Índia, Lado a Lado
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Índia, Lado a Lado
Vivek Vilasini Vivan Sundaram Vishal K. Dar T.V. Santhosh Thukral & Tagra Surekha Shilpa Gupta Sheba Chhachhi Riyas Komu Reena Kallat Ravinder Reddy Raqs Media Collective Pushpamala N. PIX Collective Nalini Malani Manjunath Kamath Jitish Kallat Gigi Scaria Bharti Kher Baiju Parthan LADO A LADO Arte Contemporânea Indiana SIDE BY SIDE Indian Contemporary Art Ministério da Cultura e Banco do Brasil apresentam Banco do Brasil patrocina Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro - 24 de outubro de 2011 a 29 de janeiro de 2012 LADO A LADO Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo - 14 de fevereiro a 29 de abril de 2012 Arte Contemporânea Indiana SIDE BY SIDE SESC Belenzinho, São Paulo - 25 de fevereiro a 29 de abril de 2012 (Índia - LADO A LADO) Indian Contemporary Art Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília - 22 de maio a 29 de julho de 2012 Organização / Organization Realização / Presentation The Brazilian Ministry of Culture and Banco do Brasil are publishing the catalog for the show ÍNDIA – LADO A LADO [India – Side by Side], which is part of the exhibition ÍNDIA! and features artworks produced by more than twenty artists who live in that Asian country, all with outstanding careers on the international scene. The photographs, sculptures, paintings, videos and installations selected for the show, some of which were produced especially for this exhibition, express different moments of Indian culture linked to historical, social, economic and urbanistic issues. In the era of Internet and the upsurge in traveling worldwide, international influences are being quickly assimilated. Indian artists use traditional languages while also aligning their production with contemporary trends around the globe. The figure, narrative and the ornament – fundamental elements of Indian art – have been losing their relevance in light of the recent changes in focus and the perception of identity, but tradition continues being an indispensable source of inspiration. This living tradition allows the past to coexist with the present and to be constantly reformulated by contemporary artists. By publishing this catalog the Centro Cultural Banco do Brasil aims to provide a permanent record of this exhibition and multiply the possibility of access to art currently being produced in India, thus raising awareness concerning it. Ministério da Cultura e Banco do Brasil publicam o catálogo da mostra ÍNDIA – LADO A LADO, que integra a exposição ÍNDIA! e apresenta obras de mais de vinte artistas que vivem nesse país asiático e cuja trajetória vem se destacando significativamente no cenário internacional. A partir de fotografias, esculturas, pinturas, vídeos e instalações, os trabalhos selecionados, alguns elaborados especialmente para esta exposição, expressam momentos distintos da cultura indiana ligados a questões históricas, sociais, econômicas e urbanísticas. Na era da internet e das viagens, influências internacionais estão sendo assimiladas com rapidez. Artistas indianos utilizam linguagens tradicionais ao mesmo tempo em que se alinham com as tendências contemporâneas do planeta. A figura, a narrativa e o ornamento, fundamentos da arte indiana, vêm perdendo sua relevância em virtude da alteração de foco e de percepção da identidade, mas a tradição continua sendo fonte indispensável de inspiração. Essa tradição viva permite que o passado coexista com o presente e seja reformulado constantemente por artistas contemporâneos. Ao publicar este catálogo, o Centro Cultural Banco do Brasil espera registrar de forma perene esta exposição e multiplicar a possibilidade de acesso à arte produzida atualmente na Índia, estimulando o conhecimento. Centro Cultural Banco do Brasil Centro Cultural Banco do Brasil Local / Global Deepak Ananth Índia - Lado a Lado / Arte Contemporânea Indiana India - Side by Side / Indian Contemporary Art Tereza de Arruda 09 27 Baiju Parthan 37 Bharti Kher 41 Gigi Scaria 45 Jitish Kallat 49 Manjunath Kamath 53 Nalini Malani 57 PIX Collective 61 Pushpamala N. 65 Raqs Media Collective 69 Ravinder Reddy 73 Reena Kallat 77 Riyas Komu 81 Sheba Chhachhi 85 Shilpa Gupta 89 Surekha 93 Thukral & Tagra 97 T.V. Santhosh 101 Vishal K. Dar 105 Vivan Sundaram 109 Vivek Vilasini 113 Currículos dos artistas 117 Bibliografia 125 Créditos / Agradecimentos 127 Curriculums of the artists Bibliography Credits / Aknowledgements Local/Global Deepak Ananth 8 9 Contemporary Indian art gained in international visibility from the late 1990s onwards, in the wake of the globalisation into which the country was catapulted earlier in that decade. After more than forty years of adherence to a model of a protectionist economy and allegiance to an idea of the nation-state, the Indian government opted for a liberalisation of its economic policies, opening the country to the influx of foreign capital. Free trade is the motivating force – and lucrative promise – of the world-system to which the country seems to be inexorably succumbing, the very opposite of the planned development envisioned by the founding fathers of the republic in the aftermath of independence from British colonial rule in 1947. The ideology of the market that is triumphant in the globalised present is transforming the country beyond recognition: gated communities and shopping malls, the veneer of corporate culture and the branded ‘lifestyles’ that go with it – these are the blandishments of ‘shining India’, to borrow the self-aggrandising publicity slogan put out by the government. But the old common place of India as a land of contrasts is more topical than ever, if we take it to designate not just the well-known linguistically-grounded regional diversities that make up the country’s cultural mosaic but the starkest contrast of all: the colossal socio-economic disparities between an increasingly affluent urban minority and the rest of the population, seventy percent of which is dependent on agricultural revenues. The catastrophic situation of indebtedness in rural regions in recent years resulting from the erosion of the state’s protectionist agricultural policies has led to peasants committing suicide en masse. This is the local reality of the global system of which India is now a part. The latent menace represented by right-wing Hindu extremism to the secular covenant that is a foundational tenet of the Indian constitution is very much part of that reality, as are the geopolitical tensions – readily escalating into military brinksmanship – between India and its territorial ‘others’, Pakistan and China, not to mention the endemic violence within the country provoked by inter-religious conflicts and by the revolt of the dalits, the ‘untouchables’, against the injustices of the caste system. Daily life in the increasingly sprawling megalopolises that Delhi and Bombay (Mumbai) and Calcutta (Kolkata) and Bangalore have become is not less fraught: the traffic, the pollution, the noise, the overcrowdedness, the clamour and the congestion. This is the existentially bewildering lifeworld of those who live in India today and it is to the artists among them that we must turn for the imaginative sense they make of it. A arte contemporânea indiana ganhou maior visibilidade internacional a partir do final dos anos 1990, na esteira da globalização à qual o país fora catapultado no início daquela década. Depois de adotar, por mais de quarenta anos, um modelo de economia protecionista e de fidelidade ao conceito de Estado-nação, o governo indiano optou pela liberalização de suas políticas econômicas, abrindo o país à entrada de capital estrangeiro. O livre comércio é a força motriz – e a promessa de lucratividade – do sistema mundial ao qual a Índia parece sucumbir inexoravelmente, na contramão do desenvolvimento planejado que os fundadores da República defendiam ao fim do regime colonial britânico, em 1947. A ideologia do mercado que prevalece na atualidade globalizada vem transformando o país, a ponto de torná-lo irreconhecível: condomínios fechados e shopping centers, o verniz da cultura corporativa e os estilos de vida ‘de grife’ que o acompanham – esses são os atrativos da “Índia resplandecente”, segundo o slogan publicitário de autopromoção lançado pelo governo. Mas a velha e prosaica Índia, terra de contrastes, está mais presente do que nunca se formos considerar não apenas suas conhecidas diversidades linguísticas regionais, que formam o mosaico cultural do país, mas também os mais contundentes de todos os contrastes: as colossais disparidades socioeconômicas entre uma minoria urbana cada vez mais afluente e o resto da população, 70% da qual vive da atividade agrícola. Nos últimos anos, a situação catastrófica de endividamento nas regiões rurais, resultante da erosão das políticas agrícolas protecionistas do Estado, levou camponeses a cometer suicídio em massa. Essa é a realidade local do sistema global que a Índia hoje integra. O extremismo hindu de direita, ameaça latente para a aliança secular que é um princípio fundante da constituição indiana, pertence em grande parte a essa realidade. O mesmo ocorre com as tensões geopolíticas – que rapidamente chegam ao limite do militarismo – entre a Índia e seus ‘outros’ territoriais, o Paquistão e a China, para não dizer da violência endêmica provocada no país por conflitos inter-religiosos e pela revolta dos dalits, ou ‘intocáveis’, contra as injustiças do sistema de castas. O cotidiano nas megalópoles em crescente expansão nas quais Delhi, Bombaim (Mumbai), Calcutá (Kolkata) e Bangalore se transformaram não é menos desgastante: o trânsito, os congestionamentos, a poluição, o ruído, a superpopulação e o tumulto. Assim é o mundo existencialmente espantoso da atual população indiana, e, nesse contexto, é nos artistas que devemos buscar o sentido imaginário atribuído a esse universo. Some of the most interesting art produced from the mid-1990s onwards registers an attempt – whether consciously or not – to negotiate the cultural contradictions of the economic liberalisation that has projected India into the global system: globalisation understood not only as the free movement of commodities but as the space of the circulation of cultural signs, a force-field, as it were, articulated around the local/global axis. Such an axis throws up the question of the cultural specificity of the artist’s intervention, as, for example, the recourse to indigenous materials with a particular symbolic charge and its configuration in a formal language that is recognisably international. (Installation art is a case in point.) The tension thus created between subject matter Uma parcela da arte mais interessante produzida desde meados da década de 1990 na Índia registra a tentativa – seja ela consciente ou não – de negociar as contradições culturais da liberalização econômica que lançou o país no sistema global: a globalização compreendida não apenas como o movimento livre das commodities, mas como espaço de circulação de bens culturais, um campo de força, por assim dizer, articulado em torno do eixo local/global. Tal eixo traz a público a questão da especificidade cultural da intervenção do artista, como por exemplo o recurso aos materiais autóctones com uma carga simbólica particular e sua configuração em uma linguagem formal, reconhecidamente internacional. (A instalação artística, por exemplo.) 10 11 or raw materials rooted in a particular local context and the protocols of presentation that lend themselves to be seen as part of a transcultural lingua franca is what allows for a critical sense of difference to come into play – the differential traits that betoken the ‘Indianness’, as it were, of Indian art in the wider context of the internationalism that is globalisation’s purported cultural dispensation. This internationalism easily morphs into a species of postmodernism, and while there is evidence of the pastiche and stylistic eclecticism that Fredric Jameson has famously identified as some of the leading postmodernist tropes, these playful strategies often have a pointed critical edge in the hands of the more civic-minded or socially engaged practitioners. The local/global axis subsumes an earlier dichotomy in modern Indian art, the one between tradition and modernity that was a leitmotif or topos for artists in the two decades after independence. This older polarity took the form of an engagement with the western period style known as modernism in tandem with an affirmation of a postcolonial identity. The medium favoured was predominantly pictorial, with a marked preference for figurative art, although varieties of abstraction also flourished. Subsequently, a ‘Pop’ moment, of which Bhupen Khakhar’s paintings from the late 1960s onwards are emblematic, characterised by an audacious mix of ‘high’ and ‘low’ that, in retrospect, could be seen as a proto-postmodernist foray into mass culture. Interestingly, in terms of the complex issue of the periodisation of Indian art in an international frame, the inaugural phase of Khakhar’s work is contemporaneous with a ‘minimalist’ moment, as represented by the rigorously non-objective art of Nasreen Mohamedi, and it is these two antipodal ‘positions’ that mark a particular art historical conjuncture preceding the advent of globalisation, although it is the insouciant mélange of genres playfully promulgated by Bhupen Khakhar rather than the pristine, rarefied geometry practised by Nasreen Mohamedi that has cast a longer shadow on the artists who came to prominence in the last decade of the twentieth century. As for Khakhar’s peers, it was he who was the precursor of the turn towards the human figure as a renewed resource for painting in the late 1970s, just as it was he who set the precedent for an exploration of forms of pictorial narration that were iconographically and thematically anchored in a lived social reality. The move into a more expanded field of art practice comes in the 1980s, manifested notably by an interest in mixed media work, and then by an exploration of the modalities of installation art. Vivan Sundaram is the precursor in this field: starting off as a painter in the late 1960s, the political imperatives that have always been inseparable from his aesthetic choices have led him to a practice beyond the limits of the pictorial frame. 12 A tensão gerada entre temas ou matérias-primas fixados num contexto local específico e os protocolos de apresentação que se prestam a serem vistos como parte de uma língua franca transcultural é o que permite o surgimento de um senso crítico de diferença – os traços diferenciais que marcam a ‘indianidade’, por assim dizer, da arte indiana no contexto mais amplo do internacionalismo, este supostamente o produto cultural da globalização. O internacionalismo facilmente toma a forma de uma espécie de pós-modernismo, e, se por um lado há evidência do pastiche e do ecletismo estilístico que Fredric Jameson sabidamente identificou como algumas das mais importantes características pós-modernistas, essas estratégias lúdicas não raro ganham um viés crítico aguçado nas mãos dos praticantes mais socialmente engajados ou civicamente conscientes. O eixo local/global introduz uma dicotomia ancestral na arte moderna indiana, entre tradição e modernidade, que foi um leitmotiv ou tópos para artistas nas duas décadas seguintes à Independência. Essa polaridade mais antiga tomou a forma de um engajamento com o estilo ocidental conhecido como modernismo, em paralelo com uma afirmação de identidade pós-colonial. O meio privilegiado era predominantemente pictórico, com notável preferência pela arte figurativa, embora variedades de abstração também florescessem. Depois veio um momento ‘pop’, do qual as pinturas que Bhupen Khakhar realizou a partir do final da década de 1960 são emblemáticas, caracterizadas por uma mistura audaciosa de ‘alto’ e ‘baixo’ que, em retrospecto, poderia ser vista como uma incursão proto-pós-modernista na cultura de massa. Curiosamente, em termos do complexo tema da periodização da arte indiana no contexto internacional, a fase inaugural da obra de Khakhar é contemporânea com o momento ‘minimalista’ representado pela arte rigorosamente não-objetiva de Nasreen Mohamedi. E são essas duas ‘posições’ antípodas que marcam uma particular conjuntura histórica da arte a preceder o advento da globalização, embora seja a mistura despreocupada de gêneros ludicamente promulgada por Bhupen Khakhar, e não a geometria imaculada e exclusiva adotada por Nasreen Mohamedi, que projetou uma sombra mais ampla sobre os artistas que ganharam proeminência na última década do século XX. Khakhar foi o precursor do movimento que adotou a figura humana como recurso renovado para a pintura no final dos anos 1970, da mesma forma que estabeleceu um precedente para a exploração de formas de narração pictórica que estiveram iconográfica e tematicamente ancoradas numa realidade social vivenciada. O deslocamento para uma prática artística mais ampla veio na década de 1980, manifestado notadamente por um interesse no trabalho com técnica mista e, mais tarde, por uma exploração das modalidades da instalação como modalidade artística. Vivan Sundaram é o precursor nesse campo: tendo iniciado sua carreira na pintura no final dos anos 1960, os imperativos políticos que sempre foram inseparáveis de suas escolhas estéticas o levaram a trabalhar além dos limites da moldura da obra pictórica. 13 Subodh Gupta O caminho de casa (II) / The Way Home (II), 2001 fibra de vidro, utensilhos de aço inoxidável, alumínio, cromo e insulfilme / fiberglass, stainless steel utensils, aluminum, chrome, sun film vista da instalação no Henie Onstad Kunstsenter, Noruega, 2001 / installation view at Henie Onstad Kunstsenter, Norway, 2001 Cortesia do artista e de / Courtesy of the Artist and Nature Morte Fotografia / Photograph: Gavin Jantjes © Subodh Gupta Para os artistas que surgiram na década de 1990, a herança do passado é uma sobrecarga menor do que foi para seus antecessores, e eles são mais livres em seu instinto de misturar e combinar, tomar emprestado e furtar elementos nativos e importados. Suas obras tendem a ser despudoradamente híbridas, polivalentes e heterogêneas. Não raro trata-se de enxertar o vernáculo no cosmopolita, de fazer inserções entre o provinciano e o metropolitano. Essa é a intuição de Subodh Gupta ao transpor, como coordenada temática e formal de sua arte, a trajetória que percorreu ao se mudar da Índia semirrural e de cidades pequenas para a capital. Assim, o uso de estrume de gado bovino como suporte de um autorretrato feito no início de sua carreira proclama abertamente suas raízes provincianas, mesmo quando faz as vezes de sinédoque do mundo da vida rural na Índia, dado que exerce múltiplas funções na economia doméstica dos povoados, especialmente como combustível no fogão e como base para o reboco nas paredes. Gupta tem sido muito inventivo na maneira como transmuta o cotidiano em produção artística corrente. Os utensílios de cozinha em aço inoxidável brilhante encontrados na grande maioria das residências de classe média na Índia – e que Gupta emprega em arranjos formais no chão, ou em trabalhos posteriores, seja na forma de conjuntos compactos seja como elementos de uma configuração antropomórfica – não são apenas objetos de uso, mas têm valor de troca, visto que geralmente fazem parte do dote das noivas do povoado. Ao inserir esses itens em um contexto não-utilitário, talvez Gupta estivesse brincando com o produto como signo, exceto que o fetichismo aí sugerido é movido internamente pela natureza culturalmente codificada das mercadorias em questão. (O mais irônico é que os pouquíssimos indianos abastados que pensariam em adquirir uma obra feita de utensílios de aço inoxidável não os utilizaria à mesa... E, tendo em vista a atual projeção de Gupta no cenário internacional da arte, a consagração dos itens que ele apropria do cotidiano do povoado ou da cidade pequena na Índia inevitavelmente os converte em commodities no mercado da arte.) For the artists who emerged in the 1990s, the heritage of the past is less of a burden than it was for their predecessors and they are freer in their instinct to mix and match, borrow and pilfer indigenous and imported elements. Their works tend to be unabashedly hybrid, polyvalent, heterogenous. Often it is a question of grafting the vernacular to the cosmopolitan, of sliding between the provincial and the metropolitan. This has been Subodh Gupta’s intuition when he transposes the trajectory of his move from semi-rural small-town India to the capital as the formal and thematic coordinates of his art. Thus the use of cow dung as the background of an early painted self-portrait unembarrassedly proclaims his provincial roots even as it stands as a synecdoche for the life-world of rural India in that the primary material serves multiple functions in the household economies of villages, notably as fuel for the kitchen fire and as plaster for the walls. Gupta has been ingenious in the way he transmutes the everyday in the currency of art. The kitchen utensils in shiny stainless steel that are ubiquitous in most middle-class homes in India that Gupta deploys as formal arrangements on the floor, or in later works, as compact clusters or as the elements of an anthropomorphic configuration, are not only objects of use but have an exchange-value, too, in that they usually form part of the village’s brides wedding dowry. By inserting these items in a non-utilitarian context Gupta would appear to be playing with the commodity-as-sign, except that the fetishism thus implied is internally riven by the culturally coded nature of the goods in question. (The larger irony is that the affluent minority of Indians who would consider acquiring a work made of stainless steel utensils would stop short of using them as a dinner service… Inevitably, given Gupta’s current celebrity on the international art scene, his consecration of the items that are part of the object-world of village and small-town India also converts them into commodities in the art market.) 14 15 Sheela Gowda Um cobertor e o céu / A Blanket and the Sky, 2004 instalação, chapas, alcatrão e cobertor / installation, tardrum sheets and blanket 267 × 157 × 88 cm Fotografia / Photograph: Gurumurthy Hegde e / and Das Cortesia da imagem / Image courtesy: GALLERYSKE e / and Sheela Gowda ©Sheela Gowda Coleção da artista / Artist’s Collection, Bangalore Sheela Gowda E... / And..., 2007 instalação site-specific - cordas, agulhas, fios, pigmento, cola / installation in situ - cords, needles, thread, pigment, glue 2 cordas de / cords of 11250 x 1 cm, 1 corda de / cord of 5250 x 1 cm Fotografia / Photograph: Roman März Cortesia da imagem / Image courtesy: GALLERYSKE e / and Sheela Gowda ©Sheela Gowda As ligações afetivas de Sheela Gowda com o universo do trabalho – tanto o labor braçal de operários construindo e consertando estradas, como as tarefas ditas femininas – parecem ter reforçado sua ética de criação artística baseada na ‘verdade dos materiais’. A reverberação poética das substâncias arcaicas que ela utiliza – estrume seco, pigmento em pó, cinzas de incenso, chapas de metal banhadas em alcatrão – é indissociável do respeito moral que ela declaradamente guarda por aqueles que manuseiam esses materiais para ganhar a vida com dificuldade. As estruturas rudimentares construídas com chapas de tambor achatadas e banhadas em alcatrão são exemplares. É com esse material que trabalhadores itinerantes contratados como diaristas para executar tarefas tais como estender cabos ou fazer manutenção de estradas constroem seus barracos, muitas vezes ao lado do local onde passam o dia trabalhando. Gowda utiliza essas estruturas precárias como módulos de uma escultura-residência que, em razão de todas as suas associações formais (transitórias) com a condição minimalista de objeto, sugerem a vida de pobreza de onde foram arrancadas. A predileção da artista por materiais pobres também reflete um engajamento com questões ambientais. Além disso, as afinidades de seu trabalho com a Arte Povera estendem-se a preocupações com reciclagem e com uma economia de meios que é igualmente estética e ecológica. O aspecto artesanal de alguns de seus trabalhos reflete o interesse de Gowda em mediar a arte e o artesanato por meio de uma reorientação subjetiva das qualidades físicas e metafóricas de certas substâncias. Sheela Gowda’s affective links with the world of labour – the manual toil of workers building and mending roads as much as so-called women’s tasks – seems to have reinforced a work ethic based on a ‘truth to materials’. The poetic resonance of the archaic substances she deploys – dried cow dung, powdered pigment, incense ash, tarred metal sheets – is indissociable from her avowed moral esteem for those who handle these materials to eke out a living. The rudimentary structures made out of flattened tar drum sheets is a case in point. This is the material out of which migrant labourers hired on a daily basis for such tasks as laying cables or road repair construct their makeshift shelters, often adjacent to the site at which they have worked all day long. Gowda transposes these summary structures as the modules of a sculptural form-cum-dwelling that, for all its (fleeting) formal associations with minimalist objecthood, is redolent of the ‘vita povera’ from which it has been wrested. Her predilection for poor materials also reflects an engagement with environmental issues and such affinities as one might discern with Arte Povera extend to concerns about recycling and an economy of means that is aesthetic and ecological in equal measure. The artisanal aspect of some of her work reflects Gowda’s interest in mediating between art and craft by way of a subjective reorientation of the physical and metaphorical qualities of certain substances. 16 17 Bharti Kher A nêmesis das nações / The Nemesis of Nations, 2008 bindis sobre parede, site-specific / bindis on wall, work in situ dimensões variáveis / variable dimensions Fotografia / Photograph: Felix Clay/Guardian Anita Dube Olhos de esmalte / Yeux en émail instalação site-specific / installation in situ dimensões variáveis / variable dimensions The contrast between Subodh Gupta’s playful approach to the manipulation of cultural signs and the moral seriousness of Sheela Gowda’s engagement with them is eloquent of the myriad possibilities that lie between these two ‘positions’. Bharti Kher’s use of plastic bindis (the mark or dot in red pigment that women apply to their forehead to signify their marital status) as the proliferative element of a vocabulary of ornamental forms functions as a sly and witty subterfuge of the gender codifications encapsulated in this diminutive yet symbolically resonant sign. Another form of subversion is proposed by Anita Dube’s recourse to the glass eyes that traditionally serve as votive offerings to an idol in a temple but which she deploys as a kind of infiltrating agent: hundreds of these eyes are affixed to the wall or on the ceiling in an in situ installation, a viral outburst, as it were, that is also reminiscent of migratory swarms or suggestive configurations of (female) body parts. In Jitish Kallat’s paintings and photographs and mixed media practice it is the body politic itself that is the critical focus. The destructiveness seaming its way in the very fabric of the urban that is a leading motif of his work is evinced in the 365 identically sized photographs displayed in a gridlike structure: the images appear at first sight to be a series of pictorial abstractions; on closer inspection the ‘painterly incidents’ are revealed to be the scars and abrasions on the gleaming surfaces of cars, the status symbol par excellence for the swelling ranks of the nouveaux riches in India. So the dents on the bodies of the cars registered by the deceptively seductive surfaces of these photographs could be 18 O contraste entre, por um lado, a abordagem lúdica da manipulação de signos culturais por Subodh Gupta, e, por outro lado, a seriedade moral de Sheela Gowda no seu engajamento com esses signos, revela as infinitas possibilidades entre essas duas ‘posições’. O uso do bindi (a marca ou ponto de pigmento vermelho que as mulheres aplicam à testa para denotar seu estado civil) de plástico por Bharti Kher como elemento multiplicador de um vocabulário de formas ornamentais funciona como um subterfúgio astucioso e espirituoso das codificações de gênero encapsuladas nesse signo diminuto, porém simbolicamente ressoante. Outra forma de subversão é proposta por Anita Dube, que recorre aos olhos de vidro tradicionalmente usados como oferendas votivas dedicadas a ídolos nos templos, mas que a artista emprega como se fossem agentes de infiltração: centenas desses olhos são fixadas na parede ou no teto em uma instalação in situ – uma explosão viral, por assim dizer, que também remete a multidões migratórias ou a configurações sugestivas de partes do corpo (feminino). Nas pinturas, fotografias e obras criadas com técnicas mistas por Jitish Kallat, o próprio corpo político é o foco crítico. A destruição que costura seus caminhos no tecido urbano, o principal motivo de sua obra, evidencia-se nas 365 fotografias de tamanho idêntico dispostas em uma estrutura de grade: à primeira vista, as imagens parecem ser uma série de abstrações; vistos mais de perto, os ‘incidentes pictóricos’ surgem como cicatrizes e danos na lataria cintilante dos automóveis, o símbolo de status por excelência para o crescente contingente de novos-ricos na Índia. Assim, registrados pelas superfícies enganosamente sedutoras dessas fotos, os amassados nas carrocerias dos carros poderiam ser interpretados como um levantamento paródico no 19 Atul Dodiya Mahalaxmi: exterior, 2002 cortina de metal / metal curtain, 275 × 183 cm Coleção / Collection: Shumita & Arani Bose, New York seen as a parodic inventory where social difference is inscribed not as a brand name but as a blemish. Another facet of living in the urban inferno is explored by Atul Dodiya’s paintings on the rolling metal shutters of shop windows: he appropriates the vernacular style in which the image of the goddess of wealth and prosperity, Mahalaxmi, is represented on shop fronts (as an augury of good fortune) with a view to revealing – once the shutter is raised – a starkly opposed image behind it: a painting (after a grisly newspaper photograph) depicting a collective suicide by young women provoked by the impossibility of paying the dowry demanded of their father in exchange for marriage. This street-level view of contemporary India is explored in a more ironic vein in 20 Atul Dodiya Mahalaxmi: porta semiaberta / half open view, 2002cortina de metal / metal curtain, 275 × 183 cm Coleção / Collection: Shumita & Arani Bose, New York qual a diferença social se inscreve não como marca, mas como defeito. Outra faceta da vida no inferno urbano é explorada nas pinturas que Atul Dodiya executa nas portas metálicas de enrolar que fecham vitrines de lojas. Ele se apropria do estilo popular no qual a imagem de Mahalaxmi, a deusa da riqueza e da prosperidade, é representada nas fachadas de estabelecimentos comerciais (para gerar boa sorte) com o objetivo de revelar – assim que se levanta a porta – uma imagem oposta e contundente: uma pintura (gerada de uma sinistra foto de jornal) mostrando o suicídio coletivo de jovens mulheres provocado pela impossibilidade de seus pais pagarem o dote que lhes permitiria se casarem. Essa visão urbana da Índia contemporânea é explorada em um veio mais irônico nas pinturas de N. S. Harsha. 21 N. S. Harsha Casamento coletivo / Mass Marriage, 2003 (detalhe / detail) acrílica sobre tela / acrylic on canvas, 168 × 290 cm N. S. Harsha’s paintings. In the marvellous Mass Marriages, which treats of the custom, frequent in rural south India, of marriages conducted en masse for people unable to afford an individual wedding, the couples are as legion as they are varied, and some positively over the top, such as a pair of garlanded donkeys, two babies in adjoining cradles, a bridegroom swooping from outer space to garland his bride on earth… The married couples are posed as if for the traditional souvenir photograph in the vernacular mode, framed against the background of some of the ‘wonders of the world’: the Taj Mahal, of course, but also the Eiffel Tower and the Leaning Tower of Pisa, the Statue of Liberty, Stonehenge… Harsha has a fine eye for the charm of such blithe incongruities and juxtapositions: local custom and global symbol become part of a concatenation whose playful, unassuming emblem is the floral wedding garland. The internationalisation of contemporary art makes for an eclecticism of means and references that some artists turn to critical effect, registering an awareness of the predatory hold of the global market-place in which all exchange (and not only cultural) now takes place. Global Clones, a video projection by Sharmila Samant, is a witty and 22 Sharmila Samant Clones globais / Global Clones, 1998 instalação (vídeo projetado no piso, 2 min), par de tênis Nike / installation (video projected on the ground, 2 min), pair of sneakers Nike Coleção da artista / Artist’s Collection, Mumbai No maravilhoso quadro Mass Marriages [Casamentos coletivos], que retrata a prática bastante comum na zona rural do sul do país de se fazerem casamentos coletivos para pessoas que não podem pagar cerimônias particulares, os casais formam uma legião bastante variada, em que alguns estão bem posicionados na parte superior da pintura, como por exemplo a parelha de asnos adornada com flores, dois bebês em berços colocados lado a lado, um noivo precipitando-se do espaço sideral com uma guirlanda de flores para sua noiva na Terra... Os casais foram dispostos segundo o modelo tradicional de imagem para porta-retrato, diante de um fundo mostrando algumas das ‘maravilhas do mundo’: o Taj Mahal, é claro, mas também a Torre Eiffel e a Torre Inclinada de Pisa, a Estátua da Liberdade, Stonehenge etc. Harsha tem um olhar aguçado para detectar charme em incongruências e justaposições: o costume local e o símbolo global tornam-se parte de uma concatenação cujo emblema lúdico e despretensioso é a guirlanda de flores oferecida aos noivos na cerimônia de casamento. A internacionalização da arte contemporânea leva a um ecletismo de meios e referências ao qual alguns artistas recorrem para efeito crítico, registrando uma consciência do poder predatório do mercado global em que hoje se dão todas as trocas (e não apenas as culturais). Em seu vídeo Global Clones [Clones Globais], Sharmila Samant apresenta uma formulação 23 succinct formulation of the homogenisation that follows in the wake of commodity fetishism and the cult of the brand name. Taking her cue from the old Silk Route, one of the earliest passages of commerce and culture between the Indian subcontinent and Europe, Samant selected eighteen types of generically similar women’s traditional footwear originating from some of the countries traversed by the Route, and set them in motion, that is, the image of each footwear was morphed onto the next and further animated to simulate a walk. In the video loop projected on the floor, the braided and sequined babouches and slippers appear to advance and yet remain on the same spot, a shuffling that could be seen as an allusion to the handcrafted footwear’s eventual obsolescence in the face of industrially-made, mass manufactured imported sports shoes now marketed in India, an example of which – a real pair of Nikes – is placed on the edge of the projection. For Samant the latter is “a marker of the universalising and flattening effect of global corporate culture and products”, an object that will get locally ‘cloned’ in its turn. Deepak Ananth is an art historian based in Paris. He currently teaches at the École des Beaux-Arts in Caen, Normandy. He has written on a wide range of modern and contemporary European and Indian artists, mostly for museum publications. These include essays on Matisse, Picasso, Bonnard, Vuillard, Howard Hodgkin, Sarkis, Anish Kapoor, Amrita Sher-Gil, Vivan Sundaram, Mrinalini Mukherjee, Jitish Kallat and N. S. Harsha and on Indian photography. His curatorial projects include exhibitions of contemporary French art (Thresholds, New Delhi, 1995), nineteenth-century French painting (Histoires Parallèles, Fukuoka Art Museum, Tokyo, 1995-1996), Surrealism (Surrealismo, Rio de Janeiro, 2001), Roland Barthes (The Drawings of Roland Barthes, Tokyo and Kyoto, 2004), and Indian contemporary art: Indian Summer (Paris, 2005); l'Inde dans tous les sens (Paris, 2006); Passages (Brussels, 2006); Prospects (Rome, 2007); The Home and the World (New York and Berlin, 2008); Leftovers (Tokyo and Osaka, 2008-2009), and Orientations (Oudenburg, 2010). 24 sucinta e espirituosa da homogeneização que surgiu na esteira do fetichismo das commodities e do culto das marcas. Inspirando-se na ancestral Rota da Seda, um dos mais antigos caminhos de comércio e cultura entre o subcontinente indiano e a Europa, Samant selecionou dezoito tipos de calçados tradicionais femininos, genericamente similares, originários de alguns países atravessados pela Rota, e criou com eles uma sequência em movimento. Nela, a imagem de cada calçado transforma-se na de outro, e assim por diante, simulando um caminhar. No vídeo em loop projetado sobre o piso, as babouches trançadas e ornamentadas com lantejoulas e as sapatilhas parecem avançar, porém sem sair do lugar, e essa mistura de imagens poderia ser vista como uma alusão à obsolescência do calçado feito à mão, diante dos sapatos esportivos importados, industrializados em massa, hoje vendidos na Índia. Um exemplo é o par de tênis Nike colocado ao lado da projeção. Para Samant, esses tênis constituem “um marco do efeito achatador e universalizador da cultura corporativa e dos produtos na esfera global”, um objeto que por sua vez será ‘clonado’ localmente. Deepak Ananth é historiador de arte, vive em Paris e atualmente leciona na École des Beaux-Arts em Caen, na Normandia. Escreve sobre uma vasta gama de artistas europeus e indianos modernos e contemporâneos, sobretudo para catálogos de exposições, por exemplo, sobre Matisse, Picasso, Bonnard, Vuillard, Howard Hodgkin, Sarkis, Anish Kapoor, Amrita Sher-Gil, Vivan Sundaram, Mrinalini Mukherjee, Jitish Kallat e N. S. Harsha, e também sobre fotografia indiana. Seus projetos curatoriais incluem exposições de arte contemporânea francesa (Thresholds, Nova Delhi, 1995), pintura francesa do século XIX (Histoires Parallèles, Fukuoka Art Museum, Tokyo, 1995-1996), Surrealismo (Surrealismo, Rio de Janeiro, 2001), Roland Barthes (The Drawings of Roland Barthes, Tóquio e Kyoto, 2004) e de arte indiana contemporânea: Indian Summer (Paris, 2005); l'Inde dans tous les sens (Paris, 2006); Passages (Bruxelas, 2006); Prospects (Roma, 2007); The Home and the World (Nova York e Berlim, 2008); Leftovers (Tóquio e Osaka, 2008-2009) e Orientations (Oudenburg, 2010). 25 ÍNDIA – LADO A LADO Arte Contemporânea Indiana INDIA – SIDE BY SIDE Indian Contemporary Art Tereza de Arruda curadora / curator 26 27 Vista da Exposição / View of the Exhibition Fotografia / Photograph: Motivo The show ÍNDIA – LADO A LADO [India – Side by Side] was designed for the Brazilian public as part of the exhibition ÍNDIA!, conceived for the Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) and presented in 2011 and 2012 in three large Brazilian cities: Rio de Janeiro, São Paulo and Brasília. This is the first vast exhibition of Indian art and culture ever held in our country, covering approximately two thousand years of this infinite culture. The artists participating in the show are Baiju Parthan, Bharti Kher, Gigi Scaria, Jitish Kallat, Manjunath Kamath, Nalini Malani, Pushpamala N., Raqs Media Collective (Jeebesh Bagchi, Monica Narula and Shuddhabrata Sengupta), Ravinder Reddy, Reena Kallat, Riyas Komu, Sheba Chhachhi, Shilpa Gupta, Surekha, Thukral & Tagra, T.V. Santhosh, Vishal K. Dar, Vivan Sundaram and Vivek Vilasini. There is also a partnership with PIX Collective, with works by Swarup Dutta, Gareth Kingdon, Ronny Sen, Manu Thomas, Rajesh Vora, Neha Malhotra, Sangeeta Rana, Mhesh Shantaram, Abhijit Nandi and Aditya Pande. A mostra ÍNDIA – LADO A LADO foi concebida para o público brasileiro como parte da exposição ÍNDIA!, idealizada para o Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB, apresentada em 2011 e 2012 em três grandes cidades brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Pela primeira vez haverá uma vasta apresentação da arte e da cultura indianas em nosso país, abrangendo aproximadamente 2 mil anos dessa cultura infinita. Os artistas participantes da mostra são Baiju Parthan, Bharti Kher, Gigi Scaria, Jitish Kallat, Manjunath Kamath, Nalini Malani, Pushpamala N., Raqs Media Collective (Jeebesh Bagchi, Monica Narula e Shuddhabrata Sengupta), Ravinder Reddy, Reena Kallat, Riyas Komu, Sheba Chhachhi, Shilpa Gupta, Surekha, Thukral & Tagra, T.V. Santhosh, Vishal K. Dar, Vivan Sundaram e Vivek Vilasini. Há ainda uma parceria com o PIX Collective, com obras de Swarup Dutta, Gareth Kingdon, Ronny Sen, Manu Thomas, Rajesh Vora, Neha Malhotra, Sangeeta Rana, Mhesh Shantaram, Abhijit Nandi e Aditya Pande. The exhibition’s title is an allusion to the density and dynamics of everyday life in India. This nation is fascinating for having more than 1.2 billion inhabitants and being composed of more than two thousand distinct ethnicities, with various religions and a diversity of official languages. This entire whole is able to coexist and interact, giving rise to a unique society that is undeniably complex and all its facets. Most of the inhabitants are under 35 years old, a further reflection of the country’s vitality. O título da mostra é uma alusão à densidade e à dinâmica da vida cotidiana na Índia. Essa nação fascina por ter mais de um bilhão e 200 milhões de habitantes e por ser composta por mais de duas mil etnias distintas, com várias religiões, contando ainda com diversos idiomas oficiais. Todo esse conjunto é capaz de coexistir e interagir, gerando assim uma sociedade única e indiscutivelmente complexa em todas as suas facetas. A maioria dos habitantes tem menos de 35 anos, mais um reflexo da vitalidade do país. The title ÍNDIA – LADO A LADO is also a reference to the historic past and the current development of the two countries, India and Brazil. Both countries were once European colonies, and were dominated by Portugal. They currently share the reputation of global players and are part of BRIC, along with Russia and China. They have attained key importance on the world stage mainly because of their economic power, in a phase in which other countries are beginning to lose position in this international competition. O título ÍNDIA – LADO A LADO é também uma referência ao passado histórico e ao desenvolvimento atual dos dois países, Índia e Brasil. Ambos existiram como colônia europeia e foram dominados por Portugal. Hoje em dia compartilham a reputação de global players e fazem parte do BRIC, com Rússia e China. Conquistaram grande repercussão mundial principalmente por seu poder econômico, numa fase em que outros países começam a perder lugar nessa disputa internacional. 28 29 This exhibition brings the complexity of India to Brazil for the first time, and is expected to receive more than 1 million visitors. The project moreover aims to be a starting point for an intense dialogue between the two cultures. The two countries maintain strong political ties. Nevertheless, I remember my surprise in reading, in 1996, that Brazil’s then president Fernando Henrique Cardoso was our first national leader to visit independent India as a special guest for the nation’s Republic Day celebrations, on January 26.1 It is possible that the incompatibility between their diplomatic agendas was responsible for this delay, since 28 years earlier, in 1968, there was a visit by Prime Minister Indira Gandhi to Brazil. In recent years the visits have been more frequent, as President Luiz Inácio Lula da Silva visited India in 2004, 2007 and 2008, generating countless bilateral agreements still in effect today. Historically the first bilateral treaties arose in the 16th and 18th centuries, between Brazil and Goa, both colonies of Portugal, resulting in an exchange of flora and fauna, food, customs and clothing. 1 Coincidentally, on the morning of January 16, 2011, I left New Delhi. The route from the hotel to the airport was full of colors, traits and features of an unparalleled ethnic diversity. Even 81 years after the creation of the National Congress, the people still hurried, emerging from every corner, street and alleyway, toward the official celebration. 1 Coincidentemente, na manhã de 26 de janeiro de 2011 eu partia de Nova Delhi. O percurso do hotel ao aeroporto estava repleto de cores, traços e feições de uma diversidade étnica inigualável. Mesmo 81 anos após a criação do Congresso Nacional, o povo ainda se apressava, surgindo dos cantos, de esquinas e ruas inusitadas, a caminho da celebração oficial. Esta exposição traz pela primeira vez ao Brasil a complexidade da Índia e deve atingir um público estimado em mais de um milhão de pessoas. Além disso, o projeto pretende ser um ponto de partida para um diálogo intenso entre as duas culturas. Politicamente os dois países mantêm fortes laços. Lembro, porém, meu espanto ao ler, em 1996, que o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, era o nosso primeiro governante a visitar a Índia independente como convidado especial para as comemorações da Proclamação da República, no dia 26 de janeiro.1 É possível que a incompatibilidade entre as agendas diplomáticas seja a responsável por esse atraso, uma vez que 28 anos antes, em 1968, houve uma visita da primeira-ministra Indira Gandhi ao Brasil. Nos últimos anos as visitas ocorreram com mais frequência, pois o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a Índia em 2004, 2007 e 2008, gerando inúmeros acordos bilaterais em vigor ainda hoje. Historicamente os primeiros tratados bilaterais surgiram entre os séculos XVI e XVIII, entre Brasil e Goa, ambos colônias de Portugal, resultando em um intercâmbio de fauna, flora, alimentos, costumes e vestimentas. India is still something of a large unknown for the Brazilian public, kindling immense fascination linked to clichés fueled mainly by a recent Brazilian dramatic television series (telenovela) and by Bollywood productions, since there is little circulation of Indian literature abroad and the country’s films are rarely featured at international film festivals. The Indian migration to Brazil has not been sufficient to break this barrier, since according to the official statistics there are only one thousand Indians currently living in our country. Only in the academic field is this exchange a little more tangible. A Índia ainda constitui uma grande incógnita para o povo brasileiro, despertando imenso fascínio ligado a clichês alimentados principalmente por uma recente telenovela brasileira e por produções bollywoodianas, uma vez que é esparsa a divulgação da literatura indiana no exterior, ou dos seus filmes nos Festivais de Cinema internacionais. A migração indiana ao Brasil não é suficiente para quebrar essa barreira, pois a estatística oficial afirma que existem somente mil indianos vivendo hoje em nosso país. Só no âmbito acadêmico esse intercâmbio é um pouco mais tangível. In the context of contemporary art the two cultures have sporadically come together, with the presence of Indian artists at the Bienal de São Paulo, although so far few Brazilian artists have shown their works in India. In early 2010, SESC Pompeia presented the show Urban Manners 2 – Artistas Contemporâneos da Índia, with works by eleven artists, as part of the exhibition Urban Manners, conceived in 2007 for Hangar Bicocca in Milan. In Europe and the United States, group exhibitions of Indian art have become frequent over the last decade,2 but this is a recent development if we consider, for example, the historical relation between India and England. Few Indian artists have attained widespread individual recognition or become part of the international contemporary art scene; these rare occurrences include some modernists of the so-called Progressive Group such as V. S. Gaitonde, Tyeb Mehta, F. N. Souza, M. F. Husain and Syed Raza, who sought to approximate themselves to Western culture beginning it the 1950s, along with contemporary artists such as Subodh Gupta, Jitish Kallat, Bharti Kher, the Raqs Media Collective, and a few others. Thematic shows of a geographic character rarely emphasize the individuality of the artists, but only this collective approach can be powerfully inserted in a new context. This is the case of the show ÍNDIA – LADO A LADO, designed for Brazil. Most of the participating artists have never had their works shown previously in Latin America – hence our great responsibility and the potential for multiple unfoldings. No contexto da arte contemporânea acontece esporadicamente uma aproximação entre as duas culturas, com a presença de artistas indianos na Bienal de São Paulo, embora poucos brasileiros tenham exposto até hoje na Índia. No início de 2010 o SESC Pompeia apresentou a mostra “Urban Manners 2 – Artistas Contemporâneos da Índia”, com obras de onze artistas, parte da exposição “Urban Manners”, concebida em 2007 para o Hangar Bicocca de Milão. Na Europa e nos Estados Unidos as mostras coletivas de arte indiana se tornaram frequentes na última década,2 mas isso é muito recente se considerarmos, por exemplo, a relação histórica entre Índia e Inglaterra. Poucos artistas indianos conquistaram visibilidade individual e fazem parte da arte internacional contemporânea, a não ser alguns modernistas do chamado “Grupo progressista” como V. S. Gaitonde, Tyeb Mehta, F. N. Souza, M. F. Husain ou Syed Raza, os quais buscaram aproximar-se da cultura ocidental desde a década de 1950, ou artistas contemporâneos como Subodh Gupta, Jitish Kallat, Bharti Kher e Raqs Media Collective, entre poucos outros. Mostras temáticas de caráter geográfico raramente enfatizam a individualidade dos artistas, mas somente esse compêndio grupal possui a força de inserção em um novo contexto. Esse é o caso da mostra ÍNDIA – LADO A LADO, elaborada para o Brasil. A maioria dos artistas participantes nunca expôs na América Latina, daí nossa grande responsabilidade e o potencial de multiplicidade a ser alcançado. 30 2 Some examples: The Tree from the Seed – Contemporary Art from India, at Henie Onstad Kunstsenter in Høvikodden, 2003; Body City, at Haus der Kulturen der Welt, 2003; Indian Summer, at École Nationale Supérieure des Beaux-arts de Paris, 2005; New Narratives: Contemporary Art from India, at Chicago Cultural Center, 2007; Horn Please, at Kunstmuseum Bern, 2007/2008; Indian Highway, a traveling show begun in 2008/2009 at Serpentine Gallery, London, and Paris-Delhi-Mumbai..., at the Centre Pompidou, Paris, 2011. 2 Alguns exemplos: The Tree from the Seed – Contemporary Art from India, no Henie Onstad Kunstsenter em Høvikodden, 2003; Body City, na Haus der Kulturen der Welt, 2003; Indian Summer, na École Nationale Supérieure des Beaux-arts de Paris, 2005; New Narratives: Contemporary Art from India, no Chicago Cultural Center, 2007; Horn Please, no Kunstmuseum Bern, 2007/2008; Indian Highway, mostra itinerante iniciada em 2008/2009 na Serpentine Gallery de Londres, e Paris-Delhi-Mumbai..., no Centre Pompidou, Paris, 2011. 31 Vista da Exposição / View of the Exhibition Fotografia / Photograph: Motivo 32 33 For having lived in Berlin since 1989, I have been able to witness various exhibitions of Indian art held in Europe, as well as individual participations in large international shows like the Kassel Documenta and the biennials of Venice, Havana and Istanbul, which I have been following since the beginning of the 1990s. Therefore, upon visiting the shows The Tree from the Seed at Henie Onstad Kunstsenter, in Høvikodden, and Body City, at Haus der Kulturen der Welt, in Berlin, both in 2003, my attention was called to the breadth of the narrative and the artistic diversity dealing with themes linked to both the tradition and innovation of a more than five-thousand-year-old culture, celebrating its recent postcolonial identity. This sparked my interest in approximating the Indian and Brazilian contexts, which had previously dialogued only on those occasions they happened to be together at international art biennials. At that time, Indian contemporary art had not yet entered its marketing boom, which partly disfigured the development of its recent ‘internationality.’ Normality could only be resumed after the peak of the 2009 economic crisis. Nevertheless, for me the curatorial work of bringing a group show of Indian contemporary art to Brazil was a continuous process of twists and turns. The result presented here is the outcome of an intense effort of research together with the artists participating in the show, in various visits to studios in the cities of New Delhi, Mumbai, Vishakhapatnam and Bangalore. Beyond this, local and international specialists have contributed to this dialogue by way of intensive meetings and exchanges. Here we bring together artists from three generations. Some of them – like Ravinder Reddy, Pushpamala N., Sheba Chhachhi, Thukral & Tagra and Vivan Sundaram – have produced new works for the exhibition. Local and international collectors have become involved in the project, lending significant artworks. The show features works in painting, sculpture, installation, photography and video by more than twenty artists, all living in India and active on the international scene. The artworks selected express different moments of Indian culture linked to historical, social, economic, urbanistic and other issues, wrapped in partly playful and simple narratives, imbued by great aesthetic resolution. Not limited to a single form of expression, the Indian contemporary artists work with different artistic media simultaneously. In this show, however, each artist is represented by an artwork emblematic of his/her production, thus allowing the visitor’s attention to be focused on each participation individually. Tereza de Arruda is an art historian and independent curator from Sao Paulo, living since 1989 in Berlin, where she studied history of art. She has carried out international curatorships and coordinated projects for a wide range of venues, including Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP (Sigmar Polke Capitalist Realism and other illustrated histories, 2011/Contemporary German Painting 1989-2010, 2010/Yang Shaobin, 2009/China Construction Deconstruction, 2008/ Tatsumi Orimoto, 2008); Today Art Museum, Beijing (Wang Chengyun, 2010); Museu Vale, Vitória (Rosilene Luduvico, 2009); Chicago Cultural Center (The Big World – Recent Art from China, 2009); Haus der Kulturen der Welt, Berlin (Copa da Cultura, 2006); ZKM, Karlsruhe (Interconnect between Attention and Immersion, 2006); Documenta 11, Kassel (Cildo Meireles, 2002); the biennials of Havana, Istanbul, VentoSul and Sao Paulo, transmediale, Berlin; The month of Photography (Berlin/Rome/Sao Paulo/Brasilia); Art Frankfurt (2003); Kunst-Werke Berlin (2006); C/O, Berlim (2006). 34 Por viver em Berlim desde 1989 pude acompanhar diversas mostras de arte indiana realizadas na Europa, assim como participações individuais em grandes mostras internacionais como a Documenta de Kassel e as bienais de Veneza, Havana e Istambul, as quais acompanho desde o início da década de 1990. Foi, porém, em 2003, após visitar as mostras The Tree from the Seed no Henie Onstad Kunstsenter, em Høvikodden, e Body City, na Haus der Kulturen der Welt, em Berlim, que esse contexto me chamou a atenção pela amplitude de sua narrativa e diversidade artística tratando temas ligados à tradição e à inovação de uma cultura de mais de 5 mil anos, celebrando sua recente identidade do período pós-colonial. Surgiu aí meu interesse em aproximar os contextos indiano e brasileiro, cujo diálogo acontecia somente na plataforma casual das bienais internacionais. Nessa época a arte contemporânea indiana ainda não havia alcançado o boom mercadológico, o qual em parte chegou a deturpar o percurso em evolução da sua recente ‘internacionalidade’. A normalidade só pôde ser retomada após o ápice da crise econômica de 2009. A prática curatorial de trazer ao Brasil uma mostra coletiva de arte indiana contemporânea foi para mim, porém, um processo contínuo e sinuoso. O resultado aqui apresentado surge de um intenso trabalho de pesquisa junto aos artistas participantes da mostra em diversas visitas a ateliês nas cidades de Nova Delhi, Mumbai, Vishakhapatnam e Bangalore. Além disso, especialistas locais e internacionais têm contribuído para esse diálogo mediante encontros e trocas intensivos. Unimos aqui artistas de três gerações. Alguns deles – como Ravinder Reddy, Pushpamala N., Sheba Chhachhi, Thukral & Tagra e Vivan Sundaram – produziram novas obras para a exposição. Colecionadores locais e internacionais se engajaram no projeto, emprestando obras significativas. A mostra reúne pintura, escultura, instalação, fotografia e vídeo de mais de vinte artistas, todos vivendo na Índia e atuando internacionalmente. Os trabalhos selecionados expressam momentos distintos da cultura indiana ligados a questões históricas, sociais, econômicas e urbanísticas, entre outras, encobertas por narrativas em parte lúdicas e singelas, banhadas por uma grande resolução estética. Os artistas contemporâneos indianos não se prendem a uma única forma de expressão, dedicam-se a diversos meios artísticos simultaneamente. Na mostra, porém, cada artista é representado por uma obra significativa de sua produção, de maneira que o visitante poderá focar sua atenção em cada participação individualmente. Tereza de Arruda é historiadora de arte e curadora independente de São Paulo e vive desde 1989 em Berlim, onde estudou história da arte. Realizou curadorias internacionais e coordenou projetos para uma vasta gama de instituições, como Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP (Sigmar Polke Capitalist Realism and other illustrated histories, 2011/Contemporary German Painting 1989-2010, 2010/Yang Shaobin, 2009/China Construction Deconstruction, 2008/Tatsumi Orimoto, 2008); Today Art Museum, Beijing (Wang Chengyun, 2010); Museu Vale, Vitória (Rosilene Luduvico, 2009); Chicago Cultural Center (The Big World – Recent Art from China, 2009); Haus der Kulturen der Welt, Berlin (Copa da Cultura, 2006); ZKM, Karlsruhe (Interconnect between Attention and Immersion, 2006); Documenta 11, Kassel (Cildo Meireles, 2002); as bienais de Havana, Istambul, VentoSul e São Paulo; transmediale, Berlim, The month of Photography (Berlim/Roma/São Paulo/ Brasília); Art Frankfurt (2003); Kunst-Werke Berlin (2006); C/O, Berlim (2006). 35 Baiju Parthan Apesar de sua formação como pintor, Baiju Parthan é conhecido como pioneiro da arte interdisciplinar e intermidiática na Índia. Quando se debruçou sobre o funcionamento de um universo misterioso, passou a combinar essas visões um tanto surrealistas com suas preocupações e seu entorno, focando no cotidiano de Mumbai. Baiju passou a explorar o ciberespaço para produzir uma série de imagens provocadoras e surreais, respaldadas sem dúvida na realidade de sua cidade pulsante e caótica. O contexto urbano dominado por seu crescimento irregular e invadido por milhares de pessoas, em sua maior parte migrantes, transforma o habitat do artista em seu próprio tema de trabalho. Fotografia / Photograph: Paulo Jabur Despite his training as a painter, Baiju Parthan is known as a pioneer of interdisciplinary and intermediatic art in India. In his process of revealing the workings of a mysterious universe, he began to combine these rather surrealist views with his concerns and his surroundings, spotlighting the day-to-day life in Mumbai. Baiju began exploring cyberspace to produce a series of provocative and surreal images, doubtlessly drawn from the reality of his throbbing and chaotic city. The urban context dominated by its irregular growth and invaded by thousands of people, most of them migrants, transforms the artist’s habitat into the very theme of his work. This can be seen in two of his recent photographic works shown here, created in part by his imagination, with graphic simulation resources. The works are executed in panoramic format, with a technique of 3D rendering. Thanks to this technique the viewers can situate themselves within the imaginary context the artist has created based on his real world. In a fraction of a second the viewer is inserted into one of the layers of this panorama located between the present and an uncertain future. Famous monuments like the Gateway of India are seen with sharks circulating in the air above them, as though they were threatening not only the historical monument, but also perhaps the legacy of the past. It should be remembered that the attack by Pakistani terrorists on November 26, 2008, targeted the district of Colababa, the region of the Gateway of India. Isso pode ser visto em duas obras fotográficas de sua produção recente expostas aqui, criadas em parte por seu imaginário, com recursos de simulação. As obras são executadas em formato panorâmico e com uma técnica de revelação tridimensional. Graças a essa técnica o público visitante pode se situar no contexto imaginário do artista, proveniente de seu universo real. Em fração de segundo o espectador se vê inserido em uma das camadas dessa representação visionária entre o presente e a incerteza do futuro. Monumentos renomados como o Portal da Índia passam a ser sobrevoados por tubarões, como se estivessem ameaçando não somente um monumento histórico, mas talvez todo o legado do passado. Vale lembrar que o ataque de 26 de novembro de 2008, causado por terroristas paquistaneses, teve como grande alvo o bairro de Colababa, região do Portal da Índia. T. A. T. A. 36 37 Coro / Chorus, 2011 fotografia em 3D – impressão lenticular / 3D rendering and photography 114,3 × 343 cm Cortesia / Courtesy: The Guild Art Gallery, Mumbai Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Nulla malesuada nibh id odio commodo interdum. Quisque ac commodo est. Aliquam lacinia lacus eget turpis lobortis aliquam. Donec pharetra, orci ac auctor blandit, magna massa bibendum risus, id tristique lorem orci vel quam. Vestibulum quis mauris nec nisi tempor tristique sed in nibh. Aliquam purus nisl, sagittis quis pellentesque sit amet, lacinia nec nisi. Vestibulum accumsan leo vitae massa blandit suscipit. Etiam ut sapien diam, eget dictum tellus. Donec non enim ligula, nec vestibulum dolor. Praesent tincidunt, ante laoreet cursus facilisis, lectus elit convallis nibh, ut rhoncus risus justo sit amet velit. Mauris congue elit dictum erat eleifend ultricies. Duis vel odio massa. Donec gravida porta elit sed ornare. Monumento / Monument, 2011 fotografia em 3D – impressão lenticular / 3D rendering and photography 114,3 × 343 cm Cortesia / Courtesy: The Guild Art Gallery, Mumbai 38 39 Bharti Kher Fotografia / Photograph: Kushal A N The works of Bharti Kher are very heterogeneous. The sculptures the artist has created refer, for example, to the figure of the animal – especially the ubiquitous elephant of Indian culture – which since the mid-2000s are combined with parts of the human body. This gives rise to hybrids that tend to be feminine figures, confronting the spectator with a blend of sexuality and monstrosity. In contrast, her paintings are abstract, composed of self-adhesive bindis – feminine adornments often worn on the forehead in Indian society. These collage works bear a strong aesthetics of sumptuous and pictorial beauty. Her main theme is the notion of the individual as a multiple in society. Bharti explores an intimate drama in her objects charged with mythology and a range of social associations. In this show we present one of her most recent works, In Your Absence, which features the appropriation of another feminine element – the sari, composed of delicate fabric with richly ornamented patterns. Brought together in an assemblage, solitary and petrified within the layer of resin that covers them, the saris slide over a group of chairs which intensely evoke the void left by their inexistent users. A common element of Indian society worn by women in everyday life and on special occasions, here the sari represents the overall role of the woman and society, standing for any other ornament, body, or metaphor. This simple object summarizes the female’s existence, with all its fragility and sexuality due to its material and the outline it forms, while abstracting, however, the protagonist. As obras de Bharti Kher são bastante heterogêneas. As esculturas que a artista tem criado remetem, por exemplo, à figura do animal – principalmente do elefante, tão presente na cultura indiana –, combinada a partir de meados da década de 2000 com partes do corpo humano. Surgem aí seres híbridos com tendência a figuras femininas, confrontando o espectador com uma mistura de sexualidade e monstruosidade. Em contraste, suas pinturas são abstratas, compostas por bindis autoadesivos – ornamentos femininos geralmente usados na testa, na sociedade indiana. Essas obras, provenientes de colagem, carregam uma forte estética de beleza suntuosa e pictórica. Seu tema principal é a noção do indivíduo como um múltiplo na sociedade. Bharti explora um drama íntimo em seus objetos carregados de mitologia e associações sociais diversas. Nesta mostra apresentamos uma de suas obras mais recentes, In your absence [Em sua ausência]. Eis aqui a apropriação de mais um elemento feminino – o sari, composto por delicado material têxtil, repleto de ornamentos em sua estampa. Acoplados em uma assemblage, os saris deslizam, solitários e petrificados pela camada de resina que os envolve, sobre um agrupamento de cadeiras demarcando o vazio deixado por suas usuárias inexistentes. O sari, elemento trivial da sociedade indiana e usado pelas mulheres tanto no cotidiano quanto em ocasiões especiais, passa aqui a representar o ‘todo’ do papel da mulher na sociedade, substituindo qualquer outro ornamento, corpo, metáfora. Esse objeto simples passa a resumir a existência feminina, reunindo em si uma grande fragilidade e sexualidade graças ao seu material e ao contorno por ele formado, abstraindo, porém, a protagonista. T. A. T. A. 40 41 Em sua ausência / In Your Absence, 2010 instalação: cadeira de madeira, sari, resina / installation: wooden chair, sari, resin dimensões variáveis / variable dimensions Cortesia / Courtesy: GALLERYSKE, Bangalore e / and Bharti Kher Fotografia / Photograph: Paulo Jabur 42 43 Gigi Scaria Gigi Scaria é conhecido por sua pesquisa urbanística e assume cada vez mais causas nesse campo através de várias mídias como pintura, escultura, arte digital e vídeo. Gigi apresenta nesta mostra uma instalação escultórica que inclui vídeo, escultura e obra interativa em um único trabalho, simultaneamente, porque o visitante é convidado a ‘experimentar’ a obra de forma física e mental. Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard Gigi Scaria is known for his urbanistic research and is increasingly taking up further causes in this field by way of various media such as painting, sculpture, digital art and video. In this show, Gigi presents a sculptural installation that includes video, sculpture and an interactive aspect within a single artwork, simultaneously, because the visitor is invited to ‘experience’ the work physically and mentally. The artist created a work entitled Elevator from the Subcontinent, which consists literally of an elevator whose inner walls have been substituted by three different videos. When we enter the elevator, the images on the three inner walls move, bringing us to experience different floors of a virtual building – including private dwellings – thus revealing realities of a range of social levels in India. By way of this simple but ingenious strategy, the artist deals with different realities and metaphors emphasized by the authenticity of this work. O artista criou uma obra intitulada Elevator from the subcontinent [Elevador do subcontinente], a qual consiste literalmente em um elevador cujas paredes internas são substituídas por três vídeos distintos. Quando entramos no elevador a imagem das três paredes internas se move, levando-nos a vivenciar andares distintos de habitações privadas. O vídeo transporta o visitante a diversos andares de um prédio, tornando visíveis realidades de diversas camadas sociais indianas. Estão embutidas aí, de forma singela e inteligente, diversas realidades e metáforas enfatizadas pelo artista através da autenticidade da obra. Gigi Scaria transmite aqui uma visibilidade quase que voyeurista, tornando público o espaço privado de famílias indianas. É com fascínio e curiosidade que o público se deixa envolver nesse discreto universo, com todas as suas peculiaridades e sutilezas. T. A. Here, Gigi Scaria conveys a nearly voyeuristic visibility, revealing the private space of Indian families to the public. In their fascination and curiosity, the viewers allow themselves to be involved in this discrete world, with all its peculiarities and subtleties. T. A. 44 45 Elevador do subcontinente / Elevator from the subcontinent, 2011 videoinstalação, três canais com som / video installation, three channel with sound, 10 min 271 x 280 cm Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard 46 47 Jitish Kallat Hemoglíficos (Arquipélago das Dores) / Haemoglyphics (Archipelago of Aches), 2009 óleo e acrílico sobre linho, bronze / oil and acrylic on linen, bronze 182,9 × 137,2 cm Cortesia / Courtesy: Haunch of Venison, Londres / London Fotografia / Photograph: Peter Mallet Jitish Kallat incorporates various communication media in his work, which involves installations, photography, painting and sculpture. His oeuvre is characterized by a bold language and strong visual appeal, with references to the Asiatic universe as well as traditions of the Western world. Themes seen in images of popular advertising and urban consumerism are featured under a new light. Another dominant theme is the relation between the individual and the social masses, taking into consideration that Indian society is dominated by mass mobilizations, and by familial relations in a society where various generations often live together in the same household. Jitish Kallat incorpora variados meios de comunicação em seu trabalho, que envolve instalações, fotografia, pintura e escultura. Sua obra é caracterizada por uma linguagem ousada e de grande apelo visual, com referências tanto no universo asiático quanto em tradições do mundo ocidental. Temas vistos em imagens de publicidade popular e do consumismo urbano são revistos em sua obra. Outro tema dominante é a relação entre o indivíduo e as massas sociais, levando em consideração que a sociedade indiana é dominada pelo movimento coletivo, ou mesmo por relações familiares envolvendo a convivência de várias gerações. Para a mostra ÍNDIA – LADO A LADO foram selecionadas três pinturas da série Haemoglyphics [Hemoglíficos], as quais representam um corpo aberto mostrando suas vértebras, em uma perspectiva bastante visceral e, à primeira vista, brutal. Corpos são expostos como troféus, como resultado de uma conquista canibalística. Eles se encontram como em um processo de metamorfose, fenômeno este presente no cotidiano das grandes cidades, onde seus habitantes se sentem pressionados pela dinâmica do dia a dia, tendo que se repensar e reinventar num exercício constante de sobrevivência. T. A. For the show ÍNDIA – LADO A LADO three paintings from the artist’s Haemoglyphics series were selected, which represent an open body, showing its vertebrae in a perspective that is extremely visceral, and at first sight, brutal. Bodies are displayed like the trophies of a cannibalistic conquest. They are found in a process of metamorphosis, a phenomenon present in the day-to-day life of the big cities, where the inhabitants feel the pressure of the everyday dynamics, having to continuously rethink and reinvent themselves in a constant exercise of survival. T. A. 48 49 Hemoglíficos (Arquipélago das Dores) / Haemoglyphics (Archipelago of Aches), 2009 óleo e acrílico sobre linho, bronze / oil and acrylic on linen, bronze 243,8 x 152,4 cm Cortesia / Courtesy: Haunch of Venison, Londres / London Fotografia / Photograph: Peter Mallet 50 Hemoglíficos (Arquipélago das Dores) / Haemoglyphics (Archipelago of Aches), 2009 óleo e acrílico sobre linho, bronze / oil and acrylic on linen, bronze 243,8 x 152,4 cm Cortesia / Courtesy: Haunch of Venison, Londres / London Fotografia / Photograph: Peter Mallet 51 Manjunath Kamath Manjunath Kamath incorpora em sua obra diversos elementos da cultura indiana reforçados por questões políticas, sociais e econômicas. A obra aqui apresentada, Vishnu Vilas, é uma das mais complexas no contexto de sua produção respaldada na história da arte e cultura indianas. Fotografia / Photograph: Paulo Jabur In his work, Manjunath Kamath incorporates various elements from Indian culture to shed light on political, social and economic issues. The work presented here, Vishnu Vilas, is one of the most complex in the context of his production supported by the history of Indian art and culture. Vishnu is considered the preserver of life in Hindu theology, preserving the earth and life in the face of unexpected calamities. He can oscillate between the roles of victim and aggressor, depending on the circumstances. The artist, however, represents Vishnu in a loser/vanquished/destroyed condition. This representation gives rise to a certain duality by questioning the posture of Vishnu per se. This opens a wide range of questionings in regard to tradition, history and culture. This artwork, in the format of a video installation, reveals various levels of the local context. The fragility of the local history is represented by the fall of the figure of Vishnu. As it fell, the object hit an ornamental table, supposedly symbolizing the colonial period. Beside the half-destroyed table and the fallen statue, a television set lies tilted on the floor, as though it was thrown into this position when the figure of Vishnu fell onto the table. The television shows a looping video of a man shouting something indecipherable, like an alarm siren. This is a warning about the transition that India has been undergoing through the centuries – a process that is becoming increasingly intense and polarized. Vishnu é considerado o preservador da vida na teologia hindu, sua função é a preservação da terra e da vida diante de calamidades inesperadas. Ele pode oscilar entre as posturas de vítima e de agressor, diante das circunstâncias. O artista, porém, representa Vishnu em uma postura de perdedor/vencido/destruído. Essa representação causa certa dualidade ao questionar a postura de Vishnu em si. A partir daí abre-se um amplo leque de questionamentos referentes à tradição, à história e à cultura. A obra, no formato de videoinstalação, revela em si diversas camadas do contexto local. A fragilidade da tradição e da história local é representada pela queda da figura de Vishnu. Ao cair, esse objeto atinge uma mesa ornamental, supostamente como simbologia do período colonial. Além da mesa semidestruída e caída há um televisor, como se este tivesse sido atingido pela queda de Vishnu de cima da mesa e tivesse sido arremessado e desmembrado desse contexto. O televisor apresenta um vídeo em loop de um homem declarando algo indecifrável, que pela sonoridade parece ser um alerta. Eis aí um alerta quanto à transição que a Índia vivencia há séculos, em grau crescente e cada vez mais polarizado. T. A. T. A. 52 53 Vishnu Vilas, 2008 fibra de vidro, madeira, monitor de TV e vídeo (em loop) / fiberglass, wood, TV monitor and video (loop), edição única / single edition dimensões variáveis / variable dimensions Cortesia / Courtesy: Gallery Espace, Nova Delhi / New Delhi Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard 54 55 Nalini Malani Nalini Malani expressa em seus desenhos, pinturas, instalações e vídeos uma sutil metamorfose, banhada em uma narrativa única do universo feminino. A artista surgiu em meados da década de 1960, quando o cenário artístico indiano era dominado pela presença masculina. Desde então sua obra é um alerta à posição complexa da mulher na sociedade patriarcal indiana. Contos do bem e do mal / Tales of Good and Evil, 2008 impressão digital com pigmento sobre papel Hahnemühle, bambu / digital pigment printing on Hahnemühle paper, bambou 205,5 x 274 cm Cortesia / Courtesy: Galerie Lelong, Paris Fotografia / Photograph: Fabrice Gilbert In her drawings, paintings, installations and videos, Nalini Malani expresses a subtle metamorphosis, bathed in a unique narrative of the female universe. The artist emerged in the mid-1960s, when the Indian art scene was dominated by males. Since then her work has been raising awareness concerning the woman’s complex position in India’s patriarchal society. At first sight, themes such as sexuality, oppression, anxiety, self-reflection and others are transposed in a playful way, in a world of soft pastel colors enveloped in ornaments. A more careful look, however, will reveal that the smoothness of the female figures is in jeopardy, as they are surrounded by indecipherable beings in the form of ominous blotches that mix with the protagonists’ fragile bodies. Sharp objects appear as tools of aggression, and threatening animals, like alligators, also invade the scene. This gives rise to a duel between good and evil, aggressor and victim, with a wealth of lines, contours, expressions and narratives enveloped in an unparalleled aesthetic richness. This intense scenario alludes to the anthropophagic practices of consumption, of part or various parts of the human being as a whole. Even though this term is not used literally here, it becomes a metaphor for the repression of the woman in society. In this show we present the work Tales of Good and Evil, which bears within it the duality of contemporary life divided between good and evil. Temas como sexualidade, opressão, ansiedade e autorreflexão, entre outros, são transpostos à primeira vista de forma lúdica, em um universo de suaves cores pastéis envolto em ornamentos. Um segundo olhar, mais minucioso, percebe que a suavidade das figuras femininas aí representadas se encontra em perigo, rodeada por seres indecifráveis em forma de manchas desagradáveis a se mesclar com os corpos frágeis das protagonistas. Objetos cortantes são apontados como instrumentos de agressão, e animais indesejáveis, como crocodilos, também invadem o cenário. Surge aí um duelo entre o bem e o mal, agressor e vítima, com grande riqueza de traços, contornos, expressões e narrativas envoltos em uma inigualável riqueza estética. Esse cenário intenso remete a práticas antropofágicas do consumo, em parte ou em várias partes, da totalidade do ser humano. Mesmo que esse termo não seja empregado aqui literalmente, ele passa a ser tido como metáfora da repressão à mulher na sociedade. Nesta mostra apresentamos a obra Tales of Good and Evil [Contos do Bem e do Mal], a qual carrega em si a dualidade da vida contemporânea dividida entre o bem e o mal. T. A. T. A. 56 57 Contos do bem e do mal (detalhe) / Tales of Good and Evil (detail), 2008 impressão digital com pigmento sobre papel Hahnemühle, bambu / digital pigment printing on Hahnemühle paper, bambou 68,5 x 68,5 cm Cortesia / Courtesy: Galerie Lelong, Paris Fotografia / Photograph: Fabrice Gilbert 58 Contos do bem e do mal (detalhe) / Tales of Good and Evil (detail), 2008 impressão digital com pigmento sobre papel Hahnemühle, bambu / digital pigment printing on Hahnemühle paper, bambou 68,5 x 68,5 cm Cortesia / Courtesy: Galerie Lelong, Paris Fotografia / Photograph: Fabrice Gilbert 59 PIX Collective A mostra ÍNDIA - LADO A LADO conta com um conjunto de fotografias sob curadoria do PIX Collective, grupo de jovens fotógrafos, pesquisadores e curadores coordenado por Rahaab Allana e com um corpo editorial e fotoeditorial composto por LUCIDA Photo Collective, Akshay Mahjan, Kaushik Ramaswamy e Nandita Jaishankar. Rajesh Vora Jovem usando um medalhão / Young girl wearing a medallion, Orissa, 1976 videoprojeção de fotografias / video projection of photographs The show ÍNDIA – LADO A LADO includes the presentation of photographs curated by PIX Collective, a group of young photographers, researchers and curators, edited by Rahaab Allana with a photo-editorial and editorial team comprising LUCIDA Photo Collective, Akshay Mahjan, Kaushik Ramaswamy and Nandita Jaishankar. PIX is also a quarterly magazine with specific themes. The editors stipulate a theme, and the participants, from different contexts, present their own view of it. The unusual background of the photographers results in a vast panorama and a multiple look at Indian life. The participants are selected democratically, since the signup is open to the public. These professionals and amateurs – laymen but legitimate photographers in their essence – make use of digital and new media to present works of a documentary or fictional character. The artists selected for the show ÍNDIA – LADO A LADO, Swarup Dutta, Gareth Kingdon, Ronny Sen, Manu Thomas, Rajesh Vora, Neha Malhotra, Sangeeta Rana, Mhesh Shantaram, Abhijit Nandi and Aditya Pande, present a wide gamut of colors, focal points and perspectives. According to the magazine’s editors, “The structure for PIX is consciously based on practices, technologies, curating and circulations of photography in India today. It seeks to contemplate photography in the present and the predicament of a generation influenced by the digital medium. Photography has come to be viewed as a means of the everyday, in possessing the power to influence us and even lead us astray. Images are now animated beings, with desires of their own and have started being cast into contemporary notions of picture theory associated with the visual arts, literature and mass media.” PIX é, também, uma revista de periodicidade trimestral com temas específicos. Seus participantes vêm de contextos distintos e apresentam diversas visões de um mesmo tema, estipulado pelo editorial. A procedência inusitada dos fotógrafos resulta em um vasto panorama e em um olhar múltiplo sobre o contexto indiano. A seleção dos participantes é democrática, pois a inscrição é aberta ao público. Esses profissionais e amadores – leigos, mas fotógrafos legítimos em sua essência – apresentam obras de caráter documental ou fictício, e fazem uso de meios digitais e novas mídias. Os artistas selecionados para a mostra ÍNDIA – LADO A LADO, Swarup Dutta, Gareth Kingdon, Ronny Sen, Manu Thomas, Rajesh Vora, Neha Malhotra, Sangeeta Rana, Mhesh Shantaram, Abhijit Nandi e Aditya Pande, apresentam um conjunto variado de cores, focos e perspectivas. Segundo o editorial da revista, “A estrutura de PIX baseia-se conscientemente em práticas, tecnologias, curadoria e circulação de fotografia na Índia atual. Busca contemplar a fotografia no presente e o estabelecimento de uma geração influenciada pelo meio digital. A fotografia passou a ser vista como uma mídia do cotidiano, que possui o poder de nos influenciar e até mesmo nos induzir a erro. As imagens, agora, são seres animados, com desejos próprios, e noções contemporâneas da teoria da imagem associam a fotografia com as artes visuais, a literatura e a mass media”. T. A. T. A. 60 61 Manu Thomas Vendedor de balões em um metrô perto de Ali Haji / Balloon seller in a subway near Haji Ali, Mumbai, 2010 videoprojeção de fotografias / video projection of photographs Swarup Dutta Avós - Séries 1/ Grandmothers - Series 1, Calcutá / Kolkata, 2003 videoprojeção de fotografias / video projection of photographs Gareth Kingdon Cidades escondidas / Hidden Cities, Dharavi videoprojeção de fotografias / video projection of photographs 62 Ronny Sen Não respire / Don’t Breathe, 2009 -10 videoprojeção de fotografias / video projection of photographs 63 Pushpamala N. Pushpamala é uma artista performática que incorpora protagonistas da história e da sociedade indiana em cenários que ela mesma cria e posteriormente fotografa, muitas vezes expondo a fotografia como obra final. Pátria: onde os anjos temem pisar... / Motherland: Where Angels Fear to Tread..., 2011 instalação com materiais diversos / mixed media installation dimensões variáveis / variable dimensions Cortesia / Courtesy: Gallery Nature Morte, New Delhi/Berlin Fotografia / Photograph: Motivo Pushpamala is a performance artist who incorporates protagonists from Indian society and history in scenes that she herself creates and later photographs, often exhibiting the photograph as the final work. For the show in Brazil, Pushpamala has elaborated a site-specific work as a tableau vivant. She creates installations similar to a scenario or even a painting that can be seen as a backdrop for the context exhibited. This elaborate photographic technique was often practiced in the photographic studios of the city of Mumbai, especially in the 19th century. In this work she aims to explore the theme of the nation as a mother, as a superior being, that maintains the entire local universe under control in a matriarchal way, as often occurs in Indian society. In this scenario she accumulates elements, like an archive or even a museum that conserves and displays elements of daily life. Since the idea of mother India arose in the late 19th century, at the beginning of the nationalist movement, there have been many different representations of India, personified as the goddess Kali, a cow, Durga, or the figure of Sadhu, created by Rabindranath Tagore, to cite just a few. Para a mostra no Brasil, Pushpamala elabora uma obra site-specific como um tableau vivant. Ela cria uma instalação semelhante a um cenário ou mesmo a um quadro que poderia ser visto como pano de fundo para o contexto aí exposto. Essa prática da fotografia elaborada era recorrente nos estúdios fotográficos da cidade de Mumbai, principalmente no século XIX. Nessa obra ela pretende explorar a temática da Nação como mãe, como um ser superior, que mantém todo o universo local sob controle de forma matriarcal, como muitas vezes acontece na sociedade indiana. Nesse cenário ela acumula elementos, como um arquivo ou mesmo um museu que resguarda e ressalta elementos do cotidiano. Desde que surgiu a ideia de Mãe Índia no final do século XIX, no início do movimento nacionalista, tem havido muitas representações diferentes da Índia, personificada como a deusa Kali, como a vaca, como Durga ou como a figura Sadhu, criada por Rabindranath Tagore, para citar somente algumas delas. O trabalho analisa e revê a história como um teatro de ensaio de uma Nação e da formação da nacionalidade. T. A. The work analyzes and reviews history as a theater for the rehearsal of a nation and the formation of nationality. T. A. 64 65 Desde a criação da ideia de Mãe Índia no final do século XIX, no início do movimento nacionalista, surgiram várias representações diferentes da Índia, personificada como a deusa Kali, como a Mãe Vaca, como Durga, ou ainda como a figura Sadhu, criada por Abanindranath Tagore em sua famosa aquarela “Bharatmata”, para citar apenas algumas delas. Os ícones estão posicionados como numa fotografia de grupo, ou como em um diorama de museu. Pátria: onde os anjos temem pisar... / Motherland: Where Angels Fear to Tread..., 2011 Since the creation of the idea of Mother India in the late 19th century at the beginning of the nationalist movement, there have been many different representations of India personified as the goddess Kali, as the Mother Cow, as Durga, or as the sadhu figure created by Abanindranath Tagore in his famous watercolour painting “Bharatmata”, to name some of them. The icons are staged posing as if for a group photograph, or as placed in a museum diorama. instalação com materiais diversos / mixed media installation dimensões variáveis / variable dimensions Cortesia / Courtesy: Gallery Nature Morte, New Delhi/Berlin Fotografia / Photograph: Paulo Jabur Fotografia / Photograph: Motivo Fotografia / Photograph: Motivo 66 67 Raqs Media Collective Jeebesh Bagchi, Monica Narula e Shuddhabrata Sengupta Provérbios coletivos / Collective Proverbs, 2011 3 painéis (MDF + LEDs + sequenciador luminoso) / 3 panels (MDF + LEDs + lighting sequencer) 220 x 120 cm (cada painel / each panel) Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard Cortesia dos artistas / Courtesy of the artists The members of this artist collective – Jeebesh Bagchi, Monica Narula and Shuddhabrata Sengupta – began in the area of cinema and have been working together for nearly two decades. Their works deal with the urban landscape in light of the experience and meaning of the use of new media and technologies, as well as the traditional knowledge of Indian culture linked to the idea of contemporaneity and creativity. Their work often takes the city of Delhi as its theme, as well as myths and stories of South Asia. The artists are reluctant, however, to have their work labeled as ‘Indian art,’ arguing that they represent an abstraction and speak for themselves, by way of their work, which over time has become more conceptual. Highly aware of worldwide intellectual and cultural trends, they are critical of the thematics of nationalism, multiculturalism and identity, preferring to find other ways to narrate personal and social histories. For the show ÍNDIA – LADO A LADO they have re-created a work deriving from a series called Collective Proverbs. Proverbs from Indian popular culture are extracted in this context and presented in the form of stylized signs bearing interlinked phrases, parts of which are emphasized with colors and lights, elaborated with the aim of dialoguing with the general public. This begins an experiment of absorbing, or not, the written and oral tradition in a new setting. The proverbs used here are Memory fades but does not forgive, Money talks but does not remember, Laughter echoes but does not answer. Full of contradiction, these proverbs extol the power game rooted in economic issues and Indian tradition. Os membros deste coletivo iniciaram-se na área de cinema e trabalham em conjunto há quase duas décadas. Os temas de suas obras são a paisagem urbana diante da experiência e do significado do uso das novas mídias e tecnologias, bem como os conhecimentos tradicionais da cultura indiana ligados à ideia de contemporaneidade e de criatividade. A cidade de Delhi é muitas vezes o tema de seu trabalho, assim como mitos e histórias do sul da Ásia. Os artistas relutam, porém, em defender um rótulo de ‘arte indiana’, argumentando que representam uma abstração e que falam por si, por meio de sua obra, que assume mais e mais um caráter conceitual. Altamente sensíveis às vertentes culturais e intelectuais do mundo, eles são críticos da temática do nacionalismo, do multiculturalismo e da identidade, preferindo encontrar outras formas para narrar histórias pessoais e sociais. Para a mostra ÍNDIA – LADO A LADO foi recriada uma obra proveniente de uma série chamada de Collective Proverbs [Provérbios Coletivos]. Provérbios oriundos da cultura popular indiana são extraídos desse contexto e apresentados sob a forma de letreiros estilizados, com luzes e cores, tendo partes das frases acesas intercaladas, elaborados no intuito de dialogar com o público em geral. Inicia-se, assim, um experimento de absorção ou não da tradição escrita e oral em um novo ambiente. Os provérbios aqui utilizados são: Memory fades but does not forgive [A memória se apaga, mas não perdoa], Money talks but does not remember [O dinheiro fala, mas não lembra], e Laughter echoes but does not answer [O riso ecoa, mas não responde]. Repletos de contradição, esses provérbios enaltecem o jogo de poder enraizado em questões econômicas e na tradição indiana. T. A. T. A. 68 69 Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard 70 Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard 71 Ravinder Reddy Suas esculturas têm um forte caráter étnico, lidando sempre com a relação entre uma figura feminina e um híbrido cultural num contexto urbano e rural. Formas exageradas, ricos ornamentos e cores fortes destacam a presença e o papel da mulher na sociedade indiana. Migrante / Migrant, 2011 escultura em poliéster, resina e fibra de vidro / sculpture in polyester, resin, fiberglass 450 x 200 x 200 cm Coleção do artista / Artist’s collection Cortesia / Courtesy: Walsh Gallery, Chicago His sculptures have a strong ethnic character, always dealing with the relation between a female figure and a hybrid culture in an urban and rural context. Exaggerated forms, rich ornaments and strong colors highlight the presence and role of the woman in Indian society. Despite its strong popular appeal, his work has had a great impact on the international contemporary art scene, making Ravinder a pioneer in the dissemination of the ‘popular’ aspect of Indian culture – he is accepted in the most elaborate and sophisticated contexts of current international art. For this show, Ravinder has created an artwork that is entirely new in two aspects: for its monumentality and for the theme represented – ‘migration,’ which exists both in the local and the international context due to the various crises of the globalized world. This sculpture has the form of a female head with a huge bag perched on top, which probably contains all her belongings. Although the work’s monumentality lends it a sort of crudeness, Ravinder has imbued his muse with stateliness. Apesar do forte apelo popular, sua obra é de grande repercussão internacional no contexto da arte contemporânea, o que torna Ravinder um precursor da disseminação do aspecto ‘popular’ da cultura indiana – ele é aceito nos contextos mais elaborados e sofisticados da arte atual internacional. Para esta mostra, Ravinder elabora uma obra inédita sob dois aspectos: pela monumentalidade e pelo tema a ser representado, a ‘migração’, existente hoje tanto no contexto local como em âmbito internacional em razão das diversas crises do mundo globalizado. Esta escultura tem o formato de uma cabeça feminina que carrega uma enorme sacola onde se encontram, provavelmente, todos os seus pertences. Apesar da monumentalidade da obra, que a torna algo bruto em seu formato, Ravinder transpõe à sua musa uma postura esplendorosa. Apesar de ser uma simples migrante, a personagem possui a aura e a postura de uma nobre. Dessa forma Ravinder enaltece os membros das camadas mais populares da sociedade indiana, dando a eles uma dignidade exuberante. T. A. Despite being a simple migrant, the character possesses the aura and pose of a noble person. In this way, Ravinder exalts the members of the more popular segments of Indian society, giving them an effusive dignity. T. A. 72 73 Fotografia / Photograph: Motivo 74 75 Reena Kallat Colostro / Colostrum, 2008-2011 instalação com materiais diversos / mixed media installation dimensões variáveis / variable dimensions Cortesia do artista e de / Courtesy of the artist and Chemould Prescott Road, Mumbai Fotografia / Photograph: Paulo Jabur O contexto do trabalho da artista é a preocupação com o indivíduo e sua posição em uma sociedade em rápida mudança – ele pode ser arruinado ou melhorar de vida, pelas circunstâncias sociais e políticas em que se encontra. Suas pinturas e instalações normalmente retratam pessoas comuns, assim como momentos políticos decisivos ou ainda a atuação social, para impedir que os protagonistas anônimos da sociedade se tornem esquecidos ou abandonados, vítimas do anonimato da cidade grande. Os conflitos políticos da atualidade e as desavenças nas fronteiras entre os países são também temas recorrentes em sua obra. Na instalação Colostrum [Colostro] a artista lida com o recente passado colonial de seu país de forma crítica, dando voz à agressão física pela qual passou o povo humilde naquela época. The artist’s work evinces a concern for the individual and his/her position within a society undergoing rapid change – where one’s life can be ruined or improved by one’s social and political circumstances. Her paintings and installations normally depict common people, as well as decisive political moments or even social action, to prevent the anonymous protagonists of society from becoming forgotten or abandoned, victims of the anonymity of the big city. Today’s political conflicts and the squabbles along national borders are also recurrent themes in her work. In the installation Colostrum the artist deals with her country’s recent colonial past in a critical way, giving voice to the physical aggression suffered by the lower-class people of that era. The installation is composed of sumptuous elements in contrast with poverty. A crown in monumental format is displayed alongside a stiletto shoe and a corset. These elements are part of a well-elaborated scenario surrounded with elegantly ornamented wallpaper, marked by a strong shade of red. While encountering the singular elements of the installation, the visitor perceives that the splendorous decorative details on the objects and the wallpaper are actually repetitive scenes of aggression, like ghosts of the past becoming undone in their flexible red outlines. A instalação é composta de elementos suntuosos em contraste com a pobreza. Uma coroa em formato monumental é exposta ao lado de um sapato de salto alto e de um corset. Esses elementos fazem parte de um cenário bem elaborado, envolto em papel de parede com ornamentos suntuosos, tudo demarcado pela forte cor vermelha. Ao deparar com os elementos singulares da instalação, o visitante percebe que a pompa aí enaltecida é composta pela repetição de cenas de agressão, todas incrustadas nos objetos expostos e também desenhadas sutilmente no papel de parede, como um fantasma do passado a se desfazer em seus flexíveis contornos vermelhos. T. A. T. A. 76 77 Fotografia / Photograph: Motivo Fotografia / Photograph: Paulo Jabur 78 Fotografia / Photograph: Motivo 79 Riyas Komu Riyas Komu é um artista que trabalha com vários meios artísticos para dar voz a testemunhos sociais, políticos e econômicos. Modelos em rolo (detalhe) / Roll Models (detail), 2011 impressão digital sobre tecido polimicro / digital print on polymicro textile 111,76 x 20,32 x 20,32 cm (cada moldura / each frame) Cortesia do artista e de / Courtesy of the artist and Sakshi Gallery, Mumbai Fotografia / Photograph: Motivo The artist Riyas Komu works with various artistic media to give voice to social, political and economic issues. Here we present his most recent work, entitled Roll Models. This installation is composed of individual showcases, each preserving an anonymous person from everyday life. The work is an allusion to mass production, widespread in India due to the burgeoning labor force. Riyas lends visibility to these protagonists, but only partially, just as in society itself. The installation is made up of 11 individual showcases, each one containing a roll, symbolizing a person. Each of the 40-meterlong rolls reveals the printed image of a manual laborer on the visible part of its rolled-up surface. The artist only allows us to see a part of the people portrayed and, often, only their gaze – a decisive detail which is often the only element in the anonymous dialogue in the large urban centers. Apresentamos aqui sua mais recente obra, intitulada Roll Models [Modelos em rolo]. Essa instalação é composta de vitrines individuais, cada uma resguardando uma pessoa anônima do cotidiano. A obra é uma alusão à produção em massa, tão propagada na Índia em razão do grande aumento na mão de obra disponível. Riyas dá visibilidade a esses protagonistas, mas de forma parcial, como acontece na própria sociedade. A instalação é composta de 11 vitrines individuais, cada uma resguardando um rolo, por assim dizer, pessoal. Cada rolo tem 40 metros de comprimento, e nele estão impressas imagens de trabalhadores braçais, ocupando toda a superfície do material. O artista nos permite visualizar apenas uma parcela das pessoas retratadas e, muitas vezes, somente o olhar – elemento decisivo e muitas vezes único no diálogo anônimo dos grandes centros urbanos. Eis aí uma parcela de comunicação intercultural e intersocial. Sem dúvida, alguns desses olhares solitários encontrarão paralelo na sociedade brasileira. T. A. Here we have a slice of intercultural and intersocial communication. Without a doubt, some of these solitary looks will find their parallel in Brazilian society. T. A. 80 81 Fotografia / Photograph: Motivo 82 83 Sheba Chhachhi Bhogi/Rogi (Doença de consumo) / Bhogi/Rogi (Consumption Disease), 2010 vídeo interativo / interactive video, 5 min 30 s dimensões variáveis / variable dimensions Coleção do artista / Artist’s collection Cortesia / Courtesy: Walsh Gallery, Chicago e / and Sheba Chhachhi, em colaboração técnica com / in technical collaboration with Thomas Eichhorn Fotografia / Photograph: Motivo In her artworks, Sheba Chhachhi elaborates a narrative of contemporary Indian society and its current concerns, often supported in the country’s mythology or age-old tradition. In this Brazilian show, the artist uses new media to present the interactive work Bhogi/Rogi (Consumption Disease). The visitor enters a closed space, where his/her image is captured and reproduced in the external space, going through a metamorphosis. A gradually modified interactive projection progressively covers the visitor’s body, giving him/her the sensation and experience of being constituted and transformed by what is consumed in daily life, including food, information and consumer products. Sheba Chhachhi’s idea is to explore the continuous process of consumption-productionhomogenization in contemporary civilization, mainly by way of transgenic foods. Sheba Chhachhi elabora em suas obras uma crônica da sociedade contemporânea indiana e de suas preocupações atuais, muitas vezes respaldada na mitologia ou na tradição milenar de seu país. A artista faz uso de novas mídias e apresenta nesta mostra brasileira a obra interativa Bhogi/Rogi (Consumption Disease) [Bhogi/Rogi (Doença de consumo)]. O visitante entra em um ambiente fechado, o qual capta sua imagem e a reproduz no espaço externo, passando por uma metamorfose. Sobre o corpo do visitante há uma projeção interativa que se modifica aos poucos e passa a cobri-lo, dando-lhe a sensação e a experiência de ser constituído e transformado por aquilo que consome na vida cotidiana, incluindo alimentos, informações e produtos de consumo. A ideia de Sheba Chhachhi é explorar o processo contínuo de consumo-produção-homogeneização da civilização contemporânea, principalmente através de alimentos transgênicos. Como em uma metamorfose o corpo do visitante interativo passa a ser transformado, perdendo em partes seu contorno, minúcias, conteúdo. Como uma tatuagem, os elementos de consumo vão também cobrir todo o corpo do visitante ou do grupo que estiver nesse espaço. Esta obra oscila entre um ritual milenar e uma experiência futurista, o corpo passa a ser utilizado como forma de expressão e associação cultural, graças aos elementos nele inseridos ou por ele manipulados em seu entorno. T. A. As though it were undergoing a metamorphosis, the visitor’s body is transformed, losing parts of its outlines, details and content. Like a tattoo, the elements of consumption also cover the bodies of the individual or group that enters this space. This work oscillates between an age-old ritual and a futuristic experience, the body being used as a form of expression and cultural association, thanks to elements inserted in it or manipulated by it in its environment. T. A. 84 85 Fotografia / Photograph: Motivo 86 87 Shilpa Gupta Shilpa Gupta cria instalações, vídeos e arte interativa, utilizando diversos meios de comunicação para destacar questões como desejo, religião e a insegurança e a incerteza da vida contemporânea, causadas por decisões políticas e sociais. EstrelasCegas CegasEstrelas / BlindStars StarsBlind, 2008 instalação com luz e texto / light-text-installation 457 cm (diâmetro / diameter) Cortesia / Courtesy: Sakshi Gallery, Mumbai Shilpa Gupta creates installations, videos and interactive art, using various communication media to highlight questions like desire, religion and the insecurity and uncertainty of contemporary life, brought on by political and social decisions. Her works are normally supported by a great deal of narrative subtlety, constructed by means of few resources which are nevertheless vigorously applied. Here we are showing the work BlindStars StarsBlind, which refers to the social expectations mainly in societies with flexible borders between its social classes/castes. The object is made up of an interplay of lights that alternate to make the words partially visible. They remain in the shadow and can only be seen when the lights that compose a given word are turned on. Os trabalhos são normalmente respaldados por uma grande sutileza narrativa, construída através de poucos recursos, porém aplicados de forma vigorosa. Expomos aqui a obra BlindStars StarsBlind [EstrelasCegas CegasEstrelas], que se refere a expectativas sociais principalmente em sociedades nas quais as margens de suas castas são flexíveis. O objeto é formado por um jogo de luzes que se revezam, tornando as palavras parcialmente visíveis. Elas ficam na penumbra e só se tornam visíveis quando se acendem as luzes que compõem determinada palavra. O brilho das palavras passa a ofuscar, assim como o brilho falso de certos contextos artificiais. Tendo uma população em sua maioria composta por jovens, essa parcela da sociedade indiana se deixa levar por ilusões e promessas provenientes da mídia e propagadas principalmente por ela. T. A. The brightness of the words can make it hard to see them, just like the fake dazzle of certain artificial contexts. With a population consisting mainly of young people, this segment of Indian society allows itself to be misled by illusions and promises spread mainly by the communication media. T. A. 88 89 Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard 90 91 Surekha Surekha é uma artista cuja prática atual é focada rigidamente na produção de vídeos. Esse meio foi escolhido por ser fiel à realidade, ou seja, à realidade vivenciada em seu cotidiano. O resultado passa a existir na fronteira entre documentário e ficção, sem que o espectador note claramente a fronteira entre os dois contextos. Romeus e Julietas / Romeos & Juliets, 2009 vídeo monocanal / single-channel video, 8 min 30 s Assistente de edição / Editing assistance: H. A. Anilkumar; Assistente de projeto / Project assistance: H. A. Anilkumar; Conceito e direção / Concept and direction: Surekha Cortesia da artista / Courtesy of the artist Surekha’s current practice is rigidly focused on the production of videos. This medium was chosen for being faithful to reality, that is, to the reality experienced in day-to-day life. The result lies on the border between documentary and fiction, the observer being unable to clearly distinguish the line separating the two contexts. The artist’s videos are usually set in the urban space and often in the city of Bangalore, where Surekha was born and continues to live today, except when she is participating in artist’s residencies abroad, as she does on a regular basis. Bangalore is known for the dynamic scene created among its artist collectives and in noncommercial art spaces directed by the artists themselves. This platform lends itself to experimental art, with no commitment to marketing trends, allowing the artists to follow their own premises, sheltered from the usual pressures of this context. It is most likely these local conditions that have allowed Surekha to unpretentiously search her daily experience for anonymous protagonists, responsible for the composition of her world. In this show we are featuring the video Romeos & Juliets, in which the artist captures a therapeutic practice of morning laughter. In a public square, senior citizens regularly meet during the morning to share their laughs. They interact wordlessly, by way of mimicry and the sound of their laughter. Surekha acts as an archaeologist of the urban social space to discover and excavate cultural, personal and historical fragments that go unnoticed in the daily life of the big cities. O cenário utilizado pela artista é usualmente o espaço urbano e muitas vezes a cidade de Bangalore, onde Surekha nasceu e vive até hoje, exceto nas pausas devidas à participação regular em projetos de residência artística internacionais. Bangalore é conhecida no cenário artístico indiano pela dinâmica criada pelos coletivos e pelos espaços de arte não comerciais dirigidos pelos próprios artistas. Essa é uma plataforma propícia para a tendência experimental, sem compromisso com tendências mercadológicas, e permite que os artistas sigam suas próprias premissas, a salvo das pressões usuais desse contexto. Provavelmente são essas condições locais que induzem Surekha a uma busca despretensiosa, em seu cotidiano, por protagonistas anônimos, responsáveis pela composição de seu universo. Nesta mostra expomos o vídeo Romeos & Juliets [Romeus & Julietas], no qual a artista capta uma prática da terapia do riso matinal. Em uma praça pública, idosos se encontram regularmente no período da manhã para compartilhar seus risos. Eles interagem sem o uso de palavras, somente através da mímica e do som do riso. Surekha atua como uma arqueóloga do espaço social urbano a desbravar e escavar fragmentos culturais, pessoais e históricos que passam despercebidos no cotidiano das grandes cidades. T. A. T. A. 92 93 Romeus e Julietas / Romeos & Juliets, 2009 vídeo monocanal / single-channel video, 8 min 30 s Assistente de edição / Editing assistance: H. A. Anilkumar; Assistente de projeto / Project assistance: H. A. Anilkumar; Conceito e direção / Concept and direction: Surekha Cortesia da artista / Courtesy of the artist 94 95 Thukral & Tagra Jiten Thukral e Sumir Tagra COLOQUE – Acerte o alvo / PUT IT ON – Shoot It Right, 2011 Instalação com materiais diversos / Mixed media installation dimensões variáveis / variable dimensions Cortesia / Courtesy: Thukral and Tagra Studio e / and Gallery Nature Morte, New Delhi/Berlin Fotografia / Photograph: Paulo Jabur Thukral & Tagra have been working together since the beginning of their career. They collaborate as an artist duo in a wide range of media, including painting, sculpture, installation, video, printmaking and design, as well as on Internet sites concerning music and fashion. Their work exudes vitality, and their exaggerated treatment of color normally displays a fascination with consumerism, positioned on the border between popular art and culture. Although consumerism is a global trend, Thukral & Tagra approach this theme from an Indian perspective, entirely based on the local day-to-day experience. Due to India’s stratification into extremely diverse social classes, everyday life involves a broad spectrum of lifestyles and behavior. The works of these artists employ a straightforward language and attract the general public. For this very reason they have adopted a narrative of popular appeal, teaching the Indian youth in regard to various behavioral issues including sexual practices, such as the use of condoms and other aspects. They have created a foundation financed through the sale of products they conceive, whose funds are reinvested in social programs for the local youth. For this show the artists have created a room alluding to a basketball court entitled Put it on, where two superhero protagonists – Superman and Wonder Woman – use their power of persuasion to teach society about safe sex. The allusion to the game of basketball is also a tool for sex education, since its elements were converted into metaphors for the use of condoms. Os artistas Thukral & Tagra trabalham em conjunto desde o início de sua carreira. A dupla colabora com uma vasta diversidade de meios, incluindo pintura, escultura, instalação, vídeo, impressão e design, como também em sites de música e moda. Sua obra se apresenta repleta de vitalidade, e o tratamento de cor exagerado normalmente exibe um fascínio pelo consumismo, beirando a fronteira entre arte e cultura popular. Apesar da tendência global ao consumismo, Thukral & Tagra se ocupam dessa temática através de uma perspectiva indiana, toda respaldada no dia a dia local. Dada a estratificação da Índia em classes sociais extremamente diversificadas, o cotidiano agrega diversos estilos de vida e conduta. As obras desses artistas são de linguagem direta e atraem o público em geral. Justamente por isso eles passaram a adotar uma narrativa de apelo popular, passando a instruir os jovens indianos quanto a práticas de conduta, incluindo a sexual, através do uso de preservativos e outros meios. Criaram uma fundação financiada com a venda de produtos por eles concebidos, cuja verba passa a ser revertida a programas sociais para a juventude local. Para esta mostra os artistas criaram uma sala com alusão a uma quadra de basquete intitulada Put it on [Coloque!], tendo como protagonistas super-heróis – o Super Homem e a Mulher Maravilha –, os quais, através de seu poder de persuasão, vão instruir a sociedade para práticas sexuais seguras. A alusão ao jogo de basquete é também um instrumento de educação sexual, pois seus elementos foram convertidos em metáforas para o uso de preservativos. T. A. T. A. 96 97 Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard “Amor de ficção” (série azul) # V / “Fiction Love" (Blue series) # V, 2011 Impressão digital sobre papel / digital print on paper 122 x 92 cm Cortesia / Courtesy: Thukral and Tagra Studio e / and Gallery Nature Morte, New Delhi/Berlin 98 99 T.V. Santhosh Rastreando o caminho do seu Angst / Tracing Down the Path of Your Angst, 2008 fibra de vidro e telas de LED / fiberglass and LED screens dimensões variáveis / variable dimensions Cortesia / Courtesy: The Guild Art Gallery, Mumbai, T.V. Santhosh Fotografia / Photograph: Paulo Jabur T.V. Santhosh produces paintings and sculptures simultaneously. In his painting he explores current political implications broadcast through the media. In his sculpture, he deals with themes linked to history and mythology transmitted from generation to generation. What connects his painting with his sculpture is the investigation into the history of violence and terror, and how they have evolved through various phases into what they are today. The specific issues have changed, but the way of looking at the world has remained the same. Thus, through his work, the artist takes on the role of an adviser in regard to transformations yet to come, like a seer. The installation featured in this Brazilian show reveals the individual’s confrontation with reality. Although it is constructed of just a few elements, it nevertheless conveys the idea of the sacred: a long table serves as an altar, with an empty and solitary chair in front of it. On the floor between these two elements, an electric signboard spells out conflicting phrases, which seem like an accusation or a moralist lesson. T.V. Santhosh produz simultaneamente pintura e esculturas. Na pintura explora as implicações políticas da atualidade, transmitidas pela mídia. Na escultura, dedica-se a temas ligados à história e à mitologia transmitidos de geração a geração. O que conecta sua pintura com a escultura é a investigação sobre a história da violência e do terror, sobre como ela evoluiu através de várias fases, até a atualidade. As questões específicas foram mudando, mas a forma de olhar o mundo permaneceu a mesma. O artista assume então, através de sua obra, a função de orientador quanto às transformações por vir, como um vidente. A instalação presente na mostra brasileira revela a confrontação do indivíduo com a realidade. Construída com poucos elementos, não deixa, entretanto, de transpor a ideia do sagrado: uma longa mesa atua como altar, à sua frente se encontra uma cadeira vazia e solitária. Entre os dois elementos, percorre o piso um letreiro onde se leem frases conflitantes, que soam como uma acusação ou uma lição moralista. Eis aí um tema recorrente da sociedade indiana, cujo peso recai principalmente nos jovens, como um alerta para os riscos e tentações que os envolvem. T. A. The work thus alludes to a recurrent theme of Indian society, whose weight falls mainly on the youth, as a warning of the risks and temptations they face. T. A. 100 101 Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard 102 Fotografia / Photograph: Motivo 103 Vishal K. Dar C de cortador / C for Cutter, 2009 animação/projeção vídeo monocanal / single-channel video animation/projection, ed. 3 + 1AP, 1 min 17 s Edição 1 na coleção permanente do / Edition 1 in the permanent collection of the Kiran Nadar Museum of Art, Nova Delhi / New Delhi Representado por / Represented by Gallery Espace, Nova Delhi / New Delhi Vishal K. Dar was initially trained as an architect, and exercises this profession alongside his career in art. Indeed, his work in the visual arts has been strongly influenced by architectural practice and thinking. In this area the professionals are always dealing with edges, spaces and their rereading by means of practical and functional solutions. Taking advantage of the malleability of borders, Vishal K. Dar focuses his work on the limits of his reality, whose borders are mobile, and winds up creating videos that underscore Gandhi, for example, as the precursor of a movement of sociocultural re-stabilization achieved with the end of the colonial system. The work C for Cutter is an example of this. Full of irony and contextual seriousness, his protagonist is Gandhi himself running up against unusual elements of contemporary life. The starting point for this work is the book A Clockwork Orange by Anthony Burgess, published in 1962. In this novel the main character, Alex, nurtures a tendency for violence verbalized in terms derived from the jargon of Russian youths of that time. Basing his work on this text, Vishal K. Dar emphasizes features on a 500-rupy note to refer to the political tensions of humanity in counterpoint to the pacifist movement propagated by Gandhi. The artist also questions how Gandhi would react to the countless posthumous homages dedicated to him – one of which is the printing of his image on the national currency. A formação inicial de Vishal K. Dar é a arquitetura, exercida paralelamente à prática das artes plásticas. Aliás, sua atuação nas artes plásticas foi enfatizada pela prática e mentalidade arquitetônicas. Nessa área os profissionais estão sempre lidando com bordas, espaços e sua releitura mediante soluções de ordem prática e funcional. Aproveitando a maleabilidade das fronteiras, Vishal K. Dar se volta para o entorno de sua realidade, cujas fronteiras são móveis, e acaba por criar vídeos que ressaltam Gandhi, por exemplo, como o precursor de um movimento de reestabilização sociocultural conquistado com o final do sistema colonial. A obra C for Cutter [C de cortador] é um exemplo disso. Repleta de ironia e seriedade contextual, tem como protagonista o próprio Gandhi se deparando com elementos inusitados da contemporaneidade. O ponto de partida dessa obra é o livro A clockwork orange [Laranja mecânica] de Anthony Burgess, publicado em 1962. Nesse romance o protagonista, Alex, cultua uma tendência para a violência verbalizada em termos provenientes do vocabulário da juventude russa da época. Ao se basear nesse texto, Vishal K. Dar enfatiza sobre uma nota de 500 rúpias as tensões políticas da humanidade em contraposição com o movimento pacifista divulgado por Gandhi. O artista também chega a questionar como Gandhi receberia as inúmeras homenagens póstumas dedicadas a ele – uma delas foi a impressão de sua imagem na moeda nacional. T. A. T. A. 104 105 Fotografia / Photograph: Motivo 106 107 Vivan Sundaram Performance, Rio de Janeiro, 2011 Fotografia / Photograph: Paulo Jabur The themes that Vivan Sundaram expresses in his work include, for example the power of ecological persuasion as part of the process for raising social awareness in regard to the accelerated and uncontrolled growth of the Indian population. This theme has been seen recurrently in the artist’s previous series. The works shown in Brazil are new and created through the recovery of clothes and objects that have fallen into disuse. After this material is collected and properly stored, the artist begins to work with a group of assistants to compose a new design code for clothing, through the reappropriation of the material brought together. In Brazil we are presenting four objects from this series, which were used in the opening of the event by performing artists, imparting volume, form, dynamics and soul to the set of works exhibited. Vivan Sundaram is an appreciator of Brazilian art, familiar with its various trends. In some of the meetings at his studio in New Delhi we could visualize his participation in the show creating a dialogue with Tropicália, in terms of how it criticized mass consumption as a means of dulling public awareness in regard to the dictatorial system’s repression. Similarly to Hélio Oiticica’s Parangolés, Vivan Sundaram’s clothes reveal a sort of ‘swing’ that lay dormant but is awakened by the creativity of their wearers and the visitors to the show. The clothes’ power of expression is infinite, as are the different readings of this work, which range from an appeal for recycling to an intense experience of visual richness, sensual shapes, volumes, outlines and materiality – compatible with the diversity of Indian culture. Vivan Sundaram expressa em sua obra, por exemplo, o poder de persuasão ecológica como parte do processo de conscientização social diante do crescimento acelerado e desordenado da população indiana. Essa temática foi enfatizada muitas vezes pelo artista em séries anteriores. As obras expostas no Brasil são inéditas e criadas mediante o resgate de roupas e objetos caídos em desuso. Após a coleta e armazenagem adequada desse material, o artista passa a compor com um grupo de assistentes um novo código de design de vestimenta, através da reapropriação do material reunido. Apresentamos no Brasil quatro objetos dessa série, os quais foram usados na abertura do evento por artistas performáticos, dando volume, forma, dinâmica e alma à obra exposta. Vivan Sundaram é apreciador da arte brasileira, familiarizado com diversas tendências. Em alguns encontros em seu estúdio em Nova Delhi pudemos visualizar sua participação nesta mostra criando um diálogo com a Tropicália, vista pela perspectiva da voz crítica diante do consumo de massa a ofuscar a repressão imposta pelo sistema ditatorial. A exemplo dos Parangolés de Hélio Oiticica, Vivan Sundaram revela em suas vestimentas um ‘gingado’ adormecido a ser despertado pela criatividade de seus usuários e pelos visitantes da mostra. O poder de expressão das vestimentas é infinito, assim como as distintas leituras que vão desde o apelo à reciclagem até a riqueza visual e à sensualidade de suas formas, volumes, contornos e materialidade – compatível com a diversidade da cultura indiana. T. A. T. A. 108 109 Macacão feminino / Female Cargo, 2011 couro, metal, algodão / leather, metal, cotton ø = 100 cm, h = 170 cm (aprox.) Coleção do artista / Artist’s collection Cortesia / Courtesy: Walsh Gallery, Chicago 110 Vestido em couro cru / Rawhide, 2011 couro / leather ø = 100 cm, h = 170 cm (aprox.) Coleção do artista / Artist’s collection Cortesia / Courtesy: Walsh Gallery, Chicago Fenda de borracha / Slit rubber, 2010 borracha, cetim / rubber, satin ø = 100 cm, h = 170 cm (aprox.) Coleção do artista / Artist’s collection Cortesia / Courtesy: Walsh Gallery, Chicago Zíper em volta / Zip around, 2011 zíper e algodão / zippers and cotton ø = 100 cm, h = 170 cm (aprox.) Coleção do artista / Artist’s collection Cortesia / Courtesy: Walsh Gallery, Chicago 111 Vivek Vilasini Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard Photographer Vivek Vilasini creates images that interlink the past with the present. From this context he extracts original, exotic, traditional and innovative elements which are recombined in his artistic process. The inhabitants of India’s big cities are used to the crude and incoherent architecture they see all around them. Vivek, however, decided to dedicate himself in part to the anonymous and subtle architecture of the small towns, which appear in this show in the work Housing Dreams, made up of thirty photographs of splendidly finished homes. In dealing with the outdoor environment, photographing the façades of embellished residences, the artist reveals the character and preferences of the local population. A few decades ago, these residences had simple, white façades, with a rundown appearance. Currently, their inhabitants – in the rural region of Kerala – have painted them with fluorescent and saturated colors. This context caught the attention of Vivek Vilasini, who began to capture their images in order to emphasize, in light of these new façades, the construction of a new cultural identity arising from social-political-economic changes that are underway not only in India’s large urban centers but also in the provincial regions. Vivek Vilasini é um fotógrafo que cria imagens interligando o passado e o presente. Desse contexto ele extrai elementos originais, exóticos, tradicionais e inovadores a serem recombinados em seu processo artístico. Os habitantes das grandes cidades indianas estão acostumados com a arquitetura bruta e inconsequente das cidades. Vivek, porém, resolveu dedicar-se em parte à arquitetura anônima e sutil de pequenos vilarejos, os quais aparecem nesta mostra, na obra Housing Dreams [Sonhos de habitação], composta de trinta fotografias de residências, todas tratadas com grande esmero. Ao lidar com o espaço externo fotografando as fachadas de residências cuidadosamente tratadas, o artista revela o caráter e a preferência da população local. Há algumas décadas, essas residências possuíam fachadas brancas e simples, desgastadas pelo tempo. Atualmente, seus habitantes – da região rural de Kerala – fizeram uso de cores fluorescentes e saturadas. Esse contexto chamou a atenção de Vivek Vilasini, o qual passou a captar imagens enfatizando assim, através dessas novas fachadas, a construção de uma nova identidade cultural resultante de mudanças sócio-político-econômicas que abrangem não somente os grandes centros indianos, mas também regiões provincianas. T. A. T. A. 112 113 Sonhos de habitação / Housing Dreams, 2011 conjunto de 30 fotografias, impressão em papel Hahnemühle Photo Rag ultra liso / set of 30 photographs, printed on Hahnemühle Photo Rag ultra smooth paper. Ed: 4/9 + 1 A/P 48,3 x 66,4 cm (cada peça / each work) Cortesia / Courtesy: Gallery Sumukha, Bangalore Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard Fotografia / Photograph: Motivo Fotografia / Photograph: Motivo 114 115 Currículos dos artistas Curriculums of the artists Os breves currículos inseridos neste catálogo relacionam algumas das mostras coletivas e individuais mais significativas da trajetória dos artistas, realizadas entre 2004 e 2011. The short curriculums in this catalogue cite some of the more significant exhibitions of the career of the artists, realized between 2004 and 2011. 116 117 Baiju Parthan nasceu em / born in Kerala,1956 Gigi Scaria nasceu em / born in Kothanalloor,1973 Manjunath Kamath nasceu em / born in Mangalore,1972 Pushpamala N. nasceu em / born in Bangalore,1956 Individuais / Solo Exhibitions Individuais / Solo Exhibitions Individuais / Solo Exhibitions Individuais / Solo Exhibitions 2009 Syncytium / Cosmopolis – Installation – Living off The Grid – Anant Art Gallery, New Delhi 2010 Open windows closed boundaries, Dubai art fair – Gallery Chemould, Mumbai 108 Small Stories – Gallery Espace, New Delhi 2010 Motherland – performance with Mamta Sagar, Samuha Artist Collective, Bangalore 2009 Amusement Park – Gallery Chemould, Mumbai 2009 Paris Autumn – Chemould Prescott Road, Mumbai 2009 Arpeggio for Abbe Faria – Photo Installation – Retrieval Systems – Art Alive Gallery, New Delhi Settlement – Galerie Christain Hosp, Berlin, Germany 2008 Paris Autumn – Bose Pacia, New York, USA; Nature Morte, New Delhi 2008 Rorchach Breath – Dual Channel Video 2008 Difficult to Imagine, Easy to construct – Art Asia Miami, USA 2007 Streetside Theatre – Salzburg Festival, Austria Mechanisms of Motion – Anant Art Gallery, New Delhi Site under construction – Video Space, Budapest, Hungary 2006 Pushpamala N – Espace Croise, Roubaix, France Third Life – Bombay Art Gallery, Mumbai New Perspective from India, Seoul/Delhi, recent photographs and video – H Cube Gallery, Seoul, Korea Paris Autumn – Galerie Zurcher, Paris, France 2007 Liquid Memory – Christian Hosp Galleries, Nassereith, Austria Native Women of South India: Manners and Customs – Bose Pacia, New York, USA 2005 NRLA – Live Art Festival, Midland, Perth, Australia 2007 2005 Native Women of South India: Manners and Customs – Nature Morte, New Delhi Coletivas / Group Exhibitions 2005 2010 Go see India – Vasa Konsthall, Gothenburg, Sweden The 11th Hour – Tang Contemporary Art Gallery, Beijing, China 2011 2009 Indian Contemporary – Benedictine Museum, Fecamp, France 2007 Coletivas / Group Exhibitions 2009 Reclaim / Recite / Recycle – Travancore Art Gallery, New Delhi & Bose-Pacia, Kolkata Human Animal – Threshold Gallery, New Delhi Arco – Madrid, Spain Absence of an Architect, video installations paintings and photographs, Palette Gallery, New Delhi 2008 Chaos in Order 29 – Hang Bai, Hanoi, Vietnam Keep Drawing – Gallery Espace, New Delhi Where are the Amerindians? – Inter America Space CCA7, Trinidad The Ethics of Encounter – Gallery SoulFlower, Bangkok, Thailand Coletivas / Group Exhibitions Indiavata – Sun Contemporary Art, Korea 2011 Paris, Mumbai, New Delhi – Centre Pompidou, Paris, France Ltd. Edition – Threshold Gallery, New Delhi & Mumbai Everyone agrees: it’s about to explode – India Pavilion, 54th Venice Biennale, Italy Samtidigt – Helsinki City Art Museum, Finland; Kulturhuset, Stockholm, Sweden 2007 Keep Drawing – Pundole Art Gallery, Mumbai 3rd Singapore Biennale, Singapura/Singapore 2010 The Empire Strikes Back: Indian Art Today – Saatchi Gallery, London, UK Telling It Like It Is – The Indian Story, Gallery Cork Street, London, UK Beyond Globalization – Pan Asian contemporary show, Beyond Art Space, Beijing, China 2010 West Havens: Place time play – India China Contemporary Art, curated by Chitanya Sambrani – Shanghai, China Emblems & Urban Regeneration – Garnier Contemporary Arts, Air Gallery, London, UK Where Three Dreams Cross – Whitechapel Gallery, London, UK; Winterthur Fotomuseum, Switzerland 2008 Ghost of Souza – Aicon Gallery, New York, USA Finding India – Museum of contemporary art (Moca), Taipei, Taiwan Fact & Fiction – SW1 Gallery, London, UK 2009 Chalo! India: A New Era of Indian Art – National Museum of Contemporary Art, Seoul, Korea; Essl Museum, Vienna, Austria Everywhere is war – Bodhi Art, Mumbai Samtidigt – Indian contemporary art exhibition – Helsinki City Art Museum, Finland, and Kulturhuset, Stockholm, Sweden Size Does not Matter – Art Konsult Gallery, New Delhi & Mumbai Re Frame: 7 experimental films from India – Centre Pompidou, Paris, France 101 Contemporary, Tokyo, Japan Video Art India, curated by Luissa Ortinez – Fundació la Caixa, Barcelona, Spain Chalo! India: A New Era of Indian Art – Mori Art Museum, Tokyo, Japan Aparanta – Contemporary Art In Goa, Panjim Thermocline of Art – New Asian Waves – ZKM / Museum of Contemporary Art, Karlsruhe, Germany 2008 2007 Altered Realities (Shibu Nateshan, Baiju Parthan, Chiotrovanu Majumdar) – Arts India, New York, USA A new Vanguard – Guild, New York; Saffron Art, New York, USA My India Video et Apres – Centre Pompidou, Paris, France 2006 2009 I fear I believe I desire – Gallery Espace, New Delhi 2008 Video Zone-4 – The 4th International video art Biennial, Tel Aviv, Israel India Moderna – Institut Valencia d’Arte Modern (Ivam), Valencia, Spain Reading Paint – Gallery SoulFlower, Bangkok, Thailand Mam Screen – Mori Art Museum, Japan 2007 New Narratives: Contemporary Art from India – Chicago Cultural Center, USA Aqua – Aubergine – Slate – Gallery Espace, New Delhi India Moderna – Institut Valencia d’Arte Modern (Ivam), Valencia, Spain 2006 India Express – Helsinki City Art Museum, Finland 2006 Hybrid Trend – Hangaram Museum, Seoul, Korea Chalo India – Mori Art Museum, Tokyo, Japan Bombay Maximum City – Lille 3000, Lille, France Paper Flute – Gallery Espace, New Delhi Something Happened – Gallery Espace, New Delhi Indian Video Art: Between Myth and History, part of Cinema Prayoga Indian Experimental Film and Video 1913-2006” – Tate Modern, London, UK Barthi Kher nasceu em / born in London,1969 Coletivas / Group Exhibitions Individuais / Solo Exhibitions 2007 Here There Now, Contemporary art from India – Soulflower Gallery, Bangkok, Thailand 2011 Leave your smell – Gallery Emmanuel Perrotin, Paris, France 2010 Inevitable Undeniable Necessary – Hauser & Wirth, London, UK 2008 Virus – Baltic Centre for Contemporary Art, England, UK Sing to them that will listen – Gallery Emmanuel Perrotin, France 2007 An Absence of Assignable Cause – Jack Shainman Gallery, New York, USA Nature Morte, New Delhi 2006 Do not meddle in the affairs of dragons, because you are crunchy and taste good with ketchup – Gallery 88, Mumbai Coletivas / Group Exhibitions Public Places/Private Spaces, Contemporary Photography and Video Art In India – The Newark Museum, New Jersey, USA Horn Please, Narratives in contemporary Indian Art – Kunstmuseum Bern, Switzerland Jitish Kallat nasceu em / born in Mumbai,1974 Individuais / Solo Exhibitions Nalini Malani nasceu em / born in Karachi,1946 Raqs Media Collective Individuais / Solo Exhibitions Monica Narula nasceu em / born in New Delhi,1969; Jeebesh Bagchi nasceu em / born in New Delhi,1965; Shuddhabrata Sengupta nasceu em / born in New Delhi,1968 2009 Cassandra – Galerie Lelong, Paris, France Individuais / Solo Exhibitions 2008 Listening to the Shades – Arario Gallery, New York, USA 2007 Nalini Malani – Walsh Gallery, Chicago, USA 2009 The Surface of each day is a different planet – Lightbox, Tate Britain, London, UK Irish Museum Of Modern Art, Dublin, Ireland When the scales fall from your eyes – Ikon, Birmingham, UK Escapement – Frith Street Gallery, London, UK Decomposition – Asia Art Archive, Hong Kong 2006 There Has Been a Change of Plan – Nature Morte Gallery, New Delhi 2005 They Called it the XXth Century – Kunstlerhaus, Stuttgart, Germany 2004 The Impostor in the Waiting Room – Bose Pacia, New York, USA The Wherehouse – Palais des Beaux-Arts, Brussels, Belgium Coletivas / Group Exhibitions 2011 Stations of a Pause – Chemould Gallery, Mumbai 2006 Living in Alicetime – Sakshi Gallery, Bombay and Rabindra Bhavan, New Delhi Exposing the Source: The Paintings of Nalini Malani, a retrospective exhibition – Peabody Essex Museum, Salem, Ma, USA 2011 Maximum India – Kennedy Center, Washington, DC, USA 2010 The Astronomy of Subway – Haunch of Venison, London, UK 2010 Indian Highway – Herning Kunstmuseum, Denmark 2008 Aquasaurus – Sherman Contemporary Art Foundation, Australia 2005-6 Public Notice-2 – Bodhi Art, Singapore 2004 Universal Recipient – Haunch of Venison, Zurich, Switzerland Coletivas / Group Exhibitions 2007 Sweatopia – Chemould Prescott Road and Bodhi Art, Singapore Unclaimed Baggage – Albion, London, UK 2011 Paris-Delhi-Bombay – Centre Pompidou, Paris, France 365 Lives – Arano, Beijing, China 2009 Mater – Universidad de Jaén, Spain National Galleries of Modern Art, New Delhi/Bangalore/Bombay Indian Highway IV – Lyon Museum of Contemporary Art, France Rickshawpolis-3 – Gallery Barry Keldoulis, Sydney, Australia 2011 Chalo India – Essl Museum, Vienna, Austria Rickshawpolis-2 – Spazio Piazzasempione, Milan, Italy The National Museum of Modern Art, Tokyo, Kyoto (Japan), Seoul (Korea) 2009 2006 2008-9 2008 India Moderna – Institut Valencia d’Arte Modern (Ivam), Valencia, Spain 2008 Indian Highway – Serpentine Gallery, London, UK Coletivas / Group Exhibitions Indian Highway – Serpentine Gallery, London, UK Chalo India – Mori Museum, Tokyo, Japan 2011 Maximum India – The Kennedy Center, Washington, DC, USA The Art of Participation: 1950 to Now – San Francisco Museum of Modern Art, USA 2010 Bring Me A Lion: An Exhibition of Contemporary Indian Art – The Hunt Gallery, Missouri, USA Revolutions – Forms that Turn – Biennale of Sydney, Cockatoo Island, Sydney, Australia The Santhal Family – Muhka, Antwerp, Belgium 2007 Think with the Senses, Feel with the Mind – Art in the Present Tense – Italian Pavilion, Giardini, 52nd Venice Biennale, Venice, Italy 2007 Horn Please – Kunstmuseum, Bern, Switzerland Not only possible but also necessary – Istanbul Biennial, Istanbul, Turkey New Narratives: Contemporary Art from India – Chicago Cultural Center, USA The Thermocline of Art – ZKM, Karlsruhe, Germany Signs of Life. Ancient Knowledge in Contemporary Art – Kunstmuseum Lucerne, Switzerland Stories Retold – Bose Pacia, New York, USA 2009 Indian Narrative in the 21st Century: Between Memory and History – Casa Asia, Madrid, Spain Shifting Shapes. Unstable Signs – Yale University School of Art, New Haven, USA Indian Highway – Astrup Fearnley Museum, Oslo, Norway Chalo! India: A New Era of Indian Art – Essl Museum, Austria 2007 Indian Highway – Serpentine Gallery, London, UK Re-imagining Asia. A Thousand Years of Separation – Haus der Kulturen der Welt, Berlin, Germany Chalo! India: A New Era of Indian Art – Mori Art Museum, Tokyo, Japan India Moderna – Institut Valencia d’Arte Modern (Ivam), Valencia, Spain Private/Corporate IV – Sammlung DaimlerChrysler, Berlin, Germany 2006 Asia Pacific Triennale – Queensland Art Gallery, Brisbane, Australia 2009 India Contemporary – GEM, Museum of Contemporary Art, The Hague, Netherlands 2005 Indian Summer – L’École des Beaux-Arts, Paris, France 2008 Indian Highway – Serpentine Gallery, London, UK 2006 Cinema of Prayoga – Tate Modern, London, UK Touring Show, Rhizome.Org – New Museum of Contemporary Art, World Factory, Die Tropen – Martin Gropius Bau, Berlin, Germany Local Stories – Museum of Modern Art, Oxford, UK San Francisco Art Institute, San Francisco, USA Chalo India: A New Era of Indian Art – Mori Art Museum, Tokyo, Japan 2005 T1 – The Pantagruel Syndrome, – Castello di Rivoli, Museo d’Arte GSK Contemporary – Royal Academy of Arts, London, UK Contemporanea, Turin, Italy 2006 Zones of Contact – Sydney Biennial, Museum of Contemporary Art, Sydney, Australia 2006 The 5th Asia Pacific Triennale of Contemporary Art – Queensland Art Gallery, Gallery of Modern Art, Brisbane, Australia 51st Venice Biennale, Italy Dark Places – Santa Monica Museum of Art, California, USA Recent paintings – Armory Show, New York, USA 2005 Icon: India Contemporary – 51st Venice Biennale, Venice, Italy Passages – Palais de Beaux-Arts, Brussels, Belgium Lille 3000 – Lille, France The 6th Gwangju Biennale – Gwangju, Korea 2005 Indian Summer – École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, Paris, France 118 119 Ravinder Reddy nasceu em / born in Suryapet,1956 Riyas Komu nasceu em / born in Thrissur,1971 Shilpa Gupta nasceu em / born in Mumbai,1976 Individuais / Solo Exhibitions Individuais / Solo Exhibitions 2010 Subrato to Cesar – Gallery Maskara, Mumbai 2011 Will we ever be able to mark enough? – Darling Fonderie, Montreal, Canada Individuais / Solo Exhibitions 2008 Grosvenor Vadehra, London, UK 2009 Sakshi Art Gallery, Mumbai 2010 2007 Ravinder Reddy: Select Sculpture – Bose Pacia Gallery, New York, USA 2008 Bodhi Art Gallery, Berlin Incredible India – Le Jardin d’Acclimation, Paris, France Mark Him (Second half) – Gallery 88, Kolkata Coletivas / Group Exhibitions 2007 Mark Him (First half) – The Guild Art Gallery, Mumbai Thukral & Tagra Jiten Thukral nasceu em / born in Jalandhar,1976; Sumir Tagra nasceu em / born in New Delhi,1979 Individuais / Solo Exhibitions A Bit Closer Contemporary Arts Center – Cincinnati, USA 2011 Put It On, Again! – Nature Morte, New Delhi Half A Sky – OK Center for Contemporary Art, Linz, Austria Solo Show – Btap Gallery and Tokyo Art Fair, Japan 2009 Solo Show – Yvon Lambert, Paris, France 2010 Middle Class Dreams – Arario Gallery, Seoul, Korea While I Sleep – Le Laboratoire, Paris, France Solo Show – Ullens Center for Contemporary Art, Beijing, China 2006Systematic Citizen – Palette Art Gallery, New Delhi 2008 BlindStars StarsBlind – Galerie Volker Diehl and BodhiBerlin, Berlin, Germany 2009 Nouveau Riche – Nature Morte, Berlin, Germany FAITH Accompli – Sakshi Gallery, Mumbai 2007 Artists’ Studio, London, UK 2005 The Third Day – Lalit Kala Academy, Rabindra Bhavan, New Delhi; Sakshi Gallery, Mumbai 2006 Bose Pacia Gallery, New York, USA Thukral & Tagra, 315 Sector 23, Opp Bosedk Mall – Gallery Barry Keldoulis, Sydney, Australia 2008 New Improved Bosedk – Gallery Chatterjee and Lal, Mumbai Grass, photography show – The Guild Art Gallery, Mumbai Coletivas / Group Exhibitions Somnium Genero 02 – Gallery Barry Keldoulis, Sydney, Australia Indian Highway – Musée d’art contemporain de Lyon, France; Maxxi, Rome, Italy 2007 Put it On – Bose Pacia, New York, USA Everyday Bosedk – Nature Morte, New Delhi Vector Classics – Jehangir Nicholson Gallery, NCPA, Mumbai; Alliance Francaise, New Delhi 2011 Paris-Delhi-Bombay – Centre Pompidou, Paris, France Adbhutam: Rasa in Indian Art – Centre of International Modern Art (Cima), Kolkata In Beauty – Walsh Gallery, Chicago, USA Go Figure – Smart Museum of Art, University of Chicago, USA 2010 Modern Folk: The Folk Art Roots of the Modernist Avant-Garde – Aicon Gallery, New York, USA Coletivas / Group Exhibitions 2007-8 India Art Now: Between Continuity and Transformation – Province of Milan, Italy 2011 Paris-Delhi-Bombay – Centre Pompidou, Paris, France Samtidigt – Concurrent India – Helsinki Art Museum, Tennis Palace, Finland; Paris-Delhi-Bombay – Centre Pompidou, Paris, France 2007-8 Indian Art at Swarovski ‘Crystal World’ Show – 2nd Exhibition, Tirol, Austria 2010 India Awakens – Under the Banyan Tree – Essl Museum,Vienna, Austria Inner Voices – 21st Century – Museum of Contemporary Art, Kanazawa, Japan 2006 2007 20th Century Sculpture: from Archipenko to Reddy – Grosvenor Gallery, London, UK, in association with Vadehra Art Gallery, New Delhi Inaugural show – Yale University’s School of Art, New York, USA To The Arts, Citizens! – Serralves Museum of Contemporary Art, Porto, Portugal 2005 Iconography – Nature Morte, New Delhi 2007 Private/Corporate IV, A Dialogue of the collection Lekha and Anupam Poddar – New Delhi and Daimler Chrysler, Stuttgart/Berlin at DaimlerChrysler Contemporary Potsdamer Platz Berlin, Germany 2008 The Ghost of Souza – inaugural show, Bowery space, Aicon Gallery, New York, USA Contemplating the Void: Interventions in the Guggenheim Rotunda – Solomon R. Guggenheim Museum, New York, USA Coletivas / Group Exhibitions Think with the Senses – Feel with the Mind – Art in the Present Tense, 52nd International Art Exhibition, Venice Biennale, Italy 2010 2007 Younger than Jesus – New Museum Triennial, New York, USA 2011 Lyon Biennale – Lyon, France Everyday Miracles – 10th Biennale de Lyon, France Maximum India – Kennedy Center, Washington, DC, USA The World Is Yours – Louisiana Museum of Modern Art, Humlebæk, Denmark Concurrent India – Helsinki Art Museum, Tennis Palace, Finland Yokohama 2008 – International Triennale of Contemporary Art, Yokohama, Japan Indian Highway IV – Lyon Museum of Contemporary Art, France The 7th Gwangju Biennale, Korea 2010 Finding India – Museum of Contemporary Art, Taipei, Taiwan Indian Highway – Serpentine Gallery, London, UK Samdigit – Gallery 5, Kulturhuset, Stockholm, Sweden Chalo! India: A New Era of Indian Art – Mori Art Museum, Tokyo, Japan Urban Matters 2 – SESC Pompeia, São Paulo, Brazil 2009 Chalo! India: A New Era of Indian Art – National Museum of Contemporary Art, Seoul Essl Museum, Vienna, Austria Reena Kallat nasceu em / born in New Delhi,1973 India Now: Contemporary Indian Art Between Continuity and Transformation – Provincia di Milano, Italy India Time – Galleria Paolo Curti/Annamaria Gambuzzi, Milan, Italy Swarovski Museum, Innsbruck, Austria 2011 2009 2008 Individuais / Solo Exhibitions New Wave: Contemporary Indian Art – Aicon Gallery, London, UK 2011 Labyrinth of Absences – Nature Morte, New Delhi 2006 Bronze, sculpture show – Rabindra Bhavan, New Delhi 2009 Drift – Primo Marella Gallery, Milan, Italy On Difference #2 (represented Korea) – Wurtt. Kunstverein, Stuttgart, Germany India Moderna – Institut Valencia d’Arte Modern (Ivam), Valencia, Spain 2008 Silt of Seasons – Chemould Prescott Road, Mumbai Strangeness – Anant Art Gallery, Kolkatta Subject to Change without Notice – Walsh Gallery, Chicago, USA 2007 The Thermocline of Art – New Asian Waves ZKM – Museum für Neue Kunst, Karlsruhe, Germany 2006 Rainbow of Refuse – Bodhi Art, Mumbai and Singapore Liverpool Biennial – Liverpool, UK 2005 Black Flute – Nature Morte, New Delhi Sheba Chhachhi nasceu em / born in Harar, Ethiopia,1958 2006 Zones of Contact – Biennale of Sydney, Australia 2008 The Audience & the Eavesdropper – Philips de Pury, London, UK, and New York, USA 2004 Black Flute – Gallery Chemould, Mumbai 2005 Indian Summer – École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, Paris, France Chalo! India: A New Era of Indian Art – Mori Art Museum, Tokyo, Japan Winged Pilgrims – A Chronicle from Asia – Volte Gallery, Mumbai Imaginery Realities – Max Wigram Gallery, London, UK 2010 Bhogi, Rogi (Consumption, Disease), interactive video intervention – Public Art, Khoj Studios, New Delhi Surekha nasceu em / born in Bangalore,1965 2007 Animamix Biennial – The Museum of Contemporary Art, Shanghai, China New Delhi New Wave – Marella Gallery, Milan, Italy 2009 The Space Between – Gallery Paolo Curti, Annamaria Gambuzzi & Co, Milan, Italy Individuais / Solo Exhibitions Winged Pilgrims & Other Creatures – Walsh Gallery, Chicago, USA 2010 Unclaimed – urban f(rictions) – Bangalore; 10, Chancery Lane Gallery – Hong Kong 2008 The Water Diviner, 48 Degrees Celsius – Public Art Project, New Delhi Winged Pilgrims: A Chronicle from Asia – Bose Pacia, New York, USA 2007 Flames, Flowers and Other Images – sculptures, photo and video installation – Chemould Prescott Road, Mumbai Individuais / Solo Exhibitions 2007 Winged Pilgrims: A Chronicle from Asia – Nature Morte, New Delhi Communing with Urban Heroines, a photo and video installation – Max Mueller Bhavan, Bangalore 2011 The Land – Nature Morte, Berlin, Germany 2004 Bhagirathi and other video installations – SKE, Bangalore 2010 Burning Flags – Aicon Gallery, London, UK 2009 Blood and Spit – Jack Shainman Gallery, New York, USA Coletivas / Group Exhibitions 2011 The Vancouver International Sculpture Biennale – Surrey Art Gallery, Canada Maximum India – The Kennedy Centre, Washington, DC, USA Samtidigt – Helsinki City Art Museum, Finland India Today – Arken Museum of Modern Art, Copenhagen, Denmark 2012 Individuais / Solo Exhibitions Escape for the Dream Land – Asia Pacific Triennial of Contemporary Arts 06, Australia T.V. Santhosh nasceu em / born in Kerala,1968 2010 Roundabout – City Gallery, Wellington, New Zealand In Transition, New Art from India – Richmond Art Gallery, Vancouver, Canada The Empire Strikes Back – Saatchi Gallery, London, UK Urban Manners 2 – SESC Pompeia, São Paulo, Brazil Coletivas / Group Exhibitions 2009 View Points and Viewing points – National Museum of Fine Arts, Taiwan Milan Galleria – Triennale Museum, Milan, Italy 2011 Against All Odds: A Contemporary Response to the Historiography of Archiving, Collecting, and Museums in India – Lalit Kala Akademy, New Delhi Coletivas / Group Exhibitions Living with a Wound – Grosvenor Vadehra, London, UK 2008 Chalo! India – A New Era of Indian Art – Mori Art Museum, Japan Concurrent India – Helsinki Art Museum, Tennis Palace, Finland 2010 Young artist – Bukarest Biennale, Rumania 2008 A Room To Pray – Avanthay Contemporary, Zurich, Switzerland India Moderna – Institut Valencia d’Arte Modern (Ivam), Valencia, Spain 2010 Urban Manners 2 – SESC Pompeia, São Paulo, Brazil 2009 Transmediale-09, Deep North – Malmoe, Konstal & Culture Haus, Berlin, Germany Countdown – Nature Morte, New Delhi 2007 Soft Power Asian Attitude – Shanghai Zendai Museum of Modern Art, Shanghai, China Where Three Dreams Cross – Whitechapel Gallery, London, UK Video Finale – Gallery Espace, New Delhi Foto Museum Winterthur, Switzerland Video lounge – Art Summit-latitude 28, New Delhi 2006 Scars of An Ancient Error – Singapore Art Fair, presented by the Guild Art Gallery, Mumbai New Narratives, Contemporary Art from India – Chicago Cultural Centre, USA 2009 Against Exclusion – 3rd Moscow Biennale, Russian Federation Gender-genesis – Gallery Espace, New Delhi 2005 False Promises – Grosvenor Gallery, London, UK Thermocline of Art New Asian Waves – ZKM, Karlsruhe, Germany Viewpoints and Viewing points – National Museum of Contemporary Art, Taipei, Taiwan KIAF – Failed Plot, Korea India Express Art and Popular Culture – Art Museum Tennispalace, Helsinki City Art Museum, Finland 2006 Coletivas / Group Exhibitions Regarding us – Birla, Kolkata Narratives from the 21st C, between memory and History – Casa Asia, Madrid & Barcelona, Spain 2008 What do you want? – Asian Triennale, Corner House Gallery, Manchester, UK 2011 Indian Rainbow – Luce Gallery, Turin, Italy The Audience & the Eavesdropper – Phillips de Pury, London, UK Inner vision – The Guild Gallery, New York, USA The Empire Strikes Back: Indian Art Today – The Saatchi Gallery, London, UK 2008 2010 Landscape As Dream – Alain Gaillard, Studio Città, Paris, France Trends and trivia, an Indian story – Mon Art Galerie, Hong Kong Visual Arts Centre Inside India – Palazzo Saluzzo Paesana, Turin, Italy Neti Neti – Bose Pacia, New York, USA Still moving image – Devi Art Foundation, New Delhi 2009 Threshold: Forging Narratives in South Asian Contemporary Art – Aicon Gallery, New York, USA Clik! Contemporary Photography from India – Vadhera Art Gallery, New Delhi; London, UK Public places, private spaces – Minneapolis art institute, USA Collision Course, GSK Contemporary: Part 2 – Royal Academy of Art, UK Second sex –10 chancerylane, Hong Kong Where in the world & Still Moving Image – Devi Art Foundation, New Delhi India Moderna – Institut Valencia d’Arte Modern (Ivam), Valencia, Spain 2007 After Shock: Conflict, Violence and Resolution in Contemporary India – Sainsbury Centre for Visual Arts, University of East Anglia, Norwich, UK 2006 Here And Now: Young Voices From India – Grosvenor Vadehra, London, UK Lekha and Anupam Poddar Collection – The Chrysler Museum, Germany 120 121 Vishal K. Dar nasceu em / born in Digboi,1976 Vivek Vilasini nasceu em / born in Trishur,1964 Individuais / Solo Exhibitions Individuais / Solo Exhibitions 2009 Navgunjar – British Council, Delhi 2008 Ekant – The Stainless Gallery, Delhi 2007 Between One Shore and Several Others – Sumukha Gallery, Bangalore; Visual Arts Gallery, India Habitat Center, New Delhi Coletivas / Group Exhibitions Coletivas / Group Exhibitions 2009 India Dialogue – Museum Gabarron, Spain 2008 Who Knew Mr. Gandhi? – Aicon Gallery, London, UK Satyagraha – Casa de la India, Spain 2007 Kashi 10 light years – Kochi Relative Visa – Bodhi Space, Mumbai Saptarishi: Encounter with steel – The Stainless Gallery, Delhi Vistaar 2 – The Stainless Gallery, Delhi 2008 Video Wednesdays – Gallery Espace, Delhi India: Public Places, Private Spaces – Contemporary Photography and Video Art, Newark Museum, New Jersey, USA 2007 BROW Nation – Experimental Art Gallery, Delhi Soulflower Gallery, Bangkok, Thailand 2006 Digressing Domain – Rabindre Bhavan, Delhi Gallery Kolkatta, Kolkata 2005 Dot-matrix – Apeejay Media Gallery, Delhi Srishti Gallery, Hyderabad Imagining materiality – Visual Arts Gallery, Delhi Panchatantra – Kashi Art Gallery, Kochi 2004 Along the x-axis – Apeejay Media Gallery, Delhi Arts for Peace – Hera Art Gallery, Rhode Island, USA 2006 Rock – Himanshu Desai Gallery Art Resource Trust, Mumbai A Compensation for What Has been Lost – Travancore House, New Delhi Waging Peace – Hera Art Gallery, Rhode Island Satyagraha: Indian and South African Artists – New Delhi & Dublin Vivan Sundara nasceu em / born in Simla,1943 Individuais / Solo Exhibitions Eternal Recurrence – New Delhi 2008 Trash – Chemould Prescott Road, Mumbai; Project 88, Mumbai; Photoink, New Delhi; Sepia International, New York; Walsh Gallery, Chicago, USA Double Enders – Mumbai, Delhi, Bangalore and Kochi 2006 Bad Drawings for ‘Dost’ – Gallery Chemould, Mumbai Re-take of ‘Amrita’ – Sepia International, New York, USA 2005 living.it.out.in.delhi – Rabindra Bhavan, New Delhi Coletivas / Group Exhibitions 2011 Paris-Delhi-Bombay – Centre Pompidou, Paris, France 2008 Archive Fever: Uses of the Document in Contemporary Art – International Center of Photography, New York, USA Revolutions: Forms that Turn – Biennale of Sydney, Australia Santhal Family: Positions around an Indian Sculpture – Museum van Hedendaags Kunst (MuKHA), Antwerp, Belgium Still Moving Image – Devi Art Foundation, Gurgaon 2007 Amrita Sher-Gil – Tate Modern, London, UK Thermociline: New Asian Waves in Contemporary Asia – ZKM, Karlsruhe, Germany New Narratives: Contemporary Art from India – Chicago Cultural Center, USA Urban Manners: 15 Contemporary Artists from India – Art for the World, Hangar Bicocca, Milan, Italy Horn Please: Narratives in Contemporary Indian Art – Kunst Museum, Bern, Switzerland Inaugural exhibition – The Berardo Museum of Modern and Contemporary Art, Centro Cultural de Belém, Lisbon, Portugal 2006 Amrita Sher-Gil: An Indian Artist’s Family in the 20th Century – Haus der Kunst, Munich, Germany Dirty Yoga – 2006 Taipei Biennale, Taiwan Edge of Desire: Recent Art in India – Museum of Contemporary Art (Marco), Monterrey; National Gallery of Modern Art, New Delhi; National Gallery of Modern Art, Mumbai Edge of Desire: Recent Art in India – Asia Society & Queens Museum of Art, New York, USA; Tamayo Museum, Mexico City, Mexico 122 123 Bibliografia Bibliography CCHANDRASEKHAR, Indira; SEEL, Peter C. (Ed.) Body city: siting contemporary culture in India. Berlin: Haus der Kulturen der Welt; New Delhi: Tulika books, 2003. HORN PLEASE: narratives in Contemporary Indian Art. Bern: Kunstmuseum Bern; Hatje Cantz, 2007. INDIAN HIGHWAY. London: Serpentine Gallery, Koenig Books, 2009. INDIAN SUMMER. Paris: École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, 2005. JANTJES, Gavin (Ed.) The tree from the seed: contemporary art from India. Høvikodden: Henie Onstad Kunstsenter, 2003. LEE, Yong Woo (Ed.) Emerging Asian artists. Gwangju: Gwangju Biennale Press, 2010. MERALI, Shaheen (Ed.) Cultura popular india … y más allá: cismas (emergentes) jamás contados. Madrid: Sala Alcalá 31, 2009. MERALI, Shaheen (Ed.) Re-Imaging Asia: a thousand years of separation. Berlin: Haus der Kulturen der Welt; Beirut: Saqi Books, 2008. PALAZZOLI, Daniela (Ed.) India oggi: l’arte contemporanea indiana fra continuità e trasformazione. Milano: Spazio Oberdan, 2008. PARIS-DELHI-BOMBAY. Paris: Centre Pompidou, 2011. SEID, Betty (Ed.) New narratives: contemporary art from India. Chicago: Chicago Cultural Center; Ahmedabad: Mapin Publishing, 2007. 124 125 Créditos Agradecimentos Credits Patrocínio / Sponsorship Banco do Brasil Realização / Presentation Centro Cultural Banco do Brasil Concepção e Coordenação Geral / Conception and General Coordination Art Unlimited Pieter Tjabbes / Tânia Mills Sandra Klinger Curadoria / Curated by Pieter Tjabbes Arte Contemporânea / Contemporary Art Tereza de Arruda Narração de Histórias / Storytelling Dadi Pudumjee Fotografias Alkazi Foundation / Photographs Alkazi Foundation Rahaab Allana Consultoria / Consulting Fausto Godoy Editora / Editor Flavia Galli Tatsch Design gráfico / Graphic design Comunicação visual / Visual communication Marina Ayra Luiz Dominguez Textos / Texts Cibele Aldrovandi Deepak Ananth Flavia Galli Tatsch Kapila Vatsyayan Laura Cury Rahaab Allana Tereza de Arruda 126 Acknowledgements Produção executiva / Executive production Erika Uehara Karen Garcia Coordenação de produção / Production coordination Hiro Kai Mauro Amorim Equipe de produção / Production team Jade Medeiros Tavares Karen Halley Larissa Ferreira Mariana Baccarin Marina Ayra Patrícia Magalhães Renato Musa Rose Teixeira Sonia Leme Fotografias / Photographs Anay Mann Guilherme Isnard Günter Heil Motivo Paulo Jabur Tratamento de imagens / Image editing Motivo Revisão / Revision Armando Olivetti Tradução / Translation Armando Olivetti Izabel Murat Burbridge John Norman Abhilasha Joshi – Consulate General of India, São Paulo Aditi Mangaldas Alkazi Foundation for the Arts, Delhi Ambassador of India B. S. Prakash Ashdeen Lilaowala Brij Bhasin Carina Fernandes e / and Ananda Jyothi Consulado Geral da Índia, São Paulo Devika Singh Embaixada da Índia no Brasil Embaixada do Brasil na Índia Embaixador Marco Antonio Diniz Brandão Embaixador Gilberto Fonseca Guimarães de Moura Fondation Raghubir Singh, Paris Geeta Chandran Günter Heil IGNCA – Indira Gandhi National Centre for the Arts, Delhi (Prof Molly Kaushal; Ms Sreekala Sivasankaran; Mr Dr. S. Simon John) Instituto Ricardo Brennand, Recife Johannes Beltz Jyotindra Jain Klaas Ruitenbeek Laila Tyabji, Dastkar, Delhi Leela Samson Lena Tosta e / and Olivier Boëls Luiz Rodrigues de Jesus Mamede Mustafa Jarouche Maria Clara de Abreu Rada e / and Francisco Carlos Ramalho de Carvalho Chagas Museu Histórico Nacional – Ibram/MinC, Rio de Janeiro Museum für Asiatische Kunst, Staatliche Museen zu Berlin (Rafael Gadebusch) Museum Rietberg, Zürich Natanakairali, Research Training and Performing Centre for Traditional Arts Irinjalakuda, Kerala National Museum of Ethnology, Leiden Neeraj Sahai Nir Gershony e / and Lucia Gershony O. P. Jain Parzor – The Unesco Parsi-Zoroastrian Project Raffael Gadebusch Raghu Rai Foundation for Art and Photography, Delhi Rede Globo Ruchira Ghose Sangeet Natak Akademi, Delhi (Chairperson Ms Leela Samson; Secretary Mr Jayant Kastuar) Sunil Dogra The Alkazi Collection of Photography The Ishara Puppet Theatre Trust, Delhi Tyler Investment Enterprises Usha Malik Vadehra Art Gallery Índia – Lado a Lado / India – Side by Side Christina Pannos, Walsh Gallery, Chicago Deepak Ananth, Paris Deepanjana Klein, Christie’s, New York Gallery Sumukha, Bangalore Geeta Mehra, Sakshi Gallery, Mumbai Hugo Weihe, Christie’s, New York Julie Deffrenne, Gallery Lelong, Paris Julie Walsh, Walsh Gallery, Chicago Kanika Anand, Gallery Space, New Delhi Nina Miall, Haunch of Venison, London Patrice Cotensin, Gallery Lelong, Paris Peter Nagy, Gallery Nature Morte, New Delhi/Berlin Renu Modi, Gallery Espace, New Delhi Shalini Sawhney, The Guild, Mumbai Shireen Gandhy, Chemould Prescott Road, Mumbai Sunitha Kumar Emmart, Galleryske, Bangalore Tom Hunt, Haunch of Venison, London Yamine Mehta, Christie’s, London 127 LADO A LADO Arte Contemporânea Indiana SIDE BY SIDE Indian Contemporary Art © Direitos autorais reservados pelos autores, artistas e fotógrafos. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia ou qualquer sistema de armazenamento, sem a permissão por escrito do editor. Não conseguimos contato com o titular dos direitos de algumas imagens, neste caso, pedimos o favor de entrar em contato com a editora Art Unlimited <[email protected]> © Copyright reserved by the authors, artists and photographers. No part of this publication may be reproduced or transmitted in any form or by any means, electronic or mechanical, including photocopy or any storage and retrieval system, without permission in writing from the publisher. In some cases we were not able to contact the holder of the rights. In this case, kindly enter in contact with the publisher Art Unlimited <[email protected]> 128