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Journal of Integrated Coastal Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(1):71-78 (2016)
http://www.aprh.pt/rgci/pdf/rgci-661_Cristiano.pdf
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DOI: 10.5894/rgci661
Cristiano et al. (2016) - Evaluation of Coastal Scenery in Urban Beaches: Torres, Rio Grande do Sul, Brazil. Journal of Integrated Coastal Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(1):71-78. DOI: 10.5894/rgci661
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Supporting Information I
Torres – paisagem única na costa do Rio Grande do Sul
O município de Torres localiza-se a 200 km da capital do estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, e as principais vias de acesso são as rodovias BR-101 e RS-389 (Estrada do Mar). No município há os únicos afloramentos
de rochas do litoral do estado, o que faz de Torres referência em paisagem costeira.
O litoral do município divide-se em diversos balneários, denominados no Plano de Manejo de Dunas Costeiras de
Torres como: Praia dos Molhes, Praia Grande, Prainha, Praia da Cal, Parque da Guarita, Parque Estadual de Itapeva, Praia da Itapeva Sul, Praia Lagoa Jardim, Praia Rivera, Praia Gaúcha, Praia Petrópolis, Praia Recreio, Praia
Webber, Praia Santa Helena, Praia Estrela do Mar, Praia Real e Praia Paraíso (Município de Torres & NEMA,
2006) (Figura 1).
Figura 1- Localização das praias e unidades de conservação de Torres, Rio Grande do Sul (mapa base ESRI, UTM-WGS84,
22J).
Figure 1- Location of beaches and conservation units in Torres, Rio Grande do Sul, Brazil (base map ESRI, UTM-WGS84,
22J)
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1 Contexto Geológico-Geomorfológico
A Planície Costeira do Estado do Rio Grande do Sul possui mais de 620 km de extensão, desde o Arroio Chuí até à
foz do rio Mampituba. Esta se caracteriza pela extensa continuidade de praias arenosas, correspondente à porção
emersa da Bacia de Pelotas, composta por um sistema de leques aluviais, que se desenvolveu no contato com as
terras altas, e por quatro sistemas deposicionais do tipo laguna-barreira (Villwock & Tomazelli, 1995). A linha de
costa atual está associada ao sistema laguna-barreira IV, que iniciou sua formação há cerca de 7 ka. Diferentes feições geomorfológicas se desenvolveram durante a evolução da barreira, com a formação de cordões litorâneos e de
campos de dunas transgressivos (Villwock, 1984; Villwock & Tomazelli, 1995, Hesp et al., 2005; Hesp et al.,
2007). O litoral norte apresenta-se como uma sucessão de cristas e pequenos terraços arenosos, intercalados por
depressões lagunares que dão suporte a importantes ecossistemas (Villwock & Tomazelli, 1995).
O município de Torres é conhecido pela sua importância turística, devido à ocorrência de falésias, constituindo as
únicas praias do Estado com ocorrências rochosas (Petry et al., 2005). Os morros da região são afloramentos de
rochas do Cretáceo inferior da Bacia do Paraná, compostos por rochas de origem vulcânica da Formação Serra
Geral - 140 M.A, sobrepostos a rochas sedimentares da Formação Botucatu - 240 M.A., configurando registros da
separação do supercontinente Gondwana (Petry et al., 2005; Milani et al., 2007). As “torres” do município, denominadas de Torre Norte, Torre do Meio, Guarita e Torre Sul (Figura 2), vêm resistindo à ação das ondas que as
moldam, esculpindo furnas de abrasão e falésias. A uma distância de 25 km da costa, no setor norte da Planície
Costeira, as rochas da Formação Serra Geral ocorrem na forma de escarpas com desníveis de até 1.000 m, que
podem ser visualizadas da praia em dias claros e sem muitas nuvens.
Figura 2 – Detalhe da porção litorânea de Torres onde ocorrem afloramentos rochosos (mapa base ESRI, UTM-WGS84, 22J).
Figure 2 – Detail of the coastal portion of Torres, with the rocky outcrops (base map ESRI, UTM-WGS84, 22J)
Um campo de dunas transgressivo ocorre na porção central do litoral do município, e constitui uma área protegida
através de uma unidade de conservação estadual – o Parque Estadual de Itapeva (Figura 1). Neste parque estão
presentes dunas com cotas próximas a 30 metros e com morfologias distintas das dunas encontradas em outros
locais do Estado (Tomazelli et al., 2008; Rockett et al., 2014).
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2 Caracterização Climática e Oceanográfica
Segundo a classificação de Köppen (1931), o clima que ocorre na região é do tipo Cfa - temperado úmido com
verão quente (Moreno, 1961). Devido às características climáticas do estado, as praias recebem turistas em massa
apenas nos períodos de verão.
A costa norte do litoral é dominada por ondas, sendo caracterizado pela ocorrência de ondulação de longo período
proveniente do SE e por vagas (que resultam da ação de ventos locais) provenientes principalmente do E-NE. A
área também apresenta um regime de micromarés, com marés meteorológicas que podem chegar a 1,36 m
(Comissão de Estudos do Porto de Torres, 1918).
De acordo com as sequências morfodinâmicas as praias de Torres apresentam-se em estágio intermediário, com
exceção da porção leste da praia do Parque da Guarita que se apresentou mais estável, devido a proteção pela Torre
do Meio (Pivel & Calliari, 1999).
3 Contexto Ecológico e Socioeconômico
Os morros e dunas preservadas na região são cobertos por vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, representado
pela vegetação de restinga. Grande parte do sistema de dunas frontais está bem vegetado, com menor densidade em
áreas antropizadas, próximo a passarelas e calçadões (Município de Torres & NEMA, 2006). A vegetação das
dunas é composta principalmente por espécies nativas como Capim-das-dunas (Panicum racemosum), Capim salgado (Spartina cilliata), Margarida-das-dunas (Senecio crassiflorus) e Capotirágua (Blutaparon portulacoides)
(Município de Torres & NEMA, 2006). Os extensos costões rochosos da região abrigam vegetação diferenciada,
com cactáceas e bromeliáceas fixadas nas falésias. Estes costões rochosos são os únicos substratos naturais que
fornecem condições favoráveis à fixação considerável de flora algal no Estado do RS (Prado, 2009).
Além da flora distinta, Torres também é detentora de importante fauna marinha, com a presença de botos (Tursiops
truncatus) junto a barra, onde desempenham a cooperação para a pesca artesanal de tarrafa. Entre junho e
novembro, a costa municipal é visitada por baleias francas (Eubalaena australis) e principalmente nos períodos de
inverno podem ser encontrados penípedes junto aos molhes da barra e alguns descansando junto a praia, assim
como diversas aves marinhas que alcançam o litoral por diferentes motivos.
O município de Torres encontra-se na região costeira do estado do RS mais densamente ocupada. Com área de
160,5 km², o município possuía uma população de 34.656 mil no ano de 2010, sendo que em 2014 estima-se que
este número chegue próximo aos 37 mil. A densidade média chega a 215 hab/km² (IBGE, 2010). A maior concentração urbana se dá na porção norte do município, nas proximidades do rio Mampituba.
Com relação às atividades econômicas do município, o setor de serviços corresponde a 84% do Produto Interno
Bruto (PIB), sendo 12% das indústrias e 4% do setor agropecuário (IBGE, 2014). O setor de serviços abrange uma
grande quantidade de atividades, entre elas, o comércio e o turismo.
O turismo ocorre principalmente nos meses de verão (dezembro a março), período em que a cidade chega a comportar aproximadamente 400 mil turistas, destes 100 mil veranistas. Torres é a praia do estado que mais recebe
turistas estrangeiros (Macedo, 2011). Scheffer (2010) constata que a divulgação turística do município é voltada
para os países do Mercosul, sem ênfase para o público brasileiro. Com relação à infraestrutura de hospedagem,
segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2011), o município possuía naquela data 47 estabelecimentos de hospedagem (hotéis, pousadas, motéis e outros) e 2001 unidades habitacionais, totalizando uma
capacidade para 5.576 hóspedes.
Dentro dos limites político-administrativos de Torres, existem cinco Unidades de Conservação, uma sob a
jurisdição federal - Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos; uma estadual - Parque Estadual da Itapeva; duas
municipais - Parque da Guarita e Área de Proteção Ambiental da Lagoa Itapeva; e uma particular - Reserva Particular do Patrimônio Natural Recanto do Robalo (Figura 1).
O Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos é formado por uma pequena ilha, a única ilha presente na costa do
RS e localizada a 2 km da Praia Grande. Esta ilha recebe por ano, sazonalmente, numerosos exemplares de leõesmarinhos (Otaria flavescens) e lobos-marinhos (Arctocephalus australis) que utilizam a ilha como um refúgio
(Sanfelice et al., 1999).
O Parque da Guarita busca proteger o cenário geológico do município possuindo grande importância cultural e
econômica, é referência no lazer ambiental e recebe por ano, aproximadamente, 30.000 visitantes (Município de
Torres, s/d). O Parque Estadual da Itapeva busca conservar os recursos naturais da Mata Atlântica e espécies da
fauna e flora silvestres dos ecossistemas de dunas, banhados, mata paludosa e mata de restinga.
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Referências
Comissão de Estudos do Porto de Torres (1918) - Observações das Marés. Relatório de Condições do Mar. Secretária de Obras Públicas do
Estado do Rio Grande do Sul. Arquivado no Departamento Estadual de Portos, Rios e Canais. 31p. Rio Grande do Sul, Brasil. Não
publicado.
Hesp, P.A.; Dillenburg, S.R.; Barboza, E.G.; Tomazelli, L.J.; Ayup-Zouain, R.N.; Esteves, L.S.; Gruber, N.L.; Toldo, E.E. Jr.; Tabajara,
L.L.C.A.; Clerot, L.C.P. (2005) - Beach ridges, foredunes or transgressive dunefields? Definitions and an examination of the Torres to
Tramandaí barrier system, Southern Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 77:493-508. DOI: 10.1590/S000137652005000300010.
Hesp, P.A.; Dillenburg, S.R.; Barboza, E.G.; Clerot, L.C.P.; Tomazelli, L.J.; Ayup-Zouain, R.N. (2007) - Morphology of the Itapeva to
Tramandaí transgressive dunefield barrier system and mid- to late Holocene sea level change. Earth Surface Processes and Landforms,
32:407-414. DOI: 10.1002/esp.1408.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010) - Censo Demográfico 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio
de Janeiro, RJ, Brasil. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default.shtm.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2014) - Cidades. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, RJ,
Brasil. Disponível em http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php
Köppen,W. (1931) - Grundriss der Klimakunde. 390p., Walter de Gruyter, Berlim, Alemanha.
Macedo, P.C. (2011) - O Espaço geográfico do Rio Grande do Sul e sua relação com seus principais roteiros turísticos: Torres com cânions,
Ferrovia do Vinho com Vale dos Vinhedos e Natal Luz em Gramado.96p., Monografia de Graduação, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. Não publicado.
Milani, E.J.; Melo, J.H.G.; Souza, P.A.; Fernandes, L.A.; França, A.B. (2007) - Bacia do Paraná. Boletim de Geociências da Petrobras
(ISSN:
1806-2881),
15(2):
265-287,
Rio
de
Janeiro,
RJ,
Brasil.
Disponível
em
http://vdpf.petrobras.com.br/vdpf/PDFHighlightServlet.svlt?acao=pdf&codigoArtigo=84#xml=http://vdpf.petrobras.com.br/vdpf/PDFHighlightServlet.svl
t?acao=xml&codigoArtigo=84
Moreno, J.A. (1961) - Clima do Rio Grande do Sul. 42p., Secretaria da Agricultura, Porto Alegre, RS, Brasil.
Município de Torres (s/d) - Site da Prefeitura Municipal de Torres, RS, Brasil. Disponível em http://www.torres.rs.gov.br/
Município de Torres & NEMA, Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (2006) - Plano de Manejo das Dunas Costeiras do Município de Torres - RS. 33p., Torres, RS, Brasil. Não publicado.
Petry, K.; Almeida, D.P.M.; Zerfass, H. (2005) - O vulcanismo Serra Geral em Torres, Rio Grande do Sul, Brasil: empilhamento estratigráfico local e feições de interação vulcano-sedimentar. GAEA (ISSN: 1983-3628), 1(1):36-47. Disponível em
http://revistas.unisinos.br/index.php/gaea/article/view/6403
Pivel, M.A.G.; Calliari, L.J. (1999) - Mobilidade das Praias de Torres (RS). In: Anais do VII Congresso da ABEQUA, Porto Seguro, BA,
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Rockett, G.C.; Barboza, E.G.; Rosa, M.L.C.C.; Gruber, N.L.S. (2014) - Caracterização Geológica e Geomorfológica do Campo de Dunas de
Itapeva, RS, Brasil. In: Actas del XIX Congreso Geológico Argentino, ISBN: 978-987-22403-5-6, pp.1049-1050, Asociación Geológica
Argentina, Córdoba, Argentina.
Sanfelice, D.; Vasques, V.C.; Crespo, E.A. (1999) - Ocupação sazonal por duas espécies de Otariidae (Mammalia, Carnivora) da Reserva
Ecológica Ilha dos Lobos, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Série Zoologia (ISSN: 0073-4721), 87:101–10, Porto Alegre, RS, Brasil.
Disponível em http://biostor.org/reference/80071
Scheffer, A.C. (2010) - Análise da Qualidade no Atendimento ao Turista: Secretaria Municipal de Turismo da Cidade de Torres-RS. 110p.,
Monografia de Especialização, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, SC, Brasil. Disponível em
http://repositorio.unesc.net/handle/1/896?show=full
Tomazelli, L.J.; Dillenburg, S.R.; Barboza, E.G.; Rosa, M.L.C. (2008) - Geomorfologia e Potencial de Preservação dos Campos de Dunas
Transgressivos de Cidreira e Itapeva, Litoral Norte do Rio Grande do Sul, Brasil. Pesquisas em Geociências (ISSN: 1807-9806),
35(2):47-55, Porto Alegre, RS, Brasil. Disponível em http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/22670
Villwock, J.A. & Tomazelli, L.J. (1995) - Geologia Costeira do Rio Grande do Sul. Notas Técnicas, 8:1-45, Porto Alegre, RS, Brasil.
Villwock, J.A. (1984) - Geology of the coastal province of Rio Grande do Sul, southern Brazil: A Synthesis. Pesquisas em Geociências
(ISSN: 1807-9806), 16:5-49, Porto Alegre, RS, Brasil.
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Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(1):71-78. DOI: 10.5894/rgci661
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Supporting Information II
Sistema de avaliação de cenários costeiros
O Sistema de Avaliação de Cenários Costeiros proposto por Ergin et al. (2004, 2006, 2011) consiste no uso de
lógica fuzzy para estipular pesos aos 26 parâmetros que resumem a qualidade paisagística, pontuados em uma
escala de 1 (ausência/má qualidade) a 5 (presença/excelente qualidade). Os parâmetros avaliados são citados abaixo
e na tabela do apêndice 1:
•
Parâmetros Físicos: falésia, face de praia, costão rochoso, dunas, vale, relevo, maré, feições da
paisagem costeira, panorama, cor e transparência da água, cobertura de vegetação natural, resíduos de
vegetação.
•
Parâmetros Antrópicos: ruídos, resíduos sólidos, evidência de liberação de esgoto, ambiente não
urbanizado, ambiente urbanizado, tipo de acesso, linha de horizonte e utilitários.
Os graus de adesão dos fatores P (parâmetros físicos) e H (parâmetros humanos) para a classe de avaliação foram
expressos através da atribuição de números de peso wP e wH, respectivamente, que refletem a importância dos
fatores na avaliação global, e vai ser representada como uma matriz de linha para a finalidade de simplicidade
computacional: WF= (wPwH) (Ergin et al., 2004). A importância e o peso de cada parâmetro foram determinados
por pesquisas de percepção pública (Ergin et al., 2004). Foi utilizado um modelo matemático de lógica fuzzy para
integrar os pesos dos parâmetros e obter o indicador de atratividade do local, valor D, dividido em cinco classes
(Ergin et al., 2011), apresentadas na tabela 1:
Tabela 1 – Classificação de cenários costeiros com base no valor D estimado pelo método de (Ergin et al., 2011).
Classe
Valor D
Descrição
1
>0,85
2
0,85 – 0,65
Áreas naturais atrativas, com altos atributos paisagísticos.
3
0,64 – 0,4
Áreas majoritariamente naturais, com alguns parâmetros paisagísticos em destaque.
4
0,39 – 0
Áreas urbanas pouco atraentes em sua maior parte, com poucos
parâmetros paisagísticos em destaque.
5
<0
Apresenta áreas naturais altamente atrativas.
Áreas urbanas não atraentes, com intenso desenvolvimento e baixos
atributos paisagísticos.
(Ergin et al., 2011)
Referências
Ergin, A.; Karaesmen, E.; Micallef, A.; Williams, A. T. (2004) - A new methodology for evaluating coastal scenery: fuzzy logic systems.
Area, 36:367-386. doi: 10.1111/j.0004-0894.2004.00238.x
Ergin, A.; Williams, A.T.; Micallef, A. (2006) - Coastal scenery: appreciation and evaluation. Journal of Coastal Research, 22(4):958-964.
doi: 10.2112/04-0351.1
Ergin, A.; Karaesme, E., Uçar, B. (2011) - A quantitative study for evaluation of coastal scenery. Journal of Coastal Research, 27(6):10651075. doi: 10,2112/JCOASTRES-D-09-00093.1
Rangel-Buitrago, N.; Correa, I.D.; Anfuso, G.; Ergin, A.; Williams, A.T. (2013) - Assessing and managing scenery of the Caribbean Coast of
Colombia. Tourism Management. 35: 41-58. doi: 10.1016/j.tourman.2012.05.008.
Williams, A.T; Micallef, A.; Anfuso, G.; Gallego-Fernadez, J.B. (2012) - Andalusia, Spain: An Assessment of Coastal Scenery. Landscape
Research, 37(3): 327-349. doi: http://dx.doi.org/10.1080/01426397.2011.590586
Cristiano et al. (2016) - Evaluation of Coastal Scenery in Urban Beaches: Torres, Rio Grande do Sul, Brazil. Journal of Integrated Coastal Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(1):71-78. DOI: 10.5894/rgci661
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Tabela de avaliação de cenários costeiros na versão apresentada por Williams et al. (2012) e Rangel-Buitrago et al. (2013).
1
Parâmetros Físicos
1
Altura (m)
Falésia
2
Declive (°)
3
Características Especiais¹
4
Tipo
5 Perfil de
Largura
Praia
6
Cor
7
8
9
Costão
Rochoso
Sistema de Avaliação do Cenário Costeiro
2
3
Ausente
Ausente
Ausente
Ausente
Ausente
5-30m
> 45°
1
Lama
≤ 5 > 100
31-60m
Cerca de 60°
2
Matacão/blocos/seixos
> 5 ≤ 25
Ausente
Escuro
Bege escuro
Declive (°)
Extensão
Ausente
Ausente
Irregularidade
Ausente
< 5°
< 5m
Perceptivelmente
irregular
Remanescentes
Vale Seco
Plano
5° - 10°
5-10m
Profundamente escavado/ irregular
Duna frontal
(<1m) Córrego
Ondulado
Meso (2-4m)
2
10
11
12
13
14
15
16
Dunas
Vale
Relevo
Maré
Feições da Paisagem Costeira²
Panorama
Cor e Transparência da água
Ausente
Ausente
Não é perceptível
Macro (>4m)
Ausente
Aberto em um lado
Lamacento/ cinza
17
Cobertura de Vegetação Natural
Descoberto (<10% restante)
Restinga
Pantanal/Prado
18
Vegetação Restante
Parâmetros Antrópicos
19
Ruídos
20
Resíduos sólidos
21
Evidência de liberação de esgoto
Contínua (>50cm de altura)
Linha de costa cheia
Acumulação Única
Intolerável
Acúmulo contínuo
Evidência de esgoto
Tolerável
Linha de costa cheia
22
Ambiente não urbanizado
Ausente
23
Ambiente urbanizado
Indústria
24
Tipo de Acesso
Tráfego Intenso/sem zona de
amortecimento
25
Linha de Horizonte
Nada atrativa
26
Utilitários³
>3
1
Aberto em dois lados
Azul/ verde opaco
Urbanização e
turismo pesados
Tráfego mais
ameno/sem zona de
amortecimento
3
Azul/ Cinza/ Verde
Acumulação única
Algumas evidências (1-3 itens)
Cerca viva/terraços agrícolas/
monocultura
4
5
61-90m
Cerca de 75°
3
Cascalhos/seixos
> 50 ≤ 25
Bege
claro/esbranquiçado
10°-20°
10-20m
Superficialmente
escavado
Dunas secundárias
(1-4m) Córrego
Altamente ondulado
>90°
Vertical
Muitas (>3)
Areia
>50 ≤100
3
Aberto em três lados
Azul claro/ Azul escuro
Pequenos bosques
(árvores ± maduras)
Poucos itens dispersos
Poucos
Alguns itens espalhados
Branco/dourado
20°-45°
>20m
Suave
Várias
Rio/ravina calcária
Montanhoso
Micro (<2m)
>3
Aberto em quatro lados
Translúcido/azul turquesa
Variedade de árvores e cobertura
natural madura
Sem acumulação
Ausente
Aparentemente ausente
Sem evidências de esgoto
Campo misto de árvores cultivadas
ou nativas
Urbanização e turismo
brandos
Histórico ou ausente
Estacionamento visível
da área costeira
Estacionamento não é visível da área
costeira
Vista projetada sensivelmente
Vista projetada muito
sensivelmente
Feições naturais/ históricas
2
1
Sem
Urbanização e turismo leves
¹Características especiais das falésias: depósito de tálus, estratificação, recuos, dobras, perfil irregular, etc.
²Feições da paisagem costeira: penínsulas, cristas rochosas, costões irregulares, pilares, arcos e janelas de abrasão, cavernas, cascatas, deltas, lagoas, ilhas, estuários, recifes, fauna, embaiamento, tombolo, pontal, etc.
³Utilidades: linhas de energia, postes de luz, oleodutos, espigões, quebra mares, calçamentos, etc.
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Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(X):xxx-xxx. DOI: 10.5894/rgci661
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Supporting Information III
Conservação e gestão da paisagem costeira de Torres
A maior extensão de dunas no território de Torres encontra-se no Parque Estadual da Itapeva, onde formam um
sistema preservado (setores 7, 8 e 9). A faixa de praia protegida pelo Parque situa-se entre os afloramentos
rochosos da Praia da Guarita e da Pedra da Itapeva, totalizando mais de 4 km de extensão de areias claras, com
sistema de dunas frontais e campo de dunas transgressivo. A paisagem natural neste setor oferece um aspecto diferenciado das outras praias, sem a presença da urbanização. No setor norte da praia, no limite da região urbana
central do município, a ocupação urbana irregular faz com que haja presença de efluentes na praia. Apesar de aproximadamente 30% do litoral de Torres estar inserido no Parque Estadual de Itapeva, algumas práticas, como o
trânsito de veículos, não são controladas de forma eficiente. A paisagem rochosa é um parâmetro que apresenta
elevado peso no índice de qualidade paisagística, ocorrendo nas áreas avaliadas, com afloramento rochoso em três
segmentos de praia, com destaque para os setores Parque Itapeva Sul e Balneário Itapeva Sul, que se encontram
próximas da classe 4 de qualidade paisagística. As praias do Parque apresentam parâmetros físicos de elevadas
pontuações, mas, ressalta-se que a gestão de parâmetros antrópicos pode alavancar seu potencial paisagístico.
A coloração da água é outro parâmetro de relevância paisagística, de modo a que ao translúcido azul turquesa é
atribuída nota 5. Para a área de estudo, todos os setores da costa apresentaram nota 3, representado pelo azul/verde
cinza. Esta coloração é resultante da alta energia das ondas, que remobiliza os sedimentos de fundo. Outro fator que
afeta a coloração é o aporte sedimentar oriundo do rio Mampituba, causando maior turbidez na água. Em alguns
períodos do ano, a floração de algas diatomáceas (Asterionellopsis glacialis), que formam uma mucilagem, confere
uma coloração achocolatada na zona de arrebentação, restringindo o uso da praia para banho.
A praia do Parque da Guarita por apresentar uma pequena extensão (entre os afloramentos rochosos da “Torre do
Meio" e "Torre Sul”) e por situar-se dentro de um Parque municipal resultou em fatores que contribuíram para a
conservação e limpeza desta faixa de praia, tanto por parte dos turistas que frequentam o local quanto por parte dos
donos dos quiosques instalados na faixa de praia durante o verão. Não há ocorrência de esgoto nesta praia. Porém,
logo ao sul, na praia denominada Praia de Fora (setor Parque Itapeva Norte) há presença de efluentes na praia e,
conforme o sentido da corrente atuante na costa, estes podem contaminar outros setores.
Nos setores avaliados, nenhum se enquadrou nas classes 1 e 2. As praias classificadas nestes níveis normalmente
estão associadas a valores altos dos parâmetros físicos e antrópicos. A maioria das áreas classificadas como classe
1 relaciona-se a áreas de grande beleza paisagística e constituem zonas remotas, rurais ou mesmo de proteção
ambiental, com acesso restrito da população (Rangel-Buitrago et al.,2013; Anfuso et al, 2014). Por esta razão, estas
áreas como, por exemplo, a praia de Macuaca no Parque Nacional Tayrona, Colômbia, apresentam valores elevados nos parâmetros antrópicos, devido ao ausente ou escasso nível de ocupação humana e total ausência de lixo
ou descarga de esgoto cloacal (Rangel-Buitrago et al., 2013). As praias urbanas dificilmente atingem este valor, em
função da interferência humana.
A classificação das praias de Torres quanto a sua qualidade paisagística foram influenciadas de forma preponderante pelos aspectos negativos resultantes da ação humana sobre o sistema. No sentido de minimizar estes
efeitos, estão disponibilizadas ao município duas ferramentas de gestão o Projeto de Gestão Integrada da Orla
Marítima (Projeto Orla) e os Planos de Manejo de Dunas (Portz et al., 2011a). O Projeto Orla, coordenado pelo
Governo Federal, busca o ordenamento dos espaços litorâneos sob domínio da União, aproximando as políticas
ambiental e patrimonial. No município este projeto foi implantado entre os anos 2003 e 2004 (Município de Torres
& MMA, 2003), mas o mesmo não foi legitimado e já está desatualizado. O Plano de Manejo de Dunas apresentase vinculado à esfera estadual, e possui como principal foco controlar as formas de utilização e apropriação do
espaço de dunas. Diversas atividades previstas no plano foram executadas, principalmente para a contenção da
erosão da praia e para a redução do pisoteio das dunas frontais, com a instalação de passarelas de acesso à praia e o
plantio de vegetação nativa para fixar as dunas (Município de Torres & NEMA, 2006). Medidas de manejo também
foram aplicadas nas dunas frontais da Praia da Cal (plantio de vegetação para conter a erosão). Tais medidas surtiram efeito claramente identificado nas referidas praias, com a recuperação do cordão de dunas frontais e a proteção do calçadão contra ressacas durante o inverno, contribuindo para a manutenção da paisagem.
A presença de resíduos sólidos no ambiente e que contribuiu para a diminuição da qualidade dos setores analisados
é o resultado de uma inadequada manipulação ou eliminação de resíduos descartados (Portz et al., 2010), e também
deveria estar contemplado nas práticas de gestão. Um estudo realizado no litoral do RS chegou à conclusão de que
grande parte da presença de resíduos nas praias é decorrente do turismo e do veraneio; muitos quiosques presentes
nas praias durante o período de veraneio acumulam uma grande quantidade de resíduos, muitas vezes com um des-
Cristiano et al. (2016) - Evaluation of Coastal Scenery in Urban Beaches: Torres, Rio Grande do Sul, Brazil. Journal of Integrated Coastal
Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(X):xxx-xxx. DOI: 10.5894/rgci661
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carte ineficiente por parte dos “quiosqueiros” e dos veranistas. O constante vento presente na região também
facilita a dispersão dos mesmos, resultando em uma acumulação no sistema de dunas (Portz et al., 2011b).
Dentro da questão da contaminação da praia, a colocação de equipamentos de apoio ao turista em locais inapropriados, como banheiros químicos e um número elevado de quiosques e restaurantes na faixa de praia; também
prejudicam a qualidade paisagística, resultando em um aspecto estético desfavorável.
Um ponto positivo na gestão da orla ocorre em virtude da presença de áreas protegidas no município. A praia da
Guarita, por exemplo, classificada no nível mais atrativo de paisagem no município (classe 3), por ter acesso de
veículos condicionado ao pagamento de uma taxa de acesso ao Parque e localizar-se mais distante da região urbana
central do município. Justamente estas restrições inerentes à sua característica de “Parque” é que propícia a conservação de seus aspectos naturais, e consequentemente, sua classificação elevada nos índices de cenários costeiros.
A implantação de ações e finalização no Parque da Itapeva poderia, por exemplo, contribuir para uma classificação superior da praia presente neste Parque, ressaltando em características similares a da praia da Guarita.
Lembrando que este constitui em área de importante beleza cênica e boa conservação do sistema de dunas, apesar
do uso intenso e desordenado, merecendo atenção e cuidados especiais no que diz respeito a sua valorização como
ambiente natural, conservação, planejamento de usos e implantação de infraestrutura condizente com a vocação
turística.
Referências
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