Baixar PDF - Fecomércio-RS

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Baixar PDF - Fecomércio-RS
Entrevista eline bullock desvenda a geração y e mostra o que as empresas podem aprender com ela
Fecomércio-RS
BENS&SERVIÇOS
Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul – Número 89 / setembro 2012
segurança do trabalho
Entenda
mais sobre
Cipa e Sipat
marcas
O que faz uma
marca forte no
mercado
tendência
as demandas do
consumidor do futuro
Avenida Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro
CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – Brasil
Fone: (51) 3284.2184 – Fax: (51) 3286.5677
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EXPEDIENTE
Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS Federação do
Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul
Presidente: Zildo De Marchi
Vice-presidentes: Luiz Carlos Bohn, Ronaldo Netto Sielichow, Levino Luiz Crestani,
sumário
Luiz Antônio Baptistella, Jorge Ludwig Wagner, Antônio Trevisan, André Luiz Roncatto,
Arno Gleisner, Cezar Augusto Gehm, Flávio José Gomes, Francisco José Franceschi,
Itamar Tadeu Barboza da Silva, Ivanir Antônio Gasparin, Joel Vieira Dadda, Leonardo
Ely Schreiner, Leonides Freddi, Luiz Caldas Milano, Moacyr Schukster, Nelson Lídio
Nunes, Olmar João Pletsch, Olmiro Lautert Walendorff, Julio Ricardo Andriguetto
Mottin, Alécio Lângaro Ughini, Ibrahim Muhd Ahmad Mahmud, Renzo Antonioli, João
Oscar Aurélio, Maria Cecília Pozza, Manuel Suarez Cacheiro, Joarez Miguel Venço, Ivo
José Zaffari, Jaime Gründler Sobrinho, João Francisco Micelli Vieira
agenda
Diretores: Adair Umberto Mussoi, Ary Costa de Souza, Carlos Cezar Schneider, Celso
notícias & negócios
Canísio Müller, Cladir Olimpio Bono, Darci Alves Pereira, Edson Luis da Cunha, Edison
Elyr dos Santos, Élvio Renato Ranzi, Francisco Squeff Nora, Gabriel de Oliveira Souto Jr.,
Gerson Nunes Lopes, Gerson Jacques Müller, Hélio Berneira, Henrique José Gerhardt,
Isabel Cristina Vidal Ineu, Jamel Younes, Joel Carlos Köbe, Jorge Salvador, José Nivaldo
da Rosa, Jovino Antônio Demari, Liones Oliveira Bitencourt, Luís Alberto Ribeiro
de Castro, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Henrique Hartmann, Marco Aurélio Ferreira,
Marcos André Mallmann, Marice Fronchetti, Milton Gomes Ribeiro, Paulo Roberto
Kopschina, Paulo Renato Beck, Rogério Fonseca, Rui Antônio dos Santos, Sérgio José
Abreu Neves, Sueli Lurdes Morandini Marini, Tien Fu Liu, Túlio Luis Barbosa de Souza,
Walter Seewald, Zalmir Francisco Fava. Diretores Suplentes: Airton Floriani, Alexandre
Carvalho Acosta, André Luis Kaercher Piccoli, Antonio Clóvis Kappaun, Arlindo Marcos
Barizon, Carmen Zoleike Flores Inácio, Clobes Zucolotto, Daniel Miguelito de Lima,
Dinah Knack, Eduardo Vilela Neves, Eider Vieira Silveira, Ernesto Alberto Kochhann,
Everton Barth dos Santos, Francisco Amaral, Gilberto José Cremonese, Gilmar Tadeu
Bazanella, Hildo Luiz Cossio, Janaína Kalata das Neves, Jair Luiz Guadagnin, Jarbas Luff
Knorr, João Antonio Harb Gobbo, Jorge Alfredo Dockhorn, José Joaquim Godinho
Cordenonsi, José Vilásio Figueiredo, José Vagner Martins Nunes, Juares dos Santos
Martins, Jurema Pesente e Silva, Ladir Nicheli, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Brum,
Marcus Luis Rocha Farias, Miguel Francisco Cieslik, Paulo Ganzer, Ramão Duarte de
Souza Pereira, Régis Luiz Feldmann, Ricardo Pedro Klein, Romeu Maurício Benetti, Silvio
Henrique Frohlich, Susana Gladys Coward Fogliatto, Valdir Appelt
palavra do presidente
sustentabilidade
guia de gestão
opinião
entrevista
marcas
tendência
saiba mais
segurança do trabalho
Conselho Fiscal
Titulares: Rudolfo José Müssnich, Erselino Achylles Zottis, Fábio Norberto Emmel
Suplentes: Luiz Roque Schwertner, Nelson Keiber Faleiro, Gilda Lúcia Zandoná
segmento
Delegados Representantes CNC: Titulares: Zildo De Marchi, Moacyr Schukster
tributos
Suplentes: Luiz Carlos Bohn e Ivo José Zaffari
Conselho Editorial: Júlio Ricardo Andriguetto Mottin, Luiz Carlos Bohn
e Zildo De Marchi
Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Caroline Santos,
Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, Liziane de Castro,
Luana Trevisol, Simone Barañano e Sinara Oliveira
PRODUÇÃO E EXECUÇÃO: Temática Publicações
equipes
Edição: Fernanda Reche (MTb 9474)
CHEFE DE Reportagem: Luísa Kalil
visão tributária
Reportagem: Ana Paula Sardá, Belisa Lemes da Veiga,
Luísa Kalil, Marcelo Salton Schleder, Patrícia Campello e Rafael Tourinho Raymundo
Priscilla Buais Avila e Ricardo Setyon
Edição de Arte: Silvio Ribeiro
Revisão: Flávio Dotti Cesa
Impressão: Pallotti
Selo FSC
É permitida a reprodução de matérias, desde
que citada a fonte. Os artigos assinados não
refletem, necessariamente, a opinião do veículo.
glossário
visão trabalhista
mais & menos
FOTO DE CAPA: Carlota Pauls
Tiragem: 25,5 mil exemplares
sesc
senac
Coordenação Editorial: Simone Barañano
Colaboração: Edgar Vasques, Luiza Muttoni,
personalidade
Esta revista é impressa com papéis
com a certificação FSC (Forest
Stewardship Council), que garante
o manejo social, ambiental e
economicamente responsável da
matéria-prima florestal.
visão política
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&
BENS SERVIÇOS
Tendência
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Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
O futuro chegou
Pesquisas apontam tendências para o
consumo e as principais demandas do
consumidor em 2020
a pesquisadora da juventude
Eline Kullock é uma das maiores especialistas em Geração Y
empresas podem aprender com ela
entrevista
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no país. Saiba quais são os traços dessa geração e o que as
estacionar é um ótimo negócio
Tudo o que você precisa saber sobre as vantagens
segmento
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em estacionamentos
equipes
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e os cuidados necessários para investir como empreendedor
flexibilidade na cultura empresarial
flexibilização de horários e em quais casos essa iniciativa
pode trazer melhores resultados
05
Conheça a história de empresas que apostam na
A G E N D A
setembro / outubro
4/09
12 e 13/09
De 25/09 a 05/10
DROGADIÇÃO
O objetivo do evento produzido pelo
Senac Centro é de conscientizar os
jovens sobre as drogas. A palestra
será ministrada pelo Denarc em dois
turnos: manhã (a partir das 10h) e
tarde (a partir das 14h30). Site: www.
senacrs.com.br/comunidade.
FEIRA DE PROJETOS
A Feira de Projetos do Senac-RS
ocorre no Sesc Campestre (Av.
Protásio Alves, 6220 – Porto Alegre),
com o tema No que é possível
inovar para melhorar ou aprimorar
o desenvolvimento da vida de modo
sustentável. Mais informações pelo
site www.portal.senacrs.com.br/site/
eventos_feira_projetos.asp.
TURNÊ
O espetáculo Oxigênio, da Companhia
Brasileira de Teatro (PR), participante
do Circuito Nacional Palco Giratório,
do Sesc, estará em cartaz em
Gravataí, Novo Hamburgo, Caxias do
Sul, Passo Fundo e Ijuí.
5/09
WEB DESIGNER
O Senac São Leopoldo e o docente
Ademir Felipe Flores Meissinger
ministram a palestra Web Designer: A
mídia, o mercado e a criação. O valor
da inscrição é 1kg de alimento não
perecível ou um brinquedo. Para mais
informações acesse www.senacrs.
com.br/saoleopoldo.
26/09
ANIVERSÁRIO
Para comemorar os cinco anos
da Unidade Senac Santana do
Livramento, uma palestra será
oferecida ao público: Gestão,
Congestão e Indigestão – Os problemas
de gestão que as empresas e gestores
encontram nas suas rotinas diárias,
a administração das mudanças e
adaptação das mudanças às novas
realidades de mercado, com César
Augusto Pancinha Costa. Site: www.
senacrs.com.br/santanadolivramento.
19/09
EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA
Senac Cachoeira do Sul realizará
exposição fotográfica dos alunos
do curso de Fotografia Digital com
Photoshop. Contato pelo telefone:
(51) 3722-3187 ou pelo site www.
senacrs.com.br/cachoeiradosul.
Até 14/09
PROJETO eRICO VERiSSIMO
Em comemoração aos 50 anos da publicação de O tempo e o vento, o Sistema
Fecomércio-RS/Sesc e a Associação Lígia Averbuck promovem a turnê do
espetáculo O Sobrado, do Grupo Cerco, e com apoio da Fundação Maurício
Sirotsky Sobrinho distribuem livros a escolas de oito cidades gaúchas.
Myra Gonçalves
29 e 30/09
JOGOS
O Sesc promoverá a final estadual
da segunda edição do Jogos Sesc de
Masters e Sêniors, em Erechim.
O objetivo da iniciativa é incentivar a
prática do esporte para pessoas com
40 anos ou mais.
30/09
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CORRIDA
O Circuito Sesc de Corridas chega a
Ijuí, com prova adulta (a partir
de 16 anos) nas modalidades de 3
km, 5 km e 10 km; e percurso infantil
com 1 km e 2 km.
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
Divulgação/ Fecomércio-RS
Palavra do Presidente
Zildo De Marchi
Presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac
A s mudanças do amanhã
O consumo permeia todos esses aspectos: ele pode ser praticado de forma
mais consciente, transparente e colaborativa. E isso não depende apenas das
exigências dos consumidores, mas de
nós, empreendedores do comércio de
bens e serviços.
A Fecomércio-RS está atenta a essas
tendências, e estamos certos de que o futuro que está por vir será glorioso.
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
Ainda em 2010 um estudo realizado pelo Sistema Fecomércio/Sesc/Senac
apontou que, em 2020, devemos registar
um aumento na população idosa, e que
jovens adultos entre 20 e 40 anos ocuparão, em média, 30% da pirâmide etária no
Estado. Com a promessa de que a renda
familiar e individual aumentará nos próximos anos, o consumo permanecerá em
alta, apenas mais focado nesses públicos.
Não há bola de cristal que revele
exatamente o que irá acontecer, mas
uma medida simples a ser tomada pelas
empresas é o acompanhamento dessas
mudanças. Inevitáveis, elas não precisam ser interpretadas como algo negativo, e sim, como o aprimoramento da
vida, tal como a conhecemos. Temos a
chance de criar um futuro melhor não
apenas para as gerações mais novas, mas
para nós mesmos.
07
Como será o consumidor em 2020?
Quais serão suas demandas e que tipo de
marca ou empresa ele valorizará? Quais
serão as empresas de maior destaque no
mercado? Essas perguntas e muitas outras vêm sendo respondidas, aos poucos,
por meio de estudos que apontam possíveis tendências. Algumas já estão sendo
comprovadas pelo mercado, outras ainda
estão por vir. Dois pontos são inegáveis:
a tecnologia e a sustentabilidade chegam com uma força suprema. Enquanto
a primeira facilita inúmeros aspectos da
vida humana, a segunda firma-se como
a questão central para o futuro de nossa
sobrevivência. Os três setores da economia – agricultura, indústria e comércio
–, se antenados a estas tendências e
unidos ao governo, terão a capacidade
de transformar o cenário econômico de
uma cidade, estado ou país.
Í C I A S
Edgar Vasques
N O T
08
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
O Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac
celebra, no dia 3 de agosto, os 67 anos
de sua luta pelas melhores condições de
trabalho aos comerciantes do setor de
bens e de serviços do Rio Grande do
Sul. O começo da história foi em 1945,
quando a mais antiga federação varejista
abria as portas no Estado, ao lado de
outras quatro representações similares.
Em janeiro de 2000 elas se uniram e
deram corpo a esta entidade que hoje
abriga 112 sindicatos patronais e 580
mil empresas responsáveis pela geração
de 1,4 milhão de empregos formais e
de 47,5% do PIB gaúcho.
Para presidente do BC, economia está reagindo
Durante sua participação no 12º Congresso
Fenabrave (Feira de Negócios da Distribuição Automotiva), em São Paulo, em agosto,
o presidente do Banco Central, Alexandre
Tombini, demonstrou otimismo com a reação
da economia, em tempos nos quais o PIB está
sendo apontado como um dos mais baixos
da história do país. “Estimativas do mercado e
dos organismos internacionais apontam para
a aceleração do crescimento nos próximos
trimestres, em um ambiente de preços sob
controle, com inflação convergindo para a meta”, disse. Para ele, o choque
de oferta é ocasionado por fatores climáticos que dificultam a produção
de determinados insumos fundamentais nas lavouras. A saída para isso
tudo são os estímulos ao crédito que o Governo vem preparando, além
da ascensão de empregos e, consequentemente, de renda. “O mercado de
crédito reúne condições pelo lado da oferta e da demanda para continuar
se expandindo de forma sustentável pelos próximos anos”, conclui.
ilker/Stock.xchng
Sistema Fecomércio
comemora aniversário
&
&
José Eduardo Ramos da Silva
N E G Ó C I O S
Sesc terá nova USSP no Estado
Laureano Bittencourt
Com o objetivo de auxiliar na qualidade de vida da população de baixa renda
dos 496 municípios gaúchos, o Sesc contará com a segunda Unidade Sesc
de Saúde Preventiva (USSP) no Rio Grande do Sul, a partir do ano que vem.
Através da ajuda de aparelhos que reduzem o tempo de diagnóstico, o projeto
pioneiro no país permite o acesso da comunidade à exames como mamografias, ultrassom (ambos sob prescrição médica), citopatológicos de colo de
útero, colesterol, triglicerídeos, diabetes, hipertensão e eletrocardiogramas. No
segundo semestre de 2009, a primeira USSP circulou no Estado e partir daí, já
passou por 16 cidades e realizou cerca de 22 mil assistências gratuitas.
Tendências de moda para as
próximas estações
Esporte chic: tecidos em nylon, plástico e emborrachados aparecem nos acessórios (bolsas, óculos
e relógios). As roupas são feitas com materiais
que auxiliam a pele a respirar, além de ser muito
confortáveis. O design apela para as listras, para as
roupas mais folgadas e decotes de nadador.
Estampas de natureza: Flores, frutas e animais dão
vida a vestidos, sapatos, shorts, blusas e bolsas.
Tons pastel: As empresas devem apostar em produtos com essa cartela de cores, mas com cautela.
Os consumidores tendem a enjoar desses tons.
Saias Mullet: Mantém a assimetria da frente curta e
a das costas longa para vestidos e maxi saias.
Transparências: Ideal para o calor, tecidos leves,
esvoaçantes, frescos e leves, como os transparentes, são a peça-chave do guarda-roupa de verão.
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
Entre os dias 14 e 26 de janeiro do próximo ano, o 3º Festival Internacional Sesc de Música desembarca na cidade de
Pelotas, no sul do Estado. A programação cultural contará
com 40 espetáculos gratuitos, como recitais, música de
câmara, concertos e música instrumental. Além disso, os
participantes poderão participar de 30 oficinas instrumentais e de canto, entre elas cordas, madeiras, metais, piano,
coral, choro e jazz. Os alunos que se cadastrarem poderão
optar pelo turno das aulas (manhã ou tarde) e compartilharão experiências com 203 artistas do Brasil, do Mercosul, da Ásia e da Europa. As inscrições estão abertas até 5
de outubro deste ano. Para isso, além de acessar o www.
sesc-rs.com.br/festival, os interessados devem publicar
um vídeo no Youtube informando nome de professores,
escolas e obras que executam. Para aqueles que já atuam
em orquestras profissionais, é necessário dizer o nome da
instituição e a função exercida. Os participantes selecionados serão divulgados no site no dia 29 de outubro.
09
Inscrições abertas
para Festival de Música
Os comerciantes que trabalham com o setor
de vendas de roupas e acessórios e ainda não
totalizaram seus pedidos para primavera/verão
2012 devem garantir desde já as peças que serão
hits nessas estações. Entre as novidades apresentadas nas semanas de moda dos principais centros
fashionistas mundiais – como Londres, Paris, Nova
Iorque, Milão e São Paulo – estão:
N O T
Í C I A S
Divulgação/Fecomércio-RS
Fecomércio-RS lança Agenda Legislativa 2012
No início de agosto, O Sistema Fecomércio-RS lançou a Agenda Legislativa
de 2012, cujo intuito é mostrar a visão da entidade a respeito dos projetos de
lei que interessam ao setor terciário gaúcho, e que ainda estão em tramitação
na Assembleia Legislativa. Dos 32 citados na publicação, 81,25% não agradaram a Federação, por terem ideias que vão à contramão do que é defendido
pelo Sistema. Segundo o presidente Zildo De Marchi, os itens polêmicos são
a formalização e longevidade das empresas, racionalização dos impostos e
modernização na relação entre capital e trabalho. Tendo o material em mãos,
empresários do setor e autoridades políticas poderão cobrar retornos dos
parlamentares com o subsídio necessário para isso.
Alternativas sustentáveis na Feira do Empreendedor
10
Panorama sobre diferentes
mídias no país
Senac-RS marcou
presença na Courovisão 2012
A publicação anual lançada pelo Ibope Media, o
Media Book, agrupa dados sobre o consumo de
meios de comunicação de massa em 13 países
da América Latina. A edição de 2012 traz dados
referentes à penetração desses veículos no cotidiano
das famílias brasileiras. A plataforma mais consumida
continua sendo a televisão aberta, com 97% de ingresso, seguida pelo rádio, com 76%, internet (53%),
jornais (46%), TV por assinatura (35%) e revistas
(33%). Já a atração mais assistida continua sendo a
novela, que angariou 38,5 pontos de audiência em
2011. O maior aplicador foi o setor do comércio,
que contabilizou aos cofres das empresas U$$ 11
bilhões, sendo a TV a cabo e os jornais os que mais
se beneficiaram desse montante, apresentando
índices de 53% e 20%, respectivamente.
A edição 2012 da Courovisão, que aconteceu nos dias 28, 29
e 30 de agosto na Fenac, em Novo Hamburgo, contou com a
presença do Senac-RS. No dia 28, os alunos do curso Técnico
em Criação e Coordenação de Moda apresentaram um desfile
com 30 looks próprios. Já no dia 29, houve a palestra Moda e
Comportamento, com a
participação da estilista
Isabela Capeto e da
jornalista Ana Clara Garmendia, e mediação do
coordenador de moda do
Senac-RS, Márcio Weiss.
Nesse dia, os participantes da feira também
puderam conferir o Estúdio Courovisão, com os
alunos de Canoas e Novo
Hamburgo.
Fábio Winter e Lu Freitas/Divulgação Fenac
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
O Sebrae-RS promove a Feira do Empreendedor, que acontece entre os dias 27 e 30 de setembro, das 14h às 21h, no Centro de
Exposições da Fiergs, em Porto Alegre. No espaço Onde boas idéias viram ótimos negócios, serão apresentadas vinte orientações,
oriundas de pesquisas realizadas pela entidade, sobre dados necessários para quem pretende abrir uma empresa ecologicamente
correta, socialmente justa e economicamente viável. Além disso, a entidade disponibilizará consultores para esclarecer dúvidas e ajudar
os aspirantes a empreendedor a escolherem o melhor momento para abrir um negócio, através de etapas de análise de mercado e
projeção de faturamento, que mostrarão para o empresário onde, como, quando e para quem oferecer seus produtos e serviços.
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N E G Ó C I O S
Divulgação/Senac-RS
O Senac-RS oferece
diversas opções de cursos
de especialização para
aqueles que buscam crescer
profissionalmente ou até
mesmo ampliar os horizontes dentro da área de
atuação. Entre as opções,
destacam-se os setores de
Artes, Educação, Gestão,
Informática, Meio Ambiente
e Saúde. Se o tempo está curto e o estudante almeja conciliar
tarefas, a opção EAD é a melhor escolha. As aulas são a distância
e o material didático é disponibilizado online, permitindo que o
aluno participe de fóruns de discussão com os colegas e professores através do computador. As inscrições encerram no dia 15 de
setembro. Para mais informações acesse www.senacrs.com.br/pos
ou ligue para (51) 3284-1990.
Empreendedores Individuais
ultrapassarão MPEs
Criada em 2009, a categoria de Empreendedores
Individuais (EIs) vem adquirindo cada vez mais
mercado. É o que comprova um apontamento
realizado pelo Sebrae Nacional. Hoje, são 2,1
milhões pessoas que abriram seu negócio sozinhas,
enquanto as pequenas companhias totalizam 3,9
milhões. A estimativa para 2014 é que haja aumentos para 4,3 milhões de empreendedores individuais e 4,2 milhões para empresas, o que indica
tempos favoráveis para quem deseja se tornar um
EI. Ainda segundo a pesquisa, o comércio e os serviços são os setores que mais abrigam empresários
individuais, sendo a lista encabeçada pela venda de
roupas (214 mil proprietários solo), seguida por
cabeleireiros (151 mil), obras de alvenaria (62 mil),
lanchonetes (59 mil), e minimercados (54 mil).
três perguntas
Considerado um dos gurus da área de gestão, César Souza alerta para a importância das empresas
reorganizarem seus processos a partir das demandas do século 21. Essa transformação também requer uma
nova postura do líder, mais customizada e menos por “atacado”.
Carlota Pauls
Pós-graduação a distância
Pessoas felizes produzem mais. Com uma relação mais próxima é possível realizar ações individualizadas e menos por “atacado”
capazes de gerar felicidade?
Souza Sem dúvidas. A maioria das pessoas é infeliz no local trabalho, em função das corporações não permitirem que os
colaboradores tenham autonomia para desenvolver seu potencial e exercer a criatividade.
Assim como hoje há um apagão de profissionais, há também um apagão de lideranças?
Souza Com certeza. Há três anos fiz uma pesquisa com 1.065 representantes de empresas. Perguntei se a organização
dispunha de líderes na quantidade e na qualidade necessárias para o momento de crise da economia: 71% disseram que
não. Recentemente, em um congresso, questionei novamente e o número aumentou para 87%. Esses dados graves mostram
que é preciso tomar uma providência urgente no sentido de recapacitar os líderes da atualidade.
11
Souza É importante o neolíder entender que as pessoas não querem mais ser tratadas como um “cargo”, pois
isso não estimula produtividade e comprometimento. A liderança precisa aprender a customizar a relação com as pessoas,
entender quem é aquele ser, seus sonhos e necessidades. Os bons líderes que eu conheço dedicam aproximadamente 40%
do seu tempo às pessoas.
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
No livro A neoempresa, o senhor aborda as características necessárias para uma empresa crescer no século 21, entre
elas, o perfil do novo líder. Esse profissional precisaria customizar a relação com o liderado. Como é possível aplicar
essa teoria na prática?
S ustentabilidade
um jeito
“verde” de ser
Para que um empreendimento seja sustentável, vale cuidar os detalhes que o compõe,
desde sua concepção, se possível. Seja a redução do consumo de energia ou embalagens
de papel reciclado, o que importa é estar atento às demandas do planeta (e dos clientes)
12
comum imaginar que todo projeto sustentável custa caro e que o retorno
não é imediato. Albert Koelln, arquiteto,
prova que as coisas não são bem assim.
“Sustentabilidade é, primeiro, respeitar
a geografia, e isso não é caro.” Alguns
materiais e tecnologias, como o coletor
solar, sim, têm um valor elevado. No entanto, nesse caso, a média de redução de
gastos com eletricidade é de 30%. Sendo
assim, o investimento inicial se transforma em economia e ajuda a gerar energia
limpa, gratuita e infinita.
A inspiração para abrir a empresa de
arquitetura sustentável surgiu quando
Koelln e sua sócia, Ingrid Dahm, estagiaram na Alemanha. Lá, eles perceberam
a existência de vários escritórios como
o que vieram a montar em 2009, em
Porto Alegre, o Cubo Verde. “Já tinha a
ideia, mas lá identifiquei o foco do negócio”, lembra. A partir daí, ele passou
a dispensar os projetos convencionais
para se dedicar apenas aos ecológicos,
que demandam ainda mais criatividade
Bens & Serviços / Julho 2012 / Edição 87
e adaptação. “Sustentabilidade é um ciclo, é pensar desde o anteprojeto, passando pela supervisão até o descarte de
materiais”, descreve.
Koelln conta que é procurado por
curiosos que ainda não sabem como
funciona um investimento assim. Quem
realmente fecha um contrato com o
Lúcia Simon
É
Texto: Belisa Lemes da Veiga
Para construir o Café Bonobo, Marcelo Guidoux
Kalil inspirou-se no período que morou em Londres
Cubo Verde é porque quer realizar uma
obra com o mínimo de desperdício e
investir em fontes menos poluentes de
energia. “São pessoas de todos os ramos
que querem agregar sustentabilidade ao
negócio”, esclarece. Diferente de quando se constrói do zero, no caso de uma
reforma, às vezes é necessário adaptar. É
o caso do sistema de captação de água
da chuva, que depende da gravidade
para ser implantado. Koelln relata que já
foi necessário enterrar uma caixa d’água
no solo, pois o local não comportava um
reservatório suspenso.
Hoje não é mais necessário comprar
móveis novos para equipar uma sala ou
um restaurante. Trabalhando também
com arquitetura de interiores, o arquiteto conta que é possível reutilizar os já
existentes, diminuindo o consumo de
madeira. Ele dá o exemplo de um bar,
em Porto Alegre, que foi decorado apenas com mobiliário já existente nos fundos da casa. “Eles tinham um depósito e
todos os móveis saíram dali”, relembra.
silvio ribeiro
Marcelo Guidoux Kalil e Valesca
Kuhn sempre tiveram a ideia de abrir
um restaurante sustentável, onde quase
toda a matéria-prima dos pratos saísse
do próprio quintal. Em 2009, se estabeleceram no bairro Bom Fim, em Porto
Alegre, e deram início ao Café Bonobo.
O antigo sobrado, que já abrigou uma
galeria de arte, agora é um lugar que
serve comida vegana (que elimina o
uso de produtos de origem animal). “As
pessoas vêm porque a comida é gostosa.
A maioria nem é vegana”, conta.
Com as próprias mãos, eles reformaram a casa, transformando a garagem em
sala de estar e depois em um salão, com
capacidade para 30 pessoas. O conceito
de sustentabilidade abrange toda decoração do local, onde parte das cadeiras,
mesas, molduras, estantes e quadros foi
adquirida no lixo. O restante foi comprado em lojas de móveis usados.
Marcelo conta que a inspiração
veio do tempo em que morou em Londres. “Lá, conheci um formato que se
assemelha mais a uma cooperativa”,
relata. Na horta, há árvores nativas,
feijão vermelho e uma grande variedade chás. O que não cresce ali, é adquirido na feira de produtos ecológicos do
bairro. “Compramos pronto suco de
uva, cerveja (de produtores artesanais
da região) e vinho (chileno, sem conservantes).”
Para regar as plantas e limpar a casa,
eles montaram uma estrutura caseira de
reutilização da água da chuva. O sistema
para captação de energia solar funciona
desde o ano passado e já trouxe resultados. “O primeiro painel solar custou
R$ 2 mil, e, em menos de um ano, já
economizamos o equivalente a um mês
de energia elétrica.” Para reduzir ainda
mais o consumo, eles planejam adquirir
o segundo em breve. As lâmpadas que
iluminam o café são de LED e custam
cerca de R$ 20 cada. Não há ar-condicionado, mas dois ventiladores de teto.
Para incentivar o uso de bicicletas,
o Café Bonobo implantou um bicicletário. Mas, como revela Kalil, “a maioria
das pessoas ainda vêm de carro”. Junto
ao caixa, é possível levar para casa uma
muda de planta, como o abacateiro.
Eles não vendem refrigerantes e a água
servida aos clientes não é mineral, mas
potável, evitando a eliminação de resíduos ao meio ambiente.
Loja Eco
Planejada com foco na ecoeficiência, a C&A Eco, no centro da capital
gaúcha, foi a primeira loja ambientalmente sustentável da rede no Brasil, seguindo o modelo da primeira no mundo
da marca, localizada em Mainz, na Alemanha. O projeto foi elaborado com o
objetivo de reduzir emissões de carbono e racionalizar o consumo de água e
energia. Toda a concepção da loja e sua
operação funcionam de maneira sustentável, desde a utilização de produtos
corretos até a criação de um espaço de
sustentabilidade ao cliente. Para isso, a
loja adotou um coletor de lixo eletrônico, paredes claras que melhoram as
condições térmicas (reduzindo, assim,
o uso do ar-condicionado) e sacolas
oxibiodegradáveis, em substituição às
de plástico, além de papel reciclado nas
embalagens de presente e em todo o
material de papelaria utilizado pela empresa, entre outras soluções.
Bens & Serviços / Julho 2012 / Edição 87
13
Da horta à decoração
G uia de Gestão
Curtindo
a interação digital
As mídias sociais promoveram, na última década, mudanças no relacionamento entre
empresas e o público-alvo. Conheça as particularidades das principais redes e como
elas podem ser usadas para impulsionar o seu negócio
14
s mídias sociais deixaram
de ser novidade. Em 2012, Twitter e
Facebook são quase tão familiares para
os usuários de internet quanto o e-mail
e os comunicadores instantâneos. Para
as empresas, é uma oportunidade de
tornar seus produtos e serviços mais conhecidos, sem a necessidade de investir
muitos recursos financeiros. Essa aparente facilidade de veicular as marcas
para os consumidores esconde armadilhas e ainda hoje é comum encontrar
companhias sem uma estratégia adequada para a rede.
Como qualquer estratégia de comunicação, é preciso estudar qual a
tática correta para atingir o públicoalvo e potencializar a divulgação da
marca. O primeiro passo para obter
sucesso nas mídias sociais é compreender o seu funcionamento. Os blogs
corporativos são mais indicados para
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
quem deseja publicar conteúdo mais
longo, e são frequentados por um público que conhece ou tem interesse em
saber mais sobre a marca. Já as redes
sociais se baseiam em relacionamentos
e tem uma dinâmica veloz. Uma interação inadequada é capaz de gerar um
impacto negativo sobre o negócio.
Para fortalecer a presença na internet, as organizações recorrem a profissionais especializados no meio digital.
Eles auxiliam a identificar o interesse
de potenciais clientes, estabelecer objetivos, planejar ações e promoções, além
de fazer um acompanhamento constante para eventuais mudanças de cenário.
Sócio-proprietário da agência de
comunicação digital Sudhouse, Duda
Miralha diz que as relações com o público sempre fizeram parte da rotina das
empresas. Na avaliação do especialista,
a principal mudança – e que assusta
muitos gestores – é a rapidez com que
as interações acontecem. “Há um abismo entre o que era realizado até uma
década atrás, o que está sendo feito
hoje e as projeções das novas tecnologias”, explica.
Carlos Eduardo Azevedo
A
Texto: Marcelo Salton Schleder
Miralha: é necessário monitorar e acompanhar a
repercussão das postagens
uma estratégia. Usar da criatividade é
essencial para levar aos clientes temas
de interesse e que tenham relação com
o negócio da empresa. Depois disso,
com o acompanhamento da repercussão das postagens, é possível direcionar
as novas interações de acordo com os
interesses do público.
Um exemplo consagrado de ação
nas mídias sociais são as ofertas exclusivas. Elas permitem às organizações
criar uma base de seguidores. Outras
práticas aconselháveis são dicas de uso
de produtos, avisos sobre serviços e
compartilhamento de causas relacionadas à atuação da empresa. Entretanto,
Miralha ressalta que a eficiência das
ações podem sofrer grandes variações.
“O certo é que não há fórmula. O que
deu certo pela manhã pode causar um
grande ruído no final da tarde, porque
do outro lado existem pessoas, que alternam suas opiniões em função das
mais diversas motivações”, comenta.
CASOs DE SUCESSO
INFORMAÇÃO
Ter um relacionamento próximo
com os consumidores é o sonho de qual-
quer organização. As mídias sociais permitem isso, mas é preciso oferecer atrativos para que os usuários acompanhem
as ações da empresa. Conhecer o receptor é fundamental. “Para falar você deve
ouvir primeiro, por isso é tão importante
uma etapa inicial de monitoramento,
que produzirá uma matriz de conteúdo
dos principais temas de interesse de cada
público”, destaca Miralha.
A partir desse monitoramento, há
elementos suficientes para a criação de
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
15
Independentemente da empresa
optar pela ausência nas mídias sociais,
os clientes estarão lá, prontos para dar
depoimentos sobre a qualidade dos produtos e do atendimento, a pontualidade
da entrega e o processo de pós-venda.
É o tradicional boca a boca, porém nas
mídias digitais ele é mais forte.
A gerente de Marketing da franquia
da Pizza Hut no Rio Grande do Sul,
Dana Chmelnitsky, avalia que a sensibilidade é um emento-chave para o
sucesso nas mídias sociais. “Gerenciar
um perfil é mais baseado em um exercício de empatia do que de técnica.” Na
empresa, há uma preocupação constante em ser cordial e útil aos seguidores.
“Por ser uma ferramenta extremamente
segmentada e espontânea, temos que
ter o cuidado em postar conteúdo de
relevância e não sermos invasivos.”
A estratégia deu certo. Através da
divulgação de campanhas promocionais e lançamento de produtos, a Pizza
G uia de Gestão
Hut superou a marca de 3 mil seguidores
no Twitter e de 10 mil no Facebook. “É
necessário entender as movimentações
da sociedade e caminhar no mesmo sentido. A forma de se comunicar mudou, e
precisamos entender isso e nos adequar.
As redes sociais nos permitem criar um
relacionamento que não esteja baseado
no processo de compra e venda”, comenta Dana.
A rede de lojas Gang tem como público-alvo os adolescentes, categoria de
consumidor mais inserida no ambiente
online. “A prioridade é o conteúdo que
envolva as promoções. Ainda assim,
postamos muito conteúdo sobre os lançamentos e tendências da moda, sempre tentando relacionar com os nossos
produtos e com o interesse dos clientes”, diz a coordenadora de Marketing
da empresa, Letícia Steibel.
Na Gang, todo o conteúdo de mídias sociais é programado com uma
semana de antecedência. Contudo, a
empresa não deixa de acompanhar os
assuntos mais comentados e promove
modificações conforme a necessidade.
Hoje, são 9,4 mil seguidores no Facebook e 8,5 mil no Twitter, além de um
blog e página no Orkut.
DIFERENÇAS
Facebook, Twitter, Orkut, Google+, Pinterest. Com tantas opções,
fica a questão: como conciliar ações em
redes tão diferentes? Para responder, os
gestores devem considerar o perfil do
público a ser atingido, as ferramentas
de cada serviço, se o conteúdo é de foco
promocional ou institucional e qual o
objetivo da estratégia.
Há empresas que optam em criar
conteúdo diferente para cada rede social, em razão dos diferentes tipos de
interação e consumo. Outro grupo prefere integrar as contas, concentrando a
maior parte do conteúdo em uma delas.
Miralha esclarece que, além das ferramentas, o tempo de vida de uma postagem costuma variar de acordo com a
rede. “A interface do Twitter torna seu
uso direcionado para pessoas que con-
Passo a passo
Saiba como montar uma estratégia de sucesso nas mídias sociais
Conheça o público alvo: classe social, sexo, faixa etária e interesses
Estude a maneira mais adequada de se relacionar: tipo de mensagem com
maior aceitação e hábitos de uso da internet
Ouça e interaja: o cliente se sente valorizado
Poste conteúdo relevante: relacione os produtos da empresa com a
utilidade para o consumidor
Aprenda a ser sucinto: o texto não deve ultrapassar poucas linhas
Mantenha os contatos atualizados: aumente as chances de interação
16
Crie metas periódicas: revise a linha de ação constantemente
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
sigam estar atentas às postagens no momento em que surgem, e daí repassam
para o seu grupo. Já no Facebook, ocorre um consumo de interesse e pesquisa, onde o comportamento é de busca
por assuntos interessantes na linha do
tempo e o comentário, por vezes com
grande lapso de tempo da postagem
original, ainda assim pode desencadear
um novo debate”, ensina.
A Pizza Hut faz um trabalho específico para cada rede que atua, com resultados variados. “A interatividade é muito maior, no Facebook, pois além de ter
mais de 140 caracteres, pode se postar
imagens, e é possível fazer comentários,
que geram interação e efeito viral entre
os amigos de quem curte nossa página.
O tempo de vida da publicação é muito
maior do que no Twitter”, relata Dana.
Só as experiências de cada companhia irão determinar quais as escolhas
corretas. O importante é que as empresas estejam preparadas para aproveitar
a oportunidade de interação da melhor
forma, com respostas rápidas e monitoramento para identificar oportunidades.
Nas mídias sociais, a interação amplia o poder do consumidor. Dessa forma,
é comum que clientes insatisfeitos façam
reclamações públicas e cabe às empresas
estar preparadas para um retorno veloz
para solucionar o problema. “Quando
recebemos alguma reclamação, vamos in
loco entender o que houve para dar um
retorno personalizado e real para cada
situação”, relata a gerente de Marketing
da franquia da Pizza Hut. O importante
é encerrar o processo como uma oportunidade de melhoria do produto ou do
serviço, assim como seria feito por telefone ou no balcão.
Opinião
Divulgação
Ricardo Setyon
Jornalista e professor do MBA Gestão e Marketing Esportivo da Trevisan Escola de Negócios
“É na capacidade de gestão de um grande evento que temos que nos aproximar
de Londres e dar conta de responder a tamanha responsabilidade.”
sonalidade dos povos que os sediam. A conexão Londres-Rio de Janeiro teve início lá,
no Estádio Olímpico, onde pudemos mostrar
as nossas características, os nossos valores
e tradições. E fizemos bonito. E os ingleses,
assim como os demais, das mais diversas nacionalidades ali presentes, gostaram do que
viram. E aplaudiram.
Em pouco tempo, fomos capazes de mostrar que o Brasil é também samba e mulher
bonita. Mas não só. Somos o contraste do
gari Sorriso e do gringo “cintura dura”. Mas
somos Marisa Monte e Heitor Villa Lobos.
A conexão Londres-Rio começou quando
o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge, passou a bandeira olímpica às mãos do prefeito carioca, Eduardo Paes.
O Rio de Janeiro será responsável pela primeira Olimpíada na América Latina desde 1968,
quando a cidade do México foi sede.
É na capacidade de gestão de um grande evento que temos que nos aproximar de
Londres e dar conta de responder a tamanha
responsabilidade. Nossas tradições, valores e
traços culturais serão mais bem vistos e percebidos se tivermos competência e recursos
profissionais para pensar, planejar, organizar
e realizar algo tão grandioso!
17
A cidade de Londres realizou uma Olimpíada impecável, apostando na grandiosidade de suas tradições, na organização, na
educação de seu povo e, como não poderia
deixar de ser, na gestão adequada e profissional de cada detalhe.
As tradições estavam presentes nas festas de abertura e fechamento. Estavam nas
provas de rua, onde se viram por dias os belíssimos cartões postais da cidade. Estavam
na pontualidade das provas e na constante
presença da família Real.
A população londrina aproveitou cada
momento. Marcou presença nas competições, recebeu os turistas com educação e orgulho, manteve todos os serviços funcionando impecavelmente. O povo britânico tem a
característica de manter tudo com extrema
organização, talvez com uma certa dose de
inflexibilidade que causa estranheza a personalidades latinas. Nesses jogos, era impossível não observar o que classifico como over
organization, uma prática de delinear normas,
definir regras, ter tudo em tabelas e planilhas
que, no final, causa um certo engessamento.
Mas não podemos deixar de considerar que
eventos como Copa do Mundo e Olímpiadas
carregam grande dose da cultura e da per-
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
C onexão Londres-Rio
Eline Kullock
FOTOS:
Daniel Kullock/Divulgação
E N T R E V I
S T A
A pesquisadora da
juventude
À frente do Grupo Foco, consultoria que fundou há 19 anos, Eline Kullock
tem vasta experiência no que diz respeito à pesquisa sobre tendências de
comportamento dos jovens, fazendo da executiva uma das maiores especialistas no
país sobre os desejos e anseios da conhecida Geração Y
Eline Em primeiro lugar, a Geração Y
não está acostumada ao ‘tempo’ de
outras gerações. Meu conceito, meu
modelo mental de ‘rápido’ é diferente
do modelo mental de alguém da Geração Y. O meu modelo é do tempo da
carta – em que uma correspondência
levava dez dias para chegar ao seu destinatário – e uma mistura disso com o
Twitter, dos tempos atuais. O modelo
mental do jovem percebe somente o
Twitter. Nossos tempos são distintos
e não nos damos conta disso. Em
segundo lugar, eles são de uma época
em que não há mais manuais: tudo
é aprendido por tentativa e erro. Eu
sou da época dos manuais. Nós líamos
antes para aprender como uma geladeira funcionava. Hoje o aprendizado
deve ser por tentativa e erro, e os mais
velhos ainda esperam pelo modelo de
‘manual’, desconhecido pelos membros da Geração Y. Um terceiro aspecto a considerar é que eles aprendem
com os pares, não com pais, professores e chefes. Em um mundo em que a
tecnologia avança muito rapidamente,
onde se compartilha tudo, é mais fácil
entrar num site para tirar dúvidas, ou
para escolher um hotel, um computador ou uma moto, por exemplo. Em
quarto lugar, está a questão da autoridade, que também mudou. A família
deixou de ser autoritária para ser mais
compreensiva e tornar-se ‘amiga’ dos
filhos. São eles que escolhem onde se
almoça no domingo ou aonde a família
vai. Na escola, a figura autoritária do
professor também perdeu espaço. Na
empresa, chegam tratando todos de
igual para igual.
Como está a inserção desses jovens no
mercado de trabalho?
Eline Esses jovens estão entrando num
mercado de trabalho mais aquecido do
que em outras épocas, o que reforça
a alta autoestima. Eles não passaram
pelos árduos tempos da hiperinflação,
do país subdesenvolvido, da ditadura.
Nasceram e cresceram sob o contexto
de um ‘Brasil BRICS’ (sigla para o
agrupamento Brasil-Rússia-Índia-ChinaÁfrica do Sul). A cultura brasileira
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
19
O que é essencial saber sobre a geração Y?
Entrevista
é muito diferente, neste momento,
da cultura espanhola, por exemplo,
em que um em cada três jovens estão
desempregados. Eles podem optar,
como o fazem. E não criam os mesmos
vínculos que eram criados no passado.
Podem decidir sair para ‘mochilar’ por
um tempo, ou criar uma banda ou um
projeto que os interesse muito. Isto
porque viram um modelo falido de seus
pais que não podem se aposentar aos
60 anos ou 70 anos e têm que ganhar
a vida até seus 80, 90 anos. Os jovens
da Geração Y querem ter prazer agora e
não depois, porque não sabem quando
este ‘depois’ surgirá.
E qual o perfil do líder admirado por
essa geração?
Quais as principais características
desses jovens?
Eline Eu faço essa pergunta para
plateias, sobre quem é o ídolo dessa geração, e é muito interessante,
porque essa moçada não sabe dizer.
Essa é a geração do ‘muito’. Na minha
época de jovem, tínhamos poucas
opções sobre o que decidir: a marca
da televisão, do automóvel, os tipos de
cursos nas universidades eram poucos.
Hoje em dia, a quantidade de cursos
dentro do campo da engenharia, por
exemplo: os jovens ficam perdidos
porque têm muitas opções. É a geração
do ‘muito’ em relação à cor da capa do
celular, ao modelo de carro, etc. Essa
geração nem se dá conta de como tem
opões de escolha. Eles falam muito do
Steve Jobs, mas eles todos sabem que o
Jobs tinha um gênio muito difícil para
lidar numa organização. O líder que
for difícil vai gerar muita insatisfação e
frustração. O líder (que eles admiram)
será aquele que escuta; esses jovens
querem ter voz e um líder que os
engaje desde o início em um projeto.
Eles estão acostumados a falar o que
pensam do presidente, das marcas: dar
voz é importante e engajá-los desde o
início também. O líder que fizer isso,
além de liderar pelo exemplo, vai ter
melhor aceitação.
Eline São tecnológicos, questionadores,
voltados para resultado, com uma
tomada de decisão muito rápida, de
bom humor. Só aceitam a liderança
pela admiração, são mais egoístas que
os membros de outras gerações, querem
ter prazer instantâneo e têm mais dificuldade de receber feedback negativo.
Você costuma chamar essa geração de
“questionadores”. Por quê?
20
“A família deixou de ser autoritária
para ser mais compreensiva e tornar-se
‘amiga’ dos filhos.”
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
Eline Porque a eles foi permitido, pela
família, o questionamento. Seus pais já
os educaram dizendo ‘não pode fazer
isso por tal e tal motivo’. As explica-
ções já lhes foram passadas pelos pais,
que não queriam educar seus filhos de
uma forma rígida como foram educados.
A família passou a exercer uma autoridade menor sobre os filhos, que aprenderam a não aceitar ‘não’ como resposta.
Querem a explicação de por que não
lhes é permitida alguma coisa e querem
contra-argumentar, e ter voz ativa nas
organizações como têm em casa.
“Os jovens da Geração Y querem ter
prazer agora e não depois, porque não sabem
quando este ‘depois’ surgirá.”
Quais os benefícios desse tipo de
comportamento?
uma nova percepção sobre o raciocínio
no mundo do ‘muito’ e do ‘pouco’.
No mercado profissional, o que as empresas podem aprender com a Geração Y?
Eline Podem aprender os seguintes
aspectos: primeiramente, o seu ritmo,
que é acelerado, como demandam os
novos tempos da economia. Em segundo lugar, podem aprender o pensamento sobre um universo maior, porque os
jovens estão inseridos num contexto
maior que o nosso (há mais opções
de tudo para se analisar a decisão de
compra de um determinado produto,
há mais variáveis intervenientes num
processo, já que o mundo é plano). Por
último, podem aprender a funcionar
pelo método tentativa e erro, que é
uma tendência, para aprender, sem
esperar um ‘professor’.
E o contrário?
Eline Os jovens devem aprender com
os membros de outras gerações: a
ter maior resistência a frustração; a
pensar a mais longo prazo; a analisar as
situações de forma mais profunda e a
aprimorar seu autoconhecimento.
E quais dificuldades as empresas
podem encontrar na Geração Y, como
profissionais?
Eline Todos os pontos citados na questão anterior. Essa geração se conhece
pouco, porque recebeu muito feedback
positivo de seus pais. É a geração ‘Yes,
you can’ da campanha do (Barack)
Obama. Tudo lhes era permitido, como
diziam os educadores do nosso tempo,
para que não crescessem frustrados,
com baixa autoestima. Com a necessi-
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
21
Eline Eles fazem você questionar se
sua afirmativa é valida ou não. Esses
jovens são as melhores pessoas para
você falar sobre uma ideia, porque essa
contra-argumentação te ajuda a racionar melhor do que se você fizesse isso
sozinho. Quando você é questionado a
todo tempo você tem que se reformular.
Você tem que ter certeza da resposta
que tem que dar, e eles fazem você se
questionar o tempo todo. Nesse sentido
é uma contribuição enorme que a Geração Y está oferecendo em comparação
a outras gerações que simplesmente
concordavam ou discordavam sem
contra-argumentar. Em uma empresa,
acredito que ajuda a repensar a estratégia. Eles não estão viciados em um
modelo. Como exemplo: uma loja que
vende normalmente no mundo físico e
de repente vem um jovem que sugere
vender no modelo virtual. Você pode
estar matando um modelo tradicional,
mas é melhor você mesmo fazer isso do
que um concorrente. Esses jovens não
estão presos a um modelo, podem te
ajudar a perceber oportunidades que estão no mundo 2.0. Eles podem oferecer
Entrevista
dade de tomar decisões rápidas, o processo de análise pode ser superficial.
Como não sabem como serão em um
mundo em mudança acelerada, não
têm pensamento de longo prazo.
Essa geração não aprendeu a ser contrariada, porque foram mais mimados,
de maneira geral, se comparados a
outras gerações. Assim, essa geração
tem menor resistência à frustração.
E de que forma é possível contornar essa
situação? Como esses jovens podem adquirir mais autoconhecimento e lidar melhor
com a frustração?
algo que você aprende em um livro, são
exercícios cotidianos, e que precisamos
fazer com eles. Ajudá-los a pensar, pois
talvez eles não dediquem muito tempo
para fazer isso no mundo prático que
eles têm. Então, o papel da chefia é fazer com que esses jovens repensem eles
mesmos, baseado muito no coaching, e
com base na ação do que esse jovem
fez, ajudá-lo a pensar sobre ele. E quando o jovem desanimar com um projeto,
buscar nominar essas possíveis dificuldades, tais como a frustração, para que
toda vez que esse assunto surgir seja
possível voltar a ele e discutir.
Eline Tanto a resistência à frustração
quanto o autoconhecimento não são
Alguns estudos apontam a dificuldade
da Geração Y em respeitar
22
“Esta geração se conhece pouco, porque recebeu
muito feedback positivo de seus pais. É a geração
‘Yes, you can’ da campanha do Obama.”
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
superiores. Isso ainda acontece
com frequência no mercado ou é um
comportamento que está mudando?
Eline Acontece e acontecerá com maior
frequência. Em função de não verem
mais os pais nem seus professores como
uma fonte de autoridade, o conceito
dessa palavra muda muito no desenvolvimento do novo modelo mental.
Seu chefe não é mais uma autoridade,
nem o presidente de sua empresa, nem
o especialista. Ele pesquisa o que quer
em ‘real time’, contra-argumenta com os
médicos, questiona a autoridade e não
aceita um ‘porque não’ como resposta.
Que tipos de consequência essa atitude
pode trazer para a carreira?
Eline Acredito que a impaciência possa
levar a decisões precipitadas. Tem a
ver com a geração delete/restart. Às
vezes deletamos algo e nos damos
conta depois que não devíamos ter
deletado. É uma geração que está
muito acostumada ao jogo: perde,
deleta, recomeça. Acredito que a
consequência dessa impaciência pode
acarretar decisões muito precipitadas
na vida, de uma maneira geral, e no
trabalho. Eu já ouvi de um jovem
executivo que, em uma reunião com
o presidente de uma empresa, havia
feito uma série de sugestões e que o
presidente fez perguntas muito óbvias, e
ele se deu conta de que não tinha uma
opinião formada com base em dados
reais, mas na opinião própria, sem
embasamento suficiente. Ele poderia
fazer uma campanha inteiramente
errada. Acredito que muitos vão
errar nisso. E eles precisam ser
confrontados, porque só vão aprender
na hora em que isso acontecer. Esse
executivo me disse que aquele contato
com o presidente o ajudou muito na
sua carreira porque ele viu que estava
fazendo apologia de uma campanha
sem embasamento algum.
O que o mercado deve saber sobre o consumo vindo da Geração Y?
Como as empresas podem aproveitar ao
máximo o potencial desse jovem como
profissional?
Eline Deixá-los criar, escutá-los, dar
espaço para ouvir suas ideias. Argumentar com eles, fazê-los desenvolver
uma análise mais profunda para ver se
sustentam sua argumentação, o que irá
torná-la mais forte (a argumentação).
Que perfil de líder essa geração formará (ou
já está formando)?
Eline Essa geração liderará de forma
mais impessoal, partindo do pressupos-
“Essa geração liderará de forma mais impessoal,
partindo do pressuposto de que todos sabem os
seus próprios papéis.”
to de que todos sabem os seus próprios
papéis. Conduzirá mais reuniões virtuais, por estar acostumada ao modelo
virtual. Dará tarefas e não cobrará
o andamento da tarefa, por ser mais
concentrada em resultados. Pode ser
que falte o líder inspirador, inflamado
com suas ideias e ideais.
O que esperar para depois da Geração Y?
Quem é a geração Z?
Eline Eu tenho certa dificuldade em
falar em Geração Z porque eu gosto de
dar nomes de acordo com as características que elas têm, e essa geração
que vem por aí nós ainda não sabemos
que modelo mental terá. E uma geração, para ser de fato uma geração, tem
que ter um modelo mental próprio, e
eu não sei se essa geração que vem aí
terá um modelo mental diferente. Mas
certamente esses jovens vêm com uma
questão ecológica mais bem preparada
para lidar com o mundo por uma questão de necessidade, não por questão
de conceito. Certamente terão uma
visão de mundo mais diferente dessa
que está aí, porque eles irão entrar em
um mundo onde o empowerment das
pessoas será maior, porque elas poderão criar ou destruir uma marca. Ela já
vem com a segurança de que a opinião
dela conta muito, a geração que está
aí começa a viver isso, mas não é algo
nativo. Então a próxima vai ter essa
noção de empowerment mais forte. É
que nem o tabuleiro de xadrez: o poder
do peão é muito maior do que andar
para frente uma casa.
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
23
Eline Eles serão menos fiéis às marcas,
exigirão respostas rápidas. Inserção nas
mídias sociais (onde eles podem ser
mais iguais); estarão mais inseridos no
consumo ecológico que outras gerações, estarão prontos a experimentar o
novo. Estarão extremamente ligados a
tudo o que puder acelerar seu tempo, o
que for prático. Vão se vestir de forma
a transmitir, pelas roupas, seu estilo de
vida. Irão misturar o que é de marca
com o prático, barato, numa forma de
mostrar como pensam.
M arcas
Conceito
para além dos olhos
O logotipo é a representação visual de uma marca. Para evitar más interpretações e
transmitir a mensagem que se pretende, é necessário planejamento estratégico e estar
atento às transformações do mundo sem perder de vista a identidade do negócio
U
Luiz Meurer/Divulgação
ma marca forte é construída com um posicionamento bemdefinido. Por trás do nome, existe uma
estratégia de mercado – quem é a empresa, qual a sua identidade, que valores ela quer transmitir para o público.
O conceito deve perpassar todos os
âmbitos do negócio, da filosofia interna
de trabalho à relação com o cliente. No
entanto, ele é mais perceptível por meio
de um elemento-chave: o logotipo.
Desenvolver um logo não é simples. A imagem, além de esteticamente
aprazível, deve ser funcional e adequada aos objetivos da marca. Para isso, é
preciso que o desenho esteja atrelado à
mensagem que se quer passar. Trata-se
de um símbolo, de uma representação
visual para várias ideias. Porém, muitos
empresários ainda tratam o logotipo
apenas como uma mera ilustração. E
isso pode prejudicar o sucesso do empreendimento.
Valores alinhados
24
Paula: “Deve-se entender a relevância da
marca no mercado”
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
O primeiro passo para criar um bom
logo é entender o próprio negócio. É
preciso ter metas definidas, assim como
missão, visão e valores bem-delineados.
“Todos têm que entender o âmbito da
marca, tanto o público interno quanto
o público externo”, explica o consultor
de branding Helio Moreira. Feito isso, a
empresa se posiciona estrategicamente
no mercado buscando diferenciação,
destaque no segmento em que atua.
Atrelada a esses fatores, vem a
pesquisa. Busca-se conversar com dirigentes, colaboradores e consumidores.
Reuniões e entrevistas com esses grupos auxiliam a entender a percepção
que se tem da marca. Compreender o
contexto em que a empresa está inserida também é importante. A publicitária Paula Quintas, sócia-diretora do
Estúdio Bergamota, afirma que a marca
precisa “ter a noção do segmento com
que ela conversa: saber quais os sinais
e signos que o público entende, como
pode falar com ele e, principalmente,
como pode se diferenciar”.
Mais que estética
Com todos estes âmbitos encaixados, parte-se para a concepção do lo-
Lúcia Simon
Cada um vê de um jeito
A interpretação está ligada a questões culturais. “Toda marca, por ser
emocional, vai ter olhares e relações
diferentes em relação a ela. Questões
cromáticas, de simbologia e conceituais
não vão ser lidas de uma maneira tão
homogênea”, explica Jeff Barros, sóciodiretor da agência Packaging. Em outras
palavras, nem sempre se pode prever um
impacto negativo – apenas minimizá-lo.
Mudanças sociais como a ascensão
da classe C e a vigente preocupação
com sustentabilidade também afetam
as marcas. Um bom logo costuma ser
atemporal, mas há vezes em que certas
alterações são necessárias. “A CocaCola muda seguidamente, mas faz
pequenos ajustes – uma tonalidade, o
desenho da letra. É quase como lapidar
um diamante. As marcas bem-desenhadas são lapidadas”, compara Paula.
É o chamado redesign, ou redesenho,
quando são necessárias somente leves
modificações.
Por outro lado, há marcas que simplesmente não alcançam sucesso de
público e precisam ser completamente
alteradas para se adequar à realidade
contemporânea. A maior concorrente
da Coca-Cola, a Pepsi, costuma trocar
de identidade visual a cada dez ou quinze anos. Nestes casos mais extremos, as
mudanças podem assustar o público.
Paula cita a marca de sucos Tropicana. Num reposicionamento de mercado,
as embalagens do produto foram trocadas por versões minimalistas. Perdeu-se,
assim, o apelo de bebida saudável. As
vendas despencaram e, alguns meses
depois, a empresa voltou atrás. Aconteceu algo semelhante com a grife de
roupas Gap. O novo logo repercutiu tão
negativamente entre os consumidores
que, em poucos dias, a empresa decidiu
permanecer com a marca clássica.
Na realidade das PMEs, uma mudança de logo pode ser interpretada
como transformação de todo o negócio.
Clientes podem pensar que a loja mudou
de dono, por exemplo. Por isso, cabe a
recomendação: entender a função da
empresa. “O segredo é estar sempre com
os olhos no mundo, entender sua relevância no mercado. Com isso, a marca
acompanha”, explica a publicitária.
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
25
gotipo. A essência da marca será transformada numa figura cuidadosamente
planejada. Cores, tipografia e demais
elementos são combinados de maneira
que remetam às ideias a serem passadas.
Quando bem-feito, o resultado positivo
do logo é inegável. Nike e McDonald’s,
por exemplo, têm representações visuais icônicas. Basta ver o logotipo para
saber do que se trata.
A representação visual demanda o
trabalho de profissionais. “Muitas micro e pequenas empresas contratam
contabilista, advogado, arquiteto, mas
não uma agência especializada para fazer a sua marca, que é a principal fonte
de comunicação com o cliente”, alerta
Moreira. Assim, alguns empreendimentos optam por um “desenho bonito”,
sem considerar a funcionalidade e as
interpretações possíveis da figura.
T
E N D
Ê
N C
I
A
Texto: Luísa Kalil
O futuro já
chegou
Estamos em fase de transição. A tecnologia e a sustentabilidade
tornam-se cada vez mais presentes nas vivências de uma sociedade; os
consumidores estão mais bem informados e ávidos por novidades. Neste
27
N
ão há dúvidas sobre a crescente velocidade com que tudo se transforma hoje,
em especial a partir do constante progresso tecnológico, provocando impactos tanto em hábitos individuais quanto coletivos. Em pouquíssimo tempo,
redes sociais, smartphones e o e-commerce passaram a integrar a rotina de
crianças, adultos e idosos, tanto homens quanto mulheres, no ambiente profissional e familiar. Fato é que o avanço na tecnologia não irá parar por aqui,
e por isso é necessário estar atento às tendências para os próximos anos. No
caso do comércio, quais serão as principais mudanças nos hábitos de consumo? E, com base nisso, qual será o perfil do consumidor?
Um estudo da Deloitte Touche Tohmatsu Limited, divulgado no ano passado, aponta alguns traços do consumidor em 2020 e antecipa mudanças
a serem acompanhadas pelas empresas. Um arquivo de 28 páginas revela,
entre gráficos e texto, como o cenário em que vivemos hoje irá se apresentar
em um futuro não muito distante. Afinal, faltam apenas oito anos para 2020
se tornar uma realidade.
Segundo a pesquisa, uma mudança crucial na economia global irá mudar
a forma como varejistas e as marcas registram crescimento. Neste novo cenário, uma das prioridades dos consumidores será a busca pelo preço baixo.
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
aspecto, quem é o consumidor do futuro e quais serão as suas demandas?
T endência
Negócio da China
A crise na economia norte-americana e a turbulência no continente europeu
alteraram certos aspectos no comportamento do consumidor. Na terra do Tio
Sam, as mudanças apontam o aumento
de refeições feitas em casa e no consumo
de produtos de marca própria. Mesmo
que a economia se recupere, é possível
que esse comportamento permaneça. De
qualquer forma, o que pode mudar são os
requisitos necessários para que varejistas
e marcas obtenham sucesso entre consumidores.
Na China, a crise no setor de exportação – provocada pela crise na economia
global – levou a um desemprego massivo. Ainda assim, o consumo continuou
a crescer. O estudo da Deloitte aponta
que, mesmo quando a economia global
estiver integralmente recuperada, os chineses continuarão a consumir de forma
crescente. Entretanto, a maior população
do mundo permanecerá um país pobre.
O alerta é que isso vale igualmente para
Marco Quintana/Divulgação Vonpar
outras economias emergentes, como a
Índia, o México, a Rússia e o Brasil. Mas
o que isso quer dizer? Conforme aponta
o estudo da Deloitte, isso significa que,
para continuar atendendo a esses consumidores – classificados como classe média
–, é necessário compreender o que eles
entendem como valor. Neste aspecto,
está incluída uma forte sensibilidade ao
preço, o que reservará um bom espaço do
mercado para compras com desconto.
O papel dos emergentes
“O melhor preparo é
não resistir às mudanças.”
Ricardo Vontobel
28
Presidente da Vonpar
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
O contínuo crescimento dos países
emergentes é esperado, e com isso cresce também o mercado de consumidores
de classe média. O destaque vai para
os BRICS – Brasil, Russia, Índia, China
e, mais recentemente, a África do Sul
–, além de Indonésia, México, Turquia
e Vietnã. Esses países são gigantes não
apenas em território, mas também por
tamanho econômico, crescimento e por
concentrarem um potencial significativo. O estudo da Deloitte revela que, até
2020, o Brasil deve crescer acompanhado
do rápido aumento no número de pessoas
com poder aquisitivo relativamente médio. Na continuidade, a pesquisa aponta
que, à medida que os países se tornam
mais desenvolvidos, uma série de fatores
levará as pessoas a ter menos filhos; com a
diminuição da população, a mão de obra
atuante e o poder de consumo também
diminuirão, enfraquecendo o potencial de
crescimento da produção econômica do
país. Entretanto, um país em desenvolvimento garantirá mais oportunidades para
que mais mulheres estudem e integrem o
mercado. A questão é: com mais mulheres no mercado, a tendência é que casem
cada vez mais tarde, tenham filhos mais
tarde ou, ainda, tenham menos filhos.
O desenvolvimento de um país também
exigirá que o profissional seja mais bem
qualificado, o que implicará um custo
maior da educação e também a elevação
do custo de vida. Com as famílias desencorajadas a ter mais filhos, sobra mais
espaço para o consumo de produtos indi-
RS, esta será a primeira vez que haverá
um caráter de equilíbrio na estrutura etária do Rio Grande do Sul. Claro que essas
transformações terão impacto no consumo. O aumento no número de idosos e
o envelhecimento da população surtirão
reflexos positivos no que diz respeito aos
gastos com bens e serviços relacionados
à saúde. No Brasil, estudos apontam
que, em 2020, o país deve registrar um
aumento em 10 milhões de idosos. Haverá, também, mais pessoas morando sozinhas: cerca de 15 milhões. Entre as dez
capitais onde o consumo mais crescerá,
Porto Alegre aparece na nona posição,
com R$ 6,8 bilhões.
O cenário gaúcho
Realizado pelo Sistema FecomércioRS/Sesc/Senac em 2010, o estudo Rio
Grande do Sul 2020: o novo cenário socioeconômico e seu impacto sobre os negócios
revela que a população gaúcha, atualmente de 10,70 milhões, deve chegar a
2020 com 11,41 milhões, segundo a mais
recente estimativa do IBGE (2008). O
estudo também aponta uma redução nas
taxas de natalidade, revelando predominância da maturidade na pirâmide etária
gaúcha, isto é, menos jovens e crianças.
A previsão é de que, em 2020, a parcela
de pessoas com 65 anos ou mais chegue
a 12,1%. Atualmente, é de 8,9%. Os jovens entre 10 e 20 anos hoje engordarão
o centro da pirâmide, e jovens adultos
(entre 20 e 40 anos) responderão por,
aproximadamente, 30% da população.
De acordo com o estudo da Fecomércio-
Saúde e bem-estar
Para Luiz Goes, sócio-sênior da
GS&MD – Gouvêa de Souza, são muitas
as tendências relacionadas ao consumo
no futuro. Uma delas é a intensificação
dos cuidados pessoais, isto é, produtos
relacionados à saúde e ao bem-estar –
“O que fazer a respeito
dessas mudanças irá surgir ao
longo do tempo.”
Luiz Goes
Sócio-sênior da GS&MD – Gouvêa de Souza
artigos de beleza, perfumaria e higiene
pessoal, entre outros. “Fabricantes terão que incorporar esse tipo de perfil de
consumidor”, constata. Goes também
aposta na aproximação de faixas etárias,
abordando o conceito da jovialização. Ele
O que está por vir
A Trendwatching.com é uma referência mundial entre empresas que trabalham
com pesquisas de tendências e inovação. No mês de agosto, em evento promovido pela empresa em São Paulo, a diretora da Trendwatching.com na América
Latina, Luciana Stein, apontou tendências a serem acompanhadas pelo mercado.
Confira algumas:
Newism: busca pelo novo, inédito e personalizado
Flex life: consumo curto, rápido e flexível, para que o consumidor aproveite
o máximo de oportunidades
Bright is beautiful: valorização do conhecimento, do estudo, possibilitado pelo
crescimento profissional e pelo aumento da renda
Eco status: a sustentabilidade ganha posto de status, tanto para consumidores
quanto para marcas
I love my city: iniciativas que ajudam a sociedade a lidar com o caos e
descuido urbano
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
29
viduais, como viajar e comer fora de casa,
bem como diminui o gasto com produtos
relacionados a crianças ou adolescentes.
Eduardo de Souza/Divulgação GS&MD–Gouvêa de Souza
T endência
explica que, antigamente, pessoas de 50
anos tinham hábitos de consumo muito diferente daquelas de 20 ou 30 anos.
“Hoje são mais próximos, e a tendência
é que se igualem ainda mais. A diferença
entre o modo de se vestir e utilizar alguns
equipamentos eletrônicos será cada vez
menor”, exemplifica. Outra tendência,
revela Goes, e que acontecerá independentemente da classe social, é a valorização do ambiente da casa. Os cuidados
dispensados à casa se intensificarão, agregando mais momentos de lazer em família
ou entre amigos.
Um fator relevante é a crescente urbanização do Brasil. E em nome de uma
consciência sustentável, que guarda seu
lado ambiental, os consumidores buscarão maior qualidade de vida nas cidades.
“Isso, de certa forma, acaba afetando as
relações de consumo.” Em vez de estimular o deslocamento por carro ou transporte urbano, o consumidor irá investir com
Jefferson Bernardes/Divulgação Lojas Renner
“Vemos a importância do
crescimento do e-commerce,
mas a loja ainda carrega muito
lazer, muita emoção.”
José Galló
30
Diretor-presidente das Lojas Renner
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
força no comércio eletrônico. “Alguns
estudos apontam que, ao comprar um
produto online, você promove a redução
de um terço do carbono que você emitiria
se comprasse na loja física.” Além do ecommerce, a busca por lugares mais próximos de casa para fazer compras também
pode ser uma alternativa.
Luiz Goes afirma que há dois pontos fundamentais quando o assunto são
as demandas do consumidor no futuro: sustentabilidade e relacionamento.
“Trata-se de um relacionamento expandido, isto é, de que forma aquela marca
se relaciona com o consumidor? Ela o
escuta? Oferece oportunidades diferenciadas ao cliente fiel? Trata-se do grau
de envolvimento que o cliente tem com
a marca e vice-versa”, conta. Por isso,
é crucial que as empresas acompanhem
essas mudanças nas demandas e no perfil do consumidor. “Monitorar o que está
mudando e em qual direção. Não importa o tamanho da corporação, é importante estar bem preparado para absorver as
mudanças em geral”. Goes lembra que o
preparo da empresa para se tornar mais
flexível e monitorar as mudanças é uma
medida que já pode ser tomada agora.
“O que fazer a respeito dessas mudanças
irá surgir ao longo do tempo.” O estudo
realizado pela Deloitte Touche Tohmatsu Limited reforça o depoimento de Luiz
Goes, registrando que as empresas devem
ir “aonde seus consumidores vão” e que
a maneira mais fácil de engajar consumidores é por meio do seu quadro de funcionários. Estes por sua vez, estão sempre
em contato não apenas com os clientes
da empresa em que atuam, mas também
consumidores e colaboradores em ambientes externos ao do trabalho.
Postura sustentável
A atenção especial aos fatores que
compõem a sustentabilidade não começou hoje. O debate sobre as condições
do planeta em que vivemos também
permeia as questões relacionadas ao
consumo. E a tendência é que a sustentabilidade ganhe cada vez mais força.
Caberá às empresas não apenas comprovar a prática do discurso sustentável
que adotarem, mas também orientar
seus consumidores a realizarem escolhas sustentáveis. Isso pode ser feito
tanto no local de venda quanto por
meio de uma embalagem com informações claras e simples.
O presidente da Vonpar, empresa
responsável pela Coca-Cola no Estado,
Ricardo Vontobel, adianta: uma das
preocupações do consumidor será o alinhamento da imagem de um produto
ou marca à postura ética da empresa,
o que inclui tanto questões ambientais
quanto sociais. De uma forma geral, é
crucial que as empresas acompanhem
os rumos da economia e da sociedade,
com o intuito de estar por dentro das
mudanças de cenário. “O melhor preparo é não resistir às mudanças”, avalia
Vontobel. Até 2020, mais consumidores deverão ter incorporado a prática
da sustentabilidade em suas vivências
e caberá às empresas não apenas engajar seus consumidores, mas também
formar parcerias com governos. Desses,
são esperadas iniciativas e programas
de incentivo a uma economia mais sustentável. Segundo estudo da própria
Vonpar, entre as tendências para o consumidor de 2020, além da maior preocupação com sustentabilidade e ética,
estão: mais mulheres, mais idosos, mais
Carlos Sillero/Divulgação Box 1824
pessoas morando sozinhas, mais itens
de marca própria, produtos mais customizados, classe C consumindo ainda
mais e consumo multiocasiões.
A experiência da compra
“A mudança é clara, e já está acontecendo.”
Analista de tendências da Box 1824, especializada em descobrir e entender o que pensam jovens de 18 a 24 anos como fortes influenciadores do consumo, Eduardo Biz revela
quais serão as principais demandas do jovem consumidor no futuro.
Como será o jovem consumidor em 2020?
Se caracterizará pela difusão de alguns caminhos que hoje começam a engatinhar no
mercado. O poder dos serviços transformadores e das experiências de compra que
vão além do formato tradicional do consumo estará presente em todos os setores,
despertando uma busca constante pelo inédito.
Quais serão suas principais exigências no mercado?
A demanda será, cada vez mais, por produtos que exerçam um papel além de sua
função. O ‘consumo do conhecimento’, com produtos que educam informalmente, é uma vontade que já se percebe hoje, e que em um futuro próximo será uma
exigência essencial do consumidor para marcas que queiram se destacar e se manter
em sintonia com o zeitgeist. Algumas empresas já estão trilhando este caminho de colaboração e compartilhamento e se adaptando a esta nova maneira de ver o mundo.
Como as empresas podem se preparar para atender às demandas
desse consumidor?
O primeiro e maior passo é adotar uma postura de transparência com o consumidor.
Uma revolução de linguagem é o que distingue empresas arcaicas das líderes do
mercado no futuro. Esse update não acontece de forma radical, mas aos poucos,
gradativamente. A mudança é clara, e já está acontecendo. Uma postura institucional
mais alinhada com o nosso tempo será mais eficiente do que televisionar um
comercial em horário nobre.
O que será priorizado pelo jovem consumidor ao escolher uma marca
ou produto/serviço?
Além de todos esses pontos trazidos nas respostas anteriores (educação informal,
experiência de compra, linguagem transparente), que são percebidos pelo
consumidor de maneira tão orgânica que ele pode nem ter a consciência clara
dessas vontades, há também um apreço cada vez maior pelo design. A estética
deixará de ser um luxo e passará a ser prioridade na decisão de compra. Outro fator
valorizado será o poder de transformação constante de uma marca, renovando-se
incansavelmente, mas sem nunca perder seu DNA.
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
31
A tecnologia mudou para sempre a
forma como o consumidor se relaciona
com os produtos, serviços e marcas que
consome. Seja por praticidade ou mesmo
por questões ambientais, comprar não
significa mais apenas ir à loja física. Entretanto, não é o fim do comércio como
o conhecemos. Pelo contrário, sugere
apenas uma adaptação. De acordo com o
diretor-presidente das Lojas Renner, José
Galló, o futuro da loja física permanece
intacto. “Do ponto de vista dos produtos,
estamos inseridos em um negócio em que
temos rápida adaptação. Vemos a importância do crescimento do e-commerce,
mas a loja ainda carrega muito lazer, muita emoção. Vemos melhorias no que diz
respeito às tecnologias, nas formas de encontrar o produto, mas o ponto de venda
em si continuará existindo.”
As pesquisas comprovam: os consumidores não apenas estão mudando,
como o estão fazendo com uma velocidade voraz. Os desafios para as empresas, não importa o setor ou tamanho, são
inúmeros. Conforme apontado por Luiz
Goes e Ricardo Vontobel, o acompanhamento e monitoramento das mudanças,
por parte dos empreendimentos, é essencial para seguir em frente. O estudo elaborado pela Deloitte reitera: as empresas
precisam estar onde seus consumidores
estiverem, garantindo que eles tenham
uma experiência positiva em qualquer lugar, em qualquer momento, em qualquer
estágio do consumo.
S aiba mais
CONSUMO
Cresce demanda por vestuário
De acordo com o Estudo dos Canais de Varejo, elaborado pela Iemi Inteligência de Mercado e pela
Associação Brasileira do Varejo (Abvtex), a participação de hipermercados em volume de vendas de
roupas cresceu 35,5% em 4 anos. Já as redes de pequenas lojas registraram um aumento no volume
de vendas de 32,6% no período, enquanto as lojas de departamento especializado cresceram 36%.
O varejo de roupas em geral deve movimentar neste ano R$ 160,5 bilhões, uma alta de 7% em
relação ano passado. Isso se deve ao fato de que os consumidores que demandam mais peças de
vestuário pertencem às classes B e C, somando 79,3% da aquisição de novos modelos.
REDES SOCIAIS
Ante Vekic/Stock.xchng
imagina só!
A comunicação online das empresas
32
O levantamento da E.life realizado entre novembro de 2011 e
fevereiro de 2012 comprova que, cada vez mais, o consumidor
investe no contato com suas marcas preferidas pela internet.
No Facebook, 74% dos entrevistados disseram curtir uma
determinada empresa, sendo a oferta de produtos a principal
causa para a decisão (35,2%). Eles citam ainda o interesse pelo
conteúdo publicado no perfil (30,8%), o suporte online (15,9%)
e o fato de já serem clientes da companhia (12,2%). Os dados
apontam ainda que apenas 3,7% dos internautas recorreram
do ato, enquanto 17% nunca o fizeram. No Twitter, 54,1% das
pessoas seguem algum selo, sendo 33,9% devido às oportunidades exclusivas oferecidas ao público, 29,4% por considerarem
útil o que é postado, 19,7% por causa dos serviços, e 11% por já
serem fregueses antes de tornarem-se seguidores. Apenas 13,3%
nunca seguiram uma marca no Twitter.
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
Um pit-stop no meio do dia
Muitas vezes, em pleno expediente ou antes de
uma reunião importante bate aquele cansaço, e
só o que se pensa é em dormir um pouco. Mas
aonde seria possível fazer isso? Uma tendência
de mercado que já faz sucesso em grandes centros, como no Japão e Estados Unidos, chegou a
São Paulo. A empresa Cochilo oferece cabines
de descanso com cama, iluminação especial e até
fones de ouvido com diversas opções de música.
As cabines já estão disponíveis em shoppings e
aeroportos por um custo bem acessível. Para
cochilar durante 15 minutos, o valor médio é
de R$ 15, já para uma hora, a “dormidinha” sai
por R$ 30. Esse tipo de empreendimento faz
parte do que é conhecido como flex life, uma
nova maneira de consumir algo que tenha curta
duração e seja flexível, podendo ser utilizado no
horário e no local desejados pelos clientes.
em tempo
ALIMENTAÇÃO
Setor de moda ainda é
precário no país
Setor de refeições coletivas apresenta crescimento
Cada vez mais os consumidores
brasileiros buscam produtos
com tecidos, design e qualidade
diferenciados. Porém, a demanda
destes itens ainda é precária no país
e, portanto, os empresários do setor
têxtil se veem obrigados a importar
inúmeros itens, como os artigos
de inverno. Essas informações são
embasadas também pelo Estudo do
Consumo Aparente de Artigos de
Vestuário no Brasil, elaborado pelo
Instituto de Estudos e Marketing
Industrial (IEMI). As importações verde
e amarelas ocupam a 37ª posição
do ranking mundial, e o índice de
comercialização dos mesmos no
varejo equivale a 13,8%, dados que
indicam um mercado nacional fechado,
segundo a Associação Brasileira do
Varejo Têxtil (Abvtex).
Christa Richert/Stock.xchng
Dados coletados pela Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas
(Aberc) indicam bons números para o setor em 2012. O mercado potencial teórico
de refeições está estimado em 24 milhões/
dia para empregados de empresas, e em
17 milhões nas escolas, hospitais e Forças
Armadas. O faturamento do setor em 2011
chegou a R$ 13,4 bilhões, e em 2012, deve
ultrapassar os R$ 15 bilhões. Por dia, em
2011 foram gastos R$ 10,5 milhões por pessoa em refeições, enquanto em 2012, esse
valor já chega a R$ 11,2 milhões.
NEGÓCIOS
ilker/Stock.xchng
O setor de fusões e aquisições do país teve baixa de 36,4% no primeiro semestre
do ano, em comparação com igual período de 2011, informa a Associação Brasileira
das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). Em 2012 foram
69 transações, que totalizaram R$ 52,6 bilhões. No ano passado, foram anunciadas
85 operações, 18,8% a mais.
Na relação entre o primeiro
e o segundo trimestre houve
um crescimento significativo.
Enquanto de janeiro a março
foram 30 negócios fechados,
que somaram R$ 16,2 bilhões,
de abril a junho o número chegou a 39 fusões/aquisições com
montante de R$ 36,4 bilhões.
Mais informações na edição 85 da B&S
Percentual de fusões e aquisições apresenta queda
INDÚSTRIA
Previdência Privada cresce no primeiro semestre
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
33
Em relação ao primeiro semestre de 2011, neste ano a indústria de Previdência Privada registrou aumento de 32% de arrecadação no mesmo período, que somou R$ 33 bilhões. O relatório foi feito pela Federação Nacional de Previdência Privada e
Vida (Fenaprevi). Os líderes em investimentos são os poupadores individuais, com aportes de R$ 28,6 bilhões, um aumento
de 36,33%. Os planos de previdência VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livre), por sua vez, lideram a expansão, com 38,24%
e uma arrecadação de R$ 28 bilhões. A área que apresentou menor crescimento foi a de planos PGBL (Plano Gerador de
Benefícios Livre), com R$ 3,2 bilhões de contribuições e 8,50% a mais do que no ano passado.
S
egurança do trabalho
Proteção
no ambiente de trabalho
Reduzir os riscos de acidentes laborais é uma preocupação tanto de empresários
quanto dos colaboradores. No país, foram instituídas as comissões internas de
prevenção a acidentes, para melhorar as condições de trabalho
P
ara a maioria das empresas do comércio de bens e de serviços, a legislação não
exige a instalação de uma Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (Cipa).
No varejo, os riscos são bem menores e
restritos em relação à indústria, mas ainda assim é possível preveni-los. Independentemente do texto da lei, qualquer organização pode formar um comitê com o
objetivo de reduzir os riscos de acidentes.
A preocupação com a segurança laboral surgiu no Reino Unido no século
18, quando a Revolução Industrial promoveu a chegada das máquinas. No Brasil, a primeira lei sobre o assunto data de
1919, mas foi só em 1944, um ano depois
da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), que foi instituída uma norma para
a criação de Cipas. Desde então, a legislação passou por diversas alterações.
Norma
34
Atualmente, as Cipas são regulamentadas pela NR-5, que dispõe sobre
a formação, o dimensionamento, as
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
atribuições e o processo eleitoral. De
acordo com a lei, as empresas privadas e públicas, sociedades de economia
mista, órgãos da administração direta
e indireta, instituições beneficentes,
associações recreativas e cooperativas,
dependendo do risco de sua atividade
ou do número de colaboradores, devem
manter comissões em funcionamento
(veja quadro na página ao lado).
Para descobrir se a empresa precisa
constituir Cipa, o primeiro passo é considerar a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), presente
no CNPJ. Esse número insere a companhia em um grupo de classificação. A
partir dessa graduação, são determinadas
todas as exigências. De acordo com a
NR-5, a instalação de Cipa é necessária
para empresas do comércio de produtos
considerados perigosos com 21 ou mais
funcionários. No setor atacadista, a partir
de 31 colaboradores; no varejista, acima
de 51; quando no de serviços é somente
a partir de 301 contratados. Entretanto,
estão previstas exceções. Por essa razão, a
melhor forma de conferir a obrigatoriedade é pelo próprio CNAE.
Porém, as organizações sem a necessidade legal de contar com uma Cipa
devem apontar, entre os seus colaboradores, um responsável pela área. Essa designação precisa ser realizada por escrito e
arquivada, para eventual fiscalização do
Ministério do Trabalho e Emprego.
Atuação
As Cipas têm mandato de um ano
e devem ser constituídas por número
igual de pessoas indicadas pela empresa e de representantes dos empregados,
eleitos através de eleição. Cabe à organização apontar o presidente da comissão. O seu vice é definido entre os representantes dos colaboradores, em um
novo pleito no qual apenas os eleitos e
suplentes têm direito ao voto.
O secretário da Cipa pode ser um
membro da comissão ou mesmo um
funcionário que não tenha sido indica-
fotos: Lúcia Simon
Sipat
As empresas enquadradas na
NR-5 devem realizar todos os anos a
Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat). O evento
é organizado pela Cipa e o objetivo
principal é prevenir acidentes e dar
orientações aos colaboradores sobre
cuidados com a saúde, por meio de
dicas de alimentação saudável e dos
riscos do sedentarismo.
Uma prática comum é a contratação
de empresas de consultoria para realizar
palestras, treinamentos e atividades lúdicas, como peças de teatro, e a visita de
médicos para promover avaliações médicas. A Sipat pode ser usada também
como uma ferramenta de gestão, com
apresentações motivacionais, em que
são destacadas a importância do espírito de equipe. Basta criatividade para
adequar o que seria uma obrigação em
uma prática de incentivo à solidariedade interna, podendo inclusive ampliar a
frequência com que é realizada.
Sócio-gerente da consultoria em segurança do trabalho Mundo Ambiente
Engenharia, Nelson Agostinho Burille
acredita que as empresas que valorizam
o bem-estar do colaborador só têm a ganhar. “Quando uma organização investe
em segurança, ela preserva o maior patrimônio dela, o funcionário. É ele quem
movimenta a companhia e, consequentemente, gera os lucros”, observa.
Burille destaca que em um ambiente sadio, com riscos mínimos, o trabalhador se sente mais motivado. “Isso
aumenta a produtividade, as pessoas
sentem mais satisfação no que fazem e
passam a ter mais orgulho de suas atividades. Nessa situação, o trabalho deixa
de ser uma obrigação para se transformar em prazer.”
O que diz a lei
A NR-5 determina o número mínimo de
colaboradores para a instalação de Cipas
em cada setor.
Comércio de produtos perigosos
21
Comércio atacadista
31
Comércio varejista
51
Comércio de serviços
301
Entretanto, há exceções. Para descobrir
o caso da sua empresa, confira o CNAE
presente no CNPJ. A partir desse número,
confira as exigências de acordo com as
informações presentes no site:
www.dataprev.gov.br
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
35
do pela empresa ou pelo voto. A única
restrição é que precisa ser aprovado por
todos os membros. A tarefa de mediar os
conflitos, definir o calendário de reuniões
e formar comissão eleitoral para o mandato seguinte fica a cargo do presidente e
do vice. O secretário tem a responsabilidade de cuidar das atas dos encontros.
A Cipa tem a função de avaliar e relatar as condições de risco no ambiente
de trabalho, além de pedir à empresa
uma solução para diminuir ou eliminar
eventuais problemas de falta de segurança. As companhias sem a obrigação
legal também têm a opção de constituir
comissões. Nesse caso, a principal vantagem seria conscientizar os funcionários dos riscos, prevenindo acidentes e
estimulando condutas responsáveis.
Sócia-proprietária da consultoria
Personna Institut, Clarice Reguss avalia
que “a comissão passa a enxergar as atividades do dia a dia com um outro olhar,
preparado para identificar situações de
risco para a segurança”. Além disso, os
integrantes criam uma relação de diálogo entre o quadro de colaboradores e os
gestores da empresa, e buscam conscientizar todos a respeito das práticas mais
indicadas para cada situação de risco. É
importante destacar que a Cipa não responde a nenhum setor da companhia.
S egmento
Estacionar
é um ótimo negócio
Ramo de estacionamentos acompanha ritmo de crescimento da venda de carros e
da valorização imobiliária, ganhando força como alternativa de negócio próprio. Saiba
mais sobre este tipo de empreendimento
36
hora para estacionar vale
ouro. E a quarta mais cara do país é a
de Porto Alegre. A capital do Estado
fica atrás apenas do Rio de Janeiro, São
Paulo e Curitiba, de acordo com dados
da pesquisa realizada pela Associação
Brasileira de Estacionamentos (Abrapark), com 12 empresas em 18 capitais. O levantamento, feito no primeiro semestre deste ano, foi subdividido
nas seguintes categorias: 1ª hora (hora
avulsa) e mensalistas. Nesse último
quesito, Porto Alegre foi classificada
como a sétima de maior valor, atrás do
Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Florianópolis, Curitiba e Salvador.
Presidente da Abrapark e do Sindicato das Empresas de Garagens, Estacionamentos, Limpeza e Conservação
de Veículos do Estado do Rio Grande
do Sul (Sindepark-RS), André Piccoli justifica que o alto preço se deve ao
momento econômico e à valorização
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
imobiliária no país. Piccoli, que é proprietário da Safe Park Estacionamentos,
alerta: “O valor para estacionar em Porto Alegre já está defasado, se comparado a outras cidades, e deve aumentar
nos próximos meses”.
Assim como quase todos os outros
segmentos de mercado, o de garagens
Joaquim Pedro Mello Neto/Divulgação
A
Texto: Belisa Lemes da Veiga
André Piccoli alerta: o negócio de
estacionamentos exige responsabilidade
funciona em círculo e entrelaçado a vários fatores. Se a cada esquina surgem
cada vez mais lugares para deixar os
carros, é porque há demanda. Essa, por
sua vez, é causada pela crescente quantidade de veículos nas ruas, que é decorrência da redução do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) e de outras facilidades, como as amplas linhas
de crédito. Prova disso são os dados da
indústria automobilística que teve, em
2012, o melhor mês de julho em vendas, com 364,2 mil veículos, incluindo
caminhões e ônibus. Esse também foi
o segundo melhor resultado mensal da
história, perdendo apenas para dezembro de 2010, com 381,5 mil unidades.
Durante esse período de expansão
do setor, entidades representativas são
de valiosa importância para trocar informações, discutir normas e procedimentos. Desde 1993, o Sindepark-RS orienta
empresários que, em geral, investem no
Profissionalização
é a meta
Tudo começou quando Ricardo Golin era sócio de um estacionamento em
Caxias do Sul, cidade onde mora. Em
2002, com o sonho de ter seu próprio negócio, ele abriu mão de uma sociedade e
fundou o primeiro RG Park. Nesses últimos dez anos, o empresário acompanhou
lado a lado sua terra rumo ao crescimento. Enquanto Caxias passou de 360.419
para 435.482 habitantes (dados do Censo
brasileiro de 2010), Golin inaugurou 13
pontos de estacionamento no município.
Além disso, abriu outra dezena em cidades da região sul do país, como Bento
Gonçalves, Curitiba e Blumenau.
O sucesso de Ricardo Golin comprova que o negócio, se bem administrado,
torna-se lucrativo. Mais barata do que
na Capital, na maior cidade da Serra a
Lúcia Simon
automáticas casa vez mais precisas e rápidas, o ato de estacionar se torna mais
seguro para clientes e funcionários.
hora para estacionar varia de R$ 3 a R$
5, dependendo da localização do estabelecimento. No entanto, assim como em
Porto Alegre, a tendência é encarecer devido ao valor do aluguel imobiliário e ao
custo de mão de obra.
Saiba Mais
Confira algumas dicas para quem deseja
investir no ramo de estacionamentos
Tenha em mente: esse não é um ramo
de ganho fácil
Quando investir no negócio, priorize
os prédios-garagem, que estão mais
adequados à proposta atual das cidades
Apesar do alto valor, invista em
tecnologia, como as cancelas
automáticas: são mais rápidas, seguras
e precisas
Incentive a profissionalização do
negócio e de seus funcionários
Associa-se a grupos que promovam
treinamentos e cursos de capacitação
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
37
negócio, imaginando que ele seja de ganho fácil. “Isso é pura ilusão. O empreendimento exige cuidado com questões
trabalhistas e alta responsabilidade, já
que qualquer dano que venha a acontecer é culpa da empresa”, salienta Piccoli. O emprego de pessoal, por exemplo,
deve ser proporcional ao tamanho do
estabelecimento. O empresário também
exemplifica que há pontos em shoppings
com 110 pessoas trabalhando, desde o
menor aprendiz até o manobrista.
O primeiro estacionamento para veículos a motor surgiu no ano de 1898,
em Boston, nos Estados Unidos. Desde
lá, com a modernização das metrópoles
e dos carros, muita coisa mudou. Como
não existem mais tantos terrenos baldios
dentro das cidades, o que mais cresce é
o modelo de prédio-garagem, que pode
estar dentro ou fora de estabelecimentos comerciais como shoppings, escolas
e universidades. Além da verticalização,
a tecnologia tem modificado o dia a dia
dos estacionamentos. Com cancelas
T ributos
garantia
do benefício social
Lançamento da Nota Fiscal Gaúcha oficializa iniciativa que deve estimular
a cidadania fiscal e o combate à concorrência desleal. Sistema Fecomércio-RS/Sesc/
Senac é uma das entidades parceiras do programa
N
A Nota Fiscal Gaúcha deve ser movida por três vetores: empresas, cidadãos
e entidades sociais. O Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac é um dos principais
parceiros da iniciativa. De acordo com o
presidente da entidade, Zildo De Marchi, a NFG é uma promoção que motiva
a atitude de cidadania. “Nossa contribuição é garantir o desenvolvimento por
meio de processos legais”, afirmou o dirigente. O presidente também afirmou estar pronto para colaborar com o objetivo
traçado pela NFG, que estará disponível
aos cidadãos a partir do mês de outubro.
“Estamos dispostos a colaborar.”
38
Caco Argemi/Palácio Piratini
o dia 16 de agosto, autoridades, empresários e a imprensa gaúcha
reuniram-se no Palácio Piratini para o
lançamento da Nota Fiscal Gaúcha, um
projeto que tem por objetivo estimular a
educação e a cidadania fiscal, fortalecendo a parceria entre Estado e sociedade
gaúcha na arrecadação e aplicação dos
recursos públicos.
A ideia também é de, por meio do
programa, combater a sonegação fiscal.
Promovido pela Secretaria da Fazenda
(Sefaz), o programa conta com o respaldo
das secretarias da Saúde, da Educação, do
Trabalho e do Desenvolvimento Social.
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
Durante a apresentação do programa, o Secretário de Estado da Fazenda,
Odir Alberto Pinheiro Tonollier, enumerou os benefícios que a NFG trará, entre
os quais, prêmios mensais de diferentes
valores, estando reservado a partir de
março de 2013 um prêmio anual extra
no valor de R$ 1 milhão. Também devem
ser repassados R$ 20 milhões às entidades
beneficiárias. Para participar, qualquer indivíduo com CPF pode se cadastrar, ao
solicitar a NFG, e acumular pontos para
o sorteio. No caso das empresas, o processo de adesão ainda em 2012 será feito de
forma voluntária. Os documentos serão
enviados eletronicamente à Secretaria
da Fazenda. O embrião da NFG é o Programa Solidariedade, que seguirá funcionando paralelamente, até a substituição
completa pela Nota Fiscal Gaúcha.
O governador Tarso Genro, após assinar o decreto, agradeceu aos envolvidos
no desenvolvimento da NFG, afirmando
que este é um “programa de continuidade”, o qual estabelece uma “comunhão
extraordinária” que beneficiará todos.
Divulgação/Fonte Comunicação
P ersonalidade
um
exemplo
de liderança para seguir
Saiba quais são as características que fazem de Luiza Helena Trajano uma das
executivas de maior renome no país. Defensora do relacionamento olho no olho, ela
está à frente de uma das maiores redes varejistas do Brasil
os 12 anos, as responsabilidades de um adolescente limitam-se,
em geral, aos compromissos com a escola. Encerrado o ano letivo, é tempo
de curtir as férias de verão. No caso de
Luiza Helena Trajano, as férias eram o
período de adquirir experiência na empresa da família: o Magazine Luiza. A
atual presidente de uma das maiores
redes de varejo do país deu seus primeiros passos rumo ao empreendedorismo
ainda na adolescência. Era o início de
sua formação como futura líder.
Natural de Franca, em São Paulo,
Luiza Helena é formada em Direto e
Administração de Empresas. Mãe de
três filhos, a sobrinha de Luiza Trajano Donato – fundadora do Magazine
– se destacou entre os demais familiares envolvidos na empresa na hora de
escolher um sucessor. De balconista a
gerente geral, Luiza Helena assumiu
como superintendente em 1991, quando foi criada a holding LTD, que passou
a controlar o magazine.
Luiza Helena também estava à frente
da empresa quando, em um projeto pioneiro, o magazine criou as Lojas Eletrônicas Luiza, hoje chamadas Lojas Virtuais.
Sempre investindo no desenvolvimento
do grupo e na implantação de políticas
de boas práticas, a executiva fortaleceu
o relacionamento olho no olho e a descentralização do poder, o que resultou
em mais agilidade na tomada de decisões da empresa. Como presidente, ela
também foi responsável por possibilitar
aos colaboradores a participação nos lucros do Magazine Luiza, desde 1993.
O relacionamento próximo e o clima
familiar são alguns dos traços mais marcantes de sua administração, e que refletem em cada uma das 734 unidades da
rede, presente em 16 estados brasileiros.
Não é toa que, há 14 anos, o magazine
figura entre as Melhores empresas para trabalhar, nos rankings da revista Exame e
do Instituto Great Place do Work. O trabalho de Luiza Helena também foi reconhecido por diversas instituições, como
a Associação dos Dirigentes de Vendas
e Marketing do Brasil (ADVB) e a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade
(Anefac). Em 1999 a empresária foi indicada ao 20 Prix Veuve Clicquot de la Femme D’Affaires, destinado a mulheres de
negócios de todo o mundo. Em 2000, foi
indicada pela revista IstoÉ como As 100
mulheres do século e, em 2002, recebeu o
prêmio Empreendedor do Ano, concedido
pela Ernst & Young, na categoria Comércio. Mais recentemente, em 2011, foi indicada como uma das sete mulheres no
mundo que fazem sucesso nos negócios,
pelo portal Exame. Além disso, também é
vice-presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV).
Neste ano, Luiza Helena foi a única
mulher a figurar na lista dos 24 presidentes de companhias premiados no Executivo de valor, do jornal Valor Econômico.
Não restam dúvidas de que é um exemplo a ser seguido por empreendedores –
homens e mulheres – de todo o país.
Bens & Serviços / Agosto 2012 / Edição 88
39
A
S esc
Expectativa
de qualidade de vida
Com o aumento da expectativa de vida do brasileiro, cresce a preocupação com o
envelhecimento ativo. Ações do Sesc garantem a inclusão dos idosos na sociedade,
desenvolvendo potencialidades e aumentando a autonomia dessas pessoas
40
s brasileiros estão vivendo
mais. A expectativa de vida no país,
que chegava a 48 anos em 1960, hoje
é calculada em 73,4 anos, segundo os
dados mais recentes do IBGE. As pessoas também estão tendo menos filhos,
o que altera a pirâmide etária do país: a
base (jovens) encolhe e o topo (idosos)
expande, algo já comum em países da
Europa, por exemplo.
Estas mudanças causam impactos
na sociedade. Os núcleos familiares se
alteram. Aumenta o número de dependentes da Previdência Social. Questões
como essas despertam um importante
debate sobre o papel do idoso nas famílias e nas comunidades.
Com uma população mais velha,
cresce a preocupação com o envelhecimento ativo. “O ser humano ganhou
muita quantidade de vida, mas a qualidade nem sempre é boa”, comenta Eduardo
Schmitz, coordenador técnico dos Clubes
Sesc Maturidade Ativa do Rio Grande do
Sul. O objetivo do programa é, justamen-
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
te, promover a autonomia e o protagonismo social do idoso, mostrando que idade
não é empecilho para nada.
Envelhecimento ativo
São 45 Clubes Sesc Maturidade
Ativa espalhados pelo Estado. Cada
um deles oferece atividades físicas e
Ariceu Simão Paiva/divulgação sesc-RS
O
No Rio grande do Sul, estão em atuação 45
Clubes Sesc Maturidade Ativa
sociais, que estimulam e desenvolvem
os talentos de pessoas com mais de 50
anos. “Não podemos olhar os idosos
como um grupo homogêneo. Eles têm
diferenças, têm particularidades. Temos
que considerar do que cada um gosta,
no que cada um pode contribuir”, explica Schmitz. “Nós envelhecemos, o
nosso corpo pode perder algumas capacidades biológicas, mas sempre vamos
ter nossa potencialidade de ajudar outras pessoas”, completa. Grupos para a
prática de exercícios, teatro e visitas a
creches são algumas das atividades propostas pelo programa.
As ações do Sesc Maturidade Ativa seguem quatro diretrizes baseadas
em resoluções da Segunda Assembleia
Mundial das Nações Unidas sobre o
Envelhecimento, realizada em Madrid,
na Espanha, em 2002. A primeira diretriz aborda as relações intergeracionais.
Para o Sesc, a aproximação entre gerações ajuda a quebrar estereótipos negativos que crianças e jovens podem ter
joão alves/divulgação sesc-rs
Completando as quatro diretrizes,
tem-se o envelhecimento ativo: o estímulo à prática de exercícios físicos e mentais
– leituras, jogos, esportes e artes. As atividades em grupo também estimulam a
socialização. “Acaba sendo um espaço de
acolhimento, apoio e debate sobre temas
do cotidiano”, afirma Schmitz.
Aprendendo mais
O metalúrgico aposentado Ariceu
Simão Paiva, 70 anos, participa do clube
Sesc Maturidade Ativa de Santa Rosa
desde o ano passado. Conheceu o programa graças a amigos que já o frequentavam
e resolveu ocupar-se com outros afazeres.
“Eu andava meio acabrunhado. Filho e
neto foram embora para Goiânia. Comecei a participar de outras atividades”.
Às terças e quintas-feiras, Paiva se
reúne com outros idosos para o Jogo
de Câmbio – vôlei adaptado, em que é
permitido segurar a bola antes de passála adiante; só não vale deixá-la cair no
chão. “É muito divertido. O grupo está
sempre aumentando”, garante. Com os
colegas, ele também já foi para Santo
Ângelo e Ijuí, em atividades de integração
com outros participantes do programa.
Além do esporte, Paiva se dedica
às artes. Músico desde criança – toca
gaita, cavaquinho, violão e teclado –,
ele também tem seis livros publicados.
O primeiro veio após a aposentadoria.
Depois, o ex-metalúrgico participou de
concursos e foi tomando gosto pela escrita. No clube Sesc Maturidade Ativa,
ele acabou se envolvendo com as artes
cênicas. “Eu nem gostava muito de
tea­tro, mas criamos um grupo e já nos
apresentamos fora”.
Se depender da vontade, a participação de “seu Ariceu” nas atividades do
clube ainda vai longe. “Eu estou aprendendo mais, até quando Deus quiser”, diz
ele. No Rio Grande do Sul, entre os dias
27/09 e 04/10, as ações serão intensificadas, pois os Clubes estarão envolvidos
com a Semana do Idoso.
Para participar
Interessados devem se dirigir a
uma das unidades do Sesc-RS que
oferecem os Clubes Maturidade
Ativa. O cadastro e as atividades são
gratuitos. Mais informações no site:
https://www.sesc-rs.com.br.
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
41
dos mais velhos. A ideia é mostrar que
pessoas da terceira idade ainda têm o
que contribuir, com suas vivências e sua
experiência acumulada.
A segunda diretriz é tratar a gerontologia (estudo do envelhecimento) como tema universal. Atividades
corriqueiras como atravessar a rua ou
abrir um recipiente de conserva podem
se tornar verdadeiros desafios na velhice. Isso prejudica a independência dessas pessoas. Com a adoção de hábitos
saudáveis, garante-se maior autonomia
funcional na maturidade. Portanto, é
preciso que pessoas de todas as idades
entendam como e por que o corpo envelhece. Nesse ponto, palestras e debates sobre o tema entram em pauta.
O terceiro aspecto trabalhado é o
protagonismo do idoso. Os participantes
do Maturidade Ativa tornam-se multiplicadores das atividades do Sesc. Eles
organizam, por exemplo, campanhas
para arrecadação de donativos como
alimentos, agasalhos e materiais de higiene. Dessa maneira, interagindo com
as comunidades locais, podem sentir-se
reconhecidos, úteis, e perceber que têm
potencialidades a desenvolver.
S enac
oportunidade
de capacitação na Serra gaúcha
Sistema Fecomércio-RS inaugura unidade do Senac em Gramado. A escola
oferece oportunidades de formação e qualificação nas áreas de Gastronomia,
Turismo e Hotelaria e Idiomas
O
de um investimento de R$ 1,5 milhão.
O espaço de 800m² é dividido em duas
salas de idiomas, uma multiuso, uma cozinha dedicada ao curso de cozinheiro e
outra voltada às aulas de padaria e chocolataria, um espaço temático de hotelaria, laboratório de informática, sala de
aula para cursos técnicos e uma biblioteca. A escola funciona em três turnos
diários e tem capacidade para atender
até 150 alunos em cada um deles. Além
de Gramado, serão atendidos os muniFotos: Divulgação/Senac-RS
Senac-RS ampliou a sua área
de atendimento com a abertura de uma
unidade na Região das Hortênsias. No
dia 7 de agosto, as instalações de Gramado foram inauguradas em cerimônia
que contou com a presença do presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac,
Zildo De Marchi, dos diretores nacional
e regional do Senac, Sidney Cunha e
José Paulo da Rosa, respectivamente, e
comunidade. Localizada no número 663
da rua São Pedro, a nova unidade é fruto
42
Autoridades prestigiaram a abertura da unidade do Senac-RS em Gramado
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
cípios de Canela, Nova Petrópolis, São
Francisco de Paula, Cambará do Sul, Jaquirana e Picada Café.
Na inauguração, De Marchi ressaltou o compromisso social importante
que o Sistema Fecomércio tem com a
região. “O desenvolvimento econômico e empresarial está totalmente ligado
ao processo de qualificação profissional.
E é desta forma que o Senac Gramado chega para contribuir no constante
crescimento do município”, disse.
Foco diferenciado
A escolha por Gramado não aconteceu por acaso. Com pouco mais de 32
mil habitantes, o município é um dos
principais polos turísticos do país. Graças
a atrações culturais – como o Festival de
Cinema e o Natal Luz, além da decoração
herdada dos imigrantes alemães e italianos e as paisagens naturais –, a cidade
atrai visitantes de todos os cantos do país
durante o ano inteiro.
“Quando os turistas chegam a Gramado, eles esperam por um serviço dife-
Cursos do Senac Gramado
Senac Gramado tem capacidade para
atender até 150 alunos por turno
renciado. Por isso, há uma forte demanda
de profissionais extremamente qualificados. A nossa proposta é de elevar o nível
das empresas e do atendimento, que já é
bom e por isso se tornou uma referência”,
explica o diretor da escola, Alex Poletto.
Após a abertura, a resposta dos habitantes de Gramado foi positiva. Os
primeiros cursos oferecidos rapidamente
tiveram todas as vagas preenchidas, demonstrando a confiança no trabalho desenvolvido pelo Senac-RS. “Somos uma
escola de excelente qualidade e o custo
não é elevado. A comunidade, de forma
geral, clamava bastante pela nossa chegada”, afirma Poletto.
Com os cursos, a atividade econômica da região será beneficiada. Pessoas que
não tinham acesso à capacitação, seja
pela falta de opções ou pelo preço exigido,
agora têm uma alternativa real de alavancar a carreira profissional. Isso ameniza os
problemas relacionados à falta de mão
de obra qualificada, tornando ainda mais
forte a atividade turística e gastronômica
na região das Hortênsias.
Veja as opções para quem busca
qualificação profissional.
Gastronomia:
Cozinheiro Básico
Pizzas
Técnicas Básicas Confeitaria
Idiomas:
Inglês
Turismo e Hotelaria:
Camareira em Meios de
Hospedagem
Organizador de Eventos
ce aulas de culinária e confeitaria. O
coordenador da área de Gastronomia,
Gustavo Ruffato, revela que a estrutura
montada garante a constante participação dos alunos. “A cozinha é didática e
difere um pouco do que costumamos ver
nas demais escolas. Cada dupla tem a
sua bancada, com duas bocas de fogão.
O estudante trabalha mais, se comparado com os outros modelos”, conta.
Enquanto há cursos com a intenção
de formar cozinheiros e padeiro-confeiteiros, a escola conta também com
alternativas para quem quer aprender
culinária sem se profissionalizar. São disponibilizadas oficinas dedicadas ao preparo de carnes, cupcakes, finger food, massas
e molhos, pizzas, risotos e comidas japonesa e mediterrânea.
Ruffato declara que, fora das oficinas,
“a intenção não é de passar as receitas,
mas transmitir as técnicas necessárias
para produzi-las”. Em relação à abertura
da unidade, o coordenador de Gastronomia vê a comunidade local sensibilizada.
“As pessoas estão surpresas porque não
imaginam como uma estrutura desse porte foi montada. Isso é motivo de orgulho
para quem é de Gramado”, analisa. Um
exemplo é Vinícius Loesch, aluno do curso de Inglês. Estudante do Ensino Médio,
ele considera a chegada do Senac-RS um
avanço: “É uma instituição importante,
reconhecida em todo o país. Foi significativa para a cidade a vinda da escola e com
isso toda a população tem a ganhar”.
Excelência
em Gastronomia
Área de Gastronomia conta com cozinha altamente equipada para atender à demanda da região
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
43
Gramado é reconhecida pela qualidade dos restaurantes. Para auxiliar
ainda mais o setor, o Senac-RS ofere-
E quipes
Flexibilidade
na cultura empresarial
Empresas procuram, cada vez mais, adequar seu modo de trabalho à rotina pessoal dos
profissionais, visando a resultados atrelados à qualidade de vida. Saiba quais são as vantagens
e também os pontos negativos dos horários flexíveis nas organizações
T
er a liberdade de chegar mais tarde
no trabalho na segunda-feira, terminar
o expediente mais cedo para levar o filho ao médico ou mesmo para um happy
hour com os colegas. Quem não gostaria
de trabalhar em um lugar assim? Essa
realidade já é possível em algumas empresas, em número menor do que muitos profissionais gostariam, mas pode ser
uma tendência para aqueles que buscam
bons resultados em vez de apenas cumprir o que lhes foi mandado.
Quando pensamos nesse regime diferenciado de trabalho, podem vir à mente
Texto: Ana Paula Sardá
apenas empresas de tecnologia da informação ou da comunicação, mas outras
áreas começam a acompanhar este formato organizacional. É o caso da Unimed
Missões, sediada em Santo Ângelo.
Com mais de 200 funcionários, a empresa possui um sistema flexível de gestão
desde sua fundação, em 1972; trabalhando sempre com a negociação como elo
entre colaboradores e seus superiores.
A Unimed Missões possui o sistema de
banco de horas, em que os funcionários
que tiverem que se ausentar ou ficar mais
tempo na empresa possam utilizar essas
O benefício na balança
Confira as vantagens e os cuidados para estabelecer a flexibilidade de horários:
Prós
Melhora no ambiente de trabalho
Alinhamento com objetivos pessoais
Possibilidade de negociação
Contras
44
Perda do foco
Aumento da exigência por resultados
Conflitos internos devido à divergência de horários
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
horas quando lhes for necessário. No caso
dos colaboradores que estudam, há negociação com seus gestores para que possam
sair no horário das aulas e compensar depois. Não são todas as áreas da empresa
que adotaram este sistema, como no caso
do setor de enfermagem, que trabalha por
escalas. “O diferencial da Unimed é que
sempre é possível negociar”, relata Vergínia Donadel Forgiarini, supervisora de
Recursos Humanos.
Ela afirma que a recompensa da flexibilização é maior do que os transtornos,
pois a equipe tem mais satisfação no que
faz, sabendo que seus objetivos pessoais
não serão prejudicados ou influenciarão de forma negativa em seu trabalho.
“Gestores e funcionários são treinados
desde seu início na empresa para trabalhar com o sistema de negociação.”
Home office
No Grupo S7, agência especializa em
intercâmbios, a flexibilidade é baseada no
plano de carreira. De acordo com Marjoli Caeron da Silva, gerente comercial da
Lúcia Simon
das para que tudo fique regulamentado
perante a legislação. Em organizações
mais tradicionais não é raro que os colaboradores acompanhem a cultura dos
horários delimitados, desta forma, implementar um sistema de trabalho mais
aberto se torna mais complexo.
Tendências
que a parceria funcione ou, do contrário,
o benefício pode ser cortado”, finaliza.
A pouca caracterização desse tipo
de relação trabalhista na Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT) faz com que
algumas empresas evitem a flexibilização
dos horários de seus funcionários. A Lei
12.551, de 2011, acrescentou alguns pontos em relação ao trabalho de forma não
presencial (Home Office), trabalho via
celular ou internet, onde os mesmos não
se distinguem da forma presencial. Devese ressaltar que um funcionário que leva
o notebook da empresa para casa, por
exemplo, não esteja necessariamente
trabalhando durante todo o período. A
remuneração deve ser a mesma e demais
regras como carga horária e horas-extras
devem ser seguidas de acordo com a CLT.
Acordos coletivos entre categorias, convenção da empresa ou mesmo acordos
entre a empresa e funcionários em situações pontuais tem sido saídas encontra-
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
45
unidade Porto Alegre, a intenção é fidelizar o profissional para que, junto às vantagens, venha a vontade de criar raízes na
empresa. Após um ano de contratação,
o colaborador pode trabalhar em home
office a cada 15 dias, no dia escolhido e
de acordo com a escala do seu setor. Apenas o setor financeiro não participa desse
sistema, pois se torna inviável em função
das tarefas que executa.
Apesar da baixa faixa etária dos funcionários e do clima descontraído do
escritório, eles não são contratados em
função do perfil cultural da empresa, mas
sim pelas atividades e experiência prévia
nas áreas determinadas. Para Marjoli, as
vantagens são bem mais significativas do
que as desvantagens do sistema. “Poder
almoçar em casa, tomar um mate, não
precisar enfrentar o trânsito é algo muito
positivo. Todos sabem de suas tarefas e
que serão cobrados. Portanto, a disciplina e responsabilidade são essenciais para
De acordo com Rose Sussenbach, gerente-geral da Place Consultoria e Recursos Humanos, empresas que trabalham
com a flexibilização de horários ainda são
poucas. Costumam ser de grande porte,
como as multinacionais, e estão localizadas, em sua maioria, nas capitais.
Uma das saídas está na hora da seleção. De acordo com Rose, se a intenção da empresa é mudar sua cultura, o
processo deve ser feito desde sua cúpula,
terminando na contratação de pessoas
alinhadas a este perfil de trabalho. O
funcionário também deve lembrar que
a liberdade dada pela empresa muitas
vezes pode aumentar a busca por resultados e metas; portanto, a responsabilidade pode ser maior. Segundo a gerente
geral, a tendência é que a flexibilidade
no ambiente de trabalho seja sucesso no
futuro. “Mas, no momento, ainda não
estamos preparados para isso.”
A melhor forma para se trabalhar em
harmonia é que gestores e funcionários
tenham em mente a noção de responsabilidade com o cargo que lhes foi proposto, buscando sempre adequar-se aos
imprevistos que surgirem. Além disso, é
importante negociar e buscar entender as
necessidades mais profundamente, para
que a liberdade oferecida pela organização não prejudique a vida profissional,
pessoal nem a própria empresa.
Lúcia Simon
Visão Tributária
Rafael Pandolfo
Consultor tributário da Fecomércio-RS
“Não acredito em reformas abruptas, creio num transcurso formado
por avanços e pausas. O primeiro passo é a formação do consenso na
sociedade, que já se encontra presente.”
C rítica e esperança
46
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
Só tem direito de criticar aquele que pretende ajudar. A frase, atribuída a Abraham
Licoln, é uma metacrítica que revela muito sobre a função daqueles que se comunicam com
o público, a finalidade da sua mensagem e sua
vinculação interna. Criticar a única coisa que
se enxerga ou criticar uma alternativa, em detrimento de outra considerada adequada. Há
uma diferença, pode se dizer, ontológica, e por
isso me identifico com a segunda alternativa.
Assim, alinho algumas sugestões sobre medidas
que podem ajudar a transformar nosso sistema
tributário num dos elementos de fertilidade do
ambiente de negócios no Brasil. Aí vão elas:
– supressão da contribuição da folha (INSS)
sobre os setores do comércio e do serviço,
que mais utilizam mão de obra. Os empregos
gerados, o aumento do faturamento e do
consumo compensarão (IRPF, IPI, Pis/Cofins,
ICMS, ISS, Simples) a perda da arrecadação
com a supressão;
– unificação de todos os tributos
federais incidentes sobre o consumo (IPI/
Cofins/Pis);
– resolução do conflito existente (ICMS) entre o regime de substituição tributária (instru-
mento de arrecadação) e o regime do Simples,
que acaba mitigando a garantia constitucional
a um tratamento tributário compatível com a
respectiva capacidade contributiva;
– ampliação e “simplificação” do Simples
Nacional;
– diminuição de obrigações acessórias
(relevante apenas caso o IPI seja unificado
com o Pis/Cofins);
– ampliação e consolidação dos regimes tributários especiais, ligados ao desenvolvimento de
determinados setores e atividades;
– solução do passivo dos estados e municípios e
do passivo tributário de muitos contribuintes.
– desburocratização da economia;
– eliminação da guerra fiscal entre os estados.
Não acredito em reformas abruptas, creio
num transcurso formado por avanços e pausas.
O primeiro passo é a formação do consenso na
sociedade, que já se encontra presente. Algumas medidas cruciais, como a que envolve o
INSS, ainda estão restritas a apenas segmentos
específicos da economia. Mas há movimento e,
com ele, crítica e esperança.
G lossário
Participação
que motiva a equipe
O PPR é uma ferramenta de gestão que incentiva aos colaboradores a atingir metas e
otimizar os resultados da empresa. Conheça mais sobre esta prática, que tem seu primeiro
registro ainda no início do século 19
oi-se o tempo em que o trabalhador era visto apenas como um cumpridor de tarefas. As políticas de recursos
humanos, cada vez mais, enfatizam a
ideia de colaboradores: funcionários
ativos, que têm poder de decisão e
também contribuem para melhorias
nos processos das empresas. Junto a
isso, vem a noção do prejuízo causado pela demissão de um colaborador.
Arca-se com encargos trabalhistas,
mas também com a perda da experiência acumulada daquela pessoa.
Para engajar as equipes e manter talentos, algumas organizações
recorrem a ferramentas de gestão
como o Programa de Participação
nos Resultados (PPR) – conhecido,
em algumas ocasiões, como Programa de Participação nos Lucros (PPL)
ou Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Esse recurso funciona,
geralmente, sob a forma de metas a
serem atingidas. Alcançados os re-
sultados, os colaboradores recebem
um abono financeiro.
O primeiro registro do uso do PPR
data de 1812. Na época, o imperador
Napoleão Bonaparte concedeu participação nos lucros aos atores da Comédia Francesa. Foram consideradas
características como a idade e a fama
de cada artista. A partir de então, a
prática foi sendo aprimorada em diferentes países. No Brasil, a participação nos lucros e resultados é regulada
pela Lei 10.101, em vigor desde dezembro de 2000.
Como funciona
O PPR não possui natureza salarial. Ou seja, não substitui nem complementa a remuneração devida ao
funcionário. Tampouco há encargos
trabalhistas envolvidos, como férias,
13º salário e outros benefícios sociais.
Trata-se de uma despesa operacional
da pessoa jurídica.
Entre os fatores que levam à
conquista do bônus estão índices de
produtividade, qualidade e lucro das
organizações, além de programas de
metas, prazos e resultados. A definição de como os colaboradores terão
direito ao benefício é estipulada previamente. Participam da discussão
gestores e equipe – comissão de empregados ou representante sindical,
quando for o caso.
Adotar o PPR não é obrigatório,
mas a prática é uma maneira de estimular os trabalhadores. Com recompensas claramente definidas, eles podem se sentir motivados a tornar os
processos do empreendimento mais
eficientes. Isso faz com que toda a
equipe trabalhe alinhada com os objetivos e valores da empresa, “vestindo a camiseta” do negócio. Além disso, os empregadores se mostram mais
transparentes, aumentando a credibilidade perante seus colaboradores.
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
47
F
Lúcia Simon
Visão Trabalhista
Flávio Obino Filho
Advogado trabalhista-sindical da Fecomércio-RS
“Todos estão autorizados a funcionar ou ninguém poderá utilizar a mão
de obra comerciária em feriados.”
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Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
F eriados e acordos de empresa
O art. 6º-A da Lei nº 10.101/00, com a redação dada pela Lei nº 11.603/07, é expresso
ao permitir o trabalho em feriados nas atividades do comércio em geral, desde que autorizado em convenção coletiva de trabalho.
Assim, somente através de ajuste categorial,
englobando todas as empresas representadas
por sindicato patronal e a totalidade dos comerciários reunidos no sindicato obreiro, é
possível a abertura do comércio em feriados.
Esta redação foi fruto de discussões entre
empresários, comerciários e o Governo, tendo
prevalecido o entendimento de que a autorização especial para o funcionamento em feriados deveria abarcar toda a categoria, evitando-se práticas discriminatórias decorrentes de
condições especiais negociadas em acordos
coletivos de trabalho. Todos estão autorizados
a funcionar ou ninguém poderá utilizar a mão
de obra comerciária em feriados.
Em que pese a regra expressa que resultou de acordo entre as partes envolvidas,
várias entidades sindicais de comerciários
têm negociado acordos coletivos de trabalho
com empresas autorizando o funcionamento em feriados. São acordos inválidos, mas
que na prática, por ausência de penalização,
vêm cumprindo seu objetivo e criando condições diversas para empresas comerciais de
uma mesma localidade.
A impunidade se explica pela comunhão
de interesses dos envolvidos. Ganham as empresas que funcionam sem concorrentes; empregados comissionados e os sindicatos profissionais que pressionam as entidades patronais
para que ajustem para toda a categoria as
condições negociadas com algumas empresas.
Neste cenário, não há denúncia para a fiscalização do trabalho e ações judiciais.
A farra, contudo, parece estar com os
dias contados. Neste mês de agosto, o TST,
em decisão unânime da Seção de Dissídios
Coletivos (SDC), em ação proposta por sindicato patronal, declarou nula cláusula de
acordo coletivo que prevê o funcionamento
de estabelecimento em feriado, sob a justificativa de que o dispositivo de lei é de interpretação restritiva que, fundada no princípio
da proteção ao trabalho, não pode ser alargada para abarcar as autorizações concedidas
em sede de acordo coletivo de trabalho.
O sinal vermelho do TST deve encorajar sindicatos patronais em todo o Brasil a
ingressarem com ações anulatórias de cláusulas de acordos coletivos, restabelecendo
a regra de que as autorizações para funcionamento em feriados somente podem
ser estabelecidas em acordos categoriais
firmados pelo sindicato dos comerciários e
o sindicato patronal.
&
Mais
Menos
INCLUSÃO DIGITAL NO PAÍS
RETOMADA DA ECONOMIA
Estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV)
mostra que
O relatório Economia Brasileira em Perspectiva, do Ministério da Fazenda, aponta uma
recuperação do Produto Interno Bruto do
país, que deve chegar a
Ivan Prole/Stock.xchng
51,2%
da população do Brasil possui acesso à
internet, computador em casa, telefone fixo
ou celular.
4%
ao final do ano.
ACESSO À INFORMAÇÃO
Em 2012, serão consumidos
O International Business Report (IBR) 2012
da Grant Thornton revela que
R$ 400 milhões
77%
em material escolar, conforme
indica pesquisa Pyxis Consumo, do
Ibope Inteligência.
dos empresários acreditam que as políticas
de remuneração e os salários individuais de
executivos seniores de companhias abertas
devem ser divulgados.
Ayhan YILDIZ/Stock.xchng
ARRECADAÇÃO DE
IMPOSTOS
Segundo a Associação Comercial de São
Paulo (ACSP), o Impostômetro deve alcançar no último dia do ano a marca de
R$ 1,6 trilhão,
mobilidade
O Brasil registrou crescimento de
46%
no acesso à banda larga móvel, de janeiro
a julho deste ano. É o que comprova o
estudo Balanço da Banda Larga 2012, feito
pela consultoria Teleco.
Charlie Ferrara/Stock.xchng
CONSUMO DE
MATERIAL ESCOLAR
número recorde. No final do mês de agosto chegou a R$ 1 trilhão.
GERAÇÃO Y
O Brasil gastou
0,5%
do Produto Interno Bruto (PIB) em
2011 para tratar doenças relacionadas ao tabaco, conforme levantamento feito pela organização não
governamental Aliança do Controle
do Tabagismo (ACT).
90%
da Geração Y não se interessa por política.
INVESTIMENTO FEDERAL
crise econômica
De acordo com o Diário Oficial
da União, a Caixa Econômica Federal
irá repassar
O nível de vida grego caiu
35%
nos últimos três anos, segundo o pri­meiro-ministro da Grécia, Antonis Samaras.
R$ 5,345 bilhões
do FGTS à produção e aquisição de
imóveis de planos do Governo.
Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
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custo do tabagismo
Pesquisa realizada pela Fecomércio-RS
aponta que mais de
arquivo/Fecomércio-RS
Visão Política
Rodrigo Giacomet
Consultor Político da Fecomércio-RS
“O fato de o dinheiro utilizado na compra do apoio parlamentar ser
público nunca interessou a ninguém.”
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Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89
M inistério da Verdade
Sete anos se passaram desde que uma desavença política na base do governo federal provocasse a denúncia do “mensalão”. Até então,
essa palavra não existia. Hoje, ao escrever esse
artigo, vejo que ela ainda não foi adicionada ao
dicionário da língua portuguesa, pois o editor
de textos automaticamente a sublinha com um
traço vermelho. Se ela fosse incluída no Aurélio, talvez pudesse ser descrita como “mecanismo de cooptação de apoio parlamentar, praticado pelo Executivo, mediante o pagamento
mensal de uma taxa, em espécie, a membros do
Legislativo”. Algo um pouco parecido com a
assinatura de um serviço de telefone, televisão
ou internet. Talvez fosse possível até o débito
em conta, desde que a conta fosse aberta no
banco certo, é claro.
Não quero dizer que outros governos
não utilizaram outros mecanismos para obter
apoio no Congresso. Há tempos a distribuição
de emendas parlamentares e a distribuição de
cargos públicos é moeda corrente no processo
de aprovação da agenda legislativa do Executivo. As grandes novidades desse processo
foram o uso de dinheiro em espécie, provavelmente público, e o pagamento mensal.
Esse episódio serviu para nos mostrar como
é possível conduzir a opinião pública quando
estão em jogo os interesses do governo. Os en-
volvidos conseguiram transformar a compra de
apoio parlamentar em um simples caixa dois
de campanha. Confessando um crime menor,
desviaram o foco da prática institucionalizada
de compra de votos no Congresso.
O fato de o dinheiro utilizado na compra do apoio parlamentar ser público nunca
interessou a ninguém. A opinião pública
nunca se manifestou contra isso, pois estava anestesiada pelo aumento da capacidade
de consumo e pela ação do governo sobre
os movimentos sociais. A palavra “mensalão” virou um simples sinônimo de corrupção, comum a todo o sistema político.
Atualmente, são poucos os que conseguem
entender a diferença entre esse e outros escândalos de corrupção.
E chegamos, finalmente, ao julgamento,
pelo STF. A distância dos acontecimentos e a
qualidade das argumentações dos advogados
dos réus quase nos faz pensar que o crime, ao
menos quando é político, compensa – quero dizer, prescreve. Como podemos ter sido
tão duros com essas pessoas sete anos atrás?
Como posso ter sido tão ingênuo ao acreditar que o “mensalão” aconteceu? Se George
Orwell, que escreveu o clássico 1984, estivesse vivo, ele diria que criamos o 38° ministério, o Ministério da Verdade.