46 califórnia
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Fotos: divulgação e Shutterstock CALIFÓRNIA California 46 Por Carolina Maia e Cristiane Sinatura dreAminG Los Angeles, São Diego e San Francisco: uma é glamourosa, a outra é de bem com a vida e a última é eclética. Eis a combinação de ouro da Califórnia, o Golden State da costa oeste americana. E o melhor de tudo: o caminho entre elas é uma delícia, principalmente a mítica Highway 1, sonho de road trip mundo afora. A vantagem de começar a viagem por Los Angeles são os voos diretos, que ganharam força com as novas frequências operadas pela American Airlines desde dezembro. Alugue um carro logo que chegar – você vai precisar dele para se locomover pela cidade. De lá até São Francisco, são 730 quilômetros, mas você vai querer mais que as nove horas que o trajeto direto costuma levar – e ainda vai querer esticar outros 230 quilômetros até San Diego. Preparamos um roteiro ideal de 14 dias, que cobre as atrações imperdíveis de cada cidade e ainda inclui pit stops e pernoites sensacionais à beira do Pacífico, como Santa Monica, Malibu, Santa Barbara, Carmel e Monterey. E, se ainda não for o bastante, trazemos uma seleção de dicas para curtir as vinícolas de Nappa Valley. 47 CALIFÓRNIA Dia 1 ogo cedo, uma pequena passeata de japoneses empunha placas com dizeres cristãos, pregando palavras fervorosas. Alguém vestido de Chewbacca, o alienígena peludo de Star Wars, vem se juntar ao coro, acenando e dançando. Enquanto isso, o Batman troca uma ideia com o Homem de Ferro, pisando sem remorso sobre a estrela estampada com o nome de Britney Spears e posando para as câmeras dos turistas. Esta é a Hollywood Boulevard, um dos lugares mais glamourosos e infames de Los Angeles, onde tudo pode acontecer e todo tipo de gente pode aparecer – e, portanto, um ótimo ponto para começar o roteiro. A avenida é o centro nervoso e turístico de Hollywood, o distrito pop que fica a 20 minutos do centro da cidade. Nela corre, por seis quilômetros, a icônica Calçada da Fama, que reúne 2 mil estrelas com nomes de personali- para a piscina – onde, diz a lenda, seu fantasma ainda aparece de vez em quando... Nesse miolinho da Hollywood Boulevard ainda fica o museu de cera Madame Tussauds, com réplicas em tamanho real de celebridades e personagens, e o museu de bizarrices Ripley’s Believe It Or Not. Dali vale caminhar pela Sunset Boulevard, outra avenida bastante popular que vem desde a Highway 1 até o centro de Los Angeles. O trecho próximo à Hollywood Boulevard é a meca dos amantes de música, que fazem a festa na incrível loja de discos Amoeba e na supercompleta Guitar Center, especializada em instrumentos e dona de sua própria calçada da fama. A parte mais movimentada é a Sunset Strip, já em West Hollywood, com uma profusão de casas noturnas, restaurantes e bares. Um dos mais célebres é o Rainbow, frequentado por roqueiros e cenário do primeiro encontro entre Marylin Monroe e dades, de Steven Spielberg a Frank Sinatra. Caçá-las pode ser um passatempo para horas e horas. Mais interessante é o chão em frente ao TLC Chinese Theatre, com os pés, as mãos e as assinaturas das celebridades gravados em cimento. O teatro é, por si só, uma bela atração, construída em estilo chinês em 1927 para sediar estreias de filmes e eventos – inclusive três cerimônias do Oscar. Desde 2002, essa função pertence oficialmente à casa vizinha, o Dolby Theatre (antigo Kodak), que pode ser visitado em tours guiados. Mas foi do outro lado da rua, no Roosevelt Hotel, que aconteceu a primeiríssima entrega de prêmios da Academia, em 1929. O hotel é até hoje uma instituição de Hollywood, recebendo celebridades em suas suítes, seu bar, sua piscina, seus restaurantes e seu night club. Era um dos lugares favoritos de Marylin Monroe, que chegou a morar em um quarto de frente seu segundo marido, Joe DiMaggio. Quem quiser curtir a noite por ali encontra opções badaladas, como o The Viper Room e o bar Marmont, no hotel de mesmo nome, com direto a encontrar celebridades (ou, como dizem os angelenos, celebrity spotting). Depois de rodar pela Strip, um bom jeito de encerrar a programação é o Griffith Park, um dos maiores parques urbanos da América do Norte. A enorme área foi doada à cidade em 1896 pelo magnata Griffith J. Griffith, com a condição de que se tornasse um espaço público. Hoje, tem anfiteatro, zoológico, santuário de pássaros e um interessante observatório com planetário. Também há muitas trilhas que, subindo as montanhas áridas, permitem ver as diferentes regiões de Los Angeles, dos arranha-céus de Downtown às mansões em bairros reclusos. Reluzente lá no alto, eis o inconfundível letreiro de Hollywood, cujas letras brancas L quem nÃo AmA HollYWood? Para encontrar as is celebridades ma da lça Ca na te en facilm da Fama, baixe o od aplicativo Hollywo e Walk of Fame, qu nte me ata ex a str mo a localização de cada nome. 9 para iPhone) 0,9 S$ (U Los Angeles 48 HollYWood bouleVArd Fotos: Prayitino/flickr e Shutterstock A estrelA dA cAliFÓrniA cAlÇAdA dA FAmA 49 rodeo driVe – beVerlY Hills CALIFÓRNIA obserVAtÓrio GriFFitH chegam a 15 metros de altura. Ele foi erguido nos anos 1920 como propaganda de um empreendimento residencial chamado Hollywood Land. A repercussão foi tanta que, em 1949, as últimas quatro letras foram removidas para se tornar um símbolo de Hollywood como um todo. Não é permitido chegar perto das letras, mas empresas como a Bikes and Hikes LA (bikesandhikesla.com) promovem caminhadas guiadas, a pé ou de bicicleta, que revelam de longe alguns “segredinhos” por trás das letras e apontam cenários de filmes, como De Volta Para o Futuro e Uma Cilada para Roger Rabbit. Dia 2 o mundo se encontrA em lA É injusto que o brilho de Hollywood e de Beverly Hills ofusque o potencial de Downtown, a região em que Los Angeles mostra sua vocação para metrópole, tal qual uma versão californiana de Nova York. Ali, ao contrário do horizonte sempre à vista e das avenidas largas que caracterizam o restante da cidade, os prédios se projetam para cima e se apertam nas ruas sombreadas. Passando por uma intensa revitalização, a área começa, pouco a pouco, a entrar na mira dos turistas, seja em caminhadas a esmo, seja nos roteiros dos ônibus de sightseeing (starlinetours.com). 50 Essa segunda opção cobre, em duas horas, alguns destaques, com direito a descer e subir novamente em qualquer ponto. Já quem prefere caminhar pode começar no Grand Central Market, uma fusão deliciosa de algumas etnias que compõem a população de Los Angeles, a maior dos EUA, com 10 milhões de pessoas. Desde 1917, o “mercadão” reúne tendas de comida mexicana, alemã, chinesa, tailandesa, japonesa... Vale degustar os queijos da DTLA Cheese, os tacos da Ana Maria, o criativo menu à base de ovos da Egg Slut e os sucos funcionais da Press Brothers Juicery. Perto do mercado fica a The Last Bookstore, uma livraria nostálgica que ocupa o prédio de um banco construído em 1914. Entre CDs, vinis, livros e HQs (novos e usados, muitos na seção de US$ 1), o tempo ali voa. O antigo cofre guarda um estranho acervo de publicações sobre crime, direito, terror e bizarrices. Saindo da livraria, uma caminhada pela Broadway leva até o recém-inaugurado Hotel Ace, que já figura na lista de melhores lugares para o celebrity spotting. O prédio foi construído como sede da companhia de cinema United Artists e, depois de uma fase de abandono, entrou na onda da “renovação” que invadiu Downtown de uns anos para cá. Bem do lado fica o prédio to, os encanamentos e as portas de ferro da antiga fábrica que o ocupava. No menu, brilham especialidades como a focaccina, o nhoque com javali e o fusilli à matriciana, preparadas pelo chef Angelo Auriana. Dia 3 Arte, cinemA e comprAs! Los Angeles é glamourosa, é cosmopolita e é também descolada. Essa faceta fica clara na Melrose Avenue, onde começa o roteiro do dia. Correndo entre Hollywood e Beverly Hills, ela é uma mescla das duas: descontraída e sofisticada ao mesmo tempo. Foi com o seriado dos anos 1990 Melrose Place que a região ganhou fama. Perto da via secundária que dá nome ao programa, estão lojas de perfil jovem, como Alexander McQueen, Marc Jacobs, Vera Wang, Vivienne Westwood e Carolina Herrera. Já o trecho entre as avenidas Fairfax e Highland é mais alternativo, considerado o berço do movimento punk de Los Angeles, reunindo brechós e Arts district Fotos: divulgação azul-reluzente, quase kitsch, onde, dizem, Johnny Depp teria comprado uma cobertura de 2 milhões de dólares. No estacionamento em frente, a parede exibe um grafite de Banksy, um dos principais nomes da street art internacional – arte de rua, você vai ver, é uma constante em LA. O miolinho ainda concentra antigos teatros, como o Tower e o Orpheum. Reformado e com a fachada original preservada, o Rialto deu lugar, este ano, a uma loja da moderninha Urban Outfitters. A próxima parada é o LA Live, um complexo de entretenimento ao lado da arena Staples Center, casa do time de basquete Los Angeles Lakers. Restaurantes (como o badalado Wolfgang Puck), cinemas, bares, lojas e hotéis (como JW Marriott e Ritz-Carlton) se concentram ao redor da Nokia Plaza. Um dos destaques da área é o Grammy Museum, com exibições interativas sobre um dos mais reconhecidos prêmios da música e seus vencedores – cujos nomes marcam a calçada em frente ao prédio. De metrô desde o LA Live, chega-se ao Gaylord Apartments, uma antiga pensão para homens que hospedou gente como Richard Nixon. Política à parte, o endereço é ponto de partida para o food tour da agência Urban Adventures, que, a partir das 14h, leva os turistas para percorrer bairros étnicos em busca de comidas típicas. Ao longo de quatro horas, o grupo caminha e se esbalda em Koreatown, Little Armenia e Thai Town. Um teaser só para abrir o apetite: costelinhas de porco no Ham Ji Park, kafta no Carousel (até Beyoncé e as Kardashians aprovam!), massa recheada tipo esfiha no Sauson e sopa de frango com leite de coco ultra-apimentada no Spicy BBQ. O passeio ainda inclui supermercados abarrotados de produtos coreanos e tailandeses. O dia pode terminar no Arts District, antiga zona industrial na porção leste de Downtown. Os velhos galpões estão sendo convertidos em lojas, restaurantes, galerias e estúdios, conferindo ares hipsters à região. As ruas de aspecto sujinho ganham vida com os grafites coloridos que se espalham pelos quarteirões – sair andando em busca dos desenhos, tal qual na Calçada da Fama, é uma tarefa divertida. Aproveite para tomar um espresso na Handsome, uma cafeteria moderninha onde açúcar não tem vez. Ou, se ainda houver espaço sobrando depois da esbórnia do food tour, escolha uma massa italiana no restaurante Factory Kitchen, cujo prédio mantém as paredes de concre- 51 CALIFÓRNIA marcas independentes. Aqui ficam também os estúdios da Paramount Pictures, uma das principais companhias cinematográficas do mundo. Um tour guiado de duas horas leva para ver cenários de produções que estão sendo rodadas no momento, como o seriado Glee, e de filmes clássicos, como Forrest Gump (o famoso banco está lá!). Na próxima parada do roteiro, a cinco quilômetros de distância, sai a sétima arte, entram nomes como Pablo Picasso, Alberto Giacometti, Joan Miró e Diego Rivera. É o Los Angeles County Museum of Art (Lacma), fundado em 1910 e dono de um acervo de 120 mil peças, que cobre da Antiguidade à arte contemporânea. Tem ala greco-romana, latina e asiática, além de design, fotografia e filmes. Atravessando a rua, o shopping a céu aberto The Grove reúne lojas como Zara, Topshop, Nike Running, GAP, M.A.C, Forever 21, Apple, Nordstrom, Barnes & Nobles e World Market. Mais do que um centro de compras, é um esVenice beAcH paço de lazer, com praça que sedia shows no verão e fonte com águas “dançantes” – projetada pela mesma empresa que desenhou as fontes do hotel-cassino Bellagio, em Las Vegas. Mas legal mesmo é o Farmers Market, uma feira que acontece diariamente há 75 anos, com produtores locais vendendo tudo muito fresco. As tendas de comida são o grande atrativo, com opções que vão do crepe à pizza, do sanduíche de pastrami aos tacos, dos pratos brasileiros (disputadíssimos!) aos combos de sushi. Especialidades gregas, tailandesas, coreanas, francesas e espanholas também têm vez. Dia 4 do luXo À prAiA Quer coisa melhor do que começar o dia caminhando pela finérrima Rodeo Drive, uma das ruas de compras mais famosas do mundo? Não que você vá sair de sacolas cheias, mas o passeio permite ver um retrato típico da aura glamourosa da região. Cercada los AnGeles countY museum oF Art FArmers mArKet stAples center 52 CALIFORNIA FOR FUN Fotos: Davvi/flickr e divulgação por palmeiras e vitrines de luxo, a via é símbolo de Beverly Hills, cidade que fica colada a Los Angeles. Entre seus 35 mil habitantes, há muitas personalidades, como Winona Ryder, Bruce Willis, Taylor Swift e Jennifer Aniston. Mesmo para quem não tem o cacife de uma estrela ou de uma “patricinha”, ir a Beverly Hills é garantia de pelo menos ver carrões como Ferrari, Porsche e Rolls-Royce e namorar vitrines como as da Chanel, Gucci, Tiffany, Dior, Prada, Versace... É tanta exclusividade que algumas lojas só atendem com hora marcada – e os clientes ainda devem gastar quantias mínimas (tipo 20 mil dólares). Em uma das pontas da Rodeo Drive, está o hotel Beverly Wilshire, da rede Four Seasons, célebre por ter sido cenário do filme Uma Linda Mulher. Na vida real, Elvis Presley e John Lennon passaram temporadas hospedados ali. Quem curte essa temática de “celebridades & luxo”, aliás, pode fazer um tour de van, que leva para ver as casas de famosos como Katy Perry, Tom Cruise, Al Pacino e Sandra Bullock em Beverly Hills, Los Angeles e Bel-Air, passando por outros pontos de destaque (da Rodeo Drive à Calçada da Fama). Mas não espere ver as estrelas regando as plantas no jardim ou fazendo jogging na rua de casa: você vai é dar de cara com portões altos e guaritas de segurança. Depois da elegância de Beverly Hills, é hora de passar para o lado hype de Venice Beach, distrito de Los Angeles que reúne em sua orla surfistas, hippies, skatistas e artistas de rua. A ensolarada Venice é dona, dizem, de uma das praias mais bonitas da Califórnia. De quebra, os canais que irradiam da marina lhe conferem um toque de Veneza – daí o nome. Aqui não tem muito segredo: alugar uma bicicleta para sair pedalando pela ciclovia no meio da areia ou estender a canga perto do Pacífico gelado, a escolha é sua. Se quiser um programa que é a cara de Venice e não tão conhecido dos turistas, vale passear por Abbot Kinney, considerado um dos quarteirões mais cool dos EUA. Está cheio de lojas charmosas, como a papelaria Urbanic Paper Boutique, a de roupas femininas Heavenly Couture (descolada e baratinha!), e a Tom’s, de óculos e sapatos. Ali, faça um pit stop na Intelligentsia, uma cafeteria superpop com fila o dia inteiro, ou então programe-se para jantar no disputado Gjelina, com menu sazonal de ingredientes frescos e toque mediterrâneo. E, assim, com o roteiro em Los Angeles devidamente cumprido, é hora de tomar a estrada rumo ao sul, até San Diego. Todo mundo sempre associa os parques da Disney e da Universal a Orlando, na Flórida. Mas a Califórnia também tem os seus – e eles podem render programação para um dia inteiro! A Disneyland é, aliás, o primeiro parque da franquia, inaugurado em 1955 em Anaheim, cidade a 40 minutos de carro desde Los Angeles. Ela pode até ser uma versão reduzida do parque de Orlando, mas também é menos lotada, o que garante acesso mais rápido aos brinquedos. São cerca de 60 atrações para todas as idades, inspiradas em clássicos como Alice no País das Maravilhas, Toy Story, Dumbo, Procurando Nemo, Piratas do Caribe e Tarzan. Entre as montanhas-russas mais radicais, estão a Space Mountain, a Splash Mountain e Indiana Jones Adventure. Cartão-postal, o Castelo da Bela Adormecida pode ser visitado por dentro e tem atração interativa sobre o conto de Aurora e Malévola. Bem do lado, o outro parque, Disney California Adventure Park, tem uma área temática inspirada na animação Carros, além da montanha-russa California Screamin’ e a roda-gigante do Mickey. O Universal Studios Hollywood, por sua vez, fica no coração de Los Angeles e é mais que um parque de diversões, já que um dos grandes atrativos são os estúdios onde são gravados filmes, séries, programas de TV e videoclipes. Um tour em tram, com 40 minutos de duração, percorre uma cidade cinematográfica que recria trechos de Nova York, da Europa, do velho México e do faroeste americano. É possível ver os cenários dos filmes O Grinch, A Guerra dos Mundos, Psicose, Tubarão e De Volta Para o Futuro. E ainda tem uma atração 3D do King Kong, produzida por Peter Jackson, diretor de O Senhor dos Anéis. Se estiver rolando alguma gravação no dia, você tem a chance de ver algum ator famoso em ação. Já as atrações do parque consistem, basicamente, em simuladores 4D inspirados em Transformers, Os Simpsons, A Múmia, Jurassic Park e Meu Malvado Favorito. 53 cAsA GuAdAlAjArA CALIFÓRNIA bAlboA pArK 54 memoriAl em Frente Ao uss midWAY museum Fotos: divulgação e Shutterstock San Diego Fotos: divulgação e Shutterstock L Dia 5 oÁsis urbAno os Angeles e São Francisco já garantiram lugar cativo no roteiro de quem viaja pela Califórnia. Pouco a pouco, San Diego também vem ganhando lugar ao sol. Uma das dez maiores cidades dos Estados Unidos, ela conta com 112 quilômetros de costa e clima sempre ensolarado. Ainda está cheia de passeios ao ar livre, em meio à natureza, e tem um pezinho no México – depois da fronteira, Tijuana é logo ali! Por isso, vai bem reservar, no mínimo, dois dias para explorar esta joia do sul da Califórnia. O dia começa cheio. Tesouros culturais, arquitetura imponente, paisagens e jardins exuberantes, tudo em um só lugar. Onde? No Balboa Park. Composto por 19 jardins e estufas, 17 museus, nove áreas artísticas (incluindo teatros, balé e sinfônica) e um zoológico incrível, este é um bom ponto de partida o parque dá uma ideia melhor da dimensão do lugar. Para facilitar e agilizar a vida dos visitantes, há esteiras rolantes e ônibus internos, que passam pelos principais percursos. Chegando bem na parte central do Balboa Park, você vai dar de cara com a rua de pedestres El Padro, a alameda dos museus, na qual a maioria deles se localiza. Os maiores e mais procurados são o Museu de História Natural, o San Diego Museum of Art (com coleções de Picasso e Miró) e o Air & Space Museum. Se não der tempo de ir a todos, escolha um ou outro para conhecer melhor. Vale dar uma conferida no site do parque para ver quais exposições estão acontecendo. Um dos principais destaques do Balboa Park são os jardins. Dos oito, não deixe de ir ao Botanical Garden Foundation, que tem entrada gratuita e conta com 2.100 espécies de plantas, assim como o Japanese Friendship Garden, que custa US$ 6 (crianças até 6 anos não pagam) e tem uma área dedicada a bon- cidAde multiFAcetAdA para explorar San Diego. Conhecido como o Smithsonian do oeste (em referência ao complexo de Washington, DC), o Balboa é o maior parque urbano cultural do país, superando em tamanho até mesmo o Central Park de Nova York! É inevitável não perder a noção do tempo ao curtir todos os cantos do local. A maioria dos edifícios lembra muito a arquitetura colonial espanhola, o que faz parecer que se está na Europa, e não nos EUA. O ideal é, logo cedo, ir direto ao San Diego Zoo para evitar filas e ainda pegar a maioria dos animais acordando. Engana-se quem pensa que zoológico é programa para crianças ou para quando já se esgotaram todas as possibilidades turísticas de uma cidade. Não é o caso aqui: trata-se de um dos maiores e melhores do planeta. É o único lugar fora da China onde é possível ver pandas gigantes. Também tem centenas de animais de diversas partes do mundo, incluindo espécies em extinção, como os ursos polares. Um teleférico que cruza todo sais e outra às belas cerejeiras, símbolo do Japão. Aos finais de semana oferece, inclusive, curso de como preparar sushi. À noite, entre as boas pedidas está o Gaslamp Quarter, um quarteirão repleto de restaurantes, bares, pubs, baladas e lojas. Alternativas não faltam! Dia 6 o mAr e o mÉXico Outra atração legal na cidade e que dá para fazer pela manhã é o USS Midway Museum, um museu militar dentro de um porta-aviões. Construído para a Segunda Guerra Mundial, foi “aposentado” em 2004 nas águas de San Diego. São diversas exposições e 25 aeronaves e helicópteros restaurados. De quebra, a parte superior tem uma linda vista da baía! Após a visita, vale uma caminhada pelas redondezas, passando pelo simpático Seaport Village, uma espécie de shopping ao ar livre com muitas opções de restaurantes e lojinhas. E, por falar em 55 CALIFÓRNIA compras, a dica é o outlet Las Americas Premium, quase na fronteira com o México, com marcas conhecidas como Adidas, Calvin Klein, Forever 21, Gap, Guess, Levi’s, Nautica, Nike, Oakley, Ralph Lauren, Puma, Tommy Hilfiger, Old Navy e Michael Kors. Por conta da localização (a 20 minutos do centro), possui preços mais competitivos. No quesito praia, opções não faltam: é só escolher uma e aproveitar. Uma dica é curtir a tarde em La Jolla, uma das mais bonitas e descoladas. A cerca de 20 quilômetros do centro, mescla uma linda paisagem com uma gama de restaurantes, lojas e galerias. Uma boa surpresa são os leões marinhos, que permanecem por ali praticamente o ano todo. Para uma “paradinha estratégica”, o restaurante George’s at the Cove tem um terraço com um lindo panorama da região. E, apesar de a área ser um pouco cara, os preços do cardápio não chegam a ser exorbitantes. Assistir ao pôr do sol em La Jolla é também um dos seAport VillAGe old toWn prAiA lA jollA 56 GAslAmp quArter sAn dieGo zoo SEAWORLD: 50 ANOS DE DIVERSÃO Fotos: divulgação, John Bahu e gibffe/flickr passeios clássicos em San Diego. E quem estiver na cidade de dezembro a abril pode passear de barco para ver a migração das baleias. Menos de 30 quilômetros separam San Diego do México, país ao qual a cidade pertenceu de 1821 até 1848. A influência latina permanece viva em Old Town, onde tudo começou – é como se você tivesse atravessado a fronteira. No Bazar Del Mundo, o comércio é bem voltado para turistas, com muito artesanato, tecidos coloridos e produtos típicos. Mas o destaque mesmo fica por conta dos restaurantes de comida mexicana, como o Casa Guadalajara, um dos mais tradicionais e bem recomendados. Espere encontrar pratos de sabor marcante, bons drinques à base de tequila e mariachis. Missão San Diego completa, a próxima etapa é pegar a estrada rumo a São Francisco, que fica 900 quilômetros ao norte, passando novamente por Los Angeles. Os próximos quatro dias serão cheios de pit stops memoráveis. Uma das atrações mais populares de San Diego é o SeaWorld. O parque temático da famosa baleia Shamu comemora seu cinquentenário cheio de surpresas. Instalado em Mission Bay Park, é atração para a família toda e para um dia inteiro. Entre os shows, o principal é mesmo o das orcas, símbolos do parque. Para os fãs de adrenalina, as pedidas são a montanha-russa Manta, que, diferente da de Orlando, leva os “passageiros” sentados, e não deitados. Divertidos também são o Splash Journey to Atlantis, que termina em uma queda livre de 18 metros de altura, e o Wild Artic Ride, que simula um voo de helicóptero pelo Ártico. E, claro, tem a interação com os animais, marca registrada do parque, que pode ser conferida também no recém-inaugurado Explorer’s Reef, ambiente com diversos peixes em quatro piscinas. 57 cicloViA de soutH bAY CALIFÓRNIA mAlibu 58 pÍer de sAntA monicA Fotos: divulgação, micadew/flickr e Shutterstock Na estrada... Fotos: divulgação, micadew/flickr e Shutterstock Q Dia 7 de boA em sAntA monicA uando aparece uma praia em filmes que se passam em Los Angeles, pode apostar: há muita chance de ser Santa Monica. O balneário preferido dos angelenos – e primeira parada da nossa road trip – fica a apenas 25 quilômetros desde Downtown, mas é o suficiente para que o cenário mude completamente. O Pacífico se escancara, as palmeiras se tornam vigorosas e o pessoal no calçadão se mostra mais atlético. A neblina que vem do mar ocupa as primeiras horas da manhã, mas logo tudo se abre em um sol ardido. É a Califórnia em seu mais fiel clichê. Programe-se para sair cedo de San Diego, que está a 215 quilômetros ao sul. O ideal é passar um dia e uma noite em Santa Monica, justamente para curtir esse clima gostoso de praia. Hospedar-se com vista para o Forever 21, GAP, Guess, Old Navy, Sephora e Victoria’s Secret. Se quiser aproveitar a praia, os arredores do píer dão conta do recado. Ou então, um pouco mais adiante, a Annenberg Community Beach House é uma espécie de clube de praia, com piscina, restaurante e programação recreativa, que ocupa uma antiga mansão dos anos 1920, então propriedade da atriz Marion Davies. Dirigindo no sentido de Malibu, eis uma opção para arrematar o quesito cultural: o Getty Villa. O museu é uma iniciativa de Jean Paul Getty, empresário do setor petrolífero que, em 1966, foi considerado o cidadão mais rico do mundo pelo Guinness Book. Para abrigar sua coleção de 44 mil itens gregos, romanos e etruscos, ele mandou erguer uma autêntica villa romana repleta de galerias e jardins, ao lado de sua casa de campo nas colinas à beira-mar. No acervo, há de joias a múmias. Outra empreitada do magnata é o Getty Center, em Los Angeles, que, com ViAGem dos sonHos mar é sempre uma boa ideia: do refinado The Shore ao econômico Bayside Hotel, opções não faltam. Tanto em um como em outro, você estará bem perto do cartão-postal: o Píer de Santa Monica, onde todo mundo quer estar, principalmente no fim da tarde. Ali um parque de diversões reina à moda antiga, com uma montanha-russa leve e a primeira roda-gigante movida a energia solar no mundo. Ao longo do píer, há restaurantes, como o turístico Bubba Gump e outros especializados em comida italiana, americana e mexicana. Boa escolha para o jantar, na boca do píer, o The Lobster serve lagostas e frutos do mar frescos. Para preencher o dia, Santa Monica também oferece opções bem bacanas. Um dos passeios clássicos é alugar uma bicicleta e pedalar pela ciclovia de South Bay, que percorre 35 quilômetros de orla. Com menos disposição, você explora toda a Third Street Promenade, calçadão de pedestres que reúne lojas como Adidas, American Apparel, arquitetura moderna, reúne arte europeia e americana, da Idade Média até os dias atuais, além de ter uma ala dedicada à fotografia. Dia 8 estrAdA cÊnicA A partir de Santa Monica, a Highway 1 finalmente dá as caras tal qual a vemos nos filmes: uma via equilibrada sobre falésias altas à beira do oceano. Mas é bom lembrar que nem sempre o mar vai correr lado a lado com a estrada, que, no total, tem mais de mil quilômetros de extensão. Às vezes, ela segue por trás das montanhas, junto com a rodovia 101 – quem faz o caminho oposto, de São Francisco a Los Angeles, tem chance de ver mais nacos de azul. Bom saber também que o GPS, normalmente, insiste em traçar rotas internas, que são mais rápidas, mas, obviamente, menos bonitas. Malibu, balneário de ricos e famosos que ganhou fama no seriado Baywatch, é um bom 59 biG sur CALIFÓRNIA restAurAnte nobu lone cYpress começo. Pamela Anderson já não corre toda solta de maiô vermelho naquelas areias, mas ainda assim vale dar uma paradinha na praia (Zuma Beach é a mais popular). Um pouco antes de chegar, há uma boa opção para quem quiser almoçar com o pé na areia sem perder o estilo: o badalado restaurante Nobu, que faz uma fusão entre as cozinhas japonesa e peruana, com vistas matadoras. Depois, a viagem segue rumo a Santa Barbara, 120 quilômetros adiante. Ela é conhecida como a Riviera americana, não à toa: o clima descontraído, totalmente praiano, tem um quê mediterrâneo, intensificado pelo padrão de casas brancas com telhado avermelhado. Daria para passar tranquilamente um punhado de dias só relaxando, mas uma tarde e um pernoite podem cumprir o básico. Para além da orla, um dos lugares mais visitados é a Old Mission, que remonta o passado católico da cidade, quando padres espanhóis mandaram erguer complexos religiosos para catequizar os índios americanos. Considerada a “rainha das missões”, a missão de Santa Barbara foi fundada em 60 1786 e até hoje mantém preservados a igreja, o cemitério, os dormitórios e os jardins. A turma do vinho fica feliz em saber que, em Santa Barbara, dá para fazer um tour de degustação a pé. Ainda que as regiões vinícolas mais famosas da Califórnia sejam Nappa Valley e Sonoma, os arredores de Santa Barbara também fazem por merecer. Com a Urban Wine Trail (urbanwinetrailsb.com), é possível explorar umas 25 vinícolas bem perto da praia e do centro da cidade. Nem precisa pegar no volante depois: é só voltar andando para uma boa noite de sono no hotel. Dia 9 dA dinAmArcA Às VinÍcolAs O dia começa com um pequeno desvio de rota continente adentro: a 40 minutos de Santa Barbara, a pequena Solvang é conhecida como a “capital americana da Dinamarca”. Fundada em 1911 como uma colônia de imigrantes dinamarqueses, ela transborda influências nórdicas, expressas na arquitetura dos moinhos de vento e dos chalés. Comidas e produtos tradicionais podem ser en- contrados em lojinhas, mercados, padarias e restaurantes. Nessa última categoria, um dos mais emblemáticos é o Bit O’Denmark, que pode ser parada de almoço depois de um giro pela cidade. A casa serve especialidades dinamarquesas com toques americanos, como o pato assado e os crepes de maçã. Também a partir de Solvang é possível fazer uma imersão nos vinhos californianos. Pela 101, chega-se ao Santa Ynez Valley, que concentra boas vinícolas ao longo de um trajeto de 50 quilômetros. Se quiser ir com foco, a Firestone ou a Brander são boas apostas – chardonnays e merlots são a especialidade da primeira; sauvignon blancs brilham na segunda. O pernoite fica para a pequena cidade universitária de San Luis Obispo, a pouco mais de uma hora de distância. Desde Solvang, uma alternativa para os que não são tão chegados em vinho é seguir direto para Morro Bay, a 170 quilômetros, tomando novamente a Highway One. Nessa cidade, que pode ser parada de pernoite, o passeio de barco The Sub Sea Tour leva para observar focas, lontras, leões-marinhos e aves. O interessante é observar a vida debaixo d’água pelas janelas no casco do barco. e restaurante aberto ao público todas as noites. Curiosamente, Carmel não tem serviços públicos de transporte, iluminação e telefonia – à noite, a luz vem das vitrines das lojas e das casas. Tudo aqui gira ao redor da Ocean Avenue, com muitas butiques e antiquários. Imperdível conhecer a Cottage of Sweet, considerada uma das melhores lojas de doce dos EUA. Para almoçar, experimente o menu mediterrâneo do Dametra Café, que serve de espaguete com frutos do mar a kebab turco. Explorada Carmel, a viagem segue por dez minutos rumo a Monterey pela 17-Mile Drive, mais um trecho muito cênico, cheio de curvas, que passa pela praia de Pebble, campos de golfe e o mirante de Lone Cypress. Para circular por ela, é preciso pagar uma taxa de pedágio que dá direito a um mapa. Em Monterey, a maior atração é o aquário, que ocupa uma antiga indústria de sardinhas, com 35 mil plantas e mais de 600 espécies animais, como lontras, tubarões, polvos, tartarugas e pássaros. Depois de quatro dias de estrada, São Francisco está logo ali, 190 quilômetros à frente. Depois de quatro dias de estrada, São Francisco está logo ali, 190 quilômetros à frente. Hearst Castle Dia 10 Prepare-se para o dia mais bonito da viagem, que já começa bem: cinquenta quilômetros depois de Morro Bay, surge o castelo que inspirou o filme Cidadão Kane. É o Hearst Castle, construído como resort particular pelo magnata da imprensa William Randolph. O palacete de 165 cômodos com afrescos renascentistas, jardins e piscinas já recebeu hóspedes ilustres, como Charles Chaplin e Walt Disney. Hoje é possível conhecer a propriedade em tours guiados a partir de U$ 25. Depois, é hora de adentrar o Big Sur, provavelmente o trecho mais cênico de toda a jornada. A paisagem ao redor da estrada passa a ser uma combinação de praias rochosas com mar azul turquesa e florestas com sequoias milenares – que pode ser admirada a partir de mirantes incríveis. Uma das paradas mais charmosas vem 150 quilômetros depois: Carmel-by-the-Sea. A cidade, supergracinha, é como uma versão miniatura da Europa, com chalés suíços e casas de campo inglesas. Nos anos 1980, ela teve como prefeito o cineasta Clint Eastwood, que até hoje mantém uma propriedade nos arredores, o Mission Ranch, com piano-bar Fotos: divulgação, Jamie in Bytown/flickr, photoverulam/flickr e Eric C Bryan/flickr A cereja do bolo 61 CALIFÓRNIA O Dia 11 tudo Ao redor dA ponte bondinho, o Pacífico, o vento gelado, as ladeiras, a cultura hippie, a diversidade: São Francisco costuma ser unanimidade quando o assunto é “lugares onde gostaríamos de morar”. Com menos de um milhão de habitantes, ela sabe ser eclética sem intimidar, mantendo sempre aquele ar de “sinta-se à vontade”, típico de cidade pequena. Ao contrário de Los Angeles, muita coisa se faz a pé por aqui ou com os icônicos cable cars – ainda que eles sejam mais turísticos do que realmente eficientes, já que restam apenas três das linhas originais e a lotação parece sempre exceder a capacidade máxima. Apresentações devidamente feitas, nada mais apropriado que começar a explorar São Francisco a partir de seu cartão-postal: a Golden Gate. A ponte alaranjada, de quase três quilômetros de extensão, foi construída em Na hora de voltar, quem não quiser atravessar a ponte novamente pode tomar o barco que leva até o terminal de balsas de São Francisco. De volta ao continente, aproveite para fazer um tour por Embarcadero, antiga zona portuária revitalizada. Um dos pontos altos é o antigo Ferry Building, um prédio centenário coroado pela Torre do Relógio e convertido em uma espécie de “mercadão”, com lojas gourmet, cafeterias e restaurantes. No Píer 15 está o Exploratorium, um museu de ciências interativo que aborda temas como astronomia, cultura, natureza e corpo humano. Para ver arranha-céus e edifícios históricos, pode-se esticar até o Financial District, onde ficam a Transamerica Pyramid (o edifício mais alto de San Fran, com 256 metros), a Millenium Tower, o Pacific Telephone Buiding e o antigo prédio da Bolsa. Já quem volta de Sausalito pela própria ponte pode emendar com um passeio pelo Golden Gate Park. A enorme área verde está São Francisco 62 repleta de boas atrações, como o Conservatório de Flores, com belos exemplares de plantas tropicais e subtropicais, e o Japanese Tea Garden, que serve chás entre magnólias, camélias e bambus. De quebra, o parque tem trilhas, área para piqueniques, lagos, campo de golfe e carrossel. Outra opção é ficar à toa nas areias de Baker Beach, aproveitando a vista do Pacífico e da Golden Gate. Nadar não é muito recomendável, mas tem área para fazer churrasco e piquenique. Dia 12 combinAÇÃo inFAlÍVel O dia seguinte começa com outro clássico são franciscano (e totalmente imperdível): a prisão de Alcatraz. Do Píer 33 saem os ferrys que, em 15 minutos, levam até a ilha onde fica o icônico presídio de segurança máxima. Ele fechou as portas em 1963, reabrindo dez anos mais tarde como atração turística. Os Fotos: divulgação 1937 em estilo Art Déco e hoje recebe, por ano, cerca de 10 milhões de turistas. Atravessá-la (a pé, de bicicleta, ônibus turístico ou carro) é um programa clássico. Mas, antes de dar início à travessia, vale fazer um pit stop no Fort Point – que, de fortificação militar erguida em 1853, transformou-se em um dos melhores mirantes para fotografar a ponte. Uma das opções mais bacanas para percorrê-la é de bicicleta, que pode ser alugada em várias agências especializadas. A ponte conta com ciclovia – e algumas das melhores vistas da Baía de São Francisco (prepare-se, porém, para uma boa pedalada!). Mas a graça do programa não está em, unicamente, cruzar a Golden Gate. Do outro lado, eis Sausalito, uma vila ultracharmosa cujo centrinho é tomado por restaurantes, cafés, bares, sorveterias e lojinhas. É um bom lugar para descansar e almoçar à beira do Pacífico. Com píer que avança sobre a água, o restaurante Scoma’s serve especialidades à base de peixes e frutos do mar fresquinhos. bondinHo trAnsAmericA pYrAmid Fotos: divulgação terrA de todos prAto tÍpico 63 mAiden lAne, ruA prÓXimA À union squAre pier 39 cHinAtoWn Golden GAte union squAre Fotos: Dawn Endico/flickr e Shutterstock CALIFÓRNIA visitantes vêm atiçados pela curiosidade de explorar suas celas e seus corredores, que, em meio às águas traiçoeiras do Pacífico, encarceraram gente como o mafioso Al Capone. Dizem que fugir de Alcatraz era uma missão praticamente impossível – daí o apelido de “A Rocha”. Trinta e seis prisioneiros tentaram: 23 foram pegos, seis abatidos por policiais e quatro se afogaram. Entre os casos mais emblemáticos estão Frank Morris e os irmãos Anglin, que fugiram de jangada juntos e nunca mais foram vistos. Esses e outros casos são contados durante o tour com audioguia (tem versão em português), que inclui narração dramática gravada por ex-detentos e funcionários da prisão. Vale passar também pelo centro de informações, onde há livraria, exposições e uma mostra multimídia. O passeio pode ser feito durante o dia ou à noite – em qualquer caso, é bom comprar o ingresso com antecedência pela internet. O ideal é reservar umas três horas para explorar a ilha com calma. Completando a outra metade do dia, a pedida é o famoso Fisherman’s Wharf, o antigo distrito pesqueiro convertido em uma área de entretenimento à beira d’água, com restaurantes, museus e hotéis espalha64 dos em píeres. O mais famoso é o Píer 39, que concentra carrossel, labirinto de espelhos, trampolim e o Aquarium of the Bay. Ali há tanques com 20 mil espécies, como arraias, tubarões e estrelas-do-mar. Os visitantes ainda podem caminhar por túneis submersos, ver exposições interativas e curtir o cinema 3D. Mas o verdadeiro símbolo do píer não está no aquário: são os leões-marinhos, que, desde o início dos anos 1990, resolveram “montar acampamento” nas plataformas de madeira a céu aberto. Eles podem ser vistos esparramados por ali, principalmente nos meses mais frios. Na hora de comer, também há várias opções, como o Bubba Gump (especializado em camarões), o Chowders (que serve a tradicional clam chowder, sopa cremosa de mariscos e batata), o Hard Rock Café e a Crab House (que capricha no menu de caranguejo). Nos arredores, o restaurante Gary Danko é bem avaliado pelo frescor e pelo capricho dos seus pratos de frutos do mar. O chef que dá nome à casa está entre os mais reconhecidos dos EUA. Ao longo da orla de Fisherman’s Wharf, você ainda vai encontrar o shopping Cannery, uma filial do museu Ripley’s Believe It Or USs Pampanito Alamo Square Alcatraz Fotos: divulgação e Christopher Neugebauer/flickr Leões-marinhos Not, um museu de cera e o submarino USS Pampanito, no Píer 45. Ele atuou durante a Segunda Guerra Mundial, afundando seis navios japoneses, e hoje, bem conservado, pode ser visitado por dentro. Mais uma atração militar de destaque no mesmo píer é o SS Jeremiah O’Brien, navio da Segunda Guerra que atuou no Dia D, na região francesa da Normandia. Atualmente, ele funciona como museu e os visitantes podem ver os dormitórios, a cozinha, o refeitório e a sala de máquinas – usada como cenário no filme Titanic. Todos os anos, a embarcação faz um cruzeiro de uma noite pela baía. Perto dali, o San Francisco National Marine Park aprofunda a história náutica da região, com uma coleção de navios históricos dos séculos 19 e 20. DIA 13 Comprando e andando O movimento é grande ao redor da Union Square, versão californiana da Times Square de Nova York. A região concentra bons hotéis, como Four Seasons, Grand Hyatt, Marriott e W. E há lojas, muitas lojas – portanto, o dia hoje começa com compras! Você vai encontrar lojas como Victoria’s Secret, Old Navy, North Face, Zara, Apple, Banana Republic, Disney Store, Saks, Forever 21 e H&M. Grifes também têm vez: Polo Ralph Lauren, Chanel, Christian Dior, Giorgio Armani e Prada, por exemplo. E ainda tem as gigantes de departamento, como Macy’s e Bloomingdale’s. Depois das compras, aproveite para explorar a maior Chinatown fora da Ásia. Milhares de chineses vieram para São Francisco na época da Corrida do Ouro e se concentraram nos arredores da Grant Avenue. O portão com arcos, leões e dragões anuncia o bairro chinês, repleto de construções em estilo pagode, barraquinhas de dim sum (bolinhos no vapor), lojas típicas e restaurantes autênticos. Considere almoçar no Z & Y, onde até o presidente Obama já apareceu para provar o menu genuinamente chinês. Quem quiser fazer uma real imersão nesse mundo ainda pode optar por um tour guiado com moradores locais (chinatownalleywaytours.org). Bem perto de Chinatown fica a icônica Lombard Street, mais um cartão-postal de San Fran. Formada por oito curvas em ziguezague, a rua é bastante íngreme – carros só conseguem descer a 8 km/h, enquanto pedestres usam as escadas. Não à toa, é considerada a rua mais tortuosa do mundo. Como moldura, canteiros explodem com flores colo65 Fotos: divulgação e torbakhopper/flickr CALIFÓRNIA cAstro ridas na primavera e no verão. Como é uma rua residencial, não tem muito o que fazer por ali: a graça é mesmo tirar fotos e bisbilhotar algumas das casas mais caras da cidade. Caminhando, a parada seguinte é a Ghirardelli Square, de volta à região de Fisherman’s Wharf. Aqui ficava a fábrica de chocolate de mesmo nome, convertida em centro de compras e restaurantes. O espaço ainda preserva a torre do relógio e o maquinário original da fábrica – sem falar na chocolateria da marca, que serve cupcakes, trufas, cookies, brownies e sorvetes (destaque para a banana split!). E, para quem gosta de musicais, a Union Square é o lugar certo para voltar à noite (pegue o bonde da linha Powell-Hyde). As casas de show do vizinho Theater District apresentam produções da Broadway, como Chicago, Kinky Boots, Newsies, Matilda, Motown e O Fantasma da Ópera (programe-se em san-francisco-theater.com). Assim a noite está feita. Dia 14 pAz, Amor e liberdAde Alguma coisa acontece no encontro das ruas Haight e Ashbury. Esse é, afinal, o berço do movimento hippie, que floresceu no lendário verão de 1967. Jovens se reuniam para protestar contra a Guerra do Vietnã e personalidades da estirpe de Janis Joplin e Jimi 66 Hendrix viveram por ali. Antes disso, a geração beat, representada por escritores como Jack Kerouac e Allen Ginsberg, já vinha bater ponto, pregando liberdade social e sexual. Tudo bem que a icônica esquina seja, atualmente, só uma sorveteria Ben & Jerry. O que importa é que a essência continua lá. Basta uma caminhada sem compromisso para evocar os símbolos máximos da contracultura naquela época: os incensos, o Flower Power, as roupas tie-dye, os cigarrinhos despudorados, os pôsteres psicodélicos, as batas indianas e os grafites coloridos. Brechós, antiquários, livrarias e cafés ainda são a alma do bairro. Um dos pontos mais efervescentes da cultura hippie foi o Red Victorian, hotel que ainda hoje sedia uma série de debates e exposições de arte. Tours guiados percorrem, a pé, trajetos temáticos pelo bairro, com parada no Psychedelic History Museum (haightashburytour.com). Para almoçar, o Magnolia é um gastropub bem gostosinho, com sanduíches, fish ‘n’ chips, carnes e embutidos. Tudo para harmonizar com a caprichada carta de cervejas artesanais, produzidas pela casa. Ainda na região, a Alamo Square está entre as atrações mais fotografadas de São Francisco. O conjunto de casas vitorianas, erguido em 1895 no topo de uma colina, ficou conhecido como Painted Ladies ou Six Sisters. As fachadas coloridas dão de frente para um parque gramado, de onde se tem uma bela vista da cidade – muita gente vai até lá no fim da tarde para ver o sol se pôr. O roteiro fica bem amarrado com uma passadinha no Castro, antigo bairro de imigrantes europeus que se tornou reduto gay e símbolo da luta contra o preconceito. Harvey Milk, primeiro político americano assumidamente homossexual, fez história na região – levada às telas de cinema na pele de Sean Penn. Por ali, explore as ruelas sem rumo definido. O Castro Theatre, construído nos anos 1920, em plena era de ouro do cinema americano, segue exibindo filmes clássicos, enquanto o icônico bar Twin Peaks continua a todo vapor. Um ótimo lugar para tomar um drinque olhando o movimento pelos janelões – esse foi, dizem, o primeiro bar gay do mundo a ter vista para a rua. São Francisco, afinal, sempre esteve na vanguarda. Cristiane Sinatura viajou a convite do Los Angeles Tourism & Convention Board e da American Airlines. Carolina Maia viajou a convite do SeaWorld Parks & Entertainment. Seguro VitalCard. A 100 quilômetros de São Francisco, Napa Valley ganhou fama como a terra dos bons vinhos californianos – e pode render uma bela esticada. As principais cidades vinícolas da região são American Canyon, Calistoga, Santa Helena, ROBERT MONDaVi WiNERY A primeira vinícola de Napa Valley oferece tour que leva para ver a produção e degustação de vinhos e azeites. Aberta diariamente das 10h às 17h, tem diferentes opções de visitas, e os preços variam entre US$ 20 e US$ 55 por pessoa. robertmondaviwinery.com JOSEPH PHELPS ViNEYaRDS Além das degustações, a casa mantém um programa de wine education, com seminários para quem quiser entender mais sobre o mundo dos vinhos. O preço das visitas guiadas com degustação varia entre US$ 75 a US$ 150. josephphelps.com Um brinde a Napa Valley! Napa e Yountville, onde predominam variedades como cabernet sauvignon, chardonnay, merlot e pinot noir. Quem visita a região pela primeira vez não pode deixar de ir a vinícolas históricas, como Christian Brothers e Beringer. Já quem não é marinheiro de primeira viagem deve experimentar a rota Silverado Trail, que abriga vinícolas de alto padrão. Outra boa pedida é o Napa Valley Wine Train (winetrain.com), que faz um passeio de três horas a partir de Napa. Listamos cinco vinícolas para conhecer o melhor de Napa Valley. CHiMNEY ROCK WiNERY DOMaiNE CaRNEROS Muito conhecida pelos suas misturas de cabernet sauvignon e elevage, a vinícola oferece diferentes tipos e horários de tours. Os preços variam entre US$ 55 e US$ 130. chimneyrock.com Fundada pela mesma família do renomado Champagne Taittinger em 1987, a produtora é conhecida por seus espumantes. A degustação é acompanhada de caviar e queijos artesanais . Há tours diários às 11h, 13h e 15h, e o preço é de US$ 40 por pessoa. domainecarneros.com aRTESa ViNEYaRDS & WiNERY Especializada em chardonnay e pinot noir, a vinícola ainda tem como cenário as belas colinas Carneros. Diariamente, há diferentes tipos de experiência, com preços que variam entrem US$ 30 e US$ 80 por pessoa. artesawinery.com 67