collected and correlated with the participant’s motivations for participation. More than 90% of the participants have at least 12 years of scholarship and a remarkable one third of the subjects have a university degree; these figures are higher than those found in the normal population and are the result of a recruitment strategy that has been followed since the beginning of such studies by Bial’s HPU in 2000 up to the present. Bial’s HPU was the first clinical pharmacology unit licensed by the Portuguese Health Ministry for performing phase I studies with new drugs. Public perception of phase I studies in Portugal is traditionally negative and, consequently, many restrictions to such studies were self-imposed in order to facilitate their licensing and continuation as well as to minimize the risk that any one specific aspect could be negatively perceived and attract the attention of the mass media or authorities. The participation of unemployed people or subjects with low education could be considered to be exploitation. It is intuitively assumed that a higher Question 11 (Q11) With respect to the risk and discomfort caused by the study in relation to the information provided before participation, 56% of subjects considered the discomfort lower than that earlier stated in the informed consent procedure and 59% considered it identical. No correlation was found with any of the socio-demographic characteristics assessed. In terms of personality traits, subjects who expressed a less favorable opinion were found to be higher in terms of values (p<0.05) and order (p<0.05) personality traits. Subjects’ perception of risk and staff skills Question 12 (Q12) To the question “During the study, how did you feel regarding the possibility of occurrence of a serious complication”?, 82% answered that they never felt to be at risk at all, 16% reported that they occasionally felt at risk and 2% felt that they were at risk for a significant period of time. No correlation was found with any of the socio-demographic characteristics assessed. Subjects who perceived themselves to be at risk at any time during the study showed a higher anxiety trait (p<0.05). Question 13 (Q13) The HPU is required to have at least one experienced physician present in the clinical research facility at all times (i.e. during the entire 24-h period) throughout the whole study period (i.e. from admission until discharge of healthy subjects). This was a requisite required by the Ministry of Health at the time of granting the license to operate. In terms of confidence with the clinical staff’s skills to treat any serious clinical complication that eventually could occur, 96% of the subjects were always convinced that staff was competent enough. 33 30 Caracterização sócio-demográfica e das motivações e percepções dos participantes em ensaios clínicos de fase I, bem como da influência das características de personalidade nas mesmas Eur J Clin Pharmacol (2007) 63:1085–1094 1093 of personality characteristics correlate with the declared willingness to participate without financial reward: subjects that rate higher in neuroticism, anxiety, depression, selfconsciousness, impulsiveness and vulnerability are more likely to consider volunteering under such conditions. Published data on healthy volunteer’s recruitment strategies are missing. However, it is known that such strategies vary greatly from site to site and country to country. As mentioned, the unfavorable environment in Portugal on the participation in phase I studies has lead to self-imposed restrictions. No mass advertising is allowed, and priority has been given to recruiting university students living in the metropolitan area where such research facilities are located. The study population surveyed here reflects just such a strategy: approximately half of participants are students and a further one third have a university degree (most of them having participated for the first time while students), and “worth-of-mouth” was the most efficient approach for finding new volunteers. Interestingly, the likelihood of a participant to recommend to a friend that he/she participate in a phase I study was shown to be influenced by the former’s personality characteristics. Little is known about the decision-making process of volunteering for participation in phase I studies. In a series of 100 phase I study participants, Rabin and Tabak [29] reported that only 42% of the subjects sought out information or checked alternatives before making a decision. In our population, the proportion of subjects who consulted other people (family, friends, a doctor, among others) before agreeing to participate was high (88%), and the decision to ask that for that external opinion appeared to be influenced by the individual’s personality traits. Opinions were predominantly negative (mainly fear of serious complications) – i.e. advice was mostly opposed to participation in the study – but were not taken into account by the subjects because ultimately they did volunteer to participate. However, we were unable to determine the proportion of subjects who asked someone else’s opinion and actually followed their recommendation of no participation; studies are currently being planned to specifically answer this question. According to the Declaration of Helsinki and the ICH Good Clinical Practice recommendations, participation in human research must fulfill one fundamental prerequisite: informed consent. Informed consent requires providing enough information, both in terms of quantity and quality (information must be understood by the subject) to allow the subject to take an informed decision. However, it is always difficult to determine the optimum amount and type of information to give to the volunteers, and the opinion of the study participants can be one approach to improve the informed consent procedure [7]. In our study, volunteers expressed a positive opinion in terms of the information education assures both a better understanding of the informed consent form and a lower susceptibility to accept unfavorable situations or those perceived to be highly risky. The few unemployed subjects enrolled as study participants in the phase I study surveyed here were young professionals who had recently completed their university graduation and not yet found a job. In terms of net monthly income, approximately 25% of the subjects earned less than 25% of the average national salary in the industry and services professions (approximately €1000/month, after taxes), and an additional 25% of subjects earn between 25% and 50%. The income is apparently low, but it should be taken into account that most subjects were students and singles, and a significant proportion of them lived with their parents/family and, presumably, had no household costs. In agreement to findings reported in the literature [1, 2, 7, 14–26], financial reward was the single, most important motivation for volunteering as a participant in our population. However, other motivators also played a role, as we found [27] and as has also been suggested by other authors [28]. Among these other motivators, some can be considered to be pragmatic (such as the opportunity for a free clinical check-up) and others may be altruistic in nature (such as contributing to the development of new medicines). Although the relatively small sample size does not allow us to draw definitive conclusions, we found no correlation between the different motivators and gender, age or occupation in our population. Van Gelderen et al. [7] reported a difference in the reason for participation and the age of volunteer (with the younger volunteers being more motivated by money and the older volunteers being especially motivated by the idea of a free medical examination), but their population included aged people, which is in sharp contrast to our population. The significant inverse correlation between financial reward as a motivator and monthly income was not unexpected, and can lead to ethical concerns because economically disadvantaged volunteers may be particularly vulnerable [1, 24]. On the other hand, we also found an inverse correlation between financial reward and education, indicating that highly educated people are less susceptible to monetary inducement. The study also shows that the reason(s) why a subject participates in a study may be influenced by the subject’s personality. An unexpected finding was the significant proportion of subjects who stated that they would volunteer for participation without the promise of a financial reward. The subjects answered the questionnaire in an anonymous and confidential way and, therefore, they had no reason for saying anything but the truth. However, it is most likely that at the time such participation would translate into positive action, many of these subjects would actually refuse to participate. The results do suggest that a number 34 31 CAPÍTULO I 1094 Eur J Clin Pharmacol (2007) 63:1085–1094 provided regarding the inconvenience or discomfort caused by study participation, but it appears that a significant proportion of subjects (44%) considered the amount of information excessive (“more than enough”). Subjects with higher anxiety trait tended to become more anxious in relation to the possibility of an occurrence of a serious complication during study participation. In conclusion, financial reward was less valued as a motivator for participation in phase I studies by healthy volunteers with a higher income and education. A subject’s motivations and perceptions toward participation would appear to be influenced by the characteristics of the individual, including some personality traits. 9. 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Int J Clin Pharmacol Ther Toxicol 28:375–379 35 32 CAPÍTULO II Caracterização da importância dos valores interpessoais na auto-selecção de voluntários para ensaios clínicos de fase I «Interpersonal values of healthy research volunteers participating in phase I drug studies» Enviado para publicação Caracterização da importância dos valores interpessoais na auto-selecção de voluntários para ensaios clínicos de fase I )NTERPERSONALVALUESOFHEALTHYRESEARCH VOLUNTEERSPARTICIPATINGINPHASE)DRUGSTUDIES ,UIS!LMEIDA4ODD"+ASHDAN0ATTY:ORBAS2UI#OELHO!NTvNIO!LBINO4EIXEIRA0ATRqCIO3OARESDA3ILVA $EPARTMENTOF2ESEARCHAND$EVELOPMENT")!,0ORTELA#O3!3-AMEDEDO#ORONADO0ORTUGAL )NSTITUTEOF0HARMACOLOGYAND4HERAPEUTICS&ACULTYOF-EDICINE5NIVERSITYOF0ORTO!LAMEDA0ROFESSOR(ERNhNI-ONTEIRO0ORTO0ORTUGAL $EPARTMENTOF0SYCHOLOGY'EORGE-ASON5NIVERSITY&AIRFAX6!53! 3ERVICEOF0SYCHIATRYAND-ENTAL(EALTH&ACULTYOF-EDICINE5NIVERSITYOF0ORTO0ORTUGAL )NSTITUTEFOR-OLECULARAND#ELL"IOLOGY)"-#5NIVERSITYOF0ORTO0ORTUGAL #ORRESPONDENCETO $R,UIS!LMEIDA$EPARTMENTOF2ESEARCHAND$EVELOPMENT")!,!!VDA3IDERURGIA.ACIONAL3-AMEDEDO#ORONADO0ORTUGAL 0HONE&AX%MAILLUISALMEIDA BIALCOM !"342!#4 0ARTICIPATIONINPHASE)STUDIESWITHDRUGSDEPENDSONINFORMEDCONSENT7EREPORTASTUDYASSESS ING WHETHER THE±INTERPERSONAL VALUES²OFHEALTHYVOLUNTEERSFORPHASE)PARTICIPATIONAREDIFFERENT FROM THENORMALPOPULATION/URSAMPLECONSISTEDOFCONSECUTIVEPHASE)STUDYVOLUNTEERS)N TERPERSONALVALUESWEREASSESSEDUSINGTHE3URVEYOF)NTERPERSONAL6ALUES3)6ANDCOMPAREDTOTHE SCALEVALIDATIONSAMPLEOFINDIVIDUALS3)6CONTAINSSIXSCALESWHICHCHARACTERISE THEFOLLOWING VALUES3UPPORTBEINGTREATEDWITHCOMPASSION)NDEPENDENCEFREEDOMTOMAKEONE´SOWNCHOICES "ENEVOLENCEGENEROSITYANDCAREFOROTHERS#ONFORMITYADHERENCETOSOCIALNORMSANDRULES,EADER SHIPBEINGINCHARGEOFOTHERPEOPLEAND2ECOGNITIONBEINGADMIREDBEINGCONSIDEREDIMPORTANT AND ACHIEVING RECOGNITION #OMPARED WITH THE SCALE VALIDATION SAMPLE PHASE ) STUDY PARTICIPANTS REPORTEDGREATERVALUINGOF3UPPORT)NDEPENDENCEAND"ENEVOLENCEANDLOWERLEVELSOF #ONFORMITY AND,EADERSHIPP´S/URRESULTSSUGGESTTHATTHEINTERPERSONALVALUESOFPARTICIPANTSINPHASE )STUDIESDIFFERFROMTHEGENERALPOPULATIONWITHIMPLICATIONSFORINTERPRETINGCLINICALTRIALS +%97/2$3 #LINICALTRIALSHEALTHYVOLUNTEERSINTERPERSONALVALUESPHASE)DRUGSTUDIES ).42/$5#4)/. The development of new medicines is based on non-clinical laboratory studies and clinical trials performed in humans aiming to characterize the drug safety and efficacy before starting commercialization. Before performing therapeutic Phase II and Phase III studies with a new drug in patients with the target disease, a series of Phase I trials is typically conducted in healthy research volunteers. These studies with healthy volunteers aim to characterize the safety margin and the adverse reactions profile, and to obtain pharmacokinetic (e.g., drug absorption, distribution, metabolism and excretion, and drug-drug interactions) and pharmacodynamic information. Ideally, samples of healthy volunteers selected for phase I studies should be representative of the popula- 35 tion for whom the drug is intended. However, pragmatic issues of convenience, practicability and cost prevent the recruitment of such an ideal population (Tishler et al., 2005). The concerning effect of including healthy research volunteers with unrepresentative characteristics is that they may be physiologically or metabolically different from the target population (Meyer, 2001). Variability in pharmacodynamic and pharmacokinetic responses among healthy volunteers during clinical trials may be due to several factors, such as genetic background and differing physiological or environmental conditions (Morselli, 1990). Variability due to psychological conditions exists (Xu, 2007), but is largely overlooked (Tishler et al., 2005). Although thousands of healthy volunteers participate in Phase I trials with drugs each year, relatively few studies have examined their motivations and char- CAPÍTULO II acteristics (Tishler & Bartholomae, 2002). Phase I studies often involve inconvenient research facilities stays, invasive medical procedures, restricted diets, and risks of adverse side effects from the medication. Given these risks and discomforts, one can question the motives for participation in these studies. Phase I trial samples are usually comprised of students and other people with less income. While monetary reward is often reported as a primary motivation (Almeida et al., 2007; Ayd & Calabresi, 1972; Bigorra & Baños, 1990; Tishler & Bartholomae, 2003; Van Gelderen et al., 1993), many economically disadvantaged individuals reject participation in Phase I studies, suggesting that volunteering for participation is a complex decision and influenced by factors beyond financial incentive. There is some evidence suggesting that personality traits have an influence on the decision to participate in Phase I clinical trials (Almeida et al., 2008a; Almeida et al., 2008b; Almeida et al., 2008c). Traits that have been found to be elevated in Phase I healthy volunteers in comparison to their peers in normal population include altruism (Bigorra & Baños, 1990), curiosity and exploratory behaviour (Almeida et al., 2008c), sensation seeking and disinhibition (Farre et al., 1995; Pieters et al., 1992). Individuals high in trait anxiety and social avoidance are more likely to refuse participation in Phase I studies (Almeida et al., 2008b). Additional areas of individual difference which may influence the decision to volunteer or participate in Phase I studies are personal value orientations. Personal values represent beliefs about what is important to an individual, such as opinions on what is fair, desirable, acceptable, or just (Beukman, 2005). These beliefs serve a guiding function, influencing life decisions and how to invest time and energy when confronted with competing options (Rohan, 2000). One group of personal values – the interpersonal values –, may be particularly relevant in the decision to participate in Phase I studies. Interpersonal values are those influencing social behaviour and social relationships; this includes the motivation for doing or not doing things for others, and the preferred pattern of relating to other people (e.g., dimensions of dominance-submission and hostile-friendly). The current study explores the importance of interpersonal values in healthy volunteers participating in Phase I studies. It is hypothesized that healthy research volunteers will differ from a normative sample in terms of the interpersonal values deemed important. 0/05,!4)/.!.$-%4(/$3 Participants were 138 consecutive healthy volunteers enrolled in a Phase I drug trials with either a new anti-epileptic drug or anti-parkinsonian medication at the Human Pharmacology Unit of BIAL - Portela & Cª SA (S Mamede do Coronado, Portugal). The current study was approved by the governing Independent Ethics Committee. All aspects of subject recruitment, screening, evaluation, and compensation for the Phase I trials were approved by the National Ethics Committee for Clinical Research (CEIC - Comissão de Ética de Investigação Clínica, Lisbon, Portugal) and the National Drug Regulatory Authority (INFARMED, Lisbon, Portugal). Prior to giving written consent for the Phase I study, volunteers attended at least one information meeting where they received study information in oral and written forms. Putative participants were informed of the phase I study design and procedures, potential discomforts, known and possible unknown adverse side effects and the approved financial compensation. Known side effects ranged from headaches and nausea to hair loss, skin rash, and risk of haemorrhage. The study required residence in the research facilities totalling up to two weeks, a restricted diet, and frequent blood drawings for pharmacokinetic analysis. Volunteers were made aware that there were no direct benefits for participation in the study outside of financial compensation. After informed consent was obtained, participants completed a version of the Survey of Interpersonal Values (SIV) (Gordon, 1993) that has been validated for the Portuguese population (Gordon, 2001). The SIV is a well-established measure in the area of personality assessment which provides measures of six interpersonal value orientations. “Support” assesses the value of being treated with understanding, kindness, and consideration and receiving encouragement from others. “Conformity” measures the value of adherence to regulations and behaving in ways that are socially correct, accepted and proper. “Recognition” measures the value of being admired, being considered important, attracting favourable notice, and achieving recognition. “Independence” assesses the value of having freedom to make one’s own decisions and the right to do what one wants to do. “Benevolence” measures the value of being generous, sharing with others, helping the unfortunate, and doing things for others. “Leadership” assesses the value of being in charge of and having authority over others. The SIV is a 30-item self-administered questionnaire. Each item is composed of three short phrases describing three different situations. Participants were instructed to read each of the statements and mark one statement that was most important to them and one statement that was least important to them, leaving the third item unmarked. Each domain contains five items which have shown good internal consistency — Support (α=.67), Conformity (α=.81), Recognition (α=.69), Independence (α=.78), Benevolence (α=.78), and Leadership (α=.87) — and high test-retest reliability. 36 Caracterização da importância dos valores interpessoais na auto-selecção de voluntários para ensaios clínicos de fase I Scores from the SIV are computed and summarized along a percentile distribution, grouping scores into 5-point percentile intervals. The authors (Gordon, 2001) developed a categorical scale in which scores were further grouped into the following percentile categories: Very High (P95-99), High (P70-90), Average (P35-65), Low (P10-30), and Very Low (P1-5). Using the SIV Technical Manual software (Rocha, 2001), SIV scores of the Phase I sample were transformed into percentile categories by referencing the scores to the Portuguese normative sample while accounting for gender and age. Statistical differences on the percentile categories between the current sample and the normative group for each of the interpersonal value domains were then computed using the Chi-Square Goodness-of-Fit Test. Statistical analyses were performed with the Statistical Package for Social Sciences version 11.5 (SPSS Inc, Chicago, Ill). Of the final sample of 138 healthy research volunteers, 46.4% were male (n=64) and 53.6% female (n=74), and they were primarily Caucasian (97%), ranging in age from 18 to 43 years (mean±SD = 25.8±4.9 years). Students comprised the majority of the healthy research volunteers (60.8%), 32.3% were employed, and 6.9% were unemployed. Most subjects reported monthly earnings of í500 or less (60.4%), with 86.1% reporting a monthly income under í1000. Our healthy research volunteers were compared to the 807 individuals comprising the normative sample when the SIV was developed (Gordon, 2001). Similar to our healthy research volunteers, the majority of the comparison sample were Caucasian (>95%) and 50.4% female with a mean±SD age of 30.0±5.8 years (Gordon, 2001). The mean±SD scores in the normative sample were 13.56±4.71 for Support, 15.43±5.86 for Conformity, 9.58±4.39 for Recognition, 16.67±6.08 for Inde- pendence, 16.67±5.07 for Benevolence and 18.07±7.33 for Leadership (Gordon, 2001). In the normative sample, significant negative correlations were found between Support and Conformity (r=-.18, p<0.01), Support and Independence (r=-.20, p<0.01), Support and Leadership (r=-.54, p<0.01), Recognition and Conformity (r=-.17, p<0.01), Independence and Conformity (r=-.40, p<0.01), Independence and Recognition (r=-.44, p<0.01), Benevolence and Recognition (r=.35, p<0.01), Benevolence and Independence (r=-.20, p<0.01), Leadership and Conformity (r=-.37, p<0.01), and Leadership and Benevolence (r=-.46, p<0.01). A significant positive correlation was found between Recognition and Support (r=.34, p<0.01) and Conformity and Benevolence (r=.16, p<0.01) (Gordon, 2001). 2%35,43 We initially examined correlations across the six interpersonal values in the Phase I study healthy volunteers sample. Significant negative correlations were found between Support and Conformity (r=-.39, p<0.001), Support and Leadership (r=-.32, p<0.01), Recognition and Conformity (r=-.24, p<0.01), Independence and Conformity (r=-.34, p<0.001), Independence and Recognition (r=-.40, p<0.01), Benevolence and Recognition (r=-.25, p<0.01), Benevolence and Independence (r=-.39, p<0.01), Leadership and Conformity (r=-.29, p<0.01), and Leadership and Benevolence (r=-.41, p<0.001). A significant positive correlation was found between Recognition and Support (r=.32, p<0.01). Overall, these results are in high agreement with the correlations described for the normative sample in the SIV technical manual (Gordon, 2001). Figure 1 displays the frequency distributions of SIV subscale scores for the Phase I study sample. Table 1 100 Percentile 75 50 25 0 Support Conformity Recognition Independence Benevolence Leadership &IGURE&REQUENCYDISTRIBUTIONSOF3)6SUBSCALESCORESFORTHE0HASE)STUDYSAMPLEOFHEALTHYRESEARCHVOLUNTEERSN"OXANDWHISKERSPLOTSINDICATEMEDIAN QUARTILEANDRANGEVALUES 37 CAPÍTULO II 4!",%-EANSTANDARDDEVIATIONANDPERCENTILECATEGORIESFOREACHOFTHE3URVEYOF)NTERPERSONAL6ALUE3)6SUBSCALESINTHE 0HASE)STUDYSAMPLEOFHEALTHYRESEARCHVOLUNTEERSN 6!,5%3 -EAN3$ 0%2#%.4),%#!4%'/29 PVALUE 6ERY(IGH 0 (IGH 0 !VERAGE 0 ,OW 0 6ERY,OW 0 3UPPORT #ONFORMITY 2ECOGNITION )NDEPENDENCE "ENEVOLENCE ,EADERSHIP #HISQUAREGOODNESSOF½TTESTCOMPARINGTHE0HASE)STUDYSAMPLEWITHTHENORMATIVESAMPLE presents the descriptive statistics and percentile category distribution for the SIV subscales. Results from the Chi-Square Goodness-of-Fit Test comparing the interpersonal value distributions of the Phase I study sample with the normative sample are also presented. Phase I study participants reported higher levels of importance on the values of Support (p<0.001), Independence (p<0.001) and Benevolence (p<0.001) and significantly lower levels of importance on the values of Conformity (p<0.001) and Leadership (p<0.001) than the normative sample. While no differences were found on the Recognition subscale (p=0.059), a trend was detected with participants reporting more importance for the value of Recognition than the normative group. $)3#533)/. Values represent an individual’s belief of what is important in one’s life (Beukman, 2005) and these beliefs influence perceptions of self, others, and the world. Values also guide people toward certain behaviours and not others. The goal of this study was to examine whether healthy volunteers enrolled in a Phase I clinical trial differed from a normative sample in terms of their interpersonal value orientations. We found that healthy volunteers participating in a Phase I study placed higher importance on the values of Support, Independence and Benevolence, and lower importance on the values of Conformity and Leadership than did their peers from the normative group. Results are consistent with the defining features of these value orientations. Phase I study designs and procedures are associated with potential risks. As individuals with non-conformist and independent value orientations show a higher tendency to pursue novel and risky experiences (Zuckerman, 1991), it is not surprising that these values were more important in the Phase I study sample than the normative sample. People who possess benevolent values often engage in prosocial behaviour aimed at the preservation of human welfare (Bardi & Schwartz, 2003). Thus they may be more inclined to put themselves at risk for the potential to better the lives of others via clinical drug trials. In addition, there was a negative relationship between the values of Benevolence and Independence and no relationship was found between Benevolence and Conformity. These findings suggest that Phase I volunteers may be comprised of unique subgroups, each with varying personality characteristics. Recent research on the personality traits of individuals volunteering for Phase I studies have found that individuals low in trait anxiety and social avoidance (Almeida et al., 2008b), and high in curiosity/exploration and self-efficacy (Almeida et al., 2008c) are more willing to volunteer for phase I studies. Taken together, financial motives, interpersonal value orientations, and personality traits constitute self-selection biases which could potentially impact Phase I study findings. There is some research suggesting that personality characteristics may influence pharmacokinetics and pharmacodynamics (Meyer, 1992; Tishler et al., 2005; Xu, 2007) and the probability of presenting or reporting adverse side effects (Almeida et al., 2008a; Almeida et al., 2008b). Several personality characteristics are associated with monoamine functions. Although no oneto-one relationship exists between a single neurotransmitter and a personality trait, some neurotransmitters play a key role in influencing behavioural tendencies. Elevated levels of 5-hydroxytriptamine are associated with increased anxiety levels and behavioural inhibition whereas behaviours high in approach tendencies (e.g., curiosity and sensation seeking) have been linked to dopamine and to a lesser extent norepinephrine (Zuckerman, 1991). Currently, the research on the biological characteristics of individuals volunteering for Phase I studies is limited. 38 Caracterização da importância dos valores interpessoais na auto-selecção de voluntários para ensaios clínicos de fase I Questions should be raised as to how these personality differences distinguish volunteer samples from general population. One way to accomplish this would be to implement the assessment of relevant personality characteristics into study screening procedures so that researchers can better understand their sample and any limitations to the inferences they can make. Currently, the research on personality traits unique to healthy research volunteers is relatively scarce and more studies are needed to assess how personality dimensions specific to healthy volunteers influence Phase I study outcomes. !#+./7,%$'%-%.43 We thank the healthy research volunteers and the clinical staff of the clinical pharmacology unit of BIAL – Portela & Co, SA (especially M. Vaz-da-Silva, MD, PhD, Teresa Nunes, MD, and Benedita Azevedo, BSc Psychol) for their cooperation. We thank Dr Grazina Binkauskiene and Professor Amílcar Falcão for their assistance in the statistical analysis. 2%&%2%.#%3 !LMEIDA , !ZEVEDO " .UNES 4 6AZDA 3ILVA - 3OARESDA3ILVA 0 7HY HEALTHY SUBJECTS VOLUNTEER FOR PHASE ) STUDIESANDHOWTHEYPERCEIVETHEIRPAR TICIPATION%UR*#LIN0HARMACOL !LMEIDA , &ALCAO ! 6AZDA3ILVA - #OELHO 2 !LBINO4EIXEIRA ! 3OARESDA 3ILVA 0 A 0ERSONALITY CHARACTERIS TICSOFVOLUNTEERSTO0HASESTUDIESAND LIKELIHOODOFREPORTINGADVERSEEVENTS)NT *#LIN0HARMACOL4HER !LMEIDA , +ASHDAN 4 .UNES 4 #OELHO 2 !LBINO4EIXEIRA ! 3OARESDA3ILVA 0 B7HOVOLUNTEERSFORPHASE)CLINI CAL TRIALS )N¾UENCES OF ANXIETY SOCIAL ANXIETY AND DEPRESSIVE SYMPTOMS ON SELFSELECTION AND REPORTING OF ADVERSE EVENTS%UR*#LIN0HARMACOL¯ !LMEIDA,+ASHDAN4"#OELHO2!LBINO 4EIXEIRA ! 3OARESDA3ILVA 0 C (EALTHYSUBJECTSVOLUNTEERINGFOR0HASE) STUDIESIN¾UENCEOFCURIOSITYEXPLORATO RYTENDENCIESANDPERCEIVEDSELFEF½CACY )NT*#LIN0HARMACOL4HER !YD&*#ALABRESI0-OTIVATIONSAND REWARDSFORVOLUNTEERINGTOBEANEXPERI MENTAL SUBJECT #LIN 0HARMACOL 4HER "ARDI ! 3CHWARTZ 3( 6ALUES AND BEHAVIOR3TRENGTHANDSTRUCTUREOFRELA TIONS0ERS3OC0SYCHOL"ULL "EUKMAN 4, #ULTURE VALUES AND WORKRELATED VALUES ! THEORETICAL OVER VIEW )N 4HE EFFECT OF SELECTED VARIABLES ON LEADERSHIP BEHAVIOUR WITHIN THE FRAMEWORKOFATRANSFORMATIONALORGANI SATIONPARADIGM5NIVERSITYOF0RETORIA "IGORRA*"AuOS*%7EIGHTOF½NAN CIAL REWARD IN THE DECISION BY MEDICAL STUDENTSANDEXPERIENCEDHEALTHYVOLUN TEERSTOPARTICIPATEINCLINICALTRIALS%UR* #LIN0HARMACOL &ARRE-,AMAS8#AMI*3ENSATION SEEKINGAMONGSTHEALTHYVOLUNTEERSPAR TICIPATINGINPHASE)CLINICALTRIALS"R*#LIN 0HARMACOL 'ORDON ,6 3URVEY OF )NTERPERSONAL 6ALUES 4ECHNICAL -ANUAL 4HIRD %DITION #HICAGO 3CIENCE 2ESEARCH !SSOCI ATES 'ORDON ,6 )NVENTfRIO DE6ALORES )N TERPESSOAIS3)6-ANUAL4mCNICO,ISBON #%'/#4%!,TD -EYER&0!SPEKTEEINERDIFFERENTIEL LEN(UMANPSYCHOPHARMAKOLOGIE)N/L DIGS+ERBER*,EONARD*0EDS0HARMAKO PSYCHOLOGIE%XPERIMENTELLEUNDKLINISCHE !SPEKTE&ISCHER*ENAPP -EYER&00SYCHOANDIMMUNOPHAR MACOLOGICALFACTORSRELEVANTTOSELECTION OFVOLUNTEERSINCLINICALSTUDIES)NT*#LIN 0HARMACOL4HER -ORSELLI0,!REPHASE)STUDIESWITH OUTDRUGLEVELDETERMINATIONACCEPTABLE &UNDAM#LIN0HARMACOLS¯S 0IETERS -3 *ENNEKENS3CHINKEL ! 3CHOE MAKER (# #OHEN !& 3ELFSE LECTION FOR PERSONALITY VARIABLES AMONG HEALTHY VOLUNTEERS "R * #LIN 0HARMACOL 2OCHA $ 3)6 #%'/# 3YSTEM SOFT WARE PARA COTAljO INFORMATIZADA DO TESTE3)6#%'/#4%!,TD,ISBON 39 2OHAN-*!ROSEBYANYNAME4HE VALUES CONSTRUCT 0ERS 3OC 0SYCHOL 2EV 4ISHLER #, "ARTHOLOMAE 3 4HE RE CRUITMENTOFNORMALHEALTHYVOLUNTEERS ! REVIEW OF THE LITERATURE ON THE USE OF ½NANCIALINCENTIVES*#LIN0HARMACOL 4ISHLER #, "ARTHOLOMAE 3 2EPEAT PARTICIPATION AMONG NORMAL HEALTHY RE SEARCH VOLUNTEERS PROFESSIONAL GUINEA PIGS IN CLINICAL TRIALS 0ERSPECT "IOL -ED 4ISHLER #, "ARTHOLOMAE 3 2HODES !2 0ERSONALITY PRO½LES OF NORMAL HEALTHY RESEARCH VOLUNTEERS A POTENTIAL CONCERN FOR CLINICAL DRUG TRIAL INVESTIGA TORS-ED(YPOTHESES 6AN 'ELDEREN #%- 3AVELKOUL 4*& 6AN $OKKUM 7 -EULENBELT * -O TIVES AND PERCEPTION OF HEALTHY VOLUN TEERSWHOPARTICIPATEINEXPERIMENTS%UR *#LIN0HARMACOL 8U & %FFECT OF PERSONALITY TYPE ON PHARMACODYNAMICS THROUGH CHANGING PHARMACOKINETICS -ED (YPOTHESES :UCKERMAN - 0SYCHOBIOLOGY OF PER SONALITY #AMBRIDGE 5NIVERSITY 0RESS .EW9ORK CAPÍTULO III Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade a) «Personality characteristics of volunteers in Phase 1 studies and likelihood of reporting adverse events» Int J Clin Pharmacol Ther 46, 340-348, 2008 b) «Healthy subjects volunteering for phase I studies: Influence of curiosity, exploratory tendencies and perceived self-efficacy» Int J Clin Pharmacol Ther 46, 109-118, 2008 c) «Who volunteers for phase I clinical trials? Influences of anxiety, social anxiety and depressive symptoms on self-selection and reporting of adverse events» Eur J Clin Pharmacol 64, 575-582, 2008 d) «The role of socio-economic conditions and psychological factors on the willingness to volunteer for phase I studies» Pharm Med 22, 2008 (aprovado para publicação; em impressão) CAPÍTULO III Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade 43 CAPÍTULO III 44 Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade 45 CAPÍTULO III 46 Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade 47 CAPÍTULO III 48 Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade 49 CAPÍTULO III 50 Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade 51 Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade International Journal of Clinical Pharmacology and Therapeutics, Vol. 46 – No. 3/2008 (109-118) Healthy subjects volunteering for Phase I studies: Influence of curiosity, exploratory tendencies and perceived self-efficacy Original ©2008 Dustri-Verlag Dr. K. Feistle ISSN 0946-1965 L. Almeida1,2 , T.B. Kashdan3, R. Coelho4, A. Albino-Teixeira2,5 and P. Soares-da-Silva1,2 1Department of Research and Development, BIAL (Portela & Co., SA), S Mamede do Coronado, 2Institute of Pharmacology and Therapeutics, Faculty of Medicine, University of Oporto, Porto, Portugal, 3Department of Psychology, George Mason University, Fairfax, VA, USA, 4Service of Psychiatry and Mental Health, Faculty of Medicine, and 5Institute for Molecular and Cell Biology (IBMC), University of Oporto, Porto, Portugal Curiosity and self-efficacy of Phase I volunteers Key words Phase I studies – healthy volunteers – personality – curiosity – self-efficacy Received July 24, 2007; accepted November 6, 2007 Correspondence to Dr. L. Almeida Department of Research and Development, BIAL (Portela & Co., SA), S Mamede do Coronado, Portugal [email protected] Abstract. Objective: To test the hypothesis that trait-curiosity and perceived self-efficacy influence the willingness of healthy subjects to volunteer for participation in Phase I studies. Materials and methods: A group of healthy subjects who had never participated in clinical studies (“index group”) were invited to participate in a Phase I study. They were assessed with regard to trait curiosity (Curiosity and Exploration Inventory; CEI-T) and perceived self-efficacy (Self-Efficacy Scale; SES) and subjects who accepted the invitation to participate were compared with those who refused and with a group of healthy subjects who had previously participated in clinical studies (“validation group”). Results: A significant positive correlation was found between the willingness to participate and the CEI-T total score (R = 0.28; p < 0.01), exploratory tendencies (R = 0.34; p < 0.001), SES total score (R = 0.30, p < 0.01), initiative and persistence (R = 0.29, p < 0.01), planning/goal setting (R = 0.19, p < 0.05) and social self-efficacy (R = 0.29; p < 0.01). The “index group” subjects who accepted the invitation to participate showed significantly greater CEI-T exploratory tendencies (Z = –3.334, p = 0.001, Mann-Whitney test) and total scores (Z = –2.703, p < 0.01) and greater SES total score (Z = –3.131, p < 0.01), initiative and persistence (Z = –3.065, p < 0.01), planning/goal setting (Z = –2.173, p < 0.05) and social self-efficacy (Z = –2.954, p < 0.01) than subjects who refused. No differences were found between the subjects in the “index group” who accepted the invitation and subjects in the “validation group”. Using a logistic regression model, both CEI-T exploratory tendencies and SES initiative/persistence were significant predictors of participation. Conclusion: Subjects higher in curiosity/explora64 53 tion and in perceived initiative/persistence are more willing to volunteer for Phase I studies. The impact of these self-selection biases on Phase I study results is unknown but deserves further evaluation. Introduction There are several reasons against participation in a Phase I clinical trial: participation often requires frequent blood drawings and other inconvenient procedures, implies confinement for several days, and sometimes causes adverse effects; on the other hand, subjects are healthy and it is not expected that they will directly benefit from participating in such studies. Therefore, one could ask why a healthy subject is willing to volunteer. The population samples in Phase I studies can be considered self-selected because participation depends on informed consent. Self-selection may complicate the interpretation of the results and represent a threat to their generalizability. However, limited attention has been given to potential selfselection biases in volunteer enrolment and few studies have examined whether the characteristics of healthy subjects who volunteer to participate in clinical trials are different from their peers who decline participation [Tishler and Bartholomae 2002]. Prior investigations of volunteer motivation concluded that the financial incentive is usually the main motive of whether or not to participate [Almeida et al. 2007a, Bigorra and CAPÍTULO III 110 Almeida, Kashdan, Coelho et al. Baños 1990, Hassar et al. 1977, Van Gelderen et al. 1993, Vrlovac et al. 1990]. Other commonly self-reported motivations for volunteering for Phase I studies include opportunities for free clinical check-ups, and contributing to scientific advances to help others, and “curiosity” [Almeida et al. 2007a, Bigorra and Baños 1990, Farre et al. 1995, Van Gelderen et al. 1993]. However, it was not clear whether curiosity corresponded just to a “curiosity-state” (which is largely based on individual interests, expectations and prior knowledge) or would represent a “curiositytrait” (personality characteristic of whom has the propensity to more readily enter in novel and challenging experiences). It has been reported that personality traits such as altruism [Newton 1982], self-control, self-confidence, emotional stability [Meyer et al. 1995], and extraversion [Pieters et al. 1992] may increase subject’s likelihood of participation. In our study, we were interested in two particular personality traits that might differentiate people who volunteer for clinical trials and those who refuse: curiosity and self-efficacy. Since both of these traits are related to psychological, physical, and social well-being [Kashdan 2004, Kashdan and Steger 2007, Maddux 1995, Silvia 2006], if volunteers for clinical trials differ from the rest of the population on these traits, potential problems might arise in the interpretation of findings including limits to their generalizability. Curiosity can be defined as the recognition, pursuit, and self-regulation of novel and challenging opportunities, often reflecting intrinsic values and interests [Kashdan et al. 2004]. Trait curiosity refers to a predisposition toward feelings of interest and curiosity and the resulting exploration of novel, puzzling, and uncertain situations [Kashdan and Fincham 2004]. A person high in “trait curiosity” prefers novelty, complexity, uncertainty and conflict and shows a preference for situations that are a match or slightly exceed their skills and derive satisfaction from the process of learning and discovery. Task or “state curiosity” is a transitory psychological state evoked by a specific interesting object or activity. We hypothesized that normal healthy subjects with greater trait curiosity, who are more exploratory by definition, are more likely to volunteer for clinical trials and subjects with less trait curiosity are more likely to view these situations as undesirable. 65 54 Another personality trait related to a wide range of health-related outcomes is self-efficacy [Bandura 1977]. Perceived self-efficacy is defined as beliefs about one’s capacity to self-generate behaviors to obtain desired outcomes even when confronted with barriers and obstacles. People with high perceived self-efficacy choose to perform more challenging tasks, invest more effort and persist longer than those who are low in self-efficacy; people with low self-efficacy, doubting their capabilities, avoid or abort difficult tasks and often view them as personal threats (as opposed to challenges) [Bandura 1994]. In terms of the willingness to perform difficult tasks, self-efficacy has been consistently shown to be a more important determinant than anticipatory anxiety or the amount of prior task-relevant experience [Arch 1992, Bandura 1997]. We hypothesized that normal healthy subjects possessing the qualities inherent to self-efficacy would be more likely to volunteer for clinical trials whereas the relative absence of self-efficacy would lead to avoidance responses even in the face of valued contingencies such as financial incentives. The primary objective of this study was to evaluate the influence of trait curiosity (assessed by the Curiosity and Exploration Inventory – Trait, CEI-T [Kashdan et al. 2004, http://mason.gmu.edu/�tkashdan/curiostywork. html/]) and perceived self-efficacy (assessed by the Self-Efficacy Scale, SES [Sherer et al. 1982]) on subjects’willingness to volunteer in a group of normal healthy subjects already enrolled in Phase I drug studies (“validation group”) and in a group of healthy subjects who had never participated (“index group”) and were invited to participate in a Phase I study. Since there is a possibility of overlap between curiosity and perceived self-efficacy, we also examined the relative independent contribution of each of these personality characteristics (and their lower-facet dimensions) on the prediction of participation. Methods Study populations At the time of their participation in Phase I clinical trials with new chemical entities cur- Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade 111 Curiosity and self-efficacy of Phase I volunteers Table 1. Main demographic and socio-economic characteristics of the study populations. Index group (IG) Variable Gender Accepted (n = 51) Refused (n = 59) (n = 216) 47.1%/52.9% 42.4%/57.6% 45.8%/54.2% 26.3 ± 6.6 26.6 ± 7.3 26.1 ± 5.3 Median (years) 25 24 25 Range (years) 18 – 45 18 – 45 18 – 45 Male/Female Mean ± SD (years) Age Ethnicity Occupation Caucasian/Other 92.2%/7.8% 98.3%/1.7% 95.8%/4.2% Student 56.0% 55.9% 57.3% Employed 38.0% 32.2% 36.7% Unemployed 6.0% 11.9% 6.0% < 25% 30.0% 28.6% 27.3% 35.0% 24.5% 28.5% 25.0% 28.6% 29.7% 10.0% 12.2% 9.9% 0.0% 4.1% 4.7% Single 72.5% 67.2% 77.9% Married/living together 23.5% 27.6% 17.1% Divorced 3.9% 5.2% 5.0% 4 years 2.0% 6.8% 0.0% 6 years 3.9% 3.4% 1.0% 9 years 9.8% 5.1% 7.0% 12 years 60.8% 55.9% 63.8% Monthly net income 25 – 50% in relation to the 51 – 100% mean national net salary in the industry 101 – 150% * and services sector > 150% Civil status School degree completed Validation group Bachelor 5.9% 6.8% 7.5% Licensed 15.7% 20.3% 17.6% Mastership 2.0% 1.7% 3.0% *approximately € 1,000/month, net. rently in clinical development as new putative medicines for the treatment of neurological diseases conducted at the Human Pharmacology Unit of BIAL (Portela & Co. SA, S Mamede do Coronado, Portugal), a group of healthy volunteers (n = 216) were invited to participate in the current study. In accordance with the current regulatory requirements, their participation in the phase I studies had been preceded by standard informed consent procedures, including full information regarding the risks and inconveniences of study participation. All phase I participants who were invited to participate in the current study accepted the invitation. A group of normal healthy subjects (n = 119) who had never participated in a clin- 66 55 ical trial was constituted (“index group”). Since it is known that healthy subject’s socio-economic level [Viens 2001], income [Tishler and Bartholomae 2002], educational level and age [Van Gelderen et al. 1993] may influence the willingness to volunteer for Phase I participation, efforts were made to assure that the “index group” would match the Phase I participants sample in terms of main demographic (age, gender, ethnicity and occupation) and socio-economic (monthly income, civil status and school degree completed) characteristics. Subjects of the “index group” were also provided with the typical informed consent information prepared for a real Phase I study and invited to participate. Among the 110 CAPÍTULO III 112 Almeida, Kashdan, Coelho et al. study, and two subgroups (“accepted” and “refused”) were constituted accordingly. Main demographic and socio-economic characteristics of the study populations are presented in Table 1. Self-report measures Figure 1. CEI-T scores in the “index group” (IG) subsets of subjects who “refused” and who “accepted” the invitation for participation in a Phase I study, and in the “validation group” (previous participants in Phase I studies): Box-and-whiskers plot showing median, quartiles and range values. subjects who answered the invitation, 51 (46.4%) subjects declared that they would be willing to participate and 59 (53.6%) individuals refused participation in such Phase I 67 56 Subjects of both groups were invited to complete Portuguese adaptations of the CEI-T [Kashdan et al. 2004], to operationalize trait curiosity and exploratory tendencies, and the SES [Ribeiro 1995], to operationalize trait self-efficacy. The 7-item CEI-T assesses two relatively independent dimensions of curiosity: (1) Exploration – general strivings to seek out novelty, challenge, uncertainty, and intriguing experiences (4 items; e.g., “Everywhere I go, I am out looking for new things or experiences”) and (2) Absorption or Flow – the propensity to be deeply absorbed in the interesting target of one’s attention (3 items; e.g., “When I am participating in an activity, I tend to get so involved that I lose track of time”) [Kashdan 2002]. The 2-dimensional approach of the CEI-T focuses on the defining features of curiosity rather than different objects that induce curiosity [Kashdan 2002]. Respondents rate the items according to a 7-point Likert-type scale that indicate agreement with the statements provided from “Strongly Disagree” to “Strongly Agree”. The original English version of the CEI-T has good psychometric properties, is relatively unaffected by socially desirable responding, and is relatively independent from positive affect [Kashdan et al. 2004]. The Portuguese CEI-T version was submitted to confirmatory factor analysis and also showed good psychometric properties. A model comparison procedure introduced by Bollen [1980] was used to test whether the 2-factor model with Exploration and Absorption as separate, but correlated components of curiosity provided a better fit to the data than a one-factor model. The hypothesized 2-factor model was compared to a model where the zero order association between the two dimensions of curiosity was constrained. The models could be directly compared by interpreting the change in the �2 (per change in df). The 2-factor model with Exploration and Ab- Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade 113 Curiosity and self-efficacy of Phase I volunteers Figure 2. SES scores in the “index group” (IG) subsets of subjects who “refused” and who “accepted” the invitation for participation in a Phase I study, and in the “validation group” (previous participants in Phase I studies): Box-and-whiskers plot showing median, quartiles and range values. sorption as separate, but correlated components of curiosity, fit the data well, �2 = 24.56, p = 0.03, �2/df = 1.89, TLI = 0.97, CFI = 0.98, RMSEA = 0.05, SRMR = 0.03. Allowing Exploration and Absorption to covary freely in a 2-factor model resulted in a significant improvement in model fit, �2 (1) = 11.12, p = 0.001. Loadings on the Exploration factor ranged from 0.41 – 0.82, loadings on the Absorption factor ranged from 0.57 – 0.85, and the two factors correlated at 0.74. Thus, the 2-dimensional CEI-T is synonymous with the English version. The 23-item SES [Sherer et al. 1982] focuses on the willingness to initiate behavior, willingness to expend effort in completing behavior, and persistence in the face of adversity. 6, 5 and 4 items compose the Initiative/Persistence, Planning/Goal Setting, and Social Self-Efficacy subscales, respectively. It has shown to be a valid predictor of aca- 68 57 demic and professional behavior [Ferrari et al. 1992, Sherer et al. 1982], self-esteem [Woodruff and Cashman 1993], and general adjustment [Martin et al. 1996, Sherer and Adams 1983]. In our study, we used a 15-item Portuguese validated adaptation of the original scale [Sherer et al. 1982], performed by Ribeiro [1995]. The Portuguese adapted scale shows good psychometric properties [Ribeiro 1995]. The items are rated on a 7-point Likert-type scale, ranging from 1 (“Fully Disagree”) to 7 (“Fully Agree”). Statistical considerations Statistical analyses were performed with the Statistical Package for Social Sciences version 11.5 (SPSS Inc., Chicago, IL, USA). The criterion for statistical significance was set at an � error of 5% (p < 0.05), 2-sided. CAPÍTULO III 114 Almeida, Kashdan, Coelho et al. Table 2. Spearman’s correlation between CEI-T and SES scores and interest into participation in a Phase I study. Scales Spearman’s rank correlation CEI-T Total R = 0.28 p = 0.004 Exploration R = 0.34 p = 0.000 Absorption R = 0.14 n.s. Total R = 0.30 p = 0.002 Initiative and Persistence R = 0.29 p = 0.002 Planning/Goal Setting R = 0.19 p = 0.048 Social Self-Efficacy R = 0.29 p = 0.002 SES coxon-Mann-Whitney rank sum test was used for the comparisons. In the “index group”, Spearman’s correlations between the CEI-T and SES scores and the answer to the invitation to participate were performed. In addition to univariate analyses, the independent contribution of each CEI-T and SES sub-scale on the prediction of study participation in the “index group” was tested by using logistic regression. Ethics n.s. = not statistically significant. This study was approved by an Independent Ethics Committee (Comissão de Ética Independente da UFH, Porto, Portugal). Table 3. Statistical comparison (Wilcoxon-Mann-Whitney rank sum test) of CEI-T and SES scores between subjects of the “index group” (IC) who “accepted” the invitation to participate in a Phase I study versus those who “refused” (A), and versus the “validation group” (B). Results (A) IC - Accepted vs. IC - Refused Scales (B) IC - Accepted vs. Validation group CEI-T Total Z = –2.703 p = 0.007 Z = –1.247 n.s. Exploration Z = –3.334 p = 0.001 Z = –0.454 n.s. Absorption Z = –1.366 n.s. Z = –1.839 n.s. Total Z = –3.131 p = 0.002 Z = –0.456 n.s. Initiative and Persistence Z = –3.065 p = 0.002 Z = –0.621 n.s. Planning/Goal Setting Z = –2.173 p = 0.030 Z = –0.164 n.s. Social Self-Efficacy Z = –2.954 p = 0.003 Z = –0.140 n.s. SES CEI-T and SES univariate analysis CEI-T and SES scores are displayed in Figures 1 and 2. The results of the Spearman’s correlation between CEI-T and SES scores and interest into participation in the “index group” are presented in Table 2. Statistical comparison of CEI-T and SES scores between “index group” subjects who accepted the invitation for participation in a Phase I study versus those who refused participation, and versus those subjects who had previously participated (“validation group”) are presented in Table 3. n.s. = not statistically significant. Trait curiosity The first set of analyses consisted of comparing CEI-T and SES scores to examine if there were differences between those subjects in the “index group” who declared they would accept to participate and those who refused. An internal validation was performed by comparing the “index group” subset of subjects who declared they would accept to participate with the “validation group”. Tests for normality were performed using the Shapiro-Wilk test. Since the dependent variables were not normally distributed, the Wil- 69 58 Within the “index group”, respondents who accepted the invitation for participating in a Phase I study showed significantly greater Exploration score (Z = –3.334, p = 0.001) and Total Score (Z = –2.703, p < 0.01) than those who refused; no significant difference was found in Absorption. No significant differences were found between those “index group” subjects who declared they would accept to participate and the “validation group”. In the “index group”, a significant positive linear correlation was found between the interest in participation and the CEI-T Total Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade 115 Curiosity and self-efficacy of Phase I volunteers Table 4. Summary of logistic regression analysis of CEI-T and SES scores as predictors of participation in a Phase I study. Scales � SE Exp(B) 95%CI for Exp(B) Exploration 0.174 0.088 1.190 1.002, 1.413 Absorption –0.059 0.087 0.943 0.795, 1.119 Initiative and Persistence 0.098 0.049 1.103 1.003, 1.214 Planning/Goal Setting –0.040 0.064 0.961 0.849, 1.089 Social Self-Efficacy 0.081 0.073 1.085 0.940, 1.251 –6.629 1.928 0.001 CEI-T SES Constant p < 0.05 n.s. p < 0.05 n.s. n.s. p = 0.001 � = regression coefficient; SE = standard error of the mean; Exp(B) = odds ratios; CI = confidence interval; n.s. = not statistically significant. Score (R = 0.28, p < 0.01) and CEI Exploration (R = 0.34, p < 0.001). ble 4. Both CEI-T Exploration (p < 0.05) and SES Initiative and Persistence (p < 0.05) were found to be statistically significant predictors of participation. Perceived self-efficacy Within the “index group”, respondents who accepted the invitation for participating in a Phase I study also showed significantly greater scores on all variables: Total Score (Z = –3.131, p < 0.01), Initiative and Persistence (Z = –3.065, p < 0.01), Planning/Goal Setting (Z = –2.173, p < 0.05) and Social Self-Efficacy (Z = –2.954, p < 0.01). No significant differences were found between those “index group” subjects who declared they would accept to participate and the “validation group”. In the “index group”, a significant positive linear correlation was found between the interest in participation and the SES Total Score (R = 0.30, p < 0.01), Initiative and Persistence (R = 0.29, p < 0.01), Planning/Goal Setting (R = 0.19, p < 0.05) and Social Self-Efficacy (R = 0.29, p < 0.01). Multivariate analysis on the prediction of study participation To explore the contributions of each CEI-T and SES component to the prediction of participation, a logistic regression model was composed in the “index group” using CEI-T Exploration and Absorption, and SES Initiative and Persistence, Planning/Goal Setting and Social Self-Efficacy as covariates. The results of the model are presented in Ta- 70 59 Discussion This study examined whether normal healthy subjects participating and willing to volunteer for Phase I clinical trials differ from those who do not take part, in terms of tendencies to be curious, exploratory, and self-efficacious. Supporting our hypotheses, subjects who were more curious and self-efficacious were more likely to volunteer for participation in Phase I studies. There is potential overlap between the personality traits of curiosity and self-efficacy, as people possessing these qualities are prone to view difficult situations as challenges rather than threats and they are more likely to engage in approach behavior even in the face of avoidance motives to prevent negative outcomes. Upon controlling for shared variance among the CEI-T and SES sub-scales, we found that the unique predictors of participation were CEI-T Exploration and SES Initiative and Persistence. Thus, these traits appear to be of particular importance in understanding the willingness (and reluctance) to volunteer for Phase I clinical trials. The results are consistent with the theoretical framework. Participation in Phase I studies with drugs in clinical development may be perceived as a challenging situation because CAPÍTULO III 116 Almeida, Kashdan, Coelho et al. it involves the discomfort, performance of unaccustomed procedures, close social interactions with the clinical staff and other participants, the risk of occurrence of expected and unexpected adverse events, and, according to current Good Clinical Practices and regulatory requirements, the volunteers must be made aware about all such inconveniences and risks before giving their informed consent. Since highly curious and self-efficacious subjects show a higher tendency to embrace and even thrive in challenging situations [Kashdan and Silvia (in press), Maddux 1995], it seems plausible that they are more likely to view a Phase I study as an appealing and satisfying situation. During the clinical development process of a new medicine, normal healthy volunteers are utilized in Phase I clinical trials to provide pharmacokinetic, pharmacodynamic and tolerability information to help to determine the doses to be used in future Phase II and III clinical trials and, afterwards, in the target patient population. Ideally, samples of normal healthy volunteers selected for Phase I studies should be representative of the population for whom the drug is intended. However, pragmatic issues of convenience, practicability and cost prevent the recruitment of such an ideal population [Tishler et al. 2005]. Although it is accepted that healthy volunteers do not necessarily represent the target population, it is assumed that they should represent at least their age group [Pieters et al. 1992]. However, our study corroborates data from other studies [Meyer 2001] suggesting that participants in Phase I studies differ in important ways from the population from which they are drawn. For example, healthy people who volunteer for Phase I studies appear to show a greater tendency toward sensationseeking and to be more extraverted and selfconfident than normative samples [Ball et al. 1993, Cami et al. 1989, Farre et al. 1995, Pieters et al. 1992], and volunteers were also shown to be less socially anxious [Almeida et al. 2007b] and depressed [Almeida et al. 2007c] than controls. The overarching aim of this line of research is to determine whether normal healthy subjects differ from the population of interest in a meaningful way [Tishler et al. 2005]. The self-selection bias will be important only if it interferes on the study outcomes or upon the 71 60 interpretation of the studies. There is evidence that some personality characteristics may influence the pharmacodynamic response [Meyer 1992], objective pharmacokinetic data [Meyer 2001] and subjective tolerability information gathered from normal healthy volunteers [Meyer et al. 2000]. For instance, there are suggestions that extroverted personality characteristics influence the subjective tolerability and physiological response of normal healthy subjects to drug administration [Meyer 2001]. Also, there is some evidence that volunteer’s type of personality may influence the subjective response to placebos, which are commonly used in Phase I clinical trials with new drugs, and therefore impair the evaluation of new drugs in such studies [Drici et al. 1995]. However, the variability in drug response and/or pharmacokinetics due to personality or psychological features is an overlooked topic, systematic research in this field is still missing, and the impact of the self-selection bias on the study results is largely unknown [Tishler et al. 2005]. Once known, the characterization of the volunteers’ personality and psychological characteristics that actually may affect their subjective response and pharmacokinetic parameters could be addressed in the screening process for controlled Phase I studies, through the formation of balanced groups [Meyer et al. 2000], or in the statistical analysis [Tishler et al. 2005]. Conclusion Results from our study, which to our knowledge was the first to use a control group, suggested that participants in Phase I studies show a preference to seek novel, uncertain, and complex situations (as shown by greater CEI-T Exploration scores) and are more willing to initiate behavior and to persist (as shown by greater SES Initiative and Persistence scores), compared with their control peers. Results were consistent across comparisons between subjects who had never participated in a Phase I study and who declared that they would consider participating versus those who declined invitation to participate (behavioral intentions), and between subjects who accepted the invitation versus a group of subjects who had previously participated. Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade Curiosity and self-efficacy of Phase I volunteers These findings may have implications for interpreting threats to the generalizability of the results of Phase I studies. The impact of these self-selection biases on the Phase I study results is unknown but deserves further evaluation. Acknowledgments We thank the healthy subjects and the clinical staff of the clinical pharmacology unit of BIAL – Portela & Co., SA (especially Professor Manuel Vaz-da-Silva, Dr. Teresa Nunes and Benedita Azevedo) for their cooperation. We thank Professor Amílcar Falcão and Dr. Grazina Binkauskiene for their assistance in the statistical analysis. References Almeida L, Azevedo B, Nunes T, Vaz-da-Silva M, Soaresda-Silva P. Why healthy subjects volunteer for Phase I studies and how they perceive their participation?. 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Kashdan & Teresa Nunes & Rui Coelho & António Albino-Teixeira & Patrício Soares-da-Silva Received: 6 November 2007 / Accepted: 31 January 2008 / Published online: 5 March 2008 # Springer-Verlag 2008 Abstract Objective To investigate the influence of anxiety, social anxiety and depressive symptoms on the willingness of healthy subjects to volunteer for phase I studies and to report adverse events. Materials and methods A group of healthy subjects who had never participated in a clinical trial (“Naïve Subjects”) were invited to participate in a phase I study. All subjects were assessed for trait anxiety (State-Trait Anxiety Inventory, STAIT), social anxiety (Social Avoidance and Distress, SAD, and Fear of Negative Evaluation, FNE) and depressive symptom- atology (Beck Depression Inventory, BDI-II). Subjects who accepted the invitation to participate were compared with those who refused. The personality traits of a group of “Actual Participants” were examined, and the relation of these traits to adverse events reported during participation was evaluated. Results A significant inverse correlation was found between the STAI-T (R=−0.203, p<0.05) and SAD (R=−0.204, p< 0.05) scores and the willingness to participate. Naïve Subjects who refused the invitation to participate showed higher scores on STAI-T (Z=−2.600, p<0.01) and SAD (Z=−2.524, p<0.05) inventories. Logistic regression using BDI-II, STAI-T, SAD and FNE as covariates also showed that the only unique predictors of participation were the STAI-T ( p<0.05) and SAD ( p<0.01) scores. Significant positive correlations were found between trait anxiety and reporting of adverse events. Conclusion Participants in phase I studies are a selfselected sample defined by low trait-anxiety and social avoidance behaviors. This self-selection bias may affect the study results because less anxious subjects tend to report fewer adverse events. The characterization of a participant’s personality traits may be important in phase I studies. L. Almeida (*) : T. Nunes : P. Soares-da-Silva Department of Research and Development, BIAL (Portela & Co, SA), A Av. da Siderurgia Nacional, 4745–457 S Mamede do Coronado, Portugal e-mail: [email protected] L. Almeida : A. Albino-Teixeira : P. Soares-da-Silva Institute of Pharmacology and Therapeutics, Faculty of Medicine, University of Porto, Alameda Professor Hernâni Monteiro, Porto, Portugal T. B. Kashdan Department of Psychology, George Mason University, Fairfax, VA, USA Keywords Adverse events . Anxiety . Depressive symptoms . Healthy volunteers . Phase I studies . Social anxiety R. Coelho Service of Psychiatry and Mental Health, Faculty of Medicine, University of Porto, Rua do Campo Alegre, Porto, Portugal Introduction A. Albino-Teixeira Institute for Molecular and Cell Biology (IBMC), University of Porto, Alameda Professor Hernâni Monteiro, Porto, Portugal Participation in phase I studies implies (1) subjection to unaccustomed procedures, some of which are relatively invasive and painful, such as venous catheterization, (2) the risk of occurrence of expected or unexpected drug adverse 74 63 CAPÍTULO III 576 Eur J Clin Pharmacol (2008) 64:575–582 ipants”) and a group of healthy subjects who had never participated in a phase I clinical trial (“Naïve Subjects”) and who matched the actual participants in terms of demographic and socio-economic characteristics. A total of 200 subjects in the Actual Participants group and 100 subjects in the Naïve Subjects group were estimated to provide a power of 80% to detect a difference of 2.5 in mean scales scores, at a significance level of 0.05. The subjects did not receive any financial compensation for participating in this study. events and (3) close social interactions with the research staff and often confinement for several days in research facilities with other participants. Consequently, participation in phase I studies can be perceived as a challenging event and that a number of personality characteristics will most likely have an effect on the subject’s willingness to volunteer. Although anxiety can manifest in a number of different ways, participation in a phase I study appears to support the investigation of two types of anxiety—trait anxiety and social anxiety. For example, potential adverse effects or painful procedures may be considered especially threatening by anxious people. Additionally, the close interaction with previously unknown people, such as clinical staff and other study participants, and confinement to an open-space ward with minimal privacy are conditions that can be perceived as threatening by people with elevated social anxiety. Preliminary results by our group [1] also indicated that subjects with elevated depressive symptoms tend to self-exclude from phase I participation. Based on these results, we hypothesized that people reporting elevated trait anxiety, social anxiety and depressive symptoms would be less willing to expose themselves to the risks, discomfort and interpersonal interactions required by participation in a phase I study. The primary objective of this study was, therefore, to evaluate the influence of these personality dimensions on the willingness of subjects to volunteer for participation in phase I studies. Since there is conceptual overlap between these personality constructs [2–5], we examined the independent contribution of each of them on the subject’s willingness to volunteer in phase I studies. Differences in the personality characteristics of healthy volunteers in comparison with those of their counterparts in the normal population does not necessarily mean that they are clinically meaningful. There are suggestions, however, that some personality traits or psychological states may influence the pharmacokinetics[6–9], pharmacodynamics [10–12] and probability of presenting clinical complaints [10]. However, results from systematic research in this field are still missing, and the impact of the self-selection bias on study results is largely unknown[7]. The secondary aim of our study was, therefore, to investigate correlations between the reported personality traits of a group of participants and the reporting of adverse events, a common endpoint in phase I clinical trials. Actual Participants This group consisted of 198 consecutive normal healthy volunteers who participated in phase I clinical trials conducted at the Human Pharmacology Unit of BIAL (S Mamede do Coronado, Portugal). These trials were pharmacokinetic studies of new oral anti-epileptic and antiparkinsonian drugs and involved confinement for 3–14 days and frequent blood drawings. Before consenting to participate, participants received oral and written information on the study design, procedures, inconvenience, discomfort, precautions, possible adverse events and financial compensation. The financial compensation policy for participation in the phase I studies was similar in all studies. Naïve Subjects This group consisted of normal healthy subjects who never had participated in a clinical trial. Members of the Naïve Subjects group were selected using the same method of recruitment as that for phase I participants to maximize similarities with the Actual Participants. Naïve Subjects (n=117) were provided with written information relative to a phase I clinical trial and invited to participate. That clinical trial implied procedures, confinement and residence at the clinical research facility that were similar to those required of participants in the Actual Participants group; financial compensation was also similar. Two subgroups were created among those who responded to the invitation to participate (n=110): “Accepted” (n=51) and “Refused” (n=59). Procedures and self-report measures Trait anxiety, social anxiety and depressive symptoms were measured by Portuguese adaptations of the trait anxiety portion of the State-Trait Anxiety Inventory (STAI)[13], the Social Avoidance and Distress (SAD) and Fear of Negative Evaluation (FNE) scales[14] and the Beck Depression Inventory II (BDI-II) [15]. Material and methods Populations Trait anxiety The STAI is the most widely used selfadministered instrument for measuring anxiety in adults [16]. It consists of two separate scales: “state anxiety” (STAI-S), which refers to a transitory emotional state The subjects of this study comprised a group of actual participants in phase I drug clinical trials (“Actual Partic- 75 64 Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade Eur J Clin Pharmacol (2008) 64:575–582 577 in phase I clinical trials. In accordance with current regulatory standards, an adverse event was defined as any undesirable event occurring to a subject during the study, following the administration of an investigational product, irregardless of whether or not the event was considered to be drug-related. The possibility of a causal relationship between the adverse event and study drug was assessed by the investigator, following pre-specified rules similar to those issued by the World Health Organization (www.who-umc. org). Adverse events were coded according to the Medical Dictionary for Regulatory Activities (MedDRA). For crossover studies, each study period was considered to be one “test”. The following variables were derived: percentage of tests with adverse events; percentage of tests with drugrelated adverse events; number of adverse events/test; number of drug-related adverse events/test; number of adverse events/day of test; number of drug-related adverse events/day of test; number of central nervous system (CNS)related adverse events/test; number of CNS-related adverse events/day of test. characterized by subjective feelings of tension that vary in intensity over time, and “trait anxiety” (STAI-T), which refers to a relatively stable and long-standing disposition to respond to stress with elevated anxiety and a tendency to perceive a wide range of situations as personally threatening [13]. Each scale consists of 20 statements, and scores vary from a minimum of 20 to a maximum of 80. We used the STAI-T sub-scale in our study. High scores reflect greater trait anxiety. Prior research has shown that the STAI-T has strong internal reliability and construct validity [17]. Social anxiety Social anxiety is defined as “a marked and persistent fear of one or more social or performance situations in which the person is exposed to unfamiliar people or to possible scrutiny by others” [18]. Commonly endorsed fears include public speaking, performance, speaking to strangers and meeting new people. Two scales were used here to measure the behavioral and cognitive components of social anxiety. The SAD consists of 28 true– false items assessing social anxiety and fear-motivated avoidance derived from potential or actual social interactions [19]. High SAD scores reflect a greater likelihood of avoiding potentially stressful social interactions. The FNE consists of 30 true–false items assessing the expectation and fear of being evaluated negatively by other people and catastrophic responses to mildly negative social events [20, 21]. Scores can vary from a minimum of 0 to a maximum of 28 (SAD) and 30 (FNE). Prior research has shown that both the SAD and FNE possess good psychometric properties in clinical and non-clinical populations [22]. Application of the SAD and FNE to the Portuguese population showed results similar to those found in studies performed in other countries [23]. Hofman [24] recently found problems in the original scoring instructions of the SAD; consequently, we used his corrected scoring system in our study. Analyses The first set of analyses compared the results of each scale between the “Accepted” and “Refused” sub-groups of the Naïve Subjects group; as internal validation, the Naïve Subjects “Accepted” subgroup was compared with the Actual Participants group. Tests for normality were performed using the Shapiro–Wilk test. When the dependent variable showed a non-normal distribution, the Wilcoxon– Mann–Whitney rank sum test was used for comparison; when it showed a normal distribution, t tests were used. For the BDI-II, the following cutoffs for depressive symptoms severity were considered, as suggested by the authors of the BDI-II [25]: 0–13=minimal; 14–19=mild; 20–28=moderate; 29–63=severe. Groups were compared on the distribution of subjects by severity degree with chi-square tests or Fisher’s exact tests. In addition to these univariate analyses, the independent contribution of the STAI-T, SAD, FNE and BDI-II on the prediction of study participation was tested using multivariate logistic regression. Spearman’s rho correlations were calculated between scales scores and (1) willingness to participate and (2) variables of adverse events. Statistical analyses were performed with the Statistical Package for Social Sciences ver. 11.5 (SPSS, Chicago, IL). Depressive symptoms The BDI is one of the most widely used instruments for assessing depressive symptoms. The most recent version (BDI-II) [25] corresponds to diagnostic criteria for major depressive disorder in the fourth edition of the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) [18]. The BDI-II is a 21-item self-report scale for assessing cognitive, affective and somatic symptoms of depression during the previous 2 weeks. Each of the 21 items is summed into a single score. Scores can vary from a minimum of 0 to a maximum of 63. Higher total scores indicate more severe depressive symptoms. A meta-analysis [26] suggested evidence of excellent construct validity in clinical and non-clinical samples. Ethics The current study was approved by an Independent Ethics Committee (Comissão de Ética Independente da UFH, S Mamede do Coronado, Portugal). Adverse events Adverse events reported by the Actual Participants group were recorded during their participation 76 65 CAPÍTULO III 578 Eur J Clin Pharmacol (2008) 64:575–582 Results showed significantly lower scores on the STAI-T (Z= −2.600, p<0.01; Wilcoxon–Mann–Whitney test) compared with Naïve Subjects who denied participation (“Refused” subgroup). No significant differences were found between Naïve “Accepted” respondents and the Participants Group (Z=−0.985, p>0.05). Significant differences were found when the full Naïve Subjects group was compared with Actual Participants (Z=−3.718, p<0.001). Using Spearman’s rho, we found a statistically significant inverse relation between STAI-T scores and the willingness to participate in a phase I clinical trial (R=−0.203; p<0.05). Taken together, the results showed that subjects high in trait anxiety tend to self-exclude from participation in phase I studies. Table 1 presents the demographic and socio-economic characteristics of study populations. The Naïve Subject and Actual Participant groups were similar in terms of relevant demographic and socio-economic characteristics such as age, gender, ethnic origin, monthly income and education. However, a few differences were apparent when the Naïve Subjects Accepted and Refused groups were compared: subjects who accepted the invitation to participate in a clinical trial showed a higher preference for exercising/sports than those who refused, and, surprisingly, the rate of refusal to participate was higher among unemployed than among employed subjects. Social anxiety Statistically significant lower SAD scores (Z=−2.524, p<0.05) were found in the “Accepted” subgroup compared with the “Refused” subgroup of the Naïve Subjects. Significantly higher SAD scores were found in the “Accepted” subgroup of Naïve Subjects compared with the Actual Participants group (Z=−2.435, p<0.05) and when the entire Naïve Subjects group was compared with Actual Participants (Z=−5.038, p<0.001). Using Spearman’s rho, we found an STAI-T, SAD, FNE and BDI-II univariate analysis Figure 1 shows the median, quartiles and range scores on the STAI-T, SAD, FNE and BDI-II scales. Trait anxiety Naïve Subjects expressing a willingness to participate in a phase I clinical trial (“Accepted” subgroup) Table 1 Main demographic and socio-economic characteristics of the study cohorts Parameter Variable Gender (%) Age (years) Ethnic origin (%) Occupation (%) Monthly net income in relation to the mean national net salary in the industry and services sectora (%) Civil status (%) School degree completed (%) All values for all parameters, with the exception of “Age”, are given as a percentage of that study cohort a Approximately €1000/month, net Smoking (%) Coffee drinking (%) Exercising/sports (%) Alcohol consumption (%) Male/female Mean ± SD Median Range Caucasian/other Student Employed Unemployed <25% 25-50% 51-100% 101-150% >150% Single Married/living together Divorced 4 years 6 years 9 years 12 years Bachelor Licensed Masters ≥1 cigarette/day ≥1 cup/day ≥1 session/week ≥1 occasion/week 77 66 Actual Participants (n=198) Naïve Subjects Accepted (n=51) Refused (n=59) 47.5/52.5 26.4±5.5 25 18–45 95.5/4.5 55.7 38.9 5.4 25.2 27.7 31.4 10.7 5.0 76.2 17.8 5.9 0.0 1.0 7.0 63.8 7.5 17.6 3.0 34.9 67.6 62.5 49.5 47.1/52.9 26.3±6.6 25 18–45 92.2/7.8 56.0 38.0 6.0 30.0 35.0 25.0 10.0 0.0 72.5 23.5 3.9 2.0 3.9 9.8 60.8 5.9 15.7 2.0 21.6 58.8 72.5 52.9 42.4/57.6 26.6±7.3 24 18–45 98.3/1.7 55.9 32.2 11.9 28.6 24.5 28.6 12.2 4.1 67.2 27.6 5.2 6.8 3.4 5.1 55.9 6.8 20.3 1.7 27.1 66.1 47.5 44.1 Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade Eur J Clin Pharmacol (2008) 64:575–582 40 30 50 25 ep lP A ct ua aï N aï ve ve lP ua ct aï te d se ar tic -R ef u ip cc ep te d -A ve N aï ve N A 63 p<0.05 n.s. tic 0 an ts 5 0 -R ef us ed 10 10 ip an ts 15 20 40 56 35 49 30 n.s. n.s. BDI-II Score 25 20 15 10 42 35 28 21 nt ci ct ua lP ar ti ve aï N aï N pa te ep cc -A lP ua ct A d ed ar -R tic ef ip cc ep -A ve aï N us d te ed us ef -R ve aï N inverse relation between the SAD score and willingness to participate in a phase I clinical trial (R= −0.204, p<0.05). Taken together, the results indicate that people to whom social interactions cause distress tend to self-exclude from participation in phase I studies. Significantly higher FNE scores were found in the “Accepted” subgroup of the Naïve Subjects than among the Actual Participants (Z=−2.439, p<0.05) or when the whole Naïve Subjects group was compared with the Actual Participants (Z=−4.298, p<0.001). Using Spearman’s rho, we found no significant correlation between FNE scores and willingness to participate in a phase I clinical trial (R= −0.108, p>0.05). Overall, results suggest that the fear of negative evaluation does not substantially contribute to selfexclusion from study participation. A 0 an ts 7 0 s 14 5 ve FNE Score 20 cc 30 -A 40 p<0.05 p<0.05 ar SAD Score 35 60 d n.s. p<0.01 70 N 80 STAI-T Score Fig. 1 STAI-T, SAD, FNE and BDI-II scores in the subsets of the Naïve Subjects who “Refused” and who “Accepted” the invitation to participate in a phase I clinical trial, and in the Actual Participants group. Boxand-whiskers plot showing median, quartiles and range values. For a description of the selfreport measures, see the section Procedures and self-report measures 579 p>0.05) or between the “Accepted” subgroup of the Naïve Subjects and Actual Participants. Using Spearman’s rho, we failed to find a significant relation between BDI-II scores and willingness to participate (R=−0.067, p>0.05). However, groups differed in the distribution of subjects into depressive severity categories: in Actual Participants, 5.1, 1.9 and 0.0% of the subjects presented mild, moderate and severe symptoms, respectively; in Naïve Subjects, the results were 7.8, 6.9 and 2.6%, respectively (chi-square=2.69, df = 3, p<0.01). Overall, the results suggest that subjects presenting moderate or severe depressive symptoms tend to self-exclude from participation in phase I studies. STAI-T, SAD, FNE and BDI-II multivariate analysis on the prediction of study participation Depressive symptoms No statistically significant differences were found in BDI-II scores between the “Accepted” and “Refused” subsets of the Naïve Subjects (Z=−1.006, To explore the unique contributions of trait anxiety, social avoidance and distress, fear of negative evaluation and 78 67 CAPÍTULO III 580 Eur J Clin Pharmacol (2008) 64:575–582 Table 2 Summary of logistic regression analysis of STAI-T, SAD, FNE and BDI-II scores as predictors of participation in a phase I clinical trial Self-report measuresa β Standard error Exp(B) 95%CI for Exp(B) STAI-T SAD FNE BDI-II Constant -0.072 -0.096 -0.030 0.043 4.956 0.029 0.031 0.029 0.032 0.943 0.930 0.908 0.970 1.044 142.094 0.88, 0.86, 0.92, 0.98, 0.99 0.97 1.03 1.11 Significance p<0.05 p<0.01 n.s. n.s. p<0.001 β , Regression coefficient; Exp(B), Odds ratios; CI, confidence interval; n.s., not statistically significant a STAI, State-Trait Anxiety Inventory; SAD, the Social Avoidance and Distress scale ; FNE, Fear of Negative Evaluation (FNE) scale; BDI-II, Beck Depression Inventory II depressive symptoms in predicting participation, we developed a logistic regression model. The results of the model are presented in Table 2. The only statistically significant predictors of participation were the STAI-T (p<0.05) and SAD (p<0.01) scores. with lower trait anxiety scores reported fewer adverse events. Correlation between STAI-T, SAD, FNE and BDI-II and the reporting of adverse events Participation in phase I clinical trials is based on free informed consent. Therefore, participants are a self-selected population of volunteers, and it is reasonable to assume that factors affecting the willingness to volunteer induce a selfselection bias that has a potential impact on study outcomes. The results of the current study show that more anxious, socially avoidant and depressed people are less Discussion Information regarding adverse events was available for 470 study periods (“tests”). Mean number of days per test was 10.0±9.0 (range1–47). Adverse events (a total of 382) were reported in 57.2% of tests. Most adverse events were nervous system disorders or gastrointestinal disorders, according to the System Organ Class (SOC) classification of the MedDRA dictionary. Table 3 presents the most frequently reported adverse events, classified according to the MedDRA Lowest Level Term. The mean number of adverse events per test was 0.88±1.3 (range 0–7), of drugrelated adverse events per test, 0.64±1.2 (range 0–7), of adverse events per day of test, 0.18±0.22 (range 0.0–1.0), of drug-related adverse events per day of test, 0.12±0.18 (range 0.0–0.9), of CNS-related adverse events per test, 0.42±0.82 (range0.0–5.0) and of CNS-related adverse events per day of test, 0.08±0.14 (range 0.0–0.8). Post-hoc evaluation showed a power of approximately 70% for the correlations between scales’ scores and adverse event variables. No significant correlations were found between the BDI-II, SAD and FNE and adverse events. Significant positive correlations were found between STAI-T scores and each adverse event variable: percentage of tests with adverse events (R=0.163, p< 0.05), percentage of tests with drug-related adverse events (R=154, p<0.05), number of adverse events per test (R= 0.193, p<0.05), number of drug-related adverse events per test (R=0.158, p<0.01), number of adverse events per day of test (R=0.188, p<0.01), number of drug-related adverse events per day of test (R=0.166, p<0.05), number of CNSrelated adverse events per test (R=0.175, p<0.05) and number of CNS-related adverse events per day of test (R= 0.173, p<0.01). Overall, the results suggest that subjects Table 3 Adverse events coded by the MedDRA Lowest Level Term (LLT) with a frequency of at least 1.0% 79 68 Adverse event LLT Frequency (%) Dizziness Somnolence Nausea Headache Dysmenorrhoea Pharyngitis Myalgia of lower extremities Increased levels of creatine phosphokinase Rhinitis Tremor of hands Vomiting Epistaxis Frontal headache Rhinorrhoea Toothache Ecchymosis Heartburn Lumbar pain Catheter site phlebitis Diarrhoea Loose stools Nasopharyngitis Paraesthesia tongue Sore throat 10.0 6.8 4.2 3.9 2.6 2.6 2.1 2.1 2.1 1.8 1.8 1.8 1.6 1.6 1.6 1.3 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade Eur J Clin Pharmacol (2008) 64:575–582 581 together with strangers in a ward with minimal privacy for several days. Therefore, it is reasonable to expect subjects with higher social avoidance to self-exclude from participation in such studies. Although it is accepted that phase I study participants do not necessarily represent the general population, it is assumed that they should represent at least their age group [30]. However, our study corroborates data suggesting that participants in phase I clinical trials may differ from the population from which they are drawn [30]. That said, the self-selection bias will be important only if it interferes with study outcomes or conclusions. Overall, our results suggest that subjects lower in trait anxiety report fewer adverse events. Since study participants represent a self-selected population of less anxious subjects than the full population [31], it may be concluded that: (1) globally, the selfselection may cause a decrease in the likelihood of reporting adverse events during phase I clinical trials; (2) in case of parallel-group clinical trials in which tolerability is the main endpoint, between-group imbalances in trait anxiety may lead to biased results. As a prevention strategy, the assessment of the individual’s anxiety level could be included in the volunteer’s screening procedures and adequate stratification could be carried out during subject assignment to different study groups. In conclusion, our study found that less anxious and less socially avoidant subjects are self-selected for participation in phase I clinical trials. The impact of these self-selection biases on the phase I clinical trial results has not been completely characterized, but there is a strong suggestion that subjects low in anxiety tend to report fewer adverse events. Therefore, the characterization of participant’s anxiety levels may be important in phase I studies. likely to volunteer for participation in phase I clinical trials. The results also suggest that phase I study participants with lower trait anxiety scores report relatively fewer adverse events when participating in phase I studies. The Naïve Subject and Actual Participants groups showed similar demographic and socio-economic characteristics, and the Actual Participants group is representative of our historical database of participants in phase I studies [27]. Anxiety-trait, social anxiety and depressive symptoms scores in the Naïve Subjects group are relatively similar to those of healthy samples with similar demographic characteristics [15, 23, 29]. However, since reports of phase I studies usually do not include information on the socio-economic status of study participants [28], it is unclear whether our sample is representative of subject populations volunteering for phase I studies in other clinical pharmacology units. The median STAI-T score was 35 and 42 in the “Accepted” and “Refused” subgroups of the Naïve Subjects, respectively; this difference is statistically significant (p<0.01) and clinically meaningful [17]. In terms of social anxiety (SAD scores), the median score in the “Refused” subgroup was twofold higher than that in the “Accepted” subgroup (8 versus 4, respectively), which is also statistically significant (p<0.05) and clinically meaningful [14]. It is noteworthy that the scores for all scales were slightly higher for the Naïve Subjects “Accepted” subgroup than for the Actual Participants group. This may be due to the fact that Naïve Subjects “Accepted” subjects only expressed an “intention” regarding participation, and it may be speculated that at the decision-making moment, some subjects (most likely among those with high scores) would reverse their consent to participate. There is conceptual overlap among the personality traits under study. Upon controlling for shared variance among the STAI-T, SAD, FNE and BDI-II, we found that the only unique predictors of participation were trait anxiety and social avoidance. These traits appear to be of particular importance in terms of understanding the willingness (and reluctance) to volunteer for phase I clinical trials. Participation in phase I clinical trials with drugs in clinical development involves discomfort and the risk of experiencing expected and unexpected adverse events. According to current good clinical practice and regulatory requirements, volunteers must be made aware of all such inconveniences and risks before consenting to participate. Since subjects with greater anxiety are more likely to perceive a wider range of situations as threatening[13], it seems reasonable that they are more likely to view a phase I clinical trial as an unappealing and stressful situation. Participation in a phase I clinical trial also requires relationships with unknown people and the ability to embrace socially challenging situations, such as living Acknowledgements We thank the healthy subjects and the clinical staff of the clinical pharmacology unit of BIAL – Portela & Co, SA (especially Prof. Manuel Vaz-da-Silva, and Benedita Azevedo, BSc Psychol) for their cooperation. We also thank Prof. Amílcar Falcão and Dr. Grazina Binkauskiene for their assistance with the statistical analysis. References 1. 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American Psychiatric Association, Washington D.C. 81 70 Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade 71 CAPÍTULO III 72 Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade 73 CAPÍTULO III 74 Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade 75 CAPÍTULO III 76 Os traços de personalidade como filtro de auto-selecção de participantes em ensaios clínicos de fase I e sua influência nas avaliações de tolerabilidade 77 CAPÍTULO III 78 CAPÍTULO IV Prevalência de queixas adversas de origem não medicamentosa e sua correlação com as características de personalidade «Adverse non-drug related complaints by healthy volunteers in phase I studies compared to healthy general population» Int J Clin Pharmacol Ther 46, 2008 (aprovado para publicação; em impressão) Prevalência de queixas adversas de origem não medicamentosa e sua correlação com as características de personalidade International Journal of Clinical Pharmacology and Therapeutics, Vol. 46 – No. /2008 (-) ©2008 Dustri-Verlag Dr. K. Feistle ISSN 0946-1965 Original Adverse nondrug-related complaints by healthy volunteers in Phase I studies compared to healthy general population L. Almeida1,2, R. Coelho3, A. Albino-Teixeira2,4 and P. Soares-da-Silva1,2 1Department of Research and Development, BIAL-Portela, SA, S. Mamede do Coronado, 2Institute of Pharmacology and Therapeutics, Faculty of Medicine, 3Service of Psychiatry and Mental Health, Faculty of Medicine, 4Institute for Molecular and Cell Biology (IBMC), University of Oporto, Porto, Portugal Key words Phase I studies – healthy subjects – personality – nondrug-related adverse complaints – adverse events Received March 31, 2008; accepted in revised form June 30, 2008 Correspondence to Dr. L. Almeida Department of Research and Development BIAL, A Av. da Siderurgia Nacional, 4745-457, S. Mamede do Coronado, Portugal [email protected] Adverse nondrug-related complaints Abstract. Objective: Some complaints that are reported as adverse drug reactions by healthy subjects during participation in Phase I studies are common complaints in healthy individuals from the normal population. The objective of this study was to compare the incidence of complaints in a group of 192 healthy volunteers in Phase I studies with a control group of 112 healthy subjects who matched the Phase I group participants in terms of demographic and socioeconomic characteristics, and to investigate the relationship between some psychological factors and the incidence of complaints. Methods: Both groups completed a questionnaire on the incidence of complaints during the previous 2 – 4 weeks. Trait anxiety was assessed by the trait scale of the State-Trait Anxiety Inventory (STAI-T), depressive mood by the Beck’s Depression Inventory-II (BDI-II) and perceived self-efficacy by the Self-Efficacy Scale (SES). Results: Compared to the control group, Phase I volunteers presented a significantly lower incidence of stomach pain, back pain, limb or joint pain, headaches, fainting spells, palpitations, shortness of breath, constipation, loose stools or diarrhea, nausea, gas or indigestion, feeling nervous or anxious, feeling restless, getting tired very easily, muscle tension, aches, or soreness, and concentration difficulties. Significant positive correlations were found between the STAI-T and BDI-II scores and the incidence of several complaints; inversely, the SES score correlated negatively with several complaints. Conclusion: The incidence of complaints in healthy subjects is not of a random character and depends on psychological characteristics. Volunteers in Phase I studies are a self-selected sample with a lower tendency to report nondrug-related adverse events than their peers from the general population. The impact of this self-selection bias on the assessment of tolerability during Phase I studies deserves further evaluation. 81 Introduction One of the primary objectives of Phase I studies in healthy subjects is to investigate the safety and tolerability of new drugs before proceeding with studies in the target population. How ever, the fact that the general “healthy” population has a high incidence of complaints that are also typical side effects of drugs (e.g. fatigue, headache, flu-like symptoms, abdominal pain, etc.) is an essential but overlooked aspect that may complicate the evaluation of adverse events in Phase I studies. In 1968, Reidenberg and Lowenthal [1968] reported that only 16% of subjects from a sample of 293 healthy medical students and university staff presented no complaints in the preceding 3 days, after being asked to complete a questionnaire based on side effects of drugs. In 1996, Meyer et al. [1996] repeated the experience on 130 healthy medical students using a similar questionnaire and found that only 11% of the participants were free of any complaint. Furthermore, these authors found that subjects who presented less complaints were less nervous, more emotionally stable, more highly motivated and less anxious than subjects who presented more complaints [Meyer et al. 1996]. In previous studies, we have shown that subjects who volunteer for Phase I studies tend to have lower levels of anxiety, social anxiety and depressive mood [Almeida et al. 2008], and higher levels of curiosity, exploratory tendencies and perceived self-efficacy [Almeida et al. 2008] than their peers in the general population. Consequently, because participation is based on informed consent, CAPÍTULO IV 2 Almeida, Coelho, Albino-Teixeira and Soares-da-Silva participants in Phase I studies are a self-selected population of subjects with personality characteristics not representative of the population as a whole. Admitting an influence of personality characteristics on the incidence of nondrug-related symptoms, as shown by Meyer et al. [1996], it may be hypothesized that those personality-related self-selection biases may lead to a self-selected population of participants in Phase I studies with lower levels of complaints than their peers in the general population. To contribute to the clarification of this issue, we conducted the current study aiming: – to compare the incidence of complaints between a group of healthy subjects who volunteered for Phase I studies and a control group of healthy subjects who had never participated in a clinical trial, – to investigate the relationship between trait anxiety, depressive mood and perceived self-efficacy and the incidence of nondrug-related complaints. Material and methods Populations The study population comprised of a group of healthy subjects who volunteered for participation in Phase I drug studies conducted at the BIAL’s Human Pharmacology Unit, S. Mamede do Coronado, Portugal (Phase I volunteers, n = 192) and a control group of healthy subjects (n = 112) who were self-reported as healthy and were not taking medicines on a regular basis other than oral contraceptives or vitamins. The initial control group comprised of 120 subjects, but 4 subjects were excluded from the analysis because they declared they had previously participated in Phase I studies and further 4 subjects were excluded because they were found to be regularly taking an antidepressant (n = 2), a benzodiazepine (n = 1) and an unidentified thyroid disorder drug (n = 1). In both groups, subjects were invited to anonymously and confidentially answer a set of questionnaires aiming to characterize their demographic, socioeconomic and psychological characteristics, without drug administration. In the Phase I volunteers group, the questionnaires were completed at the time of 82 volunteering for Phase I study participation. In order to get a control group reasonably matching the demographic and socioeconomic characteristics of the Phase I participants, the control group was selected mimicking the usual recruitment procedure for Phase I studies, which is described elsewhere [Almeida et al. 2007]. Most participants in Phase I studies conducted in our clinical pharmacology unit are university students, or recent graduates who are starting their professional career [Almeida et al. 2007]. For constituting the control group, subjects were contacted in the universities and work places from which participants usually come and were asked to participate in this investigation. It was emphasized that this investigation did not constitute a clinical trial, only consisting of filling out a set of questionnaires, in an anonymous and confidential way. Neither Phase I volunteers nor control group subjects received any financial compensation for their participation in this specific study. The study was approved by an Independent Ethics Committee (Comissao de Ética Independente da UFH, Porto, Portugal). Self-report measures Subjects complaints in the recent past The assessment of recent complaints was performed through a self-report questionnaire (Table 1) derived from some sections of the Patient Health Questionnaire (PHQ), which is a self-report version of the PRIMEMD Patient Problem Questionnaire (PPQ) [Spitzer et al. 1999]. The questionnaire was answered in an anonymous and confidential way. Subjects were asked how much they have been bothered during the last 4 weeks by any of a list of somatic complaints that are often found as adverse events in Phase I studies (Questions #1). Questions #2 asked about the frequency in the previous 2 weeks of complaints mainly related with depressive mood, and Questions #3 asked about the frequency of anxiety-related complaints in the previous 4 weeks. Questions #4 asked how much subjects have been bothered during the last 4 weeks about personal circumstances, such as negative life-events or interpersonal, social or Prevalência de queixas adversas de origem não medicamentosa e sua correlação com as características de personalidade 3 Adverse nondrug-related complaints Table 1. Self-reported complaints questionnaire. 1. During the last 4 weeks, how much have you been bothered by any of the following problems? a. Stomach pain b. Back pain c. Pain in your arms, legs, or joints (knees, hips, etc.) d. Menstrual cramps or other problems with your periods* e. Pain or problems during sexual intercourse* f. Headaches g. Chest pain h. Dizziness i. Fainting spells j. Feeling your heart pound or race k. Shortness of breath l. Constipation, loose bowels, or diarrhoea m. Nausea, gas, or indigestion 2. Over the last 2 weeks, how have you been bothered by any of the following problems? a. Little interest or pleasure in doing things b. Felling down, depressed, or hopeless c. Trouble falling or staying asleep, or sleeping too much d. Feeling tired or having little energy e. Poor appetite or overeating f. Feeling bad about yourself, or that you are a failure, or have let yourself or your family down g. Trouble concentrating on things, such as reading the newspaper or watching television h. Moving or speaking so slowly that other people could have noticed? Or the opposite – being so fidgety or restless that you have been moving around a lot more than usual i. Thoughts that you would be better off dead or of hurting yourself in some way 3. Over the last 4 weeks, how often have you been bothered by any of the following problems? a. Feeling nervous, anxious, on edge, or worrying a lot about different things b. Feeling restless so that it is hard to sit still c. Getting tired very easily d. Muscle tension, aches, or soreness e. Trouble falling asleep or staying asleep f. Trouble concentrating on things, such as reading a book or watching TV g. Becoming easily annoyed or irritable 4. In the last 4 weeks, how much have you been bothered by any of the following problems? a. Worrying about your health b. Your weight or how you look c. Little or no sexual desire or pleasure during sex d. Difficulties with husband/wife, partner/lover or boyfriend/girlfriend e. The stress of taking care of children, parents, or other family members f. Stress at work outside of the home or at school g. Financials problems or worries h. Having no one to turn to when you have a problem i. Something bad that happened recently j. Thinking or dreaming about something terrible that happened to you in the past – like your house being destroyed, a severe accident, being hit or assaulted, or being forced to commit a sexual act *Only in females 83 CAPÍTULO IV 4 Almeida, Coelho, Albino-Teixeira and Soares-da-Silva Table 2. Main demographic and socio-economic characteristics of the study groups. Characteristic Gender Age Volunteers group (n = 192) Control group (n = 112) Male 46.4% 44.6% Female 53.6% 55.4% 26.3 ± 5.4 25.9 ± 6.4 Mean ± SD (years) Median (years) 25 24 Range (years) 18 – 45 18 – 45 Caucasian 95.8% 95.5% Other 4.2% 4.5% University student 56.0% 54.4% Employed 38.2% 34.8% Unemployed 5.8% 8.0% Missing 0.0% 1.8% Monthly net income in relation < 25% 26.7% 28.9% Ethnic origin Occupation to the mean national net salary 25%-50% 27.9% 28.9% in the industry and services 51% – 100% 30.3% 26.7% sector# 101% – 150% 10.3% 11.8% > 150% 4.8% 3.3% Single 77.0% 72.3% Married/living together 17.3% 24.3% Divorced 5.8% 3.6% Missing 0.0% 0.9% 4 years 0.0% 2.7% 3.6% Civil status School degree completed 6 years 1.0% 9 years 7.3% 8.0% 12 years 62.8% 58.9% Bachelor 7.3% 6.3% University graduation 18.3% 18.8% Masters 3.1% 1.8% Smoking 1 cigarette/day 35.4% 24.1% None 64.6% 75.9% Exercising/sports 1 session/week 61.5% 60.7% None 37.5% 39.3% Missing 1.0% 0.0% 1 drink/week 49.0% 50.0% None 51.0% 50.0% None 66.7% 59.8% Irregularly 17.7% 18.8% Daily 15.6% 17.0% Missing 0.0% 4.5% Alcohol drinking Use of medicines #approximately €1,000/month, net. 84 Prevalência de queixas adversas de origem não medicamentosa e sua correlação com as características de personalidade 5 Adverse nondrug-related complaints financial difficulties. In Phase I volunteers, the questionnaire was answered at the time of screening procedures for Phase I study participation, after getting the subject’s written informed consent, but the questionnaire was not considered to be part of the screening. Trait-anxiety, depressive mood and perceived self-efficacy Trait anxiety, depressive mood and perceived self-efficacy were measured by Portuguese adaptations of self-report inventories. The trait anxiety was assessed by the trait anxiety section of the Spielberger’s StateTrait Anxiety Scale (STAI-T) [Spielberger et al. 1970]. The trait anxiety refers to a relatively stable and long-standing disposition to respond to stress with anxiety and a tendency to perceive a wider range of situations as threatening [Spielberger et al. 1970]. STAI-T scores vary from a minimum of 20 to a maximum of 80 and they have a direct interpretation: high scores mean more trait anxiety and low scores indicate less. Depressive mood was assessed by the Beck Depression Inventory-II (BDI-II) [Beck et al. 1996]. BDI-II is a 21-item self-report scale for assessing cognitive, affective, and somatic symptoms of depression during the previous 2 weeks. Scores can vary from a minimum of 0 to a maximum of 63. Higher total scores indicate more severe depressive symptoms [Coelho et al. 2002]. Perceived self-efficacy is defined as beliefs about one’s capacity to self-generate behaviors to obtain desired outcomes even when confronted with barriers and obstacles [Kashdan and Roberts 2004], i.e., it refers to one’s impression of what one is capable of doing. The perceived self-efficacy was assessed through the Self-Efficacy Scale (SES) [Sherer et al. 1982]. It is composed of three subscales: Initiative/Persistence, Planning/ Goal Setting, and Social Self-Efficacy. In our study, we used a 15-item Portuguese validated adaptation [Ribeiro 1995] of the original SES scale [Sherer et al. 1982]. In Phase I volunteers, the scales were applied at the time of their admission to Phase I study participation. version 11.5 (SPSS Inc, Chicago, Ill). The criterion for statistical significance was set at an error of 5% (p < 0.05). Each self reported complaint was compared between the Phase I volunteers and the control group using the Pearson’s 2 test. STAI-T, BDI-II and SES scores were not normally distributed; consequently, the Mann-Whitney rank sum test was used for between-group comparisons. Correlations between the STAI-T, BDI-II and SES scores and the self-reported complaints were investigated using Spearman’s rho. Results Groups did not significantly differ in terms of demographic, socioeconomic and life-style characteristics (Table 2). The proportion of patients using medicines was 33.3% in the Phase I volunteers group and 35.8% in the control group. Approximately half of the subjects were using medicine on a daily basis (mostly oral contraceptives by females, in both groups). The remaining took medicine sporadically/irregularly, mostly for the alleviation of menstrual pain, occasional headache or rhinitis. Incidence of complaints Table 3 presents the statistics of the selfreported complaints in both groups. For Questions #1, #2 and #3, Phase I volunteers showed significantly lower levels of complaints than the control group for all questions asked except 2.f (“Feeling bad about yourself, or that you are a failure, or have let yourself or your family down”) and 3.e (trouble falling asleep or staying asleep). For Questions #4, the two groups were similar for all but three questions: Phase I volunteers were significantly less worried about their health than the control subjects (4.a), had less difficulties with their romantic partner (4.d) and less stress caused by their interaction with their relatives (4.e). Analyses Scales scores in the Phase I volunteers and control groups Statistical analyses were performed with the Statistical Package for Social Sciences Figure 1 displays box-and-whiskers plots of the STAI-T, BDI-II and SES Total 85 CAPÍTULO IV 6 Almeida, Coelho, Albino-Teixeira and Soares-da-Silva Table 3. Complaints comparison between the Phase I volunteers group and the control group (Pearson’s Chi-square test). Part I. Questions #1 Phase I Volunteers (n = 192) 2 test Control Group (n = 112) How much bothered How much bothered A lot p value Not A little A lot Not A little a 86.5% 10.9% 2.6% 69.6% 25.9% 4.5% < 0.01 b 58.6% 34.0% 7.3% 48.2% 33.9% 17.9% < 0.01 < 0.01 c 71.4% 26.6% 2.1% 60.7% 27.7% 11.6% d* 61.2% 27.2% 11.7% 54.8% 32.3% 12.9% n.s. e* 89.3% 7.8% 2.9% 85.5% 14.5% 0.0% n.s. < 0.05 f 55.2% 39.1% 5.7% 45.5% 42.0% 12.5% g 93.2% 5.2% 1.6% 87.5% 8.9% 3.6% n.s. h 89.6% 8.9% 1.6% 84.8% 11.6% 3.6% n.s. i 96.4% 1.6% 2.1% 89.3% 8.9% 1.8% < 0.05 j 84.4% 13.0% 2.6% 71.4% 24.1% 4.5% < 0.05 k 92.2% 5.2% 2.6% 81.3% 16.1% 2.7% < 0.01 l 80.7% 15.6% 3.6% 68.8% 22.3% 8.9% < 0.05 m 75.0% 24.0% 1.0% 68.8% 24.1% 7.1% < 0.05 Questions #2 How often bothered How often bothered Not at all Several days > 50% days Nearly every day Not at all Several days > 50% days Nearly every day p value a 63.5% 30.2% 5.2% 1.0% 47.3% 43.8% 7.1% 1.8% < 0.05 b 65.6% 30.2% 4.2% 0.0% 50.9% 40.2% 5.4% 3.6% < 0.01 c 59.9% 29.7% 8.9% 1.6% 50.0% 29.5% 12.5% 8.0% < 0.05 d 45.0% 48.7% 6.3% 0.0% 33.0% 45.5% 13.4% 8.0% < 0.001 e 67.2% 29.2% 3.1% 0.5% 54.5% 32.1% 8.0% 4.5% < 0.05 f 81.2% 16.8% 2.1% 0.0% 72.3% 24.1% 1.8% 1.8% n.s. g 75.5% 21.4% 2.1% 1.0% 58.9% 35.7% 0.9% 4.5% < 0.05 h 87.5% 10.4% 2.1% 0.0% 75.9% 21.4% 1.8% 0.9% < 0.05 i 97.4% 2.6% 0.0% 0.0% 91.1% 7.1% 1.8% 0.0% < 0.05 Questions #3 Not at all Several days > 50% days Nearly every day Not at all Several days > 50% days Nearly every day p value a 52.6% 41.1% 6.3% 0.0% 43.8% 48.2% 8.0% 0.0% n.s. b 78.6% 21.4% 0.0% 0.0% 68.8% 27.7% 3.6% 0.0% < 0.05 How often bothered How often bothered c 79.2% 20.3% 0.5% 0.0% 62.5% 31.3% 6.3% 0.0% < 0.001 d 82.2% 16.8% 1.0% 0.0% 68.8% 25.9% 5.4% 0.0% < 0.01 e 73.4% 21.9% 4.7% 0.0% 64.3% 28.6% 7.1% 0.0% n.s. f 82.3% 16.7% 1.0% 0.0% 68.8% 26.8% 4.5% 0.0% < 0.01 g 68.6% 28.3% 3.1% 0.0% 58.0% 34.8% 7.1% 0.0% < 0.05 *Only in females; n.s. = not significant. 86 Prevalência de queixas adversas de origem não medicamentosa e sua correlação com as características de personalidade 7 Adverse nondrug-related complaints Table 3. Complaints comparison between the Phase I volunteers group and the control group (Pearson’s Chi-square test). Part II. Questions #4 Phase I Volunteers (n = 192) 2 test Control Group (n = 192) How much bothered How much bothered A lot Not A lot p value 63.4% 8.9% < 0.001 54.5% 19.6% n.s. Not A little A little a 52.6% 44.8% 2.6% 27.7% b 28.6% 58.9% 12.5% 25.0% c 83.9% 11.5% 4.7% 73.2% 20.5% 5.4% n.s. d 79.5% 15.3% 5.3% 67.0% 26.8% 4.5% < 0.05 e 87.5% 12.5% 0.0% 78.6% 17.0% 3.6% p < 0.01 f 44.8% 45.3% 9.9% 39.3% 47.3% 13.4% n.s. g 38.0% 54.2% 7.8% 42.0% 43.8% 13.4% n.s. h 80.7% 17.2% 2.1% 76.8% 18.8% 4.5% n.s. i 63.5% 28.1% 8.3% 63.4% 28.6% 8.0% n.s. j 87.5% 12.0% 0.5% 85.7% 10.7% 3.6% n.s. *Only in females; n.s. = not significant. scores in the Phase I volunteers and the control group. Significantly lower STAI-T scores (Z = –3.750, p < 0.001) were found in Phase I volunteers compared to control group subjects. A STAI-T score < 40 was reported by 74.9% of Phase I volunteers compared to 55.4% of the control group while 25.1% of Phase I volunteers vs. 44.6% of the control group had a STAI-T score of 40 (p < 0.001). Although mean BDI-II scores were lower in Phase I volunteers than in the control group, the difference was not statistically significant (Z = –1.459). However, the groups differed in terms of the distribution of subjects by complaint severity: 5.2% of Phase I volunteers (n = 192) vs. 8.0% of the control group (n = 112) had mild complaints, 1.6% vs. 6.3% had moderate complaints and 0 vs. 2.7% had severe complaints (2 = 2.70, df = 3, p < 0.01). Significantly higher SES Total (Z = –2.878, p < 0.01), Initiative and Persistence (Z = –2.959, p < 0.01), Planning/Goal Setting (Z = –2.079, p < 0.05) and Social Self-Efficacy (Z = –2.236, p < 0.05) scores were found in Phase I volunteers compared to the control group. Figure 1. Box-and-whiskers plot showing median, quartiles and range values of STAI-T, BDI-II and SES total scores in the Phase I volunteers (n = 192) and the control group (n = 112). 87 Correlation between scales scores and complaints Table 4 presents the results of the correlation analysis between the reported complaints CAPÍTULO IV 8 Almeida, Coelho, Albino-Teixeira and Soares-da-Silva Table 4. Correlation coefficients between the STAI-T, BDI-II and SES scores and the self-reported complaints in the phase I volunteers and the control group of healthy subjects (Spearman’s rho). Questions # Phase I Volunteers (n = 192) STAI-T BDI-II SES Total Control Group (n = 112) STAI-T BDI-II 1.a 0.189* 0.271** 1.b 0.221* 0.331*** 1.c 0.207* 0.333*** 0.193* 0.246** SES Total 1.d 1.e 1.f 0.233** 0.397*** 0.513*** 1.g 0.222* 0.200* 1.h 0.269** 0.240* 1.i 0.365*** 0.299** -0.184* 0.376*** -0.306** 1.j 0.232** 0.259** 1.k 0.150* 0.203* 1.l 0.197** 1.m 0.154* -0.196** 0.213* -0.203* 0.316*** 0.353*** 0.343*** 2.a 0.244** 0.418*** -0.279*** 0.486*** 0.521*** -0.197* 2.b 0.432*** 0.499*** -0.325*** 0.585*** 0.619*** -0.235* 2.c 0.259*** 0.349*** 0.443*** 0.543*** 2.d 0.178* 0.354*** -0.227** 0.458*** 0.582*** 2.e 0.263*** 0.402*** -0.220** 0.486*** 0.462*** 2.f 0.311*** 0.370*** -0.356*** 0.512*** 0.495*** 2.g 0.200** 0.297*** -0.330*** 0.435*** 0.402*** 2.h 0.194** 0.389*** 0.409*** 2.i 0.210** 0.413*** 0.447*** 0.563*** 3.a 0.323*** 0.494*** -0.191** 0.477*** 3.b 0.337*** 0.347*** -0.184* 0.0.400*** 0.444*** 3.c 0.269*** 0.388** -0.199** 0.413*** 0.493*** 3.d 0.154* 0.375*** 0.439*** 0.449*** 3.e 0.230** 0.294*** 0.493*** 0.483*** 3.f 0.281*** 0.372*** -0.245** 0.481*** 0.450*** 3.g 0.308*** 0.421*** -0.155* 0.465*** 0.463*** 4.a 4.b 0.214** 0.434*** 0.341*** 0.235* 0.209** 0.274*** -0.177* 362*** 0.335*** 0.296*** -0.205** 0.260** 4.f 0.243** 0.208** 4.g 0.312*** 0.377*** -0.206** 4.h 0.274*** 0.317*** -0.154* 0.277** 0.300** 4.i 0.268*** 0.416*** -0.273*** 0.422*** 0.454*** 4.j 0.193* 0.246** 0.328*** 0.285** 4.c 4.d 4.e 0.302** 0.307** 0.295** 0.407*** 0.332*** 0.347*** *p < 0.05, **p < 0.01, ***p < 0.001, empty cells = not significant correlation coefficients. 88 -0.323*** Prevalência de queixas adversas de origem não medicamentosa e sua correlação com as características de personalidade 9 Adverse nondrug-related complaints and the STAI-T, BDI-II and SES scores. Significant direct correlations were found between the STAI-T and BDI-II scores and many complaints. The magnitude of the correlation was usually lower in the Phase I volunteers than in the control group, which may be due to the fact that Phase I volunteers are a self-selected population with lower scores of STAI-T and BDI-II and lower levels of complaints. Significant inverse correlations were found between SES subscales and several complaints; here the correlation was higher in the Phase I volunteers than the control group, due to the fact that Phase I volunteers have higher scores of SES. Discussion To our knowledge, this is the first study in which the tendency to report nondrug-related complaints was compared between a group of healthy subjects who volunteered for Phase I participation and a control group of healthy subjects from general population. Many of the complaints asked about in the questionnaire are those frequently reported as adverse events in Phase I studies. Compared with the control subjects, Phase I volunteers had a significantly lower incidence of stomach pain, back pain, limbs or joints pain, headaches, fainting spells, palpitations, shortness of breath, constipation, loose stools, or diarrhoea, nausea, gas or indigestion, feeling nervous or anxious, feeling restless, getting tired very easily, muscle tension, aches, or soreness, and concentration difficulties, which are common adverse events during Phase I studies. Our study clearly shows that the incidence of complaints in the recent past (2 – 4 weeks) in Phase I study volunteers was lower than that of a sample of healthy subjects from normal healthy population with the same demographic, socioeconomic and life-style characteristics, and suggests that the incidence of many complaints may be influenced by the individual psychological characteristics. This view was reinforced by the finding of a significant direct relationship between trait anxiety or depressive mood and the incidence of many complaints, and a significant inverse correlation between perceived self-efficacy and the incidence of several complaints. 89 As previously reported by our group [Almeida et al. 2008] and other authors [Ball et al. 1993, Cami et al. 1989, Farre et al. 1995, Meyer et al. 1995, Pieters et al. 1992], healthy subjects who volunteer for Phase I studies may significantly differ from their peers in the general population in many aspects of their personality characteristics. Healthy subjects with higher anxiety and social avoidance [Almeida et al. 2008] and those with less perceived self-efficacy [Almeida et al. 2008] were found to exclude themselves from volunteering for Phase I studies. The current study shows that this self-selection bias led to a sample of Phase I volunteers with a lower tendency to report nondrug-related complaints than their peers from the general population. Phase I data form the basis for go/no go decisions in drug development, and therefore the evaluation of the adverse events in Phase I studies is of paramount importance. However, the interpretation of adverse events of new drugs is very difficult, because at this stage there is no or only little clinical experience and, on the other hand, adverse events may occur due to study conditions [Hermann et al. 1997] or the nocebo effect [Lutfullin et al. 2005]. The results of this study indicate that an additional bias or confounding factor can be the subject’s personality, because it influences the probability of reporting a nondrug-related complaint that, when occurring during a study, has to be considered as an adverse event. The self-selection of participants with a lower tendency to report nondrug-related complaints may potentially decrease the likelihood of reporting adverse events during Phase I clinical trials and, in case of multiple group studies, may lead to biased results due to between-group differences. It has been suggested that the assessment of the individual’s personality could be of significant importance in all Phase I studies [Meyer 2001], because it would allow for a stratification of volunteers according to these traits in order to obtain homogeneous study groups and/or to control for the personality influence on the Phase I data at the time of the statistical analysis [Tishler et al. 2005]. In conclusion, the incidence of complaints in healthy subjects is not of a random character and depends on pschological characteristics. Volunteers in Phase I studies are a CAPÍTULO IV Almeida, Coelho, Albino-Teixeira and Soares-da-Silva self-selected sample with a lower tendency to report nondrug-related adverse events than their peers from the general population. The impact of this self-selection bias on the assessment of tolerability during Phase I studies deserves further evaluation. Acknowledgments We thank the study subjects and Professor Manuel Vaz-da-Silva, Dr Teresa Nunes and Benedita Azevedo for their cooperation. We thank Professor Amílcar Falcao and Dr Grazina Binkauskiene for their assistance in the statistical analysis. References Almeida L, Azevedo B, Nunes T, Vaz-da-Silva M, Soaresda-Silva P. Why healthy subjects volunteer for Phase I studies and how they perceive their participation? Eur J Clin Pharmacol. 2007; 63: 1085-1094. Almeida L, Kashdan T, Coelho R, Albino-Teixeira A, Soares-da-Silva P. 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CAPÍTULO V Análise exploratória da influência das variáveis psicométricas relevantes no processo de auto-selecção de voluntários para participação em ensaios de fase I sobre a farmacocinética dos fármacos estudados nos mesmos ensaios Resultados não submetidos a publicação Análise exploratória da influência das variáveis psicométricas relevantes no processo de auto-selecção de voluntários para participação em ensaios de fase I sobre a farmacocinética dos fármacos estudados nos mesmos ensaios Análise exploratória da influência das variáveis psicométricas relevantes no processo de auto-selecção de voluntários para participação em ensaios de fase I sobre a farmacocinética dos fármacos estudados nos mesmos ensaios de um ensaio com a mesma entidade química. Ou seja, nenhum indivíduo da população estudada participou em mais do que um ensaio com um dado fármaco, embora possa ter participado em ensaios de mais do que um fármaco. Durante a preparação dos resultados para análise foi considerada a necessidade de fazer as seguintes exclusões: –– O nebicapone é um inibidor da enzima catecol-Ometiltransferase (COMT), da qual é simultaneamente substrato. Nos ensaios usaram-se diferentes doses de nebicapone. Assim, obtiveram-se diferentes graus de inibição da COMT e, consequentemente, diferentes taxas de conversão de nebicapone em metil-nebicapone sob acção da COMT. Ou seja, o efeito farmacodinâmico do nebicapone afecta de modo significativo a cinética do fármaco. Considerou-se, pois, que a farmacocinética do nebicapone não era um modelo adequado para o tipo de análise pretendida e os ensaios com nebicapone foram retirados do estudo. –– O acetato de eslicarbazepina é um pró-fármaco de eslicarbazepina (BIA 2-194). A R-licarbazepina (BIA 2-195) é um metabolito menor. Quando se usa um método aquiral de doseamento, o método não distingue entre eslicarbazepina e R-licarbazepina e a mistura enantiomérica é relatada como BIA 2-005 (R-S-licarbazepina). Na maior parte dos ensaios com acetato de eslicarbazepina realizados na UFH foi usado um método aquiral. Contudo, em dois ensaios utilizou-se um método quiral, impedindo que os dados 1. Objectivo O objectivo desta análise foi o de explorar a relação entre os factores psicológicos que mostraram influência significativa na auto-selecção dos indivíduos como voluntários para participação em ensaios de fase I – nomeadamente as tendências exploratórias (avaliadas pelo Curiosity and Exploration Inventory Trait, CEI-T), a iniciativa e a persistência (avaliadas pela Self-Efficacy Scale, SES) e a ansiedade (avaliada pelo State-Trait Anxiety Inventory, STAI) – e a cinética dos fármacos estudados nos ensaios de fase I em que esses indivíduos participaram. A hipótese de partida foi a de que os factores psicológicos estudados podem, potencialmente, afectar a cinética dos fármacos, particularmente a sua absorção. 2. Material Foram incluídos, inicialmente, todos os ensaios de fase I realizados na Unidade de Farmacologia Humana (UFH) de BIAL com a população estudada nos trabalhos desta dissertação e que englobaram os seguintes fármacos: nebicapone (BIA 3-202), acetato de eslicarbazepina (BIA 2-093) e trans-resveratrol (BIA 6-512). Em todos estes ensaios fizeram-se doseamentos das concentrações plasmáticas do fármaco administrado e/ou dos seus metabolitos. De acordo com as regras de selecção de voluntários em vigor na UFH, nenhum indivíduo pode participar em mais 93 CAPÍTULO V cinéticos desses ensaios pudessem ser integrados com os dos demais ensaios com acetato de eslicarbazepina. Foram, assim, retirados da análise. Após estas restrições, e as óbvias exclusões dos indivíduos que foram aleatorizados à toma de placebo nos ensaios controlados com placebo e dos indivíduos para os quais não se dispunha de avaliação psicométrica, o número de indivíduos disponível para análise (isto é, aqueles para os quais simultaneamente se dispôs de dados farmacocinéticos e de dados psicométricos) foi o seguinte: – Acetato de eslicarbazepina: n = 23 – Trans-resveratrol: n = 37 Dado que as amostras finais podem considerar-se relativamente reduzidas, decidiu-se adoptar uma abordagem populacional à análise dos dados cinéticos, antes do estudo da sua correlação com os resultados psicométricos. senvolvimento de um modelo de efeitos mistos baseado numa aproximação paramétrica. Recorreu-se para o efeito ao programa estatístico informático mais universalmente utilizado para este tipo de análise – o NONMEM (Nonlinear Mixed Effects Model) (NONMEM Project Group, University of California at San Francisco) [Sheiner et al., 1977; Sheiner & Beal, 1980; Sheiner & Beal, 1981; Sheiner & Beal, 1983]. Utilizou-se a versão VI, mais recente. Utilizando o NONMEM para a determinação de parâmetros farmacocinéticos populacionais pode, mediante algumas assunções, obter-se estimadas finais tanto para os parâmetros de efeitos fixos (θ) como para os parâmetros de efeitos aleatórios (η, ε). O procedimento através do qual o NONMEM procura essas estimadas finais baseia-se num processo iterativo utilizando, para o efeito, um algoritmo de gradiente que permite minimizar uma função-objectivo conhecida pela designação de mínimos quadrados expandidos (extended least squares - ELS). A estrutura geral da função-objectivo utilizada pelo NONMEM é a seguinte: 3. Técnica analítica de doseamento dos fármacos As concentrações plasmáticas de BIA 2-005 e de trans-resveratrol foram determinadas sob condições de Boas Práticas de Laboratório, usando métodos previamente validados. As amostras de plasma para a determinação das concentrações plasmáticas de BIA 2-005 foram preparadas a partir de amostras de sangue venoso colhidas em tubos Vacutainer® com heparina-lítio como anticoagulante e centrifugadas a aproximadamente 1500 g durante 10 minutos, a 4 ºC. As doses de acetato de eslicarbazepina foram 800 mg ou 1200 mg. Tipicamente, as amostras de sangue foram colhidas 0.5, 1, 2, 3, 4, 6, 8, 12, 18 e 24 h após a dose. O método de doseamento consistiu em cromatografia líquida de alto desempenho (HPLC) com detecção espectrométrica de massa tandem (MS-MS) e encontra-se descrito em artigo submetido para publicação [Vaz-da-Silva et al., 2008]. O limite inferior de quantificação era de 10 ng/mL. As amostras para a determinação das concentrações plasmáticas de trans-resveratrol foram preparadas a partir de amostras de sangue venoso tomadas em tubos Vacutainer® com EDTA K3 como anticoagulante e centrifugadas a aproximadamente 1500 g durante 10 minutos, a 4 ºC. O método de doseamento consistiu em HPLC com detecção espectrométrica de massa e encontra-se descrito em artigo em publicação [Almeida et al., 2008]. O limite inferior de quantificação era de 0,5 ng/mL. OBJ(θ,ξ,y) = Σ [(yj - f(θ,xj)).v(θ,ξ,xj)-1.(yj - f(θ,ξ,xj)) t + ln(det v(θ,ξ,xj))] onde xj e yj correspondem, respectivamente, ao vector dos valores da variável independente e ao vector dos valores da variável dependente para o indivíduo j. O símbolo f refere-se, igualmente, a um vector, de tal forma que f(θ,xj) corresponde ao valor médio populacional de yj, enquanto que v representa a matriz de variânciacovariância populacional relativa a yj que, por sua vez, é função dos parâmetros de efeitos fixos (θ), dos parâmetros de efeitos aleatórios (ξ) e dos valores que toma a variável independente. Porque se trata de uma população, y representa o conjunto dos vectores yj, razão pela qual a função-objectivo é constituída por um somatório cuja dimensão é igual ao número de indivíduos que compõem a população. Finalmente, em linguagem matricial, det A, At e A-1 significam, respectivamente, determinante de A, matriz transposta de A e matriz inversa de A. Para efeitos práticos, v corresponde ao valor que diferencia uma regressão não-linear ordinária de uma regressão não-linear ponderada, mas que, na função-objectivo utilizada pelo NONMEM, se encontra um pouco mais desenvolvida correspondendo à seguinte expressão: v (θ,ξ,xj) = G(θ,xj).Ω.G(θ,xj)t + σ2 Inj 4. Programa estatístico onde Ω corresponde à matriz de variância-covariância relativa aos ηj (parâmetros de efeitos aleatórios inter-individuais), σ2 representa a variância de ε (variabilidade residual) e Inj refere-se à matriz identidade nj-dimensio- A caracterização do comportamento cinético do BIA 2-005 e do trans-resveratrol foi efectuada através do de- 94 Análise exploratória da influência das variáveis psicométricas relevantes no processo de auto-selecção de voluntários para participação em ensaios de fase I sobre a farmacocinética dos fármacos estudados nos mesmos ensaios a modelização fármacoestatística pretendida procedeu-se à selecção do modelo monocompartimental aberto, assumindo a existência de uma cinética de incorporação e de eliminação de primeira ordem. A implementação deste modelo farmacocinético no NONMEM permite o ajuste dos dados e cuja descrição na sua forma recursiva apresenta o seguinte aspecto: nal. A função G dá-nos a matriz Jacobiana das derivadas parciais de f(θ,xj) com respeito aos elementos de ηj, quando ηj = 0 [Sheiner & Beal, 1980; Metzler, 1987]. A probabilidade de se obterem os valores de concentração observados como uma função dos parâmetros do modelo é o que se denomina "função de probabilidade". Segundo o princípio de máxima probabilidade, os parâmetros farmacocinéticos mais prováveis para uma determinada população (os que melhor ajustam os dados de concentração-tempo observados) serão aqueles que maximizam essa função de probabilidade (Lmáx.) [Murphy, 1982]. Quando os erros (parâmetros de efeitos aleatórios) possuem uma distribuição estatística normal (tal como é assumido na presente situação pelo NONMEM), o método dos mínimos quadrados expandidos adquire a designação de método de máxima probabilidade, de tal forma que se pode relacionar a função-objectivo acima descrita com a função de máxima probabilidade (Lmáx.) da seguinte forma: A02 = A01 exp (-Ke Δt) + A11 Ka [exp (-Ke Δt) - exp (-Ka Δt)] / (Ka - Ke) A12 = A11 exp (-Ka Δt) + F.d C = A02 / Vd Ke = CL / Vd onde A01 e A02 representam, respectivamente, as quantidades de fármaco no organismo aos tempos 1 e 2; A11 e A12 representam, respectivamente, as quantidades de fármaco no local de absorção aos tempos 1 e 2; C é a concentração prevista; F é a fracção de dose disponível; Ka é a constante de absorção; Ke é a constante de eliminação; d é a dose introduzida no local de absorção a tempo 2; Vd é o volume de distribuição determinado pelo modelo de regressão; CL é a depuração (“clearance”) determinada pelo modelo de regressão; e Δt é o intervalo de tempo entre t1 e t2 (t2 - t1). OBJ (ELS) = -2 ln (Lmáx.) Ou seja, a minimização da OBJ (ELS) corresponde à maximização de Lmáx., pelo que o valor da função-objectivo funciona como um índice da bondade do ajuste conseguido pelo modelo fármaco-estatístico considerado [Yamaoka et al., 1986; Yamaoka et al., 1987]. 6. Modelo de regressão múltipla Os modelos de regressão múltipla pretendem dotar os parâmetros farmacocinéticos populacionais de um carácter dinâmico. Da conjugação entre o modelo farmacocinético adoptado e um modelo de regressão múltipla no qual intervêm um conjunto de descritores clínicos (covariáveis) com significância estatística, resulta a elaboração de um modelo estrutural capaz de retirar rigidez aos parâmetros farmacocinéticos tal qual são descritos tendo em consideração apenas o modelo determinístico seleccionado. A construção do modelo estrutural pode revelar-se um processo extremamente complicado e moroso, especialmente quando o modelo determinístico envolve bastantes parâmetros e/ou existe uma quantidade apreciável de covariáveis capazes de, a priori, influenciar o comportamento cinético do fármaco. Quando isso acontece, o número de combinações possíveis capazes de definir o modelo estrutural aumenta drasticamente, embora nesses casos a tendência normal seja a de se começar por experimentar aquelas variáveis cuja transcendência clínica é mais evidente. Com o objectivo de tentar limitar a construção do modelo estrutural apenas às covariáveis cuja probabilidade real de entrada no modelo de regressão seja claramente superior, alguns autores têm sugerido, utilizando 5. Modelo farmacocinético A selecção do modelo farmacocinético corresponde à primeira fase da modelização fármacoestatística. Na realidade, o modelo determinístico é, na sua forma mais simples, o primeiro responsável quer pelo ajuste das concentrações observadas, gerando-se dessa forma os parâmetros farmacocinéticos populacionais básicos, quer pela posterior capacidade preditiva atribuível ao modelo fármacoestatístico no seu todo [Grasela & Sheiner, 1991]. Por este motivo, a selecção do modelo farmacocinético corresponde a uma etapa determinante na modelização fármacoestatística, estando aconselhada a comparação prévia de modelos determinísticos distintos, em função das concentrações disponíveis, sem a introdução de quaisquer covariáveis, devendo a escolha recair no mais simples de entre aqueles que demonstrem capacidade para ajustar de forma satisfatória os dados disponíveis [Wade et al., 1991]. Tendo em atenção a experiência prévia e a informação disponível, não parece ser controversa a selecção do modelo monocompartimental aberto para a realização do presente estudo. Resumidamente pode dizer-se que para 95 CAPÍTULO V distintas filosofias, um trabalho prévio de triagem que permita aquilatar da possibilidade que uma determinada covariável tem de entrar no modelo, relativamente às restantes covariáveis [Maitre et al., 1991; Bennet & Wakefield, 1994]. Na presente situação, a construção de um modelo fármacoestatístico que explique o comportamento cinético dos fármacos em estudo centrou-se essencialmente na eventual influência das componentes psicométricas que se demonstraram auto-selectoras de participação em ensaios clínicos de fase I [Almeida et al., 2008a, 2008b e 2008c] – nomeadamente as tendências exploratórias (avaliadas pelo CEI-T), iniciativa e persistência (avaliadas pela SES) e ansiedade (avaliada pelo STAI) – sobre o processo de incorporação dos fármacos. Assim, no presente processo de modelização fármacoestatística, o modelo estrutural básico corresponde ao estado inicial sem a introdução de nenhuma covariável de acordo com a seguinte estrutura: 7. Modelo estatístico Para além do modelo estrutural que permite a determinação da tendência central apresentada pelos parâmetros farmacocinéticos populacionais, interessa também possuir informação acerca do grau probabilístico associado à dispersão de cada parâmetro, garantindo um carácter estocástico ao modelo final. Por este motivo, a utilização conjunta de um modelo estatístico permite determinar o intervalo de valores que, previsivelmente, os parâmetros farmacocinéticos individuais poderão tomar tendo como base de trabalho o valor médio populacional proporcionado pelo modelo estrutural e a estatística inferencial. As fontes de erro que podem fazer com que os parâmetros farmacocinéticos de um elemento da população se afastem dos valores médios populacionais encontramse representados pelos parâmetros de efeitos aleatórios interindividuais e intra-individuais. Se se conseguir desenvolver um modelo estatístico que permita calcular o conjunto de valores que estes parâmetros de efeitos aleatórios pode tomar, então o problema fica resolvido, na medida em que, ao valor médio populacional, pode então associar-se as correspondentes medidas de dispersão e com isso aumentar a capacidade preditiva. Utilizando equações gerais, pode dizer-se que os parâmetros farmacocinéticos populacionais (φ) serão função (g) de um modelo estrutural dependente da presença de covariáveis (z) e de parâmetros de efeitos fixos (θ): Ka (h-1) = θ1 CL (L/h) = θ2 Vd (L) = θ3 onde θ1, θ2 e θ3 correspondem aos parâmetros de efeitos fixos que, neste caso concreto, coincidem com os parâmetros farmacocinéticos básicos. A evolução do modelo estrutural básico para um modelo estrutural intermédio está relacionada com a tentativa de introdução no modelo das covariáveis psicométricas contínuas em estudo de acordo com o seguinte esquema: φ = g (z,θ) Ka (h-1) = Σ (θi * VCOθi); com i = 1,2,3...n CL (L/h) = θ2 Vd (L) = θ3 Por outro lado, as concentrações previstas (yi), que funcionam como variável dependente, serão função (f) dos parâmetros farmacocinéticos populacionais (φi) e das variáveis independentes (xi), como o tempo ou as doses administradas: No sentido de serem exploradas todas as opções possíveis, também a categorização das variáveis psicométricas contínuas foi alvo de análise. No processo de categorização optou-se por determinar a mediana das VCO e criar assim as VCA (variáveis categóricas) cuja influência se exercerá de uma forma multiplicativa, podendo aumentar (θVCA > 1) ou diminuir (θVCA < 1) o valor dos parâmetros farmacocinéticos básicos entretanto determinados. yi = f (φ, xi) Com estas equações gerais estamos a trabalhar apenas com a tendência central relativa aos parâmetros populacionais, ou seja, utilizando apenas o modelo estrutural, pelo que, até ao momento, a única fonte de variabilidade é-nos dada pela letra "i". Esta refere-se a uma qualquer observação capaz de condicionar o valor de y pela simples razão de podermos considerar, por exemplo, tempos ou doses distintas. No entanto, tudo se passa como se todos os elementos pertencentes à população apresentassem exactamente o mesmo comportamento, não existindo variabilidade interindividual ou intra-individual. Através da associação de um modelo de erro, um indivíduo "j", pertencente à população anteriormente considerada, vai poder diferir dos valores médios popu- Ka (h-1) = [Σ (θi * VCOθi)] * [Π (θi )VCA]; com i = 1,2,3...n CL (L/h) = θ2 Vd (L) = θ3 96 Análise exploratória da influência das variáveis psicométricas relevantes no processo de auto-selecção de voluntários para participação em ensaios de fase I sobre a farmacocinética dos fármacos estudados nos mesmos ensaios computacional, mas fundamental como ponto de partida para uma análise correcta dos dados. Normalmente, a sua execução é levada a cabo utilizando, para o efeito, o modelo fármacoestatístico mais simples possível, correspondendo, geralmente, ao modelo estrutural básico já anteriormente descrito e ao modelo de erro proporcional, tanto para a variabilidade interindividual como para a variabilidade residual. Analisando as tabelas e os gráficos assim gerados, torna-se possível detectar, à partida, eventuais erros na introdução dos dados (erros fixos), tais como concentrações incorrectas devidas, por exemplo, a um engano nas casas decimais que, não sendo corrigidas, irão adulterar toda a análise populacional. lacionais, passando as equações gerais a incluir, então, os parâmetros de efeitos aleatórios interindividuais (ηj) e intra-individuais (εij): φj = g (zj,θ,ηj) yij = f (φj, xi,εij) Quando se utiliza o NONMEM, devido à linearização que este programa adopta para a introdução dos parâmetros de efeitos aleatórios no modelo fármacoestatístico, os modelos de erro resumem-se, basicamente, ao modelo aditivo e ao modelo proporcional. Voltando às equações gerais, tem-se portanto: φj = g (zj,θ) + ηj (modelo aditivo) φj = g (zj,θ) x (1+ηj) (modelo proporcional) onde ηj corresponde à diferença entre o valor típico populacional e o valor correspondente ao indivíduo "j", sendo que η é uma variável aleatória, normalmente distribuída, de média zero e variância ω2, cuja caracterização representa a variabilidade interindividual. Para a variabilidade residual (expressão mais rigorosa do que variabilidade intra-individual) as equações gerais tomarão a seguinte forma: 8.2. Construção do modelo estrutural Já se referiu qual a estratégia seguida para, a partir de um modelo estrutural básico, se atingir, mediante a incorporação progressiva de parâmetros e/ou covariáveis, o modelo estrutural completo. No entanto, o crescimento do modelo básico encontra-se associado à utilização de meios de diagnóstico que, de acordo com critérios estatísticos apropriados, vão permitindo a incorporação daquelas variáveis cuja introdução no modelo se encontre plenamente justificada, do mesmo modo que, pelo caminho, vão ficando variáveis que, por não beneficiarem o modelo, vão sendo preteridas. Não entrando em grandes detalhes, dir-se-á apenas que a entrada de parâmetros e/ou covariáveis num modelo, tornando-o mais complexo, apenas se justifica caso essa adição origine melhorias estatisticamente significativas na bondade do ajuste. Regra geral, não deve atender-se apenas a critérios isolados, mas sim a um conjunto de informação que pode resumir-se no seguinte: a) Alterações na função objectivo (FObj); b) Diminuição nas fontes de variabilidade (ηj e εij); c) Análise gráfica de confirmação. yij = f (φj, xij) + εij (modelo aditivo) yij = f (φj, xij) x (1+εij) (modelo proporcional) onde εij corresponde à diferença entre a concentração prevista pelo modelo populacional e a observada no indivíduo "j" a tempo "i", sendo que ε é uma variável aleatória, normalmente distribuída, de média zero e variância σ2, cuja caracterização representa a variabilidade residual. Para o presente trabalho, optou-se inicialmente por utilizar o modelo proporcional, tanto para a variabilidade interindividual como para a variabilidade residual, pela maior facilidade que este tipo de modelo de erro permite no que diz respeito à selecção das estimadas iniciais. Na realidade, de acordo com o modelo proporcional, à raiz quadrada de ω2 e σ2 correspondem directamente os coeficientes de variação de φj e yij. No entanto, durante a construção do modelo final, o modelo aditivo foi igualmente experimentado, incluindo o conjunto de combinações possíveis entre estes dois modelos. a) Alterações na função objectivo (FObj) A FObj funciona como uma medida global da bondade do ajuste conseguido já que, baseando-se no resultado final dos parâmetros estimados, corresponde a -2 ln (Lmáx.), onde (Lmáx.) representa a função de máxima probabilidade. Quando um modelo actual difere de um outro anterior pela sua maior complexidade, ou seja, por possuir mais parâmetros na sua estrutura, a diferença entre as funções-objectivo (DFObj) segue aproximadamente uma distribuição qui-quadrado (χ2), cujos graus de liberdade equivalem à diferença de parâmetros existente entre os dois modelos em comparação. Assumindo-se a existência de uma distribuição es- 8. Construção do modelo fármacoestatístico 8.1. Revisão da informação A primeira fase da construção do modelo fármacoestatístico consiste na verificação da informação introduzida nos arquivos de entrada de dados para o NONMEM. Trata-se de uma etapa bastante simples do ponto de vista 97 CAPÍTULO V que, por outro lado e idealmente, a representação PRED vs WRES não deverá apresentar nenhum padrão de distribuição, significando com isso que a variabilidade aleatória existente não segue nenhuma tendência explicável através do modelo estrutural, ficando a dever-se exclusivamente a factores aleatórios. tatística conhecida e pela qual se orientam as DFObj, podemos, mediante a atribuição de uma significância estatística, testar a bondade de ajuste para modelos que constituam, entre si, um par complexo/reduzido. O modelo reduzido será idêntico ao modelo complexo com a excepção de que um ou mais parâmetros tomarão valor nulo ("0" para coeficientes e "1" para potências). Quando se pretende contrastar hipóteses, o modelo reduzido corresponderá à hipótese nula (H0), enquanto que o modelo complexo representará a hipótese alternativa (HA). Nesta fase de incorporação progressiva, parâmetro a parâmetro, no modelo estrutural, utiliza-se uma DFObj ≥ 6,6 para a aceitação de HA relativamente à H0, encontrando-se este valor associado a um valor de p ≤ 0,01 [Wiest et al., 1991; Bruno et al., 1992; Yukawa et al., 1992]. Obviamente que, quando não está presente um par complexo/reduzido – como acontece, por exemplo, com a introdução de uma covariável no modelo sem que, com isso, se altere o número de parâmetros (zero graus de liberdade) – este teste estatístico já não tem aplicabilidade, embora mande a boa regra que se opte por aquele modelo que apresentar menor FObj, decisão que deverá ser complementada por outros meios de diagnóstico. 8.3. Construção do modelo estatístico Basicamente, as regras que se aplicam para a construção do modelo estrutural são transponíveis para o desenvolvimento do modelo estatístico. Sucede que, pelas suas características intrínsecas, torna-se mais difícil desenvolver com precisão o modelo de erro mais adequado, não só pelo facto de o NONMEM apresentar algumas limitações neste campo, mas também porque, para o mesmo nível de precisão, a quantidade de informação necessária para se obterem resultados similares aos dos parâmetros de efeitos fixos teria de ser muito superior. Existe, no entanto, um sinal inequívoco de que o modelo estatístico possui demasiados ηj, que se revela quando algum ω (SD para o modelo aditivo e CV para o modelo proporcional) toma valores próximos de zero. Quando isso sucede, não significa que o parâmetro farmacocinético em questão não apresenta variabilidade interindividual (o que não é realisticamente plausível), mas sim que o modelo, no seu todo, consegue encontrar uma explicação indirecta para essa mesma variabilidade. b) Diminuição nas fontes de variabilidade (ηj e εij) A ideia subjacente ao desenvolvimento de um modelo estrutural reside na tentativa de se procurar explicação para as diferenças cinéticas existentes entre os indivíduos pertencentes a uma determinada população. Assim, a introdução de novos parâmetros e/ou covariáveis no modelo só fará sentido se for acompanhada de uma diminuição das fontes de variabilidade aleatória (interindividual e/ou residual). Por este motivo, a construção do modelo estrutural deverá ser, normalmente, acompanhada por uma diminuição nos valores de ηj e εij, significando esse facto que houve uma transferência de variabilidade aleatória para o modelo estrutural que é, justamente, o que se pretende com a sua elaboração. 8.4. Refinamento do modelo O objectivo desta etapa reside na pesquisa de parâmetros excedentários cuja saída do modelo possa melhorar a precisão dos que nele permanecerem. A técnica básica nesta fase corresponde à determinação da matriz de variância-covariância para o melhor modelo conseguido até ao momento, por forma a que se calculem os intervalos de confiança de todos os parâmetros. Depois, resta procurar os parâmetros cujos valores nulos ("0" para os coeficientes e "1" para as potências) estejam incluídos nos intervalos de confiança, procedendo-se, de seguida, à sua eliminação do modelo. As ferramentas a utilizar para o refinamento do modelo incluem: i) erro padrão (SE) da média dos parâmetros; ii) intervalos de confiança (IC) de 95%; iii) magnitude relativa (%) dos SEs. c) Análise gráfica de confirmação Uma cuidada análise gráfica pode fornecer informações muito importantes, tanto como ferramenta de diagnóstico para a adição de parâmetros e/ou covariáveis, como também para a confirmação de que um determinado desenvolvimento no modelo corresponde a uma melhoria no ajuste dos dados. Normalmente os gráficos mais sugestivos são aqueles que confrontam as concentrações previstas (PRED) com as concentrações observadas (DV) ou com os residuais pesados (WRES). Na prática, quanto melhor for o modelo, maior será a correlação entre PRED vs DV, enquanto 8.5. Teste formal do modelo Trata-se de um processo oposto ao seguido durante a construção do modelo fármacoestatístico. Durante essas etapas procede-se a uma incorporação progressiva de parâmetros e/ou covariáveis, enquanto que, agora, o que se pretende é inverter o sentido eliminando-se progres- 98 Análise exploratória da influência das variáveis psicométricas relevantes no processo de auto-selecção de voluntários para participação em ensaios de fase I sobre a farmacocinética dos fármacos estudados nos mesmos ensaios WRES VS. PRED WRES PRED sivamente parâmetros e/ou covariáveis por forma a que, no modelo final, apenas se venham a manter aqueles que são realmente importantes. Devido aos fundamentos estatísticos que estão na base da incorporação progressiva de parâmetros e/ou covariáveis e também pelas múltiplas comparações que se têm de efectuar até que o modelo chegue a esta fase, durante a eliminação progressiva, apesar de se utilizar o mesmo teste estatístico baseado na distribuição χ2 das DFObj, adopta-se um valor de p ≤ 0,005, o que significa uma DFObj ≥ 7,8 por cada parâmetro eliminado, seguindo-se o mesmo raciocínio para o contraste de hipóteses (H0 e HA) [Driscoll et al., 1989; Moore et al., 1989; Bruno et al., 1992]. 9. Resultados Figura 2 - Residuais pesados (WRES) vs concentrações previstas (PRED) de BIA 2-005. 9.1. BIA 2-005 9.1.1. Modelo estrutural básico A Figura 1 apresenta o gráfico das concentrações de BIA 2-005 previstas (PRED) versus as concentrações observadas (DV) e a Figura 2 apresenta o gráfico dos residuais pesados (WRES) versus as concentrações previstas (PRED). A Figura 3 apresenta a distribuição dos valores de Ka de BIA 2-005 na população estudada (IPRED). 12 10 Frequência (n) 8 6 4 PRED VS. DV PRED 2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 Ka(h-1) DV Figura 3 - Distribuição dos valores de Ka de BIA 2-005 na população estudada (IPRED). O modelo estrutural básico pode ser descrito do seguinte modo: FObj = 8288,335 Ka (h-1) = θ1 ωKa= 63,4% CL (L/h) = θ2 ωCL = 19,4% Vd (L) = θ3 ωVd = 23,6% σ = 31,5% Figura 1 - Concentrações previstas (PRED) vs concentrações observadas (DV) de BIA 2-005. 99 CAPÍTULO V 9.1.2. Modelo estrutural final A Figura 4 apresenta o gráfico das concentrações previstas (PRED) versus as concentrações observadas (DV) e a Figura 5 apresenta os residuais pesados (WRES) versus as concentrações previstas (PRED) no modelo final. É visível pela análise gráfica, e especialmente pelo decréscimo observado na função-objectivo, que houve uma evolução entre o modelo básico e o modelo final, sendo de destacar a introdução da variável psicométrica “ansiedade-estado” (STAI-S) como factor preditivo discriminante relativamente à velocidade a que ocorre a absorção (Ka), sem influência na CL ou Vd. A introdução PRED VS. DV PRED das outras variáveis psicométricas não mostrou valor preditivo discriminante de qualquer dos parâmetros farmacocinéticos (Ka, CL e Vd). O modelo estrutural final pode ser descrito do seguinte modo: FObj = 8280,355 ωKa = 64,3% Ka (h-1) = θ1 CL (L/h) = θ2 ωCL = 19,5% Vd (L) = θ3 ωVd = 25,0% σ = 30,6% A Figura 6 apresenta a distribuição da população estudada (IPRED), dicotomizada em função da mediana do STAI-S, por valores de Ka. 6 STAI-S = < 33 STAI-S > 33 5 DV Frequência (n) 4 3 2 1 0 0.2 Figura 4 - Concentrações previstas (PRED) vs concentrações observadas (DV). WRES PRED WRES. VS PRED Figura 5 - Residuais pesados (WRES) vs concentrações previstas (PRED). 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 Ka(h-1) Figura 6 - Valores de Ka na população estudada (IPRED) utilizando “ansiedade-estado” (STAI-S) como variável categórica. A Tabela 1 apresenta as estimadas dos parâmetros do modelo fármacoestatístico final. Para a variável contínua “ansiedade-estado” (STAI-S) não se cumpriram critérios estatísticos que permitissem a sua introdução no modelo final, mas a sua categorização através da dicotomização em função da mediana dos valores observados permitiu que tanto a “ansiedade-estado” (STAI-S) como a “ansiedade-traço” (STAI-T) contribuíssem para a explicação de parte da variabilidade observada ao nível da absorção (Ka). A permanência da variável “ansiedade-estado” (STAI-S) em detrimento da variável “ansiedade-traço” (STAI-T) no modelo final fica apenas a dever-se ao facto da primeira se apresentar mais influente tendo em consideração as ferramentas estatísticas associadas ao processo de modelização. No entanto, também a variável “ansiedade-traço” (STAI-T) mostrou ser capaz de discriminar a velocidade de absorção consoante os indivíduos 100 Análise exploratória da influência das variáveis psicométricas relevantes no processo de auto-selecção de voluntários para participação em ensaios de fase I sobre a farmacocinética dos fármacos estudados nos mesmos ensaios PRED VS. DV Tabela 1 - Estimadas dos parâmetros do modelo fármacoestatístico final. Parâmetros Estimadas Precisãoa θSTAI -S ωKa ωCL ωVd σ 1,38 2,83 68,4 0,60b 64,3% 19,5% 25,0% 30,6% 26,9% 4,8% 6,8% 24,0% 63,8% 34,9% 49,8% 19,0% DV θ1 θ2 θ3 PRED a Magnitude do erro padrão da média expresso em percentagem. b Corresponde a uma diminuição de 40% na Ka para os indivíduos cuja pontuação para “ansiedade-estado” (STAI-S) se encontra abaixo da mediana (pontuação ≤ 33) em relação aos valores totais observados. Figura 7 - Concentrações previstas (PRED) vs concentrações observadas (DV) de trans-resveratrol. WRES VS PRED WRES PRED se situassem acima ou abaixo da mediana dos valores observados na sua globalidade. Enquanto que os indivíduos com valores de “ansiedade-estado” (STAI-S) abaixo da mediana em relação ao valores totais observados (pontuação ≤ 33) apresentam um factor multiplicativo de 0,60 relativamente à Ka (correspondente a uma diminuição de 40% na Ka para os indivíduos cuja pontuação para “ansiedade-estado” se encontra abaixo da mediana), no caso da variável “ansiedade-traço” (STAI-T) dicotomizada (pontuação ≤ 34), o factor multiplicativo é de 0,75 relativamente à Ka (correspondente a uma diminuição de 25% na Ka para os indivíduos cuja pontuação para “ansiedade-traço” se encontre abaixo da mediana). Para além desta observação relativamente à influência das variáveis psicométricas na velocidade de absorção, merece igualmente destaque o facto do modelo final apresentar estimadas extremamente precisas e robustas para a generalidade dos parâmetros de efeitos fixos (Ka, CL e Vd) e de efeitos aleatórios (ωKa, ωCL, ωVd e σ). Este facto revela que o modelo determinístico se encontra estabilizado e, por esse motivo, o efeito sugerido pela “ansiedade-estado” (STAI-S) na velocidade de absorção (Ka) não resulta de um artefacto matemáticoestatístico, mas sim de uma evolução consistente do modelo que explica os dados observacionais. Em conclusão, a aplicação do modelo mostrou que indivíduos mais ansiosos apresentaram maior rapidez de absorção de BIA 2-005, em relação aos menos ansiosos. Figura 8 - Residuais pesados (WRES) vs concentrações previstas (PRED) de trans-resveratrol. A Figura 9 apresenta a distribuição dos valores de Ka na população estudada (IPRED). O modelo final corresponde ao modelo básico e pode ser descrito do seguinte modo: 9.2. Trans-resveratrol 9.2.1. Modelo estrutural A Figura 7 apresenta o gráfico das concentrações de trans-resveratrol previstas (PRED) versus as concentrações observadas (DV) e a Figura 8 apresenta o gráfico dos residuais pesados (WRES) versus as concentrações previstas (PRED). 101 FObj = 1282,305 ωKa = 25,2% Ka (h-1) = θ1 CL (L/h) = θ2 ωCL = 22,5% Vd (L) = θ3 ωVd = 77,3% σ = 128,5% CAPÍTULO V 14 10. Bibliografia 12 Almeida L, Falcao A, Vaz-da-Silva M, Soares E, Costa R, Loureiro AI, Fernandes-Lopes C, Rocha JF, Nunes T, Wright L, Soares-da-Silva P (2008). Pharmacokinetic and safety profile of trans-resveratrol in a rising multiple-dose study in healthy volunteers. Mol Nutr Food Res. (In press). Almeida L, Falcao A, Coelho R, Albino-Teixeira A, Soares-da-Silva P (2008a). The role of socio-economic conditions and psychological factors on the willingness to volunteer for phase I studies. Pharm Med (In press). Almeida L, Kashdan T, Nunes T, Coelho R, Albino-Teixeira A, Soares-da-Silva P (2008b). 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Por exemplo, o valor estimado para Ka não é fidedigno (precisão da variabilidade em Ka é de 183%) e a precisão no cálculo dos parâmetros de efeitos aleatórios inter-individuais é baixa, com excepção da variabilidade residual que, sendo relativamente bem estimada (20,2% de precisão), apresenta, no entanto, um valor extremamente elevado (129%). Embora os valores para CL e Vd possam ser fiáveis, é visível pelo restante modelo que existe uma grande dificuldade em racionalizar o comportamento cinético. A impossibilidade de construir um modelo cinético de trans-resveratrol fiável constituiu uma limitação intransponível à análise, e condicionou a possibilidade de sucesso da introdução das variáveis psicométricas no modelo. Daí, o facto do modelo básico ser simultaneamente o modelo final. Tabela 2 - Estimadas dos parâmetros do modelo fármacoestatístico final. Parâmetros Estimadas Precisãoa θ1 19,8 37,8% 3160 15,3% θ2 12100 15,3% θ3 25,2% 183,0% ωKa 22,5% 157,0% ωCL 77,3% 43,5% ωVd σ 129% 20,2% a Magnitude do erro padrão da média expresso em percentagem. 102 Análise exploratória da influência das variáveis psicométricas relevantes no processo de auto-selecção de voluntários para participação em ensaios de fase I sobre a farmacocinética dos fármacos estudados nos mesmos ensaios Moore ES, Faix RG, Banagale RC, Grasela TH (1989). The population pharmacokinetics of theophylline in neonates and young infants. J Pharmacokin Biopharm. 17(1): 47-66. Murphy EA, ed (1982). Biostatistics in Medicine. Baltimore; The Johns Hopkins University Press. Wade JR, Beal SL, Sambol NC (1991). Interaction between structural, statistical, and covariate models in population pharmacokinetic analysis. J Pharmacokin Biopharm. 22(2): 165-177. Wiest DB, Pinson JB, Gal PS, Brundage RC, Schall S, Ransom JL, Weaver RL, Purihit D, Brown Y (1991). 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J Pharm Pharmacol. 44: 755-760. 103 Discussão e Conclusões Discussão e Conclusões Apesar da importância fundamental dos ensaios clínicos de fase I no desenvolvimento de medicamentos, conhece-se pouco sobre os indivíduos que neles participam e sobre a sua validade externa, isto é, sobre o seu grau de representatividade em relação à população geral [Tishler & Bartholomae, 2002]. Por outro lado, o conhecimento é também escasso no que respeita ao possível impacto do eventual viés de selecção nos resultados dos ensaios de fase I [Tishler et al., 2005]. A consulta da bibliografia publicada mostra que os trabalhos desta dissertação podem considerar-se, tanto quanto conhecemos, a primeira tentativa sistematizada de caracterizar o perfil demográfico, social e psicológico dos participantes em ensaios de fase I, de avaliar o possível viés de selecção (pela comparação entre as características de participantes versus os seus pares na população geral) e de estudar a relação entre as diferenças impostas pela auto-selecção e os resultados dos ensaios de fase I, nomeadamente a nível da avaliação de tolerabilidade e da farmacocinética. 1. Os resultados relatados no Capítulo I mostram que as motivações dos indivíduos saudáveis que se voluntariam para ensaios clínicos de fase I são influenciadas por algumas características sóciodemográficas e diversos traços de personalidade. Em consonância com o conhecimento empírico e o que está relatado na literatura [Anderson & Weijer, 2001; Ayd & Calabresi, 1972; Bigorra & Baños, 1990; Dickert & Grady, 1999; Erb et al., 1994; Gribbin & Schaie, 1976; Hyun, 2006; McGee, 1997; Russel et al., 2000; Tishler & Bartholomae, 2002; Tishler & Bartholomae, 2003; Van Gelderen et al., 1993; Vere, 1991; Viens, 2001; Weijer, 1999; Zink, 2001], também na nossa população a motivação económica (isto é, a expectativa de receber uma compensação financeira pela participação) foi a principal razão para participação num ensaio clínico. Contudo, outras motivações foram também declaradas como importantes para a decisão de voluntariar, como a curiosidade e a oportunidade de obter uma avaliação clínica gratuita, bem assim como outras de natureza mais altruística (por exemplo, a contribuição para o desenvolvimento de novos medicamentos). As diferentes motivações para participação não variaram com o género, com a ocupação profissional ou com a idade; contudo, no que respeita à idade, deve ter-se em atenção o facto da população-alvo ser relativamente homogénea, pelo que o nosso estudo não permite conclusões definitivas a este respeito. Tal como era esperado, encontrou-se uma correlação inversa entre a importância da compensação financeira como motivo de participação e o rendimento mensal; ou seja, os 107 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética indivíduos com menores rendimentos tendem a valorizar mais a compensação financeira do que os com maiores rendimentos. Este aspecto deve merecer especial atenção, dado que pode encerrar questões éticas, já que as pessoas economicamente mais desfavorecidas podem ser particularmente mais vulneráveis à indução monetária [Tishler & Bartholomae, 2002; Viens, 2001]. Por outro lado, encontrámos uma correlação inversa entre a importância da compensação financeira como motivação e o grau de escolaridade, mostrando que as pessoas com maior instrução académica são menos susceptíveis à indução monetária. De modo interessante, embora não inesperado, mostrou-se que as motivações para a participação são influenciadas pela personalidade do indivíduo (Figura 4.1). Auto-selecção Potencial voluntário Modéstia Compensação financeira Autodisciplina Progresso da medicina Competência Valores Motivações Curiosidade Rectidão Sensibilidade Confiança Check-up gratuito Voluntário Assertividade Figura 4.1. Influência das características de personalidade nas motivações para participação em ensaios de fase I. [ + = correlação positiva; – = correlação negativa). A compensação financeira pela participação foi mais valorizada por indivíduos com pontuação elevada em “modéstia” (ou seja, humildes e pouco preocupados consigo próprios, o que não significa necessariamente que tenham baixa autoestima ou baixa autoconfiança). O progresso da medicina ou ciência foi especialmente valorizado como motivação por indivíduos com pontuação elevada em “autodisciplina” (capacidade de se motivar para a prossecução de um objectivo ou iniciar uma tarefa e levá-la a cabo, apesar do enfado e distracções) e “competência” (sentir-se capaz e bem preparado para lidar com a vida; sentimento de que se é capaz, sensível, prudente e eficaz) e com pontuação baixa em “valores” (disposição para reexaminar os valores sociais, políticos e religiosos; não conformista, aberto de espírito, antidogmático). Os indivíduos predispostos a mostrarem-se motivados pela curiosidade apresentaram pontuações mais elevadas em “rectidão” (franqueza, frontalidade, sinceridade e naturalidade 108 Discussão e Conclusões ao lidar com os outros), “sensibilidade” (tendência a ser guiado pelos sentimentos) e “confiança” (tendência a atribuir intenções benévolas aos outros e a considerá-los honestos e bem intencionados), e pontuações mais baixas em “valores”. Indivíduos com elevada “assertividade” (dominantes, com ascendente social e força de vontade, confiantes e decididos) declararam-se menos impressionados pela possibilidade de realizar uma avaliação clínica gratuita do que os indivíduos pouco assertivos. 2. De um modo algo surpreendente, cerca de 9% dos voluntários afirmaram que aceitariam participar, e outros 53% afirmaram que talvez pudessem considerar participar, mesmo que não lhes fosse concedida qualquer compensação financeira. Contudo, apesar da resposta ter sido dada com carácter anónimo e confidencial e, portanto, não haver razões objectiváveis condicionantes de uma resposta genuína, não é certo que os indivíduos efectivamente concretizassem a intenção de participação no caso de não haver compensação financeira. Aliás, é de admitir que a natureza da resposta possa, ela própria, ter sido condicionada pelas características individuais ao nível de valores e personalidade. Com esta ressalva, as facetas da personalidade que apresentaram uma correlação significativa com a declarada disponibilidade para se voluntariarem sem compensação financeira são apresentadas na Figura 4.2. Neuroticismo Ansiedade Obediência ao dever Depressão Autodisciplina Autoconsciência Deliberação Impulsividade Conscienciosidade Participação sem compensação financeira Vulnerabilidade Confiança Valores Sim/Talvez Figura 4.2. Influência das características de personalidade na disponibilidade declarada para participar num ensaio clínico de fase I sem compensação económica. [ + = correlação positiva; – = correlação negativa). O domínio “neuroticismo” avalia a maior ou menor instabilidade emocional, nomeadamente “ansiedade” (tendência para a apreensão, tensão, medo e preocupação), “depressão” (tendência para experienciar excessivamente afecto depressivo), “autoconsciência” (tendência para sentimentos de inferioridade, vergonha, timidez e ansiedade social), “impulsividade” (incapacidade de resistir aos impulsos, às tentações) e “vulnerabilidade” (incapacidade de 109 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética lidar com a tensão, facilmente enerváveis). Apesar de, conforme se documenta no Capítulo III.a, os indivíduos com pontuações elevadas em “neuroticismo” terem tendido a auto-excluírem-se de participação em ensaios clínicos de fase I, o estudo apresentado no Capítulo I mostra que, entre os participantes, os voluntários com pontuações mais elevadas em “neuroticismo” declararam-se menos motivados pela compensação financeira do que os com pontuações mais baixas. No domínio da “conscienciosidade” (que avalia o grau de organização, persistência e motivação pelo comportamento orientado para um objectivo), verificou-se uma tendência oposta: a disponibilidade declarada para participar sem compensação financeira aconteceu sobretudo nos indivíduos com pontuações mais baixas nas facetas “obediência ao dever” (adesão estrita aos seus padrões de conduta), “autodisciplina” e “deliberação” (tendência a pensar com cautela, planificar e ponderar antes de agir). 3. Conhece-se muito pouco sobre o processo de decisão de indivíduos saudáveis se voluntariarem para um ensaio clínico, nomeadamente sobre se consultam terceiros (por exemplo, a família, amigos ou mesmo um profissional de saúde). Na nossa população, a percentagem de indivíduos que afirmaram ter pedido opinião a terceiros antes de se voluntariarem para ensaios clínicos de fase I foi elevada (88%) e, apesar da opinião das pessoas consultadas ser geralmente desfavorável à participação (normalmente, invocando o receio de complicações graves), mesmo assim os indivíduos decidiram participar. Ou seja, não tomaram em consideração a opinião dos terceiros consultados que recomendaram a não participação. Contudo, resta aqui a dúvida sobre qual a proporção de indivíduos que perguntaram a opinião a terceiros e, perante uma opinião desfavorável à participação, decidiram segui-la. É de admitir, aliás, que um “auto-selector” muito importante poderá situar-se a este nível: pode sugerir-se que, perante uma opinião desfavorável do terceiro a quem se pediu opinião, a decisão de aceitar ou não a recomendação de não participação no ensaio clínico possa ser influenciada pelas características do próprio indivíduo. Autoconsciência Ordem Impulsividade Esforço de realização Vulnerabilidade Autodisciplina Decisão de participar Figura 4.3. Influência das características de personalidade na decisão de pedir opinião a terceiros antes de decidir participar num ensaio clínico de fase I. [ + = correlação positiva; – = correlação negativa). 110 Conscienciosidade Neuroticismo Consulta da opinião de terceiros antes de decidir participar Discussão e Conclusões Dentro da população de participantes, verificaram-se diferenças nas características de personalidade entre os que pediram opinião a terceiros e os que não a pediram (Figura 4.3). Indivíduos com pontuações elevadas em várias facetas do domínio “neuroticismo”, nomeadamente “autoconsciência”, “impulsividade” e “vulnerabilidade”, tenderam a pedir mais vezes a opinião a terceiros antes de decidir a participação em ensaios clínicos. No domínio da “conscienciosidade”, verificou-se uma tendência oposta: indivíduos com pontuações elevadas nas facetas “ordem”, “autodisciplina” e “esforço de realização” (níveis de realização elevados e forte motivação para os atingir; pessoas diligentes, com objectivos e sentido de vida; relacionado com alguns dos traços do padrão comportamental tipo A) tenderam a não pedir opinião a terceiros. No que respeita à opinião dos terceiros consultados, ela foi predominantemente desfavorável à participação, sendo o risco de complicações e “fazer o papel de cobaia” as objecções mais frequentes. Isto traduz uma percepção social predominantemente negativa em relação à participação em ensaios clínicos de fase I, constituindo um selector situacional ou de contexto relevante e justificando medidas de informação pública sobre o papel fundamental dos ensaios clínicos no desenvolvimento de novos medicamentos e sobre o risco real (mínimo) que a participação nos mesmos encerra. Em resumo, o estudo apresentado no Capítulo I, em participantes em ensaios clínicos de fase I na Unidade de Farmacologia Humana de BIAL, permitiu concluir que a compensação financeira é um factor de motivação muito importante mas não é o único motivador. Permitiu também perceber que as motivações e percepções em relação à participação são influenciadas pelas características individuais, nomeadamente os traços de personalidade. 4. O acto de decidir participar num ensaio clínico é uma decisão que deve ser individual, livre e informada. Como se apresenta no Capítulo II, os valores interpessoais são importantes na auto-selecção de voluntários para ensaio clínico de fase I. Verificámos que os indivíduos participantes valorizam particularmente o “estímulo” (ser tratado com compreensão e amabilidade, receber o estímulo das outras pessoas), a “independência” (poder fazer tudo aquilo que têm vontade de fazer; gosto pela liberdade de acção e por novas experiências) e a “benevolência” (ser compreensivo com os mais desfavorecidos, partilhar, ajudar os mais necessitados, ser generoso), e valorizam menos a “conformidade” (fazer o que é aceitável e correcto, agir sempre em conformidade com as regras, fazer aquilo que é considerado socialmente correcto, agir de forma convencional, ser conformista; valorização da organização) e a “liderança” (coordenar o trabalho dos outros, estar em posição de dizer aos outros o que devem fazer, ser seleccionado para uma posição de liderança; valorização do desafio) do que os seus pares do grupo normativo (Figura 4.4). Não se detectaram diferenças significativas entre os voluntários e a população normativa no que respeita à valorização do “reconhecimento” (ser benquisto e admirado, ser considerado importante, ser apreciado e reconhecido pelos outros, receber comentários favoráveis a seu respeito). 5. No Capítulo I, verificámos que as motivações e percepções se correlacionam de modo diferente com as motivações e percepções relativas à participação em ensaios de fase I e os resultados descritos no Capítulo III.a confirmaram a hipótese de que a população de participantes é auto-seleccionada com base nos traços de personalidade. 111 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética Potencial voluntário Conformidade Estímulo Independência Liderança Reconhecimento Benevolência Voluntário Figura 4.4. Valorização dos valores interpessoais como factores de auto-selecção para participação num ensaio clínico de fase I. [ + : selector positivo; – : selector negativo; = : sem diferença entre voluntários e população normativa]. A aplicação do NEO-PI-R a uma população de participantes em ensaios de fase I revelou que os mesmos diferiam da população normativa em quase todos os traços de personalidade avaliados (Figura 4.5). Os participantes em ensaios de fase I mostraram pontuações mais baixas de “neuroticismo” e pontuações mais elevadas de “extroversão” e “abertura à experiência” do que a norma. No domínio “neuroticismo”, os participantes apresentaram pontuações mais baixas de “ansiedade”, “hostilidade” (tendência a vivenciar raiva ou estados afins), “depressão”, “autoconsciência” e “vulnerabilidade”, e pontuações mais elevadas de “impulsividade”. Os participantes apresentaram pontuações mais elevadas em todas as facetas do domínio “extroversão”: “acolhimento caloroso” (uma pessoa calorosa é amigável, conversadora e afectuosa; gosta verdadeiramente dos outros), “gregariedade” (gosta do convívio, procura o contacto social, tem muitos amigos), “assertividade”, “actividade” (pessoa enérgica, necessita de estar ocupada), “procura de excitação” (procura estímulos fortes, aceita riscos) e “emoções positivas” (pessoa alegre, espirituosa, divertida, exuberante). No domínio “abertura à experiência”, os participantes mostraram pontuações mais elevadas em abertura à “fantasia” (imaginação viva e fantasia activa, sonhar acordado), “sentimentos” (pessoa que responde emocionalmente às situações, é sensível, empática e valoriza os próprios sentimentos), “acções” (procura a variedade e novidade, novas experiências e novas actividades), “ideias” (pessoa com curiosidade intelectual, orientada teoricamente, aprecia a argumentação filosófica) e “abertura à experiência estética” (apreço pela arte e beleza). 6. Os resultados da aplicação das escalas SES, CEI-T, STAI, SAD, FNE e BDI-II descritos nos trabalhos incluídos no Capítulo III, secções b), c) e d) são consistentes com os resultados do NEO-PI-R relatados no Capítulo III.a. A aplicação do SES e CEI-T ao grupo de participantes em ensaios de fase I e ao grupo de controlo mostrou pontuações de auto-eficácia percepcionada e de curiosidade mais ele- 112 Discussão e Conclusões Potencial voluntário Ansiedade Acolhimento caloroso Impulsividade Vulnerabilidade Gregariedade Assertividade Actividade Fantasia Estética Procura de excitação Sentimentos Emoções positivas Acções Confiança Ideias Rectidão Valores Altruísmo Competência Complacência Ordem Obediência ao dever Esforço de realização Modéstia Extroversão Hostilidade Autoconsciência Amabilidade Conscienciosidade Abertura à Experiência Neuroticismo Depressão Sensibilidade Autodisciplina Deliberação Voluntário Figura 4.5. Valorização dos traços de personalidade avaliados pelo NEO-PI-R como factores de autoselecção de participação num ensaio clínico de fase I. [ + : selector positivo; – : selector negativo; = : sem diferença entre voluntários e população normativa]. vadas nos participantes do que na população de comparação (Capítulo III.b). Resultados coerentes com esses obtiveram-se quando o subgrupo dos sujeitos que declararam potencial disponibilidade para se voluntariarem para participação num ensaio clínico foi comparado com o subgrupo dos que recusaram (Capítulo III.d). A aplicação de modelos de regressão logística mostrou que o componente “iniciativa e persistência” da escala SES e o componente “tendências exploratórias” da escala CEI-T são selectores positivos de participação em ensaio clínico (Figura 4.6). A aplicação das escalas STAI, SAD, FNE e BDI-II (Capítulo III.c) mostrou que as pontuações da ansiedade-traço (STAI-T) e o componente “evitamento e mal-estar psicológico e social” (SAD) da ansiedade social correlacionaram-se negativamente com a disponibilidade em participar num ensaio clínico, sugerindo que são auto-selectores negativos (Figura 4.6). Não se observou correlação entre as pontuações do BDI-II e a disponibilidade para participar, mas verificou-se que os indivíduos com pontuações elevadas no BDI-II tenderam a autoexcluir-se da participação. O componente “medo de avaliação negativa” (FNE) da ansiedade social não mostrou ser um auto-selector relevante. Os resultados permitiram concluir que indivíduos tímidos e receosos das interacções sociais bem como os com ansiedade-traço elevado tendem a auto-excluir-se da participação em ensaios de fase I. 113 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética Potencial voluntário Ansiedade-traço Iniciativa e persistência Evitamento e mal-estar psicológico e social Tendências exploratórias Voluntário Figura 4.6. Traços de personalidade com capacidade preditiva de participação em ensaios de fase I, entre os avaliados pelas escalas SES, CEI-T, STAI, SAD, FNE e BDIII. [ + : selector positivo; – : selector negativo ]. Numa análise multivariada no grupo de controlo (Capítulo III.d), na qual se incluíram os resultados de todas as escalas aplicadas, as tendências exploratórias (CEI-T), a iniciativa e persistência (SES) e a ansiedade-traço (STAI-T) foram os únicos factores determinantes na resposta ao convite para participar num ensaio clínico de fase I. Os indivíduos que responderam afirmativamente ao convite apresentaram pontuações mais elevadas em tendências exploratórias e em iniciativa e persistência e pontuações mais baixas em ansiedade-traço do que os que recusaram. 7. A aplicação de uma escala (Capítulo IV) a um grupo de participantes em ensaios de fase I e a um grupo de controlo apresentou uma incidência relativamente elevada de queixas de origem não medicamentosa, muitas das quais constam entre as que são frequentemente relatadas como efeitos adversos durante ensaios de fase I. As consequências deste facto para os ensaios clínicos de fase I são óbvias, dado que complicam e complexificam a avaliação de tolerabilidade durante os mesmos. O número de queixas foi significativamente mais baixo nos participantes em ensaios de fase I do que na população de controlo. Quando se testou a relação entre as pontuações das escalas SES, STAI-T (ansiedade-traço) e BDI-II e a incidência das queixas apresentadas, verificaram-se correlações positivas com o STAI-T e o BDI-II e correlações negativas com o SES. Os resultados sugerem que os participantes em ensaios de fase I apresentam menor tendência para relatar efeitos adversos de origem não medicamentosa do que a população geral com as mesmas características sóciodemográficas, e que tal deve-se, com elevada probabilidade, à auto-selecção de indivíduos com características de personalidade que predispõem ao baixo relato de queixas, nomeadamente ansiedade-traço baixa e auto-eficácia geral elevada. 114 Discussão e Conclusões Ou seja, os participantes em ensaios de fase I são uma amostra selectiva de indivíduos com menor tendência para relatar queixas de origem não medicamentosa do que a população de controlo e a causa provável é a auto-selecção de indivíduos com nível baixo de ansiedadetraço e nível elevado de auto-eficácia percepcionada. 8. Como se apresenta nas secções a) e c) do Capítulo III, a influência potencial das características de personalidade dos participantes em ensaios de fase I na avaliação de tolerabilidade durante ensaios de fase I foi explorada através do teste da relação entre as pontuações das avaliações psicométricas utilizadas e a incidência de acontecimentos adversos relatados durante os ensaios de fase I. Apesar da auto-selecção conduzir a amostras relativamente homogéneas em termos de uma determinada característica de personalidade e esse facto dificultar as análises de correlação relativas a essa característica, foi possível mostrar correlações significativas entre vários traços de personalidade mensurados pelo NEO-PI-R e a incidência dos acontecimentos adversos. Indivíduos extrovertidos mostraram relatar menos efeitos adversos do que indivíduos introvertidos. Embora se tenha encontrado uma tendência para indivíduos ansiosos relatarem mais efeitos adversos, essa tendência não atingiu significância estatística. Contudo, a falta de significado estatístico pode dever-se ao facto da população de participantes avaliados pelo NEO-PI-R ser uma amostra relativamente pequena e, particularmente, ao facto de ser uma amostra auto-seleccionada de indivíduos com níveis baixos em neuroticismo. Ou seja, a sub-representação de indivíduos ansiosos diminui a probabilidade de se tornarem aparentes potenciais correlações entre o neuroticismo e o relato de efeitos adversos. Não se encontraram correlações significativas entre as pontuações das escalas BDI-II, SAD e FNE e a ocorrência de efeitos adversos. Contudo, apesar da auto-selecção conduzir a uma população com níveis baixos em ansiedade-traço, verificaram-se correlações positivas, embora fracas, entre as pontuações do STAI-T e os acontecimentos adversos relatados durante a participação em ensaios clínicos de fase I. Em termos globais, os resultados são, pois, sugestivos de que a auto-selecção conduz a uma população com tendência mais baixa para relatar acontecimentos adversos durante a participação em ensaios clínicos de fase I do que a população normal. Devido ao facto da auto-selecção se constituir como um factor de confusão na análise, não se podem tirar conclusões definitivas sobre quais são os traços de personalidade que realmente têm influência relevante no relato de efeitos adversos. Conclusões definitivas exigiriam o desenho de estudos prospectivos nos quais os indivíduos fossem estratificados de acordo com as suas características de personalidade e com amostras com poder estatístico adequado. Contudo, tais estudos parecem difíceis de implementar porque a participação exige o consentimento informado e os voluntários com certos traços de personalidade (por exemplo, neuroticismo elevado) tendem a recusar participação. De qualquer modo, o elevado grau de consistência entre a informação obtida pela correlação entre as características de personalidade e os efeitos adversos durante a participação em ensaio clínico e a informação colhida no estudo das queixas de origem não medicamentosa relatadas no grupo de controlo e no grupo de parti- 115 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética cipantes são altamente sugestivos de que a auto-selecção de indivíduos com nível baixo de neuroticismo e, particularmente, reduzida ansiedade-traço, pode ter uma influência marcada no relato de efeitos adversos em ensaios de fase I, ao conduzir a uma população com menor tendência para relato de acontecimentos adversos do que a população normal. 9. Entre todas as variáveis sócio-demográficas estudadas, apenas o género demonstrou ter uma influência na probabilidade de relatar efeitos adversos durante a participação em ensaios de fase I. As mulheres tenderam a relatar mais efeitos adversos do que os homens. 10. A exploração da possível influência dos factores psicológicos sobre a cinética dos fármacos estudados nos ensaios de fase I objecto desta dissertação encontra-se relatada no Capítulo V. Devido ao facto do tamanho das amostras ser relativamente pequeno, a caracterização do comportamento cinético dos fármacos foi efectuada através do desenvolvimento de um modelo de efeitos mistos baseada numa aproximação paramétrica. Recorreu-se, para o efeito, ao programa estatístico padrão para este tipo de análise (NONMEM - Nonlinear Mixed Effects Model). Pelas razões justificadas no Capítulo V, o nebicapone não foi incluído na análise, dado que a sua cinética é marcadamente influenciada pelo seu efeito farmacodinâmico. Assim, a análise centrou-se na cinética dos dois outros fármacos estudados nos ensaios de fase I com os indivíduos que constituíram a população de participantes desta dissertação: BIA 2-005 (metabolito activo do acetato de eslicarbazepina cuja formação ocorre por simples hidrólise) e trans-resveratrol. Devido a marcada sulfatação e glucuronoconjugação durante a primeira passagem, a biodisponibilidade do trans-resveratrol é muito baixa e a sua cinética é muito variável [Almeida et al., 2008]. Assim, não foi surpreendente a impossibilidade de criar um modelo farmacocinético populacional satisfatório para o trans-resveratrol e, consequentemente, não se mostrou viável o estudo do efeito da possível influência dos factores psicológicos sobre a cinética do mesmo. Todavia, revelou-se viável proceder à análise da influência das variáveis psicométricas na farmacocinética do BIA 2-005. Como se apresenta no Capítulo V, testou-se a influência das variáveis psicométricas que revelaram poder discriminante auto-selectivo de participação em ensaios de fase I nas análises multivariadas apresentadas no Capítulo IV: SES, CEI-T e STAI. No que respeita ao STAI, para além da ansiedade-traço (avaliada pela escala STAI-T), procedeu-se também à análise dos resultados da aplicação da ansiedade-estado (avaliada pela escala STAI-S). Na análise realizada, não se detectou influência das variáveis psicométricas avaliadas pelo SES e CEI-T nos parâmetros farmacocinéticos populacionais estudados (constante de absorção, depuração e volume de distribuição). No que respeita ao STAI, apesar do facto da auto-selecção ter conduzido a uma população pouco heterogénea em relação à ansiedade (o que, como já foi referido anteriormente, é uma limitação à análise de possíveis relações entre essa variável e outras variáveis), foi aparente a influência dos níveis de ansiedade-estado na constante de absorção (Ka) do acetato de eslicarbazepina (mediante quantificação do BIA 2-005 em circulação), sem influência dos mesmos na depuração e no volume de distribuição do BIA 2-005. Ou seja, a ansiedade-estado mostrou ser um factor preditivo discriminante relativamente à velocidade a que ocorre a absorção. 116 Discussão e Conclusões A dicotomização em função da mediana dos valores observados de ansiedade-estado (“estar ansioso”) e ansiedade-traço (“ser ansioso”, isto é, predisposto a experienciar excessivamente estados de ansiedade) permitiu verificar que os indivíduos com valores de ansiedade-estado abaixo da mediana apresentavam um factor multiplicativo de 0,60 relativamente à Ka (o que corresponde a uma diminuição de 40% na Ka) em relação aos valores totais observados e que, no caso da variável ansiedade-traço, o factor multiplicativo era de 0,75 (diminuição de 25% na Ka). Para além desta observação relativamente à associação entre estas variáveis psicométricas e a velocidade de absorção, merece igualmente destaque o facto da introdução da ansiedadeestado no modelo final apresentar estimadas extremamente precisas e robustas para a generalidade dos parâmetros de efeitos fixos (Ka, CL e Vd) e de efeitos aleatórios (ωKa, ωCL, ωVd e σ). Este facto revela que o modelo determinístico se encontra estabilizado e, por esse motivo, o efeito mostrado pela ansiedade-estado na Ka não resulta de um artefacto matemáticoestatístico, mas sim de uma evolução consistente do modelo que explica os dados observacionais. Há, aparentemente, uma subalternização da influência da ansiedade-traço em relação à ansiedade-estado; contudo, a ansiedade-traço predispõe a eventos de ansiedade-estado, e é esta que, através dos fenómenos neuroendócrinos de que se acompanha, potencialmente interfere na farmacocinética. Por isso, o facto da ansiedade-traço ter revelado menor influência na constante de absorção do que a ansiedade-estado não surpreende, já que se pode presumir que a ansiedade-traço se manifesta sobretudo através da ansiedade-estado. Conhece-se que a idade, género, variações circadianas e sazonais, factores dietéticos, função imunológica, ingestão de álcool, tabagismo, entre outros factores, podem afectar a avaliação dos resultados farmacocinéticos e farmacodinâmicos [Vessel, 1982]. Existe também alguma evidência de que os traços de personalidade podem afectar a resposta farmacológica, aspecto que Meyer designa de “psicofarmacologia diferencial” e à qual se tem dado atenção insuficiente [Meyer, 2001]. Indivíduos com traços de padrão comportamental tipo A eliminam o captopril e absorvem e eliminam o sildenafil de uma forma mais rápida do que indivíduos de traços de personalidade tipo B [Xu, 2007]. A absorção e a biotransformação podem também ser afectadas pelos níveis de neuroticismo ou ansiedade, como demonstrado para o diazepam [Nakano et al., 1980], cafeína [Meyer, 1996], cisapride [Xu, 2007] e teofilina [Hartazema et al., 1982, Jackson et al., 1985]. Indivíduos emocionalmente instáveis absorvem os fármacos mais rápida e completamente do que indivíduos emocionalmente estáveis [Meyer, 2001]. O esvaziamento gástrico ocorre, geralmente, de um modo mais rápido em indivíduos com elevados níveis de neuroticismo em relação a indivíduos com níveis baixos de neuroticismo [Tishler et al., 2005] e verificou-se que a ansiedade se acompanha de aceleração do trânsito gastrointestinal [Gorard et al., 1996]. A menor rapidez de absorção do acetato de eslicarbazepina verificada nos nossos participantes em ensaios de fase I com níveis de ansiedade mais baixos, em relação aos com níveis de ansiedade mais elevados, pode dever-se a um trânsito gastrointestinal mais lento e, eventualmente, outras alterações regionais, por exemplo menor fluxo sanguíneo gastrointestinal. Dado que não se verificou diferença entre a depuração do BIA 2-005 nos indivíduos com níveis de ansiedade baixos em relação aos indivíduos com níveis de ansiedade mais elevados, pode concluir-se que a ansiedade tem um efeito na absorção do acetato de eslicarbazepina mas não afecta a eliminação do seu metabolito activo BIA 2-005. 117 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética Em conclusão, indivíduos mais ansiosos apresentaram maior rapidez de absorção do acetato de eslicarbazepina, apesar do efeito de auto-selecção ter conduzido a uma população de indivíduos pouco ansiosos. Dado que o efeito de auto-selecção nos ensaios de fase I não é possível de ultrapassar porque a participação depende sempre do consentimento informado e livre de coacção, a avaliação da real dimensão do efeito dos factores psicológicos nas variáveis farmacocinéticas exigirá o estudo de doentes em rotina terapêutica, porque nesses doentes provavelmente o viés de auto-selecção não será tão marcado como em voluntários de fase I. De qualquer modo, os resultados do nosso estudo parecem encerrar implicações práticas importantes para os ensaios de fase I. Para além do potencial efeito da ansiedade na variabilidade interindividual em estudos de farmacocinética, é de admitir que a ansiedade possa contribuir para a variabilidade intra-individual, isto é, a variação da cinética verificada em diferentes alturas no mesmo indivíduo, como consequência de variação na ansiedade-estado. Assim sendo, a caracterização dos níveis de ansiedade dos participantes pode ser importante para uma adequada interpretação dos resultados de estudos de farmacocinética, incluindo os estudos de bioequivalência e outros ensaios que adoptem um desenho cruzado e em que a variabilidade intra-individual pode ser um factor de confusão relevante na análise. Concluímos assim que: 1. Numa população predominantemente composta por estudantes e jovens licenciados, não se verificaram diferenças relevantes entre indivíduos que se voluntariaram para ensaio clínico de fase I e outros que recusaram a participação, em qualquer das variáveis estudadas, incluindo o rendimento mensal. 2. A motivação para participar num ensaio clínico de fase I deriva sobretudo da compensação financeira esperada, a qual se correlaciona inversamente com o rendimento mensal, mas é também afectada pelo grau académico (sujeitos com maior escolaridade são menos sensíveis à indução financeira). Outras motivações são também valorizadas, nomeadamente a curiosidade e o desejo de contribuição para o progresso da Medicina, sendo estas mais susceptíveis à influência dos traços de personalidade do que a motivação pela compensação financeira. 3. A maior parte dos voluntários pede a opinião a terceiras pessoas antes de decidir voluntariar-se para participação num ensaio clínico de fase I. Os traços de personalidade (particularmente, o nível de neuroticismo) influenciam a decisão de consultar outrem, sendo de admitir que influenciem também a decisão em se voluntariar, perante uma opinião desfavorável à participação por parte da pessoa consultada. 4. A percepção social sobre o risco relativo à participação num ensaio clínico de fase I é negativa e desfavorável à participação pelo receio de complicações. Um modo de reduzir a importância deste selector negativo de participação é promover estratégias de informação pública sobre ensaios clínicos de fase I que minorem a percepção social negativa sobre os mesmos. 118 Discussão e Conclusões 5. Os valores interpessoais constituem-se como factores de auto-selecção de participação em ensaios de fase I. Os participantes em ensaios de fase I valorizam a benevolência, generosidade e compreensão, serem tratados com amabilidade e receberem o estímulo das outras pessoas, poderem proceder conforme sua vontade e terem liberdade de acção e acesso a novas experiências; tendem a valorizar pouco a conformidade com as normas ou convenções e, especialmente, a ascensão a posições de liderança. 6. Os traços de personalidade constituem-se como factores de auto-selecção dos participantes. Os voluntários para ensaios de fase I são indivíduos com menor grau de neuroticismo e mais extrovertidos e abertos a novas experiências do que a população normativa. 7. Queixas que são frequentemente relatadas como efeitos adversos durante ensaios clínicos de fase I são relativamente frequentes em indivíduos da população “saudável” não participante. A incidência dessas queixas não relacionadas com medicamentos é significativamente mais comum em indivíduos ansiosos e menos frequente em indivíduos com percepção elevada de auto-eficácia. 8. Os participantes em ensaios clínicos de fase I apresentam uma incidência de queixas não relacionadas com medicamentos significativamente menor do que aquela verificada nos indivíduos da população geral com as mesmas características sóciodemográficas. A causa provável dessa diferença é a auto-selecção de indivíduos pouco ansiosos e com elevada percepção de auto-eficácia para participação nos ensaios de fase I. 9. A incidência de efeitos adversos durante a participação em ensaios de fase I é influenciada pelos traços de personalidade dos participantes. Participantes mais ansiosos e menos extrovertidos tendem a relatar mais efeitos adversos. Contudo, o processo de auto-selecção dos participantes conduz a uma população relativamente homogénea em relação às características de personalidade, limitando o poder da análise. Conclusões mais definitivas podem, eventualmente, ser obtidas em ensaios em voluntários saudáveis estratificados em função dos traços de personalidade, ou em estudos em doentes em rotina terapêutica, pois é de presumir que nestes o fenómeno de auto-selecção seja menos intenso. 10.Nenhuma das variáveis sóciodemográficas estudadas mostrou um efeito relevante na incidência de efeitos adversos durante a participação em ensaios clínicos de fase I, excepto o género. Indivíduos do sexo feminino tenderam a relatar mais efeitos adversos do que os indivíduos do sexo masculino participantes nos mesmos ensaios. 11.As análises exploratórias realizadas entre os factores psicológicos e a cinética dos fármacos estudados foi inconclusiva para o trans-resveratrol. Contudo, no caso do BIA 2-005 (metabolito activo do acetato de eslicarbazepina), verificou-se uma correlação entre a rapidez de absorção e os níveis de ansiedade, particularmente da ansiedade-estado. Para além do potencial efeito da ansiedade na variabilidade interindividual, é de admitir que a ansiedade-estado possa contribuir para a variabilidade intra-individual (isto é, variação da cinética em diferentes alturas, no mesmo indivíduo), o que pode ter implicações práticas importantes na metodologia de ensaios clínicos de fase I. Conclusões mais definitivas sobre a dimensão do impacto da ansiedade na farmacocinética podem ser obtidas em ensaios em voluntários saudáveis estratificados em função dos traços de personalidade, ou em estudos em doentes em rotina terapêutica, pois é de presumir que em doentes o fenómeno de auto-selecção seja menos intenso. 119 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética 12.Os vários factores que actuam sobre a selecção de participantes para ensaios de fase I fazem com que as amostras de participantes não se possam considerar representativas da população geral. Parece, contudo, que uma fonte importante de não representatividade, e consequentemente uma potencial ameaça à validade externa (isto é, do potencial de generalização dos resultados), reside na auto-selecção dependente do consentimento informado. 13.O modo de controlar, embora não eliminando, o factor de confusão representado pela auto-selecção é a estratificação dos auto-selectores mais relevantes e aleatorização dos voluntários em função da mesma, ou o controlo estatístico dos factores de confusão ao tempo da análise dos resultados. Em qualquer dos casos, implica que as características relevantes sejam mensuradas sistematicamente em cada participante em ensaios de fase I. 14.De modo a aumentar o papel dos ensaios de fase I no apoio a decisões de descontinuação de desenvolvimento precoces e no fornecimento de informação que possa gerar marcadores de resposta ou de tolerabilidade/segurança (no imediato ou retrospectivamente, a prazo) que permitam a estratificação dos ensaios clínicos terapêuticos e o desenvolvimento da medicina personalizada, parece recomendável a recolha do máximo de informação individual possível durante os ensaios de fase I, nomeadamente informação psicométrica. 15.Os resultados mostram que a ansiedade é um auto-selector importante e tem potencial impacto nos resultados dos ensaios, tanto a nível das avaliações de tolerabilidade como das avaliações farmacocinéticas. Dado que é de fácil implementação, parece-nos defensável a inclusão da avaliação da ansiedade na bateria de avaliações dos ensaios clínicos de fase I. 120 Resumo, Summary Resumo, Summary RESUMO: No presente trabalho são descritas as características demográficas, de estilo de vida e socio-económicas dos participantes em ensaios de fase I, em voluntários saudáveis, na Unidade de Farmacologia Humana de BIAL. Estudou-se também quais são as motivações e as percepções dos voluntários relativamente à sua participação. Fez-se a caracterização dos participantes em termos de valores interpessoais e de traços de personalidade, em comparação com a população normativa, através de escalas adaptadas à população portuguesa, de forma a identificar quais os valores interpessoais e os traços de personalidade que têm potencial influência na auto-selecção dos participantes, como consequência do consentimento informado. Estudou-se a prevalência de queixas não relacionadas com medicamentos, estudaram-se várias características de personalidade através de escalas psicométricas específicas, e correlacionaram-se os respectivos resultados com a incidência das queixas. Investigou-se, ainda, a influência dos traços de personalidade na probabilidade de relato de acontecimentos adversos durante a participação em ensaios de fase I e a influência de factores psicológicos na cinética dos fármacos estudados. Os resultados mostram que a motivação económica é a principal razão para a participação em ensaios clínicos, mas outras motivações (como a curiosidade e o desejo de contribuir para o progresso da Medicina) são também valoradas. A motivação económica correlacionase inversamente com o rendimento económico e com o grau de escolaridade. Mostrou-se, ainda, que as características de personalidade e os valores interpessoais são auto-selectores fortes na decisão de participação num ensaio clínico. Num grupo de controlo convidado a participar num ensaio clínico, a intenção declarada de participar não se correlacionou de modo relevante com qualquer das variáveis sóciodemográficas avaliadas, aparentando depender sobretudo dos traços de personalidade. Os participantes em ensaios clínicos são uma população de indivíduos mais benevolentes, mais extrovertidos e com menor neuroticismo do que a norma. Como se verificou uma correlação directa entre a ansiedade e a incidência de queixas não relacionadas com medicamentos, e entre a ansiedade e a incidência de efeitos adversos durante a participação em ensaios clínicos de fase I, pode concluir-se que os participantes em ensaios clínicos de fase I são uma população auto-seleccionada de indivíduos com menor predisposição a relatar efeitos adversos do que a população normativa. 123 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética No caso do fármaco acetato de eslicarbazepina, verificou-se uma correlação directa entre a rapidez de absorção e os níveis de ansiedade. De modo a aumentar o papel dos ensaios de fase I no apoio a decisões de descontinuação de desenvolvimento precoces e no fornecimento de informação que possa gerar marcadores de resposta ou de tolerabilidade/segurança (no imediato ou retrospectivamente, a prazo) que permitam a estratificação dos ensaios clínicos terapêuticos e o desenvolvimento da medicina personalizada, parece recomendável a recolha do máximo de informação individual possível durante os ensaios de fase I, nomeadamente informação psicométrica. A avaliação da ansiedade dos participantes em ensaios de fase I é relevante e é de fácil implementação. 124 Resumo, Summary SUMMARY: In the present work the demographic, life-style and socioeconomic characteristics of participants in phase I studies at the Human Pharmacology Unit of BIAL are described, together with their motivations and perceptions regarding participation. Also, phase I participants were characterised in terms of their interpersonal values and personality traits, in comparison with the normative population, through validated scales for the Portuguese population, in order to identify those interpersonal values and personality traits that actually have an influence in the participant’s self-selection mediated by the informed consent. The incidence of non-drug complaints was studied, several personality and psychological characteristics were assessed through specific scales, and correlations between personality scores and the incidence of complaints were explored. The influence of personality traits on the probability of reporting adverse events during participation in phase I studies was also investigated. The results show that economic rewarding is the main motivation for participation in phase I studies in most participants, but other motivations (such as curiosity and the desire to contribute the progress of medicine) are also valued. Economic rewarding motivation showed to be inversely correlated with the subject’s monthly income and educational degree. Personality traits and interpersonal values showed to be strong self-selectors in the decision to volunteer to phase I studies participation. In a control group invited to participate in a phase I study, no influence of any of the socio-economic variables on the willingness to participate was found, but some personality traits showed to be significant predictors of participation. Participants in phase I studies are a population of more benevolent, more extraverted and less anxious subjects than the normative population. Since a direct correlation was demonstrated between anxiety and the incidence of non-drug complaints, and between anxiety and the incidence of adverse events during participation in phase I studies, it can be concluded that phase I participants are a self-selected population of subjects less prone to report complaints than the normative population. For the drug eslicarbazepine acetate, a correlation was found between the absorption rate and the anxiety levels. In order to increase the contribution of phase I studies to informed early “go/no go” decisions during clinical development of new medicines and to the generation of information that can generate response or tolerability/safety markers that will allow stratification during 125 Caracterização Psico-social de Voluntários Saudáveis em Ensaios Clínicos de Farmacologia Humana e sua Correlação com os Resultados de Tolerabilidade e Farmacocinética the therapeutic clinical trials and the development of personalised medicine, it appears to be highly recommendable to collect as much as possible individual information during phase I studies, including psychometric data. The assessment of the participant’s anxiety appears to be relevant and easy to implement. 126 Bibliografia Discussão e Conclusões Allison M (2008). Is personalized medicine finally arriving? Nat Biotechnol 26:509-517. 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