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do jornal em Pdf
Nº 70 - jan./fev./mar. de 2015 - ANO XVII
Associação de Deficientes Visuais e Amigos
A ADEVA
está também
em Barueri
Parceiros pág. 7
Apps para cinema
operam aqui e agora
pág. 10
Convivaware
O coral da ADEVA
canta e encanta
pág. 4
Talentos
OPINIÃO
Editorial
Sem migalhas
O trabalho é um direito de todos. Isto é um fato
garantido pela Declaração Universal dos Direitos
Humanos desde sua promulgação em 1948 e ratificado
pelos países-membros da Organização das Nações
Unidas (ONU), inclusive, o Brasil.
Mas, se é assim, algo está errado. Atualmente, no
território nacional, existem 10,2 milhões de pessoas
com deficiência que completaram o ensino médio e o
curso superior. Deste total, 218 mil estão no mercado
de trabalho formal e dez milhões aguardam uma
oportunidade profissional. Por quê? Desinteresse
por parte das pessoas com deficiência? Falta de
vontade política do poder público? Falhas do sistema
de fiscalização? Desinformação e preconceito por
parte dos empresários e das empresas?
Em relação a este último item, com frequência,
ouvimos comentários sobre o quase total despreparo
de alguns profissionais de RH, principalmente no
momento da entrevista de uma pessoa com deficiência
candidata a vaga de emprego.
Quanto às empresas, uma delas nos procurou
para que indicássemos alguém “cego apenas de
um olho” para completar o número de empregados
exigido pela Lei de Cotas
(Lei nº 8.213/91).
Outras, na urgência de atender esta Lei, procuram
pessoas com deficiência leve (“faltando apenas um
dedo”), ou deficiência não aparente (“semicegas”).
Só faltaram nos pedirem mulheres “semigrávidas”
e homens “semi-idosos”. Brincadeira de mau gosto?
Não. É a pura verdade.
Algumas contratam pessoas com deficiência visual
apenas por meio período de trabalho, ou deixam-nas
“encostadas”, ou as dispensam para que “trabalhem”
em casa, ou para que façam cursos e mais cursos
fora da empresa.
Atribuímos todas essas mazelas sobretudo à
desinformação e à descrença do empresariado
brasileiro sobre a capacidade laboral das pessoas
com deficiência.
Mas a empregabilidade destes profissionais precisa
ser respeitada. A Lei 8.213/91 foi sancionada em
função da insensibilidade da nossa sociedade sobre
esta questão.
O profissional com deficiência não quer migalhas.
Quer sua inclusão no mercado de trabalho de forma
efetiva, o que significa mais do que ser um número
para atender uma Lei. Está na hora das empresas
pararem de brincar que empregam, das pessoas com
deficiência pararem de brincar que trabalham e do
poder público parar de brincar que fiscaliza.
Passados 23 anos de sua aprovação, a insensibilidade
perdura quase que de forma generalizada. Poucas
empresas se mostram comprometidas seriamente com
a inclusão de pessoas com deficiência no mercado
de trabalho, com um trato profissional isento de
paternalismo, proporcionando condições para que elas
exerçam suas funções e mostrem todo seu potencial.
Por esses poucos exemplos de maturidade
empresarial, me veio ao pensamento a frase de um
personagem do filme Pão e Rosas: “Queremos pão,
mas também queremos rosas”.
Markiano Charan Filho, diretor-presidente da ADEVA
Expediente:
Jornalista responsável: Liane Constantino (MTb 15.185).
Colaboradores: Laercio Sant’Anna, Lothar Bazanella, Markiano
Charan Filho, Miguel Leça (fotos), Sidney Tobias de Souza.
Correspondência: rua São Samuel, 174, Vila Mariana, CEP
04120-030 - São Paulo (SP) - telefones: 11 5084-6693/6695
- fax: 11 5084-6298 - e-mail: [email protected] - site: www.
adeva.org.br. Diagramação: Fernanda Lorenzo. Revisão: Célia
Aparecida Ferreira. Fotolitos e impressão: Garilli Artes Gráficas
2
Ltda. - tel.: 11 2696-3288 - e-mail: [email protected]. Tiragem:
1.000 exemplares. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA.
Índice:
Opinião|Editorial............................p. 2
Lazer|Estive lá e gostei!.............p. 3
Adeva|Talentos...........................p. 4
Em foco............................p. 5
Parceiros..........................p. 7
Mercado de Trabalho|Profissão:.........................p. 8
Esporte|Um direito de todos.........p. 9
Tecnologia|Convivaware....................p. 10
Na rede............................p. 11
Literatura|Distinto olhar...................p. 11
Espaço poético................p. 12
Mais!|Para seu lazer..................p. 12
LAZER
Estive lá e gostei!
Um pedacinho
do mundo árabe
está em São Paulo
Conheça tudo de bom e gostoso que os irmãos do Oriente trouxeram
Por Sidney Tobias de Souza | [email protected]
São Paulo também tem um pé no Oriente.
Grande parte dos árabes e seus descendentes que
vivem no Brasil moram na capital paulista. A contribuição cultural desta colônia pode ser observada
em toda parte da cidade, da gastronomia às
edificações urbanas.
Arquitetura
Edifícios históricos, como a Mesquita Brasil na
av. do Estado, construída em 1929, a mais antiga
do Brasil, e a Catedral Metropolitana Ortodoxa
na rua Vergueiro, são exemplos da arquitetura
árabe. Estes dois edifícios, juntamente com a
fábrica de alimentos e loja de produtos típicos
Maxifour no Brás e a sala árabe do Club Homs na
av. Paulista, compõem o roteiro árabe disponível
a grupos turísticos.
Visitei a sala árabe no Club Homs e pude
conhecer um pouco do estilo dos móveis, da
tapeçaria e de instrumentos do oriente. Aliás,
para quem gosta de música e dança, no Club
Homs é possível aprender a tradicional dança do
ventre ou raqṣ sharqī (literalmente “dança oriental”).
Seus movimentos são marcados pelas ondulações
abdominais, de quadril e tronco, isoladas ou
combinadas, ondulações de braços e mãos,
tremidos e batidas de quadril. Sua sinuosidade,
semelhante à de uma serpente, atribui sensualidade
à dança. E, ao som de alaúdes (instrumento de
cordas), derbakes (instrumento de percurssão)
e cantores como Jorge Abdo e Omar Faruk, as
dançarinas dão um show.
Gastronomia
Os paulistanos já se habituaram às delícias
árabes como kafta e tabule. Porém, há mais
sabores. Por exemplo, a salada fatouche temperada
com especiaria árabe; as esfihas de zaatar; o quibe
redondo com nozes; o homus, uma pasta de
grão de bico com tahine; a babaganuj, pasta de
berinjela com tahine; o chancliche, queijo árabe
coberto com zaatar; o michuí, um espeto de carne
de carneiro assada; o típico sanduíche de falafel;
os manouches, sanduíches rápidos e populares
feitos de carne moída com tomate ou sem carne
feitos de coalhada seca, tomate, pepino, azeitonas
e hortelã, são uma delícia.
Para a sobremesa, as opções podem ser um
pudim de tâmaras, um mahmoul de nozes, um
balorie de pistache ou uma coalhada com mel.
E para beber, conforme a cultura árabe, nada
de álcool. Você pode escolher um café temperado
com cardamomo, um chá com hortelã, um jallab
(suco de amora com água de rosas), um suco de
damasco ou de romã.
Tudo isto em um dos inúmeros restaurantes
típicos da cidade.
Para saborear um pouco desta vasta culinária,
escolhi o Baruk da Vila Olímpia, um espaço
verdadeiramente árabe.
Mais conhecimento
Caso você se interesse pela cultura e pela
história do Oriente, o Centro Cultural Árabe Sírio
oferece diversos cursos, inclusive de língua árabe.
As portas deste instituto estão abertas a todos
os interessados nas palestras que promove, nas
mostras de filmes, nas apresentações do grupo
folclórico de dança, nas exposições de artes e,
inclusive, na biblioteca onde é possível conhecer
a rica literatura árabe.
Então, que tal reservar um fim de semana para
conhecer melhor o que este povo hospitaleiro tem
a oferecer a todos os paulistanos? Certamente
você será muito bem-vindo! Ahlan wa Sahlan!
Serviço
Mesquita Brasil – av. do Estado, 5.382, Cambuci. | Catedral
Metropolitana Ortodoxa – rua Vergueiro, 1.515, Paraíso. |
Maxifour produtos alimentícios – rua Júlio Ribeiro, 66, Brás,
tel.: 2799-0000. | Club Homs – av. Paulista, 735, Paraíso,
tel.: 3289-4088. | Baruk restaurante – al. Raja Gabaglia, 160,
V. Olímpia, tel.: 3045-9999. | Centro Cultural Árabe Sírio –
rua Augusta 1.053, Jardins, tel.: 3259-4727 / 4880.
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ADEVA
Talentos
Vozes que cantam e encantam
Integrantes do Coral dizem o que significa representar a ADEVA por meio da música
Por Lúcia Nascimento | [email protected]
Tudo começou em 2002, por iniciativa da fonoaudióloga e cantora Anna Maria Silva Cotrim Machado,
também professora da ADEVA. “Ela propôs a formação
de um grupo para cantar na formatura dos alunos
daquele ano. A maestrina Dudá Lopes e eu fomos
convidados para reger. Depois deste evento, alguns dos
integrantes do grupo se interessaram em mantê-lo.
A Dudá saiu, eu fiquei”, conta Júlio de Brito Battesti,
maestro desde então, graças à parceria firmada entre
a Abaçaí Organização Social de Cultura e o governo
do estado de São Paulo.
A ideia, no entanto, foi da vice-presidente à época,
Sandra Maciel. “Em um curso de Relacionamento
Interpessoal, uma das atividades propunha que
cantássemos todos juntos. Foi daí que a Sandra
pensou em formar um coral”, conta a colaboradora
da ADEVA e membro do grupo desde seu início, Célia
Aparecida Ferreira.
“O Coral já teve trinta vozes e, em outras épocas,
sete vozes; mas, independente disso, a vontade
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de fazer música sempre prevaleceu e o nível musical
melhorou muito desde seu início. Hoje, são cerca
de vinte vozes que cantam e encantam nos eventos
promovidos pela ADEVA e em todos nos quais nos
apresentamos”, informa Júlio Battesti.
Os coralistas
Conquista de novas amizades, ouvido mais apurado
para a música, melhora na voz, o fim da depressão. Estes
são alguns dos motivos que os integrantes do Coral
da ADEVA mencionam para ilustrar sua participação
num grupo para o qual o ditado popular “quem canta
seus males espanta” pode muito bem ser aplicado.
Para participar
O Coral da ADEVA está com as portas abertas para
todos os interessados, sejam ou não pessoas com
deficiência visual. Os ensaios são às terças-feiras, das
17h às 19h, na sede da entidade, rua São Samuel, 174,
Vila Mariana, telefones: 5084-6693 / 6695.
Marco Antônio F. S. B. dos Santos, massoterapeuta
Eu cantava em corais evangélicos, mas, em 2005, devido
ao glaucoma, perdi a visão e entrei em depressão. Iniciei
no Coral em 2013, porém, por causa da doença, tive de sair.
Incentivado por uma colega, a Valéria, retornei. Hoje, o Coral
é muito importante para mim, porque melhorei a minha voz,
conquistei novas e excelentes amizades, pessoas com os
mesmos problemas que os meus, e superei a depressão!
Lu iz Carlos Marques
da Silva, estudante
Conheci o Coral em
agosto de 2014, em uma
missa no Hospital Santa
Catarina, e gostei muito!
Hoje, meu ouvido está
mais apurado e minha
voz, mais desenvolvida.
O convívio com os colegas também me faz bem!
Luzia Aparecida F.
Costa, aposentada
Além do prazer de aprender as músicas
e cantar, o Coral, para mim, também é
fazer novas amizades e lazer. O Júlio
também é um grande amigo, o que me
incentiva muito a permanecer no grupo.
Célia Aparecida Ferreira,
revisora braille
Cantar é muito bom. Não
poupo elogios ao Júlio. Ele
está conosco desde o início,
é muito dedicado e os colegas são muito animados.
Andreia Alves Lima, balconista
Há dez anos no grupo, fiz muitas amizades, sinceras e verdadeiras. O Júlio
também é uma pessoa maravilhosa.
Eles são minha segunda família!
Valéria Teresa Silva de Verçosa, massoterapeuta
Comecei no Coral em 2009. Por motivo de depressão, tive de me afastar por dois anos. Voltei graças ao Markiano e ao Júlio, a quem agradeço
imensamente! Eu amo música e acho que ouvia muitas já na barriga da
minha mãe. Portanto, estar no Coral, para mim, significa vida!
Sheila Franco da Silva, estudante
Ana Paula Souza Santana,
massoterapeuta
Não gostava de cantar em público, achava
a minha voz muito feia, mas comecei a
soltá-la no Coral. Também sou muito polêmica, porém o convívio com os colegas
fez com que eu ficasse mais controlada.
Resumindo: estar no Coral é tudo de bom!
Neuza Maria Ferreira,
aposentada
Me lembro que cheguei ao
ensaio e falei para o Júlio que
queria assistir. Assisti e aqui
estou até hoje! Para mim, fazer
parte do Coral é muito bom,
porque, além de cantar ser
uma delícia, fiz novos amigos!
Eu canto desde criança e até já ganhei troféu.
Mas, assim que entrei no Coral, além de ganhar
novos amigos, a minha voz melhorou muito!
Cleide Aparecida Lima Lourenço, aposentada
Para mim, o Coral é um cantinho onde eu também supero
as saudades da minha mãe, que mora muito longe. Aqui,
eu brigo, brinco, me divirto e aprendi a cantar melhor!
Rosa linda Bueno Moreno,
dona de casa
Quando criança tentei aprender a cantar.
Agora, aprendi. Com o grupo, me divirto
e esqueço os meus problemas. O Coral
é uma recreação para o meu espírito!
Raimunda de Fátima Q. da Silva,
auxiliar de radiologia
Foi em 2004, quando eu estava com uma forte depressão, que
um amigo me propôs entrar no grupo, para alegrar e aliviar o
meu espírito. Entrei, fiquei aliviada e, por causa do Coral, me
sinto bem até hoje! Para mim, o Coral significa ânimo, uma atividade diária de combate ao stress, além do fim da depressão!
Lucila da Silva Peres Balbino, massoterapeuta
Quando me casei e deixei meus pais em Curitiba,
o Coral me ajudou a superar a falta e a saudade deles. O poder da música e a conquista de
novos amigos também me ajudam muito!
Antônio Man ente Moreno, aposentado
Participo de corais desde 1963 e faço parte deste
Coral desde seu início. O Coral me distrai, preenche meu tempo e preserva minha higiene mental.
Jair Cava lis, auxiliar de
escritório e estudante de música
Como sempre só toquei bateria na noite,
para mim, cantar é uma experiência nova.
Participar do Coral também significa fazer novas amizades, o que é muito bom!
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ADEVA
Em foco
36 anos e muitos amigos
Na companhia de mais de 200 pessoas, a diretoria da ADEVA
comemorou os 36 anos de sua fundação com um jantar no Bar
Brahma, centro de São Paulo, dia 12 de novembro passado. A presença
de tantos amigos e o show d’Os Originais do Samba alegraram, e
muito, este já tradicional evento anual.
Cultura e inclusão
“Hoje eu quero voltar sozinho”, roteiro,
direção e produção de Daniel Ribeiro, foi o
filme escolhido para a V Sessão de Cinema
Inclusiva ADEVA/Sabesp que aconteceu dia
5 de dezembro último no Cine Sabesp em
São Paulo. Na ocasião, a deputada federal
Mara Gabrilli fez o lançamento da 2ª edição
do seu Guia Cultural Inclusivo.
Gráfica braille
A gráfica da ADEVA oferece serviços de
impressão em braille e em tipos ampliados de
apostilas, livros, cardápios, catálogos, folhetos,
holerites etc. para pessoas físicas e jurídicas,
em todo o território nacional. Orçamentos pelo
e-mail: [email protected] ou pelos tels.:
11 5084-6693 / 6695 com Miguel Leça.
Sua participação
Para colaborar com nossos projetos, faça uma
doação em dinheiro pelo sistema PagSeguro
no link http://www.adeva.org.br/comocolaborar
ou doe Cupons e Notas Fiscais sem registro do
CPF ou CNPJ. Para a entrega dos Cupons, entre
em contato com Rosana pelo e-mail: rosana@
adeva.org.br ou pelos tels.: 11 5084-6693 / 6695.
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ADEVA
Sarau
da Virada
A ADEVA abriu suas
portas para a 5ª Virada
Inclusiva de São Paulo,
evento promovido pela
Secretaria de Estado
dos Direitos da Pessoa
com Deficiência de São
Paulo. Um sarau literário
reuniu amigos e amantes
de boa prosa, poesia e
música em seu Centro de
Treinamento no dia 6 de
dezembro último.
Acesso
para Todos
O projeto Acesso
para Todos, criado pela
ADEVA, pelo escritório de
webdesign E-hipermídia e
pela empresa de sistemas
Web2Business, oferece a
construção de websites
acessíveis segundo
os padrões da W3C,
comunidade internacional que estabelece os
padrões da web. Mais
informações no site
http://www.acessoparatodos.com.br/
Parceiros
ADEVA é parceira da
Secretaria dos Direitos da
Pessoa com Deficiência
Professores de braille e de locomoção atendem
o público da SDPD de Barueri
No início de 2013, Ibraim Antonio Abou Jokh tomou posse como
titular da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SDPD) de
Barueri, município paulista a 26 quilômetros da cidade de São Paulo,
considerado importante centro financeiro
paulista e polo empresarial brasileiro.
Criada, em 2010, como órgão de execução,
uma de suas múltiplas competências é
“formular e executar, direta ou indiretamente,
em parceria com instituições públicas ou
privadas, programas, projetos e atividades
à pessoa com deficiência”.
Para atender este parágrafo, amigos em comum que acreditam na
importância desta Secretaria e na competência do trabalho que a ADEVA
realiza há 36 anos promoveram sua aproximação.
E, após os trâmites habituais exigidos por lei municipal para a consecução
de uma parceria público-privada, a ADEVA passou a oferecer aulas de
braille e de orientação e mobilidade para pessoas com deficiência visual
de Barueri e de municípios circunvizinhos na sede da Secretaria.
Para a coordenadora técnica sócio-ocupacional da Secretaria dos Direitos
da Pessoa com Deficiência, Denise A. Sylos, “apesar de recentemente
iniciado [agosto de 2014], o trabalho conjunto com a ADEVA vem
apresentando bons resultados, tanto que temos a intenção de renovar
a parceria este ano e também ampliá-la com a contratação de cursos
de informática para pessoas com deficiência visual”.
Markiano com Denise e Pat
rícia (da SDPD)
Equipe da Adeva em frente
da SDPD
SDPD
A Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Barueri foi criada
em agosto de 2010 com um amplo espectro de ação na coordenação da
política municipal de atenção e de inclusão da pessoa com deficiência
e mobilidade reduzida.
Atende gratuitamente crianças, jovens e adultos com deficiência
auditiva, física, visual, múltipla, intelectual e com transtorno do espectro
autista, por meio de atividades nas áreas da saúde, esporte adaptado,
cultura, educação e inclusão no mercado de trabalho.
Desde 2013, funciona em sede própria na rua Vereador Isaias P. Souto,
175, Jardim Belval, tel.: 4194-4939, e-mail: [email protected]
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MERCADO de TRABALHO
Profissão: artista
A partir daí, me apresentei na Itália e na Argentina,
onde participei de três festivais.”
Em 2005, com a canção “O mundo fala”, Sara foi
a primeira colocada no Festival de Música de Volta
Redonda, concorrendo com compositores de todo
o Brasil. Como intérprete, ficou em 2º lugar.
Seus dois CDs independentes, “Faz sempre sol”
(infantil) e “Em frente ao planeta”, são de 2012 e 2013
respectivamente. Dia 25 de janeiro passado, lançou
o terceiro, “Invisível”.
Na dança e no teatro
Sara Bentes
canta, dança,
escreve e
muito mais
Conheça a trajetória multifacetada
desta jovem artista
Por Lúcia Nascimento | [email protected]
“Tenho apenas uma maneira diferente de ver o
mundo.” É assim, por meio de um trecho de “Pra quê”,
uma de suas mais de 30 composições, que a cantora,
atriz, blogueira e escritora Sara Bentes (32) se define.
Sara nasceu em Volta Redonda (RJ) com glaucoma.
Dezessete cirurgias lhe garantiram 5% de visão até
2010, quando ficou completamente cega.
Na música
8
O ambiente familiar foi favorável ao seu desenvolvimento artístico. “Meu dia a dia com meus pais, o
músico e escritor Sérgio Bentes e a professora Elenita
Magalhães, foi embalado com música, arte e literatura.”
“Comecei a cantar em público com 13 anos, no
Coral do Colégio Macedo Soares onde estudei.
Depois, participei dos corais da prefeitura de Volta
Redonda e da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).”
Simultaneamente, Sara estudava piano clássico e
popular, oboé e fazia cursos livres de outros instrumentos musicais.
A primeira apresentação no exterior foi nos Estados
Unidos aos 21 anos. “Era um concurso anual de jovens
solistas cantores e instrumentistas, o Rosemary Kennedy
to Young Soloists. Venci na categoria cantora internacional. Como parte do prêmio, fui convidada para
cantar no teatro Kennedy Center, em Washington DC.
Para aprimorar a expressividade e a postura, Sara
fez cursos de dança e teatro. “Quando comecei a
cantar em público, me cobravam mais presença de
palco, tudo que se espera de um cantor que enxerga.
Mas para a pessoa com deficiência visual não é um
aprendizado natural. A dança e o teatro me ajudaram
e gostei tanto que acabei ficando”.
A primeira atuação como atriz profissional foi na
peça “Do banquete ao piquenique” no Rio de Janeiro
em 2006. Em 2010, atuou na Cia. Mix Menestréis,
dirigida por Deto Montenegro, e no Teatro Cego,
ambos em São Paulo.
No circo
Em 2013, Sara foi convidada a integrar um espetáculo
de circo na VII Mostra de Artes Albertina Brasil em
Sergipe. “Fiz a adaptação de uma modalidade de dança
do ventre que usa uma bengala, representando a mulher
guerreira. Usei a minha bengala, em homenagem às
pessoas com deficiência visual.”
De novembro de 2013 a março de 2014, frequentou
a escola de circo Crescer e Viver, no Rio de Janeiro,
dedicando-se à lira, uma argola de metal, semelhante
a um bambolê, que fica pendurada no teto, na vertical,
amarrada em uma corda, e onde o artista fica sentado
exibindo suas coreografias. Em abril, estreou com
“Belonging” em Londres e, no mês de maio, este
espetáculo circense foi reapresentado no Rio e em
São Paulo.
Na literatura e no blog
Seu blog “Boca no mundo” <http://sarabentes.
blogspot.com.br>, criado em 2010, marcou o ano
em que perdeu a visão. Neste espaço, Sara publica
poemas e crônicas contando suas aventuras, reflexões
e os bastidores do seu trabalho. Do blog, resultou o
livro de crônicas “Quando botei a boca no mundo”
de 2013. Antes disso, em 2011, ela publicou o livro de
poesias “Fotografias poéticas de um olhar viajante”,
em versão impressa e digital acessível pelo Clube
de Autores.
E muito mais...
Sara Bentes também dá aulas de canto, é palestrante
e consultora de inclusão de pessoas com deficiência.
Porque “sempre quero mais e sei que posso mais.”
ESPORTE
Um direito de todos
Pedalar é bom.
Acompanhado é bom demais!
As bicicletas vão ocupando cada vez mais espaço em São Paulo
Por Sidney Tobias de Souza | [email protected]
Agora que as ciclofaixas, ciclovias e ciclorrotas estão se multiplicando em São Paulo,
que tal pegar sua “magrela” e fazer uma atividade física saudável e prazerosa pelas ruas
da cidade?
Para incentivar o uso da bicicleta também como meio de transporte, a Prefeitura
paulistana tem como meta implantar 400 quilômetros de ciclovias em Sampa até o final
deste ano. Atualmente, as vias destinadas aos ciclistas totalizam 214,4 quilômetros. Em
2014, foi inaugurada a ciclopassarela sobre a Marginal Pinheiros e a av. Paulista vai ganhar
ciclovia no canteiro central. Desta forma, com certeza haverá uma perto de você.
Além dessas iniciativas, a Prefeitura inaugurou,
no Largo da Batata (região oeste), um bicicletário
público ao lado da estação Faria Lima do Metrô,
com capacidade para guardar 100 bicicletas dos
próprios usuários, além de outras duas vagas para
pessoas com deficiência.
As bicicletas não são apenas um meio de
transporte barato e não poluente. Pedalar também
diverte e faz bem à saúde. Médicos afirmam que
pedalar regularmente melhora a resistência e a
respiração, combate o stress, evita o infarto, aumenta
a imunidade, favorece o emagrecimento, reduzindo
a gordura corporal, contribui com a diminuição da
pressão arterial e garante boa forma. É uma das
atividades físicas mais completas por movimentar
todo o corpo.
E se você não tem bicicleta, não se preocupe
em comprar uma. Nos parques Ibirapuera (região
sul) e Villa-Lobos (região oeste), por exemplo,
pode-se alugar uma bike e sair pedalando em meio
a canteiros verdes, arborizados e ao som do canto
dos pássaros. Tem bicicletas para crianças, bicicletas
para toda a família andar junta, com quatro rodas
e cestinho, e bicicletas do tipo tandem, conhecidas
popularmente como “de dois lugares” ou duplas.
A tandem é o tipo preferido pelas pessoas com
deficiência visual, pois elas pedalam junto com
o acompanhante, tendo a mesma experiência de
quem anda de bicicleta sozinho. A sensação que
se tem é de liberdade.
Para quem prefere passear em grupo, são Paulo
oferece vários clubes de ciclistas que promovem passeios diurnos e noturnos, pela cidade
e por outras rotas fora da cidade. O Clube dos Amigos da Bike (CAB) existe desde 1997, por
exemplo, organiza competições, passeios ciclísticos urbanos, cicloviagens. Para se associar
ao CAB, entre no site www.cab.com.br e confira também sua programação que inclui a
famosa pedalada noturna semanal.
Seja na rua ou na estrada, um lembrete importante se você optou por este esporte
ou meio de transporte: use capacete, mantenha sua magrela “alinhada” – rodas, correias,
breque, pneus, faróis (luz branca na frente e vermelha atrás), guidão, assento – e ajuste o
retrovisor. Ok? Então, pé no pedal e bom passeio!
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TECNOLOGIA
Convivaware
Whatscine e MovieReading
já são realidade no Brasil
Aplicativos oferecem audiodescrição em tempo real no cinema ou em casa
Por Laercio Sant’Anna | [email protected]
Os últimos dez anos demonstraram uma evolução
importante da audiodescrição no Brasil. Já postamos
aqui um pouco da “briga” entre os interessados no
tema e os órgãos responsáveis por sua implantação.
Falta de mão de obra qualificada e elevados investimentos têm sido os argumentos para a não efetivação
deste recurso de tecnologia assistiva no País.
Pensando nisso, entidades e empresas buscam
maneiras de diminuir os custos e aumentar a rapidez
na oferta de produtos audiodescritos. Foi assim
que, recentemente, ganhamos o Whatscine e o
MovieReading.
Os aplicativos
O Whatscine é um software para aparelhos móveis
das plataformas iOS ou Android. Desenvolvido por
pesquisadores da Universidade Carlos III de Madrid,
está representado pela ONG Mais Diferenças no Brasil.
Por meio da parceria com produtores, distribuidores
e exibidores, implanta-se uma rede wi-fi específica para
seu uso em salas de cinema. A pessoa com deficiência
visual ou auditiva “baixa” o aplicativo gratuitamente
em seu dispositivo móvel e, no local onde o Whatscine
está disponível, basta conectar-se para assistir a película
com audiodescrição, com legenda ou com tradução
em Libras. O filme propriamente dito não precisa de
nenhuma adaptação.
O MovieReading, desenvolvido pela empresa
italiana Universal Multimedia Access, tem a Iguale
Comunicação de Acessibilidade como representante
exclusivo no País. Disponível para iOS e Android, o
download também é gratuito.
A grande diferença entre o Whatscine e o
MovieReading é que este não exige nenhuma adaptação
no local onde o filme é exibido. Numa sala de cinema, em
casa no home vídeo ou na internet, assim que se inicia a
10
exibição, acionado o botão sincronizar do MovieReading,
o som é captado e o recurso de audiodescrição, de
legendas ou de tradução em Libras é ativado.
Por enquanto, o grande “calcanhar de Aquiles”
são os eventos ao vivo. A Mais Diferenças experimentou o Whatscine em um espetáculo de dança.
Sinceramente, foi um grande fiasco. Nestes casos, a
presença do audiodescritor e do intérprete de Libras
é imprescindível.
Problemas e solução
A inserção da audiodescrição em um filme com
distribuição mundial é complexa, pois um longa-metragem normalmente é lançado em dois, três ou
em até quatro idiomas. Isto exige que todas as cópias
tenham os mesmos recursos, mas como esta matéria
não está no mesmo patamar em todos os países, os
produtores encontram dificuldade para implantá-lo.
Diante disto, sem dúvida, soluções independentes dos distribuidores permitirão que se tenha
mais facilmente, e de maneira mais rápida, recursos
inclusivos disponibilizados para um número cada vez
maior de produtos audiovisuais.
Tudo é muito novo. A quantidade de material
audiodescrito e legendado ainda é pequena. Estamos
vivendo um momento de ajustes, mas entendemos
que o futuro é promissor.
Adendo
As pessoas com deficiência auditiva podem também
contar com o Moverio, óculos da empresa Epson.
Neles são exibidas as legendas e a
interpretação em Libras, o que se evita
ter “um olho no peixe” (a tela do cinema)
e um “no gato” (a tela do aplicativo).
Já estão à venda nos EUA e, este ano,
chegam no Brasil.
TECNOLOGIA
Na rede
Bike Anjo
O site Bike Anjo oferece gratuitamente orientação para
quem deseja fazer da bicicleta seu meio de transporte. Um ciclista voluntário (o bike anjo) acompanhará o
iniciante em suas primeiras pedaladas pelas ruas, dará assistência em relação aos melhores trajetos, manutenção
básica e medidas de segurança no trânsito.
www.bikeanjo.org
Be My Eyes
Este app convida pessoas que enxergam a “emprestar”
seus olhos a quem não enxerga para resolver minúcias
do cotidiano, por exemplo, ver a data de validade de um
remédio ou a data de vencimento de uma conta. A ajuda
se dá a distância através de uma conexão de vídeo ao
vivo. Conheça esse app e conecte-se!
http://www.bemyeyes.org
Rdio Unlimited
LITERATURA
Distinto olhar
Mal visto
O Walter é funcionário de um órgão público
paulista. Na sua área profissional, ele convive com
alguns colegas de trabalho que são cegos ou têm
baixa visão.
Há uns tempos atrás, eles convidaram o Walter
para ser goleiro do time de futebol de 5. Para quem
não sabe, essa modalidade esportiva é exclusiva
para pessoas com deficiência visual. Cada time
é formado por cinco jogadores – um goleiro e
quatro na linha. Só o goleiro tem visão total.
O Walter aceitou o convite e foi assim que ele
ganhou um dos seus melhores amigos, o Ronaldo.
As esposas foram apresentadas, ficaram amigas
e os filhos também.
Com a convivência, o Walter não passa mais
incólume quando divisa uma pessoa andando
com uma bengala branca. Foi o que aconteceu
naquele dia.
Ele vinha descendo a Consolação e viu um
senhor cego parado em uma esquina, na beira
da calçada do posto Shell, esperando alguém para
ajudá-lo a atravessar a rua.
Sem pensar duas vezes, desviou a moto para
a pista da direita e entrou no posto, passando por
trás do senhor de bengala. A Harley Davidson
roncou alto e fez o ar estremecer.
Estacionou a moto e foi oferecer ajuda.
– O senhor quer atravessar a rua?
Enquanto atravessavam, o Walter comentou
que aquela rua era muito perigosa e que por causa
do tráfego intenso ninguém estava atento aos
pedestres.
Ao que o senhor respondeu:
– Você tem razão. Agorinha mesmo, um maluco
de um motoqueiro entrou no posto a 100 por hora,
passou por trás de mim e quase me atropelou.
Acho que nem me viu!
Liane Constantino (http://distintolhar.blogspot.com.br/)
Aplicativo para escutar qualquer álbum, música, playlist
ou estação de rádio a qualquer momento, e também
para seguir amigos ou artistas e saber o que eles gostam
de ouvir. Downloads grátis, ilimitados para ouvir mesmo
off-line, sem comerciais, em qualquer dispositivo, na
App Store ou no Google Play.
http://www.rdio.com/home/pt-br/
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LITERATURA
Espaço poético
Um dedo de trova
Do trigo da meninice
e do pão da mocidade
só restaram na velhice,
as migalhas da saudade!
Arlindo Tadeu Hagen
A gente vê a poesia
mais natural e mais pura,
quando a rês, lambendo a cria,
dá-lhe um banho de ternura.
Durval Mendonça
Valei-me tudo que é santo!
A mulher do seu Antero
tá querendo o mesmo tanto
a mesma coisa que eu quero!
Lothar Bazanella
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos...
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
amo os restos como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Manoel de Barros (1916-2014)
Por Lothar Bazanella
MAIS!
Para seu lazer
Memorial da Resistência
Alojado no prédio do Departamento de
Ordem Política e Social de São Paulo,
o Memorial oferece visitas educativas e
acessíveis ao local e às suas temáticas.
O Dops, durante o Estado Novo e a ditadura militar de 64, controlou e reprimiu
os movimentos contrários ao regime no
poder. Agendamentos via e-mail [email protected]
ou tel.: 3335-5192. Terça a domingo, das
10h às 17h30. Largo Gen. Osório, 66, Luz.
Entrada gratuita.
O filho do outro
(Le fils de l’autre)
Longa-metragem sobre um rapaz judeu
prestes a entrar para o exército de Israel,
que descobre não ser filho biológico de
seus pais, tendo sido trocado ao nascer
por um menino palestino que vive na
Cisjordânia ocupada. Este fato obriga as
duas famílias a reconsiderarem suas identidades, valores e crenças. Ganhador de
melhor filme e melhor diretor do Toronto
International Film Festival 2012. Nas
locadoras.
Passeio no Escuro
Este passeio pelo Centro Cultural São
Paulo proporciona a quem enxerga a experiência do uso do piso tátil. Grupos de
até 15 pessoas são vendadas e, com uma
bengala, andam pelo local com um guia
não vidente. Após o trajeto, trocam impressões e ideias para tornar o espaço
mais acessível. Inscrições pelo tel.: 33974036 / 4037 ou e-mail: visitasccsp@
prefeitura.sp.gov.br Última sexta-feira
do mês, às 15h. Biblioteca Louis Braille, r.
Vergueiro, 1.000.
ADEVA - Associação de Deficientes Visuais e Amigos
Correspondência: rua São Samuel, 174, Vila Mariana, CEP 04120-030 São Paulo (SP) - e-mail: [email protected] - site: www.adeva.org.br
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