do nosso agrupamento

Transcription

do nosso agrupamento
E
S
Edição: Equipas das Bibliotecas Escolares
Ano letivo 2012-2013
Março
DO NOSSO AGRUPAMENTO
Nº 8
Atividades das Bibliotecas Escolares
(ver pág. 8-9 e 16)
“Luzes” – a fotografia “light painting” de José
Santos
(ver pág. 2)
Agustina Bessa Luís
Escritora independente, livre das amarras de programas e escolas.
(ver pág. 3)
Lidando com a suburbanização - a Casa do
Gaiato
(ver pág. 4)
“Os Coristas” - um filme tocante e marcante que
valoriza o papel do professor e da educação
escolar
Visita de estudo à Casa do Gaiato, Miranda do Corvo
Agrupamento em ação
(ver pág. 5)
(ver pág. 10 -12)
À conversa com a Dr.ª Anabela Sardo, diretora da
Escola Superior de Turismo e Hotelaria
(ver pág. 6 e 7)
Leituras: conto e poesia
(ver pág. 13 e 14)
“Luzes” – a fotografia “light painting” de José
Santos
Editorial
“A primavera é o tempo a crescer”.
Que belo é o mote. E com esta inspiração a vida continua.
Eis mais uma série de páginas do jornal “Vivências…” disponíveis para os
nossos leitores. As temáticas abordadas são diversas e resultam de
opiniões/reflexões, de ações desenvolvidas, ao longo deste período letivo. No
contexto atual, a escola não se pode dissociar das situações problemáticas que o
país e o mundo experimentam. Por isso, qualquer um de nós deve ficar agradado
quando verifica que pequenos gestos divulgados, nesta fonte informativa, traduzem
a importância da solidariedade/amizade e da responsabilidade que cada homem
deve ter para com os seus semelhantes.
Os inúmeros afetos vivenciados, em comunidade, revelam que tudo o que
nos rodeia nos ensina, ajuda-nos a melhorar as nossas práticas, a aligeirar as
nossas preocupações, a superar os nossos medos, a interagir com os outros.
Assim, podemos dizer que Portugal vale a pena! Estar atento ao outro, em
permanente ajuda e descoberta, ousar fazer sempre mais e melhor deverá ser uma
forma de estar, em cada dia da nossa vida.
As nossas sensibilidades são moldadas pelas múltiplas leituras que
fazemos do mundo envolvente. Elas reforçam o crescimento individual e coletivo.
Aqui fica, para reflexão, o segredo que a “raposa” transmitiu ao
“Principezinho”:
Depois voltou para o pé da raposa e despediu-se:
- Adeus…
- Adeus – despediu-se a raposa. – Agora vou-te contar o tal segredo. É muito
simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos…
- O essencial é invisível para os olhos – repetiu o principezinho, para nunca
mais se esquecer.
- Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão
importante.
- Foi o tempo que perdi com a minha rosa… - repetiu o principezinho, para
nunca mais se esquecer.
- Os homens já não se lembram desta verdade – disse a raposa. – Mas tu não
te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que
cativaste. Tu és responsável pela tua rosa…
- Eu sou responsável pela minha rosa… - repetiu o principezinho, para nunca
mais se esquecer.
O Principezinho, Antoine de Saint-Exupéry
A Equipa
Ficha Técnica
Responsáveis: Equipa das Bibliotecas Escolares
Composição de textos: Comunidade
Fotografia: Comunidade
Email: [email protected]
Web: http://www.aeseia.pt
Recolha de textos e organização: Isaura Almeida, Liliana Melo, Lurdes Alcafache e Manuela Silva
Montagem e fotocomposição: Manuela Silva
Apoio técnico: Luís Pinto
Revisão de textos: Orlanda Moreira, Isaura Almeida, Isaura Bernardo e Lurdes Alcafache
Nas últimas décadas, sobretudo em consequência da vulgarização do
ato de fotografar, alguns fotógrafos têm enveredado por abordagens mais
artísticas da fotografia, abordando novas temáticas e explorando possibilidades
técnicas experimentais que surgiram em contexto artístico como
desenvolvimentos da arte contemporânea. Uma dessas técnicas denomina-se
“light painting” (“pintura com luz”) e é fluentemente praticada pelo senense José
Santos, que já mostrou as suas fotografias em várias exposições individuais e
participa regularmente no
ARTIS – Festival de Artes
Plásticas de Seia.
A “light painting” é
uma técnica fotográfica que
consiste em obter imagens
através de fotos de longa
exposição, movendo uma
fonte luminosa diante da
câmara fotográfica (“light
drawing”, “light graffiti”) ou
movendo a própria câmara As formas e as cores evoluem com ritmo e força visual no fundo
(“camera painting”). À
negro – o nada de onde tudo emerge. Foto de José Santos.
primeira vista, parece o
contrário da fotografia
convencional, mas a “light painting” também trabalha temas e assuntos
concretos, exigindo abordagens muito precisas e mobilizando grandes meios
técnicos quando se trata, por exemplo, de reforçar os conteúdos emotivos da
cor em fotografias de paisagens ou monumentos, que requerem desde logo
condições extraordinárias de iluminação artificial.
O processo utilizado por José Santos enquadra-se mais na “camera
painting”, pois recorre sobretudo a movimentos da câmara e do “zoom”. À noite
ou num ambiente escuro, a câmara fotográfica torna-se pincel e as luzes são
utilizadas como as cores na paleta, para dar a ver diferentes aspetos da
realidade ou criar imagens totalmente abstratas. Na realidade, o processo da
“light painting” é tão simples de entender e fácil de executar que abundam, na
Internet, imagens de todos os tipos e para todos os gostos, desde a experiência
mais elementar às obras de autênticos artistas – como os norte-americanos
Brian Hart e Elizabeth Carmel, o argentino Arturo Aguiar, a canadense Tatiana
Slenkhin, o francês Julien Breton, o japonês Tokihiro Sato e, naturalmente, o
português José Santos (1).
Um desenvolvimento do ato de fotografar (literalmente, “escrever com
luz”), a “light painting” aproxima a fotografia da
pintura e da performance. Ao longo do século XX,
os artistas utilizaram criativamente os meios da
fotografia. O primeiro artista a explorar a técnica da
pintura com luz terá sido Man Ray, em 1935, e a
novidade não escapou à curiosidade de Pablo
Picasso, que integrou algumas experiências com
luz na sua vasta obra multidisciplinar.
Considerando que os desenvolvimentos da arte
contemporânea permitiram à fotografia tornar-se
abstrata, entre outras coisas ainda ontem
inaceitáveis (como as fotografias recortadas de
Germán Gómez), não admira que o fotógrafo se
assuma cada vez mais como artista. A arte
contemporânea carateriza-se, sobretudo, pela
O Cristo na cruz resplandece e o
articulação de linguagens artísticas, pela interação
espírito liberta-se em forma de ave.
Foto de José Santos.
de conceitos, espaços e metodologias – por muito
pouco permutáveis que pareçam. A “light painting”
é hoje creditada ao mais alto nível (a Photographic Society of America, por
exemplo, dispõe de consultores para essa área específica) e a vulgarização da
fotografia, ao alcance do mero utilizador de telemóvel, tem levado os fotógrafos
a procurar cada vez mais o espaço das galerias de arte para desenvolverem os
seus projetos noutro patamar de exigência e manterem um estatuto
diferenciado.
No caso particular das obras de José Santos, sobressai imediatamente
o sentido da composição tal como o entendemos na pintura e o elaborado uso
da cor através da criteriosa manipulação da luz. Nos seus trabalhos abstratos,
predomina o diálogo das formas e harmonia das cores, despontando e
evoluindo com ritmo e força visual no fundo negro – o nada de onde tudo
emerge. Nos seus trabalhos mais figurativos, como na série “Cristos”, é clara a
preocupação de ir além de mera representação, do visível imediato, extraindo
das formas efetivamente fotografadas algo mais que uma simples imagem, o
seu halo mítico, a sua energia própria, a sua luz.
Autodidata da fotografia, José Santos expõe individualmente desde
2009 (Museu Grão Vasco, Viseu, fevereiro e março). Em maio de 2009 mostrou
o seu trabalho em Seia, no Posto de Turismo, expondo depois no Museu de
Lamego, Biblioteca Municipal de Cantanhede, Museu de Resende, Museu
Diocesano de Lamego, Espaço João Abel Manta em Gouveia, Sede do Rancho
Folclórico Pastores de São Romão, Casa da Beira Alta no Porto. As suas
exposições mais recentes tiveram lugar na Casa da Cultura de Seia (“Luzes”,
fevereiro e março de 2013) e Galeria Pátio-Velho em Vale de Ferro – Oliveira do
Hospital (“Paixão”, março de 2013).
Sérgio Reis
Tiragem: 500 exemplares
Impressão: Tipografia Central
Rua Cesário Verde, nº1
Zona Industrial 2
3530-140 Mangualde
(1)-As fotos de José Santos podem ser apreciadas em http://olhares.sapo.pt/Jose2103. Uma
simples pequisa na Internet através do nome dos artistas referidos, dá acesso às suas páginas
oficiais. Recomenda-se ainda uma visita a “Lightgraff” (francês) e “Light Paint Phtotography” (norteamericano).
-2-
EM DESTAQUE
AGUSTINA BESSA LUÍS
Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa-Luís
é uma escritora portuguesa, autora de uma vasta e
caudalosa produção romanesca. Nasceu a 15 de
outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante. Oriunda de
uma família de raízes rurais de Entre- Douro e Minho,
interessou-se, desde muito cedo, pelas letras,
começando por ler alguns livros da biblioteca do avô
materno, Lourenço Guedes Ferreira. Foi através
destas primeiras leituras que tomou contacto com
alguns dos melhores escritores franceses e ingleses.
Passou grande parte da sua infância e adolescência
em Amarante, onde voltou sempre, durante as férias
escolares, quando em 1932 foi estudar para o Porto.
As vivências desta época e deste sítio marcarão
indelevelmente o seu imaginário romanesco.
Casou-se em 1945 com Alberto de Oliveira
Luís, mudando – se, logo depois, para Coimbra, onde
permaneceu até 1948. Aí, muito cedo, ainda na
adolescência, publica a sua primeira obra de ficção, a
novela Mundo Fechado. Em 1950 fixou,
definitivamente, residência, na cidade do Porto, onde
publica o seu primeiro romance, os Super-Homens.
O romance A Sibila, publicado em 1954 constituiu
um enorme sucesso e trouxe-lhe imediato
reconhecimento geral. É com A Sibila que a escritora
atinge a total maturidade do seu originalíssimo
processo criador.
Agustina Bessa
Luís surge num momento
da vida literária
portuguesa marcado pelo
Neo-Realismo, pelo
movimento da Presença e
pelas primeiras
manifestações do
romance Existencialista.
Não obstante, afirma-se
como uma escritora
independente, livre das
amarras de programas e
escolas, de que é, aliás,
um bom exemplo A Sibila.
Foge, por norma, aos
esquemas tradicionais do
romance, criando uma diegese narrativa cheia de
originalidade na novelística portuguesa. Na verdade,
não se deixou influenciar diretamente nem pelo
psicologismo presencista, nem pelo Neo-Realismo,
nem pelo Existencialismo francês. A sua
originalidade e força criadora levaram José Régio a
falar dela como um novo “caso” na Literatura
Portuguesa.
Senhora de uma cultura vasta e riquíssima,
afirmou-se como prosadora de excepcional
qualidade, para quem a escrita era algo vital e
premente, escrevendo quase sem corrigir.
Construiu uma obra vasta e diversificada. Escreveu,
até ao momento, mais de cinquenta obras, entre
romances, contos, peças de teatro, biografias
romanceadas, crónicas de viagem ensaios e livros
infantis. A bibliografa ficcional de Agustina integra
ainda uma série de ensaios romanescos de
inspiração histórico-biográfica, como Santo
António, Florbela Espanca, Fanny Owen
(resultado de um trabalho de pesquisa, fundado em
montagens sobre textos de Camilo), Sebastião
José, Longos Dias Têm Cem Anos - Presença de
Vieira da Silva, Adivinhas de Pedro e Inês, Um
Bicho da Terra, A Monja de Lisboa, Martha
Tellesou As Meninas…, tendo este último sido
escrito juntamente com Paula Rego. Publicou ainda,
entre muitos outros títulos, O Manto (1966), Canção
diante de Uma Porta Fechada (1966), As Fúrias
(1977), O Mosteiro (1981), que ganhou o prémio D.
Dinis da Casa de Mateus, e Os Meninos de Ouro
(1983), que recebeu o Prémio da Associação
Portuguesa de Escritores. Foi traduzida para
Alemão, Castelhano, Dinamarquês, Francês, Grego,
Italiano e Romeno.
As suas obras revelam uma profunda
reflexão sobre a condição humana. É o caso do
romance A Sibila (1954), o seu livro-emblema, cujo
êxito considerável, foi objeto de sucessivas edições atingindo já a vigésima quinta – e também vários
prémios, como o Prémio Delfim Guimarães (1953) e
o Prémio Eça de Queirós (1954), que a consagrou
como nome cimeiro da novelística contemporânea.
O universo romanesco da maioria das obras
de Agustina Bessa- luís centraliza-se em meios rurais
designadamente de Entre-Douro e Minho, lugar onde
passou muito da sua infância e adolescência,
fazendo lembrar Camilo Castelo Branco. Uma
análise psicológica profunda recai sobre antigas
famílias aristocráticas, cujos membros levam uma
vida cheia de manias, fealdades, falhas de carácter…
Embora sempre ligada à produção literária,
ocupou diversos e prestigiados cargos. Foi membro
do conselho diretivo da Comunitá Europea degli
Scrittori (Roma, 1961-1962). Exerceu, entre 1986
e1987, o cargo de diretora do diário O Primeiro de
Janeiro (Porto). Em 1980 tinha recebido o grau de
Grande Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da
Espada. Entre 1990 e 1993 assumiu a direção do
Teatro Nacional de D. Maria II (Lisboa). Pertenceu à
Academia de Ciências de Lisboa, Classe das Letras,
tornou-se membro da Alta Autoridade para a
Comunicação Social, da Academie Européenne des
Sciences, des Arts et des Lettres de Paris e da
Academia Brasileira de Letras…
É, também, dos escritores portugueses mais
premiados, tendo o conjunto da sua obra merecido os
mais importantes prémios nacionais: prémio
Nacional de Novelística, em 1967, prémio União
Latina, em 1997, Prémio Ricardo Malheiros da
Academia das Ciências de Lisboa, em 1966 e em
1977, prémio PEN Clube e D. Dinis, em 1980, grande
prémio do Romance e da Novela da Associação
Portuguesa de Escritores, em 1984 e prémio Cidade
do Porto… Foi, ainda, distinguida com o prémio
Vergílio Ferreira 2004, atribuído pela universidade de
Évora, pela sua carreira como ficcionista. Em 2004,
aos 81 anos, recebeu o mais importante prémio
literário da língua portuguesa: o prémio Camões.
Nesse mesmo ano, 2004, editou mais uma obra, com
o título Antes do Degelo.
Vários dos seus romances (entre eles Fanny
Owen, de 1979) foram adaptados ao cinema por
Manoel de Oliveira, de quem se tornou amiga. Em
maio de 2002, recebeu, pela segunda vez, o prémio
da Associação Portuguesa de Escritores relativo ao
ano de 2001, atribuído à obra Jóia de Família (2001).
Esta sua obra também foi adaptada ao cinema por
Manoel de Oliveira, dando origem ao filme O
Princípio da Incerteza. Na sequência da triologia
-3-
literária iniciada com esta obra, a autora, em 2002,
editou um novo romance, desta vez com o título A
Alma dos Ricos. O seu romance As Fúrias foi
adaptado ao teatro por Filipe La Féria.
A 22 de março de 2005 foi distinguida,
juntamente com o poeta Eugénio de Andrade, com o
doutoramento "Honoris Causa", atribuído pela
universidade do Porto durante a cerimónia do 94.º
aniversário da sua fundação.
Homenageada, ao longo da vida, em
diversos países e universidades, e condecorada
pelos Estados português e francês, a autora conta,
ao momento com 91 anos. Encontra-se, há muito,
afastada do olhar público, pela família, por razões de
doença indeterminada, o que lhe tem causado "uma
certa morte ainda em vida", como disse uma vez o
Nobel José Saramago, que muito a admirava.
Das inúmeras frases e pensamentos com
que, no seu universo narrativo, brinda o leitor,
levando-o, a profundas reflexões, destacamos as
duas que se seguem:
“As palavras não significam nada se não
forem recebidas como um eco da vontade de quem
as ouve.” (Agustina Bessa-Luís)
“O trabalho não é uma vocação, é uma
inspiração. Para manter essa inspiração é preciso
um espaço de criação, não só para o artista
profissional como para o indíviduo em geral.”
(Agustina Bessa-Luís)
Bibliografia consultada:
Barreiros, António José – História da Literatura Portuguesa. 2º
volume. Séculos XIX-XX. 9ª edição.
Verbo, Enciclopédia – Luso Brasileira de Cultura. Edição séc.XXI.
4º volume.
pt.wikipedia.org/wiki/Agustina_Bessa_Luís
WWW.infopedia.pt agustina-bessa-luís
agustina bessa-luís blogs. sapo.pt/www.wook.pt autores
Kdfrases.com/autor/agustina bessa luís
notícias.sapo.pt/nacional/…/dois inéditos-de-agustina-bessa-luís
Rosa Isabel Martins
OPINIÃO
Lidando com a suburbanização
a Casa do Gaiato
“O que farias se o dinheiro não existisse?” –
pergunta simples, respostas variadas… Esta
interrogação anda a circular por tudo o que é rede
social e toma contornos bizarramente reais na
conjuntura atual: como seria se aquilo que nos
prende, desaparecesse de vez…
Numa altura em que os rendimentos
familiares estão a descer a pique, com o desemprego
a atingir valores record e com o risco de entrada no
limiar da pobreza a deixar de ser uma miragem para
quase metade da população portuguesa (ver
gráficos), milhões e milhões de pessoas sonham com
a possibilidade desta utopia se tornar realidade e de
acordarem um dia sem dívidas, sem
responsabilidades financeiras, sem prisões.
Vamos desmistificar a situação, sem
floreados nem eufemismos. Há famílias sem dinheiro
para comprar comida, para comprar um simples
medicamento ou até para andarem, forçosa e
necessariamente, agasalhadas do frio e que são
brutalmente empurradas para uma vida de
mendicidade, de marginalidade e de criminalidade.
Isto não é vida, é necessário ATUAR! A todo
o momento a Segurança Social e variadas
instituições sinalizam casos de menores que vivem
nesta situação, sendo uma delas a Casa do Gaiato.
Assente no lema “OBRA DE RAPAZES,
PARA RAPAZES, PELOS RAPAZES”, este abrigo
para crianças e jovens do sexo masculino tem várias
obras espalhadas pelo país fora e consegue ter
bastante sucesso nesta acção de sinalização e de
tratamento de casos extremos, havendo uma
tendência para que estes aumentem a cada dia que
passa. Esta obra é bastante especial pois, por mais
dificuldades que se estejam a passar, os sete
princípios fundadores nunca são esquecidos, sendo
formação religiosa.
Pode parecer completamente desumano
separar uma criança do seio da sua família, da sua
base, do seu pilar; mais desumano ainda o acto
“voluntário” de entregar um rebento numa
instituição, mas é absolutamente o contrário. É dar
uma nova oportunidade, uma renovação a um ser
que, provavelmente, de outra maneira, nem
sobreviveria. Paradoxalmente, é deixando o ninho
que se encontra a vida.
Além da crise (que agora parece ser a
explicação para todos os problemas), também a
“sobrelotação urbana” é um dos fatores, talvez de
menor peso, que influencia esta decisão. A
população continua a sair das áreas rurais e a
imigração (legal e clandestina) é uma constante,
pelo que estes não procuram mais nada a não ser
melhores condições de vida, aliás, a procura da
felicidade e do bem-estar é um dos instintos
primitivos do ser humano, sendo ela incessante mas
efémera, chegando por vezes a não ter resultados
concretos.
Destas tentativas resulta a sobrecarga das
cidades e das suas infra-estruturas: as casas tornamse demasiado pequenas para tanta gente, as redes
viárias tornam-se caóticas, os serviços vão abaixo e,
pior que tudo, os bairros da lata proliferam a olhos
vistos, como caixotes que se estendem por
quilómetros e quilómetros nas paisagens. Cria-se
assim um ciclo vicioso, uma bola de neve: pobreza
cria pobreza, que cria marginalidade e abandono.
Sendo assim, é nesta fase que é importante
a intervenção de instituições como a Casa do Gaiato,
e outras tantas, que diariamente se esforçam para
dar o mínimo àqueles que merecem aproveitar o
máximo da vida. Instituições que também lidam com
esta crise e com esta urbanização, mas que sabem
enfrentar “o touro pelos chifres”, acreditando sempre
que, tal como hoje, amanhã a mesa estará cheia.
estes o regime de auto governo, a liberdade e a
espontaneidade, a responsabilidade, as virtudes
humanas, a vida familiar, a ligação à Natureza e a
Ser amigo é…
Sentir que quando gostamos de um amigo não o conseguirmos largar.
Ser amigo é…
Ajudar uns aos outros.
Respeitar os adultos.
Juliana Santos, nº8, 11ºD
Ser amigo é…
Dar um pouco do nosso tempo,
Perdoar quando nos pedem desculpa.
Andar de bicicleta.
Ser amigo é…
Perdoar quando nos pedem desculpa, dar amo, miminhos, carinhos e brincar com
alguém.
Respeitar os alunos.
Respeitar as auxiliares
Brincar com os outros.
Ser amigo é…
perdoar quando nos pedem desculpa, dar amor e dar miminhos.
Ser amigo é…
Gostar dos outros.
Eu adoro brincar com os outros.
Ser amigo é…
Passear com alguém e ajudar quem precisa.
Ser amigo é…
Quando alguém cai e fica magoado e um amigo o vai ajudar.
Sinto-me feliz quando…
Eu sinto-me feliz quando tenho amigos ao meu lado.
Eu sinto-me feliz quando estou perto dos meus melhores amigos.
Sinto-me alegre quando…
Quando danço
Quando brinco
Quando estou com os outros
Sinto-me zangado/a
Quando me chamam de nomes
Quando me dizem coisas más
Quando me batem.
Quando me chateio com os colegas
Não me ligam nenhuma, fazem-me ficar zangada e chamam-me nomes
Nenhum indício melhor se pode ter a respeito de um
homem do que a companhia que frequenta: o que tem
companheiros decentes e honestos adquire,
merecidamente, bom nome, porque é impossível que não
tenha alguma semelhança com eles.
Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.
Fernando Pessoa
Adam Parfrey
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
-4-
OPINIÃO
“Os Coristas”
um filme tocante e marcante que valoriza o papel do professor e da educação escolar
Com o passar dos anos, muitos deles
rotineiros e outros tantos de mudanças abruptas, a
que se juntam as vicissitudes dos tempos incertos
que vivemos, muitos professores tendem a perder de
vista os motivos que os trouxeram ao ensino ou a
desvalorizá-los amargamente. Sobretudo aqueles
que começaram a lecionar há muitos anos deparamse hoje com uma escola muito diferente daquela que
os acolheu trinta anos atrás, mesmo há vinte, ou dez.
Digamos apenas que o ensino – e as escolas –
mudaram muito nos últimos tempos. O que não
mudou, nem irá mudar, sendo tão antiga quanto a
Humanidade, é a certeza de que a qualidade da
educação determina o futuro das vidas de todos nós.
É nesta perspetiva que um filme como “Os
Coristas” (1) adquire particular relevância. Realizado
em 2004 por Christophe Barratier, na sequência de
filmes como “O Clube dos Poetas Mortos” (Peter
Weir, 1989) e “O Sorriso de Mona Lisa” (Mike Newell,
O Meu Livro Favorito
Um dos livros que mais gostei de
ler foi “Sempre do teu lado”, de Maria
Teresa Maia Gonzalez. A história
desenrola-se durante a adolescência e o
início da vida adulta, de Guilherme, desde
os doze anos. E quem nos conta a história
é um cão, chamado Félix, que decide, já
velho, transmitir ao seu dono Guilherme
recordações dos momentos que
2003), trata-se de uma excelente proposta de bom
cinema para o público comum e um filme
fundamental para professores, suscitando múltiplas
reflexões de natureza filosófica e pedagógica. Um
filme poético na medida em que enaltece a
importância do professor nos progressos e sucessos
dos seus alunos, assim como nas dinâmicas de
mudança da própria escola, mas também um filme
realista, mostrando como uma conceção poética da
missão de ensinar/educar esbarra frequentemente
com a realidade fria e cega dos números e dos
regulamentos.
O argumento é uma adaptação da história
escrita em 1945 por René Wheeler e Georges
Chaperot para o filme de Jean Dréville, “La Cage aux
Rossignols” (“A Gaiola dos Rouxinóis”). Os autores
inspiraram-se nas experiências educativas de
caráter musical realizadas nos anos 30 numa escola
francesa para alunos problemáticos e “La Cage aux
Rossignols” assumiu-se como o primeiro filme sério e
de grande audiência sobre a escola, o professor ou a
educação escolar. No final do século XX, a história
continuava credível e com grande força dramática,
convencendo o realizador francês Christophe
Barratier a adaptar o guião original para a sua
primeira longa-metragem, “Os Coristas”. Eis uma
breve sinopse do filme, incompleta para não
antecipar o enredo:
Um maestro famoso regressa a França para
o funeral da mãe. Recebe depois a visita de um
antigo colega de escola, Pépinot, que lhe traz um
velho diário e uma fotografia. A fotografia mostra um
grupo de alunos ladeado por dois adultos. Entre os
alunos, estão o maestro e Pépinot, com menos 50
anos. O maestro recorda-se de um dos adultos, o
supervisor, Clément Mathieu, e quer saber dele.
Pépinot estende-lhe o diário de Mathieu e convida-o
a ler a sua história, que também é a deles.
Cinquenta anos atrás, na França de 1949,
um professor de música desempregado, Clément
Mathieu, é contratado para o cargo menor de
supervisor num internato para rapazes “difíceis”.
Mathieu chega ao portão do internato
convencido de que falhara em tudo na vida e até o
nome da instituição é desanimador: “Le Fond de
l'Etang” (“O Fundo da Lagoa”). Os alunos são
indisciplinados e agressivos. Desagradável e
prepotente, o diretor promove uma pedagogia
passaram juntos. Entre o cão e o seu
dono cria-se desde logo uma grande
amizade e a cumplicidade entre os dois
vai crescendo, tornam-se amigos de
verdade e grandes confidentes.
Mas o casamento de Guilherme
com alguém que não gosta de cães, deixa
Félix muito triste. Guilherme vai morar
com a sua mulher para outra casa e Félix
fica a viver em casa da mãe de
Guilherme, contando com a visita do seu
dono, de quinze em quinze dias. Com o
passar do tempo, as forças de Félix vão
enfraquecendo. Prestes a morrer, a mãe
de Guilherme telefona ao filho. Félix, o
cão leal, sabe que não irá viver por muito
mais tempo e fica ansiosamente à espera
que o seu dono chegue, mesmo a tempo
de o fazer muito feliz antes de adormecer
para sempre.
Recomendo a leitura deste livro a
todas as pessoas sensíveis, que gostam
de animais e a todos os que não gostam,
para aprenderem os verdadeiros
sentimentos que podem unir um animal a
um ser humano. Trata-se de um hino à
amizade e podemos concluir que, apesar
de Félix ser um cão, consegue ser melhor
amigo do que algumas pessoas: ele
percebe tudo, dá carinho, está sempre ao
lado do seu dono e não pede nada em
troca. Foi um livro que me fez brotar
lágrimas sentidas.
Assistente Op. Luísa Saraiva
baseada na 3ª lei de Newton (princípio da açãoreação) mas os violentos castigos que impõe aos
alunos provocam novas “reações” à “reação”,
eternizando o conflito. Mathieu percebe que caiu no
meio de uma autêntica guerra. Discordando dos
métodos do diretor e da passividade dos colegas,
Mathieu decide mudar a situação com inteligência e
sensibilidade, envolvendo os alunos num projeto que
lhes agrada e vai exigir-lhes uma mudança radical do
comportamento. O coro irá mudar o quotidiano da
escola, o futuro de todos e da própria instituição.
O filme beneficia de um interessante trabalho
dos atores, desde o esmerado Gérard Jugnot
(Clément Mathieu) ao fantástico Philippe du
Janerand (Langlois, o professor de aritmética), sem
esquecer os jovens atores nos papéis de alunoscoristas, naturalmente auxiliados pelas vozes de um
verdadeiro coro infantil, “Os Pequenos Cantores de
Saint-Marc”. Barratier apostou na qualidade musical,
que foi distinguida em festivais de cinema e
reconhecida em Hollywood através de uma
nomeação para o Óscar de Melhor Canção em 2005.
“Os Coristas” será um dos últimos filmes
idealistas sobre a educação escolar e o professor.
Nem por acaso, o realizador deixou a ação principal
no passado, em 1949 – tal como Peter Weir, que
situou a ação de “O Clube dos Poetas Mortos” em
1959. Curiosamente, estes dois filmes possuem
várias semelhanças, evidentes nas cenas finais,
quando os alunos decidem exprimir o seu
reconhecimento para com o professor despedido. Os
filmes mais recentes sobre a educação escolar
abordam a realidade atual sem artifícios e quase em
tempo real, através de documentários ficcionados
como “Entre les murs” / “A Turma” (Laurent Cantet,
França, 2008) ou filmes apocalíticos como “Elephant”
(Gus Van Sant, EUA, 2003) ou “Die Welle” / “A Onda”
(Dennis Gansel, Alemanha, 2008).
Sérgio Reis
(1)-O filme “Os Coristas” encontra-se disponível nos videoclubes e
p o d e s e r v i s t o n o Yo u Tu b e n a v e r s ã o o r i g i n a l
(http://youtu.be/FNxSEa7jxXU) ou legendado em inglês
(http://youtu.be/gGN672f_qPw). Para pesquisas
complementares, sugere-se o título original “Les Choristes” e o
título brasileiro do filme, “A Voz do Coração”.
Sobre a poesia…
Um dia, voltei a casa
cansado das aulas como
habitualmente, mas desta vez estava
mais cansado ainda e perguntei ao
meu avô que estava sentado perto da
fogueira:
- Avô! Porque é que se
estuda a poesia? Sinceramente –
disse eu – não serve para nada e só
- 5-
chateia com as estrofes e os versos!
O meu avô inspirou
profundamente e disse:
- Sabes… A poesia é uma
arte, uma maneira de ser, uma
maneira de nos exprimirmos de
forma mais elegante e permite tornar
uma frase pobre e vazia
numa linda declaração
de amor, por exemplo.
Foi com a poesia –
continuou ele – que
encontrei o amor da
minha vida. Foi ela, a
poesia, que me deu as
chaves para abrir o
coração da tua avó e
que me permitiu viver
com ela, mas isso ainda
não é da tua idade!
Olhei para o meu avô
durante um momento e,
por fim, disse:
- Afinal, a poesia não
é só para os velhos…
O meu avô olhou
para mim e sorriu com
um ar satisfeito. Subi as
escadas, fui para o meu
quarto e nunca mais
pensei no assunto.
Mathis da Silva, 9º A
ENTREVISTA
«Vivências» conversa com a Dr.ª Anabela Sardo,
Diretora da Escola Superior de Turismo e Hotelaria
Jornal Vivências: Fale-nos um pouco da sua vida e
do seu percurso académico. Sabemos que as suas
origens estão ligadas ao litoral. Como acabou por se
radicar em Seia?
coração”, dediquei-me ao ensino da Língua e da
Cultura Portuguesas em cursos da área do Turismo.
Entretanto, tendo-me candidatado a um concurso
público para docente no IPG, desliguei-me do Ensino
Secundário para empreender um percurso
académico no Ensino Superior, o qual tenho vindo a
E estarmos no Interior não nos mete medo, torna-se
antes um desafio maior que teremos de vencer com a
ajuda das forças vivas da região, dos nossos
parceiros, das instituições públicas, das empresas
privadas, dos nossos preciosos jovens. Ultrapassar
os obstáculos também depende de cada um de nós.
E estarmos no Interior não nos mete medo, torna-se antes um desafio maior que teremos de vencer com a
ajuda das forças vivas da região, dos nossos parceiros, das instituições públicas, das empresas privadas, dos
nossos preciosos jovens. Ultrapassar os obstáculos também depende de cada um de nós. Não podemos
estar à espera que alguém, lá longe, trate dos nossos problemas, resolva as nossas dificuldades...
Anabela Sardo: Posso dizer que a minha vinda para
Seia teve o amor como força impulsionadora. Um
amor que, ao longo dos mais de vinte e cinco anos
que marcam a minha vida nesta região, se
transformou, também, numa afeição profunda por
esta lindíssima zona que todos desejamos ver
progredir.
Comecei por dar aulas na Escola Secundária de
Seia, instituição da qual guardo as melhores
recordações e onde ainda preservo bons amigos. A
minha ligação à formação de professores, levou-me
a colaborar com a Universidade Católica e, em 1991,
um convite do Instituto Politécnico da Guarda
determinou o meu futuro como professora, profissão
que abraço com imensa paixão, apesar de todas as
dificuldades.
Fui docente no Instituto Politécnico da Guarda (na
Escola Superior de Educação Comunicação e
Desporto e na Escola Superior de Tecnologia e
trilhar com empenhamento e dedicação.
Na Escola Superior de Turismo e Hotelaria, como é
agora denominada a antiga ESTT, exerci, para além
da docência, o cargo de Presidente do Conselho
Técnico-científico durante dois mandatos, e, em
2009, fui nomeada Diretora da Escola, pelo Professor
Jorge Mendes, então Presidente do IPG, tendo sido
reconduzida para o cargo após a eleição do atual
Presidente do IPG, Professor Constantino Rei. Esta
função, apesar das dificuldades inerentes ao cargo,
têm-me proporcionado o imenso prazer e a enorme
honra de lutar por um ideal que orienta
visceralmente, neste momento, a minha vida: a
consolidação de uma Escola de Ensino Superior de
excelência e referência nas áreas do Turismo, da
Hotelaria e da Restauração.
Espero, e digo-o com a maior humildade e tendo
consciência das dificuldades pelas quais estamos a
passar, ajudar a alcançar esse desígnio, através
daquele que é o trabalho de uma qualificada e
empenhada equipa de trabalho.
J. V.: Como é constituído o corpo docente desta
instituição?
A. S.: O corpo docente da ESTH/IPG é constituído
por uma qualificada e empenhada equipa de
docentes, a tempo integral, nos quais contabilizamos
J. V.: Quando iniciou funções como diretora da
Escola Superior de Turismo e Hotelaria de Seia?
Quais as suas expectativas?
A. S.: Não tinha grandes expectativas... quase fui
apanhada de surpresa. Eu sempre tinha sido
professora, passei a “estar”, então, numa nova
função. Pessoalmente, nada mudou, a não ser ter de
pensar na Escola numa perspetiva diferente. Era
inevitável...
Todavia, tive de imediato a certeza de que iria aplicar
todos os meus conhecimentos, todas as minhas
competências, todo o esforço necessário para fazer o
que já referi antes: consolidar o trabalho feito e
promover a Escola ao nível que ambicionamos (a
Na realidade, temos uma percentagem muito considerável de empregabilidade. Um estudo recente,
apresentado pelo Jornal de Negócios, apresentava, relativamente aos licenciados em Turismo e Lazer, um
grau de empregabilidade de 97%. Relativamente aos diplomados de Gestão Hoteleira, de 83%. Ainda não
temos dados concretos, no que diz respeito aos diplomados em Restauração e Catering, mas sabemos que a
empregabilidade é grande e efetiva.
É interessante referir que os nossos diplomados têm tido, igualmente, muitas oportunidades de emprego no
estrangeiro, onde se encontram a trabalhar.
Gestão) até 2000, momento em que a vida me trouxe
um novo desafio, vir dar aulas para a recém-criada
escola deste instituto, denominada, na altura, Escola
Superior de Turismo e Telecomunicações. “De alma e
Não podemos estar à espera que alguém, lá longe,
trate dos nossos problemas, resolva as nossas
dificuldades...
equipa que forma a Direção da ESTH/IPG, eu e o
Professor António Melo), sermos a melhor Escola
Superior, nas áreas de Turismo, Hotelaria e
Restauração, em Portugal.
-6-
os mais académicos, e um conjunto de
colaboradores, a tempo parcial, com forte ligação ao
mundo do trabalho, às áreas mais técnicas e
profissionais. Contamos, igualmente, com a
colaboração de docentes das outras Escolas do IPG,
numa perspetiva integradora do exercício de funções
no IPG. Algumas vezes, temos a cooperação de
docentes de outras instituições de Ensino Superior,
essencialmente nos cursos que temos em parceria,
como é o caso do Mestrado em Gestão e
ENTREVISTA
Sustentabilidade no Turismo, em que trabalhamos
com a Escola Superior de Turismo e Tecnologias do
Mar do Instituto Politécnico de Leiria.
J. V.: Este estabelecimento de ensino integra
quantos alunos? De que localidades são oriundos?
A. S.: No presente ano letivo (2012/2013), a
ESTH/IPG tem cerca de 320 estudantes, um número
que diminuiu, em relação aos anos anteriores,
agravado pela crise que se faz sentir no país.
Os estudantes são oriundos, essencialmente, das
zonas Norte e Centro de Portugal. Temos, também,
alguns estudantes dos PALOP e ERASMUS,
oriundos de países como a Espanha, Turquia,
Lituânia, entre outros, o que traz à Escola uma
diversidade cultural que a todos beneficia, incluindo a
própria cidade. Temos, também, alunos brasileiros
que vêm estudar diretamente para a ESTH/IPG.
J. V.: Que tipo de estágios lhes são proporcionados?
Que tipo de acompanhamento lhes é prestado?
A. S.: Os nossos estudantes têm estágios
curriculares integrados no seu ciclo de formação, ao
nível das licenciaturas e dos cursos de
especialização tecnológica. Nas licenciaturas em
Gestão Hoteleira e em Restauração e Catering, os
estágios começam logo no primeiro ano e são
realizados em empresas nacionais e/ou
internacionais. O acompanhamento é feito de muito
perto, uma vez que o IPG dispõe de um Gabinete de
Estágios e Saídas Profissionais (GESP) que tem
uma extensão na ESTH, muitíssimo atenta e
competente na procura, tratamento logístico e
acompanhamento dos estágios. Os estudantes
estagiários são, ainda, acompanhados por um
docente supervisor da Escola e por um orientador no
local de estágio.
O GESP tem, igualmente, outras funções, tais como
estabelecer pontes efetivas de contacto entre a
Escola e as instituições e empresas, quer durante o
período de formação, quer após, através da procura
e divulgação de ofertas de emprego.
J. V.: Que saídas profissionais oferece esta
instituição? Abrem-se boas perspetivas de mercado?
Considero que o impacto da Escola Superior de
Turismo e Hotelaria é muito grande na região da
Serra da Estrela. Muito maior do que inúmeras
vezes é percecionado pela própria comunidade
senense, distrital e regional.
no estrangeiro, onde se encontram a trabalhar.
J. V.: Qual o impacto da ESTH na região da Serra da
Estrela?
A. S.: Considero que o impacto da Escola Superior de
Turismo e Hotelaria é muito grande na região da
Serra da Estrela. Muito maior do que inúmeras vezes
é percecionado pela própria comunidade senense,
distrital e regional.
Eu costumo dizer que o Município de Seia tem um
diamante precioso que muitos outros municípios
gostariam de ter. Para além de todos os outros
recursos naturais, patrimoniais, gastronómicos
ímpares, possui uma escola de ensino superior que
forma profissionais de excelência.
Por outro lado, a ESTH/IPG ajuda a divulgar a região
e traz mais-valias económicas à mesma.
Crucial será estreitar, ainda mais, os laços entre a
instituição e a comunidade, as empresas, as
associações... as pessoas.
J. V.: O que a ESTH está a realizar em termos de
empreendedorismo?
A. S.: A ESTH/IPG é, em si mesma, um exemplo de
Escola empreendedora. Aliás, o Empreendedorismo
é uma aposta inequívoca dos institutos politécnicos
portugueses. Tem como objetivo claro incutir nos
seus estudantes o espírito de iniciativa e a vontade
de empreender que possa conduzir à criação da
própria empresa e gerar postos de trabalho,
explorando o caráter eminentemente prático e
J. V.: A ESTH integra algum projeto de âmbito
europeu? Recebe financiamentos provenientes de
fundos europeus?
A. S.: Apenas no que diz respeito a programas
ERASMUS. A escola participa em Programas
Intensivos Erasmus, em países da União Europeia, e
recebe também esses mesmos programas. Só a
título de exemplo, em 2012, participámos num IP na
Lituânia e, este ano, vamos receber um na ESTH/IPG
no qual participarão mais de sessenta estudantes e
docentes vindos de universidades de países como a
Bélgica, a Finlândia, a Espanha, a Lituânia, a
O turismo é um dos mais importantes setores da
economia portuguesa. O aumento do número de
turistas e a importância estratégica deste setor,
traduzida nas receitas que proporciona, na mão de
obra que ocupa e nos efeitos multiplicadores que
induz em várias áreas, deve levar os agentes
económicos, perante a concorrência internacional,
a adotar medidas dinamizadoras, especialmente
no âmbito da oferta.
Hungria, a República Checa e a Turquia.
Podemos, também, referir os Estágios Erasmus e o
Erasmus Mundus, por exemplo.
Para além da mobilidade dos estudantes, existe
internacional mobilidade de docentes e de
colaboradores.
A ESTH/IPG está a potenciar a entrada em redes
internacionais, nomeadamente nas nossas áreas de
formação e tem em desenvolvimento um projeto,
apoiado pela FCT e pela Unidade de
Desenvolvimento e Investigação do IPG (UDI),
denominado Observatório do Turismo da Serra da
Estrela.
J. V.: “Turismo e hotelaria poderão ser o binómio de
um futuro promissor para Portugal”. Qual a sua
opinião sobre esta afirmação?
profissionalizante da sua formação.
O empreendedorismo é fomentado, desde o primeiro
momento, a partir dos planos curriculares dos
diversos cursos da ESTH/IPG, que compreendem
unidades curriculares (disciplinas) como, por
exemplo, “Empreendedorismo” e “Projeto e
A escola participa em Programas Intensivos Erasmus, em países da União Europeia, e recebe também
esses mesmos programas. Só a título de exemplo, em 2012, participámos num IP na Lituânia e, este ano,
vamos receber um na ESTH/IPG no qual participarão mais de sessenta estudantes e docentes vindos de
universidades de países como a Bélgica, a Finlândia, a Espanha, a Lituânia, a Hungria, a República Checa e
a Turquia.
Podemos, também, referir os Estágios Erasmus e o Erasmus Mundus, por exemplo.
A. S.: Essencialmente as que se relacionam com as
áreas de formação da Escola. Na realidade, temos
uma percentagem muito considerável de
empregabilidade. Um estudo recente, apresentado
pelo Jornal de Negócios, apresentava, relativamente
aos licenciados em Turismo e Lazer, um grau de
empregabilidade de 97%. Relativamente aos
diplomados de Gestão Hoteleira, de 83%. Ainda não
temos dados concretos, no que diz respeito aos
diplomados em Restauração e Catering, mas
sabemos que a empregabilidade é grande e efetiva.
É interessante referir que os nossos diplomados têm
tido, igualmente, muitas oportunidades de emprego
A. S.: A ESTH/IPG tem estabelecido muitíssimas
parcerias com instituições públicas e empresas
privadas, associações diversas, instituições de
ensino superior, secundário, profissional, entre
outras.
Mais do que nunca, é fundamental trabalhar em
parceria, estabelecer redes de colaboração, partilhar
conhecimentos, competências, infraestruturas...
Empreendedorismo”.
Como já referi, os estudantes são incentivados a
participar em concursos, nesse âmbito, como é o
caso do Concurso Nacional Poliempreende,
competição de projetos de vocação empresarial, da
rede de ensino superior politécnica. De igual modo, é
estimulada a participação em concursos regionais e
locais, como já tem sido o caso do concurso Seia
Empreende.
J. V.: Que parcerias já estabeleceu esta instituição?
Prevê outras, tendo em conta a situação económica
do país?
-7-
A. S.: Sem dúvida. Não só este binómio é auspicioso
para o nosso país, como basilar, primordial.
O turismo é um dos mais importantes setores da
economia portuguesa. O aumento do número de
turistas e a importância estratégica deste setor,
traduzida nas receitas que proporciona, na mão de
obra que ocupa e nos efeitos multiplicadores que
induz em várias áreas, deve levar os agentes
económicos, perante a concorrência internacional, a
adotar medidas dinamizadoras, especialmente no
âmbito da oferta.
A estratégia de promoção e desenvolvimento deste
cluster deve atender às múltiplas dimensões do
setor, nomeadamente o potencial para crescimento
das receitas externas, para a cobertura do défice da
nossa balança comercial, para o combate ao
desemprego, para a valorização do património
natural e cultural de Portugal, bem como para a
melhoria da qualidade de vida e, essencialmente,
para a atenuação das assimetrias regionais.
O futuro destes setores passa por uma ótica de
sustentabilidade ambiental, económica e social, no
quadro de um novo modelo de desenvolvimento do
turismo que privilegie a qualidade. O turismo é uma
atividade de mão de obra intensiva e que, por muita
evolução que haja e desenvolvimento de sistemas
tecnológicos, as pessoas estão e estarão na
essência desta relação comercial.
J. V.: Obrigado pela sua colaboração.
ATIVIDADES DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES
Projeto “Ler+ com os mais velhos”
Ao longo do segundo período retomou-se a
parceria com os Lares de Idosos, das freguesias de
Tourais e Paranhos, no âmbito das atividades
promovidas pela biblioteca escolar.
No dia 21 de fevereiro, sobre o tema da
amizade, os alunos do 12º K dramatizaram a história
do livro “O sapo apaixonado” de Max Velthuuijs. Este
livro conta-nos a história de um Sapo preocupado
com a sua saúde: tem o coração a bater depressa
demais. A Lebre diz que ele deve estar apaixonado —
SEMANA DA AMIZADE
Decorreu de quatro a catorze de fevereiro, a
Semana da Amizade.
e Manuela Silva. Este livro narra a história de um
macaco maroto que por causa do seu rabo cortado
decide andar a dar, a tirar o que deu, ou seja, voltar a
pedir.
Esta iniciativa foi concluída ao som de
canções e ao ritmo de danças tradicionais.
mas por quem? O autor desta encantadora história
de amor é Max Velthuijs, artista holandês de
reputação internacional, cujos livros têm sido
publicados no mundo inteiro.
No dia 12 de março, para comemorar o Dia
Mundial do Teatro e o Dia Mundial da Poesia, foram
apresentadas lengalengas, retiradas do livro “Lenga
Lengas” de Luísa Ducla Soares.
Seguidamente, os idosos tiveram a
oportunidade de escutar mais uma bela história
tradicional, “O macaco de rabo cortado”, de António
Torrado, pelas vozes das docentes Lurdes Alcafache
Neste período de tempo, realizaram-se
na Biblioteca Escolar de Tourais/Paranhos
diversas atividades, entre as quais a elaboração
de cartões, de textos alusivos ao tema, sopa de
letras, crucigramas, ilustrações e a audição de
músicas selecionadas.
A culminar, no último dia (catorze de
fevereiro), procedeu-se à entrega de um
“miminho”, um chocolate acompanhado de uma
frase simbólica, aos alunos que naquele dia
“visitaram” a Biblioteca.
Ainda nesta semana, foi apresentada a
história “O Sapo Apaixonado”, de Max Velthuijs,
aos alunos do 1.º CEB de Tourais (Turmas A, B e
C). As mesmas atividades foram desenvolvidas
com as crianças da Educação Pré-Escolar
(Carvalhal, Tourais e Vila Verde), no âmbito do
“Projeto Saltaricos”. Também as canções
ocuparam lugar de destaque, bem como a
partilha de pequenas lembranças entre estes
grupos.
As atividades promovidas tiveram como
objetivo estimular o gosto pelo livro, pela leitura e
incentivar/reforçar a prática do valor da AMIZADE,
A equipa da BE
DA PARTILHA, DA COLABORAÇÃO, DA
SOLIDARIEDADE, DO RESPEITO, DA
TOLERÂNCIA E DA RESPONSABILIDADE.
A equipa da BE
Atividades do 1º CEB
Atividades de leitura na Educação Pré-escolar
Mais uma vez têm sido levadas a efeito as iniciativas nos Jardins de Infância,
para a promoção da leitura.
Neste período mereceu destaque a história tradicional “O lobo e os sete
cabritinhos”, de Jacob e Wilhelm
Grimm.
Com apoio da dramatização e
apresentação de um painel e a
descoberta das personagens, as
crianças identificaram o título da
história e recontaram-na através das
imagens do livro.
No sentido de reforçar
aquisições noutras áreas curriculares
(Matemática/Música) foi apresentada,
entoada, visualizada e dançada a
canção de Maria Vasconcelos “Sete
dias, sete notas, sete cores”.
Procurando promover os
valores, no âmbito da área de
Formação Pessoal e Social, relembrou-se a canção tradicional “Naquela linda
manhã”.
Em todas as iniciativas mencionadas as crianças envolveram-se com prazer
e gosto, tendo por base uma perspetiva lúdica.
No sentido de estimular a
frequência da BE, por parte dos
alunos do 1º ciclo, têm sido
realizadas sessões semanais
no referido espaço, para os
alunos que frequentam a
Escola Básica de TouraisParanhos.
O trabalho realizado está a
cargo das docentes Lurdes
Alcafache, Manuela Silva,
Liliana Melo, Leontina
Figueiredo, Teresinha Galhano
e das assistentes operacionais
Alzira Seixas e Susana Videira.
As histórias exploradas nesta atividade foram: “O sapo apaixonado” de
Max Velthuijs; “O macaco de rabo cortado” de António Torrado; “Contos para
rir” de Luísa Ducla Soares: “O dinheiro elástico” e “As senhoras das capinhas
pretas”; “O meu pai” de Anthony Browne; “Um rabinho de coelho”, adaptada
por Maria Jesus Sousa (...).
Realizou-se também a exploração de canções relacionadas com as
temáticas das histórias apresentadas e a dança das mesmas.
A equipa da BE
-8-
A equipa da BE
ATIVIDADES DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES
Projeto «Leituras há muitas!» e a obra da escritora Maria João Lopo
de Carvalho
A propósito do projeto “Leituras há muitas!”, o 6.º C explorou alguns livros da coleção 7 Irmãos e, logo, logo, bastante inspirados construíram acrósticos com os nomes
dos 7 personagens.
Maria, a 1.ª dos irmãos
Aprecia as aulas
Responsável com a família
Irreverente quanto baste
Admirada por todos
MARAVILHOSA COM AS AMIGAS
ÓTIMA EM BTT
NÃO SE PREOCUPA COM ROUPA ”CHIQUE”
INTERESSADÍSSIMA PELO FUTEBOL
CIÚMES DO PAULO TEM
AMÁVEL COM OS ANIMAIS É…
Rodrigo Marques, 6.ºC
Mariana, a gémea.
Áspera e meiga com os irmãos.
Resmunga por tudo e por nada.
Impossível estar triste junto dela.
Asneiras faz frequentemente.
Ninguém é tão rebelde como ela.
Apesar de tudo, reconhece as suas fraquezas.
Melancólico quanto baste
Amigo de ajudar
Necessita muito da Mariana
Unido dos desprotegidos
Estável emocionalmente
Leme da sua família
Boyko Panayatov, 6.º C
Margarida Monteiro, 6.ºC
Margarida Machado é o seu nome!
A escola nova a está a preocupar.
Reflete e anima-se.
Galopa e ri,
As colegas com ela hão de brincar.
Receios irá combater,
Inocente e lutadora,
Dinâmica e alegre
A nossa amiga tudo há de resolver…
MAIS NOVINHA É.
ANIMADA E BRINCALHONA,
DESEJOSA DE CRESCER,
ADORA OS SEUS 6 IRMÃOS.
LINDA E FOFA,
ESPECIAL PARA TODOS,
NATURALMENTE FELIZ,
ASSIM É A MADALENA!
Ricardo Simões, 6.ºC
MIGUEL, O SEGUNDO MAIS VELHO
IDEAL PARA A RITA
GOSTA DE AJUDAR OS OUTROS
ULTRAPASSA QUALQUER PROBLEMA
ENGRAÇADO E ESPECIAL
LIDER IMPORTANTE É
Vanessa Rodrigues, 6.ºC
Vanessa Rodrigues, 6.ºC
Carolina Costa, 6.º C
SINOPSE:
Maravilhosa escritora
Ambiciosa nas palavras
Realista nas ideias
Inigualável na imaginação
Adora escrever livros infantis
Jorraram-lhe as palavras em “catadupa”
Os bichos que retratou
nÃo são pura ficção
pOis existem na verdade
aLgures nas nossa escolas
Onde há crianças irrequietas
Professores desesperados
Obrigados a inventar
Dezenas de receitas
Engenhosas e diferentes
Capazes de conseguir
A atenção dos pequeninos
Resolver de maneira habilidosa
Variadas situações complicadas
Através de histórias simples
Levando casos difíceis de abordar
MilHares de leitores de forma agradável
Obrigando-os a refletir em cada situação
Um dia Maria decidiu fazer uma
viagem e quando regressou a
casa toda a família foi ter ao pé
dela abraçando-a, cheios de
saudades. Estavam na época
de Natal e o Hans tinha feito
uma surpresa à Mónica
cantando-lhe uma canção,
todos ficaram espantados e
começaram a cantar
juntamente com ele. A Mariana
tinha planeado com alguns
amigos fazerem uma festa de
passagem de ano, mas o pai não a deixou por causa das
suas notas. Mariana tinha de levar Madalena para a
natação todas as quartas feiras, quando a aula acabou
não sabia da irmã pois estava distraída com o telemóvel e
foi contar aos pais e lá a encontraram. Manuel participou
no concurso de Craniomania e ficou em 1º lugar, depois
de muito estudo. Havia um concurso de Cidadania na
escola em que Mariana participou, fez um Mega censo
escolar com o Hans e ficou em 2ºlugar, ganhando uma
viagem aos Açores.
Frase máxima do livro “ Mariana e Manuel”
A frase de que nós gostámos mais foi a seguinte: “ Ter
ideia que brilha”. (pág. 114)
Escolhemos esta frase devido a parecer que a ideia é que
brilhava e achamos graça à maneira como ele falava.
Daniela Almeida nº5; Mariana Almeida nº13; Ruben Braz
nº14
“Mas eu ser sozinho, não haver mais alemãos!” – pág. 90
Nós gostámos especialmente desta frase, pois mostra as
dificuldades pela qual uma pessoa passa para poder
conseguir falar e compreender uma língua que não a sua.
Ruth Marmé nº15; Yelizaveta Rohach nº18; Yordan
Georgiev nº19
4.º Ano, EB de Santiago
Projeto ZOONOSES
Ao longo do mês de março, o Dr. Carlos
Ferreira e a Dr.ª Assunção, elementos do Gabinete
Ve t e r i n á r i o e d a D e l e g a ç ã o d e S a ú d e ,
respetivamente, acompanhados pela Dr.ª Teresa
Rua, em representação do grupo RBEMS,
percorreram as várias escolas do agrupamento de
escolas de Seia, dando voz ao projeto ZOONOSES,
promovendo algumas sessões de sensibilização.
Trata-se de um projeto que contribui para a
prevenção da propagação de uma série de doenças
animais. Em todas as escolas do 1.º ciclo,
encontrava-se uma exposição de livros alusivos às
temáticas abordadas, associando sempre livros e
documentação de suporte a novas aprendizagens.
Pelo facto de, nos nossos dias, a grande
maioria das famílias possuírem animais de
estimação e algumas proporcionarem o contacto
direto com animais domésticos, a RBEMS, em
-9 -
parceria com o Município de Seia/ Gabinete
Veterinário e a Delegação de Saúde, propôs
desenvolver este projeto.
Neste contexto, o Projeto ZOONOSES
aponta para os seguintes desafios:
· Aumentar a qualidade da divulgação da
informação acerca da vivência e contacto
direto do Homem com os animais;
· Incrementar parcerias entre as escolas,
município e serviços de saúde;
· Consciencializar as famílias para a
importância desta área da saúde;
· Apostar numa prevenção cada vez mais
precoce junto das crianças.
Liliana Melo
AGRUPAMENTO EM AÇÃO
Associação de Pais e
Encarregados de Educação do
Agrupamento de Escolas de Seia
A Associação de Pais e Encarregados de
Educação do Agrupamento de Escolas de Seia
(APEEAES), sendo uma entidade sem fins lucrativos,
que desenvolve a sua atividade com base no
voluntariado dos elementos dos seus corpos sociais
e nas quotizações dos seus associados tem como
objetivos principais:
a) Recolher opiniões e pareceres dos
associados sobre problemas educativos e culturais
ou outros de interesse para os seus educandos,
dando deles conhecimento à Direcção do
Agrupamento e, se necessário, a outras entidades;
b) Recolher e transmitir aos associados, os
COMEMORAÇÃO DO
CARNAVAL 2013
Nos dias sete e oito de
fevereiro realizaram-se os festejos
alusivos à época carnavalesca. Neste
ambiente, os Jardins de Infância e as
Escolas Básicas do 1.º CEB do
Agrupamento organizaram desfiles
em interação com as
famílias/comunidade.
A avaliação efetuada pelas
docentes foi muito positiva e
contribuiu para a aquisição de
competências nas diversas áreas
curriculares. Alguns dos
estabelecimentos educativos
desenvolveram a atividade, em
articulação com o 1.º CEB da
localidade, nomeadamente os Jardins
de Infância de Santa Marinha,
elementos mais relevantes da vida do Agrupamento,
bem como promover debates, colóquios,
conferências e outras actividades afins, sobre
problemas da Educação e Juventude;
c) Intervir, junto de entidades oficiais e
particulares, por si ou em conjugação com a Direção
do Agrupamento, sempre que a sua acção possa ser
de interesse para os alunos.
A APEEAES, com a colaboração dos
Bombeiros Voluntários de Seia e da Direção do
Agrupamento, com sede na Escola Secundária, deu
início a 1 de março – Dia da Proteção Civil – a
sessões de esclarecimento e de aprendizagem com
os “Soldados da Paz”.
Dirigida à comunidade escolar de todos os
níveis de ensino, com deslocação dos Bombeiros a
todos os estabelecimentos do Agrupamento, as
sessões vão decorrer, durante os meses de março e
abril, sendo exaltados os valores da Proteção Civil,
Santiago e Sabugueiro. Quanto aos
Jardins de Infância de Santa Comba e de
Pinhanços, estes fizeram essa vivência na
Escola Básica Dr. Abranches Ferrão.
Também os Jardins de Infância de Tourais,
d e V i l a Ve r d e e d e C a r v a l h a l ,
comemoraram o carnaval com um desfile
em interação com os alunos do 1.º CEB na
Escola Básica de Tourais/ Paranhos.
No dia nove do mesmo mês o
Jardim de Infância de Travancinha
participou no desfile de Carnaval, uma
iniciativa do Município de Seia, tendo a
referida atividade sido apreciada de forma
muito favorável pela docente titular.
A Coordenadora do Departamento da EPE
Lurdes Alcafache
“Reflorestar a Serra da Estrela”
Projeto transversal aos vários ciclos do Agrupamento
de Escolas de Seia
Em seguimento do artigo publicado na última edição do jornal “o Baril”, o
projeto “Reflorestar a Serra da Estrela” foi apresentado ao Agrupamento de Escolas
de Seia, que após o seu parecer favorável, foi amplamente aceite por vários
departamentos e níveis de ensino.
O projeto foi aceite, de uma forma transversal, pelos vários ciclos de ensino
existentes no agrupamento, desde todas as turmas do pré-escolar, duas turmas do
1ºciclo, duas turmas do segundo e do terceiro ciclo, englobando cerca de 150 alunos.
Na primeira fase, foi apresentado às diferentes turmas envolvidas, o livro “ O
Carvalhinho da Estrela”, pelos docentes responsáveis pelas turmas e pelas autoras
do livro que se deslocaram à escola Dr. Abranches Ferrão e apresentaram o seu
trabalho às duas turmas do 5ºano e a uma turma do 8ºano.
Em cada Jardim de Infância e escola as turmas criaram um viveiro de bolotas,
que mais tarde irão ser plantadas numa zona a designar pelo Município.
Também o PNSE se tornou parceiro na divulgação e implementação do
projeto, tendo amavelmente deslocado uma técnica a vários estabelecimentos de
ensino do agrupamento, para, junto das crianças, desenvolver ações de
sensibilização sobre a importância da floresta autóctone da serra da estrela. Todas as
crianças do pré-escolar e do 1º ciclo que aderiram ao projeto beneficiaram dessa
ação.
O jardim de infância e escola do 1º CEB de Santa Marinha foram mais longe e
associaram o projeto à vivência do carnaval, tendo desfilado com as diferentes
personagens da história.
Paralelamente, as autoras contactaram o Município de Seia, de modo a tornase parceiro no projeto, o qual foi logo bem acolhido.
O vereador do ambiente ficou de definir um ou vários locais onde vai ser
concretizada a segunda fase do projeto, ou seja, a plantação.
com forte incidência no ponto de que é uma atividade
de todos e para todos.
Na brochura e certificado entregue aos
alunos participantes são apresentadas algumas das
situações, onde é necessária a presença dos
agentes da proteção civil, com destaque para cheias
e inundações, vagas de frio, segurança aos turistas
na Serra da Estrela, incêndios urbanos e florestais,
acidentes e socorro a vítimas.
Noutras áreas de intervenção, a Associação
já desenvolveu várias diligências, durante o presente
ano letivo, no sentido de concretizar alguns pedidos
dos encarregados de educação, respondendo assim
às preocupações diárias, sendo uma demonstração
cabal da importância e interatividade e dinâmica
existente entre todos os agentes do Agrupamento.
Associação de Pais e E. E. do A. E. S.
VISITA DE ESTUDO ABPG, ALUNOS 12ºK
No dia 8 de fevereiro, no âmbito da disciplina de Animação
Sociocultural. Módulo 8, saúde mental e comunitária, a prof. Rosa Machado,
propôs realizarmos um aula diferente visitando a ABPG (Associação de
Beneficência Popular de Gouveia). Esta IPSS tem como objetivo apoiar as
pessoas que mais necessitam, uma vez que contribui para a promoção e
desenvolvimento integrado da população do Concelho de Gouveia nas áreas
cultural, social e económica.
Nesta perspetiva, acolhe crianças, pessoas portadoras de deficiência,
idosos e pessoas que necessitam de cuidados continuados, visto que a
instituição oferece diversas respostas sociais:
Creche, Jardim de Infância e ATL, Centro de Atividades Ocupacionais
(CAO) para pessoas portadoras de deficiência, Núcleo de Reabilitação
Profissional (NRP), para a população portadora de deficiência, garantindo a
sua formação, a informação, avaliação e orientação profissional, a integração
em mercado de trabalho e o acompanhamento pós colocação, o Lar
Residencial acolhe pessoas com deficiência que se encontrem impedidas,
temporária ou prolongadamente, de residir no seu meio familiar. Lar de Apoio
e a Unidade de Cuidados Continuados de média/longa duração e ainda a
Clinica de Medicina Física e Reabilitação, com parcerias com o SNS (Serviço
Nacional de Saúde).
Possui também três Lares de Idosos e Centro de Dia, bem como um
parque da Srª dos Verdes, onde a comunidade poderá desfrutar de vários
desportos e ocupações de tempos livres, em contacto com a natureza.
Esta é uma instituição, onde um técnico de apoio psicossocial deverá
encontrar todas as condições para proporcionar um ótimo serviço aos utentes,
de forma a promover a sua inserção na comunidade e o seu desenvolvimento
pessoal e social.
Poderá realizar um ótimo trabalho em equipa multidisciplinar,
desenvolvendo a sua capacidade de iniciativa, dinamismo e cooperação e
capacidade de atuação permanente, face às constantes mudanças sociais,
culturais e tecnológicas.
Gostámos imenso da visita/experiência, aprendemos bastante e
enriquecemos com o contacto que mantivemos com os técnicos e utentes!
A autora do projeto
Educadora de infância
Anabela Nunes
- 10 -
Os alunos do 12ºK
AGRUPAMENTO EM AÇÃO
Visita de estudo a Toledo –
Espanha
14 e 15 de fevereiro de 2013
Nos dias 14 e 15 de fevereiro de 2013, um
grupo de 52 alunos de EMRC, de diferentes turmas
do 12º ano, em parceria com o Curso Técnico
Profissional Psicossocial, deslocaram-se em visita
de estudo a Ávila, Toledo e Salamanca.
A saída estava marcada para as 8.30, junto à
Escola Secundária de Seia e a primeira paragem
aconteceu em Alba de Tormes para visita ao
Convento, à vida e à mensagem de Santa Teresa de
Ávila.
Nasceu na província de Ávila, Espanha,
numa família da baixa nobreza. Aos sete anos, já
gostava muito de ler histórias dos santos. Seu irmão
Rodrigo tinha quase a sua idade, por isto
costumavam brincar juntos. As duas crianças viviam
pensando na eternidade, admiravam a coragem dos
santos na conquista da glória eterna. Achavam que
os mártires tinham alcançado a glória muito
facilmente e decidiram partir para o país dos mouros
com a esperança de morrer pela fé. Assim sendo,
fugiram de casa, pedindo a Deus que lhes permitisse
dar a vida por Cristo. Teresa amava a solidão. A mãe
de Teresa faleceu quando esta tinha catorze anos:
"Quando me dei conta da perda que sofrera, comecei
a entristecer-me. Então dirigi-me a uma imagem de
Nossa Senhora e supliquei com muitas lágrimas que
me tomasse como sua filha". Quando completou
quinze anos, o pai levou-a a estudar no Convento das
Agostinianas de Ávila, para onde iam as jovens da
sua classe social. Um ano e meio mais tarde, Teresa
adoeceu e seu pai levou-a para casa. A jovem
começou a pensar seriamente na vida religiosa.
Então comunicou ao pai que desejava tornar-se
religiosa, mas este pediu-lhe para esperar que ele
morresse para ingressar no convento. Seu pai, ao vêla tão decidida, deixou de opor-se à sua vocação.
Teresa começou a praticar a oração mental.
Finalmente, após três anos, recuperou a saúde e
O Carnaval da Floresta
Havia uma floresta onde o sol brilhava, as
árvores verdinhas abanavam as suas folhas e as
flores cresciam cheias de cor, mas os animais viviam
muito tristes e infelizes. Estava a chegar o Carnaval
e eles não tinham disfarces para a festa. Então, a D.ª
Serpente pegou num microfone e bem alto falou:
- Amiguinhos, tive uma ideia maravilhosa,
espero que gostem. Juntem-se todos para a ouvir.
Os animais reuniram-se e muito atentos
esperaram para ouvir a solução do grande problema
que os afetava.
- D.ª Serpente, eu sei onde há uma arca das
trapalhadas, que há dias encontrei numa cabana
abandonada, cheia de roupa e outros adereços.
Podíamos vesti-los e depois de bem disfarçados,
fazíamos a nossa Festa de Carnaval! Que me dizem?
– questionou um dos animais da floresta.
Todos os animais responderam:
retornou ao Carmelo. A sua prudência, amabilidade e
caridade conquistavam a todos. Segundo o costume
dos conventos espanhóis da época, as religiosas
podiam receber todos os visitantes que desejassem,
a qualquer hora. Teresa passava grande parte de seu
tempo conversando no locutório. Cada vez mais
convencida de sua indignidade, Teresa invocava com
frequência os grandes santos penitentes, como
Santo Agostinho e Santa Maria Madalena, aos quais
estão associados dois factos que foram decisivos na
vida da santa. O primeiro foi a leitura das
"Confissões" de Santo Agostinho. O segundo foi um
chamamento à penitência que ela experimentou
diante de um quadro da Paixão do Senhor: "Senti que
Santa Maria Madalena vinha em meu socorro... e,
desde então, muito progredi na vida espiritual".
Sentia-se muito atraída pelas imagens de Cristo
ensanguentado na agonia. Certa ocasião, ao deterse sob um crucifixo muito ensanguentado,
perguntou: "Senhor, quem vos colocou aí?" Pareceulhe ouvir uma voz: "Foram tuas conversas no oratório
que me puseram aqui, Teresa". Ela chorou muito e a
partir de então não voltou a perder tempo com
conversas inúteis e com as amizades que não a
levavam à santidade. Colocou em prática o plano de
fundar um convento reformado. Eis que chega de
Roma a autorização para se criar a nova casa
religiosa, o que ocorreu no dia de São Bartolomeu,
em 1562. A fundação não era bem vista em Ávila,
porque as pessoas desconfiavam das novidades e
temiam que um convento sem recursos se
transformasse num peso para a cidade. Santa Teresa
não perdeu a paz no meio das perseguições e
prosseguiu colocando a obra nas mãos de Deus.
Teresa estabeleceu no seu convento a mais estrita
clausura e o silêncio quase perpétuo. A comunidade
vivia na maior pobreza. As religiosas vestiam hábitos
toscos, usavam sandálias em vez de sapatos (por
isso foram chamadas "descalças") e eram obrigadas
a abstinência perpétua de carne. A fundadora, a
princípio, não aceitou comunidades com mais de
treze religiosas. Foi sepultada em Alba de Tormes,
onde repousam as suas relíquias. Teresa é uma das
personalidades da mística católica de todos os
tempos. As suas obras contêm uma doutrina que
abraça toda a vida da alma, desde os primeiros
passos até à intimidade com Deus. Ao morrer sua
alegria foi poder afirmar: "Morro como filha da Igreja ".
Foi canonizada em 1662. No dia 27 de setembro de
1970, o papa Paulo VI conferiu-lhe o título de Doutora
da Igreja. Santa Teresa de Ávila é unanimemente
considerada um dos maiores génios que a
humanidade já produziu. Mesmo ateus e livrespensadores são obrigados a enaltecer sua vida e
arguta inteligência, a força persuasiva de seus
argumentos, o seu estilo vivo e atraente e seu
profundo bom senso. A sua festa é comemorada no
dia 15 de outubro.
Seguidamente, fomos visitar Ávila e após o
almoço partilhado partimos para Toledo. Cervantes
descreveu Toledo como a "glória da Espanha". A
parte antiga da cidade está situada no topo de uma
montanha, cercada em três lados por uma curva no
rio Tejo, e tem muitos sítios históricos, incluindo o
Alcázar e a Catedral (a igreja primaz da Espanha).
Toledo era famosa por sua tolerância
religiosa e possuía grandes comunidades de judeus
e muçulmanos, até que eles foram expulsos da
Espanha em 1492; por isto a cidade tem importantes
monumentos religiosos, como a sinagoga de Santa
Maria la Blanca e a mesquita de Cristo de la Luz.
No século XIII, Toledo era um importante
centro cultural. A catedral é notável pela sua
incorporação de luz e nada é mais notável que as
imagens por trás do altar, bastante altas, com figuras
fantásticas em estuque, pinturas, peças em bronze e
múltiplas tonalidades de mármore, uma obra-prima
medieval. A cidade foi local de residência de El Greco
no final de sua vida, e é tema de muitas das suas
pinturas, incluindo «O Enterro do Conde de Orgaz»,
exibido na Igreja de Santo Tomé.
No início da tarde do dia 15, partimos para
Salamanca, uma das cidades espanholas mais ricas
em monumentos da Idade Média, do Renascimento e
das épocas clássica e barroca. Destacam-se as
Catedrais, o Palácio de La Salina, o Palácio de
Anaya, o Palácio de Monterrey, a Casa das Conchas,
o Convento das Dueñas e a Torre do Clavero. A atual
vida quotidiana de Salamanca centra-se na sua
famosa e prestigiada Universidade, na alegria
cosmopolita e poliglota dos seus visitantes e na Plaza
Mayor. Esta praça, edificada entre 1729 e 1755, é o
centro e o símbolo universal da cidade.
Salamanca foi escolhida para Capital
Europeia da Cultura em 2002, sendo o seu centro
histórico Património da Humanidade desde 1988.
No final do dia, regressámos a Seia com a
convicção de virmos mais ricos e fortalecidos na
vontade de concretizar novos projetos e de sermos
cada vez mais dignos de tão valioso património.
- Viva! Viva! Viva! Boa ideia!
De seguida, todos estavam disfarçados, uns
com grandes botas, outros de pijamas, vestidos com
selva. Os animais da selva até resolveram espreitar
para ver o que se estava a passar e qual não foi o
espanto quando viram todos os animais felizes,
contentes e irreconhecíveis. Foi então que o rei leão
disse:
- Que maravilha de festa! Como era bom
podermos participar nela. Que dizem?
Todos os animais da selva concordaram.
E, assim, em grande harmonia os animais
divertiram-se à brava. As zebras dançavam com os
tigres e os búfalos com os macacos. Rodopiavam as
borboletas com os passarinhos, saltavam os
hipopótamos e os leões e até a D.ª Rinoceronte deu
ar da sua graça.
Desta forma, todos sem exceção e com
grande entusiasmo celebraram o Carnaval na
floresta.
Ah! Vitória, vitória, até que foi uma linda
história, não acham?
folhos, laços e lindos chapéus… Dançavam e
cantavam com muita alegria. A festa estava mesmo
animada e o barulho era tanto que até se ouvia na
António Ferreira, março, 2013
Educadora Isabel Pires,
JI de São Martinho
Invejo — mas não sei se invejo — aqueles de quem se pode escrever uma biografia, ou que podem escrever a própria. Nestas impressões sem nexo, nem desejo de
nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem fatos, a minha história sem vida. São as minhas Confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer.
Livro do Desassossego, Bernardo Soares
- 11 -
AGRUPAMENTO EM AÇÃO
AÇÃO DE FORMAÇÃO “PRIMEIROS SOCORROS EM MEIO
ESCOLAR”
AÇÃO DE FORMAÇÃO “VIOLÊNCIA/BULLYING”
Educação para a Saúde.
A sessão, revelou-se
interessante para os alunos do 6º
ano, pois ficaram mais informados
sobre a “violência/bullying”. Assim
aprenderam que se devem respeitar
uns aos outros física e
psicologicamente .
No fim da sessão, o cabo
Jorge Albuquerque contou-nos uma
das histórias da sua juventude, e
aprendemos que mesmo começando
No dia 19 de dezembro de 2012,
decorreu no auditório da Escola
Secundária de Seia a Ação de Formação
intitulada “Primeiros Socorros em Meio
Escolar”, dirigida aos Assistentes
No dia 08 de fevereiro de
2013, decorreu no auditório da
Escola Básica de Tourais/Paranhos a
Ação de Formação intitulada
“Violência/Bullying”, dirigida aos
alunos do 6º ano, das turmas D e E,
dinamizada pelo cabo Jorge
Albuquerque e cabo José Mendes,
Operacionais do Agrupamento de
Escolas de Seia. Esta foi dinamizada
pela Enfermeira Mara Marçalino (Centro conteúdos adquiridos e pela forma como
de Saúde de Seia), no âmbito do Projeto foi dinamizada.
de Promoção e Educação para a Saúde.
Tal sessão, revelou-se de grande
Dulce Vicente e Alexandra Saraiva
interesse profissional e pessoal, pelos
mal, podemos sempre corrigir os
nossos erros e melhorar o nosso
futuro.
Os a l u n o s d o 6 º a n o
agradecem ao cabo Jorge
Albuquerque e cabo José Mendes a
sua presença na nossa escola.
da G.N.R. (Escola Segura), no
âmbito do Projeto de Promoção e
Donativos pessoais
260.00
10º F
90.00
Loriga
100.00
10º C
100.00
Tourais
101.50
Vasco Esteves de Cima
125.00
Outeiro da Vinha
55.00
10º E
90.00
Vila Nova de Tazem
100.00
10º D
85.00
10º A
100.00
11º D
25.40
À Casa do Gaiato de Miranda
do Corvo, no dia 14 de janeiro, 106
alunos entregaram este valor,
simbolizando nele todo o carinho e
apreço que as crianças merecem. Ao
longo do tempo e por diversos modos
aplicámos o pensamento do fundador
da Obra da Rua: “Evitar esbanjar o que
para outros é Vital”. Regressámos
felizes e convictos que as crianças são
bonitos sorrisos de Deus ao mundo.
Sentimos que a Casa do Gaiato é uma
verdadeira família para quem nunca a
teve. Esta frase do Padre Américo,
fundador da Casa do Gaiato, traduz de
forma simples e direta a razão de ser
desta instituição. A Casa do Gaiato
funciona sem qualquer tipo de apoio
do Estado, dedicando-se a acolher,
educar e integrar na sociedade
crianças e jovens que, por qualquer
motivo, se viram privados do meio
familiar normal, desde o nascimento
até aos 25 anos. A Obra da Rua vive no
dia a dia o risco evangélico da
solidariedade humana. Foi uma gota
de água no oceano, mas sem esta
gota o mar seria imensamente mais
pobre.
11º A
51.70
Visita à Casa do Gaiato
10º B
90.00
11º C
52.00
Vide
110.00
Mordomos de Santa Comba
60.00
Total
1600.00
No dia 14 de janeiro de 2013,
fomos visitar, mais uma vez, a Casa
do Gaiato. Casa essa que tem muito
que se lhe diga, que se lhe dê e nos
ensine. Ensinar porquê? Pensámos
nós, ignorantes no meio daquela
humildade. Dado que é uma Casa em
que a honestidade, a simpatia, a
alegria e o sorriso perduram, tornounos pessoas mais conscientes da
sociedade em que vivemos.
Conduzidos pelo Padre
Manuel numa breve conversa sobre a
realidade de hoje em dia,
conseguimos compreender a
dificuldade que é criar quarenta
crianças, em que pedir pelas ruas é
algo que não se pode fazer, aquilo
que se pode realizar é aceitar
donativos de outrem, aceitar algo
que os outros já não precisam, mas
que para eles vale muito. Até umas
simples cadeiras que não estavam
em bom estado para quem as
cedeu, são ótimas para estas
crianças, pois nunca foram
habituadas a grandes luxos, mas
sim à humildade que a vida assim os
obrigou a ter.
Pensávamos nós, até
agora, que a pobreza apenas existia
nos países de 3º Mundo ou muito
longe de nós, mas ela existe mesmo
à nossa beira. Mesmo que não a
vejamos, ela está muito perto.
Apenas muitas pessoas não têm
coragem de admitir as dificuldades
que passam.
Neste momento, numa
reflexão pessoal, penso: Como é
que num país em que a maior
preocupação é baixar os salários,
cortes e mais cortes, não se pensa
nas pessoas mais carenciadas?
Perdem as suas casas, não têm
dinheiro para comer e têm ainda de
ter a coragem e tristeza de negar
comida aos seus filhos. Estes que
não têm culpa de estar no Mundo,
não pediram para cá estar.
Sabemos também que as crianças
podem tomar uma refeição por dia
na cantina da escola, contudo, até
agora, deixam de dar comida às
crianças, pois os pais já nem
conseguem pagar a sua
alimentação. É triste ainda haver
pessoas a morrer à fome e outras
que vivem num mundo
completamente paralelo negarem
um simples prato de sopa.
- 12 -
As alunas do 6ºE:
Ana Rafaela Almeida; Beatriz Tavares; Mária
Matos; Mariana Alves e Sara Vieira
Contudo a Casa do Gaiato, com
todas as suas dificuldades, acolhe
crianças apenas do sexo masculino de
Norte a Sul do país ou até mesmo muitas
que vêm de fora. Crianças que vivem em
zonas problemáticas, onde a guerra é o
prato do dia, a desordem familiar é
imensa. Por conseguinte, eles são felizes
à sua maneira, procurando o afeto, algo
que é muito difícil de alcançar, pois sem
um lar próprio, sem atenção apenas para
cada um, é complicado. Ainda assim, eles
mantêm um sorriso na sua cara, de modo
a causar sorrisos a outras pessoas, o que
foi o meu caso e de muitas outras que
estiveram presentes na Casa do Gaiato.
A nossa missão foi cumprida,
conseguindo entregar €1600 para esta
casa que merece bens materiais, mas
acima de tudo boa vontade, carinho, afeto
e compreensão perante todos que a
habitam. A experiência de angariar
dinheiro para estes gaiatos foi bastante
lúcida. Conseguirmos ter noção do que é
viver daquilo que os outros nos dão e não
apenas pedir à mãe ou ao pai, pois esses
dar-nos-ão de imediato. A luta, a
confiança e a fé predominam nesta casa
que não tem qualquer tipo de ajuda
estatal.
Foi bom ter estado em contacto
com uma realidade que nos ultrapassa
todos os dias da nossa vida. Por vezes,
achamos que uma camisola já não vale
nada na nossa gaveta e, por isso, não a
usamos. Mas deveríamos pensar que há
uma outra pessoa (pode não ser no outro
lado do Mundo, mas estar mesmo ao
nosso lado), que necessita de roupa para
vestir. Vivemos numa sociedade de
críticas, mas por favor, passemos à
prática!
O Mundo em que vivemos é
completamente diferente daquele em que
os mais pobres vivem.
O que uns têm a mais, outros
carecem-no!
Ana Catarina Matias, nº3, 10ºC
Conto
A Senhora dos livros
A minha família e eu vivemos num sítio
pertinho do céu. A nossa casa fica situada num local
tão alto que quase nunca vemos ninguém, a não ser
falcões a planar e animais a esconder-se por entre as
árvores.
Chamo-me Cal e não sou nem o mais velho
nem o mais novo dos irmãos. Mas, como sou o rapaz
mais velho, ajudo o meu pai a lavrar e a ir buscar as
ovelhas quando, às vezes, elas se escapam.
Também me acontece trazer a vaca para casa ao
pôr do sol, e ainda bem que o faço. É que a minha
irmã Lark passa o dia todo a ler.
centavo sequer temos para gastar… Muito menos
em livros velhos e inúteis!
Arranjou um lugar aconchegado e, em voz
baixa, pôs-se a ler.
O meu pai põe-se a fitar a Lark e pigarreia.
Então propõe à Senhora dos livros:
O meu pai costuma dizer que nos sinais da
natureza está escrito se o inverno vai durar muito ou
pouco. Este ano, todos os sinais anunciaram neve
bem abundante e um frio tremendo. Mas, embora
todos os dias ficássemos em casa apertados como
sardinhas em lata, não me importei nada. Pela
primeira vez.
— Fazemos um contrato. Em troca de um
livro dou-lhe uma saca de framboesas.
Aperto bem as mãos atrás das costas.
Quero falar, mas não me
atrevo. As framboesas, fui eu que
as apanhei… Para fazer uma tarte,
não para trocar por um livro!
Quando vejo a senhora recusar,
até pasmo. Não aceita uma saca
de framboesas, nem um molho de
legumes, nem nada do que o meu
pai lhe quer oferecer. Os livros não
custam dinheiro; são de graça,
como o ar. Ainda por cima, dentro
de quinze dias, voltará para os
trocar por outros! Cá para mim,
tanto se me dá que a Senhora
traga livros ou que não encontre o
caminho até nossa casa. O que
me espanta é que, mesmo que
chova a cântaros, haja neve ou
faça frio, ela volte sempre!
Certo dia de manhã, a terra
acordou mais branca do que a
barba do nosso avô. O vento
uivava como lince em plena
escuridão e apertámo-nos todos
diante da lareira, pois, num dia desses, ninguém faz
nada. Com um tempo assim, até os animaizinhos da
floresta se deixam ficar bem aconchegados.
É claro que recebemos a forasteira de
braços abertos, porque pessoa mais simpática não
há. Depois de tomar chá, põe os alforges em cima da
mesa e até parece ouro o que tira de lá de dentro. Os
olhos da Lark põem-se a brilhar como moedas e a
minha irmã não consegue ter as mãos quietas, como
se quisesse apropriar-se de um tesouro.
Na realidade, o que a senhora traz não é
tesouro nenhum, pelo menos a meu ver. São livros!
Um monte de livros que ela, sozinha, carregou pela
encosta acima. Um dia inteiro a cavalo para nada! É o
que eu digo! Porque, se ela os quisesse vender,
como faz o caldeireiro, que anda por aí com panelas,
sertãs e outras coisas, veria logo que nós nem um
— Não é muito, bem sei, para o grande
esforço que faz — disse a minha mãe.
Em seguida, baixou a voz e acrescentou com
orgulho:
— E por ter conseguido arranjar dois leitores
onde apenas havia um!
Baixei a cabeça e esperei pelo fim da visita
para comentar:
— Também gostaria de ter alguma coisa
para lhe oferecer.
A Senhora dos livros virou-se e fitou-me com
os seus grandes olhos negros:
— Vem cá, Cal — disse, com muita doçura.
Quando me aproximei dela, pediu:
— Lê-me alguma coisa.
Abri o livro que tinha entre as mãos, mesmo
acabadinho de chegar. Dantes, eu pensava que eram
quatro garatujas, mas agora já sei ver o que contém.
E li um pouco em voz alta.
— Esta é que é a minha prenda! — disse a
Senhora dos livros.
O meu pai diz sempre que nunca se viu uma
rapariga tão superleitora... Cá comigo não é assim.
Não nasci para ficar sentado e quieto a olhar para
quatro garatujas. E não acho graça nenhuma a que
a Lark se arme em professora, porque a única
escola que existe fica a quilómetros daqui, e ela
dificilmente lá irá chegar. Por isso é que ela quer
ensinar-nos. Só que, a mim, a escola não me
interessa!
Sou sempre o primeiro a ouvir o ruído dos
cascos e a ver a égua alazã da cor do barro. Sou o
primeiro a dar-me conta de que o ginete não é um
homem, mas uma senhora com calças de montar e
cabeça bem erguida.
Só quase na primavera é que a Senhora dos
livros pôde voltar a visitar-nos. A minha mãe
ofereceu-lhe um presente, a única coisa de valor que
lhe podia dar: a sua receita de tarte de framboesa, a
melhor do mundo.
Heather Henson
La señora de los libros
Barcelona, Editorial Juventud, 2010
(Tradução e adaptação)
De repente, ouviram-se umas pancadinhas
na janela. Era a Senhora dos livros, abrigada até à
ponta dos cabelos! Para não apanharmos frio, fez a
troca através da porta entreaberta. E quando o meu
pai lhe pediu que dormisse em nossa casa, não se
deixou convencer:
— A égua leva-me de volta — respondeu.
Fiquei de boca aberta a vê-la afastar-se.
Pensei que era uma pessoa muito corajosa e tive
vontade de saber por que é que a Senhora dos livros
se arriscava a apanhar uma constipação ou coisa
bem pior. Escolhi um livro com letras e desenhos e
pedi à minha irmã Lark:
— Ensina-me o que está aqui, por favor.
A minha irmã não se riu nem troçou de mim.
- 13 -
POESIA
Portugal
Portugal, para onde vais?
Não mergulhes no escuro,
Escuta rumores de pinhais
Sussurrando melhor futuro…
Revê-te no teu passado,
Neste torrão tão marinho,
Tanto sol e tanto fado,
Tanto azeite, peixe e vinho.
Vira as páginas da História,
Gerações e gerações,
Gestas de boa memória,
Alouram doutas lições.
Por outro, nunca te troco!
Meu país de mares sem fim…
Tua grandeza evoco,
Lágrimas, dor, tudo enfim!...
Fundo do mar
No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Deixámos o nosso rasto
Em lugares mais que remotos,
Poder na alma tão vasto
Cumprindo pactos e votos.
Demos a mão aos nativos,
Levámos um novo Deus,
Nova cultura em livros,
Vaidade de europeus!
Orgulha-te do que fizeste,
Tens um destino a cumprir,
Tua glória amarga, agreste,
Preparou-te para o que há de vir!...
Eu ontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Pôs-se a cantar
Um canto molhado e lindo.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
O seu hálito perfuma,
E o seu perfume faz mal!
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
Deserto de águas sem fim.
Partimos à Descoberta…
Deixando lares para trás,
Tendo a morte mais que certa,
Muita guerra, pouca paz!
Dominámos o salso mar!
Cruzado com sacrifício,
Séculos a velejar,
Sendo ossos de duro ofício…
Passei o Dia Ouvindo
o que o Mar Dizia
Chorámos, rimos, cantámos.
Falhou-me do seu destino,
Do seu fado...
Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?
Sophia de Mello Breyner Andresen,
“Obra Poética I”
Mar de Setembro
Tudo era claro:
céu, lábios, areias.
O mar estava perto,
fremente de espumas.
Corpos ou ondas:
iam, vinham, iam,
dóceis, leves - só
alma e brancura.
Felizes, cantam;
serenos, dormem;
despertos, amam,
exaltam o silêncio.
Tudo era claro,
jovem, alado.
O mar estava perto
puríssimo, doirado.
Poesia a Sós, Álvaro Passeira
São Romão, 23 de janeiro de 2013
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa, “Mensagem”
Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
Ele afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...
Ao longe o Sol na agonia
De roxo as águas tingia.
«Voz do mar, misteriosa;
Voz do amor e da verdade!
- Ó voz moribunda e doce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...»
E os poetas a cantar
São ecos da voz do mar!
António Botto, in 'Canções'
Não Fora o Mar!
Não fora o mar,
e eu seria feliz na minha rua,
neste primeiro andar da minha casa
a ver, de dia, o sol, de noite a lua,
calada, quieta, sem um golpe de asa.
Não fora o mar,
e seriam contados os meus passos,
tantos para viver, para morrer,
tantos os movimentos dos meus braços,
pequena angústia, pequeno prazer.
Não fora o mar,
e os seus sonhos seriam sem violência
como irisadas bolas de sabão,
efémero cristal, branca aparência,
e o resto — pingos de água em minha mão.
Não fora o mar,
e este cruel desejo de aventura
seria vaga música ao sol pôr
nem sequer brasa viva, queimadura,
pouco mais que o perfume duma flor.
Não fora o mar
e o longo apelo, o canto da sereia,
apenas ilusão, miragem,
breve canção, passo breve na areia,
desejo balbuciante de viagem.
Não fora o mar
e, resignada, em vez de olhar os astros
tudo o que é alto, inacessível, fundo,
cimos, castelos, torres, nuvens, mastros,
iria de olhos baixos pelo mundo.
Não fora o mar
e o meu canto seria flor e mel,
asa de borboleta, rouxinol,
e não rude halali, garra cruel,
Águia Real que desafia o sol.
Não fora o mar
e este potro selvagem, sem arção,
crinas ao vento, com arreio,
meu altivo, indomável coração,
Eugénio de Andrade
Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?
Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.
As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.
Se tive amores? Já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.
Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?
Fernando Pessoa
Não fora o mar
e comeria à mão,
não fora o mar
e aceitaria o freio.
Fernanda de Castro, "Trinta e Nove Poemas"
Carta ao Mar
Deixa escrever-te, verde mar antigo,
Largo Oceano, velho deus limoso,
Coração sempre lírico, choroso,
E terno visionário, meu amigo!
Das bandas do poente lamentoso
Quando o vermelho sol vai ter contigo,
- Nada é maior, nobre e doloroso,
Do que tu, - vasto e húmido jazigo!
Nada é mais triste, trágico e profundo!
Ninguém te vence ou te venceu no mundo!...
Mas também, quem te pode consolar?!
Tu és Força, Arte, Amor, por excelência! E, contudo, ouve-o aqui, em confidência;
- A Musica é mais triste inda que o Mar!
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.
António Gomes Leal, in 'Claridades do Sul'
Sophia de Mello Breyner Andresen
- 14 -
PASSATEMPOS
RIR... É BOM
As 10 desculpas do estudante
1. O aluno não copia. Compara resultados.
2. O aluno não fala. Troca opiniões.
3. O aluno não dorme. Concentra-se.
4. O aluno não se distrai. Observa as moscas.
5. O aluno não falta à escola. É solicitado para outros lugares.
6. O aluno não diz asneiras. Desabafa.
7. O aluno não mastiga pastilha. Fortalece os maxilares.
8. O aluno não lê revistas na sala. Informa-se.
9. O aluno não destrói. Decora as paredes a seu gosto.
10. O aluno não reprova. Consolida a matéria mais um ano.
CULINÁRIA:
SUGESTÃO:
Cabrito Assado no Forno
De uma circular na net
Um funeral com humor
Numa terapia de grupo, perguntou-se a três alunos: «O que é que gostavam que
dissessem de vós no vosso funeral?»
- Que eu fui um grande médico e um ótimo pai de família - respondeu o primeiro.
- Que eu fui um homem maravilhoso, um excelente pai de família e um professor de
grande influência positiva no futuro das crianças - disse o segundo.
- Gostava que dissessem: «Olha, ele está a mexer-se!» - respondeu o terceiro.
Cátia Matilde, Boleiros, Fátima
Palavrões
Um índio cherokee foi o convidado especial na escola da minha irmã. Falou às crianças
sobre as tradições da tribo dele, partilhando um facto divertido:
– Na língua cherokee não existem palavrões.
– Mas então suponha que estão a martelar um prego e que acidentalmente magoam o
dedo polegar? – perguntou um rapazinho.
– Pois – respondeu o índio –, é nessa altura que utilizamos a vossa língua.
Angela Chiang
- 15 -
Ingredientes
1 cabrito médio
125g de margarina
100g de toucinho
4 cebolas
4 dentes de alho
2 folhas de louro
1 ramo de salsa
2,5 decilitros de vinho branco
1 colher de chá de colorau
500g de batatas
Sal
Pimenta
Preparação
Limpe o cabrito e barre-o com uma mistura de 2 cebolas picadas, os
alhos e o toucinho, 50g de margarina, colorau, 1 decilitro de vinho
branco, com sal e pimenta.
Faça uma cama com as restantes cebolas cortadas em rodelas, num
pirex, e sobreponha o cabrito, um ramo da salsa e o louro, e deixe
marinar.
Acrescente o restante vinho e as batatas cortadas em quartos e tempere
com sal e pimenta.
Espalhe pequenas nozes da restante margarina sobre o cabrito e as
batatas e leve a assar ao forno, regando de vez em quando com o
molho.
EM DESTAQUE
SEMANA DA LEITURA
- 16 -