água - Roteiro Brasília

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água - Roteiro Brasília
vem aí a segunda edição do festival internacional de cinema de brasília
Ano XII • nº 217
Junho de 2013
R$ 5,90
em poucas palavras
Divulgação
“E no oitavo dia Deus fez o milagre brasileiro: um país
todo de jogadores e técnicos de futebol”, escreveu um dia
Millôr Fernandes (1923/2012). Essa frase do gênio do humor
tupiniquim sempre fica mais verdadeira quando se aproximam
os torneios mundiais do porte da Copa das Confederações
e, principalmente, da Copa do Mundo. Desta vez, então, que
seremos os anfitriões de ambas, até quem não liga muito para
o esporte outrora bretão, como é o meu caso, se arrisca a dar
seus palpites sobre a escalação dos sonhos para a seleção
brasileira de futebol.
É nesse clima de contagem regressiva e batimentos
cardíacos acelerados que apresentamos a nossa Roteiro de
junho, com matéria de capa pouco usual por aqui, por ser
totalmente dedicada a uma competição que tem a capacidade
de unir flamenguistas e vascaínos, petistas e tucanos, paulistas
e cariocas, católicos e evangélicos... Todos torcendo pela
mesma camisa amarelinha (leia a partir da página 34).
Na seção Luz Câmera Ação, o destaque vai para o Festival
Internacional de Cinema de Brasília, que entre 13 e 26 deste
mês apresenta produções de todos os cantos do mundo,
debates e lançamentos de diretores estrangeiros do porte de
Bernardo Bertolucci e Sofia Coppola. Na eclética programação
da Mostra Competitiva, 12 filmes concorrem a prêmios no
valor de R$ 100 mil, inclusive uma produção do Paraguai,
país que ficou 40 anos sem cinema (página 40).
Uma injustiça que o cantor Billy Paul seja lembrado apenas
por seu sucesso Me and Mrs. Jones, lamenta o jornalista Heitor
Menezes. Quem for ao show do cantor, dia 15, comprovará o
talento do americano de 78 anos que começou a cantar aos 12
em programas de rádio na Filadélfia, onde nasceu (página 31).
Para quem curte mágica, a arte de iludir, que por vezes
escapa à lógica, tem este mês um espetáculo imperdível:
Os ilusionistas. No palco estarão sete mágicos internacionais,
muitos deles premiados, como Brett Daniels, considerado
o mago dos magos, ou Dan Sperry, chegado a truques com
sangue, lâminas de barbear e serras circulares (página 30).
Na gastronomia, a principal novidade é a chegada a Brasília
de mais um grande restaurante paulista, o Baby Beef Rubaiyat,
de um grupo de casas com filiais em Madri e Buenos Aires. A
estrela do cardápio é a carne selecionada produzida na Fazenda
Rubaiyat, em Dourados, Mato Grosso do Sul. Trata-se do gado
brangus, uma mistura do abeerden-angus, de origem escocesa,
com a rusticidade do brahman indiano (página 6).
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luzcâmeraação
A bela que dorme, do italiano Marco Bellocchio, está na
programação do Festival Internacional de Cinema de Brasília
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águanaboca
picadinho
garfadas&goles
pão&vinho
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dia&noite
queespetáculo
graves&agudos
brasiliensedecoração
copadasconfederações
Boa leitura e até julho.
Maria Teresa Fernandes
Editora
ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Setor Hoteleiro Sul, Quadra 6, Bloco C, Sala 1612, Brasília-DF - CEP 70.316-109
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de Macedo-Soares, Melissa Luz, Pedro Brandt, Sérgio Moriconi, Súsan Faria, Vicente Sá | Fotografia Gadelha Neto, Rodrigo Oliveira, Sérgio Amaral
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água na boca
Está chegando o Rubaiyat
Por Beth Almeida
B
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rasília recebe, neste mês de junho,
mais uma grife gastronômica paulistana. A partir do dia 13, os brasilienses poderão saborear as premiadas
carnes do Baby Beef Rubaiyat, primeira
casa do grupo no Brasil fora de São Paulo. No cardápio, o que há de melhor nas
três casas paulistanas: cortes de carnes
como a Picanha Summus, o Baby Beef e
o Master Beef.
“Os clientes brasilienses que frequentavam o Rubaiyat de São Paulo sempre
pediam uma casa aqui, por isso nossa
proposta foi unir em Brasília o conceito
das três casas de São Paulo: a tradição
dos Rubaiyat, as “terraças” da Figueira e
os produtos exclusivos da Fazenda Rubaiyat”, resume o presidente do grupo, o
espanhol Belarmino Iglesias Filho.
O espaço escolhido para o novo restaurante também aproveita uma das melhores paisagens da cidade, a do Lago Paranoá. Localizada no Setor de Clubes
Sul, a casa conta com 330 lugares, sendo
100 localizados na grande varanda arborizada com plantas nativas do Cerrado,
com uma vista privilegiada da nossa
“praia do Planalto Central”.
O projeto assinado pelo arquiteto
Marcos Perazzo segue o estilo contemporâneo das demais casas do grupo, com
uma grande adega de cristal localizada
no salão principal, um bar e uma entrada lounge. Todo o espaço é envidraçado,
sendo possível não só comtemplar a paisagem do Lago, mas também observar o
movimento da cozinha, uma delícia para
todo gourmet.
Para Belarmino, a proposta será bem
recebida na cidade, porque o brasiliense
adora churrasco, adora farofa e respeita
muito uma gastronomia de produto. “E
é o que sabemos fazer”, conclui. Mesmo
assim, ele acredita que o funcionamento
da nova casa é um grande desafio, inclusive porque será uma espécie de laboratório para os novos restaurantes que fazem parte do plano de expansão do grupo nos próximos anos. “Ao abrirmos
uma nova casa, sempre aprendemos e
aperfeiçoamos processos”, avalia.
Em outubro, o grupo Rubaiyat desembarca na Cidade do México e em janeiro do próximo ano em Santiago do
Chile. Ainda estão prospectando novos
espaços no Rio de Janeiro e em Bogotá,
na Colômbia, onde esperam inaugurar
também em 2014.
A notoriedade da grife Rubaiyat se
deve especialmente ao trabalho desenvolvido seguindo o conceito “da fazenda ao
Fotos: Divulgação
prato”. O grupo mantém desde 1968
uma fazenda em Dourados, no Mato
Grosso do Sul, onde iniciou em 1988
um trabalho de melhoramento genético
de uma nova raça bovina, a brangus,
que soma a qualidade do gado escocês
abeerden-angus com a rusticidade do
brahman indiano, mais adequada ao clima tropical.
É de lá que vem boa parte das carnes
servidas nas casas do grupo. Além dos
cortes bovinos, também vêm de lá o frango da raça francesa label rouge e uma linhagem especial de suínos, chamada de
baby-pork. Seguindo conceitos “verdes”
de produção, os animais não ficam confinados e a alimentação é à base de cereais
e pasto.
Outro resultado do trabalho desenvolvido na fazenda e que hoje está no
cardápio é o Tropical Kobe Beef, carne
suculenta que é fruto da mistura do gado
brangus com o wagyu, de origem japonesa, com duas opções de cortes, o baby
beef e o bife de chorizo.
A carta de vinhos, uma das paixões
de Belarmino, é mais um destaque da casa. A adega de cristal do salão principal
comporta 5 mil garrafas. São nada menos que 700 rótulos procedentes de 15
países, desde os tradicionais franceses,
espanhóis, italianos e portugueses até os
provenientes da África do Sul e Estados
Unidos, além dos nacionais, obviamente. A adega é considerada uma das mais
completas e variadas da América Latina.
Baby Beef Rubaiyat Brasília
Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 1
Lote 1A (3443.5000). De 2ª a sábado,
das 12 à 0h30; domingo, das 12 às 18h.
Estacionamento com manobrista: R$ 10.
Como muitos europeus nos difíceis tempos do pós-guerra, o espanhol Belarmino
Fernandez Iglesias, pai do Iglesias Filho que hoje preside o grupo (na foto ao lado),
desembarcou no Porto de Santos em 1951 em busca de oportunidades no ainda
chamado Novo Mundo.
Começou a trajetória em São Paulo, lavando pratos, e o crescimento profissional
o fez chegar à posição de maitre da churrascaria A Cabana, na época considerada
a melhor da capital paulista.
Em 1957 foi convidado pelos patrões para ser sócio de uma nova casa. Aí nasce
a primeira Rubayiat, da qual Iglesias se tornou o único dono em 1962. Hoje, essa casa,
que funcionava no centro de São Paulo, já fechou, mas quando isso aconteceu, em 1988,
o grupo já contava com as da Faria Lima (inaugurada em 1974) e da Alameda Santos
(1976). Depois, em 2001, foi aberta a Figueira.
Hoje a família também é proprietária da Cabaña Las Lilas, em Buenos Aires, e também
abriu, em 2006, uma casa em Madri. O plano de expansão internacional começou no ano
passado, quando o grupo se associou ao Mercapital, um fundo espanhol de investimento.
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água na boca
O neto do sertão
Por Ana Cristina Vilela
E
m época de lei seca, nada melhor
que ter um bar perto de casa. Muita gente vem mudando os hábitos
em consequência da nova legislação, enquanto os proprietários têm à frente não
só desafios, mas também oportunidades.
Quem vem se dando bem nessa história
são os moradores de cidades antes desprovidas de opções de aonde ir para tomar um chope, um drinque, encontrar
os amigos. O Mandaka Chapa & Chopp,
no Pistão Sul de Taguatinga, inaugurado
em fevereiro deste ano, é uma das novas
casas desse novo tempo.
Um dos motivos que levaram o restaurateur Thiago Lucena a escolher Ta-
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guatinga foi exatamente o fato de os moradores da cidade estarem com poucas
opções e gostarem de curtir o que a própria cidade oferece: “Sempre saí muito
em Taguatinga e observei uma característica do público daqui, de valorizar o que
é do local. Com a lei seca, isso tende a
aumentar”. O ponto também foi estrategicamente pensado. Além de ter conseguido um espaço para 700 pessoas a custo mais baixo do que conseguiria em
Águas Claras, por exemplo, o bar e restaurante está localizado em frente às
principais boates da cidade, que ficam
do outro lado da pista. Assim, o objetivo
é fazer da casa um espaço pré-balada.
Mandaka era o apelido de infância
de Thiago, por causa do restaurante nordestino que o pai teve em Brasília, o
Mandacaru. A primeira casa foi inaugurada em 1980, na 408 Sul. O pai de
Thiago chegou a ter três restaurantes, todos posteriormente vendidos. “Foi a primeira carne de sol de Brasília”, afirma.
Com irmãos e tios no ramo de bares e
restaurantes, e tendo acompanhado o
pai durante boa parte da vida, o resultado só podia ser um, apesar de Thiago ser
formado em Ciência da Computação e
ter uma empresa de comunicação visual:
“Quando meu pai vendeu tudo, fiquei
com vontade de ter algo meu”.
A origem nordestina foi o prato principal na hora de Mandaka, o neto do sertão, pensar o Mandaka, restaurante. O
pai veio de Caicó, no Rio Grande do
Norte, conhecida como “a capital da carne de sol”, em 1967. A mãe fez as malas
em Barra do Corda, no Maranhão. Por
isso, carne de sol e macaxeira não faltam
no sonho concretizado de Thiago, que
nasceu no Guará, onde mora até hoje.
Para montar o cardápio da casa, teve a
seu lado o chef Bruno Canatto. “O Bruno consegue efetivar as minhas ideias”,
elogia Thiago, responsável pela aprovação de todos os pratos.
Bruno é criterioso e uma das suas regras é que tudo, da carne de sol ao molho
de tomate, doces e pães, seja feito no local. O cardápio acompanha a ideia de
Thiago de ter um espaço que atenda a públicos variados, desde a família até o trabalhador do meio de semana e a moçada
que quer curtir a noite ou a happy hour.
A carne de sol é o carro-chefe. O prato Carne de Sol Caicó é completo, incluindo macaxeira frita, queijo coalho,
feijão fradinho e paçoca, mas com um diferencial: o arroz de leite (por R$ 85, serve até quatro pessoas). Uma das dicas do
chef, que se apega e defende algumas de
suas criações, são os Camarões ao Mediterrâneo: arroz à grega, coberto com ca-
e Lampião, recriação do clássico Romeu
e Julieta, um cheesecake feito de polvilho e
queijo coalho, coberto com goiabada cascão produzida na casa (R$ 14,90). De segunda a sexta são servidos os pratos executivos, que vão de R$ 19,90 a R$ 34,90.
Com 80 rótulos de vinhos e um total
de 500 garrafas (também servem-se taças),
chope Brahma, destilados (cachaças, tequilas, vodcas, uísques etc.) e mais de 20
tipos de drinques, além de sucos variados, o Mandaka não deixa a desejar no
quesito bebidas. Tem o Frozen de Capim-Santo (R$ 15,90) e o The Walking
Dead, o preferido da moçada, feito com
Amarula, licor de pêssego e Grenadine
(R$ 11,90). O 50 Tons de Verde, à base
de vodca, espumante, pepino, limão taiti,
limão siciliano e Sprite (R$ 15,90) brinca
com a trilogia Cinquenta tons de cinza.
O espaço do Mandaka tem toques de
rusticidade. O ambiente é à meia-luz,
criando uma aura harmônica e agradável.
A casa não tem música ao vivo. O som
é ambiente e variado, numa altura que
não incomoda e nem atrapalha uma boa
conversa. Além da área comum, interna
e externa, há outra para eventos, no mezanino, com capacidade para até 200 pessoas. O espaço é independente, com banheiros à parte, bar e elevador climatizado para os pratos.
E se filho de peixe peixinho realmente é, como diz o velho ditado popular,
Thiago, é claro, não vai ficar por aí. Um
bar-restaurante só é muito pouco para esse neto do sertão. O empresário já pensa
em montar outras duas casas. “Este é o
primeiro de uma rede.” Os próximos lugares em que está de olho? Guará, sua cidade natal, e a Asa Sul. Enquanto isso,
quem quiser tomar uma dose de 50 Tons
de Verde ou experimentar os pasteizinhos do chef Bruno vai ter mesmo que
pôr o pé na estrada e sair do eixo Asa
Sul/Asa Norte.
Mandaka Chapa & Chopp
QSD 23 – Lote – Pistão Sul – Taguatinga
(3967.6060). Diariamente, das 11h30 às 24h
Fotos: Divulgação
marões empanados, molho de tomate,
gratinado com mussarela (por R$ 89, serve até três pessoas). Tem também a tradicional Moqueca Capixaba (R$ 89, também para três pessoas), a Picanha do
Chef, o Mandakinha Kids, guarnições à
parte e muito mais.
Vários petiscos são invenções próprias e empolgam o chef Bruno, a começar pelo queijo do sertão, servido em
cubos envoltos em gergelim (R$ 19,90).
Outra sugestão é o carpaccio de carne de
sol, com fatias bem finas de carne de sol
crua, salpicadas com cebola roxa e manteiga de capim-santo, finalizadas com lascas de queijo coalho (R$ 27,90). Os escondidinhos e arrumadinhos não podiam faltar. Destaque para o escondidinho de camarão (R$ 65 para duas pessoas
e R$ 35 para uma).
Mas tem sempre aquela menina dos
olhos, o petisco que quase todo mundo
pede ou volta para comer mais. No Mandaka, os pasteizinhos Correio do Sertão
são a estrela dos petiscos. O segredo?
Bruno afirma ser a massa feita na casa, o
que dá o grande diferencial e o gosto de
quero mais. Os recheios são variados:
linguiça suína com pimenta de cheiro,
carne de sol ralada com mussarela e bacalhau (12 unidades por R$ 19,90). O cardápio do Mandaka é extenso. Para petiscar enquanto se bate papo com os amigos, tem ainda moela ao vinho, camarão,
tulipas de frango...
Para adoçar o paladar e a vida, Brigadeiro de Panela (R$ 9,90) e Maria Bonita
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água na boca
Para uma noite
muito especial
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Barbacoa – Espaço Gourmet
do ParkShopping (3028.1530)
Truta com amêndoas, acompanhada
de purê de mandioquinha e rúcula
(R$ 46,90, com acesso livre ao bufê
de saladas). De brinde, uma garrafa
de 375ml do espumante Salton Brut.
e a invenção brasileira acabou vingando.
Atualmente o Dia dos Namorados é a terceira
melhor época para o comércio. Só perde,
em vendas, para o Natal e o Dia das Mães.
A tradição de trocar presentes é também
acompanhada, entre os namorados, pelo
costume de sair para um jantar romântico
com cardápio caprichado, à luz de velas,
com um vinho para brindar, etc e tal. Os
restaurantes da cidade, claro, se apressam em
divulgar seus menus do Dia dos Namorados
para atrair mais e mais casais apaixonados.
Eis aqui alguns deles:
Camarão 206 – 206 Sul,
Bloco A (3443.4841)
Menu-degustação: entrada, risole de
camarão e feijão branco com marisco
e alcarávia; prato principal, camarão
grelhado com arroz de moqueca (foto)
ou filé mignon com batata folha assada
e molho Malbec; sobremesa, creme inglês
com frutas vermelhas. Cortesia: duas
taças de espumante Gran Legado ou Rio
Sol ou do vinho tinto Norton Malbec.
Preço por casal: R$ 136.
Divulgação
Rafael Wainberg
ão é só com beijos que se prova
o amor”. Foi com essa frase que
o publicitário João Dória, da Standart
Propaganda, conseguiu alavancar as vendas
de uma loja paulista, a Exposição Clíper,
em junho de 1949. Era um mês fraco, sem
nenhum feriado comercial, e ele resolveu
decretar o 12 de junho, véspera do Dia
de Santo Antônio (conhecido como santo
casamenteiro) como o Dia dos Namorados.
A inspiração do publicitário veio do
Valentine’s Day, comemorado a 14 de
fevereiro na Europa e nos Estados Unidos,
Rômulo Juracy
“N
Esquina Gourmet – Acampamento
DFL, Rua 1, Vila Planalto (3081.0404)
Camarão na moranga, acompanhado
de arroz branco. Preço: R$ 84,70
(serve até três pessoas).
Divulgação
Divulgação
Mercado 153 e Couvert – Terraço
Shopping (3363.2145)
O mesmo menu nos dois restaurantes:
entrada, mescllun de mini folhas,
lâminas de manga, chips de presunto
cru e molho de limão; prato principal,
carré de cordeiro com couscous
marroquino ao molho de frutas
vermelhas ou camarão grelhado com
fondue de queijo brie; sobremesa, petit
gâteau. Cortesia: meia garrafa de vinho.
Preço por casal: R$ 180.
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Nirá Sushi
Menu-degustação: entrada, carpaccio e
gyosa especial (quatro unidades); pratos
frios, sashimi (oito unidades) e sushi (20
unidades); prato quente, teppanhaki de
salmão; sobremesa, tempura de banana
com calda de doce de leite. Preço por
casal: R$ 120.
Your’s – QI 11, Lago Sul (3248.0184)
Filé ao molho de alecrim e arroz
cremoso de burrata com berinjela
agridoce (R$ 59,90).
Rômulo Juracy
Divulgação
Sushi Way – Conjunto Nacional
(3317.8069) e Vitrinni Shopping
de Águas Claras (3381.8051)
A cada R$ 30 em compras o cliente
ganhará um cupom para concorrer a
duas diárias no Hotel Lake Side. Além
disso, o casal premiado será presenteado
com uma barca de sushis e sashimis.
Respeitável Burger - 402 Sul,
Bloco B (3224.8852)
Hambúrguer de picanha em pão
australiano com cogumelo, burrata e
crisp de presunto de Parma (R$ 29,90).
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Antiquarius Grill – Espaço Gourmet do
ParkShopping (3047.5181)
Misto de frutos do mar grelhados ao
molho Moçambique (salmão, camarão,
vieira, cavaquinha, polvo, lula e patinha
de caranguejo), acompanhado de batata
cozida, arroz com brócolis e uma rodela
de abacaxi, também grelhada. Preço por
pessoa: R$ 83.
Cantina Italiana Unanimità
408 Sul, Bloco C (3244.0666)
Ravióli de lagostin ao molho de limão
cremoso e shitake (R$ 64,90).
Bhumi – 113 Sul, Bloco C (3345.0046)
Menu especial: prato principal,
papardelle integral orgânico com três
opções de molho (branco, vermelho
e curry); sobremesa, ganache de
chocolate. Preço por pessoa: R$ 39,90.
Café do Chef
108 Norte, Bloco A
(3222.0021)
Café da manhã especial
para casal: duas xícaras
de café com leite ou
chocolate grande ou chai,
dois sucos de laranja,
cesta de pães, baguete
tostada com manteiga,
dois croissants, seis pães
de queijo, duas fatias de
bolo, mamão, uva e kiwi.
Preço por casal: R$ 30
(até o dia 16).
Parrilla Madrid – 408 Sul,
Bloco D (3343.0698)
Menu especial: entrada, seleção de
antepastos da casa; prato principal,
fraldinha com molho de gorgonzola e
batatas bravas (foto), filé com molho
parrillero e batatas bravas, bife de chorizo
com manteiga de chim ichuri e arroz
parrillero ou robalo com ervas e arroz
cremoso de tomate; sobremesa, petit
panqueca de doce de leite, mousse de
chocolate com sorvete, goiabada cascão
com crosta de castanha ou abacaxi com
hortelã. Preço por pessoa: R$ 86.
Belini Pães e Gastronomia
113 Sul, Bloco D (3345.0777)
Menus especiais: entrada, pães italianos
com manteiga de vinho, terrine mista
suína e bovina e azeite de tomilho ao
molho de páprica (R$ 9,50); prato
principal, várias opções, entre elas o
risoto de queijo brie e peras com toques
de parmesão (R$ 37,90) e o medalhão
de filé ao molho de vinho italiano,
acompanhado de pappardelle ao molho
de damasco e gorgonzola (R$ 48);
sobremesa, petit gâteau com sorvete de
creme (R$ 16) ou brownie de chocolate
com castanha do Pará, acompanhado
por sorvete de cupuaçu ( R$ 18).
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Da Noi – Hotel Golden Tulip
Brasília Alvorada (3429.8100)
Filé de salmão ao molho de queijo brie
e arroz cremoso de damasco (R$ 55,90).
Divulgação
Divulgação
água na boca
Galeto’s – Shopping Iguatemi
(3577.5261)
Menu especial: prato principal, ½ galeto
desossado com uma guarnição à escolha
(batata frita, verdes da estação, creme
de espinafre e creme de milho, entre
outras) ou penne ao molho rosso, pesto,
quatro queijos ou bianco; sobremesa,
cheesecake de frutas vermelhas ou
amarelas. Cortesia: duas taças de vinho
tinto ou branco. Preço por casal: R$ 80
(até o dia 16). É preciso fazer a compra
antecipada no site www.galetos.com.br
André Borges
Babel – 215 Sul, Bloco A (3345.6042)
Apenas 11 mesas serão atendidas com um
menu especial batizado de Babel in love: de
entrada, pomodorini com torradas com queijo
cremoso e tomates cereja ou bruschettas de
tomate, berinjela, abobrinha e filé; prato
principal, filé com gorgonzola acompanhado
de espaguete fresco ao gamberoni, preparado
com camarões gigantes grelhados, espaguete
puxado no azeite com frutos do mar ao molho
de camarão ou risoto de funghi sechi
hidratado com vinho tinto e finalizado
com parmesão. Cortesia: meia garrafa de
champanhe brut Tradicional. Preço por casal:
R$ 380 (+ 10% de serviço).
Hotel Vila Velluti – Km 24 da BR-060, no sentido Brasília-Goiânia (3262.0570)
Pacote especial, com estadia, jantar à luz de velas e café da manhã (entrada no
hotel a partir das 12h do dia 12 e saída até as 16h do dia 13). Pratos principais
do jantar: filé de tilápia à moda Vila Velluti, filé mignon à Moraes, filé de peito de
frango à Cordon Bleu e talharini com lulas, camarões, vôngole e polvo ao molho
pomodoro. Preços da diária (casal): entre R$ 463 e R$ 720.
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Santa Pizza – 207 Sul,
Bloco B (3244.1415)
Menu especial: entrada, salada
caprese ou focaccia de pesto; prato
principal, pizza de cogumelos frescos
(foto) ou “pizza da peste” (mussarela
de búfala, queijo boursin de leite de
cabra, abobrinha, pimenta de cheiro
e pimenta dedo de moça); sobremesa,
petit-gâteu ou pizza de nutela
(bananas cobertas com creme de
avelã, sorvete de creme e castanha).
Preço por casal: R$ 65.
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Dudu Camargo Bar Restaurante
303 Sul, Bloco A (3323.8082)
Filé ao molho de foie gras e batata gratin
com uvas ao vinho tinto (R$ 71,90).
Taypá – QI 17, Fashion Park,
Lago Sul (3248.0403)
Cardápio com novas criações do chef
peruano Marco Espinoza em parceria
com o compatriota Giancarlo Tamashiro
Arakaki. Na compra de uma garrafa de
Veuve Clicquot, o casal ganha outra,
além de uma alça para servir o
champanhe.
Santé 13 – 413 Norte,
Bloco (3037.2132)
Menu especial: entrada, cesta de
parmesão recheada com carbonata
e creme de bacalhau; prato principal,
filé mignon em cubos com risoto de
espinafre e açafrão da terra ao molho
de vinho do porto; sobremesa, petitgâteau de chocolate com calda de
frutas vermelhas. Preço por pessoa:
R$ 69,90.
Azeites da terrinha
I
mpossível ficar indiferente aos azeites
de oliva portugueses depois de ouvir
Cinira Cordeiro Duarte discorrer
sobre eles, contar com sua voz mansa e
segura como é cuidadoso e trabalhoso o
processo de sua produção. Também
pudera: tanta intimidade com esse assunto vem das muitas idas dessa paulista de nascimento a Portugal para
ver a família, não apenas a sua (é filha, neta, bisneta e por aí vai, de portugueses), mas também a de seu marido Jorge Cordeiro Duarte, que nasceu na freguesia da Vinha da Rainha,
distrito de Coimbra, filho de dona
Etelvina, que tinha no quintal um olival
centenário, bem cuidado, onde todos da
casa trabalhavam, na época da colheita.
Conta Cinira: “Eram tempos antigos
e a colheita, artesanal, começava em outubro e terminava em dezembro. Em outubro eram colhidas as azeitonas verdes,
em dezembro as maduras, pretas, e a produção era lavada e enviada para o ‘lagar’,
onde uma moenda com pedra entrava
em ação para extrair das olivas o azeite.
Da produção separava-se a ‘maquia’ (porção) do moleiro e a da família ia para um
pote de cerâmica para o uso diário.”
Vai adiante Cinira com explicações,
esclarecimentos que só os muito familiarizados com azeite de oliva podem forne-
cer, e agora discorre sobre a acidez (1%,
2% e 3%) desse produto que, informa
com segurança, “é diretamente ligada ao
fruto da oliveira e à sua colheita, e por isso o azeite de quinta (propriedade rural
portuguesa) é o melhor, porque vem de
produção pequena, de plantação, colheita e ‘lagar’ no mesmo lugar”.
Explica ainda que os melhores azeites são os de um e dois por cento de
acidez, mas o de três também é bom e
todos eles, depois de engarrafados,
mantêm suas características, sua qualidade. E encerra com mais uma informação preciosa, dessa vez sobre azeites
de sabores diferentes, pequenas e discretas notas de amêndoas, maçãs, damascos: “O vento leva para as azeitonas o
sabor, o aroma sutil de plantações outras
das redondezas dos olivais”.
Dessa paixão toda, desse conhecimento, surgiu a Companhia do Azeite,
loja virtual de Cinira e Jorge Cordeiro
Duarte que trabalha apenas com os “premium/gourmet”, azeites sem química,
resultados do sumo da fruta natural, por
isso biológicos (orgânicos) e todos certificados. Com três meses de existência,
tem no estoque 16 rótulos dos “premium/gourmet”, entre os já nacionalizados e os de importação própria. Mas o
objetivo dos Cordeiro Duarte é, a médio
prazo, trabalhar com 40 rótulos, todos
de insuspeita excelência.
O www.companhiadoazeite.com.br é
a vitrine virtual onde se pode conferir o
estoque mantido numa espécie de
depósito elegante que fica no Sudoeste,
no Edifício Miami Center. Entre os
biológicos à disposição de todos, um desperta a cobiça dos admiradores do bom
azeite: o Acushla (a grande estrela da
Companhia do Azeite, produzido em
Trás-os-Montes, no Alto Douro, na Quinta do Prado em Lodões), disponível em
duas versões – 250ml em garrafa de aço
inoxidável (no destaque) e 500ml em lata
de alumínio.
Os preços? Razoabilíssimos. Variam
entre R$ 38 e R$ 100. A entrega? Via Sedex ou motoboy. Como comprar depois
de escolher pela internet? Pelo e-mail
[email protected].
Fotos: Divulgação
Por Mariza de Macedo-Soares
13
água na boca
Finos queijos
Cartão postal
candangos
por Heitor Menezes
C
ginado pelos idealizadores de Brasília.
Sesana refere-se à história da caprinocultura no DF, cujas principais páginas levam a assinatura de seu marido, o
médico radiologista, pioneiro, ex-secretário de Saúde e incansável homem que
encarava cabras Wilson Eliseu Sesana.
Nos anos 1960, quando da criação do
curso de Medicina na Universidade de
Brasília, Wilson Sesana já desenvolvia
trabalho com cabras, apostando nas
propriedades peculiares desse animal.
“No passado, o leite de cabra era tratado como remédio”, destaca Norma Sesana, lembrando que, nos difíceis anos
de ocupação do solo candango, as cabras
eram distribuídas às famílias nas áreas
rurais, em projeto pioneiro de saúde pública, para que tomassem conta do animal e dele extraíssem o saudável leite,
um item essencial na alimentação das
crianças. “É preciso lembrar que o leite
de cabra é um alimento funcional, apreDivulgação
onta o saudoso Millôr Fernandes, em A Bíblia do caos, que o general Charles De Gaulle disse da
França: “É absolutamente impossível governar um país com 452 espécies de
queijo”. “Impossível mesmo”, retruca
Millôr, “é governar um país que só tem
queijo-de-minas e catupiri”.
Que o Millôr entendia tanto de queijos quanto de outras coisas, não se
discute. Certo é que, no Brasil, a dita­
dura dos queijos citados já vai longe.
Pois, tirando a mussarela ordinária que
vendem fatiada por aí, associada ao fato
de que a história do queijo tem mais de
12 mil anos, sim, nós temos excelentes
exemplares nacionais no varejo.
Aliás, queijos de altíssimo nível, produzidos no quadrilátero do Distrito Federal, mais precisamente nas cercanias
de Sobradinho. Vale a pena conhecer o
trabalho e os produtos desenvolvidos pela queijaria Kapra, legítima agroindústria
candanga que, aos poucos, nos apresenta
uma variedade de finos queijos produzidos a partir do leite de cabra.
Por enquanto disponíveis na loja da
Emater-DF, na Torre de TV Digital, os
queijos Kapra (ricota fresca caprina,
minas frescal, minas padrão, os do tipo
montanhês, boursin, ariche, chancliche e o maturado), além de promoverem um assalto aos sentidos da degustação, trazem o charme de serem produzidos em solo brasiliense e, interessante,
revelam uma história que legitima e
enaltece sua origem.
Conta a proprietária da marca, Norma Sesana, que os queijos Kapra materializam anos de trabalho familiar e de
ocupação da terra candanga. Ocupação
no sentido do bom uso das terras, para a
produção de alimentos e irradiação de
cultura saudável e natural, tal qual ima-
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senta baixa lactose, é mais saudável e de
equilíbrio orgânico”, arremata.
Toda a ciência da caprinocultura, associado ao fator cultural da gastronomia
decorrente da ascendência italiana de
Wilson Sesana, culminou no desenvolvimento da Kapra, queijaria artesanal, especializada em leite de cabra e derivados.
Na propriedade, localizada no núcleo rural de Sobradinho, Norma Sesana e família conseguiram estabelecer as condições especiais de terroir candango, a fim
de obter a produção de 170 litros diários
de leite caprino. Além do carinho, o manejo dos animais da raça saanen, de origem suíça (“moças com nome e sobrenome”, destaca Norma), conta com o apoio
do Hospital Veterinário da UnB e o processo de industrialização, que inclui câmaras de resfriamento e pasteurização,
segue padrões de saúde, higiene e segurança alimentar.
“Em termos comparativos, a saanen
é como se fosse uma vaca holandesa.
Quando se oferece condições ideais, esse
animal apresenta alta produção leiteira.
Fotos: Heitor Menezes
Norma Sesana apresenta a linha de produtos da Kapra: resultado de muitos anos de trabalho familiar.
Na propriedade da dona Norma temos
cabras que produzem cerca de dez litros
de leite por dia. É um padrão muito alto
para uma cabra”, orgulha-se o médico veterinário Fabio Ximenes, que assiste o
plantel caprino dos Sesana. Ximenes até
arrisca um palpite, baseado em conhecimento de causa: “O queijo artesanal produzido pela dona Norma é certamente
um dos melhores do Brasil”.
A Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Distrito Federal
(Emater-DF), grande incentivadora da
criação do queijo candango, não só em-
presta a expertise em laticínios aos produtores do DF como emitiu certificado
de qualidade dos produtos da queijaria.
Uma vitória para a nossa agroindústria.
Quanto ao Millôr, certamente sua
cisma foi lançada quando a produção
brasileira de queijo não era o que é hoje.
Brasília não é Minas Gerais, onde o queijo é tombado como patrimônio nacional
cultural imaterial, mas, se depender de
queijeiros como os Sesana, em breve o
produto candango será lembrado como
os nacionais consagrados Canastra, Araxá, Serro e Serra do Salitre.
Pesto de manjericão com queijo de cabra
do cerrado Kapra (tipo montanhês)
Receita italiana originalmente feita com queijo pecorino (à base de leite de ovelha) e pignoli.
Ingredientes
• 1 maço de manjericão fresco
• 6 dentes de alho
• um punhado de castanhas que estiver disponível
(do Pará, caju, baru, nozes, amêndoas)
• 100 gramas de queijo de cabra do cerrado Kapra
(tipo montanhês, que lembra o parmesão)
• 500 ml de azeite de oliva extra virgem
• pimenta do reino moída na hora a gosto
• duas colheres de sopa de gergelim tostado (opcional)
Modo de preparo
No liquidificador ou processador, triturar as folhas lavadas de
manjericão com as castanhas, o alho e o queijo montanhês.
Acrescentar o azeite aos poucos, apenas para ajudar na
trituração. Transferir a mistura para uma tigela de louça ou
vidro e acrescentar o gergelim, pimenta do reino, lascas de
queijo e de castanhas. Manter uma lâmina de azeite para evitar
que resseque. Servir, acompanhado de vinho, sobre massas,
bruschettas, pão, pizza, sanduíches, saladas, carnes e peixes
assados.
15
Comida nordestina
Por Súsan Faria
Fotos Rodrigo Oliveira
Q
ue tal um Arretadinho? E um
Oxêntinho? Um Xôxo? Um Sevado ou um Pai D’Égua? São
criativos os nomes e o sabor das refeições
servidas no recém-inaugurado Cerrado
Capital, localizado em um ponto estratégico, na esquina da entrequadra 303
Norte. O nome do restaurante é uma
homenagem a Brasília, mas a comida é
16
Os sócios Paulo Portela e Dogival Alves.
no Cerrado
nordestina. Às sextas-feiras e aos sábados, das 20 às 24h, oferece MPB ao vivo
com Jerê Brasil (voz e violão). O couvert
é baratinho: R$ 5.
Inaugurado em abril, o restaurante
pertence a Dogival Alves e Paulo Portela
– um do Ceará, outro do Piauí. Os dois
são sócios há 15 anos. Começaram com
um pequeno negócio, uma padaria na
Ceilândia, e depois mudaram de ramo –
pizzaria e, em seguida, restaurante em cidades-satélites como Riacho Fundo,
Águas Claras e Taguatinga. Há dois anos
estão no Plano Piloto.
Dogival era artesão da Torre de TV;
Paulo, contador. O segredo do sucesso
da parceria? “Temos pensamentos parecidos, caminhamos no mesmo sentido”,
diz Paulo. Ele explica que os nomes dos
pratos servidos no Cerrado Capital remetem à região e à cultura nordestinas.
Oxêntinho e Oxênte são picanha grelhada, arroz, feijão de corda, mandioca, paçoca e vinagre. O primeiro prato é individual, bem servido (R$ 31). Já o Oxênte
(R$ 83,90) serve até quatro pessoas.
Pai D’Égua é um prato de carne de
sol feita no jerimum (abóbora), com molho de queijo coalho, a R$ 69,80. Sevado
é um espeto de carne de sol, peito de
frango e linguiça toscana (R$ 63,80). E o
Xôxo é um filé de peixe grelhado, com
arroz branco. O restaurante também oferece porções de caldos, canja, sobremesas, petiscos, cachaças e licores. De terça-feira a sábado, o almoço é self-service, a
R$ 26,90 o quilo. Aos domingos, o serviço é à la carte.
A dona de casa Francisca Sória Perez,
77 anos, residente no Lago Sul, foi conhecer o Cerrado Capital junto com a
filha e amigos. E gostou: “É um restaurante familiar e a comida é muito bem
feita”. Além da boa comida e dos preços
acessíveis, a casa é também uma opção
para a happy hour ou para assistir a jogos
de futebol.
No mesmo bloco do Cerrado Capital
ficam o Café Martinica e a igualmente recém-inaugurada BSB Meme. O Martinica, um dos mais tradicionais cafés da capital, este ano completa 23 anos de sucesso,
com deliciosas tortas, doces, chocolates e
cafés. Ponto de encontro de intelectuais,
pertence aos jornalistas Adeildo Bezerra e
Jurema Baes e a Joel Baes. Já a BSB Meme
oferece aos turistas souvenirs em forma de
copos, quadros, postais, imãs e quadros
água na boca
com a cara de Brasília. Interessante conhecer ou voltar à esquina da 303 Norte,
onde não faltam gosto e dedicação.
Dogival Alves, do Cerrado Capital,
esculpe frutas e legumes para decorar
pratos, bufês, mesas, tábuas de frios e
bandejas de café. O encanto pelo carving,
como é conhecida essa técnica, surgiu
em 2008, quando Dogival recebeu por
e-mail a foto de uma rosa feita de melancia. Ficou matutando como seria dar acabamento tão belo a uma polpa tão frágil.
A partir daí, tentou fazer um curso sobre
a técnica, e conseguiu uma aula-show em
Goiânia. “A moça fazia as demonstrações. Dava para olhar, mas não para praticar. Prestei muita atenção”, lembra.
Determinado, ele comprou faquinhas tailandesas, próprias para esculpir
frutas, e tentou criar uma escultura. Depois, conseguiu fazer o curso de garde
manger (profissional que trabalha com
frios e carving) e logo começou a aparecer em programas de televisão, como o
Tudo é possível, da TV Record. Em 2010,
conquistou medalha de bronze no primeiro campeonato nacional da arte, na
abertura da Equipotel (feira de hotelaria
e gastronomia), em São Paulo. Em 2011
levou medalha de ouro e, em 2012, de
prata, no mesmo evento. Em setembro
deste ano, volta a disputar o campeonato em São Paulo.
Dogival tem feito trabalhos para com­
por cenários e atendido a encomendas.
Dá aulas e faz exposições e demonstrações sobre a arte. Participou da 1ª e 2ª Rodadas de Negócios da Acessibilidade, em
2011 e 2012, em Brasília, para chamar a
atenção dos portadores de necessidades
especiais esculpindo frutas e legumes. Segundo ele, para aprender não é preciso
saber desenhar. “Necessário é ter as
ferramentas, pegar a técnica, gostar, usar
a criatividade e praticar, utilizando padrões corretos de higiene”. Qualquer fruta pode ser esculpida. As mais comuns
são melancia, mamão e melão.
Cerrado Capital
303 Norte – Bloco A (3563.1406).
Diariamente das 11 às 24h.
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PICADINHO
Só na happy hour
Por apenas R$ 32 os frequentadores
do Outback Steakhouse (ParkShopping
e Iguatemi) podem degustar, na happy
hour (das 18 às 20h), uma porção com
seis mini-hambúrgueres acompanhados
de queijo, ketchup, mostarda, picles,
cebola roxa e batatas fritas. A novidade é
um aperitivo ideal para acompanhar uma
das nove versões das Aussie Caipirinhas
(de R$ 17,50 a R$ 21,50) ou o Wallaby
Darned, combinação frozen de
espumante, pêssego, vodka e secret
mixers Outback (R$ 19,50).
Delícias a vácuo
o restaurante Couvert, do Terraço
Shopping, decidiu: toda quarta-feira tem
dose dupla de champanhe ou qualquer
outro espumante. Assim, esposas, noivas
e namoradas poderão beber estrelas
em dobro enquanto suas caras metades
estiverem sofrendo, em frente aos
telões do vizinho Mercado 153, com
as brilhantes atuações do Vasco,
Flamengo, Santos, Palmeiras...
A Pentonila de Agnelo (panelinha feita
com carne de pescoço de cordeiro) é
uma das novidades introduzidas pela chef
Myriam Carvalho no cardápio da Cantina
Sanfelice (206 Sul). A carne é feita por
cozimento sous vide, processo no qual
o alimento é selado a vácuo e cozido a
uma temperatura relativamente baixa,
mantendo as propriedades dos
ingredientes e preservando sua textura,
aroma e sabor. A carne de pescoço de
cordeiro é muito consumida no norte
do país e em vários países europeus.
Para acompanhar, risoto de parmesão,
legumes grelhados e tagliatelle ao molho
pomodoro. Preços: R$ 65 (para três
pessoas) e R$ 35 (individual).
Nota máxima
Ótima lembrança
Esse suculento Steak à Fiorentina –
bife ancho grelhado, acompanhado
de capellini com molho de tomates,
preparado com vinho tinto, alho,
balsâmico, azeite trufado e manjericão
(R$ 98) – é o Prato da Boa Lembrança
de 2013 do restaurante Oliver (Clube de
Golfe). A iguaria tem uma história tão
antiga quanto a cidade italiana que lhe
deu o nome. Reza a lenda que o prato
surgiu num longínquo 10 de agosto,
durante a festa de São Lourenço,
comemorada com uma fogueira em que
18
Fotos: Divulgação
grande quantidade de carne era assada
e distribuída à população da cidade.
“Embora o Oliver seja referência em
frutos do mar, as carnes representam
quase 40 % dos pedidos de nossos
clientes. Então, decidimos colocar essa
receita no Prato da Boa lembrança 2013”,
justifica o proprietário, Rodrigo Freire.
Ao pedir a iguaria, o cliente leva para
casa um prato pintado pela artista
gramadense Margot Rost. Já foram
fabricados e vendidos mais de um
milhão e duzentos mil pratos.
Vingança feminina
A noite de quarta-feira é o momento
em que, tradicionalmente, a rapaziada
só pensa naquilo: o jogo de seu time no
Campeonato Brasileiro. Então, para que a
mulherada não fique sem ter o que fazer,
O Barbacoa (Espaço Gourmet do
ParkShopping) acaba de ser certificado
pela Secretaria de Saúde com o novo selo
de excelência de condições sanitárias.
De uma centena de bares e restaurantes
vistoriados nos últimos dois meses pela
Vigilância Sanitária, apenas 12 receberam
a nota mais alta. Essa avaliação, inspirada
em iniciativas de outros países, tem como
objetivo aprimorar a qualidade dos
produtos e do atendimento até a Copa
do Mundo de 2014.
Chocolate
No dia 17 de junho, o premiado
chocolatier espanhol Javier Guillén realiza
em Brasília um workshop sobre chocolate.
Vai ser no restaurante Oliver, aberto a
empresários do setor de alimentação
e chefs com interesse no assunto. As
inscrições são gratuitas e podem ser feitas
pelo 9272.5032. Javier Guillén veio da
Espanha para desenvolver receitas e
Crepes saudáveis
Seis versões de crepes acabam de
foram os produzidos com as cepas
Sauvignon Blanc e Gewürztraminer,
cultivadas na região da Campanha
Gaúcha. O diretor-técnico e enólogo
da Salton, Lucindo Copat, garante que
a safra foi excepcional, o que resultou
em vinhos brancos e espumantes de
altíssima qualidade e boa acidez: “A boa
temperatura durante o dia e o tempo
fresco no período da noite beneficiaram
as uvas precoces, que superaram as
expectativas no quesito qualidade.
Com certeza, os produtos provenientes
dessas uvas são muito especiais”.
O Sauvignon Blanc combina com frutos
do mar, queijos leves e frescos e massas;
o Gewürztraminer com carnes brancas,
queijos picantes, embutidos e massas.
Fotos: Divulgação
ministrar aulas com a Linha Harald
Melken Unique no Brasil. Algumas de
suas criações, além de serem preparadas
com cacau fino 100% brasileiro, levam
ingredientes típicos da gastronomia
brasileira, como o bolo com cobertura
de chocolate e dendê e o bombom com
perfume de coentro.
Direto de Itu
ser lançadas pela Salad Creations
(ParkShopping e Brasília Shopping):
salmão com brócolis, rosbife e parmesão
(ambos a R$ 20,90), peito de peru e
passas (R$ 18,90), frango com milho,
quatro queijos e atum apimentado (os
três a R$ 16,90). Todos cobertos por
salada verde regada com azeite e queijo
parmesão ralado.
Patroni Pizza
Acaba de abrir as portas na praça de
alimentação do Conjunto Nacional a
terceira franquia brasiliense da Patroni
Pizza, maior rede de pizzarias do país,
com 154 unidades (36 ainda a serem
inauguradas). As outras ficam no
Boulevard Shopping, também na Asa
Norte, e no Alameda Shopping, em
Taguatinga. Mais duas unidades serão
inauguradas brevemente no Ceilândia
Shopping e no Outlet Premium Brasília,
em Alexânia.
Brancos da Salton
Chegam ao mercado os vinhos brancos
da linha Volpi, safra 2013, da Vinícola
Salton. Os primeiros colocados à venda
Esse generoso filé à parmegiana, que
custa R$ 169 mas serve até cinco pessoas,
é o carro-chefe do Bar do Alemão,
recentemente inaugurado no Setor de
Hotéis de Turismo Norte, ao lado do
antigo Museu de Arte de Brasília (MAB).
O tamanho só surpreende quem ignora
que o Bar do Alemão original, fundado
em 1930, fica na cidade de Itu, cuja
marca principal é o exagero. “Como lá
tudo é grande, a porção do nosso filé
não poderia ser diferente“, justifica Luna
Mirah, proprietária do bar em sociedade
com o ex-deputado Celso Russomanno
e Hebert Steiner. Tamanho é o que não
falta também ao próprio bar: são mais de
3.000m² divididos em quatro ambientes,
com capacidade para receber até mil
pessoas.
Café do Chef
Pelo segundo ano consecutivo, o Café
do Chef, de Brasília, conquistou o prêmio
Melhores Cafés do Brasil na principal
categoria, a Diamante. Três rótulos foram
premiados: Café do Sul de Minas,
produzido na Fazenda Monte Verde, em
Carmo de Minas, Café do Cerrado
Mineiro (foto), da Fazenda Apucarana,
em Patrocínio, e Café de São Paulo
Mogiana, cultivado na Fazenda Recreio,
em São Sebastião da Grama. Os três
estão à venda no Café do Chef, na 108
Norte, Bloco A (3222.0021).
Novo sanduba no Bob’s
Custa R$ 5,90 o Double Barbecue, novo
sanduíche “de combate” da rede de
lanchonetes Bob’s, composto por duas
carnes de hambúrguer, alface americana,
queijo, pão e molho barbecue e já
disponível em todas as lojas das regiões
Nordeste, Sul, Sudeste e Centro Oeste. Os
clientes que quiserem algo ainda mais em
conta podem optar pelo Bob's Burguer,
que custa apenas R$ 3,90 (mesmo preço
da bata e do sundae pequenos).
19
GARFADAS & GOLES
Luiz Recena
[email protected]
Novidades
baianas
Nos últimos quinze anos, os prêmios gastronômicos proliferaram tanto ou mais do que os programas de chefs em canais
de tevê aberta ou fechada. Ao contrário destes, sempre muito marcados pela vaidade e estrelismo dos titulares, os prêmios
se renovaram e democratizaram a participação dos envolvidos. Os chefs, claro, mantiveram seu protagonismo. Afinal, são
os criadores do rango, que, em última instância, é o que atrai o consumidor. Mas sobrou, também, para os estabelecimentos,
o atendimento, o ambiente, as marcas e patrocinadores. Um conjunto de elementos, enfim, que correm para um mesmo
destino: o sucesso. E os prêmios, diga-se ainda, melhoraram muito no quesito forma de eleição dos premiados. O vetusto,
antiquado, quase monolítico Júri Especial, de poucos e quase “infalíveis oráculos”, foram ampliando seus universos,
admitindo e fomentando participações de outros especialistas midiáticos e do consumidor, o povo em geral. Em Salvador,
o mais recente exemplo dessa evolução é o Comida di Buteco, com mais uma edição encerrada no final do mês passado.
Espanha, Minas, Bahia
A invenção é mineira, “belzontina”, onde o botequim
é quase religião. E o prêmio, na versão original ou com
variações, adaptou-se bem em todos os lugares onde o bar
ainda dá as cartas nas relações públicas e/ou domésticas, não
necessariamente nessa ordem. O bar, boteco, pé sujo, limpo
ou “cacete armado”, no dizer baiano, virou instituição. E a
Espanha entra na notícia com o DonaEva, o bar campeão
deste ano.
Aipim com chorizo
Os dois ingredientes principais deste ano, escolhidos para
equalizar a disputa, foram a macaxeira e a calabresa, dois
dos mais tradicionais tira-gostos por esse Brasil afora.
A partir daí, criatividade solta, mas sempre com a presença
da dupla indicada. Wagner e sua turma do DonaEva têm
raízes espanholas e nessas fontes buscaram o prato campeão:
Macaxeira Espanhola, uma tortilha de aipim cozido com
linguiça. Acompanham tomate cereja, salada verde e molho.
Preço: R$ 25. Simples, criativo e saboroso, foi o escolhido
20
num universo formado por especialistas, jornalistas do ramo
e pelos consumidores, que votaram diretamente. Foi a terceira
participação do bar, que ano passado chegou em quinto lugar.
Ele fica na rua Gilberto Freire, bairro de Stella Maris.
Bode em segundo
O segundo lugar foi para o bar Sabor Regional, com um
surpreendente Bode Preguiçoso. São pedaços de bode em
leito de aipim, maionese e requeijão cremoso. Acompanha
farofa de milho com linguiça defumada, banana da terra e
vinagrete. Preço: R$ 23. Fica no bairro do Garcia.
Para fechar
O terceiro lugar ficou com o bar e restaurante Escondidinho.
Prato: Trouxa Cheia. O quarto lugar para o Bar do Nei –
point do bode, com Bode na Brasa. E o Espaço da Nya.com
levou o quinto lugar com prato Misturinha. A bebida
preferida foi sempre a cerveja, com algumas variáveis
e combinações. Se estômago e fígado permitirem,
voltaremos ao tema. Salud!
PÃO & VINHO
ALEXANDRE FRANCO
pao&[email protected]
Pra não dizer que não falei de flores
Os leitores devem ter estranhado que neste 2013 não
comentei a Expovinis. É que, infelizmente, pela primeira
vez em muitos anos, não pude a ela comparecer, tendo
em vista que estava em viagem à Espanha, conforme
relatei na última edição.
Todavia, nada temam! Esta época do ano é dada a
muitas feiras e duas boas oportunidades ocorreram já
em maio. A ambas compareci, ávido por degustar bons
vinhos para abrandar a falta da visita à Expovinis.
Não me decepcionei: a primeira foi a da Vinci Vinhos,
importadora de rótulos que busca mais que tudo a boa
relação custo x benefício e que apresentou sua exposição
no Hotel Tivolí Mofarrej. Tudo muito bom, exceto pelo
estacionamento: embora acostumado a gastar muito para
estacionar o carro, como é comum em Sampa, nunca
tinha pago por três horas de estacionamento a bagatela
de R$ 44. Inacreditável!
Ao menos os vinhos estavam muito bons e, não
podendo falar de todos, selecionei alguns que mais me
impressionaram, em especial os italianos. O primeiro,
um velho conhecido, incluído no meu livro, o Alto Adige
Sauvignon Blanc Lahn 2009, da San Michele Appiano, com
90 pontos de Parker e 91 meus, amarelo-palha com tons
esverdeados, aromas incríveis e típicos de maracujá com
toques de mel e uma acidez maravilhosamente
equilibrada. Grande!
Da Toscana, o produtor Sezzana apresentou seu IGT
2003, com inacreditáveis aromas de azeitonas, alguma fruta
vermelha ao fundo e uma boca muito saborosa, de taninos
leves e finos, com ótima acidez gastronômica. Um 100%
sangiovese bastante diferente, mas ainda assim excelente.
Talvez o que mais me impressionou, em razão da alta
qualidade e preço muito reduzido, foi o Memoro Rosso,
do produtor toscano Piccini, já nosso velho conhecido. A
inovação aqui foi grande: criou um assemblage não só de
castas, mas também de regiões, pois cada uma das quatro
castas utilizadas foi produzida em uma região diferente
da Itália, obtendo ao final um fantástico resultado: 40%
Primitivo, 30% Montepulciano, 20% Nero D’Avola e 10%
Merlot. De rubi brilhante e nariz a frutas vermelhas, com
leve morango e toques de café e chocolate, apresentou
uma boca excelente, saborosa, com boa acidez e taninos
finíssimos, com madeira bem trabalhada. E tudo isso por
US$ 27,90 (mais ou menos R$ 55) é imperdível.
Depois tivemos a feira da Grand Cru: o Grand Tasting
2013. Realizado no Clube Nacional, no coração do bairro
do Pacaembu, em São Paulo, trouxe-nos novamente
muitos e bons vinhos. Tantos que, é claro, não poderíamos
comentar todos, e optamos então por escolher alguns
rótulos menos comuns do ótimo portfólio da importadora.
Por lá, iniciamos pelas borbulhas: das champanhes
Gosset não há o que falar. Sempre ótimas. Prefiro
comentar a boa surpresa da Cava Castellroig Brut Nature.
Excepcional, com tostados e panificação em boca seca e
cremosa. Um corte de 70% Xarel-lo, 15% Macabeo e 15%
Parellada, com resultado digno dos bons champanhes.
Mesmo ao preço não tão barato de R$ 118, ainda é uma
grande opção de espumante.
Nos brancos, tivemos muita variedade e qualidade,
mas optei por comentar o Chardonnay Backhouse 2011,
californiano de ótimo preço. Por apenas R$ 51, traz um
típico nariz com manteiga, baunilha, caramelo e toque de
mel em boca de fundo doce, redonda e sedosa. Grande
negócio.
E finalmente, pra não dizer que não falei de flores,
dos tintos cito o Siciliano Feudo Maccari Saia 2009, dos
melhores Nero d’Avola que já provei. Aliás, um merecido
Tre Bicchieri pelo justo preço de R$ 155. Embora com nariz
ainda um pouco fechado, já nos traz frutas vermelhas
e negras maduras, com boca cheia, plena, frutada e
saborosa, taninos firmes mas muito elegantes e agradável
fundo doce. Em três anos, creio que será majestoso.
21
DOIS ESPRESSOS E A CONTA
cláudio ferreira
[email protected]
Apagar as velinhas
Fazer aniversário é, em regra geral, muito bom:
presentes, comida e bebida boas, família e amigos por
perto. Mas, como tudo na vida, tem o lado “mico”,
principalmente se você vai comemorar fora de casa. Se o
aniversariante é mais extrovertido e tem cabeça fria, leva
na brincadeira. Se é mais tímido, tem que se armar de
toda a coragem possível para enfrentar essas situações.
Para os mais reservados, o simples coral do “Parabéns
pra você” em público já é constrangedor. Bares e
restaurantes ajudam nesse quesito: se esmeram nas velas
escandalosas, espetadas em bolos, brownies e bolas de
sorvete. Mesmo quando a família e/ou os amigos do
aniversariante trazem o bolo, os estabelecimentos
providenciam os pratos de sobremesa e os talheres para
a comilança.
Pior para os tímidos é quando os garçons e garçonetes
resolvem fazer uma performance para acompanhar o
parabéns. Em alguns locais, eles se fantasiam, executam
coreografias e fazem o aniversariante se sentir especial –
especialmente envergonhado por estar em evidência.
As fantasias, por vezes, se estendem ao aniversariante,
que ganha chapéu ou outro acessório. Aí, para aumentar
o “mico”, existe a tecnologia. Primeiro, os celulares com
máquinas fotográficas potentes. Depois, a facilidade de
exportar esse momento tão lindo para as redes sociais.
Antes que a primeira fatia do bolo seja servida, o
aniversariante já está no Facebook com cara de
espantado.
O “mico” não escolhe idade – dos bebês de colo aos
grisalhos, todos têm seu momento de protagonista da
grande mesa armada no bar ou no restaurante. Também
não tem preconceito de classe social: o que pode mudar
22
são a comida ou os enfeites, mas a animação é a mesma.
Pelo menos uma cadeira tem que ser reservada para
os presentes. Aviso aos navegantes: nada de sinceridade
exagerada! Todo presente tem seu valor, é o carinho do
amigo ou do parente que vale. Se você sentiu vontade
imediata de trocar o que recebeu, guarde para si. Depois
vá discretamente à loja, faça a troca e volte para casa
contente. Com o tempo, você avisa a quem deu o
presente. Na festa, nada de comentários desabonadores
sobre a estampa da camisa, a cor do jarro ou o tamanho
da roupa. É bom deixar as farpas para um ambiente entre
quatro paredes.
Quem paga a conta? Nos estabelecimentos onde a
comanda é individual, tudo fica mais fácil. Quando é
fuma conta só, aí o bicho pega. Às vezes, é justamente o
coitado do aniversariante que tem que se preocupar com
a divisão da conta – e se o destino não ajudar e a soma
não fechar, é ele quem arca com o prejuízo. Presente
inesperado, não é?
E quando a festa não quer acabar? É o aniversariante
também quem tem que, sutilmente, avisar aos
convidados que tem trabalho no dia seguinte ou que
o restaurante já está fechando. Tem sempre aquele
convidado que bebeu um pouco a mais e fica na
fronteira da inconveniência, quando não a ultrapassa;
as crianças que despertaram justamente na hora de ir
embora; ou o casal que está se entendendo no apagar
das luzes. Para todos esses, a comemoração não deveria
ter hora para acabar mesmo. O problema é que os
outros já se cansaram das conversas, da comida e da
bebida. Só querem ir para casa e esperar pelo próximo
aniversário.
23
Adriano Bastos
dia & noite
prazer
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“Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer.
Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio
apesar de que nos empurra pra frente”. Esse trecho do Livro dos prazeres, de Clarice
Lispector, inspirou a Companhia Mineira Luna Lunera a criar o espetáculo Prazer, em
cartaz no CCBB até 30 de junho. Num país qualquer, quatro amigos brasileiros se
reencontram e lidam com seus “apesares” cotidianos, depois que decidiram deixar a cidade
em que se conheceram e estudaram para morar no exterior. São eles: Isadora (Isabela
Paes), uma artista plástica que abandona sua arte para acompanhar o marido médico Osório
(Odilon Esteves); o comissário de bordo Marcos (Marcelo Souza) e Camilo (Cláudio Dias),
um executivo que decide tirar um ano sabático. “Não tivemos a pretensão de adaptar um
dos textos de Clarice Lispector ou de construir uma encenação que traduzisse seu universo
simbólico”, explica Isabela Paes, codiretora do espetáculo juntamente com Zé Walter
Albinati. “A concepção partiu das reflexões, afetos e movimentos internos gerados por essas
leituras, ou seja, sua obra norteou o processo como fonte de inspiração e alimento poético”,
conclui. Sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 20h. Ingressos a R$ 6.
luanegra
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Esse é o nome do espetáculo de
dança contemporânea concebido
e dirigido por Cleani Marques
Calazans e interpretado pela
bailarina Marcela Brasil e que
será apresentado dia 14, no Teatro
Newton Rossi (SESC de Ceilândia),
às 20 horas, e nos dias 18 e 19,
no Teatro Paulo Autran (SESC de
Taguatinga), às 19h30. Chama-se
Lua negra porque foi inspirado no
fenômeno pelo qual a lua não reflete
a luz do sol, não necessitando dela
para existir. Uma metáfora para a
condição da mulher invisível nas
sociedades patriarcais. De acordo
com Cleani, “nesse estado a mulher
se recusa a se submeter às
imposições dos homens,
permanecendo passiva e invisível
diante dos olhos do sol (masculino),
mas existente e necessária, e
determinando os ciclos da vida
e suas fases”. Ao final de cada
apresentação a filósofa e bailarina
Gigliola Mendes vai mediar um
debate sobre a condição da mulher
na sociedade contemporânea.
Entrada gratuita.
O poeta Torquato Neto (1944/1972) viveu somente 28 anos, mas
é lembrado como um dos ícones do Tropicalismo. Teve poemas
musicados por Gilberto Gil, Caetano Veloso, Jards Macalé e Edu
Lobo, entre outros. O poeta Sérgio Sampaio (1947/1994) morreu
aos 47 anos, vítima de complicações devido ao excesso de álcool
Torquato Neto
e drogas. Raul Seixas, seu amigo e parceiro no disco Sociedade da
Grã-Ordem Kavernista, comentava que perto de Sergio se sentia
a mais careta das criaturas. Pois esses dois poetas transgressores
serão homenageados pelo cantor Eduardo Rangel e pelo pianista
Joaquim França em show que farão dia 20, às 21 horas, no Teatro
dos Bancários (314/315 Sul). O público irá reconhecer músicas que
hoje despontam nas vozes de talentos da MPB, como Zeca Baleiro,
Sérgio Sampaio
Chico César, Isabella Taviani e Titãs, entre outros. Além disso, ouvirá histórias curiosas
sobre a vida dos homenageados, como a origem da música Cajuína, que Caetano Veloso
compôs, ao retornar do velório de Torquato, para o pai do poeta suicida: “Existirmos,
a que será que se destina...” e o restante do poema de Torquato go back, que teve um
trecho musicado pelo “Titã” Sérgio Brito: “Você me chama / Eu quero ir pro cinema /
Você reclama ...”. Ingressos a R$ 30 e R$ 15. Informações: 3262.9090.
harmoniosacombinação
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adoráveismalditos
A colonização e a formação do país trazem o pau-brasil como espécie para contextualizar o
Manifesto Pau Brasil, de Oswald de Andrade, e o Modernismo. As espécies cravo e canela
são cenário para abordagem sobre as Especiarias, Grandes Navegações, Plantação no
Brasil, Nordeste e o Ciclo do Açúcar. A obra Gabriela cravo e canela, de Jorge Amado, é
utilizada para a reflexão sobre Meio Ambiente e Sociedade. A seringueira contextualiza o
Ciclo da Borracha e a Exploração da Amazônia. Entre
os seringais, de Euclides da Cunha, foi escolhida como
obra para se estudar a relação entre Meio Ambiente
e Política. Assim, unindo Literatura e Meio Ambiente,
é que vai se desenvolver o programa educativo Bosque
literário, na área verde do CCBB. Todos os domingos,
às 16 horas, esse encontro vai promover também
a plantação de espécies nativas do cerrado.
Informações: occbbeoprofessor.wordpress.com/
Renato Acha
sósamba
velhosdiscos
My funny valentine, It had to be you, além de outros
clássicos do jazz, estão no repertório da cantora
Muriel Tabb, que se apresenta dia 27 no projeto
Quinta mais, da Creperia C’est Si Bon (213 Norte),
em companhia de seu filho, o também cantor e
guitarrista Tico de Moraes. No encontro musical
intitulado Velhos discos, mãe e filho vão interpretar
canções do repertório de Tico inspiradas na linguagem musical de autores como George
Gershwin, Cole Porter e Irving Berlin. Muriel Tabb é paranaense e canta desde 1985. Seu
primeiro disco, em parceria com o violonista Paulo André Tavares, foi lançado em 1993. Já
participou dos projetos musicais Temporadas Populares, Arte por Toda Parte e Viva Brasília,
entre outros. Tico de Moraes cresceu numa família musical (seu avô, Herald Tabb, também
era músico) e começou a se apresentar aos 13 anos. Em 2006 participou do programa
Talentos, da TV Câmara, sendo convidado logo depois para participar do Festival de Jazz e
Blues de Guaramiranga, no Ceará. A partir das 20h30, com couvert a R$ 10.
Adla Marques
O melhor das rodas de samba brasilienses e cariocas.
Esse é o mote do Semente da Vila, projeto que este mês
sacode o palco do Rotary Club (Setor de Clubes Sul,
Trecho 3) e tem como destaque Makley Matos,
um capixaba que começou sua carreira no grupo Nó na
Madeira, mas conseguiu destaque nas rodas de samba
candangas antes de ir para o bairro carioca da Lapa,
onde ficou conhecido pelo grande público. Na sextafeira, 14, o projeto terá participações das cantoras Ana
Reis e Anna Christina. No sábado, 15, além de Makley,
estarão na roda os cantores Teresa Lopes e Nelsinho
Felix. Também participam os músicos Juninho
Alvarenga (voz e cavaco), Raphael Paulista (violão),
Larissa Umaytá (pandeiro), Biel Teixeira (percussão)
e Thiago Viégas (percussão geral). Ingressos para os
dois dias custam R$ 40 (primeiro lote) e R$ 50 (segundo
lote), e para um dia R$ 25 e R$ 30. Classificação indicativa: 18 anos. Informações: 9267.1108.
arraialjogodecena
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arraialdoccbb
Grupo de Dança Folclórica Sanfona Lascada. Triscou Queimou. Forró de
Vitrola. Forró das Comadres no Terreiro de Marinês. Essa turma pra lá de
animada vai transformar o gramado do CCBB num grande “arraiá” a partir
das 17 horas de domingo, 23 de junho. A edição especial do projeto Todos os
Sons vai reunir grupos de quadrilha, forró, música eletrônica e rap integrado
à música de raiz para esquentar o clima das festas juninas. As quadrilhas
Sanfona Lascada e a Triscou Queimou vão mostrar coreografias premiadas em
diversos concursos pelo Brasil. No palco, o violeiro Cacai Nunes se transforma
em DJ e apresenta o Forró de Vitrola. Depois, a poeta Lília Diniz toma a cena
acompanhada do grupo Caco de Cuia com o Festejo das Comadres no
Terreiro de Marinês. Em seguida, o candango-cearense RAPadura mostra seu som que mistura rap e maracatu, coco, forró, baião e
cantigas de roda. Fechando a noite, os DJs Barata, Pezão e Oops acendem a Fogueira Criolina, para combater o frio e colocar todo
mundo para dançar. Várias barraquinhas terão quentão e comidas típicas para garantir a energia dos festeiros. Entrada franca.
Como acontece todos os
anos, o programa de Welder
Rodrigues e Ricardo Pipo
do mês de junho tem uma
pegada junina, inspirada nas
festas de Santo Antônio,
São João e São Pedro.
Devidamente travestidos em
Nhô Welder e Nhô Pipo, os
apresentadores comandarão
as brincadeiras de palco ao
som da trilha sonora do DJ
Chuchu. Coordenação de
James Fensterseifer. Dia 18,
excepcionalmente terçafeira, no Teatro da Caixa.
Ingressos a R$ 20 e R$ 10, à
venda apenas na bilheteria
da Caixa Cultural : 3206.6456.
Classificação etária: 14 anos.
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dia & noite
contemplação
As paisagens nascidas dos pincéis de Rosa Aurélia nos remetem a lugares
que nossa memória afetiva identifica e nos convidam a entrar na tela e
reviver bons momentos. A luminosidade, a apurada técnica e o esmerado
acabamento apresentado em cada quadro proporcionam momentos de
contemplação e paz. As pinturas em óleo sobre tela da artista plástica Rosa
Aurélia podem ser vistas até 20 de julho na Casa Thomas Jefferson (606
Norte). Cearense radicada em Brasília, professora e educadora, a artista já
participou de inúmeras exposições, recebeu diversos prêmios e se inspira
no mar, nas paisagens e, principalmente, nas flores. De segunda a sexta,
das 9 às 21h, e sábados, das 9 às 12h. Entrada franca.
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cinemarusso
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Considerado um dos maiores cineastas da atualidade, Alexander Sokurov confessou
que só faz os filmes que tem vontade de fazer. Público e crítica podem segui-lo ou não.
Nascido em 1951 em Podorvikha, Rússia, Sokurov estudou na famosa escola de cinema
VGIK, em Moscou. Apesar de depreciado pelos dirigentes da escola, que consideraram
seu cinema como anti-soviético, ele conseguiu se formar em 1979. Seu primeiro longametragem, A voz solitária do homem, realizado quando ainda estava na escola, só foi
exibido dez anos depois. De 11 a 30 de junho o CCBB apresenta a mostra Sokurov – poeta
visual, uma retrospectiva com 30 filmes do cineasta. Com curadoria de Arndt Roskens e
Fábio Savino, inclui todos os seus
longas-metragens de ficção e uma
seleção de documentários, médias
e curtas-metragens. Ele é
conhecido no Brasil principalmente
pela sua Tetralogia do poder –
Moloch, Taurus, O sol e Fausto
(foto). Entrada franca, com senhas
distribuídas uma hora antes de
cada sessão. Programação em
bb.com.br/cultura.
blended328
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Caroline Bittencourt
maracatueciranda
Ele nasceu na cosmopolita Recife, em família que até hoje mantém forte ligação com as
origens rurais. Sérgio Roberto Veloso de Oliveira, mais conhecido como Siba, cresceu entre
a cidade e o interior e se inspirou nesses dois mundos para exercitar sua arte. Hoje é
reconhecido como um dos principais mestres da nova geração do
maracatu e dos cirandeiros. Ex-integrante das bandas Mestre Ambrósio
e Fuloresta, o cantor e compositor pernambucano se apresenta dia 21 de
junho, às 20 horas, no Teatro Oi Brasília. Em janeiro de 2012, Siba
lançou o primeiro disco solo, intitulado Avante, nome também dado ao
show. Suas músicas embaralham sons de Jimi Hendrix, Cream, Lemmy
(Motörhead), Jimmy Page, Jack White, como também de Ivanildo Vila
Nova, Manoel Chudu, Zé Galdino, o congo, poemas suspensos, canções
de repentistas e outros elementos. Avante tem um pouco de Rio de
Janeiro, Dakar, Recife, Nazaré, São Paulo, Curitiba, Praia dos Carneiros,
Teresópolis, Campina Grande, além de sombras de lugares que o artista
nunca foi, como Kinshasa ou as montanhas do Hindu Kush. Ingressos a
R$ 20 e R$ 10, à venda na bilheteria do teatro. Informações: 3424.7121.
Ainda dentro das comemorações de
seu 50º aniversário, a Casa Thomas
Jefferson, em parceria com a
Embaixada dos Estados Unidos,
realiza um show de reinauguração
do seu espaço de shows ao ar livre
na sede da Asa Sul. A convidada é
a banda norte-americana Blended
328, definida pela imprensa
especializada como country music
para o mundo, por sua visão global,
com ações afirmativas pelo fim da
discriminação racial e a promoção
da igualdade, do respeito e da paz
por meio do ritmo tipicamente
norte-americano. O repertório tem
músicas com diferentes influências
étnicas e mescla composições
dos grandes mestres da country
music de raiz com a dos novos
compositores e intérpretes. A
banda virou sucesso instantâneo
em Nashville, em 2011, e realizou
inúmeros shows com lotação
esgotada no The Hard Rock Cafe,
The Bluebird Cafe e o 12th &
Porter. Sexta-feira, 5 de julho, às 20
horas, na Casa Thomas Jefferson
(706/906 Sul). Entrada franca.
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brasílianovamentecenário
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multinacional
Tangos, boleros, música brasileira e pitadas de rock e pop
estão presentes no repertório da cantora Sol Alac, que
apresenta seu show La luz de mis ojos, dia 14 de junho, às
21h, no Teatro Oi Brasília. Nascida na Argentina, ela vive
há quatro anos no Brasil e é casada com o ex-jogador
argentino Sorín, que já atuou na seleção de seu país e no
Cruzeiro. Após passar dois meses na Europa para compor
novas canções, Sol Alac começou 2013 com a nova turnê,
onde é acompanhada por uma banda “multinacional”
formada pelo francês Olivier Manoury (bandoneon), pelo
franco-argentino Javier Estrella (bateria), pelo uruguaio
Pajaro Canzani (violão) e pelo brasileiro Alexandre
Mourão (baixo). Ingressos a R$ 40 e R$ 20, à venda
na bilheteria do teatro. Informações: 3424.7121.
quartetocapital
teatronaestação
Marcelo Dischinger
Daniel Cunha e Igor Macarini nos
violinos, Daniel Marques na viola e
Augusto Guerra Vicente no violoncelo.
Esses são os integrantes do conjunto
de cordas formado por músicos da
Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional
Cláudio Santoro. Criado há oito anos, o
Quarteto Capital executa repertório que
transita do classicismo à atualidade. Dia
14, às 20 horas, ele estará na Casa Thomas
Jefferson (606 Norte) para apresentar
o Quarteto nº 42 de Haydn, também
conhecido como Kaiser-Quartett, uma
das obras-primas do grande compositor
austríaco criador da formação quarteto
de cordas. A melodia de seu segundo
movimento ecoa nos dias de hoje como
Hino da Alemanha. Entrada franca.
Weber Pádua
Depois das estreias de Somos tão jovens e Faroeste caboclo,
nossa cidade volta a aparecer nas telonas em ângulos pouco
explorados no curta-metragem que está sendo exibido em
junho nos cinemas da rede Cinemark. Trata-se de Econiemeyer,
do cineasta Bruno Bastos, produzido pela agência YouCreate
para a Johnnie Walker. O mote do filme é a transformação que
a arte proporciona. Em off, o músico Marcelo Yuka dá voz aos
pensamentos do grafiteiro Marcelo Eco: “Esta cidade me faz
pensar em como a arte nos faz alcançar lugares inimagináveis e
como a arte liberta tanto o artista quanto os seus apreciadores”.
Rodado em dezembro, o filme mostra a interação do artista
plástico Marcelo Eco com a capital do país. Do alto do hotel
Meliá, Eco admira o Eixo Monumental, avistando a Torre de TV.
Parte, então, para uma caminhada reflexiva pelos cartões
postais da cidade: Catedral, Museu da República, Praça dos
Três Poderes e Congresso Nacional. “Como cineasta, sempre fui movido pelo espírito Keep Walking; afinal, não era fácil produzir um
filme no Brasil. A ousadia de entregar a voz da marca para produtores independentes me conquistou de cara”, afirma o diretor.
A partir do dia 20, e nos dois últimos sábados de cada mês, o usuário do metrô vai poder
assistir à peça Reivax X - uma comédia cotidiana de amor muda, de Magno Assis. Ela
faz parte do projeto Cultura nos Trilhos, da Secretaria de Cultura do Distrito Federal,
em cartaz até o último sábado de agosto. A estreia será às 12 e às 14 horas do dia 20,
na estação Shopping (Guará). De maneira sutil e bem humorada, o espetáculo conta
a história de um solitário
romântico, solteiro, com casa
própria, que busca alguém para
amar. Além de ridicularizar as
situações mais banais da vida
cotidiana, retrata de forma
cômica a solidão do ser humano
e a insignificância de sua
existência. Programação em
www.reivaxx.blogspot.com.
27
que espetÁCULO
Mulheres
revolucionárias
Por Alexandre Marino
D
uas mulheres fora do comum
marcarão presença no III Festival de Ópera de Brasília, que
acontece de 12 de junho a 7 de julho na
Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional.
Mais do que marcar presença, elas são a
razão de ser desta edição do festival, que
deve repetir o sucesso das anteriores. A
rebelde Carmen e a militante comunista
Olga Benário, personagem da História
do Brasil, são as personagens-título das
duas óperas que serão apresentadas no
evento. Completa a programação um
concerto em homenagem aos compositores Giuseppe Verdi e Richard Wagner,
que completam 200 anos de nascimento.
O maestro Cláudio Cohen faz a direção geral do festival, que terá nove apresentações das óperas. Carmen, de Georges
Bizet, terá regência do próprio Cláudio
Cohen e direção de Willian Pereira, que
também assina o cenário e os figurinos.
No elenco estarão a mezzo soprano croata
Biljana Kovac e a brasileira Janete Dornellas, que se revezarão no papel da cigana, e o tenor alemão Martin Muehler,
que interpretará Don José; a espanhola
Ana Luisa Espinosa, que fará Micaela, e o
brasileiro Homero Velho, que viverá o
toureiro Scamillo. Carmen será apresentada nos dias 12, 14, 16, 17, 19 e 20 de junho, sempre às 20h, no Teatro Nacional.
Diane Souza
Festival de
Ópera de
Brasília traz
espetáculos
sobre figuras
de grande
força
28
Diane Souza
to da guerra civil espanhola, transformando-a numa figura revolucionária,
que tenta abalar a masculinidade do contexto social por meio do canto e da dança. “Carmen retrata a tragédia de um crime passional, que nada tem a ver com a
Espanha folclórica ou turística”, explica.
A segunda ópera, Olga, de Jorge Antunes, tem no elenco Martha Herr no papel-título, Adriano Pinheiro como Luiz
Carlos Prestes, Homero Velho como Filinto Müller e Cris Dantas como Carmen Ghioldi. Willian Pereira derrama
elogios para a obra do maestro. “É a ópera mais importante feita no Brasil nas últimas décadas”, afirma ele. “É absolutamente contemporânea, foge dos padrões
musicais líricos, o público ficará chocado
com o resultado.”
Antunes terminou a composição de
Divulgação
A outra ópera que completa a programação será Olga, do maestro brasiliense
Jorge Antunes, que terá regência de Mateus Araújo. A direção e os figurinos
também são de Willian Pereira, que procurou extrair das duas personagens femininas a energia revolucionária que guiou
suas vidas – a primeira, Carmen, na ficção; a segunda, Olga, na História. “São
duas mulheres revolucionárias, e ambas
trazem, na sua essência, o conceito de liberdade, que é o laço mais forte entre
elas”, explica Willian Pereira. “Enquanto Carmen, personagem de ficção, tenta
impor seus desejos em um mundo masculino, Olga representa a resistência política. E ambas personalizam a tragédia.”
A proposta do diretor Willian Pereira também não é nada convencional. Ele
coloca a personagem Carmen no contex-
Olga em 1996, mas a primeira e única
montagem da ópera aconteceu em 2006,
no Teatro Municipal de São Paulo. Antes disso, em 2003, ele promoveu uma
exposição na Universidade de Brasília,
com 60 cartas de empresários negando
patrocínio para sua obra. “Creio que o
tema Olga Benário era mal visto pelo establishment, até que a Rede Globo fez um
filme”, ironiza o maestro.
Da exposição na UnB resultou um
abaixo-assinado com 10.775 assinaturas
que pedia ao governo do DF o patrocínio da ópera. Razão de uma das preocupações do maestro, que considera insuficientes as três récitas previstas, nos dias
3, 5 e 7 de julho. “Só 3.300 pessoas vão
poder assistir”, observa. Ele também se
preocupa com o pouco tempo para a
produção e ensaios, mas garante confiar
no talento do maestro Mateus Araújo e
de toda a equipe.
As escolhas do diretor geral do festival, Claúdio Cohen, não foram aleatórias. Carmen fechou o festival do ano passado com enorme sucesso, e muitas pessoas não conseguiram assistir. “Vamos
dar-lhes essa nova oportunidade”, afirma
o maestro. Quanto a Olga, será a segunda temporada da obra e a primeira em
palcos brasilienses. “Estamos valorizando o talento local”, diz Cohen, lembrando que Jorge Antunes é professor da
Universidade de Brasília e muito conhecido na cidade.
III Festival de Ópera de Brasília
Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional,
sempre às 20h, com ingressos a R$ 30.
Dias 12, 14, 16, 17, 19 e 20/6: Carmen;
25 e 26/6: Concerto; 3, 5 e 7/6: Olga.
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que espetÁCULO
Acredite se quiser
Por Melissa Luz
“S
30
ó acredito vendo!”. A frase,
normalmente dita pelos mais
céticos, pode ser perigosa
quando o assunto é ilusionismo. Afinal,
quem nunca se assustou ao ver com os
próprios olhos um truque bem feito? De
27 a 30 de junho, os céticos e não-céticos
têm uma oportunidade única de conferir
de perto se os olhos são realmente as melhores testemunhas dos fatos. Desembarca em Brasília Os Ilusionistas, maior espetáculo de magia e ilusionismo em cartaz
atualmente no mundo.
O projeto traz ao Brasil sete ilusionistas internacionais, muitos vencedores de
prêmios como melhor show do milênio
e mágico mais original do mundo, concedidos pelo Word Magic Awards. Dan
Sperry, Brett Daniels, Kevin James, Mark Kalin, Jinger Leigh, Andrew Basso e
Joaquin Kotkin misturam no palco técnicas, estilos e influências.
“Nós temos que ser justos e democráticos quando criamos algo desse nível.
Uma pessoa pode, por exemplo, fazer algo que outra pessoa queria fazer. Então,
é muito delicado, são muitos egos
envolvidos, afinal, eles são mágicos talentosos e mundialmente famosos”, explicou o norte-americano Brett Daniels, diretor do espetáculo, em recente passagem pela Austrália, onde o grupo se apre-
sentou para uma lotada Sydney Opera
House. Daniels é considerado por muitos como o mago dos magos por sua genialidade em manipular a matéria e desafiar as leis da física. Conhecido como “o
grande ilusionista”, sua performance trabalha a ilusão em meio a uma grande teatralidade.
Já Dan Sperry, com seu visual à la
Marilyn Manson, gosta de fazer truques
com sangue, lâminas de barbear, serras
circulares e apetrechos de vodu. Tudo isso ao som da romântica Magic Moments,
com Perry Como. Paradoxal? Pois é exatamente isso que ele quer. “Quando eu
era mais novo vi Cães de aluguel, do Tarantino, e me lembro de ter gostado da
cena em que o personagem do Michael
Madsen corta a orelha do policial dançando ao som de Steelers Wheel. Eu
achei aquilo tão dicotômico... É um momento desconfortável, mas que você não
consegue parar de olhar”, explicou Sperry, “o anti-mago”, também durante a turnê do espetáculo por Sydney.
Cadeados e correntes são as matérias-primas do italiano Andrew Basso, uma
espécie de Harry Houdini moderno.
Chamado de “O escapista”, Basso foi,
em 2005, o mais jovem vencedor do título principal da Convenção Mundial de
Escapologia, realizada anualmente em
Los Angeles. Já o mexicano Joaquin Kotkin, codinome “o surrealista”, cria nú-
meros capazes de impressionar profissionais da mágica do porte de David Copperfield. Certa vez, ao passar pelo México, o famoso mágico norte-americano bateu na porta de Kotkin querendo comprar o truque The scorpion, o mesmo que
abriu as portas do projeto Os ilusionistas
para o mexicano.
Outro que também impressionou
Copperfield foi Kevin James, mais conhecido como “o inventor”. Os números do
mágico, sempre recheados de humor, são
investigados e estudados pelo mundo. Alguns são usados até como efeitos especiais por diretores de Hollywood. O grupo que chega ao Brasil se fecha com a dupla Mark Kalin e Jinger Leight. “O cavalheiro” e “a encantadora”, respectivamente, são conhecidos pelo número em que
fazem um avião desaparecer.
Brett Daniels define em uma frase a
importância dos sete profissionais para o
mundo do ilusionismo: “Esse grupo está
ampliando os limites do que se acredita
ser uma boa mágica”.
E então? Vai ver pra crer?
Os ilusionistas
Dias 27 e 28/6, às 20h30, 29/6, às 15 e 21h,
e 30/6, às 15h, na Arena Brasília (Shopping
Iguatemi, no Lago Norte. Ingressos (meia):
de R$ 140 (cadeira vip nos dias úteis) a R$
200 (cadeira premium no fim de semana). À
venda na Central de Ingressos do Brasília
Shopping, ingressorapido.com.br ou
4003.1212.
Divulgação
Graves & Agudos
Ouro negro
de alto
quilate
Por Heitor Menezes
U
ma injustiça que o cantor Billy
Paul seja apenas lembrado pelo
retumbante sucesso romântico
de Me and Mrs. Jones, canção do trio
Kenny Gamble, Leon Huff e Gary Gilbert premiada com o Grammy, e que desde o longínquo ano de 1972 acalma as feras e enternece os corações apaixonados.
Injustiça porque Billy Paul, atração
do dia 15 de junho na Arena Brasília, do
Shopping Iguatemi, não se resume a essa
canção, verdadeira ode ao amor que pula
a cerca. Do alto de seus 78 anos, e já tendo perdido a conta de quantas vezes passou pelo Brasil (incluindo Brasília), Billy
Paul volta para defender o que se conhece por “Philadelphia soul”, estilo musical
único, ouro negro da música norte-americana do mais puro quilate.
Os fãs, claro, tanto vão aproveitar para tascar uns amassos quanto para dançar ao irresistível som de pepitas conhecidas como July, July, July, July, Thanks for
saving my life e Only the strong survive, da
lavra de Gamble & Huff, ou em covers
poderosas como Let’em in, de Paul McCartney, e Your song, de Elton John, que
Billy Paul incorporou de tal maneira ao
seu repertório.
E aí é que vem a coisa. Billy Paul canta com aquela malemolência, com aquele registro vocal único e que permanece
intacto, mas no fundo é um cantor versátil, prova de que o “Philadelphia soul”
é o amálgama de elementos preciosos
vindos do jazz, do rhythm’n’blues, do
pop, do funk e do rock.
No currículo, consta que Billy Paul –
cuja carreira começou lá nos anos 1950
– dividiu espaço com monstros sagrados,
tipo Miles Davis, Charlie Parker, Nina Simone, Sammy Davis Jr. e Roberta Flack.
Além dos citados, ele já gravou Paul Simon, Bob Dylan, Carole King, Al Green,
John Fogerty, a fina flor da canção popular norte-americana.
Billy Paul pode não ser nenhuma novidade para o brasiliense que passa ao largo da produção pop/rock internacional
contemporânea. Mas é sempre bom tê-lo
ao alcance, uma vez que os mestres sempre têm algo a nos ensinar.
Billy Paul
15/6, às 22h, na Arena Brasília
(estacionamento do Shopping Iguatemi).
Ingressos (mesa para quatro pessoas,
com bebidas alcoólicas incluídas):
Setor 1, R$ 1.200; Setor 2, R$ 900.
À venda na Central de Ingressos do
Brasília Shopping e Central de Vendas
do Iguatemi. Mais informações:
9806.2316 / 9274.7227 / 8407.0488.
Frejat novamente só
Enquanto o Rock In Rio IV não vem,
Roberto Frejat segue cuidando da carreira. O líder do Barão Vermelho reuniu os
velhos companheiros para comemorar
os 30 anos do primeiro disco da banda
(a turnê passou por Brasília em fevereiro) e, tirando a homenagem que será
prestada a Cazuza, no dia 20 de setembro, na abertura do megafestival, o lance é tocar o barco.
Frejat volta a Brasília com a turnê A
tal da felicidade (versão 2013), dia 23 de
junho, no Autódromo Nélson Piquet. O
cantor e guitarrista retoma a carreira solo,
cuja ênfase, óbvio, são as músicas dos discos
Amor pra recomeçar (2001), Sobre nós dois
e o resto do mundo (2003) e Intimidade
entre estranhos (2008).
Como o Rock In Rio é algo marcante na
vida de Frejat, o músico deve aproveitar parte do repertório incluído no CD/DVD Frejat
– Rock In Rio 2011, que marcou dez anos
de carreira solo e registra a apresentação na
última versão do festival, aquele que teve Axl
Rose cantando com uma esquisita capa
de chuva amarela.
Além das canções do Barão (Exagerado, Bete balanço, Puro êxtase) e da homenagem a Cássia Eller (Malandragem),
Frejat deve tocar músicas que fazem parte
da turnê, como Vambora, Mais uma vez
e A felicidade bate à sua porta, esta uma
releitura de antigo sucesso das Frenéticas.
Roberto Frejat - A tal da felicidade
23/6, às 23h, no Autódromo Nélson Piquet
31
BRASILIENSE dE CORAÇÃO
Poeta da
32
diplomacia
Acontecimento
Quando estou distraído
no semáforo
E me pedem esmola
Me acontece agradecer
Por Vicente Sá
fotos rodrigo oliveira
O
poeta nos recebe à porta de sua
casa. O poeta é também um
diplomata, não só por ter feito
carreira no Itamaraty, mas muito mais
pelo modo como seu corpo se apresenta
e nos garante que é, ele também, um ser
perdido entre as coisas. Herdou das Minas Gerais esse jeito de inquietude mansa e do Rio de Janeiro a sede por largos
horizontes.
Nascido em Araxá com o nome de
Francisco Soares Alvim Neto, o pouco
de lá que levou aos dois anos de idade foi
herdado do pai, que fora prefeito por vários anos à época de Vargas. Chico também nasceu nessa dura época, em 1938.
Logo aos dois anos foi para o Rio de Janeiro, onde aprendeu a ser menino e a
caminhar olhando o mar atrás de carrinhos de picolé.
Voltou aos sete anos para Minas, onde um Belo Horizonte fechava-se sobre
as lembranças do Rio. A irmã mais velha, Maria Ângela, mostrou a ele, ainda
aos 13 anos, um caminho de pedrinhas e
poesia. “Ela chegou a ter seu primeiro livro comentado por Carlos Drummond
em artigo de jornal”, lembra Chico Alvim. E Drummond a achara promissora,
quase feita.
De volta ao Rio, a vida da família
transcorre numa casa sempre cheia de escritores, pintores, agregados pelas duas irmãs artistas. E ele lá, ensaiando sempre
mais e mais versos. O caminho de pedrinhas ele seguiria mais tarde, sozinho ou
apoiado em livros, muitos livros. No começo dos anos 60 ingressou na Universidade Federal do Rio de Janeiro, para fazer o curso de Direito, que depois abandonou. Acreditava que a carreira de di-
plomata tinha mais a ver com seu jeito.
Então, lá se foi para o Instituto Rio Branco, onde conheceu Zuca Sardan, também
poeta, que viria a ser um daqueles amigos
eternos. Desses que duram até hoje.
Durante alguns anos trabalhou no
Rio, mas em 1968, um ano antes de embarcar para sua primeira missão em Paris, junto à Unesco, lançou o primeiro
livro, Sol dos cegos, que teve boa acolhida
da crítica. Naquela época, Chico Alvim
ainda não conhecia bem Antônio Carlos
de Brito, Cacaso, mas seus trabalhos pareciam ter vozes assemelhadas, o que os
deixaria lado a lado no futuro.
De volta ao Brasil, lançou em 1974 o
livro Passatempo, pela coleção Frenesi,
composta ainda por Grupo escolar, de Cacaso, Motor, de João Carlos Pádua, e Em
busca do Sete Estrelo, de Geraldo Carneiro, entre outros livros. É por essa época
que sai a coletânea 26 poetas hoje, de Heloísa Buarque de Holanda, que daria
muita projeção aos integrantes do movimento que veio a ser chamado de poesia
marginal: Chacal, Charles, Eudoro Augusto, Ana Cristina Cesar, Wally Salomão, Capinam, Torquato Neto e o próprio Chico Alvim. Todos eles, e mais alguns, estão nesse livro que mistura estilos e cores de toda a poesia produzida naquele período.
Já um tanto conhecido nos meios literários, Chico Alvim chegou a Brasília
no final dos anos 70 e, junto com Eudoro Augusto, que estivera com ele na coletânea de Heloísa Buarque de Holanda,
lançou Dia sim dia não, livro que começou como uma troca de figurinhas, onde
cada um mostrava um poema novo ao
outro. Eudoro lembra que um crítico de
jornal elogiou o trabalho do Chico Alvim, citando erradamente um poema dele. Chico não deixou barato e foi até o
crítico pedir que mantivesse o elogio,
mas reconhecesse tratar-se de um poema
de Eudoro.
Chico permaneceu em Brasília por
aproximadamente 20 anos, participando
da organização da coletânea Águas
Emendadas, da festa/espetáculo Progressália, com o poeta Luís Turiba, e de vários eventos poéticos. Talvez tenha sido
ao longo desse período que ele se apaixonou pela cidade. Depois tornou a viajar
pelo Itamaraty e, na volta, optou por morar aqui. Em sua casa no Lago Norte,
Chico não deixa expostos os dois prêmios Jabuti que ganhou, mas pode-se es-
corregar os olhos por paredes cheias de
livros que sempre o acompanharam nas
viagens de serviço, tanto por Barcelona
quanto por Roterdã. Suas mais recentes
publicações foram Elefante, em 2000, e
Metro nenhum, em 2011, que o colocaram de vez entre os maiores poetas brasileiros da atualidade.
Começamos a nos despedir e vejo espalhados pelo escritório dezenas de livros de poetas ditos marginais, ou da
“geração mimeográfo”. Avisa que cedeu
alguns para uma exposição que está sendo montada, mas acredita que serão devolvidos.
Na vida apessoal, Chico sempre foi
muito recatado, talvez um pouco do
DNA mineiro que lhe tenha restado.
“Diferente da maioria dos poetas, estou
unido à minha esposa Clara há tanto
tempo que quase nos esquecemos de comemorar os quarenta anos de casados”,
brinca. Um casal de filhos completa a família.
Já na porta, meio sem graça, Chico
confessa que não tem saído muito, a não
ser para caminhar e ver o céu de Brasília,
que o encanta até hoje.
Ao sair de sua casa, olho para trás e
ele está lá, quase sorrindo, da sacada,
olhando o céu. Ou será o contrário?
33
copa das COnfederações
A emoção
está de volta
O futebol não é um assunto muito frequente nas páginas da
Roteiro. Mas não dá para ficar indiferente ao clima festivo que
toma conta da cidade às vésperas da Copa das Confederações.
Por Adriano Lopes de Oliveira
“O
s primeiros dez minutos foram
inteiramente dominados pelo
Brasil. Riva, porém, foi o primeiro a chutar em gol, no primeiro minuto.
Félix mandou a escanteio, fazendo espetacular intervenção. Aos 4 minutos, falta de Cera
em Pelé. Rivelino cobrou com violência e o arqueiro Albertosi defendeu bem. Aos 5, Everaldo chutou no canto direito, Albertosi defendeu e saiu com a bola pela linha de fundo. O
juiz não marcou o escanteio”.
Difícil lembrar se foi André Gustavo
Stumpf, José Natal ou este escriba o autor dessas mal traçadas. Os três, jovens
repórteres do Correio Braziliense no distante ano de 1970, haviam sido escala-
34
dos pelo chefe de reportagem, Wamir
Soares, para fazer a cronologia do jogo
final da Copa do México. Uma tristeza:
logo no dia em que o Brasil poderia se
tornar tricampeão mundial, eles teriam
que ficar, alternadamente, 15 minutos
em frente à TV e outros 15 maltratando
as pretinhas, a despejar no papel o desenrolar do jogo, minuto a minuto.
Fim de jogo, Brasil 4 a 1, tarefa cumprida, a “tristeza” cedeu lugar à explosão
coletiva de alegria que, naquele 21 de junho de 1970, tomou conta da cidade – e
de todo o país – com a conquista definitiva da Taça Jules Rimet pela seleção canarinho. No fusquinha de André, na
companhia de algumas colegas do jornal,
o trio foi se esbaldar na festa que rolava
noite adentro na velha Fonte Luminosa,
ao lado da Torre de TV, e depois ao longo da W-3 Sul, onde se concentrava a
maior parte dos torcedores.
A brilhante vitória da seleção nacional em gramados mexicanos deu aos brasileiros a oportunidade de extravasar toda a alegria contida desde que, em 1964,
o país mergulhara numa ditadura militar.
Dois dias depois, tive o privilégio de
acompanhar, do alto do caminhão da imprensa, o carro do Corpo de Bombeiros
que conduzia pelas avenidas da cidade
Pelé, Tostão, Rivelino, Gérson, Jairzinho
e os outros heróis do tricampeonato.
Uma emoção jamais experimentada por
alguém que somente no último dia daquele mês atingiria a maioridade.
Passados 43 anos, a emoção está de
volta. Brasília respira novamente futebol, à medida que se aproxima a festa de
abertura da Copa das Confederações, espécie de aperitivo para o espetáculo principal, a Copa do Mundo de 2014. Desacreditada, ocupando um inédito 19º lugar no ranking da FIFA, nossa seleção
ainda não empolgou a maioria dos torcedores brasileiros, mas estejam certos: tudo muda a partir de 15 de junho, quando Neymar e companhia entram em
campo para enfrentar o Japão no Estádio
Nacional Mané Garrincha.
Teoricamente, o Brasil está longe de
figurar entre os favoritos à conquista da
Copa do Mundo – e mesmo da Copa
das Confederações, disputada também
pela atual campeã mundial (Espanha) e
pelos campeões continentais: Uruguai
(América do Sul), México (Américas
Central e do Norte), Japão (Ásia), Nigéria (África), Taiti (Oceania) e Itália (Europa), que herdou a vaga da Espanha,
também campeã europeia.
Mas, assim que o juiz apitar o início
de Brasil x Japão, no dia 15, às 16 horas,
no Estádio Nacional Mané Garrincha,
nenhum favoritismo teórico terá importância. Quase 200 milhões de brasileiros
(2,6 milhões em Brasília, mais de 70 mil no
Mané Garrincha) estarão de mãos dadas
na torcida pela seleção
brasileira, e isso vale
muito. Basta lembrar
que o Brasil seguiu desacreditado para pelo menos
três Copas que acabou por
conquistar – as de 1958, na
Suécia, 1970, no México, e
1994, nos Estados Unidos.
Esta edição da Copa das
Confederações reúne ingredientes inéditos, e que dificilmente irão se repetir. Pela primeira vez entram em campo
seleções detentores de nada
menos que 12 títulos
mundiais: cinco do Brasil, quatro da Itália,
dois do Uruguai e
um – o mais recente
– da Espanha. Os
mexicanos, atuais
cam­peões olímpicos, também vêm
brigar pelo título,
credenciados por
suas convincentes vitórias
sobre o Brasil nos últimos
anos. Nigéria, Japão e Taiti deverão ser meros figurantes – isso se a zebra africana não resolver entrar em
campo.
A Copa das Confederações
será disputada em seis sedes:
Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador. Cada sede – com exceção
de Brasília, palco apenas do jogo
de abertura – receberá três partidas. As semifinais serão no Estádio Castelão, em Fortaleza, e no
Mineirão, em Belo Horizonte, e a
decisão no Maracanã, dia 30 de junho. Se eu fosse supersticioso como um botafoguense, veria nisso um bom sinal. Onze anos
atrás, na manhã de outro 30
de junho, na comemoração dos meus 50 anos, fui
presenteado simplesmen­
te com o penta: Brasil
2 x 0 Alemanha, gols de
Ronaldo Fenômeno.
Que venham novas
e boas emoções!
Copa das Confederações
Jogos da primeira fase (no horário local)
Fotos: Divulgação
Grupo A
Grupo B
Capa histórica da edição do Correio
Braziliense de 21 de junho de 1970
35
Lula Marques
copa das COnfederações
O Secretário Extraordinário da Copa no DF, Cláudio Monteiro,
acompanha os últimos retoques no Estádio Mané Garrincha.
Um futuro
de dúvidas
Como numa partida de futebol, o Estádio Nacional Mané Garrincha
divide torcidas ferrenhas. Mas está pronto e funcionando.
Resta saber como o brasiliense poderá usufruir desse espaço.
Por Pedro Brandt
M
36
ais do que duas partidas de futebol, Brasiliense x Brasília,
pelo campeonato local, e Santos x Flamengo, pelo Brasileirão, se configuraram como as oportunidades que o
brasiliense teve até maio para conhecer
aquele que é o mais novo e maior espaço
para eventos da capital do país. E, pelos
comentários, o novo Estádio Nacional
Mané Garrincha passou no teste. O sinal de celular deficiente e a água fria nos
vestiá­
rios foram algumas das reclamações, mas a grandeza do local e sua estrutura moderna têm impressionado positivamente quem o visitou. O que não diminui a indignação de outras tantas pes-
soas. Afinal, o estádio custou muito caro
(fala-se em mais de R$ 1,2 bilhão) e gerou polêmicas.
Inegáveis, entretanto, as possibilidades que o estádio traz para a cidade, além
das competições esportivas. Para quem
realiza eventos de grande porte, por
exemplo, a novidade é muito bem-vinda.
“Achei um golaço. Se Roma, Nova York
Qual será o custo operacional do estádio?
Para inserir a capital no calendário de
eventos e shows nacionais e internacionais, o Estádio Nacional Mané Garrincha passará por uma licitação internacional e será administrado por uma empresa especializada em entretenimento, que
pagará aluguel ao GDF. Com isso, o Mané Garrincha manterá aquecido o setor
de serviços (bares, restaurante e hotéis,
entre outros) e potencializará o desenvolvimento de Brasília em diversos segmentos. Até o momento não estão definidos
os valores para locação da arena.
Qual é a expectativa mínima de público
Orquestra, holograma e convidados
O espetáculo Renato Russo Sinfônico
está programado para 29 de junho. Para
a homenagem ao cantor (1960-1996),
subirão ao palco do Estádio Mané
Garrincha a Orquestra do Teatro Nacional,
sob regência do maestro Claudio Cohen,
e um elenco de conhecidos nomes do
pop rock e da MPB. A vedete do show,
entretanto, talvez seja a aparição
holográfica do homenageado, que será
produzida com tecnologia de última
geração (com equipamento utilizado
pela primeira vez em show no Brasil).
Os primeiros convidados divulgados
foram Zélia Duncan, Lobão e Ivete Sangalo
(a participação da baiana, aliás, gerou
bafafá nas redes sociais). A eles se juntam
Fernanda Takai, Jerry Adriani, Jorge Du
Peixe (vocalista da Nação Zumbi), Sandra de Sá, Luiza e Zizi Possi. De Brasília,
foram convidados Alexandre Carlo, vocalista do Natiruts, André Gonzales,
vocalista da banda Móveis Coloniais de Acaju, a cantora Ellen Oléria e o
bandolinista Hamilton de Holanda. O time será completo pela violinista Ann
Marie Calhoun (musicista americana que tem no currículo gravações com
Dave Matthews Band, Jethro Tull, Yanni, Bon Jovi e Steve Vai). Outros artistas
convidados ainda podem ser anunciados.
Os arranjos do espetáculo foram feitos pelo renomado Arthur Verocai,
maestro carioca que trabalhou em discos de Jorge Ben, Erasmo Carlos, Gal
Costa, Ivan Lins, Marcelo Jeneci, entre outros, e teve a carreira recentemente
revalorizada, com o relançamento (em CD e LP) de seu primeiro disco solo,
de 1972.
A produção musical é de Rafael Ramos (Pitty, Cachorro Grande, Matanza).
Andrey Hermuche assina as cenografias e projeções. O espetáculo com orquestra
era uma antiga ideia de Renato Russo e o maestro Silvio Barbato (1959-2009)
chegou a participou da concepção do projeto.
Os ingressos podem ser adquiridos no site
www.bilheteriadigital.com. Até o fechamento desta
edição, apenas o preço da arquibancada havia sido
divulgado: R$ 50 (meia-entrada).
Fato ou boato?
Por enquanto, o único outro evento cultural
anunciado para ocupar o estádio é o show
da cantora americana Beyoncé, em 17 de
setembro (a data, entretanto, ainda não figura
no site da cantora). Corre o boato de uma
apresentação dos Rolling Stones no Mané.
A respeito disso, a Secretaria de Estado
Extraordinária para a Copa 2014 disse não
haver informações oficiais sobre um evento
com a banda britânica no estádio.
Fotos: Divulgação
e São Paulo têm estádios assim, por que
Brasília não teria? Considero um ótimo
investimento para a cidade”, elogia o
produtor Marcelo Piano, responsável
por shows de Iron Maiden e Shakira na
capital. “Você gasta muito dinheiro para
montar do zero uma estrutura de show.
Um custo que, somado ao cachê do artista e outros gastos, coloca o orçamento do
evento lá em cima. Isso, muitas vezes, inviabiliza a realização de determinadas
produções. Com a estrutura pronta, você consegue fechar a conta”, pontua.
O produtor André Morale, da Mundano Produções, vê o estádio como a
chance de ter em Brasília atrações que
antes não viriam para cá por, entre outros motivos, a falta de um lugar adequado para receber seus espetáculos. “Estávamos limitados ao Ginásio Nilson Nelson. Com uma arena do porte do Mané
Garrincha, Brasília poderia facilmente
receber um show do Paul McCartney, do
Pearl Jam e de outros artistas que atraem
20, 30, 40 mil pessoas ou mais”. O preço
de ocupação do estádio é uma dúvida
dos produtores (o Santos pagou apenas
R$ 4 mil para o jogo de 26 de maio). “Se
eu quiser fazer o Porão do Rock lá, quanto vão me cobrar? Tenho certeza que o
lugar é maravilhoso, mas dependendo
do preço, inviabiliza a produção”, comenta o produtor Gustavo Sá.
Com o Mané Garrincha pronto (ou
quase) e funcionando, surgem outros
questionamentos. Como o local será
ocupado? Com que tipo de programação? Quanto custará sua manutenção?
Quem fará isso? Em entrevista à Roteiro,
Cláudio Monteiro, Secretário Extraordinário da Copa no DF, aborda esse e outros assuntos.
37
copa das COnfederações
que um produtor deverá ter para reali
zar um evento no estádio?
O público será estimado de acordo com a
característica de cada evento a ser realizado e sua dimensão. O estádio tem espaços com capacidade para eventos de pequeno, médio e grande portes. Possui,
por exemplo, quatro salões que podem
comportar, simultaneamente, eventos para até mil pessoas. Conta com dois restaurantes para até 300 pessoas cada um,
prontos para receber eventos corporativos. Por isso, o Mané Garrincha entra para o circuito de grandes eventos, para até
70 mil pessoas, e também dos pequenos.
Os produtores de Brasília terão dezenas
de opções de eventos nesse novo espaço.
de um verdadeiro templo das artes, uma
arena voltada a todas as expressões artísticas, culturais e esportivas. Um monumento à sustentabilidade e ao desenvolvimento socioeconômico de nossa cidade, que
vai estimular a visitação de brasilienses e
turistas de todo o país e do exterior. É
uma ecoarena de alto padrão, com capacidade para receber 71 mil expectadores, e
espaços modulares para o funcionamento
permanente de shopping, cinemas, salas
de exposição e de espetáculos, lanchonetes e restaurantes. Esse conceito é o adotado pelas mais importantes arenas do
mundo, como o Santiago Bernabéu, do
Real Madrid, que é rentável sete dias por
semana. Chega a faturar 120 milhões de
euros por ano, recebendo mais gente em
dias sem jogo do que em dias de rodada
do campeonato espanhol. Aluga salas de
reuniões, promove tours diários para visitantes de todo o mundo e mantém restaurantes internacionais e uma estrutura de
O senhor poderia explicar melhor o termo “arena multiuso”?
O termo multiuso significa que o Estádio
Nacional Mané Garrincha não é um espaço dedicado apenas ao futebol. Trata-se
centro de negócios. O Santiago Bernabéu
se tornou o terceiro ponto mais visitado
de Madri, superando os museus Rainha
Sofia e Prado.
Excetuando-se os megaeventos nacionais
e internacionais, qual será o tipo de ocupação mais recorrente do novo estádio?
O Estádio Mané Garrincha é um complexo multiuso com área de 1,6 milhão
de metros quadrados, adaptado para receber eventos culturais ou esportivos de
grande porte. A arena contará com área
social de passeio e lazer, com bares e restaurantes, garantindo fluxo e aproveitamento, após o Mundial, de toda a população do DF e também dos turistas. Uma
das vantagens da capital federal é que o
estádio está localizado em um raio de 3
km dos setores hoteleiro e hospitalar, de
shoppings, do centro de convenções, entre outros, o que facilita e incentiva o
acesso de todos.
Tudo pronto? O GDF garante que sim
Rodrigo Oliveira
A expectativa do Secretário de Turismo, Luiz Otávio Neves, é de que Brasília
receba 15 mil turistas na abertura da Copa das Confederações, algo inédito. Apesar dos muitos problemas ocorridos durante os dois jogos testes, sendo o principal deles a dificuldade de acesso ao Estádio Nacional Mané Garrincha, Neves garante que a cidade está preparada para
38
Luiz Otávio Neves, Secretário de Turismo do DF
oferecer total apoio aos turistas, brasileiros ou estrangeiros.
Para isso, será intensificado o trabalho nos Centros de Atendimento ao Turista do Aeroporto, Rodoviária Interestadual, Torre Digital, Praça dos Três Poderes e Setores Hoteleiros Sul e Norte.
Além disso, estão sendo instalados estandes de informações turísticas nas proximidades do Estádio Nacional e dos hotéis localizados na área central da cidade.
Dez mil exemplares do Manual do
Torcedor serão distribuídos aos visitantes, com mapas da cidade e do estádio,
descrição dos principais atrativos turísticos e aplicativo para smartphones e tablets. Entre os dias 13 e 17, segundo o
Secretário de Turismo, 950 voluntários
estarão a postos para fornecer informações aos turistas. E no dia 15 será realizada uma grande festa na Esplanada dos
Ministérios, com atrações nacionais e oito telões espalhados para exibição de
Brasil x Japão.
O presidente da Embratur, Flávio Dino, disse ter ficado bem impressionado
com o relato, feito por Luiz Otávio Neves, sobre os preparativos da cidade para
receber os turistas, principalmente os estrangeiros, que necessitam de maior
apoio. “Estou certo de que será dado todo o suporte necessário para que os visitantes internacionais sejam bem recebidos e conheçam os atrativos turísticos da
cidade”, afirmou Flávio Dino, durante
encontro com representantes dos Estados e municípios que vão sediar a Copa
das Confederações.
Para o presidente da Embratur, essa
competição é “o pontapé inicial que estamos dando para uma megaexposição do
Brasil”. A divulgação das seis cidades-sede vai diversificar as portas de entrada do
turismo brasileiro e fazer com que os visitantes conheçam de perto os atrativos
dessas cidades. “É uma grande chance
para Brasília, que recentemente alcançou a terceira posição entre as cidades
brasileiras que mais receberam congressos e convenções internacionais e tem tudo para continuar aumentando a captação de eventos. Ainda mais se conseguirmos trazer para cá as Universíades, jogos
olímpicos universitários, que a Embratur
está ajudando o Distrito Federal a captar”, afirma Flávio Dino.
Gol na tela
O francês Eric Cantona, o marfinense Drogba e o brasileiro
Sócrates (nas fotos abaixo) estão em Os rebeldes do futuro
Festival exibe 12 filmes sobre o esporte favorito do Brasil.
A
paixão do brasileiro por futebol é
tão grande que chega a parecer
estranho o esporte não ser mais
explorado na sétima arte. Ainda assim,
não dá para dizer que faltam filmes sobre
o assunto. O festival Cinefoot é uma prova disso. Durante três dias serão exibidos
12 produções, clássicas e recentes, documentários e ficções, longas e curtas-metragens apresentando casos de amor pela
bola, campeonatos históricos, personagens pitorescos e abordagens diferenciadas quando o assunto é futebol.
Criado em 2010, o festival é pioneiro
em reunir filmes com essa temática. Este
ano, será realizado nas seis cidades-sedes
da Copa das Confederações. Em Brasília,
ocupará a sala de exibição do Museu Nacional da República entre 11 e 13 de ju-
nho. Também no dia 13 serão realizadas
sessões especiais: à tarde, no Museu, para
crianças da rede pública de ensino, e em
três horários diferentes no Sesc do Gama.
Na noite de abertura será exibido o
longa (inédito no Brasil) Os rebeldes do futebol (2012), documentário francês dirigido por Gilles Roff e Gilles Perez. O filme
é apresentado por Eric Cantona, ex-jogador francês que virou cineasta depois de
pendurar as chuteiras. Cantona aborda a
vida – dentro e, principalmente, fora dos
campos – de cinco personalidades do futebol que não se limitaram à atuação esportiva, fazendo de sua condição de ídolos das multidões uma maneira de sensibilizar e mudar a sociedade. São eles o
marfinense Didier Drogba, o chileno
Carlos Caszely, o argelino Rachild
Mekhloufi, o bósnio Predrag Pasic e o
brasileiro Sócrates (conhecido por sua
militância política nos anos 1980).
Outros destaques do festival são o
documentário em curta-metragem Vai
pro gol, sobre futebol de botão, o longa
João, abordando o jogador, técnico, jornalista e polêmico João Saldanha, e o
curta-metragem Gaúchos canarinhos, sobre o escritor, jornalista, tradutor, desenhista e professor universitário brasileiro
Aldyr Schlee e sua maior invenção, a camisa amarela da seleção.
Paralelamente ao festival, quem for
ao Museu da República poderá conferir
a exposição O jogo só acaba quando termina, organizada pelo Goethe Institut do
Rio de Janeiro, com videoarte, fotografia
e arte sonora de artistas de vários países.
Fotos: Divulgação
Por Pedro Brandt
Cinefoot Tour Brasília 2013
De 11 a 13/6, no Museu Nacional
da República, com entrada franca.
11/6 – Às 20h, abertura com exibição
de Gaúchos canarinhos (RS) e Os rebeldes
do futebol (França).
12/6 – Às 19h, O pai do gol (SP) e João (RJ);
às 21h, Atlético Clube Seridó (DF), Vai pro gol
(SP), Canal 100: Santos bicampeão mundial
(RJ) e Canal 100: Santos tricampeão paulista
– Milésimo gol (RJ).
13/6 – Às 10, 14 e 15h, no Sesc Gama,
e a partir das 15h, no Museu Nacional,
Mostra Dente-de-leite (sessões para escolas
e instituições agendadas), com a exibição
de Gaúchos canarinhos (RS), Zimbú (SP),
Ernesto no país do futebol (SP), O primeiro
João (RJ) e Mauro Shampoo – Jogador,
cabeleireiro e homem (RJ/PE).
39
luz câmera ação
Tesis sobre un homicidio,
de Hernán Goldfrid
O cinema de todos
os continentes
BIFF traz a Brasília produções de todos os cantos do mundo,
mostras informativas e debates, além de lançamentos de
filmes de importantes diretores estrangeiros.
Os filmes da Mostra Competitiva
Don Jon
Estados Unidos/2013, 95min. Direção:
Joseph Gordon-Levitt.
Comédia romântica estrelada, escrita e dirigida por Joseph Gordon-Levitt, conta a história de Jon Martello, moderno Don Juan
que tem a capacidade de atrair as mulheres.
Mas seu vício em pornografia o deixa insatisfeito e ele sai numa jornada para encontrar uma vida sexual mais gratificante. Com
um elenco de estrelas de peso – Scarlett
Johansson, Julianne Moore, Brie Larson e
Tony Danza – o filme estreou no Festival de
Cinema de Sundance em janeiro de 2013.
40
Tesis sobre un homicidio
Argentina/2013, 105min. Direção:
Hernán Goldfrid.
Roberto Bermudez é um especialista em
Direito Criminal cuja vida se torna um caos
quando ele se convence de que Gonzalo,
um de seus melhores alunos, cometeu um
assassinato brutal em frente à Faculdade de
Direito. Determinado a descobrir a verdade,
começa uma investigação pessoal que logo
vira uma obsessão e o leva inevitavelmente
a lugares sombrios. Com Ricardo Dárin.
Primeiro filme do diretor, sua estreia no
Brasil está prevista para julho.
7 cajas
Paraguai/2012, 100min. Direção: Juan
Carlos Maneglia e Tana Schémbori.
Assunção, Paraguai. Víctor, caminhoneiro
de 17 anos, se distrai imaginando ser
famoso e admirado na televisão de uma
loja de DVD’s em pleno Mercado 4, o que
causa a perda de um cliente para outro caminhoneiro que se adiantou. O mundo do
mercado é hostil, competitivo e há milhares
como ele esperando levar as compras dos
clientes em troca de uma pequena remuneração. Victor entende que precisa se mexer
para conseguir algum dinheiro nesse dia.
Então recebe uma proposta incomum:
transportar 7 caixas cujo conteúdo ele
desconhece, em troca de uma nota rasgada
de 100 dólares.
Il futuro
Itália/Chile/Alemanha/Espanha/2012, 98min.
Direção: Alicia Scherson.
Com Rutger Hauer, o filme é baseado no
conto Una nuvelita lumpen, de Roberto
Por Sérgio Moriconi
C
Bolaño, e conta a história de dois irmãos
adolescentes, chilenos, obrigados pela
ditadura a exilar-se com a família na Itália.
Ao ficarem órfãos, eles são empurrados
para uma vida criminosa por dois delinquentes que se fingem amigos. Quem os
salva é Maciste, um ex-astro do cinema,
cego, mas sempre fascinante, musculoso
e com um coração gigante. Terceiro longa-metragem da chilena Alicia Scherson, que
já conquistou o prêmio de melhor direção
no Tribeca Festival por Play, longa de 2005.
Tall as the baobab tree
Senegal/Estados Unidos/2012, 82min.
Direção: Jeremy Teicher.
Em uma isolada vila na zona rural do Senegal, na África, uma adolescente elabora
um plano secreto para resgatar e impedir
o casamento da irmã, de apenas 11 anos
de idade, que foi prometida pelos pais.
Eu e você, de Bernardo Bertolucci
Fotos: Divulgação
om filmes de todos os continentes, além de promover
pré-estreias de obras de diretores importantes como
Bernardo Bertolucci (Eu e você), Marco Bellochio (A bela que dorme) e Sofia Coppola (A gangue de Hollywood), a segunda
edição do Festival Internacional de Cinema de Brasília (BIFF,
na sigla em inglês) reafirma sua vocação para ser mais do que
um mero painel da produção cinematográfica mundial. Suas
cinco mostras paralelas (Crisis, America Del Sur, Independentes Americanos, Panorama África e Mundo Animado) demonstram a preocupação dos curadores Nilson Rodrigues (diretor do
festival) e Anna Karina de Carvalho de proporcionar uma reflexão crítica sobre algumas das questões cruciais do mundo contemporâneo. Muitos dos longa-metragens nelas contemplados
são janelas que se abrem para países e regiões cujo cinema está
inteiramente ausente das nossas salas comerciais de exibição.
Há quanto tempo não se exibe em Brasília, e também em outras
capitais, filmes africanos e latino-americanos, exceção feita à
produção argentina e, em menor medida, à mexicana?
Esse conceito “não-ortodoxo” – isso para dizer o mínimo –
já está evidenciado na eclética programação da Mostra Competitiva. Entre os 12 filmes que concorrerão a prêmios no valor de
R$ 100 mil estão obras dos Estados Unidos (Don Jon, de Joseph
Gordon-Levitt), da Argentina (Tesis sobre un homicidio, de Hernán Goldfrid), Paraguai (!) (7 cajas, de Juan Carlos Maneglia e
Tana Schembori), uma co-produção Itália/Chile (Il futuro, de
Alicia Scherson), outra co-produção Senegal/Estados Unidos
(Tall as the baobab tree, de Jeremy Teicher), Turquia (Watchtower,
de Pelin Esmer), China (Fly with the crane, de Rui Jun Li), Nova
Zelândia (The red house, de Alex Duncan), Taiwan (Touch of the
light, de Rong-Ji Chang), Espanha (Blancanieves, de Pablo Berger), mais uma co-produção, desta vez México/Alemanha
(Workers, de José Luis Valle), e por fim Suécia (Eat sleep die, de
Gabriela Pichler).
Você deve ter percebido a exclamação junto ao filme paraguaio. Acredite, esse país ficou simplesmente 40 anos sem cinema. O jejum terminou em 2006, quando La hamaca paraguaya,
de Paz Encina, longa-metragem bastante premiado, surgiu. O
7 cajas, de Juan Carlos Maneglia e Tana Schémbori
filme faz referência à guerra e mostra casais relembrando histórias, falando guarani e se comunicando sobretudo através do silêncio. Ao contrário de outros países do continente, o Paraguai
não conta com políticas de incentivo à produção cinematográfica. As chamadas nações andinas (Bolívia, Chile, Colômbia, Peru e mesmo Venezuela) têm à disposição, desde os anos 90, leis
de incentivo e fundos de fomento cinematográfico. Os resultados apareceram na virada do século. Hoje já se vê por lá uma
produção regular que varia de três a 14 longas por ano.
Além das obras latino-americanas já mencionadas que
participam da competição oficial, a mostra America Del Sur vai
possibilitar ver a quantas anda a atividade cinematográfica dos
nossos vizinhos. Filmes da Venezuela (Reverón, de Diego Risquez), da Colômbia (Cronica del fin del mundo, de Maurício Cuer-
Watchtower
Turquia/2012, 100min. Direção: Pelin Esmer
Um homem e uma mulher procuram refúgio do mundo: Nihat na torre de incêndio
de uma floresta remota, Seher em seu quarto numa estação rural de ônibus. Longe dos
outros, e travando suas batalhas pessoais
com a consciência, eles acabarão se encontrando e iniciando uma luta. O filme foi premiado no Festival Internacional de Toronto.
Fly with the crane
China/2012, 99min. Direção: Li Ruijun.
O velho Ma acredita que os pássaros grous
brancos levam os corpos dos mortos para
o paraíso e está completamente assustado
com a ideia de ser cremado depois de morto. Quando o governo implementa a prática
de cremação, ele procura a ajuda dos netos.
The red house
Nova Zelândia/2012, 85min. Direção:
Alyx Duncan.
“Sua casa é o lugar de onde você vem ou
o que você carrega dentro de si onde quer
que vá?”. Esta é a essência do drama que
mostra a vida de um casal na faixa dos 60
anos de idade. Lee é um ativista experiente
ainda ligado a fazer planejamentos locais.
Jia é uma refugiada chinesa. Eles se conheceram 20 anos antes. Agora, ela deve voltar
à China, para ver seus parentes idosos, que
ainda vivem no apartamento em que ela
cresceu, numa cidade que mudou muito
desde que ela foi embora. O filme acompanha a viagem do casal pelo mundo e por
aquilo que eles criaram para si, a casa vermelha no mato, cheia de livros e memórias.
Touch of de light
Taiwan/2012, 110min. Direção:
Chang Jung-chi.
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vo Rincón), Uruguai (Tanta água, de Ana
Guevara e Letícia Jorge), Bolívia (Lo más
bonito y mis mejores años, de Martin Boulocq), Equador (Prometeo deportado, de
Fernando Mieles), outra vez Chile (Miguel
de San Miguel, de Matias Cruz,) e Argentina, certamente (Paisajes devoradas, do veterano Eliseo Subiela, autor de clássicos do
realismo mágico, como, por exemplo, o
esotérico Homem olhando a sudeste (1986),
e do muito mais recente (e muito menos
esotérico) Lifting do coração (2006), história de um homem casado com filhos que,
durante uma viagem de negócios, se apaixona por uma mulher muito mais jovem.
Apesar do tema banal e tantas vezes visto
no cinema deste último filme, Subiela
deixa sua marca ao narrar com grande
perspicácia a angústia da personagem que
vê sua vida estável e tranquila se esvanecer
como uma bola de sabão.
Dissipados como uma bola de sabão
também foram os anos da euforia de
Wall Street. Muitas de suas funestas consequências estão dramatizadas nos longas
que participam da Mostra Crisis. Alguns
títulos são auto-explicaticos: Mercados futuros (Espanha), de Mercedes Alvarez, e
99% ocuppy Wall Street (Estados Unidos),
de Aaron Aites e Audrey Ewell, já dizem
a que vieram. Fatal assistance (França/
EUA/Haiti/Bélgica), do haitiano Raoul
Peck, fala do colossal trabalho de reconstrução depois do terrível terremoto que
assolou o país alguns anos atrás. Sushi –
the global catch (Estados Unidos), de Mark Hall, é uma curiosa especulação sobre
as consequências que a mania mundial
pela comida japonesa, originária de TóO pianista cego Huang Yu-Siang protagoniza sua própria história no filme de estreia
de Chang Jung-chi. Siang é um prodígio do
piano que nasceu com deficiência visual na
área rural de Taiwan. A narrativa ficcional
acompanha sua entrada na universidade
para estudar música e o confronto com
colegas e desafios. Por outro lado, a bela
Jie trabalha como vendedora de chá e sonha em se tornar uma dançarina. O encontro entre os dois acende uma chama em
Siang (que se apaixona pela voz suave de
Jie) e pode libertar os dois de suas prisões.
O filme conquistou a crítica de Taiwan e
o público dos festivais de Taipei e Busan.
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Blancanieves
Espanha/2012, 104min. Direção:
Pablo Berger.
Era uma vez uma menina que nunca conheceu a mãe. Aprendeu a arte do pai, um fa-
Divulgação
luz câmera ação
99% ocuppy Wall Street,
de Aaron Aites e Audrey Ewell
quio, poderá trazer no futuro. Mais politicamente chocante, Vol Special (França),
de Fernand Melgar, aborda iniquidades
do governo suíço em relação a imigrantes
ilegais encarcerados num campo de detenção à espera de um “voo especial” que
os levará de volta a seus países de origem,
muito embora não tenham colocado os
pés por lá há mais de duas décadas. Também político, Calles de la memória, da argentina Carmem Guarini, fala dos desaparecidos durantes os anos da ditadura
militar em seu país.
Outros que desafiam o “coro dos contentes” vêm da nação considerada a besta-fera causadora de todas as mazelas do
mundo: os EUA. Mas a democracia ali
funciona e produz contra-discursos (e
também discursos) como aqueles explicitados em alguns dos filmes presentes na
mostra Independentes Americanos. Todavia, não espere panfletos engajados politicamente. Com exceção de Detroit unleaded, de Rola Nashef, abordando questões relativas à perda de identidade da co-
munidade árabe dos EUA, os outros filmes preferem discutir aspectos da vida
cotidiana (e amorosa) dos cidadãos, normalmente negligenciados pelo cinema
dos grandes estúdios.
E a África, onde fica nisso tudo? O
BIFF nos dá mais uma chance de testemunhar o que vem acontecendo cinematograficamente por lá. Realizadores da
Argélia, do Senegal, da Nigéria (país que
experimentou uma explosão cinematográfica a partir do suporte do vídeo), da
África do Sul e de Moçambique. Não dá
para deixar passar. Se o Senegal e a Argélia costumam frequentar festivais por
aqui e no exterior, em grande parte através de co-produções com a França, os cinemas de África do Sul pós-apartheid e
de Moçambique pós-descolonização não
deixam de ser uma avis rara em qualquer
canto do planeta.
moso toureiro, mas era odiada por sua
malvada madrasta. Um dia, fugiu com
uma companhia de anões e se transformou
numa lenda. Ambientado no sul da Espanha,
nos anos 1920, o filme é um tributo ao
cinema mudo. Premiado com dez prêmios
Goya, incluindo melhor filme e atores,
foi selecionado para o Oscar 2012.
sua herança para o cachorro e só no caso
de morte do animal o dinheiro passará às
mãos dos empregados. Do seu jeito e em
silêncio, ambos começaram uma luta: ele
contra a empresa; ela contra o cachorro.
Curiosamente, são lutas que não se veem.
Com Susana Salazar e Jesús Padilla.
Workers
México/Alemanha/2013, 120min.
Direção: José Luis Valle.
Rafael e Lídia viveram uma história de
amor no passado e continuam ligados pela
memória de um filho morto. Ele, depois de
toda uma vida de trabalho numa fábrica
em Tijuana, descobre que por um erro de
papelada não conseguirá sua tão sonhada
aposentadoria. Ela fica sabendo que, depois
de décadas como empregada de uma grande casa, sua patroa ao morrer deixou toda
BIFF – Festival Internacional de
Cinema de Brasília
De 13 a 23/6 no Cine Cultura Liberty Mall e
Museu da República. Ingressos: R$ 16 e R$ 8.
Mais informações em www.biffestival.com.
Eat sleep die
Suécia/2012, 100min. Direção:
Gabriela Pichler
O filme conta a história da jovem Rasa,
de origem muçulmana, que tem 20 anos
de idade e vive com o pai doente em uma
pequena cidade no sul da Suécia. Quando a
fábrica em que trabalha reduz seu pessoal,
ela perde o emprego. O filme então segue
sua luta para encontrar um novo emprego
e cuidar do pai ao mesmo tempo. Com
Nermina Lukac, Milan Dragisic, Jonathan
Lampinen, Peter Fält e Ruzica Pichler.