A ciência descobre Deus Qual é o propósito da oração? Seis mitos

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A ciência descobre Deus Qual é o propósito da oração? Seis mitos
E s p a n h o l
•
F r a n c ê s
•
I n g l ê s
A ciência descobre Deus
Qual é o propósito da oração?
Seis mitos do casamento
Alegria:
o segredo de viver contente
Casando-se com um
não-cristão?
Os sombrios segredos
do álcool
2
Vo l u m e 1 7
•
P o r t u g u ê s
REPRESENTANTES REGIONAIS
Divisão África ocidental
22 Boite Postale 1764, Abidjan 22,
Costa do Marfim
Japheth L. Agboka
[email protected]
Divisão Ásia-pacÍfico norte
Koyang IIsan, P.O. Box 43, 783 Janghang-Dong,
Ilsan-Gu, Koyang City, Kyonggi-do 411-600,
República da Coréia
Dong Hee Shin
[email protected]
Divisão Ásia-pacÍfico Sul
P.O. Box 040, Silang, Cavite,
4118 Filipinas
Gladden Flores
[email protected]
Divisão centro-L’este africana
P.O. Box 14756, Nairobi, Quênia
Hudson E. Kibuuka
[email protected]
Divisão do Sul do Pacífico
Locked Bag 2014,
Wahroonga, N.S.W. 2076, Austrália
Gilbert Cangy
[email protected]
Barry Hill
[email protected]
Divisão Euro-Africana
P.O. Box 219, 3000 Bern 32, Suíça
Roberto Badenas
[email protected]
Divisão Euro-Asiática
Krasnoyarskaya Street 3, Golianovo, 107589
Moscou, Federação Russa
Heriberto Muller
[email protected]
Divisão Interamericana
P.O. Box 140760, Miami, FL 33114-0760, EUA
Carlos Archbold
[email protected]
Bernardo Rodríguez
[email protected]
Divisão Norte-Americana
12501 Old Columbia Pike,
Silver Spring, MD 20904-6600, EUA
Martin Feldbush
[email protected]
Gerald Kowalski
[email protected]
Divisão Sul-africana e oceano
Índico
H.G. 100, Highlands, Harare, Zimbábue
Tommy Nkungula
[email protected]
Divisão Sul-Americana
Caixa Postal 02-2600,
70279-970 Brasília, DF, Brasil
Carlos Mesa
[email protected]
Erton Carlos Köhler
[email protected]
Divisão Sul-Asiática
P.O. Box 2, HCF Hosur,
Tamil Nadu 635110, Índia
Gordon Christo
[email protected]
Divisão Trans-Européia
119 St. Peter’s Street, St. Albans,
Herts., AL1 3EY Inglaterra
Orville Woolford
CONTEÚDO
5
8
10
13
A ciência descobre Deus
A precisão encontrada em todo o Universo e a
complexidade evidenciada em todos os seres vivos indicam
a necessidade de um Deus Criador.
Ariel A. Roth
Qual é o propósito da oração?
A oração não muda o caráter ou o coração de Deus, mas
dá a Ele novas oportunidades de operar Suas maravilhas.
Dan Smith
Seis mitos do casamento
A maior felicidade no casamento não é encontrada em sua
euforia inicial, mas na satisfação de longo prazo obtida na
parceria fiel de muitos anos.
Calvin Thomsen
Alegria: o segredo de viver contente
É tanto nosso dever como privilégio viver com alegria e
caminhar na luz, disseminando-as pelo mundo ao redor.
DEPARTAMENTOS
3
4
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20
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22
[email protected]
24
artigos
EDITORIAL
Primeiro seguidores
C. Garland Dulan
Cartas
PerFIS
Dora Bognandi
Roberto Vacca
Neville Clouten
Delyse Steyn
Em ação
Estudantes universitários
se reúnem no Equador
Erton Kohler
Rede Adventista da Filadélfia
Lakisha Hull
Estudantes adventistas ativos
nas Filipinas
Redentor A. Feliciano
Logos
Ele soprou em suas narinas:
O divino beijo da vida
Larry L. Lichtenwalter
Ponto de vista
Ellen White e seus críticos
Leonard Brand
27
28
30
30
31
33
34
fórum aberto
Casando-se com um não-cristão?
Nancy Van Pelt
Para sua Informação
Os sombrios segredos do álcool
John F. Ashton
LivroS
A Trinidade: como entender os
mistérios da pessoa de Deus na
Bíblia e na história do cristianismo (Woodrow Whidden, Jerry
Moon, e John W. Reeve)
Aecio E. Cairus
Prophets Are Human
(Graeme Bradford)
Juan Carlos Viera
The Battle for the Bible
(David Marshall)
Kwabena Donkor
Intercâmbio
Primeira pessoa
A voz que Ele me deu
Charles Ngandwe, conforme contado a Anita Marshall
Inserção
Portfolio de Neville Clouten
DIÁLOGO 17•2 2005
EDITORIAL
Primeiro seguidores
O ministério de Jesus na Terra começou com o chamado de um grupo de seguidores
a quem Ele confiaria Sua obra após Sua ascensão. A tarefa de selecionar seguidores era
desafiante, principalmente porque Ele tinha poucos anos para prepará-los para o trabalho de levar as boas-novas de salvação ao mundo. A maioria daqueles a quem Jesus
chamou eram, a princípio, como madeira bruta que, sem o polimento da companhia
de Jesus, machucariam ou deixariam farpas em outros quando estivessem em Seu serviço. Mas, independente da condição daqueles que Cristo chamou, aprender a seguir era
o primeiro requisito para tornarem-se líderes.
Jesus despendeu um tempo considerável permitindo que Seus discípulos observassem
Seu modo de agir antes de lhes designar funções de liderança. Ao falar ou confrontar os
escribas, fariseus, membros de grupos étnicos e pessoas de outras religiões e tradições,
Jesus usou várias abordagens com a finalidade de prover uma ampla perspectiva do
significado da liderança verdadeira e eficaz. Os discípulos freqüentemente interpretavam mal os propósitos e o estilo da liderança de Cristo. Porém, através das numerosas
experiências a que foram expostos por Jesus, eles suavemente foram transformados do
estado de madeira bruta para uma condição em que poderiam ser usados em cargos de
liderança.
Quando os estudantes estão adquirindo sua educação, é surpreendente, muitas vezes,
a maturação que resulta do processo de observar professores, colegas, administradores
e outros em posição de liderança. Através desse processo, uma transformação começa
a ocorrer fazendo com que, num determinado momento, o estudante altere seu papel
responsivo para um desempenho mais proativo. Para que essa transformação possa
acontecer, os estudantes devem começar a pensar em si mesmos nos novos papéis para
os quais estão se preparando. “Socialização antecipatória” descreve o processo durante o qual a transformação mental ocorre antes da aceitação efetiva da nova função.
Antecipação é uma parte importante do processo, mas normalmente não acontece por
si só — ela deve ser fomentada pelos atuais líderes que estão dispostos a orientar outros.
Desse modo, líderes são formados.
A Igreja Adventista está em verdadeira necessidade de líderes. Muitos membros simplesmente assumem a posição confortável de seguir, mas não estão dispostos a correr os
riscos envolvidos em liderança—razões que podem ser distorcidas, obstáculos imprevisíveis e erros. As Escrituras registram exemplos de erros cometidos por líderes bem
conhecidos, incluindo grandes homens de fé como Noé, Abraão, Moisés, Davi, Elias
e Pedro, entre outros. O fato de esses líderes cometerem erros nos dá uma perspectiva
mais equilibrada de liderança, mas não nega a importante contribuição deles para a
causa de Deus.
Durante a sua carreira acadêmica, os estudantes devem considerar que irão ou poderão ser chamados a liderar. Cristo preparou Seus discípulos para as responsabilidades
da liderança que lhes seria confiada logo após Sua morte. Não tivessem eles aprendido
aquelas lições, nunca teriam se tornado verdadeiros líderes. O risco de ser líder é um
desafio cuja recompensa somente poderá ser constatada ao vermos o sucesso de um trabalho concluído.
Assim como ocorreu com os discípulos de Cristo, líderes saem de cena ao se aposentarem, ao assumirem outras posições, por fatiga, debilitação ou morte. Existe, então,
uma necessidade perene de se preparar para mudanças na liderança. Nenhuma organização eclesiástica pode se dar ao luxo de ignorar a grande necessidade de futuros líderes.
Esta revista internacional de fé, pensamento
e ação é publicada três vezes por ano em
quatro edições paralelas (espanhol, francês,
inglês e português) sob o patrocínio da
Comissão de Apoio a Universitários e
Profissionais Adventistas (CAUPA), organismo
da Associação Geral dos Adventistas do
Sétimo Dia.
Volume 17, Número 2.
Copyright © 2005 pela CAUPA.
Todos os direitos reservados.
Diálogo afirma as crenças fundamentais da
Igreja Adventista do Sétimo Dia e apóia sua
missão. Os pontos de vista publicados na
revista, entretanto, representam o pensamento
independente dos autores.
Equipe Editorial
Editor-chefe Humberto M. Rasi
Editor John M. Fowler
Editores-Associados Martin Feldbush, Alfredo
García-Marenko
Gerente Editorial Julieta Rasi
Secretária Editorial Esther Rodriguez
Edições Internacionais Julieta Rasi
Secretárias editoriais internacionais
Corinne Egasse (Francês)
César Luis Pagani (Português)
Julieta Rasi (Espanhol)
Correspondência Editorial
Diálogo
12501 Old Columbia Pike
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Comissão (CAUPA)
Presidente Gerry Karst
Vice-Presidentes C. Garland Dulan, Martin
Feldbush, Baraka G. Muganda
Secretário Humberto M. Rasi
Membros John M. Fowler, Jonathan Gallagher,
Alfredo García-Marenko, Clifford Goldstein,
Bettina Krause, Kathleen Kuntaraf, Vernon
B. Parmenter, Gerhard Pfandl, Gary B. Swanson
Correspondência sobre circulação Deve
ser dirigida ao Representante Regional da
CAUPA na região em que reside o leitor. Os
nomes e endereços destes representantes
encontram-se na p. 2.
Assinaturas US$13.00 por ano (três
números, via aérea). Ver cupom na p. 6 para
detalhes.
Website http://dialogue.adventist.org
Diálogo tem recebido correspondência de
leitores de 117 países ao redor do mundo.
Continua na próxima página.
DIÁLOGO 17•2 2005
À medida que você avança em sua preparação profissional, pense
nas necessidades de sua igreja e em como você poderia ajudar,
não somente nas necessidades de liderança hoje, mas, também,
nas que poderão ocorrer no futuro, e prepare-se para ser um
líder cristão.
Deus necessita de líderes que, ao se prepararem, compreendam
antes de tudo o que significa seguir. Então, quando a oportunidade se apresentar, eles estarão prontos para aceitar o desafio de
liderar. Se assim fizerem, haverá não somente benefícios à igreja
como organização, mas será de grande ganho pessoal.
C. Garland Dulan
Vice-presidente, Comitê da AMiCUS
CARTAS
A revista é uma bênção
Estou bastante impressionada pelo
conteúdo da Diálogo. Cada edição focaliza temas importantes para os estudantes
adventistas e jovens profissionais. Ela é
realmente uma bênção, pois não apenas
fortalece nossas crenças, mas amplia
nosso conhecimento e nos conecta com
nossos companheiros de fé ao redor do
mundo. Muito obrigada!
Viviana Camargo
Cartagena, COLÔMBIA
[email protected]
Artigos anteriores ainda são
interessantes
Gostaria de saber como posso ter
acesso a artigos e entrevistas publicados
em edições anteriores da Diálogo. Creio
que mantém sua atualidade e ainda são
interessantes.
Carlos Olivares
Talca, CHILE
[email protected]
Os editores respondem:
Obrigado pelo interesse na revista. Temos
boas notícias para você. Acesse a internet e
entre no site da Diálogo: http://dialogue.
adventist.org. Lá você encontrará uma
seleção dos melhores artigos publicados desde
1994, classificados por autor, língua, edição
e departamento. Bom proveito!
Diálogo em alemão?
Algumas semanas atrás, li pela primeira vez um exemplar da Diálogo e gostei
muito do seu conteúdo. Na minha opinião, é uma excelente revista para os estudantes adventistas. Se fosse publicada em
alemão mais leitores se beneficiariam de
seu conteúdo. Estou disposto a ajudar a
traduzir alguns de seus artigos e torná-los
acessíveis a um público maior de leitores.
O que vocês acham?
Jakob Wieck
ALEMANHA
[email protected]
Os editores respondem:
Ficamos felizes em saber que você gostou
da Diálogo e gostaria de ver seus artigos
disponíveis em alemão. Um projeto dessa
natureza requer uma quantidade de tempo
e esforço considerável. Sugerimos que você
contacte o diretor do Departamento de
Jovens de sua União e discuta com ele
como sua idéia pode tornar-se realidade.
Consulte, também, nosso representante
regional da Divisão Euro-Africana, listado
na página 2 da Diálogo. Talvez os artigos
traduzidos possam ser disponibilizados
em um site, eliminando, assim, o custo de
impressão e despesas postais. Podemos conceder permissão para as traduções, se recebermos uma solicitação formal. Sucesso!
Diálogo provê credibilidade
Numa universidade pública de um dos
países de fala francesa da Divisão África
Ocidental, os adventistas enfrentavam
dificuldades em ter sua associação de
estudantes oficialmente reconhecida pela
administração. Fiz uma visita ao vice-reitor para discutir a situação. Apresenteime, mostrei-lhe alguns exemplares da
Diálogo nas suas edições em quatro
línguas paralelas, e expliquei-lhe que a
associação de estudantes adventistas fazia
parte de uma rede global patrocinada pela
Igreja Adventista do Sétimo Dia.
O vice-reitor ficou bem impressionado
e salientou que a revista indicava que a
associação de estudantes adventistas era
uma entidade séria, que merecia ser reconhecida pela universidade. Além disso, ele
expressou seu desejo de receber, também,
futuras edições da Diálogo, pois estava
interessado em seu conteúdo. Já acrescentei o nome do vice-reitor na nossa lista de
distribuição, assim como dos pró-reitores
acadêmico, administrativo e de assuntos
estudantis.
A comissão da CAUPA mecere nossa
gratidão por publicar uma revista de qualidade que fortalece a fé dos estudantes,
dá credibilidade ao nosso ministério no
campus, e serve como instrumento evangelístico quando nos relacionamos com
líderes e professores universitários.
Japheth Agboka
Abidjan, COSTA DO MARFIM
[email protected]
Escreva-nos!
Recebemos seus comentários, reações e
perguntas, mas, por favor, limite suas cartas a 200 palavras. Escreva para:
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As cartas selecionadas para publicação
podem ser editadas para maior clareza
ou necessidade de espaço.
DIÁLOGO 17•2 2005
A ciência descobre Deus
Ariel A. Roth
A precisão encontrada
em todo o Universo e a
complexidade evidenciada
em todos os seres vivos
indicam a necessidade de
um Deus Criador.
Eminentes intelectuais do mundo ficaram chocados! Não poderia ser verdade o
que estavam ouvindo! Em 9 de dezembro
de 2004, a agência Associated Press divulgou a notícia de que o legendário filósofo
britânico Antony Flew, que liderou a
causa ateísta durante mais de meio século,
havia mudado de opinião e decidido que
Deus deve existir. A estonteante notícia
espalhou-se rapidamente por todo o
mundo. A mudança de Flew se dava exatamente no sentido oposto ao dos “etos”
ora dominantes, promulgados pela maioria dos círculos científicos.
A impressionante reviravolta de Flew,
ocorrida cerca de um ano antes, não foi
uma conversão a alguma religião tradicional. Ele passou a crer em um Deus que
tinha de ser o Originador de tudo o que
encontramos, e não um Deus que tenha
produzido uma revelação sobrenatural de
si mesmo, como a Bíblia. Não obstante,
ele comenta que está aberto à possibilidade de que esse Deus poderia, ou deveria,
ter-Se revelado.
Flew é bastante conhecido. Escreveu
quase duas dúzias de livros sobre filosofia, e tem sido considerado como o
mais influente filósofo ateísta em todo o
mundo. Por que razão esse tão famoso
e proeminente pensador teria mudado
e declarado que Deus tem de existir? A
resposta é simples. Por causa dos dados
científicos. A ciência que hoje rejeita
Deus como explicação para a natureza, ao
mesmo tempo está provendo abundantes
dados em favor da Sua existência. Flew
declarou numa entrevista1: “Penso que
os argumentos mais impressionantes a
favor da existência de Deus são os que se
apóiam nas recentes descobertas cientíDIÁLOGO 17•2 2005
ficas.” De especial importância para ele
é o modelo “Big Bang” da origem do
Universo, e a necessária precisão das forças físicas para que a matéria possa existir.
Flew também se impressionou com
as descobertas no mundo biológico. A
vida é muito complexa, e ele se refere
especialmente ao “poder reprodutivo” dos
seres vivos, para o qual os evolucionistas
não conseguiram explicação. Ele comenta
ainda: “Parece-me hoje que as descobertas
de mais de cinqüenta anos de pesquisas
sobre o DNA proporcionaram material
para um novo argumento extremamente poderoso em favor do desígnio. Por
“argumento em favor do desígnio” Flew
entende as evidências em prol de um
arquiteto, que seria Deus. Flew está desejoso de lançar por terra a dominante, mas
restritiva, filosofia da ciência naturalista
(mecanicista) que exclui Deus, permitindo que os dados da natureza falem por
si mesmos. Esses dados apontam para a
necessidade de Deus. Em suas próprias
palavras, ele “teve de se dirigir para onde
as evidências conduzem”.
A sintonia fina do Universo
Numerosas evidências indicam que o
Universo tinha de ser exatamente como
é, senão sua existência, e especialmente
a vida que nele se encontra, não seriam
possíveis. O cosmólogo Hugh Ross enumera 45 diferentes tópicos relacionados
com as características físicas do Universo,
que precisam estar devidamente ajustadas.2
Um exemplo conhecido é provido
pelo nosso próprio Sol. Sem ele a vida na
Terra não seria possível, porque a superfície do planeta se apresentaria extremamente fria. Assim, precisamos da luz solar
para provimento de energia às plantas,
que mantêm a vida através da cadeia alimentar. O Sol produz energia combinando hidrogênio para produzir hélio. Esse
é um processo complexo de liberação de
energia. É o mesmo processo que tem
lugar quando uma bomba de hidrogênio
explode; assim podemos imaginar nosso
Sol como uma bomba de hidrogênio
bem controlada. Nesse processo estão
envolvidos valores precisos para as forças
físicas que mantêm sob controle a fusão
do hidrogênio. Contamos com a constância do Sol, e raramente a apreciamos
quando, dia após dia, ele torna possível a
vida. De fato, ele tem continuado a fazer
exatamente o mesmo durante um tempo
extremamente longo. Não há possibilidade para muita variação dentro do que
já descobrimos. Por exemplo, se a Terra
estivesse apenas 5% mais próxima do Sol,
ou 1% mais distante, isso eliminaria toda
a possibilidade de vida em nosso planeta.3
O valor exato das quatro forças básicas
da física é um dos mais fortes argumentos
científicos a favor da existência de Deus.
Poderia suceder que somente por acaso
existissem esses valores exatos, com o seu
preciso campo de atuação? A existência
de uma Inteligência superior parece ser
necessária a fim de planejar tudo isso. As
quatro forças básicas são a força nuclear
forte, a força nuclear fraca, a força eletromagnética e a gravidade. A força nuclear
forte, por exemplo, é extremamente
poderosa, mas felizmente se manifesta
somente no núcleo atômico, senão quase
tudo no Universo seria compactado. Por
outro lado, a gravidade é muito fraca,
mas atua a distâncias bastante grandes,
mantendo a conformação do nosso sistema solar e das galáxias. Experiências e
cálculos indicam que uma mudança de
apenas alguns pontos percentuais nas forças básicas faria com que todo o Universo
entrasse em colapso. O Universo parece
equilibrar-se no fio de uma navalha. A
relação entre algumas dessas forças tem
de ser extremamente precisa. Referindose à gravidade e à força eletromagnética,
o físico Paul Davies comenta: “Os cálculos mostram que alterações na intensidade de cada uma dessas forças, de somente
1 parte em 1040, significariam catástrofe
para estrelas como o nosso Sol”.4 Esse é
um valor extremamente preciso. Significa
que se deve ter precisão de 1 em 10
seguido de 40 zeros.
A chance dessa precisão ocorrer por via
do acaso é extremamente remota, mas
isso é insignificante ao se combinarem
as várias probabilidades existentes. Para
sermos matematicamente corretos, ao
combinarmos improbabilidades, devemos
multiplicá-las entre si. Isso resulta em
cifras extremamente improváveis para
o que os cientistas estão descobrindo.
Roger Penrose, matemático e físico da
Universidade de Oxford, fez a conta e
descobriu que a precisão necessária para
o Universo era de 1 parte em 10 seguidos
de 10122 zeros.5 Essa é uma probabilidade
extremamente diminuta. Se tentássemos
escrever esse número marcando um zero
em cada átomo existente no Universo,
faltariam átomos logo ao iniciarmos esse
processo.
Como a vida teve início?
O mais desconcertante problema
enfrentado pela evolução é a origem
da vida. Após um século de pesquisas e
proposições de vários tipos de cenários,
não surgiu ainda um modelo plausível.
O problema hoje é muito mais agudo do
que há décadas, porque estamos descobrindo sistemas cada vez mais intrincados
nos seres vivos, que são complexos e que
não poderão operar a menos que todas
as partes estejam juntas. Às vezes isso é
chamado de complexidade irredutível,6 e
representa a principal pedra de tropeço
para o processo evolutivo gradual, porque
não existiria nenhuma vantagem evolutiva para a sobrevivência, até que todas as
partes necessárias estivessem presentes. A
maioria dos sistemas biológicos é desse
tipo, e assim Deus parece essencial à origem de qualquer espécie de vida.
A forma mais simples de vida independente que conhecemos é a de um ínfimo
micróbio denominado Micoplasma. Os
vírus, que são muito mais simples, não
se qualificam como a primeira forma de
vida supostamente evoluída na Terra,
porque não podem se reproduzir por si
mesmos, mas só pela sua associação a
células vivas onde são encontrados. O
minúsculo Micoplasma nada tem de
simples; de fato, é extremamente complexo. Seu DNA provê mais de meio milhão
de bits de informação, que, mediante
o código genético, ditam a fórmula de
quase 500 diferentes espécies de moléculas de proteína que executam uma
multidão de funções químicas específicas
essenciais ao micróbio.
Uma só molécula de proteína é
extremamente complexa e difícil de ser
elaborada com a configuração exata e
necessária para a sua função adequada.
Com freqüência, várias centenas de ami-
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E-mail
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noácidos ligados uns aos outros estão
presentes, e pouca variação pode ocorrer
para que a proteína não deixe de funcionar adequadamente.
Helbert Yockey, biólogo molecular da
Universidade da Califórnia, em Berkeley,
calculou o tempo que levaria para produzir um tipo específico de proteína na
Terra, antes do início da vida. Ele supôs
que isso poderia acontecer em qualquer
local dos oceanos terrestres, e que esses
mares já estivessem bem abastecidos de
aminoácidos. Seus cálculos indicaram que
levaria 1023 anos para ser produzida uma
proteína específica. Em outras palavras,
os quase 5 bilhões de anos que os geólogos comumente atribuem à idade da
Terra, são 10 trilhões de vezes menores
que o tempo necessário para produzir
uma espécie especifica de molécula de
proteína. Ora, são necessárias numerosíssimas espécies específicas de moléculas
de proteína para a vida, todas no mesmo
local e ao mesmo tempo. As moléculas de
proteína são frágeis e por isso, decorrido
o tempo esperado para o aparecimento de
uma segunda molécula específica de proteína, provavelmente a primeira já se teria
desintegrado muito antes, tornando assim
impossível a origem espontânea da vida.
As proteínas são apenas o início dos
problemas para a evolução da vida por si
mesma. O DNA é muito mais complexo
do que as proteínas, e necessário para
produzi-la; e as proteínas são necessárias
para a produção do DNA! Para existir
vida, ambos são necessários — o DNA
e as proteínas — e qualquer deles que
evoluísse primeiro não apresentaria o
valor para sobrevivência que a evolução
necessitaria para acontecer. São necessárias também todas as outras espécies de
moléculas como lipídios e carboidratos, e
muitas estruturas altamente especializadas
que se encontram nas células vivas. Além
do mais, é necessário o código genético.
Como produzir um complexo código
genético mediante mudanças evolutivas
aleatórias? O código é inútil até que o
DNA que o dita, e as moléculas especiais
que o lêem, entendam a mesma linguagem.
Após a evolução da primeira vida sobre
DIÁLOGO 17•2 2005
a Terra, o organismo resultante desapareceria caso não pudesse reproduzir-se. A
reprodução é uma das principais características dos organismos vivos — e é
extremamente complexa. Na reprodução
tem-se de duplicar todas as muitas partes
necessárias da célula, sem o que o novo
organismo não sobreviverá. Às vezes o
processo pode ser muito sofisticado. Por
exemplo, quando o DNA é copiado para
uma nova célula ou organismo, podem
ocorrer erros na cópia da informação.
Esses erros são bastante comuns, e a vida
se tornaria impossível se não houvesse um
sistema de revisão e edição. Há na célula
um conjunto de proteínas que conferem o novo DNA produzido, e quando
detectam um erro de cópia, removem-no
e o substituem por uma versão correta.
A complexidade é ainda maior em organismos avançados. Órgãos como o olho
humano, que apresenta complexos sistemas de acomodação, e o cérebro, com
seus 100 bilhões de conexões nervosas,
também têm de ser levados em conta. No
decorrer de todo o processo evolutivo,
muitos milhares de novas espécies de
proteínas seriam necessários. Atualmente,
entretanto, os bilhões de anos propostos
para a evolução são um intervalo de
tempo muito curto para produzir sequer
uma molécula específica de proteína!
Deus parece ser absolutamente essencial.
Um paradoxo!
Em vista dessas evidências avassaladoras da necessidade de Deus, por que
a comunidade científica não divulga
tudo isso? Em lugar, encontramos um
número significativo de cientistas tentando ardorosamente demonstrar como
a vida poderia ter surgido por si mesma.
Outros cientistas alegam que toda sintonia fina do Universo é somente uma
seqüência de acasos bem-sucedidos.
Ainda muitos outros cientistas que crêem
em Deus guardam silêncio quando
vem a foco a questão da Sua existência.
Essencialmente, Deus é excluído dos
compêndios e revistas científicas. Como
atualmente praticada, a ciência é uma
combinação peculiar de pesquisa em
busca da verdade sobre a natureza, e de
DIÁLOGO 17•2 2005
filosofia secular excludente de Deus.
Lidamos hoje com uma comunidade
científica que tem esse forte compromisso
materialista (mecanicista, naturalístico),
que considera anticientífico incluir Deus
como fator explanatório na ciência. Não
é permitida a presença de Deus no cardápio das possíveis explanações científicas.
Isso desmente o quadro usual da ciência,
que é apresentada como pesquisa aberta
da verdade, que segue os dados da natureza para onde eles possam conduzir. Esse
potente secularismo existe na ciência, a
despeito do fato de que 40% dos cientistas nos EUA crêem num Deus que
responde a suas orações, contra 45% que
não crêem, e 15% que não têm certeza.7
Parece que aquilo em que os cientistas
crêem, e aquilo que publicam quando
se revestem do secularismo da ciência,
podem ser coisas bastante divergentes.
Nos séculos passados, a ciência não era
uma filosofia secular. Alguns dos maiores cientistas de todos os tempos, como
Isaac Newton, incluíam Deus em suas
explanações acerca da natureza. Outros
eminentes cientistas que ajudaram a
estabelecer os fundamentos da ciência
moderna, como Kepler, Boyle, Galileu,
Lineu e Pascal, todos criam em um Deus
que se manifestava na natureza, e a Ele
se referiram em seus escritos científicos.
Eles não viam nenhum conflito entre
suas descobertas e Deus, pois criam ser
Ele quem estabeleceu as leis e a consistência da natureza, que tornam possível
seu estudo científico. Demonstravam que
Deus e boa ciência podem coexistir. Hoje
a norma é que se deve tentar explicar
tudo materialisticamente, sem a presença
de Deus.
Deve-se conservar a perspectiva de
que, no decorrer dos séculos, os padrões
do pensamento humano mudaram dramaticamente. As prioridades intelectuais
na Antigüidade eram diferentes daquelas
durante a Idade Média, como essas foram
diferentes das de nossa era científica.
E podemos esperar maiores mudanças
no futuro. Isso levanta uma importante
questão: a ciência é boa ou má? A resposta é que uma das lições mais importantes
que podemos tirar desta era científica é
que existem tanto a boa como a má ciência. Descobrir a intensidade das forças
da física é boa ciência. Descrever o fóssil
Archaeoraptor como um intermediário
evolutivo entre dinossauros e aves é má
ciência. Realmente, esse fóssil mostrou ser
uma composição fraudulenta. A cauda de
um dinossauro foi tão habilmente acrescida ao corpo de uma ave por um colecionador de fósseis, que conseguiu iludir
numerosos cientistas os quais, por sua
vez, estavam muito desejosos de demonstrar que as aves evoluíram dos dinossauros.8 Não desejamos esquecer o lado bom
da ciência, que é tão importante, mas não
queremos ser iludidos pela má ciência.
Como podemos distinguir entre a boa
e a má ciência? Infelizmente, não se pode
acreditar sempre no que dizem os cientistas. Por exemplo, se transparece na natureza que tem que existir um Deus presente para a explicação das complexidades
descobertas, alguns cientistas podem
submeter-se ao “etos” secular e à pressão
sociológica da comunidade científica e
não relatar esse fato. Preconceitos como
esse exigem que cavemos mais fundo
nos questionamentos, para descobrirmos o que realmente está acontecendo.
Isso pode ser trabalhoso, e muitos não
disporão de tempo para assim proceder.
Contudo, deve-se ser pelo menos cauteloso para aceitar pronunciamentos científicos. Tendo-se oportunidade para estudar mais profundamente certo tópico,
algumas das características de uma firme
conclusão científica são: (1) concordância com todos os dados disponíveis; (2)
possibilidade de testar as idéias, especialmente mediante experimentos repetíveis
que possam refutá-las; (3) preditibilidade
de conclusões não conhecidas; (4) não
ocultação da conclusão pela teoria ou
por controvérsia. Muitos cientistas não
compreendem como é difícil demonstrar
um simples fato científico, e infelizmente
muito do que se publica em ciência é
somente especulação.
Conclusão
Em resumo: toda a precisão que estaContinua na p. 15
Qual é o propósito da oração?
Dan Smith
A oração não muda o
caráter ou o coração de
Deus, mas dá a Ele novas
oportunidades de operar
Suas maravilhas.
Jim Thomas parecia seguro de que a
oração não levava a nada.
Jim estava no último ano do ensino
secundário. Ele orava cada dia e isso já
por dois anos. Ele orava especificamente
por alguma coisa. Ele orava com grande
fé, mas nada acontecia. Assim, Jim chegou à conclusão fatal: a oração simplesmente não funciona. Então ele deixou
de orar. Nada que eu tentasse poderia
fazê-lo orar de novo.
O que você teria dito a Jim?
As perguntas mais difíceis acerca de
Deus normalmente são aquelas relacionadas à oração.
Se Deus já sabe, por que então dizerLhe o que queremos ou precisamos?
Se Ele já é bom, por que então temos de
orar a fim de persuadi-Lo a fazer alguma
coisa?
Se, no Grande Conflito, Ele já decidiu
que algum mal tem de existir, por que
então temos de Lhe pedir que mude essa
linha de conduta?
Por que não ocorrem mais milagres e
respostas às orações? Seria por que não
estamos orando o bastante? Com suficiente
fé? Ou não há pessoas suficientes orando?
Debati-me com essas questões por
anos, mas elas se tornaram ainda mais
reais durante meu primeiro verão depois
da faculdade. Eu era um jovem pastor
em Portland, Oregon, ajudando numa
série de conferências evangelísticas. As
reuniões não começaram muito bem.
Quase ninguém vinha assisti-las. Cada
noite tínhamos de retirar algumas
cadeiras para que o salão não parecesse
tão vazio. Cada manhã derramávamos
nossa alma em oração perante Deus,
clamando para que Ele enviasse as pes
soas. Então eu me cansei. É claro que
Deus queria que as pessoas viessem,
mesmo antes de orarmos. É claro que
Ele já estava tentando fazer com que
as pessoas viessem. E é claro que Ele
não iria trazê-las contra a sua vontade.
Qual seria, então, o propósito de nossas
orações?
Assim, tenho nos últimos trinta anos
tentado encontrar respostas a todas
as minhas perguntas, e às milhares de
outras perguntas que os membros de
minha igreja têm feito ao lado dos leitos
dos hospitais, em velórios e após cada
desastre. Aqui estão algumas das conclusões a que consegui chegar:
1. A oração serve primeiramente
para solidificar nosso relacionamento
com Deus. Orar não é como colocar
moedas num daqueles fonógrafos automáticos para ouvir música, ou pedir a
Deus, como a um “gênio” celestial, que
faça alguma mágica para nós. Deus está
interessado em relacionamentos (“Eu os
tenho chamado amigos”, João 15:15).
A oração se destina ao louvor, ao culto,
à comunicação, a ouvir e “estar” com
Deus. Eu desligo o som do automóvel
e então oro, ou me tranco em meu
banheiro apenas para estar com Deus.
2. Deus é constante. Seja qual for
a nossa teologia da oração, ela não
pode desfazer todas as nossas outras
crenças acerca de Deus. Deus é infinita
e perfeitamente bom. A oração não
pode persuadi-Lo a ser melhor do que
Ele já é. Ele sabe o que é melhor e o
deseja para nós. Ele veio para dar vida
e vida mais abundante. Ele não é como
um ladrão, roubando ou tirando vidas
(João 10:10). Deus é o rei que estendeu
o cetro para Ester; é o pai que espera
pelo filho pródigo; é Aquele que disse à
mulher apanhada em adultério: “Nem
Eu tampouco a condeno. Agora vá e
não peque mais” (João 8:11). Seu amor,
graça e perdão são constantes (Romanos
8:38-39; Malaquias 3:6; Hebreus 13:8).
Uma das minhas primeiras conclusões foi que Deus não passa a agir mais
rapidamente só por causa da oração.
João 5:17 em diante diz que Deus, o
Pai, e o Filho estão constantemente tra-
balhando. Eles, de fato, nunca descansam. Ninguém pode jamais se achegar
a Deus e acusá-Lo de estar retendo os
recursos divinos. Deus já deu tudo o
que tinha!
3. A oração serve para mudar o
homem, não a Deus. Se Deus é a
constante, então nós temos de ser as
variáveis. Se a oração não pode tornar
Deus melhor, mais sábio, mais beminformado, ou fazê-Lo trabalhar mais;
e se a oração, de fato, opera e muda
as coisas, então ela serve para mudar
o homem. Nós somos as variáveis.
Assim, a oração faz com que estejamos
mais dispostos, mais conscientes e mais
envolvidos. Aqueles dentre vocês que
partilham da mesma tradição religiosa
que eu vão facilmente reconhecer estas
famosas palavras: “A oração não se destina a efetuar qualquer mudança em
Deus, deve elevar-nos à harmonia com
Ele”.1 “Não que seja necessário a fim de
tornar conhecido a Deus o que somos;
mas sim para nos habilitar a recebê-Lo.
A oração não faz Deus baixar a nós,
mas eleva-nos a Ele”.2
4. A oração nos sintoniza com a
sabedoria e o poder de Deus. Jesus
disse que Ele envia o Sol e a chuva
sobre o justo assim como sobre o injusto (Mateus 5:43-48). Mas, o Sol seria
sem valor se você não saísse e o desfrutasse. A graça de Deus é constante — a
oração abre o nosso coração e alma a
fim de podermos recebê-la. Orar pelos
outros faz com que nos tornemos canais
de graça e poder para eles. Ouvimos os
sussurros divinos, Suas sugestões para
chamar alguém, para ir e gastar tempo
com outrem, ou para apoiar financeiramente um projeto missionário.
Permitam-me contar-lhes a história
de Doug Coe, o qual ensina as pessoas a
orar. Ele disse a Bob, um recém-convertido e inexperiente crente em termos de
oração, a orar por alguma coisa todos
os dias durante seis meses, e se nada
acontecesse ele lhe daria US$500. Bob
aceitou e decidiu orar por um país. O
Quênia foi escolhido. Depois de alguns
meses, ele se assentou próximo a uma
senhora durante um jantar, e pergunDIÁLOGO 17•2 2005
tou-lhe o que fazia. Ela dirigia um
orfanato no Quênia. Naquele instante
Bob percebeu que perdera os US$500!
Acabou voando para lá e ajudando o
orfanato; em seguida, começou a coletar
suprimentos em indústrias farmacêuticas e médicas para os órfãos. Ele se
encontrou com o presidente do país e
outras autoridades, e exerceu um profundo impacto no Quênia. É assim que
a oração funciona!
5. A oração coloca nossa vontade em harmonia com a vontade de
Deus. A vontade de Deus é perfeita e
nós ainda estamos em fase de crescimento. Portanto, Deus é a constante e
nós as variáveis. A oração é o método
pelo qual permitimos que Deus opere
em nosso coração para realinhar os
nossos pensamentos e escolhas de acordo com a Sua vontade. “Agrade-se do
Senhor, e Ele satisfará os desejos do seu
coração” (Salmo 37:4). Deus recalibra
nossos desejos e então podemos orar
por qualquer coisa que queiramos,
sabendo que oramos por aquilo que Ele
deseja nos dar (Filipenses 2:12-13).
6. Não podemos jamais usar a oração para redefinir o grande conflito
entre o bem e o mal. Apocalipse 7:1-4
deixa bem claro que Deus definiu uma
linha onde Ele limita o mal, mas nos
últimos dias Ele começará a mover essa
linha, permitindo que todo o Universo
veja as conseqüências do mal. Não
deveríamos usar a oração para tentar
fazer com que Deus repense essa linha,
como se soubéssemos melhor onde ela
deveria estar. “O Senhor nosso Deus é
justo em tudo o que faz” (Daniel 9:14).
7. Deus opera por meio de pessoas
para responder à oração intercessória. Esse é o aspecto mais desafiador
acerca da oração. Se a oração não muda
a Deus, então por que orar? Seria a oração apenas uma estratégia psicológica,
processo de auto-sugestão ou pensamento positivo? Não, de forma nenhuma! A oração faz uma grande diferença,
e não se trata da prática de jogos mentais. A oração envolve a Deus e muda a
dinâmica do Universo. Ela não persuade
a Deus a ser melhor do que Ele já é.
DIÁLOGO 17•2 2005
O Grande Conflito que ocorre
no mundo envolve dois “exércitos”
— Deus e as forças celestiais, e Satanás
e seus aliados aqui em baixo. Se admitirmos que Deus é bom, constante, e
que já está operando no máximo dos
Seus limites no conflito, então a oração
não vai, realmente, mudar esse lado do
problema. Não há como.
Mas ela pode mudar o lado humano
e terreno do problema. Quando oramos, dispomos o nosso coração, nossos
bens, nosso tempo e energias à Sua
vontade. Deus tem em Suas mãos agora
recursos de que nunca dispôs antes. Se
os 1,5 bilhões de cristãos se envolverem,
se entusiasmarem e ficarem apaixonados para estabelecer o reino de Deus
“na Terra assim como ele é no Céu,”
o mundo vai mudar. As forças do mal
haverão de recuar. Aliamo-nos a Deus
para “mover montanhas.” Ofertas generosas serão dadas, as pessoas se recusarão
a aceitar o status quo; elas se lançarão às
missões evangelísticas; formarão forçastarefa para energizar sua igreja; encontrarão respostas para os problemas dos
pobres e necessitados na sua área. Elas
lutarão por justiça social. E o mundo
vai mudar.
A oração muda a Deus? Sim! A oração não muda o caráter de Deus ou o
Seu coração, mas dá a Ele novas oportunidades de operar Suas maravilhas. O
mundo se torna um lugar melhor e as
pessoas vêem os efeitos das ações divinas. Então a “pedra” de Daniel 2:44-45
começa a crescer, e o reino de Deus
se torna poderoso tanto local quanto
mundialmente. É isso o que a oração
pode fazer.
Utilizo três analogias que me têm
ajudado a entender melhor a oração:
(1) o modelo das ondas. Se você joga
uma pedra numa represa, ela provoca
a maior onda exatamente no “ponto
zero,” e as ondas então se espalham até
atingirem a margem. Da mesma forma,
quando oramos, abrimos nosso coração
a Deus, e Ele produz o maior impacto
no “ponto zero,” em minha vida. Mas,
porque vivo em solidariedade com
minha família, quando mudo é provável
que eles também o façam. Porque sou
pastor de uma grande igreja, posso pregar melhor e influenciar os membros, e
eles podem se espalhar pelo mundo e,
quem sabe, fazer a diferença por onde
forem. Mas, se eu apenas oro individualmente pelo presidente de certo país,
o impacto pode ser bem pequeno. (2)
A mesma teoria funciona com bolas de
bilhar: ao impelir a bola branca, ela vai
bater numa bola apenas, mas as demais,
em solidariedade, se espalham por toda
a mesa. É isso o que acontece quando Deus muda a vida de uma pessoa
por meio da oração. (3) A Internet: a
rede é feita de milhares de servidores.
Quanto mais servidores, mensagens
mais rápidas poderão se espalhar pelo
mundo quase que instantaneamente.
Quando os grandes servidores deixam
de operar, as mensagens se movem mais
vagarosamente e não chegam a todas
as partes. Cada cristão é um servidor.
Quanto mais cristãos orarem, maior a
rede através da qual Deus pode encontrar doadores e recebedores, isto é, mais
possibilidades de milagres.
Tony Campolo conta uma história
muito interessante. Ele devia falar numa
instituição pentecostal de ensino superior. Antes de começar, um grupo de
pessoas o rodeou, puseram-lhe as mãos
sobre cabeça e oraram. Um quartanista
de teologia fez uma longa oração sobre
uma família que ele conhecera pela
manhã. O esposo estava deixando o lar.
O jovem descreveu o lugar onde conversara com a família, o endereço, tudo.
Campolo queria que ele fosse direto ao
ponto. Após o sermão, ao estar voltando para casa, Campolo deu carona a
alguém que estava à beira do caminho.
Ao perguntar-lhe o nome, “Charlie
Stolsis” foi a resposta, o mesmo nome
mencionado na oração horas antes.
Campolo deu meia-volta com o carro e
Stolsis perguntou-lhe onde estava indo.
“Vou levá-lo para casa.”
“Como você sabe onde moro?”
“Deus me contou! Você deixou sua
esposa esta manhã, não deixou?”
Continua na p. 15
Seis mitos do casamento
Calvin Thomsen
A maior felicidade
no casamento não é
encontrada em sua euforia
inicial, mas na satisfação
de longo prazo obtida na
parceria fiel de muitos
anos.
A felicidade no matrimônio pode
ser duradoura ou fugaz. Alguns estão
casados por 40 anos ou mais, e o amor
e romance estão vívidos, alegres como
se fossem casados há um mês. Outros
mal terminam de abrir os presentes de
casamento e já percebem amargura no
relacionamento, passando a pensar em
divórcio ao invés de um lar permanente.
O que faz a diferença entre a felicidade
duradoura e um breve romance no casamento?
Pesquisas modernas nos dão algumas
indicações. John Gottman, professor de psicologia da Universidade de
Washington, realizou algumas pesquisas
pioneiras no atual contexto norte-americano. Gottman tem estudado milhares
de casais, levando em consideração as
muitas variáveis que afetam a estabilidade matrimonial. Sua pesquisa tem ajudado a esclarecer fatores que conduzem à
felicidade conjugal, e outros indicativos
que apontam para uma batalha penosa
rumo a um provável divórcio.
A pesquisa também sugere alguns dos
grandes mitos que cercam o amor e o
casamento. Esses mitos não se originaram dos antigos rituais e lendas tribais,
mas da suposição comum que muitas
pessoas acatam como verdade. Vale a
pena explorar alguns desses mitos e
analisar as implicações de construir uma
sólida relação matrimonial.
Mito 1: Grandes expectativas podem
arruinar o casamento. O casamento geralmente é visto como uma boa
proposta de negócios — criar filhos,
gerenciar bens e construir alianças entre
10
famílias. Além do mais, esperamos que o
casamento seja eternamente romântico,
cheio de paixão sexual, amizade íntima,
abrangendo todas as bases tradicionais de
paternidade, conexões familiares e administração financeira cotidiana.
As altas expectativas são consideradas como irreais e prejudiciais a um
casamento feliz, mas pesquisas recentes
indicam que, conquanto seja necessário ser realista em nossas esperanças, as
altas expectativas podem levar a maiores
investimentos e a melhores resultados na
relação. Pessoas com baixas expectativas
aparentemente não investem muito num
bom relacionamento e estão dispostas a
se contentar com uma união mediana ao
invés de excelente. Gottman diz: “Pessoas
que têm altos padrões e expectativas para
o seu casamento desfrutam melhores e
não piores uniões”.1
Mito 2: Homens são de Marte e
mulheres de Vênus. Essa expressão,
derivada de um livro muito conhecido
por seu título, sugere que homens e
mulheres possuem diferenças profundas
e desejam fundamentalmente coisas diferentes em seus casamentos. Um dilúvio
de livros populares tenta ajudar os casais
a lidarem com suas diferenças, sob a premissa de que existe uma enorme lacuna
entre o que homens e mulheres desejam.
São os homens e as mulheres tão diferentes de maneira a afetar o casamento?
Conquanto a resposta, como podemos
notar, seja “sim”, os livros populares
negligenciam o importante fundamento
comum existente entre o que o homem
e a mulher almejam no casamento e
suas necessidades e desejos. E, ainda
mais importante, eles negligenciam o
fato de que a evidente diferença entre os
sexos tem estado ligada, na pesquisa, a
casamentos infelizes, porquanto “existem
muito poucas diferenças de sexo em
casamentos felizes”.2 O “machismo tradi
cionalista”(refletido na dominante e controladora abordagem do casamento) está
estatisticamente correlacionado a baixos
níveis de qualidade no matrimônio.3
Sim, existem algumas diferenças
comuns que surgem com a pesquisa. Os
homens, por exemplo, são mais propen-
sos a retroceder quando existe um conflito
marital, e as mulheres tendem a agir mais
verbalmente. Isso provavelmente aconteça
porque os homens tendem a “saturar-se”
mais facilmente de emoções negativas, e
levam mais tempo para se recuperarem
fisiologicamente após uma discussão. Os
homens também possuem a tendência de
querer resolver o problema, enquanto as
mulheres freqüentemente preferem um
homem que as ouça. Os homens se inclinam a ser mais visuais na atração sexual,
e menos influenciáveis no contexto da
relação. As mulheres geralmente são mais
peritas em se ajustar ao estado emocional
de outras pessoas, e os homens tendem a
ser mais competitivos na conversação.
O fato é que a pesquisa também mostra
que homens e mulheres querem consider a
vel mente as mesmas coisas no casamento,
e ambos relatam que a profunda amizade
é o mais satisfatório num bom relacionamento. Listas de outros fatores que predizem um bom casamento mostram que há
somente leves diferenças em como os sexos
se posicionam, quanto ao que realmente
os satisfaz numa relação íntima.4 Um dos
segredos mais bem guardados no mundo
dos relacionamentos é que o homem, em
média, sofre mais complicações emocionais e físicas do que a mulher quando está
sem relacionamento íntimo.
Casais que constroem sólidas relações
estão sintonizados com as personalidades
específicas de seus parceiros, e buscam
uma firme amizade como base do bom
relacionamento. Eles respeitam as diferenças entre os sexos quando elas existem, e
buscam opções para satisfazer as necessidades um do outro. Conquanto a Bíblia, de
certa forma, use uma linguagem diferente
para descrever o papel do homem e da
mulher no casamento, o elemento comum
é, mutuamente, uma atitude altruísta em
que ambos estão receptivos e atentos às
necessidades do outro (ver Efésios 5:2133). Essa não é a descrição de uma divergência selvagem entre o papel dos sexos,
ou acerca do domínio do homem sobre a
mulher, mas de uma associação amorosa e
mútua onde ambos os parceiros estão dispostos a “caminhar a segunda milha” pelo
bem do outro.
DIÁLOGO 17•2 2005
Mito 3: Ouvir efetivamente e evitar
a ira são as chaves para administrar
conflitos numa boa relação. Durante
várias décadas tem surgido uma variedade de livros e artigos, sugerindo que os
casais empreguem o processo conhecido
como “ouvir efetivamente” durante os
conflitos matrimoniais. Ouvir efetivamente envolve clara identificação dos
sentimentos do outro, usando palavras
ternas e tentando repetir as preocupações citadas pelo parceiro em forma de
paráfrase. Isso é bem similar ao que os
terapeutas fazem quando escutam seus
clientes. Os pesquisadores que analisaram
cuidadosamente as brigas matrimoniais
esperavam encontrar, nos casais bemsucedidos, o uso regular desse conhecimento para resolver seus desentendimentos e esclarecer conflitos no casamento.
Mas não foi isso o que eles descobriram. De início, eles notaram que
praticamente ninguém, na verdade, fala
dessa forma no calor de uma discussão.
As pessoas simplesmente não usam as
palavras prescritas quando as tensões
estão em alta. Ainda em raras situações,
quando o fazem, não há direta influência
na resolução do conflito. Nas palavras de
Gottman, “isso nada prediz”.5 Pode ser
que os casais que adotaram tal modelo
terminaram esperando um tipo de perfeição no calor do conflito que simplesmente não foi realística.
O estudo, porém, indicou que ouvir
efetiva e atenciosamente é valioso de
muitas maneiras. Por exemplo, pode
ajudar um parceiro a escutar enquanto o
outro está se queixando de alguém mais
(como o chefe no trabalho). Também
é de muita valia numa “conversação de
recuperação”, que os casais trabalhem
pela restauração do relacionamento
depois de uma briga. E isso pode definitivamente ajudar os casais a fortalecerem
a intimidade e passarem a conhecer
melhor um ao outro, quando não estão
em meio a um conflito. Mas a pesquisa
matrimonial mostra que, no calor de
uma briga, poucas pessoas têm a capacidade de seguir as “regras” da boa comunicação. A maioria das pessoas encontra
dificuldade em escutar realmente o que
DIÁLOGO 17•2 2005
o parceiro está dizendo, e até mesmo os
melhores comunicadores são apanhados defendendo suas próprias posições
durante uma discussão. Alguma medida
de paciência é requerida durante um
conflito matrimonial!
Também é interessante o estudo da ira
no contexto matrimonial. A ira, por si
só, não foi correlacionada estatisticamente ao divórcio, mas o descaso e a atitude
defensiva, sim.6 Casais que brigam muito
não são necessariamente menos felizes do
que pares que não brigam. Muitos casais
que tendem a brigar também sabem
como beijar e fazer as pazes. Em verdade,
um certo volume de conflito e disputa
foi relacionado à duradoura paixão no
casamento.7
Não é a ira em si que mina o casamento, mas o fracasso em resolvê-la.
As pesquisas indicam que a raiva “contendora” é um problema. Muitos pesquisadores têm descoberto que tentar
“jogar tudo para o alto”, descarregando
sobre o cônjuge, na verdade aumenta o
nível de ira e estresse para a pessoa que a
expressa. E a proporção abrangente entre
um enunciado positivo e um negativo
feito ao parceiro pode definitivamente
ajudar a predizer as probabilidades de
divórcio. Os casais felizes citaram pelo
menos cinco comentários positivos para
cada um negativo. Um estilo conflituoso
e briguento também é problema quando somente um dos cônjuges se sente
confortável com esse estilo, isto é, um
dos parceiros gosta de brigar e o outro se
encontra emocionalmente fragilizado; o
estresse pode durar horas ou mesmo dias.
A Bíblia afirma que a ira não é pecado
(Efésios 4:26), mas também diz “não se
ponha o sol sobre a vossa ira”. Escutar
efetivamente pode ser parte do reparo
de uma relação após um conflito, mas
necessitaremos perdoar a nós mesmos e
a nosso companheiro pelas imperfeições
na maneira com que lidamos com as
diferenças.
Mito 4: Os casamentos inevitavelmente decaem com o tempo. A maioria
das pessoas acredita que a paixão inevitavelmente morre e os casamentos se tornam mundanos à medida que o tempo
passa. Embora muitos casais citem um
declínio na satisfação matrimonial com o
passar do tempo, há muitas descobertas
interessantes em recente pesquisa que
mostra não ser isso inevitável. Na verdade, o casamento é como muitas outras
coisas; é totalmente possível ficar melhor
com a prática. O terapeuta matrimonial
David Schnarch diz que é apenas mais
tarde na vida em conjunto com um
parceiro monogâmico, que as pessoas
podem começar a descobrir sua paixão
e potencial sexual.8 Da mesma forma,
a pesquisa de Gottman mostrou que
muitos casais descobrem maior tolerância, maior apreço e muito maior desejo
de estar com o outro com o passar do
tempo. A maior felicidade no casamento
não parece ser encontrada na euforia
inicial, mas na satisfação em longo prazo
havida num matrimônio de muitos anos.
A paixão não é algo dependente da
idade. Agora sabemos muito sobre a
bioquímica e neurologia do amor e da
paixão. A “química” de um relacionamento muda com o tempo. Há uma
euforia inicial num novo amor que geralmente dura cerca de dois anos, e o tipo
específico de química que caracteriza
um relacionamento de longo prazo não
é o mesmo da química embriagante que
fomenta um novo amor. Mas muitas
pessoas desistem de um relacionamento
após a química inicial começar a mudar.
Elas entram numa série de relacionamentos que não duram mais de dois anos,
não percebendo que a satisfação emocional de um amor em longo prazo pode
ser mais gratificante que a busca por um
novo amor.
Mito 5: Uma pessoa que sente
pouca paixão sexual espontânea está
sexualmente morta e é uma pobre
parceira conjugal. Quando imagens
superaquecidas de sexo constantemente
bombardeiam através da mídia, muitas
pessoas casadas sentem que deveriam
estar continuamente abrasadas com
paixão por seu cônjuge. Se eles se vêem
entre contas e lavanderia, raramente pensando em sexo, e querem apenas dormir
toda vez que a oportunidade se apresente, podem sentir-se culpados.
11
Até bem recentemente, os sexólogos
supunham que todas as pessoas experimentam o desejo sexual da mesma
forma. Algo que você sente desperta um
sentimento subjetivo de estimulação. A
estimulação gera o desejo sexual, mas,
como Michelle Weiner Davis cita, “para
algumas pessoas, o desejo sexual — o
motivo de tornar-se sexual — não precede o sentimento de excitação; ele na
verdade o segue”.9 Em outras palavras,
há pessoas que raramente experimentam fantasias apaixonantes, mas, se elas
se sentem excitadas com seu parceiro,
podem descobrir que apreciam profundamente a experiência e se tornam muito
mais unidas.
Pessoas que tiveram a sensação
frustrante de fracasso, de culpa e distanciamento de seus cônjuges, podem
descobrir que pôr esse mito de lado os
ajuda a se sentirem muito melhores com
eles mesmos e mais responsivos para com
seus parceiros. É também um lembrete
de que o contexto de um casamento
estável e comprometido, no qual as pessoas não negligenciam as necessidades
Diálogo grátis
para você!
Se você é um estudante adventista do
sétimo dia que freqüenta faculdade ou universidade não-adventista, a Igreja tem um
plano que lhe permitirá receber gratuitamente a revista Diálogo enquanto você estiver estudando (aqueles que não são mais
estudantes podem assinar Diálogo usando o
cupom da página 6). Entre em contato com
o diretor do Departamento de Educação
ou do Departamento de Jovens de sua
União, e peça que seu nome seja colocado
na lista de distribuição da revista. Forneça
seu nome completo, endereço, faculdade ou
universidade onde está estudando, o curso
que está fazendo e o nome da igreja onde
você é membro. Você pode também escrever para os nossos representantes regionais
nos endereços indicados na página 2, anexando uma cópia da carta que enviou aos
diretores da União já mencionados. Caso
os passos acima não produzirem nenhum
resultado, você poderá contatar-nos via
e-mail: [email protected].
12
íntimas de cada um, pode na verdade ser
o cenário para gerar paixão marital. A
chance para investir na intimidade marital é boa para esposos e esposas.
Mito 6: Os opostos se atraem. A
proposição dessa crença é de que somos
atraídos por alguém com muitas diferenças, porque nos sentimos mais completos
diante das desigualdades dele ou dela.
Mais uma vez há alguma verdade nisso,
mas não em sua totalidade. As pessoas
procuram encontrar algumas diferenças
como fator positivo e ponto de atração.
As pesquisas mostram que as melhores
uniões incluem mais similaridades do
que diferenças, e que sendo parecidos em
muitos aspectos (tais como idade, educação, preferência religiosa e valores básicos
de vida, etc.) haverá maiores níveis de
satisfação marital.10 Uma pesquisa sobre
tipos de temperamento (tais como a
escala de Meyer’s Briggs) mostra que os
casais podem apreciar algumas diferenças
mas, aqueles que são opostos em todas
as quatro escalas são menos felizes que os
mais parecidos.11
O melhor meio de abordar o assunto sobre as diferenças é entender que a
maioria de nós aprecia poucas diferençaschave nos estilos que dão equilíbrio à
vida. É bom aceitar essas diferenças e não
começar um projeto de reforma massiva,
uma vez que já nos “enforcamos” mas, se
você está procurando um parceiro, não
suponha simplesmente que muitas diferenças serão fáceis de superar. As diferenças a que você “faz vistas grossas” na relação podem tornar-se mais desafiadoras
com o passar do tempo. É muito melhor
buscar alguém que realmente compartilhe
seus valores básicos e estilo de vida.
Algumas conclusões
O casamento é uma grande aventura.
É também uma das arenas mais desafiadoras da vida. Num mundo com falsas
imagens de amor e romance, quanto
mais soubermos mais efetivos podemos
ser na busca de um companheiro e na
construção de um notável matrimônio,
uma vez tenhamos encontrado essa pessoa especial.
Que princípios podemos ressaltar?
Primeiro tenha a certeza de que você
está construindo uma forte amizade com
alguém com quem pensa em se casar, ou
com a pessoa com quem você se casou.
Trabalhe na construção de uma forte
comunicação, mas não espere perfeição,
especialmente no calor de uma discussão.
Não se deixe enganar por uma corrida
inicial de química eufórica ou de pânico
quando ela se acaba. Os ingredientes de
uma paixão duradoura e de comprometimento são muito diferentes do que você
assiste nos filmes e na TV.
Trabalhe os pontos que você tem em
comum com o cônjuge, especialmente
na área de valores básicos de vida e no
modo em que vive. Se você ainda não é
casado, apenas se lembre de que aqueles com quem possui mais semelhança
podem ser mais importantes do que você
imagina.
Calvin Thomsen é pastor do ministério familiar na Universidade de
Loma Linda da Igreja Adventista do
Sétimo Dia na Califórnia. Thomsen
está concluindo seu Ph.D. em terapia matrimonial e familiar, e leciona
terapia familiar, terapia matrimonial
e terapia sexual na Universidade de
Loma Linda, sendo ainda conselheiro
pastoral na Universidade de La Sierra
Email: [email protected].
Referências
1. John Gottman, The Marriage Clinic: A
Scientifically Based Marital Therapy (New York,
Norton, 1999), p. 18.
2. Idem, p. 83.
3. Robert Sternberg, Cupid’s Arrow: The Course
of Love Through Time (Cambridge: Cambridge
University Press, 1998), p. 123.
4. Idem, 150-152.
5. Gottman, p. 11.
6. Idem, p. 12.
7. Idem, p. 14.
8. Ver David Schnarch, Passionate Marriage (New
York: Holt, 1997).
9. Michelle Weiner Davis, The Sex-Starved
Marriage (New York: Simon and Schuster,
2003), p. 12.
10.Ayala Pines, Falling in Love: Why We Choose the
Lovers We Choose (New York: Routlidge, 1999),
p. 53.
11.David Keirsey, Please Understand Me II (Del
Mar, California: Prometheus Nemesis Book
Company, 1998), p. 212.
DIÁLOGO 17•2 2005
Alegria: o segredo de viver contente
Céleste Perrino-Walker
É tanto nosso dever
como privilégio viver com
alegria e caminhar na luz,
disseminando-as pelo mundo
ao redor.
É possível confundir felicidade com
alegria. De fato, isso é fácil. As pessoas
vivem em seus pequenos espaços aqui na
Terra, pensando desfrutar alegria em seu
coração, quando, na realidade, o que realmente têm é boa saúde, condições estáveis e estômago satisfeito. O contrário é
também possível. É comum alguém estar
sobremodo triste e sentir-se tão longe da
alegria como o Norte dista do Sul, e que
nunca a alcançará.
O fato é que se algum elemento externo, circunstância ou pessoa afetarem seu
contentamento, então o que você possui
não é, na verdade, alegria. A alegria é
como a fé. Enquanto a fé espera algo que
você não pode ver e acredita na promessa
de algo que não pode tocar, a alegria
é crer na esperança do Céu. Alegria é
olhar para um quadro mais amplo; é
alento para a jornada e não impressões do
cenário por onde você passa ao longo do
caminho.
Quando a caminhada é árdua
A alegria manifesta-se sob circunstâncias difíceis. É nesse momento que ela
se revela. É nesse momento que você a
exercita como um músculo. A felicidade,
por outro lado, se desvanece em face do
sofrimento. A alegria resiste ao sofrimento. Essa é a diferença entre felicidade
e alegria. Felicidade é um sentimento.
Alegria é um estado de ser.
As boas-novas são de que a alegria está
disponível a todos. Orando por Seus discípulos, Jesus disse: “Mas, agora, vou para
junto de Ti e isto falo no mundo para
que eles tenham o Meu gozo completo
em si mesmos. Eu lhes tenho dado a Tua
palavra, e o mundo os odiou, porque
DIÁLOGO 17•2 2005
eles não são do mundo, como também
Eu não Sou. Não peço que os tires do
mundo, e sim que os guardes do mal”
(João 17:13-15).
Quando Jesus disse: “O mundo os
odiou”, Ele Se refere a nós. O mundo,
em rebelião contra Deus, nos odeia. Não
espere palavras de encorajamento do
mundo, mas indiferença. Mas, o que o
mundo nos dá não é importante. Temos
plenitude de alegria ao nosso dispor.
Hoje, neste momento, neste instante. A
alegria é constante e permanente, independente das circunstâncias.
Gostar tal como é
Anne Hobbs Purdy, uma jovem que
viajou até remota área do Alaska para
ensinar, estava ansiosa para ser aceita pelo
povo nativo. Ela perguntou a um dos
nativos sobre quando deixaria de ser uma
cheechako, recém-chegada, e se tornaria
uma habitante do Alaska. Ele respondeu
que algumas pessoas nunca se tornavam
verdadeiros habitantes da região, pois não
aprendiam a gostar do Alaska tal como
ele era. Elas apenas o toleravam.
Creio que essa é a chave para viver uma
vida cristã mais plena de alegria.
Não podemos ser cristãos jubilosos se
nunca aprendermos a gostar da vida tal
como ela é. Não podemos ser cristãos
cheios de alegria se apenas a tolerarmos.
Isso é o que Paulo quis dizer quando
escreveu: “Aprendi a viver contente em
toda e qualquer situação. Tanto sei estar
humilhado como também ser honrado;
de tudo e em todas as circunstâncias, já
tenho experiência, tanto de fartura como
de fome; assim de abundância como de
escassez; tudo posso nAquele que me fortalece” (Filipenses 4:11-13).
Sentado na prisão, com frio, fome e
solidão, Paulo não desejava estar numa
praia tropical cercado de amigos, bebendo água de coco e se divertindo em
festas. Ele se contentava onde estava, não
desejando estar em outro lugar. Foi nesse
momento, com frio, fome e solitário
que ele se sentiu aquecido, alimentado e
confortado pelo Deus sempre presente
e muito próximo, sobretudo, durante as
terríveis experiências pelas quais devemos,
às vezes, passar. Se não passarmos por
essas situações, viveremos apenas a metade de uma experiência real.
Muitos estão habituados a uma vida
tranqüila. Se o trabalho for penoso,
enfadonho ou difícil, por que fazê-lo? Se
algo tiver de ser consertado, conserte-o.
Se puder ser melhorado, aprimore-o. Os
cristãos não se acomodam ao status quo
e não deixam as coisas de lado, simplesmente — eles avançam. Porque não é
na comodidade que crescemos, mas no
desconforto.
Podemos perder essa lição vital de vista,
se tentarmos escapar da parte desconfortável. Pense em suas próprias orações
por um minuto. Escreva algumas dentre
as 10 mais proferidas. Analise-as agora.
Quantas delas são pedidos para Deus
facilitar algo e quantas Lhe pedem para
conduzir o pedinte a lugares desconfortáveis, que podem dificultar sua vida, mas
sob Sua guia e a Seu serviço?
Sem dor, não há proveito
Muitos de nós evitamos a todo preço
as situações dolorosas. Não é de admirar
que tenhamos dificuldade em aprender
de Deus, que nos permite passar por
“provações”. Ao primeiro sinal de dor, já
estamos procurando uma saída. Mas, alegria e dor andam de mãos dadas. Tiago,
um dos líderes da igreja cristã primitiva,
afirma: “Meus irmãos, tende por motivo
de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa
fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação
completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tiago 1:2-4).
A alegria está na provação, do mesmo
modo que o poder está na Palavra de
Deus. A questão não é se podemos simplesmente suportar a provação, ranger
os dentes, premir os olhos, ficar calados
e agüentar firmes, mas se conseguimos
relaxar e simplesmente “passar” pela provação, perguntando a Deus que lição Ele
quer que aprendamos. Não é isso o que
13
Tiago diz? “A provação da vossa fé produz
perseverança.” Passar pela provação, sem
revolta e ira, torna-nos mais perseverantes. Estaremos mais capacitados a relaxar
e a suportar a provação. Teremos uma
visão mais clara para aceitar a lição extraída da situação.
Assim, a expressão “a perseverança
deve ter ação completa” significa que,
no decorrer da experiência, começamos
a buscar a lição da prova como primeira
resposta, em vez de procurar uma saída,
ou alguém a quem culpar, ou mesmo
manter-nos firmes até passarmos por isso
e esquecermos. O salmista foi capaz de
exclamar: “Faze-me ouvir júbilo e alegria,
para que exultem os ossos que esmagastes” (Salmos 51:8).
Evitar o complexo de mártir
Todos temos, diariamente, a oportunidade de servir ao próximo; mas quantos
a aproveitam para fazê-lo com regozijo,
alegria, como se fizessem para Jesus? O
apóstolo declara: “Tudo quanto fizerdes,
fazei-o de coração, como para o Senhor e
não para os homens” (Colossenses 3:23).
O verso não quer dizer “fazei-o como
para o Senhor, assim você poderá se sentir
superior aos outros.” Como alguém que
já passou por tempos difíceis, posso dizerlhes que servir ao Senhor não é o mesmo
que ter complexo de mártir, ainda que
às vezes eu desejasse que assim fosse. É
bem mais fácil permitir que sentimentos
de justiça própria estimulem o que você
faz, do que trabalhar espontaneamente.
Esse verso nos impele a um nível mais
elevado de trabalho. Ele nos incentiva ao
serviço de amor, do qual nada se espera
em retorno.
Tente isso. A próxima vez que tiver de
fazer alguma coisa para alguém — atender ao telefone, apanhar roupa suja do
chão, preparar uma refeição, emprestar
dinheiro, alimentar animais de estimação,
seja o que for, experimente isto: simplesmente ofereça seu serviço a Deus, não à
pessoa a quem você está ajudando. Seu
trabalho se transformará numa expressão
da alegria que flui do coração. Como
resultado, seus sentimentos de auto-estima e realização não dependerão da res14
posta humana às suas ações, mas estarão
arraigados no insondável amor de Deus
para conosco, Seus filhos obedientes.
Gratidão
Uma maneira simples de se manter
“abastecido” de alegria para a jornada
é contar as bênçãos concedidas. Certa
vez, quando eu estava muito deprimida,
comecei a escrever um “diário de gratidão”. Cada noite, antes de me deitar,
escrevia no meu diário cinco coisas pelas
quais estava grata. Algumas vezes era uma
tarefa fácil, mas houve ocasiões em que
lutei para encontrar cinco razões de agradecimento. Tendo esse “compromisso”
cada noite, comecei a observar motivos
de gratidão durante o dia, sobre os quais
poderia escrever mais tarde. Desse modo,
eu estava conscientemente procurando
aspectos positivos de minha vida. Estava
treinando minha mente a procurar
fatores positivos. Logo notei que muitas
coisas desagradáveis passaram despercebidas, porque meu cérebro não lhes estava
dando importância. Elas não eram dignas
de consideração; eu não as escrevia no
diário.
Se você quer uma prova de como isso
funciona, experimente observar um tipo
específico de automóvel. Eu nunca tinha
visto um PT Cruiser antes, até que um
amigo comprou um. Comecei a observar
esses automóveis com mais consciência.
Repentinamente, vi que os PT Cruisers
estavam por toda parte. Cada vez que saía
de casa, via uma meia dúzia deles, pelo
menos. Antes do final da semana, penso
que tinha visto esse modelo em todas
as cores. Jesus disse: “Pedi, e dar-se-vosá” (Mateus 7:7). Podemos aplicar esse
princípio em muitas áreas, inclusive a da
alegria.
O que você está esperando?
Não é suficiente estar apenas consciente de nossa alegria, ainda que isso seja o
começo. É-nos igualmente importante
compartilhá-la. A falta de regozijo no
coração das pessoas é uma das principais
razões de tantas tragédias ao nosso redor,
sejam pessoais ou corporativas. Quando
não temos alegria, não há esperança para
o futuro. Quando a possuímos, isso faz
toda a diferença.
Sabemos como é a vida sem esperança.
Podemos ver nos jornais ou nos noticiários televisivos. Alguns cristãos debatem
sobre quão mau deverá ficar o mundo
até que Jesus volte. Estará tão pervertido
como nos dias de Noé? Tão iníquo como
Sodoma e Gomorra? Se você perguntar
aos pais de uma criança que foi seqüestrada e morta, ou a amigos das vítimas
de franco-atiradores, ou a soldados em
guerra, ou a um paciente de câncer, ou a
pessoas morrendo de fome ou AIDS, eles
lhe dirão que o mundo é excessivamente
mau. Deus não está esperando que o
mundo fique pior. Qualquer atrocidade é
“má o suficiente”.
Deus espera por nós. Ele espera que
Seu povo viva a alegria que foi posta
em sua vida, e que a compartilhe com
outros. Quando o Titanic afundou, centenas de pessoas pereceram. É verdade
que não havia botes salva-vidas suficientes
para todos, mas muitos morreram, não
por falta de botes (muitos escaleres não
estavam totalmente cheios), mas porque
não entraram nos botes.
Jesus nos deu essa missão: “‘Ide por
todo o mundo e pregai o evangelho a
toda a criatura’” (Marcos 16:15). Ele
nos deu alegria — motivação — para
cumpri-la. É nossa responsabilidade ir
ao mundo e pregar as boas-novas do
evangelho de Cristo. Isso não é somente
responsabilidade dos pastores. Se fosse
apenas trabalho do ministro, Jesus teria
dito: “Apóiem seus pastores enquanto eles
vão por todo o mundo...” Mas Ele não
disse isso. Ele ordenou a cada um de nós:
“Vá”.
É também interessante que Ele não
disse: “Se você quiser, poderá ir por
todo o mundo” ou “poderá transmitir
programas por satélite a todo o mundo”,
ou mesmo “se sentir o chamado para ser
missionário, você poderá ir por todo o
mundo”. Ele simplesmente disse: “Vá”.
Não temos de viajar para longe. O
mundo está ao nosso redor. Estamos
todos conectados de algum modo a
outras pessoas. Essa é a parte do “mundo”
pela qual somos responsáveis. O que está
DIÁLOGO 17•2 2005
acontecendo em seu mundo, e o que
você fará a respeito?
Isso nos traz a alegria de volta
Completamos o círculo quando percebemos que é a alegria que Jesus colocou
em nosso coração que nos dá coragem,
força e perseverança para prosseguir, obedecer à Sua ordem e cumprir Sua missão.
Sem alegria, iremos apenas fazer as coisas
mecanicamente e, mais cedo ou mais
tarde, entraremos em colapso.
Porém, não há necessidade disso, pois
somos filhos do Rei. Ellen White disse:
“Por que não seria completo o nosso
regozijo — pleno e sem nada faltar?
Temos a certeza de que Jesus é nosso
Salvador e que podemos participar abundantemente dos fartos suprimentos que
Ele nos proveu... É nosso privilégio buscar constantemente a alegria de Sua presença. Ele deseja que sejamos animosos
e cheios de louvor ao Seu nome. Almeja
que tenhamos luz na fisionomia e alegria
no coração”.*
Podemos ter essa luz, essa alegria, a
cada dia. É nosso dever e privilégio viver
com alegria e caminhar na luz, disseminando-as ao mundo que nos cerca.
Abasteça-se de alegria, e comece sua jornada de hoje.
Céleste Perrino-Walker é editora da revista Listen. Este artigo foi
adaptado de seu livro Joy,The Secret
of Being Content, publicado recentemente pela Review and Herald
Publishing Association. Seu endereço postal é: 27 Robshawn Place,
Rutland,Vermont 05701, USA. E-mail:
[email protected].
* Ellen G. White, Para Conhecê-Lo (Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 1965), p. 142.
DIÁLOGO 17•2 2005
Ciência
Continuação da [p.] 7
mos descobrindo no Universo e toda a
complexidade evidenciada nos seres vivos,
indicam ser necessário um Deus Criador.
Foi isso que convenceu Antony Flew
da existência de Deus. Deus parece ser
essencial para explicar o que a ciência tem
descoberto. As observações sobre as forças
da física, as proteínas e o DNA, são todas
repetíveis, e portanto, provêm evidências
científicas altamente qualificadas sobre
a existência de Deus. Infelizmente, o
ideal secularista é tão forte na ciência,
que a idéia de um Deus Planejador hoje
é geralmente rejeitada pela comunidade
científica. Essa rejeição é baseada em
fatores pessoais e sociológicos, e não em
dados científicos.
Ariel A. Roth (Ph. D. pela
Universidade de Michigan) foi
diretor do Geoscience Research
Institute e editor da revista Origins.
Publicou mais de 150 artigos em
revistas científicas e outras. Seu livro
Origins: Linking Science and Scripture
foi traduzido em 13 línguas, inclusive
em português. Embora aposentado,
continua a pesquisar, escrever e fazer
palestras. Seu endereço eletrônico é
[email protected].
Referências
1. Gary Habermas e A. Flew. “My Pilgrimage
from Atheism to Theism: A Discussion
Between Antony Flew and Gary Habermas,”
Philosophia Christi 6 (2004) 2:197-211.
2. H. Ross, “Big Bang Model Refined by Fire,”
in W. A. Dembski, ed., Mere Creation: Science,
Faith and Intelligent Design (Downers Grove,
Illinois: InterVarsity Press, 1998), pp. 363-384.
3. H. M. Hart, “Habitable Zones About Main
Sequence Stars,” Icarus 37 (1979): 351-357.
4. P. Davies, Superforce (New York: Simon and
Schuster, 1984), p. 242.
5. R. Penrose, The Emperor’s New Mind (Oxford:
Oxford University Press, 1989), p. 344.
6. M. J. Behe, Darwin’s Black Box: The
Biochemical Challenge to Evolution (New York:
Touchstone, 1996).
7. E. J. Larson e L. William, “Scientists Are Still
Keeping the Faith,” Nature 386 (1997): 435436. Novo levantamento feito pela National
Academy of Science indica uma proporção
menor de crentes em Deus para um grupo de
cientistas bastante pequeno, mas de liderança.
8. Ver, por exemplo, T. Rowe, “The
Archaeoraptor Forgery.” Nature 410 (2201):
539-540.
Oração
Continuação da [p.] 9
“Como você sabe isso?”
“Deus me contou!”
Campolo levou-o direto para casa,
entrou e os conduziu a Cristo. Hoje
Stolsis é um pastor!
É assim que a oração funciona — um
irmão tinha um problema, conhecia
a necessidade e orou, Campolo ouviu
a oração e seu coração se abriu; Deus
encontrou a resposta certa para aquela
necessidade, e o milagre aconteceu.
Tudo por meio da oração, mas sem a
teologia de que a oração deve mudar a
Deus ou fazê-Lo melhor do que Ele já
é!
É assim que tenho agido até agora!
Eu adoraria ouvir o testemunho de
vocês. O assunto não é fácil — como
manter uma vida de oração poderosa,
capaz de mudar o mundo — mas sem
alterar o caráter de Deus. Faça-me saber
o que você pensa. Que Deus o abençoe!
Dan Smith é o pastor da Igreja
Adventista do Sétimo Dia no campus da Universidade de La Sierra, em
Riverside, California, EUA. Este artigo
foi adaptado de seu livro Lord, I Have
a Question: Everything You Ever Wanted
to Ask God but Were Afraid to Say Out
Loud (Nampa, Idaho: Pacific Press
Publishing Association, 2004). Seu email: [email protected].
REFERÊNCIAS
1. Ellen G. White, Christ’s Object Lessons
(Washington, D.C.: Review and Herald Publ.
Assn., 1941), p. 143.
2. White, Steps to Christ (Mountain View,
California: Pacific Press Publ. Assn., 1956), p.
93.
15
Perfil
Dora Bognandi
Diálogo com uma adventista dedicada à
liberdade religiosa na Itália
Mas como geralmente acontece, temos
de ser lançados por terra para podermos
olhar para cima. Fui golpeada duramente
quando perdi minha filha. Esse foi um
momento muito difícil em minha vida.
Aqueles dias trágicos me fizeram compreender o quanto eu necessitava de Deus e
Seu amor. Também percebi quão importante é ter os amigos da Igreja ao redor.
Sem o auxílio divino e de minha grande
família, não me teria levantado.
A ilha de Sicília possui a maior concentração de adventistas na Itália e é a
terra natal de Dora Bognandi, pertencente à quarta geração de adventistas
do sétimo dia. Ela nasceu em 1949 em
Piazza Armerina, Sicília. Determinada, mas
humilde, Dora é conhecida no país por
sua coragem e convicção. Ela incorpora o
que a liberdade religiosa é e deveria ser.
Trabalha atualmente para a “Fondazione
Adventum” (Fundação Adventista), um
departamento social da igreja.
Dora foi batizada em 1966 e trabalha para a Igreja Adventista desde
1985. Em 1992 tornou-se assistente
de Ignazio Barbuscia, então diretor do Departamento de Liberdade
Religiosa. Em 1999 foi eleita diretora dos
Departamentos de Liberdade Religiosa
e Comunicação da União Italiana dos
Adventistas do Sétimo Dia. É casada com
o Pastor Adelio Pellegrini e tem dois
filhos, ambos trabalhando para a igreja.
n O que a motivou a ser adventista do
sétimo dia?
Nunca havia experimentado o senso
de conversão em outra religião ou denominação. A Igreja Adventista sempre
foi minha família. Entretanto, durante
minha juventude, passei por um período de indiferença em relação à fé cristã.
16
n O que a fez aceitar a posição de diretora
de Liberdade Religiosa e Comunicação da
União Italiana? Qual é sua função nessas
áreas?
Meu trabalho consiste em representar a
Igreja Adventista do Sétimo Dia perante
a sociedade italiana. Apesar de minhas
limitações, sinto-me um pouco embaixadora da Igreja para a comunidade em
geral. Também quero que minha Igreja
conheça o melhor da cultura italiana
e de suas tradições religiosas, a fim de
podermos, como adventistas, comunicar
adequadamente nossa fé bíblica e missão
singular. O Departamento de Liberdade
Religiosa coloca-me em contato com
instituições religiosas, políticas e culturais da Itália. Minha responsabilidade
é assegurar que os membros da Igreja
tenham seus direitos e privilégios — de
crença, culto, consciência e testemunho
— protegidos e respeitados. Trabalho
também ajudando os membros a respeitar os direitos e crenças de outras
pessoas. Como diretora de Comunicação
da Igreja, sou responsável pela edição
mensal da revista Il Messaggero Avventista
(equivalente à Revista Adventista), e pela
coordenação de dois boletins eletrônicos:
o (BIA), com notícias para os membros
adventistas, e o AND, escrito para leitores
não-adventistas. Devo ainda empenhar-
me em preservar a boa reputação de nossa
denominação, disseminando notícias sobre
a Igreja Adventista.
n Por que a liberdade religiosa é importante
para a senhora?
Porque é o fundamento de todas as
liberdades. A liberdade religiosa é o direito
de crer ou não em Deus, de acordo com
os ditames de nossa consciência e sem
interferência externa. Acredito que esse
é um direito humano fundamental. A
Constituição Italiana garante essa liberdade, bem como assegura o direito de
mudarmos de religião e dar testemunho
dela. O comprometimento com a liberdade religiosa ajuda-me a permanecer independente de qualquer organização política
e social, e a falar de um Deus a quem estão
sujeitas todas as ordens sociais e em quem
podemos encontrar o significado e o propósito da vida. A liberdade religiosa ajudame a falar de um Deus justo, ou acerca
de um ideal que possuo. Ela me auxilia a
respeitar pessoas que pensam diferentemente de mim e a trabalhar com elas para
benefício da humanidade.
n Como mulher, que percepções a senhora
acrescenta às suas responsabilidades?
Talvez interesse e cuidado especial por
outras pessoas, uma característica encontrada mais facilmente em mulheres do que
em homens. Creio também que o caráter
afetivo, tão comum na mulher, é útil para
o trabalho que realizo.
n A Itália é predominantemente católi-
ca. Qual é a posição da Igreja Adventista
do Sétimo Dia em seu país, em termos de
direitos governamentais, reconhecimento e
liberdade?
A Igreja Adventista italiana teve pastores que fizeram um excelente trabalho no
DIÁLOGO 17•2 2005
Departamento de Liberdade Religiosa,
como Gianfranco Rossi e Ignazio
Barbuscia. Graças a eles, nossa Igreja
firmou um acordo especial com o Estado
italiano, que se tornou lei em 1988. Pela
primeira vez na história mundial, num
país onde o catolicismo romano tem sua
Santa Sé, foi promulgada uma lei para
que os adventistas pudessem observar o
sábado no trabalho, na escola, na universidade, e assim por diante. Devemos esse
resultado extraordinário principalmente à
observância do sábado por tantos membros fiéis de nossa Igreja. O acordo especial de 1988 inclui também os seguintes
pontos: reconhecimento oficial de
ministros adventistas; aceitação de nossa
posição de não portar armas, e sua substituição pelo serviço comunitário; serviços
de capelania dos pastores adventistas em
hospitais e prisões; e a aprovação legal de
casamentos oficializados por ministros
adventistas.
n Diga-nos alguma coisa sobre a condição
atual da Igreja Adventista na Itália. Quais
são os principais desafios e tendências?
Assim como acontece em outros países
ocidentais, nossa Igreja na Itália é afetada
pelo secularismo e o relativismo moral.
Mas enfrentamos também um desafio
ainda maior: introversão — isto é, uma
tendência em focalizar apenas nossos próprios problemas e necessidades, em vez
de nos volvermos para o atendimento das
necessidades das pessoas ao nosso redor.
O mundo está mudando a uma velocidade impressionante, e o fundamentalismo
religioso militante está crescendo. Temos
de levar ao mundo o que definimos por
“Verdade Presente”, ou seja, a verdade
destinada a suprir as necessidades específicas de nosso tempo.
n Qual é a imagem pública de nossa Igreja
em seu país? Como somos conhecidos?
Na Itália somos a minoria entre as
minorias. Temos apenas sete mil membros batizados em relação a uma população de quase 58 milhões de pessoas.
Não é tarefa fácil tornar-nos conhecidos
devido à presença maciça da igreja católica e dos limitados recursos humanos
DIÁLOGO 17•2 2005
e financeiros que temos. No entanto, a
lei nos permite acesso a fundos públicos
chamados Otto per Mille (Oito por Mil),
recebidos de recursos provenientes de
impostos estaduais. Isso propicia a oportunidade de fazer muitas beneficências e
nos dá maior visibilidade, pois o nome
da Igreja Adventista está incluído em mais
de 30 milhões de formulários de restituição
de impostos. Como conseqüência, recebemos fundos que usamos para propósitos
sociais, humanitários, beneficentes e
culturais. Temos nove estações de rádio
na Itália, usamos sites na Internet e,
obviamente, trabalhamos com a ADRA e
outras iniciativas públicas.
n O que lhe dá maior satisfação no traba-
lho?
Sinto uma grande satisfação quando
posso solucionar o problema de nossos
membros, relacionado à observância do
sábado. Apesar da existência da lei, alguns
empregadores ainda esperam que os
adventistas trabalhem no sábado. Gosto
muito de ver a alegria estampada na face
de nossos irmãos, quando o problema é
resolvido. Fico satisfeita também quando
a mídia secular faz referências à nossa
posição em questões religiosas ou violações de direitos humanos, ou quando os
círculos religiosos não-adventistas elogiam uma doutrina adventista que antes
criticavam duramente. Se nossa Igreja
é apreciada e causa boa impressão, fico
extremamente feliz.
n Que doutrina adventista tem sido espe-
cialmente apreciada na Itália?
Não apenas uma doutrina, mas várias.
A reforma de saúde, por exemplo. Já
fomos muito criticados por nossa postura
quanto ao tabaco, álcool e as drogas.
Hoje somos cada vez mais apreciados por
outros líderes religiosos e também imitados. Outros exemplos são o princípio do
dízimo e nosso modo de observar o dia
de descanso.
n Como a senhora consegue manter um
equilíbrio entre seus vários papéis de mãe,
esposa e líder eclesiástica?
Essa é uma das minhas maiores preo-
cupações. Não é fácil devotar-se completamente ao trabalho e então achar tempo
para você e sua família. Você terá sucesso
somente se desfrutar amor e cooperação
de sua família. Agradeço a Deus porque
minha família tem sido uma bênção
nesse aspecto.
n A senhora tem uma vida muito ocupada.
Como consegue manter viva sua comunhão
com Deus?
Acordo muitas vezes às 2 ou 3h da
manhã e começo a ler minha Bíblia.
Converso com Deus e digo-Lhe o que
estou pensando naquele momento.
Coloco sobre Ele todas as minhas preocupações. Então vou dormir. Deus me
dá a força que necessito. Algumas vezes
sinto um grande peso devido às minhas
responsabilidades e ao meu senso de insuficiência para a grande tarefa que tenho.
Mas, nesse momento, as palavras das
Escrituras acodem à minha mente e me
sinto confortada e motivada novamente.
n O que a senhora diria aos nossos leitores
que pensam dedicar seus talentos à obra da
Igreja Adventista?
Trabalhar para a igreja é uma das coisas
mais maravilhosas que podem acontecer
na vida de alguém. Você parte para uma
aventura cujos horizontes se ampliam
mais e mais, conforme vai descobrindo
novas direções ao longo do caminho.
Entrevista por
Roberto Vacca
Roberto Vacca é produtor de
rádio para a rede de estações de
rádios adventistas na Itália “La
Voce della Speranza”. Seu e-mail é:
[email protected].
A Sra. Dora Bognandi pode
ser contatada pelo e-mail:
[email protected], ou através
do Departamento de Liberdade
Religiosa, c/o Unione Italiana
Chiese Avventiste; Lungotevere
Michelangelo 7; 00192 Roma; Itália.
17
Perfil
Neville Clouten
Diálogo com um arquiteto
e artista adventista
O Dr. Neville Clouten viaja pelo
mundo com seu caderno de esboços na
mão, coletando impressões que tem inspirado sua filosofia de ensino, suas idéias
sobre arquitetura e aquilo que ele capta
em suas aquarelas. Ele tem feito seminários sobre aquarela no Queen Elizabeth II
e no Queen Mary II, e lidera grupos de
amigos e artistas em cruzeiros pelos rios
europeus.
Clouten graduou-se em Arquitetura
pela Universidade de Sidney (Austrália),
pela Universidade Estadual de Ohio
(EUA.), e obteve seu Ph.D. pela
Universidade de Edimburgo (Escócia). É
membro do Instituto Real Australiano
de Arquitetos e recebeu do Instituto
Americano de Arquitetos, em 2000, o
Prêmio Presidente de Michigan.
Trabalhou no Projeto Opera House,
em Sidney, como pesquisador e guia oficial, e como arquiteto em Estocolmo, na
Suécia. Nas últimas três décadas, o foco
de interesse de Clouten na área acadêmica tem sido a educação arquitetônica.
Ele se tornou o primeiro presidente
do Departamento de Arquitetura da
Universidade Andrews, em 1980. De
1990 a 2003, foi reitor da Faculdade de
Arquitetura e Design da Universidade
Tecnológica Lawrence, em Southfield,
Míchigan. Suas publicações compreen18
dem esboços e mais de 60 artigos em
revistas de arquitetura, arte, ciência e
educação. O livro Academic Lite: Treasures
of Creativity and Reflection From Life as
a University Professor, reflete seu peculiar senso de humor e filosofia sobre a
importância de uma observação acurada
e a descoberta no processo criativo. No
prefácio da obra, Paul Stephenson Oles
compartilha suas impressões sobre o
professor Neville Clouten: um talentoso
acadêmico que possui “íntima familiaridade” com sua área de estudos, e uma
pessoa “plenamente humana”. Ele é
“alguém que descarta o livro e inventa
novas regras”.
O constante interesse de Clouten em
explorar, entender e partilhar a exuberância do processo criativo é inspirador.
A precisão de seu comentário de que “ao
longo dos anos, a centralidade da criatividade na experiência humana tem sido
importante para mim”, foi comprovada
quando ele me mostrou o protótipo de
uma barra de chocolate, cujo design fora
feito por seus estudantes de arquitetura,
com base nas preferências de chocolate
desses alunos. O protótipo tornou-se
posteriormente um produto real.
Suas aquarelas e esboços são regularmente exibidos em concursos de mostras artísticas, inclusive a Polk Art and
Technology e a Michigan Water Color
Society. Suas pinturas estão expostas
em coleções particulares e em escritórios corporativos. As aquarelas da série
“Impressões e Reflexões” são exibidas
regularmente em galerias de arte.
n Dr. Clouten, vamos começar com seu
caderno de esboços.
A vida inteira, literalmente, sempre
trouxe comigo um caderno de esboços.
O que me fascina é o momento e o lugar,
assim como a precisão. Meu objetivo é
gravar impressões no caderno de esboços.
Alguns deles são direcionados e associados
a entretenimento, pois quero atrair as pessoas para o que é visualmente interessante.
n O senhor tem um tema especial?
Sim, fui influenciado por meu pai, que
era pescador. Desse modo, o mar e os
lagos desempenham um papel importante
em minha arte. Uma de minhas últimas
aquarelas é “Low Tide at Boccadasse, Italy”
(Maré Baixa em Boccadasse, Itália). A areia
da praia, entre o barco “encalhado” e o
ciclo incessante das ondas, transmite um
senso de expectativa. Também gosto de
imaginar uma conversação entre pessoas,
usando os elementos da aquarela.
n Quem o influenciou, de maneira signifi-
cativa, em suas idéias e expressões artísticas?
Meu professor de arte da Universidade
de Sydney, Lloyd Rees, exerceu forte influência sobre mim como pessoa e como
conselheiro. Suas aulas eram cativantes; ele
compartilhava suas experiências. Associavase, como pessoa, à sua arte e transportava
isso para seu tema e estilo. Tenho cartas
dele as quais aprecio muito. Aqui está uma
em que o Dr. Rees comenta algumas das
coisas simples e insignificantes que fiz, por
exemplo, participar de um projeto de arte
como estudante e comprar uma xícara
de café para ele, que produziram mele
impressão duradoura. Possuo algumas de
suas aquarelas e livros. Donald Schon, do
Instituto de Tecnologia de Massachusetts,
em suas publicações sobre a prática reflexiva e suas associações pessoais, causou
impacto em minha prática e em meu enfoque artístico no processo de ensino.
n Por que a aquarela o atrai?
Sou fascinado pelo modo como funciona a técnica da aquarela. Gosto de interagir
com o papel e a tinta e observar como a
DIÁLOGO 17•2 2005
temperatura e a umidade introduzem
variações. A secagem da aquarela produz,
muitas vezes, resultados inesperados.
Acho divertido esse desenvolvimento,
gosto do processo criativo e freqüentemente de seu resultado.
n Por que o senhor aprecia o processo cria-
tivo?
A criatividade está ligada às pessoas.
Ela é a comunicação com o propósito
de estabelecer uma conexão — conexão
entre a arte e as convicções religiosas, e o
compartilhamento disso com os outros.
É sobre isso que Ellen White se referia
quando escreveu que todos somos criadores e temos o poder dado por Deus para
pensar, agir e fazer.
n O senhor tem uma filosofia artística?
O processo criativo provê um modelo
de reflexão sobre meu papel de professor,
administrador e artista. As fotografias me
fazem recordar de experiências, mas não
posso competir com a Natureza. O realismo na arte omite muita coisa. Através da
arte, as percepções de um indivíduo e sua
cosmovisão podem ser compartilhadas
com as pessoas. Um tema da Natureza
ou do meio ambiente pode gerar uma
grande quantidade de idéias, algumas das
quais são passíveis de serem colocadas
no papel. Com as aquarelas é até mesmo
possível transmitir emoções.
n Então, o que é o processo criativo?
A criatividade começa com uma
necessidade real, humana. Esse é o ponto
inicial da arquitetura: por que deve ou
não haver um novo edifício? Essa é a
verdade do Gênesis e também percebida
no Novo Testamento. A criatividade
exige uma observação detalhada. É descobrir o problema, resolvê-lo e refletir no
processo. A análise e a síntese são fundamentais, e as idéias devem ser filtradas a
fim de decidirmos se são válidas. É um
momento criativo. Para mim, segurar um
lápis representa uma continuidade entre
esta vida e o Céu. Há temas criativos no
culto, na música, nos instrumentos musicais, na arquitetura e na literatura bíblica.
Imagino que no Céu prosseguiremos
DIÁLOGO 17•2 2005
com o processo de criatividade. A última
fase do processo criativo é a comunicação.
Engajar outros nesse processo faz parte da
emoção.
n Como profissional cristão, o que lhe trou-
xe maior satisfação?
Estou feliz com minha carreira de
arquiteto. Ganhei vários concursos com
minhas idéias arquitetônicas. Fiz projetos
de várias igrejas, mas me lembro com
satisfação do projeto de uma capela para
um centro de idosos que envolvia tudo,
desde o edifício até a adequação das luzes
e vitrais. Tenho alegria em ser professor,
servir como líder, trabalhar com diferentes tipos de pessoas e refletir sobre diferentes métodos de ensino. No ambiente
do estúdio de design, cada estudante se
engaja em criatividade e reflexão.
Estou bem ciente de que Deus está
dirigindo minha vida. Reflito sobre isso
em meu novo livro intitulado A Plan
Larger Than I Can Draw (Um projeto
maior do que posso desenhar). Tenho
tido vislumbres de Deus como Criador
através de minhas limitadas excursões no
processo criativo.
n De todas suas experiências, há alguma
que o senhor gostaria de partilhar conosco?
Minha esposa, Norene, e eu tínhamos
passado uma sexta-feira fazendo esboços
das ruínas maias na mata. No meio da
tarde, fomos com nosso Volkswagen
para a rodovia Pan-Americana a fim de
encontrar um local para acamparmos. A
falta de sinais na estrada e as informações
confusas dos mapas nos atrasaram e estávamos ansiosos para encontrar um local e
montar nossa barraca antes do pôr-do-sol.
Quando subíamos pela estrada de uma
montanha íngreme, cruzamos com um
carro. Um dos mexicanos gritou: “Para
onde estão indo?” “Para Tuxla.” “Vocês
estão no caminho certo. Nós somos
adventistas do sétimo dia e estamos indo
para o Colégio Linda Vista, a algumas
milhas daqui.” Seguimos o Dr. Rodriguez
e sua família e fizemos o culto de pôr-dosol na instituição. Ali conhecemos o Dr.
Butler e esposa, que insistiram em que
ficássemos em sua casa. Ao partirmos,
deram-nos um pacote para levar à Sra.
Graves, numa clínica localizada logo após
a fronteira da Guatemala. Ela ficou muito
agradecida pela visita e nos entregou correspondências para levarmos ao hospital
adventista na Nicarágua. Não somente
fomos inspirados pelo trabalho desses
fiéis missionários, mas tivemos a certeza
de que, ainda que saibamos que na vida
podemos estar no lugar certo e na hora
certa, a fé é fundamental no viver cristão
em meio às turbulências e incertezas.
n O senhor tem um último conselho para
os nossos leitores?
Cada um pode combinar emoção com
reflexão. Nossas impressões da experiência estética enriquecem os compassos
da vida. O arquiteto holandês Aldo van
Eyck comentou: “A arquitetura não pode
fazer mais e não deve fazer menos do que
ajudar alguém a voltar ao lar”.
Norene e eu aprendemos a conhecer
e apreciar uma vida mais significativa.
Se isso é verdade para o mundo secular,
é muito mais importante para a verdade
espiritual. A vida com o Espírito Santo,
no sentido mais amplo e na especificidade
da escatologia, não pode fazer mais e não
deve fazer menos do que auxiliar-nos no
caminho de volta ao nosso verdadeiro lar.
Entrevista concedida a
Delyse Steyn
Delyse Steyn (D. Ed., Universidade
da África do Sul) é professora e
coordenadora do Departamento
de Comunicação da Universidade
Andrews, em Berrien Springs,
Michigan.
O endereço de Neville Clouten é:
8695 Maplewood Drive, Berrien
Springs, Michigan 49103, USA. 269471-4163. E-mail: nclouten@yahoo.
com. Algumas de suas aquarelas
podem ser vistas no site http://
www.nevilleclouten.com.
19
EM Ação
Estudantes universitários
se reúnem no Equador
Erton Köhler
Encontrando-se em Santa Cruz,
a ilha mais acessível do Arquipélago
Galápagos, reuniram-se no início de
abril de 2005 estudantes universitários
adventistas e amigos de várias regiões
do Equador, para participar de uma
convenção. O evento foi realizado no
auditório municipal de Puerto Ayora e
reuniu 120 representantes das Missões
Norte e Sul do Equador.
O tema do encontro foi “Sempre
Fiel” e o programa focalizou três
assuntos: a identidade adventista, o
criacionismo e o evangelismo. Os principais oradores foram Roberto Biaggi
(diretor do Instituto de Geociência
da Universidade do Rio da Prata, na
Argentina), Walter Alaña (diretor do
Instituto Tecnológico Adventista do
Equador) e Samuel Sandoval (pastor
no Peru).
Com o apoio das autoridades locais,
os estudantes participaram de um projeto ecológico, limpando determinadas
áreas da ilha e melhorando o hábitat
de várias espécies naturais. As autoridades reconheceram formalmente o trabalho dos estudantes, mediante a concessão de um certificado de apreciação
por seus serviços à comunidade.
No início da convenção, Veronica
20
Eras uniu-se à família adventista através do batismo. Por 10 anos ela vinha
participando de atividades da igreja.
E durante o longo vôo até o local decidiu-se por começar uma vida nova
com Deus. Outro participante que
estava estudando a Bíblia e fora tocado
pelas mensagens também foi batizado
no final da programação.
Líderes de associações estudantis
universitárias foram eleitos para ambas
as missões do Equador. O programa
foi encerrado com uma comovente
Santa Ceia, na qual os participantes se
comprometeram a permanecer sempre
fiéis a Jesus e a Seus ensinamentos.
Felipe Arturo Ramos Escalante, que
cursa primeiro ano de direito, agradeceu a Deus e aos organizadores da
convenção, e disse: “Trouxe um amigo
que ainda não é membro de nossa igreja, mas ele ficou muito impressionado
com as mensagens e atividades de que
participamos”. Disse ainda: “Como
estudante adventista, tenho enfrentado
muitas dificuldades, e esse encontro
fortaleceu minha determinação de permanecer fiel”.
Monica Jacqueline Ayala Soto,
que está concluindo a faculdade de
Pedagogia, apreciou especialmente os
fortes argumentos apresentados em
favor do criacionismo. Além disso, ela
testificou que “reunir-se com outros
estudantes universitários que passam
por alegrias e dificuldades semelhantes, fortaleceu a fé”. Ironicamente, a
pitoresca Ilha de Galápagos, designada
pelas Nações Unidas como Patrimônio
da Humanidade, foi o local onde, em
1835, Charles Darwin coletou espécimes e elaborou argumentos que depois
incluiria em seu livro A Origem das
Espécies.
A Igreja Adventista na América do
Sul promove a criação de associações
estudantis adventistas e a divulgação
de tais eventos, pois estamos num
momento decisivo na vida de nossos
estudantes. Se eles estiverem devidamente envolvidos e apoiados, tornarse-ão profissionais e líderes que nossas
congregações e suas comunidades
necessitam urgentemente.
Erton Köhler é departamental
de Jovens e representante da
revista Diálogo para a Divisão SulAmericana. Seu e-mail é: Erton.
[email protected].
Rede Adventista
da Filadélfia
Lakisha Hull
No outono de 2001, duas estudantes
adventistas de pós-graduação estavam
vivendo modestamente e freqüentando
universidades seculares na cidade de
Filadélfia, Pensilvânia, e não tinham
nenhum parente ou outro contato na
área. Apesar de existirem muitas congregações adventistas na cidade, não havia
nenhum ministério para jovens que prestasse apoio social e espiritual.
Então, Shermese Woodbine e a autora
deste relatório decidiram fazer algo para
mudar a situação. Com muita oração e
trabalho árduo, lançamos o Philadelphia
DIÁLOGO 17•2 2005
Estudantes
adventistas ativos
nas Filipinas
Redentor A. Feliciano
Adventist Network Ministries (PAN)
[Ministérios da Rede Adventista da
Filadélfia] para equipar a próxima
geração de líderes da igreja e, ao mesmo
tempo, prover um abrigo seguro para
jovens interessados em atividades alegres
com propósitos espirituais. O PAN atende ao chamado da grande comissão para
chegar até os não-alcançados, enquanto
atinge jovens adventistas que desejam fortalecer seu relacionamento com Deus.
Com um início bem simples, o PAN
tornou-se um ministério que une mais de
100 jovens adventistas em eventos cristãos, atividades sociais e estudos bíblicos.
O grupo variado inclui estudantes universitários, bem como jovens profissionais
casados ou solteiros.
Os estudos bíblicos, realizados duas
vezes por mês, são a espinha dorsal do
ministério. Esses encontros são possíveis graças aos membros do grupo que
abriram seus lares para os interessados em conhecer outros adventistas e
estudar a Palavra de Deus. Os estudos
tratam de assuntos e questões relevantes
para os jovens cristãos do século XXI.
Dependendo do assunto, oradores
especiais são convidados para liderar o
estudo. Muitos membros valem-se desse
DIÁLOGO 17•2 2005
programa como uma oportunidade de
testemunhar sobre a direção de Deus em
suas vidas, e solicitar apoio para desafios
pessoais.
O PAN também organiza atividades
sociais como jogos, piqueniques e excursões. Uma rede eletrônica é utilizada para
divulgar informações sobre os eventos e
programas futuros.
Esse ministério, criado por jovens e
para jovens, enfrenta os obstáculos mais
comuns: fundos limitados, transporte
inadequado para os participantes e a
constante rotação de membros, conforme os estudantes se formam e vão
embora. Os planos futuros incluem a
expansão de eventos evangelísticos de
voluntariado e serviço comunitário, e o
desenvolvimento de um programa de
aconselhamento e instrução para jovens
do centro urbano.
Para conhecer mais sobre o
Philadelphia Adventist Network, entre
em contato conosco através de nosso
e-mail: [email protected].
Quando os estudantes adventistas da
Central Luzon State University (CLSU),
em 1999, estabeleceram uma divisão da
AMiCUS, ninguém os levou muito a
sério. Quatro anos depois, a divisão foi
oficialmente reconhecida pela CLSU,
como uma das mais importantes organizações estudantis do campus. Essa
importância deve-se ao fato de que nossa
entidade é a única organização religiosa
ali, e sua função no campus é contribuir
para o desenvolvimento do caráter e da
fé cristã. Hoje a CLSU, uma das maiores
universidades nas Filipinas, vê nossa divisão da AMiCUS desempenhando uma
função construtiva na vida dos estudantes
adventistas e também de outros jovens.
Esse papel construtivo, pela providência de Deus, fortaleceu os estudantes
adventistas a permanecerem firmes em
sua fé e testemunhar de sua crença.
Como resultado, temos presenciado
inúmeros batismos nos últimos anos. A
organização é também um instrumento
do Senhor para reavivar as igrejas adventistas nas comunidades próximas, através
de visitas e direção dos cultos aos sábados.
Isso é muito apreciado onde as igrejas não
possuem pastores em período integral.
Uma atividade que tem atraído estudantes de diferentes igrejas aos nossos
encontros é o concerto musical. O
Continua na p. 23.
21
Logos
Ele soprou em suas narinas:
o divino beijo da vida
Larry L. Lichtenwalter
Em seu livro Mortal Lessons: Notes on
the Art of Surgery, o cirurgião Richard
Selzer conta acerca da noite em que estava ao lado da cama de uma jovem que
se recuperava de uma cirurgia facial. Ela
estava com a boca retorcida por causa de
uma paralisia. Seu aspecto chegava quase
a ser cômico. Havia um tumor em seu
queixo. Para removê-lo, Selzer teve de
cortar um pequeno ramo do nervo facial
— aquele que segue até os músculos
bucais. A boca da jovem ficaria torta pelo
resto da vida. Um jovem estava em pé
no quarto, do outro lado da cama. Esse
casal parecia mergulhado em seus próprios pensamentos, distante do cirurgião.
“Quem são eles?” Selzer perguntou a si
mesmo. “Ele e essa boca deformada que
eu fiz; que se olham e se tocam um ao
outro tão generosa e carinhosamente?”
Assinatura
gratuita para
a biblioteca de
sua faculdade ou
universidade!
Deseja ver a Diálogo disponível na
biblioteca de sua faculdade ou universidade, de modo que seus amigos não-adventistas possam ter acesso à revista? Procure
o bibliotecário e sugira que solicite uma
assinatura gratuita, usando papel timbrado
da instituição. Cuidaremos do resto! As
cartas devem ser endereçadas a: Dialogue
Editor-in-Chief; 12501 Old Columbia Pike;
Silver Spring, MD 20904-6600; EUA.
“Por que minha boca vai ficar assim
para sempre?” ela lhe perguntou observando seu jeito.
“É porque o nervo teve de ser cortado”,
explicou Selzer.
Ela acena com a cabeça sem dizer uma
palavra.
Mas, o jovem sorri: “Eu gosto dela”,
diz. “Ficou até bonita!”
De repente, Selzer percebeu quem era
o jovem e abaixou a cabeça. Indiferente
à presença do cirurgião, o jovem esposo
se inclina para beijar a boca retorcida da
esposa. Selzer estava tão perto que pôde
ver como ele acomodou seus lábios para
se ajustarem aos dela, a fim de mostrarlhe que eles ainda podiam se beijar.1
Fico a pensar como Deus acomodou
Seus lábios para soprar nas narinas de
Adão o fôlego da vida (Gênesis 2:7). Você
consegue imaginar isso? O dom da vida
é concedido à humanidade num íntimo
encontro face a face. Deus faz uma obra
de arte a partir do barro. A ligação com
Sua obra de arte começa a crescer no processo gentil da criação. Então chega um
momento incrível. O toque final. Quem
poderia imaginar? Apenas Deus! Lábios
vivos tocam as frias narinas de barro.
Um silencioso sopro de vida se move da
boca de Deus à Sua escultura sem vida.
Os lábios de barro se enrubescem com
a vida. Os olhos frios e sem expressão se
abrem para ver os olhos saltitantes de
Deus. A face sorridente do Criador ainda
está muito próxima. As mãos divinas
ainda seguram suas faces. É a primeira
experiência de vida de Adão — um
encontro face a face com Deus. Que
momento! Que intimidade!
Uma identidade dada por Deus
O livro de Gênesis representou boas-
22
novas à geração de israelitas que se preparava para entrar na terra prometida.
Pessoas inseguras de sua identidade e de
seu propósito na vida ou com relação ao
futuro. Pessoas que precisavam encontrar rumo espiritual e moral em meio a
uma cultura imoral que negava a Deus.
Pessoas lutando para crer que a terra prometida era muito melhor do que o Egito,
ou qualquer outro lar que porventura
fizessem para eles mesmos no deserto.
Eles precisavam separar-se e ser diferentes dos vizinhos pagãos. Assim também
acontece conosco, o povo de Deus do
tempo do fim! Você e eu! Que imagem
melhor nos poderia ser dada do que
aquela de Deus segurando a face de Adão
em Suas mãos e acomodando Seus lábios
às narinas de barro do primeiro homem
para trazê-lo à vida? De Deus nos fazendo à Sua imagem e ua semelhança? Do
pensamento de que nossa identidade
moral e espiritual vem diretamente dEle?
(Gênesis 1:26-28).
Em meados da década de 1990, o
fabricante de brinquedos Mattel introduziu a Barbie, a boneca número um do
mundo, num mercado dominado pelos
homens de softwares de multimídia e
videogame. O belo manequim de 29cm
agora anda e se movimenta num criativo
programa interativo de computador. Há
o Fashion Designer onde você pode criar
até 15 mil diferentes estilos de modelos
Barbies em 3-D exibindo-se na passarela.
E há o Barbie Storymaker onde você
pode criar seus próprios filmes da Barbie,
repletos de intriga e ação. Foi uma
manobra para fazer com que as garotas
também fiquem tão grudadas no computador quanto os garotos. Por mais de
40 anos, a Barbie tem sido o meio através
do qual as garotas imaginam a vida e se
projetam no futuro.
Isso me faz pensar nas diferentes teorias
da natureza humana existentes no mundo
hoje. Evolucionistas, sociólogos, psicólogos, adeptos da Nova Era, marxistas,
budistas, muçulmanos e vários cristãos
têm vestido os seres humanos com essa
ou aquela forma de ser. Os marxistas nos
dizem que somos moldados pela sociedade. Os evolucionistas, que somos o ponto
DIÁLOGO 17•2 2005
final de um desenvolvimento natural biológico no qual apenas o mais apto sobrevive. Os adeptos da Nova Era, que somos
deuses e parte de uma grande consciência
cósmica. Os existencialistas, que temos
um caminho aberto diante de nós onde
cada um faz suas escolhas por si mesmo
e para aquilo que lhe é importante. Jean
Paul Sartre escreveu que “o homem é
como uma bolha de consciência num
oceano do nada, flutuando por aí até a
bolha estourar.”
Se não tivermos um senso claro de
nossa identidade interior, podemos sentirnos perdidos e anônimos em meio aos
bilhões de pessoas com as quais dividimos este planeta. O futuro pode parecer
absurdo, vazio, sem sentido. Muito da
decadência moral de nossa sociedade, e
os desencontros de nossas famílias, são
resultado da confusão acerca de quem
realmente somos.
Mas as boas-novas do Gênesis é que
fomos feitos à imagem de um Deus que
nos ama e está trabalhando para nos
salvar! Esse despertar “boca-a-narina” do
pó inerte é único e significativo. É a peça
central do ensino bíblico acerca de quem
somos. Nosso propósito na vida. Nossa
responsabilidade final. Nossos direitos,
dignidade e caráter moral.
Um centro espiritual
Naomi Rosenblatt escreve que “ser
feito à imagem de Deus faz com que
sejamos um centro espiritual portátil”.2
Onde quer que formos, esse centro espiritual portátil vai conosco. “Se definirmos
a nós mesmos como tendo sido feitos à
imagem de Deus, ninguém mais pode vir
com outra definição”.3 Com esse senso de
identidade espiritual firmemente enraizado em nós, ninguém jamais poderá
usurpá-lo ou tirá-lo de nós, mesmo quando experimentarmos momentos difíceis
na vida. Era isso o que Israel precisava
ouvir muito tempo atrás. É isso o que
nós precisamos ouvir hoje como povo
remanescente de Deus, quase a entrar na
prometida terra celestial. Essa deveria ser
sempre parte de nossa mensagem neste
tempo do fim, para o mundo de pessoas
perdidas e confusas que estão ao nosso
DIÁLOGO 17•2 2005
redor (Apocalipse 14:7; 10:1, 5-7; 4:11;
21:1-5).
A mensagem “boca-a-narina” do
Gênesis nos fala que Deus não somente
tem o poder de trazer alguma coisa do
nada —o que inclui o vazio de nossa
vida — mas que Ele tem disposição para
fazê-lo. Isso foi declarado no Calvário,
onde os lábios de Jesus foram marcados
com palavras de dor, angústia e perdão.
O Apocalipse promete-nos que na nova
criação a face de Deus será novamente
vista pelos seres humanos (Apocalipse
22:4). Então Seus lábios serão marcados
com palavras de bênção e um sorriso alegre, até mesmo cantante (Zacarias 3:17).
Agora, em meio à dor e a provação,
pecado e queda, somos convidados a
meditar naquele primeiro momento do
amor divino — Deus acomodando Seus
lábios para soprar nos seres humanos que
haveriam de refletir Suas qualidades pessoais e morais no mundo. A cruz afirma
essas raízes e provê o contexto moral e o
poder para que sejamos totalmente restaurados à Sua imagem (Romanos 5:1021; Apocalipse 12:10, 11). A promessa da
nova criação afirma não somente quem
somos, mas também para onde estamos
indo (Apocalipse 22:3, 4; II Pedro 3:1114; I João 3:1-3; Colossenses 3:1-10).
Vivemos na luz moral que irradia de
ambas as criações, a passada e a futura.
Ela afirma nossa identidade moral e
herança — quem somos no mundo.
Louve a Deus com admiração! Quem
somos nós para que Deus pense assim a
nosso respeito (Salmo 8:3-6)?
Larry Lichtenwalter, Ph.D., é
pastor da Village Seventh-day
Adventist Church em Berrien
Springs, Michigan. Seu email:
[email protected].
REFERÊNCIAS
1. Richard Selzer, Mortal Lessons: Notes on the Art
of Surgery (Nova Iorque: Simon e Schuster,
1974), pp. 45, 46.
2. Naomi H. Rosenblatt, Wrestling with Angels
(Nova Iorque: Delacorte Press, 1995), p. 15.
3. Idem., p. 14.
Filipinas
Continuação da [p.] 21
concerto não é apenas uma experiência
espiritual, mas também um evento que
promove a apreciação pela música e a
fé cristã. Inicialmente, foi um desafio
para nós conduzir essas atividades numa
universidade secular, onde o conceito
de música é muito diferente daquilo
que planejávamos oferecer, mas, com a
direção de Deus, realizamos até aqui dois
grandes concertos com boa audiência.
Outra atividade que obteve atenção e
apreciação ao AMiCUS é nosso ministério nas prisões. Uma vez por mês visitamos um presídio na cidade vizinha de
San Jose, e levamos aos internos tanto a
alegria da música cristã quanto a esperança do evangelho. Nosso programa dura
uma hora e durante esse tempo temos
a oportunidade de alcançar o coração
de muitos internos. Somente o tempo
poderá revelar quantos encontraram nova
esperança e direção em Deus.
Outras atividades incluem cruzadas
da “A Voz da Juventude”, clínicas médicas e odontológicas, palestras espirituais
e sobre saúde, histórias para crianças,
festivais desportivos, retiros espirituais,
acampamentos e caminhadas, serenatas,
escolas sabatinas filiais e muitas outras.
Quase todas as despesas são cobertas pelas
contribuições dos estudantes, apesar de
eles mal conseguirem suprir seus custos
educacionais.
Nosso grupo está convidando organizações estudantis de outras partes do
mundo para estabelecer uma rede de
contato conosco. Nós os convidamos a
compartilhar suas atividades conosco, a
fim de podermos aprender mais sobre
as diferentes maneiras de ministrar às
pessoas que nos cercam. Nosso e-mail é:
[email protected].
Redentor A. Feliciano é o editor do
boletim da AMiCUS-CLSU.
23
ponto de vista
Ellen White e seus críticos
Leonard Brand
Os críticos de Ellen White
têm baseado seus estudos
em inadequados planos
de pesquisa e lógica
equivocada, e temos o
direito de discordar de suas
conclusões.
Deus dá informações a seres humanos?
Alguém ousaria questionar a crença de
que Deus falou com Seus profetas? Novas
informações publicadas num livro recente, The Prophet and Her Critics, procura
responder a essas questões.
Ellen White foi líder, oradora e escritora de destaque nas primeiras décadas da
denominação adventista do sétimo dia.
Seu ministério estendeu-se desde 1844
até sua morte em 1915. Os adventistas
do sétimo dia acreditam que ela foi portavoz de Deus, recebendo informações
através de visões, para o benefício dos
adventistas e de outros. Ela registrou essas
informações em livros e artigos, o que a
tornou uma das autoras mais publicadas
da história.
Os críticos têm questionado suas
reivindicações acerca da recepção de
comunicação divina, sustentando que,
em vez disso, ela copiava suas idéias de
outras fontes. Porções de seus escritos, de
fato, mostram alguma similaridade com
o que é encontrado em livros de outros
autores que ela conhecia e lia. A questão
é se esses autores eram a fonte de suas
idéias ou, como ela própria dizia, a leitura
desses livros apenas a ajudava a expressar
melhor os conceitos que recebia da parte
de Deus.
É correto questionar um profeta
de Deus como fazem esses críticos? I
Tessalonicenses 5:20-21, Deuteronômio
24
18:22 e Mateus 7:15-20 indicam claramente que existiriam verdadeiros e falsos
profetas, e temos o direito e a responsabilidade de distinguir uns dos outros.
Também somos compelidos a avaliar
criticamente o trabalho daqueles que alegam haver julgado um suposto profeta, e
achado que eles deixaram a desejar.
Propus-me a avaliar o trabalho dos
críticos de Ellen White, juntamente com
Don McMahon, um médico, que concluiu novas pesquisas para determinar se
os princípios de saúde dessa senhora procederam de Deus, como ela alega, ou da
abundante literatura do século dezenove
produzida por outros reformadores de
saúde. Essa pesquisa oferece o que parece
ser a primeira evidência científica sobre a
natureza da inspiração.
Os críticos de Ellen White
Minha avaliação de três conhecidos
críticos de Ellen White, Walter Rea,
Jonathon Butler e Ronald Numbers, concentrou-se na qualidade de sua pesquisa.
Será que eles utilizaram um método de
pesquisa adequado? Coletaram seus dados
de forma apropriada? Esses dados apóiam
suas conclusões? Se tivessem apresentado
seus trabalhos como teses de pós-graduação, teriam sido aprovados?
A alegação básica de Walter Rea é que
frases ou mesmo séries de sentenças dos
livros de Ellen White são idênticas ou
muito similares a outros livros de sua
biblioteca particular. Ele argumenta que
isso refuta a reivindicação que ela faz de
haver sido divinamente inspirada, e mostra que ela copiou suas idéias de outros.
Porém, há muitas razões por que as evidências apresentadas por Rea não lhe sustentam as conclusões. Em primeiro lugar,
o grau de semelhança não é tão grande
quanto ele faz parecer. Isso pode ser
determinado mediante uma análise cui-
dadosa dos exemplos citados em seu livro.
Segundo, ele cita dois argumentos contra
suas próprias conclusões, e seus esforços para refutar esses argumentos não
convencem. Os dados que ele usa não
podem provar tais argumentos. Terceiro,
a principal linha de pensamento do livro
todo está baseada numa lógica equivocada. Ele, de fato, apresenta evidência
que refuta a alegação de que os escritos
da Sra. White eram todos originais, ou
de que eram verbalmente inspirados ou
ditados por Deus. O problema é que ele
então salta diretamente para a conclusão
de que não pode ter havido uma comunicação divina.
Esse raciocínio rígido, no entanto, falha
em considerar uma explanação intermediária, que pode ser encontrada na descrição que ela mesma apresenta sobre como
escreveu seus livros. Sua reivindicação é
de que Deus lhe falou, dando-lhe princípios os quais escreveu com suas próprias
palavras. Ela esclarece que muitas vezes se
sentia incapaz de expressar adequadamente esses conceitos, mas era instruída de
que poderia fazê-lo se lesse outros livros
no assunto. Essa explanação é consistente
com todos os dados de Walter Rea e, por
isso, ele falha em não apresentar qualquer
evidência que possa negar o papel da
inspiração divina nos escritos de Ellen
White. Assim é requerido outro tipo de
evidência para testar sua reivindicação de
inspiração.
Um artigo publicado num periódico,
alegando que a compreensão de Ellen
White acerca dos eventos finais da história terrena proveio de acontecimentos
correntes em seus dias, também peca pela
lógica equivocada e inadequada evidência. Não discutiremos esse artigo aqui.
Vamos, porém, direto ao livro Prophetess
of Health, de Ronald Numbers. Numbers
pretende mostrar que Ellen White extraiu
todos os princípios da reforma da saúde
das obras de outros reformadores de seus
dias. Havia vários deles no século dezenove, os quais publicaram muitos livros
e artigos, sendo que alguns faziam parte
da biblioteca particular de Ellen White e
foram por ela sublinhados.
A principal visão de saúde que Ellen
DIÁLOGO 17•2 2005
White teve ocorreu em junho de 1863, e
no ano seguinte ela escreveu os princípios
de um viver saudável no livro Spiritual
Gifts. Ela afirmou não ter lido as obras
de outros reformadores da saúde, senão
após haver escrito a seção sobre saúde do
Spiritual Gifts. Contudo, depois de escrever essa obra, a Sra. White surpreendeuse ao encontrar muitos conceitos similares
aos seus. Numbers não leva em conta a
afirmação de Ellen White, e diz que antes
da visão de 1863 “os adventistas do sétimo dia já dispunham dos elementos básicos da mensagem da reforma da saúde”.
A história desses eventos provida por
Numbers é instrutiva, mas seu uso da
narração para determinar se os princípios
de saúde foram revelados por Deus a
Ellen White, está repleto de erros de lógica e evidência inadequada. Em primeiro
lugar, uma pesquisa assim deve estar
baseada numa listagem completa de seus
princípios de saúde e também dos princípios de saúde de suas supostas fontes.
Eles devem ser compilados com base nos
mesmos critérios, a fim de proporcionar
uma série de dados imparciais. Então,
todos esses princípios podem ser comparados com as descobertas médicas modernas, visando a determinar quais deles
foram cientificamente comprovados. De
fato, o conhecimento médico está constantemente avançando e mudando diante
de novas descobertas, de modo que essa
regra não é absoluta. Entretanto, esse não
é um problema muito sério, porque permite uma comparação do relativo grau
de exatidão dos diferentes reformadores
da saúde. Isso é adequado aos nossos
propósitos. Numbers nem chega perto de
fazer isso, mas usou evidência anedótica
— uma comparação de uns poucos princípios de saúde — sem qualquer indicação de como escolheu esses exemplos, em
vez de muitos outros que não discutiu.
Segundo, Numbers se concentrou nas
semelhanças entre os princípios de Ellen
White e os de outros reformadores, mas
não discutiu as importantes diferenças
existentes entre eles. Isso não é apropriado, pois um plano imparcial de pesquisa
deve comparar tanto as similaridades
quanto as diferenças.
DIÁLOGO 17•2 2005
Terceiro, Numbers não tentou analisar
objetivamente a hipótese da inspiração
divina, mas declarou explicitamente sua
suposição de que os dados deveriam ser
avaliados sem recorrência a essa hipótese.
Mas um estudo mais culto visando a
determinar se uma hipótese é verdadeira,
não pode começar supondo que tal hipótese seja falsa.
Em resumo, os planos de pesquisa
usados por esses críticos são igualmente
insatisfatórios e não apresentam dados
para apoiar suas alegações. Muitos livros
foram escritos em resposta a esses críticos.
Minha avaliação é que essas obras ajudam, mas não representam estudos meticulosos e objetivos, os quais são necessários para testar a hipótese da comunicação divina como fonte dos escritos de
Ellen White. Não obstante, um novo
estudo de seus escritos sobre saúde usou
o plano de pesquisa apropriado, e oferece
possibilidades de testar a comunicação
divina dos princípios de saúde. Essa
investigação foi feita por Don McMahon,
um médico com larga experiência no
estudo e divulgação de princípios médicos modernos de um viver saudável.
Testando a hipótese
da inspiração divina
McMahon compilou uma lista de
todos os conceitos de saúde contidos
nos escritos de Ellen White e de outros
destacados reformadores da saúde seus
contemporâneos. A mesma abordagem
foi usada para compilar cada uma dessas listas. Então esses conceitos foram
todos comparados com a ciência médica
moderna, e cada um deles avaliado como
confirmado ou não pela medicina atual.
Cada conceito de saúde foi então categorizado como um princípio de saúde ou
uma explanação fisiológica de um princípio de saúde. Por exemplo, “beba muita
água” é um princípio, uma declaração
do que fazer. Uma explanação fisiológica
não diria o que fazer, mas por que fazer.
McMahon chamou os princípios de
“ques”, e as explanações de “porquês”.
Finalmente, a opinião médica contemporânea também foi utilizada para decidir
se cada princípio de saúde (“que”) deve
ter efeito pequeno ou significativo sobre
a saúde.
Isso propiciou um banco de dados
para o teste que havíamos estado procurando. Portanto, estamos prontos para
testar duas hipóteses: (1) “os conceitos de
saúde de Ellen White podem ser satisfatoriamente explicados como tendo sido
tomados emprestados de outros reformadores da saúde seus contemporâneos”, e
(2) “os escritos de saúde de Ellen White
contêm informações que não podem ser
explicadas como originárias dos conceitos
de saúde disponíveis em seus dias; eles
demonstram que ela deve ter recebido
informação de uma fonte extra-humana”.
Na década de 1950, a opinião médica
era claramente contrária aos princípios de
saúde de Ellen White, mas as novas pesquisas realizadas na segunda metade do
século vinte mudaram isso. De 46 “ques”
em Spiritual Gifts, 96% foram confirmados pela medicina moderna, sendo
70% deles significativos para a saúde, e
26% como tendo efeitos menores. Em
contraste, os princípios de saúde (“ques”)
de cinco outros reformadores da saúde
estudados tiveram apenas de 35-45% de
confirmação. Mas não é só isso. Quando
comparamos a lista dos princípios nãoconfirmados de todos esses reformadores,
a diferença entre Ellen White e eles é
ainda maior. Dois princípios de Ellen
White em Spiritual Gifts, considerados
por McMahon como não-confirmados, são os seguintes: não use fermento
no pão, e em geral tome apenas duas
refeições por dia. Em contraste, eis uma
amostra dos princípios não-confirmados
de outros reformadores: não aqueça sua
casa; se quiser comer carne, coma-a crua;
não console as crianças, pois chorar lhes
faz bem; não deixe as crianças comerem
frutas; não beba água, apenas coma frutas
que a contenham; não use sal; use pouca
roupa quanto está frio; não use sabão;
tome apenas dois banhos por semana; a
atividade sexual entre marido e mulher é
prejudicial à saúde; as crianças não devem
comer batatas; e evite odores fortes
(mesmo os agradáveis, como o perfume
das flores).
Uma vez que Ellen White tinha pouca
25
educação formal, e certamente nenhuma
formação médica, como sabia ela que
não deveria utilizar aqueles princípios que
podem até ter parecido válidos 150 anos
atrás, mas que hoje são reconhecidamente muito equivocados? E onde foi que
ela conseguiu os muitos princípios que
os outros reformadores de saúde jamais
defenderam? Esse último ponto é particularmente importante, porque os princípios que lhe são exclusivos têm um grau
de precisão muito maior do que os princípios encontrados em seus escritos e nos
de um ou mais dos outros reformadores
da saúde. A precisão de seus princípios de
saúde não pode ser derivada de nenhuma
fonte disponível em qualquer época da
vida dela. Isso parece refutar a hipótese
número 1 acima, e é consistente com a
hipótese de número 2 — comunicação
de uma fonte extra-humana. Alguém tem
outra explicação?
Após escrever Spiritual Gifts, Ellen
White diz que leu as publicações de
outros reformadores, e usou parte desse
material. Isso pode explicar porque seu
percentual de princípios de saúde confirmados no livro Princípios de Saúde,
publicado em 1905, caiu de 96% para
87%. Mesmo assim, os princípios nãoconfirmados no Princípios de Saúde são
idéias discutíveis, mas que não incluem
qualquer dos princípios estranhos defendidos por outros reformadores da saúde.
Até agora tenho discutido os “ques”,
mas os “porquês” apresentam um quadro
diferente que revela algo acerca da natureza da inspiração. Os “porquês” de Ellen
White não são mais corretos que os “porquês” de outros reformadores, e por isso
eles parecem vir de uma fonte de informação diferente. Parece que Deus nos
deu os princípios de um viver saudável
que haverão de melhorar nossa qualidade
de vida, mas deixou que encontrássemos
por nós mesmos as explicações fisiológicas. E, de fato, teria quase sempre sido
impossível dar explicações fisiológicas corretas para muitos dos princípios de saúde
no século dezenove, usando terminologia
médica e conceitos que não se tornaram
conhecidos senão na segunda metade do
século vinte.
26
Princípios de saúde como “beba muita
água” ou “não beba álcool” são fáceis
de comunicar e entender em qualquer
momento da história, embora não se
conheça as razões corretas para eles.
Nossa vida e relacionamento com Deus
serão beneficiados se seguirmos os princípios de vida que Ele nos deu, mesmo que
não lhes entendamos as razões.
Ellen White e os princípios das
relações sexuais
Os críticos de Ellen White argumentam que ela defendeu conceitos desequilibrados sobre as relações sexuais entre
marido e mulher, mas isso parece estar
baseado numa leitura desatenta de seus
escritos. Em seus dias, era comum os
reformadores da saúde defenderem uma
restrição do contato sexual a uma vez por
mês. Contrariamente ao que Numbers dá
a entender, Ellen White nunca defendeu
tal coisa. Ela, de fato, discute problemas
causados por “paixões animais”, esposos
“piores que os brutos” e defende que as
esposas devem tentar desviar a mente de
seus maridos da “gratificação das paixões
pecaminosas”. Para entender o que ela
está condenando, temos de saber que tipo
de relação descreve. Está ela condenando
as relações sexuais normais entre cônjuges
que se amam de forma altruísta, carinhosa e com mútua compreensão? Ou
estará ela descrevendo o comportamento
insensível de esposos egoístas, exigentes
ou talvez até mesmo algum tipo de comportamento abusivo?
Ela escreveu numa época em que
assuntos sexuais não eram discutidos tão
abertamente como hoje, mas um estudo
cuidadoso de seus escritos demonstra
claramente que as “paixões animais” que
ela condena estão na segunda categoria
acima descrita. Quando comparamos as
descrições de um relacionamento no qual
o marido é governado pelo verdadeiro
amor, com as características ou resultados
de “paixões animais” ou maridos “piores
que brutos”, há uma diferença dramática
entre as duas listas. Ela está falando da
qualidade do relacionamento conjugal e
não da freqüência do sexo. Um homem
tentou obter a aprovação de Ellen White
para um tratado que defendia a idéia de
que sexo deveria se limitar à procriação.
Assim que ele terminou de falar, ela disse
apenas: “Vá para casa e seja um homem”.
Ele entendeu o recado e não publicou seu
tratado.
Conclusões
Deus nos permite fazer escolhas e aceitar suas conseqüências. Isso inclui as que
cada um de nós faz acerca de nossa visão
da inspiração. Todavia, se uma pessoa
questiona a Bíblia ou os escritos de Ellen
White, temos o direito de esperar que
tal questionamento esteja baseado numa
pesquisa acadêmica de alta qualidade. Os
críticos de Ellen White aqui discutidos
basearam seu trabalho em métodos de
pesquisa inadequados e numa lógica
equivocada, e temos o direito de não concordar com suas ilações.
A pesquisa de Don McMahon, de
longe a mais cuidadosa e objetiva sobre
esse assunto, indica que a alegação de que
os princípios de saúde de Ellen White
foram copiados de outros reformadores,
não é nem um pouco realista. Seguir
esses princípios é mostrar nossa gratidão
ao Criador, que Se interessa não apenas
pela nossa salvação, mas também quer
ajudar-nos a levar uma vida mais saudável
e feliz. Esses dons divinos são outorgados
livremente por Sua graça. A exatidão que
vemos nos princípios de saúde dados por
Deus pode também nos encorajar a confiar em outros assuntos por Ele revelados
— ouvir e crer na comunicação de Deus
a nós por meio de Seus mensageiros. Em
Sua bondade, Ele tem enviado mensagens
que nos impedem de ser enganados pelo
inimigo da raça humana.
Leonard R. Brand (Ph.D. pela Cornell
University) é professor de Biologia
e Paleontologia na Universidade de
Loma Linda, Loma Linda, Califórnia,
EUA. Seu e-mail: [email protected].
Continua na p. 32
DIÁLOGO 17•2 2005
fÓrum aberto
Casando-se com um não-cristão?
Estou perdidamente apaixonada por um
homem que conheci no trabalho. Ambos estamos na faixa dos trinta e somos compatíveis
em todas as áreas, exceto a religiosa. Embora
não seja cristão, ele vai à igreja comigo e
eu sinceramente acredito que se converterá
algum dia. Não há ninguém na igreja com
quem eu possa namorar. Além do mais, os
valores morais desse homem são mais elevados
que de outros homens da igreja com quem
namorei. O que você pensa sobre as minhas
chances de convertê-lo? Eu estou disposta a
arriscar.
Entendo a sua dificuldade. Buscar
alguém com quem possa compartilhar
identidade espiritual reduz drasticamente
o campo de elegibilidade dos candidatos.
Existe a possibilidade de que seu amigo se
converta, mas a admoestação bíblica contra a união de um cristão com um nãocristão ainda existe. Nunca se case esperançosa nas futuras mudanças de alguém. Se
você fracassar em ser compatível com seus
valores espirituais, bem como intelectualmente, emocionais e físicos, estará comprometendo suas crenças e normas. Isso a
coloca num patamar perigoso.
Não tente ignorar o problema, justificar
a relação ou desobedecer a Deus. Em vez
disso, analise profundamente o que isso
significa para você e aquele a quem ama.
A menos que você faça isso agora, em
todos os anos vindouros terá de lidar com
as conseqüências de estar desigualmente
unida.
Imagine a frustração que dois construtores experimentariam tentando trabalhar
numa casa com dois diferentes projetos de
construção. Projetos e materiais diferentes produziriam tal confusão e conflito
que a obra fracassaria. Até mesmo um
observador amador diria: “Você não pode
construir uma casa que tem dois diferentes
projetos”.
O mesmo conselho se aplica aos ingênuos apaixonados que entram na relação
DIÁLOGO 17•2 2005
matrimonial com diferentes posições de
projetos espirituais.
Quando um é cristão e o outro não,
adentram uma arena onde nunca poderão
conseguir unidade espiritual. Que diferença isso faz no matrimônio, quando ambos
podem voltar-se para Deus no meio a um
tumulto e juntos encontrarem refúgio e
forças!
É impressionante quanta desobediência
floresce sob a racionalização que encontrei
em sua carta. Você necessita coragem para
colocar um ponto final nesse relacionamento. A dor presente será aguda, mas
inacreditável a paz no futuro. Cerque-se
de amigos cristãos que possam oferecer-lhe
apoio em oração. Se você tomar agora a
decisão difícil, brevemente terá paz.
Tenho 28 anos e estudo em uma universidade pública. Aprecio realmente algumas
das idéias de seus livros acerca de como cortejar, mas não estou seguro de que garotas nãocristãs exerçam má influência sobre mim. O
que você pensa sobre namorar alguém que
não pertença à mesma fé?
Alguns jovens solteiros se sentem realmente desconfortáveis quando as pessoas
mencionam a advertência de Paulo: “Não
vos ponhais em jugo desigual com os
incrédulos”(II Coríntios 6:14, Edição
Revista e Atualizada). Eles começam com
racionalizações: “Eu sei que ela não é cristã, mas vai à igreja comigo e estou certo de
que se converterá”. “Mas não há ninguém
na igreja para eu namorar!”. “Eu sei que
ela não é cristã, mas possui valores morais
mais elevados que todas as outras garotas
com quem eu namorei”.
Entendo a racionalização bem como a
dificuldade. Sim, ela poderá converter-se
algum dia, mas a admoestação contra um
relacionamento entre um crente e um descrente ainda permanece. Há uma grande
quantidade de homens e mulheres cristãos
em nossas igrejas, que são casados com
descrentes. Alguns se tornam cristãos após
o casamento. Outros se casam sem prestar
atenção nos conselhos das Escrituras, mas
eles todos carregam a dor da solidão espiritual.
A compatibilidade espiritual é importante. Durante as ocasiões de crise, duas
pessoas que comungam juntos podem
tornar-se uma fonte de resistência para
atravessar os momentos difíceis. Nenhum
casal passa pela vida sem ser atingido pela
adversidade ou tragédia. Este mundo
imperfeito carrega muita maldade — desgosto, dor, desapontamento, doença,
revolta emocional, problemas financeiros e
morte. Quando um casal necessita buscar
a Deus em oração, eles encontram grande
força e coragem, especialmente quando O
procuram juntos, ao invés de sozinhos!
“Não se unam aos descrentes”, diz a
sabedoria divina. Cristãos solteiros devem
prestar atenção ou colher as conseqüências de viver num lar de onde as sombras
nunca se erguem. Deus não deu esse
conselho para evitar que você encontre
um companheiro, mas para protegê-lo
da dor. Não se deixe envolver romanticamente com alguém que não compartilhe a
mesma fé, e que você não possa suportar a
idéia de um futuro sem essa pessoa.
O caminho mais seguro para se proteger de tal dor é manter uma política de
relacionamento somente com aqueles que
sejam da mesma fé.
Nancy Van Pelt é educadora graduada em vida familiar e profissional em
ciência do consumidor. É autora de 27
livros já traduzidos em mais de 30 línguas. Essas duas perguntas e respostas
foram selecionadas de seu novo livro,
feito em parceria com Madlyn Lewis
Hamblin, Dear Nancy: A Trusted Advisor
Gives Straight Answers to Questions about
Marriage, Sex and Parenting (Nampa,
Idaho: Pacific Press, 2005).
27
para sua informação
Os sombrios segredos do álcool
Pesquisas científicas mostram que os perigos do
álcool são muito insidiosos para serem ignorados.
John F. Ashton
O que os anúncios dizem e os cinemas
retratam sobre o álcool é muito diferente dos efeitos que o álcool produz em
nossos corpos e comunidades. Moços e
moças, cuja mente e desejos estão sendo
visados por campanhas de mídia cuidadosamente orquestradas, não estão sendo
informados sobre os sombrios segredos
do álcool. Não lhes está sendo dito, por
exemplo, que o álcool tem potencial para
afeminar os homens. Ao contrário do
que os anúncios de bebidas alcoólicas nos
querem fazer crer, quanto mais álcool o
homem ingere, menos hormônio masculino, a testosterona, seu corpo produz.
Na verdade, o álcool estimula o fígado
a produzir uma enzima que converte a
testosterona num hormônio feminino,
o estrogênio.1 Eis por que os bebedores
inveterados podem desenvolver mamas,
exibir padrões femininos de deposição de
gordura e perder cabelos.
Alguém já lhe havia falado antes sobre
esse efeito do álcool? Você já ouviu
declarações em quaisquer dos anúncios
machistas de cerveja, ou nos rótulos das
garrafas e latas de cerveja, advertindo
sobre o fato de que o consumo abusivo
do produto pode produzir afeminação
nos homens? Não é esse efeito justamente
o oposto da mensagem de muitas das
propagandas de cerveja, que insinuam
que os “homens verdadeiros” bebem
cerveja? Esse efeito feminizante do álcool
já era conhecido há muitos anos. Uma
pesquisa realizada sob o tema “álcool e
feminização”, no banco de dados médicos
da Biblioteca Nacional de Medicina dos
Estados Unidos — http://www.ncbi.nlm.
nih.gov/entrez/query —, revela vários
estudos sobre esse aspecto do álcool.
Assim, por que não fomos informados?
28
Os efeitos do álcool sobre a
masculinidade
Mas existe muito mais acerca desse
lado sombrio do álcool. Alguns estudos
oriundos da pesquisa acima referida, revelaram que quando ratas foram expostas
ao álcool em sua dieta durante a gravidez,
elas produziram prole masculina com
características afeminadas. Em certo experimento, a prole de machos adultos cujas
mães haviam sido submetidas tanto a uma
dieta isenta de álcool como a um regime
contendo cinco por cento de álcool, foi
colocada junto a uma fêmea receptiva e
um macho, ambos engaiolados. Dos ratos
descendentes das mães do grupo de controle livre de álcool, dedicaram 29 % de
seu tempo à fêmea receptiva, comparada
a 13% de seu tempo junto ao macho. Os
ratos oriundos das mães expostas ao álcool,
dedicaram 20% de seu tempo tanto ao
macho quando à fêmea receptiva.2 Em
outro estudo, 44% dos ratos machos prematuramente expostos ao álcool não conseguiam ejacular ao acasalarem com fêmeas receptivas, embora possuíssem genitália
normal.3 Recentes estudos realizados com
animais também confirmaram que a exposição pré-natal ao álcool pode produzir
comportamento sexual anormal, o que é
provavelmente explicado pelo mecanismo
da testosterona.4 Essas descobertas sobre
comportamento animal sugerem que pode
haver muitos casos de sensibilidade social
associada ao consumo de álcool, os quais
muitas pessoas com interesses particulares
não desejariam discutir.
O lado nebuloso do álcool não pára
por aqui. Estamos apenas começando a
expor seus sinistros segredos. O consumo
de álcool durante a gravidez humana pode
conduzir à síndrome fetal alcoólica (SFA)
na criança. Ela pode gerar malformação de
órgãos, incluindo o coração, o sistema nervoso central, os órgãos genitais e o cérebro.5
De fato, por quase 20 anos foi reconhecido
que a SFA é a causa principal do debilitamento intelectual no contexto da cultura
ocidental.6
Álcool e gravidez
Jovens bebedores também não estão
imunes de gerar descendência deformada.
Desde o início da década de 30 — num
manual para mães presentes e futuras, intitulado “All About the Baby” (Tudo Sobre o
Bebê) —, a Dra. Belle Wood Comstock
observou que os filhos de pais alcoólicos
freqüentemente exibiam vários sinais de
degeneração mental e física. Ela sugeriu
que isso poderia ser explicado com base na
quase incrível suposição de que o álcool no
sangue serve para envenenar o esperma dos
futuros pais.7 Em fevereiro de 1991 — 60
anos mais tarde — a Dra. Gladys Friedler,
da Escola de Medicina da Universidade de
Boston, relatou à Associação Americana
Para o Avanço da Ciência, a descoberta de
que a exposição dos pais ao álcool afetava
o crescimento e o desenvolvimento de seus
filhos.8
Estudos realizados em animais e seres
humanos também demonstraram que o
álcool danifica o esperma masculino, reduz
a contagem dos espermatozóides e pode
causar atrofia testicular.9 Estudos utilizando
ratos nas experiências descobriram que
quando foi permitido que os animais bebessem álcool livremente, seus testículos foram
reduzidos e os canais espermáticos sofreram
degeneração. Descobriu-se que seus espermatozóides tiveram a motilidade significativamente reduzida, tornando-os incapazes
de fertilizar a fêmea receptiva, a despeito das
cópulas bem-sucedidas.10
Soube-se, durante anos, que o consumo
de álcool causava impotência nos homens
e retardava a satisfação nas mulheres.11
Todavia, a indústria do álcool habilmente
desviou a atenção desse fato, capitalizando
sobre nosso interesse natural em sexo e no
papel que o álcool pode desempenhar na
sedução, reduzindo as inibições. Utilizando
DIÁLOGO 17•2 2005
propaganda de bebidas alcoólicas que insinuam uma associação com o sucesso sexual, nossa atenção foi desviada dos efeitos
causadores de impotência. Isto ilustra também como nossos pensamentos e comportamentos podem ser manipulados através
de um marketing estratégico inteligente.
Álcool e anúncios propagandísticos
A indústria do álcool gasta milhões de
dólares cada ano pesquisando e produzindo mensagens e imagens que nos persuadem melhor a comprar seus produtos.
O ponto principal é aumentar as vendas
e através delas os lucros. Alguns dos mais
competentes e mais bem pagos cérebros
publicitários do mundo são empregados
para convencer os jovens a começarem a
beber. A indústria sabe que uma vez iniciados, muitos deles serão clientes para toda
a vida.
Essas campanhas de marketing têm sido
muito bem-sucedidas. Na Austrália, por
exemplo, entre 1993 e 2001, o consumo
de álcool na comunidade em geral aumentou 10% além dos níveis já elevados.12
Mulheres jovens foram particularmente
visadas pela indústria da bebida no início
da década de 90, através da promoção de
bebidas com desconto e do desenvolvimento de sucos de frutas e líquidos refrescantes que apelavam ao paladar feminino.
Como resultado, as taxas de consumo de
bebidas por parte das mulheres levantaram
vôo. O Estudo de Saúde das Mulheres
Australianas, de 1996, descobriu que de
14.762 mulheres compreendidas na faixa
etária entre 18-23 anos, 70% relataram
estar envolvidas em bebedeiras, com 25%
fazendo isso semanalmente. Somente 9%
das mulheres jovens pesquisadas disseram
ser abstêmias.13 A indústria do álcool persuadiu com sucesso milhares de mulheres
a se tornarem bebedoras.
Álcool e saúde
Uma das armadilhas não tão bem ocultadas da conexão álcool-sexo, é que o álcool facilita o sexo casual antes do casamento,14 e essa prática expõe os jovens ao alto
risco de contrair clamídia, causada pela
Chlamydia trachomatis (CT), uma patologia sexualmente transmissível que, apesar
DIÁLOGO 17•2 2005
da ausência de sintomas físicos, pode ter
conseqüências graves em longo prazo se
for deixada sem tratamento. Mulheres
jovens são particularmente vulneráveis a
uma infecção crescente que pode resultar
em doença inflamatória pélvica (DIP), a
qual, por seu turno, leva à infertilidade
tubária. No caso dos homens, a doença
pode causar esterilidade.
Promover os supostos benefícios à saúde
cardíaca é outra estratégia mercadológica
da indústria do álcool. Com que freqüência você lê artigos em jornais e revistas,
exaltando os mais recentes resultados de
como a cerveja e os vinhos, particularmente os tintos, protegem contra doenças
do coração? No contexto de um beber
bastante moderado, essas afirmações
podem conter alguma verdade. Mas, de
idêntica maneira, com que freqüência
você lê artigos lembrando que mesmo o
beber moderado pode causar um aumento
significativo do risco de contraimento de
câncer, particularmente o câncer de mama
nas mulheres? Uma investigação realizada
no banco de dados de pesquisa médica da
Biblioteca Nacional de Medicina Norteamericana, sob o título “álcool e câncer”,
revela centenas de estudos que unem o
consumo de álcool com o elevado risco
de graves tipos de câncer — todavia,
quão amiúde somos nós advertidos de
que o álcool causa ou promove o câncer?
Além disso, o álcool, mesmo que ingerido
em quantias modestas, parece aumentar
o risco de AVC ou derrame cerebral.15
Assim, essa bebida está longe de ser benigna em termos de efeitos em prol da saúde.
Álcool e efeitos sociais
Nem é ele benévolo em termos de efeitos sociais. Estamos bem informados sobre
a ligação entre álcool e acidentes automobilísticos. Mas o lado social do álcool
é muito, muito mais escuro. O consumo
de álcool é fator contributivo de muitos
crimes violentos. Um dos aspectos mais
devastadores do uso de álcool relaciona-se
a seu papel em crimes hediondos contra
mulheres — estupro e violência doméstica.
Nos Estados Unidos, estimativas conservadoras sobre atentados ao pudor sugerem
que 25% das mulheres americanas já
foram vítimas desse crime, inclusive de
estupro. Aproximadamente metade desses
casos envolveu consumo de álcool por
parte do perpetrador do crime, da vítima
ou de ambos.16
Estima-se que o álcool esteja envolvido
em cerca de 50% de todos os incidentes
de violência doméstica. Numa pesquisa
que examinou mais de 2.000 casais americanos, as taxas de violência doméstica
foram quase 15 vezes mais altas nas famílias onde os maridos estavam freqüentemente bêbados, em comparação com
lares de abstêmios.17 Estatísticas recentes
do Departamento de Justiça dos Estados
Unidos fornecem um quadro semelhante
do envolvimento do álcool na violência
íntima ao companheiro. Dois terços das
vítimas abusadas pelo cônjuge atual ou
anterior, por namorado ou namorada,
informaram que o álcool havia sido um
dos fatores, e cerca da metade dos incidentes de violência vinculados ao consumo
de álcool e relatados à polícia, envolveram
cônjuges anteriores ou atuais, namorados
ou namoradas das vítimas.18
O álcool não produz, por si só, violência doméstica, mas está envolvido como
um dos principais fatores, ao agir como
um desinibidor poderoso deflagrando sentimentos e frustrações mais profundos. As
fortes evidências sobre o papel desinibidor
que o álcool desempenha na violência
doméstica provêm de um estudo realizado
em 2003 pelo Instituto de Pesquisas Sobre
Vícios, da Universidade de Búfalo. O
estudo feito em 270 homens com predisposição à violência física contra suas companheiras demonstrou que nos dias em
que os homens bebiam, eles se tornavam
provavelmente oito vezes mais violentos
contra suas parceiras, do que quando não
ingeriam uma gota de álcool. Além disso,
em dias de bebedeira pesada, as chances de
alguma violência masculina contra a companheira foi dezoito vezes mais elevada em
comparação com os dias de abstenção.19
Para uma grande proporção da população, o álcool é uma maldição, e não
se constitui nenhuma surpresa de que a
Bíblia registre o ódio de Deus contra a
Continua na p. 32
29
Livros
A Trindade: como entender
os mistérios da pessoa de
Deus na Bíblia e na história do
cristianismo,
de Woodrow Whidden, Jerry Moon
e John W. Reeve (Tatuí: Casa
Publicadora Brasileira, 2003; 330 pp.;
encadernado).
Resenha de Aecio E. Cairus
Trindade não é um termo bíblico, mas o conceito de uma
Divindade em três Pessoas — coiguais, coeternas, cointencionais. É de fato, uma doutrina bíblica. Do Gênesis ao
Apocalipse, do relato da criação à fórmula batismal, à Grande
Comissão, às doxologias paulinas e ao relato da recriação, a
doutrina da Trindade é claramente visível aos olhos da fé do
crente. Na história, o cristão vê o Concílio de Nicéia, em 325
a.D., como tendo resolvido a questão, mas a doutrina ainda é
uma das mais mal-compreendidas e um dos ensinos cristãos
mais freqüentemente negados. Isso tem afetado inclusive a
Igreja Adventista.
Essa é a razão pela qual esse livro de autoria de três professores adventistas do sétimo dia da Andrews University é oportuno e indispensável, não apenas como esclarecimento acadêmico
e teológico, mas também como uma bênção pessoal aos leitores. O longo subtítulo, sem dúvida, visa a destacar a importância da doutrina, a fim de atrair leitores de todas as convicções.
Mas, do ponto de vista da literatura contemporânea, ele
provavelmente poderia dizer apenas “A doutrina da Trindade
para leitores adventistas”. O livro inteiro é destinado a essa
audiência, como sugerido já na página 9, e claramente expresso
ao longo do trabalho. A razão é explicada na introdução. Não
apenas os adventistas estão sendo acusados por outros cristãos
de serem ambíguos acerca dessa doutrina (o que é verdade apenas em relação aos primórdios da igreja), mas há também um
reavivamento do antitrinitarianismo entre alguns adventistas do
sétimo dia, que olham para trás, para o tempo dos pioneiros,
como a era dourada da teologia adventista.
O livro começa com uma análise da evidência bíblica em
favor da plena divindade de Cristo e da personalidade do
Espírito Santo. Esses pontos, como qualquer um que tem
algum conhecimento da doutrina da Trindade sabe, são o
âmago do problema. Esses ensinos fundamentais da Escritura
estão sendo atacados por suas teorias rivais históricas (o arianismo, que nega que Cristo é plena e verdadeiramente Deus, e o
modalismo, que considera as três Pessoas divinas meramente
como manifestações de uma e da mesma personalidade). Então
o livro apresenta uma excelente recapitulação histórica das
idéias acerca de Deus no cristianismo em geral, e na história
30
adventista em particular. A última parte é de grande valor para
o ensino dessa doutrina nas instituições adventistas, uma vez
que há muito pouca literatura acerca desse assunto. Todas as
seções do livro são em geral precisas e bem documentadas.
Ao organizar o livro, os autores optaram por se concentrar
nos aspectos bíblicos e históricos da doutrina. Eles parecem
supor que o conteúdo e o propósito da doutrina seja bem
conhecido dos eventuais leitores, o que pode não ser o caso,
especialmente diante dos ataques polêmicos dos opositores, que
tendem a obscurecer esses assuntos.
Do ponto de vista didático, seria melhor se o livro houvesse iniciado com uma abordagem sistemática, explanando a
necessidade teológica, a lógica interna e a simetria do ensino
trinitariano, em contraste com as teorias oponentes, antes de
apresentar a evidência bíblica da deidade de Cristo. Um leitor
de A Trindade seria provavelmente beneficiado com tal introdução sistemática, mas ele pode, provavelmente, obtê-la de outras
fontes.
Acerca da evidência em favor da personalidade do Espírito
Santo, a obra é deveras breve. Ela repete os textos-prova encontrados nas crenças fundamentais adventistas do sétimo dia e
outras publicações, mas que parecem esquecidos tanto por
arianos quanto por modalistas, os quais não negam necessariamente a personalidade por detrás das ações descritas nesses textos, mas apenas as atribuem ao Pai por meio do Espírito. Dessa
forma, eles evitam separar a personalidade do Espírito.
No geral, porém, o livro é convincente e pode ser usado
efetivamente tanto como medicina preventiva quanto como
medicamento em presença de ataques polêmicos.
Uma parte desse livro foi publicada na Diálogo 16:3 (2004), sob o título: “A Trindade: Por Que
É Importante?”
Aecio E. Cairus (Ph.D. pela Universidade Andrews) é
diretor do Departamento de Teologia no Adventist
International Institute of Advanced Studies, Filipinas. Seu email: [email protected].
Prophets Are Human
Graeme Bradford (Victoria, Austrália:
Signs Publishing Company, 2004; 91
pp.; brochura).
Resenha de Juan Carlos Viera
“Deixe-me contar-lhe uma história, uma história que
começa na metade do século dezenove e continua até hoje.
DIÁLOGO 17•2 2005
É a história de uma mulher, uma pessoa notável. Ela possuía
pouca educação formal, mas escreveu livros cuja influência
tem alcançado milhares e criou um movimento que está
hoje muito ativo em praticamente todo o mundo.”
Graeme Bradford poderia muito bem ter começado seu
livro desse modo, pois a obra é tão cativante quanto uma
história contada por um mestre narrador. De fato, ele sabe
como contar sua história e alcança tanto os leitores comuns
quanto os mais exigentes, com sua impressionante mensagem acerca de Ellen G. White, que está entre os fundadores
da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Professor na Faculdade
de Teologia do Avondale College, Austrália, Bradford
conhece muito bem seu assunto, sua audiência e a arte da
comunicação.
O livro é estruturado como um diálogo entre um casal
adventista imaginário. O casal vai da dúvida à certeza, graças às visitas semanais do pastor e de um professor do colégio. Embora o autor afirme na introdução que despendeu
mais de vinte anos fazendo a pesquisa, o contexto da história é atual: o marido encontra na Internet argumentos que o
levam à dúvida. Isso não parece familiar?
O livro trata, de forma sucinta, das principais críticas
levantadas contra Ellen White e seus escritos, quais sejam:
que ela usou fontes não-inspiradas; que ela cometeu erros
em seus escritos tanto quanto em sua vida; que ela ensinou
ou apoiou idéias que mais tarde a ciência provou estarem
erradas; etc. Na história, o pastor e o professor tentam abrir
o caminho para a certeza, ao comparar a experiência de
Ellen White à dos profetas bíblicos e, é claro, eles deparam
as mesmas questões com relação aos escritores bíblicos. A
conclusão do autor é que os profetas são seres humanos
imperfeitos, usando uma linguagem humana imperfeita e
vivendo uma vida humana imperfeita em culturas imperfeitas. Apesar de tudo, Deus envia Sua mensagem divina e
perfeita por meio deles. A prova correta de um profeta verdadeiro deve estar baseada na mensagem divina que ele traz,
e não no comportamento ou erros de origem humana.
O autor apresenta argumentos persuasivos num estilo
muito simples. Para o leitor que não deseja gastar senão
umas poucas horas com o assunto, esse é o livro ideal.
Juan Carlos Viera (D. Miss. pelo Semináro Teológico
Fuller) atuou como diretor do Ellen G. White Estate e
escreveu um livro sobre o mesmo assunto, The Voice of
the Spirit (Nampa, Idaho: Pacific Press Publ. Assn., 1998).
The Battle for the Bible
David Marshall (Grantham, England:
Autumn House, 2004; 192 pp.;
brochura).
Resenha de Kwabena Donkor
A situação da Bíblia na cultura ocidental e teologia contemporânea parece estar em declínio. Esse é o resultado, em
parte, de séculos de batalhas sobre a exatidão e historicidade
da Bíblia. Uma clara compreensão desses pontos é indispensável para que se tenha confiança no documento fundamental
da fé cristã. Em The Battle for the Bible, David Marshall
reconstrói rapidamente a história de algumas das batalhas
mais importantes sobre a integridade e fidelidade da Bíblia.
Antes de identificar as linhas da batalha, Marshall dedica a
primeira seção de três breves capítulos à discussão da composição da Bíblia com relação à sua linguagem e autores, e como
os diferentes livros de variados períodos foram reunidos.
Na seção 2, Marshall começa a definir as linhas da batalha.
O século dezoito viu o surgimento, entre os eruditos, do ceticismo e de acusações de erros e imperfeições no texto, tanto
do Antigo quanto do Novo Testamentos. A discussão de
Marshall concernente aos massoretas, essênios, rolos do Mar
Morto, Códice Sinaítico, Papiros Bíblicos Chester-Beatty e
Códice Washingtoniano, é desenvolvida como uma vindicação da integridade das Escrituras.
Na seção 3, Marshall amplia a batalha pela Bíblia, incluindo a história da Bíblia em língua inglesa. Dos esforços
heróicos e persistentes de pessoas como o bispo Aidan de
Lindisfarne, Caedmon de Whitby, Aldhelm, Beda, Wycliffe
e Tyndale, à história das traduções conhecidas como a Bíblia
de Coverdale, de Matthew, de Geneva, a Grande Bíblia e a
Versão King James, Marshall vê a mão divina atuando na
preservação da Bíblia e tornando-a acessível ao povo de Deus.
Para Marshall, as traduções da Bíblia e a produção de novas
versões adaptadas às situações contemporâneas são uma constante necessidade.
Na seção 4, Marshall traz a arqueologia para o campo de
batalha. Ele mostra como os achados arqueológicos têm
resolvido antigas e difíceis questões acerca de pessoas e cidades mencionadas na Bíblia, mas supostamente não referenciadas em qualquer outro lugar. Sua discussão inclui a importância da Pedra de Roseta, a Rocha Behistun e também conta
como tells e escavações têm desenterrado Babilônia, Nínive,
os hititas, Ur dos Caldeus, Jericó, os filisteus e os reinos diviContinua na p. 35
DIÁLOGO 17•2 2005
31
Álcool
Continuação da [p.] 29
embriaguez (Gálatas 5:19-21). Ninguém
que ame a Deus como o Criador e
Redentor, jamais tomará o primeiro trago
e seguirá pela estrada que o tornará um
escravo do álcool.
John F. Ashton (Ph.D. pela FRACI) é
o Membro Honorário da Escola de
Biociências Moleculares e Microbianas
da Universidade de Sydney, Austrália.
Seu mais recente livro, Uncorked:The
Hidden Házards of Alcohol (Warburton,
Austrália: Signs Publishing Co., 2004) foi
escrito em parceria com o Dr. Ronald
S. Laura (D.Phil.), Membro do Centro
de Pesquisa de Filosofia Educational, da
Harvard University.
REFERÊNCIAS
1. Vrij-Standhardt, “Alcohol and Hormone
Metabolism”, em Biomedical and Social Aspects
of Alcohol Use: A Review of the Literature (Pudoc,
Wageningen, 1991), pp. 53-56.
2. I. L. Dahlgren, J. Matuszczyk e E. Hayrd, “Sexual
Orientation in Male Rats Exposed to Ethanol” ;
Atenção,
profissionais
adventistas!
Se você possui e-mail e um título ou
diploma pós-secundário em qualquer
campo acadêmico ou profissional, nós o
convidamos para fazer parte da Rede de
Profissionais Adventistas (RPA). Patrocinado
pela Igreja Adventista, esse registro global
eletrônico assiste instituições e agências
participantes a fim de localizar candidatos
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sua informação profissional diretamente
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Anime outros profissionais adventistas a
registrar-se!
32
Neurotoxicology and Teratology 13 (1991), 3:267269.
3. I. Ward, O. Ward, et al., “Male and Female Sexual
Behavior Potential of Male Rats Prenatally Exposed
to the Influence of Alcohol, Stress, or Both Factors”,
Behavioral Neuroscience 108 (1995), 6:1188-1195.
4. _________, “Fetal Testosterone Surge: Specific
Modulations Induced in Male Rats by Maternal
Stress and/or Alcohol Consumption”;, Hormones
and Behavior 43 (2003), 5:2003, pp. 531-539.
Ver também O. Ward. I. Ward, et al.“Hormonal
Mechanisms Underlying Aberrant Sexual
Differentiation in Male Rats Prenatally Exposed
to Alcohol, Stress, or Both”; Archives of Sexual
Behaviour 31 (2002), 1:9-16.
5. S. Chlorine, “Recognition of Fetal Alcohol
Syndrome“; Journal of the American Medical
Association 245 (1981), 23:2436-2439.
6. E. Abel e R. Sokol, “Fetal Alcohol Syndrome Is
Now Leading Cause of Mental Retardation”; The
Lancet (22 de novembro de 1986), p. 1222.
7. B. Wood-Comstock, All About the Baby (Mountain
View, Califórnia: Pacific Press Publ. Assn., 1930), p.
48.
8. D. Charles, D. Dickson, et al., “Why Men Should
Also Think of the Baby”; New Scientist (2 de março
de 1991), p.12.
9. H. Hadi, J. Hill e R. Castillo, “Alcohol and
Reproductive Function: A Review” -- Obstetrical
and Gynecological Survey 42 (1987), 2:69-74. Ver
também J. Villalta, J. Ballesca et al., “Testicular
Function in Asymptomatic Chronic Alcoholics:
Relationship to Ethanol Intake”; Alcoholism, Clinical
and Experimental Research 21 (1997), 1:128-133.
10. W. Dare, C. Noronha, et al., “The Effect of
Ethanol on Spermatogenesis and Fertility in
Male Sprague-Dawley Rats Pretreated With
Acetylsalicylic Acid”; Niger Postgraduate Medicine
9 ( 2003), 4:194-198. Ver também J. Kim, H.
Kim, et al., “Suppression by Ethanol of Male
Reproductive Activity”; Brain Research 989 (2003),
1:91-98.
11. G. Farkas e R. Rosen, “Effect of Alcohol on Elicited
Male Sexual Response”; Journal of Studies on Alcohol
37 (1976), 265-272; V. Malatesta, R. Pollack, et al.,
“Acute Alcohol Intoxication and Female Orgasmic
Response”; Journal of Sex Research 18 (1982),1-7;
V. Malatesta, R. Pollack et al., “Alcohol Effects on
the Orgasmic-Ejaculatory Response in Human
Males”; Journal of Sex Research 15 (1979), 101-107.
12. Australian Institute of Health and Welfare, 2001
National Drug Strategy Household Survey: State and
Territory Supplement, AIHW cat. No. PHE37.
Canberra: AIHW (Drug Statistics Series No. 9),
2002, pp. 17-19 e AIHW (Drug Statistics Series
No.10), 2002, pp. 5-7.
13. H. Jonas, A. Dobson, e W. Brown, “Patterns
of Alcohol Consumption in Young Australian
Women: Socio-Demographic Factors, Health
Related Behaviours and Physical Health”; Australian
and New Zealand Journal of Public Health 24
(2000), 2:185-191.
14. W. Pedersen, S. Samuelsen, e L. Wichstrom,
“Intercourse Debut Age: Poor Resources, Problem
Behaviour, or Romantic Appeal? A PopulationBased Longitudinal Study”; Journal of Sex Research,
40 (2003), 4:333-345.
15.A Klatsky, M. Armstrong, G. Friedman,
“Alcohol Use and Subsequent Cerebrovascular
Disease Hospitalizations”; Stroke 20
(1989):741-746.
16.A. Abbey, T. Zawacki, et al., “Alcohol and
Sexual Assault”; Alcohol Research and Health 25
(2001), 1:43-51.
17.J. Collins e M. Messerschmidt, “Epidemiology
of Alcohol-Related Violence”; Alcohol Health
and Research World, U.S. Department of
Health and Human Services, National Institute
on Alcohol Abuse and Alcoholism 17 (1993),
2:93-100.
18.L. Greenfeld, Alcohol and Crime: An Analysis
of National Data on the Prevalence of Alcohol
Involvement in Crime, U.S. Department of
Justice, Office of Justice Programs, Bureau of
Justice Statistics, Report No. NCJ-168632
(1998).
19.W. Fals-Stewart, “The Occurrence of Partner
Physical Aggression on Days of Alcohol
Consumption: A Longitudinal Diary Study”;
Journal of Consulting and Clinical Psychology
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Ellen White
Continuação da [p.] 26
REFERÊNCIAS
1. Leonard Brand and Don McMahon, The
Prophet and Her Critics (Nampa, Idaho: Pacific
Press Publ. Assn., 2005).
2. Ibid; Don S. McMahon, Acquired or Inspired?
Exploring the Origins of the Adventist Lifestyle
(Warburton, Australia: Signs Publishing Co.,
2005). Includes a CD with all the authors’s
research data and interpretations.
3. Walter Rea, The White Lie (Turlock, California:
M & R Publications, 1982).
4. Jonathon Butler, “The World of E. G. White
and the End of the World”, Spectrum, 10 (2):
2-13 (1979).
5. Ronald Numbers, Prophetess of Health: A Study
of Ellen G. White (New York: Harper and Row,
Publishers, 1976).
6. Ellen G. White, The Great Controversy,
Introduction (Mountain View, California:
Pacific Press Publ. Assn., 1911).
7. Butler.
8. Numbers, pp. 80, 81.
9. Brand and McMahon, p. 41.
Congresso de
Estudantes
Universitários
O Congresso Internacional de
Estudantes Universitários Adventistas,
patrocinado pela AMiCUS da Divisão
Euro-Africana, será em Lido di Jesolo
(Veneza), Itália, de 28 a 31 de outubro
de 2005. Para outras informações, acesse: www.amicus.euroafrica.org.
DIÁLOGO 17•2 2005
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ZELÂNDIA. E-mail: jma13@waikato.
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Vincent Ayo: 37; casado; assistente de
desenvolvimento comunitário no distrito
de Lira; interesses: trabalhar com assistência social, ouvir música cristã e fazer
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Endereço: Amucha S.D.A. Main Church;
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DIÁLOGO 17•2 2005
cursando Administração de empresas
no Seminário Adventista do Paquistão;
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Lahore; 53400 PAQUISTÃO. E-mail:
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Neida Calizaya H.: 23; solteira;
concluindo faculdade de Engenharia
comercial na Universidade Domingo
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assuntos espirituais, ouvir música e
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espanhol ou português. BOLÍVIA.
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cursando Engenharia química/petroquímica na Rivers State University of Science
and Technology; interesses: cantar a
capella, jogar futebol e ler; correspondência em inglês ou eleme. Endereço: No.
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– Eleme City, Rivers State; NIGÉRIA.
E-mail: [email protected].
Franco Forte: 29; solteiro; formado
em Computação; interesses: ler Ellen
White, fazer novos amigos, medicina
natural e psicologia; correspondência em
espanhol ou inglês. Endereço: P.O. Box
019030; Miami, Florida 33101; EUA.
E-mail: [email protected].
Franchely Gabriel: 19; solteira;
cursando Educação secundária na
Universidade Adventista das Filipinas;
interesses: praticar esportes, aventuras e música; correspondência em
inglês. Endereço: P.O. Box 1834;
Manila; 1099 FIILIPINAS. E-mail:
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Cristina Alexandra de Godoy: 22;
solteira; cursando Biblioteconomia na
Universidade Estadual Paulista; interesses: assistir filmes, ler, trocar mensagens e artesanatos; correspondência
em português ou espanhol. Endereço:
Rua Rodrigues Alves, No. 668, apto. 7
- Bairro Alto Cafezal; Marília, SP; 17504050; BRASIL. E-mail: gcrisbr@yahoo.
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Eliseu Jorge Henriques: solteiro;
estudando na Escola de Economia da
Universidade Agostinho Neto; interesses: escrever poesia, jogar futebol e fazer
novos amigos; correspondência em português ou inglês. Endereço: 513; Lubango;
ANGOLA. E-mail: elieujorge@yahoo.
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Marcos Herrera: 21; solteiro; cursando Teologia na Universidade Adventista
da América Central; interesses: ler sobre
assuntos religiosos, escrever poesia e trocar
idéias com amigos; correspondência em
espanhol, português ou inglês. Endereço:
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aqui, envie-nos as seguintes informacões:
(1) seu nome completo, com o sobrenome em letras maísculas; (2) sua idade;
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freqüentando ou na qual graduou-se;
(7) três principais passa-tempos ou interesses; (8) língua(s) nas quais quer se
corresponder; (9) o nome da congregação
adventista da qual é membro; (10) seu
endereço postal; (11) seu e-mail, caso o
tenha. Por favor, datilografe ou use letra
de imprensa clara. Envie esta informação
para Diálogo Interchange; 12501 Old
Columbia Pike; Silver Spring, MD 209046600, EUA. Você pode também usar e-mail:
[email protected]. Apenas poremos na
lista aqueles que fornecerem os 10 items
de informação requerida acima. Diálogo
não assume responsabilidade pela exatidão
da informação dada ou pelo conteúdo da
correspondência que possa resultar.
33
PRIMEIRA PESSOA
A voz que Ele me deu
Charles Ngandwe, conforme contado a Anita Marshall
Nasci na Zâmbia, África. O nome do
meu avô materno era Kafuti e da minha
avó Kasongo Mwelwa. Não sei o dia e
nem o local em que eles nasceram. Sei
somente que meu avô nasceu em 1900,
e foi designado Chefe Mwata Kalumbu
mais ou menos em 1930, posição que
ocupou até sua morte aos 100 anos de
idade.
Minha mãe tinha lepra, mas a doença
estava bem controlada com medicamentos; assim ela não sofreu desfiguração nem perda de qualquer membro,
condições comumente associadas a essa
doença. Ela se casou, mas meu pai a
abandonou antes mesmo de saber que
eu estava a caminho. Éramos os mais
pobres dentre os pobres e o único lar
que pudemos encontrar ficava nos terrenos de um cemitério no Congo.
Fortes ventos açoitavam nossa casa e
seu assobio freqüentemente soava como
gritos de socorro de pessoas se afogando. Estranhos visitantes apareciam à
noite e havia batidas que me aterravam.
No entanto, eu era apenas uma criança
inocente. Por que essas coisas estavam
acontecendo?
Eu tinha sete anos de idade quando
regressamos a Zâmbia. Para dar uma
idéia de quão pobres éramos, contarei
acerca do tubérculo da mandioca. Ele
pode pesar cerca de 10 quilos e em seu
interior há uma raiz que pode estragar a
farinha da mandioca se não for previamente removida. Essa raiz é usada para
esfregar o chão das casas ou queimada
para afugentar os mosquitos. Ela não
tem nenhum valor nutritivo, mas era
isso que comíamos e, pela graça de
Deus, conseguíamos sobreviver.
Eu freqüentava uma escola católica,
mas a tensão de nunca ter o suficiente
para comer nem lugar adequado para
34
dormir, nem roupas apropriadas, deixou-me com a saúde debilitada. Eu
tinha asma, mas gostava muito de cantar. Até participava do coro masculino
da escola e muitas vezes cantava na
igreja adventista da qual era membro.
Mas um terrível ataque de asma deixou-me prostrado um dia. Os amigos
vieram e oraram ao redor de meu leito,
enquanto eu clamava: “Senhor! Cura a
asma e deixe-me a voz; ou tira-me a voz
e deixe-me a asma!”
De repente senti como se alguém derramasse água gelada em mim. Em poucos minutos, eu estava correndo as duas
milhas de distância até minha igreja.
Eu tinha um compromisso para cantar
e não queria faltar de modo algum. O
Senhor curou minha asma naquele dia e
ela nunca mais voltou. Ao agradecê-Lo,
eu disse: “Senhor, dedico minha voz ao
louvor do Teu nome!”
No entanto, seis anos depois do meu
batismo, em julho de 1974, minha
vida espiritual chegou a seu ponto mais
baixo. Estava sem trabalho, o casamento
com minha namorada não se realizou
e eu estava desesperado. Então recebi
uma carta em que o remetente dizia
ter ouvido falar de minha voz e, como
precisavam de um baixo, perguntoume se eu estaria disposto a participar
do quarteto que eles tinham na igreja.
Estar disposto?! Minha fé começou lentamente a voltar.
Vivendo em um novo lugar, comecei
a trabalhar como taxista, mas após ter
vivenciado uma grave experiência de
esfaqueamento dentro do meu próprio
carro, senti que, uma vez mais, era
tempo de mudar os rumos de minha
vida. Decidi ir para a África do Sul a
fim de realizar meu sonho de ser cantor.
Para um jovem tão pobre, no entanto,
isso parecia uma completa loucura.
Mas, através da direta intervenção
divina, em ocasiões tão numerosas para
serem mencionadas aqui, acabei me
encontrando na Cidade do Cabo, África
do Sul. Eu não tinha dinheiro, nenhum
meio de me manter e pouca roupas.
Entretanto, estava prestes a realizar meu
sonho.
Enquanto viajávamos da estação para
o Colégio Helderberg, eu estava fascinado pela beleza extasiante da região.
Num instante esqueci-me de todo o
temor que senti ao longo de minha
extensa viagem. Tudo iria dar certo.
Fechei os olhos e agradeci a Deus por
me ter trazido até aquele lugar.
Quando adentrei o escritório da
senhora que viria a ser minha instrutora, ela exclamou num sobressalto: “Eu
não posso acreditar! Após ouvir sua voz
na fita cassete, esperava um homem
bem alto! Aquela voz tão poderosa pode
realmente vir desse frágil corpo?” A fita
à qual a Sra. Dunbar se referia havia-lhe
sido enviada por meu amigo Darryl, e
enquanto conversávamos sobre minha
longa viagem ao colégio, o próprio
Darryl entrou na sala! Ele colocou seus
longos braços ao redor de minha débil
estrutura, deu-me um forte abraço e ao
mesmo tempo disse-me quão feliz estava
por eu ter conseguido chegar lá.
Como no dia seguinte aconteceria a
DIÁLOGO 17•2 2005
primeira aula de canto com a instrutora,
minha euforia não tinha limites, o que
também me assegurou uma péssima
noite de sono! Aquela lição ficou tão
gravada em minha mente que eu poderia descrevê-la em minúcias, desde o
momento que ela me pediu para dizer
“ah!”, passando por todos os objetivos
do canto, o propósito da educação
vocal, da dedicação, da disciplina, e
até como o canto desenvolve a cultura
ao prover uma percepção dos pensamentos e sentimentos de outra pessoa,
e também de como ele enriquece a
imaginação, melhora a saúde através
da respiração profunda, desenvolve a
autoconfiança, proporciona prazer ao
indivíduo e aos amigos, e tantas outras
coisas que não consigo expressar aqui.
Basta dizer que essa primeira aula de 30
minutos abriu uma janela tão grande
para o mundo do canto, que saí dali
com minha cabeça girando. Eu me perguntava se seria capaz de viver à altura
das expectativas que tinham a meu
respeito, E me acalmava pensando: “Eu
vim de tão longe para aprender com
essa professora. Farei tudo o que ela
disser”.
Cheguei em Helderberg no momento
em que a escola se preparava para uma
viagem musical através do país, desde
a Cidade do Cabo até Pretória. E a
Sra. Dunbar decidiu que eu deveria ser
incluído no grupo. Antes, porém, eu
precisaria fazer uma apresentação. Havia
no ar uma grande expectativa quando
me apresentei diante de um professor
e de uma seleta audiência. Minha instrutora confessou depois que suas mãos
estavam suando, pois ela não sabia
como seria meu desempenho. Após a
apresentação, um velho professor enxugou seus olhos e me disse: “Desde que
Paul Robeson morreu em 1976, eu não
tinha ouvido uma voz com essa qualidade”. A Sra. Dunbar estava exultante.
Retornamos ao colégio radiantes com o
impacto causado não somente no professor, mas em todos os presentes.
A viagem começou com uma apresentação na prefeitura de George Town,
com auditório lotado. Depois viajamos
DIÁLOGO 17•2 2005
para o interior do país. Pretória foi o
ponto alto da viagem. Enquanto retornávamos a Helderberg, a Sra. Dunbar
sabia que teria que lutar para convencer
a administração da escola a receber esse
cantor pobre como estudante. Eu estava disposto a fazer qualquer trabalho,
mesmo limpar sanitários se necessário: a
persistência de minha instrutora logrou
êxito: A comissão votou a meu favor.
Eu poderia permanecer e trabalhar na
fazenda do colégio para pagar meu estipêndio e estadia.
Devo muito ao Colégio Helderberg.
Ele ainda tem um lugar muito especial em meu coração. Helderberg não
somente me colocou no caminho da
carreira de cantor, mas foi lá que encontrei minha esposa. No entanto, antes
de nosso casamento, em 1994, alguns
de meus antigos problemas de saúde
voltaram e tive de passar por uma séria
intervenção cirúrgica. Um osso quebrado estava comprimindo o nervo dos
meus rins. Se o problema não houvesse
sido corrigido, eu não teria mais que
três meses de vida.
Em setembro de 1996, minha esposa
e eu pisamos em solo inglês. Viemos
para ficar. Em 2004, fiquei em primeiro
lugar num famoso concurso televisivo
de música, “Stars in Their Eyes”, cantando a música de Paul Robeson “Ol’
Man River”. Fiquei me perguntando
como poderia agradecer a Deus por
tudo o que Ele havia feito por mim.
E quanto ao futuro, quem pode dizer
o que ocorrerá? “Para Deus tudo é possível” (Mateus 19:26).
O breve relato de Anita Marshall
sobre a vida de Charles Ngandwe
(o “g” é mudo) é baseado em
excertos do livro The Voice He Gave
Me (Grantham, Inglaterra: Autumn
House, 2004) e em material adicional de suas entrevistas. Anita
vive em Grantham, Lincolnshire,
Inglaterra. Ela aprecia escrever e
fazer jardinagem. Seu e-mail é: anita_
[email protected].
The Battle…
Continuação da [p.] 31
didos de Israel e Judá. Com respeito ao
Novo Testamento, Marshall emprega as
descobertas arqueológicas para confirmar as construções do rei Herodes e o
ministério de Jesus nas vizinhanças de
Cafarnaum, na Galiléia.
Por fim, na seção 5, Marshall termina
destacando que, apesar dos méritos da
arqueologia e da descoberta de manuscritos antigos, a verdade bíblica não
depende delas. Assim, é estendido o
convite para experimentar e ver, ler, descobrir e encontrar o Homem do Livro,
Jesus Cristo.
O livro de Marshall é conciso, de
fácil leitura, rico em idéias e muito
esclarecedor. Do começo ao fim, a
posição que ele assume nessa batalha
pela Bíblia é muito clara: a Bíblia é um
livro inspirado e preservado de forma
sobrenatural. Se há uma deficiência no
livro de Marshall, essa é a falta de uma
discussão, pelo menos de forma introdutória, das idéias contemporâneas contrárias à perspectiva bíblica; idéias que
podem ser tão devastadoras em arruinar
a confiança na Bíblia quanto as dúvidas
e o ceticismo acerca do texto bíblico. A
ênfase do livro no texto das Escrituras
significa que ele é, certamente, uma
fonte introdutória de inestimável valor
para todos aqueles que estão interessados em conhecer a confiabilidade do
texto escriturístico como o temos hoje.
Kwabena Donkor (Th.D. pela
Universidade Andrews) é diretorassociado do Biblical Research
Institute na Associação Geral
dos Adventistas do Sétimo
Dia. Seu endereço postal é:
12501 Old Columbia Pike; Silver
Spring, Maryland, EUA. E-mail:
[email protected].
Uma parte do livro de Marshall foi
publicada na Diálogo 17:1 (2005) sob
o título: “O Cânon da Bíblia: Uma
Breve História.”
35
“Beach at Barbados” (Praia em Barbados)
(Aquarela; 38 x 23cm.) A coleção de pranchas de surfe
dá colorido ao contexto humano. A conversa da tarde certamente deve abranger o surfe da manhã. Agora os músculos
estão um pouco cansados e é hora de descansar.
Portfolio de
Neville Clouten
“Church of the Transfiguration, Kizhi
Island, Rússia” (Igreja da Transfiguração,
Ilha Kizhi, Rússia) (Aquarela; 36 x 26cm.)
Em contraste com uma expressão mais livre, a estrutura das cúpulas de madeira do século 18 exigiu uma
definição mais precisa da forma, porém mantendo os
tons claros da madeira envelhecida.
“Boats at Crail Harbor, Scotland”
(Barcos no Porto de Crail, Escócia)
(Aquarela; 38 x 26cm.) A técnica impressionista
é consistente nessa composição, com exceção da definição das aposturas dos quatro barcos.
DIÁLOGO 17•2 2005
Inserção “Chapel of the Archangel Michael, Kizhi Island,
Rússia” (Capela do Arcanjo Miguel, Ilha Kizhi,
Rússia) (Aquarela; 27 x 20cm.) O ambiente natural e
a construção de madeira foram tratados com uma técnica livre,
em cores suaves, para capturar a impressão de minha experiência.
“Afternoon in Barbados” (Tarde em
Barbados) (Aquarela; 36 x 24cm.) Em todas as
visitas eu via três homens conversando na sombra, enquanto a pintura de três barcos deteriorava-se ao sol. O Queen
Mary II aparece no horizonte como uma referência à vida
que continua, independente do desinteresse dos homens.
“Low Tide at Boccadasse,
Italy” (Maré baixa em
Boccadasse, Itália) (Aquarela;
21 x 37cm.) A pequena praia dessa
cidade da Riviera italiana desaparece na
maré alta. Quando a maré está baixa, seus
moradores aproveitam a praia. Nesse final
de tarde, o pescador conversa com amigos no barco, enquanto se prepara para a
subida da maré.
“Helsinki Harbor, Finland”
(Porto de Helsinki, Finlândia)
(Aquarela; 58 x 43cm.) A representação da água é interrompida, enquanto as áreas horizontais da cor estendemse até os edifícios do porto e o céu, e
as linhas verticais do papel branco nos
mastros oferecem uma superposição na
composição.
Inserção DIÁLOGO 17•2 2005
“Moorea Morning, Tahiti” (Manhã em Moorea,
Taiti) (Aquarela; 43 x 34 cm.) A experiência da calmaria, pouco antes da tempestade de vento, motivou-me a pintar
rapidamente duas cores no papel molhado. Essa aquarela tem
sido uma das minhas composições mais procuradas.
“Lake Tellico, Tennessee, USA.” (Lago Tellico,
Tennessee, EUA.) (Aquarela; 32 x 22cm.) Minha
esposa e eu estávamos interessados em um pequeno pedaço
de terra às margens do lago, para quando nos aposentássemos.
Quis capturar a luz vespertina sobre a água. Não compramos
a propriedade e essa aquarela tornou-se a maneira menos dispendiosa de desfrutarmos a paisagem!
“Fez,
Morocco” (Fez,
Marrocos)
(Aquarela; 51 x
51cm.) A mistura
de itens de algodão
e lã dependurados
— souvenirs à venda
— e a vida normal
dos habitantes locais,
proporcionou-me
um senso de continuação da vida nessa
cidade.
“Mother Lode/
Motherboard”
(Filão-mãe/
Placa-mãe)
(Aquarela; 72 x
52cm.) Durante a
corrida do ouro da
Califórnia, Mother
Lode tornou-se o
mais rico veio do
precioso metal.
Mais de um século
depois, o Vale do
Silício produziu
enorme riqueza
através das placas de
computadores.
DIÁLOGO 17•2 2005
Inserção “Queen Elizabeth II at Southampton”
(Queen Elizabeth II em Southampton)
(Aquarela; 20 x 28cm.) Cheguei ao terminal
de Southampton para meu primeiro cruzeiro transatlântico — o primeiro dentre muitos nos quais
apresentei minhas oficinas de aquarela. O esboço
rápido e a técnica de pintura transmitem a idéia da
urgência do embarque antes da saída do navio.
“Old Sydney Town” (A cidade velha
de Sidney) (Aquarela; 37 x 25cm.) As
réplicas dos edifícios condenados no parque temático desértico próximo à Sidney recebem vida com
inclusão dos habitantes da cidade.
“Restaurant, Dakar”
(Restaurante, Dakar)
(Aquarela; 36 x 25 cm.) Enquanto
fazia meu esboço nesse local, na capital
do Senegal, fui repentinamente rodeado
de crianças de uma escola durante o
recreio. Intrigados, queriam ver os traços
que estava fazendo no papel. Então, quando o sinal da escola tocou, eles partiram
tão rapidamente quanto chegaram.
“Sketch, San
Gimignano,
Italy”
(Esboço, San
Gimignano,
Itália)
(Aquarela; 19
x 14cm.) Visitei
essa cidade montanhosa da Toscana
durante minha
primeira viagem
à Europa, e volto
lá sempre que
possível. O esboço
apresenta uma
limitada paleta de
cores, que salientam as fachadas
laterais das torres
do século 13 iluminadas pelo Sol.
Inserção DIÁLOGO 17•2 2005

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