Manual de Boas Prácticas Florestais
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Manual de Boas Prácticas Florestais
Ficha técnica Título Recuperação do Sobreiral Ardido da Serra do Caldeirão Edição GAPA - Gabinete de Avaliação e Planeamento Ambiental INUAF - Instituto Superior Dom Afonso III Autores INUAF/GAPA - Erika Santos; Inês Duarte APFSC - Ana Frutuoso; Carla Cristo; José Albuquerque; Pedro Jesus Fotografias GAPA/INUAF APFSC - Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão Impressão e Encadernação Gráfica Comercial de Loulé ISBN: 978-972-95622-5-9 Depósito legal: 263348/07 Tiragem: 1000 exemplares Loulé, 2007 2 Agradecimentos: Ramón Vallejo - Centro de Estudios Ambientales del Mediterráneo/Universidad de Barcelona Direcção Geral dos Recursos Florestais (DGRF) – Núcleo Florestal de Algarve Gabinete Técnico Florestal Intermunicipal Loulé/Faro Gabinete Técnico Florestal Intermunicipal Tavira/São Brás de Alportel/Olhão Grande Área Metropolitana do Algarve (AMAL) Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) 2 Índice Introdução 5 Serra do Caldeirão 6 Sobreiral 8 Incêndios florestais 10 Recuperação do sobreiral ardido 13 Avaliação do sobreiral 14 Acções a curto prazo 16 Acções a médio prazo 20 Gestão sustentável do sobreiral 27 Minimização dos incêndios 28 Sanidade do sobreiral 32 Uso múltiplo do sobreiral 33 Bibliografia 41 4 4 Introdução O sobreiral da Serra do Caldeirão é rico em espécies naturais, matérias-primas de elevada qualidade e produtos regionais, que são parte integrante da identidade local e nacional. Face aos grandes e contínuos incêndios que ocorreram nos últimos anos, grandes áreas deste ecossistema foram destruídas, bem como o rendimento económico dos seus proprietários. A Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão pretende com este manual disponibilizar, aos proprietários de sobreirais ardidos, uma ferramenta de utilização prática que permita a análise após incêndio e a recuperação mais eficiente do valor ecológico e económico das propriedades. Nas páginas seguintes são apresentadas linhas orientadoras e acções concretas para os períodos seguintes ao fogo (acções a curto e médio prazo) e, ainda, para uma gestão sustentável do sobreiral. Os custos apresentados baseiam-se em valores médios orçamentados para operações silvícolas na Serra do Caldeirão, no ano de 2007. Este manual de boas práticas florestais encontra-se inserido no Programa Interreg IIIC - OCR Incendi, sub-projecto “Restauração de terrenos ardidos”. 6 Introdução Serra do Caldeirão A Serra do Caldeirão situa-se a Sul de Portugal entre o barrocal Algarvio e as planícies do Baixo Alentejo. Possui solos desenvolvidos sobre xistos e um clima mediterrânico. É constituída por um sistema semi-natural de sobreiro, com elevado valor ecológico e paisagístico. A Serra do Caldeirão é uma das principais regiões suberícolas de Portugal, produtora de cortiça de elevada qualidade. Fauna, flora e paisagem Sobreiral e Cortiça Serra do Caldeirão Usos e costumes 6 Uso múltiplo Introdução Algumas áreas da Serra do Caldeirão possuem elevada importância ao nível da conservação da natureza, já que apresentam algumas espécies de plantas endémicas* ou raras do Mediterrâneo. * Plantas que só se encontram numa determinada zona do mundo Exemplos deste tipo de plantas que existem na Serra do Caldeirão: Rosmaninho branco (Lavandula viridis) Orquídea (Scilla hyacinthoides) Insectívora (Drosophyllum lusitanicum) 8 Introdução Sobreiral O Sobreiral da Serra do Caldeirão é um sistema florestal caracterizado por elevada densidade de sobreiros, em declives acentuados, e uma cobertura arbustiva. A existência do sub-coberto neste sistema possui um papel importante na protecção do solo e, consequentemente, na sanidade do sobreiral. Cortiça de elevada qualidade Fixação do dióxido de carbono Sobreiral Biodiversidade 8 Protecção do solo Introdução O sobreiral pode apresentar também elevadas potencialidades para desenvolvimento de actividades de uso múltiplo, por exemplo: o mel, a caça, o medronho, a silvopastorícia, os cogumelos silvestres, as plantas aromáticas e o turismo em espaço rural. 10 Introdução Incêndios florestais Os incêndios florestais constituem um fenómeno comum nos territórios de clima mediterrânico. Nos últimos anos, verificou-se um aumento da intensidade e da frequência dos incêndios, devido ao abandono das práticas tradicionais de uso agro-florestal, que dão origem a grandes extensões homogéneas de vegetação combustível. Ameaça ao desenvolvimento dos sobreiros Ameaça da fauna, flora e paisagem Incêndios Florestais Diminuição do rendimento económico Alteração das propriedades do solo 10 Introdução As áreas ardidas ficam expostas à acção directa da erosão, consoante o seu declive. Assim, quanto maior for o declive, a intensidade das chuvas e do vento, maior poderá ser o efeito da erosão. A erosão provoca a perda de solo fértil, sendo uma das principais causas da desertificação da região mediterrânea. 12 12 Recuperação do sobreiral ardido O sobreiro é uma espécie mediterrânica com elevada capacidade de recuperar após o fogo. A saúde do sobreiro está dependente do equilíbrio de todo o sobreiral. Para o sobreiral ardido recuperar melhor é importante realizar uma avaliação dos danos e, só depois, decidir qual a acção mais adequada para o caso. Intervenção Quando? Antes das primeiras chuvas - Acções a curto prazo Entre o 2º e o 5º ano após o incêndio Acções a médio prazo Para quê? Proteger o solo Recuperar o potencial produtivo do sobreiral 14 Recuperação do sobreiral ardido Avaliação do sobreiral A capacidade de regeneração dos sobreiros após o fogo depende essencialmente da intensidade do fogo, da idade e do vigor inicial do sobreiro, bem como da idade da cortiça. Idade do sobreiro (anos) Idade da cortiça (anos) < 30 < 30 30 – 50 >50 Intensidade do fogo Intenso Moderado <2 2-7 >7 <2 2-7 >7 Capacidade de regeneração dos sobreiros Elevada Média Baixa Nula 14 Uma avaliação rigorosa da capacidade de regeneração dos sobreiros facilita na decisão das acções de rearborização a realizar. Recuperação do sobreiral ardido Relação entre a regeneração dos sobreiros e a produção da cortiça Capacidade de regeneração dos sobreiros Resultado na exploração da cortiça Elevada Exploração viável A produção de cortiça não é afectada significativamente Média Exploração viável A produção de cortiça pode ser menor nas tiragens seguintes Baixa Exploração duvidosa Pode não se justificar a exploração da sua cortiça Nula Exploração de cortiça inviável Não se justifica a exploração de cortiça 16 Recuperação do sobreiral ardido Acções a curto prazo As acções a curto prazo são para a protecção do solo e devem ser realizadas antes das primeiras chuvas. Estas intervenções podem realizar-se em todos os declives sendo essenciais nos declives acentuados. Consistem em cobrir o solo através de sementeira de herbáceas e/ou com destroços vegetais e na criação de efeito de barreira. Diminuição da erosão Aumento da fertilidade do solo Aumento da capacidade de retenção de água 16 Recuperação do sobreiral ardido CERTO Cortar e estraçalhar vegetação queimada de modo a cobrir o solo Redução da perda de solo por escorrência Como fazer e quanto custa? Corta-mato (7 - 10 horas/ha; 200 - 300 €/ha) Moto-manual (8 - 10 jornas/ha; 500 - 800 €/ha) X ERRADO Mobilizar o solo em profundidade Aumento do risco de erosão Perda da camada superficial do solo Perda de fertilidade 18 Recuperação do sobreiral ardido CERTO Semear herbáceas, por exemplo a tremocilha, com adubação fosfatada ou composto natural Como fazer e quanto custa? Distribuir, de uma forma uniforme, as sementes (60 - 80 kg/ha) e o composto (80 - 100 kg/ha) directamente no solo ou após ligeira preparação mecânica de terreno Custo total da operação: 5 - 6 horas/ha; 150 - 250 €/ha Melhoria das condições do solo Favorecimento da germinação desenvolvimento inicial das plantas Conservação da água no solo Redução da erosão X ERRADO Usar espécies herbáceas não autóctones 18 e Podem tornar-se invasoras destruindo a flora natural da região Recuperação do sobreiral ardido CERTO Criar o efeito de barreira usando troncos caídos e queimados Como fazer e quanto custa? Dispor os troncos ao longo das curvas de nível, amarrados ou não a cepos (500 - 1000 €/ha) Retenção de solo que pode ser transportado pela chuva, vento ou escorrência superficial 20 Recuperação do sobreiral ardido Acções a médio prazo As acções a médio prazo devem ser realizadas entre o 2º e 5º ano após o fogo. Estas operações consistem no aproveitamento da regeneração natural, sementeira e/ou plantação de sobreiros, realização de podas de formação e descortiçamento da cortiça queimada em sobreiros adultos viáveis. Recuperação do estrato arbóreo do sobreiral Recuperação do potencial produtivo dos sobreiros ardidos A recuperação do sobreiro depende do vigor dos sobreiros, da espessura da cortiça e da intensidade do fogo. 20 Recuperação do sobreiral ardido CERTO - Aproveitamento da regeneração natural Favorecer a regeneração natural dos sobreiros e de algumas espécies arbustivas com boa recuperação pós fogo, como por exemplo o medronheiro Aumento do potencial produtivo Protecção do solo Manutenção da diversidade Como fazer e quanto custa? Seleccionar e sinalizar a regeneração natural que se pretende manter (1 - 2 jornas/ha; 50 - 100 €/ha) As árvores adultas e a regeneração natural devem cobrir o solo numa proporção entre 40 a 60 % da área total. 22 Recuperação do sobreiral ardido Exemplo de outras espécies a favorecer para além do sobreiro: Medronheiro (Arbutus unedo) Urzes (Erica australis, Erica arborea) Alfalfa arbórea (Medicago arbórea) Carrascos (Quercus coccifera) Lentisco (Pistacia lentiscus) O aumento da diversidade de espécies pode contribuir para o posterior uso múltiplo do sobreiral. Medronheiro (Arbutus unedo) Carrasco (Quercus coccifera) 22 Recuperação do sobreiral ardido CERTO - Sementeira/Plantação Semear ou plantar sobreiros, em povoamento puro ou misto com medronheiro, quando a regeneração natural é insuficiente. Aumento do potencial produtivo Aumento da densidade arbórea Protecção do solo X ERRADO Destruir a regeneração natural Plantar espécies não autóctones e exóticas Atrasa a recuperação do potencial produtivo do sobreiral Podem tornar-se invasoras destruindo as espécies naturais do sobreiral 24 Recuperação do sobreiral ardido Sementeira Como fazer e quanto custa? Preparar ligeiramente o terreno, de forma manual ou mecânica, nas linhas de sementeira (200 - 500 €/ha) Semear: inclui landes (6 kg/ha), adubo e tubo protector (300 - 350 €/ha) Plantação Como fazer e quanto custa? Preparar ligeiramente o terreno, de forma manual ou mecânica, nas linhas de sementeira (200 - 500 €/ha) Plantar: inclui plantas (400 plantas/ha), adubo e tubo protector (500 - 600 €/ha) Landes certificadas da Serra do Caldeirão Quando? Entre Novembro e Janeiro Plantas certificadas Quando? Entre Novembro e Março 24 Recuperação do sobreiral ardido Poda Apenas é permitida quando visa melhorar as características produtivas, aumentar o vigor dos sobreiros e evitar a disseminação de pragas e doenças. A poda consiste em cortar os ramos de modo a manter um fuste alto e direito, sem retirar mais do que um terço do volume da copa (Artigo 15º do Decreto-Lei 169/2001). Quando fazer? Quais os cuidados a ter? Entre 1 Novembro e 31 Março e sujeito a autorização prévia Após podar cada sobreiro, principalmente os doentes, desinfectar as ferramentas usadas com, por exemplo, formol a 5% Os cortes devem ser lisos e inclinados Evitar o corte de ramos com diâmetro superior a 4 cm Destroçar ou queimar os sobrantes da poda X PROIBIDO FAZER PODAS Nos 2 anos antes ou até 2 anos depois da extracção da cortiça Fora do período de 1 Novembro a 31 Março Sem autorização prévia da Direcção Geral Recursos Florestais/Núcleo Florestal do Algarve 26 Recuperação do sobreiral ardido Descortiçamento Após um incêndio é necessário extrair a cortiça queimada dos sobreiros viáveis, de modo a manter a produtividade. A extracção da cortiça deve cumprir os requisitos dos artigos 11º a 13º do Decreto-Lei 169/2001. Quando fazer? Entre Maio e Agosto, consoante as condições climáticas Quais os cuidados a ter? Assegurar que o sobreiro está em boas condições vegetativas antes de o descortiçar Esperar pelo menos 2 anos após o fogo Evitar o descortiçamento em dias de chuva Não fazer feridas no entrecasco Desinfectar as ferramentas antes de descortiçar Quanto custa? Jorna tirador (100 - 125 €) X PROIBIDO DESCORTIÇAR Tronco ou pernadas com perímetro inferior a 70 cm Sobreiros queimados com menos de 9 anos de cortiça, sem autorização da Direcção Geral de Recursos Florestais/Núcleo Florestal do Algarve 26 Gestão sustentável do sobreiral A gestão sustentável do sobreiral consiste num conjunto de acções a longo prazo com o objectivo de aumentar a produtividade do sobreiral, sem comprometer o ecossistema e a sua exploração futura. Intervenção Quando? A partir do 5º ano após o incêndio Acções a longo prazo Para quê? Diminuir o risco de incêndio Favorecer o vigor vegetativo dos sobreiros Diminuir o risco de erosão Aumentar a produtividade e rentabilidade do sobreiral Promover a conservação da biodiversidade 28 Gestão sustentável do sobreiral Minimização dos incêndios florestais O desenvolvimento de esteva (Cistus ladanifer) e tojo (Ulex argentius) aumenta significativamente o risco de incêndio no sobreiral, devido às suas características combustíveis. Material lenhoso muito ramificado Folhas com elevado teor de óleos e resinas As principais acções de minimização dos incêndios florestais devem realizar-se periodicamente, de modo a diminuir as condições de ignição e propagação do fogo, bem como facilitar o seu combate. Consistem em: Controlo da vegetação espontânea Beneficiação da rede viária Criação de faixas de gestão de combustível 28 Gestão sustentável do sobreiral CERTO - Controlo da vegetação espontânea Diminuir a quantidade de espécies combustíveis Desmatar de algumas áreas com cobertura vegetal densa Diminuição da carga combustível Criação de descontinuidades na vegetação Como fazer e quanto custa? Desmatar de 5 em 5 anos, dependendo do desenvolvimento da vegetação arbustiva, por faixas ou manchas, nas propriedades com mais de 10 ha, com: Corta-matos de correntes (7 - 8 horas/ha; 200 - 300 €/ha) Corta-matos de martelos (8 - 10 horas/ha; 300 - 400 €/ha) Grade de discos (5 - 8 horas/ha; 150 - 250 €/ha) Moto-manual (8 - 10 jornas/ha; 500 - 800 €/ha) X ERRADO Deixar grandes extensões de mato combustível Mobilizar o solo na área da dupla projecção da copa dos sobreiros Utilizar a grade de discos sem ser em curva de nível 30 Gestão sustentável do sobreiral CERTO - Beneficiação da rede viária Manter os caminhos florestais em boas condições para a circulação de veículos Facilita o combate aos incêndios Permite uma primeira intervenção mais rápida Facilita o acesso à propriedade Como fazer e quanto custa? Efectuar a manutenção das faixas de rodagem com mais que 3,5 metros de largura, através de lâmina do tractor ou niveladora (8 - 12 horas/km; 500 - 750 €/km) 30 Gestão sustentável do sobreiral CERTO - Criação de faixas gestão combustível Garantir a existência de descontinuidades na vegetação arbustiva nos caminhos e cumeadas Diminuição da intensidade e da propagação do fogo Garantia de maior segurança no combate aos incêndios Como fazer e quanto custa? Limpar o mato de 3 em 3 anos, em faixas de 10 a 20 metros para cada lado dos caminhos florestais e nas cumeadas, com grade de discos ou corta-matos (150 - 200 €/ha) 32 Gestão sustentável Sanidade do sobreiral O declínio/mortalidade dos sobreiros e os incêndios constituem as principais ameaças à vitalidade e produtividade do sobreiral. O enfraquecimento dos sobreiros é causado por um conjunto de factores, ambientais e humanos, que estão interligados. As pragas e doenças são alguns dos factores que afectam significativamente os sobreiros da Serra do Caldeirão: Pragas Limantria Cobrilha Portésia Plátipo Doenças Fitóftora Carvão de entrecasco Diplodia Ferrugem Uma gestão equilibrada contribui para um fortalecimento do sobreiral podendo reduzir o aparecimento destes agentes nocivos. 32 Gestão sustentável Uso múltiplo do sobreiral O uso múltiplo do sobreiral pode contribuir para um maior rendimento económico do proprietário. Para além da produção de cortiça, outras actividades secundárias podem ser exploradas no sobreiral: Caça Recolha do medronho Silvopastorícia Recolha de cogumelos comestíveis Plantas medicinais e aromáticas Apicultura 34 Gestão sustentável do sobreiral Caça O sobreiral é o meio natural de várias espécies cinegéticas que possuem um interesse ecológico e desportivo: Perdiz-vermelha (Alectoris rufa) Javali (Sus scrofa) Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) Lebre (Lepus capensis) Pombo torcaz (Columba palumbus) Perdiz-vermelha (Alectoris rufa) 34 Muitas destas espécies desempenham importantes funções no funcionamento do sobreiral, designadamente no controlo de alguns insectos ou pragas. Gestão sustentável do sobreiral Recolha de medronho O medronheiro é um arbusto mediterrânico que ocorre espontaneamente e em elevada densidade no sobreiral da Serra do Caldeirão, recuperando facilmente após o fogo. Este arbusto oferece, através do seu fruto, o medronho, um dos produtos tradicionais mais valorizados na zona – a aguardente de medronho. 36 Gestão sustentável do sobreiral Silvopastorícia A silvopastorícia é uma actividade que esteve sempre ligada à Serra do Caldeirão, continuando a ser uma exploração secundária com elevada potencialidade. Esta actividade, para além de oferecer um bom rendimento ao proprietário, contribui para um aumento da fertilidade do solo e para a manutenção dos terrenos sem plantas infestantes. As espécies pecuárias mais representativas na Serra do Caldeirão são: Suínos, principalmente o porco preto Ovinos Caprinos A intensidade do pastoreio depende da área da propriedade e da quantidade de alimento existente. A regeneração natural dos sobreiros tem de ser protegida quando existe esta actividade. 36 Gestão sustentável do sobreiral Recolha de cogumelos Os cogumelos silvestres são vitais para o funcionamento do sobreiral, pois têm uma relação benéfica com os sobreiros. Existem os comestíveis e os venenosos e, por isso, é muito importante conhece-los bem, antes de os apanhar. Alguns dos cogumelos comestíveis são valiosos, sendo uma fonte secundária de rentabilidade do sobreiral. Principais cogumelos comestíveis que existem na Serra do Caldeirão: Cantharellus cibarius Macrolepiota procera Amanita caesarea Craterellus cornucopiodes Cantharellus lutescens Importante! Existem regras que são fundamentais na recolha dos cogumelos. Amanita caesarea Cantharellus cibarius Macrolepiota procera 38 Gestão sustentável do sobreiral Plantas medicinais e aromáticas Na Serra do Caldeirão existem várias espécies de plantas com propriedades medicinais e aromáticas que podem ser comercializadas. Algumas espécies de plantas aromáticas e medicinais que podem ser usadas: Alecrim (Rosmarinus officinalis) Cardo (Sylibum marianum) Funcho (Foeniculum vulgare) Hipericão (Hypericum perforatum) Malva (Malva silvestris) Orégãos (Origanum vulgare) Rosmaninho (Lavandula luisierii) Salvia (Salvia officinalis) Importante! Só algumas partes destas plantas possuem interesse económico logo, as plantas não devem ser colhidas na sua totalidade. 38 Gestão sustentável do sobreiral Apicultura É a actividade de uso múltiplo que tem maior expressão, quer pela tradição quer pela qualidade dos produtos. Devido à grande variedade de espécies de plantas associadas aos sobreirais, os produtos finais da apicultura são muito procurados devido às suas características particulares. Os principais produtos resultantes da apicultura que podem ser comercializados são: Mel Pólen Própolis Cera 40 40 Bibliografia Direcção Geral dos Recursos Florestais, 2005, Código internacional das práticas suberícolas (eds.), Évora e Mérida, Portugal e Espanha, pp: 13. Direcção Geral dos Recursos Florestais, 2006, Boas Práticas de Gestão em sobreiro e azinheira (eds.), Lisboa, Portugal, pp: 104. Instituto Superior D. Afonso III – INUAF, 2006, Jornadas Áreas ardidas no Algarve. Recuperação sustentável, INUAF Studia: Scientiae Rerum Diffusio, Ano 5, Suplemento 9, pp: 80. Marques, D., 2001, O papel da espécies vegetais autóctones na prevenção da Desertificação, INUAF Studia: Scientiae Rerum Diffusio, Ano 2, Suplemento 2, 79-84. Pausas, J. G.; Bladé, C.; Valdecantos, A.; Seva, J. P.; Fuentes, D.; Alloza, J. A.; Milagrosa, A.; Bautista, S.; Cortina, J. & Vallejo, R., 2004, Pines and oaks in the restoration of Mediterranean landscapes of Spain: New perspectives for an old practice – a review, Plant Ecology 171, 209220. Sequeira, E. M., 2001, Desertificação – O programa de acção nacional O caso do Algarve, INUAF Studia, Ano 2, Suplemento 2, 93-128. Vallejo, V. R., 1997, La restauración de la cubierta vegetal en la comunidad valenciana (eds), Fundación Centro de Estudios Ambientales del Mediterráneo – CEAM, Valencia, Espanha, pp: 601. Vallejo, V. R.; Alloza, J. A., 2004, Avances en el estudio de la gestión del monte mediterráneo (eds), Fundación Centro de Estudios Ambientales del Mediterráneo – CEAM, Valencia, Espanha, pp: 570. Vallejo, V. R.; Cortina, J.; Vilagrosa, A.; Seva, J. P.; Alloza, J. A., 2003, Problemas y perspectivas de la utilización de leñosas autóctonas en la restauración forestal. In: Rey, J. M.; Espigares, T.; Nicolau, J. 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