Índia, Lado a Lado

Transcription

Índia, Lado a Lado
Vivek Vilasini
Vivan Sundaram
Vishal K. Dar
T.V. Santhosh
Thukral & Tagra
Surekha
Shilpa Gupta
Sheba Chhachhi
Riyas Komu
Reena Kallat
Ravinder Reddy
Raqs Media Collective
Pushpamala N.
PIX Collective
Nalini Malani
Manjunath Kamath
Jitish Kallat
Gigi Scaria
Bharti Kher
Baiju Parthan
LADO A LADO
Arte Contemporânea Indiana
SIDE BY SIDE
Indian Contemporary Art
Ministério da Cultura e Banco do Brasil apresentam
Banco do Brasil patrocina
Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro - 24 de outubro de 2011 a 29 de janeiro de 2012
LADO A LADO
Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo - 14 de fevereiro a 29 de abril de 2012
Arte Contemporânea Indiana
SIDE BY SIDE
SESC Belenzinho, São Paulo - 25 de fevereiro a 29 de abril de 2012 (Índia - LADO A LADO)
Indian Contemporary Art
Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília - 22 de maio a 29 de julho de 2012
Organização / Organization
Realização / Presentation
The Brazilian Ministry of Culture and Banco do Brasil are publishing the
catalog for the show ÍNDIA – LADO A LADO [India – Side by Side],
which is part of the exhibition ÍNDIA! and features artworks produced by
more than twenty artists who live in that Asian country, all with outstanding
careers on the international scene.
The photographs, sculptures, paintings, videos and installations selected
for the show, some of which were produced especially for this exhibition,
express different moments of Indian culture linked to historical, social,
economic and urbanistic issues.
In the era of Internet and the upsurge in traveling worldwide, international
influences are being quickly assimilated. Indian artists use traditional
languages while also aligning their production with contemporary trends
around the globe. The figure, narrative and the ornament – fundamental
elements of Indian art – have been losing their relevance in light of the
recent changes in focus and the perception of identity, but tradition
continues being an indispensable source of inspiration. This living
tradition allows the past to coexist with the present and to be constantly
reformulated by contemporary artists.
By publishing this catalog the Centro Cultural Banco do Brasil aims to
provide a permanent record of this exhibition and multiply the possibility
of access to art currently being produced in India, thus raising awareness
concerning it.
Ministério da Cultura e Banco do Brasil publicam o catálogo da mostra
ÍNDIA – LADO A LADO, que integra a exposição ÍNDIA! e apresenta
obras de mais de vinte artistas que vivem nesse país asiático e cuja
trajetória vem se destacando significativamente no cenário internacional.
A partir de fotografias, esculturas, pinturas, vídeos e instalações, os
trabalhos selecionados, alguns elaborados especialmente para esta
exposição, expressam momentos distintos da cultura indiana ligados a
questões históricas, sociais, econômicas e urbanísticas.
Na era da internet e das viagens, influências internacionais estão sendo
assimiladas com rapidez. Artistas indianos utilizam linguagens tradicionais
ao mesmo tempo em que se alinham com as tendências contemporâneas
do planeta. A figura, a narrativa e o ornamento, fundamentos da arte
indiana, vêm perdendo sua relevância em virtude da alteração de foco
e de percepção da identidade, mas a tradição continua sendo fonte
indispensável de inspiração. Essa tradição viva permite que o passado
coexista com o presente e seja reformulado constantemente por artistas
contemporâneos.
Ao publicar este catálogo, o Centro Cultural Banco do Brasil espera
registrar de forma perene esta exposição e multiplicar a possibilidade de
acesso à arte produzida atualmente na Índia, estimulando o conhecimento.
Centro Cultural Banco do Brasil
Centro Cultural Banco do Brasil
Local / Global
Deepak Ananth
Índia - Lado a Lado / Arte Contemporânea Indiana
India - Side by Side / Indian Contemporary Art
Tereza de Arruda
09
27
Baiju Parthan
37
Bharti Kher
41
Gigi Scaria
45
Jitish Kallat
49
Manjunath Kamath
53
Nalini Malani
57
PIX Collective
61
Pushpamala N.
65
Raqs Media Collective
69
Ravinder Reddy
73
Reena Kallat
77
Riyas Komu
81
Sheba Chhachhi
85
Shilpa Gupta
89
Surekha
93
Thukral & Tagra
97
T.V. Santhosh
101
Vishal K. Dar
105
Vivan Sundaram
109
Vivek Vilasini
113
Currículos dos artistas
117
Bibliografia
125
Créditos / Agradecimentos
127
Curriculums of the artists
Bibliography
Credits / Aknowledgements
Local/Global
Deepak Ananth
8
9
Contemporary Indian art gained in international visibility from the late 1990s onwards, in the wake
of the globalisation into which the country was catapulted earlier in that decade. After more than
forty years of adherence to a model of a protectionist economy and allegiance to an idea of the
nation-state, the Indian government opted for a liberalisation of its economic policies, opening the
country to the influx of foreign capital. Free trade is the motivating force – and lucrative promise –
of the world-system to which the country seems to be inexorably succumbing, the very opposite
of the planned development envisioned by the founding fathers of the republic in the aftermath
of independence from British colonial rule in 1947. The ideology of the market that is triumphant
in the globalised present is transforming the country beyond recognition: gated communities and
shopping malls, the veneer of corporate culture and the branded ‘lifestyles’ that go with it – these
are the blandishments of ‘shining India’, to borrow the self-aggrandising publicity slogan put out
by the government. But the old common place of India as a land of contrasts is more topical
than ever, if we take it to designate not just the well-known linguistically-grounded regional
diversities that make up the country’s cultural mosaic but the starkest contrast of all: the colossal
socio-economic disparities between an increasingly affluent urban minority and the rest of the
population, seventy percent of which is dependent on agricultural revenues. The catastrophic
situation of indebtedness in rural regions in recent years resulting from the erosion of the state’s
protectionist agricultural policies has led to peasants committing suicide en masse. This is the
local reality of the global system of which India is now a part. The latent menace represented
by right-wing Hindu extremism to the secular covenant that is a foundational tenet of the Indian
constitution is very much part of that reality, as are the geopolitical tensions – readily escalating
into military brinksmanship – between India and its territorial ‘others’, Pakistan and China, not
to mention the endemic violence within the country provoked by inter-religious conflicts and
by the revolt of the dalits, the ‘untouchables’, against the injustices of the caste system. Daily
life in the increasingly sprawling megalopolises that Delhi and Bombay (Mumbai) and Calcutta
(Kolkata) and Bangalore have become is not less fraught: the traffic, the pollution, the noise,
the overcrowdedness, the clamour and the congestion. This is the existentially bewildering lifeworld of those who live in India today and it is to the artists among them that we must turn for the
imaginative sense they make of it.
A arte contemporânea indiana ganhou maior visibilidade internacional a partir do final dos
anos 1990, na esteira da globalização à qual o país fora catapultado no início daquela década.
Depois de adotar, por mais de quarenta anos, um modelo de economia protecionista e de
fidelidade ao conceito de Estado-nação, o governo indiano optou pela liberalização de suas
políticas econômicas, abrindo o país à entrada de capital estrangeiro. O livre comércio é a força
motriz – e a promessa de lucratividade – do sistema mundial ao qual a Índia parece sucumbir
inexoravelmente, na contramão do desenvolvimento planejado que os fundadores da República
defendiam ao fim do regime colonial britânico, em 1947. A ideologia do mercado que prevalece
na atualidade globalizada vem transformando o país, a ponto de torná-lo irreconhecível:
condomínios fechados e shopping centers, o verniz da cultura corporativa e os estilos de vida
‘de grife’ que o acompanham – esses são os atrativos da “Índia resplandecente”, segundo o
slogan publicitário de autopromoção lançado pelo governo. Mas a velha e prosaica Índia, terra de
contrastes, está mais presente do que nunca se formos considerar não apenas suas conhecidas
diversidades linguísticas regionais, que formam o mosaico cultural do país, mas também os
mais contundentes de todos os contrastes: as colossais disparidades socioeconômicas entre
uma minoria urbana cada vez mais afluente e o resto da população, 70% da qual vive da
atividade agrícola. Nos últimos anos, a situação catastrófica de endividamento nas regiões
rurais, resultante da erosão das políticas agrícolas protecionistas do Estado, levou camponeses
a cometer suicídio em massa. Essa é a realidade local do sistema global que a Índia hoje
integra. O extremismo hindu de direita, ameaça latente para a aliança secular que é um princípio
fundante da constituição indiana, pertence em grande parte a essa realidade. O mesmo ocorre
com as tensões geopolíticas – que rapidamente chegam ao limite do militarismo – entre a
Índia e seus ‘outros’ territoriais, o Paquistão e a China, para não dizer da violência endêmica
provocada no país por conflitos inter-religiosos e pela revolta dos dalits, ou ‘intocáveis’, contra
as injustiças do sistema de castas. O cotidiano nas megalópoles em crescente expansão
nas quais Delhi, Bombaim (Mumbai), Calcutá (Kolkata) e Bangalore se transformaram não é
menos desgastante: o trânsito, os congestionamentos, a poluição, o ruído, a superpopulação e
o tumulto. Assim é o mundo existencialmente espantoso da atual população indiana, e, nesse
contexto, é nos artistas que devemos buscar o sentido imaginário atribuído a esse universo.
Some of the most interesting art produced from the mid-1990s onwards registers an attempt –
whether consciously or not – to negotiate the cultural contradictions of the economic liberalisation
that has projected India into the global system: globalisation understood not only as the free
movement of commodities but as the space of the circulation of cultural signs, a force-field,
as it were, articulated around the local/global axis. Such an axis throws up the question of the
cultural specificity of the artist’s intervention, as, for example, the recourse to indigenous materials
with a particular symbolic charge and its configuration in a formal language that is recognisably
international. (Installation art is a case in point.) The tension thus created between subject matter
Uma parcela da arte mais interessante produzida desde meados da década de 1990 na Índia
registra a tentativa – seja ela consciente ou não – de negociar as contradições culturais da
liberalização econômica que lançou o país no sistema global: a globalização compreendida não
apenas como o movimento livre das commodities, mas como espaço de circulação de bens
culturais, um campo de força, por assim dizer, articulado em torno do eixo local/global. Tal eixo
traz a público a questão da especificidade cultural da intervenção do artista, como por exemplo
o recurso aos materiais autóctones com uma carga simbólica particular e sua configuração em
uma linguagem formal, reconhecidamente internacional. (A instalação artística, por exemplo.)
10
11
or raw materials rooted in a particular local context and the protocols of presentation that lend
themselves to be seen as part of a transcultural lingua franca is what allows for a critical sense
of difference to come into play – the differential traits that betoken the ‘Indianness’, as it were,
of Indian art in the wider context of the internationalism that is globalisation’s purported cultural
dispensation. This internationalism easily morphs into a species of postmodernism, and while
there is evidence of the pastiche and stylistic eclecticism that Fredric Jameson has famously
identified as some of the leading postmodernist tropes, these playful strategies often have a
pointed critical edge in the hands of the more civic-minded or socially engaged practitioners.
The local/global axis subsumes an earlier dichotomy in modern Indian art, the one between
tradition and modernity that was a leitmotif or topos for artists in the two decades after
independence. This older polarity took the form of an engagement with the western period
style known as modernism in tandem with an affirmation of a postcolonial identity. The
medium favoured was predominantly pictorial, with a marked preference for figurative art,
although varieties of abstraction also flourished. Subsequently, a ‘Pop’ moment, of which
Bhupen Khakhar’s paintings from the late 1960s onwards are emblematic, characterised by
an audacious mix of ‘high’ and ‘low’ that, in retrospect, could be seen as a proto-postmodernist
foray into mass culture. Interestingly, in terms of the complex issue of the periodisation of Indian
art in an international frame, the inaugural phase of Khakhar’s work is contemporaneous with a
‘minimalist’ moment, as represented by the rigorously non-objective art of Nasreen Mohamedi,
and it is these two antipodal ‘positions’ that mark a particular art historical conjuncture
preceding the advent of globalisation, although it is the insouciant mélange of genres playfully
promulgated by Bhupen Khakhar rather than the pristine, rarefied geometry practised by
Nasreen Mohamedi that has cast a longer shadow on the artists who came to prominence
in the last decade of the twentieth century. As for Khakhar’s peers, it was he who was the
precursor of the turn towards the human figure as a renewed resource for painting in the late
1970s, just as it was he who set the precedent for an exploration of forms of pictorial narration
that were iconographically and thematically anchored in a lived social reality. The move into
a more expanded field of art practice comes in the 1980s, manifested notably by an interest
in mixed media work, and then by an exploration of the modalities of installation art. Vivan
Sundaram is the precursor in this field: starting off as a painter in the late 1960s, the political
imperatives that have always been inseparable from his aesthetic choices have led him to a
practice beyond the limits of the pictorial frame.
12
A tensão gerada entre temas ou matérias-primas fixados num contexto local específico e os
protocolos de apresentação que se prestam a serem vistos como parte de uma língua franca
transcultural é o que permite o surgimento de um senso crítico de diferença – os traços
diferenciais que marcam a ‘indianidade’, por assim dizer, da arte indiana no contexto mais
amplo do internacionalismo, este supostamente o produto cultural da globalização.
O internacionalismo facilmente toma a forma de uma espécie de pós-modernismo, e, se por
um lado há evidência do pastiche e do ecletismo estilístico que Fredric Jameson sabidamente
identificou como algumas das mais importantes características pós-modernistas, essas
estratégias lúdicas não raro ganham um viés crítico aguçado nas mãos dos praticantes mais
socialmente engajados ou civicamente conscientes.
O eixo local/global introduz uma dicotomia ancestral na arte moderna indiana, entre tradição
e modernidade, que foi um leitmotiv ou tópos para artistas nas duas décadas seguintes
à Independência. Essa polaridade mais antiga tomou a forma de um engajamento com o
estilo ocidental conhecido como modernismo, em paralelo com uma afirmação de identidade
pós-colonial. O meio privilegiado era predominantemente pictórico, com notável preferência
pela arte figurativa, embora variedades de abstração também florescessem. Depois veio um
momento ‘pop’, do qual as pinturas que Bhupen Khakhar realizou a partir do final da década
de 1960 são emblemáticas, caracterizadas por uma mistura audaciosa de ‘alto’ e ‘baixo’
que, em retrospecto, poderia ser vista como uma incursão proto-pós-modernista na cultura
de massa. Curiosamente, em termos do complexo tema da periodização da arte indiana no
contexto internacional, a fase inaugural da obra de Khakhar é contemporânea com o momento
‘minimalista’ representado pela arte rigorosamente não-objetiva de Nasreen Mohamedi.
E são essas duas ‘posições’ antípodas que marcam uma particular conjuntura histórica da
arte a preceder o advento da globalização, embora seja a mistura despreocupada de gêneros
ludicamente promulgada por Bhupen Khakhar, e não a geometria imaculada e exclusiva
adotada por Nasreen Mohamedi, que projetou uma sombra mais ampla sobre os artistas
que ganharam proeminência na última década do século XX. Khakhar foi o precursor do
movimento que adotou a figura humana como recurso renovado para a pintura no final dos
anos 1970, da mesma forma que estabeleceu um precedente para a exploração de formas
de narração pictórica que estiveram iconográfica e tematicamente ancoradas numa realidade
social vivenciada. O deslocamento para uma prática artística mais ampla veio na década de
1980, manifestado notadamente por um interesse no trabalho com técnica mista e, mais tarde,
por uma exploração das modalidades da instalação como modalidade artística. Vivan Sundaram
é o precursor nesse campo: tendo iniciado sua carreira na pintura no final dos anos 1960, os
imperativos políticos que sempre foram inseparáveis de suas escolhas estéticas o levaram a
trabalhar além dos limites da moldura da obra pictórica.
13
Subodh Gupta
O caminho de casa (II) / The Way Home (II), 2001
fibra de vidro, utensilhos de aço inoxidável, alumínio, cromo e insulfilme /
fiberglass, stainless steel utensils, aluminum, chrome, sun film
vista da instalação no Henie Onstad Kunstsenter, Noruega, 2001 /
installation view at Henie Onstad Kunstsenter, Norway, 2001
Cortesia do artista e de / Courtesy of the Artist and Nature Morte
Fotografia / Photograph: Gavin Jantjes
© Subodh Gupta
Para os artistas que surgiram na década de 1990, a herança do passado é uma sobrecarga menor do que foi para
seus antecessores, e eles são mais livres em seu instinto de misturar e combinar, tomar emprestado e furtar elementos
nativos e importados. Suas obras tendem a ser despudoradamente híbridas, polivalentes e heterogêneas. Não raro
trata-se de enxertar o vernáculo no cosmopolita, de fazer inserções entre o provinciano e o metropolitano. Essa é a
intuição de Subodh Gupta ao transpor, como coordenada temática e formal de sua arte, a trajetória que percorreu ao se
mudar da Índia semirrural e de cidades pequenas para a capital. Assim, o uso de estrume de gado bovino como suporte
de um autorretrato feito no início de sua carreira proclama abertamente suas raízes provincianas, mesmo quando faz as
vezes de sinédoque do mundo da vida rural na Índia, dado que exerce múltiplas funções na economia doméstica dos
povoados, especialmente como combustível no fogão e como base para o reboco nas paredes. Gupta tem sido muito
inventivo na maneira como transmuta o cotidiano em produção artística corrente. Os utensílios de cozinha em aço
inoxidável brilhante encontrados na grande maioria das residências de classe média na Índia – e que Gupta emprega
em arranjos formais no chão, ou em trabalhos posteriores, seja na forma de conjuntos compactos seja como elementos
de uma configuração antropomórfica – não são apenas objetos de uso, mas têm valor de troca, visto que geralmente
fazem parte do dote das noivas do povoado.
Ao inserir esses itens em um contexto não-utilitário, talvez Gupta estivesse brincando com o produto como signo, exceto
que o fetichismo aí sugerido é movido internamente pela natureza culturalmente codificada das mercadorias em questão.
(O mais irônico é que os pouquíssimos indianos abastados que pensariam em adquirir uma obra feita de utensílios de
aço inoxidável não os utilizaria à mesa... E, tendo em vista a atual projeção de Gupta no cenário internacional da arte,
a consagração dos itens que ele apropria do cotidiano do povoado ou da cidade pequena na Índia inevitavelmente os
converte em commodities no mercado da arte.)
For the artists who emerged in the 1990s, the heritage of the past is less of a burden than it was for their predecessors
and they are freer in their instinct to mix and match, borrow and pilfer indigenous and imported elements. Their works
tend to be unabashedly hybrid, polyvalent, heterogenous. Often it is a question of grafting the vernacular to the
cosmopolitan, of sliding between the provincial and the metropolitan. This has been Subodh Gupta’s intuition when
he transposes the trajectory of his move from semi-rural small-town India to the capital as the formal and thematic
coordinates of his art. Thus the use of cow dung as the background of an early painted self-portrait unembarrassedly
proclaims his provincial roots even as it stands as a synecdoche for the life-world of rural India in that the primary
material serves multiple functions in the household economies of villages, notably as fuel for the kitchen fire and as
plaster for the walls. Gupta has been ingenious in the way he transmutes the everyday in the currency of art. The
kitchen utensils in shiny stainless steel that are ubiquitous in most middle-class homes in India that Gupta deploys
as formal arrangements on the floor, or in later works, as compact clusters or as the elements of an anthropomorphic
configuration, are not only objects of use but have an exchange-value, too, in that they usually form part of the village’s
brides wedding dowry. By inserting these items in a non-utilitarian context Gupta would appear to be playing with the
commodity-as-sign, except that the fetishism thus implied is internally riven by the culturally coded nature of the goods
in question. (The larger irony is that the affluent minority of Indians who would consider acquiring a work made of
stainless steel utensils would stop short of using them as a dinner service… Inevitably, given Gupta’s current celebrity
on the international art scene, his consecration of the items that are part of the object-world of village and small-town
India also converts them into commodities in the art market.)
14
15
Sheela Gowda
Um cobertor e o céu / A Blanket and the Sky, 2004
instalação, chapas, alcatrão e cobertor / installation, tardrum sheets and blanket
267 × 157 × 88 cm
Fotografia / Photograph: Gurumurthy Hegde e / and Das
Cortesia da imagem / Image courtesy: GALLERYSKE e / and Sheela Gowda
©Sheela Gowda
Coleção da artista / Artist’s Collection, Bangalore
Sheela Gowda
E... / And..., 2007
instalação site-specific - cordas, agulhas, fios, pigmento, cola /
installation in situ - cords, needles, thread, pigment, glue
2 cordas de / cords of 11250 x 1 cm, 1 corda de / cord of 5250 x 1 cm
Fotografia / Photograph: Roman März
Cortesia da imagem / Image courtesy: GALLERYSKE e / and Sheela Gowda
©Sheela Gowda
As ligações afetivas de Sheela Gowda com o universo do
trabalho – tanto o labor braçal de operários construindo e
consertando estradas, como as tarefas ditas femininas –
parecem ter reforçado sua ética de criação artística baseada na
‘verdade dos materiais’. A reverberação poética das substâncias
arcaicas que ela utiliza – estrume seco, pigmento em pó,
cinzas de incenso, chapas de metal banhadas em alcatrão – é
indissociável do respeito moral que ela declaradamente guarda
por aqueles que manuseiam esses materiais para ganhar a
vida com dificuldade. As estruturas rudimentares construídas
com chapas de tambor achatadas e banhadas em alcatrão são
exemplares. É com esse material que trabalhadores itinerantes
contratados como diaristas para executar tarefas tais como
estender cabos ou fazer manutenção de estradas constroem
seus barracos, muitas vezes ao lado do local onde passam o
dia trabalhando. Gowda utiliza essas estruturas precárias como
módulos de uma escultura-residência que, em razão de todas
as suas associações formais (transitórias) com a condição
minimalista de objeto, sugerem a vida de pobreza de onde
foram arrancadas. A predileção da artista por materiais pobres
também reflete um engajamento com questões ambientais.
Além disso, as afinidades de seu trabalho com a Arte Povera
estendem-se a preocupações com reciclagem e com uma
economia de meios que é igualmente estética e ecológica.
O aspecto artesanal de alguns de seus trabalhos reflete o
interesse de Gowda em mediar a arte e o artesanato por
meio de uma reorientação subjetiva das qualidades físicas e
metafóricas de certas substâncias.
Sheela Gowda’s affective links with the world of labour – the manual toil of workers building and mending roads as
much as so-called women’s tasks – seems to have reinforced a work ethic based on a ‘truth to materials’. The poetic
resonance of the archaic substances she deploys – dried cow dung, powdered pigment, incense ash, tarred metal
sheets – is indissociable from her avowed moral esteem for those who handle these materials to eke out a living.
The rudimentary structures made out of flattened tar drum sheets is a case in point. This is the material out of which
migrant labourers hired on a daily basis for such tasks as laying cables or road repair construct their makeshift shelters,
often adjacent to the site at which they have worked all day long. Gowda transposes these summary structures as the
modules of a sculptural form-cum-dwelling that, for all its (fleeting) formal associations with minimalist objecthood,
is redolent of the ‘vita povera’ from which it has been wrested. Her predilection for poor materials also reflects an
engagement with environmental issues and such affinities as one might discern with Arte Povera extend to concerns
about recycling and an economy of means that is aesthetic and ecological in equal measure. The artisanal aspect of
some of her work reflects Gowda’s interest in mediating between art and craft by way of a subjective reorientation of the
physical and metaphorical qualities of certain substances.
16
17
Bharti Kher
A nêmesis das nações /
The Nemesis of Nations, 2008
bindis sobre parede, site-specific /
bindis on wall, work in situ
dimensões variáveis / variable dimensions
Fotografia / Photograph: Felix Clay/Guardian
Anita Dube
Olhos de esmalte / Yeux en émail
instalação site-specific / installation in situ
dimensões variáveis / variable dimensions
The contrast between Subodh Gupta’s playful approach to the manipulation of cultural signs and the moral seriousness
of Sheela Gowda’s engagement with them is eloquent of the myriad possibilities that lie between these two ‘positions’.
Bharti Kher’s use of plastic bindis (the mark or dot in red pigment that women apply to their forehead to signify their
marital status) as the proliferative element of a vocabulary of ornamental forms functions as a sly and witty subterfuge
of the gender codifications encapsulated in this diminutive yet symbolically resonant sign. Another form of subversion is
proposed by Anita Dube’s recourse to the glass eyes that traditionally serve as votive offerings to an idol in a temple but
which she deploys as a kind of infiltrating agent: hundreds of these eyes are affixed to the wall or on the ceiling in an in
situ installation, a viral outburst, as it were, that is also reminiscent of migratory swarms or suggestive configurations of
(female) body parts. In Jitish Kallat’s paintings and photographs and mixed media practice it is the body politic itself that
is the critical focus. The destructiveness seaming its way in the very fabric of the urban that is a leading motif of his work
is evinced in the 365 identically sized photographs displayed in a gridlike structure: the images appear at first sight to be
a series of pictorial abstractions; on closer inspection the ‘painterly incidents’ are revealed to be the scars and abrasions
on the gleaming surfaces of cars, the status symbol par excellence for the swelling ranks of the nouveaux riches in India.
So the dents on the bodies of the cars registered by the deceptively seductive surfaces of these photographs could be
18
O contraste entre, por um lado, a abordagem lúdica da manipulação de signos culturais por Subodh
Gupta, e, por outro lado, a seriedade moral de Sheela Gowda no seu engajamento com esses signos,
revela as infinitas possibilidades entre essas duas ‘posições’. O uso do bindi (a marca ou ponto de
pigmento vermelho que as mulheres aplicam à testa para denotar seu estado civil) de plástico por
Bharti Kher como elemento multiplicador de um vocabulário de formas ornamentais funciona como um
subterfúgio astucioso e espirituoso das codificações de gênero encapsuladas nesse signo diminuto, porém
simbolicamente ressoante. Outra forma de subversão é proposta por Anita Dube, que recorre aos olhos
de vidro tradicionalmente usados como oferendas votivas dedicadas a ídolos nos templos, mas que a
artista emprega como se fossem agentes de infiltração: centenas desses olhos são fixadas na parede ou
no teto em uma instalação in situ – uma explosão viral, por assim dizer, que também remete a multidões
migratórias ou a configurações sugestivas de partes do corpo (feminino). Nas pinturas, fotografias e obras
criadas com técnicas mistas por Jitish Kallat, o próprio corpo político é o foco crítico. A destruição que
costura seus caminhos no tecido urbano, o principal motivo de sua obra, evidencia-se nas 365 fotografias
de tamanho idêntico dispostas em uma estrutura de grade: à primeira vista, as imagens parecem ser
uma série de abstrações; vistos mais de perto, os ‘incidentes pictóricos’ surgem como cicatrizes e danos
na lataria cintilante dos automóveis, o símbolo de status por excelência para o crescente contingente de
novos-ricos na Índia. Assim, registrados pelas superfícies enganosamente sedutoras dessas fotos, os
amassados nas carrocerias dos carros poderiam ser interpretados como um levantamento paródico no
19
Atul Dodiya
Mahalaxmi: exterior, 2002
cortina de metal / metal curtain, 275 × 183 cm
Coleção / Collection: Shumita & Arani Bose, New York
seen as a parodic inventory where social difference is inscribed not as a brand name but as a
blemish. Another facet of living in the urban inferno is explored by Atul Dodiya’s paintings on the
rolling metal shutters of shop windows: he appropriates the vernacular style in which the image
of the goddess of wealth and prosperity, Mahalaxmi, is represented on shop fronts (as an augury
of good fortune) with a view to revealing – once the shutter is raised – a starkly opposed image
behind it: a painting (after a grisly newspaper photograph) depicting a collective suicide by young
women provoked by the impossibility of paying the dowry demanded of their father in exchange
for marriage. This street-level view of contemporary India is explored in a more ironic vein in
20
Atul Dodiya
Mahalaxmi: porta semiaberta / half open view,
2002cortina de metal / metal curtain, 275 × 183 cm
Coleção / Collection: Shumita & Arani Bose, New York
qual a diferença social se inscreve não como marca, mas como defeito. Outra faceta da vida
no inferno urbano é explorada nas pinturas que Atul Dodiya executa nas portas metálicas
de enrolar que fecham vitrines de lojas. Ele se apropria do estilo popular no qual a imagem
de Mahalaxmi, a deusa da riqueza e da prosperidade, é representada nas fachadas de
estabelecimentos comerciais (para gerar boa sorte) com o objetivo de revelar – assim que se
levanta a porta – uma imagem oposta e contundente: uma pintura (gerada de uma sinistra foto
de jornal) mostrando o suicídio coletivo de jovens mulheres provocado pela impossibilidade
de seus pais pagarem o dote que lhes permitiria se casarem. Essa visão urbana da Índia
contemporânea é explorada em um veio mais irônico nas pinturas de N. S. Harsha.
21
N. S. Harsha
Casamento coletivo / Mass Marriage, 2003 (detalhe / detail)
acrílica sobre tela / acrylic on canvas, 168 × 290 cm
N. S. Harsha’s paintings. In the marvellous Mass Marriages, which treats of the custom, frequent in rural
south India, of marriages conducted en masse for people unable to afford an individual wedding, the couples
are as legion as they are varied, and some positively over the top, such as a pair of garlanded donkeys,
two babies in adjoining cradles, a bridegroom swooping from outer space to garland his bride on earth…
The married couples are posed as if for the traditional souvenir photograph in the vernacular mode, framed
against the background of some of the ‘wonders of the world’: the Taj Mahal, of course, but also the Eiffel
Tower and the Leaning Tower of Pisa, the Statue of Liberty, Stonehenge… Harsha has a fine eye for the
charm of such blithe incongruities and juxtapositions: local custom and global symbol become part of a
concatenation whose playful, unassuming emblem is the floral wedding garland. The internationalisation
of contemporary art makes for an eclecticism of means and references that some artists turn to critical
effect, registering an awareness of the predatory hold of the global market-place in which all exchange (and
not only cultural) now takes place. Global Clones, a video projection by Sharmila Samant, is a witty and
22
Sharmila Samant
Clones globais / Global Clones, 1998
instalação (vídeo projetado no piso, 2 min), par de tênis Nike /
installation (video projected on the ground, 2 min), pair of sneakers Nike
Coleção da artista / Artist’s Collection, Mumbai
No maravilhoso quadro Mass Marriages [Casamentos coletivos], que retrata a prática bastante comum
na zona rural do sul do país de se fazerem casamentos coletivos para pessoas que não podem pagar
cerimônias particulares, os casais formam uma legião bastante variada, em que alguns estão bem
posicionados na parte superior da pintura, como por exemplo a parelha de asnos adornada com flores, dois
bebês em berços colocados lado a lado, um noivo precipitando-se do espaço sideral com uma guirlanda de
flores para sua noiva na Terra... Os casais foram dispostos segundo o modelo tradicional de imagem para
porta-retrato, diante de um fundo mostrando algumas das ‘maravilhas do mundo’: o Taj Mahal, é claro, mas
também a Torre Eiffel e a Torre Inclinada de Pisa, a Estátua da Liberdade, Stonehenge etc. Harsha tem
um olhar aguçado para detectar charme em incongruências e justaposições: o costume local e o símbolo
global tornam-se parte de uma concatenação cujo emblema lúdico e despretensioso é a guirlanda de
flores oferecida aos noivos na cerimônia de casamento. A internacionalização da arte contemporânea leva
a um ecletismo de meios e referências ao qual alguns artistas recorrem para efeito crítico, registrando uma
consciência do poder predatório do mercado global em que hoje se dão todas as trocas (e não apenas as
culturais). Em seu vídeo Global Clones [Clones Globais], Sharmila Samant apresenta uma formulação
23
succinct formulation of the homogenisation that follows in the wake of commodity fetishism and the cult
of the brand name. Taking her cue from the old Silk Route, one of the earliest passages of commerce and
culture between the Indian subcontinent and Europe, Samant selected eighteen types of generically similar
women’s traditional footwear originating from some of the countries traversed by the Route, and set them in
motion, that is, the image of each footwear was morphed onto the next and further animated to simulate a
walk. In the video loop projected on the floor, the braided and sequined babouches and slippers appear to
advance and yet remain on the same spot, a shuffling that could be seen as an allusion to the handcrafted
footwear’s eventual obsolescence in the face of industrially-made, mass manufactured imported sports
shoes now marketed in India, an example of which – a real pair of Nikes – is placed on the edge of the
projection. For Samant the latter is “a marker of the universalising and flattening effect of global corporate
culture and products”, an object that will get locally ‘cloned’ in its turn.
Deepak Ananth is an art historian based in Paris. He currently teaches at the École des Beaux-Arts in Caen, Normandy. He has written on a wide range of modern and contemporary European and Indian
artists, mostly for museum publications. These include essays on Matisse, Picasso, Bonnard, Vuillard, Howard Hodgkin, Sarkis, Anish Kapoor, Amrita Sher-Gil, Vivan Sundaram, Mrinalini Mukherjee, Jitish
Kallat and N. S. Harsha and on Indian photography. His curatorial projects include exhibitions of contemporary French art (Thresholds, New Delhi, 1995), nineteenth-century French painting (Histoires
Parallèles, Fukuoka Art Museum, Tokyo, 1995-1996), Surrealism (Surrealismo, Rio de Janeiro, 2001), Roland Barthes (The Drawings of Roland Barthes, Tokyo and Kyoto, 2004), and Indian contemporary
art: Indian Summer (Paris, 2005); l'Inde dans tous les sens (Paris, 2006); Passages (Brussels, 2006); Prospects (Rome, 2007); The Home and the World (New York and Berlin, 2008); Leftovers (Tokyo
and Osaka, 2008-2009), and Orientations (Oudenburg, 2010).
24
sucinta e espirituosa da homogeneização que surgiu na esteira do fetichismo das commodities e do
culto das marcas. Inspirando-se na ancestral Rota da Seda, um dos mais antigos caminhos de comércio
e cultura entre o subcontinente indiano e a Europa, Samant selecionou dezoito tipos de calçados
tradicionais femininos, genericamente similares, originários de alguns países atravessados pela Rota,
e criou com eles uma sequência em movimento. Nela, a imagem de cada calçado transforma-se na
de outro, e assim por diante, simulando um caminhar. No vídeo em loop projetado sobre o piso, as
babouches trançadas e ornamentadas com lantejoulas e as sapatilhas parecem avançar, porém sem sair
do lugar, e essa mistura de imagens poderia ser vista como uma alusão à obsolescência do calçado feito
à mão, diante dos sapatos esportivos importados, industrializados em massa, hoje vendidos na Índia. Um
exemplo é o par de tênis Nike colocado ao lado da projeção. Para Samant, esses tênis constituem “um
marco do efeito achatador e universalizador da cultura corporativa e dos produtos na esfera global”, um
objeto que por sua vez será ‘clonado’ localmente.
Deepak Ananth é historiador de arte, vive em Paris e atualmente leciona na École des Beaux-Arts em Caen, na Normandia. Escreve sobre uma vasta gama de artistas europeus e indianos modernos
e contemporâneos, sobretudo para catálogos de exposições, por exemplo, sobre Matisse, Picasso, Bonnard, Vuillard, Howard Hodgkin, Sarkis, Anish Kapoor, Amrita Sher-Gil, Vivan Sundaram, Mrinalini
Mukherjee, Jitish Kallat e N. S. Harsha, e também sobre fotografia indiana. Seus projetos curatoriais incluem exposições de arte contemporânea francesa (Thresholds, Nova Delhi, 1995), pintura francesa
do século XIX (Histoires Parallèles, Fukuoka Art Museum, Tokyo, 1995-1996), Surrealismo (Surrealismo, Rio de Janeiro, 2001), Roland Barthes (The Drawings of Roland Barthes, Tóquio e Kyoto, 2004) e
de arte indiana contemporânea: Indian Summer (Paris, 2005); l'Inde dans tous les sens (Paris, 2006); Passages (Bruxelas, 2006); Prospects (Roma, 2007); The Home and the World (Nova York e Berlim,
2008); Leftovers (Tóquio e Osaka, 2008-2009) e Orientations (Oudenburg, 2010).
25
ÍNDIA – LADO A LADO
Arte Contemporânea Indiana
INDIA – SIDE BY SIDE
Indian Contemporary Art
Tereza de Arruda
curadora / curator
26
27
Vista da Exposição / View of the Exhibition
Fotografia / Photograph: Motivo
The show ÍNDIA – LADO A LADO [India – Side by Side] was designed for the Brazilian public
as part of the exhibition ÍNDIA!, conceived for the Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)
and presented in 2011 and 2012 in three large Brazilian cities: Rio de Janeiro, São Paulo and
Brasília. This is the first vast exhibition of Indian art and culture ever held in our country, covering
approximately two thousand years of this infinite culture. The artists participating in the show are
Baiju Parthan, Bharti Kher, Gigi Scaria, Jitish Kallat, Manjunath Kamath, Nalini Malani, Pushpamala
N., Raqs Media Collective (Jeebesh Bagchi, Monica Narula and Shuddhabrata Sengupta),
Ravinder Reddy, Reena Kallat, Riyas Komu, Sheba Chhachhi, Shilpa Gupta, Surekha, Thukral &
Tagra, T.V. Santhosh, Vishal K. Dar, Vivan Sundaram and Vivek Vilasini. There is also a partnership
with PIX Collective, with works by Swarup Dutta, Gareth Kingdon, Ronny Sen, Manu Thomas,
Rajesh Vora, Neha Malhotra, Sangeeta Rana, Mhesh Shantaram, Abhijit Nandi and Aditya Pande.
A mostra ÍNDIA – LADO A LADO foi concebida para o público brasileiro como parte da exposição
ÍNDIA!, idealizada para o Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB, apresentada em 2011 e
2012 em três grandes cidades brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Pela primeira
vez haverá uma vasta apresentação da arte e da cultura indianas em nosso país, abrangendo
aproximadamente 2 mil anos dessa cultura infinita. Os artistas participantes da mostra são Baiju
Parthan, Bharti Kher, Gigi Scaria, Jitish Kallat, Manjunath Kamath, Nalini Malani, Pushpamala N.,
Raqs Media Collective (Jeebesh Bagchi, Monica Narula e Shuddhabrata Sengupta), Ravinder
Reddy, Reena Kallat, Riyas Komu, Sheba Chhachhi, Shilpa Gupta, Surekha, Thukral & Tagra,
T.V. Santhosh, Vishal K. Dar, Vivan Sundaram e Vivek Vilasini. Há ainda uma parceria com o PIX
Collective, com obras de Swarup Dutta, Gareth Kingdon, Ronny Sen, Manu Thomas, Rajesh
Vora, Neha Malhotra, Sangeeta Rana, Mhesh Shantaram, Abhijit Nandi e Aditya Pande.
The exhibition’s title is an allusion to the density and dynamics of everyday life in India.
This nation is fascinating for having more than 1.2 billion inhabitants and being composed of
more than two thousand distinct ethnicities, with various religions and a diversity of official
languages. This entire whole is able to coexist and interact, giving rise to a unique society that is
undeniably complex and all its facets. Most of the inhabitants are under 35 years old, a further
reflection of the country’s vitality.
O título da mostra é uma alusão à densidade e à dinâmica da vida cotidiana na Índia. Essa nação
fascina por ter mais de um bilhão e 200 milhões de habitantes e por ser composta por mais
de duas mil etnias distintas, com várias religiões, contando ainda com diversos idiomas oficiais.
Todo esse conjunto é capaz de coexistir e interagir, gerando assim uma sociedade única e
indiscutivelmente complexa em todas as suas facetas. A maioria dos habitantes tem menos de
35 anos, mais um reflexo da vitalidade do país.
The title ÍNDIA – LADO A LADO is also a reference to the historic past and the current
development of the two countries, India and Brazil. Both countries were once European colonies,
and were dominated by Portugal. They currently share the reputation of global players and are
part of BRIC, along with Russia and China. They have attained key importance on the world stage
mainly because of their economic power, in a phase in which other countries are beginning to
lose position in this international competition.
O título ÍNDIA – LADO A LADO é também uma referência ao passado histórico e ao
desenvolvimento atual dos dois países, Índia e Brasil. Ambos existiram como colônia europeia e
foram dominados por Portugal. Hoje em dia compartilham a reputação de global players e fazem
parte do BRIC, com Rússia e China. Conquistaram grande repercussão mundial principalmente
por seu poder econômico, numa fase em que outros países começam a perder lugar nessa
disputa internacional.
28
29
This exhibition brings the complexity of India to Brazil for the first time, and is expected to receive
more than 1 million visitors. The project moreover aims to be a starting point for an intense
dialogue between the two cultures. The two countries maintain strong political ties. Nevertheless,
I remember my surprise in reading, in 1996, that Brazil’s then president Fernando Henrique
Cardoso was our first national leader to visit independent India as a special guest for the nation’s
Republic Day celebrations, on January 26.1 It is possible that the incompatibility between their
diplomatic agendas was responsible for this delay, since 28 years earlier, in 1968, there was a
visit by Prime Minister Indira Gandhi to Brazil. In recent years the visits have been more frequent,
as President Luiz Inácio Lula da Silva visited India in 2004, 2007 and 2008, generating countless
bilateral agreements still in effect today. Historically the first bilateral treaties arose in the 16th and
18th centuries, between Brazil and Goa, both colonies of Portugal, resulting in an exchange of
flora and fauna, food, customs and clothing.
1
Coincidentally, on the morning
of January 16, 2011, I left
New Delhi. The route from the
hotel to the airport was full of
colors, traits and features of an
unparalleled ethnic diversity.
Even 81 years after the creation
of the National Congress, the
people still hurried, emerging
from every corner, street and
alleyway, toward the official
celebration.
1
Coincidentemente, na manhã
de 26 de janeiro de 2011 eu
partia de Nova Delhi.
O percurso do hotel ao
aeroporto estava repleto de
cores, traços e feições de uma
diversidade étnica inigualável.
Mesmo 81 anos após a criação
do Congresso Nacional, o povo
ainda se apressava, surgindo
dos cantos, de esquinas e
ruas inusitadas, a caminho da
celebração oficial.
Esta exposição traz pela primeira vez ao Brasil a complexidade da Índia e deve atingir um
público estimado em mais de um milhão de pessoas. Além disso, o projeto pretende ser um
ponto de partida para um diálogo intenso entre as duas culturas. Politicamente os dois países
mantêm fortes laços. Lembro, porém, meu espanto ao ler, em 1996, que o então presidente
da República, Fernando Henrique Cardoso, era o nosso primeiro governante a visitar a Índia
independente como convidado especial para as comemorações da Proclamação da República,
no dia 26 de janeiro.1 É possível que a incompatibilidade entre as agendas diplomáticas seja
a responsável por esse atraso, uma vez que 28 anos antes, em 1968, houve uma visita da
primeira-ministra Indira Gandhi ao Brasil. Nos últimos anos as visitas ocorreram com mais
frequência, pois o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a Índia em 2004, 2007 e 2008,
gerando inúmeros acordos bilaterais em vigor ainda hoje. Historicamente os primeiros tratados
bilaterais surgiram entre os séculos XVI e XVIII, entre Brasil e Goa, ambos colônias de Portugal,
resultando em um intercâmbio de fauna, flora, alimentos, costumes e vestimentas.
India is still something of a large unknown for the Brazilian public, kindling immense fascination
linked to clichés fueled mainly by a recent Brazilian dramatic television series (telenovela) and
by Bollywood productions, since there is little circulation of Indian literature abroad and the
country’s films are rarely featured at international film festivals. The Indian migration to Brazil
has not been sufficient to break this barrier, since according to the official statistics there are
only one thousand Indians currently living in our country. Only in the academic field is this
exchange a little more tangible.
A Índia ainda constitui uma grande incógnita para o povo brasileiro, despertando imenso fascínio
ligado a clichês alimentados principalmente por uma recente telenovela brasileira e por produções
bollywoodianas, uma vez que é esparsa a divulgação da literatura indiana no exterior, ou dos seus
filmes nos Festivais de Cinema internacionais. A migração indiana ao Brasil não é suficiente para
quebrar essa barreira, pois a estatística oficial afirma que existem somente mil indianos vivendo
hoje em nosso país. Só no âmbito acadêmico esse intercâmbio é um pouco mais tangível.
In the context of contemporary art the two cultures have sporadically come together, with the
presence of Indian artists at the Bienal de São Paulo, although so far few Brazilian artists have
shown their works in India. In early 2010, SESC Pompeia presented the show Urban Manners
2 – Artistas Contemporâneos da Índia, with works by eleven artists, as part of the exhibition
Urban Manners, conceived in 2007 for Hangar Bicocca in Milan. In Europe and the United
States, group exhibitions of Indian art have become frequent over the last decade,2 but this
is a recent development if we consider, for example, the historical relation between India and
England. Few Indian artists have attained widespread individual recognition or become part of
the international contemporary art scene; these rare occurrences include some modernists of the
so-called Progressive Group such as V. S. Gaitonde, Tyeb Mehta, F. N. Souza, M. F. Husain and
Syed Raza, who sought to approximate themselves to Western culture beginning it the 1950s,
along with contemporary artists such as Subodh Gupta, Jitish Kallat, Bharti Kher, the Raqs Media
Collective, and a few others. Thematic shows of a geographic character rarely emphasize the
individuality of the artists, but only this collective approach can be powerfully inserted in a new
context. This is the case of the show ÍNDIA – LADO A LADO, designed for Brazil. Most of the
participating artists have never had their works shown previously in Latin America – hence our
great responsibility and the potential for multiple unfoldings.
No contexto da arte contemporânea acontece esporadicamente uma aproximação entre as
duas culturas, com a presença de artistas indianos na Bienal de São Paulo, embora poucos
brasileiros tenham exposto até hoje na Índia. No início de 2010 o SESC Pompeia apresentou
a mostra “Urban Manners 2 – Artistas Contemporâneos da Índia”, com obras de onze artistas,
parte da exposição “Urban Manners”, concebida em 2007 para o Hangar Bicocca de Milão.
Na Europa e nos Estados Unidos as mostras coletivas de arte indiana se tornaram frequentes
na última década,2 mas isso é muito recente se considerarmos, por exemplo, a relação histórica
entre Índia e Inglaterra. Poucos artistas indianos conquistaram visibilidade individual e fazem
parte da arte internacional contemporânea, a não ser alguns modernistas do chamado “Grupo
progressista” como V. S. Gaitonde, Tyeb Mehta, F. N. Souza, M. F. Husain ou Syed Raza, os
quais buscaram aproximar-se da cultura ocidental desde a década de 1950, ou artistas
contemporâneos como Subodh Gupta, Jitish Kallat, Bharti Kher e Raqs Media Collective, entre
poucos outros. Mostras temáticas de caráter geográfico raramente enfatizam a individualidade
dos artistas, mas somente esse compêndio grupal possui a força de inserção em um novo
contexto. Esse é o caso da mostra ÍNDIA – LADO A LADO, elaborada para o Brasil. A maioria
dos artistas participantes nunca expôs na América Latina, daí nossa grande responsabilidade e
o potencial de multiplicidade a ser alcançado.
30
2
Some examples: The Tree from
the Seed – Contemporary Art
from India, at Henie Onstad
Kunstsenter in Høvikodden,
2003; Body City, at Haus der
Kulturen der Welt, 2003; Indian
Summer, at École Nationale
Supérieure des Beaux-arts de
Paris, 2005; New Narratives:
Contemporary Art from India, at
Chicago Cultural Center, 2007;
Horn Please, at Kunstmuseum
Bern, 2007/2008; Indian
Highway, a traveling show
begun in 2008/2009 at
Serpentine Gallery, London, and
Paris-Delhi-Mumbai..., at the
Centre Pompidou, Paris, 2011.
2
Alguns exemplos: The Tree
from the Seed – Contemporary
Art from India, no Henie Onstad
Kunstsenter em Høvikodden,
2003; Body City, na Haus der
Kulturen der Welt, 2003; Indian
Summer, na École Nationale
Supérieure des Beaux-arts de
Paris, 2005; New Narratives:
Contemporary Art from India, no
Chicago Cultural Center, 2007;
Horn Please, no Kunstmuseum
Bern, 2007/2008; Indian
Highway, mostra itinerante
iniciada em 2008/2009 na
Serpentine Gallery de Londres,
e Paris-Delhi-Mumbai..., no
Centre Pompidou, Paris, 2011.
31
Vista da Exposição / View of the Exhibition
Fotografia / Photograph: Motivo
32
33
For having lived in Berlin since 1989, I have been able to witness various exhibitions of Indian
art held in Europe, as well as individual participations in large international shows like the Kassel
Documenta and the biennials of Venice, Havana and Istanbul, which I have been following since
the beginning of the 1990s. Therefore, upon visiting the shows The Tree from the Seed at Henie
Onstad Kunstsenter, in Høvikodden, and Body City, at Haus der Kulturen der Welt, in Berlin, both
in 2003, my attention was called to the breadth of the narrative and the artistic diversity dealing
with themes linked to both the tradition and innovation of a more than five-thousand-year-old
culture, celebrating its recent postcolonial identity. This sparked my interest in approximating
the Indian and Brazilian contexts, which had previously dialogued only on those occasions they
happened to be together at international art biennials. At that time, Indian contemporary art
had not yet entered its marketing boom, which partly disfigured the development of its recent
‘internationality.’ Normality could only be resumed after the peak of the 2009 economic crisis.
Nevertheless, for me the curatorial work of bringing a group show of Indian contemporary art to
Brazil was a continuous process of twists and turns. The result presented here is the outcome
of an intense effort of research together with the artists participating in the show, in various
visits to studios in the cities of New Delhi, Mumbai, Vishakhapatnam and Bangalore. Beyond
this, local and international specialists have contributed to this dialogue by way of intensive
meetings and exchanges.
Here we bring together artists from three generations. Some of them – like Ravinder Reddy,
Pushpamala N., Sheba Chhachhi, Thukral & Tagra and Vivan Sundaram – have produced new
works for the exhibition. Local and international collectors have become involved in the project,
lending significant artworks.
The show features works in painting, sculpture, installation, photography and video by more
than twenty artists, all living in India and active on the international scene. The artworks selected
express different moments of Indian culture linked to historical, social, economic, urbanistic and
other issues, wrapped in partly playful and simple narratives, imbued by great aesthetic resolution.
Not limited to a single form of expression, the Indian contemporary artists work with different
artistic media simultaneously. In this show, however, each artist is represented by an artwork
emblematic of his/her production, thus allowing the visitor’s attention to be focused on each
participation individually.
Tereza de Arruda is an art historian and independent curator from Sao Paulo, living since 1989 in Berlin, where she studied history of art. She has carried out international curatorships and coordinated
projects for a wide range of venues, including Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP (Sigmar Polke Capitalist Realism and other illustrated histories, 2011/Contemporary German
Painting 1989-2010, 2010/Yang Shaobin, 2009/China Construction Deconstruction, 2008/ Tatsumi Orimoto, 2008); Today Art Museum, Beijing (Wang Chengyun, 2010); Museu Vale, Vitória (Rosilene
Luduvico, 2009); Chicago Cultural Center (The Big World – Recent Art from China, 2009); Haus der Kulturen der Welt, Berlin (Copa da Cultura, 2006); ZKM, Karlsruhe (Interconnect between Attention
and Immersion, 2006); Documenta 11, Kassel (Cildo Meireles, 2002); the biennials of Havana, Istanbul, VentoSul and Sao Paulo, transmediale, Berlin; The month of Photography (Berlin/Rome/Sao
Paulo/Brasilia); Art Frankfurt (2003); Kunst-Werke Berlin (2006); C/O, Berlim (2006).
34
Por viver em Berlim desde 1989 pude acompanhar diversas mostras de arte indiana realizadas
na Europa, assim como participações individuais em grandes mostras internacionais como a
Documenta de Kassel e as bienais de Veneza, Havana e Istambul, as quais acompanho desde
o início da década de 1990. Foi, porém, em 2003, após visitar as mostras The Tree from the
Seed no Henie Onstad Kunstsenter, em Høvikodden, e Body City, na Haus der Kulturen der
Welt, em Berlim, que esse contexto me chamou a atenção pela amplitude de sua narrativa e
diversidade artística tratando temas ligados à tradição e à inovação de uma cultura de mais
de 5 mil anos, celebrando sua recente identidade do período pós-colonial. Surgiu aí meu
interesse em aproximar os contextos indiano e brasileiro, cujo diálogo acontecia somente
na plataforma casual das bienais internacionais. Nessa época a arte contemporânea indiana
ainda não havia alcançado o boom mercadológico, o qual em parte chegou a deturpar
o percurso em evolução da sua recente ‘internacionalidade’. A normalidade só pôde ser
retomada após o ápice da crise econômica de 2009.
A prática curatorial de trazer ao Brasil uma mostra coletiva de arte indiana contemporânea
foi para mim, porém, um processo contínuo e sinuoso. O resultado aqui apresentado surge
de um intenso trabalho de pesquisa junto aos artistas participantes da mostra em diversas
visitas a ateliês nas cidades de Nova Delhi, Mumbai, Vishakhapatnam e Bangalore. Além disso,
especialistas locais e internacionais têm contribuído para esse diálogo mediante encontros e
trocas intensivos.
Unimos aqui artistas de três gerações. Alguns deles – como Ravinder Reddy, Pushpamala
N., Sheba Chhachhi, Thukral & Tagra e Vivan Sundaram – produziram novas obras para a
exposição. Colecionadores locais e internacionais se engajaram no projeto, emprestando
obras significativas.
A mostra reúne pintura, escultura, instalação, fotografia e vídeo de mais de vinte artistas,
todos vivendo na Índia e atuando internacionalmente. Os trabalhos selecionados expressam
momentos distintos da cultura indiana ligados a questões históricas, sociais, econômicas e
urbanísticas, entre outras, encobertas por narrativas em parte lúdicas e singelas, banhadas por
uma grande resolução estética. Os artistas contemporâneos indianos não se prendem a uma
única forma de expressão, dedicam-se a diversos meios artísticos simultaneamente. Na mostra,
porém, cada artista é representado por uma obra significativa de sua produção, de maneira que
o visitante poderá focar sua atenção em cada participação individualmente.
Tereza de Arruda é historiadora de arte e curadora independente de São Paulo e vive desde 1989 em Berlim, onde estudou história da arte. Realizou curadorias internacionais e coordenou projetos
para uma vasta gama de instituições, como Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP (Sigmar Polke Capitalist Realism and other illustrated histories, 2011/Contemporary German
Painting 1989-2010, 2010/Yang Shaobin, 2009/China Construction Deconstruction, 2008/Tatsumi Orimoto, 2008); Today Art Museum, Beijing (Wang Chengyun, 2010); Museu Vale, Vitória (Rosilene
Luduvico, 2009); Chicago Cultural Center (The Big World – Recent Art from China, 2009); Haus der Kulturen der Welt, Berlin (Copa da Cultura, 2006); ZKM, Karlsruhe (Interconnect between Attention
and Immersion, 2006); Documenta 11, Kassel (Cildo Meireles, 2002); as bienais de Havana, Istambul, VentoSul e São Paulo; transmediale, Berlim, The month of Photography (Berlim/Roma/São Paulo/
Brasília); Art Frankfurt (2003); Kunst-Werke Berlin (2006); C/O, Berlim (2006).
35
Baiju
Parthan
Apesar de sua formação como pintor, Baiju Parthan é conhecido como pioneiro
da arte interdisciplinar e intermidiática na Índia. Quando se debruçou sobre o
funcionamento de um universo misterioso, passou a combinar essas visões um
tanto surrealistas com suas preocupações e seu entorno, focando no cotidiano de
Mumbai. Baiju passou a explorar o ciberespaço para produzir uma série de imagens
provocadoras e surreais, respaldadas sem dúvida na realidade de sua cidade
pulsante e caótica. O contexto urbano dominado por seu crescimento irregular e
invadido por milhares de pessoas, em sua maior parte migrantes, transforma o habitat
do artista em seu próprio tema de trabalho.
Fotografia / Photograph: Paulo Jabur
Despite his training as a painter, Baiju Parthan is known as a pioneer of interdisciplinary and intermediatic art in India. In his process
of revealing the workings of a mysterious universe, he began to combine these rather surrealist views with his concerns and his
surroundings, spotlighting the day-to-day life in Mumbai. Baiju began exploring cyberspace to produce a series of provocative and
surreal images, doubtlessly drawn from the reality of his throbbing and chaotic city. The urban context dominated by its irregular
growth and invaded by thousands of people, most of them migrants, transforms the artist’s habitat into the very theme of his work.
This can be seen in two of his recent photographic works shown here, created in part by his imagination, with graphic simulation
resources. The works are executed in panoramic format, with a technique of 3D rendering. Thanks to this technique the viewers
can situate themselves within the imaginary context the artist has created based on his real world. In a fraction of a second the
viewer is inserted into one of the layers of this panorama located between the present and an uncertain future. Famous monuments
like the Gateway of India are seen with sharks circulating in the air above them, as though they were threatening not only the
historical monument, but also perhaps the legacy of the past. It should be remembered that the attack by Pakistani terrorists on
November 26, 2008, targeted the district of Colababa, the region of the Gateway of India.
Isso pode ser visto em duas obras fotográficas de sua produção recente expostas
aqui, criadas em parte por seu imaginário, com recursos de simulação. As obras são
executadas em formato panorâmico e com uma técnica de revelação tridimensional.
Graças a essa técnica o público visitante pode se situar no contexto imaginário do
artista, proveniente de seu universo real. Em fração de segundo o espectador se
vê inserido em uma das camadas dessa representação visionária entre o presente
e a incerteza do futuro. Monumentos renomados como o Portal da Índia passam a
ser sobrevoados por tubarões, como se estivessem ameaçando não somente um
monumento histórico, mas talvez todo o legado do passado. Vale lembrar que o
ataque de 26 de novembro de 2008, causado por terroristas paquistaneses, teve
como grande alvo o bairro de Colababa, região do Portal da Índia.
T. A.
T. A.
36
37
Coro / Chorus, 2011
fotografia em 3D – impressão lenticular /
3D rendering and photography
114,3 × 343 cm
Cortesia / Courtesy: The Guild Art Gallery, Mumbai
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur
adipiscing elit. Nulla malesuada nibh id odio
commodo interdum. Quisque ac commodo est.
Aliquam lacinia lacus eget turpis lobortis aliquam.
Donec pharetra, orci ac auctor blandit, magna
massa bibendum risus, id tristique lorem orci vel
quam. Vestibulum quis mauris nec nisi tempor
tristique sed in nibh. Aliquam purus nisl, sagittis
quis pellentesque sit amet, lacinia nec nisi.
Vestibulum accumsan leo vitae massa blandit
suscipit. Etiam ut sapien diam, eget dictum tellus.
Donec non enim ligula, nec vestibulum dolor.
Praesent tincidunt, ante laoreet cursus facilisis,
lectus elit convallis nibh, ut rhoncus risus justo
sit amet velit. Mauris congue elit dictum erat
eleifend ultricies. Duis vel odio massa. Donec
gravida porta elit sed ornare.
Monumento / Monument, 2011
fotografia em 3D – impressão lenticular /
3D rendering and photography
114,3 × 343 cm
Cortesia / Courtesy: The Guild Art Gallery, Mumbai
38
39
Bharti
Kher
Fotografia / Photograph: Kushal A N
The works of Bharti Kher are very heterogeneous. The sculptures the artist has created refer, for example, to the figure of the
animal – especially the ubiquitous elephant of Indian culture – which since the mid-2000s are combined with parts of the human
body. This gives rise to hybrids that tend to be feminine figures, confronting the spectator with a blend of sexuality and monstrosity.
In contrast, her paintings are abstract, composed of self-adhesive bindis – feminine adornments often worn on the forehead in
Indian society. These collage works bear a strong aesthetics of sumptuous and pictorial beauty. Her main theme is the notion of the
individual as a multiple in society. Bharti explores an intimate drama in her objects charged with mythology and a range of social
associations. In this show we present one of her most recent works, In Your Absence, which features the appropriation of another
feminine element – the sari, composed of delicate fabric with richly ornamented patterns. Brought together in an assemblage,
solitary and petrified within the layer of resin that covers them, the saris slide over a group of chairs which intensely evoke the
void left by their inexistent users. A common element of Indian society worn by women in everyday life and on special occasions,
here the sari represents the overall role of the woman and society, standing for any other ornament, body, or metaphor. This
simple object summarizes the female’s existence, with all its fragility and sexuality due to its material and the outline it forms, while
abstracting, however, the protagonist.
As obras de Bharti Kher são bastante heterogêneas. As esculturas que a artista
tem criado remetem, por exemplo, à figura do animal – principalmente do elefante,
tão presente na cultura indiana –, combinada a partir de meados da década de
2000 com partes do corpo humano. Surgem aí seres híbridos com tendência a
figuras femininas, confrontando o espectador com uma mistura de sexualidade e
monstruosidade. Em contraste, suas pinturas são abstratas, compostas por bindis
autoadesivos – ornamentos femininos geralmente usados na testa, na sociedade
indiana. Essas obras, provenientes de colagem, carregam uma forte estética de
beleza suntuosa e pictórica. Seu tema principal é a noção do indivíduo como um
múltiplo na sociedade. Bharti explora um drama íntimo em seus objetos carregados
de mitologia e associações sociais diversas. Nesta mostra apresentamos uma de
suas obras mais recentes, In your absence [Em sua ausência]. Eis aqui a apropriação
de mais um elemento feminino – o sari, composto por delicado material têxtil,
repleto de ornamentos em sua estampa. Acoplados em uma assemblage, os saris
deslizam, solitários e petrificados pela camada de resina que os envolve, sobre
um agrupamento de cadeiras demarcando o vazio deixado por suas usuárias
inexistentes. O sari, elemento trivial da sociedade indiana e usado pelas mulheres
tanto no cotidiano quanto em ocasiões especiais, passa aqui a representar o ‘todo’
do papel da mulher na sociedade, substituindo qualquer outro ornamento, corpo,
metáfora. Esse objeto simples passa a resumir a existência feminina, reunindo em si
uma grande fragilidade e sexualidade graças ao seu material e ao contorno por ele
formado, abstraindo, porém, a protagonista.
T. A.
T. A.
40
41
Em sua ausência / In Your Absence, 2010
instalação: cadeira de madeira, sari, resina /
installation: wooden chair, sari, resin
dimensões variáveis / variable dimensions
Cortesia / Courtesy: GALLERYSKE, Bangalore e / and Bharti Kher
Fotografia / Photograph: Paulo Jabur
42
43
Gigi
Scaria
Gigi Scaria é conhecido por sua pesquisa urbanística e assume cada vez mais causas
nesse campo através de várias mídias como pintura, escultura, arte digital e vídeo.
Gigi apresenta nesta mostra uma instalação escultórica que inclui vídeo, escultura
e obra interativa em um único trabalho, simultaneamente, porque o visitante é
convidado a ‘experimentar’ a obra de forma física e mental.
Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard
Gigi Scaria is known for his urbanistic research and is increasingly taking up further causes in this field by way of various
media such as painting, sculpture, digital art and video. In this show, Gigi presents a sculptural installation that includes video,
sculpture and an interactive aspect within a single artwork, simultaneously, because the visitor is invited to ‘experience’ the work
physically and mentally.
The artist created a work entitled Elevator from the Subcontinent, which consists literally of an elevator whose inner walls have
been substituted by three different videos. When we enter the elevator, the images on the three inner walls move, bringing us to
experience different floors of a virtual building – including private dwellings – thus revealing realities of a range of social levels
in India. By way of this simple but ingenious strategy, the artist deals with different realities and metaphors emphasized by the
authenticity of this work.
O artista criou uma obra intitulada Elevator from the subcontinent [Elevador do
subcontinente], a qual consiste literalmente em um elevador cujas paredes internas
são substituídas por três vídeos distintos. Quando entramos no elevador a imagem
das três paredes internas se move, levando-nos a vivenciar andares distintos de
habitações privadas. O vídeo transporta o visitante a diversos andares de um prédio,
tornando visíveis realidades de diversas camadas sociais indianas. Estão embutidas
aí, de forma singela e inteligente, diversas realidades e metáforas enfatizadas pelo
artista através da autenticidade da obra.
Gigi Scaria transmite aqui uma visibilidade quase que voyeurista, tornando público o
espaço privado de famílias indianas. É com fascínio e curiosidade que o público se
deixa envolver nesse discreto universo, com todas as suas peculiaridades e sutilezas.
T. A.
Here, Gigi Scaria conveys a nearly voyeuristic visibility, revealing the private space of Indian families to the public. In their
fascination and curiosity, the viewers allow themselves to be involved in this discrete world, with all its peculiarities and subtleties.
T. A.
44
45
Elevador do subcontinente /
Elevator from the subcontinent, 2011
videoinstalação, três canais com som /
video installation, three channel with sound, 10 min
271 x 280 cm
Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard
46
47
Jitish
Kallat
Hemoglíficos (Arquipélago das Dores) /
Haemoglyphics (Archipelago of Aches), 2009
óleo e acrílico sobre linho, bronze /
oil and acrylic on linen, bronze
182,9 × 137,2 cm
Cortesia / Courtesy: Haunch of Venison, Londres / London
Fotografia / Photograph: Peter Mallet
Jitish Kallat incorporates various communication media in his work, which involves installations, photography, painting and
sculpture. His oeuvre is characterized by a bold language and strong visual appeal, with references to the Asiatic universe as well
as traditions of the Western world. Themes seen in images of popular advertising and urban consumerism are featured under a
new light. Another dominant theme is the relation between the individual and the social masses, taking into consideration that
Indian society is dominated by mass mobilizations, and by familial relations in a society where various generations often live
together in the same household.
Jitish Kallat incorpora variados meios de comunicação em seu trabalho, que
envolve instalações, fotografia, pintura e escultura. Sua obra é caracterizada por
uma linguagem ousada e de grande apelo visual, com referências tanto no universo
asiático quanto em tradições do mundo ocidental. Temas vistos em imagens de
publicidade popular e do consumismo urbano são revistos em sua obra. Outro
tema dominante é a relação entre o indivíduo e as massas sociais, levando em
consideração que a sociedade indiana é dominada pelo movimento coletivo, ou
mesmo por relações familiares envolvendo a convivência de várias gerações.
Para a mostra ÍNDIA – LADO A LADO foram selecionadas três pinturas da série
Haemoglyphics [Hemoglíficos], as quais representam um corpo aberto mostrando
suas vértebras, em uma perspectiva bastante visceral e, à primeira vista, brutal.
Corpos são expostos como troféus, como resultado de uma conquista canibalística.
Eles se encontram como em um processo de metamorfose, fenômeno este presente
no cotidiano das grandes cidades, onde seus habitantes se sentem pressionados
pela dinâmica do dia a dia, tendo que se repensar e reinventar num exercício
constante de sobrevivência.
T. A.
For the show ÍNDIA – LADO A LADO three paintings from the artist’s Haemoglyphics series were selected, which represent
an open body, showing its vertebrae in a perspective that is extremely visceral, and at first sight, brutal. Bodies are displayed like
the trophies of a cannibalistic conquest. They are found in a process of metamorphosis, a phenomenon present in the day-to-day
life of the big cities, where the inhabitants feel the pressure of the everyday dynamics, having to continuously rethink and reinvent
themselves in a constant exercise of survival.
T. A.
48
49
Hemoglíficos (Arquipélago das Dores) / Haemoglyphics (Archipelago of Aches), 2009
óleo e acrílico sobre linho, bronze / oil and acrylic on linen, bronze
243,8 x 152,4 cm
Cortesia / Courtesy: Haunch of Venison, Londres / London
Fotografia / Photograph: Peter Mallet
50
Hemoglíficos (Arquipélago das Dores) / Haemoglyphics (Archipelago of Aches), 2009
óleo e acrílico sobre linho, bronze / oil and acrylic on linen, bronze
243,8 x 152,4 cm
Cortesia / Courtesy: Haunch of Venison, Londres / London
Fotografia / Photograph: Peter Mallet
51
Manjunath
Kamath
Manjunath Kamath incorpora em sua obra diversos elementos da cultura indiana
reforçados por questões políticas, sociais e econômicas. A obra aqui apresentada,
Vishnu Vilas, é uma das mais complexas no contexto de sua produção respaldada na
história da arte e cultura indianas.
Fotografia / Photograph: Paulo Jabur
In his work, Manjunath Kamath incorporates various elements from Indian culture to shed light on political, social and economic
issues. The work presented here, Vishnu Vilas, is one of the most complex in the context of his production supported by the
history of Indian art and culture.
Vishnu is considered the preserver of life in Hindu theology, preserving the earth and life in the face of unexpected calamities. He
can oscillate between the roles of victim and aggressor, depending on the circumstances. The artist, however, represents Vishnu in
a loser/vanquished/destroyed condition. This representation gives rise to a certain duality by questioning the posture of Vishnu per
se. This opens a wide range of questionings in regard to tradition, history and culture.
This artwork, in the format of a video installation, reveals various levels of the local context. The fragility of the local history is
represented by the fall of the figure of Vishnu. As it fell, the object hit an ornamental table, supposedly symbolizing the colonial
period. Beside the half-destroyed table and the fallen statue, a television set lies tilted on the floor, as though it was thrown into
this position when the figure of Vishnu fell onto the table. The television shows a looping video of a man shouting something
indecipherable, like an alarm siren.
This is a warning about the transition that India has been undergoing through the centuries – a process that is becoming
increasingly intense and polarized.
Vishnu é considerado o preservador da vida na teologia hindu, sua função é a
preservação da terra e da vida diante de calamidades inesperadas. Ele pode oscilar
entre as posturas de vítima e de agressor, diante das circunstâncias. O artista,
porém, representa Vishnu em uma postura de perdedor/vencido/destruído. Essa
representação causa certa dualidade ao questionar a postura de Vishnu em si.
A partir daí abre-se um amplo leque de questionamentos referentes à tradição, à
história e à cultura.
A obra, no formato de videoinstalação, revela em si diversas camadas do contexto
local. A fragilidade da tradição e da história local é representada pela queda da
figura de Vishnu. Ao cair, esse objeto atinge uma mesa ornamental, supostamente
como simbologia do período colonial. Além da mesa semidestruída e caída há um
televisor, como se este tivesse sido atingido pela queda de Vishnu de cima da mesa
e tivesse sido arremessado e desmembrado desse contexto. O televisor apresenta
um vídeo em loop de um homem declarando algo indecifrável, que pela sonoridade
parece ser um alerta.
Eis aí um alerta quanto à transição que a Índia vivencia há séculos, em grau
crescente e cada vez mais polarizado.
T. A.
T. A.
52
53
Vishnu Vilas, 2008
fibra de vidro, madeira, monitor de TV e vídeo (em loop) /
fiberglass, wood, TV monitor and video (loop),
edição única / single edition
dimensões variáveis / variable dimensions
Cortesia / Courtesy: Gallery Espace, Nova Delhi / New Delhi
Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard
54
55
Nalini
Malani
Nalini Malani expressa em seus desenhos, pinturas, instalações e vídeos uma sutil
metamorfose, banhada em uma narrativa única do universo feminino. A artista surgiu
em meados da década de 1960, quando o cenário artístico indiano era dominado
pela presença masculina. Desde então sua obra é um alerta à posição complexa da
mulher na sociedade patriarcal indiana.
Contos do bem e do mal / Tales of Good and Evil, 2008
impressão digital com pigmento sobre papel Hahnemühle, bambu / digital pigment printing on Hahnemühle paper, bambou
205,5 x 274 cm
Cortesia / Courtesy: Galerie Lelong, Paris
Fotografia / Photograph: Fabrice Gilbert
In her drawings, paintings, installations and videos, Nalini Malani expresses a subtle metamorphosis, bathed in a unique narrative
of the female universe. The artist emerged in the mid-1960s, when the Indian art scene was dominated by males. Since then her
work has been raising awareness concerning the woman’s complex position in India’s patriarchal society.
At first sight, themes such as sexuality, oppression, anxiety, self-reflection and others are transposed in a playful way, in a world of
soft pastel colors enveloped in ornaments. A more careful look, however, will reveal that the smoothness of the female figures is
in jeopardy, as they are surrounded by indecipherable beings in the form of ominous blotches that mix with the protagonists’ fragile
bodies. Sharp objects appear as tools of aggression, and threatening animals, like alligators, also invade the scene.
This gives rise to a duel between good and evil, aggressor and victim, with a wealth of lines, contours, expressions and
narratives enveloped in an unparalleled aesthetic richness. This intense scenario alludes to the anthropophagic practices of
consumption, of part or various parts of the human being as a whole. Even though this term is not used literally here, it becomes
a metaphor for the repression of the woman in society.
In this show we present the work Tales of Good and Evil, which bears within it the duality of contemporary life divided
between good and evil.
Temas como sexualidade, opressão, ansiedade e autorreflexão, entre outros, são
transpostos à primeira vista de forma lúdica, em um universo de suaves cores pastéis
envolto em ornamentos. Um segundo olhar, mais minucioso, percebe que a suavidade
das figuras femininas aí representadas se encontra em perigo, rodeada por seres
indecifráveis em forma de manchas desagradáveis a se mesclar com os corpos
frágeis das protagonistas. Objetos cortantes são apontados como instrumentos de
agressão, e animais indesejáveis, como crocodilos, também invadem o cenário.
Surge aí um duelo entre o bem e o mal, agressor e vítima, com grande riqueza de
traços, contornos, expressões e narrativas envoltos em uma inigualável riqueza
estética. Esse cenário intenso remete a práticas antropofágicas do consumo, em
parte ou em várias partes, da totalidade do ser humano. Mesmo que esse termo não
seja empregado aqui literalmente, ele passa a ser tido como metáfora da repressão à
mulher na sociedade.
Nesta mostra apresentamos a obra Tales of Good and Evil [Contos do Bem e do Mal],
a qual carrega em si a dualidade da vida contemporânea dividida entre o bem e o mal.
T. A.
T. A.
56
57
Contos do bem e do mal (detalhe) / Tales of Good and Evil (detail), 2008
impressão digital com pigmento sobre papel Hahnemühle, bambu / digital pigment printing on Hahnemühle paper, bambou
68,5 x 68,5 cm
Cortesia / Courtesy: Galerie Lelong, Paris
Fotografia / Photograph: Fabrice Gilbert
58
Contos do bem e do mal (detalhe) / Tales of Good and Evil (detail), 2008
impressão digital com pigmento sobre papel Hahnemühle, bambu / digital pigment printing on Hahnemühle paper, bambou
68,5 x 68,5 cm
Cortesia / Courtesy: Galerie Lelong, Paris
Fotografia / Photograph: Fabrice Gilbert
59
PIX
Collective
A mostra ÍNDIA - LADO A LADO conta com um conjunto de fotografias sob
curadoria do PIX Collective, grupo de jovens fotógrafos, pesquisadores e curadores
coordenado por Rahaab Allana e com um corpo editorial e fotoeditorial composto por
LUCIDA Photo Collective, Akshay Mahjan, Kaushik Ramaswamy e Nandita Jaishankar.
Rajesh Vora
Jovem usando um medalhão / Young girl wearing a medallion, Orissa, 1976
videoprojeção de fotografias / video projection of photographs
The show ÍNDIA – LADO A LADO includes the presentation of photographs curated by PIX Collective, a group of young
photographers, researchers and curators, edited by Rahaab Allana with a photo-editorial and editorial team comprising LUCIDA
Photo Collective, Akshay Mahjan, Kaushik Ramaswamy and Nandita Jaishankar.
PIX is also a quarterly magazine with specific themes. The editors stipulate a theme, and the participants, from different
contexts, present their own view of it. The unusual background of the photographers results in a vast panorama and a multiple
look at Indian life. The participants are selected democratically, since the signup is open to the public. These professionals and
amateurs – laymen but legitimate photographers in their essence – make use of digital and new media to present works of a
documentary or fictional character.
The artists selected for the show ÍNDIA – LADO A LADO, Swarup Dutta, Gareth Kingdon, Ronny Sen, Manu Thomas, Rajesh Vora,
Neha Malhotra, Sangeeta Rana, Mhesh Shantaram, Abhijit Nandi and Aditya Pande, present a wide gamut of colors, focal points
and perspectives. According to the magazine’s editors, “The structure for PIX is consciously based on practices, technologies,
curating and circulations of photography in India today. It seeks to contemplate photography in the present and the predicament of
a generation influenced by the digital medium. Photography has come to be viewed as a means of the everyday, in possessing the
power to influence us and even lead us astray. Images are now animated beings, with desires of their own and have started being
cast into contemporary notions of picture theory associated with the visual arts, literature and mass media.”
PIX é, também, uma revista de periodicidade trimestral com temas específicos. Seus
participantes vêm de contextos distintos e apresentam diversas visões de um mesmo
tema, estipulado pelo editorial. A procedência inusitada dos fotógrafos resulta em
um vasto panorama e em um olhar múltiplo sobre o contexto indiano. A seleção dos
participantes é democrática, pois a inscrição é aberta ao público. Esses profissionais
e amadores – leigos, mas fotógrafos legítimos em sua essência – apresentam obras
de caráter documental ou fictício, e fazem uso de meios digitais e novas mídias.
Os artistas selecionados para a mostra ÍNDIA – LADO A LADO, Swarup Dutta,
Gareth Kingdon, Ronny Sen, Manu Thomas, Rajesh Vora, Neha Malhotra, Sangeeta
Rana, Mhesh Shantaram, Abhijit Nandi e Aditya Pande, apresentam um conjunto
variado de cores, focos e perspectivas. Segundo o editorial da revista, “A estrutura
de PIX baseia-se conscientemente em práticas, tecnologias, curadoria e circulação
de fotografia na Índia atual. Busca contemplar a fotografia no presente e o
estabelecimento de uma geração influenciada pelo meio digital. A fotografia passou
a ser vista como uma mídia do cotidiano, que possui o poder de nos influenciar e
até mesmo nos induzir a erro. As imagens, agora, são seres animados, com desejos
próprios, e noções contemporâneas da teoria da imagem associam a fotografia com
as artes visuais, a literatura e a mass media”.
T. A.
T. A.
60
61
Manu Thomas
Vendedor de balões em um metrô perto de Ali Haji /
Balloon seller in a subway near Haji Ali, Mumbai, 2010
videoprojeção de fotografias / video projection of photographs
Swarup Dutta
Avós - Séries 1/ Grandmothers - Series 1, Calcutá / Kolkata, 2003
videoprojeção de fotografias / video projection of photographs
Gareth Kingdon
Cidades escondidas / Hidden Cities, Dharavi
videoprojeção de fotografias / video projection of photographs
62
Ronny Sen
Não respire / Don’t Breathe, 2009 -10
videoprojeção de fotografias / video projection of photographs
63
Pushpamala N.
Pushpamala é uma artista performática que incorpora protagonistas da história e
da sociedade indiana em cenários que ela mesma cria e posteriormente fotografa,
muitas vezes expondo a fotografia como obra final.
Pátria: onde os anjos temem pisar... /
Motherland: Where Angels Fear to Tread..., 2011
instalação com materiais diversos / mixed media installation
dimensões variáveis / variable dimensions
Cortesia / Courtesy: Gallery Nature Morte, New Delhi/Berlin
Fotografia / Photograph: Motivo
Pushpamala is a performance artist who incorporates protagonists from Indian society and history in scenes that she herself
creates and later photographs, often exhibiting the photograph as the final work.
For the show in Brazil, Pushpamala has elaborated a site-specific work as a tableau vivant. She creates installations similar to a
scenario or even a painting that can be seen as a backdrop for the context exhibited. This elaborate photographic technique was
often practiced in the photographic studios of the city of Mumbai, especially in the 19th century. In this work she aims to explore
the theme of the nation as a mother, as a superior being, that maintains the entire local universe under control in a matriarchal way,
as often occurs in Indian society. In this scenario she accumulates elements, like an archive or even a museum that conserves
and displays elements of daily life. Since the idea of mother India arose in the late 19th century, at the beginning of the nationalist
movement, there have been many different representations of India, personified as the goddess Kali, a cow, Durga, or the figure of
Sadhu, created by Rabindranath Tagore, to cite just a few.
Para a mostra no Brasil, Pushpamala elabora uma obra site-specific como um
tableau vivant. Ela cria uma instalação semelhante a um cenário ou mesmo a um
quadro que poderia ser visto como pano de fundo para o contexto aí exposto. Essa
prática da fotografia elaborada era recorrente nos estúdios fotográficos da cidade
de Mumbai, principalmente no século XIX. Nessa obra ela pretende explorar a
temática da Nação como mãe, como um ser superior, que mantém todo o universo
local sob controle de forma matriarcal, como muitas vezes acontece na sociedade
indiana. Nesse cenário ela acumula elementos, como um arquivo ou mesmo um
museu que resguarda e ressalta elementos do cotidiano. Desde que surgiu a ideia
de Mãe Índia no final do século XIX, no início do movimento nacionalista, tem havido
muitas representações diferentes da Índia, personificada como a deusa Kali, como
a vaca, como Durga ou como a figura Sadhu, criada por Rabindranath Tagore, para
citar somente algumas delas.
O trabalho analisa e revê a história como um teatro de ensaio de uma Nação e da
formação da nacionalidade.
T. A.
The work analyzes and reviews history as a theater for the rehearsal of a nation and the formation of nationality.
T. A.
64
65
Desde a criação da ideia de Mãe Índia no final do século XIX, no início do movimento
nacionalista, surgiram várias representações diferentes da Índia, personificada como
a deusa Kali, como a Mãe Vaca, como Durga, ou ainda como a figura Sadhu, criada
por Abanindranath Tagore em sua famosa aquarela “Bharatmata”, para citar apenas
algumas delas. Os ícones estão posicionados como numa fotografia de grupo, ou
como em um diorama de museu.
Pátria: onde os anjos temem pisar... /
Motherland: Where Angels Fear to Tread..., 2011
Since the creation of the idea of Mother India in the late 19th century at the beginning
of the nationalist movement, there have been many different representations of India
personified as the goddess Kali, as the Mother Cow, as Durga, or as the sadhu figure
created by Abanindranath Tagore in his famous watercolour painting “Bharatmata”, to
name some of them. The icons are staged posing as if for a group photograph, or as
placed in a museum diorama.
instalação com materiais diversos / mixed media installation
dimensões variáveis / variable dimensions
Cortesia / Courtesy: Gallery Nature Morte, New Delhi/Berlin
Fotografia / Photograph: Paulo Jabur
Fotografia / Photograph: Motivo
Fotografia / Photograph: Motivo
66
67
Raqs Media
Collective
Jeebesh Bagchi, Monica Narula e Shuddhabrata Sengupta
Provérbios coletivos / Collective Proverbs, 2011
3 painéis (MDF + LEDs + sequenciador luminoso) /
3 panels (MDF + LEDs + lighting sequencer)
220 x 120 cm (cada painel / each panel)
Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard
Cortesia dos artistas / Courtesy of the artists
The members of this artist collective – Jeebesh Bagchi, Monica Narula and Shuddhabrata Sengupta – began in the area of cinema
and have been working together for nearly two decades. Their works deal with the urban landscape in light of the experience and
meaning of the use of new media and technologies, as well as the traditional knowledge of Indian culture linked to the idea of
contemporaneity and creativity.
Their work often takes the city of Delhi as its theme, as well as myths and stories of South Asia. The artists are reluctant, however,
to have their work labeled as ‘Indian art,’ arguing that they represent an abstraction and speak for themselves, by way of their work,
which over time has become more conceptual. Highly aware of worldwide intellectual and cultural trends, they are critical of the
thematics of nationalism, multiculturalism and identity, preferring to find other ways to narrate personal and social histories.
For the show ÍNDIA – LADO A LADO they have re-created a work deriving from a series called Collective Proverbs. Proverbs
from Indian popular culture are extracted in this context and presented in the form of stylized signs bearing interlinked phrases,
parts of which are emphasized with colors and lights, elaborated with the aim of dialoguing with the general public. This begins an
experiment of absorbing, or not, the written and oral tradition in a new setting. The proverbs used here are Memory fades but does
not forgive, Money talks but does not remember, Laughter echoes but does not answer. Full of contradiction, these proverbs extol
the power game rooted in economic issues and Indian tradition.
Os membros deste coletivo iniciaram-se na área de cinema e trabalham em
conjunto há quase duas décadas. Os temas de suas obras são a paisagem urbana
diante da experiência e do significado do uso das novas mídias e tecnologias,
bem como os conhecimentos tradicionais da cultura indiana ligados à ideia de
contemporaneidade e de criatividade.
A cidade de Delhi é muitas vezes o tema de seu trabalho, assim como mitos e
histórias do sul da Ásia. Os artistas relutam, porém, em defender um rótulo de ‘arte
indiana’, argumentando que representam uma abstração e que falam por si, por meio
de sua obra, que assume mais e mais um caráter conceitual. Altamente sensíveis
às vertentes culturais e intelectuais do mundo, eles são críticos da temática do
nacionalismo, do multiculturalismo e da identidade, preferindo encontrar outras
formas para narrar histórias pessoais e sociais.
Para a mostra ÍNDIA – LADO A LADO foi recriada uma obra proveniente de uma
série chamada de Collective Proverbs [Provérbios Coletivos]. Provérbios oriundos da
cultura popular indiana são extraídos desse contexto e apresentados sob a forma de
letreiros estilizados, com luzes e cores, tendo partes das frases acesas intercaladas,
elaborados no intuito de dialogar com o público em geral. Inicia-se, assim, um
experimento de absorção ou não da tradição escrita e oral em um novo ambiente.
Os provérbios aqui utilizados são: Memory fades but does not forgive [A memória se
apaga, mas não perdoa], Money talks but does not remember [O dinheiro fala, mas
não lembra], e Laughter echoes but does not answer [O riso ecoa, mas não responde].
Repletos de contradição, esses provérbios enaltecem o jogo de poder enraizado em
questões econômicas e na tradição indiana.
T. A.
T. A.
68
69
Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard
70
Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard
71
Ravinder
Reddy
Suas esculturas têm um forte caráter étnico, lidando sempre com a relação entre
uma figura feminina e um híbrido cultural num contexto urbano e rural. Formas
exageradas, ricos ornamentos e cores fortes destacam a presença e o papel da
mulher na sociedade indiana.
Migrante / Migrant, 2011
escultura em poliéster, resina e fibra de vidro /
sculpture in polyester, resin, fiberglass
450 x 200 x 200 cm
Coleção do artista / Artist’s collection
Cortesia / Courtesy: Walsh Gallery, Chicago
His sculptures have a strong ethnic character, always dealing with the relation between a female figure and a hybrid culture
in an urban and rural context. Exaggerated forms, rich ornaments and strong colors highlight the presence and role of the
woman in Indian society.
Despite its strong popular appeal, his work has had a great impact on the international contemporary art scene, making Ravinder
a pioneer in the dissemination of the ‘popular’ aspect of Indian culture – he is accepted in the most elaborate and sophisticated
contexts of current international art. For this show, Ravinder has created an artwork that is entirely new in two aspects: for its
monumentality and for the theme represented – ‘migration,’ which exists both in the local and the international context due to the
various crises of the globalized world.
This sculpture has the form of a female head with a huge bag perched on top, which probably contains all her belongings. Although
the work’s monumentality lends it a sort of crudeness, Ravinder has imbued his muse with stateliness.
Apesar do forte apelo popular, sua obra é de grande repercussão internacional
no contexto da arte contemporânea, o que torna Ravinder um precursor da
disseminação do aspecto ‘popular’ da cultura indiana – ele é aceito nos contextos
mais elaborados e sofisticados da arte atual internacional. Para esta mostra, Ravinder
elabora uma obra inédita sob dois aspectos: pela monumentalidade e pelo tema a ser
representado, a ‘migração’, existente hoje tanto no contexto local como em âmbito
internacional em razão das diversas crises do mundo globalizado.
Esta escultura tem o formato de uma cabeça feminina que carrega uma enorme
sacola onde se encontram, provavelmente, todos os seus pertences. Apesar da
monumentalidade da obra, que a torna algo bruto em seu formato, Ravinder transpõe
à sua musa uma postura esplendorosa.
Apesar de ser uma simples migrante, a personagem possui a aura e a postura
de uma nobre. Dessa forma Ravinder enaltece os membros das camadas mais
populares da sociedade indiana, dando a eles uma dignidade exuberante.
T. A.
Despite being a simple migrant, the character possesses the aura and pose of a noble person. In this way, Ravinder exalts the
members of the more popular segments of Indian society, giving them an effusive dignity.
T. A.
72
73
Fotografia / Photograph: Motivo
74
75
Reena
Kallat
Colostro / Colostrum, 2008-2011
instalação com materiais diversos / mixed media installation
dimensões variáveis / variable dimensions
Cortesia do artista e de / Courtesy of the artist and Chemould Prescott Road, Mumbai
Fotografia / Photograph: Paulo Jabur
O contexto do trabalho da artista é a preocupação com o indivíduo e sua posição
em uma sociedade em rápida mudança – ele pode ser arruinado ou melhorar de
vida, pelas circunstâncias sociais e políticas em que se encontra. Suas pinturas
e instalações normalmente retratam pessoas comuns, assim como momentos
políticos decisivos ou ainda a atuação social, para impedir que os protagonistas
anônimos da sociedade se tornem esquecidos ou abandonados, vítimas do
anonimato da cidade grande.
Os conflitos políticos da atualidade e as desavenças nas fronteiras entre os países
são também temas recorrentes em sua obra. Na instalação Colostrum [Colostro] a
artista lida com o recente passado colonial de seu país de forma crítica, dando voz à
agressão física pela qual passou o povo humilde naquela época.
The artist’s work evinces a concern for the individual and his/her position within a society undergoing rapid change – where
one’s life can be ruined or improved by one’s social and political circumstances. Her paintings and installations normally depict
common people, as well as decisive political moments or even social action, to prevent the anonymous protagonists of society from
becoming forgotten or abandoned, victims of the anonymity of the big city.
Today’s political conflicts and the squabbles along national borders are also recurrent themes in her work. In the installation
Colostrum the artist deals with her country’s recent colonial past in a critical way, giving voice to the physical aggression suffered
by the lower-class people of that era.
The installation is composed of sumptuous elements in contrast with poverty. A crown in monumental format is displayed alongside
a stiletto shoe and a corset. These elements are part of a well-elaborated scenario surrounded with elegantly ornamented
wallpaper, marked by a strong shade of red. While encountering the singular elements of the installation, the visitor perceives that
the splendorous decorative details on the objects and the wallpaper are actually repetitive scenes of aggression, like ghosts of the
past becoming undone in their flexible red outlines.
A instalação é composta de elementos suntuosos em contraste com a pobreza. Uma
coroa em formato monumental é exposta ao lado de um sapato de salto alto e de um
corset. Esses elementos fazem parte de um cenário bem elaborado, envolto em papel
de parede com ornamentos suntuosos, tudo demarcado pela forte cor vermelha. Ao
deparar com os elementos singulares da instalação, o visitante percebe que a pompa
aí enaltecida é composta pela repetição de cenas de agressão, todas incrustadas nos
objetos expostos e também desenhadas sutilmente no papel de parede, como um
fantasma do passado a se desfazer em seus flexíveis contornos vermelhos.
T. A.
T. A.
76
77
Fotografia / Photograph: Motivo
Fotografia / Photograph: Paulo Jabur
78
Fotografia / Photograph: Motivo
79
Riyas
Komu
Riyas Komu é um artista que trabalha com vários meios artísticos para dar voz a
testemunhos sociais, políticos e econômicos.
Modelos em rolo (detalhe) / Roll Models (detail), 2011
impressão digital sobre tecido polimicro / digital print on polymicro textile
111,76 x 20,32 x 20,32 cm (cada moldura / each frame)
Cortesia do artista e de / Courtesy of the artist and Sakshi Gallery, Mumbai
Fotografia / Photograph: Motivo
The artist Riyas Komu works with various artistic media to give voice to social, political and economic issues.
Here we present his most recent work, entitled Roll Models. This installation is composed of individual showcases, each preserving
an anonymous person from everyday life. The work is an allusion to mass production, widespread in India due to the burgeoning
labor force. Riyas lends visibility to these protagonists, but only partially, just as in society itself.
The installation is made up of 11 individual showcases, each one containing a roll, symbolizing a person. Each of the 40-meterlong rolls reveals the printed image of a manual laborer on the visible part of its rolled-up surface. The artist only allows us to see
a part of the people portrayed and, often, only their gaze – a decisive detail which is often the only element in the anonymous
dialogue in the large urban centers.
Apresentamos aqui sua mais recente obra, intitulada Roll Models [Modelos em
rolo]. Essa instalação é composta de vitrines individuais, cada uma resguardando
uma pessoa anônima do cotidiano. A obra é uma alusão à produção em massa, tão
propagada na Índia em razão do grande aumento na mão de obra disponível. Riyas
dá visibilidade a esses protagonistas, mas de forma parcial, como acontece na
própria sociedade.
A instalação é composta de 11 vitrines individuais, cada uma resguardando um rolo,
por assim dizer, pessoal. Cada rolo tem 40 metros de comprimento, e nele estão
impressas imagens de trabalhadores braçais, ocupando toda a superfície do material.
O artista nos permite visualizar apenas uma parcela das pessoas retratadas e, muitas
vezes, somente o olhar – elemento decisivo e muitas vezes único no diálogo anônimo
dos grandes centros urbanos.
Eis aí uma parcela de comunicação intercultural e intersocial. Sem dúvida, alguns
desses olhares solitários encontrarão paralelo na sociedade brasileira.
T. A.
Here we have a slice of intercultural and intersocial communication. Without a doubt, some of these solitary looks will find their
parallel in Brazilian society.
T. A.
80
81
Fotografia / Photograph: Motivo
82
83
Sheba
Chhachhi
Bhogi/Rogi (Doença de consumo) / Bhogi/Rogi (Consumption Disease), 2010
vídeo interativo / interactive video, 5 min 30 s
dimensões variáveis / variable dimensions
Coleção do artista / Artist’s collection
Cortesia / Courtesy: Walsh Gallery, Chicago e / and Sheba Chhachhi,
em colaboração técnica com / in technical collaboration with Thomas Eichhorn
Fotografia / Photograph: Motivo
In her artworks, Sheba Chhachhi elaborates a narrative of contemporary Indian society and its current concerns, often supported
in the country’s mythology or age-old tradition. In this Brazilian show, the artist uses new media to present the interactive work
Bhogi/Rogi (Consumption Disease). The visitor enters a closed space, where his/her image is captured and reproduced in the
external space, going through a metamorphosis. A gradually modified interactive projection progressively covers the visitor’s body,
giving him/her the sensation and experience of being constituted and transformed by what is consumed in daily life, including food,
information and consumer products. Sheba Chhachhi’s idea is to explore the continuous process of consumption-productionhomogenization in contemporary civilization, mainly by way of transgenic foods.
Sheba Chhachhi elabora em suas obras uma crônica da sociedade contemporânea
indiana e de suas preocupações atuais, muitas vezes respaldada na mitologia ou na
tradição milenar de seu país. A artista faz uso de novas mídias e apresenta nesta
mostra brasileira a obra interativa Bhogi/Rogi (Consumption Disease) [Bhogi/Rogi
(Doença de consumo)]. O visitante entra em um ambiente fechado, o qual capta sua
imagem e a reproduz no espaço externo, passando por uma metamorfose. Sobre o
corpo do visitante há uma projeção interativa que se modifica aos poucos e passa a
cobri-lo, dando-lhe a sensação e a experiência de ser constituído e transformado por
aquilo que consome na vida cotidiana, incluindo alimentos, informações e produtos de
consumo. A ideia de Sheba Chhachhi é explorar o processo contínuo de consumo-produção-homogeneização da civilização contemporânea, principalmente através de
alimentos transgênicos.
Como em uma metamorfose o corpo do visitante interativo passa a ser transformado,
perdendo em partes seu contorno, minúcias, conteúdo. Como uma tatuagem, os
elementos de consumo vão também cobrir todo o corpo do visitante ou do grupo
que estiver nesse espaço. Esta obra oscila entre um ritual milenar e uma experiência
futurista, o corpo passa a ser utilizado como forma de expressão e associação
cultural, graças aos elementos nele inseridos ou por ele manipulados em seu entorno.
T. A.
As though it were undergoing a metamorphosis, the visitor’s body is transformed, losing parts of its outlines, details and content.
Like a tattoo, the elements of consumption also cover the bodies of the individual or group that enters this space. This work
oscillates between an age-old ritual and a futuristic experience, the body being used as a form of expression and cultural
association, thanks to elements inserted in it or manipulated by it in its environment.
T. A.
84
85
Fotografia / Photograph: Motivo
86
87
Shilpa
Gupta
Shilpa Gupta cria instalações, vídeos e arte interativa, utilizando diversos meios de
comunicação para destacar questões como desejo, religião e a insegurança e a
incerteza da vida contemporânea, causadas por decisões políticas e sociais.
EstrelasCegas CegasEstrelas / BlindStars StarsBlind, 2008
instalação com luz e texto / light-text-installation
457 cm (diâmetro / diameter)
Cortesia / Courtesy: Sakshi Gallery, Mumbai
Shilpa Gupta creates installations, videos and interactive art, using various communication media to highlight questions like desire,
religion and the insecurity and uncertainty of contemporary life, brought on by political and social decisions.
Her works are normally supported by a great deal of narrative subtlety, constructed by means of few resources which are
nevertheless vigorously applied. Here we are showing the work BlindStars StarsBlind, which refers to the social expectations
mainly in societies with flexible borders between its social classes/castes. The object is made up of an interplay of lights that
alternate to make the words partially visible. They remain in the shadow and can only be seen when the lights that compose a
given word are turned on.
Os trabalhos são normalmente respaldados por uma grande sutileza narrativa,
construída através de poucos recursos, porém aplicados de forma vigorosa. Expomos
aqui a obra BlindStars StarsBlind [EstrelasCegas CegasEstrelas], que se refere a
expectativas sociais principalmente em sociedades nas quais as margens de suas
castas são flexíveis. O objeto é formado por um jogo de luzes que se revezam,
tornando as palavras parcialmente visíveis. Elas ficam na penumbra e só se tornam
visíveis quando se acendem as luzes que compõem determinada palavra.
O brilho das palavras passa a ofuscar, assim como o brilho falso de certos contextos
artificiais. Tendo uma população em sua maioria composta por jovens, essa parcela
da sociedade indiana se deixa levar por ilusões e promessas provenientes da mídia e
propagadas principalmente por ela.
T. A.
The brightness of the words can make it hard to see them, just like the fake dazzle of certain artificial contexts. With a population
consisting mainly of young people, this segment of Indian society allows itself to be misled by illusions and promises spread mainly
by the communication media.
T. A.
88
89
Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard
90
91
Surekha
Surekha é uma artista cuja prática atual é focada rigidamente na produção de vídeos.
Esse meio foi escolhido por ser fiel à realidade, ou seja, à realidade vivenciada em
seu cotidiano. O resultado passa a existir na fronteira entre documentário e ficção,
sem que o espectador note claramente a fronteira entre os dois contextos.
Romeus e Julietas / Romeos & Juliets, 2009
vídeo monocanal / single-channel video, 8 min 30 s
Assistente de edição / Editing assistance: H. A. Anilkumar;
Assistente de projeto / Project assistance: H. A. Anilkumar;
Conceito e direção / Concept and direction: Surekha
Cortesia da artista / Courtesy of the artist
Surekha’s current practice is rigidly focused on the production of videos. This medium was chosen for being faithful to reality, that
is, to the reality experienced in day-to-day life. The result lies on the border between documentary and fiction, the observer being
unable to clearly distinguish the line separating the two contexts.
The artist’s videos are usually set in the urban space and often in the city of Bangalore, where Surekha was born and continues to
live today, except when she is participating in artist’s residencies abroad, as she does on a regular basis. Bangalore is known for
the dynamic scene created among its artist collectives and in noncommercial art spaces directed by the artists themselves. This
platform lends itself to experimental art, with no commitment to marketing trends, allowing the artists to follow their own premises,
sheltered from the usual pressures of this context.
It is most likely these local conditions that have allowed Surekha to unpretentiously search her daily experience for anonymous
protagonists, responsible for the composition of her world. In this show we are featuring the video Romeos & Juliets, in which
the artist captures a therapeutic practice of morning laughter. In a public square, senior citizens regularly meet during the
morning to share their laughs. They interact wordlessly, by way of mimicry and the sound of their laughter. Surekha acts as an
archaeologist of the urban social space to discover and excavate cultural, personal and historical fragments that go unnoticed in
the daily life of the big cities.
O cenário utilizado pela artista é usualmente o espaço urbano e muitas vezes a
cidade de Bangalore, onde Surekha nasceu e vive até hoje, exceto nas pausas
devidas à participação regular em projetos de residência artística internacionais.
Bangalore é conhecida no cenário artístico indiano pela dinâmica criada pelos
coletivos e pelos espaços de arte não comerciais dirigidos pelos próprios artistas.
Essa é uma plataforma propícia para a tendência experimental, sem compromisso
com tendências mercadológicas, e permite que os artistas sigam suas próprias
premissas, a salvo das pressões usuais desse contexto.
Provavelmente são essas condições locais que induzem Surekha a uma busca
despretensiosa, em seu cotidiano, por protagonistas anônimos, responsáveis pela
composição de seu universo. Nesta mostra expomos o vídeo Romeos & Juliets
[Romeus & Julietas], no qual a artista capta uma prática da terapia do riso matinal.
Em uma praça pública, idosos se encontram regularmente no período da manhã
para compartilhar seus risos. Eles interagem sem o uso de palavras, somente através
da mímica e do som do riso. Surekha atua como uma arqueóloga do espaço social
urbano a desbravar e escavar fragmentos culturais, pessoais e históricos que passam
despercebidos no cotidiano das grandes cidades.
T. A.
T. A.
92
93
Romeus e Julietas / Romeos & Juliets, 2009
vídeo monocanal / single-channel video, 8 min 30 s
Assistente de edição / Editing assistance: H. A. Anilkumar;
Assistente de projeto / Project assistance: H. A. Anilkumar;
Conceito e direção / Concept and direction: Surekha
Cortesia da artista / Courtesy of the artist
94
95
Thukral
& Tagra
Jiten Thukral e Sumir Tagra
COLOQUE – Acerte o alvo / PUT IT ON – Shoot It Right, 2011
Instalação com materiais diversos / Mixed media installation
dimensões variáveis / variable dimensions
Cortesia / Courtesy: Thukral and Tagra Studio e / and Gallery Nature Morte, New Delhi/Berlin
Fotografia / Photograph: Paulo Jabur
Thukral & Tagra have been working together since the beginning of their career. They collaborate as an artist duo in a wide
range of media, including painting, sculpture, installation, video, printmaking and design, as well as on Internet sites concerning
music and fashion. Their work exudes vitality, and their exaggerated treatment of color normally displays a fascination with
consumerism, positioned on the border between popular art and culture. Although consumerism is a global trend, Thukral
& Tagra approach this theme from an Indian perspective, entirely based on the local day-to-day experience. Due to India’s
stratification into extremely diverse social classes, everyday life involves a broad spectrum of lifestyles and behavior. The works
of these artists employ a straightforward language and attract the general public. For this very reason they have adopted a
narrative of popular appeal, teaching the Indian youth in regard to various behavioral issues including sexual practices, such as
the use of condoms and other aspects. They have created a foundation financed through the sale of products they conceive,
whose funds are reinvested in social programs for the local youth. For this show the artists have created a room alluding to a
basketball court entitled Put it on, where two superhero protagonists – Superman and Wonder Woman – use their power of
persuasion to teach society about safe sex. The allusion to the game of basketball is also a tool for sex education, since its
elements were converted into metaphors for the use of condoms.
Os artistas Thukral & Tagra trabalham em conjunto desde o início de sua carreira.
A dupla colabora com uma vasta diversidade de meios, incluindo pintura, escultura,
instalação, vídeo, impressão e design, como também em sites de música e moda.
Sua obra se apresenta repleta de vitalidade, e o tratamento de cor exagerado
normalmente exibe um fascínio pelo consumismo, beirando a fronteira entre arte
e cultura popular. Apesar da tendência global ao consumismo, Thukral & Tagra se
ocupam dessa temática através de uma perspectiva indiana, toda respaldada no
dia a dia local. Dada a estratificação da Índia em classes sociais extremamente
diversificadas, o cotidiano agrega diversos estilos de vida e conduta. As obras
desses artistas são de linguagem direta e atraem o público em geral. Justamente
por isso eles passaram a adotar uma narrativa de apelo popular, passando a instruir
os jovens indianos quanto a práticas de conduta, incluindo a sexual, através do uso
de preservativos e outros meios. Criaram uma fundação financiada com a venda de
produtos por eles concebidos, cuja verba passa a ser revertida a programas sociais
para a juventude local. Para esta mostra os artistas criaram uma sala com alusão a
uma quadra de basquete intitulada Put it on [Coloque!], tendo como protagonistas
super-heróis – o Super Homem e a Mulher Maravilha –, os quais, através de seu
poder de persuasão, vão instruir a sociedade para práticas sexuais seguras. A alusão
ao jogo de basquete é também um instrumento de educação sexual, pois seus
elementos foram convertidos em metáforas para o uso de preservativos.
T. A.
T. A.
96
97
Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard
“Amor de ficção” (série azul) # V / “Fiction Love" (Blue series) # V, 2011
Impressão digital sobre papel / digital print on paper
122 x 92 cm
Cortesia / Courtesy: Thukral and Tagra Studio e / and Gallery Nature Morte, New Delhi/Berlin
98
99
T.V.
Santhosh
Rastreando o caminho do seu Angst / Tracing Down the Path of Your Angst, 2008
fibra de vidro e telas de LED / fiberglass and LED screens
dimensões variáveis / variable dimensions
Cortesia / Courtesy: The Guild Art Gallery, Mumbai, T.V. Santhosh
Fotografia / Photograph: Paulo Jabur
T.V. Santhosh produces paintings and sculptures simultaneously. In his painting he explores current political implications broadcast
through the media. In his sculpture, he deals with themes linked to history and mythology transmitted from generation to generation.
What connects his painting with his sculpture is the investigation into the history of violence and terror, and how they have evolved
through various phases into what they are today. The specific issues have changed, but the way of looking at the world has remained
the same. Thus, through his work, the artist takes on the role of an adviser in regard to transformations yet to come, like a seer.
The installation featured in this Brazilian show reveals the individual’s confrontation with reality. Although it is constructed of just
a few elements, it nevertheless conveys the idea of the sacred: a long table serves as an altar, with an empty and solitary chair
in front of it. On the floor between these two elements, an electric signboard spells out conflicting phrases, which seem like an
accusation or a moralist lesson.
T.V. Santhosh produz simultaneamente pintura e esculturas. Na pintura explora as
implicações políticas da atualidade, transmitidas pela mídia. Na escultura, dedica-se
a temas ligados à história e à mitologia transmitidos de geração a geração. O que
conecta sua pintura com a escultura é a investigação sobre a história da violência
e do terror, sobre como ela evoluiu através de várias fases, até a atualidade. As
questões específicas foram mudando, mas a forma de olhar o mundo permaneceu a
mesma. O artista assume então, através de sua obra, a função de orientador quanto
às transformações por vir, como um vidente.
A instalação presente na mostra brasileira revela a confrontação do indivíduo com
a realidade. Construída com poucos elementos, não deixa, entretanto, de transpor
a ideia do sagrado: uma longa mesa atua como altar, à sua frente se encontra uma
cadeira vazia e solitária. Entre os dois elementos, percorre o piso um letreiro onde se
leem frases conflitantes, que soam como uma acusação ou uma lição moralista.
Eis aí um tema recorrente da sociedade indiana, cujo peso recai principalmente nos
jovens, como um alerta para os riscos e tentações que os envolvem.
T. A.
The work thus alludes to a recurrent theme of Indian society, whose weight falls mainly on the youth, as a warning of the risks
and temptations they face.
T. A.
100
101
Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard
102
Fotografia / Photograph: Motivo
103
Vishal
K. Dar
C de cortador / C for Cutter, 2009
animação/projeção vídeo monocanal / single-channel video animation/projection, ed. 3 + 1AP, 1 min 17 s
Edição 1 na coleção permanente do / Edition 1 in the permanent collection of the Kiran Nadar Museum of Art, Nova Delhi / New Delhi
Representado por / Represented by Gallery Espace, Nova Delhi / New Delhi
Vishal K. Dar was initially trained as an architect, and exercises this profession alongside his career in art. Indeed, his work in the
visual arts has been strongly influenced by architectural practice and thinking. In this area the professionals are always dealing with
edges, spaces and their rereading by means of practical and functional solutions. Taking advantage of the malleability of borders,
Vishal K. Dar focuses his work on the limits of his reality, whose borders are mobile, and winds up creating videos that underscore
Gandhi, for example, as the precursor of a movement of sociocultural re-stabilization achieved with the end of the colonial system.
The work C for Cutter is an example of this. Full of irony and contextual seriousness, his protagonist is Gandhi himself running
up against unusual elements of contemporary life. The starting point for this work is the book A Clockwork Orange by Anthony
Burgess, published in 1962. In this novel the main character, Alex, nurtures a tendency for violence verbalized in terms derived
from the jargon of Russian youths of that time. Basing his work on this text, Vishal K. Dar emphasizes features on a 500-rupy
note to refer to the political tensions of humanity in counterpoint to the pacifist movement propagated by Gandhi. The artist also
questions how Gandhi would react to the countless posthumous homages dedicated to him – one of which is the printing of his
image on the national currency.
A formação inicial de Vishal K. Dar é a arquitetura, exercida paralelamente à prática
das artes plásticas. Aliás, sua atuação nas artes plásticas foi enfatizada pela prática
e mentalidade arquitetônicas. Nessa área os profissionais estão sempre lidando com
bordas, espaços e sua releitura mediante soluções de ordem prática e funcional.
Aproveitando a maleabilidade das fronteiras, Vishal K. Dar se volta para o entorno
de sua realidade, cujas fronteiras são móveis, e acaba por criar vídeos que ressaltam
Gandhi, por exemplo, como o precursor de um movimento de reestabilização
sociocultural conquistado com o final do sistema colonial.
A obra C for Cutter [C de cortador] é um exemplo disso. Repleta de ironia e
seriedade contextual, tem como protagonista o próprio Gandhi se deparando com
elementos inusitados da contemporaneidade. O ponto de partida dessa obra é o
livro A clockwork orange [Laranja mecânica] de Anthony Burgess, publicado em
1962. Nesse romance o protagonista, Alex, cultua uma tendência para a violência
verbalizada em termos provenientes do vocabulário da juventude russa da época.
Ao se basear nesse texto, Vishal K. Dar enfatiza sobre uma nota de 500 rúpias
as tensões políticas da humanidade em contraposição com o movimento pacifista
divulgado por Gandhi. O artista também chega a questionar como Gandhi receberia
as inúmeras homenagens póstumas dedicadas a ele – uma delas foi a impressão de
sua imagem na moeda nacional.
T. A.
T. A.
104
105
Fotografia / Photograph: Motivo
106
107
Vivan
Sundaram
Performance, Rio de Janeiro, 2011
Fotografia / Photograph: Paulo Jabur
The themes that Vivan Sundaram expresses in his work include, for example the power of ecological persuasion as part of the
process for raising social awareness in regard to the accelerated and uncontrolled growth of the Indian population. This theme has
been seen recurrently in the artist’s previous series. The works shown in Brazil are new and created through the recovery of clothes
and objects that have fallen into disuse. After this material is collected and properly stored, the artist begins to work with a group of
assistants to compose a new design code for clothing, through the reappropriation of the material brought together. In Brazil we are
presenting four objects from this series, which were used in the opening of the event by performing artists, imparting volume, form,
dynamics and soul to the set of works exhibited.
Vivan Sundaram is an appreciator of Brazilian art, familiar with its various trends. In some of the meetings at his studio in New
Delhi we could visualize his participation in the show creating a dialogue with Tropicália, in terms of how it criticized mass
consumption as a means of dulling public awareness in regard to the dictatorial system’s repression. Similarly to Hélio Oiticica’s
Parangolés, Vivan Sundaram’s clothes reveal a sort of ‘swing’ that lay dormant but is awakened by the creativity of their wearers
and the visitors to the show. The clothes’ power of expression is infinite, as are the different readings of this work, which range
from an appeal for recycling to an intense experience of visual richness, sensual shapes, volumes, outlines and materiality –
compatible with the diversity of Indian culture.
Vivan Sundaram expressa em sua obra, por exemplo, o poder de persuasão
ecológica como parte do processo de conscientização social diante do crescimento
acelerado e desordenado da população indiana. Essa temática foi enfatizada muitas
vezes pelo artista em séries anteriores. As obras expostas no Brasil são inéditas e
criadas mediante o resgate de roupas e objetos caídos em desuso. Após a coleta
e armazenagem adequada desse material, o artista passa a compor com um grupo
de assistentes um novo código de design de vestimenta, através da reapropriação
do material reunido. Apresentamos no Brasil quatro objetos dessa série, os quais
foram usados na abertura do evento por artistas performáticos, dando volume, forma,
dinâmica e alma à obra exposta.
Vivan Sundaram é apreciador da arte brasileira, familiarizado com diversas
tendências. Em alguns encontros em seu estúdio em Nova Delhi pudemos visualizar
sua participação nesta mostra criando um diálogo com a Tropicália, vista pela
perspectiva da voz crítica diante do consumo de massa a ofuscar a repressão
imposta pelo sistema ditatorial. A exemplo dos Parangolés de Hélio Oiticica, Vivan
Sundaram revela em suas vestimentas um ‘gingado’ adormecido a ser despertado
pela criatividade de seus usuários e pelos visitantes da mostra. O poder de expressão
das vestimentas é infinito, assim como as distintas leituras que vão desde o apelo à
reciclagem até a riqueza visual e à sensualidade de suas formas, volumes, contornos
e materialidade – compatível com a diversidade da cultura indiana.
T. A.
T. A.
108
109
Macacão feminino / Female Cargo, 2011
couro, metal, algodão / leather, metal, cotton
ø = 100 cm, h = 170 cm (aprox.)
Coleção do artista / Artist’s collection
Cortesia / Courtesy: Walsh Gallery, Chicago
110
Vestido em couro cru / Rawhide, 2011
couro / leather
ø = 100 cm, h = 170 cm (aprox.)
Coleção do artista / Artist’s collection
Cortesia / Courtesy: Walsh Gallery, Chicago
Fenda de borracha / Slit rubber, 2010
borracha, cetim / rubber, satin
ø = 100 cm, h = 170 cm (aprox.)
Coleção do artista / Artist’s collection
Cortesia / Courtesy: Walsh Gallery, Chicago
Zíper em volta / Zip around, 2011
zíper e algodão / zippers and cotton
ø = 100 cm, h = 170 cm (aprox.)
Coleção do artista / Artist’s collection
Cortesia / Courtesy: Walsh Gallery, Chicago
111
Vivek
Vilasini
Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard
Photographer Vivek Vilasini creates images that interlink the past with the present. From this context he extracts original, exotic,
traditional and innovative elements which are recombined in his artistic process. The inhabitants of India’s big cities are used to the
crude and incoherent architecture they see all around them. Vivek, however, decided to dedicate himself in part to the anonymous
and subtle architecture of the small towns, which appear in this show in the work Housing Dreams, made up of thirty photographs
of splendidly finished homes. In dealing with the outdoor environment, photographing the façades of embellished residences,
the artist reveals the character and preferences of the local population. A few decades ago, these residences had simple,
white façades, with a rundown appearance. Currently, their inhabitants – in the rural region of Kerala – have painted them with
fluorescent and saturated colors. This context caught the attention of Vivek Vilasini, who began to capture their images in order to
emphasize, in light of these new façades, the construction of a new cultural identity arising from social-political-economic changes
that are underway not only in India’s large urban centers but also in the provincial regions.
Vivek Vilasini é um fotógrafo que cria imagens interligando o passado e o presente.
Desse contexto ele extrai elementos originais, exóticos, tradicionais e inovadores
a serem recombinados em seu processo artístico. Os habitantes das grandes
cidades indianas estão acostumados com a arquitetura bruta e inconsequente das
cidades. Vivek, porém, resolveu dedicar-se em parte à arquitetura anônima e sutil
de pequenos vilarejos, os quais aparecem nesta mostra, na obra Housing Dreams
[Sonhos de habitação], composta de trinta fotografias de residências, todas tratadas
com grande esmero. Ao lidar com o espaço externo fotografando as fachadas de
residências cuidadosamente tratadas, o artista revela o caráter e a preferência da
população local. Há algumas décadas, essas residências possuíam fachadas brancas
e simples, desgastadas pelo tempo. Atualmente, seus habitantes – da região rural de
Kerala – fizeram uso de cores fluorescentes e saturadas. Esse contexto chamou a
atenção de Vivek Vilasini, o qual passou a captar imagens enfatizando assim, através
dessas novas fachadas, a construção de uma nova identidade cultural resultante
de mudanças sócio-político-econômicas que abrangem não somente os grandes
centros indianos, mas também regiões provincianas.
T. A.
T. A.
112
113
Sonhos de habitação / Housing Dreams, 2011
conjunto de 30 fotografias, impressão em papel Hahnemühle Photo Rag ultra liso /
set of 30 photographs, printed on Hahnemühle Photo Rag ultra smooth paper. Ed: 4/9 + 1 A/P
48,3 x 66,4 cm (cada peça / each work)
Cortesia / Courtesy: Gallery Sumukha, Bangalore
Fotografia / Photograph: Guilherme Isnard
Fotografia / Photograph: Motivo
Fotografia / Photograph: Motivo
114
115
Currículos
dos artistas
Curriculums
of the artists
Os breves currículos inseridos neste
catálogo relacionam algumas das mostras
coletivas e individuais mais significativas
da trajetória dos artistas, realizadas entre
2004 e 2011.
The short curriculums in this catalogue
cite some of the more significant
exhibitions of the career of the artists,
realized between 2004 and 2011.
116
117
Baiju Parthan nasceu em / born in Kerala,1956
Gigi Scaria nasceu em / born in Kothanalloor,1973
Manjunath Kamath nasceu em / born in Mangalore,1972
Pushpamala N. nasceu em / born in Bangalore,1956
Individuais / Solo Exhibitions
Individuais / Solo Exhibitions
Individuais / Solo Exhibitions
Individuais / Solo Exhibitions
2009
Syncytium / Cosmopolis – Installation – Living off The Grid – Anant Art Gallery, New Delhi
2010
Open windows closed boundaries, Dubai art fair – Gallery Chemould, Mumbai
108 Small Stories – Gallery Espace, New Delhi
2010
Motherland – performance with Mamta Sagar, Samuha Artist Collective, Bangalore
2009
Amusement Park – Gallery Chemould, Mumbai
2009
Paris Autumn – Chemould Prescott Road, Mumbai
2009
Arpeggio for Abbe Faria – Photo Installation – Retrieval Systems – Art Alive Gallery, New Delhi
Settlement – Galerie Christain Hosp, Berlin, Germany
2008
Paris Autumn – Bose Pacia, New York, USA; Nature Morte, New Delhi
2008
Rorchach Breath – Dual Channel Video
2008
Difficult to Imagine, Easy to construct – Art Asia Miami, USA
2007 Streetside Theatre – Salzburg Festival, Austria
Mechanisms of Motion – Anant Art Gallery, New Delhi
Site under construction – Video Space, Budapest, Hungary
2006 Pushpamala N – Espace Croise, Roubaix, France
Third Life – Bombay Art Gallery, Mumbai
New Perspective from India, Seoul/Delhi, recent photographs and video –
H Cube Gallery, Seoul, Korea
Paris Autumn – Galerie Zurcher, Paris, France
2007
Liquid Memory – Christian Hosp Galleries, Nassereith, Austria
Native Women of South India: Manners and Customs – Bose Pacia, New York, USA
2005
NRLA – Live Art Festival, Midland, Perth, Australia
2007 2005 Native Women of South India: Manners and Customs – Nature Morte, New Delhi
Coletivas / Group Exhibitions
2005
2010
Go see India – Vasa Konsthall, Gothenburg, Sweden
The 11th Hour – Tang Contemporary Art Gallery, Beijing, China
2011
2009
Indian Contemporary – Benedictine Museum, Fecamp, France
2007
Coletivas / Group Exhibitions
2009
Reclaim / Recite / Recycle – Travancore Art Gallery, New Delhi & Bose-Pacia,
Kolkata
Human Animal – Threshold Gallery, New Delhi
Arco – Madrid, Spain
Absence of an Architect, video installations paintings and photographs, Palette Gallery, New Delhi
2008
Chaos in Order 29 – Hang Bai, Hanoi, Vietnam
Keep Drawing – Gallery Espace, New Delhi
Where are the Amerindians? – Inter America Space CCA7, Trinidad
The Ethics of Encounter – Gallery SoulFlower, Bangkok, Thailand
Coletivas / Group Exhibitions
Indiavata – Sun Contemporary Art, Korea
2011
Paris, Mumbai, New Delhi – Centre Pompidou, Paris, France
Ltd. Edition – Threshold Gallery, New Delhi & Mumbai
Everyone agrees: it’s about to explode – India Pavilion, 54th Venice Biennale, Italy
Samtidigt – Helsinki City Art Museum, Finland; Kulturhuset, Stockholm, Sweden
2007
Keep Drawing – Pundole Art Gallery, Mumbai
3rd Singapore Biennale, Singapura/Singapore
2010
The Empire Strikes Back: Indian Art Today – Saatchi Gallery, London, UK
Telling It Like It Is – The Indian Story, Gallery Cork Street, London, UK
Beyond Globalization – Pan Asian contemporary show, Beyond Art Space, Beijing, China
2010
West Havens: Place time play – India China Contemporary Art, curated by Chitanya Sambrani – Shanghai, China
Emblems & Urban Regeneration – Garnier Contemporary Arts, Air Gallery, London, UK
Where Three Dreams Cross – Whitechapel Gallery, London, UK; Winterthur
Fotomuseum, Switzerland
2008
Ghost of Souza – Aicon Gallery, New York, USA
Finding India – Museum of contemporary art (Moca), Taipei, Taiwan
Fact & Fiction – SW1 Gallery, London, UK
2009
Chalo! India: A New Era of Indian Art – National Museum of Contemporary Art, Seoul, Korea; Essl Museum, Vienna, Austria
Everywhere is war – Bodhi Art, Mumbai
Samtidigt – Indian contemporary art exhibition – Helsinki City Art Museum, Finland, and Kulturhuset, Stockholm, Sweden
Size Does not Matter – Art Konsult Gallery, New Delhi & Mumbai
Re Frame: 7 experimental films from India – Centre Pompidou, Paris, France
101 Contemporary, Tokyo, Japan
Video Art India, curated by Luissa Ortinez – Fundació la Caixa, Barcelona, Spain
Chalo! India: A New Era of Indian Art – Mori Art Museum, Tokyo, Japan
Aparanta – Contemporary Art In Goa, Panjim
Thermocline of Art – New Asian Waves – ZKM / Museum of Contemporary Art, Karlsruhe, Germany
2008
2007
Altered Realities (Shibu Nateshan, Baiju Parthan, Chiotrovanu Majumdar) –
Arts India, New York, USA
A new Vanguard – Guild, New York; Saffron Art, New York, USA
My India Video et Apres – Centre Pompidou, Paris, France
2006
2009
I fear I believe I desire – Gallery Espace, New Delhi
2008
Video Zone-4 – The 4th International video art Biennial, Tel Aviv, Israel
India Moderna – Institut Valencia d’Arte Modern (Ivam), Valencia, Spain
Reading Paint – Gallery SoulFlower, Bangkok, Thailand
Mam Screen – Mori Art Museum, Japan
2007
New Narratives: Contemporary Art from India – Chicago Cultural Center, USA
Aqua – Aubergine – Slate – Gallery Espace, New Delhi
India Moderna – Institut Valencia d’Arte Modern (Ivam), Valencia, Spain
2006
India Express – Helsinki City Art Museum, Finland
2006
Hybrid Trend – Hangaram Museum, Seoul, Korea
Chalo India – Mori Art Museum, Tokyo, Japan
Bombay Maximum City – Lille 3000, Lille, France
Paper Flute – Gallery Espace, New Delhi
Something Happened – Gallery Espace, New Delhi
Indian Video Art: Between Myth and History, part of Cinema Prayoga Indian Experimental Film and Video 1913-2006” – Tate Modern, London, UK
Barthi Kher nasceu em / born in London,1969
Coletivas / Group Exhibitions
Individuais / Solo Exhibitions
2007
Here There Now, Contemporary art from India – Soulflower Gallery, Bangkok, Thailand
2011
Leave your smell – Gallery Emmanuel Perrotin, Paris, France
2010
Inevitable Undeniable Necessary – Hauser & Wirth, London, UK
2008
Virus – Baltic Centre for Contemporary Art, England, UK
Sing to them that will listen – Gallery Emmanuel Perrotin, France
2007
An Absence of Assignable Cause – Jack Shainman Gallery, New York, USA
Nature Morte, New Delhi
2006
Do not meddle in the affairs of dragons, because you are crunchy and taste good with ketchup – Gallery 88, Mumbai
Coletivas / Group Exhibitions
Public Places/Private Spaces, Contemporary Photography and Video Art In India – The Newark Museum, New Jersey, USA
Horn Please, Narratives in contemporary Indian Art – Kunstmuseum Bern, Switzerland
Jitish Kallat nasceu em / born in Mumbai,1974
Individuais / Solo Exhibitions
Nalini Malani nasceu em / born in Karachi,1946
Raqs Media Collective
Individuais / Solo Exhibitions
Monica Narula nasceu em / born in New Delhi,1969; Jeebesh Bagchi nasceu em / born in
New Delhi,1965; Shuddhabrata Sengupta nasceu em / born in New Delhi,1968
2009
Cassandra – Galerie Lelong, Paris, France
Individuais / Solo Exhibitions
2008
Listening to the Shades – Arario Gallery, New York, USA
2007
Nalini Malani – Walsh Gallery, Chicago, USA
2009
The Surface of each day is a different planet – Lightbox, Tate Britain, London, UK
Irish Museum Of Modern Art, Dublin, Ireland
When the scales fall from your eyes – Ikon, Birmingham, UK
Escapement – Frith Street Gallery, London, UK
Decomposition – Asia Art Archive, Hong Kong
2006
There Has Been a Change of Plan – Nature Morte Gallery, New Delhi
2005
They Called it the XXth Century – Kunstlerhaus, Stuttgart, Germany
2004
The Impostor in the Waiting Room – Bose Pacia, New York, USA
The Wherehouse – Palais des Beaux-Arts, Brussels, Belgium
Coletivas / Group Exhibitions
2011
Stations of a Pause – Chemould Gallery, Mumbai
2006
Living in Alicetime – Sakshi Gallery, Bombay and Rabindra Bhavan, New Delhi
Exposing the Source: The Paintings of Nalini Malani, a retrospective exhibition – Peabody Essex Museum, Salem, Ma, USA
2011
Maximum India – Kennedy Center, Washington, DC, USA
2010
The Astronomy of Subway – Haunch of Venison, London, UK
2010
Indian Highway – Herning Kunstmuseum, Denmark
2008
Aquasaurus – Sherman Contemporary Art Foundation, Australia
2005-6
Public Notice-2 – Bodhi Art, Singapore
2004
Universal Recipient – Haunch of Venison, Zurich, Switzerland
Coletivas / Group Exhibitions
2007 Sweatopia – Chemould Prescott Road and Bodhi Art, Singapore
Unclaimed Baggage – Albion, London, UK
2011
Paris-Delhi-Bombay – Centre Pompidou, Paris, France
365 Lives – Arano, Beijing, China
2009
Mater – Universidad de Jaén, Spain
National Galleries of Modern Art, New Delhi/Bangalore/Bombay
Indian Highway IV – Lyon Museum of Contemporary Art, France
Rickshawpolis-3 – Gallery Barry Keldoulis, Sydney, Australia
2011
Chalo India – Essl Museum, Vienna, Austria
Rickshawpolis-2 – Spazio Piazzasempione, Milan, Italy
The National Museum of Modern Art, Tokyo, Kyoto (Japan), Seoul (Korea)
2009
2006
2008-9
2008
India Moderna – Institut Valencia d’Arte Modern (Ivam), Valencia, Spain
2008
Indian Highway – Serpentine Gallery, London, UK
Coletivas / Group Exhibitions
Indian Highway – Serpentine Gallery, London, UK
Chalo India – Mori Museum, Tokyo, Japan
2011
Maximum India – The Kennedy Center, Washington, DC, USA
The Art of Participation: 1950 to Now – San Francisco Museum of Modern Art, USA
2010
Bring Me A Lion: An Exhibition of Contemporary Indian Art – The Hunt Gallery,
Missouri, USA
Revolutions – Forms that Turn – Biennale of Sydney, Cockatoo Island, Sydney, Australia
The Santhal Family – Muhka, Antwerp, Belgium
2007
Think with the Senses, Feel with the Mind – Art in the Present Tense – Italian Pavilion, Giardini, 52nd Venice Biennale, Venice, Italy
2007
Horn Please – Kunstmuseum, Bern, Switzerland
Not only possible but also necessary – Istanbul Biennial, Istanbul, Turkey
New Narratives: Contemporary Art from India – Chicago Cultural Center, USA
The Thermocline of Art – ZKM, Karlsruhe, Germany
Signs of Life. Ancient Knowledge in Contemporary Art – Kunstmuseum Lucerne, Switzerland
Stories Retold – Bose Pacia, New York, USA
2009
Indian Narrative in the 21st Century: Between Memory and History – Casa Asia, Madrid, Spain
Shifting Shapes. Unstable Signs – Yale University School of Art, New Haven, USA
Indian Highway – Astrup Fearnley Museum, Oslo, Norway
Chalo! India: A New Era of Indian Art – Essl Museum, Austria
2007
Indian Highway – Serpentine Gallery, London, UK
Re-imagining Asia. A Thousand Years of Separation – Haus der Kulturen der Welt, Berlin, Germany
Chalo! India: A New Era of Indian Art – Mori Art Museum, Tokyo, Japan
India Moderna – Institut Valencia d’Arte Modern (Ivam), Valencia, Spain
Private/Corporate IV – Sammlung DaimlerChrysler, Berlin, Germany
2006
Asia Pacific Triennale – Queensland Art Gallery, Brisbane, Australia
2009
India Contemporary – GEM, Museum of Contemporary Art, The Hague, Netherlands
2005
Indian Summer – L’École des Beaux-Arts, Paris, France
2008
Indian Highway – Serpentine Gallery, London, UK
2006
Cinema of Prayoga – Tate Modern, London, UK
Touring Show, Rhizome.Org – New Museum of Contemporary Art, World Factory, Die Tropen – Martin Gropius Bau, Berlin, Germany
Local Stories – Museum of Modern Art, Oxford, UK
San Francisco Art Institute, San Francisco, USA
Chalo India: A New Era of Indian Art – Mori Art Museum, Tokyo, Japan
2005
T1 – The Pantagruel Syndrome, – Castello di Rivoli, Museo d’Arte GSK Contemporary – Royal Academy of Arts, London, UK
Contemporanea, Turin, Italy
2006
Zones of Contact – Sydney Biennial, Museum of Contemporary Art, Sydney, Australia
2006
The 5th Asia Pacific Triennale of Contemporary Art – Queensland Art Gallery, Gallery of Modern Art, Brisbane, Australia
51st Venice Biennale, Italy
Dark Places – Santa Monica Museum of Art, California, USA
Recent paintings – Armory Show, New York, USA
2005
Icon: India Contemporary – 51st Venice Biennale, Venice, Italy
Passages – Palais de Beaux-Arts, Brussels, Belgium
Lille 3000 – Lille, France
The 6th Gwangju Biennale – Gwangju, Korea
2005
Indian Summer – École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, Paris, France
118
119
Ravinder Reddy nasceu em / born in Suryapet,1956
Riyas Komu nasceu em / born in Thrissur,1971
Shilpa Gupta nasceu em / born in Mumbai,1976
Individuais / Solo Exhibitions
Individuais / Solo Exhibitions
2010
Subrato to Cesar – Gallery Maskara, Mumbai
2011
Will we ever be able to mark enough? – Darling Fonderie, Montreal, Canada
Individuais / Solo Exhibitions
2008
Grosvenor Vadehra, London, UK
2009
Sakshi Art Gallery, Mumbai
2010
2007
Ravinder Reddy: Select Sculpture – Bose Pacia Gallery, New York, USA
2008
Bodhi Art Gallery, Berlin
Incredible India – Le Jardin d’Acclimation, Paris, France
Mark Him (Second half) – Gallery 88, Kolkata
Coletivas / Group Exhibitions
2007
Mark Him (First half) – The Guild Art Gallery, Mumbai
Thukral & Tagra
Jiten Thukral nasceu em / born in Jalandhar,1976; Sumir Tagra nasceu em / born in New Delhi,1979
Individuais / Solo Exhibitions
A Bit Closer Contemporary Arts Center – Cincinnati, USA
2011
Put It On, Again! – Nature Morte, New Delhi
Half A Sky – OK Center for Contemporary Art, Linz, Austria
Solo Show – Btap Gallery and Tokyo Art Fair, Japan
2009
Solo Show – Yvon Lambert, Paris, France
2010
Middle Class Dreams – Arario Gallery, Seoul, Korea
While I Sleep – Le Laboratoire, Paris, France
Solo Show – Ullens Center for Contemporary Art, Beijing, China
2006Systematic Citizen – Palette Art Gallery, New Delhi
2008
BlindStars StarsBlind – Galerie Volker Diehl and BodhiBerlin, Berlin, Germany
2009
Nouveau Riche – Nature Morte, Berlin, Germany
FAITH Accompli – Sakshi Gallery, Mumbai
2007
Artists’ Studio, London, UK
2005
The Third Day – Lalit Kala Academy, Rabindra Bhavan, New Delhi; Sakshi Gallery, Mumbai
2006 Bose Pacia Gallery, New York, USA
Thukral & Tagra, 315 Sector 23, Opp Bosedk Mall – Gallery Barry Keldoulis, Sydney, Australia
2008
New Improved Bosedk – Gallery Chatterjee and Lal, Mumbai
Grass, photography show – The Guild Art Gallery, Mumbai
Coletivas / Group Exhibitions
Somnium Genero 02 – Gallery Barry Keldoulis, Sydney, Australia
Indian Highway – Musée d’art contemporain de Lyon, France; Maxxi, Rome, Italy
2007 Put it On – Bose Pacia, New York, USA
Everyday Bosedk – Nature Morte, New Delhi
Vector Classics – Jehangir Nicholson Gallery, NCPA, Mumbai; Alliance Francaise, New Delhi
2011
Paris-Delhi-Bombay – Centre Pompidou, Paris, France
Adbhutam: Rasa in Indian Art – Centre of International Modern Art (Cima), Kolkata
In Beauty – Walsh Gallery, Chicago, USA
Go Figure – Smart Museum of Art, University of Chicago, USA
2010
Modern Folk: The Folk Art Roots of the Modernist Avant-Garde – Aicon Gallery, New York, USA
Coletivas / Group Exhibitions
2007-8
India Art Now: Between Continuity and Transformation – Province of Milan, Italy
2011
Paris-Delhi-Bombay – Centre Pompidou, Paris, France
Samtidigt – Concurrent India – Helsinki Art Museum, Tennis Palace, Finland; Paris-Delhi-Bombay – Centre Pompidou, Paris, France
2007-8
Indian Art at Swarovski ‘Crystal World’ Show – 2nd Exhibition, Tirol, Austria
2010
India Awakens – Under the Banyan Tree – Essl Museum,Vienna, Austria
Inner Voices – 21st Century – Museum of Contemporary Art, Kanazawa, Japan
2006 2007
20th Century Sculpture: from Archipenko to Reddy – Grosvenor Gallery, London, UK, in association with Vadehra Art Gallery, New Delhi
Inaugural show – Yale University’s School of Art, New York, USA
To The Arts, Citizens! – Serralves Museum of Contemporary Art, Porto, Portugal
2005
Iconography – Nature Morte, New Delhi
2007
Private/Corporate IV, A Dialogue of the collection Lekha and Anupam Poddar – New Delhi and Daimler Chrysler, Stuttgart/Berlin at DaimlerChrysler Contemporary Potsdamer Platz Berlin, Germany
2008
The Ghost of Souza – inaugural show, Bowery space, Aicon Gallery, New York, USA
Contemplating the Void: Interventions in the Guggenheim Rotunda – Solomon R. Guggenheim Museum, New York, USA
Coletivas / Group Exhibitions
Think with the Senses – Feel with the Mind – Art in the Present Tense, 52nd International Art Exhibition, Venice Biennale, Italy
2010
2007
Younger than Jesus – New Museum Triennial, New York, USA
2011
Lyon Biennale – Lyon, France
Everyday Miracles – 10th Biennale de Lyon, France
Maximum India – Kennedy Center, Washington, DC, USA
The World Is Yours – Louisiana Museum of Modern Art, Humlebæk, Denmark
Concurrent India – Helsinki Art Museum, Tennis Palace, Finland
Yokohama 2008 – International Triennale of Contemporary Art, Yokohama, Japan
Indian Highway IV – Lyon Museum of Contemporary Art, France
The 7th Gwangju Biennale, Korea
2010
Finding India – Museum of Contemporary Art, Taipei, Taiwan
Indian Highway – Serpentine Gallery, London, UK
Samdigit – Gallery 5, Kulturhuset, Stockholm, Sweden
Chalo! India: A New Era of Indian Art – Mori Art Museum, Tokyo, Japan
Urban Matters 2 – SESC Pompeia, São Paulo, Brazil
2009
Chalo! India: A New Era of Indian Art – National Museum of Contemporary Art, Seoul Essl Museum, Vienna, Austria
Reena Kallat nasceu em / born in New Delhi,1973
India Now: Contemporary Indian Art Between Continuity and Transformation – Provincia di Milano, Italy
India Time – Galleria Paolo Curti/Annamaria Gambuzzi, Milan, Italy
Swarovski Museum, Innsbruck, Austria
2011
2009
2008
Individuais / Solo Exhibitions
New Wave: Contemporary Indian Art – Aicon Gallery, London, UK
2011
Labyrinth of Absences – Nature Morte, New Delhi
2006
Bronze, sculpture show – Rabindra Bhavan, New Delhi
2009
Drift – Primo Marella Gallery, Milan, Italy
On Difference #2 (represented Korea) – Wurtt. Kunstverein, Stuttgart, Germany
India Moderna – Institut Valencia d’Arte Modern (Ivam), Valencia, Spain
2008
Silt of Seasons – Chemould Prescott Road, Mumbai
Strangeness – Anant Art Gallery, Kolkatta
Subject to Change without Notice – Walsh Gallery, Chicago, USA
2007
The Thermocline of Art – New Asian Waves ZKM – Museum für Neue Kunst, Karlsruhe, Germany
2006
Rainbow of Refuse – Bodhi Art, Mumbai and Singapore
Liverpool Biennial – Liverpool, UK
2005
Black Flute – Nature Morte, New Delhi
Sheba Chhachhi nasceu em / born in Harar, Ethiopia,1958
2006
Zones of Contact – Biennale of Sydney, Australia
2008
The Audience & the Eavesdropper – Philips de Pury, London, UK,
and New York, USA
2004
Black Flute – Gallery Chemould, Mumbai
2005
Indian Summer – École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, Paris, France
Chalo! India: A New Era of Indian Art – Mori Art Museum, Tokyo, Japan
Winged Pilgrims – A Chronicle from Asia – Volte Gallery, Mumbai
Imaginery Realities – Max Wigram Gallery, London, UK
2010
Bhogi, Rogi (Consumption, Disease), interactive video intervention – Public Art, Khoj Studios, New Delhi
Surekha nasceu em / born in Bangalore,1965
2007
Animamix Biennial – The Museum of Contemporary Art, Shanghai, China
New Delhi New Wave – Marella Gallery, Milan, Italy
2009 The Space Between – Gallery Paolo Curti, Annamaria Gambuzzi & Co, Milan, Italy
Individuais / Solo Exhibitions
Winged Pilgrims & Other Creatures – Walsh Gallery, Chicago, USA
2010
Unclaimed – urban f(rictions) – Bangalore; 10, Chancery Lane Gallery – Hong Kong
2008
The Water Diviner, 48 Degrees Celsius – Public Art Project, New Delhi
Winged Pilgrims: A Chronicle from Asia – Bose Pacia, New York, USA
2007
Flames, Flowers and Other Images – sculptures, photo and video installation – Chemould Prescott Road, Mumbai
Individuais / Solo Exhibitions
2007
Winged Pilgrims: A Chronicle from Asia – Nature Morte, New Delhi
Communing with Urban Heroines, a photo and video installation – Max Mueller Bhavan, Bangalore
2011
The Land – Nature Morte, Berlin, Germany
2004
Bhagirathi and other video installations – SKE, Bangalore
2010
Burning Flags – Aicon Gallery, London, UK
2009
Blood and Spit – Jack Shainman Gallery, New York, USA
Coletivas / Group Exhibitions
2011
The Vancouver International Sculpture Biennale – Surrey Art Gallery, Canada
Maximum India – The Kennedy Centre, Washington, DC, USA
Samtidigt – Helsinki City Art Museum, Finland
India Today – Arken Museum of Modern Art, Copenhagen, Denmark
2012
Individuais / Solo Exhibitions
Escape for the Dream Land – Asia Pacific Triennial of Contemporary Arts 06, Australia
T.V. Santhosh nasceu em / born in Kerala,1968
2010 Roundabout – City Gallery, Wellington, New Zealand
In Transition, New Art from India – Richmond Art Gallery, Vancouver, Canada
The Empire Strikes Back – Saatchi Gallery, London, UK
Urban Manners 2 – SESC Pompeia, São Paulo, Brazil
Coletivas / Group Exhibitions
2009
View Points and Viewing points – National Museum of Fine Arts, Taiwan
Milan Galleria – Triennale Museum, Milan, Italy
2011
Against All Odds: A Contemporary Response to the Historiography of Archiving,
Collecting, and Museums in India – Lalit Kala Akademy, New Delhi
Coletivas / Group Exhibitions
Living with a Wound – Grosvenor Vadehra, London, UK
2008 Chalo! India – A New Era of Indian Art – Mori Art Museum, Japan
Concurrent India – Helsinki Art Museum, Tennis Palace, Finland
2010
Young artist – Bukarest Biennale, Rumania
2008
A Room To Pray – Avanthay Contemporary, Zurich, Switzerland
India Moderna – Institut Valencia d’Arte Modern (Ivam), Valencia, Spain
2010
Urban Manners 2 – SESC Pompeia, São Paulo, Brazil
2009
Transmediale-09, Deep North – Malmoe, Konstal & Culture Haus, Berlin, Germany
Countdown – Nature Morte, New Delhi
2007 Soft Power Asian Attitude – Shanghai Zendai Museum of Modern Art,
Shanghai, China
Where Three Dreams Cross – Whitechapel Gallery, London, UK
Video Finale – Gallery Espace, New Delhi
Foto Museum Winterthur, Switzerland
Video lounge – Art Summit-latitude 28, New Delhi
2006 Scars of An Ancient Error – Singapore Art Fair, presented by the Guild Art Gallery, Mumbai
New Narratives, Contemporary Art from India – Chicago Cultural Centre, USA
2009
Against Exclusion – 3rd Moscow Biennale, Russian Federation
Gender-genesis – Gallery Espace, New Delhi
2005 False Promises – Grosvenor Gallery, London, UK
Thermocline of Art New Asian Waves – ZKM, Karlsruhe, Germany
Viewpoints and Viewing points – National Museum of Contemporary Art,
Taipei, Taiwan
KIAF – Failed Plot, Korea
India Express Art and Popular Culture – Art Museum Tennispalace, Helsinki City Art Museum, Finland
2006 Coletivas / Group Exhibitions
Regarding us – Birla, Kolkata
Narratives from the 21st C, between memory and History – Casa Asia, Madrid & Barcelona, Spain
2008 What do you want? – Asian Triennale, Corner House Gallery, Manchester, UK
2011
Indian Rainbow – Luce Gallery, Turin, Italy
The Audience & the Eavesdropper – Phillips de Pury, London, UK
Inner vision – The Guild Gallery, New York, USA
The Empire Strikes Back: Indian Art Today – The Saatchi Gallery, London, UK
2008
2010
Landscape As Dream – Alain Gaillard, Studio Città, Paris, France
Trends and trivia, an Indian story – Mon Art Galerie, Hong Kong Visual Arts Centre
Inside India – Palazzo Saluzzo Paesana, Turin, Italy
Neti Neti – Bose Pacia, New York, USA
Still moving image – Devi Art Foundation, New Delhi
2009 Threshold: Forging Narratives in South Asian Contemporary Art – Aicon Gallery, New York, USA
Clik! Contemporary Photography from India – Vadhera Art Gallery, New Delhi; London, UK
Public places, private spaces – Minneapolis art institute, USA
Collision Course, GSK Contemporary: Part 2 – Royal Academy of Art, UK
Second sex –10 chancerylane, Hong Kong
Where in the world & Still Moving Image – Devi Art Foundation, New Delhi
India Moderna – Institut Valencia d’Arte Modern (Ivam), Valencia, Spain
2007 After Shock: Conflict, Violence and Resolution in Contemporary India – Sainsbury Centre for Visual Arts, University of East Anglia, Norwich, UK
2006
Here And Now: Young Voices From India – Grosvenor Vadehra, London, UK
Lekha and Anupam Poddar Collection – The Chrysler Museum, Germany
120
121
Vishal K. Dar nasceu em / born in Digboi,1976
Vivek Vilasini nasceu em / born in Trishur,1964
Individuais / Solo Exhibitions
Individuais / Solo Exhibitions
2009
Navgunjar – British Council, Delhi
2008
Ekant – The Stainless Gallery, Delhi
2007
Between One Shore and Several Others – Sumukha Gallery, Bangalore; Visual Arts Gallery, India Habitat Center, New Delhi
Coletivas / Group Exhibitions
Coletivas / Group Exhibitions
2009
India Dialogue – Museum Gabarron, Spain
2008
Who Knew Mr. Gandhi? – Aicon Gallery, London, UK
Satyagraha – Casa de la India, Spain
2007
Kashi 10 light years – Kochi
Relative Visa – Bodhi Space, Mumbai
Saptarishi: Encounter with steel – The Stainless Gallery, Delhi
Vistaar 2 – The Stainless Gallery, Delhi
2008
Video Wednesdays – Gallery Espace, Delhi
India: Public Places, Private Spaces – Contemporary Photography and Video Art, Newark Museum, New Jersey, USA
2007
BROW Nation – Experimental Art Gallery, Delhi
Soulflower Gallery, Bangkok, Thailand
2006 Digressing Domain – Rabindre Bhavan, Delhi
Gallery Kolkatta, Kolkata
2005 Dot-matrix – Apeejay Media Gallery, Delhi
Srishti Gallery, Hyderabad
Imagining materiality – Visual Arts Gallery, Delhi
Panchatantra – Kashi Art Gallery, Kochi
2004 Along the x-axis – Apeejay Media Gallery, Delhi
Arts for Peace – Hera Art Gallery, Rhode Island, USA
2006
Rock – Himanshu Desai Gallery Art Resource Trust, Mumbai
A Compensation for What Has been Lost – Travancore House, New Delhi
Waging Peace – Hera Art Gallery, Rhode Island
Satyagraha: Indian and South African Artists – New Delhi & Dublin
Vivan Sundara nasceu em / born in Simla,1943
Individuais / Solo Exhibitions
Eternal Recurrence – New Delhi
2008
Trash – Chemould Prescott Road, Mumbai; Project 88, Mumbai; Photoink, New Delhi; Sepia International, New York; Walsh Gallery, Chicago, USA
Double Enders – Mumbai, Delhi, Bangalore and Kochi
2006 Bad Drawings for ‘Dost’ – Gallery Chemould, Mumbai
Re-take of ‘Amrita’ – Sepia International, New York, USA
2005
living.it.out.in.delhi – Rabindra Bhavan, New Delhi
Coletivas / Group Exhibitions
2011
Paris-Delhi-Bombay – Centre Pompidou, Paris, France
2008
Archive Fever: Uses of the Document in Contemporary Art – International Center of Photography, New York, USA
Revolutions: Forms that Turn – Biennale of Sydney, Australia
Santhal Family: Positions around an Indian Sculpture – Museum van Hedendaags Kunst (MuKHA), Antwerp, Belgium
Still Moving Image – Devi Art Foundation, Gurgaon
2007
Amrita Sher-Gil – Tate Modern, London, UK
Thermociline: New Asian Waves in Contemporary Asia – ZKM, Karlsruhe, Germany
New Narratives: Contemporary Art from India – Chicago Cultural Center, USA
Urban Manners: 15 Contemporary Artists from India – Art for the World, Hangar Bicocca, Milan, Italy
Horn Please: Narratives in Contemporary Indian Art – Kunst Museum, Bern, Switzerland
Inaugural exhibition – The Berardo Museum of Modern and Contemporary Art, Centro Cultural de Belém, Lisbon, Portugal
2006
Amrita Sher-Gil: An Indian Artist’s Family in the 20th Century – Haus der Kunst, Munich, Germany
Dirty Yoga – 2006 Taipei Biennale, Taiwan
Edge of Desire: Recent Art in India – Museum of Contemporary Art (Marco), Monterrey; National Gallery of Modern Art, New Delhi; National Gallery of Modern Art, Mumbai
Edge of Desire: Recent Art in India – Asia Society & Queens Museum of Art, New York, USA; Tamayo Museum, Mexico City, Mexico
122
123
Bibliografia
Bibliography
CCHANDRASEKHAR, Indira; SEEL, Peter C. (Ed.) Body city: siting contemporary culture in India.
Berlin: Haus der Kulturen der Welt; New Delhi: Tulika books, 2003.
HORN PLEASE: narratives in Contemporary Indian Art. Bern: Kunstmuseum Bern;
Hatje Cantz, 2007.
INDIAN HIGHWAY. London: Serpentine Gallery, Koenig Books, 2009.
INDIAN SUMMER. Paris: École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, 2005.
JANTJES, Gavin (Ed.) The tree from the seed: contemporary art from India. Høvikodden: Henie
Onstad Kunstsenter, 2003.
LEE, Yong Woo (Ed.) Emerging Asian artists. Gwangju: Gwangju Biennale Press, 2010.
MERALI, Shaheen (Ed.) Cultura popular india … y más allá: cismas (emergentes) jamás
contados. Madrid: Sala Alcalá 31, 2009.
MERALI, Shaheen (Ed.) Re-Imaging Asia: a thousand years of separation. Berlin: Haus der
Kulturen der Welt; Beirut: Saqi Books, 2008.
PALAZZOLI, Daniela (Ed.) India oggi: l’arte contemporanea indiana fra continuità e
trasformazione. Milano: Spazio Oberdan, 2008.
PARIS-DELHI-BOMBAY. Paris: Centre Pompidou, 2011.
SEID, Betty (Ed.) New narratives: contemporary art from India. Chicago: Chicago Cultural Center;
Ahmedabad: Mapin Publishing, 2007.
124
125
Créditos
Agradecimentos
Credits
Patrocínio / Sponsorship
Banco do Brasil
Realização / Presentation
Centro Cultural Banco do Brasil
Concepção e Coordenação Geral /
Conception and General Coordination
Art Unlimited
Pieter Tjabbes / Tânia Mills
Sandra Klinger
Curadoria / Curated by
Pieter Tjabbes
Arte Contemporânea / Contemporary Art
Tereza de Arruda
Narração de Histórias / Storytelling
Dadi Pudumjee
Fotografias Alkazi Foundation / Photographs Alkazi Foundation
Rahaab Allana
Consultoria / Consulting
Fausto Godoy
Editora / Editor
Flavia Galli Tatsch
Design gráfico / Graphic design
Comunicação visual / Visual communication
Marina Ayra
Luiz Dominguez
Textos / Texts
Cibele Aldrovandi
Deepak Ananth
Flavia Galli Tatsch
Kapila Vatsyayan
Laura Cury
Rahaab Allana
Tereza de Arruda
126
Acknowledgements
Produção executiva / Executive production
Erika Uehara
Karen Garcia
Coordenação de produção / Production coordination
Hiro Kai
Mauro Amorim
Equipe de produção / Production team
Jade Medeiros Tavares
Karen Halley
Larissa Ferreira
Mariana Baccarin
Marina Ayra
Patrícia Magalhães
Renato Musa
Rose Teixeira
Sonia Leme
Fotografias / Photographs
Anay Mann
Guilherme Isnard
Günter Heil
Motivo
Paulo Jabur
Tratamento de imagens / Image editing
Motivo
Revisão / Revision
Armando Olivetti
Tradução / Translation
Armando Olivetti
Izabel Murat Burbridge
John Norman
Abhilasha Joshi – Consulate General of India, São Paulo
Aditi Mangaldas
Alkazi Foundation for the Arts, Delhi
Ambassador of India B. S. Prakash
Ashdeen Lilaowala
Brij Bhasin
Carina Fernandes e / and Ananda Jyothi
Consulado Geral da Índia, São Paulo
Devika Singh
Embaixada da Índia no Brasil
Embaixada do Brasil na Índia
Embaixador Marco Antonio Diniz Brandão
Embaixador Gilberto Fonseca Guimarães de Moura
Fondation Raghubir Singh, Paris
Geeta Chandran
Günter Heil
IGNCA – Indira Gandhi National Centre for the Arts, Delhi
(Prof Molly Kaushal; Ms Sreekala Sivasankaran; Mr Dr. S. Simon John)
Instituto Ricardo Brennand, Recife
Johannes Beltz
Jyotindra Jain
Klaas Ruitenbeek
Laila Tyabji, Dastkar, Delhi
Leela Samson
Lena Tosta e / and Olivier Boëls
Luiz Rodrigues de Jesus
Mamede Mustafa Jarouche
Maria Clara de Abreu Rada e / and
Francisco Carlos Ramalho de Carvalho Chagas
Museu Histórico Nacional – Ibram/MinC, Rio de Janeiro
Museum für Asiatische Kunst, Staatliche Museen
zu Berlin (Rafael Gadebusch)
Museum Rietberg, Zürich
Natanakairali, Research Training and Performing Centre for
Traditional Arts Irinjalakuda, Kerala
National Museum of Ethnology, Leiden
Neeraj Sahai
Nir Gershony e / and Lucia Gershony
O. P. Jain
Parzor – The Unesco Parsi-Zoroastrian Project
Raffael Gadebusch
Raghu Rai Foundation for Art and Photography, Delhi
Rede Globo
Ruchira Ghose
Sangeet Natak Akademi, Delhi
(Chairperson Ms Leela Samson; Secretary Mr Jayant Kastuar)
Sunil Dogra
The Alkazi Collection of Photography
The Ishara Puppet Theatre Trust, Delhi
Tyler Investment Enterprises
Usha Malik
Vadehra Art Gallery
Índia – Lado a Lado / India – Side by Side
Christina Pannos, Walsh Gallery, Chicago
Deepak Ananth, Paris
Deepanjana Klein, Christie’s, New York
Gallery Sumukha, Bangalore
Geeta Mehra, Sakshi Gallery, Mumbai
Hugo Weihe, Christie’s, New York
Julie Deffrenne, Gallery Lelong, Paris
Julie Walsh, Walsh Gallery, Chicago
Kanika Anand, Gallery Space, New Delhi
Nina Miall, Haunch of Venison, London
Patrice Cotensin, Gallery Lelong, Paris
Peter Nagy, Gallery Nature Morte, New Delhi/Berlin
Renu Modi, Gallery Espace, New Delhi
Shalini Sawhney, The Guild, Mumbai
Shireen Gandhy, Chemould Prescott Road, Mumbai
Sunitha Kumar Emmart, Galleryske, Bangalore
Tom Hunt, Haunch of Venison, London
Yamine Mehta, Christie’s, London
127
LADO A LADO
Arte Contemporânea Indiana
SIDE BY SIDE
Indian Contemporary Art
© Direitos autorais reservados pelos autores, artistas e fotógrafos. Nenhuma parte desta publicação
pode ser reproduzida ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico,
incluindo fotocópia ou qualquer sistema de armazenamento, sem a permissão por escrito do editor. Não
conseguimos contato com o titular dos direitos de algumas imagens, neste caso, pedimos o favor de
entrar em contato com a editora Art Unlimited
<[email protected]>
© Copyright reserved by the authors, artists and photographers. No part of this publication may be
reproduced or transmitted in any form or by any means, electronic or mechanical, including photocopy or any
storage and retrieval system, without permission in writing from the publisher. In some cases we were not
able to contact the holder of the rights. In this case, kindly enter in contact with the publisher Art Unlimited
<[email protected]>
128